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AULA 2
Para iniciar esta aula, vamos aprofundar um pouco mais sobre o conceito
de energia e a sua importância dentro da visão das abordagens corporais.
Segundo Volpi e Volpi (2008), na Psicologia Corporal compreende-se o indivíduo
como uma unidade de energia que rege e contém em si dois processos
paralelos: o psiquismo (mente) e o soma (corpo). A seguir, veremos uma figura
que deixa esse conceito mais claro.
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porém, na visão das abordagens corporais, não há como separá-los quando
buscamos um estado de saúde integral. Todo trabalho feito para cada um dos
aspectos separadamente é válido, porém por trás deve ser mantida a visão do
todo.
O primeiro conceito importante de considerarmos a respeito da energia
existente em cada organismo é o conceito de carga energética. Segundo a teoria
a psicologia corporal, essa carga começa a se formar desde o momento da
concepção e vai se somando a outras forças energéticas de vida com o passar
do tempo, porém a carga energética dessa primeira fase é essencial para
determinar as características energéticas basais do indivíduo.
Segundo Navarro (1996), o encontro espermatozoide-óvulo é uma junção
de duas células, que pode ocorrer de forma diferente em cada caso, de acordo
com sua densidade energética. Ainda de acordo com o autor (Navarro, 1996, p.
17), “a fusão energética é, então, um elemento basilar para o crescimento do
embrião, assim como é importante o campo energético no qual irá se
desenvolver”.
Visto que o indivíduo é uma unidade de energia, que dá base para seus
aspectos psíquico e somático, podemos concluir a importância que a carga, a
circulação e a pulsação energética tem em nossas vidas.
Estudos conduzidos por Reich baseados em testes de sangue permitiram
definir quatro estruturas de classificação energética dos indivíduos. Veremos
detalhes dessas estruturas no capítulo a seguir.
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do corpo e nos comportamentos relacionados a estas e pouca energia em outras
regiões.
Vamos ver a seguir um exemplo de como poderia ser o comportamento
de um indivíduo com essa estrutura: pode ser muito comunicativo, falar bastante
e com tom de voz alto, o que indica que tem energia na área da boca, que se
expressa em um comportamento relacionado a essa área, no caso, a
comunicação. Por outro lado, esse mesmo indivíduo pode ser muito distraído e
não gostar de praticar atividades físicas, o que indica baixa energia na área
mental e nas áreas relacionadas a mobilidade, por exemplo, as pernas e o tórax,
relacionado à respiração.
Ao pensarmos em práticas indicadas para indivíduos com essa estrutura
energética, podemos considerar aquelas que estimulem a melhor circulação da
energia por todo o corpo, para que haja uma melhor distribuição desta. Além
disso, podemos considerar também práticas que auxiliem o indivíduo a
administrar melhor a sua energia, considerando os processos de carga,
circulação e descarga energética.
Na teoria da bioenergética, essa estrutura poderia ser considerada como
sendo do tipo que varia entre carga e subcarga.
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energia. Em geral, o indivíduo com essa estrutura costuma vivenciar muita
tensão e ansiedade.
Quando pensamos em práticas terapêuticas indicadas para indivíduos
com essa estrutura, podemos considerar aquelas que auxiliam na circulação e
na liberação de energia (descarga), na expressividade, na capacidade de soltar
o que está contido, assim como aquelas que estimulam a redução da
autocobrança e auxiliam o indivíduo a relaxar.
Na teoria da bioenergética, essa estrutura poderia ser considerada como
sendo do tipo de sobrecarga.
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2.5 Estrutura de carga e distribuição energética equilibradas
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emocionais, comportamentais, corporais e energéticos) e a definir um projeto
terapêutico adequado para cada caso.
Veremos no capítulo a seguir o detalhamento das etapas de
desenvolvimento consideradas pela psicologia corporal e como as dificuldades
vivenciadas em cada uma delas impactarão a formação do caráter. É importante
destacar que, mesmo que alguns indivíduos vivenciem as mesmas experiências,
não apresentarão exatamente os mesmos comprometimentos, pois isso irá
depender da etapa em que ocorreu o estresse, sua intensidade, sua frequência,
a resistência de cada organismo ao estresse, o funcionamento fisiológico de
cada um, entre outros fatores (Volpi; Volpi, 2008).
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à pessoa mais próxima à criança, que é responsável por seus cuidados e pelo
acompanhamento de seu desenvolvimento.
Veremos a seguir o detalhamento de cada etapa de desenvolvimento.
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4.2 Etapa de incorporação
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É importante reforçar novamente a importância de respeitar os processos
de autorregulação do bebê nessa fase para que ele desenvolva a confiança em
si mesmo e nas necessidades que seu organismo indica. Na vida adulta isso
resultará em mais independência e capacidade de autossustentação. Os pais
devem buscar um equilíbrio saudável entre atender às demandas do bebê e dar
limites. Os limites devem ser aplicados com cautela e amorosidade, mas também
são importantes, pois auxiliam na construção do senso de realidade do bebê, ou
seja, no aprendizado de que ao fazer parte do mundo e da sociedade haverá
frustrações e nem sempre todas suas necessidades serão atendidas.
Os indivíduos com comprometimentos relevantes nessa fase costumam
apresentar estrutura energética desorgonótica (ou variável entre carga e
subcarga) e estrutura de caráter oral.
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TEMA 5 – MECANISMOS DE DEFESA
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terapêuticas se concentram nessa primeira camada e utilizam para isso o
trabalho verbal, porém, pela ótica da corporal, apesar de esta prática levar o
paciente à conscientização das suas defesas egoicas, não liberará as tensões
musculares ou os sentimentos reprimidos e, com isso, alguma outra defesa do
ego continuará atuando. Considerando uma situação ideal, na qual o ego
atuasse a favor do indivíduo e não contra ele, os padrões negativos
apresentados acima dariam lugar para padrões positivos e funcionais do ego,
como autopercepção, autodomínio e assertividade.
A segunda camada, de defesa muscular, se refere às tensões
musculares, ou couraças musculares, que apoiam e justificam as defesas do ego
ao mesmo tempo em que impedem que os sentimentos reprimidos apareçam
(Lowen, 2017). É o trabalho terapêutico nessa camada que possibilita o mais
profundo crescimento do indivíduo, pois ela é o elo de ligação entre a primeira e
a terceira camada. É com base nas emoções e nos pensamentos advindos da
prática corporal que poderemos explorar como cada defesa atua e qual sua
origem (quais sentimentos desperta e por que havia sido preciso reprimi-los).
Considerando essa camada em um estado de saúde, as tensões musculares,
antes limitantes, dariam lugar para uma ação corporal e muscular eficaz,
harmônica e graciosa (Lowen, 2017).
Ainda de acordo com o autor, a terceira camada, emocional, se refere às
emoções reprimidas, como raiva, medo, tristeza e dor. Um dos principais
objetivos das terapias corporais ou não verbais é liberar esses sentimentos
reprimidos. Para que a expressão desses sentimentos ocorra de forma saudável
e não destrutiva e para que possa ser integrada ao ego do indivíduo, o ideal é
que ocorra em um contexto terapêutico, no qual poderá ser trabalhada após sua
liberação. Descarregar tais sentimentos disponibiliza a energia necessária para
o processo de mudança. O autor destaca, mais uma vez, a importância de
trabalhar as 3 camadas para se obter um resultado permanente – os efeitos
catárticos provenientes da liberação dos sentimentos deixarão a primeira e
segunda camada inoperantes por um tempo, mas sem o trabalho com as demais
camadas logo elas restabelecerão suas defesas. Considerando essa camada
em um estado de saúde, as emoções negativas como medo, dor, tristeza e raiva
coexistiram com as emoções positivas como prazer, alegria e contentamento, a
diferença seria que a expressão dessas emoções não estaria bloqueada e
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ocorreria conforme as situações vivenciadas as ativassem genuinamente.
(Lowen, 2017).
A quarta camada, do coração, se refere aos sentimentos de amar e ser
amado. Enquanto as outras camadas atuam de forma defensiva em torno do
coração, essas capacidades ficam parcialmente bloqueadas, rígidas,
congeladas. Considerando uma situação ideal, na qual as três primeiras
camadas deixassem de executar uma função defensiva e passassem a ter uma
ação funcional, todos os impulsos do indivíduo fluiriam do coração, suas reações
emocionais seriam genuínas e não reprimidas, seus movimentos fluidos e
graciosos, suas decisões corretas e harmônicas (Lowen, 2017).
Podemos concluir então, que o objetivo da terapia bioenergética, é
trabalhar nas três primeiras camadas de defesa, de forma a flexibilizá-las, para
que o coração possa vibrar e comandar os impulsos do indivíduo,
proporcionando para este mais saúde e felicidade. Apesar de não ser possível
alcançarmos completamente o cenário ideal apresentado, Lowen (2017) defende
que o coração deve sentir felicidade ao ganhar mais liberdade, mesmo que esta
não seja total.
NA PRÁTICA
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dos sentimentos reprimidos e as razões pelas quais estes foram reprimidos (que
é uma ação do ego).
Nas próximas aulas nos aprofundaremos nos conceitos a respeito das
couraças musculares, segmentos de couraça e práticas corporais, que darão
base para a realização deste trabalho.
É importante destacar que, dependendo da situação de trabalho,
podemos ou não conseguir trabalhar com todas essas camadas. Em um contexto
de atendimento individual e dedicado, a probabilidade de conseguirmos realizar
esse trabalho completo é maior. Já em um contexto de trabalho em grupo,
costumamos ficar mais limitados, pois não temos a oportunidade de nos
aprofundar na situação de vida de cada indivíduo. De toda forma, em ambos os
contextos a bioenergética pode ser aplicada e trará benefícios, é importante
apenas saber dessa diferença de cenário e avaliar como conduzir o trabalho em
cada caso.
No caso dos grupos, é importante ter mais cautela com as práticas a
serem aplicadas e temas a serem trabalhados. Como você não terá a
possibilidade de dar assistência para cada um dos participantes individualmente
caso estes acessem dores profundas, o indicado é trabalhar com práticas e
temas mais suaves, reflexivos, de relaxamento, entre outros. Você pode focar
em práticas que trabalhem, por exemplo, a vitalidade, a respiração, a circulação
de energia, a liberação de tensões, a percepção do corpo e das sensações, entre
outros.
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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