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AULA 3

AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL

Prof. Ivo José Both


CONVERSA INICIAL

Figura 1 – Avaliação inovadora

Fonte: Shutterstock/Kirasolly.

Constitui objetivo da avaliação inovadora favorecer todas as frentes de


atuação educativas que possam de alguma forma influenciar na melhoria da
qualidade de desenvoltura dos profissionais responsáveis pelo planejamento e
pela implementação de atividades formativas de elevado nível de qualidade com
os estudantes.
Procedimentos inovadores em qualquer circunstância da vida ocorrem com
possível pertinência, quando os seus interlocutores demonstram o necessário
protagonismo na área.

CONTEXTUALIZANDO

Tratar de inovação é uma iniciativa acadêmica das mais prestimosas em


meios educativos, uma vez que abre vasto leque de possibilidades formativas que
podem favorecer a melhoria de qualidade tanto da aprendizagem dos estudantes
quanto do desempenho institucional como um todo.

TEMA 1 – O AVALIADOR PODERÁ OBTER TANTO MAIOR ÊXITO EM


AMBIENTE EDUCATIVO QUANTO MAIOR FOR A SUA RELAÇÃO DE EMPATIA
COM A AVALIAÇÃO

Regular relação de empatia do avaliador com a avaliação por certo poderá


propiciar excelentes experiências de aprendizagem.

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1.1 Momento maior de empatia ocorre quando o avaliador consegue se
posicionar no lugar da avaliação, como se lhe concedesse a palavra

O texto a seguir é de autoria deste autor no livro Avaliação: voz da


consciência da aprendizagem (Both, 2012, p. 84-90), em que a Avaliação tece
firmes considerações sobre os seus objetivos em “eloquente monólogo”. Senão,
vejamos! Com a palavra, a Avaliação:
Senhores, prezo valorizar e dignificar o SER humano, sem distinção de
cor, raça, religião ou condição social.
Para início de conversa, defendo que só vale a pena ensinar e avaliar
quando o ser humano é tomado como centro das atenções. Não sendo dessa
forma, é esforço inútil que se perde no tempo.
Aproveito esta rara oportunidade que você me concede, não somente
para me defender de eventual mau uso ou malversação feitos de minhas funções
por outrem. Mas pretendo lhe falar de coração aberto a respeito de minhas reais
intenções quando sou convidada a intervir em meios acadêmicos, escolares e fora
deles.
De saída confesso-lhe que toda a minha intervenção passa por um
caminho denominado processo. No entanto, não radicalizo com os avaliadores
que me utilizam para fazerem seus julgamentos baseados preferencialmente em
números, quantidades, percentuais. Pelo contrário, procuro aproximar-me deles
não para neles me acomodar, mas para somar, quando possível, suas
contribuições à minha maneira processual de agir.
Entendo as pessoas quando elas manifestam dificuldades para atuarem
comigo de forma mais qualitativa e menos numérica. Muito dessa dificuldade é
herança da formação de cada um, ou melhor, é questão curricular.
Enquanto cursos de determinada área de conhecimento são
contemplados em sua grade curricular com disciplinas do tipo “metodologia do
ensino” e “didática”, cursos de outras áreas não são merecedores dessa benesse
pedagógica.
Veja que para as pessoas formadas em cursos da área de conhecimento
de ciências humanas, letras e artes, por exemplo, é normal seguirem a via da
avaliação processual ou formativa, mas para as formadas em outras áreas, esse
caminho representa ser, muitas vezes, sinuoso e difícil de trilhar.

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Assim sendo, é questão corrente deparar-me com pessoas que explicam
resultados de desempenho humano prioritariamente a partir de dados estatísticos,
enquanto outras utilizam-se sobremaneira de referências comportamentais para
a essa explicação.
Digo-lhe estar sendo bem ou mal interpretada em minhas funções desde
os tempos mais remotos da humanidade. Nessa época eu era muitas vezes
utilizada friamente apenas como instrumento de julgamento em função do bem e
do mal, se certas pessoas deveriam ser jogadas às feras ou não, sem levar em
conta seus valores positivos.
Mas, não vamos tão longe assim, pois, ainda hoje considerável número
de pessoas, entre elas muitos educadores, utilizam-se de mim de forma deturpada
para realizarem seus julgamentos a respeito de seres humanos. Isso me dói muito,
me deprime, pois minha função não vai por aí.
Gostaria muito que as pessoas me utilizassem para:

• perceberem valores mais e menos positivos no ser humano, a fim de


orientá-lo em seus méritos e dificuldades;
• empregarem os resultados de avaliação nunca contra, mas a favor do ser
humano.

É degradante quando em meios acadêmicos e escolares me utilizam com


pouco foco na aprendizagem. Esses profissionais sabem que não consigo ser útil
sozinha, isoladamente. Sou produtiva e útil, sim, quando me é permitido atuar de
forma harmoniosa, interativa e solidária com o ensino e a aprendizagem.
Você já percebeu que figurativamente deram-me duas mãos como de
uma pessoa destra, em que, neste caso, a direita consegue demonstrar mais
habilidades que a outra. A mão direita atende pelo nome “avaliação processual” e
a esquerda por “avaliação somativa”.
Não são comparações que imediatamente caem no gosto das pessoas,
mas auxiliam-me a entendê-las mais facilmente. E não pense você que me sinto
depreciada em minhas funções com essas comparações. O que me deixa
preocupada é a falsa impressão que muitas pessoas, incluindo educadores, têm
com relação à função de cada uma das mãos – avaliação processual (formativa)
e avaliação somativa.
Entendem que ambas as mãos – como as de uma pessoa destra –
executam as mesmas funções com igual habilidade e proveito, o que é uma

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inverdade. A diferença de habilidade consequente entre as duas pode-se explicar
da seguinte forma:

• a mão direita “avaliação processual ou formativa” visa melhoria de


desempenho do aluno, sua realização como ser humano e prontidão à
disponibilidade, ao passo que
• a mão esquerda “avaliação somativa” preocupa-se com tomadas de
decisão com base em dados eficientes e consequentes.

Para um bom entendedor, essas mãos não se “ferem”, mas se “lavam”,


se entreajudam, em função de adequados e consequentes favorecimentos
acadêmicos e escolares.
O Brasil é um imenso território com vastas cadeias alimentares e
industriais. Ambas contribuem fortemente para este país merecer o título de 10ª
economia do mundo. Mas, infelizmente este honroso título não se reflete em
suficiente democratização social dos benefícios que dele poderiam advir.
Por outro lado, nosso país está se encaminhando cada vez mais para a
urbanização, pela ausência de efetivas políticas de retenção das pessoas na zona
rural.
Entristece-me imensamente essa situação, pelo inábil uso que é feito de
mim, AVALIAÇÃO, com relação a essa questão. Eu teria todas as condições de
propiciar justificativas de desarmamento da falsa propaganda que alimenta a
irrefreável atração por supostos empregos que estariam em profusão à disposição
do homem do campo na zona urbana.
Por conta de uma AVALIAÇÃO mal encaminhada a respeito das
realidades próprias de emprego na zona rural e na urbana, ocorrem, geralmente,
dois fatos:

• um, de decepção pela constatação de insuficiência de empregos na zona


urbana;
• e outro, de imediata queda da auto-estima dos candidatos quando do
reconhecimento de seu despreparo profissional para o exercício das
funções dos empregos existentes na zona urbana.

A consequência dessa malfadada situação de desemprego torna-se,


muitas vezes, convite para outras iniciativas de sobrevivência menos honradas na
informalidade.

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Como AVALIAÇÃO, tenho plena consciência que poderia ser utilizada de
forma bem mais proveitosa do que como vem ocorrendo. Talvez eu não tenha
conseguido justificar suficientemente a minha utilidade junto aos diferentes meios
sociais desde que apareceu o ser humano na face da terra. Mas, se ainda for
possível, gostaria de me redimir desse fato, propondo as seguintes sugestões:

1. aos educadores:

• que entendam e façam entender aos outros que mais do que servir de
medida nos meios acadêmicos e escolares, pretendo intermediar a
valorização do ser humano em seus aspectos positivos e nas suas
deficiências;
• que tomem consciência e conscientizem as pessoas a deixarem de
alimentar receio por mim, pois não é função minha castigar, mas prestar
incentivo e apoio;
• que se convençam de que não é função minha aprovar ou reprovar, mas
ficar à disposição do ensino e da aprendizagem na intermediação de
providências que levem a todos os alunos a lograrem êxito em seus
estudos;
• que se conscientizem de que nos meios escolares, nas residências, nas
ruas, no meio rural ou seja onde for, o ato de ensinar e o de avaliar sejam
justapostos de forma solidária e simultânea;
• que se convençam os educadores de eu cumprir função de metodologia da
aprendizagem.

2. aos demais profissionais na condição formal ou informal:

• que retornem aos meios escolares para se assegurarem dos reais objetivos
meus em qualquer ambiente de trabalho;
• que eu não seja utilizada para separar pessoas, mas para aproximá-las e
torná-las solidárias;
• que eu não seja empregada prioritariamente como medida quantitativa,
mas como meio de reconhecimento dos valores latentes e ostensivos do
ser humano;
• que o reconhecimento profissional ocorra pela valorização simultânea do
saber e do saber ser dos funcionários.
Como AVALIAÇÃO, também gostaria de dizer que não sou contra os
meus parentes próximos denominados medida, classificação, verificação e outros
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ainda menos conhecidos, mas também não nutro grandes simpatias por eles, por
diversos motivos:
• porque confundem as pessoas com relação à minha função
primeira que é a de valorizar o certo e o erro, sem deixar de
reconhecer dificuldades de aprendizagem e de desempenho dos
alunos, por exemplo, pois tal atitude se faz necessária para a
tomada de providências de reconstrução dos caminhos do saber;
• porque muitas vezes procuram explicar a natureza humana, com
suas virtudes e defeitos, somente a partir de dados numéricos,
quando somente esse dado não basta.
Também me causa desagrado o elevado investimento científico com que
é contemplado o homem urbano, em detrimento do homem rural.
Percebo que grande parcela dos intelectuais da academia não dedica
seus esforços acadêmicos ao homem do campo com a mesma intensidade
pedagógica quanto com relação ao urbano ou urbanizado. Esta convicção
encontra eco em estatísticas sobre trabalhos de investigação desenvolvidos e a
desenvolver na zona rural, cadastrados em órgãos do Ministério da Educação.
Esta realidade de tratamento desigual pela academia na relação entre o
homem da zona urbana e o da rural decorre de erro de avaliação, uma vez que a
sua importância econômica, social e cultural é de valor idêntica em nível nacional,
resguardadas as suas características individuais.
Gostei de conversar com você, pois não são muitos os educadores e
profissionais de outras áreas que se dão tempo para debates a respeito de meu
papel nos meios educacionais e em tantos outros da realidade social.
Ainda teríamos muito que conversar, pois percebi em você grande senso
de disponibilidade e de desprendimento para debater comigo a respeito da
importância do papel da avaliação onde quer que o ser humano atue.
Dou-lhe os parabéns pelo fato de muitas vezes ter concordado com o teor
de minhas intervenções, mas também por inúmeras vezes ter manifestado
posicionamentos contrários aos meus, o que enriqueceu muito o nosso debate.
Fonte: Both, 2012, p. 84-90.

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TEMA 2 – AVALIAR COM INICIATIVAS INOVADORAS FACILITA A
APRENDIZAGEM E O DESEMPENHO ESTUDANTIL

O inovador e o diferente não constituem sinônimos nem no conceito nem


na forma. Enquanto o fazer com inovação se vale de criatividade, o fazer diferente
muitas vezes se caracteriza como meramente diverso, sem o necessário
protagonismo inovador.

2.1 Iniciativas inovadoras em avaliação prosperam à medida que o


avaliador estiver imbuído de espírito inovador

Para início de conversa, o fator pedagógico mais importante num


procedimento avaliativo é o conceito claro e pertinente de avaliação, ao passo que
os instrumentos constituem componentes apoiadores que instigam e auxiliam
tecnicamente a implementação de um processo avaliativo.
Enquanto o termo avaliação representa a essência pedagógica de uma
ação avaliativa, os instrumentos são os componentes práticos que apoiam
tecnicamente uma iniciativa de avaliação.
A avaliação como essência pedagógica do ato de avaliar ocorre de maneira
processual, ou seja, ininterruptamente, ao passo que os instrumentos que lhe
prestam apoio em sua consecução podem ter vida efêmera, com intervenções
esporádicas.
A avaliação como essência pedagógica de orientação à aprendizagem e
ao bom desempenho do estudante pode prescindir de instrumentos. A avaliação
como essência pedagógica tem vida própria, podendo abdicar de instrumentos
em seu caminho pedagógico.
No entanto, se os instrumentos existem, que sejam utilizados como
elementos de apoio técnico ao fator pedagógico da avaliação.

2.2 O procedimento avaliativo prescinde de instrumento, ao passo que o


instrumento não se sustenta a sós sem a essência pedagógica da avaliação

E a avaliação sem uso de instrumento acontece como? Veja-se o exemplo


de uma mãe que, ao orientar um filho seu, está simultaneamente praticando
avaliação. Para orientar o filho, essa mãe recolhe informações a seu respeito,

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transformando-as em práticas educativas, da mesma maneira como o docente se
vale da avaliação em ambiente escolar.
Com base nesse exemplo familiar, é possível dizer que é bastante plausível
o entendimento de que a avaliação orienta a aprendizagem, seja em meio familiar,
seja em ambiente escolar, prescindindo de instrumentação no cumprimento do
seu objetivo educativo.
Mesmo assim, se o uso de instrumento de avaliação favorecer de alguma
forma a aprendizagem do estudante, então, para que não empregá-lo? No
entanto, o uso de instrumento de avaliação exige da docência esforço múltiplo,
pois múltiplas são as exigências e expectativas dos estudantes ante variados tipos
de instrumentos. Tal fato explica-se por um motivo bastante simples: nem todos
os estudantes conseguem externar de igual modo conhecimentos na relação com
todos os instrumentos de avaliação. Por isso mesmo, o uso de multiplicidade
instrumental exige dos professores empenho redobrado.
Senão, exemplifiquemos a situação constatada com alguns exemplos
práticos. O primeiro desses exemplos poderá se valer de duas modalidades de
avaliação sobre um mesmo tema com duas questões, sendo uma dissertativa e
outra objetiva. Com relação a esse primeiro exemplo, possivelmente poderá ser
constatada a diversidade preferencial com relação ao uso de uma ou outra das
modalidades de avaliação num ambiente escolar por cada um dos 20 estudantes.
Ou melhor, parte dos estudantes demonstra certa facilidade na expressão
dos conhecimentos ao dissertarem sobre um tema, ao passo que outros tantos
estudantes dão preferência à avaliação objetiva no apontamento dos
conhecimentos mediante a marcação da alternativa correta, por exemplo.

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TEMA 3 – A MULTIPLICIDADE DE POSSIBILIDADES INOVADORAS DE
AVALIAÇÃO TEM RAZÃO DE SER COM RECURSOS HUMANOS DE ESPÍRITO
INOVADOR

Figura 2 – Inovação avaliativa sob múltiplas possibilidades pedagógicas

Fonte: Shutterstock/Kojihirano.

Os horizontes inovadores de avaliação que orientam para a excelência da


aprendizagem e do desempenho comparam-se à figura acima, que demonstra
caminhos com traçados sinuosos que ensejam múltiplas possibilidades de
chegada a bons destinos.
De outra parte, a diversidade de possibilidades inovadoras de avaliação,
por sua vez, representa caminhos pedagógicos em que novas e renovadas
experiências educativas são postas à prova.
Diga-se que em avaliação igualmente apresentam-se novas e renovadas
experiências para o mundo educativo sob duas vertentes distintas:

a. as novas experiências avaliativas apresentam-se com postura pedagógica


essencialmente inovadora em sua formulação e consecução; e
b. as renovadas experiências de avaliação baseiam-se em procedimentos
avaliativos existentes de longa data em ambientes educativos e sociais,
mas agora com “roupagem” estilizada prenunciando mensagem inovadora
em sua implementação.
Para que a inovação prospere, não basta “envernizar” velhos conceitos e
procedimentos de avaliação com novos formatos pedagógicos se essas iniciativas
não tiverem, à frente de sua implementação, profissionais comprometidos com
tais práticas inovadoras.

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TEMA 4 – INICIATIVAS INOVADORAS DE AVALIAÇÃO, SIM; PRÁTICAS
ULTRAPASSADAS, NÃO

Iniciativas inovadoras, seja quais forem, muitas vezes sofrem resistência


inicial no meio social e receio por conta do seu propositor, até que tenham
passado por sólida fase experimental. Veja-se o exemplo reacionário pouco
animador ocorrido quando da inauguração da Torre Eiffel, em Paris. No entanto,
essa obra de arte transformou-se em um dos maiores monumentos da
humanidade e o mais conhecido ponto turístico francês.

4.1 De prática tradicional a prática inovadora de avaliação

Aqui não se pretende dizer nas entrelinhas que práticas tradicionais de


avaliação não tenham contribuído sob nenhuma forma com o progresso
educativo. Do mesmo modo, não é convicção que toda iniciativa inovadora em
avaliação represente por si só solução para todos os males pedagógicos que
afetam a educação.
No entanto, sabe-se que iniciativas inovadoras podem, em princípio, se
sobrepor em benefícios pedagógicos a práticas educativas tradicionais, pelo
simples fato de que a palavra inovação por si só pressupõe acréscimo de
qualidade técnica e pedagógica ao percurso educativo até então estabelecido.

4.1.1 Avaliação como prática tradicional

Apontar práticas avaliativas tradicionais não significa a pretensão de nelas


permanecer com elas, mas reconhecer que, com base nelas, é possível
vislumbrar, aos poucos, a realidade educativa com olhos prospectivos por um
fazer essencialmente inovador.
Assim, avaliações do tipo objetiva, individual, classificatória são pouco
participativas, com valorização excessiva dos acertos, com acesso a informações
prontas e sem debate público.
Mesmo assim, com esse pequeno elenco de exemplificação filosófica de
avaliações no sistema tradicional, torna-se possível converter cada uma das
características apontadas em processo inovador, bastando que o avaliador esteja
imbuído de convicções pedagógicas renovadas para o tempo presente.

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4.1.2 Avaliação sob inspiração inovadora

Do mesmo modo como práticas tradicionais de avaliação podem ser


transformadas em possibilidades inovadoras na medida em que o seu propositor
estiver imbuído de espírito inovador, de igual modo experiências inovadoras
podem sucumbir ao retrocesso técnico e pedagógico quando em uso por um
profissional inabilitado para o novo.
Entendemos, dessa maneira, ter chegado o momento de apontar algumas
possibilidades inovadoras de avaliação, as quais talvez não se configurem tanto
pelo ineditismo de sua nomenclatura e, sim, mais pela sua forma metodológica de
implementação. Assim, como processo contínuo e, ao mesmo tempo, flexível,
elencamos algumas formas inovadoras de avaliação na perspectiva de que o foco
educativo que antes contemplava preferencialmente o ensinar, agora objetiva o
aprender:
a. avaliação mediadora: a avaliação é tomada como metodologia preferencial
na orientação para a aprendizagem;
b. avaliação diagnóstica: como potencial forma metodológica de pesquisa, a
avaliação identifica e se utiliza das informações que representam maior e
menor positividade no desempenho no meio escolar, e as transforma em
orientações de aprendizagem com os estudantes;
c. avaliação formativa: como processo de perene atenção ao estudante, a
avaliação medeia de forma ininterrupta orientações de aprendizagem;
d. avaliação por portfólio coletivo: trata-se de atividade preferencialmente
coletiva de debate e composição de texto sobre um ou mais temas que dão
sustentação a uma ou mais disciplinas de um curso;
e. avaliação por observação: observar para “perceber” e “sentir” o
desempenho de estudante é uma das modalidades avaliativas de grande
valorização humana. Perceber o aluno em seu bom desempenho e nas
suas principais dificuldades, ainda que iniciativa trabalhosa, é uma
atividade avaliativa talvez de melhor expressão do reconhecimento da
dignidade humana;
f. avaliação dialógica: trata-se de identificação de erros e acertos mais comuns
que ocorrem em uma mesma disciplina ou unidade temática de
aprendizagem. Sugere-se a contribuição de um ou mais professores que
vão em busca de alternativas de orientação à aprendizagem a ser

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compartilhada com os estudantes;
g. avaliação por autoavaliação: essa modalidade avaliativa é tão importante
pedagogicamente quanto a heteroavaliação. Sugere-se que tanto a auto
quanto a heteroavaliação constituam processo perene de mútua
aprendizagem;
h. avaliação por pares: esta modalidade de avaliação, ou avaliação cega,
propõe que um ou mais profissionais procedam individualmente à avaliação
dos mesmos trabalhos de estudantes. Após concluída a avaliação por
pares, é realizado o confronto dos diferentes resultados para um parecer
final;
i. avaliação por robótica: essa modalidade avaliativa pode até parecer
entretenimento, no entanto, no meio educativo ela representa uma forma
agradável de incentivar e orientar a aprendizagem. O educador vale-se de
robôs integrados em metodologias de promoção de conhecimentos e de
aprendizagem;
j. avaliação por desafios: ante problemas postos pelo professor, alunos
buscam soluções criativas, sem antes estabelecerem debate interpares.
Pode tratar-se, por exemplo, de análise conjunta de temas que causam
alguma dificuldade de compreensão e de assimilação com relação aos
principais conteúdos que lhes dão a devida sustentação técnica e/ou
pedagógica;
k. avaliação por blogs: trata-se de comunidades de aprendizagem virtual em
que estudantes estão conectados com ambientes externos e com o seu
próprio ambiente educativo, simultaneamente. Constitui essa forma de
aprendizagem atividade estimulante por si só, além de propiciar
permanente meio de comunicação e de identificação de interesses
educativos.

A demonstração das modalidades de avaliação elencadas sugere um


segundo passo, que é o da discriminação da metodologia de sua implementação.

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TEMA 5 – A AVALIAÇÃO É CONSIDERADA INOVADORA QUANDO OS SEUS
CAMINHOS A CONDUZEM A RESULTADOS ESPLENDOROSOS

Figura 3 – Caminhos de esplendorosa beleza natural

Fonte: Shutterstock/Anton Gvozdikov.

A Figura 3 bem que poderia representar uma iniciativa de alto valor


inovador, em especial por sugerir caminhos com percursos de esplendorosa
beleza natural.
Inovação pressupõe opção por melhoria pedagógica e de resultados, sejam
eles técnicos e/ou pedagógicos. Inovação igualmente tem tudo a ver com vida
longa, com experiências que se renovam e se fortalecem gradualmente em termos
pedagógicos. Aliás, muito já temos dito a respeito de experiências novas e
renovadas, mas vale a pena investir nesse pormenor, pois só assim os desígnios
de uma avaliação inovadora podem ser contemplados e revelados mais facilmente
como necessidade educativa inadiável em meio a tantas inseguranças entre o
fazer certo e o duvidoso.

5.1 Ambiente inovador facilita a implementação de práticas inovadoras

Sem dúvida, num ambiente educativo em que experiências inovadoras de


avaliação vão se ambientando, a proposição de novas e renovadas experiências
encontram com certa harmonia caminho aberto para também se estabelecerem.

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Mesmo em ambientes educativos em que metodologias tradicionais ainda
imperam, acredita-se que logo eles se rendam às novidades educativas que vão
se impondo aos poucos como necessidade premente à atualização em novas
práticas pedagógicas, muito por conta e sugestão de estudantes que se valem
sempre mais de meios de comunicação social impregnados de apelos à
necessidade de atualização em experiências tecnológicas e metodológicas.
Em ambientes educativos onde a transdisciplinaridade provoca diversas
formas de integração de conteúdos com origem de diferentes disciplinas que vão
se “conversando”, os caminhos para a criação de experiências inovadoras
diversas, inclusive as relacionadas com a avaliação que visa à aprendizagem,
sucedem-se espaços de tempo cada vez mais curtos.
A flexibilidade curricular vai permitindo aos poucos que estudantes optem
por montagem de grade curricular com elevado grau de personalização, cujo
necessário equilíbrio entre teoria e prática se estabelece com conhecimento de
causa. Essa possibilidade oportuniza ao estudante criar gosto pelo curso que
desenvolve, a ponto de melhorar o nível de seu desempenho sensivelmente.

5.2 Ambiente educativo com formas inovadoras de aprendizagem

Não são raros os relatos de experiências com relação à combinação de


formas de aprendizagem diferenciadas, por exemplo, a aprendizagem
personalizada, também denominada aula invertida, em que o estudante opta pela
assimilação dos conteúdos básicos de uma unidade temática de aprendizagem
por conta própria; outra forma de aprendizagem dessa combinação acontece em
grupos diversos de estudantes ligados entre si em rede; uma terceira forma de
aprendizagem é a mediada por educadores de larga e reconhecida experiência
de atuação em ambientes educativos.
Nesse contexto dialógico, cabe estabelecer o seguinte prenúncio
metafórico: passar a ser inovador parece tarefa fácil, mas permanecer inovador
pode custar sucesso ou fracasso. Não se trata de jogo de palavras, mas de desafio
real à sustentação de permanente espírito inovador em experimentos e atividades
educativas por longo tempo.
De outra parte, ser inovador e parecer sê-lo são duas realidades
enigmáticas que não combinam com ambientes educativos. Ser inovador
representa compromisso inalienável com o fazer diferente e o bem fazer.

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No meio educativo, ser inovador por vontade e competência sugere vida
longa a iniciativas de elaboração de conhecimentos como aporte à aprendizagem
e ao bom desempenho estudantil.
Iniciativas inovadoras com experiências educativas têm grande
possibilidade de prosperar pedagogicamente quando o ambiente escolar assume
como um todo compromissos com a devida criatividade de fazer diferente, sim,
mas principalmente de realizar bem as atividades que promovem
desenvolvimento social e educativo.

FINALIZANDO

Causou-me especial satisfação a elaboração deste texto, uma vez que ele
envolve um trinômio pedagógico de especial importância no meio educativo e
social: avaliação, inovação e boa qualidade de desempenho.
Assim, o trinômio em questão compreende componentes de primeira linha
na formulação de saídas criativas, consequentes e duradouras na implementação
de experiências de valorização do universo da educação.
A avaliação compõe a comissão de frente do núcleo pedagógico do qual
também fazem parte a inovação e a aprendizagem. A avaliação é constituída de
processo metodológico em alto grau, formando com a inovação e a aprendizagem
um triângulo pedagógico de inestimáveis recursos de orientação para uma
educação em alto estilo.
A pergunta que se faz é: como se estabelece a função metodológica da
avaliação? A resposta talvez seja mais simples do que a própria pergunta. A
avaliação é, por si só, metodologia que orienta para a aprendizagem, em que a
inovação forma ponto de equilíbrio pedagógico quando em ambiente educativo.
Como processo metodológico a avaliação:

a. vai em busca das melhores informações que favoreçam a inovação em


função da aprendizagem;
b. propõe o modus operandi para a inovação desfrutar dos caminhos mais
inovadores que conduzem à aprendizagem;
c. fomenta a autoavaliação para a retomada de rumos no fortalecimento da
aprendizagem, toda a vez que necessário.

O presente texto, por certo, ainda não é conclusivo, por isso, melhor
dizendo, apenas interrompido, uma vez que todo ele ainda está por merecer

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considerações metodológicas de como agir com as diferentes sugestões que o
compõem. Mas, para cumprir essa ação, convido a você, leitor, a selar
compromisso comigo para tal fim.

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LEITURA OBRIGATÓRIA

Texto de abordagem teórica

COTTA, R. M. M. Construção de portfólios coletivos em currículos: uma proposta


inovadora de ensino-aprendizagem. Ciência & Saúde Coletiva, v. 17, n. 3. Rio
de jan./mar., 2012. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
81232012000300026>. Acesso em: 21 jun.2018.
Instrumentos de avaliação nunca seriam necessários se os avaliadores
soubessem se utilizar a contento do conceito de avaliação para identificarem tanto
a pertinência da aprendizagem assimilada pelos estudantes quanto do
desempenho por eles demonstrado.
Em função dessa limitação pedagógica de boa parte dos avaliadores, os
instrumentos avaliativos foram se fazendo presentes nos meios educativos,
sempre em maior proporção.

Texto de abordagem prática

GARCIA, J. Avaliação e aprendizagem no ensino superior. Estudos de Avaliação


Educacional, São Paulo, v. 20, n. 43, maio/ago. 2009. Disponível em:
<http://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1489/1489.pdf>.
Acesso em; 21 jun. 2018.
Toda ação educativa visa pelo menos a alguma mudança no seio dos
ambientes educativos, seja em nível pedagógico, seja em nível técnico.
Mudanças se fazem necessárias, sempre, seja em nível comportamental,
seja em visão de mundo.

Saiba mais

• BARBOSA, M. R. L. S.; MARTINS, A. P. R. Avaliação: uma prática


constante no processo de ensino e aprendizagem. Scribd, S.d. Disponível
em: <https://pt.scribd.com/document/308008976/AVALIACAO-PRATICA-
CONSTANTE>. Acesso em: 21 jun. 2018.
A avaliação, como ação unilateral que visa em especial à aprendizagem e
ao desempenho dos estudantes, está angariando sempre maior número de

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adeptos que entendem ser função da avaliação também a de lançar olhares à
educação como um todo.
O currículo de curso, por exemplo, merece o estabelecimento de ações
avaliativas que lhe favoreçam sempre melhor pertinência em âmbito formativo.

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REFERÊNCIAS

BOTH, I. J. Avaliação: voz da consciência da aprendizagem. 2. ed. rev. atual.


ampl. Curitiba: Ibpex, 2012.

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