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Oral de português:

Como todos vocês sabem, William Shakespeare é considerado o maior autor da Língua Inglesa
e até mesmo um dos maiores da literatura mundial mas apesar de ter atingido o status de
ícone literário supremo, pouco se sabe sobre esta figura. Sabemos que ele teria nascido em
Stratford-Upon-Avon, uma cidade no norte de Londres, casando-se e morrido aos 52 anos,
deixando 39 peças e 154 sonetos. O auge de sua fama aconteceu no século XIX, quase 300
anos depois de sua morte e foi nessa mesma época que começaram a surgir diversas teorias a
respeito da verdadeira autoria dos escritos a ele atribuídos, gerando até hoje dúvidas e
polémicas.

A verdade é que, existem de facto, lacunas na biografia dele, mas por outro lado esta ideia de
que existe pouca informação sobre Shakespeare é um pouco equivocada porque talvez não
seja muito para os padrões modernos, mas, naquela época, tudo o que se sabia de alguém era
a data de nascimento, do casamento e da morte, porque eram as informações que a igreja
registava. Portanto,e enquanto que os estudiosos aceitam essas lacunas, os fãs tendem a
inventar histórias fantasiosas que sejam capazes de preenchê-las.

Agora, um dos argumentos dos estudiosos que desconfiam da autoria refere-se ao


conhecimento educacional absurdamente superior presente nos trabalhos de Shakespeare,
que, por exemplo, além de amplo conhecimento em ciências exatas e humanas, contêm,
juntos, um vocabulário imenso com aproximadamente 29.000 palavras diferentes, sendo esse
vocabulário quase cinco vezes maior que o encontrado no dicionário da época, que emprega
somente 6.000 palavras.. Por isto, os críticos alegam que dificilmente uma pessoa comum do
século XVI, sem uma educação até então refinada para poucos, poderia ser tão fluente na
língua inglesa, e muito menos demonstrar bons conhecimentos de política, direito e línguas
estrangeiras, tais como o latim, presente no texto de obras como Hamlet e outras.

Uma outra teoria consiste no facto de em várias publicações, o nome de William Shakespeare
estar apresentado de diferentes formas, quase como se a obra tivesse sido assinada por
diferentes pessoas. Encontramos assinaturas escritas como Shake-speare ou Shak-spear em
vez da versão mais popularmente conhecida: Shakespeare e não só se estranha estas
variações ortográficas como tambám os investigadores acreditam que o hífen é a prova de que
este era apenas um pseudónimo utilizado por outro escritor, já que era recorrente utilizar-se
hífenes em pseudónimos, no caso da aristocracia, era uma forma dos nobres publicarem as
suas obras para as massas sem quebrarem o paradigma de que a literatura era para ser
partilhada apenas com membros próximos da mesma classe social. E entre os membros da
classe mais baixa, os pseudónimos eram também usados para evitar que o poeta fosse
perseguido por algo mais controverso que tivesse escrito.

Um outro movimento conspiratório foi iniciado por Delia Bacon, uma escritora americana que
propôs que as peças foram escritas por diversos autores, supostamente supervisionados por
Francis Bacon, um filósofo influente da época.E esta teoria baseava-se na crença de que era
impossível uma só pessoa estar por trás de uma obra tão extensa e tematicamente
abrangente. Ela basicamente achava que era uma obra demasiado fantástica para pertencer a
só uma pessoa. Embora esta teoria não pareça muito convicta, o impacto desta autora
reverberou pelos 50 anos seguintes, atingindo intelectuais influentes como Mark Twain, um
escritor, e até mesmo Freud, um grande entusiasta do dramaturgo inglês.

Também o dramaturgo Christopher Marlowe é outro forte concorrente no campo


conspiratório. Ele era um dos principais autores da cena teatral na época em que Shakespeare
chegou a Londres e se juntou à companhia de teatro de Lord Chamberlain. No entanto
Marlowe morreu aos 29 anos e o interessante é que as obras mais emblemáticas e populares
de Shakespeare surgiram depois dessa data, como Romeu e Julieta, Hamlet e Macbeth.

Enquanto que para alguns essa informação é a maior prova de que os autores são pessoas
distintas, outros consideram a ausência de informações “simultâneas” sobre os dois como a
maior evidência de que Shakespeare seria um mero alter ego de Marlowe, isto porque o
sucesso de Marlowe coincide com uma época em que Shakespeare desaparece dos registros
oficiais.

Contudo, a teoria mais popular é a que coloca Edward de Vere, 17º Lorde de Oxford, como o
real autor das obras. Segundo seus defensores, os trabalhos atribuídos a Shakespeare contém
diversos detalhes pessoais e códigos que indicam a verdadeira identidade de seu autor. Ao que
se sabe, Edward De Vere foi um respeitado poeta e dramaturgo da corte, mas criticar de peito
aberto os que o rodeavam era um jogo muito perigoso: que inclusive poderia custar a sua vida.
Isto porque de acordo com alguns autores que se debruçaram sobre o caso, as obras de
Shakespeare nada mais são do que alegorias políticas, dotadas de uma visão muito crítica da
sociedade e da elite política do período isabelino.

Esta teoria ganhou espaço até no cinema, com o filme Anônimo em 2011, que propôs contar a
história do Lorde de Oxford da perspectiva de que ele teria escrito em segredo os grandes
trabalhos da literatura inglesa. E assim sendo, e a acreditar na teoria apresentada no filme, o
talentoso De Vere ter-se-á escudado na figura de William Shakespeare (um perfeito
desconhecido que mais não foi do que um “idiota útil”), conseguindo que os seus textos e
peças se difundissem fora da corte, junto do povo inglês. De Vere, devido à sua posição social
e enquanto aristocrata, jamais o conseguiria fazer.

Para concluir, eu acho que existem teorias que apresentam bons argumentos, mas não sei se
são suficientes para convencer e mudar radicalmente a ideia de que Shakeaspeare foi e
sempre será uma figura icónica da literatura.

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