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QUEM ERA HIRAM ABIF?

Qualquer um poderia ter pensado que sobre Hiram Abif , o símbolo máximo da
maçonaria, já não se tem nada a dizer . E, apesar de tudo, não é assim.

Considerado como o primeiro exegeta do simbolismo maçónico inglês e , mesmo,


cronologicamente, o mais próximo ao momento em que aparece a Lenda nos
anais da Ordem, a fi gura de Hiram Abif estava envolvida num véu que só permiti a
conjeturas. E sua opinião, como sustentador fi rme e convencido da origem
puramente cristã da Ordem, era de que, «O Terceiro Grau e a Maçonaria toda ,
entranhava uma clara e positi va oposição a cegueira e infi delidade do povo
Judeu».

Seria, sem embargo, um erro acreditar que esta identi fi cação de Hiram com a
fi gura de Jesus era própria e exclusiva da Maçonaria inglesa . O século XIX viu
Hiram Abif de maneira muito diferente . Os progressos alcançados na decifração
dos hieróglifos egípcios e da escrita cuneiforme assírio babilónica e , logo, os
trabalhos de Max Muller sobre a língua sânscrita , abriram o caminho ao estudo
das religiões.

John Sebastian Marlow


«Mestre, voz inefável, palavra inominável que tão só pronunciava uma vez ao ano
o Grande Sacerdote». Seria difí cil negar a infl uência que ti veram as ideias de
Ragon no desenvolvimento da maçonaria hispanoamericana , sobretudo se pensa
que eram as que predominavam na França na época em que a Ordem em nosso
conti nente, após se organizar, buscava uma orientação ideológica adequada à
sua própria idiossincrasia e ao meio políti co e social onde lhe cabia atuar . A
instrução simbólica que ainda se comunica em nossas ofi cinas , em grande
medida, na concepção que deixara Ragon. O dito não se deve entender, em
prejuízo de outros autores que, si bem não ti veram o cartaz de Ragon, deixaram,
em troca, uma infl uência não menos positi va e , às vezes, muito mais profunda.

Entre isto, e em relação com o tema em estudo , é justo citar, em primeiro termo,
a Nicolas C. Des Etangs, cujo aporte ocupa grande parte do Ritual do nosso
Terceiro Grau. A Des Etangs corresponde o mérito de ter exaltado a signifi cação
de Hiran Abif, por sobre as interpretações históricas, míti cas e religiosas, aos
domínios transcendentais e eternos da Humanidade . Ward, o autor a que tem se
aludido no começo deste arti go, ha mais de cem anos de Ragon , tem renovado a
teoria deste, com a diferença só de que, em vez de ser Osíris o arquéti po de
Hiram Abif, o é, a seu juízo, Adônis, o Deus solar Fenício. Em apoio de sua tese, e
apoiado por uma erudição assombrosa , por múlti pla e vasta, o autor invoca o
fato não discuti do da origem fenícia do Hiram bíblico .

Abif o modo com que os parti dários de Carlos I de Inglaterra , quiseram fazer
imortal sua memória. Carlos I, príncipe da dinasti a católica escocesa dos
Estuardos foi decapitado, como é sabido, em 1649, quando se instaura a
república puritana de Oliver Cromwell .

Ragon que, a bem da verdade, nem sempre pode dominar sua imaginação ,
elaborou, anos depois, uma nova tese do Hiram Osíris, mas ampliando-a desta
ver, às fi guras de Carlos I e Jacques de Molay ... «A decapitação de Carlos I -
segundo sua nova versão - devia se vingar .

« Vejam aqui, agrega, porque desde aquela época, os iniciados tem visto sempre
no Grau de Mestre, só um complemento da Franco-Maçonaria , como um grau
inconcluso». Ainda que pareça estranho, a teoria dos que interpretam o drama
hirâmico como uma cópia alegórica do trágico fi m de Carlos I , tem sido apoiada
nos nossos dias por Albert Lantoine, escritor maçônico francês, falecido em 1949,
e de reconhecida autoridade no campo da investi gação maçônica . Os Ashmole, os
Lilly, os Warton e os demais parti dários da facção estuardista , abati dos tanto na
sua fé como na sua fortuna, quiseram exteriorizar seus senti mentos sob formas
emblemáti cas.

Confi rmando o anterior e referindo-se à Maçonaria Operati va Inglesa do século


XVII, a autorizada opinião de Robert F. Gould, observa, pela sua parte, que «se
Hiram houvesse fi gurado nesse período nas cerimonias ou tradições nas ofi cinas
do ofi cio, as consti tuições manuscritas da época não teriam guardado , como tem
sucedido, um silencio tão uniforme e ininterrupto sobre a existência real ou
legendária de uma personagem tão proeminente na História e Lenda posterior da
Ordem».

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