Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Qualquer um poderia ter pensado que sobre Hiram Abif , o símbolo máximo da
maçonaria, já não se tem nada a dizer . E, apesar de tudo, não é assim.
Seria, sem embargo, um erro acreditar que esta identi fi cação de Hiram com a
fi gura de Jesus era própria e exclusiva da Maçonaria inglesa . O século XIX viu
Hiram Abif de maneira muito diferente . Os progressos alcançados na decifração
dos hieróglifos egípcios e da escrita cuneiforme assírio babilónica e , logo, os
trabalhos de Max Muller sobre a língua sânscrita , abriram o caminho ao estudo
das religiões.
Entre isto, e em relação com o tema em estudo , é justo citar, em primeiro termo,
a Nicolas C. Des Etangs, cujo aporte ocupa grande parte do Ritual do nosso
Terceiro Grau. A Des Etangs corresponde o mérito de ter exaltado a signifi cação
de Hiran Abif, por sobre as interpretações históricas, míti cas e religiosas, aos
domínios transcendentais e eternos da Humanidade . Ward, o autor a que tem se
aludido no começo deste arti go, ha mais de cem anos de Ragon , tem renovado a
teoria deste, com a diferença só de que, em vez de ser Osíris o arquéti po de
Hiram Abif, o é, a seu juízo, Adônis, o Deus solar Fenício. Em apoio de sua tese, e
apoiado por uma erudição assombrosa , por múlti pla e vasta, o autor invoca o
fato não discuti do da origem fenícia do Hiram bíblico .
Abif o modo com que os parti dários de Carlos I de Inglaterra , quiseram fazer
imortal sua memória. Carlos I, príncipe da dinasti a católica escocesa dos
Estuardos foi decapitado, como é sabido, em 1649, quando se instaura a
república puritana de Oliver Cromwell .
Ragon que, a bem da verdade, nem sempre pode dominar sua imaginação ,
elaborou, anos depois, uma nova tese do Hiram Osíris, mas ampliando-a desta
ver, às fi guras de Carlos I e Jacques de Molay ... «A decapitação de Carlos I -
segundo sua nova versão - devia se vingar .
« Vejam aqui, agrega, porque desde aquela época, os iniciados tem visto sempre
no Grau de Mestre, só um complemento da Franco-Maçonaria , como um grau
inconcluso». Ainda que pareça estranho, a teoria dos que interpretam o drama
hirâmico como uma cópia alegórica do trágico fi m de Carlos I , tem sido apoiada
nos nossos dias por Albert Lantoine, escritor maçônico francês, falecido em 1949,
e de reconhecida autoridade no campo da investi gação maçônica . Os Ashmole, os
Lilly, os Warton e os demais parti dários da facção estuardista , abati dos tanto na
sua fé como na sua fortuna, quiseram exteriorizar seus senti mentos sob formas
emblemáti cas.