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2.

OS PONTOS MARCANTES RELACIONADOS AO TEA NA HISTÓRIA

O termo autismo foi utilizado pela primeira vez pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler, em
1912, quando por meio de um artigo científico ele elencava os quatro pontos principais
do distúrbio da esquizofrenia, onde o ponto ele nomeou como autismo para descrever o
paciente que demonstrava um isolamento em seu próprio mundo, um afastamento
social, um distanciamento em seu espaço pessoal como uma perda de contato com a
realidade.

A etimologia da palavra autismo vem do grego “autos” que significa “por si mesmo”. E
apesar de Eugen ter sido o pioneiro na utilização da palavra autismo foi Leo Kanner que
a utilizou com mais frequência, aprofundando-se em estudos psiquiátricos sobre o
autismo e o separando da esquizofrenia, área em que era erroneamente interligado.

Em 1943, Leo Kanner se aprofundou num estudo que envolviam 11 crianças que
notavelmente demonstravam um distanciamento extremo desde o início da vida,
somado a uma vontade incontestável pela manutenção das mesmices, onde se
recusavam a seguirem padrões que eram diferentes de suas rotinas; Kanner categorizou
isso como uma “resistência à mudança”. Essas crianças respondiam de forma diferente
ao ambiente em que eram inseridas, apresentando comportamentos estereotipados e
únicos; os fortes sintomas desde pequenos, como maneirismos gestuais e aspectos não
comuns de comunicação, fizeram Kanner compreender melhor os padrões
comportamentais do autismo e graças à esse estudo ele lançou a obra chamada
“Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo”.

Em 1944, Hans Asperger, psiquiatra e pesquisador austríaco, destaca no artigo “A


psicopatia autista na infância”, a eventualidade maior de determinados sintomas em
meninos, um estudo de casos mostrou que esses em específico demonstravam falta de
empatia, baixa capacidade de fazer amizades, hiperfoco e movimentos não-
coordenados; as crianças em geral, também tinha a característica de conseguir decorrer
detalhadamente sobre um determinado assunto e por isso, eram chamados de “pequenos
professores”, devido a segurança com que se pronunciavam. O artigo em que Asperger
aborda essas questões foi publicado em alemão na época da guerra, chamado de “A
psicopatia autista na infância”, porém só ganhou notoriedade por volta de 1980, quando
ganhou tradução em inglês.

Em 1952, a Associação Americana de Psiquiatria publica a primeira edição do Manual


Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais, o DSM-I. Nesta primeira edição,
sintomas autísticos semelhantes eram classificados como um subgrupo da Esquizofrenia
infantil. Nesta época não havia nenhuma menção ao recém-descoberto “Distúrbio
Autista do Contato Afetivo”.

Nos anos de 1950 a 1960, com os textos ganhando traduções em inglês e informações
sobre os estudos desse assunto sendo mais difundidos, houve uma desordem sobre o
ponto de partida que causaria o autismo, a sua natureza. Na época, acreditava-se que o
distúrbio era causado por pais que se demonstravam emocionalmente distantes e isso
impactava diretamente em seus filhos; tanto que o termo “mãe geladeira”, criado por
Leo Kanner começou a ser espalhado e usado como justificativa para embasar tais
argumentos. Contudo, por volta do início dos anos 60, as evidências que sugeriam o
autismo como um transtorno cerebral presente desde o nascimento ou jovem infância
tomaram força, já que os sintomas atingiam diversas pessoas independente de seus
países de origem, grupos socioeconômicos ou étnicos-raciais. Com isso, Leo Kanner
tentou reverter a situação diante da criação do termo já que a sua teoria demonstrava-se
completamente infundada.

Em 1978, graças ao psiquiatra Michael Rutter, cria-se um marco na história do autismo


quando ele classifica o autismo como um distúrbio do desenvolvimento cognitivo e
defini quatros critérios para melhor compreensão do transtorno: atraso e desvios sociais,
problemas na comunicação, comportamentos incomuns e início antes dos 30 meses de
idade. Devido a descrição inovadora de Rutter e o expressivo crescimento da produção
de pesquisas científicas sobre o assunto, em 1980 foi elaborado o DSM-3 (Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais). Nessa edição do manual, pela
primeira vez, o autismo é reconhecido como uma condição específica e inserido em uma
nova classe, a dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TID). O termo é um
reflexo do fato de que múltiplas áreas de funcionamento do cérebro podem ser afetadas
pelo autismo e as condições relacionadas a ele.
Em 1994 foi publicada a quarta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças
Metais, o DSM-IV, inaugurando a categoria dos Transtornos Invasivos do
Desenvolvimento, incluindo nela o Transtorno Autista ou Autismo Clássico e o
Transtorno de 8 Asperger, ampliando o espectro do autismo, que passa a incluir casos
mais leves, em que os indivíduos tendem a ser mais funcionais.

Em 2013, O DSM-5 agora inclui todas as subcategorias de autismo em um


diagnóstico: Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Os indivíduos agora são
diagnosticados em um único espectro com vários graus de gravidade. A síndrome de
Asperger não é mais considerada um distúrbio separado, e um diagnóstico de autismo
agora é definido por dois critérios: comprometimento social e de comunicação e
presença de comportamentos repetitivos e estereotipados.

Em 2014 é publicada a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças


Mentais, o DSM-V. Esta versão mais recente inclui algumas alterações importantes
Critérios diagnósticos para autismo, agrupando vários distúrbios anteriores em um
grupo separado. A categoria de deficiências de desenvolvimento foi abolida e em vez
disso, um grupo de transtorno do espectro do autismo foi definido o termo
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA). Para receber tal diagnóstico, o
indivíduo deve ter apresentado sintomas que comecem nos primeiros anos de vida, de
forma precoce e que devam comprometer sua capacidade em função de atividades da
vida diária. Antes, havia cinco tipos de transtornos, que hoje, com a nova classificação,
recebe o nome de Transtorno do Espectro Autista que engloba, a saber: Transtorno
Autista ou Autismo Clássico, Transtorno de Asperger, Transtorno Invasivo do
Desenvolvimento – sem outra especificação, Síndrome de Rett e Transtorno
Desintegrativo da infância. Cada um deles com diagnóstico único.

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