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14/08/2019 A importância do sistema de controle interno nas Organizações Públicas

jusbrasil.com.br
14 de Agosto de 2019

A importância do sistema de controle interno nas


Organizações Públicas

1. Resumo
Este artigo procura evidenciar a importância e as vantagens dos
controles internos nos municípios e demais organizações públicas, a
necessidade de que sejam focados em ações preventivas e exercidos sob
a forma de sistema, e apresenta um modelo de funcionamento que
assegura a efetiva participação e comprometimento de todas as
unidades da estrutura organizacional no processo de controle.

2. Motivos para a implementação do


SCI
Estamos vivenciando mudanças de paradigmas na Administração
Pública brasileira, com a questão do controle interno passando a ter a
devida ênfase. A sociedade clama por um serviço púbico mais eficiente,
transparente e isento de corrupção. Os gestores estão procurando agir
com visão gerencial, focada na obtenção de resultados, e os servidores
públicos estão cada vez mais interessados na sua profissionalização.
Neste contexto, o controle assume uma importância crucial, visto como
uma função fundamental do processo de gestão.

Além desses aspectos, o simples fato de as instituições governamentais


serem movidas com recursos públicos, ou seja, provenientes da
arrecadação de impostos, já obriga os seus gestores a exercer um
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efetivo controle sobre a adequada aplicação de tais recursos. Enquanto
que numa organização empresarial os eventuais prejuízos ficam
restritos aos seus investidores, nas organizações públicas a má
aplicação ou desperdício de recursos prejudica toda a população.

Outro aspecto que demanda a existência de controles internos


eficientes na área pública está relacionado à legalidade de suas ações,
pois, enquanto um empresário pode agir segundo seus interesses,
desde que não desobedeça à legislação, na administração pública
somente pode ser feito aquilo que a lei autoriza, e deve ser feito tudo o
que a legislação estabelece. Além desses, existem outros vários
objetivos para o Sistema de Controle Interno: a busca da eficiência,
mediante a garantida de obtenção de resultados através do
cumprimento de planos, metas e orçamentos; a segurança e qualidade
da informação; a proteção do patrimônio público, etc.

3. Proposta de modelo para o


funcionamento do SCI
Não é correto afirmar que as instituições públicas são desprovidas de
controles. O que ocorre é que a maioria desses controles não são
formalizados, ou seja, são estabelecidos através de iniciativas isoladas e
sem um procedimento claramente definido, sistemático e padronizado.
Assim, nem sempre têm continuidade quando das mudanças na gestão.

São várias a formas ou conjuntos de controles internos que devem ser


instituídos na organização, tais como: administrativos, contábeis,
financeiros, patrimoniais e operacionais. Assim, fica bastante visível
que os controles estão distribuídos em todas as unidades da estrutura
organizacional e impregnados nas diversas atividades, finalísticas ou
de apoio. Adicione-se a esta amplitude a questão da tempestividade dos
controles, onde se verifica a conveniência de que ocorram
preventivamente, ou seja, antes ou concomitantemente às ações do dia
a dia.

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Estes aspectos deixam claro que os controles, com estas características,
não podem ser exercidos de forma centralizada, através de uma
unidade para este fim constituída, mas sim, todas as unidades devem
participar do processo de controle, e responsabilizarem-se por tal ação.
Não é por acaso que as normas constitucionais, e também da Lei de
Responsabilidade Fiscal, relacionadas a este assunto, não fazem
referencia a uma unidade de Controle Interno, mas sim, ao SISTEMA
de Controle Interno (SCI).

Na conceituação mais simplificada, sistema é um conjunto de partes


que, de forma coordenada, concorrem para a obtenção de algum
objetivo ou situação. No caso, o órgão central do Sistema de Controle
Interno é a unidade constituída para, dentre outras competências,
viabilizar a implementação e exercer a coordenação do sistema, cuja
operacionalização, através do exercício dos procedimentos de controle
que foram estabelecidos, será exercida por todas as unidades
integrantes da estrutura organizacional, como unidades executoras do
sistema.

O modelo de funcionamento do SCI que, desde 1998, temos proposto


para os municípios e demais órgãos estatais, com estas características,
fundamenta-se numa visão sistêmica da administração, onde são
estabelecidos procedimentos de controle para as rotinas inerentes a
cada macrofunção, as quais passamos a identificar como sistemas
administrativos. Com a orientação do órgão central do SCI, a partir de
um padrão de instrumento normativo, cada órgão central de sistema
administrativo (p. Ex.: o Departamento de Gestão de Pessoas como
órgão central do Sistema de Gestão de Pessoas – SGP), estabelece um
conjunto de instruções normativas com procedimentos de controle a
serem observados pela própria unidade e por todas as demais, quando
tratarem questões afetas ao assunto da norma. Esse conjunto de
instruções normativas passa a compor o "Manual de Rotinas Internas
com Procedimentos de Controle" da instituição, para ser acessado por
meio físico ou virtual. A prática tem demonstrado que o
desenvolvimento dessa atividade de normatização, além de otimizar o
controle, propicia a oportunidade de prover maior eficiência às rotinas.

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Ainda que a instituição já possua algumas normas ou regras de
controle interno, disciplinando as rotinas e procedimentos das diversas
atividades, estas não conflitam com as normas de controle do SCI, as
quais, como base para o funcionamento do controle interno como
SISTEMA, abordam regras gerais e enfatizam/especificam os
procedimentos de controle a serem observados na execução das
rotinas.

Neste sentido, tem-se constatado a necessidade de uma perfeita


sintonia entre as atividades de gestão de processos (quando praticadas
na instituição) e de controle interno; assim como, de uma maior
preocupação com a avaliação de riscos associados aos objetivos do
Sistema de Controle Interno, de forma a direcionar a implementação
de procedimentos de controle suficientes e adequados para mitigar
esses riscos.

Com o controle preventivo instrumentalizado, a atividade de controle


interno deve, então, ser complementada através da constituição de
alguns indicadores para avaliação da eficácia dos controles internos, e
de alguns macrocontroles para acompanhamento dos aspectos mais
relevantes (legais - operacionais - de gestão); além da prática de uma
atividade de auditoria interna com enfoque mais preventivo do que
fiscalizador, tendo como objetivo principal avaliar e otimizar os
procedimentos de controle.

Este modelo de funcionamento do SCI, que temos proposto e orientado


sua implementação em municípios e órgãos dos três Poderes da
estrutura dos Estados, traduziu-se, mediante consultoria que
prestamos ao Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso, num guia
de orientação aos seus órgãos jurisdicionados, o qual foi aprovado pela
Resolução nº 01/2007. A partir daí, a comissão técnica da Atricon
(Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil)
responsável pela elaboração das Diretrizes de Controle Externo
relacionadas à temática “Controle interno: instrumento de eficiência
dos jurisdicionados” o considerou, juntamente com algumas normas do

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INTOSAI e orientações do CONACI, como base referencial para as
diretrizes, que foram aprovadas no dia 06 de agosto de 2014 através da
Resolução Atricon nº 05/2014.

Fica-se na expectativa de que, a partir da adesão dos tribunais de


contas a estas diretrizes, a questão do controle interno nos municípios
e demais organizações publicas finalmente passe a ter a devida ênfase;
quando ficarão evidenciadas as vantagens de que sua operacionalização
ocorra na forma de sistema, com a efetiva participação de todas as
unidades e focada em ações preventivas.

4. As grandes vantagens do Sistema de


Controle Interno
Dentre outras vantagens, sua operacionalização proporciona maior
tranquilidade aos gestores e servidores púbicos, auxilia a obtenção de
resultados, restringe o risco de irregularidades, assegura maior
proteção ao patrimônio e melhor qualidade da informação, e reduz
questionamentos do controle externo e do controle social. Propicia,
também, o fomento de uma nova cultura na instituição, onde a questão
do controle interno passa a ser entendida como sendo de
responsabilidade de todas as unidades, como parte do próprio processo
de gestão, e não somente do órgão central do Sistema (Unidade de
Controle Interno, Controladoria Geral ou denominação equivalente).

5. Conclusão
A implementação de um Sistema de Controle Interno com as
características abordadas neste artigo traduz-se num investimento que,
diante dos seus reflexos positivos na gestão, poderá ficar marcado na
trajetória da instituição.

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