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c UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA.
FACULDADE DE DIREITO.
i DISCIPLINA: DIREITO DAS RELAÇÕES DE CONSUMO (DIR 091).
d DOCENTE: JOSEANE SUZART LOPES DA SILVA.
DISCENTE: ____________________________________________DATA: _____________
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1a Avaliação (Subjetiva) – Peso 03 (três)
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Questão 01: Discorra, de modo fundamentado, acerca do conceito de objeto das relações de
- consumo em conformidade com os aspectos doutrinários e jurisprudenciais atinentes ao tema
(3,5).
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Questão 02: Analise a seguinte notícia jornalística e indique os direitos dos envolvidos com base
nas normas jurídicas vigentes, bem como na doutrina e jurisprudência pátrias (3,5) 1.
“Pressionada pela indústria de comida-porcaria, agência dá mais um passo para ignorar evidências
científicas favoráveis a modelo de alertas sobre excesso de sal, açúcar e gorduras. A reportagem é
de João Peres, publicada por O Joio e o Trigo, 05-10-2020. A Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) caminha para piorar uma decisão que já era problemática. O órgão público
apresentou a proposta final para a adoção de um modelo para a rotulagem frontal de alimentos
processados e ultraprocessados com excesso de sal, açúcar e gorduras saturadas. Como esperado,
inclina-se para que as embalagens tenham um sistema de lupas inspirado no que foi adotado
pelo Canadá. (...) O sistema brasileiro tem tudo para ser o pior entre os adotados em toda
a América Latina nos últimos anos. A Anvisa decidiu ignorar o sistema de alertas criado no Chile em
2016, alvo de intenso lobby contrário de corporações como Nestlé, Coca-
Cola, Danone, Unilever, Pepsico. Dezenas de pesquisas científicas comprovaram que esse modelo, em
formato de octógonos de fundo preto, é o que melhor funciona no sentido de desencorajar o
consumo de ultraprocessados. De lá para cá, Uruguai, Peru e México caminharam no mesmo sentido.
Esse sistema tem o apoio dos principais pesquisadores em alimentação e nutrição do mundo (...). O
problema é que essa medida significa vidas salvas ou perdidas. Uma forte redução no consumo de
açúcares, gorduras e sal poderia ao menos conter o crescimento dos índices de diabetes, hipertensão,
câncer e outras doenças que são as maiores responsáveis por mortes no país.  Em outras palavras,
uma medida frágil ou malfeita significa que o Brasil promoverá um experimento massivo em sua
grande população. Teremos um sistema de rotulagem pior que o dos vizinhos, e com muito atraso.
Para piorar, demorará alguns anos para saber se o sistema adotado funciona ou não. Uma decisão em
contrariedade à ciência tem menor chance de ser efetiva. E, então, pode ser tarde demais para tomar
o caminho correto.
A proposta de resolução apresentada pela Anvisa tem algumas fragilidades importantes: 1. Os pontos
de corte. O perfil de nutrientes, ou seja, os índices utilizados para definir se um produto é “Alto em”,
é mais brando que o recomendado pela Organização Panamericana de Saúde (Opas). Será preciso
que pesquisadores apliquem a proposta da Anvisa sobre centenas de produtos disponíveis nos
supermercados para que tenhamos uma ideia mais precisa sobre fragilidades e virtudes do modelo
apresentado. Mas uma observação rápida de marcas líderes permite vislumbrar problemas. (...) O
Nescau Prontinho Light escapa do selo de Alto em Açúcares Adicionados, mesmo tendo 12 gramas
por embalagem – a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda um consumo máximo
aproximado de 50 gramas para adultos, e esse é um produto voltado a crianças. 2. O design importa.
Uma questão importante relacionada à rotulagem frontal é que qualquer mudança pode mudar a
percepção das pessoas e, portanto, a eficácia da medida. O tamanho das letras, a posição do “Alto
em”, as cores, tudo isso tem sido testado ao longo dos últimos anos para ver o que funciona melhor
para guiar decisões que são tomadas em segundos diante de uma prateleira repleta. Nada indica que
a Anvisa tenha testado o funcionamento do design adotado. Não sabemos se ele é mais ou menos
legível que o sistema canadense, ou que os sistemas de alertas. 3. E os analfabetos? Como o relatório
da agência enfatiza, o Brasil tem um alto índice de analfabetismo e, mesmo entre pessoas
alfabetizadas, os rótulos dos alimentos podem ser difíceis de entender. O sistema de alertas tem
mostrado um bom funcionamento entre esses grupos populacionais porque, na pior das hipóteses, a
pessoa pode comparar o número de alertas: como diz a publicidade oficial do governo chileno,
quanto menos selos, melhor. Ao juntar todos os nutrientes críticos num único símbolo,
a Anvisa dificulta a comparação entre produtos. Levar mais tempo para entender um rótulo pode
fazer com que muitas pessoas simplesmente o ignorem. Teremos de descobrir na prática como será o
funcionamento. No mesmo sentido, o Brasil será o único país da região a contar com a expressão
“adicionado” ao lado de açúcares. A alegação é de que é preciso diferenciar entre os açúcares
naturalmente presentes e aqueles que foram incorporados no processo industrial. O problema é que
isso dificulta ainda mais a compreensão. O propósito central do sistema de rotulagem é simplificar as
escolhas. Na luta entre lobby e evidência científica, o caminho do meio pode acabar sendo o caminho
dos sonhos da indústria – e dos pesadelos da saúde. 4. Adoçantes. (...) No Brasil, a Anvisa descartou
logo de cara o pedido da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável em favor de um aviso.
Agora, perto da resolução final, admite que esse é um risco e pede que haja um acompanhamento da
situação para, quiçá, futuramente promover uma alteração. “Esse monitoramento possibilitará uma
compreensão mais precisa da extensão de uso dos diversos tipos de edulcorantes na composição
dos alimentos ofertados no país e permitirá que sejam realizadas avaliações de exposição mais
realistas para verificar se o consumo destas substâncias pela população brasileira ou por certos
grupos, como crianças e gestantes, supera os respectivos limites máximos de segurança que estão
estabelecidos.”
1
https://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/603488-pressionada-pela-industria-de-comida-porcaria-anvisa-se-aproxima-
de-decisao-fragil. Acesso em 15.04.2022.
Questão 03: Examine parte da Ementa do Recurso Especial, abaixo, transcrito e indique os
fundamentos jurídicos que arregimentam a proteção e a defesa dos interesses e direitos dos
consumidores2 (3,0).

“RECURSO ESPECIAL. CONSUMIDOR. TEMPO DE ATENDIMENTO PRESENCIAL EM AGÊNCIAS


BANCÁRIAS. DEVER DE QUALIDADE, SEGURANÇA, DURABILIDADE E DESEMPENHO. ART. 4º, II, “D”, DO
CDC. FUNÇÃO SOCIAL DA ATIVIDADE PRODUTIVA. MÁXIMO APROVEITAMENTO DOS RECURSOS
PRODUTIVOS. TEORIA DO DESVIO PRODUTIVO DO CONSUMIDOR. DANO MORAL COLETIVO. OFENSA
INJUSTA E INTOLERÁVEL. VALORES ESSENCIAIS DA SOCIEDADE. FUNÇÕES. PUNITIVA, REPRESSIVA E
REDISTRIBUTIVA. 1. Cuida-se de coletiva de consumo, por meio da qual a recorrente requereu a
condenação do recorrido ao cumprimento das regras de atendimento presencial em suas agências
bancárias relacionadas ao tempo máximo de espera em filas, à disponibilização de sanitários e ao
oferecimento de assentos a pessoas com dificuldades de locomoção, além da compensação dos
danos morais coletivos causados pelo não cumprimento de referidas obrigações. (...) 3. O propósito
recursal é determinar se o descumprimento de normas municipais e federais que estabelecem
parâmetros para a adequada prestação do serviço de atendimento presencial em agências bancárias
é capaz de configurar dano moral de natureza coletiva”.

2
Trata-se do Recurso Especial REsp. 1.737.412 – SE.

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