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Mons.

João Scognamiglio Clá Dias, ep

Dona Lucilia
LIBRERIA EDITRICE VATICANA
Mons. João Scognamiglio Clá Dias, ep

Dona Lucilia

Coedição internacional de:

LIBRERIA EDITRICE VATICANA InstItuto Lumen sapIentIæ


Città del Vaticano São Paulo
2013
Declaração

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Índice
Prefácio .................................................................................... 16
Antonio Royo Marín, OP, Mestre de Vida Espiritual,
brilhante Orador e Escritor famoso .................................... 25
Introdução ................................................................................ 33
Capítulo I
“Mamãe me ensinou a amar a Nosso Senhor Jesus Cristo” ....... 36
Quando tudo parecia acabar, tudo começava...
O último sinal-da-cruz ................................................................. 37
Morte suave .......................................................................................... 38
“Ela era verdadeiramente uma senhora católica...
Ninguém pode imaginar o bem que ela me fez” ....................... 39
A cena mais emocionante... ................................................................ 40
Últimas homenagens ........................................................................... 41
A paz e a serenidade que Dr. Plinio sentiu após a morte de
Dona Lucilia ................................................................................. 43
Nas portas da eternidade, a preparação exemplar:
a Extrema-Unção de Dona Lucilia ............................................. 43
O derradeiro dia de uma longa existência ......................................... 44
Missa de sétimo dia — raio de luz sobre as orquídeas ..................... 45

Capítulo II
Nascimento e primeira infância; adolescência no então
longínquo interior ............................................................... 48
Nossa Senhora foi sua Madrinha ....................................................... 49
Morte prematura da mãe de Dr. Antônio ......................................... 51
Pirassununga abriga uma família da aristocracia paulista ............... 52
Sossego e monotonia da vida do interior ........................................... 54
A retidão admirativa de uma alma justa ............................................ 56

5
Infância iluminada especialmente pela figura do pai ....................... 57
A última moeda a um mendigo .......................................................... 59
Visita do Imperador ............................................................................ 60
A insipidez do dia-a-dia interrompida pelas idas à Capital ............. 62
Tenra menina temida pelo demônio .................................................. 63
Santo Antônio das Palmeiras .............................................................. 64
O Barão de Araraquara administra a fazenda de Dr. Antônio ....... 65
Na solidão da mata brasileira, o canto da Salve Regina .................... 66
A morte do cordeirinho ...................................................................... 66
A capa do cigano-chefe ....................................................................... 67
Dr. Antônio ampara um adversário político ..................................... 68
Salvando a vida de um inimigo ........................................................... 69
O testamento de uma mulher de má vida .......................................... 70
Rejeição de um negócio desonesto .................................................... 70
A festa em casa de Dona Veridiana ................................................... 71
“Viva a República” rompe uma amizade........................................... 73
A família se muda para São Paulo...................................................... 74

Capítulo III
A juventude de Dona Lucilia na “São Paulinho” do café......... 76
A São Paulo aristocrática .................................................................... 77
Entardecer nos Campos Elíseos ......................................................... 79
Saudades de umas boas galopadas ..................................................... 81
Visitas à cidade imperial ..................................................................... 82
Os predicados de Lucilia eram coroados pelo ouro da virtude ....... 84
Uma bondade que nada podia abalar ................................................ 85
A jovem defunta vestida de noiva... ................................................... 86
Respeito pela infelicidade de quem não percebia o próprio ridículo ...87
Jovem e já muito sofrida ..................................................................... 88
Oásis de paz e de oração ..................................................................... 89
O oratório da Imaculada Conceição .................................................. 90
“Protege-me com tua inesgotável bondade” ..................................... 91
O Sagrado Coração de Jesus, devoção de toda uma vida ................ 92

Capítulo IV
Fundação do lar ....................................................................... 94
Nas mãos de Deus, a escolha da vocação .......................................... 95
Pompa nupcial...................................................................................... 97
O ansiado encontro com Nosso Senhor Sacramentado ................... 98
Descendente de Senhores de Engenho ........................................... 100
Recordações de Pernambuco ........................................................... 101
Afabilidade e temperança numa dadivosa natureza....................... 102

6
Com o matrimônio, a religiosidade de Dona Lucilia
se acresce ainda mais ................................................................. 103
“Ensinai-me a honrar meu marido, como Vós honrastes a São José”...104
“Esta não é uma pergunta que se faça a uma mãe”........................ 105
Talvez a fotografia na qual ela apareça mais contente ................... 107
“Onde está Jesus?” ............................................................................ 108
Uma febre se vai com um simples toque de mão ............................ 109
“Partir c’est mourir un peu. Mourir...” ................................................ 109
Ocasião para maior progresso espiritual ......................................... 111
Desvelos nas insônias e doenças do filhinho ................................... 112
“Um agrado dele, eu não coíbo” ...................................................... 114
A paciência em tratar um sobrinho surdo-mudo ............................ 115
Carinho e bondade incomparáveis, salvaguardados os princípios ......116
Trato ordenativo e compaixão .......................................................... 118
Nas descidas a Santos, Dona Lucilia se extasiava com o panorama....120

Capítulo V
Viagem à Europa.................................................................... 122
Viagem determinada não pelo sonho, mas pela dor ...................... 123
Uma penosa viagem .......................................................................... 124
Singrando os mares, rumo ao Velho Continente ............................ 125
“Fique tranqüilo, meu filho...” ......................................................... 127
No hospital da universidade do Kaiser ............................................ 127
Operação bem-sucedida.................................................................... 129
Perdão para os que a trataram mal .................................................. 130
Prova de amor ao Brasil .................................................................... 131
Jamais desfalecida ou abatida .......................................................... 133
As termas de Wiesbaden ................................................................... 134
Um casal de condes poloneses ......................................................... 136
Pelo Reno, até Colônia...................................................................... 138
Paris..................................................................................................... 141
Teatro de marionetes no Rond Point ................................................ 142
O “roubo” do bolo ao retornar da Marquise de Sévigné ................. 143
O menino que desejou comprar o castelo do Rei Sol..................... 144
Soirées inesquecíveis no Théâtre de l’Opéra ..................................... 147
Uma escrivaninha francesa ............................................................... 147
Os cotillons para os filhos .................................................................. 148
Destreza, calma e capacidade para se desvencilhar de
situações complicadas ................................................................ 149
O encontro com a Princesa Isabel .................................................... 150
A doença “incurável” de uma princesa russa .................................. 151
Médico e servo de um magnata russo .............................................. 153

7
O quadro de Dona Gabriela ............................................................. 154
Fotografias em traje de gala.............................................................. 156
Sentada num banco de jardim .......................................................... 159
De pé, numa escada ........................................................................... 160
Uma governante para os filhos ......................................................... 160
Paciência que jamais esmoreceu! ..................................................... 162
Chorando por deixar a França... ....................................................... 163

Capítulo VI
Educação dos filhos ................................................................ 166
Chegada a São Paulo ......................................................................... 167
Os lustres de bronze .......................................................................... 168
Olhar sereno, voz aveludada, sorriso luminoso .............................. 169
Visita a um grande estadista do Império ......................................... 171
Educando para a vida social ............................................................. 172
Muito meticulosa nos trajes .............................................................. 173
Na alimentação, mil delicadezas maternas...................................... 174
Estimulando nos filhos o senso do maravilhoso ............................. 175
Preparando os filhos para trilharem o caminho do dever .............. 177
Uma governante alemã ..................................................................... 178
Como Dona Lucilia tratava Fräulein Mathilde ............................... 178
“Tenho saudades dos pitos de mamãe”............................................ 179
Os “bolos” com a escova de prata .................................................... 181
Nas doenças, tempero de dor e de alegria ....................................... 182
Plinio à beira da morte ...................................................................... 184
Querer bem, até o fim! ...................................................................... 186
“Eu também rezo tanto por ti...” ...................................................... 187
Um convívio que conduziu ao amor à Santa Igreja Católica
Apostólica Romana.................................................................... 189
“Prestando atenção na Salve Regina, entendi mamãe por inteiro” .....190
Suavidade, intransigência, admiração .............................................. 191
Nunca permitir comparações, nem elogiar os seus......................... 193
“Vejam como Ele está chorando por vocês” ................................... 193
Domingo de Páscoa no Parque Antárctica ...................................... 195
A inocência natalina .......................................................................... 197
“Lembrem-se de que ao voltarem podem não mais encontrar
viva sua mãe” .............................................................................. 198
“Plinio bleibt bei Mutter” .................................................................... 199
O pequeno Plinio, dormindo num... parapeito ............................... 200
“Queremos histórias de tia Lucilia...” .............................................. 201
Os maravilhosos contos de fada ....................................................... 202

8
O Gato de Botas, o Marquês de Carabás e Cinderela ................... 202
O nobre manco .................................................................................. 204
Os Três Mosqueteiros ........................................................................ 205
No Carnaval, dois pequenos marqueses .......................................... 208
O marajá e a princesa persa, na imaginação de Dona Lucilia ....... 210
Um mago que nada tinha de demoníaco ......................................... 212
Passeios ............................................................................................... 212
Em Águas da Prata, Bécassine ......................................................... 214
“Meu filho, mais doçura em suas palavras” .................................... 216
Dona Lucilia não gostava que se caçoasse dos outros.................... 217
Preparando os filhos para a Primeira Comunhão........................... 218
“Quero que não estejam pensando em festa...” .............................. 219

Capítulo VII
Formação dos filhos num mundo em profunda crise ............... 222
Anos de grandes transformações ..................................................... 223
Revolução nas mentalidades............................................................. 224
Uma nova mentalidade, chamada “moderna” ................................ 226
Dona Lucilia recusa a nova moda .................................................... 227
A pretexto dos bondes, as saias encurtaram.................................... 228
O “estouro da boiada”....................................................................... 228
Despretensão, placidez e esmero ..................................................... 230
Fidelidade, mesmo ao preço do isolamento .................................... 231
Preferia vê-lo morto a vê-lo extraviado ........................................... 232
Um senhorio de afeto ........................................................................ 232
Falando quase só do bem, incutia aversão ao mal .......................... 233
Um marido roubado .......................................................................... 234
Mais uma lição a respeito do mal ..................................................... 234
As primeiras cartas ............................................................................ 236
Preocupação com a sorte de Dr. Bier .............................................. 239
Doença interminável ......................................................................... 240
Marcas de um agrado ........................................................................ 241
Aulas fracassadas ............................................................................... 242
Rosée no Conservatório Municipal ................................................. 243
Plinio no Colégio São Luís ................................................................ 244
Apreensão materna ........................................................................... 246
Uma injusta nota de comportamento .............................................. 249
“Ele fez justiça a si mesmo!”............................................................. 251
Irredutibilidade e doçura .................................................................. 253
Deliciosos sanduíches ........................................................................ 253
O Menino Jesus entre os doutores do Templo ................................ 254

9
“Por que você há de ser tão ruinzinho assim?” ............................... 254
Respaldo à autoridade da Fräulein .................................................. 255
Relíquias do passado ......................................................................... 256
“Só três medalhas, meu filho?” ........................................................ 257
Cuidados de Dona Lucilia dão azo a que Plinio se adentre
na cultura francesa ..................................................................... 258
Um Brasil de tranqüilidade .............................................................. 259
Através dos olhos de Dona Lucilia, aprendendo a julgar os fatos .......259
Um personagem histórico ................................................................. 260
Última fantasia................................................................................... 261
“Parece-me ouvir-te e ver-te o dia inteiro” ..................................... 263
Nos conselhos, afeto e sabedoria ..................................................... 265
Guiando os filhos que vão freqüentar a sociedade ......................... 265
Em plena era hollywoodiana, a manutenção do trato cerimonioso ....268
“Você e Rosée são confiados a Deus antes de nascer”................... 268
“Deves ter fé no Sagrado Coração de Jesus, que certamente
não nos abandonará” ................................................................. 273

Capítulo VIII
Transpondo o umbral dos 50 anos .......................................... 276
Alegrias, dores e apreensões ............................................................ 277
O casamento da filha ......................................................................... 278
No oratório, uma carta ...................................................................... 279
“Devo aproveitar o tempo que me resta a te guiar e aconselhar” .......280
A bênção e as cruzinhas na testa ...................................................... 285
Uma Via-Sacra controvertida ........................................................... 286
Conselho singular .............................................................................. 288
Da tentação, “é tratar de fugir e às léguas, agarrando-se
a um Crucifixo” .......................................................................... 289
O Sagrado Coração de Jesus “será teu salvaguarda e protector” .... 293
“Insisto sobre a tua vinda quanto antes” ......................................... 295
Dever de gratidão .............................................................................. 298
Uma revolução convulsiona o Brasil................................................ 302
“Se fosse uma Cruzada, eu seria a primeira a mandar o Plinio
para a batalha” ........................................................................... 303
“Daqueles a quem Deus dá Fé, Elle proprio exige Esperança” .... 303
“Não cesso de pedir por ti, e só me sinto tranquilla quando
o faço e muito!” .......................................................................... 307
Um sinal do Sagrado Coração de Jesus? ......................................... 307
Causa involuntária de aflição ........................................................... 308
“Uma das maiores provações de minha vida” ................................. 310
Firmeza na defesa da Fé ................................................................... 315

10
As “prosinhas da meia-noite” ........................................................... 316
A passagem de ano de Dona Lucilia ................................................ 317
Um desígnio da Providência que Dona Lucilia intuía .................... 318
Polêmicas de Dr. Plinio em favor da Causa Católica ..................... 320
“Nada de muita futricação à energica” ............................................ 322
“É por muito te amar que te quero aperfeiçoar” ............................ 324

Capítulo IX
Perda do patrimônio ............................................................... 330
As profundas transformações dos anos 30 ...................................... 331
A convocação da Constituinte e a fundação da LEC ..................... 332
Tratativas no Rio de Janeiro ............................................................. 334
A eleição de Dr. Plinio ...................................................................... 338
Em artigo de jornal, Dona Lucilia discerne ameaça
às Congregações Marianas ........................................................ 340
No Rio, para a inauguração da Constituinte ................................... 341
Pouco numerosa mas expressiva correspondência ......................... 344
O passamento de Dona Gabriela ..................................................... 344
Amargo cálice sorvido com resignação............................................ 346
Aproxima-se o fim da solidão de Dona Lucilia............................... 347
Mais uma prova de confiança ........................................................... 350
“Não me esquecerei dos seus telefonemas para mamãe...” ........... 352
As alegrias do regresso ...................................................................... 352
Generosa entrega à Causa Católica ................................................. 354
Nova mudança: a casa da Rua Itacolomy ........................................ 356
Os desvelos de Dona Lucilia pelo “filhão” doente ......................... 358
Dois outros exemplos de discernimento materno .......................... 360
Novamente em Águas da Prata ........................................................ 362
Consolar o próximo: dever de caridade ........................................... 365
Visita do Almirante Yamamoto........................................................ 369
Afetuoso engano ................................................................................ 372
“Coitada, não faça isso!...” ................................................................ 373
Suaves repreensões ............................................................................ 374
Autoridade e senso de justiça ao despedir uma empregada .......... 376
Recordações de um sobrinho ........................................................... 377
Dias de descanso... mas de ausência ................................................ 380

Capítulo X
Fidelidade inquebrantável em meio às tormentas ................... 384
A Segunda Guerra Mundial: fim de uma era .................................. 385
A derrota da França e a tomada de Paris ........................................ 387

11
Intransigência na defesa dos princípios ........................................... 389
Demora preocupante ........................................................................ 389
Homenagem póstuma ....................................................................... 392
Magnanimidades de outrora............................................................. 394
A presença repousante de Dona Lucilia ......................................... 394
Nova mudança ................................................................................... 396
Evocativas recordações ..................................................................... 397
Nos cuidados da própria saúde, preocupação com os filhos.......... 400
O primeiro livro de Dr. Plinio .......................................................... 402
“O que terá acontecido a mamãe?” ................................................. 403
Ardentes orações pela batalha de seu filho ..................................... 404
Dona Lucilia nota mudança de situação do filho ........................... 407
“Não há o que quebre o Plinio” ....................................................... 407
Serenidade a toda prova.................................................................... 409
Cristal de Baccarat ............................................................................. 410
No pórtico da ancianidade ................................................................ 412
Insigne piedade .................................................................................. 413
Dádiva de um generoso amigo ......................................................... 415
“O seu relógio é o Plinio!” ................................................................ 418
Expectativa ansiosa............................................................................ 419
No alto de uma janela, um halo prateado... .................................... 420
“Meu filho, por que à noite não vem conversar comigo?”............. 422
“De tanto pensar em Itaicy, tenho a impressão de conhecêl-o!” ..... 423

Capítulo XI
Longa e penosa separação....................................................... 428
Planos para um adeus menos dolorido ............................................ 429
A despedida........................................................................................ 430
“Meu coração procura o de Plinio...” .............................................. 431
Aniversário marcado por grande ausência ...................................... 437
Notícias de Espanha .......................................................................... 441
“Quantas saudades... meu Deus!!...” ............................................... 443
“Tanto peço a Deus que venhas já, quanto para que possas te
demorar um pouco” ................................................................... 452
“Como me parece longo, longo, este mez de Maio!” ..................... 458
Notícias de Roma............................................................................... 462
Audiência com o Santo Padre........................................................... 465
“Filhão, graças a Deus, você é o mesmo!”....................................... 468
“Viver é estar juntos, olhar-se e querer-se bem” ............................ 469
O filme da coroação da Rainha Elizabeth ....................................... 472
Cenário ideal do derradeiro período de vida .................................. 474

12
Capítulo XII
Novo lar, nova separação ....................................................... 476
Uma visita ao apartamento de Dona Lucilia .................................. 477
Recolhimento, distinção e harmonia ............................................... 479
No ambiente ideal, a dona-de-casa perfeita .................................... 482
Mais uma vez a Europa ..................................................................... 483
Cartas “de São Lourenço” ................................................................ 484
“O Divino Espírito Santo estará sempre em ti” .............................. 487
Precauções maternas de Dona Lucilia ............................................. 489
“A Paris falta só uma coisa...” ........................................................... 492
Para apaziguar as saudades, “prosinhas” por escrito ..................... 496
“Onde vai meu coração, vai você dentro...” .................................... 503
“As palavras de Cristo não passam” ................................................. 507
O “sanguinho” dos Rodrigues Camargo e dos Ortiz ...................... 510
“Egoisticamente estremeci de alegria” ............................................ 515
Na expectativa do regresso, os últimos pedidos .............................. 518

Capítulo XIII
Sereno peregrinar nas sendas da ancianidade ......................... 524
As mais suaves irisações da bondade luciliana ................................ 525
Carinhos de mãe ................................................................................ 526
Muito apreciada por suas artes culinárias ....................................... 527
“Esta senhora é muito espanhola!...”............................................... 528
O vaso de cristal ................................................................................. 528
Visita inesperada ............................................................................... 529
“Se a senhora perdesse a Fé, seria para mim como se
tivesse morrido” ......................................................................... 530
A dama de cabeleira branca ............................................................. 531
De uma mesma ogiva, dois arcos que se completam ...................... 533
Observatório do alto do qual se podem ver as estrelas .................. 535
Episódios do dia-a-dia ....................................................................... 535
Nada abalava seu equilíbrio interior ................................................ 537
Dona Lucilia completa 80 anos: três fotografias,
três aspectos de alma ................................................................. 538
Presença doce e suave ....................................................................... 543
Sono profundo e reparador .............................................................. 544
“Minha casa eram os olhos dela” ..................................................... 544
“Minha mãe é muito melhor que a sua!”......................................... 545
Distraindo-se com um orador português ......................................... 546
“Ih, Plinio... mistura explosiva!” ....................................................... 547

13
O encanto de um hidalgo espanhol .................................................. 547
Olhos contemplativos nos quais há um firmamento....................... 548
Uma lamparina aos pés do Sagrado Coração de Jesus .................. 550
Em colóquio com o Divino Redentor .............................................. 552
Adoração a Jesus Sacramentado e ao Santo Lenho ....................... 553
Reflexos da devoção a Nossa Senhora na alma de Dona Lucilia ..... 555
Um trato para a eternidade .............................................................. 556
“Filhão, mamãe comprou isto para você” ....................................... 557
“Como é que o Plinio gostará mais?” .............................................. 558
Falecimento de Dr. João Paulo ........................................................ 560
Os nobres deveres da viuvez ............................................................. 560
A lenta marcha para o anoitecer ...................................................... 561
“Filhão, só tenho a você” .................................................................. 561

Capítulo XIV
Uma alma conforme ao Coração de Jesus ............................... 562
Em pleno século XX, uma dama do século XIX ............................ 563
A resignação de Dona Lucilia ante a morte .................................... 564
As despedidas no elevador................................................................ 567
As perspectivas de um completo isolamento .................................. 570
“Que belo olhar!” .............................................................................. 571
Perfeito domínio sobre as próprias emoções .................................. 572
“Não, meu filho, eu não queria incomodar ninguém...” ................ 573
Equilíbrio entre justiça e misericórdia ............................................. 573
Virtude da vigilância .......................................................................... 574
Um sonho premonitório.................................................................... 575
1962: nova separação... ...................................................................... 576
“Se soubesses como fica triste a vida quando viajas para
tão longe!!!” ................................................................................ 582
Escassa correspondência ................................................................... 584
Cartas laboriosamente confeccionadas ........................................... 587
“Se fôr da vontade de Deus... que se faça!” .................................... 590
Um salto sobre o oceano ................................................................... 594
Um período conturbado e cheio de incertezas ............................... 595
“Ah! A minha árvore!?” .................................................................... 596
O porta-jóias de maroquin vermelho ............................................... 596
A visita de um “jornalista” ................................................................ 597
A última carta..................................................................................... 599
A rejeição de Dona Lucilia ao horrendo ......................................... 601
“Como ela é boazinha!” .................................................................... 602
A última caixa de gravatas oferecida a seu filho ............................. 603
O casamento da Olga ........................................................................ 604

14
Os últimos passeios a pé pela Rua Alagoas ..................................... 605
Derradeira visita à “sua” Igreja do Sagrado Coração de Jesus ..... 606
Ela vivia na atmosfera do Sagrado Coração.................................... 608
“Coitadinha, ela não tem o de que se acusar”................................. 610
“Se eu fosse tratada assim, gostaria de viver mais 400 anos”......... 610
Os funerais das recordações ............................................................. 611
Para que seu filho não sentisse tanto sua morte ............................. 611
“Qual o desígnio da Providência a respeito de nós dois?” ............. 612
Dir-se-ia que ela era feita para ter milhares de filhos .................... 613

Capítulo XV
Inesquecíveis meses de inefável convívio ................................ 616
Na extrema ancianidade, as últimas provações ............................... 617
1967: sobre Dr. Plinio sopra um vendaval ....................................... 617
“Devo recomendar que, se eu morrer, não o digam a mamãe?” ..... 619
Angustiante tranqüilidade ................................................................ 621
“Para todos foi uma surpresa e um encanto de alma”.................... 621
Trato ameno e todo feito de bondade .............................................. 623
Novos hábitos rompem a antiga rotina da casa de Dona Lucilia ..... 626
Um inolvidável convite, a que se seguiram outros .......................... 628
Parecia que os biscoitos provinham do Paraíso............................... 630
Voz flexível e ondulada...................................................................... 632
Vista através de um brise-bise a desfiar o rosário ............................ 634
“Que bênção existe nesta casa!” ....................................................... 635
Contemplando uma rosa ................................................................... 635
Um comentário perfeito ................................................................... 637
Apesar de indisposta, um trato impregnado de bondade .............. 639
Em seu sorriso, as luzes do crepúsculo e da aurora ........................ 643
Em seus pequenos gestos, reflexos de uma alta virtude ................. 643
“Coitada dessa moça...” .................................................................... 644
Outros entretenimentos .................................................................... 645
A hora de conversar com o “filhão” ................................................. 646
Uma ancianidade toda preocupada em fazer o bem! ..................... 648
As últimas fotografias ........................................................................ 649
O último dia de vida, passado na calma e na tranqüilidade ........... 652
Pedidos de um filho estremecido ..................................................... 652
Até na hora extrema, sustentada pela confiança em Deus... ......... 653
Glória, luz e alegria ........................................................................... 654
Post-scriptum ......................................................................... 667

15
prefáCIo1

O Autor, juntamente com Dr. Plinio, filho de Dona Lucilia,


em visita ao Revmo. Pe. Antonio Royo Marín e suas irmãs,
Dona Isabel, Dona Gloria e Dona Maria Teresa, em novembro de 1988
16
Prefácio

M eu querido e admirado amigo Sr. João S. Clá Dias,2 au-


tor desta esplêndida biografia de Dona Lucilia Corrêa
de Oliveira, teve a amabilidade de me pedir um Pre-
fácio que servisse de apresentação ou pequena introdução para ela.
Para esse efeito, colocou à minha disposição o texto completo datilo-
grafado, antes de enviá-lo para a gráfica.
Comecei a ler estas páginas ignorando totalmente o altíssimo
valor de seu conteúdo. O que no princípio se configurou como sim-
ples curiosidade ante o desconhecido evoluiu rapidamente em franca
simpatia, a qual foi aumentando progressivamente até se converter
em verdadeira admiração e assombro. Mais que os dados biográficos
de uma mulher extraordinária, o que eu ia lendo era a vida de uma
verdadeira santa, em toda a extensão da palavra. A amenidade e o ex-
traordinário interesse da leitura não decaiu um só instante. Para isso
contribui poderosamente o acerto editorial de dividir o longo texto
em pequenos parágrafos, precedidos por um subtítulo em negrito que
adianta a idéia que o leitor saboreará em seguida com mais detalhe.
Para dar ao leitor uma idéia aproximada da enorme riqueza do-
cumental que reúne esta esplêndida biografia de Dona Lucilia, creio
que o mais autêntico e apropriado será coligir os títulos de todos e de
cada um de seus quinze capítulos, acompanhados de uma brevíssima
síntese do respectivo conteúdo. É o que faremos a seguir.
1. Mamãe me ensinou a amar a Nosso Senhor Jesus Cristo. — São
palavras de seu filho, o Dr. Plinio. Relatam-se em seguida os últimos
momentos e a santa morte de Dona Lucilia. Já São Tomás advertia
que o fim, embora seja o último na execução, deve ser sempre o pri-
meiro na intenção.3 Grande acerto foi começar pela visão do fim.
2. Nascimento e primeira infância. — Fala-nos de seus pais, Dr.
Antonio e Dona Gabriela, e do ambiente familiar daquela família de
aristocrática ascendência. Dona Lucilia nasceu no dia 22 de abril de
1876, e foi a terceira dos cinco filhos daquele casal fidalgo. Sua vida

1) Extratos do prefácio à primeira edição.


2) O presente prefácio foi escrito em 1994, quando o Autor ainda não era ordenado
presbítero.
3) Cfr. Summa Theologica, I-II, q.1, a.4.

17
Prefácio

infantil se desenvolveu aprazível e tranqüila, iluminada principalmen-


te pela influência educadora de seus queridos pais, Dr. Antonio e Do-
na Gabriela. É impossível transcrever aqui os mil fatinhos deliciosos
daqueles anos inesquecíveis.
3. A juventude de Dona Lucilia na São Paulinho do café. — Sua
juventude transcorreu no ambiente aristocrático de São Paulo da-
quela época. Assim o exigia o nível social da família, consoante com
a esplêndida mansão em que moravam, que atraía enormemente a
atenção. Mas este ambiente mundano em nada prejudicou a vida es-
piritual da jovem Lucilia, que ia progredindo manifestamente, sobre-
tudo em sua profunda devoção ao Sagrado Coração e à Imaculada
Conceição, em torno de uma devota imagem do Sagrado Coração de
Jesus, a ela dada por seu pai. Sua casa era um “verdadeiro oásis de paz
e de oração”.
4. Funda um lar. — A vocação é algo de Deus, que chama a cada
um de formas muito diversas. A de Dona Lucilia era a vocação ma-
trimonial, que atingiu seu ponto culminante ao contrair matrimônio
com o Dr. João Paulo Corrêa de Oliveira, descendente de uma ilustre
família de Pernambuco, “muito fino e inteligente”. O acontecimento foi
celebrado no dia 15 de julho de 1906, tendo Dona Lucilia trinta anos
de idade. Na véspera desse dia recebera, em companhia de seu noi-
vo, sua Primeira Comunhão, que se retardava absurdamente naquela
época anterior ao pontificado de São Pio X, o qual abriu para sem-
pre o Sacrário aos pequeninos. Com o casamento, a religiosidade de
Lucilia aumentou consideravelmente, e pediu à Virgem Maria “que a
ensinasse a honrar seu marido como Ela honrou a São José”. O Senhor
abençoou o lar de Lucilia com a esplêndida dádiva de dois filhos: Ro-
senda, que nasceu em 1907, e Plinio, que veio ao mundo em 1908. Daí
em diante, a vida da mãe se fundirá materialmente com a de seus dois
queridos filhos.
5. Viagem à Europa. — A viagem ao Velho Continente atraía a
todos os amantes da tradição entre a classe aristocrática daquela Belle
Époque à que pertencia Lucilia; porém não foi esta a razão de sua
longa viagem à Europa, em 1912. Aproveitou-a amplamente para dar
vazão à sua piedade numa multidão de santuários e lugares santos.
Assim, em Berlim, onde perdoou aos que a trataram mal; em Colônia,
onde admirou a maravilhosa catedral; em Paris, onde expandiu sua
terna devoção ao Sagrado Coração em Montmartre, na Sainte Cha-
pelle, em Notre Dame e em Nossa Senhora das Vitórias. De Paris pas-
sou para a Itália com a intenção de visitar e receber em Roma a bên-

18
Prefácio

ção de São Pio X; porém isso lhe foi impossível e teve que regressar ao
Brasil, de Gênova.
6. Educação dos filhos. — Rosenda e Plinio aprenderam de sua
mãe o difícil equilíbrio de juntar a mais refinada simplicidade e do-
çura com o sadio apreço de sua elevada posição social, que os dis-
tanciava, aparentemente pelo menos, do trato igualitário com a gente
vulgar. Educados para a vida social, meticulosa no que se refere aos
trajes, jóias, cerimônias, etc., Dona Lucilia neles inculcava, ao mes-
mo tempo, a mais profunda cortesia cristã e a compaixão e ajuda aos
necessitados. Tratando-se do cumprimento do dever, sua atitude era
inflexível, cheia entretanto de suavidade e doçura. Insistia, sobretudo,
em sua formação religiosa, centrada principalmente na caridade e no
amor entranhado ao Sagrado Coração de Jesus, à Virgem Imaculada e
à Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana.
7. Formação dos filhos em um mundo em profunda crise. — A
terrível Primeira Guerra Mundial submergiu o mundo em profunda
crise moral, na qual foram postos em cheque os mais sagrados valores
da tradição cristã. Com espanto do mundo inteiro, erguia-se triunfan-
te na Rússia o fantasma do comunismo, disposto a destruir completa-
mente a Civilização Cristã. Uma nova mentalidade denominada “mo-
derna” burlava e escarnecia de tudo que fosse autenticamente tradi-
cional. Dona Lucilia reagiu energicamente contra essas tendências
aberrantes e suportou heroicamente o isolamento social a que se viu
submetida por parte de muitos maus cristãos que aceitavam incons-
cientes as novas tendências suicidas. Enquanto isso, seu filho Plinio,
aluno destacado do Colégio São Luís, preparava-se com intensa vida
de piedade para a grande missão apostólica para a qual a Providência
o havia predestinado.
8. Ultrapassando o umbral dos 50 anos. — Quando, em 1926,
cumpriu Dona Lucilia seus 50 anos de idade, estava muito longe de
imaginar que teria que sobreviver outros longos 42 anos até atingir 92.
Escrevia ela a seu filho Plinio: “Devo aproveitar o tempo que me resta
em te guiar e aconselhar”. Começava para ele sua afanosa vida pública
em defesa da Igreja e da Tradição cristã. Dentro das Congregações
Marianas, bem depressa, Dr. Plinio chegaria a ser líder católico in-
questionável e deputado pela Liga Eleitoral Católica. Todo este ca-
pítulo está cheio de interessantíssimas notícias sobre as atividades de
Dr. Plinio. Dona Rosenda havia contraído matrimônio e ofereceu a
Dona Lucilia sua querida netinha Maria Alice. É impossível registrar
aqui tanta riqueza documental.

19
Prefácio

9. Perda do patrimônio. — Neste interessantíssimo capítulo nar-


ram-se as grandes tribulações que afligiram Dona Lucilia e os seus, em
conseqüência da perda de grande parte de seu patrimônio econômico
(que fez baixar consideravelmente seu nível de vida) e, sobretudo, das
grandes perseguições que Dr. Plinio teve de suportar por fatos como
os que serão narrados mais adiante. Estas e outras muitas tribulações
foram suportadas por Dona Lucilia e seu filho com admirável sereni-
dade cristã e impressionante e magnânimo perdão para todos os seus
inimigos.
10. Fidelidade inquebrantável no meio das tormentas. — O título
exprime muito bem o conteúdo deste excelente capítulo. Continua a
narração das dificuldades e obstáculos que Dr. Plinio encontrava em
seu incansável apostolado em prol da Igreja e da autêntica vida cris-
tã tradicional. O melhor deste capítulo é constituído pelas admiráveis
cartas trocadas entre mãe e filho, cheias de sabedoria cristã e de uma
imensa confiança no Sagrado Coração de Jesus, de quem esperam e
imploram o remédio de tantos males. Aparece o livro do Dr. Plinio,
Em Defesa da Ação Católica, que foi objeto, em 1949, de uma carta
de louvor, escrita ao autor, de parte de S.S. o Papa Pio XII, pelo Sub-
secretário de Estado, Mons. J. B. Montini, mais tarde Papa Paulo VI.
11. Longa e penosa separação. — Uma série de circunstâncias
levou Dr. Plinio a empreender um longa viagem ao Velho Continente,
em 1950. Dona Lucilia, embora lamentando a longa e penosa ausência
de seu filho, animou-o no difícil empreendimento, e ajudou-o eficaz-
mente com seus admiráveis conselhos, em longas e extremosas cartas.
Sente-se um prazer extraordinário em ler a correspondência trocada
entre mãe e filho, a qual constitui, em seu conjunto, um verdadeiro
tesouro de prudência e sabedoria autenticamente cristãs. O Dr. Plinio
teve a grande alegria de receber uma bênção especial do Papa Pio XII,
que lhe estreitou a mão. A viagem do Dr. Plinio por toda a Europa
durou algo mais de dois meses (de abril a junho de 1950).
12. Novo lar, nova separação. — No novo e excelente apartamen-
to da Rua Alagoas, para onde se transladaram de sua antiga moradia
na Rua Vieira de Carvalho, continuou a vida aprazível entre mãe e
filho, intimamente identificados em seus ideais apostólicos e na pro-
funda vida espiritual a que ambos se dedicavam. Mas em breve Dr.
Plinio teve de realizar uma nova viagem à Europa, com a finalidade de
estreitar as relações iniciadas na viagem anterior e travar novos conta-
tos. Dona Lucilia, já com mais de 76 anos, suportou a nova separação
e continuou ajudando seu filho com suas maravilhosas cartas.

20
Prefácio

13. Sereno peregrinar pelas sendas da ancianidade. — Os anos


transcorriam enchendo a vida anciã de Dona Lucilia de alegrias e tris-
tezas, pois de tudo houve. Alegria grande ao ver expandir-se cada vez
mais o movimento apostólico de seu filho em prol da Igreja Católica,
Apostólica, Romana. Tristeza e amargura ao ver a injusta perseguição
que pairava sobre Dr. Plinio e sua obra por parte daqueles que mais
deveriam ajudá-lo. Tudo suportava Dona Lucilia à força de oração e
confiança no Sagrado Coração e na Virgem Maria. Sua vida interior
era a de uma verdadeira santa.
14. Uma alma conforme o Coração de Jesus. A década dos anos
60 — escreve o Sr. João Clá — abriu um novo e mais profundo abismo
de horrores, que atingiria o seu auge na revolução anarquista de maio de
1968. Dona Lucilia, nos últimos anos de sua vida, fazia brilhar ainda
mais sua afabilidade e seu modo de ser respeitoso, em contraste com a
vulgaridade crescente do mundo moderno”. Possuía um perfeito domí-
nio de suas próprias emoções e suportou com firmeza novas separa-
ções de seu filho, em razão de suas contínuas viagens apostólicas. A
vida espiritual de Dona Lucilia consistia em uma oração incessante
e num perder-se e abismar-se no Coração adorável de Jesus, sob o
olhar materno da Virgem Imaculada. Os testemunhos são incontáveis
na biografia.
15. Indescritíveis meses de inefável convívio. — Em sua extrema
ancianidade — tinha já 91 anos — teve de sofrer Dona Lucilia, além
dos mil achaques e incômodos próprios da velhice, novas e dolorosas
provações, principalmente pelo vendaval de tribulações que, em 1967,
caiu fulminante sobre o Dr. Plinio: gravíssima enfermidade, que o co-
locou em perigo de morte, perseguições e calúnias. Tudo suportou ela
com heroísmo sobre-humano e plena e gozosa aceitação da vontade
de Deus. Por fim amanheceu para ela o dia eterno. Exatamente ao
completar 92 anos de idade, na manhã de 21 de abril de 1968, Dona
Lucilia, “com os olhos bem abertos, dando-se perfeitamente conta do so-
lene momento que se aproximava, levantou-se um pouco, fez um grande
sinal da Cruz e com inteira paz de alma e confiança na misericórdia divi-
na adormeceu no Senhor” para despertar entre os anjos.
***
Até aqui o índice sintético dos capítulos da biografia de Dona
Lucilia escrita pelo Sr. João S. Clá. É impossível recolher nesta brevís-
sima síntese a enorme riqueza documental que o autor pôde reunir de
primeiríssima mão (muitas de suas páginas contêm relatos vividos pes-

21
Prefácio

soalmente com Dona Lucilia). Trata-se de uma autêntica e completís-


sima Vida de Dona Lucilia, que pode equiparar-se às melhores “Vidas
de Santos” aparecidas até hoje, no mundo inteiro. Sobretudo tem um
valor inapreciável a correspondência epistolar entre ela e seus filhos,
particularmente com o Dr. Plinio. Em suas magníficas cartas, Dona
Lucilia diz com freqüência coisas tão sublimes e de uma espiritualida-
de tão elevada que o leitor é tomado por uma emoção parecida à que
produz a leitura do inimitável epistolário de Santa Teresa de Jesus.
Precisamente por isto me atrevo a formular muito concretamen-
te uma pergunta que se desprende, clara e espontânea, da leitura des-
ta maravilhosa Vida de Dona Lucilia. A pergunta concreta é esta: foi
Dona Lucilia uma verdadeira santa, em toda a extensão da palavra?
Ou, de outra forma: suas virtudes cristãs alcançaram o grau heróico
que se requer indispensavelmente para ser alguém reconhecido pela
Igreja com uma beatificação e canonização?
À vista dos dados rigorosamente históricos que nos oferece com
grande abundância a biografia que estamos apresentando, atrevo-me
a responder com um sim rotundo e sem a menor vacilação.
Longe de mim a ridícula e irreverente pretensão de adiantar-me
ao juízo infalível da Igreja! O que me cabe como próprio é dar uma
opinião sinceríssima, mas perfeitamente falível. A Igreja nunca erra,
nós podemos errar sempre.
Pois bem: minha opinião — sempre falível — parece-me solida-
mente fundamentada no seguinte raciocínio teológico. É bem conhe-
cido que, no longo e complicado processo canônico para a beatifica-
ção e canonização de um servo de Deus, é preciso em primeiro lugar
demonstrar com provas e testemunhos absolutamente claros e inequí-
vocos que a pessoa em questão praticou em grau heróico as virtudes
cristãs, tanto teologais (fé, esperança e caridade) como morais (pru-
dência, justiça, fortaleza e temperança, com todas as suas derivadas).
Sem virtudes heróicas plenamente comprovadas não há canonização
possível. O que de modo algum é necessário — ao contrário do que
muita gente pensa — é que o candidato à canonização tenha realizado
ou não algum milagre durante sua vida mortal. Isto não tem a menor
importância, nem acrescentaria nada às virtudes heróicas, que são a
única coisa básica e substancial. Como se sabe, o milagre é uma gra-
ça gratis data que o Senhor concede a algumas pessoas independente-
mente de que sejam ou não verdadeiros santos. A imensa maioria dos
santos canonizados pela Igreja não praticou nenhum milagre enquan-
to estavam neste mundo, embora tenham que fazê-lo depois da morte,

22
Prefácio

como veremos em seguida. Boa prova disso é que nada menos do que
a Santa das Santas, a Imaculada Virgem Maria, não realizou nenhum
milagre durante a vida mortal. É certo que Jesus realizou, a pedido de
sua Mãe, seu primeiro grande milagre nas bodas de Caná, converten-
do a água em finíssimo vinho, mas o milagre realizou-o Ele, não Ela,
que se limitou unicamente a pedi-lo, sem realizá-lo de sua parte.
O que, isto sim, é necessário é que se produza algum milagre,
absolutamente claro e manifesto, por intercessão do candidato cano-
nizável, depois de sua morte santa. Por que depois e não antes? Não
antes, porque não é necessário para a santidade, como acabamos de
dizer; mas sim depois, para que a Igreja tenha uma prova irrefutável
de que a vontade de Deus é que se proceda à beatificação do servo
de Deus (ou à sua canonização, se se produz um segundo milagre) do
qual conste haver praticado em grau heróico as virtudes cristãs, o que
é o básico e fundamental. O milagre posterior à morte é como que o
selo divino que garante o acerto da Igreja ao proceder à beatificação
ou canonização.
A última palavra pertence à Santa Igreja Católica, Apostólica e
Romana, que é a mestra infalível da verdade. Mas a nós nos incumbe
o doce dever e o sagrado direito de pedir humildemente à Divina Pro-
vidência que leve a feliz termo nossa entranhada petição, para a glória
de Deus e grande proveito das almas.

Madrid, 29 de junho de 1994.

23
Biografia

O Revmo. Pe.
Antonio Royo Marín,
em frente à porta
prinicipal da Real
Basílica de Nossa
Senhora de Atocha,
em Madri
24
Biografia

Antonio Royo Marín, OP,


Mestre de Vida Espiritual,
brilhante Orador e Escritor famoso

N ascido a 9 de janeiro de 1913 em Morella, tranqüilo


povoado do antigo Reino de Valência, pedestal de um
airoso castelo que foi cenário de sangrentas lutas na
época de El Cid, Antonio Royo Marín é filho de uma família espanho-
lamente católica.
As sendas da vida que esse menino trilhará estarão longe de
constituir um passeio tranqüilo, rodeado de deleites passageiros, ou
um caminhar na nervosa angústia das megalópoles pagãs do século
XX. Passará ele por dificuldades e perplexidades profundas e algumas
quase sombrias, mas todas iluminadas pela Fé e regadas, não poucas
vezes de modo sensível, pela maternal carícia da graça divina e pela
poderosa proteção da Santíssima Virgem.
Seu pai, Antonio Royo Ortí, dotado de grande talento natural,
possuía ampla cultura. Com vigoroso bom senso e grande tino políti-
co, foi eleito, em votação popular, prefeito de Morella por sete anos.
Depois foi presidente da União Patriótica (de tendência declarada-
mente direitista) por mais sete anos. A ardorosa Fé católica e, em par-
ticular, sua devoção a São José, constituem as melhores recordações
que o Pe. Royo dele guardou.
A mãe, Dona Isabel Marín Bonell, foi senhora piedosa e exem-
plar esposa. Deu ao mundo nove filhos, logo batizados, dos quais cui-
daria com desvelo para fazê-los crescer com o exemplo de suas virtudes.
Aos quatro anos de idade, a morte vem bater à porta do peque-
no Antonio. Uma escarlatina o deixa prostrado. Três médicos se vêem
impotentes em debelá-la e o declaram desenganado. No entanto, gra-
ças a uns poucos goles de água de Lourdes e às confiantes e fervorosas
orações de sua mãe, o menino recupera inteiramente a saúde.

25
Biografia

Após ter feito as primeiras letras com as Freiras da Consolação,


cursa o Secundário (correspondente ao antigo ginasial no Brasil) no
colégio dos Padres Escolápios.
Certa ocasião visitou Morella um grande orador sacro, o Pe. Ca-
lasanz Rabaza, que se hospedou na casa do Prefeito. Surpreendido
pela vivacidade do pequeno Antonio, saiu a dar um passeio, levando-o
como cicerone. Ao regressar, não pôde deixar de felicitar Dona Isabel:
“Senhora, fiquei impressionado com seu filho; tem uma grande inte-
ligência, é superdotado. Se se entregar ao mal será terrível; mas, se
trilhar as vias do bem, dará muita glória a Deus. Com seus onze anos,
me fez algumas perguntas filosóficas que me deixaram boquiaberto”.
Aos quatorze anos, Antonio entra para o curso preparatório da
Faculdade de Medicina, em Valência. Pensa seriamente em ser um
bom médico.
A vocação o apanha num daqueles dias de estudante, ante uma
mesa repleta de livros que falam de hidrocarburetos e éteres. De re-
pente (“como um relâmpago”, dirá mais tarde) surge-lhe um pensa-
mento: “Por que não poderei ser médico de almas, em vez de médico
de corpos? Por que não me fazer sacerdote?”
Assim, em 1928, aos 15 anos, retorna a Morella, disposto a cami-
nhar pelas vias que o conduziriam ao altar. Não sabia que antes de po-
der seguir a vocação, passaria por longa prova de onze anos, dos quais
cinco de penosa enfermidade e três outros de violenta guerra civil.
Poucos meses após seu regresso à terra natal, sua família se mu-
da para Madri. Providencialmente, foram morar no “Paseo de la Rei-
na Cristina”, próximo ao convento dos dominicanos de Atocha.
Em breve Antonio funda, com alguns companheiros da mesma
paróquia, a “União Católica de Nossa Senhora de Atocha”. Dessa plê-
iade de jovens, que foi um celeiro de vocações religiosas, sairão dezes-
sete mártires durante a sangrenta perseguição religiosa que assolou a
Espanha, movida pelos socialo-comunistas.
Nessa associação, ele se destacará por sua piedade, cultura, espí-
rito batalhador e dotes de orador. Nas sessões solenes sempre discursa.
Alguns trechos conservados até hoje atestam sua fogosa oratória.
As assíduas visitas ao convento dominicano são decisivas para o
futuro de sua vocação. No entanto, atacado por grave infecção pulmo-
nar, não lhe foi possível ingressar logo no noviciado. Enquanto espera,
cursa Filosofia no Seminário Diocesano, com notas excelentes.

26
Biografia

Em 18 de julho de 1936, socialo-comunistas armados percorrem


a capital e muitas outras cidades, fazendo prisões.
Em breve, o pai de Antonio estará no cárcere. Depois ele pró-
prio será preso. Certo de que o fuzilarão, procura caracterizar o mar-
tírio: “Se ser católico é delito para vocês, não me interroguem, porque
eu o sou, e não estou disposto a deixar de ser. Estou disposto a morrer
se for preciso!”
Atiram-no a um porão escuro. Pensa que é o lugar da execução,
e repete sua profissão de Fé. Quando o chamam para outro interroga-
tório, de novo proclama sua catolicidade. Um dos milicianos exclama
impressionado: “Se nos descuidarmos com os sermões deste preso,
acabaremos todos na igreja”.
Entretanto, em virtude de uma nova e poderosa intervenção di-
vina, é libertado das grades da prisão. Até o fim da conflagração, a
família gozará de uma inacreditável tranqüilidade.
Em abril de 1939, os comunistas são expulsos de seus últimos
redutos. A 2 de maio, Antonio Royo, estando em ordem sua saúde,
pode iniciar o noviciado em Santo Estêvão de Salamanca. Após anos
de denodada faina intelectual, brilhantemente recompensada, é orde-
nado sacerdote, em 9 de julho de 1944.
Parte então para Roma, onde cursa a célebre Universidade Pon-
tifícia “Angelicum”, obtendo, em apenas um ano, a licenciatura em Te-
ologia, com máximo louvor (summa cum laude).
Faz doutorado na Faculdade de Teologia do Convento de Santo
Estêvão, na época em que era Reitor Magnífico o ilustre Pe. Santia-
go Ramírez, O.P. Defende a tese “Teologia da Perfeição Cristã”, um
verdadeiro programa de apostolado. Em função do convite lançado
por Nosso Senhor Jesus Cristo: Sede perfeitos como Vosso Pai celeste
é perfeito (Mt 5,48), demonstra, com clareza e maestria, que o chama-
do de Deus à perfeição é universal; ao mesmo tempo, pela singeleza
de sua explanação, torna acessíveis e atraentes os caminhos que a ela
conduzem.
De 1947 a 1950, lança-se pelas estradas da Espanha, para arre-
batar as almas a Deus. Sua oratória conhece tal sucesso que as maio-
res catedrais não conseguem conter as multidões ávidas de ouvi-lo.
São-lhe franqueados então os amplos recintos das praças de touros,
que ficam lotados de fiéis — às vezes exclusivamente de homens — à
procura das ferventes palavras de um verdadeiro filho de São Domin-
gos. Numerosas conversões acompanham suas arrebatadoras prédicas

27
Biografia

e, sem que jamais ele tenha a intenção de obtê-los, os aplausos o in-


terrompem em todos os sermões. Ele próprio afirmou recentemente:
“No púlpito, usar de meios para obter aplausos é um sacrilégio. Eu
sempre tive medo disso”.
Sem dúvida alguma, ao lado do Pe. Laburu, S.J., foi ele, nessa
época, o mais famoso pregador da Espanha.
Não tarda, porém, em receber uma ordem inesperada:
— V. Revma. deve ir para o convento de “Santo Domingo el
Real”. O Padre Provincial mandou chamá-lo.
A obediência o faz assumir a cátedra de Teologia Moral, na Fa-
culdade de Santo Estêvão, em Salamanca, onde formará centenas de
pregadores.
Será professor, sucessivamente, de Teologia Dogmática, Mística
e Moral, e Espiritualidade. Ocupará igualmente a cátedra de Oratória
Sagrada.
Quinze anos mais tarde, confessará:
— Por disposição de meus superiores, tive de me exercitar um
pouco em todos os aspectos da vocação de dominicano: pregador, ca-
tedrático e escritor. Todavia, não ocultarei que minha principal pro-
pensão sempre foi pela pregação da palavra divina.
Na verdade, o êxito por ele obtido em seu ministério levou seus
superiores a lhe conferirem o privilégio vitalício de ser Pregador Ge-
ral da Ordem dominicana, e Diretor de Exercícios Espirituais.
Além disso, a fim de atender, em parte, a seu enorme anseio de
falar às almas, a Providência lhe concederá, durante mais de dez anos,
um púlpito de amplíssima audiência. Será diretor das “Conferências
Quaresmais”, que a cadeia da Rádio Nacional transmite para toda a
Espanha.
Também foram muito importantes, ao longo de sua dilatada e
fecunda vida apostólica, suas atividades de confessor e diretor de al-
mas, beneficiando grande número de religiosos, religiosas e leigos.
Das numerosas freiras que, sob sua exímia direção, santifica-
ram-se no anonimato da clausura conventual, merecem especial men-
ção as Revdas. Irmãs dominicanas do pujante e fervoroso convento de
Olmedo, tão predileto do Pe. Royo.
Seu zelo apostólico o levou também à Colômbia, Porto Rico e
Curaçao, onde participou de grandes missões, e pregou retiros a pro-
fessores universitários e religiosas. Duas vezes transpôs ele o oceano

28
Biografia

para pronunciar conferências e dar reuniões sobre a prática da Perfei-


ção Cristã para auditórios lotados, na América do Norte.
Ao longo de seus vinte anos consecutivos em Salamanca, o
Pe. Royo ainda encontrará tempo para rever sua tese de doutorado,
“Teologia da Perfeição Cristã”. Virá assim a lume seu primeiro livro,
publicado pela célebre Biblioteca de Autores Cristãos, BAC. Vinte e
cinco outros se lhe seguirão, numa série ainda não concluída.
São obras que fazem sucesso pelo mundo, com mais de meio
milhão de exemplares publicados. Têm o mérito de serem escritas
com a profundidade teológica de um catedrático de Salamanca e, ao
mesmo tempo, com a didática apropriada para serem entendidas pelo
católico comum.
Uma vida assim, toda consagrada ao serviço e à glória de Deus
e de sua Santa Igreja, bem merecia ser reconhecida pela Santa Sé. A
25 de junho de 1986, o Pe. Royo Marín foi condecorado por S.S. João
Paulo II com a medalha Pro Ecclesia et Pontifice.1
Foram estas as palavras a ele dirigidas na ocasião, pelo Padre
Assistente Geral para a Espanha da Ordem dos Pregadores: “[Esta
distinção] enaltece e honra sua pessoa e consagra sua fecunda obra
a serviço da Igreja. Obra que V. Revma. leva a cabo durante tantos
anos, in verbis et scriptis,2 com profundidade, competência e aceitação
no campo teológico, apostólico e missionário”.
Mais do que grande intelectual, contudo, foi ele um religioso,
sujeito à obediência nas menores coisas. Assim, quando já tinha mais
de oitenta anos de idade e cinqüenta de sacerdócio, continuava seu
intenso labor apostólico de escritor, pregador e diretor espiritual, mas
exercendo também humildes funções como a de sineiro no convento
de Nossa Senhora de Atocha, em Madri.
Frei Antonio Royo Marín faleceu em 18 de abril de 2005, no
convento dos Dominicanos em Pamplona (Espanha).

1) O nome completo desta medalha é Pro Ecclesia et Pontifice Egregia Opera Studioque
Conspicuis Præcipue Constitutum, ou seja, “especialmente concedida em razão do
excelente trabalho e estudo em prol da Igreja e do Pontífice”.
2) Por palavras e escritos.

29
Biografia

Obras de autoria do Pe. Royo Marín, O.P.


Teología de la perfección cristiana. Madrid: B.A.C.
Teología de la salvación. Madrid: B.A.C.
Teología de la caridad. Madrid: B.A.C.
Teología de la fe. Madrid: B.A.C.
Teología de la esperanza. Respuesta a la angustia existencialista.
Madrid: B.A.C.
Teología moral para seglares. Madrid: B.A.C.
Espiritualidad de los seglares. Madrid: B.A.C.
Dios y su obra. Madrid: B.A.C.
Jesucristo y la vida cristiana. Madrid: B.A.C.
La Virgen María. Teología y espiritualidad marianas. Madrid: B.A.C.
La vida religiosa. Madrid: B.A.C.
Catecismo de la doctrina cristiana. (Com Gaspar Astete, SJ) Sevilla:
Apostolado Mariano
Los grandes maestros de la vida espiritual. Historia de la espiritualidad
cristiana. Madrid: B.A.C.
El gran desconocido. El Espíritu Santo y sus dones. Madrid: B.A.C.
El misterio del más allá. Madrid: Rialp.
Los Cursillos de Cristiandad. Madrid: Euramérica.
Las siete Palabras de Nuestro Señor Jesucristo en la cruz.
Salamanca: San Esteban.
Nada te turbe. Madrid: Palabra.
La oración del cristiano. Madrid: B.A.C.
Somos hijos de Dios. Misterio de la divina gracia. Madrid: B.A.C.
El sacramento del perdón. Madrid: B.A.C.
La fe de la Iglesia. Lo que ha de creer el cristiano de hoy. Madrid: B.A.C.

30
Biografia

Amarás al Señor, tu Dios. Sevilla: Apostolado Mariano.


Alabanza a la Santísima Trinidad. Madrid: B.A.C.
Una oración espléndida: elevación a la Santísisma Trinidad.
Madrid: Palabra.
Teología de la Perfección Cristiana — Resumen Esquemático.
Alcalá de Henares: Carmelitas Descalzas.
Santa Teresa de Lisieux, Doctora de la Iglesia. Madrid: B.A.C.
Doctoras de la Iglesia: Doctrina espiritual de Santa Teresa y Santa
Catalina de Siena. Madrid: B.A.C.
Doctoras de la iglesia. Santa Teresa de Jesús, Santa Catalina de Siena y
Santa Teresa de Lisieux. Madrid: B.A.C.
Por qué soy católico. Confirmación en la fe. Madrid: B.A.C.
Ser o no ser santo… Ésta es la cuestión. Madrid: B.A.C.
El rosario de María: temas de meditación. Sevilla: Apostolado Mariano.
¿Se salvan todos?: estudio teológico sobre la voluntad salvífica universal de
Dios. Madrid: B.A.C.
La caridad evangélica. Sevilla: Apostolado Mariano.
La Virgen María. Sevilla: Apostolado Mariano.
Tu salvación. Sevilla: Apostolado Mariano.
La devoción a María. Sevilla: Apostolado Mariano.
Los mandamientos. Sevilla: Apostolado Mariano.
El mundo de hoy. Madrid. Rialp.
Sentir con la Iglesia: la Iglesia de Cristo y la salvación eterna. Madrid: B.A.C.

O total das várias edições destas obras perfaz centenas de milha-


res de exemplares.

31
Introdução

A fama é um bem muito precioso por cuja obtenção é o


homem capaz de se sujeitar a grandes sacrifícios. Em
sentido contrário, sua perda pode prejudicar a carreira
de pessoas, arruinar negócios, destruir famílias. Não há prejuízo que
a má fama não possa produzir. E, uma vez perdido, o bom nome difi-
cilmente se recupera na íntegra, pois a calúnia causa na reputação de
alguém o efeito da ação do diamante sobre o vidro: pode não chegar a
quebrá-lo, mas deixa uma marca indelével.
Assim, a boa ou a má fama pode transformar-se em eficaz arma
psicológica, para o bem ou para o mal. É um fenômeno social que se
presta a interessantes estudos como, por exemplo, a identificação dos
mecanismos de promoção ou rejeição de uma pessoa por ação da mí-
dia. Muito vasto é o campo de investigação...
No já distante tempo em que honra e fama estavam unidas por
vínculo indissolúvel, eram as boas obras, os feitos ilustres ou herói-
cos, determinantes para angariar a opinião favorável dos outros. Essa
aprovação implicava um inegável juízo de valor. E era assim que, de
certo modo, surgia a fama de santidade ainda em vida de uma pessoa,
e se originava, em geral, a devoção a ela.
Costumam os fiéis escolher este ou aquele intercessor para aten-
der suas necessidades, em função de episódios relevantes da vida dele,
nos quais a pessoa se sente interpretada. É o que se passa com Dom
Bosco. Dado seu carisma para educar os jovens, é natural que estes,
ao verem seu zelo pela formação cristã da mocidade e constatarem
seu carinho paternal, se sintam inclinados a recorrer à sua intercessão
nas dificuldades próprias a quem começa a travar as grandes batalhas
da existência. Outros, não tão jovens, ao conhecerem o modo surpre-
endente de Dom Bosco obter recursos financeiros para sua obra, po-
derão julgar, com razão, ser ele o santo mais indicado para socorrê-los
nas necessidades de apostolado. É, pois, a partir do conhecimento da

33
Introdução

biografia do santo, ou de fatos significativos de sua vida, que a devo-


ção a ele se difunde pelo povo cristão.
No caso de São João Bosco, a fama de suas virtudes e de seus
numerosos milagres (inclusive algumas ressurreições comprovadas)
propalou-se ainda em vida, de forma que ele conheceu triunfos apo-
teóticos, como por ocasião de sua viagem a Paris. Conta-se até o ilus-
trativo caso de um famoso escritor francês, contemporâneo do santo,
a quem algum adulador atribuiu fama imortal. Esse homem de letras,
com o bom senso de não acreditar em todos os elogios, deu uma res-
posta cheia de finura, própria ao espírito francês: fama, de verda-
de, respondeu, era a de Dom Bosco e não a dele. Depois da morte,
suas obras literárias seriam rapidamente esquecidas, poucos as leriam
e sua figura cairia no olvido. Mas não seria assim em relação a Dom
Bosco, pois ele seria canonizado e os fiéis do mundo inteiro o invoca-
riam nas orações, nas igrejas se levantariam altares em sua honra e até
o fim do mundo, pelo menos uma vez por ano, na Liturgia sua memó-
ria seria celebrada e seu nome lembrado. Portanto, fama verdadeira é
a dos santos.
Outros santos, no entanto, seguem uma via muito diferente. Sua
vida transcorre na obscuridade do anonimato e são desconhecidos até
dos mais próximos. Santa Teresinha do Menino Jesus está entre esses.
Ingressou no Carmelo de Lisieux na flor da juventude e deixou este
mundo aos 24 anos. Durante a vida não fez milagres nem se destacou
visivelmente por qualquer dom sobrenatural, a ponto de suas irmãs de
hábito comentarem entre si nada terem a narrar de sua breve existên-
cia, quando comunicassem o seu falecimento aos outros conventos da
mesma Ordem, pois ela nunca sobressaíra em nada. Santa Teresinha
só deixou cartas e sua autobiografia, “História de uma Alma”. Em cer-
to momento, decidiram publicá-la. A obra foi um sucesso inesperado,
esgotando-se a primeira edição em pouco tempo. No entanto, mais
surpreendente para as carmelitas de Lisieux, que durante oito anos
haviam convivido diariamente com Sœur Thérèse, foi o fato de grande
número de fiéis ir rezar à modesta sepultura daquela desconhecida
religiosa carmelita e até ocorrerem alguns milagres. Em breve, várias
edições de “História de uma Alma” se escoaram. Quando se aventou
pela primeira vez a canonização, foi um espanto no convento de Li-
sieux. Como? A Irmã Teresa? Santa? Hoje, é Doutora da Igreja, por
ter revelado em sua autobiografia as bases de uma nova via espiritual.
Toda essa trajetória da missão post-mortem de uma alma eleita pode-
se dizer ter começado a partir da divulgação de uma hagiografia.

34
Introdução

Estamos nos albores do século XXI, em que as imagens dizem


mais, às vezes, que um texto. Hoje, tudo se fotografa ou se filma com
tanta facilidade que a ilustração normal das notícias em sites jornalís-
ticos passou a ser um curto vídeo. Essa mudança de hábitos mentais e
comportamentais não deve também se refletir nos métodos de evan-
gelização? Para as gerações atuais, sendo tão importante o ver, como
apresentar a doutrina católica de maneira atraente e eficaz?
Todas essas novas circunstâncias do mundo tiveram grande in-
fluência na divulgação da biografia de Dona Lucilia, que ora se publica.
Teve o Autor o privilégio de conhecê-la mais proximamente, nos
últimos meses de vida, no longínquo ano de 1968. Foi grande o encan-
to causado por suas insignes virtudes, em especial pela imensa bonda-
de que dela transbordava, e um dia ousou pedir-lhe licença para tirar
algumas fotografias, como está narrado no último capítulo da obra.
Foram essas mesmas imagens que, depois de sua morte, começaram
a ser reproduzidas espontaneamente por quem era favorecido por al-
guma graça ou favor alcançado pela sua intercessão. Mesmo sem co-
nhecer sua biografia ou algum episódio mais relevante de sua longa
existência, ao verem sua fisionomia tão resplandecente de bondade, as
pessoas sentem-se inclinadas a recorrer à sua mediação, animadas por
uma singular certeza interior de serem atendidas. E, só depois de ex-
perimentarem os benefícios do celestial auxílio de Dona Lucilia, surge
nelas o desejo de conhecer sua vida e as sublimes virtudes que ornam
sua formosa alma.
Para atender o anseio de tantos e tantos fiéis que continuamen-
te acorrem à sepultura de Dona Lucilia, no Cemitério da Consolação,
em São Paulo, a fim de pedir graças ou agradecer benefícios, foi publi-
cada sua biografia que, estamos certos, será de grande utilidade para
numerosas almas.

São Paulo, 19 de março de 2013


Solenidade de São José
Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

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