O documento discute a importância da indústria de alimentos no Brasil, destacando como ela facilita a vida dos consumidores urbanos ao fornecer alimentos básicos de forma segura, acessível e eficiente. No entanto, alimentos industrializados também são alvo de críticas em relação à obesidade. A indústria defende que o problema depende de hábitos individuais e pede diálogo para melhor informar os consumidores.
O documento discute a importância da indústria de alimentos no Brasil, destacando como ela facilita a vida dos consumidores urbanos ao fornecer alimentos básicos de forma segura, acessível e eficiente. No entanto, alimentos industrializados também são alvo de críticas em relação à obesidade. A indústria defende que o problema depende de hábitos individuais e pede diálogo para melhor informar os consumidores.
O documento discute a importância da indústria de alimentos no Brasil, destacando como ela facilita a vida dos consumidores urbanos ao fornecer alimentos básicos de forma segura, acessível e eficiente. No entanto, alimentos industrializados também são alvo de críticas em relação à obesidade. A indústria defende que o problema depende de hábitos individuais e pede diálogo para melhor informar os consumidores.
Um dos papéis indiscutíveis da indústria de alimentos é facilitar a
vida do consumidor. Em 1920, as 2.709 indústrias instaladas no Brasil operavam com moagemde cereais, beneficiamento de arroz, torrefação de café, conserva de peixes e carnes, refino de açúcar e produção de manteiga, queijos, massas, doces, massa de tomate, banha e vinagre, itens essenciais para quem vivia, ou estava indo viver, nos centros urbanos.
Hoje, quase 100 anos depois, as indústrias brasileiras somam
um contingente de 35.600 empresas, que produzem em escala industrial milhares de outros itens de forma a garantir que as populações urbanas tenham acesso a alimentos básicos com menor custo, mais segurança, melhor qualidade, conveniência, redução de perdas e desperdícios, além de promover o uso eficiente de água, energia e demais insumos. Apesar dos avanços quanto a segurança, qualidade e redução de custos obtidos ao longo do último século, os alimentos industriais se tornaram, recentemente, alvo de uma polêmica discussão que vem ganhando adeptos não só no Brasil, mas em diversos países. Se, por um lado, facilitam a vida nas grandes metrópoles, ao aliar conveniência a praticidade, por outro, seriam eles os culpados pelo aumento da obesidade e das doenças provocadas pelo alto consumo de sódio e de açúcar? Muita gente entende que sim. No entanto, um olhar mais atento aos hábitos, em especial do consumidor brasileiro, pode revelar que o problema começa em casa e não na indústria. “As empresas fabricam aquilo que vendem. Entendo que um dos pontos dessa discussão contempla mudanças nos hábitos de consumo, mas isso é uma construção delicada. A indústria está disposta a reformular seus itens, mas isso não deveria ser imposto”, defende Raul Amaral, pesquisador do Instituto de Tecnologia de Alimentos, (Ital), entidade vinculada ao governo do estado de São Paulo. Desde 2010 o Ital e a Indústria Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) estudam as tendências e o consumo de alimentos no Brasil. A parceria entre as duas entidades é antiga e já resultou em diversos avanços tecnológicos dentro da indústria, como a identificação de pontos críticos de controle da produção e o desenvolvimento de embalagens e tratamentos térmicos mais adequados para uma série de alimentos.
Tendências de consumo Ao estudarem as tendências de consumo
de alimentos, as entidades querem disponibilizar mais informações aos consumidores, de modo a derrubar os mitos em torno dos alimentos industrializados. “Não produzimos nada nocivo para a sociedade, produzimos alimentos e nos inspiramos na ciência para sempre melhorar, agregar valor e novos conhecimentos”, defende o presidente executivo da Abia, João Dornellas. Para o executivo, a maior preocupação da indústria brasileira é a segurança alimentar. “Investimos continuamente na garantia da segurança e da qualidade dos alimentos produzidos no país pensando não só nos compradores brasileiros, mas também nos compradores mundiais, uma vez que 18% das exportações do Brasil são de alimentos industrializados”, diz o executivo.
Além da segurança, os avanços tecnológicos da indústria de
alimentos permitiram o aumento da eficiência e a redução dos custos. “Houve a democratização do consumo de determinados produtos. A pizza, por exemplo, que pode ser semipronta, congelada, ou preparada pelo supermercado, é um exemplo de alimento que foi democratizado”, explica o pesquisador do Ital. Para Amaral, a grande responsabilidade de quem trabalha com alimentos é levar informação ao consumidor. “Ela é a maior aliada no momento da compra”, diz. É dessa maneira simples, informando melhor os compradores, que o Ital e a Abia entendem ser possível diluir as discussões em torno do alimento industrializado. “Percebemos que o consumidor está perdido, cada vez mais confuso sobre o que comprar, e que também anda saturado com o fato de ter sempre alguém dizendo o que ele deve ou não comer”, conta Amaral. Uma das ações que o Ital estuda pôr em prática é a produção de cartilhas com informações sobre os alimentos in natura, processados e industrializados. Essas cartilhas estarão disponíveis em supermercados e demais canais de distribuição de alimentos. “O consumidor deve ter informações objetivas e transparentes que o levem a tomar a melhor decisão de consumo de acordo com seu padrão de vida, com sua dieta e com a dieta da sua família”, reforça o presidente da Abia.
Sódio e açúcar nos alimentos
Uma das ressalvas que o pesquisador do Ital faz diz respeito à
maneira como as pesquisas sobre alimentos são apresentadas. “Muitos resultados têm sido divulgados sem que se
levem em consideração as características e limitações do produto. É
preciso, entre outras coisas, diferenciar os alimentos processados dos industrializados. Além disso, há algumas distorções, como a afirmação de que todo alimento processado é cheio de açúcar. Isso não é verdade”, diz Amaral. Sobre o alto teor de açúcar e sódio presente na composição dos alimentos industrializados, o Ital detectou que apenas 23% do sódio consumido pelo brasileiro se origina nos alimentos industrializados. “Fechar a indústria, portanto, não resolveria o problema, uma vez que 77% de consumo de sal seria mantido”, calcula Dornellas. O mesmo ocorre com o açúcar.
De acordo com dados levantados pelo Ital, o açúcar adicionado aos
itens industrializados
corresponde a 28% do consumo da população brasileira (mais
informações sobre alimentos processados e industrializados podem ser obtidas nos sites www.alimentosindustrializados.com.br e www. alimentosprocessados.com.br). Segundo Amaral, as pessoas que se posicionam contra os alimentos industrializados têm reforçado os mitos em torno desses itens. “Não adianta pôr a culpa em um só agente. A produção de refrigerantes vem caindo, mas ainda assim a obesidade continua crescendo, então não adianta a indústria de refrigerantes investir em itens mais saudáveis se os consumidores vão permanecer comendo compotas feitas em casa”, defende Amaral, para quem a moderação é a chave do hábito.
Dornellas concorda com Amaral: “O ideal para o ser humano seria
consumir e gastar numa proporção equilibrada”, diz. Por isso, ele sustenta que a grande referência para o Brasil quanto ao tema alimentação seja o Codex Alimentarius, desenvolvido na década de 1960 pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com o propósito de orientar a criação de definições e exigências para os alimentos.
O código reúne normas gerais que incluem regras relativas a
higiene, rotulagem, resíduos de pesticidas e medicamentos veterinários, bem como sistemas de controle e certificação de importações e exportações, métodos de análise e amostragem, aditivos, entre outras. “Somos a favor de informações transparentes e facilmente compreensíveis pelo consumidor, como a identificação de nutrientes, açúcar, sódio e gordura saturada na parte frontal da embalagem dos alimentos”, diz Dornellas. Os alimentos são rotulados de acordo com regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O atual rótulo dos alimentos está em vigor no Brasil desde
2003. Por isso, a Anvisa estuda a reformulação. Para a Abia, a
rotulagem na forma de semáforo universal é o modelo mais indicado, pois usa as cores do semáforo – consideradas de entendimento universal – para transmitir as informações sobre o alimento. A Abia propõe que os três nutrientes – sódio, açúcares totais e gorduras saturadas – recebam uma cor baseada na quantidade em que eles aparecem no produto.
“Não queremos dizer ao consumidor se o alimento é bom ou ruim, e
sim o que ele contém, pois entendemos que a liberdade de escolha do consumidor deve ser respeitada”, diz Dornellas. Independentemente da rotulagem adotada no mercado interno, o brasileiro já tem uma referência em que basear sua alimentação. Trata-se do
Guia Alimentar para a População Brasileira, elaborado pelo
Ministério da Saúde. O documento aborda os princípios e as recomendações de uma alimentação adequada e saudável para a população do país. A publicação apresenta um conjunto de orientações sobre escolha, combinação, preparo e consumo de alimentos, que visa promover a saúde da sociedade brasileira e propõe dez passos para uma alimentação adequada e saudável. “O que o consumidor precisa saber é que todos os produtos alimentícios elaborados no Brasil são fiscalizados e regulamentados de maneira criteriosa. De posse dessa informação, ele escolhe o que é melhor para sua família” defende o diretor da Abia.