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Disciplina: Auditoria
I grupo
Maputo
16 de Março de 2023
RESUMO
Nesse sentido, o presente trabalho buscou definir (com base na literatura existente) o controle
interno na perspectiva de auditoria interna e evidenciando a importância em adotá-lo como
ferramenta de alta gestão.
1.1. Problemática
1.2. Objectivos
1.2.1. Geral
1.3. Metodologia
Foram utilizados para a realização deste trabalho a pesquisa bibliográfica, onde foram lidos,
interpretados e resumidos alguns manuais/livros e trabalhos de fim de curso.
2. CONTROLE INTERNO
2.2. Conceito
O controlo interno esteve desde as suas origens associado à detecção e prevenção da fraude. É do
senso comum que a existência de determinados controlos diminui a oportunidade de ocorrência
de erros ou de apropriação indevida de bens e valores. Por outro lado, a existência de
determinados procedimentos de controlo aumenta a fiabilidade da informação financeira e, por
isso, vai ter consequências também ao nível da auditoria financeira (também designada como
auditoria externa ou auditoria às demonstrações financeiras).
Em Portugal a Ordem dos Revisores Oficiais de Contas tem vindo a adotar na Diretriz de
Revisão/Auditoria (DRA) 410 uma definição de controlo interno que se prende muito aos
controlos directamente associados às demonstrações financeiras, dado que estas normas se
aplicam ao exercício da profissão de revisor que se foca na auditoria às demonstrações
financeiras. Assim, a definição que consta desta norma é a seguinte:
"Sistema de controlo interno significa todas as políticas e procedimentos (controlos internos) adotados
pela gestão de uma entidade que contribuam para a obtenção dos objetivos da gestão de assegurar, tanto
quanto praticável, a condução ordenada e eficiente do seu negócio, incluindo a aderência às políticas da
gestão, a salvaguarda de ativos, a prevenção e detecção de fraude e erros, o rigor e a plenitude dos
registos contabilísticos, o cumprimento das leis e regulamentos e a preparação tempestiva de informação
financeira credível." (DRA 470, para. 4)
Com as alterações ao Estatuto dos Revisores Oficiais de Contas com vista à harmonização ao
nível da União Europeia e aproximação às normas internacionais, também os revisores ficam
obrigados a aplicar as normas de auditoria internacionais e estas utilizam o conceito subjacente
ao documento do Comittee of Sponsoring Organizations of the Treadway Comission (COSO)
datado de 1992 que é o que apresenta maior aceitação a nível mundial (tradução própria):
"O Controlo Interno é um processo concebido, implementado e mantido pela gerência/administração e
por outro pessoal, para proporcionar segurança razoável acerca da consecução dos objetivos de uma
entidade com respeito a:
Este conceito é aplicado em todos os contextos em que se aplica o controlo interno, isto é, quer
estejamos a falar do controlo interno propriamente dito sem qualquer ligação à auditoria, quer
estejamos a falar no controlo interno no âmbito, por exemplo, da auditoria financeira ou da
auditoria interna.
"O Controlo Interno é um processo efetuado pela administração, gestão e outro pessoal, desenhado para
proporcionar segurança razoável acerca da consecução dos objetivos relacionados com as operações,
relato e conformidade." (p. 3)
O COSO entende como sendo os principais elementos a reter nesta definição os seguintes:
Processo: consiste num conjunto de tarefas e actividades contínuas, sendo um meio para atingir
um fim e não um fim em si mesmo.
Pessoas: não são meras políticas ou formas de manuais, são pessoas de todos os níveis da
hierarquia da entidade que o realizam. O sistema de controlo interno é concebido e
implementado por pessoas, afectando a actuacção de todos os membros da entidade. Sem
estarem envolvidas diferentes pessoas dos diferentes níveis hierárquicos são impossíveis atingir
os objetivos do controlo interno.
Segurança razoável: não é possível atingir uma segurança absoluta, existem sempre limitações.
por muito bem que esteja concebido o sistema de controlo interno, somente pode proporcionar
um certo grau de segurança à entidade. Não oferece uma segurança total, uma vez que não
consegue eliminar a totalidade dos riscos, apenas os minimiza;
Objectivo: é concebido para permitir a consecução dos objectivos gerais e específicos, nas
diferentes categorias e que devem ser consistentes e coerentes.
Objectivos
gerais
Riscos
associados
Políticas de
controlo
Assim, o conceito de controlo interno mais amplamente aplicado e o que o próprio International
Auditing and Assurance Standards Board (IAASB) acolhe, tem objetivos que não são apenas os
que estão relacionados com as demonstraçôes financeiras, isto é, de relato financeiro, são
também de eficácia e eficiência que normalmente se prendem com as operações e são de
conformidade com as leis, regulamentos e regras. Acresce que a actualização do COSO tornou
mais abrangente os objetivos de relato, deixando cair a expressão "financeiro', para abarcar
qualquer tipo de informação relatada.
Podemos dizer que qualquer entidade tem um conjunto de medidas de controlo, que podem ser
mais ou menos desenvolvidas e articuladas. No entanto, um sistema de controlo interno que
articule estes elementos e atinja as três categorias de objetivos pode ou não existir na entidade.
Desta forma, quando analisamos o sistema de controlo interno de uma entidade, temos que ter
presente vários aspectos, nomeadamente o formal/ informal, o custo/benefício e a mutabilidade.
Finalmente é necessário ter presente que não há um sistema de interno standard, o controlo
interno deve ser dinâmico quer em termos tempo quer em termos espaciais, isto é, deve adaptar-
se às alterações constante da empresa. Assim, o sistema de controlo interno deve gozar da
característica de mutabilidade no tempo e no espaço de forma a estar devidamente adaptado a
cada realidade, sendo extremamente importante o conhecimento da envolvente em que se insere.
De acordo com Inácio (2014: pag.27) a existência de medidas de controlo é indispensável para
ajudar a atingir os objetivos da entidade. Não é por acaso que qualquer entidade tem controlos
mínimos mesmo que não possam ser considerados como um todo, isto é, como um sistema de
controlo interno. Na verdade, a existência de um sistema de controlo interno adequado pode ser
sem dúvida uma vantagem competitiva face aos concorrentes, já que permite que toda a entidade
esteja estrategicamente alinhada e opere com vista a uma finalidade comum, facilitando o
sucesso.
Inácio (2014: pag.27) afirma ainda que por outro lado, tem-se a ligação estreita entre o controlo
interno e a prevenção da fraude que nos remete para o aumento da importância do controlo
interno sempre que se atravessa uma crise. Efectivamente, sempre que ocorrem grandes
escândalos financeiros existe uma preocupação adicional com as medidas de controlo interno e
um reforço deste no normativo. Veja-se, por exemplo, a lei Sarbanes-Oxley, as diretivas
comunitárias e o código de bom governo da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.
O controlo interno tem vindo, assim, a ser cada vez mais importante na vida das empresas por
força de vários factores, dos quais podemos salientar, por um lado, o crescente aumento da
dimensão das empresas e, consequente, aumento do número de operações e alargamento do
espaço de actuação; por outro, a utilização intensiva de tecnologias da informação que tornam as
medidas de controlo ainda mais importantes, mas possibilitam, também, uma maior introdução
de mecanismos de controlo.
Também ao nível das medidas que têm vindo a ser implementadas em consequência dos
sucessivos escândalos a que o mundo tem assistido (Enron, Worldcom, . . .), como sejam a
Sarbanes Oxley Act e as Diretivas comunitárias, o controlo interno está sempre presente e,
normalmente, com um papel importante, principalmente no âmbito da prevenção e detecção de
fraudes.
No caso dos EUA, como referido por Campbell et al. (2006), o cumprimento da secção 404 da
Sarbanes-Oxley Act obriga à divulgação das fraquezas de controlo interno que o Public
Company Oversight Board classificou por ordene crescente de gravidade em:
O ambiente que se estabelece dentro da entidade começa com a própria Direcção, pois deve ser
esta a saber transmitir a mensagem de que a integridade e o controlo efectivo nao podem ser
postos em causa.
2.3. Factores Que Influenciam O Controlo Interno
O ambiente que se estabelece dentro da entidade começa com a própria Direcção, pois deve ser
esta a saber transmitir a mensagem de que a integridade e o controlo efectivo nao podem ser
postos em causa.
Existem três aspectos críticos do controlo interno, a fim de se conseguir um bom ambiente geral:
A integridade;
Os valores éticos; e
Existem alguns requisitos essenciais que influenciam o clima do controlo interno dentro da
entidade:
Preventivo- servem para impedir que factos, indesejáveis ocorram. São considerados controlos à
priori, que entram imediatamente em funcionamento, impedindo que determinados factos
indesejáveis se processem. Exemplo: adotar um sistema de vigilância de controlo de entradas na
fábrica.
Detectivos- servem para detectar ou corrigir factos indesejáveis que já tenham ocorrido. São
considerados controlos à posteriori. Exemplo: observar a distribuição de salários numa base de
amostragem.
Também os órgãos de governação, como sejam a Comissão de Auditoria devem estar atentos aos
mecanismos de controlo que são implementados de forma a garantir a fiabilidade e transparência
da informação. Assim, devem verificar se a gestão cumpre as suas responsabilidades de
estabelecimento e manutenção de um sistema de controlo interno adequado. Neste contexto, a
Sarbanes Oxley Act introduziu a obrigatoriedade das entidades sujeitas a esta lei, publicarem um
relatório anual sobre os controlos internos chave. Esta obrigatoriedade foi uma das razões que
estiveram na origem dos elevados custos no cumprimento da lei, pois para elaborar este relatório
acaba por ser necessário as entidades possuírem mecanismos internos de implementação,
avaliaçã0 e manutenção do controlo interno surgindo, por isso, a necessidade de possuírem
auditoria interna.
Ao nível da auditoria externa esta também vai avaliar, periodicamente, 0 sistema de controlo
interno com vista a verificar se este é adequado e pode servir de base de suporte de prova. Assim,
ao auditor externo interessa essencialmente os controlos mais diretamente associados às
demonstrações financeiras e que lhe possam permitir diminuir a execução de testes substantivos
e atingir' de igual forma, prova adequada e suficiente.
Para além destes intervenientes cujos papéis no controlo interno estão definidos, não podemos
esquecer todas as pessoas que trabalham na entidade porque fornecem e utilizam informação
processada, gerida e armazenada por um sistema que inclui controlos internos. Assim, eles são
parte interveniente
Uma das componentes que podem restringir a eficácia do controlo interno é a componente
economia, a qual se prende com a dimensão da empresa e a relação custo-benefício que desta
advém. Para entidades mais pequenas o custo de implementação de medidas de controlo
adicionais poderá ser superior ao benefício que destas advém, uma vez que a implementação de
controles implica existirem meios disponíveis para a sua monitorização. Esta relação pode ainda
ser aplicada no caso de existência de elevado número de transações recorrentes, para as quais
existe maior probabilidade de erro, como tal, torna-se mais benéfico a implementação de
orientações internas.
O factor humano possui também grande impacto na aplicação de medidas de controlo, no qual se
destaca o interesse da própria gerência ou administração em construir um sistema de controlo
eficiente. Não obstante, a sua eficiência não depende apenas do topo da entidade, mas também
dos restantes intervenientes em todas as operações da organização que, estando sujeitos à própria
natureza humana, podem errar de forma não intencional por distração, negligência ou falta de
compreensão das instruções existentes (Inácio, 2014). podem ainda ser incluída na ponderação a
falta de integridade que conduz a erros intencionais que podem, no limite, atingir a fraude.
E por último, um aspecto chave para garantir bom funcionamento de um sistema de controlo
interno será a sua mutabilidade. Para que possa prevenir, identificar e corrigir adequadamente as
deficiências existentes, o controlo interno deve ser constantemente ajustado às necessidades e
alterações que a entidade vai sofrendo a nível de processos, mercado ou intervenientes na
sociedade.
A importância do controlo interno fica patente a partir do momento em que se torna impossível
conceber uma empresa que não disponha de controles que possam garantir a continuidade de
fluxos de operações e informações propostas.
Se pudermos identificar uma empresa em fase inicial, verificaremos que o dono é o ponto
referencial do controlo. É ele quem analisa e controla praticamente todos os segmentos da
empresa, verifica a pontualidade dos funcionários, a fabricação e a qualidade dos produtos, o
despacho e a entrega aos clientes, o pedido e as contas a pagar aos fornecedores, contas a receber
e o recebimento dos clientes.
Dado a isso para existir controlo eficiente das operações e poder de análise é preciso existir
relatórios, indicadores e outros índices que reflitam a gestão das operações pelos funcionários
contratados e o atendimento aos planos e metas traçados. Um sistema de controlo interno implica
que os funcionários tenham liberdade de actuação na execução de seus compromissos para
buscar melhores resultados.
O sistema de controlo interno previne que funcionários possam cair em tentação dado a possíveis
problemas pessoais ou financeiros e incorrer em actos ilícitos.
3. MODELO COSO
São vários os modelos de controlo interno que têm vindo a ser desenvolvidos por diferentes
organismos, sendo que alguns têm uma utilização mais generalizada e outros destinam-se a
ambientes mais específicos, como seja o Control Objectives for Information and related
Technology (comummente designado por COBIT) diretamente associado às tecnologias da
informação.
O modelo COSO é dos mais utilizados nos EUA (Perry e Warner, 2005) e também apresenta
grande aceitação a nível mundial; isto pode dever-se em parte ao facto de ser o modelo
subjacente às International Standards on Audit do IAASB. Este modelo foi desenvolvido pela
Comissão COSO constituída com o objetivo de estudar os fatores causais do relato fraudulento.
Em 1992 esta Comissão publicou a estrutura de controlo interno que ficou conhecido por
COSO1 e que foi sujeita a uma atualização em 2013. Nesta estrutura atualizada mantiveram-se,
entre outras coisas, os objetivos e os componentes base, mas reforçaram-se alguns aspetos,
nomeadamente:
Envolvente de Controlo
Avaliação do risco
Actividades de comunicação
Informação e comunicação
Actividades de monitorização
Componentes do Princípios
controlo interno
Os sistemas de controle interno são de extrema importância para uma organização e todos os
envolvidos na medida em que o controle pode ser entendido como a última etapa do processo
sequencial administrativo. Essa etapa consiste em: comparar a realidade com o previsto;
identificar os desvios, se houver; analisar as causas desses desvios; e implantar medidas
corretivas; visando garantira continuidade e a integridade da empresa. Posto isto, podemos dizer
para a auditoria interna, é de fundamental importância conhecer a qualidade e o grau de
confiabilidade dos sistemas de controles internos desde a fase de planeamento de seus trabalhos,
para auxiliar na adequada identificação das áreas de risco. Também é função do auditor interno
recomendar melhorias nos procedimentos operacionais, e de controle interno, apesar de não ter
poderes para implementar ou aprovar nada, visto que tais actividades são de responsabilidade dos
executivos de staff.
Normas de auditoria geralmente aceitas, referentes à execução dos trabalhos, estabelecem que o
auditor deve avaliar o sistema de controle interno da empresa auditada, a fim de determinar a
natureza, época e extensão dos procedimentos de auditoria.
5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MORAIS, Georgina; MARTINS, Isabel. Auditoria Interna: função e processo. 4.Ed. Áreas
editora. Lisboa. 2013.
INÁCIO, Helena Coelho. Controle Interno: enquadramento teórico e prático. Escolar editora.
Lisboa.2014.
ALMEIDA, Bruna José Machado De. Manual De Auditória Financeira: uma análise integrada
baseada no risco. 2.Ed. Escolar Editora. Lisboa. 2017.
OLIVEIRA, Luís Martins de; FILHO, André Diniz. São Paulo, 2001.