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Palavras-chave: leucó cito, neutró filo, macró fago, monó cito, eicosanó ide, citocina, interleucina,
ó leo de peixe
1. Introduçã o
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mos de feedback negativo, como a secreçã o de mediadores anti-inflamató rios, inibiçã o de cas‐
catas de sinalizaçã o pró -inflamató ria, desprendimento de receptores para mediadores inflama‐
tó rios, e ativaçã o de cé lulas reguladoras. Como tal, quando controladas adequadamente, as
respostas inflamató rias reguladas sã o essenciais para se manter saudável e manter a homeos‐
tase. A inflamaçã o patoló gica envolve uma perda de tolerâ ncia e/ou de processos
regulató rios.1 ]. Quando isso se torna excessivo, podem ocorrer danos irreparáveis aos teci‐
dos do hospedeiro e doenças. Independentemente da causa da inflamaçã o, a resposta envolve
quatro eventos principais:
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neutró filos, linfó citos, monó citos) e coletados de humanos que consomem dietas típicas oci‐
dentais contê m cerca de 10 a 20% de á cidos graxos como á cido araquidô nico, com cerca de
0,5 a 1% EPA e cerca de 2 a 4% de DHA [ 14 , 15 , 16 , 17 , 18 , 19 , 20 , 21 , 22 , 23 , 24 , 25],
embora existam diferenças entre as diferentes classes de fosfolipídios em termos do conteú do
desses á cidos graxos [ 16 ]. A composiçã o de á cidos graxos dessas cé lulas pode ser modificada
aumentando a ingestã o de á cidos graxos n-3 marinhos [ 14 , 15 , 16 , 17 , 18 , 19 , 20 , 21 , 23 ,
24 , 25 , 21 , 23 ]. Isso ocorre de forma dose-resposta [ 25 ] e ao longo de um período de dias
a semanas, com uma nova composiçã o em estado de equilíbrio alcançada em cerca de 4 sema‐
nas (figura 1). Normalmente, o aumento no teor de n-3 PUFAs ocorre à s custas de n-6 PUFAs,
especialmente á cido araquidô nico.
figura 1
Curso de tempo de incorporação de EPA e DHA em células mononucleares do sangue humano. Indivíduos
saudáveis s uplementaram sua dieta com cápsulas de ó leo de peixe fornecendo 2,1 g de EPA mais 1,1 g de
DHA por dia por um período de 12 semanas. Fosfolipídios de células mononucleares do sangue foram isola‐
dos em 0, 4, 8 e 12 semanas e sua composição de ácidos graxos determinada por cromatografia gasosa. Os
dados são média ± SEM de 8 indivíduos e são de Yaqoob et al. [ 19 ].
Os PUFAs podem influenciar a funçã o das cé lulas inflamató rias e, portanto, os processos infla‐
mató rios, por uma variedade de mecanismos, como segue:
trado para macró fagos [ 45 ] e linfó citos [ 46 ]. Assim, as cé lulas envolvidas em processos in‐
flamató rios sã o expostas a á cidos graxos, incluindo PUFAs, em muitas formas diferentes, e po‐
dem acessar á cidos graxos de seu ambiente por uma variedade de mecanismos. O efeito da
forma de apresentaçã o de PUFAs para cé lulas inflamató rias pode ser examinado no cená rio de
cultura de cé lulas e estudos até o momento indicam que á cidos graxos nã o esterificados [ 28 ,
29 , 30 , 31 , 32 , 33 , 34 ,35 , 36 , 37 , 38 , 39 ], lipídios complexos como triglicerídeos [ 46 ],
lipoproteínas intactas [ 44 ] e formas oxidadas de á cidos graxos e outros lipídios [ 40 , 41 , 42
] influenciam as respostas das cé lulas inflamató rias, frequentemente com diferentes efeitos ou
diferentes potê ncias de n-6 e n-3 PUFAs.
Apó s o aumento da ingestã o alimentar de PUFAs n-3 marinhos, suas concentraçõ es aumentam
em lipídios complexos na corrente sanguínea (triglicerídeos, fosfolipídios, é steres de coleste‐
rol), bem como nos fosfolipídios da membrana de cé lulas e tecidos, incluindo aqueles envolvi‐
dos em respostas inflamató rias (ver acima), e há um pequeno aumento em sua concentraçã o
dentro do pool de á cidos graxos nã o esterificados circulantes; o ú ltimo aumento é pequeno
porque os á cidos graxos nã o esterificados circulantes derivam principalmente da quebra de
triglicerídeos do tecido adiposo e os triglicerídeos do tecido adiposo contê m muito pouco EPA
e DHA. Assim, apó s o aumento da ingestã o de EPA e DHA, tanto as cé lulas envolvidas na infla‐
maçã o quanto seu ambiente extracelular (por exemplo, plasma sanguíneo) sã o enriquecidos
nesses á cidos graxos, de modo que as cé lulas inflamató rias enriquecidas com n-3 PUFA esta‐
rã o em contato com lipídios e lipoproteínas do complexo rico em n-3 PUFA. Muitos estudos
examinaram o efeito do aumento da ingestã o de PUFAs n-3 marinhos na funçã o das cé lulas ti‐
picamente envolvidas na inflamaçã o retiradas da corrente sanguínea (neutró filos, eosinó filos,
monó citos, linfó citos) ou, no caso de estudos animais, tecidos e subsequentemente cultivados.
Em muitos, provavelmente na maioria dos casos, oa situação in vivo nã o é mantida durante o
período de cultura ex vivo , em que as cé lulas enriquecidas com n-3 PUFA sã o mantidas em um
ambiente diferente daquele ao qual foram expostas in vivo, ou seja, em um ambiente pobre em
n-3 PUFA. Assim, a situaçã o in vivo nã o é replicada no cená rio ex vivo . Isso dificulta a interpre‐
taçã o completa dos achados dessa pesquisa.
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produzidos, aqueles sintetizados a partir do á cido araquidô nico (por exemplo, PGE 2 e LTB 4)
predominam, embora o perfil exato de eicosanó ides dependa do tipo de cé lula em questã o
(por exemplo, neutró filos e mastó citos produzem muito PGD 2 enquanto os monó citos produ‐
zem muito PGE 2 ) e a natureza do estímulo; o perfil també m mudará ao longo do tempo à me‐
dida que a natureza da resposta ao estímulo se altera. Em geral, os eicosanó ides derivados do
á cido araquidô nico agem de maneira pró -inflamató ria, embora isso seja uma simplificaçã o ex‐
cessiva, já que agora se reconhece que a PGE 2 , por exemplo, tem efeitos pró e antiinflamató ‐
rios, e que outro eicosanó ide derivado da o á cido araquidô nico, lipoxina A 4 , é anti-inflamató ‐
rio [ 49 , 50 , 51 , 52 ].
Figura 2
Esboço da via de biossíntese de eicosanó ides a partir do ácido araquidô nico. COX, ciclooxigenase; HETE,
ácido hidroxieicosatetraenó ico; HpETE, ácido hidroperoxieicosatetraenó ico; LOX, lipoxigenase; LT, leucotri‐
eno; LX, lipoxina; oxoETE, ácido oxoeicosatetraenó ico; PG, prostaglandina; TX, tromboxano.
Estudos em animais mostraram uma relaçã o direta entre o conteú do de á cido araquidô nico de
fosfolipídios de cé lulas inflamató rias e a capacidade dessas cé lulas de produzir PGE 2 [ 53 ], de
modo que a produçã o de PGE 2 é aumentada pela alimentaçã o de á cido araquidô nico [ 53 ] e
diminuída pela alimentaçã o de EPA ou DHA [ 53 ] 53 , 54 , 55 ]. Está bem documentado que a
produçã o de PGE 2 e 4 series-LT por cé lulas inflamató rias humanas pode ser significativa‐
mente diminuída pela suplementaçã o de ó leo de peixe da dieta por um período de semanas a
meses [ 14 , 15 , 16 , 18 , 56 , 57].
les produzidos a partir do á cido araquidô nico.Figura 3). Por exemplo, o LTB 5 derivado de EPA é 10
a 100 vezes menos potente como quimioatraente de neutró filos em comparaçã o com o LTB 4 [
58 , 59 ]. Alé m disso, os eicosanó ides derivados do EPA podem antagonizar a açã o daqueles
produzidos a partir do á cido araquidô nico, como foi recentemente demonstrado para PGD 3
vs. PGD 2 [ 60 ]. No entanto, em alguns casos, eicosanó ides derivados de á cido araquidô nico e
derivados de EPA parecem se comportar com potê ncia semelhante (por exemplo, inibiçã o da
produçã o de TNF-α por monó citos [ 61 , 62 ]).
Figura 3
Visão geral da síntese e açõ es de mediadores lipídicos produzidos a partir de ácido araquidô nico, EPA e DHA.
COX, ciclooxigenase; LOX, lipoxigenase; LT, leucotrieno; PG, prostaglandina.
EPA e DHA també m dã o origem a resolvinas e compostos relacionados (por exemplo, protecti‐
nas) atravé s de vias envolvendo enzimas ciclooxigenase e lipoxigenase.Figura 4) [ 63 , 64 , 65
]. Esses mediadores foram demonstrados em estudos de cultura de cé lulas e alimentaçã o ani‐
mal como anti-inflamató rios e resolutivos de inflamaçã o.Figura 3). Por exemplo, resolvina E1,
resolvina D1 e protectina D1 inibem a migraçã o transendotelial de neutró filos, prevenindo as‐
sim a infiltraçã o neutrofílica em locais de inflamaçã o, a resolvina D1 inibe a produçã o de IL-1β
e a protectina D1 inibe a produçã o de TNF e IL-1β (ver [ 65 ] para referê ncias). O papel das
resolvinas e compostos relacionados pode ser muito importante porque a resoluçã o da infla‐
maçã o é importante para interromper o processo inflamató rio em andamento e limitar o dano
tecidual.
Vá rios estudos de suplementaçã o dieté tica com ó leo de peixe demonstraram uma diminuiçã o
dependente do tempo na quimiotaxia de neutró filos e monó citos humanos para vá rios quimio‐
atraentes, incluindo LTB 4 , peptídeos bacterianos e soro humano [ 14 , 15 , 16 , 66 , 67 , 68 ,
16 , 66 ]. Tanto a distâ ncia de migraçã o celular quanto o nú mero de cé lulas migrando foram
reduzidos. Apesar da alta dose de PUFAs n-3 marinhos usada em muitos desses estudos (3,1 a
14,4 g EPA+DHA/dia), um estudo de dose-resposta de Schmidt et al. [ 69] sugere que a inibi‐
çã o quase má xima da quimiotaxia ocorre com uma ingestã o de 1,3 g EPA+DHA/dia. Alguns es‐
tudos relatam nenhum efeito de n-3 PUFAs na quimiotaxia de neutró filos [ 20 , 70 , 71 ]. Uma
explicaçã o para esta falta de efeito em relaçã o a um desses estudos [ 70 ] pode ser que a dose
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de EPA+DHA utilizada era muito baixa para ser ativa (0,55 g EPA+DHA/dia). No entanto, os ou‐
tros dois estudos [ 20 , 71] usaram doses mais altas de EPA+DHA, mas em ambos os casos esta
foi uma preparaçã o rica em DHA com pouco EPA sendo fornecido. Se esta é a explicaçã o para
a falta de efeito, isso sugere que os efeitos antiquimiotá ticos do ó leo de peixe podem ser devi‐
dos ao EPA em vez do DHA. Nã o houve estudos tentando discriminar os efeitos de EPA e DHA
na quimiotaxia. O mecanismo pelo qual os n-3 PUFAs inibem a quimiotaxia nã o está claro, mas
pode estar relacionado à expressã o reduzida ou antagonismo de receptores para
quimioatraentes.
Figura 4
Esboço da via de síntese de resolvinas e mediadores relacionados de EPA e DHA. COX, ciclooxigenase;
HpDHA, ácido hidroperoxidocosahexaenó ico; HpEPE, ácido hidroperoxieicosapentaenó ico; LOX, lipoxigenase;
LT, leucotrieno; PG, prostaglandina; Rv, resolvina; TX, tromboxano
7. Influência dos á cidos graxos n-3 marinhos nas citocinas inflamató rias
Alé m dos efeitos na inflamaçã o mediados por alteraçõ es no padrã o de eicosanó ides e outros
mediadores lipídicos produzidos, os PUFAs n-3 marinhos també m demonstraram alterar a
produçã o de proteínas inflamató rias, incluindo quimiocinas, citocinas, fatores de crescimento e
proteases de matriz. Este efeito pode ser mediado pela ativaçã o alterada de fatores de trans‐
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criçã o chave envolvidos na regulaçã o da expressã o gê nica inflamató ria. Dois fatores de trans‐
criçã o que provavelmente desempenham um papel na inflamaçã o sã o o fator nuclear κ B
(NFκB) e o PPAR-γ. O NFκB é o principal fator de transcriçã o envolvido na regulaçã o positiva
da citocina inflamató ria, molé cula de adesã o e genes da ciclooxigenase-2 [ 76 , 77]. O NFκB é
ativado como resultado de uma cascata de sinalizaçã o desencadeada por estímulos inflamató ‐
rios extracelulares e envolvendo a fosforilaçã o de uma subunidade inibitó ria (subunidade ini‐
bitó ria de NFκB (IκB)) que permite a translocaçã o do dímero de NFκB remanescente para o
nú cleo [ 78 ]. Acredita-se que o segundo fator de transcriçã o, PPAR-γ, atue de maneira anti-in‐
flamató ria. Enquanto o PPAR-γ regula diretamente a expressã o do gene inflamató rio, ele tam‐
bé m interfere na ativaçã o do NFκB criando uma intrigante interaçã o entre esses dois fatores
de transcriçã o [ 79 ]. Tanto o NFκB quanto o PPAR-γ podem ser regulados por n-3 PUFAs.
7.2. Modulação de ácidos graxos da produção de citocinas inflamató rias e da ativação do fator
de transcrição
EPA e DHA inibiram a produçã o de IL-6 e IL-8 estimulada por endotoxina por cé lulas endoteli‐
ais humanas cultivadas [ 38 , 80 ] e EPA ou ó leo de peixe inibiram a produçã o de TNF-α indu‐
zida por endotoxina por monó citos cultivados [ 29 , 30 ]. EPA ou ó leo de peixe diminuíram a
ativaçã o de NFκB induzida por endotoxina em monó citos humanos e isso foi associado à dimi‐
nuiçã o da fosforilaçã o de IκB [ 31 ], talvez devido à diminuiçã o da ativaçã o de proteínas quina‐
ses ativadas por mitó geno [ 32 ]. Essas observaçõ es sugerem efeitos de PUFAs n-3 marinhos
na expressã o de genes inflamató rios via inibiçã o da ativaçã o do fator de transcriçã o NFκB.
Estudos de alimentaçã o animal com ó leo de peixe corroboram as observaçõ es feitas em cul‐
tura de cé lulas com relaçã o aos efeitos de PUFAs n-3 marinhos na ativaçã o de NFκB e na pro‐
duçã o de citocinas inflamató rias. Comparado com a alimentaçã o com ó leo de milho, o ó leo de
peixe diminuiu a ativaçã o de NFκB em linfó citos de baço murinos ativados por endotoxina [ 81
]. A alimentaçã o de ó leo de peixe para camundongos diminuiu a produçã o ex vivo de TNF-α, IL-
1β e IL-6 por macró fagos estimulados por endotoxina [ 54 , 82 , 83 ]. Vá rios estudos em volun‐
tá rios humanos saudáveis envolvendo a suplementaçã o da dieta com ó leo de peixe demonstra‐
ram diminuiçã o da produçã o de TNF-α, IL-1β, IL-6 e vá rios fatores de crescimento por monó ci‐
tos ou cé lulas mononucleares estimuladas por endotoxina (uma mistura de linfó citos e monó ‐
citos) [15 , 18 , 56 , 84 , 85 , 86 ], embora nem todos os estudos confirmem esse efeito. Alguns
dos estudos que falharam em mostrar um efeito de n-3 PUFAs na produçã o de citocinas forne‐
ceram < 2 g EPA+DHA/dia [ 70 , 87 , 88 , 89 , 90 ], o que pode ser uma dose insuficiente, em‐
bora outros tenham forneceram doses mais altas [ 19 , 24 , 91 , 92 , 93 , 94]. Nã o está claro
qual é a razã o para essas discrepâ ncias na literatura, mas os fatores té cnicos provavelmente
sã o fatores contribuintes, conforme discutido em detalhes em outro lugar [ 95 ]. As contribui‐
çõ es relativas de EPA e DHA també m podem ser importantes na determinaçã o do efeito do
ó leo de peixe. Um outro fator que foi recentemente identificado sã o os polimorfismos em ge‐
nes que afetam a produçã o de citocinas [ 96 ]. Neste estudo verificou-se que o efeito do ó leo
de peixe na dieta sobre a produçã o de citocinas por cé lulas mononucleares humanas era de‐
pendente da natureza dos polimorfismos -308 TNF-α e +252 TNF-β.
8. Os efeitos anti-inflamató rios dos á cidos graxos n-3 marinhos sugerem um valor
terapêutico
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diminuir a produçã o de mediadores eicosanó ides a partir do á cido araquidô nico, muitos
dos quais tê m funçõ es pró -inflamató rias;
aumentar a produçã o de eicosanó ides fracamente inflamató rios ou antiinflamató rios do
EPA;
aumentar a produçã o de resolvinas anti-inflamató rias e inflamató rias a partir de EPA e
DHA;
diminuir as respostas quimiotá ticas dos leucó citos;
diminuir a expressã o de molé culas de adesã o em leucó citos e cé lulas endoteliais e diminuir
as interaçõ es adesivas intercelulares;
diminuir a produçã o de citocinas pró -inflamató rias e outras proteínas pró -inflamató rias
induzidas pelo sistema NFκB.
Os papé is dos PUFAs n-3 marinhos na formaçã o e regulaçã o de processos e respostas inflama‐
tó rias sugerem que o nível de exposiçã o a esses á cidos graxos pode ser importante na deter‐
minaçã o do desenvolvimento e gravidade de doenças inflamató rias. O reconhecimento de que
os PUFAs n-3 marinhos tê m açõ es anti-inflamató rias levou à ideia de que a suplementaçã o da
dieta de pacientes com doenças inflamató rias pode trazer benefícios clínicos. Cada uma das
doenças ou condiçõ es listadastabela 1é um possível alvo terapê utico para PUFAs n-3 marinhos.
Talvez sem surpresa, os ensaios de suplementaçã o foram realizados na maioria dessas doen‐
ças. Aqueles conduzidos em pacientes com artrite reumató ide parecem ser os mais bem suce‐
didos com a maioria dos ensaios relatando vá rios benefícios clínicos [ 97 ]; esses benefícios
sã o apoiados por meta-aná lises dos dados disponíveis [ 98 , 99 ]. Estudos em pacientes com
doenças inflamató rias intestinais (doença de Crohn e colite ulcerativa) fornecem achados am‐
bíguos com alguns mostrando alguns benefícios e outros nã o [ 100 , 101]. Da mesma forma,
estudos realizados em pacientes com asma nã o fornecem um quadro claro; a maioria dos estu‐
dos realizados em adultos nã o mostra benefício clínico, embora existam indicaçõ es de benefí‐
cios de PUFAs n-3 marinhos em crianças e adolescentes, embora existam poucos estudos nes‐
ses grupos [ 102 ]. Uma extensã o destes ú ltimos estudos é o trabalho recente na gravidez que
mostra um impacto de PUFAs n-3 marinhos no sistema imunoló gico materno e fetal [ 103 , 104
, 105 ], que pode reduzir o risco de desenvolvimento de doenças do tipo alé rgicas na infâ ncia [
104 ] e infâ ncia [ 106]. Embora esta seja uma á rea emergente com poucos estudos publicados
no momento, a possibilidade de um efeito precoce de PUFAs n-3 marinhos na maturaçã o imu‐
noló gica sugere um papel importante e novo para esses á cidos graxos no desenvolvimento ini‐
cial [ 102 , 107 , 108 ]. Na maioria das outras doenças e condiçõ es inflamató rias, há muito pou‐
cos estudos para tirar uma conclusã o clara da possível eficá cia dos PUFAs n-3 marinhos como
tratamento. Uma exceçã o a isso pode estar relacionada à morbidade e mortalidade por doen‐
ças cardiovasculares. Há evidê ncias de que os PUFAs n-3 marinhos retardam o progresso da
aterosclerose [ 109 , 110 ], que tem um componente inflamató rio [ 111 , 112]. Alé m disso, os
PUFAs n-3 marinhos diminuem a mortalidade devido a doenças cardiovasculares [ 113 , 114 ];
isso pode ser, em parte, devido à estabilizaçã o das placas ateroscleró ticas contra a ruptura [
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115 ], que novamente tem um componente inflamató rio [ 112 , 116 ]. Assim, os efeitos anti-in‐
flamató rios dos PUFAs n-3 marinhos podem contribuir para suas açõ es protetoras contra ate‐
rosclerose, ruptura da placa e mortalidade cardiovascular.
tabela 1
Lista de doenças e condiçõ es com um componente inflamató rio em que os ácidos graxos n-3 marinhos po‐
dem ser benéficos. Nota: esta lista não é exaustiva.
Doença/condição
Artrite reumatoide
doença de Crohn
Colite ulcerativa
Lú pus
Diabetes tipo 1
Fibrose cística
Asma infantil
Asma adulta
Doença alérgica
Psoríase
Esclerose mú ltipla
Aterosclerose
Obesidade
A dose de PUFAs n-3 marinhos necessá ria para prevenir ou tratar diferentes condiçõ es infla‐
mató rias nã o é clara, embora seja evidente que os efeitos anti-inflamató rios desses á cidos gra‐
xos sã o dose-dependentes [ 25 ]. Como mencionado acima, estudos em voluntá rios humanos
saudáveis sugerem que uma ingestã o de >2 g EPA+DHA/dia é necessá ria para afetar os pro‐
cessos inflamató rios. Existem poucos estudos de dose-resposta investigando o efeito de PUFAs
n-3 marinhos em pacientes com condiçõ es inflamató rias. Estudos em artrite reumató ide usa‐
ram 1,5 a 7 g de EPA+DHA/dia (mé dia de cerca de 3,5 g/dia) e foram de longa duraçã o (3 a 12
meses), com efeitos se tornando aparentes apó s alguns meses [ 97 ]. Um estudo que utilizou
duas doses de n-3 PUFAS [ 117] relataram que ambas as doses induziram benefício, mas que o
efeito foi visto mais cedo com a dose mais alta. Se forem necessá rias doses de 2 g ou mais de
EPA+DHA por dia antes que se observe um efeito anti-inflamató rio, é possível que alguns estu‐
dos em pacientes nã o demonstrem benefício porque usaram uma dose insuficiente ou foram
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9. Conclusõ es
Os á cidos graxos influenciam a inflamaçã o por meio de vá rios mecanismos; muitos deles sã o
mediados por, ou pelo menos associados a, mudanças na composiçã o de á cidos graxos das
membranas celulares. Mudanças nessas composiçõ es podem modificar a fluidez da membrana,
a sinalizaçã o celular levando à expressã o gê nica alterada e o padrã o de produçã o de mediado‐
res lipídicos. As cé lulas envolvidas na resposta inflamató ria sã o tipicamente ricas no á cido
graxo n-6 á cido araquidô nico, mas o conteú do de á cido araquidô nico e dos á cidos graxos n-3
EPA e DHA pode ser alterado atravé s da administraçã o oral de EPA e DHA. Os eicosanó ides
produzidos a partir do á cido araquidô nico tê m papé is na inflamaçã o. O EPA també m dá origem
aos eicosanó ides e estes podem ter propriedades diferentes das dos eicosanó ides derivados
do á cido araquidô nico. EPA e DHA dã o origem a resolvinas recentemente descobertas que sã o
anti-inflamató rias e resolventes de inflamaçã o. O aumento do conteú do de membrana de EPA e
DHA (e diminuiçã o do conteú do de á cido araquidô nico) resulta em um padrã o alterado de
produçã o de eicosanó ides e provavelmente també m de resolvinas. A alteraçã o da composiçã o
de á cidos graxos das cé lulas inflamató rias també m afeta a produçã o de mediadores peptídicos
da inflamaçã o (molé culas de adesã o, citocinasetc ). Assim, a composiçã o de á cidos graxos das
cé lulas inflamató rias humanas influencia sua funçã o; os conteú dos de á cido araquidô nico, EPA
e DHA parecem ser especialmente importantes. Como resultado de suas açõ es anti-inflamató ‐
rias, os PUFAs n-3 marinhos tê m eficá cia terapê utica na artrite reumató ide, embora os benefí‐
cios em outras doenças e condiçõ es inflamató rias nã o tenham sido demonstrados inequivoca‐
mente. Os efeitos anti-inflamató rios dos PUFAs n-3 marinhos podem contribuir para suas
açõ es protetoras contra aterosclerose, ruptura da placa e mortalidade cardiovascular.
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