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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE ARTES E LETRAS


CURSO DE ARTES VISUAIS – BACHARELADO/LICENCIATURA
TEORIA DA ARTE E CULTURA
Profª MIRIAN MARTINS FINGER
Aluna: Raquel Lamarque

Arte Bruta

A expressão ‘arte bruta’ foi concebida pelo artista francês, Jean Dubuffet (1901-1985), em
1945, no intuito de designar a arte produzida por pessoas que estão fora do circuito oficial
das artes, ou seja, pessoas que não tiveram acesso a nenhum tipo de formação artística,
nem contato com museus e galerias, em síntese, pessoas autodidatas. Dentre esses,
estariam os solitários, crianças, pacientes de hospitais psiquiátricos, etc. Dubuffet defendia
que a verdadeira arte era produzida por esses indivíduos, e em uma de suas falas sobre tais
obras, ressalta: “Assistimos à operação pura, bruta, reinventada em todas as fases por seu
autor, a partir exclusivamente de seus próprios impulsos".

Tudo começou em 1944, quando Jean Dubuffet se instalou em Paris e fez sua primeira
exposição na galeria René Drouin. Foi no subsolo desta, que o pintor criou, em 1947, o
Foyer de l'Art Brüt. Em 1948, o foyer foi transferido para um espaço oferecido pelo editor
Gaston Gallimard, se transformando então, na Compagnie d'Art Brut (Companhia de Arte
Bruta). Porém, dois anos depois, as exposições foram suspensas e Dubuffet precisou se
esforçar para conseguir um local novo para sua coleção de arte bruta, provisoriamente nos
Estados Unidos. Em 1962, comprou um imóvel em Paris, e garantiu a volta do conjunto de
mais de 1.200 obras e a retomada das atividades da Companhia de Arte Bruta (agora um
centro de estudos). Mas foi somente em 1972 que o pintor doou sua coleção para a
municipalidade de Lausanne, na Suíça, abrigando-a no Château de Beaulieu, aberto ao
público em 1976.

As preocupações de Dubuffet com a arte bruta ligam-se ao contexto da arte europeia após
1945 e ao chamado informalismo. O informalismo faz referência a uma tendência artística
que surgiu no contexto pós-guerra, e foi definida como um novo estilo de pintura que recusa
qualquer tipo de formalização, rompendo com técnicas e modelos anteriores. A arte informal
beneficia-se então, do surrealismo (valorização do inconsciente), do dadaísmo (caráter
irracionalista da arte), do expressionismo (imaginação como expressão direta do espírito do
artista).
Dubuffet desde o início trabalhou com grande liberdade técnica e com base em materiais
diversos. Seus trabalhos se caracterizavam pelas texturas experimentadas com cores e
materiais diversos, e pela recusava à expressão e à representação. Em certo momento, ele
também utilizou assemblagens, incorporando materiais não-artísticos às telas, como areia,
gesso, asas de borboleta, resíduo industrial etc. Em algumas de suas telas é possível notar
que o artista recorre a uma certa primitividade, diferente do uso que o cubismo faz da arte
primitiva, e mais próxima de um primitivismo visceral da arte infantil e da chamada arte
incomum. Porém, Dubuffet faz questão de diferenciar a "arte psiquiátrica" e a arte naïf, da
arte bruta. Ele diz, que enquanto as primeiras mantêm-se como uma corrente no interior da
pintura, na arte bruta os artistas criam livremente, exclusivamente para uso pessoal.

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