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Em relação ao Texto 3 - Compor a prática do livro Práticas grupais (localizado no class) produza um

fichamento contemplando informações sobre a definição do setting das práticas grupais e o uso
instrumentos dialógicos. Leia o texto e extraia citações sobre as informações solicitadas:

FICHAMENTO DE CITAÇÕES

PEREIRA, E.; SAWAIA, B. Compor a prática. In: ______. Práticas grupais:


espaço de diálogo e potência. São Carlos: Pedro & João, 2020, pp. 67-89
Referente a prática grupal:

“[...] é uma importante modalidade de cuidado e atenção, uma vez que possibilita
a potencialização da vida, as afetações e ações” (PEREIRA, E.; SAWAIA, B.,
2020, p.68).

Conceito de setting das práticas grupais:

Manuais tradicionais de psicologia definem o setting do grupo a


priori como se o espaço em si fosse suficiente para garantir que o
processo ocorra, que as informações alcancem a todos os participantes,
que todos se vejam e se ouçam. (PEREIRA, E.; SAWAIA, B., 2020, p.75).

Podem ocorrer em diversos ambientes:

[...] sentados em círculos em uma sala fechada, adequadamente arejada,


de forma que todos possam se ver e ouvir (como indicam os manuais) é
tão produtivo quanto em toalhas sob a sombra da árvore se esse for o
único espaço adequado de uma Unidade Básica de Saúde, por exemplo.
O gramado é certamente um espaço mais convidativo que uma sala
qualquer, ocupada apenas por ter a agenda livre para o dia do grupo.
(PEREIRA, E.; SAWAIA, B., 2020, p.75).

O que define a possibilidade de nos ouvirmos não é exclusivamente


nossa localização espacial, mas a constituição de um espaço
convidativo, organizado para que a prática amplie as possibilidades de
diálogo, com uma postura acolhedora de quem coordena o grupo,
permitindo que todas as vozes tenham espaço. (PEREIRA, E.; SAWAIA,
B., 2020, p.76).

Questionamentos acerca da organização do setting:

O que define um setting? Obviamente, há limites que precisam ser


pensados. Não há uma resposta pronta. Questione-se sempre: Quem
são os sujeitos participantes do grupo? O espaço é adequado ao número
de participantes? Eles estarão confortáveis nesse espaço? É possível
sentar-se adequadamente, amenizar o calor e barulhos indevidos? Todos
os instrumentos preparados para a prática poderão ser utilizados
adequadamente nesse lugar. Se formos assistir um trecho de filme, todos
irão ouvir o som da TV ou da caixa de som? Se forem escrever, há lugar
adequado para isso? Defina o objetivo da prática e certamente você
conseguirá definir se o espaço que tem é ou não seu “setting” para o
grupo. (PEREIRA, E.; SAWAIA, B., 2020, p.76-77).

Quanto aos instrumentos dialógicos há que se propor instrumentos que facilitem o


diálogo entre o grupo, é importante reforçar que “[...] quando planejamos a prática
grupal, o instrumento dialógico precisa ser planejado” (PEREIRA, E.; SAWAIA, B.,
2020, p.83).
É preciso escolher o instrumento e experimentá-lo antes do
encontro, é preciso saber que tipo de afetos esse instrumento causa ao
coordenador, para que ele não seja surpreendido pelas afecções na hora
do encontro, é preciso pensar e imaginar as possibilidades de conversa
que o instrumento oferece, mesmo tendo clareza de que podem não ser
essas as conversas realizadas na hora do encontro, é necessário
escolher um recurso aberto, que não feche o diálogo, mas que possibilite
que cada fala seja entendida como abertura a outras falas,
complementares e contrárias [...] (PEREIRA, E.; SAWAIA, B., 2020,
p.83).

O objetivo dos instrumentos dialógicos é ser mediado de modo:

[...] que os membros do grupo possam refletir, pensar, sentir, se


emocionar e não responder sim ou não, ou ainda, oferecer respostas
prontas em função de instrumentos fechados com propostas muitas
vezes moralizantes. (PEREIRA, E.; SAWAIA, B., 2020, p.83).

Possibilidades de o instrumento se fazer mediação: a) quando ele interrompe a


ação, faz rupturas naquilo que está calcificado; b) quando ele faz surgir as
contradições; c) quando ele impõe ao sujeito a necessidade de se deparar com o
olhar do outro sobre si; d) quando ele estimula a consciência reflexiva. P; 84
(GILLESPIE; ZITTOUN, apudillespie e Zittoun (2010) (PEREIRA, E.; SAWAIA, B., 2020,
p.75).

No caso da prática grupal, o instrumento deve oferecer um olhar estético para o


cotidiano, um olhar que descristalize os modos já naturalizados de ver, sentir,
pensar e se emocionar. Ele deve possibilitar a abertura de falas contrárias. Ele
deve oferecer possibilidades de que os sujeitos descubram motivos para a
aproximação e o distanciamento entre as pessoas. Ele deve permitir aos sujeitos
partilhar suas afetações, deve suspender os afetos cotidianos e se fazer abertura
para novos afetos. P.84

Esse modo reflexivo de se relacionar com o instrumento implica um olhar de uma


nova perspectiva, o que pode levar a uma modificação do instrumento em si ou da
sua utilização. 85

Desse modo, o instrumento é secundário, o importante é o processo de


conversação. Mas o instrumento deve favorecer o processo. Como já destacamos
anteriormente, instrumentos e signos são mediadores, cujo uso permite aos
sujeitos “transformar e conhecer o mundo, comunicar suas experiências e
desenvolver novas funções psicológicas” (PINO, 1991, p. 33) 85

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