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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PESCA
CURSO DE ENGENHARIA DE PESCA

GABRIEL MARQUES RODRIGUES

PANORAMA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL BRASILEIRO DE PESCADOS NO


PERÍODO ENTRE 2006 E 2018

FORTALEZA
2019
GABRIEL MARQUES RODRIGUES

PANORAMA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL BRASILEIRO DE PESCADOS NO


PERÍODO ENTRE 2006 E 2018

Monografia apresentada ao Curso de


Engenharia de Pesca do Departamento de
Engenharia de Pesca da Universidade Federal
do Ceará, como requisito parcial à obtenção do
título de Bacharel em Engenharia de Pesca.

Orientador: Profa. Dra. Rosemeiry Melo


Carvalho.

FORTALEZA
2019
GABRIEL MARQUES RODRIGUES

PANORAMA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL BRASILEIRO DE PESCADOS NO


PERÍODO DE 2006 A 2018

Monografia apresentada ao Curso de


Engenharia de Pesca do Departamento de
Engenharia de Pesca da Universidade Federal
do Ceará, como requisito parcial à obtenção do
título de Bacharel em Engenharia de Pesca.

Aprovada em: ___/___/______.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________
Profa. Dra. Rosemeiry Melo Carvalho (Orientadora)
Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________
Prof. Prof. Dr. Rogério César Pereira de Araújo
Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________
Prof. Prof. Dr. Kilmer Coelho Campos
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Aos meus pais, Silvania e Thales.
AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, por serem os maiores exemplos de pessoa que eu poderia ter, pelo
incondicional apoio, suporte, orientação pessoal, paciência e pelo amor que sempre me deram.
Ao Programa de Educação Tutorial (PET), pelo apoio financeiro com a manutenção
da bolsa do programa.
A minha orientadora Profa. Dra. Rosemeiry Melo Carvalho, pela excelente
orientação, dedicação e paciência.
Ao tutor do PET Prof. Dr. Reynaldo Amorim Marinho, por todos os conselhos e
apoio dado durante minha jornada no curso de Engenharia de Pesca.
Aos professores participantes da banca examinadora Rogério César Pereira de
Araújo e Kilmer Coelho Campos pelo tempo, pelas valiosas colaborações e sugestões.
A todos os amigos integrantes do PET, pelo apoio e por tornar o tempo passado na
universidade muito mais agradável.
RESUMO

O comércio internacional é a comercialização, importação e exportação, de bens e serviços


entre os diferentes países. O resultado dessa troca representa a balança comercial, a qual pode
ser deficitária, quando as exportações são menores que as importações, ou, superavitária,
quando as exportações superam as importações. O resultado da balança tem importante efeito
sobre o Produto Interno Bruto (PIB). Em 2006, após cinco anos seguidos de superávits, as
importações de pescado superaram às exportações, e esse déficit apresentou tendência crescente
até 2018. Dada a importância do setor pesqueiro para o agronegócio brasileiro, esse estudo tem
como principal objetivo analisar o panorama do comércio internacional do setor. Para isso,
inicialmente, foram identificadas as principais fontes de variação dos valores exportados e
importados. Adicionalmente, foi calculado o índice de concentração da pauta de exportações e
importações, por produto e por países. Os resultados obtidos mostraram que entre 2006 e 2018,
importações cresceram e as exportações diminuíram, gerando déficits ao longo do período
analisado. Constatou-se o efeito preço e o efeito quantidade atuaram com maior ou menor
intensidade a depender do período analisado, tanto para as importações e exportações. Os
índices de concentração indicaram que as pautas de exportação e importação estão concentradas
em poucos produtos e em poucos países de destino e origem dos produtos. Essas concentrações
demonstram a susceptibilidade do setor às políticas externas dos principais países envolvidos e
a dependência das exportações em torno de poucos produtos, dos quais pode-se citar a lagosta
brasileira.

Palavras-chave: Balança comercial. Setor pesqueiro. Brasil.


ABSTRACT

International trade is the marketing, import and export of goods and services between different
countries. The result of this exchange represents the trade balance, which may be deficient when
exports are smaller than imports, or presents surplus when exports exceed imports. The result
of the balance has an important effect on the Gross Domestic Product (GDP). In 2006, after five
consecutive years of surpluses, fisheries imports surpassed exports, and this deficit grew until
2018. Given the importance of the fishing sector for Brazilian agribusiness, this study has as
main objective to analyze the panorama of international trade of the sector. For this, initially,
the main sources of variation of the exported and imported values were identified. In addition,
the index of concentration of exports and imports by product and by country was calculated.
The results showed that between 2006 and 2018, imports grew and exports decreased,
generating deficits over the period analyzed. It was observed that the price effect and the
quantity effect acted with greater or lesser intensity depending on the period analyzed, both for
imports and exports. Concentration indices indicated that export and import tariffs are
concentrated on few products and on few countries of destinations and origins. These
concentrations demonstrate the susceptibility of the sector to the foreign policies of the main
countries involved and the dependence of exports around few products, of which we can cite
the Brazilian lobster.

Keywords: Balance of Trade. Fishing industry. Brazil.


LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 − Evolução do índice do valor, quantidade e preço das exportações brasileiras


de pescado (2006=100) ................................................................ 18

Gráfico 2 − Evolução do índice do valor, quantidade e preço das importações brasileiras


de pescado (2006=100) ................................................................ 19

Gráfico 3 − Evolução do índice do valor da Balança Comercial Brasileira de pescado


(2006=100) .................................................................................................... 21

Gráfico 4 − Evolução do índice de concentração de produtos exportados (ICPX) ........... 24

Gráfico 5 − Evolução do índice de concentração de produtos importados (ICPM) .......... 27

Gráfico 6 − Evolução do índice de concentração dos destinos (ICD) .............................. 30

Gráfico 7 − Evolução do índice de concentração das origens (ICO) ............................... 32


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 − Valor, quantidade e preço das exportações brasileiras de pescado, 2006 a


2018 ............................................................................................................... 17

Tabela 2 − Valor, quantidade e preço das importações brasileiras de pescados, 2006 a


2018 ............................................................................................................... 19

Tabela 3 − Valor da Balança comercial brasileira de pescado, 2006 a


2018 ............................................................................................................... 20

Tabela 4 − Taxa média anual de crescimento e efeito quantidade e preço das


exportações de pescado pelo Brasil................................................................ 22

Tabela 5 − Taxa média anual de crescimento e efeito quantidade e preço das


importações de pescado pelo Brasil................................................................ 22

Tabela 6 − Evolução do índice de concentração dos produtos exportados (ICPX)........... 23

Tabela 7 − Participação média dos principais produtos exportados pelo Brasil entre
2006 a 2018, em porcentagem ....................................................................... 25

Tabela 8 − Valor, quantidade e preço médio dos principais produtos exportados pelo
Brasil .............................................................................................................. 26

Tabela 9 − Evolução do índice de concentração dos produtos importados (ICPM).......... 26

Tabela 10 − Participação média dos principais produtos importados pelo Brasil entre
2006 a 2018, em porcentagem........................................................................ 27

Tabela 11 − Valor, quantidade e preço médio dos principais produtos importados pelo
Brasil .............................................................................................................. 28

Tabela 12 − Evolução do índice de concentração dos destinos (ICD)............................... 29

Tabela 13 − Participação média dos principais países de destino das exportações de


pescado do Brasil, 2006 a 2018, em porcentagem......................................... 30

Tabela 14 − Valor, quantidade e preço médio do pescado brasileiro exportado para os


principais destinos ......................................................................................... 31

Tabela 15 − Evolução do índice de concentração das origens (ICO)................................. 31


Tabela 16 − Participação média dos principais países de origem das importações de
pescado do Brasil, 2006 a 2018, em porcentagem......................................... 33

Tabela 17 − Valor, quantidade e preço médio do pescado importado pelo Brasil dos
principais países de origem ............................................................................ 33
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10
2 METODOLOGIA ............................................................................................. 12
2.1 Fonte de dados ................................................................................................... 12
2.2 Evolução do comércio internacional brasileiro pescado ................................ 12
2.3 Fonte de crescimento do valor das exportações e importações ..................... 12
2.4 Índice de concentração dos produtos exportados (ICPX) e importados
(ICPM) ................................................................................................................. 15
2.5 Índice de concentração do destino das exportações (ICD) e da origem das
importações (ICO) ............................................................................................. 16
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................... 16
3.1 Evolução do comércio internacional brasileiro de pescado ........................... 16
3.1.1 Evolução das exportações .................................................................................. 17
3.1.2 Evolução das importações .................................................................................. 18
3.1.3 Evolução da Balança Comercial ....................................................................... 20
3.2 Fontes de variação do valor das exportações e importações ......................... 21
3.2.1 Fontes de variação do valor das exportações .................................................... 21
3.2.2 Fontes de variação do valor das importações ................................................... 22
3.3 Índices de concentração dos produtos exportados (ICPX) e importados
(ICPM) ................................................................................................................. 23
3.3.1 Índice de concentração dos produtos exportados (ICPX) ................................. 23
3.3.2 Índice de concentração dos produtos importados (ICPM) ................................ 26
3.4 Índice de concentração do destino das exportações (ICD) e da origem das
importações (ICO) ............................................................................................. 29
3.4.1 Índice de concentração por destino (ICD) ........................................................ 29
3.4.2 Índice de concentração por origem (ICO) ........................................................ 31
4 CONCLUSÃO ................................................................................................... 33
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 35
10

1 INTRODUÇÃO

O comércio internacional é a comercialização, importação e exportação, de bens e


serviços entre os diferentes países. O resultado dessa troca em um determinado período a
balança comercial. Quando as exportações de um país superam as importações, diz-se que a
balança se encontra superavitária, caso contrário, será deficitária.
A balança comercial tem importante efeito sobre o Produto Interno Bruto (PIB), o
qual é o total de tudo que é produzido ou comercializado dentro de um país e pode ser
decomposto em: consumo das famílias, investimentos da iniciativa privada, gastos do governo
e saldo da balança comercial. Desse modo, quanto maior o superávit, maior será o PIB e,
consequentemente, mais dinheiro estará disponível para o país.
Ao se pensar na lógica da balança comercial, existem basicamente duas formas de
se aumentar o saldo positivo, aumentando as exportações ou reduzindo as importações. De
acordo com Possidonio (2017), de acordo com as vantagens comparativas os países tendem a
exportar produtos que tenham vantagem no processo produtivo e consigam produzir a custos
menores e, consequentemente, dispor esses produtos a preços mais competitivos no mercado,
seja por vantagem tecnológica, abundância de matéria prima ou mão de obra.
Segundo Carvalho e Araújo (2008) o setor pesqueiro brasileiro apresenta vantagem
comparativa revelada e tem condições de suprir grande parte da demanda mundial. Apesar dessa
vantagem, desde a década de 1990, o Brasil vem alternando períodos de déficit e superávit.
De acordo com Gonçalves e Perez (2007) em 1996 a importação de pescado foi de
US$485,1 milhões de pescados enquanto as exportações somaram US$132,6 milhões. Esse
crescimento nas importações pode ser explicado pelo o plano de estabilização econômica, que
elevou o poder de compra da população, juntamente com a valorização da moeda brasileira, foi
possível realizar. Porém, as importações caíram até o ano de 2003 devido a estagnação da renda
do consumidor no Brasil e desvalorização do real. Em 2004 as exportações cresceram atingindo
o valor máximo de US$429,1 milhões.
Após o ano de 2004 o cenário econômico brasileiro passou por um período de
elevação da renda per capita e câmbio favorável, os quais foram fundamentais para uma nova
dinâmica do comércio. Nesse novo cenário ocorreu um aumento das importações, devido à
hábitos de consumo de espécies específicas não produzidas ou capturadas pelo Brasil e a
redução de exportações, devido à valorização do real.
Desse modo, as importações voltaram a crescer e o saldo da balança comercial caiu,
até que em 2006 o déficit atingiu a cifra de US$80,1 milhões e continuou se tornando cada vez
11

mais negativo até chegar no ano de 2018 a um déficit de US$1.014,00 milhões. Uma série de
fatores corroboraram para a intensificação dessa tendência negativa no setor: a pressão da
demanda interna devido ao aumento no poder de compra do consumidor; a valorização do real,
que tornou o mercado interno mais atrativo; e, as políticas protecionistas de alguns dos
principais compradores do pescado brasileiro.
Considerando a importância da balança comercial sobre o Produto Interno Bruto
(PIB) de uma economia, esse estudo tem como objetivo analisar o comércio internacional de
pescado. Especificamente pretende-se: decompor os valores das exportações e importações em
efeito quantidade e efeito preço; estimar índices de concentração dos produtos exportados e
importados; e, estimar os índices de concentração dos países de destinos e de origem dos
produtos comercializados.
Além dessa seção introdutória, o estudo está dividido da seguinte forma: a seção 2
apresenta a origem dos dados, a metodologia utilizada para decompor os valores
comercializados em efeito-quantidade e efeito-preço e os índices de concentração de produtos,
de origem e de destino dos produtos. A seguir, na seção 3, foram apresentados os principais
resultados e a discussão. Na seção 4 foram apresentadas as conclusões do estudo.
12

2 METODOLOGIA

2.1 Fonte dos dados

Os dados anuais sobre o valor da exportações e importações brasileiras de pescado,


por países de destino e de origem, foram coletadas do sistema Comex Stat, sistema de consultas
e extração de dados do comércio exterior brasileiro do atual Ministério da Economia, Indústria,
Comércio Exterior e Serviços (MDIC), utilizando o Sistema Harmonizado com dois dígitos
(SH02). Para obter de forma detalhada os produtos comercializados utilizou-se a subposição de
seis dígitos (SH06). Os dados do capítulo 03 (Peixes e crustáceos, moluscos e outros
invertebrados aquáticos) referem-se ao período entre os anos 2006 a 2018.

2.2 Evolução do comércio internacional brasileiro de pescado

As análises da evolução do valor, da quantidade e do preço das exportações e


importações foram feitas por meio de análises tabulares e gráficas. Com base nessas análises
foram identificados os subperíodos que caracterizaram as mudanças de tendência nas variáveis
de interesse.
Os valores em dólares não foram corrigidos, pois desde 1999, o Brasil adotou o
sistema de câmbio flutuante. Nesse sistema a oferta, demanda e cotação da moeda variam e
afetam a inflação e vice-versa1.

2.3 Fonte de crescimento do valor das exportações e importações

Para analisar as fontes de variação do valor das exportações e importações de


pescado, foi utilizado o modelo shift-share, desenvolvido em meados de 1940, o qual tem sido
amplamente aplicado em diversas análises de concentração de mercado e problemas de
naturezas diferentes, como Araújo (2005) na análise dos fatores responsáveis pela variação da
produção de cacau na Bahia, como Cavalcante (2019) na análise das fontes de variação no valor
das exportações brasileiras de lagosta e como Pedroso (2015) na análise das fontes de
crescimento das estruturas canavieira e citrícola em Alagos, Pernambuco e São Paulo. Nesse

1
https://www.infomoney.com.br/mercados/cambio/noticia/4311283/polemica-esta-volta-afinal-por-que-nao-
devemos-corrigir-dolar
13

estudo o valor total das mercadorias será decomposto em duas fontes de variação, denominadas
efeito quantidade e efeito preço.
Primeiramente, foi calculado as variações nos valores das exportações e
importações entre o período inicial (𝑉i) e o período final (𝑉f). O valor das exportações e
importações no tempo t pode ser calculado por:

Vnt = Σ(Qnt × Pnt) (1)

Os valores dos produtos no período inicial i e no período final f são obtidos por:

Vni = Σ(Qni × Pni) (2)

Vnf = Σ(Qnf × Pnf) (3)

Onde:
Vnt é o valor total das exportações ou importações brasileiras de pescado no período t ;
Qnt é a quantidade total de pescado exportado ou importado pelo brasil no período t.
Pnt é o preço unitário médio das exportações ou importações brasileiras de pescado no período
t;
Para decompor o valor dos produtos em efeito quantidade (EQ) e efeito preço (EP),
inicialmente foi calculado o valor no período final f, considerando-se apenas a variação na
quantidade e mantendo constante o preço:

Q
Vnf = Σ(Qnf × Pni) (4)

Variando o preço e a quantidade, têm-se :

QP
Vnf = Σ(Qnf × Pnf) (5)

As diferenças nos valores entre os períodos inicial e final podem ser representadas
por:

Vnf − Vni = (Qnf × Pnf) − (Qni × Pni) (6)

Ou
14

𝑄 QP Q
Vnf − Vni = (𝑉𝑛𝑓 – Vni) + (Vnf – Vnf ) (7)

Assim, o efeito quantidade (EQ) determina a parcela da variação no valor


comercializado que é explicada pela variação da quantidade, podendo ser determinado por:

Q
Vnf − Vni (8)

Adicionalmente, o efeito preço (EP) determina a participação da mudança do preço


de venda na variação do valor comercializado, podendo ser estimado por:

QP Q
Vnf − Vnf (9)

Para representar os efeitos explicativos sob a forma de taxas anuais de crescimento


deve-se dividir ambos os lados da equação (8) por (Vnf − Vni), da seguinte forma:

Q QP Q
(Vnf−Vni) (Vnf − Vni ) (Vnf − Vni )
= + (10)
(Vnf−Vni) (Vnf − Vni ) (Vnf − Vni )

Q QP Q
(Vnf − Vni ) (Vnf − Vnf )
1= + (11)
(Vnf − Vni ) (Vnf − Vni )

Para transformar os valores em taxas percentuais utiliza-se a seguinte fórmula:

t vn
r = (√v f − 1) × 100 (12)
ni

Finalmente, multiplica-se ambos os lados da equação (13) por (14) e assim obtemos
os efeitos quantidade (EQ) e preço (EP) em taxas percentuais:

Q QP Q
(Vnf − Vni ) (Vnf − Vnf )
r= r+ r (13)
(Vnf − Vni ) (Vnf − Vni )

O cálculo dos efeitos quantidade e preço na forma de taxas percentuais facilita a


interpretação da variação do valor das exportações.
15

O EQ e o EP foram calculados para o período total, 2006 a 2018 e foi dividido em


subperíodos com intuito de se obter uma melhor análise, visto que fatores políticos, produtivos,
culturais e econômicos afetaram o comércio. Os subperíodos considerados foram: 2006 a 2008;
2009 a 2015; e, 2016 a 2018. De acordo com Cavalcante (2019) o período de 2005 a 2009 foi
marcado por uma estabilização econômica brasileira e expansão comercial. Entre 2010 e 2015
a economia brasileira foi afetada pela crise norte-americana, tendo os Estados Unidos como um
dos maiores importadores do pescado brasileiro o comércio foi afetado, principalmente a
importação de lagostas. O período entre 2016 e 2018 foi caracterizado por turbulência e
instabilidade política internas, além de ser o fim de um ciclo da política externa brasileira
(OLIVEIRA, 2018).

2.4 Índice de concentração dos produtos exportados (ICPX) e importados (ICPM)

Os índices de concentração de produtos exportados (ICPX) e importados (ICPM)


foram utilizados para analisar o grau de concentração dos produtos que compõem as pautas.
O ICP varia entre zero e um (0 ≤ ICP ≤ 1). Um valor próximo a unidade indica uma
concentração em poucos produtos e quando próximo à zero indica diversificação da pauta.
A metodologia utilizada aqui foi a mesma utilizada por Rosário e Dos Santos (2011)
na análise da concentração da atividade industrial em microrregiões do nordeste brasileiro e por
Cunha Filho e Carvalho (2005) na análise da competitividade das exportações brasileiras de
frutas considerando o aspecto diversificação de produtos e destinos.
O 𝐼𝐶𝑃𝑥 e 𝐼𝐶𝑃𝑀 podem ser calculados por:

2
𝑋𝑛
𝐼𝐶𝑃𝑋 = √∑𝑗 (𝑋𝑗𝑛) (14)

2
𝑀𝑛
𝐼𝐶𝑃𝑀 = √∑𝑗 (𝑀𝑗𝑛 ) (15)

Onde:

𝑋𝑗𝑛 = representa o valor das exportações brasileiras do j-ésimo produto do setor de pescado no
n-ésimo período.
𝑋 𝑛 = representa o valor total das exportações brasileiras de pescado no n-ésimo período.
16

𝑀𝑗𝑛 = representa o valor das importações brasileiras do j-ésimo produto do setor de pescado no
n-ésimo período.
𝑀𝑛 = representa o valor total das importações brasileiras de pescado no n-ésimo período.

2.5 Índice de concentração do destino das exportações (ICD) e da origem das importações
(ICO)

Os índices de concentração dos países de destino das exportações (ICD) e da origem


das importações (ICO) são utilizados para analisar o grau de concentração dos parceiros
comerciais.
O ICD e o ICO variam entre zero e um (0 ≤ ICP ≤ 1). Um valor próximo a unidade
indica uma concentração em poucos países e quando próximo à zero indica diversificação das
origens ou destinos dos produtos comercializados.
Os índices de concentração por país de destino (𝐼𝐶𝐷) e por país de origem (𝐼𝐶𝑂),
podem ser estimados por:

𝑋𝑛 2
𝐼𝐶𝐷 = √∑𝑧 (𝑋𝑧𝑛) (16)

𝑀𝑛 2
𝐼𝐶𝑂 = √∑𝑧 (𝑀𝑧𝑛) (17)

Onde:
𝑋𝑧𝑛 = representa o valor das exportações brasileiras de pescado para z -ésimo país no -ésimo
período;
𝑋 𝑛 = representa o valor total das exportações brasileiras de pescado no n-ésimo período.
𝑀𝑧𝑛 = representa o valor das importações brasileiras de pescado do z -ésimo país no -ésimo
período;
𝑀𝑛 = representa o valor total das importações brasileiras de pescado no n-ésimo período.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Evolução do comércio internacional brasileiro de pescado


17

O comércio de internacional do setor pesqueiro brasileiro entre os anos de 2006 a


2018 foi marcado pela redução das exportações (Tabela 1), e pelo crescimento das importações
(Tabela 2). Como resultado, a balança comercial do setor acumulou déficits crescentes até o
ano de 2014. Entre 2015 e 2016 ocorreu redução nesse déficit devido ao decréscimo nas
importações (Tabela 3).

3.1.1 Evolução das exportações

As exportações de pescado foram marcadas pela redução do valor e da quantidade


exportada e pela elevação do preço médio para o período observado, 2006 a 2018 (Tabela 1).
Com base nos dados dessa tabela foram estimadas as variações anuais para o valor, a quantidade
e preço médio dentro dos subperíodos estabelecidos.
Para o período 2006 a 2008 houve significativa redução do valor e da quantidade
exportados. O preço médio para esse período aumentou, impulsionado pela maior participação
da lagosta no valor total exportado, aumentando sua contribuição de 23,7% em 2006 para 36%
em 2008.
Entre 2009 a 2015 as variações foram menos acentuadas, no entanto, apresentaram
tendência crescente de todas as variáveis. Assim, o valor, a quantidade e o preço médio tiveram
tendências crescentes. No período seguinte, 2016 a 2018, o valor e o preço médio cresceram,
porém, quantidade exportada manteve-se inalterada (Gráfico 1).

Tabela 1 – Valor, quantidade e preço das exportações brasileiras de pescado, 2006


a 2018.
Valor FOB Quantidade Preço Médio
Ano
(US$ milhões) (1.000 toneladas) (US$/kg)
2006 352,11 71,19 4,95
2007 283,61 49,70 5,71
2008 239,37 36,85 6,49
2009 169,27 30,06 5,63
2010 199,22 28,37 7,02
2011 201,81 32,88 6,14
2012 187,88 35,41 5,31
2013 200,79 31,25 6,43
2014 191,92 28,59 6,71
2015 206,39 31,15 6,63
18

2016 225,83 36,83 6,13


2017 233,65 37,85 6,17
2018 250,66 36,81 6,81
Fonte: elaborada pelo autor com base nos dados do sistema Comex Stat (2019)

Para melhorar a visualização e análises das conjuntas das variações anuais do valor,
quantidade e preço os dados foram convertidos em índices, cujo ano base é 2006 (Gráfico 1).

Gráfico 1 – Evolução do índice do valor, quantidade e preço das exportações


brasileiras de pescado (base 2006=100).
150,00

130,00
Índice (Ano 2006=100)

110,00

90,00

70,00

50,00

30,00
2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018
anos

Valor Quantidade Preço Médio

Fonte: elaborada pelo autor com base nos dados do sistema Comex Stat (2019)

3.1.2 Evolução das importações

Entre 2006 e 2018, houve crescimento do valor, da quantidade e do preço médio


das importações (Tabela 2). Analisando os subperíodos pode-se verificar que entre 2006 e 2008
o aumento no valor das importações ocorreu devido ao acréscimo na quantidade e no preço
médio cresceram. O mesmo se verifica no subperíodo seguinte, 2009 a 2015. Vale salientar que
nesse período houve elevação do valor e da quantidade em todos os anos com exceção de 2015,
que apresentou reduções em todas as variáveis.
Para o último período, 2016 a 2018, o valor importado total cresceu, porém, esse aumento foi
mais explicado pela elevação acentuada do preço médio do que pelo crescimento da
quantidade (Gráfico 2).
19

Tabela 2 – Valor, quantidade e preço das importações brasileiras de


pescados.
Valor FOB Quantidade Preço Médio
Ano
(US$ milhões) (1.000 toneladas) (US$/kg)
2006 427,34 171,29 2,49
2007 542,57 200,91 2,70
2008 658,25 208,97 3,15
2009 688,64 230,17 2,99
2010 956,60 264,00 3,62
2011 1.190,68 323,82 3,68
2012 1.158,48 340,71 3,40
2013 1.332,82 383,38 3,48
2014 1.435,81 373,63 3,84
2015 1.109,58 306,31 3,62
2016 1.099,36 335,40 3,28
2017 1.317,61 383,65 3,43
2018 1.265,25 339,47 3,73
Fonte: elaborada pelo autor com base nos dados do sistema Comex Stat (2019)

O Gráfico 2 apresenta a evolução dos índices do valor das importações, da


quantidade importada e do preço médio dos produtos, tendo como base os valores de 2006.

Gráfico 2 – Evolução do índice do valor, quantidade e preço das


importações brasileiras de pescado (2006=100).
350,00

300,00
Índice (ano 2006=100)

250,00

200,00

150,00

100,00
2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018
anos

Valor Quantidade Preço Médio

Fonte: elaborado pelo autor com base nos dados do sistema Comex Stat (2019)
20

3.1.3 Evolução da Balança Comercial

Os valores da balança comercial, estimada pela diferença entre o valor das exportações
e das importações, mostram um saldo negativo durante todo o período analisado, indicando que
o Brasil comprou mais pescado do que vendeu (Tabela 3).

Tabela 3 – Valor da Balança comercial brasileira de pescado.


Exportações Importações Balança Comercial
Ano Valor FOB Valor FOB Valor FOB
(US$ milhões) (US$ milhões) (US$ milhões)
2006 352,11 427,34 -75,22
2007 283,61 542,57 -258,96
2008 239,37 658,25 -418,88
2009 169,27 688,64 -519,37
2010 199,22 956,60 -757,37
2011 201,81 1.190,68 -988,88
2012 187,88 1.158,48 -970,60
2013 200,79 1.332,82 -1.132,03
2014 191,92 1.435,81 -1.243,88
2015 206,39 1.109,58 -903,19
2016 225,83 1.099,36 -873,53
2017 233,65 1.317,61 -1.083,96
2018 250,66 1.265,25 -1.014,59
Fonte: elaborada pelo autor com base nos dados do sistema Comex Stat (2019)

De acordo com a evoluçao do índice do valor da Balança Comercial, o déficit aumentou


até 2014 e apresentou redução até o final do período, devido a redução das importações (Gráfico
3).

Gráfico 3 – Evolução do índice do valor da Balança Comercial brasileira


de pescado (2006=100).
21

1800,00
1600,00
1400,00

Índice (ano 2006=100) 1200,00


1000,00
800,00
600,00
400,00
200,00
0,00
2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018
Anos

Fonte: elaborado pelo autor com base nos dados do sistema Comex Stat (2019)

3.2 Fontes de variação do valor das exportações e importações

O valor das exportações ou das importações é calculado multiplicando-se a


quantidade pelo preço médio dos produtos comercializados. Desse modo as mudanças desses
valores podem ser explicados pelas flutuações ocorridas nessas duas variáveis. Desse modo,
procurou-se identificar a participação do efeito quantidade (EQ) e do efeito preço (EP) sobre a
variação do valor total dos produtos comercializados.

3.2.1 Fontes de variação do valor das exportações

As taxas de variação anuais para o primeiro subperíodo, 2006 a 2008, mostram que,
apesar do crescimento anual médio 6,1% no preço dos produtos exportados, valor das
exportações apresentaram uma queda de -12,1% ao ano, explicada pela redução da quantidade
exportada a uma taxa anual de -18,2%, (Tabela 4).
Para o período seguinte, 2009 a 2015, a variação da taxa de crescimento foi positiva,
2,9%. O efeito quantidade teve pequena participação 0,5% e o efeito preço foi responsável pela
maior parte da variação com 2,4%.
O último período apresentou dinâmica anual parecida com o período anterior. A
taxa média de crescimento anual de 3,5% foi justificada quase que inteiramente pelo efeito
preço, que cresceu uma taxa anual média de 3,6% e o efeito quantidade foi nulo.
22

Tabela 4 – Taxa média anual de crescimento e efeito quantidade e preço das


exportações de pescado pelo Brasil.
Efeito Taxa média anual de
Período Efeito Preço
Quantidade crescimento (%)
2006 - 2008 -18,2 6,1 -12,1
2009 -2015 0,5 2,4 2,9
2016 -2018 0,0 3,6 3,5
Fonte: elaborada pelo autor com base nos dados do sistema Comex Stat (2019)

3.2.2 Fontes de variação do valor das importações

Como observado nos capítulos anteriores, o valor das importações cresceu para o
período total de estudo 2006 a 2018, com crescimento de todas as taxas em todos os
subperíodos, como pode se observar na Tabela 5.
Para o primeiro subperíodo 2006 a 2008, a taxa média anual de crescimento das
importações de 15,5% foi explicada por um aumento do efeito preço de 9,2% e um efeito
quantidade de 6,3%.
Entre os anos de 2009 e 2015 o efeito quantidade foi superior ao efeito preço, com
valores de 3,8% e 3,2%, respectivamente.
No período final o efeito preço foi responsável por uma variação de 4,4% na taxa
média de crescimento anual de 4,8%, ficando o efeito quantidade responsável por 0,4%.

Tabela 5 – Taxa média anual de crescimento e efeito quantidade e preço das


importações de pescado pelo Brasil.
Efeito Taxa média anual de
Período Efeito Preço
Quantidade crescimento (%)
2006 - 2008 6,3 9,2 15,5
2009 -2015 3,8 3,2 7,1
2016 -2018 0,4 4,4 4,8
Fonte: elaborada pelo autor com base nos dados do sistema Comex Stat (2019)

3.3 Índices de concentração dos produtos exportados (ICPX) e importados (ICPM)

Visto as diferentes dinâmicas das variações das exportações e importações o índice


de concentração foi calculado para ambas as séries.
23

3.3.1 Índice de concentração dos produtos exportados (ICPX)

O valor médio calculado para o ICP dos produtos exportados foi de 43,5%,
mostrando que o Brasil concentra em poucos produtos as exportações de pescado. Ao se analisar
a Tabela 6, pode-se perceber que apesar do valor alto do índice há uma tendência de redução e
consequente diversificação da pauta ao longo do período estudado, 2006 a 2018.

Tabela 6 – Evolução do índice de concentração dos produtos exportados (ICPX).


Ano ICPX
2006 0,5170
2007 0,4448
2008 0,4563
2009 0,4062
2010 0,4887
2011 0,4698
2012 0,3861
2013 0,4199
2014 0,4301
2015 0,4091
2016 0,3955
2017 0,4264
2018 0,3988
Fonte: elaborada pelo autor com base nos dados do sistema Comex Stat (2019)

De forma mais evidente no Gráfico 4, identificou-se a elevação significativa do


índice em alguns anos, o que demonstra a susceptibilidade brasileira com relação a suas
exportações de pescado. De acordo com Sidonio (2012) devido as dificuldades e desafios
impostos ao setor de produção aquícola a pesca extrativa ainda figura como principal fonte de
pescados, sendo um dos principais fatores que justifica a instabilidade do ICPX e suas variações.

Gráfico 4 – Evolução do índice de concentração de produtos exportados


(ICPX).
24

0,55

Índice (2006 = 100) 0,5

0,45

0,4

0,35

0,3
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Anos

ICP (exportações)

Fonte: elaborada pelo autor com base nos dados do sistema Comex Stat (2019)

Por meio da análise do Gráfico 4 nota-se a tendência decrescente do índice para o


período total 2006 a 2018, mesmo com alguns anos apresentando crescimento do índice. Nesse
cenário pode-se chamar atenção para o ano de 2010 que apresentou elevação acentuada, saindo
em 2009 do valor de 0,4062 atingindo o valor de 0,4887 em 2010, um crescimento percentual
de 20,31%.
Apesar da tendência decrescente, graficamente consegue-se perceber duas
dinâmicas, uma queda acentuada correspondente ao período 2006 a 2012, e uma de maior
estabilidade correspondente ao período 2013 a 2018. Dessa forma foram identificados os
produtos exportados que tiveram maior participação no período total, 2006 a 2018, e para os
dois períodos identificados, 2006 a 2012 e 2013 a 2018. Após a identificação ranqueou-se tais
produtos dentro da escala temporal com intuito de se perceber as variações anuais da
importância dos mesmos. Os produtos que apresentaram maior participação para o período total
foram: Lagostas congeladas; Outros peixes, exceto fígados, ovas e sêmen (030389); Camarões
congelados (030613); Outros peixes, congelados, exceto fígados, ovas, sêmen, ou filés e outras
carnes; Cabeças, caudas e bexigas natatória, dos peixes; Bonitos-listrados ou do-ventre-raiado,
congelados, exceto fígado, ovas, sêmen, ou filés e outras carnes; Outros peixes frescos ou
refrigerados, exceto fígados, ovas, sêmen, ou filés e outras carnes; peixes ornamentais de água
doce; outros camarões, congelados; outros peixes das famílias bregmacerotidae, gadidae, etc;
25

outros peixes, exceto fígados, ovas e sêmen (030289); fígados, ovas e sêmen, de peixes,
congelados.

Tabela 7 – Participação média dos principais produtos exportados pelo Brasil entre 2006 a 2018,
em porcentagem.
Market Share (%)
SH06 Produtos
2006 a 2018 2006 a 2012 2013 a 2018

030611 Lagostas congeladas 31,83 38,13 30,15


Outros peixes, exceto fígados, ovas e
030389 12,54 - 23,30
sêmen
030613 Camarões congelados 9,45 20,47 -
Outros peixes, congelados, exceto fígado,
030379 ovas, sêmen, ou filés e outras carnes da 7,46 16,16 -
posição 0304
Cabeças, caudas e bexigas natatórias, de
030572 4,09 - 7,60
peixes
Bonitos-listrados ou do-ventre-raiado,
030343 congelados, exceto fígado, ovas, sêmen, ou 4,88 - 6,93
filés e outras carnes da posição 0304
Outros peixes frescos ou refrigerados,
3,18 6,89 -
030269 exceto fígado, ovas, sêmen, ou filés e
outras carnes da posição 0304
030111 Peixes ornamentais de água doce 2,23 - 4,13
030617 Outros camarões, congelados 1,72 - 3,20
Outros peixes das famílias
030259 2,75 - 3,13
bregmacerotidae, gadidae, etc.
Outros peixes, exceto fígados, ovas e
030289 - - 2,39
sêmen
Fígados, ovas e sêmen, de peixes,
030380 1,47 - 3,81
congelados
Market Share Acumulado (%) 81,60 81,65 84,64
Fonte: elaborada pelo autor com base nos dados do sistema Comex Stat (2019)

Após a identificação dos principais produtos componentes da pauta de exportação


brasileira e os devidos percentuais calculou-se o valor total FOB (US$), a quantidade exportada
e o preço médio dessa cesta.
Para a cesta de produtos analisada percebeu-se uma queda do valor total, da
quantidade e do preço médio ao longo do tempo.

Tabela 8 – Valor, quantidade e preço médio dos principais produtos exportados


pelo Brasil.
26

Valor FOB Quantidade Preço Médio


Período
(US$ milhões) (1.000 toneladas) (US$/kg)
2006 - 2012 1.354,24 173,16 7,82
2013 - 2018 1.057,74 158,64 6,67
2006 - 2018 2.411,99 392,57 6,14
Fonte: elaborada pelo autor com base nos dados do sistema Comex Stat (2019)

3.3.2 Índice de concentração dos produtos importados (ICPM)

Para o índice de concentração dos produtos importados a média foi menor que a
média dos produtos exportados, porém, ainda pode ser considerada alta 38,8%. De forma
diferente da pauta das exportações, como se observa na Tabela 9 é quase uma estagnação do
índice quando se compara o valor no ano inicial 2006 com o ano final 2018, indicando inclusive
uma leve concentração da pauta durante o período. Vale salientar a tendência a diversificação
até o ano de 2012, que pode ser colocado como ponto de inversão de tendência, já que a partir
desse há a tendência de concentração da pauta até o último ano do período estudado, como pode
se observar no Gráfico 5.

Tabela 9 – Evolução do índice de concentração dos produtos importados (ICPM).


Ano ICPM
2006 0,4119
2007 0,4076
2008 0,3892
2009 0,3856
2010 0,3899
2011 0,4230
2012 0,3013
2013 0,3369
2014 0,3480
2015 0,3785
2016 0,4216
2017 0,4178
2018 0,4315
Fonte: elaborada pelo autor com base nos dados do sistema Comex Stat (2019)
27

Gráfico 5 – Evolução do índice de concentração de produtos importados (ICPM).


0,45
0,43
0,41
0,39
índice (2006 = 100)

0,37
0,35
0,33
0,31
0,29
0,27
0,25
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Anos
ICP (Importações)

Fonte: elaborada pelo autor com base nos dados do sistema Comex Stat (2019)

Após a análise do Gráfico 5, identificou-se duas dinâmicas para o comportamento


do ICPM. Uma estabilização do índice de concentração para o período 2006 a 2011, uma queda
brusca no ano de 2012, seguida do crescimento do índice até o ano de 2018. Assim, dois
subperíodos foram estabelecidos, 2006 a 2011 e 2012 a 2018. Analisou-se quais os produtos
mais significativos para o período total e para cada subperíodo.
Podemos destacar a ascensão da participação do produto 030214, “Salmão-do-
atlântico e Salmão-do-danúbio, fresco ou refrigerado”, que para o período inicial, 2006 a 2011,
não constou entre os principais produtos importados e no período seguinte, 2012 a 2018, foi
responsável pela maior parte dos valores importados, representando 32,66% das importações
(Tabela 10).

Tabela 10 – Participação média dos principais produtos importados pelo Brasil entre 2006 a
2018, em porcentagem.
Market Share (%)
SH06 Produtos
2006 a 2018 2006 a 2011 2012 a 2018
030214 Salmão-do-atlântico e salmão-do-danúbio, -
17,59 32,66
fresco ou refrigerado
030559 Outros peixes secos, mesmo salgados, 10,33 17,53
4,17
mas não defumados
10,30 22,30
030429 Outros filés congelados de peixes -
Bacalhaus secos, mesmo salgados, mas 9,76 15,91
030551 4,50
não defumados
28

7,39
Salmões-do-pacífico, do-atlântico e do-
030212 16,01 -
danúbio, frescos ou refrigerados
3,57
030474 Filés de merluzas e abroteas, congelados - 6,64
Outros peixes salgados e em salmoura, 3,22 5,04
030569 -
não secos nem defumados
3,20
Filé de merluza-do-alasca (Theragra 5,94
030475 -
chalcogramma), congelados
Filé de salmão-do-pacífico, do-danúbio, 5,15
030481 2,77 -
do-atlântico, congelados
Filés de bagres (Pangasius spp., Silurus
030462 5,10
spp., Clarias spp., Ictalurus spp.), 2,75 -
congelado
030489 Filés de outros peixes, congelados 2,12 - 3,95
3,81
030353 Sardinhas, congeladas 2,05 -
Bacalhaus salgados e em salmoura, não 3,71
030562 2,04 -
secos nem defumados
Esqualos, congelados, exceto fígado,
030375 ovas, sêmen, ou filés e outras carnes da 1,97 4,28 -
posição 0304
Sardinhas, sardinelas e espadilhas,
030371 congeladas, exceto fígado, ovas, sêmen, 1,88 4,08 -
ou filés e outras carnes da posição 0304
Market Share acumulado (%) 79,06 80,11 80,67
Fonte: elaborada pelo autor com base nos dados do sistema Comex Stat (2019)

Da mesma forma como foi feito na identificação dos principais produtos


exportados, analisou-se o total dos valores FOB (US$), quantidade e preço médio da cesta de
produtos.
Na cesta dos principais produtos importados identificou-se uma elevação do valor,
quantidade e preço médio ao longo do tempo. O resultado pode ser observado Tabela 11.

Tabela 11 – Valor, quantidade e preço médio dos principais produtos importados pelo
Brasil.
Valor FOB Quantidade Preço Médio
Período
(US$ milhões) (1.000 toneladas) (US$/kg)
2006 - 2011 3.664,10 1.081,302 3,39
2012 - 2018 7.032,99 1.972,44 3,57
2006 - 2018 10.697,08 3.053,74 3,50
Fonte: elaborada pelo autor com base nos dados do sistema Comex Stat (2019)
29

3.4 Índice de concentração do destino das exportações (ICD) e da origem das importações
(ICO)

Assim como no índice de concentração por produtos, calculou-se o índice de


concentração dos destinos das exportações e da origem das importações.

3.4.1 Índice de concentração por destino (ICD)

Para os destinos das exportações brasileiras o índice de concentração médio


apresentou um valor de 48,5%, mostrando elevada concentração dos destinos das exportações
brasileiras em poucos países de destino. Ao analisar a Tabela 8 percebe-se que houve uma
concentração das exportações brasileiras para um número menor de países ao longo do período.

Tabela 12 – Evolução do índice de concentração dos destinos (ICD).


Ano ICD
2006 0,4741
2007 0,4783
2008 0,4640
2009 0,4679
2010 0,5614
2011 0,4318
2012 0,4270
2013 0,4718
2014 0,4814
2015 0,5172
2016 0,4635
2017 0,4911
2018 0,5697
Fonte: elaborada pelo autor com base nos dados do sistema Comex Stat (2019)

Pelo Gráfico 6 foram identificadas variações bruscas do índice que indicam que a
comercialização do pescado exportado pelo Brasil está muito susceptível a variações da
demanda de alguns dos principais compradores.

Gráfico 6 – Evolução do índice de concentração dos destinos (ICD).


30

0,58
0,56
0,54
Índice (2006 = 100)

0,52
0,5
0,48
0,46
0,44
0,42
0,4
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Anos
ICD

Fonte: elaborada pelo autor com base nos dados do sistema Comex Stat (2019)

Por meio de análise gráfica identificou-se mudança de tendência do índice de


concentração. Para o período de 2006 a 2012 houve redução do índice com exceção do ano de
2010, no qual houve elevação acentuada, e para o período de 2013 a 2018 identificou-se uma
tendência crescente do índice.
Assim, calculou-se a participação de cada um desses principais importadores do
pescado brasileiro para o período total e para os subperíodos identificados com tendências
diferentes.

Tabela 13 – Participação média dos principais países de destino das exportações de


pescado do Brasil, 2006 a 2018, em porcentagem.
Market Share (%)
Países
2006 a 2018 2006 a 2012 2013 a 2018

Estados Unidos 44,27 41,56 47,43


França 8,22 13,51 -
Espanha 8,20 11,26 4,62
Hong Kong 5,71 2,65 9,27
Japão 4,67 5,64 3,54
China 3,35 2,12 4,79
Taiwan (Formosa) 2,60 - 4,01
Vietnã - - 3,79
31

Coreia do Sul 3,11 3,14 3,07


Portugal - 2,30 -
Market Share Acumulado (%) 80,13 82,18 80,52
Fonte: elaborada pelo autor com base nos dados do sistema Comex Stat (2019)

Após a identificação dos países calculou-se o valor, a quantidade e o preço médio


de importação de pescados, para o período total e para os subperíodos. Como resultado foi
observado a redução dos valores e da quantidade importada e elevação do preço médio, Tabela

Tabela 14 – Valor, quantidade e preço médio do pescado brasileiro exportado para os principais
destinos.
Valor FOB Quantidade
Período Preço Médio (US$/kg)
(US$ milhões) (1.000 toneladas)
2006 - 2012 1.378,71 209,62 6,58
2013 - 2018 1.097,75 139,87 7,85
2006 - 2018 2.476,45 349,49 7,09
Fonte: elaborada pelo autor com base nos dados do sistema Comex Stat (2019)

3.4.2 Índice de concentração por origem (ICO)

O índice de concentração por origem para o período apresentou média de 45,8%,


indicando que as importações brasileiras de pescado estão concentradas em poucos países.
Assim como o ICD, o ICO apresentou elevação de seu valor no período, como pode-se observar
na tabela 15.

Tabela 15 – Evolução do índice de concentração das origens (ICO).


Ano ICO
2006 0,4792
2007 0,4558
2008 0,4360
2009 0,4327
2010 0,4167
2011 0,3986
2012 0,4075
2013 0,4545
32

2014 0,4613
2015 0,4931
2016 0,5236
2017 0,4925
2018 0,5015
Fonte: elaborada pelo autor com base nos dados do sistema Comex Stat (2019)

Pelo Gráfico 7 observou-se uma tendência de desconcentração dos países de origem


das importações brasileiras até o ano de 2012 quando a tendência se inverte.

Gráfico 7 – Evolução do índice de concentração das origens (ICO).


0,55

0,50
Índice (2006 = 100)

0,45

0,40

0,35

0,30
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Anos
ICO

Fonte: elaborada pelo autor com base nos dados do sistema Comex Stat (2019)

Após identificação da inversão de tendência pelo gráfico, dividiu-se o período total


em dois subperíodos, 2006 a 2011 e 2012 a 2018. Então, analisou-se de quais países o Brasil
mais importou pescados e suas respectivas participações nas importações brasileiras, tanto para
o período total, 2006 a 2018, como para os subperíodos (Tabela 16).

Tabela 16 – Participação média dos principais países de origem das importações de


pescado do Brasil, 2006 a 2018, em porcentagem.
Market Share (%)
Países
2006 a 2018 2006 a 2011 2012 a 2018

Chile 41,94 40,94 43,11


33

China 15,18 15,44 14,88


Noruega 10,70 11,20 10,12
Argentina 7,87 7,96 7,76
Vietnã 7,44 7,39 7,50

Market Share acumulado (%) 83,13 82,93 83,37


Fonte: elaborada pelo autor com base nos dados do sistema Comex Stat (2019)

Após identificação dos principais países, calculou-se a participação acumulada


desses nas importações brasileiras. Novamente, para o período total, assim como para os
subperíodos estabelecidos.
Para as principais origens das importações brasileiras constatou-se como de acordo
com a Tabela 17 a elevação do valor, da quantidade e do preço médio.

Tabela 17 – Valor, quantidade e preço médio do pescado importado pelo Brasil dos principais
países de origem.
Valor FOB Quantidade
Período Preço Médio (US$/kg)
(US$ milhões) (1.000 toneladas)
2006 - 2011 3.478,57 896,31 3,88
2012 - 2018 7.228,95 1.756,88 4,11
2006 - 2018 10.707,52 2.653,19 4,04
Fonte: elaborada pelo autor com base nos dados do sistema Comex Stat (2019)

4 CONCLUSÃO

Como resultado da análise do comércio internacional brasileiro de pescados para o


período de 2006 a 2018, percebe-se como tendência o crescimento das importações e a redução
das exportações, assim, gerando déficits na balança comercial para o setor de pescado. Dividir
o período total em subperíodos: 2006 a 2008, 2009 a 2015 e 2016 a 2018 foi crucial para o
melhor entendimento da dinâmica de comércio, visto que fatores culturais, ambientais,
econômicos e políticos afetam a demanda e oferta dos produtos. Após analisar as variações dos
valores exportados e importados para todo o período pode-se afirmar que o efeito quantidade
foi elevado no primeiro período, 2006 a 2008, o que justificou a tendência negativa dos valores
exportados para todo o período, visto que o preço apresentou tendência crescente. Na análise
dos valores importados, a tendência crescente pode ser atribuída tanto ao efeito quantidade
34

quanto ao efeito preço, ambos contribuíram de forma positiva para a elevação do valor das
importações em todos os subperíodos analisados.
No cálculo dos índices de concentração verificou-se e a concentração da pauta de
exportação, da pauta de importação, concentração dos valores exportados em poucos países de
destino, assim como a concentração dos valores importados em poucos países de origem. Tal
concentração demonstra a fragilidade brasileira quanto ao comércio de pescados, pois variações
de demanda e de oferta de países específicos causadas por instabilidades afetam de forma
significativa o cenário brasileiro para o setor.
Ao se realizar a pesquisa notou-se deficiências da literatura específica, sendo o
comércio internacional de pescados brasileiros muito pouco estudado, apresentando urgência
de produção científica de qualidade, visto o déficit apresentado pelo setor pesqueiro.
35

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