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AULA 7 – ENDODONTIA LABORATORIAL

INSTRUMENTOS
INSTRUMENTOS – E C I N E M Á T I C A AULA 7 – INSTRUMENTOS E CINEMÁTICA

PREPARO DOS CANAIS RADICULARES - modelagem


Durante o preparo dos canais radiculares fazemos uma modelagem do canal, também
chamada de formatação, com o objetivo de desenvolver uma forma cônica e contínua, da
coroa ao ápice do dente. Objetiva também:

• Manter o canal apicalmente estreito;


• Realizar o preparo tridimensional, tentando preparar todas as paredes do conduto;
• Não transportar o forame e mantê-lo pequeno e prático, logo, amplia-se apenas o
suficiente para limpá-lo da forma correta.

Não devemos ampliar o forame de forma excessiva, pois é nessa região apical que iremos
formar um batente, para sustentar, travar o cone de guta percha que servirá de material
obturador. Esses princípios foram definidos por Schilder em 1974, e são clássicos na
endodontia.
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INSTRUMENTOS ENDODÔNTICOS - PADRONIZAÇÃO


Os instrumentos endodônticos foram criados em 1838, por Maynard, sendo os primeiros feitos a base de corda de
relógio, e padronizados em 1958 por Ingle e Levine. Só posteriormente vieram as especificações nº 28 e 58 da
ANSI/ADA para os instrumentos endodônticos, em 1976. São essas ultimas especificações e padronizações que
iremos aprender na aula. Esses instrumentos são padronizados por grupo de acordo com a ISO.
• O grupo I, elenca os instrumentos para preparar o conduto de modo manual, que são as limas que compramos e
iremos utilizar com pega digital para trabalhar.
• O grupo II são instrumentos com a parte ativa de designer semelhante ao anterior, porém com mandril para
serem acionados a motor, além do lentulo, que está um pouco em desuso mas ainda pode ser visto por aí.
• O grupo III compreende os trépanos acionados a motor.
• O grupo IV, instrumentos e materiais para a obturação e cones de papel. Nessa aula não abordaremos nada do
grupo IV a principio, pois serão abordados na aula de obturação endodôntica. Cada um desses instrumentos
recebe uma padronização, atribuindo-lhes um número, diâmetro e formato da secção transversal,
conicidade/taper, cor do cabo, comprimento e comprimento da parte ativa do instrumento. Veremos na
sequência cada uma dessas características.
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INSTRUMENTOS MANUAIS

Cor variável Cursor

Parte ativa

Cabo Parte intermediária A COR E A PARTE


INTERMEDIÁRIA DO
INSTRUMENTO SÃO VARIÁVEIS.
NESSES INSTRUMENTOS
MANUAIS , AS LIMAS DO TIPO K
e H SÃO TODAS 16mm DE
PARTE ATIVA (CORTE).
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INSTRUMENTOS MANUAIS

O COMPRIMENTO DA PARTE
INTERMEDIÁRIA VARIA,
DETERMINANDO INSTRUMENTOS
DE COMPRIMENTOS TOTAIS
Parte intermediária
DIFERENTES. O DE 31 MM É O
MAIOR INSTRUMENTO QUE
TEMOS.
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INSTRUMENTOS ENDODÔNTICOS – MÉTODOS DE FABRICAÇÃO


Os instrumentos endodônticos são feitos de aço inoxidável, por meio de dois métodos: torção, no caso das limas
do tipo K, ou usinagem, no caso das limas do tipo H. Alguns tipos de lima K também podem ser fabricadas por
usinagem. Porém, de forma geral, as do tipo K são por torção, e as do tipo H, ou Hedströen, por usinagem. A
disposição das lâminas são diferentes: acima temos uma lima tipo K, 30, fabricada por torção. Abaixo, uma tipo H,
Hedströen, também 30, fabricada por usinagem. O formato das lâminas de corte são diferentes entre elas!
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INSTRUMENTOS ENDODÔNTICOS – SECÇÃO TRANSVERSAL DAS LIMAS K


Tanto as limas do tipo K e os instrumentos ditos alargadores são fabricados por
torção, também chamado de método indireto de fabricação. Recebe esse
último nome, porque incialmente um fio de secção transversal quadrangular,
ou triangular ou também losangular são apreendidos em uma extremidade e
torcidos, de maneira tal que ao final temos uma lima ou alargador por torção.

O outro método de fabricação das limas H, Hedströen, é a usinagem, também


chamada de método de fabricação direto. O fio passa por uma máquina de
fresagem, que vai desenhando no fio o formato desejado. O fabricante pode
manipular o designer de cada fio, que será cortado, fresado, usinado... dentro
do formato desejado. No caso das limas Hedströen, é o formato de vários
cones sobrepostos (lima H 45, mais à direita). Algumas limas do tipo K também
são fabricadas por usinagem.
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INSTRUMENTOS ENDODÔNTICOS – SECÇÃO TRANSVERSAL DAS LIMAS K


Os fios utilizados para fabricação desses instrumentos já têm um formato levemente A cada 1 mm
aumenta-se o Ø.
piramidal, liso e cônico. Não é um cilindro reto, ele já possui certa conicidade imposta.
A extremidade mais livre é mais fina, e vai aumentando de diâmetro em direção ao
cabo. Esse diâmetro inicial é chamado diâmetro de ponta. A cada 1 mm em direção a
porção mais calibrosa/cabo da lima, esse diâmetro vai aumentando, determinando a
distância entre as lâminas de corte. O fio é inicialmente preso pela extremidade livre da
ponta, e a haste é rotacionada, gerando os espirais da lâmina de corte por meio de
múltiplas rotações. Se cortadas ao meio e visualizadas transversalmente, veremos um
formato de triângulo ou quadrado.
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INSTRUMENTOS ENDODÔNTICOS – SECÇÃO TRANSVERSAL DAS LIMAS K


A primeira fotomicrografia por MEV ao lado é de uma lima K, com ângulo de
corte de 90º em razão do seu formato quadrado. Esse designer quadrado
determina uma área maior, dando mais resistência a esses instrumentos
quadrangulares.
A segunda é de uma lima K-flexofile, de secção transversal triangular. Seu
ângulo de corte é de 60º, que apesar de menor, tem MAIOR capacidade de
corte! Quanto MENOR for o ângulo de corte, mais aguda será a lâmina do
instrumento, determinando assim, seu MAIOR poder de corte. Logo, o de 60º
corta MAIS que o de 90º! A forma triangular é menor que a quadrangular, cerca
de 37,5% menor. Isso dá a esses instrumentos MAIOR flexibilidade, apesar de
diminuir a resistência. Essas limas são previamente testadas em relação a sua
resistência, mesmo sendo triangulares, e suportam trabalhar com tranquilidade.
A fratura da lima ocorre em situações onde estas já se encontram envelhecidas.
Mas em geral, têm resistência suficiente para serem utilizadas. A lima K-flex tem
o corte da secção transversal losangular, apenas a título de conhecimento!
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INSTRUMENTOS ENDODÔNTICOS – SECÇÃO TRANSVERSAL DAS LIMAS HEDSTRÖEN


São limas com excelente capacidade de corte, com um ângulo do fio de corte de 42º,
região indicada pela seta vermelha. Tem secção transversal semelhante a uma vírgula.
Ela possui um ângulo (a pontinha da vírgula) menor que as anteriores, logo, mais afiada,
já que o ângulo é menor. Ela corta muito! Ponta da lima Hedströen é lisa, cônica e não
cortante! É uma lima fabricada pelo método direto, de usinagem, onde é dado a forma
por meio da fresagem. No seu longo eixo da ponta ativa até a porção intermediária, ela
tem um designer semelhante a vários cones sobrepostos (zoom na lima à direita).
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INSTRUMENTOS ENDODÔNTICOS – instrumentos manuais


Na ponta dos instrumentos manuais temos um Ø chamado de D0 (zero), o diâmetro de ponta do instrumento. Ao
longa da parte ativa temos as lâminas de corte, e ao final, em direção ao cabo, temos o D16, que é o último
diâmetro da parte ativa. Esse comprimento de 16 mm é padronizado para as limas manuais do tipo K e também as
do tipo H. A cada 1 mm que caminha da extremidade da ponta ativa em D0 até o último diâmetro em D16, temos
um aumento de espessura: D1, D2, D3... onde a cada 1 mm a lima aumenta gradativamente 0.02 mm em diâmetro.

Cabo Parte ativa

D 16

D0
Parte intermediária
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INSTRUMENTOS ENDODÔNTICOS – instrumentos manuais


Essa imagem traz a sequência de todos os instrumentos que
vamos trabalhar. Temos ao lado uma lima 30 do tipo K. Podemos
ter limas com tamanhos TOTAIS (não somente da parte ativa)
com diferentes milímetros, desde 21 mm, 25 mm, 28 mm ou 31
mm. As de 21 mm são usadas em odontopediatria, em dentes
decíduos, em dentes pequenos e mais curtos. Os de 25 mm e 31
mm serão utilizadas, e a de 28 mm não foi solicitada. Cada série
recebe um número e uma cor no cabo. A série especial é
composta por três limas: 06, 08 e 10, de cores rosa, cinza e roxo,
TEM QUE 21 mm, 25 mm, 28 mm ou 31 mm.
respectivamente. A primeira série vai do 15 ao 40, com uma cor DECORAR!

para cada lima. Segunda série compreende os instrumentos de 45


a 80 e, a terceira série vai de 90 a 140. A sequência de cores se
repete em todas as 3 últimas séries: branca, amarela, vermelha,
azul, verde e preto, como descreve a imagem ao lado.
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INSTRUMENTOS ENDODÔNTICOS – instrumentos manuais

especial
Série
Essa imagem traz a sequência de todos os instrumentos que vamos
trabalhar. Temos ao lado uma lima 30 do tipo K. Podemos ter limas
com tamanhos TOTAIS (não somente da parte ativa) com diferentes

Primeira
milímetros, desde 21 mm, 25 mm, 28 mm ou 31 mm. As de 21 mm são

série
usadas em odontopediatria, em dentes decíduos, em dentes
pequenos e mais curtos. Os de 25 mm e 31 mm serão utilizadas, e a
de 28 mm não foi solicitada. Cada série recebe um número e uma cor

Segunda
no cabo. A série especial é composta por três limas: 06, 08 e 10, de

série
cores rosa, cinza e roxo, respectivamente. A primeira série vai do 15
ao 40, com uma cor para cada lima. Segunda série compreende os
instrumentos de 45 a 80 e, a terceira série vai de 90 a 140. A
sequência de cores se repete em todas as 3 últimas séries: branca,

Terceira
amarela, vermelha, azul, verde e preto, como descreve a imagem ao

série
lado, exceto a série especial: rosa, cinza e roxo.
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especial
Série
As limas mais finas são as especiais, sendo a 06 a mais fina de todas.
São utilizadas para canais atrésicos. As próximas limas são as de
primeira série, com diâmetro maior que as anteriores. Quanto maior a

Primeira
série, mais grossas as limas. A medida que as cores caminham do

série
branco para o preto, o calibre aumenta também, para cada umas das
séries (exceto especiais, que possuem outro sistema de cores, onde a
rosa indica a mais fina e a roxa a mais grossa dentro da série). Observe

Segunda
que na imagem ao lado, o aumento da série junto da mudança de

série
cores do branco ao preto, indicam sempre limas mais grossas. A
terceira série elenca as limas mais calibrosas, sendo a preta a maior de
todas, e são poucas utilizadas, mas em momentos específicos
podemos precisar lançar mão delas. Durante a exploração inicial do

Terceira
canal radicular usamos a partir da lima 10, geralmente, ou 08 se for um

série
canal muito atrésico. Em casos de grande dificuldade de
instrumentação, até mesmo a 06 pode ser utilizada inicialmente.
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INSTRUMENTOS ENDODÔNTICOS – instrumentos manuais

especial
Série
As limas especiais 06, 08 e 10 são muito utilizadas e costumam ter em
grandes quantidades a disposição do clínico. A 06, em razão do menor
calibre, quase sempre é descartada após o uso, pois se dobra com

Primeira
muita facilidade. As demais tendem a durar mais tempo.

série
A fabricação (estandardização, anglicismo) dos instrumentos manuais
determinam limas que variam de 06 a 140, números esses que
expressam os centésimos de milímetros e são medidos ao nível da

Segunda
ponta, no D0, também chamado de base do guia de penetração

série
diâmetro 0 (coluna “tip diameter” na figura ao lado).
O instrumento de número 15 deverá ter 15 centésimos de milímetros,
ou seja, 0.15 mm de diâmetro de ponta, também chamado D0. Esse
número da lima expressa o diâmetro apenas da ponta, da

Terceira
extremidade mais fina da lima. Divide o nº da lima por 100.

série
D0
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especial
Série
Temos ao lado todas as séries e sua cores, onde a coluna do meio (tip
diameter) indica o diâmetro D0, da extremidade mais fina da lima. Por
exemplo, o instrumento 15 tem um D0 de 0.15 mm, o mesmo que o

Primeira
número da lima dividido por 100. O 15 é um número em centésimos de

série
milímetros, mas como trabalhamos em milímetros, devemos
conhecer o valor real, que é dividido por 100, ou seja, 0.15 mm. A
variação de tamanho nos D0 de cada lima indicam que elas não são

Segunda
iguais e possuem diâmetros diferentes que já se iniciam na

série
extremidade da parte ativa da lima, desde sua porção mais fina. A
partir da lima amarela da terceira séria, temos instrumentos que vão
desde 1 mm (lima 100) até 1.4 mm, a lima preta 140.
Atentar-se para série especial, onde temos limas 06, 08 e 10, onde tais

Terceira
números também estão expressos em centésimos de milímetros, que

série
quando convertidos, ficam, respectivamente 0.06, 0.08 e 0.10 mm.
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INSTRUMENTOS ENDODÔNTICOS – instrumentos manuais

0.02 mm
Esses instrumentos têm um aumento de diâmetro nominal. Como a
cada lima, em cada uma das séries, vai aumentando gradativamente,
recebe esse nome de “aumento nominal”, de forma que o último
instrumento da última série é o mais calibroso de todos, a lima 140 da
terceira série. Inversamente, a primeira lima da série especial é a mais

0.05 mm
fina de todas, lima 06.
Portanto, o diâmetro nominal dos instrumentos faz com que ele
receba esse número. Em cada série, o diâmetro nominal aumenta
seguindo um padrão:
• Série especial, de 0.02 mm entre uma lima e outra: 0.06, 0.08 e
0.10 mm

0.10 mm
• 1ª série até a lima 60 da 2ª série, de 0.05 mm entre uma lima e
outra: 0.15, 0.20, 0.25 mm...
• Da lima 60 da 2ª série até a lima 140 da 3ª série, de 0.10 mm entre
uma lima e outra: 0.60, 0.70, 0.80 mm...
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INSTRUMENTOS ENDODÔNTICOS – instrumentos manuais


As limas tipo K flexo-file, possuem um símbolo quadrado preenchido,
apesar de sua secção transversal ser triangular, como na primeira lima ao
lado. Porém, na extremidade do seu cabo, há outro símbolo quadrado
também preenchido, diferenciando-a da lima ao centro, uma lima do
tipo K-file, que realmente possui a secção transversal quadrada e o
desenho quadrado na extremidade do seu cabo é vazado. Isso ocorre
porque o símbolo quadrado ficou convencionado para representar todas
as limas do tipo K. A última lima à direita é uma tipo H, Hedströen, que
possui um círculo vazado como símbolo, e sua secção transversal tem
formato de vírgula.
reamers tipo H triple flex k-flex
k-file profinder flexo file nitiflex

Desenhos
das limas
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INSTRUMENTOS ENDODÔNTICOS – conicidade/ taper


É o aumento do diâmetro da parte ativa do instrumento por unidade de comprimento. O fio que dá
origem as limas já é cônico, logo, irá gerar uma lima cônica ao final. Isso acompanha a anatomia dos
canais radiculares, que também tendem a ser cônicos. A cada 1 mm, desde a ponta em direção ao

Conicidade aumenta 0.02 mm a cada 1 mm


cabo da lima, temos um aumento no diâmetro. Esse aumento gradativo é de 0.02 mm de 1 em 1
mm, gerando a conicidade da lima. Se o diâmetro fosse o mesmo desde a ponta, o instrumento
seria ao invés de cônico, cilíndrico, o que não ocorre. Relembrando que temos uma conicidade de
0.02 mm/mm a partir da ponta. É o mesmo que dizer que o instrumento é taper .02, já que taper
0.42 mm
significa conicidade, e mesmo sem o zero antes do ponto, lemos como se fosse 0.02 mm. Se
pegarmos como exemplo uma lima 10, da série especial, tendo portando um calibre de ponta de 10
centésimos de milímetros, que corresponde a um D0 = 0.10 mm. Toda a parte ativa da lima tem 16
mm, logo, vai do D0 ao D16, seu último diâmetro. Logo, do D0 ao D1 temos aumento de 0.02 mm no
diâmetro; do D1 ao D2 temos mais 0.02 mm... e assim sucessivamente. Se a lima já começa com D0
em 0.10 mm, o D1 já tem 0.12 mm; o D2 já tem 0.14 mm de diâmetro, e assim por diante,
aumentando de 0.02 a cada milímetro. Logo, D16*0.02 = 0.32. Já temos 0.10 mm, logo = 0.42 mm!
OBS.: Sempre somar o 0.32 mm com o calibre de ponta de cada lima, uma vez que para os
instrumentos manuais, sempre temos 16 mm de ponta ativa, obtendo o calibre final, ou D16.
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INSTRUMENTOS ENDODÔNTICOS – conicidade/ taper


A partir da conicidade de cada lima podemos selecionar o diâmetro certo de acordo com o canal a
ser tratado. Canais atrésicos pedem limas mais finas, como as da série especial; canais mais amplos,
como em dentes jovens pedem limas mais calibrosas, como as de segunda e terceira série. Na
imagem radiográfica já podemos inferir isso. Esse conhecimento é direcionado para essa
aplicabilidade clínica. Em canais mais largos, com uma área radiolúcida correspondente a polpa
radicular bem ampla, já podemos começar a instrumentação com limas 15 ou 25. Já canais mais
atrésicos, por vezes precisamos começar com limas 10 ou 08. Em casos mais difíceis, temos a
necessidade de iniciar até mesmo com a lima 06 da série especial. A ponta ativa do instrumento,
também chamada de guia de penetração, era antes afiada, ativa (foto a direita). Hoje em dia ela já é
arredondada, passiva (foto à esquerda), servindo apenas de guia para instrumentação, sem poder
de penetração.
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INSTRUMENTOS
Existiam antigamente instrumentos farpados, chamados extirpa nervos (foto à direita)
utilizados em pulpectomias para tracionar e remover a polpa por inteiro. Porém, eram muito
finos e propensos à fratura, porque são fabricados com essas farpas removidas da estrutura
do metal, aí tais instrumentos caíram em desuso. Os alargadores (foto mais à direita) também
são instrumentos em desuso! São instrumentos de maior distância entre as espirais/lâminas
de corte. O alargador tem menos lâmina de corte, pois tem maior distância entre as lâminas
de corte, tem 14 a 18 espirais. As limas tipo K têm 18 a 20 espirais, então, têm mais lâminas de
corte. Além disso, o ângulo de corte no alargador é menor, é um ângulo de 20º e nas limas K é
de 45º, tal grau descreve o ângulo de inclinação entre as lâminas. Os instrumentos manuais
tem um ângulo de inclinação helicoidal, que é o ângulo formado entre a inclinação da lâmina
de corte e o longo eixo do instrumento. Alguns têm o ângulo helicoidal maior, outros esse
ângulo é menor, formando inclinações mais suaves. Temos a haste de corte e o ângulo agudo
de inclinação da hélice. Existem instrumentos que possuem variações de ângulos helicoidais
ao longo da parte ativa. Então, não é sempre um ângulo constante em um mesmo
instrumento, existem instrumentos de ângulo fixo e outros não.
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INSTRUMENTOS - Limas tipo Kerr e tipo Hedströen


Tais limas podem ser em formatos tradicionais e modificadas. O “K” vem de Kerr, que foi a primeira empresa, em
1915, a fabricar essas limas. Esse tipo de lima tem a secção transversal quadrangular com ângulo de corte de 90º,
triangular com ângulo de corte de 60º e losangular com ângulo de corte de 80º (não utilizaremos essa última).

90º

60º
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INSTRUMENTOS - Limas tipo K flexo-file


Limas de aço inoxidável com secção triangular semelhante às limas tipo K convencionais. Sua
vantagem é a sua maior flexibilidade, favorecendo sua passagem nas porções curvas do canal
(canais curvos), mantém melhor a trajetória original do canal por serem mais flexíveis. O cabo
com ranhuras longitudinais serve para escorregar menos da mão do operador. Possuem
comprimentos de 18, 21, 25 e 31 mm, sendo que usaremos apenas os de 25 e 31 mm, já que os
demais não utilizamos com frequência. Numeração de 15 a 40, com ponta cônica e não
cortante. Temos as limas Golden Mediums (é um instrumento modificado): instrumentos
intermediários, com diâmetros D0 de 0,12; 0,17; 0,22; 0,27; 0,32 e 0,37 mm, com designer e
cinemática iguais às limas K-FlexoFile. Esse tipo de lima é interessante ter no consultório
porque ela promove uma passagem mais suave de um diâmetro para o outro. É interessante
ter um diâmetro intermediário entre o 10 e o 15. Essa lima tem esse diâmetro intermediário, que
é o 12. O que promove um trabalho dentro do canal de forma mais fácil. Eles promovem uma
passagem mais suave entre um diâmetro e outro, sendo mais fácil trocar de limas.
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INSTRUMENTOS - Limas tipo K Flex


Haste losangular (romboidal). O corte transversalmente tem uma forma losangular, com menor
diâmetro transversal que as limas K. São flexíveis e possuem uma menor massa do que a
quadrangular, o que permite essa maior flexibilidade mencionada. Apresenta dois bordos
cortantes em ângulo de 80º, e uma “zona de escape” entre as lâminas de corte maior por causa
desse formato losangular, cortando em dois pontos, e deixando os outros dois pontos com
uma área de escape, por onde passam debris, restos dentinários... Como essa zona de escape
permite a saída do material, é uma lima que corta bastante.
● Desvantagem: perda rápida do corte, por serem apenas em dois pontos
● Maior capacidade de corte e remoção de debris que as limas K

Outras limas que veremos apenas a título de conhecimento são as tipo K-Colorinox. Elas
possuem secção que varia, onde a quadrangular vai até número 40, e depois se torna triangular
a partir do número 45.
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INSTRUMENTOS - Limas tipo H, Hedströen


São fabricadas por meio de usinagem de uma haste metálica de aço inox de secção
transversal circular em forma de vírgula. As lâminas cortantes estão situadas na base dos
cones ligeiramente inclinadas, formando um ângulo de 55º até 70º com o longo eixo do
instrumento. São cones invertidos sobrepostos. Existem de 1ª, 2ª e 3ª séries, com elevada
capacidade de corte. Possuem ponta cônica, lisa e não cortante. O movimento a ser feito com
essa lima é o de limagem. São úteis nas pulpectomias, canais retos e retratamentos
endodônticos. Nas pulpectomias, elas tracionam o tecido pulpar que está ali presente dentro
do canal. Tais limas não são indicadas para canais curvos, e não são utilizadas para o PQM
tradicional, elas são utilizadas para o retratamento endodôntico. OBS.: O PQM é realizado com
lima tipo K, podendo ser K file padrão ou tipo K flexofile.
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INSTRUMENTOS – MODIFICAÇÕES NAS LIMAS TIPO KERR


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INSTRUMENTOS – brocas especiais e alargadores


Broca largo, que são acopladas no motor de baixa rotação. Têm ponta inativa e são
utilizadas para desobstrução para pino. É utilizada para a parte de prótese, em canais
já tratados e com indicação de pino intracanal. Essa broca é utilizada para remover
parte do material obturador e cimentar o pino naquele espaço que foi criado.
Broca peeso tem ponta ativa, tem um trabalho diferente e até é perigoso perfurar
uma raiz. Não é uma broca da Endodontia, é uma broca da dentística.
Gates Glidden são brocas que têm marcas no cabo variando de uma marca até seis.
Gates 01 tem uma marca no cabo e o seu diâmetro de ponta é 0,50 mm. Assim, a
Gates número 01 significa o diâmetro de uma lima 50, seguindo da gates 2 com 0.70
mm, gates 3 com 0.90 mm, gates 4 com 1.10 mm, gates 5 com 1.20 mm e gates 6
com 1.30 mm, sendo a maior de todas. Essas brocas têm utilização para pré-
alargamento do canal no início do trabalho do PQM, facilitando a descida da lima. A
ponta tem um formato ogival, diferente da largo que é mais comprida, cilíndrica,
alongada (primeira foto).
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LIMA TIPO K LIMA TIPO H TIPO K FLEXOFILE


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CINEMÁTICA
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CINEMÁTICA – MOVIMENTO DE CATETERISMO/EXPLORAÇÃO INICIAL


Diz respeito ao movimento da lima dentro do canal, sendo dois movimentos
principais: alargamento, que significa corte e o de limagem = raspagem. O
movimento de cateterismo ou exploração inicial, é feito com limas 06, 08 ou 10, as
vezes com a 15 também. Introduz-se o instrumento no canal com movimentos de
¼ de volta no sentido horário e ¼ no sentido anti-horário com mínima/leve
pressão apical. A lima vai avançando no interior do canal radicular e, se feito uma
analogia com o relógio, é como se em um quarto de volta girássemos a lima de
12h00 até 12h15, e depois retornássemos para o 12h00, no movimento anti-horário.
Vídeo do movimento abaixo:
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CINEMÁTICA – ALARGAMENTO E LIMAGEM


Primeiro desce com o instrumento em direção apical,
representado na imagem pelo letra A. Alargamento significa
corte, então, desce com o instrumento, avança, faz um giro à
direita, letra B, e traciona com leve pressão lateral (traciona
sempre contra a parede lateral do canal), representado em C.

MOVIMENTO DE ALARGAMENTO PARCIAL À DIREITA


Uma variação desse primeiro, seria o movimento de
alargamento à direita. Faz o avanço da lima, gira à direita e já
faz a tração. Não precisa tracionar a lima contra a parede de
forma tão acentuada, como feito na técnica anterior. Depois
do giro à direita remove a lima de dentro do canal,
tracionando levemente.
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CINEMÁTICA – ALARGAMENTO PARCIAL ALTERNADO


Faz-se um avanço da lima dentro do canal, seguido de um giro à direita, outro giro
à esquerda. Fazemos então um recuo pequeno de 1 a 2 mm sem tirar a lima de
dentro do canal; depois avançamos novamente. Quando se gira à direita e gira à
esquerda cortamos dentina. Ao fazermos um recuo curto de 1 a 2 mm após esses
giros, subimos com as raspas de dentina que foram cortadas para cima, em
direção a coroa, liberando espaço na ponta da lima para um novo avanço com o
instrumento. Às vezes quando a lima está travada no canal e não está indo além
daquilo que gostaríamos que ela fosse, executamos esse movimento, com recuo
e avanço novamente. O alargamento ou ampliação será realizado com as limas
também com movimentos oscilatórios (horário e anti-horário) e pressão em
direção ao ápice. Atingido o CRT, simultaneamente, serão realizados os
movimentos de tentativa de rotação e tração, de pequena amplitude, com
pressão lateral de encontro às paredes do canal (limagem). A limagem nada mais é
que um avanço seguido de tração com pressão lateral contras as paredes, feito
com limas K e H.
INSTRUMENTOS – E C I N E M Á T I C A AULA 7 – INSTRUMENTOS E CINEMÁTICA

CINEMÁTICA – LIMAS DO TIPO K


Lima de seção transversal quadrangular. A cinemática dessa lima é utilizada para fazer
cateterismo ou exploração inicial, junto com as da série especial; alargamento do canal (é o
corte das paredes); limagem (é a raspagem); movimentos de rotação alternados (direita e
esquerda). Ao fazer esses movimentos de rotação alternados, esse quadrado (que é a seção
quadrangular da lima tipo K) vai realizar cerca de ¼ de volta. Requerem então 4 movimentos de
¼ de volta para completar 360º. São necessários quatro movimentos porque o formato é
quadrado, aí a lima completa um giro dentro do canal de 360º. Haste quadrangular → Maior
quantidade de metal → Maior quantidade de massa → Mais rígida → Menos flexível.
Rotação alternada: movimento de rotação de 45º no sentido dos ponteiros do relógio e no
sentido contrário, com uma força apical suave. Também chamado de movimento oscilatório.
Movimento de penetração em condutos atresiados e em retratamentos.
OBS.: A lima tipo H pela forma que ela é fabricada por usinagem não é muito indicada fazer giro
no interior do canal, ela é mais raspagem.
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CINEMÁTICA – LIMAS DO TIPO K FLEXO-FILE


Tem a seção transversal triangular. Diâmetro obtido com limas de
haste triangular e haste quadrangular é o mesmo, mas a triangular
possui menor área. Rotação de ⅓ (120º) para completar o círculo de
corte nas paredes do canal. Já a lima tipo K seção quadrangular
precisa de quatro movimentos de ¼ de volta para completar 360º
no interior do canal.
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CINEMÁTICA – LIMAS DO TIPO H HEDSTRÖEN


A seção transversal tem o formato de vírgula. Tem elevada capacidade
de corte, com sua ponta cônica lisa e não cortante. Clinicamente
utilizada em movimento de limagem, que são movimentos de raspagem
contra as paredes do canal. Não é indicado girar com essa lima, evitando
assim fratura por torção. Úteis nos retratamentos endodônticos,
remoção de limas fraturadas, bolinhas de algodão, cones de prata ou
outros corpos estranhos que estejam dentro do canal. Essas
funcionalidades são em razão da lima possuir um designer de cones
invertidos sobrepostos e tais cones têm um ângulo de corte acentuado
que traz para fora do canal qualquer objeto que esteja ali dentro.
Utilizada também em canais retos e na parte reta dos canais curvos.

Então, tais limas não entram em áreas de curvaturas, só em partes retas.


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RELAÇÃO COM A CLÍNICA

• O movimento de cateterismo ou exploração inicial deve ser


feito principalmente com a lima tipo K #10 ou instrumentos
menos calibrosos (série especial).

• No preparo químico-mecânico (PQM) trabalha-se com limas


tipo K da 1ª e 2ª séries. Às vezes podemos utilizar também as
limas do tipo K da 3ª série, ou flexo-file em canais curvos.

• As limas tipo H não são utilizadas no PQM convencional.

• Limas Hedströen não são utilizadas no preparo (PQM). Elas


são utilizadas em retratamentos e remoção de fragmentos
dos canais.

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