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IT 371

Engenharia do
Meio Ambiente

Resíduos Sólidos:
Definição, Gestão e Tratamento
Professora Fabíola Oliveira da Cunha
DEQ/IT/UFRRJ
Resíduos Sólidos
“Resíduos no estado sólido e semi-sólido, que resultam de
atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar,
comercial, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta
definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de
água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de
controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas
particularidades tornem inviável seu lançamento na rede
pública de esgotos ou corpos d’água, ou exijam para isto
soluções técnica e economicamente inviáveis, em face da
melhor tecnologia disponível.”
NBR 10.004
Classificação – Normas ABNT NBR
ABNT NBR 10.004/2004: Resíduos Sólidos – Classificação
ABNT NBR 10.005/2004: Procedimento para a Obtenção de
Extrato Lixiviado de Resíduo Sólido
ABNT NBR 10.006/2004: Procedimento para a Obtenção de
Extrato Solubilizado de Resíduo Sólido
ABNT NBR 10.007/2004: Amostragem de Resíduos Sólidos
Classificação – Normas ABNT NBR

Classe I
Perigosos
Resíduos Classe II A
Sólidos Não-Inertes
Classe II
Não-Perigosos
Classe II B
Inertes
Classificação – Normas ABNT NBR
Classe I – Resíduos Perigosos:
São aqueles que apresentam características de periculosidade
ou características de inflamabilidade, corrosividade,
reatividade, toxicidade ou patogenicidade ou constem nos
Anexos A (Resíduos Perigosos de Fontes Não-específicas) e B
(Resíduos Perigosos de Fontes Específicas).
Periculosidade: característica apresentada por um resíduo
que, em função das suas propriedades físicas, químicas ou
infectocontagiosas, apresenta:
- Riscos à saúde pública
- Riscos ao meio ambiente
Classificação – Normas ABNT NBR
Inflamabilidade: Um resíduo sólido é caracterizado como
inflamável, se uma amostra representativa dele, obtida pela ABNT
NBR 10.007, apresentar qualquer uma das seguintes propriedades:
a) Ser líquida e ter ponto de fulgor a 60oC (Ponto de fulgor: A menor
temperatura em que um líquido fornece vapor suficiente para
formar uma mistura inflamável quando uma fonte de ignição (faísca,
chamas abertas, etc.) está presente);
b) Não ser líquida e ser capaz de produzir fogo por fricção, absorção
de umidade ou por alterações químicas espontâneas nas CNTP
queimando vigorosamente e persistentemente, dificultando a
extinção do fogo;
c) Ser um oxidante (estimular a combustão e aumentar a
intensidade do fogo);
d) Ser um gás comprimido inflamável.
Classificação – Normas ABNT NBR
Corrosividade:
a) Ser aquosa e apresentar pH inferior ou igual a 2, ou superior a
12,5 ou sua mistura com água, na proporção de 1:1 em peso,
produzir uma solução que apresente pH inferior a 2 ou superior ou
igual a 12,5;
b) Ser líquida ou, quando misturada em peso equivalente de água,
produzir um líquido e corroer o aço (COPANT 1020) a uma razão
maior que 6,35mm ao ano, a uma temperatura de 55oC, de acordo
com a USEPA SW 846 ou equivalente.
Classificação – Normas ABNT NBR
Reatividade: a) Ser normalmente instável e reagir de forma violenta e
imediata, sem detonar;
b) Reagir violentamente com água;
c) Formar misturas potencialmente explosivas com água;
d) Gerar gases, vapores e fumos tóxicos em quantidades suficientes para
provocar danos à saúde pública ou ao meio ambiente, quando
misturados com a água;
e) Possuir em sua constituição íons CN- ou S2-;
f) Ser capaz de produzir reação explosiva ou detonante sob a ação de
forte estímulo, ação catalítica ou temperatura em ambientes confinados;
g) Ser capaz de produzir, prontamente, reação ou decomposição
detonante ou explosiva nas CNTP;
h) Ser explosivo (substância fabricada para produzir um resultado
prático, através de explosão ou efeito pirotécnico).
Classificação – Normas ABNT NBR
Toxicidade:
a) Quando o extrato obtido desta amostra, segundo a NBR 10.005,
contiver qualquer um dos contaminantes em concentrações superiores
ao Anexo F (Concentração – Limite máximo no extrato lixiviado). Neste
caso, o resíduo deve ser caracterizado com tóxico com base no ensaio de
lixiviação, com código de identificação constante no Anexo F;
b) Possuir uma ou mais substâncias constantes do Anexo C (Substâncias
que conferem Periculosidade aos Resíduos) e apresentar toxicidade. Para
avaliação dessa toxicidade, devem ser considerados os seguintes fatores:
• Natureza da toxicidade apresentada pelo resíduo;
• Concentração do constituinte do resíduo;
• Potencial que o constituinte, ou qualquer produto tóxico de sua
degradação, tem para migrar do resíduo para o meio ambiente, sob
condições impróprias de manuseio;
Classificação – Normas ABNT NBR
Toxicidade:
• Persistência do constituinte, ou qualquer produto tóxico de sua
degradação;
• Potencial que o constituinte, ou qualquer produto tóxico de sua
degradação, tem para degradar-se em constituintes não perigosos,
considerando a velocidade em que ocorre a degradação;
• Extensão em que o constituinte, ou qualquer produto tóxico de sua
degradação, é capaz de bioacumulação nos ecossistemas;
• Efeito nocivo pelo efeito teratogênico, mutagênico, carcinogênico ou
ecotóxico, associados a substâncias isoladamente ou decorrente do
sinergismo entre as substâncias constituintes do resíduo.
c) Ser constituída por restos de embalagens contaminadas com
substâncias constantes nos Anexos D (Substâncias Agudamente
Tóxicas) e Anexo E (Substâncias Tóxicas);
Classificação – Normas ABNT NBR
Toxicidade:
d) Resultar de derramamento ou de produtos fora de especificação
ou de prazo de validade que contenham quaisquer substâncias
constantes dos anexos D e E;
e) Ser comprovadamente letal ao homem;
f) Possuir substância em concentração comprovadamente letal ao
homem ou estudos do resíduo que demonstrem uma DL50 (oral,
ratos) menor que 50mg/Kg ou CL50 (inalação, ratos) menor que
2mg/L ou uma DL50 (dérmica, coelhos) menor do que 200mg/Kg.
Classificação – Normas ABNT NBR
Patogenicidade:
Um resíduo é caracterizado como patogênico se uma
amostra representativa dele, obtida segundo a ABNT NBR 10007,
contiver ou houver suspeita de conter, microrganismos
patogênicos, proteínas virais, ácido desoxiribonucleico (ADN) ou
ácido ribonucleico (ARN) recombinantes, organismos
geneticamente modificados, plasmídios, cloroplastos,
mitocôndrias ou toxinas capazes de produzir doenças em homens,
animais ou vegetais.
Classificação – Normas ABNT NBR
Classe II A – Resíduos Não Inertes:
São aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos
Classe I (Perigosos) ou de resíduos Classe II B (Inertes). Podem
apresentar características de combustibilidade, biodegradabilidade ou
solubilidade em água.

Classe II B – Resíduos Inertes:


São aqueles que submetidos a um contato estático ou dinâmico com
água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, conforme teste
de solubilização segundo NBR 10.006, não tiverem nenhum de seus
constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de
potabilidade de água.
Classificação –
Normas ABNT NBR
Gestão de Resíduos Sólidos
Conjunto de ações objetivando o correto acompanhamento dos
resíduos sólidos em seus aspectos intra e extra
estabelecimento, desde a geração até a disposição final.

Etapas de um Sistema de Gerenciamento de Resíduos Sólidos:


➢ Prevenção e Minimização da geração de resíduos
➢ Segregação e Acondicionamento
➢ Coleta
➢ Tratamento
➢ Disposição final
Tratamento de Resíduos Sólidos
Qualquer processo que altere suas características, composição
ou propriedades, de maneira a tornar mais aceitável sua
disposição final ou simplesmente sua destruição.
Processos de Tratamento:
➢ Adensamento
➢ Estabilização Biológica de Lodos
➢ Desidratação
➢ Compostagem
➢ Landfarming
➢ Co-processamento
➢ Incineração
Desidratação
Operação unitária que reduz o volume do lodo
por meio da redução de seu teor de umidade.
Para aumentar a aptidão à desidratação e à
captura de sólidos → Condicionamento do lodo
Principais Processos:
➢ Leitos de secagem
➢ Centrífugas
➢ Prensas desaguadoras
➢ Filtros-prensa
Leitos de Secagem
Centrifugação
Prensa Desaguadora
Filtro-prensa
Compostagem
É a bioxidação aeróbia exotérmica de um substrato orgânico
heterogêneo, no estado sólido, caracterizado pela produção de CO2,
água, liberação de substâncias minerais e formação de matéria
orgânica estável.
Compostagem – Parâmetros Físico-químicos
Aeração Temperatura Umidade Relação C/N Estrutura pH
Landfarming
É um método de tratamento onde o substrato orgânico de um resíduo
é degradado biologicamente na camada superior do solo. Também
conhecido como tratamento em terra, consiste na aplicação
controlada de resíduos sobre o solo, conseguindo a degradação
biológica e química dos mesmos.
Mecanismos: degradação, transformação e imobilização dos
constituintes reativos na camada reativa (camada de tratamento).
Coprocessamento
A atividade é chamada de coprocessamento pois, enquanto os
resíduos estão sendo destruídos no interior do forno, está
acontecendo a produção de cimento.
A parte orgânica dos
resíduos é destruída,
havendo o aproveitamento
energético e a inorgânica,
se combina com os
elementos já existentes nas
matérias-primas do
cimento, não havendo
geração de cinzas.
Incineração
Processo de queima controlada na presença de excesso de oxigênio
(10-25%), no qual os materiais à base de carbono são reduzidos a
gases e materiais inertes (cinzas e escórias de metal) com geração
de calor. É composto por duas câmaras de combustão:

Tcâmara primária
800 - 1.000 oC
Tcâmara secundária
1.200 - 1.400 oC
Incineração
Pirólise
Processo de destruição térmica que absorve calor e que ocorre na
ausência de oxigênio. Nesse processo, os materiais a base de
carbono são decompostos em combustíveis gasosos ou líquidos e
carvão.
Modelo de câmara simples:
T  1.000oC
Modelo de câmaras múltiplas:
Tcâmara primária  600 - 800 oC
Tcâmara secundária  1.000 - 1.200 oC
Disposição Final
Aterro Sanitário → é um método de disposição final dos
resíduos sólidos urbanos, sobre terreno natural, através de
seu confinamento em camadas cobertas com material
inerte.
Aterro Controlado → é um método de disposição final dos
resíduos sólidos urbanos, sobre terreno natural, através de
seu confinamento em camadas cobertas com material
inerte, porém, sem promover a coleta e o tratamento de
chorume e a coleta e a queima do biogás.
Aterro Sanitário
Aterro Sanitário
Aterro Sanitário
Descarga dos Resíduos Sólidos

Espalhamento e Compactação dos


Resíduos Sólidos
Aterro Sanitário
Recobrimento dos Resíduos Sólidos

Drenagem Interna
Aterro Sanitário

Tratamento do Chorume:
Lagoas Anaeróbias
Lagoas Facultativas
Biodigestores
Aterro Sanitário

Fases de Estabilização:
Fase I: Ajuste Inicial
Fase II: Transição
Fase III: Acidogênese
Fase IV: Metanogênese
Fase V: Maturação
Aterro Sanitário – Monitoramento
❑ Monitoramento dos Resíduos que entram no Aterro
❑ Monitoramento das Águas Superficiais
❑ Monitoramento do Lençol Freático
❑ Monitoramento da Vazão de Chorume
❑ Monitoramento da Qualidade do Lixiviado e do Efluente
Tratado
❑ Monitoramento do Maciço (marcos superficiais para calcular o
recalque do maciço em comparação com marcos fixos)
❑ Monitoramento do Sistema de Drenagem Superficial
(pluviômetro)
❑ Monitoramento do Sistema de Exaustão e Drenagem dos Gases
(piezômetros medem os níveis de pressão exercidos pelo
lixiviado e pelo gás)
Outras Técnicas de Tratamento
Neutralização: utilizada para resíduos com características
ácidas ou básicas;
Secagem ou mescla: é a mistura de resíduos com alto teor de
umidade com outros resíduos secos ou materiais inertes,
como serragem;
Encapsulamento: consiste em revestir os resíduos com uma
camada de resina sintética impermeável de baixíssimo índice
de lixiviação;
Incorporação: os resíduos são agregados à massa de concreto
ou de cerâmica em uma quantidade tal que não prejudique o
meio ambiente.

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