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FICHAMENTO

“MODOS DE VER”
JOHN BERGER
Hizadora Borges de Moura Andrade
Professora Nancy de Melo
Estética e História da Arte |Arquitetura e Urbanismo PUC-GO
“De acordo com o uso e as convenções, que finalmente estão sendo questionados, mas que de forma alguma
foram superados, a presença social de uma mulher é especificamente diferente da do homem.” (página 47)
“A presença de um homem sugere o que ele é capaz de fazer para você ou por você. Sua presença pode ser
fabricada, no sentido em que finge ser capaz do que não é. Mas o fingimento tem em vista um poder que ele
exerce sobre outros.” (página 47/48)
“Ter nascido mulher é ter nascido, num determinado e confinado espaço, para a guarda do homem. A presença
social da mulher desenvolveu-se como resultado de sua habilidade em viver sob essa tutela e dentro desse
espaço delimitado. Mas isso se deu à custa de uma divisão de sua pessoa em duas. Uma mulher deve vigiar-
se constantemente. Ela está quase que continuamente acompanhada pela própria imagem de si mesma. Quer
ela esteja atravessando uma sala ou chorando a morte do pai, ela mal pode evitar estar vendo a si própria
andando ou chorando. Desde a mais tenra infância foi ensinada e persuadida a vigiar-se permanentemente.”
(página 48)
“O homem fiscaliza a mulher antes de com ela se relacionar. Consequentemente, a maneira como uma mulher
aparece para um homem pode determinar o modo como será tratada. Para adquirir algum controle sobre esse
processo, a mulher deve abrigá-lo e interiorizá-lo.” (página 48)
“Se uma mulher atira um copo no chão, isso é um exemplo de como ela trata a própria emoção de raiva e,
assim, de como gostaria que os outros lidassem com isso. Se um homem faz a mesma coisa, seu ato é apenas
interpretado como uma expressão de sua raiva.” (página 49)
“O espelho foi muitas vezes usado como um símbolo da vaidade da mulher.” (página 53)
“Pintava-se uma mulher nua porque era aprazível olhar para ela, punha-se em sua mão um espelho e chamava-
se a pintura de Vaidade, condenando dessa maneira a mulher, cuja nudez representou-se para o próprio
prazer.” (página 53)
“...Em seu livro The Nude Kenneth Clark sustenta que a nudez é simplesmente estar sem roupa, enquanto o
nu é uma forma de arte.” (página 55)
“Estar despido é sermos nós mesmos. Estar nu é ser visto despido por outros e, contudo, não ser reconhecido
como quem se é.” (página 56)
“Quase todo o imaginário sexual europeu pós-renascentista é frontal -literalmente ou metaforicamente -porque
o protagonista sexual é o espectador-proprietário contemplando-o.” (página 58)
“A nudez do outro age como uma confirmação e provoca um forte sentimento de alívio. Ela é uma mulher
como outra qualquer: ou ele é um homem como qualquer outro: ficamos subjugados pela maravilhosa
simplicidade do mecanismo sexual que nos é familiar.” (página 61)
“O nu na pintura a óleo europeia é geralmente apresentado como uma expressão admirável do espírito
humanista da Europa. Esse espírito era inseparável do individualismo. E sem o desenvolvimento de um
individualismo altamente consciente, as exceções à tradição (imagens extremamente pessoais do nu) nunca
teriam sido pintadas.” (página 64)
“Dürer acreditava que o nu ideal devia ser construído tirando-se o rosto de um corpo, os seios de outro, as
pernas de um terceiro, os ombros de um quarto, as mãos de um quinto - e assim por diante.” (página 64)
“Na forma artística do nu europeu os pintores e os proprietários-espectadores eram geralmente homens, e as
pessoas, em geral mulheres, eram tratadas como objetos.” (página 65)
“Na arte moderna, a categoria do nu passou a ser menos importante. Os próprios artistas começaram a
questioná-lo. Nesse, assim como em muitos outros aspectos, Manet representou um momento decisivo.”
(página 65)
“Hoje, os comportamentos e valores que informaram aquela tradição se exprimem através de outros • meios
mais largamente difundidos - a propaganda, os jornais, a televisão.” (pagina65)
“A mulher é representada de uma maneira bastante diferente do homem -não porque o feminino é diferente
do masculino -mas porque se presume sempre que o espectador 'ideal' é masculino, e a imagem da mulher tem
como objetivo agradá-lo.” (página 66)

O livro “modos de ver” de John Berger fala sobre o nu artístico e como os artistas viam essa arte, agrupa
imagens para mostrar sua forma de ver alguns aspectos da arte: como ela, desde a pintura a óleo, está
relacionada com a idéia de propriedade, e como a publicidade pode ser vista como herança dessa forma de
poder.

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