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Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia

Instituto Adventista de Ensino do Nordeste

O MÉTODO CRÍTICO-HISTÓRICO
E SUAS IMPLICAÇÕES MISSIOLÓGICAS
NA EVANGELICAL LUTHERAN CHURCH IN AMERICA

Artigo para o
9º Simpósio de Teologia da DSA
Teologia e Missão

Por
Leonardo Godinho Nunes
Gilson Dias da Silva
Iuri Antunes dos Santos Haubrich
14 de Junho de 2009
2

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 3

O MÉTODO CRÍTICO-HISTÓRICO E A RAZÃO ............................................................... 3

Do Racionalismo ao Conceito de Mito............................................................................. 4

A Demitologização e o Existencialismo .......................................................................... 10

Reação ao Método Crítico-Histórico ............................................................................. 13

O Método Crítico-Histórico e Suas Pressuposições ...................................................... 19

O MÉTODO CRÍTICO-HISTÓRICO, A FÉ E A MISSÃO ................................................. 24

O Método Crítico Histórico e a Fé ................................................................................. 25

O Método Crítico-Histórico e a Missão ......................................................................... 28

O Método Crítico-Histórico e a Evangelical Lutheran Church in America ................ 31

CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 36

REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 38
3

INTRODUÇÃO

O presente artigo busca analisar como o método crítico-histórico e suas

implicações para a teologia e a fé influenciaram a missão da Evangelical Lutheran

Church in America.

Para que se possa avaliar corretamente a relação entre o método crítico-

histórico e a missão, faz-se necessário considerar primeiramente a relação que o

criticismo histórico tem para com a faculdade da razão e suas possíveis conseqüências

para o valor da Bíblia como a Palavra de Deus. Em seguida, será analisado como o

método crítico-histórico teria influência direta na fé das pessoas, bem como nos

possíveis resultados dessa influência para a práxis missiológica da ELCA.

Como uma das maiores igrejas evangélicas protestantes históricas dos Estados

Unidos, a ELCA poderia servir de exemplo de como a abordagem hermenêutica crítico-

histórica age diretamente na prática missiológica de determinada denominação, dando

assim subsídios para uma escolha consciente do processo hermenêutico mais adequado,

tendo sempre em vista um crescimento numérico saudável.

O MÉTODO CRÍTICO-HISTÓRICO E A RAZÃO

A Bíblia sempre foi considerada como a Palavra de Deus, normativa e fonte de

inspiração missiológica nos círculos cristãos. Não havia questionamento quanto à sua

autoridade divina, e permitia-se que a Escritura fosse sua própria intérprete.1 Com o

advento do Iluminismo mudou-se o paradigma hermenêutico, já que a visão iluminista

1
Cf.: Alberto R. Timm, "Antecedentes Históricos da Interpretação Bíblica
Adventista," em Compreendendo as Escrituras: Uma Abordagem Adventista, ed.
George W. Reid (Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2007), 1-14.
4

rechaçou qualquer outra autoridade que não a razão humana. 2 A crença na revelação

sobrenatural foi gradativamente substituída pelos métodos naturalistas nos círculos

acadêmicos.3 Ou seja, o método gramático-histórico foi sendo substituído pelo método

crítico-histórico. Para entendermos o processo de desenvolvimento do método crítico-

histórico, faz-se necessário uma breve retrospectiva, bem como uma análise dos

princípios e pressuposições desse método.

Do Racionalismo ao Conceito de Mito

O Iluminismo, também conhecido como Século das Luzes (em oposição à

Idade Média que era caracterizada como Idade das Trevas) 4 é um movimento intelectual

que surgiu inicialmente na França, no século XVIII. Tinha como objetivo defender a

liberdade de pensamento e a igualdade de todos. Propunha ainda, um rompimento com

as estruturas prevalecentes na época, tais como o direito divino dos reis, a política

mercantilista e o poder político da Igreja Católica. Também criticava a intolerância

religiosa e a corrupção do clero.5 Kant definia o iluminismo como o uso livre da razão.6

2
Ángel Manuel Rodriguez, "Hermenéutica Contemporánea: Cuestiones y
Problemas," em Entender la Palabra: Hermenéutica Adventista Para el Nuevo Siglo,
ed. Gerald A. Klingbeil Merling Alomía, Martin G. Klingbeil e Jorge Torreblanca
(Cochabamba, Bolívia: UAB, 2000), 7.
3
Conforme relata Alberto Timm, “... os modernos racionalistas desenvolveram
o Método Crítico-Histórico para acomodar a Bíblia retrocedendo [grifo do autor] às
antigas culturas em que ela foi produzida” Timm, 4.
4
Paulo W. Buss compara a Idade Média com “uma selva obscura cheia de
obstáculos.” Bengt Hägglund, História da Teologia, trad. Mário L. Rehfeldt e Gládis
Knak Rehfeldt, 7ª ed. (Porto Alegre - RS: Concórdia, 2003), 7.
5
José Jobson Arruda, História Integrada: do Fim do Antigo Regime à
Industrialização e ao Imperialismo (São Paulo: Ática, 1996), 17.
6
Para um estudo mais amplo sobre a definição kantiniana de autonomia da
razão, ver: Paul Tillich, Perspectivas da Teologia Protestante dos Séculos XIX e XX. ,
trad. Jaci C. Maraschin, 2ª ed. (São Paulo: ASTE, 1999), 56-59. Sobre a influência de
5

Segundo Cotrim, o pensamento iluminista confia na razão para resolver os problemas de

sua sociedade. 7

Durante este período, portanto, a razão tornou-se “o critério último e fonte

principal do conhecimento.”8 Conseqüentemente, o princípio protestante Sola

Scriptura,9 i.e, somente a Escritura, que foi o grito de guerra da Reforma, foi substituído

em alguns círculos acadêmicos por uma nova abordagem no estudo da Bíblia. 10 Isto

Renê Descartes e Isaac Newton ver: Cláudio Vicentino, História Geral, 10ª ed. (São
Paulo: Scipione, 2007), 239. Sobre os principais filósofos do Iluminismo: Vicentino,
240-241.
7
Gilberto Cotrim, História Global: Brasil e Geral, 7ª ed. (São Paulo: Saraiva,
2003), 266-267.
8
Gerhard F. Hasel, Teologia do Antigo e Novo Testamento: Questões Básicas
no Debate Atual, trad. Luís M. Sander e Jussara Marindir P. S. Arias (São Paulo:
Academia Cristã, 2007), 34-35.
9
Os reformadores utilizaram o princípio Sola Scriptura ao afirmarem que, em
matéria de fé e de doutrina somente a Bíblia é a suprema autoridade, “só ela é o árbitro
de todas as controvérsias.” Alderi Souza de Matos,
http://www.monergismo.com/textos/cinco_solas/solascriptura_alderi.htm (accessed em
23 de Março de 2009). Ver também: Gottfried Brakemeier, "Somente a Escritura:
Avaliação de Um Princípio Protestante. Reação a Gunter Wenz, Evangelho e Bíblia no
Contexto da Tradição Confessional de Wittenberg," Estudos Teológicos 44/1 (2004).
http://www3.est.edu.br/publicacoes/estudos_teologicos/indice_download.htm [accessed
em 23 de março de 2009]; Nisto Cremos: As 28 Crenças Fundamentais da Igreja
Adventista do Sétimo Dia, ed. Associação Ministerial da Associação Geral dos
Adventistas do Sétimo Dia, trad. Helio L. Grellmann, 8ª ed. (Tatuí, SP: Casa
Publicadora Brasileira, 2008).289, 327; Woodrow Whidden, Jerry Moon, and John W.
Reeve, A Trindade: Como Entender os Misterios da Pessoa de Deus na Biblia e na
Historia do Cristianismo, trad. Hélio Luiz Grellmann, 2ª ed. (Tatuí, SP: Casa
Publicadora Brasileira, 2006), 187, 189, 196-197; Jaroslav Pelikan, The Christian
Tradition: A History of the Development of Doctrine, 5 vols., vol. 5 (Chicago:
University of Chicago Press, 1971-1989), 194.
10
Para um estudo mais amplo sobre o princípio Sola Scriptura e seu uso pelos
reformadores ver: Frank M. Hasel, "Pressuposições na Interpretação das Escrituras," em
Compreendendo as Escrituras: Uma Abordagem Adventista, ed. George W. Reid
(Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2007), 36-40. ver também: Peter M. van
Bemmelen, "A Autoridade das Escrituras," em Compreendendo as Escrituras: Uma
Abordagem Adventista, ed. George W. Reid (Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2007),
6

resultou da influência de vários fatores, entre eles o racionalismo,11 a crítica literária

radical, 12 e pelo desenvolvimento de uma nova hermenêutica, através do método crítico-

histórico,13 o qual predomina até hoje no liberalismo.14

A Razão se tornou norma da verdade não apenas no ambiente secular, mas

também na teologia e na religião. Para Baruch Spinoza, a Escritura deveria estar sujeita

e concorde com a razão.15 A razão para Spinoza, como declarado em seu Tratactus

80-83. E ainda: Alberto R. Timm e Amin A. Rodor, "A Trindade nas Escrituras,"
Parousia 2005, 32; onde é mencionado que este princípio era o ideal do protestantismo.
11
O racionalismo sustentava que a religião revelada inclui uma religião
baseada inteiramente na razão e que gradualmente se desenvolve até chegar a ela.
Assim, abandonou a concepção ortodoxa da inspiração da Bíblia. Desta forma, a Bíblia
tornou-se um livro da Antiguidade, a ser estudado como qualquer outro documento
antigo. Ver: Hasel, Teologia do Antigo e Novo Testamento: Questões Básicas no
Debate Atual, 35. Ver também: Hägglund, 303-305.
12
A Crítica Literária tem como objetivo encontrar e distinguir as supostas
fontes literárias usadas pelos escritores, em nosso caso os escritores bíblicos. Por outro
lado, se usada positivamente, ela pode ser útil para evitar uma interpretação errônea do
texto. Para mais detalhes e uma extensa bibliografia ver: Norman L. Geisler, Baker
Encyclopedia of Christian Apologetics (Grand Rapids - Michigan: Baker Books, 1999).
13
Daqui em diante o Método Crítico-Histórico será chamado MCH. É também
conhecido como “alta-crítica,” ver: R. K. McIver, "The Historical-Critical Method: The
Adventist Debate," Ministry, Março 1996, 14. “criticismo histórico,” ver: A. L. Nations,
"Historical Criticism and the Current Methodological Crisis," SJT 36/1 (1983): 59-71.
“criticismo bíblico,” ver: Gerhard F. Hasel, "The Origen of the Biblical Sabbath and the
Historical-Critical Method: A Methodological Test Case," Journal of the Adventist
Theological Society 4/1 (1993): 25. “criticismo racionalista,” ver: Roy A. Harrisville
and Walter Sundberg, The Bible in Modern Culture: Theology and Historical-Critical
Method from Spinoza to Käsemann (Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1995), 32.
“liberal” ou “científico moderno,” cf.: Roberto Pereyra, "El Método Histórico Crítico:
Un Debate Adventista Contemporáneo," em Entender la Palabra, ed. Merling Alomía
et al. (Cochabamba: UAB, 2000), 59-60.
14
Para mais esclarecimentos sobre o desenvolvimento do método crítico-
histórico ver: Edgar Krentz, The Historical-Critical Method (Philadelphia: Fortress
Press, 1995). Ver também: Alan Richardson, The Bible in the Age of Science (Londres:
1961), 9-312.
15
Cf.: Krentz, 14.
7

Theologico-Politicus (1670) é o guia do homem para a verdade. 16 Seguindo esta linha

de raciocínio, J. S. Semler (1725-1791) que é geralmente considerado o pai do

criticismo histórico,17 considerou a Bíblia como um documento histórico, e que deveria

ser interpretado com uma metodologia puramente histórica, i.e, crítica, como qualquer

outro documento antigo. Fazendo distinção entre a Escritura e a Palavra de Deus. 18

Na visão da teologia protestante do Iluminismo, houve uma mudança do

pensamento ortodoxo quanto à natureza do Antigo Testamento. Este deixou de ser

aceito como uma coleção de revelação sobrenatural, e começou a ser considerado como

um conjunto de fontes provindas de uma cultura tão antiga e distante para ser

compreendida. 19

Jean Astruc (1684-1766), um dos pioneiros em defender a idéia de que o

Pentateuco foi redigido a partir de diversas fontes, aplicou os princípios da crítica

16
Cf.: Hasel, Teologia do Antigo e Novo Testamento: Questões Básicas no
Debate Atual, 271.
17
Douglas Stuart and Gordon D. Fee, Entendes o Que Lês?, trad. Gordon
Chown, 2ª ed. (São Paulo: Vida Nova, 1998), 246. Ver também: Krentz, 19. e ainda:
Hasel, Teologia do Antigo e Novo Testamento: Questões Básicas no Debate Atual, 273.
18
Para maiores detalhes ver Johann Salomo Semler, Albhandlung Von Freier
Untersuchung des Canon, 4 vols., vol. 4 (Halle: 1771-1775). Ver também Werner
Georg Kümmel, The New Testament: The History of the Investigation of Its Problems
(Nashville: Abingdon Press, 1972), 64. Semler afirmou que “a Escritura e a Palavra de
Deus são claramente distintas, pois conhecemos a diferença... À Sagrada Escritura
pertencem Rute, Ester, Cantares de Salomão, etc., mas nem todos esses livros,
chamados de sagrados, pertencem à Palavra de Deus...” Johann Salomo Semler,
Albhandlung Von Freier Untersuchung des Canon, 4 vols., vol. 1 (Halle: 1771-1775),
75.
19
Stefan Heidemann, "Der Deutschen Morgenland: Bilder des Orients in der
Deutschen Literatur Und Kultur Von 1770 Bis 1850," (2008). http://www.uni-
jena.de/data/unijena_/faculties/phil/iskvo/Heidemann_Texte/Heidemann-
Morgenland+2008-Paradigmenwechsel.pdf [accessed Em 23 de Fevereiro de 2009 ].
8

literária radical à Bíblia. 20 Apesar de suas opiniões não terem sido aceitas prontamente,

desenvolveu o critério dos nomes divinos, que consistia em demonstrar que Moisés

utilizou-se de dois autores principais, cada um conhecendo apenas um nome para a

divindade, um Elohim e o outro YHWH, para a análise do livro de Gênesis. Este critério

de divisão de fontes acabou por ser a premissa fundamental da Hipótese Documental,

que serviu de base para a então chamada, alta crítica. 21

O termo “alta crítica” foi empregado pela primeira vez por Johann Gottfried

Eichhorn (1752-1827) em sua segunda edição da sua “Einsleitung” em 1787.22 Aplicou

o critério dos nomes divinos à grande parte do Pentateuco. Mas foi Julius Wellhausen

(1844-1918) que deu forma final à Hipótese Documental. Demonstrou um

desenvolvimento maduro do MCH em sua obra “Introdução à História de Israel.”23

Ganhou apoio entre vários eruditos alemães rapidamente, pois sua teoria estava em

20
Hasel, Teologia do Antigo e Novo Testamento: Questões Básicas no Debate
Atual, 35. Sobre a divisão das fontes do Pentateuco conforme Jean Astruc ver Jr.
Gleason L. Archer, Merece Confiança o Antigo Testamento?, trad. Gordon Chown, 7ª
ed. (São Paulo: Vida Nova, 2007), 466.
21
Ver o Histórico da Teoria Documental do Pentateuco em: Gleason L. Archer,
465-476. Ver também: Greg King, "A Hipótese Documentária," Revista Teológica do
SALT - IAENE 4/2, Jul-Dez (2000): 29-36.
22
F. Prat, "Biblical Criticism," Original Catholic Encyclopedia. (1914).
http://oce.catholic.com/index.php?title=Biblical_Criticism [accessed em 23 de fevereiro
de 2009.].
23
Geisler, 769. Ver maiores informações sobre a contribuição de Julius
Wellhausen à Hipótese Documental em Julius Wellhausen, Die Composition Des
Hexateuchs Und Der Historischen Bücher Des Alten Testaments, 2ª ed. (Universidade
de Princeton: G. Reimer, 1889).; Julius Wellhausen, Prolegomena Zur Geschichte
Israels, 5ª ed. (Berlin: Druck und verlag von G. Reimer, 1899).
9

conformidade com o dialeticismo hegeliano e o evolucionismo darwiniano que

predominavam nos círculos acadêmicos da época.24

A era do Iluminismo foi fundamental para a teologia bíblica, pois trouxe

mudanças que tiveram uma “influência definitiva,”25 transformando-a em uma ciência

histórica que descreve o que os autores bíblicos pensavam, isto é, “o que queriam

dizer.”26 Desta forma, a interpretação das Escrituras depende da filosofia predominante

na época dos autores bíblicos. Foi também neste período que o supernaturalismo foi

rejeitado.27

Ainda neste contexto, desenvolveu-se a escola da história das religiões, 28 que

tem por finalidade averiguar a influência que a literatura extra-bíblica exerceu sobre as

Escrituras, conhecida por este motivo como método comparativo.29 De Wette (1780-

1849) vê um “desenvolvimento genético da religião,” começando pelo hebraísmo,

passando pelo judaísmo até o cristianismo. 30 Sobre o prisma da história das religiões

24
Na dialética hegeliana, um conceito (tese) inevitavelmente origina um
conceito antagônico a si próprio (antítese), e a interação destes leva a um novo conceito
(síntese). Este por sua vez se torna a tese de uma nova tríade. (Detroit - NY: Columbia
University Press, 2000), s.v. "The Columbia Encyclopedia." Ver também: Gleason L.
Archer, 472.
25
Hasel, Teologia do Antigo e Novo Testamento: Questões Básicas no Debate
Atual, 273.
26
Ibid.
27
O supernaturalismo se “fundamentava na necessidade de revelação e da
autoridade da Escritura.” Hägglund, 304.
28
Para um estudo mais amplo sobre a Escola da História das Religiões ver:
Ibid, 340-343.
29
Odette Mainville, A Bíblia à Luz da História: Guia de Exegese-Histórico-
Crítica, trad. Magno Vilela (São Paulo: Paulinas, 1999), 104-105.
30
O. Merk, Biblische Theologie des Neuen Testaments in Ihrer Anfangszeit
(Marburg: 1970), 210-214.
10

existe uma descontinuidade entre AT e NT, e uma marcante rejeição do

supernaturalismo também pode ser observada. 31 Sob este ponto de vista, deveria ser

retirado da Escritura tudo aquilo que fosse considerado local e temporal, a fim de chegar

àquilo que é permanente.32 A tarefa do criticismo histórico era recuperar a verdade que

repousa oculta na Bíblia. 33 Nas palavras de James A. Sanders, “a autoridade não repousa

na Escritura, mas entre as linhas da Escritura, em algo que pode ser recuperado apenas

pelas ferramentas que o Iluminismo nos dá.”34 Segundo Gabler (1753-1826) os teólogos

necessitariam distinguir entre os vários períodos da velha e da nova religião. 35 A

ocupação, portanto, seria averiguar quais conceitos do cristianismo seriam relevantes

para o homem de hoje. 36 Desta forma introduziu o conceito de mito aos estudos do

Novo Testamento.37

A Demitologização e o Existencialismo

O conceito de mito alcançou o seu ápice com o programa da

“demitologização” de Bultmann (1884-1976). O seu discurso em 1941 provocou um

31
Hasel, Teologia do Antigo e Novo Testamento: Questões Básicas no Debate
Atual, 274
32
Ibid, 274.
33
Jaques De Senarclens, Herdeiros da Reforma, trad. A. Sapsezian (São Paulo:
ASTE, 1970), 82.
34
James A. Sanders, "From Sacred Story to Sacred Text: Canon as Paradigm."
Religious Studies Review 15 (April 1989), 99.
35
Johann Philipp Gabler, Kleinere Theologische Schriften, vol. 2 (Cambridge,
Massachusetts: Stettin, 1831), 186; ver também Kümmel, 99.
36
Ibid, 100
37
Krentz, 21.
11

acentuado debate sobre o NT e a mitologia. 38 Bultmann propunha que o NT foi escrito

em linguagem mitológica e que existem palavras que são incompreensíveis ao homem

moderno e devem ser demitologizadas, i.e, reinterpretadas de maneira existencialista. 39

A tarefa da teologia, portanto, é demitologizar a pregação cristã, já que, “em se tratando

de linguagem mitológica, ela é inverossímil para o ser humano de hoje...” 40

Na teologia bultmanniana, a história não tem caráter decisivo em questões

teológicas, pois as verdades morais do NT podem ser aceitas independentemente de se

ter um conhecimento de quem ou em que época essas verdades tenham sido

apresentadas pela primeira vez.41 Krentz afirma que na teologia existencial há um

perigo de a história ser interiorizada. 42

O objetivo dos evangelhos, portanto, não seria apresentar uma biografia de

Jesus, mas a mensagem de Jesus e das comunidades cristãs primitivas. 43 Ele via um

desenvolvimento de unidades de tradições na narrativa dos evangelhos que surgiram a

partir das ansiedades da igreja primitiva. Esta idéia era compartilhada por outros

eruditos, como Hermann Gunkel e Martim Dibelius, em cuja visão, os evangelhos são o

38
Para um estudo mais amplo sobre o discurso de Bultmann e o debate que
este provocou ver: Hasel, Teologia do Antigo e Novo Testamento: Questões Básicas no
Debate Atual, 301. Ver também: Nilo Duarte de Oliveira, “A Demitologização das
Escrituras de Rudolf Bultmann e a Reação Protestante” (Centro Universitário Bennett,
2004).
39
Sobre a interpretação existencialista de Bultmann ver: Hägglund, 352-353.
40
Rudolf Bultmann, Crer e Compreender: Artigos Selecionados, ed. Walter
Altmann, trad. Walter O. Schlupp e Walter Altmann (São Leopoldo - RS: Sinodal,
1987), 14. [Os grifos são do autor].
41
Ibid, 22.
42
Krentz, 31.
12

resultado de uma variedade de tradições orais pré-literárias, e que os evangelistas teriam

sido os editores dessas tradições. Os eruditos da escola da crítica das formas buscavam

encontrar o Sitz im Leben no qual as tradições orais surgiram. Apesar de Bultmann não

ter sido o seu pioneiro, este objetivo foi por ele expandido. 44

Enquanto a crítica da forma se relaciona com a busca das tradições orais, a

crítica literária investiga as fontes escritas dos evangelhos. Ela se divide em uma série

de disciplinas, como a crítica das fontes, a crítica da redação, a crítica do gênero, a

crítica da narrativa, o estruturalismo, entre outros.45 Surge, então, a chamada “Nova

Hermenêutica,” cujos conceitos interpretativos foram tomados tanto de Bultmann

quanto de Barth. Embora trabalhassem com o texto de forma distinta, consideravam que

sua interpretação deveria ser baseada na mensagem do texto ou no que o texto “falaria”

ao leitor, 46 quando este o abordasse através de uma pergunta existencial. 47

43
Para um estudo mais amplo ver Rudolf Bultmann, Jesus and the Word, trad.
Louise Pettibone Smith and Erminie Huntness Lanteno (New York: Scribner’s, 1958).
Ver também Hägglund, 352.
44
Para um estudo mais amplo ver Rudolf Bultmann, The History of the
Synoptic Tradition, trad. John Marsh (New York Harper and Row, 1963). Ver também
William Baird, "New Testament Criticism," em The Anchor Bible Dictionary, ed. David
Noel Freedman (New York: Doubleday, 1996), 732-733, 844.
45
Para maiores esclarecimentos sobre estas disciplinas, ver: Baird, 732-736;
ver também Millard J. Erickson, Christian Theology (Grand Rapids: Baker, 1983-85),
81-104; Gerhard F. Hasel, Understanding the Living Word of God (Mountain View,
Califórnia: Pacific Press, 1980).
46
Stuart and Fee, 249.
47
Werner G. Jeanrond, "History of Biblical Hermeneutics," em The Anchor
Bible Dictionary, ed. David Noel Freedman (New York: Doubleday, 1992), 443.
13

Uma das contribuições de Barth foi discordar da posição em que a Bíblia é

considerada um livro meramente humano. Na sua neo-ortodoxia, contudo,48 a Bíblia se

torna a palavra de Deus quando há um encontro entre a humanidade e divindade. 49 Um

encontro existencial entre a Escritura e o homem. 50 A semelhança da neo-ortodoxia e da

nova hermenêutica, poderia ser vista na contestação das verdades proposicionais,

porque estas verdades apenas existem no campo existencial. 51 Na opinião de Zuck, a

nova hermenêutica leva o texto bíblico a “ter o sentido que o leitor desejar,”52 pois a

verdade reside na experiência do leitor (campo existencial) ao permitir que o texto fale

consigo.53

Reação ao Método Crítico-Histórico

O MCH começou a ser questionado mesmo fora dos círculos mais

conservadores. Karl Barth (1886 – 1968) propôs uma crítica ao método declarando ser

este semelhante à doutrina da infalibilidade defendida pela igreja romana, visto que

48
A neo-ortodoxia é uma corrente teológica que surgiu no século XX. Segundo
esta corrente teológica, “a Bíblia não é a revelação de Deus, mas um testemunho dessa
revelação.” Pereyra, 139.
49
“O Criador pode vir ao nosso encontro, pode revelar-Se a nós e, assim,
salvar-nos do pecado.” Ibid. Em relação à teologia do encontro na erudição adventista,
ver: Fernando L. Canale, "Revelação E Inspiração," em Compreendendo as Escrituras,
ed. George W. Reid (Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2007), 60.
50
Antonio M. Artola e José Manuel Sánchez Caro, A Bíblia e a Palavra de
Deus, trad. Frei Antônio Eduardo Quirino de Oliveira, vol. 2º (São Paulo: AM Edições,
1996), 270.
51
Roy B. Zuck, A Interpretação Bíblica: Meios de Descobrir a Verdade da
Bíblia, trad. Cesar de F. A. Bueno Vieira (São Paulo: Vida Nova, 1994), 62-63.
52
Ibid, 63
53
Ibid.
14

ambas substituem a autoridade divina das Escrituras por uma autoridade humana. 54 Paul

Tillich (1886 – 1965) declarou a impossibilidade de que algum método possa

reivindicar ser apropriado para todo assunto. Para explicar os conteúdos da fé cristã,

propôs o método da correlação, utilizando-se de perguntas existenciais e de resposta

teológicas em que se relacionam de forma mútua e interdependente.55 Tillich, através do

método da correlação, procurou “demonstrar que a mensagem cristã é a resposta a todos

os problemas envolvidos no humanismo autocrítico; é o que chamamos hoje de

existencialismo.” 56

A teologia de Tillich serviu como um referencial para uma nova postura

teológica pós-moderna, já que a correlação permitiu um questionamento para os dogmas

54
Karl Barth, Church Dogmatics, trans. G. T. Thompson, vol. 1 (Edimburgo:
T. & T. Clark, 1963), 119; ver também Norman Gulley, Cristo Viene! Un Enfoque
Cristocéntrico de Los Enventos de Los Últimos Días, trad. David P. Gullón, 1ª ed.
(Buenos Aires: Asociación Casa Editora Sudamericana, 2003), 103.
55
O método da correlação apresentada por Tillich é diferente do apresentado
por Troeltsch que apresentaremos mais a frente. Para um estudo mais amplo sobre o
método da correlação de Tillich ver: Paul Tillich, Systematic Theology, 3 vols.
(Chicago: University of Chicago, 1967). Esta obra foi publicada em português, em um
volume único, sob o título: Paul Tillich, Teologia Sistematica, trad. Getúlio Bertelli
(São Paulo: Sinodal - Paulinas, 1967). Veja também: Cláudio Carvalhaes, "Uma Crítica
das Teologias Pós-Modernas à Teologia Ontológica de Paul Tillich,” Universidade
Metodista de São Paulo http://www.metodista.br/ppc/correlatio/correlatio03/uma-
critica-das-teologias-pos-modernas-a-teologia-ontologica-de-paul-tillich/ (accessed em
23 de Março de 2009); sobre a relação de perguntas existenciais e respostas teológicas,
ver David Tracy, "Tillich and Contemporary Theology," em The Thought of Paul
Tillich, ed. Wilhelm Pauck James Luther Adams, Roger Licoln Shinn (San Francisco:
Harper and Row Publishers, 1985), 266-267.
56
Paul Tillich, História do Pensamento Cristão, 2ª ed. (São Bernardo do
Campo: ASTE, 2000), 287-289.
15

da teologia.57 de fato a agenda pós-moderna nega a possibilidade de se explicar tudo

sobre o homem e o mundo através de uma meta-narrativa como a Bíblia. 58

Para William Baird o método crítico histórico tem se tornado crescentemente

problemático, e a variedade de propostas indica uma busca para um novo paradigma que

ainda não foi encontrado.59 Alguns teólogos histórico-críticos chegaram a falar em

falência da crítica bíblica.60 Walter Wink (1935), ex-professor do Union Theological

Seminary, em Nova Iorque, declarou em seu livro que o MCH entrou “em

bancarrota.”61 A mesma posição foi defendida por Gerhard Maier em seu livro The End

of the Historical-Critical Method, ao anunciar o fracasso do MCH,62 “porque apresenta

uma impossibilidade interna.”63 Maier também enfatizou a necessidade da busca de um

método alternativo, que levasse em conta a revelação divina da Escritura. Propôs, então,

57
Carvalhaes, (accessed em 23 de Março de 2009).
58
Carlos Ceia, "Metanarrativa," E-Dicionário de Termos Literários (2005).
http://www2.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/M/metanarrativa.htm [accessed em 23 de março
de 2009].
59
Baird, 725-736.
60
D. A. Carson, "Biblical Interpretation and the Church: Text and Context.,"
(Exeter: Paternoster Press, 2000), 46.
61
Walter Wink, The Bible in Human Transformatin: Toward a New
Paradigma for Biblical Study (Filadélfia: Fortress Press, 1973), 1; veja ainda Wayne G.
Rollins, "The Second Shoe: An Appreciation and Critique of Walter Wink's the Human
Being " Cross Currents. 2003, 296; veja também: Gerhard F. Hasel, A Interpretação
Bíblica Hoje, trad. Carlos A Trezza (Itapecerica da Serra - SP: SALT - IAE, 1985), 84.
62
Gerhard Maier, The End of the Historical-Critical Method, trad. Edwin W.
Leverez and Rudolph F. Norden (Eugene: Wipf & Stock, 2001), 11-25 ver também
Hasel, A Interpretação Bíblica Hoje, 87-91.
63
Maier. 23; ver também Richard M. Davidson, "A Personal Pilgrimage,"
Journal of the Adventist Theological Society 1/1 (1990), 49.
16

o método bíblico-histórico,64 o qual “é baseado no contexto bíblico de inspiração, na

atividade de Deus na História através de atos e da palavra, no testemunho da Escritura

sobre si mesma, no princípio da Bíblia como sua intérprete, etc.”65 Brevard Childs

(1923 – 2007) apontou para uma abordagem pós-crítica, ao fazer teologia dentro do

contexto do cânon, propondo assim o que viria a ser conhecido como uma “nova

teologia bíblica.”66

O MCH, entretanto, continua vivo 67, sendo utilizado de maneiras variadas,

dentre as quais, destacamos o “contextualismo,”68 “criticismo orientado pelo leitor,”69

64
Também conhecido como “Método Gramático-Histórico” ver: Richard M.
Davidson, "Biblical Interpretation," em Handbook of Seventh-Day Adventist Theology,
ed. Raoul Dederen (Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing Association,
2000), 90, ver: Hasel, A Interpretação Bíblica Hoje, 03; “método literário-gramático-
histórico,” ver: William Larkin Jr, Culture and Biblical Hermeneutics (Grand Rapids:
Baker Book House, 1988). Davidson prefere chamar “interpretação bíblico-histórica,”
ver: Davidson, "A Personal Pilgrimage," 55. Este foi o método da Reforma protestante e
é também da Igreja Adventista do Sétimo Dia, ver: Davidson, "A Personal Pilgrimage,"
42.
65
Hasel, A Interpretação Bíblica Hoje, 91.
66
Brevard S. Childs, Biblical Theology in Crisis (Philadelphia: Westminster,
1970), 100; ver também Gerald T. Sheppard, "Canonical Criticism," em The Anchor
Bible Dictionary, ed. David Noel Freedman (New York: Doubleday, 1992), 861-866;
Hasel, Teologia Do Antigo E Novo Testamento: Questões Básicas No Debate Atual,
135-136.
67
Augustus Nicodemus Lopes, "O Dilema do Método Histórico-Crítico na
Interpretação Bíblica," Fides Reformata X, Nº 1 (2005).
http://www.mackenzie.br/fides_reformata.html [accessed em 25 de Março de 2009].
68
Nesta abordagem a Bíblia é vista como qualquer outro livro ou documento,
isto é, de origem puramente humana. Os contextos do Oriente Próximo, (estratificação
social, realidades e dinâmicas econômicas, estruturas familiares e tradições sociais,
dinâmicas psicológicas e convenções literárias e retóricas) no qual a Bíblia foi escrita,
são os únicos permitidos para a interpretação da Bíblia. Ver: Robin Scroggs, "Can New
Testament Theology Be Saved? The Threat of Contextualisms," Union Seminary
Quarterly Review 42 nº 1-2 (1988), 17-18.
17

bem como outras versões modificadas do método.70 O MCH, porém, mantém seu

“axioma básico” como bem salientou Maier, que é fazer distinção entre a Escritura e a

Palavra de Deus, isto é, separar o elemento divino do humano.71 Nas palavras de

McKnight, é “a razão humana e a supremacia da razão como critério final para a

verdade.” 72 Ninguém há, portanto, que se utilize do MCH, não importa como, que

considere “a Bíblia como a plena Palavra de Deus.”73

Em resumo, a partir do iluminismo, portanto, a razão tornou-se o critério

último e final do conhecimento. Este conceito influenciou a maneira de interpretar as

Escrituras. Neste contexto, muitos pesquisadores tentaram explicar a Bíblia de acordo

com as teorias que predominavam nos círculos acadêmicos da época, como o

69
Nesta abordagem o significado do texto é buscado no leitor moderno e não
nas Escrituras. Ver análise e propósito em: Edgar V. McKnight, Post-Modern Use of the
Bible: The Emergence of Reader-Oriented Criticism (Nashville: Abingdon, 1988).
70
A questão do método crítico-histórico tem divido os eruditos adventistas em
três grupos: “a) os que aceitam o método com suas pressuposições; b) os que creem que
uma versão modificada do método pode ser útil independentemente de suas
pressuposições fundamentais; e c) os que descartam o método porque este não pode
divorciar-se de suas pressuposições ideológicas cépticas.” Pereyra, 68-69. A “Comissão
de Métodos de Estudo da Bíblia” da Associação Geral, votou no Concílio Anual de
1986 no Rio de Janeiro, o relatório dobre o uso do MCH na erudição adventista. Ver:
"Métodos De Estudos Da Bíblia," em Compreendendo as Escrituras: Uma Abordagem
Adventista, ed. George W. Reid (Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2007), 329-337.
71
Maier, 16-17. Ellen G. White afirma que a Bíblia possui a mesma união
divino-humana manifestada em Jesus: “A união do divino e humano, manifestada em
Cristo, existe também na Bíblia. As verdades reveladas são todas ‘dadas por inspiração
divina’; contudo, elas são expressas em palavras de homens e adaptadas às necessidades
humanas. Assim, pode ser dito do Livro de Deus, como foi dito de Cristo, que ‘a
Palavra se fez carne e habitou entre nós’. E esse fato, longe de ser um argumento contra
a Bíblia, deve fortalecer a fé nela como a palavra de Deus.” Ellen G. White,
Testemunhos Para a Igreja, trad. Cesar Luis Pagani, 9 vols., vol. 7 (Tatuí, SP: Casa
Publicadora Brasileira, 2000), 747.
72
McKnight, 45.
73
Gerhard F. Hasel, "The Crisis of the Authority of the Bible as the Word of
God," Journal of the Adventist Theological Society 1/1 (1990), 20.
18

darwinismo e a filosofia hegeliana. As verdades proposicionais da Bíblia foram

questionadas, sua historicidade foi colocada em cheque, bem como a sua reivindicação

como guia para o homem moderno. Dentre essas teorias a demitologização e o

existencialismo ocuparam lugar de destaque, pois, em sua interpretação da Escritura,

esta deveria ser baseada na mensagem que o texto falaria ao leitor, adquirindo um

sentido peculiar ao investigador. Desta forma, este pensamento torna a Bíblia um livro

comum, isto é, sem autoridade divina. Para chegarem a estas conclusões, foram

utilizadas na abordagem ao texto bíblico, técnicas literárias de cunho crítico e histórico.

As diversas abordagens do MCH estão fundamentadas em três pressuposições

básicas organizadas por Ernst Troeltsch (1865–1923),74 que aplicou à hermenêutica

princípios semelhantes aos praticados em outras ciências, como a crítica, a analogia e a

correlação.75 Estes princípios básicos permeiam o método crítico histórico, os quais

serão apresentados a seguir.

74
Para a articulação destes três princípios ver: Ernst Troeltsch,
"Historiography," in Encyclopedia of Religion and Ethics, ed. James Hastings (New
York: Charles Scribner’s Sons, 1914), 716-723. Ernst Troeltsch, Gesammelte Schrifien,
vol. 2 (Tubingen: J.C.B. Mohr, 1913), 729-753. Para conhecer a contribuição de Ernst
Troeltsch ver: Robert Morgan, Ernst Troeltsch: Writings on Theology and Religion
(Atlanta: John Knox, 1977).; ver também Samuel Koranteng-Pipim, Receiving the
Word: How New Approaches to the Bible Impact Our Biblical Feith and Lifestyle
(Michigan: Berean Books, 1996), 64.
75
Uwe Wegner, Exegese do Novo Testamento: Manual de Metodologia (São
Leopoldo Sinodal - Paulus, 1998), 18.
19

O Método Crítico-Histórico e Suas Pressuposições

A premissa de que os procedimentos utilizados nas ciências seculares devem

ser aplicados na Teologia, ficou conhecido como norma secular. 76 Esta premissa levou

Troeltsch a organizar os três princípios básicos que norteiam o MCH.

O primeiro princípio é o da crítica, o qual sustenta que os relatos históricos a

que temos acesso hoje, por si só não podem ser considerados como fatos históricos. O

historiador deve usar todo o conhecimento que dispõe para sua análise, incluindo o que

ele pensa ser possível ou não.77 Desta forma é claramente permitido pressuposições e

preconceitos racionalistas em relação à historicidade da Escritura. Em outras palavras,

crer em milagres é contrário à crítica histórica, e para fazer verdadeira crítica histórica é

necessário ser cético em relação à intervenção divina na história. 78

Não havendo verdade histórica absoluta, mas apenas possibilidades, 79 o

pesquisador, portanto, deve se utilizar de uma dúvida metodológica, questionando o

objeto de sua análise. Isto, na prática, significa que as declarações bíblicas serão

76
Davidson, "Biblical Interpretation," 94. Pode-se observar esta aplicação na
teologia de Gabler e em sua forte ênfase histórica, a aplicação dos mesmos métodos
utilizados em ciências seculares na ciência bíblica. Ver: Henning Graf Reventlow,
"History of Biblical Theology," em The Anchor Bible Dictionary, ed. David Noel
Freedman (New York: Doubleday, 1992), 485.
77
Norman L. Geisler, Miracles and the Modern Mind: A Defense of Biblical
Miracles (Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1992), 77.
78
Ibid, 77-78. “Quando aplicado à Bíblia, o Método Crítico-Histórico levou
muitos a reinterpretar suas referências a milagres e intervenções sobrenaturais como
artifícios retóricos humanos e sua mensagem como obsoleta em face do moderno
ambiente científico.” Timm, "Antecedentes Históricos da Interpretação Bíblica
Adventista," 5.
79
Mark Ellingsen, "Modern Science, Critical Historiography, and Their
Challenge to Biblical Authority: It’s Everybody’s Problem," Faith and Missions 10
(Fall 1992), 47.
20

submetidas a uma avaliação “de maior ou menor probabilidade histórica.”80 Wilhelm

Egger declara em sua Metodologia do Novo Testamento que “o estudo dos fatos

históricos não lê os textos neotestamentários como testemunhos de fé, mas como

fontes.”81 A história, no MCH age como o paradigma pelo qual se deve medir algo

como falso ou verdadeiro.82 Desta forma, é observado que a Escritura acaba por ser

subordinada à razão humana. “Assim, o investigador interroga, avalia e julga a

informação bíblica livremente sobre a base da relatividade de seus juízos que se

fundamentam num ceticismo sistemático, a chave para chegar à verdade.”83

O segundo princípio é o da analogia, que é considerado “a chave de toda

compreensão histórica.”84 Somente podem ser avaliados os eventos de um passado

desconhecido mediante a analogia com eventos conhecidos do presente. Desta forma,

alguns argumentam que os milagres não devem ser cridos, já que, eles não se

relacionam com nenhum evento atual. 85 Uwe Wegner, teólogo luterano, admite que se o

pressuposto da analogia for rigorosamente seguido, inibiria a aceitação da intervenção

de Deus na história de maneira extraordinária, como se dá na ressurreição de Jesus. 86

Ao assumir o pesquisador que todos os eventos do passado e do presente são

uniformemente os mesmos, acaba por contrariar o pensamento científico, já que nem

80
Wegner, 18.
81
Wilhelm Egger, Metodologia do Novo Testamento: Introdução aos Métodos
Linguisticos e Histórico-Críticos, trad. Johan Konings and Inês Borges, 2ª ed. (São
Paulo: Loyola, 2005), 193.
82
Senarclens, 89.
83
Cf. Pereyra, 65.
84
Senarclens, 88.
85
Geisler, Baker Encyclopedia of Christian Apologetics, 738.
86
Wegner, 18-19.
21

sempre eventos do passado são de fato uniformes com os do presente; muitos eventos

do passado são singulares,87 além do fato de que no princípio da analogia a experiência

presente do pesquisador é o critério da interpretação da Escritura,88 o que o tornaria um

princípio subjetivo.

O terceiro princípio é o da correlação que pressupõe que existem ligações entre

um determinado evento histórico pretendido e seus antecedentes ou causas. 89 Os

fenômenos históricos estão inter-relacionados,90 ou seja, cada evento da história é parte

de um sistema, e qualquer alteração numa parte altera o todo.91 Desenrolando-se, assim,

numa cadeia de causa e efeito históricos explicados como tendo origem natural e/ou

humana, 92 metodologicamente retirando, então, o espaço para a intervenção

sobrenatural. 93 Os eventos bíblicos sobrenaturais, isto é, os milagres causados pela

divindade, são vistos apenas como “causas históricas imanentes.”94 Os milagres são,

deste modo, atribuídos a causas humanas ou naturais, não divinas. Assim, a Bíblia

87
Geisler, Baker Encyclopedia of Christian Apologetics, 738-739. Para um
estudo mais amplo sobre o princípio da analogia, ver: Ellingsen, 49-51. ver também:
Davidson, "Biblical Interpretation," 90; ver ainda: Geisler, Miracles and the Modern
Mind: A Defense of Biblical Miracles, 75.
88
Davidson, "Biblical Interpretation," 90.
89
Ellingsen, 49.
90
Wegner, 18-19.
91
Senarclens, 88
92
Pereyra, 64
93
Davidson, "Biblical Interpretation," 91.
94
Rudolf Bultmann, Existence and Faith, trad. Schubert M. Ogden (New York:
World, 1960), 292.
22

torna-se uma obra literária como qualquer outro livro, apenas um documento de origem

humana. 95

Além destes três princípios iniciais do MCH, há outras pressuposições oriundas

destes princípios, tais como desunião da Escritura, condicionamento cultural, e a

dicotomia entre o elemento divino e humano na Escritura.

Para o pressuposto da desunião da Escritura,96 as repetições nos textos bíblicos

são vistas como indicadores da existência de uma compilação de várias fontes para

redação do texto bíblico, havendo, portanto, mais de um autor/redator, que ora

utilizavam a mesma fonte e outras vezes fontes diversas. 97 Mainville considera que

alguns livros da Bíblia foram escritos durante várias décadas e outros levaram vários

séculos. 98 Existe uma depreciação do AT. em relação ao NT, com isto, a unidade

dogmática da Escritura é quebrada.99

Na pressuposição do condicionamento cultural, existiria uma dependência

cultural do texto bíblico para com os textos dos antigos povos do Oriente Próximo e do

95
George Eldon Ladd, The New Testament and Criticism (Michigan: Eerdmans
1967), 39.
96
Carson, 45.
97
Mainville, 65-87.
98
Ibid, 39.
99
Reventlow, 485. Stanley concorda que o resultado final do MCH destrói a
unidade das Escrituras. Cf: Stanley N. Gundry, "Typology as a Means of Interpretation:
Past and Present," Journal of the Evangelical Theological Society 12/4 Fall (1969), 237-
238. Ver também: Gerhard Von Rad, "Typological Interpretation of the Old Testament,"
em Essays on Ot Hermeneutics, ed. C. Westermann (Richmond: John Knox Press,
1963), 22; Gerhard von Rad, Old Testament Theology (Edinburgh: 1965), 366,
publicado em português sob o título: Gerhard von Rad, Teologia do Antigo Testamento,
trad. Francisco Catao, 2ª ed. (São Paulo: Aste, 2006).
23

mundo greco-romano.100 Procura-se identificar o ambiente vital que gerou, ou motivou

a utilização de um gênero literário específico. 101 Sendo assim, o teólogo deve fazer

distinção entre aquilo que pertence inerentemente a uma cultura e/ou intervalo de tempo

e aquilo que é para todos os tempos e universal. 102 O programa de demitologização e a

crítica da forma aplicada por Bultmann, demonstram a visão de que a Bíblia está

culturalmente e temporalmente condicionada, e que ela se utilizou da religião e filosofia

correntes em seu tempo.103

Já que os textos da Escritura estão condicionados culturalmente e

temporalmente, pode-se deduzir que os elementos divinos e humanos da Escritura

devem ser separados. Os teólogos pró-feminismo argumentam que os textos bíblicos

são historicamente condicionados, já que os escritores bíblicos viveram em uma época

patriarcal, e por isso escreveram de forma preconceituosa em relação às mulheres. Os

textos bíblicos, portanto, devem ser “lidos com suspeita.”104 E a solução apresentada é

100
Davidson, "A Personal Pilgrimage," 44, ver também: Mainville, 108-109.
101
Mainville, 92-93
102
Werner E. Lemke, "Theology: Old Testament," em The Anchor Bible
Dictionary, ed. David Noel Freedman (New York: Doubleday, 1992), 451.
103
Brian A. Shealy, "Redrawing the Line between Hermeneutics and
Application," Master's Seminary Journal 8/1 Spring (1997), 86. Para um estudo mais
amplo ver as seguintes obras: Bultmann, Jesus and the Wor, 8-11; Bultmann, The
History of the Synoptic Tradition, 244-45; Rudolf Bultmann, Faith and Understanding
ed. Robert W. Funk, trad. Louise Pettibone Smith (New York: Harper and Row, 1966),
247-52; Rudolf Bultmann, New Testament and Mythology, trad. Schubert M. Ogden
(Philadelphia: Fortress, 1984), 2-3; Bultmann, Existence and Faith, 58-60.
104
Alice L. Laffey, Introdução ao Antigo Testamento: Perpectiva Feminista,
trad. José Raimundo Vidigal (São Paulo: Paulus, 1994), 10-11. Ver também: Edward E.
Hindson, "The Inerrancy Debate and the Use of Scripture in Counseling," Grace
Theological Journal 3/1 Spring (1982).
24

reinterpretar, isto é, remover os elementos culturais a fim de se resgatar a palavra de

Deus.105

A distinção entre o que é ou não “Palavra de Deus” tem permanecido até os

nossos dias, mesmo em publicações consideradas evangélicas.106 As partes consideradas

inspiradas, seriam apenas aquelas que se referem aos valores morais e à fé. 107 Os livros

da Bíblia, desta forma, não são totalmente inspirados, e muitas das suas declarações não

são verdadeiras e que porções de suas histórias não são históricas de fato.108 Esse

pensamento acaba por colocar todo o texto sob o juízo da razão humana. 109

O MÉTODO CRÍTICO-HISTÓRICO, A FÉ E A MISSÃO

Um dos resultados do MCH é o de que a Bíblia tem contradições e não é

totalmente confiável. 110 Sendo assim, a necessidade de fé em Deus é minimizada. 111

105
Laffey, 10-11; ver também Hindson. Para maiores esclarecimentos sobre
teologia feminista ver: Wanda Deifelt, "Temas e Metodologias da Teologia Feminista,"
em Gênero e Teologia: Interpelações e Perspectivas, ed. SOTER (São Paulo: Loyola,
2003). Ver também: Elisabeth Schussler Fiorenza, As Origens Cristãs a Partir da
Mulher: Uma Nova Hermenêutica, trad. João Rezende Costa (São Paulo: Paulinas,
1992).
106
Robert K. DeVries, "Book Reviews," Bibliotheca Sacra 120 Apr-Jun
(1963), 176.
107
Louis Berkhof, Princípios de Interpretação Bíblica, trad. Merval Rosa (Rio
de Janeiro: JUERP, 1994), 35.
108
Barry Waugh, "Manuscript by B. B. Warfield Concerning the Trial of
Charles A. Briggs," Westminster Theological Journal 66/2 (2004), 406. Ver também:
William T. Riviere, "The Word and Some Notions of Today," Bibliotheca Sacra
Volume 93 Jul/Sep (1936), 288-300.
109
Merrill F. Unger, "The Inspiration of the Old Testament " Bibliotheca Sacra
Volume 107 - Oct/Dec (1950), 442.
110
Moisés Silva, "Abordagens Contemporâneas na Interpretação Bíblica,"
Fides Reformata 4/2 (1999). Ver também Lopes, 122.
111
"Métodos de Estudos da Bíblia," 329.
25

Além de ser “pernicioso para a fé,” 112 o MCH também traz implicações para a missão

da igreja. É sobre esta relação entre o MCH, a fé e a missão que abordaremos agora.

O Método Crítico Histórico e a Fé

Sendo que o uso do MCH no processo hermenêutico assola a fé nas Escrituras

como a Palavra de Deus, faz-se necessário uma breve análise sobre as conseqüências

que isto traz à vida do crente. Michael Green observou que o uso do MCH estava

destruindo a fé daqueles que estavam se preparando para o ministério. 113 Frank Hasel

argumenta que as pressuposições afetam diretamente a teologia, a autoridade que as

Escrituras têm na vida do crente, além de afetar também a doutrina. E como

conseqüência, afeta a identidade espiritual e teológica da igreja, bem como a sua

missão.114 Ele também argumenta que o orgulho leva o intérprete a exaltar a razão

humana como o “árbitro final do que alguém deve conhecer, crer e obedecer” e como

resultado deprecia a inspiração bíblica, bem como sua autoridade divina. 115

112
Lopes, 131.
113
Michael Green, The Empty Cross of Jesus (Downers Grove, Illinois: Inter
Varsity Press, 1984), 158.; ver também Norman Gulley, Christ is Coming!
(Hagerstown: Review and Herald, 1998), 96.
114
“A aceitação de pressuposições bíblicas cristãs levará a conclusões muito
diferentes de, por exemplo, um compromisso com pressuposições naturalistas e mesmo
ateístas. Sendo que o método de interpretação é inseparável de suas pressuposições, as
respectivas pressuposições invariavelmente influenciam o resultado. Se o método de
interpretação exclui intervenções sobrenaturais, as Escrituras não serão lidas e
compreendidas como relatos verdadeiros e confiáveis, mas interpretadas
diferentemente.” Hasel, "Pressuposições na Interpretação das Escrituras," 27.
115
“... A pessoa orgulhosa é caracterizada por uma mentalidade arrogante que
se eleva a si mesma acima de Deus e de Sua Palavra e, assim, perde qualquer equilíbrio
que poderia originar-se de um reconhecimento da verdadeira posição de alguém em
relação a Deus e à Sua Palavra,” ibid. 30. O orgulho de opinião é desesperador,
incurável e ainda impede o crescimento. White, 199-200. Além do orgulho, Hasel lista
também a auto-ilusão que “também afeta a devida compreensão da Palavra escrita de
Deus” (2Tm 4:3-4; cf. 3:13); a dúvida “que se aprofunda quando uma pessoa duvidosa é
26

Apesar de uma pesquisa feita em 2200 artigos e livros publicados nos últimos

30 anos indicar que 75% dos estudiosos aceitam a ressurreição como um fato,116 é

interessante notar que para alguns defensores do MCH, os milagres, incluindo a

ressurreição, não são históricos, como pode ser expresso nas palavras de Bultmann:

“Sua ressurreição não é um evento histórico.”117 de fato o sobrenatural é considerado

mito, ou ainda fraude, mesmo que seja fraude piedosa.118

Em 1911, em seu livro Atos dos Apóstolos, Ellen G. White, porém, já falava

dos efeitos devastadores da crítica à Bíblia ao afirmar:

Para muitos a Bíblia é uma lâmpada sem óleo, porque voltaram a mente para
canais de crenças especulativas que produzem má compreensão e confusão. A obra
da “alta crítica,” em dissecar, conjecturar, reconstruir está destruindo a fé na Bíblia

confrontada com o testemunho verbal ou escrito da verdade” (cf. Jo5:46-47); distância e


distorção “criada pelo pecado leva a uma distorção do nosso conhecimento de Deus”; e
a desobediência que torna o desobediente “incapaz de ouvir corretamente e
compreender a Palavra de Deus.” Hasel, "Pressuposições na Interpretação das
Escrituras," 30-32. Sobre o papel da razão na teologia ver: Frank M. Hasel, "Theology
and the Role of Reason," Journal of the Adventist Theological Society 4/2 (1993), 172-
198; ver também o capítulo Fé, Razão e o Espírito Santo, em: John T. Baldwin, "Fé,
Razão e o Espírito Santo na Hermenêutica," em Compreendendo as Escrituras: Uma
Abordagem Adventista ed. George W. Reid (Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2007),
15-26.
116
Gary Habermas, "Resurrection Research from 1975 to the Present: What
Are Critical Scholars Saying?," Journal for the Study of the New Historical Jesus 3
(2005). http://www.garyhabermas.com/articles/J_Study_Historical_Jesus_3-
2_2005/J_Study_Historical_Jesus_3-2_2005.htm [accessed em 23 de Abril de 2009].
117
Bultmann, Crer e Compreender: Artigos Selecionados, 246.
118
Baird, 730. Ver também: Gerd Luedemann, The Resurrection of Jesus:
History, Experience, Theology, trad. John Bowden (Fortress Press, 1994). Jr. Gleason
L. Archer, "Modern Rationalism and the Book of Daniel," Bibliotheca Sacra 136
(1979). Thomas S. McCall, "The Biblical Impact of the Revised Egyptian History "
Conservative Theological Journal Volume 2 (1998). Philip Schaff and David Schley
Schaff, "History of the Christian Church," (Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1997),
83.
27

como uma revelação divina. Está roubando a Palavra de Deus em seu poder de
controlar, erguer e inspirar vidas humanas. 119

A razão, portanto, deve estar subordinada à autoridade divina, pois

Deus deseja que o homem exercite suas faculdades de raciocínio; e o estudo da


Bíblia robustecerá e elevará o espírito como nenhum outro. Convém, entretanto,
acautelar-nos contra o deificar a razão, a qual está sujeita à fraqueza e enfermidade
humanas. Caso não queiramos que as Escrituras se fechem ao nosso entendimento,
de modo que as mais claras verdades deixem de ser compreendidas, devemos ter a
simplicidade e a fé de uma criancinha, estar dispostos a aprender, buscando o auxílio
do Espírito Santo. [...] Ao lermos a Bíblia, a razão deve reconhecer uma autoridade
superior a si própria, e o coração e a inteligência se devem curvar perante o grande
EU SOU.120

O uso do MCH diminui a autoridade da Bíblia, impedindo que haja “uma

verdadeira história da salvação” na vida do crente,121 destrói “a fé nos ensinos da

Palavra de Deus e o plano da salvação,”122 bem como a “confiança em Jesus Cristo

como Redentor da raça humana.”123 Ao diminuir ou negar a fé nas Escrituras, por mais

que sejam usados métodos rigorosos de interpretação, tornar-se-á impossível ao leitor

compreender sua mensagem. 124 Nas palavras de Jesus, “se alguém quiser fazer a

vontade dEle, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim

119
Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, trad. Carlos Trezza, 9ª ed. (Tatuí, SP
Casa publicadora Brasileira, 2006), 474.
120
Ellen G. White, Caminho a Cristo, trad. Isolina A. Waldvogel (Tatuí - SP
Casa Publicadora Brasileira, 2003), 110. White também afirma que: “Quando homens,
em seu juízo finito, julgam necessário fazer um exame de textos para definir o que é
inspirado e o que o não é, estão dando um passo adiante de Jesus a fim de mostrar-Lhe
um caminho melhor do que aquele em que Ele nos tem guiado.” Ellen G. White,
Mensagens Escolhidas, trans. Isolina A. Waldvogel e Luiz Waldvogel, 3ª ed., 3 vols.,
vol. 1 (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1985), 17.
121
Hasel, "The Crisis of the Authority of the Bible as the Word of God," 27.
122
C. M. Snow, "The New Salvation," Review and Herald, Nov. 28. 1907, 5.
123
C. M. Snow, "The Higher Critics and God's Word," Review and Herald,
Nov. 28. 1907, 04.
124
"Métodos de Estudos da Bíblia," 337.
28

mesmo” (Jo 7:17). Segundo o apóstolo Paulo a “fé vem pelo ouvir, 125 e o ouvir pela

palavra de Deus” (Rm 10:17, ARC). É necessário, pois, deixar de ler a Bíblia como um

livro comum, e ter disposição para obedecê-la, pela fé.126 Na primeira parte desta

pesquisa procurou-se analisar a relação entre o MCH e a fé. Desde que o MCH

minimiza a fé, quais seriam os resultados da aplicação deste método para a missão da

igreja? Este será o próximo tópico a ser abordado.

O Método Crítico-Histórico e a Missão

Os textos que conhecemos como “a grande comissão” fazem referência a dois

temas: a fé e a missão.127 Sob a fé no Cristo ressuscitado, os discípulos levaram o

evangelho ao “mundo todo” conhecido. 128 Nenhum historiador contesta que esta fé,

desde seu início, tem sido fundamental para a proclamação da mensagem cristã. 129 O

MCH, contudo, como mencionamos acima, nega o supernaturalismo, e também de

maneira específica a ressurreição de Jesus, trazendo, desta forma, um prejuízo para o

125
Do grego avkoh,, (akoê) que significa: a) o sentido da “audição”; b) o ato
de “ouvir” ou ainda o “ouvir da fé” cf. Gálatás 3:2,5, traduzido na ARA como
“pregação da fé”; cf.: W. E. Vine, Merril F. Unger, and William White, Dicionário
Vine: O Significado Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo e do Novo
Testamento, trad. Luis Aron de Macedo (Rio de Janeiro CPAD, 2006), 1483. Também
significa “o recebimento de uma mensagem,” algo mais do que um sentido da
“audição,” ver: Vine, Unger, and White, 841.
126
Somente a fé tornará “acessível ao leitor as verdades espirituais da Palavra
de Deus.” Hasel, "Pressuposições na Interpretação das Escrituras," 34.
127
Lamar Williamson Jr., Mark, Interpretation Commentary (Atlanta: John
Knox, 1983). Ver também Allen Black, The College Press Niv Commentary, Mc 16:14.
(Joplin, Mo.: College Press Pub. Co., 1995).
128
Colossenses 1:4-6 e 23.
129
Christian Hartlich, "Historical-Critical Method in Its Application to
Statements Concerning Events in the Holy Scriptures " Journal of Higher Criticism 2/2
(1995). http://depts.drew.edu/jhc/hartlich.html [accessed em 13 de Maio de 2009].
29

cumprimento da missão, pois “somente o evento da ressurreição de Jesus e a confissão

desta ação de Deus cumprida em Jesus torna compreensível o desenvolvimento da

primitiva missão cristã.” 130 Paulo observou que “se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa

pregação, e vã, a vossa fé” (I Coríntios 15:10).

Um dos fatores apontados pelos estudiosos de crescimento de Igreja é que a

vitalidade espiritual é essencial para que uma congregação possa crescer. 131 Kelley

observou cinco características comuns das igrejas que tem um bom índice de

crescimento. Estas características são: (1) uma demanda por um alto compromisso dos

seus membros, que inclui total lealdade e solidariedade social; (2) rigorosa disciplina

para com as crenças e o estilo de vida; (3) zelo missionário, um forte desejo de contar as

boas novas para todas as pessoas; (4) são absolutas em suas crenças, ou seja, suas

crenças são totais, um sistema fechado, suficiente para todos os propósitos, sem revisões

ou concessões; (5) conformidade no estilo de vida, o que abarca muitas vezes o

comportamento de evitar os não-membros, ou uso de marcas visivelmente distintas ou

uniformes.132

Algumas características descritas acima, dificilmente poderiam ser observadas

numa igreja que aceitasse o MCH de forma aberta. A questão de crenças absolutas,

130
Peter Stuhlmacher, Schriftauslegung Auf Dem Wege Zur Biblischen
Théologie (Göttingen: 1973), 141.
131
C. Kirk Hadaway, Facts on Grow: A New Look at the Dynamics of Growth
and Decline in American Congregations Based on the Faith Communities Today 2005
National Survey of Congregations, ed. David Roozen (Hartford, CT: Faith Communities
Today, 2006), 7.
132
Dean M. Kelley, Why Conservative Churches Are Growing (New York:
Harper & Row 1972), 95; ver também Dean R. Hoge, "A Test of Theories of
Denominational Growth and Decline," em Understanding Church Growth and Decline:
1950-1978, ed. Dean R. Hoge and David A. Roozen (New York: The Pilgrim Press,
1979), 179.
30

estilo de vida definido com uma disciplina exata não pode acontecer onde a Bíblia não é

a Palavra de Deus, mas palavra de homens, e de homens de uma cultura tão remota que

os princípios por eles advogados dificilmente se adaptariam ao homem moderno.

Com relação às igrejas que não crescem, porém, Dean Kelley afirma que estas

igrejas são caracterizadas (1) por um relativismo nas crenças, (2) tolerância na

diversidade interna e pluralismo, (2) ausência na aplicação de cânon ou doutrina, (3)

preferência por uma atitude de diálogo com pessoas de fora da denominação ao invés de

proselitismo, (4) compromisso limitado para com a igreja, e (5) pouca efetividade em

compartilhar as convicções ou as percepções espirituais dentro do grupo.133 Dean Kelley

mostra que quando os padrões de determinada denominação tornam-se virtualmente

indistinguíveis de outras denominações, a quantidade de membros começa rapidamente

a declinar, porque as pessoas desejam pertencer a uma igreja que mantenha os seus

padrões. E como George R. Knight complementa, “tais padrões, se quiserem fazer

avançar a missão da igreja, devem ser construídos sobre princípios bíblicos [grifo

nosso].”134 Algumas dessas características podem ser vistas em igrejas que têm dado

abertura para o MCH, como por exemplo a Evangelical Lutheran Church in America

(ELCA).135

133
Kelley, 95. Hoge, 179-182.
134
George R. Knight, The Fat Lady and the Kingdom (Boise, Idaho: Pacific
Press Publishing Association, 1995), 124. Para uma visão ampla a respeito do declínio
de igrejas nos Estados Unidos, ver: Mike Regele and Mark Schulz, Death of the Church
(Grand Rapids, Michigan: Zondervan Publishing House, 1995).
135
A “… ELCA endossa e pratica o método crítico-histórico de interpretação
da Bíblia. Este é o único método que pode ser utilizado nos seminários da ELCA. O
método gramático-histórico é excluído.” John F. Brug, "Why the Historical-Critical
Method of Interpreting Scripture is Incompatible with Confessional Lutheranism ."
http://www.wlsessays.net/files/BrugHC.pdf [accessed em 18 de Maio de 2009], 3.
31

O Método Crítico-Histórico e a Evangelical Lutheran Church in America

A ELCA veio à existência em 1º de janeiro de 1988 pela união de três

denominações:136 a (1)American Lutheran Church (ALC), a (2)Lutheran Church in

America (LCA), e o último e menor corpo a se fundir na nova denominação foi a

(3)Association of Evangelical Lutheran Churches (AELC), que foi formada em 1976

por ministros que deixaram a Lutheran Church - Missouri Synod (LCMS ).137

A história da ELCA tem início numa controvérsia sobre o uso do MCH dentro

de um dos maiores seminários desta instituição.138 Depois que a ala mais conservadora

obteve um maior controle na denominação, pediu que o então presidente do Concordia

Seminary, Dr. Tietjen, ensinasse a Bíblia aos seus alunos de uma maneira mais literal.

Por não chegarem a um acordo, ele foi expulso em 1974 e, devido a sua influência, a

maior parte dos professores e estudantes deixarem a LCMS, e formaram o Seminex, o

“seminário no exílio.”139

136
"Lutheran Roots in America: The Historical Origins of the Evangelical
Lutheran Church in America,” Lutheran Evangelical Church in America
http://www.elca.org/Who%20We%20Are/History/Lutheran%20Roots%20in%20Ameri
ca.aspx (accessed em 18 de Maio de 2009). Para conhecer mais sobre a posição
doutrinária destas três denominações ver John J. Baumgart, "The Doctrinal Situation of
Three Merging Churches," in Cypress Pastoral Conference (Keystone Heights, Florida:
Wisconsin Lutheran Seminary, 1985).
137
"Association of Evangelical Lutheran Churches,” The Association of
Religion Data Archives. http://www.thearda.com/Denoms/D_1299.asp (accessed 19 de
Maio 2009).
138
"Lutheran Leader Pressures School: Seminary in Missouri Told to Stop
Doctrinal 'Errors'," New York Times, September 10, 1972. Ver também "Interpretations
of Bible Divide Protestant Denominations; Biggest Denomination Affected Editor
Backed Conservatives a Healing or Divisive Process? A Break is Seen as Inevitable,"
New York Times September 16, 1979.
139
"Rev. Dr. John Tietjen, 75, Leader in Lutheran Church Split in 70's," New
York Times February 18, 2004. Ver também "New Resignations Hit Lutheran Church;
Majority of Officials Quit in Schism of 2.8-Million-Member District of the Missouri
Synod," New York Times October 10, 1976. Para conhecer mais sobre o Seminex ver
32

Em 1976, Dr. Tietjen ajudou a organizar a nova denominação, a Association of

Evangelical Lutheran Churches (AELC), que contava com 400 congregações oriundas

da LCMS. Como o líder do grupo, em 1987, conduziu a fusão da AELC com a ALC e a

LCA, formando, então, a ELCA140 que já contava em seu início com cerca de cinco

milhões e trezentos mil membros.141 Sendo considerada a maior denominação luterana

no EUA,142 e a quinta maior denominação protestante neste país. 143

Nesta nova denominação, a Bíblia foi considerada como contendo a história da

interação entre Deus e a humanidade, e como um instrumento para que as pessoas

tenham um encontro com Deus.144 Somente 3% do clero e 29% do corpo leigo concorda

Christ Seminary - Seminex, ed. Erwin L. Lueker, Luther Poellot, and Paul Jackson,
Eletronic Edition ed., Christian Cyclopedia (St. Louis: Concordia Publishing House,
2000). Todo o corpo docente do Concordia Seminary abdicou por causa do direito de
usar o MCH, cf.: Hasel, "The Crisis of the Authority of the Bible as the Word of God,"
25. Para uma melhor descrição do desenvolvimento e explosão do MCH no Missouri
Synod Lutheran ver: Kurt E. Marquart, Anatomy of an Explosion: Missouri in Lutheran
Perspective (Concordia Theological Seminary Press, 1977). Ver também: Kurt E.
Marquart, Anatomy of an Explosion: A Theological Analysis of the Missouri Synod
Conflict (Concordia Theological Seminary: Baker Book House, 1978).
140
"Rev. Dr. John Tietjen, 75, Leader in Lutheran Church Split in 70's."
141
"Evangelical Lutheran Church in America," The Association of Religion
Data Archives http://www.thearda.com/Denoms/D_1415.asp (accessed 19 de Maio
2009).
142
"Rev. Dr. John Tietjen, 75, Leader in Lutheran Church Split in 70's."
143
Excluindo-se a Igreja Católica e os Mórmons, a ELCA ocupa a quinta
posição entre as maiores denominações cristã americanas, cf.: "Yearbook of American
and Canadian Churches,” http://www.adherents.com/rel_USA.html#bodies (accessed
em 25 de Maio de 2009). Ver também "South Dakota Synod, Elca,”
http://www.southdakotasynod.org/ (accessed em 25 de Maio de 2009). No seu início a
ELCA estava na quarta posição entre as maiores denominações dos EUA, cf.: Ari L.
Goldman, "New Lutheran Church Formed from 3 Roots," New York Times May 1,
1987.
144
"Questions About the Bible,” Evangelical Lutheran Church in America
http://archive.elca.org/questions/Results.asp?recid=16 (accessed em 14 de Maio de
2009).
33

que “A Bíblia é a palavra de Deus, a ser tomada literalmente palavra por palavra.”145 Há

uma clara influência do MCH nessa denominação, que pode ser observada na seguinte

declaração:

“Ao mesmo tempo, também encontramos na Bíblia emoção humana,


testemunho, opinião, limitação cultural e preconceito. Os Luteranos da ELCA
reconhecem que o testemunho e a escrita humana estão relacionados e muitas vezes
limitados pela cultura, costumes e cosmovisão. Porque os escritores, editores e
compiladores bíblicos eram limitados pelo seu tempo e cosmovisão, como nós o
somos, a Bíblia contém material conectado àqueles tempos e lugares. Isto também
significa que, os escritores, às vezes, proveem visões discordantes e mesmo
contraditórias da Palavra, caminhos e vontade de Deus.” 146

A ressurreição de Jesus (e as aparições do Jesus ressuscitado) é considerada

pela ELCA como “uma realidade sobrenatural, que não pertence a este mundo e não

pode ser objeto de investigação histórica.” 147 Apesar de não definirem uma posição

sobre o tema “Criação x Evolução,” pontuam a possibilidade de Deus ter criado o

mundo através da evolução,148 uma demonstração de uma leitura não-literal da narrativa

da criação. Além disso, existe também um grande esforço ecumênico nesta

denominação.149

145
Kenneth W. Inskeep, "The Context for Mission and Ministry in the
Evangelical Lutheran Church in America," (2003).
http://www.elca.org/~/media/Files/Who%20We%20Are/Office%20of%20the%20Presid
ing%20Bishop/Background%20Reading/context.ashx [accessed em 26 de Maio de
2009], 26.
146
"Questions About the Bible,” (accessed em 14 de Maio de 2009).
147
"Ressurrection,” Evangelical Lutheran Church in America
http://archive.elca.org/questions/Results.asp?recid=23 (accessed em 19 de Maio de
2009).
148
"Creation Vs. Evolution,” Evangelical Lutheran Church in America
http://archive.elca.org/questions/Results.asp?recid=4 (accessed em 19 de maio de 2009).
149
"Ecumenical and Inter-Religious Relations,” Evangelical Lutheran Church
in America http://www.elca.org/Who-We-Are/Our-Three-Expressions/Churchwide-
Organization/Ecumenical-and-Inter-Religious-Relations.aspx (accessed em 19 de maio
de 2009).
34

Esse pano de fundo teológico parece levar a uma práxis missiológica em

consonância com o que foi demonstrado pela pesquisa de Dean Kelley. Apesar do

grande número de membros com que a ELCA contava inicialmente, houve, porém, um

decréscimo considerável de fiéis nos anos subseqüentes. Em 1987 a ELCA contava com

5.288.230 de membros, e em 2005 com 4.850.776, ou seja, em apenas 19 anos, a ELCA

teve um decréscimo de 437.454 membros.150 Frank Imhoff nos informa ainda que o

último ganho líquido na membresia dessa denominação ocorreu em 1991, quando a

ELCA obteve, em todos os Estados Unidos, um acréscimo de 4.438, ou 0.084% em

relação ao número total de membros. Nesse ano, portanto, a ELCA precisou em média

de 1181 membros para levar uma pessoa ao batismo. Desde então não tem crescido no

número de membros batizados.151

Em conexão com os dados apresentados acima, é importante ressaltar que o

crescimento biológico é o principal meio de entrada de membros para a ELCA. Desde o

início, a maioria dos seus membros procede de origem étnica alemã e escandinava. 152

Esse evangelismo “étnico” continua ainda hoje, como nos reporta a revista “The

Lutheran,” já que em 2005 apenas 3,1% do número total de batismos vêm do grupo de

150
"Evangelical Lutheran Church in America ,” The Association of Religion
Data Archives http://www.thearda.com/Denoms/D_1415.asp (accessed em 19 de Maio
de 2009). Enquanto que a ELCA obteve um deficit de 8,27% em 19 anos, no mesmo
período, denominações como a Southern Baptist Convention obtiveram um crescimento
de 10,51% aproximadamente. "Southern Baptist Convention,” The Association of
Religion Data Arquives http://www.thearda.com/Denoms/D_1087.asp (accessed 04 de
junho de 2009.).
151
Frank Imhoff, "Elca Membership Drops 1.6 Percent to 4.85 Million in
2005," The Lutheran 2006.
152
Cf.: Goldman, 12.
35

“pessoas de cor ou de cuja língua principal não é o inglês.” 153 Só há acréscimo de

novos membros “quando os filhos dos membros da igreja continuam dentro de suas

congregações... as razões pelas quais a juventude luterana permanece em suas igrejas

parecem ser principalmente étnicas.” 154 Kenneth W. Inskeep, diretor de pesquisa e

avaliação da ELCA, admite que “na ELCA o crescimento depende de famílias com

crianças.”155

Além da diminuição no número total de membros, pode-se observar, também,

um declínio na assistência aos cultos semanais. No ano de 2005, em todos os Estados

Unidos, a freqüência caiu para menos de 29,68 %. Ou seja, dos 4.850.776 de membros,

somente 1.439.711 freqüentam aos cultos dominicais.156 Em relação à doação de ofertas

destinada para o suporte missionário, houve uma redução de 7,9% em 1990 para 5,8%

em 2000.157

O MCH, portanto, revelou-se contraproducente para a práxis missiológica da

ELCA. A atitude do crente para com a Bíblia e a forma como ela é interpretada pode

influenciar diretamente a sua visão missiológica. 158 Isto pôde ser observado através da

153
Cf.: Imhoff. O periódico “The Lutheran” pertence a ELCA. Em geral a
ELCA tem dificuldade de crescer entre a população não-branca. Ver também Inskeep,
13.
154
William Read, Victor Monterroso, and Harmon Johnson, O Crescimento da
Igreja na America Latina, trad. João Marques Bentes (São Paulo: Editora Mundo
Cristão, 1969), 86-87.
155
Inskeep, i.
156
Imhoff.
157
Inskeep, 18-22.
158
Essa relação entre a fé e a missão também é percebida por Abdala. “Os
conceitos da teologia e o fervor do evangelismo devem se apoiar mutuamente. Não
podem ser separados [grifo nosso].” Emílio D. Abdala, "A Importância do Treinamento
36

aceitação e do uso do MCH pela ELCA, o que foi um fator preponderante para o

modelo missiológico da igreja, e na consequente redução do seu número de membros.

CONCLUSÃO

Ao longo deste artigo procurou-se estabelecer a relação que o método crítico-

histórico tem para com a fé e a missão, em especial para com a missão da Evangelical

Lutheran Church in America (ELCA).

Para se alcançar esse objetivo, buscou-se primeiramente (através de uma breve

retrospectiva histórica e da exposição dos princípios e pressuposições do método

crítico-histórico) mostrar como o criticismo histórico tende a exaltar a razão humana em

detrimento da fé nas Escrituras como a autoritativa Palavra de Deus.

Na segunda parte deste trabalho procurou-se explicitar como o arrefecimento

da fé nas Escrituras influencia diretamente na vida religiosa das pessoas, exercendo, por

conseguinte, um impacto real na missão e no crescimento numérico de determinada

denominação, como demonstrado na ELCA.

Conseqüentemente pôde-se constatar que o criticismo histórico, ao depreciar a

fé, a autoridade da Escritura e desse modo a própria missão da igreja, interferiu

diretamente (1) na diminuição do número total de membros, (2) no decréscimo da

quantidade de pessoas batizadas, (3) no alvo missiológico (crescimento apenas

biológico), (4) na redução da frequência aos cultos semanais e (5) no percentual de

ofertas destinadas ao suporte missionário da Evangelical Lutheran Church in America

(ELCA).

Ministerial na Educação Teológica," Revista Teológica do SALT - IAENE 4/2, Jul-Dez


(2000): 5.
37

Fica evidente, portanto, que uma postura hermenêutica onde a Palavra de Deus

é desacreditada pode resultar em descrédito dos membros em relação à sua própria

igreja e a consequente decadência da denominação, ou seja, um “suicídio”

eclesiológico.

Espera-se que o exemplo da ELCA sirva de reflexão para a escolha de uma

abordagem hermenêutica coerente com o valor que a Escritura possui e com a missão da

igreja, tendo sempre em vista um crescimento numérico saudável.


38

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