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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

CENTRO DE EDUCAÇÃO -CEDU


CURSO DE PEDAGOGIA LICENCIATURA PLENA
DISCIPLINA: SABERES E METODOLOGIAS DO ENSINO DE HISTÓRIA 1

NIEDJA DA SILVA SANTOS

Atividade Avaliativa – AB1

O presente texto tem como objetivo desenvolver um estudo interpretativo e analítico sobre o
filme Narradores de Javé (2003) em conjunto com artigos de referências sobre os principais
conceitos e categorias que fazem parte do estudo histórico, sendo eles: o tempo, a memória, o
patrimônio, o sujeito e a história local.

O filme Narradores de Javé (2003) apresenta temáticas que adentram aos conceitos e
categorias do estudo histórico, explorando a formação cultural de seu povo. O vale de Javé no
interior da Bahia, se encontra prestes a desaparecer em um grande dilúvio, a formação de uma
nova hidrelétrica, visando desenvolvimento sem respeito às histórias presentes naquele local
escolhido. Assim, os moradores se juntam para salvarem o vale, em consenso decidem que é
necessário transformar a comunidade em patrimônio histórico, nesse ponto podemos conciliar
com o conceito de patrimônio que Paim (2010) aponta como sendo um conjunto de bens,
utilizado no sentido de herança ou legado, que pode ser uma instituição, empresa, associação
ou de pessoas. A clareza em que o povo discute o sentido de patrimônio como uma solução do
problema é muito importante para a identificação, valorização e alforria da cultura e história
local de Javé, elevando o vale a um patamar de importância e reconhecimento da comunidade
que desbravou, se assentou e construiu suas raízes na região.

Paim (2010) afirma que a memória procura um sentido, e está ligada à lembrança, e
evidentemente ao esquecimento, sendo as memórias individualizadas e subjetivas, elas são
modificadas a partir das experiências e hábitos de cada um. Por esse ângulo podemos entender
o porquê que os moradores contam a história de Javé cada um à sua maneira, com os seus
próprios personagens ilustres, pois através das suas experiências pessoais, e das memórias
herdadas de seus familiares, cada qual terá o seu valor e sua parcela na construção da histórica
local.
A comunidade busca fazer um regaste das memórias para escrever a odisseia de Javé,
dando ênfase na oralidade e transcrição dos fatos, sondando a memória individual e coletiva
do povo, no qual Paim (2010) aponta que a memória pessoal e a memória coletiva estão
intimamente amarradas, e com base na tradição da sociedade em que os sujeitos estão
inseridos. As memórias fazem parte da nossa vida e sempre que precisas, estão sendo
recontadas e revividas para explicar fatos ocorridos, tendo a sua função de estruturação do
que já foi vivido, e é importante na formação da identidade individual e social do povo.

Em alguns pontos do filme observamos que a presença do homem na construção do


vale de Javé é bastante apresentada, enquanto a mulher está sempre em segundo plano ou não
aparece na formação dessa história, assim como o povo negro, que expressam suas memórias
de outras maneiras, com novos nomes e personalidades, que no conto das demais pessoas não
fazem parte. Neste caso constatamos as oposições que são apresentadas, e o papel
influenciador do gênero na formação da história, com tal observação podemos estabelecer
conexão com Leite (2010) que explica que a noção de gênero diz respeito a uma identidade
sociocultural atribuída a cada sexo, influenciando os comportamentos do homem e da mulher.
Logo então nos questionamos, como Maria Dina, personagem que fez parte da formação do
vale do Javé é apresentada por um homem e como é apresentada por uma mulher nas
memórias contadas? Pelo homem a personagem é construída com escarnio, apontada como
louca e insignificante para a história, já pela mulher, ela é vista como uma heroína, que
ajudou Indonésio na busca por terras que o povo pudesse chamar de suas.

A produção do livro no filme acaba não acontecendo no tempo estimado por falta de
conciliação das memórias sociais, e assim o vale acaba sendo destruído, mas ainda há
esperanças de as memórias serem postas para que formem a história daqueles que por aquelas
terras viveram. Por conseguinte, a história local é um importante patrimônio do povo, pois faz
parte da herança social, em que é expressada, rememorada e revivida a partir do tempo, para
formação dos conceitos históricos, da valorização da identidade cultural, da vida e
subjetividade de cada indivíduo. Os patrimônios sejam eles materiais ou imateriais são
importantes para essa vinculação do presente com o passado, para a formação sociocultural do
povo.

Referências
Texto 1- OLIVEIRA. Sandra Regina Ferreira de. Os tempos que a História tem. In:
OLIVEIRA, Margarida Maria Dias de (coord.). História: ensino fundamental. Brasília:
Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010.
Texto 2 - PAIM, Elison Antonio. Lembrando, eu existo. In: OLIVEIRA, Margarida Maria
Dias de (coord.). História: ensino fundamental. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria
de Educação Básica, 2010.

Texto 3 - CAIMI, Flávia Eloisa. Meu lugar na história: de onde eu vejo o mundo?. In:
OLIVEIRA, Margarida Maria Dias de (coord.). História: ensino fundamental. Brasília:
Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010.

Texto 4 - LEITE, Juçara Luzia. Fazendo gênero na história ensinada: uma visão além da
(in)visibilidade. In: OLIVEIRA, Margarida Maria Dias de (coord.). História: ensino
fundamental. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010

https://www.youtube.com/watch?v=Trm-CyihYs8 <acesso em: 07/04/2021>

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