1 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
COMISSÃO DO SISTEMA TRIBUTÁRIO, tuinte Francisco Domelles convidou os Vice-
ORÇAMENTO E FINANÇAS
ATA DA 1ª REUNIÃO
Ao primeiro dia do mês de abril do
ano de mil novecentos e oitenta e sete, às
quatorze horas e vinte e cinco minutos, na
sala "C" do Anexo II da Câmara dos
Deputados, reuniu-se a Comissão do Sistema
Tributário. Orçamento e Finanças sob a
Presidência eventual do Senhor Constituinte
Furtado Leite, com a presença dos seguintes
Constituintes: Adhemar de Barros Filho,
Adroaldo Streck, Affonso Camargo, Airton
Sandoval, Basílio Villani, Benito Gama, Carlos
De Caril, Carlos Virgílio, Carrel Benevides, Cid
Sabóia de Carvalho, Darcy Deitos, Divaldo
Suruagy, Domingos Juvenil, Fábio Raunhetti,
Feres Nader, Fernando Gasparian, Firmo de
Castro, Francisco Dornelles, Furtado Leite,
Geraldo Fleming, Gerson Camata, Irajá
Rodrigues, Ivan Bonato, Jessé Freire, Jesus
Tajra, João Castelo, João Machado
Rollemberg, João Natal, José Carlos
Vasconcelos, José Guedes, José Luiz de Sá,
José Luiz Maia, José Maria Eymael, José
Serra, José Tinoco, Jovanni Masini, Jutahy
Magalhães, Léria Sathler, Márcio Braga,
Mauro Campos, Messias Góias, Mussa
Demes, Naphatali Alves, Nion Albemaz,
Osmundo Rebouças, Pedro Ceolin, Roberto
Torres, Rose de Freitas, Ruberval Pilloto,
Sérgio Wemeck, Simão Sessim, Virgílio
Guimarães, Walmor de Lucca, Wilson
Campos, Aluízio Bezerra, Hélio Rosas, Jayme
Santana, Luiz Freire, Osvaldo Sobrinho,
Waldeck Omélas, Rubem Branquinho, Sérgio
Naya, Ângelo Magalhães e José Lins.
Havendo número regimental, o Senhor
Presidente declarou instalada a Comissão e
anunciou que iria proceder à eleição do
Presidente e dos Vice-Presidentes,
convidando, nós termos regimentais, os
Senhores Constituintes Simão Sessim e
Domingos Juvenil para funcionarem como
escrutinadores. Durante o processo de
votação fizeram uso da palavra os seguintes
Constituintes: Nion Albemaz, Cid Sabóia de
Carvalho, Adhemar de Barros Filho, Carrel
Benevides, Firmo de Castro, Virgílio
Guimarães, Affonso Camargo, José Maria
Eymael, Divaldo Suruagy, José Carlos
Vasconcelos, Messias Góis, João Natal,
Mussa Demes, Darcy Deitos e Lézio Sathler.
No momento em que o Senhor Presidente
exerceu seu direito de voto, foi substituído
pelo Senhor Constituinte Simão Sessim.
Realizada a eleição e verificando-se a
coincidência do número de sobrecartas com o
de votantes, apurou-se o seguinte resultado:
para Presidente, Constituinte Francisco
Domelles, 46 votos; Constituinte Divaldo
Suruagy, 6 votos e Constituinte Furtado Leite,
1 voto; em branco 6 votos; para Primeiro-
Vice-Presidente, Constituinte Osmundo
Rebouças, 46 votos e Constituinte Cid Sabóia
de Carvalho, 7 votos; em branco 6 votos; para
Segundo-Vice-Presidente, Constituinte Ivo
Vanderlinde, 45 votos e Constituinte, Carlos
De Carli, 6 votos; em branco 8 votos. Foram
proclamados eleitos e empossados os Senhores
Constituintes Francisco Domelles, Presidente,
Osmundo Rebouças, Primeiro-Vice-Presidente e
Ivo Vanderlinde, Segundo-Vice-Presidente.
Assumindo a Presidência, o Senhor Consti-
Presidentes eleitos para comporem a Mesa e
agradeceu a confiança nele depositada pelos
seus pares, assim como aos Constituintes
com ele eleitos. Atendendo a dispositivo
regimental, designou o Senhor Constituinte
José Serra para Relator da matéria
constitucional afeta a esta Comissão. Em
seguida fizeram uso da palavra os Senhores
Constituintes José Serra, Relator e Osmundo
Rebouças, Primeiro-Vice-Presidente. Nada
mais havendo a tratar, o Senhor Presidente,
às 16 horas, encerrou a reunião, cujo teor
será publicado na íntegra, no Diário da
Assembléia Nacional Constituinte. E, para
constar, eu, Maria Júlia Rabelo de Moura,
lavrei a presente Ata que. depois de lida e
aprovada, será assinada pelo Senhor
Presidente.
Ata da Primeira Reunião, Ordinária,
Realizada em 1º de abril de 1987
Destinada à eleição de Presidente de Vice-
Presidente e designação do relator.
Ao primeiro dia do mês de abril do
ano de mil novecentos e oitenta e sete, às
quatorze horas e vinte e cinco minutos, na
sala ''C" do Anexo II da Câmara dos
Deputados, reuniu-se a Comissão do
Sistema Tributário, Orçamento e Finanças
sob a Presidência eventual do Senhor
Constituinte Furtado Leite, com a ALBERNAZ: – V. Ex.ª não deu
presença dos seguintes Constituintes:
Adhemar de Barros Filho, Adroaldo Streck,
Affonso Camargo, Airton Sandoval, Basílio
Villani, Benito Gama, Carlos de Carli,
Carlos Virgílio, Carrel Benevides, Cid
Sabóia de Carvalho, Darcy Deitos, Divaldo
Suruagy, Domingos Juvenil, Fábio
Raunhetti. Feres Nader, Fernando
Gasparian, Firmo de Castro, Francisco
Domelles, Furtado Leite, Geraldo Fleming,
Gerson Camata, Irajá Rodrigues, Ivan
Bonato, Jessé Freire, Jesus Tajra, João
Castelo, João Machado Rollemberg, João
Natal, José Carlos Vasconcelos, José
Guedes, José Luiz de Sá, José Luiz Maia,
José Maria Eymael, José Serra, José
Tinoco, Jovanni Masini, Jutahy Magalhães,
Lézio Sathler. Márcio Braga, Mauro Campos,
Messias Góis, Mussa Demes, Naphtali Alves,
Nion Albernaz, Osmundo Rebouças, Pedro
Ceolin, Roberto Torres, Rose de Freitas,
Ruberval Piloto, Sérgio Werneck, Simão
Sessim, Virgílio Guimarães, Walmor de
Lucca, Wilson Campos, Aluisio Bezerra,
Hélio Rosas, Jayme Santana, Luiz Freire,
Osvaldo Sobrinho, Waldeck Omélas,
Rubem Branquinho, Sérgio Naya, Ângelo
Magalhães e José Lins. Havendo número
regimental, o Senhor Presidente declarou
instalada a Comissão e anunciou que iria
proceder à eleição do Presidente e dos
Vice-Presidentes.
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
– Declaro abertos os trabalhos. A Presidência
vai iniciar a chamada nominal dos Srs.
Constituintes para proceder-se à eleição do
Presidente e dos vice-presidentes.
A Presidência convida os
Constituintes Simão Sessim e Domingos
Juvenil para servirem como escrutinadores.
A Presidência vai fazer a chamada
dos Srs. Constituintes.
O SR. CONSTITUINTE NION
ALBERNAZ: – Sr. Presidente, peço a
palavra para uma questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Furtado
Leite): – Nobre Constituinte, peço a
compreensão de V. Ex.ª, porque o regime
de votação já está iniciado.
Foi anunciado pela Presidência
que a votação é para Presidente e Vice-
Presidentes. O que V. Ex.ª deseja saber?
O SR. CONSTITUINTE NION
ALBERNAZ: – O problema é que não sei
quem são os candidatos.
O SR. PRESIDENTE (Furtado
Leite): – De acordo com entendimento
havido nos partidos políticos, os nomes
são os seguintes: para Presidente, Francisco
Dornelles, para Primeiro-Vice-Presidente,
Osmundo Rebouças, para Segundo-Vice-
Presidente, Ivo Vanderlinde. São estes os
três nomes da chapa.
O SR. CONSTITUINTE NION
ALBERNAZ: – Sr. Presidente, pergunto a V.
Ex.ª se posso apresentar uma outra chapa.
O SR. PRESIDENTE (Furtado
Leite): – O Regimento não proíbe. Podem
concorrer várias chapas, mas lamento que já
seja tarde, porque estas providências
deveriam ter sido tomadas antes de se
iniciar a votação. Nos termos do Regimento,
não sei como posso aceitar outros
candidatos quando a votação já se iniciou.
O SR. CONSTITUINTE NION
oportunidade para que se apresentassem
outras chapas. nem mesmo noticiou que
havia uma única chapa em que tínhamos
a oportunidade de votar.
O SR. PRESIDENTE (Furtado
Leite): – Nobre Constituinte, este
Presidente está aqui apenas
provisoriamente para proceder à eleição
do Presidente e dos dois Vice-
Presidentes. Ao término da votação,
anunciará o resultado e dará posse ao
Presidente. E penso que essas questões
de ordem devam ser resolvidas pelo
Presidente eleito.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA
DE CARVALHO: – Sr. Presidente, sou
Senador pelo Ceará e estou horrorizado com
o que está acontecendo aqui, eis que fere
totalmente minha sensibilidade. Vejo na
Assembléia Nacional Constituinte algo que
não se faz nem no àmbito dos diretórios
municipais dos menores partidos do Brasil.
Não é possível aceitarmos essas cartas
marcadas, sem que as regiões se possam
manifestar. Não sabemos o que está
acontecendo. Na posição de Senador da
República, não sei de coisa alguma. Aqui
estou absolutamente alheio ao que foi
combinado. E se combinou à revelia, pelo
menos deste Senador. Por isto não posso
concordar com o que está acontecendo, com
esse jogo de influências, com essa falta de
critério, como o desrespeito à região
nordestina, que se vai consumar daqui a
pouco com a eleição dessa chapa. E digo
mais. Sr. Presidente prefiro abdicar de minha
condição de integrante desta Comissão e me
reservar ao papel de Senador, ao papel de
mero integrante da Assembléia Nacional
Constituinte, para atuar depois de
apresentado o projeto, a aprovar esse
processo. Porque o que está para
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES) 2

acontecer aqui é simplesmente um absurdo,
inclusive alijando-se pessoas por causa de
suas idéias mais avançadas. Combinam-se
esquemas e idéias, sem que sejam permitidas
as discussões.
Estou assistindo a um quadro muito
triste, com o qual não posso concordar.
Requeiro a V. Ex.ª, pela ordem, que a sessão
seja suspensa para que nós, Constituintes
membros desta Comissão, entremos em
contato com o Dr. Ulysses Guimarães e com
as Lideranças dos partidos, visando à solução
deste impasse, porque como está posto é
inadmissível em termos de democracia, Este
é o apelo veemente que faço a V. Ex.ª
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
– Sr. Constituinte Cid Sabóia de Carvalho, as
palavras de V. Ex.ª realmente calam em meu
coração, porque também sou nordestino. Mas
V. Ex.ª há de compreender que estou
presidindo interinamente esta sessão. Estou
aqui obedecendo ao acordo firmado pelos
partidos políticos. Data vânia, entendo que
esta questão de ordem devia ser levantada na
reunião do partido de V. Ex.ª, quando se
poderia questionar sobre os critérios enviados
para esta Mesa. Portanto, infelizmente, a
Presidência não tem amparo regimental para
suspender os trabalhos desta sessão.
Tem a palavra o Sr. Constituinte
Adhemar de Barros Filho.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR
DE BARROS FILHO: – Sr. Presidente, já
colocamos o nosso voto na uma e não
concordamos, de forma alguma, que este
processo de votação – já iniciado – seja
anulado. Concordo com o pensamento do
ilustre Senador Constituinte. mas rejeito sua
colocação. porque entendo que está fora de
ordem, uma vez que a votação já se iniciou e
não pode ser cancelada.
O SR. CONSTITUINTE CARREL
BENEVIDES: – Sr. Presidente, quero deixar
aqui meu protesto. Discordo do processo de
votação. Acho que as Bancadas do Norte e
do Nordeste foram as mais prejudicadas. Não
tomamos conhecimento do acordo das
Lideranças. Da forma como está se
processando a eleição, se assim continuar, já
vislumbro confusão e desacertos. E talvez até
renuncie à Comissão e prefira continuar como
simples Deputado.
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
– Fica registrado o protesto de V. Ex.ª na ata
dos nossos trabalhos.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE
CASTRO: – Sr. Presidente, pela ordem. Quero
associar-me ao protesto do Constituinte Cid
Sabóia de Carvalho e, ao mesmo tempo, fazer um
alerta aos companheiros, principalmente das
regiões Norte e Nordeste: da forma como as
lideranças encaminharam as eleições para
Presidente e Vice-Presidentes e a escolha do
Relator desta Comissão, essas regiões vão ficar
marginalizadas no processo destes trabalhos.
Portanto, assumo posição idêntica à do
Constituinte Cid Sabóia de Carvalho,
deixando, entretanto, este alerta, porque, se
existe um foro onde a questão regional pode
assumir relevo e obter canais para o seu
encaminhamento, não pode ser outro senão
esta Comissão do Sistema Tributário. Não
obstante, essas regiões, marginalizadas,
foram objeto de desconsideração por
parte de todos os partidos e de suas
Lideranças. Fica registrado o meu protesto.
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
– A Presidência, infelizmente, contraria o
nobre colega com base no Regimento.
Portanto, V. Ex.ª há de tolerar, pois preciso
continuar chamando os Constituintes para a
votação, que não pode ser interrompida.
(Continua a chamada)
O SR. CONSTITUINTE VIRGÍLIO
GUIMARÃES: – Sr. Presidente, há uma
dúvida sobre o processo de votação, da maior
relevância. Está sendo feita a chamada e há,
evidentemente, uma insatisfação em plenário.
Embora a Presidência tenha advertido que,
uma vez iniciado, o processo de votação não
pode ser interrompido, o que questionam os
membros da Comissão é se esta Mesa será
eleita por maioria absoluta ou por maioria
simples. É evidente que pode haver um
movimento de abstenção no sentido de que
seja sanada essa dúvida, já que, uma vez
iniciada, a votação não pode ser interrompida.
Havendo abstenção, de tal forma que não
seja alcançada a maioria absoluta dos votos,
poder-se-ia reabrir o processo, agora com as
discussões políticas, com as indicações das
regiões. Ao que parece, é o que a maioria
exige. Então. a questão de ordem que se
coloca é a seguinte: como não sabe se a
eleição será por maioria absoluta ou por
maioria simples, é possível a abstenção dos
Constituintes aqui presentes, a fim de que se
restaure o processo democrático de
discussão da Mesa a ser formada?
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
– V. Ex.ª há de convir que a matéria é
regimental. Se V. Ex.ª tiver alguma dúvida
sobre o que o Presidente está explicando,
passo o Regimento a V. Ex.ª para verificar
que é maioria simples. Aí está a informação.
Continuo chamando os Srs. Constituintes
O SR. CONSTITUINTE AFFONSO
CAMARGO: – Sr. Presidente, peço a palavra
para uma questão de ordem com relação à
votação.
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
– Tem V. Ex.ª a palavra.
O SR. CONSTITUINTE AFFONSO
CAMARGO: – Sr. Presidente, há visível
constrangimento na Comissão. Acho que
nada podemos fazer no País sob
constrangimento.
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
– V. Ex.ª tem toda razão.
O SR. CONSTITUINTE AFFONSO
CAMARGO: – Acho que faltou, data vênia,
que se esclarecesse aos componentes da
Comissão que não há chapa previa, que
foram apresentados apenas os nomes
decorrentes de um acordo entre partidos e
que qualquer companheiro pode apresentar
chapas e votar em outros nomes. Percebi,
inclusive, quando fui votar na cabine, que
existem chapas impressas de um acordo feito.
Há outros envelopes deixados para se votar
eventualmente em outros candidatos.
Contudo, não houve essa explicação. Então,
pareceu a todos que havia apenas uma única
chapa e que os outros seriam impedidos de
apresentar chapas. Infelizmente, essa
explicação não foi dada no início. De modo
que deve haver toda a liberdade para
qualquer Constituinte votar em quem quiser.
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
– Foi explicado, no inicio, o processo da
votação para presidente e dois vice-
presidentes. A Presidência não vê como
apoiar a idéia de V. Ex.ª, porque não houve
registro de mais chapas até o início dos
trabalhos, mas apenas da de que se trata.
Infelizmente, o Presidente terá que observar o
que diz o Regimento.
Na tradição do Congresso, quando se
inicia um trabalho dessa ordem, encontra-se a
chapa oficial do acordo de lideranças no
expediente em mãos do Presidente. E foi este
o registro que encontrei ao abrir esta sessão.
Os nomes indicados nessa chapa são produto
do acordo das Lideranças partidárias.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA
EYMAEL: – Sr. Presidente, peço a palavra
pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
– Tem V. Ex.ª a palavra.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA
EYMAEL: – Sr. Presidente, falo na condição
de Vice-Líder do PDC na Constituinte. Fiz
parte do acordo de lideranças que
encaminhou esta solução. Mas. no momento
em que verificamos que nesta Comissão há
companheiros que discordam desta posição,
acreditamos ser dever da democracia cristã
assinalar que somos totalmente favoráveis a
um processo mais aberto. Acreditávamos que
havia um consenso. A Constituinte tem que
ser uma soma de idéias, embora de
contrários. Portanto, Sr. Presidente, fica aqui
a posição da democracia cristã, favorável a
que se reabra o processo, a que se de um
prazo. Se alguns companheiros quiserem
apresentar chapa, que o façam. Que se
respire, desde o início, um ar de liberdade
responsável. que é o único caminho para que
realmente esta Comissão trabalhe dentro de
um ambiente saudável. Sr. Presidente, da
mesma forma que reafirmamos nossa
participação neste acordo, firmamos nossa
posição favorável a que se reabra o prazo
para que aqueles companheiros que desejam
apresentar outras chapas possam fazé-lo. Só
com este clima de arejamento é que
poderemos ter realmente um concerto de
idéias.
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
– Esclarecendo a V. Ex.ª, a Presidência não
pode suspender os trabalhos da sessão. A
votação é por maioria simples. Procederemos
à votação com as cédulas que aí estão. Se
não houver quorum regimental, V. Ex.ª
poderá então impugnar a própria eleição.
O SR. CONSTITUINTE DIVALDO
SURUAGY: – Sr. Presidente, peço a palavra
para uma questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
– Tem V. Ex.ª a palavra.
O SR. CONSTITUINTE DIVALDO
SURUAGY: – Deputado Furtado Leite, V.
Ex.ª, que é decano desta Casa, e vem
escrevendo o seu nome como um dos
maiores defensores do Ceará e do Nordeste
brasileiro, não pode presidir uma sessão em
que o Norte e o Nordeste sejam alijados. V.
Ex.ª, que tem uma responsabilidade perante a
sua região, não pode permitir que isso
aconteça nesta Casa. (Muito bem!). V.
Ex.ª, com a dignidade da sua vida
pública e com a responsabilidade que
3 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
tem como representante do Estado do Ceará, comissões, onde iremos analisar, estudar e
não pode presidir este pleito, sob pena de receber as propostas em primeira mão. E não
amanhã ter dificuldade de explicar ao povo do é possível, então, que seja firmado algum
Nordeste a posição que está assumindo neste acordo de Lideranças que retire o Nordeste
instante. Faço um apelo a V. Ex.ª para que da participação no cargo de Relator, pelo
suspenda a sessão. Que os líderes e os menos da Subcomissão de Tributos e
companheiros que integram esta Assembléia Receitas e da Subcomissão de Orçamento e
mantenham entendimentos, a fim de que, Fiscalização Financeira, porque toda a região,
através da maioria ou do consenso, sem nenhum sentimento de separatismo, quer
encontremos a melhor solução para esta participar desse esforço. O que proponho à
Comissão, que é a responsável pela Comissão é que todos nós,
distribuição de riquezas deste País. independentemente de regiões, trabalhemos
O processo revolucionário concentrou a partir de agora para que o cargo de Relator
rendas nesta Nação. Aqui estamos lutando da primeira e segunda Subcomissões seja
pelo processo de democracia, que só se entregue à bancada nordestina, como
transformará em realidade se conseguirmos maneira de se estabelecer um diálogo com
modificar o sistema tributário brasileiro, esta Comissão Temática, cujo Relator,
porque V. Ex.ª bem sabe que o maior arbítrio conforme acordo de Lideranças, deverá ser o
está na concentração de renda neste País. E Prof. José Serra, que é pessoa altamente
V. Ex.ª, com o nome que tem, não pode qualificada para exercer esse cargo. O que
aceitar o que foi posto para esta Comissão. proponho, em nome dos interesses do Brasil,
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite): é que agilizemos os trabalhos desta
– Vou responder à questão de ordem do Constituinte para a elaboração da
ilustre Senador Constituinte. A Presidência Constituição, em nome especificamente dos
esclarece que realmente a defesa é justa e interesses do Norte e Nordeste, aceitando
natural. Como nordestino, sinto o mesmo esse acordo das Lideranças. Oportunamente,
problema e as mesmas dificuldades. Mas nós, do Norte e do Nordeste, poderemos nos
quero dizer a V. Ex.ª que o Presidente, neste reunir com os Lideres partidários para definir,
momento, está cumprindo uma missão de maneira precisa, que cabem ao Norte e
perante a Nação. Não estou cumprindo Nordeste o cargo de Relator nessas duas
missão em termos de Nordeste. Infelizmente, primeiras Subcomissões. (Palmas.)
eu gostaria de ter esta missão, mas estou O SR. CONSTITUINTE VIRGÍLIO
aqui cumprindo o Regimento da Assembléia GUIMARÃES: – Sr. Presidente, tenho uma
Nacional Constituinte, que votei e que todos questão importante ainda sobre o assunto
nós devemos respeitar. Portanto, lamento, anterior. Como seria apurada essa eleição?
mas não posso suspender a sessão. Por maioria simples ou maioria absoluta? Já
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ localizei, na página 16 do Regimento, art. 21,
CARLOS VASCONCELOS: – Sr. Presidente, cujo § 2º é muito claro: "As deliberações das
permite-me uma questão de ordem? Comissões e Subcomissões exigirão maioria
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite): absoluta de votos". Então, quanto a
– Tem V. Ex.ª a palavra. deliberações, quanto à eleição das Mesas, o
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ Regimento é omisso, não diz se é por maioria
CARLOS VASCONCELOS: – Nobre simples ou absoluta. Dessa forma, o
Constituinte Furtado Leite, ouvi os protestos entendimento é o seguinte: se não houver 32
que foram aqui assinalados a respeito do votos a favor de algum concorrente, ele não
processo eleitoral. Ouvi também o poderá ser proclamado eleito. Isso implicaria
pronunciamento feito pelo ex-Governador reabrir-se o processo de indicação de
Divaldo Suruagy, e estou de acordo com S. candidatos e de discussão de propostas
Ex.ª esta Comissão é a mais importante para desses candidatos para nova votação.
a defesa dos direitos dos Estados menos O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
desenvolvidos da Federação brasileira. – A matéria que V. Ex.ª está comentando é de
(Palmas.) Mas não vai nisso, Sr. Presidente, entendimento, não é regimental; o Regimento
nenhum clima de isolamento. Ao contrário, estabelece votação por maioria simples. É o
considero o Presidente da Comissão, indicado que realmente determina o Regimento.
pelo acordo de Lideranças, como pessoa O SR. CONSTITUINTE MESSIAS
altamente capacitada, haja vista o exercido GÓIS: – Peço a palavra pela ordem,
que teve tanto no Ministério da Fazenda Deputado Furtado Leite.
quanto na Receita Federal, que o colocou em O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
contato direto e diário com o sistema tributário – Tem V. Ex.ª a palavra.
nacional. Considero também altamente O SR. CONSTITUINTE MESSIAS
qualificados os nomes indicados para a Vice- GÓIS: – Desejo secundar as palavras ao
Presidência pelo acordo de Lideranças, Senador Divaldo Suruagy, dizendo que o
acordo que respeito, acordo que admito, Norte e Nordeste brasileiro correm um grande
porque acho que é através desse processo de perigo. Hoje já somos os sustentadores da
acordos de Lideranças que poderemos ter, de riqueza de São Paulo e de uma parte do Sul
fato, um bom trabalho desta Comissão, bem do País, seja através de mão-de-obra, seja
como das demais Comissões Temáticas, da através de transferência de impostos, e,
Comissão de Sistematização, enfim, de toda a agora, vamos entregar, por um acordo de
Constituinte. Lideranças, o comando da Comissão ao ex-
Mas quero lembrar a V. Ex.ª que Ministro da Fazenda, pessoa acima de
há de ser feito todo um trabalho na qualquer suspeita. Mas o cargo mais
composição das subcomissões, porque, se importante é o de Relator. O Deputado José
há importância nos cargos de Presidente, Serra de nenhum modo é homem suspeito. E
Vice-Presidente e Relator da Comissão, embora o PMDB não seja meu partido –
mais importante ainda é o trabalho nas Sub- sou PFL – seria de bom alvitre que se entre-
gasse a um Constituinte do PMDB do
Nordeste, que sente na carne as deficiências
e o tratamento desigual que o Nordeste tem
neste País. Que se entregasse a um Senador
ou a um Constituinte qualquer do Nordeste,
mesmo do PMDB, o cargo de Relator-Geral
da Comissão, para que em hipótese alguma o
Nordeste fosse prejudicado, por que, caso
contrário, vamos continuar – nordestinos que
me ouvem – escravos dos interesses maiores
dos Estados mais fortes do Sul.
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite): –
A Presidência esclarece que não está conduzindo
os trabalhos em termos dos nomes do Presidente
e dos Vice-Presidentes. A Presidência está
cumprindo o seu dever, cumprindo o que está na
mesa o que está no Regimento. Lamento
contrariar os colegas, o que não é da minha
formação. Mas, infelizmente, o Presidente
prosseguirá os trabalhos.
O SR. CONSTITUINTE JOÃO
NATAL: – Peço a palavra, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
– Tem V. Ex.ª a palavra.
O SR. CONSTITUINTE JOÃO
NATAL – Sr. Presidente, pertenço à Região
Centro-Oeste, que foi preterida nos acordos
feitos pelas Lideranças, mas não estou aqui
para postular espaço maior para minha região
na Mesa Diretora dos trabalhos. Devo, porém,
confessar que lamentavelmente começamos
muito mal. V. Ex.ª foi infeliz em não permitir
que aqui se realizasse a prática democrática.
Tenho certeza de que as Lideranças
partidárias, quando avançaram a formação
desta Mesa, não estavam receosas e com
medo da disputa. Acho que todos aqui estão
imbuídos da certeza de que não podemos ter
medo do voto e das disputas. Por isso, Sr.
Presidente, para que comecemos bem,
entendo que V. Ex.ª, em virtude de ainda não
terem sido abertas as urnas, em virtude de
não ter sido proclamado o resultado de um
voto sequer, pode reconsiderar o sistema de
votação adotado, permitido que
democraticamente seja reaberto o prazo, vez
que estamos dentro das 24 horas que o
Regimento interno estabelece para que se
procedam às eleições e para que os
companheiros que porventura queiram
postuair o cargo de Presidente ou de Vice-
Presidente possam apresentar as chapas e
democraticamente disputar com esta, que é
resultante do acordo de Lideranças.
Não podemos começar mal, Sr.
Presidente. Sou pela manutenção do acordo
das Lideranças. Vou votar e vou trabalhar por
ele, mas não quero, de forma alguma, num
procedimento arbitrário, impedir que os
companheiros que divirjam do meu ponto de
vista tenham a oportunidade de esposá-los e
de lutar por eles nesta Comissão. Por isso,
acho que V. Ex.ª. que temporariamente ocupa
esta posição, independente de ser do
Nordeste, do Centro-Oeste ou de qualquer
região deste País, mas como um Constituinte
que está aqui com a responsabilidade maior
de gerir os destinos de uma das mais
importantes Comissões que integram as nove
Comissões da Assembléia Nacional
Constituinte, deve, Sr. Presidente, começar
bem, para que tenhamos raízes fortes
fincadas no chão da democracia,
assegurando a participação para todos que
queiram disputar.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite): eleição, hoje, é apenas para Presidente e
– A Presidência, fazendo uma revisão e Vice-Presidente. Existe um tempo bem
análise no Regimento Interno da Comissão, elástico para que seja discutido dentro dos
do novo Regimento, encontrou num partidos o plano das Subcomissões e da
dispositivo que a votação também pode ser escolha do Relator. Essa designação deve ser
apurada por maioria absoluta. Portanto, está feita amanhã. Há tempo suficiente para se
atendido o pedido dos que levantaram a discutir essa matéria. Gostaria, então, de
questão de ordem. O resultado da apuração continuar a votação.
será feito por maioria absoluta. O SR. CONSTITUINTE CARREL
O SR. CONSTITUINTE MUSSA YPIRANGA BENEVIDES: – Proponho que as
DEMES: – Sr. Presidente, peço a palavra bancadas do Norte e Nordeste, nesta primeira
para uma questão de ordem. votação, quando o PMDB não vai atingir o
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite): quorum exigido pelo Regimento, com todo o
– Tem V. Ex.ª a palavra para uma questão de respeito aos trabalhos da Presidência,
ordem. retirem-se do plenário. (Palmas.)
O SR CONSTITUINTE MUSA O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
DEMES: – Estamos aqui, hoje, para eleger o – Desejo dizer que é um direito regimental a
Presidente da Comissão do Sistema Tributário, obstrução da votação. Esclareço porém a V.
Orçamento e Finanças. O constituinte que Ex.ª que a Comissão tem Suplentes e resta
resultar eleito para a Presidência desta verificar se estarão também com o mesmo
Comissão deverá escolher e designar, ele propósito de V. Ex.ª. A Presidência chama
próprio, o Relator. Por força de um acordo de normalmente os Deputados e os Suplentes. A
lideranças já realizado – e nem todos sabiam Presidência continua a chamada.
disso –, deverá ser eleito Presidente da O SR. CONSTITUINTE JOÃO
Comissão o Deputado Francisco Dornelles, NATAL: – Peço a palavra, para uma questão
que designará, em seguida, como Relator, o de ordem, sobre o despacho terminativo
Deputado José Serra. Todavia, há outro exarado por V. EX.ª.
problema que, no meu entender, está O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
exatamente nas Subcomissões. Na – Quero esclarecer um detalhe: a eleição não
Subcomissão de Tributos, Participação e pode ser prorrogada, porque o prazo é fatal.
Distribuição das Receitas, a que pertencerei O SR. CONSTITUINTE JOÃO
por indicação do meu partido, o PFL, a NATAL: – Sr. Presidente, entendo que,
Presidência estaria destinada ao Deputado segundo a disposição regimental, V. Ex.ª está
Benito Gama, da Bahia, e o lugar de Relator ao decidindo em desacordo com o que está
nobre companheiro (Irajá Rodrigues, do PMDB previsto. É fácil de se perceber. Se V Ex.ª
do Rio Grande do Sul. Isto significa dizer que, a manusear o Regimento Interno da Casa e
vingar esse acordo de lideranças, o Nordeste atender para o que está disposto no art. 2º, §
não terá representante nessa Comissão, sem 2º, incisos X, XI e XII, verá que o Regimento
dúvida alguma é a mais importante para aquela Interno estabelece a exigência de maioria
região: a Comissão de Sistematização. Com absoluta de votos para os candidatos, quando
efeito, para a Comissão de Sistematização irão existe mais de um concorrente. O inciso XI diz
Presidente, o Relator da Comissão e apenas o o seguinte:
Relator da Subcomissão. Esta é a razão, no ..."realização de segundo escrutínio
meu entender – e não posso falar pelos outros, com os dois mais votados"...
uma vez que pertenço ao PFL –, pela qual os Como ter dois mais votados, se só
parlamentares do Nordeste estão insatisfeitos e existe um candidato? Sr. Presidente,
não podem concordar com esse acordo, pelo inexistindo duas candidaturas, mas uma só, a
qual, numa Comissão desse porte, ou seja, a decisão é remetida para o inciso XII, que
de Sistematização, o Nordeste seja estabelece maioria simples. Senão,
completamente alijado das decisões, ao final ficaríamos, aqui, com uma candidatura,
da elaboração da Carta. repetindo votações, não alcançando a maioria
Penso, entretanto, que a discussão absoluta e não chegando a resultado algum.
deve ser feita não neste plenário, mas no Sr. Presidente, V. Ex.ª deve reconsiderar o
âmbito do próprio PMDB, pois foi assim que se seu despacho e reabrir o prazo para inscrição
resolveu no partido majoritário. É um assunto a de candidatura, a fim de que possamos,
ser decidido não aqui, mas no âmbito interno democraticamente, realizar a eleição. A
do PMDB, porque lhe cabe a indicação das persistir o despacho de V. Ex.ª, preservando o
lideranças. Todavia, acho que, secundando sistema de votação, o resultado será aferido
também o pronunciamento do Senador Divaldo sob o regime de maioria simples.
Suruagy e de outros constituintes que aqui já O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
se manifestaram, deve-se suspender a sessão, – A Presidência comunica aos nobres colegas
uma vez que V. Ex.ª sequer deu oportunidade que hoje é o último dia permitido para a
de se conhecer os nomes dos candidatos antes realização desta votação. É prazo fatal. Não
que se iniciasse a votação. Essa atitude não posso suspender a sessão. Corre-se o perigo
constituíra, em absoluto, fraqueza ou recuo de de outras questões de ordem, que poderão
V. Ex.ª. Julgo que deve anular os votos já levar a não existir Comissão tão importante
colocados na urna, para que os partidos se para todo o Brasil. Peço a colaboração dos
articulem e façam uma nova reunião, a fim de Srs. Constituintes para a realização da
que esse problema, que tanta insatisfação está eleição, mesmo porque a Presidência não
causando também dentro do partido está preocupada em favorecer Nordeste, Sul
majoritário, possa ser resolvido. Muito obrigado. ou Sudeste, mas apenas em cumprir o
O SR. PRESIDENTE (Furtado Regimento. Tenho que proceder aos
Leite): – Respondendo a V. Ex.ª, trabalhos, até que as lideranças se
a Presidência esclarece que a componham com os seus próprios par-
4
tidos para trazer aqui outra solução. A única
coisa que posso esperar é que uma comissão
possa conversar com os partidos e trazer
outra decisão, que a Presidência acatará, sem
restrições.
O SR. CONSTITUINTE NION
ALBERNAZ: – Pergunto a V. Ex.ª sobre a
possibilidade de aparecer mais de um nome
para a Presidência. O segundo nome será
também considerado?
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
– É o que já devia ter sido feito antes desta
discussão: apresentação de nomes para a
Presidência colocar em votação. Um segundo
nome será considerado em votação, nobre
Constituinte. V. Ex.ª tem a livre escolha do
seu candidato.
A Presidência recebe as chapas. A
verdade é que só há uma chapa.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
CARLOS VASCONCELOS: – Sr. Presidente,
estou entendendo que V. Ex.ª vai continuar
o processo de votação, permitindo que
sejam apresentadas outras chapas. Não é
Isto?
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
– Eu, propriamente, não posso suspender
a sessão. Quero continuar votando,
trabalhando, discutindo, mas não tenho como,
regimentalmente, suspender a sessão.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
CARLOS VASCONCELOS: – Considero
correta a decisão de V.Ex.ª
O SR. PRESIDENTE (Furtado
Leite): – A Presidência fica aguardando.
Se alguma chapa der entrada na Mesa,
será levada em consideração. Há
inclusive, cédulas, em branco, onde o
Parlamentar poderá indicar o seu
candidato.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
CARLOS VASCONCELOS: – Sr. Presidente,
considero correta a decisão de V. Ex.ª, porque
tem todo o amparo regimental e outra não
poderia ser. Desejo, porém, fazer um apelo,
principalmente aos nossos companheiros do
Norte e do Nordeste, que colocaram objeções
à escolha de Relatores fora daquelas
Regiões. Apelo no sentido de que seja
respeitado o acordo de lideranças e que todos
compareçam à votação, para que a Comissão
seja constituída – o que tem que ser feito
hoje. Que se reúnam os membros da
Comissão, oriundos do Norte e Nordeste,
para, ainda esta tarde, entrarem em
entendimento com as lideranças dos diversos
partidos, no sentido de reivindicar os cargos
de Relator da primeira e da segunda
Subcomissões para parlamentares daquelas
regiões.
Portanto, meu apelo e o dirijo
principalmente àqueles que aqui fizeram
pronunciamentos, dentre os quais o
ex-Governador Divaldo Suruagy – é no
sentido de que todos participemos
do processo de instalação desta Comissão
e acatemos o acordo de lideranças.
Em seguida, que estejam reunidas as
bancadas do Norte e Nordeste para
exigirem dos Srs. Líderes partidários o
respeito a essas duas regiões e os cargos
de Relator da primeira e da
segunda Subcomissões desta Comissão
Temática.
5 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. CONSTITUINTE DARCY
DEITOS: – Sr. Presidente sugiro a V. Ex.ª que
dê um esclarecimento ao Plenário. Na cabine,
há cédulas em branco. Aquele que quiser
votar em outro candidato que o faça.
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
– A Presidência acata a sugestão de V. Ex.ª
sem qualquer impedimento. Já os fiz ciente
disso.
O SR. CONSTITUINTE DARCY
DEITOS: – Mas é bom que V. Ex.ª dê esse
esclarecimento, porque o Plenário, até agora,
ainda não entendeu que não haveria a
necessidade de apresentar chapas.
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
– Não há outro nome aqui para entrar na
votação. Mas isso pode ser feito até de forma
manual: escrever o nome do candidato e
colocar na urna. A Presidência aceita e
apurará a votação.
Continua o processo da votação.
(Chamada.)
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
– Estes são os Constituintes titulares que
pertencem a Comissão.
A Presidência convoca os Srs.
Suplentes para assinarem o livro de presença,
a fim de dar prosseguimento á votação.
(Pausa.)
A Presidência está aguardando o
comparecimento dos Srs. Suplentes para
assinar o livro de presença, que se encontra
aqui a minha esquerda, onde poderão apor
suas assinaturas. (Pausa.)
A Presidência convida os Srs.
Suplentes a assinarem o livro, para dar
prosseguimento à votação. (Pausa.)
(Chamada para votação.)
O SR. CONSTITUINTE DIVALDO
SURUAGY: – Srs. Constituintes, gostaria de
fazer uma declaração de voto, para deixar
bem claro que nós, que integramos as
representações do Norte e do Nordeste, em
momento algum fazemos a menor objeção à
capacidade, ao talento, à estatura moral, ao
espírito público dos Constituintes Francisco
Dornelles e José Serra. São dois homens que
dignificam a inteligência e as culturas
brasileiras. Os outros candidatos que
surgiram não tiveram preocupação de disputa
nem de luta. Houve preocupação de assinalar
um protesto de duas regiões que ao longo de
toda a história deste País foram relegadas a
plano secundário, marginalizadas do processo
tributário. Não podemos, assim, concordar
com essa votação, porque se assim
agíssemos não teríamos condições pessoais
de voltar ao nosso Estado e explicar aos
nossos eleitores a posição que teríamos
tomado. Como homens do Nordeste e do
Norte não poderíamos concordar com o
critério aqui adotado nesta votação, que não
nos permitiu qualquer condição para o
diálogo, nem qualquer tentativa de articular
uma composição. Daí o nosso protesto, que
ficará lavrado em ata. Que em momento
algum os Deputados Francisco Dornelles e
José Serra recebam essa minha atitude como
rejeição aos seus nomes. Não são as
pessoas de S. Ex.ª que estão em jogo. Temos
grande respeito e admiração por S. Ex.ª
Trata-se de um protesto do Norte e
do Nordeste, pois não poderíamos
concordar com o alijamento dessas
duas regiões, que durante todo o desenrolar
de nossa história têm sido rele-
gadas a um plano secundário. Daí o nosso
protesto, daí a nossa declaração de voto.
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
– Constará da Ata o protesto de V. Ex.ª.
Com a palavra o Constituinte Cid
Carvalho.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA
DE CARVALHO: – Sr. Presidente, sou do
Estado do Ceará. Vim aqui declarar o meu
voto. Durante a campanha eleitoral pregamos
a defesa do Nordeste Chegando à
Assembléia Nacional Constituinte vemos que
nossa atividade sofre uma verdadeira
castração; que há tratamento diferenciado
entre o Sul e as regiões menos
desenvolvidas. Votei em branco. Venho dizer
a meus pares que, em que pese ao respeito
que devoto aos nomes que serão escolhidos
nesta eleição, duvidamos da sensibilidade da
Assembléia Nacional Constituinte, pelos
rumos que ela está tomando, rumos
perigosos, rumos suicidas, neste momento de
grandes dificuldades para o País. Nós
estamos pondo, aqui, com a decisão que
acabou de ser tomada, uma pedra angular na
afirmação da atual crise, que concorrerá para
o conflito entre as regiões, para que a Nação
não se entenda, para que haja mais
diferenças, para que não haja pudor, a fim de
que não haja uma compreensão respeitosa
para com o nosso povo e a nossa gente.
Por tudo isto declaro o meu voto,
registrando aqui o meu respeito ao Deputado
Francisco Dornelles e ao Deputado José
Serra, ilustres companheiros. Registro essa
moção de respeito aos dois companheiros,
com muito prazer, mas deixo consignado o
meu protesto, porque nos estamos chegando
aqui, e já encontrando tudo resolvido, tudo
antecipadamente resolvido, ab Initio
encontramos já tudo selecionado. É como se
fôssemos carneiros castrados e devêssemos
somente balançar a cabeça, ou como se
fôssemos pessoas sem expressão, que
devêssemos aqui meramente dizer amem.
O Ceará protesta diante disso.
Protesta pela formação das próprias
comissões, protesta pelo sistema de
camaradagem que se fez entre os partidos,
sem um critério ético, ou melhor, sem
qualquer critério para as escolhas que aqui se
estão fazendo.
Sr. Presidente, tudo ocorreu de tal
modo qual o fato de se pertencer a uma
Comissão, na condição de representante do
Norte ou do Nordeste, passe a ser um
desdouro, pois, amanhã, retornaremos à
nossa terra sem termos o que dizer, porque
aqui fomos absolutamente impotentes, porque
aqui ficamos absolutamente sem
possibilidades constituintes, previamente
castrados, para acomodar os interesses da
região Sul.
Isso é o que nós, agora, registramos.
Este e o nosso protesto e, mais do que um
protesto, é um grito de dor da nossa região.
Prefiro abdicar da condição de integrante
desta Comissão a ter de concordar com os
pontos de vista que determinaram, aqui, a
escolha do Presidente, do Vice-Presidente e
dos Relatores. Todos já estão escolhidos.
Vamos agora compilar esses pontos
de vista, que já são vitoriosos. Aqueles
que trazem idéias diferentes, aqueles
que têm compromissos nos palanques
serão aqui o quê? Serão meros figurantes,
sem a menor expressão e sem a menor
importância dentro de um sistema de
composição que aqui se consagrou. Lutarei
dentro do meu partido, que tomou atitudes que
também a mim não comprazem, nem me
parecem democráticas. Refiro-me às atitudes
adotadas até aqui. São atitudes muito mais
parecidas com as dos períodos de exceção do
que com as que se adotam nos períodos de
democratização e de abertura. Por prudência
não poderíamos, nunca, consagrar essa eleição
a despeito de estarmos diante de um prazo fatal.
Fizéssemos essa reunião um pouco antes da
meia-noite, mas que houvesse tempo de se
conversar, de se dialogar, de se dizer alguma
coisa, de se protestar. Essa consumação do rolo
compressor sobre o Nordeste, mais do que a
nossa sensibilidade, fere a nossa dignidade. Fica
aqui consignado o meu protesto. Comunicarei ao
meu partido a minha renuncia à condição de
integrante desta Comissão, dependendo da
marcha dos acontecimentos. Não vamos
concordar com o que vai acontecer nesta
Comissão, talvez a mais importante da
Assembléia Nacional Constituinte. Não podemos
nos amolar às idéias que aqui prevalecem.
Mesmo que trouxessem para cá os maiores
sábios, os maiores constitucionalistas, os
maiores economistas, os maiores financistas, o
Nordeste ainda teria o direito de, na sua
ignorância, gritar a sua dor e o seu protesto.
(Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
– A Presidência ouviu, com toda atenção, as
palavras do Senador Cid Sabóia de Carvalho.
Como cearense, devo declarar a S. Ex.ª que
comungo com suas idéias. infelizmente, Sr.
Senador, a minha posição aqui é a de
advogado do diabo. Não posso mudar a
minha posição. Cumpro o Regimento
religiosamente. Tem a palavra V. Ex.ª Apenas
peço para resumir a intervenção, dado o
adiantado da hora.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS
GÓIS: – Srs. Constituintes, assumi nos
palanques, em Sergipe, uma posição de defesa
da minha região. Sinto na pele, na carne, ao ler
as páginas da História, através da nossa
cultura, que o Nordeste, durante toda a sua
existência, foi relegado a segundo plano. O
Nordeste é o primo pobre desta Nação e, agora
é um aliado no sofrimento ao Norte do País. Eu
queria reafirmar a consideração que dispenso
aos companheiros Francisco Dornelles e Jose
as
Serra. Contra S. Ex. não tenho nada; antes,
pelo contrario, admiro-os como grandes
homens públicos, mas, já que a escolha de
seus nomes é um fato consumado, já que é um
as
acordo de lideranças, faço um apelo a S. Ex.
no sentido de que vejam o Nordeste, não como
inimigo, mas como um companheiro construtor
da grandeza deste País; que vejam o Nordeste
como uma parte do Brasil que precisa
acompanhar o progresso da Nação. Enquanto
tivermos um Nordeste subdesenvolvido,
enquanto tivermos um Nordeste de
analfabetos, enquanto tivermos um Nordeste
de pedintes, nunca teremos o progresso no
País. Seremos sempre um Brasil doente, um
Brasil com gangrena, porque uma parte de seu
corpo – o Nordeste e o Norte – estará
doente. Assim, faço um apelo ao companheiro
José Serra, que certamente será indicado
Relator por acordo de lideranças, que se
coloque acima de seu Estado, que se
coloque como brasileiro – e S. Exª tem
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES) 6

dimensão para tanto – e veja, não um Brasil
sulista ou um Brasil paulista. Veja S. Ex.ª o
Brasil como um todo, um Brasil que nasceu
no Noroeste, onde as caravelas de Cabral
chegaram para dizer que estava ali o futuro
deste País. Peço-lhe que em momento algum
coloque o Nordeste como se estivesse
ocupando posição secundária. Seja.
companheiro Jose Serra, conosco,
nordestinos e nortistas, também um
brasileiro, lutando para que o Brasil não seja
um País doente, para que o Brasil não
seja um País aleijado, para que o Brasil
seja também um País do qual faça parte
Nordeste.
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
– A Presidência autoriza os escrutinadores a
iniciarem a apuração.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE
CASTRO: – Sr. Presidente, uma declaração
de voto, por favor.
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
– Pediria a V. Ex.ª que fosse breve em
seu pronunciamento. Já iniciamos a
apuração.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE
CASTRO: – Pois, não. Sr. Presidente, serei
breve, Srs. Constituintes, desejo aqui
consignar, a exemplo dos companheiros
Constituintes que antecederam ao meu
protesto pelo encaminhamento que hoje se
deu à eleição de Presidente e Vice-
Presidente desta Comissão. Imaginávamos
que essas situações já haviam sido
sepultadas desde a eleição do nosso Líder,
o Senador Mário Covas, como representante
da bancada do PMDB na Constituinte. Foi
uma eleição memorável, que bem
caracterizou a ilegitimidade dos acordos de
cúpula. Imaginávamos que esse tipo de
situação também já havia sido sepultado na
medida em que a Assembléia Nacional
Constituinte, por sua maioria e pela
manifestação democrática de seus
membros, elegeu, recentemente, a Mesa
Diretora dos trabalhos da Assembléia.
Entretanto, Sr. Presidente, o que se vê é
essa situação se repetir e, desta feita, a
ilegitimidade do acordo de cúpulas se voltar
contra as regiões mais pobres do País – o
Norte, o Nordeste e o Centro-Oeste. É a
volta dessa ilegitimidade, esmagando, nesta
Comissão, o encaminhamento das legítimas
reivindicações do povo sofrido daqueles
regiões. E isso não poderia acontecer aqui
sem que os verdadeiros nordestinos
Constituintes, aqui trazidos pelo voto do
povo, deixassem de consignar, alto e bom
som, o seu protesto. Neste instante, quando
se marginalizam o Nordeste e o Norte, desta
forma não perdem por esperar, pois estarão,
sobretudo, marginalizando o Brasil,
marginalizando o caminho tranqüilo que
todos nós queremos para a nossa Pátria. A
marginalizando do Nordeste significa a
marginalização de mais de 30 milhões de
brasileiros. A marginalização do Norte e do
Centro-Oeste, de outro tanto de
compatriotas. Portanto, não se iludam
aqueles que pensam poder, através
de um acordo de cúpulas ilegítimo,
afastar essas regiões, o seu povo,
do encaminhamento dos seus problemas
das lutas que vêm, efetivamente,
oferecer um bem-estar melhor para
uas populações. Registro, portanto,
Sr. Presidente, o meu mais veemente
protesto.
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
– Autorizo a Sra. Secretária a registrar o
protesto em ata.
O SR. CONSTITUINTE LEZIO
SATHLER: – Sr. Presidente, peço a palavra
para uma declaração de voto.
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
– Faço um apelo a V. Ex.ª no sentido de que
seja rápido, para que possamos dar inicio à
apuração.
O SR. CONSTITUINTE LEZIO
SATHLER: – Prometo ser rápido. Sr.
Presidente, eu não poderia deixar de também
registrar o protesto como Deputado
Constituinte do Espírito Santo, um Estado
sofrido, pertencente à região Sudeste, ao lado
de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
O Espírito Santo deixa, portanto, registrado,
aqui, o seu protesto, através da palavra deste
seu representante. Junto ao meu protesto,
deixo registrada a minha preocupação com
esta fase embrionária dos nossos trabalhos,
com a gênese do processo dos trabalhos
desta Comissão. Quando uma Constituinte é
convocada sob os auspícios do povo, como
manifestação do desejo da Nação brasileira
de participar deste processo, inclusive
implícita em nosso Regimento, existe a
possibilidade de participação popular,
convocando-se os segmentos organizados da
nossa sociedade, para que participem destes
trabalhos. Entretanto, nesta Comissão, no seu
primeiro dia de trabalho, não foi dada sequer
a oportunidade aos seus membros de discutir
e de encaminhar esses processos de
eleição.
Portanto, Sr. Presidente, de forma
transparente, aqui presenciada pela imprensa,
deixo registrado o meu veemente protesto
contra a maneira como foi conduzido o
primeiro ato desta Comissão.
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
– Vamos iniciar a apuração. Antes a
Presidência informa aos Srs. Constituintes
que houve 59 votantes. Vamos, então,
proceder à apuração.
(Procede-se à apuração)
O SR. PRESIDENTE (Furtado Leite):
– A Presidência vai proclamar o resultado da
apuração na seguinte ordem: para Presidente:
Francisco Dornelles, 46 votos: para Primeiro-
Vice-Presidente, Osmundo Rebouças, 46
votos; para Segundo-Vice-Presidente, Ivo
Vanderlinde, 45 votos. Divaldo Suruagy
também foi votado para Presidente, com 6
votos; Furtado Leite, 1 voto – mas não fui eu
quem votou em mim. Para Primeiro-Vice-
Presidente, Cid Sabóia de Carvalho, 7 votos;
para Segundo-Vice-Presidente, Carlos De
Carli, 6 votos. A Presidência, terminando a
comunicação da apuração, convida o Sr.
Constituinte Francisco Dornelles para assumir
a Presidência, bem assim como os dois Vice-
Presidentes eleitos.
Este Presidente, neste momento,
encerra sua missão, um pouco dolorida, certo
de que cumpriu o seu dever. Peço desculpas
aos colegas por tudo aquilo que não foi
possível atender, porque acima de tudo isso
está no Regimento. Muito obrigado a todos.
(Palmas.)
(O Sr. Constituinte Francisco
Dornelles assume a Presidência.)
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Como Presidente da Comissão
eu convidaria os Constituintes Osmundo
Rebouças e Ivo Vanderlinde para compor a
Mesa.
Srs. Constituintes, é uma honra muito
grande para mim ter sido escolhido, pelos
representantes das forças políticas aqui
presentes, para Presidente da Comissão do
Sistema Tributário. Orçamento e Finanças. Na
condição de Presidente desta Comissão farei
tudo o que estiver ao meu alcance para que
os seus trabalhos sejam conduzidos naquele
mesmo clima de conciliação, de concórdia e
de entendimento que levaram, em 1984, à
formação da Aliança Democrática, que
permitiu a eleição de Tancredo Neves e de
José Sarney, e que criou a Nova República.
Entendo que os trabalhos desta Comissão
têm de ser conduzidos dentro de um clima de
entendimento, com o mais profundo diálogo,
com um grande debate, com o maior
consenso possível na tomada das decisões,
para que possamos ter uma Carta de grande
legitimidade, coerente com o estágio de
desenvolvimento do País e com os anseios da
sociedade brasileira. Pretendo conduzir os
trabalhos desta Comissão de uma forma
democrática, aberta, para que cada
Constituinte possa trazer a sua colaboração,
para que cada Constituinte possa ter uma
passagem e uma atuação muito marcante,
para que todos nós possamos fazer um
trabalho que atenda a todas as regiões do
nada a todos os segmentos da sociedade, ou
seja, uma Carta constitucional compatível com
todos aqueles ideais que mobilizaram em
1985 a sociedade brasileira, para criar a Nova
República. Agradeço a confiança que em mim
foi depositada e prometo que farei todo o
esforço possível para honrar essa confiança.
ªs
Muito obrigado a V. Ex.
Na condição de Presidente da
Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e
Finanças designo Relator da Comissão o
ilustre Deputado José Serra, a quem dou a
palavra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Sr.
Presidente, meus colegas desta Comissão, eu
queria, em primeiro lugar, agradecer a indicação
que foi feita pelo Presidente da nossa Comissão,
o Deputado Francisco Dornelles, da mesma
maneira que agradeci a indicação feita pelo meu
partido, o PMDB, para que eu fosse Relator
desta Comissão. Quero dizer que no dia de
ontem, não obstante o fato de que o cargo de
relator não fosse um cargo eleito pela Comissão:
mas escolhido sob forma de indicação da
Presidência, conversei com a maioria dos meus
colegas Constituintes do PMDB – os que pude
encontrar no dia de ontem, aproximadamente
70, 80% dos integrantes desta Comissão e ouvi,
de todos, palavras de apoio, palavras de
confiança que só fazem agora redobrar a minha
responsabilidade como Relator desta Comissão.
Quero dizer que, como todos sabem, sou
Deputado por São Paulo. Obtive 160 mil votos
no Estado de São Paulo, meu Estado de origem,
onde nasci, onde comecei a minha vida política,
onde comecei minha formação profissional. Mas
em toda a minha vida pública – e muitos
lembrarão disso, porque estiveram comigo no
passado, inclusive em lutas estudantis – o meu
norte, a minha orientação, a minha preocupação
sempre foi o Brasil. (Palmas.) Este é um
problema muito importante numa Comissão
corno esta. Creio, de acordo com o programa do
nosso partido, o PMDB, que deveremos dar ao
Brasil um sistema tributário melhor que o atual.
Para tanto as diretrizes fundamentais são as
seguintes: em primeiro lugar, maior justiça
social na repartição da carga tributária,
que hoje cai desproporcionalmente so-
7 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
bre as classes trabalhadoras, sob a forma de
impostos diretos, e sobre a classe média, no que
se refere ao imposto direto, ao Imposto de
Renda. Em segundo lugar, adequar o nosso
sistema tributário às necessidades do nosso
desenvolvimento, do crescimento econômico, da
geração de empregos e do maior bem-estar do
conjunto da população. Em terceiro lugar,
atenuar as desigualdades regionais no Brasil.
Esta é uma obrigação que fará com que a nossa
comissão tenha de montar um sistema tributário
que sirva a uma diminuição das desigualdades
de desenvolvimento do nosso País. Entendidas
essas desigualdades como as hoje existentes,
entre o Norte, o Nordeste, o Centro-Sul, o Sul e
o Centro-Oeste. É nesse trabalho que
precisaremos nos concentrar. Não se trata de
resolver os problemas tributários através do
conflito regional, do conflito entre regiões. Estou
convencido, como acredito estejam os demais
integrantes desta Comissão e o nosso
Presidente Francisco Dornelles, pessoa de
grande experiência na área tributária, que
poderemos equacionar o sistema tributário
brasileiro de maneira a atender melhor à
sociedade, ao desenvolvimento do País e às
regiões sem que isto passe por um conflito
regional, o qual não levará senão a um
enfraquecimento da nossa própria necessidade
de desenvolvimento. Temos de oferecer através
da simplificação, da descentralização e da maior
justiça tributária. o que o nosso País precisa. Eu
lembraria que um dado calculado para alguns
anos atrás, mas que certamente deve ter
validade hoje, mostrava que quem ganhava um
salário mínimo pagava como imposto 1/3 do seu
salário, e quem ganhava 100 salários míninos
não pagava mais do que 15% do seu
rendimento. Esta é uma injustiça flagrante que
temos de procurar corrigir no nosso País.
Estas são as diretrizes do meu partido,
do PMDB, e que procurarei trazer aqui,
naturalmente expressando as posições, os
sentimentos e as propostas do conjunto desta
Comissão, que se estende também para o
problema orçamentária. Nós temos mudanças
muito importantes a fazer no Brasil no que se
refere à questão orçamentária, do ponto de vista
da transparência dos orçamentos, do ponto de
vista da participação responsável do Legislativo
na elaboração dos orçamentos (palmas),
inclusive aqueles orçamentos que hoje não
passam pelo Congresso, o das empresas
estatais, o monetário, de crédito e tudo mais.
Temos de melhorar os mecanismos de
fiscalização da sociedade em relação ao poder
público no Brasil. Esses mecanismos não
funcionam hoje de maneira adequada. Temos
a responsabilidade de entregar ao País uma
proposta no sentido de que a população possa
controlar melhor o poder público na execução
dos seus programas de Governo. E, finalmente,
temos a responsabilidade também de
reexaminar, dentro de uma das subcomissões,
todo o funcionamento do nosso sistema
financeiro, uma tarefa também de grande
responsabilidade. Quero dizer que estarei
presente não como participante, segundo o
Regimento da Constituinte, que fixa que o
Presidente, o Vice-Presidente e o Relator da
Comissão não são membros integrantes das
subcomissões. Mas estaremos presentes,
acompanhando o trabalho e, mais do que isso,
conversando com cada um, ouvindo idéias de
cada um e trazendo todas as pessoas da
sociedade para que possam dar uma
contribuição para a nossa Comissão.
Muito obrigado pela escolha de meu
nome. Espero realmente corresponder à
expectativa do Presidente, que me distinguiu
ao me escolher como Relator. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Dou a palavra ao Primeiro-Vice-
Presidente, Deputado Osmundo Rebouças.
O SR. CONSTITUINTE OSMUNDO
REBOLIÇAS: – Sr. Presidente, gostaria,
inicialmente, de me apresentar aos nobres
Constituintes. Sou do PMDB do Ceará. A
minha formação é na área tributária, desde
professor da Universidade de São Paulo até
formação nos Estados Unidos, onde obtive
doutoramento e PhD nessa área,
apresentação de trabalhos e.c. Quero dizer
aos meus pares que não pedi pira ser
candidato. Fui convidado para me candidatar,
hoje de manhã, pela liderança do Partido.
Gostaria de esclarecer que a minha posição é
essencialmente de justiça, não somente fiscal,
no sentido social, mas também no sentido
espacial e regional. Há 20 anos trabalho na
área regional e também na área tributária
regional, sob esses dois aspectos.
Acho que esta é a Comissão da
Constituinte que mais tem a ver com a
distribuição de recursos públicos entre as
regiões. Nós sabemos que as grandes lutas para
a redução das injustiças fiscais e orçamentárias
se relacionam a assuntos que agora são objetos
desta Comissão. Então, acredito que a região
Nordeste e a região Norte, talvez as mais
sacrificadas pela política econômica nacional,
têm de ter participação nesta Comissão.
Já conheço muito bem a formação do
ilustre Deputado Francisco Dornelles. Ele tem
um notável senso de justiça. Nós temos de
salientar que foi na sua gestão que os fundos de
participação recuperaram o que tinham perdido
em 1967. Também conhecemos o grau de
justiça social do Sr. Constituinte Jose Serra. Mas
é preciso realçar que a região Nordeste precisa
também ter alguém que seja membro desta
Comissão, dentre aqueles 5 que irão para a
Comissão de Sistematização: o Presidente, o
Relator da Comissão e os 3 Relatores das
Subcomissões. Desses 5 membros ate agora
não temos indicação de que algum seja do
Nordeste. Acho que e preciso, amanhã,
conversarmos sobre este assunto com o Líder
do PMDB, Mário Covas, que tem maior espaço
de negociação. Acho que o Nordeste deve ter
posições de Relator de Subcomissão, entre os
que vão para a Comissão de Sistematização.
Estou disposto a ajudar nessas negociações e,
se for preciso, entregar a posição de Vice-
Presidente da Comissão. Estou inteiramente às
ordens, amanhã, para fazer essa negociação.
Mas o Nordeste não pode deixar de ter um dos 5
– eu diria 2 dos 5 – que vão para a Comissão de
Sistematização. Devo dizer que o Vice-
Presidente da Comissão não vai para a
Comissão de Sistematização. Então, terminado
o trabalho da Comissão, desaparece o Vice-
Presidente lá na Comissão de Sistematização. É
preciso que o Nordeste tenha representação
entre os 5 que vão subir para a Comissão de
Sistematização. Acredito que as pessoas
merecem toda a nossa confiança. A questão
regional, inevitavelmente, vai surgir durante todo
este ano de discussão do assunto,
principalmente na parte tributaria e na parte
orçamentária. Se nós não lutarmos por uma
justiça distributiva regional nessa Comissão, as
outras Comissões não vão resolver o
problema E é por isto que devemos
salientar que amanhã vai ser um dia de
séria negociação, para garantir às regiões
pobres representação nos cargos de
Relatores das Subcomissões. Agradeço
a todos e acho que vamos ter um bom
trabalho neste ano de 1987. Muito obrigado.
(Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Srs. Constituintes, os
membros das Subcomissões serão
escolhidos ainda hoje, através de
entendimentos com as Lideranças e com os
próprios Constituintes. As eleições serão
amanhã, às 14 horas, nas salas próprias de
cada Comissão. As Subcomissões são as
seguintes; Subcomissão de Tributos,
Participação e Distribuição de Receitas;
Subcomissão do Orçamento e Fiscalização
Financeira; Subcomissão do Sistema
Financeiro. Amanhã, às 14 horas, essas
Subcomissões estarão reunidas. E, até este
momento, acredito que as Lideranças dos
partidos e os membros da Comissão
encontrarão fórmulas de conciliação para que
todos os cargos sejam preenchidos dentro do
entendimento geral. Nada mais havendo a
tratar, o Senhor Presidente, às 16 horas,
encerrou a reunião, cujo teor será publicado
na íntegra, no Diário da Assembléia
Nacional Constituinte. E, para constar,
eu, Maria Júlia Rabelo de Moura, lavrei
a presente Ata que, depois de lida e
aprovada, será assinada pelo; Senhor
Presidente.
COMISSÃO DO SISTEMA TRIBUTÁRIO
ORÇAMENTO E FINANÇAS
2ª Reunião, realizada em 26 de maio de
1987
Aos vinte e seis dias do mês de maio
do ano de mil novecentos e oitenta e sete, às
dezenove horas e trinta e cinco minutos, no
Auditório Nereu Ramos do Anexo ll da
Câmara dos Deputados, em Brasília, reuniu-
se a Comissão do Sistema Tributário,
Orçamento e Finanças, sob a Presidência do
Senhor Constituinte Francisco Dornelles,
Presidente, com a presença dos Senhores
Constituintes: José Serra, Relator da
Comissão; João Alves, Presidente de
Subcomissão de Orçamento e Fiscalização
Financeira; Sérgio Werneck, Segundo-Vice-
Presidente da Subcomissão do Sistema
Financeiro; José Maria Eymael, Segundo
Vice-Presidente da Subcomissão de Tributos,
Participação e Distribuição das Receitas; José
Luiz Maia, Relator da Subcomissão de
Orçamento e Fiscalização Financeira; Furtado
Leite, lvo Vanderlinde, Lézio Sathler, Simão
Sessim, Fábio Raunheitti, José Carlos
Vasconcelos, Feres Nader, José Luiz de Sá,
Hélio Rosas, Naphtali Alves, Osmundo
Rebouças, Fernando Lyra, Aécio Neves,
Domingos Juvenil, Adroaldo Streck, Harlan
Gadelha, Wilson Campos, Jutahy Magalhães
e Irajá Rodrigues, membros da Comissão do
Sistema Tributário, Orçamento e Finanças.
Havendo número regimental, o Senhor
Presidente declarou abertos os
trabalhos destinados à Sessão Solene
de entrega dos anteprojetos e relatórios
das Subcomissões. Dando inicio
aos trabalhos, o Senhor Presidente
convidou a comporem a Mesa os Senhores
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES) 8

Constituintes José Serra, Relator da Comissão;
João Alves, Presidente da Subcomissão de
Orçamento e Fiscalização Financeira; Sérgio
Werneck, Segundo-Vice-Presidente da
Subcomissão do Sistema Financeiro; e José
Maria Eymael, Segundo-Vice-Presidente da
Subcomissão de Tributos, Participação e
Distribuição das Receitas. Com a palavra, o
Constituinte José Luiz Mala, Relator da
Subcomissão de Orçamento e Fiscalização
Financeira, cumprimentou os companheiros,
fazendo a entrega do anteprojeto. Na
oportunidade, falou da sua designação para
Relator da Subcomissão e enfatizou o papel do
Presidente João Alves na condução dos
trabalhos daquele órgão. Quanto ao
anteprojeto, disse estarem inseridos no mesmo
as idéias colhidas em audiências públicas, bem
como as sugestões encaminhadas através das
emendas dos Senhores Constituintes. Chamou
a atenção para o cumprimento dos prazos
regimentais pela Subcomissão e passou o
anteprojeto às mãos do seu Presidente para
ser entregue ao Presidente da Comissão. O
Senhor Presidente da Subcomissão de
Orçamento e Fiscalização Financeira teceu
considerações sobre o trabalho do Relator que
se houve com isenção, acolhendo sugestões
de todos. Em seguida, foi dada a palavra ao
Senhor Constituinte Sérgio Werneck, Segundo-
Vice-Presidente da Subcomissão do Sistema
Financeiro, que, após saudar os seus pares,
disse da satisfação de passar às mãos do
Senhor Presidente da Comissão um trabalho
que, a seu ver, encerra avanços que permitirão
uma sociedade mais fusta a partir do momento
em que estiverem inseridos na Constituição
dispositivos referentes ao Sistema financeiro
que assegurarão ao anseio da comunidade.
Referiu-se aos destaques feitos para o papei
da União, do Congresso Nacional e do Banco
Central do Brasil; destacou, ainda, a extinção
do Conselho Monetário Nacional e a criação de
uma Comissão Mista do Congresso Nacional
com estreito relacionamento com os órgãos de
política financeira. Disse da parte referente ao
mercado financeiro com relação às entidades
estrangeiras. Esclareceu que estes tópicos,
bem corno os demais, deverão ser amplamente
discutidos na Comissão, destacando a
importância do tema, não contemplado nas
Constituições anteriores. A seguir, entregou o
anteprojeto e o relatório ao Presidente da
Comissão. O Senhor Constituinte José Maria
Eymael, Vice-Presidente da Subcomissão de
Tributos, Participação e Distribuição das
Receitas, ao entregar o anteprojeto de sua
Subcomissão, disse da honra em fazê-lo.
Enalteceu a figura do Relator, Constira nobre;
disse da forma com que se houve Sua
Excelência – extremamente democrática –
buscando ouvir todos, sempre presente para
entendimentos, não se constituindo muralha
que afastasse posições contrárias. Como
destaque, registrou que a conclusão do
anteprojeto representou, na prática, a falência
de um preconceito – um País como um todo
não podendo conviver e chegar a um
desenvolvimento comum, uma Pátria solidária.
Disse que o anteprojeto representa um
ponto de encontro da sociedade nacional;
ponte sólida, criativa, hábil, capaz de
um desenvolvimento da Pátria como um
todo. Destacou, ainda, dois pontos contidos
no anteprojeto: a redistribuição da receita
tributária nacional e a transparência do
processo tributário. Entre outros desportivos,
consta um muito importante; a obrigação da
União, Estados e Municípios publicarem
discriminadamente relação de todos os tributos
arrecadados para que todo o cidadão possa
compreender o processo de carga tributária.
Disse, ainda de uma seção especifica que é um
verdadeiro estatuto do contribuinte, contendo
dispositivos que tratam, entre outros, da
irretroatividade da lei, adequação de tributos à
capacidade contributiva de cada um e o
estabelecimento de não privilegiar o Estado em
prejuízo do contribuinte – portanto, rompendo
desigualdades entre Estado e contribuintes.
Disse, mais, da imunidade sindical (também
contemplados os partidos políticos),
afastamento de empréstimos compulsórios
(exceto em casos de calamidade pública) – o
que representa a esperança de todos os
membros daquela Subcomissão. Com a
palavra, o Senhor Constituinte José Serra,
Relator da Comissão, saudou os seus pares e
disse estar encerrada a primeira etapa dos
trabalhos – base para o Relatório Final a ser
encaminhado à Comissão de Sistematização.
Lembrou o prazo exíguo a ser cumprido e que
seriam recebidas emendas das outras
Subcomissões. com a possibilidade de as
emendas rejeitadas serem reapresentadas na
Comissão. Disse, ainda, da dificuldade quanto
à carga de trabalho do ritmo pesado sentido no
acompanhamento das diferentes
Subcomissões que discutiram questões
importantes, tais como: regional, federativa,
social, distribuição tributária, papel do Poder
Legislativo – questões críticas sob a
responsabilidade dos Constituintes. Disse da
sua perspectiva de trabalho voltada à abertura
ao diálogo do seu desejo de realmente dialogar
com todos, pois, a seu ver. a visão do Relator
deve refletir a tendência média de todos os
Constituintes. Assim, colocou-se à disposição
de todos para o diálogo, objetivando sejam
encontradas soluções para o País. Ao final, o
Senhor Presidente, Constituinte Francisco
Domelles, saudou a todos, disse da sua
satisfação em receber os relatórios, fruto de
profundidade técnica, pelo alto nível das
discussões realizadas. Referiu-se a sua
situação anterior como integrante do Poder
Executivo, dizendo que, hoje, participando dos
debates, chegou à conclusão de que a melhor
maneira de legislar e, realmente, através do
debate aqui realizado, pois preserva uma
sistemática de contribuição mais rica, mais
coerente e que representa, efetivamente, o
pensamento da sociedade brasileira.
Comunicou que no dia seguinte seriam disca
distribuídos avulsos dos anteprojetos,
esclarecendo, a outrossim, o fluxograma dos
trabalhos da Comissão. O inteiro teor dos
debates foi gravado e, depois de traduzido e
datilografado, ficará arquivado na Comissão,
publicando-se na integra no Diário da
Constituinte. Nada mais havendo a tratar, o
Senhor Presidente encerrou a reunião às vinte
noras e sete minutos. E, para constar,
eu, ilegível, Maria Júlia Rabelo de Moura,
Secretária, lavrei a presente Ata que, depois de
tida e aprovada, será assinada pelo Senhor
Presidente – Constituinte Francisco
Dornelles, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles: – Senhores Constituintes,
havendo número regimental, declaro aberta a
presente reunião, que tem por objetivo a
entrega dos relatórios à Comissão do Sistema
Tributário, Orçamento e Finanças. Convido a
participarem da Mesa os Constituintes José
Serra, Relator; João Alves, Presidente da
Subcomissão de Orçamento e Fiscalização
Financeira; Sérgio Werneck, Vice-Presidente
da Subcomissão do Sistema Financeiro,
representando o seu Presidente; José Maria
Eymael, Vice-Presidente da Subcomissão de
Tributos, Participação e Distribuição das
Receitas, representando igualmente o
Presidente daquele órgão técnico. Teremos
agora a apresentação dos anteprojetos.
Concedo a palavra ao Constituinte José Luiz
Maia, Relator da Subcomissão de Orçamento
e Fiscalização Financeira.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ LUIZ
MAIA: – Senhor Presidente, Constituinte
Francisco Domelles, Senhor Relator,
Constituinte José Serra, ilustre Presidente
João Alves, demais Constituintes
representantes dos Presidentes da
Subcomissão de Tributos e da Subcomissão
do Sistema Financeiro, nobres Constituintes,
quero nesta oportunidade, fazer a entrega da
redação final do anteprojeto, que me foi
dado elaborar, já que; por confiança de
meus pares, fui designado Relator da
Subcomissão de Orçamento e Fiscalização
Financeira, presidida brilhantemente pelo
nobre Constituinte João Alves. Neste
documento, Senhor Presidente, demais
membros da Mesa e ilustres Constituintes,
estão inseridas idéias que recolhemos das
audiências públicas, sugestões e emendas
oferecidas pelos Senhores constituintes, após
a apresentação, em versão preliminar,
do nosso relatório. Cumprimos, na forma
regimental, todos os prazos. Nesta
oportunidade, fazemos a entrega do trabalho
que será objeto de estudo e apreciação pelos
membros da Comissão Temática a que
pertencemos. Portanto, passo às mãos do
Presidente, Constituinte João Artes, o nosso
trabalho, resultado da decisão da maioria da
Subcomissão de Orçamento e Fiscalização
Financeira.
O SR. CONSTITUINTE JOÃO ALVES:
– O Constituinte José Luiz Maia se houve com
isenção e colheu a opinião da maioria, na qual
se baseou para realizar o seu trabalho.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – A entrega do relatório da
Subcomissão do Sistema Financeiro será feita
pelo primeiro Vice-Presidente, Constituinte
Sérgio Werneck.
O SR. CONSTITUINTE SÉRGIO
WERNECK: – Excelentíssimo Senhor
Presidente, Francisco Dornelles,
Excelentíssimo Senhores Presidentes demais
Subcomissões de Orçamento e de tributos.
nobres Constituintes, é com a maior satisfação
que passo às mãos do Presidente o Relatório
Final da Subcomissão do Sistema Financeiro,
cujo Relator foi o Constituinte Fernando
Gasparian. Faço questão de salientar que
trabalho consubstanciado neste relatório
encerra avanços que, depois de devidamente
discutidos, nas fases posteriores que iremos
enfrentar, nos permitirão construir uma
sociedade mais justa, a partir do momento em
que constarem da nossa Constituição
dispositiva que vão permitir a regulamentação
do Sistema Financeiro de acordo com os
interesses da sociedade. Destaco em nosso
relatório a explicitação das competências
da União, do Congresso Nacional e do Banco
Central como o principal avanço. Destaco,
também, a extinção do Conselho Monetário
Nacional, a criação de uma comissão
mista permanente do sistema financeiro
no Congresso Nacional, que tem por
9 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
finalidade contato estreito e rotineiro com as
autoridades monetárias, de molde a permitir
ao Congresso Nacional maior participação na
política econômica e, principalmente, na
política financeira. Quanto a outros
dispositivos, visando a regulamentação do
mercado financeiro, no que diz respeito à
participação de capitais estrangeiros e à
separação entre sistema privado e público,
não conseguimos chegar a um acordo
definitivo por maioria expressiva, mas esses
temas deverão ser objeto de discussão nas
fases posteriores. Tenho certeza de que este
Relatório servirá de base para que possamos
fazer um bom trabalho neste capítulo, não
contemplado nas Constituições anteriores e
que diz respeito à regulamentação do sistema
financeiro na sociedade brasileira. Muito
obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Concedo a palavra ao nobre
Constituinte José Maria Eymael, que, em
nome do Presidente da Subcomissão de
Tributos, Participação e Distribuição das
Receitas, fará a entrega do respectivo
relatório.
O SR CONSTITUINTE JOSÉ MARIA
EYMAEL: – Senhor Presidente, Constituinte
Francisco Dornelles, Senhor Relator
da Comissão Temática, Constituinte José
Serra, Senhores Constituintes, Senhores
Presidentes e representantes das demais
subcomissões, Senhoras, Senhores
Constituintes, tenho, neste momento, a
elevada honra de, em nome da Subcomissão
de Tributos, Participação e Distribuição das
Receitas, fazer a entrega oficial do projeto
que elaboramos, em sua versão definitiva.
Desejo também, nesta ocasião, fazer dois
registros: de um lado, quero enaltecer a figura
do Relator de nossa Subcomissão,
Constituinte Fernando Bezerra Coelho e, de
outro, exaltar a nobreza desse Constituinte,
realçando a forma aberta com que se houve,
a maneira urbana, afável essencialmente
democrática com que aceitou opiniões
contrárias às suas, buscando assimilar o
posicionamento de todos os seus
companheiros da Subcomissão,
representando sempre uma ponte para o
entendimento, jamais uma muralha que
afastasse ou que gerasse predisposições
contrárias entre os Constituintes. Senhor
Presidente, desejo ainda registrar alguns
pontos que merecem destaque em hora tão
solene. Em primeiro, lugar, a conclusão do
trabalho da Subcomissão representou, na
prática, a falência do preconceito de que o
País, como um todo, não poderia encontrar-se
dentro dessa Subcomissão, de que,
eventualmente, Estados mais ou menos
desenvolvidos não poderiam conviver e
chegar a um denominador comum, buscando
a construção de uma Pátria maior,
fraterna, solidária e desenvolvida, em que os
cidadãos possam viver integral e Senhor Presidente, e colocando neste ante-
integradamente. O trabalho da Subcomissão
representou um ponto de encontro da vontade
nacional. Ilegível de recíprocas concessões
na busca do melhor logramos construir uma
ponte sólida e criativa
que, estamos absolutamente seguros,
será o instrumento hábil e capaz para a
edificação e o desenvolvimento de uma
pátria comum. Entre os diversos pontos
inovadores do Projeto, seria interessante
salientar os seguintes: de um lado, a
redistribuição do processo tributário nacional,
valorizando o Município e o Estado, sem
comissões, demais membros das
Subcomissões de Tributos, de Orçamento e
do Sistema Financeiro, creio que
encerramos bem a primeira etapa do nosso
trabalho e, sem dúvida, já temos, hoje, uma
base bastante importante para o Relatório
colocar em risco a saúde da União. O projeto
contempla, indiscutivelmente, uma larga e
antiga aspiração da evolução do processo
federativo, através da afirmação dos
Municípios e dos Estados. De outro lado, a
preocupação com a transparência do
processo tributário, estabelecendo-se que a
União, os Estados e os Municípios, até o
final do mês subseqüente, deverão publicar,
obrigatoriamente, no “Diário Oficial”, ou, no
caso de Municípios, quando não houver
“Diário Oficial”, em edital, discriminada
informação de todos os tributos arrecadados,
das transferências recebidas e efetuadas, a
fim de que todos os entes políticos e o
próprio cidadão, que procuramos fortalecer
ao longo deste Projeto, possam efetivamente
fiscalizar e compreender o processo da
receita tributária e a própria carga tributária.
É importante ressaltar ainda que este Projeto
contempla, pela primeira vez na história
constitucional brasileira, uma seção
específica de garantias do contribuinte.
Criou-se um verdadeiro estatuto do
contribuinte, em que são assinaladas de
forma indelével e irretratável a Subcomissões. Temos também a questão
irretroatividade plena da lei, a legalidade
absoluta, o principio de que o tributo jamais
poderá constituir um instrumento de
confisco, a adequação do tributo à
capacidade contributiva. Um ponto que
merece destaque especial é o mandamento
contido no Projeto, quando estabelece que a
lei não poderá privilegiar a Fazenda. Pública,
em detrimento do contribuinte, na ordenação
dos processos fiscais. Na prática, isso
significa que quando o Estado olhar o
contribuinte, verá a sua frente alguém do seu
tamanho. Rompe-se, dessa forma, secular
desigualdade entre Estado e contribuinte,
assegurando-se, efetivamente, a este
tratamento paritário. Outra contribuição
importante do Projeto diz respeito à
imunidade sindical. Ele vem contemplar
todas as entidades sindicais, a exemplo do
que se faz com os partidos políticos. O tão
execrado empréstimo compulsório, indefinido
e largo, é afastado, estabelecendo-se sua
admissibilidade somente para os casos de
calamidade pública e, ao mesmo tempo,
estendendo-se a possibilidade desse
remédio também ao Município, atendendo-se
com isso velho e antigo clamor da área
municipal. Seriam inúmeros os aspca a
destacar, mas, guardando consonância coar
os demais companheiros que me
antecederam, registrei apenas a nível
exemplificativo, alguns traços que julguei
mais marcantes. Com estas palavras,
projeto todas as esperanças dos ilustres
componentes dessa Subcomissão, neste
momento, tenho a honra de passar às mãos
de V. Ex.ª o documento firmado por todos
nós. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Com a palavra o Relator da
Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e
Finanças, Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Senhor
Presidente, Senhores Presidentes e Relatores das
Sub-Final, que deverá ser apresentado à Comissão
de Sistematização em meados de junho. Dispo-
mos de um prazo bastante exíguo para o
trabalho que temos pela frente. Por outro lado,
a partir de agora, cada Subcomissão contará
com a participação, através de emendas e da
avaliação, dos membros das outras duas
Subcomissões. Neste sentido, dois terços dos
membros das diferentes Subcomissões
opinarão a respeito do Relatório de cada
Subcomissão. Cumpre destacar, ainda, a
possibilidade de os Constituintes, cujas
emendas não tenham sido aprovadas na
integra ou no seu espírito, poderem
reapresenta-Ias. Teremos um trabalho
bastante intenso, que deverá multiplicar-se
por três, num tempo menor do que aquele que
tivemos até agora. Estou consciente da
dificuldade que isso representará do ponto de
vista da carga de trabalho. Evidentemente, os
relatórios, pela qualidade e pelo nível que
alcançaram, irão facilitar bastante essa tarefa,
mas é muito importante entender que vamos
entrar agora num ritmo de trabalho bastante
pesado. Acompanhando, em parte, o trabalho
das diversas Subcomissões, sempre que para
isso fui solicitado, verifiquei que há questões
muito importantes cuja analise e discussão
acabam interferindo no andamento dos
trabalhos. Tudo isso exigirá de nossa parte
esforço muito grande de entendimento. Em
primeiro lugar, temos a questão regional que
permeia o trabalho de todas as
federativa, na relação Estado-Munícipio-
Governo federal; o problema social da
distribuição, seja no que diz respeito ao
aspecto tributário, seja quanto ao gasto
público; papel do Legislativo e das diferentes
áreas no processo de desenvolvimento do
País. Enfim, são questões absolutamente
criticas, cuja análise e equacionamento estão
sob nossa responsabilidade. Aqueles que me
acompanham em alguns momentos da minha
vida pública, ou mesmo aqui no Congresso,
quando tive oportunidade de participar da
discussão e do desenvolvimento dos nossos
trabalhos, sabem que a minha perspectiva de
atuação se desenvolve sempre de uma forma
muito livre de preconceitos, de idéias
preconcebidas. Temos de trabalhar com
realismo, cada um tendo em mente o que
deseja para o País, sua perspectiva
doutrinária, política, ideológica, mas, ao
mesmo tempo, com abertura, com diálogo e
negociação entre os diversos pontos de vista
que, às vezes, entram em conflito, em face de
todas essas questões que mencionei. Nesse
sentido, na medida do possível – somos
sessenta e tantos membros – poderemos
dialogar com cada um dos Senhores
Constituintes a respeito dos pontos
essenciais. Sabemos que o Relatório Final
terá sem dúvida, o peso da visão do Relator,
mas deverá refletir a tendência média do
pensamento dos Constituintes que integram
esta Comissão, tão importante para o futuro
do nosso País. Eram estas as palavras que
queria deixar registradas. A partir de amanhã,
estarei à disposição de todos os membros da
Comissão, bem assim dos demais
Constituintes. para o diálogo e a discussão
aberta e desarmada, buscando encontrar as
melhores soluções para o País. E o que todos
pretendemos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Donelles): – Excelentíssimo Senhor Constituinte
José Maria Eymael, Vice-Presidente da
Subcomissão de Tributos, Participação
e Distribuição das Receitas, Excelentíssimo
Senhor Constituinte Sérgio Wer
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES) 10

neck. Vice-Presidente da Subcomissão
do Sistema Financeiro, Excelentíssimo
Senhor Constituinte João Alves.
Presidente da Subcomissão de Orçamento
e Fiscalização Financeira, Excelentíssimo
Senhor Constituinte José Serra,
Excelentíssimo Senhor Constituinte José
Luiz Maia, Relator da Subcomissão de
Orçamento e Fiscalização Financeira,
demais membros das Subcomissões, é
uma satisfação muito grande para mim
receber hoje o trabalho elaborado em cada
uma das Sub-comissões. Tive
oportunidade de presenciar a discussão e
os debates ali travados. Fiquei
impressionado com a profundidade técnica
e o alto nível das discussões. Durante um
período de vinte anos, tive a oportunidade
de participar da edição de leis, decretos e
decretos-leis. Hoje, após ouvir os debates
realizados pelos Senhores Constituintes,
com a presença de representantes da
sociedade brasileira, não tenho dúvida de
que a melhor maneira de legislar é a que
está sendo adotada pela Assembléia
Nacional Constituinte. Temos que
preservar essa sistemática, porque a
presença da sociedade, através dos seus
representantes, na elaboração dos textos
legais, traz sempre uma contribuição muito
rica. Pretendo conduzir os trabalhos da
Comissão dentro de um clima aberto e
democrático, a fim de que cada
Constituinte possa sempre trazer sua
contribuição para o aperfeiçoamento dos
anteprojetos apresentados. Amanhã, dia
27, deverão ser distribuídos aos Senhores
Constituintes os avulsos dos anteprojetos.
A partir de quinta-feira, dia 28, começará a
ser contado o prazo para recebimento de
emendas. Esse prazo deverá encerrar-se
segunda-feira, dia 1º. às 24 horas. A partir
do dia 2, até o dia 8, o Relator deverá
examinar as emendas e apresentar o
substitutivo. No dia 9, haverá distribuição
de avulsos dos trabalhos elaborado pelo
Relator, e, nos dias 10, 11 e 12, teremos
então, votação do Substitutivo. Na forma
do Regimento, durante a votação, cada
Constituinte poderá pedir destaque para
artigos do Anteprojeto do Relator, bem
como para a discussão de cada emenda
apresentada. Agradeço a V. Ex.ª a
presença na reunião de hoje e estou certo
de que, até os dias 10, 11 e 12, quando
votaremos esse anteprojeto, teremos
oportunidade de trocar idéias, debater e
receber sugestões de todos. Esta
Presidência deseja conduzir dessa forma
os seus trabalhos, recebendo sugestões
de cada um dos Constituintes aqui
presentes.
Está encerrada a reunião.
COMISSÃO DO SISTEMA
TRIBUTÁRIO,
ORÇAMENTO E FINANÇAS
ATA DA 3.ª REUNIÃO, REALIZADA NO DIA
28 DE MAIO DE 1987
Aos vinte e oito dias do mês
de maio de mil novecentos e oitenta e
sete, às quinze horas e quarenta
minutos, no plenário da Comissão
do Sistema Tributário Orçamento
e Finanças, reuniu-se esta Comissão,
sob a Presidência do Cons-
tituinte Francisco Dornelles. Presidente,
presentes os seguintes Constituintes, membros
efetivos: José Serra, Relator, Basílio Villani, João
Machado Rollemberg, Naphtali Alves, Simão
Sessim, Ivan Bonato, Luiz Gushiken, Messias
Góis, Roberto Torres, Fernando Gasparian,
Wilson Campos, José Tinoco, Irajá Rodrigues,
Affonso Camargo, Mauro Campos, Airton
Sandoval, Walmor de Luca, Adhemar de Barros
Filho, Nion Albernaz, João Natal e Domingos
Juvenil; e o suplente Rubem Branquinho.
Havendo número regimental, o Senhor
Presidente declarou iniciados os trabalhos e
solicitou fosse dispensada a leitura da Ata da
reunião anterior, que foi considerada aprovada.
A seguir, teceu considerações sobre dispositivos
regimentais que regulam os trabalhos do órgão
e, também, sobre o fluxograma dos mesmos,
sugerindo uma sistemática para apreciação e
votação da matéria a ele pertinente. Esclareceu
que cada Constituinte poderá pedir destaque
para artigos do Substitutivo do Relator da
Comissão para restabelecimento de artigos dos
Anteprojetos das Subcomissões, quando não
incluídos no Substitutivo referido e, ainda, para
as emendas apresentadas. A seguir, o
Constituinte Irajá Rodrigues disse da situação
estranha durante a votação na Sub-comissão de
Tributos, Participação e Distribuição das
Receitas, quando os Constituintes só puderam
encaminhar votação por três minutos, tempo
este que inviabiliza qualquer discussão, pois mal
dá para que o texto seja lido. Ressaltou que o
assunto devia ser discutido na Comissão, sob
pena de prevalecer o pensamento do Relator. O
Senhor Presidente sugeriu fossem as emendas
apresentadas separadamente, uma vez que o
Regimento prevê a rejeição daquelas
apresentadas em desacordo com o art. 23 § 2º
do Regimento Interno da Assembléia Nacional
Constituinte. Foram feitos, pelo Presidente, mais
alguns esclarecimentos sobre o assunto e
comunicado ao Plenário que a discussão só
poderá estender-se até o dia primeiro de junho.
O Constituinte Messias Góis declarou não saber
se a questão dos três minutos de
encaminhamento de votação constitui erro
intencional ou não do Regimento e propôs fosse
consultada a Presidência da Assembléia
Nacional Constituinte sobre a possibilidade de
apresentação de emendas ao substitutivo do
Relator, após a apreciação do mesmo pelos
Constituintes e não antes. Segundo Sua
Excelência, seria esta a forma correta. O
Constituinte lrajá Rodrigues declarou que,
aceitando sugestão da Presidência, pedirá
destaque para todas as suas emendas, ao que o
Senhor Presidente declarou ser uma honra. O
Constituinte Fernando Gasparian usou da
palavra para falar sobre a desinformação
circulante quanto aos trabalhos da Subcomissão
do Sistema Financeiro, da qual é Relator,
dizendo, inclusive, que no próprio Programa
da Constituinte, o Líder do PDS, Constituinte
Amaral Neto, falou de sua destituição. Destacou
o fato de o relatório da Subcomissão ter
sido aprovado por unanimidade, portanto,
não havendo nenhum motivo para que a
imprensa esteja agindo desta forma e aventou a
hipótese de que o Constituinte Amaral Neto
esteja sendo enganado. Segundo Sua
Excelência, notícias veiculadas pela imprensa,
no dia de ontem, dizem que o Relator estaria
enganando os demais membros da
Subcomissão com supostas aprovações às
suas emendas quando, na verdade, não as
teria aprovado. Teceu, ainda, considerações
sobre matéria veiculada pela Folha de S.
Paulo, distorcendo a imagem do Relatório
quando, a seu ver, o mesmo trata de problemas
fundamentais para o Sistema Financeiro tais
como: melhor funcionamento da economia de
mercado, a mudança quanto às cartas-patentes,
com a extinção das mesmas. Solicitou ao
Presidente fosse encaminhada à Mesa da
Assembléia Nacional Constituinte pedido no
sentido de lhe ser concedida o mesmo prazo no
programa da Constituinte a fim de que se
restabeleça a verdade. O Senhor Presidente,
Constituinte Francisco Dornelles, ressaltou o
exaustivo e profundo trabalho elaborado pela
Subcomissão, uma das mais operosas, portanto,
merecedora do respeito de todos. Disse, ainda,
do orgulho sentido ao examinar este trabalho
pois abordou todos os assuntos atinentes ao
Sistema Financeiro. Contudo, é importante
que todos os Constituintes tenham a
oportunidade de colocar as suas idéias no
Substitutivo do Relator da Comissão.
Disse, ainda, que encaminhará o pedido ao
Presidente da Assembléia Nacional Constituinte
para que o Constituinte Fernando Gasparian
possa esclarecer o Constituinte Amaral Netto
através do Programa da Constituinte. O
Constituinte, Mauro Campos solidarizou-se com
o Constituinte Fernando Gasparian pelo trabalho
sério apresentado, dando oportunidade a todos,
apesar das divergências; em seu nome e de
vários companheiros, solicitou fosse registrado o
seu repúdio a estas atitudes para salvaguardar o
nome do nosso Relator. O Presidente,
Constituinte Francisco Dornelles, disse fazer
suas as palavras do Constituinte Mauro
Campos. O Constituinte Fernando Gasparian
dirigiu suas palavras ao Relator da Comissão,
Constituinte José Serra, para saber se Sua
Excelência teria feito algumas declarações à
imprensa envolvendo seu nome e o Relatório
por ele elaborado e, caso confirmasse, deveria
provar. O Senhor Presidente esclareceu que a
discussão deveria ater-se à matéria, objeto da
reunião, dizendo que embora todas as coisas
devessem ser discutidas, o momento não era
oportuno para tal questionamento. O Constituinte
Fernando Gasparian agradeceu ao Presidente
pelo acolhimento de sua solicitação quanto ao
esclarecimento da questão envolvendo o Líder
do PDS. Com a palavra, o Relator. Constituinte
José Serra, esclareceu não serem procedentes
as noticias. Segundo ele, o Relatório Final da
Comissão traduzirá o pensamento da média da
Comissão. Declarou ter participado dos
trabalhos da Subcomissão de Tributos,
Participação e Distribuição das Receitas, o que
não aconteceu na Subcomissão do Sistema
Financeiro, pois não recebeu o mesmo convite
da anterior. Esclareceu, ainda, que está aberto a
discussão e destacou o fato de não estarem os
Constituintes aqui para conspirar. O Presidente
renovou os esclarecimentos feitos ao início da
reunião à apresentação de emendas.
O Constituinte Walmor de Luca lembrou
que a Comissão devia ater-se às normas
regimentais rigorosamente, ao que o Senhor
Presidente declarou não haver eriu-e
ao encaminhamento de votação: se seria
permitido o uso da palavra por dois Constituintes
contra e dois a favor, esclarecendo o Senhor
Presidente que seria apenas um contra e
um a favor. O Relator, Constituinte José
Serra, lembrou que o processo adotado pela
Comissão beneficiaria todos os Constituintes,
uma vez que seria dada oportunidade a todos
para apresentarem suas emendas, tendo
o Presidente reafirmado as palavras do
Relator, dizendo que neste processo há
11 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
tanto coerência quanto obediência as normas
regimentais, pois o objetivo precípuo da
Comissão e elaborar um substitutivo que reflita a
opinião da maioria. O Constituinte João Machado
Rollemberg indagou da Presidência se o Relator
poderia inserir no Substitutivo artigos não objetos
de emendas apresentadas, tendo o Relator
declarado que procuraria ater-se às mesmas.
Todavia, segundo Sua Excelência, todos os
Constituintes deveriam opinar – e algo legitimo.
Disse que a votação espelharia a vontade da
maioria ao que o Constituinte João Machado
Rollemberg esclareceu estar querendo situar-se
a fim de saber se o Relator poderia apresentar
pontos de vista pessoais. Mais uma vez, o
Relator declarou sua intenção de basear-se nas
emendas apresentadas e também, estará aberto
ao entendimento. O Constituinte Rubem
Branquinho alertou para a possibilidade de
desconsideração do trabalho das Subcomissões,
solicitando um posicionamento da Presidência a
fim de que aqueles trabalhos não tenham sido
em vão. O Senhor Presidente esclareceu que
poderia haver pedido de destaque não só para
emendas como para qualquer artigo do
anteprojeto que não estiver incluído no
Substitutivo do Relator, tendo o Constituinte
Rubem Branquinho lamentado a forma como foi
feito o Regimento da Constituinte. Por proposta
do Senhor Constituinte Walmor de Luca, foi
convocada reunião a realizar-se no próximo dia
primeiro de junho às dez horas e outra, para as
quinze horas do mesmo dia. O Constituinte João
Natal solicitou à Presidência o envio da emendas
a todos os membros da Comissão, conforme
fossem sendo recebidas, sendo acolhido o
pedido pela Presidência. O inteiro teor dos
debates foi gravado e, depois de traduzido e
datilografado, ficara arquivado na Comissão,
publicando-se a integra no Diário da
Assembléia Nacional Constituinte. Nada mais
havendo a tratar, o Senhor Presidente encerrou a
reunião às dezesseis horas e trinta minutos. E,
para constar, eu, Maria Júlia Rabelo de Moura,
Secretaria, lavrei a presente Ata que, depois de
lida e aprovada, será assinada pelo Senhor
Presidente.
Sala da Reunião em 28 de maio de
1987. – Constituinte Francisco Dornelles
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Srs. Constituintes, é uma
satisfação muito grande, mais uma vez, estar em
contato com V. Ex.as para discutir assuntos de
interesse da Subcomissão, especificamente,
alguns pontos que ficaram sujeitos a dúvidas, em
decorrência de interpretação do Regimento da
Assembléia Nacional Constituinte. Entendo que
um dos pontos mais complexos desse
Regimento é aquele relacionado com o processo
de votação do substitutivo do Relator. Ou seja,
tivemos três anteprojetos, um de cada
subcomissão; até segunda-feira próxima,
poderão ser apresentadas emendas a cada um
dos artigos desses anteprojetos. O Relator terá
prazo de cinco dias para examinar as emendas
e, no dia 8, devera apresentar o seu substitutivo.
O objetivo da Presidência é fazer com que
os debates na Comissão sejam os mais abertos
e democráticos e que cada constituinte tenha
oportunidade de defender o seu ponto de
vista, sua posição e aqueles artigos que gostaria
de ver incluídos no anteprojeto final
da Comissão. Como fruto de conversas
mentidas com a Prudência da Casa e
com as diversas comissões, esbocei
a seguinte sistemática, que queria sugerir a V.
Ex.as. No momento, o que poderá ocorrer? Os
constituintes apresentaram emendas nas
subcomissões. Muitas foram acolhidas e figuram
no anteprojeto de cada uma delas. Quanto às
emendas recusadas na Subcomissão, até
segunda-feira próxima o constituinte poderá
apresenta-las novamente na Comissão. No
momento em que o Relator apresentar o seu
substitutivo, cada constituinte procurará verificar
se a emenda que apresentou na Comissão foi
acolhida ou foi rejeitada. Nesse caso, poderá
pedir destaque de artigos do substitutivo do
Relator e para as emendas que apresentou.
Poderia ocorrer ainda a seguinte situação: vamos
admitir que um constituinte apresentou uma
emenda, que foi acolhida na Subcomissão e que
figura no anteprojeto do Relator da Subcomissão.
É lógico que agora ele não necessitará fazer
nada, porque sua emenda já foi acolhida. Acho,
assim, que poderíamos estabelecer a sistemática
seguinte, à semelhança do que está ocorrendo
em todas as subcomissões: cada constituinte
apresentaria requerimento de destaque para
votação em separado de artigos do substitutivo
do Relator. Poderia solicitar o restabelecimento
de artigos do anteprojeto do Relator da
Subcomissão que não foram incluídos no
substitutivo do Relator da Comissão, bem como
pedir destaque para as emendas apresentadas
na Comissão que também não foram acolhidas
pelo Relator. Acho que, dentro dessa
sistemática, todos os assuntos de maior
relevância poderiam ser discutidos e votados, no
momento em que o Relator apresentasse o seu
substitutivo. Repetindo, seria solicitado destaque,
para votação em separado das emendas
apresentadas e não acolhidas. Poderia também
ser requerido destaque, para votação em
separado, dos artigos do substitutivo. Da mesma
maneira, proceder-se-ia em relação aos artigos
do anteprojeto da Subcomissão não incluídos no
substitutivo do Relator da Comissão. São esses
os pontos sobre os quais gostaria de chamar a
atenção de V. Ex.as e colher a opinião de cada
constituinte, no intuito de chegarmos a um
consenso, a fim de que todos tenham
oportunidade de ver incluídos no anteprojeto final
da Comissão os pontos que julgarem
importantes.
Com a palavra o Constituinte Irajá
Rodrigues.
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ
RODRIGUES: – Deparei-me com uma situação
estranha, durante a votação feita pela
Subcomissão. É que o tempo concedido para a
discussão das emendas era de três minutos.
Ora, eu mesmo sou autor de uma emenda que
se compõe de alguns artigos e diria que três
minutos dariam apenas para ler a emenda. Não
é, portanto, possível discutir assim: seriam três
minutos para o apresentador da emenda e três
minutos para o Relator. Parece-me que ai não se
dá, na verdade, discussão alguma. É um diálogo
de surdos-mudos. Se assumirmos o mesmo tipo
de funcionamento, agora, na Comissão – e
parece-me que é mais ou menos isso que V. Ex.ª
está expondo – voltaremos a ter a mesma
impossibilidade de discussão. Ao menos no que
se refere à minha proposta, que diverge
radicalmente daquilo que foi aprovado na
Subcomissão, parece-me haver necessidade de
uma discussão mais lata. Caso contrario, vai
acabar prevalecendo, exclusivamente, o Ex.ª que o conjunto de artigos substitui quase
pensamento do Relator. Assim. Ilegível demais
componentes da Subcomissão, alguma
outra forma de discussão um pouco mais
ampla, e não ficar apenas na análise do
relatório ou do anteprojeto apresentado. Coloco
o problema á consideração de V. Ex.ª
e dos demais membros da nossa
Comissão.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Sr. Constituinte Irajá
Rodrigues, o art. 23, § 2º, do Regimento diz o
seguinte:
"Fica vedada a apresentação de
emenda que substitua integralmente o Projeto ou
que diga respeito a mais de um dispositivo, a
não ser que se trate de modificações correlatas
(...)"
No meu entender, pois – e aqui
estamos abertos para a discussão – creio que,
se V. Ex.ª deseja apresentar emenda versando
sobre mais de um artigo, deverá fazê-lo
separadamente, de modo que, em cada um dos
casos, possa haver a discussão de três
minutos.
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ
RODRIGUES: – Seria a apresentação de
matéria em vários pedaços, se não fosse
correlata. Mas, como ela o e, tem que
ser apreciada em conjunto. Como ela dá
outro enfoque aos sistemas tributários e
de distribuição de receitas, e matéria que,
para ser rejeitada ou aprovada, precisa ser
discutida. Do contrário, chegaremos a
uma impossibilidade de fato. Quer dizer, ela não
pode ser acatada por falta de discussão e
também não pode ser rejeitada por falta de
discussão.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Mas eu diria o seguinte ao ilustre
Constituinte: se examinarmos o nosso sistema
tributário, por exemplo, veremos que todos os
artigos que o compõem são, no fundo, correlatos,
porque dizem respeito a matéria tributária.
Assim, tanto o artigo que veda à União, aos
Estados e aos municípios a criação de impostos
sobre bens, serviços e patrimônios uns dos
outros como o que trata do Fundo de
Participação versam assuntos de natureza
tributária, porém não são correlatos. Não há,
assim, necessidade de serem votados
conjuntamente. Veja V. Ex.ª um dispositivo que
diga o seguinte: "A União poderá, desde que não
tenham base de cálculo (...)"; ou seja, a União,
os Estados e os municípios poderão instituir
tributos que não sejam de sua competência
privativa, desde que não tenham base de cálculo
ou fato gerador idêntico a outros tributos. É um
artigo que faz parte do sistema tributário, mas
não tem correlação com aquele outro dispositivo
que trata da contribuição de melhoria. Assim, o
que se pode verificar – eu pediria a V. Ex.ª que
examinasse esse parágrafo – é que, quando se
trata de competência da União, Estados e
municípios, existe uma correlação, porque o que
é da competência privativa da União não será da
competência privativa do Estado e, certamente,
não será também do município. Mas acredito que
V. Ex.ª, com o seu tirocínio. verificará aquilo que
é correlato e aquilo que não o é. Do contrário,
teríamos a existência de outro substitutivo. E a
norma regimental é expressa, ao vedar a
apresentação da emenda que substitua,
integralmente, o projeto.
O SR. CONSTITUINTE
IRAJÁ RODRIGUES: – Posso dizer a V.
um terço do projeto, não o projeto.
São dispositivos de tal forma integrados que, se
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
forem apresentados e analisados em não se debruçariam sobre propostas feitas e
separado, perderão totalmente a já aprovadas em 24 subcomissões, muitas
significação. delas superpostas. Cito até um exemplo: na
O SR. PRESIDENTE (Francisco Subcomissão do Poder Legislativo existe todo
Dornelles): – Quero dizer a V. Ex.ª que, como um capítulo sobre o Tribunal de Contas que
Presidente, sou obrigado a me ater ao foi assunto da Subcomissão de Orçamento
Regimento. O Regimento prevê e Fiscalização Financeira. Então, para
encaminhamento da votação, dando a cada trabalharem com seriedade nesta
constituinte três minutos. Isso não depende Constituição, os Srs. Constituintes teriam
da minha vontade. Gostaria que o Regimento condições de ler, ao menos, oito anteprojetos
não fosse dessa forma. Infelizmente, é assim, das Comissões Temáticas e não perderiam
devo ater-me a ele. tempo com o que já foi discutido e aprovado.
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ Quer-me parecer que vamos incidir num bis
RODRIGUES: – Pergunto a V. Ex.ª se haveria in idem, estudar a mesma matéria já
possibilidade de realizarmos sessões para estudada, por cuja lição todos já passaram
discussão dessa matéria. sem castigo algum. Mas, por um erro de
O SR. PRESIDENTE (Francisco Regimento ou pela dureza do Relator ou do
Dornelles): – Sim, mas temos que realizá-las Presidente da Assembléia Nacional
até segunda-feira, quando acaba o prazo. Constituinte, vamos repetir o trabalho escolar.
Podemos convocar sessões especiais com E como se todos os Constituintes tivessem
essa finalidade. sido reprovados, devendo repetir o ano.
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ Apesar da liberalidade de V. Ex.ª,
RODRIGUES: – Segunda-feira? que aceitará todo tipo de trabalho tendo
O SR. PRESIDENTE (Francisco em vista o melhor, na hipótese de que
Dornelles): – Sim. Poderemos o Constituinte Irajá Rodrigues apresente
convocar essas sessões especiais para vinte emendas individuais sobre cada
amanhã ou segunda-feira, como V. Ex.ª artigo, só aí passaremos dez horas
desejar. discutindo essa matéria. E os outros
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ sessenta e três membros da
RODRIGUES: – Não entendo por que só até Subcomissão?
segunda-feira. O SR. PRESIDENTE (Francisco
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Teremos três dias para a
Dornelles): – Porque é esse o prazo votação.
estabelecido para a discussão. Diz o O SR. CONSTITUINTE MESSIAS
Regimento: GÓIS: – Três dias são 72 horas. Temos
"Na Comissão, os anteprojetos serão sessenta e três Srs. Constituintes.
distribuídos em avulsos a todos os seus O SR. PRESIDENTE (Francisco
membros, para, no prazo de 5 (cinco) dias Dornelles): – Constituinte Messias Góis,
seguintes, destinados à sua discussão, concordo plenamente com V. Ex.ª. Na minha
receber emendas." opinião, o Regimento da Assembléia Nacional
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ Constituinte deveria ter sido elaborado no
RODRIGUES: – Não a discussão; o prazo sentido de que, no momento em que o Relator
para apresentação de emendas sim. da Comissão apresentasse o seu substitutivo
O SR. PRESIDENTE (Francisco todos os Constituintes tivessem alguns
Dornelles): – É discussão das emendas. período para apresentar suas emendas. Mas
Posteriormente, no momento em que o não foi assim, nem na Comissão Temática,
Relator apresentar seu substitutivo, teremos nem na Comissão de Sistematização. De
apenas votação. modo que, a menos que o Presidente da
Com a palavra o Constituinte Messias Assembléia Nacional Constituinte modifique
Góis. esse Regimento, como Presidente desta
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS Comissão serei obrigado a cumpri-lo.
GÓIS: – Sr. Presidente, estou seriamente O SR CONSTITUINTE RAJÁ
preocupado com o erro, não sei se intencional RODRIGUES: – Estou satisfeito, Sr.
ou não, do Regimento. Mesmo com a Presidente. Vou fazer o que V. Ex.ª
liberalidade de V. Ex.ª, no sentido de aconselhou: cada artigo com seus parágrafos
conceder três minutos para a apresentação, uma emenda autônoma; e vou-me
somada a mais três minutos para contraditar, reportar...
parece-me que teremos seis minutos da O SR. PRESIDENTE (Francisco
discussão das emendas. No processo de Dornelles): – Três minutos de cada vez.
votação nominal, nunca teremos menos de O SR. CONSTITUINTE RAJÁ
meia hora para cada emenda. Ora, acredito RODRIGUES: – Três minutos de cada vez, ao
que o mais racional seria conseguirmos uma todo, darão sessenta minutos, o que nos
modificação do Presidente da Assembléia propiciará tempo para discutir toda a
Nacional Constituinte. S. Ex.ª já cometeu matéria.
alguns arbítrios; um a mais, um a menos não O SR. PRESIDENTE (Francisco
fará diferença. Se esses arbítrios fossem Dornelles): – Será uma honra para
cometidos para o bem de todos, até seriam nós, Constituinte Irajá Rodrigues, ouvir V.
desculpados por indulgência plenária. Nesse Ex.ª o maior prazo possível com que
sentido, o Relator da Comissão, dentro de nos puder brindar com seus
cinco, seis ou sete dias, apresentaria seu conhecimentos, sua capacidade e sua
anteprojeto e sobre ele a Comissão se experiência.
debruçaria. Isso evitaria, em primeiro lugar, a O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ
apresentação de milhares e milhares de RODRIGUES: – Muito obrigado.
emendas repetitivas; em segundo, evitaria O SR. PRESIDENTE (Francisco
despesa tremenda com xerox de Dornelles): – Com a palavra o Constituinte
matéria desnecessária – o que causaria Fernando Gasparian.
enorme desperdício de papel ilegível mais O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
ainda, daria seriedade ao trabalho GASPARIAN: – Sr. Presidente, em
constituinte. Assim, os Srs. Constituintes face da gravidade do
12
assunto, encaminho solicitação a V. Ex.ª no
que se refere à desinformação quanto aos
trabalhos da nossa Comissão, particularmente
da Subcomissão da qual fui Relator. Hoje,
enquanto assistia ao "Diário da Constituinte"
na televisão, recebi telefonema de muitas
pessoas, perguntando o que havia
acontecido. Isto porque o Líder do PDS,
Constituinte Amaral Netto, disse que estavam
destituindo relatores das comissões, entre os
quais o Constituinte Fernando Casparian. Se
fosse apenas esse aspecto, talvez não se
justificasse tomarmos o tempo da
Subcomissão para falar sobre o assunto. Mas
ocorre outro fato. Domingo, votamos o nosso
relatório, aprovado por unanimidade – e tenho
impressão de que isto não ocorreu em mais
que três das vinte e quatro subcomissões.
Creio que todas as propostas que estavam no
relatório da Subcomissão foram aprovadas, a
não ser uma que era sugestão do Relator e
outras duas que eu havia acolhido. Deste
modo, realmente não existe motivo algum
para que a imprensa, no seu noticiário,
proceda dessa forma – julgo até que o
Constituinte Amaral Netto foi apenas
enganado pelas informações que recebeu, e
não que tenha agido de má-fé – dando a
impressão de que o relatório foi derrubado, ou
que nem haja sido aprovado. Inclusive, devo
repelir aqui informações fornecidas à
imprensa, ontem, pelo Relator. Infelizmente,
S. Ex.ª não está presente hoje. Não estou
aproveitando para falar na sua ausência. S.
Ex.ª não está aqui, mas, se estivesse, eu
falaria da mesma forma, ou seja, que o
relatório da Subcomissão iria ser inteiramente
desconsiderado, porque teria enganado as
pessoas, utilizando-se de subterfúgios e
coisas desse tipo. A impressão era de que o
relatório seria estatizante, quando realmente
não é bem assim. Ao contrário, o relatório não
recomendava a estatização do crédito. Meu
voto também foi nesse sentido; houve ilustres
Constituintes que propuseram essa medida.
Mas essa sugestão não foi aprovada, não
constava no meu trabalho. Portanto, o
relatório foi aprovado dessa maneira, e não há
razão para haver essa campanha da imprensa
contra o trabalho da Subcomissão. Também
não há razão para que, antes de começarem
as discussões, o Relator da Comissão diga
que esse relatório da Subcomissão será
desconsiderado inteiramente porque,
inclusive, havia sido forjado. Tenho aqui o
jornal que trouxe essa notícia e faria até
questão de lê-lo. A matéria saiu em O Estado
de S. Paulo, um jornal respeitável. Esta a
minha consideração. Inclusive hoje o assunto
foi tratado na Folha de S. Paulo, no sentido
de que eu estaria sendo demitido da
Comissão. Está-se criando uma imagem
desvirtuada do relatório da Subcomissão, que
propõe, na verdade, para o Brasil, um sistema
financeiro que funcione dentro da economia
de mercado, quer dizer, dentro das boas
regras do regime capitalista, que consiga
reduzir gastos pela competição, onde haja
estabelecimento de créditos suficientes, em
que se acabe com o preço de carta-patente
etc. Quanto ao particular aspecto da venda de
carta-patente, por exemplo, um colega nosso,
Constituinte pelo Rio de Janeiro, Ronaldo
César Coelho, dono de um banco, disse-me
que gastou dez milhões de dólares para
comprar a sua. No entanto, adiantou que
estaria satisfeito se o relatório viesse a ser
aprovado, porque acha realmente um absurdo
esse sistema de se outorgar a carta-patente
13 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
no Brasil, fator que impede que os mais
competentes consigam crescer no setor.
Essas as considerações que eu queria aduzir.
Sr. Presidente, permita-me solicitar à Mesa a
concessão do mesmo tempo que foi
outorgado ao Constituinte Amaral Netto, para
que S. Ex.ª divulgasse uma notícia que não é
verdadeira neste programa "A Hora da
Constituinte". Eu gostaria de refutá-lo,
restabelecendo a verdade. Talvez até S. Ex.ª
tenha sido enganado. Não vou fazer nenhuma
agressão, porque talvez S. Ex.ª não mereça
as nossas críticas. Somente quero
restabelecer a verdade dos fatos, deturpados
na entrevista de S. Ex.ª àquele programa
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Sr. Constituinte Fernando
Gasparian, fui testemunha do esforço
desenvolvido por V. Ex.ª como Relator da
Subcomissão do Sistema Financeiro e do
trabalho realizado pela Subcomissão. Acho
que dificilmente poderíamos ter na
Assembléia Nacional Constituinte uma
subcomissão que realizasse obra tão intensa
e profunda como a Subcomissão do Sistema
Financeiro. O numero de audiências
realizadas talvez tenha sido o maior de todas
as subcomissões. Trabalhamos de manhã, à
tarde, à noite aos sábados e domingos.
Realmente o relatório apresentado por V. Ex.ª
merece o respeito de todos nos, que
integramos não somente a Comissão, como a
própria Assembléia Nacional Constituinte.
Ficamos verdadeiramente orgulhosos de ver
uma obra realizada com tanto cuidado, com
tanta profundidade, abrangendo todos os
assuntos compatíveis, tudo aquilo que deveria
ser discutido no campo do sistema financeiro.
Nesta Comissão, devemos dar oportunidade a
todos os Constituintes de defenderem o seu
ponto de vista, e terem ainda condições de
tentar incluir, no anteprojeto final da Comissão
aqueles pontos que consideram importantes.
Isso vamos fazer. A discussão será aberta e
democrática. Todos terão de defender suas
posições, ilegível, que farei um apelo à
Presidência da Assembléia Nacional
Constituinte para que seja dado a V. Ex.ª, no
programa de televisão relacionado com a
Constituinte, o tempo que for necessário para
que faça esse esclarecimento sobre o
pronunciamento do Líder do PDS,
Constituinte Amaral Netto.
O SR. CONSTITUINTE MAURO
CAMPOS: – Sr. Presidente, na oportunidade,
quero também solidarizar-me com o nosso
companheiro Fernando Gasparian, na medida
em que tivemos, desde o inicio, participação
efetiva na Subcomissão do Sistema
Financeiro. Quero dar o testemunho também
da maneira democrática, inteligente e liberal
com que o Relator se houve durante o
transcurso dos trabalhos. Fico muito à
vontade, inclusive, com o Constituinte
Fernando Gasparian, meu companheiro de
partido e de ideais também. Na proposta do
relatório tivemos até algumas divergências
importantes, segundo o ponto de vista do
Constituinte Fernando Gasparian. Mas
gostaria, em meu nome e acho que também
no de vários companheiros que participaram
deste trabalho, de repudiar qualquer tipo de
colocação como esta que o companheiro
Fernando Gasparian nos traz ao
conhecimento. Como Constituinte, devemos
ser solidários com S. Ex.ª Gostaríamos de
fazer esse registro para que ilegível Relator
ficasse salvaguardada ilegível dessa
natureza.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Faço minhas as palavras do
ilustre Constituinte Mauro Campos. Vou
interceder junto à Presidência da Assembléia
Nacional Constituinte para que esse tempo
seja dado ao ilustre Constituinte Fernando
Gasparian.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – Sr. Presidente. gostaria que
V. Ex.ª, já que o Relator José Serra está
presente agora, e para que o ambiente na
Comissão ficasse melhor, me permitisse ler o
que saiu no jornal a fim de que S. Ex.ª
confirmasse ou desmentisse o que aqui está
dito:
"O Relator deverá manter a sua
posição relativa ao sistema tributário e
orçamentário, e haverá profundas mudanças
no anteprojeto do sistema financeiro, cujo
Relator. Fernando Gasparian, conduziu os
trabalhos de modo contrário ao pensamento
da maioria. Ele conseguiu, através de
manobras, uma série de restrições ao
funcionamento das instituições bancárias,
financeiras, aumentando consideravelmente a
importância dos bancos estatais,
principalmente o Banco do Brasil."
Como realmente são afirmações
graves, de que eu teria feito manobras,
gostaria que S. Ex.ª nos esclarecesse. Não
entraria nesse assunto se não estivesse na
presença de S. Ex.ª. Acho que, ou S.
Ex.ª desmente esse noticiário, ou, então,
confirma e vai ter de provar que tipo de
manobras eu fiz no sentido publicado por
aquele jornal.
O SR. PRESIDENTE
(Francisco Dornelles): – Sr. Constituinte, o
objetivo desta reunião é discutir tema
pertinente à votação do anteprojeto. De modo
que o assunto levantado por V. Ex.ª, tratando
de matéria publicada na imprensa, não cabe
ser discutido nesta Comissão.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – Estou falando isso fora
do tema dos nossos trabalhos. Não
tenho nem esse direito, mas estou
trazendo o problema à baila, para ver
se, melhor esclarecido o assunto,
podemos desanuviar o ambiente nesta
Comissão.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Quero pedir a V, Ex.ª para
se cingir, durante as nossas reuniões, ao
assunto para o qual foram convocadas. Devo
dizer a V. Ex.ª, Constituinte Fernando
Gasparian, que o ambiente que estamos
sentindo em todas as Subcomissões, como
nesta Comissão, é o melhor possível. Acho
que o objetivo dos nobres Constituintes é
permitir que os temas focalizados sejam
amplamente discutidos e que a maioria decida
como deve ser o projeto final desta
Comissão. Se V. Ex.ª me permitisse, eu
preferia que o assunto que V. Ex.ª abordou
não fosse discutido dentro desta
Comissão.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – Perfeitamente. Agradeço a
V. Ex.ª também o fato de fazer essa
gestão junto ao Presidente da
Assembléia Nacional Constituinte, para
conseguir que eu retifique a inverdade
que, talvez involuntariamente, o Líder do
PDS proclamou, quando hoje compareceu
à entrevista na televisão, na hora do
almoço.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Farei essa solicitação à Mesa.
Com a palavra o Relator, Constituinte José
Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Quero fazer o seguinte esclarecimento: em
primeiro lugar, não procede a notícia de que o
Relator teria feito isso ou aquilo. São
relatórios elaborados pelas Subcomissões,
que agora estão num plenário maior. Cada
Comissão terá dois terços a mais de pessoas
discutindo diferentes temas. Teremos dias de
discussão, de apresentação de emendas e de
troca de idéias. O relatório que farei no final
expressará essa média de idéias e, como
ocorre com todos os relatórios, marcará
também posições que, embora sejam do
Relator, representarão, sobretudo, a média da
Comissão. Quero dizer que, ao longo do
nosso trabalho, tive oportunidade de participar
de discussões sempre quando solicitado.
Ninguém ignora, por exemplo, que participei
bastante das discussões da Subcomissão do
Sistema Tributário. Foi pedido do Presidente
da Subcomissão, foi pedido do Relator, de
diversos companheiros etc. No caso da
Subcomissão do Sistema Financeiro, isso não
ocorreu. Portanto, minha participação foi
mínima, exceto em algumas reuniões. Só
emiti opiniões – digo isso porque a imprensa
publicou, inclusive, declarações em sentido
contrario – quando expressamente solicitado,
e advertindo que não queria fazer qualquer
espécie de condicionamento, em termos
de voto. Aliás, isso foi expressamente
assegurado pelos Deputados em referência,
em declarações feitas. Os membros desta
Comissão são testemunhas de que não houve
interferência de minha parte. Além do mais,
qualquer Constituinte tem o direito de opinar
sobre tudo. Apesar disso, ainda tive o cuidado
de não fazê-lo. Creio que devemos ter uma
discussão franca, aberta, sem perspectiva de
conspirações, de confronto de idéias.
O importante é que aprovemos coisas
boas para o País e que não usemos isto ou
aquilo para caluniar colegas, para
conspirar, enfim, não podemos aprovar
matérias que não sejam de interesse dos País
e da Nação. Este é o meu espírito: de total
abertura para com todos os membros da
Comissão. O que quero, realmente, é que
possamos discutir, trocar idéias e ver o que é
melhor para o Brasil. Esta, a minha
intenção.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Srs. Constituintes, até segunda-
feira, à meia-noite, teremos prazo para
apresentação de emendas e sua discussão. O
Relator terá prazo até o dia 8 para apresentar
o seu substitutivo. No momento em que esse
substitutivo for apresentado aos Srs.
Constituintes. V. Ex.ª poderão examina-lo. No
dia 10, começará a votação. Acredito que o
processo mais democrático seja o de ilegível
Constituinte, no momento em que começar a
votação – repetiremos uma vez mais o
procedimento que adotaremos – pedir
destaque para dispositivos do anteprojeto da
Subcomissão que não foram incluídos no
substitutivo do Relator, ou seja, se qualquer
artigo que figure no anteprojeto da
Subcomissão não figurar no substitutivo do
Relator, o Constituinte poderá pedir a sua
inclusão, podendo defender esse pedido, e
essa inclusão será discutida pela Comissão.
Poderá pedir destaque para artigos do
substitutivo do Relator e para emendas
apresentadas na Comissão e não acolhidas
pelo Relator. Perguntaria se estariam de
acordo. Deputado Walmor de Luca?
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES) 14

O SR. CONSTITUINTE WALMOR
DE LUCA: – Nada a opor. Só lembraria
que, para dar objetividade aos nossos
trabalhos, deveríamos ater-nos às normas
regimentais. Se não o fizermos. correremos
o risco de nos perder, tendo em vista a
experiência das Subcomissões, com menor
número de componentes. Lá, eram vinte,
vinte e um, aqui, somos sessenta e três, e,
naturalmente. o número de inscritos e
debatedores será muito maior. As normas
regimentais deverão ser cumpridas
rigorosamente pela Mesa. Pediria ao
Presidente que, neste ponto, não fosse
liberal, deixando a liberalidade para outros
momentos que não os das discussões,
porque isso acabaria atrapalhando os
nossos trabalhos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Agradeço muito a V. Ex.ª
O Presidente não tem outra alternativa,
a não ser fazer cumprir as normas do
Regimento. V. Ex.ª esteve ausente quando
da discussão entre os Presidentes das
demais Comissões. Ficou estabelecido
que cada Constituinte tem liberdade para
defender sua posição. A situação é a
seguinte: V. Ex.ª tem hoje em seu poder
três anteprojetos. Poderá acontecer que
uma emenda apresentada por V. Ex.ª
na Subcomissão tenha sido acolhida
pelo Relator, pela Subcomissão, e figure
no anteprojeto da Subcomissão. V. Ex.ª,
certamente, não apresentará emenda
àquele artigo, porque a sua atribuição
foi acolhida. Mas qual seria a situação de
um Constituinte, ao verificar que o
substitutivo do Relator não acolheu aquele
dispositivo de seu interesse que estava no
anteprojeto da Subcomissão. e, porque
estava não recebeu emenda? Nesse
caso, admitirei que se peça a inclusão
daquele dispositivo que figurava no
anteprojeto da Subcomissão, na votação
da Comissão.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR
DE LUCA: – Seria automaticamente
incluído como matéria de destaque
então?
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Destaque para inclusão.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR
DE LUCA: – Como matéria de destaque,
de acordo com o Regimento, poderão falar
dois a favor e dois contra?
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Não. neste caso, um a favor
e um contra. É o Regimento, como V. Ex.ª
deseja.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Eu me permitiria esclarecer que esta
Comissão resguarda os nossos interesses e
dá mais peso aos trabalhos das
Subcomissões. Se isso não acontecesse, o
que ocorreria? Suponhamos que um Relator
faça um relatório – as emendas são
oferecidas sobre os relatórios das
Subcomissões – e esse relatório não receba
emendas. Se não se levassem em conta
os relatórios das Subcomissões, certas
questões, conforme o caso, poderiam não
voltar á nossa apreciação. De maneira que
me pareceu uma decisão democrática, no
sentido de levar em conta aquilo que as
Subcomissões fizeram. Essa foi uma
posição que, na verdade. esta Comissão
defendeu, através do seu Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Gostaria de adicionar que
essa decisão está em conformidade com o
Regimento. Vamos admitir suponhamos que
V. Ex.ª tenha uma emenda e que outros
Constituintes tenham emendas parecidas.
De repente poderá aparecer uma quarta
emenda, que reúna alguma coisa das três,
mais adequada e não exatamente igual à
primeira etc. Estou imaginando uma
hipótese que poderá concretizar-se. Esse é
um trabalho de síntese, que cabe ao Relator
fazer. Por hipótese. poderá haver alguma
outra matéria que se considere não seja
objeto de tratamento constitucional. Por
exemplo: uma opinião que seja dada. Isto,
eventualmente, pode ficar fora e ser
reincluída no trabalho final. Direi, se alguém
fizer a proposta da inclusão de tal tema, se a
razão foi esta. Tudo isto será submetido ao
conjunto da Comissão. Agora, a minha ,
intenção, realmente, é trabalhar com base
nas emendas dos nobres colegas.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Gostaria de dizer ao ilustre
Constituinte João Machado Rollemberg que
S. Ex.ª terá sempre a oportunidade de
pedir destaque para qualquer artigo do
substitutivo do Relator, solicitando sua
votação em separado.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Agora. vou estar aberto a todas as
iniciativas dos nobres colegas. E gostaria,
independentemente de discussões
conjuntas que façamos, de conversar com
cada um, na medida em que o tempo o
permitir. Quero dizer, inclusive, que vou
tomar iniciativa – já comecei a fazer isto –
de procurar pessoas, grupos etc., para
trocar idéias, ouvir o que os outros pensam
e dizer o que estou pensando. Não há troca
de idéias possíveis, se não se explicitam os
pontos de vista de cada um.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Concedo a palavra ao nobre
Constituinte Rubem Branquinho.
O SR. CONSTITUINTE RUBEM
BRANQUINHO: – Sr. Presidente, Sr.
Relator. Srs. Constituintes, pelo que estou
entendendo, pelas normas vigentes, o
Relator José Serra se baseará nos relatórios
das Subcomissões e, concomitantemente,
nas emendas a serem apresentadas.
Parece-me. então, que de nada adiantaram
os relatórios, as lutas, as discussões e as
votações das Subcomissões, porque o
trabalho final da Comissão se baseará
nesses relatórios e em emendas das
próprias Subcomissões. Acho, assim, que,
neste caso, foram reduzidos praticamente a
zero os relatórios das Subcomissões,
porque o Relator se baseará em emendas
apresentadas nas Subcomissões. Hoje,
debatendo esse assunto na Comissão de
Organização dos Poderes, pedíamos ao
Relator que, até informalmente, admitisse
emendas ao seu projeto substitutivo e que
S. Ex.ª se baseasse mais nos relatórios
das Subcomissões, o que foi admitido e
aceito. Assim, de maneira informal, nos
próximos dias 9 e 10, a Comissão da
Organização dos Poderes admitirá
apresentação de emendas ao próprio
relatório do Relator da Comissão Temática.
Consulto V. Ex.ª se não seria possível
utilizarmos um sistema semelhante, até
para dar mais validade aos próprios
relatórios, pelos quais tanto lutamos nas
Subcomissões.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornells): – Sr. Constituinte Rubem
Branquinho. V. Ex.ª não estava presente no
momento em que discutimos esse assunto.
O Regimento não admite emendas ao
substitutivo: Mas o trabalho realizado pelas
que tenhamos um anteprojeto de uma
Subcomissão: o Relator só irá retirar um
artigo do anteprojeto da Subcomissão se
houver uma emenda supressiva, que ele
acolheu. Poderia chegar a outro caminho,
se pedisse destaque para a emenda
supressiva. Caso esta fosse rejeitada seria
restabelecido o artigo que figurou no
anteprojeto da Subcomissão, De modo que
essa decisão não modifica o Regimento;
apenas dá maior facilidade a cada
Constituinte de ao invés de procurar aquela
emenda supressiva, em que se baseou o
Relator da Comissão para retirar o artigo
que foi aprovado, simplesmente pedir a sua
inclusão, sem precisar referir-se à emenda
supressiva, cuja aceitação teve, como
decorrência, a retirada de um artigo que
figurava no anteprojeto da Subcomissão.
Acredito que, dessa maneira, estaremos
totalmente coerentes e obedecendo ao
Regimento da Assembléia Nacional
Constituinte. Daremos oportunidade a cada
Constituinte de defender a sua posição,
seu ponto de vista, pois nosso objetivo é
fazer um anteprojeto que tenha a
aprovação da maioria dos membros desta
Comissão.
Com a palavra o Constituinte João
Machado Rollemberg.
O SR. CONSTITUINTE JOÃO
MACHADO ROLLEMBERG: – Sr.
Presidente, ficou bastante clara a posição de
V. Ex.ª na condução da votação. Indagada,
se V. Ex.ª me permitir, se o Relator poderá
apresentar artigos que não foram objeto de
emendas e se poderá apresentar também
um projeto substitutivo a todo o projeto
aprovado pela Subcomissão?
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – De acordo com o Regimento.
o Relator poderia á incluir no seu
substitutivo assunto que não foi submetido
à discussão na Subcomissão. Acredito que
será essa uma decisão do Relator. Quanto
mais se ativer àqueles dispositivos, àqueles
artigos da Subcomissão, mais democrático
será esse procedimento.
15 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. RELATOR (José Serra): –
Procurarei basear-me nas emendas.
Temos uma Comissão Temática de
sessenta e tantos membros. É muito
provável que os quarenta membros, que
não pertenciam à Comissão determinada,
queiram expressar-se agora – e é legítimo
– sob a forma de emendas, sugestões etc.,
sobre a parte em que não opinaram, isto é,
as questões tributárias, financeiras ou
orçamentárias. De maneira que a
resultante do nosso trabalho acompanhará
o que resultar da opinião desses sessenta
Constituintes. E teremos sempre a última
instância – que é, afinal, a da votação –
para espelhar, com fidelidade. como se
orientará a Comissão. Está certo?
O SR. CONSTITUINTE JOÃO
MACHADO ROLLEMBERG: – Gostaria
apenas de dizer que não estou
questionando o direito e a faculdade,
sobretudo em respeito à cultura de V. Ex.ª,
que tem de apresentar uma idéia nova.
Estou querendo apenas me situar, para
que possa pretender apresentar algumas
emendas e no pressuposto de que V. Ex.ª
poderá ou não apresentar emendas
pessoais que vão ser apreciadas por V.
Ex.ª.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Vou basear-me nas emendas dos
Constituintes. Este será o meu método de
trabalho. Para efeito de raciocínio,
Subcomissões será totalmente discutido.
Temos a seguinte situação: todas as
emendas, artigos etc., da Subcomissão que
figurarem no seu relatório, só poderão ser
suprimidas do substitutivo do Relator
através de emenda supressiva. No
momento poder-se-ia pedir destaque para
emenda supressiva e, nesse caso, discutir
a inclusão, no trabalho final, do artigo do
relatório do anteprojeto da Subcomissão.
Simplesmente para dar maior objetividade
e facilidade ao trabalho, a qualquer artigo
do anteprojeto da Subcomissão que não
tiver sido incluído no Substitutivo do
Relator, o Constituinte poderá pedir
destaque, para que seja aproveitado. Desta
maneira, teremos sempre presentes os
anteprojetos elaborados por cada uma das
Subcomissões.
O SR. CONSTITUINTE RUBEM
BRANQUINHO: – Entendo. Sinceramente,
é lamentável que, no Regimento – talvez
seja um erro do passado – tivéssemos
aprovado essa sistemática.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Concordo plenamente com
V. Ex.ª Acho que o Regimento deveria ter
sido redigido de outra maneira. Pergunto a
V. Ex.as se podemos encerrar a reunião de
hoje e se algum Constituinte deseja que
seja convocada antes de segunda-feira
alguma outra, para que sejam debatidos
quaisquer assuntos que julgarem
convenientes.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR
DE LUCA: – Naturalmente que a
Comissão, neste momento, devera estar
recebendo emendas.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Já começamos a fazè-lo.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR Wilson Campos, Jovanni Masini, Flávio
DE LUCA: – Então. acho que até segunda- Rocha, Furtado Leite e desse Freire.
feira, extra-oficialmente, já poderemos Sala da Subcomissão, 19 de maio
estar reunidos e debatendo algumas de 1987. – Benício Mendes Teixeira,
dessas emendas. Isto poderia ajudar a Secretario.
próprio Relator a formar uma opinião, que
não seria só dele, mas do próprio plenário. TERMO DE REUNIÃO
Então, proponho que, segunda-feira,
independentemente de prazos e, inclusive, A Subcomissão de Orçamento e
de resoluções, não como votação, Fiscalização Financeira deixou de reunir-se
pudéssemos abrir a discussão dessa no dia 19 de maio de 1987, às 17 h, por
matéria. falta de quorum.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Estiveram presentes os Senhores
Dornelles): – Concordo com V. Ex.ª e Constituintes titulares João Alves, Presidente;
sugiro que possamos convocar essa José Luiz Mais, Relator: Jovanni Masini.
reunião, independente de quorum. Furtado Leite, Feres Nager e Fábio
Raunheitti. Estiveram ausentes os Senhores
O SR. CONSTITUINTE WALMOR Constituintes titulares Cairel Benevides e
DE LUCA: – Exato, porque a sessão não João Natal. Vice-Presidentes; Carlos De'Carli,
teria caráter deliberativo. Firmo de Castro. João Carlos Bacelar, José
O SR. PRESIDENTE (Francisco Guedes, Lézio Sathler, Naphtali Alves, Wilson
Dornelles): – Concordo plenamente Campos. Flávio Rocha e Jessé Freire.
com V. Ex.ª, porque acho importante Sala da Subcomissão, 19 de maio
podermos trocar pontos de vista e de 1987. – Benício Mendes Teixeira.
idéias. Secretário.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR
DE LOCA: – Sr. Presidente, acredito COMISSÃO DO SISTEMA TRIBUTÁRIO,
que, se a reunião não tem caráter ORÇAMENTO E FINANÇAS
deliberativo, poderia ser feita pela
manhã. 4ª Reunião, realizada no da 1º de
Junho de 1987.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Então, na segunda-feira, Ao dia primeiro do mês de junho do
faremos uma reunião as 10 horas é outra ano de mil novecentos e oitenta e sete,
às 15 horas. às dez horas e cinqüenta minutos, no plenário
O SR. CONSTITUINTE JOÃO da Comissão do Sistema Tributário,
NATAL: – Sr. Presidente, se fosse Orçamento e Finanças, reuniu-se esta
possível, creio seria de bom alvitre, ate Comissão, sob a Presidência do Constituinte
por antecipação, se houver cópias Francisco Dornelles, presentes os seguintes
suficientes, tomarmos conhecimento das Constituintes, membros efetivos: Ruberval
propostas que estão consubstanciadas Piloto, Basílio Villani. Darcy Deitas, Adroaldo
nas emendas já apresentadas. Inclusive, Streck. Bento Gama, Geraldo Fleming, Jesus
caso haja na Secretaria também Tajra, Feres Nader. Messias Góis, João
exemplares suficientes dos relatórios Alves, Sérgio Werneck. Jutahy Magalhães,
das Subcomissões que integram esta Divaldo Suruagy, Fernando Bezerra Coelho,
Comissão, sena interessante passar todo José Carlos Vasconcellos, Naphtali Alves,
esse material ás mãos dos componentes Nion Albernaz, Fernando Gasparian, José
desta Comissão. Maria Eymael, Lézio Sathler e desse Freire; o
suplente: Rubem Branquinho. O Senhor
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Presidente declarou iniciados os trabalhos
Dornelles): – Peço à Secretaria da
destinados à discussão dos Anteprojetos das
Comissão que, à medida que as emendas
Subcomissões, e solicitou fosse dispensada a
foram sendo apresentadas, sejam
leitura da Ata da reunião anterior, que foi
distribuídas cópias a cada membro da
considerada aprovada. A seguir, fez alguns
Comissão.
esclarecimentos sobre a sistemática dos
Está encerrada a sessão. trabalhos a serem desenvolvidos, a saber: às
vinte e quatro horas do dia de hoje encerrar-
TERMO DE REUNIÃO se-á o prazo de apresentação de emendas
aos Anteprojetos, aprovados pelas
A Subcomissão de Orçamento e Subcomissões: até o dia seis do corrente,
Fiscalização Financeira deixou de reunir-se deverá o Relator entregar o Substitutivo por
no dia 19 de maio de 1987, às 10 h. por ele elaborado, ocorrendo no dia sete a
falta de quorum. distribuição dos avulsos do mesmo; nos dias
Estiveram presentes os Senhores oito e nove do corrente poderão os
Constituintes titulares João Alves, Constituintes apresentar emendas ao
Presidente; José Luiz Mala. Relator; Substitutivo do Relator, devendo o mesmo
Firmo de Castro, Naphtali Alves, Feres apreciá-las nos dias dez e onze do corrente;
Nader e Fábio Raunheitti. Estiveram finalmente, nos dias doze, treze e quatorze, a
ausentes os Senhores Constituintes matéria será submetida à votação. O
titulares Carrel Benevides e João Natal, Constituinte Darcy Deitas indagou da
Vice-Presidentes; Carlos De'Carli, João Presidência se as mudanças ocorridas na
Carlos Bacelar, Lézio Sathler, José sistemática dos trabalhos eram regimentais,
Guedes. tendo o Senhor Presidente esclarecido
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
que visavam, sobretudo, a uma maior
discussão e participação dos Constituintes
conforme entendimento da Presidência da
Assembléia Nacional Constituinte. A seguir, o
Senhor Presidente comunicou ao plenário a
possibilidade de serem convidados Ministros de
Estado, nos termos do que dispõe o Regimento
da Assembléia Nacional Constituinte, dizendo,
inclusive. que o período de discussão encerrar-
se-á hoje. O Constituinte Messias Góis disse
da validade da discussão para o daquele Órgão. Ao final, teceu considerações
aprimoramento do trabalho, objetivando maior
transparência do mesmo, o Constituinte Rubem
Branquinho apoiou fossem convidados
Ministros de Estado e Autoridades a prestarem
esclarecimentos à Comissão, tendo o Senhor
Presidente declarado ser altamente benéfico
para os trabalhos. O Constituinte Benito Gama
sugeriu fossem convidados o Ministro da
Fazenda e o Presidente do Banco Central do
Brasil. para comparecer à Comissão tendo o
Constituinte Adroaldo Streck alertado para a
importância de um debate franco e aberto.
convidando dois ou três eminentes tributaristas,
familiarizados com o tema, objeto desta
Comissão. O Constituinte Sérgio Werneck
acompanho a proposta do Constituinte Messias
Góis com a ressalva do Constituinte Adroaldo
Streck e sugeriu o nome do Doutor João do
Carmo Oliveira – Técnico do IPLAN/IPEA. da
Secretária de Planejamento – Seplan, como
convidado da Comissão. O Senhor Presidente
esclareceu que contatos seriam feitos com a
Seplan e com o Banco do Brasil para
formulação de convites a técnicos
especializados no assunto. O Constituinte
Adroaldo Streck disse de notícias circulantes
no Rio Grande do Sul relacionadas a privilégios
concedidos pela Comissão à determinadas
regiões em detrimento de outras, dizendo que,
caberia ao Presidente esclarecer a opinião
pública através da Imprensa. Segundo o
Senhor Presidente. isto sempre acontece
quando se discute receita tributária.
ressaltando que todos os assuntos deverão ser
amplamente discutidos. O Constituinte Darcy
Deitos Indagou da Presidência se o Relator,
Constituinte José Serra, já teria feito alguma
exposição sobre o trabalho das Subcomissões
com o objetivo de dar conhecimento do seu
pensamento sobre o mesmo, tendo o Senhor
Presidente informado ter feito um exame
profundo sobre o trabalho, procedimento que,
certamente. seria o mesmo do Relator. Em
seguida o Senhor Presidente comunicou ao
plenário que atendendo solicitação do
Constituinte Walmor de Luca, cópias das
emendas apresentadas estavam sendo
encaminhadas a todos e suspendeu a
Reunião, as onze horas e dez minutos,
convocando os membros da Comissão
para reiniciar os trabalhos às quinze horas.
Reaberta as dezesseis horas e cinco
minutos. o Senhor Presidente comunicou
ao plenário, reunião a realizar-se amanhã
às dezessete horas. com a presença do
Doutor Andréa Sandro Calabi, Secretário do
Tesouro Nacional e. ainda. ter contatado
o Relator. Constituinte José Serra, conforme
solicitação pela manhã. O Constituinte
Darcy Deitos comunicou a apresentação de
cinco emendas: duas à Subcomissão de
Tributos. Participação e Distribuição das
Receitas e três à Subcomissão do Sistema
Financeiro, inclusive a reapresentação de
emenda propondo a estatização do Sistema
Financeiro Nacional. O Constituinte Fernando
Gasparian agradeceu a interferência do
Constituinte Francisco Dornelles junto
à Presidência da Assembléia Nacional
Constituinte no episodio envolvendo-o e o
Constituinte Amaral Neto, quando teve
oportunidade de usar o Programa da
Constituinte para defender o Anteprojeto da
Subcomissão do Sistema Financeiro, da qual é
Relator. Indagou da possibilidade de um debate
com a presença do Relator da Subcomissão de
Tributos, Participação e Distribuição das
Receitas para discutir alguns temas específicos
sobre o Anteprojeto de sua autoria,
manifestando a satisfação dos pequenos
banqueiros com a extinção da carta-patente. O
Senhor Presidente, ao dizer que nada fez além
da sua obrigação. interferindo a favor do
Constituinte Fernando Gasparian, ressaltou o
trabalho de grande profundidade elaborado, o
qual continuara sendo objeto de grandes
debates e estudos aprofundados na Comissão.
O inteiro teor dos debates foi gravado e, depois
de traduzido e datilografado, ficará arquivado
na Comissão, publicando-se a íntegra no a
mais havendo a tratar, o Senhor Presidente
encerrou a reunião às dezesseis horas e
quinze minutos, renovando convite para outra a
realizar-se amanhã às dezessete horas. E,
para constar, eu, Maria Júlia Rabello de Moura,
Secretária, lavrei a presente Ata que, depois de
lida e aprovada, será assinada pelo Senhor
Presidente.
Sala da Reunião, em 1º de junho de
1987. – Constituinte Francisco Dornellles.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Havendo número regimental,
declaro aberta a reunião da Comissão do
Sistema Tributário, Orçamento e Finanças. É
uma satisfação muito grande abrir esta reunião
para a discussão de assuntos relacionados
com os anteprojetos das Subcomissões de
Tributos, Participação e Distribuição de
Receitas: de Orçamento e Fiscalização
Financeira; e do Sistema Financeiro. Quero
dizer a V. Ex.ª que, nesta manhã, o Dr. Paulo
Affonso me comunicou que houve modificação
na sistemática de trabalho que iria vigorar para
a votação do substitutivo do ilustre Relator. De
acordo com a nova proposta, o prazo para a
apresentação de emendas termina hoje à
meia-noite. O Sr. Relator deverá apresentar e
entregar o seu substitutivo até o próximo
sábado. No domingo, o substitutivo será
publicado e distribuído. Na segunda e na terça-
feira, estará aberto o prazo para a
apresentação de emendas ao substitutivo. Nos
dias 10 e 11, portanto, o Sr. Relator deverá
opinar sobre as emendas. Nos dias 12 a 15,
será realizada a votação. De modo que houve
essa modificação. A votação que deveria ser
feita nos dias 10 e 12 será realizada do dia 12
ao dia 15. Portanto, repetindo, o prazo para
apresentação de emendas aos anteprojetos
aprovados pelas subcomissões termina hoje, à
meia-noite. No dia 6 de junho. sábado, o Sr.
Relator apresentará o seu substitutivo. No dia
7, domingo, os avulsos serão distribuídos. Nos
dias 8 e 9, estará aberto novo prazo para a
apresentação de emendas ao substitutivo do
Sr. Relator. Nos dias 10 e 11, quarta e quinta-
feira, o ilustre Relator deverá apreciar as
emendas apresentadas ao seu substitutivo. E a
votação se dará nos dias 12, 13 14. Esta a
decisão tomada pela Presidência da
Assembléia Nacional Constituinte, que me foi
comunicada hoje de manhã pelo Sr. Secretário
Paulo Affonso.
O SR. CONSTITUINTE DARCY
DEITOS: – Sr. Presidente, peço a palavra
pela ordem.
16
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Concedo a palavra a V. Ex.ª,
pela ordem.
O SR. CONSTITUINTE DARCY
DEITOS: – Sr. Presidente. gostaria que V.
Ex.ª me esclarecesse se o Regimento interno
prevê essas mudanças. Qual a interpretação
de V. Ex.ª a esse respeito?
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Ilustre Constituinte Darcy
Deitos, o Regimento Interno não prevê a
apresentação de emendas ao substitutivo. No
entanto, como se trata de decisão tomada
pela Presidência da Assembléia Nacional
Constituinte, que não restringe o prazo de
apresentação, mas aumenta a participação
dos Srs. Constituintes, permitindo ampla
discussão do anteprojeto e do substitutivo,
creio que não cabe a está Presidência se opor
a uma medida de cunho mais liberal.
O SR. CONSTITUINTE DARCY
DEITOS: – Correto. Apenas desejava esse
esclarecimento, Sr. Presidente, porque já
houve modificações no decorrer da votação
nas subcomissões. Foram tomadas, inclusive,
algumas medidas pela Mesa que
contrariavam os dispositivos regimentais. À
guisa de esclarecimento e para conhecimento
dessas deliberações da Mesa, é que fiz a
pergunta a V. Ex.ª.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Na reunião de sexta-feira,
tínhamos pensado na abertura de maiores
possibilidades de discussão, porque, no
momento em que o Sr. Relator oferecesse
seu substitutivo, iríamos permitir a
apresentação de destaques para os artigos
dos substitutivos para as emendas
apresentadas aos anteprojetos de cada uma
das subcomissões e de pedidos para a
inclusão de artigos dos anteprojetos das
subcomissões que tivessem sido suprimidas
pelo Relator. Mas acredito que agora, com a
nova modificação. ou seja, com a
possibilidade de serem apresentadas
emendas ao substitutivo do Sr. Relator,
voltamos àquela interpretação que permite o
pedido de destaque para artigos do
substitutivo do Sr. Relator e para as
emendas apresentadas ao substitutivo do Sr.
Relator.
O SR. CONSTITUINTE DARCY
DEITOS: – Entendo que essa mudança veio
melhorar a discussão do anteprojeto que sairá
desta comissão e será remetido à Comissão
de Sistematização. Parece-me que assim se
dará oportunidade para que não fiquemos
restritos apenas à votação dos destaques,
como foi feito na primeira rodada.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Nobre constituinte. não entendi
a colocação de V. Ex.ª.
O SR. CONSTITUINTE DARCY
DEITOS: – Entendo que, muito embora
possa contrariar o Regimento Interno, essa
medida, de acordo com os esclarecimentos
feitos por V. Ex.ª, possibilitará a
participação dos Srs. constituintes na
apresentação de emendas ao relatório
apresentado pelo nobre Relator José Serra.
Não tivemos essa oportunidade na primeira
rodada, quando apenas pudemos solicitar a
votação dos destaques das emendas, que
poderão ser apresentadas diretamente ao
Sr. Relator. Constato que houve melhora
nesse sentido.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Na realidade,
ilustre constituinte, considerando
17 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
que houve a apresentação de um relatório na
subcomissão, de um substitutivo, e que houve
a apresentação de emendas, no fundo a
sistemática chega a ser quase a mesma. De
qualquer maneira, haverá mais tempo para os
Srs. constituintes conhecerem o substitutivo do
Sr. Relator e oferecerem emendas com maior
objetividade. Pergunto aos Srs. constituintes
se, durante a semana, seria conveniente
convidarmos para participar de algumas
reuniões elementos principalmente do próprio
Governo, que poderiam discutir conosco
aspectos específicos de cada um dos
anteprojetos das subcomissões. Gostaria de
saber a opinião, a posição de cada um dos Srs.
constituintes a esse respeito. No caso,
convidaríamos autoridades do Ministério da
Fazenda para aqui comparecerem. De acordo
com o Regimento, durante esse período,
podemos convidar, para participar das
discussões, Ministros ou dirigentes de órgãos
governamentais. O artigo específico diz: "Os
Ministros de Estado e dirigentes de entidades
da administração pública poderão comparecer
perante as comissões, quando devidamente
convidados para prestarem informações acerca
de assunto relacionado com a elaboração do
as
projeto de constituição." Pergunto a V. Ex.
como vêem esse dispositivo? Poderemos fazer
essa convocação durante esta semana, até
quinta-feira? Gostaria de saber qual a opinião
de cada um dos Srs. constituintes. Adicionaria
ainda que o período de discussão deveria
terminar hoje. Mas, como houve nova abertura
de prazo para apresentação dessas emendas,
teremos mais dois dias para ouvir alguma
autoridade governamental. Assim, quero ouvir
a opinião de cada um dos Srs. constituintes
acerca do art 16 em referência.
Concedo a palavra ao nobre
Constituinte Messias Góis.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS
GÓIS: – Sr. Presidente, acho válido qualquer
debate que venha aprimorar nossos
trabalhos. Tudo que pudermos "sugar" – entre
aspas – para aprimorar o trabalho da
Constituição será válido. Daí por que qualquer
ponto controverso poderá ser levado a
debate, a fim de que o trabalho desta
comissão seja o mais transparente possível,
para que tenhamos condições de oferecer a
nação brasileira o que ela espera de nós.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Concedo a palavra ao nobre
Constituinte Rubem Branquinho.
O SR. CONSTITUINTE RUBEM
BRANQUINHO: – Sr. Presidente, também
apoio, incondicionalmente, esses convites.
Isso possibilitará maiores esclarecimentos,
especialmente, num nível mais alto, ou seja,
ouvindo Ministros de Estado, Secretário-
Geral, Secretário do Ministério da Fazenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – A interpretação do art 16,
obrigatoriamente, se restringe a Ministros de
Estado e dirigentes de entidades da
administração pública. Esta fase está limitada
justamente a essas pessoas.
O SR. CONSTITUINTE RUBEM
BRANQUINHO: – Concordo com V. Ex.ª.
Acho que isto seria altamente benéfico para
os nossos trabalhos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Farei gestões ainda esta
manhã e, na parte da tarde, já
poderei comunicar ao Plenário quais as
pessoas convidadas que aceitaram participar
dos debates na nossa comissão.
Concedo a palavra ao nobre
Constituinte Benito Gama.
O SR. CONSTITUINTE BENTO
GAMA: – Sr. Presidente, no caso, seria
interessante convidarmos. especificamente,
as duas autoridades da República que tratam
do assunto da comissão temática – o Ministro
Bresser Pereira e o Presidente do Banco
Central. Fernando Milliet. Não sei se estamos
ainda na fase de discussão de nomes. Mas
seria interessante que já ficasse definido o
nome de alguém do Governo Federal e que
começássemos pelas duas autoridades da
área econômico-financeira que, neste caso,
seriam o Ministro da Fazenda e o Presidente
do Banco Central. É apenas uma sugestão.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Concedo a palavra ao nobre
Constituinte Adroaldo Streck.
O SR. CONSTITUINTE ADROALDO
STRECK: – Sr. Presidente, não sei se vai
haver tempo para isso.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Teríamos, realmente, de
atuar com muita rapidez. Verei se ainda
hoje consigo a participação de algumas
dessas pessoas indicadas por V.
as
Ex. .
O SR. CONSTITUINTE ADROALDO
STRECK: – Nesta fase, talvez fosse
importantíssimo para a conclusão do nosso
trabalho que trouxéssemos aqui, para um
debate franco e aberto sobre o texto que
elaboramos, dois ou três eminentes
tributaristas do País, para que pudéssemos
trocar mais idéias a respeito do assunto. Não
vejo o que poderíamos tirar de um Ministro de
Estado. porém, seria interessante ouvirmos
técnicos familiarizados com o problema
tributário brasileiro.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Concedo a palavra ao nobre
Constituinte Sérgio Werneck.
O SR. CONSTITUINTE SÉRGIO
WERNECK: – Sr. Presidente, subscrevo o
posicionamento do Constituinte Messias Góis,
com a ressalva feita pelo Constituinte
Adroaldo Streck. Ao mesmo tempo, sugiro
que se chame alguém para expor o assunto e
que pudesse assessorar-nos, exatamente,
nas repercussões das emendas, nas sutilezas
da semântica que temos dado a essas
emendas, principalmente no que diz respeito
aos problemas orçamentários. Tenho a
satisfação de sugerir o nome do Dr. João do
Carmo Oliveira. PhD pela Universidade de
Cambridge, homem do Ipea. No Iplan, quem
trata do problema de orçamento do Governo é
exatamente ele. Considerado um dos maiores
especialistas do Brasil nesse assunto, S. Sª
poderia trazer-nos contribuição talvez melhor
do que a de Ministros, que, principalmente na
conjuntura atual, estão extremamente
empenhados na apresentação de um
programa econômico. Assim, a partir do
momento em que os Ministros não estão bem
a par do nosso problema específico, acho que
uma pessoa como o Dr. João do Carmo
Oliveira nos poderia auxiliar
substancialmente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Agradeço ao Constituinte
Sérgio Werneck a sugestão. Vamos entrar em
contato com a Fazenda.
com a Seplan e com o Banco Central, para
verificarmos quais os dirigentes e técnicos
que poderiam aqui comparecer.
Concedo a palavra ao nobre
Constituinte Benito Gama.
O SR. CONSTITUINTE BENITO
GAMA: – Sr. Presidente. apenas faria uma
ressalva. Quando me referi ao Ministro da
Fazenda e ao Presidente do Banco Central,
quis dirigir-me. necessariamente, ao corpo
técnico do Ministério e do Banco Central,
representados pela autoridades maiores. não
na figura dos cidadãos Bresser Pereira e
Fernando Milliet, mas nas autoridades
representativas dos dois órgãos afins da
comissão temática.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Concedo a palavra ao nobre
Constituinte Adroaldo Streck.
O SR. CONSTITUINTE ADROALDO
STRECK: – Sr. Presidente, acho que temos
de pautar o nosso trabalho por uma
transparência total, completa. Afinal de
contas, não se trata de trabalho que tenha de
ser incógnito. Estou voltando do meu Estado,
o Rio Grande do Sul, e lá circula a notícia de
que nesta comissão temática estariam sendo
criadas condições de privilegiamente ao
Estado de São Paulo e às regiões Norte e
Nordeste. Confesso a V, Ex.ª que não vejo
possibilidade de esse fato acontecer, mas, no
momento em que a República está com
grande quantidade de problemas, talvez fosse
interessante se tivéssemos condições de
expor que os constituintes que compõem esta
comissão temática não têm o mínimo
interesse em privilegiar essa ou aquela região
do Pais. mas, sim, em extrair daqui uma
legislação tributária justa.
Esta é uma questão que certamente
competirá ao Presidente esclarecer à
imprensa, pois tal espírito não domina esta
comissão temática.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Sr. Constituinte Adroaldo Streck,
reconheço que o assunto de partilha de receita
causa sempre sentimento de que todos estão
perdendo. A União acha que esta perdendo
receita, os Estados acham que não estão
ganhando, os Municípios também acham que
não estão ganhando, enquanto os contribuintes
acham que estão pagando mais. Isso acontece
todas as vezes em que se discutem assuntos
de natureza tributária. No entanto, o anteprojeto
da Subcomissão de Tributos foi amplamente
divulgado. Sei inclusive que, na sexta-feira,
em São Paulo, houve um debate muito amplo,
do qual participaram Secretários de Finanças
de todos os Estados. Acho isso válido, e
é minha intenção que todos os assuntos de
natureza fiscal, financeira e orçamentária
sejam amplamente debatidos. São temas da
maior importância para o futuro do Pais, para
que possamos estabelecer um delineamento
do que deverá ser a estrutura básica da
nossa economia. Entendo que, quanto maior
for a discussão, quanto mais intensos forem
os debates, mais elementos teremos para
tomar as decisões. Assim, vou fazer todo
empenho para verificar se até quinta-feira
podemos ter a participação de especialistas
que tenham condições de examinar esses
assuntos específicos, indicados por V.
Ex.ª.
Concedo a palavra ao nobre
Constituinte Darcy Deitos.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
O SR. CONSTITUINTE DARCY Secretário do Tesouro Nacional, Andrea
DEITOS: – Sr. Presidente, gostaria de saber Sandro Calabi, estará aqui conosco amanhã,
se o ilustre Relator Jose Serra. que recebeu às 17 horas, atendendo a solicitação
oficialmente. como V. Ex.ª os anteprojetos das apresentada por esta Comissão. Na quarta-
três Subcomissões, já fez aqui uma exposição feira, às 17 horas, o Relator. Constituinte Jose
sobre esses trabalhos. exatamente para que Serra, participará da reunião, a fim de discutir
os Srs. Constituintes conheçam o seu os anteprojetos das Subcomissões de
pensamento no tocante ao material que lhe foi Orçamento, de Tributos e do Sistema
apresentado. O Relator cumpre o papel Financeiro.
fundamental, e, ao longo de todos esses dias, Alguns dos Constituintes presentes
senti que, na primeira fase – depois tivemos quer usar da palavra?
alguns avanços – houve Relatores que O SR. CONSTITUINTE DARCY
desconheceram completamente as propostas DEITOS: – Sr. Presidente, dado o reduzido
apresentadas a Mesa da Assembléia Nacional número de Constituintes presentes a esta
Constituinte. Gostaria de perguntar a V. Ex.ª Comissão, em outra oportunidade discutirei as
se, na quarta-feira à tarde, por exemplo, emendas que estou apresentando. Uma delas
haveria possibilidade de o ilustre Relator fazer altera um artigo da Subcomissão de Tributos,
uma exposição e dar ao plenário sua visão Participação e Distribuição de Receitas. no
sobre os três anteprojetos que lhe foram que se refere aos percentuais de distribuição
entregues, pois daí, certamente, nascerá o dos recursos da União, no tocante ao Imposto
projeto desta comissão temática. de Renda e ao IPI, no sentido de que a União,
O SR. PRESIDENTE (Francisco ao invés de distribuir os 43% hoje previstos,
Dornelles): – Ilustre Constituinte Darcy Deitos, distribua 52%. Estamos ampliando a
deveríamos estar muito orgulhosos, porque participação dos Estados para 20% , dos
uma das características do trabalho realizado Municípios para 30%, devendo permanecer
pelos Relatores das três Subcomissões que os 2% para o Norte e o Nordeste, dada a
integram a comissão temática foi o exame argumentação dos nossos irmãos daquelas
amplo de todas as emendas apresentadas. unidades da Federação de que precisam ter
Tanto o Constituinte José Luiz Maia, como os recurso extra para fazer face às suas
Constituintes Fernando Coelho e Fernando dificuldades. Estou apresentando também a
Gasparian fizeram um exame profundo de esta mesma Subcomissão dispositivo sobre
todas as emendas. Estou certo de que igual tema que muito me preocupa, a ser inserido
procedimento terá o Relator da Comissão, nas Disposições Transitórias, no tocante ao
Constituinte José Serra. Entendo que a problema do índice de participação dos
sugestão de V. Ex.ª e bastante pertinente. Municípios no Fundo de Participação federal.
Entrarei em contato com o Relator. para É preciso fazer com que o IBGE, tão logo seja
verificar se ainda esta semana poderemos ter promulgada a nova Constituição, realize novo
essa discussão preliminar, quando procurarei censo no País, porque hoje vários Municípios
sentir sua posição em relação aos anteprojetos brasileiros são prejudicados pelo índice
e, se for o caso, se houver tempo, até mesmo populacional colocado pelo IBGE, que realiza
em relação as emendas que já tenham sido suas pesquisas através de uma projeção, o
apresentadas. que faz com que tais números sejam
Concedo a palavra ao Constituinte totalmente distorcidos. Inclusive na minha
Jesus Tajra. região, Campina da Lagoa, Município
O SR. CONSTITUINTE JESUS essencialmente rural, com cerca de dez mil
TAJRA: – Sr. Presidente, o Constituinte José hectares, com quase trinta mil habitantes, o
Serra está em Brasília? Se estiver. até hoje a IBGE atribui um número populacional de 12
tarde ele poderia fazer uma exposição a mil habitantes apenas. com zero habitante na
respeito da proposta do companheiro Darcy zona rural. E vários Municípios têm o mesmo
Deitos. problema. Estarei representando também à
O SR. PRESIDENTE (Francisco Subcomissão do Sistema Financeiro
Dornelles): – Realmente, não sei se o ilustre dispositivo sobre a composição do Conselho
Constituinte José Serra se encontra em Monetário Nacional, dado que outro projeto
Brasília, mas, ainda que não seja possível fazer prevê sua extinção, e, igualmente, emenda
essa exposição na parte da tarde – para isso com referência à regulamentação da
tenho que entrar em contato com S. Ex.ª – ela composição da Comissão Mista Permanente,
poderá ser realizada até quarta ou quinta-feira. prevista no anteprojeto do ilustre Relator,
Mostrarei ao Sr. Relator o interesse dos Fernando Gasparian. Outra emenda que
Constituintes em que haja esse debate. estou reapresentando prevê a estatização do
Gostaria de dizer que, atendendo à solicitação sistema financeiro nacional, porque ainda não
feita na última reunião pelo ilustre Constituinte me cansei da luta, nem me convenci de que
Walmor de Luca, todas as emendas não deva ser estatizado. No decorrer desses
apresentadas até agora já foram ou estão dias farei a discussão dessas emendas. Nesta
sendo encaminhadas aos Srs. Constituintes. semana ainda voltarei a ocupar a tribuna para
De modo que, se algum Constituinte desejar discuti-las.
discutir ou comentar algumas dessas emendas. O SR. PRESIDENTE (Francisco
estamos aqui exatamente para ouvir e para Dornelles): – Com a palavra o Constituinte
discutir a posição de cada um (Pausa.). Como Fernando Gasparian.
não houve manifestação nesse sentido, O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
encerramos a sessão. Hoje à tarde, às quinze GASPARIAM: – Sr. Presidente, agradeço
horas. faremos outra sessão para discutir e a V. Ex.ª a interferência que teve sexta-
abordar problemas que os Srs. Constituintes feira, junto à Presidência da Assembléia
julgarem devam ser examinadas. Vamos Nacional Constituinte, no sentido de que
interromper a reunião e daremos me fosse cedido tempo, a fim de que
prosseguimento às 15:00 horas. eu pudesse desfazer. de forma – vamos
O SR. PRESIDENTE. (Francisco dizer – até elegante, o equívoco em
Dornelles): – Vamos dar prosseguimento que incorreu o Líder do PDS, Constituinte
à reunião realizada hoje de manhã. Amaral Neto. S. Ex.ª, talvez mal
Gostaria de comunicar que o informado havia solicitado à Comissão
18
pertinente a destituição do Relator da
Subcomissão do Sistema Financeiro, pelo
fato de S. Ex.ª não ter conseguido aprovar
o seu relatório. Como isso não é verdade,
quero agradecer a V. Ex.ª interferência
V. Ex.ª conversou com o Presidente da
Assembléia Nacional Constituinte, que me
concedeu o tempo. Então, sem fazer
desmentido algum – poderia até causar ma
impressão – eu simplesmente falei, como
Relator da Subcomissão, dos resultados dos
nossos trabalhos. Agora, gostaria de fazer
não só este agradecimento, mas também
queria perguntar ao Sr. Presidente se o
Relator da Subcomissão de Tributos não
poderia responder a algumas dúvidas,
porque, afinal. estamos trabalhando na
Subcomissão do Sistema Financeiro. Gostaria
de poder receber de S. Ex.ª algumas
informações, a fim de que pudéssemos
apresentar emendas nesse sentido, se
fosse o caso, não só hoje até à meia-noite,
como também queríamos estar preparados
para fazê-lo posteriormente. Cumprimento V.
Ex.ª por ter alterado, justamente com a
direção da Assembléia Nacional Constituinte,
o procedimento pelo qual iremos trabalhar
até a votação do relatório desta Comissão.
Assim, conforme declarou o Sr. Presidente,
iremos receber o relatório até domingo,
não?
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Sábado.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – Uma idéia do relatório, não
é?
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – A idéia é de que o substitutivo
seja apresentado no sábado.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
CASPARIAN: – E ele poderá receber
emendas, o que acho muito importante.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Exatamente. As emendas
poderão ser apresentadas até na segunda e
na terça-feira.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – Isso será muito útil porque.
inclusive. nessa questão tributária, preocupa-
me muito – aliás, ao País inteiro – o fato de
como poderemos trabalhar no sentido de
baixar os juros, que estão insuportáveis
para a economia. Isso sai nos jornais todo
dia. Igualmente creio que vamos ter juros
menores. Cheguei a essa conclusão pelas
conversas que tive nesse fim de semana
com os pequenos banqueiros, que estão
muito satisfeitos com a idéia de que não
haverá mais carta patente, e se preparam
para promover um grande crescimento e
aumentar, realmente. a concorrência na área.
Eles também abordaram o problema da
tributação. que as pessoas consideram mais
como custo do que tributo. Isso faz com
que, somadas as intermediações, gerem
as altas taxas de juros, que a produção não
está tolerando. Por isso, seria interessante se
o Relator da área tributária pudesse dar-
nos alguns esclarecimentos a esse
respeito. Gostaria também de cumprimentar,
na sua pessoa, o Líder do seu partido,
que declarou nos jornais que o partido
estaria apoiando a idéia de extinção da
carta patente. O Constituinte José
Lourenço declarou – e é verdade – que
diversos Constituintes do PFL votaram
a favor da extinção da negociação e da
valorização excessiva, que impede a
concorrência no setor. Voltando, então,
19 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
ao assunto, no sentido de que se tomem
medidas. a fim de que e sistema financeiro no
Brasil reduza o seu custo. gostaria de saber
qual a possibilidade de discutirmos com o
Relator da área tributaria o problema da
tributação sobre as operações financeiras.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Ilustre Constituinte Fernando
Gasparian, a Presidência da Comissão não
fez mais do que sua obrigação – além de ser
um dever de justiça – ao solicitar à
Presidência da Assembléia fosse concedido a
V. Ex.ª um tempo no programa da
Constituinte, para que pudesse prestar
maiores esclarecimentos sobre o seu trabalho
na subcomissão do Sistema Financeiro,
trabalho esse da maior relevância, onde V.
Ex.ª focalizou com muita profundidade todos
os assuntos relacionados com o sistema
financeiro, que continuarão sendo objeto de
discussão nesta Comissão. Entrarei
imediatamente em contato com o Relator da
Subcomissão de Tributos. Participação e
Distribuição das Receitas, para verificar a
possibilidade de ser realizada essa reunião, a
fim de que ele possa debater alguns pontos
específicos relacionados com aquela
Subcomissão. Desta forma, encerramos os
trabalhos de hoje. Quero comunicar mais uma
vez a presença, amanhã, às 17 horas, do
Secretário do Tesouro, Andrea Sandro Calabi,
que vai examinar alguns pontos do trabalho
das Subcomissões do Sistema Financeiro e
do Orçamento e Fiscalização Financeira.
Amanhã às 17 horas, portanto, estará
conosco o Secretário Andrea Sandro Calabi.
E, tão logo eu tenha resposta do Relator da
Subcomissão de Tributos, Participação e
Distribuição de Receitas, marcaremos uma
reunião – se for possível esse contato para
quarta-feira pela manhã.
Está encerrada a sessão.
5ª REUNIÃO, REALIZADA NO DIA 2 DE
JUNHO DE 1987
Aos dois dias do mês de junho do
ano de mil novecentos e oitenta e sete, às
dezessete horas e trinta e cinco minutos,
no plenário da Comissão do Sistema
Tributário, Orçamento e Finanças, reuniu-
se esta Comissão, sob a Presidência do
Constituinte Francisco Dornelles, presentes
os seguintes Constituintes, membros
efetivos: Osmundo Rebouças e Ivo
Vanderlinde, Vice-Presidentes, José Serra,
Relator, Airton Sandoval, Cid Sabóia de
Carvalho, Domingos Juvenil. Fernando
Bezerra Coelho, Fernando Gasparian,
Firmo de Castro, Irajá Rodrigues, José
Carlos Vasconcellos, Naphtali Alves, Nion
Albemaz, Rose de Freitas, Walmor de Luca.
Benito Gama. Jessé Freire. Jesus Tajra,
João Alves, João Machado Rollemberg,
José Tinoco, Messias Góis, Mussa Demes,
Vieira da Silva, Adhemar de Barros Filho,
Adroaldo Streck, Feres Nader, Roberto
Torres, Luiz
Gushiken, Virgílio Guimarães, José Luiz
de Sá e José Maria Eymael; os suplentes:
Rubem Branquinho, Alexandre Puzyna, Ivo
Cersósimo e César Maia; e os
Constituintes: Luiz Roberto Ponte, Ruy
Nedel e Jairo Carneiro. Havendo número
regimental, o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos e solicitou a dispensa da
leitura da Ata, que foi considerada aprovada.
A seguir, apresentou os Senhores Doutor
Andrea Sandro Calabi, Secretário do Te-
souro Nacional e .Doutor Adroaldo de Moura,
Vice-Presidente para Área Externa do Banco
do Brasil, convidados da Comissão. Com a
palavra. o Doutor Andrea Sandro Calabi
discorreu sobre o assunto em pauta em sucinta
exposição, finda a qual, foi dada a palavra ao
Doutor Adroaldo de Moura que fez exposição
sobre o mesmo tema. Em seguida. debateram
o assunto os Senhores Constituintes Walmor
de Luca. Rubem Branquinho. Fernando
Gasparian, Osmundo Rebouças, Virgílio
Guimarães, José Carlos Vasconcellos, Cid
Sabóia de Carvalho, César Maia, Luiz
Gushiken, Benito Gama e José Serra, Relator.
O Constituinte Walmor de Luca leu documento
enviado pelo Banco Central do Brasil.
atendendo requerimento de sua autoria, na
Subcomissão do Sistema Financeiro para
conhecimento dos membros da Comissão.
Decidindo questão de ordem formulada peio
Constituinte Cid Sabóia de Carvalho, o Senhor
Presidente solicitou ao plenário se ativesse à
matéria atinente aos trabalhos da Comissão,
durante os debates. O Doutor Andrea Calabi
solicitou a oportunidade de esclarecer o
Constituinte Walmor de Luca, prestando
informações relacionadas ao documento
apresentado por sua Excelência nesta reunião.
Às dezenove horas e quarenta minutos o
Constituinte Francisco Dornelles passou a
Presidência ao Constituinte Osmundo
Rebouças, Primeiro-Vice-Presidente,
reassumindo-a às vinte horas e quarenta e
quatro minutos. O Constituinte José Serra,
Relator, teceu considerações sobre as
exposições dos convidados que muito
contribuirão para o aprimoramento dos
trabalhos. A seguir o Senhor Presidente
agradeceu aos convidados e a todos. O inteiro
teor dos debates foi gravado e, depois de
traduzido e datilografado, ficará arquivado na
Comissão, publicando-se a integra no Diário
da Assembléia Nacional Constituinte. Nada
mais havendo a tratar, o Senhor Presidente
encerrou a reunião às vinte e uma horas e dez
minutos. E, para constar, eu, Maria Júlia
Rabello de Moura. Secretária, lavrei a presente
Ata que, depois de lida e aprovada, será
assinada pelo Senhor Presidente.
Sala da Reunião, em 02 de junho de
1987. Constituinte Francisco Dornelles,
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Havendo número regimental,
declaro abertos os trabalhos da reunião da
Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e
Finanças. É com muita satisfação que presido
mais esta reunião.
Ouviremos hoje o Prof. Andrea
Sandro Calabi, que desde o dia quinze de
março de 1985 integra a Administração
Fazendária, inicialmente como Secretário-
Geral do Ministro do Planejamento e agora
como Secretário do Tesouro. Ouviremos
também o Prof. Adroaldo Moura da Silva.
Vice-Presidente de Operações Internacionais
do Banco do Brasil. Os Professores Andrea
Sandro Calabi e Adroaldo Moura da Silva –
durante quinze minutos cada um – abordarão
aspectos dos anteprojetos do Sistema
Financeiro e do Orçamento. Depois, se V.
Ex.as estiverem de acordo, teremos debates
com os dois conferencistas presentes,
separadamente.
Concedo a palavra ao Dr. Andrea
Sandro Calabi.
O SR. ANDREA SANDRO
CALABI: – Sr. Presidente, Srs.
Constituintes, para mim é uma reno-
vada honra e satisfação estar aqui presente
para debater na Comissão do Sistema
Tributário, Orçamento e Finanças. Neste
breve espaço de tempo, espero conseguir
pelo menos abrir alguns debates derivados da
leitura dos anteprojetos elaborados por V.
Ex.as. Mais do que me ater a artigos
específicos, dedicarei os cinco minutos iniciais
à tentativa de mostrar um pouco da relação
entre a União – particularmente o Tesouro
nacional – o Banco Central do Brasil e o
Banco do Brasil. Dos diversos pontos
polêmicos, pelo que se lê na imprensa, talvez
surjam relacionamento entre Tesouro, Banco
Central do Brasil e Banco do Brasil que,
muitas vezes, por ser intricado e complexo,
não é muito claro. O princípio geral que
acredito seja coincidente, através dos debates
e formulações nos anteprojetos, é,
obviamente, o de se reunir no Orçamento
Geral da União o conjunto maior possível de
gastos da administração pública federal. Isso
de tal forma que transitem nas propostas do
Executivo, nos debates do Legislativo, que
sejam submetidos à aprovação, que tenham
transparência e clareza as prioridades que o
Governo está propondo em cada orçamento.
Sob esse princípio, subsídios implícitos
em diversas contas são, obviamente, evitados,
bem como custos adicionais em qualquer
operação financeira da União, do Tesouro ou de
qualquer de seus órgãos e entidades também
devem ser coibidos.
O Tesouro nacional reúne as
disponibilidades da União destinadas ao
pagamento de suas diversas despesas, dos
órgãos de administração direta, aportes de
recursos, administração indireta, e assim
sucessivamente. Uma vez completado o
processo orçamentário com a aprovação do
Orçamento pelo Congresso Nacional, a
execução orçamentária é de competência do
Ministério da Fazenda, mais especificamente
da Secretaria do Tesouro.
A execução orçamentária, ou melhor,
a execução financeira do Orçamento da
União, obviamente, tenta compatibilizar o
fluxo de entradas de recursos com o fluxo de
saídas – este último tendo que ser adequado
aos diversos programas de Governo e ao seu
ritmo de implementação e de execução. Não é
nada complexo, do ponto de vista de se
preparar, acionar a executar uma
programação financeira, com todos os
recursos da União em relação às receitas e às
despesas correspondentes.
O agente financeiro do Tesouro
nacional para a execução financeira do
Orçamento é o Banco do Brasil. O Banco do
Brasil, mesmo no sistema que acabamos de
implantar na Secretaria do Tesouro, um
sistema de caixa único do Tesouro, continua
cumprindo esta função, absolutamente vital,
da disseminação dos pagamentos atomizados
desses recursos, que, em determinado
momento, se concentram no caixa único.
Portanto, a defesa do sistema de caixa único
visa reunir e centralizar financeiramente
recursos que tenham origem múltipla e
atomizada, e redistribui-los às diversas
destinações, de acordo com os orçamentos
aprovados.
A centralização de caixa financeiro
tem também o objetivo, muito importante
do ponto de vista financeiro, de reter a massa
de recursos não ociosos, particularmente com
os problemas inflacionários que nos afligem.
Qualquer dia em que esses
recursos estejam parados representa perda
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES) 20

de poder aquisitivo para o Tesouro nacional e,
correspondentemente, ganhos onde os
recursos não estão parados. Como está
funcionando hoje e como o caixa único ajudou
na execução financeira do Orçamento da
União? Todos os dias, há entrada desses
recursos, por exemplo, digamos que de cem
pagamentos somam oitenta, e os vinte de
superávit são concentrados: no fim do dia,
são transferidos ao banco Central. O Banco
Central, com esses vinte, pode recomprar
tÍtulos da dívida pública, colocados junto ao
público em geral – junto às empresas, junto
às pessoas físicas.
Ao permitir e fazer essa compra, o
Tesouro tem um custo financeiro, um custo da
dívida colocado junto ao público menor. Se
eu, nesse dia, com os vinte, comprei,
digamos, LBC que estavam colocadas junto
ao público, deixo de pagar juros sobre esse
montante por dia. Qual é a relação?
Obviamente, esse custo da divida mobiliária
interna menor para o Tesouro da União
permite tomar os maiores possíveis os
recursos no bojo do Orçamento para
pagamentos de programas de governo.
O ponto crucial é que essa gestão
entre Banco do Brasil, Banco Central e
Tesouro é harmônica, visando os objetivos
maiores, no sentido de que se consiga
maximizar os programas de governo, a partir
de determinada massa de disponibilidades,
por um lado, e mantendo as características
próprias de cada instituição. Ao Banco
Central, por outro lado, compete dar liquidez
ao sistema como um todo. Isso é feito, entre
outros mecanismos, por meio da ação do
Banco Central junto ao mercado financeiro. O
Banco Central compra e vende títulos com
vistas a equilibrar a quantidade de moeda na
economia.
Portanto, a questão que me parece
central e crucial, ao longo de todos os
debates, é preservar a colocação de títulos,
as fontes de crédito, corno origem importante
de recursos financeiros à disposição do
Orçamento Geral da União e dos gastos
globais do Tesouro. A forma de atuação, com
esses recursos não parados em determinado
banco – no caso, no Banco do Brasil, como
está em uma das cláusulas – é crucial para o
próprio Tesouro. E eu, gestor dos recursos do
Tesouro, não posso deixar. Hoje, digamos, a
disponibilidades do Tesouro estão ao redor de
80 bilhões de cruzados. A 20% ao mês,
estariam representando – se esses recursos
ficassem parados em qualquer banco – uma
perda de valor real para a União de algo
próximo a 16 bilhões de cruzados. O princípio
é exatamente o mesmo de qualquer eventual
excesso de liquidez de uma pessoa física ou
jurídica.
A questão que me parece ter
adquirido um tom polêmico e, às vezes,
inusitado e exagerado, é como se houvesse
uma disputa, uma discussão entre as
instituições Banco Central, União e o Tesouro
e Banco do Brasil, no conjunto da gestão.
Esta ordenação é harmônica, e devemos
buscar os pontos eventuais de ajustes que
orientem as proposições e os artigos
apresentados pela Subcomissão no
anteprojeto.
O perigo, portanto, desse ponto, que,
a meu ver, é crucial, é ode reduzir – ao invés
de aumentar – as disponibilidades efetivas do
Tesouro, digamos assim, quase que o poder
aquisitivo do Tesouro nas suas várias
compras, nos seus vários programas, nas
suas várias atividades.
Comecei um pouco pelo fim, e talvez
pudéssemos, nos próximos sete minutos,
debater rapidamente alguns pontos específicos
do projeto. Pelo fim porque fiz um comentário
sobre o art. 10 do anteprojeto da Subcomissão
do Sistema Financeiro. Esses depósitos, então,
mantidos em instituições financeiras,
impediriam que o Tesouro reduzisse o custo da
dívida mobiliária colocada junto ao público e
que é crucial como fonte de financiamento dos
gastos públicos.
No fundo, o cenário é aquele no qual
desejamos o crescimento, e para isto são
necessários investimentos, que exigem
financiamentos. As fontes financeiras, as
poupanças necessárias para financiar o
crescimento têm que se defendidas
especificamente no que se refere ao
ordenamento do setor público.
Outro ponto também polêmico, a meu
ver, desnecessariamente, refere-se às
atividades de fomento do Banco Central hoje
e à necessidade de transferência dessas
atividades ao Banco do Brasil e a outros
bancos oficiais federais.
O Banco Central do Brasil deve ser
reforçado na sua capacidade de normatizar,
controlar e fiscalizar o sistema financeiro.
Para que isso possa ser feito, ele não pode
também ser emprestador direto. Não pode
diretamente competir com os bancos
comerciais de diversas linhas. Portanto, a
contradição interna hoje existente no Banco
Central, entre as atividades de fomento que o
banco diretamente promove e as atividades
de normatização, fiscalização e controle que
deve exercer, acaba, a meu ver, prejudicando
as suas funções precípuas e, de fato,
interferindo em operações que podem ser de
sua competência, mas não deveriam ser
realizadas normalmente pelo Banco Central.
A questão é: Por que exclusivamente
o Banco do Brasil? O maior problema por trás
dessa discussão se refere ao aspecto crucial
– pouco abordado pela Subcomissão do
Sistema Financeiro – de funções e objetivos
do sistema financeiro oficial federal. É muito
comum, se tomarmos uma cidade de
determinado Estado – por exemplo, uma
cidade no Maranhão – ter-se agências do
Banco do Brasil, da Caixa Econômica, do
BASA, do BNH, do Banco do Estado, todas
competindo entre si, sem distribuição muito
clara de funções. Digamos que haja
necessidade de ordenação do sistema
financeiro oficial como um todo – federal e
estadual. Obviamente, feita essa ordenação,
a distribuição de funções de fomento, de
crédito rural, de crédito industrial, de
financiamento ou desenvolvimento a longo
prazo, etc., seria mais ou menos definida.
Um exemplo é que a Caixa
Econômica Federal tem algo do tipo de
duzentas e cinqüenta – não me recordo qual é
o número – agências deficitárias. Dessas, ao
redor de duzentas e quarenta operam em
praças onde existem agências do Banco do
Brasil. Portanto, as funções de fomento, que
são cruciais, devem também seguir
ordenação de alguma forma derivada do
Legislativo e definida, na sua operação, por
órgãos do Executivo, que, como acontece
hoje, usará basicamente o Banco do Brasil,
mas não exclusivamente.
O art. 13 do anteprojeto abrange a
previsão do Banco do Brasil, bancos regionais
federais – no caso, estaríamos excluindo o
BNDES e o Banco Nacional de Crédito
Cooperativo – e, portanto, a meu ver, merece
algum tratamento.
Um ponto crucial a ser defendido, com
um ano na Secretaria de Tesouro e,
anteriormente, um ano na Secretaria
Geral da Seplan, é que a gestão financeira
do País não se faz com eficiência sem
o Banco do Brasil. Autorizamos milhares
de operações de crédito externo, por
exemplo, e todas as operações, uma a
uma, banco a banco, data a data, de
Estados, Municípios e da Administração
Direta, passam pela Secretaria do Tesouro,
como uma forma de autorização. Todos
os pagamentos da União passam pela
Secretaria do Tesouro, que nada mais é do
que um órgão de controle, normatização e
direcionamento. A execução financeira é do
Banco do Brasil. Todo crédito rural que se
aprova por suprimento do Banco Central ou
do Banco do Brasil é operado pelo Banco do
Brasil.
O País não seria o que é, e não
haveria condição de operá-lo aos custos
atuais, relativamente baixos, sem o Banco do
Brasil. Portanto, o ponto não parece merecer
a polêmica que tem tido. Ao contrário, merece
ser especificada a função, reconhecidas a
interação e o papel do Banco do Brasil para o
Tesouro, e vice-versa, do sistema federal,
para manter o papel dos bancos oficiais
federais.
Talvez, fazendo-se breves menções
por artigos, pudéssemos dar uma passada
pelo inicio, começando com o art. 1º
É fundamental registrar-se a questão
das operações externas de competência da
União, ou seja, a administração de reservas
cambiais deve ser centralizada sobre uma
normatização, pelos menos, da União, o que,
a meu ver não consta do art. 1º do
anteprojeto.
Haveria, obviamente, grande
confusão se cada banco tivesse autonomia
na administração de reservas cambiais do
país. Ademais, generalizaria um pouco,
remetendo às legislações específicas pontos
esparsos como normas gerais sobre o
sistema financeiro, legislação mais geral, que
possa ter uma mudança, ao longo do
horizonte, do tempo que se imagina para a
Constituição, o que exige maior
especificidade.
O art. 2º é polêmico, e talvez eu vá
defender posição também pouco apreciada,
em função dos debates que tenho
acompanhado pela imprensa e aqui.
Há uma questão no § 1º do art. 2º Diz
o §1º:
"§ 1º – O exercício dessas
atividades por instituições bancárias e
financeiras, cooperativas de crédito, bem
como estabelecimentos de seguro,
previdências e capitalização do setor
privado será autorizado, sem ônus, a todos
quanto comprovarem idoneidade e
capacidade técnica, econômica e financeira.
Essa autorização é inegociável e
intransferível."
Isso embute obrigação de aprovação,
que, a meu ver, é inadequada. Obriga a
aprovação de autorização para o exercício
das "atividades por instituições bancárias
e financeiras" públicas e privadas, que
reúnem as condições e substituiria por
uma condicional como "poderá ser
concedida", no que se refere às questões
de cartas patentes. Com relação a cartas
patentes, o ponto polêmico é: dada a
liberdade de se emitirem cartas patentes,
se não se anula o valor econômico que
tem a carta para o seu detentor. O artigo
21 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
diz que ela é intransferível, ou seja, a
instituição financeira privada não poderá
apropriar-se do valor da venda, do valor dessa
carta patente. Correto! O problema é que isso
não exclui o valor que ela tem, pela própria
autorização que dá direito de exercer atividade
econômica rentável. A pergunta, portanto, que
se coloca é se essa carta patente deveria ser
livre ou se não deveria ser vendida.
Pelo Poder Central, pela União,
encerra um valor econômico. Esse valor
econômico é expresso em preços de mercado.
Por que a União, o Governo – quem concede
a possibilidade de utilizá-la – não se apropria
desse valor?
A discussão é clássica em termos de
Economia, quanto à concessão de autorização
para operar nas revendas de bebidas
alcoólicas, por exemplo, na Califórnia, em que
se exige uma autorização do Estado, e a carta-
patente é vendida.
O segundo ponto diz respeito ao § 2º,
um dos mais debatidos. Talvez o meio mais
forte de resolvê-lo seria a colocação firme de
que precisamos de um horizonte, de uma
organização econômica madura, compatível
com o crescimento elevado, com a integração
madura, controlada e moderna com o mercado
internacional.
Acredito que, desse ponto de vista,
vedar totalmente, coibir a participação de
bancos estrangeiros, na forma da legislação
em vigor, seja erro gravíssimo. É algo próximo
a se impedir canais múltiplos de interação com
o mercado financeiro internacional. Não tenho
dúvida alguma de que devem ser regulados e
que, porém, ampliam a nossa capacidade de
captação de poupanças externas destinadas
ao funcionamento dos diversos programas
públicos e privados internos, de maneira
controlada e direcionada pelo Governo
Federal. O Dr. Adroaldo abordará
profundamente este ponto. Então, posso
passar mais rapidamente.
Ainda com relação ao § 3º, – um artigo
que colocarei um pouco mais devagar, nos
outros serei mais rápido – no que se refere à
autorização a ser dada pelo Município, parece-
me que corremos o risco de permitir qualquer
quantidade de especificidades totalmente
inadequadas ao sistema, que, por sua
natureza, por sua organização no Brasil – e
funcionalmente há um comando por parte do
Governo Federal de um setor nacional, que
assim queremos manter está mais atrelado a
uma legislação mais ampla e quase
independente de especificidades locais.
Teremos qualquer quantidade de
casos específicos e custos inerentes,
diferenciados por Municípios, de acordo com a
legislação local. Sou leigo para comentar essa
Comissão Especial Mista Permanente do
Sistema. Financeiro. No entanto, parece-me
que ela interfere com os três Poderes, ao invés
de permitir a reunião dos três Poderes em
questões que cabem, de maneira distinta, ao
Legislativo, ao Executivo e ao Judiciário.
Quanto à questão de ser vedada a
eleição para a presidência e diretorias
do Banco Central do Brasil a quem
tiver exercido, nos últimos quatro anos
anteriores à indicação, função de direção
de qualquer entidade financeira privada,
vemos, no dia-a-dia, a dificuldade, muitas
vezes, de se indicarem pessoas competentes
para o exercício desses cargos. Não
vejo por que pressupor desonestidade
ao vedar ex ante quem tenha tido expe-
riência no mercado financeiro, como sendo
alguém que não possa ter acesso a uma
função pública.
Exerci, durante dois anos – antes de
exercer as funções aqui citadas – a
presidência da Distribuidora de Títulos e
Valores de São Paulo. Seria condição
suficiente para impedir que eu exercesse
novamente a função? E se fosse em outra
distribuidora? Quanto às limitações ao
exercício da profissão depois de exercer
mandato, também, a meu ver, é o mesmo
pressuposto. Temos mais é que cobrar
melhor a honestidade. Eventualmente, até
seguir a carreira posterior de quem exerceu
cargos públicos em instituições financeiras.
Realmente, limitar-se dessa forma seria limitar
o setor público, além de ser uma violência a
direitos individuais mínimos.
O art. 6° tem uma questão muito
importante, ao estabelecer que:
"É vedado ao Banco Central do Brasil
financiar direta ou indiretamente o Tesouro
Nacional, Distrito Federal, Estados, Territórios
e Municípios, bem como efetuar operações de
crédito que não sejam destinadas à promoção
da liqüidez bancária."
Quando o Tesouro exige recursos
provenientes da colocação de títulos,
obviamente busca o mercado, vendendo
títulos da dívida pública; recolhe os recursos e
paga seus investimentos. Negar ao Banco
Central a capacidade de adquirir esses títulos
leva duas implicações. Por um lado, no
momento em que o Banco Central quer
condicionar a liquidez da economia e poderia
comprar os títulos, obriga o Tesouro a ir ao
mercado financeiro e, eventualmente,
pressionar taxas de juros para cima. Por outro
lado, se, nessas condições, o Tesouro
conseguisse vender mais barato – a taxas de
juros mais baixas – ao Banco Central do que
ao mercado, simplesmente seria feita uma
artimanha. O Tesouro vende ao Bradesco,
que, por sua vez, revende ao Banco Central.
Portanto, a meu ver, pode-se buscar
uma redação que impeça tal limitação crucial
– mesmo com a separação de funções – não
se permitindo ao Banco Central emitir títulos
da dívida pública, que só devem ser emitidos
para efeito de financiamento do déficit. O
Banco Central opera títulos da dívida em
função da regulação de liqüidez na economia.
A operação do Banco Central no mercado de
títulos públicos é imprescindível para efeito do
Tesouro, para minimizar o custo da dívida.
O art. 7º também é relevante. A meu
ver, é inadequado o Banco do Brasil ter
exclusividade na colocação de títulos da
dívida pública. O Banco do Brasil
normalmente participa do mercado da dívida
pública com muita eficiência, quer da federal,
quer das dívidas públicas estaduais.
No entanto, o Banco do Brasil não é o
único organismo por intermédio do qual
o Tesouro pode colocar seus títulos. O
Banco Central tem cumprido esse papel,
permitindo uma relação com o mercado
financeiro muito mais externa do que a do
Banco do Brasil. O Banco do Brasil pertence
ao Mercado Financeiro e, do ponto de vista da
sua gestão de caixa – da gestão do Gerof, da
Diretoria de Captação – tem princípios de
administração de dívida pública próprios. O
Banco Central, por não ser uma instituição
financeira, bancária etc., permite esse
relacionamento com o Tesouro, a meu ver,
mais adequado.
Eram esses os pontos principais que
poderia mencionar, no que se refere à
Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e
Finanças. Se V. Ex.ª me permitir, farei depois
algumas observações sobre a Subcomissão
de Orçamento e Fiscalização Financeira.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Com a palavra o Prof. Adroaldo
Moura da Silva.
O SR. ADROALDO MOURA DA
SILVA: – Sr. Presidente, em primeiro lugar,
quero agradecer a V. Ex.ª a oportunidade que
me é oferecida – e também ao nobre
Constituinte José Serra – de trazer algumas
idéias e sugestões sobre o trabalho da
Subcomissão do Sistema Financeiro.
Devo começar pedindo desculpas
porque, naturalmente, tecerei comentários –
alguns poderão ser críticos – sobre o trabalho
da Comissão. Com isso, efetivamente, não
estarei querendo desmerecê-lo; simplesmente
colocarei os pontos de vista que me parecem
pertinentes para esta discussão, no sentido de
colaboração.
Vou-me permitir abordar alguns temas
que acredito importantes da Subcomissão do
Sistema Financeiro, a exemplo do papel do
Banco Central, dos poderes do Executivo,
implícito nesse trabalho; farei um breve
comentário sobre a questão da carta-patente
e vou focalizar bastante o Banco do Brasil,
particularmente no exterior, sobre o qual
carecemos de boas informações em inúmeros
debates que tenho presenciado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Não sei se tive oportunidade de
dizer aos Srs. Constituintes que o Dr.
Adroaldo Moura da Silva é Vice-Presidente de
Operações Internacionais do Banco do Brasil.
O SR. ADROALDO MOURA DA
SILVA: – Tenho a honra de ser o responsável
pela área internacional do Banco do Brasil.
Começarei pelo último ponto a que
me referi, o papel do Banco do Brasil no País
e no exterior, passando por um aspecto que
acho dos mais controversos do trabalho que
estamos debatendo.
Em primeiro lugar, poucas pessoas
sabem um pouco da história do Banco do
Brasil no exterior. Trouxe um documento que
deixarei na Comissão – não vou lê-lo porque é
muito longo – que conta a história da
expansão da rede de bancos do Brasil. Mais
importante ainda, conta uma pequena história
sobre restrições de localizações do Banco do
Brasil em cada um dos mercados que
ocupamos, ao longo dos últimos quinze anos.
Refere-se também às restrições, à exigência
de reciprocidade e esse tipo de coisa, que é
muito importante mostrar como quase
universal. Não é um mercado livre o de
ocupação do Mercado Financeiro, em lugar
algum do mundo – nem nos Estados Unidos,
nem na Alemanha, nem no Japão. Então,
essas restrições estão presentes – e é
importante que as levemos em conta, quando
se está elaborando a legislação no Brasil – e
não são impeditivas.
Gostaria de dizer que, como Vice-
Presidente do Banco do Brasil, fiquei
muito preocupado com alguns dos
artigos colocados a respeito da posição
de depósitos e do encerramento de
algumas unidades de bancos estrangeiros.
Isso, realmente, provoca uma retaliação
imediata, incontinenti, em relação às
agências brasileiras no exterior, em particular
ao Banco do Brasil, ao Banespa tam-
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES) 22

bém, que tem uma rede de agências muito
grande, e ao Banco Real, único privado que
tem uma rede grande no exterior.
Gostaria de dar uma informação sobre
a questão dos depósitos. Todas as pessoas
sabem que o volume total de depósitos que o
Banco do Brasil coleta no exterior é maior que
o volume total de depósitos que o Banco do
Brasil coleta no País, do público – seja
depósito a vista, a prazo ou em caderneta de
poupança. Poucas pessoas sabem que o
volume de depósitos que o Banco do Brasil
coleta no exterior é maior que o volume dos
depósitos de todos os bancos estrangeiros
que operam no Brasil, inclusive se aí
inserirmos aqueles bancos que detêm
participação acionária minoritária. A superiores a oito bilhões de dólares – duas
informação é pertinente para entendermos o
tipo de retaliação que poderia ocorrer, no
caso das agências do Banco do Brasil. Estou-
me referindo tão-somente ao Banco do Brasil.
O Banespa é um banco importante na área
internacional. É o segundo maior banco
brasileiro no exterior – infelizmente, não tenho
os números do Banespa, nem poderia dá-los,
pois acho que não me caberia fazê-Io. Mas
poderia dizer a V. Ex.ª que tenho os números
– e os deixarei na Comissão, como subsidio –
do volume total dos depósitos do Banco do
Brasil no exterior, do volume total dos
depósitos dos bancos estrangeiros no Brasil,
assim como do volume total dos depósitos do
Banco do Brasil coletados do público em
nosso País. Esta é uma informação pertinente
para se avaliar o potencial de retaliação.
Naturalmente, o Banco do Brasil tem
inúmeras agências: das cinqüenta unidades
que operam no exterior, trinta e três agências
são suas; tem inúmeras participações em
outros bancos não controlados diretamente
pelo Banco do Brasil: tem uma sociedade
expressiva, por exemplo, no Eurobrás, banco
de Londres em sociedade com capitais
alemães, japoneses e americanos; tem uma
sociedade no Oriente Médio – sociedade.
naturalmente, com os bancos árabes –
basicamente dos governos árabes e latino-
americanos, o Arlabank; tem uma participação
no Eulabank, formado de bancos latinos-
americanos e bancos da Europa Ocidental,
em número muito grande, de vinte e dois
bancos; tem uma participação no Bladex,
banco que basicamente opera a nível da
América Latina e do comércio exterior; e
ainda tem participação expressiva em um
banco de investimento da Africa Ocidental,
com participação, naturalmente, dos principais
bancos franceses – é uma sociedade do
Banco do Brasil com os grande bancos
franceses. Essas participações têm sido, de
certa forma, negociadas em termos de
reciprocidade.
Deixo, portanto, as informações sobre
onde estamos operando, em termos de
negociações de reciprocidade, e onde
poderemos ter dificuldades, caso haja alguma
atitude mais agressiva, em relação aos
bancos estrangeiros que atuam no Brasil.
Esta seria a minha primeira
observação. Portanto, deixo com V. Ex.ª os
números dos depósitos e a questão da
reciprocidade.
Quanto aos depósitos, convém fazer
um esclarecimento.
as
Na comparação que deixo a V. Ex. ,
incluo todos os depósitos – seja à vista, a
prazo – e cada mercado tem suas
peculiaridades. Quando se fala de depósito
interbancário, por exemplo, do qual o Banco
do Brasil é o forte da captação no exterior
– mas não é o instrumento de captação – o
interbancário funciona em algumas praças
como única forma possível de captação de
depósitos do Banco do Brasil, porque temos
unidades específicas. Nem teria sentido
captarmos depósito à vista. É importante
compreender que há restrições em todos os
países sobre que tipo de depósito se pode
captar, que tipos de operações podem ser
feitas. Operamos restrições. Não existe uma
liberdade para captação de todos os tipos de
depósitos em todas as praças, como não
ocorre também no Brasil.
No caso do Banco do Brasil, é muito
importante ter presente que, antes da crise de
1982, captava no interbancário valores
vezes o total dos depósitos dos bancos
estrangeiros hoje no Brasil, incluindo depósito
à vista e a prazo. Infelizmente, graças às
crises, sofremos uma contração dramática
dos depósitos – crises de 1982, 1983 e 1984
– e, no mercado interbancário, hoje,
trabalhamos com algo em torno de três e
meio bilhões de dólares, quer dizer, menos da
metade do que trabalhávamos em 1982. É
claro que o mercado mundial estava em forte
expansão, e era muito simples captar
depósitos. Havia como que uma grande festa
no mercado internacional, em relação a
depósitos interbancários entre países,
relativamente limitados hoje.
Acredito que, normalizada a situação
da economia brasileira em relação à dívida
externa, temos um potencial para ampliar
sobremaneira os depósitos do Banco do
Brasil no exterior, do ponto de vista
interbancário. Os demais depósitos somam
valores superiores a 2,2 bilhões de dólares –
os não interbancários – na data a que me
refiro, abril. O total é de quase seis. Os
bancos estrangeiros têm, no Brasil, algo em
tomo de 4,8 bilhões de dólares captados do
público brasileiro.
O Banco do Brasil, captado
domesticamente, tem algo pouco abaixo de 4
bilhões de dólares hoje. Já esteve a 7 bilhões
em dezembro, devido à grande expansão dos
depósitos no ano passado. Particularmente
dezembro, mês de grande expansão de
depósitos em toda a rede bancária, é um mês
atípico para se medirem valores.
Levantei esse ponto para dizer a V.
as
Ex. , com muita franqueza, que me senti
muito preocupado ao ler os artigos –
particularmente o art. 2º § 2º, o art. 3º e o art.
17 – do Anteprojeto hoje submetido à
discussão do plenário. Vejo com
preocupação, evidentemente, em virtude do
potencial de retaliação que sofreriam as
agências dos bancos brasileiros no exterior,
particularmente o Banco do Brasil.
Naturalmente, essa poderá ser uma posição
muito particular de quem é responsável pelas
agências do Banco do Brasil no exterior, mas
gostaria de deixar registrada a importância
econômica desse aparato no exterior para o
Brasil e o custo que uma medida retaliatória
poderia impor ao País, através das agências
do Banco do Brasil.
Gostaria também de lembrar outro
fato. Estamos em um momento muito delicado
da negociação da dívida externa. Estamos
administrando uma moratória parcial de juros,
de médio e longo prazo; estamos trabalhando
no sentido de criar um clima que nos permita
negociar com vantagens para o Brasil com a
comunidade financeira internacional. E,
naturalmente, devo afirmar a V. Ex.ª que
coisas desse tipo poderiam gerar conse-
quências negativas à conclusão de uma
negociação que possa chegar a bom termo,
mantendo os interesses das partes envolvidas
– tanto credores, como devedores, no caso, o
Brasil – razão pela qual chamo a atenção para
os pontos que acabo de mencionar.
Farei um pequeno comentário sobre
carta patente em termos domésticos. Tenho a
maior simpatia em relação ao aspecto de não
se permitir que a carta patente seja um
instrumento, uma mercadoria de troca no
mercado livremente. Isso não é permitido nem
na legislação atual.
No entanto, gostaria de chamar a
atenção para um detalhe. As sociedades
financeiras e os bancos, no Brasil, têm uma
peculiaridade: são organizados na forma de
sociedades anônimas. O controle envolve
também posse do direito de exploração da
atividade financeira. Naturalmente, a alienação
do controle é algo muito complicado para uma
empresa qualquer, particularmente para uma
instituição financeira. Teríamos que olhar com
cuidado a Lei nº 4.595, que praticamente
obriga os bancos a se organizarem sob a
forma de sociedade anônima.
Isso pode gerar dificuldades enormes,
nesse aspecto da inalienabilidade do controle.
Essa é uma peculiaridade importante da
organização do sistema, onde a carta patente
é objetivo de troca.
Sobre o Banco Central do Brasil,
quero fazer algumas observações. A forma
como o Anteprojeto enfoca o Executivo é de
muita suspeita, naturalmente – acho até que
legitimamente. Hoje, há ninguém de bom
senso no Brasil que não queira encontrar uma
forma de impor controle mais rigoroso do
Legislativo sobre o Executivo. No entanto, vejo
as disposições do presente anteprojeto sobre
o Executivo e sobre o Bacen como
excessivamente rigorosas.
Queria lembrar, no caso do Banco
Central do Brasil, o fato de que é da essência
do Banco Central operar aquisição de títulos
públicos no mercado secundário, não no
mercado primário. Ou seja, o Banco Central de
um país relativamente organizado não financia
diretamente o Tesouro – creio, é o propósito
do anteprojeto. Mas não há razão alguma para
que o Banco Central não possa trabalhar e
diminuir o custo da divida pública pela
aquisição e troca no mercado secundário dos
papéis de emissão da União, do Tesouro.
Pelo Anteprojeto, é vedada uma das
operações clássicas de qualquer Banco
Central, a operação de mercado aberto com
títulos de emissão do Tesouro Nacional. E, de
outra parte, permite o Anteprojeto, que o
próprio Banco Central faça emissão de um
papel de sua responsabilidade. Acho que há
certa anomalia, como é o hoje das LBCs.
Talvez não tenha sido esse o propósito da
Comissão, mas existe uma contradição muito
forte no texto do Anteprojeto, ao proibir a
negociação direta ou indireta com títulos
públicos, abrindo a possibilidade de o
próprio Banco Central do Brasil emitir títulos de
dívida.
Outra coisa que se tira do Banco
Central é a questão cambial. Dentre
os objetivos do Banco Central, na concessão
de crédito – de acordo com o Anteprojeto
– só pode ser para liqüidez primária, ou
seja, o redesconto tradicional. No caso do
Banco do Brasil, existe uma grande
tradição de centralização e administração
do câmbio através do Banco Central
do Brasil. As operações de crédito
que envolvem operações com terceiros
23 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
países, como, por exemplo, crédito recíproco
entre países da América Latina, hoje pinçados
atraves do Banco Central do Brasil, não são
contemplados como função de grande
importância que o Banco do Brasil
desempenha. Assim como também o controle
e o registro do capital estrangeiro. Essas
possibilidades são vedadas ao Banco Central
do Brasil, da forma como entendo a presente
formulação do Anteprojeto.
Quanto à atividade de fomento do
Banco Central, concordo integralmente com o
que está no Anteprojeto. Não tem qualquer
sentido o Banco Central administrar
concessão de fomento. Isso realmente
deveria pertencer, sob orientação da
Secretaria do Tesouro e do Ministério a
Fazenda, às organizações oficiais de crédito
e, em particular, ao Banco do Brasil. Tenho
uma sugestão para a redação desse artigo,
que deixo a Comissão, se puder ajudar em
sua formulação.
Esses pontos gerais ou os faria
complementar com algumas colocações que
dizem respeito especificamente a operações
do Banco do Brasil.
O art. 4º, III diz:
"Art. 4º É competência exclusiva do
Congresso Nacional:
III – Autorizar e aprovar empréstimos,
operações, acordos e obrigações internas e
externas de qualquer natureza, contraídas
pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal e pelos Municípios e pelas entidades
de sua administração direta e indireta, ou
sociedade sob seu controle."
Isso inclui os bancos oficiais. Então,
se, a cada operação de comercio, a cada
operação de endividamento externo, for
necessário pedir autorização ao Congresso
Nacional, isso inviabilizaria totalmente a
operação de uma instituição como o Banco do
Brasil – esse e o teor do art. 4. Ill.
No art. 7º, também temos um
problema, creio que apenas de redação, que
poderá prejudicar. Sobre a execução
orçamentária da União, sugiro que seja
reproduzido o art. 19, I, "b", da Lei 4.595, de
31 de dezembro de 1964, que focaliza com
mais propriedade o papel de agente financeiro
da União, do Banco do Brasil do que
aparentemente se coloca aqui.
No art. 10, sobre a questão de
operações de cambio, temos um pequeno
problema com relação ao parágrafo único.
Seria uma maravilha que nos, do Banco do
Brasil, tivéssemos o monopólio de todas as
operações de cambio doméstico. Na verdade,
hoje, todas as autarquias e empresas públicas
devem operar cambio através de uma agência
oficial, um banco oficial federal, seja, por
exemplo, o Banco do Nordeste ou o Banco do
Brasil.
Da forma como está colocado no
parágrafo único, criamos um grande
problema, porque esse termo "respectivos" é
muito pouco claro. Alguns bancos estaduais,
por exemplo, operam em cambio, muitos
outras não operam em cambio. Com isso
pode-se chegar a um serio problema, e eu
sugeriria que se fizesse a colocação nos
moldes da legislação atual, ou seja, dando
o monopólio das operações de câmbio
das instituições públicas aos agentes
financeiros oficiais do Governo Federal –
porque é lei. A forma como hoje se opera é
relativamente difusa. Eu poderia até sugerir
que se colocasse tudo no Banco do Brasil,
o que seria melhor. Mas, da forma como está,
fica confuso, além de se prejudicar a
operação.
Ainda no art. 10, eu gostaria de
sugerir que sua redação fosse exatamente
como do art. 19, inciso Il da Lei nº 4.595, que,
naturalmente, exclui os fundos de pensão de
todos os servidores públicos e empregados
dessas entidades, tendo obrigatoriedade de
fazer os depósitos em instituições financeiras
sob o controle de União. Em se tratando de
sociedade privada, não teria muito sentido
obriga-las a cumprirem com seus depósitos
em agências federais. Seria uma questão da
liberdade, do livre arbítrio das organizações
que poderiam ser mantidas.
No art. 14, volto a insistir em que a
questão de fomento do Banco Central não faz
muito sentido, mas sou obrigado a admitir que
a critica do Dr. Andrea Calabi é pertinente. A
exclusividade ao Banco do Brasil das
atividades de fomento também prejudica
outras entidades federais, a exemplo do
Banco Meridional, do BASA, do BNDES. Tem
que haver liberdade de parte da Secretaria do
Tesouro – ou o Ministério da Fazenda, pois é
um papel do Executivo – no sentido de poder
distribuir parcelas dessas tarefas a Gostaria, neste momento, de passa-los a
organizações financeiras oficiais congêneres.
Basicamente, aqui esgoto os meus
comentários, porque o tempo não me permite
falar mais. Ponho-me a inteira disposição de
V. Ex.ª para os debates e tomo a liberdade de
deixar com V. Ex.ª uma montanha de papel
com algumas das sugestões a que me referi
ao longo da minha exposição. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Muito obrigado a V. S.ª.
Iniciando o debate, pela ordem de
inscrição, dou a palavra ao Constituinte
Walmor de Luca.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE
LUCA: – Sr. presidente, Srs. Constituintes,
ilustres debatedores que nos honram hoje
com a presença a reunião, cheguei a esta
Casa como Constituinte e, para poder estar
aqui, tive de ser candidato de um partido
político. Todos que aqui estão, de acordo com
a lei brasileira, submeteram-se a mesma
exigência. A primeira exigência que me fez a
lei foi a de que assinasse a filiação a um
partido político dizendo que concordava com
o seu programa e com os seus estatutos.
Inspirado no Programa e no Estatuto
do PMDB, vejo que há uma contradição entre
o PMDB no Governo e o que o PMDB escreve
no seu Programa.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
CARLOS VASCONCELOS: – O PMDB na
Constituinte.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE
LUCA: – O PMDB na Constituinte é o mesmo
PMDB no Governo. Até porque temos na
Mesa, ao que eu saiba, dois ilustres
componentes do Governo que têm
identidade com o nosso partido. Devo
identificar-me inclusive, porque, além de Vice-
Líder do partido na Câmara e na Constituinte,
sou também 2º Tesoureiro da Executiva
Nacional.
Então, por que esse meu zelo, talvez
demasiado, segundo alguns, ao Programado
PMDB? Valho-me exatamente do Programa,
quando ele fala sobre o sistema bancário e as
considerações que aí estão: "Retirar do
acionista os poderes de gestão e
disposição, transferidos para a autoridade
pública. Cancelar os atos de concessão das
cartas patentes das instituições, para que não
se constituam em ativo para os acionistas
controladores".
Lamento que o meu partido escreva
uma coisa – pelo que entendi até agora da
exposição quanto à carta patente – que se
choca exatamente com isso.
Também extraio o seguinte do
programa do meu partido – e me parece que o
que está inscrito no art. 10 tem qualquer coisa
a ver com o programa:
"A divisão do trabalho entre agentes
financeiros públicos e privados exigiria que
apenas os bancos oficiais – aí concordo
plenamente com os expositores, quando
dizem que ha que se estender a todos os
bancos oficiais – "diretamente e sem a
participação de estabelecimentos privados,
gerissem os recursos tomados
compulsoriamente pelo Estado, ou resultantes
dos pequenos depósitos populares de
poupança".
Vejo, portanto, alguns outros dados
que me chamam a atenção. Atividades, de
fomento, por exemplo. Tenho comigo aqui
documentos que recebi há poucos instantes
do Banco Central, relativo ao ano de 1986.
Presidência, para que ela pudesse, inclusive,
fazer a distribuição aos demais companheiros
da Comissão. "Financiamentos Concedidos a
Produtores e Cooperativas – Crédito rural."
Os Bancos oficiais federais – não incluídos aí
os bancos oficiais estaduais – "em 1986,
atingiram o total de 108 bilhões de cruzados,
distribuídos em 2.086.782 contratos. Coube
aos bancos oficiais – e sabemos que, neste
ponto, é por excelência o Banco do Brasil – a
distribuição de 57% desse credito rural aos
bancos privados. Nos bancos oficiais federais
deve estar incluído o Banco do Nordeste.
Estou-me referindo tão-somente ao credito
agrícola.
Gostaria de deixar nesta Comissão
um requerimento no sentido de que o Banco
Central nos informasse as demais linhas de
fomento, inclusive industrial, que não temos,
infelizmente. Quanto aos bancos privados,
operavam com 53 bilhões de cruzados,
representando 28,37% do total. No entanto,
eles atenderam tão-somente a 327.865
contratos. É fácil perceber que, enquanto o
banco oficial empresta dinheiro ao pequeno, o
banco privado só empresta ao grande
investidor.
Este o documento, Sr. Presidente,
que passo a consideração de toda a
Comissão. Parece-me até uma contradição
que o governo continue admitindo que
atividades de fomento sejam exercidas por
entidades privadas de crédito. Embora a
lei permita o Governo não pode
necessariamente fazê-lo. Ele tem liberdade,
inclusive de escolher o estabelecimento
pelo qual deve canalizar. Lamentavelmente,
o meu Governo, em 1986, não fez a
opção mais correta. Não a fez por que? E
claro, e nítido, com o crédito rural, da
mesma forma que com a atividade
pecuária, o escândalo é um pouco maior.
Basta lembrar o seguinte dado: na atividade
pecuária, tão-somente foram dados, através
dos bancos oficiais federais, nove bilhões
de cruzados, enquanto que aos
bancos privados foi permitido repassar
vinte e um bilhões e meio de cruzados.
Em 1986, enquanto o Banco do Brasil
e os bancos oficiais federais, com apenas
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES) 24

nove bilhões de cruzados, atenderam a 178.574
contratos, aos bancos privados, com vinte e um
bilhões e quinhentos e vinte e seis mil cruzados,
ou seja, mais que o dobro, atenderam
praticamente à metade – 101.972 contratos.
É um escândalo, Sr. Presidente. Essa é
uma prova de que realmente há necessidade de
não deixar para a lei ordinária regular isso.
Precisamos agora, na Constituição, fazer com
que abusos desse tipo acabem no País.
Esses não privilégios odiosos, e peço a
as
consideração de V. S. que são responsáveis
pelas diretrizes do Governo, para que levem isto
em conta.
Eu pediria, Sr. Presidente, que
incluíssemos as demais atividades de fomento,
não apenas essas que trago aqui como
denúncia e que servem de embasamento àquilo
que nós, na Comissão de Finanças – acho que
agimos muito bem – colocamos como entrave a
esses abusos.
Digo mais, caro amigo e companheiro
Andrea Calabi, quando se fala em
disponibilidade de caixa do Tesouro Nacional,
concordo plenamente. Mas perguntaria: é
totalmente diferente disponibilidade de caixa do
Tesouro, que é o saldo da conta, daquilo que a
União arrecada todos os dias? Onde estão, por
exemplo, as arrecadações do lPl, do imposto de
Renda, que são feitas hoje através da rede
privada? Eu não sei onde estão. Há uma
variação intensa.
Já houve momento neste País, por
exemplo, em que um simples Ministro da
Fazenda, por um ato seu, à época inclusive do
regime autoritário, estendeu por 45 dias o prazo
de recolhimento do IPI do cigarro, tão-somente
para contemplar um setor que sabemos ser um
cartel que atua no País, controlado totalmente
por empresas estrangeiras. E notem bem o que
representa o IPI do cigarro. O nobre Secretário
do Tesouro pode avaliar muito melhor que eu, o
próprio Presidente desta Comissão, que já foi
inclusive Ministro de Estado da Fazenda e Chefe
da Receita Federal – não é a ele que me refiro,
não é de sua autoria isto, mas de antecessores
seus – sabe que prazos de 15 dias foram
estendidos para 45 dias. Não sei qual é o prazo
de hoje. Depende de qualquer Governo. A todo
instante muda: depende, às vezes, até do
vinculo pessoal que a autoridade que no
momento exerce determinada função possa ter
com uma ou outra instituição privada.
Parece-me que nós, Constituintes,
temos que olhar o País. Daí por que, Sr.
Presidente, embora as objeções feitas e muito
bem embasadas pelos nobres expositores,
continuo convicto de que o art. 10, naquilo que
fala em disponibilidade de caixa, é muito tímido.
Eu mesmo apresentei emenda, não acolhida
pelo Relator, que determinava que todos os
recursos gerados e geridos pela administração
pública ficassem tão-somente com a rede
oficial de credito. Quando falo em gerados
e geridos, incluo o recolhimento de qualquer
tipo de tributo. Para aqueles que acham que
isto não é viável, eu só lembraria um fato: li,
hoje, nos jornais, que o único órgão ou autarquia
do Governo Federal que não é deficitário
é a Previdência Social. Realmente, esse
milagre conseguimos realizar. De um rombo
de dois anos atrás, temos uma Previdência
equilibrada. E o que fez a Previdência? Passou
exatamente a obrigar o recolhimento dos
seus recursos através dos bancos oficiais.
Hoje, temos uma rede de bancos oficiais
espalhados em todas as cidades do Brasil. Aqui
se salientou muito bem: às vezes, a Caixa
Econômica está atuando em concorrência com
o Banco do Brasil. Esse é um detalhe que
comprova que certamente todos os Municípios
estão cobertos por entidades oficiais de crédito.
Portanto, não vejo razão para não manter
dispositivo.
O Presidente tem sido muito liberal
para comigo, mas me informa que o tempo já
está esgotado. Peço escusas aos
companheiros se me alonguei, mas é porque
as denúncias que trouxe aqui, os dados que
me foram fornecidos pelo Banco Central,
referentes ao custeio agrícola e ao fomento da
pecuária, me parecem escandalosos. Isso
ocorreu no ano passado, e me convence de
que cabe a esta Constituinte deixar inscrito na
Carta Maior algo nesse sentido, para que não
continuem a ocorrer esses abusos no País.
(Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Domelles): – Agradeço ao Constituinte Walmor
de Luca e pediria que esse documento
chegasse aos membros desta Comissão.
Como o número de inscritos está muito
elevado, pergunto aos Srs. Constituintes se
poderíamos estabelecer um prazo de três
minutos para cada um, adotado critério já
aprovado em algumas reuniões, ou seja, três
Constituintes apresentariam a sua
argumentação e, posteriormente, haveria
abordagem pelos dois conferencistas. Se todos
estiverem de acordo, passo a palavra ao ilustre
Constituinte Rubem Branquinho.
O SR. CONSTITUINTE RUBEM
BRANQUINHO: – Sr. Presidente, Srs.
Constituintes, farei apenas três perguntas, duas
ao Secretário Andrea Calabi e uma ao Dr.
Adroaldo Moura da Silva. A primeira dirijo ao
Dr. Andrea Calabi. Pelo que entendi de sua
explanação, há na sua Secretaria um volume
de trabalho extenuante, dado a necessidade de
administrar milhares de autorizações, grandes
e pequenas. Nesta comissão temática, temos
debatido um fato que se observa hoje: a grande
concentração de recursos nas mãos do
Governo Federal e a necessidade conseqüente
de melhor distribuição automática desses
recursos aos estados e municípios. Eu mesmo
fui Secretário de Estado e lutei com esse
problema: quando o Estado tinha poucos
recursos nós éramos obrigados a fazer projetos
especiais e solicitar as boas graças do Governo
Federal.
De forma que eu perguntaria se V. S.ª
concorda em que hoje existe grande volume
de recursos na mão do Governo Federal?
Seria bom para o País distribuir isto
automaticamente aos estados e municípios? V.
S.ª teria alguma sugestão a fazer nesse
sentido?
Segunda pergunta: se bem entendi,
parte do saldo médio do Tesouro Nacional é
aplicada no mercado financeiro, para que ele
não perca o seu valor. Pelo menos foi o que eu
entendi: parte desses recursos são aplicados, e
V. S.ª até citou a inflação de 20% etc. Isso me
parece que configura interesse no rendimento.
De certa maneira, alimenta a inflação e, o que
é pior, o Tesouro vai receber recursos do
próprio Governo; vai aplicar no mercado e
receber do próprio Governo. Quer dizer, ele
recebe e paga a si mesmo. De certa maneira,
isso eleva a inflação, porque os volumes são
muito altos. Mesmo que o Governo permaneça
com o seu poder de pagar, a Nação sofre com
a elevação substancial da inflação.
Eu perguntaria: Não seria mais
interessante o Governo deixar de aplicar esse
recurso, para diminuir a pressão sobre o
mercado e, conseqüentemente, abaixar as
taxas de aplicação e conter a inflação? Hoje a
inflação está intolerável para a Nação. É a
segunda pergunta que faço a V. S.ª.
Dr. Adroaldo Moura da Silva, temos
noticia de que os bancos estrangeiros, ao
operar no Brasil – ao receber depósitos e
fazer aplicação aqui, como empréstimos –
auferem um lucro muito grande. Pergunto a V.
S.ª se o mesmo acontece com os depósitos
que o Banco recebe no exterior. Lá ele
também aufere grande lucro e esse lucro é
transferido para o Brasil, da mesma forma que
os bancos estrangeiros transferem os lucros
para as suas matrizes.
Eram as questões que eu queria
levantar.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Com a palavra o ilustre
Constituinte Fernando Gasparian.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – Sr. Presidente, vou fazer aqui
um comentário antipático, mas fico à vontade
para fazê-lo, uma vez que tenho relação
pessoal bastante intima, posso assim dizer,
com os bois expositores desta reunião. Por
isso mesmo, sinto-me à vontade para
estranhar, nesta sessão, sejam feitos
depoimentos nesta Comissão, uma vez
que o Regimento interno da Assembléia
Nacional Constituinte determina que as
audiências só se realizarão nas
Subcomissões. Da mesma forma que nesta
Constituinte se evitou...
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Sr. Constituinte, por favor, o art.
16 do Regimento diz:
"Os Ministros de Estado e dirigentes
de entidades da Administração Pública
poderão comparecer perante as Comissões,
quando devidamente convidados para
prestarem informações acerca de assunto
relacionado com a elaboração do Projeto de
Constituição."
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – Aqui o Regimento Interno – e
eu tinha feito o comentário – criou aquilo que
a Constituição evitou: Constituintes de
primeira classe e de segunda classe. Na
verdade, todos os Constituintes, da forma
como foi elaborada a Constituição, ficaram
numa posição igual e irão mantê-la até o final
da Constituinte. No caso dos depoentes,
vamos ter então depoentes de segunda
classe, que foram os trinta e sete que
depuseram na primeira Subcomissão, e
alguns que serão convocados para as
Comissões, evidentemente, com vantagens.
Do jeito como está redigido o artigo, só
poderão ser pessoas da Administração
Pública, e não pessoas da sociedade, que
podem ter opinião diferente do pessoal da
Administração Pública.
Agora eu votaria às exposições dos
Drs. Andrea Calabi e Adroaldo Moura.
Realmente, não entendi as restrições feitas
pelo Dr. Andrea Calabi aos arts. 10 e 13. O
art. 13 se refere a fomento. Pelo que S. S.ª
disse, o art. 10 tiraria flexibilidade à
administração para administrar a
disponibilidade de caixa da União. Creio
que a intenção da Comissão, que
discutiu isso longamente – e infelizmente
não teve a idéia de convidá-los anterior-
25 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
mente para deporem aqui, a fim de que
pudessem manter a sua opinião ou não – foi
não só fazer com que esses recursos fossem
destinados à União a custos mais baixos para
financiar a produção aqueles projetos que ela
julgasse mais importantes, como também evitar
uma série de corrupções que têm ocorrido
neste País. A Sunamam, por exemplo, é um
caso típico, assim com o Serpro é outro: os
diretores daquelas instituições colocavam o
dinheiro em bancos privados, recebiam
comissões por fora ou arrumavam inclusive
empréstimos a juros zero para fazer aplicações.
Ate a Câmara fez um inquérito sobre o Serpro e
chegou a conclusões. Infelizmente, entregue o
relatório ao Procurador-Geral da Republica, não
houve qualquer providência criminal tomada por
aquele órgão do Ministério da Justiça. Então, foi
essa a idéia. Claro que não ficou explicitado que
esses depósitos ficariam só no Banco do Brasil.
Ficariam em qualquer entidade financeira do
Estado. Esta é a primeira observação.
A segunda é com relação ao fomento,
e também não está colocado o Banco do
Brasil. Discutiu-se muito se esse Relatório
estaria privilegiando o Banco do Brasil. Não
me parece que isso ocorra. Na verdade,
simplesmente se está querendo defender os
recursos da União, para que eles tenham a
melhor aplicação possível, inclusive para que
haja maior moralidade por parte da
Administração Pública.
Esses me parecem ser os dois items
em que foram colocadas restrições por parte
do Sr. Andrea Calabi.
Com relação ao problema das cartas
patentes, S. S.ª não chegou a emitir opinião;
deixou para depois. Sobre as cartas patentes,
o Dr. Adroaldo deu sua opinião, e eu gostaria
também de dar a minha, porque realmente
acho que as preocupações de S. S.ª são
infundadas. Considero muito importante
distinguirmos o valor do fundo do negocio e o
valor da carta patente. Vamos tomar uma
livraria como exemplo. Evidentemente,
quando alguém vende uma livraria, vende as
prateleiras, vende os livros, vende o
imobilizado, até o imóvel, se for de
propriedade da empresa; e vende o fundo do
negócio, que tem um valor. Então, quando
alguém vende um banco, não está vendendo
só o banco. Hoje em dia, além do valor
do banco e do fundo do negócio –
porque o banco está funcionando está dando
lucro – ele também tem o valor da carta
patente.
E evidente que, no caso da livraria,
não se vendera o alvará da prefeitura, e sim o
fundo do negocio. E, se a carta patente passa
a não ter mais valor, quer dizer, não pode
mais ser negociada, então o preço do banco,
ao ser vendido, será dado pelo valor do
imobilizado e do fundo de negócio. Assim,
qualquer pessoa, tendo capital e idoneidade,
poderá instalar um banco.
Ninguém mais comprara um banco,
como ocorre hoje em dia às vezes, com
bancos que funcionam mal, que não são
rentáveis – somente por causa do valor da
carta patente.
É conhecido o caso de um
Constituinte do nosso partido que pagou dez
milhões de dólares por uma carta patente de
um banco comercial que não funcionava
porque estava em liquidação extrajudicial.
Aliás, o Sr. Andrea Calabi disse
que o Governo devia vendê-la a ter
uma receita. Mas acho que não é
procedimento aconselhável o Governo ven-
der uma carta patente, como também não o é
uma prefeitura vender uma autorização para
uma livraria ou para um bar funcionar. Esses
eram procedimentos anteriores ao capitalismo.
O capitalismo ajudou a dar um passo à frente
na economia mundial, na medida em que
trilhou por esses procedimentos corporativistas
próprios do mercantilismo, em que as
pessoas precisavam comprar, portanto, pagar
para obter a licença a fim de produzir alguma
coisa.
Realmente, o fato de a carta patente
não ter valor é importante. Forma-se uma
sociedade que realmente tenha capital e
idoneidade financeira, técnica e moral. Ela
pleiteia autorização; o Banco Central examina
quais são seus dirigentes e poderá concedê-la
dentro das regras dispostas na Constituição.
Essa instituição financeira passa a funcionar e
a ter valor na medida em que tenha patrimônio
e rentabilidade, ou valor como fundo de
negocio. Mas não terá mais valor pelas suas
cartas patentes.
Em relação aos bancos estrangeiros
no País, temos que debater bastante esse
ponto, pois, dos assuntos que estão no
relatório, é o único que acho que tem que ser
modificado em alguns aspectos. Não sei o que
pensam os demais membros da Comissão,
porque muitos Constituintes fizeram emendas
nesse sentido, e a Subcomissão as aprovou –
é possível que a Comissão aprove, porque
não é nenhuma novidade. Por exemplo, os
Estados Unidos, durante mais de cem anos –
durante a época em que aquela Nação
cresceu economicamente e tirou
diferença econômica que tinha com os outros
países – adotaram este procedimento:
não permitiram bancos de depósitos
estrangeiros no seu território. Evidentemente,
agiram melhor do que o Paraguai, onde
70% dos depósitos estão em bancos
estrangeiros, com destinação diferente
daquela que teria, se estivessem em bancos
nacionais.
Queria dizer ao Sr. Presidente que,
quando fiz inicialmente aquela restrição, foi
porque, afinal, trabalhamos horas e dias para
discutir e fazer o relatório. Evidentemente, não
será com três minutos que poderei, vamos
dizer, defender as idéias contidas no trabalho
que fizemos. Além do mais, também não tenho
direito de tomar mais tempo de meus colegas
com este debate.
Acho importante que o Sr. Presidente
marque uma reunião para abordarmos
alguns desses pontos, para que todos os
membros da Comissão possa discuti-los em
profundidade, a fim de que não fiquem no ar,
sem maiores estudos, algumas restrições que
venham a ser feitas a um trabalho sério, que
levou período de tempo muito grande para
que se chegasse as conclusões que aqui estão.
Não tomarei mais tempo dos colegas
Constituintes. Com relação ao papel do Banco
Central, queria colocar, se me for permitido –
porque considero passo importante – que essa
hipótese dos quatro anos antes e depois,
segundo informações que tenho, ocorre em
diversos países do mundo, não só no setor
financeiro, mas em setores da administração
pública em geral.
Acho que esse princípio deveria ser
inserido na Constituição de forma geral, não
só para o Banco Central, para evitarmos
casos como por exemplo, o daquele
Ministro das Comunicações que, durante
sua gestão, passou a dar grande oportunidade
a uma empresa de telecomunica-
ções, que vendeu praticamente todo o
equipamento ao País naqueles quatro anos. O
Ministro saiu do Ministério para ser presidente
daquela companhia.
Isso é muito comum também no
Banco Central. Muitas pessoas que lá
trabalharam saem para trabalhar em bancos
privados. Talvez até tenham defendido o
interesse publico no Banco Central, mas
muitas vezes isso não ocorreu.
as
Para que V. Ex. tenham idéia,
conheço o caso de um diretor-superintendente
que, no período em que o presidente da
companhia estava viajando, tomou uma
medida altamente lesiva ao interesse
nacional. Refiro-me ao aumento de capital da
antiga Light; com referência ao capital que o
antigo BNDE tinha naquela empresa. Por não
ter exercido o direito de preferência que tinha,
fez com que a participação do BNDE caísse
de 20% para 2%, antes que ela fizesse a
correção monetária do seu ativo. Depois que
deixou o cargo essa pessoa foi ser diretor-
superintendente da Light no Rio de Janeiro.
Isso é muito comum no Brasil.
Acho que é mais importante depois de
exercer o cargo do que antes. Talvez antes
seja recomendável essa providência, porque,
no caso do Banco Central, quem o tem
dirigido, em geral, são pessoas ligadas ao
mercado. Talvez conheçam melhor o
mercado, mas talvez não sejam as melhores
pessoas para administrá-lo.
Citarei o exemplo do ex-Ministro Mário
Henrique Simonsen, que, de forma jocosa,
a criticou o nosso relatório, dizendo que, do jeito
que ele está colocado, o Banco Central será
dirigido por alfaiates. Acho que alfaiates
seriam melhores do que o ex-Ministro Mário
Henrique Simonsen. Quando Ministro da
Fazenda do Presidente Ernesto Geisel, S.
Ex.ª teve que decidir se deixava fazer um
salvamento desses onerosos para a
sociedade – no sistema de socializar prejuízos
e privatizar lucros – se devia ou não salvar o
Banco Halles. O Presidente Geisel resolveu,
com a primeira medida que lhe foi levada, que
devia ser quebrado o Banco Halles. Apesar dos
esforços em contrario do ex-Ministro Mário
Henrique Simonsen. S. Ex.ª teve que obedecer
a determinação do Presidente Ernesto Geisel.
Mário Henrique Simonsen, que é sócio do
Banco Bozano Simonsen, tinha trocado
chumbo entre banqueiros – prática costumeira
que infelizmente o Banco Central não fiscaliza
– tinha trocado empréstimo de dez milhões de
dólares com o Banco Halles e, por isso, estava
preocupado com o prejuízo que o banco
poderia ter. Depois de muito esforço, conseguiu
empurrar o Banco Halles para cima do Banerj,
que ficou com todo o prejuízo que, no fundo,
deveria ser dos depositantes e do Banco
Halles. Realmente vemos que as pessoas
ligadas ao setor financeiro talvez não sejam as
mais recomendadas para gerir o Banco
Central. É claro que há exceções para tudo,
mas essa é uma providência que existe em
muitos outros países e que a Comissão
entendeu que deveria colocar em seu
Relatório.
Acho que esta é uma das melhores
providências que, inclusive, deveria ser
acatada por outras Comissões e pela
Constituição de forma geral.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Domelles): – O Sr. Secretário Andrea
Sandro Calabi e o Dr Adroaldo Moura
da Silva têm, cada um, três minu.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES) 26

tos para comentar as considerações
apresentadas.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA
DE CARVALHO: – Sr. Presidente, queria
submeter a V. Ex.ª uma questão de ordem.
Queria sugerir que apenas as matérias
atinentes ao debate fossem abordadas.
Esse tema realmente é muito fascinante,
e, de repente, estamos levando o problema
para a atual situação econômica do
Brasil, quando, na verdade, estamos
delineando a nova Constituição como uma
lei para tempos futuros. Então, temo que
haja desvio, tanto pelos que Intervém
na condição de Constituintes, como na
condição de convidados. Tenho medo do
desvio para matéria não atinente a esse
debate.
Assim, na questão de ordem que
submeto a V. Ex.ª, gostaria de tentar, como
resposta sua, um deferimento de minha
pretensão.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Acolho a questão de ordem do
ilustre Constituinte Cid Sabóia de Carvalho e
solicito aos Srs. Constituintes e aos
debatedores que se atenham ao assunto
objeto dos Anteprojetos das Subcomissões de
Orçamento do Sistema Financeiro e de
Tributos.
O SR. ANDRÉA SANDRO CALABI: –
Peço vênia ao Constituinte Cid Sabóia de
Carvalho e ao Presidente da Mesa para
simplesmente rebater um ponto breve da fala
do Constituinte Walmor de Luca, como filiado
ao PMDB, entre outros motivos porque seu
Programa está permanentemente ligado ao
debate e à crítica: e eu não submeteria a
soberania da Constituinte nem o Programa do
PMDB. Acredito que a amplitude da discussão
transcende esse aspecto. Justamente o meu
papel aqui é abrir a minha posição.
Quanto a segunda questão, no que se
refere a gestão compulsória dos recursos
públicos por parte de instituições oficiais, não
há um cruzado de recurso público que flua do
Tesouro, a não ser por intermédio de
instituições oficiais. Digo mais, a não ser por
intermédio do Banco do Brasil. no que se
refere a recursos de órgãos da administração
direta, autarquias. fundações. etc. As
empresas têm seus depósitos
obrigatoriamente vinculados a instituições
oficiais – ponto em que o Constituinte
Fernando Gasparian também insistiu –
Justamente para coibir uma série de
problemas, à exceção, de autorizações
explícitas para algumas empresas que, por
sua forma de captação de contas, etc.. têm
captação em agências privadas,
imediatamente centralizadas em agências
oficiais.
O Presidente me concedeu três
minutos. Tentarei rebater ponto a ponto com
muita brevidade.
Não ha surpresa quanto à distribuição
de empréstimos do Banco do Brasil e bancos
privados a grandes e pequenos agricultores. É
por causa disso que o Banco do Brasil
continua a manter a sua função de agente
financeiro da União justamente por cumprir
entre outros objetivos – além daqueles seus
de sociedade anônima de capital aberto –
também as funções que o Governo lhe faculta
e o remunera correspondentemente. Não há,
porem por que escondermos recursos do
Banco do Brasil e deixarmos remunerações
implícitas totalmente escondidas de um
processo de distribuição desses recursos.
Dei como exemplo que, com taxa de
inflação de vinte por cento, quaisquer dez
bilhões custam dois bilhões ao Tesouro.
Como o Constituinte Ruben
Branquinho mencionou, de fato, não e que o
Tesouro aplique no open. Ele retira a dívida. O
Tesouro hoje tem uma divida colocada junto
ao publico, de oitocentos e vinte bilhões de
cruzados. Quando eu pego vinte, tiro vinte da
divida. A dívida passa a ser oitocentos. E
como se alguém pagasse juros para si
mesmo. Na realidade deixa de pagar juros
para o sistema privado. Retira pressão da
divida pública no mercado e reduz a taxa de
juros. Ainda que fosse uma aplicação, isso
tenderia a reduzir, e não a elevar a taxa de
juros. Mas o fato é que a centralização de
caixa permite que o Governo pressione menos
o mercado. E permite que o Governo
centralize os benefícios – entre aspas – de
uma dívida um pouquinho menor. Seria
oficializar os ganhos implícitos – como o
Constituinte Fernando Gasparian mencionou –
e permitir que isso ficasse em qualquer lugar.
Seria um esbulho de recursos públicos
permitir a ociosidade de dinheiro do
contribuinte, parado em qualquer banco. Isso
seria cortar o poder do Congresso de controlar
gastos do Governo, permitindo a geração de
gastos escondidinhos, de uma remuneração
que vem por recursos parados em algum
banco. Esse é o objetivo. Se há um gasto, não
vamos remunera-lo, deixando um dinheiro lá,
para o Banco do Brasil poder abrir uma linha a
juros mais baratos. Põe-se no orçamento,
vamos discutir e vamos pagar.
O dinheiro do caixa do Tesouro é do
Tesouro. E não é porque perderam um tostão
desse dinheiro, nem em instituições oficiais,
ademais de capital aberto, que estaríamos
subsidiando a instituição oficial e distribuindo
lucro aos acionistas privados. O Tesouro usa o
Banco do Brasil, só o Banco do Brasil, na
gestão dos recursos públicos: e tem que pagar
a ele pelos serviços que presta. É o que
estamos fazendo.
Perdoe-me a veemência, mas
Constituinte Walmor de Luca, fiquei
emocionado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Pediria aos Srs. Constituintes,
se fosse possível que deixassem os
debatedores ocuparem os minutos que lhes
são destinados.
O SR. ANDREA SANDRO CALABI: –
Quanto ao fato de a STN ter um trabalho
extenuante eu não quis mencionar extenuante
como as milhares de operações de crédito
internas e externas, que são meramente
aprovadas e passadas adiante. Quis
mencionar que o Banco do Brasil cumpre uma
função no fechamento desses contratos, que
se dão aos milhares.
Comentava, se não me engano, o art.
4º, que a meu ver, identifica a aprovação pelo
Congresso – ponto que Adroaldo Moura
levantou – caso a caso de operações de
crédito. E um volume muito grande. Nem nós
podemos fazer. O Banco do Brasil tem
capacidade de fazer isso e o faz. A meu ver,
seria necessário normatizar, regular as
condições gerais, os limites dessas operações
de crédito, mas não caso a caso. Esse é um
ponto especifico.
Quanto à distribuição aos estados
e municípios, não quero alongar-me mas
é uma questão que, a meu ver deve
ser abordada com o total de recursos
do setor público em suas distintas esfe-
ras – federal, estadual e municipal. E. quanto
a forma mais eficiente de se fazer isso, tive
oportunidade de debater essa questão na
Subcomissão de Orçamento. Depois
poderemos discuti-la melhor. O fato é que as
limitações que temos são conjuntas e não
especificamente de estados, Quer dizer, a
transferência inclui também limitações na
órbita dos problemas do Governo Federal.
O Constituinte Fernando Gasparian
ainda comentou a questão de fomento. Não
vejo ai grande problema. Acho que é uma
questão clara. Simplesmente da forma como
está redigida, só põe bancos regionais, se
não me engano. Exclui, por exemplo, o BNCC
– Banco Nacional de Crédito Cooperativo –
que não é regional, exclui o BNDES. São
pontos e detalhes.
A questão relevante que Adroaldo
Moura abordou e a seguinte: a quem cabe a
distribuição de eventuais recursos de fundos e
programas?
Por exemplo, é mensalmente
aprovada no Ministério da Fazenda a
programação monetária do credito rural.
Todos os recursos do crédito rural são
operados via Banco do Brasil integralmente. A
quem compete em parte essa distribuição? O
problema é que, com todos os programas e
fundos no Banco do Brasil, ele se veria
obrigado a controlar e fiscalizar em detalhes
as contas, digamos, do Bradesco. Está certo?
Por que o Bradesco? Por que um banco
privado? – o Constituinte Walmor de Luca
pergunta. O banco privado e utilizado com
recursos subsidiados – o tal MCR-18, as
regras do MCR-18, se interessar ao Governo.
Se e quando. Se não interessar, V. Ex.ª tem
toda a razão, no sentido de que recursos do
Governo são direcionados por instituições
oficiais do Governo, a menos que interesse ao
Governo, de uma forma ou de outra. Ninguém
poderia discutir se de fato interessava ou não.
Mas, exclusivamente por conta das
instituições do Governo, a menos que
interessasse fazê-lo diferentemente.
Um ponto importante enfocado pelo
Constituinte Fernando Gasparian refere-se à
questão de bancos o exemplo americano. O
meu ponto é muito hepático, se quiserem,
estomacal. De fato acho que devemos
avançar em termos de tecnologia. Precisamos
ter a nossa tecnologia – invocar, modernizar
tecnicamente na produção industrial, na
agricultura, no que seja. E também em
bancos. Temos condições de competir, de
direcionar e de regular a participação
dos bancos estrangeiros, na forma que
mais nos convier. Exclui-Ia, a meu ver parece-
me uma perda. Esta a minha posição, e
estou à disposição para debatê-la. Acho que
são os pontos mais relevantes. Sr.
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Com a palavra o Dr. Adroaldo
Moura da Silva, que disporá de três minutos
O SR. ADROALDO MOURA DA
SILVA: – Na questão da carta patente, acho
que fui mal entendido. Não há nenhum
problema. Acho que, nessa questão, e
muito difícil criar-se um sistema que não
permita a negociabilidade. Evidentemente
sou a favor de que a coisa em si mesma seja
uma mercadoria para troca. Creio que deixei
claro isso. Talvez não tenha tido a felicidade
de me expressar bem. Estou dizendo o
seguinte: vamos criar uma pequena
dificuldade para as empresas que são
de negociações abertas. A propósito, con-
27 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
vêm lembrar que a Comissão omitiu
completamente a CVM como órgão regulador
do mercado de capitais.
Está atribuída ao Banco Central
a regulação do mercado de capitais.
Queria só chamar a atenção para esse
fato, em nome da CVM. Como ex-
Presidente da CVM, tenho obrigação de
regularizá-lo.
Em relação aos artigos 10 e 14, acho
que não há muita diferença. E só uma
questão de redação do artigo. Até me referi ao
fato de que na Lei nº 6.445 temos uma forma
de redação que me parece mais apropriada. E
só como sugestão.
Constituinte Rubem Branquinho, o
lucro transferido do Banco do Brasil do
exterior para cá é expressivo. No ano
passado, foi 58% do lucro total do banco.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Os lucros no exterior foram em que
proporção dos lucros do Banco do
Brasil?
O SR. ADROALDO MOURA DA
SILVA: – Foram 58% dos lucros do Banco do
Brasil no ano passado.
O SR. CONSTITUINTE RUBEM
BRANQUINHO: – Foram 58% do exterior?
O SR. ADROALDO MOURA DA
SILVA: – Não. Do total do lucro do Banco do
Brasil, 58% têm origem em lucros do exterior,
que foram internados no Brasil.
O SR. CONSTITUINTE RUBEM
BRANQUINHO: – Cinqüenta e oito por cento
do exterior?
O SR. ADROALDO MOURA DA
SILVA: – Não. Vem para dentro e
distribui para os acionistas. Distribui para
a União. Isso foi no ano passado,
naturalmente.
Gostaria de fazer um breve
comentário sobre a questão do Banco Central.
Acho a preocupação do documento muito
positiva quanto a se estabelecer rígidos
limites de controle sobre o Executivo, seja
através de suas agências administrativas ou
autarquias, como o Banco Central, seja
mesmo quanto a outros setores do Executivo.
A Comissão Mista e o Banco Central ilustram
bem essa preocupação do documento. No
entanto, minha preocupação é a de que o
documento deveria tentar trabalhar mais no
sentido de não permitir gastos fora do
orçamento aprovado pelo Congresso, porque
isso é feito através do Banco Central, através
de sua atividade de fomento e através de
outras dotações do chamado orçamento
monetário, o que é uma heresia, numa
sociedade em que o Executivo não pode criar
despesas sem a autorização do Legislativo.
Então, por ai até acho que uma determinação
constitucional do tipo de que nenhum órgão
do Executivo pode criar despesas que
implique taxa de juros, uma remuneração
inferior ao custo da dívida pública poderia
coibir muito os problemas que temos de
administrar, a exemplo deste ano, como o do
crédito agrícola – por determinações do ano
passado, por questões de taxas de juros,
vamos ter que administrar um subsídio
monumental ao longo de 1987. Isso porque a
inflação subiu, o custo da dívida pública
subiu e a reposição do valor real do
crédito que se deve conceder à agricultura
agora, para essa safra que terá início nos
próximos meses, vai exigir um aporte de
recursos enorme da União. Com isso,
criam-se despesas fora do orçamento. En-
tão, para o controle do Executivo, nesse
sentido, talvez fosse mais eficaz uma
definição do tipo em que não se autorizem
despesas que tenham uma receita para a
União menor do que lhe custa para coletar
recursos de terceiros. Isso só com a
aprovação específica do Congresso. É como
se todas essas despesas devessem ter a
aprovação prévia do Congresso, isso
naturalmente substituiria, no meu modo de
entender, com muito mais eficácia, esse
controle do que se for papel atribuído à
Comissão Mista, por exemplo. Isso porque a
Comissão Mista coloca uma desconfiança
enorme a condução daquilo que é pertinente e
inerente à ação do Executivo – por exemplo,
políticas cambial, monetária e creditícia.
Gostaria que essa sugestão fosse
considerada pela nobre Comissão.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Muito obrigado.
O próximo inscrito é o Constituinte
Virgílio Guimarães. Queria pedir uma
autorização a S. Ex.ª. Uma vez que dentro de
alguns minutos deverei ausentar-me e terei de
passar a Presidência ao Constituinte Osmundo
Rebouças, e como ele está inscrito, queria
saber do Constituinte Virgílio Guimarães se
poderia passar a palavra agora ao Constituinte
Osmundo Rebouças, para que ele
posteriormente assuma a Presidência. (Pausa.)
Com a palavra o Constituinte
Osmundo Rebouças.
O SR. CONSTITUINTE OSMUNDO
REBOUÇAS: – Gostaria de indagar ao Prof.
Adroaldo Moura da Silva, primeiro, que tipo de
retaliação específica poderíamos ter no
exterior contra a decisão de fecharmos os
bancos estrangeiros no Brasil. Sabemos que,
na Subcomissão de Princípios Gerais da
Comissão da Ordem Econômica, houve total
abertura às empresas estrangeiras. Chegou-
se até a se definir, naquela Subcomissão, que
empresa brasileira é qualquer empresa
constituída sobre as leis brasileiras e com
sede no Brasil; ou seja, qualquer estrangeiro
pode chegar ao Brasil, montar uma empresa e
ela ser considerada empresa brasileira. Já na
Subcomissão do Sistema Financeiro, temos o
fechamento da empresa estrangeira no setor
financeiro. Então, diante dessas posições
extremas – de um lado, abertura total, de
outro, fechamento total – que tipo de medida o
Prof. Adroaldo Moura da Silva poderia
sugerir que mantivéssemos no Brasil, para
regular atividade da empresa estrangeira no
setor financeiro sem provocar retaliação?
Teríamos que manter o atual tratamento, ou
deveríamos ser mais rigorosos? É mais uma
contribuição que S. S.ª poderia trazer a essa
Comissão.
A outra pergunta, dirigida ao Prof.
Andrea Calabi, é sobre o que ele acha da
medida aprovada na Subcomissão do Sistema
Financeiro de extinção do Conselho Monetário
Nacional, paralelamente à criação da
Comissão Mista no Congresso que vai regular
a política financeira. Gostaria de saber se S.
S.ª considera que isso possa trazer
problemas, se for realmente mantido nas
futuras versões dos relatórios. Que sugestões
S. S.ª tem, no caso de substituir-se essa
medida por outra.
É mais um pedido de contribuição dos
expositores aos nossos trabalhos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Muito obrigado, Constituinte
Osmundo Rebouças.
Dou a palavra ao Constituinte Virgílio
Guimarães.
O SR. CONSTITUINTE VIRGÍLIO
GUIMARÃES: – Em primeiro lugar, tenho uma
observação com relação ao andamento dos
trabalhos. Concordo com as colocações iniciais
do Constituinte Fernando Gasparian, no sentido
de que é prevista realmente aqui a presença de
representantes da administração pública para
prestarem esclarecimentos sobre a
administração, sobre fatos e sobre questões da
atualidade. Mas o que está parecendo é que
eles aqui se colocam como alguém que vem
fazer comentários, apresentar suas idéias sobre
matéria constitucional. Tanto que foi levantada
uma questão de ordem, acatada pela
Presidência, no sentido de que se tratasse
apenas de temas constitucionais, ou seja, que
não se dessem informações sobre questões da
atualidade – o que seria objeto preciso dos que
aqui vêm prestar informações, conforme diz o
Regimento. Aliás, são informações necessárias,
porque a administração atual está primando pela
falta de transparência, haja vista esse escândalo
das informações distorcidas sobre o balanço
comercial brasileiro, exatamente nas áreas de
atuação dos dois representantes presentes.
Mas, já que se trata exatamente de
discutir matéria constitucional, queria chamar
a atenção para um ponto desse relatório que
me parece da maior relevância: o da dívida
externa, tema que não foi discutido onde
deveria ter sido discutido, isto é, na
Subcomissão de Princípios Gerais. Aqui
também deveria ter sido discutido, pois há
uma área sombreada entre as Subcomissões,
mas lá, de fato, desconheceu-se inteiramente
esse assunto. Esta Comissão, felizmente,
tocou de alguma forma na questão da dívida
externa. Digo de alguma forma porque o
colocou nas Disposições Transitórias e
restringiu o modo de se discutir a atual dívida
brasileira, apenas na eventualidade de ocorrer
alguma incorreção jurídica, ou de haver,
enfim, alguma falcatrua – trocando em
miúdos, sobre algum contrato dessa dívida
externa. Isso me parece limitado, porque
deveria haver, de fato, alguma disposição
permanente no corpo da Constituição, não
para a dívida atual, mas uma postura
constitucional do Brasil, frente a questão
desse tipo. Alguma coisa como, por exemplo,
“nenhum compromisso financeiro com credores
internacionais poderá sobrepor-se ao bem-
estar do povo ou à soberania nacional”. Esta é
uma disposição permanente, que poderia até
ser detalhada. E, nas Disposições Transitórias,
teríamos algo mais específico sobre a dívida.
Para tentar ficar dentro do prazo de três
minutos e dar esse mesmo tempo aos
debatedores, de maneira especial ao Prof.
Adroaldo, que apontou os riscos de retaliações
e colocou aqui um posicionamento, não uma
análise, pergunto como veriam essa questão
da dívida. Até que ponto existem problemas
jurídicos nessas dívidas contraídas? Parece-
me que, ao se calarem, consentiram, porque
fizeram observações sobre pontos que talvez
escaparam. Principalmente o Dr. Adroaldo, ao
tocar nesses pontos, deu-me a impressão de
que a norma aqui prevista tem um efeito muito
secundário. Ela é extensa. Não quero retê-la,
mas tive essa impressão através das
Disposições Transitórias desse Relatório.
Não conheço a dívida externa, o seu perfil
e os seus contratos. Parece-me que
teria um efeito pequeno do ponto de
vista quantitativo: suspender a dívida
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
e cancelar todos os contratos fraudulentos.
Pensei que os contratos não deveriam ser
fraudulentos: o que deve ter sido fraudulento,
e a própria concepção que a ilustrou, a
aplicação antipopular, os juros sobre juros.
Tanto isso me parece verdade que a mesma
preocupação – que não é minha, e uma
postura política diferente, mas preocupada
com as retaliações – não se aplicou a esse
item, o que me fez entender que não haveria
retaliações, porque seria alguma coisa de
secundário – haver apenas casos
fraudulentos.
Queria um esclarecimento sobre esse
ponto. Ha alguma análise do Governo atual,
do Banco do Brasil ou do Ministério da
Fazenda sobre esse assunto? Qual o alcance
dessa medida aqui prevista, com relação á
atual dívida brasileira? Para se obter
resultados mais palpaveis com relação a
divida, não deveria haver uma reformulação,
introduzindo-se aqui principios mais
abrangentes, em lugar de se restringir apenas
ás denuncias de dívidas com contratos
fraudulentos?
Na minha opinião, deveria haver
princípios mais amplos de denunciar parcelas
da dívida que ferissem princípios gerais, que,
conforme disse, ferissem a soberania popular,
tomadas por governos antipopulares, junto a
entidades que se dedicam a exploração dos
povos. Deveria haver princípios mais amplos
no sentido de fazer alguma coisa mais eficaz.
De qualquer maneira, encerro minha
participação com uma saudação. Essa
questão crucial foi tratada de alguma forma
pela Subcomissão que apresentou esse
Relatório. Essa Comissão, portanto, devera
tomar a si a tarefa de ampliar a discussão.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Muito obrigado, nobre Deputado
Virgílio Guimarães.
Passo a palavra ao Constituinte Jose
Carlos Vasconcelos.
O SR. CONSTITUINTE JOSE
CARLOS VASCONCELOS: – Sr. Presidente,
a Subcomissão do Sistema Financeiro, desde
o principio, teve dificuldade muito grande em
executar seus trabalhos, dificuldade, essa que
partiu do ponto de não haver nenhuma
tradição nas Constituições brasileiras e até
estrangeiras em tratar dessa matéria.
Evidentemente, como fere muitos interesses,
foi uma Subcomissão bastante
incompreendida, como se observa através de
criticas que ainda hoje perduram na imprensa
brasileira. Por isso, quero saudar V. Ex.ª pela
iniciativa de convidar o Sr. Adroaldo Moura e
o Dr. Andrea Calabi para aqui comparecerem,
porque pela primeira vez estamos tendo, de
maneira sistematizada, uma critica construtita.
Evidentemente, não concordamos
com todos os pontos levantados – e não
poderia ser diferente – pelos dois ilustres
debatedores. Mas acho que vai permitir que
façamos de fato, com o Relator da
Subcomissão Constituinte Fernando
Gasparian, e com o Relator da Comissão
Temática Constituinte José Serra, uma
reflexão muito aberta e uma abordagem de
todos os estudos feitos na Comissão que
levaram à elaboração de seu anteprojeto.
Considero essa na realidade uma forma
salutar de agir e quero saudar V. Ex.ª por
isso.
Objetivamente, quero começar
a falar do que não esta no
Relatório. O primeiro ponto é que
houve uma preocupação muito grande da
Comissão em definir que as instituições
financeiras exercem função social. Até
determinado ponto, quero dizer que não
discordo disso – e como se não vivêssemos
em um regime capitalista, em um capitalismo
puro. Entretanto, aqueles que mais defendam
– ou mais defenderam – essa função social e
que levaram a adotar uma posição de
fortalecimento dos bancos oficias – e também,
até propostas de estatização do sistema
bancário – não ilegível dentro dessa função
social proposta no Relatório, com a
necessidade de os bancos oficiais, em seus
investimentos, contemplarem a questão
regional. E é sobre isso que não está no
Relatório que quero as opiniões dos Drs.
Andrea Sandro Calabi e Adroaldo Moura da
Silva. Ora, se quero que o banco exerça uma
função social, por que desconhecer, por que
deixar de lado a questão regional? Quando
quero a questão social, estou admitindo que
os investimentos terão que ser feitos visando
à promoção do bem-estar da coletividade!
Então, não posso querer fortalecer os bancos
oficiais e não permitir que tenham alguns
parámetros, que poderiam ser discutidos ate na
legislação ordinária, que os obriguem a investir
em regiões menos desenvolvidas, como
forma de induzir o desenvolvimento dessas
macrorregiões. Parece-me que há uma
contradição tremenda: fortalecermos os bancos
oficiais, querermos que exerçam uma função
somas não queremos que sejam contempladas
as macrorregiões menos desenvolvidas porque
o Relatório, o anteprojeto não contemplou esse
aspecto das regiões menos desenvolvidas, para
que elas, através dos créditos obtenham um
desenvolvimento maior, eliminando o fosso
terrível que separa as macrorregiões deste País.
Gostaria de ouvir de maneira a mais
ampla possível a opinião dos dois
conferencistas a esse respeito.
Outro tema que me assalta, Sr.
Presidente, quanto à Comissão Permanente, é
que ainda não estão devidamente
especificadas as funções da Comissão
Permanente no anteprojeto. Em outras
ocasiões, tive oportunidade de dizer isso ao
nobre Constituinte e Relator Fernando
Gasparian: acho que está muito tímida;
poderia, até certo ponto, deixar de ter algumas
das atribuições que o anteprojeto lhe confere.
Mas vejo nessa Comissão Especial Mista
Permanente do Sistema Financeiro uma forma
moderna de legislar. O Dr. Andrea Calabi se
referiu a ela como se fosse um quarto poder S.
S.ª disse que a Comissão poderia contrapor-se
aos três poderes. Na realidade, o que vejo é
que este Parlamento tem que se modernizar.
Não pode continuar como está hoje quando um
projeto de lei fica um, dois anos e até toda a
legislatura em discussão. A idéia da Comissão
Permanente é no sentido da modernização do
Parlamento. E fazer com que poucos membros
na medida do possível, representantes de
todos os partidos políticos e de todas as
unidades da Federação, participem de forma
efetiva de uma legislação, que será ad
referendum do Congresso, mas que, no prazo
de vinte e quatro ou quarenta e oito horas,
tramitem os projetos, principalmente quando se
tratar de matéria dessa natureza. No meu
entendimento, esse deveria ser o ansiedade de participar da reunião do
procedimento, não so quanto às questões
pertinentes ao sistema financeiro. Por
outro lado, deveríamos ter comissões
dessa natureza que legislassem ad
28
referendum do Congresso Nacional é,
portanto, em nome do Legislativo;
evidentemente, nesse caso, o Congresso
exerceria todo o poder que tem atraves de
projetos de resoluções, para controlar e
fiscalizar essas comissões.
Outro ponto para o qual gostaria
de chamar a atenção é com referência
àqueles quatro anos fixados por nos,
membros da Subcomissão; quatro anos antes
e quatro anos depois. Ou seja, num espaço
de quatro anos, não se poderia ser Diretor do
Banco Central. E também há a questão da
punição. O Dr. Andrea Calabi citou até o seu
próprio caso, pois que pertencera a
instituições do sistema financeiro e, portanto,
não poderia ser Diretor do Banco Central. Mas
o que vemos hoje? Um diretor de um banco
comercial tem seus bens indisponíveis
durante um periodo de cinco anos, para o
caso de falência do banco, mesmo se os atos
responsáveis pela falência ou ate intervenção
do Banco Central não tenham sido praticados
na sua gestão. Mas, quanto ao Banco Central,
não temos nada, nenhuma legislação que
preveja a punição dos seus diretores. O que
me pareceu é que poderiamos mergulhar
sobre isso, fixar sanções e hipóteses de
punição dos Diretores do Banco Central,
como atos de corrupção, de incompetência
etc. Vejam bem, um Diretor ou o Presidente
do Banco Central, ao assinar um simples
papel, poderá estar tomando posição que
provoque um prejuízo à Nação muito maior do
que a falência de um banco. Daí a nossa
idéia, a alternativa desses quatro anos. Fixar-
se-iam parâmetros na Constituição, que a
legislação ordinária depois regularia, para a
punição de Diretores do Banco Central. E
lembro que hoje nem os seus bens estão
postos em disponibilidade. E, mais ainda: não
respondem nem por ato de corrupção, nem de
incompetência. Ademais acho que isso
evitaria esse rodízio permanente de Diretoria
de Banco Central, porque transformaríamos o
exercicio das atividades de Diretor do Banco
Central em algo correspondente ao interesse
de Nação.
Tenho ainda outros pontos a
comentar, mas vou ater-me à determinação
dos três minutos. Embora outros
companheiros tenham a fazer as suas
considerações, gostaria de ouvir as
manifestações dos conferencistas sobre
esses pontos que acabo de abordar.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Peço a autorização dos
debatedores para fazer uma pequena
mudança. O Constituinte Cid Sabóia de
Carvalho tem um compromisso no Senado
para daqui a pouco. Solicita então S. Ex.ª o
uso imediato da palavra para fazer algumas
indagações e considerações. Peço também a
autorização deste plenário para me ausentar
por alguns minutos, passando a Presidência
ao Primeiro Vice-Presidente, Constituinte
Osmundo Rebouças.
Tem a palavra o nobre Constituinte
Cid Sabóia de Carvalho.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÔIA
DE CARVALHO: – Sr. Presidente, caros
conferencistas amigos Constituintes, ouvi com
muita atenção e, se não fora a minha
Senado, que já começou, e evidente que aqui
ficaria até o fim, para me deleitar com as luzes
que os dois ilustres conferencistas trazem aos
nossos trabalhos.
29 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
Indago de ambos se não estão sendo não se deve, em grande parte, à estrutura atual
muito conservadores na exposição das materias do Banco Central. Gostaria ate que
aqui apresentadas. Na exposição de V S.as, V. S.as invertessem as respostas, para
notamos certo apego ao sistema atual, enquanto que eu pudesse ouvir desde logo suas
esta Constituinte – e evidente – busca considerações.
exatamente a inovação para bem atender aos O SR. PRESIDENTE (Osmundo
reclamos do povo. Rebouças): – Depois de ouvirmos essas
Vivemos uma grave crise no sistema indagações, passo a palavra, primeiramente, ao
financeiro notadamente em tudo que diz respeito Dr. Adroaldo Moura da Silva.
ao Ministério da Fazenda e a áreas similares. O SR. ADROALDO MOURA DA SILVA:
Estamos numa crise tão grande, que a nossa – Vamos começar pela ultima. Acredito que os
impressão é de que, se repetirmos na nova documentos apresentados mostram essa
Constituição o que aqui está, nada estaremos preocupação de melhorar o funcionamento do
fazendo para melhorar o Brasil. criar uma nova Banco Central do Brasil. Sou daqueles que
situação, um novo status. acreditam que o Banco Central do Brasil não
O problema da carta patente, por pode ser instrumento do Executivo para a
exemplo, é flagrante. Há um apelo à solução criação de despesas. Este e o ponto
atual, ainda mais quando ela já se tem tornado que julgo central, inclusive para esta Comissão.
um bem. Embora seja um ato administrativo do Temos no orçamento monetário um
Governo Federal, feito através do Banco Central, instrumento muito eficaz para o Governo criar
ela se constitui num verdadeiro bem, pois pode despesas. É o exemplo que dou e de
ser transacionada, trocada, pode cobrir dívida, e despesa criada. No ano passado, quando se
vendida. Enfim,é um bem de um mercado muito concedeu, atraves do orçamento monetário,
especial, e isso parece absolutamente capaz de crédito à taxa de juros de 10%, em volumes
caracterizar uma grande crise nacional. Então, a muitos expressivos, não se fez feliz nem o
Subcomissão propõe novo tratamento para a agricultor, criando-se enorme problema
carta patente, fundamentando uma nova prática, financeiro para a União ao longo deste ano de
moralmente mais bem posta, principalmente ante 1987.
um aspecto que me parece fundamental. A carta Então, a operação do Banco Central do
patente, proveniente de ato de concessão, de Brasil pode ser melhorada em muito, inclusive
autorização ou de permissão, seja o que for, definindo-se claramente o papel que ele deverá
juridicamente é um ato administrativo e como tal desempenhar e dando-se-lhe os instrumentos
não deve ter um valor comercial. Mas se se adequados para que possa desempenhar esse
insiste em dar um valor comercial à carta papel de maneira exata. As sugestões que fiz, no
patente, ela deve apresentar outra configuração caso de se entender que a Carteira de Fomento
que não esta de ato de concessão, de permissão não pertence legitimamente a uma ação do
ou de autorização. Banco Central, são no sentido de que se
No entanto, os ensinamentos são tão capacite o Banco do Brasil a adquirir, por
sábios e tão bem fundamentados que nos exemplo, títulos da dívida pública no
deixam uma impressão boa, mesmo quando mercado secundário, para assim diminuir os
deles discordamos. No caso da captação dos custos do giro da própria divida pública do
depósitos, impressionou-me de modo especial a Tesouro Nacional.
revelação de que ano passado o lucro do Banco Sou também daqueles que acreditam
do Brasil se fundou mais no exterior do que aqui, que o Banco Central tem um papel muito
internamente. Esse dado realmente é importante na operação de credito, no que diz
impressionante. Dai por que gostaria que V S.as respeito às relações internacionais. Isso, no meu
respondessem se o fato de o Banco do Brasil entender, não esta bem contemplado no
poder sofrer uma pressão la fora, pela proibição documento da Comissão a que me referi. Sou
aos bancos estrangeiros de captarem aqui, também daqueles que acreditam que o Banco
abriga a hipótese de também sermos proibidos Central, na área de fiscalização, pode melhorar
de captar lá fora. Não sei se esta pergunta enormemente a sua atuação. Se fosse extinta a
poderá ser respondida agora ou depois, quando capacidade de aumentar gastos através do
V S.as nos poderiam fornecer detalhes; mas, orçamento monetário, ja seria um enorme
digamos que o Banco do Brasil não possa captar avanço do ponto de vista das finanças públicas.
lá fora e os bancos estrangeiros também não Mas isso já me coloca na questão do Constituinte
possam captar aqui, essa nova realidade não José Carlos Vasconcelos, a que me vou referir
seria mais favorável ao Brasil? Mesmo se posteriormente.
admitirmos que o Brasil pudesse perder A outra questão diz respeito ao Banco
depósitos lá fora, o fato de os depósitos do Brasil no exterior, V. Ex.ª indagou se não seria
brasileiros não serem mais captados por melhor fechar lá e cá. Eu respondo com toda
organizações estrangeiras, nessa nova sinceridade que não, porque a economia
sistemática, não repercutiria mais favoravelmente brasileira cresceu muito. Alguns instrumentos de
ao Brasil? atuação do Brasil no exterior, a exemplo de
Tenho a impressão de que esta é uma grandes empresas – e basta citar apenas uma, a
questão decisiva. A informação de V S.as vai Petrobrás – têm um nível de operação muito
formar a minha opinião nesta nova fase dos grande. Também o LLoyd Brasileiro. Então, não
trabalhos, e isso e muito importante. estando lá, não teremos um instrumento de apoio
Outro ponto acerca do qual gostaria de à ação dessas empresas nesses mercados. Um
ouvir a opinião de V S.as diz respeito ao Banco dos grandes papéis que desempenhamos como
Central. Na opinião de V.S.as, vai bem o Banco do Brasil é o de dar apoio ao Governo de
Banco Central no seu atual modelo? E forma geral, e, em particular, a essas empresas
verdadeiramente o banco de que o Brasil que operam em diferentes mercados.
precisa? Ou sera que, por ter tantas atividades, Confirmamos carta de crédito, concedemos
foge um pouco de outra função primordial, crédito, agilizamos processos de pagamentos
que é a de fiscalização? Pergunto, então, se dessas empresas no exterior, inclusive
essa crise financeira que o Brasil atravessa segurando o seu depósito em vários paí-
ses, porque elas, por sua natureza, por sua
atuação, precisam ter seus recursos aplicados
em algum lugar. Estamos Ia fora, o Banco do
Brasil e o Banespa, que são dois bancos muito
importantes para a operação da empresa
brasileira no exterior. Portanto, ao fecharmos
essa transação, estaríamos dizendo: está
bem, o banco estrangeiro não vem
mais dar apoio à empresa multinacional
aqui; mas também não podemos dar
apoio às nossas empresas no exterior.
Isso não me parece uma forma adequada de
tratar o nível de desenvolvimento
alcançado pela economia brasileira e por
algumas das suas organizações, que têm
atuação internacional da maior relevância para o
Brasil.
Se me apego ao sistema de carta
patente? Acho que fomos mal compreendidos.
Não tenho apego algum ao sistema de carta
patente. Chamei a atenção de V. Ex.as para o
fato de que não podemos simplesmente – e isto
esta no documento – dar dinheiro e carta
somente a quem tenha condições e apresente
um bom curriculo. O Banco Central é uma
instituição muito particular, e deve ter o poder de
conceder e de cassar carta patente. Não precisa
pagar por ela; com isso estou de pleno acordo.
Mas vejo dificuldade em se gerenciar um sistema
que não permite a transferência da propriedade
de um banco porque, ao se transferir a
propriedade de algumas ações de um banco,
implicitamente se transfere também autorização
de funcionamento. Temos casos na legislação.
Ainda há pouco um cidadão conhecido comprou
um banco, mas o Banco Central não permitiu que
ele fizesse parte do seu Conselho Diretor. Ele
detinha as ações de controle do banco, portanto,
tinha comprado o direito de auferir rendimentos
daquela atividade, mas não tinha boa
compostura, digamos assim, para exercer as
funções de direção do banco. Então, e
chamado a atenção para essas peculiaridades
que estou a alertar os membros desta
Comissão.
O Sr. Constituinte Osmundo Rebouças
fez referências às realizações. O Constituinte
Osmundo Rebouças e eu somos colegas,
economistas. As retaliações são óbvias. A mais
violenta delas e simplesmente nesse sentido de,
se eu fechar aqui, fecho já. Quer dizer, essa é a
mais óbvia.
Constituinte Osmundo Rebouças, acho
que deveremos fazer algumas restrições. Creio
que tem de haver certa reserva de mercado na
área financeira. Estou deixando à Comissão
algumas ilustrações de como operam essas
reservas de mercado nas economias mais
avançadas do mundo. Chamo a atenção para as
experiências americana, suíça, francesa, alemã e
japonesa, que impõem restrições às operações
do setor financeiro. Acredito que também
devemos colocá-las. Em particular, gostaria de
chamar a atenção de V. Ex.as para o art. 51 da
Lei nº 4.131, de 1962, que impõe restrições muito
claras para a operação de bancos comerciais,
titularidade, posse de ações e participação em
empresas financeiras. Diz o art. 51 da Lei nº
4.131, de 1962:
“Aos bancos estrangeiros cujas matrizes
tenham sede em praças em que a
legislação imponha restrições ao funcionamento
de bancos brasileiros, fica vedado
adquirir mais de 30% (trinta por cento)
das ações com direito a voto de bancos
nacionais.”
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
Há ainda um desdobramento disso em
forma de regulamentação.
E evidente que temos de impor algumas
restrições mesmo porque o mundo inteiro faz
isso. Por exemplo: a Suiça e um País que tem
enorme restrição quanto á operação de
instituições financeiras de propriedade de não-
suiços.
Quanto á dívida externa, o Constituinte
Virgílio Guimarães colocou uma questão
realmente importante e delicada. São situações
distintas, Constituinte Virgílio Guimarães. O ato
de analisar uma decisão do endividamento
corresponde a avaliar domestica e conseqüências e nos seus acertos. Portanto, não
soberanamente atitudes domesticas de
responsabilidades política ou administrativa, e
pode tocar determinada ação. Por exemplo: a
construção da Ferrovia do Aço. Houve nível?
Para que então? Esse daqui é bom ou ruim?
Alguém tem de ser punido administrativamente
por ele? Ora, tudo isso nada tem a ver com o
credor. Podera ter alguns desdobramentos se,
por exemplo, houver alguns vícios. É possível
que ocorram, mas duvido, porque, realmente, em
relação a essa questão, o Banco Central tem
trabalhado com muita competência. Somos dos
poucos países do mundo que controlam o
registro de todas as operações legais, seja de
investimento, de comercio, de dinheiro ou de
mercadorias. Todas passam pelo Banco Central,
que controla o registro, suas características, bem
como os contratos e o direito de aquisição de
moeda estrangeira no próprio Banco Central,
para efeito de remessa a título de pagamento,
seja de juros ou dividendos, seja de repartição de
capital. Poucos países do mundo tem um
controle cambial tão eficaz quanto o Brasil.
Então, é uma decisão que, na verdade, não
causa impacto, do ponto de vista do credor. A
outra, não. E efetivamente uma agressão a um
acordo.
O SR. RELATOR (Jose Serra): – Qual
e a outra a que V. S.ª se refere?
O SR. ADROALDO MOURA DA SILVA:
– Aquela a que S. Ex.ª fez menção, relativamente
aos depósitos. S. Ex.ª perguntou por que não me
referi aos depósitos. Cito um exemplo concreto: a
Espanha. Foi feito um acordo entre os dois
governos para a abertura de agências do Banco
do Brasil na Espanha e para a abertura de
agencias de bancos espanhóis no Brasil. Foi feito
explicitamente um acordo.
O SR. RELATOR (Jose Serra): – Em
que época isso ocorreu?
O SR. ADROALDO MOURA DA SILVA:
– Se ocorrer o fechamento de uma agencia de
um banco espanhol no Brasil, automaticamente
deveremos retirar-nos na Espanha. No caso,
trata-se de uma retaliação contratual, como vê V.
Ex.ª. E diferente.
O SR. CONSTITUINTE VIRGILIO
GUIMARAES: – Está bem claro. A minha
preocupação ficou plenamente atendida com sua
explicação. Tinha receio de que essa disposição
transitória, em termos práticos, tivesse pouca
repercussão, na medida em que pega um
aspecto que já está contemplado, que e a lisura
do contrato formal, registrado etc. Para mim, o
esclarecimento prestado por V. S.ª foi muito
importante.
O SR. ADROALDO MOURA DA SILVA: –
É importante compreender que o Banco Central do
Brasil tem desempenhado esse papel com muita
competência e espero vê-lo no futuro com a
mesma competência.
Em relação á pergunta do Constituinte
José Carlos Vasconcelos, tentarei ser breve. É
difícil ser breve. Infelizmente, tenho opinião
contraria á de V. Ex.ª com relação á Comissão
Mista. A Comissão Mista, no meu entender, a
nível de condução da política econômica, cria
estabilidade muito forte. Ela controla algumas
medidas de caráter, que são da essência da
ação do Executivo. Mas este tem de ser
responsabilizado por elas, nas suas
basta simplesmente sustar o efeito jurídico e
legal dessas medidas. Além do mais. são
medidas que geram efeitos no seu anuncio. Por
exemplo: uma política cambial. A insegurança vai
pairar sempre, porque uma medida cambial que
tem seu curso normal em dez, quinze dias gera
contratos, obrigações, pagamentos,
desembolsos. Susta-se, por exemplo, uma
medida de desvalorização cambial, diante de
uma grande crise cambial. Como se refaz? Gera-
se grande intranqüilidade. O que entendo como
sugestão – até me penitencio por ser tão ousado
– é que uma das formulas mais óbvias de o
Congresso controlar o Executivo a não permitir
que o Executivo crie despesas que não estejam
contempladas no orçamento votado pelo
Congresso. No caso do Brasil, o fato mais óbvio
que se tem e o de controle do dispendido através
de autoridade monetária. Este é o ponto critico
da questão. Estão jogando bilhões de dólares em
forma de subsídios por ações meramente
administrativas, tomadas ao longo de 1986.
Naturalmente, teremos de pagar as contas ao
Iongo de 1987, e elas ainda vão entrar no
orçamento a posteriori. Acho que este e o
ponto. O papel da Comissão Mista e importante,
no que tange a controle dos atos do Executivo,
mas é da natureza do Executivo a
responsabilidade pelos acertos e erros.
Julga-se a posteriori o Executivo, e não a
medida em si.
Há algumas coisas que não mereceram
preocupação nesse documento. Nele
vi um pouco de atenção sobre o Banco
Central, mas o problema básico é programação monetária para o mês de julho, na
com relação ao Executivo, que goza de
capacidade para criar despesas sem autorização
de ninguém.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – Mas isto com relação ao
orçamento financeiro.
O SR. ADROALDO MOURA DA SILVA:
– Não necessariamente.
Por exemplo, acho muito importante
essa definição do papel dos avais,
V. Ex.as partiram claramente para a operações de custeio, aprovadas para o mês de
definição dos papéis a fim de inibir os
gastos do Executivo. Vejam bem que estão
impondo limites e condições para que o
Executivo exerça algumas atividades em nome
do Governo.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – A questão orçamentária...
O SR. ADROALDO MOURA DA SILVA:
– Ela esta aqui, Sr. Constituinte.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – Não está na nossa, está em
outra Comissão.
30
O SR. ADROALDO MOURA DA SILVA:
– No orçamento esta mas algumas sugestões
contidas nesse documento impõem restrições.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – Ha uma interseção.
O SR. ADROALDO MOURA DA SILVA:
– Sim, ha uma interseção. Acho que falei demais
desta vez.
O SR. PRESIDENTE (Osmundo
Reboucas): – Com a palavra o Dr. Andrea Sandro
Calabi.
O SR. ANDREA SANDRO CALABI: –
Gostaria de entrar na seqüência do que o
Adroaldo vinha falando e também argumentar
contra a criação dessa comissão mista. A meu ver,
ela interfere em atos do Poder Executivo,
justamente por ter a capacidade de susta-los, de
reverté-los repentinamente ou por decurso de
prazo mesmo que a posteriori o Congresso não
aprove o ato ad referendum. Interfere em atos do
Executivo por que algumas tarefas de política
cambial, monetária, financeira são atos de gestão
da coisa publica, que se decorrem de uma
autorização previa como dizia Adroaldo, do
Legislativo. O Legislativo entra fundamentalmente
em cena, ao aprovar determinado gasto, e,
portanto, o julgamento, a interferência a um ato do
Executivo, so podera ocorrer se ele o reverte,
devendo isso ser devidamente julgado e analisado
na sua propriedade, na sua lisura. Interfere ate na
constitucionalidade do ato. Interfere no Poder
Legislativo, na medida em que reduz as
atribuições do Tribunal de Contas da União no
controle externo dos atos de gestão tomados pelo
Poder Executivo. E o Tribunal de Contas da União
e órgão assessor do Poder Legislativo. Interfere
também no judiciário, na medida em que prejulga
ações, submetendo-se também ao julgamento do
ato.
O fato importante que retomo, já
lembrado por Adroaldo e a questão – daí a
interseção, Sr. Constituinte – do orçamento e a
criação de despesas a revelia de autorizações
explícitas do Congresso. Não e uma questão
simplória a independência do Banco Central, ou
seja, sua capacidade ou não de criar despesas
embutidas nas suas decisões de programação a
execução monetária. Acabo de aprovar a
qual se embutem autorizações de credito rural da
ordem de trinta e seis bilhões de cruzados. Dá-se
uma parte dele, de custeio a taxa de índice de
preço recebido pelo produtor. Está correndo a
cinco por cento. O Governo Federal capta,
pagando LBC, digamos, a vinte por cento. Então,
tomo o dinheiro emprestado do público, pagando
vinte por cento ao mês. Empresto ao público,
cobrando cinco por cento ao mês: digamos,
aproximadamente dez bilhões de cruzados em
junho. E uma diferença de quinze por cento de um
bilhão e meio de cruzados, que é a despesa
efetiva. Alguém pagará, e esta despesa não passa
pelo Congresso. A capacidade de Governo de
criar despesas por meio de suas instituições
financeiras e algo que deve ser regulado.
O SR. PRESIDENTE (Osmundo
Rebouças): – A sugestão e fazer isso passar pelo
Congresso.
O SR. ANDREA SANDRO CALABI: – E
lógico. È o custo. O custo deve estar no
orçamento, e o Congresso deve aprova-lo ou não.
31 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – isto deve constar do projeto de
orçamento.
O SR. ADROALDO MOURA DA
SILVA: – Temos ate uma sugestão. Poderia
haver um mandamento constitucional que
proibisse o Executivo de fazer qualquer uma
dessas despesas a custos superiores ao
crédito que coleta, exceto aquelas autorizadas
pelo Congresso Nacional.
O SR. CONSTITUINTE BENITO
GAMA: – No caso dessas operações, não
poderiam ser usados recursos da receita
tributária, do bolo fiscal? Captar a vinte por
cento, abrindo-se mão de cinco, ao dispor,
realmente, dá uma diferença muito grande, a
ser bancada pelo Tesouro. Mas o Tesouro
arrecada recursos fiscais também para a
dotação orçamentária. Por que se faz com este
custo e não com colocação, do ponto de vista
tributário?
O SR. ANDREA SANDRO CALABI: –
Mas esta é a minha proposta, porque, no
fundo, há a questão da independência do
Banco Central; ou seja, como o Banco Central
financia essa despesa. Ele tem autonomia na
emissão de títulos públicos, na colocação
desses títulos, e, conseqüentemente, na
captação de recursos que são direcionados de
acordo com uma programação feita pelo
Executivo. Esta autonomia é que deve ser
vedada. O Banco Central capta recursos por
meio da colocação de títulos com o objetivo de
financiamento do déficit. Justamente o conjunto
de arrecadações do Orçamento da União e
suas destinações devem ser aprovados pelo
Congresso. A dificuldade e que, no atual
sistema financeiro, esse conjunto, por exemplo,
o credito rural, cumpre papel que é vital a
nossa economia. Portanto, ha que montar
mecanismos de programação de orçamento de
créditos correspondentes, que impeçam a
criação de despesas embutidas, escondidas no
âmbito da programação monetária.
Portanto, responderia à questão do
Constituinte Osmundo Rebouças nesse
sentido; a extinção ou não do Conselho
Monetário, em primeiro lugar, não esta
diretamente atreiada à questão da comissão
mista. Não vejo essa comissão como algo
acabado e certo. Vejo problemas no seu
funcionamento normal. A extinção ou não do
Conselho Monetário somente teria sentido no
âmbito de uma profunda reforma do sistema
financeiro nacional, dando-se nova redação as
leis da reforma bancária, do mercado de
capitais, do crédito rural, bem como à
legislação complementar. Entendemos ainda
que mais importante que a pura e simples
extinção do sistema tributário seria justamente
a eliminação, de uma vez por todas, da
capacidade do Poder Executivo de criar
despesas sem prévia autorização do
Congresso Nacional.
O Constituinte José Carlos
Vasconcelos pergunta sobre a função social do
sistema de bancos oficiais e a procedência da
sua regulamentação neste âmbito da
Constituinte. Acredito que a questão da
regionalização, tanto no que se refere ao
orçamento, quanto no que se refere ao papel
especifico dos bancos. não compete à
Constituição, justamente pelo caráter de
desenvolvimento mutável da própria
composição regional da economia brasileira.
Exigir da nova Constituição especificações
regionais e distribuições que compensem a
desigualdade regional é admitir implicitamente
a permanência dessa desigualdade e, por-
tanto, a total incapacidade do Governo em
romper esses diferenciais. A meu ver, e ato
de legislação ordinária, que deve, de fato,
contemplar os objetivos no âmbito do plano e
no direcionamento de recursos orçamentários,
bem como no âmbito de instrumentos de
ação governamental, financeiros inclusive,
destinados à ruptura ou à redução dessas
desigualdades regionais. Na minha opinião,
modesta e humilde, isso pertence mais à
legislação, já que esse ambiente é cambiável
ao longo do tempo.
O Constituinte Virgílio Guimarães
levantou, com muita propriedade, a questão
da dívida externa, e o Dr. Adroaldo o
esclareceu em parte. Em primeiro lugar, surge
a questão do Banco Central do Brasil. De fato,
qualquer cruzado que entre ou saia, qualquer
dólar, qualquer empréstimo externo está
devidamente registrado – quem tomou, quem
emprestou, a que taxa de juros, em qual
prazo, quando foi, quanto custa, se foi
devolvido, se não foi, se foi rolado etc. No
entanto, isso não significa que haja um
controle sobre a qualidade do gasto
ou investimento feito com aquele
financiamento.
O SR. CONSTITUINTE VIRGÍLIO
GUIMARÃES: – Mas dá a lisura do
contrato.
O SR. ANDREA SANDRO CALABI: –
Mostra a existência do contrato a sua lisura,
suas cláusulas, todas as formalidades
jurídicas. Agora, nenhum cruzado será gasto
fora de alguma entidade, alguma estatal, por
exemplo, pela Petrobrás, pela Siderbrás, pelo
Ministério da Aeronáutica, pelo Ministério dos
Transportes ou por quem seja. Ai, sim,
existem responsáveis pela gestão de qualquer
cruzado. Qualquer recurso público tem um
responsável. É a impunidade, muitas vezes
vista no trato dos recursos públicos, que deve
ser cobrada com maior rigor. Na dúvida, há
um responsável em qualquer um desses
contratos, em qualquer Ministério. Existe um
sistema de controle interno que controla
esses atos. Existe um sistema de controle
externo ao Executivo, exercido pelo Tribunal
de Contas da União, em função de sua
assessoria ao Poder Legislativo. O fato é que
o controle, muitas vezes, se atém a sua mera
formalidade, também jurídica. Há qualquer
quantidade de empecilhos. há uma compra
errada de clipes, mas passam elefantes pela
frente desse sistema de controle. Portanto,
devemos aprimorar esse sistema de controle,
cujo órgão central e a Secretaria do Tesouro
Nacional, que está vivamente empenhada
nesse aprimoramento, com vistas a perceber
não apenas a validade jurídico-legal, a
propriedade da execução financeira de um
contrato desses, mas também a orientar, no
sentido de reverter a execução para os
objetivos previamente definidos nos planos de
Governo e nos orçamentos. É comum que um
plano defina determinada área de atuação,
programas, atividades. O orçamento banca, o
Congresso aprova o orçamento, mas o
controle de fato, o acompanhamento para
checar se aquela atividade foi feita ou
não, isso é muito precário. Portanto, o sistema
de controle e fiscalização é de grande
relevância.
O SR. PRESIDENTE (Osmundo
Rebouças): – Vamos passar a palavra ao
último grupo de comentaristas. Primeiramente
está inscrito o nobre Constituinte César
Maia.
Com a palavra o nobre Constituinte.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR
MAIA: – Sr Presidente, inicialmente, a nossa
saudação ao Dr. Andrea Sandro Calabi e ao
Dr. Adroaldo Moura da Silva. Congratulamo-
nos também com a Subcomissão do Sistema
Financeiro, que, independentemente das
diferenças e de algumas falhas, produziu um
documento que sustenta teses importantes,
como a defesa da soberania nacional e a
defesa do setor público. Estamos de
acordo com os comentários que os Drs.
Andrea Calabi e Adroaldo Moura da
Silva fizeram. Gostaríamos de enfatizar um
ponto que o Dr. Calabi comentou ao final, no
art. 4º, inciso VI, § 1º, que trata das funções
da Comissão Especial Mista Permanente.
Realmente extrapolam não apenas as
funções do Executivo e Judiciário, mas
também as do próprio Legislativo. Como o
Legislativo poderá fiscalizar uma atividade à
qual e solidário? É por que tem a
possibilidade de interceptá-la? Ademais,
esse seria um dispositivo impróprio
constitucionalmente, porque, se o Executivo
tem uma lei para executar o seu orçamento
fiscal-monetário, não pode o Legislativo
interromper a execução dessa lei.
É dispositivo que me parece
extraordinário e que nos faz lembrar um
pouco o pensamento do Presidente da
República, hoje exposto durante a
reunião do Ministério. S. Ex.ª disse que vai
mandar sustar a aplicação das ações do
despejo. Surge então uma figura nova no
Direito, a da suspensão da aplicação de
uma lei durante algumas semanas, até que
outra nova seja aprovada. Mas são coisas do
Brasil.
Agora quero comentar o problema da
nacionalização do sistema financeiro.
Francamente, as argumentações dos
conferencistas não nos parecem insuficientes.
O Banco do Brasil, no ano passado, teve 58%
de seu lucro em operações no exterior. Era de
se esperar, porque, com o Plano Cruzado,
com a deflação, a perda de lucro interno do
Banco do Brasil deve ter sido muito grande. O
Citibank, nos últimos anos, tem mantido uma
participação, no seu lucro global de operação
no Brasil, segundo seu Presidente, da ordem
de 20%. Ele disse ate numa entrevista
recente, que o Plano Cruzado foi melhor para
o Citibank do que qualquer resolução baixada
nos últimos anos pelo Banco Central norte-
americano.
Os depósitos do Banco do Brasil,
certamente, são uma insignificância do
mercado de depósitos no exterior, mas os
depósitos de bancos estrangeiros no Brasil
correspondem a 35% dos depósitos dos
quatro maiores bancos brasileiros – Banco do
Brasil, Bradesco, Itaú e Nacional.
Segundo dados da "Gazeta Mercantil" que,
por acaso, trago comigo neste momento
correspondem a 30% dos meios de
pagamento. Não sei que relação é essa, mas
é outro dado que tinha de cabeça e aproveitei
para usar.
O SR. ANDREA SANDRO CALABI: –
Em abril correspondiam a 13% do total de
depósitos.
O SR. CONSTITUINTE CESAR
MAIA: – Dos quatro maiores bancos?
O SR. ANDREA SANDRO CALABI: –
Os bancos estrangeiros detinham em abril
13% do total dos depósitos.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR
MAIA: – Mas eu me referi à soma dos quatro
maiores bancos brasileiros.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSOES) 32

A única questão que me preocupa
nesse item é quanto ao prazo. Isso e um nó
tão apertado, tão enredado, que dizer que
vamos desatar esse nó em um ano me parece
pelo menos um ato de otimismo. Certamente,
isso teria efeitos traumáticos. Acho que se
deveria prever um processo para desatar
esse nó. Este é um ano difícil para que isso
seja executado, principalmente porque é o
ano da Constituição.
Finalmente, faria apenas mais dois
comentários. Infelizmente, o Dr. Calabi não
teve tempo para tecer comentários sobre
orçamentos. Assim, pediria ao Sr. Relator,
Constituinte José Serra, que, como sempre
tem feito, dessa atenção especial à nossa
emenda, porque nos parece que tende a ser
apenas formal esse controle do Legislativo
sobre o Executivo, se o Congresso não puder,
efetivamente, discutir orçamento.
Tivemos ocasião de enviar algumas
equipes a outros países com a finalidade de
acompanhar o processo orçamentário. Em
geral, o processo orçamentário é elemento que dificulta a criação de mais
acompanhado pelo Legislativo, ou seja, ele é
controlável; sua lei é discutida efetivamente
quando há um período grande de discussão,
o que nos Estados Unidos e na Inglaterra é
chamado de negociação. Seus orçamentos
são bianuais. Há um ano todo para sua
discussão. A seguir, o Executivo retorna com
a versão final ajustada, negociada com o
Legislativo. Pensar que o Legislativo pode
fazer emendas, criando despesas, é um
absurdo, principalmente quando nossas
receitas são muito flexíveis, em virtude da
inflação tão variável que temos – peço que
seja dada atenção especial a este ponto.
Concluindo, Sr. Presidente, Srs.
Constituintes, ilustres convidados, precisamos
acabar com o déficit publico. É claro que seria
um absurdo conter o déficit público na
Constituição. O déficit público não é isto que
está aí, porque o que vemos é uma bagunça
Certamente, ele não foi produzido pelo atual
Governo, mas também não foi controlado por
ele. O déficit público é um instrumento de
política econômica moderna, que tem funções
alocativas anticíclicas, e deve permanecer,
evidentemente. Nossa preocupação, como
disse o Dr. Adroaldo Moura da Silva, é
controlar o gasto público através da lei
orçamentária, não permitindo que ocorram
gastos extra-orçamentários, burlando-se a lei,
instrumentos legais que o ensejem.
Sr. Presidente, estes são os nossos
comentários.
O SR RELATOR (José Serra): – Sr.
Presidente, não estou inscrito para falar, mas
gostaria de aproveitar a oportunidade para
fazer uma observação. O projeto em que
estamos trabalhando leva muito em conta
essas idéias. Agora, seria muito útil se V. Ex.ª,
nobre Constituinte César Maia, pudesse
reunir-se com o pessoal que está trabalhando
nisso, com os assessores, para comparar o
material com a proposta anterior, para dar
uma conferida.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR
MAIA: – Devo então encontrar-me com o
Relator da Subcomissão?
O SR. RELATOR (Jose Serra) – Não.
Comigo mesmo e os assessores, porque
agora estou com essa responsabilidade. Seria
bom que V. Ex.ª fizesse algum acordo com o
PDT para passar de suplente a titular desta
Comissão, a fim de poder participar mais
ativamente, quando estivermos em período
de discussão.
O SR. PRESIDENTE (Osmundo
Rebouças): – Teremos, em seguida, es
indagações do nobre Constituinte Luiz
Gushiken.
O SR. CONSTITUINTE LUIZ
GUSHIKEN: – A maior parte das perguntas
que pretendia fazer já foram respondidas.
Entretanto, gostaria de fazer alguns
comentários, e começarei pela carta-patente.
Tivemos aqui a presença de vários
painelistas, durante a elaboração desse
Anteprojeto – pessoas as mais destacadas do
meio financeiro, na sua maioria – e todos
afirmaram que o sistema financeiro brasileiro
exige, para sua maior eficiência, grau maior
de competitividade. Alguns artigos do
sistema financeiro são oligopolizados. De
forma que é preciso que se criem
mecanismos para incentivar a abertura de
maior numero de bancos. Num debate com
representantes de bancos médios e
pequenos. eles foram taxativos em afirmar
que a carta-patente é um cancro, um
bancos neste País. De forma que o problema
da carta-patente diz respeito, enfim, ao futuro
do setor financeiro. Temos que abolir isso. Se
a forma jurídica está errada, que se procure
outra, mas estou convencido de que essa
figura deve ser extinta. Não sou eu quem o
diz, são vários economistas e os próprios
banqueiros, médios e pequenos, que o têm
afirmado.
Quanto à comissão mista, várias
críticas já foram feitas, mas as críticas que
fazem os Drs. Adroaldo Moura da Silva e
Andrea Sandro Calabi é de que o Poder
Legislativo poderia sustar alguma medida do
Poder Executivo, o que traria desdobramentos
sérios. Revela-se, portanto, na preocupação
dos ilustres convidados o medo da ação do
Poder Legislativo ou das conseqüências que
poderão advir de uma atitude do Congresso
que atinja uma área predominante do Poder
Executivo. Ocorre que essa proposta da
comissão mista, que interfere diretamente no
Poder Executivo, tem uma base real: é o
sistema financeiro e a ação do Poder
Executivo, tal como funcionam hoje. É por
isso que se procuram mecanismos para
sustar esses problemas. Na verdade, não é
que o Poder Executivo deveria ter medo do
Poder Legislativo por causa dessa medida.
Pelo contrário, essa medida bem reflete o
medo que tem o Poder Legislativo de
continuar essa situação do Executivo. Todos
haverão de concordar que, em matéria de
finanças públicas, como disse o Sr.
Constituinte César Maia, há um caos total.
Não é apenas o caos; o Tesouro é uma caixa
sem fundo. Hoje se gasta sem receita e – o
que é pior – com a benevolência, inclusive do
Poder Legislativo. Parlamentar, hoje, não está
a fim de normalizar e fiscalizar; ele vai, com a
xicarazinha na mão, pedir que aprovem
projetos, sem a receita.
Essa proposição da Comissão Mista
como tentativa de sustar os excessos do
Poder Executivo tem uma base real: é este
Poder Executivo que existe hoje. De modo
que não me parece que a solução do drama
do sistema financeiro brasileiro diga respeito
apenas às finanças públicas, ao orçamento.
as
De acordo com a opinião de V. S , a solução
dos problemas do sistema financeiro brasileiro
diz respeito ao orçamento público. Então, se o
Poder Legislativo começa agora a fiscalizar, a
discutir melhor, está resolvido o problema.
E aí faça a seguinte consideração ao Sr.
Andrea Calabi. V. Sª disse que não concorda
com a extinção do Conselho Monetário
Nacional, que é visto hoje como uma figura
perigosa, tal é o atributo que tem, mas diz que
concorda com a sua extinção se fosse
realizada profunda reforma bancária. Foi essa
a expressão que V. Sª utilizou. Gostaria de
entender então o que poderia ser essa
profunda reforma bancária. Ora, é justamente
isto que estamos procurando fazer.
Outra questão, Dr. Andrea Calabi. V.
Sª não aprovou a idéia de o Banco do Brasil
ser o responsável pela colocação dos títulos
da dívida pública. Gostaria então de entender
melhor por que não pode ser o Banco do
Brasil e sim o Banco Central.
O SR. PRESIDENTE (Osmundo
Rebouças): – O último a indagar é o nobre
Constituinte Benito Gama.
O SR. CONSTITUINTE BENITO
GAMA: – Sr. Presidente, inicialmente, quero
congratular-me com os expositores Andrea
Calabi e Adroaldo Moura da Silva. Desde
logo, formularei uma indagação ao Dr.
Adroaldo Moura da Silva, com referência ao
art 12 do Anteprojeto. Diz o art 12:
"Os depósitos ou poupanças captados
pelas instituições financeiras em
macrorregiões menos desenvolvidas não
poderão ser aplicados em macrorregiões mais
desenvolvidas."
Que tipo de função o sistema
financeiro nacional poderá exercer para evitar
os desníveis regionais, uma vez que esse
problema foi tratado com muita intensidade na
Subcomissão de Tributos. Participação e
Distribuição das Receitas, onde ficou
aprovada a alocação de recursos para gastos
públicos a nível de Estados e Municípios?
Evidentemente, gostaria de ouvir a opinião de
V. Sª com relação ao comportamento do
sistema financeiro nacional, no caso de
gastos na iniciativa privada.
Há outro item que gostaria de
comentar. É com relação à proposta de o
mandato do Presidente e dos Diretores do
Banco Central ser fixado em 4 (quatro) anos,
pelo Congresso Nacional ou pelo Senado
Federal. Evidentemente, ainda depende de
discussão sobre se seria o Congresso ou o
Senado. Na minha opinião – e inclusive tenho
uma emenda nesse sentido – penso que
deveria ser o Senado Federal, Preocupa-me
muito o fato de o Congresso Nacional ficar
independente de ser acionado pelo
Presidente da República para votar as
destituições do Presidente e dos Diretores do
Banco Central. Isso, parece-me, criaria
realmente um tumulto muito grande. Nesta
casa, poderia ser criado um movimento para
constituir uma diretoria do Banco Central, que
é uma instituição realmente delicada e
extremamente nervosa para deixar-se
conduzir por movimentos dessa natureza.
Vejo-me até como político em
mandato às voltas com os meus eleitores,
desejando destituir-me do mandato. Isso
realmente geraria uma instabilidade
emocional muito grande, seja do ponto de
vista individual, seja do ponto de vista
institucional, o que prejudicaria a definição
das prioridades.
Essa questão do mandato se
desdobra ainda nos parágrafos. Estabelece-
se que, nos últimos 4 (quatro) anos anteriores
e posteriores, o Presidente do Banco
Central não deveria ter exercido função em
instituição financeira. Por que não aplicar isso
também no Banco do Brasil? Por que
33 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
não exigir isso também dos Ministros de
Estado? O Ministro da indústria e do
Comercio, com relação às industrias, ao
comércio e às empresas de serviços, e o
Ministro da Agricultura, com relação a projetos
pecuários. O homem público, hoje, por
exercer uma função pública, ficaria realmente
limitado. Recordo que alguns desvios
aconteceram neste País, e ninguém foi
punido. Evidentemente, precisamos punir e
deixar que cada cidadão, quando tiver
aprovado o seu nome no Congresso Nacional
ou no Senado Federal, passe a ser julgado
quanto a sua competência e probidade.
Considero esse item, referente ao período de
4 (quatro) anos antes e 4 (quatro) anos
depois, do ponto de vista de administração,
muito complexo. Praticamente, aí estamos
criando uma reserva de mercado para
funcionários ao Banco do Brasil, do Banco
Central, do Banco do Nordeste e dos Bancos
Estaduais, uma reserva de mercado que acho
absolutamente inócua. Quer dizer, não é
necessário. Se o nosso País está precisando
de gerentes, porque uma das grandes crises
do País é a falta de gerência, vamos então
deixar que apenas a iniciativa privada forneça
homens capazes de administrar e gerir o
Banco Central, o Banco do Brasil e os
próprios Ministérios? Nesse caso,
colocaríamos apenas burocratas em funções
extremamente importantes. Esta é uma
questão muito delicada, a respeito do qual
gostaria de ouvir a opinião do Prof. Andréa
Calabi e do Prof. Adroaldo Moura. Quero,
porém, fazer uma ressalva: não acho que o
Banco do Brasil, o Banco Central e outros
órgãos oficiais não tenham quadro, não
tenham pessoal qualificado para exercer a
presidência e a diretoria, até porque – posso
dar um testemunho pessoal – o Banco do
Brasil é hoje a maior universidade pública
deste País. Através dele se forjou a maior
quantidade de homens públicos deste País
até o momento, e esperamos que continue
neste afã.
Outro item que considero importante,
sobre o qual gostaria de ouvir a opinião dos
dois debatedores, se refere ao art. 13 das
"Disposições Transitórias", onde praticamente
se esta estatizando a poupança. Diz o art. 13:
"Todas as atividades de fomento do
Banco Central do Brasil serão transferidas
para o Banco do Brasil S/A e Bancos
Regionais Federais, e todas as atividades
relacionadas com o Sistema Financeiro da
Habitação" – e a caderneta de poupança é um
dos instrumentos de captação de aplicações
no Sistema Financeiro da Habitação – "para a
Caixa Econômica Federal num prazo máximo
de 90 (noventa) dias, contados de
promulgação desta Constituição."
Gostaria de saber do Relator
Fernando Gasparian se aí realmente estamos
estatizando a poupança neste País,
delegando-a a Caixa Econômica Federal, e
acabando com toda uma malha de empresas
já com know-how em captação e aplicação
de recursos. Vejo que ai se coloca um freio
forte na aplicação dos recursos provenientes
da poupança nacional.
Há ainda alguns outros comentários,
mas muitas respostas já nos foram dadas
durante a seqüência de perguntas.
Geralmente, quem fala por ultimo tem
importância quando dá o voto de Minerva, e
não e o caso aqui. Gostaria apenas de
fazer uma observação sobre este outro
dispositivo, contido no art. 9º:
"A União, através de suas instituições
financeiras, não se responsabilizará pelos
depósitos ou aplicações nas instituições
financeiras privadas."
Parece-me que hoje a União também
não é responsável pelos depósitos da rede
privada. Sobre isso gostaria de ouvir a opinião
do Relator da matéria. O que existe, talvez, é
a União fazendo depósitos, dando apoio
financeiro através de redesconto de liquidez,
para que bancos não quebrem. E aí gostaria
de ouvir também a opinião do Relator e do
Prof. Andréa Calabi, com relação a esse
problema de garantia: se se garante o
depositante ou se existe hoje uma forma de
garantia através do redesconto de liquidez.
Para completar, acho que o problema
do déficit público, como referiu o Constituinte
César Maia, é extremamente importante.
Penso até que o mais importante para o País
não é esta Constituinte, mas, sim, a
organização ou mesmo a eliminação desse
déficit público, porque, segundo informações
do Secretário do Tesouro, o que a União vai
gastar este mês com encargos da dívida
interna corresponde a um valor superior à
arrecadação do Imposto de Renda do ano
passado. Quando se focalizou esta situação,
fiquei muito preocupado. Depois, a nível
pessoal, gostaria de continuar esta conversa
com o nobre expositor, porque, quando se
falou em 860 bilhões de dívida interna, com
uma taxa de mercado de 25%, temos algo em
torno de 211, 215 bilhões, enquanto, no ano
passado, arrecadamos apenas 190 bilhões de
Imposto de Renda. É uma questão que
gostaria de desdobrar depois, a nível técnico,
com meus colegas Constituintes e,
posteriormente, com o Relator e o Presidente
desta Comissão.
Eram estas as observações.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – Com relação à Caixa
Econômica Federal, quero dizer que não se
trata de estatizar o crédito. Tudo o que for do
Banco Central, relativo a habitação, passa
para a Caixa Econômica em noventa dias. O
Sistema Financeiro da Habitação também tem
uma parte que funciona dentro do Banco
Central.
O SR. CONSTITUINTE BENITO
GAMA: – A própria Caixa teria atribuições
normativas?
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – O Ministério a que for
vinculado o sistema de habitação, o Ministério
do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente
ou outro, vai-se reportar à Caixa Econômica e
não mais ao Banco Central, que hoje tem um
grande departamento ligado a isso. A idéia é
justamente passar para a Caixa Econômica a
parte de habitação, ficando a parte de
fomento geral com o Banco do Brasil. Não é
uma questão de estatizar. Aliás, os bancos
privados estão mesmo querendo passar para
a Caixa Econômica...
O SR. CONSTITUINTE BENITO
GAMA: – Precisamos ficar atentos a esta
transferência, porque eles realmente estão
querendo isso.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – A idéia é simplesmente
passar para a Caixa Econômica a
parte ligada aos fomentos da área de
habitação, que está hoje com o Banco
Central. Com relação ao Governo, ele hoje é
responsável por depósitos à vista, não sei até
que valor. Não tenho muita certeza, mas acho
que por todos os depósitos à vista, isso
porque ele cobra o Imposto sobre Operações
Financeiras – IOF.
O SR. CONSTITUINTE BENITO
GAMA: – Mas aí é coisa de Governo ou há
um seguro para isto?
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – Quando se trata de depósitos
a vista, o Banco Central é responsável. Ele
realmente utiliza para isso o imposto sobre
Operações Financeiras. Aliás, na
Subcomissão do Sistema Financeiro, sugeri,
numa emenda, que fosse extinto o Imposto
sobre Operações Financeiras, que gera
fundos para cobrir os rombos dessas
instituições financeiras.
O SR. PRESIDENTE (Osmundo
Rebouças): – Vamos ouvir os comentários
finais do Prof. Adroaldo Moura. A seguir,
ouviremos o Prof. Andréa Calabi.
O SR. ADROALDO MOURA DA
SILVA: – O Constituinte César Maia disse que
não ficou convencido com os argumentos
apresentados. Quero dizer que não tentarei
convencer ninguém a ser contra a estatização
ou a favor dela. Simplesmente tentei mostrar
uma faceta do problema, que, no meu
entender, não é muito discutido, ou seja, o
papel que os nossos bancos têm no
exterior. E isso seria afetado por medidas
desse tipo.
Constituinte César Maia, sou
daqueles que acham que a experiência
recente na economia mundial – o exemplo
que gosto de citar e o da Espanha – mostra
que uma abertura na área financeira e muito
saudável. Para a economia espanhola o foi,
pelo menos no primeiro momento. Não sei o
que acontecerá no futuro. A Espanha, que era
um país extremamente fechado, do ponto de
vista de situação bancaria, com bancos
medievais, como V. Ex.ª deve saber, está
fazendo uma revolução na área de legislação,
no setor de abertura. Outro país que está
fazendo o mesmo, e de maneira bastante
interessante, é a França. Não sei em que vai
dar a experiência francesa, mas esse país
está acabando de sair de uma experiência de
nacionalização. Está voltando atrás e fazendo
um programa, por sinal muito bonito, de
pulverização da propriedade dos grandes
bancos franceses. O Japão está fazendo uma
experiência muito interessante. Um dos
países mais fechados ao longo de todo o pós-
guerra foi o Japão, principalmente pela
barreira da língua. Os bancos estrangeiros
tiveram enorme dificuldade para entrar no
Japão, mas agora ele esta dando uma
abertura muito grande. Além da barreira da
cultura e da língua, lá ainda continua uma
proteção fantástica de mercado. Hoje já
operam no Japão inúmeros bancos
estrangeiros.
Não sei se a experiência da
nacionalização seria a melhor coisa. No meu
entender, falando francamente, conhecendo
as experiências dos bancos estaduais – e V.
Ex.ª as conhece melhor de que eu sou
francamente contrário a que algumas
Unidades da Federação detenham o poder de
emissão de moeda, como foi dado a gestores
de alguns bancos estaduais no Brasil. Acho
que teríamos de rever essa questão com mais
tranqüilidade.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES) 34

Com relação ao déficit publico, acho
que o problema crítico da organização do
Executivo no Brasil continua a ser a
capacidade quase infinita de se criar
despesas. Na elaboração da Constituição,
temos de encontrar mecanismos que definam
responsabilidades claras quanto a quem tem
competência para criar despesas, julgando-se
os atos do Executivo à luz da lei, e não em
processos, como V. Ex.ª disse com muita
propriedade, ao ilegível a comissão mista.
Para informação de V. Ex.ª, os
depósitos dos bancos estrangeiros chegaram
a 21%. São hoje em torno de 12,13% do total
dos depósitos do Brasil os depósitos retidos
pelos bancos estrangeiros, inclusive aqueles
com participação minoritária. O comentário
sobre o lucro do Banco do Brasil no ano
passado é correto e legítimo. Mas é
importante compreender o seguinte: se V.
Ex.ª Constituinte César Maia, abstrair do
Banco do Brasil doméstico as atividades de
governo – o que não é muito legítimo, e só a
título de exercício – V. Ex.ª verá que o Banco
do Brasil no exterior é maior que o Banco do
Brasil doméstico, em termos de recursos
próprios. A conta ativa total de recursos
próprios do Banco do Brasil é cerca de meio
bilhão de dólares menor que a do Banco do
Brasil no exterior. E o volume de seus
depósitos captados do público no Brasil é
menor do que o de depósitos captados pelas
agências do Banco do Brasil no exterior.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – Como é que se explica a
questão de recursos próprios, se é essa a
diferença?
O SR. ADROALDO MOURA DA
SILVA: – O que eu digo é que o Banco do
Brasil opera como agente do Tesouro. Então,
ele repassa fundos e os administra. Por
exemplo, o crédito agrícola, em larga medida,
é financiado com recursos da União, do
Tesouro Nacional. O Banco do Brasil capta
recursos do público, que ele aplica como
atividade comercial bancária normal. Então,
essa conta chamada de conta de recursos
próprios do Banco do Brasil, domesticamente,
é do mesmo tamanho ou um pouco menor do
que a do Banco do Brasil no exterior.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR
MAIA: – Não há uma concentração muito
grande, em termos de Petrobrás, ou de
alguma coisa assim, ou é depósito público
mesmo?
O SR. ADROALDO MOURA DA
SILVA: – O Banco do Brasil, é um banco
público que opera o mais "papai-com-
mamãe", como costumo dizer. É até difícil
dizer, porque estou lá, mas jamais conheci
instituição tão séria e honesta quanto o Banco
do Brasil na minha vida. É uma organização
exemplar quanto à dignidade do exercício da
coisa pública. Pode ser lento, difícil, mas é
exemplar, no sentido de que, mesmo que se
queira ganhar muito, ele faz regra. É o único
que cumpre no limite as regras estabelecidas
pela autoridade. É claro que existem os
clientes preferenciais, como os existem em
qualquer outro banco. E as grandes empresas
públicas brasileiras são preferenciais do
Banco do Brasil aqui e no exterior.
O SR. CONSTITUINTE BENITO
GAMA: – Prof. Adroaldo, com relação ao
Banco do Brasil, não sei se V. Sª
dispõe dessa informação agora, mas
o banco perdeu muito no exterior, em termos
de depósitos a vista, depois da moratória?
O SR. RELATOR (José Serra): – Ele
não pode dar esses dados.
O SR. ADROALDO MOURA DA
SILVA: – É evidente que sim, como todo o
sistema brasileiro.
O SR. CONSTITUINTE BENITO
GAMA: – E foi significativa essa perda?
O SR. ADROALDO MOURA DA
SILVA: – Quanto à perda, prefiro não
responder, porque qualquer resposta que eu
dê será colocada sob suspeita (risos).
Respondendo a pergunta que me foi feita pelo
Constituinte Benito Gama, o que tenho a dizer
é que, quanto ao problema do art. 12, das
macrorregiões pobres para as macrorregiões
ricas, acho isso realmente muito complicado.
Não pode ser, na minha modesta opinião, um
mandamento constitucional, mesmo porque é
muito difícil de se definir com propriedade o
que significa, e esquecer que existe o
Governo com atividade de fomento muito
agressiva em relação às regiões mais pobres.
Se formos observar a atividade de fomento na
área de crédito das agências oficiais, elas são
primordialmente localizadas nas regiões mais
carentes. Daí por que é importante que as
agências oficiais controlem todos os
instrumentos de fomento, inclusive na área do
crédito agrícola, porque a forma de carrear
poupança para essas regiões tem que ser
pelo setor público, através de sua ação social,
como administrador das linhas de fomento do
desenvolvimento econômico. Se pegarmos as
regiões carentes, elas recebem como
aplicações seguramente muito mais do que
geram, em termos de poupança financeira.
Não podemos obrigar que a rede privada
desempenhe esse trabalho.
O SR. CONSTITUINTE BENITO
GAMA: – Fiz essa pergunta para ouvir outra
opinião, porque hoje há um espírito muito forte
quanto ao problema de aplicação de recursos,
principalmente nas Regiões Norte e Nordeste.
E há um caso prático, com referência ao
problema das aplicações na poupança, do
ponto de vista de investimento habitacional.
As cadernetas de poupança dos grandes
bancos captam no Nordeste, principalmente
nos grandes centros, como Recife, Salvador e
Fortaleza, e essa captação é investida em
imóveis nas regiões de São Paulo e Rio de
Janeiro. Não existe mecanismo, a nível de
Banco Central ou de Caixa Econômica; não
que isso seja inconstitucional, mas um
mecanismo que depois se desdobre numa lei
complementar, lei ordinária. Era essa opinião
que queria ouvir.
O SR. ADROALDO MOURA DA
SILVA: – Já discuti com meu amigo Osmundo
Rebouças inúmeras vezes sobre o comércio
de bancos. O que acho, honestamente, é que
não se pode obrigar a esse tipo de atividade o
setor privado, mesmo porque se poderá
prejudicar os depositantes das regiões
pobres, criando-se discriminação contra esse
pobre coitado, que não tem acesso às
vantagens das regiões ricas. Temos de olhar
os dois lados: o tomador carente, que precisa
de apoio para seu desenvolvimento, merece
prioridade, tem de contar com a organização
pública; o Governo tem de bancar. Não há
razão alguma para que a atividade
privada faça essa discriminação. Digo até
que, no caso de captação de poupança,
os maiores tomadores de poupança deste
País são as organizações públicas, ou seja, a
Caixa Econômica Federal, que é a maior, as
Caixas Econômicas Estaduais e, agora, o
Banco do Brasil, que, seguramente, logo
chegará ao primeiro lugar, na forma de
captação de poupança. Por tradição, o Banco
do Brasil tem uma preocupação muito forte
em orientar suas aplicações para as regiões
carentes, até porque sua rede é
primordialmente montada para servir a essas
áreas. A rede de agências do Banco do Brasil,
numa cidade como São Paulo, é
relativamente pequena, se comparada com a
de qualquer banco competidor em São
Paulo. Agora, compare a rede do Banco do
Brasil no interior, no Piauí, com qualquer outra
rede!
O SR. CONSTITUINTE BENITO
GAMA: – É porque em São Paulo a
concorrência não deixa ele chegar,
não é?
O SR. ADROALDO MOURA DA
SILVA: – Porque está tomando dinheiro em
São Paulo para aplicar no Piauí.
O SR. CONSTITUINTE BENITO
GAMA: – A questão do Banco do Brasil é
importante. O Banco do Brasil está em
pequena quantidade no Estado de São Paulo
não é por causa da concorrência, que freia
um pouco? Ele está lá em cima expulso de
São Paulo, ou não?
O SR. ADROALDO MOURA DA
SILVA: – Eu não diria isso, porque o Banco
do Brasil cresceu uma barbaridade nos anos
80; o número de funcionários e de agências
mais do que dobrou na década de 80. De
1979 a 1986, o número de agências do Banco
do Brasil se multiplicou quase que por três e o
número de funcionários dobrou. Sem dúvida,
trata-se de um banco que, pelo seu tamanho,
tem um número relativamente pequeno de
funcionários. Possui 107 mil funcionários,
número bastante inferior, por exemplo, ao do
Bradesco. São realidades que precisamos ter
em mente.
O SR. CONSTITUINTE RUBEM
BRANQUINHO: – Gostaria de fazer uma
pequena intervenção, em apoio ao
Constituinte Benito Gama. Vou dar um
exemplo prático: represento um Estado
modesto – o Estado do Acre. A maior
caderneta de poupança do Acre é a do
Bradesco, que lá nunca financiou um
apartamento sequer, por menor que seja.
O SR. ADROALDO MOURA DA
SILVA: – E a Caixa Econômica?
O SR. CONSTITUINTE RUBEM
BRANQUINHO: – Tem financiado alguma
coisa.
O SR. ADROALDO MOURA DA
SILVA: – Quanto ao volume aplicado na área
de habitação, se não há um instrumento
eficaz para fazer essa coisa acontecer, não
posso obrigar todos os bancos a aplicarem no
Acre. É o tipo da coisa extremamente
ineficiente, inclusive para a população
acreana. Bem, essa é minha opinião.
Quanto às Presidências do Banco
Central, confesso que tenho as mesmas
dúvidas de V. Ex.ª, em relação à pertinência
ou não do que reza o projeto constitucional.
Por isso, não emiti opinião. Tenho muitas
dúvidas sobre a necessidade de a indicação
do Presidente do Banco Central ser feita ou
confirmada pelo Congresso. Acho que,
35 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
num país em mutação tão rápida quanto o culdades e etc. No ano passado, faliram 1.200
Brasil, isso poderia gerar uma estabilidade bancos nos Estados Unidos, ou qualquer
maior. Nos últimos doze meses, ninguém coisa do gênero. No sistema brasileiro, na um
bate, não é? (Risos.) Mas isso não é garantia frisson quando qualquer banco tem algum
de que tenha maior estabilidade. Por exemplo, problema.
agora mesmo, acaba de acontecer um fato O meu ponto de vista é de que, se a
importantíssimo para a economia do mundo atividade tem de ser aprovada por alguma
inteiro. Hoje foi anunciada e saída do instância, e tem um retorno, a carta patente
Presidente do Banco Central dos Estados tem um valor que está sendo doado, no caso
Unidos. O ocupante desse cargo é indicado de abertura pura e simples. Ou seja, a coisa
pelo Presidente ao Congresso. O novo será deveria ser mais complexa. O que é carta
confirmado ou não. Isso gera apreensão, patente para um banco pequeno? E para
como geraria qualquer outra mudança. Não outro com duas agências? Qual é o valor?
precisaria passar necessariamente pela Insisto em achar que é um valor que não há
avaliação do Congresso. Realmente, tenho por que ser dado. Não é privado, concordo
dúvida quanto à funcionalidade de um plenamente. Não é apropriável privadamente
preceito constitucional relativo à indicação. como valor, posto que é uma concessão
Não tenho opinião formada a esse respeito. publica. No entanto, se tem um valor, por que
O SR. CONSTITUINTE BENITO doá-lo a um acionista privado?
GAMA: – O Ministro do Supremo passa pelo Outra questão que V. Ex.ª levanta,
Congresso. Evidentemente, as funções são também muito importante da Comissão Mista,
diferentes. Agora uma pergunta com relação e quanto ao controle sobre o Executivo.
ao banco americano. O Presidente será Concordo quanto a necessidade. Existem os
necessariamente um dos governadores da mecanismos. Vamos ativar os mecanismos
junta de governo? existentes. O Congresso Nacional poderá
O SR. ADROALDO MOURA DA convocar, pressionar, exigir, demandar e
SILVA: – Não, poderá ser qualquer cidadão. oficiar. O controle interno tem de ser
Provavelmente, será o Sr. Alan Greenspan, operacional, tem de funcionar; o controle
que foi assessor econômico do Governo externo de cobrar realmente, com mais
Reagan. capacidade e organização.
Agradeço a oportunidade de ter Mencionei a extinção do Conselho
participado deste debate e gostaria de me Monetário, e V. Ex.ª falou em uma reforma
despedir, já que essa foi a minha última bancária. Eu me referia, na realidade, a uma
intervenção. ampla reforma na legislação bancária, que
O SR. PRESIDENTE (Francisco introduzisse em seu bojo modificações, entre
Dornelles): – Com a palavra o Sr. Andrea outras a extinção do Conselho Monetário.
Calabi. Quando digo a lei básica de reforma bancária,
O SR. ANDRÉ SANDRO CALABI: – refiro-me às Leis nºs 4.595, de 31 de
Acredito que o Prof. Adroaldo Moura da Silva dezembro de 1964. do Mercado de Capitais,
tenha tocado em quase todos os pontos. 4.728, do Crédito Rural, 4.829, e legislações
Tentarei reforçar um outro que considero complementares. O Conselho Monetário hoje
ainda carente de respostas. é perigoso – V. Ex.ª menciona – mais pela
Insisto na questão da carta patente. O capacidade do Executivo de criar despesa a
Constituinte Luiz Gushiken diz que os pequenos revelia do Congresso Nacional do que por sua
bancos entendem ser esse um câncer, ou seja, existência. Ao contrário, sua existência
a dificuldade de obtenção de uma carta patente, deveria até ser regulamentada. E uma
pois seu valor impede a criação de novos instância interministerial – participação dos
bancos. Voltamos a uma questão que o bancos, do setor privado, de trabalhadores
Constituinte Fernando Gasparian também etc. – que poderia ser valorizada até com
comentou. Quanto vale um banco, se ele pode pareceres, por trás de aprovação, e
vender a carta patente? Digamos, cem; declarações de votos. Por que o Banco
seguindo o raciocínio do nobre Constituinte Central, na colocação da dívida pública, é
Fernando Gasparian, sem a carta patente, melhor do que o Banco do Brasil? Porque o
valeria, digamos, trinta. O que significa abrir a Banco do Brasil é uma sociedade anônima de
concessão da carta patente a quem tenha capital capital aberto, com responsabilidade perante
e idoneidade? Significa que vale setenta, seus acionistas e, obviamente, com objetivos
digamos, ou qualquer número correspondente, de rentabilidade, ademais de ser agente
no sentido de que, se não valer nada, ninguém a financeiro do Tesouro. O Banco Central é uma
buscará. Se alguém a busca, é porque ela dá autarquia cujos custos e eventuais benefícios
uma permissão de operação que tem da gestão da dívida pública, em última
perspectiva de retorno. A meu ver, não há por instância, são do Tesouro. O Banco Central
que essa carta patente ser doada. Meu ponto de se coloca acima do sistema financeiro,
vista é que ela tem um valor econômico. enquanto o Banco do Brasil compete com o
Ninguém discute isso. Seu valor econômico não sistema financeiro. É complicado, porque
é pela raridade. Se houver tamanha interfere na ação do Banco do Brasil,
disponibilidade, tamanha geração de cartas enquanto vendedor e comprador de títulos,
patentes, temos ela estabilidade do sistema como banco comercial ou como
financeiro ou pelo critério, ou seja, o numero de conglomerado, quando opera e vende em
pessoas eventualmente idôneas e com capital nome do Tesouro. Prefiro ter uma instância.
para abrir um banco deve ser muito superior ao No caso de São Paulo, onde tive minha
número de unidades bancárias capazes de atuar experiência no mercado financeiro durante
no mercado. dois anos, setor da dívida pública é uma
Há outra discussão importante que o distribuidora do Tesouro do Estado e não do
nobre Constituinte Luiz Gushiken levantou – a Banespa. No caso do Rio de Janeiro – o
tendência a certa conglomeração no mercado. Constituinte César Maia conhece – é
Realmente, não sei se é mais estável um sempre uma distribuição, posto que a
sistema financeiro de abertura e distribuidora do Estado atende aos objetivos
fechamento mais livre, como é nos Estados do Tesouro do Estado, enquanto os bancos,
Unidos, por exemplo, com todas as difi- comercial e estadual, têm os seus obje-
tivos próprios de lucro, rentabilidade de ação.
Acredito que defenda melhor.
O SR. CONSTITUINTE LUIZ
GUSHIKEN: – Dr. Calabi, eu queria fazer uma
observação para entender a questão do
Banco Central e do Banco do Brasil, na
colocação dos títulos da dívida pública.
Quando o Banco Central assume esse
papel não há o perigo de esse órgão, que
deveria ser responsável precipuamente pela
política monetária, se intrometer na área
fiscal?
O SR. ANDREA SANDRO CALABI: –
Não. É justamente essa separação de
funções que eu mencionei a V. Ex.ª. O Banco
Central deveria ser proibido de, por iniciativa
própria, colocar títulos públicos da dívida do
Tesouro Nacional, que tem por função
financiar o déficit. Portanto, a
responsabilidade de colocação é do
Tesouro: a receita correspondente e do
Orçamento da União. O Orçamento é
que dá o teto e autoriza ou não colocar
10, 20 ou 30 bilhões de cruzados em títulos. É
o Orçamento aprovado que estabelece
quanto deve ser colocado. Depende um
pouco da execução financeira de
caixa do Tesouro. Agora, o instrumento de
colocação poderá ser ou não o Banco
Central.
O SR. RELATOR (José Serra): – Dr.
Andrea, sem querer interferir, pode-se
até criar uma distribuidora, como
em São Paulo. Quantos empregados tem a
Divesp?
O SR. ANDREA SANDRO CALABI: –
Cinqüenta pessoas.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Cinqüenta pessoas para fazer todo o trabalho.
Quer dizer, até se poderia criar uma
distribuidora nacional. Nem precisa ser o
Banco Central, mas uma que tenha apenas
essa finalidade, mais nada.
O SR. ANDREA SANDRO CALABI: –
Existe uma especialização na mesa do Banco
Central, que, aliás, funciona muito próximo à
mesa do Banco ao Brasil. Mas é mais
apropriada ao Banco Central, quando há um
serviço que o Banco Central presta ao
Tesouro.
A questão do art. 12, creio, já foi
suficientemente discutida com o nobre
Constituinte Benito Gama, quanto aos quatro
anos.
O SR. RELATOR (José Serra): – Foi
suficientemente discutida, mas gostaria que V.
Sª falasse sobre ela, porque é uma das
maiores dificuldades que tenho.
O SR. ANDRÉA SANDRO CALABI: –
Na verdade, o Dr. Adroaldo Moura da Silva se
estendeu na resposta. Não podemos limitar a
aplicação de recursos, porque não podemos
limitar a captação; quer dizer, se há um
depósito na caderneta de poupança, não
podemos obrigar que o empréstimo seja feito
na mesma região. Obviamente, é difícil definir
macrorregião. Mas há necessidade de um
tomador na região, na análise do
banco que captou recursos. Se a região só
tem captação a uma taxa de juros mais baixa,
que exige atividade de fomento a uma taxa
subsidiada, compete ao Governo analisar,
aprovar e agilizar essas operações. Do ponto
de vista privado, essa limitação acabaria
enrijecendo o próprio mercado financeiro
local.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR
MAIA: – É facilmente burlada.
Trocar o depósito de uma região
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
para outra é facílimo. Basta abrir uma conta
numa região e depositar em outra região.
Trocar a posição do depositante é uma
operação fácil. Quer dizer, posso ter uma
conta no Rio de Janeiro e posso ter uma
conta em Fortaleza. Em vez de aplicar na
minha conta no Rio, aplico na de Fortaleza e
vice-versa. É facilmente burlável.
O SR. ANDREA SANDRO CALABI: –
Lembro-me quando da instituição da
caderneta-ouro do Banco do Brasil, que só
podia ser aberta em cidades onde houvesse
aplicações em investimentos rurais. Não se
podia ter depósitos no centro de São Paulo, o
que é de se estranhar, porque bastaria fazer
uma remessa daqui para lá. Essas limitações
não funcionam e acabam agindo em sentido
contrário.
A questão dos quatro anos foi
amplamente debatida, mas gostaria de
lembrar um ponto: não se discutiu o aspecto –
e, a meu ver, há uma aprovação generalizada
– de o Presidente e a diretoria – assim está no
anteprojeto – do Banco Central aprovados
pelo Congresso Nacional. Portanto, o controle
sobre a probidade da pessoa será exercido na
aprovação por parte do Congresso. Se o
Congresso aprovar a indicação de uma
pessoa cujos antecedentes sejam
desabonadores ou cujas expectativas de
comportamento futuro sejam negativas, isso
nos leva a crer que deverá haver um crivo
nesse processo. Particularmente, acho muito
difícil. Sr. Relator, submeter-se à aprovação
do Congresso o presidente do Banco Central
e seus diretores. É extremamente complicado
para a gestão do próprio Banco Central. O
Presidente tem determinadas probabilidades,
os diretores também, mas por que se
submeter à aprovação do Congresso os
diretores, além do presidente?
O SR. RELATOR (José Serra): –
Que complicação V. Sª acha que haveria?
O SR. ANDREA SANDRO CALABI: –
A independência de cada diretor do Banco
Central e a incapacidade do presidente de
imprimir uma política ou uma diretriz: ou seja,
o diretor, dentro do organograma, está abaixo
do presidente. No entanto, ele tem uma
autonomia, dada pela aprovação do
Congresso. Ele é absolutamente autônomo.
Em outras palavras, não há como o
presidente do Banco Central administrar a
política monetária e determinar diretrizes. A
culpa não será do presidente. Será do
Congresso, que aprovou outro diretor que
andou por conta própria. É uma questão
semelhante à de aprovação de diretores
especificas de empresas que têm autonomia
distinta do comando de gestão. É uma
responsabilidade da direção maior da
empresa, personificada no caso da gestão do
presidente ou do Conselho de Administração.
Esse foi um ponto não levantado e que muito
me preocupa qual seja a perda da autonomia
político-monetária.
No que refere à questão do Banco do
Brasil e carreira, faço minhas as palavras do
Adroaldo. O Banco do Brasil e o Banco
Central têm pessoas, aliás, respondem aos
quatro "pré e pós". Por serem pessoas
das máquinas correspondentes, de carreira
das instituições, devem responsabilidade
aos seus pares, ao sistema. São cobrados de
múltiplas formas. São funcionários de
carreira. São vantagens do Itamaraty, dos
Ministérios Militares, da Polícia Federal, da
Receita Federal – é a necessidade
de determinadas funções. A cobrança
é interna. Uma pessoa que comete uma falta
é penalizada e automaticamente deixada de
lado. A existência de uma carreira nos
órgãos de gestão financeira é absolutamente
crucial para que se obtenha
a responsabilidade do individuo que lá
trabalha.
O SR. CONSTITUINTE RUBEM
BRANQUINHO: – Gostaria de fazer uma
rápida interrupção, Sr. Presidente.
Solicitaria que fosse respondida, se possível,
a pergunta do Constituinte Benito Gama
sobre se o custo financeiro do déficit, hoje de
um mês, é igual ou superior a produto, enquanto que a arrecadação
toda a arrecadação do Imposto de Renda de
1986.
O SR. ANDREA SANDRO CALABI: –
É, mas isso mostra ainda mais a inflação do
que o custo real. O custo da dívida publica, de
anos passados para cá, foi substancialmente
reduzido em termos reais. Se antes se
colocava a dívida pública, mas correção de
15%, digamos, a instituição da LBC conseguiu
reduzir só com correção monetária. A dívida
interna colocada junto ao público está na casa
de 820 bilhões de cruzados; a dívida total,
computa também a carteira do Banco Central
e a de outras instituições federais – Petrobrás,
por exemplo – supera um trilhão de cruzados.
A uma taxa de juros de 20%, uma LBC de
20%, digamos, um trilhão, são 200 bilhões de
cruzados nominais ao mês, mas é mera
rolagem é mera inflação. É o custo mesmo. O
custo do déficit público, do ponto de vista do
financiamento, é o custo de rolagem da
dívida. Agora, não confundamos o custo
nominal, derivado meramente da inflação, do
custo real. O custo real da dívida federal está
muito baixo. Concordo com o Constituinte
César Maia, quando diz que o déficit público é
um instrumento de gestão de planos de
governos, digamos assim. Ou seja, ele deve
ser acionado em função de decisões de
planos, de programas etc.; e deve ser servido,
do ponto de vista do custo da dívida, ao
menor custo possível.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Algum Constituinte deseja ainda
usar a palavra? (Pausa.)
Com a palavra o Professor Adroaldo
Moura da Silva
O SR. ADROALDO MOURA DA
SILVA: – Gostaria de desculpar-me com o
Constituinte Luiz Gushiken, porque acabei
não respondendo a sua indagação. Mas
queria aproveitar a oportunidade, ainda em
relação à carta patente, pois há um aspecto
que me pareceu preocupante no projeto. A
administração bancária, seja privada ou
pública, divide com o Governo a pública. Está claro? Essa é uma questão
responsabilidade de administrar a chamada
moeda, a liquidez do sistema, que é um
público, um monopólio natural. Se
abrirmos uma competição de fachada,
poderemos estar incentivando problemas
muito graves. Tenho muito medo dessa
competitividade definida simplesmente pelo
grande número de agentes participantes
desse mercado.
Quanto à dívida pública, queria dizer
duas coisas, porque há uma grande confusão
sobre esta questão no Brasil. A dívida pública
tem de ser medida pelo custo do juro real da
dívida. Então, se é um trilhão, o custo real da
divida é 8, 10 ou 12% do valor. A correção
monetária vai para o principal. É rolada
automática e contratualmente. Agora, em
relação ao déficit público, acho que é um
importante instrumento de ação e gestão.
36
Mas, num País em que a arrecadação líquida
tributária da União, dos estados e dos
municípios é menor do que o gasto de custeio
dessas mesmas organizações, o problema é
grave – é o caso do Brasil. Então, temos de
cuidar desse déficit público, porque a
arrecadação líquida da União, dos Governos
estaduais e municipais não dá sequer para
manter a máquina. Toda a tributação está
sendo consumida no processo. Isso, quanto a
tributação líquida. E há uma injustiça enorme
do sistema tributário brasileiro, porque a
tributação bruta é algo não inferior a 24% do
líquida não é superior a 10%. Assim, mais de
14% são distribuídos na forma de
transferências, subsídios ou pagamentos de
juros da dívida pública. É isso que
precisamos controlar – incentivos fiscais,
transferências para isso, pagamentos e
absorção de dívida daquilo, juros da
dívida, subsídios, seja ao consumo,
seja do trigo, seja do álcool – pois é um
absurdo.
Quando se fala da dívida pública,
acho que deveríamos enfocar essa questão
estrutural mais grave do Governo no
Brasil, que é o fato de que a arrecadação
líquida tributária do País, no setor público, é
menor do que o gasto corrente desse
mesmo setor público. Isso é um verdadeiro
absurdo.
Sr. Presidente, perdoe-me, gostaria
realmente de agradecer a oportunidade.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Concedo a palavra ao nosso
Relator, Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Eu
gostaria de cumprimentar os dois expositores
de hoje. Acho que realmente deram uma
contribuição inestimável ao andamento do
nosso trabalho, especialmente agora, no nível
da Comissão temática, da qual sairá o
relatório final.
Farei dois ou três comentários muito
breves, o primeiro deles para o Constituinte
Rubem Branquinho. Quero saber, nobre
Constituinte, se ficou clara – porque isso, para
mim, é um ponto vital – a questão sobre onde
deverá ficar a disponibilidade de caixa da
União. Quero dizer, se a União tem vinte
bilhões, o que ela deve fazer não é deixar
num banco oficial para que ele aplique,
porque, com uma inflação de 20% ao mês, aí
se estará dando quatro bilhões que ninguém
resolveu, ninguém decidiu necessariamente
que se iria dar. Se eu, com esse dinheiro,
deixo de emitir título ou "compro" – entre
aspas – diminuo o custo da dívida
muito importante. É vital para o bom
entendimento.
Com referência ao art. 6º, acho que
contém uma palavra que muda bastante o
significado de tudo o que vai fazer. Ela não foi
posta intencionalmente, mas Milton Friedman
enrubesceria, e até se acharia um
esquerdista, perto do que está aqui. É quando
se diz que é vedado ao Banco Central do
Brasil financiar direta ou indiretamente o
Tesouro, dando a idéia de que o Banco
Central não pode comprar títulos do Tesouro
no mercado. Seria realmente inacreditável.
Acho que nem a Friedman ocorreria, mesmo
quando está com a Rose Friedman, nos
devaneios mais monetaristas, mais exaltados,
quando escreve aqueles livros, chegar ao
Ministério da Fazenda, e fazer isso. Não
estou dizendo que foi intencional, mas
37 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
isso é muito importante seja entendido. Uma
coisa é o Banco Central não financiar
diretamente, outra é não permitir que
ele compre títulos públicos no mercado,
discriminando o título público com relação
ao setor privado. Pode parecer uma
bobagem, mas é um aspecto de extrema
importância. Quero saber se isso ficou
claro.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR
MAIA: – Desculpe, inclusive diretamente. Se
o Orçamento prevê um financiamento
inorgânico, é realizado o financiamento
inorgânico via emissão. O problema é haver
uma lei com a previsão.
O SR RELATOR (José Serra): –
Claro, e o Banco Central poderá fazer isso; só
que não está obrigado. Aí será preciso fazer
um acerto sobre como isso será feito. Agora,
na parte de orçamento – muito se imbrica
nessa questão de orçamento – estamos
procurando incluir esses mecanismos. Vou
dar um exemplo: e o problema de como se
redigir isso. A Comissão Mista Permanente de
Orçamento e Finanças, num certo momento –
porque, em tese, o Governo não poderia gastar
algo que não esteja contemplado no
Orçamento, mas gasta – se tiver dúvida a
respeito de um subsídio que represente
despesa, talvez possa ter uma explicação no
prazo de cinco dias e recorrer ao Tribunal de
Contas para que tome providências com
relação a esse gasto que não foi decidido. Isso
vale, inclusive, para investimento que
normalmente é feito através de subsídios que,
às vezes não tem controle algum. Já dei esse
exemplo aqui. Faz-se mecanismo de crédito
subsidiado à agricultura, à pequena e média
empresa, porque ele tem custo. Posso até não
ser contra agora, como Parlamentar. Quero
participar da decisão de recorrer, porque essa
despesa está saindo de algum lugar.
Outro aspecto é a questão que o Dr.
Andrea Calabi levantou a respeito da
colocação de títulos públicos. O mecanismo
através do qual o Governo irá fazer essa
colocação não é irrelevante. Se fizer através
de uma instituição que de lucro, que tem
preocupação com o custo, que tem a sua
política, será diferente do que se fizer por uma
instituição mais neutra desse ponto de vista.
O mecanismo adequado realmente será fazer
através do Banco Central, o que não equivale
a diminuir ou aumentar os graus de liberdade,
no caso do financiamento do Governo,
apenas por causa disso. Em todo o caso,
seria preferível criar uma distribuidora dentro
do próprio Banco Central do que entregar a
qualquer das entidades oficiais públicas que
emprestam, que tem lucro, que tem balanço,
que distribuem lucros para acionistas e tudo
mais. Essa é uma das questões chave, dentro
do nosso raciocínio, sem prejuízo de várias
outras evidentemente importantes, dos quais
tenho idéia, pois estamos trabalhando para
ver qual será a melhor maneira de enfocá-las
no anteprojeto de relatório. Já temos mais de
mil e trezentas emendas para apreciar até
sábado. A seguir teremos novamente emendas
sobre o Anteprojeto. Inclusive, quero aproveitar
para dizer aqui que realmente não vai dar para
fazermos comentários detalhados sobre cada
um das mil e trezentas emendas. Será
fisicamente impossível, com todo mundo
trabalhando o tempo todo. Acho que foi racional
o que fez, no sentido de se permitir emendas ao
projeto do Relator, mantendo-se no entanto, a
mesma sistemática anterior. Então, vamos
sofrer emendas duas vezes, e os
Constituintes perceberão que a maioria será
reapresentada posteriormente, porque haverá
votação. Realmente, será um trabalho
absolutamente esgotante.
Ao concluir, fazendo uma espécie de
balanço, quero agradecer aos expositores,
independentemente de questões de natureza
formal, a oportunidade de debate, que para mim,
particularmente – e acredito que para todos nós
– foi de extraordinária utilidade, inclusive pela
franqueza com que foram apresentadas
posições que, às vezes, não são fáceis de serem
apresentadas, do ponto de vista político.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Quero agradecer ao Prof.
Adroaldo Moura da Silva e ao Prof. Andrea
Sandro Calabi a grande contribuição
que trouxeram aos trabalhos desta
Comissão. Creio que os assuntos mais
polêmicos foram aqui amplamente debatidos.
Devo agradecer também a presença de cada
um dos Srs. Constituintes, que muito
contribuíram para o esclarecimento de
pontos até então bastante polêmicos. Muito
obrigado.
Está encerrada a Reunião.
6ª Reunião, realizada no dia
8 de junho de 1987
Aos oito dias do mês de junho do ano
de mil novecentos e oitenta e sete, às doze
horas e cinco minutos, no plenário da
Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e
Finanças, reuniu-se esta Comissão, sob a
Presidência do Constituinte Francisco
Dornelles, presentes os seguintes
Constituintes, membros efetivos: José Serra,
Relator, Affonso Camargo, Basílio Villani, Cid
Sabóia de Carvalho, Darcy Deitos, Domingos
Juvenil, Fernando Bezerra Coelho, Fernando
Gasparian, Irajá Rodrigues, João Natal, José
Carlos Vasconcelos, José Guedes, Jutahy
Magalhães, Sergio Werneck, Benito Gama,
Ivam Bonato, Jesus Tajra, João Alves, José
Tinoco, Mussa Demes, Pedro Ceolin,
Ruberval Piloto e Luiz Gushiken; o suplente:
Joaquim Sucena; e o Constituinte Joaquim
Bevilacqua. O Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos destinados à Subcomissões de Tributos, de Orçamento e
apresentação do Substitutivo do Relator,
Constituinte José Serra, esclarecendo tratar-
se de uma apresentação formal, uma vez que
o mesmo já havia sido distribuído antes. O
Senhor Presidente solicitou dispensa da leitura
da ata da reunião anterior, que foi considerada
aprovada. Com a palavra, o Senhor Relator
teceu considerações sobre o substitutivo ora
apresentado, em exposição detalhada, finda a
qual, iniciou-se o debate da matéria. O Senhor
Presidente enalteceu o trabalho do Relator, a
seu ver, exaustivo, tendo em vista o elevado
número do emendas apreciadas por Sua
Excelência. O Constituinte Fernando Gasparian
solicitou informações sobre proposta de sua
autoria encaminhada a Comissão, sugerindo
uma reunião com o Relator da Subcomissão de
Tributos, Participação e Distribuição das
Receitas. Constituinte Fernando Bezerra Coelho,
a fim de discutir alguns pontos de ilegível e
anteprojeto. O Senhor Presidente alertou para os
prazos de discussão do substitutivo – dias oito e
nove – quando a Comissão deveria ater-se a
discussão do mesmo. O Constituinte Fernando
Bezerra Coelho ressaltou estar à disposição de
todos para esclarecimentos, não o tendo feito
antes devido ao cancelamento da reunião
destinada a este fim. O Senhor Presidente fez
mais alguns esclarecimentos sobre o
fluxograma dos trabalhos. O Senhor Relator.
Constituinte José Serra, alertou para o prazo
exíguo de dois dias, destinados à apreciação
das emendas ao substitutivo e fez
considerações sobre a apresentação das
mesmas. Debateram a matéria, os
Constituintes José Carlos Vasconcelos, Iraja
Rodrigues, Darcy Deitos, Benito Gama,
Joaquim Bevilacqua, Jesus Tajra, Joaquim
Sucena, João Natal, Luiz Gushiken e Basílio
Villani. O Senhor Presidente sugeriu
sistemática visando estabelecer melhores
condições para apresentação de destaques, a
saber: às nove horas do dia doze, o
substitutivo será distribuído: em seguida, a
reunião seria suspensa por uma hora ou uma
hora e trinta minutos, para apresentação dos
destaques; e, finalmente, reiniciar-se-ia a
reunião com a votação da matéria. O
Constituinte Darcy Deitos solicitou da Mesa o
envio de consulta a Presidência da
Assembléia Nacional Constituinte relacionada
aos prazos a serem cumpridos para
apresentação de emendas, tendo o Senhor
Presidente esclarecido que a consulta já fora
feita, devendo ser comunicada o mais rápido
possível. O inteiro teor dos debates foi
gravado e, depois de traduzido e
datilografado, ficará arquivado na Comissão,
publicando-se a íntegra no Diário da
Assembléia Nacional Constituinte. Nada
mais havendo a tratar, o Senhor Presidente
encerrou a reunião às treze horas e vinte
minutos. E, para constar, eu Maria Júlia
Rabello de Moura, Secretária, lavrei a
presente ata que, depois de lida e aprovada,
será assinada pelo Senhor Presidente.
Sala da Reunião, 8 de junho de 1987. –
Constituinte Francisco Dornelles, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Havendo número regimental,
declaro abertos os trabalhos da reunião da
Comissão do Sistema Tributário. Orçamento e
Finanças.
Srs. Constituintes, o objetivo desta
reunião é a apresentação pelo Relator da
Comissão, Constituinte José Serra, do
Substitutivo apresentado aos anteprojetos das
do Sistema Financeiro. O relatório do
Constituinte José Serra ficou à disposição dos
Constituintes desde domingo último, mas, por
decisão dos membros desta Comissão, só
hoje está sendo feita a apresentação oficial.
Nos termos do Regimento, até
amanhã, às 22 horas, poderão ser
apresentadas emendas ao substitutivo do
Constituinte José Serra. O prazo para
apreciação dessas emendas terminará na
quinta-feira. Na sexta-feira pela manhã,
começará a votação do substitutivo do
Constituinte José Serra.
Passo a palavra ao Relator,
Constituinte José Serra, para a apresentação
do substitutivo.
O SR. RELATOR (José Serra): – Srs.
Constituintes, o capítulo inicial, que começa na
pagina nove, refere-se aos principais aspectos
do substitutivo. Concluímos o texto de cada um
dos substitutivos no sábado a noite, mas só
terminamos a complementação praticamente
no domingo, trabalhando continuamente, até as
oito horas da manhã. Fiz questão de que esses
complementos fossem apresentados, porque, a
meu ver, facilitaria a análise dos textos do
substitutivo propriamente dito.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES) 38

O trabalho que apresentarei contém
uma introdução que esboça em linhas gerais
as principais características do substitutivo no
seu conjunto e nas suas partes. Na verdade,
havia trabalhado na hipótese de que teríamos
três substitutivos, um para cada anteprojeto,
mas os Constituintes verificarão que na um
único substitutivo, que inclusive os artigos são
acumulados, isto é, não se recomeça quando
se muda para o tema de cada uma das
Subcomissões.
Na introdução, que lerei em seguida,
fiz um resumo dos principais aspectos do
Substitutivo.
Na terceira parte é o texto do
Substitutivo propriamente dito.
A quarta parte se subdivide em três e
começa partir da página 56, que é a nossa
justificação ao substitutivo. E a parte que deu
mais trabalho para ser elaborada.
Temos o capítulo intitulado "O
Sistema Tributário". O texto aprofunda a
explicação feita na introdução, com relação às
características do projeto. Por outro lado, há
uma comparação relativamente detalhada
entre o anteprojeto apresentado pela
Subcomissão de Orçamento e o nosso
substitutivo, na parte referente ao orçamento,
intitulada, "Os Orçamentos e os Controles" e
facilita a análise do anteprojeto, o confronto com
o substitutivo e as explicações das mudanças. O
mesmo foi feito com relação ao sistema
financeiro, onde apresentamos o anteprojeto da
Subcomissão, as modificações propostas e as
justificativas a elas apresentadas. Acredito que o
anteprojeto seja de importância na compreensão
do texto do nosso substitutivo.
Com relação às características
básicas do substitutivo, farei uma breve
exposição. Para sua elaboração, tivemos
cerca de 1.164 emendas. Acolhemos, total ou
parcialmente, aproximadamente 30% dessas
emendas. Baseamo-nos sobretudo nos
relatórios, aprovados pelas Subcomissões. A
leitura dos anteprojetos será suficiente para
ressaltar como foram importantes os relatórios
para a elaboração do substitutivo final. No
nosso caso, apresentamos a comparação, o
confronto artigo por artigo, que permitirá pelo
menos a duas das três Comissões ter uma
idéia mais precisa. Procuramos interpretar as
idéias predominantes entre os membros da
Comissão Temática, usando mais do que
posições pessoais. Acredito que a análise dos
textos das emendas, a discussão e as
reuniões de votação que teremos na sexta-
feira, no sábado e no domingo permitirão
corrigir os desvios que porventura se
apresentem com relação ao nosso projeto,
expressando o conceito predominante nesta
Comissão. Minha tentativa foi no sentido de
expressar a opinião predominante na
Comissão. Creio que existem, evidentemente,
divergências entre os Constituintes, marcadas
por visões diferentes, de natureza social,
política e regional – como todos sabemos – e,
às vezes, marcada pelo ângulo de observação
individual de cada um, na forma como vê o
problema, ou do conhecimento maior ou
menor que tem sobre a questão. Mas acredito
que, com o espírito público, a tolerância e a
responsabilidade demonstradas até agora
pelos Constituintes desta Comissão, seremos
capazes de chegar a um relatório final
adequado aos princípios que todos queremos
para Constituição do país, ajustados ilegível
da democracia, do desenvolvimento
equilibrado e da justiça social.
Tenho também consciência de que
artigos, parágrafos, incisos contidos no
substitutivo seriam talvez mais apropriados,
digamos, como objeto de lei complementar.
Parece-me, entretanto, que, nesta fase do
trabalho, deveríamos incluí-los no substitutivo,
não todos, porque, em alguns casos, o
detalhamento seria realmente excessivo, para
que, posteriormente, no conjunto da
Constituinte, adotássemos um procedimento
uniforme. Tenho uma idéia que encaminharei
à Comissão de Sistematização, ou seja, que
todos os dispositivos próprios de lei
complementar sejam reunidos, para que, na
elaboração das leis complementares,
funcionem como normas. Nesse caso, estaria
preenchida a preocupação de muitos, no
sentido de que, se algo não estiver claro na
Constituição, será implementado nas leis
complementares ou ordinárias. Se
posteriormente pudermos fazer esse trabalho,
se for viável do ponto de vista jurídico e de
técnica constitucional, acredito que será uma
solução.
Com relação ao sistema tributário,
entrando no resumo de quais os principais
aspectos do substitutivo, procuramos
combinar para o texto apresentado aqueles
princípios consensuais a nível da Comissão, a
saber: de descentralização e fortalecimento
da autonomia dos Estados e municípios,
da atenuação dos desequilíbrios regionais,
da maior justiça fiscal e proteção ao
contribuinte, da simplificação e adequação da
tributação às necessidades de modernização
do sistema produtivo. Tais princípios
básicos têm norteado as discussões nesta
Comissão e correspondem ao pensamento
consensual da própria Assembléia Nacional
Constituinte.
O esforço no sentido dessa
descentralização se consubstancia, a meu
ver, na ampliação da base do ICM, na maior
liberdade para a fixação de suas alíquotas, na
extensão da competência residual para os
Estados e na criação do Imposto de Vendas a
Varejo para os municípios. E, de outro ângulo,
ampliam-se significativamente os Fundos de
Participação. Nesse mesmo sentido, situamos
a partilha de fração – embora pequena – do
IPI com os Estados e municípios, além da
possibilidade do adicional estadual de 5% do
imposto de Renda. Não são cinco pontos
percentuais, mas 5%. Além disso, procuramos
vedar a vinculação dos recursos transferidos –
prática que existia no passado e que hoje
estaria vedada pela Constituição – permitindo
a criação de mecanismos que incluem
representantes dos Estados e municípios para
acompanharem o cálculo e a liberação dos
recursos ligados às transferências.
Ainda no capítulo sobre
descentralização, preconiza-se a gradual
eliminação do Finsocial ao longo dos anos, na
medida em que seja feita a descentralização.
Muitos poderão perguntar: Por que
não eliminar o Finsocial por decreto? Porque
não cabe ao Congresso Constituinte expedir
decretos. Acho que as "Disposições
Transitórias" na Constituição já constituem
uma garantia de que isto será feito.
O esforço para corrigir os
desequilíbrios regionais não se evidencia
apenas pelo aumento do FPE e do FPM, que
são distribuídos segundo critérios ilegível
atualização para corrigir desigualdades, mas
também pela manutenção do Fundo Especial
para o Norte-Nordeste, que, de acordo com
o substitutivo, se destina a aplicações nas
regiões através das instituições oficiais de
fomento.
Procuramos também estabelecer um
critério, que será considerado pelos membros
desta Comissão – no sentido de que 1/5 do
Fundo de Participação dos Estados seja
destinado aos Estados cuja renda média
esteja abaixo da renda média nacional.
Os princípios de justiça fiscal, a meu
ver, se expressam na Constituição, primeiro
através de uma declaração programática –
chamemos assim – de que os impostos, na
medida do possível, dependendo de sua
natureza, devam ser pessoais e progressivos.
Tenho perfeita consciência da enorme
importância da atenuação da regressividade,
mas tenho também presente que boa parte
desta atenuação, para não dizer a mais
importante, deverá ser feita através de leis
complementares, notadamente no que se
refere ao Imposto de Renda, nos seus
aspectos de progressividade e,
especialmente, de abrangência.
A proteção ao contribuinte fica
transparente na limitação dos empréstimos
compulsórios para os casos de calamidade
pública; na sujeição das contribuições sociais
e de intervenção no domínio econômico aos
princípios de legalidade e anterioridade; na
proibição dos privilégios fiscais a certas
categorias profissionais; na maior proteção
contra mudanças bruscas na tributação; e na
limitação dos privilégios processuais da
Fazenda em detrimento do contribuinte. Do
mesmo modo, a abertura para a seletividade
do ICM, que é feita nesse texto, também
permite que através de leis complementares e
nas legislações estaduais se dêem passos
importantes no sentido de maior
progressividade, porque sabemos que os
impostos indiretos são, em grande medida,
também co-responsáveis pela situação de
regressividade que existe no Brasil, no que se
refere à distribuição da carga tributária. Não
se trata apenas do baixo peso dos impostos
diretos ou da forma como os impostos diretos
são cobrados, mas também do peso dos
impostos indiretos e da uniformidade das
alíquotas do ICM para produtos de
essencialidade diferente. Da mesma forma
cumpre mencionar a inclusão dos Impostos
sobre Transmissão Inter Vivos e Causa
Mortis, que tendem a ser progressivos – e
espero que o sejam, porque passam a ser
impostos estaduais e também dependerão
das legislações estaduais.
A simplificação tributária se evidencia
na fusão que fizemos dos impostos a nível do
ICM, juntando sete impostos em apenas um,
que incidirá sobre o valor adicionado, embora
podendo continuar com o nome de ICM. Essa
medida de alguma forma virá sanear
fortemente a área dos impostos indiretos,
permitindo, por exemplo, abatimento maior
dos impostos incidentes nas exportações
industriais, evitando medidas contestadas
internacionalmente, que trazem muitos
aborrecimentos para a política comercial do
País. Ao mesmo tempo, temos necessidade
de maiores desvalorizações, isto é, na medida
em que possamos ter um estímulo às
exportações, que é dado pelo abatimento de
impostos indiretos, que esse abatimento
possa ser feito de maneira mais adequada.
Na sistemática atual, é impossível abater os
impostos sobre energia elétrica, sobre
combustíveis ou sobre serviços.
39 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
Acho que ainda existem dois aspectos
importantes para sublinhar. Tive inclusive
oportunidade de apresenta-los em discussões
a nível da Subcomissão de Tributos. Na
verdade, boa parte da imprensa questiona
qual a carga tributária resultante do projeto
apresentado. A carga tributária não está
definida no anteprojeto, pois não pode ser
definida na Constituição. Carga tributária
significa o peso dos impostos, o produto da
economia, a fração dos impostos na renda
que é gerada na economia. Depende de
alíquotas, de abrangência, de um conjunto de
fatores. Realmente, não tem sentido dizer que
a carga tributária aumenta ou diminui por
causa da reestruturação do sistema tributário.
É importante termos isto presente.
Em segundo lugar está o problema da
União. Inclusive não ficou bem clara a
redação do texto, na pagina 11, no último
parágrafo, onde se diz: "uma segunda
questão tem a ver com a provável "perda" de
recursos disponíveis para a União". Não é
"para a União", é "por parte da União". Aqui
ocorreu uma mudança de redação, invertendo
o sentido que se quer dar. Há muita discussão
em torno de que fração da atual receita
tributaria da União seria deslocada hoje para
os Estados e municípios. Em todo o caso,
queria chamar a atenção para o fato de que a
maior transferência de recursos por parte da
União obrigará, de um lado, a uma verdadeira
descentralização no Brasil.
Queria também chamar a atenção
para o fato de que, de acordo com as
características de modificações apresentadas,
as transferências de recursos tributários da
União serão feitas gradualmente, e não de
uma vez. Haverá um período para
ajustamento do processo.
Na parte de orçamento, trabalhamos
muito – já na intenção claramente expressa
no anteprojeto da Subcomissão – no sentido
de aumentar a transparência e a abrangência
do processo orçamentário, mediante o exame
pelo Congresso não apenas do orçamento
fiscal, mas do orçamento de investimentos
das empresas estatais e do orçamento da
Previdência Social, que não fazia parte do
anteprojeto, mas consubstanciava proposta
da Subcomissão do Sistema Financeiro. O
Congresso Nacional examinaria esses três
orçamentos, sendo inclusive aumentada a
abrangência do orçamento fiscal. Isto e muito
importante por todos os dispositivos contidos
na parte especifica de orçamento e na parte do
sistema financeiro. Teríamos, obrigatoriamente,
um aumento da abrangência do orçamento
fiscal, no sentido de ele conter as despesas
feitas pela União, a nível de subsídio, que, às
vezes, não são contabilizadas, não estão
situadas em lugar algum e não passam, em
momento algum, por decisão do Legislativo.
Há também a obrigação de
apresentar-se demonstrativo a cada ano a
respeito das isenções tributárias, dos
subsídios, dos incentivos e dos demais
benefícios tributários e financeiros. Cria-se a
obrigação, do ponto de vista legal, de uma
definição mais clara das prioridades e maior
controle do seu cumprimento, inclusive em
termos físicos. O Congresso Nacional deve
examinar o Plano Plurianual de Investimentos.
Criamos outro processo: a Lei do Projeto de
Diretriz Orçamentária, que deverá ser
encaminhada ao Congresso Nacional em
abril, porque o Legislativo começa a participar
naquele mês da elaboração do Orçamento.
Portanto, isto foi discutido de maneira
mais clara nas prioridades. Corresponde a um
objetivo nosso importante o fortalecimento do
papel do Legislativo, no processo
orçamentário, como na alocação, na decisão
de para onde são destinados os recursos, no
controle e na fiscalização. Estou convencido de
que o Legislativo não pode substituir o Executivo
nas funções de realização da despesa pública.
Mas considero crucial que o Legislativo participe
da definição das prioridades, controle e fiscalize
a execução da despesa. Para isso será
necessária inclusive a criação de mecanismos,
como os que contemplamos, para o controle
permanente e eventual interrupção de
investimentos, subsídios e outras formas de
despesas que, por vezes, são realizadas no
meio de um exercício financeiro, sem que o
Legislativo os tenha aprovado no mérito e nas
condições de financiamento.
Esta é uma mudança crucial a ser
feita no Brasil. Acredito que este texto
constitucional poderá ajudar. Fortalecemos
também o papel dos Tribunais de Contas e
dos organismos de controle interno dentro do
Poder Executivo e dos externos, feitos pelos
Tribunais de Contas. Permitimos que o
Tribunal de Contas suste, quando for o caso,
a execução de ato ou contrato eventualmente
impugnado, mesmo que, havendo recurso ao
Congresso Nacional, este não se manifeste.
Hoje, quando isto acontece, prescreve o
problema. Permitimos que o Tribunal, depois
de determinado tempo, caso não haja
manifestação do Congresso Nacional, faça a
impugnação. Há também uma proposta no
sentido da mudança da composição do
Tribunal de Contas, inclusive com a extinção
da vitaliciedade de dois terços de seus
membros, que seriam nomeados pelo
Congresso Nacional, sendo que o outro terço
seria indicado pelo Presidente da República,
mas também aprovado pelo Congresso
Nacional. Os outros dois terços não indicados
pelo Presidente da Republica obedeceriam a
outros critérios explicados no texto.
No que se refere ao sistema
financeiro, os princípios de maior
transparência, abrangência, participação
legislativa, controle e fiscalização desdobram-
se na proposta referente ao sistema
financeiro; e, por um lado, na clara separação
de funções do Banco Central do Brasil e do
Tesouro Nacional. Transfere-se do Banco
Central para o Tesouro as atividades que de
fato são afetas a este último: emissão de
títulos de dívida publica e administração de
recursos de fomento – proibição de que o
Banco Central financie, direta ou indiretamente,
o Tesouro, embora ele possa comprar papéis
do Tesouro no mercado, para efeito de política
monetária, mas não diretamente do Tesouro,
para que ele possa desempenhar assim seu
papel de regular a oferta de moeda e a taxa de
juros; e, por outro lado, a maior independência
dada à sua diretoria, cuja nomeação e
destituição deveriam ser aprovadas, a nosso
ver, pelo Senado Federal.
Outro aspecto fundamental,
envolvendo a utilização dos recursos públicos,
refere-se à garantia de que as disponibilidades
de caixa da União sejam depositados no Banco
Central, fator que permitiria maior controle dos
fluxos de recursos públicos, uma alocação mais
racional dos recursos e uma diminuição do
custo da divida publica.
Ainda no que se refere aos
recursos públicos, caberia sublinhar
que eles não mais serão utilizados
para cobertura de aplicações ou depósitos
em instituições financeiras liquidadas.
Inclusive como propôs a Subcomissão, mas
através de um fundo a ser criado, que incluiria
as instituições financeiras oficiais, os bancos
estaduais no caso.
O Poder Legislativo assume, de fato,
pelo substitutivo apresentado, o controle
efetivo do endividamento público, seja o
direto, seja o resultante da concessão de
garantias. Isso sem obrigar, a nosso ver, o
exame casuístico – caso a caso – o que
transferiria para o Congresso Nacional a
responsabilidade pela contratação de cada
divida. Paralelamente, procuramos indicar que
a participação do capital estrangeiro no
sistema financeiro seria regulamentada por
lei, com o objetivo de resguardar os
verdadeiros interesses nacionais, segundo
acordos previstos na própria Constituição –
princípios de reciprocidade, de acordos
internacionais ou de interesses nacionais.
Estes seriam os critérios nos quais a
lei obrigatoriamente deveria basear-se.
A meu ver, importantes inovações do
substitutivo dizem respeito à Lei do Sistema
Financeiro Nacional e ao Código de Finanças
Públicas, que reestruturarão os sistemas
público e privado, estabelecendo novas
regras pertinentes à organização e ao
funcionamento desses sistemas. As leis
básicas do sistema financeiro, apesar de
alterada nos últimos vinte anos, têm
realmente esta idade, pois foram elaboradas
em meados dos anos sessenta, no começo
do regime autoritário. A meu ver, necessita-se
de uma reelaboração, uma sistematização e
uma consolidação dessas leis, no que se
refere ao sistema financeiro e as finanças
públicas mais amplamente. O beneficio seria
extraordinário para o País. Não temos um
corpo de leis consolidado, e ha muitas
omissões, por exemplo, em relação ao capital
estrangeiro, pois a política praticada
atualmente e de certa maneira restritiva e, do
ponto de vista de leis aprovadas pelo
Congresso Nacional, tem uma base bastante
frágil. Poderia mudar, portanto, ao arbítrio do
próprio Poder Executivo, naturalmente tendo
em vista que esse corpo legal – que a meu ver
é o que queremos – deverá ter como objetivo
fundamental o sistema financeiro, servindo ao
desenvolvimento: juros compatíveis com a
produção: que permita a maior transparência
nas operações, especialmente as que
envolvam o setor público: que facilite o controle
social do gasto e da dívida pública: e inibam o
processo de especulação improdutiva, prática
generalizada em nosso País. Tratando-se de
um tema novo como o constitucional,
reconhecemos as dificuldades adicionais que
se colocam para a nossa Comissão, porque, no
caso de outras Comissões e outras temas,
existem as Constituições brasileiras e as de
outros países, e sempre ha um quadro de
referência de como elaborar ou mudar. Esse é
um ponto importante. No caso do sistema
financeiro, essa referência não existe. Por isso
é que fizemos uma tentativa de nova
reestruturação do capítulo, mais ajustado, a
nosso ver, a um texto constitucional. Daí a
importância do confronto e do paralelo, caso a
caso, entre a proposta da Subcomissão no
anteprojeto e o substitutivo apresentado.
Creio que o trabalho da nossa Comissão
merecera atenção muito grande por parte do
Congresso Nacional. Ao fim e ao cabo, estamos
tratando de coisas básicas, como a despesa e a
receita pública, o financiamento público e privado.
Isso e crucial para a vida do País. Acho que isso
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES) 40

deve merecer atenção muito grande por parte
dos demais membros da Assembléia Nacional
Constituinte.
Como disse de início, o tratamento
que demos está baseado numa tentativa de
captar o que seria o pensamento
predominante da Comissão. Os erros que eu
possa ter cometido nesse sentido poderão ser
corrigidos pelas emendas e pela manifestação
livre. através do voto de cada um dos
membros da Comissão. São divergências
normais e até desejáveis para que se propicie
o confronto criativo de idéias.
Esta ultima semana exigirá de todos
nós esforço extraordinário na análise do
substitutivo e dos pareceres sobre as
emendas, discussão e apresentação de novas
emendas, votação do novo substitutivo e dos
destaques. Creio que o esforço que faremos,
acompanhado de ousadia inovadora, realismo
diálogo e transigência, permitira que a nossa
contribuição represente não apenas o
cumprimento de um dever, mas verdadeira
conquista para a nova Constituição que todos
desejamos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles) – Srs. Constituintes, quero
apresentar ao ilustre Relator, Constituinte
José Serra, os meus cumprimentos pelo
trabalho realizado. No período de setenta e
duas horas. S. Ex.ª apreciou 1.164 emendas.
E no sábado entregou à Presidência da
Comissão o seu relatório e o seu substitutivo.
Em conformidade com o art. 18 do
Regimento e pela forma como foi interpretado
pela Presidência da Assembléia Nacional
Constituinte, temos dois dias para debates.
Pergunto aos Srs. Constituintes se gostariam
de apresentar alguma sugestão a Presidência
da Comissão sobre a forma de conduzir as
sessões de discussão e debate, hoje e
amanhã. (Pausa.)
Tem a palavra o Constituinte
Fernando Gasparian.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
CASPARIAN – Sr. Presidente, havia
solicitado uma reunião, que chegou a ser
marcada, para ouvir o depoimento do ilustre
Relator na Subcomissão de Tributos. Gostaria
de ouvir a opinião de S. Ex.ª com relação ao
problema tributado. Infelizmente, o Sr.
Presidente, me informa que a reunião foi
marcada e depois cancelada, porque o
Regimento não prevê esse tipo de
depoimento.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Naquele período.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN – Assim, reitero a necessidade,
na discussão de amanhã ou depois – no dia
em que for marcada a discussão – de ouvir o
depoimento do Relator desta Comissão, como
também do Relator da Subcomissão de
Orçamento e Fiscalização Financeira. No
caso, gostaria de fazer uma apreciação
pessoal sobre o trabalho, uma vez que não
tive oportunidade de conversar com os
colegas de Comissão, tendo exposto as idéias
apenas para os membros da nossa
Subcomissão.
Esta a nossa solicitação.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles) – Ilustre Constituinte Fernando
Gasparian, a discussão do substitutivo terá de
ser realizada hoje e amanhã. De modo que
gostaria de ouvir outras sugestões sobre a
forma como faríamos essas reuniões.
Tem a palavra o Constituinte
Fernando Bezerra Coelho.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
BEZERRA COELHO – Gostaria de deixar
muito claro que, quando fui solicitado a
comparecer perante a Comissão, no sentido
de trazer informações adicionais e propiciar o
debate sobre o anteprojeto da Subcomissão
de Tributos, eu me coloquei à inteira
disposição dos nobres colegas. Não houve
debate porque a Presidência achou por bem
cancelá-lo. Mas estou à disposição dos
companheiros membros desta Comissão, se
acharem importante a manifestação do
Relator sobre alguns pontos que mereçam
maior informação e possibilitem melhor
compreensão do anteprojeto aprovado no
seio da Subcomissão de Tributos,
Participação e Distribuição das Receitas.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles) – A palavra continua livre.
Srs. Constituintes, teríamos a parte da
tarde, à noite de hoje e amanhã. Talvez fosse
conveniente que a parte da tarde de hoje
ficasse livre, para que todos pudessem
examinar o substitutivo do Relator,
Constituinte José Serra. Nossa reunião seria
hoje, no final da tarde, ou amanhã pela
manhã. Nesse caso, gostaria de saber a
posição dos ilustres membros da Comissão.
Faríamos essa reunião hoje, no final da tarde,
à noite ou amanhã pela manhã?
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
TINOCO – À noite.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles) – À noite? Há alguma objeção?
(Pausa.) Vamos votar na sexta-feira o
substitutivo do Relator; dessa forma devemos
realizar a sua discussão. Concordo com as
sugestões apresentadas, no sentido de que
sejam analisados os substitutivos no aspecto
tributário, orçamentário e financeiro. Defiro a
proposta feita pelo Constituinte Fernando
Gasparian, no sentido de que haja uma
exposição dos Relatores das Subcomissões
sobre aspectos do substitutivo, se assim o
desejarem. Poderemos começar hoje à noite.
Existe alguma preferência em relação às
Subcomissões de Tributos, do Sistema
Financeiro ou de Orçamento?
Tem a palavra o Constituinte José
Carlos Vasconcelos.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
CARLOS VASCONCELOS – Sr. Presidente,
o Relator da Subcomissão de Orçamento e
Fiscalização Financeira se encontra na
missão da bancada do Nordeste no Estado da
Paraíba, que tem hoje uma reunião com os
Ministros de Estado. Tenho a impressão de
que S. Ex.ª só poderá fazer a apreciação do
substitutivo amanhã à tarde.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles) – Não existe nenhuma
obrigatoriedade no sentido de que a
apreciação seja feita pelo Relator da
Subcomissão. Mas, pelo que senti,
conversando com os Constituintes membros
da Comissão, todos gostariam que os
Relatores das Subcomissões fizessem a
apreciação do Substitutivo do Constituinte
José Serra, respectivamente no que se
refere à área de cada um. De modo que
faremos a reunião hoje, às 20 horas.
O Constituinte Fernando Bezerra Coelho
fará uma abordagem, e posteriormente
falará o Constituinte Fernando Gasparian.
Se for o caso, hoje e amanhã tratare-
mos de assunto financeiro. Temos que fazer
uma discussão a mais ampla possível. Não
deve haver qualquer tipo de limitação à
discussão desse substitutivo, de modo que na
sexta-feira possamos começar diretamente
com a sua votação.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
CARLOS VASCONCELOS: – Sr. Presidente,
pelo que entendi, teremos a segunda e a
terça-feira para discutir o substitutivo e
apresentar emendas.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
CARLOS VASCONCELOS: – Até amanhã.
Na sexta-feira, o Relator apresentará outro
substitutivo, apreciando as emendas que
foram oferecidas.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Não, até quinta-feira. Na sexta-
feira, entraremos diretamente na votação.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
CARLOS VASCONCELOS: – Após a
apresentação de um nove substitutivo ou
não?
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Exatamente. Na sexta-feira,
começaremos a votação. Faremos uma
reunião hoje, às 20 horas, para que possamos
iniciar a fase de discussão e debates do
substitutivo.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
CARLOS VASCONCELOS: – Durante a
votação, poderão ser sugeridos destaques de
emendas já sugeridas na fase anterior?
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Durante a votação do
Substitutivo, poderão ser sugeridos destaques
para as emendas que serão apresentadas
hoje e amanhã.
O SR. CONSTITUINTE JOAQUIM
SUCENA: – Só as rejeitadas?
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
CARLOS VASCONCELOS: – Parece que há
uma resolução da própria Comissão de
Sistematização, no sentido de que qualquer
emenda apresentada, inclusive a nível de
Subcomissão, possa ser apreciada também
em Plenário.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – De acordo com o entendimento
da Presidência da Assembléia Nacional
Constituinte e do Presidente desta Comissão,
poderão ser pedidos destaques para as
emendas que serão apresentadas hoje e
amanhã ao Substitutivo. E a mesma
sistemática que prevaleceu, no momento em
que foram votados os anteprojetos na
Subcomissão. Faremos na Comissão o que
foi feito em cada uma das Subcomissões.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Esse esclarecimento é importante para os
Constituintes. Na votação, só serão discutidas
emendas apresentadas hoje e amanhã. Isso
deve ficar bem claro.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Com a palavra o Constituinte
Irajá Rodrigues.
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ
RODRIGUES: – Sr. Presidente, parece-me
que a apresentação das emendas feitas à
Comissão até este momento perdeu
completamente o objetivo, se não puder haver
destaque em relação a elas. Na
Subcomissão, tratamos da apresentação
de sugestões e a seguir, de emendas.
No caso, trata-se de apresentação
de emendas em duas fases. Parece-me que a
emenda, seja qual for o momento da sua
41 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
apresentação – não que seja difícil O SR. CONSTITUINTE DARCY
reapresentá-la – desde que submetida à DEITOS: – Agradeço a V. Ex.ª.
Comissão, merecerá o direito de ser O SR. PRESIDENTE (Francisco
destacada de qualquer maneira. Dornelles): – Com a palavra o Constituinte
O SR. PRESIDENTE (Francisco Benito Gama.
Dornelles): – Nobre Constituinte, a Comissão O SR. CONSTITUINTE BENITO
aplicará o Regimento Interno e o que for GAMA: – Os prazos abertos para a
decidido pela Presidência da Assembléia apresentação de emendas hoje e amanhã
Nacional Constituinte. Poderei até fazer uma foram criados após a apresentação do
consulta – e a farei. A sistemática é a mesma Substitutivo ao anteprojeto do Relator. No
para todas as Comissões. Se a Presidência caso, se não houvesse esses dois dias de
entender que poderão ser pedidos destaques prazo para as emendas ao anteprojeto do
para as emendas apresentadas na Comissão, Relator, não caberia alguma emenda, alguma
mesmo aquelas que já foram apreciadas pelo discussão na votação? Essa é uma questão
ilustre Relator, não terei qualquer objeção importante, pois acopla o ponto levantado
quanto a isso. Aliás, não faço mais do que pelo nobre colega.
minha obrigação em cumprir o determinado. O SR. PRESIDENTE (Francisco
Mas, de acordo com o que está no Regimento Dornelles): – Essa consulta será feita hoje, e
Interno e, acredito, de acordo com a decisão à noite teremos a resposta. Na minha
assumida pela Presidência da Assembléia posição, interpretando o Regimento Interno,
Nacional Constituinte, na votação poderão ser no momento em que se começar a votação do
pedidos destaques para as emendas Substitutivo, na sexta-feira, os destaques
apresentadas hoje e amanhã ao Substitutivo deveriam ser para as emendas apresentadas
do Relator. Consultarei a Presidência da hoje e amanhã ao Substitutivo do Relator.
Assembléia Nacional Constituinte sobre o Esse o meu entendimento. Na interpretação
ponto levantado por V. Ex.ª. do Regimento, existem sempre três lados: o
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ seu, o meu e o certo. Prefiro que o certo seja
CARLOS VASCONCELOS: – Sr. Presidente, e entendimento dado pela Presidência da
nessa consulta que V. Ex.ª fará ao Presidente Assembléia Nacional Constituinte, porque
da Assembléia Nacional Constituinte, seria será uma decisão uniforme para todas as
bom que se incluísse a pergunta sobre se Comissões. A decisão tomada pela
poderemos ou não apresentar destaques ao Presidência da Assembléia Nacional
anteprojeto das Subcomissões. Constituinte será aplicada à Comissão do
O SR. PRESIDENTE (Francisco Sistema Tributário, Orçamento e Finanças.
Dornelles): – Não, pois, de acordo com o O SR. CONSTITUINTE JOAQUIM
Regimento Interno, iremos votar o BEVILACQUA: – Sr. Presidente, a votação
Substitutivo. deverá ter inicio na sexta-feira; isto é, as
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ emendas serão apresentadas até amanhã à
CARLOS VASCONCELOS: – Parece-me que noite. O Relator as apreciará na quarta-feira:
já há uma resolução nesse sentido. Dessa na quinta-feira, apresentará um novo
forma, que valor teria então o anteprojeto Substitutivo, aceitando ou não as emendas; e,
apresentado nas Subcomissões, se não na sexta-feira, começaremos a votar. Indago
pudéssemos apreciá-lo tanto a nível de a V. Ex.ª qual será o prazo concedido para
Comissão, como de Plenário? que se requeiram os destaques das emendas
O SR. PRESIDENTE (Francisco de interesse do Constituinte.
Dornelles): – Sr. Constituinte, a interpretação O SR. PRESIDENTE (Francisco
que dou ao Regimento é a que os destaques Dornelles): – De acordo com o Regimento
serão para as emendas apresentadas ao Interno, os destaques devem ser solicitados
Substitutivo do Relator. Entretanto, se a antes do início da votação. Poderíamos
Presidência da Assembléia Nacional adotar uma sistemática, a fim de estabelecer
Constituinte der uma interpretação mais melhores condições para que todos os
ampla, não terei objeção alguma em adotar o Constituintes pudessem examinar as
critério estabelecido pela Presidência. emendas para as quais gostariam de solicitar
O SR. CONSTITUINTE DARCY destaques, tendo uma melhor organização, no
DEITOS: – Sr. Presidente, peço a palavra sentido de que a votação ocorresse de forma
pela ordem. aberta e tranqüila. Poderíamos distribuir o
O SR. PRESIDENTE (Francisco Substitutivo na sexta-feira, digamos, às 9
Dornelles): – Tem V. Ex.ª a palavra. horas da manhã. Daríamos uma hora ou uma
O SR. CONSTITUINTE DARCY hora e meia para que os Constituintes
DEITOS: – Sr. Presidente, solicito a V. Ex.ª, se apresentassem e indicassem as emendas
for possível, que entre em contato ainda hoje para as quais gostariam de solicitar o
com o Presidente da Assembléia Nacional destaque, e, por volta de 11 horas – ou duas
Constituinte, para que tenhamos uma resposta horas depois – começaríamos a votação.
até amanhã com relação ao prazo de O SR. CONSTITUINTE JOAQUIM
reapresentação ou não das emendas que BEVILACQUA: – Perdoe-me, Sr. Presidente,
foram apresentadas nesta fase e que foram esse critério precisa ficar bem claro porque o
rejeitadas ou não consideradas. Gostaria que aperto será não só do Relator, que terá um
V. Ex.ª nos desse esse esclarecimento antes prazo muito curto para examinar as
do prazo de encerramento de apresentação de emendas, mas também dos Constituintes,
emendas ao anteprojeto apresentado pelo que terão prazo extremamente exíguo para
ilustre Relator. examinar o novo relatório. É preciso que o
O SR. PRESIDENTE (Francisco critério de horário, durante as discussões
Dornelles): – Nobre Constituinte, acho que que teremos hoje e amanhã – amanhã já
precisamos ter uma posição da Presidência serão apresentadas as emendas, será o
da Assembléia ainda no dia de hoje. Na último dia – fique bem claro, caso contrário
reunião de hoje à noite, informarei aos teremos problemas. Na fase das
membros desta Comissão sobre a decisão Subcomissões, foi fixado um prazo. Se
que irá prevalecer. não me engano, pelo menos na Comis-
são da Ordem Econômica, até as 9 horas da
manhã, até o início da sessão de votação,
para apresentação dos destaques. Como não
sabemos o que o Relator irá aceitar ou não,
precisamos ter um prazo mínimo, para
podermos examinar e ver o que vamos
destacar ou não. Não sei se uma ou duas
horas serão suficientes, Sr Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Concordo plenamente com V.
Ex.ª. Acho muito pequenos os prazos
estabelecidos pelo Regimento Interno. A
Presidência deve atuar em conformidade com
o estabelecido no Regimento. Não vejo
inconveniente em que, na sexta-feira pela
manhã, uma vez apresentado o Substitutivo
do Relator, se estabeleça prazo maior para os
destaques, ou seja, se V. Ex.ª acharem que
duas horas são insuficientes, precisaremos ter
um prazo maior para apresentar e solicitar
esses destaques. Na reunião de sexta-feira
pela manhã, poderemos discutir o prazo que
os Constituintes gostariam de ter para a
solicitação dos destaques. O objetivo desta
Comissão é permitir que os Srs. Constituintes
tenham as melhores condições para participar
da discussão e que cada assunto seja
amplamente debatido, para que o anteprojeto
votado pela Comissão seja realmente acatado
pela maioria absoluta de seus membros.
O SR. CONSTITUINTE JESUS
TAJRA: – Peço a palavra pela ordem, Sr.
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Concedo a palavra ao
Constituinte Jesus Tajra.
O SR. CONSTITUINTE JESUS
TAJRA: – Sr. Presidente, entendi
perfeitamente a lógica que V. Ex.ª usou para
explicar que os destaques devem ser feitos
apenas para as emendas apresentadas ao
Substitutivo do Relator. Entretanto, talvez
fosse interessante que V. Ex.ª ponderasse a
Mesa da Constituinte que esse destaque se
estendesse às emendas que já foram
rejeitadas, para que se evitasse que muitos de
nós reapresentássemos as emendas
anteriormente apreciadas pelo Relator.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – As emendas apresentadas na
Comissão?
O SR. CONSTITUINTE JESUS
TAJRA: – Exatamente. Isso evitaria acúmulo
de trabalho na apreciação, por ser repetitivo.
Teríamos de repetir a apreciação de
emendas, para a Comissão decidir sobre uma
emenda já apresentada, acumulando o
trabalho para um espaço curto de 48 horas
dadas ao Relator. Parece-me que,
ponderando tal fato à Mesa da Constituinte,
poderia ser pedido o destaque para as
emendas já rejeitadas agora e as que fossem
apresentadas hoje diretamente ao
Substitutivo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – A ponderação de V. Ex.ª,
Constituinte Jesus Tajra, parece-me muito
lógica. Na realidade, em termos de tempo, de
racionalidade de trabalho, não haveria sentido
todos os Constituintes reapresentarem,
nesses dois dias, as emendas que já
apresentaram, havendo o Relator sobre elas
se manifestado. Mas farei esta consulta na
tarde de hoje. Acredito que à noite terei uma
posição definida para os trabalhos a serem
realizados.
Concedo a palavra ao Constituinte
Joaquim Sucena.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
O SR. CONSTITUINTE JOAQUIM
SUCENA: – Sr. Presidente, faço apenas uma
complementação à argumentação do nobre
Constituinte, ou seja, deveríamos estabelecer
o dia e o horário em que começaremos
efetivamente a votação. A partir daí, seria
possível pedir destaque para todas as
emendas que fossem chegando. Teríamos
um prazo que se estenderia até o início da
votação, sabendo-se que, a partir do início da
votação, estariam sujeitas a pedidos de
destaques às emendas solicitadas.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Vamos estabelecer esse critério
ainda hoje. À noite, na reunião das vinte
horas, teremos um critério estabelecido.
Pergunto se poderíamos começar a
reunião às nove horas da manhã, sexta-feira,
dia marcado para a votação, e se o
Substitutivo poderia ser apresentado aos Srs.
Constituintes. Teríamos talvez a parte da
manhã para solicitação de destaques. Acho
válido. O importante é estabelecer um horário
para a solicitação dos destaques, inclusive
para que a Secretaria possa trabalhar com
calma, elaborando uma documentação válida,
para que todos os Constituintes possam
acompanhar os destaques solicitados.
De modo que, uma vez marcada a
reunião para às 9 horas de sexta-feira,
apresentado o substitutivo dentro de um
consenso, poderíamos estabelecer o prazo
necessário para solicitação desses
destaques. Acho que poderia ser de uma ou
duas horas, na parte da manhã.
Começaríamos a votação posteriormente,
vamos dizer, ao meio-dia, ou na parte da
tarde, pois esse substitutivo tem que ser
entregue à Comissão de Sistematização no
dia 15. Para isso seria interessante que
continuássemos cumprindo, como ocorreu até
agora na Comissão do Sistema Tributário,
Orçamento e Finanças, todos os prazos
regimentais estabelecidos pela Presidência da
Assembléia Nacional Constituinte. Não
gostaria que desta vez deixássemos de
cumprir os prazos estabelecidos.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Peço a palavra, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Concedo a palavra ao Relator
José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Sr.
Presidente, gostaria que V. Ex.ª transmitisse à
Presidência da Assembléia Nacional Constituinte
– não sei se é preocupação apenas minha – o
problema da exigüidade do tempo. Teremos
apenas dois dias para analisar as emendas e
fazer um substitutivo final para ir à votação. O
tempo para preparar esse relatório já foi exíguo.
Tivemos um trabalho descomunal. Alguns
Assessores inclusive passaram noites e noites
em claro. Agora teremos apenas dois dias para
uma situação que envolve também negociações.
Não se trata apenas do problema intelectual de
olhar uma emenda, analisar isso ou aquilo.
Implica conversar com as pessoas, trocar idéias
e tudo e mais. Então, dois dias me parece um
prazo extremamente exíguo para isso. Creio que
também será para as demais Comissões.
O segundo aspecto é o que está
sendo levantado sobre as emendas. Parece-
me lógico que façamos uma reapresentação
que implicaria novos pareceres. Enfim,
vejo apenas um problema de natureza
técnica. Acho que cada um deveria
prestar atenção nisso. A emenda tem que se
referir ao Substitutivo, enquanto as emendas
apresentadas foram feitas ao anteprojeto. Não
vamos discutir se foi razoável ou não. É um
problema sério. As emendas até agora foram
apresentadas ao anteprojeto. E as emendas
que serão feitas hoje e amanhã serão
apresentadas ao Substitutivo. Muitas vezes,
mesmo que o conteúdo seja idêntico, a
emenda terá que ser refeita, para referir-se a
este ou àquele artigo, o que é diferente. Às
vezes, houve mudança do texto, isso depende
um pouco de cada um de nós. Por exemplo,
uma emenda do tipo "inclua-se onde couber".
Tal coisa provavelmente continuará. E não foi
acolhida, não há problema algum. Mas uma
emenda ao inciso tal, ao artigo tal é impossível.
O Substitutivo pelo menos procurou fazer um
todo, algo coerente, integrado. Não acolheu
uma emenda, mas inseriu um artigo ou
acrescentou um terceiro. Corremos o risco de
fazer a votação – se isso não for bem ordenado
– de um texto truncado, repetindo a mesma
coisa. É uma questão importante, que deve ser
levada em conta como reflexão. Talvez cada
um devesse examinar as emendas que já
apresentou para ver o que diferenciam em
relação ao nosso Substitutivo, caso a consulta
caminhe para o lado que a maioria deseja.
Mas, se simplesmente ficar valendo a emenda,
isso gerará grande confusão, por causa da
diferença dos textos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Concedo a palavra ao
Constituinte José Carlos Vasconcelos.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Sr. Presidente, queria fazer
um comentário ao pronunciamento do
Constituinte José Serra. Acho que teremos o
problema levantado por S. Ex.ª de qualquer
maneira. Admitamos que reapresentássemos
todas as emendas, adequando-as a esse
substitutivo. Mas alguém poderá apresentar um
novo substitutivo.
Nesse caso, persistira a preocupação
de S. Ex.ª.
O SR. RELATOR (José Serra): – Só
que, digamos, no caso mencionado por V. Ex.ª,
a confusão seria ao quadrado, seria muito
maior. Se me permite a interrupção, no caso,
vamos ter um substitutivo. Serão feitas
emendas e será apresentado um substitutivo
final. É o mesmo que ocorreu na Subcomissão.
Será mais fácil fazer o cruzamento, porque o
substitutivo, em princípio, terá mais
semelhança com o apresentado agora. Por
maiores que sejam as modificações existentes,
sempre guardarão certa estrutura. Nesse caso,
será mais fácil. De toda maneira, esse
problema existe, como já existiu na
Subcomissão, mas elevado ao quadrado.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
CARLOS VASCONCELOS: – Tenho a
impressão de que não vamos fugir do
problema, porque já há uma resolução da
Presidência da Assembléia Nacional
Constituinte, permitindo a reapresentação de
emendas a qualquer nível de discussão,
inclusive de plenário.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Mas aí a reapresentação será adaptada ao
Substitutivo. Está claro? Nos artigos, nisso e
naquilo...
O SR. CONSTITUINTE
JOSÉ CARLOS VASCONCELOS: – Serra é o que hoje está sendo apreciado. De
Visualizo que realmente teríamos
42
mais facilidade de discutir, mas nada
impede, no prazo que a Presidência
conceder para a elaboração de todos os
destaques, que sejam feitas as
adaptações. Acho que, se a Secretaria da
Comissão dispuser de tempo suficiente,
mesmo que tenham mudado artigos ou
parágrafos do substitutivo, poderá fazer
essa equação. Mas quero chamar a
atenção do Presidente para o seguinte:
apresentado formalmente o substitutivo,
não este, mas o final, o de sexta-feira,
cada membro da Comissão terá três
minutos para apreciá-lo. O prazo de
apresentação das emendas deverá ser
posterior a essa apreciação. Poderá levar
uma, duas ou três horas, não sei.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Queria dizer a V. Ex.ª que
temos de conduzir os trabalhos de acordo
com o Regimento Interno.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
CARLOS VASCONCELOS: – Perfeitamente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Não vamos discutir se o
Regimento foi bem elaborado ou não. A
votação na Comissão será realizada
levando-se em conta a mesma sistemática
observada na Subcomissão, que será
adotada também na Comissão de
Sistematização e no Plenário. No
encaminhamento da votação, poderão
usar a palavra, por três minutos, um
membro da Comissão a favor e um contra,
sem apartes.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
CARLOS VASCONCELOS: – Durante a
votação? Mas, antes do início da votação,
cada membro da Comissão tem direito de
usar a palavra durante cinco minutos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Antes do início da votação, nas
discussões realizadas hoje e amanhã.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
CARLOS VASCONCELOS: – Perdão, Sr.
Presidente, mas não temos o substitutivo final.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – V. Ex.ª tem o substitutivo.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
CARLOS VASCONCELOS: – Temos
somente este.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Mas vamos discutir no
momento esse substitutivo.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
CARLOS VASCONCELOS: – O
Regimento sequer se refere a este, que foi
uma introdução, vamos dizer, durante o
correr dos trabalhos da próxima
Assembléia.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Ilustre Constituinte, nesse ponto
a sistemática é a mesma da Subcomissão da
qual V. Ex.ª participou.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
CARLOS VASCONCELOS: – Sr. Presidente,
se V. Ex.ª me fornecer o Regimento, mostrarei
que é muito claro o direito que tem cada
membro da Comissão de usar a palavra
durante cinco minutos para discutir o
substitutivo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Durante o período da
discussão. O substitutivo do Constituinte José
modo que,...
43
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Perdão, mas não podemos
ter outro.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – ...uma vez apresentado o
substitutivo na sexta-feira, começaremos a
votação. E poderão ser pedidos os destaques
para as emendas apresentadas hoje e amanhã,
ou, se a Presidência decidir de forma diferente,
os destaques para as outras. Na sexta-feira,
apresentado o substitutivo, começaremos a
votação logo depois de solicitados os
destaques.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Sr. Presidente, perdoe-me a
impertinência, mas meu entendimento é diferente
do que tem V. Ex.ª.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Agradeço a V. Ex.ª, mas, a menos
que exista uma posição muito clara, na sexta-
feira iniciaremos a votação do substitutivo. O
prazo de discussão e o das sessões de hoje e
amanhã.
Com a palavra o Sr. Constituinte
Fernando Bezerra Coelho.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
BEZERRA COELHO: – Sr. Presidente, gostaria
que V. Ex.ª esclarecesse se, nessa segunda fase
de apresentação de emendas, todos os
Constituintes poderão apresentar emendas ou
somente os membros desta Comissão Temática
poderão encaminhá-las?
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Não tenho condição de dar esta
resposta agora, a V. Ex.ª, mas hoje à noite farei
esta indagação ao Presidente da Assembléia
Nacional Constituinte.
Com a palavra o Sr. Constituinte João
Natal.
O SR. CONSTITUINTE JOÃO
NATAL: – Sr. Presidente, parece-me que
ficou avençado que a reunião de hoje à noite
se realizará às 20 horas. Tendo em vista que
no período da tarde praticamente todos nos
encontraremos aqui, gostaria de sugerir que
a reunião fosse realizada a partir das 19
horas, porquanto os dois Relatores da
Subcomissão falarão, e o tempo poderá ser
maior para adentrarmos em outro tipo de
discussão.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Gostaria de dizer a V. Ex.ª que,
quando decidimos dar a palavra para que todos
se manifestassem, foi estabelecido que a
faríamos às 20 horas. Grande número de
Constituintes já se retirou, e gostaria que
ficássemos no que já foi estabelecido, ou seja, a
reunião se dará às 20 horas. Teremos ainda o
dia de amanhã para continuarmos essa
discussão.
Com a palavra o Sr. Constituinte
Joaquim Sucena.
O SR. CONSTITUINTE JOAQUIM
SUCENA: – Sr. Presidente, apenas para
complementar o raciocínio sobre os destaques.
Cada Constituinte que queira oferecer destaque
à emenda já apresentada poderá fazê-lo, ao
solicitar o destaque, para facilitar o trabalho dos
funcionários desta Comissão, dizendo onde
quer que seja inserido; para que possamos
realizar mais facilmente a discussão, deverá
citar o artigo ou o inciso, a fim de que os
destaques possam chegar.
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Com relação às emendas
apresentadas hoje e amanhã, certamente o
Constituinte irá indicar a forma. Assim, se
prevalecer essa sistemática, acredito que as
facilidades serão muito maiores e irão atender à
preocupação de V. Ex.ª.
Com a palavra o Sr. Constituinte Luiz
Gushiken.
O SR. CONSTITUINTE LUIZ GUSHIKEN:
– Sr. Presidente, quero fazer dois esclarecimentos
importantes para a discussão das emendas. Em
primeiro lugar, sem querer entrar no mérito do
assunto, na verdade, de acordo com o Regimento
interno, não poderíamos apresentar emendas para
o projeto discutível. Foi uma medida tomada pelo
Presidente da Assembléia Nacional Constituinte, a
pedido, parece-me, dos Constituintes do PFL. De
maneira que já existe uma medida anti-regimental.
Não quero entrar no mérito da questão. No que diz
respeito ao destaque das emendas do anteprojeto
da Subcomissão, o Regimento não diz que não
poderá ser feito. É omisso. Permite dupla
interpretação. Se formos examiná-lo a rigor,
verificaremos que apenas diz que as emendas
rejeitadas na Comissão poderão ser discutidas em
fase posterior. Não diz se serão acatadas ou não
como destaque. Então, veja, se já se quebrou uma
norma regimental, permitindo a apresentação de
emendas, creio que a melhor medida, inclusive do
ponto de vista prático, será aceitar destaques para
emendas ao Anteprojeto da Subcomissão,
destaques inclusive para o projeto discutível do
Relator da Subcomissão – se S. Ex.ª quiser – e
destaques para as emendas que serão
apresentadas até amanhã. Veja, nobre Relator José
Serra, o problema que poderá haver para os
Constituintes que irão apresentar os destaques na
Subcomissão. Simplesmente terão que repetir tudo
novamente. É um trabalho burocrático. Irão, enfim,
acumular tarefas. V. Ex.ª poderá argumentar que
temos aí uma infinidade de emendas para discutir
em dois dias. Não é verdade, porque as emendas
relativas ao Anteprojeto da Subcomissão já foram
discutidos, não é? Não é preciso, a rediscutí-la. Na
verdade, a faculdade que se apresenta ao
Constituinte de destacar emendas do Anteprojeto
permite que ele tenha a possibilidade de estender a
discussão para uma Comissão muito mais ampla
que a Subcomissão. E elimina a tarefa. Acho que é
mais fácil, tanto para V. Ex.ª, como Relator, como
para os Constituintes. Não vejo dificuldade alguma
nisso. Evidentemente, será desagradável se o
Constituinte quiser destaque para todas as
emendas que apresentou, quantas vezes for
necessário, mas isso poderá ocorrer, seja com esse
direito ou não.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Sr. Constituinte Luiz Gushiken, se
fosse aceita a interpretação dada por V. Ex.ª, não
seriam necessárias mais emendas até mesmo no
Plenário. Bastaria que se restabelecesse que, no
Plenário, pudessem ser pedidos destaques para
todas as emendas apresentadas nas
Subcomissões, na Comissão Temática e na
Comissão de Sistematização. Nesse ponto, a
minha interpretação, de acordo com a decisão
que tenho como Presidente, é de que só
aceitarei destaques para as emendas
apresentadas à Comissão. A dúvida que tenho –
e essa consulta será feita ao Presidente da
Assembléia – é se haveria necessidade de as
emendas apresentadas até hoje serem reapre-
sentadas, ou se, na realidade, só poderemos pedir
destaques para as emendas apresentadas hoje e
amanhã. Mas só aceitarei destaques para as
emendas apresentadas ao Substitutivo do Relator
da Comissão. Não aceitarei destaques para as
emendas apresentadas na Subcomissão. Acredito
que, atuando desta forma, estou respeitando o que
foi estabelecido no Regimento Interno.
O SR. CONSTITUINTE LUIZ
GUSHIKEN: – Apenas alerto para o fato de que
as emendas para o Substitutivo são anti-
regimentais. Se ficarmos nessa oposição,
poderemos dar por encerrada a discussão das
emendas ao projeto do Relator. De maneira que
não podemos ficar nas duas extremidades só
porque é anti-regimental a apresentação de
emendas nessa fase.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Sr. Constituinte, reconheço que a
Presidência da Assembléia Nacional Constituinte
tomou uma posição, diria, até mais liberal...
O SR. CONSTITUINTE LUIZ
GUSHIKEN: – S. Ex.ª não pode fazer isso. Não
pode mudar o voto.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Interpreto o Regimento. Mas, uma
vez que tenha tomado essa posição, acato a
decisão da Presidência da Assembléia Nacional
Constituinte, e qualquer protesto teria que ser
feito contra a Presidência da Assembléia. Farei a
consulta hoje à Presidência. A decisão tomada
será aquela implementada e respeitada pela
Presidência da Comissão.
Com a palavra o Constituinte Joaquim
Bevilácqua.
O SR. CONSTITUINTE JOAQUIM
BEVILÁCQUA: – Sr. Presidente, ainda com relação
a apresentação de emendas e de destaques, consta
do Regimento da Casa e também do Regimento
Interno da Comissão de Sistematização a
apreciação, pela ordem, das emendas supressivas,
substitutivas, modificativas e aditivas. Para reflexão
dos companheiros, tendo em vista o que o nobre
Relator salientou sobre as dificuldades e a
exigüidade do prazo, como não poderia estar
presente na discussão de hoje à noite, só na de
amanhã, gostaria de frisar um aspecto. Estou muito
preocupado com o eventual volume de emendas
que possamos ter nesses dois dias, com a
sistemática não só de apresentação dos destaques,
como depois do processo de votação. Quanto à
preocupação do nobre colega José Carlos
Vasconcelos com relação ao tempo para discussão,
V. Ex.ª poderá dirimi-la, fixando, de comum acordo
com a Comissão, um pequeno prazo para que pelo
menos o autor encaminhe as justificativas do
destaque, caso sua emenda não tenha sido
aprovada pelo Relator. Apenas a título de sugestão,
para o bom andamento dos nossos trabalhos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Gostaria de dizer ao ilustre
Constituinte Joaquim Bevilácqua que, no
momento em que for solicitado o destaque, na
hora da votação, o autor terá 3 minutos para
defender a sua posição.
Com a palavra o Constituinte Basílio
Villani.
O SR. CONSTITUINTE BASÍLIO
VILLANI: – Sr. Presidente, gostaria de solicitar,
se possível, que tivéssemos no dia da votação o
avulso das emendas apresentadas.
Normalmente, o Relator defende o seu t
exto, havendo necessidade de explica-
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES) 44

ção das emendas que estão sendo votadas.
Se tivéssemos no plenário os avulsos em
ordem numérica, facilitaria muito para que, ao
serem citadas as emendas, pudéssemos
acompanhá-las. Já verifiquei isso em outras
Comissões. Realmente, ganharíamos tempo e
poderíamos dirimir muitas dúvidas. Esta a
proposta que faço à Mesa.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Gostaria de dizer ao
Constituinte Basílio Villani que, se a votação
fosse hoje teríamos um anexo com todas as
emendas e poderíamos atentar à Constituinte seria avacoburdebrar. Segundo Sua
preocupação de V. Ex.ª. Mas não posso
garantir que isso ocorrerá na próxima sexta-
feira. Isso dependerá do trabalho da própria
Assembléia Nacional Constituinte. Se fosse
hoje, não haveria dúvida, porque, no anexo
que V. Ex.ª deve ter recebido, já estão
inseridas e indicadas todas as emendas
apresentadas até por número, com a relação
dos Constituintes que as apresentaram. Mas
espero e acho conveniente que na próxima
sexta-feira possamos adotar essa sistemática.
Dependerá de como o trabalho for feito pela
Secretaria e pela Assembléia.
O SR. CONSTITUINTE BASÍLIO
VILLANI: – Exatamente neste ponto que está
a minha dúvida. As emendas apresentadas
nesse avulso poderão ser citadas. Surgirá
muita confusão no Plenário, em razão de que
essas emendas foram feitas anteriormente
aos substitutivos. Elas não citam os artigos.
Traria grande dificuldade à defesa do Relator.
Se houvesse condições de tirar cópia das
emendas apresentadas hoje e amanhã,
facilitaria e tiraria dúvida recorrendo-se ao
avulso distribuído.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Hoje, na parte da tarde, vamos
dirimir todas as dúvidas. Acredito que
tomaremos uma decisão de consenso, que
refletirá a posição de todos os Constituintes.
Convoco nova reunião para hoje, às
20 horas. Está encerrada a sessão.
7º Reunião, Realizada no dia 8 de Junho de
1987
Aos oito dias do mês de junho do ano
de mil novecentos e oitenta e sete, às vinte
horas e trinta minutos, o plenário da Comissão
do Sistema Tributário, Orçamento e Finanças,
reuniu-se esta Comissão, sob a Presidência do
Constituinte Francisco Dornelles, presentes os
seguintes Constituintes, membros efetivos:
José Serra, Relator. Fernando Gasparian,
Domingos Juvenil, José Tinoco, Adroaldo
Streck, Irajá Rodrigues, João Natal, Darcy
Deitos, Ivo Vanderlinde, Naphtali Alves,
Fernando Bezerra Coelho, Basílio Villani,
Simão Sessim, Nion Albernaz, Benito Gama,
Ivan Bonato, José Carlos Vasconcellos, Firmo
de Castro, Jovanni Masini, Feres Nader, Cid
Sabóia de Carvalho, Jesus Tajra, Sérgio
Werneck, Mussa Demes e Luiz Gushiken; os
suplentes: Rubem Branquinho e Alexandre
Puzyna; e o Constituinte Nelson Wedekin. O
Senhor Presidente declarou abertos os
trabalhos destinados à discussão do
Substitutivo da Comissão. O Senhor Presidente
solicitou dispensa da leitura da Ata da reunião
anterior, que foi considerada aprovada. A
seguir, o Senhor Presidente esclareceu
como se procederia a discussão e votação da
matéria atinente à Comissão, de acordo com
decisão da Presidência da Assembléia
Nacional Constituinte e, conforme decidido
na reunião realizada pela manhã, comunicou ao
plenário que os Constituintes Fernando Bezerra
Coelho, Relator da Subcomissão de Tributos,
Participação e Distribuição das Receitas e,
Fernando Casparian, Relator da Subcomissão
do Sistema Financeiro, fariam breves exposições
sobre os Anteprojetos daquelas Subcomissões
por dez minutos, cada um. O Constituinte
Rubem Branquinho deu conhecimento à
Presidência de matéria veiculada pelo Jornal O
Estado de S. Paulo, de autoria de Geraldo
Forbes, segundo a qual a Assembléia Nacional
Excelência, a Imprensa deve ser livre, sem
censura; todavia, deve haver limites. Assim, as
referências são desrespeitosas, inclusive, ao seu
nome e ao Acre, seu Estado. Solicitou o registro
do seu repudio à matéria publicada, tendo o
Senhor Presidente declarado ficar consignada a
sua solicitação. Com a palavra, o Constituinte
Fernando Bezerra Coelho, fez considerações
sobre o Anteprojeto de sua autoria, findas as
quais, usaram da palavra os Constituintes
Fernando Gasparian, Simão Sessim, Benito
Gama e Firmo de Castro, para interpelarem os
Senhores Relatores, Constituinte José Serra e o
Constituinte Fernando Bezerra Coelho, uma vez
que, de acordo com decisão da Presidência,
quatro Constituintes formulariam questões,
mediatamente respondidas pelos Constituintes
José Serra e Fernando Bezerra Coelho e, assim
sucessivamente. O Constituinte José Serra
acrescentou às suas respostas alguns
esclarecimentos sobre o tema em discussão. Em
seguida, formularam suas questões, os
Constituintes Nion Albemaz, Nelson Wedekin,
Mussa Demes de Jesus Tajra, sendo as
mesmas respondidas pelos Constituintes José
Serra e Fernando Bezerra Coelho. O Senhor
Presidente participou dos debates para fazer
esclarecimentos importantes ao plenário. Dada a
palavra ao Constituinte Fernando Gasparian,
sugeriu Sua Excelência fosse sua exposição
adiada para amanhã, em virtude do adiantado
da hora. O inteiro teor dos debates foi gravado e,
depois de traduzido e datilografado, ficará,
arquivado na Comissão, publicando-se a íntegra
no Diário da Assembléia Nacional Constituinte.
Nada mais havendo a tratar, o Senhor
Presidente encerrou a reunião às vinte e três
horas e quinze minutos. E, para constar,
eu, Maria Júlia Rabello de Moura, Secretária,
lavrei a presente Ata que, depois de lida e
aprovada, será assinada pelo Senhor
Presidente.
Sala da Reunião, em 8 de junho de
1987. – Constituinte Francisco Dornelles,
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Havendo número regimental,
declaro abertos os trabalhos da reunião da
Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e
Finanças.
Esta sessão tem por objetivo discutir o
dispositivo do Relator José Serra, bem como
permitir o debate de algumas emendas a ele
apresentadas. Quero esclarecer aos Srs.
Constituintes que, de acordo com a decisão
do Presidente da Assembléia Nacional
Constituinte, Ulysses Guimarães, a manifestei minha opinião em sentido contrário,
sistemática da votação será a seguinte:
destaques poderão ser pedidos para todas as
emendas apresentadas aos Anteprojetos de
cada uma das Subcomissões: poderão
ser também pedidos destaques para
dispositivos do substitutivo do Relator, bem
como para as emendas que hoje e amanhã
serão apresentadas ao substitutivo. Na
próxima sexta-feira, teremos a votação do
substitutivo apresentado pelo Relator José
Serra, que consta do trabalho já distribuído a
cada um dos Srs. Constituintes. lnicialmente,
serão votadas as emendas apresentadas a
este substitutivo e que não foram aceitas pelo
Relator, para as quais cada um dos
participantes deseja pedir destaque.
Prevaleceu o entendimento defendido hoje,
na parte da manhã, pelo ilustre Constituinte
José Carlos Vasconcelos, e acatado pela
Presidência da Constituinte, ou seja, vamos
votar o substitutivo apresentado pelo
Constituinte José Serra, podendo haver
destaques para as emendas apresentadas
aos anteprojetos de cada uma das
Subcomissões – destaques para dispositivos
e emendas ao substitutivo. Esta a decisão
tomada pela Presidência da Assembléia
Nacional Constituinte, que amanhã chegará
oficialmente a esta Comissão.
De acordo com o entendimento que
mantivemos hoje de manhã, dou a palavra ao
Constituinte Fernando Bezerra Coelho,
Relator da Subcomissão de Tributos, para que
S. Ex.ª focalize alguns pontos relacionados
com o sistema tributário nacional.
Posteriormente, ouviremos o Constituinte
Fernando Gasparian, Relator da Subcomissão
do Sistema Financeiro. Poderemos
as
estabelecer, se V. Ex. estiverem de acordo,
o tempo de dez ou quinze minutos para cada
um dos expositores.
O SR. CONSTITUINTE RUBEM
BRANQUINHO: – Sr. Presidente, pela ordem,
para uma rápida comunicação.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Tem a palavra o Constituinte
Rubem Branquinho.
O SR. CONSTITUINTE RUBEM
BRANQUINHO: – Sr. Presidente, Srs.
Constituintes, tenho pela imprensa o maior
respeito. Num país democrático e livre, é
extremamente necessário uma imprensa sem
censura. Todavia, entendo também que ela
deva ter seus limites. E nesse sentido que
quero comentar a nota publicada no jornal O
Estado de S. Paulo, edição de domingo, 7-6-
87, do jornalista Geraldo Forbes, intitulada
"Assombrações de Viagem", na qual ele
chama a Assembléia Nacional Constituinte de
"Avacoburdebrás". Em certo trecho, afirma o
seguinte:
"Visitar o Congresso, então, é
desanimador. A cacunda da xícara invertida é
o símbolo perfeito de seus ocupantes – gente
mais sem espinha.
Lá, os melhorzinhos são avestruzes
amendrontados."
E prossegue:
"Meninos, eu vi e fartei-me. Não dá
mais. São eles ou nós."
O Sr. Geraldo Forbes, não
entendendo as coisas, invertendo o que é
as
discutido aqui – V. Ex. são testemunhas de
que, no depoimento do Prof. Andrea Calabi,
fiz uma pergunta sobre a aplicação dos
recursos financeiros no open market, pois
estranhava essa aplicação e, portanto,
porque entendia que esse tipo de aplicação
elevava os níveis de inflação – disse:
"Na Constituinte dá de tudo. Vi uma
reunião em que se debatia o inacreditável
relatório Gasparian, e um sábio Deputado
do Acre, um tal de Branquinho" –
Branquinho sou eu, e o Acre é um
Estado sofrido desta Nação, que se tornou
45 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
brasileiro pela bravura dos seus habitantes
em 17 de novembro de 1903 – "recomendava
que o Tesouro aplicasse seus fundos,
através do Banco do Brasil, em letras
do Tesouro, no open market" – justamente
o contrário do que eu havia dito. "Um
circo. Não de cavalinhos; de burrinhos e
burrões."
Sr. Presidente, não obstante o meu
grande respeito pela imprensa, inclusive como
homem que defende o princípio da livre
iniciativa no regime democrático, quero
manifestar o meu repúdio a essa publicação,
porque entendo que ela veio achincalhar a
Constituição, os Constituintes e a própria
Nação.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Fica consignada a posição do
Constituinte Rubem Branquinho.
Com a palavra o Constituinte
Fernando Bezerra Coelho.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
BEZERRA COELHO: – Sr. Presidente, Srs.
Constituintes, neste debate que agora vamos
iniciar, cabe-me uma rápida e geral
apreciação sobre as diferenças básicas entre
o relatório e o anteprojeto aprovado, a nível
da Subcomissão, e a proposta lida pelo
Constituinte José Serra, Relator da Comissão
Temática.
No que concerne ao capítulo sobre o
sistema tributário nacional, o Relator José
Serra efetivamente preservou a estrutura do
nosso anteprojeto da Subcomissão de
Tributos. Contudo, introduziu algumas
modificações substanciais. Mas, para
ganharmos tempo para o debate, prefiro tratar
apenas daquelas mudanças ou alterações
que me parecem fundamentais, a fim de que
aqui mereçam discussão mais aprofundada
por parte de todos os membros desta
Comissão Temática.
São quatro pontos que listei e que vou
enumerar. Em primeiro lugar, o que diz
respeito ao problema do imposto que poderá
ser instituído através da competência residual,
estabelecida no anteprojeto. Pelo anteprojeto
da Subcomissão, a competência residual
ficava para a União e os Estados. O Relator
José Serra também assim resolveu adotar no
seu texto. Só que, no nosso anteprojeto, já
prevíamos um mecanismo de partilha. Para o
produto de arrecadação desse imposto que
viesse a ser instituído pela competência
estadual estabelecida na Constituição, já
constaria a partilha de quanto caberia ao
Estado e quanto ficaria com a União. O
Constituinte José Serra preferiu suprimir essa
partilha já automática do imposto que poderá
vir a ser instituído – e aí me parece que
ocorre um problema. Diz o nosso anteprojeto
e o texto do projeto que o imposto estadual
poderá ser substituído pelo mesmo imposto a
nível federal. Neste caso, como ficariam os
Estados que já tivessem instituído algum
imposto? Esse tributo seria suprimido pelo
mesmo imposto instituído pela União?
Parece-me que seria de todo recomendável
manter a partilha, a fim de que os Estados
que instituíssem um novo essem prejuízo, no
caso de a União incorporar esse novo imposto
ao elenco de seus tributos.
Uma segunda questão que me
parece também importante salientar diz
respeito à fixação das alíquotas do novo
imposto estadual. O nosso anteprojeto diz que
caberia ao Senado fixar a alíquota mínima do
imposto estadual, como também seria da sua
competência a fixação da alíquota dos
impostos referentes à energia elétrica,
combustíveis e minerais, que hoje são
tratados a nível da sistemática do imposto
único. Pelo nosso anteprojeto, esses produtos
passam a ser base tributária do novo imposto
estadual. Aí, existe um sério risco, ou seja,
uma eventual guerra fiscal. No projeto, o
Constituinte José Serra coloca uma condição:
a alíquota mínima a ser fixada pelos Estados
não poderá ser inferior à alíquota
interestadual, fixada pelo Senado. Ele
também preserva a fixação da alíquota nas
operações interestaduais pelo Senado, mas
me parece de todo conveniente que o Senado
também possa estabelecer a alíquota mínima
do imposto estadual, para evitar eventuais
riscos de guerra fiscal.
Em relação aos impostos únicos
sobre energia elétrica, combustíveis e
minerais, é preciso que haja um tratamento
uniforme desses produtos no território
nacional. Como está no projeto, isto é, dando
ampla liberdade aos Estados de fixar as
alíquotas desses produtos, poderemos ter,
apenas para efeito de raciocínio, o minério de
ferro tributado com uma alíquota em Minas
Gerais e o mesmo minério de ferro com uma
alíquota diferenciada no Estado do Pará.
Então, parece-me que esses produtos devem
merecer um tratamento uniforme como está
no anteprojeto aprovado na Subcomissão de
Tributos. A fixação da alíquota desses
produtos será competência do Senado
Federal, que representa a Federação.
Outra mudança introduzida no
anteprojeto diz respeito também a fixação do
percentual da partilha do imposto referente a
minerais e sobre prestação de serviços. No
nosso anteprojeto, nas operações de prestação
de serviços, 50% do arrecadado ficaria com o
Município. Esta preocupação se deve ao fato de
que, em algumas cidades, sobretudo as de porte
médio e as capitais brasileiras, o ISS tem uma
presença significativa no bolo da receita total.
Tendo em vista que optamos pela incorporação
do Imposto Sobre Serviços para a competência
estadual, no sentido de efetivamente ampliar a
eficácia da arrecadação desse tributo – essa
sistemática foi mantida pelo Relator José Serra –
parecia importante fosse assegurada uma
partilha maior, e não só apenas 25% da cota-
parte estadual, que está sendo elevada de 20
para 25%. Seria conveniente dar uma partilha
mais ampliada sobre essa prestação de
serviços, no sentido de proteger as capitais e as
cidades de porte médio, onde efetivamente o
Imposto Sobre Serviços tem presença
significativa nos seus orçamentos.
Em relação aos minerais, a realidade
com a qual defrontamos, quando da
discussão da fixação do percentual da partilha
entre Estados e Municípios, é a de que existe
reclamo muito grande na Assembléia
Nacional Constituinte, sobretudo de parte dos
Constituintes que representam as cidades
mineradoras – hoje mesmo fui procurado pelo
Vice-Presidente da Associação de Prefeitos –
mais de mil Municípios brasileiros com
atividades minerais – que efetivamente lutam
por um percentual maior na partilha do
imposto sobre arrecadação de minerais, tendo
em vista que este é um recurso exaurível, não
renovável; depois de explorado, fica apenas
um buraco no local. Era importante então,
destinar partilha maior desse tributo aos
Municípios mineradores.
O quarto ponto que assinalo,
como efetiva abertura de uma janela
para uma composição diz res-
peito aos recursos do Fundo de Participação
dos Estados, sobre o qual gostaria de falar
com mais vagar. A Subcomissão de Tributos,
nas suas discussões, nos seus debates,
procurou assinalar que o Sistema Tributário
que deverá ser elaborado por esta
Assembléia Nacional Constituinte não poderá
agravar ainda mais os desequilíbrios regionais
que temos neste País. Optamos por transferir
maior competência tributária aos Estados da
Federação, dando-lhes maior poder. O
Relator José Serra também incorporou a idéia
da transferência de seis impostos federais,
hoje repassados aos Estados brasileiros,
sobre produtos que passarão a ser tributados
pelo novo imposto estadual, o ICMS – como
como definiu o Relator José Serra. É evidente
que, ampliando seu poder de tributar, estarão
ganhando mais aqueles Estados que tenham
base econômica mais forte, mais dinâmica.
Importante, então, preservar os Estados mais
frágeis economicamente na partilha dos
recursos globais. Por este motivo, a
Subcomissão optou pela transformação do
Fundo de Participação dos Estados em um
fundo exclusivo para assistir aos Estados cuja
renda per capita fosse inferior à renda per
capita nacional. O critério foi adotado, reafirmo,
no sentido de se procurar um equilíbrio nos
ganhos adicionais. Pelo nosso anteprojeto e
pelo Anteprojeto do Constituinte José Serra,
hoje apresentado, é evidente que vamos mudar
o perfil da distribuição da receita neste País.
Estamos atendendo a essa manifestação, que
me parece unânime na Assembléia Nacional
Constituinte, qual seja a de percorrer o
caminho da descentralização. O Sistema
Tributário hoje vigente, montado em 1965/67,
tinha um objetivo político muito claro:
centralizar recursos a nível da União, para
concentrar poder político, transformando
Governadores e Prefeitos em verdadeiros
pedintes nos corredores dos Ministérios, no
Palácio do Planalto e aqui, em busca de
Senadores e Deputados, mendigando por
verbas públicas, a fim de poderem atender aos
compromissos mínimos assumidos junto às
suas populações. Na medida em que temos de
descentralizar e na medida em que nossa
Subcomissão deu este passo corajoso, ou seja,
no sentido de reverter este perfil de tributação,
retirando recursos da União e transferindo-os
de forma substancial aos Estados e Municípios,
seria de todo importante e fundamental que
não ocorresse um agravamento no quadro dos
desequilíbrios regionais deste País. Por
simulações que fizemos – todas as simulações
são precárias, reconheço, todas dependem dos
dados que as alimentam, e esses nem sempre
são atualizados – é possível ocorrer distorções,
mas são dados que valem para se fazer o
raciocínio. Se o Fundo de Participação dos
Estados fosse mantido como é hoje, iríamos
assistir ao agravamento desses desequilíbrios
regionais, porque 80% do ganho dos Estados
estaria concentrado nas Regiões Sul e Sudeste
do País e apenas 20% seria destinado às
Regiões Norte-Nordeste e Centro-Oeste.
O Constituinte José Serra, ao
reincorporar todos os Estados no Fundo
de Participação dos Estados, coloca em
questão o problema dos desequilíbrios
regionais. Temos a responsabilidade de
reabrir essa discussão. Mas S. Ex.ª, ao
promover essa reintrodução, abriu uma
janela, como eu disse no início, para que
se pudesse ensejar um consenso, uma
composição, uma conciliação de interesses
de todos os Estados da Federação, por-
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES) 46

que contra o critério da exclusividade se
levantaram, com muita justiça e com
argumentos, os companheiros que aqui
representam os Estados da Federação,
sobretudo, o Rio Grande e Santa Catarina.
Mas e importante não se perder de vista
que esses Estados se estão posicionando
contra a característica da exclusividade do
Fundo, porque hoje estão numa faixa de
transição: não são nem tão ricos que sua
arrecadação de receita própria lhes permita
bancar a perda da exclusão do fundo,
mas também não são tão pobres como os
Estados que devem merecer a assistência do
fundo.
Quero posicionar-me no sentido de
estar aberto para encontrarmos um caminho
de composição e de conciliação, mas
considero insuficiente o percentual
estabelecido pelo Constituinte José Serra, ao
fixar que apenas 20% dos recursos do Fundo
serão distribuídos exclusivamente aos
Estados cuja renda per capita seja inferior à
média nacional. Essas são as questões que,
numa leitura aligeirada, pude detectar entre o
relatório da Subcomissão e o que foi
apresentado pelo Constituinte José Serra. No
contexto geral, diria que o anteprojeto da
Subcomissão foi prestigiado pelo Relator,
mantida sua estrutura, mantidos os conceitos
ali emitidos, em termos de competência de
Estados, Municípios e União, a fixação dos
tributos, os critérios de repartição, apenas
fazendo ressalva a essas mudanças
fundamentais, que. portanto, alteram o
resultado da aplicação desse anteprojeto.
Sr. Presidente, seriam essas as
minhas considerações sobre o capítulo do
sistema tributário.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Agradeço ao Constituinte
Fernando Bezerra Coelho. Dando
prosseguimento aos debates, tem a palavra o
Constituinte Fernando Gasparian.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – Gostaria que o ilustre
Relator nos informasse algo a respeito do
Imposto sobre Operações Financeiras – IOF,
isto é, se teria uma informação sobre o valor
que representa, vamos dizer, para o
orçamento federal, e explicasse por que. Esse
imposto foi criado, zerado voltou a ser
aumentado há pouco tempo, mas sempre
com a preocupação fiscal, e não econômica.
Na minha opinião, é um imposto que onera
bastante os custos financeiros, sendo um
dos responsáveis, vamos dizer, pelo alto
custo que a produção, hoje em dia, não está
suportando pagar e que se incorpora, com
os juros, aos custos financeiros. A finalidade
desse imposto seria formar um fundo no
Banco Central para auxiliar o pagamento
de depósitos pessoais, em defesa da
economia popular, bancados pela União.
Inclusive, ele não é suficiente. O Banco
Central sempre se utiliza de outros recursos
para poder cobrir os rombos financeiros
das instituições malsucedidas. Como o
Relator aceitou que esses prejuízos não
sejam mais cobertos com recursos da união,
de acordo com a idéia aprovada na
Subcomissão do Sistema Financeiro,
perguntaria se não seria o caso de eliminar
esse imposto, por não ter mais essa
destinação. O Imposto sobre Operações
Financeiras viria com isso aliviar a carga
tributária e os custos financeiros que hoje
estão asfixiando a produção brasileira.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Gostaria, se possível, para
ordenar os debates, que essas questões fossem
anotadas pelo Relator. Muitas outras perguntas
serão apresentadas. O Relator poderá prestar
esclarecimentos, se estiver de acordo.
Com a palavra o Constituinte Simão
Sessim.
O SR. CONSTITUINTE SIMÃO
SESSIM: – Sr. Presidente, uma das questões
amplamente debatidas na Subcomissão de
Tributos diz respeito ao clamor geral dos
Estados e Municípios com relação à reforma
tributária. Houve nessa Subcomissão a
preocupação de que ela não se dilatasse por
muito tempo e que se pudesse antecipar
naquilo que ficasse decidido com relação aos
índices da distribuição. E o nobre Relator
José Serra incorporou integralmente a parte
referente a distribuição do Fundo de
Participação dos Municípios e do Fundo de
Participação dos Estados, a saber:
I – do produto da arrecadação dos
impostos sobre a renda e proventos de
qualquer natureza e sobre produtos
industrializados:
a) dezoito inteiros e cinco décimos por
cento ao Fundo de Participação dos Estados
e do Distrito Federal;
b) vinte e dois inteiros e cinco
décimos por cento ao Fundo de Participação
dos Municípios;
c) dois por cento para aplicação nas
Regiões Norte e Nordeste.
No entanto, essa aplicação, que
poderia ser incluída nas "Disposições
Transitórias" para entrar em vigência a partir
de 1988, foi retirada. Isso irá causar
frustração enorme aos Estados e Municípios,
particularmente aos Municípios,
principalmente para aqueles governantes que
terão os seus mandatos encerrados em 1988.
Não se beneficiarão, portanto, desse
benefício que a nova Constituição irá
apresentar. O apelo que faço é no sentido de
que se coloque em debate também o
dispositivo do relatório da Subcomissão,
aprovado por maioria absoluta.
Sr. Presidente, faço esse registro para
que a matéria em referência seja debatida
ainda na sessão de hoje.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles) – Com a palavra o Constituinte
Benito Gama.
O SR. CONSTITUINTE BENITO
GAMA: – Sr. Presidente, Sr. Relator, o art. 21,
item III, § 2º diz:
"Na distribuição dos recursos do
Fundo de Participação dos Estados e do
Distrito Federal, vinte por cento serão
destinados exclusivamente às Unidades
Federadas cuja renda per capta seja inferior
à nacional."
Nesse ponto, quero solicitar ao
Relator uma explicação. Hoje, 20% do Fundo
de Participação dos Estados já são
distribuídos exclusivamente aos Estados
do Norte e do Nordeste. Com essa
distribuição prevista no relatório, o Norte e
o Nordeste perderiam para o Estado de Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas
Gerais, Espírito Santo e Paraná. Quer dizer,
ao invés de manter pelo menos o status quo,
o Sr. Relator ainda incluiu mais seis Estados,
para fazerem parte do Fundo de Participação
dos Estados, talvez, com interpretação
equivocada de alguma informação, de alguma
assessoria. Gostaria que S. Ex.ª nos
desse esse esclarecimento oportunamente,
pois, não queremos que tirem mais alguma
coisa do Nordeste.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Dou a palavra ao Constituinte
José Serra, para comentar os pontos
apresentados.
O CONSTITUINTE FIRMO DE
CASTRO: – Pela ordem, Sr. Presidente,
poderia fazer uma intervenção?
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Com a palavra o Constituinte
Firmo de Castro.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE
CASTRO: – Sr. Presidente, Sr. Relator, Srs.
Constituintes, gostaria de discutir dois pontos
que me parecem fundamentais a nível de
Constituição.
O primeiro diz respeito à seguinte
dúvida: no momento em que estamos querendo
instituir um novo Sistema Tributário, com
redefinição de tributos de competência da União,
dos Estados e dos Municípios e simplificações,
fusões e outras medidas, não pareceria uma
extravagância, já no início da sua formulação,
instituir ou conservar o Imposto sobre Produtos
Industrializados como sendo de competência da
União e, de logo, estabelecer que 5% desse
imposto se destine aos Estados?
Esta e a primeira indagação. Será isso
por conta de uma situação financeira conjuntural
ou mesmo durável? Será que é desse modo que
se encontraria a solução, mesmo pondo em
xeque o que sena uma definição de sistema
tributado mais duradouro e racional? Aplico esse
mesmo raciocínio à competência que se atribui
aos Estados e Municípios. ou seja, de se criar o
adicional sobre Imposto de Renda, no momento
em que os Estados estão aumentando
naturalmente o seu potencial de tributação e de
arrecadação, com novos impostos e outras
medidas. Essa primeira dúvida e de natureza
mais técnica: por que não fazer um sistema
tributário por sua própria natureza mais racional
e correto, a já começar a fazer os ajustes, os
"jeitinhos", para provavelmente cobrir
dificuldades que hoje ocorrem, do ponto de vista
das finanças dos Estados?
A segunda dúvida que tenho diz
respeito ao sistema tributário a nível de
Constituição. Por que se fixar previamente
imunidades e isenções para determinados
produtos, quando, na verdade, sabemos que
tanto as imunidades, quanto as isenções
podem decorrer de políticas econômicas que
variam no tempo? Por que, por exemplo,
incorporar, a nivel de Constituição, isenção de
ICM ou do imposto que vai agregar-se ao
ICM, o Imposto Sobre Serviços para a
exportação de produtos industrializados?
Quem poderá garantir que, no próximo
decênio ou no próximo século, quando se
supõe que a nova Constituição ainda esteja
em vigência, a política econômica recomende
convenientes essas isenções e imunidades?
Sera que os Constituintes de 1946 tiveram o
privilégio de prever incentivos desse tipo ou
os incentivos vieram a ser adotados, na
década de 60 e 70, em função do
desenvolvimento do País e mesmo da
economia mundial?
Coloco em discussão essas duas
grandes questões que me parecem frontais
e que, de inicio, poderão afetar a
racionalidade do proprio sistema tributário que
se esta propondo, pois; elas vão ao encontro
de soluções puramente temporarias, em
prejuízo da natureza, do sentido tecnico e do
47 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
proprio sentido cientifico do novo sistema
tributario. Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Antes de conceder a palavra ao
Ilustre Relator Jose Serra, proponho aos Srs.
Constituintes que passemos a palavra ao Relator,
apos a fala de cada grupo de quatro Constituintes.
Com a palavra o Relator Jose Serra,
para que S. Ex.ª possa fazer comentários
sobre os pontos levantados pelos
Constituintes Fernando Casparian, Simao
Sessim, Firmo de Castro e Benito Gama.
O SR. RELATOR (José Serra): – Vou
começar respondendo as perguntas do ultimo
Constituinte. A propósito, gostaria de prestar
um esclarecimento, pois talvez não tenhamos
outra oportunidade para faze-lo. No capitulo
sobre orçamento da Subcomissão a que o
nobre Constituinte pertenceu, por um
problema alheio a minha vontade e pelo
escasso tempo que tinhamos para entregar o
relatório dentro do prazo determinado, por
alguma razão não ficou incluída uma idéia
que considero indispensável, a ilegível
regionalização, não apenas do Plano
Plurianual de Investimentos, que entrou, mas
também a do Orçamento. Isso foi entendido
por um assessor da seguinte forma: se o
Orçamento tem de adaptar-se ao Plano e o
Plano e obrigatoriamente regionalizado, o
Orçamento também teria de sé-lo. Entretanto,
seria bom que isso constasse explicitamente.
Hoje, com surpresa, verifiquei que isso não foi
incluído, e eu pretendia que o fosse.
Quanto as observações feitas pelo
Constituinte Firmo de Castro, creio que são
bastante pertinentes. Confesso que, no caso do
IPI, o Sr. Constituinte tem razão no ponto em
que se refere ao aspecto global do sistema
tributário. A minha idéia pessoal é ilegível que
o IPI, exceto sobre três produtos —
automoveis, bebidas e cigarros – tosse
incorporado ao ICM. Teriamos o imposto ao
valor adicionado completo. Isso não foi
proposto pela Subcomissão, e eu não
apresentei emendas nesse sentido porque a
União perderia muito. A perda de receita da
União seria muito forte. Em segundo lugar,
porque tenderia a concentrar a transferência da
União para os Estados, principalmente os de
maior desenvolvimento. Para compensar essa
perda, o Fundo deveria ser aumentado,
acionando-se outros mecanismos
compensatorios. Dessa maneira, o volume de
transferência iria além do razoável, em matéria
de descentralização de funções. A questão do
IPI entrou na justificativa original, e eu a
mantive como uma espécie de compensação
pelo ICM que não e cobrado das exportações,
embora isso seja muito pouco. Pelos dados
que temos, seriam 25% da receita da União, ou
seja, 1,25% da receita total da União. E um
valor muito pequeno, equivalente a 1,5 do
Fundo de Participação. Se colocarmos 1,5 a
mais no Fundo de Participação equivale a 5%
do IPI. E uma proporção pequena. Portanto, o
comentario feito pelo, Constituinte Firmo de
Castro e correto.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
BEZERRA COELHO: – Gostaria de
fazer uma justificação pois os 5% de
IPI apareceram no anteprojeto da
Subcomissão de Tributos por meio de
emendas patrocinadas pelos Constituintes
Simão Sessim e Airton Sandoval, que
foram acolhidas pela Subcomissão.
quando submetidas à votação. Dessa
forma, o adicional do Imposto de Renda veio
tambem por decisão da maioria dos membros
da Subcomissão. Isso tinha claramente o
objetivo de fazer o equilíbrio entre os Estados
desenvolvidos e os Estados pobres, já que
estes teriam a exclusividade do Fundo de
Participação. Então, não foi efetivamente com
o cuidado da melhor técnica, em termos da
geração de receitas, mas com o cuidado da
distribuição da renda geral.
O SR. RELATOR (Jose Serra): – A
questão adicional do Imposto de Renda eu
não colocaria na mesma concepção. Trata-se
de um adicional e não de redistribuição, e
uma forma que existe também em outros
países: o Canadá é uma federação em que as
províncias, que equivalem aos nossos
Estados, participam do imposto direto. Do
contrário. fica-se apoiado somente em
impostos indiretos, para melhorar a receita ou
promover mudanças tributárias que
correspondam ao maior desenvolvimento de
cada região ou do conjunto do País.
Com referência as isenções, o
Constituinte levantou uma questão pertinente.
Há vários itens que estamos inserindo na
Constituição, que deveriam ser materia de lei
ordinária. Lembraria que há certas propostas
que excluem o Sistema Tributário da
Constituição, como, por exemplo, do Prof.
Comparato. Em muitos países, a Constituição
tem um minimo a respeito de tributação, ou
mesmo quase nada. A nossa tradição não é
essa; por isso, optei por incorporar um conjunto
de matérias. Não e esse caso, inclusive, que
me parece poder fazer parte de lei
complementar, mas que achei dever incorporar,
para expressar melhor o pensamento da
Comissão. Numa outra etapa da Constituinte,
poderemos examinar melhor a questão, tal
como, imagino, ocorre nas demais Comissões.
Em todo caso, com relação ao Imposto sobre
Exportação, ao abatimento das exportações
industriais, acontece o seguinte: não
autorizamos a União a promover isenções que
incluam impostos estaduais e municipais. Se
não se coloca na Constituição os produtos que
estão isentos, isso não poderia ser feito
posteriormente, em lei complementar, pela
União, como política do Governo Federal.
Deveriamos ter, no caso, leis estaduais, cada
uma delas falando a esse respeito, porque a
União não mais vai poder, como se diria, "pedir
a esmola com o chapéu dos outros".
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE
CASTRO: – À medida que houver algum
dispositivo que abra a possibilidade de
se fazer isso, a nível de lei complementar
ou ordinária, naturalmente será feito. Sei que
há emendas propondo que a União, através
de lei federal, não poderá conceder isenção
total ou parcial de imposto estadual ou
municipal sem a correspondente indenização
financeira. É sábia a emenda, por não
deixar manipular impostos estaduais ou
municipais a nível federal. No momento em
que, do ponto de vista da política econômica,
isso se tornar indispensável e importante, terá
condições de fazer, atraves de lei ordinária
ou complementar, aos Estados e Municípios,
as correspondentes indenizações financeiras.
Parece-me uma temeridade atribuir
imunidades a microempresas, a produtos
industrializados, a exportações ou a
glebas rurais, a nível da Constituição, porque
qual será a realidade nacional amanhã?
Será que vamos ficar emendando
a Constituição a cada mudança de política
econômica?
O SR. RELATOR (José Serra): –
Parti da premissa de que o Anteprojeto do
Relator e o Substitutivo do Constituinte
Fernando Bezerra Coelho deixam claro que a
União não poderá conceder isenção – nem lei
complementar, esse é o espirito do que penso
– sem que os Estados e Municípios estejam
de acordo a respeito daquele imposto. Neste
caso, no que se refere às exportações, seria
virtualmente impossível, nobre Constituinte.
Os próprios Municípios acabariam
participando por terem a quota-parte desse
imposto. Estão partilhando. Também deixam
de arrecardar quando não se cobram os
impostos indiretos, no caso do ICM e das
exportações. Quanto ao ponto levantado pelo
Constituinte Simão Sessim, respondo dizendo
que não se colocou para 1989 a questão do
Fundo de Participação dos Estados e
Municípios. Apenas disse que se fará
imediatamente, após a promulgação de lei
complementar que o regule. Não é para 1989,
mas imediatamente após a Constituição, no
momento em que a lei entrar em vigência.
O SR. CONSTITUINTE SIMÃO
SESSIM: – Quanto a distribuição dos Fundos,
não depende do Código Tributario Nacional, e
apenas uma alteração de alíquota.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Gostaria de prestar um
esclarecimento ao nobre Constituinte Simão
Sessim. Acredito que não houve a modificação
indicada por V. Ex.ª. Estou vendo aqui, pelo
Substitutivo do Relator, que o Sistema
Tributário entrará em vigor no dia 1º de janeiro
de 1989. No meu entender, deveríamos indicar
que ele entraria em vigor no dia 1º de janeiro
posterior ao ano em que fosse aprovada a
Constituição. Independente disso, quero
chamar a atenção de V. Ex.ª para o fato de
que. pelo § 1º, item I, ficou estabelecido que os
percentuais do Fundo de Participação dos
Estados e do Fundo de Participação dos
Municípios serão aplicados a partir do primeiro
dia do segundo mês subseqüente ao da
publicação da lei complementar.
O SR CONSTITUINTE CID SABÓIA
DE CARVALHO: – Permita-me, Sr.
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Domelles): – Solicitaria a V. Ex.ª, nobre
Constituinte Cid Sabóia de Carvalho. que
permita que o Relator continue respondendo a
esses dois itens. Posteriormente darei a
palavra a V. Ex.ª.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA
DE CARVALHO: – Gostaria de fazer uma
observação atinente à matéria, mas posso
esperar.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Quanto á questão do Constituinte Fernando
Gasparian, com relação ao IOF, pelos
dados que tenho, esse imposto participa com
quase 7% da receita do Governo Federal. O
IOF, imposto com finalidades exclusivas de
política econômica, há algum tempo se
transformou num imposto fiscal, com
finalidade de arrecadação. E evidente que
ele onera o custo do dinheiro, do mesmo
modo como vem sendo aplicado o Imposto
de Renda, que, na verdade, apenas transfere
aos juros de maneira quase automatica o
imposto arrecadado. No entanto, é matéria de
política econômica do Governo. Na
Constituição se contempla a existência do IOF
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES) 48

como instrumento de política econômica. A
forma como ele será usado dependera da
política econômica, da orientação
governamental
No que se refere aos comentários do
Constituinte Benito Gama, perdi parte da sua
exposição, mas já havia conversado com S.
Ex.ª durante o dia a respeito dos pontos
colocados: ISS, alíquotas internas do ICMS,
como seria chamado, competência residual e o
Fundo de Participação dos Estados. Com
relação ao ISS, optamos por incluir, do ponto
de vista da partilha, na quota-parte normal da
ordem de 25%. Da mesma forma com o IUM. O
problema é que houve várias propostas de
mudança da partilha com relação a esse
imposto, o que, do ponto de vista do
mecanismo de credito tributário, poderá criar
problemas sobre o que efetivamente se
reparte, o que se está acumulando e o que não
se está acumulando. Estou de acordo
essencialmente com a preocupação a respeito
do iCMS, mas acho que através do debate
chegaremos a uma solução. O problema é
chegarmos a uma forma razoável, que não
altere a questão pelo lado da cobrança do
imposto, mas que seja distribuído
automaticamente em função da cobrança.
Teríamos de estudar a forma de se fazer isso.
Sobre a alíquota interna a que fez referência o
nobre Relator, é um ponto importante para o
qual S. Ex.ª chamou a atenção. No Anteprojeto
da Subcomissão, estabelecemos que a
alíquota interestadual e a alíquota mínima
estadual teriam de ser idênticas, caso contrário,
seria evidente o mecanismo de distorção. No
entanto, o Senado, de repente, poderia fixar em
alguns artigos uma alíquota maior do que a
interestadual, o que nesse caso não teria
problema. O que não pode e a alíquota interna
ser menor do que a interestadual. Pareceu-me
adequado suprimir essa disposição com
referência ao Senado, em nome da liberdade
que os Estados teriam, inclusive, para ter maior
seletividade no seu imposto, no seu ICMS. Por
exemplo, se eu quiser, num determinado lugar,
isentar alimentos básicos ou deixar a nível de
alíquota mínima, poderei fazé-lo, mas em outro
Estado isso podera ser inadequado. Nem vou
dizer um Estado vizinho, mas num outro que fique
longe, em que não haja problemas de sonegação,
de disputa etc. Esse outro Estado pode não ter a
mesma condição de fazer isso. Então, teríamos
maior liberdade para uma política seletiva e
progressiva. E muito importante o avanço
experimentado a partir do Anteprojeto da
Subcomissão, de se permitir que a alíquota do
ICM também seja seletiva para efeito de diminuir a
regressividade da carga tributaria no Brasil. Esse o
espírito que me onentou quando suprimi essa
disposição. Reconheço, no entanto. que a
argumentação do nobre Constituinte – também
ouvi as dos outros colegas – é pertinente. Anotei
vários exemplos também de Estados pequenos,
digamos, especialmente na região Nordeste, onde
a proximidade e maior de eventuais chances que
se abririam para que Estados mais desenvolvidos,
dentro de uma região vizinha, pudessem utilizar
essa questão da alíquota como instrumento para
aumentar a sua produção em detrimento de
outras. Essa e a raiz, a base daquilo que disse o
nobre Constituinte, e que também considero um
argumento pertinente. E algo que teriamos de
discutir.
O SR. CONSTITUINTE
FERNANDO BEZERRA COELHO:
– Entendo, nobre Relator José Serra,
que, deixando que o Senado fixasse essa
alíquota mínima, ele sempre poderia intervir,
no caso de uma concorrência fiscal entre um
Estado e outro, V. Ex.ª lembrou bem o
exemplo dos Estados do Nordeste, como o
caso de Pernambuco, juntamente com os
Estados da Paraíba e de Alagoas, mas traria
um exemplo aqui mais próximo.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Essa medida seria uma defesa da Paraíba
contra Pernambuco.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
BEZERRA COELHO: – Pois é, contra
Pernambuco. No caso especifico da indústria
de motores elétricos, 70% são hoje
provenientes de Santa Catarina e 30% de São
Paulo. Vamos supor que, por um tratamento
fiscal, São Paulo possa baixar a alíquota
sobre motores elétricos até o mínimo da
interestadual e Santa Catarina não possa
fazer isso. Então, tendo o Senado para fixar
essa alíquota mínima, teremos a válvula para
evitar uma eventual concorrência fiscal.
O SR. RELATOR (José Serra): – O
outro problema que vejo é o do Senado entrar
num numero enorme de alíquotas, porque não
vai ser apenas uma. Hoje temos uma alíquota
interestadual. Então, o Senado fixa. A rigor,
temos duas, por causa da questão regional; ou
melhor, temos três: do que vem do Nordeste
para o Sul, do que vai do Sul para o Nordeste, e
do que fica dentro do Sul. São três alíquotas,
mas não estão discriminadas por produto. Na
hora em que o Senado tiver que fazer isso por
produto, poderá haver um acúmulo de trabalho,
um problema de extrema complexidade, o que
talvez não seja viável. Em todo caso, reconheço
a pertinência do argumento que é colocado.
Ainda sobre essa questão de alíquotas,
houve o problema do IUM. O nobre Constituinte
Walmor de Luca, que ora não está presente,
havia defendido bastante a idéia de urna
partilha diferente do IUM. Há várias propostas
nessa mesma direção. No caso do IUM, que
aproveito para colocar aqui, há um problema.
Por exemplo, o Rio Grande do Norte vive muito
da exploração do sal – que, aliás, embora seja
um recurso renovável, é considerado mineral.
Estabelecer 50%, no caso do Rio Grande do
Norte, seria desastroso para o Governo do
Estado. O que pode ser razoável numa cidade
em determinado Estado, em outro não é.
Então, não podemos colocar isso na
Constituição. A meu ver, essa questão do IUM
tem que entrar a nível das Constituições
estaduais. Quando ocorressem problemas nos
Municípios, supõe-se que iríamos tratá-los a
nível estadual, o que poderia resolver os
problemas numa cidade, não porque diminuiria
o recurso dessa cidade, mas porque sua
participação no IUM, que hoje é de 20%,
passaria a ser de 25%. Além do mais, a nova
realidade do valor adicionado, esse mineral
produzido ai passa a entrar agora no cálculo do
Fundo do ICM. De modo que aumenta muito
mais de um quarto, ou seja de 20% para 25%,
por causa de efeito indireto sobre o cálculo na
repartição do ICM. Se isso ocorrer, poderá
gerar grave problema em outro Estado.
Realmente fica um esquema difícil. Então, tem
de ser resolvido de forma diferenciada,
segundo os Estados, e, portanto, por leis
complementares estaduais.
Quanto à questão da competência
residual, confesso que o argumento
que levantou o nobre Constituinte
Fernando Bezerra Coelho não me
tinha ocorrido. Qual foi a minha idéia, ao tirar
a fixação na competência residual? É que não
ha critérios para distribuição de certos
impostos. Eventualmente, poderíamos
imaginar. Pode não haver critérios para
distribuir para o Município ou para o Estado.
Pode ser uma coisa muito confusa e
atrapalhada A meu ver, se eventualmente o
imposto novo for criado, deveríamos
estabelecer através de lei qual seria a sua
partilha. Seria mais adequado, porque assim
vamos saber de que tipo de imposto se trata.
Tendo o tipo de imposto, veremos qual será a
partilha. Dependerá do tipo de imposto.
Quanto ao argumento de que o Estado
podera criar, e a União, vendo que é um bom
imposto, podera vir a institui-lo no País inteiro
e ficar com todo ele, é também um bom
argumento contrario. Teriamos de estudar
como impedir isso ou que tipo de modificação
se poderia fazer.
Passaremos agora à questão do
Fundo de Participação, que traz também à luz
a observação do nobre Constituinte Benito
Gama. Realmente, neste Substitutivo, procure
estabelecer uma fórmula que pelo menos
atenuasse o conflito, que evidentemente
apareceu, e que e de natureza política
importante, temos de admitir. Não é ilegítima
a existência de conflitos. Ilegitimo, da nossa
parte, seria não tentar equacioná-los, da
melhor maneira. Confesso que não sei
exatamente. Não reestudei o mecanismo de
distribuição do Fundo de Participação.
Nobre Constituinte Benito Gama, isso
se refere ao Fundo Especial?
O SR. CONSTITUINTE BENTO
GAMA: – Não, não. Do Fundo de
Participação, 20% são distribuídos entre o
Norte e o Nordeste, e os 80% restantes a todo
o País. Como V. Ex.ª colocou aqui, para
esses 20% acrescentaríamos mais seis
Estados. Houve realmente uma inversão.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Entendi, nobre Constituinte. Na minha
concepção, pelo menos – devo registrar –
aqueles 80% seriam distribuídos segundo
uma sistematica parecida com a atual. Nesse
caso, o problema não existiria. Quer dizer, no
meu espírito, quando preparei esse artigo,
essa disposição que está em um dos
parágrafos, era no sentido de se manter o
atual padrão de distribuição do Fundo, que,
na verdade, estaria mantendo os 80%. Então,
o problema que V. Ex.ª menciona não
ocorreria no espírito da minha proposta.
Reconheço que, com outro espírito, poderia
ser alterado.
O SR. CONSTITUINTE BENTO
GAMA: – Mas acontece que temos de
trabalhar na letra.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Exato. Reconheço que, com outro espírito,
repito, poderia ser alterado. São esses os
comentarias por agora. Poderemos seguir em
frente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Concedo a palavra ao nobre
Constituinte lraiá Rodrigues.
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ
RODRIGUES: – Sr. Presidente. Srs. Relatores,
acabo de receber uma informação muito
importante do Relator desta Comissão. Dizia-
nos S. Ex.ª que a inclusão do adicional do
imposto de Renda e a dos 5% do IPl ocorreram
em função da ponderação dos Estados
economicamente mais fortes, que queriam
49
uma contrapartida relativamente ao benefício
que se estava dando aos Estados
economicamente mais fracos, isto e, de
receberem integralmente o Fundo de
Participação. Noto, de fato, que o Relatar desta
Comissão diminuiu em quatro quintas partes a
incidência desses benefícios ao Nordeste.
Embora tenha dado os benefícios aos Estados
os favorecidos, em contrapartida não teve a
mesma preocupação de reduzi-los também do
lado do Estados economicamente mais fortes.
Já vi que o nobre Relator não entendeu bem,
mas vou explicar. De um lado, foi colocado todo
o Fundo de Participação para os Estados do
Norte – Nordeste, digamos assim, com rendas
abaixo da media; de outro lado, foram
colocados, então, esses dois dispositivos: 5% do
IPI e o adicional do Imposto de Renda. O Relator
retirou quatro quintas partes de um dos pratos
da balança, mas se esqueceu de retirar também
proporcionalmente do outro prato da balança,
razão pela qual eu gostaria de chamar a atenção
para o fato que poderá dar a entender que,
sendo emenda oriunda de representantes de
São Paulo e do Rio de Janeiro, esse
esquecimento poderia resultar numa idéia de
favorecimento, que, tenho certeza, não foi o
objetivo do nosso ilustre Constituinte José Serra.
Lembro-me que, além desses dois extremos,
existem também os Estados intermediários, que,
por um lado, se perdem, acabam não ganhando
por outro. Ficam em situação lamentável. como
é o caso do meu Estado, o Rio Grande do Sul,
dos Estados de Santa Catarina, do Paraná e
vários outros, que precisam de um tratamento
equânime – e não me parece que a Constituinte
seja o momento adequado para estratificarmos
determinadas posições de hegemonia nacional.
Muito ao contrário, é o instante de acabarmos
com isso de uma vez por todas.
Após conferir os dois pratos da
balança, passa a outro aspecto que me parece
extremamente sério com relação ao projeto.
O que se tem dito do Sistema
Tributário brasileiro é que ele prima por onerar
principalmente as famílias de renda mais
baixa do País,através do ICM e do Imposto de
Renda salarial, típico do Brasil. A classe
media e as classes de renda mais baixa são
as mais penalizadas, enquanto sabemos que
as classes de renda mais alta são
permanentemente as grandes beneficiárias do
Sistema Tributário brasileiro. Por isso, ele e
concentrador de rendas, injusto e desumano.
Tinha esperança muito grande de que, ao
elaborarmos a nova Constituição, isso fosse
de vez expurgado do Sistema Tributário
brasileiro. No entanto, apesar da idéia de uma
seletividade no ICM, o que acho louvável,
vejo, na verdade, a criação de mais
um imposto indireto cumulativo em relação
ao ICM, incidindo precisamente sobre as
famílias de renda mais baixa, lá no ultimo
degrau. Através do dono do armazém da
esquina ou do supermercado. que vão passar
a pagá-lo e a transferir o custo desse imposto
– não apenas esse, mas também aquele,
decorrente de toda essa forma de imposição
tributária – o custo será transferido ao
consumidor.
Vejo também, em relação ao Imposto
de Renda, que toda a classe média brasileira
o tem execrado, sobretudo ultimamente, com
esse adicional de 5% que os Estados estão
querendo criar e que as pessoas todas vão
ter de pagar. Então, mesmo pagando
CZ$ 100.000.00 de Imposto de Renda
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
para o Governo Federal, fica ainda uma
percentagem em que o Governo Estadual
resolve meter também a mão no bolso do
contribuinte. Isso não me parece lógico e acho
que a Nação brasileira está esperando algo
diametralmente oposto. Reconheço que foi
introduzido o Imposto sobre Heranças, mas
acho que, de qualquer maneira, o imposto
continuará penalizando mais aqueles sobre os
quais sempre pesou até hoje. Vai piorar.
Eu gostaria de ver um texto muito mais
enxuto e lógico. O Constituinte Firmo de Castro
tem toda a razão. Era de se esperar algo
menos burocrático, que é o que a Nação
deseja. No entanto, temos uma parafernalia de
impostos, novos e velhos, com hipóteses de
incidências inumeras, e com enorme
possibilidade de uma guerra fiscal entre
Estados e Municípios – inclusive aí se
prevendo também a possibilidade de uma
guerra fiscal entre municípios – estabelecendo-
se a hipótese de hegemonia absoluta dos
Estados economicamente mais desenvolvidos,
que poderão abrir mão de receitas e
estabelecer a seletividade a seu gosto.
Neste inicio, gostaria de levantar
esses aspectos para que depois nos
debrucemos sobre eles.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Concedo a palavra ao nobre
Constituinte Darcy Deitos. Como grande número
de Constituintes deseja usar a palavra, peço a S.
Ex.ª que seja breve na sua exposição.
O SR. CONSTITUINTE DARCY
DEITOS: – Como a minha pergunta seria
dirigida ao Sr. Relator José Serra, peço a V.
Ex.ª, Sr. Presidente, que passe a palavra a
outro Constituinte.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – O Relator José Serra deverá
ausentar-se por um minuto e voltará para
ouvir V. Ex.ª.
Com a palavra o Constituinte
Fernando Bezerra Coelho.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
BEZERRA COELHO: – Enquanto o Sr. Relator
não volta, para esclarecer as questões dos
demais Constituintes que querem interroga-lo,
faria alguns comentários sobre as colocações
do Constituinte Iraja Rodrigues.
No que diz respeito à primeira parte
de suas observações, S. Ex.ª está correto.
Evidentemente, ao se fixar os 5% do IPI e do
adicional do Imposto de Renda, tinha-se em
mente toda uma distribuição atrelada à
exclusividade do Fundo de Participação. Se
foi mexido lá, seria preciso mexer aqui
também, para não provocar desequilíbrios na
distribuição da receita.
Quanto à segunda parte das
colocações do Constituinte Irajá Rodrigues,
sobre a natureza da regressividade ou
progressividade do sistema que está sendo
proposto pelo Anteprojeto e pelo projeto do
Relator, acho que é importante termos em
mente uma questão. Alguns órgãos da
imprensa brasileira, ao fazer a leitura do
Anteprojeto, concluem que vai haver elevação
de carga tributária por causa dos 5% do
adicional do Imposto de Renda. O que se
esquecem de observar é que, pela proposta do
Anteprojeto e do projeto, está-se extinguindo o
Finsocial, que é um imposto em cascata, cuja
conseqüência, em termos de carga tributária, é
muito maior do que aquela que se pretende
com a instituição do IVV – Imposto sobre
Vendas a Varejo, que não dá essas distor-
ções que S.Ex.ª colocou. E um imposto
endereçado ao consumidor final, não gerando o
problema da cumulatividade e do credito e
provocando um aumento de carga muito
inferior ao daquele que esta sendo extinto, o
Finsocial.
Em segundo lugar, é preciso ter em
mente que a regressividade ou a
progressividade do Sistema Tributário serão
fixadas pelo legislador ordinário, que ira
determinar as alíquotas sobre os impostos,
especialmente sobre o patrimônio e sobre a
renda. Não será a nível do texto constitucional
que, de certa forma, deixaremos fixada a maior
progressividade ou menor regressividade do
Sistema Tributário. Competira a nos, como
legisladores ordinários, e ao Congresso
Nacional ampliar as alíquotas do Imposto de
Renda. Concordo com o Constituinte Irajá
Rodrigues. É importante que ampliemos a
carga tributária sobre aqueles que percebem
mais. S. Ex.ª esta correto ao denunciar que, no
atual Sistema Tributaria, existe uma carga fiscal
muito mais pesada sobre aqueles que ganham
menos, inversamente proporcionai sobre
aqueles que ganham mais, que sofrem uma
carga fiscal incomparavelmente menor. Quem
corrigirá isso não será o Constituinte, mas, sim,
o legislador ordinário, ao fixar as alíquotas.
Será a nível de lei complementar que
poderemos mudar a tabela do Imposto de
Renda, que poderemos ampliar as alíquotas do
Imposto de Renda de pessoas jurídicas, sobre
operações financeiras, sobre patrimônio, etc.
É importante também destacar, porque
não foi citado, que esse Anteprojeto incorpora
uma serie de garantias – tanto o projeto quanto
o anteprojeto – em defesa do contribuinte. Os
princípios da legalidade, da anterioridade e da
irretroatividade, assegurados a nível do texto
constitucional. asseguram que nenhuma
elevação de alíquotas. nenhum aumento de
impostos, nenhuma instituição de Imposto
podera ser feita sem lei que o defina e sem que
o Congresso Nacional possa legislar.
Questionam alguns que o Congresso
Nacional ira ceder as pressões ao Executivo
para elevar a carga fiscal, porque, se a União
está perdendo a sua parcela no bolo tributário,
vai correr atrás do prejuízo e elevar as
alíquotas dos seus impostos. Mas quem vai
dizer se vai elevar ou não e o Congresso
Nacional. Somos nos, que representamos a
sociedade. E estamos aqui legitamente
representados. Não será o Poder Executivo, a
seu talante, que ira elevar alíquotas, porque
perdeu um percentual substantivo da parcela
do bolo tributário. Nós e que iremos determinar,
como legisladores ordinários, se irá haver
elevação de carga fiscal ou não.
Eu gostaria ate de argumentar que, em
períodos de crises, esse em que estamos
vivendo, alguns defendem a elevação de carga
fiscal para tapar os buracos do déficit público.
Mas outros – e aí me incluo – reclamam,
primeiro, pela austeridade nos gastos públicos,
pela contenção de despesas, enfim pela
redução do deficit via redução
dos gastos públicos. Neste caso tambem, pela
proposta da Subcomissão de Orçamento, sera
de competência do Congresso Nacional avaliar
o Orçamento da União e exercer controle
efetivo sobre seus gastos – onde
a União deve gastar, onde a União não deve
gastar. Nesse ponto, merece um destaque uma
inovação que o Relator, Constituinte José
Serra, introduziu, a nível da Sub-
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES) 50

comissão de Orçamento, no sentido de fixar o
limite para as despesas dos Governos da
União e dos Estados com gastos de pessoal.
Neste País, ha um ano, o Ministro da
Administração falava que existiam quinhentos
mil funcionários públicos federais ociosos.
Pergunto quantos foram demitidos: ou
pergunto ainda se deixarem de contratar.
Na realidade, é preciso dar
responsabilidade, e estamos aqui para
exercer essa responsabilidade. Na preliminar,
dizer que, pela instituição de novos impostos
ou pela retirada de alguns tributos, irá existir
elevação de carga fiscal, é quer adivinhar o
que o Congresso Nacional irá legislar quando
for fixar as alíquotas dos tributos.
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ
RODRIGUES: – Sr. Presidente, cabe replicar.
Se não cabe, gostaria de dizer apenas que,
em 1989, enquanto há uma redução de uma
alíquota de 0,1% do Finsocial, no mesmo ano
se cria 2%, ou seja, 0,1% contra 2% de
incidência do Imposto de Vendas a Varejo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Concedo a palavra ao Relator
José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Em
primeiro lugar, falarei sobre essa ultima
consideração.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Por favor, darei primeiramente a
palavra ao Constituinte Darcy Deitos e, em
seguida, ao Constituinte José Carlos
Vasconcelos.
O SR. CONSTITUINTE DARCY
DEITOS: – São duas questões bem simples.
Serei breve na minha pergunta, para mais um
esclarecimento. Como todos sabemos,
estamos elaborando uma nova Constituição
para que ela se perpetue no tempo. Por outro
lado, temos questões prementes e cruciais,
por causa do sufoco em que vivem os
Municípios brasileiros. Todos sabemos que
centenas de Municípios brasileiros estão
recebendo o Fundo de Participação fora da
realidade, pois o percentual, o seu índice de
participação não reflete a realidade da sua
população. Graças a um mecanismo
introduzido no Código Tributário Nacional,
onde se previu que o IBGE. nos anos impares
ou no qüinqüênio seguinte apos efetuado o
novo censo, poderia refazer o seu índice, a
grita dos Municípios e geral.
Várias emendas foram apresentadas.
De nossa parte apresentamos uma no sentido
de que, nas "Disposições Transitórias," fosse
previsto um novo censo. Assim, quando
elaboramos a lei complementar. já o faremos
à luz da nova contagem, para que realmente
os Municípios tenham concretizada sua
esperança de receber um bolo maior do
Imposto de Renda e do IPI. Essas emendas
foram simplesmente rejeitadas.
Eu gostaria de apelar ao Relator
no sentido de que revisse esse
posicionamento e incluísse o dispositivo em
referenda, se bem que teremos de discutir na
próxima sexta-feira a inclusão desses
dispositivo nas "Disposições Transitórias". O
assunto é de extreme importância. Só para
citar um exemplo, um Município da minha
região, essencialmente agrícola, tem mais
de trinta mil habitantes e, no entanto, o IBGE
lhe dá uma população de doze mil habitantes.
Da mesma forma, temos que reduzir o espaço
para fixar o índice. Hoje e de dez em dez
mil. Acho que temos de reduzir para de cinco
em cinco mil, para que realmente
possamos fazer a reforma tributária esperada
pelos Municípios brasileiros.
Outro ponto que gostaria de perguntar
tanto ao Relator da Subcomissão, como ao
ilustre Relator José Serra e quanto a fixação
dos dezoito inteiros e cinco décimos por cento
para os Estados e vinte e dois inteiros e cinco
décimos por cento previstos no Fundo para os
Municípios. Entendo que poderíamos ampliar
essa participação dos Estados ou, se não for
possível isso, pelo menos a dos Municípios.
Fixou-se um número. Não sei se foi dirigido
ou o que aconteceu. Todas as emendas feitas
e os apelos formulados não encontraram eco.
Entendo que poderíamos ampliar esse vinte e
dois inteiros e cinco décimos por cento por
outro Fundo de Participação dos Municípios,
previsto no art. 20, para vinte e cinco ou trinta.
Ao mesmo tempo, poderíamos dar
responsabilidade maiores aos Municípios
brasileiros.
Eram essas as questões que eu
queria destacar, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Muito obrigado. Sr. Constituinte.
Concedo a palavra ao nobre Constituinte José
Carlos Vasconcelos.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
CARLOS VASCONCELOS: – Inicialmente,
gostaria de perguntar ao Relator, Constituinte
José Serra, qual a participação do Imposto
sobre a Propriedade Territorial Rural no
total dos impostos arrecadados pela União.
Qual seria a sua participação, como esta
proposta no anteprojeto, transferida para os
Estados?
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Com a palavra os Constituintes
José Serra e Fernando Bezerra Coelho para
responderem aos pontos levantados pelos
Constituintes lrajá Rodrigues, Darcy Deitos e
José Carlos Vasconcelos.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Tinha entendido que o Constituinte José
Carlos Vasconcelos desejava fazer mais
algumas observações.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
CARLOS VASCONCELOS: – E Verdade. Eu
queria fundamentar, mas, para não ferir a
sistemática, farei todas as observações.
Apenas gostaria de argumentar que acho um
perigo muito grande transferir para a
competência dos Estados o Imposto sobre a
Propriedade Territorial Rural.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Qual é o seu argumento?
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
CARLOS VASCONCELOS: – Gostaria de
saber qual a participação do Imposto
Territorial Rural no bolo de impostos
arrecadados pela União. Mas, já que o
Presidente me adverte que faça toda a
explanação, apenas direi algo para
fundamentar. Na realidade, considero muito
perigosa a transferência para os Estados da
competência de cobrança do Imposto sobre a
Propriedade Territorial Rural.
Tivemos um grande debate na
Subcomissão que tratou da reforma
agrária a respeito de se encontrar uma
fórmula moderna para efetivar a reforma
agrária. Na medida em que tiramos da
União a competência de legislar e de
cobrar o Imposto sobre a Propriedade
Territorial Rural e a passamos para
o Estado, estaremos de fato adotando a
opção de que cada Estado tenha a sua
legislação especifica a respeito desse assun-
to. Por outro lado – e isso me foi advertido
por companheiros nossos da Subcomissão
que estudou a reforma agrária – a União
utiliza hoje a cobrança desse imposto para
a elaboração do cadastro das propriedades
rurais. Seria, portanto, muito difícil para
a fixação de uma política de reforma agrária
que isso fosse disseminado para cada Estado.
Alguns Estados ate poderiam, em
determinado momento, exercer pressão
muito forte, dependendo do eventual
ocupante do Governo estadual, contra uma
decisão nacional da efetivação da reforma
agrária.
Essa a primeira observação que
gostaria de fazer ao Substitutivo do Sr.
Relator.
Gostaria de insistir também a respeito
das isenções consignadas no § 9º item II,
onde se diz que "não incidira imposto sobre
operações que destinem ao exterior produtos
industrializados".
De fato, seria melhor que isso fosse
regulado pela legislação ordinária, pois assim
haveria major flexibilidade. Mais grave, porem,
me parece o item b, que veda a incidência
desse imposto, ao estabelecer que também
não incidirá:
b) "sobre operações que destinem a
outros Estados combustíveis líquidos e
gasosos e energia elétrica, garantida, em
qualquer caso, a manutenção do credito
referente as operações anteriores, no Estado
de origem.
Se realmente entendi, por mais que
eu possa defender uma política de isenção a
setores da economia nacional, vejo que, no
meu Estado, Pernambuco – isso deve ser
também verdade em relação a Alagoas e ao
Rio de Janeiro – o setor produtor de álcool
combustível não irá pagar imposto algum. Por
isso, parece-me mais consentâneo que esse
matéria não seja tratada aqui. Pode ate ser
que, em determinado momento, essa seja
uma posição a se adotar, mas vai depender,
como disse o Relator José Serra, de
entendimentos que possam haver entre a
União e o Estado a respeito da matéria.
Considero, portanto, que toda a sistemática
de isenção, ate pelo risco que traz a alínea b,
deve ser retirada do corpo da Constituição.
Com referência ao FPE, cabe-me
fazer uma observação. Acho que houve
uma preocupação muito seria, tento do
Relator da Subcomissão. o Constituinte
Fernando Bezerra Coelho, quanto do Relator
da Comissão, em procurar uma melhor
distribuição da receita da União, mas, na
verdade, devemos observar as ponderações
feitas, por exemplo, pelo Constituinte Iraja
Rodrigues. Poderá parecer que o que se
quis de fato, foi uma opção tributarista desde
que haja aumento da receita. que se assegure
esse aumento e não haja preocupação
com uma carga maior de tributos para a
contribuinte. Com referencia especificamente
ao FPE, parece-me que não houve nada
de novo. Se a opção de aumento do IPI e de
Imposto de Renda para os Estados tinha
como contrapartida uma distribuição melhor
para as macrorregiões menos desenvolvidas,
o Relatório foi muito pobre no sentido
de compensar tais regiões. Veja que a fixação
de 20%, hoje, já este assegurada ao Norte
e Nordeste. Na verdade, 20%, de acordo
com o critério de renda per capita inferior a
media nacional. Realmente, essa não é a
intenção do relatório, mas devemos ter um
51
cuidado muito grande para que não haja apenas
a visão tributarista de aumentar impostos, bem
como não haja também, à medida que se criam
impostos, o intuito de beneficiar regiões
geográficas macrodesenvolvidas, em detrimento
de regiões menos desenvolvidas. Essa e uma
preocupação que tenho.
Para encerrar – não vou alongar-me nos
outros pontos – gostaria ainda de dizer que tenho
tombem grande preocupação quando vejo no
texto da Constituição que haverá uma revisão
periódica e constante das disposições legais que
concedem isenções ou benefícios e que essas
isenções ou benefícios com mais de quatro anos
serão obrigatoriamente revistas pelo Poder
Legislativo. O que isso significa? Que de toda a
política de incentivos fiscais para as regiões
menos desenvolvidas obriga-se agora a uma
revisão permanente pelo Poder Legislativo,
estabelecida pela Constituição e não pela
legislação ordenaria, quando houve uma opção
muito clara em outros pontos deste Substitutivo
para que assuntos desta natureza fossem
tratados na legislação ordinária e não no texto
constitucional. Não quero dizer que isso tenha
sido intencional, mas quero expressar minha
preocupação muito grande sobre a política de
incentivos fiscais para o Norte-Nordeste, que
considero essencial para o desenvolvimento das
duas macrorregiões.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Concedo a palavra ao Constituinte
Cid Sabóia de Carvalho.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE
CARVALHO: – Sr. Presidente, gostaria de fazer
uma observação ao nobre Relator e aos colegas
Constituintes presentes. Diz, por exemplo, o art.
27, que já está contido nas dimensões das
"Disposições Transitórias":
"O Sistema Tributário de que trata esta
Constituição entrara em vigor em 1º de janeiro de
1989, vigorando o atual Sistema Tributário ate 31
de dezembro de 1988. inclusive."
Ao final, temos o § 3º deste mesmo
artigo que diz e seguinte:
"As !eis editadas, nos termos do
parágrafo anterior, até 31 de dezembro de 1988
entrarão em vigor no dia 1º de janeiro de 1989,
com efeito imediato."
Sr. Relator, a indagação é se pode haver
vacatio legis, se tratando de Constituição. Na
verdade, temos uma Constituição que, na parte
tributaria, só entrará em vigor em 1989, quando
toda a disposição constitucional, altamente
cogente, coercitiva, princípio básico do Direito
Público, devera entrar em vigor imediatamente.
Sei no entanto, do esforço de V. Ex.ª Afinal de
contas, é difícil fazer a transposição de um
sistema para o outro, sem que haja um período
de adaptação. Isso é indiscutível. Apenas acho
que essas disposições, na Constituição, tornam-
se impróprias.
Tenho impressão de que seria melhor
sugerir um prazo de regulamentação deste
Sistema Tributário, pois aí então ficaria
subentendido que algum dispositivo legal estaria
em vigor, até que houvesse a regulamentação.
Mas estabelecer vacatio legis para o Sistema
Tributário me parece matéria de alta indagação,
muito perigosa.
A Constituinte está cercada de
críticos por todos os lados, e Parece que o ITR, a nível estadual poderia ser
poucos vão entender o esforço que
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
tem sido feito. Por exemplo, noto o esforço de V.
Ex.ª, que tem um trabalho gigantesco para captar
todas as idéias, ler todas as emendas,
sistematizar tudo que foi trazido a lume nas três
Subcomissões e, afinal, fazer uma proposta –
concordemos ou não – de largo fôlego. Nem
todos, porém, estarão dispostos a compreender
esse esforço que tem sido feito por nós, inclusive
por V. Ex.ª
Faço, entretanto, essa indagação. Nem
é preciso que V. Ex.ª a responda agora, porque
sei que se trata de alta indagação. mas sugiro
que V. Ex.ª medite a respeito deste aspecto,
para, em outra oportunidade, podermos
reexaminar este assunto, que reputo importante.
Afinal de contas, a Constituição tem de
entrar em vigor imediatamente. Ela não pode
conviver com a outra Constituição, isto é, temos
uma Constituição vigendo e, ao mesmo tempo,
outra sendo aplicada. Advirto também para o fato
de que a nova Carta constitucional tem de ocupar
todos os espaços, para evitar que matérias de
outra Constituição fiquem em vigor, como
aconteceu com a Carta de 1937, Até há bem
pouco tempo, quando fui Procurador da Fazenda
Nacional, era obrigado a declarar devedores
remissos, com base na Constituição de 1947
quando já estava em vigor a Constituição de
1967. O princípio era da "Polaca", que ainda
estava em vigor, porque as Constituições de
1946 e de 1967 não haviam ocupado esse
espaço devidamente. Esses espaços todos
devem ser devidamente ocupados. A vacatio
legis, em matéria constitucional. é algo muito
discutível. Não estou dizendo que esteja errado;
apenas acho que é discutível. Não precisa V.
Ex.ª responder-me agora. Trata-se apenas de
uma sugestão, para que V. Ex.ª medite a esse
respeito, faça uma consulta, uma troca de idéias
com a sua assessoria. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Com a palavra, o Constituinte Jose
Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Começando pela última observação feita pelo
nobre Constituinte Cid Sabóia de Carvalho,
queria dizer que realmente o comentário que S.
Ex.ª faz me parece bastante importante. Há
muito de razão naquilo que diz. Trata-se de
assunto que deveríamos pensar com a
profundidade que S. Ex.ª sugere, inclusive,
talvez, em outras etapas posteriores do processo
constituinte.Confesso que não havia tomado
conhecimento de observações semelhantes:
acredito que o mesmo aconteceu com o Relator
da Subcomissão. uma vez que pelo menos
alguns dos artigos são idênticos.
A respeito das indagações do
Constituinte José Carlos Vasconcelos. realmente
à participação do ITR na Receita Federal é zero,
ou melhor, 0,05%0, cinco centésimos por cento.
É praticamente nulo. A idéia da mudança a nível
dos Estados foi para dar ao Imposto Territorial
Rural outra dimensão. Sabemos hoje que esse
imposto praticamente não é cobrado; essa é a
realidade. Ele deveria ser um instrumento
importante de política, mas não tem sido assim.
O Brasil tem uma realidade muito diferente. As
situações fundiárias de Santa Catarina, onde há
inúmeras medias e pequenas propriedades, e
do Pará são completamente distintas.
manejado com mais flexibilidade, dentro, in-
clusive, da concepção de maior autonomia
federativa. Temos realidades muito diferentes no
Brasil, e não é possível aplicar um Imposto num
País tão desigual de maneira idêntica, como não
se pode ter um imposto nacional aplicado de
maneira diversa em diferentes Estados. Essa
idéia esteve por trás do argumento que apoiei; no
caso, acolhemos a proposta da Subcomissão.
Essa foi a idéia.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
BEZERRA COELHO: – Complementando a
resposta de Constituinte José Serra, gostaria de
dizer que houve preocupação da Subcomissão
com essa questão da transferência ou não do
ITR para a competência estadual. A
Subcomissão esteve reunida, ouvindo até
mesmo técnicos e Diretores do INCRA, que
foram à Subcomissão apresentar os argumentos
do órgão em favor da manutenção do ITR na
competência federal. O grande argumento dado
por eles era em função do cadastro, ou seja, que
o ITR a nível federal serviria para manter o
cadastro do INCRA, a fim de se ter uma visão
fundiária de todo o País.
Mas a tese que prevaleceu, a nível de
Subcomissão, foi e de que o ITR poderia ser
utilizado em determinados Estados, efetivamente
com taxas progressivas, para inibir a
concentração fundiária, pois, a nível nacional,
ficaria muito difícil estabelecer taxas de
progressividade para um país com diversidade
fundiária tão ampla, como lembrou o Constituinte
José Serra. Foi um assunto debatido, digamos
assim, com muita profundidade, procurando-se
inclusive ouvir os argumentos contrários, no
sentido da manutenção desse imposto na esfera
federal.
A opção da Subcomissão, pelos seus
membros, foi no sentido de que, transferido o
tributo ao Estado, se possibilitaria uma eficácia
maior na sua arrecadação e também na sua
transformação em um tributo que pudesse
efetivamente taxar as grandes propriedades e
inibir a concentração fundiária que se verifica no
País.
O SR. RELATOR (José Serra): –O
Constituinte Oswaldo Lima Filho, Relator da
Subcomissão que tratou do tema agrário, hoje
colocou essa observação quanto ao problema do
cadastro. Penso que esse não e um argumento
suficiente, porque a União tem poder para
cadastrar a propriedade, independente do fato de
cobrar ou não imposto. Caso não o tivesse,
então, poderíamos estabelecer esse poder.
O SR. CONSTITUINTE NION
ALBERNAZ: – O imposto e do município. Ela o
arrecada e o repassa para o município.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Exatamente, ela o repassa. Então, parece-me
que manter o ITR com a União. apenas pelo
problema do cadastramento, não seria um
argumento convincente, a meu ver, em confronto
com aquele que teria para ficar com os estados.
Quanto a questão interestadual do
IULCLG – Imposto Único sobre Lubrificantes e
Combustíveis Líquidos ou Gasosos e do Imposto
sobre Energia Elétrica, quero dizer que o
nobre Constituinte tem toda a razão no que
se refere ao álcool. Por que e estabelecem?
Na verdade, estávamos pensando no atual,
que incide sobre derivados de petróleo.
Tive inclusive essa preocupação, que foi
muito ressaltada por pessoas do Rio Grande
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
do Sul e de Santa Catarina, nos dias anteriores a
leitura do Relatório. Há uma política nacional de
localização, por exemplo, de hidrelétricas –
algumas delas construídas com recursos do
Governo Federal – e também de refinarias. Por
que colocar isso na própria Constituição? Para
dar garantia de que essas alíquotas estaduais
seriam zero, do contrário poderiam proporcionar
uma situação de conflito brutal, pelo simples fato
de determinada fonte de geração ou de
transformação de energia ter sido localizada aqui
ou ali, antes que houvesse esse problema
tributário. A partir de observações das quais nos
inteiramos hoje, e que acho bastante razoáveis,
destacou-se o problema do álcool. Acho que
temos de fazer uma modificação neste aspecto
preservando essa idéia da alíquota zero para o
caso de energia elétrica e derivados de petróleo.
Esta é a minha opinião.
Quanto ao Fundo de Participação, nobre
Constituinte, em parte, repito o que respondi ao
Constituinte Benito Gama. A meu ver, quanto aos
80% o critério permaneceria o atual, ou seja, se
há 20% destinados ao Nordeste, iriam 16% dos
80%, além dos 20 já estabelecidos. Esta foi a
intenção na redação da Emenda. Em que
sentido? Fez-se essa divisão entre 80 e 20 na
suposição de se manterem critérios
assemelhados aos atuais, no caso da repartição
do FPE. Essa foi a intenção do Relator. Se ela
não se expressa claramente no texto, temamos
de procurar uma forma pela qual ficasse
claramente expressa.
A propósito dos incentivos, acredito
realmente que e muito importante, no Brasil,
haver mecanismos que obriguem à revisão do
sistema de incentivos. Revisão não significa
supressão, mas reexame, inclusive que
tenhamos uma idéia de avaliação de como
estamos processando. Grande parte da receita
no Brasil, metade do Imposto de Renda das
pessoas jurídicas não á arrecadado ou e
devolvido. Realmente, parece-me muito
importante que isso seja feito, não na perspectiva
de retirar o benefício, no caso, do Norte e do
Nordeste. Enquanto permanecerem as
diferenças de natureza regional, em termos de
desenvolvimento, haverá necessidade de
incentivos de natureza fiscal além de outros. Mas
a idéia realmente e no sentido de que se possa
fazer uma revisão. Há vários incentivos que
deveriam cair, porque já estão obsoletos: e a
experiência mostrou que, não havendo um
mecanismo que obrigue sua revisão, por inércia,
tendem a permanecer, inclusive porque criam um
sistema de interesse em sua volta. O nobre
Constituinte sabe que qualquer mecanismo
econômico adotado imediatamente cria um
sistema de interesse que, às vezes. parece difícil
romper. Estamos criando um mecanismo para
forçar a revisão. Por falar em reexame, lembro-
me de que quando mencionei há algum tempo a
necessidade de revisão dos incentivos, o assunto
causou certa apreensão na Sudene, porque se
entendeu que minha posição seria pela
supressão. Não e, verdade. Minha posição
pessoal é no sentido de que se deve aperfeiçoar
esse mecanismo.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Admitiria V. Ex.ª que na
Constituição constasse que – desde que não
fossem superadas as diferenças regionais –
houvesse incentivos para as regiões menos
desenvolvidas?
O SR. RELATOR (José Serra ) –
Poderia admitir. Há duas questões suscitadas
pelo Constituinte Darcy Deitos. Quanto ao
problema do censo, acho que, a nível do
Congresso, poderíamos tomar alguma iniciativa
no sentido de diminuir o intervalo entre os censos
populacionais no Brasil. Não me parece ser um
dispositivo tipicamente da Comissão do Sistema
Tributário, Orçamento e Finanças, embora eu
esteja de acordo com o Constituinte em que o
problema populacional com que nos defrontamos
na repartição dos Fundos, especialmente no
caso dos municípios, e grave. Lembro-me de que
tivemos – não sei se foi em uma sessão plenária
ou se foi algum grupo que me procurou –
exemplos dramáticos com relação ao Mato
Grosso, de cidades que atualmente estão muito
maiores, em que houve crescimento
populacional.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS
– Da forma como está, só em 1991 se alteraria o
índice de Participação dos Municípios.
O SR. RELATOR (José Serra): – E olhe
lá! Porque o censo não fica pronto em 1991.
Acredito que a Constituinte deveria propor essa
alteração, porque várias das mudanças
propostas na Carta têm relações com a questão
populacional, inclusive na área de direitos
sociais. Outra questão: por que 18,5% não
22,5%. Qualquer número que seja colocado, em
princípio, poderá ensejar uma pergunta: Por que
não um pouco mais? Ou por que não um pouco
menos?
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
BEZERRA COELHO: – Acho que essa idéia dos
18,5%x e dos 22,5%, em primeiro lugar, teve
origem na preocupação manifestada pelos
membros da Subcomissão de realizarmos uma
reforma tributária que pudesse inverter o perfil da
distribuição para fortalecer estados e municípios.
mas que fosse também uma reforma
responsável, no sentido de não quebrar ou
inviabilizar a União, o Governo Federal.
Procurou-se também fazer com que esses
percentuais fossem elevados gradativamente, ao
longo de cinco anos, à medida que se
repassassem os encargos. Não será a nível da
nossa Comissão que se definirão os encargos
que serão da competência de municípios,
estados, União, Pareceu-nos uma proposta
razoável que a transferência de receitas se
desse ao longo do prazo, ao mesmo tempo em
que se verificasse a transferência de encargos
O SR. RELATOR (José Serra): –
Perdão, Constituinte Darcy Deitos, são apenas
essas duas questões?
O SR. CONSTITUINTE DARCY
DEITOS: – Só que entendo que poderíamos
ampliar; ao invés de 22,5%, 25% para os
municípios. Seria o mínimo aceitável.
O SR. RELATOR (José Serra): – No
caso, entraria o problema do que
significa transferência de receitas por
parte da União e qual será o trata de uma questão de política estadual.
ritmo do processo de
descentralização. Porque vamos ter – isso
é muito importante termos presente ––
uma compatibilizarão a nível do conjunto
da Constituinte. Não foi possível fazer isso
a nível de Subcomissões, de uma Comissão
Temática com Subcomissões, de uma
outra Comissão Temática, muito menos entre
as Comissões Temáticas, pela disponibilidade
de tempo que tivemos.
52
Obrigatoriamente, teremos de fazer esse
ajusta-mento com a Comissão correspondente,
que e a Comissão da Organização do Estado, da
qual e Relator o Constituinte José Richa.
Chegamos a promover mais de uma reunião,
mas vimos que muito pouco poderíamos
avançar, dado o estágio de conhecimento e a
complexidade de haver um entendimento
simultâneo entre as duas Comissões, inclusive
internamente, dentro da Comissão.
A respeito das observações do
Constituinte Irajá Rodrigues, em primeiro lugar,
não estamos criando uma parafernália de
impostos. Atualmente, os impostos no Brasil são
dezesseis. Na proposta apresentada pela
Subcomissão e endossada por este Relator,
passamos a ter doze ao invés de dezesseis
impostos. Isso sem contar o Finsocial. Na
medida em que o Finsocial seja extinto,
passaremos a onze. Portanto, teremos reduzido
o número de impostos no Brasil, numa proporção
próxima a um terço. Desse modo, não se justifica
a idéia de que há uma parafernália de impostos.
Pelo contrário, foi feita uma simplificação
bastante considerável, inclusive nos impostos
indiretos, que são os mais complexos.
Por outro lado, parece-me que comparar
o Finsocial com o Imposto sobre Vendas a Varejo
seria um equívoco, porque o Finsocial é um
imposto em cascata e o Imposto sobre Vendas a
Varejo é um imposto a um preço final. Então, a
incidência do Finsocial tende a ser muito forte,
não pela sua alíquota absoluta, mas pelo fato de
que se vai transferindo de uma etapa para a
outra da produção. Inclusive, tivemos o cuidado
de introduzir na Constituição que não se poderá
criar mais impostos acumulativos no Brasil,
impostos em cascata. Se se for criar impostos,
terão de ser criados ao valor adicionado, e
acredito que V. Ex.ª começa a diferença entre
uma coisa e outra. Se o Finsocial fosse traduzido
em imposto ao valor adicionado, por estimativas
que fizemos, a sua alíquota equivaleria a 10%,
ou a 12%, no caso de ser comparado ao ICM. A
comparação com o Imposto sobre Vendas a
Varejo teria que ser, no mínimo, mais cuidadosa.
O Imposto sobre Vendas a Varejo não é ao valor
adicionado, mas também não é em cascata, uma
vez que e o produto final. Acho que essa
comparação, nos termos em que o Constituinte a
fez, subestima a importância que tem a respeito
dos preços a supressão do Finsocial, porque o
seu peso e muito maior do que indica a sua
alíquota. Há alíquotas diferentes, seja para
bancos, seja a cobrada para empresas de
serviço, seja a cobrada para produtos.
Com relação à questão da guerra fiscal
entre municípios, não vejo que se enseje essa
guerra fiscal. Pode haver entre municípios
localizados na fronteira entre dois estados, mas o
município não poderá alterar isoladamente as
suas alíquotas, para prejudicar, ou para concorrer
com o município do estado vizinho, porque se
Não vejo como se possa abrir guerra
fiscal. Pode-se abri-la, como o Constituinte
mencionou, no caso do município. A alíquota
variável por Estado traz problemas potenciais
de guerra fiscal. É evidente que isso acontece,
na origem, quando se estabeleceu no ICM
com alíquota única no Brasil, não
foi por perversidade, embora o efeito
regressivo dessa medida fosse muito forte,
mas ocorreu exatamente pela preocu-
53 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
pação com relação à guerra fiscal. Quando
tiramos a uniformidade do ICM. estamos
resolvendo um problema como sempre na
vida econômico-social e criando outro, em
que ha maior possibilidade de guerra fiscal.
Devemos tratar de evitar isso, tendo em vista
preocupações como as colocadas pelo
Constituinte Fernando Bezerra Coelho, seja
ate mesmo através da legislação
complementar. Se se quer mais seletividade,
se se quer melhorar a progressividade do
sistema tributário no Brasil, que é
extremamente regressivo, não há alternativa
senão flexibilizar as alíquotas do ICM. Não é a
única, mas essa providencia e essencial.
Lembro um dado importante que
menciono sempre. Quem ganha um salário
mínimo no Brasil paga um terço do seu salário
como imposto e não tem nada de imposto de
Renda no meio. Quer dizer, mesmo que eu
melhore muito a maneira de cobrar o imposto
de Renda, os impostos diretos, essa injustiça
permanecera, pois um cidadão que ganha um
salário mínimo paga um terço de sua renda em
imposto, porque estes estão embutidos no
preço das mercadorias. A única forma possível
de se evitar isso e com o critério da seletividade
ou, evidentemente, num outro extremo, com a
eliminação dos impostos indiretos. Seria, a meu
ver, absurdo eliminar imposto indireto, de uma
vez por todas, no Brasil. O critério da
seletividade é absolutamente essencial e
coloca riscos que temos que enfrentar.
Quanto à questão do Fundo de
Participação, em parte, foi explicado o
problema. Realmente, havia uma questão de
exclusividade, que suprimimos. Do ponto de
vista parcial, não significa manter a mesma
situação no caso do Nordeste, porque se
supunha que distribuição do Fundo seguiria o
perfil atual, ou seja, naqueles oitenta por cento.
Quanto ao IPI, corre, em primeiro
lugar, que do ponto de vista tributário, no
Brasil, temos um duplo problema. Precisamos
transferir recursos para as regiões que geram
menos impostos e arrecadam recursos nas
regiões que tem maior base produtiva, porque
aquelas também precisam produzir e
necessitam de recursos para manter o seu
setor público. Em principio, a nossa
perspectiva de trabalho objetiva esse
equilíbrio. Imagino que a nossa intenção foi
não romper esse equilíbrio, mas até mesmo
fortalecer o processo de correção.
Evidentemente, há Estados onde o Fundo
pesa menos, outros onde pesa mais. No caso
do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o
Fundo de Participação, pelos dados
fornecidos pelos respectivos Secretários da
Fazenda – portanto, são bastante recentes –
é da ordem de 6% ou 7% do ICM: no caso de
São Paulo. e de ordem de 0,5% ou 1% do
ICM; e, no Rio de Janeiro, deve estar na
ordem de 2% ou 3%, não tenho bem
presente. Então, e evidente que o aumento do
Fundo de Participação, se não se mantém a
clásula da exclusividade, traz benefícios
maiores para os Estados, dignos assim,
também desenvolvidos, mas menos
desenvolvidos do que outros. Essa foi a nossa
intenção, pensando do ponto de vista do
conjunto do País.
Os colegas Constituintes que
acompanharam o trabalho da Subcomissão
de Tributos, Participação e de Distribuição
de Receitas, da qual o Constituinte Irajá
Rodrigues faz parte, sabem que em todas
as oportunidades que discutimos essa
questão a posição mantida por este Relator
sempre foi no sentido muito amplo, ou seja, o
de olhar o Brasil em seu conjunto e não
apenas para uma região particular, apesar
das minhas origens regionais. Nasci em São
Paulo. Esse é o meu destino. Não posso
mudar meu Estado de origem. A minha
preocupação, desde há muito, se refere ao
Brasil como um todo, e aqueles que
acompanham minha vida pública sabem muito
bem disso. Acho que são estas as questões.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Com a palavra o Deputado Nion
Albernaz.
O SR. CONSTITUINTE NION
ALBERNAZ: – Sr. Presidente, Srs. Relatores,
gostaríamos de abordar as competências da
União quanto aos seus impostos. Temos dois
tipos: um abrange o Imposto de Importação,
de Exportação, o IPI, o IOF, e se presta a uma
política econômica: o outro tipo e o Imposto
de Renda, que se arrecada para que a União
cumpra as suas finalidades. No entanto, Sr.
Presidente, gostaríamos que pudessemos
discutir sobre esta competência, que o
Presidente da Republica passa a ter, para
alterar a alíquota do IPI por decreto.
Entendemos que esse processo é realmente
muito grave. Seria interessante fazer uma
comparação para saber qual e menos danoso:
estarmos sujeitos a emprestimos
compulsórios, ou dar esse instrumental ao
Executivo de alterar alíquotas, como a do IPI?
No caso dos tributos que o Governo
utiliza como definidores de política, até
admitimos isso, desde que seja ad
referendum do Poder Legislativo. Mas, no
caso do IPI, Sr. Presidente, Srs. Relatores, no
meu entender. não poderíamos concebê-lo.
Gostaríamos de saber por que foi
tirada do Município a competência para
também instituir o empréstimo compulsorio no
caso da calamidade. Dar-se para a União, os
Estados, o Distrito Federal, e o Município e
excluído.
Sr. Presidente, os Municípios perdem,
transferindo o ITR, que é um imposto seu,
para o Estado, pois recebem apenas 50%.
Transferindo para o Estado – repito – este fica
com 50% e o município com 50%. Ate hoje é
cobrado o ITBI – Imposto de Transmissão
sobre Bens imóveis. Nesse ITBI, temos o
inter vivos e o causa mortis. Foi definido
que do inter vivos ficam 50% para o
Município; do ITBI já tem 50%. Quanto ao
inter vivos, o Município fica com 50%. Por
que se excluiu o causa mortis, que, na
realidade, também lhe pertencia? No caso do
ISS. V. Ex.ª já sabe a minha posição: vamos
lutar pelos 50% mesmo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Com a palavra o Constituinte
Nélson Wedekin.
O SR. CONSTITUINTE NÉLSON
WEDEKIN: – Sr. Presidente, Srs. Relatores,
não sou membro desta Comissão, mas, em
todo o caso, na condição de Senador, tenho
obrigação para com o Estado de Santa
Catarina, como seu representante junto com
os Constituintes Ivan Bonato e Dirceu
Carneiro. Creio que todos nos fazemos um
exercício de prática política perfeitamente
justa e legitima, ao tentarmos trazer o
Maximo para cada um de nossos Estados.
Eu, precisamente, estou empenhado nesta
luta, que, volto a dizer, me parece justa e
legítima, embora todos saiba-mos que
limites existem para esse nosso intento.
para esse nosso esforço. Há o limite dos
recursos da própria União, de quem se poderia
tirar mais, e ha tambem o limite que não
permite aumentar ainda mais a carga tributaria
para pessoas físicas e jurídicas.
De Qualquer modo, a primeira
observação que queria fazer e no sentido de
que foi da maior importância que o Relator
José Serra colocasse a questão do Fundo de
Participação dos Municípios, ainda que com
20% apenas para aqueles Estados com renda
– exatamente os Estados com 20% de renda –
inferior à média nacional. Estaríamos diante de
uma circunstância – se assim não fosse –
singular para Santa Catarina. Se não
aprovássemos na Assembléia o adicional de
5% do Imposto de Renda e ainda perdêssemos
a nossa participação no Fundo de Participação
dos Estados. Santa Catarina trocaria seis por
meia dúzia, mais ou menos. Imaginem,
companheiros, nossos colegas Constituintes do
Norte, do Nordeste e dos demais Estados!
Como sena lamentável, diante da grita geral,
do clamor nacional por uma justa reforma
tributária, se nós. Parlamentares catarinenses,
tivéssemos que nos apresentar junto a opinião
pública do nosso Estado, trocando seis por
meia dúzia. De modo que quero cumprimentar
o Relator José Serra pela sensibilidade que
teve diante de um pleito do Estado de Santa
Catarina, que vive exatamente a situação de
não ser exatamente pobre, como são os
Estados do Nordeste, mas ao mesmo tempo
não ser um Estado rico como São Paulo e o do
Rio de Janeiro. Esse é um ponto. Parece-me
da maior importância que permaneça a
redação como esta, até porque, com os 20%,
se procura fazer essa também justa distribuição
da renda nacional, favorecendo os Estados
menos desenvolvidos.
Gostaria, ao mesmo tempo, de fazer
um apelo mais ou menos na direção de outro,
feito aqui, no sentido de que não conste na
nova constituição a não-incidência do ICM, por
exemplo, sobre operações que se destinem ao
extenor, de produtos industrializados. Santa
Catarina, que e um Estado exportador, assim
como o Rio Grande do Sul, perde 25% das
imunidades dos produtos industrializados que
exportamos. Exportamos, nem tanto porque
desejamos exportar, quanto pelo fato de que a
política de exportação é nacional, é uma
política da União. Não temos nenhum tipo de
compensação por essa perda, que é real.
Creio que não seria desejável ou
recomendável constar a não-incidência desse
imposto ou do imposto sobre Produtos
Industrializados para a exportação, até porque
o fato poderá, no futuro, gerar uma política dos
Estados no sentido da não exportação, isto é,
de incentivo a todas as produções não
exportáveis, ao invés de fazer o que e
necessário. Todos nós sabemos que é
necessário, pela astronômica divida externa, o
esforço de exportação. De modo que julgaria,
nobre Relator, recomendável que não
constasse essa não-incidência.
Na nossa formulação de catarinense
até apresentaremos emendas no sentido de
que se constitua um fundo de
ressarcimento pelas perdas nas
exportações. Já tivemos oportunidade de
discutir isso pessoalmente com o relator.
Mas sabemos que existem obstáculos para
a criação desse fundo de ressarcimento.
Pelo menos, que se deixe uma brecha para
a possibilidade de os Estados exportadores
terem um incentivo, que contribua
 ANAIS DO SENADO FEDERAL(ATAS DE COMISSOES) 54

para o esforço exportador. Que se deixe alguma
abertura para Estados como Santa Catarina, Rio
Grande do Sul, Pernambuco. Bahia, e outros,
para que também tenham a possibilidade, ainda
que pragmatica, no futuro, de receber uma
espécie de compensação por isso, não tanto
para o Estado, mas para a política de exportação
da União.
Eram estas as colocações que
desejava fazer.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Com a palavra o Constituinte
Mussa Demes.
O SR. CONSTITUINTE MUSSA
DEMES: – Ouvi atentamente as colocações
do companheiro de Santa Catarina. Antes de
manisfestar-me a respeito do que gostaria de
indagar ao Relator, perguntar-lhe-ia com que
recursos iríamos criar o Fundo de
Compensação das Exportações.
O SR. CONSTITUINTE NÉLSON
WEDEKIN: – Santa Catarina, por intermedio
de alguns de seus parlamentares, apresentará
propostas claras nesse sentido. Basicamente
– e sabemos que ai há um obstáculo e um
impedimento – sera uma tentativa de retirar
mais um pouco do bolo da União.
O SR. CONSTITUINTE MUSSA
DEMES: – Tirar do bolo da União, parece-me,
significaria tirar dos recursos do imposto de
Renda, do IPI, ou seja, reduzindo ainda o
Imposto sobre o Comércio Exterior. A proposta
seria no sentido de retirar do comercio exterior,
não é isso? Então, o problema do Senador seria
propriamente com a União, com a Receita
Federal, com o possível crescimento da carga
tributaria, se isso vier a ocorrer. Mas não
afetaria, basicamente, os Estados do Nordeste
mais do que já estão afetados, por força da
emenda acolhida pelo Relator Jose Serra, que
acaoou por tirar-lhe – poderia ate chamar assim
– o privilégio de passar a ter exclusividade na
distribuição dos recursos do Fundo de
Participação.
O SR. CONSTITUINTE NELSON
WEDEKIN: – Permita-me V. Ex.ª um aparte?
O SR. CONSTITUINTE MUSSA
DEMES: – Pois não.
O SR CONSTITUINTE NELSON
WEDEKIN: – Serei breve, apenas para que
fique absolutamente claro que não e intenção
de Santa Catarina, tenho certeza, nem dos
Estados do Sul, retirar nada ao Nordeste.
Apenas não queremos que se tire do nosso
esforço de trabalho, de produção, de
exportação etc.
O SR. CONSTITUINTE MUSSA
DEMES: – Há um estudo feito pela assessoria
da Comissão, eminente Relator, por força do
qual, se aprovada a distribuição do Fundo a
partir das receitas, na forma como ela foi
pactuada, os Estados do Nordeste, ao invés
de ganhar, perderão. V. Ex.ª poderia dar
algum esclarecimento a esse respeite?
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Com a palavra o ultimo inscrito
para tratar de assuntos relacionados com o
Substitutivo da Comissão do Sistema
Tributario, o Constituinte Irajá Rodrigues.
O SR. CONSTITUINTE IRAJA
RODRIGUES: – Sr. Presidente, quero
usar o direito de replica, para dizer o
seguinte: creio que há uma maneira de
se estabelecer a seletividade sem
guerra fiscal – a seletividade nacional.
Se desejamos que o chegará a vinte.
arroz chegue mais barato à mesa do nordestino,
do mineiro, ao gaucho, ou do catarinense, por
exemplo, podemos estabelecer uma alíquota
nacional. Se quisermos fazer o mesmo em
relação aos gêneros alimentícios de primeira
necessidade ou aos remédios, medicamentos,
poderemos faze-lo. Não creio ser assim tão
difícil. Ha formas de realizar todo esse processo
sem maiores traumas. Mas o que gostaria de
dizer e que não calculei mal, no que se relaciona
com o cotejo que fiz entre o Finsocial e os 2%
previstos aqui, inicialmente, para alíquota do
novo Imposto sobre Vendas a Varejo. Veja V.
Ex.ª que a extinção do Finsocial se da à razão
de um quinto por ano, no primeiro ano e 0,1% e,
neste mesmo ano, a aliquota de incidência do
imposto sobre vendas a Varejo e 2, e não 0,2%,
ou seja, 20 vezes mais. V. Ex.ª sabe que não
faria a injustiça de considerar que V. Ex.ª tenha
cometido um erro primario, de maneira alguma.
Gostaria de dizer-lhe que o que acontecerá
depois sera uma decisão dos municípios, para
tentarem aumentar a sua participação no bolo
tributário nacional. De fato, so lhes restara
tentar pressionar para obter um aumento da
aliquota para cobrança deste imposto, que, no
meu entender – V. Ex.ª pode pensar o que
quiser – parece mal colocado, desnecessário,
gerando problemas de natureza vária, os
quais poderiam ser evitados. E digo mais: isso
vai ocorrer imediatamente. Sabe por que?
Porque a Subcomissão dos Municípios
aprovou proposta no sentido de transferir para
o Município o ensino fundamental. as ações
básicas de saúde, água, esgoto e habitação
popular. E não será com os recursos onundos
daqui que os Municípios terão condições de
agüentar essas despesas. É claro que, se for
aprovado assim como está, todo o Sistema
Tributado – V. Exª sabe como e difícil depois,
nesse intrincado aqui, mudar, tudo – os
Municípios irão inviabilizar-se. Mas, antes
disso, virão a Brasília ou as capitais dos
Estados e farão o que podem, ou seja, tentar
aumentar – se forem impedidos, ate por
legislação complementar – a carga tributaria
que vai pesar de novo em cima das familias
de renda mais baixa. Insisto mais uma vez: e
evidente que não haverá transformação
alguma para melhor, no tocante ao gravís simo
problema do Sistema Tributário Nacional,
essa regressividade V. Ex.ª insiste em dizer
que existe e continuara a existir. A forma que
adotamos não e de fato, a mais indicada para
acabar com a regressividade.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Com a palavra o Relator José
Serra.
O SR. RELATOR (Jose Serra): –
Retomando as observações a partir daquelas
do ultimo Constituinte que fez a colocação, o
nobre colega Traja Rodrigues, quero dizer o
seguinte: realmente, não se pode comparar
um imposto que incide sobre o produto final
com outro em cascata. Não nosso fazer isso
porque, ao tirar um quinto ao Finsocial no
primeiro ano, não estou tirando vinte vezes
menos o montante equivalente a vigésima
parte do Imposto sobre Vendas a Varejo. O
imposto em cascata tera aumentado o preço
final da mercadoria numa proporção superior,
tendo incidido em varias etapas desse
processo.
O SR. CONSTTTUINTE IRAJÁ
RODRIGUES: – Mas que dificilmente
O SR. RELATOR (Jose Serra): – Mas
não e vinte para um. V. Ex.ª o disse,
inicialmente. Apenas fiz o comentário de que V.
Ex.ª estava, talvez inadvertidamente,
confundindo imposto em cascata com imposto
ao produto final, que e outra modalidade de
imposto indireto, juntamente com o imposto ao
valor adicionado. Inclusive ilustrarei, como
exemplo, que alguns cálculos preliminares
mostram que, se o Finsocial passasse a ser
valor adicionado, seriam necessárias para atual
receita entre dez e doze por cento de alíquota de
ICM. isto para se ter idéia de como é pesado o
mecanismo de cobrança sobre faturamento. Se
o Finsocial representa 0.5% do faturamento e
passa a 10, 12% no ICM, dependendo do tipo de
incidência, porque para bancos e serviços e
diferente, poderemos imaginar a alteração que
produziria no caso cessas proporções.
Por outro lado, a questão da
progressividade ainda tem outro aspecto, que é
o problema do Imposto de Renda. Realmente,
através da Constituição, é muito pouco o que se
pode introduzir, alem da declaração que fizemos,
com relação a necessidade de maior
progressividade na forma de se cobrar os
impostos diretos no Brasil.
Sabemos que o Imposto de Renda
castiga especialmente a faixa assalariada média
no Brasil. Para que isto mude, precisamos
alterar a abrangência do Imposto de Renda,
passando a examinar as questões de títulos ao
portador, de alíquotas o fato de que hoje o
Imposto de Renda das pessoas jurídicas e
praticamente o imposto indireto transferido aos
preços e que, portanto, em grande parte,
também é regressiva e tudo o mais. Ha
abundante literatura e muitos estudos a esse
respeito, sublinhando a necessidade dessa
mudança profunda, com a qual compartilho. Vou
lutar muito aqui no Congresso para caie isso
seja ilegível. Não tenham duvida de que esta e
uma das grandes tarefas que temos, porque, no
Brasil, estamos hoje apoiados, na questão dos
impostos direto, pela dimensão reduzida.
inclusive, da receita de impostos diretos, em
proporção à receita total. Mas isso ao poderá ser
feito através de lei, e cera nesta etapa que
iremos lutar. No estágio em que estamos hoje,
levar a progressividade à perspectiva de
seletividade já é um passo, sem dúvida,
importante.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
BEZERRA COELHO: – Sá para ilegível ainda
mais a argumentação do Relator Jose Serra.
Corno o Constituinte Irajá Rodrigues gosta de
números, lembro que e alíquota do Finsocial é
0,5% sobre a receita bruta das empresas que
vendem mercadorias, instituições financeiras e
seguradoras. E também e cobrado o percentual
de 5% sobre o imposto de Renda devido pelas
empresas que vendem serviços. Pois bem, o
Finsocial é hoje o terceiro tributo, respondendo
por 24 bilhões de cruzados em 1986. Os 2% de
venda a varejo não chegam a 50% do valor do
Finsocial arrecadado em 1986. Portanto, se V
Ex.ª fizer os devidos cálculos e projeções, vera
que existe um sério equivoco na comparação do
IW com o Finsocial, ao afirmar que o IW vai
representar um aumento de carga no imposto da
ordem de 1 para 20. Se descermos aos
numeros, veremos que ha uma seria distorção
nas colocações de V. Ex.ª.
O SR. RELATOR (José
Se r r a ) : – A questão da alíquota
nacional para seletividade seria uma
55 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
boa alternativa, em tese. A experiência do
Coniaz, organismo que reúne Secretários da
Fazenda – e temos aqui alguns ex-Secretários,
como Benito Gama, Nelson Wedekin e Mussa
Demes – mostrou que é muito difícil mexer em
alíquota, inclusive do ponto de vista seletivo. O
que é bom para um Estado aparece como ruim
para outro, e na hora H, enquanto em um o
custo é pequeno, em outro o custo e altíssimo.
Isto produziu uma paralisação. Lembro-me do
trabalho que tivemos em São Paulo para tirar o
ICM do leite tipo "C". O Benito Gama, que era
Secretário naquela época, deve ter
acompanhado ia a atuação do João Savad no
Confaz e pode dizer do esforço que isso
representou. Então, em tese, seria boa
alternativa. Mas ela coloca tantos problemas e
conflitos que, convenhamos, tem de implicar
um acordo dos Estados, inclusive a nível do
Senado. Reproduziríamos no Confaz o
problema do Senado. Iríamos fixar na
Constituinte as alíquotas de impostos
detalhadamente na Constituição. Isto teria de
ser feito por lei e preferivelmente pelo Senado,
que representa a Federação. O Senado foi
criado para que todos os Estados tenham um
peso igual. Então, estaríamos diante de uma
barreira que me parece intransponível. Se
houvesse fórmula realista que eu tivesse
identificado nesse sentido, pode o nobre
Constituinte estar certo de que teria ajudado
para que ela tivesse seu fundamento inserido
na Constituição.
A respeito da observação do
Constituinte Nélson Wedekin sobre a questão
do ICM se tirarmos da Constituição a
imunidade para exportações industriais, cada
Estado vai poder cobrar ou não o Imposto
sobre Exportação. Acaba a política de isenção
de impostos indiretos as exportações
industriais. É uma opção nacional que temos
de fazer. Particularmente, acho correto que o
País, para exportar, elimine seus impostos.
Todos os países o fazem a nível de produtos
industrializados. Ficaríamos sem esta
possibilidade. E praticamente inviável, porque
os Estados poderiam fixar isso agora, inclusive
dentro do imposto ampliado. teriam até mais
razão para isso, porque entram o ISS e todos
os impostos únicos. Acho absolutamente
temerário eliminar a condição de imunidade no
caso dos impostos indiretos para as
exportações. Mesmo na hipótese de criação de
algum ressarcimento. isto, a meu ver, se fosse
feito, deveria ser colocado separadamente,
deixando a questão da imunidade, como
alguma proporção do imposto que não é
cobrado, para feito de incentivo. Não estou
fazendo sugestão de emenda, mas apenas
dizendo que para mim questão da imunidade
teria de permanecer de qualquer maneira. Isso
no meu entender, mas vamos julgá-la dentro do
conjunto da Comissão.
Outro ponto é a questão da origem aos
recursos. Quero dizer a V. Ex.ª que, há anos,
briguei muito pelo ressarcimento, nem que fosse
parcial, respeito das exportações de produtos
industrializados, naquilo que não é cobrado. Os
problemas são dois: primeiro o da receita. Como
financiar isto? É tirar do bolo da União? Funciona
como vasos comunicantes. Pode não se tirar do
IPI ou ido IR para não diminuir a fatia do Fundo
de Participação. Mas, sem dúvida, ao se tirar de
outro lugar, gera-se uma pressão
generalizada sobre os recursos da União. Há
uma observação que, a meu ver, é legitima
para ser feita paralelamente á questão da
descentralização. Alias, deixei de comentar,
mas vou faze-lo em seguida. Quanto se tira,
globalmente da União qual é a capacidade de
absorver esta perda?
O segundo problema e o da
distribuição interestadual desse imposto. Há
concentração enorme em alguns Estados
exportadores do Brasil e dentro das regiões,
inclusive dentro do próprio Nordeste, onde há
Estados que exportam e outros que não
exportam. Então, coloco um problema sério, a
nível de discussão de novo, sobre repartição
de benefícios. Pode-se pensar em adotar
também um perfil semelhante ao que tem o
Fundo de Participação. Mas ao incide direto
no Fundo de Participação. Não tem sentido,
assim como não teria. a meu ver no caso de
ICM às exportações, fazer uma redistribuição
que não correspondesse a geração de
recursos. A base do argumento é que a
produção de artigos exportados gera
demanda de serviços igual em todo lugar,
seja por estradas, luz, escola, saúde, seja
para tudo. Estes são os problemas que se
apresentam bastante complexos, como V.Ex.ª
insistiu, quando fez sua colocação.
A questão da descentralização, das
atribuições, que é uma observação importante
do Constituinte Irajá Rodrigues, e básica. Vamos
ter de nos debruçar sobre ela, pois se trata de
um dos pontos mais importantes das próximas
etapas da Constituinte. A Comissão – não sei se
o Constituinte se refere ao relatório final, em que,
por exemplo, água e esgoto já estão com os
Municípios, segundo a Constituição etc – terá de
discutir, analisar, fazer uma estimativa e
reestimar tudo mais que for necessário, no caso,
e também no de repartir essas funções. Temos
no Brasil, hoje, uma desigualdade muito grande
entre Municípios. Há aqueles que não
conseguiriam ter escola, mesmo recebendo
dinheiro e os que têm condições de tocar de
maneira absolutamente autônoma. Então ai
surge a questão de como essa estratégia vai ser
conduzida.
Ainda com relação a observação do
Constituinte Mussa Demes, a respeito dos
dados que passaram pela Comissão, sobre
como se repartiriam os benefícios depois da
mudança, imagino que seja a partir desta
proposta. Não conheço esta estimativa
passaram pela Comissão, sobre como se
repartiam os benefícios depois da mudança,
imagino que seja a partir desta proposta. Não
conheço esta estimativa.
O SR. CONSTITUINTE MUSSA
DEMES: – Seria a partir da proposta feita
através do relatório apresentado hoje de manhã.
O SR. RELATO (Jose Serra): – A
base do cálculo parte da premissa – que não
era minha, na elaboração do texto e chega
como proposta – de que atualmente já existe
reserva do Fundo de 20% e que eu estaria
apenas pondo na Constituição o que já existe.
Insisto na idéia do Relator de que, se isto não
estiver claro tem de ficar. Esses 20% ainda
ficam por conta dos 80% que seriam
distribuídos através do Fundo. De maneira
que tenhamos acumulados 20%, com 20% de
oitenta, no outro caso. Insisto em que esse e
o espírito que esta por trás da colocação da
minha proposta.
O SR. CONSTITUINTE MUSSA
DEMES: – Não consegui entender muito bem.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Estou partindo da premissa, segundo a
informação dada, menos detalhada, de que
o perfil de repartição do Fundo continuará
sendo semelhante ao atual Portanto,
se atualmente tem isso, no futuro, dos
oitenta, terá também, independentemente
dos 20%.
O SR. CONSTITUINTE MUSSA
DEMES: – Gostaria que o eminente Relator
atentasse para o detalhe de que a prosperar
a proposição oferecida através do
anteprojeto, os Estados do Nordeste, ao
invés de ganhar, vão perder no Fundo de
Participação.
O SR. RELATOR (Jose Serra): –
Não, se fosse dentro daquilo que menciono
quando me refiro a maneira de recalcular.
Em todo caso, acho que devemos ter esse
exame mais detalhado, para evitar essa
alternativa, caso ela efetivamente se
confirme pelos números e analises.
O SR. CONSTITUINTE MUSSA
DEMES: – Somente como subsidio agora
sendo a distribuição feita em função da
renda per capita média nacional, muitos
outros Estados, que não têm o beneficio dos
20%, passarão a tê-lo, como os Estados
relacionados nesse trabalho a que se referiu
a Comissão.
O SR. RELATOR (Jose Serra): –
Então, nobre Constituinte, se o Fundo
distribuir 80%, como acontece hoje, não
ocorrera isso. Façamos de conta que vinte já
ficaram e que esses oitenta são cem.
Proponho então, aos nobres Constituintes
que discutamos mais a questão.
O SR. CONSTITUINTE JESUS
TAJRA: – Estamos alterando todo um
sistema. Esses 20% atuais vão desaparecer,
para ficar o que esta aqui no anteprojeto.
Então, não ha vinte por cento sobre oitenta.
Há vinte por cento sobre cem.
O SR. RELATOR (Jose Serra): –
Dai em dizer, se isso não ficar claro,
poderemos providenciar para que fique.
O SR CONSTITUINTE BENITO
CAMA: – Mas a norma Constitucional
sempre e maior do que qualquer outra que
exista Hoje.
O SR. RELATOR (Jose Serra): – A
norma constitucional não proíbe que os
oitenta se distribuam, segundo o perfil atual
nobre Constituinte.
O SR. CONSTITUINTE BENTO
CAMA: – Retira a garantia, nobre Relator
Jose Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – A
nível da lei complementar, realmente pode
ocorrer a maior perversidade possível com
tudo inclusive quanto a todo um conjunto de
coisas.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
CARLOS VASCONCELOS: – Nobre Relator,
o que entendo e que, a nível de
Constituição, constara o critério atual para os
oitenta por cento.
O SR. CONSTITUINTE JESUS
TAJRA: – Isso e uma hipótese. apenas
uma suposição. Estamos alterando todo o
Sistema Tributário. Se na esses 20%
atuais. vão desaparecer, para ser adotado
apenas o que será incorporado com o
anteprojeto.
O SR. RELATOR (Jose Serra): –
Nobre Constituinte esteja certo de que
particularmente sou extremamente sensível
a essa política. vamos-nos sentar e
conversar. Creio que os argumentos ja foram
colocados, de certa maneira.
Sobre as questões apresentadas
pelo Constituinte Nion Albernaz,
com referencia ao IPI, tenho
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
entendido que o Poder Executivo poderá
mexer nas alíquotas desse imposto, mas
dentro dos limites fixados pelo Congresso
Nacional, por lei complementar. Está claro?
Então, o grau de arbitrariedade diminui
consideravelmente.
Com relação à calamidade, o
Constituinte realmente pegou bons pontos,
que talvez não tivessem sido ressaltados
antes. No anteprojeto, constava que o
município poderia fazer empréstimo
compulsório e que restringimos apenas às
calamidades públicas. O que me pareceu,
nobre Constituinte, é que, no caso do
município, unidade muito menor, quando
atingido, em geral os afetados são a própria
base de contribuição por empréstimo
compulsório. Isso pareceu um pouco
contraditório. Se o Município é atingido, o
estado tem de fazer empréstimo
compulsório para calamidades – se for
alguma coisa muito grave – para socorrer o
município. Esta é a idéia. Criar normas, que
vão valer para mais de quatro mil
municípios no Brasil, poderá gerar
problemas de interpretação ate no caso de
estados mas ai são vinte e poucos.
No caso do imposto causa mortis,
qual foi o problema? Em geral, os bens das
heranças não se localizam apenas num
único município. Está certo? A pessoa,
quando deixa uma herança, eu diria até que
raramente seus bens todos estão no
município. Quando se trata de herança
vultosa, pessoalmente acho que a lei deve
taxar. A cobrança do imposto deve ser
progressiva. Então, o que acontece? Seria
extraordinariamente complicado determinar
o rateio entre o município onde se fizer o
inventario e os vários outros onde houver
bens. Ora o imposto tem de ser
progressivo. Como resolver o problema da
progressividade, o que vai para um e o que
vai para o outro? Pareceu, tecnicamente,
um problema de extraordinária
complexidade.
O SR. CONSTITUINTE NION
ALBERNAZ: – Só que hoje e cobrado o
ITBI, e não me consta que haja problemas
desta natureza.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Mas o problema do ITBI é menor com
relação ao patrimônio diversificado, a nível
de heranças. O ITBI incide muito mais...
O SR. CONSTITUINTE NION
ALBERNAZ: – É a mesma coisa.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Mas é menor, nesse caso. Não nego que
possa existir o problema do ITBI. Agora, um
problema não justifica reproduzir o outro.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Domelles): – Concedo a palavra ao nobre
Constituinte Jesus Tajra.
O SR CONSTITUINTE JESUS
TAJRA: – Quero permitir-me fazer
observações que registrei da leitura do
anteprojeto, para que possa, em
conseqüência, caso nosso Relator seja
receptivo ao que vamos dizer, promover as
alterações. O art. 12 diz:
"Disposição legal que conceda
isenção ou beneficio fiscal terá seus efeitos
avaliados pelo Poder Legislativo
competente, a cada quatro anos, contados
do exercício subseqüente ao da respectiva
vigência."
Lerei os dois itens para depois fazer o
comentário. O § 1º diz:
"Caso a manutenção da isenção ou
do benefício seja tida como necessária, a
norma legal será renovada."
"§ 2º Considera-se-á extinta a
vigência da norma, que não houver sido
renovada no prazo estabelecido neste artigo."
Parece-me, Sr. Presidente e Sr.
Relator, que esse dispositivo, como está
colocado, pelo prazo curto de quatro anos –
insignificante – não vai estimular ninguém a
querer fazer uso do benefício, pois todo
beneficio fiscal tende a estimular a
produtividade, a produção, o investimento em
determinadas regiões. O prazo é a) sobre operações que destinem ao
insignificante. O Poder Legislativo não tem
estrutura para acompanhar esses efeitos no
sentido de fazer avaliações, como aqui se
prevê. Isso é próprio do Poder Executivo.
Ainda mais, para configurar o que estamos
dizendo nós, que conhecemos o mecanismo
do Poder Legislativo, vamos verificar que
todas essas normas acabarão caindo em
decadência. O prazo de quatro anos será
considerado extinto caso o Poder Legislativo
não o aprecie, nem o renove. Verificaremos
que é preciso um controle especial do Poder
Legislativo, e este não tem estrutura para
tanto. Sabemos que esse mecanismo de
apreciação, de tramitação legislativa, é lento e
demorado, o que acabará por determinar a
extinção de todos os incentivos e benefícios
fiscais que aqui estão querendo determinar.
Este é um ponto. O outro refere-se ao IPI.
Concordo com o Constituinte Nion Albernaz e
quero lembrar que na Subcomissão
apresentei emenda supressiva do inciso IV,
art. 13, § 1º Acho esdrúxulo que se atribua ao
Poder Executivo o arbítrio de aumentar
alíquotas do IPI para atender a conjunturas.
Isso fica mais para a política de comércio
internacional. O IPl diz respeito
exclusivamente a produção interna, ao
mercado interno, e não seria justo, no meu
entender, que se desse ao Poder Executivo
esse arbítrio que estamos tirando quando
eliminamos do processo legislativo do
decreto-lei. Seria renovar essa prática de
forma diferente, através de decreto, como
bem salientou o companheiro Nion Albernaz.
Quero lembrar mais uma vez que
também fui autor de emenda supressiva do §
3º que aqui se apresenta privilegiando o
Ministério da Fazenda, quando o cita
nominalmente, e os outros Ministérios, não.
Com isso, até se dificulta uma reforma
administrativa – e já chamei a atenção para o
fato – pretendendo-se criar o Ministério da
Economia, tantas vezes vindo à baila nas
discussões nos momentos de crises e
conflitos entre o Planejamento e a Fazenda.
Não veto por que, em cobrança judicial de
crédito tributário, tenha de estar contido numa
norma constitucional, quando pode ser
definido por lei, até mesmo ordinária.
Quero ainda argumentar quanto à
discriminação, diria assim, no tratamento
dado ao ICM e ao Imposto sobre Vendas a
Varejo, Num caso por simples resolução do
Senado Federal, se definirão as alíquotas;
no outro contido no § 2º do art. 16. atribui-se
à lei complementar fixar as alíquotas
máximas do imposto de que trata o item Il.
Alíquotas, no plural, não sei por quê. Se se
trata de imposto final, não há porque estar no
56
plural: deveria ser único. São as observações
que faço para consideração do ilustre Relator.
Quanto ao § 6 do art. 15, estabelece o
seguinte:
"Em relação ao imposto de que trata o
item III" – que se refere exatamente ao ICM –
resolução do Senado Federal, aprovada por
dois terços de seus membros, estabelecera as
alíquotas aplicáveis às operações e
prestações interestaduais e de exportação."
Parece-me que que conflita com o
que diz o 9º, inciso II letra a.
§ 9º "O imposto de que trata o item III:
(novamente o item III)".
II – não incidirá:
exterior produtos industrializados."
A resolução fixa alíquotas para
exportação e, ao mesmo tempo, mais adiante,
proíbe que incida o ICM sobre operações que
destinem produtos industrializados ao exterior.
No meu entender, há um conflito, que precisa
ser esclarecido.
Considero que na uma impropriedade
de expressão nos § § 5º e 6º, quando se fala
em "prestação". Estamos sabendo que se trata
de prestação de serviços, mas parece-me que
há uma impropriedade vernacular, se ficar só
"prestação", que poderá ser de crediário ou de
qualquer outra coisa. Deveria estar completa a
expressão e não ficar apenas "prestação."
Prestação não é imposto, não diz nada, é uma
operação. Deve ser "prestação de serviço" para
que fique bem claro e até para manter uma
sistemática de linguagem no texto.
Ainda tenho uma última consideração
a apresentar. O § 11, letra f, diz:
"prever hipóteses de manutenção de
crédito,...".
Ora. hipótese é hipótese. Creio que
não devemos trazer hipóteses para a
Constituição, mas casos concretos. Prever
casos de manutenção ao credito, parece-me,
seria a expressão mais adequada.
São as considerações que desejava
fazer, além do que entendo um tanto
esdrúxulo que o art. 22 e seus parágrafos
sejam instituídos como norma constitucional,
para regular a publicação, no Diário Oficial,
de ação administrativa. Parece-me que não
cabe na Constituição.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Agradeço a V. Ex.ª e quero dizer-lhe que no
próximo relatório que eu fizer, falarei antes
com V. Ex.ª para corrigir uma serie de
questões. Particularmente, esta a respeito dos
serviços é bastante correta. Quanto ao art. 22,
também compartilho a idéia de V. Ex.ª Eu a
mantive, porque pareceu uma exigência
muito forte a nível da Subcomissão,
de reivindicações de prefeitos, para,
posteriormente, talvez em outra etapa da
Constituinte, podermos assegurar que isso
seja feito, sem que esteja obrigado a entrar no
texto constitucional.
A respeito de o Senado fixar alíquotas
de exportação e dar imunidade a exportações
industriais, não ha contradição. Há outros
produtos exportados que não são
industrializados e que pagam imposto. Então
evidentemente a imunidade exclui esses
outros artigos. Hoje, por exemplo, não se
paga ICM por produtos industrializados: mas
se paga por produtos não industrializados
alíquota de 13%. E e o Senado que o fixa.
Acho adequado que seja o Senado.
57
Na questão da cobrança, pediria a
gentileza do Presidente da nossa Comissão,
Constituinte Francisco Dornelles, no sentido
de fazer um breve comentário, seguindo a
observação do Deputado, de que o art. 13 §
3º:
"A cobrança judicial ou não, de
créditos Tributários da União cabe a órgãos
próprios do Ministério da Fazenda."
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Quero dizer ao ilustre
Constituinte Jesus Tajra que, quando estive
no Ministério da Fazenda, seja como
Procurador, Secretário da Receita ou
Ministro, sempre me deparava com a
seguinte situação: em muitas pendências
judiciais relacionadas com a cobrança de
imposto, a União não tinha defesa. E o que
se procurou fazer foi trazer para a União a
mesma sistematica que existe hoje em
todos os Estados da Federação, qual seja a
de o Ministério Público ter a função da lei e
de defensor da União. Acontecem casos
em que, no momento de uma pendência,
em que a Fazenda pretende defender sua
posição. O Ministério Público – que coloca
como sua primeira função a de fiscal da lei
– dá um parecer contra a Fazenda e esta
fica sem condições para fazer sua defesa.
Então, procurou-se apenas, no caso da
cobrança judicial, a outra não – e, à
primeira vista é um assunto discutível –
simplesmente permitir que a defesa da
União fosse sempre assegurada através da
representação da Fazenda. Do contrário,
ilustre Constituinte Jesus Tajra, teremos
questões como aquela em que, num
determinado momento e numa determinada
situação, a União lançou o Finsocial, que
procurava cobrar no mesmo exercício – era
um caso de grande complexidade – e, no
momento em que se discutia o problema,
aqueles a quem cabia a defesa da Fazenda
tomou a posição de fiscal da lei e deu
parecer contrário à Fazenda.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA
DE CARVALHO: – No caso, a Procuradoria
Geral da República.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Exatamente. Procurou-se,
então, que este órgão ficasse com sua
posição de fiscal da lei, isto é, de Ministério
Público, e que a defesa coubesse a órgão
específico do Ministério da Fazenda, somente
no que concerne à cobrança judicial. Foi esta
a intenção e o ponto que apresentei à
consideração do Sr. Relator. Hoje, a Fazenda
está muito sem defesa, em grande parte dos
casos que são submetidos a pendência
judicial.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
BEZERRA COELHO: – Se o Constituinte
Jesus Tajra me permitisse, gostaria de trazer
alguns números para a importância desse
dispositivo constitucional. Em 31 de
dezembro, a dívida ativa da União, inscrita e
ajuizada, totalizada setenta e um bilhões e
seiscentos e setenta e nove milhões de
cruzados. Esse dispositivo veio no sentido de
não privilegiar aqueles que sonegaram, que
não cumpriram com a sua obrigação de
recolhimento do imposto. Desse total, através
da justiça federal, só se conseguiu reaver
75%, ou seja, cinqüenta milhões de cruzados.
Existem esses absurdos. Por exemplo,
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
a dívida ativa, nas cidades do Rio e de São Paulo,
assume proporções grandiosas, sendo que
apenas 1,74% disso é efetivamente cobrado
através de ações judiciais, na realidade, esse
dispositivo, pelo fato de a Fazenda estar sendo
representada pela Procuradoria-Geral da
República, vem acabar com o privilégio que
tinham aqueles que sonegavam imposto.
O SR. CONSTITUINTE JESUS
TAJRA: – Compreendo perfeitamente. A
minha colocação não significa que eu seja
contrário a que a Procuradoria da Fazenda...
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Não se deve mencionar a
Procuradoria, mas um órgão jurídico do
Ministério da Fazenda.
O SR. CONSTITUINTE JESUS
TAJRA: – Mencionei o problema do Ministério
da Fazenda em virtude da citação dele. É
questão de técnica de redação. Ao colocar
"Ministério da Fazenda". tornou-o uma
instituição constitucional e privilegiada em
relação a outros ministérios que não são
referidos. Esses são, inclusive, criados por
decreto, para atender às necessidades de
ordem administrativa ou política. Estou
dizendo isso porque se faz referência ao
Ministério da Fazenda. Não sou contra.
Apenas acho que deve ser dada uma redação
diferente, a fim de que não se faça menção a
um órgão especificamente. Trata-se de mudar
a redação. Não sou contra a que um órgão,
hoje ligado ao Ministério da Fazenda e,
amanhã, ao da Economia, exerça essa
função. Apenas quero resguardar esse texto
constitucional, a fim de que não seja
emendado a cada instante. Para atender a
uma reforma de ordem administrativa, que se
reforme ou emende primeiro a Constituição.
Estamos lutando aqui para fazer um texto
constitucional duradouro, quase que de
natureza permanente. Esta a minha intenção.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Quero dizer ao ilustre
Constituinte Jesus Tajra que, se, por
determinada razão, não pudermos dizer que
essa função cabe ao Ministério da Fazenda,
nunca poderemos dizer que cabe ao Banco
Central ou ao Banco do Brasil, porque eles
também poderão ser modificados, ter outro
nome ou poderão ser extintos. Hoje, em
termos, a cobrança cabe ao Ministério da
Fazenda. Se amanhã ele desaparecer, isso
não significa, no meu entendimento, que
haverá um problema constitucional, porque
essa atribuição será deslocada para aquele
órgão que substituir o Ministério da Fazenda.
Entretanto, concordo com V. Ex.ª em que é
preciso elaborar uma redação.
O SR. CONSTITUINTE JESUS
TAJRA: – Gostaria de dizer a V. Ex.ª, Sr.
Presidente, e aos Srs. Constituintes que, nas
outras duas Subcomissões que tratavam de
órgãos do Banco Central e do Banco do
Brasil, também fiz a mesma observação,
porque acho que isso significaria colocá-los
como instituições constitucionais, o que para
mim e contraproducente, pois e contra a boa
técnica legislativa. Estou novamente
levantando o problema agora por uma
questão de uniformidade.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Srs. Constituintes, gostaria
s
de dizer a V. Ex.ª que os dispositivos
constitucionais referentes ao Siste-
ma Tributário têm como principal objetivo
definir a competência da União, dos estados e
dos municípios, em matéria tributária e na
partilha de receita entre essas unidades da
Federação, estabelecendo melhor distribuição
regional de rendas, principalmente para
regiões menos favorecidas, bem como
normas claras que definam a cobrança de
impostos e a relação entre o Fisco e o
contribuinte. Existe hoje um consenso
nacional de que é necessário fortalecer os
estados e os municípios, a promover melhor
distribuição de renda para regiões menos
favorecidas e estabelecer dispositivos mais
claros, que dêem garantias ao contribuinte e
também ao Fisco, no que concerne à
cobrança de impostos.
Se desta comissão sair um anteprojeto
que depois de examinado pela sociedade
brasileira, não mostre o fortalecimento dos
estados e municípios, nem a melhor destinação
de recursos para regiões menos favorecidas,
muito menos maior transparência na utilização
desses recursos ou normas mais claras no
relacionamento entre o Fisco e contribuintes,
não estaremos correspondendo à expectativa
da sociedade brasileira.
Faço um apelo aos Constituintes
presentes e àqueles que estão participando da
elaboração desse texto, no sentido de que
todas as dúvidas surgidas a respeito desses
problemas possam ser dirimidas através de
discussão, através de um consenso, que –
acredito – poderá existir, pois os Constituintes
que divergem quanto á distribuição regional de
rendas, quando à partilha de tributos,
constituem um número muito pequeno. Creio
que um esforço deva ser feito, a fim de
chegarmos a um consenso, porquanto é
intenção de todos fazer com que estados e
municípios sejam fortalecidos e que as regiões
menos desenvolvidas recebam esses recursos.
Dirijo um apelo aos Srs. Constituintes
no sentido de que, nesses dias que nos
restam para apresentar esse texto, haja
diálogo, visando ao entendimento, para que
esta Comissão possa apresentar à sociedade
brasileira um texto que atenda às expectativas
de todos.
s
Agradeço a V. Ex.ª o debate sobre o
Sistema Tributário e convido o Constituinte
Fernando Gasparian a fazer sua exposição
sobre pontos do dispositivo relacionado com o
tema. (Palmas.)
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – Sr. Presidente, tendo em
vista o adiantado da hora, julgo inconveniente
fazer agora uma exposição. Por isso, sugiro a
V. Ex.ª que marque outro horário amanhã ou
depois, para que eu venha fazer um trabalho
como o que tão brilhantemente o Relator da
Subcomissão do Sistema Tributário acabou
de fazer.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – De acordo com o Regimento,
dispomos do dia de hoje e do de amanhã para
discutir o Substitutivo do Relator, Constituinte
José Serra. Tendo em vista esse motivo e a
solicitação apresentada pelo Constituinte
Fernando Gasparian, concordo em que
encerremos neste momento esta reunião.
Nada mais havendo a tratar, vou
encerrar os trabalhos da presente reunião,
convocando outra para amanhã, às 14:30h.
Está encerrada a sessão.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES) 58

COMISSÃO DO SISTEMA TRIBUTÁRIO,
ORÇAMENTO E FINANÇAS
8ª Reunião, realizada no dia 9 de junho de
1987
Aos nove dias do mês de junho do
ano de mil novecentos e oitenta e sete, às
quinze horas e dezessete minutos, no
plenário da Comissão do Sistema Tributário,
Orçamento e Finanças, reuniu-se esta
Comissão, sob a Presidência do Constituinte
Francisco Domelles, presentes os seguintes
membros efetivos: José Serra, Relator, João
Machado Rollemberg, Divaldo Suruagy, Firmo
de Castro, José Luiz de Sá, Pedro Ceolin,
Fernando Gasparian, Messias Goiás, Sérgio
Spada, Jessé Freire, Sérgio Werneck, Ivan
Bonato, Adhemar de Barros Filho, Adroaldo
Streck, Simão Sessim, Airton Sandoval, José
Luiz Mala, Gerson Camata, Basílio Villani,
Jose Carlos Vasconcellos, Fernando Bezerra
Coelho, Fábio Raunhetti, Feres Nadei, Jesus
Tajra, Cid Sabóia de Carvalho, Nion Albernaz,
Darcy Deitos, Benito Gama e Márcio Braga;
os suplentes: Hélio Rosas e Ivo Cersósino:
e os Constituintes Joaquim Bevilacqua e
Mário Maia. Havendo número regimental.
o Senhor Presidente abriu os trabalhos
destinados à discussão do Substitutivo do
Relator, Constituinte Jose Serra, bem como
outros tópicos relacionados à matéria.
Convidou o Constituinte Fernando Gasparian
a compor a Mesa, de acordo com a
sistemática, adotada pela Comissão, de
ouvir os Relatores das Subcomissões.
Dispensada a leitura da Ata da reunião
anterior, que foi considerada aprovada. Com a
palavra, o Constituinte Fernando Gasparian
falou sobre a campanha exagerada
desencadeada pela Imprensa contra
o Anteprojeto de sua autoria Em
seguida, discorreu sobre o mesmo,
enfatizando ter sido sua preocupação
maior mudar o sistema financeiro brasileiro
atual, a seu ver, com um mau funcionamento.
Finda a exposição, o Senhor Presidente
agradeceu a análise ao Substitutivo do
Relator, Constituinte Jose Serra, feita pelo
Constituinte Fernando Gasparian; reiterou o
mais profundo respeito pelo Relatório da
Subcomissão do Sistema Financeiro.
esclarecendo que o Constituinte José Serra
elaborou o seu trabalho baseado
nos Anteprojetos das Subcomissões.
O Constituinte Divaldo Suruagy tomou
assento à Mesa, convidado pelo Senhor
Presidente. A seguir, com a palavra, o
Constituinte José Serra, Relator discorreu
sobre o assunto em pauta em sucinta
exposição, finda a qual, foi interpelado pelos
Constituintes, Joaquim Bevilacqua, José
Carlos Vasconcellos e Adhemar de Barros
Filho. Chegando à reunião, o Constituinte Cid
Sabóia de Carvalho, foi convidado pelo
senhor Presidente, a fazer parte da Mesa,
em substituição ao Constituinte Divaldo
Suruagy. A seguir, o Senhor Presidente,
Constituinte Francisco Domelles, fez alguns
esclarecimentos sobre o processo de votação
que deverá ocorrer a partir do dia doze do
corrente e, também, sobre a sistemática para
apresentação de pedidos de destaque,
conforme orientação da Presidência da
Assembléia Nacional Constituinte chegada à
Comissão naquele momento. O inteiro teor
dos debates foi gravado e, depois de
traduzido e datilografado, ficara arqui-
vado na Comissão, publicando-se a integra no
Diário da Assembléia Nacional Constituinte.
Nada mais havendo a tratar, o Senhor
Presidente encerrou a reunião às dezessete
horas e quarenta e dois minutos. E, para
constar, eu, Maria Júlia Rabelo de Moura,
Secretária, lavrei a presente Ata que, depois
de lida e aprovada, será assinada pelo
Senhor Presidente.
Sala da Reunião, 9 de junho de 1987
– Constituinte Francisco Dornelles,
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Domelles): – Havendo número regimental,
declaro abertos os trabalhos da reunião da
Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e
Finanças em que vamos discutir o Substitutivo
do Deputado José Serra sobre o Sistema
Financeiro, bem como outros tópicos
relacionados com a matéria. Convido para
participar da Mesa o ilustre Constituinte
Fernando Gasparian a quem passo a palavra.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – Sr. Presidente da Comissão
do Sistema Tributário, Orçamento e Finanças,
Sr. Relator e demais Srs. Constituintes, da
mesma forma pela qual o meu companheiro
relator da subcomissão de Tributos esteve
aqui ontem para prestar esclarecimento sobre
o trabalho da sua Subcomissão, estou à
disposição dos Srs. Constituintes. Queria
aproveitar para fazer, rapidamente, um
comentário sobre o trabalho que a
subcomissão aprovou. Falei sobre esse
trabalho, mas não sobre idéias minhas que,
eventualmente, não tenham sido aproveitadas
na subcomissão. Inicialmente, gostaria de
comentar a campanha feita pela imprensa, de
forma geral, no meu entendimento exagerada,
sobre as medidas propostas pelo trabalho da
subcomissão, notadamente, no que se refere
ao problema da eleição dos membros da
diretoria do Banco Central, como também à
questão de bancos estrangeiros e depósitos
no Brasil. Também queria comentar o relatório
do relator da comissão, que aproveitou
inúmeras idéias da subcomissão. Foi um
trabalho com vistas a mudar o Sistema
Financeiro, que, todos sabemos, realmente
não está funcionando bem no Brasil já de
algum tempo, ou de muito tempo. Em 1965,
fundou-se o Banco Central, e, na verdade
nesses anos o Sistema Financeiro não
aumentou a sua segurança e a sua eficiência
realmente, ocorreram graves problemas na
área. O País pagou pela incompetência e
desonestidade de muitos agentes financeiros,
o que certamente ajudou fosse maior a
inflação no período e, inclusive, o nível ético
da administração pública fosse menor. Com
essa idéia, a nossa comissão propôs uma
série de mudanças; inclusive, preocupada
com o custo financeiro, ela aprovou medida
que acho fundamental, qual seja a de
aumentar a concorrência no setor. Na
verdade foram ouvidos depoimentos como o
do Presidente da Sociedade Rural Brasileira,
Sr. Flávio Teles. Homem conservador, depôs
na Comissão dizendo que o Sistema
Financeiro brasileiro hoje é oligopolístico e
cartoprial, porque o sistema de carta patentes
o faz cartorial, e a falta de um número
razoável de agentes financeiros o faz
oligopolístico. Portanto, uma das idéias
básicas da nossa subcomissão foi a de que
realmente se instalasse o capitalismo, quer
dizer a economia de mercado do sistema
financeiro.
Propôs-se então, que a carta – hoje um grande
embaraço para criação de mais bancos ou para
que se estabeleça a concorrência no setor –
fosse extinta, no sentido de carta patente em si.
Enfim, a autorização que o Banco Central dá,
que equivale a carta patente, deveria ser de
acordo com a emenda, a nosso ver, com
melhor redação encaminhada à Comissão pelo
ex-Governador José Richa. Essa emenda
propiciava essa autorização a quantos
tivessem capacidade econômica, financeira e
moral, para que pudessem, evidentemente, de
acordo com as regras que a lei ordinária viesse
depois estipular, instalar uma instituição
financeira. Acho que essa providência
incentivará o fator raro do setor financeiro, que
não é o dinheiro nem o tomador, mas o
intermediário. E como se uma cidade como
Brasília tivesse só cinqüenta táxis com licença
para trafegar. A distorção que se operaria no
transporte individual seria muito grande. O
problema não adviria da falta de veículos –
porque esses existiriam – nem de passageiros,
que criariam um tumulto, mas realmente, da
oferta de carros licenciados. E o caso, agora,
de bancos com licença para operar no
mercado. Essa raridade, esse fator raro, é que,
realmente, cria esses grandes spreads, essa
diferença entre o que paga o banco e o que o
banco cobra. Isso faz com que os juros reais no
Brasil sejam os maiores do mundo. Qualquer
economia organizada, hoje em dia, cobra,
acima da correção monetária de 4 a 8% ao
ano. Não existem juros acima desse valor no
mercado internacional, em qualquer país
organizado, como falei. A citada providência,
enfim, seria importante. Li, no relatório, que o
relator amortece essa providência. No primeiro
momento não me deu essa impressão, mas, se
lemos bem a justificação, verificaremos que
houve a intenção. Primeiro, foi cortada a
expressão sem ônus. Admite-se, então, que o
Banco Central poderia cobrar por uma carta
patente. Em segundo lugar, foi também
colocado que poderá não que dara a carta
patente a quem mostrar quem tem capacidade
econômica e financeira. O art. 62, § 1º, diz:
“A autorização a que se refere o item I será
–
inegociável e intransferível” como era a
idéia do primeiro projeto – “e poderá ser
concedida” – não diz que será concedida –
“a qualquer pessoa jurídica idônea, mediante
a comprovação de capacidade econômica
compatível com empreendimento”. Ainda sou
favorável – por isso vamos apresentar
emendas nesse sentado - à redação do
Governador José Richa, que também incluía
a idoneidade moral a capacidade técnica,
econômica e financeira. Aqui não há
idoneidade e capacidade técnica, mas só
econômica, para o empreendimento. Então,
ficaria ainda com a primeira. Acho que Isso
seria importante, por que o que a subcomissão
quis foi que aumentasse realmente a
concorrência no setor; que houvesse
proliferação de estabelecimentos bancados,
como acontece nos Estado Unidos, país que
tem 14 mil bancos, onde têm sucesso uns 40,
por ano, sem que o sistema financeiro se
abale. Ao contrario do Brasil. onde, qualquer
dor-de-bariga num banco, hoje em dia, o
Governo tem de socorrer com dinheiro do
contribuinte, subsidiando e subvencionando as
incompetências e ineficiências dos empresários
que dirigem esses estabelecimentos bancários.
Seria um reparo importante que faria. Acho que
o avanço proposto e encampado pelo relator foi
amortecido, de certa forma.
59 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
Valeria a pena mantermos a redação original.
Quanto ao segundo ponto, que também
provocou muita celeuma, gostaria de oferecer
pequeno comentado. Pinçaram-se declarações
na imprensa – o Vice-Presidente de operações
internacionais do Banco do Brasil, Dr. Adroaldo
Moura da Silva, esteve aqui e não fez, de forma
alguma, declaração neste sentido – de que o
Banco do Brasil fosse quebrar no exterior. Isso
não aconteceria. E uma afirmação parecida
com aquelas de quando o Brasil pensava em
suspender seus pagamentos externos, no
sentido de que se o Brasil fizesse isso, iria
parar, seriam apreendidos só aconteceu. Existe
no mundo o que se chama negociação. No
caso do Banco do Brasil, a retaliação poderia
ocorrer e aí estaríamos perdendo privilégios
que o País não teria de volta. A reciprocidade é
muito relativa. Por exemplo, o Banco do Brasil
só pode receber depósitos na filial de Nova
Iorque e, por pequeno artifício, também na de
São Francisco. Mas a reciprocidade não vai ao
ponto de permitir que receba depósitos de todo
o pais; ele não pode receber depósitos nem em
Miami, nem em Houston, ou em qualquer outra
cidade onde tem agências ou escritórios. No
Brasil, onde há mais de mil bancos
americanos, só três podem receber depósitos.
Cercou-se o assunto de muito
sensacionalismo, que considero negativo para
o Brasil. Governo tem que negociar com
dureza como os outros países o fazem e não
entregar tudo de mão beijada, como as vezes é
costume neste País. Na Venezuela, por
exemplo, proíbem-se depósitos em bancos
estrangeiros, de forma geral, salvo nos bancos
latino-americanos ou de países, vamos dizer,
que tenham a mesma força econômica. Só
assim a reciprocidade pode realmente existir.
Evidentemente, os depósitos do público no
Banco do Brasil, em Nova Iorque, representam
parcela profundamente menor do que aquelas
que só o Citibank tem no Brasil. As próprias
empresas brasileiras, no exterior, fazem
depósitos em Nova Iorque. Hoje fazem em
Taiwan, não mais em Nova Iorque. Não tenho
esta informação, mas deve ser por ai, a
conclusão é óbvia, já que o Brasil não
deixou suas reservas nos bancos inclinados
a represálias ante nossa suspensão de
pagamentos. Os depósitos do Brasil no
exterior, hoje são mais interbancários.
Realmente, não é necessário ter agência
bancária que receba depósito do publico,
como é o caso do Banco do Brasil em
Nova Iorque. Os depósitos, mesmos os de
pessoas que abrem conta no Banco do
Brasil, numa agência só, evidentemente,
são muito menores do que os do Citibank,
do Lar Brasileiro ou do Boston, com 23
agências, no total, onde podem receber
depósitos. E têm a favor deles o fato de serem
provenientes de um país cuja economia é
muito mais confiável do que os bancos
brasileiros privados. Faço esta pequena
ressalva, entendendo que alguma modificação
precisaria ser feita. Por isto mesmo, estamos
aqui discutindo há mais de mês. Tivemos
modificações do primeiro relatório para o
segundo, que enriqueceram o relatório da
subcomissão, como, certamente, os debates
aqui travados enriquecerão este relatório, como
também a Comissão de Sistematização e
o plenário vão melhorar ainda mais as
matérias sob exame. Mas, tendo em vista,
principalmente, a possibilidade de o Brasil
ter intercâmbio e reciprocidade com
bancos latino-americanos, para fortalecer o
Sistema Econômico latino-americano no
Mercado Comum e para que haja um sistema
de pagamento latino-americano, a fim de ter,
talvez até uma moeda latino-americana, como
o Mercado Comum Europeu tem a sua, acho
importante que a restrição, que era geral, seja
modificada. Diz o relator, em seu relatório:
“Entende-se mais conveniente submeter o
assunto a um debate mais amplo, pelo próprio
Congresso, com vistas na inclusão, na Lei do
Sistema Financeiro Nacional, da questão da
restrição a bancos estrangeiros. Acho que
realmente devemos, talvez até pela pressa
com que vamos ter de votar a matéria, produzir
uma redação bastante genérica, que coloque
só os princípios. Ainda no próprio curso da
Constituinte, ou posteriormente, através de lei
ordinária ou complementar, este importante
assunto será tratado de forma a resguardar
melhor os interesses do País, que têm de ser
resguardados num assunto tão importante
como este. Evidentemente não gostaríamos de
ver nosso País com um sistema financeiro igual
ao do Paraguai, onde, dos 23 bancos
existentes, 17 são estrangeiros, estes com 70%
dos depósitos do país. Se, inversamente, o
total fosse depositado em bancos paraguaios, o
destino desses recursos seria diferente e talvez
ajudasse a economia daquela Nação a se
desenvolver mais. Exagero proporcionalmente.
Claro que, no caso do Brasil, os depósitos em
bancos estrangeiros representam 13% do
total. Mas já foram menos. Houve época em
que os depósitos em bancos estrangeiros, no
País, eram 4 ou 5% do total. Com esta
ressalva, voltaria a dizer que também vou
tentar elaborar uma emenda neste sentido,
procurando aperfeiçoar a idéia inicial da
comissão com a do substitutivo do relator.
Surgiram diversas modificações, tirando
decisões das mãos do Congresso, passando-
as para o Senado. Em todas as nossas
discussões na subcomissão, a idéia era atribuir
essas decisões de nomeação de Presidente do
Banco Central, diretores etc., ao Congresso,
não ao Senado. Na subcomissão, o relatório
deu preferência ao Senado. O projeto do relator
tira poderes do Banco do Brasil e os passa
para o Banco Central. Existe a preocupação,
tanto do relator da subcomissão, como do
relator da comissão, de ensejar que recursos
da União sejam utilizados somente pela União,
para que o custo financeiro da sua divida seja o
mais reduzido possível. A subcomissão havia
colocado o Banco do Brasil como seu agente
financeiro, e a idéia do relator é colocar o
Banco do Brasil como agente pagador
somente. O manipulador, a operador de todos
os ativos da União ficaria sendo o Banco
Central, que passaria a receber, inclusive,
recursos de fomento, que distribuiria
para o Tesouro, para passar para o Banco do
Brasil. Enfim, o Banco do Brasil, no
projeto original, estava com mais poderes
de executar. E, no meu entender, era mais
simples, porque, por exemplo, em São Paulo,
quem opera com a divida pública
daquele Estado é o sistema do Banespa, quer
dizer, é a Distribuidora do Banespa quem
faz aplicações: não é o Banco Central,
porque lá realmente, não há um banco
central. E claro que, na área federal, existe o
Banco Central, Essa mudança comporta
uma emenda, senão, haverá a possibilidade
de, ocorrendo grande liquidez no
Banco Central, parecer que a redação da
nossa Subcomissão o impede de aplicá-la em
papéis do Tesouro. Uma simples frase poderá
eliminar essa desvantagem existente,
aperfeiçoando o projeto original. Vamos ver se
propomos uma emenda também neste sentido,
fazendo com que o Banco Central trate
somente da liquidez do sistema, não como hoje
em dia, quando ele possui vultosos lucros,
proporcionados pelo fato de funcionar como
agente financeiro da União, com os quais
financia a União e a Bolsa do Rio de Janeiro,
paga equipamentos para uma serie de
instituições auxiliares, enfim, ostenta uma
grandeza financeira que se pode verificar até
através dos seus prédios ou de seu
funcionalismo. Gostaria de dizer que notei isso
e que não enriqueceu o projeto na minha
opinião. Acho que essa simples emenda,
dispondo que o Banco Central não poderá
aplicar folgas de caixa em títulos do Tesouro.
Com relação aos crimes de colarinho branco,
as sugestões da nossa comissão foram
aproveitadas e a redação até melhorou. Porém,
a questão dos depósitos do Governo, que se
restringiriam aos bancos do Governo, foi
modificada sob a alegação de que ficariam
mais livres as instituições, as empresas
estatais. Parece-me que essa liberdade é
perigosa, porque foi ela que permitiu a
existência de escândalos no passado, como o
da Sunamam e o das empresas de
computadores da União. Essa faculdade
permitiu que administradores menos corretos
enriquecessem à custa de depósitos vultosos
feitos em bancos privados. Além disso, outro
assunto bastante discutido, e que eu continuo
achando fundamental, é da limitação que
sofreriam dirigentes do Banco Central por
terem trabalhado no setor financeiro durante
certo prazo de tempo, antes e depois. As
restrições são maiores com relação ao período
anterior Existem outras pessoas que acham
que tais restrições deveriam ser aplicadas
somente quanto ao período posterior, ao tempo
em que ocuparam uma função. Essa limitação
existe em outros países organizados do
mundo, como nos Estados Unidos, em que há
limitação não somente para o Banco Central,
mas também, de forma geral, para todos os
administradores daquele país. Um ex-auxiliar
do Presidente Ronald Reagen, que montou
firma de assessoria, atualmente está sendo
processado e correndo graves riscos de ser
preso pelo fato de ter aceito assessorias de
países estrangeiros e de ter tratado de
assuntos aos quais tinha acesso quando
trabalhava com o Presidente. Como falei aqui
outro dia em uma reunião, no Brasil tem sido
comum ministros, por exemplo, tomarem
decisões importantes em favor de empresas e,
logo depois de sairem do cargo, passarem a
ser Presidentes ou diretores dessas mesmas
empresas. Evidentemente, não existe, da
maneira como está colocado no relatório, como
restrição, o fato de que se estaria considerando
desonestas tocas essas pessoas a priori.
Ninguém deve achar que o ministro é
desonesto. Ele tem de desincompatibilizar-
se para ser candidato, só pelo fato de
que poderia, eventualmente, utilizar o ministério
em beneficio de sua campanha eleitoral.
É um preceito democrático, que atinge
todos e que, de forma alguma, coloca sob
suspeição qualquer ministro ou deputado.
Legislação assim é comum em muitos países
inclusive no Brasil, onde tantos casos
de corrupção ocorreram, talvez pelo fato
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
de termos ficado vinte anos sem liberdade de
imprensa, esse constrangimento ético deixou
de existir, pois era impossível criticar as
pessoas que procediam dessa forma. E os
casos se repetiram muito mais. Por exemplo,
um ministro dos transportes construiu uma
ponte na baía de Guanabara, fez o seguro com
determinada empresa, num contrato longo e foi
ser vice-presidente dessa companhia de
seguros imediatamente apos sair do ministério.
O numero de casos desse tipo é infindável no
Brasil. Então, parece-me que seria
aconselhável se tomasse uma providência
desse tipo, afastando a possibilidade de haver
um deslize pessoal, de a pessoa comportar-se
de maneira incorreta. Também existe o
problema da afeição aos seus próprios
negócios. Evidentemente, se amanhã, alguém
ligado a um banco assumisse uma diretoria do
Banco Central e lhe recomendassem restringir
o mercado de capitais sena difícil aceitar ser o
próprio coveiro do seu setor certamente não
seria essa pessoa que iria propor isso em
momento algum. Assim se impediriam
mudanças drásticas, que devem acontecer no
setor do mercado de capitais, no setor
financeiro e, principalmente, no Banco Central.
Digo isso porque, hoje em dia, o Banco Central
aparece como palco de uma série de
irregularidades. Houve cento e cinqüenta
liquidações, que geraram, como diz o jornal O
Estado de S. Paulo “a máfia das liquidações
no Banco Central”. O sistema de socializar
prejuízos e privatizar lucros está ligado ao
Banco Central. que cobra IOF – Imposto Sobre
Operações Financeiras – para poder subsidiar
insucessos, incompetências e até
desonestidades de dirigentes de empresas
privadas, de financeiras. Acho que este
preceito realmente, seria salutar. E deixo de
lado a ironia do ex-Ministro Henrique
Simonsen, segundo o qual, da forma como
esta no projeto, somente alfaiates poderiam ser
diretores do Banco Central. Imagine que um
alfaiate talvez não cometesse muitos dos erros
cometidos nesse setor. Um alfaiate competente
ou um bom empresário talvez fossem melhores
para o Banco Centrai do que muitos que lá
estiveram no passado. Talvez menos danos
causassem a economia e menos inflação se
geraria. Por isso, continuo defendendo essa
idéia, que foi bastante discutida e que a
Comissão aprovou. Todos os argumentos
vieram à tona. A idéia foi afastada, mas
continuamos insistindo nela. Há muitos
assuntos alem disso. Não vou comentar todos
porque tomaria muito tempo dos nossos
Constituintes. Mas utilizou-se muito o seguinte
expediente: quando a idéia não parecia
muito apreciada, dizia-se que ela era
constitucional, que deveria passar para a
legislação ordinária. E o caso, por exemplo,
da extinção do Conselho Monetário, idéia
aceitável, dadas as competências indevidas
que detém etc., mas entendeu-se de colocar
esse assunto na lei ordinária. Não quero
ser muito pessimista. Vim para a Constituinte –
candidatando-me pela primeira vez e
sendo eleito – com a preocupação de ajudar a
mudar o Brasil; e tenho a impressão de
que estamos caminhando nesse sentido,
porque mudanças importantes verificaram-se
nesse setor, principalmente com relação à
questão da função do Banco Central e
do Congresso Nacional. Propusemos uma
comissão especial que não foi considerada
pelo relator, mas este a propôs para
outro tema, que me parece importante para
modernizar e agilizar o Congresso, para este
ser mais presente e realmente, influir mais, no
sentido de impedir que o Executivo legisle,
como acontece atualmente. Estas as
considerações que queria adiantar. Gostaria
de me colocar à disposição dos Constituintes
para examinarmos qualquer outra idéia.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Quero agradecer ao ilustre
Constituinte Fernando Gasparian sua análise
do Substitutivo do Relator e, mais uma vez,
reitero meu profundo respeito pelo trabalho
.ª
por S. Ex realizado, pelo Relatório da
Subcomissão do Sistema Financeiro, no qual
abordou de forma profunda todos os tópicos
que deveriam ser discutidos e votados pelos
Constituintes integrantes desta Comissão. O
trabalho elaborado pelo Constituinte José
Serra baseou-se, em grande parte, no
trabalho e no anteprojeto da sua
Subcomissão, e acredito que esse encontro
de posições, essa conciliação em torno de
alguns princípios que refletem a vontade e o
pensamento da maioria dos membros foi um
esforço importante aqui realizado.
Com a palavra o nobre Relator José
Serra. Antes, porem, como tenho que me
ausentar por alguns minutos, pediria ao
Constituinte Divaldo Suruagy, que presidisse
esta sessão.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Acho que os comentários do Relator da
Subcomissão são uma boa oportunidade para
aprofundarmos um pouco a discussão frutífera
a respeito do problema do Sistema Financeiro
no Brasil, dentro da Constituição. Queria
reiterar, em primeiro lugar, aquilo que disse na
minha apresentação do Relatório, do
Substitutivo: não ha tradição, do ponto de
vista das Constituições, nem no Brasil nem
fora dele, de tratamento do Sistema
Financeiro. E isso, naturalmente, coloca um
problema que não existe para outros temas,
em relação aos quais já há uma tradição, em
relação aos quais é possível fazer
comparações. Mesmo mudando bastante o
conteúdo, o mérito, ou até a forma, de algum
modo há referência na tradição, na história e
na teoria das Constituições. Então, fica-se
pisando em um terreno muito pouco explorado
e, evidentemente, colocando-se uma
dificuldade adicional, o que é normal. Por
outro lado, segundo o diagnóstico que tenho
feito a respeito do Sistema Financeiro, creio
que há problemas bastante importantes na
relação desse sistema com o resto da
economia, como, por exemplo, da
incapacidade que o sistema revelou para os
financiamentos a longo prazo – refiro-me à
área privada. O finanlongo prazo nunca foi
coberto, fundamentalmente, nas últimas
décadas, no Brasil, pelo setor privado, mas
sempre pelo setor público, através de suas
agências de desenvolvimento ou pelo
financiamento externo, inclusive, o credito
agrícola que sempre foi coberto pelo Banco
do Brasil, a instituição mais capaz e
competente para fazê-lo. Existe também, o
problema dos juros reais, que no Brasil são
incompatíveis com o desenvolvimento normal
do processo produtivo e que tem causado
tantos transtornos ao nosso desenvolvimento
da mesma forma a sua propensão às
finalidades que cria para o descontrole
monetário da economia, preocupação esta
que perpassa o trabalho da Subcomissão
e nosso Substitutivo apresentado. Por
esse motivo – inclusive referir-me-ei a isso
60
mais tarde – devemos fixar como norma
constitucional a determinação de elaborar um
Código de Finanças Públicas, da mesma
maneira como existe o Código Tributário, que
foi um avanço importante na ordenação da
questão tributária no Brasil – não que tenha
resolvido tudo mas, sem dúvida, permitiu
avanços – e uma Lei do Sistema Financeiro. As
leis hoje vigentes correspondem, com algumas
modificações, às leis feitas no início do regime
autoritário, em meados dos anos 60. São leis
que se têm revelado, ao longo do tempo,
inadequadas, ou, pelo menos, não cumpriram
as funções que se pensava deveriam cumprir.
A meu ver, o Congresso tem que refazer toda
essa questão, reformular o corpo de leis e
consolidá-lo de maneira que haja uma
disciplina e uma organização do sistema
financeiro, como condição necessária para
cumprir seu papel no desenvolvimento
brasileiro. Para isso é preciso contar com uma
administração séria, tanto a nível do Executivo,
quanto a nível do Legislativo, e como controle
do Poder Judiciário. Partirei mais diretamente
dos comentários feitos – no final voltarei à
referência que fiz a respeito da Lei do Sistema
Financeiro – pelo Relator da Subcomissão,
Constituinte Fernando Gaspanan, e, a partir
daí, tecerei comentários sobre temas aos quais
S. Ex.ª não se referiu, e sobre os quais me
interessaria fazer uma melhor referência. Em
primeiro lugar, as questões relativas à carta
patente e à instalação de indústrias – Creio
que, é importante aumentar a competitividade
do sistema bancário no Brasil. E essa maior
competitividade deve ser um componente da
necessária redução dos juros. Não creio, de
forma alguma, que a falta de competitividade
seja a causa única dos altos juros. Há vários
fatores que influem, como a inflação,
expectativas, a política do open-market a taxa
de juros externa, a divida pública, os Impostos,
a carga tributária que incide sobre os juros, o
Imposto de Renda, que é mais importante:
enfim, um conjunto de fatores que contribuem
para termos uma taxa de juros reais elevada. E
importante lembrar que o dinheiro é uma
mercadoria diferente de um automóvel, ou de
um sapato, ou de um produto agrícola.
Evidentemente, se eu resolver plantar um
produto agrícola até a abundância, até o
excesso, até o exagero, vou abaixar o
preço desse produto. Da mesma maneira
se eu, por alguma política deliberada,
aumentar muito a oferta de automóveis
ou de qualquer produto manufaturado.
Mas com dinheiro não é assim. A quantidade
de dinheiro é dada na economia; em
termos reais ela é dada. Posso ficar
aumentando: se eu dispuser, para efeito de
raciocínio, a velocidade da demanda de
dinheiro constante, em termos reais ela é
dada. De modo que o aumento do número
de instituições financeiras não aumenta
significativamente a quantidade de dinheiro
para ser exportada. Pode aumentar
alguma coisa, a poupança e a captação, se eu
tiver uma parte maior etc. e tal. Mas
não acontece a mesma coisa com a produção.
Este é um ponto muito importante para
termos presente. Portanto, acho como,
aliás, sucede em, praticamente, todos os
países que conheço no mundo, foi tese
sustentada aqui, inclusive por economistas
ou por pessoas que vieram à Comissão, das
mais diferentes tendências, desde o Prof.
Langoni, até o Ministro Celso Furtado –
Que não tem sentido a comercialização
61 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
e a transferência remunerada desta carta
patente. Quanto a isto, realmente, não tem
desacordo. nem com a necessidade e a
importância de se expandir a oferta e de se
adequar melhor o Sistema Financeiro, de romper
ou diminuir o seu grau de oligopolização. No
entanto, acho que a abertura de agências ou de
novas instituições tem também que estar
condicionada à autoridade monetária, para que
ela seja administrada. Quando ponho – inclusive
não havia posto isso – além de capacidade
econômica, capacidade técnica, já entramos em
todo um conjunto de qualificações. que, sem
dúvida, tomam restri tiva esta entrada até pela
subjetividade que alguns desses conceitos
envolvem. Então, não creio que se deva privar a
autoridade monetária da possibilidade de
autorizar ou não, dependendo do que se trata.
Não podemos saltar de um extremo para outro –
eventualmente, esta questão de dinheiro envolve
problema de poupança, questões muito sérias, e,
de repente, permitir uma expansão
indiscriminada das instituições financeiras. A
minha única preocupação é esta: a não
expansão indiscriminada. Quanto ao custo de,
eventualmente, o Banco Central vender carta
patente, esta não era a minha idéia. Talvez isso
não tivesse ficado claro, quando refeito o texto.
Mas, por exemplo, se um banco tem cartas
patentes hoje guardadas por uma agência, a
partir da disposição que passaria a viger, ele não
poderia vender essas cartas patentes, caso não
fosse utilizá-las na abertura de novas agências.
Este é um assunto que deve ficar bastante claro.
Sobre a questão externa, vejo, inclusive, que a
posição colocada pelo Relator, pelo que entendi,
não difere muito do espírito do nosso
Substitutivo. Qual é o problema que temos com
questão das instituições estrangeiras? Não
podemos, a meu ver, adotar uma norma geral na
Constituição. Se ficasse tal como se acha,
estaríamos adotando uma norma gera l
imperativa, em que, praticamente, se impede,
depois do prazo de um ano, de funcionarem
efetivamente instituições financeiras no Brasil.
Não me refiro apenas às que tem escritório de
representação etc. Esta é uma medida geral, que
pode revelar-se em casos particulares,
extremamente prejudicial. O Brasil participa de
três ou quatro bancos multinacionais para
fomentar comércio exterior: o Eurobrás, o
Arlabank, o Eulabank, enfim, são instituições
multinacionais das quais o Pais participa e que
estão assentadas em determinadas praças.
Poderíamos sofrer represálias com relação a
isto. Trocamos agência com a Argentina, no caso
do Banco da Província de Buenos Aires com o
Banco do Brasil; com a Espanha, no caso do
Banco Hispano-Americano e o outro, talvez, do
Banco do Comércio ilegível da Espanha, não me
recordo exatamente. Temos um banco associado
como Iraque. Pela maneira como é apresentado
o texto da Subcomissão, isto tudo
obrigatoriamente terminaria acabando, porque se
trocou banco com a Espanha. por que havia o
interesse de se fazer relação comercial, e se é
fechada a agência da Espanha aqui, também
terá que ser fechada
essa na Espanha. Então, qual o critério
que apresentamos? Não há uma medida
geral, mas, sim, três condições que devem
nortear a política bra sileira com relação aos
bancos, às instituições financeiras estrangeiras:
a reciprocidade, os acordos internacionais e
os interesses nacionais num sentido am-
plo. Há coisas que não cabem, estritamente, na
reciprocidade. nem em acordos internacionais.
como, por exemplo, a questão do Banco do
Brasil-Iraque, que é um acordo não ratificado
pelo Congresso mas um acordo internacional, tal
como está colocado, a nível de Constituição, com
a envergadura que tem. Então, a idéia é que
tenhamos esses três critérios, e se demanda ao
Legislativo e ao Executivo, no sentido de que
elaborem uma lei. O Legislativo vai preparar uma
lei que regulara, dentro da Lei do Sistema
Financeiro, a presença do capital estrangeiro.
Esta é a proposição, com base nesses critérios
de natureza constitucional. Não sou a favor – e
acho que poucos devem ser a favor – da
abertura indiscriminada do mercado monetário
brasilei ro para os bancos internacionais. Que
aconteceu, pôr exemplo, no Uruguai, onde isso
foi feito? Em pouco tempo, havia apenas dois
bancos de nacionalidade uruguaia. Compartilho a
idéia. O banco não traz tecnologia, não e um
aporte que habitualmente se justifica, do ponto
de vista de capital estrangeiro, e não haveria
razão que não a de interesses recíprocos. Por
quê? Porque banco pode facilitar fluxos de
financiamento, expansão comercial no mundo e
vendas de serviços, como o Brasil tem feito,
apreciadamente para Países da Ásia e da África,
e que são boas exportações. E é de nosso
interesse mantê-las e expedi-las. Então, isto é
importante. De repente, ouvi o argumento que
não foi mencionado pelo Relator, mas ouvi em
algum lugar, não me recordo onde – de que os
depósitos dos bancos brasileiros no exterior são
feitos, muitas vezes por empresas brasileiras ou
que operam com o Brasil. E evidente. Se não
estivessem estes bancos brasileiros lá elas
depositariam em outros bancos, a menos que
não se quisesse que elas continuassem
operando. Então, é muito importante que se
tenha essa perspectiva. Acho que o Sistema
Financeiro brasileiro deve permanecer restritivo
com relação ao capital estrangeiro, baseado
nestes critérios de interesse do desenvolvimento
do País. Isto e, além do mais, o que os outros
países fazem. Se há principio da reciprocidade
em muitos paises é exatamente, porque eles
vêem a questão por essa perspectiva. Lembraria
ao ilustre Relator que boa parte dos bancos
estrangeiros existentes no Paraguai quiser
instalar um banco aqui. Não deixamos. E
correremos o risco de os bancos brasileiros
terem que sair do Paraguai. Para ser sincero,
não sei se existe algum banco paraguaio aqui,
tenho até a lista dos bancos que funcionam, mas
não é o espírito da nossa sugestão, que, acho,
acolhe as preocupações reveladas na Comissão
Temática e as que pude observar do conjunto
dos Constituintes. Sobre as atribuições
conferidas ao Senado, nessa matéria. se não me
engano, são duas ou três. Uma delas é a
questão da divida. Por quê? Porque as
autorizações de dividas para Estados e
Municípios são problemas com urna dimensão
federativa. E o Senado
foi criado para isso, quer dizer para representar
a Federação. Os Estados, pequenos e grandes
possuem uma representação idêntica no
Senado. O Senado é uma instituição que
tem agilidade e tradição desse tópico. Dai a
minha posição, que submeto aos membros
da Comissão. Sei que alguns pensam
diferente, mas teremos oportunidade de julgar
qual o pensamento predominante nesta
matéria. Com relação á diretoria do
Banco Central, vejo o Senado também tradição
no caso da aprovação de Embaixadores etc.
Acho que podia perfeitamente desempenhar a
função da aprovação, da nomeação da diretoria
do Banco Central, já que o Senado representa
realmente a Federação, e este é um aspecto
que pesa muitíssimo dentro da nossa política.
Sabemos disso, e aqueles que estão
acompanhando a questão tributária sabem
como é importante. Para sermos coerentes na
questão tributária, também jogamos para o
Senado o caso das alíquotas interestaduais e
outras coisas assim. Com relação ao problema
da exigência previa de que alguém, para ser
diretor do Banco Central, não tenha sido diretor
de instituição financeira privada nos últimos
quatro anos, eu colocaria duas observações. Se
vamos dar ao Senado ou ao Congresso, se
assim a Comissão entender, a responsabilidade
de aprovar ou não uma indicação do Presidente
da República, evidentemente, o Senado ou o
Congresso analisarão o currículo da pessoa e
terão todas as condições para não aceitá-la,
caso essa pessoa esteja sob suspeição, pelo
fato de ter trabalhado aqui ou ali. O segundo
aspecto – estou-me re ferindo à questão anterior
– é mais geral. Se levarmos esta medida às
últimas conseqüências, um empresário da
indústria dificilmente poderia ser Ministro da
indústria e Comércio, ou um empresário da
agricultura; um Ministro da Agricultura; um
empresário que recebeu crédito subsidiado
desse ou daquele banco oficial também não
poderia ocupar esta ou aquela posição: enfim,
teríamos todo um conjunto de restrições, que
pode-riam ir crescendo, a ponto de termos de
elaborar um verdadeiro código de restrições a
novos dirigentes públicos, inclusive com
investigação da vida das pessoas, para saber
quais são os tipos de correções, porque, muitas
vezes, o cidadão está no Conselho de
Administração deste ou daquele órgão. Parece-
me, então, que, por isonomia e pela lógica. a
Constituinte deveria tratar este problema como
um todo. No caso específico do Banco Central,
não vejo por que, se fosse a ele aplicado, e não
o fosse a outras instituições financeiras do
País, da mesma forma como o Banco do Brasil.
o BNDES e todo um conjunto do setor publico.
Deveria ser aplicado por uma questão de
isonomia e de lógica, inclusive, na questão a
posteriori. Acho que seria ir muito além do
necessário e conveniente, para efeito de controle
da moralidade da Administração Pública, que
deve ser controlada. Penso que, com a
anterioridade, o Congresso vai aprovar e, com
posterioridade, para que possamos refletir
melhor sobre a questão, inclusive, ampliando
para o conjunto do setor publico, é que
propusemos que isto vá para a lei, para que o
problema possa ser analisado com fator, o caso
do Presidente do Federal Reserve Bank que tem
de ter essa aprovação não Implica a necessidade
de o copiarmos. Lá eles devem ter suas razões.
Como lá os bancos são estaduais – esta
é uma hipótese – qualquer pessoa ligada ao
sistema financeiro será ligada a um banco
estadual. E há problemas de bancos entre
Estados. O problema federativo nos Estados
Unidos está na origem da própria organização
política do Pais e, provavelmente, essa política
se coloca nessa perspectiva. Quanto à questão
de retirada de poder do Banco do Brasil, pedi
um esclarecimento ao Relator, quando ele
falava em voz baixa.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES) 62

Não está relacionado com a situação atual.
Seria com relação à proposta. O ponto
básico está na questão dos títulos. Em
São Paulo, acontece exatamente o oposto do
que o Relator afirmou. A dívida pública do
Estado não é administrada pelo Banespa – e
seria muita nocivo se o fosse. Ela é
administrada pela Distribuidora de valores do
Estado – a Divesp.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAM: – Afirmei que era o sistema do
Banespa.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Mas não e o sistema do Banespa. E a Divesp,
que e absolutamente independente do
Banespa, não tem nada, rigorosamente,
a ver com ele. O Banespa tem a sua
distribuidora, como banco comercial que e.
A distribuidora do Estado é a Divesp, da
qual foi Diretor-Presidente, inclusive, Andrea
Callabi, que aqui esteve. Este é um assunto
que conheço bem. O que acontece, então?
A idéia básica não e o enfraquecimento
do Banco do Brasil, que é o agente financeiro
do Tesouro, no sentido de que efetua os
pagamentos. Temos duas possibilidades, no
caso de o Tesouro deixar o dinheiro
depositado no Banco do Brasil. Numa delas, o
Banco tem de manter o dinheiro guardado,
como diz o artigo. Quer dizer, ele não vai
fazer aplicações. O Tesouro deixa lá, mas o
banco não aplica. Não há razão para isso. O
Banco do Brasil, inclusive, não conseguiria
guardar esse dinheiro que, em certas
circunstâncias, e maior do que o meio
circulante. Ficaria um dinheiro parado. Vou
explicar depois. Isto foi discutido aqui, a partir
de uma indagação feita pelo Constituinte
Rubem Branquinho, que não esta presente,
na ocasião em que aqui estiveram Adroaldo
Moura da Silva e Andrea Callabi. Isto foi
razoavelmente esclarecido. Este é o
comentário a respeito da questão do Banco
do Brasil. Tal como se propõe no Anteprojeto,
o dinheiro teria de ficar guardado no Banco do
Brasil, como uma espécie de caixa-forte.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
CARLOS VASCONCELOS: – O que é
proposto não é que fique guardado, mas
que seja aplicado em programas
prioritários.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Não. É programa prioritário quando são as
.
empresas. Veja V. Ex.ª :
"A execução orçamentária da União,
bem corno a emissão e colocação de
títulos da divida pública, serão procedidas
pelo Tesouro Nacional através do
Banco do Brasil S.A. como seu agente
financeiro, vedado a este a utilização desses
recursos, alvo quanto a itens de despesa
previstos no Orçamento Fiscal e autorizados
pelo Tesouro para execução por seu
intermédio."
Então, o que não está previsto como
despesa do Tesouro tem de ficar guardado no
caixa-forte. Esta é a interpretação clara, a
meu ver.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – Ela é forçada.
O SR. RELATOR (José Serra):
– No meu entender, não é apenas
forçada. Em todo o caso, fica a critério
da analise dos membros desta Comis-
são, que prestarão atenção a este artigo.
Por outro lado, o Banco Central não distribui
lucros; o Banco do Brasil, sim, inclusive,
aos acionistas minoritários do setor privado.
Mas o problema de deixar no Banco
Central é basicamente o seguinte: se tenho
caixa em mãos, por que eu vou pegar
em préstimos no mercado financeiro, ficar
girando dívidas, tomando a cada dia?
Para maximizar, melhorar a utilização desse
caixa, o que tenho de fazer é diminuir a
necessidade do giro da dívida. Então, se
deixo no Banco Centrai, dou e utilização ótima
para esse recurso, do ponto de vista do
Tesouro. Se, por acaso, eu deixasse no
Banco do Brasil e quisesse aplicar, digamos,
como credito subsidiado, o Tesouro poderia
entregar ao Banco do Brasil, emprestar
o credito subsidiado, aí dentro do Orçamento,
que tem de estar aprovado pelo
Congresso. Ninguém defendeu aqui, nem
está no Anteprojeto, que o Legislativo não
tenha condição de examinar a utilização
dos recursos públicos. Quer dizer, se não há
recurso que, ao invés de diminuir o
giro da divida pública, o custo da divida
pública, vai ser aplicado como empréstimo de
fomento, subsidiando isto e aquilo, que isto
seja decidido no Orçamento e que passe pela
instancia do Congresso. Este me parece um
ponto fundamental. Então, não há a mais
remota idéia de enfraquecimento do Banco do
Brasil. Não há qualquer idéia nesse sentido. O
Banco do Brasil é uma instituição que atua de
maneira eficiente, que procura ter lucro,
porque tem de responder a acionistas. Na
verdade, a colocação de títulos
exclusivamente pelo banco é um fator
limitativo, do ponto de vista do Tesouro, mais
do que um fator de apoio ao Banco do Brasil
ou a melhor utilização de recursos por parte
do Tesouro. O melhor esquema é,
exatamente, aquele que prevalece em alguns
Estados, como São Paulo, em que há uma
separação entre o seu banco, como é o caso
Banco do Estado, e a instituição que controla,
que emite os seus títulos, que cuida da sua
divida pública, exatamente para que não haja
confusão e que recursos públicos não sejam
utilizados sem que o Congresso tenha a
possibilidade de se manifestar a esse
respeito. Vejamos o aspecto do depósito de
empresa. Os artigos do antigo texto não têm
correspondência com o atual; portanto, peço
desculpas aos Constituintes pela demora de
alguns artigos, já que os números mudaram
completamente vejamos como estava no texto
original e como nos o pusemos. O texto diz:
"As disponibilidades de caixa da
União e de todas as entidades sob seu
controle ou a ela vinculadas, bem corno as
dos fundos de pensão de todos os seus
servidores públicos e empregados, serão
depositados em instituições financeiras sob o
controle da União. a fim de prover recursos
para aplicações prioritárias. '
Sobre o parágrafo único, que vem em
seguida, eu comentarei posteriormente. Como
esta a nossa redação?
"Parágrafo único. As disponibilidades
de caixa da União serão depositadas no
Banco Central do Brasil. As dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, bem como
dos órgãos ou entidades do Poder Público e
das empresas por ele controladas, em institui-
cões financeiras oficiais, ressalvados, em
ambos os casos, os impedimentos de
natureza operacional ou geográfico, previstos
em le."
Não creio que a redação deste artigo
contrarie o espírito da Subcomissão quando o
aprovou. Por que? Em primeiro lugar, a razão
que eu deva a respeito da questão de caixa.
O Caixa tem de ser utilizado para diminuir a
necessidade da divida. Isso é absolutamente
essencial. Segundo, deixar para as
instituições financeiras destinarem recursos
para aplicações prioritárias, sem que isso
esteja aprovado no Orçamento, não tem
sentido. Quer dizer, se tiver aprovado no
Orçamento, então o Banco Central entrega
esses recursos mediante autorização do
Tesouro. Este é que e o modelo. Nata se trata
de tirar funções de fomento das instituições
financeiras oficiais, absolutamente. Trata-se,
simplesmente, de o Tesouro entregar os
recursos quando o Legislativo aprovar a
utilização dos mesmos. Isso é absolutamente
essencial e corresponde aquilo que tantas
vezes se observou, que e a necessidade de
controlarmos os gastos do Governo Federal,
inclusive, aqueles feitos sob a forma de
subsídios creditícios. Ora posteriormente, fixa
que:
As disponibilidades de caixa da União
serão depositadas no Banco Central do Brasil.
As dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, bem como dos órgãos ou
entidades do Poder Público e das empresas
por ele controladas em instituições financeiras
oficiais ou," – que, inclusive, corresponde ao
espírito do artigo... "ressalvados em ambos os
casos, os impedimentos de natureza
operacional ou geográfico, previstos em lei".
Ora, o que acontece, por exemplo, do
ponto de vista geográfico? A Petrobrás pode
estar operando num País que não tenha
agencia oficial brasileira. Nós podemos ter
uma Embaixada num país onde não naja
instituição oficial brasileira. Vamos introduzir na
Constituição, agora, essa minúcia quanto ao
problema de exceção? Certos lugares podem
não dispor de agencias financeiras oficiais
próximas. Podem surgir problemas de
natureza operacional, ás vezes, de descontos
de duplicatas que a empresa se vê
constrangida a fazer uma instituição financeira
privada. Enfim, haveria problema de
recolhimento. Por exemplo, as contas de
energia elétrica, em alguns lugares, são
recolhidas pela rede pública e privada. Do
ponto de vista dos consumidores, seria um
transtorno imenso obrigá-los a utilizar apenas
instituições financeiras públicas. E inevitável,
nesse caso, a circulação de recursos em
instituições privadas. Agora, diferencial, que é o
conceito de caixa ou não, colocado na
Constituição, seria uma restrição tremenda.
Por isso e que fizemos essa ressalva, para
não induzir à paralisia. Não fomos levados
pelo espírito da coisa, mas, realmente, pelo
espírito stricto sensu, mesmo no caso do
exterior, que e mais claro. E onde não há
agencias Financeiras públicas, como se fariam
os depósitos de eventuais empresas ou
instituições brasileiras
lá presentes? Temos ai um problema.
Evidentemente não se iria depositar em
outro país ou coisa do gênero. Então, como
estamos tratando de uma Constituição,
que é norma geral, impositiva, cumpre
tomarmos cuidado com essas situações mui-
63
to rígidas. Este foi o espírito do nosso
Substitutivo, no caso deste artigo. No caso da
Diretoria do Banco Central, já tive oportunidade
de falar. Quanto ao Conselho Monetário
Nacional, creio que realmente muito pouca
gente hoje defenderia, digamos, o caráter
democrático ou eficiente dessa instituição
que, inclusive, sabemos perfeitamente, é uma
instituição pela qual responde o Ministro da
Fazenda. De fato, ele é o Conselho Monetário
Nacional, inclusive, com representação
inadequada, enfim, todo um conjunto de coisas.
Agora, a meu ver, não é objeto da Constituição
o disposto nas Disposição Transitória: "art. 16
– fica extinto o Conselho Monetário Nacional".
E aí? Quer dizer, nós estamos propondo algo
que vá mais além: um Código de Finanças
Públicas em uma lei financeira que
reformulem os papéis atribuídos ao Conselho
Monetário, que pode mudar de nome, pode
deixar de existir, pode ser transformado em
outra coisa, pode ter outro caráter de
representação etc. Esse, na verdade, é o
espírito da idéia. Isso não equivale, mesmo
remotamente, a qualquer apreciação
excessivamente positiva do que representa o
Conselho Monetário Nacional. Queria ainda
fazer alguns outros comentários sobre pontos
não abordados pelo Relator, pelo menos não
os captei, que me parecem importantes e nas
quais também fizemos modificações. E o
caso, por exemplo, do art. 4º, III, que fala da
necessidade de aprovação pelo Congresso
"das operações internas e externas de
qualquer natureza". Introduzimos uma
modificação no sentido de o Congresso
aprovar limites globais, e não acompanhar caso
a caso cada operação. A restrição ora
comentada – inclusive isso nas justificativas
para o nosso Anteprojeto – praticamente
poderia imobilizar as instituições brasileiras no
exterior, sejam empresas, sejam bancos etc.
Para se fazer uma operação de um dia da
Petrobrás no Oriente Médio, precisaria uma
autorização do Congresso, por irrisoria que
fosse, se isso estivesse na Constituição. Por
isso, procuramos adequar melhor, para que
esses problemas não ocorram. Ainda com
dação à idéia que não foi tocada aqui, da
Comissão Mista a ser organizada o Congresso,
esta teria poderes para revogar medidas de
política cambial, monetária ou crediticia do
Governo adreferendum do Congresso
Nacional, que depois julgaria se isso estaria
certo ou não. Acho, particularmente, que a
função do Congresso é legislar, é controlar, é
fiscalizar, mas não é substituir o Poder
Executivo. Em nenhum regime parlamentar,
por mais parlamentar que seja, existe essa
substituição. Há uma delegação de funções
executivas que pode ser suspensa, na
hipótese de um regime parlamentar, caso se
entenda que elas não sejam exercidas
adequadamente. No Brasil, no regime
presidencialista atual, nós não ilegível, mas
esse controle é feito através do voto. Então, o
que aconteceria? E o exemplo que dei na
justificação do Substitutivo: se, por exemplo, o
Poder Executivo fizesse uma
maxidesvalorização, suponhamos que o
fizesse numa sexta-feira; a Comissão se reúne
dentro de 3 (três) a 4 (quatro) dias precisamente
na segunda e terça-feira discute, chega a uma
deliberação e suspende a medida 4 (quatro)
ou 5 (cinco) dias depois.
Mas, enquanto isso já teria havido a
maxidesvalorização; então, retrocede a
medida. A matéria vai para o Plenário do
Congresso. Suponhamos que
ANAIS DO SENADO FEDERAL(ATA DE COMISSÕES)
demore duas a três semanas, e o Congresso
aprove a maxidesvalorização. Isso seria, do
ponto de vista da economia, uma
desorganização completa. Realmente, não
há condição. Estou dando um exemplo
extremo, mas, se a Constituição ordena,
deveria ser assim. O exemplo poderia
ocorrer perfeitamente, e diria que no caso
de maxidesvalorização, poderia até ser
inevitável. A meu ver, isso não é função do
Poder Legislativo. Se ele entende que a
política monetária cambial e fiscalitícia foi
mal conduzida, ele tem de acionar os
seus mecanismos para que isso seja
reformulado através dos mecanismos de
controle, fiscalização e decisão de alocação
de recursos. Por isso é que suprimimos
esse artigo. Estou fazendo menção a isso
porque o nobre Relator não o havia
mencionado na sua exposição. Reza o art. 6º
do Anteprojeto:
"Art. 6º É vedado ao Banco
Central financiar direta ou indiretamente
o Tesouro Nacional, Distrito Federal, Estados,
Territórios e Municípios, bem como efetuar
operações de crédito que não sejam
destinadas à promoção da liquidez
bancária."
O dispositivo, na forma como está
redigido, sem qualificar o problema do
Tesouro – o que fizemos, acrescentando a
isso um parágrafo – implicaria que o Banco
Central não poderia comprar títulos do
Tesouro no mercado ou seja, não poderia
comprar diretamente, que é o espírito de
todos, e nem no mercado. A meu ver, não
intencionalmente, mas na forma como foi
inscrita essa medida, representaria um corte
monetarista que não é desejado nem pelos
monetaristas mais ortodoxos. O Banco
Central não poderia comprar títulos do
Tesouro; se ele tivesse que se financiar,
compraria títulos do setor privado, faria subir
as taxas de juros, colocaria os títulos públicos
em posição desmerecida em relação aos
títulos privados etc. Isso corresponderia,
inclusive, ao pensamento contrário à presença
e ação do Governo na economia, muito
além daquela aceita pelos membros da
Comissão e, estou certo, inclusive, é o
espírito que norteou a elaboração desse
Relatório. Procuramos corrigir esse problema,
acrescentando um parágrafo pertinente
ao assunto. Na questão do seguro,
aproveitamos essa idéia – ademais, foi
sublinhado pelo Relator e pelo Presidente da
Comissão temática como muitas das que
foram postas pela Comissão; nosso trabalho
se baseou no trabalho da Comissão – mas
aperfeiçoamos o art. 9º do Anteprojeto, que
dizia:
" Art. 9º A União, a aves de suas
instituições financeiras, não se
responsabilizará pelos depósitos ou
aplicações nas instituições financeiras
privadas:
Não vimos razão para responsabilizar
a União pelos depósitos nas instituições
financeiras, como, por exemplo, nos bancos
estaduais. Não há razão para isso.
Mantivemos o espírito de que a União não se
responsabiliza pelo que ocorre nas
instituições financeiras. E claro que a União
é acionista majoritária e será, fatalmente,
a responsável. Mas, nas instituições privadas,
incluímos as estaduais, que formarão
esse fundo a ser regulamentado por
lei, mas com seus próprios recursos,
para poder cobrir isso. Aproveitamos
e acreditamos que aperfeiçoamos essa idéia.
No caso do art. 70, parágrafo único do
Anteprojeto, da forma como está redigido, fica
implícito quando diz:
"Parágrafo único. As operações
de cambaio das empresas, autarquias e
fundações pertencentes ou controladas,
direta ou indiretamente, pela União
Federal, pelos Estados, Distrito Federal,
Territórios Federais e Municípios serão
feitos pelos respectivos bancos
estatais."
Isso é um pouco da aparência de
que os Municípios deveriam ter os seus
bancos também. Quem não tem banco
teria que criá-los para poder fazer operações
de cambio. Embora mantendo o espírito
desse artigo, melhoramos a redação para
eliminar essa espécie de exigência que
se colocava entre operação cambial e
criação de bancos estatais. Concluindo,
voltaria ao ponto inicial, apresentado na
introdução do Relatório que trouxe à
Comissão, quando se fala dos aspectos do
Sistema Financeiro. Creio que o Substitutivo,
tal como foi apresentado, representa um
aperfeiçoamento do Anteprojeto, naqueles
que seriam seus aspectos essenciais,
claramente desejados a nível do que me
parece ser o pensamento predominante na
nossa Comissão. E isso será testado e
corrigido através das emendas e da votação
que teremos. Insisto neste ponto: através
desse projeto, o Poder Legislativo assume o
controle efetivo do endividamento público,
seja o direto, seja o indiretamente da
concessão de garantias que mantivemos,
atendendo à preocupação da Comissão, só
que subordinamos a concessão de garantias
à própria lei do Legislativo. Não é como hoje.
Não acontecerão aqueles problemas de
garantias ocorridas antes, porque, para se dar
garantias para o setor privado, será
necessário autorização legislativa. A lei
devera estabelecer de que maneira isso terá
que ser feito. Paralelamente, acho que a
participação do capital estrangeiro fica
regulamentada no âmbito da reestruturação
do sistema financeiro, no sentido de
resguardar os interesses nacionais. A Lei do
Sistema Financeiro Nacional e o Código das
Finanças Públicas permitirão reestruturar o
sistema financeiro público e privado,
estabelecendo novas regras pertinentes à
organização e funcionamento desses
sistemas. Repito que, para mim, o êxito da
reformulação e da consolidação desses
corpos legais devera ser a promoção do
desenvolvimento equilibrado, com juros
compatíveis com a produção, a transparência
das operações, sobretudo as que envolvem o
setor público, o controle social do gasto
e da dívida pública e a inibição da
especulação improdutiva como prática
generalizada é hoje na vida econômica
do País. Esses os comentários que
queria fazer, em termos mais genéricos e em
termos mais específicos, sobre as
considerações expendidas pelo Relator
da Subcomissão do Sistema
Financeiro.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Domelles): – Agradeço ao Relator José Serra
a exposição sobre pontos do Sistema
Financeiro e dou a palavra ao Constituinte
Joaquim Bevilácqua.
O SR JOAQUIM BEVILACQUA: – Sr
Presidente, aproveitando a oportunidade de
permanência dos Constituintes Fernan-
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES) 64

do Gasparian e José Serra, louvo a brilhante
exposição do Constituinte José Serra,
Entretanto, com relação ao art. 62, § 2º,
combinado com o art. 71, inciso II, queria
fazer uma indagação ao nobre Relator, até
concordando com a exposição no tocante ao
espírito federativo.
O art. 71 inciso 11, faz remissão ao
art. 62, § 2º “Da competência privativa do
Senado.” Observei atentamente que o Relator
justificou a transferência do Congresso para o
Senado, tendo em vista a Federação. O
Senado representa os Estados, e os
Deputados, evidentemente, representam o
povo brasileiro, independentemente do Estado
pelo qual tenham sido eleitos. Parece-me e aí
faço uma ponderação ao nobre Relator – que
ele elenca as atribuições do Congresso
Nacional – aí vem matéria financeira, normas
gerais de Direito Financeiro etc. etc., que
caberiam melhor aqui, talvez como o inciso VII
– aquilo que está hoje como competência
privativa do Senado. através quer do art. 62. §
2º da lei que vier a ser aprovada, quer do art.
71, ou seja, a escolha do Presidente e dos
Diretores do Banco Central. Isso representa
desrespeito à Federação e também, ou
principalmente, ao povo brasileiro. Aí parece-
me que seria uma atribuição do Congresso
Nacional, e não especificamente do Senado.
Foge da raiz da argumentação do nobre
Relator. Concordaria até, em tese, com
relação aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios, preservando-se o espírito
federativo. Mas as atribuições que o nobre
Relator dá ao Banco Central, a importância do
Banco Central no contexto da política
econômico-financeira parece que
comportariam participação maior do
Congresso Nacional, um foro mais amplo, e
não apenas do Senado Federal. Era essa a
restrição e a observação, para que o nobre
Relator refletisse e quem sabe, pudéssemos
inserir essa competência no inciso VII do
elenco de atribuições do Congresso, e não no
da competência privativa do Senado, com
todo o respeito pelos nobres Senadores.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Continuam abertos os debates.
Concedo a palavra ao Constituinte
José Carlos Vasconcelos.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
CARLOS VASCONCELOS: – Sr. Presidente,
Sr. Relator, o Constituinte José Serra, a
exemplo de inúmeros outros companheiros
nossos, tem ressaltado a dificuldade da
elaboração de um texto constitucional
referente ao Sistema Financeiro, pela falta de
tradição que existe, não só nas nossas
Constituições – aquelas que foram elaboradas
no Brasil até hoje – mas também na maioria
ou na quase totalidade das Constituições do
mundo inteiro.
Na verdade, essa foi uma
preocupação, desde o primeiro momento, na
nossa Subcomissão, enfrentada por todos os
seus membros, principalmente pelo seu
Presidente, o Senador Cid Sabóia de Carvalho,
e pelo seu Relator, o Deputado Fernando
Gasparian. Depois de consultas múltiplas que
foram feitas à sociedade brasileira, do esforço
dos membros da Comissão e do seu Relator.
chegamos ao texto, que foi aquele aprovado
pela Comissão. Após a aprovação – e isso
temos de discutir de maneira bem franca e
muito aberta – instalou-se na imprensa
brasileira toda uma polêmica de
condenação ao Anteprojeto do Rela-
tor, também procurando incompatibilizar o
Relator da Subcomissão, o Constituinte
Fernando Gasparian, e o Relator da
Comissão temática, Constituinte José Serra.
Acho que, a partir de agora, temos de fazer
um esforço muito grande no sentido de
observar e de sentir o trabalho que foi feito a
nível de Subcomissão e do que está sendo
feito a nível de Comissão temática, deixando
de lado todo esse trabalho da imprensa, que,
em algum momento, pode ter representada a
versão exata de fatos ocorridos, de
desentendimentos possíveis, mas que, na
realidade, são aproveitados no sentido de não
fazer avançar, nesse capitulo do Sistema
Financeiro, o trabalho dos Constituintes. De
certo, o Constituinte José Serra declarou aqui
que procurou ser fiel ao máximo, não só
quanto ao Substitutivo da Comissão, mas
quanto ao das demais Subcomissões, ao
texto original.
Não quero aqui menosprezar o valor
do Constituinte José Serra, mas acho que
para S. Exª foi fundamental o trabalho
realizado pela subcomissão e a contribuição
inestimável do seu Relator, Constituinte
Fernando Gasparian, abrindo um campo
inteiramente novo e trazendo sugestões as
mais pertinentes e avançadas. Estou fazendo
essas declarações para dizer quero, quando
leio o Relatório do Constituinte José Serra, se
encontro divergências – isso é natural – em
referência ao relatório do Constituinte
Fernando Gasparian, encontro também todo o
esforço do Constituinte Fernando Gasparian e
dos nossos companheiros das subcomissões,
aproveitado dentro da visão que tem o relator,
de uma forma progressista, que significa a
conquista efetiva dos trabalhos desta
Constituinte. Se destaco, por exemplo,
aqueles pontos que foram os essenciais,
como o dos bancos estrangeiros, a nossa
opção, apesar do conflito existente na
comissão, foi para que não se permitisse o
depósito nos bancos estrangeiros. Lembro-me
de que, quando votei aquela matéria –
estávamos votando um destaque do
Constituinte Sérgio Werneck – a minha
preocupação e fiz a opção pelo texto do
relatório, por falta, ou de subsídio ou de uma
alternativa mais válida. Mas, em relação ao
texto constitucional inexistente, de uma
política brasileira, temos aqui, em termos de
Constituição, todo o controle que vai ser feito
pela legislação ordinária, que pode não levar,
evidentemente, por motivos técnicos
exaustivamente apresentados, à proibição de
depósitos, mas vai vincular aos interesses
nacionais, aos acordos internacionais e aos
critérios de reciprocidade. Se vamos analisar,
por exemplo, a carta patente, estamos vendo
aqui aceita aquela idéia que floresceu no
seio da Subcomissão conduzida pelos
Constituintes Cid Sabóia de Carvalho e
Fernando Gasparian, como seus presidentes
e relator, aquilo que é essencial, ou seja, não
permitir a empresas que, por fraude, por
corrupção, ou por má administração tenham
vendido a carta patente que lhe foi concedida
pelo Banco Central e com isso se
beneficiarem de algo que deveria servir
apenas de controle de autorização e de
fiscalizador do sistema bancário. Com relação
ao Banco Central, também temos avanços
substantivos, porque passa a ser objeto de
deliberação do Parlamento a aprovação,
nomeação e destituição dos seus
diretores. Aqui, numa opção do
Senado Federal. A mim me parece
até mais adequado do que do próprio
Congresso Nacional. Defendia a existência de
uma Comissão Permanente. que tratasse
desses problemas do Sistema Financeiro, à
qual caberia, de maneira moderna e eficiente,
a aprovação disso, e não ao Congresso como
um todo. A não prevalecer a comissão,
parece-me que o Senado Federal, tendo a
representação, em número igual, de todos os
Estados, é o fórum apropriado para deliberar
sobre assuntos que representem os
interesses de cada Estado. Tivemos também
um assunto que surgiu de debates inúmeros e
que foi produto de todo o trabalho da
comissão, às vezes com companheiros
contrários à idéia, que foi aquela opção feita
com muita propriedade pelo Constituinte
Fernando Gasparian e aproveitada pelo
Constituinte José Serra, da proibição de a
União garantir os depósitos ou captações das
instituições financeiras. Lembro que o primeiro
texto apresentado pelo Constituinte Fernando
Gasparian, incluía os bancos estaduais
também nessa proibição da União, excluindo
somente aqueles bancos federais, controlados
pela União, por exemplo, o Banco do Brasil, o
BNDES, o BNCC e a Caixa Econômica
Federal. Enfim, o que quero dizer é que
devemos ter responsabilidade e consciência
para deixar muito claro que a Subcomissão do
Sistema Financeiro apresentou um trabalho
que serviu corno contribuição fundamental à
elaboração do' Relatório do Constituinte Jose
Serra. Temos que eliminar a idéia, que foi
implantada, de que o Relatório do Constituinte
José Serrá derrotou aquelas idéias da
subcomissão. Não é verdadeiro que ele acabe,
como foi versão da imprensa, com aquelas
conquista propostas pelo Relator da
Subcomissão, Constituinte Fernando
Gasparian. E por que temos que deixar de lado
esses aspectos emocionais? Para termos, até,
novas conquistas, novos aperfeiçoamentos no
relatório final que será elaborado pelo
Constituinte José Serra. Parece-me que falta,
nesse relatório, tratar do problema regional. Já
debati a questão exaustivamente com o
Constituinte Fernando Gasparian e, também, a
este assunto me reportei, em diálogos com o
Constituinte José Serra. Quando determina que
a lei complementar aprovará um Código
Financeiro, S. Exª está fazendo um avanço
substantivo para o controle através do
Parlamento, do Congresso Nacional, das
atividades do Sistema Financeiro. Mas S. Exª
não se referiu uma vez sequer à questão
regional que debatemos na subcomissão do
Sistema Financeiro. Apesar de ter sido muito
tímida a posição da subcomissão, não por
culpa do seu Relator, que adotou, inclusive,
medidas nesse sentido, o Constituinte José
Serra retirou do projeto emenda proposta pelo
Constituinte Francisco Rollemberg, que
determinava que os depósitos ou outras
captações efetuadas em microrregiões menos
desenvolvidas não poderiam ser transferidos
para aplicações nessas regiões. Parece-me
que, se não determinasse o texto
constitucional, isso poderia constar como
orientação, o que não foi feito, para elaboração
do Código de Finanças ou da Lei, como ele se
refere no Sistema Financeiro Nacional.
Também não foi contemplada pelo Constituinte
José Serra emenda que, antes, havia
sido aprovada pelo Relator. Fernando
Gasparian, e que não foi aprovada pela
subcomissão, que trata de determinar que
65
as instituições oficiais de crédito, de âmbito
nacional, apliquem seus financiamentos e
investimentos levando em consideração
parâmetros que permitam o desenvolvimento das
microrregiões menos desenvolvidas. Tive o
cuidado, inclusive, de apresentar emenda ao
substitutivo do Relator Fernando Gasparian,
rejeitada pelo Relator José Serra e que tinha esse
espírito. Dizia eu, na emenda, que as aplicações e
investimentos dos bancos oficiais de âmbito
nacional seriam aplicadas pelas microrregiões
geográficas do País, levando em consideração
parâmetros que permitissem a superação dos
desníveis regionais, de acordo com o que a lei
regulasse. Pareceu-me muito severo o Relator
José Serra quando rejeitou essa emenda, porque
ela trata de estabelecer inúmeros parâmetros para
outro tipo de ação do Sistema Financeiro. Agora, a
nível de Comissão Temática, não procurei fixar os
parâmetros que já havia marcado; procurei fixar, a
nível de subcomissão, o critério pela população
das microrregiões, o inverso ilegível do Norte,
sempre que trato deste assunto, há uma opção
muito clara dos técnicos em situar que este é um
tema para legislação ordinária, mas estou vendo,
nos relatórios apresentados, que são fixados
parâmetros que determinarão como se deve
conduzir a legislação ordinária. E, se
consideramos que o crédito deve ter um fim social,
por que não determinar também que se encontrem
os parâmetros para, dentro dessa vi-são social,
eliminar as diferenças existentes entre as
microrregiões do País? Há quem diga que o
crédito é produto da demanda existente e isso ouvi
de inúmeros técnicos – mas, como a agilidade da
legislação ordinária, poderemos adequar
perfeitamente essa demanda à exigência maior,
que é eliminar as diferenças que separam regiões
e seres humanos neste País. Por isso, apelaria ao
Relator. Constituinte José Serra, no sentido de que
refletisse profundamente a respeito disso. Não
estou querendo, em relação aos investimentos,
determinar os parâmetros, mas orientar a
legislação ordinária, no sentido de que ela procure,
da maneira dinâmica que lhe cabe fazer, eliminar
objetivo e justamente essas diferenças entre as
regiões. Esta semana – permita-me, Sr.
Presidente, alongar meu pronunciamento, porque
este é um tema que me empolga – li uma crônica
do Senador Fernando Henrique Cardoso,
publicada na “Folha de S. Paulo”, em que fazia
uma analise interessantíssima sobre esta questão
regional. Ele diz – veja bem, como sociólogo,
como conhecedor da ciência social – que teme
muito a questão regional, que considera a cultura
regional. Com certeza ele gosta de Bumba-meu-
boi dos Reisados e das Cirandas, mas acredita
que a questão regional serve para encobrir os
interesses das elites regionais; por isso ele teme
investimentos no Nordeste. Acredita que os
investimentos devem ser feitos nos centros
produtores do País, onde se encontra, inclusive. a
população nordestina. E aí, a visão e colonialista,
transfere a posição do Nordeste para São Paulo e
faz os grandes investimentos em São Paulo,
sem que haja uma opção moderna e
pelo desenvolvimento das regiões
menos desenvolvidas. Não quero dizer que o
relator da nossa subcomissão, o Constituinte
Fernando Gasparian, ou o Relator da Comissão
Temática Constituinte José Serra, tenham essa
visão. Acho até que é um delírio de “cientista
ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATA DE COMISSÕES)
social essa posição do Senador Fernando
Henrique Cardoso. Quero dizer que ela não é
possível, no momento em que se colocam
parâmetros sobre diversos assuntos na
Constituição – não quero ser cansativo e
ler aqui, como se diz, que deve ser eleita a
Diretoria do Banco Central, ou como se deve fazer
a aplicação dos recursos da União – e não
se tem a opção de determinar que a legislação
ordinária trate de eliminar, através da
aplicação de investimentos – não de capital de
giro – as diferenças existentes entre as
microrregiões do País. E, veja bem, Sr. Relator,
se os financiamentos são produtos da demanda,
eles também são indutores do desenvolvimento.
Não precisava dizer isto para uma das mais
lúcidas inteligências do País, de economista
comprometido com o social, com as
transformações de que este País precisa se
determinasse os parâmetros na Constituinte,
reconheço que estaria impedindo um ajustamento
às necessidades do momento, da conjuntura.
Mas, se jogo isso obrigando a legislação
ordinária, acho que seria um ato de justiça com
as regiões menos desenvolvidas. Acho mais
ainda: se o Constituinte não assumir esta
postura, ele não estará adotando uma atitude
moderna de transformação das injustas
estruturas sociais e de transformação dessa
diferença enorme, terrível, entre regiões e
entre seres humanos. Eram estas as
ponderações que gostaria de fazer a respeito
da palestra do Relator Fernando Gasparian
e das observações do Constituinte Jose Serra.
Chamo finalmente – repito – a atenção do
relator da subcomissão. que deveria estar em
contato com o Relator da Comissão Temática,
tentando melhorar os progressos aqui obtidos
para a emenda do Constituinte Francisco
Rollemberg e a emenda que apresentei a essa
Comissão Temática, as duas rejeitadas uma
porque foi expurgado o relatório aprovado da
subcomissão e outra por não aceitar emenda
aditiva da minha autoria, para não se trate
especificamente desse assunto. Quero
agradecer ao Presidente a liberdade que me foi
concedida de ultrapassar os três minutos
determinados e quero dizer que, de fato,
estamos obtendo ganhos efetivos, mas que não
podem deixar de lado essa questão regional,
porque assim exige a consciência não só do
Nordeste, mas da Nação brasileira.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Com a palavra o Constituinte
Adhemar de Barros Filho.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE
BARROS FILHO: – Sr. Presidente, Sr. Relator,
Srs. Constituintes, gostaria de esclarecer com o
Constituinte José Serra, ilustre relator desta
comissão, alguns artigos que não ficaram, no
meu modo de ver, suficientemente claro. No art.
29, por exemplo. S. Exª coloca a sistemática
orçamentária e estabelece que são apreciados o
Orçamento Fiscal, compreendendo as entidades
vinculadas, o orçamento das empresas estatais,
área da administração indireta, e o orçamento da
Previdência Social. Gostaria de saber do nobre
Constituinte como seria colocado o chamado
Orçamento Monetário.
O SR. RELATOR (José
Serra): – Essa questão, Constituinte
Adhemar de Barros Filho, refere-se
mais à área do Orçamento, não à do
Sistema Financeiro, que estamos discutindo.
Mas respondo de toda maneira.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE
BARROS FILHO: – Pois não.
O SR. RELATOR (José Serra): – É a
única, não?
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE
BARROS FILHO: – Não tenho meia
dúzia de perguntas. Não sei se o
Presidente me permite colocar todas
elas.
O SR. RELATOR (José Serra): – Por
favor, preferia anotar e responder depois.
porque, pela ordem que o Presidente está dando,
respondemos a um grupo de questões
colocadas.
SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE
BARROS FILHO: – Pois não. O art.
29, evidentemente, escapa à área orçamentária
e penetra na área da sistemática financeira.
A segunda questão aborda o art. 30, item I. V.
Exª propõe – e inova nesse sentido –
que o Poder Executivo encaminhe ao
Congresso Nacional, “até oito meses antes do
inicio do exercício financeiro, o projeto de lei de
diretriz orçamentária”. Na realidade, o que é este
projeto de lei? Quais são as suas características
e qual é o seu objetivo? De certa forma,
não estará condicionando o próprio
Orçamento, amarrando-o, limitando-o com
oito meses de antecedência? Não é um
erro limitar o Orçamento através de um
projeto de lei de diretriz orçamentária? Essa
é a segunda questão. Terceira questão:
V. Exª coloca no art. 42, algo que chama a
atenção. Ar. 42 – Em todos os órgãos e
entidades da Administração Pública, direta ou
indireta, bem como as fundações
supervisionadas, serão obrigadas a divulgar,
semestralmente no Diário Oficial,...”. Isso
me parece um registro cartorial. Ilustre
Delator. Se e apenas um registro cartorial de
encargo...
O SR. RELATOR (José Serra): – Qual
e o artigo? Desculpe-me.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE
BARROS FILHOS: – É o art. 42. Se e
apenas um registro cartorial, entendo
que é desnecessário. Entendo que é
preciso – agora, passando para o art. 21,
§ 2 – uma discussão de forma mais ampla. Isso
está um pouco descosturado. Examinamos
o seu projeto inteiro, depois voltamos atrás.
No art. 21, § 2º. V. Exª propõe:” § 2 – Na
distribuição dos recursos do Fundo de
Participação dos Estados e do Distrito
Federal, vinte por cento serão destinados
exclusivamente as unidades federadas
cuja renda per capita seja inferior à
nacional”. Entendo que e imperativa uma
discussão mais ampla, porque, veja bem
V. Exª., acima da média nacional estão
São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul.
Distrito Federal e se não me engano, Minas
Gerais.
O SR. RELATOR (José Serra): – São
Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa
Catarina, Rio Grande do Sul. Não tenho
certeza.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE
BARROS FILHO: – E o Distrito Federal?
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES) 66

O SR. RELATOR (José Serra): – Mato ser caracterizada como inegociável e Constituinte Adhemar de Barros aludiu muito
Grosso. intransferível. É uma simples autorização, sem bem. Realmente, quando uma instituição
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE as características que se confere hoje à carta financeira deseja operar, recebe uma
BARROS FILHO: – Mato Grosso, não. Mato patente. Entendo que a figura da carta patente, autorização, do Banco Central. Foi estabelecido
Grosso está próximo. Então, veja bem V. Exª, a posta nos termos que V. Exª coloca, não existe que uma instituição financeira, com uma serie de
maioria dos Estados brasileiros está abaixo da mais. Ela é apenas um registro cartorial. É este o agências, caso venha a fechá-las. não poderá
média nacional. Entendo que 20% do FPE para o sentido? Quero entender o espírito da sua vender ou alienar a autorização que obteve para
Fundo Especial é muito pouco. Esta matéria exige proposta. A mim não ficou claro. Por isso, volto a operá-Ias. Mas existem situações em que uma
discussão mais ampla. Pessoalmente. não na visão ele. Aliás, quando V. Exª puder responder, as instituição financeira, por motivos os mais
de São Paulo, mas numa visão nacional, em nível minhas dúvidas irão desaparecer ou vão diversos, quer vender o seu controle. precisa
de destaque, não sei se votaria com o Substitutivo continuar? vender toda a instituição. Nesse caso, irá vender
de V. Exª Reservo-me o direito de votar em O SR. RELATOR (José Serra): – A todas as autorizações obtidas, alienar todo o seu
separado. No art. 25 – Fundo de Descentralização orientação que o Presidente deu é que patrimônio. De modo que. segundo penso no
V. Exª sugere a transformação do Finsocial, dizendo respondamos a todas as perguntas em conjunto. caso em que houver alienação controle, houver a
que “será destinado ao custeio da descentralização transferência do negocio, essa limitação de que é
de serviços, da União para Estados e Municípios.” O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE inegociável e intransferível não poderá ocorrer.
Pergunto quem fará a conciliação entre essa BARROS FILHO: – Essa é a minha última Imaginemos uma instituição em que seus
redução – ou essa transferência de encargos – com colocação, nobre Constituinte. Evidentemente, controladores venham a desaparecer, falecer, o
aqueles recursos provenientes do Finsocial ou do não posso deixar de cumprimentar V. Exª pelo que ocorrerá? Passarão toda a sua participação
Fundo de Descentralização criado pelo art. 25? seu trabalho. acionária a seus herdeiros, transferirão todas as
Parece-me que ficou um pouco no espaço esta O SR. RELATOR (José Serra): – Muito ações que obtiveram. Em relação ao § 1 pediria
proposição. Voltando ao tema que foi abordado obrigado a V. Exª. ao Relator José Serra já que o Relator Fernando
pelos companheiros que me antecederam, passo ao O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE Gasparian não me escuta – que fosse levada em
art. 24. Quem elaborará e fixará em lei BARROS FILHO:– No sentido geral, o seu consideração a possibilidade de abrir uma
complementar as alíquotas máximas do Imposto Substitutivo avança, seja no campo tributário, exceção, quando houvesse a venda do controle,
sobre Vendas a Varejo? Presumo que seja uma lei seja no campo orçamentário, seja no campo por que isso, realmente, tornaria impraticável a
complementar estadual, mas V. Exª não define. financeiro. Muito obrigado. negociação.
O SR. RELATOR (José Serra): – Que O SR. PRESIDENTE (Francisco
artigo é este? Dornelles): – Queria solicitar aos ilustres O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE
Relatores José Serra ,Fernando Gasparian e aos BARROS FILHO: – Sr. Presidente, solicito a V.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE Constituintes que atentassem para alguns pontos Exª um aparte.
BARROS FILHO: – E o art. 24. Por ultimo, o art. sobre os quais, creio, deve haver uma O SR. PRESIDENTE (Francisco
62. Já debatido o tema das cartas patentes no § meditação. Inicialmente, quero cumprimentar os Dornelles): – Ouço V. Ex.ª.
ilegível V. Exª diz com toda clareza, no item l do dois Relatores pelo trabalho elaborado.
art 62... Realmente, como muito bem disse Constituinte O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE
O SR. RELATOR (José Serra): – Qual José Carlos Vasconcelos, existe uma conciliação BARROS FILHO: – Dentro de seu raciocínio. a
o artigo? de posições que reflete o atendimento e o figura da autorização é parte do ativo fixo?
consenso que se procura na Comissão. Quero
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE chamar a atenção, só para raciocinarmos, para o O SR. PRESIDENTE (Francisco
BARROS FILHO: – E o art. 62, item 1: “Art. 62. A art. 67 do Substitutivo do Relator José Serra: Dornelles): – Eu colocaria a seguinte situação:
lei do Sistema Financeiro Nacional disporá. “Art. 67 – Os órgãos entidades da União, dos vamos admitir que V. Exª. tenha hoje uma instituição
inclusive, sobre: I – a autorização para o Estados, do Distrito Federai e dos Municípios financeira, que obteve autorização do Banco Central
funcionamento das instituições financeiras... “É o somente poderão realizar operações de câmbio para abrir cem agências. Com relação a carta
princípio da carta patente. Logo abaixo, V. Exª por intermédio de instituições financeiras oficiais” patente, o que se pretendeu? Que a instituição
diz, no § 1º – A autorização a que se refere o Vamos raciocinar na seguinte situação: Temos financeira não pudesse fechar uma de suas
item 1 será inegociável e intransferível... “Se é uma empresa estatal, uma sociedade de agências. Proíbe-se, na verdade. a venda de uma
inegociável e intransferível, porque existir? Sua economia mista, que deseja exportar No autorização. Se V Exª. obteve a autorização, não
existência não tem mais sentido, se será momento em que deseja exportar faz-se poderá aliená-la. Mas, quando não aliena,
concedida a qualquer pessoa jurídica idônea, necessário obter uma linha de crédito no exterior. especificamente, a autorização concedida – que se
mediante comprovação de capacidade para que através de um banco brasileiro, essa chama carta patente --- correspondente a uma
econômica compatível com o empreendimento, exportação seja financiada. Ora, as instituições agência. mas vende o controle da instituição, nesse
esta caracterização de inegociável e financeiras no exterior, não colocam todos os caso deverá haver alguma flexibilidade, para que
intransferível deixa de ter razão. Portanto a figura seus recursos à disposição de uma única não se entenda que a venda do controle fica
da carta patente não tem razão de ser. A mim instituição financeira brasileira. Então, pode prejudicada pelo fato de não poder vender uma
isso me parece mais uma disposição cartorial ocorrer a seguinte situação uma sociedade mista agencia. Ela estará vendendo o seu
que V. Exª propõe. brasileira, quando realizar uma exportação. controle acionário, que engloba todas as agências
encontra o montante de linhas de crédito à no País, obtidas por autorizações durante o ano. No
O SR. RELATOR (José Serra): – disposição de instituições oficiais Insuficientes caso de falecerem os donos de uma instituição
Confesso que não compreendi, não entendi o para financiar as exportações de todas as financeira, ela passará aos seus herdeiros, ou seja,
seu ponto de vista. sociedades mistas domiciliadas no Brasil. O que passarão os herdeiros todo o ativo e, inclusive, as
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE ocorrerá? Poderá haver situações em que essas autorizações. Gostaria de chamar a atenção para
BARROS FILHO: –Veja bem. Constituinte José instituições, empresas públicas e sociedades esse ponto, para que possa ser levado
Serra. O art. 62 diz, no item I: “Art. 62 – a lei do mistas, domiciliadas no Brasil, não possam ter em consideração. Outro aspecto que gostaria de
Sistema Financeiro Nacional disporá, inclusive linhas de crédito, porque aquelas à disposição de abordar é apenas uma questão de posição. Não é
sobre 1 – A autorização para o funcionamento bancos oficiais podem não ser suficientes para um ponto que considero fundamental
das instituições financeiras...” No § atender a todas as exportações de sociedades financeiramente, dentro de um processo d
1º. estabelece V. Exª que esta autorização... mistas ou empresas públicas no Brasil. Queria e autonomia dos Estados. Perguntaria aos ilustres
“será inegociável e intransferível...” Veja bem V. colocar esse ponto, porque, realmente, ele pode Relatores se não acham que o art. 72 –
Exª: é inegociável e intransferível e se será ser um ponto de estrangulamento para as que leva para a Justiça Federal a competência para
entregue a pessoas jurídicas idôneas com exportações. Não quero dizer que estou certo, julgar crimes praticados por administradores
comprovada capacidade econômica, compatíveis apenas estou levando esse ponto à consideração financeiros – poderia ser visto pela Justiça de
com o empreendimento, essa autorização o dos ilustres colegas. Outro aspecto que gostaria todos os Estados como uma desconfiança
deixa de ter razão de ser. Ela não precisa de levantar se refere ao art. 62. a que o nobre quanto aos juízes de cada um deles em termos de o
67
Sistema Financeiro ser neutro? Tenho receio
de que a Justiça de cada um dos Estados,
como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas
Gerais, que aqui representamos, possa
entender que esse artigo é quase um voto de
desconfiança ao funcionamento da Justiça
estadual. O último ponto que pediria liberdade
para levantar é sobre o art. 76, que estabelece
urna auditoria de operações externas. Hoje o
Congresso já realiza essa auditoria. Já existe
no Senado Federal uma Comissão para avaliar
essas operações estrangeiras; a Câmara pode
criar quantas quiser. Por que colocarmos num
dispositivo constitucional a obrigatoriedade de
fazer uma quase auditoria, quando a Câmara
dos Deputados e o Senado Federal já
realizaram essas auditorias? Não há
necessidade de qualquer resposta ou
comentário às minhas observações. Diria que
são mais dúvidas que tenho sobre alguns
tópicos do Substitutivo e do Anteprojeto. Com a
autorização que antes solicitei aos nobres
Constituintes Fernando Gasparian e José
Serra. submeta-me a apreciação nesta reunião
da Comissão.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – Inicialmente, queria fazer
menção ao clima que se criou. “O Estado de S.
Paulo de hoje, infelizmente, traz um artigo,
referindo-se não ao meu trabalho, mas ao da
Comissão do Sistema Financeiro, no qual diz
que, na realidade, instituiu-se um verdadeiro
soviete no seio do Congresso, com vistas ao
estabelecimento de uma ditadura na política
monetária. Realmente, isto é um exagero. Diz
que o melhor Relatório é completamente
diferente. No fundo, acho que é uma visão
incorreta do problema. Mas, enfim, criou-se
esse ambiente emocional, que não retrata,
vamos dizer, as divergências que aqui existem.
Quero, entretanto. aproveitar a oportunidade
para responder as questões que o nobre
Presidente desta Comissão muito me honra de
me endereçar. Depois da exposição do nobre
Relator, queria voltar a tocar num ponto do
projeto. Não tinha feito análise de todos.
Omitira alguns, referentes à mudança de
redação, aperfeiçoamento, e que eram assim
tão fundamentais. Houve mudança para melhor
– e vem ocorrendo desde a reunião da
Comissão. A seguir, também o Relator teve o
mérito de tornar a redação mais de acordo com
o pensamento não só da Comissão, mas
também da Subcomissão. Mais cabeças,
melhor opinião. Queria dizer que ainda acho
que o Banco do Brasil deveria ser o agente
financeiro, o executor da problemática da divida
interna, e não meramente o agente pagador,
sua distribuidora. Da mesma forma que a
Divesp distribui e administra a divida interna de
São Paulo – outros Estados também têm suas
distribuidoras – acho que a compra e venda de
títulos deveria ficar a cargo da distribuidora do
Banco do Brasil, inclusive, para isso,
deveria usar saldos de caixa, utilizar a sua
eventual folga financeira, fazendo um pequeno
adendo, para que pudesse comprar títulos do
Tesouro Nacional, não para financiar a União,
mas, simplesmente. para regular a liquidez do
mercado. Com relação ao Artigo excluído,
que contempla o Nordeste com relação
a financiamentos, também acho que deveria
voltar a ser colocado. Inclusive vou votar
a favor de uma emenda para restabelecer
esse artigo. Quanto ao problema le-
ANAIS DO SENADO FEDERAL(ATA DE COMISSÕES)
vantado pelo ilustre Presidente, da auditoria
externa julgo que ela ficou restringida na
redação do Relator. O motivo foi que essa
disposição transitória deveria ter redação mais
curta. Afinal, está-se escrevendo uma
Constituição. Mas, como é uma disposição.
não entra no corpo da Constituição. Talvez os
seus detalhamentos. que estão multo bem
expostos. auditoria da dívida externa etc.
pudessem ficar como estão. A auditoria que
esta sendo solicitada tem uma vantagem. Dar-
se-ia um grande prazo para que fosse feito, e
bem. Já houve alguns conflitos na Constituinte
por causa desse problema. De certa maneira,
estaria atendido o desejo dos Constituintes de
que essa divida fosse investigada de forma
auditorial que é diferente da política, que vai
ser ou já está sendo feita agora pelo Senado
e que tem outra significação. menos fria do
que será essa auditoria técnica. Com relação
aos outros três aspectos levantados pelo
Presidente, julgo que o art. 67, em que V. Exª
situa o problema. tem precedência. Na
verdade, em casos de exportações vultosas.
Vale do Rio Doce. Petrobrás e outras,
carentes de financiamento, talvez esse item
aqui as impedisse de fazer um melhor
negocio, inclusive, de conseguir recursos
externos, numa hora em que o País tanto
necessita deles. Talvez fosse o caso de se
fazer aqui um adendo, inserindo exceções de
casos, como os suscitados pelo Presidente da
Comissão. Acho que a preocupação de V. Exª
é procedente, porque se limitariam as
exportações do País por falta de
financiamento, porque os bancos oficiais não
teriam a possibilidade de bancá-lo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Já que estamos conversando
dentro de um clima de amizade, se V, Exª.
me permitir, gostaria de ressaltar que.
geralmente, as operações de câmbio –
diria em termos de Brasil de hoje – cerca de
90 a 95%, são relacionados a exportação e
importação. De modo que, no momento, acho
difícil dizer que as operações de câmbio
de exportação e importação não precisassem
ser feitas por organismos oficiais. Ficaria de
fora, seria uma coisa ínfima: seria uma
remessa de dividendos, de juros, de
royalties, um percentual ínfimo, diante
daquele problema relacionado com o
comercio exterior. O medo que tenho é que
venhamos a colocar na Constituição um
dispositivo e. amanhã verificarmos que
determinada empresa do Nordeste, com
grande potencial, ou que toda a exportação
das empresas publicas, de sociedades mistas,
não tenham linhas funding, no exterior, ou
linhas comerciais, industriais, canalizadas
através de bancos oficiais, assim,
prejudicáramos o comércio, as exportações e
importações das sociedades de economia
mista e empresas políticas domiciliadas no
Brasil. O risco aqui é para as operações de
comercio exterior das empresas públicas e
das sociedades de economia mista. Por isso
que pediria para verificar qual, real-mente. a
posição do artigo. Estando eu totalmente
aberto para a discussão, acho que
deveríamos examinar a alternativa de suprimir
o artigo.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
CASPARIAN: – Ou então dispor que lei
ordinária regularia, vamos dizer. a forma.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Exatamente.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – Acho que realmente, valeria
a pena uma emenda nesse sentido.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Exato. Porque, aí. se deixariam
mais condições de pensar como isso poderia
ser feito.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – Estou de acordo. Com relação
ao problema da Justiça, tenho a impressão de
que, como ficou colocado no projeto, não
haveria motivo para os Estados, as Justiças
estaduais, se sentirem diminuídos pelo fato de
que o problema do Sistema Financeiro, como
está posto desde o início. compete à União.
Quem a regulamenta e a União, a área federal.
Os Estados e Municípios não tem quase
nenhuma interferência na área. Portanto, ficaria
por aí o fato de a Justiça Federal ser a
competente sobre o assunto. Com relação
ainda ao problema da carta patente, levantada
pelo ilustre Presidente quero dar a minha
opinião. Um banco tem valor, não por sua carta
patente, mas por seu fundo de comércio. Há
um cidadão, em São Paulo – inclusive foi dito
isto num debate de que participei com o ilustre
Presidente da Subcomissão, nobre Constituinte
Cid Sabóia de Carvalho – que reclamou porque
tem um estoque de carta patentes. Ele tem
uma carta patente de um banco de
investimento, uma carta patente de dois bancos
comerciais etc. Enfim, fez um investimento. E
como e que ficou? Eu falei: Bom, o capitalismo
tem disso. O senhor fez um investimento que
talvez não vá valer nada; faz parte do jogo.
Neste caso. ele, realmente. só tem a carta
patente. Quando alguém que tem um banco
morre – e V. Exª colocou muito bem o exemplo
– o banco tem que ser negociado. Aquele que
vai assumir. quando compra as ações, está
comprando o patrimônio do banco; não a carta
patente, mas fundo de comercio. Isso existe em
qualquer atividade. Está comprando um banco
em funcionamento, com clientela, lucratividade.
Inclusive, o Banco Central deve ter o cuidado
de ver se os filhos, os descendentes ou as
pessoas que compraram as ações têm
idoneidade moral e competência técnica para
dirigir o banco. Quanto a isso, acho que o
Banco Central deveria ser estrito – o que não
tem sido muito nesses últimos anos – para que
não se repitam os acidentes ocorridos no
passado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Perguntaria a V. Exª, apenas
para dirimir esta dúvida, eis que, realmente,
existe uma autorização na lei. Dentro do
fundo de comércio, realmente. está o
somatório de autorizações obtidas.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – Perfeitamente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – E existem aqui dúvidas de
interpretação. No momento em que vendesse
o controle, teria sido excluída a carta patente?
Por isso, gostaria de perguntar a V. Exª da
possibilidade de fazer um pequeno
esclarecimento quanto aos casos em que
houvesse venda do controle acionário.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – Não vejo no
controle acionário – poderia V. Exª desculpar-
me a autorização que está sendo
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATA DE COMISSÕES) 68

dada por pessoa jurídica, como está bem
colocado, melhorada a redação no Relatório. A
pessoa jurídica continua a mesma. Se a diretoria
mudou, se o controle acionário se modificou, a
pessoa jurídica que recebeu a autorização não
se alterou, é a mesma, então, a pessoa jurídica
tem autorização e, independente da diretoria que
a empresa passa a ter a da mudança de controle
acionário, ela não precisa transferir isso para
ninguém. É sempre dona da autorização. Com
ela, com a pessoa jurídica vão as autorizações,
os imóveis, o fundo de comércio, os funcionários,
o passivo trabalhista, vai tudo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Concordo plenamente. O
problema é exclusivamente redacional.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – Sim. talvez pudesse caber.
Acho que reforçaria.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Não no próprio artigo em que se
estabeleceu. Concordo que o problema seria
exclusivamente redacional.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – Perfeito. Queria, finalmente,
dizer como acho importante essa mudança.
Na minha opinião, os juros poderiam baixar,
se, realmente, esse artigo entrasse em plena
execução. Se tivéssemos, amanhã, não dez,
mais mil bancos, para, com esse fundo,
segurarmos a economia popular daqui a
algum tempo iríamos ter uma competição que
certamente, reduziria o custo do dinheiro. Aí
essa participação, esse poder que o Banco
Central tem hoje, que não quer largar, de
disciplinar se pode ou não fazê-lo. Ele poderá;
acho que deveria. Vou propor seja dada a
carta patente conforme foi proposto pelo
Senador José Richa. Se houver excesso de
formação de bancos, as pessoas que
investirem, nesse setor vão perceber que ele
não está tão lucrativo como haveria, como
imaginavam. Muitos bancos, talvez, até
fecharão. Haverá uma reacomodação,
que será profundamente salutar.
Essa desregulamentação do setor será
profundamente positiva, porque terminará
com o oligopólio, e haver uma concorrência
que implantará as leis de mercado, reduzindo
os custos e conseguindo mais competência,
evidentemente. Por isso, vou lutar, na
Comissão, para que fique a redação anterior,
e que o Banco Central perca o poder, que não
tem usado muito bem, de escolher os
administradores. Permitiu-se que muitas
pessoas, que estavam impedidas de trabalhar
no setor financeiro, assumissem diretorias de
bancos. Os controles acionários de pessoas
sérias, como, por exemplo, os Whilaker,
aposentados no setor financeiro; o pessoal do
Grupo Brasul, o Davi Fernandes do Banco
Irmãos Guimarães, e uma série de banqueiros
que trabalhavam muito bem no sistema,
que o conheciam bem e trabalhavam com alta
ética, foram substituídos com facilidade por
pessoas que foram responsáveis por todos os
estouros financeiros ,a que assistimos
no País, nestes últimos anos e custaram
bilhões de cruzados aos contribuintes, através
do Banco Central. A Subcomissão discutiu
isso muito. Julgo, pois que seria importante
haver uma desregulamentação no sistema –
é a palavra que se usa hoje em dia
nos Estados Unidos – pois ela traria
uma competição salutar para a redução
dos juros. favorecendo a produção brasileira
com menores custos financeiros. Peço
desculpas, Sr. Presidente. por me retirar.
Quero ver se redijo algumas emendas que
não fiz ainda. Até a meia-noite tenho tempo e
não quero perdê-lo. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Com a palavra o Relator José
Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Ainda
com relação à questão colocada pelo Relator da
Subcomissão, a respeito do Banco do Brasil,
voltaria a insistir que, a meu ver, não representa
nenhum enfraquecimento a idéia de que o
lançamento de títulos do Governo Federal não
seja feito pelo Banco do Brasil. Aliás, insisto. no
caso de São Paulo, não é feito. A Divesp não é
um organismo do Banespa. como é claro e
manifesto para todos. Quer dizer, não é o Banco
do Estado que cuida dos títulos públicos
estaduais em São Paulo, mas é uma
distribuidora a parte. O banco é uma instituição
que dá lucro, que tem acionistas. Ele encarecerá
as operações com a dívida publica do Tesouro.
Então, isso não faz sentido.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Gostaria de dizer a V. Ex.ª que,
também no Rio de Janeiro. a Diverj, que é a
distribuidora é do Estado; o Banerj tem a sua
própria distribuidora. O mesmo ocorre em
Minas Gerais, em relação aos bancos e ao
Estado.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Focalizarei as diversas observações do nobre
Constituinte Joaquim Bevilacqua, cuja presença
na Comissão eu saúdo. Oxalá V. Exª, que era
suplente, possa honra-ar-nos com a sua
presença nas fases de discussão e votação. A
Câmara dos Deputados representa a Nação, o
povo: o Senado a Federação. Precisamos tomar
cuidado, porque os Senadores são eleitos pelo
povo. É apenas o problema da
proporcionalidade que não está presente no
Senado. Mas os Senadores tem um mandato
popular até muito importante, porque é conferido
por uma parcela muito maior da população, por
cada um que é votado. E, da mesma forma que
o Senado aprova Embaixadores, acho que é
uma instituição que poderá atuar com mais
agilidade. Por outro lado, quando formos pensar
em diretorias de banco, é evidente que, entre os
critérios utilizados. estão os da competência, da
adequação. da representação partidária, mas
também critérios de natureza regional. Isso
acontece no Brasil, nas administrações
estaduais e em toda a parte. O Senado
representa melhor, desse ponto de vista, a
realidade regional. Com relação às observações
do Deputado José Carlos Vasconcelos cujos
comentários apreciei bastante, queria dizer que,
realmente, como disse na introdução do texto
apresentado a Comissão, inclusive publicado em
alguns jornais, o nosso trabalho se baseou nos
relatórios das Subcomissões. No caso
da Subcomissão do Sistema Financeiro,
chamaria a atenção para o fato de que cada
artigo foi analisado e comparado com os artigos
do Substitutivo, tal como está na nossa
justificação. Cada modificação foi justificada
detalhadamente, inclusive, expondo os nossos e
os meus argumentos da maneira mais clara
possível, a ponto de o próprio Relator da
Subcomissão dizer que, na questão da carta
patente, foi chamada a sua atenção para uma
divergência, pela forma que propusemos em
vista da justificação que fizemos. Não há
pensamento que não tenha sido explicado da
maneira mais clara nessa justificação, com
relação ao Sistema Financeiro, como no caso
das outras duas Subcomissões, isto é a prova
de como levamos em conta procurar fazer um
trabalho sério nessa questão do Sistema
Financeiro. Imagino que na parte dos Sistemas
Financeiros e Ornamentados, bem como em
várias outras questões de natureza econômica,
o aspecto regional tenha sido sintetizado como
diretrizes, porque vai reaparecer em inúmeros
momentos. No art. 61, havíamos colocado que
“o Sistema Financeiro Nacional será estruturado
em lei, de forma a promover o desenvolvimento
equilibrado.” Pode não ter ficado claro, mas o
que tinha em mente era o desenvolvimento
equilibrado do País. Não ficou claro. Vamos
procurar encontrar uma forma para que isso
fique mais explícito. Na questão orçamentária –
V. Exª. recorda o que eu coloquei Plurianuais de
Investimentos serão regionalizados. Está certo?
E estava, até a penúltima redação do texto, por
uma falha técnica da nossa Comissão...
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ
CARLOS VASCONCELOS: – Não refere à
questão orçamentária.
O SR. RELATOR (José Serra): – Eu
sei, mas é que para mim, as coisas estão
interligadas. Daí por que estou dizendo isso.
E minha intenção, no Substitutivo final,
especificar essa regionalização a respeito do
Orçamento Fiscal anual, levando em conta os
desequilíbrios microrregionais do País. Para
mim, a questão do Sistema Financeiro está
associada à alocação do gasto público.
Entendo gasto público inclusive, como os
subsídios que são feitos, como todos
entendemos. E os investimentos públicos são
aqueles financiados pelas instituições, seja
pelos orçamentos que estão aprovados, seja
pelas instituições de crédito. Portanto,
fatalmente a questão dos investimentos
relacionada com o problema microrregional,
está dentro do espírito da proposta, mesmo
no que se refere a parte orçamentária, que
está interligada. Por outro lado, lembro a V.
Exª que acolhi uma sugestão do Relator da
Subcomissão Tributária, que eu não sei se é
consensual. Isso se deu na Subcomissão, e
não sei se o é na totalidade da Comissão.
mas eu a acolhi para submetê-la ao conjunto
da Comissão. A sugestão é de que o Fundo
Especial seja destinado como apoio às
agências públicas, para investimentos nas
Regiões Norte e Nordeste. Corresponde ao
espírito daquilo que eu quero que conste da
Constituição, como orientação da política. Por
outro lado, acho que, se dermos, como é o
espírito da nossa proposta, força ao
Congresso Nacional na alocação da despesa
publica, na maneira como a despesa pública e
feita no Brasil, essa questão regional vai
poder ser adequadamente enfrentada. O que
acontece hoje é que o Poder Legislativo não
participa da decisão de despesas. Esta é a
realidade. Ele é um mero convalidador –
desculpem-me o neologismo – daquilo que
ocorre, ou, às vezes, sequer toma
conhecimento disso. Temos, por exemplo,
inúmeras vezes, mecanismos de subsídios
aplicados, de natureza creditícia, que
implicam dezenas de bilhões de cruzados, e
isso não é aprovado por ninguém nesta
Casa. A priori, ninguém é contra os subsi-
69 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)

dios ou a favor deles. Somos contra não se
tomar conhecimento para avenguar se isto é,
realmente, o que se quer. E o que está no
espírito da nossa proposta: O Tesouro deve
deixar seu dinheiro no Banco Central. Quando
for para uma instituição financeira oficial para
repassar como crédito de fomento ou como
credito subsidiado, deve ser aprovado ou pelo
Orçamento, ou através de um pedido adicional,
ao longo do ano, do Poder Executivo ao Poder
Legislativo. Essa é a essência da nossa
proposta, que me parece muito importante e
mereça ser levada em consideração, quanto as
questões levantadas pelo Constituinte Adhemar
de Barros Filho. Pessoalmente, não sou a favor
do Orçamento monetário porque não faz muito
sentido. É uma peça de ficção o Orçamento
Monetário. Por quê? Porque o que é crédito de
fomento, o que e credito subsidiado tem que
estar no Orçamento Fiscal. O que é realmente
suportado com recursos do Tesouro tem que
estar no Orçamento Fiscal. O Orçamento Fiscal
é que precisa ter sua abrangência aumentada.
Por outro lado, estabelecemos mecanismos com
os quais o Congresso Nacional e o Banco
Central, executor, determinariam limites de
expansão monetária, que, teoricamente, fariam
parte de um Orçamento Monetário. O controle
da dívida pública, os limites de endividamento, a
expansão de credito público, tudo isso está nas
atribuições do Congresso e, de maneira muito
clara, conferido ao Senado Federal ou ao
conjunto do Congresso Nacional. Então, o
Orçamento Monetário, em si mesmo, tende a ser
uma peça de ficção, até porque não se tem
controle de muitas variáveis, como a inflação.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR
DE BARROS FILHO: – Permita-me V. Exª um
aparte, nobre Constituinte José Serra?
O SR. RELATOR (José Serra): –
Com todo o prazer.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR
DE BARRROS FILHO: – Concordo que,
evidentemente, é uma forma de materializar
uma série de projetos.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Mas isso tem que estar no Orçamento Fiscal.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR
DE BARROS FILHO: – Se isso não for
apresentado ao Congresso Nacional, como
ele poderá avaliar a importância do segmento
fiscal?
O SR. RELATOR (José Serra): – Mas
vai estar no Orçamento Fiscal. Temos
que aumentar, essa transferência. No
Governo Sarney, esse é um dos itens que não
têm sido destacados. Houve progresso
extraordinário nesse sentido, da maior
abrangência do Orçamento. É comum ouvir-se:
“Não, o déficit fiscal aumentou”. Na verdade,
já era um déficit existente. Só que agora está
sendo colocado de maneira transparente nos
Orçamentos. Então, temos que caminhar mais
nessa direção. A Lei de Diretrizes
Orçamentárias, na verdade pela idéia que
temos, e um pré-orçamento. V. Exª diz: “Mas
abril é muito cedo para isso”. Acontece que e
uma lei preliminar, a ser votada e analisada.
Para isso, naturalmente, terá que haver uma
regulamentação – e esta não cabe na
Constituição – sobre a alocação global de
recursos por áreas, por setores. O Congresso
Nacional começara a participar dessa
elaboração a partir do mês de abril, mesmo
porque o Executivo terá que negociar com o
Legislativo. Nem o Executivo nem os
Deputados poderão escapar dessa lei. Ela
representará um mecanismo de intensificação
dessa participação do Legislativo. Não se
trata de inovação brasileira. V. Exª sabe que
há países que discutem seu Orçamento dois
anos antes. Há o problema da inflação, mas
esta existe ate para o Orçamento, que é feito
no fim do ano. No Brasil, a inflação é tão alta
que se manifesta até para um Orçamento
semestral.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR
DE BARROS FILHO: – Se entendemos bem,
esse projeto de diretrizes orçamentárias é
uma forma de antecipar o processo de
negociação política.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Exatamente. E de fixar parâmetros, que, hoje,
nem são discutidos com o Legislativo.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR
DE BARROS FILHO: – Está, absolutamente
claro. Muito obrigado.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Agora quanto aos artigos de natureza
tributária, se V. Exª me permitisse, eu
os anotei e preferiria examiná-los
separadamente com V. Exª. Tivemos,
ontem, uma sessão muito longa de discussão
sobre isso. Parte do que V. Exª observou já
está acolhido e está sendo reexaminado,
em razão de intervenções feitas na noite de
ontem, quando ficamos três horas e
meia discutindo. A respeito das observações
formuladas pelo Constituinte Francisco
Dornelles, quero dizer que as referentes à
carta patente e ás operações cambiais,
especialmente estas duas, pareceram-me
extremamente pertinentes. Gostaria que
V. Exª pudesse traduzi-las em propostas, para
que tenhamos subsídios para a elaboração
do nosso Substitutivo. Quero, inclu-
sive, esclarecer que, por exemplo, a
Petrobrás tenha com o Lloyds Bank contratos
relativos a empréstimos. Pelo art. 67, ela
ficaria impedida a partir daí. Ou seja, essa
medida contraria claramente os interesses
nacionais.
O SR. PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – O Relator da Subcomissão,
Fernando Gasparian, já mostrou sua
concordância em relação a este artigo. Não
existe outra alternativa se não a de retirá-Io do
tema constitucional e estabelecer, nesses
casos, lei ordinária, que irá tratar deste
assunto.
O SR. RELATOR (José Serra): –
Gostaria de falar sobre o assunto. Acho
que são duas contribuições muito importantes,
mas só tenho a lamentar, e digo isso
sem nenhum formalismo, que V. Exª falasse
pouco nas nossas reuniões, deixando de
trazer contribuições como a que acaba de
fazer.
O SR PRESIDENTE (Francisco
Dornelles): – Gostaria de dizer a V. Exª que,
tendo ouvido todas as suas exposições,
acho que nada acrescentaria e ainda
correria o risco, no caso, se pedisse a palavra,
de tirar o brilho com que V. Exª expôs
seus pontos de vista perante esta Comissão.
Quero agradecer a todos os presentes
e considero encerrada a sessão de hoje.
Vamos iniciar o processo de votação
na próxima sexta-feira, às 9 horas da manhã.
De acordo com a sistemática estabelecida
pelo Presidente Ulysses Guimarães,
podendo ser oferecidos pedidos de destaque
para emendas apresentadas aos anteprojetos
das Comissões, para dispositivos
do Substitutivo do Relator. O
Relator apresentará um novo Substitutivo.
Gostaria, inclusive, de pedir a atenção
do Constituinte José Carlos Vasconcelos,
porque acabamos de receber a diretriz
do Presidente Ulysses Guimarães, que é
comum a todas as Comissões. De modo,
que na votação, segue-se à linha proposta por
V. Exª. Na votação de sexta-feira poderão
ser pedidos destaques para todas
as emendas apresentadas aos anteprojetos
das Subcomissões, para dispositivos do
Substitutivo do Relator e para as emendas
ao Substitutivo do Relator. O Relator
apresentará um novo Substitutivo, conforme
a regra estabelecida pelo ofício do
Presidente Ulysses Guimarães. Está
encerrada a sessão.

COMISSÃO DO SISTEMA TRIBUTÁRIO, ORÇAMENTO E
FINANÇAS
9.ª Reunião, realizada nos dias 12, 13 e 14 de junho de 1987
Aos doze, dias do mês de junho do ano de mil novecentos e
oitenta e sete, ás onze horas e quarenta minutos, no Plenário da
Comissão do Sistema Tributário. Orçamento e Finanças, reuniu-se esta
Comissão, sob a Presidência do Constituinte Francisco Dornelles,
Presidente, presentes os seguintes Constituintes membros efetivos:
Osmundo Rebouças e Ivo Vanderlinde, Vice-Presidentes: José Serra,
Relator: Affonso Camargo, Airton Sandoval, Basílio Villani, Cid Sabóia
de Carvalho, Darcy Deitos, Domingos Juvenil, Fernando
Bezerra Coelho, Fernando Gasparian, Firmo de Castro, Flávio
Rocha, Geraldo Fleming, Gerson Camata, Harlan Gadelha, Irajá
Rodrigues, João Carlos Bacelar, João Natal, José Carlos Vasconcelos,
José Guedes, Jovaani Masini, Jutahy Magalhães, Lézio Sathler,
Márcio Braga, Mauro Campos, Naphtali Alves, Nion Albernaz, Rose de
Freitas, Sérgio Spada, Walmor de Luca, Wilson Campos, Benito Gama,
Divaldo Suruagy, Furtado Leite, Ivan Bonato, Jessé Freire, Jesus Tajra,
João Alves, José Tinoco, João Machado Rollemberg, Messias Góis,
Mussa Demes, Pedro Ceolin, Simão Sessim, João Castelo, José Luiz
Maia, Ruberval Piloto, Adhemar de Barros Filho, Adroaldo Streck, Feres
Nader, Fábio Raunhetti, Roberto Torres, Luis Gushiken, Virgílio
Guimarães, José Luiz de Sá e José Maria Eymael: e os suplentes:
Alexandre Puzyna, Antonio Gaspar, Aluízio Bezerra, Expedito Machado,
Fernando Gomes, Hélio Rosas, Hermes Zanetti, Ismael Wanderley, Ivo
Cersósimo, José Melo, José Tavares, Luiz Freire, Manoel Ribeiro, Mauro
Sampaio, Nabor Júnior, Nilso Sguarezi, Osvaldo Sobrinho, Paulo Almada,
Rubem Branquinho, Sérgio Naya, Alexandre Costa, Alysson Paulinelli,
Ângelo Magalhães, Iberê Ferreira, Jayme Santana, Orlando Bezerra,
Victor Fontana, Victor Trovão, Waldeck Ornélas, César Maia, Joaquim
Bevilacqua e Olívio Dutra.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
Havendo número regimental, o Senhor Presidente
declarou abertos os trabalhos destinados à votação do
Substitutivo do Relator, Constituinte José Serra, ressalvadas as
emendas e os destaques concedidos; cumprimentou os
Constituintes pelo trabalho da maior relevância, tanto no âmbito
da Comissão quanto no das Subcomissões. que honram a cultura
da Assembléia Nacional Constituinte, com a abordagem de temas,
os mais complexos, referentes ao sistema econômico do País. A
seguir, teceu considerações sobre a sistemática de votação da
matéria, visando, sobretudo, ao consenso, para maior legitimidade
do texto constitucionaI. Esclareceu como se processaria a
votação, a saber: votação do Substitutivo do Relator ressalvados
as emendas e os destaques: votação em globo das emendas ao
Substitutivo, com parecer contrário do relator: votação dos
destaques às emendas apresentadas na Comissão: e, finalmente,
votação dos destaques às emendas apresentadas nas
Subcomissões. O Constituinte Walmor de Luca sugeriu fosse a
matéria votada por capítulos pois, a seu ver, a solicitação tinha
amparo no art. 27 do Regimento da Assembléia Nacional
Constituinte. Falaram sobre o assunto os Constituintes Fernando
Bezerra Coelho, Divaldo Suruagy, Darcy Deitos e Fernando
Gasparian. Às doze horas e onze minutos, foi suspensa a reunião
para apresentação de destaques. Reaberta às quinze horas e
cinqüenta minutos, foi iniciado o processo de votação, tendo o
Senhor Presidente convidado o Constituinte Darcy Deitos a fazer
a chamada nominal. Feita a votação do Substitutivo do Relator,
ressalvados as emendas e os destaques, obteve-se o seguinte
resultado: votaram “SIM” cinqüenta Constituintes; votaram “NÃO”
três Constituintes; e, um Constituinte absteve-se de votar. Em
seguida, procedeu-se à votação das emendas rejeitadas, em
bloco, ressalvados os destaques, mantida a rejeição. Finda a
votação, e proclamado o resultado, o Senhor Presidente
comunicou ao Plenário que suspenderia a reunião para prossegui-
la às dezoito horas, com a votação dos destaques. O Constituinte
Walmor de Luca protestou contra a decisão do Senhor Presidente
de não atender a sua questão de ordem sobre votação em
capítulos, dizendo que o Regimento foi violentado e solicitou o
registro do seu protesto, em ata. O Senhor Presidente esclareceu
que a sua decisão tem amparo no art. 29, § 4.º do Regimento da
Assembléia Nacional Constituinte e fez a leitura do dispositivo
regimental para maior esclarecimento do Plenário. Esclareceu,
ainda, o Senhor Presidente, ter acatado a questão de ordem do
Constituinte Walmor de Luca no que concerne à. votação das
emendas, uma vez que as mesmas seriam votadas por capítulos.
Submetida à votação, foi aprovada pelo Plenário sistemática para
votação dos destaques às emendas, a saber: 1.º) do Sistema
Financeiro; 2.º) do Sistema Tributário; e, 3º.) do Orçamento.
Usaram da palavra para questões de ordem os Constituintes
Virgílio Guimarães, José Carlos Vasconcellos, José Luiz Maia, Cid
Sabóia de Carvalho, Wilson Campos, Divaldo Suruagy, Nion
Albernaz e Feres Nader. Suspensa a reunião às dezesseis horas
e trinta e seis minutos, foi reaberta às vinte horas e trinta e um
minutos, quando o Senhor Presidente convidou o Constituinte
Walmor de Luca a compor a Mesa, tendo sua Excelência
declinado do convite por sentir-se mais à vontade para
encaminhar suas emendas não participando da Mesa. Assim, o
Senhor Presidente fez o convite ao Constituinte Mussa Demes,
que passou a compor a Mesa. A seguir, o Senhor Presidente falou
como se processaria a votação. Usaram da palavra
para formularem questões de ordem sobre o assunto os
Constituintes Cid Sabóia de Carvalho, Darcy Deitos, Fernando
Bezerra Coelho, Nion Albernaz, Jesus Tajra, José Carlos
Vasconcelos, Adroaldo Streck, José Maria Eymael e Walmor de
Luca, questões estas resolvidas, conclusivamente, pelo Senhor
Presidente. Iniciou-se a votação e, de acordo com a sistemática já
70
aprovada, obteve-se o seguinte resultado para os destaques do
Capitulo referente ao Sistema Financeiro: destaques aos artigos
do Substitutivo do Relator – Rejeitados: art. 69 – Autor:
Fernando Gasparian; art. 72, Inciso I I – Autor: Roberto Campos:
Prejudicados e Retirados: art. 66, Inciso V, parágrafo único –
Autor: Jayme Santana; art. 66, Inciso V, parágrafo único – Autor:
José Carlos Vasconcelos art. 68: inciso VI – Autor: Fernando
Gasparian; art. 75; inciso II – Autor: Jayme Santana; art. 77 –
Autor: Jayme Santana. Destaques às emendas – Aprovados: n.º
5S0368 – Autor: Domingos Juvenil; n.º 5S0054 – Autor: Feres
Nader; n.º 5S0006 – Autor: Cid Sabóia de Carvalho; n.º 5S0641
– Autor: Fernando Gasparian; n.º 5S0413 – Autor: Firmo de
Castro; n.º 5S0113 – Autor: Osvaldo de Almeida. Rejeitados: n.º
5S0624 – Autor: Fernando Gasparian; n.º 5S0444 – Autor:
Nelton Friedrich, nº. 5S0098 – Autor: Brandão Monteiro; n.º
5S0626 – Autor: Fernando Gasparian; n.º 5S0584 – Autor: João
Machado Rollemberg; n.º 5S0089 – Autor: Cid Sabóia de
Carvalho: n.º 5S0636 – Autor: Fernando Gasparian; n.º 5S0637
– Autor: Fernando Gasparian; n.º 5S0640 – Autor: Fernando
Gasparian; n.º 5S0655 – Autor: Fernando Gasparian; nº .5S0241
– Autor: Walmor de Luca – Prejudicados e Retirados: n.º 5S0438
– Autor: Vilson de Souza; n.º 5S0014 – Autor: Adhemar de
Barros Filho; n º 5S0096 – Autor: Adhemar de Barros Filho; n.º
5S0012 – Autor: Adhemar de Barros Filho; n.º 5S0146 – Autor:
Ivo Vanderlinde; n.º 5S0098 – Autor: Adhemar de Barros
Filho; n.º 5S0114 – Autor: Oswaldo Almeida: n.º 5SO458 –
Autor: Darcy Deitos: nº. 5S0626 – Autor: Fernando Gasparian;
n.º 5S0158 – Autor: Israel Pinheiro Filho; n.º 5S0583 – Autor:
João Machado Rollemberg; n.º 50369 – Autor: Domingos
Juvenil; n.º 5S0243 – Autor: Walmor de Luca; n º 5S0145 –
Autor: Ivo Vanderlinde; n.º 5S0052 – Autor: Oswaldo Lima Filho;
n º 5S0315 – Autor: Walmor de Luca; n.º 5S0637 – Autor: Rose
de Freitas; n.º 5S0370 – Autor: Domingos Juvenil; n.º 5S0734 –
Autor: Virgílio Guimarães; n.º 5S0638 – Autor; Fernando
Gasparian; n º 5S0639 – Autor: Fernando Gasparian; n.º 5S0082
– Autor: Jesus Tajra, n . º 5S0749 – Autor: Sérgio Werneck; n.º
5S0088 – Autor: Cid Sabóia de Carvalho; n.º 5S0053 – Autor:
Oswaldo Lima Filho: n.º 5S0642 – Autor: Fernando Gasparian:
n.º 5S0314 – Autor: Sérgio Spada; n.º 5S0730 – Autor: Virgílio
Guimarães: n.º 5S0617 – Autor: Waideck Ornélas: n.º 5S0467–
Autor: Cid Sabóia de Carvalho; n º 5S0197 – Autor: Adhemar de
Barros Filho; n.º 5S0195 – Autor: Adhemar de Barros Filho; n.º
5S0192 – Autor: Adhemar de Barros Filho; n.º 5S0244 – Autor:
Walmor de Luca; n.º 5S0421 – Autor: Firmo de Castro: n.º
5S0467 – Autor: Flávio Palmier da Veiga.
Destaques às emendas ao Anteprojeto da Subcomissão –
Prejudicados e Retirados: n.º 500857 – Autor: Luiz Gushiken;
n º 500689 – Autor: Divaldo Suruagy; n º 500690 – Autor:
Divaldo Suruagy; n.º 500232 – Autor: Darcy Deitos; n,º 500796 –
Autor: Roberto Freire; n.o 500451 – Autor: Darcy Deitos; n.º
500799 – Autor: Roberto Freire; n.º 500859 – Autor: Luiz
Gushiken; n.º 500233 – Autor: Darcy Deitos: n.º 500230 – Autor:
Darcy Deitos; n º 500228 – Autor: Darcy Deitos: n.º 500631 –
Autor: Divaldo Suruagy; n.º 500402 – Autor: Fernando
Gasparian; n.º 500855 – Autor: Luiz Gushiken; n º 500858 –
Autor: Luiz Gushiken; u.º 500107 – Autor: Fernando
Gasparian; n.º 500109 – Autor: Fernando Gasparian: n.º 500113
– Autor: Fernando Gasparian: e n.º 500077 – Autor: José Carlos
Vasconcelos. Apresentou declaração de voto o Constituinte
José Maria Eymael. Pediram a palavra para questão de ordem
os constituintes Cid Sabóia de Carvalho, Fernando
Gasparian, Messias Góis, Darcy Dei-tos, Airton Sandoval,
Simão Sessim e Jutahy Magalhães. A reunião foi
suspensa a uma hora e cinco minutos do dia treze,
reiniciando-se às dez horas e cinqüenta e oito
71 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
minutos do mesmo dia. O Constituinte Affonso Camargo,
visando a agilizar a votação dos destaques, sugeriu fosse
adotada consulta prévia, em votação simbólica, e, no caS0 de
aprovação, seria efetuada votação nominal. Usaram da
palavra para debater o assunto os Constituintes Adhemar de
Barros Filho, José Carlos Vasconcellos, Gerson Camata,
Divaldo Suruagy, Fernando Bezerra Coelho, Nion Albernaz e
Darcy Deitos. A reunião foi suspensa às dezessete horas e
trinta e sete minutos e reaberta às dezenove horas e trinta e
seis minutos. O Senhor Presidente propôs ao Plenário um
consenso em torno dos arts. 13, I, II, III, IV e V; 15, I, II, Ill, IV e
§ 1º, 16, I, II e III; 17; 18; 19; e 20. Os Constituintes César
Maia, Firmo de Castro, Virgilio Guimarães, Darcy Deitos,
Jessé Freire, Irajá Rodrigues, Domingos Juvenil e José Carlos
Vasconcelos declararam aceitar o acordo desde que
pudessem encaminhar suas emendas para posterior votação
simbólica, como proposto pelo Constituinte Affonso Camargo
quando, então, e de acordo com o resultado, comprometer-se-
iam a retirar as emendas referentes àqueles artigos. Assim,
procedeu-se ao encaminhamento dos destaques pelos
autores acima citados e, feita a votação conforme o acordado,
retiraram as emendas. Apresentaram questão de ordem os
Constituintes Firmo de Castro, Irajá Rodrigues, João Castelo,
José Carlos Vasconcelos, Walmor de Luca, Virgilio
Guimarães, Cid Sabóia de Carvalho, Benito Gama, César
Maia, Airton Sandoval e José Maria Eymael. Prosseguiu-se a
votação e a reunião foi suspensa aos quarenta e um minutos
do dia quatorze do corrente e reaberta às dez horas e
cinqüenta e seis minutos do mesmo dia. O Senhor Presidente
anunciou o falecimento do Senador Fábio Lucena e pediu um
minuto de silêncio em sua memória. Em razão do lamentável
acontecimento, suspendeu a reunião, reabrindo-a às onze
horas e cinqüenta e seis minutos, com o prosseguimento da
votação dos destaques ao Sistema Tributário. O Constituinte
Roberto Freire, como Líder do PCB, formulou questão de
ordem no sentido de que fosse votado destaque de emenda
de sua autoria relacionada ao Sistema Tributário, prejudicada
em razão do acordo feito pela Comissão, no início da votação
deste Capítulo, e solicitou fosse feita votação nominal uma vez
que a matéria diz respeito a questões fundamentais pois trata
de estrutura fundiária. O Senhor Presidente acolheu a questão
de ordem do Líder do PCB, tendo a matéria sido votada
nominalmente. Prosseguida a votação obteve-se o seguinte
resultado referente ao Capítulo do Sistema Tributário –
Destaques aos artigos do Substitutivo: Aprovado: art. 27
– Autores: Gerson Camata e Lézio Sathler. Rejeitado: art. 15,
§ 9º, inciso II, alínea b – Autor: Darcy Deitos. Prejudicados
e Retirados: art. 1º, inciso II – Autor: Nion Albernaz;
art. 7º, inciso V – Autor: Mussa Demes; art. 7º, inciso V –
Autor: Osmundo Rebouças; art. 8º, inciso I – Autor: Nion
Albernaz; art. 8º, inciso II, alínea b – Autor: José Carlos
Vasconcelos; art. 8º, inciso II, alínea d – Autor: José
Carlos Vasconcelos; art. 10 – Autor: Divaldo Suruagy; art. 12
– Autor: Rose de Freitas; art. 12 – Autor: Geraldo Fleming;
art. 12 – Autor: Waldeck Ornélas; art. 13, inciso III – Autor:
José Carlos Vasconcelos; art. 13, § 1º – Autor: César
Maia; art. 13, § 1º – Autor: Nion Albernaz; art. 15, § 1º –
Autor: Irajá Rodrigues; art. 15, § 4º – Autor: Firmo de Castro;
art. 15, § 5º, inciso II – Autor: Domingos Juvenil; art. 15,
§ 5º, inciso II – Autor: João Castelo; art. 19, incisos I e
II – Autor: Nion Albernaz; art. 21 – Autor: Nion Albernaz;
art. 23, parágrafo único – Autor: Nion Albernaz; art. 24, §§ 1º
e 2º – Autor: Firmo de Castro; art. 24 e parágrafos – Autor:
José Luiz Maia; e art. 29. § 1º, inciso II – Autor: Benito
Gama. Destaques às emendas – Aprovados: nº 5S0713 –
Autor: Nion Albernaz; nº 5S0908 – Autor: Jovani Masini; nº
5S0356 – Autores: Domingos Juvenil e José Maria Eymael; nº
5S0412 – Autor: Firmo de Castro; nº 5S0437 – Autor:
Osmundo Rebouças; nº 5S0155 – Autor: José Maria Eymael;
nº 5S0390 – Autor: Antônio Mariz; nº 5S0359 – Autor:
Domingos Juvenil; nº 5S0263 – Autor: Irajá Rodrigues; e nº
5S0157 – Autor: José Maria Eymael. Rejeitados: nº 5S058 –
Autor: Jessé Freire; nº 5S0608 – Autor: Roberto Freire; nº
5S0150 – Autor: José Maria Eymael; nº 5S0867 – Autor: José
Bonifácio de Andrada; e nº 5S0387 – Autor: Jesus Tajra.
Prejudicados e Retirados: nº 5S0442 – Autor: Nelton Friedrich;
nº 5S0707 – Autor: Nelton Friedrich; nº 5S8707 – Autor:
Virgílio Guimarães; nº 5S0830 – Autor: Ruberval Piloto; nº
5S0715 – Autor: Virgílio Guimarães; nº 5S0861 – Autor: Jairo
Carneiro; nº 5S0704 – Autor: Nelton Friedrich; nº 5S0704 –
Autor: Irajá Rodrigues; nº 5S0634 – Autor: Fernando
Gasparian; nº 5S0448 – Autor: Flávio Palmier; nº 5S0719 –
Autor: Simão Sessim; nº 5S0851 – Autor: Ruberval Piloto; nº
5S0644 – Autor: Fernando Gasparian; nº 5S0675 – Autor:
Simão Sessim; nº 5S0154 – Autor: José Maria Eymael; nº
5S0854 – Autor: Ruberval Piloto; nº 5S0853 – Autor: Ruberval
Piloto; nº 5S0677 – Autor: Simão Sessim; nº 5S0837 – Autor:
Ruberval Piloto; nº 5S0460 – Autor: Flávio Palmier da Veiga;
nº 5S0156 – Autor: José Maria Eymael; nº 5S0171 – Autor:
Adhemar de Barros Filho; nº 5S0151 – Autor: José Maria
Eymael; nº 5S0835 – Autor: Ruberval Piloto; nº 5S0601 –
Autor: Jessé Freire; nº 5S0083 – Autor: Simão Sessim; nº
5S0170 – Autor: Adhemar de Barros Filho; nº 5S0343 – Autor:
Affonso Camargo; nº 5S0009 – Autor: Francisco Amaral; nº
5S0556 – Autor: Francisco Amaral; nº 5S0557 – Autor:
Francisco Amaral; nº 5S0153 – Autor: José Maria Eymael; nº
5S0877 – Autor: Noel de Carvalho; nº 5S0863 – Autor: Jairo
Carneiro; nº 5S0666 – Autor: Simão Sessim; nº 5S0825 –
Autor: Simão Sessim; nº 5S0834 – Autor: Ruberval Piloto; nº
5S0173 – Autor: Adhemar de Barros Filho; nº 5S0196 – Autor:
Adhemar de Barros Filho; nº 5S0645 – Autor: Fernando
Gasparian; nº 5S0357 – Autor: Domingos Juvenil; nº 5S0763 –
Autores: Afif Domingos e José Luiz de Sá; nº 5S0696 –
Autor: Gerson Camata; nº 5S0580 – Autor: Benito Gama;
nº 5S0544 – Autor: José Carlos Vasconcelos; nº 5S0646
– Autor: Fernando Gasparian; nº 5S0705 – Autor: Gerson
Camata; nº 5S0841 – Autor: Ruberval Piloto; nº 5S0455
– Autor: Flávio Palmier da Veiga; nº 580482 – Autor:
José Tinoco; nº 5S0680 – Autor: Simão Sessim; nº 5S0725
– Autor: Geraldo Fleming; nº 5S0858 – Autor: Ruberval
Piloto; nº 5S0850 – Autor: Simão Sessim; nº 5S0868 –
Autor: Simão Sessim; nº 5S0095 – Autor: Adhemar de
Barros Filho; nº 5S0010 – Autor: Adhemar de Barros Filho;
nº 5S0676 – Autor: Simão Sessim; nº 5S0665 – Autor:
Simão Sessim; nº 5S0016 – Autor: Adhemar de Barros
Filho; nº 5S0172 – Autor: Adhemar de Barros Filho; nº 5S0394
– Autor: Antonio Mariz; nº 5S0573 – Autor: César Maia;
nº 5S0840 – Autor: Ruberval Photo; nº 5S0652 – Autor:
Irajá Rodrigues; nº 5S0103 – Autor: Adhemar de Barros
Filho; nº 5S0709 – Autor: Nelton Friedrich; nº 5S0391 –
Autor: Antonio Mariz; nº 5S0391 – Autor: Jessé Freire;
nº 5S0335 – Autor: Osvaldo Lima Filho; nº 5S0019 –
Autor: Adhemar de Barros Filho; nº 5S0354 – Autor: Osvaldo
Lima Filho; nº 5S0354 – Autor: José Carlos Vasconcelos;
nº 5S0480 – Autor: José Tinoco; nº 5S0105 – Autor:
Feres Nader; nº 5S0511 – Autor: Adroaldo Streck; nº 5S0239
– Autor: Walmor de Luca; nº 5S0015 – Autor: Adhemar
de Barros Filho; nº 5S0018 – Autor: Adhemar de Barros
Filho; nº 5S0176 – Autor: Adhemar de Barros Filho; nº 5S0647
– Autor: Fernando Gasparian; nº 5S0843 – Autor: Simão
Sessim; nº 5S0094 – Autor: Cid Sabóia de Carvalho;
nº 5S0846 – Autor: Simão Sessim; nº 5S0411 –
Autor: Adhemar de Barros Filho; nº 5S0184 – Autor: Fernando
Gasparian; nº 5S0439 – Autor: Osmundo Rebouças; nº
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
5S0102 – Autor: Adroaldo Streck; nº 5S0389 – Autor: Jesus
Tajra; nº 5S0092 – Autor: Cid Sabóia de Carvalho; nº 5S0477
– Autor: José Tinoco; nº 5S0075 – Autor: Ruberval Piloto; nº
5S0174 – Autor: Adhemar de Barros Filho; nº 5S0360 – Autor:
Domingos Juvenil; nº 5S0576 – Autor: César Maia; nº 5S0414
– Autor: Firmo de Castro; nº 5S0590 – Autor: Jessé Freire; nº
5S0702 – Autor: Hélio Rosas; nº 5S0175 – Autor: Adhemar de
Barros Filho; nº 5S0740 – Autor: Simão Sessim; nº 5S0142 –
Autor: Feres Nader; nº 5S0694 – Autor: Hélio Rosas; nº
5S0700 – Autor: Irajá Rodrigues; nº 5S0650 Autor: Fernando
Gasparian; nº 5S0392 – Autor: Antonio Mariz; nº 5S0848 –
Autor: Simão Sessim; nº 5S0160 – Autor: Fernando Bezerra
Coelho; nº 5S0839 – Autor: Ruberval Piloto; nº 5S0253 –
Autor: Irajá Rodrigues; nº 5S0829 – Autor: Ruberval Piloto; nº
5S0838 – Autor: Ruberval Piloto; nº 5S0361 – Autor:
Domingos Juvenil; nº 5S0828 – Autor: Ruberval Piloto; nº
5S0447 – Autor: Ruberval Piloto; nº 5S0842 – Autor: Ruberval
Piloto; nº 5S0857 – Autor: Ruberval Piloto; nº 5S0074 – Autor:
Iran Bonato; nº 5S0077 – Autor: José Carlos Vasconcelos; nº
5S0070 – Autor: Ivan Bonato; nº 5S0049 – Autor: Basílio
Villani, nº 5S0029 – Autor: Darcy Deitos; nº 5S0029 – Autor:
Jovani Masini; nº 5S0660 – Autor: Simão Sessim; nº 5S0049 –
Autor: Sérgio Spada; nº 5S0049 – Autor: Darcy Deitos; nº
5S0663 – Autor: Simão Sessim; nº 5S0662 – Autor: Simão
Sessim; nº 5S0193 – Autor: Adhemar de Barros Filho; nº
530832 – Autor: Ruberval Piloto; nº 5S0800 – Autor: Virgílio
Guimarães; nº 5S0606 – Autor: Jessé Freire; nº 5S0574 –
Autor: César Maia; nº 5S0452 – Autor: Flávio Palmier da
Veiga; nº 5S0453 – Autor: Flávio Palmier da Veiga; nº 5S0860
Autor: Simão Sessim; nº 5S0017 – Autor; Adhemar de Barros
Filho; nº 5S0459 – Autor: Flávio Palmier da Veiga; nº 5S0618
– Autor: Jofran Frejat; nº 5S0649 – Autor: Fernando
Gasparian; nº 5S0107 – Autor: Adroaldo Streck; nº 5S0698 –
Autor: Irajá Rodrigues; nº 5S0698 – Autor: Hélio Rosas; nº
5S0191 – Autor: Adhemar de Barros Filho; nº 5S0563 – Autor:
Darcy Deitos; nº 5S0265 – Autor: Irajá Rodrigues; nº 5S0852 –
Autor: Ruberval Piloto; nº 5S0679 – Autor: Simão Sessim; nº
5S0592 – Autor: Jessé Freire; nº 5S0240 – Autor: Walmor de
Luca; nº 5S0844 – Autor: Simão Sessim; nº 5S0003 – Autor:
Roberto Jefferson; nº 5S0651 – Autor: Fernando Gasparian; nº
5S0149 – Autor: José Maria Eymael; nº 5S5581 – Autor:
Benito Gama; nº 5S0579 – Autor: Benedito Gama; nº 5S0416
– Autor: Firmo de Castro; nº 5S0071 – Autor: Ruberval Piloto;
nº 5S0614 – Autor: Waldeck Ornélas; nº 5S0596 – Autor:
Jessé Freire; nº 5S0903 – Autor: Osmundo Rebouças; nº
5S0022 – Autor: Benito Gama; nº 5S0578 – Autor: Adhemar
de Barros Filho; nº 5S0001 – Autor: Cid Sabóia de Carvalho;
nº 5S0099 – Autor: Adhemar de Barros Filho; nº 5S0100 –
Autor: Adroaldo Streck; nº 5S0148 – Autor: José Maria
Eymael; nº 5S0875 – Autor: Ruberval Piloto; nº 5S0856 –
Autor: Ruberval Piloto; nº 5S0024 – Autor: Bonito Gama; nº
5S0242 – Autor: Walmor de Luca; nº 5S0013 -- Autor:
Adhemar de Barros Filho; nº 5S0876 – Autor: Ruberval Piloto;
nº 5S0152 – Autor: José Maria Eymael; nº 5S0418 – Autor:
Firmo de Castro; nº 5S0475 – Autor: José Tinoco; nº 5S0597 –
Autor: Jessé Freire; nº 5S0701 – Autor: Gerson Camata;
nº 5S0699 – Autor; Irajá Rodrigues; nº 5S0699 – Autor:
Gerson Camata; nº 5S0027 – Autor: Geraldo Fleming;
nº 5S0027 – Autor: Benito Gama; nº 5S0393 – Autor:
Iberé Ferreira; nº 5S0393 – Autores: José Tinoco e José
Luiz Maia; nº 5S0026 – Autor: Benito Gama; nº 5S0090 –
Autor: Cid Sabóia de Carvalho; nº 5S0144 – Autores: Jofran
Frejat e Feres Nader; nº 5S0143 – Autores: Jofran Frejat
e Feres Nader; nº 5S0575 – Autor: César Maia; nº 5S0847
– Autor: Simão Sessim; nº 5S0741 – Autor: Simão Ses-
72
sim; nº 5S0678 – Autor: Simão Sessim; nº 5S0697 – Autor:
Irajá Rodrigues; nº 5S0697 – Autor: Gerson Camata; nº
5S0080 – Autor: Jesus Tajra; nº 5S0820 – Autor: Simão
Sessim; nº 5S0859 – Autor: Simão Sessim; nº 5S0517 – Autor:
Jayme Santana; nº 5S0112 – Autor: Wilma Mata; nº 5S0873 –
Autor: Jayme Santana; nº 5S0404 – Autor: Geraldo Fleming;
nº 5S0855 – Autor: Ruberval Piloto; nº 5S0706 – Autor:
Gerson Camata; nº 5S0562 – Autor: César Maia; nº 5S0703 –
Autor: Geraldo Fleming; nº 5S0703 – Autor: Irajá Rodrigues, nº
5S0703 – Autor: Gerson Camata; nº 5S0403 – Autor: Geraldo
Fleming; nº 5S0194 – Autor: Adhemar de Barros Filho; nº
5S0072 – Autor: Ruberval Piloto; nº 5S0661 – Autor: Simão
Sessim; nº 5S0908 – Autor: Jovani Masini; nº 5S0093 – Autor:
Cid Sabóia de Carvalho; nº 5S0412 – Autor: Firmo de Castro;
nº 5S0060 – Autor: Airton Sandoval; e nº 5S0659 – Autor:
Simão Sessim; Destaques às emendas do Anteprojeto da
Subcomissão: Prejudicados e Retirados: nº 500702 – Autor:
Irajá Rodrigues; nº 500628 – Autor: Divaldo Suruagy; nº
500632 – Autor: Divaldo Suruagy; nº 500226 – Autor: Darcy
Deitos; nº 500087 – Autor: Fábio Raunhetti; nº 500332 – Autor:
Virgílio Guimarães; nº 500937 – Autor: Oswaldo Lima Filho; nº
500630 – Autor: Divaldo Suruagy; nº 500005 – Autor: Ivo
Vanderlinde; nº 500048 – Autor: Darcy Deitos; nº 500328 –
Autor: Virgílio Guimarães; nº 500329 – Autor: Virgílio
Guimarães; nº 500330 – Autor: Virgílio Guimarães; nº 500331
– Autor: Virgílio Guimarães; nº 500938 – Autor: Oswaldo Lima
Filho; nº 500701 – Autor: Irajá Rodrigues; nº 500627 – Autor:
Divaldo Suruagy; e nº 500227 – Autor: Darcy Deitos. Usaram
da palavra para questão de ordem os Constituintes: Messias
Góis, José Carlos Vasconcellos, Fernando Bezerra Coelho,
Irajá Rodrigues, José Maria Eymael, Roberto Freire e Airton
Sandoval. O Senhor Presidente suspendeu os trabalhos às
dezesseis horas e vinte e cinco minutos, convidando os
Constituintes para reiniciá-los às dezoito horas. Às vinte horas
e vinte minutos, o Senhor Presidente reabriu a reunião para
votação do Capítulo referente ao Orçamento. Feita a votação,
obteve-se o seguinte resultado – Destaques aos artigos do
Substitutivo – Prejudicados e Retirados: Capítulo II – Autor:
Messias Góis; art. 30 – Autor: Joaquim Bevilacqua; art. 30 –
Autor: José Luiz Maia; art. 31 – Autor: Joaquim Bevilacqua;
art. 31 – Autor: José Luiz Maia; art. 32 – Autor: Joaquim
Bevilacqua; art. 32 – Autor: José Luiz Maia; art. 33 – Autor:
Joaquim Bevilacqua; art. 33 – Autor: José Freire; art. 34 –
Autor: Joaquim Bevilacqua; art. 35 – Autor: Joaquim
Bevilacqua; art. 35 – Autor: José Luiz Maia; art. 37 – Autor:
Joaquim Bevilacqua; art. 37 – Autor: Messias Góis; art. 37 –
Autor: José Luiz Maia; art. 38 – Autor: Joaquim Bevilacqua –
art. 38 – autor: Jessé Freire; art. 38, §§ 1º e 2º – Autor:
Messias Góis; art. 39 – Autor: Jessé Freire; art. 40 – Autor:
Joaquim Bevilacqua; art. 40 – Autor: Messias Góis; art. 40 –
Autor: Jessé Freire; art. 41 – Autor: Firmo de Castro; art. 42 –
Autor: José Luiz Maia, art. 42 – Autor: Messias Góis; art. 43 –
Autor: Firmo de Castro; art. 44 – Autor: Joaquim Bevilacqua;
art. 44 – Autor: Messias Góis; art. 44 – Autor: José Luiz Maia;
art. 45 – Autor: Firmo de Castro; art. 45 – Autor: José Luiz
Maia; art. 46 – Autor: Joaquim Bevilacqua; Art. 46 – Autor:
Firmo de Castro; art. 46 – Autor. José Luiz Maia; art. 47
– Autor: Joaquim Bevilacqua; art. 47 – Autor: José Luiz
Maia; art. 48 – Autor: Joaquim Bevilacqua; art. 48 –
Autor: José Luiz Maia; art, 49 – Autor: Joaquim Bevilacqua;
art. 49 – Autor: José Luiz Maia; art, 50 – Autor: Firmo de
Castro; art. 50, Inciso II – Autor: Rose de Freitas; art. 50, § 2º
– Autor: Gerson Camata; art. 50 – Autor: José Carlos
Vasconcellos, art. 52 – Autor: Firmo de Castro; art. 53 – Autor:
José Tinoco; art. 54 – Autor: José Luiz Maia; art. 55 – Au-
73 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
tor: José Tinoco; art. 56 – Autor: José Tinoco; art. 57 Autor:
José Tinoco; art. 58 – Autor: José Tinoco; art. 59 – Autor:
Fernando Bezerra Coelho; art. 60 – Autor: Fernando Bezerra
Coelho; art. 61 – Autor: Joaquim Bevilacqua; art. 61 – Autor:
Fernando Bezerra Coelho; art. 62 – Autor: Fernando Bezerra
Coelho; art. 63 Autor: Joaquim Bevilacqua; art. 63 – Autor:
Fernando Bezerra Coelho; e art. 64 – Autor: Fernando
Bezerra Coelho: Destaques às Emendas – Aprovados: nº
5S0604 – Autor: Jessé Freire; nº 5S0189 – Autor: Geraldo
Fleming; e nº 5S0535 – Autor: Joaquim Bevilacqua.
Prejudicados e Retirados: nº 5S0572 – Autor: César Maia;
nº 5SO489 – Autor: Joaquim Bevilacqua; nº 5S0770 –
Autor: Feres Nader; nº 5S0543 – Autor: José Carlos
Vasconcellos; nº 5S0159 – Autor: Fernando Bezerra
Coelho; nº 5S0866 – Autor: Simão Sessim; nº 5S0020 –
Autor: Adhemar de Barros Filho; nº 5S0410 – Autor: Joaci
Góes; nº 5S0810 – Autor: José Luiz Maia; nº 5S0159 –
Autor: João Castelo; nº 5S0025 – Autor: Benito Gama; nº
5SO415 – Autor: Firmo de Castro; nº 5S0565 – Autor: Darcy
Deitos; nº 5S0565 – Autor: Fernando Gasparin; nº 5S091 –
Autor: Divaldo Suruagy; nº 5S0461 – Autor: Flávio Palmeira da
Veiga; nº 5S0464 – Autor: Flávio Palmeira da Veiga; nº
5S0198 – Autor: Waldeck Ornélas; nº 5SO417 – Autor: Irajá
Rodrigues; nº 5S0404 – Autor: Geraldo Fleming: nº 5S0106 –
Autor: Adhemar de Barros Filho; nº 5SO422 – Autor: Firmo de
Castro; nº 5SO423 – Autor: Firmo de Castro; nº 5S0502 –
Autor: Joaquim Bevilacqua; nº 5S0502 – Autor: Messias Góis:
nº 5S0199 – Autor: Waldeck Ornélas; nº 5S0200 Autor:
Waldeck Ornélas; nº 5S0815 – Autor: José Luiz Maia; nº
5S0491 – Autor: Joaquim Bevilacqua; nº 5S0568 – Autor:
Darcy Deitos; nº 5S0862 – Autor: Jairo Carneiro: nº 5SO497 –
Autor: Messias Góis; nº 5SO499 Autor: Joaquim Bevilacqua;
nº 5S0904 – Autor: Osmundo Rebouças; nº 5S0503 – Autor:
Messias Góis; nº 5S0813 – Autor: José Luiz Maia; nº 5S0569
– Autor: Darcy Deitos; nº 5S0546 – Autor: Messias Góis; nº
5S0747 – Autor: José Luiz Maia; nº 580747 – Autor: Messias
Góis; nº 5S0523 – Autor: Joaquim Bevilacqua; nº 5S0513 –
Autor: Joaquim Bevilacqua; nº 5S05S3 – Autor: Darcy Deitos;
nº 5S0865 – Autor: Simão Sessim; nº 5S0507 – Autor: José
Luiz Maia; nº 5S0525 – Autor: Joaquim Bevilacqua; nº 5S0817
– Autor: José Luiz Maia; nº 5S0250 – Autor: Irajá Rodrigues;
nº 5S0528 – Autor: Joaquim Bevilacqua; nº 5S0766 – Autor:
Feres Nader; nº 5S0816 – Autor: José Luiz Maia; nº 5S0532 –
Autor: Joaquim Bevilacqua; nº 5S0531 – Autor: Messias Góis;
nº 5S0500 – Autor: Messias Góis; nº 5S0819 – Autor: Messias
Góis; nº 5SO487 – Autor: Airton Sandoval; nº 5S0510 – Autor:
Airton Sandoval; nº 5S0530 – Autor: Joaquim Bevilacqua; nº
5S0533 - Autor: Messias Góis; nº 5S0566 – Autor: Darcy
Deitos; nº 5S0537 – Autor: Joaquim Bevilacqua; nº 5S0811 –
Autor: José Luiz Maia; nº 5S0611 – Autor: Waldeck Ornélas;
nº 5S0812 – Autor: José Luiz Maia; nº 5S0081 – Autor: Jesus
Tajra; nº 5S0814 – Autor: José Luiz Maia: nº 5S0643 –
Autor: Fernando Gasparian; nº 5S0104 – Autor: Adroaldo
Streck: nº 5S0051 – Autor: Nelton Friedrick; nº 5S0141 –
Autor: Feres Nader; nº 5S0577 – Autor: Adhemar de
Barros Filho: nº 5S0849 – Autor: Simão Sessim; nº
5S0657 – Autor: Simão Sessim; nº 530351 – Autor: Nilson
Gibson; nº 5S0190 – Autor: Adhemar de Barros Filho; nº
5S0347 – Autor: Adroaldo Streck; nº 5S0347 – Autor:
Adhemar de Barros Filho; nº 5S0005 – Autor: Cid Sabóia
de Carvalho; nº 5S0836 – Autor: Ruberval Piloto; nº
5S0039 – Autor: Jutahy Magalhães; nº 5S0818 – Autor:
Messias Góis; nº 5S0045 – Autor: Darcy Deitos: nº
5S0045 – Autor: Simão Sessim: nº 5S0047 – Autor:
Darcy Deitos; nº 5S0809 – Autor: José Luiz Maia; nº
5S0738 – Autor: José Luiz Maia: nº 5S0738 – Autor:
Messias Góis; nº 5S0769 – Autor: Feres Nader; nº 5S0791 –
Autor: Furtado Leite; nº 5S0791 – Autor José Luiz Maia; nº
5S0768 – Autor: Feres Nadar; nº 5S0021 – Autor: Adhemar
de Barros Filho; nº 5S034 – Autor: João Natal; nº 5S0397 –
Autor: Jessé Freire; nº 5S0061 Autor: José Carlos
Vasconcellos; nº 5S0595 – Autor: Jessé Freire; nº 5SO466 –
Autor: Cid Sabóia de Carvalho; nº 5S0164 – Autor: Adroaldo
Streck; nº 5SO469 Autor: Cid Sabóia de Carvalho; n.º 5S0629 –
Autor: Divaldo Suruagy; nº 5S0767 – Autor: Feres Nader; ri»
5S0068 – Autor: José Carlos Vasconcellos; nº 5S0101 –
Autor: Adhemar de Barros Filho; nº 5S0007 – Autor: Cid
Sabóia de Carvalho; nº 5S0032 – Autor: Adroaldo Streck; nº
5SO484 – Autor; Fernando Gasparian; nº 5S0564 – Autor:
Darcy Deitos; nº 5S0038 – Autor: João Natal; nº 5S0864 –
Autor: Jairo Carneiro; nº 5S0765 Autor: Feres Nader; nº
5S0561 – Autor: César Maia; nº 5S0292 – Autor: José Carlos
Vasconcellos; 5SOR31 Autor: Ruberval Piloto; nº 5S0821 – Autor:
Messias Góis; nº 5S05S4 – Autor: Darcy Deitos; e nº 5SO496 –
Autor: Joaquim Bevilacqua. Destaques às Emendas do
Anteprojeto da Subcomissão – Aprovado: nº 500504 – Autor:
Joaquim Bevilacqua. Prejudicados e Retirados: nº 500800 –
Autor: Roberto Freire; nº 500302 – Autor: Messias Góis; nº
500305 – Autor: Messias Góis; nº e 500306 – Autor: Messias
Góis; nº 500308 – Autor: Messias Góis; nº 500307 – Autor:
Messias Góis; nº 500496 – Autor: Messias Góis; nº 500311 –
Autor: Messias Góis; nº 500309 – Autor: Messias Góis; nº
500310 – Autor: Messias Góis; nº 500086 – Autor: Fábio
Raunheitti; e nº 500088 – Autor: Fábio Raunheitti. Apresentaram
questão de ordem os Constituintes: José Carlos Vasconcellos,
Firmo de Castro e Airton Sandoval, Apresentaram declaração de
votos os Constituintes Airton Sandoval, Firmo de Castro, Jesus
Tajra, José Guedes, José Maria Eymael e José Tinoco. Ao término
dos trabalhos, o Senhor Presidente usou da palavra para destacar
o notável trabalho realizado pelo Relator Constituinte José Serra,
elaborado com grande denodo; agradeceu aos Presidentes e
Relatores das Subcomissões, Constituintes Cid Sabóia de
Carvalho e Fernando Gasparian, do Sistema Financeiro;
Benito Gama e Fernando Bezerra Coelho, de Tributos,
Participação e Distribuição de Receitas; e João Alves e José
Luiz Maia, de Orçamento e Fiscalização Financeira.
Agradeceu, particularmente, à Maria Júlia Rabello de Moura,
Secretária da Comissão, Maria Berenice Carvalho Castro
Soma e demais funcionários que não mediram esforços no
desempenho de suas funções. Com a palavra, o Constituinte
Cid Sabóia de Carvalho, em seu nome e em nome do Relator,
Fernando Gasparian, referiu-se ao Presidente pela humildade e
habilidade com que se houve à frente dos trabalhos; elogiou o
Relator, pela competência e capacidade de síntese na elaboração
de um trabalho, em perfeita sintonia com o Partido e com a fase
democrática que o País atravessa. Os Constituintes César Maia,
em seu nome e do PDT, José Luiz Maia, Darcy Deitos e Jesus
Tajra acompanharam o voto do Constituinte Cid Sabóia de
Carvalho tendo o Constituinte Darcy Deitos cumprimentado o
Presidente pela brilhante direção dos trabalhos. A seguir, o
Relator, Constituinte José Serra, destacou o trabalho conjunto
de toda a Comissão, dizendo não Ler sido pressionado em
nenhum momento. Disse, ainda, da conquista política
alcançada que não reflete um sonho, mas representa a
tendência dominante da Comissão; agradeceu à equipe
laboriosa, representante de um servidor público mal
remunerado, de uma dedicação extraordinária ao
trabalho, só explicada por um alto espírito público.
(Destacou a colaboração de todos os funcionários,
enumerando-os nominalmente – I) Assessoramento Técnico-
Legislativo da Câmara dos Deputados: Ada Stella Bassi
Damião e Gustavo Volker Luedemann; II) Assessoramento
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
Técnico-Legislativo do Senado Federal: Abelardo Gomes
Filho, Acrísio Pereira de Sá. Alberto Gomes Santana. Dinuir
Cavalcanti Mundin, Frederico da Gama Cabral Filho, Herry
Conrado Schüler. José Carlos Vasconcellos, Juarez de Souza.
Maria Betánia de Lemos Gonçalves da Motta, Ogib Teixeira de
Carvalho Filho. Paulo Roberto M. Silvério, Raimundo de
Meneses Vieira e Terezo de Jesus Torres; III)
?Assessoramento do Centro de Informática e Processamento
de Dados do Senado Federal (Prosaden): Nobor Saito. Wilson
Paulo Fialho Félix Júnior, Cristina Júlia Fortes Lobato e Kleber
Gomes Ferreira Lima e equipe; IV) Secretaria da Comissão:
Maria Júlia Rabello de Moura, Jarbas Leal Vianna, Benicio
Mendes Teixeira, Mariza da Silva Mata, Maria Berenice
Carvalho Castro Souza, Cristina de Fátima Nunes de Queiroz.
Sônia Lacerda Fleury, Isaias Félix Teixeira Barbosa, Lourdes
Mello Nunes de Carvalho, José Gomes Ferreira, Jandimar
Maria da Silva Guimarães, Henrique Rodrigues Netto, Jandira
Ferreira Vaz Torres, Juanita Figueiredo Galeazzi. Aurenilton
Araruna de Almeida, Eliessi Rodrigues Madureira, Heloisa
Ramos Coelho. Maria Guiomar Carneiro Ribeiro e Maria de
Fátima Magalhães. Finalizando, referiu-se ao Presidente
Francisco Dornelles pelo seu caráter digno, conciliador –
ensejando um maior entendimento no âmbito da Comissão.
Destacou, ainda. o trabalho das Subcomissões – espinha
dorsal de todo o trabalho. O inteiro teor dos debates será
publicado, na íntegra, no Diário da Assembléia Nacional
Constituinte. Nada mais havendo a tratar, o Senhor
Presidente deu por encerrados os trabalhos, aos dez minutos
do dia quinze do corrente. E, para constar, eu, Assessora,
Maria Júlia Rabelo de Moura, Secretária, lavrei a presente Ata
que, foi lida. aprovada e assinada pelo Senhor Presidente. –
Constituinte Francisco Dornelles.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Srs.
Constituintes, é uma satisfação muito grande para mim abrir
os trabalhos da reunião da Comissão do Sistema Tributário,
Orçamento e Finanças, em que será votado o Substitutivo
elaborado pelo Relator José Serra, com os destaques e
emendas apresentadas.
De início, desejo apresentar aos Srs. Constituintes
meus cumprimentos pelo trabalho relevante que foi realizado.
seja na fase das Subcomissões, seja na da própria Comissão.
Os relatórios e anteprojetos de cada uma das
Subcomissões, bem como o Substitutivo do Relator José
Serra, honram a cultura desta Assembléia Constituinte, porque
abordam os pontos mais delicados e complexos do sistema
econômico do País. Foram apresentadas alternativas e
posições divergentes, às vezes, mas todas elas demonstrando
grande competência técnica, profundidade e muito rigor.
O objetivo da Presidência é permitir que o Substitutivo,
bem como as emendas e os destaques solicitados sejam
apreciados, tendo cada Constituinte o direito de externar sua
posição, seu ponto de vista, a fim de que o nosso anteprojeto
seja fruto do consenso, do entendimento e da conciliação. Isso
é fundamental para que o Texto Constitucional tenha maior
legitimidade.
Tendo em vista que o Substitutivo do Relator José
Serra foi apresentado e apreciado pela manhã, proponho a V.
as
Ex. .que interrompamos a reunião e a reiniciemos por volta
de 14 horas – aceito sugestões do plenário – para que
possam ser apresentados os pedidos de destaque e as
emendas. Gostaria de dizer aos Srs. Constituintes, talvez para
felicitar os trabalhos, que, de acordo com entendimento
mantido com a Presidência da Assembléia Nacional
Constituinte e com as diversas Comissões, apreciaremos o
Substitutivo hoje apresentado pelo Relator José
Serra, as emendas a de oferecidas e, ainda. as emendas
74
apresentadas aos anteprojetos de cada uma das
Subcomissões.
O pedido de destaque para as emendas não implica
obrigatoriamente pedido de destaque para o artigo. O pedido
de destaque para artigo do Substitutivo do Relator José Serra
deverá ser feito, quando o Constituinte desejar suprimir
qualquer dispositivo e não tiver certeza de que exista emenda
supressiva. O pedido de destaque parara artigo do
Substitutivo terá como objetivo, portanto, a supressão. Se o
objetivo do Constituinte for substituir, aditar ou modificar,
simplesmente pedirá destaque para as emendas, não
havendo necessidade de fazê-lo em relação ao artigo do
Substitutivo.
Para facilitar o nosso trabalho, solicita a V. Ex.as que,
ao encaminhar o pedido de destaque para as emendas, façam
constar o número da emenda. É uma colaboração que todos
os Constituintes poderão prestar aos técnicos da Comissão,
que têm dormido apenas duas, três horas por dia, vencendo
todas es dificuldades de infra-estrutura. Com isso,
ganharíamos muito tempo.
Como já existem cópias das emendas, facilitaria muito
se, ao fazer o pedido de destaque, V. Ex.as indicassem
também os números das emendas. Votaremos, desta forma,
as emendas apresentadas ao Substitutivo do Relator José
Serra e aos anteprojetos das Subcomissões.
Gostaria de dizer também que, foram apresentadas
aproxidamente 913 emendas, das quais, cerca de 500
relativas ao Sistema Tributário, 300 ao Orçamento e 80 ao
Sistema Financeiro. Das 500 emendas concernentes ao
Sistema Tributário, 455 concentram-se em sete artigos, e
dessas 200 em um único artigo.
Acredito que, após as negociações realizadas ontem
entre o Relator José Serra e os representantes dos Estados
do Sul e do Nordeste, houve entendimento. Das 500 emendas
apresentadas, 400 estavam concentradas em três artigos.
Quanto a isso, também houve entendimento.
Pediria aos Srs. Constituintes que, antes de solicitarem
o destaque para as emendas, examinassem o Substitutivo do
Relator, porque creio que elas já foram atendidas. Com isso,
teríamos rendições de reduzir o prazo de votação. Há os
assuntos mais polêmicos, e o interesse do Relator José Serra
é de que o seu Relatório exprima um certo consenso. com
relação ao Sistema Tributário, no que se refere à distribuição
de receita entre os Estados do Nordeste, com relação às
alíquotas únicas, fixadas pelo Senado, e à partilha dos tributos
criados com a competência residual, no sentido de haver
maior participação dos Municípios na receita tributária. Com
relação a esses assuntos e tópicos, creio que os objetivos
foram plenamente atingidos.
Estive conversando com vários Constituintes, e há
quase que um consenso, no sentido de que interrompamos a
as
sessão, para que V. Ex. tenham tempo suficiente para
solicitar destaques para as emendas e artigos do Substitutivo.
Deputado Walmor de Luca, gostaria que V. Ex.ª fosse o
primeiro a manifestar-se, não apenas por ser o primeiro da fila,
mas por vários motivos, do conhecimento de V. Ex.ª Está V.
Ex.ª, com a palavra.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Sr.
Presidente, sinto-me extremamente lisonjeado pela deferência
de V. Ex.ª Minhas colocações são no sentido de contribuir
para o bom andamento dos trabalhos. Lembra-ria a V. Ex.ª
que, embora estando aqui há mais de uma hora, não consegui
sequer a relação das emendas e seu conteúdo.
Parece-me que o Avulso que contém o Parecer
do Relator, ao ser distribuído, deveria vir acompanhado
das emendas que lhe deram origem. Portanto, não há como
75 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATA DAS COMISSÕES).
apresentar destaque a qualquer emenda, se não temos em
mãos sequer a complementação do Avulso. Parece-me que
é também a situação de muitos outros Constituintes.
SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V. Ex.ª
tem toda razão.
SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Em
segundo lugar, Sr. Presidente, lembraria, alicerçado nas
observações feitas por V. Ex.ª, que foram apresentadas
novecentas emendas, das quais 500 referentes tão-
somente ao Sistema Tributário, 300...
SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Quinhentas emendas referentes ao Sistema Tributário 300
ao Orçamento e menos de 100 ao Sistema Financeiro.
SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Sr.
Presidente, o próprio Regimento, em seu art. 27, prevê a
votação por capítulos ou títulos. Parece-me muito mais fácil
chegarmos a um bom resultado, em face do número de
emendas, se destinarmos cada sessão da Comissão a um
capítulo. Iniciaríamos hoje pela votação mais simples, a do
Sistema Financeiro, que tem menor número de emendas.
SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Gostaria de ouvir o Constituinte Fernando Gasparian. Mas
esclareço, de logo, que não podemos votar qualquer
capitulo em separado. O que se pretende, no momento em
que e. matéria for reunida, é provar os dispositivos,
ressalvados os destaques. Posteriormente, na votação das
emendas, poderíamos fazer essa separação.
A proposta do Constituinte Walmor de Luca
possibilitaria antecipar a votação.
O que diz o Constituinte Walmor de Luca? Devem vir
por volta de 900 emendas. Dessas, 600 relativas somente
ao S i s t e m a Tributário. Portanto, o número de pedidos de
destaques referentes ao Sistema Tributário deve ser maior
do que o do Orçamento e do Sistema Financeiro.
A Mesa terá condições de ordenar os pedidos de
destaques relativos ao Sistema Financeiro, em número de
700, mais rapidamente do que os pedidos referentes ao
Orçamento, que são 300, e ao Sistema Tributário, que
são 500.
De modo que, para iniciarmos a sessão destinada a
votação, todos os destaques já deveriam estar ordenados.
Portanto. teríamos de iniciá-la à noite, e perderíamos toda
à tarde.
A sugestão é no sentido de que suspendêssemos a
sessão até – digamos – às 15 horas. No mesmo horário,
encerrar-se-ia o prazo para pedidos de destaque. Às 15
horas. iniciaríamos a reunião e já teríamos condições – e
pediria à Secretária da Comissão que convocasse o maior
número de pessoas – de selecionar os destaques. tanto os
relativos ao campo tributário, como os relativos ao campo
financeiro.
Realmente, se for mantida a tendência, se a
proporção dos destaques solicitados for esta,
começaríamos a votação do capitulo do Sistema Financeiro
às 17 horas.
A proposta foi feita pelo Constituinte Walmor de
Luca, mas gostaria de ouvir a opinião do ilustre Relator da
Subcomissão do Sistema Financeiro, Constituinte Fernando
Gasparian.
SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN –
Sr. Presidente, a sugestão do Constituinte Walmor de Luca
é muito boa. Resta saber se haveria tempo para receber
todas as emendas e estudá-las e votá-las ainda hoje à
tarde. Alguns companheiros estão comentando que talvez
não haja tempo. Se ainda não recebemos todas as
emendas apresentadas, talvez não tenhamos tempo de tomar
conhecimento de todas as idéias dos Constituintes antes da vo-
tação. Seria muito bom votarmos primeiro a parte referente
ao Sistema Financeiro, porque, como tem menos emendas,
é mais fácil ordenar os destaques solicitados.
Estou de acordo com a proposta do Constituinte
Walmor de Luca de que o Sistema Financeiro seja votado
inicialmente, dentro das condicionantes que coloquei.
SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – A
preocupação de V. Ex ªé também a minha. Ao presidir uma
sessão, tenho de me posicionar, ao julgar qualquer
proposição, como se fosse um Constituinte. Realmente, na
posição de Constituinte, seria muito difícil aceitar um prazo
para apresentação dos destaques sem ao menos ter em
meu poder as emendas apresentadas.
De modo que – repito – proponho suspendermos a
sessão até às 15 horas, para apresentação dos destaques,
baseado na informação que recebi da Secretária de que,
dentro de 40 minutos, as emendas estarão aqui. Mas – e à
lógica eu me ajoelho – se as emendas não estiverem aqui
dentro de 40 minutos, se, quando nos reunirmos, às 15
horas, os Srs. Constituintes me disserem que não
receberam as emendas em uma hora, então,
estabeleceríamos outro prazo. O importante é que todos
tenham condições de participar ativamente das discussões,
para que o texto seja resultado do consenso entre os
Constituintes aqui presentes.
Com a palavra o nobre Constituinte Divaldo Suruagy.
SR. CONSTITUINTE DIVALDO SURUAGY: – Sr
Presidente, Srs. Constituintes, dentro do critério proposto
pelo Constituinte ;Valmor de Luca e pelas explicações que
V. Ex ª nos deu, fatalmente o segundo capítulo a ser votado
será o do Orçamento, porque, em número de propostas de
emenda, ele está em segundo lugar.
Pelo que tenho sentido, dificilmente os Constituintes
do Norte, do Nordeste e do Espírito Santo terão condições
sequer de discutir o capitulo do Orçamento da maneira
como se encontra. Então, fatalmente o impasse surgiria
logo no segundo capítulo. Deixo, portanto, uma sugestão a
V. Ex.ª no sentido de que dê prioridade aos capítulos
menos polêmicos, ou para os quais há acordo, ou
consenso, mesmo que haja discordância a respeito de
alguns artigos. Para o do Orçamento. V. Ex.ª daria um
prazo maior, digamos. até amanhã, porque. da maneira
como se encontra, segundo entendemos eu e meus
companheiros. não teremos condições de discuti-lo.
SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concordo com V. Ex.ª
Pela conversa que tive com os Srs. Constituintes,
acho que já existe um consenso sobre os pontos
fundamentais dos Sistemas Financeiro e Tributário. Houve
um contato muito estreito entre o ilustre Relator Fernando
Gasparian e o Relator Fernando Bezerra Coelho. Tenho a
impressão de que é preciso maior entendimento entre o
Relator e os membros da Subcomissão.
Concordo com a proposta do Constituinte Divaldo
Suruagy. Votaremos, inicialmente, o Sistema Financeiro,
em seguida, o Sistema Tributário. Faremos um intervalo
entre as duas votações, porque, se houver discordância
sobre um ou dois pontos ainda polêmicos, procuraremos
chegar ao entendimento. É extremamente importante haver
consenso e entendimento, haver conciliação, pois só isso
engrandecerá a nossa Comissão.
Com a palavra o Constituinte Darcy Deitos.
SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, quero apenas levantar uma questão de ordem
prática. O ilustre Relator José Serra apresentou o substitutivo,
mas a exigüidade de tempo é muito grande. Não sei se
seria oportuno S. Ex.ª, em um prazo de quinze ou vinte
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
minutos expor agora as alterações fundamentais que fez
no relatório anterior. Até para nortear os Srs.
Constituintes na apresentação dos destaques, não sei se
seria oportuno S. Ex.ª pronunciar-se a respeito do
substitutivo neste instante. Talvez fosse melhor fazê-lo
após as 15 horas.
SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Seria
o caso de buscarmos o entendimento. Vou dar minha
opinião e estou pronto para ser vencido. Em quanto
tempo nós vamos receber essa...
SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
Sr. Presidente, quero fazer uma retificação. V. Ex.ª
declarou há pouco que, com relação à Subcomissão do
Sistema Financeiro, teria havido consenso,
entendimento. Acho que realmente isso não ocorreu.
Algumas das emendas apresentadas pelos companheiros
da Subcomissão foram acatadas no último relatório, mas
muitas não o foram. Evidentemente, em muitos pontos,
ainda existem discordâncias, e haverá votação para
decidir se a Comissão apóia ou não as emendas
rejeitadas. Digo isto porque pode ficar a impressão de
que, no caso da Subcomissão do Sistema Financeiro,
houve consenso sobre o anteprojeto, fato de que não
tenho conhecimento.
SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Peço
desculpas a V. Ex.ª O problema foi de expressão.
Teremos um número grande de emendas, tanto no
capítulo do Sistema Financeiro como no do Sistema
Tributário – no do Sistema Tributário muito maior – para
votar. Eu disse que, em alguns pontos polêmicos, pode
acontecer o que ocorreu no caso do Sistema Tributário:
a princípio, pensou-se que para um artigo havia
trezentas emendas e, no momento da discussão,
praticamente chegou-se a um acordo. A concordância
em alguns pontos polêmicos fará com que a discussão
gire em torno de outras emendas. Para alguns pontos
que pareciam mais polêmicos, já teria havido certo
consenso. O entendimento foi nesse sentido.
Quanto à sugestão do Constituinte Darcy Deitos – e
o Relator José Serra está aqui ao meu lado dizendo que
gostaria de fazer uma apresentação do relatório, em
linhas gerais – receio que, se nos estendermos nessa
discussão, pois o Relator tem grande conhecimento da
matéria, apresiou-a profundamente. restará menos tempo
ainda para que cada um dos Constituintes analise o
substitutivo e apresente os seus destaques. Mas é uma
as
questão sobre a qual gostaria de ter a opinião de V. Ex.
Eu preferiria que interrompêssemos a sessão, para
as
que V. Ex. pudessem ler e examinar o substitutivo, pois
é mais objetiva a leitura de um texto do que a exposição.
(Pausa.)
Tendo em vista a concordância de todos, está
encerrada a reunião. Convoco outra para as 15 horas.
Muito obrigado.
SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Srs.
Constituintes, dando prosseguimento à reunião, gostaria
de indagar a V. Ex. as se têm algum destaque a apresentar.
(Pausa.)
Srs. Constituintes, dentro de cinco minutos
encerraremos o prazo para os pedidos de destaque.
Gostaria de convidar o Constituinte Darcy Deitos
para ocupar a Mesa, a fim de nos ajudar na votação do
substitutivo.
Coloco em votação o substitutivo do Constituinte
José Serra, ressalvados os destaques. A chamada será
feita pelo Constituinte Darcy Deitos.
Quem estiver de acordo com o substitutivo, ressalvados
os destaques. diga "sim". Se não houver quorum na
votação, verificaremos posteriormente.
76
(Votação)
O SR. CONSTITUINTE DIVALDO SURUAGY: –
Questão de ordem, Sr. Presidente. Solicitaria à Mesa que
desse o número de votos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Até agora. onze "sim".
(Votação)
O SR. CONSTITUINTE VIRGÍLIO GUIMARÃES: –
Não, com declaração de voto.
SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Não,
por inversão inclusive da pauta dos trabalhos pelo Sr.
Presidente. A deliberação foi feita pela manhã, quando a
Mesa tinha aceitado inclusive a votação por capítulo, e
não o fez agora, incoerentemente. Meus protestos pela
posição da Mesa.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Pediria a V. Ex.ª que esperasse um pouco. Após a
votação, darei a explicação ao nobre Constituinte.
(Votação)
O SR. CONSTITUINTE JOVANNI MASINI: – Sr.
Presidente, questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Está em votação, No momento, não há questão de
ordem.
O SR. CONSTITUINTE JOVANNI MASINI: – Mas
é sobre o processo de votação.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Um minuto, por favor.
O SR. CONSTITUINTE. JOVANNI MASINI: – Os
suplentes devem ser chamados pela ordem de inscrição
no livro e não pela ordem partidária.
(Votação)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Serão
chamados pela ordem de inscrição no livro. Votaram "sim" os
Constituintes: Adhemar de Barros Filho, Adroaldo Streck, Affonso
Camargo, Airton Sandoval, Basilio Vilani, Benito Gama, Cid Sabóia
de Carvalho, Darcy Deitos, Divaldo Suruagy, Domingos Juvenil,
Fábio Raunheitti, Fernando Bezerra Coelho, Firmo de Castro,
Francisco Dornelles, Furtado Leite, Geraldo Fleming, Gerson
Camata, Harlan Gadelha, Ivan Bonato, Ivo Vanderlinde, Jessé
Freire, Jesus Tajra, João Castelo, João Machado Rollemberg, João
Natal, José Carlos Vasconcelos, José Guedes, José Luiz de Sá,
José Luiz Maia, José Serra, José Tinoco, Jovanni Masini, Jutahy
Magalhães, Lézio Sathler, Márcio Braga, Mauro Campos, Messias
Góis, Mussa Demes, Naphtali Alves, Nion Albernaz, Osmundo
Rebouças, Pedro Seolin, Roberto Torres, Rose de Freitas,
Ruberval Pilloto, Sérgio Spada, Sérgio Werneck, Simão Sessim,
Wilson Campos e Jayme Santana; votaram "não" os Constituintes:
Luiz Gushiken, Virgílio Guimarães e Walmor de Luca; absteve-se
de votar o Constituinte Irajá Rodrigues.
Vou proclamar o resultado da votação: 50 "sim" e 3 "não",
sendo 2 com declaração de voto (anexas), e uma abstenção. São
54 votantes. Está aprovado o substitutivo, ressalvados os
destaques. Passemos à votação, em globo, das emendas com
parecer contrário. Os Senhores Constituintes que acompanharem
o voto do Relator votarão "sim"; os que forem contrários
ao Relator votarão "não". Em votação. Votaram "sim" os
Constituintes: Adhemar de Barros Filho, Adroaldo Streck,
Affonso Camargo, Airton Sandoval, Basílio Vilani, Benito Gama, Cid
Sabóia de Carvalho, Darcy Deitos, Divaldo Suruagy, Domingos
Juvenil, Fábio Raunheitti, Fernando Bezerra Coelho, Firmo de
Castro, Francisco Dornelles, Furtado Leite, Geraldo Fle-
77 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMOSSÕES)
ming. Gerson Camata, Harlan Gadelha. Ivan Bonato, Ivo
Vanderlinde, Jessé Freire, Jesus Tajra. João Castelo, João
Machado Rollemberg, João Natal. José Carlos Vasconcelos
José Guedes, José Luiz Sá, José Luiz Maia, José Serra
José Tinoco. Jovanni Masini, Jutahy Magalhães, Lézio
Sathler, Márcio Braga. Mauro Campos, Messias Góis
Mussa Demes, Naphtali Alves, Nion Albernaz, Osmundo
Rebouças, Pedro Ceolin, Roberto Torres, Rose de Freitas
Ruberval Pilloto, Sérgio Spada, Sérgio Werneck, Simão
Sessim. Wilson Campos e Jayme Santana; votaram "não'
os Constituintes: Luiz Gushiken, Virgílio Guimarães f
Walmor de Luca; absteve-se de votar o Constituinte Iraiá
Rodrigues.
Vou proclamar o resultado da votação: 50 "sim" e 3
"não" e uma abstenção. São 54 votantes. Estão rejeitadas
as emendas.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Peço
a palavra para uma questão de ordem, Sr. Presidente
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Já
darei a palavra a V. Ex.ª Um minuto.
Convoco outra reunião para as 18h. quando. de
acorde com a sugestão apresentada pelo Constituinte
Walmor de Luca, vamos apreciar as emendas e os
destaques referentes ao Sistema Financeiro.
O SR. CONSTITUINTE VIRGÍLIO GUIMARAES: –
Sr. Presidente, havia feito uma declaração de voto, que foi
aceita pela Mesa.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – A de
declaração de voto é feita por escrito, Sr. Constituinte
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Sr.
Presidente, levanto esta questão de ordem para dizer que
isso está no Regimento, no Capítulo II, que trata das
atribuições do Presidente. Gostaria que V. Ex.ª atentasse
para o que diz o Regimento:
"Art. 5.º São atribuições do Presidente, além de outras
conferidas neste Regimento:"
XVIII – zelar pelo prestígio e o decoro da Assembléia
Nacional Constituinte, bem como pela dignidade de seus
membros. em todo o território nacional, assegurando a
estes o respeito a suas prerrogativas."
Sr. Presidente, é o Regimento Interno que me dá a
prerrogativa de dizer que. de acordo com o art. 27 "a
votação será feita por títulos ou capítulos, ressalvadas as
emendas e os destaques concedidos".
Sr, Presidente, V. Ex.ª não me deu a palavra para a
questão de ordem que solicitei no início da votação Embora
reconheça que a maioria tenha dado voto favorável, a
votação é nula de pleno direito, haja vista deliberação de
hoje de manhã, quando V. Ex.ª acolheu uma sugestão
regimental de se fazer à votação por capítulos. V. Ex.ª teve
a concordância do Plenário, mas agora não está levando
em consideração que estamos votando um substitutivo que
tem três capítulos. Essa é a questão fundamental. São três
capítulos. O Regimento, Sr. Presidente, foi violentado por
V. Ex.ª Aqui fica o meu protesto, e é esta a razão do meu
voto contrário, Sr. Presidente. Eu poderia perfeitamente
votar a favor de um capítulo do substitutivo do Constituinte
José Serra, mas não teria a liberdade de poder votar contra
um outro V. Ex.ª tolheu essa minha liberdade. Não apenas
a minha mas a de todos os membros desta Comissão. Foi
um ato de força da Mesa. É uma prerrogativa que o
Presidente não tem. Pelo contrário, é prerrogativa de V. Ex.ª,
sim zelar pelo decoro e assegurar a cada um dos Srs. Consti-
tuintes o poder de livremente manifestar seus pontos de
vista.
Quero declarar que não pude votar livremente,
exatamente porque a Mesa me tolheu aquilo que de
manhã, havia acatado, com o consentimento do Plenário.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Sr.
Constituinte Walmor de Luca, sabe V. Ex.ª do apreço e da
admiração que lhe devoto.
Quero dizer-lhe que o art. 29, § 4.º, do Regimento,
diz o seguinte:
"A votação do projeto far-se-á em globo, ressalvadas as
emendas e os destaques concedidos..."
art. 27 diz que as emendas e os destaques poderão
ser votados por títulos e capítulos. É isso que vamos fazer,
atendendo à proposta do nosso ilustre e digno Constituinte
Walmor de Luca.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: –
Retiro a minha proposta, inclusive porque V. Ex.ª não a
acolheu na medida em que colocou em votação o
substitutivo como um todo, e não por capítulos.
É exatamente aí que se alicerça o meu protesto
contra a Mesa. Quero que fique registrado nos Anais da
Assembléia Nacional Constituinte, Sr. Presidente, que
houve um golpe aqui hoje. Essa votação em bloco
constituiu-se num verdadeiro golpe. Tenho certeza que V.
Ex.ª concordará comigo em que o resultado seria outro.
Com a palavra o Constituinte Virgílio Guimarães.
O SR. CONSTITUINTE VIRGÍLIO GUIMARAE.S: –
Vou apenas acatar a sugestão feita, porque a bancada do
PT aqui presente votou contrariamente ao substitutivo.
Como nas Subcomissões havia a liberdade de
manifestação verbal, imaginei que aqui na Comissão
ocorreria o mesmo.
Mas o Presidente já disse que as declarações de
voto serão feitas por escrito. Evidentemente, faremos isso,
e diremos porque consideramos esse Substitutivo
conservador.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Esta
questão V. Ex.ª a apresentará por escrito, no momento
oportuno. Muito obrigado.
O SR. CONSTITUINTE VIRGÍLIO GUIMARÃES: –
Não atendem à questão da Justiça Fiscal, especialmente,
além de outras questões que não foram contempladas.
Vamos justificar o porquê do nosso voto contrário ao
Substitutivo.
O SR. PRESIDENTE; (Francisco Dornelles): –
Com a palavra o Sr. Constituinte José Carlos Vasconcelos.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Sr. Presidente, por mais que preze o
Constituinte Walmor de Luca, não posso concordar com a
interpretação que S. Ex.ª dá ao Regimento. E não posso
concordar porque, na realidade, o Regimento é muito claro
quando nos manda votar todo o Substitutivo, ressalvados
os destaques que foram apresentados.
Sobre a segunda questão, quero dizer que, na
votação das emendas e destaques, pode-se votar capítulo
por capítulo.
Creio eu que, quanto à inversão dos capítulos, a
decisão deve ser tomada pelo plenário, e não pela
Presidência, ou seja, se a Presidência quiser colocar em
votação o terceiro capítulo antes do primeiro, terá de consultar
o plenário. Até agora, o comportamento da Presidência foi
corretíssimo e – tenho certeza – continuará sendo, porque
essa é a orientação do Sr. Presidente.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
Chamo entretanto, a atenção da Presidência para
que não adote, por mera consulta ou sugestão de alguns
Constituintes, a inversão dos capítulos, porque isso feriria
o Regimento. Só por decisão do plenário V. Ex.ª pode
fazer essa inversão.
Levanto esta questão de ordem porque é do
interesse das bancadas do Norte e do Nordeste que
sejam votados os capítulos de acordo com a ordem em
que se encontram no Relatório, ou seja, inicialmente
devemos votar o capitulo que trata do Sistema Tributário;
em segundo lugar o que trata do Orçamento; e, em
terceiro lugar, o que trata do Sistema Financeiro.
É este o apelo que faço recorrendo ao plenário da
decisão de V. Ex.ª, se não for atendido.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Senhor Constituinte, em que pese ao fato de poder ser
esta uma decisão da Presidência, quero faze-lo da forma
mais democrática possível.
as
Só quero explicar a V. Ex. , que é do interesse de
todos os presentes que comecemos a votação o mais
rápido possível, para que possamos dar uma
demonstração a sociedade brasileira de que queremos
apreciar o mérito dos textos que aqui estão.
Foram vários os motivos pelo quais propus que
votássemos inicialmente o Capitulo do Sistema Financeiro
Quem quiser que verifique isso lá em cima: os destaque
foram pedidos ao Sistema Financeiro, ao Sistema
Tributário e ao Orçamento. Em primeiro lugar porque, das
sete certas emendas apresentadas, quinhentas se
referem a Sistema Tributário. Em segundo lugar, como se
permitiu que os destaques fossem pedidos mesmo por
Constituinte que não são membros da Comissão, o
número de pessoa que pediram destaques ao Sistema
Tributário é muito maior.
Deste modo. temos condições de ordenar os
destaque pedidos ao Sistema Financeiro de forma muito
mais rápida.
Por outro lado, conversando hoje com os
Constituintes Divaldo Suruagy e João Alves. S. Ex. as
pediram que deixássemos o Capítulo do Orçamento para
o final, porque, havendo ainda alguns pontos pendentes,
acreditam que poderia haver uma posição quase de
consenso. que interessaria à bancada do Nordeste.
Esta é a minha colocação. Mas aceito a sugestão
de V. Ex.ª e proponho que a ordem da votação seja a
seguinte: em primeiro lugar, o Sistema Financeiro; em
segundo lugar, o Sistema Tributário, e, em terceiro, o
Orçamento
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ LUIZ MAIA: – Senhor
Presidente, peço a palavra para encaminhar contra. Acho
que V. Ex.ª deveria submeter ao plenário a proposta do.
Constituinte José Carlos Vasconcelos, no sentido de que
votemos o Sistema Tributário em primeiro lugar, o
Orçamento em segundo lugar e o Sistema Financeiro em
terceiro lugar.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Mas
já houve deliberação de manhã a esse respeito.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – V.
Ex.ª não respeitou o que houve de manhã.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Coloco em votação a proposta da Mesa e da Presidência,
no sentido d e que votemos em primeiro lugar o Sistema
Financeiro, em segundo. o Sistema Tributário e, em
terceiro o Orçamento,
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: –
Senhor Presidente, peço a palavra para encaminhar
contrariamente...
78
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Pois
não.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Senhor
Presidente, acho que a coerência deve ser o primado essencial
do homem. e em conseqüência, do Constituinte.
Não vejo coerência entre a proposta que a Mesa
encaminha agora e o que ela fez há poucos instantes. Ela
interpretou o Regimento a seu modo. Interpretou o Regimento
pelo art. 29, dizendo que poderia ser feita a votação global do
Substitutivo. E assim o fez. E o fez – insisto – de forma imperial.
Agora a Mesa se reporta exatamente a uma sugestão feita de
manhã, que tinha sentido contrário.
A sugestão feita de manhã era no sentido de que
desdobrássemos o Relatório do eminente Constituinte José
Serra em três partes, em três capítulos, conforme prevê
o próprio Regimento Interno. V. Ex.ª não fez isso,
Mantenha V. Ex.ª sua decisão já que não acatou a
questão de ordem por mim levantada durante o processo
de votação desta sessão da tarde. Insisto em que V. Ex.ª
seja coerente e faça a votação de acordo com os artigos
e com aquilo que apresentou o Constituinte José Serra.
V. Ex.ª não pode. a seu bel-prazer, votar os três
capítulos globalmente e depois querer dar destaque a
um outro capitulo. Seria incoerência. Já que V. Ex.ª não
aceitou a votação em separado do Relatório do eminente
Constituinte José Serra, em capítulos, não há por que
inverter agora a ordem da votação. Portanto, Sr.
Presidente, já que não foi por V. Ex.ª acatada a decisão
tomada pela manhã, não há por que agora V. Ex.ª
imperiosamente inverter a votação alterando aquilo que
é a interpretação do artigo 29.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: –
Pela ordem, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra a V. Ex.ª para uma questão de
ordem.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: –
Sobre o processo de votação, eu indagaria se, além da
proposta da Presidência, existe outra proposta em
discussão,
O SR, CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: –
Sim, existe a minha proposta.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Eu
pediria à Mesa que esclarecesse quais são as propostas
existentes que serão submetidas à votação.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – A
minha proposta é no sentido de que sejam votados os
capítulos de acordo com o Relatório do Constituinte José
Serra. começando pelo Sistema Tributário. Estou com o
Relatório de S. Ex.ª, aprovado agora, que estabelece o
seguinte: Sistema Tributário, Orçamento e, por último,
Sistema Financeiro, E esta a coerência que agora peço
ao plenário.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Gostaria de colocar a seguinte proposta: votaríamos em
primeiro lugar o Sistema Financeiro, em segundo o
Sistema Tributário. a seguir o Orçamento.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO:
– Sr. Presidente, peço a palavra para uma questão de
ordem.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: –
Como V. Ex.ª decide integralmente isso?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Decido com base...
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE
CARVALHO: – Sr. Presidente, gostaria de levantar uma
questão de ordem para esclarecer.
79 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: –
Recorro ao Plenário para esta decisão, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V. Ex.ª
poderá recorrer ao Plenário.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE
CARVALHO: – Sr. Presidente, peço a palavra para uma
questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra V. Ex.ª
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE
CARVALHO: – Sr. Presidente. V. Ex.ª determinou isso pela
manhã. Temo que os trabalhos fiquem confusos e percamos
nossos prazos. Acho que todos nós devemos cooperar com a
Presidência, para que os trabalhos cheguem a bom termo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Agradeço a V. Ex.ª
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE
CARVALHO: – Gostaria de lembrar a V. Ex.ª que pela manhã
ficou deliberado que a votação das emendas seria feita por
capítulos, e não propriamente a do Relatório. As emendas,
logicamente, se referem ao Relatório, inicialmente ao Sistema
Financeiro.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Exatamente.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE
CARVALHO: – Posteriormente, ao Sistema Tributário e,
por fim, ao Orçamento. Gostaria, então, que V. Ex.ª
decidindo minha questão de ordem, relevasse ao Plenário
que serão Ex.ª minadas as emendas, e não partes do
Relatório, embora, as emendas digam respeito às partes e
seções do Relatório.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concordo plenamente com V. Ex.ª e é isso que desejo.
Vamos inicialmente ao examinar as emendas relativas ao
Sistema Financeiro, em seguida ao Sistema Tributário e,
posteriormente, ao Orçamento.
Esta a proposta que está sendo apresentada.
Aqueles que estiverem de acordo votam "SIM", e aqueles
que não estiverem de acordo votam "NÃO". Começará a
votação.
O SR. CONSTITUINTE WILSON CAMPOS: –
Senhor Presidente, pedi a palavra pela ordem e não fui
atendido.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Peço
desculpas a V. Exª
O SR. CONSTITUINTE WILSON CAMPOS: –
Senhor Presidente, havia primeiramente, uma proposta do
Constituinte José Carlos Vasconcelos, e em todo lugar do
mundo a primeira proposta tem preferência. Perguntaria a
V. Exª se pode ser dada preferência a essa proposta.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – A
primeira proposta foi do Presidente da Mesa, apresentada
hoje, durante a sessão da manhã.
O SR. CONSTITUINTE WILSON CAMPOS: – Como
V. Ex.ª disse, o Constituinte Divaldo Suruagy, pela manhã,
fez uma proposta que V. Ex.ª acatou. Se houver gravação,
V. Ex.ª confirmará o que estou dizendo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O
Constituinte Divaldo Suruagy apoiou uma proposta feita
pelo Presidente da Mesa.
O SR. CONSTITUINTE WILSON CAMPOS: – Sim,
mas, de acordo com essa proposta o capítulo do
Orçamento seria o segundo a ser votado. V. Ex.ª está
propondo, agora, que seja o terceiro.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não,
é exatamente o contrário. Darei a palavra ao Constituinte.
Divaldo Suruagy.
O SR. CONSTITUINTE DIVALDO SURUAGY: –
Gostaria de esclarecer minha posição em relação a este
assunto. Quando o Constituinte Walmor de Luca colocou o
critério deveria ser estabelecido levando-se em
consideração o número de emendas apresentadas a cada
capítulo. A Mesa esclareceu que o maior número de
emendas se referia ao Sistema Tributário, em segundo
lugar ao Orçamento e depois à parte financeira. Então,
consciente de que a parte mais polêmica para os
Constituintes do Norte, do Nordeste e do Espírito Santo é a
do Orçamento, solicitei ao Presidente – não como questão
de ordem – que à parte do Orçamento, que – imagino eu –
vai gerar um confronto neste colegiado, ficasse por último.
Por outro lado, o Constituinte José Carlos Vasconcelos
colocou, com muita propriedade, que, se tiver de haver um
confronto, que ele surja logo no início deste debate, para
que se firme, então, posição em torno do assunto. Mas, a
minha proposta foi esta que o Presidente acabou de expor.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Aceitei a sugestão de S. Ex.ª e ela se tornou minha
proposta.
O SR. CONSTITUINTE DIVALDO SURUAGY: –
Tornou-se uma proposta do Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Colocarei em votação em primeiro lugar, as emendas do
Sistema Financeiro, em segundo as do Sistema Tributário
e, em terceiro, do Orçamento. Começará a votação.
O SR. CONSTITUINTE VIRGÍLIO GUIMARÃES: –
Sr. Presidente, pelo Regimento, tem que começar pelo
final.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Aceito a sua proposta.
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: – Sugiro
que façamos uma votação simbólica. Se houver dúvida
quanto ao resultado, aí, então se procederia à votação
nominal.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Aceito a proposta. Aqueles que estiverem de acordo com a
proposta do Presidente, permaneçam sentados. (Pausa.)
Está aprovada a proposta da Presidência.
O SR. CONSTITUINTE WILSON CAMPOS: – Peço
verificação de votos, Sr. Presidente.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: –
Peço verificação, Sr. Presidente.
O SR. CONSTITUINTE FERES NADER: – Pela
ordem, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao Constituinte Feres Nader.
O SR. CONSTITUINTE FERES NADER: – Faço
um apelo aos nobres constituintes, nossos colegas,
no sentido de que não coloquem em dúvida a palavra
do nosso Presidente. Constatamos pessoalmente que a
maioria foi a favor da proposta de S. Ex.ª Pedir verificação
é uma perda de tempo, pois é a materialização de
uma desconfiança em quem está trabalhando com
todo ardor, como todos nós estamos, para fazer
uma Constituição à altura dos anseios do povo brasileiro.
O SR. CONSTITUINTE WILSON CAMPOS: – Mas é
democrática?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Gostaria
de lembrar a V. Ex.ª que quero ser o mais democrá-
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES) 80

tico possível. Vamos fazer a votação nominal. Aqueles que O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O
estiverem de acordo com a proposta da Presidência, digam ilustre Constituinte José Carlos Vasconcellos retirou o seu
"sim". pedido. O ilustre Constituinte Fernando Gasparian nos informa
que também retira o pedido de destaque ao art. 68, inciso VI,
(Votação.) S. Ex.ª, no entanto, solicita a supressão do art. 69 do
Substitutivo do Relator José Serra.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Está O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
encerrada a votação. Vinte e oito Srs. constituintes votaram Sr. Presidente, estou pedindo a supressão do § 2º do art. 69.
"sim" e vinte e cinco votaram "não". Está aprovada a proposta. Não é o artigo inteiro.
Nada mais havendo a tratar, vou encerrar os trabalhos O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O texto
da presente reunião, convocando outra para as 19:00h de cuja supressão é solicitada pelo Constituinte Fernando
hoje, quando votaremos as emendas ao capítulo do Sistema Gasparian é o seguinte: "O Banco Central do Brasil poderá
Financeiro. comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional,
Está encerrada a Reunião. com o objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Srs. juros". O Constituinte Fernando Gasparian tem três minutos
constituintes, dando continuidade à sessão iniciada no dia de para defender a sua proposição.
hoje, passaremos a examinar os destaques e as emendas O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
apresentadas ao Substitutivo. Gostaria de deixar bem claro Sr. Presidente e Srs. constituintes, no Substitutivo anterior,
que esta não é outra sessão, mas aquela que começou que nos foi distribuído na segunda-feira, o § 2º estipulava: "O
anteriormente, que continua. Se for interrompida, a próxima Banco Central do Brasil poderá comprar e vender títulos de
será apenas uma continuidade desta. É importante fazer esta emissão do Tesouro Nacional no mercado, com o objetivo de
observação, para esclarecer os problemas levantados por regular a oferta de moeda ou a taxa de juros". A redação,
alguns constituintes. Significa que a ordem de inscrição dos agora, com o impedimento de, mediante emenda, resolocar a
suplentes será a mesma, ou seja, não há necessidade de expressão "no mercado", fica prejudicada. Este § 2º, na
nova inscrição. Contudo, se algum suplente se inscrever, será verdade, permite ao Banco Central – e não estava sendo
colocado posteriormente aos suplentes que aqui estão. permitido no anterior – negociar como agente financeiro da
Convido para compor a Mesa e ajudar no processo de votação União, vendendo títulos de emissão do Tesouro Nacional. A
o ilustre constituinte Walmor de Luca. (Palmas.) redação anterior, do próprio Relator José Serra, estipulava que
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Sr. essa atuação só seria possível "no mercado", como forma de
Presidente, naturalmente que me sensibiliza o convite de V. Ex.ª regular a taxa de juros, que é atividade específica da
para fazer parte da Mesa Diretora dos trabalhos. Entretanto, creio autoridade monetária. Da forma como se redigiu, continuará o
haver um impedimento, que entendo ético, tendo em vista que Banco Central fazendo o que faz até hoje: pegar títulos do
estou investido, nesta Comissão, ao lado dos companheiros Nion Tesouro para vendê-los ou emprestá-los à União, isto é,
Albernaz e Rose de Freitas, da condição de Vice-Líder do PMDB. descaracterizando o Banco Central como a autoridade
Assim sendo, Sr. Presidente, é possível que, no decorrer dos monetária de que o País necessita. Na impossibilidade de se
trabalhos, eu tenha de fazer alguma intervenção, não na condição manter a redação anterior do Substitutivo do Relator José
de constituinte, mas sobretudo como representante da Serra e não havendo alguma no sentido de conservar a
Liderança do meu partido. Portanto, seria até uma expressão "no mercado", proponho a supressão deste § 2.º, a
incoerência, já que o PMDB está representado pelo fim de evitar que o Banco Central se utilize de práticas
Relator, Constituinte, José Serra, que tivesse mais outro condenáveis, antes passando a ser tão-somente autoridade
representante na Mesa. Ficarei desse modo, limitado à monetária.
atual situação, isto é, cumprindo o papel de que me O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
incumbiu a Liderança do meu partido. VASCONCELLOS: – Sr. Presidente, peço a palavra para uma
Agradeço a V. Ex.ª o convite. questão de ordem. O Constituinte Fernando Gasparian
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – afirmou que não se admite qualquer emenda, mas poderia ter
Tendo em vista as ponderações do ilustre Constituinte sido pedida a manutenção do Substitutivo original do Relator
Walmor de Luca, convido para compor a Mesa o José Serra.
Constituinte Mussa Demes, (Palmas.) Gostaria de dizer O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Se
aos Srs. constituintes que devemos, de acordo com o houver emendas, ele pede a supressão. Se esta for aprovada,
disposto no Regimento, votar inicialmente os destaques ao estará suprimido o dispositivo. Mas, se este for mantido e
Substitutivo que têm sentido supressivo. Se aprovados esses receber emendas modificativas ou aditivas, estas serão
destaques, simplesmente o artigo será suprimido do votadas.
Substitutivo do ilustre Relator José Serra. Começaremos a O SR. CONSTITUINTE SIMÃO SESSIM: – Sr.
votação pelo pedido de destaque do Constituinte Jayme Presidente, pela ordem. Se, por acaso, o destaque ao artigo
Santana, para a supressão do art. 66, item V, e parágrafo for aprovado, as emendas estão prejudicadas.
único, do Substitutivo do Relator José Serra. O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
O SR. CONSTITUINTE JAYME SANTANA: – Sr. Exatamente, porque o destaque é para suprimir. Agora, se
Presidente, peço que seja retirado este destaque ao art. 66. não for aprovado, se mantiver o dispositivo do Relator José
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O Serra, aí as emendas serão examinadas.
Constituinte Jayme Santana retirou o pedido de destaque. Concedo a palavra ao Relator, Constituinte José Serra.
Temos, em segundo lugar, o pedido de destaque para o art. SR. RELATOR (José Serra): — Inicialmente, no texto
66, item V, e parágrafo único, feito pelo ilustre Constituinte da Subcomissão não figurava este § 2º, o que, de certa forma,
José Carlos Vasconcellos. colocava uma restrição absolutamente extraordinária
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS a respeito da operação do Banco Central quanto aos
VASCONCELLOS: – Sr. Presidente, também retiro o pedido títulos do Tesouro. Quer dizer, se o Banco Central quises-se
de destaque. comprar títulos do Tesouro, não poderia fazé-lo, nem
81 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
no mercado, pois elevaria as taxas de juros, por pressionar os
títulos privados e, ao mesmo tempo, deixar de lado os títulos do
Tesouro, causando problemas bastante sérios. Então,
acrescentamos este parágrafo, que, a meu ver, é importante,
pois visa a impedir a prática de uma política monetária – diria –
não desejada sequer pelos monetaristas mais ferrenhos. Agora,
por que a modificação que permite ao Banco Central comprar e
vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo
de regular a oferta de moeda ou a taxas de juros? De fato, aqui
se permite que, além de o Banco Central comprar no mercado,
se for o caso, o faça diretamente do Tesouro, com o objetivo de
regular a oferta de moeda ou a taxa de juros, e não de financiar
o Tesouro. Isto é importante e se completa com outros artigos
do texto, obrigando o Banco Central a transferir ao Tesouro as
atividades que lhe são próprias, como, por exemplo, a emissão
de títulos. Hoje, o Banco Central emite títulos para o Tesouro –
este é um problema bastante sério – e o faz inclusive para,
financiar a este, prática expressamente proibida no § 1º deste
artigo, quando diz: "É vedado ao Banco Central do Brasil
conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro
Nacional..." Creio que a possibilidade de comprar diretamente
acrescente um elemento de flexibilidade, dependendo de como
estiverem as condições do mercado de títulos. Portanto, não me
parece justificável a supressão deste artigo. Se o suprimirmos, o
texto, tal como está, refletirá um ultramonetarismo que, insisto,
nem os discípulos de Milton Friedman, de Hayek, enfim, dos
monetaristas mais ortodoxos poderiam desejar. O capítulo
inteiro defende exatamente a necessidade de o Banco Central
não financiar despesas do Tesouro. Há todo um sistema de
controles e dispositivos que inviabilizam esta possibilidade,
suficientes, a meu ver, para justificar a manutenção do § 2º.
Além do mais, se este parágrafo fosse suprimido, ficaríamos
diante de uma realidade impossível de ser administrada, pela
sua ortodoxia. Entre as medidas anunciadas hoje pelo Governo,
tanto quanto pude saber, figura exatamente a da proibição de
que o Banco Central emita títulos do Tesouro. Esta separação,
de certa maneira, acaba de concretizar-se, hoje, a nível de
Governo Federal propriamente dito. Assim, opino contra a
supressão deste parágrafo.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
Sr. Presidente, gostaria de voltar a falar sobre o assunto,
porque, na verdade, se não for suprimido este parágrafo.
diversas emendas posteriores ficarão invalidadas, uma vez que
ao Banco do Brasil, no Anteprojeto do Relator José Serra, se
vedaria exercer o papel de agente financeiro do Tesouro
Nacional. O Banco do Brasil será afastado, e o Banco Central
ficará no seu lugar. Haverá um esvaziamento do Banco do
Brasil, se ele não for, como está colocado em emendas
posteriores, o agente financeiro do Governo, e, sim, o Banco
Central, como proposto pelo Relator José Serra. Na verdade,
não apresentamos nenhuma emenda a este artigo, porque ele
colocava "no mercado". Agora da forma como está redigido, só
se for possível voltar à redação original do Substitutivo do
próprio Relator José Serra. Neste caso, retiraria este meu
pedido de eliminação do artigo. Mas, colocado como está,
automaticamente, ele prejudicará uma série de emendas
destinadas a preservar o Banco do Brasil, a não esvaziá-lo,
como, realmente, de forma geral, é a intenção do Anteprojeto do
Relator José Serra.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
as
Esclareço a V. Ex. que o Constituinte Fernando Gasparian
foi o Relator da Subcomissão; de acordo com o Regimento
Interno S. Ex.a poderá defender a sua proposição por
três minutos; depois que o Relator apresentar a sua posição,
não caberá a tréplica. No entanto, em consideração a este
início de reunião, e como eu realmente não estava
informado deste dispositivo do Regimento, darei a palavra ao
Relator José Serra. O Constituinte fará a sua defesa, e
depois não caberá a tréplica.
Concedo a palavra ao Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Em primeiro lugar
nosso projeto não pretende esvaziar o Banco do Brasil
mesmo porque o Banco do Brasil não tem a função, hoje,
de emitir títulos do Tesouro, nem algo parecido. Portanto,
não é correto dizer que se pretende esse esvaziamento.
Acho uma incompreensão do que está aqui formulado
e de como funciona o mercado dizer que este parágrafo
prejudica outras emendas. Não prejudica, absolutamente.
Foi apenas de um aperfeiçoamento, em sintonia com o
espírito do parágrafo que acrescentamos ao artigo,
que era da Subcomissão. Como estava inviabilizaria o
funcionamento do sistema de financiamento público
do Brasil, porque inviabilizaria a operação dos títulos
públicos. Insisto em que nem o monetarista mais desvairado
poderia propor isso. Introduzimos apenas
um aperfeiçoamento, que não significa. em absoluto,
esvaziar funções do Banco do Brasil, mesmo porque não se
pode tirar funções de quem não as tem, nem as
desempenha.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
Sr. Presidente, quero retirar a proposta. Se o Sr. Relator
afirma que não prejudica as propostas de emenda
ainda pendentes e se as medidas garantem ao Banco
do Brasil o papel de agente financeiro do Tesouro
a
Nacional, como S. Ex. afirmou, então, retiro a minha
proposta.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Já
está iniciado o processo de votação. Não tendo sido retirada
antes, a sua proposta vai a votos.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
É importante colocar que as emendas não ficarão
prejudicadas.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Em
votação. Aqueles que estiverem de acordo com a proposta
de supressão oferecida pelo Constituinte Fernando
Gasparian digam "sim"; os que disserem "não" estarão
votando com o Relator.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
Sr. Presidente, pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Vamos iniciar o processo de votação...
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
Sr. Presidente, sou autor da proposta, retiro-a; não tem
sentido votá-la.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Iniciado o processo de votação...
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ RODRIGUES: – Sr.
Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
Foi feito o encaminhamento de votação, não o início da
chamada.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Eu
gostaria de esclarecer o seguinte: o Constituinte não pode
retirar seu pedido, sob condição.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
Mas o Relator afirmou, e tenho que acreditar no Relator.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Se V.
Ex.ª disser: eu retiro, tudo bem. Agora, sob condição, não
posso aceitar o pedido. Coloco em votação...
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ RODRIGUES: – Sr.
Presidente, pela ordem. Já que existe dúvida sobre se pode
ou não ser retirada, em função de matéria a ser votada
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
posteriormente, proponho, então, uma solução intermediária,
que se postergue especificamente a votação dessa emenda
para o final.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Absolutamente. Sob condição, não posso retirar. Vamos
votar. Aqueles que disserem sim estarão de acordo com o
Constituinte Fernando Gasparian, pela supressão. Os que
disserem não, estarão mantendo o artigo do dispositivo do
Substitutivo do Relator José Serra.
O SR. CONSTITUINTE LUIZ GUSHIKEN: – Sr.
Presidente, é um absurdo. O autor pode ter-se equivocado
antes de apresentar o pedido. A Presidência tem que aceitar
a retirada da proposta.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – S.
Ex.ª não a retirou, absolutamente, e não posso retirá-la sob
condição. Quem estiver de acordo com a supressão do
artigo do Anteprojeto do Constituinte José Serra, proposta
pelo Constituinte Fernando Gasparian, vota sim. Quem
entender que deve ser mantido o dispositivo do Relator José
Serra vota não. Foi rejeitada a proposta do Constituinte
Fernando Gasparian por 46 votos "não", 7 "sim" e duas
abstenções.
Votaram Sim os Constituintes: Fernando Gasparian,
Flávio Rocha, Harlan Gadelha, Irajá Rodrigues, Luís
Gushiken, Sérgio Spada e Wilson Campos; Votaram Não os
Constituintes: Adhemar de Barros Filho, Adroaldo Streck,
Airton Sandoval, Basílio Vilani, Benito Gama, Cid Sabóia de
Carvalho, Darcy Deitos, Divaldo Suruagy, Domingos Juvenil,
Fábio Raunhetti, Feres Nader, Fernando Bezerra Coelho,
Firmo de Castro, Francisco Dornelles, Geraldo Fleming,
Gerson Câmara, Ivan Bonato, Ivo Vanderlinde, Jessé Freire.
Jesus Tajra, João Carlos Bacelar, João Castelo, João
Machado Rollemberg, João Natal, José Carlos
Vasconcellos, José Guedes, José Luiz de Sá, José Luiz
Maia, José Maria Eymael, José Serra, José Tinoco, Jutahy
Magalhães, Márcio Braga, Mauro Campos, Messias Góis,
Mussa Demes, Naphtali Alves, Nion Albernaz, Osmundo
Rebouças, Pedro Ceolin, Roberto Torres, Ruberval Pilloto,
Sérgio Werneck, Simão Sessim, Walmor de Luca e
Waldeeck Ornélas: abstiveram-se de votar: Jovanni Masini e
Virgílio Guimarães.
O SR. CONSTITUINTE FLÁVIO ROCHA: – Sr.
Presidente, meu voto não foi computado, é o que me
parece. Flávio Rocha, do Rio Grande do Norte. Voto "sim".
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O
Constituinte – Flávio Rocha, efetivamente, não teve o voto
comutado. Foi rejeitada a proposta do Constituinte Fernando
Gasparian. Fica mantido o art. 69 do Substitutivo do Relator.
Pedido de destaque para o art. 72, item II, do Constituinte
Roberto Campos. Alguém gostaria de defender esta
proposição? (Pausa.) Com a palavra do Relator José Serra.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ SERRA: – Opina
pela não...
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE
CARVALHO: – Sr. Presidente, tenho uma questão de
ordem sobre a matéria. Essa matéria não pode ser
examinada, porque o Constituinte Roberto Campos é
Suplente da Comissão, e como não está no seu exercício,
não poderia requerer o destaque.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –V.
Ex.ª tem razão, e retiro a proposição.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: –
Sr. Presidente, apenas para um esclarecimento.
Os requerimentos de destaque só podem ser
feitos por membros da Comissão? Esta
interpretação parece-me, existem vários desta-
82
ques apresentado e seus autores são Constituintes, mas
não membros desta Comissão.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V.
Ex.a sugere que o Constituinte José Serra manifeste a sua
opinião e que a matéria seja votada?
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sem
dúvida alguma porque, se não, V. Ex.a estará criando um
vácuo. Nós, membros desta Comissão, subscrevemos
destaques para algumas emendas de Constituintes que
não são membros desta Comissão. Como ficará essa
interpretação nas votações seguintes?
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO BEZERRA
COELHO: – Sr. Presidente, pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Com a palavra o Sr. Constituinte Fernando Bezerra
Coelho.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO BEZERRA
COELHO: – Sr. Presidente. gostaria de manifestar-me
sobre a questão de ordem levantada pelo Constituinte
Darcy Deitos. Qualquer Constituinte pode, efetivamente,
apresentar destaques, mesmo não sendo membro desta
Comissão, mas ele tem de estar presente para defender o
destaque.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, o subscritor do destaque é o Constituinte
Roberto Campos?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – É
o Constituinte Roberto Campos.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Eu
havia entendido, do esclarecimento de V. Ex.a, que S. Ex.a
era apenas o autor da emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Não, foi que pediu o destaque.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: –
Evidentemente, deve contrariar o dispositivo, ... então?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Não.
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: – Sr.
Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Com a palavra o Constituinte Nion Albernaz.
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: – Sr.
Presidente, entendo que o Suplente desta Comissão pode
solicitar destaque e pode discutir qualquer matéria. O que
ele não pode é votar, se o número de Constituintes de sua
Bancada estiver completo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – É
esta a situação que ocorre. O Suplente do PDS, para
questão de inscrição, não é o Constituinte Roberto
Campos. Conseqüentemente, considera-se prejudicado
o pedido de destaque do Constituinte Roberto Campos.
O Constituinte Jayme Santana retirou o pedido
de destaque para. os arts. 75, item II, e 77. Quero
dizer que não sou especialista em matéria de Regimento.
Vamos ter situações complexas, já senti, e tenho a
impressão de que alguns Constituintes que pediram
destaque e apresentaram emendas não são da Comissão
e não estão presentes. Entendo que, no caso de
determinado Constituinte pediu destaque para uma
emenda, e não estavam presente quando da votação, se
ela não for membro da Comissão, o pedido ficará
prejudicado.
O SR. CONSTITUINTE JESUS TAJRA: – Sr.
Presidente, pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Com a palavra o Constituinte Jesus Tajra.
83 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. CONSTITUINTE JESUS TAJRA: – Sr.
Presidente, penso que nos devemos ater ao que diz o
Regimento Interno até aqui, ouvimos as mais variadas
opiniões. Simplesmente, opiniões. Pergunto, que diz o
Regimento Interno? Porque se este for omisso nesta
particularidade, que o Constituinte não pode pedir destaque,
mesmo não estando presente, parece-me que seria uma
restrição ao seu direito de Constituinte. Peço a V. Ex.a que
examine e o que diz o Regimento Interno, porque só ele pode
restringir o direito de pedido de destaque numa Comissão.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Queria, realmente, dizer que o Regimento Interno...
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELLOS: – Sr. Presidente, pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra o Constituinte José Carlos Vasconcellos.
O SR. CONSTITUINTE CARLOS VASCONCELLOS:
– Quero aditar algumas palavras ao que disse o nobre
Constituinte Jesus Tajra, embora discordando de uma
a
conclusão que S. Ex. proferiu. Evidentemente, acho que mal
se pode limitar, se não há qualquer impedimento do
Regimento quanto à apresentação de destaques. Agora, o que
não é possível é votar destaque que não tenha Constituinte
algum querendo defendê-lo. Acho que, aí, mesmo sem
constar do Regimento, esse entendimento poderia servir de
diretriz para a decisão da Presidência.
O SR. CONSTITUINTE ADROALDO STRECK: – Sr.
Presidente, pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra o Constituinte Adroaldo Streck.
O SR. CONSTITUINTE ADROALDO STRECK: –
Gostaria de dizer que tenho uma quantidade de emendas do
a
Constituinte Brandão Monteiro, Líder do meu Partido, S. Ex.
solicitou destaques e me incumbiu de sustentá-las. Este é o
ponto que gostaria que ficasse esclarecido. Terei condições,
como membro efetivo desta Comissão, de sustentar oralmente
os destaques pedidos pelo Constituinte Brandão Monteiro?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V.
a
Ex. terá condições. Com a palavra o nobre Constituinte José
Maria Eymael.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Sr. Presidente, questão de ordem, para contribuir na
intelecção da norma. Pelo Regimento Interno, todos os
Constituinte podem apresentar emendas, mesmo não sendo
das respectivas Comissões. Então, por um direito reflexo, há,
que se admitir que estes mesmos Constituintes possam
solicitar destaque. Esta é uma reciprocidade de direito. Se
admitirmos que cada Constituinte pode, em todas as
Comissões, apresentar emendas, há que se admitir também
que ele possa pedir destaques. De outro lado, Sr. Presidente,
seria interessante analisar o fato de que a maioria dos Srs.
Constituintes desta Comissão tem emendas em outras
Comissões. Assim, a não ser com a perda real dos trabalhos
de uma, não poderão ausentar-se para, em outra, fazer a
defesa do seu destaque. Então parece-nos, Sr. Presidente,
que oprimido de justiça estabelece que esses companheiros
que estão neste momento, participando de outras Comissões,
que se dedicaram ao trabalho, apresentaram emendas e ainda
tiveram o trabalho de apresentar destaques, devem ter seus
pedidos de destaque apreciados. É a nossa interpretação,
como contribuição à Mesa.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
os casos omissos do Regimento são decididos pela
Presidência, vou fazê-lo da seguinte forma: acolho a posição
Do Constituinte José Maria Eymael. Quanto aos
pedidos de destaques, mesmo que o seu subscritor não esteja
presente, se algum membro da Comissão desejar defender
esse destaque, ele poderá fazê-lo. Se não houver defesa do
destaque, o Relator José Serra dará sua posição, e o colocarei
em votação. (Palmas.) Tendo em vista essa decisão, coloco
em votação o destaque do Constituinte Roberto Campos.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, posso encaminhar contrariamente o pedido de
destaque?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Já
houve uma decisão.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – V. Ex.ª
está colocando em votação agora.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Para
encaminhar contrariamente, concedo a palavra...
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Sr.
Presidente, quem encaminha contrariamente é o Relator.
Quem está sendo prejudicado, no meu ponto de vista, é o
Relator.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Qualquer
um pode encaminhar contrariamente.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Se o
autor não está presente, e o Relator quem tem de se
pronunciar.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – De
acordo com o Regimento, gostaria de dizer que um
Constituinte pode encaminhar favoravelmente e outro contra.
Com a palavra o ilustre Constituinte Darcy Deitos.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, meu encaminhamento é rápido, apenas para
registrar meu voto. Votarei contrariamente ao pedido do
Constituinte Roberto Campos por estar nítido, no seu pedido,
a
o entreguista que ele é. S. Ex. quer fazer exatamente com
que a União não administre as reservas cambiais do País.
Chega de entreguismo, Sr. Presidente! Este pedido de
destaque do Constituinte Roberto Campos tem de ser jogado
na lata do lixo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Encaminho
contrariamente a emenda supressiva do Senador Roberto
Campos. Imagino que S. Ex.a tenha em mente um tipo de
economia de funcionamento tão livre que o Governo não
interfira no mercado cambial. Isso me parece absolutamente
irrealista. A União tem por função administrar as reservas
cambiais do País. Precisaríamos estar num outro mundo, em
outra economia, para que a pretensão do autor do pedido
vigorasse.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Colocarei em votação. Os que apoiarem a proposta do
Constituinte Roberto Campos digam "sim". Aqueles
que acompanharem a posição do Relator José Serra votem
“não”.
O SR. CONSTITUINTE SÉRGIO WERNECK: – Sr.
Presidente, pela ordem. Gostaria de requerer fosse feita uma
votação simbólica.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não
posso fazer votação simbólica. Em votação o destaque ao art.
72, item II, do Constituinte Roberto Campos.
Votou SIM o Constituinte: Flávio Rocha; Votaram
NÃO os Constituintes:
Wilson Campos, Walmor de Luca, Simão Sessim,
Sérgio Werneck, Sérgio Spada, Rose de Freitas, Roberto Tor-
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
res. Pedro Ceolin, Osmundo Rebouças, Nion Albernaz,
Naphtali Alves, Mussa Demes, Messias Góis, Mauro Campos,
Márcio Braga, Luiz Gushiken, Lézio Sathler, Jutahy
Magalhães, Jovanni Masini, José Tinoco, José Serra, José
Maria Eymael, José Luiz Maia, José Luiz de Sá, José Guedes,
José Carlos Vasconcelos, João Natal, João Machado
Rollemberg, João Castelo, João Carlos Bacelar, João Alves,
Jesus Tajra, Jessé Freire, Ivo Vanderlinde, Ivan Bonato, Irajá
Rodrigues, Harlan Gadelha, Gerson Camata, Geraldo
Fleming, Francisco Dornelles, Firmo de Castro, Fernando
Gasparian, Fernando Bezerra Coelho, Feres Nader, Fábio
Raunheitti, Domingos Juvenil, Divaldo Suruagy, Darcy Deitos,
Cid Sabóia de Carvalho, Benito Gama, Basílio Vilani, Airton
Sandoval, Affonso Camargo, Adroaldo Streck, Adhemar de
Barros Filho, José Tavares e Alexandre Puzyna. Houve
cinqüenta e sete votos contra, e um voto a favor. Fica mantido
as
o dispositivo do substitutivo do Relator. Proponho a V. Ex. o
seguinte: quando houver um pedido de destaque apresentado
por Constituinte que não seja membro da nossa Comissão,
talvez fosse mais democrático que, S. Ex.a não estando
presente, passássemos para outro pedido de destaque,
deixando o do ausente para o final, pois este poderá chegar e
querer defender o seu pedido. Seria uma deferência que
faríamos aos demais Constituintes. (Pausa) Não havendo
manifestação em contrário, passaremos a adotar esse
procedimento. Destaques às emendas do substitutivo.
Emenda Substitutiva nº 438, do Constituinte Wilson Souza. S.
Ex.ª está presente?
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Sr.
Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem a
palavra V. Ex.ª.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Sr.
Presidente, vamos entrar num processo de votação de
emendas que se correlacionam com outras emendas, às
vezes de um mesmo autor, se não de autores diferentes.
Sabemos que muitas delas tratam de um mesmo dispositivo.
Indago qual seria o entendimento. À medida que se analisa,
como é o caso, emenda substitutiva ao art. 61, dependendo
da aprovação ou não da emenda, como ficariam as demais
relacionadas ao art. 61?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Ficariam prejudicadas. Esclareço a V. Ex.ª que, nesse caso,
se houvesse pedido de preferência, este teria de ser feito, por
escrito, antes do início da votação.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Sr.
Presidente, em sendo assim, no momento em que se vai pôr
em votação, por exemplo, a emenda do Constituinte Vilson
Souza, indago se teríamos condições de saber as alternativas
relacionadas às outras emendas, sobre o mesmo artigo, a fim
de dispormos de uma visão de conjunto.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Podemos saber. Acredito que tenha havido confusão, porque
o art. 61 trata de Ministros do Tribunal de Contas, e S. Ex.ª
propõe uma nova...
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Sr.
Presidente, pela ordem, para esclarecimento à Mesa. Trata-se
do art. 66. Naturalmente que o pedido de destaque oferecido
pelo Constituinte Vilson Souza refere-se ao art. 61 do
anteprojeto do Sistema Financeiro, que agora passa a ser art.
66.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Exatamente. V. Ex.ª está certo.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO:
– Sr. Presidente, gostaria de apresentar uma questão de
ordem, para ajudar V. Ex.ª.
84
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem V.
Ex.ª a palavra.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO:
– Está dito no Regimento Interno da Assembléia Nacional
Constituinte que se aplica subsidiariamente o Regimento
Interno da Câmara dos Deputados, o qual, quando trata de
destaques, diz o seguinte: "Art. 140 – § 3º – O autor da
emenda, parcial ou totalmente rejeitada na Comissão, poderá
requerer o seu destaque para efeito de deliberação do
Plenário, ressalvada a prejudicialidade." Logo, pelo Regimento
Interno da Câmara dos Deputados, é o autor que requer o
destaque. Se estamos em dúvida, não seria nada demais
aplicar o § 3º do art. 140 do Regimento Interno da Câmara dos
Deputados. Acho que isso resolveria perfeitamente a questão.
O autor é quem deve apresentar a emenda e, naturalmente,
defendê-la, e não abandoná-la. Digo isto em cooperação com
a Presidência e remeto a V. Ex.ª o Regimento Interno da
Câmara dos Deputados para seu conhecimento.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concordo com V. Ex.ª. Isso realmente não prejudica o nosso
entendimento. Se posteriormente o autor do pedido chegar
para votar, poderá ser votada a matéria.
A próxima emenda é de autoria da Constituinte Rose
de Freitas e dá nova redação ao art. 65.
A SRA. CONSTITUINTE ROSE DE FREITAS: – Sr.
Presidente, alguns dos destaques apresentados por mim
endossam propostas de emendas encaminhadas pelo nosso
grande companheiro e Relator, quando membro da
Subcomissão do Sistema Financeiro. Como esse destaque foi
uma homenagem prestada à, sua relatoria, gostaria que fosse
defendido pelo nobre companheiro e então Relator,
Constituinte Fernando Gasparian.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Esclareço a V. Ex.ª que o Constituinte Fernando Gasparian
tem realmente emenda idêntica. A preferência a V. Ex.ª foi
simplesmente pela ordem de chegada. Concedo a palavra ao
Constituinte Fernando Gasparian, que propõe modificação ao
art. 65 idêntica à apresentada pela ilustre Constituinte Rose de
Freitas.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: – A
emenda propõe nova redação para o art. 65, aprovada na
Subcomissão depois de muito debate. Tendo em vista que
estamos querendo mudar o sistema financeiro atual, de
capitalismo selvagem, propôs-se que o Sistema Financeiro
Nacional, uma vez que depende de autorização do poder
público, devesse ser exercido considerando a sua função
social. É somente isso. A redação que está sendo colocada,
nos termos em que foi aprovada na nossa Subcomissão,
depois de muita discussão, diz que o sistema “exerce função
social, subordinando-se aos interesses da coletividade,
segundo os princípios gerais da ordem econômica e social
definidos nesta Constituição, o que certamente possibilitará
uma Constituição com preocupação social, além da
econômica.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – O art. 65 tem, na
minha concepção, exatamente o mesmo espírito que tinha o
artigo da Subcomissão, que agora é reapresentado. Apenas
se procurou, primeiro, enxugar mais a redação; segundo,
quando se diz que o sistema financeiro deve servir
aos interesses da coletividade, pressupõe-se uma função
social: senão, não serviria aos interesses da coletividade.
Então, pareceu-me que ambas as expressões eram
redundantes. Terceiro, acrescentamos o texto “promover o
desenvolvimento equilibrado do País”, tendo em mira um
85 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
desenvolvimento mais equilibrado do ponto de vista social e
regional aliás, em emendas apresentadas a respeito da
questão regional, foi sublinhado o fato de que, neste artigo, por
desenvolvimento equilibrado se entendia a dimensão social e a
dimensão regional. Então, não obstante eu não ter qualquer
discordância com relação ao conteúdo da emenda
apresentada, eu preferiria, por motivo de maior síntese e pelo
fato de se incluir a expressão "desenvolvimento equilibrado",
manter o art. 65 tal como está.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Passaremos à votação. Em seguida darei a palavra a V. Ex.ª.
O SR. CONSTITUINTE JESUS TAJRA: – Sr.
Presidente, antes de iniciar a votação, quero levantar uma
questão de ordem, com a permissão de V. Ex.ª. Quando o
pedido de destaque visa a suprimir alguns dispositivos, é fácil
votarmos com toda a consciência. Mas, no momento em que o
pedido de destaque é para uma emenda aditiva ou
modificativa, sem ler o texto, não me sinto com segurança para
votar. Estou sem segurança para votar, porque não conheço o
texto.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Eu
pediria, se V. Ex.as estiverem de acordo, que o Constituinte
que deseje destaque para modificar faça a leitura do texto da
emenda.
Passo ao Constituinte Fernando Gasparian o texto da
emenda que S. Ex.ª deseja modificar.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: – O
art. 65 passaria a ter a seguinte redação:
"O Sistema Financeiro Nacional será estruturado em lei,
disciplinando as atividades das instituições financeiras públicas
e privadas, de forma que exerçam função social,
subordinando-se aos interesses da coletividade, segundo os
princípios gerais da ordem econômica e social definidos nesta
Constituição."
A outra redação do art. 65 é a que está no projeto que
todos têm em mãos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Os
Constituintes que estiverem de acordo com a proposta do
Deputado Gasparian votarão "sim". Os que forem pela
manutenção do artigo do substitutivo do Relator José Serra
votarão "não". Peço ao Constituinte Mussa Demes que
coloque em votação a matéria, a Emenda nº 550624, de
autoria do Constituinte Fernando Gasparian.
(Processo de votação.)
Votaram "sim" os Constituintes: Adhemar de Barros
Filho, Adroaldo Streek, Affonso Camargo, Cid Sabóia de
Carvalho, Darcy Deitos, Domingos Juvenil, Fernando
Gasparian, Firmo de Castro, Harlan Gadelha, Irajá Rodrigues,
Jesus Tajra, João Machado Rollemberg, João Natal, José
Carlos Vasconcelos, José Guedes, José Luiz Maia, José
Tinoco, Luiz Gushiken, Rose de Freitas, Sérgio Spada, Virgílio
Guimarães, Walmor de Luca, Wilson Campos e José Tavares;
votaram "não" os Constituintes: Airton Sandoval, Basílio ViIani,
Benito Gama, Divaldo Suruagy, Fábio Raunheitti, Feres Nader,
Fernando Bezerra Coelho, Flávio Rocha, Francisco Dornelles,
Geraldo Fleming, Gerson Camata, Ivan Bonato, Ivo
Vanderlinde, Jessé Freire, João Carlos Bacelar, João Castelo,
José Luiz de Sá, José Maria Eymael, José Serra, Jovanni
Masini, Jutahy Magalhães, Lézio Sathler, Márcio Braga, Mauro
Campos, Messias Góis, Mussa Demes Naphtali Alves, Nion
Albernaz, Osmundo Rebouças, Pedro Ceolin, Roberto Torres,
Ruberval Pilloto, Sérgio Werneck e Simão Sessim.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Foi
recusada a proposta do Constituinte Fernando Gasparian
por 34 votos "não" e 24 votos "sim". Fica mantido o dispositivo
do Relator.
Concedo a palavra ao nobre Constituinte José Maria
Eymael, pela ordem.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Gostaria de fazer uma declaração de voto.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Sr.
Constituinte, de acordo com o Regimento, a declaração
de voto é feita por escrito. Eu ficaria extremamente
agradecido se a declaração de voto fosse encaminhada
à Mesa (anexa). Coloco em votação a emenda aditiva ao
art. 66, de autoria do ilustre Constituinte Adhemar de Barros
Filho.
Concedo a palavra ao nobre Constituinte, para uma
questão de ordem.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN:
– Sr. Presidente, qualquer Constituinte que não seja o
Relator não consegue aprovar uma proposta e nisso ele
está em desvantagem, pois ninguém está lendo qualquer
proposta apresentada. Como vou votar a próxima proposta
se nem tenho cópia dela?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Pediria ao nobre Constituinte Adhemar de Barros Filho
que lesse a sua proposta.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – A proposta é de autoria de nosso companheiro
de bancada, Constituinte Vivaldo Barbosa, e o destaque é
nosso. Conseqüentemente, a defesa é nossa. Emenda ao
parecer do Relator: "Acrescente-se parágrafo ao artigo
61". Eu consultaria o Relator sobre se é realmente o art.
61.
O SR. RELATOR (José Serra): – Confesso que
estou procurando, mas ainda não sei a qual artigo V. Ex.ª
se refere.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Lerei a emenda para facilitar:
"§ 4º Os financiamentos favorecidos ou
quaisquer outros benefícios financeiros concedidos
a pessoas jurídicas pelas instituições oficiais de
crédito terão o valor do favorecimento convertido
em ações que serão transferidas aos empregados da
pessoa jurídica beneficiada, na forma que a lei
determinar."
A justificativa é a seguinte: "Os favores financeiros
concedidos a empresas em dificuldade são parcelas do
Tesouro que devem ser usadas como instrumento de
promoção social. Não se recusa o benefício à empresa. O
que se pretende ao se propor a conversão do valor do
favorecimento em ações para os empregados, é dar cunho
social às inversões financeiras das instituições de crédito
oficiais". Este é o texto da proposta.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Trata-se da Emenda nº 14-1, do Constituinte Vivaldo
Barbosa.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Senhor
Presidente, não existe qualquer correlação nem com o
texto original nem com o Substitutivo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Acredito que o Constituinte Vivaldo Barbosa tenha
apresentado esta emenda sem especificar o parágrafo,
mas proponho a V. Ex.ª que, para votação, se inclua a
expressão "onde couber".
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Acho que isso resolve. Ou, então, talvez seja me-
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
lhor solicitar ao Constituinte Vivaldo Barbosa que venha até
aqui prestar os devidos esclarecimentos. Talvez ainda fosse
melhor adiar a votação da emenda.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Só para
esclarecer. Esta mesma foi apresentada na Subcomissão,
quando lá estava o Constituinte Vivaldo Barbosa. Talvez haja
dúvida apenas quanto ao número no qual ela poderia ser
inserida.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Gostaria de sugerir a seguinte sistemática: no momento em
que o destaque for apresentado a uma emenda de
Constituinte que não pertença à Comissão, devemos adotar a
mesma sistemática sugerida pelo Constituinte Cid Sabóia de
Carvalho, de deixar a votação para o final, a fim de que o
autor, se comparecer, possa defender sua proposta.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Senhor
Presidente, o que está claro é que o pedido de destaque foi
solicitado pelo Constituinte Adhemar de Barros Filho. Não nos
cabe analisar quem é o subscritor da emenda. A emenda é de
domínio público, ao ser apresentada. Cabe exatamente a
manifestação do Constituinte Adhemar de Barros Filho, autor
do destaque. Só ele poderá dizer se aceita ou não a
transferência da votação. Portanto, a Presidência deve
consultar o autor do pedido de destaque, o nobre Constituinte
Adhemar de Barros Filho.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V. Ex.ª
tem toda a razão. Consulto, então, o ilustre Constituinte
Adhemar de Barros Filho se prefere deixar para o final a
votação de sua emenda.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Agradeço ao Constituinte Walmor de Luca. Requeiro
seja adiada a apreciação e votação da emenda, uma vez que
ela poderá ser melhor esclarecida ao plenário com a presença
do próprio autor.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Pergunto a V. Ex.ª se o mesmo ocorre com as demais
emendas aditivas ao art. 61.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – A seguinte é a Emenda nº 96-6: "Acrescente-se
parágrafo ao art. 61". A emenda também é de autoria do
Constituinte Vivaldo Barbosa. A situação é semelhante à
anterior. O seu teor é o seguinte: "As instituições financeiras
operarão em condições especiais de crédito com as empresas
de pequeno porte, na forma em que a lei fixar'". Sr. Presidente,
esta emenda caminha mais ou menos na direção das
facilidades tributárias para as microempresas. Ela já foi
acatada pelo Relatar e inserida no anteprojeto. Nessas
condições, retiro o destaque.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Agradeço a V. Ex.ª.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Quanto à Emenda nº 12, propõe: "Acrescente-se
parágrafos ao art. 61 do Anteprojeto. § 1º – As instituições
financeiras, qualquer que seja a sua natureza, somente
poderão atuar no âmbito do Estado onde se localizar a sua
sede". § 2º – Somente poderão atuar em todo o território da
República o Banco do Brasil, a caixa Econômica Federal e o
Banco Nacional de Crédito Cooperativo". O ilustre autor
propõe o seguinte artigo nas Disposições Transitórias: "As
instituições financeiras que atualmente estejam operando fora
do Estado onde se situar a sua sede terão prazo de doze
meses para promover a transferência de suas operações para
se situarem exclusivamente no âmbito do Estado de sua
sede". Pela complexidade da emenda, eu proporia a V. Ex.ª o
seu adiamento para o final da sessão. Muito obrigado.
86
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Em
votação a Emenda nº 146, do ilustre Constituinte Ivo
Vanderlinde.
Com a palavra o Constituinte Ivo Vanderlinde.
O SR. CONSTITUINTE IVO VANDERLINDE: – Senhor
Presidente, Sr. Relator, Srs. Constituintes. O espírito da nossa
emenda, subscrita por outros Constituintes da Frente
Parlamentar Cooperativa, visa, de certa forma, ao amparo no
texto constitucional e reconhecimento do cooperativismo de
crédito, que infelizmente, hoje, no País, tem sido dificultado.
Até aqui, o Banco Central tem criado todos os empecilhos
possíveis, para que funcione. Eu diria que o espírito da
emenda, na sua primeira parte, isto é, o art. 2º, está contido no
art. 65 proposto pelo Relator. O § 1º, no nosso entendimento,
estaria contemplado no inciso I do art. 66. Como não cabe
emenda, levantamos novamente a questão. Se, no inciso I do
art. 66, após a expressão "instituições financeiras" constasse,
como na emenda, também "cooperativas de crédito", o espírito
da proposta estaria contemplado. Argumenta o Constituinte
José Serra que não cabe, porque as cooperativas de crédito já
estariam subentendidas na expressão "instituições
financeiras". Esse é o espírito da proposta que eu gostaria de
ver contemplado na Lei Maior, porque representa a aspiração
do sistema cooperativo brasileiro. Mas eu ouviria o Relator
para saber sua argumentação.
O SR. RELATOR (José Serra): – Se o nobre
Constituinte e amigo Ivo Vanderlinde me permite, a sua
emenda diz:
"Art. 2º As instituições financeiras, públicas e privadas
exercem função social e suas atividades devem subordinar-se
aos interesses da coletividade, segundo os princípios gerais
da ordem econômica e social, definidos nesta Constituição. §
1º – O exercício dessas atividades por instituições bancárias e
financeiras, cooperativas do crédito, estabelecimento de
capitalização, do setor privado, será autorizado, sem ônus, a
todos quantos comprovarem idoneidade e capacidade técnica,
econômica e financeira. Essa autorização é inegociável e
intransferível".
Acontece que o artigo já foi votado. Há pouco, uma
proposta para ser incorporada no lugar do art. 65 foi rejeitada.
Então, creio que a votação ficaria prejudicada, porque
estaríamos votando novamente o artigo que acabamos de
rejeitar, embora o espírito da proposta do Constituinte não se
refira ao caput, mas ao parágrafo. Por outro lado, tal como
está no texto, no art. 66 do Substitutivo "a Lei do Sistema
Financeiro Nacional disporá, inclusive sobre: a autorização
para o funcionamento das instituições financeiras já se
incluem as cooperativas."
O art 67 diz: "A autorização a que se refere o item I do
art. 66 será inegociável e intransferível, permitida a
transmissão do controle da pessoa jurídica titular, e concedida
sem ônus, na forma da Lei do Sistema Financeiro Nacional, à
pessoa jurídica, cujos dirigentes tenham capacidade técnica e
reputação ilibada, e que comprove capacidade econômica
compatível com o empreendimento". Está inteiramente dentro
dos propósitos do § 1º da emenda que o Constituinte propõe,
sendo que o caput já foi votado. Estaríamos votando
novamente algo que foi votado e não foi aceito, no caso do
artigo. No caso do parágrafo, já está contido. Esse é o
argumento que apresentaria ao Constituinte, para
fundamentar minha opinião de que a emenda estaria
prejudicada e, de toda a maneira, no aspecto fundamental, já
atendida no substitutivo apresentado. Então, eu apelo a V.
Ex.ª no sentido de não se submeter à votação a emenda.
Naturalmente fica a critério de V. Ex.ª com o devido respeito.
87 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. CONSTITUINTE IVO VANDERLINDE: – Eu
concordo. Inclusive a argumentação que faz o Relator eu já
havia feito quando da apresentação da emenda. O espírito
da emenda realmente consta em dois dispositivos. Mas, na
defesa da tese, eu consultaria o Relator se caberia a
sugestão de, no item I, art. 66, depois de "instituições
financeiras", acrescentar-se a expressão "cooperativas de
crédito" ou se estaria subentendido.
O SR. RELATOR (José Serra): – Está
subentendido. Agora, eu não tenho como introduzi-la, se
não há emenda específica direta a esse respeito. Digo
muito sinceramente que está subentendido.
O SR. CONSTITUINTE IVO VANDERLINDE: –
Quer dizer, o espírito da emenda está, portanto, acolhido
no Anteprojeto?
O SR. RELATOR (José Serra): – Está, sim. A meu
ver, está.
O SR. CONSTITUINTE IVO VANDERLINDE: –
Diante disso, eu retiro a emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Retirada a emenda, submeto à votação a emenda do
ilustre Constituinte Domingos Juvenil.
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: –
Senhor Presidente, a minha emenda refere-se à poupança.
Tenho ouvido, ao longo do tempo, falar-se sobre o desvio
de poupança para atividades não pertinentes à sua
finalidade. E tenho também ouvido que poupanças de
regiões menos desenvolvidas, muitas vezes, são
canalizadas para outras regiões, onde a indústria da
especulação se faz de modo mais atuante. Assim, dei
acolhida a uma emenda com destaque para discutir, nesta
oportunidade de um grupo de líderes que nos
convenceram de que se deveria, a nível de Constituição,
vetar a transferência de poupanças líquidas de regiões
pouco desenvolvidas para outras, como acabei de referir-
me, onde a especulação é mais sentida. Assim,
apresentamos a emenda aditiva, no sentido de incluir
parágrafo único ao atual art. 65, do teor seguinte:
É vedada a transferência de poupança de regiões
com renda inferior à média nacional para outras de maior
desenvolvimento."
Sr. Presidente, isso é para que se evite o abuso que
tem ocorrido, como acabei de referir, principalmente nas
regiões menos desenvolvidas, que com enorme esforço,
foram um bolo de poupança, depois transferido para outras
regiões. Ela não daria prejuízo algum, pela sua dimensão,
às regiões mais desenvolvidas, mas ajudaria o setor
produtivo das regiões menos desenvolvidas, como o Norte
e Nordeste, mais especificamente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra o Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Estou de acordo
com o princípio da emenda proposta pelo nobre
Constituinte Domingos Juvenil, sobre a necessidade de se
evitar a transferência de poupanças das regiões menos
desenvolvidas do País. Creio, no entanto, que um
parágrafo único, vedando a transferência de poupança, é
de muito difícil aplicabilidade, do ponto de vista da
Constituição. Aqui diz apenas que "é vedada a
transferência de poupança de regiões", sem especificar, no
caso, os mecanismos efetivos para que isso aconteça.
Também seria difícil, em uma Constituição, estabelecer-se
como isso poderia ocorrer. Nesse sentido, não acolho a
emenda do Constituinte Domingos Juvenil, embora esteja
de acordo com o espírito e os propósitos que norteiam a
proposição de S. Ex.ª
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: –
Obviamente, tenho direito à tréplica.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – De
acordo com o Regimento, não cabe a tréplica. Coloco em
votação a proposta do ilustre Constituinte Domingos
Juvenil. Emenda nº 550368. Com a palavra o Constituinte
Mussa Demes para proceder à chamada.
Votação
Votaram Sim os Constituintes: Walmor de Luca,
Ruberval Piloto, Rose de Freitas, Roberto Torres, Pedro
Ceolin, Osmundo Rebouças, Mussa Demes, Jutahy
Magalhães, José Tinoco, José Luis Maio, José Guedes,
José Carlos Vasconcellos, João Natal, João Machado
Rollemberg, João Castelo, Jesus Tajra, Jessé Freire, Ivo
Vanderlinde, Irajá Rodrigues, Geraldo Fleming, Flávio
Rocha, Firmo de Castro, Fernando Gasparian, Fernando
Bezerra Coelho, Domingos Juvenil, Divaldo Suruagy, Darcy
Deitos, Cid Sabóia de Carvalho, Benito Gama, Basílio
Vilani, Affonso Camargo, Adhemar de Barros Filho, José
Tavares, Alexandre Puzyna, Luiz Freire, Osvaldo Sobrinho
e Manoel Ribeiro; Votaram Não os Constituintes: Simão
Sessim, Sérgio Werneck, Sérgio Spada, Nion Albernaz,
Naphtali Alves, Messias Góis, Mauro Campos, Márcio
Braga, Luís Gushiken, Jovani Masini, José Serra, José
Maria Eymael, José Luiz de Sá, Ivan Bonato, Gerson
Camata, Francisco Dornelles, Feres Nader, Fábio
Raunhetti, Airton Sandoval e Adroaldo Streck.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Trinta e sete votos a favor, vinte contra. Foi aprovada a
Emenda nº 368, do Deputado Domingos Juvenil. (Palmas.)
Vamos colocar em votação a Emenda nº 54. Devo
dizer a V. Ex.as que a Emenda nº 54 é do Constituinte
Feres Nader, e não do Constituinte Oswaldo Lima Filho. É
ao primitivo art. 62, que estabelece que os nomes do
Presidente e Diretores do Banco Central serão aprovados
pelo Congresso Nacional, e não pelo Senado Federal,
como está no dispositivo do Constituinte José Serra.
Com a palavra o Constituinte Feres Nader.
O SR. CONSTITUINTE FERES NADER: – Srs.
Constituintes, o ilustre Presidente já explicou a que se
refere a minha emenda ao texto apresentado. Gostaria
apenas de apresentar a justificativa. Refere-se ao art. 62. §
2º, que, no texto original, diz o seguinte: "O Presidente e os
Diretores do Banco Central do Brasil terão mandato de
quatro anos. Serão nomeados ou exonerados pelo
Presidente da República, após aprovação do Senado
Federal". No meu texto, digo: "após aprovação do
Congresso Nacional".
A justificativa é a seguinte: "O controle exercido pelo
Congresso Nacional na indicação, nomeação e exoneração
do Presidente e Diretores do Banco Central do Brasil,
permitirá uma participação mais ampla do Poder
Legislativo no aludido processo seletivo daqueles
dirigentes" pois que o texto do Substitutivo à aprovação
limita-se apenas ao Senado Federal.
Era apenas isso, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – O nobre
Deputado Feres Nader propõe que modifiquemos o
parágrafo único do art. 66 – que, no original, era o art. 62.
Aqui no parágrafo único, propusemos que a nomeação e a
exoneração do Presidente e dos Diretores do Banco
Central – cujos mandatos serão de quatro anos caberão ao
Presidente da República, após aprovação do Senado
Federal.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
E o nobre Constituinte propõe que seja após a aprovação do
Congresso Nacional. Quero dizer que, devido a diversas
conversas que tive durante o dia de hoje com vários
Constituintes, inclusive uma mais longa com o Constituinte
Walmor de Luca, e em face da argumentação do Constituinte
Feres Nader, acolho a emenda de S. Ex.ª (Palmas.)
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Sr.
Presidente, antes que se faça a votação, às vezes com
prejuízo de outras emendas, observe-se que aqui não houve
realmente pedido de preferência.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Houve
pedido, sim.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Não
houve.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Devo
dizer a V. Ex.ª, apenas para esclarecer, que houve pedido de
preferência por escrito do Constituinte Feres Nader.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Para o
art. 62 temos emendas apresentadas por Sérgio Spada,
Nelton Friedrich, Adhemar de Barros Filho, Oswaldo Almeida,
Darcy Deitos, Rose de Freitas, Fernando Gasparian, Israel
Pinheiro Filho, João Machado Rollemberg, Cid Sabóia de
Carvalho e Domingos Juvenil. Portanto, Sr. Presidente, queria
fundamentar, a minha observação.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Gostaria de esclarecer a V. Ex.ª que o Constituinte Feres
Nader pediu preferência para sua emenda. De acordo com o
Regimento, preferência por escrito, antes do início da votação,
tem que ser acolhida.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Sr.
Presidente, gostaria de lembrar a V. Ex.ª exatamente a
providência solicitada, de que nos fornecessem cópia das
emendas. Eu mesmo poderia fazer um pedido de preferência
para qualquer das emendas. No entanto, lembro a V. Ex.ª, por
exemplo, que a emenda do ilustre Constituinte João Machado
Rollemberg, de nº 584, sequer, está catalogado como se fora
ou do Orçamento, ou do Sistema Tributário. Portanto, Sr.
Presidente, continuamos a votar sem prévio conhecimento das
emendas, que estão, inclusive, destacadas. Considero-me, na
verdade, até impedido de votar, quando existe pedido de
destaque para uma emenda, quando sequer temos
conhecimento do seu teor.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte Messias Góis.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Sr.
Presidente, é apenas uma questão de se ter um trabalho maior.
Todos recebemos cinco ou seis volumes de emendas. Se alguém
se der ao trabalho de catalogá-las, encontrará emendas
semelhantes à do Constituinte Feres Nader, como a Emenda nº
626, a de nº 458 e a de nº 98, para as quais também houve
pedido de destaque. Então, seria o caso de, votada a preferência
para a emenda do Constituinte Feres Nader, as outras estarem
automaticamente prejudicadas. É uma questão apenas – diante
das emendas distribuídas a todos os Constituintes – de se
procurar no volume distribuído. Daí que, votada a emenda do
Constituinte Feres Nader, automaticamente, estarão prejudicadas
a Emenda nº 626, do Constituinte Fernando Gasparian, a de nº
458, do Constituinte Darcy Deitos, e a de nº 98, do ilustre
Constituinte Brandão Monteiro.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte Feres Nader.
O SR. CONSTITUINTE FERES NADER: – Sr.
Presidente, como requeri a preferência, peço a V. Ex.ª que
coloque em votação a emenda.
88
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vou
colocar em votação.
O SR. CONSTITUINTE FERES NADER: – Tenho a
impressão, pelas manifestações dos Constituintes, de que ela
atenderia ao objetivo de todos os que apresentaram
emendas ao art. 62, atual 66. Era só o que tinha a dizer neste
instante.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Devo
dizer ao Constituinte Joaquim Bevilacqua que
gostaria de colocar em votação a emenda do Constituinte
Feres Nader.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO:
– Sr. Presidente, pela ordem. Não pode haver votação sem a
palavra contrária. Quero encaminhar a votação de modo
adverso.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, antes de S. Ex.ª encaminhar a votação, peço a
palavra para uma questão de ordem, de acordo com o art. 74.
Diz o art. 62:
"Art. 62. Serão verbais, ou escritos, sendo resolvidos
imediatamente pelo Presidente, os requerimentos que
solicitem:
§ 1º (...) IV – Preferência.
§ 3º (...) Os requerimentos referidos nos parágrafos
anteriores dependerão sempre de deliberação do
Plenário."
V. Ex.ª não pode colocar em votação a emenda
sem ouvir o Plenário na questão do requerimento de
preferência.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Qual o
artigo a que V. Ex.ª se referiu?
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Art. 62, §
3º.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Constituinte Darcy Deitos, o art. 62 diz que os pedidos de
preferência serão feitos por escrito e não dependerão de
apoiamento. V. Ex.ª tem razão, pois o § 3º, diz que o
pedido de preferência dependerá sempre de decisão do
Plenário.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Agradeço a
V. Ex.ª.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Sr.
Presidente, antes de V. Ex.ª colocar em votação,
para podermos votar devidamente conscientes, insisto
em dizer que, embora tenha solicitado, na parte da manhã,
me fosse fornecida complementação do Parecer,
integrado pelas emendas apresentadas, ainda não
fui atendido. Não conheço, por exemplo, o teor das
emendas dos eminentes Constituintes Sérgio Spada
e Adhemar de Barros Filho. Gostaria inclusive de antes
de dar preferência à emenda solicitada pelo Constituinte
Feres Nader, ter conhecimento das outras emendas, para
que não viéssemos – na hipótese de votar como pretendo,
a favor da emenda do Constituinte Feres Nader –
prejudicar algum outro dispositivo, com o qual poderia
estar de acordo. Minha preferência será dada à
emenda do Constituinte Feres Nader, desde que
não venha prejudicar outra que verse sobre o mesmo
assunto e teria, naturalmente, a minha concordância, em
princípio.
O SR. CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: – Sr.
Presidente, pela ordem, na minha opinião, não há nem mesmo
necessidade do requerimento de preferência, porque a
emenda está na sua vez de ser votada. De qualquer
89 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
forma, temos que votá-la, porque, pela ordem, deverá ser
votada.
O SR. CONSTITUINTE SIMÃO SESSIM: – Sr.
Presidente, pela ordem. Ainda para robustecer
o argumento do Constituinte Airton Sandoval, quero
fazer um apelo ao Plenário e a V. Ex.ª, para que,
daqui para frente, não considerássemos os
requerimentos de preferência e votássemos na
ordem em que estão as emendas. Lida a primeira,
se for aprovada, passa-se à segunda emenda, lida
na sua totalidade. Se não for prejudicada pela
outra que se continue a votação,
para que não tenhamos de votar requerimentos de
preferência.
O SR PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Gostaria de dizer, começando pelo Constituinte
Simão Sessim, que o problema não existirá mais,
porque o único pedido de preferência que aqui chegou
foi do Constituinte Féres Nader. Pediria ao
Constituinte Darcy Deitos que levasse em consideração
que a emenda do Constituinte Féres Nader – ainda
que não houvesse preferência – seria
votada primeiramente, porque apresentada antes das
demais.
Apenas para responder ao Constituinte Walmor de
Luca, gostaria de dizer a V. Ex.ª que a Emenda nº 444, do
os
Constituinte Sérgio Spada, e as Emendas n 98, 114, 458,
626...
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, a Emenda nº 458 é minha e não se refere a
esse assunto.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
...não se referem ao mesmo assunto – é o que gostaria de
dizer. São outras emendas ao mesmo artigo, mas não
tratam da aprovação dos nomes do Presidente e Diretores
do Banco Central.
Em votação a emenda do Constituinte Féres Nader.
Solicito ao Constituinte Mussa Demes que inicie a
votação.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE
CARVALHO: – Sr. Presidente, não pode haver votação
sem o contraditório. A votação seria nula.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Com a palavra o Constituinte Cid Sabóia de Carvalho,
para fazer o contraditório.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO: –
Sr. Presidente, Srs. Constituintes, é evidente que a emenda
alcança grande simpatia da Comissão, pelo fato, primeiro, de a
Constituinte ser majoritariamente composta de Deputados
Federais, haja vista ser o número bem maior em relação aos
representantes da Federação com assento no Senado Federal.
No entanto, há de se convir em que o Senado Federal é
tipicamente o órgão de consulta, de verificação, de aprovação ou
não tem todos os casos similares, mesmo nos projetos,
anteprojetos, sugestões e tudo o que tramita na Assembléia
Nacional Constituinte. Se aprovássemos a passagem dessa
competência o Congresso Nacional, evidentemente estaríamos
colocando no nosso texto algo de tão inusitado que, mais adiante,
na Comissão de Sistematização, entraria inevitavelmente em
choque com dispositivos aprovados em outras Comissões, ou
com trabalhos oriundos das competentes Subcomissões. Por
isso, considero temerário o posicionamento do Sr. Relator,
abrindo mão, ao Anteprojeto, da harmonia que deve
prevalecer com outros dispositivos: a competência, da
maior validade, de o Senado Federal prosseguir com a sua
função de órgão federativo, e de, em nome da Federação,
aprovar ou negar certas indicações. Quando o Senado fala, é a
Federação; mas quando a Câmara dos Deputados ou o
Congresso Nacional falam, evidentemente temos outro tipo
de manifestação, com mais amplitude, mas sem a forma
de preservação da Federação. É preciso preservar a
Federação, acima de tudo, pois ela é o elo desse
encadeamento democrático. Os princípios federativos não
podem ser afetados na Assembléia Nacional Constituinte.
Por isso, encaminho a votação de modo contrário a essa
emenda, à fala do Relator, propiciando preservar a
Federação esta é acima de tudo, o elo desse
encadeamento democrático. Os princípios Federativos,
repito, não podem ser afetados na Assembléia Nacional
Constituinte. Por isso, encaminho a votação de modo
contrário a essa emenda, propiciando a manutenção do
texto do Substitutivo do Relator, nesta parte que nos
parece sábia e douta.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vou
colocar em votação.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Sr.
Presidente, quero pedir um esclarecimento à Mesa. Em
boa hora V. Ex.ª nos esclareceu que a preferência dada
ao pedido de destaque, se aprovado, não prejudicará uma
série de outras emendas que têm o mesmo sentido.
Todavia, a Emenda nº 626-3, do ilustre Constituinte
Fernando Gasparian, também se refere ao art. 62. Tenho-
a comigo. Refere-se, exatamente, ao Banco Central: "a)
seu Presidente e a Diretoria serão indicados pelo
Presidente da República, sendo nomeados para mandato
de quatro anos, após ter suas indicações aprovadas pelo
Congresso Nacional, que poderá também votar suas
destituições ou apreciar expediente do Presidente da
República nesse sentido." E continua: "b) é vedada a
eleição..."
A questão que coloco à Mesa é a seguinte: interpreta V.
Ex.ª que, votada a emenda conforme sugere o ilustre
Constituinte Féres Nader, com acolhimento do Relator, ficaria
prejudicada a emenda do nobre Constituinte Fernando
Gasparian? Ela contém, no seu bojo, o expediente do voto de
desconfiança. Observe, Sr. Presidente: o Congresso Nacional
poderá dar o voto de desconfiança e destituir o Presidente do
Banco Central. Na proposta do Relator, isto não ocorre. O
Congresso Nacional, ou o Senado, só poderá manifestar-se
depois do Presidente da República. São dois princípios
bastante diferentes. Por isso, entendo que o Congresso
Nacional, à busca de suas prerrogativas, não poderá abrir mão
do voto de desconfiança de alguém que ele mesmo nomeou e
que também poderá destituir, por meio de sua maioria. Não
poderia, Sr. Presidente, ficar prejudicada esta emenda, com
aprovação deste dispositivo? Pergunto à Presidência: qual é a
interpretação de V. Ex.ª.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Gostaria
de dizer a V. Ex.ª que, se aprovada a proposta do Constituinte
Féres Nader, considero prejudicada a letra a do item III da
proposta do Constituinte Fernando Gasparian, porque trata do
mesmo assunto. Neste caso, como a emenda do ilustre
Constituinte Féres Nader foi apresentada antes, terei que colocá-
la em votação. E, uma vez aprovada, a emenda do Constituinte
Fernando Gasparian, que dá nova redação ao mesmo
dispositivo, fica prejudicada.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – V. Ex.ª
terá que decidir a qual das duas dará preferência.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Concedo
a palavra ao Constituinte Jutahy Magalhães, pela ordem.
O SR. CONSTITUINTE JUTAHY MAGALHAES: – Sr.
Presidente, parece que existe um dispositivo regimental que
determina que, quando duas emendas são semelhantes, tem
preferência aquela mais abrangente. Se, no caso, as duas
emendas são semelhantes, deverá ter preferência aquela que
tiver um enunciado mais abrangente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Sr.
Constituinte, no caso, trata-se do § 2º do art. 62. Foi
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSOES)
colocada em preferência, pela ordem de apresentação, a
emenda do Constituinte Féres Nader.
O SR. CONSTITUINTE JUTAHY MAGALHAES: –
Mas não prevalece a ordem de apresentação, e, sim, a
questão de maior abrangência.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não
existe esse dispositivo.
O SR. CONSTITUINTE JUTAHY MAGALHAES: –
Se não existe no Regimento da Constituinte, temos que
nos socorrer dos regimentos.
O SR. CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: – Sr.
Presidente, as emendas são aditivas. Existe dispositivo,
na emenda do Constituinte Fernando Gasparian, não
contido na emenda que vamos votar.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Exatamente.
O SR. CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: –
Desta forma, entendo que esses dispositivos não ficarão
prejudicados.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não
estarão prejudicados.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Sr.
Presidente, estaria também prejudicado, caso aprovada a
emenda do Constituinte Féres Nader, o § 7º da Emenda
nº 98, apresentado pelo Constituinte Brandão Monteiro.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – As
emendas que versarem sobre o parágrafo único do art. 66
ficarão prejudicadas.
Vamos começar a votação.
Com a palavra o Constituinte Mussa Demes.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: –
Peço a palavra, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Meu
caro Constituinte Walmor de Luca, V. Ex.ª já levantou
questão de ordem.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Sr.
Presidente, gostaria de solicitar a V. Ex.ª o seguinte: há
um pedido de preferência para a emenda do nobre
Constituinte Féres Nader. V. Ex.ª interpretou que a
aprovação desta preferência significa prejuízo da emenda
do nobre Constituinte Fernando Gasparian. Não é isso? É
a letra a, sim. Exatamente para isso quero chamar
atenção. O Congresso Nacional, na própria Constituição
em vigor, tem o poder de eleger – tinha, aliás –
indiretamente, o Presidente da República. E tem também
o poder de impeachment; ou seja, em determinadas
condições o Congresso pode decretar o impeachment do
Presidente da República. Vejam V. Ex. as que, como está
redigida a proposta do nobre Relator, com a emenda
oferecida pelo Constituinte Féres Nader, o Congresso
Nacional fica impedido de fazer o impeachment, de
apresentar um voto de desconfiança ao Presidente do
Banco Central. Observem bem: quem pode o mais, passa
a não poder o menos. Quem pode, inclusive, destituir o
Presidente da República, não poderá destituir o
Presidente do Banco Central. Daí por que, Sr. Presidente,
vejo uma incoerência, em um princípio que é legislativo.
Sr. Presidente, imagine que o Congresso, como um
todo, amanhã entenda que um ato do Presidente
do Banco Central foi ilícito, que atentou contra a
Constituição e o Presidente da República assim
não entende. Não poderemos destituí-lo. Por que?
Porque a iniciativa da proposta de nomeação e
destituição parte do Presidente da República, segundo a
proposta do nobre Relator. É tolhido o poder
de iniciativa do Congresso Nacional. É isso
90
que queria lembrar a todos os companheiros. Estamos
votando contra nossas prerrogativas. Não podemos, na
verdade, tolher aquilo que o próprio autoritarismo não fez, pois
não privou o Congresso Nacional do poder de usar o
impeachment do Presidente. Mas nós agora vamos
estabelecer no preceito constitucional uma figura intocável,
Uma vez eleito, ele poderá cometer os maiores desatinos;
mas, se o Presidente da República assim não entender, não
adiantará o Congresso, seja o Senado, seja a Câmara ou
todos os seus membros, se insurgir contra isso. Dai por que
quero ficar com a redação inicial, proposta pelo Constituinte
Fernando Gasparian. Pediria a V. Ex.ª que colocasse as duas
questões em preferência, já que V. Ex.ª entendeu
que a aprovação da emenda do nobre Constituinte
Féres Nader prejudicaria o item a ou seja, tolheria a
iniciativa parlamentar de voto de desconfiança, da destituição.
O meu voto será preferencialmente, à Emenda Gasparian.
O que não quero á abrir mão das minhas atribuições
legislativas que são nítidas. Ou seja, se o posso aprovar, se
posso votar o nome apresentado pelo Presidente da
República, também posso ter o direito de amanhã
apresentar o voto de desconfiança que o Congresso em sua
maioria decidiu.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Gostaria que se fizesse ordem. Concedo a palavra ao nobre
Constituinte Fernando Gasparian.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
Sr. Presidente, queria fazer um apelo ao espírito democrático
de V. Ex.ª no sentido de que realmente resolvesse esse
impasse, votando essa preferência. Se fosse dada preferência
a esse projeto, que não é meu, é da Subcomissão – a redação
que aqui está foi a Subcomissão que aprovou – julgo que ele
não ficaria prejudicado, vamos dizer, pela votação antecipada
da proposta do Constituinte Féres Nader. Portanto, o que foi
aprovado pela Subcomissão seria considerado e submetido a
votos pelos Srs. Constituintes. E assim realmente poderíamos
votar, em sua plenitude, a proposta, muito mais ampla, que
não é minha, e sim da Subcomissão.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
as
Gostaria de dizer a V. Ex. que, de acordo com a
interpretação dada pela Mesa, vamos respeitar a ordem de
apresentação das emendas. Ainda que não houvesse o
pedido de preferência do Constituinte Féres Nader, a
sua emenda deveria ser votada inicialmente pela ordem
de apresentação. Se a emenda do Constituinte Féres
Nader for rejeitada, votaremos, então, a emenda de
V. Ex.ª. Coloco em votação a emenda do Constituinte Féres
Nader.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
Sr. Presidente, ocorre que prefiro a emenda de S. Ex.ª à
redação do Relator. De modo que terei que votar contra
essa emenda e correr o risco de ficar com a do Relator, que é
pior.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Colocaremos em votação a proposta do Constituinte Féres
Nader. Estão encerradas as questões de ordem.
A SRA. CONSTITUINTE ROSE DE FREITAS: – Sr.
Presidente, não sei como vou votar. Gostaria de um
esclarecimento. Inicialmente vamos votar a proposta do
Constituinte Féres Nader, ou não?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – A do
Constituinte Féres Nader não precisa de preferência, pois foi a
primeira a ser apresentada.
A SRA. CONSTITUINTE ROSE DE FREITAS: – Em
seguida, votaremos, inclusive, a do Constituinte Fernando
Gasparian.
91 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Caso
seja aprovada a do Constituinte Féres Nader, que dá nova
redação ao art. 62, todas aquelas que apresentam nova
redação ao mesmo artigo estão prejudicadas.
A SRA. CONSTITUINTE ROSE DE FREITAS: – Mas
Sr. Presidente, seria um contra-senso que o destaque
apresentado pelo Constituinte Fernando Gasparian ficasse
prejudicado esse se pela votação da proposta do Constituinte
Féres Nader, pois a primeira é muito mais abrangente.
Prejudicado, inclusive, no texto, não há outro destaque que
fale do problema da destituição. O Constituinte Walmor de
Luca está com a razão.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Está
em votação a proposta do Constituinte Féres Nader.
O SR. CONSTITUINTE FÉRES NADER: – De acordo
com a minha questão de ordem, § 3º, V. Ex.ª tem de colocar
em votação o requerimento de preferência.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não há
questão de voto de preferência, porque, pela ordem, a
emenda do Constituinte Féres Nader foi apresentada primeiro.
Quem votar "sim", está aprovando a emenda do Constituinte
Féres Nader. Quem votar “não” está mantendo a redação do
Constituinte José Serra, defendida pelo ilustre Constituinte Cid
Sabóia de Carvalho.
Está em votação.
A SRA. CONSTITUINTE ROSE DE FREITAS: – Sr.
Presidente, o Constituinte Féres Nader levantou questão de
ordem antes de V. Ex.ª colocar em votação.
O SR. CONSTITUINTE FÉRES NADER: – Sr.
Presidente, pela ordem. Retiro minha proposta para ficar com
a emenda do Constituinte Fernando Gasparian, porque ela
preserva a atuação do Congresso Nacional. Ao preservar a
aprovação pelo Congresso Nacional, ela dá condição mais
ampla a todo o Poder Legislativo e atende plenamente à
nossa pretensão. (Muito bem! Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V. Ex.ª
retira sua emenda?
O SR. CONSTITUINTE FÉRES NADER: – Retiro.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Está
retirada a emenda do Constituinte Féres Nader. Vamos votar
agora a Emenda nº 444, defendida pelo Constituinte Nelton
Friedrich, cujo pedido de destaque foi apresentado pelo
Constituinte Sérgio Spada. Ela estabelece que “a lei federal
disporá, no atual art. 66...
O SR. CONSTITUINTE SÉRIO SPADA: – Sr.
Presidente, só para um esclarecimento. Tenho a impressão de
que houve engano por parte da assessoria, pois não requeri
destaque para votação desta emenda. Talvez outro
Constituinte, mas não eu.
O SR. CONSTITUINTE FÉRES NADER: – Sr.
Presidente, havia um pedido de preferência para a emenda do
Constituinte Fernando Gasparian feito pelo Constituinte
Walmor de Luca.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Gostaria de dizer a V. Ex.ª que essas emendas que vamos
votar não tratam do mesmo assunto e que o pedido de
preferência só poderá ser feito por escrito, antes de começar a
sessão. Essas emendas que vamos votar não tratam desse
assunto. Vamos obedecer a ordem. Com a palavra o nobre
Constituinte Sérgio Spada, que retirou seu pedido de
destaque.
O SR. CONSTITUINTE SÉRGIO SPADA: – Não retiro.
Acredito que houve um equívoco da assessoria, tenho
competência para retirá-lo. Creio que esse destaque é de au-
toria de outro Constituinte e que, no processo de datilografia,
houve um equívoco.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Certamente deve ter sido para outra Comissão, e alguém deu
entrada nesta.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Encaminho
a votação do destaque da emenda do Constituinte Nelton
Friedrich, do PMDB do Paraná. Ela diz o seguinte, Sr.
Presidente: “A lei federal disporá sobre o funcionamento dos
bancos de depósito, empresas financeiras e de seguros, em
todas as suas modalidades, devendo a maioria de seu capital
com direito a voto ser constituída por brasileiros”.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Comunico ao Plenário que está com a palavra o nobre
Constituinte Darcy Deitos.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – E, nas
Disposições Transitórias se incluiria: “As empresas atualmente
autorizadas a operar no País terão prazo de 12 (doze) meses,
para se transformarem em empresas cujo controle de capital
pertença a brasileiros e que constituída e com sede no País,
nela tenha o centro de suas decisões”. Esta emenda, Sr.
Presidente, nada mais visa do que, em outros termos, preservar
o que havia sido decidido pela Subcomissão do Sistema
Financeiro, ou seja, a proibição a bancos estrangeiros de
captarem depósitos no mercado interno. O ilustre Relator José
Serra retirou aquele dispositivo aprovado na Subcomissão,
depois de uma longa batalha. O que levou o ilustre Relator José
Serra a retirar aquele dispositivo, parece-me, foi o depoimento
prestado pelo Sr. Adroaldo Moura, não Adroaldo Streck.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Pediria aos
Srs. Constituintes que, quando um colega estivesse defendendo
sua emenda, déssemos a essa defesa atenção especial.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – O Sr.
Adroaldo Moura veio a esta Comissão fazer algumas
colocações totalmente contrárias ao que havia sido decidido.
Sou daqueles que entendem ser pura balela a alegação de que
perdemos com a não-permissão de bancos estrangeiros no
País captarem depósitos. Se verificarmos os registros, vamos
ver que o total de depósitos voluntários ou de pessoas físicas
no Banco do Brasil no exterior monta a 1.853 bilhões de dólares
e os depósitos interbancários chegam a 3.420 bilhões de
dólares, valores de abril de 1987. O que os bancos estrangeiros
captam aqui dentro é um volume quase que parecido, só que
com a diferença: no exterior, pagam-se altas taxas de juros. Até
pelo volume se vê que não há credibilidade para favorecer a
aplicação em bancos brasileiros no estrangeiro. Quem vai
aplicar em bancos de um país que declara uma moratória
técnica, como declaramos Sr. Presidente, dada a exigüidade do
tempo concedido para a defesa desta emenda, tenho de
rapidamente colocar que em várias capitais do mundo não se
permite que o Banco do Brasil capte depósitos de pessoas
físicas, como em Singapura.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Pediria
a V. Ex.ª que concluísse sua exposição, para que
prosseguíssemos.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – As
pessoas físicas não é permitido fazer aplicações em bancos
como o Banco do Brasil. Em Miami, como em Los Angeles,
também não se pode fazer captação de pessoas que não
sejam residentes nos Estados Unidos. Enfim, a argumentação
usada, da reciprocidade...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Peço
aos Srs. Constituintes que permitam que o Constituinte Darcy
Deitos conclua sua exposição.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Portanto, o
temor dessa retaliação é fruto do desconhecimento do vulto
dos interesses das empresas internacionais que fazem lobby
através da grande imprensa, para que propostas, como as
aprovadas na Subcomissão do Sistema Financeiro, fossem
aqui totalmente desconhecidas.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Pediria
ao nobre Constituinte Darcy Deitos que respeitasse os três
minutos.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, V. Ex.ª há de compreender que, com o tumulto
que se verifica, é difícil concluir meu raciocínio. Peço a V. Ex.ª
que me assegure a palavra. Entendo ser falso afirmar que o
Brasil sofrerá retaliações, concluir que o Brasil sofrerá
prejuízos, de introduzir dispositivos que não permitam a
bancos estrangeiros a captação de depósitos dentro do
mercado interno, porque os bancos aqui estabelecidos estão
ajudando a enterrar a nossa economia, a matar a indústria, o
comércio, a agricultura e o povo brasileiro. Portanto, esta
emenda do Constituinte Nilton Friedrich, que estamos a
defender, merece acolhida dos Srs. Constituintes, para
preservar pelo menos o que foi aprovado na Subcomissão do
Sistema Financeiro e aqui totalmente "sacado".
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Sr.
Presidente, peço a palavra para contraditar. Não sou a favor
dos bancos internacionais que sugam o nosso País. No
entanto, em termos de ordenamento de votação, ao que me
consta esta matéria já está superada, porque já rejeitamos a
Emenda nº 624, do nobre Constituinte Fernando Garparian,
sobre o Sistema Financeiro Nacional. Seria um detalhe para
uma lei ordinária, que diria como se formará um banco
privado, um banco estadual ou qualquer coisa nesse sentido.
Mas já se determinou a definição de como será o Sistema
Financeiro Nacional, com a rejeição da emenda do
Constituinte Fernando Gasparian, prevalecendo, então, o art.
65. Daí por que entendo que este texto deve ser aproveitado
na legislação ordinária de nossa soberania. No entanto, em
termos de adequação ao que já foi votado, entendo que a
emenda está prejudicada.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Considero que a emenda não está prejudicada. Concedo a
palavra ao Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Eu me permitiria
encaminhar contra a Emenda do Constituinte Nelton Friedrich,
encaminhada pelo nobre Constituinte Darcy Deitos. Essa
proposta implica que, em um ano, não poderíamos ter no
Brasil nenhuma instituição financeira detentora de participação
de capital estrangeiro. Acontece que temos no exterior
instituições financeiras brasileiras, como o Banco do Brasil e
outros bancos. Essas instituições, muitas vezes, foram
localizadas no exterior de conformidade com acordos de
reciprocidade. Instalamos agências do Banco do Brasil na
Espanha, em troca de instalações de agências de bancos
espanhóis no Brasil, para incrementar o comércio.
Participamos de quatro bancos multinacionais, que tem a ver
com a expansão do nosso comércio e inclusive como o latino-
americano. Fizemos intercâmbio como o Banco da Província
de Buenos Aires, da Argentina. Instalamos bancos na
Argentina, e os Argentinos instalaram-se no Brasil, para
estimular também o desenvolvimento das relações de
comércio. Temos um banco em sociedade com o Iraque, o
Banco Brasil-Iraque, com capital de 50% de cada país,
para incrementar nossas relações comerciais com
aquela nação. Então, o que acontece? Se colocamos
na Constituição uma medida geral, que exclua todos os
bancos estrangeiros no Brasil, vamos ser prejudicadas. Isto
é contra os interesses nacionais. Estou convencido disso.
Nas Disposições Transitórias, proíbe-se a expansão do
capital estrangeiro e a instalação de novas filiais, até que
92
a lei baseada neste espírito, regule a matéria. Creio
que estaremos defendendo os interesses nacionais,
se atuarmos dessa maneira, isto é adotando critérios
restritos para participação estrangeira no Sistema
Financeiro Nacional. Sou partidário de critérios restritivos,
mas não podemos tomar medida geral que ponha todos
os bancos fora, o que prejudicaria fortemente os interesses
do nosso comércio exterior e do nosso desenvolvimento.
Por isso encaminho contrariamente à emenda apresentada
pelo nobre Constituinte Darcy Deitos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Vamos passar à votação. Aqueles Constituintes que
disserem "sim" estarão apoiando a Emenda nº 5S 444,
defendida pelo ilustre Constituinte Darcy Deitos. Aqueles
que disserem "não" estarão votando contrariamente
a ela, mantendo a posição do Relator, Constituinte José
Serra.
(Votação)
Votaram sim os Constituintes: Cid Sabóia de
Carvalho, Darcy Deitos, Fernando Gasparian, Irajá
Rodrigues, Luís Gushiken, Rose de Freitas e Sérgio Spada;
Votaram não os Constituintes: Adhemar de Barros
Filho, Adroaldo Streck, Affonso Camargo, Airton Sandoval,
Basílio Vilani, Benito Gama, Divaldo Suruagy, Fábio
Raunheitti, Feres Nader, Fernando Bezerra Coelho, Firmo
de Castro, Flávio Rocha, Francisco Dornelles, Gerson
Camata, Harlan Gadelha, Ivan Bonato, Ivo Vanderlinde,
Jessé Freire, Jesus Tajra, João Carlos Bacelar, João
Castelo, João Machado Rollemberg, João Natal, José
Carlos Vasconcelos, José Guedes, José Luiz de Sá, José Luis
Maia, José Maria Eymael, José Serra, José Tinoco,
Jovani Masini, Jutahy Magalhães, Lézio Sathler, Márcio
Braga, Mauro Campos, Messias Góis, Mussa Demes,
Naphtali Alves, Nion Albernaz, Osmundo Rebouças, Pedro
Ceolin, Roberto Torres, Ruberval Pilloto, Sérgio Werneck,
Simão Sessim, Walmor de Luca, Wilson Campos e José
Tavares.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Rejeitada a emenda – sete votos a favor e quarenta e oito
contrário – prevalece a posição adotada pelo Relator,
Constituinte José Serra.
Passamos à votação da Emenda nº 98, de autoria
do Constituinte Adhemar de Barros Filho, que dá
nova redação ao art. 66 do Substitutivo do Constituinte
José Serra.
Concedo a palavra ao Constituinte Adhemar de Barros
Filho.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Propõe a emenda a seguinte redação para o
art. 66:
"O Sistema Financeiro Nacional será Constituído:
I – do Conselho Monetário Nacional;
II – do Banco Central do Brasil;
III – do Banco do Brasil S.A;
IV – do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social;
V – das demais instituições financeiras públicas e
privadas.
§ 1º As instituições financeiras privadas, exceto as
cooperativas de crédito, serão constituídas exclusivamente
sob a forma de sociedade anônima, devendo 51% (cinqüenta
e um por cento) de suas ações com direito a voto serem
controladas pelo Estado.
§ 2º É vedada a instalação de novas agências de
bancos estrangeiros.
§ 3º O Conselho Monetário Nacional fixará normas
para a nacionalização do sistema financeiro.
93 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
§ 4º A competência do Banco Central do Brasil e
demais instituições financeiras públicas será fixada em lei
complementar, obedecidos os seguintes princípios:
I – o Banco do Brasil S.A. é o instrumento de
execução da política creditícia e financeira do Governo
Federal;
II – na qualidade de agente financeiro, sem prejuízo
de outras funções, competirá ao Banco do Brasil;
a) receber todas as importâncias provenientes de
arrecadação de tributas ou rendas federais, a crédito do
Tesouro, bem como os depósitos e operações de todas as
empresas e empresas e entidade públicas e sociedades de
economia mista;
b) realizar pagamentos e suprimentos necessários à
execução do orçamento, dar e conceder aval, fiança e
outras garantias, conforme autorização legal;
c) executar o serviço da dívida pública consolidada;
d) arrecadar depósitos compulsórios ou voluntários
das outras instituições financeiras;
e) executar a política de crédito agrícola, com
exclusividade.
§ 5º O Conselho Monetário Nacional terá sua
competência e composição definidos em lei.
§ 6º Não poderão ser diretores do Banco Central do
Brasil e do Banco do Brasil S.A. nem integrar o Conselho
Monetário Nacional, ou exercer funções em seu órgão
consultivo e fiscal:
a) diretores, gerentes, administradores de empresas
financeiras privadas ou pessoas que tenham exercido
esses cargos nos cinco anos anteriores à nomeação."
§ 7º Os diretores do Banco Central do Brasil, do
Banco do Brasil S.A. e do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social serão nomeados
pelo Presidente da República, depois de aprovados pela
Câmara dos Deputados, que pelo voto da sua maioria,
poderá destituí-los.
§ 8º O exercício de cargo de diretor do Banco
Central do Brasil, do Banco do Brasil S.A. e do BNDES é
condição impeditiva para o exercício de idêntico cargo em
instituição financeira privada, pelo prazo de três anos.
Justificação? Nenhuma política econômica, nenhum
choque heterodoxo ou ortodoxo dará certo no Brasil, se o
Sistema Financeiro não passar ao controle do Estado e da
sociedade. O Brasil, hoje como ontem, continua sendo uma
colônia de banqueiros, como denunciara o historiador
Gustavo Barroso há cinqüenta anos. Os bancos ganharam
dinheiro antes, durante e após o Plano Cruzado. A primeira
condição para combater a inflação no Brasil e assegurar
o crescimento econômico é estatizar os bancos privados,
decisão que não é fácil, tendo em vista o pequeno número
de conglomerados bancários existentes no País. O
Sistema Financeiro Nacional tem hoje uma participação
de 14% do Produto Interno Bruto, superior àquela do
setor agrícola na economia nacional. O crescimento dessa
participação, ocorrido nos últimos quinze anos – de 7%
para 14% – decorreu da adoção, pelos últimos Governos,
de políticas de concentração de rendas e de favorecimento
ao capital financeiro, em detrimento de atividades
produtivas. Uma característica do setor financeiro e
oligopólio. Os cinco grandes conglomerados financeiros
que cresceram à sombra do favorecimento, de estímulo e
"proteção das autoridades econômicas do autoritarismo
detêm mais de 70% dos depósitos em recursos do
sistema financeiro no Brasil, numa clara violação ao
preceito constitucional que proíbe monopólios e
oligopólios privados. Sucessivas fusões, incorporações e li-
quidações extrajudiciais puseram fim aos pequenos bancos e
aos bancos regionais. Os conglomerados passaram a
funcionar como drenos das poupanças das regiões mais
pobres para a aplicação nas regiões mais ricas, contribuindo
para o desnível e desequilíbrio regional. Para o
desenvolvimento do capitalismo no Brasil, para o crescimento
da produção agrícola, industrial, dos serviços, o crédito tem
que estar nas mãos do Estado, e não de sete famílias
privilegiadas. Até porque atividade financeira é capitalismo
sem riscos que só existe para poupadores e investidores. Os
escândalos do mercado financeiro ocorridos nos últimos anos
comprovam a tese – só perdem os investidores. O Banco
Central cobre os rombos com "dinheiro dos contribuintes
credores da União. Colocar o sistema financeiro sob o
controle do Estado que terá 51% das ações e da sociedade é
questão essencial para o Brasil desenvolver suas
potencialidades econômicas e criar as condições de
progresso e bem estar social. Os atuais controladores destas
instituições poderão continuar participando das mesmas, na
qualidade e com direito de acionistas minoritários. A proposta
submete a indicação dos Diretores do Banco Central, Banco
do Brasil, e BNDES ao controle da Câmara dos Deputados,
proíbe a participação nestes casos de pessoas ligadas ou ex-
diretores de instituições privadas, medidas de caráter
moralizador. A nacionalização dos bancos estrangeiros, cujo
controle acionário passará para a União, é fundamental para
evitar fraudes cambiais, remessas clandestinas de divisas e
operações lesivas ao interesse nacional. A Constituinte tem o
dever de enfrentar com independência a questão do sistema
financeiro, para evitar que o Brasil continue sendo, na
definição do Historiador Gustavo Barroso, uma colônia de
banqueiros e que os brasileiros sejam divididos em duas
categorias: "os banqueiros e os outros – como afirmou o
empresário Antônio Ermírio de Morais". Esta é a proposta de
destaque que requeremos, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Eu me permitiria
solicitar aos Srs. Constituintes um minuto de atenção para
encaminhar contrariamente a proposta do Líder do PDT,
Deputado Brandão Monteiro, apresentada pelo nobre
Constituinte Adhemar de Barros Filho. Creio, inclusive, que
esta proposta está prejudicada pela votação que já fizemos
aqui, uma vez que ela dispõe também sobre as agências de
bancos estrangeiros, impondo a nacionalização dos bancos
estrangeiros. Acabamos de votar, e ficou decidido que essa
parte seria tratada de acordo com o Substitutivo do Relator.
Ela consagra a existência e a permanência do Conselho
Monetário Nacional e versa sobre todo um conjunto de coisas
que, ou são produtos de legislação ordinária, ou, inclusive,
têm a ver com o conjunto do Substitutivo e das emendas
apresentadas. Por esta razão não obstante estar de acordo
com o espírito, com as intenções da proposta do Constituinte
Brandão Monteiro, apresentada pelo Constituinte Adhemar de
Barros, encaminho contra a aceitação desta emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Os
Constituintes que estiverem a favor da proposta do
Constituinte Adhemar de Barros Filho – votam "sim" os que
estiverem a favor da posição do Relator José Serra – votam
"não". Nobre Constituinte Mussa Demes – Não é tréplica, Sr.
Presidente, mas um esclarecimento.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Informo a V. Ex.ª que não posso concordar. V. Ex.ª já falou, e
o estabelecido é que não cabe a tréplica. V. Ex.ª deseja falar
contra a emenda?
O SR. CONSTITUINTE MUSSA DEMES: – Contra.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Mas
o Constituinte José Serra já emitiu a sua posição.
O SR. CONSTITUINTE MUSSA DEMES: – V. Ex.ª
ouviu o Relator. Quero contraditar a emenda do
Constituinte Brandão Monteiro.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra a V. Ex.ª, mas quero dizer que, de
agora em diante os Constituintes que desejarem falar
contra a propositura, deverão fazê-lo antes da palavra do
Relator.
O SR. CONSTITUINTE MUSSA DEMES: – V. Ex.ª
passou imediatamente a palavra ao Relator.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Peço desculpa a V. Ex.ª.
O SR. CONSTITUINTE MUSSA DEMES: – Sr.
Presidente quero firmar-me na palavra do Relator. S. Ex.ª
está com inteira razão, inclusive no início da sua fala disse
que a emenda estava prejudicada. Gostaria que V. Ex.ª
considerasse prejudicada a emenda, uma vez que, na
votação anterior, isso já foi abordado, e passássemos,
então, ao outro destaque. O próprio Relator compreende e
admite que a emenda está prejudicada. Este é o nosso
considero prejudicada a emenda e a coloco em votação.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não
considero prejudicada a emenda e a coloco em votação.
Aqueles que votarem "sim" estão a favor da posição do
Constituinte Adhemar de Barros Filho.
O SR. CONSTITUINTE JOAQUIM BEVILÁCQUA: –
Sr. Presidente, para um esclarecimento. Eu pergunto a V.
Ex.ª se a rejeição desta emenda não prejudica os demais
destaques.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não
prejudica os demais.
(Votação)
Votaram sim os Constituintes: Luiz Gushiken, Darcy
Deitos, Adroaldo Streck e Adhemar de Barros Filho;
votaram não os Constituintes: Wilson Campos, Walmor de
Luca, Simão Sessim, Sérgio Werneck, Sérgio Spada,
Ruberval Piloto, Rose de Freitas, Osmundo Rebouças,
Nion Albernaz, Naphtali Alves, Mussa Demes, Messias
Góis, Mauro Campos, Márcio Braga, Jutahy Magalhães,
Jovanni Masini, José Tinoco, José Serra, José Maria
Eymael, José Luís Maia, José Luiz de Sá, José Guedes,
José Carlos Vasconcelos, João Natal, João Machado
Rollemberg, João Castelo, Jesus Tajra, Jessé Freire, Ivo
Vanderlinde, Ivan Bonato, Irajá Rodrigues, Harlan Gadelha,
Gerson Camata, Geraldo Fleming, Francisco Dornelles,
Flávio Rocha, Fernando Gasparian, Fernando Bezerra
Coelho, Domingos Juvenil, Divaldo Suruagy, Cid Sabóia de
Carvalho, Benito Gama, Basílio Vilani, Airton Sandoval,
Affonso Camargo, José Tavares e Joaquim Bevilacqua.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Rejeitada – quatro votos favoráveis e quarenta e sete
contrários – a Emenda nº 5S0098, do Constituinte Brandão
Monteiro, cujo destaque foi apresentado pelo ilustre
Constituinte Adhemar de Barros Filho.
O Constituinte Oswaldo de Almeida retirou o
destaque de sua emenda. Emenda nº 458, do Constituinte
Darcy Deitos.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente apresentamos esta emenda para suprimir do
art. 66 o item II, letras a, b e c, que prevêem o
funcionamento de bancos estrangeiros no País, e também
para suprimir do art. 78, os itens I e II e seu parágrafo
único, que diz exatamente o seguinte: "A vedação a que se
refere este artigo não se aplica às autorizações resul-
94
tantes de acordos internacionais, de reciprocidade, ou
interesse do Governo brasileiro".
Sr. Presidente, pelo que senti nesta Comissão, pelo
interesse que despertou até aqui a votação das matérias, vejo
que sucede fato semelhante ao ocorrido na queda da
Bastilha: quando as hordas chegaram e derrubaram as portas
do palácio, Luis XV escrevia em seu diário, "Aujourd'hui", que
nada de novo estava a acontecer. Os bancos afogam esta
Nação, o capital internacional liquida com nessa soberania, e
os brasileiros estão a dizer: "Não, não podemos contrapor-nos
porque vamos ser prejudicados". Então, mediante o que já se
deu e para ser coerente com minha linha de pensamento, Sr.
Presidente, retiro esta emenda, porque sei do pensamento
dos ilustres Constituintes de que nada de novo está a
acontecer no País.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Agradeço a V. Ex.ª pela retirada da emenda e pelas brilhantes
considerações apresentadas.
Vamos votar a emenda do ilustre Constituinte
Fernando Gasparian, que trata da organização,
funcionamento e atribuições do Banco Central do Brasil,
indicação do seu Presidente e vedações para Presidentes e
Diretores e para quem estiver ocupando diretorias no Banco
Central.
Com a palavra o Constituinte Fernando Gasparian.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
Sr. Presidente, Srs. Constituintes, esta emenda incorpora
também a do Constituinte Féres Nader, que me honra agora
com sua assinatura. Esta emenda, que não é minha, mas da
Subcomissão, estipula que a eleição dos membros da
diretoria do Banco Central será feita pelo Congresso Nacional,
indicados pelo Presidente da República, podendo, inclusive,
num mandato de quatro anos, ser exoneradas pelo
Presidente da República, havendo aprovação do Congresso
Nacional. Por iniciativa do Congresso Nacional também
poderá ser destituída a diretoria e o presidente do Banco
Central.
Além disso, as letras b e c englobam disposição
comum em muitos países desenvolvidos, que é a de fazer
restrições às pessoas que participem da diretoria do Banco
Central, quatro anos antes e quatro anos depois da sua
eleição. Isto acontece nos Estados Unidos. Lá, o Presidente
do Federal Reserve Board tem que se submeter a essa
exigência. Inclusive o Paul Volker, que acaba de sair do
Federal Reserve Board, o Banco Central americano, tem essa
limitação, assim como o que foi nomeado agora se submete a
ela. Além do mais, nos Estados Unidos a lei proíbe que
qualquer ocupante de cargo público, depois de deixá-lo, se
dedique a uma atividade privada relacionada com aquela que
exerceu no governo. É prática bastante moralizadora, muito
correta e que espero possamos introduzir no Brasil, a fim de
que se impeça uma série de incorreções verificadas na
administração pública no País. Em resumo, estas são as
propostas. E, como a Subcomissão já os endossou, que
sejam aprovadas da forma como estão.
O SR. CONSTITUINTE BENITO GAMA: – Sr.
Presidente, peço a palavra para contrapor-me à proposta do
Constituinte Fernando Gasparian.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao nobre Constituinte Benito Gama.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: – Sr.
Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem,
apenas para um esclarecimento. É uma proposta só, ou são
várias numa só?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – É uma
proposta.
95 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
Concedo a palavra ao Constituinte Benito Gama.
O SR. CONSTITUINTE BENITO GAMA: – Sr. Presidente,
Srs. Constituinte, embora concorde com o item a da proposta do
ilustre Constituinte Fernando Gasparian, com relação aos itens b
e c de que, nos quatro anos anteriores e posteriores, fica vedada
a participação de dirigentes do Banco Central em empresas
financeiras privadas, na época da discussão, aqui eu considerei
que isso seria praticamente uma reserva de mercado para
funcionários públicos, principalmente dos bancos oficiais. Antes
de quatro anos, evidentemente uma pessoa que não tenha
participado do Sistema Financeiro Nacional, do ponto de vista
privado ou não, não terá experiência gerencial para administrar
uma instituição como o Banco Central.
Acho que poderíamos colocar em lei complementar ou
lei ordinária instrumentos que punissem presidentes e diretores
do Banco Central que se utilizassem da instituição para proveito
próprio ou de terceiros. Acho que, embora o propósito seja
extremamente saudável, fica impraticável colocar-se uma
"reserva de mercado" – entre aspas – para funcionários
públicos que não tenham a vivência devida para administrar
uma instituição como o Banco Central de qualquer país
civilizado ou em desenvolvimento, como é o caso do Brasil.
Então, gostaria de deixar registradas essas colocações, embora
concordando que a nomeação seja do Congresso Nacional.
Esses itens b e c são realmente dois instrumentos que
deveríamos criar em lei ordinária para punir o presidente ou
diretor que utilizasse mal a instituição. Era isso, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra) – Eu me permitiria
encaminhar contra a proposta do Constituinte Fernando
Gasparian, que faz certos comentários a respeito da questão da
diretoria do Banco Central. Não porque eu me oponha a que se
aprove a nomeação e a destituição pelo Presidente da
República. No caso da emenda do Constituinte Féres Nader, eu
havia acolhido a transferência dessa atribuição do Senado para
o Congresso. O meu problema com a emenda refere-se a
outros itens contidos na proposta que, se votarmos, serão
aprovados. A proposta veda a eleição para a presidência e
diretorias do Banco Central do Brasil, textualmente, "a quem
tiver exercido, nos últimos quatro anos anteriores à indicação,
função de direção de qualquer entidade financeira privada". Da
mesma maneira, impede que quem ocupa a diretoria do Banco
Central, nos quatro anos subseqüentes, possa ser diretor de
empresa financeira privada. Eu me oponho a esses itens
porque, em primeiro lugar, a diretoria do Banco Central vai ser
aprovada pelo Parlamento. Então, se os diretores estão sob
suspeição, eles não serão aprovados pelos Parlamentares. Este
é o aspecto fundamental. Não há razão para esta restrição,
desde esse ângulo. Em segundo lugar, se estendêssemos esse
princípio, deveríamos fazer a mesma coisa com o BNDES, com
o Banco do Brasil, com outras instituições oficiais estaduais. O
Ministério da Indústria e Comércio não poderia ser ocupado por
um industrial; o Ministério da Agricultura não poderia ser
ocupado por um agricultor. Diretorias de empresas públicas
também. Uma empresa de siderurgia pública não poderia ter
como diretor alguém que tivesse trabalhado um ou dois anos
numa empresa de siderurgia privada. E assim por diante.
Teríamos um verdadeiro código de impedimentos de dirigentes
públicos, o que, a meu ver, não corresponde à intenção da
emenda com conotações totalitárias de investigação profunda
da vida de cada um. É uma derivação lógica do ponto de vista
da Constituição. Por isso, encaminho contra a adoção dessa
emenda, embora eu fosse a favor de que a atribuição passasse
do Senado para o Congresso.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte Nion Albernaz.
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: – Sr.
Presidente, nós entendemos que há uma intenção de se
votar a alínea a do destaque do ilustre Constituinte
Fernando primeiro lugar, a alínea a. Posteriormente, a
salíneas a e c. Neste caso, peço um destaque para que se
vote, em primeiro lugar, a alínea a. Posteriormente, as alíneas
b e c.
O SR. CONSTITUINTE JOAQUIM BEVILACQUA: –
Sr. Presidente, peço a palavra para encaminhar.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem V.
Ex.ª a palavra.
O SR. CONSTITUINTE JOAQUIM BEVILACQUA: –
Sr. Presidente, o inciso IV do art. 66, já aprovado por esta
Comissão, cuida dos requisitos para a designação dos
membros da diretoria do Banco Central do Brasil na Lei do
Sistema Financeiro.
Portanto, o nobre Relator já cuidou desta matéria,
do que pretende o destaque da emenda do Constituinte
Fernando Gasparian, nas letras b e c. Então, as letra
b e c estão prejudicadas, porque já foram votadas – é matéria
de lei. A Lei do Sistema Financeiro é que vai estabelecer
os requisitos para designação dos membros. Agora, com
relação à letra a, realmente a, propositura do Constituinte
Fernando Gasparian é mais abrangente do que a do
Constituinte Féres Nader. Se rejeitarmos agora a propositura
do Constituinte Fernando Gasparian, teremos que votar
a do Constituinte Féres Nader, que é menos abrangente.
Então, parece-me que o Relator tem o assentimento,
parece que há um consenso – não digo à unanimidade,
mas quase, da Comissão – no sentido de aprovarmos
a letra a exatamente do modo que o nosso colega
destacou.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO:
– Sr. Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem V.
Ex.ª a palavra.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO:
– Sr. Presidente, sou contra. Não vejo nenhuma razão
jurídica para se dividir a emenda de ninguém. A emenda
do Constituinte Fernando Gasparian é esta aí tal como
está escrita, em três itens e não há dispositivo do Regimento
da Assembléia Nacional Constituinte, nem no Regimento
da Câmara dos Deputados, que permita a divisão de emenda
em itens ou subitens. Isso é absolutamente impossível.
Por outro lado, Sr. Presidente, quando o Constituinte
pede que seja retirado o seu pedido, isso é uma renúncia.
O Direito não tem renúncia retratável, nem
condicionada.
Por isso, renúncia é renúncia, ato absoluto. O que
se renunciou, renunciou. Então, não há como dividir a
emenda do Constituinte Fernando Gasparian e muito menos
como ressuscitar matéria já retirada pela renúncia aqui
expressa.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte Fernando Gasparian.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
Queria informar, Sr. Presidente, que estou de acordo
em que se considere os itens b e c prejudicados e
de acordo com a argumentação do Constituinte Joaquim
Bevilacqua, que se vote o item a, conforme solicitado aqui
pelos Srs. Constituintes.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não
considero prejudicados os itens b e c.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
O SR CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: –
Uma questão de ordem, Sr. Presidente. Se o Constituinte
pode retirar de votação um destaque por inteiro, pode,
também, retirar parte desse destaque. Poderá, portanto,
retirar alíneas b e c.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Meu
entendimento é no sentido de que a emenda estaria
prejudicada.
Não concordo com o Constituinte Cid Sabóia de
Carvalho que, tendo o Constituinte Feres Nader, naquele
momento, retirado sua emenda, não possa reapresentá-la
para votação.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE
CARVALHO: – Sob condição, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – S.
Ex.ª retirou a preferência.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN:
– Gostaria que submetesse minha emenda à votação.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Em
votação o artigo do Constituinte Fernando Gasparian.
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: – Sr.
Presidente, uma questão de ordem. Já que o Constituinte
Fernando Gasparian renuncia quanto as alíneas b e c,
acho que V. Ex.ª só pode colocar em votação a alínea a,
que é do interesse de S. Ex.ª. O Constituinte Fernando
Gasparian é o autor da emenda, e renuncia às alíneas b e
c. Neste caso, entendo que V. Ex.ª terá que colocar em
votação apenas a alínea a.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não
considero prejudicadas as alíneas b e c e gostaria de votá-
las. Pode ter acontecido que Constituintes desejosos de
apresentar uma emenda no mesmo sentido deixaram de
apresentá-las, porque o Constituinte Fernando Gasparian
já havia abordado o assunto.
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: –
Gostaria de dizer que houve uma manifestação do autor. S.
Ex.ª pede que V. Ex.ª as retire do processo de votação.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Já
estamos em processo de votação.
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: –
Mas ninguém chamou ninguém para votar. Antes disso,
Sr. Presidente, S. Ex.ª manifestou o desejo de que
as alíneas b e c não fossem colocadas em votação. Daí
por que entendo que V. Ex.ª deva colocar apenas a alínea
a.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Indefiro o pedido.
Em votação a emenda do Constituinte Fernando
Gasparian.
O SR. CONSTITUINTE JUTAHY MAGALHÃES: –
Sr. Presidente, é sobre a votação. A emenda não termina
no item c. Desejo saber o que significa "suprima-se o § 2º
do art. 62". Minha indagação tem em vista que a emenda
não termina no item c.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – A
supressão do § 2º do art. 62 nada tem a ver com esta
situação.
O SR. CONSTITUINTE JUTAHY MAGALHÃES: –
Faz parte da emenda, do pedido de destaque.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V.
Ex.ª disse: "Suprima-se o § 2º do art. 62". Não existe esse
parágrafo.
O SR. CONSTITUINTE JUTAHY MAGALHÃES: –
Não, quem disse foi o autor em sua emenda. Vamos votar
o que não existe.
96
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Já
começou a votação. (Emenda nº ilegível do Constituinte
Fernando Gasparian).
Votação
Votaram "Sim" os Constituintes: Adhemar de Barros
Filho, Adroaldo Streck, ilegível Sandoval, Cid Sabóia de
Carvalho, Darcy Deitos, Fernando Gasparian, Harlan
Gadelha, Irajá Rodrigues, José Carlos Vasconcelos, José
Guedes, José Tinoco, Luiz Gushiken, Rose de Freitas,
Walmor de Luca, Wilson Campos, José Tavares, Luiz Freire,
Alexandre Puzyna; Votaram "Não" os Constituintes: Affonso
Camargo, Basílio Vilani, Benito Gama, Divaldo Suruagy, Fábio
Raunhetti, Fernando Bezerra Coelho, Firmo de Castro, Flávio
Rocha, Francisco Dornelles, Geraldo Fleming, Gerson
Camata, Ivan Bonato, Jessé Freire, Jesus Tajra, João
Castelo, João Machado Rollemberg, João Natal, José Luiz de
Sá, José Lula Maia, José Maria Eymael, José Serra, Jovani
Masini, Márcio Braga, Mauro Campos, Messias Góis, Mussa
Demes, Naphtali Alves, Nion Albernaz, Osmundo Rebouças,
Pedro Ceolin, Ruberval Piloto, Sérgio Spada, Sérgio Werneck,
Simão Sessim; Abstiveram-se de votar: Domingos Juvenil,
Jutahy Magalhães e Joaquim Bevilacqua.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Foi
rejeitada a proposta do Constituinte Fernando Gasparian.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ TAVARES: – Sr.
Presidente, gostaria de formular uma questão a V. Ex.ª. Sou
suplente desta Comissão. Passei todo o dia de hoje como
titular da minha Comissão, que é a Comissão da Organização
Eleitoral, Partidária e Garantia das Instituições. Trabalhamos
até às 21 horas, e ficou decidido, através do próprio Plenário,
que retornaríamos aos trabalhos no dia de amanhã, já que
amanhã é sábado e temos também o domingo.
Cheguei aqui depois de ter trabalhado na minha
Comissão, como disse, já por volta de 21 horas e 30 minutos.
E, a partir desse horário, passei a participar dos trabalhos
deste órgão. Gostaria de perguntar a V. Ex.ª se a Comissão
decidiu estender os trabalhos noite a dentro, ou se prevê
determinado horário para encerrar e depois retornar, amanhã
cedo?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Pretendemos votar hoje todas as emendas e destaques
relativos ao Sistema Financeiro.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ TAVARES: – Bem,
Sr. Presidente, então, gostaria de fazer uma colocação
aos companheiros, membros desta Comissão. Pelo que
V. Ex.ª, me informou há pouco, até agora analisamos
quatorze ou quinze emendas. Restam mais de quarenta
emendas a ser analisadas. Gostaria que todos meditassem
sobre o que estou aqui a falar. O trabalho legislativo é
extremamente complexo, cansativo, demorado, burocratizado
e chega a ser até enfadonho. Como temos amanhã o dia
todo – e falo aqui como suplente desta Comissão, falo
mais pelos seus titulares – para analisarmos as demais
emendas, parece-me, Sr. Presidente, que seria mais racional,
já que todos estamos diante de um processo brutal
de trabalho, que se encerrassem os trabalhos desta
Comissão no dia de hoje, daqui a uma hora, por exemplo,
ou daqui a meia hora, e retomássemos amanhã cedo.
Teremos um dia inteiro, porque é sábado, para analisarmos
as demais propostas, de maneira mais tranqüila. Coloco à
apreciação de V. Ex.ª essas ponderações, já que temos prazo
amanhã e depois de amanhã. É apenas a título de
colaboração, porque somos humanos e temos de agir com
razão. De nada adianta ficarmos aqui a querer encerrar todo o
trabalho relativo à área financeira. Nesse ritmo em que es-
97 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
tamos caminhando – perdoem-me os colegas, é a primeira
vez que estou intervindo – não vamos terminar. É uma
questão de bom senso. Deixo estas colocações à análise de
V. Ex.ª e dos demais companheiros.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Se V.
Ex.ª estiver estafado hoje, posso dizer que, quando começar
a votação do orçamento tributário, estará muito mais.
Existem mais de quinhentos ou seiscentos destaques para
as duas matérias. Devo dizer a V. Ex.ª que, nos últimos
quatro dias, também dormi duas horas teor noite. Acredito
que muitos colegas estejam na mesma situação. Uma das
características da Comissão do Sistema Tributário,
Orçamento e Finanças foi o cumprimento de todos os
prazos. E acho importante, para a própria presença na
Comissão, que todos os prazos sejam cumpridos. Tendo em
vista os destaques pedidos para a parte tributária e para o
orçamento, indefiro o pedido de V. Ex.ª.
O SR. CONSTITUINTE ADROALDO STRECK: – Sr.
Presidente, pela ordem. Não haveria condição de se colocar
à apreciação do plenário a proposta do Constituinte José
Tavares?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não
é matéria de apreciação pelo plenário, pois é decisão da
Mesa.
Dou a palavra ao Constituinte Feres Nader, que havia
retirado a preferência e que agora coloca novamente a sua
proposta.
O SR. CONSTITUINTE FERES NADER: – Sr.
Presidente, Srs. Constituintes, tendo em vista a rejeição da
emenda do ilustre Constituinte Fernando Gasparian, peço a
V. Ex.ª que coloque para ser...
O SR. CONSTITUINTE ADROALDO STRECK: – Já
foi colocada.
O SR. CONSTITUINTE FERES NADER: – Ah, já
está colocada. Desculpem-me. Estava ausente por problema
de doença.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Lamentei a ausência de V. Ex.ª.
Com a palavra o Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Sr. Presidente,
repito que acolho a proposta do Constituinte Feres Nader,
que altera o parágrafo único do art. 66, que diz:
"O Presidente e os diretores do Banco do Brasil terão
mandato de quatro anos. Serão nomeados ou exonerados
pelo Presidente da República, após aprovação do Senado
Federal."
A emenda do Constituinte Feres Nader altera
"Senado Federal" por "Congresso Nacional". Acolho esta
emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Quero apresentar as minhas desculpas ao ilustre
Constituinte Cid Sabóia de Carvalho, que realmente havia
pedido a palavra para tomar uma posição contrária à
emenda do Constituinte Feres Nader.
Com a palavra o Constituinte Cid Sabóia de Carvalho.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE
CARVALHO: – Sr. Presidente, Srs. Constituintes, há pouco,
foi rejeitada a emenda do Constituinte Fernando Gasparian.
Essa emenda, no que engloba a emenda do Constituinte
Feres Nader, tinha um aspecto muito mais amplo. O
Congresso apreciaria a indicação e poderia destituir,
apreciaria o pedido de destituição. Enfim, era uma
propositura mais ampla.
Acontece que com a rejeição da
emenda do Constituinte Fernando Gasparian,
houve a rejeição também da
emenda do Constituinte Feres Nader. Esta está contida
naquela, o exame já foi feito. Ao se rejeitar a emenda do
Constituinte Fernando Gasparian, rejeitou-se que o
Congresso Nacional devesse ter essa competência.
É portanto, coisa julgada, coisa examinada. Esta
questão de ardem é para que V. Ex.ª considere este feito: a
emenda do Constituinte Feres Nader é muito menos
abrangente que a do Constituinte Fernando Gasparian, está
dentro dela. E foi receitada. Seria uma redundância levar-se à
votação aquilo que já se votou. Este colegiado já se
manifestou, há poucos instantes, contra esta competência do
Congresso Nacional e fez prevalecer a posição do Sr. Relator,
a competência do Senado Federal. Por isso, não vejo como
possa ser novamente examinada no mérito a mesma matéria.
Se V. Ex.ª Sr. Presidente, entender de outro modo, permita-
me chamar a atenção dos Constituintes para a circunstância
de essa competência, tal como propõe o Constituinte Feres
Nader, caber constitucionalmente – e dentro da lógica das
próprias proposituras – ao Senado Federal, e não ao
Congresso Nacional. Na propositura do ilustre Constituinte
Fernando Gasparian, pela sua amplitude, poderia caber ao
Congresso, mas, na propositura do Constituinte Féres Nacier,
compete à Federação esse tipo de exame. Há portanto,
diferença muito acentuada, e V. Ex.ª criará um precedente
muito perigoso. Sr. Presidente, de colocar em votação matéria
já rejeitada no seu mérito. São estas as minhas
considerações, posto que a boa vontade democrática de V.
Ex.ª esteja bem manifestada aqui e agora. A verdade é que
estamos prestes a firmar uma jurisprudência perigosíssima
para a continuidade dos trabalhos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O
Constituinte Féres Nader apenas retirou a sua preferência.
Assim, gostaria de colocá-la em votação. Já houve
manifestação favorável e outra contra. Coloco em votação a
emenda do Constituinte Féres Nader.
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: – Sr.
Presidente, para uma questão de ordem. Como V. Ex.ª
acatou a emenda do Constituinte Féres Nader...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Eu não
a acatei. Está em votação.
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: – V. Ex.ª
vai colocá-la em votação?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vou. O
Constituinte Féres Nader retirou a preferência, para colocar
em votação a sua emenda.
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: – Gostaria,
então, de solicitar que, ao votar a emenda do Constituinte
Féres Nader, V. Ex.ª colocasse, não esta redação, mas a do
projeto do Constituinte Fernando Gasparian, que se refere
absolutamente à mesma coisa, com maior extensão.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Foi
rejeitada a proposta do Constituinte Fernando Gasparian.
Vamos votar a proposta do Constituinte Féres Nader – a
Emenda nº 5S0054. O Constituinte Mussa Demes dará início
à votação.
Votação
O SR. CONSTITUINTE LUIZ GUSHIKEN: –
Abstenho-me desta votação, porque é uma "picaretagem" da
mais alta marca. Matéria prejudicada não se vota. Apenas
lamento – e estou perplexo – a conveniência dos Srs.
Constituintes em querer aprovar esta matéria e aceitar esse
tipo de suborno.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Estamos em processo de votação. Sr. Constituinte.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
O SR. CONSTITUINTE LUIZ GUSHIKEN: – É o meu
protesto, Sr. Presidente.
O SR. CONSTITUINTE MUSSA DEMES: – Fica
registrada a abstenção do Constituinte Luiz Gushiken.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO:
– Em face da nulidade eu me abstenho.
O SR. CONSTITUINTE MUSSA DEMES: – Abstenção
do Constituinte Cid Sabóia de Carvalho.
Votaram "Sim" os Srs. Constituintes: Wilson Campos,
Walmor de Luca, Simão Sessim, Sérgio Werneck, Ruberval
Piloto, Rose de Freitas, Pedro Ceolin, Osmundo Rebouças,
Nion Albernaz, Mussa Demes, Messias Góis, Márcio Braga,
Lézio Sathler, Jutahy Magalhães, Jovanni Masini, José Tinoco,
José Serra, José Maria Eymael, José Luis Maia, José Luiz de
Sá, José Guedes, José Carlos Vasconcelos, João Natal, João
Machado Rollemberg, João Castelo, Jesus Tajra,
Jessé Freire, Ivo Vanderlinde, Ivan Bonato, Irajá Rodrigues,
Harlan Gadelha, Gerson Camata, Francisco Dornelles,
Firmo de Castro, Fernando Gasparian, Féres Nader,
Fábio Raunhetti, Domingos Juvenil, Benito Gama, Basílio
Vilani, Airton Sandoval, Affonso Camargo, Adroaldo Streck,
Adhemar de Barros Filho, José Tavares e Joaquim
Bevilacqua; votaram "Não" os Srs. Constituintes: Sérgio
Spada, Geraldo Fleming e Fernando Bezerra Coelho;
abstiveram-se de votar: Luiz Gushiken, Darcy Deitos e Cid
Sabóia de Carvalho.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Foi
aprovada a emenda do Constituinte Féres Nader, com
quarenta e seis votos favoráveis, três votos contrários e três
abstenções. Gostaria de dar uma explicação: concordo
plenamente com o Constituinte Cid Sabóia de Carvalho em
relação à renúncia. Agora, ficou claro que o Constituinte Féres
Nader – que está aqui e pode confirmar – não renunciou à sua
emenda, apenas pediu fosse dada preferência para a emenda
do Constituinte Fernando Gasparian. Tivesse renunciado, eu
realmente não poderia colocá-la em votação. Mas não
renunciou. Ficou claro, pela posição do Constituinte Féres
Nader, que S. Ex.ª apenas cedeu a preferência ao Constituinte
Fernando Gasparian. Aliás, o Relator já se havia pronunciado
favoravelmente.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO:
– Sr. Presidente, retiro tudo o que disse e me dobro a vontade
maior do colegiado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Sr.
Constituinte Cid Sabóia de Carvalho, reconheço a
competência jurídica de V. Ex.ª. Eu nunca ousaria discordar
de uma posição jurídica de V. Ex.ª. Apenas houve uma
situação de fato. Queria dizer também ao Constituinte Jutahy
Magalhães que não houve renúncia. O Constituinte Féres
Nader colocou muito claro que apenas cedia a sua preferência
à proposição do ilustre Constituinte Fernando Gasparian.
Tivesse renunciado realmente, não poderia ter sido esta
emenda colocada em votação.
A SRA. CONSTITUINTE ROSE DE FREITAS: – Sr.
Presidente queríamos apenas parabenizar V. Ex.ª pela
belíssima condução dos trabalhos, tão democraticamente
realizados até agora.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Agradeço muito, a V. Ex.ª. Sobre todos os problemas
relacionados com o mérito quero a manifestação ampla e
aberta da Comissão. Acho que não podemos ter um texto
votado se não tivermos a participação de todos em relação ao
mérito. Minha interpretação seria restritiva, se houvesse
alguma iniciativa para impedir a livre manifestação do plenário.
Do contrário, será sempre extensiva.
Vamos votar agora a Emenda nº 583, do Constituinte
João Machado Rollemberg.
98
O SR. CONSTITUINTE JOÃO MACHADO
ROLLEMBERG: – Sr. Presidente, retiro o destaque desta
emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V. Ex.ª
renuncia?
O SR. CONSTITUINTE JOÃO MACHADO
ROLLEMBERG: – Renuncio.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
votar agora a Emenda nº 584, do ilustre Constituinte João
Machado Rollemberg.
O SR. CONSTITUINTE JOÃO MACHADO
ROLLEMBERG: – Apresentei esta emenda ao Anteprojeto do
Sistema Financeiro, e foi aprovada por unanimidade. No
relatório do ilustre Relator José Serra, ela foi rejeitada. Vou ler
para os Srs. Constituintes o texto da emenda:
"A fim de promover o desenvolvimento harmônico
do País, os depósitos ou poupanças captadas palas
instituições financeiras em macrorregiões menos
desenvolvidas não poderão ser aplicadas em macrorregiões
mais desenvolvidas."
Sr. Presidente, gostaria de chamar a atenção
dos companheiros para o lato de que a emenda aprovada
há pouco, do Constituinte Domingos Juvenil, em nada
colide com a minha, não se identificam. A minha emenda
é muito mais abrangente. A emenda do Constituinte
Domingos Juvenil, que teve o meu apoio, só da preferência
de poupança às regiões com renda inferior à média
nacional, em face das outras de maior desenvolvimento.
Então, se um poupador do Piauí quisesse transferir essa
poupança para São Paulo, ele não poderia. Por isso a
aprovamos. O que a minha emenda propõe é que os
depósitos ou poupanças praticadas pelo Sistema Financeiro,
que forem feitos em regiões microdesenvolvidas, não
poderão ser aplicadas por esse Sistema Financeiro nas
macrorregiões mais desenvolvidas. É, portanto, emenda
muito mais abrangente e de maior importância, porque ela
é em escala. Sabemos que muitos bancos captam no
Nordeste, no Norte, no Centro-Oeste e não aplicam 10%
dessas poupanças ou desses depósitos nas regiões. E essas
regiões já são pobres, sofridas e perdem essa poupança
para São Paulo ou para outros meios já desenvolvidos. De
maneira que o nosso objetivo é simplesmente fixar a
poupança e os depósitos nas macrorregiões menos
desenvolvidas, para que eles sejam aplicados apenas nas
regiões menos desenvolvidas.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Se
alguém quiser falar contra a proposição do Constituinte João
Machado Rollemberg, tem a palavra.
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: – Sr.
Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem.
Estamos votando uma emenda do ilustre Constituinte
João Machado Rollemberg, e tenho plena consciência de que
ela contém, na verdade, outra que aprovamos recentemente.
Sugeriria, então, que se aprovasse a emenda do Constituinte
João Machado Rollemberg, e o Relator compatibilizasse a
redação, até mesmo com emenda de redação. Seria um um
complemento, porque, na verdade, a emenda do Constituinte
João Machado Rollemberg é mais completa, mais abrangente.
A emenda de minha autoria, que aprovamos, está, na
verdade, contida na sua.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não
compete a esta Comissão compatibilizar. A compatibilização
cabe à Comissão de Sistematização.
Concedo a palavra ao Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Quero
dizer, inicialmente, que tenho muito respeito pelo Constituinte
João Machado Rollemberg, cuja participação sempre foi
99 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
muito assíduo e responsável. Quero dizer também que tenho
procurado atuar de maneira bastante sincera, defendendo as
minhas posições, mesmo quando sei que elas não são, num
certo momento, as que podem ter maior apelo popular. Enfim,
procuro, pelo menos não sei se o consigo a todo momento
manter coerência.
Há pouco, aprovamos uma emenda, contra a qual me
pronunciei, em encaminhamento de votação, que dizia ser
vedada a transferência de poupança de regiões com renda
inferior à média nacional para outras de maior
desenvolvimento". A prevalecer isso, pela forma como está
redigido, uma pessoa que muda de um Estado, de renda por
habitante abaixo da média para um de renda por habitante
acima da média e quer levar a poupança que tem no banco,
não pode. "É vedada a transferência de poupança de regiões
com renda inferior à média nacional para outras de maior
desenvolvimento". Aprovamos isso – e me submeto ao peso
da opinião dos Constituintes desta Comissão, No caso da
emenda do Constituinte João Machado Rollemberg, acho que
temos que fazer também uma reflexão melhor. Não acolho a
emenda do Constituinte, ainda que esteja de acordo com o
seu espírito. Como poderemos controlar a aplicação dos
recursos das instituições em sua própria região? Qual será o
sistema para se fazer isso? Será anualmente? Com que taxa
de inflação? Será por dia, por mês, por ano, a cada dois anos?
Como impedir que muitas dessas instituições fujam das
regiões, por haver essas restrições? Sou a favor da criação de
bancos regionais – e os colegas Constituintes verão isso
quando estivermos na etapa de elaboração de leis
complementares – embora eu não exclua os bancos
nacionais. Acho que essa aprovação traduziria algo que é
inviável, do ponto de vista prático. Estou colocando apenas o
problema do tempo e dos riscos que envolve. Da mesma
maneira a emenda, que já aprovamos, que acata como
vontade da maioria da Comissão. Tenho que ser coerente;
realmente, creio que isso é absolutamente inaplicável.
Estamos escrevendo na Carta Constitucional o que se supõe
durável, para sempre. É por isso que não acolho essa
emenda.
O SR. CONSTITUINTE MUSSA DEMES: – Sr.
Presidente, pela ordem, gostaria de dizer duas palavras. Não
fiz intervenção até agora, minha ocupação não me permite.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Lamento profundamente, porque esta Comissão seria
engrandecida com as intervenções de V. Ex.ª.
O SR. CONSTITUINTE MUSSA DEMES: – Muito
obrigado, Sr. Presidente. Pelo que depreendi, o Constituinte
José Serra entendeu que a proposta do Constituinte
Domingos Juvenil impede a transferência do depositante, de
um Estado para outro. Mas não é bem isso. O que se
pretende é a transferência feita pelo próprio estabelecimento
bancário, com o objetivo de financiar a aquisição de imóveis,
ou outros bens, em outro Estado, mais rico do que aquele
onde o depósito foi efetivado. Não é em função do
depositante, mas, sim, do próprio banco, que pode transferir
essa poupança para um Estado mais rico. Assim me pareceu
ser a colocação do Constituinte Domingos Juvenil.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Constituinte Mussa
Demes, quero dizer apenas que a redação, tal como está, tem
a implicação referida. O próprio Constituinte João Machado
Rollemberg admite isso – e nós a aprovamos. Esta é a
realidade.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
colocar em votação.
Quem votar "sim", vota com a proposta – Emenda
nº 5S0584 – do ilustre Constituinte João Machado Rol-
lemberg; quem votar "não", aprova a posição do Constituinte
José Serra.
Votação
Votaram SIM os Constituintes: Benito Gama, Domingos
Juvenil, Fernando Bezerra Coelho, Fernando Gasparian,
Jesus Tajra, João Castelo, João Machado Rollemberg,
José Carlos Vasconcelos, José Luis Maia, Jutahy Magalhães,
Messias Góis, Mussa Demes, Pedro Ceolin, Ruberval
Pilloto, Sérgio Werneck, Walmor de Luca, Wilson Campos:
Votaram NÃO os Constituintes: Adhemar de Barros Filho,
Adroaldo Streck, Affonso Camargo, Airton Sandoval, Basilio
Vilani, Cid Sabóia de Carvalho, Darcy Deitos, Féres Nader,
Francisco Dornelles, Geraldo Fleming, Gerson Camata, Irajá
Rodrigues, Ivan Bonato, Ivo Vanderlinde, Jessé Freire, João
Natal, José Luiz de Sá, José Maria Eymael, José Serra, José
Tinoco, Jovanni Masini, Nion Albernaz, Osmundo Rebouças,
Rose de Freitas, Sérgio Spada, Simão Sessim, Joaquim
Bevilacqua.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Dezessete votos favoráveis, vinte e sete votos contrários. Foi
recusada a emenda do Constituinte João Machado
Rollemberg. Vamos votar agora a proposta do Constituinte Cid
Sabóia de Carvalho. Quero, ilustre Constituinte, que aceite as
minhas desculpas. Mas V. Ex.ª sabe que, quando digo o que
disse, é por uma questão de afetividade. Com a palavra o
Constituinte Cid Sabóia de Carvalho, para a votação da
Emenda nº 089.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO:
– Sr. Presidente, propus uma emenda que fazia um acréscimo
do art. 62 – agora, deve ser o art. 66, se não estou enganado
– do Substitutivo do Sr. Relator. Gostaria de requerer a
atenção de todos, porque o dispositivo que pretendo inserir no
texto constitucional, ou pelo menos nesta fase do nosso
anteprojeto, é de grande importância social. Sugeri o § 3º e
agora, naturalmente, há que se renumerar. É o seguinte: "§ 3º
– As instituições financeiras federais, no Nordeste, e na
Amazônia aplicarão recursos, em relação a seus valores
globais em proporção nunca inferior ao que representam as
populações regionais, relativamente ao número total de
habitantes do País". Há tendência de não se querer, na
Comissão, nenhuma relação econômico-financeira com as
populações. Mas a verdade é que algum parâmetro deve
existir quanto à Amazônia e ao Nordeste, para determinar o
critério de investimentos nessas duas zonas tão difíceis do
País. A propositura é socialmente das mais justas, uma vez
que regula as atividades das instituições financeiras,
exatamente o Banco do Nordeste do Brasil, no Nordeste, e o
Banco da Amazônia, Basa, na Amazônia. Seria um critério
para orientar as atividades dessas entidades financeiras e, ao
mesmo tempo, prestigiar a população sofrida que se localiza
nessas difíceis regiões do País. Assim, apelo a meus
companheiros de Comissão que aprovem essa propositura, a
inclusão desse parágrafo, mesmo como homenagem às duas
regiões que, até aqui, não sofreram a menor distinção nos
trabalhos que estão sendo realizados. É verdade que apenas
começamos os nossos trabalhos. Apenas foi dado o pontapé
inicial, nesse jogo difícil dos interesses de todo o País. Mas o
Nordeste e a Amazônia são regiões tão sofridas, que se impõe
ao Constituinte demonstrar que elas estão na ótica
constitucional. O sofrimento dessa gente precisa ser pelo
menos atenuado. É preciso haver parâmetros. É preciso haver
critérios, e o mais justo parece ser exatamente o que distingue
a proporção populacional. Com isso, exponho a emenda e
espero sua aprovação, desde a concordância do Sr. Relator –
que parece impossível, mas pode acontecer – até a
concordância dos demais companheiros deste colegiado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Alguém
mais gostaria de usar da palavra?
 ANAIS DO SENADO (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Sr. Presidente, apenas para esclareces. A emenda
que acaba de ser apresentada pelo Constituinte Cid Sabóia
de Carvalho se encaixaria no art. 66, do Substitutivo?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Exatamente. Indago, se algum Constituinte gostaria de
conduzir urna votação contra a propositura do meu querido
Presidente e ilustre Constituinte Cid Sabóia de Carvalho. Com
a palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Em que pese à
referência do ilustre Constituinte por quem tenho muito
apreço, dada a seriedade com que trabalha e expõe seus
pontos de vista, espero que, quando ele diz "quase
impossível", não pense que eu não seja a favor...
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE
CARVALHO: – É que já conheço o ponto de vista de V. Ex.ª.
O SR. RELATOR (José Serra): –... da redução de
desequilíbrios regionais no Brasil. Inclusive acolhi, corno
Relator, a proposta da Subcomissão de Tributos, que
encaminha 2% do Fundo Espacial para o Norte e para o
Nordeste para às instituições financeiras das regiões, como a
maneira de aumentar fortemente o crédito que lá é feito. Esse
é o testemunho de que minha posição é muito a favor do
financiamento ao investimento nessas regiões, por instituições
habilitadas. Acolhi a proposta, e vamos ter oportunidades de
submeter o artigo à consideração dos membros da Comissão.
Neste caso, não acolheria a proposta do Constituinte Cid
Sabóia de Carvalho.
O SR. CONSTITUINTE BENITO GAMA: – Esse item
relativo aos 2% já foi aprovado, hoje, à tarde.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Está em
votação a proposta do Constituinte Cid Sabóia de Carvalho.
O SR. RELATOR (José Serra): – Acredito, inclusive
que, na medida em que não houve emenda contraditória, o
referido item foi aprovado com o conjunto da proposta. Então,
não a acolheria, porque não creio que se possa, a nível de
Constituição, estabelecer um critério como esse da população
para aplicação. Isso deverá valer, inclusive, intra-
regionalmente. Qual o critério, dentro de uma região que,
tomada na sua área, seja maior do que o resto do Brasil?
Então, uma região do tamanho do Estado do Paraná ou do
Rio Grande do Sul, contida nessa região que conta com uma
população muito escassa, poderá não receber praticamente
nada. Admitamos que, em certo momento, se faça um
investimento muito importante nessa sub-região. Com a
demanda muito alta de crédito, teríamos aí uma limitação
colocada, que pode provar distorções ao longo de um
processo de décadas. Estamos escrevendo uma Constituição
que deva prevalecer por muito tempo. O problema das
desigualdades regionais do Brasil tem que ser resolvido por
transferência de recursos diretamente – renda, receita – e por
políticas econômicas – isso é absolutamente essencial – ao
longo do tempo, por coerência de princípios programáticos,
que estamos incluindo na Constituição, e não por medidas
desse tipo, que não terão valor prático, ou que poderão trazer
problemas daqui a alguns anos. Por isso é que não acolho a
emenda, embora esteja de acordo com seu espírito. Se
dependesse de mim, no Poder Executivo, procuraríamos
fazer com que houvesse crescimento das aplicações de
crédito dos bancos nessas regiões. Apenas considero que
não é o caso de se incluir na Constituição, pela amarração
que traz, em si. Por isso, não acolho a emenda.
A SRA. CONSTITUINTE ROSE DE FREITAS: – Sr
Presidente,...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Em
votação...
100
A SRA. CONSTITUINTE ROSE DE FREITAS: – Sr.
Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem,
antes de iniciarmos a votação. Requeiro a V. Ex.ª
verificação de quorum.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – A
verificação de quorum será realizada durante a votação.
A SRA. CONSTITUINTE ROSE DE FREITAS: –
Mas, Sr. Presidente, o pedido de verificação precede à
votação.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Se não
houver quorum para a votação, saberemos na verificação
de votos.
A SRA. CONSTITUINTE ROSE DE FREITAS: – Não
entendo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Pediria ao Constituinte Mussa Demes que procedesse à
votação da Emenda nº 5S0089, do Constituinte Cid Sabóia
de Carvalho.
Votação
Votaram Sim os Constituintes: Walmor de Luca,
Mussa Demes, Jutahy Magalhães, José Tinoco, Jessé
Freire, Geraldo Fleming, Fernando Gasparian, Fernando
Bezerra Coelho, Domingos Juvenil, Cid Sabóia de
Carvalho, Adroaldo Streck, Adhemar de Barros Filho;
Votaram Não os Constituintes: Simão Sessim, Sérgio
Werneck, Sérgio Spada, Ruberval Piloto, Rose de Freitas,
Pedro Ceolin, Nion Albernaz, Naphtali Alves, Messias Góis,
Mauro Campos, Jovani Masini, José Serra, José Maria
Eymael, José Luiz de Sá, João Natal, João Machado
Rollemberg, João Castelo, Ivo Vanderlinde, Ivan Bonato,
Irajá Rodrigues, Gerson Camata, Francisco Dornelles,
Feres Nader, Fábio Raunhetti, Darcy Deitos, Benito Gama,
Basílio Vilani, Airton Sandoval, Affonso Camargo, Joaquim
Bevilacqua.
A SRA. CONSTITUINTE ROSE DE FREITAS: – Sr.
Presidente, esclareço a V. Ex.ª que, quando pedi
verificação de quorum, eu o fiz exatamente para ensejar a
votação. V. Ex.ª colocou em votação a matéria, fazendo a
verificação de quorum. Não havendo quorum qualificado,
derrota-se a matéria em questão. É o que queria dizer a V.
Ex.ª. Votarei, porque não sou de me omitir em questão
alguma. Meu voto é não.
(Prossegue a votação.)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Votaram "não", trinta Srs. Constituintes, votaram "sim"
quinze Srs. Constituintes. Total de votantes: 45. Rejeitada,
portanto, a emenda.
Em votação a Emenda nº 636, do nobre constituinte
Fernando Gasparian.
Passo a palavra ao ilustre Constituinte Fernando Gasparian.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN:
– O destaque é da Constituinte Rose de Freitas, mas a
emenda é minha. A emenda apresentada propõe que se
adite o inciso V ao art. 66 – um inciso a mais – tratando de
banco de depósito estrangeiro. O assunto relativo a bancos
estrangeiros, ou melhor, instituições financeiras com capital
estrangeiro, já está tratado no Relatório, mas diz respeito
às instituições de forma geral. Bancos de depósitos são, na
verdade, assunto bastante antigo e sempre muito debatido.
Tanto é assim que, na Constituição de 1934, por proposta
do Constituinte Roberto Simonsen, – que não tem qualquer
parentesco com o economista Mário Henrique Simonsen,
importante líder industrial em São Paulo e que chegou
a Senador, junto com Horácio Lafer e outros
empresários Constituintes – discutiu-se o problema dos
bancos de depósito, no sentido de que não
101 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
mais pudessem receber depósitos no País. O assunto também
foi discutido por Rui Barbosa, no começo da República, e no
País chegou a ser proibido o funcionamento de bancos de
depósito estrangeiro. Então, propus uma emenda, bastante
restritiva, tendo em vista que alguns bancos de depósito –
resultantes de acordos feitos por países latino-americanos –
talvez tenham que funcionar no País, sendo-lhe útil, a fim de
haver reciprocidade entre países subdesenvolvidos, como o
nosso. Procurei colocar na emenda que, entre as funções da
Comissão do Sistema Financeiro Nacional, constariam:
restrições ao funcionamento de bancos de depósitos cujo
capital tenha participação de pessoas físicas ou jurídicas
estrangeiras, tendo em vista, especialmente, país a país,
reciprocidade quantitativa no que tange a depósitos,
dependências, condições de funcionamento, tipos de
operações e área de atuação. É importante examinar este
ângulo, antes que se entre em votação. Aqui esteve o Vice-
Presidente do Banco do Brasil, com afirmações que levaram
muitos Constituintes a julgarem que há reciprocidade entre o
País e os Estados Unidos, hoje em dia. Quero focalizar para
V. Ex.ª Srs. Constituintes, um quadrinho – inclusive já distribuí
aqui – mostrando na verdade que, com relação aos Estados
Unidos, praticamente não existe reciprocidade. Os depósitos
voluntários, nos quais evidentemente estão incluídos os
depósitos de consulados, embaixadas brasileiras, empresas
brasileiras, somam apenas 152 milhões de dólares nas quatro
dependências em que é permitido fazer depósito. É claro que
há também depósito interbancário, da ordem de 463 milhões
de dólares, o que totaliza 615 milhões de dólares, somente em
Nova Iorque, São Francisco, Los Angeles e Miami. Só em
Grand Cayman, paraíso fiscal onde existe uma agência do
Banco do Brasil, os depósitos do Banco do Brasil são da
ordem de dois bilhões de dólares. Portanto, três vezes mais
que os depósitos que têm os Estados Unidos. Na verdade, os
bancos americanos no Brasil têm mais de três bilhões de
dólares de depósito em cruzados. Evidentemente, mais de
cinco vezes os depósitos que os bancos brasileiros têm nos
Estados Unidos, incluindo depósitos de empresas brasileiras.
Por isso, apresentei essa emenda e traria uma relação mais
real e verdadeira, menos colonial, com relação a bancos de
depósitos estrangeiros. Muito obrigado.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Sr.
Presidente, peço a palavra pela ordem. Embora tenha o maior
respeito pelo nobre Constituinte Fernando Gasparian, mas
considerando que a nobre Constituinte Rose de Freitas foi
quem pediu destaque e retirou-se do Plenário, entendo que a
emenda não poderá ser votada, porque a autora do destaque
desistiu.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Houve
também um pedido do nobre Constituinte...
A SRª CONSTITUINTE ROSE DE FREITAS: – Estou
presente, aqui ao lado de V. Ex.ª.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Em
votação. Se alguém no Plenário desejar fazer colocações
contra a propositura do ilustre Constituinte Fernando
Gasparian, a palavra está franqueada.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO BEZERRA
COELHO: – Sr. Presidente, entendo que a preocupação do
nobre Constituinte Fernando Gasparian é válida, mas o
Plenário já se decidiu quanto ao mérito da emenda, ao
referendar o art. 66, do Substitutivo do Relator. A Lei do
Sistema Financeiro Nacional disporá sobre as condições de
funcionamento de bancos estrangeiros no País, inclusive
levando em consideração os interesses nacionais, os acordos
internacionais e os critérios de reciprocidade. Portanto,
encaminho em contrário, por entender que a emenda já foi
decidida quanto ao mérito.
O SR. PRESIDENTE (Francisco DornelIes): –
Concedo a palavra ao nobre Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Sr. Presidente, creio
que a emenda do nobre Constituinte Fernando Gasparian,
apresentada pela nobre Constituinte Rose de Freitas, está
prejudicada pelo que aqui já foi votado. Mas deverá ser levada
à consideração do Plenário, caso não se decida a emenda
está prejudicada. A meu ver, está, pelas razões que o nobre
Constituinte Fernando Bezerra Coelho expôs, porque diz o art.
66:
"A Lei do Sistema Financeiro Nacional disporá,
inclusive sobre:
II – Condições para a participação do capital
estrangeiro nas instituições a que se refere o item anterior,
tendo em vista, especialmente:
a) os interesses nacionais;
b) os acordos internacionais;
c) critérios de reciprocidade."
Creio, inclusive que a preocupação – com a qual estou de
acordo – registrada nesta emenda, tem que ser sanada, ante
a disposição de que obedeceremos aos critérios de
reciprocidade. A emenda do nobre Constituinte Fernando
Gasparian, se aqui fosse incluída, também estaria sujeita à lei.
Nós já estamos tratando da reciprocidade, aspecto muito
importante a ser levado em conta. Creio, por outro lado, que
se refere a aspecto muito minucioso para serem levados em
conta, como, por exemplo, reciprocidade quantitativa,
dependência, condições de funcionamento, tipos de
operações, áreas de atuações. Tais minúcias, a meu ver, não
cabem no texto constitucional, uma vez que este já
estabelece, que se leve em conta o problema da reciprocidade
de acordos internacionais e do interesse nacional. Nesse
sentido, o problema já estaria resolvido. Poderia haver outros
critérios. Por exemplo, no caso do Banco Brasil–Iraque, temos
tal volume de investimentos no Iraque que, de repente, se
justifica ter mais depósitos aqui do que receber depósito lá.
Estamos incluindo na Constituição. Da forma como está
redigida no Substitutivo, além de atender ao espírito da
proposta, contém a própria proposta. Temos depósitos
voluntários, em alguns lugares, feitos em bancos brasileiros,
que são elevados, além do interbancário, também considerado
depósito; como em Tóquio, onde o Banco do Brasil tem mais
de 33 milhões de dólares de depósitos. Claro que se pode
dizer que é de empresa brasileira, mas, se eu não tiver lá o
banco, iriam depositar em outro lugar, evidentemente. Então, é
muito bom ter o banco brasileiro lá. Ficamos nesse cotejo de
itens minuciosos, pois parece-me colocar amarração no
problema que queremos resolver. Estou de acordo com o
espírito, mas não acolheria a emenda. Considero-a
prejudicada. Caso o Plenário não decida assim, eu ainda
considero que não deva ser acolhida.
O SR. PRESIDENTE (Francisco DornelIes): – Em
votação a emenda do nobre Constituinte Fernando Gasparian.
Com a palavra o nobre Constituinte Mussa Demes para
proceder à votação.
(Votação.)
Votaram Sim os Constituintes: Adhemar de Barros
Filho, Cid Sabóia de Carvalho, Fernando Gasparian, José
Tinoco, Rose de Freitas e Sérgio Spada; votaram Não os
Constituintes: Affonso Camargo, Airton Sandoval, Basílio
Vilani, Benito Gama, Domingos Juvenil, Fábio Raunhetti,
Feres Nader, Fernando Bezerra Coelho, Francisco
Dornelles, Gerson Camata, Ivan Bonato, Ivo Vanderlinde, João
Castelo, João Machado Rollemberg, João Natal, José Luiz
de Sá, José Maria Eymael, José Serra, Jovani Masini, Ju-
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
tahy Magalhães, Mauro Campos, Messias Góis, Mussa
Demes, Naphtali Alves, Nion Albernaz, Pedro Ceolin, Ruberval
Piloto, Sérgio Werneck, Simão Sessim.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Foi
recusada a proposta por 29 votos contra 6 votos a favor.
Em votação a Emenda nº 369, do Constituinte Domingos
Juvenil.
Com a palavra o Sr. Constituinte Domingos Juvenil.
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: – Sr.
Presidente, antes de fazer a defesa da nossa emenda, tenho
a impressão de que, a partir desse momento, todas as
emendas estarão prejudicadas, porque não conseguiremos
mais quorum para a aprovação de qualquer emenda. Se V.
Ex.ª se decidisse pela verificação de quorum antes da
votação da emenda, constataria que não temos mais como
32 votos.
Gostaria, nestas circunstâncias, de pedir a suspensão
da sessão e, se de todo impossível pelas posições, requeiro
na forma regimental, que a votação da proposição seja
adiada.
O SR. CONSTITUINTE MUSSA DEMES: – Peço a
verificação de quorum.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Queria
dizer a V. Ex.ª que, atendendo a proposta do Constituinte
Domingos Juvenil, suspenderei a reunião. A reunião está
suspensa e continuará amanhã, às 10 horas.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Havendo número regimental, declaro abertos os trabalhos da
reunião da Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e
Finanças, dando prosseguimento à sessão iniciada ontem e
interrompida por solicitação de alguns Constituintes.
O SR. CONSTITUINTE AFFONSO CAMARGO: – Sr.
Presidente, para uma questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem a
palavra o ilustre Constituinte Affonso Camargo.
O SR. CONSTITUINTE AFFONSO CAMARGO: – Sr.
Presidente, minha questão de ordem se refere às dificuldades
que estamos tendo e certamente teremos daqui para
a frente, para podermos cumprir nossas tarefas no prazo
determinado. V. Ex.ª sabe que mais vale o espírito que a
letra. Tanto é assim que, mesmo que a Constituição
defina que a aprovação de leis complementares só poderá
ser feita por maioria absoluta, é da praxe das Casas
do Congresso que, por acordo de Lideranças, essas
votações se façam sem aferição da maioria absoluta.
É evidente que, no caso da Constituinte, não se
pode conceber qualquer voto de Liderança. É por isso
mesmo que se pretendeu garantir, no Regimento, que
cada Constituinte tivesse plena prerrogativa de votar.
Ocorre que estamos encontrando uma dificuldade real.
Gostaria, então, de sugerir a fim de tentar um possível
acordo dos membros da Comissão, a seguinte sistemática:
apresentando destaque, o autor faz a defesa, há a
contradita, o Relator dá a sua opinião, e V. Ex.ª
consultaria simbolicamente o plenário sobre se o destaque
deveria ou não ser retirado. É evidente que só o autor
pode retirá-lo, mas, de acordo com a consulta e pelo
bom senso do autor, ele poderia retirar o destaque,
como já aconteceu ontem. Acredito que, quando o
autor sentisse que haveria maioria consensual contra, não
haveria por que colocar o seu destaque em votação. É
apenas uma proposta que me surgiu nesta madrugada,
para vermos se é possível agilizar os trabalhos desta
Comissão. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Ilustre
Constituinte Affonso Camargo, concordo plenamente com V.
Ex.ª em que devemos fazer um grande esforço para não
102
votarmos aqueles destaques que, em grande parte, versam
sobre matéria correlata, sobre a qual todos já sabem a posição
da Comissão. Entretanto, gostaria de dizer a V. Ex.ª ao
Plenário que a minha interpretação do Regimento será
restritiva. Toda vez que eu sentir que existe, de algum
constituinte, até de forma inconsciente, a intenção de impedir
a discussão aberta, livre e a deliberação do Plenário; e será
totalmente abrangente, no momento em que eu verificar que
se deseja discutir, debater, ampliar. Inclusive, se, num
determinado destaque, existirem quatro emendas sobre o
mesmo dispositivo, praticamente idênticas, votarei as quatro
emendas. Quem quiser que caiam essas emendas deverá
votar com o Relator, caso deseje sejam retiradas. Quem
quiser ficar com a primeira, fique com ela e vote contra as
outras. Quem quiser ficar com a segunda – garanto que
colocarei em votação – vote contra a primeira e fique com a
segunda. Se, por acaso, o Plenário decidir que, num mesmo
parágrafo, ficarão três emendas – é uma decisão do Plenário –
respeitarei essa decisão. Estaremos transferindo à Comissão
de Sistematização uma posição que o próprio Plenário deveria
tomar. Não teremos aqui qualquer restrição à votação do
mérito de emendas. Faço um apelo veemente a todos os Srs.
Constituintes para que tragam sua colaboração ao bom
andamento do serviço. Dirijo apelo a todos os presentes, para
que, com relação aos assuntos já debatidos e votados, em
homenagem aos colegas, não à Presidência – porque adoro
esse tipo de debate, e gostaria que durasse dez dias, pois
durmo apenas poucas horas por noite, da meia-noite às cinco
horas da manhã – fizessem sua exposição de maneira curta.
Se quiserem renunciar aos destaques, poderão fazê-lo. Quero
dizer a V. Ex.as que, na medida em que as pessoas passam a
ter maior convívio vão-se conhecendo melhor. Hoje, nesta
Presidência, precisamos ater-nos ao profundo conhecimento
jurídico do Constituinte Cid Sabóia de Carvalho, que ontem
abordou assunto da maior relevância.
O constituinte pode renunciar à sua emenda, mas não
pode dizer que renuncia a 50% do caput, a um terço do
parágrafo ou a um quarto do item. Ou renuncia a tudo, ou não
pode renunciar a palavras. Vou manter esse entendimento.
Quem quiser fazer a renúncia, faça-a completa, Se pudermos
reduzir as questões de ordem, ótimo. Quem quiser votar dez
emendas iguais, poderá fazê-lo. Se aprovarmos as dez
emendas, elas irão para a Comissão de Sistematização.
Confio no bom senso de V. Ex.ª. Não farei trabalho de censor
aqui. Repito: acredito no bom senso, na inteligência e na
competência de V. Ex.as, que devem saber o que é repetitivo,
para votarem a favor ou contra.
Vamos dar início à votação. Gostaria de pedir ao
Constituinte Mussa Demes que tomasse assento à Mesa.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO BEZERRA
COELHO: – Sr. Presidente, V. Ex.ª vai acatar a sugestão do
Constituinte Affonso Camargo?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Já foi
acatada. A.sugestão é para que seja feito apelo a cada um, no
sentido de que retire sua emenda.
O SR. CONSTITUINTE AFFONSO CAMARGO: – Não é
isso, Sr. Presidente. Propus uma metodologia para agilizar os
trabalhos. Depois de exposto e defendido o destaque, e após a
contradita e a fala do Relator, V. Ex.ª, inclusive, para não ferir a
letra, consultaria o Plenário sobre a conveniência da retirada do
destaque. Evidentemente, só quem poderá retirá-lo será o
autor. Se ele sentir que a maioria do Plenário quer que o
destaque seja retirado, já sabe que vem ser derrotado. Então,
ele poderia retirá-lo, simplesmente para ganharmos tempo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Sr.
Constituinte, aqueles que quiserem retirar suas emendas, seu
pedido de destaque, devem fazer sua solicitação antes de
103 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
começar o processo de votação da emenda, porque, uma
vez apresentada, deverei colocá–la em votação.
O SR. CONSTITUINTE AFFONSO CAMARGO: –
Sr. Presidente, faça da forma que achar mais conveniente.
Pretendi apenas abreviar e dar um sentido mais prático aos
trabalhos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Se
um constituinte achar conveniente, simplesmente, ele
não apresenta sua emenda: pede a retirada. Essa é a
melhor maneira de abreviar. Estaríamos já na terceira
emenda, se não estivéssemos discutindo questões de
ordem.
O SR. CONSTITUINTE AFFONSO CAMARGO: –
Espero, então, que V. Ex.ª consiga terminar os trabalhos
nos prazos combinados.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não
acredito que consiga terminá-los. A única coisa que não
farei é tomar qualquer medida restritiva, que crie embaraço
à livre manifestação de todos os representantes desta
Comissão.
O SR. CONSTITUINTE AFFONSO CAMARGO: –
Nem eu pretendia isso.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Sei
que V. Ex.ª não pretendeu isso.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO BEZERRA
COELHO: – Sr. Presidente, a proposta do Constituinte
Affonso Camargo busca exatamente isso, ou seja, se
houver consenso no Plenário no sentido de que não deve
haver aprovação daquela emenda, permita-se que o seu
autor retire o destaque. Isso evitaria quinze minutos de
uma chamada desnecessária.
Se o autor quiser que sua emenda seja levada à
votação, a sua decisão deve ser respeitada; da mesma
forma, ele próprio poderá pedir a retirada do destaque.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Gostaria que V. Ex.ª me explicasse o seguinte: se um
constituinte entende que sua emenda não tem
possibilidade de ser aprovada, por que motivo irá defendê-
la? Qual é a lógica? Se ele sente que não vai haver
aprovação da sua emenda, qual a diferença de sentir antes
de começar a falar ou no meio? Se alguém me apresentar
uma razão lógica para isso, eu concordarei.
O SR. CONSTITUINTE AFFONSO CAMARGO: –
Sr. Presidente, pela última vez, a lógica seria a consulta
que V. Ex.ª faria simbolicamente pela retirada ou não do
destaque. Aí o autor saberia se o seu destaque tem
chance ou não de vencer. A lógica está exatamente na
consulta.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O
Constituinte apresentaria a emenda, pediria o destaque,
faria a defesa, existiria o contraditório, o Relator falaria. Ele
abriria mão só da votação?
O SR. CONSTITUINTE AFFONSO CAMARGO: –
Não, aí V. Ex.ª consultaria o Plenário sobre a conveniência
ou não da retirada da emenda, simbolicamente. Aí o autor,
conforme as suas chances, decidiria sobre a retirada ou
não da emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Simbolicamente, de que forma?
O SR. CONSTITUINTE AFFONSO CAMARGO: –
V. Ex.a faz uma consulta, o constituinte levanta o braço.
Não é votação simbólica, é uma consulta.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – E se
houvesse um acordo sobre a retirada, simbolicamente, ele
retiraria a sua emenda?
O SR. CONSTITUINTE AFFONSO CAMARGO: –
Sim.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Eu
peço desculpas a V. Ex.ª, pois não tenho muita
experiência. Antes da votação, haveria uma votação
simbólica, e, se o constituinte se convencesse, retiraria sua
emenda. Agradeço a V. Ex.ª as explicações. Devo dizer
que a proposta é extremamente inteligente. Eu apenas não
a havia entendido no início. Muito obrigado.
Votação da Emenda nº 369, do Constituinte
Domingos Juvenil.
Com a palavra S. Ex.ª, para encaminhar a votação.
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: – Sr.
Presidente, Srs. Constituintes, trazemos a destaque
emenda que considero muito simples, até mesmo na sua
redação, porém profunda nos seus efeitos. E eu me
reporto, como exemplo, principalmente aos Bancos do
Nordeste e da Amazônia. A emenda visa acrescentar o
seguinte parágrafo ao art. 66 no Substitutivo anterior, art.
62, no atual. art. 66:
"Às instituições financeiras oficiais" – por exemplo,
Banco do Nordeste e Banco da Amazônia – "é assegurado
o acesso a todos os instrumentos de mercado financeiro."
Vou repetir a emenda, porque ela é concisa:
"Às instituições financeiras oficiais é assegurado o
acesso a todos os instrumentos de mercado financeiro."
Por que isto? Porque, infelizmente, os bancos oficiais
não dispõem deste mecanismo para concorrer com os
bancos particulares. Os bancos particulares têm todos os
mecanismos à sua disposição: CDB, CEI, poupança, over,
open etc., mas os bancos oficiais não. Eu me lembro de
que se fez uma festa quando se criou a Caderneta Verde
do Banco do Brasil ou a Caderneta Ouro. Acho que existe
profunda incoerência, profundo cerceamento à atividade
dos bancos oficiais em relação aos bancos particulares. Os
bancos particulares têm acesso ao mercado financeiro,
mas os bancos oficiais não têm. O que se vê é que os
bancos oficiais, tendo dificuldade de acesso a todo o
mercado, acabam ficando num vermelho violento. Há
pouco tempo, tivemos a administração do Banco da
Amazônia compartilhada com elementos do Banco Central,
com o propósito de sanear aquele banco, cujo balanço,
embora não se tivesse cometido nenhum delito, estava no
vermelho, porque não tinha condições de competir com
outros bancos.
Repetindo, Srs. Constituintes, esta emenda visa
assegurar às instituições financeiras oficiais o acesso a
todos os instrumentos do mercado financeiro.
Estamos aqui muito preocupados em discutir ou até
em votar a favor de certas matérias, para não comprometer
a técnica do texto do anteprojeto. Eu gostaria de dar a
minha opinião no sentido de que não nos devemos
acanhar, não devemos ter receio de discutir no mérito
qualquer proposição, por dois motivos: primeiro, nós
representamos os vários segmentos da sociedade
brasileira em todos os níveis. E a sociedade brasileira não
é formada só de especialistas, mas de segmentos que
compreendem, que sentem os problemas que existem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Peço um minuto de atenção do nobre Constituinte. Em
respeito a todos os seus colegas – e não vou cortar a
palavra de V. Ex.ª – peço a V. Ex.ª e aos outros
Constituintes que falem por três minutos.
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: – Nós
ainda estamos dentro dos três minutos.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O segundo motivo, Sr. Presidente, é que, se
aprovarmos um texto que contrarie a posição técnica do
Relator, ou que não seja muito pertinente ao anteprojeto,
existe ainda a Comissão de Sistematização, que deverá
enxugar esse texto. E mais, há uma tendência para que as
matérias discutidas e aprovadas no mérito possam fazer
parte de um pacote especial, a fim de que sejam tratadas
em regime de lei complementar e até mesmo de lei
ordinária.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Eu
gostaria de manifestar a minha satisfação pela presença
nesta Comissão do ilustre Governador Pedro Simon, a
quem presto homenagens. (Palmas.)
Com a palavra o Constituinte José Serra. Algum
Constituinte quer encaminhar posição contrária?
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Sr. Presidente, peço a palavra.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem
V. EX.ª a palavra. É V. Ex.a contrário à proposição.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Não se trata de uma questão regimental, e
quero um esclarecimento de V. Ex.ª, Sr. Presidente.
Reza o Regimento da Assembléia Nacional
Constituinte, no art. 21, § 2º:
"As deliberações das Comissões exigirão maioria
absoluta de votos."
Pergunto a V. Ex.ª qual é o número que na
Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e Finanças
representa a maioria absoluta de votos? Esse número
serve de orientação aos autores de destaques e a cada um
de nós na votação.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Muito bem colocado. São trinta e dois votos.
Peço ao Constituinte Darcy Deitos, atendendo ao
apelo dos nossos companheiros, que se atenha aos três
minutos.
O SR. CONSTITUINTES DARCY DEITOS: – Pois
não, Sr. Presidente.
Quero apenas contraditar a proposta do ilustre
Constituinte Domingos Juvenil, ou seja, se formos atender
à sua argumentação – beneficiar o Banco da Amazônia e o
Banco do Nordeste – teremos que aí incluir também os
bancos de desenvolvimento do Sul do País, como o BRDE,
que deveriam merecer também o mesmo tratamento.
Então esta é a minha contradita. Gostaria que o
ilustre Relator José Serra pudesse dar agora o seu
parecer.
O SR. RELATOR (José Serra): – Em primeiro
lugar, quero fazer uma breve consideração. Temos o dever
e a obrigação – em homenagem a nós próprios – de
mandar um texto para a Comissão de Sistematização o
mais coerente possível. Isso é muito importante. Não
podemos perder essa perspectiva.
Em segundo lugar, não podemos ter sempre a
perspectiva de aprovar uma matéria apenas porque é
importante e depois deixar para a Comissão de
Sistematização resolver. Não vai ser assim. Este é o
problema. Quando se chegar lá, as posições tomadas
pelas Comissões serão muito fortes, muito difíceis e de se
tornarem inconsistentes.
Quanto à proposta do nobre Constituinte Domingos
Juvenil, eu a acolho no seu espírito, mas não a acolho na
sua forma, da maneira como é encaminhada, para inclusão
no Capítulo do Sistema Financeiro.
104
Tal como está apresentada agora, diz o seguinte:
"Às instituições financeiras oficiais é assegurado o
acesso a todos os instrumentos de mercado financeiro."
Isso significa que, se ela fosse aprovada e inserida
na Constituição, qualquer distribuidora de valores de
Governo, qualquer banco de desenvolvimento, qualquer
tipo de instituição – temos bancos comerciais, bancos de
desenvolvimento, distribuidoras, corretoras, enfim sete ou
oito tipos de instituições financeiras – trabalharia com
qualquer instrumento.
Eu teria, por exemplo, uma distribuidora de títulos
podendo operar no open, um banco de desenvolvimento,
que deve fazer crédito a longo prazo, obtendo recursos no
overnight, o que seria uma loucura e uma insensatez. O
banco comercial estadual opera como um banco comercial
privado. Tem os mesmos direitos. O Banco do Brasil foi
cerceado em muitas coisas, e isso está errado. Aqui está
dito "instituições financeiras". Não está especificado banco
deste ou daquele tipo. Instituição financeira é tudo que
mexe com a intermediação financeira.
Se aprovarmos isso, teremos uma situação caótica
no mercado financeiro. Por isso, encaminho contra,
embora entenda os motivos e os respeite. Estou de acordo
com a motivação do Constituinte, quando faz sua proposta.
Mas não posso estar de acordo com ela.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Iniciaremos o processo de votação simbólica.
Aqueles que estiverem de acordo com o Relator
permaneçam como estão, aqueles que estiverem contra
levantem o braço. (Pausa.)
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: –
Nessa situação, retiro a emenda.
O SR. CONSTITUINTE AFFONSO CAMARGO: –
Retiro a emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O
Constituinte Affonso Camargo retira a emenda e eu
agradeço a V. Ex.ª (Palmas.)
Agradeço ao Constituinte Affonso Camargo a
grande contribuição que trouxe à Presidência da Mesa,
fruto de seu conhecimento, da sua experiência
congressual, que a Presidência realmente não possui.
Coloco em votação a Emenda nº 6, do ilustre
Constituinte Cid Sabóia de Carvalho.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE
CARVALHO: – Sr. Presidente, está previsto no trabalho do
Relator, no anteprojeto, o que é básico em uma futura lei a
respeito do Sistema Financeiro, uma espécie de código
para o Sistema Financeiro. Mas observei que não há
previsão das disposições penais, e isso nos preocupa. O
Brasil é o campeão de leis imperfeitas, isto é, nem anula os
atos, nem pune os infratores. Temos também a grande
incidência de leis menos que perfeitas, que apenas anulam
os atos e não punem os infratores. O País necessita de leis
perfeitas, dentro da classificação alemã, isto é, a lei que
pune o infrator, tendo anulado o ato que tenha sido
praticado contra a sociedade, contra o direito, ou qualquer
tipo de infração.
Assim, proponho que, nesse dispositivo do Sr.
Relator, se inclua a previsão das disposições penais. Mas
advirto que não são penas caracterizadas no Direito Penal.
São penas de caráter administrativo, sem prejuízo do
Código Penal, para os crimes que se caracterizem como
estelionato, peculato, ou qualquer crime que possa
acontecer.
105 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
Trata-se de penalidades administrativas, típicas e
necessárias ao Sistema Financeiro.
Minha propositura é no sentido de que se inclua um
item, prevendo as disposições penais administrativas, de
acordo com as diretrizes para a nova Lei do Sistema
Financeiro.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao Constituinte Messias Góis, que
deseja contraditar.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Sr.
Presidente, entendo que a Constituição não é Código
Penal, mesmo porque já existem disposições penais em
relação a delitos praticados com recursos públicos ou
privados.
Além do mais, no art. 76 do Substitutivo
apresentado pelo Relator, já há previsões, inclusive, da
Justiça competente, para o julgamento e processamento
de crimes dessa ordem.
Assim, mesmo concordando com o ilustre
Constituinte, com a sua preocupação em estabelecer
penas, devo esclarecer que já existe o Direito
brasileiro. Incluir na Constituição essas disposições penais
seria bis in idem, ou seja, chover no molhado.
Por isso, eu me posiciono contra a emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra o Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Ontem o
Constituinte Cid Sabóia de Carvalho disse que achava
impossível que o Relator acolhesse uma proposta, em
geral; e entendi até como uma proposta, particularmente
de S. Ex.ª.
Esta não é a posição do Relator. O Relator estava
ansioso para acolher uma proposta de S. Ex.ª, e estou
satisfeito em poder fazê-lo agora.
Acolho a proposta que o Constituinte faz. (Palmas.)
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE
CARVALHO: – Muito obrigado. Sr. Relator.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Faço a votação simbólica.
O SR. CONSTITUINTE DIVALDO SURUAGY: –
Pela ordem, Sr. Presidente. Votação simbólica ou
consulta?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Farei a votação simbólica.
Aqueles que estiverem de acordo com a posição e a
proposta do Constituinte Cid Sabóia de Carvalho e com a
posição do Relator José Serra permanecerão como se
encontram. A proposta é a mesma. Aqueles que estiverem
de acordo com a posição do Constituinte Messias Góis
levantarão o braço.
O SR. CONSTITUINTE JOÃO CASTELO: – Sr.
Presidente, pela ordem.
Tenho a impressão de que o plenário não
entendeu bem a consulta. Talvez V. Ex.ª não tenha
dirigido...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Estamos adicionando um dispositivo a Constituição; e, para
ser incluído, ele precisa ser votado por maioria absoluta.
O SR. CONSTITUINTE JOÃO CASTELO: – Acho
que o plenário confundiu um pouco a colocação. Gostaria
que V. Ex.ª recolocasse a consulta.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles):
– Aqueles que estiverem de acordo com a
proposta apresentada pelo Constituinte Cid
Sabóia de Carvalho, que é a mesma do Relator
José Serra, fiquem como estão. Aqueles
que são contrários à proposta dos Constituintes Cid Sabóia
de Carvalho e José Serra, que apóiam a posição do
Constituinte Messias Góis, levantem o braço.
Neste caso, vamos fazer a votação, porque se trata de
uma emenda aditiva em que se deve obter maioria absoluta.
Quem votar "Sim" votará com a proposta do
Constituinte Cid Sabóia de Carvalho, apoiada pelo
Constituinte José Serra (Emenda nº 580006).
Votação
Votaram "Sim" os Constituintes: Adhemar de Barros
filho, Adroaldo streck, Afonso Camargo, Airton Sandoval,
Basílio Vilani, Cid Sabóia de Carvalho, Divaldo Suruagy,
Domingos Juvenil, Fábio Raunheitti, Feres Nadar, Fernando
Bezerra Coelho, Fernando Gasparian, Firmo de Castro,
Francisco Dornelles, Furtado Leite, Gerson Camata, Harian
Gadelha, Iraiá Rodrigues, Ivan Bonato, Ivo Vanderlinde,
Jesus Tajra, João Castelo, João Natal, José Carlos
Vasconcelos, José Guedes, José Luiz de Sá, José Luiz
Maia, José Maria Eymael, José Serra, José Tinoco, Jovanal,
Masini, Jutahy Magalhães, Lézio Sathler, Luiz Gushikcn,
Márcio Braga, Mussa Demes, Naphtali Alves, Nion Albernaz,
Sérgio Spada, Sérgio Werneck, Simão Sessim e Joaquim
Bevilacqua; votaram "Não" os Constituintes: Benito Gama,
João Machado Rollemberg e Messias Góis.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Foi
aprovada a emenda do Constituinte Cid Sabóia de
Carvalho por 42 votos a favor e 3 contra.
A próxima emenda seria a de n.º 243, do Deputado
Walmor de Luca, que não se encontra em plenário. Como
acho importante que S. Ex.ª faça, com o seu profundo
conhecimento, a defesa da emenda, proponho que fique
adiada a sua apreciação até a chegada de S. Ex. a.
Vamos examinar a Emenda n.º 145, do Constituinte
Ivo Vanderlinde.
O SR. CONSTITUINTE IVO VANDERLINDE: –
Sr.Presidente, Sr. Relator, de acordo com a discussão que
tivemos ontem, essa emenda se reporta ao tema anterior.
Prevê, no seu texto, que o Banco Central do Brasil
estimulará a criação de cooperativas de crédito. Entendo
que a lei ordinária deverá complementar a matéria. Mas
preciso ser fiel à expectativa que o sistema cooperativo
nacional tem, principalmente com relação a esses
segmentos, que até hoje foram marginalizados e quase
que proibidos de manter uma posição, pelo menos dentro
do espírito do assunto. Por isso, mantenho a emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Algum Constituinte deseja falar contrariamente à posição
do Deputado Ivo Vanderlinde?
Passo a palavra ao Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Estou de acordo
com o Constituinte Ivo Vanderlinde quanto à importância
do estímulo às cooperativas de crédito. Creio que essa é
mais outra matéria de lei. No meu modo de entender, não é
o Banco Central que deveria estimular as cooperativas de
crédito. Se vamos ter uma lei destinada ao Sistema
Financeiro, se vamos reformular o Conselho Monetário
Nacional, se vamos ter outra política relativa ao Sistema
Financeiro, creio que caberá a essa política definir os
estímulos às cooperativas de crédito. Os chamados bancos
cooperativos, em alguns casos, estão associados a
problemas de nível nacional, inclusive a um dos maiores
problemas que já tivemos no Sistema Financeiro – que não
é nada do que o nobre Constituinte se refere, quando
fala do Banco de Crédito Cooperativo. Por outro lado, a
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
proposição de inclusão do § 3º no art. 64, que fala da relação
entre emissão de moeda e Banco Central, é problema que
compete à União. É vedado ao Banco Central financiá-la.
Quanto à questão de títulos do Tesouro de como o Banco
Central se relaciona com eles, tem pouco a ver acrescentar-se
um § 3º, dizendo que o Banco Central estimulará a criação de
cooperativas de crédito. Esse seria um assunto que cairia de
repente no meio de um tema que não é, a meu ver, muito
pertinente. Sem que minha posição reflita desestímulo às
cooperativas de crédito, opto pelo não acolhimento da
proposta do nobre Constituinte. Desde já, S. Ex.ª tem meu
compromisso pessoal, no sentido de que, em etapas
posteriores, no Congresso, terá meu apoio no que se refere ao
estímulo a essa modalidade de instituição de crédito. Portanto,
repito, opto pelo não acolhimento da proposta.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
fazer a consulta simbólica. Aqueles que estiverem de acordo
com a posição do Relator José Serra permanecerão como
estão. Aqueles que apoiarem a emenda do ilustre Constituinte
Ivo Vanderlinde levantarão a mão.
Cabe a V. Ex.ª verificar se ela será mantida ou não.
O SR. CONSTITUINTE IVO VANDERLINDE: – Diante
da decisão evidente da maioria, que concorda com a proposta
do Relator, retiro a emenda. Na técnica também concordo; no
espírito, gostaria que o compromisso não fosse só do Relator,
mas de todos os companheiros. Retiro a emenda. Muito
obrigado. (Palmas.)
O SR. RELATOR (José Serra): – O meu compromisso
está registrado na fita.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Sr. Presidente, pela ordem. Não
terminamos ainda a votação do primeiro Capítulo do
Substitutivo do Relator José Serra. Percebo, embora
reconheça o sentido democrático de V. Ex.ª, que não vamos
terminar os três relatórios, se continuarmos o processo de
votação da maneira como está posto. Isso porque V. Ex.ª está
permitindo sejam votados – por melhor que seja a intenção
dos autores do destaque – emendas que já foram objeto de
outras votações. Especificamente, V. Ex.ª anunciou há pouco
a emenda do Constituinte Walmor de Luca e, em seguida, a
do Constituinte Ivo Vanderlinde. Ele próprio – e com muita
precisão reconheceu que esse assunto já havia sido tratado
anteriormente. Se V. Ex.ª não começar a considerar
prejudicadas as emendas que tratam dos mesmos assuntos
não terminaremos essa votação nem no sábado, nem do
domingo. Parece-me que V. Ex.ª está adotando uma atitude
de democrata. Mas é também anti-regimental – desculpe–me
à franqueza. Está claro no Regimento que a matéria não será
votada ou será considerada prejudicada, no caso de já ter sido
votada anteriormente. Admito até que V. Ex.ª, no caso de
haver conflito, submeta a decisão ao plenário, mas deverá
considerar prejudicadas algumas matérias que já foram objeto
de apreciação pela Comissão.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Pela ordem,
Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o nobre Constituinte Messias Góis.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – V. Ex.ª
deverá colocar em apreciação agora a Emenda nº 52.
Solicitaria a V. Ex.ª que colocasse também a Emenda nº 315,
que é idêntica, até nas vírgulas, à Emenda nº 52.
O SR. CONSTITUINTE GERSON CAMATA: – As
os
Emendas n 315 e 637 também são idênticas.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Gostaria que V. Ex.ª decidisse a questão
de ordem que levantei.
106
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Todas
as vezes em que achar que a questão está prejudicada,
seguirei o conselho de V. Ex.ª.
Colocarei em votação a Emenda nº 52;
se houver emendas idênticas, deixarei ao autor da
emenda a decisão de retira-la. Está em votação
a Emenda nº 052, do ilustre Constituinte Oswaldo Lima
Filho.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Sr.
Presidente, não está presente nesta Comissão o Constituinte
que pediu destaque, nem o autor da emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Sim,
mas temos de respeitar aqueles que o requereram, da mesma
maneira que apresentamos em outras Comissões.
Já discutimos três emendas. Gostaria de poder
continuar a votação de acordo com a sistemática sugerida
pelo Constituinte Affonso Camargo.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Sr. Presidente, o Constituinte José
Fernandes, autor da Emenda nº 52, é meu companheiro
de Partido. Solicito a V. Ex.ª que me permita
representa-lo na votação, para fazer a defesa da referida
emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Darei
permissão a V. Ex.ª.
Passamos agora a votar a Emenda nº 52.
Com a palavra o ilustre Constituinte Adhemar de Barros
Filho.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Trata-se de emenda assinada pelo
Deputado Oswaldo Lima Filho, mas que, na verdade, é de
autoria do Constituinte José Fernandes. É uma emenda
supressiva:
"O parágrafo único do art. 66, passa a ter a seguinte
redação":
"As disponibilidades de caixa da União e de todas
as entidades sob seu controle ou a ela vinculadas, bem
como as dos fundos de pensão de todos os seus servidores
públicos e empregados, serão depositados em instituições
financeiras sob o controle da União, ou dos Estados da
Federação, a fim de prover recursos para aplicações
prioritárias."
Na justificação, o Constituinte José Fernandes se l
imita a dizer que a fará em plenário. Imagino que S.
Ex.ª quis apenas vincular os recursos e as disponibilidades
aos bancos oficiais, para fins de aplicações. Esse é o texto da
emenda.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Algum Constituinte deseja falar contrariamente
à posição do Constituinte Adhemar de Barros Filho?
(Pausa.)
O SR. CONSTITUINTE DIVALDO SURUAGY: – Sr.
Presidente, permita-me uma questão de ordem. Estamos
tendo muita dificuldade...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Ilustre
Constituinte, direi a V. Ex.ª quais são os novos
artigos.
O SR. CONSTITUINTE DIVALDO SURUAGY: – Muito
obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Trata-
se do parágrafo único do art. 71.
O SR. CONSTITUINTE GERSON CAMATA: – Sr.
Presidente, pela ordem. Ofereço uma sugestão a V. Ex.ª: as
Emendas nos 052 e 315 são idênticas; e a 637, no parágrafo
os
único, é igual às Emendas n 315 e $52; no art. 66
107 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
no caput, é igual a uma emenda já rejeitada ontem. Pediria,
então, a V. Ex.ª que considerasse rejeitada ou aprovada essa,
e aprovadas as duas seguintes também.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Nobre
Constituinte Gerson Camata, peço a atenção de V. Ex.ª se no
momento em que for votada essa emenda o Relator julgar que
ela está prejudicada, gostaria que ele mesmo a retirasse.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Sr.
Presidente, essa providência compete ao Presidente. alertado
e diante da evidência dos fatos. Aqui está evidente que quem
copiou essa emenda copiou uma parte, talvez, na Emenda nº
537, do Constituinte Fernando Gasparian, pois, é igual nos
acentos, nas virgulas e nos erros de datilografia. Então,
gostaria que V. Ex.ª considerasse pelo menos uma das duas
prejudicadas.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Deixarei isso para o Constituinte que pediu o destaque.
Com a palavra o nobre Constituinte José Serra.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, parece-me que a apreciação dessa emenda é
totalmente descabida. Se examinarmos o art. 71, Parágrafo
único, verificaremos que a redação inclusive está aprimorada
no relatório do Constituinte José Serra.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Gostaria de dizer a V. Ex.ª que posso achar uma proposta
descabida, o ilustre Constituinte Nion Albernaz também pode
achar mas o Relator pode não achar. De modo que eu a
colocarei em votação.
Com a palavra o ilustre Constituinte José Serra.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ SERRA: – Encaminharia
contrariamente à inclusão dessa emenda por vários motivos.
Em primeiro lugar – farei uma análise melhor aqui – porque há
outras emendas parecidas: "As disponibilidades de caixa da
União e de todas as entidades sob seu controle ou a ela
vinculadas, bem como as dos fundos de pensão de todos os
seus servidores públicos e empregados, serão depositadas
em instituições financeiras sob o controle da União ou dos
Estados da Federação, a fim de prover recursos para
aplicações prioritárias."
Vejo aqui – e acho muito importante atentarmos para
essa questão – três problemas: em primeiro lugar, a idéia – e
isso está contido em nosso Relatório, no Parágrafo único do
art. 71 – é no sentido de que as disponibilidades de caixa da
União estejam depositadas no Banco Central. Essa questão é
básica. Suponhamos que eu deva ao Sistema Financeiro de
Habitação, que eu tenha prestações a pagar por correção
monetária e que eu tenha o dinheiro em mãos.
Se deixar esse dinheiro em um banco comercial,
como o Bradesco, por exemplo, em um banco público, como
o Banespa ou o Banerj, estarei deixando de pagar uma
conta que é acrescida de correção monetária, de juros e,
ao mesmo tempo, nada estarei obtendo pelo outro lado.
Estarei, então, perdendo dinheiro, ou seja, estarei transferindo
recursos para a economia. Se a União pega seu caixa – que
é o dinheiro que vai chegar amanhã, ou no mês que vem,
pois sempre há um saldo – e o deixa em uma instituição
financeira; estará renunciando a uma parcela real desse
recurso, que será comido pela inflação. Se ela o deixa
no Banco Central, este, com isso, reduzirá o custo da
dívida pública. É a mesma coisa que eu estar saldando o
compromisso da compra da casa. Por isso, é muito importante
que essa disponibilidade de caixa da União fique depositada
no Banco Central. Quando se quiser utilizar tais recursos
para alguma aplicação de crédito, o Tesouro Nacional
encaminhará esses recursos às instituições oficiais, como o
Banco do Brasil. o Banco do Nordeste, o BNDES, que tomarão
as providências necessárias.
O segundo problema que temos é o das aplicações
prioritárias. Sou contra o fato de a União depositar fora do
Banco Central, pela razão que citei; quando tiver que
emprestar, o Governo repassará os recursos para a
instituição. Mandar recursos diretamente para a instituição de
crédito, para aplicação prioritária é um procedimento que
passaria por cima da autoridade do Congresso Nacional, do
Legislativo. Defendemos o ponto de vista de que todas as
aplicações de fomento, subsidiadas, tenham um custo, e que
esse custo esteja previsto no Orçamento. Ou, se não estiver –
pela forma como elaboramos, têm que estar no Orçamento –
que venha o pedido de autorização, como crédito adicional,
para o Congresso Nacional. Uma emenda como essa por cima
da capacidade de decisão do Poder Legislativo.
O terceiro ponto trata dos fundos de pensão dos
servidores públicos e empregados – fundos de direito privando.
Não podemos obrigá-los a depositar aqui ou ali pela Constituição.
Podemos até induzi-los. mas não podemos obrigá-los.
Por último, com relação ao que se diz aqui – "todas as
entidades da União" – lembraria o que já foi dito em outra
discussão. Existe a SESP – poderão corrigir-me se o nome
não estiver correto – no Ministério da Saúde, que atua em
lugares do Brasil onde não há instituições oficiais. Há
embaixadas no exterior, empresas em lugares onde não há
instituições oficiais, onde, muitas vezes, por exemplo, há o
problema de coleta de contas de luz, feito pela rede privada e
que fica, obrigatoriamente, por mais que se queira encurtar,
algumas horas ou alguns dias em bancos privados. E essas
empresas estariam amarradas, Por essa razão, encaminho
contra.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Sr. Presidente. peço a palavra.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o nobre Constituinte.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Na condição de substituto do autor do destaque, e
considerando que o nobre Relator José Serra acolheu em
grande parte o espírito da emenda do nobre Constituinte José
Fernandes, requeiro a retirada da emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Muito
obrigado, nobre Constituinte.
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: – Sr.
Presidente, para uma questão de ordem. Como essa emenda
é representada por vários Constituintes, seria bom que fizesse
uma consulta para se verificar qual é o entendimento dos
Constituintes que estão compondo esta Comissão.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Farei
isso no momento oportuno, no momento em que cada
Constituinte tiver sido chamado para apresentar e defender a
sua emenda.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ EYMAEL: – Sr.
Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem. Numa
homenagem ao companheiro que propôs essa emenda – e
vimos que o Relator, em sua apreciação e exposição
demonstrou que acolheu pelo menos 70% da emenda –
sugerimos que o Relator, no seu relatório posterior, considere-
a como tendo sido aproveitada parcialmente.
O SR. RELATOR (José Serra): – A redação do
dispositivo, tal como se encontra no Substitutivo que estamos
discutindo, baseou-se com modificações, no anteprojeto
apresentado pela Subcomissão do Sistema Financeiro,
onde está calcada a emenda do autor e já foi acolhida. Esse
artigo, a meu ver, é uma modificação, um aperfeiçoamento
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
daquilo que a Subcomissão do Sistema Financeiro, muito
apropriadamente, tinha procurado fixar, e há uma
representação,
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: – Sr.
Relator, mantendo o pedido de que, em seu relatório, numa
homenagem ao autor, considere a emenda aprovada,
aproveitada parcialmente.
O SR. RELATOR (José Serra): – Não posso acolher
emendas contraditórias à minha redação.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: – O
Relator já acolheu, em seu Relatório, o espírito da emenda.
Queremos apenas que, em seu Relatório, conste que a
emenda foi aproveitada parcialmente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
examinar a Emenda nº 637, do nobre Constituinte Fernando
Gasparian, substitutiva ao art. 71, do nobre Relator José serra.
Indago ao nobre constituinte Fernando Gasparian se gostaria
de manter o seu pedido de destaque e fazer a sua defesa.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
Gostaria de mantê-lo Sr Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao nobre Constituinte Fernando Gasparian.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
Sr. Presidente, vou tentar conseguir a atenção dos nobres
Constituintes para essa emenda, que me parece da maior
importância e que definirá, sem dúvida alguma, a posição
política, vamos dizer, desta Comissão. Na verdade, o Banco do
Brasil vem sendo esvaziado, com a ajuda do Banco Central, de
suas funções na economia brasileira. O Banco do Brasil chegou
a financiar 30% da economia brasileira, depois de vinte anos de
regime autoritário, chegou a financiar 7%; e, no Governo da
Nava República, conseguiu financiar 12, 13%. A emenda que
estou apresentando, que corresponde ao que foi aprovado na
Subcomissão, é praticamente igual à do nobre Relator. A
argumentação que acabou de fazer o Relator, contrário à
emenda anterior, está inteiramente respondida com esta
emenda. Ela toma, como no art. 71 do Relator, todos os
cuidados, inclusive com relação a problemas do exterior, que
foram colocados aqui há pouco tempo e que impediriam, talvez,
a União de recolher os seus recursos nos bancos oficiais. Ela
cobre tudo isso. O único problema é de filosofia. No meu
entendimento, o Banco Central ainda não está estatizado, como
diz o nobre Constituinte Severo Gomes. Está ligado à
tecnocracia. O Banco Central recebe o apoio do Sr. Mário
Henrique Simonsen, do Constituinte Roberto Campos, enfim, de
uma série de economistas ortodoxos do País, que acham que
ele – e não o Banco do Brasil – deve ser o instrumento oficial.
Em nossa Subcomissão, discutimos muito o papel do Banco
Central. Achamos que seria fundamental esvaziá-lo, para
que ele realmente cumprisse as suas finalidades de
individualidade monetária e, ao mesmo tempo, fiscalizasse –
coisa que quase não faz – o Sistema Financeiro, a fim de
que se evitassem, no futuro, os escândalos financeiros que
nos acostumamos a ver neste País. Esta emenda
simplesmente propõe que, ao invés de a União colocar os
títulos .da dívida pública através do Banco Central – que,
em geral, usa esses recursos para fins diversos dos da
autoridade monetária, ajudando inclusive a fazer a inflação –
esses recursos sejam aplicados pelo Banco do Brasil e
colocados no mercado também pelo Banco do Brasil. Que
a administração da divida pública seja feita pelo Banco do
Brasil. No caso, o art. 71 propõe que isso. seja feito pelo Banco
Central e que o Banco do Brasil seja simplesmente um agente
pagador. Ele não é o agente financeiro, passa a ser o agente
pagador. No fundo, o agente financeiro da União seria o Banco
Central. e não o Banco do Brasil. Realmente, há um problema
108
de conceito. Estamos vendo hoje, pelos jornais, que, enquanto
no Governo anterior, no Ministério anterior, se procurava
transformar as contas...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Peço
ao nobre Constituinte Fernando Gasparian, atendendo à
solicitação de todos os Constituintes, que se atenha aos três
minutos.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
Não ouvi essa solicitação, mas, de qualquer forma,
vou encerrar o assunto. Estava abusando da atenção dos
nobres Constituintes, pelo fato de ser esta votação muito
importante. Ela vai revelar a nossa tendência, isto é, se
ficamos com a tecnocracia que está aquartelada no Banco
Central ou se com outro tipo de política econômica mais
progressista, mais dirigida pelos políticos do que pelos
tecnocratas. Esta, no fundo, é minha consideração: utilizemos
o Banco do Brasil e impeçamos que o Banco Central seja o
que foi nos vinte últimos anos – a casa dos escândalos, dos
desvios e dos auxílios das "Coroas brastéis" da vida e tudo o
mais.
Era a exposição que queria fazer. Muito obrigado.
SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Algum
Constituinte deseja contraditar a posição do ilustre Constituinte
Fernando Gasparian?
Passo a palavra ao nobre Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Considero,
inicialmente, que a emenda apresentada está prejudicada pela
votação que já fizemos. Mas, independente desse julgamento,
também encaminharia contra, e caberia ao Plenário decidir a
esse respeito. O próprio relator. se pronunciaria sobre isso ou
então submeteria a matéria à votação.
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: – Sr.
Presidente, para uma questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
votar o mérito da proposição.
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: – Sr.
Presidente, já que o Relator reconhece que a emenda está
prejudicada, gostaríamos que V. Ex.ª fizesse uma consulta ao
Plenário. E, se o Plenário entender como S. Ex.ª, tudo bem.
Se não entender, V. Ex.ª daria a palavra para que S. Ex.ª
justificasse por que não incluiu a emenda do Constituinte
Fernando Gasparian.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Faremos isso dentro do procedimento que adotamos, proposto
pelo Senador Affonso Camargo.
Concedo a palavra ao Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Quero dizer por que
entendo que está prejudicada. O atual artigo, a atual emenda,
realmente, melhora certos aspectos e se identifica, em parte,
com observações críticas que fiz à emenda anterior do nobre
Deputado do PDT. No entanto, continuam alguns problemas
aqui, porque contempla que "as disponibilidades de caixa da
União não utilizadas para administração da dívida pública" –
não sei exatamente o que seria isso – "e os saldos disponíveis
de todas as entidades" – aí, no caso, eu fico na coisa da
União – não sejam depositados no Banco Central e, sim,
sigam direto para as instituições financeiras oficiais. A
meu ver, todas as aplicações prioritárias, subsidiadas, de
fomento, que vieram do Banco Central ou do Tesouro
Nacional, têm que ir para as instituições financeiras
oficiais. Não tenho a menor dúvida quanto a isso, O
problema é que elas têm que vir depois de um programa
aprovado, com decisões aprovadas, quando o Tesouro
transfere os recursos. Portanto, é a mesma argumentação que
apresentei no caso anterior. Por isso, digo que a emenda está
prejudicada.
109 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O outro aspecto que é importante sublinhar é que
nada há transferido, aqui e agora, do que poderia ser uma
função do Banco do Brasil, no que se refere à questão de
caixa, de execução financeira do Banco Central para o
Banco do Brasil. Uma das medidas que o Governo
anunciou hoje foi a exclusão das funções de fomento do
Banco Central, que agora acabaram, segundo, inclusive, o
espírito do trabalho desta Comissão e da Subcomissão do
Sistema Financeiro. Mais ainda: eliminou-se a
possibilidade, também agora, pela medida de hoje, de que
o Banco Central possa emitir títulos para financiar o
Tesouro. O Banco Central não mais poderá emitir títulos
para financiar o Tesouro. Não creio que se deva transferir a
função de omitir títulos do Banco Central para o Banco do
Brasil; teríamos o mesmo problema, que é o financiamento
direto do Banco do Brasil feito pelo Banco Central ao
Tesouro Nacional. Isso não pode ser feito. Não se pode
transferir o que, hoje, o Banco Central faz – emitir títulos
diretamente e passá-los para o Tesouro Nacional – para o
Banco do Brasil. A emissão de títulos deve ser feita por
uma entidade independente. Na discussão que tivemos
aqui, mencionou-se inclusive o exemplo de São Paulo: o
Banco estadual fazia isso para o Governo estadual,
quando é o contrário. A distribuidora de títulos é
completamente separada do Banco. O Banco tem
critérios de rentabilidade, distribui lucros e tem outra
lógica de operação, que não é a mesma do Tesouro,
para efeito dos seus títulos. Esta é, pois, outra dimensão.
Por isso, encaminharia contra essa emenda, previamente,
por considerá-la prejudicada. Se o plenário não entender
assim, encaminharia contra o seu mérito. E quero dizer
que isto nada tem a ver com o enfraquecimento do
Banco do Brasil. Não há essa questão em jogo nesta
discussão.
O SR. CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: – Sr.
Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem
V. Ex.ª a palavra para uma questão de ordem.
O SR. CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: – V.
Ex.ª já decidiu anteriormente uma questão de ordem
do nobre Constituinte José Carlos Vasconcelos, no sentido
de considerar prejudicadas as emendas. Entendo que,
quando a emenda está prejudicada, não tem que ser
discutida. V. Ex.ª é que decide sobre a prejudicialidade
da emenda. Do contrário, ficaremos discutindo emendas
que já estão prejudicadas, que já foram discutidas, o
tempo todo, e não vamos conseguir levar a termo nosso
trabalho.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Considero que a emenda não está prejudicada. Pergunto
ao Constituinte Fernando Gasparian se devemos fazer a
consulta prévia.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN:
– Aproveito para dizer a V. Ex.ª...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – A
consulta prévia. Queremos saber se V. Ex.ª quer colocar
em votação...
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN:
– Quero ver essa proposta votada.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Sr.
Presidente, pedi à palavra para uma questão de ordem...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Um
instante, nobre Constituinte.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: –
...anteriormente ao Deputado Airton Sandoval. Sr.
Presidente, sou autor de uma emenda, inclusive de um
destaque...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – É
questão de ordem, Deputado Walmor de Luca?
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Sim,
Sr. Presidente, sobre o encaminhamento de votação.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Porque já houve...
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: –
Estar-se-ia discutindo...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não.
Absolutamente, não aceitei. Vamos votar o mérito.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: –
Mas, Sr. Presidente, gostaria de lembrar a V. Ex.ª que o
próprio art. 66, que está sendo votado agora, foi emendado
no seu § 1º Há uma emenda aditiva ao § 2º V. Ex.ª
entende também, ou o próprio Relator, que estaria
prejudicado?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Voltarei posteriormente, à proposta de V. Ex.ª
Passemos à votação (Emenda nº 5S0637). Aqueles
que estiverem favoráveis à posição do Deputado Fernando
Gasparian dirão "sim". Aqueles que estiverem favoráveis à
posição do Deputado José Serra dirão "não".
(Votação)
Votaram "sim" os Constituintes: Wilson Campos,
Walmor de Luca, Luiz Gushiken, Jutahy Magalhães, José
Tinoco. José Luiz Maia. José Guedes, João Natal, João
Machado Rollemberg, Irajá Rodrigues, Harlan Cadelha,
Firmo de Castro, Fernando Gasparian, Divaldo Suruagy,
Darcy Deites, Cid Sabóia de Carvalho, Adroaldo Streck e
Adhemar de Barros Filho; votaram "não" os Constituintes:
Simão Sessim, Sérgio Werneek, Roberto Torres, Pedro
Ceolin, Osmundo Rebouças, Nion Albernaz, Mussa
Demes, Messias Góis, Mauro Campos, Márcio Braga,
Jovani Masini, José Serra, José Maria Eymael, José Luiz
de Sá, João Castelo, Jesus Tajra, Jessé Freire, Ivan
Bonato, Gerson Camata, Geraldo Fleming, Furtado Leite,
Francisco Dornelles, Fernando Bezerra Coelho, Feres
Nader, Fábio Raunheitti, Domingos Juvenil, Benito Gama,
Basílio Vilani, Airton Sandoval, e Affonso Camargo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Trinta votos "não", dezoito "sim". Rejeitada a proposta do
Constituinte Fernando Gasparian.
Em seguida, teríamos a Emenda nº 315, de autoria
do Constituinte Walmor de Luca. Perguntaria a S. Ex.ª se
gostaria de examinar...
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Sr.
Presidente, essa emenda não é de minha autoria. Apenas
pedi o destaque. É de autoria do nobre Constituinte Sérgio
Spada, que não se encontra presente. Tem o mesmo sentido
da proposta ora votada. Naturalmente está consignada, no
último resultado, a vontade do plenário. Portanto, não tem
sentido a emenda. Eu a entendo prejudicada.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Considerada prejudicada a Emenda nº 315.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Sr. Presidente, como fica a Emenda nº 243, de
autoria do Constituinte Walmor de Luca?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Posteriormente, quando encerrar, conversaremos.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Como S. Ex.ª estava com a palavra, pensei que
estivesse examinando essa emenda. Foi um equívoco de
minha parte. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Emenda nº 370, do Constituinte Domingos Juvenil.
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: – Sr.
Presidente, entendo que esta emenda, numa análise mais
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
profunda que fizemos, já foi incluída no texto do
Anteprojeto. Portanto, retiro-a. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Emenda nº 734, de autoria do Constituinte Virgílio Guimarães.
Algum dos Srs. Constituintes pretende fazer a defesa desta
emenda? (Pausa.) Adiada a votação desta emenda.
Emenda nº 241, de autoria do Constituinte Walmor
de Luca. Acredito que seja idêntica à Emenda nº 637.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Sr.
Presidente, nobres Srs. Constituintes, não digo que eu
entenda que nos trabalhos desta Constituição devam
prevalecer os princípios partidários, mas nenhum de nos
estaria se não se tivesse previamente inscrito num partido,
assoreado sua ficha, de acordo com a lei, concordando
com os principies do seu programa partidário. Neste
momento, Sr. Presidente – dirijo-me ao, meus nobres
pares em especial ao Relator ao meu lado, o Constituinte
José Serra – quero acentuar o programa do Partido do
Movimento Democrático Brasileiro, no que concerne ao
sistema bancário. Pela exigüidade do tempo, Sr.
Presidente, lerei apenas o texto final do que está escrito no
programa partidário. Sei, Srs. Constituintes. que
enriquecidos são os conhecimentos do nobre Relator, o
Constituinte José Serra, que participou da sua elaboração:
A divisão de trabalho entre agentes financeiros
públicos e privados exigiria que apenas os bancos oficiais,
diretamente, sem a participação dos, estabelecimentos
privados, teriam seus recursos tomados compulsoriamente
pelo Estado, ou resultantes dos pequenos depósitos
populares da poupança. Ao setor privado caberia administrar
a poupança voluntária captada. Em concorrência com os
particulares, o setor privado não deveria repassar recursos
públicos, não só para permitir a garantia pública dos fundos
sociais, de poupanças populares, como para não encarecer
o custo do dinheiro e não submeter ainda mais a área
produtiva ao poder dos bancos.
Sr. Presidente, as últimas medidas tomadas pelo
Governo para fazer face à crise nacional evidenciam que há
um setor privilegiado neste País, ou seja, o setor financeiro.
O Governo tem todo um dispositivo em suas mãos, que vai
desde os bancos estaduais, que operam em cada recanto
do País, até as instituições de crédito federais, seja o Banco
do Brasil, a Caixa Econômica etc. Sr. Presidente, minha
emenda tem um sentido aditivo à proposta do nobre Relator.
Proponho uma adição ao artigo...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Nobre Constituinte Walmor de Luca, houve uma solicitação
de todos os presentes no sentido de avançarmos a
votação. Ainda temos a parte tributária e a orçamentária.
Gosta-ria. pois, de pedir aos Constituintes que reduzam
suas exposições. Se V. Ex.ª pudesse fazer a fineza de
utilizar apenas os três minutos, eu agradeceria muito.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Se
o Plenário também não estivesse fazendo reuniões
paralelas... O mesmo rigor com que V. Ex.ª quer o
cumprimento do Regimento Interno também o aplique em
relação aos comícios paralelos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Peço
aos Srs. Constituintes que mantenham a atenção, para que o
Constituinte Walmor de Luca possa concluir sua exposição.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – O
Sr. Relator propôs, acabamos de discutir e prevaleceu seu
voto. Mas acrescento um § 2º, cuja redação é a seguinte:
"Reserva-se com exclusividade às instituições direta,
dos recursos gerados e geridos pela administração pública."
110
Justifico:
"É privilégio odioso deixar nas mãos das instituições
financeiras privadas recursos provenientes de impostos,
tributos, taxas, contribuições sociais, quando sabemos que
o Governo necessita destes recursos, não apenas para
prover suas necessidades administrativas, como também
para promover uma política financeira que atenda ao social
e combata a usura."
Sr. Presidente, no passado eram as coletorias
federais. Poucas cumpriram esse papel. Hoje, toda uma
rede oficial, multiplicada, talvez, cem vezes pelo número
das coletorias oficiais, que poderia desempenhar esse
papel. Quero tão-somente entregar à administração pública
o dinheiro público que é recolhido.
É nesse sentido que chamo a atenção dos nobres
Constituintes.
O SR. PRESIDENTE ( Francisco Dornelles): –
Pediria aos Srs. Constituintes que dessem atenção à.
exposição do Constituinte Walmor de Luca.
O SR. CONSTITUINTE BENITO GAMA: – Pela
ordem, Sr. Presidente. Estamos a um dia e meio de
votação não evoluímos no processo. Temos o capítulo
tributário o orçamento. Se V. Ex.ª não ordenar os trabalhos
para que cada Constituinte e também o Sr. Relator falem
somente o tempo necessário, três minutos, haveremos de
tomar uma nova decisão sobre a que tomamos ontem, de
votar primeiro o Capitulo financeiro.
É a questão que apresento a V. Ex.ª, de extrema
importância, porque não podemos ficar três dias votando
poucos artigos que são regimentais. Peço a V. Ex.ª que
analise isso com o cuidado, o critério e a inteligência
peculiares a V. Ex.ª
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Pediria aos Srs. Constituintes que respeitassem o prazo
de três minutos. E faria um apelo a todos os Constituintes
no sentido de que dessem atenção às exposições aqui
feitas.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: –
Concluo. Sr. Presidente, embora V. Ex.ª me tenha
interrompido no tempo que me foi destinado para atender a
uma questão de ordem anta-regimental, do nobre
Constituinte que acaba de se dirigir a V. Ex.ª Note bem, Sr.
Presidente, eu obedeço ao Regimento. No entanto, minha
palavra é cassada e dada a outro Parlamentar. Obediência
ao Regimento. Sr. Presidente, seria exatamente V. Ex.ª ter
dito que o tempo estava esgotado. Jamais V. Ex.ª poderia
ter-me interrompido e cedido minha palavra ao outro
Parlamentar.
Sr. Presidente, a vida inteira ouvi a verdade, e há
os surdos que não querem ouvi-la. Ontem votamos em
bloco, e tenho certeza de que o resultado da votação
do parecer do Relator José Serra seria outro, seria
aprovado, mas não pelos votos que obteve, se tivéssemos
votado por capítulo. Tenho certeza de que este Plenário,
em sua maioria, não quer a estatização do sistema mas
deseja que se acabem com os privilégios das instituições
financeiras privadas. Aí estão, Sr. Presidente, os lucros
escandalosos.
O SR. CONSTITUINTE BENITO GAMA: – Estamos
hoje em processo de votação, Sr. Presidente, não no de
discussão do projeto.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Está
com a palavra o nobre Constituinte Walmor de Luca.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Se
o nobre Constituinte Benito Gama não me quer ouvir...
111 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Está
com a palavra o Constituinte Walmor de Luca.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Senhor
Presidente, houve uma Comissão que trabalhou com
seriedade e democraticamente, ouviu os amplos setores
envolvidos no Sistema Financeiro. Esta Comissão não
concluiu seus trabalhos dentro do processo de divisão
ideológica. Tenho certeza de que procurou o melhor para o
País e para as gerações futuras.
Sr. Presidente, estão aí os micro e pequenos
empresários deste País, a reclamar das taxas de juros.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Pediria
ao Constituinte Walmor de Luca que se ativesse ao
encaminhamento da votação. É um favor que peço a V. Ex.ª
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Senhor
Presidente, o que dita minha proposta é deixar na mão do
Governo recursos, como disse muito bem o Constituinte José
Serra ontem, que se entreguem ao Governo os recursos dos
saldos, para que não seja obrigado a ir buscá-los no mercado,
elevando assim as taxas de juros e os rendimentos das LBC.
Sr. Presidente, queremos tão somente que o Banco do Brasil,
a Caixa Econômica, os bancos estaduais, o Banco do
Nordeste tenham o privilégio do recolhimento dos impostos,
das taxas, das contribuições sociais.
Encerro aqui, Sr. Presidente.
O SR. CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: – Peço
a palavra para levantar uma questão de ordem. O disposto na
proposta do nobre Constituinte Walmor de Luca já está
contido no parágrafo único do art. 71 do Relatório do
Constituinte José Serra. Estamos aqui "chovendo no
molhado"; vamos ficar discutindo a mesma matéria durante o
dia todo, e nossos trabalhos não terão andamento. Essa
matéria já está prejudicada. Não pode ser mais discutida.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Foi V.
Ex.ª quem assegurou que não estaria prejudicada.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Asseguro a V. Ex.ª a votação de sua proposta.
O SR. CONSTITUINTE DIVALDO SURUAGY: –
Senhor Presidente, levanto uma questão de ordem. Vem
reinando grande dúvida, da qual não comungo, cujos motivos
nos estão levando a ter essa preocupação. De acordo com o
Plenário, V. Ex.ª estabelece três minutos e concede quase dez
minutos para um Constituinte defender seu ponto de vista. Por
mais talentoso, brilhante e convincente que seja o
Constituinte, o tratamento tem que ser partidário. A
preocupação reinante é no sentido de que os três dias serão
esgotados na discussão de apenas um capítulo. Confesso que
não comungo dessa preocupação, mas estou vivendo nessa
dúvida, porque V. Ex.ª, estranhamente, concede dez, quinze
minutos a alguns Constituintes, que abusam do privilégio, do
direito de falar. Por mais estima e respeito que tenhamos
pelos portadores dessas idéias, não podemos concordar com
tal disparidade de tratamento. Lavro meu protesto em nome
dos meus companheiros, principalmente dos Constituintes do
Norte e do Nordeste, por estar havendo um abuso, não da
parte de V. Ex.ª, mas provocado por sua benevolência.
O SR. CONSTITUINTE BENITO GAMA: – Nós
acreditamos em V. Ex.ª
SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Gostaria
de dizer aos ilustres Constituintes que não devem ter qualquer
receio sobre minha posição nesta Presidência.
Sr. Constituinte, diria a V. Ex.ª que todas as medidas da parte
da Presidência já estão tomadas, e que esse risco, com minha
palavra, não ocorrerá. Para mim é extremamente
desagradável cortar a palavra de constituintes.
Faço um apelo a V. Ex.ªs no sentido de que respeitem
a sua posição, e cada um fale apenas durante três minutos,
que é o que se deseja.
Coloco em votação a proposta do Constituinte Walmor
de Luca. Perguntaria, dentro do sistema do Constituinte
Affonso Camargo, Constituinte Walmor de Luca, se não houve
contraditório. Vou dar a palavra ao Relator José Serra.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO BEZERRA
COELHO: – O Constituinte José Serra foi um dos membros do
PMDB que escreveu o Programa Partidário, e, no artigo 71,
parágrafo único, foi fiel ao Programa do PMDB. Portanto,
minha contradita às colocações feitas pelo Constituinte
Walmor de Luca.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Creio que a proposta
do Constituinte Walmor de Luca já está contida no parágrafo
único do art. 71, com a única ressalva de impedimento de
natureza operacional ou geográfica, previsto no Código de
Finanças Públicas; instituições que operam no exterior, onde
não há bancos oficiais; empresas que coletam, por exemplo,
conta de energia elétrica, que não dá para passar só para
agências públicas. Haveria uma revolta popular se isso
ocorresse, pelo menos nos grandes centros urbanos etc. Isso
está previsto como exceção; está, inclusive, num artigo não
acolhido, encaminhado na emenda de autoria do Constituinte
Fernando Gasparian, que é a previsão de ressalva nesse
aspecto. No mais, está acolhida, e a considero prejudicada.
Se isso não fosse entendido assim, não a acolheria, e
submeteríamos a matéria à votação.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Deputado Walmor de Luca, V. Ex.ª consideraria retirar a sua
proposta?
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Eu
queria registrar o meu inconformismo no tocante à posição do
nobre Relator José Serra. Não é esta a interpretação que dou, e
não gostaria de estabelecer uma discussão paralela, para não
ser acusado de estar prejudicando o Norte e o Nordeste. Aqui
votei ontem, não como sulista, mas como brasileiro, aprovando
propostas do Norte e do Nordeste. Lembro isto ao nobre
Constituinte Divaldo Suruagy. S. Ex.ª tem memória curta. Por
isso, Sr. Presidente, faço um pedido, simbolicamente. Quero
saber, sim, quem está do lado dos nossos bancos oficiais e
quem está do lado dos bancos particulares.
SR. CONSTITUINTE DIVALDO SURUAGY: – Senhor
Presidente, fui citado nominalmente e tenho direito à resposta.
Em momento algum coloquei dúvida a respeito da posição do
Deputado Walmor de Luca, no que concerne aos interesses
do Nordeste ou de qualquer outra região do País. Argumentei.
como protesto, que o Deputado Walmor de Luca, por mais
brilhante e eloqüente que seja, não tem o direito de falar cerca
de 10 a 15 minutos, falando os demais constituintes durante
três minutos. Não aceito a colocação do Deputado Walmor de
Luca e solicito que S. Ex.ª a retire, em sinal do respeito que
nutro por ele e que exijo nutra por mim. (Palmas.)
SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Eu
perguntaria a V. Ex.ª...
112 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
Um minuto, Deputado Walmor de Luca.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Senhor
Presidente. retiro. desde que o Constituinte Divaldo Suruagy
retire as colocações feitas anteriormente quando insinuou que
eu estaria utilizando a palavra para retardar a votação que
beneficiava o Norte e o Nordeste.
O SR. CONSTITUINTE DIVALDO SURUAGY: – Não
vou discutir interpretações, porque cada um interpreta à sua
maneira. V. Ex.ª está completamente errado nesta
interpretação.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vou
fazer uma consulta simbólica.
O SR CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Quero
votação, Sr. Presidente. Vou perder, mas quero.
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: – Peço a
palavra para uma questão de ordem, Sr. Presidente. Entendo
que regime democrático não é dar oportunidade a pessoa de
fazer o que quer mas de cumprir a lei. E temos aqui um
Regimento Interno, que não está sendo cumprido. Mais do
que isso: V. Ex.ª, como Presidente, tem que ajudar no
processo de votar esse parecer do Relator José Serra.
Quando se tratar de matéria vencida V. Ex.ª deverá declarar.
Se alguém entender que não é matéria vencida, deverá
requerer que seja submetida à vontade do Plenário.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Uma vez que vai ser
submetida à votação, e para ficar nos Anais, quero dizer que a
minha posição no sentido de não acolher a emenda do
Constituinte Walmor de Luca não reflete qualquer preferência
pelos bancos privados com relação aos bancos públicos. Esta
a posição que tenho há muitos anos e que é absolutamente
coerente com meu modo de pensar. O parágrafo único do art.
71 é claríssimo para quem quer entendê-lo. É absolutamente
claro. Digo isto para que fique registrado nos Anais. Queria
fazer um apelo a todos e a cada um em particular. E aí
também me incluo. No ritmo em que estamos indo, não
concluiremos nossos trabalhos enquanto cada um de nós não
se conscientizar de que deve fazer até concessões e admitir
certas tolerâncias para que o trabalho tenha andamento.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Eu
gostaria de dizer aos nobres constituintes que, se
estivéssemos seguindo a sistemática de simplesmente votar,
estaríamos muito mais avançados.
Em votação. Quem estiver de acordo com o
Constituinte Walmor de Luca dirá "sim", com a posição do
Relator José Serra, "não" (Emenda n.º 5S0241).
O SR. CONSTITUINTE BENITO GAMA: – Sr. Presidente,
V. Ex.ª poderia muito bem encaminhar a consulta ao Plenário.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O
Deputado Walmor de Luca já declarou que não retira a sua
proposta.
(Votação)
Votaram "sim" os Constituintes: Adhemar de Barros
Filho, Adroaldo Streck, Cid Sabóia de Carvalho, Darcy Deitos,
Domingos Juvenil, Fernando Gasparian, Firmo de Castro,
Geraldo Fleming, Harlan Gadelha, Irajá Rodrigues, João Natal,
José Guedes, José Luiz Maia, José Tinoco, Jutahy
Magalhães, Luiz Gushiken, Mauro Campos, Mussa
Demes,,Rose de Freitas, Virgílio Guimarães, Walmor de
Luca e Wilson Campos; votaram "não" os Constituintes:
Affonso Camargo, Airton Sandoval, Basílio Vi-
lani, Benito Gama, Divaldo Suruagy, Fábio Raunheitti, Feres
Nader. Fernando Bezerra Coelho, Flávio Rocha, Francisco
Dornelles, Furtado Leite, Gerson Camata, Ivan Bonato, Jessé
Freire, Jesus Tajra, João Castelo, José Luiz de Sá, José Maria
Eymael, José Serra, Jovanni Masini, Márcio Braga, Messias
Góis, Nion Albernaz, Osmundo Rebouças, Pedro Ceolin,
Roberto Torres, Sérgio Spada, Sérgio Werneck e Simão
Sessim.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O
resultado da votação é o seguinte: 29 votos contrários e 22 a
favor.
Está rejeitada a proposição do ilustre Constituinte
Walmor de Luca.
Vamos votar agora a Emenda n.° 638, do Constituinte
Fernando Gasparian, modificativa do atual art. 72. juntamente
com a Emenda da Constituinte Rose de Freitas, que é a
mesma.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
Sr. Presidente, creio que a Constituinte Rose de Freitas
concorrerá em que retiremos da pauta a Emenda n° 638.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V. Ex.a
renuncia à emenda? Está prejudicada a Emenda n.° 638.
Emenda n.º 640, do Constituinte Fernando Gasparian,
aditiva aos atuais arts. 74 e 75.
Com a palavra o Constituinte Fernando Gasparian.
SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
Subcomissão, trata da criação de uma Comissão Especial
Mista Permanente do Sistema Financeiro, que auxiliaria o
Congresso a exercer os seus poderes de legislar sobre
matéria financeira.
Na verdade, a Comissão de Orçamento instituiu uma
Comissão Especial. Foi criada no projeto que aqui está. No
caso, estaremos criando também uma Comissão Mista, para
que possamos acompanhar com rigor o Executivo e auxiliar o
Congresso, que, evidentemente, é mais lento nesse seu
trabalho. Seria uma forma de modernizar o trabalho do
Parlamento, no sentido de fazer com que pudesse realmente
exercer sua atividade com eficiência, para que legislasse nas
áreas econômica, cambial, tributária e de crédito.
No fundo, esta é a proposta. Não me vou alongar
porque a idéia é conhecida, e imagino que todos os
Constituintes já tenham seu ponto de vista sobre como devem
votar.
SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Agradeço
ao Constituinte Fernando Gasparian a observância aos três
minutos regimentais.
Se algum Constituinte desejar contraditar a propositura
do Constituinte Fernando Gasparian, conceder-lhe-ei a
palavra.
Concedo a palavra ao Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Sr. Presidente, eu
me permitiria não acolher a proposta, que já vinha no texto da
Subcomissão do Sistema Financeiro, por vários motivos. Em
primeiro lugar, quero dizer que compartilho, de forma irrestrita,
do espírito de que o Congresso Nacional deve legislar e
controlar a atividade da União, no que se refere ao crédito e à
despesa.
Pediria aos nobres Constituintes que examinassem o
art. 38 na parte do Capítulo "Dos Orçamentos", onde se diz:
"Art. 38. Durante a execução orçamentária, é vedado:
IV – realização de despesa ou assunção de obrigação,
sem prévia autorização legislativa."
113 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O art. 57 diz:
"A Comissão Mista de que trata o art. 33, diante de
indícios de despesas não autorizadas, inclusive sob forma
de investimentos não programados ou de subsídios não
aprovados poderá (...)"
Não vou ler o texto inteiro, mas poderá deflagrar um
processo que chegue à interrupção desse subsidio ou desse
investimento que não foi programado, que não foi aprovado
pelo Congresso.
Isto na Comissão Mista Orçamentária a que a
Constituição se refere. porque. sem nos referirmos a ela,
não podemos descrever o processo orçamentário.
Nada tenho a opor à criação de Comissão Mista do
Sistema Financeiro. Não falamos aqui porque o Congresso
Nacional poderá criá-la, e ela não é indispensável para
eleito do desenvolvimento do nosso texto.
Oponho-me ainda ao acolhimento dessa emenda
porque creio que ela vai além de atribuir, de reforçar as
características de legislação e de fiscalização do
Legislativo. Ela entrega ao Legislativo o Poder Executivo,
porque uma Comissão poderá suspender decisões de
política cambial, monetária e creditícia. Por exemplo, fez-se
ontem uma maxidesvalorização. Terça ou quarta-feira reúne-se
a Comissão Mista e resolve suspender a maxidesvalorização.
Ela pode fazê-lo, segundo esse artigo. Imaginem depois,
quando essa emenda for remetida ao Plenário do Congresso,
que poderá resolver restabelecer a maxidesvalorização em
duas ou três semanas! Com isso teremos o caos, do ponto de
vista do que está acontecendo.
Se o Executivo não está levando adequadamente a
sua política. é preciso que o Legislativo acione seus
mecanismos; se é no parlamentarismo, que se derrube o
gabinete, que se force a sua mudança; se é no
presidencialismo, pelos métodos e possibilidades eleitorais
e de pressão que se podem realizar. Nesse sentido, creio
que a proposta da Comissão Mista extravasa, entrega o
Poder Executivo ao Legislativo, e isso pode ocorrer, por
exemplo, no caso da política cambial de desvalorização.
Por isso não acolhi a emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Em
votação.
Constituinte Fernando Gasparian, admitiria V. Ex.ª
uma consulta simbólica?
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
Pois não.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Aqueles que estiverem de acordo com a posição do
Constituinte José Serra permaneçam como estão; aqueles
que aprovarem a proposição do Constituinte Fernando
Gasparian levantem a mão.
Vamos colocar a matéria em votação. (Emenda nº
5S0640).
Votaram "sim" os Constituintes: Wilson Campos,
Walmor de Luca, Virgílio Guimarães, Sérgio Spada, Rose
de Freitas, Messias Góis, Mauro Campos, Luiz Gushiken,
José Tinoco, José Luiz Maia, João Natal, João Machado
Rollemberg, Irajá Rodrigues, Harlan Gadelha, Firmo de
Castro, Fernando Gasparian, Darcy Deitos, Cid Sabóia de
Carvalho, Adroaldo Streck e Adhemar de Barros Filho; votaram
"não" os Constituintes: Simão Sessim, Sérgio Werneck, Roberto
Torres, Pedro Ceolin, Osmundo Rebouças. Nion Albernaz, Mussa
Demes, Jutahy Magalhães, Jovanni Masini, José Serra, José Maria
Eymael, José Luiz de Sá, José Guedes, João Castelo, Jessé
Freire, Ivan Bonato, Gerson Camata, Geraldo Fleming, Furtado
Leite, Francisco Dornelles, Flávio Rocha, Fernando Bezerra
Coelho, Feres Nader, Fábio Raunheitti. Domingos Juvenil,
Divaldo Suruagy, Benito Gama, Basilio Vilani, Airton
Sandoval e Affonso Camargo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – A
Presidência vai proclamar o resultado da votação: votaram
"sim" 21 Constituintes; votaram "não" 30 Constituintes.
A emenda do ilustre Constituinte Fernando
Gasparian foi rejeitada.
Pergunto aos ilustres Constituintes Fernando
Gasparian e Rose de Freitas se desejam colocar em
os
votação as Emendas n. 639 e 641. (Pausa.)
Concedo a palavra ao Constituinte Fernando
Gasparian.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
Sr. Presidente, não vou retirar a Emenda n.º 641 porque
tenho a impressão de que há Constituintes que querem
votar a favor dela. Mantenho a proposta.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao nobre Constituinte Fernando
Gasparian por três minutos, para defender a Emenda n.º
641, que corresponde aos arts. 74 e 75.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
Sr. Presidente, Srs. Constituintes, a emenda simplesmente
retira do Senado Federal e passa para o Congresso
Nacional os poderes de estabelecer os limites de
endividamento dos Estados, da União, enfim. É a mesma
redação do Relatório do ilustre Deputado José Serra.
Apenas tira do art. 71 poderes do Senado Federal e os
passa para o Congresso Nacional.
Diz a justificativa:
"O Senado Federal representa os interesses dos
Estados e a Câmara dos Deputados os do povo. Assim,
matéria de tal natureza deve ficar sob a responsabilidade do
Congresso Nacional, que abrange os interesses dos
Estados e do povo."
Talvez fosse ele o mais indicado para votar, na
forma da lei complementar – quer dizer, vetar os limites
globais para o montante da dívida mobiliária dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios e as condições para a
operação de crédito externo e interno dos Estados.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Pediria aos Srs. Constituintes silêncio, para que
ouvíssemos com atenção os oradores.
Alguém deseja contraditar?
O SR. CONSTITUINTE GERSON CAMATA: – Sr.
Presidente, peço a palavra para contraditar.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao nobre Constituinte Gerson Camata
para contraditar.
O SR. CONSTITUINTE GERSON CAMATA: – Sr.
Presidente. Srs. Constituintes, já fui Governador, e muitos
aqui já foram Prefeitos. Quanto a ficar só no Senado, para
que este estabeleça os limites de endividamento, temos
vários exemplos, e citarei um: no primeiro ano do meu
Governo, iniciei um processo de empréstimo no FAS, para
reaparelhamento da polícia do Espírito Santo. Esse
empréstimo chegou ao meu Estado quinta-feira desta
semana. Portanto, quatro anos depois, passando pelo
Senado Federal. E normalmente – os Senadores que aqui
estão sabem disso – quem faz a análise técnica são os
órgãos do Ministério da Fazenda. O Senado da República só
diz "sim" ou "não". Há até um movimento do Senado
Federal para que se dispensem alguns casos.
SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Peço à
Sr.ª Constituinte Rose de Freitas que ouça as palavras do
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
nobre Constituinte Gerson Camata, que está falando neste
momento.
A SR.ª CONSTITUINTE ROSE DE FRETAS: – Sr.
Presidente, acho um absurdo que V. Ex.ª não permita que
advogue a minha emenda. Não estou atrapalhando em
nada. O ilustre Constituinte pode falar mais alto, eu não
atrapalho.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Continua com a palavra o Constituinte Gerson Camata.
O SR. CONSTITUINTE GERSON CAMATA: –
Acredito que, se houver uma passagem desse limite de
endividamento da competência do Senado Federal para o
congresso Nacional, normalmente, os Governadores agora
eleitos terão de começar o trâmite de empréstimos para
os Governadores do ano 2000. O ideal seria até que não
houvesse essa apreciação legislativa, que fosse feita uma
apreciação técnica pelos órgãos .do Ministério da Fazenda,
para que os processos tivessem tramitação mais rápida. O
Poder Legislativo, por suas características, é lento.
Estamos vendo isto nesta sessão. Acredito que iria
dificultar ainda mais a difícil tarefa de se governar hoje,
atrasando terrivelmente a tramitação desses empréstimos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao ilustre Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Sr. Presidente,
nobres Srs. Constituintes, sou contra a proposta do ilustre
Constituinte Fernando Gasparian. Na minha proposta do
Substitutivo entrego ao Senado Federal o exame dos
limites e condições globais para a dívida de Estados e
Municípios, e não ao Congresso Nacional. Por que isto?
Porque o Senado Federal – além de os Senadores serem
eleitos pelo povo, também – representa a Federação. Esta
é uma posição que pode beneficiar mais a um Estado e
menos a outro. Os Estados menos populosos, no Senado
Federal, têm o mesmo peso dos Estados mais populosos.
Como é uma questão federativa, porque o total da dívida
a ser feita é finito, é muito importante que todos os
Estados tenham acesso a ela, do ponto de vista do seu
peso, de maneira idêntica nessa questão. É por isso que,
na parte tributária, as alíquotas e todas essas coisas
ficam no Senado, porque protege os Estados menos
numerosos em população relativamente aos mais
numerosos. Esta a razão pela qual, neste caso, coloquei o
Senado da República, e o continuo mantendo. No caso,
por exemplo, de aprovação de diretoria do Banco Central a
razão não é a mesma. Por isso, acho que aqui, agora,
deve ser o Senado Federal, para que todos tenham o
mesmo peso, independentemente do fator população.
O SR. CONSTITUINTE SÉRGIO WERNECK: – Sr.
Presidente, pela ordem. O ilustre Relator não analisou o
item 2, que prevê a supressão do art. 71. Que art. 71 é
este?
O SR. RELATOR (José Serra): – Na nova redação
do Substitutivo, corresponde ao art. 75.
O SR. CONSTITUINTE SÉRGIO WERNECK: –
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Em
votação.
Se o ilustre Constituinte Fernando Gasparian
estiver de acordo farei uma consulta simbólica. Aqueles
que apoiarem o ilustre Relator José Serra ficarão como
estão. Aqueles que estiverem de acordo com o ilustre
Constituinte Fernando Gasparian levantarão o braço.
(Pausa.)
Vamos fazer a votação nominal.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, peço a palavra pela ordem.
114
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – A
Mesa esclarece que está em votação a matéria.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente. é uma questão de ordem prática. Cronometrei,
há pouco, o tempo utilizado pelo ilustre Secretário que
está fazendo a chamada da votação. S. Ex.ª levou
exatamente dois minutos para chamar os Suplentes. E,
pelo que vejo, não existe Suplente algum aqui presente.
Temos mais de quarenta emendas para serem votadas, e,
só na chamada dos Suplentes, levaremos quase cem
minutos. Então, pediria que se adotasse uma questão de
ordem prática: se houver aqui algum Suplente, que se
apresente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Aceito o argumento de V. Ex.ª O ilustre Constituinte
Mussa Demes indagará se há algum suplente presente.
O SR. CONSTITUINTE MUSSA DEMES: – Há
algum Suplente presente? (Pausa.)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O
Sr. Secretário vai proceder à chamada nominal para a
votação.
(Votação.)
Votaram "sim" so Srs. Constituinte: Adhemar de
Barros Filho, Adroaldo Streck, Airton Sandoval, Cid
Sabóia de Carvalho, Darcy Deitos, Divaldo Suruagy,
Domingos Juvenil, Fábio Raunheitti, Feres Nader,
Fernando Gasparian, Firmo de Castro, Flávio Rocha,
Harlan Gadelha, Jessé Freire, Jesus Tajra, João Machado
Rollemberg, José Luiz de Sá, José Luiz Maia, José Maria
Eymael, José Tinoco, Lézio Sathler, Luiz Gushiken,
Márcio Braga, Mauro Campos, Naphtali Alves, Pedro
Ceolin, Rose de Freitas, Sérgio Spada, Sérgio Werneck,
Simão Sessim, Virgílio Guimarães, Walmor de Luca e
Wilson Campos; votaram "não" os Constituintes: Affonso
Camargo, Basílio Vilani, Benito Gama, Francisco
Dornelles. Furtado Leite, Geraldo Fleming, Gerson
Camata. João Castelo, João Natal, José Carlos
Vasconcelos, José Guedes, José Serra, Jovanni Masini,
Jutahy Magalhães, Messias Góis, Mussa Demes, Nion
Albernaz e Roberto Torres.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Está aprovada a Emenda n.° 641, com trinta e três votos
favoráveis e dezoito contrários.
Gostaria de dar aos Srs. Constituintes, inclusive ao
Constituinte Divaldo Suruagy, uma informação importante,
que justifica a decisão tomada pela Mesa na questão de
votação. Mandei fazer um levantamento da separação dos
destaques das emendas tributárias, e a Secretária
informou que não teremos condições de votar o Sistema
Tributário; que, se não tivesse sido feita a votação do
Sistema Financeiro antes, até agora não teríamos
começado a votação do Sistema Tributário. Quero dizer
que, pelas medidas tomadas e pelas informações
recebidas da nossa Secretária, eles ainda precisam. no
mínimo, de quatro horas para organizar os destaques
solicitados para o Sistema Tributário.
O SR. CONSTITUINTE DIVALDO SURUAGY: – Sr.
Presidente, ficamos tranqüilos com a palavra de V. Ex.ª
Debateremos o Capítulo do Orçamento.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Se
não tivéssemos começado pelo Sistema Financeiro,
simplesmente não teríamos iniciado, porque a organização
dos demais ainda não estaria pronta.
O SR. CONSTITUINTE DIVALDO SURUAGY: –
Correto. Agradecemos a V. Ex.ª a informação. Estamos
tranqüilos, porque temos certeza de que sairemos daqui
com o Capítulo do Orçamento discutido.
115 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Eu
renunciaria à Presidência se deixasse de cumprir um ato de
tamanha responsabilidade.
O SR. CONSTITUINTE DIVALDO SURUAGY: –
Obrigado. Sr. Presidente.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
Sr. Presidente, a Emenda nº 639 está prejudicada; portanto,
pode ser retirada.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O
Constituinte Fernando Gasparian considera a Emenda nº 639
prejudicada. Gostaria de perguntar á Constituinte Rose de
Freitas, que também tem emenda idêntica, se a considera
prejudicada. (Pausa.)
A SRA. CONSTITUINTE ROSE DE FREITAS: – Não.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Emenda nº 082 do Constituinte Jesus Tajra.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Sr.
Presidente, pela ordem. Solicitaria a V. Ex.ª que consultasse
os Srs. Constituintes Jesus Tajra e Sérgio Werneck, que estão
os
presentes, porque as Emendas n 082 e 749 são idênticas.
O SR. CONSTITUINTE MUSSA DEMES: – Sr.
Presidente, são idênticas, sim.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
os
votar os destaques para as Emendas n 082 e 749, dos
Constituintes Jesus Tajra e Sérgio Werneck.
Com a palavra o Sr. Constituinte Jesus Tajra.
O SR. CONSTITUINTE JESUS TAJRA: – Sr.
Presidente, não sou contra o conteúdo do dispositivo. Pedi
supressão porque acho que tratar da Justiça é próprio do
Poder Judiciário. É assunto de outra Comissão. Não sou
contra o dispositivo. Esta idéia se reforça com aquela emenda
do Constituinte Cid Sabóia de Carvalho, aprovada, que fez
incluir as disposições penais. No momento em que o Sistema
Financeiro passa, em lei complementar, a tratar dos crimes e
das penalidades, haverá de prever também isso. Acho que o
dispositivo está mal localizado. É “um estranho no ninho”.
Apenas isso.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Senhor
Presidente, peço a palavra para encaminhar contrariamente.
O SR. CONSTITUINTE JESUS TAJRA: – Gostaria de
acrescentar que, entretanto, como a Comissão de
Sistematização vai ordenar tudo, este artigo, sendo
aprovado aqui, evidentemente será fundido no texto
global da Constituição. Portanto, é uma observação de ordem
técnica.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O
nobre Constituinte retira a emenda?
O SR. CONSTITUINTE JESUS TAJRA: – Sr.
Presidente, pela ordem. Como um dos subscritores...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V. Ex.ª
retira?
O SR. CONSTITUINTE JESUS TAJRA: – Posso retirar
sem nenhum constrangimento.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte Sérgio Werneck, que também
apresentou emenda e gostaria de defendê-la.
O SR. CONSTITUINTE SÉRGIO WERNECK: – Senhor
Presidente, subscrevo todos os argumentos do Constituinte
Jesus Tajra e acrescento mais um. Seria um voto de
desconfiança na Justiça estadual retirar-lhe a
competência para julgamento dos diversos fatos que
possam ocorrer na sociedade brasileira, passando-os à
Justiça Federal. Seria um voto de desconfiança à Justiça esta-
dual. Agora, submeto-me à consulta prévia, no sentido de
fazer ou não a votação.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Só
para ordenar: a emenda supressiva, de acordo com o
dispositivo do Constituinte José Serra, estabelece que aos
juízes federais compete processar e julgar em primeira
instância quaisquer crimes praticados no âmbito do sistema
financeiro nacional. A proposta do Deputado Sérgio Werneck
é no sentido de que seja retirada, porque ele entende que isso
deve continuar sendo da competência da Justiça estadual.
O SR. CONSTITUINTE SÉRGIO WERNECK: – Eu
acho que a decisão sobre instância que deve julgar isso não é
desta Comissão.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não é
desta Comissão. Eu faria, se V. Ex.ª concordasse, uma
verificação prévia. O Constituinte Sérgio Werneck já
concordou.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, gostaria de contraditar exatamente antes de
Vossa Excelência colocar a matéria em votação prévia.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Darei a
V. Ex.ª a possibilidade de contraditar.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Com todo
o respeito que me merecem os dois ilustres subscritores
destas duas emendas, entendo que se deve preservar o que
está contido no Substitutivo do Relator José Serra, porque
cabe exatamente a nós, Constituintes, preservar a sociedade
brasileira da voracidade dos banqueiros nacionais. Chega de
ladrões de “colarinho branco” do sistema financeiro, que neste
País dão golpes sem que a Justiça seja acionada. Cabe
exatamente à Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e
Finanças colocar esse dispositivo. Depois o ordenamento se
dará na Comissão de Sistematização. Mas temos de fazer
com que os ladrões de “colarinho branco” sejam submetidos
ao crivo da Justiça Federal, sem dúvida. Portanto, temos de
votar pela redação do Relator José Serra.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
fazer uma consulta prévia. Aqueles que desejarem manter a
posição do Relator José Serra, que defende qual é da
competência da Justiça Federal processar e julgar os crimes
praticados no Sistema Financeiro, ficarão como estão.
Aqueles que entendem que este artigo deve ser suprimido
levantem o braço. (Pausa.)
O SR. CONSTITUINTE SÉRGIO WERNECK: – Retiro
a emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Retirada a emenda.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO BEZERRA
COELHO: – Sr. Presidente, acabamos de aprovar a Emenda
nº 641, do nobre Constituinte Fernando Gasparian. Esta
emenda tem dois artigos ou duas disposições. A primeira ficou
muito clara para o Plenário desta Comissão: será da
competência não do Senado, e sim do Congresso Nacional,
através de lei complementar, estabelecer os limites globais de
condições para o montante da dívida e para operações de
crédito externo. Mas no inciso II a emenda aprovada pede que
se suprima o art. 71 e seus incisos. O art. 71...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Já,
tinha sido votado. Houve este entendimento.
Está em votação a emenda do Constituinte Cid Sabóia
de Carvalho, que modifica o art. 76.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO:
– Sr. Presidente, Srs. Constituintes, é bom examinar mi-
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
nha emenda para esclarecer alguns detalhes, e o farei
rapidamente. Uma coisa é a legislação penal propriamente
dita e outra é a punição de caráter administrativo. A disposição
aprovada anteriormente, de inclusão ou detenção, é o espírito
deste art. 76. No entanto, Sr. Presidente, apenas propus uma
redação e gostaria de pedir a máxima atenção, tanto de V.
Ex.ª, como do Relator, para a matéria que apresento. Apenas
dei uma aplicação jurídica que me pareceu mais correta, por
exemplo, tirando a expressão “instância”, que hoje está
plenamente substituída pelo termo “grau”. Já não se fala em
instância, fala-se em grau. Desde 1973, esta tese é
plenamente vitoriosa em face do novo Código de Processo
Civil. Então, em vez de falar em processo, eu falo em ações.
Digo:
“As ações criminais propostas contra administradores
de instituição financeira ou qualquer autoridade pública, no
âmbito do Sistema Financeiro Nacional, em detrimento de
bem, direito ou interesse de pessoa física ou jurídica,
tramitarão necessariamente perante os juízes de
primeiro grau da Justiça Federal que processarão e julgarão o
feito”. Evidentemente sem prejuízo do grau de recurso, sem
prejuízo do segundo grau, portanto. Apenas ofereço uma
redação que me pareceu mais apropriada para
expressar o pensamento da Subcomissão que tratou do
assunto e do projeto do Sr. Relator. No espírito persiste
exatamente a mesma coisa. A questão é apenas de técnica
redacional.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Indagaria se algum Constituinte gostaria de contraditar a
proposta do Constituinte Cid Sabóia de Carvalho.
O SR. CONSTITUINTE RUBERVAL PILOTTO: –
Senhor Presidente, uma vez que o próprio autor admite que se
trata apenas de redação de matéria já aprovada, parece-me
que estamos discutindo sobre o vencido.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Creio que o espírito
da proposta do Constituinte Cid Sabóia de Carvalho está no
Substitutivo, tanto que ao parecer sobre a emenda que ele fez
demos acolhida parcial, porque não era literal. Por outro lado,
entrar em detalhes como os que são aqui explicitados, por
corretos que sejam, parece-me estaremos invadindo
demasiadamente a área do Poder Judiciário de outra
Comissão. Faria um apelo ao Constituinte no sentido de que,
mantido o espírito, deixássemos para em outro nível, definir
compatibilização. A meu ver, estamos invadindo demais a
área específica do Poder Judiciário, que pertence a outra
Comissão.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO:
– Sr. Presidente, retiro a emenda, para facilitar o trabalho.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Está
prejudicada a emenda.
Emenda nº 53, do Constituinte Oswaldo Lima Filho.
Está prejudicada, uma vez que este assunto já foi
discutido. Emenda nº 642, do Constituinte Fernando
Gasparian e da Constituinte Rose de Freitas, modificava o art.
77. Acredito, Sr. Constituinte que esta emenda já está
prejudicada, mas submeto-a a consideração de Vossa
Excelência.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
Por que já está prejudicada, Sr. Presidente?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte Fernando Gasparian.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
Sr. Presidente, é o velho dilema entre as pessoas que
querem fortalecer o Tesouro, acertado com o Banco Central,
116
e aqueles que querem fortalecer o Banco do Brasil e a Caixa
Econômica. Nossa proposta é no sentido de que todas as
atividades de fomento sejam transferidas para o Banco do
Brasil e para a Caixa Econômica, ao invés de irem para o
Tesouro Nacional como está proposto no projeto do
Constituinte José Serra. No jornal de hoje, verificamos que
esta tese, que está no Relatório do Constituinte José Serra, é
a que está sendo utilizada pelo Governo nesse “pacotão” em
que passaram para o Tesouro Nacional todas as atividades de
fomento do Banco Central. Eu queria dar um exemplo, para
mostrar como acho isso inconveniente. Vai haver agora um
financiamento do Banco Mundial para a agricultura, ficará na
mão do Tesouro Nacional e não com o Banco do Brasil, como
deveria ser. Conhecemos, no Brasil, uma série de exemplos
de como os empréstimos para a Açominas foram recebidos
pelo Tesouro e não foram entregues os recursos para a
Açominas, que teve seus projetos profundamente atrasados
pelo fato de terem usado aqueles recursos para cobrir o
orçamento. Da mesma forma que o Tesouro fez com o
Finsocial, que foi cobrado para fins sociais e no fundo foi
usado para cobrir o buraco de caixa da União. Então, acho
que as atividades de fomento deveriam ser aprovadas, no
sentido de que fossem para o Banco do Brasil, ou mesmo para
a Caixa Econômica, porque aí eles não têm outro jeito. Se
esse dinheiro do Banco Mundial é para a agricultura, terá que
ser aplicado na agricultura. Ao passo que o Tesouro Nacional
vai poder pegar esse recurso. Não digo que vá fazê-lo, mas no
passado ocorreram tantas vezes coisas desse tipo que
poderão acontecer da mesma forma. E como acho que o
Executivo está com poderes excessivos e tem usado mal
esses poderes, principalmente na área da tecnocracia, julgo
que seria mais conveniente a redação proposta aqui, que foi a
aprovada na Subcomissão, do que a proposta do Relatório
Serra.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Relator, Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Nas Disposições
Transitórias, no art. 77, diz-se o seguinte, no Substitutivo: “Os
recursos públicos destinados a operações de crédito de
fomento serão transferidos pelo Banco Central do Brasil para o
Tesouro Nacional, no prazo de 90 dias.”
“§ 1º A aplicação dos recursos de que trata esse artigo
será efetuada através do Banco do Brasil S.A. das demais
instituições financeiras oficiais. § 2º Em igual período, o Banco
Central do Brasil transferirá para o Tesouro Nacional as
atividades que a este são afetas.”
Acredito, inclusive, que a emenda atual está
prejudicada porque já votamos isso. Por exemplo, o parágrafo
que diz que o Banco Central transferirá para o Tesouro
Nacional atividades que lhe são afetas refere-se á emissão de
títulos, que hoje o Banco Central faz por conta do Tesouro. Se
derrubamos isso, teremos de novo a emissão de títulos do
Banco Central para cobrir o Tesouro, para financiar, etc. Nós
já votamos isso. Portanto, a emenda está prejudicada. Por
outro lado, volto à questão dos abusos a que o Constituinte
Fernando Gasparian se refere. Eles existem porque os
subsídios, os créditos não tem passado pelo Congresso
Nacional, via orçamento ou via emendas e pedidos de crédito
adicional. Estamos acabando com essas crises na parte de
orçamento da nossa proposta. Se passar diretamente para o
Banco do Brasil, não significa que o problema estará resolvido.
Por outro lado, aqui está dito com muita clareza que todos os
recursos de crédito para fomento irão para o Tesouro,
que fará a transferência segundo a alocação aprovada
pelo Congresso. Do contrário, não haverá maneira de se fazer
isso, para o Banco do Brasil e demais instituições finan-
117 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
ceiras oficiais. Há outro ponto aqui, ainda, relacionado com o
Sistema Financeiro de Habitação. O Banco Central tem as
reservas voluntárias e compulsórias das cadernetas de
poupança. Isto é função do Banco Central. Ele não pode
transferir para a Caixa Econômica. A função do Banco Central
é ter as reservas dos bancos. Por outro lado, o que o Banco
Central às vezes faz é emitir normas a respeito do Sistema
Financeiro de Habitação: Penso que essa não é sua
atribuição: caberia ao Ministério do Desenvolvimento Urbano
emiti-las. Por isso, acho que esta emenda está prejudicada e é
contraditória em relação ao que já aprovamos. Além do mais,
introduz outro elemento relativo à Caixa Econômica Federal,
que pode gerar confusão, porque, tal como está redigido, ela
passaria a ter o compulsório dos depósitos das entidades da
habitação, ou se poderia entender inclusive uma estabilização
da poupança, porque o Sistema Financeiro de Habitação inclui
também entidades privadas, que recebem cadernetas de
poupança. Se eu transferisse para ai, também poderia ser
entendido, e não acredito que esse seja o espírito, como uma
estatização. Por isso, eu encaminharia contra a acolhida
dessa proposta. No seu espírito, muita coisa já está colocada
nas nossas Disposições Transitórias.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Eu
indagaria ao Sr. Constituinte Fernando Gasparian se
poderíamos fazer uma consulta prévia.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
Claro. Estou perfeitamente de acordo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Aqueles que estiverem de acordo com o Constituinte José
Serra permanecerão como estão. Os que estiverem de acordo
com o Constituinte Fernando Gasparian levantarão a mão.
(Pausa.) Prejudicada a proposta do Constituinte José Serra.
Gostaria de ouvir o ilustre Constituinte Sérgio Spada sobre a
Emenda nº 314, se a considera prejudicada. Com a palavra o
Constituinte Sérgio Spada. A emenda nº 314 dá nova redação
ao art. 80.
O SR. CONSTITUINTE SÉRGIO SPADA: – Sr.
Presidente. Srs. Constituintes, em primeiro lugar, gostaria de
louvar a atitude do nobre Relator, o Constituinte José Serra,
que acatou, pelo menos no espírito, nossa proposta de uma
auditoria ampla e detalhada sobre o endividamento externo
brasileiro.
No entanto, os artigos, como foram colocados em sua
proposta mutilam, em parte, a nossa proposta inicial, porque
eliminam da participação dessa auditoria o Congresso
Nacional e também as empresas privadas, que obtiveram
recursos no exterior com o aval do Poder Público. Quanto a
essas empresas, conheci vários casos, inclusive na condição
de Relator da CPI sobre corrupção, na Assembléia Legislativa
do Estado do Paraná. Pude avaliar um caso em profundidade,
em que percebemos que foram criadas empresas particulares
que obtiveram vultosos recursos no exterior. Ela forjava uma
concordata e uma falência. E, quem está onerado, pagando
esses recursos são os Governos dos Estados e o Governo
Federal, muitas vezes através do Tesouro Nacional. Portanto,
temos a responsabilidade de esclarecer à Nação quanto
devemos ao exterior principalmente num momento como este,
em que se reúne a Assembléia Nacional Constituinte para
discutir as questões maiores da nossa sociedade – temos a
obrigação de esclarecer, com todos os detalhes, a questão do
endividamento externo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Eu
pediria ao Constituinte Sérgio Spada que observasse os três
minutos.
O SR. CONSTITUINTE SÉRGIO SPADA: – Perfeitamente.
Ademais, sabemos que está sendo impossível pagar
esta dívida de cento e quarenta bilhões de dólares que
devemos ao exterior, contem juros e serviços da dívida, que
deveríamos pagar à base de 1,5 bilhão de dólares por mês.
Portanto, essa auditoria da dívida externa, que e uma questão
maior, deve também contemplar o endividamento externo
praticado por empresas privadas que obtiveram o aval do
Poder Público.
É apenas esta nossa emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem a
palavra o Constituinte José Serra.
Antes, gostaria de dizer que a Mesa está
providenciando sanduíches para os Srs. Constituintes,
porque dentro de mais uns quarenta minutos
acredito que poderemos terminar a votação do Sistema
Financeiro.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, não seria mais lógico V. Ex.ª marcar um prazo –
digamos, até às 14 horas – para irmos almoçar e depois
retornar, até o preparo do início da votação do Sistema
Tributário? (Não apoiado.) É apenas uma proposta. Não vejo
razão para tanta contrariedade, assim, por parte dos ilustres
Constituintes.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Está
rejeitada a proposta.
Tem a palavra o Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Com relação à
proposta do Constituinte Sérgio Spada, quero dizer que,
embora entendendo que talvez isso não devesse ser objeto de
uma Constituição, acolhemos a proposta da Subcomissão e
inclusive procuramos aperfeiçoá-la, porque ela começava
dizendo que o Poder Executivo fará realizar ampla auditoria.
Substituímos isso, procurando aperfeiçoar, levando tal
incumbência ao órgão pertinente, que é o Tribunal de Contas,
organismo auxiliar do Congresso Nacional. Parece-me muito
pertinente que se mantenha o Tribunal de Contas.
Por outro lado, no nosso entendimento, quando se diz
que o Tribunal de Contas promoverá auditoria das
operações financeiras realizadas em moeda estrangeira
pela Administração Pública, direta e indireta, isso já
inclui os avais dados pelo Governo, porque o aval
dado pelo Governo a uma empresa privada, para
empréstimo, é uma operação financeira, no sentido mais
amplo. Entende V. Ex.ª o nosso ponto de vista, nobre
Constituinte? Diante disso, pergunto a V. Ex.ª se manteria
essa emenda, porque operação financeira inclui o aval que o
Tesouro dá a empresa privada. Então, tal como está, ficaria
mais enxuto.
Nesse sentido, solicitaria ao nobre Constituinte – se
tiver de acordo – que não votássemos a emenda, porque
aquilo com que se preocupa está aqui contido.
O SR. CONSTITUINTE SÉRGIO SPADA: – Diante do
exposto pelo Relator, isto é, que estaria englobado como
operação financeira também o aval, obviamente não tem
sentido a minha emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Considero prejudicada a Emenda nº 314.
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: – Senhor
Presidente, então, a Emenda nº 109, de minha autoria,
também fica prejudicada, pois é no mesmo sentido da
apresentada pelo Constituinte Sérgio Spada. Portanto,
também retiro a Emenda nº.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Pediria
que, quando chegasse o momento, V. Ex.ª a indicasse.
Emenda nº 730, de autoria do Constituinte
Virgílio Guimarães. Pergunto se S. Ex.ª a considera
prejudicada.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. CONSTITUINTE VIRGÍLIO GUIMARÃES: –
De maneira alguma.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem
a palavra o Constituinte Virgílio Guimarães.
O SR. CONSTITUINTE VIRGÍLIO GUIMARÃES: –
Pediria. Sr. Presidente, que essa emenda fosse
considerada em conjunto com a outra que havia sido
adiada, exatamente na minha ausência. Aproveito a
oportunidade para justificar minha ausência, que ocorreu
porque eu estava participando da discussão da questão
agrária. Como estava havendo uma pequena escaramuça,
o meu partido me designou para ir até lá. Isso nos faria
ganhar tempo. Sr. Presidente. Trata-se da Emenda nº 734.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Vamos votar conjuntamente a 734 e a 730.
O SR. CONSTITUINTE VIRGÍLIO GUIMARÃES: –
Perfeitamente – a bem inclusive, da agilidade de nossos
trabalhos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Agradeço a V. Ex.ª a colaboração e lhe dou três minutos
para as suas justificativas.
O SR. CONSTITUINTE VIRGÍLIO GUIMARÃES: –
Basta explicar as duas em conjunto. Elas se referem à
questão da dívida externa. Inicialmente, havia entendido
que esta seria uma questão talvez mais própria de ser
tratada na Comissão da Ordem Econômica. No entanto,
apareceu aqui, e, como existe uma área sombreada, que
eu diria comum, pode perfeitamente ser apreciada por nós.
Entendo que a maneira como foi abordada a
questão da dívida externa é absolutamente insuficiente –
como apareceu no Relatório da Subcomissão e como
aparece agora no do Relator – porque se diz apenas que
as dívidas ilegais seriam revistas. A proposta que faço é a
seguinte: Primeiro, no corpo geral da Constituição, defino
um princípio geral, permanente, de que nenhum
compromisso financeiro internacional poderá sobrepor-se à
soberania nacional ou ao bem-estar do povo. Isso seria um
principio geral, permanente. Até o Presidente Tancredo
Neves, na época, já havia dito algo semelhante. Apenas
inovo, ao detalhar o que isso significa. “O País não
reconhece dividas externas que tenham sido:
a) feitas durante a vigência no País de regimes
políticos e econômicos a serviço de interesses contrários
ao povo brasileiro.
b) tomadas junto a organismos estrangeiros que
praticam a exploração econômica de povos e países ou
seja, vamos pagar o trigo comprado na Argentina e
compromissos financeiros com outros países do Terceiro
Mundo etc.
c) originadas de aplicações sem benefícios para o
povo brasileiro” – quer dizer, o dinheiro mandado para a
Suíça, fruto de corrupção, essas coisas. Introduzo aqui
outro critério. Não é só verificar a legalidade dos contratos,
mas a legitimidade da dívida, que é o que realmente pode
vir a resolver. Essa seria a primeira emenda. Quanto à
segunda, a que está sendo apreciada agora, apenas
traduzo, nas disposições transitórias, uma aplicação
desses princípios com relação à atual dívida externa ou
seja, seria feita suspensão por um prazo de 180 dias, e
uma comissão, designada por esta Assembléia Nacional
Constituinte, verificaria a adequação de todos os contratos
existentes a essas disposições. Evidentemente, aquelas
que não se enquadrassem seriam canceladas de forma
definitiva. As demais se subordinariam a um plano
adequado às possibilidades do País e às necessidades de
seu povo.
118
Com isso, pretendo solucionar – e assim termino –
esse problema da dívida externa brasileira atual,
estabelecendo parâmetros para a dívida futura e também
solucionando certo dilema, pois muitos acreditavam que
essa questão não poderia ser resolvida na Constituição.
Esta é uma solução plenamente constitucional, que seria
importantíssima para os problemas atuais do País, como
verificamos agora, e também para o futuro de nossa
Nação.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Muito obrigado.
Tem a palavra o Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Opto por não
acolher as emendas do Constituinte Virgílio Guimarães, por
vários motivos. Em primeiro lugar não acho que esteja em
dúvida a questão da soberania nacional ou do bem-estar
do povo com relação aos credores internacionais. Não é
por isso. Creio que essa não é uma questão que esteja em
dúvida, mas não acho que seja problema de inserirmos no
capítulo sobre o Sistema Financeiro tal declaração. Por
outro lado, quanto à questão de o País não reconhecer
dívidas que tivessem sido feitas durante a vigência de
regimes políticos e econômicos a serviço de interesses
contrários ao povo brasileiro, “como poderíamos julgar
isso?” Tomadas junto a organismos estrangeiros que
praticam a exploração econômica de povos e países “–
como vamos decidir isso exatamente?” Originadas de
aplicações sem benefícios para o povo brasileiro “– como
fazer a exata qualificação disso?” Por outro lado, também
está prevista a sustação, por um prazo de 180 dias.
Quanto à auditoria prevista neste artigo, já votamos uma
forma de auditoria, que acabamos de ratificar, originária de
proposta do Constituinte Sérgio Spada, que acabou de ser
aprovada. Isto aqui também muda a forma pela qual tal
auditoria seria feita. Por estas razões, eu optaria pelo não
acolhimento. Creio, inclusive, que parte da emenda está
prejudicada pelo que foi apresentado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Perguntaria o Constituinte Virgílio Guimarães se S. Ex.ª
admitiria uma consulta prévia. (Pausa.)
Aqueles que estiverem de acordo com o Constituinte
José Serra permanecerão como estão; aqueles que
apoiarem a emenda do Constituinte Virgílio Guimarães
levantarão o braço. (Pausa.) V. Ex.ª considera prejudicada
a emenda do Constituinte Virgílio Guimarães.
O SR. VIRGÍLIO GUIMARÃES: – Sr. Presidente,
são as duas emendas, para se ganhar tempo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – As
duas emendas.
Gostaria de dizer que a emenda seguinte, de nº 617,
trata da Previdência Social. Não compete a esta Comissão
julgar emendas de Previdência Social. A Emenda nº 467
trata de aquisição de casa própria. Entendo que o exame
dessa matéria não cabe a esta Comissão. Constituinte Cid
Sabóia de Carvalho, a Emenda nº 467, do Constituinte
Flávio Palmier da Veiga, trata de casa própria. Não
compete a esta Comissão.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE
CARVALHO: – Sr. Presidente, não pedi este destaque. Ai
há um equívoco.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Está
prejudicada a Emenda nº 197.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Sr. Presidente, apenas para registrar o teor desta
emenda do ilustre Constituinte Cid Sabóia de Carvalho,
que, na sua justificativa...
119 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Ele
retirou a emenda.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Na
justificativa de sua emenda, o nobre Constituinte cita
Dorival Caymi:
“Eu não tenho onde morar é por isso que eu moro
na areia.”
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE
CARVALHO: – Esta emenda não é minha. Não apresentei,
nem pedi destaque. Nada tenho a ver com ela.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Eu
peço desculpas.
A Emenda nº 197, apresentada pelo Constituinte
José Maurício e pelo Constituinte Adhemar de Barros Filho,
e a Emenda nº 195. Considero prejudicada. Está V. Ex.ª de
acordo?
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Um momento, Sr. Presidente. (Pausa.)
Concordo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Estão prejudicadas as de nos 195 e 197. A Emenda nº 192,
do ilustre Constituinte José Maurício, cujo destaque foi
pedido pelo Constituinte Adhemar de Barros Filho, eu
entendo que não é assunto da Comissão do Sistema
Tributário. Orçamento e Finanças.
Eu indagaria a V. Ex.ª se a considera prejudicada.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Um momento, Sr. Presidente. Ela é da área
financeira, porque é nula de pleno direito a alienação,
sem a autorização do Congresso Nacional, de
ações de propriedade da União. Portanto, é do Sistema
Financeiro.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V.
Ex.ª gostaria que ela fosse votada?
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Gostaria que ela fosse apreciada pelo Relator e
submetida a votos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra o Constituinte Adhemar de Barros Filho.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – A Emenda nº 192, de autoria do Constituinte
José Maurício, à qual apresentamos destaque,
acrescenta ao Substitutivo do Relator, especificamente na
parte relativa ao Sistema Tributário, o artigo que diz o
seguinte:
“É nula de pleno direito a alienação, sem
autorização do Congresso Nacional, de ações de
propriedade da União, representativas do capital de
sociedade anônima mista, que implique na
desnacionalização, ainda que parcial, do capital da
sociedade.”
Parágrafo único: “De igual modo nenhum
empréstimo, convênio ou assemelhado será contraído ou
firmado pelo Poder Executivo e empresas estatais sem
prévia autorização do Congresso Nacional”.
A justificativa do autor da emenda é a seguinte:
“A proposta que estamos apresentando visa a
garantir sobretudo a lisura em toda e qualquer transação
que envolva as empresas” – o texto aqui está errado, Sr.
Presidente – “da desnacionalização do capital da
sociedade”.
“A proibição de empréstimos, convênio ou
qualquer outra forma assemelhada de contrato
firmado pelo Poder Executivo e empresas
estatais sem autorização do Legislativo está no
que entendemos, na prerrogativa que os legítimos re-
presentantes do povo têm de legislar em matéria que atinge
toda sociedade, portanto, é necessária que o Texto
Constitucional assegure e resguarde o interesse público.”
Este o teor da emenda, que tenho certeza, cabe na
área do Sistema Financeiro desta Comissão.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Eu
perguntaria a V. Ex.ª se aceita uma consulta prévia.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Sim, aceito.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra o Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Creio que a
emenda não pertence à esfera do Sistema Financeiro. Pelo
menos a temática da nossa Comissão é mais específica.
Claro que tudo tem a ver com tudo, mas algumas coisas
estão um pouco mais distantes, são mais pertinentes à
Comissão da Ordem Econômica, embora a intenção aqui
seja a mais correta possível. Por outro lado, no parágrafo
único, ela é contraditória ou, pelo menos, não está
perfeitamente ajustada ao nosso Substitutivo, quando diz:
“O Congresso Nacional controlará e fixará limites
globais e condições para as operações de crédito externo e
interno da União, de suas autarquias e demais entidades
controladas pelo Poder Público Federal”. Da forma como
está redigido este parágrafo único, implicaria o exame de
cada caso. Então, se a Petrobrás está funcionando no
Oriente Médio e tem de fazer um dia de crédito, precisaria
pedir autorização ao Congresso Nacional, o que seria
absurdo! O Congresso tem de legislar, controlar, mas não
pode pegar o dia-a-dia de cada setor, porque seria
impraticável. Creio que o artigo anterior foge às atribuições
de nossa Comissão, que tem a ver com o problema de
nacionalização e desnacionalização, embora eu deva dizer
que concordo com o espírito do que está aqui proposto.
Portanto, considero prejudicada a emenda sugerida por já
estar contida em parte, de maneira mais adequada, no
nosso Substitutivo.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Sr. Presidente, eu pediria a V. Ex.ª a consulta.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Quem estiver de acordo com o Deputado José Serra ficará
como está. Quem aprovar a proposição do Deputado
Adhemar de Barros Filho levantará a mão.
O SR. ADHEMAR DE BARROS FILHO: – Retiro, Sr.
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Está
retirada. Emenda nº 655, da Constituinte Rose de Freitas e
do Constituinte Fernando Gasparian, que extingue o
Conselho Monetário Nacional.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
A Constituinte Rose de Freitas vai fazer a defesa da
emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra a Constituinte Rose de Freitas.
A SRA. CONSTITUINTE ROSE DE FREITAS: – Sr.
Presidente, Srs. Constituintes, pedimos destaque desta
emenda, partilhando inclusive do pensamento do nobre
Relator. Apesar de V. Ex.ª considerar esta matéria ordinária,
nós a consideramos de teor constitucional. Entendemos que
o Conselho Monetário Nacional sempre foi um órgão do
Executivo, inteiramente manipulado pelo Ministro da
Fazenda, que sempre decidiu ad referendum dos seus
conselheiros, até através de telefone, desempenhando
função, inclusive, que seria do Congresso Nacional. Então
entendemos, em discussão com o próprio Relator, que é
favorável à extinção desse órgão, que esta seria ma-
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
téria constitucional. Achamos oportuno fosse discutida neste
fórum, para que agora colocássemos isso em pleno vigor da
lei, pedindo pura e simplesmente a extinção do Conselho
Monetário Nacional.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Confesso que
gostaria muito – e espero ter ainda a oportunidade – de
acolher favoravelmente proposta da Constituinte Rose de
Freitas.
A SRA. CONSTITUINTE ROSE DE FREITAS: – Já
acolheu.
O SR. RELATOR (José Serra): – No caso, eu
manteria a idéia de não incluir isso nas Disposições
Transitórias. Quero dizer que faço muitas restrições ao
Conselho Monetário Nacional. Hoje, o Conselho
Monetário Nacional, por exemplo, deixa e autoriza
expansão de moeda ad referendum do Congresso
Nacional, o que é um absurdo! Ele deixa alíquotas
do IOF, base de cálculo e a alíquota dos impostos de
exportação que é um absurdo! Essas tarefas não
podem ser cumpridas por esse Conselho, na forma como ele
funciona. Ele tem uma composição inadequada. E
mais: na prática, o Conselho é o Ministro da Fazenda. Apenas
acho que declarar a extinção do Conselho Monetário não
resolve. É como aquela piada de mudar o móvel. Não vou
contá-la aqui, mas é aquela de mudar o móvel. A meu ver,
estamos propondo uma lei para o Sistema Financeiro
Nacional. Há um Código de Finanças Públicas que vai
reorganizar tudo isso. Acabar o Conselho agora equivale
apenas a concentrar na mão do Ministro da Fazenda o que já
está acontecendo. Não resolve nada. Parece-me muito
casuístico introduzirmos uma disposição transitória na
Constituição. Não resolve, rigorosamente, nenhum problema.
Vai continuar tudo igualzinho, se não aprovarmos o que está
aqui em matéria de conteúdo, do que o Congresso deve fazer,
que já está contemplado no nosso Substitutivo. E a
Constituinte Rose de Freitas posteriormente poderá
testemunhar a nossa ação, no que se refere a essa
reorganização e ao Conselho Monetário Nacional, que tem
funcionado de maneira abominável.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Eu
pediria à Constituinte Rose de Freitas que cooperasse
conosco. A réplica não está sendo aceita, em que pese a toda
a sua simpatia.
A SRA. CONSTITUINTE ROSE DE FREITAS: –
Queria apenas acrescentar – que V. Ex.ª faria uma gentil
condescendência à minha pessoa, já que tenho contribuído
tão bem para o seu trabalho – que dissemos aqui que nunca
vimos uma sessão desse Conselho votar contra o Ministro da
Fazenda. Com toda a argumentação de V. Ex.ª acho que é
uma questão prática reconhecer a necessidade de extinção do
Conselho Monetário Nacional.
O SR. RELATOR (José Serra): – Continuo achando
que é como mudar um móvel de lugar.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Agradeço à Constituinte Rose de Freitas.
A SRA. CONSTITUINTE ROSE DE FREITAS: – A V.
Ex.ª a condescendência.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Por
favor, não faço mais que a minha obrigação.
Aceitaria V. Ex.ª que se fizesse uma consulta prévia?
A SRA. CONSTITUINTE ROSE DE FREITAS: –
Aceito.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Quem
estiver de acordo com a posição do Relator José Serra
120
permanecerá como está. Quem estiver de acordo com a Sr.ª
Constituinte Rose de Freitas levantará a mão. (Pausa.)
A SRA. CONSTITUINTE ROSE DE FREITAS: – Peço
verificação de votação.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vai-se
proceder à verificação de votação.
(Verificação de votação.)
Emenda n° 5S0655
Fernando Gasparian
Votaram “sim” os Constituintes: Wilson Campos, Walmor
de Luca, Virgílio Guimarães, Simão Sessim, Sérgio Spada,
Rose de Freitas, Nion Albernaz, Mussa Demes, Luiz Gushiken,
Jovani Masini, José Tinoco, José Luiz de Sá, José Guedes,
José Carlos Vasconcelos, João Natal, João Machado
Rollemberg, João Castelo, João Carlos Bacelar, Jesus Tajra,
Jessé Freire, Irajá Rodrigues, Harlan Gadelha, Flávio Rocha,
Firmo de Castro, Fernando Gasparian, Féres Nader, Fábio
Raunhetti, Darcy Deitos, Cid Sabóia de Carvalho, Affonso
Camargo, Adroaldo Streck, Adhemar de Barros Filho.
Votaram “não” os Constituintes: Sérgio Werneck,
Ruberval Pilloto, Roberto Torres, Pedro Ceolin, Osmundo
Rebouças, Naphtali Alves, Messias Góis, Mauro Campos,
Márcio Braga, Lézio Sathler, Jutahy Magalhães, José Serra,
Ivan Bonato, Gerson Camata, Francisco Dornelles, Fernando
Bezerra Coelho, Divaldo Suruagy, Basílio Vilani, Airton
Sandoval.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – 19 Srs.
Constituintes votaram “não” e vinte e cinco votaram “sim”. Foi
rejeitada a proposição.
Emenda n° 244,
do Constituinte Walmor de Luca
Deputado Walmor de Luca, entendo que os dois últimos
tópicos estão prejudicados.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: –
Perfeitamente, Sr. Presidente, estão prejudicados. Ficaremos só
com o primeiro tópico. Vou procurar ser breve.
Não estou pretendendo, Sr. Presidente, dar ao Município
poder para autorizar o funcionamento de bancos. Não é o que
acontece, por exemplo nos Estados Unidos. Continuo com o
Relator, dizendo que cabe à União a autorização, de acordo
com o que a lei vier a fazer. Mas entendo, Sr. Presidente, que
há realmente muitos Municípios prejudicados, quando,
compulsoriamente – note-se bem – sem que o Poder Público
possa sequer fixar horário para funcionamento de banco, o
Poder Público municipal, pode, na verdade, dizer se uma
indústria funciona ou não, dependendo de um alvará para abrir
um botequim. Entretanto, este mesmo Poder Público Municipal
não tem nenhuma autoridade sobre as instituições financeiras.
O que propomos simplesmente é o seguinte, Sr.
Presidente:
“A abertura e funcionamento das agências de banco ou
instituições financeiras no município fica condicionada à
aprovação prévia da autoridade local, que poderá, através
de lei municipal, regulamentar horário, local e condições de
funcionamento desses estabelecimentos, de forma
compatível aos interesses da comunidade local”. Justificativa: É
notório que os grandes conglomerados bancários
utilizam-se dos recursos financeiros arrecadados no
Município e os aplicam a seu bel-prazer, onde bem lhes
aprouver, prejudicando, através do processo de
descapitalização, a economia do Município. Por outro lado, há
que se preservar a autonomia municipal e a comunidade,
121 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
que é em ultima análise, a autoridade maior para dizer si se
convém ou não a ela a instalação ou funcionamento de
qualquer instituição financeira, no âmbito do Município". É
este o espírito da minha proposta, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Sr.
Constituinte Walmor de Luca, perguntaria a V. Ex.ª se ti
admitiria uma consulta prévia.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Até
por entender que a maioria deste Plenário é francamente de
municipalista, eu a admito.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra o Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – A emenda contém
três artigos. Vou-me permitir ler a proposta do Constituinte
Walmor de Luca:
"A abertura e funcionamento de agências de Banco,
ou instituições financeiras, no município, fica condicionada à
aprovação prévia da lei municipal, regulamentar horário,
local e condições de funcionamento destes estabelecimento,
de forma compatível aos interesses da comunidade local."
Creio que, na forma como está redigida esta a emenda,
nosso Substitutivo, tem mais consistência, quando atribui à
União, não aos Municípios, competência para legislar sobre
o sistema monetário e financeiro e suas instituições e
operações, inclusive autorizar a abertura de instituições
financeiras. Aprovamos isto de maneira muito clara. Então,
estamos estabelecendo aqui um conflito de poderes. Por
outro lado, submeter à aprovação de lei municipal a abertura
e funcionamento de instituições financeiras no Município
contraria o espírito do Substitutivo e do Anteprojeto da
Comissão. Corresponde praticamente a uma nova carta
patente. Assim, é uma nova autorização que terá de ser
obtida. Por outro lado, esta matéria deve ser disciplinada na
Lei do Sistema Financeiro Nacional. Na Lei do Sistema
Financeiro Nacional se poderá prever, de maneira supletiva,
quais os aspectos que poderão ficar subordinados à
regulamentação municipal; quer dizer, não se exclui isto,
mas que fique para a lei, como no caso das indústrias, que
não está na Constituição. É o problema de poluição, de
ocupação do solo. Há uma disposição mais geral que,
depois, será aplicada supletivamente. Não é o mesmo
paralelo que se pode fazer entre banco e indústria. Acho que
o Município também poderá opinar, mas supletivamente. E
da forma como está aqui, isto não acontece.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Em
votação. O Constituinte Walmor de Luca concordou com a
sugestão de que se fizesse uma consulta prévia. Aqueles
que estiverem de acordo com o Constituinte José Serra
permanecerão como estão; aqueles que estiverem de
acordo com o Constituinte Walmor de Luca levantem a mão.
(Pausa.) Fica mantida a posição do Constituinte José Serra.
Emenda nº 421, do Constituinte Firmo de Castro
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: – Sr.
Presidente, pela ordem. Esta emenda já foi apreciada, tendo
sido apresentada pelo Constituinte Cid Sabóia de Carvalho
sob o nº 89. Ela é absolutamente igual e já foi rejeitada.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concordo plenamente e apresento esta posição ao
Constituinte Firmo de Castro.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Sr.
Presidente, acolho as ponderações de V. Ex.ª, mesmo
porque, logo em seguida teremos outra emenda, que poderá
substituir, em certa medida, esta que foi apresentada e que
poderia ser considerada prejudicada. Portanto, renuncio ao
pedido de destaque.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Muito
obrigado. Emenda nº 413, do Constituinte Firmo de Castro.
Pergunto se a considera também prejudicada.
(Pausa.)
Com a palavra o Constituinte Firmo de Castro, para
defender a Emenda nº 413.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Sr.
Presidente, Srs. Constituintes, a Emenda nº 413 tem, na
verdade, o objetivo de suprir uma lacuna no Relatório do
Relator José Serra, no que diz respeito à compatibilização
das funções das entidades financeiras da União.
Sabemos que, hoje, estas entidades, tais como o
Banco do Brasil, o BNDES, a Caixa Econômica, o BNCC e
até mesmo o Banco Central, têm área de confronto de
atribuições, o que, na verdade, em se reformulando o
Sistema Financeiro Nacional, não se deverá permitir. Por
isso, no seu primeiro dispositivo, se argüi a necessidade de
que as funções das instituições financeiras federais sejam
compatibilizadas entre si, para que esses órgãos não
sejam concorrentes, na forma da lei federal.
Quanto a esse item, diria que, na verdade, pelas
conversas que tive com o Relator José Serra, esta é uma
posição com a qual, em princípio, S Ex.ª está de acordo.
Apenas considera que não seria matéria constitucional,
mas de lei complementar. Neste ponto, contra-argumento,
dizendo que o Relatório, em si contempla muitos outros
detalhes maiores, relacionados com essas questões
financeiras, ou mesmo de outra natureza, que se
comparadas, necessariamente não deveriam constar, se
fosse esse o raciocínio, do Relatório do Relator.
Mantenho o argumento de que esta é uma das
questões básicas no sentido de que se venha disciplinar,
através da lei federal, o novo sistema Financeiro.
O segundo item nada mais é do que uma proposta
de avanço à nível constitucional, para que se dê essa
compatibilização. Diz o segundo item.
Os recursos financeiros relativos a programas e
projetos de caráter regional "– portanto, aqueles recursos
que já foram objeto de orçamentação por parte do Poder
Público, já aprovados pelo Congresso Nacional – de
responsabilidade da União, serão depositados em suas
instituições regionais de crédito e por elas aplicados". Aqui
também gostaria de mencionar que em momento algum a
conflita este dispositivo com o dispositivo maior do
Relatório, que foi aprovado pela Comissão, que diz que o
Banco Central será o órgão depositário dos recursos da e
União. Na verdade, essa destinação aos órgãos regionais
se faria somente após a aprovação de programas e
projetos: portanto, aprovados em orçamentos e na forma
dos outros dispositivos do Relatório, depois de
manifestação do Congresso Nacional.
Em síntese, são dois dispositivos que procuram
racionalizar o Sistema Financeiro Nacional, evitando que,
como ocorre hoje, amanhã tenhamos instituições federais
conflitantes em suas funções, e garantindo às instituições
regionais que os recursos da União com objetivos
regionais, ou seja, aqueles objetos somente de programas
e projetos regionais, sejam por elas aplicados.
Esta é a proposta, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem
a palavra o Constituinte José Serra.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. RELATOR (José Serra): – Quero dizer que, a
princípio, não acolheria a emenda do Constituinte Firmo de
Castro. Quanto ao artigo, realmente estou bastante de acordo,
pois faz ele parte do espírito do Substitutivo que elaboramos,
porquanto contempla um código de finanças públicas e uma
lei de sistema financeiro que, sem dúvida, terá que fazer isso.
Parece-me que isso é evidente. Não está destacado, mas é
um aspecto básico quanto ao problema, por exemplo, de
localização de três ou quatro agências de instituições
financeiras, muitas vezes competindo entre si, na mesma
cidade. Mas estou absolutamente de acordo com o espírito do
que aqui está colocado.
Quanto ao parágrafo seguinte, embora isso possa ser
recomendável em certos casos, em outros poderá trazer
fatores de muita rigidez, quando se refere aos recursos
financeiros relativos a programas e projetos de caráter
regional". Isso é uma diversidade muito grande. Não temos,
por exemplo, no Sudeste, Instituições regionais de crédito.
Podemos não ter uma instituição com a vocação daquela
instituição que está fazendo o repasse. Então, estamos
estabelecendo um elemento de uma rigidez muito grande, ou
até de burocratização, porque, se o Bendes vai fazer um
empréstimo por exemplo, para construir um porto em uma
cidade de certo Estado, não há razão alguma para o BNDES
pôr no meio uma outra instituição, que aumentará os custos,
terá custos de repasse, porque as instituições terão que
trabalhar, mobilizar técnicos etc. Não vejo, pois, razão para
isto: por que o BNDES vai ter que usar? Transcrevo o
dispositivo: "Os recursos financeiros, relativos a programas e
projetos de caráter regional, de responsabilidade da União,
serão depositados em suas instituições regionais de créditos
por elas aplicados. "Há regiões que não têm instituições
regionais. Isso obrigaria às instituições como o BNDES,
necessariamente, terem outros intermediários, ao invés de
fazer sem burocracia, diretamente.
Por isso, não acolho a proposta do nobre Constituinte.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Indago
ao Constituinte Firmo de Castro se aceita uma consulta prévia.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Sr.
Presidente, considerando, em primeiro lugar, que por trás
dessa proposta existe, na verdade, um objetivo de interesse
regional, ao qual é importante conferirmos o apoio dos
representantes das regiões que deverão ser beneficiadas:
considerando, por outro lado, que os argumentos do Relator
não convenceram, porque confundiu o apoio do BNDES ao
projeto que não seria considerado de natureza regional,
mantenho a solicitação de que seja votado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V. Ex.ª
está entrando no mérito. Colocarei a proposta em votação
Emenda nº 5S0413).
Peço ao Constituinte Mussa Demes que proceda à
chamada.
Votaram "sim os Constituintes: Adhemar de
Barros Filho, Adroaldo Streck, Cid Sabóia de Carvalho,
Darcy Deitos, Divaldo Suruagy, Fábio Raunheitti, Feres
Nader, Fernando Bezerra Coelho, Fernando Gasparian,
Firmo de Castro, Flávio Rocha, Harlan Gadelha, Irajá
Rodrigues, Jessé Freire, Jesus Tajra, João Carlos Bacelar,
João Castelo, João Natal, José Carlos Vasconcelos, José
Guedes, José Luiz Maia, José Tinoco, Jutahy Magalhães,
Lézio Sathler, Luiz Gushiken, Márcio Braga, Mauro Campos,
Messias Góis, Mussa Demes, Pedro Ceolin, Rose de Freitas,
Sérgio Werneck, Simão Sessim, Walmor de Luca e Wilson
Campos; Votaram "não" os Constituintes: Affonso Camargo,
Airton Sandoval, Basílio Vilani, Francisco Dornelles, Ger-
122
son Camata, Ivan Bonato, José Machado Rollemberg, José
Luiz de Sá, José Serra, Jovani Masini, Naphtali Alves, Nion
AIbernaz.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Por
trinta e seis votos a doze, aprovada a proposta do
Constituinte Firmo de Castro. (Palmas.)
Em votação a Emenda nº 113, do Constituinte
Oswaldo Almeida, que será defendida pelo Constituinte
José Luis de Sá.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ LUÍS DE SÁ: –
Sr. Presidente, Srs. Constituintes, a emenda de autoria
do Constituinte Oswaldo Almeida, que é o defensor
da cooperativa de crédito, diz o seguinte: "Acrescente-se
nas Disposições Transitórias: art. 74 – Até que sejam
fixadas as condições a que se refere o art. 62, item I, e o §
1º do mesmo artigo. O Banco Central providenciará para
que sejam atribuídas às cooperativas de crédito,
capacitadas para tal, as mesmas condições dos bancos
comerciais".
A justificativa do nobre Constituinte diz o seguinte:
"Esta providência representa o estágio transitório de
abertura a entidades financeiras sem fins lucrativos,
atividades de crédito a nível regional e que têm tudo para
representar o primeiro passo nos objetivos do inciso e do
parágrafo do artigo em referência".
Diz ainda o Constituinte: "A abertura às
Cooperativas do Crédito que já trabalham seria uma fase
intermediária, no instante em que lhes sejam dadas as
condições semelhantes aos bancos comerciais, tais como
terem seus cheques na compensação, terem acesso ao
redesconto, terem o direito de abrir agências ou postos
avançados e terem as condições de captar recursos de
seus associados".
É a defesa e a justificativa do nobre defensor
Oswaldo Almeida.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra, o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Com relação à
emenda do Constituinte Oswaldo Almeida, eu me permitiria
também não acolhê-la, por motivos semelhantes aos que
expus, no momento em que considerávamos a proposta do
Constituinte Ivo Vanderlinde, com relação ao estímulo às
cooperativas de crédito. Acho que este é um assunto de lei.
Colocá-lo na Constituição para, sem maior regulamentação,
maior estudo, maior disciplina do conjunto do Sistema
Financeiro, atribuir às cooperativas de crédito condições
idênticas às dos bancos parece-me meio precipitado, sem
um estudo mais aprofundado, que deve ser marcado dentro
do contexto da lei. Não contraditório com o espírito desta
emenda, eu preferia não acolhê-la, pelo detalhe e pelos
riscos que envolve o acolhimento de algo que não foi bem
analisado, que deve ser tratado no âmbito de uma lei e
dentro de um trabalho mais cuidadoso.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Perguntaria ao Constituinte José Luiz de Sá se admitiria
uma consulta prévia.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ LUÍS DE SÁ: –
Admitiria, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Quem estiver de acordo com o Constituinte José
Serra permanecerá como está. Quem estiver de acordo
com o Constituinte José Luís de Sá levantará o braço.
(Pausa.)
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ LUÍS DE SÁ: –
Gostaria que fosse feita a votação.
123 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Pediria ao Constituinte Mussa Demes que procedesse à
votação (Emenda nº 5S0113).
(Votação)
Votaram "Sim" os Constituintes: Wilson Campos,
Walmor de Luca, Simão Sessim, Sérgio Spada, Ruberval
Pilotto, Rose de Freitas, Pedro Ceolin, Osmundo Rebouças,
Nion Albernaz, Mussa Demes, Mauro Campos, Márcio
Braga, Luís Gushiken, Jutahy Magalhães, Jovani Masini,
José Tinoco, José Luís Maia, José Luís de Sá, José
Guedes, José Carlos Vasconcelos, João Natal, João
Machado Rollemberg, João Castelo, João Carlos Bacelar,
Jesus Tajra, Jessé Freire, Ivan Bonato, Irajá Rodrigues,
Harlan Gadelha, Francisco Dornelles, Flávio Rocha, Firmo
de Castro, Fernando Gasparian, Fernando Bezerra Coelho,
Feres Nader, Darcy Deitos, Cid Sabóia de Carvalho, Benito
Gama, Basílio Vilani, Airton Sandoval, Affonso Camargo,
Adroaldo Streck, Adhemar de Barros Filho e Joaquim
Bevilacqua. Votaram "Não" os Constituintes: Sérgio
Werneck, Naphtali Alves, Messias Góis, José Serra e
Gerson Camata.
O SR. CONSTITUINTE MUSSA DEMES: –
Resultado: 44 a favor; 5 contra.
Um fato inusitado, para quem gosta de estatística: os
Constituintes Airton Sandoval e Francisco Dornelles votaram
"sim" pela primeira vez.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Gostaria de dizer a V. Ex.as que a Emenda nº 467 é aquela a
que se referiu o ilustre Constituinte Darcy Deitos, do Dorival
Caime. Creio que já foi rejeitada. O mesmo ocorre, acredito,
com a Emenda nº 463.
O SR. DARCY DEITOS: – Sr. Presidente, V. Ex.ª
citou meu nome.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Apenas para mencionar: é uma emenda a que V. Ex.ª fez
referência e que já tinha sido recusada. A emenda não é de
V. Ex.ª Acredito que a de nº 467 também foi prejudicada, em
decorrência da aprovação de emenda do Constituinte
Walmor de Luca. Prejudicada a Emenda nº 467. Temos aqui
– não foi votada quando S. Ex.ª esteve presente – a
Emenda nº 243, do Constituinte Walmor de Luca, que
acrescenta dispositivo ao art. 69, parágrafo único. Com a
palavra o Constituinte Walmor de Luca.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Sr.
Presidente, é exatamente no sentido do parecer do Relator,
que muito bem argumentou e o Plenário aceitou – que os
bancos estrangeiros deveriam atuar no País, até mesmo por
causa das retaliações. Embora eu tenha dúvidas com
relação a essas retaliações, votei com o Relator nessa
autorização para os bancos estrangeiros. Vejamos o que diz
o Sr. Relator, no artigo.
"Art. 64. É vedado ao Banco Central do Brasil
conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro
Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja
instituição financeira."
Isto significa que está aberto às instituições
financeiras estrangeiras o recebimento de empréstimos
do Banco Central. Com este dispositivo, quero tornar claro o
seguinte: esta proibição se estende à rede bancária em
território nacional, para atividades lucrativas de empresas
que fazem remessa de lucros para o exterior. Entendo
inadmissível que o Banco Central possa fazer concessão
de empréstimo a entidade financeira e esta repasse o
dinheiro para uma empresa que vai fazer remessa de lucros
para o exterior, descapitalizando o Brasil. É apenas este
o sentido da emenda, que visa a impedir que os grandes
monopólios internacionais se apoderem, com seu imenso
poder de persuasão, das minguadas economias nacionais
recolhidas na rede bancária. É apenas uma pedra a mais
nos alicerces de uma democracia mais justa e mais estável
para o Brasil. Ela tem o sentido, exatamente, da empresa
nacional; tem o sentido de não permitir que recursos
internos nossos, arrecadados aqui dentro, sejam
transformados em lucros por empresas estrangeiras, que
farão remessas para fora, descapitalizando a Nação.
SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com e
palavra o Constituinte José Serra.
SR. RELATOR (José Serra): – Não se trata aqui de
empréstimo, porque o banco está quebrando etc. – não é
nesse sentido – mas, sim, de operações de liquidez que o
Banco Central faz ao sistema bancário, porque ele tem o
encaixe do sistema bancário como um todo. e faz. dentre de
sua regulação de oferta de moeda, de expansão e
contração, operações com todo, os bancos. Se
estabelecermos bancos com os quais o Banco Central pode
fazer operação e bancos com os quais não pode fazer, os
bancos com os quais não pode fazer, os bancos com os
quais o Banco Central não pode fazer operações, não
poderão funcionar. porque fazem parte da rede bancária. De
modo que a proposta do Constituinte está inclusive
prejudicada, porque já analisamos a questão das pessoas
jurídicas estrangeiras no nosso sistema financeiro. Se estão
operando, não é possível deixar de ter uma relação de
ajuste de liquidez com o Banco Central. Seria como dize-
que uma empresa que produz internamente, sendo de
propriedade estrangeira, não poderá pleitear crédito em um
banco. Então, que se mande essa empresa embora, porque,
se ela não puder operar com o sistema bancário, não terá
sentido. Ora, um banco com capital estrangeiro tem que
operar com o Banco Central, obrigatoriamente. Não é a
questão de pegar o dinheiro do novo. fim de mandar lucro
para fora: há esta questão, portanto, que afeta, a partir dai,
todo o problema da reciprocidade.
Vamos inviabilizar essas instituições de funcionarem
no Brasil, o que equivale, praticamente, a recolocar a questão
de não deixar nenhum banco com capital estrangeiro
permanecer mais em nosso País. Equivale ainda a retirar os
bancos brasileiros do exterior, por questão de reciprocidade,
comércio exterior etc. votada nesta Comissão.
SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Sr.
Presidente,. ..
SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Pediria
a V. Ex.a que me ouvisse. Tivemos aqui um acordo. no
sentido de que não haveria tréplica. Se V. Ex.a pudesse
ajudar-me, perguntaria a V. Ex.a se aceitaria uma consulta
prévia.
SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Sr.
Presidente, concordo com a consulta prévia. Mas o Relator
se equivocou ao escrever, no seu Relatório, o termo
"empréstimos". Ele agora negou que seja empréstimo. No
texto está escrito empréstimos.
Concordo, Sr. Presidente. Confio, inclusive, no
espírito nacionalista deste Plenário.
SR. RELATOR (José Serra): – Perdão, Sr.
Presidente, mas o Constituinte Walmor de Luca fez outro
comentário ao que eu havia dito. Acho que não deve haver
tréplica. como foi estabelecido. Mas, já que houve, tenho o
direito de voltar ao assunto. Diz o art. 69:
"
É vedado ao Banco Central do Brasil conceder,
direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional
ou a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição
financeira."
Isto é feito com instituições financeiras para efeito de
regulação de liquidez na economia, de oferta de moeda.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
de contração e de expansão de moeda, da mesma maneira
que poderia ser feito com instituições públicas, privadas, todas
as que operam no mercado financeiro. Dizer que para umas
pode, para outras não, obrigará estas últimas a saírem do
Brasil. Porque não conseguirão funcionar, o que afeta o que já
votamos aqui, quanto às questões que deveriam regular a
presença do capital estrangeiro no Sistema Financeiro
Nacional.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Submeto a matéria à consulta prévia. Aqueles que estiverem
de acordo com a posição do Constituinte José Serra fiquem
como estão. Aqueles que aceitarem a emenda do Constituinte
Walmor de Luca levantarão a mão. (Pausa.) Está prejudicada
a emenda do Constituinte Walmor de Luca.
Temos aqui ainda duas emendas do Constituinte
Adhemar de Barros Filho, – S. Ex.ª solicitou, no início, que
passasse a ser a última – no sentido de acrescentar
parágrafos ao art. 65.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO:
– Sr. Presidente, pela ordem. Não chegamos ainda às últimas.
Temos aqui uma página inteira.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Queria
dizer a V. Ex.ª que a dele também foi emenda ao Substitutivo.
As outras, então, como se trata do anteprojeto, vamos...
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO:
– Pois não. Certo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte Adhemar de Barros Filho, que vai
defender as propostas do ilustre Líder do PDT, o meu caro
amigo, Vivaldo Barbosa. São as Emendas nºs 12 e 14, que
estavam logo no início da relação.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Estabelece a Emenda nº 12, de autoria do nobre
Constituinte Vivaldo Barbosa, que se acrescentem parágrafos
ao art. 61 do anteprojeto. Diz o § 1º: "As instituições
financeiras, qualquer que seja a sua natureza, somente
poderão atuar no âmbito do Estado onde se localizar a sua
sede". Nesse primeiro parágrafo, Sr. Presidente, a proposta do
Constituinte Vivaldo Barbosa é no sentido da regionalização
da instituição financeira. No segundo parágrafo, propõe:
"Somente poderão atuar em todo o território da República –
isto é, em termos nacionais – "o Banco do Brasil, a Caixa
Econômica Federal e o Banco Nacional de Crédito
Cooperativo". Propõe o Constituinte Vivaldo Barbosa uma
discriminação clara. As entidades financeiras nacionais, como
o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o Banco
Nacional de Crédito Cooperativo, operariam no território
nacional. As demais instituições financeiras – qualquer que
seja a sua natureza somente atuariam no âmbito do Estado
onde se localizasse a sua sede. E propõe ainda: "Acrescente-
se artigo nas Disposições Transitórias". As instituições
financeiras que atualmente estejam operando fora do Estado
onde se situar a sua sede, terão o prazo de doze meses para
promover a transferência das suas operações para se
situarem exclusivamente no âmbito do Estado de sua sede".
Justificativa: "Constitui-se em um verdadeiro clamor nacional a
transformação do sistema financeiro em nosso País. São
incalculáveis os males que têm provocado em nossa
economia. Mas, uma questão que particularmente interessa
ao desenvolvimento harmônico do País são os desequilíbrios
regionais que a atividade bancária tem provocado.
Têm servido como fonte de sucção de economias e
poupanças locais para os grandes centros econômicos.
O próprio conceito de federação fica abalado. Na verdade,
corrói o ideal federativo. Os demais países, em geral,
restringem no âmbito das atividades financeiras, como os
124
Estados Unidos, que impõem caráter municipal à atividade
financeira. Este é o alcance da proposição do Constituinte
Vivaldo Barbosa: defesa da economia regional da Federação.
Esta é a defesa.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Pediria
que a proposta voltasse à Mesa. Passo a palavra ao Relator
José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Esta proposta, se
não me equivoco, foi apresentada à Subcomissão do Sistema
Financeiro, onde não foi aceita. Creio que, tal como está, em
primeiro lugar, já fechamos, de cara, o BNDES, que não está
contemplado como instituição nacional. Por outro lado, ela cria
uma restrição, que, realmente, para ser posta numa
Constituição, é meio absurda. Digamos, se é a favor de banco
regional, não implica proibir, pela Constituição, a existência de
banco nacional. Isso, inclusive – como, no Brasil, há uma
tradição de bancos nacionais – levaria, sem dúvida, a um
processo de estatização praticamente do crédito por
instituições que atuam no País inteiro. Então, para passar
recursos de um Estado para outro, será feito praticamente
tudo através de instituições financeiras oficiais. Daremos um
passo importantíssimo para estatizar o crédito, que não
corresponde ao espírito desta Comissão, como ficou claro,
inclusive nos trabalhos da Subcomissão. Creio que esta
questão cabe muito bem na Lei do Sistema Financeiro a
respeito dos incentivos aos bancos regionais. São coisas
importantes. Na Lei do Sistema Financeiro, teremos de falar
da conglomeração no sistema bancário, do problema de
bancos regionais, bancos nacionais, enfim, do conjunto de
questões que vamos discutir. Acho que a matéria, do jeito que
está aqui, é extraordinariamente drástica, além do que já
implica o fechamento imediato de instituições hoje existentes e
um passo muito importante no sentido de estatização do
crédito.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Pergunto ao ilustre Constituinte Adhemar de Barros Filho se
concorda com a consulta prévia.
SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS FILHO:
– Concordo.
SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Quem
estiver de acordo com o Constituinte José Serra permanecerá
como está. Quem tiver de acordo com o Constituinte Adhemar
de Barros Filho levantará a mão. (Pausa.)
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Retiro, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Retirada a proposta do Constituinte Adhemar de Barros
Filho. Pergunto a S. Ex.ª se a Emenda nº 14 está
prejudicada.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Sr. Presidente, esta emenda acrescenta parágrafo
ao art. 65.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte Adhemar de Barros Filho.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: Seria o § 3º do art. 65 do projeto. "Os financiamentos
favorecidos ou quaisquer outros benefícios financeiros
concedidos a pessoas jurídicas pelas instituições oficiais
de crédito, terão o valor do favorecimento convertido
em ações que serão transferidas aos empregados da pessoa
jurídica beneficiada, na forma em que a lei determinar".
Obviamente, dá às entidades que receberem créditos
de instituições oficiais um sentido de que sejam, digamos,
compartilhados pelo corpo trabalhador, ao lado do corpo
que representa o capital e, dessa forma, transformados
em ações. A proposta do Constituinte Vivaldo
125 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
Barbosa procura dar cunho social às inversões financeiras
de instituições oficiais de crédito.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Opto por não
acolher a emenda de um dos Vice-Líderes do PDT,
Constituinte Vivaldo Barbosa. O texto diz: "Os
financiamentos favorecidos ou quaisquer outros benefícios
financeiros concedidos a pessoas jurídicas pelas
instituições oficiais de crédito, terão o valor do
favorecimento convertido em ações que serão transferidas
aos empregados da pessoa jurídica beneficiada, na forma
que a lei determinar". Ocorre o seguinte: se estamos
fazendo um refinanciamento para a micro ou pequena
empresa abaixo da correção monetária, que supõe
financiamento favorecido ou benefício financeiro à
agricultura pelo Banco do Brasil, por algum banco estadual,
equivaleria a praticamente retirar a propriedade do
proprietário da pequena ou da média empresa que está
recebendo isso, porque se transformaria em ações. A idéia
em si tem algo de razoável – que os favores concedidos
sejam, de alguma forma, depositados na sua riqueza pelos
trabalhadores – mas, ao mesmo tempo, no nível de
Constituição, pode conduzir a aberrações como esta. Todo
financiamento à pequena e média empresa, favorecido, em
certas circunstâncias – como se está fazendo agora, – todo
benefício creditício vai implicar tirar a propriedade do
pequeno ou médio agricultor, para as pessoas que
trabalham nesta propriedade ou nesta pequena ou média
empresa. Em lugares onde não há ações, terá que ser
passado diretamente para participação na propriedade. Por
isso, encaminharia contra essa emenda.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Sr. Presidente, pediria que fosse submetida a
votos. Gostaria de conhecer o pensamento dos outros
membros desta Casa, porque a proposta tem forte cunho
social.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Perguntaria a V. Ex.ª se aceitaria uma consulta prévia.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Aceito, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Aqueles que estiverem de acordo com o Relator José
Serra permaneçam como estão. Os que estiverem de
acordo com o Deputado Adhemar de Barros Filho levantem
a mão. (Pausa.)
Está prejudicada.
Passaremos agora aos destaques de emendas ao
anteprojeto.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Sr.
Presidente, tenho uma questão para ser examinada por V.
Ex.ª Tive o cuidado de destacar do volume todas as
emendas aqui apresentadas. Pediria a V. Ex.ª que olhasse
a de nº 587, sobre sistema tributário, e a de nº 689.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – A
Emenda nº 689 do Constituinte Afif Domingos, já foi
examinada. O Constituinte Divaldo Suruagy já tirou a
preferência para a Emenda nº 689, do Constituinte Afif
Domingos, e a Emenda nº 690.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Então eu
pediria a Emenda nº 232, que também é sobre sistema
tributário.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Por
favor, nobre Constituinte...
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – O
Constituinte Messias Góis quer fazer o trabalho do
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – A
Emenda nº 232, do Constituinte Darcy Deitos, diz:
"O Conselho Monetário Nacional é o órgão
formulador da política nacional da moeda e do crédito, no
âmbito do Poder Executivo."
Entendo que o assunto que estabelece a formulação
de composição já teria sido votado. V. Ex.ª concorda?
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Entendo
que não, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Então, concedo a palavra a V. Ex.ª
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, gostaria exatamente para colaborar com os
trabalhos que a Emenda nº 451, para a qual também
solicitamos requerimento de destaque, da lavra do
Constituinte Vilson Souza, fosse discutida, ao mesmo
tempo, com a de nº 232, porque tratam do mesmo assunto.
O anteprojeto suprimiu o Conselho Monetário Nacional, e
vimos, ainda há pouco, a ilustre Constituinte Rose de Freitas
apresentar um dispositivo para que essa extinção fosse
inserida no relatório do ilustre Relator José Serra, no seu
Substitutivo. Mas foi derrotada. Aproveitando isso, gostaria
de dirigir apelo aos Srs. Constituintes: já que não foi extinto
o Conselho Monetário Nacional, que regulássemos o seu
funcionamento, para que não ficasse como é hoje – reuniões
são feitas por telefone, o Congresso Nacional e a população
brasileira não tomam conhecimento das suas atividades etc.
Quantos males o Conselho Monetário Nacional tem causado
à vida de cada cidadão brasileiro! Nossa emenda, Sr.
Presidente, diz: "Na composição do Conselho Monetário
Nacional, os cargos serão preenchidos por nomeação do
Presidente da República, mediante listas de nomes de cinco
ou mais cidadãos de reputação ilibada e notória capacidade
em assuntos econômico-financeiros sem participação em
empresas dependentes de negócios vinculados ao Sistema
Financeiro Nacional..."
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Pediria a V. Ex.ª que respeitasse os três minutos.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: –
Observarei os três minutos, Sr. Presidente. Estou dentro do
prazo, mas, se V. Ex.ª me interromper, quero um desconto
dentro desse tempo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
o maior prazer.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – "...listas
elaboradas em eleição, a primeira pela Comissão de
Economia e Finanças da Câmara e Senado Federal; a
segunda pela Federação Nacional da Indústria; a terceira
pela Federação Nacional da Agricultura; e a quarta pela
Federação do Sindicato dos Bancários de modo a que essas
quatro entidades estejam igualmente representadas com voz
e voto, cabendo ao Presidente da República nomear um
quinto dos integrantes entre cidadãos de sua livre escolha."
Nessa emenda digo que para a nomeação dos presidentes
e diretores do Banco Central, bem como do Banco do Brasil
e do BNDES, deveria ser observado o mesmo processo de
indicação. Gostaria de ouvir o ilustre Relator José Serra. A
nossa proposta é no sentido de regularmos essa matéria
porque aquele Conselho não pode mais ficar fazendo
reuniões sem que o Congresso Nacional tome
conhecimento. Nossa emenda ainda prevê que todas as
decisões das reuniões feitas deverão ser publicadas no
Diário Oficial da União, para que a população tome
conhecimento das deliberações do Conselho Monetário
Nacional.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao nobre Relator José Serra.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. RELATOR (José Serra): – Realmente, acho
apreciável o esforço que o Constituinte Darcy Deitos fez para
procurar resolver alguns problemas do Conselho Monetário
Nacional. Em primeiro lugar, permito-me dizer que a emenda
de S. Ex.ª está prejudicada porque fixa o mandato do Banco
Central em dois anos, quando aqui já votamos quatro anos.
Se aprovarmos isto, estaremos revogando uma votação que
já fizemos. Ela está claramente prejudicada porque, se
já votamos quatro anos, passar agora para dois prejudica
a emenda de S. Ex.ª Mesmo que não fosse por essa
razão...
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Mas a
minha emenda...
O SR. RELATOR (José Serra): – Peço a V. Ex.ª que
me permita falar, como permiti a V. Ex.ª A outra questão é
que, por exemplo, entre as funções que o Conselho Monetário
Nacional tem hoje e que não deveria ter – as de fixar a
expansão de moeda ad referendum do Congresso e as
alíquotas de impostos etc. – a proposta do Constituinte Darcy
Deitos não contempla a supressão dessas atribuições.
Embora com generosidade e correção em alguns aspectos, de
outros, essenciais, S. Ex.ª nem fala. Parece-me que além do
problema de a emenda estar prejudicada, ela seria muito mais
apropriada como sugestão para reformulação da Lei do
Sistema Financeiro Nacional, pelos detalhes em que entra.
Inclusive tem aspectos contraditórios, se comprovada com
outras já aprovadas do nosso Substitutivo. Por isso, embora
apreciando positivamente o espírito do Constituinte ao fazer
sua proposta – S. Ex.ª não propôs a extinção pura e
simplesmente, mas procurou apresentar algo construtivo –
não a acolheria, por entender que está prejudicada, que não
contém aspectos essenciais e que é conflitante com outros
aspectos do Substitutivo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Pergunto ao Constituinte Darcy Deitos se admite uma consulta
prévia.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Admito, Sr.
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Quem
estiver de acordo com a posição do Constituinte José Serra
permaneça como está. Quem estiver de acordo com a posição
do Constituinte Darcy Deitos levante as mãos. (Pausa.) Está
prejudicada.
O SR. CONSTITUINTE LUIS GUSHIKEN: – Pela
ordem, Sr. Presidente. Nesta nova fase de emendas ao
anteprojeto, eu seria o primeiro inscrito, na lista.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Quero
dizer a V. Ex.ª que havia até um equívoco da nossa parte,
porque, quando veio a Emenda nº 857...
O SR. CONSTITUINTE LUIS GUSHIKEN: – Houve
uma inversão do número. A emenda é de nº 857.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Exatamente. A emenda de V. Ex.ª não era aquela, mas outra:
"As instituições financeiras devem ter como objetivos"...
Concedo a palavra a V. Ex.ª para falar sobre a Emenda nº
857.
O SR. CONSTITUINTE LUIS GUSHIKEN: – Chamo a
atenção dos nobres colegas do Norte e do Nordeste para o
fato de que percebi uma preocupação correta, no sentido de
dar ao intermediário financeiro uma função social. Não foi à-
toa que se aprovou uma emenda que evita a drenagem de
recursos de setores da economia que têm escassez de
recursos para setores mais desenvolvidos. Creio que, em
matéria de Sistema Financeiro, tendo em vista a prática
recente de vinte anos de um sistema que não funciona,
precisaríamos arrolar objetivos sociais desse setor, de ma-
126
neira a dar uma conformação social aos bancos do Brasil. O
projeto do Relator, de certa forma, dá uma caracterização da
função social. Entretanto, é tão genérico que permite
interpretações várias para essa caracterização social do
Sistema Financeiro. Não podemos também detalhar
demasiadamente os objetivos sociais, sob pena de aprisionar
esse Sistema Financeiro. No entanto, entendo que alguns
pontos devemos ter inseridos na Constituição. Por exemplo,
acho que devemos transcrever na Constituição que o Sistema
Financeiro deve ter como objetivo propiciar a diminuição das
desigualdades regionais e setoriais da economia brasileira;
que o Sistema Financeiro deve evitar a usura, as práticas
especulativas e a formação de cartéis neste País. Devemos
arrolar que o Sistema Financeiro deve assegurar a aplicação
de meios necessários à expansão das forças produtivas.
Pontifico que entendo necessário dar uma conformação ao
intermediário financeiro, a fim de que possa funcionar, não
como sistema especulativo, tal como existe neste País, mas
que aloque os recursos captados na economia – que não é
dinheiro privado, é poupança interna – e os dirija de acordo
com as necessidades do povo. Considero que, da maneira
como está, não atende às demandas dos próprios
Constituintes desta Comissão.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem a
palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Optaria por não
acolher a proposta do nobre Constituinte Luiz Gushiken,
exatamente porque muitos dos itens a que S. Ex.ª se refere já
estão incluídos no nosso Substitutivo, e alguns deles não são
bem apropriados, do ponto de vista da estrutura que demos à
Lei do Sistema Financeiro, à questão do Código de Finanças
Públicas, etc. A questão do desenvolvimento equilibrado, da
captação e proteção das poupanças está contemplada no
nosso Substitutivo, assim como a das desigualdades. E,
digamos, o objetivo programático de assegurar maior
eficiência – é evidentemente que qualquer lei do Sistema
Financeiro Nacional, do Código de Finanças Públicas não vai
propor o contrário; quer dizer há algumas coisas redundantes.
Nesse sentido, essa proposta desajustaria o conjunto do
Substitutivo, inclusive propostas que já aprovamos. Por outro
lado, na questão da formação de poupanças do sistema
financeiro poderá estimular, induzir a poupança, mas não
poderá ter como objetivo a sua formação, quer dizer, estimular
e administrar a poupança. Enfim, são questões secundárias
que, creio, produziriam grande desajuste no nosso
Substitutivo. Por isso, optaria por não acolher a proposta do
nobre Constituinte.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – A
Presidência pergunta ao nobre Constituinte Luiz Gushiken se
aceita uma consulta prévia.
O SR. CONSTITUINTE LUIZ GUSHIKEN: – Perfeito.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Quem
estiver com o Constituinte José Serra permaneça como está.
Quem estiver com a proposta do Constituinte Luiz Gushiken
levante a mão. (Pausa). A proposta está derrotada.
A Emenda nº 796, do Constituinte Roberto Freire,
propõe a estatização do Sistema Financeiro. Há alguém para
defender esta proposta, para falar favoravelmente?
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, gostaria de acoplar na discussão da Emenda
nº 796 a Emenda nº 283, de nossa autoria, que prevê
exatamente que o exercício de atividade de banco de
depósitos é privativo de pessoas jurídicas de direito público.
Se V. Ex.ª permitir, eu a acoplaria, para que não se perdesse
tempo nesta discussão. Já pude expor o meu pensamento
a esse respeito, isto é, que há grande preocupação
127 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
de alguns setores que acreditam que as entidades privadas
ficariam largamente prejudicadas com essa estatização. Não
entendo assim. Não conheço a proposta do Constituinte
Roberto Freire, mas a nossa prevê que continuará
funcionando o atual sistema apenas com a diferença de que
não substituiriam os gerenciamentos. Apenas os resultados
seriam revertidos para a União, e esta, evidentemente, os
transformaria em benefício social para a população. Ao longo
desse tempo, vimos as "tetas gordas" do Erário Público
cobrirem as falcatruas do Sistema Financeiro Nacional. E
gostaria de acrescentar o seguinte: os banqueiros privados
nacionais, Sr. Presidente, nos últimos anos, perderam a
vergonha de cobrar ou, melhor dizendo, de roubar da
população por meio dos juros que estão a cobrar. E vão dizer
que é o Governo que determina a política. O Governo está
submetido à voracidade dos banqueiros privados nacionais.
Digo isto, Sr. Presidente, porque, ainda anteontem, no Paraná,
recebi o jornal de...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Eu
pediria a V. Ex.ª que observasse os três minutos. V. Ex.ª já
falou durante três minutos.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Gostaria
de dizer a V. Ex.ª que estou acoplando, exatamente, duas
votações em uma, para adiantar os nossos trabalhos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Continua com a palavra o Constituinte Darcy Deitos.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Como
estava dizendo, Sr. Presidente, recebi o jornal da sexta-feira,
do Estado do Paraná, que publica: "Leilão leva ao desespero
quatro pequenos agricultores niseis em Paranacity". Ali o
Banco Itaú está a ameaçar mais de 200 proprietários neo-
rurais, forçando uma solução a qualquer custo. Presenciamos
pequenos proprietários neo-rurais desesperados, porque as
ações já se encontram no fórum local. Os banqueiros não têm
vergonha. Ajuizaram aquelas ações, contrariamente às
normas baixadas pelo Governo no mês de abril – que
demoraram a chegar às agências do interior – em que se
concediam isenção da correção monetária nos pequenos
empréstimos de até Cz$ 200.000,00 (duzentos mil cruzados) e
uma redução de 50% nos empréstimos acima desse valor. E,
o que é pior, os bancos têm uma avaliação diferente daquela
da resolução baixada, que previu essa cobrança diferenciada.
A classificação deles não é pelo valor, e sim pelo tamanho da
propriedade. Então nossa proposta é no sentido de que se
regule o Sistema Financeiro Nacional e não se deixe a
população à mercê da voracidade do lucro dos banqueiros
privados nacionais, que, ao longo desses anos, "mamaram
nas tetas gordas" do Governo Federal.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem a
palavra o Relator José Serra, para falar sobre a proposta de
estatização do Sistema Financeiro Nacional.
O SR. RELATOR (José Serra): – A proposta de
estatização do Sistema Financeiro Nacional não foi acolhida
pela Subcomissão do Sistema Financeiro, nem por meio do
voto dado pelo seu Relator. Creio que não corresponde ao
pensamento predominante da nossa Comissão. Considera-se
que o Sistema Financeiro no Brasil deve ter caráter misto:
público e privado, com maior importância pelo setor público,
mas misto. Inclusive se lembrou o caso de estatizações feitas
em outros países de economia de mercado, que, com o tempo,
foram sofrendo modificações. Aliás, mesmo a do México e a da
Espanha não incorporaram, na sua nacionalização inicial, os
bancos estrangeiros, que continuaram operando. Nesse
sentido, optaria pelo não acolhimento das emendas dos
Constituintes Roberto Freire e Darcy Deitos, com o respeito que
ambos me merecem. Eu não acolheria a proposta de
estatização completa do Sistema Financeiro no Brasil.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – A
Presidência pergunta ao ilustre Constituinte Darcy Deitos
se concorda com a verificação prévia.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: –
Concordo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Quem estiver de acordo com a posição do Relator José
Serra, contra a estatização do Sistema Financeiro, ficará
como está. Quem aprovar a proposição do Constituinte
Darcy Deitos levantará a mão. (Pausa.) A proposta do
Constituinte Darcy Deitos foi retirada.
A Emenda nº 451, ilustre Constituinte Darcy Deitos,
tenho a impressão de que já foi assunto amplamente
debatido. Pergunto se V. Ex.ª concorda com sua
retirada.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Acredito
que talvez V. Ex.ª não tivesse prestado atenção, no
momento em que discutimos a de nº 232...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – É
verdade.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Submeti
as duas à votação, pois ambas tratavam do mesmo
assunto. Apenas subscrevi o destaque, da lavra do
Constituinte Vilson Souza.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – É a
preocupação e a vontade que temos de sempre ouvir V.
Ex.ª
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Muito
obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Está
em votação a Emenda nº 799, que trata da Presidência do
Banco Central. Já foi trazida, estando, portanto,
prejudicada.
Emenda nº 859, de autoria do Constituinte Luiz
Gushiken.
O SR. CONSTITUINTE LUIZ GUSHIKEN: – Essa
emenda diz respeito à Diretoria do Banco Central. Essa
instituição se compõe, na maioria de seus funcionários, de
um pessoal de alta qualificação técnica. Diria que a função
do Banco Central se resume em duas atividades
fundamentais: a primeira ligada à liquidez da economia; a
segunda, à fiscalização do Sistema Financeiro. Nesta
última função, é por todos conhecida a sua ineficiência,
visto que o Banco é facilmente pressionável pelo poder
econômico. A "máfia" da liquidação é muito conhecida.
Recentemente, nas audiências públicas, um técnico do
Banco Central, que aqui veio fazer sua exposição
convocado pela Subcomissão, afirmou que era uma
reivindicação dos funcionários daquele banco – portanto,
dos técnicos – que o Diretor do Banco Central fosse eleito
pelos funcionários. Os nobres Constituintes devem saber
que a diretoria desse banco, desde que foi montado, na sua
maioria, se compõe de funcionários de carreira. Ora, então,
por que essa reivindicação dos funcionários? Eles
afirmaram que os funcionários detêm informações relativas
à "máfia" de liquidações, à corrupção que existe, mas que,
na ausência de canais legais, têm dificuldade de tornar
público o que ocorre, em matéria de corrupção no Banco
Central. Se eles tivessem um representante eleito, com a
função precípua de exercer as atividades de uma diretoria,
ou seja, preocupar-se com a liquidez e com a fiscalização,
conseguiriam concretizar uma atividade de cidadania, de
que é muito carente este País, qual seja, a de gerir melhor
a coisa pública, a partir dos que trabalham na empresa
pública. O exemplo mais favorável dessa medida...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Peço
ao Constituinte Luiz Gushiken que os três minutos sejam
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
observados, para que possamos seguir o critério estabelecido
e solicitado pelos constituintes.
O SR. CONSTITUINTE LUIZ GUSHIKEN: – Perfeito, Sr.
Presidente. Concluindo, o Relator José Serra, no Governo do
Estado de São Paulo, sabe que o Governador Franco Montoro
aprovou uma lei que permitia a eleição do diretor – representante
de uma empresa estatal – e sabe também da eficácia dessa
representação. Cito um exemplo; o recente caso do escândalo
Banespa, das ações da Perdigão e da compra de um bilhão e
meio de apólices da Prefeitura Municipal. Foi um rombo nos
cofres do Banespa, detectado pelos seus funcionários e levado a
público pelo representante desses funcionários. Temos exemplos
disso, e o Relator José Serra sabe da eficiência de um sistema
baseado em mecaniso que permite que técnicos qualificados
possam expressar sua opinião.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Na minha
experiência no Governo do Estado de São Paulo, que agora,
efetivamente – fizeram o que o nobre Constituinte citou –
trouxeram a público problemas que foi bom terem aparecido.
Graças a essa denúncia, foi possível evitar a propagação de
fatos como esse. Acredito, no entanto, que a emenda do
Constituinte, no caso do Banco Central, primeiramente
contraria, prejudica o que já foi aprovado; uma parte em que
dispõe que o Presidente da República indicará nomes ao
Congresso, que aprovará a sua nomeação. Ora, a partir do
momento em que ele tivesse que indicar alguém já escolhido
pelos funcionários do Banco Central, isso seria um fator
limitativo, inclusive para o Congresso, pois este estaria,
obrigatoriamente, incluindo alguém eleito pelos funcionários
do Banco Central. Por outro lado, favorece bastante, ao
sentido de que as instituições como o Banco do Brasil, o
Banco Central ou bancos Estaduais tenham diretores que
sejam funcionários de carreira. Acredito que o Presidente e o
Congresso sempre terão sensibilidade para valorizar esse
aspecto, inclusive não aceitando indicações que não incluam
membros da carreira do Banco Central, do Banco do Brasil,
etc. Condicionarmos ao voto dos funcionários – este seria
outro critério. Um cidadão, para ser diretor do mercado de
capitais, poderá ter determinadas qualificações que não serão
necessariamente valorizadas dentro de um processo eleitoral
em que influem outras conotações de natureza política e
também natureza corporativa, pois o banco tem de estar
ligado ao interesse público, não apenas ao dos funcionários
que lá trabalham. Então, sou bastante favorável a que
diretores dos bancos oficiais sejam diretores de carreira, mas
não obrigatoriamente, pois isso seria cortar a liberdade que
teria o Congresso de escolher entre os funcionários do próprio
banco, numa votação que tem sempre característica de
natureza política. É legítimo que assim seja, mas não me
parece adequada como regra para diretoria de bancos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Pergunto ao ilustre Constituinte Luiz Gushiken se concorda
com uma consulta.
O SR. CONSTITUINTE LUIZ GUSHIKEN: – Concordo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Aqueles que estiverem de acordo com o Relator José Serra
permanecerão como estão. (Pausa.) Aqueles que estiverem
de acordo com o Constituinte Luiz Gushiken levantarão a mão.
(Pausa.) Sr. Constituinte, considerada prejudicada.
O SR. CONSTITUINTE LUIZ GUSHIKEN: – Perfeito.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Emenda n° 230, de autoria do Constituinte Darcy Deitos.
128
Pergunto a V. Ex.ª se considera prejudicada a sua
emenda: "Punir a usura em todas as suas modalidades,
proibidos juros reais acima de doze por cento (12%) ao
ano".
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Não
considero prejudicada.
O SR. RELATOR (José Serra): – Sr. Presidente, peço
a V. Ex.ª um minuto de intervalo, pois preciso ausentar-me um
instante. Voltarei em seguida.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
Sr. Presidente, aproveitando o intervalo, como a emenda de
autoria do Constituinte Darcy Deitos tem o mesmo objetivo da
que propus, a de n° 402, que está a seguir, pergunto a V. Ex.ª
se poderiam ser examinadas as duas juntas. Eu, inclusive,
encaminharia a favor a proposta do...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V. Ex.ª
poderia falar com o colega Darcy Deitos.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
Minha Emenda n° 402, é idêntica a de V. Ex.ª, nobre
Constituinte Darcy Deitos. Poderíamos votar as duas juntas,
pois ambas têm a mesma preocupação: 12% de juros reais ao
ano, o máximo.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Para o
bom andamento, eu falaria; em seguida o colega também
falaria, e as apresentaríamos juntos. A nossa Emenda nº 230
diz o seguinte:
"Acrescente-se ao art. 1°: a usura em todas as suas
modalidades, proibidas juros reais acima de doze por cento
(12%) ao ano".
Essa emenda, Sr. Presidente, reproduz o pensamento
dos Constitucionalistas de 1934, 1937 e 1946, que
determinaram, em todas as suas Castas, a punição da usura.
Na Constituição de 1967 e na Emenda Constitucional de 1969,
foram retiradas, suprimidas.
Sr. Presidente, embora compreenda a posição do
Relator José Serra, entendo que a Carta Constitucional
deveria ter um dispositivo prevendo a remuneração máxima do
capital. Não podemos deixar essa matéria à vontade, como
ficou ao longo de todos esses anos. E agora tivemos
depoimentos nas Subcomissões – estão aí nos Anais – de que
o Banco Central...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Pediria ao Constituinte Darcy Deitos que concluísse seu
pronunciamento, pois S. Ex.ª já ultrapassou os três
minutos.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: –
Absolutamente, Sr. Presidente, estou verificando o relógio que
está à sua retaguarda. Tivemos depoimentos de que o Banco
Central, há cento e vinte dias, destinou 70 bilhões de cruzados
à rede bancária privada nacional, a juros reais de 15% ao ano,
mais correção. Na mesma data, os bancos estavam captando
a juros de 28 à 30% e emprestando aos tomadores de
empréstimos a juros reais de 45 a 50%. Temos de acabar com
isso, Sr. Presidente.
A nossa proposta é no sentido de que no termo
Constitucional, há que estar inserida essa determinação
para preservar a sociedade brasileira das jogadas feitas no
Sistema Financeiro Nacional, ao longo dos anos. Temos de
pôr termo a isso, a partir da promulgação da nova Carta
Constitucional.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao nobre Constituinte José Serra.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, permita-me, o Constituinte Fernando Casparian
129 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
apresentou emenda que trata do mesmo assunto. Poderia S.
Ex.ª encaminhar, para serem apreciadas as duas.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
votar agora esta emenda. No momento em que chegar o
Constituinte Fernando Gasparian, se S. Ex.ª achar que ainda
cabe a uma só pessoa defender uma emenda,...
Com a palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Sr. Presidente, não
posso aceitar esta proposta, que também não foi acolhida pela
maioria da Subcomissão do Sistema Financeiro, por vários
motivos. Não cabe fixar juros reais no texto Constitucional,
que se supõe permanente. É ineficaz. Esta inclusive é uma
posição apresentada nas Subcomissões por economistas do
PMDB, como é o caso do economista Celso Furtado, e
corresponde ao pensamento de ilustres economistas, como
Carlos Lessa, que também aqui esteve, e de outros que aqui
não vieram, mas que compartilharam dessa posição, como
Maria da Conceição Tavares.
A nosso ver, não cabe a inclusão desses limites na
Constituição, porque seria algo irreal. A taxa de juros, por
outro lado, é resultante de vários fatores; da inflação, das
expectativas, da política do Open, da inflação internacional, da
taxa de juros real, a outro problema. Quando uma empresa
toma empréstimo, qual será a taxa de juro real para ela? Será
a taxa de juro que ela está pagando, deflacionada pelos seus
preços, de acordo com sua evolução. Não há uma taxa de juro
real na economia. Haveria milhares e milhares de problemas.
inclusive junto a Justiça, para ver qual seria essa taxa de juro.
Teria de ser calculada do ponto de vista jurídico, com perfeita
legitimidade para cada empresa.
Por outro lado, não poderia haver empréstimo pré-
fixado, porque se supõe uma inflação futura. O que
aconteceria se a inflação caísse no futuro a partir de um
tratamento de choque, por exemplo, a de repente, a taxa de
juro subisse mais ou menos, do ponto de vista real?
Por último, quero lembrar que hoje, no Brasil, mesmo
que a taxa de juro real fosse zero, estaríamos tendo os
mesmos problemas na área produtiva e nas empresas, porque
uma taxa nominal de juros de 1.000%, mesmo que a real
fosse zero, é suficiente para quebrar grande parte de
empresas do País, já, que sua inflação é menor que a inflação
média. Quer dizer, uma taxa de juros de 12%, real, no
contexto atual, também quebra muita coisa, porque é a própria
taxa nominal o grande problema neste momento. Isto sequer
estaria resolvido, mesmo que tudo o mais fosse possível, com
uma taxa de juro real zero, num contexto como o atual. Seria
mesmo impossível, mesmo em termos reais, a nível da Carta
Constitucional, pela razões que expus. Por esse motivo não
acolherei esta emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Pergunto ao Constituinte Darcy Deitos se S. Ex.ª concorda
com a consulta prévia.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: –
Perfeitamente, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Quem
estiver de acordo com o Relator José Serra permanecerá
como está. Quem apoiar a proposta do Constituinte Darcy
Deitos levantará a mão. (Pausa.)
Considero prejudicada a emenda.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Retiro a
emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
A Emenda nº 228 trata de uma Comissão que realmente
não foi constituída. De modo que eu pediria a V. Ex.ª que
retirasse sua proposta.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, quando apresentamos esta emenda, o relatório
que saiu da Subcomissão previa que o Congresso Nacional...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V. Ex.ª
trata da constituição de uma Comissão que aqui já foi
rejeitada.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Da
Comissão Mista?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Exatamente.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Não. Aqui
não foi discutida a constituição da Comissão Mista.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Pediria
a V. Ex.ª que fosse rápido porque estamos observando o
relógio, e o assunto já foi debatido amplamente.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Gostaria
apenas que V. Ex.ª me garantisse o tempo de três minutos.
Então concluirei se retiro ou não a emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concederei os três minutos ao ilustre Constituinte Darcy
Deitos, para não discutir com S. Ex.ª por mais cinco.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, um motivo nos levou a apresentar esta emenda.
É que, no Relatório do ilustre Constituinte Fernando
Gasparian, S. Ex.ª extinguia o Conselho Monetário Nacional
e criava uma Comissão Mista no Congresso Nacional. Nossa
emenda tinha o sentido de regular o funcionamento dessa
Comissão Mista. Lamentavelmente, porém, vimos o
Constituinte José Serra suprimir essa comissão
definitivamente. Mas pude sentir, pela benevolência e pela
lucidez que teve o Constituinte José Serra em acatar as
emendas e as argumentações aqui formuladas – onde o
nível foi baixíssimo, entendo – assim como outras propostas
apresentadas, do interesse da população, do interesse da
Nação, que tudo isso caiu aqui em ouvidos moucos, ouvidos
de mercado. Portanto, vou até dispensar as argumentações
do ilustre Relator José Serra a uma das últimas emendas por
mim apresentadas. Retiro-a porque conheço o seu
pensamento e sei também que o espírito que norteia a
maioria dos ilustres Constituintes que compõem esta
Comissão é o de não ser contra, nem a favor, muito pelo
contrário. (Risos.)
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO BEZERRA
COELHO: – Sr. Presidente, peço a palavra apenas para
discordar das argumentações do Constituinte Darcy Deitos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Ele
retirou a emenda.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO BEZERRA
COELHO: – Ele a retirou, mas fez colocações à Comissão,
aos seus membros, dizendo que estávamos marginalizando
suas propostas.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – É a minha
posição.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO BEZERRA
COELHO: – Estou apenas me manifestando para que fique
registrado nos Anais que não concordo com tal afirmativa.
Entendo que o Substitutivo do Relator José Serra retrata
fielmente os verdadeiros anseios dos segmentos interessados
em um novo sistema financeiro neste País.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Sr. Presidente,
nesse mesmo sentido me manifesto, porque tenho pen-
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
samento próprio, voto de acordo com a minha consciência e
não aceito ser tachado de ter ouvidos de mercador.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Considero prejudicada a Emenda nº 402, do Deputado
Fernando Gasparian, que propõe o tabelamento de juros de
12%.
Pediria ao ilustre Constituinte que colaborasse,
retirando sua proposta.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN: –
Concordo com V. Ex.ª. Realmente, está prejudicada, como
prejudicada está a de nº (?) que trata do mesmo assunto. Sr.
Presidente, quero retirar também a Emenda nº 107, que foi
rejeitada em projeto semelhante, e a de nº 109. Todas as
minhas propostas que aqui estão são retiradas, ou seja, as
os
Emendas n 107, 109 e 113.
Emenda nº 855, do Constituinte Luiz Gushiken, trata da
estatização do Sistema Financeiro Nacional, Considero-a
prejudicada.
O SR. CONSTITUINTE LUIZ GUSHIKEN: –
Perfeitamente. Sr. Presidente, e também a de nº 858.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – A
Emenda nº 858 também. A Emenda nº 77 á a última. É de
autoria do Constituinte José Carlos Vasconcelos. A Emenda nº
631 não foi apreciada, porque foi retirada. A última emenda que
temos é a do Constituinte José Carlos Vasconcelos. Tem o nº
77. Esta emenda não foi datilografada. Poderia V. Ex.ª ler o
texto da emenda, nobre Constituinte José Carlos Vasconcelos?
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Sr. Presidente, é uma emenda aditiva que
tem o seguinte teor:
"A aplicação dos financiamentos de investimentos
concedidos pelas instituições financeiras públicas da União,
de âmbito nacional, será distribuída pelas microrregiões
geográficas do País, obedecendo a critérios definidos pela
legislação que possibilitem a eliminação de desigualdades
regionais."
Sr. Presidente, esta emenda foi amplamente debatida,
mas com outra redação, que estabelecia parâmetros na
Subcomissão do Sistema Financeiro. Ouvi, naquela ocasião.
diversas intervenções inclusive de ilustres Constituintes, no
sentido de que seria difícil estabelecer, a nível de Constituição,
parâmetros para a aplicação de recursos e empréstimos,
mesmo no caso específico de investimentos, dada a
necessidade de uma adequação permanente à demanda de
crédito. Portanto, concordando com a argumentação de
diversos Constituintes, procurei estabelecer, a nível de
Constituição, um princípio permitindo que os parâmetros fossem
fixados a nível de legislação ordinária. E por que insisti nessa
definição de um princípio a nível de Constituição.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Peço a
V. Ex.ª que observe os três minutos.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Pois não. Embora V. Ex.ª não esteja
vendo o relógio a sua retaguarda, espero que o que está no
seu bolso seja condescendente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V. Ex.ª
já falou durante quatro minutos.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Sr. Presidente, termino, dizendo que o
Relator desta Comissão Temática, Constituinte José Serra,
no início do seu Relatório, chamou a atenção para a
necessidade de termos no texto Constitucional, até para
servir de orientação à legislação ordinária, alguns preceitos –
não é o caso da minha emenda. Disse também que inú-
130
meras matérias que são típicas da legislação ordinária – não
esses conceitos que quero introduzir na Constituição – foram
introduzidas no seu Substitutivo, com o intuito de servir de
orientação aos trabalhos posteriores. Portanto, espero que
haja um entendimento neste sentido por parte dos Srs.
Constituintes, pois fiz as modificações solicitadas pelos
membros da Subcomissão do Sistema Financeiro, para que
esses preceitos sejam estabelecidos de maneira clara na
Constituição.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Nobre
Constituinte José Carlos Vasconcelos, entendo que sua
emenda está prejudicada. Mas, como é a última – e quero
manter o espírito democrático – pergunto a V. Ex.ª se admite
uma consulta prévia, já que está prejudicada.
O SR. CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: – Sr.
Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem a
palavra o nobre Constituinte Airton Sandoval.
O SR. CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: – Sr.
Presidente, quero insistir, pois foi o próprio Constituinte José
Carlos Vasconcelos quem levantou a primeira questão de
ordem dizendo que matéria vencida não pode ser discutida e
votada, mesmo porque uma eventual modificação neste
sentido pelo plenário poderia mudar decisão anterior,
prejudicando outras já tomadas. Por isso, insisto em que V.
Ex.ª não coloque em votação matéria vencida nesta sessão.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Este é
o meu entendimento. Mas, como é a última emenda, queria
terminar de forma democrática.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Aceito a consulta proposta por V. Ex.ª.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Submeto a votação a consulta. Quem estiver de acordo com a
posição da Presidência permanecerá como está: quem estiver
de acordo com a proposição do Constituinte José Carlos
Vasconcelos levantará a mão. (Pausa.) Está prejudicada. V.
Ex.ª precisaria de 32 votos.
Srs. Constituintes, terminamos agora a votação do
Capítulo do Sistema Financeiro. Quero agradecer a V. Ex.ªs a
colaboração prestada durante este processo de votação. Foi
uma discussão ampla, aberta e democrática. Quero dizer
também a V. Ex.ªs que, enquanto outras comissões ainda
estão discutindo questões de ordem, enquanto, em muitas
outras não houve clima de cordialidade, prevalecendo a
agressividade e algumas situações que não gostaríamos de
ter, graças a V. Ex.ªs, tivemos aqui uma votação séria, em que
cada Constituinte defendeu o seu ponto de vista. Terminamos
o trabalho desta Comissão engrandecidos pela votação aqui
realizada. Agradeço a V. Ex.ªs a grande colaboração dada à
Presidência da Mesa.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO BEZERRA
COELHO: – Sr. Presidente, peço a palavra.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem a
palavra o Constituinte Fernando Bezerra Coelho.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO BEZERRA
COELHO: – Sr. Presidente, pedi a palavra para registrar o
enorme esforço, o belíssimo trabalho desenvolvido pelo
Constituinte José Serra. Como todos sabemos, o Sistema
Financeiro é um dispositivo inovador em termos de
Constituição brasileira. Por meio da participação de todos os
membros, a nível de Subcomissão e, agora, dos membros da
Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e Finanças,
creio que as propostas hoje aqui aprovadas, que irão
integrar o Substitutivo do Relator José Serra, propiciarão
131 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
enorme passo no sentido da modernização do Sistema
Financeiro Nacional, traduzindo as expectativas de toda a
sociedade de que a Constituição brasileira possa retratar
fielmente uma nova estrutura, que venha permitir a
concretização dos grandes sonhos da nossa população.
Portanto, registro, com alegria e júbilo, como
Constituinte e membro do PMDB, o belíssimo trabalho
desenvolvido pelo Constituinte José Serra, que, no seu
Substitutivo, incorpora os princípios e os ideários
programáticos do PMDB, partido majoritário na Assembléia
Nacional Constituinte.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte Jesus Tajra.
O SR. CONSTITUINTE JESUS TAJRA: – Sr.
Presidente, terminamos a primeira etapa. Ficam faltando
duas. Mas gostaria de realçar aspecto a que V. Ex.ª já se
referiu: o trabalho eficiente que estamos desenvolvendo
desde ontem. Aqui temos divergido e convergido, mas não
nos confrontamos. Isto reflete o espírito democrático que
tem predominado em nossos trabalhos, sob o comando de
V. Ex.ª. Não há como deixar de se ressaltar a dedicação de
todos aqueles que aqui se mantiveram para que este
trabalho pudesse desenvolver-se. Até há pouco tempo, eu
duvidava que conseguíssemos chegar à conclusão desses
trabalhos acham que iríamos entrar pela segunda-feira.
Não tenho mais dúvidas de que, com a sugestão do
Constituinte Affonso Camargo, todas as matérias se
agilizaram de maneira realmente bastante favorável. Quero
parabenizar a Mesa, o ilustre Presidente, o Constituinte
Mussa Demes, que se tem revelado um excelente
escrutinador, o nosso companheiro José Serra, que
realmente teve um trabalho extraordinário de conciliar, de
compatibilizar tantas idéias para chegar as conclusões,
enfim, todos os companheiros Constituintes, pelo
comportamento exemplar que tiveram, baseado no princípio
elevado de democracia. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao Constituinte Feres Nader.
O SR. CONSTITUINTE FERES NADER: – Sr.
Presidente, Srs. Constituintes, manifesto neste instante, o meu
maior orgulho e a minha maior satisfação em pertencer a esta
Comissão, que teve na Presidência uma pessoa do nível, do
conhecimento e da integridade moral do nobre colega
Francisco Dornelles; que teve como Relator o Constituinte
José Serra, que demonstrou ser extremamente preparado,
com espírito patriótico, oferecendo a todos nós um exemplo
maravilhoso de dedicação, ao apresentar um trabalho que
todo o País há de reconhecer como notável. Agradeço aos
companheiros, que tiveram uma conduta maravilhosa. Em
momento algum tumultuaram este trabalho maravilhoso, que
ficará registrado como um exemplo nesta Casa. Muito
obrigado.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ LUIZ MAIA: – Sr.
Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem V.
Ex.ª a palavra.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ LUIZ MAIA: – Sr.
Presidente, faço um apelo a V. Ex.ª e aos nobres
companheiros, no sentido de guardarmos os elogios para o
final desta sessão, pois temos dois capítulos extremamente
complicados para serem votados. Acredito que a Mesa pode
considerar-se elogiada, pela maneira democrática como se
houve.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Independente da proposição do Constituinte José Luiz Maia,
gostaria de ressaltar também o importante trabalho realizado
pelo Relator José Serra. Durante esses dias, dormiu
S. Ex.ª duas horas por noite, procurando sempre o
entendimento. Fez um trabalho que muito dignifica esta
Comissão. Agradeço aos Constituintes Walmor de Luca, Darcy
Deitos e Mussa Demes, que ajudaram à Mesa; à Maria Júlia
Rabello de Moura, à Maria Berenice Carvalho Castro Souza e
a todos os funcionários desta Comissão, que deram grande
apoio ao trabalho hoje realizado. (Palmas.)
Concedo a palavra ao Relator José Serra.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Sr. Presidente, antes que fale o Relator
José Serra, gostaria que V. Ex.ª me assegurasse sessenta
segundos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Pois
não, nobre Constituinte. Tem V. Ex.ª a palavra.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Sr. Presidente, neste instante, em que é
ressaltado o trabalho brilhante, a atuação exemplar, própria da
inteligência e do patriotismo do Constituinte José Serra e de V.
Ex.ª, registro, de maneira especial, o papel que
desempenharam, na elaboração dos trabalhos desta
Comissão, o Presidente e o Relator da Subcomissão do
Sistema Financeiro. (Palmas.) Na verdade, o Constituinte Cid
Sabóia de Carvalho soube comportar-se de maneira exemplar,
com uma dedicação marcante nos trabalhos da Subcomissão,
da mesma forma como o Relator, o Constituinte Fernando
Gasparian. Fizeram um trabalho pioneiro, já que nenhuma
Constituição brasileira resistiu a mais de dois artigos a respeito
do Sistema Financeiro, não porque tenham sido sintéticas,
mas porque não trataram deste assunto de maneira profunda
e moderna. Portanto, quero destacar esse trabalho. Acredito
que as teses principais do Relator Fernando Gasparian foram
asseguradas no Relatório, desde o primeiro Substitutivo,
ganhando força no segundo e na aprovação do projeto final
desta Comissão. Assim, no momento em que elogio V. Ex.ª e
o Relator José Serra, quero consignar também os
agradecimentos de todos os que fazem parte desta Comissão
temática aos Constituintes Cid Sabóia de Carvalho e Fernando
Gasparian.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Faço
minhas as palavras do Constituinte José Carlos Vasconcelos e
presto homenagem aos ilustres Constituintes Cid Sabóia de
Carvalho e Fernando Gasparian.
Com a palavra o Relator José Serra.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ SERRA: – Agradeço as
referências e repasso-as ao conjunto da Comissão e a
Subcomissão do Sistema Financeiro. Ressalto também um
aspecto: o do esforço físico que todos nós temos feito, no
desenvolvimento deste trabalho, que corresponde provavelmente
a um terço do que teremos de realizar nos próximos dias. Ainda
estamos a um terço do caminho. O segundo aspecto é que, pelo
menos no caso de três emendas aprovadas – não há nenhuma
obrigatoriedade nisto – gostaria de contar com a colaboração dos
Srs. Constituintes que fizeram a proposta, para que pudéssemos
– se fosse possível – compatibilizar com o texto, para que a
Comissão de Sistematização fosse algo mais integrado. Se isso
for possível, – não é obrigatório – acredito que seria bom, para
efeito dos trabalhos da nossa Comissão. Procurarei os Srs.
Constituintes que apresentaram as emendas, particularmente os
Constituintes Domingos Juvenil, Firmo de Castro e José Luiz de
Sá. Gostaria de fazer uma proposta, que já tem a ver com a
próxima fase dos nossos trabalhos. Há muitas emendas ao
Sistema Tributário, mas, de repente, os autores, depois de um dia
e meio de trabalho, consideram que não são mais necessárias e
vitais para serem mantidas. Seria mais fácil, talvez, fazer
supressão dessas emendas previamente, junto à Mesa – não
sei se isso seria viável – e não ao longo dos trabalhos, porque a
suspensão de uma emenda através da Mesa demora,
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
muitas vezes, de dois a quatro minutos. Às vezes é algo que
pode ser feito antes, no instante em que o proponente achar
que não há, mais necessidade de insistir nisto. Talvez ele
possa fazer previamente essa limpeza. Acredito que, com
essa atitude, economizaríamos tempo. Concretamente,
proponho que cada um revise suas emendas e providencie o
encaminhamento da suspensão, quando entender de desistir
ou quando achar que não vale mais a pena sustentar sua
emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao Constituinte Adhemar de Barros Filho.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Sr. Presidente, queremos consignar da mesma
forma o nosso aplauso à Mesa, a V. Ex.ª, ao ilustre Relator e a
todos os Constituintes. Cada um deu, à sua maneira, a
contribuição de que foi capaz. No entanto, proporia a V. Ex.ª
que déssemos continuidade aos trabalhos porque o que temos
à frente é maior do que o que foi vencido.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Por
favor, o nobre Constituinte poderia repetir? Eu não entendi.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Propus que déssemos continuidade aos nossos
trabalhos, deixando os elogios para o final, para que
pudéssemos concluir o que iniciamos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – De
acordo com o que me informa a Secretaria da Mesa, para
organizarmos a parte do Sistema Tributário precisaríamos de
duas horas. De modo que peço a V. Ex.as que concordem em
suspender esta sessão até às 16 horas.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Sr.
Presidente, peço a palavra pela ordem.
Já que existe essa demora para análise do Capítulo
referente ao Sistema Tributário peço a V. Ex.ª que submeta a
votação o Capítulo do Orçamento.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O
Capítulo do Orçamento está mais atrasado ainda.
Votaremos às 18 horas o Capítulo do Sistema
Tributário.
Está suspensa a sessão.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Srs.
Constituintes. vamos dar prosseguimento a reunião da missão
do Sistema Tributário, Orçamento e Finanças. Mais uma vez,
manifesto minha satisfação em ver aqui conosco o nosso
querido Governador Pedro Simon, para quem peço uma salva
de palmas. (Palmas.)
Srs. Constituintes, vamos dar início, agora, à discussão
do Capítulo do Sistema Tributário. Pediria a atenção dos Srs.
Constituintes para o encaminhamento que vou fazer. Se
aceito, acredito que vamos ganhar de seis a sete horas na
discussão. Gostaria de salientar que o capítulo tributário nada
mais é do que um contrato – um contrato entre a União, os
Estados e os Municípios – sobre repartição de receita.
Portanto, um contrato entre regiões mais e menos favorecidas,
sobre repartição de retrato entre a União, os estados e os
municípios – sobre princípios básicos de distribuição de
receita. Temos no Substitutivo do nobre Relator – pediria
atenção específica dos Srs. Constituintes – o art. 13, itens I, II,
III, IV e V: compete à União Impostos de Importação,
Exportação, Renda, IPI e IOF.
Refiro-me somente até o inciso V. Os parágrafos não
estão envolvidos.
Art. 15, itens I, II, III, IV e § 1º.
Art. 16, itens I, II e III.
132
Arts, 17, 18, 19 e 20, que tratam da partilha de receita.
Discutimos e conversamos durante todos esses dias
intensamente. Participaram dessas conversas os Constituintes
e todos os Governadores. Acredito que, em decorrência de
toda essa negociação, exista um consenso sobre esses
dispositivos. De modo que proporia, para que pudéssemos
ganhar tempo e não perdê-lo com apresentação de emendas
que não terão acolhida – no meu entender, e gostaria de
verificar – o que aprendi com o nobre constituinte Affonso
Camargo: apresentar um esquema mais racional de votação.
Pediria aos Srs. Constituintes que fizéssemos uma consulta.
Os Srs. Constituintes que estivessem de acordo com os
artigos que vou repetir mais uma vez – art. 13. itens I, II, III, IV
e V, sem os parágrafos; art. 15, itens I, II, III, IV e § 1º...
O SR0. CONSTITUINTE IRAJÁ RODRIGUES: – Sr.
Presidente, quem sabe poderíamos retirar o § 1º, para evitar
discussão.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Foi
solicitação do seu Governador. Houve um acordo geral neste
sentido. Repito:
Art. 15, itens I, II, III, IV e § 1º;
Art. 16, itens I, II e III;
Arts. 17, 18, 19 e 20.
Faria uma consulta informal. Os Srs. Constituintes que
estiverem de acordo com essa redação – vou até deixar bem
claro – se levantariam. Uma vez estabelecido que a maioria
absoluta os acata, todos se comprometeriam – dentro do
possível, pois não posso obrigar a todos – a retirar os
destaques sobre esses itens. Ainda a uma consulta informal.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Mesmo
a respeito da consulta informal, peço a palavra pela ordem Sr.
Presidente, na verdade não teria por que me insurgir com
relação ao encaminhamento em bloco da votação. Entretanto,
parece-me absolutamente sem sentido que se peça uma
manifestação do Plenário da Comissão acerca dos itens e de
sua possível aprovação, sem que este Plenário tenha
conhecimento do teor das emendas que são apresentadas em
substituição aos dispositivos que deverão ser aprovados em
bloco. Parece-me um contra-senso querer, por exemplo, que
se aprove, por manifestação conjunta, o § 1º do art. 15, sem
que saibamos qual o teor das emendas que existem acerca
desse parágrafo, porque vamos prejudicar o que não
conhecemos. Na verdade, acho que caberia uma qualificação
a
na proposta inteligente de V. Ex. Seria dizer: com relação ao
itens ou artigos tais, iguais. etc. Quem tem emenda que
considere de interesse para o Plenário tomar conhecimento,
para que possa julgar, com todo conhecimento de causa, as
alternativas que são propostas, apresentaria destaques.
Mesmo que estejamos apressando a votação, contando com a
boa vontade da maioria não podemos cercear a iniciativa do
Constituinte de apresentar as suas emendas.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concede a palavra ao Constituinte João Castelo.
O SR. CONSTITUINTE JOÃO CASTELO: – Sr.
Presidente, compreendo a preocupação do nobre colega, mas
tenho a impressão de que, se a sugestão por V. Ex.ª for
levada em consideração, ou seja, se cada Constituinte que
apresenta emenda, entendendo que concorda com a relação
dada. pelo Relator, retirar a sua emenda, elas deixarão de
existir. Não se precisaria tomar conhecimento do seu teor para
discuti-las ou não. A solução seria cada autor desistir da sua
emenda. Não precisaríamos aprová-las. Ninguém seria
cerceado. Esta é a colocação que desejava fazer.
133 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao Constituinte Divaldo Suruagy.
O SR. CONSTITUINTE DIVALDO SURUAGY: – Sr.
Presidente ,a impressão que me domina é a de que a
proposta do Constituinte Firmo de Castro vem ao encontro da
sugestão oferecida pelo Presidente Francisco Dornelles.
Formulada a consulta e caracterizada a maioria deste
colegiado, com a aprovação em bloco desses artigos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não
seria aprovação em bloco. Mostraríamos que existe uma
concordância do Plenário.
O SR. CONSTITUINTE DIVALDO SURUAGY: –
Exatamente. Aprovada a consulta pela maioria do colegiado,
cada Constituinte retira ou não a sua emenda. Estou de
acordo com a proposta, do Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao Constituinte Darcy Deitos.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, inicialmente, quero dizer que a proposta de V.
Ex.a é inteligente. De início já seria descartada a possibilidade
da apreciação digamos, de mais de uma centena de
destaques.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – De três
centenas.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Para
facilitar essa apreciação, talvez fosse melhor que V. Ex.a não
incluísse o art. 20. Quanto ao art. 13, item I a V; art. 15, I a
IV, § 1º; arts. 16, 17, 18 e 19, concordaria plenamente.
Agora, quanto ao art. 20, V. Ex.ª há de concordar em que há
um ponto fundamental sobre o qual a União vai entregar.
Acho que a briga que se levantou durante todos esses anos
foi exatamente pela descentralização dos recursos da União.
Esse artigo mereceria a apreciação de alguns destaques, até
para ver se conseguiríamos reverter à posição dos
percentuais que já estão praticamente formalizados. Eu não
abriria mão de tentar ampliar a participação dos municípios
nesse bolo que vai ficar nas mãos da União.
Quanto ao art. 19, concordo plenamente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao Constituinte José Carlos Vasconcelos.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Sr. Presidente, é sábia a decisão de V.
a
Ex. , mas veja que tecnicamente o que se está pedindo é
preferência para votação dos arts. 13, 15 e 16.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Esclareço a V. Ex.ª que, se eu desse preferência para
votação desses artigos, teríamos que apreciar
aproximadamente duzentas ou trezentas emendas. No
momento, o que se discute é uma proposta que eu diria mais
sofisticada, inspirada na proposta do Constituinte Affonso
Camargo. Se a maioria absoluta concordar, seriam retirados
destaques e emendas apresentadas a esses artigos. Se dois
ou três Constituintes não concordassem e quisessem manter
a sua proposta, mesmo verificando que não seria acatada
pelo Plenário, não haveria inconveniente algum. É assim que
penso.
Concedo a palavra ao Constituinte Irajá Rodrigues.
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ RODRIGUES: – Sr.
Presidente, quando pedi a V. Ex.ª que não incluísse o § 1º
do art. 15, é porque entendo que seria uma escrescência a
idéia de se criar um Imposto de Renda adicional para os
Estados, além do que já morde o "Leão". Entendo que a
sociedade brasileira, que se tem manifestado de maneira
muito clara a respeito da norma como incide o Imposto de
Renda no Brasil, especialmente sobre salários, não permitirá
de maneira alguma que um Governador crie no seu
Estado um adicional estadual de Imposto de Renda. Choca-se
um pouco o fato de V. Ex.a dizer que isto foi incluído a pedido
do meu Governador. Tenho um mandato que me foi dado pelo
povo. (Palmas.). Tenho os melhores vínculos com o meu
Governador, mas da Assembléia Nacional Constituinte decido
eu e defendo os interesses do povo contra quem quer que
seja. (Palmas.). De forma alguma o Governador do Rio
Grande do Sul vai ter a coragem de encaminhar para a
Assembléia Legislativa a criação do Imposto de Renda
adicional para o Estado. Insisto na votação integral desse
projeto.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Esclareço ao Constituinte Irajá Rodrigues que, quando se dá
esse poder ao Estado, em lei se poderia dizer que esse
imposto incidirá somente sobre ganhos de capital, sobre
remessas para o exterior e sobre lucros de instituições
financeiras. Não existe a obrigatoriedade de a lei estadual
estabelecer que vai incidir sobre salários. Quanto à idéia de
que esse adicional possa atingir salários, estou de pleno
acordo com V. Ex.ª. Acredito que nenhum Governador, por lei
estadual, faria com que esse adicional incidisse sobre salários.
Entendo que todos eles falariam sobre ganhos de capital,
sobre lucros de instituições financeiras e sobre remessas para
o exterior, que realmente representam fatos econômicos que
poderiam gerar arrecadação.
Este é o meu entendimento, mas quero pedir a V. Ex.ª
desculpas por qualquer palavra mal interpretada. Não acredito,
também, que algum Governador crie através de lei, um
adicional sobre salários.
Concedo a palavra ao Constituinte César Maia.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Embora exista
um conjunto de emendas que modificam substancialmente o
projeto, estou de acordo com a fórmula proposta por V. Ex.ª,
desde que tenhamos oportunidade de encaminhar previamente
ao teste de maioria as nossas opiniões, de forma globalizada,
de maneira que os Constituintes presentes possam pronunciar-
se tendo conhecimento, pelo menos em geral, do que estamos
propondo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao Constituinte Walmor de Luca.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Sr.
Presidente, peço um esclarecimento à Mesa. Recebi o
espelho de uma série de emendas aos arts. 13, 19 e 20.
Coincidentemente, tenho três emendas que dizem respeito a
esses artigos. Pergunto a V. Ex.ª: concordar com a proposta
de V. Ex.ª que me parece muito oportuna, significa dizer que
essas emendas para as quais pedi destaque, mas que não
aparecem no espelho...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – porque
talvez não esteja completo o seu espelho.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: –
ficariam prejudicadas? Desde que não ficassem prejudicadas.
podemos chamá-las de emendas aditivas? Explico a V. Ex.ª:
parece-me que a grande maioria das emendas são
substantivas, que alteram a divisão do bolo. Correto?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Exatamente.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Uma
emenda aditiva que cria outro tributo, por exemplo, não ficaria
prejudicada?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Faríamos essa verificação. A Presidência permitiria que
aqueles Constituintes que, por acaso, não entendessem que
esta consulta foi uma manifestação, fizessem a apresentação
e a defesa de suas respectivas emendas.
Com a palavra o Sr. Constituinte Virgilio Guimarães.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. CONSTITUINTE VIRGÍLIO GUIMARÃES: – Sr.
Presidente, creio que, apesar de essa proposta não poder ser
observada do ponto de vista estritamente formal, do ponto de
vista do desenvolvimento dos nossos trabalhos, ela é correta:
permitiria maior agilidade, preservando o direito de quem
desejasse apresentar, apesar de tudo, o seu destaque, sem
ferir o Regimento.
Então, o que eu queria dizer vem exatamente ao
encontro do que disse o Constituinte César Maia.
Quero acrescentar uma questão. No que diz respeito a
uma apresentação global, nós, do PT, apresentamos alguns
destaques, todos no mesmo sentido, por acreditar que o
Sistema Tributário proposto continua regressivo e
conservador: mas, além de apresentar essa idéia, gostaria de
estudar a possibilidade de fazer uma consulta prévia a esse
respeito. Não se trataria de uma votação, mas gostaríamos de
saber se o tipo de proposta que trouxemos como emenda – e
agora como destaque – contaria com alguma adesão,
digamos, mais substancial do que aquela com que contou na
Subcomissão de Tributos. Caso isso fosse permitido, e
conforme o resultado da consulta, não a apresentaríamos
como destaque, porque tomaria muito tempo, e acataríamos a
proposta, desde que nos fosse garantida essa possibilidade.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concede a palavra ao Constituinte Cid Sabóia de Carvalho.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO:
– Sr. Presidente, é preciso dizer que a proposta de V. Ex.ª não
fere o direito de quem quer que seja. Ninguém é obrigado a
concordar. Apenas vai-se obter um balizamento, a posição
prévia do plenário. Os Constituintes que acharem que essa
informação é suficiente, retirem as suas emendas; os que
assim não acharem, não a retiram. Não há prejuízo algum de
ordem regimental, democrática, nem a proposta atenta contra
os bons costumes da Casa.
Por outro lado, Sr. Presidente, seria interessante
verificar não apenas esses artigos que V. Ex.ª indicou, mas
todos aqueles que no anteprojeto, são de compreensão
Pacífica. Há muitas matérias pacíficas que já poderiam ser
objeto dessa manifestação. Proponho que o informe inicial
desejado por V. Ex.ª seja de logo aplicado, já que não
prejudica absolutamente a quem quer que seja.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Em
respeito ao Constituinte Cid Sabóia de Carvalho, devo dizer
que a razão de havermos escolhido esses artigos foi a de
serem os que concentram grande número de emendas. Em
relação aos outros, adotaríamos, Caso a caso, a solução
proposta pelo Constituinte Alfonso Camargo, solicitada pelo
Constituinte Virgilio Guimarães. A manifestação prévia apenas
vai indicar qual é a posição do Plenário, o que não impede que
cada um defenda e apresente a sua emenda.
Concedo a palavra ao Constituinte Benito Gama.
O SR. CONSTITUINTE BENITO GAMA: – Sr.
Presidente, a feliz idéia de V. Ex.ª coincide com a dos
Constituintes Cid Sabóia de Carvalho, César Maia, Virgilio
Guimarães, Darcy Deitos e Irajá Rodrigues. Então, diante do
consenso e da convergência...
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Constituinte Benito Gama, não há consenso.
O SR. CONSTITUINTE BENITO GAMA: – diante da
maioria das opiniões...
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Maioria que não conheço. Ainda não se manifestou.
O SR. CONSTITUINTE BENITO GAMA: – Na
consulta que o Presidente irá fazer agora, todos vão ter
134
conhecimento se vamos aprová-las ou não, quando colocadas
em votação. Então, há um consenso quanto a sugestão do
Presidente. O problema de se colocar a emenda dos
Constituintes César Maia. e Firmo de Castro, depois pedir o
destaque e ir a votos, não fere o direito de emenda. Eu sugeri
ao Sr. Presidente que fizesse a consulta e depois também as
consultas de cada destaque ou até a votação em si. E o
Presidente formalizaria neste momento.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concede a palavra ao Sr. Constituinte Adhemar de Barros
Filho.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Sou autor dos destaques para uma série de
emendas que não são minhas, mas de companheiros do meu
partido. Sem prejuízo da colocação que fez o Constituinte
César Maia, entendo, que aqueles que quiserem – e esse é
um processo inteiramente voluntário – retirar as suas
emendas, porque acolhem o acordo proposto por V. Ex.ª
deverão fazê-lo; a eles não faria restrição alguma. Todavia, eu
não retirarei qualquer das emendas que apresentei, mesmo
porque estou na condição de representante de outros
companheiros de partido, que ofereceram uma série de
emendas que eu gostaria que fossem submetidas a veto uma
a uma, mesmo que isso tome um pouco do nosso tempo e do
tempo de V. Ex.ª.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
fazer a consulta prévia. Aqueles que estiverem de acordo eu
pediria que levantassem...
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Pela ordem,
Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – É
apenas uma consulta prévia.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Há uma
questão colocada pelo Constituinte Firmo de Castro e por
mim. Para que essa consulta seja legitima, os Constituintes
precisam saber sobre o que estão sendo consultados.
Quantos Constituintes sabem que vou propor a criação do
Imposto sobre Ativo Permanente Líquido das empresas? Dois.
Então, o plenário não pode estar-se manifestando a respeito.
Quero contribuir com os trabalhos, retirando minhas emendas,
se, depois de eu justificá-las, o plenário decidir, por grande
maioria, que não devem ficar. Quero contribuir com o plenário.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Constituinte César Maia, nada impediria que V. Ex.ª a
apresentasse. Com essa posição, V. Ex.ª poderia apresentar e
defender a sua emenda. Apenas se teria uma idéia da posição
do plenário em relação a ela. O que significa que aqueles que
quisessem retirar suas emendas poderiam fazê-lo.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Sr.
Presidente, pela, ordem. Acredito que quem estiver disposto a
retirar as suas emendas poderá fazê-lo, sem absolutamente
enveredarmos por esse caminho. Acredito também que a
consulta para aceleração dos trabalhos pode e deve ser feita.
Entretanto, creio que ela só poderá ser feita, para não criar
constrangimento a quem tem emenda a apresentar. depois
que se de oportunidade aqueles que tenham emenda e que
julgam devam ser apresentadas no plenário, de fazerem uma
exposição sucinta, como sugere o Constituinte César Maia,
para que o plenário tenha uma idéia e possa então julgar com
conhecimento de causa se deve ser mantido o que está no
anteprojeto do Relator ou se deve ser melhor explicitada e
encaminhada a proposição. Acho que cria constrangimento
para qualquer constituinte que apresentou emenda, o fato
de apresentá-la depois de haver manifestação do plenário
135 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
favorável à aprovação em bloco de matéria que está sendo
emendada e cujas emendas ainda não conhece.
Entendo que tem de ser feita uma inversão. Primeiro,
com relação a esses itens que V. Ex.ª seleciona, quem tem
emenda que julga importante levar ao conhecimento do
plenário, que o faça. Após isso, o plenário se manifestará
pela aprovação do relatório ou a favor da emenda. Se não,
cria-se um constrangimento. Como posso sentir-me à
vontade para encaminhar uma emenda acerca de um artigo
ou de um dispositivo contra o qual o plenário já se
manifestou?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Eu
gostaria de dizer, só para entender a posição do Constituinte
Firmo de Castro, que ainda estamos procurando uma
metodologia para reduzir o prazo de votação. Não significa
compromisso de votação. Ainda que todos se levantassem e
dissessem que concordam com esse texto, eu não teria
condições regimentais de impedir que um Constituinte
quisesse defender sua emenda. Apenas seria uma consulta
para verificar a posição do plenário.
Mas, pelo que estou entendendo – não sei se isso iria
colaborar para antecipar e reduzir o prazo – sem qualquer
compromisso de votação. V. Ex.ª gostaria de falar sobre a
sua idéia antes da consulta prévia.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Sr.
Presidente, entendendo melhor o que V. Ex.ª propõe, eu
apresentaria, então, a seguinte proposta: V. Ex.ª submeteria a
idéia de encaminhar votação em bloco após o plenário ouvir o
teor das emendas, que seriam sustentadas pelos seus autores.
Tenho a impressão de que a intenção de V. Ex.ª é a de
consultar o plenário, para saber se ele concorda com esse tipo
de procedimento, porque seria absolutamente anti-regimental
indagar ao plenário se está de acordo com itens que foram
destacados, antes que seja discutido cada destaque.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O
meu objetivo é o de antecipar a votação, dando a cada um
plena liberdade. Não quero tirar o direito de ninguém
defender a sua posição. Agora, eu não poderia adotar uma
metodologia que, em vez de antecipar, retarde os trabalhos.
Entendo, então, que V. Ex.ª está propondo que cada
Constituinte defenda em três minutos algumas modificações.
Mas, para verificar se essa posição iria antecipar ou retardar
os trabalhos, gostaria – pois, do contrário, teríamos de
abandonar a idéia – de saber quantos Constituintes
acolheriam essa sugestão.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Sr.
Presidente, gostaria de dar uma idéia. Pelos dispositivos que
V. Ex.ª alinhou, eu manteria...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Pediria a V. Ex.ª que aguardasse um pouco, pois antes eu
iria expor a minha idéia.
Quantos Constituintes gostariam de usar a palavra
durante três minutos, antes de eu fazer a consulta prévia,
sobre esses assuntos pertinentes.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Com
relação a todos os itens anunciados como prioritários, eu
manteria dentro das emendas que apresentei, apenas duas,
mas certamente eu requeriria o meu direito de expor ao
plenário o teor dessas emendas, antes que ele se
manifestasse a este respeito.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Eu
gostaria de saber quantos Constituintes têm essa mesma
posição, ípara verificar se realmente minha metodologia
funciona.
Estão aqui os Constituintes José Carlos Vasconcelos,
César Maia, Irajá Rodrigues, Jessé Freire, Virgílio Gui-
marães, Firmo de Castro, Darcy Deitos. Perguntaria, então,
se poderemos adotar a seguinte metodologia: cada um
desses Constituintes falaria durante os três minutos de
praxe.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO BEZERRA
COELHO: – Sr. Presidente, cada um dos Constituintes
deve ter mais de uma emenda a fazer. Poderia V. Ex.ª
estender o tempo para cinco minutos?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Sim,
eu daria então a cada um cinco minutos. Gostaria de
confirmar os nomes referidos anteriormente. Queria
mostrar a V. Ex.ª que a minha intenção é a de ganhar
prazo. Concedo a palavra ao nobre Constituinte Mussa
Demes, pela ordem.
O SR. CONSTITUINTE MUSSA DEMES: –
Permitido, naturalmente, o contraditório, não é isso?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem
de haver o contraditório.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Pela ordem, Sr. Presidente, não cabe aqui o contraditório,
porque essa não é a fase de votação.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Gostaria de deixar bem claro que minha intenção é
somente a de facilitar a votarão.
Concedo a palavra ao nobre Constituinte José Maria
Eymael.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Sr. Presidente, apenas para esclarecer. A colocação feita
por alguns Constituintes, inclusive pelo Deputado César
Maia. é no sentido de que seja feito um pequeno resumo
das teses que irão apresentar posteriormente, a nível de
discussão de emenda. É apenas para informar aos Srs.
Constituintes. Não cabe agora a discussão.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Exatamente. É assim que esta Presidência também
entende e gostaria de deixar claro. Perguntaria aos ilustres
Constituintes César Maia e Firmo de Castro se, depois de
fazerem a exposição e sentirem que o plenário mantém a
mesma posição em relação ao Substitutivo, S. Ex.ªs
concordariam em não apresentar suas emendas,
Constituinte César Maia?
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Retiro as
emendas.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Constituinte Firmo de Castro?
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO –
Retiro as emendas.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Constituinte José Carlos Vasconcelos?
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Não estou entendendo bem a
proposta de V. Ex.ª, pois vão ser apresentadas diversas
emendas. Então o plenário dá a sua concordância, de fato,
para a preferência da votação desses três artigos que V.
Ex.ª destaca. O plenário não tem como manifestar se
aceita um destaque da minha autoria ou da autoria do
Constituinte César Maia ou de qualquer outro Deputado.
Essa é a questão.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O
que eu desejava, e houve a concordância dos Constituintes
César Maia e Firmo de Castro neste sentido, seria apenas
uma consulta sobre os dispositivos do Substitutivo do
Relator. Cada um dos seis Constituintes faria a defesa pelo
prazo de cinco minutos. Se, posteriormente, a defesa de
cada um, o plenário ainda se manifestasse a favor dos
dispositivos do Relator, todos se comprometeriam...
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Emenda por emenda...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Um
momento, nobre Constituinte.
Constituinte César Maia, V. Ex.ª concordaria, se
houvesse manifestação, em retirar as suas emendas?
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Claro.
Retiro minhas emendas.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Constituinte Firmo de Castro?
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: –
Perfeitamente, Sr. Presidente. Na medida em que haja
uma clara manifestação do plenário de que as minhas
idéias propostas nas emendas não devem ser acolhidas,
sinto-me na obrigação de retirar os pedidos de
destaque.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Constituinte Jessé Freire?
O SR. CONSTITUINTE JESSÉ FREIRE: –
Perfeitamente, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Constituinte Virgílio Guimarães?
O SR. CONSTITUINTE VIRGÍLIO GUIMARÃES: –
Desde que registrado em ata, retiro.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Constituinte Darcy Deitos?
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Retiro,
Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Constituinte Irajá Rodrigues?
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ RODRIGUES: –
Retiro, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Constituinte José Carlos Vasconcelos?
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Retiro.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Constituinte Domingos Juvenil?
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: –
Retiro, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Darei, então, a palavra, por ordem, ao Constituinte César
Maia, por cinco minutos.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Sr.
Presidente, Srs. Constituintes, inicialmente desejo
reconhecer que o Relator expressa as forças compostas
nesta Comissão. No entanto, Sr. Presidente, preocupa-nos
a regressividade do Sistema proposto no Substitutivo;
preocupa-nos que nenhum imposto direto substancial
tenha sido criado; preocupa-nos que se tenha alargado a
base dos impostos indiretos.
Em nossa proposta, iríamos incluir, como impostos
da União os seguintes: Imposto sobre o Patrimônio
Líquido das Pessoas Físicas e o Imposto sobre o Ativo
Permanente Liquido das Pessoas Jurídicas. Na atribuição
dos Estados, iríamos substituir o ICM, que é inaplicável na
venda de veículos usados, pelo Imposto de Transmissão
de Veículos Usados, que tem larga base de arrecadação.
No caso dos municípios, iríamos excluir o Imposto sobre
Vendas a Varejo, por entender que se trata de um imposto
regressivo sob quatro pontos de vista: por ser indireto; por
ser um imposto cascata; porque microempresas municipais
passariam a pagar imposto semelhante ao ICM; e porque
136
atribui a fiscalização ao município, o que, pela qualidade fiscal e
pela base de remuneração dos fiscais, induziria um processo
de corrupção.
Melhor teria sido propor, nesta Comissão, um adicional
sobre o ICM, sobre vendas a varejo, alocado na conta do
município diretamente. Em substituição ao Imposto sobre
Vendas a Varejo, teríamos um imposto que é comumente
aplicado na Europa, na Suécia e na Alemanha com grande
sucesso, que é o imposto sobre a Exteriorização de Riqueza. É
o imposto ao uso, ao consumo e propriedade de bens
suntuários, que, em geral, é cobrado na fonte ou como um
adicional sobre o IPTU.
Achamos que na forma proposta, mantemos a mesma
base de tributação, tornamos essa base mais regressiva e
verificamos que, nesta Comissão, infelizmente, o cidadão, o
contribuinte não está presente. O que se vê aqui é uma
tentativa de resolver uma crise fiscal pelo lado da Receita, o
que vai tornar a estrutura tributária muito pior do que a atual.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem a
palavra o Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Apesar do
enorme respeito que tenho pelo Constituinte e economista
César Maia, eu me permitiria divergis da apreciação global
que S. Ex.ª fez do projeto.
Acho uma apreciação responsável, mas com ela não
estou de acordo. V. Ex.ª centra seus argumentos na questão da
regressividade. Vou falar algo a esse respeito. Em primeiro
lugar, temos aqui instituído, de maneira clara, o Imposto sobre
Herança, imposto de porte claramente progressivo – esta é
uma questão importante – que nunca, inclusive no passado,
pôde ser implementado, em virtude de resistências que havia,
precisamente pelas suas características.
Em segundo lugar, o adicional sobre o Imposto de
Renda não é um imposto com características de
regressividade. Estamos pegando um imposto direto, que terá
de ser legislado pelos Estados e que, na minha concepção,
deverá gravar ganhos de capital, de mercado financeiro e
outros ganhos assemelhados, mas de forma nenhuma, da
grande massa dos assalariados. Trata-se de um imposto
progressivo, para quem tem preocupação com os impostos
progressivos. É um adicional progressivo que se entrega aos
Estados. Se as legislações estaduais forem perversas, é
porque os Governos estaduais e as Assembléias o serão. E aí
não podemos forçar as mudanças das características políticas
que se dão no Brasil. Na minha intenção e na dos membros da
Comissão que apoiaram essa sugestão, é esta a idéia que está
por trás da proposta.
Outro aspecto mais amplo é o da regressividade no
Brasil: trata-se de um problema grave, e tenho enfatizado
sempre que sua solução depende, no caso do Imposto de
Renda, em grande medida, de legislação complementar e
ordinária. Defendo a abrangência maior do Imposto de Renda,
como jogar todos os rendimentos na escala progressiva e com
uma diferenciação de alíquotas mais clara, para tirar de cima da
grande massa de assalariados, como ocorre hoje.
Quando o Constituinte Francisco Dornelles era
Secretário da Receita, em 1979, apresentou uma estatística
que mostrava que, das trinta mil pessoas de maior rendimento,
a fração de impostos paga equivalia a não mais do que 3% dos
seus rendimentos – o que é um dado escandaloso a respeito
da regressividade. Todas as medidas a serem tomadas
nesse aspecto envolvem portanto, legislação ordinária e
complementar.
137 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
Compartilho do ponto de vista de economistas como
Fernando Rezende e vários outros a respeito da importância
de se fazer essa mudança. O problema é que não temos
como fazê-la a nível de Constituição. Os tributaristas que nos
assessoraram são testemunhas do nosso empenho em
procurar a saída pelo lado constitucional, mas viraríamos
objeto de curiosidade mundial se fixássemos na Constituição
alíquotas de impostos muito detalhadas, sistemáticas de
cobrança, de abrangência etc.
O outro aspecto que, digamos, invalida o raciocínio
sobre a regressividade é o fato de que temos a possibilidade,
agora, de alíquotas diferenciadas do ICM, Constituinte César
Maia. Essa diferenciação, que tem de ser estadual por causa
da heterogeneidade do País – num Estado se poderá fazer
isso e noutro aquilo – permitirá quebrar um dos aspectos mais
perversos desse imposto, que hoje grava uniformemente
todos os produtos, inclusive os de primeira necessidade.
Então, estamos quebrando essa rigidez. Esse aspecto é
fundamental e merece ser ressaltado.
Quanto ao Imposto sobre Vendas a Varejo, não é um
imposto em cascata; não se propaga para outras mercadorias.
Procuramos fixar sua alíquota em um nível baixo, já
estabelecido pela Constituição, da ordem de 2%.
Estamos, por outro lado, propondo supressão do
Finsocial, imposto que varia segundo as atividades,
atualmente fixado em 0,5% do faturamento bruto das
empresas, mas que é um imposto em cascata. Para que se
tenha idéia do peso desse tributo, basta dizer que, se nós
extinguíssemos o Finsocial e o substituíssemos por alíquotas
de ICM, essa alíquota teria de ser entre 10 e 12% – para se
ver a força que tem um imposto em cascata.
Particularmente com relação ao Imposto sobre o
Patrimônio Líquido das Pessoas Físicas nesta Comissão não
se encontrou consenso para a sua colocação, embora haja
outros impostos de significativa progressividade ou para
permitir a seletividade. Este é o dado da realidade, embora eu
deva dizer até que é um imposto – e vários colegas aqui
presentes sabem – que eu entendo que poderia ser criado.
Mas não obtivemos consenso. Há muitas dúvidas a respeito
da eficácia na maneira de cobrá-lo. Porém, trata-se de
assunto que vai ser desdobrado posteriormente, inclusive em
outras Comissões, pelo que tenho entendido.
Há ainda a questão da competência residual que é
aberta para Estados, para a eventual criação de impostos de
natureza progressiva. Nesse caso, o Imposto sobre o
Patrimônio Líquido não está vedado pela Constituição, pela
abertura da brecha da competência residual. Não estamos
fechando o caminho para o futuro.
Anotei rapidamente – porque não li as propostas do
Constituinte César Maia – mas acho que fiz aqui os
comentários básicos ao que disse V. Ex.ª. Realmente, não
estou de acordo, com todo o respeito que tenho pelo nobre
Constituinte e grande economista, com essa apreciação a
respeito do projeto; e aqui apresentei os elementos para
embasar essa minha idéia.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem a
palavra o Constituinte Firmo de Castro.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Sr.
Presidente, Srs. Constituintes, na verdade, com relação aos
itens que seriam aprovados em globo, temas três emendas
que se somam praticamente numa só, de fácil
aproveitamento, porque julgo, contribuiria em muito para o
aperfeiçoamento do Sistema Tributário proposto no Relatório
do Constituinte José Serra. Passo a dar uma rápida idéia do
teor dessas emendas.
O Relatório estabelece, em dispositivo específico, a
manutenção a nível de Constituição, das imunidades fiscais
relativas às exportações de produtos industrializados, o que,
de pronto, me parece uma tremenda imperfeição. Isto porque
sabemos todos que imunidade ou isenção fiscal dessa
natureza é objeto de política econômica, que varia no tempo e
no espaço. Não se teria por que, então, imaginar que uma
Constituição, feita para um tempo indeterminado, viesse a
guardar especificamente essa imunidade. A partir dessa
imunidade, que como se sabe, é prejudicial aos estados e
municípios, porque perdem ICM e receita, se procura, numa
forma de compensação esdrúxula, que afeta o Sistema
Tributário proposto, uma fórmula de se ressarcir estados e
municípios, instituindo primeiro o adicional sobre o Imposto de
Renda de 5% a nível de Estado.
E não é preciso ser nenhum grande tributarista ou
economista para, de pronto, enxergar que vai ser uma
concorrência de competência entre Estado e Município e entre
Estado e União, para a cobrança de um mesmo imposto. Na
verdade, o potencial contributivo que existe em termos de
Imposto de Renda, mesmo com fins de progressividade, deve
ser explorado pela União. Não há por que o Estado concorrer
supletivamente.
Do mesmo modo, procura-se uma compensação,
através da destinação de 10% do IPI, como forma de
ressarcimento aos estados exportadores. Ora, não tem o
menor sentido, no momento em que se planeja um sistema
tributário novo, racional, comedido como o que está proposto –
e muito bem – no Relatório, que de início, também já se
comece a desvirtuar esse sistema, destinando 10% de um
imposto federal para o Estado. Tudo isso para resolver
problema conjuntural, na perspectiva de uma Constituição,
que é o de dar recursos para os estados e municípios que são
prejudicados pelas exportações de produtos industrializados.
A conjugação desses três problemas levou-me a propor
uma emenda e duas supressões que me parecem muito
simples e resolvem o problema com grande vantagem para os
estados e municípios brasileiros, qual seja não se permitir a
inclusão, na Constituição, das imunidades propostas, no caso,
para a exportação de produtos industrializados, o que é uma
aberração. De princípio, esta medida já faria com que os
estados e municípios, que hoje são prejudicados com a queda
da arrecadação do ICM, tivessem suas receitas recompostas.
Caberia a pergunta – e, conseqüentemente, não teria sentido
manter o adicional sobre o Imposto de Renda, muito menos a
destinação de 10% do IPI para esta finalidade – e a União,
como ficaria?
A emenda proposta, que passo a ler, é auto-explicativa:
suprimiríamos a alínea a, item II, do § 9º do art. 15 a alínea e,
item I do § 11 do art. 15, que são aquelas que estabelecem as
imunidades. Em conseqüência, teríamos:
"A União não concederá isenção total ou parcial de
imposto estadual ou municipal, sem a correspondente
indenização financeira aos estados ou municípios, na forma
da lei complementar."
Nada melhor do que a lei complementar garantir a
aplicação da política econômica, e não a Constituição.
Garantindo o ressarcimento das finanças dos estados e
municípios – e olhe lá, porque na forma como está prevista
a compensação os municípios não ganham, mas deste
modo ganhariam – seria suprimido o § 1º do art. 15 e o item
II do art. 20 do Substitutivo do Relator. Ou seja,
acabaríamos com o Fundo de Ressarcimento de
Reexportações e com este adicional do Imposto de Renda.
Em princípio, são três emendas que tocam três pontos, sem
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
prejuízo do sistema global muito bem proposto. Agora,
particularmente mencionaria – não sei se estariam nos itens
em globo – o art. 12 e o § 3º do art. 13.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não
estão...
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Em
síntese, essas são as nossas idéias no sentido de se
aperfeiçoar o sistema. Seria um grande avanço sem prejuízo
para quem quer que seja, matematicamente falando, e em
nome do aperfeiçoamento do Sistema Tributário Nacional que
estamos criando e aperfeiçoando para o futuro, não para
resolver problemas conjunturais.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Agradeço ao nobre
Constituinte Firmo de Castro, cujas idéias conheço. Desde já,
quero pedi desculpas aos Constituintes aos quais darei
respostas, porque não tenho em mãos os textos das
emendas, sendo obrigado a me basear nas exposições orais.
Em primeiro lugar, queria esclarecer que, pelo texto, a
União não poderá conceder nenhuma isenção do imposto
municipal ou estadual por sua conta. Este é um dado
fundamental, que muda uma tradição que, no Brasil, vem de
há muitos anos. Só fixamos a imunidade no caso das
exportações industriais. Por quê? Porque somos uma
Federação. Se isso não for feito, o País não terá uma política
unificada de exportações. Por mais Federação que sejamos,
precisamos ter uma política nacional de exportações. Se
tirarmos a imunidade dos produtos industrializados esta ficará
a critério de cada Estado, porque nem a lei complementar
poderá impor restrições aos estados. Se a Constituição não
fixar esta possibilidade, necessitaremos de acordos com os
diferentes estados, para se conceder essa isenção do Imposto
sobre o Valor Adicionado das Exportações, o que todos os
países fazem. Isto é fundamental para o desenvolvimento do
nosso comércio exterior. Entendo que é uma conquista.
Pessoalmente, acho importante isentar as exportações
industriais desse imposto, para se poder concorrer mais
adequadamente no mercado internacional. Todos os outros
países o fazem. Por outro lado, a União tem de fazer o
ressarcimento do imposto que não é cobrado que equivaleria,
hoje, a nada mais nada menos do que dois bilhões de dólares
aproximadamente, uma fortuna, do ponto de vista dos próprios
recursos da União.
Agora, quando mencionamos a questão do IPI, o
Constituinte Firmo de Castro se pergunta: E a União, como
ficaria? No caso do IPI, o volume é bastante menor.
Quanto ao outro aspecto que o constituinte menciona,
estou de acordo do ponto de vista conceitual. V. Ex.ª diz que
temos de fazer uma Constituição que não fique amarrada no
tempo e no espaço. Eu até estou de acordo com isso, mas
essa orientação não tem sido levada ao extremo nos nossos
trabalhos. Aqui estamos estabelecendo alíquotas dos Fundos
de Participação, critérios dos Fundos de Participação, coisa
que também, ao longo do tempo mudará. Por exemplo: o
Espírito Santo é um Estado cuja renda por habitante tem
subido muito – aliás, já está chegando na média nacional;
daqui a pouco passará a média nacional e ficará situado de
maneira diferente. No entanto, ele participa um pouco do
fundo especial. Estamos colocando na Constituição a
reivindicação das regiões – principalmente aquelas em que é
importante que os Fundos de Participação estejam na
Constituição – as alíquotas, da mesma maneira que para os
municípios.
Não podemos usar dois pesos e duas medidas. Certas
coisas, efetivamente, poderiam ficar para a legislação com-
138
plementar ordinária, mas há certa insegurança quanto ao
fato de que elas iriam continuar valendo a partir de outro
momento, quando a discussão se daria no nível da
legislação.
No caso das exportações de produtos industrializados,
teria de constar na Constituição, pois de outra forma, a União
nunca poderia fazer isenção; pelo atual texto, ela não pode
fazer isenção de impostos estaduais.
Quero dizer, também, que o adicional do Imposto de
Renda não é concorrente com o da União. Não se trata de
imposto; o Estado não vai montar sua máquina, isso ou aquilo.
Seria uma partilha cobrada segundo fixa a legislação estadual
e segundo convênio, contemplado, inclusive no corpo
constitucional, que é perfeitamente factível. Não há
concorrência, há partilha; são duas coisas diferentes. Em face
dos argumentos colocados anteriormente, insisto em que, na
nossa concepção, não é um imposto que devesse ser lançado
em cima da grande massa assalariada.
O IPI da exportação também é compartilhado com os
municípios, porque eles também estão deixando de cobrar
impostos, e as indústrias exportadoras demandam um
serviço. Sempre achei que, no caso das exportações
industriais, elas demandam energia elétrica, saúde para seus
funcionários, transportes, etc., e não fica nada para os
governos locais atenderem. Acho que esse é um dado da
realidade. Estamos dando uma solução moderada, pequena,
insuficiente ainda para isso, mas que tem a ver com o
tamanho do bolo. É um começo de solução, um passo
adiante bastante importante.
Concluindo, quero dizer, com todo respeito que tenho
ao Constituinte, que se, por um lado, tirássemos essa
imunidade, desorganizaríamos a política de exportação e,
por outro, o risco de golpe forte na União estaria na ordem
de 2 bilhões de doláres. Podemos achar que as receitas da
União são uma calara de ovo que vamos batendo e que
cresce indefinidamente. Na realidade, não é assim; é um
bolo finito, que tem de ser pensado, inclusive quanto a sua
distribuição. Os Constituintes notarão que, no caso dos 10%
do IPI que iriam para os estados exportadores industriais,
inserimos uma qualificação, no sentido de que nenhuma
unidade federada poderá ter mais do que 20% desse total.
Por quê? Se não puséssemos isso, haveria uma
concentração enorme. Só São Paulo tem mais da metade
das exportações industriais. No momento em que se diz que
não há imunidade e que cada Estado pode cobrar disto que
a União teria que ressarcir, mas de 50% teriam que ir para
São Paulo. Do ponto de vista do espírito que prevalece na
Federação, isso seria inaceitável diante de tudo aquilo que
aprendi, neste tempo em que estou na Assembléia Nacional
Constituinte. Tivemos, inclusive, esse cuidado.
Na medida em que limitamos a 20%, aumentamos o
bolo disponível na redistribuição para o resto. O rio Grande do
Sul, por exemplo, tem 8% das exportações industriais no
Brasil, e São Paulo mais de 50%. No momento em que se
retira 30% do bolo que deveria ir para São Paulo, aumenta-se
a redistribuição para os estados que têm participação menor,
como é o caso da Bahia, Pernambuco, Pará, Ceará, etc.
Estamos dando uma característica redistributiva a esse
ressarcimento. Trata-se de algo muito importante a ser
sublinhado.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Sr.
Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não
cabe tréplica. Não darei a V. Ex.ª a palavra.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Não
estamos num processo formal de encaminhamento de vo-
139 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
tação. 0 que há é um acordo de cavalheiros, para podermos
conversar acerca do encaminhamento de votação. Com
toda boa vontade, aquiesci quanto a proposta de V. Exª
de retirar a emenda e apresentar dados sobre as duas ou
três emendas que sustentaria, contribuindo, portanto, com
a proposta. Não existe o rigor do encaminhamento de
votação, como se já estivesse sendo votado.
Apenas queria dizer que me sinto no direito de usar
a palavra para contestar os desvirtuamentos que o digno
relator apresentou ao Plenário, em relação à proposta.
Primeiro, quero deixar muito claro que não se
transferiria competência para o Estado tributar
exportações. Ao contrário, fui muito claro e disse que,
pela lei complementar, a União poderia e deveria fazê-lo,
mediante indenização dos estados e municípios.
Da mesma forma, também mencionei que a
parcela do IPI – os 10% que se destinariam aos estados
– era para essa finalidade. Observamos que esse
comentário, na verdade, levou ao desvirtuamento da
proposta – acredito que não foi nada proposital, mas
talvez porque não tivemos oportunidade de detalhá-la –
transmitindo uma compreensão diferente do que ela é.
Como não estamos naquele encaminhamento regimental,
formal, mas no processo de discussão entre cavalheiros
senti-me na obrigação – e peço a compreensão de V.
Ex. a pelo fato de eu ter prestado esse esclarecimento,
que julgo necessário de mostrar esta visão ao Plenário,
para que ele saiba, de plena consciência, o que decidirá.
Esta Constituição será feita aqui. E. daqui para a frente,
acho que nenhum de nós concorda em que a nova Carta
seja feita nos gabinetes. Foi por isso que se abandonou
a primeira grande idéia de se ter um projeto-minuta,
comandado pela Comissão dos Notáveis. A legitimidade
da Constituição está exatamente aí.
Portanto, sinto-me com todo o direito de procurar
trazer idéias e defendê-las com toda honestidade de
propósitos, sem intenção de embaraçar os trabalhos. De
plena consciência, acho que estou contribuindo para que
a Constituição seja aperfeiçoada e traga para todos nós
os melhores resultados possíveis.
SR. RELATOR (Jose Serra): – Eu me permitiria,
sem me alongar, para não criar um debate que, afinal de
contas, terminaria produzindo efeito pior do que a própria
votação, do ponto de vista do tempo...
SR. CONSTITUINTE MUSSA DEMES: – Sr.
Presidente, pela ordem. Se ficarmos nessa discussão
paralela, não vamos terminar.
SR. RELATOR (Jose Serra): – Não pretendo que
isso aconteça.
SR. CONSTITUINTE MUSSA DEMES: – Isso não é
dirigido ao Relator José Serra, mas ao Constituinte Firmo
de Castro. V. Exª abriu um precedente, e todos vão querer
por ele enveredar.
SR. RELATOR (Jose Serra): – Nesse caso, quero
dizer que, se há algum desvirtuamento que o Constituinte
julga ter acontecido, poderá• decorrer do fato de eu não ter o
texto Iiteral. Pelo que vi, não acredito que haja esse
desvirtuamento, porque, do contrário, se for estabelecer que
a União ressarcirá, que a lei complementar disciplinará etc.,
cairemos no mesmo esquema que V. Exª critica, de pôr algo
muito conjuntural na nossa Carta Constitucional. De alguma
forma, isso pareceria ser uma incoerência com relação ao
próprio argumento básico.
Por outro lado, se a Carta Constitucional tirar a
imunidade das exportações industriais, após ouvir os
principais tributaristas do País, não tenho dúvida de que, na
medida em que houvesse legislações estaduais próprias, se
criaria uma situação de conflito, um problema muito
grande, eis que os Estados poderiam querer cobras a
exportação, uma vez que estaria suspensa a imunidade
que a Constituição assegurava. Isso poderia trazer uma
complicação muito grande.
SR. CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: – Sr.
Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem.
SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem a
palavra V. Exª
SR. CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: – Sr.
Presidente, requeiro a V. Ex.ª que observe o tempo.
Tomei cuidado de marcar o tempo da intervenção do
Constituinte e do Relator: tivemos quase 25 minutos
ocupados nesta discussão. Se formos nesse ritmo, não
ganharemos nenhum tempo com a proposta de V. Exª
Solicito a V. Exª. seja rígido na marcação do tempo, tanto
dos Constituintes. como do Sr. Relator.
SR. RELATOR (José Serra): – Eu também
procurarei acatar.
SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Peço
aos Srs. Constituintes que observem o prazo de três
minutos. com a palavra o Constituinte Virgílio Guimarães.
SR. CONSTITUINTE VIRGÍLIO GUIMARÃES: – De
minha parte, procurarei ficar estritamente dentro do prazo. O
conjunto das emendas que reapresentamos agora, porque são
exatamente as mesmas já apresentadas na Subcomissão, é
pequeno. Elas visam a um único objetivo: fazer com que o
Sistema Tributário seja menos regressivo e que pague imposto
no Brasil quem usualmente não o paga. Portanto, são emendas
que recaem fortemente sobre o capital, criando, por exemplo, o
imposto sobre o Patrimônio Líquido, definindo como poderá ser
aplicada; dizendo que, quando houver sonegação de
informação no Imposto de Renda sobre patrimônio, isso
significará a renúncia a esse patrimônio; criando formas de o
patrimônio ser fortemente taxado, como já é feito em outros
países; definindo como o Imposto de Renda deve ser mais
progressivo, recaindo sobre o capital, o que não acontece hoje;
acabando com esse Imposto sobre Vendas a Varejo. porque ele
é uma compensação, mas é grosseiro do ponto de vista técnico
e anti-social do ponto de vista da distribuição de rendas. Enfim,
é um conjunto de emendas que visa a solucionar esse problema
básico: um Sistema Tributário proposto, que enfrentou vários
aspectos das distorções existentes, como os desequilíbrios
entre as esferas de Governo. Isso foi enfrentado – os
desequilíbrios regionais – mas não se enfrentou o outro lado da
preocupação da reforma fiscal, ou seja, a justiça fiscal, a
redistribuição de renda. As emendas que apresentamos são
extremamente simples e duras também neste aspecto, porque
definidas e contundentes, mas viriam solucionar os problemas e
abririam um caminho novo.
Se esta Comissão, em seu conjunto, tiver uma
sensibilidade social mais aguçada, acredito que
corrigiríamos essa deficiência que a Subcomissão
demonstrou. A Comissão teve sensibilidade para alguns
aspectos da reforma fiscal, mas uma cegueira muito
acentuada com relação a esse ângulo extremamente
importante – quem sabe – mais importante que os demais.
Caso haja essa manifestação de boa vontade para
com as emendas, seria lógico apresentá-las uma a uma
para serem aprovadas. Caso não haja, apenas quero
registrar em ata que a posição do PT é no sentido de sua
aprovação, ma sem função de um andamento da
manifestação preliminar. No caso de não acatamento,
abriríamos mão das emendas.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Agradeço ao Constituinte Virgílio Guimares a grande
colaboração dada ao ater-se ao prazo de três minutos.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. RELATOR (José Serra): – Nobre
Constituinte Virgílio Guimarães, com o respeito que
adquiri por V. Exª, inclusive assistindo às reuniões da
Subcomissão de Tributos, eu me permitiria reportar,
quanto à questão da progressividade, aos argumentos
que apresentei à intervenção, do Constituinte César Maia.
Não o repetirei. Apenas acrescentaria um aspecto. Queria
chamar a atenção de V. Exª para o § 2º do art. 1º, que
espero permaneça. Diz assim:
"Por princípio, os impostos terão caráter pessoal e
serão graduados segundo a capacidade econômica do
contribuinte. A administração tributária, especialmente
para conferir efetividade a esses objetivos, poderá
identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos
da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades
econômicas do contribuinte."
Isto atende a uma das preocupações de V. Exª que
procuramos fixar, inclusive, no texto constitucional,
ouvindo também eminentes tributaristas.
SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte Darcy Deitos, que disporá de três
minutos.
SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, são 8h47min. Procurarei ater-me exatamente
aos três minutos.
Nossa emenda, Sr. Presidente, visava alterar o
percentual do Fundo de Participação dos Municípios no bolo
distribuído pela União. Queríamos 20% para os estados, 30%
para os municípios e 2% para o Norte e Nordeste, como já
estava previsto no trabalho da Subcomissão. Para os estados,
houve até ampliação. Houve sensibilidade muito grande., do
Relator, nessa parte, ao ampliar o percentual para 21,5%. Eu
entendia, e continuo entendendo, que os municípios brasileiros,
que ao longo de todos esses anos, foram sufocados pelo
Sistema Tributário vigente, deveriam ser tirados do sufoco em
definitivo.
Sei que avanços aconteceram, como, por exemplo, no
art. 19, que se refere às parcelas que caberão aos municípios.
Mas, exatamente quanto à parcela da União, continuo
entendendo que os municípios deveriam ter maior participação.
Esse o motivo da nossa emenda, que tem o n.º 226, bem como
de outra para a qual pedi destaque, da lavra do Constituinte
Jorge Hage, do PMDB da Bahia, de n.° 563, em que S. Ex s
prevê também uma distribuição de 20% e 40%,
respectivamente, para os municípios e os estados.
Pergunto ao Sr. Relator – e já fiz a mesma indagação a
V. Exª numa sessão anterior – por que o percentual de 22,5%
fixos para os municípios e também por que não foi ampliado, já
que se ampliou o dos estados, fazendo com que ganhassem
3% do Fundo de Participação?
Eram estas as considerações.
SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Agradeço a V. Exª por haver respeitado o tempo
estipulado.
Com a palavra o Relator José Serra.
SR. RELATOR (José Serra): – A intervenção de V.
Ex.ª foi muito útil, porque combinou a brevidade com a
apresentação de um tema substancial. Quero dizer que, em
todas as estimativas que vi até agora a respeito do projeto, a
receita média dos municípios tende a crescer
aproximadamente a uma velocidade duas vezes maior do
que a dos estados. Eu me eximo de citar números, porque
eles sempre partem de simulações, que, por sua vez, partem
de suposições. E toda vez que se dá um número surge outro
diferente. Isso acaba causando confusão. Em todas as
simulações que vi, observa-se uma questão que converge
140
para o mesmo ponto: o ganho relativo da receita dos
municípios. Ou seja, as receitas passam a ter,
comparativamente com a receita de hoje ou do ano passado
– que são os dados disponíveis –, um aumento que é o
dobro da dos estados.
Não há um avanço maior dos estados com relação
aos municípios. Pelo contrário. Estamos elevando o FPM, de
7 a 22,5 aumentando a parcela num ICM ampliado. Esse
aumento é de 25%, porque passa de 20 para 25. Logo, é um
aumento de um quarto. Muitos dizem que é um aumento de
5%. Não é. São cinco pontos percentuais, de 20 para 25, o
que dá um aumento de um quarto. Os que perdem ISS estão
parcialmente compensados, porque têm metade do ISS, no
caso, e terão os outros aumentos que estou citando. O ITBI
passa para o município; a criação do IVV – Imposto sobre
Vendas a Varejo – tem a participação daquela parcela do IPI
que é distribuída para as exportações.
Por essas razões, acreditamos que os municípios
passam a estar atendidos.
Creio ser muito oportuna a sua intervenção, nobre
Constituinte Darcy Deitos, porque me permitiu esse
esclarecimento global, que talvez não fosse propiciado
através da discussão de uma emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Com a palavra o Constituinte Jessé Freire.
O SR. CONSTITUINTE JESSÉ FREIRE: – Sr.
Presidente, Srs. Constituintes, minhas emendas se
referem, primeiro, à criação do Imposto sobre a Renda e
provento de qualquer natureza, que seria cobrado pelos
estados e Distrito Federal sobre o Imposto de Renda
devido à União. Em primeiro lugar, eu diria que é uma
bitributação que jamais deveria existir na nova
Constituição. Isto porque, no caso, são entidades do
Poder Público – a União, os Estados e o Distrito Federal –
fazendo a cobrança de um imposto sobre o mesmo fato.
Pediria, a propósito, ao Sr. Relator que analisasse
o § 1º do art. 15, que gostaria fosse suprimido. Essa
hipertributação causará uma guerra fiscal entre os
estados. porque os estados do Nordeste provavelmente
não cobrarão o valor máximo de 5%, mas os estados do
Sul irão fazê-lo. Além do mais, como já disse, trata-se de
bitributação.
A minha outra questão se refere ao mesmo art. 15,
sobre o imposto que substituiria o ICM, mas que iria
incidir, também, sobre as prestações de serviços.
No artigo seguinte, o 16, o Anteprojeto cria o
Imposto sobre Vendas a Varejo, de competência do
município. Sobre isso gostaria de dizer que o ICM será
mais amplo, incidindo sobre a prestação de serviços, que
não existe hoje, aumentando, portanto, a carga tributária
na totalidade da economia. Depois, cria-se mais um
imposto, o Imposto sobre Vendas a Varejo, que seria de
competência do município, incidindo sobre as vendas a
varejo. Esse imposto irá aumentar sobremaneira a carga
tributária já existente. Trata-se de um aumento da carga
tributária, tendo em vista que o Estado gasta mal o que
arrecada e é incompetente na gerência dos recursos.
Pode-se constatar essa situação, hoje, em todo o País.
Queria, então, propor essa emenda, no intuito de
se manter a atual estrutura, ou seja, manter o ICM como
está. e, ainda, o Imposto sobre Prestação de Serviços,
que seria de competência do município, levando em conta
o fato de que os municípios, como bem explicou o Relator
José Serra, já estão sendo atendidos no aumento de
carga tributária, através das modificações propostas nos
artigos seguintes.
141 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Agradeço a V. Ex.ª a colaboração no sentido de respeitar o
prazo.
Com a palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Creio ser muito
oportuna também a intervenção do nobre Constituinte Jesse
Freire, que sabe que várias de suas emendas foram acolhidas
pelo nosso Relatório.
Quanto à questão do adicional, há muitas definições. A
questão da bitributação é bastante discutida no Direito
Tributário. Posso dizer isso com segurança, com base em
depoimentos, como o do Dr. Alcides Jorge Costa e mesmo do
Dr. Ives Gandra, tributaristas com diferentes opiniões e
orientações – até mesmo ideológicas – bem como o Dr.
Francisco Dornelles, que é especialista na matéria inclusive no
campo internacional, porque durante muitos anos tratou do
problema de bitributação entre países, tema bastante
complexo. Estamos, na verdade, criando um adicional e não
fazendo bitributação.
Por outro lado, quanto à questão da guerra fiscal, o
Constituinte diz que alguns estados não cobrarão e outros
sim. Isto poderá trazer uma guerra fiscal. Diria que, se
houvesse, no caso, seria saudável. Significaria, por exemplo,
São Paulo cobrar e Pernambuco não. Na hipótese, muitos
empresários poderão preferir ficar em Pernambuco, ao invés
de irem para São Paulo, para não ter este adicional. Acho que,
mais do que uma guerra fiscal, seria um problema de
redistribuição de atividade, em face de certos ônus que
haveria, ao empatar capital nas regiões mais desenvolvidas.
Isso acontece nos países mais desenvolvidos. Esse aspecto
da guerra fiscal, que V. Ex.ª menciona como uma restrição,
seria positivo, não como guerra fiscal, mas como fator de
atrativos e incentivos para que os capitais se desloquem para
cá ou para lá. Então, o argumento de V. Ex.ª reforça esta tese.
Quanto à questão do IVV, na verdade V. Ex.ª tem
razão quando menciona o problema do FPM para os
municípios. Acontece que o FPM, pelos critérios que tem,
mesmo que sejam modificados, sempre vai privilegiar mais os
municípios menores. E a questão do IVV está dirigida
especialmente aos municípios maiores, que têm hoje
problemas sérios, do ponto de vista da receita.
A respeito da carga tributária, lembraria a V. Ex.ª ainda
o argumento do Finsocial, que não repetira aqui. Quando V.
Ex.ª fala também que amplia o ICM e que, na questão do
serviço, isso aumenta a carga tributária, digo que não, porque
estou incorporando um imposto no outro, e isso não o amplia
necessariamente.
Do ponto de vista global, o fato de que vou rebater o
ICM, ampliá-lo das exportações industriais é até um elemento
que, como carga tributária global, puxa, baixo.
Por outro lado, como o ICM é seletivo, o impacto do
IVV sobre o custo de vida, dependendo do Estado, pode ser
corrigido, se indesejável, através da seletividade do ICM. Este
é um aspecto muito importante.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte Irajá Rodrigues.
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ RODRIGUES: – Sr.
Presidente, faço minhas as palavras praticamente de todos os
companheiros que anteriormente se manifestaram, no que
concerne ao não avanço, no sentido da maior justiça tributária
do País.
É claro que o povo brasileiro esperava que saísse
desta Assembléia Nacional Constituinte não apenas um texto
preocupado com quanto deverá caber a cada Estado ou a
cada município, mas, principalmente, um texto que nos
levasse a atenuar o pesado fardo da regressividade que existe
no Sistema Tributário Nacional – compromisso, aliás, do
PMDB, expresso e repetido no seu Programa e nas praças
públicas. Lastimavelmente, porém, da mesma forma, como os
Constituintes que me antecederam, entendo que se trata de
um conjunto de dispositivos que vai aumentar a
regressividade.
Prestei atenção às palavras do nosso companheiro
José Serra, quando disse que gostaria de ver na legislação
complementar todas as demais incidências do Imposto de
Renda também progressivas, do mesmo modo como o
Imposto de Renda é progressivo sobre salários. Bastaria
colocar, então, imposto progressivo sobre a renda no texto
constitucional. Chamaria muito menos atenção do que colocar
a alíquota de 2% sobre o IVV – e o próprio Relator dizia há
pouco que chamaria a atenção da opinião pública
internacional se colocássemos na nova Carta essas aliquotas.
Pois estamos colocando no mais novo e no menor dos
impostos.
As emendas que iria apresentar seriam mais ou menos
no mesmo sentido da emenda do companheiro Firmo de
Castro. Entendo que a imunidade dos produtos indusrializados
destinados ao exterior alcançou no Brasil verdadeiro abuso,
através de decisões permanentes do Judiciário, que
ampliaram o conceito. Hoje, madeira serrada, carne congelada
e peixe vivo dentro de um saco plástico são produtos
industrializados. Isso tem que acabar. A forma lógica para isso
seria adotar o processo da isenção caso a caso, produto por
produto, da mesma forma como se faz em relação ao IPI. O
IPI é um tributo federal que não tem imunidade garantida. A
imunidade é garantida apenas em relação ao ICM, que é um
tributo estadual, que já foi criado assim porque o interesse era
tirar recursos dos estados e municípios e não da União.
Insisto, portanto, na necessidade de substituirmos o
processo e, através da legislação complementar. Como bem
disse o Constituinte Firmo de Castro, estabelecer os limites de
participação no bolo final.
Estas eram algumas das considerações que teria a
fazer. Lastimavelmente, entendo que a proposta é tão eivada
de coisas deste tipo que em cinco minutos não haveria
condições de esmiuçar todos os pontos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Agradeço ao Constituinte Irajá Rodrigues a colaboração dada
a esta discussão.
Com a palavra o Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Do mesmo modo
que o Constituinte Irajá Rodrigues fez suas as palavras de
outros que o antecederam, também eu me eximiria aqui de
repetir os argumentos que transmiti a propósito de outras
intervenções, para que economizemos tempo. Faço apenas
dois esclarecimentos.
A respeito da questão do produto industrializado,
podemos dizer que este é um problema de legislação
complementar. Se há aberrações, temos de definir na
legislação complementar o que é e o que não é
industrializado, mas não resolver o problema, digamos assim,
botando fogo na casa para assar o leitão. Alguma coisa pode
ser resolvida pela legislação complementar. Mas a verdade é
que, se não criarmos a imunidade, isso desorganizará a
política de exportações do País.
A questão da fixação da alíquota do IVV está nas
Disposições Transitórias, por ser um imposto novo e para dar
idéia do tipo de alíquota, do balizamento de alíquota
baixa que deve ter. Não se trata de algo semelhante à questão
de detalhamento da escala progressiva do Impos-
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
to de Renda ou de sua abrangência, que envolve título ao
portador e tudo o mais. Portanto, isso não invalida a minha
colocação de que não cabe a Constituição fixar
detalhadamente alíquotas de todo o complexo de impostos
existentes.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte Domingos Juvenil.
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: –
Senhor Presidente, somos, no Norte, mais precisamente no
Estado do Pará, a maior província mineral do mundo. Citaria
até, para registro nos Anais da Comissão, que possuímos a
maior reserva mundial do minério de ferro, a maior jazida de
sal-gema do mundo, a terceira maior reserva de cobre do
mundo, mais de 90% das reservas brasileiras de bauxita, mais
de 100 milhões de toneladas de manganês, mais
níquel, cromo, estanho, potássio, caulim e assim por diante.
Temos também a maior reserva de ouro conhecida no Brasil.
Nós, do Pará e do Nordeste, em geral, estados
mineradores, estamos preocupados com relação ao ICM, à
competência do Estado de instituir o ICM sobre os
minerais. Não temos, no item III do art. 15, que cria o ICM,
explicitada, a base imponível do imposto. Estamos
preocupados com isso.
Gostaria de ouvir o Constituinte José Serra sobre o
assunto.
Também temos uma emenda que propõe a supressão
dos 5% do valor do imposto devido à União para os Estados,
como o Constituinte Irajá Rodrigues. Entendemos que o texto
está bem explícito quando diz que “os estados e o
Distrito Federal poderão instituir”; quer dizer, não é
instituído, dá apenas poderes para tal, se o Estado achar
conveniente. Portanto, dou-me plenamente por satisfeito.
Tenho também uma emenda com relação à isenção,
anistia e moratória de tributos da competência dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios pela União. Mas
isso já está incluso no Relatório do Constituinte José Serra,
em seu art. 17. Finalmente – ainda me resta um minutos do
tempo que o Constituinte Francisco Dornelles com
benevolência me concedeu – diria que gostaria de ver
expresso no texto que dispõe sobre o Imposto sobre Produtos
Industrializados, mais precisamente o § 2º do art. 13, no seu
final.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Diria ao
Constituinte Domingos Juvenil que esse assunto não será
objeto desta votação simbólica.
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: – O art.
13 está no bolo?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O
parágrafo, não.
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: –
Então, reservo-me para outra oportunidade.
O SR. RELATOR (José Serra): – Depois de
ouvir o Constituinte falar das riquezas do Pará,
achei uma ironia que V. Ex.ª me tivesse dado a
maior dor-de-cabeça do dia com aquele assunto da
poupança.
Veja o seguinte, nobre Constituinte. Com relação às
suas preocupações, na medida em que se elimina o
imposto único, o ICM poderá incidir. A desvantagem
de se especificar isso ou aquilo, abre margem para o
que não foi dito. De repente, alguém pode argumentar que
não se pode cobrar. Da maneira como está – os
tributaristas asseguram isso – o nobre Constituinte
pode ficar absolutamente seguro de que se poderá cobrar o
ICM sobre minerais. Eu já havia dito isso pessoalmente ao
Constituinte. Por outro lado lembro-me também – não
consegui encontrar agora no texto – que nós atendemos a
142
uma reivindicação do Pará com relação à questão de os
minerais serem produtos industrializados. Fixamos esse ponto
através de um dispositivo, acordado por Constituintes ou pelo
menos Secretários do Pará que nos procuraram para externar
essa preocupação. Agora, V. Ex.ª pode ficar absolutamente
seguro de que tirei do imposto único, mas o ICM
automaticamente poderá incidir.
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: –
Constituinte José Serra, no Substitutivo, não há, em nenhum
momento, a palavra minério, ou mineral, ou lavra, em nenhum
tópico.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Gostaria de dizer, apenas para explicação, que V. Ex.ª não
precisa ter essa preocupação quanto ao fato da incidência.
Onde incidir imposto único, não poderá incidir nenhum outro
imposto. Tendo sido eliminado o imposto único, incide o ICM.
Se desejarmos, por exemplo, que sobre energia elétrica, sobre
combustíveis, não incida o IPI, acho até – e existe emenda
nesse sentido – que teria de ser inserida no texto a não
incidência do IPI. Do contrário se correria o risco de o ICM do
Estado ser até pressionado pela incidência do IPI. Mas o ICM
existe e o assunto do IPI está sendo corrigido pelo
Constituinte José Serra. V. Ex.ª pode ficar tranqüilo quanto a
isso.
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: – Muito
obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao nobre Constituinte José Carlos
Vasconcelos. Agradeço ao Constituinte Domingos Juvenil ter
respeitado o prazo estipulado.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Aceito a advertência e agradeço o tempo
que V. Ex.ª me dá, esperando cumprir o prazo fixado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Por
favor, V. Ex.ª sempre respeitou todos os prazos.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Sr. Presidente, não consegui entender até
agora porque é atribuída como competência do Estado a
cobrança do Imposto Territorial Rural. Ou seja, por que se
retira da competência da União passando para a competência
dos Estados, o direito de se cobrar esse imposto sobre as
propriedades territoriais rurais. Nesta Comissão, temos nos
caracterizado pela opção de elaborar um texto moderno,
progressista, que seja aceito por toda a Nação. Nesse
aspecto, estamos entendendo frontalmente contra a
implantação da reforma agrária no Brasil. Os argumento para
essa transferência, vamos dizer assim – e isso foi dito de
maneira muito clara, tanto pelo Senhor Presidente da
Comissão, quanto pelo Sr. Relator – residam na falta de
eficiência da União em cobrar esse imposto. Mas tanto o
Relator, quanto o Presidente são homens especialistas nesse
assunto e sabem que a União é eficiente na cobrança do
Imposto de Renda. O Presidente Francisco Dornelles, quando
na Secretaria da Receita, demonstrou imensa competência na
cobrança do Imposto de Renda, do IPI. E por que a União não
tem competência para cobrar o Imposto Territorial Rural? Na
realidade, Sr. Presidente, Sr. Relator, a União nunca quis
cobrar esse imposto. Ela fez sua opção no passado, porque
não adotava as teses progressistas e modernas de se
implantar uma reforma agrária que não tivesse o ângulo
ideológico, mas fosse uma opção para incorporar
milhões e milhões de brasileiros sem terras. Se ela não teve
eficiência é porque realmente não quis ter, foi proposital.
Agora, o que se faz em nome da eficiência? Retira-se da
União a propriedade de cobrar o Imposto sobre a
Propriedade Territorial Rural e se atribui essa competência
aos Estados. E o que é que está fazenda? Chamo a aten-
143 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
ção da Comissão para este fato. Está-se inviabilizando o plano
de implantação da reforma agrária neste País, dentro de uma
visão moderna, que não desestrutura a atividade produtiva do
campo, mas incorpore novas fronteiras e novas produções de
alimentos. Através do Imposto Territorial Rural, a União há de
estabelecer, de maneira muito clara e precisa, uma política
nacional que não pode ser posta em prática pelos estados,
que não pode ser atribuição de diversos Governadores, muitos
dos quais contra a reforma agrária.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Pediria
a V. Ex.ª que fosse direto ao tema, devido ao tempo.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Na verdade, centro de uma visão
moderna, caberia á União esta competência para que fosse
implantada a reforma agrária neste País. Termino, dizendo
que tenho diversas emendas que vou retirar, nem vou
comentá-las. Parece-me muito grave – e tenho certeza de que
não passou pelo Presidente, que é um tributarista, nem pelo
Relator José Serra – a observação desses aspectos. Estamos
fazendo uma opção clara, para impedir que se faça a reforma
agrária no Brasil, quando se passa da competência da União
para o Estado o direito de se cobrar o Imposto sobre a
Propriedade Territorial Rural.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Agradeço ao Constituinte José Carlos Vasconcelos a
colaboração dada e o respeito ao tempo determinado. Com a
palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Quero dizer ao nobre
Constituinte José Carlos Vasconcelos que, realmente, nem em
sonho passou pela minha mente, ou na da Comissão ou na da
Subcomissão...
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Reconheço a sua posição, porque V. Ex.ª
é progressista, moderno.
O SR. RELATOR (José Serra): – ...essa barreira ao
processo de reforma agrária. Continuo sustentando que o ITR
deve fisar na mão dos Estados. Mas, se nas etapas
posteriores, eu ficar convencido de que isso poderá ser um
obstáculo à reforma agrária, esteja certo V. Ex.ª de que
proporei modificações nas outras instâncias da votação da
nossa Constituição.
Quando conversava antes com o Constituinte dei-lhe
um argumento, mas apenas um, dentre os vários que eu tinha,
no que tange à questão do ITR, que é muito mal cobrado no
Brasil. A União, hoje, inclusive, delega essa cobrança aos
municípios. Ele é tão escassamente cobrado que é
equivalente a 0,5% da receita tributária da União. O
argumento não é apenas fiscalista mas mostra como esse
imposto não está sendo utilizado na prática.
Agora, há outra realidade por trás disso tudo que
frustra a utilização do imposto: a desigualdade existente no
Brasil. Acontece que a legislação relativa ao imposto, no que
se refere a forma como é aplicado, é muito prejudicada pelas
diferentes realidades regionais. Uma pequena, média ou
grande propriedade do Para, Estado do Constituinte Domingos
Juvenil, é muito diferente da de Santa Catarina, do
Constituinte Walmor de Luca, onde predomina a média ou
pequena propriedade, do ponto de vista da estrutura fundiária.
Então, para um Estado, o que seria um nível razoável, para o
outro não é. Em geral, a nivelação tende a fazer-se pelas
estruturas, pelos Estados onde a propriedade mínima – ou o
que é considerado propriedade pequena – é maior. Quer
dizer, há dificuldade para a aplicação de um Imposto Territorial
Rural uniforme no Brasil, exatamente pela característica de
desigualdade que temos.
Pareceu que os Estados teriam melhores condições,
inclusive na perspectiva da reforma agrária, mediante
convênios com o Governo Federal, de realizar políticas nessas
direções. O instrumento do Imposto Territorial Rural é muito
importante, não como instrumento fiscal da arrecadação, mas
para punir a terra ociosa, para ser um imposto progressivo,
enfim, para forçar melhor utilização e distribuição da terra.
Este o nosso propósito. Pareceu-nos que o Governo Estadual
teria mais instrumentos para isso, pois não há impedimento
algum a nível de entendimento de convênios com o Governo
Federal, mesmo porque o atual ITR não está trazendo
recursos. Não faltarão recursos para a reforma agrária.
Quanto a instrumentos de utilização, a desigualdade existente
entre os Estados que têm 60% da sua população no campo e
outros que têm apenas 10%, como é o caso de São Paulo, é
uma realidade diferente. Precisa ser tratada diferentemente,
segundo os diferentes Estados.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Já que o Presidente concedeu a palavra a
outro Constituinte, pediria um minuto.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Nobre
Constituinte José Carlos Vasconcelos, gostaria que
cumprissemos...
O SR. RELATOR (José Serra): – Se V. Ex.ª vai
manter a proposta, voltamos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Pediria
a V. Ex.ª que colaborasse. Precisamos terminar esse processo
de votação. Já examinamos exaustivamente o assunto.
Pediria a V. Ex.ª que nos deixasse agora, como ficou
acertado, proceder à consulta.
Os Srs. Constituintes que estiverem de acordo com o
texto do art. 13, tens I, II, III e V, do Relator José Serra: os que
estiverem de acordo com o art. 15, itens I, II, III, e § 1º; os que
estiverem de acordo com o texto do art. 16, itens I, II e III, do
Relator José Serra, e com os arts. 17, 18 e 19 permaneçam
como se encontram.
Os Constituintes que não estiverem de acordo,
levantem a mão. (Pausa.)
A grande maioria aprovou o texto do Relator José
Serra. De acordo com os compromissos formulados, vamos
considerar prejudicadas as emendas feitas a esses itens.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Sr.
Presidente, quero manifestar formalmente a retirada de pauta
os
do meu pedido de destaque para as Emendas n 420-1, 419-
8 e 414-7, de acordo com o nosso entendimento.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Agradeço a V. Ex.ª o grande espírito de colaboração. Acredito
que, com esta decisão, vamos reduzir aproximadamente seis
horas da discussão do projeto do Sistema Tributário.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: – Sr.
Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem,
para encaminhamento dos trabalhos. Tenho, no
meu caso, duas emendas e dois destaques que vou retirar.
Pergunto se devemos fazer um pronunciamento junto
à Mesa ou se a própria Mesa extrairá os destaques
automaticamente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Consideramos prejudicados os destaques para esses artigos e
dispositivos do Anteprojeto do Relator José Serra.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Sr. Presidente, pela ordem. Gostaria que
ficasse consignado na ata dos trabalhos que atendemos ao
apelo e à formulação da Presidência, retiro o destaque para a
emenda que devolve à União a competência de cobrar o
Imposto Territorial Rural. Ainda dentro do acordo, gostaria que
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
também ficassem consignados os compromissos assumidos
pela Presidência e pelo Relator de reverem adiante este
problema. Apesar de reconhecer a inteligência e a
competência do nobre Relator Jose Serra, acho que S. Ex.ª
não se ateve à questão ideológica deste problema. É verdade
que a matéria tributária, por ser muito complexa, induz a que
se faça reflexão sobre os aspectos técnicos, sem as
vinculações ideológicas. Imagino a dificuldade de se implantar
a reforma agrária no Brasil, tendo que se dividir entre diversos
Governadores a postura ideológica da cobrança desse
imposto. As dificuldades que S. Ex.ª apontou da diversidade
que existe no Brasil poderiam ser resolvidas a nível da própria
cobrança do imposto, estabelecendo-se um regime especial
de diferenciação, contrário à determinação geral, para
cobrança desses impostos em diversas regiões do País.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Convido o nobre Constituinte Benedito Gama para fazer parte
da Mesa, a fim de começarmos a votação dos demais artigos.
O SR. RELATOR (José Serra): – Permite-me V. Ex.ª?
Constituinte José Carlos Vasconcelos, o nosso compromisso é
o de rever este assunto, caso se demonstre que se trate de
obstáculo à reforma agrária.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
pela ordem. Art. 1º, item II, que são emendas supressivas.
O SR. CONSTITUINTE JOÃO CASTELO: – Sr.
Presidente, pela ordem. Antes de V. Ex.ª entrar nesses
destaques, dentro do que foi acertado, acho que deveria
colocar em votação os artigos cujos destaques foram
retirados.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Já
houve aprovação geral dos artigos.
O SR. CONSTITUINTE JOÃO CASTELO: – Não
podem ser aprovados simbolicamente. V. Ex.ª pode votar em
bloco, mas tem que haver votação.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: – Sr.
Presidente, pela ordem. O Substitutivo do Relator já foi
aprovado em bloco. Falta agora votar os destaques.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Quero
dizer a V. Ex.ª que o Substitutivo do Relator José Serra foi
aprovado em bloco e, no momento, ficou estabelecido que
estão prejudicadas as emendas aos artigos mencionados.
Vamos passar à votação. O Constituinte Nion Albernaz
pediu destaque para suprimir o item II do art. 1º.
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: – Sr.
Presidente, não pedi para suprimir o item II do art. 1º. Pedi que
fosse colocada a expressão “serviços públicos específicos”, de
acordo com a emenda por nos apresentada.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não se
trata de supressão. Então, voltará no momento estabelecido.
O Constituinte Mussa Demes solicita a supressão
do item V do art. 7º. Com a palavra o Constituinte Mussa
Demes.
O SR. CONSTITUINTE MUSSA DEMES: – Sr.
Presidente, Sr. Relator, Srs. Constituintes, na Subcomissão,
da qual fiz parte, criava eu entre os que batalharam e se
empenharam pela aprovação de dispositivos, no sentido em
que os direitos do contribuinte fossem respeitados na
Constituição e ele não viesse a ser alvo de violência por parte
da União. Nesse particular, tenho a certeza de que eu e o
nobre companheiro José Maria Eymael fomos daqueles que
mais se empenharam por isso. Todavia, sinto-me no dever de
pedir a supressão desse dispositivo, que faz desapare-
144
cer totalmente os privilégios de natureza processual, no caso da
cobrança dos créditos tributários da União. Faço isso porque
acredito que, em razão da perda significativa que a União terá,
se aprovado o Relatório na forma como está concebido,
teremos obrigação de proteger esse crédito tributário, a fim de
que a União não fique ainda mais débil do que estará, com a
apresentação do Substitutivo do Constituinte José Serra.
Estou consciente de que isso significará certo retrocesso
em relação ao capítulo “Das Garantias do Contribuinte”, mas o
considero indispensável na atual conjuntura.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: – Sr.
Presidente, peço a palavra para contraditar.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Gostaria
de dizer a V. Ex.ª, Constituinte José Maria Eymael, que existe o
mesmo pedido de supressão, formulado pelo Constituinte
Osmundo Rebouças. Assim, se V. Ex.ª concordar, concederei
ao Constituinte Osmundo Rebouças a palavra, para defender
sua posição e V. Ex.ª contraditaria os dois posteriormente.
O SR. CONSTITUINTE OSMUNDO REBOUÇAS: –
Para poupar tempo, queria reforçar os argumentos do
Constituinte Mussa Demes, dizendo que devemos proteger o
contribuinte contra a voracidade da Fazenda Pública. Todavia, o
fato de não se estabelecer qualquer privilégio para a Fazenda
Pública constitui uma forma de ver que entendo completamente
desvirtuada, porque significa uma instância de defesa da
sociedade em geral, e não de um órgão específico de Governo.
A Fazenda Pública tem de ser encarada como o
interesse de todos os contribuintes honestos do Brasil, que
querem cumprir suas obrigações. De modo que conceder um
privilégio à Fazenda Pública significa proteger os contribuintes
sérios e honestos, contra aqueles desonestos, que armam
verdadeiras arapucas para não pagar imposto, para evasão e
sonegação. Acredito que esse órgão, que é instância da
sociedade e de todos os contribuintes, deve ter alguns
privilégios.
Ao proteger determinados contribuintes que
sistematicamente sonegam, que jamais pagam, principalmente
aqueles de alto nível de renda, como grandes empresas – há
grandes escritórios advocatícios especializados em defesa do
sonegador – estamos prejudicando os contribuintes em geral,
os honestos, que merecem a nossa proteção. Acredito que esse
tipo de supressão não deveria ser estabelecido no texto da
Constituição.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Concedo
a palavra ao Constituinte José Maria Eymael.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: – Sr.
Presidente, ao longo de todos os trabalhos da Subcomissão de
Tributos, Participação e Distribuição das Receitas, foi nossa
grande preocupação, junto com outros companheiros, dentre os
quais identifico o Constituinte Mussa Demes, estabeleceu-se
uma efetiva defesa do contribuinte. Em função disso, pela
primeira vez na história constitucional brasileira, existirá na
Constituição uma seção específica, que fala do estatuto do
contribuinte. No anteprojeto do Relator, Constituinte José Serra,
há a Seção “Das Limitações ao Poder de Tributar”. Lá estão
elencados princípios que efetivamente estabelecem a dignidade
do contribuinte, como a proibição do tributo ser confisco, a
correlação do tributo com a capacidade contributiva, a
transparência tributária.
Não há dúvida, Sr. Presidente, de que o maior
mandamento, o mais importante de todos foi aquele que
estabeleceu igualdade entre o contribuinte e o Estado. Hoje,
145 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
qual é a realidade no País em termos de processo fiscal?
Há o Estado todo-poderoso e o contribuinte completamente
apequenado.
O art. 188 do Código de Processo Civil estabelece
que a Fazenda Pública...
O Sr. Presidente faz soar a campainha.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Sr. Presidente, já vou concluir. Dois Constituintes me
antecederam, por isso, acredito que disponho de seis
minutos para contraditá-los.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Tenho medo de que, em virtude do brilho de sua
exposição, eu me esqueça do tempo regimental e deixe V.
Ex.ª excedê-lo.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Vou adiantar meu raciocínio, no sentido da conclusão
citando apenas um exemplo. O Código de Processo Civil
estabelece que a Fazenda Pública tem quatro vezes o
prazo que o contribuinte tem para sua defesa. Ela tem
duas vezes o prazo para recorrer, enquanto que, se o
contribuinte não pagar um débito fiscal, a Fazenda lhe
caberá vezes o prazo para recorrer, enquanto que, se o
contribuinte pagar a mais e for buscar o seu dinheiro de
volta, ele o receberá sem juros e sem correção monetária.
É uma situação de profunda injustiça.
Conversamos longamente com o Prof. Jorge Alcides
Costa, tributarista que assessora largas áreas de Estados
brasileiros, e chegamos a esta redação, que apenas a nível
processual, estabelece igualdade entre contribuinte e
Estado. Não se quer diminuir a força da Fazenda, mas que
o contribuinte tenha o mesmo tamanho do Estado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Sr. Presidente, eu
optaria por manter o item V do art. 7º, dentro da Seção
“Das Limitações ao Poder de Tributar”.
Creio que, aqui, quando se fala em Fazenda Pública
não se refere apenas à Fazenda Nacional, mas também à
Estadual e a Municipal. Eu optaria por manter essa norma,
que veio de um entendimento da Subcomissão, que
acolhemos, na perspectiva da defesa do contribuinte.
Destaco também a importante contribuição que o
Constituinte José Maria Eymael deu na confecção de todo
esse Capítulo. Se não me equivoco – o Constituinte
Fernando Cunha poderá confirmar – a própria idéia de
criação dessa seção coube ao Constituinte José Maria
Eymael. Acho que é justo reconhecer isso de público.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Vamos passar à votação.
Os Constituintes que estiverem de acordo com a
proposta do Substitutivo do Relator, defendida pelo
Constituinte José Maria Eymael, fiquem como estão.
Os Constituintes que estiverem de acordo com a
emenda supressiva apresentada pelo Constituinte Mussa
Demes e Osmundo Rebouças levantem a mão. (Pausa.)
Permanece o texto de autoria do Constituinte José
Serra, Relator.
Vamos votar agora o pedido de destaque formulado
pelo Constituinte Nion Albernaz, referente à emenda aditiva
do item I do art. 8º.
Constituinte José Carlos Vasconcelos, a emenda ao
art. 8º, item II, b, é supressiva?
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Em homenagem a V. Ex.ª, retiro a
emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Retirada a emenda.
Quanto ao art 8º, item II, letra d, também V. Ex.ª
retira?
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Retiro.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, peço a palavra para solicitar um
esclarecimento, que julgo importante para nossa
localização nesta votação.
Até o art. 8º, não há nenhum destaque oferecido?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Estamos examinando, primeiro, os destaques supressivos.
Posteriormente, passaremos às emendas.
O SR. CONSTITUINTE JESSÉ FREIRE: – Sr.
Presidente, para melhor ordenamento dos trabalhos e
raciocínio dos Constituintes, não seria interessante V. Exª
submeter artigo por artigo? Assim já ficaria tudo resolvido.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Tenho de submeter primeiro os supressivos.
O SR. CONSTITUINTE JESSÉ FREIRE: – V. Ex.ª
poderá colocar o supressivo sobre o artigo e depois
submeter à votação o Substitutivo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – A
matéria já foi ordenada. Vamos fazer assim.
O SR. RELATOR (José Serra): – Por que em
homenagem a ele, e não a mim?
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Porque ele é mais tributarista do que
V. Ex.ª.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Pergunto ao Constituinte José Carlos Vasconcelos se
também retira o destaque em relação ao art. 8º, inciso II,
letra d.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Retiro, Sr. Presidente, em
homenagem ao Relator; assim S. Ex.ª não terá motivos
para contestar.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, gostaria de um esclarecimento, para que nos
localizemos nesta votação. Não sei se até o art. 8º ou
qualquer destaque oferecido.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Estamos examinando primeiramente os destaques
supressivos. Posteriormente iremos às emendas.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, para um melhor ordenamento e clareza de
raciocínio dos Constituintes, não seria interessante V. Ex.ª
colocar artigo por artigo? Assim já iríamos resolvendo tudo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Tenho de colocar em votação primeiro as emendas
supressivas.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sugiro
que V. Ex.ª coloque as emendas supressivas sobre o artigo
e depois ponha em votação o Substitutivo sobre o mesmo
artigo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Isso,
não. Estou seguindo a ordem. Já foi ordenado, e vamos
fazer assim, seguindo a mesma metodologia.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Seria
apenas a titulo de um melhor entendimento por parte de
todos. Do contrário, volta-se ao primeiro, ao segundo e ao
oitavo, e fica uma grande confusão.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Agradeço a V. Ex.ª.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
Tem a palavra o Constituinte Jessé Freire.
O SR. CONSTITUINTE JESSÉ FREIRE: –
Sr. Presidente, é para um esclarecimento sobre o art 8º,
inciso II, alínea c. Há um pedido de destaque
para a supressão de uma expressão. No caso, estaria
sendo analisada a supressão da totalidade da emenda,
ou apenas da expressão? Trata-se da Emenda nº
601.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Esta é
uma emenda modificativa, que vai ser chamada
oportunamente.
No momento, estamos apreciando artigos do
Substitutivo. Ainda não chegamos às emendas.
O Constituinte Divaldo Suruagy solicitou a supressão
do art. 10. Comt S. Ex. è não está presente, aguardaremos
sua volta.
O Constituinte José Tinoco apresentou destaque para a
supressão do art. 12.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ TINOCO: – É uma
emenda modificativa, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Se é
modificativa, chamaremos no momento em que forem
apreciadas as emendas modificativas.
A Constituinte Rose de Freitas pediu a supressão do
art. 12.
Os Constituintes Geraldo Fleming e Waldeck Ornélas
também pediram destaque para defender a supressão do art.
12.
Tem a palavra o Constituinte Geraldo Fleming.
O SR. CONSTITUINTE GERALDO FLEMING: – Este
destaque e de autoria de um colega que se encontra ausente.
Gostaria que fosse apreciado quando S. Ex.ª retornar. Apenas
subscrevi a emenda.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Pela ordem, Sr. Presidente.
Também formulei um pedido de destaque relativamente
a supressão desse artigo, e não esta relacionado
aqui.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Darei,
então, a palavra a V. Ex. è, para defender a supressão do art.
12.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: –
Pela ordem, Sr. Presidente. Da mesma maneira, tenho
também um pedido de destaque visando à supressão do art.
12.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Aliás, a supressão não é somente do art.
12; é também do art. 27, do substitutivo.
O Constituinte Firmo de Castro defenderá essa
emenda.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – É um
privilégio que agradeço, mas que, pela ordem, naturalmente
deixo a defesa a cargo de V. Ex.ª, nobre Constituinte José
Carlos Vasconcelos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Estamos discutindo a supressão do art 12.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Vamos, então discuti-lo, Sr.
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Um
minuto, por favor. Já se encontra presente aqui o Constituinte
José Dutra, o primeiro a solicitar a supressão do art. 12. Tem
S. Ex.ª a palavra.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ DUTRA: – Sr.
Presidente, a emenda que objetiva suprimir o art. 12 do subs-
146
titutivo tem grande razão de ser para todas as regiões do País
em que há concessão de incentivos fiscais. Vale sublinhar que
entre o texto original e o agora proposto, houve modificação
substancial, de vez que, no texto original, o Relator objetivava
efetivar uma avaliação, pelo Congresso Nacional, de quatro em
quatro anos. Mas, na modificação, o eminente Relator colocou
uma palavra que me parece altamente prejudicial, na medida
em que analisarmos os incentivos fiscais como metas a serem
atingidas. Existe, no art. 12, a palavra "periodicamente". Ora,
nenhum empresário sairá de São Paulo, do Rio de Janeiro, de
Minas Gerais ou de qualquer Estado desenvolvido para investir
na Amazônia, enquanto tiver essa espada de Damocles
permanentemente lançada sobre a sua cabeça.
Isso é altamente prejudicial ao desenvolvimento dessas
regiões, particularmente a minha, a Região Norte. E mais: é
especialmente prejudicial ao Estado do Amazonas, porque
esse Estado, além de ter os incentivos fiscais oriundos da
Sudam, tem ainda aqueles oriundos da Suframa. Isso para
nós não só esterilizaria o processo de desenvolvimento até
agora experimentado, nesses vinte anos de existência da
Zona Franca de Manaus, como impediria que outros
empresários fossem investir na Amazônia Ocidental, ou, mais
particularmente, no Estado do Amazonas.
É essa, portanto, a razão de solicitarmos a supressão
do art. 12; por ser altamente prejudicial não só ao Amazonas,
mas ao próprio Brasil.
Sr. Presidente, o desenvolvimento da Amazônia, hoje,
é questão de segurança nacional. Se não ocuparmos e no
desenvolvermos a Amazônia, estaremos, em tempo não muito
distante, talvez perdendo partes da região.
É esta a razão, eminente Relator, da emenda
supressiva que apresentamos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem a
palavra o Relator, Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – No caso, deu-se o
seguinte paradoxo: no Anteprojeto – ou seja, no Substitutivo
anterior – tínhamos um conjunto de disposições relativas aos
incentivos, que foram modificadas, com base na proposta dos
Constituintes José Dutra e Gerson Camata. Fiz, então, a
modificação, acolhendo o espírito das propostas de V. Ex.è
Não estava em cogitação a inclusão da palavra "periódico",
uma vez que se dizia:
"Disposição legal que conceda isenção ou outro
benefício fiscal terá seus efeitos avaliados pelo Poder
Legislativo competente, nos termos do disposto em lei
complementar."
É a lei complementar que vai dispor sobre isso. A
palavra "periodicamente" entrou realmente por algum erro, ou
por vício da redação anterior, que permaneceu de maneira
alheia à minha vontade. Consideraria isso como um equívoco
e solicitaria ao nobre Constituinte José Dutra e ao Constituinte
Gerson Camata, se é que este se vai manifestar sobre o
assunto, que me permitissem fazer essa correção, com a
supressão do termo "periodicamente". Meu propósito foi
exatamente atender à proposta de V. Ex.ª Inclusive, anotei:
"Olhar a emenda Constituinte José Dutra, que quero ver
incorporada no texto".
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ DUTRA: – A retirada da
palavra "periodicamente" atende aos nossos reclamos.
O SR. RELATOR (José Serra): – Nobre Constituinte,
estou surpreso de ter encontrado a palavra aqui.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Quero,
dizer a V. Ex.ª que o Constituinte José Serra já havia
manifestado estranheza quanto à manutenção da palavra
"periodicamente" no texto. S. Ex.ª já havia feito as recla-
147 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
mações devidas à Assessoria por não ter acolhido o pedido
de retirada da palavra, o que decorreu de negociação feita
com V. Ex.ª e com o Constituinte Gerson Camata.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ DUTRA: – Sr.
Presidente, o autor da emenda sou eu, mas quem
requereu o destaque foi o eminente Constituinte Geraldo
Fleming. A S. Ex.ª, portanto, competiria fazer a retirada do
destaque.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Sr.
Presidente, peço a palavra, pela ordem. Quero informar
também a retirada de outra do pedido de destaque
relacionado ao art. 12, pelas mesmas razões apresentadas
pelo Constituinte José Dutra.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Peço desculpas. Não falei a V. Ex.ª porque seu nome não
estava nessa relação. Vamos votar agora a supressão do §
1º do art. 13, defendida pelo Constituinte César Maia.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Sr.
Presidente Srs. Constituintes, acredito que é importante
neste momento avaliarmos o que significa o Poder
Executivo o direito de definir alíquotas para os impostos
descritos no § 1º Acredito que no caso do Imposto sobre
Importação, em função de acordos internacionais,
devemos delegar ao Poder Executivo essa atribuição. Mas
tenho dúvida de que se deva delegar ao Poder Executivo
atribuição para definir alíquotas para o IPI, ou para
operações de crédito. Esse parágrafo é demasiadamente
abrangente, devendo ser suprimido, ou reduzido na sua
abrangência.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra o Sr. Relator, Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Sr. Presidente,
não acolho a emenda supressiva do Constituinte César
Maia. Inclusive, no § 1º, não há maneira de se fazer a
contração de um ou outro item do artigo. No caso do
Imposto sobre Importação de produtos estrangeiros, essa
alteração tem que ser feita, às vezes instantaneamente.
Por exemplo, quando se faz uma maxidesvalorização, tem-
se que instituir imediatamente, em muitos casos, o Imposto
sobre Importação.
Isso tudo, por outro lado, tem que ser feito nos
termos da lei. Há uma lei que fixará limites e de alguma
forma delimitará esse poder de a União intervir. Portanto,
sou enfaticamente a favor da manutenção do § 1º. A sua
supressão, inclusive, provocaria distorção irreparável no
texto, do ponto de vista do que nele deve constar a respeito
da capacidade de a União fazer política econômica e
inclusive, da própria coerência do conjunto do texto.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra o Constituinte César Maia.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Os
esclarecimentos do Sr. Relator foram suficientes. Retiro a
emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V.
Ex.ª retira a emenda. A emenda ao art. 15, § 1º, já está
prejudicada. Era de autoria do Constituinte Irajá Rodrigues.
Há uma emenda ao § 4º do art. 15, do Constituinte Firmo
de Castro – Concedo a palavra a S. Ex.ª.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – A
idéia da emenda supressiva, Sr. Presidente, relaciona-se
com a seletividade do novo ICM, o que poderia permitir
proliferação muito grande de alíquotas, variando de
produto para produto, de Estado para Estado. Essa é uma
questão que, na verdade, traz preocupações. De forma que
submeteríamos à consideração do Plenário a supressão
da parte do parágrafo que diz: "... admitida sua se-
letividade, em função da essencialidade das mercadorias e
dos serviços..."
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Gostaria de dizer ao Constituinte Firmo de Castro que,
dentro do conjunto, ou é pedido a supressão do parágrafo,
ou a sua manutenção. Houve entendimento baseado na
posição do Constituinte Cid Sabóia de Carvalho e não
posso simplesmente falar nas outras partes. Ou é a
supressão total, ou é a manutenção.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Sr.
Presidente, isso se aplicaria se eu fosse reduzir a minha
emenda. A minha emenda é supressiva apenas dessa
parte do parágrafo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Neste
caso, vamos examinar a emenda de V. Ex.ª, e não a
supressão do parágrafo. Se V. Ex.ª apresentou emenda neste
sentido, vamos examinar a sua emenda posteriormente.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Sr.
Presidente, para facilitar os trabalhos, permito-me retirar a
emenda e deixar esse assunto para os estudos mais
avançados.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Art.
15, § 5º, item II. O Constituinte Domingos Juvenil tem a
palavra.
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: – Sr.
Presidente, novamente se trata o problema mineral. Como
já está perfeitamente esclarecido, retiro a emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Agradeço a V. Ex.ª
Com a palavra o Constituinte João Castelo.
O SR. CONSTITUINTE JOÃO CASTELO: –
Também retiro a emenda, Sr. Presidente. É sobre o
mesmo assunto. Já está esclarecido.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Art.
15, § 9º, item II letra b. O Constituinte Darcy Deitos
também retira sua emenda? Com a palavra o Constituinte
Darcy Deitos.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Não, Sr.
Presidente, e V. Ex.ª me permite gostaria de encaminhar a
votação, já que este é um assunto de muita relevância.
A nossa proposição é no sentido de suprimir do art.
15, § 9º, item II, letra b, a expressão "e energia elétrica".
Vou explicar por que.
O art. 15 diz que "compete aos Estados e ao Distrito
Federal instituir impostos". Há um parágrafo que diz que
esses impostos não incidirão sobre energia elétrica. A não-
incidência desses tributos sobre energia elétrica nas
operações interestaduais retira dos Estados produtores e
exportadores a oportunidade de auferir receitas
decorrentes da exploração dos recursos naturais existentes
em seu território.
E digo mais: há que se distinguir, Sr. Presidente,
entre tributo e renda ou remuneração do investidor. Não há
como defender a isenção do tributo, que cabe ao Estado,
sob a alegação de que é a União que decide e investe
pesadamente, através de suas empresas, em instalações
geradoras. O prejuízo que têm os Estados produtores de
energia é muito grande, como é o caso do meu Estado, o
Paraná, que teve milhares de hectares de terras alagadas
por Itaipu e pelas hidrelétricas construídas por São Paulo,
na divisa entre os dois Estados. Não é possível prevê
nesta Constituição a proibição de que o Estado possa fazer
a cobrança do ICM, se assim o desejar. Entendo que não é
possível também outros Estados geradores de energia,
como o Paraná aceitarem a inserção de tal dispositivo
nesta Constituição.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
Sr. Presidente, os Estados produtores e alguns
Estados do Nordeste também são produtores – têm o mesmo
problema; importam energia isenta de imposto para um
Estado mais rico, especialmente para aquele que consome
mais energia – São Paulo, por exemplo e este depois vai
vender os produtos com o valor agregado da energia, tendo o
resultado na cobrança do imposto com o produto inacabado.
Neste sentido, apelo ao ilustre Relator para que atenda ao
pedido de supressão neste dispositivo, desta expressão "e
energia elétrica", do art. 15 § 9º item II letra b, a fim de que
não se tire o direito dos Estados de cobrar esses impostos.
Depois, cada um de per si, resolverá se cobrará ou não a
exportação de energia. Entendo que, do contrário, se estará
tirando o direito de o Estado produtor resolver a adotar.
Queremos apenas a supressão da expressão. Não
vamos dizer que vamos tributar. Mas, estando previsto aqui,
jamais o Estado poderá exercitar o seu direito como legítimo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Agradeço ao Constituinte Darcy Deitos a manifestação
apresentada e o prazo rigorosamente cumprido.
Com a palavra o Sr. Relator, Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Os Constituintes desta
Comissão acabam de ter a oportunidade de conhecer outra
dimensão do combativo Deputado Darcy Deitos. Até agora, havia
aparecido sua dimensão valente, que muito admiro de defensor
dos interesses nacionais e das causas sociais. Agora vimos
entrar uma questão regional nas preocupações do Constituinte.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – É o que
move V. Ex.ª, e a nós também a fazermos política.
O SR. RELATOR (José Serra): – Qual é o problema?
Por que incluímos aqui o dispositivo que V. Ex.ª a de zerar as
alíquotas interestaduais de energia elétrica e derivados de
petróleo? Por que houve uma política nacional, ao longo
desses anos, a respeito da produção desses dois insumos?
Por exemplo, os Estados pequenos do Nordeste não são
produtores de energia elétrica, nem têm refinarias, o
combustível vem de Estados vizinhos. O Rio de Janeiro é um
Estado com muitas refinarias. São Paulo, com um balanço
energético de importação de energia elétrica, exporta bastante
combustível, porque também possui muitas refinarias. A Bahia
é outro Estado onde se localizam muitas refinarias,
construídas pelo Governo Federal. Então, haveria uma
verdadeira conflagração no Brasil, se exportassem impostos
por conta da produção desses insumos. É claro que alguns
Estados, como Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia – os
do Nordeste, certamente os Estados pequenos não entrariam
– teriam privilégios com essa situação. Mas seria inaceitável,
do ponto de vista federativo. Daí a preocupação de colocar a
alíquota zero aqui. O Senado Federal fixará alíquotas internas,
quando julgar que seja o caso. Está dito que as alíquotas
internas mínimas não poderão ser superiores a interestadual.
Nos casos em que ocorra guerra fiscal, o Senado poderá
também fixar uma alíquota mínima, que seja superior à
interestadual. A alíquota zero serve para garantir
constitucionalmente uma situação de não-conflagração. De
outra maneira, poderia produzir-se no País uma guerra fiscal
inclusive os Estados vizinhos, insisto: não é nem o caso de
São Paulo, nem do Paraná, porque, no balanço energético o
Estado sairia ganhando, graças à exportação de derivados de
petróleo para outros Estados. Por isso, colocamos a alíquota
zero, que me parece essencialmente por tratar-se de um caso
em relação ao qual não pode haver dúvidas. Recebemos
manifestações de diversos Estados nesse sentido.
Por outro lado, chegou-me a observação do Constituinte
Affonso Camargo, a respeito deste problema e de outro,
148
que envolve essa questão, localizado no art. 15, § 9º, inciso I,
alínea, b, que diz:
"§ 9º O imposto de que trata o item III:
II – não incidirá:
b) sobre operações que destinem a outros Estados
petróleo, inclusive combustíveis líquidos e gasosos dele
derivados, e energia elétrica."
Tirando a expressão "manutenção de crédito", o que
poderia acontecer? Por exemplo: O Paraná vende energia
elétrica, e os produtores intermediários, quando o produto
fosse exportado, requererem a devolução de um imposto
que não foi cobrado: e isso traria prejuízo para o fisco do
Estado respectivo. Então, atendendo ao reclamo dos
Constituintes, suprimimos este dispositivo, para não causar
uma injustiça.
Diria, por último, que, como hoje o ICM não é cobrado,
efetivamente não se trata de prejuízo. Está-se tirando algo que
já se tem. Por esta razão não acolho a emenda supressiva do
Constituinte Darcy Deitos.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Lamento,
ilustre Relator José Serra, porque realmente o meu Estado
se sentirá muito prejudicado com este entendimento de V.
Ex.ª.
Sr. Presidente, gostaria que V. Ex.ª fizesse uma
consulta preliminar.
O SR. RELATOR (José Serra): – O meu Estado,
também.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
fazer uma consulta prévia: os Srs. Constituintes que estiverem
de acordo com o Constituinte José Serra permaneçam como
estão.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: –
Seria bom V. Ex.ª esclarecer do que trata exatamente
a emenda que visa supressão da expressão "e energia
elétrica".
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V. Ex.ª
apresentou-a tão bem, que não ouso adicionar nada às suas
palavras.
Os Constituintes que estiverem de acordo com o
dispositivo mantido pelo Constituinte José Serra, que
estabelece a não-incidência do ICM nas operações
interestaduais sobre energia elétrica e gasolina, permaneçam
como estão.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Só energia
elétrica, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O
artigo fala nos dois.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: –
Mas pedimos supressão apenas da expressão "e energia
elétrica".
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Muito
bem, sobre energia elétrica. Os que aprovarem permaneçam
como estão.
Aqueles que acolherem a proposição do ilustre
Constituinte Darcy Deitos levantem a mão.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, solicito verificação de votação.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
proceder a verificação.
Aqueles que desejarem a manutenção da
emenda do Constituinte Darcy Deitos art. 15, § 9º,
II, b – suprimir a expressão "energia elétrica" dirão "sim".
Os que estiverem com o Constituinte José Serra dirão
"não".
(Votação.)
149 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
Votaram "sim" os Constituintes: Affonso Camargo,
Basílio Vilani, Darcy Deitos, Domingos Juvenil, Fernando
Gasparian, João Carlos Bacelar, João Machado
Rollemberg, Jovani Masini, Jutahy Magalhães, Mauro
Campos, Sergio Spada, Sergio Werneck; Votaram "não" os
Constituintes: Adhemar de Barros Filho, Adroaldo Streak,
Airton Sandoval, Benito Gama, Fernando Bezerra Coelho,
Firmo de Castro, Flavio Rocha, Francisco Dornelles,
Furtado Leite, Geraldo Fleming, Gerson Camata, Harlan
Cadelha, Ivan Bonato, Jessé Freire, João Castelo, João
Natal, José Carlos Vasconcellos, Jose Guedes, José Luiz
de Sá, José Luiz Maia, José Maria Eymael, José Serra,
José Tinoco, Lézio Sather, Márcio Braga, Messias Góis,
Mussa Demes, Nion Albernaz, Osmundo Rebouças, Pedro
Ceolin, Rose de Freitas, Simão Sessim, Virgilio Guimarães,
Wilson Campos, Hélio Rosa, Victor Fontana e César Maia;
absteve-se de votar o Constituinte Jesus Tajra.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Trinta e sete Srs. Constituintes votaram "não", doze
votaram "sim", e houve uma abstenção. Foi rejeitada a
propositura do Constituinte Darcy Deitos.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, quero agradecer aos onze Constituintes
esclarecidos que votaram com a minha proposta.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Sr.
Constituinte Firmo de Castro, quanto a solicitação de V.
Ex.ª (Pausa.) No art. 24, os §§ 1º e 2º são supressivos?
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Sr.
Presidente, retiro da pauta o assunto, embora saiba que,
pela primeira vez, teria o voto-favorável do Relator.
O SR. RELATOR (José Serra): – O Constituinte
Firmo de Castro não me quis dar a satisfação de acolher
uma emenda feita por S. Ex.ª
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ LUIZ MAIA: – Sr.
Presidente, também tenho uma emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Mas
ainda não estamos votando as emendas. Estamos votando
apenas as supressivas.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ LUIZ MAIA: – Mas a
minha emenda é supressiva.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Supressiva de que artigo?
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ LUIZ MAIA: – Do art.
24 e seus parágrafos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Estamos votando os destaques dos dispositivos
Constituinte Waldeck Ornélas. (Pausa.) Constituinte Lezio
Sathler, V. Ex.ª deseja a supressão do art. 27?
Tem a palavra o Constituinte Lezio Sathler.
O SR. CONSTITUINTE LÉZIO SATHLER: – Sr.
Presidente, Sr. Relator, Srs. Constituintes, entendemos,
inicialmente, que o art. 27 é matéria correlata do art. 12, já
tratado aqui. Fazemos três observações iniciais que
justificam a supressão desse artigo. Em primeiro lugar,
argumentaríamos, dizendo ser desnecessária a inserção
dessa matéria no texto constitucional. Ela poderia constar
de lei complementar, uma vez que o próprio Poder
Legislativo, através desses instrumentos criados por lei e
por ele aprovados, já diz quais são os mecanismos que
devem regular. No texto encontramos justamente a
expressão "será" submetida à avaliação do Poder
Legislativo". Já é prerrogativa do Poder Legislativo.
Qualquer membro desse Legislativo poderá, a
qualquer momento dar iniciativa a matéria dessa natureza,
através de emenda, no Congresso Nacional.
Argumentamos também que isso criaria um ver-
dadeiro fantasma de destímulo para aqueles que deram
início a esse processo de investimento nessas áreas, onde
usufruem do benefício da isenção fiscal. Entendemos
ser desnecessário constar essa matéria do texto
constitucional.
O SR. CONSTITUINTE GERSON CAMATA: – Sr.
Presidente, permita-me argumentar.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao Constituinte Gerson Camata, que, a
exemplo do Constituinte Lézio Sathler, solicitou a
supressão do art. 27.
O SR. CONSTITUINTE GERSON CAMATA: – A
matéria já é tratada no art. 12, e acho que a supressão
enxugaria nosso relatório, e o tornaria mais prático. Por
outro lado, por parte dos investidores, daqueles que
acreditaram na legislação pertinente, poderia provocar
certa retração, certo prejuízo. Até que houvesse a lei
complementar para apreciação, seria interessante suprimir-
se, inclusive para não tornar o texto redundante, repetitivo.
Esse o apelo que faço ao Sr. Relator.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: –
Sr. Presidente, para uma questão de ordem. Apesar
de não ter apresentado destaque para o art. 27, tenho
uma emenda na mesma linha daquela destacada
pelos Constituintes José Carlos Vasconcelos e César
Maia.
Indago: se o pedido de destaque para o dispositivo
feito pelos dois Constituintes que já falaram for negado,
isso prejudicaria as emendas posteriormente?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Se
for acolhido, ficam prejudicadas as emendas.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – As
emendas terão sido satisfeitas.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Se
for acolhido o pedido de destaque, não serão votadas as
emendas; mas, se não acolhido, V. Ex.ª poderá apresentar
suas emendas substitutivas, aditivas.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: –
Mesmo que as emendas substitutivas tenham o mesmo
teor do pedido de destaque?
O SR PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não,
S. Ex.as estão pedindo a supressão.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – A
emenda é no mesmo sentido.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Se
suprimirmos agora, o pedido da emenda já terá sido
atendido.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: –
Mas, indago: se, não for acolhido, as emendas serão
prejudicadas?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – As
emendas ficam prejudicadas.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: –
Sendo assim indago ainda: nós, que temos
emendas, teremos direito a argumentar em defesa dessas
emendas?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Se
sua emenda for substitutiva, aditiva ou modificativa, sim; se
for supressiva e já tiver sido suprimido o dispositivo em
questão, não.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: –
Mesmo se a emenda tem o mesmo efeito do pedido do
destaque?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Se
não for acolhida a supressão do dispositivo, sua emenda
fica válida.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Na
verdade, ficarei constrangido em defender a emenda, depois
de pedida a supressão desse artigo, se agora a análise do
plenário for no sentido de rejeitar o dispositivo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – No
momento oportuno darei a palavra a V. Ex.ª
Os Constituintes Lezio Sathler e Gerson Camata
pedem a supressão do art. 27. Com a palavra, o Constituinte
José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – O art. 27 pertence às
disposições transitórias e trata também da revisão dos
incentivos. Acolho a proposta de supressão dos
Parlamentares do Espírito Santo, para atender ao espírito do
art. 12, reformulado. Queria apenas dizer algumas palavras a
respeito da questão dos incentivos. É muito importante, no Brasil,
fazer-se uma revisão no sistema de incentivos, não para suprimir
os de caráter regional, mas para melhorá-los, onde for possível,
porque nada é perfeito. Há vários outros. Os que não são de
caráter regional deveriam ser suprimidos, mas não os de caráter
regional tendentes a corrigir desigualdades. O espírito da nossa
proposta era este. O art. 12, na forma como ficou, enseja que isso
seja feito posteriormente pelo Congresso Nacional.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
fazer a consulta prévia. Com a palavra o Constituinte João
Castelo.
O SR. CONSTITUINTE JOÃO CASTELO: – Sr.
Presidente, uma vez acatando o ponto de vista pelo Relator,
nada havendo no sentido de contraditar, acho que cabe
apenas a V. Ex.ª colocar em votação o assunto.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
fazer a consulta prévia. Aqueles que estiverem de acordo com
o Relator José Serra e, conseqüentemente, com os
Constituintes Gerson Camata e Lezio Sathler, pela supressão,
permaneçam como estão; aqueles que desejam a
manutenção do dispositivo levantem a mão. (Pausa.)
Permaneceu a posição. Foi suprimido o art. 27.
Vamos proceder à votação. Quem votar "sim" estará a
favor dos Constituintes Lezio Sathler, Gerson Camata e
conseqüentemente, com o Relator; quem votar "não" estará
com o Constituinte José Tinoco.
(Votação.)
Votaram "sim" os Constituintes: Wilson Campos,
Virgílio Guimarães, Simão Sessim, Sérgio Werneck, Sérgio
Spada, Ruberval Piloto, Rose de Freitas, Pedro Ceolin,
Osmundo Rebouças, Nion Albernaz, Mussa Damas, Messias
Góis, Mauro Campos, Márcio Braga, Lezio Sathler, Jutahy
Magalhães. Jovani Masini, José Serra, José Maria Eymael,
José Luís Maia, José Luiz de Sá, José Guedes, José Carlos
Vasconcelos, João Natal, João Machado Rollemberg, João
Castelo, João Carlos Bacelar, Jesus Tajra, Jessé Freire, Ivan
Bonato, Irajá Rodrigues, Harlan Gadelha, Gerson Camata,
Geraldo Fleming, Francisco Dornelles, Flávio Rocha, Firmo de
Castro, Fernando Bezerra Coelho, Domingos Juvenil, Benito
Gama, Basílio Vilani, Affonso Camargo, Adoraldo Streck,
Adhemar de Barros Filho, Victor Fontana, César Maia, Hélio
Rosas. Votaram "não" os Constituintes: José Tinoco e Airton
Sandoval.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Aprovada a supressão do art. 27, com quarenta e sete votos
favoráveis e dois contrários.
Os Constituintes José Luiz Maia e Benito Cama
retiraram pedido de destaque para o art. 24 e §§ e para o art.
29 itens I e II.
Começaremos agora a votar as emendas. Vamos
votar a primeira emenda, do Constituinte Nion Albernaz, que
150
estava erroneamente incluída como supressiva mas é
modificativa.
Concedo a palavra ao Constituinte Nion Albernaz, que
deseja modificar o item II do art. 1º
Peço aos Srs. Constituintes atenção toda especial para
o assunto que vai ser levantado pelo Constituinte Nion
Albernaz.
Com a palavra V. Ex.ª
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: – Sr.
Presidente, na definição dada pelo Relator José Serra, S. Exa,
não se refere a serviço público específico; apenas diz:
"I – taxas, em razão do exercício de atos de poder de
polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços
públicos prestados ao contribuinte."
No entanto, o Código Tributário, cuja doutrina é
defendida pelos melhores tributaristas, entende que o
específico é parte fundamental da conceituação da taxa. Não
apenas o específico, mas o divisível. Entendemos que o
divisível estabelece restrições tão amplas que inviabiliza a
administração pública, quando quer cobrar tributos, como a
taxa de iluminação pública e a de conservação de estradas.
Conforme define o Código, específicos são os serviços que
possam ser destacados em unidades autônomas de
intervenção, de utilidade e de necessidade pública. Não
podemos abrir tanto a cancela. Eliminar o divisível é justo, mas
eliminar o específico, no nosso entender, é dar uma
prerrogativa muito ampla ao Poder Público, que pode abusar
desses poderes.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Sr. Relator, Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – A emenda do
Constituinte Nion Albernaz qualifica serviços públicos, dizendo
"serviços públicos específicos", acrescenta o termo
"específicos", uma discussão muito complexa a respeito da
questão dos serviços públicos, taxas e serviços públicos
específicos e divisíveis.
Vou optar por acolher a emenda do Constituinte Nion
Albernaz. Devo dizer que a discussão, nos termos em que S.
Ex.ª a coloca, poderia merecer alguma qualificação maior e
considerações mais extensas, porque acrescentar o termo
"específicos" acarreta implicações importantes. Não obstante
isto, vou mesmo optar por acolher a emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
fazer a consulta. Os Srs. Constituintes que aceitarem a
emenda do Constituinte Nion Albernaz, acatada pelo Relator,
Constituinte José Serra, permaneçam como estão. Os que
forem contrários levantem a mão.
Foi aceita a emenda. Vamos passar à votação.
A emenda não foi citada inicialmente porque,
por equivoco, havia sido colocada entre os dispositivos
que seriam suprimidos. Posteriormente, o ilustre Constituinte
Nion Albernaz explicou que ela não era supressiva; apenas S.
Ex.ª desejava adicionar a expressão no item II, "serviços
públicos específicos". E o Constituinte José Serra acolheu a
adição.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO BEZERRA
COELHO: – Sr. Presidente, já que nenhum Constituinte
posicionou-se contra o acréscimo da palavra "específicos"
ao item II do art. 1º, solicito a V. Ex.ª considere
aprovada por unanimidade a sugestão do Constituinte Nion
Albernaz.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não
posso fazer isto. Todas as questões têm de ser votadas
nominalmente. Vamos proceder à votação da Emenda nº
5S0713, do Constituinte Nion Albernaz.
151 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
Votação
EMENDA N.° 5S0713
NION ALBERNAZ
Votaram "sim" os Constituintes: Adhemar de.-
Barros Filho. Adroaldo Streck, Affonso Camargo, Airton
Sandoval Basilio Vilani, Benito Gama, Domingos Juvenil,
Fernando Bezerra Coelho, Firmo de Castro, Flávio Rocha,
Francisco Dornelles. Geraldo Fleming. Gerson Camata,
Harlan Gadelha, Irajá Rodrigues, Ivan Bonato, Jessé
Freire, Jesus Tajra, João Castelo, João Machado
Rollemberg, João Natal, José Carlos Vasconcellos. José
Guedes, José Luiz de Sá, José Luiz Maia. José Maria
Eymael. José Serra, José Tinoco, Jovani Masini. Jutahy
Magalhães, Lezio Sathler, Márcio Braga. Mauro Campos,
Messias Góis, Mussa Demes, Nafhtali Alves. Nion
Albernaz. Osmundo Rebouças, Pedro Ceolin, Rose de
Freitas, Sérgio Spada. Sérgio Werneck, Simão Sescum,
Wilson Campos, Victor Fontana. Hélio Rosas, César Maia.
Absteve-se de votar o Constituinte Darcy Deitos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Por
47 votos e uma abstenção, foi aceita a proposta do
Constituinte Nion Albernaz. Votaremos agora a Emenda n°
442, do Constituinte Nelson friedrich. Pergunto se algum
Constituinte deseja defender esta emenda, que dá nova
redação ao § 2.° do art. 1.°
O SR. CONSTITUINTE JOÃO CASTELO: – Pela
ordem, Sr. Presidente. Em consonância com o
entendimento anterior, vamos deixar esta emenda para
depois, e votar as de autoria de quem estiver presente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concordo com V. Ex.a
A SR.a CONSTITUINTE ROSE DE FREITAS: – Sr.
Presidente, gostaria de fazer uma solicitação à Mesa, mas
não sei se conseguiria a gentileza do atendimento de V.
Ex.a Proponho uma inversão da pauta. colocando em
votação a Emenda de n." 60, do Constituinte Airton
Sandoval. Justifico meu pedido, na condição de Vice-Líder.
O Lider da Constituinte está convocando os Vice-Líderes
rara uma reunião de urgência, mas eu gostaria de votar
assa matéria, na qual tenho interesse.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tenho
de ater-me ao Regimento. Só se admite pedido de preferência
por escrito. antes de começar a sessão.
Emenda n.° 707-3, do Constituinte Virgilio Guimarães.
Estando S. Ex.ª ausente, aguardaremos sua volta.
Emenda n° 830, do Constituinte Roberval Pilotto.
Retirada.
Emenda n° 715, do Constituinte Virgílio Guimarães.
Aguardaremos a volta de S.Exa
Emenda n° 861, do Constituinte Jairo Carneiro.
Aguardaremos a volta de S. Exa
Emenda n° 704 do Constituinte Irajá Rodrigues
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ RODRIGUES: – Há um
destaque deste artigo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não
houve pedido de destaque para a Emenda n.° 634, do
Constituinte Fernando Gasparian.
Emenda n.o 448, do Constituinte Flávio Palmier da
Veiga.
O SR CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELLOS: – V.Ex.a poderia informar onde está a
relação dessas emendas?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Foi
distribuida à Constituinte Rose de Freitas, no inicio desta
sessão.
O SR. CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: –
Sr. Presidente. peço a palavra para uma questão de
ordem. Gostaria que V. Ex.a nos informasse qual o critério
de preferência para a colocação dos destaques em
votação, e também como se poderia pedir preferência
para uma emenda, quando nos foi entregue há poucos
instantes. já no transcurso da sessão, a relação aos
locais em que estão colocados os destaques na pauta.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Sr.
Constituinte Airton Sandoval, os pedidos de preferência,
de acordo com o Regimento, têm de ser apresentados por
escrito antes do inicio da sessão.
O SR. CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: –
Sr. Presidente, procurei, durante todo o tempo em que
aqui estive, até que me chegou às mãos, há poucos
instantes, uma relação das emendas para saber a
colocação da minha. Mas.a. relação me foi apresentada
muito depois do início da sessão. De forma que não me
era possível pedir preferência, se desconheça o local
onde estava colocada. na pauta dos trabalhos desta
reunião, a minha emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Sr. Constituinte, apresento a V. Ex. a escusas pelas
dificuldades que a Secretaria teve na organização do
trabalho.E.se V. Ex. a estiver de acordo, procuraremos
usar uma metodologia mais avançada, no momento em
que começarmos a analisar o dispositivo do
Orçamento.
O SR CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: – Há
um pedido de preferência da Constituinte Rose de
Freitas, que não poderia ser de outra forma, pois era
inviável a apresentação desses pedidos anteriormente
sem se saber onde. na pauta, estavam colocadas as
propostas nem sabemos ainda a forma como foi feita a
pauta.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Pela ordem de apresentação de artigos.
O SR. CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: –
Mas não há uma preferência pela ordem de apresentação
dos destaques? Na sessão anterior prevaleceu esta
ordem de apresentação. Agora eu esperava que também
fosse assim. tanto que apresentei meu pedido de
destaque num dos primeiros instantes da sessão.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Sr.
Constituinte Airton Sandoval, a solicitação de preferência
é dentro do artigo. Havendo várias emendas relativas ao
mesmo artigo, concede-se a preferência. Essa foi a
sistemática adotada na reunião anterior. De acordo com o
Regimento, o pedido de preferência tem de ser feito por
escrito, antes de iniciada a sessão. A Constituinte Rose
Freitas chegou no meio da sessão. Portanto S. Ex.a não
poderia ter elaborado seu pedido de preferência, ainda
que tivesse todas as emendas em suas mãos.
A SR.a CONSTITUINTE ROSE DE FREITAS: – Sr.
Presidente, peço um esclarecimento. Tenho dificuldade de
localizar no Regimento Interno, e gostaria que V. Ex.a me
informasse o artigo em que se baseia para assegurar que
eu deveria ter feito isso no inicio da sessão e por escrito.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
"Será permitido a qualquer Deputado, antes de
iniciada a sessão, requerer preferência para votação..."
A SRª CONSTITUINTE ROSE DE FREITAS: –
Qual é o artigo, Sr. Presidente?
O SR. CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: –
Além do mais, Sr. Presidente, o pedido da Constituinte
Rose de Freitas não foi de preferência, mas de inversão
da pauta de votação.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não
existe essa figura de inversão de pauta.
A SR.a CONSTITUINTE ROSE DE FREITAS: – Sr.
Presidente, V. Ex.a poderia basear-se no art. 62 do
Regimento da Assembléia Nacional Constituinte.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles):
"Serão verbais, ou escritos, sendo resolvidos... os
requerimentos que solicitam":
I – a palavra: II – retirada...”
Não dependerão de apoiamento nem de
encaminhamento; serão escritos os requerimentos de
preferência.
A SRa CONSTITUINTE ROSE DE FREITAS: – Nem
encaminhamento?
O SR PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Gostaria imensamente de atender a V Exa, mas, se eu
abrisse um precedente, teria de permitir que todos os
Constituintes que o desejassem pedissem a preferência.
Essa preferência por escrito do pedido antes de iniciada a
sessão.
A SRa CONSTITUINTE ROSE DE FREITAS: – Isso
não consta do Regimento.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Emenda nº 719, do Constituinte Simão Sessim.
O SR CONSTITUINTE SIMÃO SESSIM: – Sr.
Presidentes antes uma emenda do Constituinte Flávio
Palmier da Veiga.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O
Constituinte Flávio Palmier da Veiga não está presente. V.
Ex.a deseja defendê-la?
O SR. CONSTITUINTE SIMÃO SESSIM: – S. Ex.a
solicitou-me que defendesse sua emenda. Acontece que,
examinando a emenda e o substitutivo. verifico que ela já
foi acolhida. É o art. 5.0, e ele pede uma nova redação,
Acontece que a emenda já está acolhida no substitutivo.
Por isso. já que S. Ex.a me pediu que a defendesse, posso
pedir a retirada.
O SR PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Acolhida a retirada.
O SR CONSTITUINTE SIMÃO SESSIM: – Quanto à
Emenda n.° 719, solicitei destaque. É emenda do
Constituinte Márcio Braga, que não está presente, mas me
pediu também que a retirasse, caso ele não comparecesse
para defendê-la.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – A
Emenda n.o 851, o Constituinte Ruberval Pilotto retirou.
Emenda n.° 644 do Constituinte Fernando
Gasparian também não estando presente, a Mesa
aguardará a sua chegada.
Chegou aqui o Constituinte Virgílio Guimarães, que -
havia apresentado a Emenda n.° 707, de se acrescentar o
§ 6.° do art. 1.°
Com a palavra o Constituinte Virgílio Guimarães.
O SR. CONSTITUINTE VIRGÍLIO GUIMARÃES: –
Trata-se da inclusão,do seguinte texto:
"Toda sonegação de tributo é crime inafiançável,
sem que o seu pagamento prejudique a ação penal
correspondente."
Isso significa que qualquer crime é julgado
publicamente cercado de uma série de cuidados. O crime
tributário, que é contra a população inteira, oferece uma
série de portas de escape aqueles que o praticam. Aqui se
trata de dispositivo constitucional mais drástico sobre o
152
crime tributário e. evidentemente, será aplicado, desde que
caracterizado o dolo. embora sua aplicação seja cercada de
todos os cuidados inerentes a qualquer ação penal. Portanto,
trata-se de enquadrar o chamado "crime do colarinho branco",
crime contra o conjunto da população. numa norma penal
correspondente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Sr. Presidente,
estou de acordo com o espírito da emenda do Constituinte
Nelton Friedrich apresentada pelo Constituinte Virgílio
Guimarães. Creio. no entanto, que este assunto ficaria melhor
localizado na matéria a respeito do Poder Judiciário. Não me
sinto realmente em condições de ter uma posição mais sólida
a respeito do tema de inafiançabilidade da sonegação e o
problema da ação penal correspondente. Acho que esta é
uma proposição que afeta a outra área do processo
constituinte. Por isso é que não acolheria a emenda do
Constituinte Nelton Friedrich apresentada pelo Constituinte
Virgílio Guimarães.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles ): – Vamos
fazer a consulta prévia. Aqueles que estiverem de acordo com
a posição do Constituinte José Serra permaneçam como estão.
Aqueles que desejarem incluir e aceitarem a emenda do
Constituinte Nelton Friedrich levantem a mão.
Está prejudicada e retirada a Emenda n° 707.
Há a Emenda n° 715, do Constituinte Virgílio
Guimarães que propõe a inclusão da alínea e no inciso III do
art. 2.°
O SR. CONSTITUINTE VIRGÍLIO GUIMARÃES: –
Pediria atenção especial para esse item. Também é iniciativa
do Constituinte Nelton Fredrich. Por adesão a emenda.
competiu-me solicitar o destaque.
Quanto à questão que enfoca, da criação de um
orçamento dos gastos tributários, proliferam as isenções, por
que a população tinha controle disso. Não existe orçamento,
nem transparência, enfim, tudo isso é feito, e o povo não sabe
quanto paga, A isenção tributária seria exatamente e.
expressão daquilo de que o Estado abriu mão, que deixou de
receber. Portanto isto é um gasto também e Muitas vezes. o
Estado não controla, por não ter esse tipo aquilo de que o
contribuinte foi isento, que o Estado deixou de receber.
Parece-me que esse assunto é da maior relevância do
ponto de vista 'do controle. Não implica a perda de nenhuma
das prerrogativas já existentes, dos impostos. Simplesmente
acrescenta-se um direito democrático, de controle pela
população, e quem sabe pelo próprio Estado. Muitas vezes, o
Estado não controla. por não ter esse tipo de orçamento. Isso
me parece da maior relevância para a própria administração
pública, e para o conjunto da população.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte Messias Góis.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Sr.
Presidente, não estou encontrando como incluir o assunto do
Substitutivo do Constituinte José Serra. Ao que me consta o
art. 2.° tem os itens I, II e III alíneas a e b. e a emenda manda
acrescer a alínea c. Ora, ela inexiste. Como é que se vai
acrescentar o inexistente?
O SR PRESIDENTE (Francisco Dornelles.): – Existe.
realmente. No art. 2.° V. Ex.a tem I, II e III, e no art. 3.° tem a
alínea a, b e c. Ele deseja acrescentar á alínea e,
O SR CONSTITUINTE VIRGÍLIO GUIMARÃES: – A
proposta é de criar e orçamento do gasto tributário.
153 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra o Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Quero dizer ao
Constituinte Virgílio Guimarães que sou muito simpático à
idéia da evidência do gasto tributário. Não sei por quem foi
criado o conceito, mas é muito utilizado pela Comissão de
Reforma Tributária, que particularmente me assessorou no
trabalho de elaboração desse projeto. Entretanto, creio que
não adianta incluir gasto tributário. O próprio termo não
está definido, não está conceituado. Estabelecer normas
gerais a respeito de gastos tributários seria muito difícil,
porque gastos tributários envolvem incentivos. subsídios,
uma série de questões.
Creio que essa emenda, no seu espírito, e
praticamente na sua forma, já está acolhida na parte de
Orçamento, num artigo que eu pediria a V. Ex.ª, que
olhasse.
É o art. 31, § 2.°, que diz:
"O orçamento fiscal será acompanhado do
demonstrativo do reflexo produzido sobre as receitas e
despesas da União, por isenções, anistias, subsídios,
incentivos e benefícios de natureza financeira, tributária ou
creditícia."
Ou seja, fará parte da peça orçamentária esse
chamado orçamento de gastos tributários, que reúne
coisas muito heterogêneas, como são todas essas
categorias aqui mencionadas. Isenção, anistia, subsídios,
incentivos e vários outros benefícios são categorias
diferentes, muito heterogêneas.
SR. CONSTITUINTE SÉRGIO WERNECK: – As
deduções estariam incluídas aí?
SR. RELATOR (José Serra): – Estão incluídas
isenções, anistias, subsídios. incentivos – onde estão
compreendidas deduções e benefícios de natureza
financeira – onde se pode incluir o que não está no anterior
– financeira, tributária ou creditícia.
Quero dizer também que o espírito da proposta
sobre orçamento como de Sistema Financeiro é que todas
essas figuras caracterizadas como gastos tributários sejam
aprovadas pelo Congresso Nacional para que não fique ao
bel-prazer do Executivo, sem que o Congresso Nacional
tenha controle e aprove. É o que permeia toda a parte
orçamentária, inclusive do Sistema Financeiro, quando
trata da transparência e do problema de que o Tesouro é
que deve entregar recursos para o crédito subsidiado.
Creio, sinceramente, que essa emenda está
acolhida na parte orçamentária.
SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
fazer uma consulta. Aqueles que estiverem de acordo com
o Constituinte...
SR. CONSTITUINTE VIRGILIO GUIMARÃES: – Sr.
Presidente, em função do esclarecimento, prefiro abrir mão
da inclusão do texto, dizendo apenas que o termo "gastos
tributários" parece já incorporado, como termo técnico. De
qualquer maneira, acho que poderia abrir mão da forma.
SR. RELATOR (José Serra): – Em Constituição,
pelo menos, não conheço esse termo.
SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Agradeço ao Constituinte Virgílio Guimarães.
Constituinte Simão Sessim retirou o destaque para a
Emenda n.o 675.
Vamos examinar agora a Emenda n.o 154, do
Constituinte José Maria Eymael.
SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: – Sr.
Presidente, gostaríamos que ouvir a opinião dos
companheiros. cara verificar se vamos prosseguir com a
emenda. Como está no Anteprojeto, somente com relação
aos tributos sobre a renda e o patrimônio foi obedecido o
princípio da anualidade. Volto a repetir: pelo Relatório,
somente para os tributos que incidem sobre a renda e sobre o
patrimônio, foi respeitado o principio da anualidade, Para
todos os demais tributos, tanto os existentes como aqueles
que poderão vir a ser criados, através de competência
residual, o prazo é ele noventa dias. Qualquer tributo pode ser
aumentado com noventa dias de antecedência, o ICM. enfim
qualquer tributo, que não o Imposto de Renda e o Imposto
sobre o Patrimônio. Todos os demais só podem ser
aumentados com noventa dias de antecedência. Da mesma
forma, qualquer tributo que vier a ser criado.
Tem sido uma constante em toda a história
constitucional brasileira o princípio da anualidade, ou seja,
nenhum tributo pode ser criado ou aumentado, a não ser que
a lei que o tenha aumentado ou criado esteja em rigor antes
do exercício financeiro.
O que tem acontecido, mesmo com esse critério da
anualidade, é que, no final do ano, no dia 31 de dezembro, ou
20 de dezembro, sai a lei. Foi respeitado o principio da
anualidade, mas o novo imposto já é cobrado nos primeiros
dias de janeiro.
O que propusemos foi uma lei que estabelecesse o
seguinte: todo tributo somente poderá ser cobrado em um
exercício quando a lei que o houver aumentado ou criado tiver
sido publicada noventa dias antes do início desse exercício.
Isso, aliás, guarda consonância com a prática
orçamentária. Inclusive, na nossa proposta de Orçamento,
existente no Relatório, já consta que em agosto tem de ser
apresentado o Projeto de Orçamento.
De forma que essa emenda visa estabelecer o
princípio da anualidade, ainda com uma antecedência de
noventa dias, ressaltados os demais casos de exceção,
existentes na Constituição, quando o tributo pode ser
aumentado no mesmo ano, como é o caso do IOF, ao
Imposto sobre importação e do Imposto sobre Exportação.
De qualquer maneira, Sr. Presidente, é assunto que
levaremos para a Comissão de Sistematização e para o
Plenário da Constituinte.
Gostaríamos de conhecer a opinião dos companheiros,
porque se houver uma densidade favorável prosseguiremos:
se não, retiraremos a emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Faremos uma consulta prévia.
Com a palavra o Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Eu encaminharia
contra a emenda proposta peio Constituinte José Maria
Eymael.
No atual Projeto, reforçamos o principio da anualidade
no caso do Imposto de Renda. Entretanto, pela proposta rio
Constituinte, teríamos a seguinte situação: num imposto, por
exemplo, como o de importação, em que é facultado ao Poder
Executivo elevar a alíquota, supondo-se que haja uma
maxidesvalorização, e seja preciso aumentar
instantaneamente o Imposto de Importação...
SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Companheiro Relator, isso está ressalvado. Não é com
relação a esses impostos.
SR. RELATOR (José Serra): – Onde está ressalvado?
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: – A
norma estaria estabelecida dentro da engenharia do
projeto. Não eliminamos o artigo que estabelece a
ressalva. Teriamos de ter suprimida a ressalva, e não o
fizemos.
O SR. RELATOR (José Serra): – Qual o artigo que
estabelece a ressalva?
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Agora, Sr. Relator, vou ter de verificar.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Pediria ao Constituinte José Maria Eymael, para que
pudéssemos avançar um pouco, que S. Ex.ª verificasse
isso. Continuemos. Dentro em pouco, voltarei a dar a
palavra a V. Ex.ª
O SR. RELATOR (José Serra): – Esclareço que
meu argumento não termina no Imposto de Importação. De
toda forma, seria interessante que se esclarecesse isso.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Por
uma questão de ordenamento dos trabalhos queria
perguntar ao Constituinte José Maria Eymael se o que V.
Ex.ª deseja é que o Imposto sobre Importação, o Imposto
sobre Exportação, o IOF e o IPI, uma vez majorados, só
poderiam ser cobrados 90 dias depois.É isso?
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Este assunto está ressalvado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Vamos aguardar um minuto. Em seguida, darei a palavra a
V. Ex.ª
O SR. RELATOR (José Serra): – Parabenizo o
Presidente pela iniciativa, brilhante, como sempre.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Vamos passar à Emenda nº 356, do Constituinte Domingos
Juvenil.
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: – Sr.
Presidente, entendo que a minha emenda, que se refere
inclusive ao mesmo artigo, é praticamente igual à emenda do
ilustre Constituinte José Maria Eymael. Dai porque entendo
perfeitamente o que o ilustre Constituinte quer enunciar.
Talvez corroborando a exposição dele, quero argumentar
sobre a minha emenda, que é praticamente igual.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Consultaria V. Ex.ª se concorda em aguardar, porque o
Constituinte José Serra está procurando o dispositivo
específico.
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: –
Quero dar todas as informações, que vão inclusive, facilitar
o encontro do dispositivo.
O SR PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Muito obrigado a V. Ex.ª
O CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: – O art.
13, ilustre Constituinte José Serra, cria cinco impostos para
a União. Sigamos:
Art. 13. Compete à União instituir impostos sobre...
"Seguem-se cinco impostos, já perfeitamente assimilados.
Apenas o terceiro, ou seja, "renda e proventos do qualquer
natureza", está resguardado pelo princípio da anualidade.
Todos os demais, como se trata de impostos, pelo que
entendo de política econômica, podem ser a qualquer
momento majorados, ampliados,
Existe o parágrafo único do art. 7º, que diz:
"O prazo estabelecido na alínea c do item III não é
obrigatório para os impostos de que tratam os itens I, II, IV
e V do art. 13 e o art. 14."
154
O que diz a alínea c do item III? Para o
entendimento da letra e do item III, é preciso referir-se ao
art. 7º, que diz:
"Art. 7º Sem prejuízo de outras garantias
asseguradas ao contribuinte, é vedado à união, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I – exigir ou aumentar tributos sem lei que o
estabeleça;
II – conceder tratamento tributário desigual;
III – cobrar tributos;
e) não alcançados pelo disposto na alínea b antes
de decorridos noventa dias da publicação da respectiva
lei."
Proponho que no item III do art. 7º, ao invés de se
dizer "cobrar tributos – e isso faço para favorecer o
contribuinte, cuja proteção e objetivo desta Comissão e do
Sistema Tributário se diga: criar ou majorar tributos".
O item III, art. 7º da Seção "Das Limitações do
Poder de Tributar.
Sr. Presidente, se V. Ex.ª pudesse acompanhar-me,
agradaria muito.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Estou acompanhado.
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: – O
item III diz apenas "cobrar tributos". O que se propõe é a
expressão "cobrar ou majorar tributos"; acrescentar a
expressão "ou majorar". Depois, na alínea e, diz o texto:
item e não alcançados pelo disposto na alínea b, antes de
decorridos "noventa dias da publicação da respectiva lei."
Proponho que seja retirada a expressão "noventa
dias" e colocado "no mesmo exercício financeiro em que
hajam sido instituídos ou majorados" para restaurar o
princípio da anualidade. A emenda do Constituinte José
Maria Eymael, apesar de restaurar o princípio da
anualidade, quer ainda 90 dias, para que os tributos não
sejam majorados ou instituídos no mês de dezembro e
cobrados imediatamente a 1º de janeiro. É isso, Sr.
Constituinte?
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Não é só isso, não.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – É
assunto muito técnico. Eu o estou entendendo da seguinte
forma: o § 1º do art. 13 estabelece que:
"É facultado ao Poder Executivo observadas as
condições e limites estabelecidos em lei, alterar as
alíquotas dos impostos enumerados nos itens I, II, IV e V
deste artigo."
São exatamente o Imposto de Importação, o
Imposto de Exportação, o IOF e o IPI.
Não estou conduzindo votação. Só estou
explicando. É a sistemática existente hoje. O Congresso
aprova uma lei que diz o seguinte: Dentro dos tetos
estabelecidos pela lei, o Poder Executivo poderá
aumentar alíquotas do IPI até 30%. – é um exemplo –
poderá aumentar alíquota do Imposto de Importação até
30% e do Imposto de Exportação também ate 30%. É
um exemplo que estou dando a V. Ex.ª
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: –
Estou compreendendo, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Pergunto se estou correto.
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: – V.
Ex.ª está corretíssimo.
155 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Voltando
ao art. 7º, item III, qual é a situação hoje? Vamos supor que o
Imposto de Importação seja de 10%. Se a lei autorizar um limite
de 30% para importação e exportação, admitindo que haja uma
negociação internacional que no exterior se adote
repentinamente uma medida. O Executivo poderia alterar essas
alíquotas, até o limite estabelecido em lei. Isso ocorre para o
Imposto de Importação, para o Imposto de Exportação, para o
IOF e para todos os outros. Ao se estabelecer – só para explicar
– no art. 2º, quanto aos impostos não enumerados na letra a,
que são Renda e Patrimônio, impostos não alcançados pela
alínea b, que resguarda o Imposto de Renda, a vedação de
cobrá-los antes de decorridos 90 dias da publicação da lei, o
que ocorre e o seguinte: se a lei foi publicada, se ela já existe,
essa imposição dos 90 dias não ocorrerá, a aplicação poderá
ser imediata.
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: –
Mesmo porque, Sr. Presidente, está ressalvado pelo parágrafo
único do art. 7º Se V. Ex.ª atentar para esse parágrafo,
verificará que ele ressalva a letra c, à qual V. Ex.ª acaba de se
referir. O art. 7º, em seu parágrafo único, ressalva, isenta,
afasta os termos da letra c, que estamos discutindo. Portanto,
entendo, que a letra c se refere aos impostos que poderão ser
criados, ou seja, da competência residual da União. Esses
impostos são os que não queremos que sejam do princípio da
anualidade, ou seja, casos de novos impostos, não definidos
no Código Tributário, que só possam viger dentro do princípio
da anualidade, de um ano para o outro.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Acredito que V. Ex.ª esteja preocupado. Mas o prazo
estabelecido na letra c, de 90 dias, exceto para o Imposto de
Renda e para o Imposto sobre a Patrimônio, não alcança o
Imposto sobre Importação, nem o Imposto sobre Exportação.
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: –
Exceto para todos eles, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V. Ex.ª
está se referindo aos impostos de competência residual. Mas
o ICM está Incluído nos 90 dias.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO:
– Sr. Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem.
Quero alertar V. Ex.ª para o fato de que o que estamos
praticando agora é absolutamente inadmissível na Comissão.
Esse debate que V. Ex.ª está mantendo com o nobre
Constituinte desvirtua totalmente o Regimento e tira toda a
economia que alcançamos com as providências que V. Ex.ª
mesmo endereçou ao nosso conhecimento e à nossa
consideração. Por isso, rogo a V. Ex.ª o cumprimento exato
dos prazos, também nos casos de impostos, matérias que V.
Ex.ª domina tão bem. Mas a indispensável que todos nós
contenhamos nessa hora em que é preciso falar, mas é
preciso também chegar ao final dos trabalhos.
Essa a minha questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V. Ex.ª
está coberto de razão. Apenas gostaria de dizer a Vossa
Excelência que, como se estava discutindo um assunto muito
técnico, queria encaminhar.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO:
– Entendo muito bem. Todos sabem que V. Ex.ª é uma
autoridade neste assunto.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não
sou; já fui. Hoje não entendo mais nada. Apenas queria
encaminhar, saber entender qual o ponto exato em discussão,
e se poderia ser votado. Sugeriria, então, em decorrência
do fato de existir certa complexidade no problema, que o
deixássemos para o final. V. Ex.ª está esclarecido?
Com a palavra o nobre Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Essa discussão,
não obstante os problemas corretamente apontados pelo
Constituinte Cid Sabóia de Carvalho, foi fundamental para
que pudéssemos esclarecer qual era a questão que estava
posta.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – De
qualquer maneira, apresento minhas desculpas ao
Constituinte Cid Sabóia de Carvalho.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE
CARVALHO: – Falei apenas no sentido de cooperar com V.
Ex.ª, porque sei o quarto é difícil presidir uma reunião como
esta. E, às vezes, uma advertência é mais útil do que um
elogio ou um abraço.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Levarei em consideração a advertência e digo que V. Ex.ª
está coberto de razão.
Com a palavra o nobre Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – O nobre
Constituinte José Maria Eymael havia feito a defesa de sua
emenda substitutiva. Eu me permitiria agora fazer a minha
apreciação a esse respeito, pois ela foi interrompida quando
faltavam esclarecimentos a respeito dos artigos aos quais se
referia.
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: – pela
ordem, Sr. Presidente. O Constituinte José Maria Eymael já
havia apresentado a sua justificativa.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Sr. Presidente, pela ordem. Surgiu um fato novo. O
Constituinte Domingos Juvenil apresentou outra emenda,
onde não consta a anterioridade de 90 dias. Na nossa ela
consta. O Constituinte José Serra citou aspecto que me
sensibilizou em relação à questão do orçamento. Pediria,
na esteira das palavras do ilustre Presidente, que esse
assunto fosse sobrestado, pelo menos com relação à
votação de algumas outras emendas e, enquanto isso, eu
conversarei com o companheiro Domingos Juvenil com a
finalidade de eventualidade, retirar minha emenda, para
apoiar a dele.
O SR. RELATOR (José Serra): – Dei ao nobre
companheiro um argumento que tornava a sua proposta
mais vulnerável.
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: – Por
isso, agora ele quer conversar comigo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Pediria a V. Ex.ª que conversasse com o nobre Constituinte
Jose Maria Eymael sobre essa emenda. Coloco a minha sala
a disposição de V. Ex.ª
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente a questão de ordem é apenas para registrar que
essa discussão levou, exatamente, 22 minutos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Quero
dizer a V. Ex.ª – pediria desculpas – que foi uma matéria
essencial.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – A
discussão é de acordo com as conveniências, pelo que está
parecendo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V.
Ex.ª tem razão. Peço desculpas; isso não ocorrerá mais.
Emenda nº 460, do Constituinte Flávio Palmier da
Veiga.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
Passo a palavra ao nobre Constituinte Simão Sessim.
O SR. CONSTITUINTE SIMÃO SESSIM: – Sr.
Presidente, mais uma vez, o Constituinte Flávio Palmier da
Veiga pediu que acompanhássemos e defendêssemos o
destaque por ele requerido. Observando a emenda e o
Substitutivo, verifico que há um princípio que já foi adotado
neste. Por isso, com a autoridade que S. Ex.ª nos concedeu,
retiramos esse destaque.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Muito
obrigado a V. Ex.ª
As Emendas números 156-3, 155 e 151, do
Constituinte José Maria Eymael, serão votadas
posteriormente.
A emenda do Constituinte Ruberval Pilotto foi retirada.
Emenda nº 601, do Constituinte Jessé Freire.
O SR. CONSTITUINTE JESSÉ FREIRE: – Sr.
Presidente, a minha emenda trata do inciso II, da alínea c, do
art. 8º, que diz o seguinte:
"Art. 8º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios: II instituir impostos sobre:"
Na alínea c é dada isenção aos sindicatos de
trabalhadores. Minha emenda tem o intuito de retirar "de
trabalhadores", o que irá favorecer também aos sindicatos
patronais. Retirando a expressão "de trabalhadores" ficaria
ampla a isenção. Seria, portanto, em relação ao sindicato de
trabalhadores e aos sindicatos patronais.
O SR. RELATOR (José Serra): – Apenas para efeito
de conhecimento do problema, repetiria a proposta do
Constituinte Jessé Freire.
Pediria que os nobres Constituintes Darcy Deitos,
Sérgio Spada e Mussa Demes ficassem atentos a isso, porque
esta é uma questão importante, que provavelmente será
submetida à votação em seguida.
O Constituinte Jessé Freire propõe que no art. 8º,
inciso II, alínea c, quando estabelecemos que não se cobrarão
impostos de certas entidades, suprimamos a parte que diz que
não se cobra impostos das entidades sindicais de
trabalhadores. S. Ex.ª propõe que suprimamos "de
"
trabalhadores para que também possam se beneficiar de
isenções de impostos os sindicatos patronais.
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: – Os
sindicatos de modo geral.
O SR. RELATOR (José Serra): – Eu me permitiria
encaminhar contra a proposta do Constituinte Jessé Freire.
Não vejo razão para sindicatos patronais não pagarem
nenhum tipo de imposto. Não há, aqui, qualquer preconceito
contra atividades empresariais, muito menos contra
associação dos empresários em sindicatos, federações ou
confederações. Acredito, no entanto, que, pela sua condição
econômica, essas entidades têm perfeitas condições de
pagar impostos. Conheço pessoalmente, inclusive
fisicamente, muitas dessas entidades em meu Estado, e
achavia uma injustiça muito grande se fossem isentas de
impostos que a União, os Estados ou os Municípios,
eventualmente, podem cobrar. Nesse sentido, se o Estado,
ou a União, ou Município quiserem dar a isenção por lei,
para uma entidade patronal, poderão fazê-Io, mas me
parece errado por na Constituição uma medida geral.
Digamos que haja o sindicato de pequenos proprietários
rurais de tal região, que são empresários. Pois bem, se se
quiser, a lei estadual, federal ou municipal poderá dar-lhe
isenção. Mas, se pusermos uma forma genérica, estaremos
incluindo os grandes sindicatos patronais, de instituições
financeiras, da grande indústria. Enfim, estaremos misturando
tudo. Por isso, acho que este assunto deve ficar para outra
156
lei, e eu optaria, franca e veementemente, por que se
mantivesse o termo "trabalhadores".
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
fazer a consulta prévia. Aqueles que estiverem com o Relator
José Serra permaneçam como estão. Aqueles que desejam
dar imunidade para as instituições patronais levantem a mão.
(Pausa.) Permanece a posição do Constituinte José Serra.
O Constituinte Jessé Freire retirou a emenda. A
próxima Emenda é a de nº 343, do Constituinte Affonso
Camargo.
O SR. CONSTITUINTE AFFONSO CAMARGO: – Sr.
Presidente, essa emenda é ao art. 3º, sobre imunidades, e
pretende ampliar essa redação, que institui impostos sobre
livros, jornais e periódicos, incluindo os insumos. Fui
procurado pelas associações dos jornais do País, que
insistiram em que os insumos, no caso dos jornais, não
chegam a 10% do custo; e que doutrinariamente, seria justo
que se colocassem os insumos. Ao mesmo tempo,
procuraram-me representantes do sofrido cinema brasileiro,
que também pleitearam que o filme cinematográfico entrasse
nesse artigo. Até indaguei deles se haviam procurado o
Constituinte José Serra, e eles me disseram que no tempo em
que V. Ex.ª era Secretário do Planejamento de São Paulo, foi
um grande incentivador dos jornais e da cultura no seu
Estado.
O SR. RELATOR (José Serra): – Mas não dessa
maneira.
O SR. CONSTITUINTE AFFONSO CAMARGO: –
Conversando depois com o Constituinte José Serra, percebi
que S. Ex.ª não está muito receptivo à matéria. Mas em se
tratando de problema cultural, não seria justo privar os nossos
companheiros da possibilidade de discutirem e decidirem
sobre essa matéria.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concede a palavra ao nobre Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Quero dizer que,
com muita insatisfação da minha parte, sou obrigado a
encaminhar negativamente uma proposta do Constituinte
Affonso Camargo, que é a primeira feita explicitamente.
Gostaria muito de poder acolher uma emenda do nobre
Constituinte. Mas realmente, eu me oporia à inclusão desses
itens no art. 8º Para recapitular, é um artigo que se refere aos
sindicatos, que proibe a instituição de impostos sobre templo
de qualquer culto, sobre patrimônio e serviço da União,
Municípios e Estados, patrimônio, renda ou serviços de
partidos políticos, de entidades sindicais, de instituições de
educação sem fins lucrativos e de assistência social sem fins
lucrativos. Isenta, não torna imunes livros, jornais, periódicos,
bem como papel destinado a sua impressão. Faz parte da
tradição constitucional brasileira, nas últimas décadas, a idéia
de que o imposto sobre livros, jornais e periódicos seja uma
forma de coagir a liberdade de imprensa, pois o Governo
disporia de instrumento muito importante na manipulação do
papel. Com papel se imprimem livros, jornal e revista,
cadernos, mas o grosso do que e utilizado no papel,
inclusive, no papel específico, em grande parte importado,
do papel-jornal, vai para essa utilização, para a imprensa.
Então o imposto está relacionado com a liberdade de
imprensa. Ora, não vejo razão alguma para se isentar a tinta
usada na impressão, para se isentar de imposto sobre
importação, insumos ou partes intermediárias para a
fabricação, ou mesmo dentro da indústria nacional. Não há
razão alguma no argumento de que essa isenção poderia
baratear o custo e valeria para o feijão, para o arroz e
praticamente para todos os produtos da economia. Esse
157 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
não é um argumento. Não tem a ver, inclusive com a
filosofia que está por trás desta imunidade. Não seria
problema algum admitir que, por lei – no caso, de lei
estadual – se possa fazer isso. Se um Estado, a União, um
Município quer dar isenção por lei, pode fazê-lo. Mas me
pareceria exagerado, fora de lugar esse princípio ser
colocado na Constituição, para uma empresa, para a tinta
que usa, para papel que a datilógrafa usa, para os insumos
todos consumidos nossa empresa. Não tem sentido algum
a meu ver. Sobre a questão do filme cinematográfico, o
problema é o seguinte: os filmes cinematográficos
constituem ainda um item sujeito a elevadíssimo índice de
importação, setor que não repercute diretamente na área
social, tratando-se, na maior parte dos casos, de atividade
comercial como qualquer outra, inclusive com importação
de filmes estrangeiros. Nada tenho a opor. Ao contrário,
tem razão o Constituinte Affonso Camargo. Quando exerci
cargos executivos, dei tremendo impulso as atividades de
natureza cultural, gráfica e cinematográfica. Mas colocar na
Constituição imunidade de impostos pare filmes
estrangeiros, inclusive – aqui fala em nível geral – parece-
me exagero. E maior com relação à cinematografia
nacional, ache que hoje ela ainda a incipiente e precisa de
incentivos; mas colocar na Constituição é exagero. Daqui a
20 anos, poderá não ser. Então, é muito mais apropriado
estabelecer por lei, no caso dos filmes e para a
cinematografia especificamente nacional. Estas as razões
pelas quais bastante penalizado, não posso acolher a
emenda do Constituinte Affonso Camargo e encaminho
enfaticamente contra.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Vamos fazer a consulta. Aqueles que estiverem com a
posição do Constituinte José Serra permaneçam como
estão. Os que acolherem a emenda do Constituinte
Affonso Camargo levantem a mão.
O SR. CONSTITUINTE AFFONSO CAMARGO: –
Sr. Presidente, retiro a emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O
Constituinte Affonso Camargo retira sua proposta. Acredito
que fica prejudicada a Emenda nº 170, de autoria do ilustre
Constituinte Adhemar de Barros Filho, como também a
emenda do Constituinte Simão Sessim.
Vamos votar agora a Emenda nº 171, de autoria do
ilustre Constituinte Adhemar de Barros Filho, que, por
equivoco, não havia sido examinada. Pego a S. Ex.ª que
leia sua emenda.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – A emenda não é de nossa autoria. Inclua-se,
onde couber, no Substitutivo da Comissão do Sistema
Tributário, Orçamento e Finanças:
"Todo imposto devido por pessoa física e ou jurídica
pode ser compensado junto à Prefeitura, ao Estado e ao
Município, se houver crédito por parte do devedor."
A justificativa, Sr. Presidente, Sr. Relator, Srs.
Constituintes, parte do princípio da compensação do
imposto devido com os créditos fiscais que, porventura,
possa haver entre a pessoa física e o Poder Público
estadual e municipal.
Esta é a justificativa da Emenda nº 171-7.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Sr.
Presidente, peço a palavra para contraditar. É claro que esta
não é uma emenda do Constituinte Adhemar de Barros
Filho. Ela estaria vinculada a aplicação do imposto, o que é
proibido pelo texto do próprio dispositivo do Relator.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Considerada prejudicada a emenda do Constituinte
Adhemar de Barros Filho.
O SR. RELATOR (José Serra): – Agradeço ao
ilustre Constituinte César Maia ter essa observação,
permitindo-nos economizar uma discussão. Emenda
retirada, Sr. Presidente.
O SR PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Emenda nº 9, de autoria do Constituinte Francisco Amaral.
Aguardaremos a presença de S. Ex.ª para examinarmos a
emenda.
Emenda nº 153-9, de autoria do Constituinte José
Maria Eymael. Gostaria de dizer a V. Ex.ª que algumas das
emendas anteriores não foram examinadas devido à sua
ausência. Poderemos voltar a elas agora, se V. Ex.ª assim
o desejar, mas, se V. Ex.ª ainda quiser aguardar um pouco,
avançaremos até que V. Ex.ª esteja preparado.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Solicitamos ao Sr. Presidente que nos esclareça se foi a
Emenda nº 153-3.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Referi-me à Emenda nº 153-9.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: – Sr.
Presidente, trata a citada emenda de reivindicação de todas
as associações ligadas à assistência social, desde as santas
casas de misericórdia, até os milhares de orfanatos e asilos
existentes no País. Hoje, todas as instituições de assistência
social gozam de imunidade tributária, no que diz respeito ao
seu patrimônio, bens e serviços. Todavia, Sr. Presidente, esta
imunidade, na prática, se reduz a nada. As santas casas, os
orfanatos, os asilos, os lares de menores, as creches, na
maioria das vezes, nem prédio próprio possuem. Assim nem o
IPTU acaba representando vantagem, a nível de imunidade.
Estamos propondo que, nas compras efetuadas pelos
organismos de assistência social, aqueles impostos que são
destacados nessa operação, ou seja, o IPI e o ICM, não
sejam cobrados. O que nos impulsionou a oferecer essa
proposta foi exatamente a isenção dada para o papel, com
relação às revistas. Acontece, nesse caso, que todo papel
que é vendido para as revistas é isento de tributos. Ora, se
limitamos hoje, dando imunidade ao papel para a área de
revistas e jornais – não nego, acho importante essa isenção –
seria perfeitamente viável a extensão dessa imunidade às
instituições de assistência social. Temos ouvido sérias
restrições a essa colocação. É assunto que, confesso, ainda
estou amadurecendo. Inclusive, a nível de consulta,
gostaríamos que o Sr. Presidente submetesse a questão à
opinião dos demais companheiros. Se o assunto já está
amadurecido, ou se, eventualmente, for conveniente continuar
o seu exame, e que de mais adiante, pronunciarmo-nos sobre
ele, não temos questão fechada a esse respeito.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao Relator José Serra.
O SR. RELATOR (Jose Serra): – Fico aliviado ao
ouvir o Constituinte José Maria Eymael dizer que não fechou
questão a esse respeito. Penso o seguinte: aqui, as entidades
de educação e de assistência social, sem fins lucrativos,
estariam isentas do imposto sobre o patrimônio, renda ou
serviços. O Constituinte José Maria Eymael acrescenta:
" ... bens e serviços por elas adquiridos, quando
estritamente necessários a realização de seus objetivos,
limitada a imunidade, nessas compras, aos tributos que
fossem destacados no pertinente documento fiscal de
venda."
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
Encaminharia contra, caso fosse apresentada,
porque se pode imaginar o potencial de distorção que
medida dessa natureza provocaria. Essa entidade não
está pagando imposto. Quem está recolhendo imposto é,
digamos, a loja que vende a geladeira ou, revendedora no
caso de automóvel. Isso já está embutido no preço.
Então, ela teria de ser ressarcida disso. Não haveria
controle, no que diz respeito a compras, porque, ao se
adquirir veículos e geladeiras, poderia, em tese, fazer-se
processo de compra e venda, sendo a diferença a
margem de impostos. Não estamos pressupondo
desonestidade, mas, convenhamos que se isso
acontecesse, o risco potencial seria muito grande, e teria
de haver uma imensa e custosa fiscalização sobre todas
essas entidades, para acompanhar o que é necessidade
real – se tal automóvel foi, ou não vendido na época
adequada. Por isso, encaminharia enfaticamente contra
essa proposta.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Sr. Presidente, pela ordem. Realmente, considerando a
complexidade de matéria, desejo estudá-la mais
profundamente. Solicito seja retirado meu destaque.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Agradeço a V. Ex.ª
Emenda nº 877, do Constituinte Noel de Carvalho.
Não estando S. Ex.ª presente, fica suspensa a apreciação.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Sr. Presidente, podemos representá-lo. Somos
companheiros de partido. (Pausa.)
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Sr.
Presidente, não posso defendê-la. retiro-a.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Fica
retirada a emenda do Constituinte Noel de Carvalho.
Emenda nº 863, do Constituinte Jairo Carneiro. Não
estando S. Ex.ª presente, fica suspensa.
Emenda nº 437, do Constituinte Osmundo
Rebouças.
O SR. CONSTITUINTE OSMUNDO REBOUÇAS: –
Sr. Presidente, o art. 8º do Substitutivo diz:
"É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal
e aos Municípios:
II – instituir impostos sobre:
O patrimônio, renda ou serviços uns dos outros:" E
seu § 1º diz:
"§ 1º a redação expressa na alínea a do item II
examina as autarquias e as fundações instituídas pelo
Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e
aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou
delas decorrentes."
Ou seja, o Governo Federal não pode tributar
patrimônio, renda ou serviços dos governos estaduais, nem
municipal e vice-versa, e isso também se refere às
autarquias e fundações. Acontece que ficou uma dúvida,
no sentido de que está faltando completar essa proibição.
Apenas no § 1º – não no § 2º, que por engano está na
proposta ela emenda – se propõe que, no final, após a
expressão "delas decorrentes" se faça um ponto e vírgula,
acrescentando:
"Não se estende aos serviços públicos concedidos,
nem exonera o promitente comprador da obrigação de
pagar imposto que incidir sobre o imóvel."
Quer dizer, mesmo que uma entidade seja estadual,
federal ou municipal, pode-se cobrar imposto, uma da
outra, quando se tratar simplesmente da concessão de ser-
158
viço público. Ainda que uma compre imóvel de outra, é
obrigada a pagar, no caso, o IPTU, mesmo antes de
receber a escritura do imóvel, tendo apenas o documento
de promitente comprador, terá a obrigação de pagar o
imposto, no caso, sobre o patrimônio. Esta emenda tem o
intuito de completar uma vedação no sentido de evitar que
se tire proveito dessa proibição de cobrar. Já conversei
seriamente com o Relator José Serra.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Gostaria de esclarecer, apenas para orientar que essa
expressão a que V. Ex.ª se refere deve ser acrescentada
ao § 1º
O SR. CONSTITUINTE OSMUNDO REBOUÇAS: –
Exatamente.
O SR. RELATOR (José Serra): – Devo dizer que,
com muito agrado, acolho a emenda do Constituinte
Osmundo Rebouças, que contribui de maneira importante
para o aperfeiçoamento do nosso texto. Já sabia dessa
emenda. Havíamos conversado anteriormente, mas é
contribuição do Constituinte Osmundo Rebouças.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vou
proceder à consulta. Os que estiverem de acordo com a
proposta do Constituinte Osmundo Rebouças, acolhida
pelo Relator José Serra, permaneçam como estão; os que
forem contrários levantem a mão. (Pausa.)
Vamos submeter à votação. Quem votar "sim"
aprova a Emenda nº 5S0437 do Constituinte Osmundo
Rebouças, acolhida pelo Relator José Serra.
(Votação)
Votaram "sim" os Constituintes: Simão Sessim,
Sérgio Werneck, Rose de Freitas, Pedro Ceolin, Osmundo
Rebouças, Nion Albernaz. Naphtali Alves, Mussa Demes,
Mauro Campos, Lezio Sathler, Jovani Masini, José Tinoco,
José Serra, José Maria Eymael, José Luís de Sá, José
Guedes, João Machado Rollemberg, João Carlos Bacelar,
Jesus Tajra, Jessé Freire, Ivan Bonato, Irajá Rodrigues,
Harlan Gadelha, Gerson Camata, Geraldo Fleming,
Francisco Dornelles, Flávio Rocha, Firmo de Castro,
Fernando Bezerra Coelho, Domingos Juvenil, Cid Sabóia
de Carvalho, Benito Gama, Basilio Vilani, Airton Sandoval,
Adhemar de Barros Filho e César Maia.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Trinta e sete votos a favor e nenhum contra. Foi aprovada
a proposta do Constituinte Osmundo Rebouças.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Sr. Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra a V. Ex.ª
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Informo à Presidência que em conjunto com o Constituinte
Domingos Juvenil, estabeleci que retiro minha emenda,
onde conjugava anualidade com anterioridade, conforme
declaração já na Mesa.
Acabei de assinar na presença do Constituinte
Domingos Juvenil, ao ser honrado com o convite, emenda
de S. Ex.ª, propondo anualidade. Portanto, está em
condições de ser votada a proposta do companheiro
Domingos Juvenil, agora também subscrita por mim.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra o Constituinte Domingos Juvenil, para falar sobre
a Emenda nº 356.
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: – Sr.
Presidente, depois de exaustivamente discutida a matéria
já se encontra com o nobre Relator.
159 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÔES)
O SR. RELATOR (José Serra): – Pela proposta do
nobre Constituinte Domingos Juvenil, não poderão ser
reajustados no mesmo ano o ICM e outros impostos novos que
sejam instituídos. Pessoalmente, sou a favor de que se cobre
no mesmo ano, também o ICM. No entanto em nome da
conciliação e de entendimento que tivemos, acolherei a
emenda de S.Ex.ª favoravelmente e encaminharia no sentido
de que seja acolhida.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Aqueles
que disserem "sim" aprovarão a Emenda nº 5S0356 dos
Constituinte Domingos Juvenil e José Maria Eymaei, acolhida
pelo Relator José Serra.
(Votação)
Votaram "sim" os Constituintes: Adhemar de Barros
Filho, Airton Sandoval, Basilio Vilani, Benito Gama, Cid Saboia
de Carvalho, Domingos Juvenil, Fernando Bezerra Coelho,
Firmo de Castro, Flávio Rocha, Francisco Dornelles, Geraldo
Fleming, Harlan Gadelha, Irajá Rodrigues, Ivan Bonato, Jessé
Freire, Jesus Tajra, João Carlos Bacelar, João Castelo, João
Machado Rolemberg, José Guedes, José Luiz de Sá, José
Luiz Mala, José Maria Eymael, José Serra, José Tinoco,
Jovani Masini, Lézio Sathler, Mauro Campos, Mussa Demes,
Naphtali Alves, Nion Albernaz, Osmundo Rebouças, Pedro
Ceolin, Rose de Freitas, Sérgio Spada, Sérgio Werneck,
Simão Sessim.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Trinta e
sete votos "sim" nenhum voto contrário. Foi aprovada a
emenda apresentada pelos Constituintes Domingos Juvenil e
José Maria Eymael.
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: – Sr.
Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra a V. Ex.ª para uma questão de ordem.
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: – Sr.
Presidente, também pedimos destaque para o art. 8º, item 1.
Gostaria de ouvir a exposição do nosso Relator sobre o
item I: "estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens,
por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais".
Tínhamos acrescentado "exceto ao pedágio para a
conservação das rodovias", que não consta neste item I
Pergunto se sobre isso podem levantar questões nos tribunais
dos Estados como o de V. Ex.ª, que, mantendo autoestradas,
cobram pedágio, com muita justiça, porquanto oferecem um
serviço realmente muito eficiente. É o caso por exemplo da
ponte Rio–Niterói, dentro do mesmo Estado. No caso de São
Paulo é diferente, porque lá há rodovias que dão acesso, por
exemplo, ao Estado de Minas Gerais, e têm pedágio na divisa
dos Estados. A exclusão de "exceto ao pedágio" poderá
comprometer? Passaríamos a ter uma briga judicial?
O SR. RELATOR (José Serra): – Não sei se o
Constituinte Cid Sabóia de Carvalho permitiria que eu
respondesse, porque, a rigor, não há um encaminhamento de
votação.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Quero dizer ao
Constituinte Nion Albernaz que creio que não, pois o pedágio é
uma taxa cobrada – tributo, num ponto de vista mais geral –
para a manutenção das estradas. Não tem critério de fronteira e
nada tem a ver com problema de limitação para circulação. Se
algum dia, qualquer Estado resolvesse fazer isso em todas as
suas fronteiras, provavelmente se teria um problema judicial e
se invocaria a Constituição, a fim de que isso não ocorresse.
Mas o pedágio corretamente aplicado rigorosamente, nada tem
a ver com o problema de fronteira, mesmo porque, em geral,
trata-se de estradas interestaduais, e o pedágio cabe à União,
não ao Estado. Quando há uma estrada que chega perto e vai
para outra, evidentemente o critério é o da cobrança para
efeito de manutenção da estrada e nunca vi caso semelhante,
e, se houver, acho que o Judiciário poderá resolver essa
questão.
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: – Sr.
Presidente, desistimos do nosso destaque.
O SR. CONSTITUINTE JOSE MARIA EYMAEL: --Sr.
Presidente, pela ordem.
A Emenda nº 155, a que V. Ex.ª se referiu, quando da
minha ausência, tratava também da questão abordada pelo
ilustre Constituinte Nion Albernaz. Esta emenda visava
exatamente evitar conflitos a nível do Judiciário, e havíamos
sugerido que fosse aditada a seguinte expressão: "não
vedadas as taxas pelo uso de vias conservadas pelo Poder
Público".
Também nos colocamos na mesma posição do
companheiro Nion Albernaz. Com esta redação, que não
altera o texto, mas espanca a possibilidade de demandas
judiciais, parece-nos prudente acolher esse aditamento.
Gostaríamos de ouvir a opinião do Sr. Relator.
O SR. RELATOR (José Serra): – A informação de que
disponho é a de que o Supremo Tribunal Federal já
estabeleceu que se pode cobrar sem problemas. Já há
jurisprudência a esse respeito.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: – Há
jurisprudência com relação a pedágio, como taxa que pode ser
cobrada, mas, com o advento de novos processos, temos uma
série de hidrovias que estão sendo construídas, temos o
sistema ferroviário que começa a se desenvolver no País.
Minha única pergunta, Sr. Relator – veja bem – é se,
acrescendo esse texto, criamos a possibilidade de demanda
judicial eventual. Com que seria uma medida de prudência
esta que sugerimos, para evitar conflitos judiciais e permitir
este tipo de taxa.
O SR. CONSTITUINTE OSMUNDO REBOUÇAS: – Sr.
Presidente, peço a palavra apenas para acrescentar uma
observação sobre esse ponto. Acredito que a legislação que
vai regulamentar esse tipo de dispositivo entrará nesse
detalhamento: senão, vamos ter de incluir pedágio em todo
tipo de ferryboat ou até taxa de embarque em aeroporto, de
quem vai do Rio de Janeiro para São Paulo. Esse
detalhamento deve ser deixado para a legislação que vai
regulamentar o assunto: senão, vamos entra em casuísmo na
Constituição.
O SR. CONSTITUINTE JOSE MARIA EYMAEL: – Sr.
Presidente, peço a palavra para complementar o raciocínio.
Não se trata de detalhamento, mais de um comando
constitucional.
O SR. CONSTITUINTE OSMUNDO REBOUÇAS: – Na
verdade, é uma taxa de prestação de serviço, que não tem
nada a ver com o fluxo interestadual. É serviço que um bem
está prestando. Se a ponte está prestando um serviço, a taxa
é sobre o serviço da ponte. Não se trata de tributo
interestadual.
O SR. RELATOR (José Serra): – Realmente,
reconheço que a preocupação dos Srs. Constituintes é
eminentemente construtiva, porque não estamos promovendo
discussão alguma de natureza doutrinária, política ou
ideológica. É ato construtivo e de precaução. É muito difícil
termos uma opinião muito conclusiva a esse respeito. A minha
impressão é a de que não seria necessário pedágio? É um
critério de remuneração pela manutenção da estrada.
Rigorosamente nada tem a ver com tributo.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÔES)
O SR. CONSTITUINTE OSMUNDO REBOUÇAS: –
Mas não existe a redação?
O SR. RELATOR (José Serra): – Parece-me uma
situação inimaginável que, através de pedágio, se procure
limitar o fluxo, mesmo porque as pessoas em tese podem ir
a pé; quem quiser passar ainda.
O SR. CONSTITUINTE OSMUNDO REBOUÇAS: –
Mas não se trata apenas de pessoas e sim de pessoas e
bens.
O SR. RELATOR (José Serra): – O Estado tem
certas características de uniformidade que teriam de valer
para tudo. Um imposto cobrado na Rodovia dos
Bandeirantes tem de ser cobrado na Imigrantes, como na
Rodovia dos Trabalhadores. Não se pode cobrar uma taxa
diferente. Embora legítima, por precaução, eu não a
incluiria.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Sr. Presidente, peço permissão para, temporariamente
retirar-me e conversar com a assessoria tributária.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Aceito a proposição do Constituinte José Maria Eymael.
Emenda nº 173, do Constituinte Adhemar de Barros
Filho.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – A Emenda nº 173, não é de nossa autoria. Nós
inscrevemos porque nosso pensamento se aproxima dessa
visão do Sistema Tributário, Orçamento e Finanças.
"Não incidira nenhum imposto direto ao assalariado
que perceber até 20 vezes o valor de um salário mínimo."
V. Ex.ª conhece o conceito de que salário não é
renda, e aqui se define até o limite, ilustre Relator.
"Não incidirá nenhum imposto direto ao assalariado
que perceber até 20 vezes o valor de um salário mínimo."
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – O Constituinte
Adhemar de Barros Filho mantém a proposta?
Encaminho contra a proposta do Constituinte Cunha
Bueno, do PDS de São Paulo, apresentada pelo Constituinte
Adhemar de Barros Filho. Os motivos são vários. Em
primeiro lugar, ao dizer que "não incidirá nenhum imposto
direto ao assalariado que perceber até 20 vezes o valor de
um salário mínimo", estou excluindo inclusive, o Imposto
sobre a Propriedade Territorial Urbana, que é um imposto
direto. Nesse caso, posso ter uma família de quatro, cinco,
dez pessoas, ou mais, com uma renda familiar bastante
superior, e ficar isento de IPTU. Imaginem a confusão para a
cobrança do imposto, para se saber se paga ou não do
ponto de vista dos Municípios. Em segundo lugar, tenho
uma posição muito forte em relação à necessidades de
elevarmos o salário mínimo. Tem havido muita discussão a
esse respeito. Pretendo, e sei que é uma posição de
muitos setores do PMDB e de outros partidos, proibir, pela
Constituição, vinculações de qualquer tipo de imposto e
salário ao salário mínimo. Isso uma tragédia, porque acaba
conspirando contra a melhoria do salário mínimo. Vamos
fazer uma hipótese: estamos elaborando uma
Constituição, para durar para sempre; se um dia, o salário
mínimo atingir valor cinco dez vezes mais alto do que
hoje, será absurdo isentar-se uma pessoa que ganhe 20
salários mínimos. Então, parece-me completamente
absurdo que na tabela do Imposto de Renda se estabeleça
um limite de isenção para tantos salários mínimos, ou para
tanto rendimento. Também me oponho a isso. Acho que
inserir na Constituição seria um equívoco e uma me-
160
dida que contraria os interesses dos setores mais humildes
da população, que vivem com o salário mínimo. Essa
vinculação vai ser um fator de freio à melhora do salário
mínimo, porque essa melhora traria diminuição da receita
do Imposto de Renda para a União, para os Estados que
recebem o Fundo de Participação dos Estados e para os
Municípios. Haveria pressão muito forte para se manter o
salário mínimo comprimido.
Por isso, rejeito a proposta apresentada pelo
Constituinte Adhemar de Barros Filho, de autoria do
Constituinte Cunha Bueno. Manifesto-me contra sua
inclusão no Substitutivo.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Sr. Presidente, tendo em vista os argumentos
razoáveis do ilustre Relator, que acolhemos, retiramos a
emenda.
O SR. RELATOR (José Serra): – Agradeço ao
nobre Constituinte. Quero pedi-lhe desculpas pela ênfase
que por alguma eventualidade coloquei nos argumentos.
Muito obrigado a V. Ex.ª
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Ilustre Constituinte Adhemar de Barros Filho, V. Ex.ª retira
também a Emenda n.ª 196? (Pausa.) Concedo a palavra a
V. Ex.ª
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Sr. Presidente, esta emenda é de autoria do
ilustre Constituinte José Maurício e tem um sentido social
extremamente importante. Creio que vale sua
apresentação não só a nossa análise, mas principalmente
a do ilustre Relator. S. Ex.ª propõe o seguinte:
"São isentos do Imposto sobre Consumos
Especiais" – e aqui creio que o Constituinte se refere ao
ICM – "os produtos que a lei classificar como mínimo
indispensável à satisfação das necessidades normais das
pessoas de restrita capacidade econômica."
Aqui, evidentemente a isenção tributária, é para a
chamada cesta básica. Tem, portanto, alto sentido mas
esta proposta do Constituinte José Maurício merece não só
o destaque mas o nosso apoio. Ela vem ao encontro,
realmente, de uma necessidade das pessoas, que é a
cesta básica. Entendo que deve ser não tributável, no caso
especifico. Acho que deve haver isenção do ICM sobre
esses produtos de consumo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao Sr. Constituinte César Maia.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Sr.
Presidente, acho importante essa questão ter sido
colocada aqui, mas certamente não é matéria
constitucional e estávamos conversando sobre isso agora.
Foi importante a colocação dessa emenda, mas entendo
que, depois em legislação complementar se discutirá a
isenção da cesta básica.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Pergunto ao nobre Constituinte Adhemar de Barros Filho
se concorda com a retirada da emenda.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Sr. Presidente, mantenho a emenda e gostaria
de ouvir as considerações do ilustre Relator.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao ilustre Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Sr Presidente,
concordo com o que foi observado pelo Constituinte
César Maia. Inclusive – permita-me o nobre Constituinte
Adhemar de Barros Filho – parece que o Imposto sobre
Consumos Especiais é o nome que constava do projeto de
161 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÔES)
Constituição da Comissão Afonso Arinos: e tenho quase a
certeza de que foi baseado nisso, porque do contrário seria
muita coincidência.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – A idéia do Constituinte José Maurício era o ICM,
e não esse imposto.
O SR. RELATOR (José Serra): – E o Imposto
sobre Consumos Especiais do projeto de Constituição
da Comissão Afonso Arinos era algo que substituía uma
parte do IPI, a nível do Governo Federal. Agora,
estaríamos aqui, caso fosse ICM – e isso não é o que
está escrito na proposta, o que a prejudica de certa
maneira – dando uma isenção, a priori, interferindo no
que os Estados poderiam fazer? No caso da alíquota do
ICM, há uma mínima interestadual, que tem de ser
fixada pelo Senado, segundo ficou estabelecido aqui.
Portanto, se isentássemos, teria de ser para todo o País,
pois a mínima teria de ser “zero”, desrespeitando
desigualdades regionais, inclusive estruturas produtivas
diferentes. Acho que o nosso propósito foi que os
Estados pudessem decidir em função disso. Insisto em
que a preocupação do nobre Constituinte se reflete no
nosso Substitutivo, quando fala do critério de
essencialidade para nortear a fixação das alíquotas do
ICM. Recordo-me que um Constituinte mencionou que
pretendia suprimir isso, por alguma razão não contrária
ao espírito da seletividade. Acho que isto, pelo principio
da seletividade, já está contido em nosso projeto.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Sr. Presidente, nessas condições, concordo com
o ilustre orador e retiro o destaque.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Emenda nº 645, do ilustre Constituinte Fernando
Gaspariam. (Pausa.) Fica adiada a sua votação.
Emendas nº 58 e nº 763, do ilustre Constituinte Afif
Domingos.
O nobre Constituinte Domingos Juvenil retirou o seu
pedido para a Emenda nº 357.
Emenda nº 58, do ilustre Constituinte Jessé Freire,
que e cumulativa com a emenda do nobre Constituinte Afif
Domingos.
Concedo a palavra ao Constituinte Jessé Freire.
O SR. CONSTITUINTE JESSÉ FREIRE: – Sr.
Presidente, Srs. Constituintes, o art. 10 diz:
“Lei complementar estabelecerá forma especial e
favorecida de cobrança de impostos federais e estaduais,
ou sua não incidência, para a micro-empresa, como tal
definida em lei pela União, pelos Estados e pelo Distrito
Federal.”
A minha emenda consiste no seguinte:
“Não incidirão impostos de competência da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, exceto o
previsto no art. 16, inciso I” – que é o Imposto Predial
– “relativamente às microempresas, nos termos
estabelecidos em lei complementar.”
No Substitutivo do Relator, S. Ex.ª não cita os
Municípios, cita a União, os Estados e o Distrito Federal.
Com isto, a lei complementar, que se refere o art. 10,
baseia-se exclusivamente na incidência dos impostos da
União, dos Estados e do Distrito Federal.
A minha emenda visa incluir, primeiramente,
os Municípios na isenção; e, desde já, permitir
que as microempresas sejam isentas dos
referidos impostos, ou seja, os da União, do
Distrito Federal, dos Estados e dos Municí-
Pios. Chamo a atenção dos Srs. Constituintes para essa
emenda porque ela visa a favorecer, efetivamente, a
microempresa no Brasil, que já goza de favorecimento, em
virtude do Estatuto tia microempresa e de lei
complementar.
Mas esse favorecimento se consubstancia nos
impostos referentes à União e aos Estados: nos
Municípios, efetivamente, existe muita dificuldade para as
microempresas. Em Natal, Capital do meu Estado, por
exemplo, tivemos uma lei totalmente contrária ao Estatuto
da Microempresa, que estabelecia um limite bastante alto,
em termos da antiga ORTN, o que praticamente anula a
eficácia daquele Estatuto.
Pediria, então, a atenção das Srs. Constituintes no
contido de que aprovem esta minha emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra o nobre Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Sr. Presidente,
quero dizer que não obstante a importância de dar
tratamento favorecido à microempresa, não acolho a
proposta do Constituinte Jessé Freire. O artigo que
incluímos no Substitutivo prevê esse tratamento favorecido.
Diz o seguinte:
“Lei complementar estabelecerá forma especial e
favorecida de cobrança de impostos federais e estaduais, ou
sua não incidência, para a microempresa, como tal definida
em lei pela União, pelos Estados e pelo Distrito Federal.”
A proposta do Constituinte Jessé Freire diz:
“Não incidirão impostos de competência da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, exceto o
previsto no art. 16, inciso I – que o Imposto sobre
Propriedade Predial e Territorial Urbana – “relativamente
às microempresas, nos termos estabelecidos em lei
complementar.”
Encaminharia contrariamente esta proposta pelo
seguinte. Se, na Constituição, constasse, por exemplo, que
a microempresa estaria isenta do Imposto de Importação,
esta poderia ser criada e importar, digamos um Mercedes
Benz. Estaria isenta do Imposto de Importação, não
importa como seja definida. Refiro-me a um exemplo
extremo, mas, como estamos falando em Constituição, é
muito importante ter isso presente, porque estamos
estabelecendo uma medida geral.
Em segundo lugar, o problema do contribuinte
substituto. Os que estão aqui presentes, que foram
Secretários da Fazenda – não vou enumerar para não
esquecer alguém, como sempre acontece – sabem que a
figura docontribuinte substituto ajudou muito a arrecadação
de impostos sem oprimir mais o contribuinte. Por exemplo,
no caso de cigarro, recolhe-se o imposto na fábrica, porque
já se sabe o preço final. Isso poupa o vendedor de cigarro de
todo o trabalho burocrático de pagar Imposto. Ora, o que
aconteceria? Automaticamente, estaria isento do imposto
sobre cigarros – Então, teríamos dois tipos de cigarros na
economia: o vendido pela microempresa e o vendido pela
empresa, sendo que esse imposto da microempresa já teria
sido pago pelo contribuinte substituto. Nesse caso, teria de
ser devolvido ao dono do pequeno bar onde tivesse sido
vendido o cigarro. V. Ex.as podem imaginar a complicação
judiciária que isso traria. Esta a razão porque não
acolhemos, como anteriormente, a proposta do Constituinte
Afif Domingos nesse sentido. Preferimos fixar na
Constituição o tratamento favorecido à microempresa,
inclusive a possibilidade de isenção, mas deixar para a
lei complementar, porque ela é essencial, exatamente
 ANAIS DO SENADO FEREAL (ATAS DAS COMISSÕES)
para impedir uma generalidade tão grande que possa
levar a situações equívocas e muito complicadas como
a que acabei de apontar. Por este motivo, não acolho a
emenda do Constituinte Jessé Freire, embora respeite o
espirito que S. Ex.ª teve ao redigi-la e apresentá-la à
consideração desta Comissão.
O SR. CONSTITUINTE JESSÉ FREIRE: – Sr.
Presidente, falo em lei complementar, nos termos
estabelecidos no final da minha emenda. Quero dizer
que essa preocupação que V. Ex.ª tem em relação ao
Imposto de importação poderia ser solucionada através
de lei complementar.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Farei a verificação simbólica.
O SR. RELATOR (José Serra): – Sr. Presidente,
permita-me, já que houve uma treplica. A Constituição diz:
“Não incidirão impostos de competência da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios.”
Esse mandamento está muito claro, exceto o
previsto no art. 16, tanto que excetua o IPTU
claramente. Se fosse excetuar outro imposto, diria:
“Relativamente às microempresas nos termos
estabelecidos...”
Nos termos estabelecidos em lei complementar
não anula; não incidirão impostos de competência da
União, dos Estados e dos Municípios. Se pretendesse,
no caso, excluir algum imposto, estaria dito, como se
disse no caso do IPTU.
Perdoe-me V. Ex.ª esta nova réplica, mas acho
que seria importante termos isso claro.
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ RODRIGUES: –
Fiquei em dúvida. Leio no art. 10, para microempresa, só a
não incidência relativa aos impostos federais e estaduais.
O SR. RELATOR (José Serra): – Estou lendo a
emenda do Constituinte Jessé Freire.
O SR. CONSTITUINTE IRAJA RODRIGUES: –
Mas não se refere aos impostos municipais. Acho que o
interesse dele é também incluir os impostos municipais.
O SR RELATOR (José Serra): – Na proposta do
Constituinte Afíf Domingos, havia a idéia de não
inclusão. Pretendia-se que a microempresa ficasse
sujeita unicamente aos impostos municipais, e
aceitamos as ponderações que foram feitas nesse
sentido. Quero dizer que havia a idéia, no espírito da
proposta feita, de que incidissem apenas impostos
municipais, não estaduais e federais; e mantivemos a
proposta dentro deste espírito.
O SR. CONSTITUINTE IRAJA RODRIGUES: –
Fora IPTU, ou seja, na microempresa, ele pretende que
não haja incidência do Imposto sobre Vendas a Varejo.
É isso? Mantém o IPTU, mas quer não haja incidência
sobre vendas a varejo. Mantém o IPTU, mas não cobra
o IVV, e é perfeitamente justo.
O SR. RELATOR (José Serra): – Não incidiria o
ICM, não incidiria o IPI, Imposto de Importação, e tudo o
mais?
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ RODRIGUES: –
Não, incidiriam todos da mesma forma como está aqui,
dependendo de lei complementar, mas se incluiria na lei
dos impostos federais e estaduais também os
municipais, exceto IPTU ou seja, o IVV.
O SR. RELATOR (José Serra): – Aqui está muito
claro o seguinte, Constituinte Irajá Rodrigues:
162
“Não incidirão impostos de competência da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios...”
No caso dos Municípios – e V. Ex.ª me presta um
esclarecimento útil – “exceto o previsto no art. 16”,
embora a redação possa ter duas interpretações: pode
dizer que não incidirão impostos, exceto o previsto no
art. 16: pode apenas não se referir ao municipal. Pode
ser interpretado assim, mas o que diz muito claramente
é que não incidirão impostos de competência da União,
portanto, Imposto sobre Importação, IPI, e no caso
estadual, o ICM, o Imposto sobre Exportação. Não
incidirão, isso é o que o artigo está estabelecendo. Esta
é a razão básica da minha objeção, porque poderiam
ocorrer as distorções que mencionamos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Está encerrado o processo de discussão. Vamos fazer
uma consulta prévia.
Quem estiver com a posição do Relator José
Serra, permaneça como está. Quem apoiar a emenda
do Constituinte Jessé Freire, levante a mão. (Pausa.)
Está prejudicada a emenda.
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ RODRIGUES: –
Sr. Presidente, não está prejudicada a emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornellesi): –
S. Ex.ª retirou, não me falou. (Pausa)
V. Ex.ª gostaria que fosse votada?
O SR- CONSTITUINTE JESSÉ FREIRE: – O
assunto é polêmico, e eu gostaria de esclarecer.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V.
Ex.ª gostaria que fosse votada?
O SR. CONSTITUINTE JESSÉ FREIRE: –
Gostaria. Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE:(Francisco Dornelles): –
Aqueles que disserem “sim” aprovam a emenda do
Constituinte Jessé Freire. Os que disserem “não”
mantém o artigo do Relator José Serra.
(Votação)
Votaram “Sim” os Constituintes: Virgílio
Guimarães, Simão Sessim, Ruberval Piloto, Rose de
Freitas, Pedro Ceolin, Mauro Campos, Jutahy
Magalhães, Jovani Masini, José Luiz Maia, José Luiz de
Sá, José Guedes, João Carlos Bacelar, Jesus Tajra,
Jessé Freire, Irajá Rodrigues, Geraldo Fleming, Francisco
Dornelles, Flávio Rocha. Firmo de Castro, Domingos
Juvenil, Cid Sabóia de Carvalho, Airton Sandoval,
Adhemar de Barros Filho e César Maia; Votaram “Não”
os Constituintes: Sérgio Werneck, Osmundo Rebouças,
Nion Albernaz, Naphtali Alves, Mussa Demes, Messias
Góis, José Serra, José Maria Eymael, João Machado
Rollemberg, João Castelo, Ivan Bonato, Gerson Camata,
Fernando Bezerra Coelho, Benito Gama, Basílio Vilani.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Vinte e quatro “sim”, dezesseis “não”.
Vamos colocar em votação a Emenda nº 763, do
Constituinte Afif Domingos, que será defendida pelo
Constituinte José Luiz de Sá.
O SR. CONSTITUINTE MUSSA DEMES: – Sr.
Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Pediria a V. Ex.ª que permitisse a votação da Emenda
nº 763.
163 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)

O SR. CONSTITUINTE MUSSA DEMES: – Pois pela perda de um dos mais brilhantes companheiros do
não. Senado Federal. O Senador Fábio Lucena iniciou sua vida
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Em como Vereador na cidade de Manaus, e o foi por vários
votação a Emenda nº 763, do Constituinte Afif Domingos, mandatos. Eleito Senador da República em 1982,
que será defendida pelo Constituinte José Luiz de Sá. conseguiu um fato totalmente inusitado na história da
Com a palavra o Constituinte José Luiz de Sá. Câmara Alta do País: que eu saiba, foi o único Senador,
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ LUIZ DE SÁ: – Tendo que, em meados do seu mandato, conseguiu, ao submeter-
a emenda anterior, considero a minha prejudicada. Retiro-a. se a julgamento popular, a outorga de mais um mandato
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – em 1986, buscando, afirmava, maior autoridade política e
Considerada prejudicada a Emenda nº 763. maior autoridade moral para compor a Assembléia
Dou a palavra ao Constituinte Mussa Demes. Nacional Constituinte. E com que brilhantismo, com que
O SR. CONSTITUINTE MUSSA DEMES: – Sr. talento, recordo-me, defendeu o direito de seus pares, que
Presidente, tenho fundado receio de que não haverá haviam sido eleitos em 1982, de comporem este Colegiado
quorum para continuar votando. Por isso pedi a maior do País, Fábio Lucena foi um dos melhores talentos
verificação. verbais que tive oportunidade de conhecer. Combativo,
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – conforme destacou o nobre Constituinte Adhemar de
Proponho aos Srs. Constituintes suspensão da reunião Barros Filho, enfrentando os poderosos do momento,
neste momento, para continuarmos amanhã, ás 10 horas. defensor intransigente dos oprimidos e dos mais fracos,
(Palmas.) Fábio Lucena deixa uma grande lacuna na família política
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – brasileira. Em meu nome e no do Partido da Frente Liberal
Havendo número regimental, declaro abertos os trabalhos quero deixar registrados a grande dor e o pesar que
da reunião da Comissão do Sistema Tributário, Orçamento dominam a todos nos e a grande falta que Fábio Lucena
e Finanças. fará a classe política brasileira. Muito obrigado.
Srs. Constituintes, é com grande pesar que informo O SR. CONSTITUINTE AFFONSO CAMARGO: –
a V. Ex.as o falecimento do ilustre Senador Fábio Lucena. O Peço a palavra, Sr. Presidente.
nobre Senador Fábio Lucena tem grandes serviços O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
prestados ao País. Era um dos políticos mais a palavra o nobre Constituinte Affonso Camargo.
responsáveis, mais respeitados que tínhamos no Senado O SR. CONSTITUINTE AFFONSO CAMARGO: –
Federal. Lamentando profundamente o acontecido, em Acredito. Sr. Presidente, que seria até desnecessário
meu nome e no daqueles que compõem esta Comissão registrar o pesar do meu Partido, o PMDB, pelo falecimento
apresento á família do eminente Senador os meus votos de do nosso colega e correligionário, Senador Fábio Lucena. O
pesar pelo seu falecimento. Constituinte Divaldo Suruagy registrou, com muita lealdade
Sugeriria que a sessão fosse interrompida por um e veracidade, a figura do nobre Senador e Constituinte Fábio
período de trinta minutos e que fizéssemos agora um minuto Lucena. Realmente, acompanhei a atuação do nobre
de silêncio em homenagem ao nobre Senador Fábio Senador Fábio Lucena durante anos. S. Ex.ª era um homem
Lucena, cujo corpo está sendo velado no Senado Federal. de talento, genial, não só pela sua eloqüência, mas
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS principalmente pela sua cultura, jurídica, e muito querido por
FILHO: – Sr. Presidente peço a palavra. seu povo. Era um intelectual e, acima de tudo, um líder
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com popular, tanto que se submeteu com bastante segurança
a palavra o nobre Constituinte Adhemar de Barros Filho. novamente ás urnas e foi eleito por grande maioria.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS Registro, portanto, neste momento, o grande pesar
FILHO: – Queremos também não apenas em nosso nome do PMDB por perdermos um grande companheiro e porque
e no dos Colegas desta Comissão, mas do Partido o Brasil também perde um dos seus grandes lideres.
Democrático Trabalhista, trazer a família do Senador Fábio O SR. CONSTITUINTE GERALDO FLEMING: –
Lucena e aos seus companheiros do Senado Federal o Peço a palavra, Sr. Presidente.
nosso pesar pelo seu falecimento nesta madrugada. O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
Desejamos registrar a grande folha de serviços que esse a palavra o nobre Constituinte Geraldo Fleming.
ilustre representante do Estado do Amazonas prestou ao O SR. CONSTITUINTE GERALDO FLEMING: – Sr.
Poder Legislativo e ao próprio processo de abertura, na Presidente, Srs. Constituintes, como Constituinte da
exata medida em que com muita coragem denunciava Amazônia, fui grande amigo de Fábio Lucena durante quase
erros e abusos do Governo da região amazônica, uma das toda a minha vida parlamental – vinte e quatro anos de vida
mais importantes do País. Por isto mesmo, a ausência parlamentar. Conheci-o como Vereador na cidade de Manaus.
desse homem de extrema coragem é algo que não se pode Saiu de lá para o Senado Federal, mas uma faceta muito
avaliar no primeiro memento. importante da vida de Fábio Lucena foi o seu trabalho no
É com profundo pesar que nós, do PDT, registramos jornalismo da Amazônia. Jornalista dos mais respeitados da
a sua ausência. Queremos deixar consignado em Ata, á Amazônia, foi quem mais lutou naquela época difícil para nós,
sua família, aos seus amigos e ao Senado Federal, o que pertencíamos á Oposição. Ele nunca teve medo de fazer
nosso pesar pela sua ausência nesta madrugada. Muito os seus artigos, criticando tudo o que havia de errado na
Obrigado. Velha Republica. Assim, portanto, deixo aqui registrado o meu
O SR. CONSTITUINTE DIVALDO SURUAGY: – Sr. pesar pelo falecimento prematuro do Senador do povo o
Presidente, peço a palavra. ilustre Constituinte Fábio Lucena, que deixa a população, não
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com só de Manaus, mas de toda a Amazônia, pesarosa e
a palavra o nobre Senador Divaldo Suruagy. insatisfeita mesmo por perder o seu grande líder.
O SR. CONSTITUINTE DIVALDO SURUAGY: – Sr. Faço este registro como Coordenador da Bancada do
Presidente, Srs. Constituintes, em nome do Partido da PMDB do Acre, e deixo aqui o meu voto de pesar por esta
Frente Liberal queremos registrar a dor que nos domina grande perda de um dos mais ilustres Parlamentares da
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
Amazônia. Gostaria que este registro constassem dos
Anais da Constituinte. Muito obrigado.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Sr. Presidente peço a palavra.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra o nobre Constituinte José Maria Eymael.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: – Sr.
Presidente. Srs. Constituintes, principalmente para os nobres
Constituintes que chegaram a esta Casa em primeira
Legislatura, entre o conjunto dos demais pares, algumas
figuras se destacavam logo de início. Todos nós, ávidos de
experiência e de cultura na vivência desta Casa,
observávamos com olhos até espantados o que sucedia e a
postura das pessoas. Indiscutivelmente, Sr. Presidente, um
dos vultos que logo assumiu para nós a dimensão de um
gigante foi o nobre Senador Fábio Lucena. Parece que agora
me perpassa aos olhos a visão daquele homem de porte
ereto, voz entrecortada de emoção, defendendo com inteireza
os seus princípios e convicções. E, mesmo sem conhecê-lo a
tempo, sem ter tido o privilégio de gozar da sua companhia e
da sua amizade, mesmo com esta limitação, senti, como,
acredito também sentiram os demais Constituintes que
recém-chegavam a esta Casa, que na figura daquele homem
estava inserida uma profunda convicção de amor á causa
pública, de inteireza, de independência, de liberdade e de
obediência apenas aos princípios nos quais acreditava. A
partir da primeira vez que ouvi o Senador Fábio Lucena,
nunca mais me permiti o alheamento, quando esse grande
Senador se pronunciava e afirmava seus princípios.
Algo, Sr. Presidente, que me chamou a atenção
profundamente, e que desejo deixar registrado nesta Casa,
era o espírito democrático de Fábio Lucena, que renunciou ao
seu mandato de Senador para assumir o teste do voto,
voltando a esta Constituinte legitimado pela vontade popular –
Poucos exemplos na História do Brasil podem comparar-se a
esta postura. Renunciou consciente e livremente a um
privilégio que tinha. Renunciou ao mandato e ofereceu-se ao
povo de sua terra para que este o julgasse e o conduzisse a
esta Constituinte, se assim julgasse correto. E Fábio Lucena
veio a esta Constituinte, nos braços do povo através do voto.
Portanto, Sr. Presidente, fica, neste momento, a
homenagem da Democracia Cristã. Nos, que pregamos a
construção de uma sociedade livre, solidária e fraterna não
podemos deixar de registrar a presença inegável de Fábio
Lucena na história constitucional brasileira.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Suspendo a sessão até às 11h e 30min, quando
voltaremos a nos reunir.
(É suspensa a reunião.)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Vamos dar continuidade à sessão, votando as emendas do
Sistema Tributário. (Pausa.)
Pedidos de preferência, por escrito, dos
Constituintes Airton Sandoval e Firmo de Castro, para
votação do art. 29. (Pausa.)
Constituinte Firmo de Castro, como esse pedido de
preferência foi feito por V. Ex.ª e pelo Constituinte Airton
Sandoval, pergunto se poderíamos aguardar mais uns quinze
minutos para a chegada do Constituinte, que, inclusive, está
entre nós. Tão logo S. Ex.ª chegue, daremos esta preferência.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Não
há dúvida.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Emenda nº 696 do Constituinte Gerson Camata.
164
O SR. CONSTITUINTE GERSON CAMATA: – Sr.
Presidente, a emenda já está prejudicada, porque no art.
12 já houve uma votação.
Requeiro a retirada da emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Requerida à retirada da emenda.
Emenda nº 580, do Constituinte Benito Gama.
Foi retirada.
Emenda nº 544, do Constituinte José Carlos
Vasconcelos.
Emenda 646 do Constituinte Fernando Gasparian.
(Pausa.)
Constituinte Fernando Gasparian, V. Ex.ª pretende
defender a emenda posteriormente?
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – Sr. Presidente gostaria de saber como
ficou o art. 12 do Substitutivo, porque não tenho
informação agora.
O SR. RELATOR (José Serra): – O art. 12 foi
mantido. Foi suprimido, com a concordância do relator, o
artigo 27, e mantido o art. 12, com a correção de um erro
de redação.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN:
– Sr. Presidente, pela ordem. A emenda que apresentei,
que V. Ex.ª está colocando em votação, e a de nº 646, art.
12? Parece-me que não é o art. 12, pois esta tem três
parágrafos, e não os estou vendo. (Pausa.)
Sr. Presidente, já me localizei.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Peço que aguarde um instante para nos localizarmos.
Acredito estar prejudicada.
O SR. CONSTITUINTE GERSON CAMATA: – Sr.
Presidente, o que gostaria de dizer é que todas as
emendas aos arts. 12 e 27, no meu entender, estão
prejudicadas, porque a modificação do art. 12 já foi feita e
votada e o art. 27 foi retirado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Estou achando que S. Ex.ª se referiu ao artigo art. 12.
(Pausa.)
O art. 12 do anterior é o mesmo, não houve
mudança.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO
GASPARIAN: – Tinha três parágrafos e agora não tem
nenhum.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Constituinte Fernando Gasparian, eu diria que V. Ex.ª foi
atendido, e os parágrafos já foram suprimidos,
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO GASPARIAN:
– Proponho que o próprio artigo também seja suprimido.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Esse assunto já foi votado ontem, e a supressão foi
rejeitada. (Pausa.)
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO BEZERRA
COELHO: – Sr. Presidente, todas as emendas aos arts. 12
e 27 são matéria vencida, estão prejudicadas.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Exatamente.
Constituinte Gerson Camata, Emenda nº 705.
O SR. CONSTITUINTE GERSON CAMATA: – A
emenda já foi atendida, já esta prejudicada, é matéria
vencida, como todas as demais aos arts. 12 e 27.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Exatamente; todas as emendas aos arts. 12 e 27 estão
prejudicadas. (Pausa.)
165 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
Em relação ao art. 13, as emendas relacionadas aos
itens I, II, III, IV e V estão prejudicadas. (Pausa.)
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Sr. Presidente, quais as emendas que estão
prejudicadas?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – A
primeira não prejudicada é a de V. Ex.ª, que é a de nº 103.
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ RODRIGUES: – Sr.
Presidente, tenho a Emenda nº 263, relativa aos arts. 13 e 15
§ 8º...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V. Ex.ª
tem razão, é o § 8º (Pausa.)
Emenda nº 263. Essa emenda é sobre a inclusão de
um parágrafo... (Pausa.)
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Sr. Presidente, qual a próxima emenda?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Um
instante, por favor. (Pausa.)
Tem a palavra o Constituinte Irajá Rodrigues para falar
sobre a Emenda nº 263.
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ RODRIGUES: – Sr.
Presidente, a proposta é:
“Dê-se nova redação ao item V do art. 13 e acrescente-
se o § 11 ao art. 15:
V – Operações de crédito, câmbio e seguro, ou
relativas a títulos ou valores, exceto quando relativas a saídas
de mercadorias a consumidores finais.”
E o § 11 do art. 15 seria:
“A base de cálculo do imposto de que trata o item III
compreenderá o montante pago pelo adquirente, incluindo
acréscimos financeiros.”
Sr. Presidente, a justificativa da proposta é no
sentido de que se possa estabelecer o fim de um
processo de concorrência absolutamente desleal que
existe entre o pequeno comerciante, que faz as suas
vendas a crédito, o seu crediário e, hoje, tem de pagar ICM
sobre o total da venda a prazo, e a grande empresa,
que geralmente tem acesso a uma financeira, muitas
vezes do mesmo grupo, e emite a nota, pagando ICM
apenas sobre o valor da mercadoria, enquanto a parte
financiada pelo sistema de crédito ao consumidor paga,
exclusivamente, Imposto sobre Operações Financeiras, de
alíquota muito mais baixa. Há, inclusive, um artigo da Gazeta
Mercantil, do dia 10 de junho, que, por sinal, me foi
encaminhado pelo nobre Constituinte José Serra, citando o
caso de uma grande cadeia de lojas que, para contornar os
prejuízos recentes, está pensando em comprar uma
carta patente para montar a sua própria financeira. O
cálculo do grupo é de que em um mês, os ganhos
com a financeira cobrirão o custo da carta patente. Por
ai se vê o processo de esmagamento que sofrem,
então, os pequenos comerciantes que tem crediário. A
proposta é no sentido de incluir na base de cálculo
do ICM todos os acréscimos decorrentes da venda
a prazo, como acontece com as pequenas empresas,
passando a acontecer com todas as demais. Muito
obrigado.
O SR PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Relator José Serra.
O SR. CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: – Sr.
Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Havia
V. Ex.ª pedido preferência, mas, como V. Ex.ª não estava
presente...
O SR. CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: – É
outro assunto, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem a
palavra V. Ex.ª
O SR. CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: – É que
apresentei destaque de emenda de minha autoria, a de
nº 510, que trata do mesmo assunto que estamos examinando
agora. No entanto, não vejo, na relação, o meu pedido de
destaque. É a Emenda nº 510-8, que se refere ao mesmo
assunto. Não, o número não é este. É a Emenda de nº 500487.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Perguntaria a V. Ex.ª se também gostaria de fazer a defesa da
mesma.
O SR. CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: –
Gostaria pelo menos de ler a redação que proponho. Refere-
se a ela ao anteprojeto.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Pela
ordem, a primeira emenda apresentada é a do Constituinte
Irajá Rodrigues.
O SR. CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: – O que
estou estranhando é que não achei, na relação, a minha
proposta de emenda, e ela se refere ao mesmo artigo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles: – Então,
vamos voltar a emenda do Constituinte Irajá Rodrigues, dando
a palavra ao Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – A emenda do
Constituinte Irajá Rodrigues foi apresentada também pelo
Constituinte Roberval Piloto, de Santa Catarina, e, pelo que
tenho conhecimento, pelo Constituinte Airton Sandoval, de
São Paulo. O seu objetivo é eliminar um problema muito
controvertido na cobrança do ICM, especialmente no que se
refere a vendas a prazo. Não havia incluído esse dispositivo
no meu Relatório, aguardando que, eventualmente, o Plenário
se manifestasse a respeito. Havendo esta manifestação de
vários Constituintes, a minha tendência, como relator, é
acolher essa emenda. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
proceder à votação. Os Constituintes que votarem “sim”
estarão apoiando a de nº 5S0263, do Deputado Irajá
Rodrigues, com a concordância do Relator José Serra. Os que
votarem “não” estarão votando no sentido de que seja mantido
o texto do diapositivo.
(Votação)
Votaram sim os Constituintes: Adhemar de Barros Filho,
Adroaldo Streck, Affonso Camargo, Airton Sandoval, Basílio
Vilani, Benito Gama, Cid Sabóia de Carvalho, Darcy Deitos,
Divaldo Suruagy, Fernando Bezerra Coelho, Fernando
Gasparian, Firmo de Castro, Francisco Dornelles, Gerson
Camata, Irajá Rodrigues, Ivan Bonato, Jesus Tajra, João
Machado Rollemberg, José Carlos Vasconcelos, José Guedes,
José Luis Maia, Jose Maria Eymael, José Serra, José Tinoco,
Jovani Masini, Jutahy Magalhães, Lazio Sathinaz, Luis Gushiken,
Messias Góis, Naphtali Alves, Nion Albernaz,
Osmundo Rebouças, Pedro Ceolin, Ruberval Piloto, Sergio
Spada, Sergio Werneck, Simão Sessim, Walmor de Luca, Wilson
Campos, Helio Rosas, Jayme Santana e Joaquim Bevilácqua.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O
resultado é o seguinte: 42 “sim”, nenhum voto “não” – aprovada.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ LUIZ MAIA: –
Sr. Presidente, pela ordem. Apelo a V. Exª –
procurando simplificar o processo e agilizar nossas votações –
no sentido de que, quando houver consenso, seja dispensada a
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
chamada nominal dos votantes, a não ser que o Relator ou o
autor da emenda peçam verificação da votação. Creio que
assim ganharíamos muito tempo e avançaríamos nas nossas
votações. Solicito a V. Ex.a que submeta ao Plenário esta
minha proposta, porque outras Comissões fizeram isto e o
resultado foi satisfatório. E esse procedimento não fere o
Regimento Interno da Assembléia Nacional Constituinte.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Nobre
Constituinte José Luiz Maia, devo ater-me ao Regimento.
Toda a matéria constitucional tem de ser aprovada por maioria
absoluta, mediante votação nominal. No caso, faço a prévia.
Se a emenda não for acolhida e o Relator a retira, não coloco
em votação. Mas, para que seja incluída tenho de fazer a
votação nominal. E não vou mudar essa orientação.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ LUIZ MAIA: – Lamento
profundamente, Sr. Presidente.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Senhor
Presidente, pela ordem. Gostaria de, mais uma vez, hoje,
reiterar proposta que fiz ontem, para o melhor andamento dos
trabalhos. Ontem – propus que se votasse por artigos: reunir-
se-iam todas as emendas de cada artigo e se discutiria de
uma vez só. Estamos aqui exatamente há duas horas e vinte
minutos, depois da hora marcada, e apenas o primeiro
a
destaque é votado. V. Ex. há de convir que todo mundo está
cansado. Não sei se esta forma de condução dos trabalhos é
deliberada ou não, mas gostaria de fazer, mais uma vez, um
apelo no sentido de que se reúnam todas as emendas,
passando-se a votar por artigo os destaques. Esta seria o
modo mais racional. Da forma como estão sendo conduzidos
os trabalhos, quero crer que não conseguiremos esgotar o
assunto da reforma tributária até hoje à noite.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não
posso impedir que os Constituintes defendam sua emenda.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Não foi
este o sentido da minha Questão de Ordem, mas para se
votar os destaques artigo por artigo, reunindo todos de uma
vez. Estamos esgotados e vamo-nos esgotar muito mais. Só
não sei se isto está sendo colocado em prática
deliberadamente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vou
a
seguir V. Ex. . É este o caminho que está sendo seguido.
Apenas existem, em cada artigo, vários parágrafos e várias
alíneas. Se cada Constituinte pedir um aditivo para parágrafo
e itens, não posso colocar em bloco situações diferentes. Há
um pedido de preferência dos Constituintes Firmo de Castro e
Airton Sandoval para o art. 29.
Com a palavra o Constituinte Firmo de Castro.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Senhor
Presidente, Srs. Constituintes, Sr. Relator, o pedido de
destaque de nossa Emenda n° 412-1, de teor praticamente
idêntico à Emenda nº 60, do Constituinte Airton Sandoval, diz
respeito ao que poderíamos chamar de reforma tributária de
emergência. E procura fazer com que a redistribuição
proposta no texto aprovado por esta Comissão se inicie,
mesmo que parcialmente, a partir da promulgação da própria
Constituição, considerando-se que pelo processo gradual
previsto de crescimento dos percentuais do FPE e do FPM,
poderíamos, já a partir de 1º de janeiro, caso a promulgação
se dê neste exercício, ter a reprodução dos efeitos
dessa melhor participação para os Estados e Municípios no
FPE e no FPM. Ela, na verdade vem ao encontro do que já
contém o Substitutivo do Relator. Praticamente tem o
mesmo teor. Apenas cuida de um aspecto muito específico,
qual seja o de garantir esse efeito já a partir da promulgação,
uma vez que o Substitutivo do Relator estabelece que os
166
percentuais de 18% do FPE e 20% do FPM passariam a
vigorar no primeiro dia do mês subseqüente ao da aprovação
da lei complementar que tratará deste assunto. Nossa
emenda, assim como a do Constituinte Airton Sandoval, tem
por objetivo resguar-nos um possível retardamento na
aprovação da lei complementar. Com isto, o teor das nossas
emendas seria no sentido de fazer com que os novos
percentuais propostos, para vigorar a partir da lei
complementar, na forma do Substitutivo, já pudessem ser
aplicados a partir de 1º de janeiro, respeitados os critérios
atuais de rateio, até que a lei complementar porventura
estabeleça outros critérios. Seria uma forma de antecipar a
vigência desses efeitos, o que – e acredito seja do
conhecimento de todos os Constituintes – representa o anseio
,
da Federação: de todos os Estados e Municípios brasileiros.
Espero que a nossa proposta conte com a acolhida não só do
Plenário, mas, particularmente, do Sr. Relator, que tem sido
muito sensível às proposições que tendem a fortalecer a
Federação. Esta a justificativa em defesa da emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte Airton Sandoval.
O SR. CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: – Senhor
Presidente, Sr. Relator, Srs. Constituintes, desde há muito os
municípios brasileiros, através de suas entidades
representativas, seus Prefeitos e da Frente Municipalista
Nacional, vêm batalhando no sentido de melhorar suas receitas.
Por várias vezes, em várias marchas a esta capital, diversos
Parlamentares tiveram a oportunidade de emprestar seu apoio a
esta luta, e houve, em várias ocasiões, até mesmo o
compromisso do Governo no sentido de conceder aos
municípios recursos que eles precisavam para atender às suas
atribuições. Em 1985, graças à mobilização da Frente
Municipalista Nacional e à compreensão do Congresso
Nacional, conseguimos, para os municípios brasileiros, uma
pequena reforma. Naquela época, o Presidente José Sarney, o
nosso Governo, comprometeu-se a, num futuro bem próximo,
estudar medidas que fossem capazes de dar os recursos de
que os municípios precisavam. Neste ano, através de nova
mobilização em Brasília, a Frente Municipalista Nacional e os
Prefeitos brasileiros, em audiência com o Presidente da
República, conseguiram o seu compromisso de melhorar suas
receitas, através de uma reforma de emergência. O fato não
aconteceu. O Presidente da República apenas deu poucos
recursos, cerca de seis milhões de cruzados, insignificantes
para atender às necessidades dos municípios.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Peço
ao Plenário que preste atenção à emenda do Constituinte
Airton Sandoval, que trata de assunto da maior importância.
O SR. CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: – Além
disso, transferiu a responsabilidade de fazer essa reforma à
Assembléia Nacional Constituinte. Infelizmente, o Substitutivo do
Relator não nos dá condições de oferecer uma resposta
adequada aos Prefeitos Municipais. Mas a compreensão do
Relator, e um entendimento que aqui poderemos ter, poderá dar-
nos a oportunidade de demonstrar que a Assembléia Nacional
Constituinte está atenta aos problemas municipais e que estará
buscando uma solução para esses problemas. De forma que
temos, hoje dois destaques que se referem ao mesmo assunto.
Entendo que o destaque do nobre colega Firmo de Castro é mais
abrangente e atenderia melhor às necessidades dos municípios e
estados brasileiros. Então, deixaria com o Relator a possibilidade
de escolha de um ou outro destaque que melhor lhe convier e
também ao Plenário a decisão sobre esse assunto. Se for o caso,
retiro o meu destaque para favorecer o do Deputado Firmo de
Castro. (Palmas.)
167 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Deputado Simão Sessim.
O SR. CONSTITUINTE SIMÃO SESSIM: – Sr.
Presidente, também apresentei emenda sobre o mesmo
assunto na Subcomissão, e lá foi aprovada. Reapresentei-a na
– Comissão Temática, porque não constou do Relatório do
nosso digno Relator. Mas o que gostaria de acrescentar a tudo
o que foi dito pelos nobres Constituintes Firmo de Castro e
Airton Sandoval é que este compromisso foi assumido por
todo candidato que chegou á Constituinte.
Portanto, Sr. Presidente, acredito que, nesta sessão
de hoje vamos resgatar, sem dúvida alguma, o
compromisso assumido com os municípios e com os estados.
(Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Relator José Serra.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: –
Permita-me, Sr. Presidente. Em face da posição do
Constituinte Airton Sandoval, solicitaria a S. Ex.ª que
assinasse a nossa emenda e o pedido de destaque,
patrocinando, dessa forma, a emenda como ele o tem feito na
defesa dessa questão.
O SR. CONSTITUINTE SIMÃO SESSIM: – Sr.
Presidente, também retiro a minha emenda e apóio a do
Constituinte Firmo de Castro.
O SR. CONSTITUINTE JOVANNI NASINI: – Sr.
Presidente, quero fazer uma consulta. Apresentei um
destaque e um pedido de preferência, no sentido de também
antecipar a vigência de outros artigos do Substitutivo.
Pergunto: a aprovação, que naturalmente se dará da proposta
do Constituinte Firmo de Castro, não irá prejudicar a minha
proposta? Ela versa sobre a antecipação da vigência de
outros artigos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não
prejudicará.
Com a palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Estive atento ao
problema da questão da vigência dos Fundos de Participação,
tanto assim que no inciso do art. 29, introduzimos um
dispositivo que diz:
“A Mesa da Câmara dos Deputados adotará apreciação
do Congresso Nacional, em regime de as providências
necessárias à apresentação, para urgência, de projeto de lei
complementar a que se refere o item I deste artigo.”
O item I é o que estabelece os percentuais iniciais
a serem transferidos aos estados e aos municípios. Verifico,
no entanto, que esta providência foi considerada
insuficiente pela maioria dos membros desta Comissão, que
acreditam que esta providência da lei complementar
poderá prolongar por muito tempo a primeira transferência a
ser feita.
Quero também esclarecer que a proposta do
Constituinte Firmo de Castro, endossada por outros
companheiros, na verdade, pelo que conversamos, não se
trata de 1º de janeiro, porque, digamos, a suposição, que acho
que se cumprirá, é de que a Constituição terminará em
dezembro. Mas se trata de dizer imediatamente após
promulgada a nova Constituição. Esta mudança é
fundamental.
Segundo, as emendas se referiram ao anteprojeto e,
portanto, ha uma mudança dos percentuais iniciais em
relação aos que ninguém apresenta desacordo. Então,
dessas duas observações acolheria as emendas dos
Deputados. (Palmas.) Embora acreditando que a minha
providência resolvesse o problema, curvo-me á opinião desta
Comissão. que sinto ser predominante e acolho as emendas.
(Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte João Castelo.
O SR. CONSTITUINTE JOÃO CASTELO: – Sr.
Presidente, gostaria de, neste instante congratular-me com V.
Ex.ª pela maneira habilidosa e extremamente política com que
vem conduzindo os trabalhos desta Comissão e com o nobre
Relator, Constituinte José Serra, pela mudança, de posição sobre
esse assunto reconhecendo a preocupação de todos nós em
fortalecer a Federação. Realmente, é um assunto da maior
relevância. Estamos vendo, a cada dia, através da Imprensa, o
drama vivido pelos administradores dos estados e municípios,
que não podem continuar de pires na mão como está
acontecendo. E uma das coisas mais importantes desta
Constituição, entre as demais, é fazer uma divisão mais correta,
mais justa do bolo da receita nacional, para que o povo tenha,
direta e indiretamente, um benefício melhor. Assim, quero
congratular-me com V. Ex.ª e com o nobre relator, sobretudo pela
mudança de posição, reconhecendo que a emenda dos nobres
companheiros representa o pensamento de todo o povo
brasileiro, pois representa a unanimidade de todos que aqui
estão. Neste instante encerro as minhas palavras, dizendo a V.
Ex.ª, Sr. Presidente, que esta Comissão vai dar um exemplo à
Constituinte, porque, enquanto muitas Comissões estão em
dificuldade para começar a votação, nós já estamos concluindo,
dando uma demonstração, de maturidade política e de
responsabilidade. Aqui realmente está havendo um consenso em
defesa dos interesses nacionais.
Era o que tinha a dizer.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Passaremos à votação da Emenda nº 412 do Constituinte
Firmo de Castro.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – O que pergunto não é se depende da
minha Questão de Ordem, de outras, da colaboração ou da
maneira como V. Ex.ª conduzir os trabalhos. Estou
perguntando exatamente o que determina o Regimento. De
acordo com o Regimento, gostaria de saber quando termina o
trabalho da Comissão ou até quando poderemos discutir as
matérias? Minha pergunta não tem nada a ver com o
desenrolar da reunião.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Nosso
prazo vai até ás vinte e quatro horas de segunda-feira para
entregar os projetos á Comissão de Sistematização. À medida
que os capítulos são aprovados, estão sendo datilografados.
Acredito que dentro de uma hora teremos condições – em
decorrência da maneira como está sendo feito – de entregar o
projeto. Pelas informações recebidas da Presidência na
realidade poderemos entregá-lo até ás oito horas de terça-feira.
O SR. CONSTITTUINTE, JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – De acordo com a informação de V. Ex.ª,
formulo minha Questão de Ordem. Temos um número elevado
de emendas, em torno de duzentas, para serem apreciadas
ainda no capítulo referente ao Sistema Tributário.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Grande
parte delas está sendo eliminada se V. Ex.ª não tivesse
levantado a Questão de Ordem já teríamos votado dois
itens.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Permita-me formular a Questão de
Ordem que fundamentei com as informações de V.
Ex.ª No início da reunião de ontem apresentamos, assinado
por trinta Constituintes, o pedido de preferência para votação
do art. 30, que trata do Orçamento da União. Reafirmo a
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
a
V. Ex. que queremos exercer o direito de votação em
destaque desse artigo, de acordo com o Regimento, porque é
fundamental, segundo entendimento da maioria dos Srs.
Constituintes. Aceitamos a decisão de V. Ex.a em adiantar a
votação dessas matérias, mas não queremos ver prejudicada
a votação daquele artigo. Parece-me que corremos este risco,
dado o número imenso de emendas existentes. Por mais que
V. Ex.a, com eficiência agilize a votação, não a concluiremos
a
até amanhã as vinte e quatro horas. Portanto, peço a V. Ex.
que, cumprindo o Regimento, permita que se cumpre também
a vontade da maioria dos Srs. Constituintes, e seja votado,
com preferência, o art. 30 do Substitutivo do Relator.
O SR. RELATOR (Francisco Dornelles) – Já
decidimos. Manterei a decisão tomada de votar inicialmente
capítulo do Sistema Tributário. Conversei ontem com
Constituinte Divaldo Suruagy, que trouxe a concordância de
todos que haviam assinado. De modo que o primeiro item no
momento em que eu entrar no capítulo do Orçamento, será a
preferência de V, Exª. É uma decisão tomada, e vamos
encerrar o capítulo do Sistema Tributário.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Sr.
Presidente, diante do Regimento, recorro da decisão de Vossa
Excelência para o Plenário.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não
cabe a V. Ex.a recurso para essa decisão.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Sr.
Presidente, é de se estranhar. De toda decisão do Presidente
cabe recurso para o Plenário.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Cabe
recurso para a Assembléia Nacional Constituinte, e não para o
Plenário.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, gostaria que o Relator José Serra esclarecesse
que aprovamos da emenda do Constituinte Firmo de Castro. A
emenda de S. Ex.a previa dezessete para os estados e vinte e
a
um para os municípios. O relatório de S. Ex. prevê dezoito
para os estados e vinte para os municípios. Aumentamos,
ficando vinte e um para os municípios. E foram aprovados os
vinte.
O SR. RELATOR (José Serra): – Não já foi aprovada
como dezoito e vinte.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Não tinha
ficado bem claro.
O SR. RELATOR (José Serra): – É o que está no
texto. O Constituinte explicou assim.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Agradeço.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
dar preferência à Emenda n.o 390, do Constituinte Antônio
Mariz, solicitada pelos Constituintes Simão Sessim e Jayme
Santana. Concedo a palavra ao Constituinte Simão Sessim.
O SR. CONSTITUINTE SIMÃO SESSIM: – Sr.
Presidente, requeri preferência a pedido do nobre Constituinte
Antônio Mariz, que está em outra Comissão. S. Exª estaria
aqui para defender seu destaque e, em seguida, iria para
outra Comissão. Mas, como S. Ex.a não se encontra presente
a
peço a V. Ex. que me permita fazer a defesa da emenda, que
achamos da maior importância e justiça. Trata-se de alteração
dada ao § 3º do art. 15 do Substitutivo da Comissão, que foi
acolhida pelo Relator consta do Projeto anterior, na parte onde
se diz que "as alíquotas dos impostos de que tratam os itens I
e II” – inter vivos e causa mortis – "não excederão os limites
estabelecidos em resolução do Senado Federal”.
168
No novo projeto, o Relator alterou essa decisão, sem
qualquer emenda existente, parece-me. O que propõe o
Constituinte Antônio Mariz, é que o § 3º do art. 15 passe a ser
entendido como:
“§ 3.° As alíquotas dos impostos de que tratam os itens
I e II não excederão os limites estabelecidos em resolução do
Senado Federal e será progressivas, no caso do item II –
causa mortis – “de modo a contribuir para a igualdade entre
os cidadãos.”
Na justificação, diz ele:
“A tributação das heranças e doações prevista no
anteprojeto objetiva, além da produção de receita, contribuir
para amenizar as profundas desigualdades sociais existentes
entre pessoas, especialmente quando decorrente do fato de
alguém já nascer rico ou ainda de tornar-se rico em virtude de
dádivas, geralmente antecipadoras de herança futura.
Se assim é, alíquotas do imposto apenas proporcionais
não alcançarão o objetivo, pois são neutras quanto a esse
aspecto. Somente a tributação progressiva é capaz de
produzir extrafiscais de correção de desigualdades desse
tipo.”
Transferir a tributação para os Estados parece-me, Sr.
Presidente, uma temeridade.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Na verdade, no
Projeto anterior, o ITBI e o Imposto sobre Herança,
transmissão causa mortis, estavam atribuídos ambos ao
Estado. Da nossa proposta do ITBI, fizemos a transferência
exclusivamente para os municípios. A fixação da alíquota do
ITBI continua a ser feita pelo Senado na mudança, quando a
intenção do Relator era de manter nos dois casos.
O SR. CONSTITUINTE SIMÃO SESSIM: – Mas no
item II não.
O SR CONSTITUINTE JUTAHY MAGALHÃES: – Sim,
com declaração de voto, (anexo.)
(Votação)
Votaram “SIM” os Constituintes: Wilson Campos,
Walmor de Luca, Simão Sessim, Sérgio Werneck, Sérgio
Spada, Ruberval Piloto, Roberto Torres, Pedro Ceolin,
Osmundo Rebouças, Nion Albernaz, Márcio Braga, Naphtali
Alves, Messias Góis, Mauro Campos, Luis Gushiken, Lézio
Sathler, Jutahy Magalhães, Jovani Masini, José Tinoco, José
Serra, José Maria Eymael, José Luiz Maia, José Guedes, José
Carlos Vasconcelos, João Machado Rollemberg, João
Castelo, Jesus Tajra, Ivan Bonato, Irajá Rodrigues, Harlan
Gadelha, Gerson Camata, Furtado Leite, Francisco Dornelles,
Firmo de Castro, Fernando Gasparian, Fernando Bezerra
Coelho, Divaldo Suruagy, Darcy Deitos, Cid Sabóia de
Carvalho, Benito Gama, Basilio Vilani, Airton Sandoval,
Affonso Camargo, Adroaldo Streeck, Adhemar de Barros Filho,
César Maia, Jayme Santana, Joaquim Bevilácqua, Hélio
Rosas e Luiz Freire; votou “NÃO” o Constituinte:
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Cinqüenta votos a favor e um contra. Foi aprovada a emenda.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Sr. Presidente, peço a palavra para uma
Questão de Ordem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte José Carlos Vasconcelos.
169 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Gostaria de ter um esclarecimento da
Presidência. De acordo com o Regimento, até que horas
poderemos votar matéria nesta Comissão? Quando
exatamente se encerram os nossos trabalhos?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Dependerá da colaboração do Srs. Constituintes, do tempo
usado para as Questões de Ordem levantadas, a respeito ao
tempo regimental de cada um. Não tenho hora marcada.
O SR. RELATOR (José Serra): – É até uma questão
de isonomia. Portanto, acolho a emenda do Constituinte.
Como foi um problema de redação, consultaria a Presidência
sobre a necessidade ou não de se colocar – em votação.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Precisa ser colocado em votação.
Tem a palavra o Constituinte Jayme Santana.
O SR. CONSTITUINTE JAYME SANTANA: – Peço
a palavra apenas para fazer um comentário. Tinha um
destaque nesse sentido. mas, dentro da preocupação do
Constituinte José Carlos Vasconcelos..e para agilizar os
trabalhos, eu o retirarei e endossarei o destaque do
Constituinte Simão Sessim.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Aqueles que votarem SIM, votarão a favor da proposta.
(Emenda nº 390) do Constituinte Antonio Mariz,
apresentada pelo Constituinte Simão Sessim: aqueles que
votarem NÃO, manterão o texto do Relator.
Em votação.
(Votação)
Votaram SIM os Constituintes: Wilson Campos.
Walmor de Lucas Simão Sessim, Sérgio Werneck, Ruberval
Pilotto, Roberto Torres, Pedro Ceolin, Nion Albernaz,
Naphtali Alves, Mussa Demis, Mauro Campos. Márcio
Braga, Luis Gushiken, Lezio Sathler, Jutahy Magalhães.
Jovani Masini, José Tinoco, José Serra, José Maria Eymael,
José Luis Maia, José Guedes, João Machado Rollemberg,
João Castelo, Ivan Bonato, Irajá Rodrigues, Harlan Gadelha,
Gerson Camata, Furtado Leite, Francisco Dornelles, Firmo
de Castro, Fernando Gasparian, Fernando Bezerra Coelho,
Divaldo Suruagy, Cid Sabóia de Carvalho, Benito Gama,
Basílio Vilani, Airton Sandoval, Affonso Camargo, Adroaldo
Streck, Adhemar de Barros Filho, César Maia, Jayme
Santana, Luiz Freire, Hélio Rosass e Joaquim Bevilacqua;
votou NÃO o Constituinte: Sérgio Spada; absteve-se de
votar o Constituinte: Jesus Tajra.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – A
proposta do Constituinte Antonio Mariz foi aprovada por
quarenta e cinco votos e uma abstenção.
O SR. CONSTITUINTE JESUS TAJRA: – Sr.
Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem.
Quero lembrar a V. Ex.ª a necessidade de se fazer
referência ao novo dispositivo do Substitutivo. A emenda
se refere a um artigo diferente, e não a conseguimos
localizar. Por isso, abstive-me de votar.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Notei o fato. V .Ex.ª inclusive tinha votado a favor.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vossa
Excelência gostaria de passar de abstenção para SIM?
O SR. CONSTITUINTE JESUS TAJRA: – Não
posso mais fazê-lo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Peço desculpas a V. Ex.ª.
Emenda nº 652, do Constituinte Irajá Rodrigues.
O SR. CONSTITUINTE IRAJÃ RODRIGUES: –
Senhor Presidente, peço a palavra.
O SR. CONSTITUINTE (Francisco Dornelles): – Já
foi aprovada não?
O SR. CONSTITUINTE IRAJÃ RODRIGUES: –
Senhor Presidente, a Emenda nº 652 faz parte de
um conjunto de emendas, e pedi fosse examinada
quando do debate sobre as “inclua-se onde couber”.
Não gostaria de examiná-la em caráter divorciado das
demais propostas, porque é um conjunto harmônico, e não
temos condições de examinar artigo por artigo
separadamente, pois não levaria a nada. Abro mão, no
momento, e peço que, quando chegar o instante das
“inclua-se onde couber” se examine o conjunto das novas
emendas.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Emenda nº 103, do Constituinte Adhemar de Barros Filho.
Este assunto está prejudicado, por se tratar do art. 13
aprovado ontem. Ficam prejudicadas todas as emendas
feitas ao art. 13. Retiro a emenda do Constituinte Adhemar
de Barros Filho.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Nesse caso, retiro a emenda, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Muito obrigado.
Emenda nº 709, do Constituinte Nelton Friedrich,
encontra-se prejudicada.
Emenda nº 391. do Constituinte Antonio Mariz,
encontra-se prejudicada.
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: –
Senhor Presidente, peço a palavra para uma questão de
ordem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – É
sobre os itens que colocamos em votação?
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: – Sim.
Temos, no art. 13, § 1º, também uma emenda aditiva. Está
na primeira parte e corresponde à Emenda nº 722, que
gostaríamos de defender.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Mas
ainda não chegou...
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: – Está
na primeira página.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Já
verificarei. Em seguida, darei a palavra a V. Ex.a
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: – Está
muito bem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – A
Emenda n º 391, de autoria do Constituinte Jessé Freire,
está prejudicada.
Emenda n.º 608. Acho que estão todas
prejudicadas. Se houvesse uma relação, ajudar-me-ia.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Sr. Presidente, a Emenda n.º 608, de autoria do
Constituinte Roberto Freire, também está prejudicada, em
face da aprovação anterior.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Peço desculpas a V. Ex.ª, mas estou sem as emendas em
mãos. (Pausa.)
Está prejudicada a Emenda nº 608. Emenda n.º 335.
Prejudicada.
Estão prejudicadas as Emendas nº 335, 19, 354...
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: –
Senhor Presidente, peço a palavra para uma questão de
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
ordem. Com que razão V. Ex.ª entende que há prejuízo da
emenda, por exemplo, no caso do Constituinte Roberto Freire,
que institui como sendo de responsabilidade da União o
Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Senhor
Constituinte, ontem, quando S. Ex.ª não estava presente,
esse assunto foi votado, e as emendas foram relacionadas –
o Constituinte Cid Sabóia de Carvalho poderá indicar a V. Ex.ª
– ao art. 13, itens I, II, III, e IV e art. 15, itens I, II, III, IV e V.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: –
Senhor Presidente, observe que o autor, na verdade, não se
contrapõe aos itens I, II, III, IV e nem aos itens que foram
aprovados. Ele está apenas acrescentando. Sendo aditiva. e
não modificativa, não a vejo prejudicada.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO BEZERRA
COELHO: – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem V.
Ex.ª a palavra.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO BEZERRA
COELHO: – Gostaria de prestar um esclarecimento ao
Constituinte Walmor de Luca, pois ontem foram votados os
arts. 13 e 15, que fixam os impostos federais e estaduais. O
Constituinte José Carlos Vasconcelos defendeu emenda
idêntica àquela que o Constituinte Walmor de Luca quer
defender, que é a Emenda Roberto Freire, desejando a
transferência do ITR para a União. É matéria vencida e já foi
discutida e votada ontem.
Era apenas o esclarecimento que queria dar ao
Constituinte Walmor de Luca.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: –
Agradeço o esclarecimento do nobre Constituinte.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
votar a Emenda n.º 15, de autoria do ilustre Constituinte
Adhemar de Barros Filho, também defendida pelo Constituinte
José Maria Eymael.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Srs. Constituintes, a Emenda nº 15 é de autoria do
Constituinte Vivaldo Barbosa e acrescenta ao art. 13, no seu §
4.º o seguinte texto:
“O Imposto de Renda não incide sobre salários. A lei
poderá definir salários excessivos e sujeitá-los ao Imposto de
Renda.”
Evidentemente, a emenda é de cunho social, das
diretrizes do PDT.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte José Maria Eymael.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: – Sr.
Presidente, usarei a palavra apenas para uma questão de
ordem, sem desmerecer o mérito da emenda apresentada
pelo Constituinte Adhemar de Barros Filho. Não a subscrevi.
Por outro lado, falta na relação dos destaques uma outra
emenda. Acredito que deva ter ocorrido, a nível da Secretaria,
um equívoco. Meu nome apareceu como subscritor desta
emenda, e não aparece outro destaque que solicitei, que é
exatamente o de n.º 15º. Não sei se a Mesa foi esclarecida. A
minha emenda a de nº 150.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Mandaremos fazer a correção no momento adequado.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Desejo registrar que a minha intervenção em nada desmerece
a emenda apresentada pelo ilustre Constituinte Adhemar de
Barros Filho.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Relator José Serra.
170
O SR. RELATOR (José Serra): – Não acolho.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO BEZERRA
COELHO: – Sr. Presidente, a matéria está prejudicada. Foi
votada ontem.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Neste caso, Sr. Presidente, retiro a emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Retirada a emenda. Acredito que a Emenda n.º 18 também
esteja prejudicada, por ter sido votada ontem.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Também será retirada.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Emenda n.º 176, de autoria do ilustre Constituinte Adhemar
de Barros Filho. Acredito que esta também esteja prejudicada.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Sr. Presidente, Srs. Constituintes, essa emenda
é de autoria do Constituinte Cunha Bueno e propõe o
seguinte:
“As pessoas jurídicas não sofrerão a incidência do
Imposto de Renda, o qual será sempre cobrado sobre os
dividendos.”
Está prejudicada.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Está
prejudicada a Emenda n.º 176.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – É retirada neste ato, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Agradeço a V. Ex.ª
Emenda n.º 647, do Constituinte Fernando Gasparian.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Sr. Presidente, levanto uma
Questão de Ordem. Estou sendo informado agora pelo
Constituinte Roberto Freire que S. Ex.ª deseja seja votada a
sua emenda, que mantém como sendo da competência da
União o Imposto Territorial Rural. Minha proposta havia sido
derrotada pelo Plenário ontem. Gostaria de esclarecer que
sem sombra de dúvida, aceitei a proposta de V. Ex.ª e
retirei a minha emenda, sobre a qual ofereci destaque, em
função de atender à decisão do Plenário. Mas a emenda não
foi votada. Então, se o Constituinte Roberto Freire tem uma
emenda, S. Ex.a não precisa ter necessariamente a minha
posição, poderá adotar posição diferente e querer que sua
proposta seja votada, pois irá defendê-la. Não houve votação.
A partir da informação do Constituinte Fernando Bezerra
Coelho, gostaria que a Mesa se manifestasse a esse respeito.
O que houve aqui foi um acordo, como tantos outros
que V. Ex.ª fez, em que o autor retirou não a sua emenda.
Não posso retirar uma emenda de autoria do Constituinte
Roberto Freire.
(O Sr. Presidente faz soar os tímpanos.)
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO BEZERRA
COELHO: – Gostaria de contraditar o Constituinte José
Carlos Vasconcelos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte Fernando Bezerra Coelho.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO BEZERRA
COELHO: – É bom lembrar que ontem foram votados em
bloco os arts. 13 e 15, que são os que fixam os impostos
federais e estaduais.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Perdão, não é verdade,
ilustre Constituinte. Votamos em globo todo o
projeto, e não fizemos a votação aqui. Cada
171 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
um dos constituintes defendeu a sua posição e aceitou não
colocar em votação. Não houve votação em bloco. E mais – é
um erro no qual V. Ex.ª vem incorrendo constantemente – só
pode haver votação de matéria constitucional nominal. Não foi
feita votação alguma nominal. Foi feito um acordo em relação
à emenda sobre a qual pedi destaque. Não posso decidir a
posição do Constituinte Roberto Freire. É uma
inconseqüência.
(O Sr. Presidente faz soar os tímpanos.)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Srs.
Constituintes Márcio Braga e Nion Albernaz, entendo que foi
votada a competência da União, dos Estados e dos
as
Municípios. Entretanto, se V. Ex. estiverem de acordo,
vamos antecipar a votação; caso contrário, ficaremos
discutindo uma Questão de Ordem durante quarenta e cinco
minutos. Abriria uma exceção ao Constituinte Roberto Freire,
para que S Ex.ª defendesse sua emenda, caso houvesse a
concordância de V. Ex.as (Palmas.) S. Ex.ª deseja mudar o
imposto.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Sr.
Presidente, V. Ex.ª está abrindo uma exceção extra-
regimental, ou está cumprindo o Regimento? Faço esta
pergunta à Mesa.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Estou
perguntando a V. Ex. ª seguinte...
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Fiz
uma pergunta, e V. Ex.ª me responde com outra. Perguntei se
V. Ex.ª está fazendo uma concessão ao Constituinte Roberto
Freire ou se está cumprindo o Regimento.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Srs.
Constituintes, o Constituinte Walmor de Luca tem razão.
Tenho de cumprir o Regimento e considerar votados os
artigos. Não posso abrir uma exceção ao ilustre Constituinte
Roberto Freire.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Sr.
Presidente, pela ordem. Veja inclusive as contradições
existentes aqui dentro. V. Ex.ª informou que já havia sido
votado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Havia
sido votado.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Sr.
Presidente, consta que não foi votado. Outros Constituintes
testemunham que não foi votado. Não se trata de
condescendência. É um direito regimental que tem o
Constituinte Roberto Freire. Não se pode tratar essas matérias
de maneira condescendente, ou seja, com preferências
pessoais. Há que se assegurar o direito do Constituinte
Roberto Freire de fazer a defesa da sua emenda. E isto está
assegurado no Regimento. É esse direito que tem de ser
assegurado a S. Ex.ª
O SR. RELATOR (José Serra): – Sr. Presidente,
permita-me uma Questão de Ordem, que nunca fiz. Ontem,
para efeito de simplificação e apressamento do processo de
votação, houve uma manifestação do Plenário – não foi uma
votação formal – a respeito de um conjunto de artigos. Houve
uma consulta informal para que o processo pudesse ser
abreviado. Ficou subentendido que os Constituintes que
tivessem emendas que contrariassem aquela aprovação
informal do Plenário, desistiriam de apresentá-las
informalmente. Não estão formalmente obrigados a fazer isso.
Houve inclusive uma discussão entre cada um dos
constituintes que tinham disposições diferentes às do projeto e
o Relator. Inclusive discutimos o assunto do ITR,
informalmente, para efeito de método interno da Comissão. No
entanto, a meu ver ninguém está impedido de forçar a
votação, porque houve um entendimento político interno na
Comissão.
Outra questão é a ordem em que essa emenda poderá
ser votada. Formalmente, a meu ver, existe o direito de que
ela seja votada. Outro problema é o da ordem em que ela
seria votada.
Na discussão, Constituinte Roberto Freire, quero
esclarecer – aprofundamos o problema do ITR, da reforma
agrária. Ficou muito claro que a mudança feita pelo Relator
não deve por objeto, obstaculizar o processo de reforma
agrária. Ao contrário. Fiz a declaração, que ficou gravada, de
que se, em etapas posteriores do processo constituinte, ficar
particularmente convencido de que esta mudança foi
prejudicial ao processo, eu mesmo apoiarei a mudança do
item, da responsabilidade do ITR do Estado para a União,
segundo está no projeto. Este é o esclarecimento que
pretendia fazer.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Queria
dizer ao ilustre Constituinte Roberto Freire que sinto, por parte
de vários constituintes, a necessidade de votarmos e
chegarmos logo à questão de Orçamento, motivo pelo qual
aceitamos uma proposição do Constituinte Affonso Camargo,
que significa uma consulta prévia. Ou seja, antes de fazer a
votação nominal, quando um constituinte apresenta sua
proposta, geralmente perguntamos quais os constituintes
que aceitariam aquela proposta. E se o constituinte que a
propõe verificar que sua proposta não tem condições de ser
acatada, então não levantamos a votação. Ele retira a
proposta. De modo que pergunto a V. Ex.ª se nos ajudaria a
manter a sistemática nesta Comissão. V. Ex.ª defenderia, e
faríamos a consulta prévia. Se V. Ex.ª sentisse que não teria
acolhimento pelo Plenário, não precisaríamos submetê-la à
votação.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO:
– Sr. Presidente, permita-me uma Questão de Ordem.
Quero dizer a V. Ex.ª e ao Constituinte Roberto Freire
que o Plenário se manifestou, nesse compromisso ético, de
modo esmagador em prol da manutenção do item tal qual está
na propositura do Constituinte José Serra. Então, as
probabilidades são exatamente de que a propositura mantida
não venha a ser aprovada, já que houve esta manifestação
prévia. A versão dada pelo Constituinte José Serra é
absolutamente verdadeira. O que fizemos foi uma consulta
prévia, dentro de um compromisso meramente ético. Solicito,
então, que o Constituinte Roberto Freire se associe a este
compromisso e, se possível, retire a sua emenda, para evitar o
impasse na Comissão.
O SR. CONSTITUINTE ROBERTO FREIRE: – Estou
recebendo tantos apelos que seria melhor pronunciar-me
agora, até para não ficar tão sensibilizado.
O SR. CONSTITUINTE JOÃO CASTELO: – Sr.
Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao Constituinte João Castelo.
O SR. CONSTITUINTE JOÃO CASTELO: – Sr.
Presidente, vejo a preocupação de todos os companheiros,
sobretudo a de V. Ex.ª, que inclusive tem aberto mão da sua
autoridade, como Presidente desta Comissão, de maneira
muito lhana e até mesmo humilde. V. Ex.ª tem conduzido os
trabalhos de forma a levar a bom termo esta importante
missão.
Corroborando o que foi dito aqui, quero ajudar V. Ex.ª
esclarecendo aos nobres companheiros que, de modo
acalorado, disseram que não se votou a matéria. Votou-
se sim, porque, no momento em que se vota um Substitutivo,
e os destaques são retirados, está aprovada a matéria –
para que não se diga aqui que houve votação simbólica em
matéria Constitucional. Sr. Presidente, em determinada
ocasião, quando havia unanimidade do Plenário para apro-
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
var determinada matéria, lembrou-me V. Ex.ª que não
poderíamos votar simbolicamente. V. Ex.ª autorizou
imediatamente a votação. Quero apenas recolocar as
coisas no lugar, para que V. Ex.ª não só seja melhor
compreendido, sobretudo pela maneira como conduz os
trabalhos, mas para que todos os companheiros saibam que
ninguém aqui tem interesse em cercear o direito de qualquer
Constituinte, muito menos o desejo de cercear aquilo que
chamo de dever democrático de cada um em discutir as
matérias.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles):
– Concedo a palavra ao Constituinte Walmor de
Luca.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Sr.
Presidente, quando V. Ex.ª anunciava a prejudicialidade das
emendas, inclusive incluía uma emenda minha, eu me curvava
à informação da Mesa. Acreditava naquilo que o Presidente
informou – ou seja, que houvera sido uma votação. Há uma
grande diferença, como bem frisou agora o Constituinte
João Castelo. Foi frisado agora. A votação não se fez. V. Ex.ª
me informou – e aí estão as provas taquigráficas, a gravação
há de registrar isso – que havia sido feita uma votação e
eu aceitei a informação como verídica. Logo em seguida
o Constituinte José Carlos Vasconcelos e vários outros
testemunharam que realmente não houve votação.
Foi exatamente um acordo de cavalheiros. O acordo
de cavalheiros pressupõe que, se o autor se sentir prejudicado
no acordo, mantém o seu destaque, isto foi discutido
ontem. Inclusive houve um acordo preliminar, no sentido
da votação em bloco. Portanto, há que se restabelecer a
verdade.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Primeiramente, pediria calma ao Plenário. As decisões aqui
são sempre de consenso. Não desejo impor a minha posição.
Pediria a V. Ex.ª – se desejar apoiar a Presidência – que
retirasse a emenda.
Darei a palavra ao Constituinte Roberto Freire.
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ RODRIGUES: – Sr.
Presidente, eu havia solicitado a palavra antes.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem a
palavra o Constituinte Irajá Rodrigues.
O SR. CONSTITUINTE IRAJA RODRIGUES: – Sr.
Presidente, com toda calma e tranqüilidade, gostaria apenas
de lembrar a V. Ex.ª que o que houve aqui foi um acordo de
cavalheiros entre aqueles que estavam presentes. Como não
era possível fazer a votação em bloco – e V. Ex.ª sabe disso –
a não ser a votação de todo o Substitutivo, o que se fez, na
verdade, foi uma verificação pro forma, que serviria de base
para que cada um dos presentes retirasse, se quisesse – é
evidente – o seu destaque. Ora, como é lógico, o Constituinte
proponente Roberto Freire não estava presente. Logo, ele não
tem obrigação de se curvar ao acordo que aqui foi feito. Por
isso apelo a V. Ex.ª, no sentido de que se mantenha o direito
de S. Ex.ª de ver votado o destaque da sua emenda. Muito
obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tenho
que respeitar a ordem dos pedidos. Com a palavra o
Constituinte José Maria Eymael.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: – Sr.
Presidente, apenas para esclarecer e registrar o clima
absolutamente democrático desta Comissão.
Complementando a informação da Mesa ao nobre Constituinte
Roberto Freire, gostaríamos de dizer que, depois que S. Ex.ª
fizer a sua apresentação, depois que o Plenário se manifestar
a nível de consulta, e mesmo que este se manifeste de forma
172
desfavorável, está plenamente assegurado a S. Ex.ª o direito
de apresentar o seu destaque, isto é, solicitar a votação
nominal. Está plenamente assegurada toda a tramitação
democrática e regimental.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Gostaria de dar uma explicação ao meu prezado amigo,
Constituinte Walmor de Luca. Não sou especialista em matéria
de Regimento. Pretendo, porém conduzir os trabalhos de
forma a atender ao desejo de todos. O que houve realmente
foi que todos os Constituintes desta Comissão se
comprometeram a não apresentar pedidos em relação à
inclusão de impostos da competência da União, dos Estados e
Municípios, em relação aos arts. 17, 18 e 19. Através de uma
consulta ao Plenário verificou-se que a maioria – quase 4/5 –
concordava com estes dispositivos. Assim, peço desculpas a
V. Ex.ª pela maneira como coloquei a votação. A palavra
votado significa para mim, muitas vezes, que houve um
acordo, tendo quase um sentido de voto. Todas as vezes que
alguém apresentou uma emenda aditiva ou modificativa, ela
foi votada, obtendo ou não a maioria absoluta. Foi o que
ocorreu. Constituinte Walmor de Luca, peço desculpas a V.
Ex.ª, se houve má interpretação da palavra, como muito bem
explicou o Constituinte Irajá Rodrigues. Os Constituintes desta
Comissão, ao verificarem que a grande maioria – quase 4/5, –
concordava com texto dos arts. 13, itens I, II, III, IV e V, e 15,
itens I, II, III, IV e V e parágrafos, e, posteriormente, o art. 16,
itens I. II e III, e, sobre o sistema da repartição os arts. 17, 18,
19 e 20, retiram os seus destaques. Mas, se algum
constituinte decidir que não cumprirá o acordo feito nesta
Comissão, teremos apenas de retardar enormemente –
calculo, por cinco ou seis horas – a votação da matéria o que
dificultaria os trabalhos desta Comissão. Se, porém algum
Constituinte ausente não tomou conhecimento deste acordo,
não posso impedi seu não cumprimento. Aqueles que estão
aqui eu pediria que respeitassem o acordo conjunto, feito
pelos membros da Comissão. Mas não poderei negar o pedido
de algum constituinte que não quiser cumprir o acordo feito
por 4/5 dos presentes; eu teria de abrir mão. De qualquer
maneira, peço desculpas a V. Ex.ª e peço a sua colaboração,
para que possamos encerrar o mais rápido possível os
trabalhos da Comissão.
O SR. CONSTITUINTE WALMOR DE LUCA: – Sr.
Presidente, como fui citado por V. Ex.ª, peço a palavra. Acato
a sua sugestão, pois cumpro os acordos. Mas recebi da Mesa
uma informação diferente da que tive agora.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Nobre
Constituinte, conheço V. Ex.ª desde os tempos em que fui
Ministro da Fazenda V. Ex.ª é uma das pessoas por quem
tenho o maior respeito e admiração, pois em todos os contatos
que tivemos sempre senti e verifiquei a sua posição, o seu
caráter, a sua dignidade e a sua palavra, sobre a qual não
tenho nenhuma dúvida.
O SR. CONSTITUINTE ROBERTO FREIRE: – Sr.
Presidente, longe de mim a intenção de tumultuar. Estou
exigindo apenas o cumprimento de um direito regimental.
Recebi a informação de que este destaque não havia sido
votado, embora alguns destaques referentes a este artigo
tivessem sido retirados num acordo feito pelos membros da
Comissão, o que é muito justo. E digo mais: talvez, até para
economia dos trabalhos, seja bastante razoável. Contudo,
existem matérias que podem superar a necessidade de
economia dos trabalhos processuais das Comissões, matérias
que necessitam definições pelas idéias e pelo voto. Acredito
que esta seja matéria que precise de uma definição pelo voto,
menos pela questão tributária, menos pela questão do
Orçamento ou pela questão financeira, mas muito mais...
173 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Pediria
a V. Ex.ª que se ativesse aos três minutos, tempo dado aos
constituintes para a defesa do seu ponto de vista.
O SR. CONSTITUINTE ROBERTO FREIRE: – Pois
não. Quero apenas explicar por que exigirei o cumprimento do
Regimento para a votação do destaque. Exatamente
porque esta matéria transcende a esta Comissão, daí a
minha presença aqui – e peço desculpas, se o fato de
exigir este cumprimento do Regimento cause algum
tumulto, inclusive em relação a acordos que devem ser
respeitados. Inclusive, se tivesse participado, eu os estaria
respeitando. Portanto, solicito que a matéria seja colocada em
votação.
O SR. CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: – Sr.
Presidente, peço a palavra para uma Questão de Ordem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem a
palavra V. Ex.ª
O SR. CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: – Não
podemos ter uma propositura apresentada por um constituinte
que não é desta e que, no meu modo de entender, não é mais
importante do que as matérias que estamos aqui discutindo.
Gostaria de deixar claro ao nobre Constituinte Roberto Freire
que matérias de grande importância foram aqui discutidas e
resolvidas com a maior responsabilidade, algumas até de
maior importância do que esta.
O SR. CONSTITUINTE ROBERTO FREIRE: – Acho
que V. Ex.ª não entendeu coisa alguma do que eu disse.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O
Constituinte Roberto Freire está propondo que o Imposto
Territorial Rural, que, no dispositivo do Relator José Serra,
está sob a competência dos Estados, volte para a
competência da União, V. Ex.ª permite que façamos uma
consulta prévia?
O SR. CONSTITUINTE ROBERTO FREIRE: – Sr.
Presidente quero defender.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V. Ex.ª
poderá defender. Em seguida, faremos uma consulta prévia.
O SR. CONSTITUINTE ROBERTO FREIRE: – Não
quero consulta prévia. Quero o cumprimento, no caso
especifico, do Regimento. Desejo, que se faça a votação
nominal, por se tratar de matéria constitucional e até para que
o Constituinte Airton Sandoval se pronuncie. Desejo
encaminhar, como autor da matéria.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Darei
três minutos a V. Ex.ª
O SR. CONSTITUINTE ROBERTO FREIRE: – Não
pedirei como Líder, posição em que talvez tivesse direito a
mais tempo. Quero apenas firmar a posição – em continuidade
ao que vinha afirmando, ao defender a votação nominal – de
que essa matéria...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Já foi
concedida a votação nominal a V. Ex.ª
O SR. CONSTITUINTE ROBERTO FREIRE: –
Estou apenas fazendo referência ao que tinha dito antes,
quando defendi a votação nominal. Queria argumentar,
usando a própria indagação e a dúvida do Relator, que a
matéria tem referência direta a questões fundamentais
neste País, que estão sendo motivo de grandes polêmicas,
não só dentro, como fora da Constituinte, na sociedade
brasileira. Trata-se da questão da estrutura fundiária.
Quando se criou a figura do Imposto Territorial Rural foi
colocado como sendo algo de fundamental importância para
correção de distorções na estrutura, fundiária; ou seja, a sua
progressividade corrigiria, talvez, concentrações excessivas da
propriedade rural. Evidentemente, não me filio a esta posição.
Não se fará reforma agrária com imposto, ou através da
incidência mais progressiva de impostos sobre a propriedade.
De qualquer forma, é um instrumento de que o Poder Público
dispõe para a aplicação de políticas agrícolas e até de
políticas de transformação fundiária. Portanto, não se pode
admitir que um imposto com essas características, que é muito
menos arrecadador de tributos e muito mais uma intervenção
estatal, fique na mão de setores distintos daqueles que fixa a
política global de intervenção fundiária. No caso, se dividirmos
a competência do Imposto Territorial Rural com os Estados,
estaremos dividindo a competência de se fixar um plano
nacional de reforma agrária. Isso impede concretamente uma
intervenção reguladora, transformadora da estrutura fundiária
por parte do poder nacional. Daí a nossa proposta. Queria
que, mais uma vez, esta Comissão entendesse que aqui não
me move o intuito de alguém de fora da Comissão tumultuar,
mas de querer fixar a partir de agora posições em relação a
esse problema, que considero de alta relevância.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Em
votação.
O SR. CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: – Sr.
Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem.
Queremos ouvir a manifestação do Relator para
contraditar.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Peço
desculpas a V. Ex.ª
O SR. CONSTITUINTE AFFONSO CAMARGO: – Sr.
Presidente, peço a palavra.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte Affonso Camargo, para contraditar.
O SR. CONSTITUINTE AFFONSO CAMARGO: – Sr.
Presidente, pedi a palavra para contraditar, porque tenho
receio de que, nesta votação possa ser interpretado que quem
votar a favor da descentralização deste tributo esta votando
contra a reforma agrária, que não é o meu caso. Sou a favor
da reforma agrária, mas sou um descentralista por princípio.
Tive uma experiência no meu Estado e acho que a burocracia
decorrente da centralização tem prejudicado a reforma agrária.
Se os Estados tivessem meios de programar uma melhor
distribuição do seu solo, da sua propriedade, e tivessem
recursos para isto, acredito, sem dúvida, que a reforma agrária
no Brasil teria avançado mais. Fico com a minha dúvida.
Quero indagar ao Constituinte Roberto Freire – e sobre isto
conversava ainda ontem com o Constituinte Virgílio Guimarães
– se, realmente, centralizando, beneficiaremos a reforma
agrária. Tenho assa dúvida. Fico com a posição do Relator
José Serra. Se estiver convencido de que temos de centralizar
o ITR para beneficiar a reforma agrária, serei a favor da
centralização, mas, hoje, votarei de acordo com a posição do
Relator, porque não estou ainda convencido. O fato de votar
para manter o ITR com o Estado não significa que eu esteja
votando contra a reforma agrária, da qual sou a favor.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Sr. Presidente, a
intervenção do Constituinte Affonso Camargo foi muito
oportuna, e faço minhas as palavras de S. Ex.ª Observem o
seguinte: o ITR, hoje, é responsável por 0,05% da
arrecadação federal. Quando digo isto, não me estou
baseando apenas em um critério com preocupação fiscalista.
Estou apenas sublinhando e mostrando que este imposto
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
é insignificante hoje, nas mãos do Governo Federal. O
problema é que o Governo Federal, na pratica, termina
delegando sua cobrança aos Municípios. Este imposto um dia
pertenceu aos Municípios e lhes foi tirado, porque não o
cobravam, pois a pressão dos grandes proprietários sobre os
Prefeitos, sobre as Câmaras era muito mais forte e direta.
Então, por que a nossa idéia de passa-lo para a área
estadual? Porque, no Brasil, a desigualdade fundiária é muito
grande, segundo as diferentes regiões. O critério é um no
Pará, outro no Espírito Santo, outro em Santa Catarina, onde
há predominância, peso muito grande da pequena e média
propriedade. É diferente do de São Paulo, onde apenas 8% da
população vivem no campo: é diferente em todos os lugares.
Isto inclusive inibe a definição e uma melhor adequação deste
imposto, do ponto de vista da nossa realidade. O Brasil é um
País desigual, e ter um instrumento unificado para o País
inteiro terminará conduzindo à esterilização desse instrumento
porque o que é pequena propriedade no Pará é grande
propriedade em outros lugares, e o que é pequena
propriedade em outros lugares provavelmente no Pará ou
Amazonas nem exista. Então a nossa idéia é a de que nas
mãos do Governo estadual o imposto possa ser um
instrumento muito importante de política fundiária, não apenas
do ponto de vista fiscal e de arrecadação de recursos. Dizia
ontem – e seria utilíssimo se o Constituinte Roberto Freire
pudesse ouvir-me – ao Constituinte José Carlos Vasconcelos
que, se eu for convencido do contrário futuramente – pois
agora eu não estou – aderirei a esta posição, porque sou a
favor da reforma agrária. Ao defender esta posição, não há
nada, absolutamente nada, do meu lado, como Relator, que
negue o processo de reforma agrária. Ao contrário, acredito
que ajudaria, se pudéssemos ter um imposto cobrado mais
efetivamente, segundo as realidades peculiares de cada
região e com maior possibilidade de controle e de
conhecimento. Dizia inclusive ao Constituinte José Carlos
Vasconcelos que, posteriormente, poderíamos consultar
tributaristas eminentes, para ver como acoplar o fado de ITR
ser estadual a uma política nacional, com relação ao problema
da terra. O que não pode acontecer é ter duas unidades da
Federação cobrando o mesmo imposto, ou uma fixar alíquota
para a outra, evidentemente. Talvez se pudesse encontrar
uma forma jurídica que permitisse essa compatibilização, ou
seja, encontrar a maneira efetiva – o que não vem
acontecendo até agora e dificilmente acontecerá, pelo
gigantismo e pela desigualdade que há no nosso País – de se
processar o ITR para se ter uma melhor utilização e
distribuição da terra. É por isso que não acolho a emenda do
Constituinte Roberto Freire.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles ): – Em
votação.
Os Constituintes que desejarem apoiar a Emenda nº
550608 do Constituinte Roberto Freire digam "sim"; os que
desejarem manter o dispositivo do Relator digam "não"
Votação
Votaram "sim" os Constituintes: Cid Sabóia de
Carvalho, Darcy Deitos, Fernando Gasparian, Irajá Rodrigues,
José Carlos Vasconcelos, Jovani Masini, Lézin Sathler, Luis
Gushiken, Mauro Campos, Messias Góis, Sérgio Spada,
Walmor de Luca e Wilson Campos: votaram "não":
os Constituintes: Adhemar de Barros Filho, Adroaldo
Streck, Affonso Camargo, Airton Sandoval, Basílio Vilani,
Benito Gama, Domingos Juvenil, Fernando Bezerra Coelho,
Firmo de Castro, Flávio Rocha, Francisco Dornelles, Ivan
Bonato, Jessé Freire, Jesus Tajra, João Castelo, João Natal,
José Guedes, José Luís Maia, José Maria Eymael, José Serra,
José Tinoco, Márcio Braga, Mussa Demes, Naphtali Alves,
Nion Albernaz, Osmundo Rebouças, Pedro Ceolin, Roberto
174
Torres, Ruberval Pilotto, Sérgio Werneck, Simão Sessim, Hélio
Rosas, Alysson ilegível e Joaquim Bevilacqua.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Trinta e quatro Srs. Constituintes votaram "não" e 13 votaram
"sim".
Foi rejeitada a proposta do ilustre Constituinte Roberto
Freire, a quem queria agradecer a participação nesta
Comissão, dizendo a S. Ex.ª que fiquei extremamente honrado
com a sua presença e defesa feita à proposição. Agradeço
imensamente a intervenção de S. Ex.ª
Poderíamos votar agora a Emenda nº 647 –
havia chamado o Constituinte Fernando Gasparian –
mas houve um equivoco no número anterior. A emenda
do Constituinte José Maria Eymael não era a nº 15, mas a
150.
Tem a palavra o Constituinte José Maria Eymael, para
defender sua emenda.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: – Sr.
Presidente, de início, tendo em vista que esta emenda não é
apresentada em termos pessoais, devo esclarecer que sou
apenas instrumento – em que pese apoiá-la integralmente –
ou o porta-voz de centenas de associações de aposentados e
pensionistas. De forma que, desde já, requeiro a votação
nominal para o exame desta emenda, que propõe a imunidade
tributária sobre os proventos de aposentadorias e pensões,
não à figura do aposentado, mas sobre os proventos advindos
de aposentadorias e pensões. Algumas pessoas que se
posicionam contra esta imunidade relacionam os seguintes
argumentos: primeiro, dizem que o aposentado, durante sua
vida, contribuiu com pequena parcela para a Previdência
Social e que esta parcela é exatamente aquela que lhe é
devolvida por ocasião da aposentadoria. Este argumento tem
uma falha básica: por que a parcela deduzida para a
aposentadoria foi objeto de imunidade? Exatamente porque se
destinava a construir um remédio social, que é a
aposentadoria. Ora, se a preparação do remédio já está
imune, com muito mais razão o próprio remédio: se o
indivíduo, durante a vida, não foi tributado nessa parcela para
preparar a aposentadoria, com muito mais razão o remédio,
que é a própria aposentadoria. Em segundo lugar, argumenta-
se que existem outras aposentadorias: cabe à legislação punir,
eliminar essa figura vil e degradante do funcionalismo
brasileiro que e o "marajá". Mas, mesmo que assim não seja,
representada intima minoria. Somos hoje cerca de trinta
milhões de aposentados. Não podemos penalizar trinta
milhões de brasileiros no final da vida apenas porque a lei
ainda não puniu devidamente essa figura odiosa e odienta dos
"marajás".
A Comissão que trata do funcionalismo público nesta
Constituinte já está tomando medidas severíssimas para
eliminar, de uma vez por todas, a distorção representada pelos
altos proventos, pelos altos vencimentos dos funcionários
públicos vulgarmente chamados de "marajás". A verdade é
que esta situação, absolutamente injusta, não pode
permanecer. Não podemos tirar do aposentado, no final da
vida, ou do remédio social que a sociedade lhe dá, uma parte
fundamental que hoje lhe é extra da, retirando-lhe não mais o
necessário, nem o supérfluo, mas algo indispensável à sua
própria sobrevivência. Obrigado Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Relator José Serra. Faria um apelo àqueles que
defendem suas sugestões para que se ativessem apenas aos
três minutos regimentais.
O SR. RELATOR (José Serra): – Não acolho a
proposta do Constituinte José Maria Eymael e creio que ela,
na prática, teria um efeito oposto, do ponto de vista de justiça,
ao que prega o Constituinte.
175 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O problema de quem paga ou não Imposto de Renda é
um problema de limite de isenção. Todos os rendimentos das
pessoas devem ser contabilizados para efeito do Imposto de
Renda na escala progressiva. Se quisermos melhorar a justiça do
imposto, deveremos estabelecer um limite de isenção adequado
para isso. Na emenda, tal como é apresentado, ficam isentos do
Imposto de Renda os proventos decorrentes de aposentadorias e
pensões. Tenho inclusive esquemas da própria aposentadoria
privada que podem ser muito altos. Não é o problema dos
“marajás”. Por outro lado, no momento em que a Constituição
disser que os proventos de aposentadorias e pensões estão
imunes ao Imposto de Renda, não há lei complementar que
possa resolver o problema de o “marajá” pagar ou não pagar
imposto, porque estaria criada essa imunidade, que creio ser
muito importante para toda aquela nossa discussão a respeito da
progressividade do Imposto de Renda. Pode haver. inclusive
situação de uma pessoa com rendimentos de capital muito altos e
com uma aposentadoria que até não seja grande, mas que,
somada a seus rendimentos de outras fontes, seja muito alta. Por
que essa pessoa não pagaria imposto sobre isso? Não tem
cabimento A pessoa deve pagar impostos progressivos sobre a
totalidade da sua renda e não como hoje, que. em grande parte,
fica na fonte como muitas aplicações.
Creio que cometeríamos uma tremenda injustiça. Os
aposentados de baixos salários já estão isentos e, se não
estão adequadamente isentos, a lei deve providenciar no
sentido de aumentar o limite de isenção.
Hoje, o valor pago à Previdência é descontado do
Imposto de Renda e, quando o contribuinte tem um rendimento
muito pequeno no final da vida, ele deve estar no limite de
isenção, ou seja, não deve ser taxado por lei. Estabelecer uma
imunidade na Constituição poderá trazer injustiças, poderá
produzir exatamente o efeito oposto daquele que se deseja, do
ponto de vista da correção das injustiças sociais.
Não acolho a emenda, em nome da justiça social e da
defesa daqueles que ganham pouco – entre os quais,
inclusive, se incluem os pequenos aposentados.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Em
votação. Faremos uma prévia. se V. Ex.ª concordar.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: – Sr.
Presidente, solicitei expressamente que a emenda não fosse
submetida à prévia, porque não falo apenas em meu nome,
mas no de cinqüenta milhões de aposentados.
O SR RELATOR (José Serra): – Quero dizer a V. Ex.ª
que a tese de falar em nome de cinqüenta milhões de
aposentados é, no mínimo, ousada.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
passar à votação.
Quem votar “sim” está a favor da Emenda n.º 550150
do Constituinte José Maria Eymael e, quem votar “não”, está
com o Relator.
Votação
Votaram “sim” os Constituintes: Wilson Campos, Simão
Sessim, José Maria Eymael, José Carlos Vasconcellos, João
Natal, Domingos Juvenil, Cid. Sabóia de Carvalho, Adhemar
de Barros Filho e Joaquim Bevilacqua: votaram “não” os
Constituintes: Sérgio Werneck, Sérgio Spada, Ruberval Pilotto,
Roberto Torres, Pedro Ceolin, Osmundo Rebouças, Naphtali
Alves. Mussa Demes, Messias Góis. Mauro Campos, Lézio
Sathler, Jovani Masini, José Tinoco, José Serra, José Luis
Maia, José Guedes, João Castelo. Jesus Taira, Jessé Freire,
Ivan Bonato, Irajá Rodrigues, Francisco Dornelles. Benito
Gama, Basilio Vilani. Airton Sandoval. Affonso Camargo,
Alysson Paulinelli e Hélio Rosas.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Trinta e
um Srs. Constituintes votaram “não” e nove votaram “sim”. Foi
rejeitada a proposta do Constituinte José Maria Eymael.
Emenda n.º 647, do Constituinte Fernando Gasparian.
(Pausa.) Fica aguardando.
Emenda do Constituinte Domingos Juvenil.
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: – Sr.
Presidente, observei no Relatório do Relator que não
incirá o ICM sobre operações de produtos industrializados
que se destinem ao exterior. Mas não vi a mesma
proibição com relação ao IPI. Em nenhum texto está dito
que as exportações serão isentas de IPI. Em
decorrência disso apresentei emenda, acrescentando
ao § 2.º do art. 13, no final, a expressão “e não incidirá sobre a
saída de produtos industrializados, para o exterior”, para
uniformizar. Se a Constituição, com relação ao ICM, expressa
essa proibição, por que não fazê-lo sobre o IPI; para
uniformizar?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Porque, no caso, o
IPI é um imposto federal e faz parte de uma política unificada.
A imunidade dos impostos estaduais é necessária porque há
muitos Estados e poderia haver critérios diferentes. No caso, a
União não tem interesse em taxar as exportações de produtos
industrializados. Creio que a emenda de V. Ex.ª é legítima,
embora não ache necessário colocar no texto. Se o
Constituinte fizer questão, acolho a proposta.
O SR. CONSTITUINTE DOMINGOS JUVENIL: –
Agradeceria a V. Ex.ª se acolhesse, porque uniformizaria.
O SR. RELATOR (José Serra): – Então, a proposta
está acolhida.
O SR. PRESIDENTE. (Francisco Dornelles): – Em
votação a Emenda n.º 359, do Constituinte Domingos Juvenil,
acolhida pelo ilustre Relator José Serra. Quem votar “sim”,
ficam com o Constituinte Domingos Juvenil e com o Relator;
quem votar “não”, fica com o texto.
(Votação)
Votaram “sim” os Constituintes: Adhemar de
Barros Filho Affonso Camargo, Basílio Vilani. Benedito
Gama, Cid Sabóia de Carvalho, Domingos Juvenil, Fernando
Bezerra Coelho, Firmo de Castro, Flávio Rocha, Francisco
Dornelles. Geraldo Fleming, Ivan Bonato, Jessé Freire,
Jesus Taira. João Castelo, José Carlos Vasconcellos,
José Guedes, José Luis Maia, José Serra, José Tinoco,
Jovani Masini, Lézio Sathier, Mauro Campos, Messias
Góis, Mussa Demes, Naphtali Alves, Nion Albernaz,
Osmundo Rebouças, Pedro Ceolin. Ruberval Piloto , Sérgio
Werneck, Simão Sessim, Wilson Campos. Alysson Paulinelli,
Joaquim Bevilacqua: Votou “NÃO” o Constituinte: Airton
Sandoval.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Aprovada a emenda com 35 votos favoráveis e um contrário.
Pediria a alguém da Mesa que fosse chamar o Relator José
Serra, do contrário não poderemos dar continuidade aos
trabalhos.
Com a palavra o Constituinte Simão Sessim.
O SR. CONSTITUINTE SIMAO SESSIM: – Sr.
Presidente, na Emenda nº 843, de nossa autoria, pedimos que
se inclua no art. 13 o seguinte parágrafo'.
“O Imposto sobre Produtos Industrializados não incidirá
sobre energia elétrica, lubrificantes e combustíveis líquidos e
gasosos.”
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATA DAS COMISSÕES)
Atualmente não incide IPI ou ICM sobre esses produtos
– são os impostos únicos. Como o Estado passa a ter a
competência para cobrar impostos sobre esses produtos se
forem extintos os impostos únicos, é preciso assegurar que
sobre eles não haverá superposição do IPI, senão a União vai
cobrar e os Estados também. A União acabando por competir
com os Estados. Era apenas para ficar claro no art. 13 que
esse imposto não incidirá de forma alguma, nem
cumulativamente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Alguém
deseja contraditar?
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ RODRIGUES: – Sr.
Presidente, eu me abstive, na votação anterior de contraditar, por
achar que o Relator iria fazê-lo. Entendo que a imunidade do IPI
nas exportações é uma temeridade que agrava o que vem
acontecendo em termos de beneficiar indevidamente algumas
exportações com preços perfeitamente competitivos no exterior.
No caso, entretanto é matéria vencida, no meu entender, e nada
há a fazer, lastimavelmente. A substituição do Imposto Único que
é repartido entre a União, Estados e Municípios, no meu entender
não se dá unicamente pelo ICM, mas sim, por todas as demais
incidências que passam a ocorrer sobre qualquer mercadoria. Se
o Governo Federal entender, dentro do critério da seletividade, de
considerar não incidente o imposto federal, total ou parcialmente,
sobre as mercadorias apontadas pelo proponente, poderá fazê-lo,
dada a sua capacidade de influir na formação dessas alíquotas.
No entanto, entendo que isso não é de se considerar como
norma geral para a Constituição.
O SR PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem a
palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Inicialmente
esclareço ao nobre Constituinte Irajá Rodrigues que, no caso
de exportações que eventualmente estejam bastante
competitivas e que a isenção do IPI levaria para muito abaixo
do preço internacional, o Governo dispõe do instrumento do
Imposto de Exportação. Isto poderá atuar como fator
compensatório.
Com relação à emenda do Constituinte Simão Sessim,
acho-a extremamente meritória, no que se refere à sua
intenção. No entanto, eu tenderia a rejeitá-la, porque creio que
aí estaríamos amarrando demasiadamente o Governo
Federal. Evidentemente, estamos fazendo um processo de
centralização muito importante, mas creio que devemos
balizá-lo dentro de certos limites. O Governo Federal poderia
atuar de maneira inconseqüente, uma alíquota do novo ICM.
Mas, em princípio, o assunto está aberto a uma série
de questões e terá de ser resolvido dentro de uma negociação
política, porque criará um conflito muito grande para os
Estados e pode até levar a emendas constitucionais
posteriores. Portanto, com o devido respeito, eu não acolheria
a emenda do Constituinte Simão Sessim.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
fazer uma verificação prévia. Aqueles que estiverem
favoráveis à posição do Relator José Serra permaneçam
como estão. Aqueles que forem favoráveis à emenda do
Constituinte Simão Sessim levantem a mão.
Está derrotada a emenda.
Constituinte Simão Sessim a retira.
Emenda n.° 94, de autoria do Constituinte Cid Sabóia
de Carvalho.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO:
– Sr. Presidente, Sr. Relator, chamo a atenção de todos para
o exame desta matéria, que me parece da maior importância,
a
há de convir V. Ex.
176
O § 3.º do item V do art. 13 diz o seguinte:
"Na cobrança de crédito tributário nas causas
pertinentes a débitos fiscais, a União será representada
judicialmente pelo órgão jurídico do Ministério da Fazenda."
V. Ex.ª Sr. Presidente, foi bastante brilhante quando fez
uma exposição a esse respeito, com a sua experiência de ex-
Ministro da Fazenda. É de convir, no entanto, que, se todos os
Ministérios tiveram idêntica aptidão, a Procuradoria da
República estaria invariavelmente esvaziada na representação
da União, que é a sua missão maior.
Fiz uma emenda a esse dispositivo que procura
alcançar um meio termo entre as duas questões, ou seja, se a
Procuradoria da Fazenda Nacional deve representar a União,
ou se esta deve continuar representada pela Procuradoria da
República. Redigi uma emenda substitutiva, que diz o
seguinte:
"As procuradorias ou órgão similares da Fazenda
Pública Federal atuarão administrativamente e perante o
Poder Judiciário na cobrança de créditos tributários ou na
defesa de outros interesses fazendários, propondo ações e
medidas convenientes em qualquer grau."
Aqui, Sr. Presidente, significa dizer que a Procuradoria
não estaria agindo como representação da União e sim com
os seus procuradores, na condição de advogados do
Ministério da Fazenda, que compareceriam a todos os feitos,
na medida do interesse do Ministério da Fazenda.
Como bem salientou V. Ex.ª com sua experiência,
muitas vezes o Ministério da Fazenda fica ao abandono de
uma fundamentação jurídica, porque a Procuradoria da
República. na defesa da lei, poderá pronunciar-se contra o
lançamento do crédito, ao passo que a Procuradoria da
Fazenda em termos judiciais, nada poderá fazer depois desse
pronunciamento da Procuradoria representativa da União.
A emenda que estou propondo neste momento não
elimina o processo judicial fazenderário, da execução forçada
fazendária a presença da Procuradoria da República, ao
mesmo tempo em que permita a presença da Procuradoria da
Fazenda num papel subsidiário, complementar. Esta emenda
não modificaria os dispositivos que, por certo, estão sendo
escolhidos, eleitos e prolatados em outras Comissões e ao
mesmo tempo, seria atendida a experiência de V. Ex.ª, Sr.
Presidente, conforme aqui se manifestou.
Assim como o nosso Relator é uma pessoa que,
durante as suas exposições nesta Comissão, tem dado aquilo
que poderíamos chamar de um show de competência,
demonstrando o alto conhecimento de todas as matérias e
projetando os temas do futuro, o que tem sido melhor ainda
para nós, como o Constituinte José Serra tem demonstrado
essa habilidade, solicito a S. Ex.ª que examine a ação fiscal
sem a Procuradoria da República, o que seria realmente um
drama muito sério.
Salvo melhor juízo, apresento esse caminho
intermediário, era que as duas Procuradorias teriam atuação
na cobrança do crédito não liquidado extrajudicialmente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): Tem a
palavra o Constituinte Mussa Demes, para contraditar.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Sr.
Presidente, com relação ao encaminhamento da votação, eu
pediria a palavra para uma Questão de Ordem. Na verdade,
sobre esses mesmo assunto, foram encaminhadas emendas
pelos Constituintes Luiz Henrique, Paes de Andrade, Michel
Temer, Brandão Monteiro e particularmente uma emenda de
nossa autoria. A nossa emenda foi destacada. Indagaria a V.
Ex.ª como ficaria a sua tramitação.
177 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
em face do destaque também pedido pelo Constituinte Cid
Sabóia de Carvalho.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Pela
ordem, a emenda do Constituinte Cid Sabóia de Carvalho tem
preferência e se for mantida a posição do Relator José Serra,
as outras estão prejudicadas.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Então,
eu gostaria de retirar a Emenda n.º 411, que prevê a cobrança
extrajudicial exclusivamente por parte do Ministério da
Fazenda, e apoiar a emenda do Constituinte Cid Sabóia de
Carvalho.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Já que
V. Ex.ª apóia a emenda de autoria do Constituinte Cid Sabóia
de Carvalho, vamos votá-la.
Tem a palavra o Constituinte Mussa Demes, para
contraditar.
O SR. CONSTITUINTE MUSSA DEMES: – Sr.
Presidente, Sr. Relator, Srs. Constituintes, a Procuradoria da
República representa a União em todos os processos judiciais
em que a União seja autora ou ré. Mas também funciona, e os
procuradores o dizem muito enfaticamente, como fiscal da lei.
Isso, no meu entender, tira da Procuradoria da República a
independência necessária para ser parte, uma vez que, no
momento em que ela funciona num processo, por exemplo, de
execução fiscal, tem a obrigação de defender a Unido,
qualquer que seja a forma de encaminhamento do processo
ou de sua elaboração. Essa é a primeira razão.
A segunda razão, pela qual entendo devam ser
atribuídos esses poderes à Procuradoria da Fazenda
Nacional, é porque a Procuradoria da República vive
extremamente assoberbada com as atribuições atuais e, em
razão disso, não dispensa a devida atenção à cobrança dos
créditos tributários, o que poderia ser feito com muito maior
propriedade e com muito maior eficiência pela Procuradoria da
Fazenda Nacional, que está vinculada diretamente ao
Ministério da Fazenda, o melhor interessado no recebimento
desses créditos. Além do que também os Procuradores da
Fazenda Nacional têm hoje suas atribuições sensivelmente
esvaziadas. limitando-se a servirem como Assessores do
Ministério da Fazenda e à inscrição da divida ativa.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Faço minhas as
palavras do Constituinte Mussa Demes, que deu uma
explicação muito lúcida a respeito desse parágrafo. Eu não
acolheria a emenda do nobre Constituinte Cid Sabóia de
Carvalho. Em parte, ela está de acordo com o conteúdo que já
discutimos, mas, por outro lado, introduz alguns elementos
que podem ser complicadores, dentro daquilo que possa vir a
prevalecer. Em primeiro lugar, repisaria muito brevemente a
questão o que o Constituinte Mussa Demes levantou. Hoje em
dia é o Ministério Público que atua na cobrança de crédito
tributário e em causas pertinentes e débitos fiscais. E o
Ministério Público, como diz S. Ex.ª, está assoberbado. Isso
provoca, do ponto de vista da União, atraso muito grande na
atuação desses processos. Então o que acontece? Na
verdade, quem realmente acaba pagando o Imposto de
Renda. quem não tem jeito de escapar é aquele que desconta
na fonte. Aquele que vai para a Justiça e cria problemas.
enfrenta uma morosidade muito grande. Eu não deixaria essa
solução combinada que o Constituinte Cid Sabóia de Carvalho
menciona.
Por outro lado, S. Ex.ª propõe que as procuradorias ou
órgãos similares da Fazenda Pública Federal atuarão
administrativamente também. Ora, essa atuação adminis-
trativa cabe hoje, a Receita Federal. Da forma como está
colocado não é incompatível com isso, mas poderá induzir a
eventuais dúvidas quanto ao funcionamento da própria
Fazenda, porque hoje esta é uma área de situação
administrativa específica da Receita Federal. O Constituinte
argumenta, na sua justificação, que a palavra Ministério da
Fazenda poderia sofrer no futuro uma alteração. Estou de
acordo com o nobre Constituinte nesse aspecto, mas apenas
lembraria que na verdade, dentro do nosso trabalho prévio,
preliminar, de elaboração da Constituinte, há muitas coisas
ainda relacionadas com leis complementares, enfim. com
aspecto que talvez não devessem estar num texto mais enxuto
e que estão agora aguardando uma consolidação em etapas
posteriores. Nós mesmos já incluímos o termo Banco Central
na questão do sistema financeiro. Evidentemente, essa
entidade também não é eterna, se olharmos a longo prazo. Já
temos precedentes nesse sentido. Por essas razões não
acolheria a emenda do Constituinte Cid Sabóia de Carvalho,
embora reconheça que, em grande parte, ela atende ao
espírito daquilo que ,defendemos, mas poderá trazer
elementos de complicação.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
fazer a verificação simbólica. Aqueles que estiverem com a
proposição do Constituinte José Serra permaneçam como
estão. Os que estiverem com a emenda do Constituinte Cid
Sabóia de Carvalho levantem a mão.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO:
– Sr. Presidente, posso retirar a emenda dentro do acordo,
mas há outras que, via de conseqüência, deverão ser
examinadas.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Considero. da prejudicialidade da sua emenda, prejudicadas
s
em decorrência as Emendas n.º 108 e 184, que tratam do
mesmo artigo.
O SR. CONSTTTTTINTE CID SABÓIA DE
CARVALHO: – Mas tratam em sentido adverso.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não.
Exatamente o mesmo.
O SR. CONSTITUINTE CID SABOTA DE
CARVALHO: – Eu a retiro. Não há problema.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vou
apenas mostrar que a grande maioria aceitou a redação do
Constituinte José Serra. Conseqüentemente. considero
prejudicada a emenda de V. Ex.ª
Considero prejudicadas as Emendas n.OS 102.4, 389,
093, 092, 477, 075, 174, 360, 576, 414 e 590. Estão de
acordo?
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ LUIZ MAIA: – Sr.
Presidente, pela ordem. Sem ter a pretensão de querer
ensinar a V. Ex.ª. porque sei que os trabalhos vêm sendo
dirigidos com inteligência e habilidade, insisto em solicitar a V.
Ex.ª a agilização dessa votação. Em outras Comissões, foi
feito um pacto de levantar as emendas e os destaques que
mereceriam discussão. E poderíamos adotar o mesmo critério,
invocando os companheiros presentes para aqueles
destaques cuja discussão fosse de interesse. Passaríamos a
trabalhar em cima deles, com o objetivo de agilizar esse
processo. porque, pelo que estou sentindo, Sr. Presidente,
vamos rodar 24 horas para a frente, sem chegar ao final.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Garanto a V. Ex.ª que isso ocorrerá.
Emenda n.º 702, do Deputado Hélio Rosas.
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: – Peço a
palavra para uma Questão de Ordem. Temos o seguinte:
terminamos de discutir o art. 13. Há uma emenda relativa
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
co art. 13. § 1º., que eu gostaria de defender. Mas já
passamos para o 15.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Darei a palavra a V. Ex.ª para falar sobre a Emenda n.º
722, relativa ao § 1.º do art. 13.
O SR. CONSTITUINTE NION ALBERNAZ: – Sr.
Presidente, entendemos que o Poder Legislativo há muito
vem lutando em busca de prerrogativas que lhe foram
tiradas no correr dos anos. Dessas prerrogativas, há a
proibição, por exemplo, de votar matéria que implique
aumento de despesas. Uma série de outras medidas têm
sido adotadas no sentido de restringir a competência do
Poder Legislativo. Mas hoje temos a declarar que a
presença dos Constituintes nesta Comissão é um atestado
eloqüente da responsabilidade que temos nós.
Parlamentares. quando nos é dado o direito de poder
seriamente discutir e trabalhar. Quando o poder fica na
periferia. sem nenhuma condição para definir alguma coisa
de valor, entendemos ser esse o motivo do esvaziamento
do trabalho do Poder Legislativo. Diante disso. Sr.
Presidente, apesar de entender que é do Poder Legislativo
a competência de instituir tributos, o que não é apenas dar
o nome do tributo. É também fixar a sua alíquota, é
também definir toda a modalidade da cobrança desse
imposto, desse tributo. Diante disso, quando
através do art. 13, § 1.º, estamos dando ao Poder
Executivo competência para alterar alíquotas, entendemos
que o Poder Legislativo não pede ficar sem conhecer
dessas decisões. Dai por que. Sr. Presidente fazendo
um acréscimo demos a seguinte redação ao § 1.º
do art. 13:
"O Poder Executivo poderá. observadas as
condições e limites estabelecidos em lei, alterar as
alíquotas dos impostos enumerados nos itens I, II, IV e v
deste artigo, ad referendum do Poder Legislativo."
Não podemos marginalizar o Poder Legislativo sob
pretexto algum. entendendo que o Poder Executivo tem
sozinho essa, competência.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Entendi , Sr. Constituinte. que essa emenda, inclusive, já
havia sido recusada pelo Plenário. De qualquer maneira.
dou a palavra ao Relator José Serra.
O Sr CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Sr. Presidente, de que emenda se trata?
O SR. RELATOR (José Serra): – A Emenda n.º
722-7.Vou esclarecer do que se trata. O § 1.ºdo art. 13 do
nosso Substitutivo diz o seguinte:
“É facultado ao Poder Executivo, observadas as
condições e limites estabelecidos em lei" – é importante
este ponto – "alterar as alíquotas dos impostos
enumerados nos itens I, II, IV e V deste artigo."
E aí fala de alguns dos impostos federais, excluindo,
naturalmente, o Imposto de Renda.
O Deputado Nion Albernaz propõe acrescentar, ao
final do parágrafo que acabei de ler, as palavras ad
referendum do Poder Legislativo." Quero dizer que, com
muita consternarão. não acolho a proposta do Constituinte
Nion Albernaz. que prestou extraordinária contribuição à
nossa Comissão, particularmente a este Relator, através
de suas emendas e de suas discussões permanentes
conosco e também de seu trabalho, que trouxe para mim
contribuições inestimáveis. Suponhamos que estejamos
tratando do Imposto de Importação, imposto que merece,
por vezes, alterações de um dia para o outro, em virtude de
razões cambiais. Então, o Poder Executivo poderá alterá-
lo, mas dentro de condições e segundo os limites estabele-
178
cidos pelo Poder Legislativo. É evidente,pois está
preservada a participação do legislativo. Se ficar ad
referendum e posteriormente o Poder Legislativo não
ratificar voltaríamos atrás numa decisão eminentemente de
política conjuntural, que tem a ver rim os argumentos que
demos a respeito da questão da maxidesvalorização,
quando se faz a sua mobilidade, enfim, tem a ver com
questões de natureza cambial.
Estando previsto que o Poder Legislativo fixará
condições e limites da lei, isso me parece suficiente para
preservar a capacidade do Poder Executivo de fazer
política econômica. Outra coisa é dar conhecimento ao
Poder Legislativo. Isso é diferente do ad referendum. pois
aí ,e pressupõe a possibilidade de que estamos inserindo
na Constituição seja vedada essa alteração, não obstante
ela fosse permitida por lei.
Por esta razão é que eu não acolheria a emenda do
meu amigo. Constituinte Nion Albernaz.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Os
Srs. Constituintes que estiverem de acordo com o Relator
José Serra permaneçam como estão. Aqueles que estiverem
com o Constituinte Nion. Albernaz levantem a mão.
Foi rejeitada a emenda.
Gostaria de esclarecer que V. Ex.ª suspendeu
ontem e, Emenda n.º 155. também defendida pelo
Constituinte José Maria Eymael. que mandava acrescentar
ao item I do art. 3.º a seguinte expressão: "não vedadas as
taxas pelo uso de vias conservadas pelo Poder Público."
Com a palavra o nobre Constituinte José Maria
Eymael.
Antes. porém, devo dizer a S. Ex.ª que está
chegando à Mesa grande quantidade de retiradas de
destaques, o que nos ajudará muito. Acredito que isso
realmente facilitará bastante o nosso trabalho.
Com a palavra o nobre constituinte José Maria
Eymael.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Sr. Presidente. segundo os termos do relatório
apresentado pelo brilhante Relator José Serra., aliás.
elaborado em conjunto com a Comissão de Tributos, ficou
estabelecido a proibição, até como defesa do contribuinte,
de cobrar-se tributos que. de uma forma ou de outra,
possam impedir eu dificultar o trânsito de pessoas ou de
bens entre Estados e Municípios. A prevalecer
simplesmente essa redação. podará ensejar dúvidas e
demandas judiciais intermináveis, com relação à questão
de pedágio em estradas, em hidrovias e em ferrovias. De
forma que sugerimos fosse acrescentada a expressão "não
vedadas as taxas pelo uso de vias conservadas pele Poder
Público". Com isso se daria plenitude ao texto, eliminando-
se uma série de problemas.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao Relator José Serra.
O SR RELATOR (José Serra): – Acolho a emenda
dos Constituintes José Maria Eymael e Nion Albernaz. mas
temos de encontrar a redação adequada para ela. O
Relator agradece a colaboração construtiva dos dois
constituintes.
O SR.PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Em
votação a Emenda n.º 5S0155, do Constituinte José Maria
Eymael. Os que estiverem em concordância com o Relator
José Maria e com o Constituinte Nion Albernaz digam "sim
Os que estiverem contra digam "não".
(VOTAÇAO)
Votaram "sim" os Constituintes: Simão Sessim. Sérgio
Werneck, Ruberval Piloto. Pedro Ceolin, Nion Albernaz
179 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSOES)
Mussa Demes, Messias Góis, Mauro Campos, Lezio Sathier,
Jovani Masini, José Tinoco, José, Serra. José Maria Eymael. José
Luiz Maia, José Carlos Vasconcellos, Jesus Tajra, Jessé Freire,
Harlan Gadelha, Gerson Camata, Francisco Dornelles, Flavio
Rocha, Firmo de Castro, Fernando Bezerra Coelho, Domingos
Juvenil, Darcy Deitos, Cid Sabóia de Carvalho, Benito Gama,
Basilio Vilani, Airton Sandoval, Adhemar de Barros Filho, César
Maia, Alysson Paulinelli, Victor Fontana e Joaquim Bevilácqua.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Aprovada a emenda, cem trinta e quatro votos favoráveis.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – A
Próxima Emenda, de nº 175, do ilustre Constituinte Adhemar
de Barros Filho, me parece prejudicada. Pergunto a S. Ex.ª
qual a sua posição tendo em vista o fato a alíquota ter sido
fixada pelo Senado e de já. constar do dispositivo do
Constituinte Antônio Mariz que ela seria progressiva.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Retiro a emenda, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Retirada a emenda.
Com a palavra o Constituinte Jesus Tajra para falar
sobre a Emenda nº 389.
O SR. CONSTITUINTE JESUS TAJRA: – Sr. Presidente,
essa emenda tem o sentido no nosso entender, de aprimorar o
texto, no que se refere ao art. 15, item II, quando estabelece:
“Art. 15. Compete aos Estados e ao Distrito Federal
instituir impostos sabre:
II – transmissão causa mortis e doação, de quaisquer
bens ou direitos:”
Para que a lei que viesse a tratar do assunto ficasse em
condições de estabelecer limites de incidência desse imposto –
porquanto aqui se fala em quaisquer bens, dando amplitude total
a disposição, não permitindo sequer se estabeleçam limites de
isenção – propusemos que o texto seja assim redigido:
“II – transmissão causa mortis e doação de bens e
direitos, que a lei definirá.”
Eliminei a palavra “quaisquer”, que torna muito amplo o
alcance da lei, podendo alcançar desde um prédio bonito, até as
quinquilharias de uma casa. É esse o sentido da nossa emenda,
ou seja. deixar que o legislador ordinário defina, estabeleça os
critérios e limites de incidência e isenção do imposto.
SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (Jose Serra): – Consternado,
também acolho a emenda do Constituinte Jesus Tajra, porque:
“Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir
impostos sobre:
II – transmissão causa mortis a doação de quaisquer
bens ou direitos.”
A lei definirá essa matéria. De certa maneira, há uma
redundância. Teríamos de incluir, nos outros artigos a mesma
definição. Ache que esses elementos provocam uma
complicação desnecessária, porque, no momento em que o
Estado instituir o imposto. evidentemente haverá uma lei
complementar uma lei ordinária, uma regulamentação. Criar-
se-á toda uma legislação sobre o assunto. Esta é a razão pela
qual não acolho, embora entenda a intenção do autor, a
emenda proposta pelo nobre Constituinte Jesus Tajra.
Lembro, por outro lado, que quando fizemos aquela
consulta prévia, fora do regulamento, todo esse item ficou
aprovado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Aqueles constituintes que estiverem de acordo com o Relator
José Serra permaneçam como estão.
Quem desejar acatar a emenda do Constituinte Jesus
Tajra levante a mão.
Permanece o texto do Relator José Serra.
Estou falando informalmente, e peço a V. Ex.ª que a
retire.
O SR. CONSTITUINTE JESUS TAJRA: – Retiro a
emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – A
Emenda n.º 740 foi retirada pelo Constituinte Simão Sessim.
Emenda n.º 390, já acolhida.
Emenda n.º 142, retirada pelo Constituinte Feres
Nader.
Quanto à Emenda nº 694, o Constituinte Helio Rosas
pediu que ela fosse examinada posteriormente.
Com relação a Emenda n.º 700, os constituintes seus
autores também não estão presentes.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO:
– Sr. Presidente, a Emenda n.º 092/3. de minha autoria, ainda
não foi apreciada.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Mas
não está na ordem. Chegarei lá.
O SR. CONSTITUINTE CID SABOIA DE CARVALHO:
– Trata-se do art. 15.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Acredito que essa emenda esta incluída no acordo feito no dia
de ontem.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO:
– Se assim foi, não tenho duvida em não insistir no seu
exame.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Mas V.
Ex.ª poderá verificar esse fato na Secretaria.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO:
– Se V. Ex.ª garante, não há problema algum.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Mas
gostaria que V. Ex.ª verificasse.
Emenda n.º 650, aguardaremos.
Emenda nº 392...
Vamos separar as emendas dos constituintes que não
estão presentes. Adiada a votação das emendas de autoria
dos Constituintes Irajá Rodrigues, Fernando Gasparian,
Antonio Mariz.
Emenda nº 740, do Constituinte Simão Sessim,
retirada.
os
As Emendas n 848, 160, 839, 829 e 838 foram
retiradas.
Emenda n.º 253, adiada.
Emenda nº 361.2, do Constituinte Domingos Juvenil,
retirada.
Emenda nº 157, do Constituinte José Maria Eymael,
retirada.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE
CARVALHO: –Sr. Presidente, com relação ao art. 15, só
aprovamos o item I. não?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles):–
Aprovamos os itens I, II, III. IV. V e o § 1.º
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE
CARVALHO: – Pois não, obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – As
Emendas nos 828, 447, 842 e 857 foram retiradas.
Concedo a palavra ao Constituinte José Maria
Eymael.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Sr. Presidente, a Emenda n.º 157, na realidade é apenas
um aperfeiçoamento daquilo que o Lustre Relator já
contemplou no seu Substitutivo.
O Relatório estabelece que, nas operações nas quais
ocorra a incidência tanto do IPI como do ICM, na base do ICM,
não se compreende o IPI. Todavia, talvez de forma desavisada
foi incluída a limitação de que essa alteração somente ocorreria
quando a outra parte da relação tributária fosse contribuinte.
Isso leva a uma a série de desvios interpretativos. porque não
contempla a figura do contribuinte alternativo: não contempla,
por hipótese, uma pessoa jurídica contribuinte que compra um
bem para o seu uso próprio. E, de outro lado, como não está
especificado o tipo de contribuinte, pode-se imaginar uma gama
imensa de contribuintes. De forma que a nossa emenda
estabelece que, naqueles casos onde ocorre incidência de IPI e
de ICM na base deste último não está computado o primeiro.
Ela é simples. Resolve a questão e dá uma forma sintética e
objetiva à matéria.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Nobre Constituinte José Maria Eymael, o Relator pede que
prossigamos com a votação.
O SR.CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Pois não.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Emenda n.º 74-5 – Adiada a votação.
Emenda nº 077, do Constituinte José Carlos
Vasconcelos. Trata-se da emenda do Constituinte No
Vanderlinde, que consta aqui como sendo do Constituinte
José Carlos Vasconcelos.
O SR CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Não, esta já está prejudicada.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Emenda nº 70 – prejudicada.
Emenda n.º 49 – prejudicada – do Constituinte
Basílio Villani
Emenda nº 29 – retirada – do ilustre Constituinte
Jovani Masini – prejudicada.
Emenda nº 660 – prejudicada.
Emenda n.º 49 – prejudicada.
Emenda n.º 633 – retirada.
Emenda h.º 662 – retirada.
Emenda n.º 193 – retirada, do Constituinte Adhemar
de Barros Filho.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Um minutinho só, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Disse
que havia uma emenda que V. Ex.ª teria retirado ontem.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Não, esta emenda é de autoria do Constituinte
180
José Maurício – Emenda n.º 193, aditiva. "Acrescente-se
ao substitutivo (...) o seguinte dispositivo.'".
Gostaria de submetê-la a uma consulta prévia, Sr.
Presidente. Está assim redigida:
"Fica estabelecida a obrigatoriedade aos bancos de
pagarem o Imposto Sobre Serviços aos Municípios onde
detêm suas atividades.''.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Considerando que. inclusive. esse ISS não mais existe,
achei, por isso, que a emenda estava prejudicada.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Confere, Sr. Presidente: está, prejudicada.
Emenda retirada.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Emenda n.º 832 – retirada.
Emenda n.º 800 – prejudicada.
Emenda n.º 606 – Jessé Freire – prejudicada.
Emenda n." 574 – César Maia. – prejudicada.
Emenda n.º 452 – Flávio Palmier da Veiga –
prejudicada.
Emenda n.º 453 – prejudicada.
Emenda n.º 860 – prejudicada.
Emenda n.º 17 – prejudicada.
Emenda n.º 459 – prejudicada.
Emenda n.º 618 – prejudicada.
Emenda n.º 649 – prejudicada.
Emenda n.º 107 – prejudicada.
A seguinte do Constituinte Irajá Rodrigues, está
adiada.
Votamos ate o δ 1.º
Emenda n.º 698.1 do Constituinte Hélio Rosas –
Adiada.
Emenda n º 191, do Constituinte Adhemar de Barros
Filho.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Um momento, Sr. Presidente, temos que verificar
o que há a respeito dessa emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Enquanto o Constituinte Adhemar de Barros Filho verifica,
o Relator falará sobre a emenda apresentada pelo
Constituinte José Maria Eymael.
Com a palavra o nobre Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Acolho a
emenda do Constituinte José Maria Eymael, Acho que a
crítica que S. Ex.ª faz procede, porque o parágrafo
em causa não especifica o contribuinte e não exclui do
imposto as operações referentes a bens destinados
a consumo ou ativo fixo. Os constituintes, que
chegaram depois que discutimos a emenda que trata dos
aposentados verão que podemos ter divergências
doutrinárias, mas que acolhe muito bem e com agrado
as propostas construtivas do Constituinte José Maria
Eymael.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Aqueles que estiverem de acordo com o Constituinte José
Maria Eymael (Emenda n.º 5S0157) e com o Relator José
Serra votam "sim". Os que estiverem com o texto votem
"não".
(Votação)
Votaram Sim os Constituintes: Adhemar de Barros
Filho, Airton Sandoval. Basílio Villani, Benito Gama. Cid
181 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
Sabóia de Carvalho, Darcy Deitos, Divaldo Suruagy,
Domingos Juvenil, Fernando Bezerra Coelho, Firmo de
Castro, Flávio Rocha, Francisco Dornelles, Gerson
Camata, Harlan Gadelha, Jessé Freire, José Carlos
Vasconcellos, José Guedes, José Luís Maia, José Maria
Eymael, José Serra, José Tinoco, Jovani Masini, Lézio
Sathler, Mauro Campos, Messias Góis, Mussa Demes,
Naphtali Alves, Nion Albernaz, Osmundo Rebouças, Pedro
Ceolin, Ruberval Piloto, Sérgio Werneck, Simão Sessim,
Virgílio Guimarães, Alysson Paulineili, Joaquim Bezerra e
César Maia.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Aprovada a emenda do nobre Constituinte José Maria
Eymael, com trinta e sete votos favoráveis e nenhum
contrário. Prejudicadas as Emendas nos 679, 592, 240, 844,
651. 149, 21 e 596, e retiradas as Emendas nos 579, 416,
071, 614. Retirada também a Emenda nº 21-C, do
Constituinte Osmundo Rebouças, e a de nº 22, do
Constituinte Benito Gama.
Nobre Constituinte Adhemar de Barros Filho, a que
emenda V. Ex.ª a se referiu?
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Emenda nº 191, aditiva. Prejudicada, retirada,
portanto.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Prejudicadas também as Emendas nos 578 e 091. A
emenda do Constituinte Cid Sabóia de Carvalho está
prejudicada, devido ao nosso acordo.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE
CARVALHO: – Não tenho dúvida, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Prejudicadas as Emendas nos 99, 100, 148, 875, 024, 013.
Retirada a Emenda nº 876.
O SR. CONSTITUINTE SIMÃO SESSIM: – Sr.
Presidente, nela ordem. O destaque para a Emenda nº 867
foi requerido por mim, mas a emenda é de autoria do nobre
Constituinte Bonifácio de Andrada, que aqui está e gostaria
de defendê-la.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Fiquei honrado com a presença de V. Ex.ª e dentro de um
minuto lhe concederei a palavra.
Retirada a Emenda nº 152, do Constituinte José
Maria Eymael.
Emenda nº 418, do Constituinte Firmo de Castro,
retirada.
Prejudicadas as Emendas de nos 475, 597, 701, 699,
027, 393, 026, 144, 143, 575, 847, 741. Adiadas as
Emendas de nos 697 e 678. Emenda nº 080, Constituinte
Jesus Tajra, adiada.
Retiradas as Emendas nos 820 e 859.
Emenda nº 517, do Constituinte Jayme Santana,
retirada.
O SR. CONSTITUINTE JESSÉ FREIRE: – Sr.
Presidente, pela ordem. Trata-se da Emenda nº 597, de
minha autoria, relativa ao § 2º do art. 21, que V. Ex.ª disse
estar prejudicada.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O
art. 21 não tem § 2º.
O SR. CONSTITUINTE JESSÉ FREIRE: – Essa
Emenda refere ao § 2º do art. 21 do anteprojeto do Relator.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Trata-se do atual art. 20, que faz parte do acordo.
O SR. CONSTITUINTE SIMÃO SESSIM: –
Sr. Presidente, pela ordem. A Emenda
nº 859, para a qual tam-
bém requeri destaque, é de autoria do nobre Constituinte
Bonifácio de Andrada.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Farei um levantamento de todas as emendas do nobre
Constituinte Bonifácio de Andrada, a fim de proceder a
uma avaliação sobre quantas emendas faltam para
chegarmos ao orçamento.
Concedo a palavra ao Constituinte Adhemar de
Barros Filho.
O SR. CONSTITUINTE ADHEMAR DE BARROS
FILHO: – Presidente, V. Ex.ª declarou prejudicada a
Emenda nº 575, apresentada pelo Constituinte César Maia.
que está presente. Nós a analisamos e entendemos que
ela deve ser regimentalmente, submetida ao Plenário desta
Comissão.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Eu
pediria ao constituinte César Maia que ficasse dentro do
espírito: "Incluir onde couber" – ela já não estaria no art.
20?
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Trata-se
da competência residual.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Estou entendendo. V. Ex.ª se refere à distribuição dos
recursos do imposto criado pela competência residual.
Concordo com V. Ex.ª.
A emenda apresentada pelo Constituinte César
Maia se refere ao art. 12...
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Art. 21.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Não
é. Trata-se da competência residual.
Concedo a palavra ao Constituinte César
Maia. Em seguida, eu a concederei ao Constituinte Jessé
Freire.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Sr.
Presidente fixarmos a participação na Constituição,
poderemos, no futuro, produzir enorme distorção.
Vamos admitir, por absurdo, que a produção de
energia nuclear fosse tributada pela União, e isso gerasse
enorme imposto para a União e para o Estado do Rio de
Janeiro, sendo que este Estado nem participou da decisão
a respeito dessa atividade. Acho que, para nos
prevenirmos em relação ao futuro, devemos, nesse artigo,
definir que os recursos no novo tributo serão agregados
aos fundos de forma de que a lei dispuser, e não definindo
uma quota, que poderá produzir distorções alocativas e
regionais muito fortes.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao Constituinte José Serra, Relator.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Pode V.
Exª emprestar-me sua justificativa, pois não a
encontrei?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Peço desculpas a V. Ex.ª, porque, na realidade, faria
menção ao art. 4º, que trata da competência residual.
Concedo a palavra ao Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – O Constituinte
César Maia apresenta sua emenda para ser incluída onde
couber. Portanto, na verdade, seria um substitutivo ao art.
21 e diz o seguinte:
"Se a União, com base no art. 4º" – competência
residual – "criar impostos excluindo estadual anteriormente
instituído" – ou seja, se o Estado cria um imposto e a
União, vendo que ele é bom, também o cria, "cinqüenta por
cento do seu produto será entregue aos Estados e ao
Distrito Federal, onde for arrecadado."
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
Do contrário, praticamente não haveria competência
residual estadual, uma vez que a União, quando se tratasse
de bom imposto, instituiria outro, adicional. Creio que o
problema do rateio do novo imposto deverá ser estabelecido
em lei, e não na Constituição. De acordo com o espírito da
proposta, não concordei com a idéia anteriormente
manifestada, no sentido de se estabelecer o rateio, porque
não sabemos de que tipo de imposto se trata. Há impostos
que não podem ser rateados como, por exemplo, aqueles
instituídos entre municípios. Uma das razões que nos levaram
a tirar da competência dos municípios o imposto causa
mortis, deixando-o só para o Estado – queremos que ele seja
progressivo e há herança em muitos municípios – foi porque
nunca se saberia exatamente a que município deveria ele
caber, pois ele quase é irrepartível. No caso, não caberia esse
rateio. Portanto, fixar essa obrigatoriedade, a priori,
é um tanto temerário, porque não sabemos de que imposto se
trata.
Então, estabelecemos apenas a ressalva de que, se a
União instituir o mesmo imposto, já tem essa partilha
garantida, sem prejuízo de a lei, evidentemente, cuidar do
rateio. Sabemos, para dizer muito francamente, que inclusive
os casos dos Fundos de Participação seriam matérias muito
mais apropriadas, a meu ver, para leis complementares. Na
verdade, estão inseridas na Constituição por questão política
de afirmação da matéria.
Acho que deveríamos evitar muito detalhamento
nesses aspectos. Evidentemente, a lei ordinária cuidará disso.
Por essa razão, eu optaria pelo não acolhimento da proposta
do nobre Constituinte César Maia.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
fazer a consulta prévia.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Sr.
Presidente, entendi o espírito da crítica do Relator. Por isso,
retiro a emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Retirada a emenda.
Agradeço ao Constituinte César Maia por isso.
Emenda nº 112, sobre o art. 25. (Pausa.) Adiada.
Emenda nº 873, de autoria do Constituinte Jayme
Santana. Retirada.
Emenda nº 855, de autoria do Constituinte Ruberval
Pilotto. Retirada.
Emenda nº 706, de autoria do Constituinte Gerson
Camata. Retirada.
Emenda nº 562, de autoria do Constituinte César Maia.
Prejudicada.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Não, Sr.
Presidente. Essa emenda já foi votada. Trata-se de matéria
vencida.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Emenda nº 703. Prejudicada. O artigo foi suprimido.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Sr.
Presidente, eu pedi fosse colocada em Disposições
Transitórias essa matéria, que não é exatamente igual à de
que trata o art. 27. Ela tem sentido diferente. Gostaria de
argumentar e ouvir a Mesa, até mesmo para retirá-la, se for o
caso.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Entendi
que V. Ex.ª havia retirado a emenda.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – A emenda nº
562, não. Retirei a de nº 575.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Qual é
a Emenda n.o 562? (Pausa.)
182
Deixarei V. Ex.ª argumentar, mas parece-me que,
tendo sido retirado o art. 27, seria feita a inclusão da matéria
nas Disposições Transitórias.
Tendo em vista que V. Ex.ª nos tem dado grande
colaboração, faremos a consulta prévia.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Sr.
Presidente, essa emenda está ligada, de certa maneira, à
nossa experiência na Secretaria de Fazenda do nosso Estado
que é também a de muitos companheiros que aqui estão. O
conjunto de benefícios e isenções dados pelo Conselho de
Política Fazendária nos últimos quinze anos é de tal ordem,
que as próprias secretarias não sabem que concessões foram
oferecidas. É um livro. Às vezes, uma situação conjuntural, em
1971, por exemplo, produziu um incentivo qualquer à
produção de amora, à produção de leite de cabra – estou
falando de fatos concretos. O que se quer, simplesmente, é
se, por acaso, esses benefícios e incentivos não forem, no
prazo de um ano, reiterados de alguma forma, é que eles
desapareçam, ou seja, a disposição é no sentido de obrigar o
beneficiário a fazer um esforço durante um ano, para reiterar o
subsídio no ano subseqüente. Quando usei o termo
"legislação própria", eu me referia a um ato formal, próprio,
para que fosse reiterado o subsídio, a fim de fazer
desaparecer aqueles que residualmente não forem reiterados.
Esse conjunto de benefícios e isenções constitui só no Rio de
Janeiro, um livro. Certamente esse fato também ocorre em
todos os Estados. Trata-se de um esforço obrigatório para
analisar os incentivos concedidos nos últimos vinte anos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Quero dizer ao
Constituinte César Maia que estou inteiramente de acordo
com o que S. Ex.ª coloca, inclusive frustrado pelo fato de o
meu Substitutivo não ter resolvido esse problema. Por força da
questão regional, fizemos uma modificação no art. 12, que
falava de incentivos. O art. 27 foi suprimido pelo plenário. Esse
artigo causou muita preocupação nas regiões interessadas
quando, na verdade, meu objetivo não estava nos incentivos
regionais. Ou não consegui convencer que inclua uma coisa e
outra. Tinha também em mente esses incentivos, subsídios e
isenções a nível estadual que, tanto em São Paulo, como em
Santa Catarina, no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro são
um problema muito sério. Imagino que isso ocorra em todos os
Estados brasileiros. Estou falando dos Estados que conheço
melhor.
O art. 12, tal como ficou redigido, diz o seguinte:
"Disposição legal que conceda isenção ou outro
benefício fiscal terá seus efeitos periodicamente avaliados
pelo Poder Legislativo competente..."
Quer dizer, estamos pelo menos deixando que a
Assembléia Legislativa estadual possa fazer isso rapidamente.
Comprometer-me a trabalhar com V. Ex.ª para que, em
etapas posteriores ao processo da Constituinte, possamos
incluir uma disposição semelhante à que V. Ex.ª coloca aqui,
como disposição transitória, separando a questão regional –
uma barreira, – a fim de que possamos revisar um sem
número de incentivos, que não são para região, são para
produtos e que, às vezes, são absurdos e disparatados.
Posteriormente, poderíamos em função disso, porque este era
meu propósito principal, ao introduzir esses artigos.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – A explicação
do Relator é suficiente para mim.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Gostaria de dizer ao Constituinte César Maia que faço o com-
183 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
promisso do Constituinte José Serra, isto é, de lutar na
Assembléia Constituinte, para que, por meio de dispositivo,
cada Estado possa avaliar os incentivos concedidos e possa
fazer a revisão sobre o que julgar conveniente.
O SR. RELATOR (José Serra): – Certamente teremos
o apoio dos Constituintes Gerson Camata, Divaldo Suruagy,
dos companheiros do Acre, que se empenharam para a
mudança do artigo, que acolhemos. Tenho certeza de que
nesse aspecto estão de acordo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Emenda nº 661, de autoria do Constituinte Simão Sessim.
O SR. CONSTITUINTE SIMÃO SESSIM: – Está
retirada. Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Emenda nº 908, do Deputado Jovanni Masini.
O SR. CONSTITUINTE JOVANNI MASINI: – Sr.
Presidente, o espírito da emenda prende-se à antecipação da
vigência dos arts. 5º, 5º e 7º do Substitutivo do Relator. São
artigos densos e extremamente importantes, porque
estabelecem princípios básicos que dão garantias ao nosso
contribuinte. Estabelecem as garantias de legalidade,
anterioridade e retroatividade e os princípios do não-privilégio,
não-confisco e da universalidade do tributo.
A intenção é antecipar a vigência desses importantes
artigos. Busca-se fazer valer, a partir da promulgação da
Constituição, a limitação do poder de tributar e as garantias do
contribuinte, compreendidos nos referidos artigos.
Seria, na nossa opinião, uma imensa frustração para os
cidadãos contribuintes se viessem a ocorrer, no período
compreendido entre a promulgação da Lei Maior e o inicio da
vigência no nosso Sistema Tributário, instituições ou
alterações de tributos arbitrárias ou abusivas, como tem
ocorrido até aqui. Por ser injusta em si, essa alteração
provocaria o descrédito da população em face da nova
Constituição, comprometendo, por conseguinte, sua
respeitabilidade. Se as garantias, muito sabiamente
consolidadas nos artigos elencados no Substitutivo, tiverem
vigência desde logo, evitar-se-á que, no correr do ano de
1988, a União e os Estados – com todos os problemas de
caixa que conhecemos – venham a surpreender os
contribuintes com novos compulsórios ou com a instituição de
tributos ao arrepio da legalidade ou do não-confisco. É uma
questão de justiça para com o povo que paga a conta, para
essa classe nem sempre lembrada, mas sofrida, que é a do
contribuinte brasileiro.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Sr.
Constituinte Jovanni Masini, o Constituinte José Serra pede a
V. Ex.ª – está com certa dúvida – que aguarde alguns minutos,
até que possa pronunciar-se sobre isto, se V. Ex.ª estiver de
acordo.
O SR. CONSTITUINTE JOVANNI MASINI: –
Perfeitamente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Emenda nº 093, do Constituinte Cid Sabóia de Carvalho.
Adiada.
Emenda nº 412, do Constituinte Firmo de Castro.
Aprovada.
Emenda nº 060, do Constituinte Airton Sandoval.
Retirada.
Emenda nº 659, do Constituinte Simão Sessim.
Retirada.
Emenda nº 702, do Constituinte Irajá Rodrigues.
Aprovada.
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ RODRIGUES: – Sr.
Presidente; retirada porque foi aprovada.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Aprovada.
Emenda de autoria do Constituinte Divaldo Suruagy.
Retirada.
Emenda nº 226, do Constituinte Darcy Deitos, Retirada.
Emenda nº 087, do Constituinte Fábio Raunheitti.
Retirada.
Emenda nº 332, do Constituinte Virgílio Guimarães.
O SR. CONSTITUINTE VIRGÍLIO GUIMARÃES: –
Trata-se de matéria vencida.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Emenda nº 937, do Constituinte Oswaldo Lima Filho. Adiada.
Emenda nº 630, do Constituinte Divaldo Suruagy.
Retirada.
Emenda nº 005, do Constituinte Ivo Vanderlinde,
Adiada.
Emenda nº 48, do Constituinte Darcy Deites.
Retirada.
Emenda nº 328, do Constituinte Virgílio Guimarães.
Retirada.
Emenda nº 329. Retirada.
Emenda nº 330. Retirada.
Emenda nº 331. Retirada.
Emenda nº 938. Vencida.
Emenda nº 701. Adiada.
Emenda nº 227. Retirada.
Emenda nº 867, do ilustre Constituinte Bonifácio de
Andrade. Quero manifestar minha satisfação pela presença,
na Comissão, do ilustre Constituinte Bonifácio de Andrada,
com quem tenho, diria, há duzentos anos, ligação a mais
estreita e a mais amistosa.
O SR. CONSTITUINTE BONIFÁCIO DE ANDRADA: –
Agradeço a V. Ex.ª a honra de poder participar
dos debates desta Comissão, que reúne
personalidades de maior destaque na Assembléia Nacional
Constituinte.
O Sr. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V. Ex.ª
poderia mencionar o número da emenda que
defende?
O SR. CONSTITUINTE BONIFÁCIO DE ANDRADA: –
Emenda nº 867. Ela se refere ao atual texto do art. 23, isto é, à
criação do Conselho de Representantes dos Estados e do
Conselho de Representantes dos Municípios.
Sr. Presidente, em matéria tributária, a doutrina
consagra o Poder Legislativo como órgão principal, digamos
assim, da feitura dos tributos. Criando esses dois Conselhos,
na realidade, estaremos. na prática, criando no Executivo, dois
“senadinhos” técnicos, que vão usurpar as atividades de
controle e de fiscalização do Poder Legislativo. De acordo com
a nossa emenda, ao invés do Conselho de Representantes
dos Estados, que deve ser uma Comissão especial do
Senado, e ao invés do Conselho de Representantes dos
Municípios, devemos ter uma comissão especial da
Assembléia Legislativa dos Estados. Esses Conselhos de
Representantes vão tirar da representação política o poder de
acompanhar matéria de alta significação na vida tributária do
País. Vamos deslocar o assunto para os técnicos – porque
têm que ser técnicos. O Conselho de Representantes dos
Estados não vai ter nenhum representante do povo. Vai ter
técnicos representantes dos Estados ali. E o Conselho
dos Representantes dos Municípios, num Estado como Minas
Gerais, com setecentos Municípios, não vai ter
nenhum representante do povo; vai ter representantes
de técnicos indicados pelos Prefeitos ou então pelas regiões
do Estado. Quer dizer, um assunto importante, como o
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
acompanhamento do rateio tributário, ficará nas
mãos de técnicos. Esse dispositivo constitucional vai
afastar o Poder Legislativo de uma das suas
missões primordiais: a que desempenha na área
tributária.
Pediria ao ilustre Relator que levasse em conta
nossa emenda, no sentido de dar a uma comissão especial
do Senado e uma comissão especial das Assembléias
Legislativas, ambas assessoradas por técnicos, essa
função de alta importância: e não criar uma entidade
constitucional que, na prática vai ser de técnicos, usurpando
assim, as atividades de controle e de fiscalização do Poder
Legislativo.
É esse o sentido da nossa emenda.
Agradeço a V. Ex.ª a oportunidade muito honrosa de
intervir nos debates desta Comissão.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Trata-
se de nova redação para os itens II e III do art. 23. A esse
respeito vou explicar o meu pensamento porque considero o
assunto da maior relevância. O art. II, do Substitutivo do
Constituinte José Serra diz:
"Art. 23. Cabe à lei complementar:
II – estabelecer normas sobre a entrega de recursos de
que trata o art. 20..."
O SR. CONSTITUINTE BONIFÁCIO DE ANDRADA: –
Sr. Presidente, trata-se do item III e do item IV do art. 23.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Perdão, eu estava confundindo as coisas. Eu gostaria de
chamar a atenção de V. Ex.ª para o assunto, que é altamente
relevante. O dispositivo do Relator José Serra diz o seguinte:
"Art. 23. Cabe à lei complementar:
III – regular a criação do Conselho de Representantes
dos Estados e do Distrito Federal, ao qual caberá
acompanhar o cálculo e a liberação das participações
previstas no art. 20."
Diz o Constituinte Bonifácio de Andrada: a lei
complementar vai dispor sobre a competência de uma
Comissão Especial do Senado Federal, à qual caberá
acompanhar o cálculo e a liberação das participações
previstas no art. 20. O item IV diz o seguinte: "Cabe à lei
complementar – do dispositivo do Constituinte José Serra –
regular a criação do Conselho de Representantes dos
Municípios, ao qual caberá acompanhar o cálculo e a
liberação das participações previstas" nos índices.
Diz a emenda do Constituinte Bonifácio de Andrada:
"Autorizar as Assembléias Legislativas em cada Estado
a criar Comissão Especial para acompanhar o cálculo e a
liberação das participações previstas no art. 20, de interesse
municipal."
É a última emenda que está sendo examinada.
Darei a palavra ao Constituinte Mussa Demes, que foi o
primeiro a solicitar. O Constituinte Darcy Deitos gostaria de
contraditar. Com a palavra S. Ex.ª.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, por maior respeito que me possa merecer o autor
dessa emenda, o que solicitou o respectivo destaque, o que
está previsto no Relatório do ilustre Relator José Serra nada
mais é do que uma centenária aspiração dos prefeitos
brasileiros, ou seja, a de terem representantes seus tanto na
esfera federal, como na estadual, a fim de que possam
acompanhar o cálculo do bolo relativo aos Fundos de
Participação de sua esfera. Se retirarmos o que foi conseguido
depois de longos anos, após uma longa luta de várias
propostas – em que se conseguiu sensibilizar tanto o
Relator da Subcomissão como o ilustre Relator José
Serra – estaríamos frustrando os Prefeitos brasileiros,
184
que veriam preterido esse seu pleito, que entendo legítimo. Ao
longo desses anos, todos sabemos que vários municípios
brasileiros, por problemas de ordem política, ficaram à mercê
do jogo do compadrio e as suas comunas tiveram prejuízo
com isto. Nada mais justo do que um representante dos
prefeitos, legitimamente indicado por eles, para acompanhar
esse assunto e com essa fiscalização, nenhum município
brasileiro será prejudicado. Votar contra o que está no
Relatório é votar contra o município brasileiro.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte César Maia.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Sr. Presidente,
a nossa palavra de apoiamento se refere à própria experiência
que tivemos com o funcionamento desses Conselhos. Eles
tendem, progressivamente, a substituir a atividade fiscalizadora
e até legislativa do Poder Legislativo. Assim aconteceu com o
Confaz. Acho que a existência de um conselho para fiscalizar a
distribuição de cotas do Fundo é uma atribuição, um direito
constitucional de qualquer cidadão. Se os municípios
entenderem de constituir conselhos, terão todo o direito de fazê-
lo. E, com base no que prevê a legislação a esse respeito, eles
terão todo o direito de fazer a fiscalização dos recursos a eles
destinados e de investigar as denúncias acaso existentes. É
bom que se institua, pela Constituição, um conselho para essa
finalidade. Entendo que realmente essa é a tarefa fiscalizadora
do Poder Legislativo. Nesse sentido, subscrevo a emenda do
Constituinte Bonifácio de Andrada.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao Constituinte Mussa Demes.
O SR. CONSTITUINTE MUSSA DEMES: – Sr.
Presidente, Sr. Relator, Srs. Constituintes, muitos dos que estão
hoje neste plenário foram Governadores, Prefeitos e Secretários
de Fazenda ao longo dos últimos anos. Todos conhecem o fato
de que não existia, como ainda hoje não há transparência no
que concerne aos recursos destinados à constituição desses
fundos. Esse fato tem sido permanentemente questionado no
País. Há, inclusive, representação feita ao Tribunal de Contas
da União, mas essa representação também nunca deixou bem
claro se a União vem ou não atendendo convenientemente aos
Estados e Municípios, no que tange à repartição dos recursos
oriundos desses fundos. Sabemos até que foram criados
adicionais do Imposto de Renda, mas estes não foram
transferidos, como determina a Constituição, aos Estados, aos
Municípios. Portanto, surpreende-me a reação do nobre
Constituinte Bonifácio de Andrada à criação desses conselhos.
Que outro intuito tem a Comissão do Sistema Tributário,
Orçamento e Finanças, isto é, o de tornar mais transparente o
montante da receita que deve ser repartida com os Estados e
municípios? A intenção nunca poderá ser, como S. Ex.ª
manifestou aqui, a de se criar um "senadinho" nos Estados,
quando se tem o objetivo de tornar mais clara, mais efetiva e
mais transparente a participação dos Estados e Municípios na
repartição do bolo tributário. Por isso, somos também pela
manutenção elo dispositivo na forma corno ele se apresenta.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Sr. Presidente, devo
confessar, depois de ouvir os argumentos que foram aqui
apresentados que, de todas as votações que tivemos até
agora, esta é aquela a respeito da qual tenho mais dúvida.
Transmito isso aos membros desta Comissão com muita
sinceridade, porque, de um lado, vejo a necessidade de que
haja um aumento desse controle, de que haja um controle
efetivo e, de outro, vejo os problemas associados à criação
desses conselhos, que não sabemos exatamente como
funcionarão. Por exemplo, no meu Estado há quinhentos
185 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
e setenta Municípios. Haverá uma complicação imensa. No
caso dos Estados, nobre Constituinte Mussa Demes, é
muito mais fácil, por que são vinte e três; se forem criados
os outros Estados, de que cogitamos, serão vinte e oito.
Quer dizer, a questão da representação está ligada
diretamente aos Governadores. Mas, no caso dos
Municípios, são mais de quatro mil. Então, haverá uma
complicação muito grande.
Por outro lado, entendo que essa é uma
reivindicação histórica dos Municípios.
Vejo que o Senado Federal poderia fazer isso com
certa eficácia, porque, no caso dos Estados, ele os
representa e nas Assembléia Legislativas sempre haverá
Deputados muito ligados aos Municípios. Por outro lado,
estaríamos outorgando competência administrativa ao
Senado e às Assembléias Legislativas o que não tenho
certeza se seria medida apropriada.
De modo que o Relator, confesso aos membros
desta Comissão que a sua posição é de neutralidade, em
função da dúvida existente em relação a esse aspecto.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Gostaria de dizer a V. Ex.ª, nobre Constituinte, dando uma
colaboração...
O SR. CONSTITUINTE BONIFÁCIO DE
ANDRADA: – É só passar a competência da Assembléia
Legislativa para a Câmara dos Deputados.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Gostaria de dizer a V. Ex.ª que tomamos aqui como norma
não permitir que seja alterada a emenda escrita. De modo
que essa modificação não pode ser feita.
O SR. RELATOR (José Serra): – Sr. Presidente, há
um aspecto a respeito da emenda do nobre Constituinte que
queria sublinhar aqui e que me parece fundamental. Ela trata
de um parágrafo que já é questão vencida na Comissão.
Estamos tratando exclusivamente desse problema.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Gostaria de dizer a V Ex.ª, para ganharmos tempo que
estamos fazendo uma consulta prévia. Quando o
Constituinte que apresenta a emenda verificar que não
existe quorum para aprovarão da sua proposta, ele tem
concordado em retirá-la.
Vamos fazer a consulta prévia.
O SR. CONSTITUINTE JOAQUIM BEVILACQUA: –
Sr. Presidente, peço a palavra uma questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Nobre Constituinte, pediria a compreensão de V. Ex.ª,
porque abriria um precedente perigosíssimo.
Está em votação a matéria. Os Srs. Constituintes
que estiverem de acordo com o Anteprojeto do Relator
José Serra permaneçam como estão; os Srs. Constituintes
que estiverem de acordo com a proposta do Constituinte
Bonifácio de Andrada levantem a mão. (Pausa.)
Não temos trinta e dois votos e, para aprovarmos a
matéria, precisaríamos desse número de votos.
O SR. CONSTITUINTE JOAQUIM BEVILACQUA: –
Sr. Presidente, peço a palavra para encaminhar a votação.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Pergunto ao Constituinte Bonifácio de Andrada se retira a
sua proposta.
O SR. CONSTITUINTE BONIFÁCIO DE ANDRADA:
– Sr. Presidente, V. Ex.ª é quem decide. Mas, pela mani-
festação dos membros da Comissão, acho que a maioria é
favorável a ela.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Mas
precisaríamos da maioria de trinta e dois votos para termos
a sua proposta aprovada.
O SR. CONSTITUINTE BONIFÁCIO DE
ANDRADA: – Então, conforme os meus colegas sugeriram
aqui, peço que mantenha em aberta a votação, para que,
quando houver oportunidade, a Comissão aprecie a
matéria que me parece fundamental.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Vamos colocar a emenda em votação.
O SR. CONSTITUINTE JOAQUIM BEVILACQUA: –
Sr. Presidente, peço a palavra para encaminhar a votação.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Já
houve encaminhamento.
O SR. CONSTITUINTE JOAQUIM BEVILACQUA: –
Não. Sr. Presidente, houve uma discussão prévia.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Absolutamente. Concederei a palavra a V. Ex.ª, mas afirmo
que o Constituinte já fez a defesa de sua emenda. Já
houve inclusive duas defesas. Está em votação.
O SR. CONSTITUINTE JOAQUIM BEVILACQUA: –
Então. V. Ex.ª não me concede a palavra?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Peço a V. Ex.ª que colabore conosco. V. Ex.ª tem dado
grande colaboração à Mesa.
O SR. JOAQUIM BEVILACQUA: – E tenho
acompanhado atentamente os comentários de V. Ex.ª, que,
além de um grande Presidente, é um excelente
comentarista. Gostaria, como ex-Prefeito, ex-Vereador e
ex-Deputado, de dar também minha modesta contribuição,
porque eu criei no mau município um conselho.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Se
eu concedesse a palavra a V. Ex.ª, iria abrir um enorme
precedente.
Em votação a Emenda nº 5S0867, do Constituinte
José Bonifácio de Andrada.
(Votação)
Votaram "sim os Constituintes: Simão Sessim,
Sérgio Wernerck, Pedro Ceolin, José Tinoco, José Maria
Eymel, José Carlos Vasconcellos, Jessé Freire, Irajá
Rodrigues, Gerson Camata, Francisco Dornelles, Flávio
Rocha, Domingos Juvenil, Divaldo Suruagy, Basilio Vilani,
Adhemar de Barros Filho, Joaquim Bevilacqua, e César
Maia; Votaram "não" os Constituintes: Virgílio Guimarães,
Sérgio Spada, Osmundo Rebouças, Nion Albernaz, Mussa
Demes, Messias Góis, Mauro Campos, Lézio Sathler, Ivan
Bonato, Firmo de Castro, Fernando Bezerra Coelho, Darcy
Deitos, Benito Gama, Airton Sandoval, e Affonso Camargo;
Absteve-se de votar o Constituinte: José Serra.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Sr.
Presidente, gostaria que V. Ex.ª proclamasse o resultado.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO BEZERRA
COELHO: – Sr. Presidente, a votação deve ser dada por
encerrada.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – A
emenda do Constituinte Bonifácio de Andrada teve 20
votos a favor.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Não
confere, Sr. Presidente.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
São 19 votos a favor.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – São 16
com o voto do Constituinte José Carlos Vasconcellos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – A
emenda não foi aprovada.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Mas
gostaria que o resultado fosse o correto, Sr. Presidente.
V. Ex.ª quer ser agradável com a emenda. Vamos agir
de acordo com o Regimento. Estamos aqui não para
brincar, mas para fazer uma coisa séria.
O SR. CONSTITUINTE BENITO GAMA: –
Vamos repetir a votação, porque foi computado como
sim o voto de abstenção do Constituinte José Serra. Se
o Presidente me permitir, gostaria que repetissem a
votação. Há 18 votos "sim". É que a Mesa proclamou
erroneamente o resultado, porque computou "sim" o
voto de abstenção do Constituinte José Serra.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: –
Apenas gostaria que fosse proclamado o resultado
oficial da votação.
O SR. CONSTITUINTE BENITO GAMA: – Mas
V. Ex.ª afirmou que foram 16 votos "sim". Queria apenas
saber se são 16, como V. Ex.ª afirmou, ou se são 18,
como está aqui computado.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: –
Entendi que havia 16 votos a favor.
O SR. CONSTITUINTE BENITO GAMA: – Então,
vamos conferir se o Presidente permitir.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Resultado: 18 "sim", 1 abstenção e 15 "não". Foi
rejeitada a emenda do Constituinte Bonifácio de
Andrada, porque não teve quorum constitucional.
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ RODRIGUES: – Sr.
Presidente, teria uma série de emendas ainda a apresentar.
No entanto, a maior parte delas refere-se apenas a um
enunciado de posição, tendo em vista o trabalho que
pretendo desenvolver no plenário no intuito de tentar
implantar um sistema tributário para a distribuição de recursos
dentro do que considero o mais justo. Entretanto, abro mão
dessa emenda, até para possibilitar a votação, o mais rápido
possível, do art. 30, se não me engano, que altera o sistema
de distribuição de investimentos orçamentários federais,
como o qual, desde já, me comprometo.
Gostaria, então, de fixar-me apenas na emenda
que trata do problema das alíquotas do ICM, porque me
parece um assunto de extrema gravidade.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V.
Ex.ª poderia dar o número da emenda?
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ RODRIGUES: – É
a Emenda nº 253. Vou lê-la. Advirto a V. Ex.ª, no
entanto, que a sua simples leitura vai levar mais do que
três minutos. É a seguinte:
"Dê-se nova Redação ao § 6º, ao item III do § 11,
suprima-se o § 7º e renumere-se os seguintes, todos os art. 15:
§ 6º As alíquotas internas e de exportação de que
trata o Território nacional. Nas operações e prestações
interestaduais a alíquota será repartida entre os Estados
de origem e de destino."
186
II – quanto ao imposto de que trata o item III:
a) regular a forma como, mediante deliberação
dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e
benefícios fiscais terão sua concessão autorizada;
b) disciplinar a aplicação das alíquotas em
operações e prestações interestaduais e a respectiva
repartição entre os Estados de origem e destino:
c) dispor como, mediante deliberação dos
Estados e do Distrito Federal, regionalmente, definirão
mercadorias e serviços que estarão sujeitos às
alíquotas fixadas."
Justificação
A emenda proposta objetiva alcançar os
seguintes princípios:
1 – participação do Estado de destino em todas
as operações e prestações interestaduais;
2 – uniformidade de alíquotas em todo o território
nacional (d ev., alta, média e baixa);
3 – definição dos conjuntos de mercadorias e
serviços sujeitos àquelas alíquotas pelos Estados de
forma colegiada e regional;
4 – maior autonomia para os Estados e Distrito
Federal concederem isenções e demais benefícios,
órgão colegiado dos Estados apenas os autorizaria afim
de evitar guerra fiscais.
Com efeito, de acordo com a sistemática atual
mantida pelo substitutivo, todos os Estados não-
industrializados sofrem significativas perdas, pois:
– nas operações realizadas diretamente a
consumidor final de outro Estado;
– nas compras de fora do Estado, por
contribuintes, mas de mercadorias destinadas ao uso e
consumo e, até, ao ativo fixo;
– nas compras governamentais, inclusive de
municípios, realizados fora do Estado: e
– nas operações interestaduais, em que a etapa
seguinte não é tributada.
O Estado de destino não participa de tributação.
Por outro lado, do ponto de vista da administração
tributária principalmente, do ponto de vista do
contribuinte, o estabelecimento de variadas alíquotas,
talvez diferentes em cada Estado, torna esse imposto
muito mais complexo e, também oneroso. A redação
proposta visa reduzir o número de alíquotas e torná-las
uniformes, apesar de poderem variar, de região, as
mercadorias que a elas estarão sujeitas.
Em contrapartida, os novos tempos exigem maior
autonomia para os Estados, porém através da
cooperação e participação, por isso a transformação
das deliberações colegiadas de impositivas para
autorizativas.
Todos os benefícios, portanto, serão concedidos
por lei estadual.
Sugere-se, também a supressão das letras a a f,
dispensáveis."
Sr. Presidente, gostaria de dizer que isso me
preocupa. Se por um lado, houve sugestão minha para a
187 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
formação do sistema de alíquotas diferenciadas por
produto, ou seja, alíquotas, por Estado. Dou um exemplo:
ainda que seja fixada uma alíquota, mais baixa, uma alíquota
interestadual mínima para qualquer produto, o que vai
acontecer na prática é que os Estados que nenhuma produção
têm de determinados gêneros, principalmente os de primeira
necessidade, fixarão alíquotas baixas. Por exemplo, o Estado
de São Paulo...
O Sr. Presidente faz soar a campainha.
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ RODRIGUES: – Senhor
Presidente, desisto da apresentação da emenda. Muito
obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V. Ex.ª
está com a palavra. Eu toquei a campainha apenas para pedir
a atenção dos Srs. Constituintes a atenção para a exposição
de V. Ex.ª.
O SR. CONSTITUINTE IRAJÁ RODRIGUES: – Eu
vou desistir, Sr. Presidente, porque acho que é matéria
que pode entrar na legislação complementar e realmente,
a esta altura todo mundo está cansado. É matéria
eminentemente técnica e tenho certeza, propiciaria muitos
debates. Prefiro apresentá-la em plenário ou na Comissão de
Sistematização. Reconheço que não há mais condições de
votação de matéria, em face do adiantado da hora. Muito
obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Pelo
meu entendimento, só existem duas emendas pendentes,
para que possamos discutir e votar as matérias referentes ao
Orçamento são a Emenda nº 157, do Constituinte José Maria
Eymael, que parece que já foi aprovada, e a Emenda nº 908,
do Constituinte Jovanni Masini. Inclusive S. Ex.ª já fez a sua
defesa, e cabe ao Relator José Serra manifestar-se sobre ela.
O SR. RELATOR (José Serra): – Acho que o
Constituinte tem um importante esclarecimento a ser feito.
O SR. CONSTITUINTE JOVANNI MASINI: –
Exatamente Sr. Presidente. Queria fazer um esclarecimento a
respeito da emenda por mim apresentada. Deixei de ler a sua
redação para o perfeito conhecimento do plenário. Ela altera o
caput do art. 27, que passa a ter a seguinte redação:
"Art. 27. Ressalvados os arts. 6º e 7º nos seus itens I,
II, IV e V que terão vigência a partir da promulgação desta
Constituição, o Sistema Tributário nela instituído entrará em
vigor em 1º de janeiro de 1989, vigorando o atual Sistema
Tributário até 31 de dezembro de 1988, inclusive."
Esta é a ressalva que eu queria fazer, porque, na sua
defesa, omiti a leitura da emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Nobre Constituinte
Jovanni Masini, eu acolheria a emenda de V. Ex.ª desde que
se dispusesse que entraria em vigor a partir da promulgação
da nova Constituição, que pode não ser 1º de janeiro.
O SR. CONSTITUINTE JOVANNI MASINI: – Foi
exatamente o que eu quis esclarecer com a leitura. Isso
ocorreria a partir da promulgação da nova Constituição.
O SR. RELATOR (José Serra): – Quero dizer que
acolho a proposta do Constituinte Jovanni Masini. O que ela
está fazendo é antecipar a vigência de todo um conjunto de
garantias com relação ao contribuinte, sem forçar inclusive
problemas de transição, para a União. Ela cuida de que isso
não ocorra, uma vez que faz algumas ressalvas que evitam
esses problemas.
Nesta perspectiva, acolho a emenda do nobre
Constituinte.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Em
votação a Emenda nº 5S0908 do Constituinte Jovanni Masini.
(Votação)
Emenda nº 5S0908
Jovanni Masini
Votaram "SIM" os Constituintes: Adhemar de Barros
Filho: Affonso Camargo, Airton Sandoval, Basilio Vilani, Benito
Gama, Darcy Deitos, Divaldo Suruagy, Domingos Juvenil,
Fernando Bezerra Coelho, Firmo de Castro, Flávio Rocha,
Francisco Dornelles, Furtado Leite, Gerson Camata, Harlan
Gadelha, Ivan Bonato, Jessé Freire, Jesus Tajra, João
Castelo, José Carlos Vasconcellos, José Luiz Maia, José
Maria Eymael, José Serra, José Tinoco, Jovanni Masini,
Mauro Campos, Messias Góis, Mussa Demes, Nion Albernaz,
Osmundo Rebouças, Pedro Ceolin, Simão Sessim, Joaquim
Bevilácqua, César Maia.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Foi
aprovada a emenda do Constituinte Jovanni Masini por 34 votos
a favor e nenhuma contra. (Palmas.) Considero encerrada a
discussão do Capítulo I do Sistema Tributário Nacional.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, peço a palavra.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem a
palavra o Constituinte Darcy Deitos.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, quero dizer apenas que a Emenda nº 227 não foi
por mim retirada. Retirei outras cinco emendas, menos essa.
Mas, dado o adiantado da hora e, em se tratando de matéria
polêmica – já pude discuti-la anteriormente – apresentá-la
perante a Comissão de Sistematização por intermédio de um
dos Srs. Constituintes participantes da mesma. Trata a
emenda da correção de distorções que ocorrem em centenas
de municípios brasileiros, porque sabemos que o índice de
participação deles no fundo é calculado pela sua população.
E, pela projeção do IBGE, vários municípios brasileiros
tiveram, a partir de 1985, o seu índice reduzido. Esta redução,
em centenas deles, é irreal, porque a sua população é maior
do que a projeção feita por aquele órgão. O nosso intuito, com
esta emenda, é que se faça imediatamente um censo. Mas
vou retirá-la e reapresentá-la à Comissão de Sistematização.
Era este o registro que queria fazer, porque entendo que esta
matéria é relevante e de interesse para os municípios brasileiros.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Gostaria
de dizer ao Constituinte Joaquim Bevilácqua, que estava
presente ontem, que a emenda a que se refere – Emenda nº 3 –
está dentro do acordo, este pois abarcou todo o art. 19.
O SR. CONSTITUINTE JOAQUIM BEVILÁCQUA: –
Sr. Presidente, só quero esclarecer um ponto. O destaque não
foi requerido por mim, mas por um companheiro de partido, o
Constituinte Roberto Jefferson. A emenda também não é de
minha autoria, mas do Constituinte Gastone Righi. Como
nenhum dos dois está presente e eu aqui não me encontrava
ontem à noite, quando a votaram, peço a V. Ex.ª apenas que
faça uma consulta prévia. Se eu sentir que não há condição
de ser votada, evidentemente, em nome dos companheiros, a
retirarei. Mas, como esta emenda diz respeito aos municípios
portuários – e aqui temos representantes dos portos de Vi-
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
tória, do Rio de Janeiro, de Santos, de São Sebastião etc,
peço a V. Ex.ª que faça uma consulta prévia. Caso
verifique que não há tendência favorável no plenário, nós a
retiraremos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra o Constituinte Joaquim Bevilácqua.
O SR. CONSTITUINTE JOAQUIM BEVILÁCQUA: –
Sr. Presidente, a emenda refere-se ao art. 19 e inclui um
parágrafo, que tem a seguinte redação:
"Os Municípios portuários perceberão metade da
participação prevista no item III deste artigo, dividindo com
os Municípios produtores ou consumidores a percentagem
incidente sobre o produto da arrecadação do imposto dos
Estados sobre operações relativas à circulação de
mercadorias que forem respectivamente exportadas ou
importadas através de suas instalações."
Ora, Sr. Presidente, V. Ex.ª, que é do Rio de Janeiro
e o companheiros que conhecem os ônus dos Municípios
portuários sabem que esses Municípios não arrecadam o
suficiente para fazer a manutenção de suas estradas, ruas
e dos demais serviços e são onerados pelo movimento
brutal resultante do trabalho nos pontos de exportação e
importação. Citaria alguns portos do meu Estado, como os
de Santos e São Sebastião. Citaria também porto do Rio
de Janeiro, o porto de Vitória, e assim por diante. Em todos
os Estados do Brasil, os Municípios onde estão localizados
portos que têm um movimento expressivo de importação e
exportação sofrem apenas ônus e não têm o ônus.
A emenda do Constituinte Gastone Righi, cujo
destaque foi pedido pelo Constituinte Roberto Jefferson, é
no sentido de se conceder maior participação – dela no
produto da arrecadação no ICM, dividindo-o inclusive com
os Municípios produtores e consumidores. É esta proposta.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Sr. Presidente,
não acolho a emenda do Constituinte Gastone Righi,
embora reconheça a existência do problema para os
municípios portuários. Acontece, Constituinte Joaquim
Bevilácqua que pela redação que demos a vários artigos,
este problema será bastante facilitado para os municípios
portuários e outros que prestam serviços, especialmente
pela disposição do § 2º do art. 8º, que elimina a imunidade
que, hoje, impede os municípios portuários de arrecadarem
impostos a partir dos seus serviços.
Per outro lado, estabelecemos que essa partilha
será feita em 50% para o estado e o município. De maneira
que isto pode ser cobrado dentro de um processo de
partilha, o que hoje praticamente não acontece. Por isso,
acho que já se atende ao espírito da emenda do
Constituinte Gastone Righi. Posso assegurar ao
Constituinte Joaquim Bevilácqua que essa possibilidade
está contemplada no nosso projeto.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Vamos fazer a consulta prévia. Aqueles que estiverem com
a posição do Constituinte José Serra permaneçam como
estão; aqueles que estiverem com a emenda do
Constituinte Gastone Righi levantem a mão. (Pausa.)
Foi retirada a emenda.
Com a palavra o Constituinte Jesus Tajra, para falar
sobre a Emenda nº 387.
O SR. CONSTITUINTE JESUS TAJRA: – Sr.
Presidente, essa emenda objetiva conceder um incentivo fiscal
188
ao meu estado, Piauí, que, sem dúvida, é o que apresenta a
menor renda per capita do País, com uma situação das
piores, não só no plano econômico, como também no social.
Pretendemos, com esta emenda, que, durante o prazo de 25
anos, os impostos federais sofram uma redução de 50%, a fim
de permitir uma poupança para reinvestimento no estado e
também para atrair outros investimentos de fora.
Já se alegou aqui, Sr. Presidente, em outro
momento, que não é matéria constitucional. Mas eu
discordo disso, porque medidas como esta já foram
incluídas em outras Constituições, nas Disposições
Transitórias. Poder-se-ia alegar também, como já foi dito,
que lei ordinária poderia tratar do assunto. Só que o meu
estado não tem força política para conseguir benefícios
dessa natureza. Isso já foi tentado em vão.
Aqui mesmo, nesta Comissão, quando se contrariam
os interesses de São Paulo, do Rio Grande do Sul e de
outros estados fortes politicamente, todos nós nos
entendemos para recompor uma série de coisas e
restabelecer medidas que consultassem os interesses
desses estados. E por isso que espero que os
companheiros entendam a situação do Piauí com o
coração e votem no sentido de possibilitar-nos a condição
de, em um prazo razoável, podermos desenvolver-nos
política, social e economicamente.
Conto com esses votos, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Passo a palavra ao Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Devo dizer, muito
consternadamente, que não acolho a proposta do nobre
Constituinte Jesus Tajra. Ela foi apresentada na Subcomissão de
Tributos e lá também não foi aceita. Não ignoro as dificuldades
que o Piauí tem em obter recursos. Tanto não ignoro, que, em
nossa proposta de aumento do Fundo de Participação, o Estado
do Piauí está entre os dois ou três estados que terão
aumentadas as suas receitas. Então o Piauí terá um aumento de
sua receita que, na proporção da receita total atingirá o segundo
maior índice. Talvez venha depois da do Estado do Acre.
Legitimamente, está sendo contemplado dentro de nosso projeto
com substancial destinarão de recursos.
Se acolhêssemos emendas como esta, referentes a
estados, regiões ou municípios, estaríamos introduzindo
casuísmos na Constituição que seriam impossíveis de ser
freados. Evidentemente isso poderia causar o efeito
"dominó", pois o estado com renda per capita mais
próxima da do Piauí também reivindicaria isso, e nos
faltariam argumentos para não atendê-lo. Esta a razão pela
qual não a acolho. A nossa proposta já contempla o Estado
do Piauí mais do que qualquer outro estado brasileiro, com
a possível exceção do Estado do Acre.
Em segundo lugar, essa emenda introduziria
casuísmos muito pouco aceitáveis dentro de um texto
constitucional e provocaria perturbações no processo
constituinte, pois desencadearia um sistema de pressões
com efeito "dominó", para que exceções semelhantes
fossem abertas. Isso sem se falar nas complicações
tributárias, de crédito e outras que estariam aqui
implicadas. Isso provocaria também a criação, de certa
maneira, de um paraíso fiscal no Brasil.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Em
votação a Emenda nº 5S0387. Aqueles que estiverem com
o Relator dirão não; aqueles que estiverem a favor do
Constituinte Jesus Tajra dirão sim.
189 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
(Votação)
Votaram Sim os Constituintes: Adhemar de
Barros Filho, Benito Gama, Darcy Deitos, Divaldo Suruagy,
Domingos Juvenil, Fernando Bezerra Coelho, Firmo de
Castro, Flávio Rocha, Furtado Leite, Gerson Camata,
Harlan Gadelha, Jessé Freire, Jesus Tajra, João Castelo,
José Luis Maia, José Maria Eymael, José Tinoco, Jovanni
Masini, Mussa Demes, Pedro Ceolin, Simão Sessim,
Waldeck Ornelas, Jayme Santana e Joaquim Bevilacqua;
votaram Não os constituintes: Affonso Camargo, Airton
Sandoval, Basílio Vilani, Francisco Dornelles, Irajá
Rodrigues, José Serra, Márcio Braga, Nion Albernaz,
Osmundo Rebouças e César Maia.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
tivemos 24 votos favoráveis e 10 contrários. Foi refeita a
proposta.
Está encerrada a discussão do Capítulo I do
Sistema Tributário Nacional.
Quero agradecer a cada um dos Srs. Constituintes a
colaboração prestada. Discutimos de forma democrática
todos os assuntos.
O SR. CONSTITUINTE BENITO GAMA: – Sr.
Presidente, peço a palavra peça ordem.
O SR PRESIDENTE (Francisco Dornelles):– Com
a palavra o nobre Constituinte Benito Gama.
O SR. CONSTITUINTE BENITO GAMA:– Sr.
Presidente, Srs. Constituintes, como Presidente da
Subcomissão de Tributos. Participação e Distribuição das
Receitas, gostaria de, neste momento, agradecer à
Presidência desta Comissão e ao Relator, Constituinte
José Serra, pelo tratamento que deram aos assuntos por
nós discutidos.
Gostaria de agradecer também a todos os membros
da Subcomissão de Tributos. Participação e Distribuição
das Receitas, da qual fui o Presidente, especialmente ao
Relator, Constituinte Fernando Bezerra Coelho, ao 1º-Vice-
Presidente. Constituinte Mussa Demes, e ao 2º-Vice-
Presidente, Constituinte José Maria Eylmael. Quero
agradecer aos componentes da Mesa, presidida por V.
Ex.ª, Sr.Presidente, e ao Relator, Constituinte José Serra.
Eram estas as minhas palavras.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao nobre Constituinte Osmundo
Rebouças.
O SR CONSTITUINTE OSMUNDO REBOUÇAS: –
Sr. Presidente, sugiro a V. Ex.ª que deixe os elogios
para o final da última sessão, porque o tempo está muito
escasso.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Suspendo esta sessão. Fica interrompida a reunião até às
18 horas, quando examinaremos os "Orçamentos".
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Srs.
Constituintes, vamos iniciar agora a discussão do Capítulo
II "Dos Orçamentos e dos Controles de sua Execução".
Concedo a palavra ao nobre Constituinte José
Carlos Vasconcelos,.pela ordem.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Sr. Presidente, estou estranhando,
porque o texto que consta distribuído no avulso não está
correspondendo ao número da emenda que apresentei, a
de nº 5S0543-7. Gostaria que a Mesa verificasse o que
está ocorrendo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Gostaria que V. Ex.ª repetisse o número.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – É a Emenda nº 5S0543-7.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles):– Qual
é exatamente o problema?
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Ela não está correspondendo ao texto
distribuído constante do avulso.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Sr.
Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles):–
Concedo a palavra ao Constituinte Firmo de Castro.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Sr.
Presidente, para que V. Ex.ª e a Secretária tomem
conhecimento – e acho que isso vai influir na boa ordem
dos trabalhos –, gostaria de prevenir que alguns dos
avulsos distribuídos trazem algumas imperfeições que,
naturalmente, devem ser debitadas ao atropelo do imenso
trabalho que temos realizado.
A propósito, eu chamaria a atenção de V. Ex.ª para
o seguinte: constam como de minha autoria os pedidos de
destaque para os arts. 41, 43 e 52. Esses pedidos de
destaques não foram formulados por mim e apareceram
como sendo de minha autoria, o que eu estranho. Gostaria,
então, que isso fosse corrigido.
Da mesma forma, com relação às emendas
apresentadas em meu nome, gostaria de mencionar que,
por exemplo, as Emendas nos 422 e 423, referentes ao art.
29, dizem respeito a assuntos tributários. Elas constam do
avulso, mas, na verdade, foram colocadas aqui por algum
equívoco, provavelmente em substituição a outra emenda
para a qual pedi destaque mas que aqui não consta.
Entendo esse tipo de dificuldade, pois a quantidade
de trabalho nos leva naturalmente a esse lapso. Entretanto,
acho que V. Ex.ª deveria tomar providências nesse sentido,
pois poderão advir outros enganos no encaminhamento
desses destaques.
Era esta a observação que gostaria de fazer a V.
Exª.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Concedo a palavra ao nobre Constituinte Messias Góis.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Sr.
Presidente, estou meio confuso, mas não me vou dar o
trabalho de procurar a emenda correspondente. No
momento em que eu descobri-lá, vou apresentar o destaque.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Devo dizer a V. Ex.as que esse ponto já havia sido
levantado, e estabelecemos a seguinte sistemática: no
momento em que for citada uma emenda, e o seu autor
verificar que ela não corresponde ao avulso, ele
denunciará o fato, e, então, procuraremos o texto correto.
Gostaria de saber se os Constituintes estariam de
acordo?
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Sim,
Sr. Presidente.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Estou de acordo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Gostaria de saber se há mais algum problema dessa
natureza. (Pausa.)
Concedo a palavra ao nobre Constituinte Jessé
Freire.
O SR. CONSTITUINTE JESSÉ FREIRE: – Sr.
Presidente, gostaria apenas de ratificar o que foi dito pelo
Constituinte José Carlos Vasconcelos e também falar sobre
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
o pedido que foi encaminhado a V.Ex.ª, no sentido de
apreciar, em regime de preferência, a Emenda nº 604.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Tivemos pedidos de preferência dos Constituintes Jessé
Freire e Ivo Vanderlinde.
Concedo a palavra ao Constituinte Airton Sandoval.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Sr.
Presidente, gostaria de falar sobre erros no avulso. A Emenda
nº 5S0039 não consta do avulso, mas já fui notificado de se
que a Secretária já está tomando providências a esse
respeito.
O SR. CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: – Sr.
Presidente, existem também dois pedidos de destaque em
nome que não correspondem à realidade. São destaques de
emendas ao Substitutivo, relativos ao art. 38. São as Emendas
nos 5S487...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Nobre
Constituinte, V. Ex.ª fez seu pedido por escrito?
O SR. CONSTITUINTE AIRTON SANDOVAL: – Os
pedidos de destaques às Emendas nos 5S487 e 5S510 não
são meus.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Pela
ordem, Sr. Presidente, peço a palavra.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem a
palavra, pela ordem, o nobre Constituinte.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Sr.
Presidente, sugiro, data venia do plenário, que, considerando
o adiantado da hora e, na verdade, entendendo que esses
atropelos são naturais em trabalhos intensos deste tipo, que
contássemos com a compreensão de todos e iniciássemos,
tanto quanto possível, o processo de votação.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Daremos início à votação, caso já tenham sido colocados os
pedidos de destaque do Constituinte Airton Sandoval.
Com a palavra o Constituinte Jessé Freire, para
votação da Emenda nº 604, que estava entre aquelas
realmente levantadas pelo Constituinte José Carlos
Vasconcelos.
O SR. CONSTITUINTE JESSÉ FREIRE: – Sr.
Presidente, pediria ao Constituinte José Carlos Vasconcelos –
que juntamente comigo formulou esta emenda – que
defendesse a Emenda nº 604.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Sr. Presidente, Sr. Relator, a emenda do
Constituinte Jessé Freire representa, acredito, uma opção
moderna uma opção social também da forma de elaboração
do Orçamento Fiscal da União. Qual o objetivo da emenda?
Criar critérios e estabelecer parâmetros para a elaboração do
Orçamento Fiscal da União, procurando distribuir as despesas
da União por aqueles que são efetivamente os beneficiários
das despesas feitas por elas, ou seja, pelo povo brasileiro. O
que pretendemos, portanto, além de uma opção moderna, é
uma opção de alto significado social; é produto de estudos
profundos que se vinham desenvolvendo, tanto na Câmara
dos Deputados, como no Senado Federal, em legislaturas
anteriores, e de discussões postas em diversos organismos da
sociedade brasileira. Sem prejuízo de inversões necessárias
do Governo – aquelas consideradas prioritárias – sem prejuízo
de segurança e defesa nacional, da manutenção de órgãos
federais sediados no Distrito Federal, da manutenção dos
Poderes Legislativo e Judiciário e também dos compromissos
com os serviços da dívida, da administração direta e indireta
da a União, inclusive suas fundações, que os gastos sejam
efetivados tendo como objetivo a população brasileira. Isto nos
parece profundamente justo, pois é uma reivindicação
190
de todos os Estados da Federação. Evidentemente,
esperamos que haja o acolhimento do nobre Relator,
Constituinte José Serra, homem de alta sensibilidade para
com os problemas sociais brasileiros. Trata-se de opção firme
a respeito de todos esses problemas sociais e de uma visão
progressista muito acentuada. Não é simplesmente a
reivindicação de uma região, mas de todas as macrorregiões
brasileiras. Por isso, esperamos que haja o acolhimento por
parte do relator da emenda, porque ela representa o
consenso, o entendimento desta Comissão sobre o
Orçamento da União.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Para
contraditar, peço a palavra Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte César Maia.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Sr.
Presidente, a vontade expressa na emenda é rigorosamente
contrária a ela própria. O espírito da emenda é o da
descentralização. A emenda termina por resultar numa
enorme centralização e numa grande irracionalidade. Imagine,
Sr. Presidente, no caso de a Petrobrás descobrir petróleo no
Piauí – em homenagem ao Constituinte Mussa Demes – ela
não vai poder alocar os recursos para extração de petróleo
naquela região, em função da necessidade de distribuição
proporcional à população. Ainda mais: a União deve caminhar
para ficar rigorosamente com as atividades que não podem
ser realizadas por Estados e Municípios. As atividades da
União devem ser residuais: responsabilidade com as Forças
Armadas, com a política monetária e com a política financeira.
Todas as atividades sociais ser alocadas aos Estados e
Municípios. Tudo o que o Município pode, deve fazer. O que
não puder, deve ser feito pelo Estado. A União deve ficar com
as atividades reduzidas ao mínimo das atividades-meio. Essas
atividades não podem ter critério de aplicação segundo nada –
apenas segundo a necessidade de financiamento dessas
atividades reduzidas. Acho que a proposta do constituinte não
corresponde à sua intenção. É uma proposição que, quanto ao
espírito, eu entendo, mas, na prática, vai produzir uma
irracionalidade completa, em termos de alocação
orçamentária.
O SR. CONSTITUINTE FERNANDO BEZERRA
COELHO: – Para uma questão de ordem, Sr. Presidente.
Gostaria que o Relator, quando fosse apreciar a emenda do
Constituinte José Carlos Vasconcelos, também apreciasse a
Emenda nº 159, de minha autoria, que trata basicamente...
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Informo ao nobre Constituinte que a
emenda que está sendo analisada – e para a qual solicitei
preferência, é também de autoria do Constituinte Jessé Freire.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
apreciar a emenda dos Constituintes Jessé Freire e José
Carlos Vasconcelos.
O SR. RELATOR (José Serra): – Sr. Presidente, só
para um esclarecimento. Pergunto se além da Emenda do
Constituinte José Carlos Vasconcelos, também havia uma
outra, do Constituinte Firmo de Castro, sobre esse mesmo
tema, e se ambas foram mantidas.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Estou
um tanto ou quanto confuso, porque estou imaginando que
para a defesa da emenda é que foi feito o pedido de
preferência e que o Constituinte José Carlos Vasconcelos a
apresentou. Estou imaginando que a contradita do digno
Constituinte César Maia se referia à outra emenda que não
está em regime de preferência e que inclusive ficaria
prejudicada, na medida em que aprovássemos as outras.
191 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
O SR. RELATOR (José Serra): – Ficaria.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO:
– Fiquei meio perplexo, porque o Constituinte César Maia,
na sua sensibilidade e competência, certamente não
registraria as críticas à emenda que está sendo
encaminhada que tem preferência – como ele o fez, que é
completamente.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Tenho a impressão de que está
havendo alguma confusão, porque o Constituinte Fernando
Bezerra Coelho...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Constituinte César Maia, houve quatro situações de
equívocos referentes às emendas dos Constituintes
José Carlos Vasconcelos, Firmo de Castro, Mussa
Demes, Jessé Freire e Airton Sandoval. De modo que
houve um equívoco. Não se trata da que V. Ex.ª está se
referindo.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Não é a
Emenda nº 604?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O
texto que está sendo rodado para distribuição não é o da
Emenda nº 604.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, para que este plenário possa saber o
que estamos discutindo, seria bom que se lesse o
texto da emenda que está sendo discutida no presente
momento.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Peço
ao Constituinte José Carlos Vasconcelos que faça a leitura.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ CARLOS
VASCONCELOS: – Pois não.
"Inclua-se onde couber:
Artigo – Orçamento Fiscal e o orçamento de
investimentos das empresas estatais, compatibilizados com
o Plano Plurianual de Investimentos terão, entre as suas
funções, a de reduzir as desigualdades inter-regionais,
segundo o critério populacional."
Disposições Transitórias
Artigo – O cumprimento progressivo do disposto no
artigo será feito no prazo de até dez anos, com base no
crescimento real da despesa de custeio e investimentos,
distribuindo-se entre as regiões macroeconômicas de forma
proporcional a população, a partir da distribuição ocorrida no
biênio 1986/1987.
Parágrafo – Para aplicação dos critérios de que trata
este artigo, excluem-se das despesas totais aquelas
relativas a:
a) – projetos considerados prioritários, dentro do
plano plurianual de investimentos;
b) – segurança e defesa nacional;
c) – manutenção dos órgãos federais sediados no
Distrito Federal;
d) – Poderes Legislativo e Judiciário;
e) – serviço da dívida da administração direta e
indireta da União; inclusive fundações."
Esta, Sr. Presidente, Sr. Relator, Srs. Constituintes, é
a emenda que estamos votando. Aproveito o ensejo para
informar a V. Ex.ª, inclusive ao Constituinte Fernando
Bezerra Coelho, como o fez anteriormente o Constituinte
Firmo de Castro, que esta emenda contempla todas as
regiões do País e os interesses das populações de cada
Estado da unidade federativa. Como se trata de consenso
entre os constituintes desta Comissão, retiro evidentemen-
te – e espero que o Constituinte Fernando Bezerra Coelho
faça o mesmo – emenda de minha autoria, para a qual
solicitei destaque anteriormente.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Sr.
Presidente, mantenho rigorosamente a mesma crítica, que
servia para aquela e serve para esta.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem
a palavra o Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Quero dizer aos
Srs. Constituintes que, como Relator acolherei a emenda
apresentada pelo Constituinte Jessé Freire e defendida pelo
Constituinte José Carlos Vasconcelos. Esta minha acolhida
se deve a um entendimento de que tal emenda de alguma
forma expressa o pensamento predominante nesta
Comissão. Quero ainda dizer, com muita sinceridade, que
ela não corresponde às minhas convicções quanto à
factibilidade, não quanto à questão do Nordeste ou das
regiões mais pobres propriamente ditas.
O artigo, tal como está posto – "Orçamento Fiscal e o
orçamento de investimentos das empresas estatais,
compatibilizados com o Plano Plurianual de Investimentos,
terão, entre as suas funções, a de reduzir as desigualdades
inter-regionais" – se enquadra perfeitamente dentro do
espírito do Projeto de Orçamento que foi apresentado. Meu
problema maior seria com as Disposições Transitórias, não
pelo fato de que estivesse errado o que aqui está, mas
porque se, realmente, querem reduzir as desigualdades
regionais no Brasil, é preciso que o crescimento da despesa
da União se dirija mais do que proporcionalmente às regiões
menos desenvolvidas. Pessoalmente, a nível de política
econômica, defendo isso, e os Srs. Constituintes sabem, por
outras discussões que tivemos, que creio que o problema
regional depende de redistribuição de receitas, por causa, às
vezes, da fraca base tributária das regiões menos
desenvolvidas: depende de incentivos, de natureza fiscal, de
crédito etc. E essas coisas se refletem especialmente na
questão tributária.
Nosso anteprojeto referente à tributação, que não foi
aqui contestado nos seus aspectos redistributivos no Plano
Nacional – não houve qualquer emenda contestando essa
distribuição – depende da política econômica, a qual resultou
de pressão política, de correlação de forças, de organização
de partidos etc. Nada substitui essa ação da política
econômica como resultado de ação política propriamente
dita. No entanto, o que está aqui corresponde a um princípio
com o qual estou de acordo, que é o da diminuição dessa
desigualdade regional, que tem por trás uma coisa muito
importante, que é a redução da desigualdade social, porque
uma das dimensões em que se decompõe a desigualdade
social no Brasil é a desigualdade regional.
Portanto, do ponto de vista do princípio, estou de
acordo. Minha reserva é quanto à facilidade e a uma
amarração que isso possa trazer, a nível de Constituição. Mas
acolho a emenda, como uma homenagem ao pensamento
predominante e como uma tentativa para que isso dê certo.
Reservo-me para, em posteriores debates, inclusive no
processo constituinte, poder aprofundar esta questão e deixar
o meu voto, posteriormente, que será favorável e que darei
por escrito, para que fique registrado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Em
votação.
O SR. CONSTITUINTE JOÃO CASTELO: – Sr.
Presidente, pediria uma concessão à Mesa. Como preciso
retirar-me, gostaria que V. Ex.ª mandasse fazer a chamada,
para que eu pudesse deixar o meu voto expresso. Voto "sim",
a favor da emenda, que inclusive foi acolhida pelo relator.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 192

O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
proceder à votação.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Sr.
Presidente, para uma questão de ordem.
O SR. CONSTITUINTE WILSON CAMPOS: –
Sr. Presidente, voto "sim", pela justeza com que se faz
hoje uma emenda em que todos os Estados brasileiros e
toda a sua gente serão homenageadas. Faço um apelo
aos companheiros aqui presentes para que votem nesse
sentido.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Pediria
aos Srs. Constituintes que dissessem "sim" ou "não", sem
declaração de voto.
Vamos continuar a votação (Emenda nº 5S0604, do
Constituinte Jessé Freire.)
(Votação)
Votaram Sim os Constituintes: Wilsonorçamentos da União, a que se refere o presente dispositivo,
Campos, Walmor de Luca, Virgílio Guimarães, Simão
Sessim, Sérgio Werneck, Sérgio Spada, Roberto Torres,
Pedro Ceolin, Osmundo Rebouças, Nion Albernaz,
Mussa Demes, Messias Góis, Mauro Campos, Márcio
Braga, Luis Gushiken, Lézio Sathler, Jutahy Magalhães,
José Tinoco, José Serra, José Maria Eymael, José Luis
Maia, José Guedes, José Carlos Vasconcelos, João
Natal, João Castelo, João Carlos Bacelar, Jesus Tajra,
Jessé Freire, Ivan Bonato, Harlan Gadelha, Gerson
Camata, Geraldo Fleming, Furtado Leite, Francisco
Dornelles, Flávio Rocha, Firmo de Castro, Fernando
Bezerra Coelho, Darcy Deitos, Cid Sabóia de Carvalho,
Benito Gama, Basílio Vilani, Airton Sandoval, Affonso
Camargo, Adroaldo Streck, Luiz Freire, Rubem de despesa existentes no Governo Federal, na Administração
Branquinho, Ismael Wanderley, Jayme Santana,Direta. Esta é uma coisa importante. Aqueles que foram
Waldeck Ornelas, Victor Trovão, Expedito Machado,
Mauro Sampaio e Orlando Bezerra; votou Não o
Constituinte: César Maia.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Pela
ordem, peço a palavra. É com relação à votação. Acredito... extingue esses fundos automaticamente, se não forem
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Eu vou
anunciar a votação.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Ainda
com relação à votação, acredito que há representantes da
Comissão que ainda foram chamados. Reconheço aqui, pelo
menos dois Suplentes, os ilustres Constituintes Orlando
Bezerra e Mauro Sampaio, que não foram chamados.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Eles
se inscreveram?
O SR. CONSTITUINTE BENITO GAMA: – Sim, eles
se inscreveram Mauro Sampaio e qual é o outro? (Pausa.) –
Orlando Bezerra.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O
Suplente tem que se inscrever.
O SR. CONSTITUINTE BENITO GAMA: – Do PFL há
quatro titulares ausentes. Foram chamados os Constituintes
Jayme Santana, Wandeck Ornelas, Victor Trovão e Orlando
Bezerra. Do PMDB foram chamados os Constituintes Luiz
Freire, Rubem Branquinho, Ismael Wanderley e Mauro
Sampaio, César Maia pelo PDT; e não consta mais nenhum
suplente que tenha assinado a lista.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Anuncio o resultado da votação. Foi aprovada a emenda por
53 votos a um. Foi o recorde de votação nesta Constituinte.
Existe agora um pedido de preferência por escrito para Streck,
a Emenda nº 189, do Deputado Ivo Vanderlinde, solicitada Basílio
pelo Constituinte Geraldo Fleming.
Com a palavra o Constituinte Geraldo Fleming.
O SR. CONSTITUINTE GERALDO FLEMING: – Sr.
Presidente, e demais Srs. Constituintes essa emenda do
Constituinte Ivo Vanderlinde, para a qual apresentei pedido de
preferência, refere-se ao art. 50, que diz o seguinte:
"Art. 50. Os fundos existentes na data da promulgação
desta Constituição:
I – integrar-se-ão, conforme dispuser a lei, nos
orçamentos da União."
É justamente com relação ao nº I do art. 50 que
pedimos preferência.
Justificação
"Julga-se oportuno abrandar o texto constitucional
proposto, com vistas a que se criem condições para
resguardar os fundos legalmente existentes, a data da
promulgação na nova carta. Por outro lado, a integração aos
deve constituir objeto de legislação específica, por forma a
permitir que o Congresso Nacional, ao ratificar a manutenção
de um determinado fundo, na conformidade da proposta
constante da letra b do mesmo art. 40, regule os detalhes
dessa integração, observadas as peculiaridades inerentes a
cada um dos fundos."
É esta a justificativa, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Queria, explicar aos
Srs. Constituintes o que estamos votando. No art. 50,
contemplamos a extinção automática se não forem retificados
pelo Congresso Nacional, no prazo de dois anos, dos fundos
Secretários estaduais sabem que nos últimos anos, no Brasil,
houve uma grande tendência de proliferação desses fundos,
sobre os quais hoje não se tem controle. Então, estamos
inserindo nas Disposições Transitórias um dispositivo que
reexaminados pelo Congresso.
A emenda do Deputado Ivo Vanderlinde – S. Ex.ª
conversou comigo a esse respeito – preserva esse
dispositivo, ou seja, vamos extinguir automaticamente aquilo
que não for revalidado. Nada tem a ver com o Fundo de
Participação. São fundos de despesa existentes em órgãos do
Governo Federal. Por outro lado, defendemos também que
eles passem a integrar o Orçamento da União como despesa
e receita, para não serem feitos à margem.
A emenda do Deputado Ivo Vanderlinde me parece
prudente, porquanto, dada a extrema heterogeneidade
desses fundos, tanto nas suas características, quanto no seu
mérito, é bastante apropriado a lei dispor sobre a maneira
como eles vão ser integrados. Por esta razão, acolho a
emenda do Constituinte de Santa Catarina, Ivo Vanderlinde,
apresentada pelo Constituinte Geraldo Fleming.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Em
votação. Quem votar "sim" vota com a Emenda nº 5S0189 do
Constituinte Ivo Vanderlinde, defendida pelo Constituinte
Geraldo Fleming e apoiada pelo Relator José Serra.
(Votação)
Votaram Sim os Constituintes: Adroaldo
Affonso Camargo, Airton Sandoval,
Vilani, Benito Gama, Cid Sabóia de
Carvalho, Darcy Deitos, Fernando Bezerra
193 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
Coelho, Firmo de Castro, Flávio Rocha, Francisco Dornelles,
Furtado Leite, Geraldo Fleming, Gerson Camata, Harlan
Gadelha, Ivan Bonato, Jessé Freire, Jesus Tajra, João Carlos
Bacelar, João Natal, José Carlos Vasconcelos, José Guedes,
José Luis Maia, José Maria Eymael, José Serra, José Tinoco,
Jutahy Magalhães, Lézio Sathler, Márcio Braga, Mauro
Campos, Messias Góis, Massa Demes, Nion Albernaz,
Osmundo Rebouças, Pedro Ceolin, Roberto Torres, Sérgio
Spada, Sérgio Werneck, Walmor de Luca, Wilson Campos,
César Maia, Waldeck Ornelas; votou “não” o Constituinte:
Jayme Santana.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Proclamo o resultado da votação. Votaram “sim” 42 Srs.
Constituintes e 1 “não”. Aprovada a emenda objeto do
destaque do nobre Constituinte Geraldo Fleming.
Tem a palavra o nobre Constituinte Israel Pinheiro
Filho.
O SR. CONSTITUINTE ISRAEL PINHEIRO: – Sr.
Presidente, trata-se de contribuição de um Constituinte que já
participou dos trabalhos já encerrados em duas Comissões –
para facilitar o trabalho aqui. O sistema foi adotado lá na
nossa Comissão da Organização Eleitoral, Partidária e
Garantia das Instituições e posteriormente, na Comissão da
Organização dos Poderes. Pode-se fazer, evidentemente,
ouvido o plenário, uma votação prévia. Nessas duas votações
aqui, percebi que há unanimidade...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Aceitarei a proposição de V. Ex.ª, fazendo sempre uma
consulta prévia.
O SR. CONSTITUINTE GERSON CAMATA: – Sr.
Presidente, V. Ex.ª permitiria uma consulta ao ilustre Relator
para esclarecer o voto?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Tem V.
Ex.ª a palavra.
O SR. CONSTITUINTE GERSON CAMATA: –
Gostaria de fazer uma consulta ao nobre Relator. Esse artigo
prevê a extinção dos fundos. É uma preocupação que tenho,
principalmente na área da produção de café, porque o café
tem aquele antigo confisco cambial.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Há um
artigo e depois uma emenda nesse sentido.
O SR. CONSTITUINTE GERSON CAMATA: – Sr.
Presidente, vou deixar para fazer a consulta posteriormente.
Muito obrigado a V. Ex.ª pelos esclarecimentos.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, apenas uma informação de ordem prática. Esta
Comissão tem que encerrar os seus trabalhos
impreterivelmente às 24 horas de hoje, com o seu relatório.
Quantos destaques ainda temos que votar? Recebi aqui uma
relação com mais de 180 destaques. Gostaria apenas de um
esclarecimento, porque vejo que muita gente está saindo, e,
daqui a pouco, não teremos quorum qualificado para
continuar a reunião.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Gostaria de dizer a V. Ex.ª que, se não houver quorum
qualificado para examinarmos os destaques, ficarão os
mesmos prejudicados e prevalecerá os dispositivos do
Relator. Mas espero que haja quorum até o final.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Mas os
trabalhos se encerrarão impreterivelmente às 24 horas de
hoje?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Em
conversa que tive com o nobre Constituinte Ulysses
Guimarães, S. Ex.ª me disse que não enviará nenhum censor
para verificar se terminou às 24 horas. O importante é que o
relatório chegue até amanhã à meia-noite na Comissão de
Sistematização.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, eram esses os esclarecimentos, e agradeço a V.
Ex.ª.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Para
organizar os trabalhos, queria dizer a V. Ex.ª que temos aqui
de ilustres Constituintes do Nordeste emendas supressivas
para todos os artigos. Entendo que isso está prejudicado, e
podemos ir às emendas.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Sr.
Presidente, retiro todos os meus destaques, até o art. 50.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ LUIZ MAIA: – Sr.
Presidente, pela ordem peço a palavra. Também quero retirar
os destaques, com exceção dos arts. 44 e 35 § 3º.
O SR. CONSTITUINTE FIRMO DE CASTRO: – Sr.
Presidente, peço a palavra pela ordem. Pediria que se
registrasse também a retirada dos meus pedidos de
destaques.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Vamos
votar as emendas.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Sr.
Presidente, peço a palavra pela ordem e tenho destaque a
todos os artigos do Orçamento.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – São
supressivos?
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Não. São
emendas a todos os artigos.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Então,
vamos passar a discutir as emendas.
Emenda nº 572, do nobre Constituinte César Maia.
Com a palavra o nobre Constituinte César Maia. De
acordo com o estabelecido, cada Constituinte poderá falar
durante três minutos.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Sr.
Presidente, como a minha emenda substitui na íntegra a
Seção do Orçamento, gostaria de usar da palavra por cinco
minutos, como uma espécie de declaração de voto, no sentido
de auxiliar os trabalhos e retirar a emenda em seguida.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Darei a
palavra ao nobre Constituinte César Maia.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Sr.
Presidente, Srs. Constituintes, o Substitutivo do Sr. Relator de
novo expressa o seu espírito democrático. No entanto, esse
Substitutivo nada tem a ver com o espírito que hoje empolga a
Assembléia Nacional Constituinte de dar ao Poder Legislativo
as prerrogativas que ele deve ter, muito menos se
caminharmos para um sistema parlamentarista ou um sistema
misto.
Vou fazer, Sr. Presidente, algumas críticas específicas
ao Substitutivo do Sr. Relator.
A classificação de investimentos é contábil. Vai
em direção ao aumento do patrimônio do ativo fixo. No
caso do Poder Público, tem o mesmo sentido: um
investimento em direção ao ativo fixo do que um novo
programa, por exemplo, de alfabetização ou de vacinação.
Enquanto decisões governamentais, são programas lato
sensu de investimento. O orçamento não contempla a
possibilidade desse entendimento; segundo o art. 32,
que, teoricamente, entende uma função controladora
e definidora do Legislativo, ele não o faz. Essa Lei
de Diretrizes não permite ao Legislativo discutir o que
interessa ao Orçamento, que é no máximo 10%. O
Orçamento tem toda uma fração que é repetitiva: despesa
de pessoal etc. Aquela parte que é discutida – e que
necessita sê-lo em detalhe – é no máximo 10% do
Orçamento. Há necessidade – essa é a experiência
americana e inglesa – de o Orçamento ser discutido
durante o ano todo. Por isso, aqueles Países o nego-
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
ciam e têm um orçamento bianual. A Comissão, Sr.
Presidente, que é dita permanente, na verdade, não o é.
No art. 42. “a mensagem do Presidente da República,
remetida por ocasião da abertura dos trabalhos
legislativos”, apresenta apenas uma vez informações sobre
execução orçamentária, o que impede o trabalho
permanente da Comissão. Para que essa Comissão
tivesse um trabalho permanente, haveria necessidade de
apresentação de execução orçamentária pelo menos
quatro vezes durante o ano. Quando o Presidente da
República veta um dispositivo, como prevê o § 1º do art.
35, na verdade, ele pode construir previamente um
orçamento para realizar o seu veto.
O art. 37, parte final, diz assim:
“Não se incluem na proibição:
II – autorização para abertura de crédito
suplementar;”
Em seguida, temos o art. 38, que diz:
“Art. 38 – Durante a execução orçamentária, é
vedada:
I – abertura de crédito especial ou suplementar.”
Esses artigos são contraditórios da forma que
desejar:
“§ 1º – Independe de autorização legislativa a
abertura de crédito suplementar destinado a reforço das
dotações orçamentárias, desde que não seja excedido, em
cada uma das categorias de programação, o percentual da
variação verificada entre a receita prevista e a receita
realizada.”
Basta o Poder Executivo subestimar as despesas de
pessoal que terão que ser aprovadas por ação legislativa,
para que ele utilize o Orçamento da maneira que desejar.
Nesse sentido, Sr. Presidente, há o art. 48.
“Art. 48 – A despesa com pessoal, ativo e inativo, da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
não poderá exceder a sessenta e cinco por cento (...)”
Não sei por que razão se excluem das receitas
correntes as transferências extragovernamentais e não as
intergovernamentais. Se se excluíssem as transferências
intergovernamentais, se fosse receita líquida, poder-se-ia
controlar, por exemplo, as despesas de pessoal do Estado
do Rio, do Estado de São Paulo. Não sendo assim, essas
despesas não são controláveis. Quando se excluem as
empresas estatais, isso vai permitir ao Governo transferir
pessoal da administração direta ou para a empresa estatal,
ou contratar via empresa, para prestar serviços na
administração direta, burlando o limite de 65%.
Por isso, Sr. Presidente, apresentei um substitutivo
completo que prevê um orçamento bianual, negociado nos
moldes ingleses e americanos, única forma de o Poder
Legislativo, efetivamente, participar da confecção
orçamentária. Entendo que, no momento, esse substitutivo
não agregaria elementos novos, pela impossibilidade de
sua aprovação, até pelo quantitativo de pessoal presente.
Reitero, através da declaração de voto, a nossa disposição
de encaminhar nas etapas posteriores o nosso ponto de
vista e retiro a emenda que apresentei.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Agradeço ao nobre Constituinte César Maia e o
cumprimento pela brilhante exposição que acabou de fazer.
O SR. RELATOR (José Serra): – Perguntaria ao
nobre Presidente se haveria possibilidade de comentar o
pronunciamento do nobre Constituinte César Maia, pela
importância que teve. S. Ex.ª retirou a emenda, mas fez
várias observações ao projeto. Acredito, seria de interesse
se eu pudesse apresentar uma resposta.
194
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra o nobre Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Nobre Constituinte
César Maia, sua exposição foi clara. Só não entendi a
observação ao § 1º do art. 48, quando se disse que teriam que
ser deduzidas as transferências. Poderia explicar melhor a
questão das transferências intergovernamentais, ou seja, de
União para Município ou de Município para Estado, e vice-versa?
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Na verdade,
o Estado tem como receita disponível a sua receita líquida.
Se a sua receita líquida for inferior à sua despesa de
pessoal, ele não pode fazer nada, a menos com operações
de crédito, basicamente; ou, então, por transferências
suplementares da União. No caso da receita bruta, os 65%,
na verdade, no caso do Estado do Rio e do Estado de São
Paulo, transformam-se em 80%. A transferência
intragovernamental é uma transferência do Governo do Rio
de Janeiro para o metrô. A transferência de receita do
Governo do Rio de Janeiro para o Município, que deixa a
sua receita líquida, é uma transferência entre governos.
Entendo que, para haver algum limite, deveria ser sobre as
receitas líquidas, uma relação de pessoal à receita líquida.
O SR. RELATOR (José Serra): – Que se
deduzissem as transferências e não se levasse em conta
as transferências intergovernamentais?
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – É claro. A
receita líquida é aquela que deve ser relacionada à
despesa de pessoal. Por exemplo, um estado hipotético: o
Rio de Janeiro. A transferência é de 20% da receita.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Pediria ao Sr. Relator que obedecesse ao período de três
minutos, para que pudéssemos chegar ao final desta
reunião. Sei que o assunto tem grande importância, mas,
se pudéssemos obedecer os três minutos, acredito que
isso ajudaria a conclusão. Teremos ainda muito tempo, em
fases posteriores, inclusive para discutir o assunto e acatar
grande parte das exposições apresentadas pelo nobre
Constituinte César Maia, por quem tenho a maior
admiração e profundo respeito, pelo grande trabalho que
fez na Secretaria de Finanças do Estado do Rio de Janeiro.
O SR. RELATOR (José Serra): – Em primeiro lugar,
gostaria de dizer que o julgamento final do nobre
Constituinte a respeito do projeto parece-me um pouco
severo, em face dos seus próprios comentários retirada,
mas encaminhada, – que se encontra em nossas mãos.
Acredito que não chegamos ao Capítulo Orçamentário
terminal da Constituição. Isto ainda terá que ser trabalhado. É
matéria muito complexa, embora, à primeira vista, possa. Diria
que o seu julgamento é severo, inclusive em face das suas
próprias observações por escrito.
Contemplamos, como o nobre Constituinte, um
sistema global de planificação do setor público, inclusive da
administração indireta, no Orçamento, especialmente no
caso das empresas, quando incorporamos a obrigatoriedade
de que o Legislativo discute os investimentos e aprove o
programa de investimentos das empresas. Isto me parece
uma questão essencial. Ele fala do Plano Plurianual de
Investimentos, inclusive nesses termos, fato que instituímos
dentro deste processo, que é absolutamente essencial,
porque é ele que vai dar a diretriz para os investimentos
anuais da Administração Direta e Indireta. O ilustre
Constituinte fala de algo que, de alguma forma, num
processo de negociação Legislativo – Executivo, poderá
equivaler à nossa Lei de Diretriz Orçamentária.
Por outro lado, com relação ao papel da Comissão
Mista, sua proposição é semelhante à nossa. Finalmente,
195 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
quanto à abrangência do próprio Orçamento, no que se
refere à questão do gasto tributário, se o Constituinte
olhar o artigo correspondente – estou aqui pressionado
pelo Presidente, por causa do tempo, razão pela qual
não posso procurar o artigo será que está contemplado
não com este termo, mas como uma obrigatoriedade.
De maneira que há muitas coincidências. O Constituinte
César Maia levanta algumas questões mais concretas.
Quanto à Lei de Diretrizes Orçamentárias, no fundo diz
que ela dispersa um pouco, porque não se concentra na
parte em relação à qual há liberdade. Acho que a
observação do Constituinte é correta. Poderíamos,
inclusive, na regulamentação deste processo, que terá
que ser feito por lei, cuidar de uma precisão maior. Acho
a observação correta – repito – embora o que esteja
aqui não feche o caminho para isso.
Quanto à definição convencional de investimento,
também estou de acordo. Quando se faz uma expansão
em educação, mesmo em custeio, isto é um
investimento, do ponto de vista social.
A respeito do artigo 42, relativamente à prestação de
contas mais de uma vez por ano, também estou de acordo.
Acredito que talvez pudéssemos incorporá-lo posteriormente.
Com referência às transferências intergovernamentais
para o cálculo da questão de salários, creio que o Constituinte
não tem razão, mas, se eu fosse explicar agora, tenho
certeza de que seria deposto pelo Presidente do cargo de
Relator, que é um cargo de confiança. Estou prestes a perdê-
lo em poucos segundos mais.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Seria mais fácil o Presidente renunciar à Presidência do
que cometer este ato.
Emenda nº 489, do Constituinte Joaquim Bevilacqua.
O SR. CONSTITUINTE JOAQUIM
BEVILACQUA: – Eu a retirei, Sr. Presidente. Gostaria
de pedir preferência para a Emenda nº 535.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – V.
Ex.ª pediu preferência por escrito? Ou poderemos
esperar até ela chegar?
O SR. CONSTITUINTE JOAQUIM
BEVILACQUA: – Tudo bem. Qual é o destaque citado?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Emenda nº 489.
O SR. CONSTITUINTE JOAQUIM
BEVILACQUA: – Já desisti dessa.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Emenda nº 770, do Deputado Feres Nader. (Pausa.) Retirada.
Emenda nº 543, do Constituinte José Carlos
Vasconcelos. (Pausa.) Retirada.
Emenda nº 159, do Constituinte Fernando
Bezerra Coelho. (Pausa.) Retirada.
Emenda nº 866, do Constituinte Simão Sessim.
(Pausa.) Retirada.
Emenda nº 020, do Constituinte Adhemar de
Barros Filho. (Pausa.) Retirada.
Emenda nº 410, do Constituinte Joaci Góes.
(Pausa.) Retirada.
Emenda nº 810, do Constituinte José Luiz Maia.
(Pausa.) Retirada.
Emenda nº 159, do Constituinte João Castelo.
(Pausa) Retirada.
Emenda nº 025, do Constituinte Benito Gama.
(Pausa.) Retirada.
Emenda nº 415, do Constituinte Firmo de Castro.
(Pausa.) Retirada.
Emenda nº 565, do Constituinte Darcy Deitos.
(Pausa.) Retirada.
Emenda n.º 565, do Constituinte Fernando
Gasparian. (Pausa) Retirada.
Emenda nº 604, do Constituinte Jessé Freire.
(Pausa.) Retirada. Foi votada. Desculpe.
Emenda nº 691, do Constituinte Divaldo Suruagy.
(Pausa.) Retirada.
Emenda nº 461, do Constituinte Flávio Palmier da
Veiga. (Pausa.) Retirada.
Emenda nº 198, da Constituinte Waldeck Ornélas.
(Pausa.) Retirada.
Emenda nº 417, do Constituinte Irajá Rodrigues.
(Pausa.) Retirada.
Emenda nº 404, do Constituinte Geraldo Fleming.
(Pausa.) Retirada.
Emenda nº 106, do Constituinte Adhemar de
Barros Filho. (Pausa.) Retirada.
Emenda nº 422, do Deputado Firmo de castro.
(Pausa.) Retirada.
Emenda nº 423, do Constituinte Firmo de Castro.
(Pausa.) Retirada.
Emenda nº 502, do Constituinte Joaquim
Bevilacqua. (Pausa.) Retirada.
Emenda nº 502, do Constituinte Messias Góis.
(Pausa.) Retirada.
Emenda nº 199, do Constituinte Waldeck Ornélas.
(Pausa.) Retirada.
Emenda nº 200, do Constituinte Waldeck Ornélas.
(Pausa.) Retirada.
O SR. CONSTITUINTE WALDECK ORNÉLAS: –
Esta emenda, Sr. Presidente, tem por objetivo explicar a
questão das transferências do Orçamento Fiscal para os
orçamentos das estatais e da Previdência. É evidente
que esses gastos já estão no Orçamento Fiscal, mas o
§ 2º do art. 29, prevê uma análise do impacto desses
gastos nas receitas e despesas da União.
Gostaria de ouvir a este respeito o Sr. Relator.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Com a palavra o Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Não estou
encontrando o artigo.
O SR. CONSTITUINTE WALDECK ORNÉLAS: –
Art. 29, § 2º. É o art. 31, na nova versão.
O SR. RELATOR (José Serra): – Acho que a
emenda do Constituinte Waldeck Ornélas presta
atenção a um ponto importante, mas ele já está
resolvido com anterioridade. As transferências do
orçamento das estatais e da Previdência e Assistência
Social já devem estar contempladas no Orçamento
Fiscal. Não se trata de itens homogêneos ou que
possam ser assimiláveis por esses outros aqui. Trata-se
de uma inovação que fizemos, ao estabelecermos o
seguinte:
"O Orçamento Fiscal será acompanhado
de demonstrativo do reflexo produzido sobre as
receitas e despesas da União, por isenções, anistias,
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
subsídios, incentivos e benefícios de natureza
financeira, tributária."
Tudo isso com um sinal, eu trocado, pode ser
assimilado aos gastos tributários que o Constituinte
César Maia fazia referência. Essas outras
transferências ao Orçamento de empresas estatais da
Previdência devem constar do próprio Orçamento
Fiscal. Incluir isso aqui desfiguraria o propósito deste
parágrafo.
O SR. CONSTITUINTE WALDECK ORNÉLAS: –
Entendo que ele não estaria globalizado. Vou retirar a
emenda.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Retirada.
Emenda nº 815, do Constituinte José Luiz Maia.
(Pausa.) Retirada.
Emenda nº 491, da Constituinte Joaquim
Bevilacqua. (Pausa.) Retirada.
Emenda nº 568, do Constituinte Darcy Deitos..
Tenho a honra de passar a palavra ao
Constituinte Darcy Deitos.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: –
Retiro-a.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Emenda n.º 862, do Constituinte Jarro Carneiro.
(Pausa.) Retirada.
Emenda nº 497, do Constituinte Messias Góis.
(Pausa.) Retirada.
Emenda nº 499, do Constituinte Joaquim
Bevílácqua. (Pausa.) Retirada.
Emenda nº 904, do Constituinte Osmundo
Rebouças. (Pausa.) Retirada.
Emenda nº 503, do Constituinte Messias Góis.
(Pausa.) Retirada.
Emenda nº 813, do Constituinte José Luiz Maia.
(Pausa.) Retirada.
Emenda nº 569, do Constituinte Darcy Deitos.
(Pausa.) Retirada.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, não solicitamos retirada da Emenda nº 569,
porque apenas subscrevemos o pedido de destaque de
uma emenda apresentada pelo Constituinte Jorge
Hage, da Bahia. Gostaria de, rapidamente, ler a
emenda para apreciação do Relator, porque não
é de minha autoria, do contrário estaria traindo a
solicitação que me foi feita. A emenda está assim
redigida:
"Inclua-se no Capítulo II – Seção I – Dos
Orçamentos – poderá ser exatamente a partir do art. 34,
ou um parágrafo deste artigo, que tem dois parágrafos –
o seguinte artigo:
Art. É assegurada a participação da população
nos projetos de lei referentes às diretrizes
orçamentárias e aos Orçamentos da União, no que
concerne à definição de prioridades e objetivos dos
gastos públicos e à forma de custeá-los, através dos
seguintes meios:
I) Pela participação de entidades sindicais e
outras representativas da sociedade civil, desde que,
em qualquer dos casos, tenham jurisdição
nacional e bases legalmente constituídas em pelo
menos 45 Estados brasileiros, as quais poderão
196
apresentar propostas específicas, na forma e nos
prazos a serem definidos em lei:
II) Pela apresentação de propostas subscritas por
mais de 50.000 (cinqüenta mil) eleitores, que terão o
mesmo tratamento estabelecido no inciso anterior".
Justificação
Impõe institucionalizar a participação popular
direta no processo orçamentário, tal como está
ocorrendo nesta Assembléia Nacional Constituinte e
como já se encontra previsto no Capítulo do Poder
Legislativo para o processo de elaboração das leis e
emendas constitucionais."
Gostaria de ouvir a posição do ilustre Relator sobre
a emenda do Constituinte Jorge Hage, do PMDB da Bahia.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Tem a palavra o Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Constituinte
Darcy Deitos não acolheria a emenda não pelo
propósito que ela tem, mas por considerá-la não
pertinente a uma lei orçamentária.
A questão é que os Parlamentos são eleitos pela
população de alguma forma, eles trazem essa
representação nas suas atividades, inclusive no papel da
elaboração orçamentária. Do mesmo modo, o Executivo
também é um Poder gerado, através da sua autoridade
máxima, pelo voto direto da população. Preocupa-me
muito a possibilidade de subestimarmos, digamos, o
papel e a representatividade que o Parlamento deve ter.
Outro aspecto é que a Comissão Mista do
Congresso que tratará do Orçamento não está vedada e
poderá incluir em seu Regimento a possibilidade de
chamar representantes da sociedade civil, para serem
ouvidos a respeito do Orçamento.
Não me parece que isso deva constar
obrigatoriamente de um dispositivo constitucional. Esta é a
razão pela qual não a acolheria. Não porque não considere
importante a participação popular na questão do Orçamento,
mas por entender que o Congresso deve expressar essa
participação, quando analisar a questão orçamentária.
São esses os meus motivos.
A respeito da proposta de 50 mil eleitores para a
questão orçamentária, acho isto inviável, porque o
processo orçamentário é muito complexo, em termos do
que é feito para a Constituição. Por exemplo, sobre a
censura, mobilizam-se 30 mil pessoas para assinar uma
proposta. Já uma lei orçamentária é algo de complexidade
tão grande que creio realmente não ser o caso. (Pausa.)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Tem a palavra o Constituinte Darcy Deitos.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente, eu gostaria que V. Ex.ª submetesse a
matéria à apreciação prévia.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Passaremos à apreciação prévia. Aqueles que estiverem de
acordo com a posição do Constituinte José Serra permaneçam
como se encontram; aqueles que estiverem de acordo com a
posição do Constituinte Jorge Hage levantem a mão. (Pausa.)
O SR. CONSTITUINTE JORGE HAGE: – Sr.
Presidente, retiro a proposta.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Retirada a proposta.
197 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Retirada a proposta.
Emenda nº 546, do Constituinte Messias Góis,
retida. Emenda nº 747, do Constituinte José Luiz Maia
retirada.
Emenda nº 747, do Constituinte Messias Góis,
retirada.
Emenda nº 523, do Constituinte Joaquim
Bevilácqua, retirada.
Emenda nº 513, do Constituinte Joaquim
Bevilácqua, retirada.
Emenda nº 553, do Constituinte Darcy Deitos,
retirada.
Temos aqui uma preferência. Havia dito ao
Constituinte Joaquim Bevilácqua que iríamos até a próxima
preferência de S. Ex.ª, porque não pediu essa preferência
para fazer as três. Se V. Ex.ª não fizer objeção, eu a daria
preferência por escrito. Dou preferência ao Constituinte
Joaquim Bevilácqua para as Emendas números 535, 525 e
504.
O SR. CONSTITUINTE JOAQUIM BEVILÁCQUA: –
Sr. Presidente, na verdade, são as duas primeiras. A nº
504 é um pedido de destaque do Constituinte Israel
Pinheiro.
Quero lembrar, ao nobre Relator que a Emenda nº
535 se refere – ao art. 44.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Constituinte Joaquim Bevilácqua, quais são as três
emendas a que V. Ex.ª se referiu?
O SR. CONSTITUINTE JOAQUIM BEVILÁCQUA: –
A de nº 535...
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Um
instante, por favor.
O SR. CONSTITUINTE JOAQUIM BEVILÁCQUA: –
A que me estou referindo agora é substitutiva ao art. 44. A
segunda foi a de nº 525. É apenas uma adição. E a outra é
a de nº 504, do Constituinte Fernando Henrique Cardoso,
para a qual o Constituinte Israel Pinheiro pediu preferência
e a estou endossando.
Sr. Presidente, Srs. Constituintes, acho da maior
importância a emenda apresentada pelo Constituinte José
Richa, cujo destaque foi por nós requerido, porque diz
respeito aos recursos financeiros correspondentes à nossa
Casa, ao Congresso Nacional. No substitutivo do Relator,
ele contempla o sistema de duodécimo. Diz aqui:
"A Câmara dos Deputados, o Senado Federal, o
Tribunal de Contas da União e os Tribunais Federais
aprovará suas respectivas programações financeiras dos
recursos que estarão, mensalmente, à disposição desses
órgãos junto ao caixa único do Tesouro Nacional,
respeitado, como limite mínimo, o duodécimo das
respectivas dotações orçamentárias."
Constituinte José Richa, com muita propriedade
penso eu, data venia do ilustre Relator, sugere a seguinte
redação:
"Art. 40. Os recursos financeiros correspondentes às
dotações dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário
serão entregues em cotas, até o décimo quinto dia de cada
trimestre, representando a quarta parte da respectiva
despesa total, fixada no Orçamento geral da União de cada
ano, inclusive créditos adicionais."
A justificativa está mais explicitada em dois ofícios
que acompanham a emenda, um do ex-Presidente do Se-
nado Federal, Constituinte José Fragelli, e o outro do
Presidente da Câmara dos Deputados, Constituinte
Ulysses Guimarães.
Se o nobre Relator me permitir, apenas lerei o ofício
do Constituinte Ulysses Guimarães, que diz o seguinte:
"Sr. Ministro Dílson Funaro, então Ministro da
Fazenda – acuso o recebimento do Aviso Circular nº 366,
no qual Vossa Excelência solicita a adesão desta Casa do
Congresso ao Sistema Integrado de Administração
Financeira do Governo Federal (SIAFF), coordenado pela
Secretaria do Tesouro Nacional.
Embora convencido do acerto da medida proposta
por Vossa Excelência, que, sem dúvida, encontrará êxito
no âmbito do Poder Executivo, não posso autorizar a
adesão da Câmara dos Deputados, uma vez que esta
Casa mantém sistema semelhante de processamento com
o Prodasen.
Outrossim, informo a Vossa Excelência que os
nossos serviços estão integrados, de forma também
eficiente, ao controle central desse Ministério, mediante
remessa de balancetes e balanços, processados em
computadores e as contas bancárias são acompanhadas
pelos extratos encaminhados ao órgão competente desse
Ministério, sendo remetidas, imediatamente, à Secretaria
do Tesouro Nacional todas as notas financeiras dos
pagamentos efetuados.
Pondero ainda a Vossa Excelência que, às vésperas
da instituição da nova Carta Magna, conveniente seria
aguardar as novas regras, possivelmente diferentes para
os três Poderes da República, num campo processual dos
mais controvertidos."
Senador José Fragelli também faz referência ao
sistema e, inclusive, transcreve observação do Prof.
Manoel Gonçalves Ferreira Filho.
Entendemos, Sr. Presidente, nós, que já fomos
Vereador e Prefeito, que o sistema atende melhor ao
funcionamento das duas Casas, tanto da Câmara quanto
do Senado. Daí por que meu apelo ao nobre Constituinte, a
fim de que acolha a emenda do Relator José Richa.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra o nobre Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Quero dizer que
tenho a satisfação de acolher esta emenda de autoria do
Constituinte José Richa e aqui apresentada pelo meu
colega de bancada de São Paulo, Constituinte Joaquim
Bevilácqua. Acolho-a, porque acho que representa,
realmente, um aperfeiçoamento dentro do nosso projeto.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Em
votação. Aqueles que estiverem de acordo...
O SR. CONSTITUINTE BENITO GAMA: – Qual
dispositivo, Relator José Serra?
O SR. RELATOR (José Serra): – O Tesouro
entregaria os recursos financeiros à Câmara, ao Senado,
ao Tribunal de Contas e aos Tribunais Federais, que teriam
de fazer uma programação financeira, de maneira a
receber em duodécimos sua dotação orçamentária. A
emenda do Constituinte José Richa estabelece que
teremos cotas trimestrais até o décimo quinto dia de cada
trimestre, o que daria maior flexibilidade à execução
orçamentária dos outros Poderes da República. Esta a
razão pela qual estou acolhendo a emenda, que pensei
tivesse ficado clara pela exposição do Constituinte Joaquim
Bevilácqua.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES) 198

O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Em Constituinte José Serra permaneça como está. Quem
votação a Emenda nº 5S0535, do Constituinte José Richa, aceitar a emenda do Constituinte Joaquim Bevilácqua
destaque requerido pelo Constituinte Joaquim Bevilácqua. levanta a mão.
O SR. CONSTITUINTE JOAQUIM BEVILÁCQUA: –
(Votação) Retiro a emenda, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Votaram "sim" os Constituintes: Adroaldo Streck, Retirada a Emenda nº 525. (Pausa.)
Airton Sandoval, Benito Gama, Cid Sabóia de Carvalho, Emenda nº 504, preferência do Constituinte Joaquim
Darcy Deitos, Fernando Bezerra Coelho, Fernando Bevilácqua.
Gasparian, Firmo de Castro, Flávio Rocha, Francisco O SR. CONSTITUINTE JOAQUIM BEVILÁQUA: –
Dornelles, Geraldo Fleming, Gerson Camata, Jesus Tajra, Pediria ao nobre Constituinte Israel Pinheiro que fizesse a
João Carlos Bacelar, João Natal, José Carlos Vasconcelos defesa da emenda do Constituinte Fernando Henrique
José Guedes, José Luis Maia, José Maria Eymael, José Cardoso.
Serra, José Tinoco, Jutahy Magalhães, Lézio Sathler, O SR. CONSTITUINTE ISRAEL PINHEIRO: – Srs.
Márcio Braga, Mauro Campos, Messias Góis, Mussa Constituintes, visa a Emenda nº 504 do anteprojeto
Demes Nion Albernaz, Osmundo Rebouças, Pedro Ceolin, modificar a redação do art. 35, que V. Ex.ªs têm em mãos.
Ruberval Piloto, Sérgio Spada, Walmor de Luca, Wilson A emenda no item II diz o seguinte:
Campos, Waldeck Ornélas, Jayme Santana, César Maia e "II – até cinco meses antes do início do exercício
Joaquim Bevilácqua. financeiro, o projeto de lei orçamentária, ajustado à
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Foi deliberação prévia do Poder Legislativo. Se este não
acolhida a emenda do Constituinte Joaquim Bevilácqua por devolver para sanção antes do início do exercício
38 votos a favor e nenhum contra. financeiro, o Poder Executivo poderá executar como norma
Com a palavra o Constituinte Joaquim Bevilácqua, provisória a sua proposta, até a promulgação da Lei de
para defender a Emenda nº 525. Meios."
O SR. CONSTITUINTE JOAQUIM BEVILACQUA: – Isso procura evitar o decurso de prazo na lei
Sr. Presidente, a Emenda nº 525 apenas acrescenta ao § orçamentária. Enfraquece muito a nossa posição de
3º do art. 35 o termo "rejeição", depois da palavra Congressistas. Na proposta de emenda do Sr. Constituinte
"emenda". Isso por que não está prevista expressamente a Fernando Henrique Cardoso, encontra-se uma solução
possibilidade de rejeição da proposta orçamentária em um muito inteligente. Admite-se que "o Poder Executivo poderá
regime democrático. Da forma como está redigido, se executar como norma provisória a sua proposta
estivéssemos vivendo à época da aprovação compulsória orçamentária, até a promulgação da Lei de Meios".
por decurso de prazo, poderia ser. Mas não é o caso. A emenda propõe uma solução que atende aos
O § 3º do art. 35 está redigido da seguinte forma: interesses dos Constituintes e do Poder Executivo, que
"Os recursos orçamentários que, em virtude de fica amarrado à dependência de possível obstrução e
emenda ou de veto, restarem sem despesa (...)." falta de interesse dos Congressistas em aprovar a Lei de
Aqui, o nobre Constituinte José Richa inclui a Meios.
expressão "emenda". Ficaria a seguinte a redação: É que, na redação do Relator, considera-a aprovada
"Os recursos orçamentários que, em virtude de automaticamente. Por isso, a minha divergência e a
emenda, rejeição ou de veto, restarem sem despesa (...)." proposta de acolhimento da emenda do Constituinte
Parece-me que, além de explicitar melhor o texto, é Fernando Henrique Cardoso.
também uma demonstração de afirmação do Legislativo, O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O
diante da sua própria condição e competência de rejeitar, Sr. Constituinte José Maria Eymael deseja encaminhar
parcial ou totalmente, a Lei de Meios. contrariamente?
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
a palavra o nobre Relator José Serra. Não, Sr. Presidente, apenas desejo saber qual é
O SR. RELATOR (José Serra): – Esta proposta eu exatamente o número da emenda.
não acolheria, pela circunstância de que a hipótese da O SR. RELATOR (José Serra): – É a de nº 504.
rejeição não está descartada, na medida em que haja O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
emendas para todos os artigos, que podem ser emendados. Não, a 504 não é.
Não se está fechando caminho para a hipótese da rejeição O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Foi
total, embora, evidentemente, a rejeição total não seja uma daquelas emendas... Nós poderíamos...
hipótese descartada, embora não fosse nada desejável, O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
porque já suporia um conflito de Poderes gravíssimos. Ora, É o anteprojeto, Sr. Constituinte, que é possível
uma rejeição total a um orçamento praticamente estabelece também ser levantado aqui. A emenda foi feita ao
crise sem procedentes na relação Poder Executivo – Poder anteprojeto.
Legislativo. Mas a rejeição total em absoluto está O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
descartada, na medida em que se faça emenda por a palavra o Sr. Constituinte José Serra.
emenda. Há essa hipótese. Tenho, inclusive em mãos a O SR. RELATOR (José Serra): – Perguntaria ao
justificativa do Constituinte José Richa. Diz aqui: "É preciso Sr. Constituinte Israel Pinheiro a respeito da modificação
prever a hipótese da rejeição"... da redação com o que, tenho certeza, o Constituinte
Ora, a hipótese de rejeição está prevista, na medida Fernando Henrique Cardoso concordaria, pois aqui
em que se vote emenda por emenda. Esta a razão pela temos um problema de prazo, já que, pela estrutura
qual eu não acolheria a emenda do Constituinte José orçamentária que propomos, não se trata de cinco, mas
Richa, apresentada pelo Constituinte Joaquim Bevilácqua. quatro meses.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – O SR. CONSTITUINTE ISRAEL PINHEIRO: – V.
Vamos fazer uma prévia. Quem estiver a favor da posição do Ex.ª poderá fazer a modificação na redação final.
199 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
O SR. RELATOR (José Serra): – É importante que
tenhamos consciência a respeito do que estamos votando.
O que aconteceria se o Orçamento não fosse aprovado até
determinada data – este é o problema básico. Como se
resolvia antigamente – a questão, nos tempos em que o
pai do Constituinte Israel Pinheiro Filho que encaminha a
emenda do Sr. Fernando Henrique Cardoso, era
Presidente, inclusive da Comissão de Orçamento? – Isso a
rejeição nunca aconteceu na época, mas, se acontecesse,
seria repetido o Orçamento do ano anterior, o que
considero uma farsa.
O SR. CONSTITUINTE ISRAEL PINHEIRO: – Com
correções.
O SR. RELATOR (José Serra): – Contudo, era uma
forma de o Executivo ficar com as mãos livres e com um
orçamento que não era adequado, que ia sendo emendado
etc.
Uma segunda alternativa seria, depois de longo
tempo de debate sobre o Orçamento, a de que, se não se
chegar à aprovação, entraria em vigência. É o que
apresentamos aqui.
A alternativa apresentada pelo Sr. Constituinte
Fernando Henrique Cardoso é inteligente. É uma forma
também de encaminhar o problema surgido com a não
aprovação do projeto no prazo previsto. Não podemos
entrar em janeiro sem um Orçamento.
Ora, ao invés de entrar com o Orçamento do ano
anterior, ou considera aprovada a lei, sem ter sido
submetida à votação e haver expirado o prazo, o
Constituinte Fernando Henrique Cardoso propõe que, se o
Legislativo não o devolver para sanção antes do exercício
financeiro, o Poder Executivo poderá executar aquele
Orçamento como norma provisória à sua proposta, até a
promulgação da Lei de Meios. Isso já se deveria fazer
durante o próprio exercício financeiro.
Evidentemente, também seria complicado. Por isso,
é desejável que a apreciação sempre seja feita. Esse é um
procedimento utilizado inclusive na França, com relação ao
processo orçamentário. Parece-me uma alternativa
interessante sobre a qual havíamos até trocado idéia com
o Constituinte Fernando Henrique Cardoso. Fico na
verdade muito agradecido ao Constituinte Israel Pinheiro
Filho, por ter feito aqui o destaque, porque minha acolhida
é favorável a essa proposta.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra, o Sr. Constituinte Jesus Tajra.
O SR. CONSTITUINTE JESUS TAJRA: – Sr.
Presidente, quero saber a que dispositivo está
correspondendo na atual Constituição.
O SR. RELATOR (José Serra): – Corresponde ao
art. 35. É o próprio art. 35. Aqui está, no caput:
"Se os projetos de lei sobre as diretrizes
orçamentárias e sobre os orçamentos da União não forem
devolvidos para sanção até trinta dias antes do
encerramento," – ou seja, até 1º de dezembro –
"respectivamente, do primeiro período da sessão legislativa
ou do exercício financeiro, serão promulgados como lei."
Então, estamos acolhendo a proposta alternativa do
Sr. Fernando Henrique Cardoso.
O SR. CONSTITUINTE JESUS TAJRA: – Apenas
uma observação. Se é esse o caso, se é esse o
dispositivo, há um inconveniente. É que se fala em projeto
de lei a ser sancionado, e o Presidente não sanciona
projeto de lei, mas a lei. Portanto, é preciso que se corrija a
redação.
O SR: PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Gostaria de dizer aos Srs. Constituintes, simplesmente
para ordenar os trabalhos, que, de acordo com a
sistemática que estamos adotando na Comissão desde o
inicio, poderá um Constituinte falar contra. Depois de falar
o Sr. Relator, passaremos ao processo de votação.
Darei a palavra ao Constituinte César Maia. Pediria
a V. Ex.ª que obedecêssemos ao dispositivo adotado
desde o início.
Com a palavra o Sr. Constituinte César Maia.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Apenas
para satisfazer a curiosidade do Sr. Constituinte Israel
Pinheiro Filho. Na Inglaterra, se isso acontecer, cai o
Governo. Para ver como estamos longe de um processo de
força do Poder Legislativo!
O SR. CONSTITUINTE ISRAEL PINHEIRO: – Nós
vamos chegar lá, já que foi aprovado o parlamentarismo na
Comissão de Organização dos Poderes e Sistema de
Governo.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Sr. Presidente, faço questão de votar absolutamente
esclarecido. Faço questão de saber o que estou votando.
Então, a emenda proposta no caput do art. 35 se insere de
que maneira? Só gostaria de saber isso. Ela substitui
simplesmente?
O SR. RELATOR (José Serra): – Não ipsis literis,
porque há o problema da compatibilização dos meses,
sobre o que perguntei previamente ao Sr. Constituinte
antes de dar o meu parecer. Terá que ser feita adaptação
da redação. V. Ex.ª poderá examinar a emenda e a
redação final.
Se não corresponder ao espírito do que foi
aprovado, o Sr. Constituinte poderá fazer chegar essa
observação a nós.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Então, a emenda teria de compatibilizar-se com a redação,
dentro desse espírito proposto.
O SR. RELATOR (José Serra): – Exatamente.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Bem, eu me considero esclarecido e agradeço a atenção à
Mesa.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Eu
agradeço a V. Ex.ª.
Em votação.
Quem responder "Sim", apóia a Emenda nº 500504
do Constituinte Fernando Henrique Cardoso – pedido de
destaque do Constituinte Joaquim Bevilácqua – defendida
pelo Constituinte Israel Pinheiro Filho, que teve acolhida
favorável do Sr. Relator José Serra.
(Votação)
Votaram "Sim" os Constituintes: Adroaldo Streck,
Airton Sandoval, Basilio Vilani, Benito Gama, Cid Sabóia
de Carvalho, Darcy Deitos, Fernando Bezerra Coelho,
Fernando Gasparian, Firmo de Castro, Flávio Rocha,
Francisco Dornelles, Geraldo Fleming, Gerson Camata,
Jesus Tajra, João Machado Rollemberg, José Guedes,
José Luís Maia, José Maria Eymael, José Serra, José
Tinoco, Jutahy Magalhães, Lézio Sathler, Márcio Braga,
Mauro Campos, Messias Góis, Nion Albernaz, Osmundo
Rebouças, Pedro Ceolin, Sérgio Spada, Waldeck Ornélas,
Joaquim Bevilácqua, César Maia, Jayme Santana.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Aprovada a emenda do Constituinte Fernando Henrique
Cardoso defendida pelo Constituinte Israel Pinheiro Filho,
por trinta e três votos favoráveis e nenhum contrário.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
A última preferência solicitada é para a Emenda nº
39, do Constituinte Jutahy Magalhães.
Tem a palavra V. Ex.ª.
O SR. CONSTITUINTE JUTAHY MAGALHÃES: –
Sr. Presidente, com trinta e dois eleitores, obter trinta e
dois votos é difícil. Mas a emenda que apresento busca
atender ao aspecto do Poder Legislativo, para fazer dele
realmente um Poder com o exercício de fiscalização
Porque uma das maiores prerrogativas do Poder
Legislativo seria o poder de fiscalização, que, infelizmente.
não vem exercendo hoje, apesar de termos Comissões na
Câmara e no Senado para isso.
O Sr. Relator, em seu parecer, levanta a hipótese de
a fiscalização ser feita pelo Tribunal de Contas. Sugiro a
criação de um órgão próprio, sob intervenção do Poder
Legislativo. que seria indicado velo Presidente do Senado,
apenas por ser Presidente do Congresso, depois de
aprovado pelas duas Casas. Essa fiscalização seria
exercida profissionalmente, dando ao Legislativo poder e
experiência para exercer seu papel.
Temos verificado, nos últimos anos, fatos concretos
que evidenciam a desinformação e ausência de
fiscalização pelo Congresso Nacional.
E aqui cito a justificação da emenda. Como esses
fatos, poderíamos falar dos abusos praticados e das
fraudes que são denunciadas a cada dia pela imprensa.
Poderíamos falar no desconhecimento do destino dos
vultosos recursos que geraram o endividamento externo e
interno. Poderemos falar também na falta de lisura nas
concorrências públicas, na classificação artificiosa de
receitas de impostos e outros títulos. Enfim, poderíamos
falar de uma série de outros problemas. Sr. Presidente,
que a cada dia temos que conhecer que existem na
Administração Pública.
Precisamos de um órgão realmente subordinado ao
Congresso Nacional, que tenha a agilidade necessária
para atender às nossas necessidades. O que busco aqui,
portanto, é criar poder para o Legislativo, prerrogativa para
o Legislativo, o que, infelizmente, não tem sido alcançado
nas oito Comissões Temáticas.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra o Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Sr. Presidente,
quero dizer, a respeito da proposta do Constituinte Jutahy
Magalhães – que tem dado contribuição muito importante
para o trabalho desta Comissão temática – que não acolho
a sua emenda por vários motivos. Em primeiro lugar,
porque creio que não se necessita de um dispositivo na
Constituição para que o Congresso possa recorrer
eventualmente a serviços de auditoria.
Por outro lado, se há deficiência no trabalho do
Tribunal de Contas, devemos procurar corrigi-lo, mais do
que procurar criar outro órgão para suprir esse órgão que,
supostamente, não está funcionando adequadamente. De
maneira muito sintética, estes são os dois aspectos básicos.
Há outro que se refere mais ao próprio equipamento
do Congresso, no que toca à sua assessoria, para realizar
acompanhamentos inclusive de ações e atos do Executivo.
Acredito que, no fortalecimento que estamos
proporcionando ao Legislativo, dentro do processo
orçamentário, do processo financeiro, está a resolução desta
questão. Não vou repetir aqui todas as conquistas que o
Substitutivo da Comissão já reúne. Vamos ter esses
instrumentos. Efetivamente, se não tivermos mais assessoria,
melhor capacidade para exercer esse poder, não poderemos
exercê-lo.
200
Mas isso me parece mais um problema de
reequipamento material e humano – do ponto de vista
quantitativo e qualitativo – do que realmente de criar outro
órgão, ou para suprir deficiências que não deveriam existir
no Tribunal de Contas, ou para preencher cargos de
assessoria.
Estas são as razões pelas quais não acolheria a
proposta do nobre Constituinte.
O SR. CONSTITUINTE JUTAHY MAGALHÃES: –
Sr. Presidente, basta o Relator ser contra para não mais
haver condição de aprovação de minha proposta. São
trinta e dois votantes o Relator sendo contra ficam trinta e
um votos possíveis. Então, retiro a emenda, porque não
poderia ser aprovada.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Foi
retirada a emenda do Constituinte Jutahy Magalhães.
Há um pedido de preferência para a Emenda nº 769
do Constituinte Feres Nader. Será defendida pelo
Constituinte Messias Góis.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Sr.
Presidente, o ilustre Relator José Serra, ao elaborar
novo Substitutivo no seu art. 54, ao que me consta,
no desejo de amarrar o mais possível a fiscalização
financeira, foi além. E, pelo que está no item II do art. 54,
parte final diz: ("...) os quais derem causa a perda, extravio
ou outra irregularidade de que resulte prejuízo à Fazenda
Nacional;"
Sugerimos que o ilustre Relator José Serra
coloque o ponto final após a expressão "pelo poder
publico, federal" Só assim o Tribunal de Contas teria
competência para, o tampo todo, acompanhar e fiscalizar a
execução orçamentária, enfim, todo o processo
administrativo.
Do jeito que está,quer-me parecer, – foi o que
estranhei – que o Tribunal de Contas só tomaria
a iniciativa de fiscalizar quando surgisse escândalo
nos jornais com alcance ou apropriação do dinheiro ou
do patrimônio público. Colocando o ponto final após
a expressão "poder público federal" o Tribunal de
Contas se sentiria na obrigação de acompanhar a
execução orçamentária no dia-a-dia, através da sua
fiscalização.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
palavra o Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Meu caro
Constituinte Messias Góis, V. Ex.ª também tem tido
importante participação nos nossos trabalhos. A redação
do item II do art. 54, no Substitutivo. é mais abrangente,
mais clara e objetiva. Eu ficaria com ela realmente, porque
vai direto ao ponto e é mais abrangente.
Se fizéssemos a exclusão que V. Ex.ª propõe,
perderíamos... não é uma questão de vida ou morte, do
ponto de vista do projeto. Mas acredite que, do jeito como
está, ficaria melhor.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Sr.
Relator a palavra "prejuízo" é que está mal colocada,
porque, a pessoa poderá cometer uma irregularidade
processual que gera prejuízo, mas um prejuízo lato senso.
Se se substituir à palavra "prejuízo" por outra...
O SR. RELATOR (José Serra): Estou de acordo cor
V. Ex.ª Apenas não temos uma emenda nesse sentido. De
qualquer modo será o caso de, mais adiante, revermos o
assunto. A observação é coerente, porque aqui é prejuízo
no sentido amplo.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Eu retiro
o destaque.
201 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
O SR. RELATOR (José Serra): – Digamos, não é o
fato de se retirar o destaque que resolverá o problema.
O SR. CONSTITUINTE MESSIAS GÓIS: – Dentro
do compromisso do Relator de rever a matéria mais
adiante, eu retiro o destaque.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Então, V. Ex.ª retira o destaque. Preferência ao
Constituinte Darcy Deitos.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente. Srs. Constituintes, a emenda visa exatamente
corrigir uma distorção que, ao longo do tempo, tem sido
reclamada pelo Poder Legislativo.
Vimos. durante mais de 20 anos, a classe política,
especialmente o Legislativo, a reclamar da sua falta de
competência para legislar sobre matéria financeira. Vejo,
no art. 34 do Substitutivo do Relator – e gostaria que S.
Ex.ª nos esclarecesse melhor – que permanece a situação
anterior.
"Os projetos de lei sobre diretrizes orçamentárias e
sobre os orçamentos anuais receberão emendas
exclusivamente na Comissão Mista, sendo conclusivo e
final o seu pronunciamento, salvo se um terço dos
membros da Câmara dos Deputados e um terço dos
membros do Senado Federal requererem a votação em
Plenário de emenda aprovada ou rejeitada na Comissão."
Quer dizer, mesmo que a emenda tenha sido
acatada pela Comissão – que terá suprapoderes no exame
da peça orçamentária – ainda será necessário requerer. O
Legislativo, portanto, continuará de joelhos.
Na Emenda n.º 553, propomos o seguinte:
"§ 2º É amplo o poder de emenda do Congresso
Nacional, executando-se apenas.
a) O aumento de despesas sem a indicação de
correspondente fonte de recursos, que poderá consistir na
anulação de outra dotação;
b) alteração das dotações para despesa com
pessoal e manutenção dos serviços já existentes."
Realmente, entendo, Sr. Presidente, que esta
redação precisa ser melhorada. O Poder Legislativo não
pode ficar submetido mais uma vez à parafernália
burocrática. A Assembléia Nacional Constituinte poderia
restabelecer de uma vez as prerrogativas do Poder
Legislativo, tão esmagado durante todos esses anos.
Nossa proposta visa exatamente a fazer com que o
Poder Legislativo tenha força.
O SR. CONSTITUINTE ISRAEL PINHEIRO: – Sr.
Presidente, peço a palavra pela ordem, para comunicar
ao Constituinte Darcy Deitos que pedimos preferência
para a Emenda n.º 865, do Constituinte Bonifácio de
Andrada, que exatamente corrige o que S. Ex.ª descobriu
com tanta precisão. A emenda corrige, talvez com
melhor redação, a incorreção apontada por S. Ex.ª,
que poderá tomar conhecimento dela no momento da
votação.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: –
Poderíamos até acoplá-la, nobre Constituinte, porque
nossa luta aqui é para que realmente saia um anteprojeto
da vontade popular e que vá ao encontro do interesse do
Poder Legislativo.
O SR. CONSTITUINTE ISRAEL PINHEIRO: –
Quem pediu a preferência foi o Constituinte José Maria
Eymael. Perdoe-me.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Não acolho a
emenda do Constituinte Jorge Hage, encaminhada pelo
Constituinte Darcy Deitos. Não creio que se configure,
pelas suas palavras, cerceamento ao Poder Legislativo. S.
Ex.ª poderia argumentar que a Comissão Mista teria muita
força, mas não que o Legislativo...
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Mas a
emenda aprovada ainda dependeria de 1/3 de assinaturas,
nobre Relator?
O SR. RELATOR (José Serra): – Não. Não é isso.
Aqui está dito outra coisa.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Eu
pediria a V. Ex.ª compreensão de uma vez que está com a
palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Aqui diz o
seguinte:
"Os projetos de lei sobre diretrizes orçamentárias e
sobre os orçamentos anuais receberão emendas
exclusivamente na Comissão Mista, sendo conclusivo e
final o seu pronunciamento, salvo se um terço dos
membros da Câmara dos Deputados e um terço dos
membros do Senado Federal requererem a votação em
plenário de emenda (...)"
Ou seja, se 1/3 for contra, e a Comissão aprovar, e
se 1/3 for a favor, e a Comissão rejeitar. Inclusive, na
consideração do Constituinte César Maia, S. Ex.ª dizia que
se contemplava, se não me engano, apenas com
proporção distinta.
Por outro lado, as emendas que os Srs.
Constituintes podem apresentar deveriam ser compatíveis
com o plano plurianual – Câmara e Senado deveriam
aprovar e indicar os recursos necessários e não poder
invocar excesso de arrecadação. Essa é sempre uma coisa
tão subjetiva que se presta praticamente para justificar
qualquer tipo de emenda que crie despesa. Eu não creio
que seja restritiva na forma como V. Ex.ª coloca.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Vamos fazer a consulta prévia. Aqueles que estiverem de
acordo com a posição do Constituinte José Serra
permaneçam como estão. Os que acolherem a emenda do
Constituinte Darcy Deitos levantem a mão.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: –
Emendas que não tenham a benemerência do ilustre
Relator, conseqüentemente, estarão derrotadas. Eu a
retiro, então.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Preferência à Emenda n.º 865, do Constituinte José Maria
Eymael.
Com a palavra o Constituinte José Maria Eymael.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Sr. Presidente, encaminhamos a preferência junto com o
Constituinte Israel Pinheiro Filho e com o Constituinte
Joaquim Bevilácqua. Gostaríamos que o Constituinte que
está defendendo a proposta fizesse uso da palavra.
O SR. CONSTITUINTE. ISRAEL PINHEIRO: – A
emenda, realmente, visa corrigir a observação do meu
ilustre companheiro Constituinte. A redação do art. 34
passaria a ser a seguinte:
"Os projetos de lei sobre diretriz orçamentária e
sobre os orçamentos anuais receberão emendas na
Comissão Mista, na forma do Regimento Comum do
Congresso Nacional."
Atende exatamente às reivindicações aqui expostas.
Seria uma diminuição, uma norma casuística limitar ao
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
poder do Plenário da Câmara dos Deputados votar matéria
que é, vamos dizer assim, o objetivo maior do funcionamento
da Câmara dos Deputados, no caso, a Lei de Meios. A
emenda também se justifica, no sentido de não dar à
Comissão Mista poderes e superpoderes. Isso significaria
supremacia da Comissão Mista sobre as outras Comissões e
também sobre o Plenário da Câmara dos Deputados.
A emenda do Constituinte Bonifácio de Andrada
corrige, à medida que suprime a parte final do art. 34 do
Relator, eliminando a hipótese de "um terço dos membros do
Senado Federal requererem a votação em plenário (...)."
O nobre Relator, Constituinte José Serra, disse que
isso seria uma abertura. Mas não, a vivência aqui no
Congresso Nacional, na Câmara dos Deputados, mostra-nos
que é extremamente difícil conseguir assinatura de um terço
dos membros da Câmara, principalmente da Câmara e do
Senado. A Comissão, como é mista, exigirá um terço de
membros da Câmara e do Senado.
Então, isso enfraquece muito a posição dos
Constituintes que não participam da Comissão Mista. Seria
uma discriminação odiosa e, além de tudo, daria à Comissão
Mista poderes até não muito louváveis, podendo utilizar-se de
sistemas não muito lícitos, para levar vantagem em matéria
orçamentária, junto ao Executivo.
A proposta do Constituinte Bonifácio de Andrada é
também moralizadora da tramitação do mecanismo
parlamentar.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Não acolho a
emenda do Constituinte Bonifácio de Andrada, do PDS de
Minas Gerais apresentaria pelo nobre Constituinte Israel
Pinheiro Filho.
É preciso prestar atenção à mecânica que propusemos,
à sistemática, a respeito do Orçamento, que começa a ser
discutido em abril, através da Lei de Diretrizes Orçamentária,
e permite uma participação realmente muito importante do
Legislativo na negociação com o Executivo, desde o mês de
abril.
Então, esse aspecto é fundamental. Por outro lado, a
emenda do Constituinte não tem o sentido de diminuir o
número de requerimento s de assinatura, para que, caso a
Comissão rejeite, o Deputado possa apresentar proposta.
Encaminha-se para uma direção realmente de retirar do
processo todo o ordenamento que pudesse ter.
Antes de 1964, conforme me foi dito pelo Presidente
Ulysses Guimarães, tínhamos 650 mil emendas apresentadas,
dentro de um processo caótico. Lembro-me de que, na
ocasião, como eu era dirigente de uma, entidade da sociedade
civil, que tinha recursos do Orçamento, precisava vir a Brasília
realizar a negociação.
Posso assegurar a V. Exª que, na época, o peso de
arbitragem da Comissão Mista e do Relator sobre o que iria
acontecer era total, mesmo dentro do sistema que V. Exª
propõe. Creio que isso poderia ocorrer neste sistema, como
acontecia no anterior, caso o Parlamento não cuidasse de
impedir que isso se repetisse.
Não podemos colocar sob suspenção, já
antecipadamente, uma Comissão que não existe. Ou
melhoramos a qualidade do Parlamento pelo nosso próprio
trabalho, ou, realmente, por mais bonitos que sejam as coisas
que aprovamos, não poderemos fazer com que funcionem
bem.
202
Esta a razão pela qual não acolho a emenda do nobre
Constituinte.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –Vamos
fazer a consulta prévia. E praxe da Mesa: depois da exposição
do relator, não cabe tréplica. Assim, não poderei abrir mão do
Regimento.
Os Constituintes que estiveram de acordo com a
posição do Constituinte José Serra permaneçam como estão.
Os Constituintes que estiverem com a posição do
Constituinte José Maria Eymael levantem a mão. (Pausa.)
Vamos votar nominalmente.
Foi solicitado destaque pelo Constituinte José Maria
Eymael.
V. Ex.ª mantém o pedido de destaque?
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Retiro o pedido de destaque, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –Está
retirado o pedido de destaque.
Considero, de acordo, prejudicados todos os
destaques, exceto o de n.º 611, dos Constituintes Waldeck
Ornélas e João Natal. Se houve mais algum constituinte que
considere algum dos seus destaques...
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO:
– Sr. Presidente, tenho um pedido de destaque para o art. 54,
item V, da Emenda nº 4, que gostaria que fosse examinado.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Estamos com os pedidos de destaque para as Emendas nº
611, 4, considerando prejudicados todos os demais.
Se V. Ex.ª tiver algum, poderia dizer o número.
(Pausa.) Ainda destaque para a de n.º 561, do Constituinte
César Maia.
Com a palavra o Constituinte Waldeck Ornélas, para
defender a Emenda n.º 611.
O SR. CONSTITUINTE WALDECK ORNÉLAS: –
Tenho a impressão de que há, nessa altura, grande
dificuldade de aprovar qualquer matéria, porque o quorum
está no limite. Mas gostaria de comentar o assunto.
Acabamos de aprovar hoje emenda em caráter
preferencial, que diz respeito ao critério de regionalização
do Orçamento da União. Ora, esse princípio não é auto -
aplicável aos Estados ou aos Municípios. No entanto,
consta do Sistema Tributário da Constituição a vedação a
vínculos dos recursos, no caso dos Estados.
A preocupação que devemos ter é no sentido de
que tanto os Estados quanto os Municípios sejam levados
a se comprometerem com políticas de longo prazo. Daí a
minha preocupação de que os Estados, através de suas
Constituições. ou os Municípios, através de suas leis
orgânicas, possam vincular recursos – via fundo – às
regiões para programas integrados.
Temos o caso de cidades com problemas, por
exemplo, de transporte, em que poderia ser importante a
vinculação de recursos. No caso de São Paulo, por
exemplo, um programa para o litoral paulista. E assim por
diante.
Gostaria de ouvir o relatar a esse respeito.
O SR. RELATOR (José Serra): – O Constituinte
Waldeck Ornélas, ex-Secretário do Planejamento
da Bahia, apresenta uma emenda que tem méritos
no seu principio. Só que acho desnecessária.
Não estamos proibindo os Estados e Municípios
de fazerem, o que estamos proibindo para a
União. Se os Estados quiserem fazer, que incluam
203 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
na sua Constituição. Não vejo razão alguma para, na
nossa Constituição, autorizarmos os Estados a fazerem
vinculação. Isso me parece exagerado.
O SR. CONSTITUINTE WALDECK ORNÉLAS: –
Vou retirar o destaque. Mas, normalmente, a vedação não
diz que é apenas à União. É o princípio orçamentário.
O SR. RELATOR (José Serra): – Não, o Estado, na
minha interpretação, pode fazer a sua vinculação.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornellas): – Foi
retirada a emenda do Constituinte Waldeck Ornélas.
O SR. RELATOR (José Serra): – Eu não seria a
favor, se estivesse no Estado, de que isso fosse feito. Mas,
se eles quiserem por isso na sua Constituição, podem
faze-lo.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornellas): –
Emenda nº 34, do Constituinte João Natal.
O SR. CONSTITUINTE JOÃO NATAL: – Srs.
Constituintes, o teor da proposta por si só é suficientemente
esclarecedor. Defere ao Tribunal de Contas da União o que
ele não tem: poder de intimidação oriunda de seus
julgamentos. Atualmente, o Tribunal de Contas da União caso
entenda que administradores e prestadores de serviços da
União cometeram irregularidades ou abusos, poderá
simplesmente aplicar multa de um a dez valores de
referência, o que se me afigura ineficaz. Esse Tribunal, de
quase secular existência, possui significativa estrutura e já
amealhou experiência que não podemos desprezar. De forma
extensiva, entendo que a ineficiência do Tribunal de Contas
da União é a do Congresso Nacional, do Poder Legislativo,
porque é um órgão auxiliar desse Poder. Realmente, multa de
um a dez valores de referência não atemoriza a quem quer
que seja a não praticar iregularidades. Por esta razão,
submetemos à superior apreciação do Relator e deste
plenário a emenda ora em análise.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com
a palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Quero fazer uma
proposta ao Constituinte João Natal, no sentido de que,
posteriormente, numa outra etapa da Constituinte,
trabalhássemos conjuntamente, a fim de melhorarmos a
redação deste artigo. Estou inteiramente de acordo quanto
ao espírito e quanto à sua preocupação. No entanto,
poderiam ser aplicadas às discriminações das sanções
aqui apresentadas, são excessiva e seriam mais próprias
de uma legislação infraconstitucional. Ao mesmo tempo,
acredito que, no art. 60, na verdade, a que V. Ex.ª se
refere, poderíamos acrescentar algo no sentido de abrir um
caminho melhor para uma ação mais eficaz, punitiva, por
parte do Tribunal.
Se eu acolhesse a emenda de V. Ex.ª, a meu ver,
cometeria um equívoco, porque entraria num detalhamento
e numa qualificação de sanções que me parecem
precipitadas numa reflaxão maior mais apropriados a uma
legislação infraconstitucional. Ao mesmo tempo, reconheço
que o artigo, tal como está, poderia ser melhorado. Neste
sentido, proporia ao Constituinte que, caso a emenda não
seja acolhida pelos Srs. Constituintes – e não vou acolhê-la
posteriormente, procurássemos dar melhor redação a esse
artigo. Comprometo-me a encaminhá-la em etapas
posteriores, conjuntamente com V. Ex.ª, no processo
constituinte.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Podemos
fazer a verificação prévia, ou V. Ex.ª retira sua emenda?
O SR. CONSTITUINTE JOÃO NATAL: – Acolho a
sugestão do Sr. Relator e promovo a retirada da emenda.
O SR. RELATOR (José Serra): – Agradeço a V.
Ex.ª a confiança.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte César Maia, autor da Emenda nº 561.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Sr.
Presidente, Srs. Constituintes, esta emenda a
encaminhamos com o mesmo espírito de colaboração, para
depois retirá-la. O Sistema de Controle Interno é subdividido
em Contabilidade e Fiscalização Financeira de Rotina e
Sistema de Auditoria. Este deve ficar separado do Sistema
de Contabilidade e Fiscalização Financeira, porque o
Ministro da Fazenda não pode ter o poder de agir sobre
sistemas, procedimentos, informações e denúncias dos seus
colegas pares, ministros de outras Pastas. Neste sentido, é
necessária a criação da Auditoria Geral da República
paralelamente à da Procuradoria Geral e à da Consultoria
Geral da República. Isto é básico para que o poder do
Presidente da República seja exercido sobre todos os
ministros de forma idêntica. Gostaria de ouvir o nobre
Relator sobre isso para, logo em seguida, retirar a emenda.
O SR. RELATOR (José Serra): – Nobre
Constituinte César Maia, sua emenda diz: "Fica criada a
Auditoria Geral da República, subordinada diretamente à
Presidência da República."
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Darei um
exemplo simples: uma denúncia sobre alguma
irregularidade de fundo num Ministério não pode ser
verificada por um Ministro contra outro. O Controle Interno
é composto da Contabilidade e Fiscalização Financeira e
Auditoria. Esta é subordinada, às vezes, ao Congresso
Nacional, mas nunca a um Ministro sobre outro. Com o
Ministro da Fazenda ficaria a Contabilidade e a
Fiscalização Financeira e a outra parte, a do Controle
Interno e Auditoria Geral da República, ficaria subordinada
diretamente ao Presidente da República. Isso depois, para
discutirmos e aprofundarmos este tema.
O SR. RELATOR (José Serra): – Há três propostas
a respeito da Auditoria: uma, que analisamos, do
Constituinte Jutahy Magalhães; outra, do Constituinte, João
Natal, que não tivemos ainda oportunidade de discutir,
referente a um destaque de S. Ex.ª que não sei se pediu; e
esta que V. Ex.ª faz. Acredito que a introdução, tal como
está no corpo do nosso texto, produziria um desequilíbrio,
pelo menos na idéia central que conduziu à elaboração do
texto. Gostaria também que, em etapas posteriores,
pudéssemos aprofundar este ponto. Confesso a V. Ex.ª
que é uma idéia em torno da qual não fiz muita elaboração.
Gostaria que isso fosse aprofundado posteriormente.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): –
Nobre Constituinte César Maia, V, Ex.ª retira sua emenda?
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Sim.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Obrigado.
Temos agora a última emenda. Vamos fechar a nossa reunião,
com chave de ouro, ouvindo o ilustre Presidente de uma de nossas
Subcomissões, o Constituinte Cid Sabóia de Carvalho.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE
CARVALHO: – Sr. Presidente, Sr. Relator, caros
Constituintes que ainda estão presentes à nossa reunião,
gostaria de chamar a atenção do Sr. Relator para o item V,
do art. 54, do texto atual. Este confere ao Tribunal de
Contas da União "a fiscalização da aplicação de quaisquer
recursos repassados mediante convênio pela União a
Estados, Distrito Federal e Municípios".
Sr. Relator, isto simplesmente vai ocasionar o
esvaziamento dos Tribunais de Contas dos Estados de São
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DAS COMISSÕES)
Paulo, Rio de Janeiro, do Distrito Federal, além de ferir
frontalmente a autonomia dos Estados e dos Municípios, tudo
isso a um só tempo. É uma medida que contraria o próprio
espírito do projeto de V. Ex.ª, uma vez que é excessivamente
centralizadora. A União, através do Tribunal de Contas, estaria
tendo ingerência nos assuntos de competência dos Estados,
Municípios etc. Sei perfeitamente, Sr. Relator, que já não há
tempo para chegarmos a uma solução adequada, nem
oportunidade para esta minha propositura, porque não há
quorum para votá-la, mas gostaria que V. Ex.ª examinasse
este assunto com o máximo carinho e com muita atenção. Os
Tribunais de Contas dos Municípios do Rio de Janeiro e de
São Paulo, os Conselhos de Contas dos Municípios, os
Tribunais de Contas do Distrito Federal e dos Estados estão
ameaçados de esvaziamento pela manutenção deste item V,
no texto atual do art. 54. Gostaria de ouvir o nobre Relator.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Nobre Constituinte
Cid Sabóia de Carvalho, V. Ex.ª faz observações que seriam
corretas, se disséssemos assim, no item V, do art. 54:
"A fiscalização da aplicação de quaisquer recursos
repassados pela União a Estados."
Estamos fazendo referência exclusivamente à
fiscalização de recursos repassados voluntariamente pela
União mediante convênio. Isso de maneira alguma implica
esvaziamento de Tribunais de Contas estaduais ou
municipais. São recursos voluntários, repassados mediante
convênio. Portanto, não criamos um monstro. Poderemos ter
criado até um insetozinho, mas não um monstro. Pelo que V.
Ex.ª assinala, haveria esse monstro, caso realmente essa
fiscalização se estendesse às transferências, aos recursos
partilhados etc. Referimo-nos exclusivamente aos recursos
repassados voluntariamente sob o mecanismo de convênio.
Isso não leva a essa interferência no grau em que V. Ex.ª
assinala, falando com um Constituinte de notórios
conhecimentos nessa área.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO:
– Apenas acrescentaria, nobre Relator, que no Senado da
República tramita projeto semelhante, com absoluta
impossibilidade de aprovação por aquela Casa.
O SR. RELATOR (José Serra): – Mas insisto na
questão do convênio.
O SR. CONSTITUINTE JESUS TAJRA: – Sr.
Presidente, peço a palavra para uma questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Um
minuto, por favor. Encerramos agora a votação do Substitutivo
do Constituinte José Serra sobre Sistema Financeiro, Sistema
Tributário e Orçamento. (Palmas.)
Quero agradecer aos Srs. Constituintes o
grande trabalho aqui realizado. Do primeiro ao último
minuto, todas as nossas conversações e O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
discussões ocorreram num clima de grande cordialidade.
Graças à competência de cada um dos Srs. Constituintes,
foi possível chegarmos até aqui. Quero mencionar o
notável trabalho feito pelo nobre Relator José Serra, que, com
grande denodo, competência e clarividência, abordou todos os
assuntos relacionados com os Sistemas Financeiro, Tributário
e Orçamento. Quero fazer menção especial também ao
Presidente da Subcomissão de Orçamento, Constituinte João
Alves, ao Relator da Subcomissão de Orçamento, Constituinte
José Luiz Maia, ao Presidente da Subcomissão de Tributos,
Constituinte Benito Gama, ao Relator da Subcomissão de
Tributos Constituinte Fernando Bezerra Coelho, ao Presidente
da Subcomissão do Sistema Financeiro, Constituinte, Cid
Sabóia de Carvalho, e ao meu querido amigo Relator.
204
da Subcomissão do Sistema Financeiro, Constituinte
Fernando Gasparian. Agradeço a colaboração a cada um
deles em particular e a todos os Constituintes, a nossa querida
Secretária Maria Júlia Rabello de Moura, a todos os
funcionários desta Casa, que, durante mais de dez dias,
dormindo duas horas por dia, vencendo todas as dificuldades
administrativas, conseguiram cumprir, dentro do prazo
regimental que assegurei a V. Ex.ªs, os trabalhos da
Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e Finanças. Muito
obrigado a todos pela colaboração. (Palmas.)
O SR. RELATOR (José Serra): – Sr. Presidente,
gostaria de pedir a palavra.
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte José Serra.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO:
– Sr. Presidente, gostaria de falar antes do Constituinte José
Serra, porque quero referir-me a S. Ex.ª
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte Cid Sabóia de Carvalho.
O SR. CONSTITUINTE CID SABÓIA DE CARVALHO:
– Quero dizer, em nome da Subcomissão do Sistema
Financeiro, em nome do Sr. Constituinte Fernando Gasparian
e de todos os integrantes desta Comissão que a impressão
que nos deixa o Presidente Francisco Dornelles é a melhor
possível. S. Ex.ª nos dá uma lição de humildade, de
amabilidade e, acima de tudo, de democracia. Quero dizer
especialmente ao Constituinte José Serra que S. Ex.ª nos
impressionou pela sua competência, pelos seus
conhecimentos nos debates, mesmo quando se posicionou
contra nossas idéias, contra nossa linha de conduta tributária
ou orçamentária. A verdade é que todos reconhecemos seu
alto valor, suas qualidades e sua perfeita sintonia com o nosso
partido, o PMDB e, mais ainda, com sentido democrático que
norteia neste momento o nosso País. Estamos nesta transição
difícil, mas é com homens como os nobres Constituintes José
Serra e Francisco Dornelles que vamos ultrapassar essa fase
difícil da Nação e chegar lá, se Deus quiser. (Palmas.)
SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte César Mala.
O SR. CONSTITUINTE CÉSAR MAIA: – Sr.
Presidente, em nome do meu partido, o PDT, quero dizer que
tenho este reconhecimento pelos Constituintes Francisco
Dornelles e José Serra. Acho que tiramos desta Comissão –
todos os Constituintes, liderados e dirigidos pela
competência e pela capacidade de coordenação de V. Ex. as –
um anteprojeto progressista, nos aspectos social e político; um
anteprojeto bom para ser discutido e emendado.
Os Constituintes desta Comissão estão de parabéns.
Esta é a mensagem do meu partido. Agradeço em nome do
meu partido, aos Constituintes Francisco Dornelles e José
Serra. (Palmas.)
palavra o Constituinte José Luiz Maia.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ LUIZ MAIA: –
Sr. Presidente. Sr. Relator. Srs. Constituintes. faço minhas
as palavras dos Constituintes Cid Sabóia de Carvalho
e César Maia. Talvez até possa falar aqui em
nome do Nordeste, principalmente dos companheiros
que conosco lutaram e cerraram fileira em torno desta luta.
Sei que tivemos algumas divergências com o nosso
brilhante Relator José Serra, mas quero expressar o
meu agradecimento aos representantes dos Estados
de São Paulo, do Rio de Janeiro, do Paraná,
de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul, do
Amazonas, do Centro-Oeste, de Minas Gerais, enfim, a
todos aqueles que nos ajudaram nesta luta que é, sem
205 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
dúvida alguma, a grande esperança das regiões mais pobres
deste Pais. O Constituinte José Serra fique certo da minha
admiração, do meu respeito e da minha amizade. Aos
funcionários, a todos aqueles que nos ajudaram neste
trabalho, os nossos sinceros agradecimentos. Muito obrigado,
Sr. Presidente. (Palmas.)
O SR PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte Darcy Deitos.
O SR. CONSTITUINTE DARCY DEITOS: – Sr.
Presidente e Sr. Relator da Comissão do Sistema Tributário,
Orçamento e Finanças, em meu nome e no dos companheiros
do Paraná, quero cumprimentá -los pela brilhante condução
dos nossos trabalhos. Quero dizer a V. Ex.ªs que, às vezes, as
colocações mais duras e ásperas brotam exatamente da
necessidade de acertamentos, da necessidade e da
responsabilidade com que cada um de nós ve io aqui
procurando exatamente refletir a vontade da população
brasileira e do seu Estado. É evidente que cada um de nós,
procurou lutar pelos interesses da sua gente. Sei que o grande
vitorioso deste anteprojeto será o povo brasileiro. É evidente
que algum as imperfeições, no nosso entendimento, deverão
ser corrigidas com a apresentação das emendas em plenário.
Quero destacar o brilhante trabalho feito pelo Constituinte
José Serra, que mostrou lucidez, competência, em todos os
assuntos das três esferas que S. Ex.ª focalizou em seu
Relatório. Do mesmo modo o trabalho do Presidente
Francisco Dornelles, que soube democraticamente conduzir a
bom termo a nossa Comissão, que irá entregar o seu relatório
no prazo previsto.
Em meu nome e no da bancada do Paraná, parabenizo
o Presidente e o Relator desta Comissão do Sistema
Tributário, Orçamento e Finanças, juntamente com todos os
seus componentes. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte Jesus Tajra.
O SR. CONSTITUINTE JESUS TAJRA: – Sr.
Presidente, na qualidade de Vice-Líder do PFL e com a
delegação do Presidente da Subcomissão de Tributos,
Participação e Distribuição das Receitas, Constituinte Benito
Gama, e do Relator Fernando Bezerra Coelho, quero
agradecer a contribuição a cada companheiro nesta
Comissão, porque todos, a seu modo, com as idéias,
procuraram dar a sua participação para o aprimoramento de
um texto que haverá de inserir-se na nova Constituição
brasileira. Gostaria de destacar o brilhante papel
desempenhado pelo Constituinte José Serra, que, até há
pouco tempo, era apenas um companheiro de Parlamento e,
hoje é um grande amigo. (Palmas.) Igualmente V. Ex.ª, Sr.
Presidente, como já foi destacado aqui, soube conduzir as
coisas de maneira a que esta Comissão chegasse – são
apenas 23h35min – a concluir os trabalhos dentro de uma
ordem, muito diferente da que se observou lamentavelmente,
em outras Comissões. Isso evidenciou não só o pulso com
que V. Ex.ª trabalhou – ora agindo com firmeza, ora se
flexionando, para que as coisas tivessem um bom andamento
– como também a compreensão de cada um de nós, o que
contribui para o êxito final dos nossos trabalhos, que agora
comemoramos.
Em nome do Partido da Frente Liberal, quero deixar
aqui patenteadas as congratulações a todos os companheiros,
a V. Ex.ª e ao Relator José Serra, dois nomes de projeção
nacional, que confraternizam conosco, em pé de igualdade e
amizade. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Constituinte José Maria Eymael.
O SR. CONSTITUINTE JOSÉ MARIA EYMAEL: –
Sr. Presidente, em nome do Partido Democrático Cristão de-
sejo, inicialmente, cumprimentar todos os companheiros
Constituintes desta Comissão, que, através de árduo trabalho,
deram o melhor de suas inteligências e vontades para que
alcançássemos o resultado a que hoje chegamos.
Por outro lado, Sr. Presidente, é com muito carinho que
desejo registrar a imagem que todos levamos de V. Ex.ª, que,
na direção dos trabalhos, se portou de forma extremamente
amistosa. Mesmo nas linhas mais firmes de suas atitudes, V.
Ex.ª se traiu, não conseguindo ser duro em nenhum momento,
mas foi amigo sempre. É esta amizade, Sr. Presidente, que
hoje sentimos em relação à sua pessoa. Todos nós, ao longo
deste trabalho, aprendemos a conhecer em V. Ex.ª uma
pessoa extraordinária, capaz de cativar, como cativou, a
simpatia, a amizade e a admiração de todos.
Sr. Presidente, desejamos agora, com muita ênfase,
exprimir uma palavra muito especial ao nosso companheiro
José Serra, Relator desta Comissão:
Companheiro José Serra, indiscutivelmente, o
momento que vivemos exigiu dose profunda de coragem e,
acima de tudo enorme capacidade de termos esperança,
esperança para ousar. E esta virtude, companheiro José
Serra, a coragem para enfrentar o desafio deste momento, e
esta condição intrínseca de acreditar, de ter esperança para
ser capaz de ousar, V. Ex.ª demonstrou à sociedade. Tenho
certeza de que a posteridade, a História, indiscutivelmente, irá
registrar a imensa contribuição que V. Ex.ª trouxe aos
trabalhos desta Assembléia Nacional Constituinte. (Muito
bem!)
Estou certo, nobre Relator José Serra, de que a atitude
de V. Ex.ª, ousando e tendo esperanças, em muito irá
contribuir para que realmente tenhamos a sociedade com que
sonhamos: justa, livre e solidária. Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Francisco Dornelles): – Com a
palavra o Relator José Serra.
O SR. RELATOR (José Serra): – Em primeiro lugar,
quero agradecer de maneira sincera e comovida as
referências que aqui foram feitas à minha pessoa e ao nosso
Presidente Francisco Dornelles. As manifestações de afeto
explicam os evidentes exageros que houve em diferentes
colocações relativamente à minha pessoa.
Realmente, achei o meu trabalho difícil, mas
extraordinariamente facilitado pela atitude do conjunto da
Comissão. Se prestarmos atenção, veremos que devemos
ter apresentado centenas de emendas, tendo elas sido
discutidas, rejeitadas e aprovadas aqui em plenário.
Quero dizer aos companheiros que em nenhum
momento me senti pressionado, em nenhuma
circunstância.
Constituinte Darcy Deitos, V. Ex.ª foi um dos
que mais interveio. Nem sempre estivemos de
acordo, mas sempre o fez sem exercer qualquer tipo
de pressão psicológica de qualquer natureza.
Isso foi muito importante para o meu trabalho. Pude
ficar aqui trabalhando muito ligado a tudo, de
maneira descontraída, sem sofrer qualquer tipo
de pressão, direta ou indireta. Enfim, pude
descontrair-me, ficando concentrado naquilo
que é essencial: a discussão de idéias e propostas
que visam ao interesse público. Acho que essa facilidade
de trabalho realmente foi dada pela composição
muito feliz desta Comissão, não obstante, a sua
diversidade de natureza – regional, política, ideológica e
partidária – predominante em matéria de ousadia,
realismo, tolerância, que é muito importante dentro do
nosso trabalho, e de paciência em face de todas as
dificuldades de natureza material e ele tempo que
tivemos. Estou dizendo isso de maneira muito sincera.
 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
Por outro lado, do ponto de vista político, fizemos uma
conquista. Estamos entregando um relatório que,
provavelmente, não coincide com sonhos de cada um de nós
individualmente, nem com o meu, como Relator. Há
muitíssimos pontos aqui que correspondem a pontos de vista
da Comissão, não exatamente as minhas idéias. Mas acho
que, a partir desta condução política, de aliança, que
soubemos estabelecer, chegamos a um resultado muito bom.
Se tivesse prevalecido o sectarismo, a tentativa de imposição
de pontos de vista, a todo custo, por parte deste ou daquele
grupo, não teríamos chegado ao resultado progressista que
alcançamos. Acho que este aspecto merece ser valorizado.
Queria ainda externar o meu agradecimento, nada
formal, mas muito sincero, aos membros da equipe.
Realmente, essas pessoas trabalharam, muitas vezes, de
maneira não reconhecida nem por mim, pois não se tinha
tempo para isso. (Palmas.)
Aqui, em Brasília, aprendi a valorizar o servidor público,
que tem um salário modesto, que não tem as recompensas
que, às vezes, são dadas pelo prestígio, pelo reconhecimento
daqueles que têm um cargo eletivo, mas que tem dedicação
realmente extraordinária ao trabalho. Isso só se explica pelo
seu espírito público: trabalhou de madrugada, passou a noite
sem dormir, tolerou, às vezes, a impaciência do Relator, de
pessoas, daqui e dali, trabalhou sempre, sem parar, até hoje e
até agora. Este reconhecimento tem de ser feito de m aneira
muito enfática. Este é um aspecto que aprendi a ver aqui em
Brasília. Quero enfatizar isso. É uma das grandes
experiências e lições que tive nesta breve permanência no
Parlamento.
Quero mencionar os nomes de Ada Stella Bassi
Damião Gustavo Volker Luedemann, Cavalcanti Mundin, Ilarry
Concardo Ichueller e Tereso de Jesus Torres, dentre outros,
Abelardo Gomes Filho, Dinair, que passaram noites e noites
trabalhando para fazer pareceres sobre as emendas, quando
não me estavam prestando assessoria direta.
Citaria ainda o nome do Prof. Alcides Jorge Costa, um dos
maiores tributaristas brasileiros, que veio três ou quatro vezes a
Brasília, às vezes com passagem e hotel pagos pelo seu bolso, para
ajudar-nos no nosso trabalho, sem falar nas dezenas de ligações
telefônicas que fez – ele, que está com a sua mãe em estado grave
na UTI de um hospital.
Quero citar ainda os nomes de Antônio Almeida de Lima,
Antônio Correia de Almeida, Arthur Nunes de Oliveira Filho – que não
são ,do Quadro de funcionários do Congresso Nacional e Beatriz
Azevedo da Silva.
Tivemos Assessores, inclusive, que cedemos para outras
Comissões, ou seja, que nos ajudaram e puderam ajudar outras
Comissões desta Constituinte. São eles: Cézar Saldanha, Clóvis
Panzarini, Francisco de Paula Ciffone, José Roberto Rodrigues
Afonso – que passou, literalmente, certa vez, quarenta e oito horas
acordado – Júlio Sérgio Gomes de Almeida, Luiz Antônio Raeder,
Luiz Carlos Piva – que me deu uma ajuda muito grande, juntamente
com Maria Betânia de Lemos Gonçalves da Motta e Juarez de
Souza, na parte relativa ao Sistema Financeiro. Os três trabalharam
muito durante semanas.
Quero mencionar agora os nomes de Luiz
Romero Patury Accioli, pessoa que conheci e que é
realmente extraordinária – para descrever – não dá
aqui os seus méritos como pessoa, como técnico, como
homem de trabalho Márcio Bartolomeu Alves Silva, Nélson
Madalena – que foi Secretário da Fazenda de Santa Catarina
e que veio aqui nos ajudar – Pedro Parente, da Secretaria
do Tesouro, Reinaldo Mustafa, Ricardo Versam) Te-
206
reza Lobo, Valdemar Giomi, que trabalhou comigo três anos
na Secretaria de Planejamento de São Paulo. Não fosse ele,
não teríamos feito o trabalho que lá realizamos. Na época, era
nosso Coordenador de Programação Orçamentária. Hoje, é
Assessor Secretário ,de Planejamento do Rio de Janeiro.
Esteve aqui dias e dias, dando o melhor de si mesmo – é uma
das pessoas que mais entende de Orçamento neste País –
colaborando conosco em nosso trabalho. E também José
Mario Bimbato, que tanta ajuda nos deu.
Quero também lembrar a equipe do Prodasen, que
muitos Constituintes não conhecem, e que é uma coisa
extraordinária. Fiquei impressionado com o Prodasen e com a
dedicação de seus servidores. Esses servidores públicos, que
lá trabalham anonimamente – e não estão ganhando mais por
isso – deram sua cota de sacrifício para que os nossos
trabalhos pudessem ir em frente. São eles: Nabor Salto, Paulo
Fialho, Wilson Júnior, Cristina Júlia Fortes Lobato, Kleber
Gomes, Félix Ferreira Lima e toda a equipe.
Finalmente, agradeço à Secretária da Comissão, sem
fazer injustiça ao seu conjunto de funcionários o trabalho de
Maria Júlia Rabello de Moura, Jarbas Viana Leal, Benício
Mendes Teixeira, Marisa da Silva Matta.
Agradeço também o trabalho à Subcomissão e a todas
as respectivas equipes, que nos deram o conforto, a amizade,
o carinho, a boa vontade, ajudando-nos a resolver pequenos
problemas de maneira extraordinária. Particularmente gostaria
de agradecer à Maria Berenice Carvalho Castro Souza, que
ficou aqui me agüentando durante todo o tempo. V. Ex. as não
imaginam a quantidade de pressões que exerci sobre ela.
Estas as palavras que desejava dizer a todos. Quero
acrescentar também que alcançamos o nosso objetivo. Não
apenas cumprimos o nosso papel, mas transmitimos a todos
os membros da Constituinte – digo isso sem qualquer
pretensão – uma conquista que, certamente, será aprimorada
e melhorada nos próximos meses. Muito obrigado. (Palmas.)
Outrossim, queria fazer também uma referência de
natureza pessoal a o trabalho do meu companheiro Francisco
Dornelles, Presidente da nossa Comissão a quem – não
obstante o fato de, no passado, haver-nos encontrado
inúmeras vezes – realmente, agora, aprendi a conhecer de
perto e a admirar, pelo seu caráter de pessoa digna e
conciliadora. Aliás, é tradição de família. Realmente, não fosse
S. Ex.ª e o entendimento que permitiu que tivéssemos,
certamente não teríamos chegado às 23 horas e 50 minutos,
quase meia-noite do dia aprazado, com o nosso trabalho
concluído. (Palmas.)
Agradeço também aos Presidentes e Relatores de
cada uma das Subcomissões, os Constituintes Fernando
Bezerra Coelho, Benito Gama, Fernando Gasparian, Cid
Sabóia de Carvalho, João Alves e José Luiz Maia. Na
verdade, a espinha dorsal da nossa tarefa já veio das
Subcomissões foi preenchida com o nosso trabalho e a partir
das emendas e discussões feitas neste plenário. Muito
obrigado. (Palmas.)
Declaração de votos apresentados durante a reunião
da Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e Finanças do
dia 14-6-87.
DECLARAÇÃO DE VOTO
Voto favoravelmente por ter também solicitado
a imediata vigência dos aumentos do Fundo de
Participação aos Estados e Municípios. Embora a emenda
minha autoria fosse mais abrangente, aceito a presente pro-
207 ANAIS DO SENADO FEDERAL (ATAS DE COMISSÕES)
posta, que já atende, em grande parte, a idéia que
poderíamos denominar de Reforma Tributária de
emergência.
Sala da Comissão, 14 de junho de 1987. – Jutahy
Magalhães, Senador Constituinte.
Destaque de Firmo de Castro
Emenda nº 5S-412
DECLARAÇÃO DE VOTO
Voto contra a Emenda nº 608, de autoria do
Constituinte Roberto Freire que propõe a transferência
da competência do ITR do Estado para a União.
Reservo-me, todavia, o direito de reestudar o
assunto, nos passos seguintes desta Assembléia
Nacional Constituinte, principalmente sob a ótica da
reforma agrária, imperativo nacional.
Brasília, 14 de junho de 1987. – (Assinatura
ilegível)
Destaque – 5S-150
José Maria Eymael
DECLARAÇAO DE VOTO
Estou entre os que acreditam que o tributo
pode ser usado como instrumento valioso de
reforma agrária. É de minha autoria a emenda
que determina que o ITR tenha alíquotas
fixadas de forma a desestimular a formação
de latifúndios e a manutenção de propriedade
improdutiva.
Entretanto, ao contrário da opinião do autor da
emenda, acho que esse objetivo será melhor alcançado
com o ITR relacionado como competência do Estado. –
(Assinatura ilegível).
Destaque – 5S-608
Hélio Rosas
DECLARAÇAO DE VOTO
A bancada do Partido dos Trabalhadores na
Comissão do Sistema Tributário, Orçamento e Finanças
vota "não" ao substitutivo do relator por ser ele
extremamente conservador e contrário aos interesses
dos trabalhadores e da maioria do povo.
Na área financeira, não golpeia o capital
financeiro, não preservando assim a economia nacional
contra a especulação financeira institucionalizada.
Também não defende o nosso povo contra as garras do
imperialismo como demonstra sua tibieza conivente com
respeito à divida externa e à penetração do capital
financeiro multinacional em nosso País. Sequer
fortalece, como deveria fazer, o atual setor financeiro
público, especialmente o Banco do Brasil.
O sistema tributário proposto procurou ser
inovador apenas quanto a uma pequena
descentralização, mantendo-se basicamente regressivo,
em que pese suas reduzidas inovações, mostrando-se
portanto antipopular por ser concentrador de rendas.
Até mesmo a, uma possível modernização
técnica dos sistemas – financeiro, orçamentário e
tributário – mostra-se no mínimo tímido, quando não
francamente conservador.
Por tudo isso só nos resta votar pela rejeição do
substitutivo e lutar por avanços substanciais nas
próximas fases da Assembléia Constituinte.
Brasília, 12 de junho de 1987. –
Virgílio:Guimarães.
DECLARAÇAO DE VOTO
Voto "não" à Emenda nº 634, uma vez que o texto
original contempla em linhas gerais o objeto da emenda.
Voto "não", principalmente, todavia, porque o
texto original contém expressão de alta relevância, ou
seja, promover o desenvolvimento integrado do País.
Julgo, relevante, todavia, a inclusão da expressão
"força social", que levarei em boa conta, nos passos
seguintes da Assembléia Nacional Constituinte.
Brasília, 12 de junho de 1987. – José Maria
Eymael.
DECLARAÇAO DE VOTO
Voto favoravelmente à Emenda do Dep. Walmor
de Luca. Embora reconhecendo os argumentos do
Relator José Serra quando ressalva que no seu art. 71
não dá privilégios aos Bancos privados, entendemos
que é hora de se fazer valer no Sistema Financeiro as
leis de mercado: recursos do Governo, gerados e
geridos pela administração pública, devem ser
colocados à disposição das instituições financeiras
públicas, uma vez que é esta exatamente a. praxe do
mercado, isto é, o detentor dos recursos (privado ao
público) deverá usá-lo segundo suas conveniências e
opções. Aqui fazemos uma opção pela gerência
financeira do Estado, quanto aos seus recursos próprios
em opção à tece do Relator José Serra.
Queremos registrar, na oportunidade, a nossa
discordância com as interpretações do nobre
Constituinte Walmor de Luca quanto às Teses
Econômicas do meu Partido, o PMDB. É questão
doutrinária importante e acredito o PMDB dentro da
nova realidade brasileira que emergiu da Nova
República, saberá discutir e interpretar. Por outro lado
manifesto o meu repúdio às tentativas de, usando-se
conceitos gastos de "progressistas" e "retrógrados",
fugirmos à análise profunda da realidade nacional.
Penso que devemos inclusive, questionar teses que
durante muito tempo serviram de suporte ao
pensamento chamado de "esquerda"' no Brasil. O
PMDB que emergirá da Constituinte, onde as questões
mais candentes da sociedade brasileira estarão em
discussão será, sem dúvida alguma, um PMDB
ideologicamente forte, identificado com os anseios de
mudança do povo brasileiro em favor de uma sociedade
democrática, socialmente justa e economicamente
moderna. Será um Partido progressista sem aspas. –
Mauro Campos.