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Dessa forma, tanto a área operacional, quanto a área contábil dessas instituições tiveram
que aprimorar suas técnicas, para poder ajustar-se a esse desenvolvimento e manter a
confiabilidade e segurança de seus processos e informações.
Marco teórico
Gabriel Walter González Bocchetti
O controle Interno tem sido citado por diversos autores e organizações ao longo dos anos.
Destacamos o ensinamento do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil, citado por
Antunes (1998, p. 63):
MEDEIROS. Marcelo Correa. Tributação e Contabilidade nas Cooperativas de Crédito . Palhoça : UnisulVirtual, 2016.
Tributação e Contabilidade nas Cooperativas de Crédito
•• produção;
•• comercialização;
•• segurança do grupo;
•• ampliação do patrimônio e capital.
Atualmente, para um ambiente de controle, encontramos diversos tipos de tecnologias que nos
permitem um alto grau de exatidão nas informações.
No cooperativismo de crédito o uso dos controles internos não é diferente das organizações
empresariais, pois os controles visam à minimização de riscos dentro da cooperativa, fazendo
com que todos tenham mais segurança em seus trabalhos. Tudo isso, a partir de observações
minuciosas, com uma periodicidade contínua e o emprego de ferramentas que proporcionam
maior exatidão nas informações.
Por meio dos controles internos eficientes e eficazes é possível acompanhar todo o desempenho e
rotina dela, corrigindo tempestivamente os desvios detectados.
Para o cooperativismo de crédito não basta só indicar o problema. Por se tratar de uma
organização cooperativa, a ajuda mútua entre os envolvidos no sistema é primordial para
chegarmos ao objetivo desejado, pois, sem cooperação não existe controle. A partir de uma
organização solidária, a colaboração pode vir tanto dos cooperados, dirigentes, funcionários
em geral, como da supervisão e gerência.
Dessa forma, os controles devem ser feitos de uma forma mais humana, onde o Agente de
Controles Internos diagnostica o problema e ao mesmo tempo, junto com o responsável pelo
setor tenta buscar uma solução, primando pela segurança e transparência das operações.
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As autoridades monetárias decidiram dispensar atenção especial aos controles internos das
instituições financeiras e demais entidades sujeitas à fiscalização do Banco Central do Brasil.
Uma das primeiras preocupações da gestão de riscos e controles internos foi a formação de
cultura, direcionando a atenção de gestores e funcionários para focos potenciais de riscos e
necessidades de controles.
O início desse processo passou pela uniformização dos conceitos e, portanto, pela unificação
da linguagem utilizada nas questões relacionadas a risco e controle.
Essa conjuntura tem exigido dos bancos a adoção de novas estratégias, não apenas de
posicionamento de seus produtos e serviços, mas também de seus controles internos. Isso
porque a indústria financeira está se tornando mais competitiva e com a utilização de alta
tecnologia a concessão do crédito com baixos níveis de exposição a riscos torna-se fator
preponderante para a sustentação no mercado.
Segundo Migliavacca (2002), a palavra controle apareceu por volta de 1600, como
significado de “cópia de uma relação de contas”, um paralelo ao seu original. Deriva do latim
contrarotulus, que significa “cópia do registro de dados”.
A gerência deve cooperar com os trabalhadores, para que a execução seja a melhor possível.
Fayol (1911 apud ANTUNES, 1998, p. 61) o criador da Corrente Anatômica da Administração, no
início do século, tal qual Taylor, também se manifestou sobre a função administrativa de controlar,
ou seja, o controle consiste em verificar se tudo corre em conformidade com o plano adotado, as
instruções emitidas e os princípios estabelecidos. Tem por objetivo apontar as falhas e os erros
para retificá-los e evitar sua reincidência. Aplica-se a tudo: coisas, pessoas, atos.
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Observa-se pela definição acima a clareza de que todos os funcionários - desde a alta
administração até os colaboradores de apoio - participam da execução do controle.
Essa colocação, isto é, de que o controle é executado por todos, é muito importante para que seja
entendido o conceito de controle em sua amplitude.
Segundo Antunes (1998), uma pequena organização quando administrada diretamente pelo
proprietário possui, mesmo que informalmente, um sistema normativo de regras e procedimentos,
o qual permite verificar se o que ele estabelece é cumprido. E, também, se os valores materiais e
imateriais colocados à sua disposição operacional estão sendo salvaguardados.
A eficácia e eficiência dessas regras e procedimentos ficam válidas até o ponto que ele
“alcança” monitorar. À medida que esse conjunto de regras e procedimentos ficar complexo,
ou a organização for se expandindo, o proprietário sozinho, ou até mesmo um grupo pequeno
de pessoas ou recursos, não seria capaz de garantir com condições razoáveis de certeza que
tais regras e/ou procedimentos estão sendo executados de uma forma eficaz e eficiente.
E isso certamente compromete a continuidade das firmas. Assim, conforme o mesmo autor,
nesse momento surge a necessidade de se organizar uma estrutura sistematizada de controle,
que possa garantir, mesmo sem a presença do proprietário da organização, a verificação e
monitoramento das políticas e planejamento definidos por ele.
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A expressão controle interno significa que o conjunto de regras e procedimentos foi criado pela
empresa e para ela mesma, e que devem estar em sintonia com as normas e leis vigentes no país.
•• eficiência operacional;
•• cumprimento das políticas;
•• proteção dos ativos;
•• exatidão;
•• confiabilidade dos dados contábeis, bem como planos de organização.
O exercício de um adequado controle sobre cada uma dessas áreas assume fundamental
importância para que se atinjam os resultados mais favoráveis com menores desperdícios.
É impossível conceber uma empresa que não disponha de controles que possam garantir
a continuidade do fluxo de suas operações e informações propostas. Por analogia, toda
empresa possui controles internos.
A diferença básica é que eles podem ser adequados ou não. A função da contabilidade como
instrumento de controle administrativo é hoje unanimemente reconhecida. Um sistema de
contabilidade que não esteja apoiado em um sistema de controle interno eficiente é, até certo
ponto, inútil, uma vez que não é possível confiar nas informações contidas em seus relatórios.
Informações contábeis distorcidas podem levar a conclusões erradas e danosas para a empresa.
Um controle adequado é aquele estruturado pela administração e que possa propiciar uma
razoável margem de garantia que os objetivos e metas serão atingidos de maneira eficiente e com
a necessária economicidade.
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Tratando-se de risco inerente, o controle desenvolve um plano global de auditoria, e o auditor deve
avaliar o risco inerente em nível de demonstrações contábeis.
Ao desenvolver o programa de auditoria, o auditor deve estabelecer uma relação entre essa
avaliação e os saldos de contas e classes de transações relevantes em nível de asserção, ou
então presumir que o risco inerente é alto para a asserção.
Para avaliar o risco inerente, o auditor usa seu julgamento profissional para avaliar numerosos
fatores, como, por exemplo, nível de demonstrações contábeis: a integridade da administração.
Pressões anormais sobre a administração, como, por exemplo, quando o setor está passando
por uma fase de muitos fracassos ou quando uma entidade não tem capital suficiente para
continuar suas operações, podem levar a demonstrações contábeis distorcidas.
Finalmente, podemos acrescentar que o controle é uma das funções do administrador. Não
basta apenas planejar, organizar e dirigir a empresa. Sem um controle eficaz, é possível que o
administrador não consiga alcançar os objetivos pretendidos.
É o sistema de controle interno que vai indicar alguma falha (roubos, desperdícios) no
andamento normal das atividades da empresa.
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O controle interno pode ser: preventivo (que tem por objetivo evitar desperdícios e irregularidades),
detectivo (para detectar erros) ou corretivo (o erro já existe e o controle vem para corrigi-lo).
De acordo com Lethbridge (1997), é possível distinguir dois tipos extremos de controle
corporativo: shareholder, no qual a obrigação primordial dos administradores é agir em nome
dos interesses dos acionistas; e stakeholder, em que, além dos acionistas, um conjunto mais
amplo de interesses deve ser contemplado pela ação e pelos resultados da corporação.
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A primeira causa seria de risco moral, definido por eles como o risco de exposição, por
exemplo, risco de crédito, risco de taxa de juros, risco de liquidez, riscos assumidos e não
contabilizados – off balance.
A tomada de decisão pelos dirigentes, sobre o nível de exposição desses riscos, embora
sejam próprios da atividade financeira, pode ser no interesse dos acionistas – aumentando
a exposição aos riscos de maneira que prejudique os credores (depositantes, poupadores,
credores etc.); ou assumindo uma posição mais conservadora, ou seja, com menor
alavancagem, dando mais conforto para os credores e menos retorno para os acionistas.
Trazendo esse conceito para a realidade das cooperativas de crédito, tem-se a seguinte
situação: os credores, em geral, salvo alguns organismos oficiais repassadores de recursos,
são os próprios associados.
Aparentemente não haveria o risco moral dos dirigentes tomarem decisões favoráveis aos
associados em detrimento dos credores, uma vez que esses também são associados.
Pode-se cair em um equívoco, semelhante ao do risco moral, ao pensar que esse comportamento
não existe nas cooperativas de crédito, uma vez que seus dirigentes são também proprietários.
Segundo os autores da atualidade, essa é a principal causa das falências em instituições com
propriedades difusas e não pertencentes ao mercado acionário, como as cooperativas de crédito.
Outro engano que pode existir com relação à governança em cooperativas é pensar que
não existe conflito decorrente de assimetria de poder entre os proprietários, uma vez
que o princípio que rege a divisão de poder nessas instituições é: “um sócio, um voto”,
independente do capital.
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No entanto, para criar uma estrutura de fiscalização e controle deve-se ter em conta que,
qualquer mecanismo de controle resulta de um processo de arbitragem entre os efeitos dos
comportamentos oportunistas dos agentes, e os custos de controle que buscam alinhar os
interesses dos dirigentes aos interesses dos proprietários – os chamados custos de agência.
De acordo com Jensen e Meckling (1976), são a soma dos seguintes custos:
Analisando esses custos no ambiente das cooperativas de crédito, pode-se acrescentar aos
custos de monitoramento, os custos com controles internos (1) e com o Conselho Fiscal (2):
o primeiro, a ser exercido pelos dirigentes para evitar os comportamentos oportunistas dentro
da instituição; o segundo se refere a um instrumento de fiscalização obrigatório no ambiente
de cooperativas no Brasil.
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É importante destacar que os instrumentos de controle interno não são apenas aqueles
formalmente constituídos – como, por exemplo, um sistema padronizado de controle, exercido
por equipe especializada que, em muitos casos, faz parte da auditoria interna – mas podem
ser constituídos pelos agentes (partes interessadas) da cooperativa.
Entre os agentes que podem atuar como instrumentos de fiscalização e controle interno nas
cooperativas de crédito destacam-se:
•• Associados: pelo exercício ativo e bem informado dos seus direitos e deveres.
•• Conselho Fiscal: por meio do exercício de uma fiscalização efetiva e independente.
•• Auditores internos: exercitando a profissão com qualidade e independência,
adotando os padrões legais de auditoria e comunicando os resultados
materialmente relevantes, por meio de relatórios objetivos e inteligíveis, à
gestão executiva, Conselho de Administração e Conselho Fiscal.
•• Empregados: pelo entendimento dos processos de controle aprovados pela
gestão executiva e Conselho de Administração, a adoção dos valores éticos
institucionais da cooperativa. Pela comunicação de preocupações relativas
a práticas ilegais ou antiéticas, para essa finalidade, devem ser assegurados
canais institucionais de comunicação e sigilo de informação.
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Deve ser ressaltado que outros atores/órgãos também podem e devem cumprir esse papel,
como por exemplo, o Conselho de Administração, e que as propostas não pretendem ser
exaustivas – ou seja, existem outras possibilidades, aqui não tratadas.
De acordo com dados da pesquisa realizada por Maria de Fátima Cavalcante Tosini e
Alexandre Martins Bastos por intermédio do Comitê de Pesquisa da Aliança Cooperativa
Internacional no V Encontro de Pesquisadores Latino-americanos de Cooperativismo,
realizado de 06 a 08 agosto 2008, em Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil, na última Assembleia
Geral ordinária das cooperativas pesquisadas, em 65% das cooperativas, menos de 15% dos
associados assinaram a lista de presença, configurando uma baixa participação, portanto.
Os principais motivos apontados pelos dirigentes/cooperativas para essa baixa participação são a
“confiança dos associados na administração da cooperativa” (32,2%) e a “falta de conhecimento do
associado a respeito da sua importância na assembleia” (27%).
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Mais da metade dos associados (51%) respondeu pela existência de “outros” motivos. A análise
desses “outros” motivos mostra que 55,9% são relacionados a fatores pessoais, tais como falta
de tempo (35,9%), falta de interesse (12,2%) e horário, data ou distância incompatível (7,7%).
Alguns entendem que não há espaço para melhorar a gestão e outros simplesmente
consideram sem importância sua presença. Ao não participar, torna-se menos consciente de
seu papel e interpreta como cada vez menos produtiva sua participação, gerando um ciclo
que enfraquece o controle interno pelos associados.
A falta de consciência de seus direitos e deveres é outro fator que contribui para fragilizar o
sistema de controle por parte dos associados: 50,6% dos associados entrevistados nunca
leu o estatuto da cooperativa; 23,9% não conhecem seus direitos e deveres e 41,3% os
conhecem apenas parcialmente.
Além disso, a ausência de mecanismos formais que permitam aos associados ou delegados
incluírem itens nas pautas das assembleias também contribui para tornar o controle e a
fiscalização ineficientes: 62,72% das cooperativas da amostra indicam que não possuem
esse tipo de mecanismo.
E mais, das cooperativas que dispõem desse mecanismo (36,36%), em apenas 6,01% houve
algum caso de inclusão de item pelos associados na última assembleia.
Essa falta de controle dos associados é preocupante, uma vez que nas cooperativas de
crédito, como os usuários dos serviços são também os donos do negócio, eles assumem
riscos e responsabilidades que extrapolam as de um simples usuário de serviços financeiros.
Em decorrência da previsão expressa no art. 1.095 do Código Civil e nos arts. 89 e 80 da Lei n°
5.764/1971, o sócio de uma cooperativa passa a responder não somente pela parcela de sua
contribuição ao capital social, correspondente às quotas por ele integralizadas, mas também
pelos prejuízos porventura verificados, na proporção das operações que tiver realizado.
O § 2° do art. 1.095, do Código Civil, também se refere a uma responsabilidade ilimitada dos
sócios: “É ilimitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde solidária e
ilimitadamente pelas obrigações sociais”.
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Nesse caso, continua como associado, respondendo somente limitadamente à parcela de sua
contribuição ao capital social.
Somente 8,3% das respostas dos dirigentes/cooperativas aos fatores que melhor explicam a
motivação dos cooperados a comparecerem às assembleias aponta a “comunicação do rateio
de perdas e/ou despesas”.
Dado o nível de responsabilidade dos associados, essa deveria ser, pela lógica, a principal
motivação para o comparecimento.
A administração deve criar meios para que todos os associados tenham ciência de seus
direitos e deveres legais e estatutários, especialmente em casos de perda e/ou prejuízo.
A auditoria pode reduzir essa assimetria ao confrontar a veracidade dos dados informados
nos relatórios gerenciais e econômico-financeiros enviados ao Conselho Fiscal e Conselho
de Administração.
De acordo com as respostas das cooperativas, 74,48% não possuem estrutura de auditoria
interna. Parte disso é explicada pela transferência desse serviço às cooperativas centrais.
Nas que possuem suas próprias estruturas de auditoria interna, essa não está subordinada
exclusivamente ao Conselho de Administração – apenas 17,18% das respostas das
cooperativas indicaram o Conselho de Administração como o responsável pela definição das
diretrizes e atuação da auditoria.
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Tributação e Contabilidade nas Cooperativas de Crédito
Quanto à auditoria externa, para ser eficaz, também precisa de métodos ou/e regras que
garantam sua independência. A cooperativa deve adotar regras que reduzam o risco de os
auditores omitirem irregularidades ou fatos relevantes, por exemplo.
Ainda, a cooperativa pode adotar a rotatividade obrigatória de auditores, bem como outras regras e
limites pertinentes e permitidos por lei.
Dado o risco de se contratar uma auditoria apenas para cumprimento legal e sem a
independência necessária, é aconselhável que a contratação da auditoria externa também seja
aprovada pelo Conselho de Administração e que os normativos da cooperativa contenham
dispositivos os quais assegurem sua independência.
Todavia, e como exemplo de que isso pode não estar acontecendo, apenas 37,11% das
cooperativas da amostra indicaram existir mecanismo formalizado que impeça a empresa
de auditoria externa contratada ter vínculos com membros ou com parentes de membros
dos órgãos estatutários da cooperativa, isso pode evidenciar a baixa preocupação com o
estabelecimento de regras que garantam sua independência.
Apesar de sua relevância, o Conselho Fiscal é visto por muitos, de forma equivocada, como
um órgão que deve se ater apenas a assuntos de natureza contábil, por meio da análise de
balancetes trimestrais e das demonstrações financeiras do exercício social, emitindo sobre
essas últimas sua opinião.
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Ainda assim, 77% dos cooperados que responderam à pesquisa consideram que o Conselho
Fiscal é eficaz e preocupado com a solidez da cooperativa.
Sobre a independência do Conselho Fiscal, 62,6% dos cooperados consideram sua atuação
totalmente independente da Administração, mas, por outro lado, segundo os dirigentes/
cooperativas, a principal motivação para a candidatura ao Conselho Fiscal é a indicação/
convite de diretores ou conselheiros (58,47%).
Isso evidencia uma situação de baixa independência dos conselheiros fiscais frente aos
dirigentes, o que contribui para reforçar as percepções obtidas na fase das entrevistas, quais
sejam, que o conselho fiscal é percebido muitas vezes como um mecanismo de entrada de
futuros dirigentes nas cooperativas, desvirtuando suas funções e fragilizando as estruturas de
controle e fiscalização.
O escopo de fiscalização do conselheiro fiscal deve ser o mais amplo possível, em virtude das
responsabilidades legais que lhe são impostas, em caso de má conduta.
O art. 1.070 do Novo Código Civil e o art. 53 da Lei 5.764/1971 estabelecem que os
componentes da administração e do Conselho Fiscal se equiparam aos administradores das
sociedades anônimas para efeito de responsabilidade criminal, podendo responder às ações
oriundas de cooperados ou terceiros.
Assim, recomenda-se que os membros do Conselho Fiscal não devam ter negócios com
a cooperativa além daqueles realizados na condição de associados, nem devem ser
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empregados de entidade e/ou empresa que esteja oferecendo algum serviço ou produto à
cooperativa e também não devem ser cônjuges ou parentes até segundo grau de membros da
diretoria executiva ou de gerentes da cooperativa.
O trabalho do Conselho Fiscal deve ser sistematizado e possuir padrão mínimo para evitar
que o conselho deixe de executar trabalhos básicos que permitam identificar os problemas e
situações mais prováveis de ocorrer em uma cooperativa de crédito.
Para isso, recomenda-se que o Conselho Fiscal tenha regimento interno que discipline o
funcionamento do órgão e o planejamento das atividades, contendo, no mínimo, o plano
de trabalho e a forma de divulgação dos resultados de sua atuação, que poderão ser por
pareceres, opiniões, recomendações e o encaminhamento de denúncias recebidas.
Mas uma fiscalização com esse nível de profundidade só é possível com pessoas qualificadas,
que devem ser, se possível, adequadamente remuneradas.
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Das 1199 cooperativas que responderam ao questionário, apenas 223 estão sem vínculo
com algum sistema. Vale lembrar, entretanto, que a atuação da confederação ou sistema
organizado não isenta a responsabilidade das centrais e singulares pela efetividade individual
das boas práticas de governança.
Em 36% das cooperativas, pelo menos um de seus membros de órgãos estatutários são
também membros de órgãos estatutários na central ou confederação.
Esses indicadores podem servir como fonte de referência para as diversas partes interessadas
– associados, funcionários, comunidade, órgãos de supervisão e controle, instituições
financeiras fornecedoras de recursos.
Mesmo sendo uma sociedade simples, de pessoas, formada com o objetivo de propiciar
melhorias da condição econômica de seus associados, a cooperativa de crédito está sujeita
às normas que regulam o funcionamento das sociedades. Essas normas estão previstas
em legislação especial, que regula a atividade das cooperativas, mas também podem estar
expressas em normas gerais, aplicáveis aos demais tipos de sociedades.
Veremos, na sequência, quando será utilizada uma norma geral e quando somente caberá a
utilização de uma norma especial, para regular determinadas situações jurídicas que envolvam
questões societárias das cooperativas de crédito.
As determinações do Código Civil/2002, porém, devem ser consideradas como normas gerais a
serem complementadas e detalhadas pela legislação especial, aplicável a cada tipo societário.
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No que se refere às Cooperativas, foram respeitadas pelo Código Civil as disposições da Lei
Cooperativista (Lei n°. 5.764/71), como se depreende da leitura do artigo 1.093, o qual diz
que “a sociedade cooperativa reger-se-á pelo disposto do presente Capítulo, ressalvada a
legislação especial.” (BRASIL, 1971).
O artigo 1.094, por sua vez, trata das características da sociedade cooperativa, a seguir elencadas:
As principais novidades trazidas pelo novo Código Civil, no que diz respeito às cooperativas,
são a dispensa de capital social, a determinação do registro público das sociedades
cooperativas junto ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, e a não exigência de número
mínimo de sócios para a constituição de cooperativas.
A dispensa do capital social diz respeito à não exigibilidade de que os sócios subscrevam e
integralizem um capital mínimo como condição para a constituição da entidade cooperativa.
Essa dispensa se mostra viável no caso das cooperativas cujo objeto social não exija a reunião
de recursos fixos de seus associados para que se viabilize a busca dos resultados sociais.
Entre essas, incluem-se as cooperativas de trabalho e de prestação de serviços terceirizados.
Já no caso das cooperativas de crédito, a ausência de capital social inviabiliza as suas atividades,
pois elas dependem da existência de capital integralizado, para que possam prestar assistência
financeira aos associados. A esse respeito, Campos (2003, p. 44) argumenta que “as particularidades
das cooperativas de crédito recomendam que essas entidades tenham e acumulem seus próprios
recursos financeiros para socorro aos associados, provindos da necessária capitalização própria.”
O artigo 1.095 do novo Código Civil, por sua vez, traz a previsão de que os sócios podem ter
responsabilidade limitada ou ilimitada.
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Outra inovação do Código Civil diz respeito ao registro público das sociedades cooperativas.
O artigo 1.150 determina que a inscrição dos atos constitutivos da sociedade empresária deve
ser feita no Registro Público de Empresas Mercantis. Já a inscrição dos atos constitutivos das
sociedades simples deve ser feita no Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
As cooperativas são consideradas sociedades simples pelo Código Civil (artigo 982).
Consequentemente, a inscrição dos atos constitutivos das cooperativas deveria ser feito no
Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
A Lei regente do cooperativismo (Lei nº. 5.764/71), porém, determina que os atos constitutivos
das cooperativas sejam inscritos na Junta Comercial. A doutrina se divide nesse particular,
pois parte defende que o disposto na Lei Cooperativista continua em vigor, enquanto outra
parte acredita que a regra trazida pelo novo Código Civil é a que passou a vigorar.
De qualquer maneira, o que se pode dizer é que as sociedades cooperativas não guardam
nenhuma afinidade jurídica com as sociedades mercantis ou empresárias, e, por isso, mostra-
se de certa forma incongruente que a inscrição de seus atos constitutivos seja feita junto ao
mesmo órgão utilizado por aquelas sociedades.
Por outro lado, todas as sociedades simples (às quais são equiparadas as sociedades
cooperativas) procedem à inscrição de seus atos constitutivos junto ao Registro Civil de
Pessoas Jurídicas, o que seria mais lógico que fosse feito também pelas cooperativas.
No que tange ao número mínimo de sócios para a constituição de cooperativas, a Lei nº.
5.764/71 exige pelo menos vinte pessoas físicas para constituir uma cooperativa singular,
três cooperativas singulares para constituir uma cooperativa central (também denominada
federação de cooperativas) e três federações (ou cooperativas centrais) para a formação de
uma confederação de cooperativas.
O novo Código Civil apenas prevê que deve haver um número mínimo de sócios, necessário
para compor a administração da sociedade, sem estabelecer um limite máximo de sócios.
Apesar de a Lei Cooperativista (Lei nº. 5.764/71) estabelecer que a criação de sociedade
cooperativa pode ocorrer por assembleia geral dos fundadores, por meio da elaboração
de ata, ou por instrumento público, por escritura pública registrada em cartório, os
regulamentos do Sistema Financeiro Nacional apenas reconhecem a criação de
cooperativas de crédito pela assembleia geral.
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Definida essa vontade, a comissão organizadora (composta por cerca de três dos futuros
fundadores) providenciará a publicação e um edital de convocação para a assembleia
geral de fundação, comunicando hora, dia e local da sua realização, convidando todos os
interessados a participar.
O estatuto social da cooperativa pode fazer parte do teor da ata ou estar a ela anexado. O ato
constitutivo será encaminhado ao Banco Central do Brasil, com o pedido de autorização para
funcionar. Cumpridas todas estas exigências, é expedida uma carta autorizativa pelo Banco
Central, e os documentos devem, então, ser encaminhados à Junta Comercial do Estado para
registro e constituição da personalidade jurídica da cooperativa de crédito.
Após o registro na Junta Comercial, a entidade criada deverá ser inserida no Cadastro
Nacional de Pessoas Jurídicas – CNPJ – do Ministério da Fazenda, junto ao órgão da Receita
Federal do município sede da cooperativa.
Para que se iniciem as operações financeiras, a cooperativa precisa contar com um capital
social disponível que lhe proporcione liquidez e equilíbrio econômico-financeiro.
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As cooperativas de crédito constituem exceção a esse princípio pela própria natureza de sua
atuação, pois realizam atividade financeira na qual prevalece o interesse público. Desse modo,
podem sofrer intervenção administrativa por parte da União, por meio dos órgãos do Sistema
Financeiro Nacional, sempre que o recomendem as circunstâncias. A proteção ao interesse
público nas operações com a moeda nacional, nesse particular, justifica a abstração da sua
condição especial de cooperativa.
Assim, em virtude das características peculiares das sociedades cooperativas, a elas não se
aplicam os institutos da falência.
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A princípio, a intervenção tem um período de duração de seis meses, podendo ser prorrogado
uma única vez, por, no máximo, mais seis meses.
Assim, neste texto vimos que as cooperativas de crédito se sujeitam a regras especiais, desde
a sua formação, em aspectos de sua constituição, dissolução e liquidação.
A proteção ao interesse público, no que se refere às operações com a moeda nacional, justifica
as exceções feitas à sua condição de cooperativa, como ente legalmente protegido, e, também,
autoriza a quebra do princípio da autodeterminação, aplicável às cooperativas dos demais ramos.
As relações de consumo
O Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 2º, conceitua o consumidor como “pessoa
física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”.
Pois bem, na cooperativa, os cooperados não são simples consumidores finais dos serviços
ou produtos oferecidos, e sim donos do negócio cooperativo. São, ao mesmo tempo, os
tomadores de crédito e os financiadores das atividades da empresa cooperativa. Por esse
motivo, o cooperado não se enquadra na definição legal de consumidor, utilizada nas
relações de consumo em geral.
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Até mesmo porque, na cooperativa, não se pode dizer que haja relação de consumo, pois,
apesar de ser uma pessoa jurídica, a sociedade cooperativa é, antes de tudo, uma extensão
dos interesses dos associados, um instrumento de persecução dos objetivos em comum,
determinados no estatuto social da cooperativa.
Além disso, o Direito Cooperativo, como ramo independente do Direito, disciplina as relações
jurídicas das cooperativas conforme as regras jurídicas elaboradas para reger especificamente
esse tipo de sociedade, não havendo subordinação a outros ramos do Direito, até mesmo
porque as normas jurídicas aplicáveis às cooperativas são muito peculiares e incompatíveis
com o conteúdo das normas dos demais ramos jurídicos.
Outro argumento que se pode levantar para afastar a incidência do Código de Defesa do Consumidor
nas relações cooperativistas é que os atos praticados pela cooperativa e seus associados não
configuram atos de comércio, na acepção que lhes é dada pelas relações de consumo.
Em primeiro lugar, as cooperativas não estão sujeitas à falência, diferentemente dos bancos e
demais instituições financeiras. São consideradas sociedades civis, pois são sociedades de
pessoas, e não de capital, como é o caso dos bancos, sociedades comerciais.
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Tributação e Contabilidade nas Cooperativas de Crédito
O controle das cooperativas é democrático, ou seja, cada homem tem direito a um voto. Já,
nos bancos, os votos correspondem ao número de ações, assim uma única pessoa pode ter
direito a vários votos, se for detentora de numerosas ações.
Pela natureza das relações pessoais que se desenvolvem em uma cooperativa, as quotas-
partes pertencentes aos associados não podem ser transferidas a terceiros estranhos à
sociedade. Nos bancos, é admitida a transferência das ações a terceiros.
Nas cooperativas, ocorre o retorno das sobras proporcional ao valor das operações
desenvolvidas pelos associados; já, nos bancos, o dividendo é proporcional ao valor das ações.
As atividades das cooperativas são restritas aos associados. Nos bancos, são livres.
A cooperativa não é subsidiada por fundos do governo, enquanto os bancos recebem esses subsídios.
Por todos esses traços característicos, as sociedades cooperativas se afastam das demais
sociedades financeiras de natureza mercantil, e afastam, categoricamente, assim, a
possibilidade de serem aplicadas as regras do Direito Consumerista às suas relações.
O próprio ato cooperativo, conceituado pela Lei Cooperativista (Lei nº. 5.764/71) em
seu artigo 79 como “aquele praticado entre as cooperativas e seus associados ou entre
cooperativas”, não é considerado como uma operação de mercado, nem contrato de
compra e venda de produto ou mercadoria.
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Daí se depreende que a sociedade não possui interesse próprio, mas é mera gestora e
instrumentadora do interesse de seus membros. Por essa característica da sociedade, o
“sócio” da cooperativa ocupa, ao mesmo tempo, a posição de sócio e proprietário, sendo o
beneficiário e o benfeitor do negócio desenvolvido pela cooperativa.
Assim, não se admite que um cooperado (que, em verdade, é também dono da cooperativa)
se utilize das suas relações com a sociedade como meio de obter vantagens individuais em
detrimento do interesse coletivo.
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Conclui-se, então, que as relações entre o associado e a cooperativa são autorreguladas, ou seja, é
o próprio associado quem decide, em assembleia geral e pelo voto, as diretrizes da administração.
Como todos os associados têm direito igual a voto, independentemente de sua cota de
participação societária, as decisões são democraticamente tomadas e não se pode alegar
prejuízo ou tratamento privilegiado de uns em detrimento de outros, pelo menos, não, tendo
como base as disposições do CDC.
Como podemos ver nesse texto, as relações entre as cooperativas e seus cooperados
configuram relações de mutualidade. A sociedade cooperativa ocupa o papel de facilitadora
junto a seus associados, na consecução dos objetivos comuns, expressos no estatuo social e
determinados democraticamente por meio de voto em assembleia, da qual participam todos
os associados, de maneira igualitária.
Pelas características peculiares das sociedades cooperativas, essas não podem ser
demandadas em juízo, sob o argumento de desrespeito à relação de consumo, pois as normas
do Código de Defesa do Consumidor a ela não se aplicam, uma vez que não se identifica
consumidor final nas atividades que a cooperativa desenvolve para com seus associados.
Mas a pacificação do entendimento não ocorreu sem que algumas contendas judiciais fossem
instauradas, e sem que, inevitavelmente, fosse levantada a equivocada possibilidade de aplicação das
normas que regem a atividade dos bancários aos funcionários das cooperativas.
Esse é o único ponto de contato entre os dois tipos de entidades, pois a respectiva forma de
atuação e operacionalização de suas atividades os distanciam.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
A coincidência na natureza da atividade desenvolvida pelas duas instituições, por si só, não
autoriza que os empregados de uma e outra sejam tratados da mesma maneira. Isso porque
sua forma jurídica e finalidade social evidenciam a impossibilidade de tratamento igualitário
entre dois entes substancialmente diferentes, como são as cooperativas de crédito e as
demais instituições financeiras.
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