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Introdução

Desde que o homem começou a construir máquinas industriais onde os


motores são utilizados para movê-las, o problema de vibração tem preocupado
os engenheiros em toda a parte.
Apesar das técnicas para redução da vibração se tornarem parte do
projeto, ainda há a necessidade de se proceder uma medição e análise exata
da vibração mecânica. Nos últimos anos foi criada uma nova tecnologia de
medição de vibração. São os acelerômetros piezoelétricos, que convertem o
movimento vibratório em sinais elétricos.
A vibração geralmente ocorre por causa dos efeitos dinâmicos de
tolerâncias de fabricação, folgas, contatos, de atrito entre peças de uma
máquina e ainda, devido a forças desequilibradas de componentes rotativos e
de movimentos alternados. As vibrações excitam as freqüências de outras
peças da estrutura, fazendo com que sejam ampliadas, transformando-se em
vibrações e ruídos. Às vezes, a vibração mecânica realiza trabalho útil, como
por exemplo, os compactadores de concreto, britadores ou bate-estacas.

Conceitos sobre Vibração

Quando um corpo vibra este descreve um movimento oscilatório em


relação a um corpo de referência. O número de vezes que um ciclo do
movimento se completa no período de 1 segundo é chamado de Freqüência,
sendo medido em Hertz. O movimento pode consistir num único componente
ocorrendo numa única freqüência ou em vários componentes que ocorrem em
freqüências diferentes.
Na prática, os sinais de vibração consistem geralmente de inúmeras
freqüências, as quais ocorrem simultaneamente, de modo que, de imediato,
não se pode notá-las simplesmente olhando para as respostas de amplitude
com relação ao tempo, nem determinar quantos componentes de vibração há e
onde eles ocorrem. Tais componentes podem ser revelados comparando-se a
amplitude de vibração à sua freqüência através da Análise de Freqüência, que
é uma técnica considerada como base para o diagnóstico da medição da
vibração.
A amplitude de vibração, que é a característica que descreve a
severidade da vibração, pode ser quantificada através da relação entre os
níveis de pico-a-pico, do nível máximo, do nível médio e do nível médio
quadrático de uma onda senoidal.
O valor de pico-a-pico indica a excursão máxima da onda, uma
quantidade na qual, por exemplo, o deslocamento vibratório de uma peça da
máquina atinge um ponto crítico quanto às considerações de máxima tensão
ou folga mecânica. O valor de pico é útil para indicar o nível de curta duração
dos choques, sem levar em conta a cronologia da onda. O valor médio leva em
conta a cronologia da onda, mas não tem uma relação direta com qualquer
quantidade física útil. O valor eficaz é a medida mais importante da amplitude,
porque leva em conta tanto a cronologia da onda, como também considera o
valor da amplitude que está diretamente ligado à energia contida na onda, e,
por conseguinte, indica o poder destrutivo da vibração.

Acelerômetro Piezoelétrico

O transdutor que, atualmente, é usado para medir a vibração é o


Acelerômetro Piezoelétrico. Este aparelho possui gamas dinâmicas e de
freqüências muito amplas, com boa linearidade em todas as faixas. É
relativamente robusto e de confiança, de modo que suas características se
mantém estáveis por muito tempo.
Além disso, o Acelerômetro Piezoelétrico é auto-gerador, de modo que
não necessita de uma fonte de energia externa. Não tem peças móveis, que
se desgastem e, finalmente, sua saída proporcional a aceleração pode ser
integrada de modo a fornecer sinais proporcionais à velocidade e ao
deslocamento.

O segredo de um acelerômetro piezoelétrico é uma pastilha de material


piezoelétrico, geralmente um pedaço de cerâmica artificialmente polarizado,
que apresenta o efeito piezoelétrico típico. Quando submetido à pressão
mecânica, quer por tensão, compressão ou cisalhamento, gera uma carga
elétrica nas faces, a qual é proporcional à força aplicada.
Na configuração prática de um acelerômetro, o elemento piezoelétrico é
disposto de tal forma que, quando o conjunto sofre vibração a massa aplica
uma força ao elemento piezoelétrico, a qual é proporcional à aceleração
vibratória. As duas configurações utilizadas são:
 Tipo Compressão, em que a massa exerce uma força compressora
sobre o elemento piezoelétrico ;
 Tipo Cisalhamento, em que a massa exerce uma força de corte sobre o
elemento piezoelétrico.

Há vários tipos de acelerômetros que são destinados a: medição


simultânea em três planos perpendiculares entre si, para altas temperaturas,
para níveis muito baixos de vibração, em choques de alto nível, em calibração
de outros acelerômetros por comparação e para monitoração de máquinas
industriais.
Entre suas características, a sensibilidade é a primeira a ser levada em
consideração, pois uma alta sensibilidade significa um conjunto piezoelétrico
relativamente grande. A massa dos acelerômetros torna-se importante quando
se medem objetos de teste leves, pois nestes casos uma massa muito grande
pode alterar de forma significativa os níveis de vibração e de freqüência no
ponto examinado. A terceira característica é a gama dinâmica que deve ser
levada em conta quando se pretende medir níveis de aceleração baixos ou
altos, para que não haja a influência de ruídos elétricos provenientes de cabos
de ligação e de circuitos de amplificação.
Os sistemas mecânicos costumam ter a maior parte de sua energia
vibratória contida numa faixa de freqüência relativamente estreita que vai de 10
Hz a 1000 Hz, porém as medições geralmente são feitas até um nível de 10
Hz, mesmo porque é comum haver componentes de vibração nestas altas
freqüências. Portanto, ao escolher um acelerômetro, deve-se ter a certeza de
que a faixa de freqüência do aparelho realmente abrange a faixa que interessa.

Medidor de Vibração de Nível Global (Sem filtro)

O medidor de vibração de nível global é um instrumento capaz de medir


o valor global de vibração (pico ou rms), em uma extensa faixa de freqüência,
que depende das normas e padrões aplicáveis. Pelo seu funcionamento, este
instrumento mede a vibração total resultante da ação de todas as freqüências
presentes no sinal de vibração, dentro da faixa considerada. As medições são
comparadas com padrões gerais (Normas) ou valores de referências
estabelecidos para cada máquina. A condição da máquina é assim avaliada no
campo, com o mínimo de dados.
Este tipo de medidor deve ter a capacidade de medir o valor “true” RMS
ou valor de Pico de velocidade, deslocamento e, em alguns casos, aceleração,
sobre uma faixa de freqüência de 5 Hz a 5.000 Hz. Em casos de falta de
valores de referência, as leituras de velocidade em RMS podem ser
diretamente comparadas com critérios de severidade de vibração normalizados
que podem indicar a necessidade de manutenção.
O medidor de vibração de nível global é um instrumento com grande
capacidade de detecção de mau-funcionamento de máquinas, porém possui
capacidade limitada para a identificação e diagnóstico, tarefas estas que
devem ser realizadas por medidores de vibração com análise de freqüência ou
analisadores por Transformada de Fourier.

Medidor de Vibração com Análise de Freqüência

Medidor de Vibração simples medem o nível de vibração global sobre


uma faixa larga de freqüência. O nível medido reflete o nível de vibração das
componentes de freqüência dominantes do espectro, que são, é claro, as
componentes mais importantes para serem monitoradas. Mas quando o
mesmo sinal de vibração é analisado em freqüência e o espectro registrado em
forma de gráfico, o nível de muitos componentes, possivelmente também
importantes, são revelados.
O desenho esquemático abaixo, ilustra esta diferença. Note que devido
às componentes de freqüência(B) determinarem o nível de vibração global,
aumentos em componentes importantes (A) podem ser detectados nos
estágios iniciais somente através da análise em freqüência. Note também que
assim que a largura da banda é reduzida, um espectro mais detalhado com
picos individuais separados é obtido. Em geral, quanto mais estreita a banda
de freqüência da análise, mais cedo podem ser detectadas as falhas em
desenvolvimento. Mas por outro lado, quanto mais estreita a largura da banda
de freqüência, mais tempo a análise levará, a não ser que instrumentos de
medição mais sofisticados sejam utilizados.
A detecção de falhas nos estágios iniciais, juntamente com o diagnóstico
e previsão de quebras torna-se possível com o uso de instrumentos capazes
de separar as freqüências presentes no sinal de vibração. Através do estudo da
máquina analisada, é possível correlacionar cada componente de freqüência,
com o comportamento dinâmico dos elementos de máquina. A capacidade de
separação de freqüências dependerá da largura do filtro utilizado pelo
instrumento. Quanto mais estreita for a largura do filtro, mais fácil será a
separação de freqüências muito próximas e conseqüentemente, mais fácil será
a detecção de falhas.
Não apenas os aumentos de níveis em componentes de freqüência
fornecem indicação de falhas, mas também a freqüência em que elas ocorrem
indicam qual parte da máquina está se deteriorando. Para cada ponto de
monitoração, desbalanceamento, desalinhamento, erosão em mancais, quebra
de dentes de engrenagens, etc. Terão suas freqüências características que
podem ser reveladas com o auxílio da análise de freqüência. As tabelas de
defeitos, apresentadas mais adiante, ilustram esta relação.
O registro do aumento dos níveis para um ou mais componentes de
freqüência, sobre um número de medidas periódicas, possibilita a monitoração
da tendência dos níveis dessas componentes em função do tempo para as
falhas em desenvolvimento. A curva resultante conhecida por GRÁFICO DE
TENDÊNCIA, pode ser extrapolada no tempo para indicar quando a condição
atingirá limites perigosos para que a manutenção possa ser marcada
antecipadamente para uma data conveniente.

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