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GEOGRAFIA

1
ENSINO
MÉDIO
GEOGRAFIA
José William Vesentini

O ESPAÇO GEOGRÁFICO E SUAS REPRESENTAÇÕES


1 A construção do espaço geográfico . . . . . . . . . . . . . 4
O espaço geográfico: seus traços e suas
modificações constantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
O espaço geográfico: diferenças causadas pelo
grau de desenvolvimento técnico . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
O espaço geográfico: diferenças causadas pelas
desigualdades sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
O espaço geográfico: diferenças causadas
pelo tempo e pela ação da natureza . . . . . . . . . . . . . . 11
2 Representação do espaço geográfico:
cartografia e mapas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
O que são mapas?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Elementos de um mapa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Um breve histórico dos mapas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Como se faz um mapa atualmente? . . . . . . . . . . . . . . 21
Quais são os principais tipos de mapas? . . . . . . . . . . 22
3 Projeções cartográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
O que são projeções cartográficas? . . . . . . . . . . . . . . 30
Fidelidade dos globos × praticidade dos mapas . . . . . . 31
Plantas e mapas: importância das projeções . . . . . . . . 31
Principais técnicas de projeção . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Projeções equivalentes e conformais. . . . . . . . . . . . . . 35
Outras projeções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Qual é a melhor projeção? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4 Interpretação de mapas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
O que significa interpretar um mapa? . . . . . . . . . . . . . 43
Algumas polêmicas sobre mapas . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Outras polêmicas sobre mapas. . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 GEOGRAFIA
5 Localização absoluta e localização relativa . . . . . . 55
Situação geográfica da cidade de São Paulo . . . . . . . . 56
Outros exemplos de localização relativa . . . . . . . . . . . 56
GPS, o mais moderno sistema de localização . . . . . . . 57
Importância da localização para o desenvolvimento . . . 59

2137723 (PR)

O espaço geográfico e suas representações


MÓDULO
O espaço geográfico e O GPS foi declarado totalmente operacional
suas representações pela primeira vez em 1995, ao ser construído
por uma empresa norte-americana. Em 2011,
a Rússia também oficializou a completa
operacionalidade do GPS russo. Atualmente, são
os únicos sistemas de posicionamento global
operacionais no mundo.

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Esta é a Reserva de Mamirauá,


na Amazônia, onde há uma
paisagem pouco modificada pela
ação humana, em que predominam
aspectos da natureza.
ROBSON ROSENDO DA ROCHA
Esta é a cidade de Frankfurt,
na Alemanha, onde há uma
paisagem intensamente
urbanizada, na qual a natureza
original sofreu profunda
modificação.

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O trópico de
Câncer é uma
das linhas
imaginárias
A bússola foi inventada na China criadas pelo ser
e por muitos séculos foi o mais humano para
importante instrumento de servir como
localização em viagens. referência na
IN

localização de
XT
I/ S

pontos na Terra.
HU

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CK

REFLETINDO SOBRE A IMAGEM


Como nos orientamos para achar o local aon-
de pretendemos ir? Observando as imagens no
infográfico, que elementos naturais e culturais
(construídos pelos seres humanos) você pode
discernir? Afinal, o que é o espaço geográfico e
como nos orientamos nele?

www.sesieducacao.com.br
CAPÍTULO

1 A construção do espaço
geográfico

Veja, no Guia do Professor, o quadro de competências e habilidades desenvolvidas neste módulo.

Objetivos: Espaço geográfico é todo local onde a humanidade reside e produz modificações, ou seja, a
superfície da Terra. Isso quer dizer que o espaço geográfico não é o espaço astronômico ou sideral.
c Compreender o
conceito de espaço
geográfico. O ESPAÇO GEOGRÁFICO: SEUS TRAÇOS E SUAS
c Identificar os fatores
MODIFICAÇÕES CONSTANTES
que interferem no

DELFIM MARTINS/TYBA
espaço geográfico.

c Definir as principais
escalas geográficas.

A Rodovia dos Imigrantes, no estado de


São Paulo, possui 44 viadutos, sete pontes e
14 túneis que atravessam a Serra do Mar e
ligam a capital ao litoral sul do estado.

O espaço geográfico consiste, em primeiro lugar, numa interação entre as sociedades humanas
e seu meio ambiente. Esse meio ambiente é formado por áreas nas quais predominam a natureza
original e por áreas – que se expandem a cada dia – em que existe um meio alterado pela ação hu-
mana, por suas obras ou construções.

4 O espaço geográfico e suas representações


Algumas sociedades, por exemplo, as comunidades indígenas, têm como meio ambiente a
natureza pouco modificada, à qual se adaptam. A sociedade moderna, porém, especialmente depois
da Revolução Industrial, que se iniciou em meados do século XVIII, tem como meio ambiente uma
natureza bastante humanizada (modificada). A evolução dessa transformação – as construções, a
economia, as relações das pessoas entre si e com a natureza – depende essencialmente de interes-
ses econômicos ou políticos e do nível de seu desenvolvimento tecnológico, e não mais apenas de
acontecimentos naturais (climas, solos, rios, etc.).
É lógico que a natureza continua a ser a base da vida, inclusive a humana, e existem fenômenos
catastróficos e incontroláveis sobre os quais a humanidade possui pouco ou, às vezes, nenhum con-
trole: mudanças climáticas, abalos sísmicos e vulcanismo, meteoritos que caem na Terra, alterações
na radiação solar, entre outros. Ainda assim, quando comparamos a situação que vivemos com o
passado, com épocas em que a humanidade tinha um conhecimento científico e tecnológico bem
menos avançado, percebemos que hoje nosso controle sobre a natureza, mesmo que parcial, é bem
maior. Com isso, chegamos ao ponto de nos preocupar seriamente com as consequências negativas
de nossas ações na superfície terrestre.
Podemos então afirmar que o espaço geográfico dos nossos dias é, antes de tudo, o resultado
da ação humana sobre a natureza. Consequentemente, sociedade humana e natureza são os ele-
mentos fundamentais para a construção ou produção (ou reorganização) do espaço geográfico.
A natureza é a fonte original de tudo o que existe; a sociedade humana transforma a natureza
preexistente e produz, assim, uma segunda natureza, ou seja, uma natureza humanizada, recons-
truída pela ação humana.

Apropriação dos recursos naturais e da superfície terrestre


Tudo o que existe, afinal, vem da natureza, como o nosso próprio corpo (composto basicamente

GLOSSÁRIO
de água e minerais diversos) ou o material empregado na construção de um edifício (madeira, ferro, Matéria-prima:
cimento, cal, etc.). Esses materiais, porém, já não são elementos da natureza em sua forma pura: eles substância bruta extraída da natu-
passaram por um processo de transformação. A madeira veio das árvores e foi muito trabalhada reza, que é transformada pela ação
antes de ser utilizada como porta ou assoalho. O ferro dos pregos e das vigas foi extraído do subsolo do ser humano e depois utilizada
e precisou também ser modificado. Em outras palavras, o trabalho ou a atividade dos seres humanos na fabricação de produtos. Como
exemplos temos o couro, que, retira-
transforma as matérias-primas em material empregado nas diversas atividades humanas. do de animais, se presta à fabricação
Ao ocuparem o espaço geográfico, os seres humanos produzem modificações expressivas na de calçados, bolsas e malas, e certas
natureza original: desmatamentos, represamento de rios, construção de estradas e túneis, aplai- rochas, empregadas na produção da
namento de certas áreas acidentadas, entre outras. O mapa- cal e do cimento.
-múndi da charge ao lado, feito com vegetação,
sugere que os agrupamentos humanos, diver-
sos entre si, também produzem divisões no
espaço, que se refletem em fronteiras e
territórios nacionais.
TTERSTOCK/

Charge ou cartum? Segundo o Novo dicionário Aurélio, charge


é uma “representação pictórica, de caráter burlesco e caricatural,
/SHU

em que se satiriza um fato específico, em geral de caráter político


ANG

e que é do conhecimento público”, enquanto cartum é um “dese-


MW

nho caricatural que apresenta uma situação humorística, utilizan-


GEOGRAFIA
SO

do, ou não, legendas”. Neste livro, usaremos o termo charge para


H_
JE

designar genericamente as produções artísticas dessa natureza.

O espaço geográfico e suas representações 5


AARON OBERLANDER/FLICKR RF/GETTY IMAGES
A Salineira de Maras fica no Peru, a
3 380 metros do nível do mar, e é um bom
exemplo da apropriação e consequente Por meio do trabalho e com o uso da tecnologia, as pessoas estabelecem relações entre si e
transformação da natureza pelo ser com a natureza. Entre si porque geralmente o trabalho é uma atividade social, isto é, uma atividade
humano. Aproveitando a altura e a posição realizada em conjunto e de forma interdependente. Com a natureza porque é dela que vêm as
do Sol, estabeleceu-se no local um
complexo de extração de sal que utiliza coisas materiais que utilizamos, que transformamos. Nos dias de hoje, quase tudo que nos cerca é
as mesmas técnicas dos incas. A água resultado do trabalho humano sobre a natureza ou, no caso dos elementos abstratos (softwares,
salgada é transportada para pequenas projetos, fronteiras ou limites, normas ou leis), resultado de estudos, de pesquisas ou de negocia-
piscinas de 5 m², onde fica exposta ao sol ções e/ou conflitos entre os seres humanos. Assim, o espaço geográfico não é somente resultado
para que a água evapore. Depois de cerca
de um mês, o sal é coletado. da interação entre sociedade humana e natureza, embora esse seja seu aspecto essencial; ele é
também resultado das relações (tanto cooperativas quanto conflituosas) entre os próprios seres
humanos, ou seja, entre indivíduos, grupos, classes sociais, gêneros, etnias, povos ou nações.
Ao produzir os meios necessários para viver (moradias, cidades, plantações, fábricas, etc.), ao
reorganizar os espaços criando fronteiras entre nações, aplainando uma área acidentada, conquis-
tando áreas do mar ou de pântanos, por exemplo, o ser humano apropria-se da superfície terrestre
e produz seu próprio espaço, que é o espaço geográfico. A atividade humana não apenas cria ou
produz esse espaço de uma vez, mas o modifica ou o (re)produz constantemente. Por isso, dizemos
que o ser humano (re)constrói ou (re)produz o espaço geográfico.
Atualmente o espaço geográfico é mundial, uma vez que a humanidade ocupa e provoca
modificações em toda a superfície terrestre; além disso, a quase totalidade de suas áreas é in-
terligada e interdependente. É evidente, contudo, que o espaço geográfico não é homogêneo.
Existem diferenças nas paisagens (isto é, no aspecto visível do espaço) que são produzidas tanto
pela natureza – pelo menos em parte – quanto pela ação humana. Essas diferenças são devidas,
principalmente, ao nível de desenvolvimento técnico de cada grupo humano e às desigualdades
sociais em todas as suas escalas, desde a local (um município) até a regional, a nacional e a pla-
netária (na qual existem as desigualdades internacionais).

6 O espaço geográfico e suas representações


Principais escalas geográficas
Um conceito essencial no estudo da Geografia é o de escala geográfica ou
espacial. Ela se refere a uma dimensão ou amplitude que vai da local
(a escala micro, ou menor) até a global (a dimensão macro, ou pla- lações internacionais, os
l – as re pro
netária). Além dessas duas escalas extremas, a micro e a macro, undi
a ble
ma
m sg
existem as escalas ou dimensões intermediárias, como po- ou
R e giõ e s do globo. lob
á ria ais
demos observar na figura ao lado. e t da
an
Todas essas dimensões espaciais são interdepen-

pl
stado nacional ou pa

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ís.

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dentes e interligadas. Contudo, certos eventos dizem

an
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ida
respeito mais diretamente a uma dessas escalas,

de
tro do território n

.
mesmo que tenham repercussão nas demais. o den aci
on
giã al
Veja alguns exemplos a seguir. re

on
e
Nossos problemas do dia a dia – relaciona-

de
do

ele
esta
dos a moradia, escola ou trabalho, compras,

se
Escala local – o lugar

Nosso
trânsito e meios de transportes, entre ou-

localiza.
onde moramos (nossa
tros – geralmente ocorrem ou são mais bem casa e vizinhança,
o bairro, a cidade e o
compreendidos na escala local; todavia, um município).
acontecimento ou mudança local pode
repercutir sobre as demais escalas, como a
criação, em determinada área, de um polo
tecnológico inovador.
Planos para desenvolver certas regiões são
ações pensadas em escala mais ampla que a local,
geralmente envolvendo decisões de cunho nacio-
nal para corrigir desequilíbrios regionais, mas exercem
forte impacto nos locais ou municípios que serão bene-
ficiados com verbas, com a instalação de indústrias ou de
rodovias, etc.
Uma ocorrência na escala global – por exemplo, o aquecimento global
da atmosfera ou uma guerra que envolva países de vários continentes –, em
geral, influencia as demais escalas, podendo chegar até mesmo a provocar transformações em
alguns locais.
Assim, uma ação ou um fenômeno em determinada escala quase sempre repercute nas
demais.
Não devemos confundir escala geográfica ou espacial com escala cartográfica: elas
são distintas, apesar de terem algo em comum. A escala cartográfica refere-se à proporção
matemática entre um mapa e a área que ele representa; é uma medida ou relação quantitati-
va. A escala geográfica vai além: ela é uma propriedade do espaço, uma dimensão deste, não
apenas quantitativa – relativa a distâncias ou área –, mas principalmente qualitativa – ou seja,
diz respeito também às relações e interações entre os elementos físicos e humanos daquele
espaço e, de forma especial, aos laços ou traços de união entre os moradores e entre estes e
o resto do mundo.
Desde o Ensino Fundamental I estuda-se a escala cartográfica. Um exemplo de escala é:
1 : 100 000, que significa um por cem mil, ou seja, um centimetro no mapa equivale a 100 mil GEOGRAFIA
centimetros ou 1 kilometro no espaço que foi mapeado. É lógico que a escala cartográfica
serve de base para a geográfica, mas elas não são exatamente a mesma coisa. Não é possível
determinar com exatidão absoluta o que significa um local ou a escala local – isto é, exata-
mente quantos km2 ela deveria ter –, pois isso varia muito de acordo com cada município,
comunidade ou agrupamento humano. O mesmo vale para os territórios nacionais ou as
regiões dentro de um país.

O espaço geográfico e suas representações 7


PARA CONSTRUIR

1 A imagem a seguir é de uma das grandes manifestações que a população tunisiana realizou em janeiro de 2011. Em quatro se-
manas, a mobilização levou à queda do presidente Ben Ali, que estava no poder há 24 anos. Os protestos na Tunísia podem ser
classificados em quais escalas geográficas? Justifique.

BENEDICTE DESRUS/ALAMY/GLOW IMAGES


A mobilização popular provocou a mudança de regime político, o que afetou várias escalas: a local (cidades e comunidades), a nacional (relação
entre as províncias que formam o país), a da região do globo (na medida em que influenciou uma onda de manifestações no Oriente Médio e no
norte da África) e a mundial (gerando repercussões nas relações internacionais).

2 De que forma o trabalho humano transforma a natureza? O que utilizamos no nosso cotidiano que é fruto dessa transformação?
O trabalho humano transforma os elementos puros da natureza (matérias-primas) em outros materiais. São vários os exemplos que podem
ser citados sobre transformação da natureza pelo trabalho humano. Entre eles, pode-se falar do processo de obtenção de plástico por meio do
petróleo, da produção de papel a partir da madeira, da fabricação de vidro, da produção de aço, etc., dos quais derivam materiais que utilizamos
no nosso cotidiano.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 2 e 4 Para aprimorar: 1

8 O espaço geográfico e suas representações


O ESPAÇO GEOGRÁFICO: DIFERENÇAS CAUSADAS
PELO GRAU DE DESENVOLVIMENTO TÉCNICO
A ação humana sobre a natureza para garantir a sobrevivência dos indivíduos é uma ca-
racterística encontrada nos mais diversos grupos sociais, nos diferentes momentos da história.
Qualquer povo ou sociedade humana modifica a natureza, embora em graus e formas dife-
rentes. Até o século XVIII, entretanto, a ação humana não ocasionava, de forma geral, transfor-
mações profundas e irreversíveis sobre a natureza. O ser humano construía habitações, caçava
e domesticava animais, recolhia frutos das árvores e derrubava uma pequena parte das matas
para fazer plantações.
Salvo algumas exceções, havia equilíbrio nas relações do ser humano com a natureza. Mesmo
essas exceções – como a Roma da Antiguidade (extremamente poluída) ou certas regiões do norte
da África e da Ásia (em que os povos devastaram florestas e contribuíram para a expansão dos deser-
tos) – deram-se em uma escala mais local, às vezes regional, e nunca em escala global ou planetária,
como sucede com a sociedade moderna ou industrial.
Foi a partir da Revolução Industrial que a natureza passou a ser modificada de maneira intensa,
até chegar aos graves problemas atuais (e planetários) da poluição e da degradação do meio am-
biente. A Revolução Industrial, dessa forma, constitui um marco, isto é, um momento importante na
mudança das relações da humanidade com a natureza. Por isso dizemos que foi com a Revolução
Industrial que os seres humanos – ou melhor, a sociedade moderna – passaram a produzir seu
espaço geográfico. Assim, além de se adaptarem à natureza circundante, começaram a modificá-la
profundamente, produzindo e reproduzindo um meio ambiente artificial, uma segunda natureza
(ou natureza humanizada).

O que são técnica e tecnologia?


A Revolução Industrial, entre outras coisas, representou uma evolução da técnica para a
tecnologia.
Chama-se técnica qualquer instrumento (ou conhecimento) que implica uma demonstração
de inteligência humana, uma forma de inventar certo método ou objeto que facilite o trabalho,
que sirva para controlar, de alguma maneira, as forças da natureza. É comum afirmar-se que a
primeira técnica que a humanidade concebeu foi o porrete, para se defender dos inimigos e caçar
animais, ou talvez uma vara usada para colher frutos nas árvores mais altas. Outras técnicas anti-
gas e importantíssimas para a evolução da humanidade foram o controle ou domínio do fogo e
a invenção da roda.
Já a tecnologia é vista como uma técnica avançada, resultado da aplicação do conheci-
mento científico, da ciência moderna que nasceu – ou se consolidou – nos séculos XVII e XVIII
e segue em desenvolvimento até os nossos dias. Assim, por exemplo, o arco e a flecha, a espada
e o escudo, os vasos e o artesanato em geral, utilizados pelos agrupamentos humanos durante
séculos ou milênios, são considerados técnicas e não tecnologias. Já o computador, o avião mo-
derno, o foguete espacial, a bomba atômica, o robô e a fibra óptica, entre outros instrumentos ou
aparelhos, são tecnologias. Também ideias ou teorias – elementos não materiais, enfim – podem
Em suma, tecnologia é toda
ser consideradas tecnologias, como um software ou um programa para computador, um novo
aplicação da ciência moderna; é
método administrativo mais racional e produtivo ou o mapeamento genético de uma planta ou
todo produto científico (seja um
de um animal.
objeto material, seja um objeto
É evidente que, quanto maior for o grau de desenvolvimento tecnológico de uma sociedade,
intangível) que tem uma serven-
maior será o seu nível de independência ou autonomia (embora nunca total) em relação aos elemen-
GEOGRAFIA
tia prática para a humanidade,
tos da natureza. Esse grau varia muito no tempo e no espaço e aumentá-lo é objetivo das sociedades
uma serventia geralmente ligada
modernas ocidentais, que, em geral, possuem técnicas bem mais complexas que as sociedades do ao avanço das conquistas huma-
passado. Todavia, até os dias de hoje, existem povos – como os inuítes ou esquimós e várias socie- nas sobre a natureza – e sobre a
dades indígenas na América do Sul – que possuem técnicas bem menos desenvolvidas do que as de nossa própria natureza (para se
certos povos que viveram há séculos ou mesmo há milênios. Isso, no entanto, não significa inferiori- viver mais, para curar doenças
dade, e sim diversidade cultural: são os valores ou crenças de uma comunidade que fazem com que antes incuráveis, por exemplo).
sua população não se interesse por dominar ou modificar drasticamente a natureza.

O espaço geográfico e suas representações 9


DELFIM MARTINS/TYBA

O espaço geográfico também reflete as


desigualdades sociais, como nesta foto
da favela de Paraisópolis e do bairro do
Morumbi, na cidade de São Paulo (SP),
O ESPAÇO GEOGRÁFICO: DIFERENÇAS CAUSADAS
em 2010. Vemos de um lado moradias PELAS DESIGUALDADES SOCIAIS
precárias e, do outro, condomínios de
alto padrão. Podemos perceber que o espaço geográfico, em qualquer de suas escalas ou dimensões, não é
homogêneo, ou seja, não é igual em todas as suas partes. Vamos ilustrar isso com a escala local de
uma cidade brasileira: São Paulo.
Há, nessa cidade, bairros onde se constroem modernos edifícios e aqueles em que permanecem
por muito tempo construções bem antigas; há bairros com elevado padrão de vida (alta renda e
consumo por habitante, maior segurança, comércio com produtos sofisticados e variados, etc.) e
aqueles com baixo padrão de vida e carência de infraestrutura básica (eletricidade e asfalto, água
encanada, esgoto, transporte coletivo, escolas, por exemplo).
A região central concentra o comércio e o movimento intenso de pessoas e veículos, resultando
em uma agitação que, geralmente, não se vê na periferia e nos bairros mais distantes. Alguns bairros
são repletos de mansões e edifícios luxuosos, com amplos apartamentos; outros, porém, são muito
pobres, com milhares de famílias amontoando-se em pequenas casas ou barracos mal-acabados,
sem nenhum conforto ou segurança.
A cidade de São Paulo é uma espécie de espelho do Brasil: a distribuição e os contrastes de seu
espaço urbano refletem a desigualdade social comum a todos os estados do país. Isso significa que,
por vezes, ricos e pobres têm acesso diferenciado à cidade, ou seja, a regiões diferentes – e, portanto,
a aparelhos públicos (hospitais, escolas, museus, etc.), a moradia e a meios de transporte diferentes.
As desigualdades, em síntese, ficam evidentes na organização do espaço geográfico. Geralmente
este reflete a sociedade: quando ela é igualitária, isto é, quando as pessoas têm um nível de vida se-
melhante, o espaço também apresenta poucas variações (com exceção daquelas já fornecidas pela
natureza: praias, morros, matas nativas, etc.); quando a sociedade é extremamente desigual e dividida,
como é o caso mais comum, o espaço é ocupado de forma desordenada.

10 O espaço geográfico e suas representações


Também nas demais escalas – regional, nacional, global – existem grandes desigualdades sociais
e, consequentemente, espaciais. No espaço mundial, por exemplo, encontram-se:
regiões e países cuja população possui elevado padrão de vida, com paisagens urbanas compostas
de elevados e modernos arranha-céus, inúmeras linhas de metrô, automóveis de todos os tipos,
lojas luxuosas, etc.;
regiões e países extremamente pobres, nos quais a imensa maioria da população tem um padrão de
vida baixíssimo, quase não existem estradas pavimentadas, boa parte dos transportes de carga ainda
é feita por carros de boi, as moradias são precárias e há enorme carência de hospitais, escolas, etc.
Costumam-se agrupar essas desigualdades internacionais de forma extremamente simplificada,
em países desenvolvidos e subdesenvolvidos, ou em Norte e Sul geoeconômicos. É lógico, porém,
que existem vários graus de riqueza e de pobreza, de desenvolvimento e de subdesenvolvimento.
Vamos estudar esse tema em outros capítulos.

O ESPAÇO GEOGRÁFICO: DIFERENÇAS CAUSADAS


PELO TEMPO E PELA AÇÃO DA NATUREZA
O tempo – tanto o tempo histórico (dos seres humanos) como o natural (dos fenômenos
naturais) – também produz modificações na paisagem, que é o aspecto visível do espaço geográfico.
Numa paisagem percebemos elementos que foram produzidos pela natureza há milhões ou
bilhões de anos, como o relevo terrestre, e elementos que foram construídos mais recentemente pelo
ser humano, em diferentes épocas da história. A fotografia é uma maneira
Observando fotografias de várias épocas, podemos notar como a paisagem – logo, o espaço indireta de leitura da paisagem
– foi sendo modificada. Por vezes, as mudanças nas construções envolvem transformações dos ele- de hoje e do passado. Ela pode
mentos naturais, ou seja, o aplainamento de morros, a canalização de rios, a destruição de matas ou nos mostrar lugares e tempos
a construção de parques com espécimes de vegetais não originais. Contribui para a transformação onde nunca estivemos e com os
do espaço, também, o estabelecimento ou a reconstrução de elementos culturais ou humanos como quais não teríamos tido contato
ruas, avenidas e edifícios. se a fotografia não existisse.
Veja estas duas imagens que mostram uma mesma localidade no passado e hoje.
FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO

ROGÉRIO REIS/PULSAR IMAGESNS


1 2

GEOGRAFIA

Praia em Recife, em 1950 (figura 1)


e atualmente (figura 2). Na época
Você pode notar que nas duas paisagens existem elementos de épocas distintas. A paisagem, da primeira foto, a orla contava com
assim, é o resultado de uma construção histórica ao longo do tempo, pois contém elementos cria- vegetação original e poucos elementos
dos há muitos anos – ou séculos ou, eventualmente, milhões de anos (o relevo, rios, etc.) – e outros urbanos; hoje vemos prédios construídos
no lugar das árvores. A paisagem, como se
construídos mais recentemente. pode perceber, mudou completamente.

O espaço geográfico e suas representações 11


É importante lembrar que, embora existam exceções, os elementos naturais são bem mais antigos
que os culturais. De fato, o tempo da natureza – que, em nosso planeta, chamamos tempo geológico
– em geral é contado em milhares ou milhões de anos e o tempo histórico em séculos ou em décadas.
As mudanças históricas, de uma forma geral, são bem mais rápidas que as mudanças geológicas.
Apesar de a ação da natureza frequentemente ser mais lenta que as transformações históricas,
ela continua a suscitar mudanças nas paisagens e em todo o espaço geográfico. Esse é o caso de cer-
tos fenômenos da natureza, aqueles mais drásticos, como as mudanças climáticas globais, as erupções
vulcânicas, os vendavais, as chuvas intensas que ocasionam desmoronamentos em áreas acidentadas,
os terremotos, os tsunamis (ondas gigantes) e outros.
Em março de 2011, por exemplo, um terremoto no fundo do mar, perto do Japão, originou um
tsunami que devastou inúmeras cidades e matou milhares de pessoas, tornando-se naquele ano um
dos principais assuntos veiculados em jornais, revistas e telejornais. Observe, nas imagens abaixo, as
mudanças ocorridas na paisagem da cidade de Minamisoma, no Japão, atingida por esse tsunami.

3 4
FOTOGRAFIAS: JIJI PRESS/AFP PHOTO/GLOW IMAGES

Esta sequência de fotos da localidade de


Minamisoma, em Fukushima (Japão), foi
tirada antes (figura 3), durante (figura 4)
e depois (figura 5) do tsunami de março
de 2011, que matou milhares de pessoas,
destruiu edificações e provocou o acidente
na usina nuclear de Fukushima.

12 O espaço geográfico e suas representações


PARA CONSTRUIR

3 O espaço geográfico reflete a relação entre a humanidade e praticamente destruiu a capital Porto Príncipe no dia
a natureza na superfície do nosso planeta. Os seres humanos 12 de janeiro de 2010, de magnitude 7,0, foi a pior das
produzem modificações nessa natureza que podem resultar tragédias de sua história. Estimativas apontam entre 150 e
em aspectos positivos e negativos no ambiente. Mencione 200 mil mortos. Setenta e cinco mil já foram enterrados
exemplos dos dois tipos de aspectos. em valas comuns, segundo o governo haitiano. [...] Três
milhões de pessoas, quase um terço da população, foram
Resposta a critério do aluno. Existem muitos exemplos de modi-
afetadas pelo terremoto.
ficações positivas e negativas. Avalie se o aluno entendeu bem a Disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/
atualidades/tragedia-no-haiti-terremoto-arrasa-pais-mais-pobre-
questão e se mencionou exemplos pertinentes.
das-americas.htm>. Acesso em: 4 ago. 2014. Adaptado.

A ocorrência de abalos sísmicos é uma ação da natureza ine-


vitável para os seres humanos. Entretanto, como vimos nas
reportagens, os terremotos causaram danos de intensidade
diferentes no Haiti e no Chile. O que explica isso?
O que explica a desigualdade dos danos dos terremotos que atingi-
ram os dois países é – além do epicentro, já que no Haiti o terremoto
ocorreu muito mais próximo à capital do país – o grau de desenvol-
vimento técnico de cada um deles. O Chile é um país mais desenvol-
vido que dispõe de tecnologia para proteger a população (na medida
do possível) de um abalo sísmico, enquanto o Haiti é um país pobre,
cuja infraestrutura é insuficiente para enfrentar um terremoto.

4 Veja, a seguir, dois trechos de reportagens sobre os terremo- VEJA O FILME


tos que atingiram o Chile e o Haiti em 2010. Entre rios, de Caio Ferraz. Brasil, 2009. (25 min).
Terremoto de magnitude 8,8 atinge Chile; mais de O documentário, disponível na internet, mostra o processo de
100 mortos urbanização da cidade de São Paulo na década de 1950. A elite
Ilhas do Pacífico recebem ajuda após serem atingidas paulistana via os rios da cidade como obstáculo à urbanização
por ondas fortes; presidente eleito fala em 122 mortos que ocorreu, portanto, às custas da modificação, canalização e
Um potente terremoto de magnitude 8,8 atingiu a retificação dos rios. O documentário mostra como essas trans-
formações da natureza original influenciaram o desenvolvi-
região central do Chile na madrugada desse sábado, 27,
mento da cidade.
sacudindo a capital Santiago por um minuto e meio e de-
sencadeando um alerta de tsunami no oceano Pacífico. Se-
gundo as autoridades chilenas, há 147 mortos confirma- MATERIAL COMPLEMENTAR
dos, mas o presidente eleito do Chile, Sebastián Piñera, Verifique no Portal SESI os materiais complementa-
disse que o número ainda pode subir. res com atividades relacionadas aos conteúdos deste
Disponível em: <http://internacional.estadao.com.br/noticias/america- Capítulo.
latina,terremoto-de-magnitude-8-8-atinge-chile-mais-de-100-mortos,516967>.
Acesso em: 4 ago. 2014. Representação e
Linguagem
Tragédia no Haiti: terremoto arrasa país mais po-
bre das Américas
GEOGRAFIA

De colônia mais rica do mundo no século XVII a país Projeto de Pesquisa


mais pobre do hemisfério ocidental, o Haiti passou os úl-
timos 200 anos martirizado por golpes militares, violência,
corrupção, fome e catástrofes naturais. O terremoto que

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 e 3 Para aprimorar: 2 e 3

O espaço geográfico e suas representações 13


Veja, no Guia do Professor, as
respostas da “Tarefa para casa”.
TAREFA PARA CASA
As respostas encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

cionam entre si e com este espaço. Outro exemplo é o das


PARAPARA PRATICAR
PRATICAR
câmeras existentes nos condomínios fechados, controlando
a chegada de visitantes ou de estranhos.
1 Para os gregos da Antiguidade, que criaram a palavra geo- a) Como estas transformações interferem na vida das pessoas?
grafia, o espaço geográfico seria o ecúmeno, isto é, o espaço b) Explique, a partir do texto, a função desempenhada pelo
habitado pelos seres humanos. No entanto, naquela época, o espaço geográfico na sociedade contemporânea.
ecúmeno não era entendido como toda a superfície terres-
tre, mas apenas como uma porção desta, restrita à Europa e 2 O homem chega, já desfaz a natureza
à parte da Ásia. Procure explicar por que o conceito de espa- Tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar [...]
ço geográfico se ampliou com o tempo, passando a abarcar O sertão vai virar mar, dá no coração
toda a superfície do nosso planeta. O medo que algum dia o mar também vire sertão.
“Sobradinho”, Sá e Guarabyra.
2 Explique com suas palavras quais são as semelhanças e as As transformações a que se referem os compositores nos ver-
diferenças entre a escala cartográfica e a geográfica. sos acima dizem respeito ao tempo histórico ou geológico?
Explique.
3 Dê exemplos de técnica e de tecnologia.
3 Dobra devolução de imóvel por aluguel
4 As duas escalas geográficas extremas são a local (micro) e a Reajuste “expulsa” moradores para regiões periféricas,
global (macro). Com base nisso: mostra pesquisa do Creci-SP
a) dê exemplos de problemas que podem ser mais facil- [...] Uma pesquisa divulgada neste mês pelo Conse-
mente solucionados em escala local. lho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São
b) dê exemplos de problemas que têm uma evidente di- Paulo (Creci-SP) mostra que, em um ano, dobrou a pro-
mensão global ou planetária. porção de pessoas que devolveram as chaves de aparta-
mentos por não conseguir arcar com o aluguel. O índice
PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR de entrega por problemas financeiros passou de 15% do
total das devoluções, em fevereiro de 2013, para 30%,
1 (Unicamp-SP) no mesmo mês deste ano. A pesquisa foi feita com 402
imobiliárias. [...]
A imagem do guarda com apito e bloquinho para ano-
Segundo Viana Neto [presidente do Creci-SP], há um
tar as infrações de trânsito é coisa do passado. Hoje, nas
movimento claro das famílias de classe média para as zo-
grandes cidades brasileiras, os olhos do “multador” podem
nas periféricas da cidade. “As pesquisas mostram que, por
estar em qualquer parte, em câmeras de vídeo ou fotográfi-
causa da valorização dos imóveis, as pessoas estão saindo
cas prontas a registrar um excesso de velocidade ou uma
das áreas centrais e seguindo para a periferia”, diz. [...]
conversão proibida. Como no livro 1984 de George Orwell,
O Estado de S. Paulo, 25 maio 2014.
as câmeras funcionam como o “grande irmão” que tudo vê. Disponível em: <http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,dobra-
Folha de S.Paulo, 12 maio 1997. Adaptado. devolucao-de-imovel-por-aluguel-alto-imp-,1171207>. Acesso em: 4 ago. 2014.
Este é um exemplo das transformações que estão ocorrendo De que maneira a alta dos preços do aluguel se relaciona
no espaço geográfico e nas formas como as pessoas se rela- com a desigualdade espacial?

ANOTAÇÕES

14 O espaço geográfico e suas representações


CAPÍTULO
Representação do espaço
2 geográfico: cartografia e
mapas

Objetivos: Você já deve ter visto e analisado muitos mapas. De fundamental importância no estudo da
Geografia, os mapas estão muito presentes na vida escolar. Ainda assim, nem sempre paramos para
c Compreender a função
questionar sua origem ou explorar as várias demandas a que eles podem atender.
e os elementos de um
mapa.

c Traçar um breve GUIANA Guiana


VENEZUELA

FONTE: Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento (Pnud). Atlas do desenvolvimento humano no Brasil 2013.
Francesa (FR)
histórico da elaboração SURINAME OCEANO
COLÔMBIA
de mapas. ATLÂNTICO

Equador
c Identificar os tipos
mais relevantes de
mapas.

Disponível em: <www.pnud.org.br/Noticia.aspx?id=3751>. Acesso em: 18 set. 2014.


PERU

BOLÍVIA

OCEANO
PACÍFICO
CHILE
PARAGUAI

iO mapa ao lado nos permite visualizar IDHM Trópico de Capr


i córnio
simultaneamente o IDH dos municípios Muito baixo desenvolvimento humano
brasileiros, o que facilita a análise e a (0,000-0,499)
comparação de dados. O IDH classifica o Baixo desenvolvimento humano
(0,500-0,599)
desenvolvimento dos países de acordo
Médio desenvolvimento humano
com dados sobre expectativa de vida da (0,600-0,699)
população ao nascer, educação e PIB per Alto desenvolvimento humano N

capita (ou seja, a média de bens e serviços (0,700-0,799)


0 380
produzidos por cada pessoa no país). Muito alto desenvolvimento humano URUGUAI
(acima de 0,800) km
De acordo com dados de 2012, o IDH
brasileiro é de 0,730 (o índice vai de 0 a 1).

O QUE SÃO MAPAS?


Os mapas, também conhecidos como cartas, são um instrumento – ou uma linguagem – es- GEOGRAFIA
sencial aos estudos geográficos. Servem para visualizar e explicar a localização dos fenômenos no
espaço, ou seja, na superfície terrestre. Os mapas consistem em um tipo de representação gráfica –
semelhante a um desenho – de um lugar ou de todo o espaço terrestre.
Várias áreas do conhecimento ou de práticas humanas os utilizam, como a Geologia, a Astro-
nomia, a História, a Engenharia, a Arquitetura e, logicamente, a Geografia. Esta última é, sem dúvida
alguma, a área mais identificada com o uso de mapas, no caso, mapas geográficos.
A disciplina voltada para a elaboração de mapas é a Cartografia (carta: mapa; grafia: escrita,
“descrição”).

O espaço geográfico e suas representações 15


Uma das primeiras preocupações da Geografia é a localização dos fenômenos ou das atividades,
Existem também mapas por exemplo: de um edifício, uma rua, uma cidade, uma floresta, de uma atividade econômica, um
celestes ou astronômicos, que país, etc. Localizar significa indicar ou apontar uma posição na superfície terrestre. Podemos usar
representam partes do Universo, vários instrumentos para localizar algo no espaço geográfico: imagens de satélites, fotografias aéreas
mas o que nos interessa aqui são e, principalmente, mapas.
os mapas geográficos.
ELEMENTOS DE UM MAPA
Um mapa contém vários elementos. Os principais são: título, símbolos ou convenções, escala,
indicador de direção e linhas (paralelos e meridianos).

Título e símbolos
O título é o nome do mapa e geralmente informa aquilo que ele retrata. Podemos encontrar
mapas, por exemplo, com os títulos “Climas do Brasil” ou “Densidades demográficas no mundo”.
Os símbolos são as “convenções cartográficas”, isto é, desenhos especiais, como uma bola
preta, uma bola menor, um triângulo verde ou um pequeno avião, que representam determinados
fenômenos que foram mapeados, como uma cidade grande, uma cidade média, um parque ou um
aeroporto.
Geralmente o significado de cada símbolo ou convenção cartográfica utilizado no mapa se
encontra ao lado (ou abaixo) dele, na legenda, que é a explicação do significado dos símbolos
do mapa.

Escala
Escala é a proporção ou relação numérica entre o mapa e a realidade que ele representa.
É evidente que o mapa é sempre uma representação que diminui bastante o tamanho da área ma-
peada, fato que nos permite visualizá-la melhor, isto é, ter uma ideia de conjunto e perceber melhor
as relações entre os inúmeros lugares.
Existem a escala numérica e a gráfica; boa parte dos mapas apresenta as duas.
Escala numérica (ou fracionária) é aquela que mostra a relação entre dois números: o nu-
merador (sempre o número 1) e o denominador (que varia bastante, podendo ser 500, 300 000,
15 000 000, etc.).
Vejamos, por exemplo, a escala 1 : 1 000 000 (lê-se: um por um milhão). O que signifi-
ca essa escala? Significa que a área representada no mapa é 1 milhão de vezes maior do que
ele, ou seja, cada unidade de medida (milimetro, centimetro, decimetro, etc.) no mapa cor-
responde a 1 milhão dessa mesma unidade no terreno mapeado, no mundo real. Por exem-
plo, 1 centimetro no mapa significa 1 milhão de centimetros na realidade. Qual seria a distância
real, em linha reta, de duas cidades que estivessem nesse mapa a 12,5 cm de distância? Seria de
12 500 000 cm (12,5 × 1 000 000) ou 125 km, pois 1 km é igual a 100 mil centimetros.
A escala gráfica tem o mesmo significado da numérica, mas é representada de outra maneira:
por meio de um desenho ou um gráfico que mostra mais diretamente as distâncias no mapa. Ex-
pressa na forma gráfica, a escala de 1 : 1 000 000 ficaria assim:
1 cm – 10 km
0 10 20 30 km

Tamanho da escala
O numerador da escala, o número 1, é invariável. O denominador, que vem depois do sinal e à
direita do numerador, varia bastante, dependendo do tamanho da escala. Dizemos que uma escala é
grande quando o seu denominador é um número considerado pequeno na cartografia (por exemplo,
1 : 2 000) e que uma escala é pequena quando o seu denominador é um número considerado grande
(por exemplo, 1 : 10 000 000).
Por que o tamanho da escala é inversamente proporcional ao tamanho do denominador?
Porque, quanto maior for o denominador, menores serão os detalhes da área mapeada. E, quanto
menor for o denominador, maiores serão os detalhes da área mapeada.

16 O espaço geográfico e suas representações


Vamos examinar dois mapas, um com escala grande e outro com escala pequena, para com-
provar esse fato.

Mapa-múndi
90º

Círculo Polar Ártico


60º

30º
Trópico de Câncer

FONTE: IBGE. Atlas geográfico escolar. 5. ed.


OCEANO OCEANO
ATLÂNTICO PACÍFICO

Rio de Janeiro: IBGE, 2009. Adaptado.


Equador OCEANO

PACÍFICO

Meridiano de Greenwich
OCEANO
ÍNDICO
Trópico de Capricórnio

-30º

N
-60º
Círculo Polar Antártico
0 3 055

180º –150º –120º –90º –60º –30º 0º 30º 60º 90º 120º 150º 180º km

Mapa (planta) da cidade de São Paulo (parte)


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FONTE: O guia Mapograf: São Paulo e municípios, 2004. São Paulo: Mapograf, 2004.
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GEOGRAFIA
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Comparando os dois mapas, podemos verificar que a escala do mapa-múndi é pequena


(1 : 277 000 000), pois seria impossível representar todo o globo com um mapa desse tamanho
em uma escala maior. Nele existem poucos detalhes, ao contrário do segundo mapa, no qual
podemos visualizar ruas da cidade de São Paulo.

O espaço geográfico e suas representações 17


Este último mapa (na realidade, uma planta, como veremos adiante) tem detalhes – ruas e pra-
ças, por exemplo – que o mapa-múndi não comporta, pois há centenas de milhares de cidades no
mundo, e não seria possível chegar a tal grau de detalhamento em um único mapa do globo, a não
ser que ele fosse gigantesco, com centenas de kilometros de comprimento. Nesse caso, ele deveria
ter outra escala, maior, com um denominador menor.
O tamanho da escala, portanto, depende do tamanho da área mapeada e do nível de detalha-
mento que se quer alcançar. Em geral, uma área enorme, como o globo ou um continente, tem de
ser representada por escalas pequenas, e uma localidade (uma vila, um pequeno bairro) tem de ser
mapeada com escalas grandes. Em síntese, quanto maior a escala, maior o detalhamento.

PARA CONSTRUIR

1 Responda: b) No Atlas geográfico escolar do IBGE, existe um mapa da


Bahia com escala de 1 : 4 800 000. Sabendo que a distân-
a) Se, em um mapa de escala 1 : 500 000, a distância entre cia de Salvador até Porto Seguro é de aproximadamente
dois pontos for de 15 cm, qual será essa distância em linha 410 kilometros, calcule a distância em centimetros entre
reta na realidade? essas duas cidades no mapa.
15 3 500 000 5 7 500 000 centimetros, o que equivale a Nessa escala 1 cm equivale a 48 km; logo, 410 kilometros
75 kilometros. resultam em 8,5 centimetros.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 Para aprimorar: 1 e 2

Indicador de direção
O indicador de direção, que existe em quase todos os mapas, aponta para o norte. Dessa forma,
ele permite que se encontrem os demais pontos cardeais (sul, oeste e leste) e os outros pontos de
orientação (nordeste, noroeste, sudeste, sudoeste, etc.).
É muito comum esse indicador de direção apontar para o alto do papel no qual se encontra o
mapa. Mas não é necessário que o norte esteja nessa parte do mapa; ele pode estar na parte de baixo,
à esquerda ou em outro lugar. Por sinal, é um equívoco muito frequente imaginar que o norte deve
sempre estar na parte “de cima” do mapa. Isso não tem o menor fundamento, pois o mapa é a repre-
sentação de uma área como se ela estivesse sendo vista de cima para baixo, a partir de um avião, por
exemplo. Isso significa que podemos virar o mapa para a direita, de cabeça para baixo, como quisermos,
sem o menor problema. Assim como um avião pode voar em qualquer direção, também podemos
virar o mapa sobre uma mesa para examiná-lo melhor, para encontrarmos um caminho ou um objeto.
Desse modo, a melhor posição para examinar um mapa é na horizontal, sobre uma mesa. Mui-
tas vezes, entretanto, os mapas estão dependurados ou colados nas paredes, na posição vertical, e
isso leva algumas pessoas a acharem que o “correto” seria colocar o norte em cima e o sul embaixo.
Devemos lembrar que a superfície terrestre é esférica: é a parte superficial do nosso planeta (como
se fosse a película mais fina e superficial da casca de uma laranja) e, portanto, não existe nela uma
parte central nem uma superior, tampouco uma inferior.

Linhas
As linhas que, em geral, os mapas apresentam são os paralelos e os meridianos, linhas ima-
ginárias que permitem localizar com precisão qualquer ponto na superfície terrestre a partir da sua
latitude e da sua longitude. Veja o mapa-múndi da página anterior para visualizar os principais para-
lelos e meridianos na superfície terrestre.
Os paralelos são linhas imaginárias (na verdade, círculos) que cortam o globo terrestre para-
lelamente ao equador. Assim, o equador nada mais é que um paralelo, mas é o paralelo principal,
aquele que serve de referência para os demais. Ele dá a volta no globo terrestre exatamente entre os
dois polos e divide a Terra em dois hemisférios (hemisfério: metade de uma esfera): o norte e o sul.
Os meridianos são linhas imaginárias menores (semicírculos) que cortam a Terra nos paralelos.
Eles vão do polo norte ao polo sul. Cada meridiano possui o seu oposto no outro lado do planeta,
e os dois formam uma circunferência.

18 O espaço geográfico e suas representações


Coordenadas geográficas (latitude e longitude)
Com os paralelos e os meridianos, estabeleceram-se as coordenadas geográficas, que são a
latitude e a longitude.
A latitude é a distância, medida em graus (de 0° a 90°), que vai de um ponto qualquer até o
equador, marco de referência da latitude, ou seja, 0°. Os polos são os extremos, ou seja, 90° de latitude
sul (no polo sul) e 90° de latitude norte (no polo norte).
A longitude é a distância, medida em graus (de 0° a 180°), que vai de um ponto qualquer até
o meridiano de Greenwich. O meridiano de Greenwich passa pelos arredores de Londres, no Reino
Unido, e é tido como o meridiano principal ou referência para as longitudes. Em qualquer lugar
situado sobre esse meridiano existe 0° de longitude; essa graduação vai aumentando à medida que
se afasta da linha, tanto para leste quanto para oeste, e pode chegar a 180° no antimeridiano, aquele
que complementa o de Greenwich e se situa no lado oposto do globo em relação a este.
Com a latitude e a longitude exatas de um ponto ou de um objeto (um navio, uma cidade,
etc.), podemos localizá-lo com precisão na superfície terrestre. Por exemplo, a cidade de Brasília está
localizada a 15°45’ S (quinze graus e quarenta e cinco minutos ao sul do equador) e a 47°55’ O (qua-
renta e sete graus e cinquenta e cinco minutos a oeste do meridiano de Greenwich). Vale ressaltar
que todos os pontos que estão em um meridiano têm longitudes iguais e latitudes diferentes; nos
pontos de um paralelo, a latitude é constante e as longitudes são variáveis.
Assim, as coordenadas geográficas fornecem a localização horizontal de um lugar, isto é, a sua
posição na superfície terrestre.
Altitude e profundidade
Um lugar apresenta também uma localização ou dimensão vertical, que é a sua altitude, ou
seja, a altura de um ponto em relação ao nível médio do mar. A cidade de São Paulo, por exemplo,
fica a uma altitude média de 750 metros.
A profundidade, do mesmo modo, faz parte da dimensão vertical de um lugar, mas só tem
utilidade no caso de alguns recursos naturais (água subterrânea, minérios, petróleo no subsolo ou
em áreas marinhas, etc.).
Essas duas dimensões, que na verdade representam uma só – a vertical –, todavia, não são tão
importantes para a localização de um lugar quanto as coordenadas geográficas. Isso se dá porque o
espaço geográfico, ou seja, a superfície terrestre, é muitíssimo mais extenso na sua dimensão horizon-
tal (510 milhões de km²) do que na vertical (cerca de 20 km de espessura, em média).

PARA CONSTRUIR

2 (UCS-RS) Ao se cruzarem, os paralelos e os meridianos for- A. 45° lat. N, 90° long. W.


mam pontos que permitem a localização precisa de qualquer B. 30° lat. S, 30° long. E.
lugar na superfície da Terra. Observe o mapa abaixo e consi- Essas coordenadas correspondem a pontos localizados, res-
dere as coordenadas geográficas A e B. pectivamente: c
a) na Ásia e na África.
75° b) na Europa e na América.
c) na América e na África.
d) na Ásia e na América.
60°
e) na América e na Ásia.
45°
30°
3 (Uerj)
GEOGRAFIA
15°

15° N
De acordo com as anotações no diário de bordo,
30° presume-se que o padre Caspar calculou sua localização
45° 0 5 390
a partir do meridiano que passa sobre a Ilha do Ferro,
km
150° 120° 90° 60° 30° 0° 30° 60° 90° 120° 150° 18º a oeste de Greenwich. Para ele, seu navio estava no
FONTE: MORAES, P. R. Geografia geral e do Brasil. 6. ed. meridiano 180º.
São Paulo: Harbra, 2005. p. 11.
ECO, Umberto. A ilha do dia anterior. Rio de Janeiro: Record, 2006. Adaptado.

O espaço geográfico e suas representações 19


180º 140º 100º 60º 20º 0º 20º 60º 100º 140º 180º
80º 18º

60º

40º

20º

20º

40º

N
60º
0 3 063
80º
km
FONTE: Disponível em: <www.nationalgeographic.com>. Acesso em: 18 set. 2014. Adaptado.

O romance A ilha do dia anterior, de Umberto Eco, conta a história de um nobre europeu e de um padre, chamado Caspar, que partici-
param de duas expedições marítimas em meados do século XVII. O objetivo das expedições era tornar preciso o cálculo das longitudes.
Tendo como referência o meridiano de Greenwich, a longitude do navio do padre Caspar corresponde a: c
a) 158° Leste. b) 158° Oeste. c) 162° Leste. d) 162° Oeste.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 2 Para aprimorar: 3

UM BREVE HISTÓRICO DOS MAPAS


Os mapas mais antigos que conhecemos têm milhares de anos. Eles se pareciam com os dese-
nhos que fazemos para indicar a alguém um caminho: sem escala, sem o indicador de direção, sem
a proporção ou o tamanho relativo de cada área mapeada.
Provavelmente o mapa mais antigo que se conhece é o mapa de Ga-Sur. Datado de 2500 a.C.,
ele foi desenhado sobre uma placa de argila cozida (cerâmica) e representa o vale de um rio, prova-
velmente o rio Eufrates, na antiga Mesopotâmia (veja as imagens abaixo).

Mapa de Ga-Sur

FONTE: World History Atlas: Mapping the Human Journey.


REPRODUÇÃO/MUSEU DO IRAQUE, BAGDÁ, IRAQUE.

London: Dorling Kindersley, 2005. Adaptado.


GLOSSÁRIO

Arqueológico:
referente a Arqueologia, ciência que
estuda o passado humano por meio
de vestígios deixados por povos que
habitaram a Terra. Os vestígios ou
objetos – artefatos, documentos, mo- À esquerda, placa de argila com mapa (que aparece ilustrado à direita) da cidade de Ga-Sur, perto de onde hoje é
numentos, etc. – geralmente são en- a cidade de Nuzi, no Iraque. Datado de 2500 a.C., esse é o mapa mais antigo que se conhece, o que não significa
contrados em sítios arqueológicos, que tenha sido o primeiro a ser elaborado; ele é apenas o que foi conservado por mais tempo e descoberto em
ou seja, locais onde se realizam esca- pesquisas arqueológicas. Note que não há título (o nome Ga-Sur é uma referência às ruínas dessa antiga cidade,
vações em busca desse material. que existiu na região onde o mapa foi encontrado) nem nomes precisos da área mapeada, tampouco escala.
As palavras foram traduzidas para facilitar a compreensão.

20 O espaço geográfico e suas representações


Outro mapa antigo é o feito no século VII pelo bispo Isidoro de Sevilha, cidade da Espanha.
Conhecido como mapa T-O, ele apresenta inúmeras incorreções, visto que, naquela época, ninguém Mapa T-O
conhecia todo o globo nem todos os continentes e mares como conhecemos nos dias de hoje.
Percebemos que esse mapa procura retratar o mundo todo, mas naquele tempo não havia
nenhum povo que o conhecesse inteiramente. Por exemplo, nosso continente, a América, ainda

GÜNTHER ZAMER/UNIVERSIDADE DO TEXAS,


era desconhecido pelos europeus, embora aqui vivessem centenas ou milhares de povos indígenas.
Como o bispo de Sevilha era europeu, ele não incluiu no mapa a América, a Oceania e a Antártida.
Colocou apenas os continentes que os europeus conheciam – Europa, Ásia e África – e que, na ver-
dade, estão bem próximos uns dos outros. Ao redor desses três continentes, pôs o mar e o oceano,
que não recebiam diferentes nomes conforme sua localização, como hoje.

ESTADOS UNIDOS
Perceba também que o mapa não mostra a forma detalhada dos continentes, com suas curvas e
reentrâncias. Mas há elementos que foram representados mais ou menos corretamente. Por exemplo,
o Mar Mediterrâneo fica de fato entre a Europa e a África; a Europa situa-se realmente ao norte da
África; e a Ásia, a leste da Europa.
Vejamos agora um mapa do século XVI (abaixo), época em que os navegadores europeus já Este mapa do século VII, elaborado pelo
bispo Isidoro de Sevilha, ficou conhecido
haviam descoberto o continente americano. De fato, os mapas mais realistas da superfície terrestre
como mapa T-O. Nele já aparecem os três
foram elaborados por cartógrafos europeus a partir do século XVI. Esses mapas foram resultado das continentes do Velho Mundo (Europa,
inúmeras viagens de circum-navegação que os exploradores europeus fizeram em busca de novas Ásia e África).
terras, em que chegaram à América e à Oceania.
Portanto, esses exploradores foram os primeiros a ter uma ideia mais aproximada de como é a
superfície terrestre e de como se distribuem as grandes massas continentais e oceânicas no planeta.
No entanto, por serem europeus, ao elaborar esses mapas, colocaram a Europa em uma posição
privilegiada. É por isso que até hoje a maioria dos mapas-múndi situam a Europa no centro, e o
hemisfério norte, onde a Europa se localiza, fica “acima” do hemisfério sul.

Mapa de Mercator (1587)

Este mapa de Rumold Mercator (1545-1599)


RUMOLD MERCATOR/COLEÇÃO PARTICULAR

mostra a superfície terrestre com a inclusão


de todos os continentes. Apesar das visíveis
distorções, é um mapa-múndi mais
aperfeiçoado em relação aos anteriores. Sua
elaboração só foi possível após a expansão
marítimo-comercial europeia, iniciada no
século XV. Rumold Mercator era filho do
cartógrafo holandês Gerardus Mercator
(1512-1594), criador da projeção cartográfica
que leva o seu nome e que estudaremos no
próximo capítulo.

COMO SE FAZ UM MAPA ATUALMENTE?


GEOGRAFIA

Para elaborar um mapa, em primeiro lugar é necessário obter informações sobre a área a ser
mapeada e os fenômenos a representar: fronteiras entre os países, distribuição da população, das
indústrias, tipos de relevo, etc.
Essas informações podem ser obtidas por levantamentos, ou pesquisas de campo, e pela
consulta a dados estatísticos (recenseamentos ou contagens a respeito de população, indústrias,
comércio, índices de chuvas ou de neve, habitações, etc.).

O espaço geográfico e suas representações 21


Há também o sensoriamento remoto, muito importante para a elaboração dos mapas, em
GLOSSÁRIO

Sensoriamento remoto: especial por fornecer fotos aéreas (tiradas em aviões com equipamentos especiais) e imagens de
é um sistema fotográfico ou óptico- satélites artificiais.
-eletrônico capaz de detectar e re-
gistrar, na forma de imagens ou não,
o fluxo de energia radiante refletido QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS TIPOS DE MAPAS?
ou emitido por objetos distantes. Os Existem vários tipos de mapa. Veja abaixo alguns exemplos.
produtos mais comuns do sensoria-
mento remoto são as fotos aéreas e
Plantas: são mapas com uma escala muito grande (de 1 : 10 até 1 : 20 000), que representam uma
as imagens obtidas por satélites. área pequena: uma vila, um quarteirão ou bairro, uma fazenda, um terreno ou um condomínio,
etc. (alguns autores consideram que há diferenças entre as plantas e os mapas).
Cartas: são mapas com elevado grau de precisão nas distâncias, nas rotas, nos detalhes para via-
gens, etc., que possuem grande utilidade prática na navegação e em viagens (alguns cartógrafos
distinguem as cartas dos mapas).
Planisfério: é o mesmo que mapa-múndi, ou seja, um mapa que retrata toda a superfície terrestre.
Mapas de base: são mapas que não aprofundam um tema específico e possuem os rios, as cidades,
as altitudes, etc., da região mapeada.
Mapas políticos: são mapas que trazem os países (ou as divisões político-administrativas internas
de um país: províncias, estados, etc.).
Portal
Mapas temáticos: são aqueles voltados para representar um tema específico: clima, relevo, cidades
SESI e/ou urbanização, agricultura, etc.
Educação www.sesieducacao.com.br Mapas físicos ou hipsométricos: representam as altitudes de uma área.
Mapas históricos: são aqueles que procuram mostrar como era uma região no passado.
Acesse o portal e veja um mapa
hipsométrico no objeto América Cartogramas: são mapas ou esboços de mapas que apresentam algum fenômeno (migrações,
do Sul: hipsometria. geopolítica, refugiados, etc.), mas sem nenhuma preocupação com a escala ou as coordenadas
geográficas.

Alemanha: densidade demográfica


DINAMARCA
FONTE: Atlas universal. London: Dorling Kindersley; Lisboa: Texto Editora, 1998. Adaptado.

Mar do Norte O mapa de densidade demográfica da


Mar Báltico
Alemanha é um mapa temático, pois representa
um tema específico relativo ao local.

PAÍSES
Hamburgo
BAIXOS
52º
N
Berlim
POLÔNIA Roraima: altitude

Dortmund Roraima Caburaí


Essen 2734 m 1456 m

Colônia
Leipzig Dresden
BÉLGICA SE
AR AIMA

FONTE: SIMIELLI, M. E. Geoatlas. São Paulo: Ática, 2013. Adaptado.


AC
RR

Frankfurt SERRA P
A PARIMA

Rio
LUXEMBURGO Urariquera
Nuremberg REPÚBLICA TCHECA

FRANÇA Stuttgart Habitantes por km2


CA DO

Mais de 200 Í
A
JA
RR

N Munique 100-200 SE
RR
SE
MU

50-100 A
0 107 AC
Menos de 50 ARA
SUÍÇA i Í
km ÁUSTRIA er
12º L Altitudes ap
u
Ja

1200 metros Rio


800
Rio Branco

500
200
100 N
0
0 84
O mapa de altitude de Picos
km
Roraima é um mapa físico.

22 O espaço geográfico e suas representações


Existem ainda os mapas mentais (na realidade, não são mapas de fato, mas esquemas de orien-
tação ou sistematização de informações), aqueles que toda pessoa possui na cabeça, ou seja, como
ela vê o seu entorno, como ela visualiza o mundo ou a cidade em que vive, etc.
Um tipo de mapa cada vez mais importante é o digital, que pode ser visualizado em um com-
putador. Em geral esses mapas são interativos.

Anamorfose cartográfica: um mapa, um desenho ou um gráfico?


Anamorfose, palavra que vem do grego e significa “reformação” ou “formar de novo”, é uma técnica artística e geométrica utilizada
em vários campos: nas Artes Visuais, na Matemática, na Biologia, na Geologia e na Cartografia. Anamorfose cartográfica são mapas – ou
desenhos, ou talvez até gráficos – que procuram mostrar mais o quantitativo dos fenômenos (população, urbanização, mão de obra
empregada em algum setor, etc.) do que evidenciar
algum fenômeno que está sendo comparado no População mundial em 2050
espaço geográfico.
Vejamos dois exemplos: uma anamorfose car-

FONTE: Disponível em: <www.worldmapper.org>.


tográfica que mostra a população mundial prevista
para 2050 nos diversos países do mundo e outra que
mostra os países em 2010 pela linha internacional da
pobreza, isto é, a proporção da população vivendo
com menos de 2 dólares ao dia.

Acesso em: 20 maio 2012.


Como podemos perceber pelos mapas, o
importante não é a fidelidade cartográfica, nem
as distâncias ou as proporções entre as áreas ma-
peadas (nesse caso, os países) e, às vezes, sequer
as formas. As duas anamorfoses mantiveram mais
ou menos o formato dos territórios nacionais, mas
existem anamorfoses que desenham todos os
países no formato quadrado ou retangular, com
a preocupação apenas de ser fiel ao tamanho rela- População vivendo com menos de 2 dólares ao dia em 2010
tivo de cada um. O importante mesmo são as pro-
porções: no primeiro caso, trata-se de demonstrar

FONTE: Disponível em: <www.worldmapper.org>.


a projeção da população de cada país em 2050 e,
no segundo caso, de apresentar a população viven-
do abaixo da linha internacional da pobreza.
Notamos que, em 2050, o país com maior po-
pulação absoluta do mundo será a Índia, seguida

Acesso em: 20 maio 2012.


pela China. Percebemos também que os países de-
senvolvidos, em geral, praticamente não aparecem
no segundo mapa: aquele azul na América do Norte
é apenas o México e não os Estados Unidos e o Ca-
nadá, e na Europa só aparecem alguns riscos bem
finos (o azul a leste da Europa é a Turquia).

Os mapas digitais são muito comuns nos Sistemas de Informações Geográficas (SIG ou GIS), que GEOGRAFIA
vamos detalhar a seguir. Porém, esses sistemas não consistem apenas numa série de mapas, mesmo
que interativos, e sim em um sistema completo de coleta e utilização prática dessas informações,
com determinado objetivo: monitorar alterações ambientais, controlar o tráfego, a poluição ou a
incidência de uma epidemia em uma região, verificar potenciais de mercado para uma empresa, etc.
Esses sistemas permitem que se utilize um número grande de dados ou informações e que eles
sejam cruzados, isto é, colocados em mapas e/ou gráficos, cada um de uma vez ou vários ao mesmo
tempo, o que permite melhor visão de conjunto e facilita a comparação entre as áreas de maior
abrangência de cada fenômeno e as suas possíveis inter-relações.

O espaço geográfico e suas representações 23


Sistemas de Informações Geográficas
Os Sistemas de Informações Geográficas (SIG ou GIS – Geographic Information Systems), que têm se expandido bastante nas
últimas décadas, se resumem a uma tecnologia geográfica que une informações geográficas por meio de computadores e satélites
espaciais para localização.
Trata-se de tecnologias de processamento de informações geográficas, em geral sob a forma de softwares (programas para com-
putadores), que necessitam constantemente de novas informações e de pessoal capacitado para pesquisá-las e analisá-las.
A função desse pessoal é sistematizar dados geográficos sobre inúmeros fenômenos de uma área ou região – ruas, casas, automó-
veis, matas, edifícios, rios, campos de cultivo, etc. –, geralmente obtidos de diversas formas (imagens de satélites, pesquisas de campo,
estatísticas, etc.). Todos os dados podem ser combinados, cruzados entre si, o que pode ser útil para qualquer tipo de ação no nível
espacial: para melhorar o trânsito, estabelecer a melhor localização para certa indústria ou um supermercado, monitorar as alterações
ambientais ou a poluição, controlar ou combater uma epidemia, combater o crime, etc.

O que é o GIS?
Um método para visualizar, manipular e mostrar (no
monitor, em mapas e/ou gráficos) as informações es-
paciais.
Mapas “inteligentes”, que unem dados ou informa-
ções de várias fontes.

ILUSTRAÇÕES: PAULO MANZI/

FONTE: <www.gis.com>.
ARQUIVO DA EDITORA

Dados para o GIS


Mapas digitalizados ou escaneados (comprados,
criados pelo usuário, obtidos na internet, etc.).
Dados/informações de fontes diversas (censos,
pesquisas, estatísticas).
GPS (Sistema de Posicionamento Global), que for-
nece a localização correta de objetos/recursos.
Amostragem dos atributos (caracterís-
ticas) dos objetos/recursos.
Imagens de satélites e fotos aéreas.

24 O espaço geográfico e suas representações


Mapas com vida própria
Dos índios artesãos de Manaus aos quilombolas do Maranhão, populações tradi-
cionais retratam sua situação geográfica e social com auxílio de GPS.
“[...] Naquele Império, a Arte da Cartografia logrou tal perfeição que o mapa de uma
única província ocupava toda uma cidade, e o mapa do Império, toda uma província. Com
o tempo, esses mapas desmedidos não satisfizeram, e os Colégios de Cartógrafos levantaram
um mapa do Império que tinha o tamanho do Império, e coincidia pontualmente com ele.”
No conto “Do rigor na ciência” (1935), Jorge Luis Borges imagina um mapa tão
minucioso que teria exatamente o mesmo tamanho do território. Seguindo a inspira-
ção do escritor argentino, como seria o “mapa total” da Amazônia?
Para a maioria dos brasileiros (e dos estrangeiros também), ele teria o verde como
cor predominante, e certamente pareceria bem monótono: um universo de floresta
inexplorada salpicado com algumas ocupações humanas aqui e ali. Mas, para ser fiel
à ideia de Borges, é preciso reduzir a escala ao máximo. E quem o fizer se surpreen-
derá com a diversidade de situações humanas existentes na região.
Ribeirinhos, quilombolas, indígenas, piaçabeiros, pescadores artesanais, serin-
gueiros, castanheiros, carvoeiros, artesãos (do arumã, do tucum, do cipó-ambé), mo-
radores das cidades, quebradeiras de coco babaçu, peconheiros (coletores de açaí). O
projeto Nova Cartografia Social da Amazônia – executado atualmente pela Universi-
dade do Estado do Amazonas (UEA) e pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam)
– vem mapeando essas diferentes realidades sociais. Ainda que sem a pretensão de
chegar à utópica escala 1:1 proposta por Borges, a iniciativa contribui para desfazer o
mito da homogeneidade amazônica. Mais do que isso: coloca os próprios moradores
no papel de “cartógrafos”, tomando consciência de sua identidade coletiva e se mobi-
lizando em torno de demandas territoriais e étnicas. [...]
Histórias vêm à tona nas “oficinas de mapas” realizadas em cada localidade. No
encontro, os moradores debatem abertamente sobre as condições de vida. Para que
possam expressar suas percepções em mapas, fazem cursos introdutórios à linguagem
cartográfica formal e aprendem orientação e localização geográfica pelo uso de equi-
pamentos como GPS. São os próprios participantes que definem a elaboração do
mapa, selecionando o que acham mais relevante. [...]
Os mapas produzidos em fascículos funcionam como artifício de pressão, de-
monstrando a fragilidade das políticas públicas e evidenciando as brechas em que
o executivo municipal poderia intervir. Os quilombolas de Jambuaçu (PA), que ti-
veram sérios danos a partir da explosão de um mineroduto dentro dos povoados,
valeram-se do instrumento para requerer na Justiça reparos dos danos ambientais
sofridos. Já no município de Rio Preto da Eva (AM), foram décadas de conflito até
que os indígenas da comunidade Beija-Flor conseguissem pressionar a Prefeitura a
desapropriar a área e destinar-lhes a terra. Na Câmara Municipal, erguiam as mãos
exibindo seus fascículos, como a dizer que já possuíam um “documento” evidencia-
dor do território. O mapa tornava-se documento de consulta obrigatória para quem
quisesse entender a dinâmica do conflito.
Conjugando as práticas ditas “tradicionais” com as ferramentas tecnológicas mais
avançadas, o projeto quebra o mito de que o tradicional seria sinônimo de “primitivo”
e de “atrasado”. As comunidades tornam-se fontes de informação, e poderão, em futuro
próximo, estar habilitadas a fazer um monitoramento em tempo real de seus próprios
territórios, sejam eles terras indígenas, quilombos, faxinais no Paraná ou de comunida-
GEOGRAFIA
des de fundos de pasto na Bahia.
E para quem está longe da Amazônia, essa cartografia social tem ainda uma função
pedagógica: descortina as múltiplas realidades vividas pelos mais de 20 milhões de
pessoas que moram naquele enorme pedaço de Brasil.
ALMEIDA, Alfredo Wagner Berno de. Mapas com vida própria. Revista de História. 6 maio 2009.
Disponível em: <www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/mapas-com-vida-propria>. Acesso em: 2 ago. 2014.

O espaço geográfico e suas representações 25


PARA CONSTRUIR

4 (Fuvest-SP – Adaptada) Observe a representação cartográfica abaixo. Qual é a técnica utilizada? O que podemos inferir sobre os
Estados Unidos a partir dos dados apresentados?

Produção e consumo de energia

GLOSSÁRIO
Inferir:
concluir ou deduzir a partir de
indícios, ou seja, pensar a res-
peito de um assunto e afirmar
algo sobre ele com base em
conhecimentos prévios.
Produção de energia

FUVEST
Consumo de energia

FONTE: AAA, 2000.

Trata-se da técnica cartográfica denominada “anamorfose”, em que as áreas expressas graficamente não são proporcionais às áreas cartografadas,
mas a um valor qualquer que se queira representar. O mapa indica que os Estados Unidos consomem mais energia do que produzem.

5 (Fuvest-SP)

IMAGEM DE SATÉLITE FOTOGRAFIA AÉREA

São
Vicente
Santos

Morro e
Praia Ponte
Grande Guarujá
FUVEST

FONTE: INPE/Landsat/Cebas – 2. FONTE: Base Aerofotogrametria.

Considere os exemplos das figuras e analise as frases a seguir, relativas às imagens de satélite e às fotografias aéreas.
I. Um dos usos das imagens de satélites refere-se à confecção de mapas temáticos de escala pequena, enquanto as fotografias
aéreas servem de base à confecção de cartas topográficas de escala grande.
II. Embora os produtos de sensoriamento remoto estejam, hoje, disseminados pelo mundo, nem todos eles são disponibilizados
para uso civil.
III. Pelo fato de poderem ser obtidas com intervalos regulares de tempo, dentre
outras características, as imagens de satélite constituem-se em ferramentas de
monitoramento ambiental e instrumental geopolítico valioso. Projeto de Desenvolvimento
Está correto o que se afirma em: e
Acesse o Material Complementar dispo-
a) I, apenas. c) II e III, apenas. e) I, II e III.
nível no Portal e aprofunde-se no assunto.
b) II, apenas. d) I e III, apenas.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 3 a 6 Para aprimorar: 4

26 O espaço geográfico e suas representações


Veja, no Guia do Professor, as
respostas da “Tarefa para casa”.
TAREFA PARA CASA
As respostas encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

PARA
PARA PRATICAR
PRATICAR

1 Explique o que é escala.

2 Observe o mapa abaixo, do estado do Rio de Janeiro, pegue uma régua e depois responda às questões.

Cidades Altitude
capital do Estado ES
acima de 100 000 habitantes 1800 m
25 000 a 100 000 habitantes 1200 m Varre-Sai
8 000 a 25 000 habitantes 800 m Porciúncula
500 m MG
Rodovias Natividade Bom Jesus
0m do Itabapoana
pavimentadas em pista dupla
Laje do Rio Ita
Itaperuna bapo
pavimentadas em pista simples Muriaé ana

FONTE: IBGE. Atlas geográfico escolar. 5. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. Adaptado.
sem pavimentação São José de Ubá
Miracema
ferrovias Italva
São Francisco
Santo Antônio Cardoso Moreira de Itabapoana
de Pádua R
portos rios permanentes Cambuci
Aperibé

io
aeroportos nacionais picos araíba
Rio P

M
Itaocara

uri
e
nd

do
aeroportos internacionais limite interestadual Su


São Fidélis

a
l

Gr
ul São João
do S

o
Ri
íba da Barra
Para
Rio Carmo São Sebastião Campos dos
Com. Sapucaia Cantagalo do Alto Goytacazes
to
Pre Levy Gasparian Duas Barras
Santa Maria
Rio Três Rios
Macuco
Madalena
Sumidouro Cordeiro aca
Rio das Flores
Sul o M bu
o Paraíba do Sul São José do Trajano Ri 22° S
Pico das Agulhas Valença íb ad Bom Jardim Conceição de Macabu
Negras (2 787 m) P ara Areal
Vale do Rio Preto de Morais
Rio Quissamã
Nova Friburgo
Porto Real Quatis Carapebus
Vassouras ar
Resende oM
Volta Barra do Piraí Paty do Alferes Teresópolis e r ra d
S
Redonda ãos c aé
Itatiaia Mendes Miguel Pereira Org Ma
Pinheiral Eng. Paulo de Frontim dos Rio Macaé
Barra Mansa
S erra Cachoeiras
Piraí Petrópolis Guapimirim de Macacu
Paracambi Casimiro
Gu a ndu Japeri Rio das Ostras
Rio Queimados Magé de Abreu
SP Rio Claro Seropédica
Nova Iguaçu
Belford Roxo
Duque de Caxias Itaboraí Rio Bonito Silva Jardim
Itaguaí Mesquita Tanguá
Nilópolis São Gonçalo Iguaba Armação dos Búzios
São João Grande
Mangaratiba
Angra dos Reis de Meriti Niterói Araruama São Pedro da Aldeia
Rio de Janeiro Maricá Cabo Frio
Saquarema
Arraial do Cabo

Parati N

OCEANO ATLÂNTICO 0 28

km
44° O 42° O

a) Levando-se em conta a escala de 1 cm : 28 km, qual é a ex- 6 Por que foi somente a partir dos séculos XV e XVI que surgi-
tensão aproximada do estado do Rio de Janeiro desde o ram os mapas-múndi modernos, aqueles que retratam com
limite com o Espírito Santo, ao norte, até o limite com São maior precisão as diversas partes da superfície terrestre?
Paulo, ao sul? E qual é a distância em linha reta de Macaé
até Volta Redonda? PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR
b) Qual é o principal rio que banha o Rio de Janeiro? De
onde ele vem e onde deságua? 1 (UFMG) Leia este texto e analise o mapa a seguir:
c) Explique quais foram os símbolos usados na legenda para
Veja, a costa do Maranhão é o desenho, a linha frontal
representar as diversas cidades e outros objetos do mapa.
duma gaivota em voo, desdobrar-se d’asas: ela encentra
d) Onde ficam as menores altitudes do território estadual? E
um V, um golfo aberto em ângulo. O lado esquerdo desse
as maiores?
gólfão é a baía de São Marcos, baía do Tubarão, há quem
3 Explique o que são mapas e quais são os tipos de mapa que
GEOGRAFIA
o diga. Na verdade, por ali dá muito esqualo, às vezes
existem. enxameiam, e o tempo, à noite, cheira a melancia. No foco,
a ilha, onde se situa a capital, numa esplanada sobre outro
4 Você acha que os mapas mentais são de fato mapas? Justifi- golfete – este braço da baía, em que saem os estuários de
que sua resposta. dois rios. São Luís tem água por três lados. […] Para resu-
mir, chame tudo isso de “a baía”.
5 O que é o Sistema de Informações Geográficas e quais são as GUIMARÃES ROSA, João. Estas estórias. 3. ed. Rio de Janeiro:
suas aplicações? Nova Fronteira, 1985. p. 30.

O espaço geográfico e suas representações 27


Litoral do Estão corretas:
Maranhão
a) 1, 2, 3, 4 e 5.
OCEANO b) 1 e 2 apenas.
ATLÂNTICO
2°00'00'' 2°00'00'' c) 1, 4 e 5 apenas.
d) 3, 4 e 5 apenas.
e) 1 e 4 apenas.
São Luís

3 (Unicamp-SP) Suponhamos que você tenha sido convida-


indaré do para trabalhar num projeto municipal de arborização

í ba
Rio P

rna
em uma cidade do porte de Campinas-SP. Num primeiro

Pa
Ri
o

Rio
Ita
pe momento, você terá que examinar a situação do município
MARANHÃO cu
ru como um todo. Num segundo momento, você escolherá de-
N
terminadas áreas piloto para a implantação do novo projeto.
Esses dois momentos envolvem níveis de análise diferentes.
0 94

km
A partir desta constatação e considerando que você terá os
6°00'00'' 6°00'00'' mapas e as plantas cadastrais à sua disposição nas escalas:
46°00'00'' 42°00'00'' 1 : 1 000 000, 1 : 50 000, 1 : 25 000, 1 : 10 000 e 1 : 5 000:
a) escolha a escala apropriada para analisar cada um destes
dois momentos.
A partir da leitura e da análise feitas, é INCORRETO afirmar que: b) justifique sua escolha para cada um dos casos.
a) a realidade geográfica pode ser representada por, entre
outras, duas expressões de linguagem – a literária e a car- 4 (UFG-GO – Adaptada) Leia a tira abaixo.
tográfica.
b) a abrangência espacial da área descrita no texto é maior

UFG
que a abrangência espacial da área reproduzida cartogra-
ficamente.
c) o texto revela a capacidade de um autor não geógrafo
em descrever, sinteticamente, uma determinada região
geográfica.
d) o mapa, mesmo com a escala utilizada, mostra, com mais
detalhe que o texto, as características físicas do litoral ma-
ranhense.

2 (UFPE) Observe atentamente o mapa abaixo e julgue os itens


a seguir:

E
C

B
D
Sem escala
QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1993. p. 385.
I. O ponto E é o que apresenta o menor valor de latitude.
II. Os pontos A e B estão situados praticamente à mesma
distância longitudinal de Greenwich. Na tira, a personagem critica o uso ideológico que pode ser
III. O ponto C localiza-se numa faixa de latitudes médias e de feito de uma representação cartográfica.
baixas altitudes. Considerando o conteúdo da tira e os conhecimentos sobre
IV. O ponto D está situado numa faixa climática bastante di- o assunto, explique a visão de mundo que predomina nessa
ferente daquela onde se localiza o ponto E. forma de representação dos hemisférios nos mapas criticada
V. O maior valor de latitude é encontrado no ponto D. por Liberdade.

28 O espaço geográfico e suas representações


CAPÍTULO

3 Projeções cartográficas

Objetivos:
c Entender a importância
.
das projeções ta
do

ap
cartográficas.

Ad
09.
20
c Saber diferenciar as

E,
BG
principais técnicas de

iro: I
projeção cartográfica.

. ed. Rio de Jane


c Analisar as vantagens
de cada projeção

colar. 5
de acordo com a
utilização que se fará

o es
do mapa.

áfic
ogr
ge
las
At
E.
BG
I
E:
NT
FO

FONTE: IBGE. Atlas geográfico escolar. 5. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. Adaptado.

GEOGRAFIA

Os mapas acima representam a superfície terrestre, mas com perspectivas e projeções diferentes.
Quais as diferenças entre esses mapas? Podemos afirmar com segurança que um deles é melhor que o
outro ou, então, que um deles representa mais fielmente a superfície terrestre? Neste capítulo, vamos
estudar o conceito de projeção cartográfica e os diversos tipos de projeção.

O espaço geográfico e suas representações 29


O QUE SÃO PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS?
Projeções cartográficas são técnicas destinadas a representar um objeto esférico, com três
dimensões – o globo terrestre –, numa folha de papel plana, com duas dimensões. Alguns mapas
possuem três dimensões, com rugosidades que retratam as altitudes. No entanto, mesmo assim,
permanece o problema de como colocar uma realidade esférica em uma superfície plana.
Para entender melhor o que são projeções cartográficas, temos de lembrar que a Terra possui
uma forma geoide, isto é, arredondada com achatamento nos polos, e que existem países, como o
Brasil e o Japão, situados em lados opostos do globo. As projeções cartográficas são, portanto, for-
mas ou técnicas de representar a superfície terrestre em mapas por meio das quais o problema do
arredondamento do planeta pode ser amenizado.
Em resumo, projeção cartográfica consiste em um conjunto de linhas (paralelos e meridianos)
que formam uma rede sobre a qual são representados os elementos de um mapa: terras, mares, rios,
cidades, etc.

Fazendo experiência com uma laranja


Para compreender melhor o que é projeção, vamos fazer uma experiência. Pegue uma laranja, que tem o formato semelhante
ao da Terra, e pinte sua casca com os continentes da superfície terrestre, os principais países, etc. Depois, descasque-a e tente co-
locar os pedaços numa folha de papel sobre uma mesa. Ao agrupar esses pedaços, poderemos notar que eles nunca vão se juntar
perfeitamente; sempre existirão alguns pedaços afastados dos outros e assim não será possível uni-los de maneira perfeita, com
cada parte na sua posição exata, tal como ocorria no formato arredondado.
Isso ocorre porque não se consegue representar com perfeição uma realidade esférica numa superfície plana. É o mesmo que
tirar a fotografia de alguém e querer que ela mostre todos os lados dessa pessoa ao mesmo tempo, isto é, de frente, de costas, de
lado, etc. É impossível fazer isso em uma única foto. Uma foto, de modo semelhante ao que acontece com um mapa, representa
sempre um lado ou uma parte contínua e plana, e uma pessoa, assim como a Terra, tem vários lados.

JIANG HONGYAN E JOSEPH SEVCIK/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES

Ao tentarmos reproduzir num plano uma superfície


esférica, sempre ocorrerão deformações.

30 O espaço geográfico e suas representações


FIDELIDADE DOS GLOBOS × PRATICIDADE DOS
MAPAS
Pelo texto do boxe – que relata a experiência sempre frustrada de dispor com exatidão as cascas
da laranja em uma folha de papel –, podemos afirmar que nunca haverá um mapa-múndi exato.
É por isso que dizemos que as projeções são técnicas destinadas a “amenizar” (e nunca a solucionar
ou a resolver com perfeição) a representação de uma realidade esférica em uma superfície plana.
A forma mais fiel (o que não significa completa ou exata) de representar a superfície terrestre
são os globos, feitos de plásticos ou papéis especiais, que imitam o formato da Terra e mostram O globo é uma representação da
os mares, os oceanos, os países, etc. nas suas posições corretas. No entanto, um globo é difícil de superfície terrestre mais fiel que o mapa.
manusear e seria impraticável fazer um globo em grande escala para obter
maiores detalhes, pois ficaria gigantesco, ocuparia muito espaço e
seria complicado examiná-lo. Além disso, não podemos ver em
um globo toda a superfície terrestre no seu conjunto: uma
parte fica sempre oculta.
Os mapas, em contrapartida, são mais práticos
que os globos, pois nos permitem observar todo o
planeta ao mesmo tempo e fazer comparações
com mais facilidade. Em um mapa podemos,
por exemplo, colocar uma régua sobre o pa-
pel e medir as distâncias da Terra, tarefa di-
fícil a se realizar utilizando um globo.

PLANTAS E MAPAS:
IMPORTÂNCIA DAS
PROJEÇÕES
A projeção cartográfica não é tão
importante quando retratamos uma área
pequena, como uma cidadezinha, um bair-
ro de alguma cidade grande, um sítio ou um

ES
terreno. Aliás, uma das principais diferenças

AG
IM
entre mapas e plantas é que, por sempre re-

W
LO
Y/G
tratarem áreas de extensão reduzida, as plantas

AM
não precisam se preocupar com as projeções car-

AL
E/
IC
RV
tográficas; já os mapas não podem ignorá-las porque

SE
TO
O
representam regiões maiores. Um mapa do Brasil ou um W
PH
NE
mapa do estado de Santa Catarina, por exemplo, necessita
de uma projeção, pois as áreas retratadas são enormes e apre-
sentam uma curvatura que acompanha a esfericidade da Terra.

PARA CONSTRUIR

1 (UFJF-MG – Adaptada) Por que podemos dizer que sempre haverá distorções nos mapas? d
a) Porque os sistemas de coordenadas foram criados para a localização de um ponto na superfície terrestre e não no globo. GEOGRAFIA
b) Porque seria necessária uma escala muito grande para que a realidade fosse fielmente reproduzida.
c) Porque as projeções cartográficas foram elaboradas quando todas as áreas da superfície terrestre eram consideradas
planas.
d) Porque é impossível fazer um mapa em duas dimensões que seja uma representação exata de uma estrutura de três
dimensões.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 Para aprimorar: 2

O espaço geográfico e suas representações 31


PRINCIPAIS TÉCNICAS DE PROJEÇÃO
As técnicas mais comuns empregadas na construção das projeções são o uso de um cilindro,
de um cone ou de um plano para envolver o globo terrestre e, a partir daí, tentar mapeá-lo. De-
pendendo dessas figuras geométricas, as principais projeções são: cilíndricas, cônicas e azimutais
(ou planas).

Projeção cilíndrica
Uma projeção cilíndrica consiste na projeção da Terra sobre um cilindro, que será desenrolado
e colocado em cima de uma superfície plana (o papel).

FONTE: IBGE. Atlas geográfico escolar. 5. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. Adaptado.
Projeção cilíndrica.

Projeção cônica
A projeção cônica repete esse processo, mas, em vez de um cilindro, existe um cone envolvendo
o planeta.

FONTE: IBGE. Atlas geográfico escolar. 5. ed.


Rio de Janeiro: IBGE, 2009. Adaptado.

Projeção cônica.

32 O espaço geográfico e suas representações


Projeção azimutal ou plana
A projeção azimutal ou plana, por sua vez, coloca um plano no lugar do cilindro ou do cone.
Esse plano pode ser posicionado em qualquer ponto na superfície terrestre, mas geralmente se
prefere usar o polo norte (pois há muito mais terras emersas e, portanto, mais países no hemisfério
norte). Daí frequentemente essa projeção ser chamada polar.

FONTE: IBGE. Atlas geográfico escolar. 5. ed. Rio


de Janeiro: IBGE, 2009. Adaptado.
Projeção azimutal ou plana.

A projeção azimutal ou plana, em especial a polar, é um tipo de projeção muito usado em


livros escolares e atlas. Segundo ela, as diversas partes da superfície terrestre estariam suposta-
mente dispostas em um plano centrado em um ponto qualquer do globo.
O mapa a seguir possui como centro o polo norte, sendo, portanto, uma projeção polar.
Esse tipo de projeção – plana ou azimutal –, contudo, pode ter como centro qualquer outro
lugar do planeta: o Brasil, a China, a Nigéria, a Antártida, entre tantos outros.
Quais são as vantagens e as desvantagens dessa projeção? É fácil descobrir quando analisamos
o mapa com atenção. As áreas próximas ao centro são muito bem representadas, bem detalhadas.
Mas as áreas distantes vão ficando cada vez mais distorcidas. Dessa forma, o mapa pode ser útil para
estudar a proximidade entre a América do Norte e a Ásia, verificando as linhas aéreas que unem essas
duas regiões principalmente e que passam pelo Ártico.
Na época da Guerra Fria, que envolveu os Estados Unidos e a antiga União Soviética, por volta
de 1945 a 1989, quando, então, havia um potencial risco de guerra entre essas duas superpotências,
os estrategistas de ambos os lados usavam mapas com essa projeção polar centrada no polo norte
para estudar possíveis cenários de guerra.
Contudo, se por um lado essa projeção esclarece melhor a proximidade da América do Norte
com o norte da Ásia, por outro as demais partes do globo, distantes da área polar ártica, ficam muito
deformadas. Atente ao enorme afastamento entre o Brasil e a África, sem falar que a Antártida sequer
aparece no mapa.
FONTE: IBGE. Atlas geográfico escolar. 5. ed. Rio
de Janeiro: IBGE, 2009. Adaptado.

GEOGRAFIA

Projeção polar.

O espaço geográfico e suas representações 33


PARA CONSTRUIR

2 (UFSM-RS) Observe as projeções cartográficas: Sobre as superfícies de projeção apresentadas é INCORRETO


afirmar: a
1 2 3
a) Outro tipo de projeção muito utilizada é a projeção cô-
nica, que se refere à projeção do globo em um cone
imaginário, cujo eixo é coincidente com o eixo da Terra
em relação ao equador. Essa projeção é utilizada princi-
palmente para a representação das regiões do mundo

FONTE: Revista geografia, 3. ed., 2011. p. 104. Adaptado.


adjacentes ao polo.
b) As projeções cartográficas fornecem mapas que ofere-
cem diversos tipos de ponto de vista do planeta, sendo
que cada projeção distorce o tamanho ou a forma dos
continentes.
c) A projeção cilíndrica está baseada na projeção do glo-
bo sobre um cilindro imaginário de raio e eixo coinci-
Greenwich

Gr
ee dentes com o raio e o eixo relacionados ao equador.
Trópico de Câncer nw
Equador
ich Polo
Norte
Nesse tipo de projeção, as áreas próximas ao equador
Tró
er
180°
pico
de Cânc 0° possuem suas formas mostradas com precisão, mas as
Trópico de Capricórnio
porções mais próximas dos polos são distorcidas inevi-
Equador
tavelmente.
Numere corretamente as projeções com as afirmações a seguir. d) Resumidamente, a projeção azimutal consiste na proje-
( ) Na projeção cilíndrica, a representação é feita como ção do globo sobre um plano imaginário cujo centro é
trespassado pelo eixo da Terra em relação ao equador.
se um cilindro envolvesse a Terra e fosse então plani-
Esse tipo de projeção mostra as áreas em suas reais pro-
ficado.
porções, mas essa técnica acarreta a deformação das ver-
( ) Na projeção azimutal, o mapa é construído sobre um pla- dadeiras formas dos continentes e países.
no que tangencia algum ponto da superfície terrestre.
( ) Na projeção cônica, a representação á feita como se o 4 (UFRN – Adaptada) As figuras a seguir foram construídas uti-
cone envolvesse o planeta e depois fosse planificado. lizando a projeção do tipo azimutal equidistante.
( ) Esse tipo de projeção representa, com menos distor- ÁFRICA

ções, as baixas latitudes.


EUROPA
( ) Essa projeção é comumente utilizada para análises geopolí- ÁSIA EUROPA
ticas e para retratar as regiões polares e suas extremidades. ÁSIA Equador
1
2
A sequência correta é: c Equador
AMÉRICA
AMÉRICA
ÁFRICA OCEANIA

a) 1 – 3 – 2 – 3 – 1. d) 1 – 2 – 1 – 1 – 3. OCEANIA

b) 3 – 2 – 1 – 1 – 3. e) 3 – 1 – 2 – 3 – 1.
c) 1 – 3 – 2 – 1 – 3.
1-Pearl Harbor
3 (UFU-MG) A seguir estão colocadas três formas de represen- 2-Délhi
tação cartográfica em relação à superfície de projeção. FONTE: SENE, E. de; MOREIRA, J. C. Geografia geral e do Brasil: espaço
geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 2003. p. 446.

Cilíndrica Azimutal Cônica


Sobre esse tipo de projeção, podemos afirmar que: d
a) representa as áreas de latitudes médias e a conservação
básica. Uberlândia: Edufu, 2004.

das formas e dos ângulos continentais.


FONTE: ROSA, R. Cartografia

b) apresenta todos os países na mesma disposição, poden-


do ser considerada uma projeção neutra.
c) conserva as formas das massas e a proporcionalidade dos
diversos continentes.
d) representa distâncias e direções exatas a partir de um cen-
tro, revelando, dessa forma, um conteúdo geopolítico.

TAREFA PARA CASA: Para aprimorar: 1

34 O espaço geográfico e suas representações


PROJEÇÕES EQUIVALENTES E CONFORMAIS
Um dos grandes problemas das projeções é que não é possível conseguir, ao mesmo tempo,
uma visão mais exata no tamanho (proporção) e nas formas das áreas mapeadas. É necessário prio-
rizar um desses dois elementos em detrimento do outro.
As projeções que valorizam o tamanho, conhecidas como equivalentes, acabam prejudicando
o formato das áreas. E as projeções que priorizam o formato, chamadas conformais, sacrificam as
proporções.
Veja a seguir as projeções de Mercator e de Gall-Peters, que representam esses dois tipos de
projeções cartográficas.

Projeção de Mercator
A primeira projeção cartográfica considerada moderna foi a cilíndrica de Mercator, feita no
século XVI pelo matemático, geógrafo e cartógrafo flamengo Gerardus Mercator (1512-1594).
Como todas as outras, essa projeção tem pontos positivos e negativos. Foi criada quando os
europeus empreendiam viagens por todo o mundo, à época das Grandes Navegações. Durante
séculos, serviu muito bem à navegação e até hoje é a preferida da maioria dos navegadores e é
recomendada por vários institutos ou órgãos que se dedicam à navegação. Ela também é bastante
utilizada em livros escolares e atlas.
É uma projeção conformal, que se preocupa mais com as formas e menos com o tamanho rela-
tivo de cada área. Reproduz mais ou menos corretamente o tamanho e o formato das áreas situadas
na zona intertropical, mas exagera na projeção das áreas temperadas e polares.
Veja o tamanho da Europa no mapa-múndi representado a seguir. Parece que o continente
europeu é maior que o Brasil, quando na realidade é bem menor. Observe ainda as dimensões
da ilha da Groenlândia, que parece ser maior que o Brasil ou a Austrália, quando é cerca de qua-
tro vezes menor: o Brasil tem 8 514 877 km² e a Austrália 7 741 220 km²; a Groenlândia apenas
2175 600 km².

Projeção de Mercator
FONTE: IBGE. Atlas geográfico escolar. 5. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. Adaptado.

GEOGRAFIA

O espaço geográfico e suas representações 35


Projeção de Gall-Peters
A projeção de Gall-Peters também é cilíndrica. Foi concebida em 1885 pelo abade e cartógrafo
escocês James Gall (1808-1895) e retomada em 1952 pelo historiador alemão Arno Peters (1916-2002).
Peters imaginou que ela seria mais propícia aos países subdesenvolvidos, pois corrige a distorção que
existe na projeção de Mercator, na qual a Europa e a América do Norte parecem maiores do que
realmente são e a América do Sul e a África parecem menores.
A projeção imaginada por Gall é do tipo equivalente, ou seja, tem maior preocupação não com
as formas, mas com a proporção, o “tamanho relativo” de cada área mapeada. Por isso, ela procura
fazer um retrato mais ou menos fiel do tamanho das áreas, embora acabe, muitas vezes, distorcendo
os formatos.
Nessa projeção, comparar a Europa com o Brasil, por exemplo, é mais importante que dar a
forma exata dessas áreas. Observando o planisfério desenhado na projeção de Gall-Peters, vemos que
ele apresenta um alongamento das áreas no sentido norte-sul ou no sentido leste-oeste. A África e a
América do Sul ficam alongadas no sentido norte-sul e estreitas no outro sentido. Com a Rússia e o
Canadá ocorre o inverso: esses países ficam alongados no sentido leste-oeste e estreitos no sentido
norte-sul.

Projeção de Gall-Peters

FONTE: Disponível em: <www.heliheyn.de/Maps/GallPeters/GallPeters_E.html>. Acesso em: jun. 2012.

O aspecto positivo da projeção de Gall-Peters é que ela permite comparar o tamanho de países
ou continentes. Nessa projeção o Brasil fica maior que a Europa e a Groenlândia fica menor que a
Austrália. O aspecto negativo é que o formato das áreas é completamente distorcido. Por exemplo, o
Brasil fica bastante alongado no sentido norte-sul, embora possua quase a mesma distância nos dois
sentidos, o norte-sul e o leste-oeste. O mesmo ocorre com a África. O Canadá alonga-se no sentido
leste-oeste, como se fosse bem maior que no sentido norte-sul, o que também não é verdade.

36 O espaço geográfico e suas representações


OUTRAS PROJEÇÕES
Existem ainda diversos tipos de projeção, entre os quais a projeção de Robinson e a projeção
descontínua, que vamos estudar a seguir.

Projeção de Robinson
Esta projeção, criada em 1963 pelo geógrafo e cartógrafo norte-americano Arthur Robinson
(1915-2004), é do tipo intermediário – nem equivalente nem conformal – e procura chegar a um
meio-termo, mantendo mais ou menos as formas e as proporções entre as áreas mapeadas.
Muito usada na representação de planisférios, é a mais comum para uso didático, tendo sido
recomendada aos professores pela Associação dos Geógrafos Norte-Americanos.
Entretanto, como acontece em todas as outras, também existem distorções nessa projeção. Não
é possível manter, ao mesmo tempo e com perfeição, as formas, o tamanho e as distâncias entre as
áreas. Assim, essa projeção deforma algumas áreas – por exemplo, as regiões de altas latitudes como
a Antártida –, além de diminuir ou aumentar certas distâncias entre elas.

Projeção de Robinson

FONTE: IBGE. Atlas geográfico escolar. 5. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. Adaptado.
Projeção descontínua
Desenhar um mapa na projeção descontínua corresponde mais ou menos a colocar uma casca
de laranja em pedaços sobre um papel: as partes ficam afastadas umas das outras, sendo impossível
juntá-las perfeitamente. Nessa projeção, algumas áreas ficam cortadas, o que mostra como é difícil
GEOGRAFIA
representar uma realidade esférica em uma folha plana.
Os mapas na projeção descontínua apresentam, em geral, exatidão e riqueza de detalhes, mas
torna-se difícil calcular as distâncias por causa dos “cortes” ou interrupções. Assim, ela tem as suas
vantagens: para mostrar, por exemplo, a distribuição das indústrias no mundo, as concentrações de
população ou cidades, esse tipo de projeção é muito bom. Possui, entretanto, as suas desvantagens:
para calcular distâncias e, principalmente, para mostrar toda a superfície da Terra em conjunto, com
seus continentes e oceanos, essa projeção é falha.

O espaço geográfico e suas representações 37


Projeção descontínua

FONTE: OLIVEIRA, C. Curso de Cartografia moderna.


Rio de Janeiro: IBGE, 1993. Adaptado.
Voltando agora aos dois mapas da abertura deste capítulo, notamos que cada um possui uma
projeção diferente. Nenhum deles, contudo, é melhor ou mais fiel que o outro.

QUAL É A MELHOR PROJEÇÃO?


Existem ainda inúmeros outros tipos de projeção, mas nenhum deles é perfeito ou indiscuti-
velmente superior aos demais. Todos, de uma forma ou de outra, possuem distorções, pois, como
vimos, é impossível representar com exatidão uma realidade esférica numa superfície plana. Todas
as projeções têm seus prós e contras. Cada qual é elaborada com uma finalidade ou preocupação.
Portanto, a escolha de uma delas vai depender da finalidade do mapa: viajar, comparar países, navegar,
conhecer algum fenômeno da geografia geral (climas, vulcões, etc.) ou algum aspecto da atividade
econômica (agricultura, indústria, etc.).
Na navegação, como já foi mencionado, a projeção de Mercator ainda é a mais utilizada.
Isso porque ela é bastante fiel nas distâncias, especialmente as marítimas, e na navegação as
distâncias são mais importantes que o tamanho relativo das áreas. Mas para representar algum
aspecto da atividade econômica, por exemplo, áreas agrícolas ou as principais metrópoles no
mundo, a projeção descontínua é a melhor, pois, nesse caso, os oceanos não têm grande im-
portância. Já para mostrar as proporções relativas, como o tamanho do Brasil em relação ao da
Europa, as projeções equivalentes – em especial a de Gall-Peters – são as mais interessantes.
E assim por diante.
O ideal é não se basear apenas em uma projeção. Isso poderia dar uma ideia errônea da super-
fície terrestre. É bom conhecer mapas variados, elaborados em diferentes projeções, assim como é
muito importante dispor de um globo. Comparando-o com mapas-múndi de diversas projeções,
podemos avaliar seus pontos positivos e negativos, seus prós e contras.
Além disso, não é apenas a projeção que determina a qualidade e a utilidade de um mapa.
Sua escala e seu tamanho também são importantes. Quanto maior for o mapa, e sua escala, mais
informações e mais detalhes ele fornecerá. O mapa-múndi reproduzido em um livro, por exemplo,
não pode ter tantos detalhes quanto outro em tamanho bem maior, feito para ser dependurado
numa parede.
Concluindo, podemos citar a famosa frase do especialista Lloyd A. Brown: “Não existe o mapa
ideal, bom para qualquer propósito; toda projeção tem que sacrificar a exatidão e tolerar distorções
de algum tipo”.

38 O espaço geográfico e suas representações


PARA CONSTRUIR

5 (Enem) Existem diferentes formas de representação plana da c)


superfície da Terra (planisfério). Os planisférios de Mercator e
de Peters são atualmente os mais utilizados.

O L

d)

Mercator. O L

e)

Peters. L

Apesar de usarem projeções, respectivamente, conforme


e equivalente, ambas utilizam como base da projeção o
modelo: c
6 (UERN)
a) A ideologia terceiro-mundista surgiu a partir da
Conferência de Bandung (Indonésia), em 1955. Os teó-
ricos do terceiro-mundismo buscaram um projeto de de-
senvolvimento independente, não alinhado ao modelo
O L
capitalista dos países desenvolvidos sob a liderança dos
Estados Unidos, nem ao modelo socialista liderado pela
antiga União Soviética.
LUCCI, Elian Alabi. Território e sociedade no mundo globalizado.
Ensino Médio. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 44.
b)
De acordo com as projeções e a ideologia terceiro-mundista, GEOGRAFIA
assinale uma atitude declaradamente terceiro-mundista. c
O L a) Projeção de Mercator.
b) Projeção de Robinson.
c) Projeção de Arno Peters.
d) Projeção de Mercator e Arno Peters.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 2 a 5 Para aprimorar: 3 a 5

O espaço geográfico e suas representações 39


Veja, no Guia do Professor, as
respostas da “Tarefa para casa”. TAREFA PARA CASA
As respostas encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

PARA
PARA PRATICAR
PRATICAR PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR

1 Explique o que são projeções cartográficas e por que não 1 Observe a bandeira da Organização das Nações Unidas
existe nenhuma projeção perfeita ou exata. (ONU).

2 Observe novamente os dois mapas-múndi no início deste

ONU
capítulo e identifique a projeção de cada um. Faça uma com-
paração entre eles.

3 Em relação às projeções de Mercator e Gall-Peters, responda:


a) que tipo de projeção é utilizado nos dois casos?
b) aplicando os conceitos de projeção conformal e projeção
equivalente, quais as diferenças entre as projeções de
Mercator e de Peters?
c) apesar de apresentarem o mundo de maneira diferente, é a) No centro da bandeira, aparece o emblema das Nações
possível dizer que a projeção de Mercator e a de Peters pos- Unidas: um mapa-múndi rodeado de ramos de oliveira.
suem algum ponto em comum? Justifique sua resposta. Qual é a técnica de projeção utilizada nesse mapa?
4 Leia a seguinte afirmação: “Fundamentais para a construção b) Pesquise por que a ONU adotou no mapa a projeção
de mapas, as diferentes projeções cartográficas utilizadas que apresenta como ponto central o polo norte e não
atualmente mostram divergências ideológicas sobre as di- o polo sul.
versas formas de representar o mundo”. Você concorda com 2 As diferenças de horários – que existem em função do
isso? Por quê? movimento de rotação do nosso planeta – entre os di-
versos locais da superfície terrestre, especialmente entre
5 (Unicamp-SP) O sistema de projeção do mapa a seguir foi
povos distantes, sempre foram um problema. A padroni-
criado por Mercator em 1569 com o objetivo de facilitar as
zação só ocorreu a partir de 1884, quando foi realizada,
navegações marítimas. Observe o mapa e faça o que se pede.
em Washington, nos Estados Unidos, uma conferência
FONTE: MOREIRA, I. O espaço geográfico: Geografia
Geral e do Brasil. São Paulo: Ática, 2002. p. 446. Adaptado.

Círculo Polar Ártico


internacional sobre o meridiano zero e os fusos horários.
Nela foi acordado que o meridiano zero, a partir do qual
se mede a longitude dos diferentes locais, seria aquele
que passa nas proximidades de Londres, no Reino Unido
Trópico de Câncer
– na época, a maior potência mundial –, e que a superfí-
Equador cie terrestre seria dividida em 24 fusos horários distintos.
Veja o mapa da página seguinte.
Trópico de Capricórnio Rota A
Rota B Essa divisão partiu do fato de que o movimento de
Rota C rotação da Terra dura cerca de 24 horas – na verdade,
23 horas, 56 minutos e 4 segundos –, realizando um mo-
Círculo Polar Antártico vimento de 360°. Isso significa que em uma hora a Terra
se desloca 15° de oeste para leste. Como o Sol aparece a
a) Segundo a projeção de Mercator, em quais porções da leste todas as manhãs, em consequência do movimento
Terra representadas no mapa não ocorre distorção e onde aparente desse astro ao redor da Terra, convencionou-se
a distorção é mais acentuada? que, para leste, as horas vão aumentando e, para oeste,
b) A projeção de Mercator é um exemplo do grande desen- diminuindo.
volvimento da cartografia no século XVI. A que contexto O meridiano de Greenwich, tomado como referência,
histórico e econômico está associado esse desenvolvi- foi escolhido como o meridiano zero: a longitude foi de-
mento da cartografia? finida como a distância em graus de um local qualquer
c) O mapa indica três possibilidades de rotas marítimas en- até esse meridiano, tendo 180° a leste e 180° a oeste.
tre as cidades de Montevidéu (Uruguai) e Cidade do Cabo Dividindo-se 360° por 24, temos 15, o que significa que
(África do Sul). Identifique qual das três rotas é a menor. a cada 15° de longitude teremos um horário diferente,
Justifique sua resposta. mais adiantado a leste e mais atrasado a oeste.

40 O espaço geográfico e suas representações


–11 h –10 h –9 h –8 h –7 h –6 h –5 h –4 h –3 h –2 h –1 h 0h +1 h +2 h +3 h +4 h +5 h +6 h +7 h +8 h +9 h +10 h +11 h

–12 h
+12 h
Círculo Polar Ártico

Domingo Meio-dia

FONTE: Atlante Geografico Metodico De Agostini 2011-2012.


Segunda-feira

Novara: Istituto Geografico De Agostini, 2011. Adaptado.


Trópico de Câncer

Equador

Trópico de Capricórnio

Meridiano de Greenwich

l de Data
Horas pares

Meia-noite
N
Horas ímpares

na
Linha Internacio
Horas fracionadas 0 2 707

km
Círculo Polar Antártico

1 p.m. 2 p.m. 3 p.m. 4 p.m. 5 p.m. 6 p.m. 7 p.m. 8 p.m. 9 p.m. 10 p.m. 11 p.m. 12 a.m. 1 a.m. 2 a.m. 3 a.m. 4 a.m. 5 a.m. 6 a.m. 7 a.m. 8 a.m. 9 a.m. 10 a.m. 11 a.m. 12 p.m.
165 150 135 120 105 90 75 60 45 30 15 0 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180

Com base nessas informações, responda às questões a seguir.


a) Sabendo-se que a cidade do Rio de Janeiro tem uma longitude aproximada de 43° a oeste de Greenwich, qual será o horário
do Rio de Janeiro quando em Londres forem 13 horas?
b) O ponto continental brasileiro que fica no extremo oriental é a ponta do Seixas, na Paraíba, com aproximadamente 34° de lon-
gitude oeste. O ponto que fica no extremo ocidental é a nascente do rio Moá, no Acre, com aproximadamente 74° de longitude
oeste. Com base nessas informações, quantos fusos horários existem no Brasil?
c) Deixando-se de lado os possíveis horários de verão, a que horas um importante evento esportivo realizado às 16 horas em
Sydney, na Austrália (cerca de 150° de longitude leste), será visto ao vivo pela televisão em Nova York, Estados Unidos (aproxi-
madamente 75° de longitude oeste)?

3 (Uerj – Adaptada)

UERJ

GEOGRAFIA
WATTERSON, Bill. Calvin e Haroldo: Yukon ho! São Paulo: Conrad, 2008.

Na tirinha, Calvin e o tigre Haroldo usam um globo terrestre para orientar sua viagem da Califórnia, nos Estados Unidos, para o
território do Yukon, no extremo norte do Canadá. Considerando as áreas de origem e de destino da viagem pretendida, nota-se
que o tigre comete um erro de interpretação no último quadrinho.
Esse erro mostra que Haroldo não sabe que o globo terrestre é elaborado com base no seguinte elemento da linguagem cartográfica:
a) escala pequena. c) técnica de anamorfose. e) projeção cônica.
b) projeção azimutal. d) convenção equidistante.

O espaço geográfico e suas representações 41


4 (PUC-PR) Observe com atenção o mapa abaixo. e) Peters, que retomou a elaboração dessa projeção durante o
período da Guerra Fria, procurou ressaltar no mapa, a partir
da representação das dimensões das áreas, a superioridade
dos Estados Unidos sobre as demais porções do globo.

5 (PUC-PR) Observe as representações do continente africano,


realizadas por meio das projeções de Mercator e de Peters.

FONTE: FREYER, O. Eimbeke,


p. 40. Adaptado.
O planisfério foi elaborado cartograficamente por meio da
projeção de Gall-Peters, concebida inicialmente por James Gall
no final do século XIX e retomada por Arno Peters a partir da
metade do século seguinte, cujo contexto político-econômico
fortemente o influenciou para o desenvolvimento desse mapa. Assinale a alternativa correta.
Assinale a alternativa cuja característica corresponde ao mapa a) Na projeção de Peters, as distâncias entre os paralelos
de Gall-Peters. crescem à medida que se afastam do equador, gerando
a) Trata-se de uma projeção equivalente que objetiva represen- um aumento exagerado das áreas localizadas próximas
tar um retrato mais ou menos fiel do tamanho das áreas, o aos polos.
que faz a África e a América do Sul ganharem mais destaque b) A projeção de Mercator não se presta para a comparação de
do que quando representadas na Projeção de Mercator. superfícies ou para medir distâncias, uma vez que foi criada
b) Corresponde a uma projeção do tipo cônica, que distorce para atender às necessidades de navegação do século XVI.
as áreas situadas nas baixas latitudes e torna mais fiel a c) Tanto a projeção de Mercator como a de Peters falseiam a
representação das regiões de média e elevada latitudes. superfície dos continentes, seja pela deformação latitudi-
c) É uma projeção cuja principal qualidade está no respei- nal (Mercator) ou pela deformação longitudinal (Peters).
to às formas dos continentes, procurando representá-las d) Por situar a África no centro, a projeção de Peters torna a
com fidelidade, ao contrário das áreas que são mostradas África maior do que de fato ela é, se comparada aos de-
de maneira desigual, sendo maiores próximas aos polos e mais continentes.
reduzidas na faixa intertropical. e) Os mapas de Peters e de Mercator, por se tratarem de pro-
d) A disposição perpendicular da rede de paralelos e meri- jeções cilíndricas, não causam nenhuma deformação na
dianos nesse mapa revela que a projeção de Gall-Peters é representação de qualquer região do globo terrestre em
do tipo azimutal ou polar. um plano.

ANOTAÇÕES

42 O espaço geográfico e suas representações


CAPÍTULO

4 Interpretação de mapas

Objetivos:
Principais idiomas no mundo
c Entender o que
significa interpretar um OCEANO GLACIAL ÁRTICO

mapa.

c Compreender
estratégias de análise
de mapas temáticos. OCEANO

FONTE: BONIFACE, P.; VÉDRINE, H. Atlas du monde global. Paris: Armand Colin, 2008. Adaptado.
PACÍFICO

c Conhecer algumas OCEANO


polêmicas envolvidas na PACÍFICO
OCEANO
elaboração de mapas ÍNDICO
OCEANO
e no possível uso ATLÂNTICO

ideológico ou comercial
que se faz deles.

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO N

0 2 637

km

Línguas oficiais Número de falantes


Chinês
Chinês (mandarim) Árabe (mandarim) (em milhões)
1 080
Inglês Português
Espanhol Bengali Inglês
500
Hindi Japonês Espanhol
380
Hindi Francês
Francês Alemão 315 290
Russo
285 Malaio Árabe Português
Bengali
Russo Outras 250 230 220 210
Japonês Alemão
línguas
Malaio 127 126

Nota: O mapa não representa o Sudão do Sul por


ter se tornado independente do Sudão em 2011.

Ainda que o mapa acima estivesse sem título, ao observá-lo perceberíamos que ele traz infor-
mações sobre os principais idiomas do mundo e sua distribuição geográfica. Temos essa percepção
por conta da legenda, das cores, do gráfico e do fato de todos os continentes estarem representados.
A partir da observação do mapa podemos inferir, por exemplo, quais são os idiomas mais falados no
mundo e onde eles predominam.
GEOGRAFIA
O QUE SIGNIFICA INTERPRETAR UM MAPA?
O mapa é um instrumento de comunicação e de conhecimento. Ele sempre possui uma série
de informações sobre a área mapeada. Assim, interpretar um mapa é saber “ler” ou encontrar as in-
formações que ele encerra e, por vezes, adquirir informações que nos provoquem questionamentos.
Ao interpretar um mapa, estabelecemos uma ligação entre os fatos mapeados. Em alguns casos, os
mapas são acompanhados por tabelas, gráficos ou pequenos textos descritivos que contribuem para
nossa compreensão.

O espaço geográfico e suas representações 43


No mapa de abertura do capítulo vemos que as ex-colônias muitas vezes mantiveram como
idioma oficial a língua do povo colonizador. Percebemos, também, a influência árabe no norte da
África por meio da disseminação da língua árabe pelo continente. Além disso, podemos imaginar as
informações ausentes no mapa e o porquê de elas não terem sido retratadas – a legenda, por exemplo,
cita a existência de “outras línguas”: idiomas menos conhecidos ou variantes dos idiomas descritos no
mapa, ou ainda as várias línguas não oficiais faladas nos países do mundo e que não aparecem no mapa.
Os dados também podem nos instigar questionamentos como: o que faz com que um idioma
seja considerado importante é o número de países que o adota? A quantidade de pessoas que o
conhece? Ou a relevância do idioma depende do país em que ele é falado?

Analisando um mapa temático


O mapa abaixo é um mapa temático, pois aborda um assunto específico: as taxas de mortali-
dade infantil no mundo.

Mortalidade infantil no mundo (2010)


população mundial 2010. Disponível em: <www.unfpa.org.br/swop2010/swop_2010_web.

OCEANO GLACIAL ÁRTICO


FONTE: Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). Relatório sobre a situação da

OCEANO OCEANO
ATLÂNTICO PACÍFICO

OCEANO OCEANO
PACÍFICO ÍNDICO
pdf>. Acesso em: 21 ago. 2014. Adaptado.

N
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
0 2 637

km

Taxa de mortalidade infantil


Menos de 10‰ 20-50‰ Mais de 100‰
10-20‰ 50-100‰ Sem dados

Nota: Os dados não abrangem o Sudão do Sul, pois a pesquisa é anterior à independência desse país (2011).

Trata-se, no entanto, mais de um cartograma que de um mapa completo, pois faltam as linhas
O símbolo ‰, que apare- imaginárias (latitude e longitude) e, principalmente, a escala. Por sinal, a escala não é importante nesse
ce na legenda, significa “por mil”, tipo de mapa, o cartograma, cuja função não é calcular distâncias ou proporções, e sim mostrar a
ou seja, quantas crianças de até distribuição geográfica de um fenômeno que, no caso, é a mortalidade infantil.
1 ano de idade morrem por ano A taxa ou índice de mortalidade infantil significa o número de crianças que morrem a cada ano em
para cada grupo de mil crianças. um determinado país (ou região), para cada grupo de mil crianças, antes de completar 1 ano de idade.
Cinquenta por mil (50‰), por Em que continentes ou regiões do globo essas taxas são maiores? Sem dúvida elas são maiores
exemplo, significa o mesmo que na África e no sul e sudeste da Ásia, onde vão de cinquenta por mil até mais de cem por mil.
cinco por cento (5%). Observamos que as taxas de mortalidade infantil são menores nos países desenvolvidos: Estados
Unidos, Canadá, países da Europa (principalmente a ocidental), Japão, Austrália e Nova Zelândia.
Nesses países – o chamado Primeiro Mundo –, as taxas são menores que 10‰. O inverso também
é verdadeiro, isto é, as taxas de mortalidade infantil são maiores nos países mais pobres, os denomi-
nados países subdesenvolvidos.
Poderíamos ainda ler várias outras informações nesse mapa, por exemplo: onde essas taxas
são intermediárias, onde não há dados ou informações sobre esse assunto, etc. Podemos também
deduzir desse mapa uma série de fatos usando nosso raciocínio e o conhecimento que já temos,
como concluir que existe uma relação entre desenvolvimento econômico e social e taxas de morta-
lidade infantil, ou seja, que os países mais desenvolvidos possuem menores taxas e os países menos
desenvolvidos possuem maiores taxas.

44 O espaço geográfico e suas representações


Analisando um mapa físico ou hipsométrico
Japão: físico
Vejamos agora um mapa do Japão. Trata-se de um mapa físico
140°L
ou hipsométrico (que retrata as altitudes) do país. 30°N 130°L Mar de Okhotsk

Não é um cartograma, pois possui indicador de direção, para- Estreito de la P


éro
lelos e meridianos e, sobretudo, escala. O tipo de escala apresentada us e

nele é uma escala gráfica, na qual 1 cm no mapa representa 194 km Y


U
K
na realidade. Isso significa que é uma escala de 1 : 19 400 000, pois R
Y
U Asahi
2 290 m
1 km equivale a 100 000 cm. HA
S
I. Okinawa
IL I. Hokkaido
O mapa mostra que boa parte do território japonês possui

FONTE: SIMIELLI, M. E. Geoatlas. 33. ed. São Paulo: Ática, 2012. Adaptado.
um relevo montanhoso, com cadeias de montanhas que atraves-
sam o país no sentido nordeste-sudoeste. A maior altitude é a 40°N

do pico Fuji, com 3 778 m. Podemos notar ainda que o território 130°L

do Japão é um arquipélago formado por quatro ilhas principais Mar


do

Fossa do J
– Kiushu, Shikoku, Honshu (a maior) e Hokkaido – e por muitas Japão

outras ilhas menores.


Para calcular a distância entre a ilha de Kiushu, que fica no su-

apã
I. Honshu
doeste, e a ilha de Hokkaido, que fica no nordeste, devemos medir

o
Fuji
com uma régua diretamente no mapa: a distância entre as duas ilhas ore
ia 3 778 m OCEANO
aC PACÍFICO
od
é de aproximadamente 5,8 cm, o que significa 1 125 km na realidade. Es
tre
it

Podemos perceber ainda que o território japonês é relativamen- Altitudes (metros)


I. Shikoku
te estreito no sentido leste-oeste (no máximo uns 260 km) e bastante Kuju-san
1 787 m
2 000
1 000
comprido no sentido nordeste-sudoeste (cerca de 2 000 km). I. Kiushu 400
N 200
0
Analisando um mapa de população e 0 194
30°N
Picos
correlacionando relevo e latitude com km

povoamento
Vamos analisar agora um mapa de metrópoles e população do
Japão para podermos cruzar as informações dele com as do mapa
anterior.
Este mapa da população do Japão nos mostra que o país é den- Japão: população

FONTE: Atlante geografico metodico De Agostini 2006-2007. Novara: Istituto Geografico De Agostini, 2006. Adaptado.
samente povoado, com elevadas densidades demográficas e algumas 140° L

Aglomerações e suas populações


metrópoles gigantescas: a grande Tóquio, que possui cerca de 35 mi- TÓQUIO
35 em milhões de habitantes
lhões de habitantes, e a grande Osaka, com 15 milhões. Uma série de KANTO Nome da região
Mar de Okhotsk

áreas ou regiões do Japão possui densidades demográficas superiores Cidades:

a quinhentos habitantes por kilometro quadrado. Tóquio: 11,7 milhões de habitantes


De 2 a 3 milhões de habitantes
A parte mais densamente povoada no Japão é a região sul, que De 1 a 2 milhões de habitantes
HOKKAIDO

vai de Tóquio, no centro da ilha de Honshu, até Fukuoka e Kuma- De 500 mil a 1 milhão de habitantes
Sapporo

moto, na ilha de Kiushu. Menos de 500 mil habitantes

Comparando ou cruzando as informações desse mapa com as Menos de 100 hab. por km2
Aomori
De 100 a 500 hab. por km2
do físico, o que podemos concluir? Existe alguma correlação entre Mais de 500 hab. por km2
40° N

os fenômenos mapeados? Sim, existe uma correlação entre relevo e 130° L


Morioka

Mar
povoamento. Assim como entre latitude (e clima) e povoamento. do TOHOKU
Japão Niigata Sendai
As áreas mais densamente povoadas encontram-se nas planícies OSAKA HOKURIKU
Fukushima
15
litorâneas, nas menores altitudes das ilhas de Honshu (principal- Kanazawa Nagano
KANTO
mente) e Kiushu. TOSAN Mito
TÓQUIO
Gifu
Como você já deve ter visto no Ensino Fundamental, as áreas CHUGOKU
Okayama Kobe
Kioto Nagoia Kawasaki
Yokohama
TÓQUIO
35
Hiroshima Osaka Shizuoka
próximas ao equador (com baixas latitudes) são mais quentes que Kitakyushu KINKI
GEOGRAFIA
TOKAI
Fukuoka Sakai
Kochi
aquelas situadas próximas aos polos (com maiores latitudes). Obser- Oita SHIKOKU NAGOIA OCEANO
vando os mapas, notamos que as áreas mais densamente povoadas Nagasaki Kumamoto 7 PACÍFICO
KIUSHU
do Japão estão no sudoeste, abaixo dos 36° ou 37° N. Essa região mais Kagoshima

densamente povoada, portanto, tem climas mais amenos (embora N


temperados e com invernos bem frios) do que as regiões mais a 30° N
0 200
nordeste, onde as latitudes chegam a 45° N e os invernos são muito km
mais rigorosos.

O espaço geográfico e suas representações 45


Mapas mostram nível de racismo e de diversidade étnica em diferentes países
Quais os países mais preconceituosos do mundo? Será que a situação econômica de um país tem algo a ver com o nível
de preconceito racial que seus habitantes apresentam? Isso foi parte do que um estudo de dois economistas suecos tentou
descobrir. Para isso, eles usaram dados do World Values Survey, usado amplamente em estudos pelo mundo por medir ati-
tudes e opiniões globais há décadas.
Uma das perguntas dessa pesquisa, feita a habitantes de mais de 80 países, pedia para que eles identificassem em uma
lista com vários itens os tipos de pessoas que não gostariam de ter como vizinhos. Um deles era “pessoas de uma raça dife-
rente”, e ele foi usado para medir a tolerância racial de cada país. Quanto mais pessoas do mesmo país marcassem isso, mais
preconceituoso o lugar foi considerado.
O Washington Post, então, foi atrás desses dados e fez o “mapa do racismo” que você pode ver aqui. Os países em azul
tiveram o menor número de pessoas que disseram não querer vizinhos de uma raça diferente – o que, segundo a teoria dos
suecos, significa que elas são menos propensas a manifestar atitudes racistas. Nos em vermelho, mais pessoas fizeram isso
– e seriam, portanto, mais propensas ao preconceito.
Isso confirma o resultado obtido pelos pesquisadores, de que liberdade econômica não tinha correlação com tolerância
racial – Brasil, EUA, Canadá, Suécia e Noruega, por exemplo, estão entre os menos preconceituosos.

O mapa do racismo, feito por Max Fisher, do Washington Post

funcionam/mapas-mostram-nivel-de-racismo-e-de-diversidade-etnica-em-
FONTE: Disponível em: <http://super.abril.com.br/blogs/como-pessoas-
Círculo Polar Ártico

OCEANO
PACÍFICO
Trópico de Câncer

OCEANO

diferentes-paises/>. Acesso em: 4 ago. 2014.


Porcentagem de pessoas que
PACÍFICO
responderam “de uma etnia
diferente” quando foi pedido Equador
que identificassem grupos de OCEANO
pessoas que não gostariam OCEANO
ÍNDICO
de ter como vizinhos ATLÂNTICO
Trópico de
0% - 4,9%
Capricórnio
5% - 9,9%
10% - 14,9%
15% - 19,9%
20% - 29,9% N

30% - 39,9% Círculo Polar Antártico


0 2 578
40% ou mais
km

O mapa da diversidade étnica


funcionam/mapas-mostram-nivel-de-racismo-e-de-diversidade-etnica-em-
FONTE: Disponível em: <http://super.abril.com.br/blogs/como-pessoas-

Círculo Polar Ártico

OCEANO
PACÍFICO

Trópico de Câncer

OCEANO
diferentes-paises/>. Acesso em: 4 ago. 2014.

PACÍFICO
Equador
OCEANO
OCEANO
ÍNDICO
ATLÂNTICO
Maior Trópico de
diversidade Capricórnio
étnica

Maior Círculo Polar Antártico


0 2 864
homogeneidade
étnica km

46 O espaço geográfico e suas representações


Mesmo assim, é algo bacana de se analisar – tomando-se os devidos cuidados. Max Fisher, autor do mapa do Washington
Post, fez várias ressalvas: o assunto do preconceito é complexo demais para ser analisado por meio de uma só pergunta;
precisamos considerar que as pessoas podem ter mentido (o pessoal da Finlândia talvez não seja mais preconceituoso que
os noruegueses – só mais sinceros ao responder a pesquisa!); e as pessoas podem entender a questão de formas diferentes
(em alguns países, as pessoas talvez pensem ou relacionem o termo “estrangeiros” a um grupo étnico específico com quem
tenham rixas históricas, por exemplo).
Pode ser legal analisar esse mapa junto com o segundo mapa, também feito por Fisher. Desta vez, ele usou o resultado
de um estudo de 2002 do Instituto de Pesquisa Econômica de Harvard sobre diversidade étnica. Cinco economistas e cien-
tistas sociais compararam os dados de diferentes fontes, como censos nacionais, a Enciclopédia Britânica, a CIA e outros
relatórios que, juntos, identificaram 650 etnias em 190 países. Depois, os autores usaram os dados para medir a diversidade
étnica de cada lugar. No mapa, os países mais verdes são mais os que possuem maior diversidade, enquanto os de laranja são
os mais homogêneos.
PRADO, Ana Carolina Prado. Mapas mostram nível de racismo e de diversidade étnica em diferentes países.
17 maio 2013. Disponível em: <http://super.abril.com.br/blogs/como-pessoas-funcionam/
mapas-mostram-nivel-de-racismo-e-de-diversidade-etnica-em-diferentes-paises/>.
Acesso em: 4 ago. 2014.

PARA CONSTRUIR

1 A migração em um país pode ser explicada por diversos fatores, como condições climáticas, conflitos sociais ou oferta de empre-
go, entre outros. Observando os dois mapas abaixo, qual fluxo migratório se justifica pela intensidade de atividade empresarial?

Brasil: migração (década de 2000) Brasil: número de empresas (2002)


OCEANO Boa Vista OCEANO
RR ATLÂNTICO AP ATLÂNTICO
AP RR
Equador Equador Macapá

Belém São Luís


Manaus
Fortaleza
Teresina
AM PA AM PA MA
MA RN CE RN Natal
PI CE
PB Porto João Pessoa
PI PB
PE AC Velho PE Recife
AC Rio Branco Palmas AL Maceió
TO AL SE
RO SE RO TO Aracaju
MT
BA
BA MT Salvador
DF Cuiabá DF
Brasília
GO GO Goiânia
MG MG
Belo
MS
OCEANO Horizonte ES
MS ES Campo
OCEANO PACÍFICO Vitória
Grande
PACÍFICO SP RJ
RJ SP Rio de Janeiro
Trópico Número de empresas
PR de São Paulo Trópico de
Capricórn PR
io 10 001 a 52 531 Curitiba Capricórnio

SC N 7 601 a 10 000 SC Florianópolis N


Principais fluxos RS RS
migratórios na 1 001 a 7 600 Porto Alegre
0 546 0 546
década de 2000 100 a 1 000
km km

FONTE: Revista Nova Escola. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/ FONTE: Revista Nova Escola. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/
fundamental-2/mapas-tematicos-avancar-interpretacao-643116.shtml?pages=1>. plano-de-aula-geografia-industrializacao-brasileira-742540.shtml>.
Acesso em: 18 set. 2014. Acesso em: 18 set. 2014.

Os mapas sugerem uma relação entre o fluxo migratório que sai da região Nordeste em direção à região Sudeste e a quantidade de empresas
GEOGRAFIA

sediadas na região.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 Para aprimorar: 2


O espaço geográfico e suas representações 47
ALGUMAS POLÊMICAS SOBRE MAPAS
Como qualquer conjunto de informações – um livro, por exemplo –, o mapa é sempre seletivo,
ou seja, seleciona as informações que vai mostrar. Isso quer dizer que ele traz alguns fatos e deixa de
apresentar outros. Não é possível representar tudo o que existe em uma área – principalmente em
uma imensa região ou, pior ainda, em todo o globo terrestre –, o que significa que, antes da elabora-
ção de um mapa, existe uma filtragem das informações que nele serão incorporadas. Por isso existem
inúmeras controvérsias a respeito dos mapas e, algumas vezes, eles são utilizados como instrumentos
de propaganda comercial ou política.

Uma visão que privilegia o hemisfério norte


Como vimos no capítulo 2, uma ideia usual e equivocada é aquela de que os mapas sempre
devem ter o norte “acima” do sul (ou seja, na parte superior do papel) e a Europa no centro do
mapa-múndi.
Na verdade, todo mapa pode ter qualquer ponto de orientação – norte, sul, sudoeste, etc. –
na parte de cima da folha. Um mapa nada mais é do que a representação de uma área – ou de
toda a superfície terrestre –, como se ela estivesse sendo vista de cima para baixo. Logo, podemos
girar à vontade um mapa sobre uma mesa ou uma prancheta, que são os melhores lugares para
examiná-lo, colocando o sul ou qualquer outro ponto de orientação na parte de cima da folha.
Veja o exemplo a seguir:

Mapa-múndi
Meridiano de Greenwich

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO


N
0 1 728

km

FONTE: IBGE. Atlas geográfico escolar. 5. ed. Rio de Janeiro: IBGE. 2009. Adaptado.
Trópico de Capricórnio

OCEANO
OCEANIA
ÍNDICO AMÉRICA
Equador

ÁFRICA OCEANO
PACÍFICO

Trópico de Câncer

OCEANO
ATLÂNTICO

AMÉRICA
EUROPA
ÁSIA ÁSIA

Círculo Polar Ártico

OCEANO GLACIAL ÁRTICO


Um mapa-múndi genérico com o sul na parte superior da folha – algo comum em livros e atlas de alguns países do hemisfério sul, que preferem
fazer mapas com essa orientação. Na realidade, a colocação do norte “acima” do sul é apenas uma tradição iniciada com os europeus. Mas também
é correto colocar o sul – ou qualquer outro ponto de orientação – na parte “superior” do mapa, como fizemos neste mapa.

A tradição de colocar a Europa na parte central da maioria dos mapas da superfície terrestre
também se deve aos europeus. Eles foram pioneiros na elaboração desse tipo de mapa com todos
os continentes e oceanos e, logicamente, colocaram o seu continente no centro.

48 O espaço geográfico e suas representações


Vimos que os primeiros mapas-múndi mais ou menos exatos, com praticamente todos os
continentes e oceanos, só surgiram no século XVI, após as Grandes Navegações, empreendidas pelos
europeus (sobretudo portugueses, espanhóis e holandeses). A partir daí iniciou-se uma tradição –
uma convenção – de colocar a Europa no centro do mundo e o hemisfério norte “acima” do sul.
Essa não é, porém, a única forma correta de se fazer um mapa-múndi. Muitos países já modificaram
a tradição e colocam os seus próprios territórios no centro dos mapas-múndi que utilizam em atlas
e livros escolares. É o caso, entre outros, dos Estados Unidos e da China. Veja os exemplos a seguir.

O mundo com os Estados Unidos no centro


OCEANO GLACIAL ÁRTICO 0º
ng
i
er

Círculo Polar Ártico


de B
ito
tre

FONTE: Atlante geografico metodico De Agostini 2006-2007.


ÁSIA
Es

AMÉRICA
EUROPA

Novara: Istituto Geografico De Agostini, 2006. Adaptado.


ÁSIA
ESTADOS
OCEANO
UNIDOS
ATLÂNTICO
Trópico de Câncer

OCEANO
PACÍFICO ÁFRICA
Equador

Meridiano de Greenwich
OCEANO
AMÉRICA ÍNDICO
OCEANIA
Trópico de Capricórnio

0 2 232

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO km

O mundo com a China no centro


0º OCEANO GLACIAL ÁRTICO
g
rin
de Be

Círculo Polar Ártico FONTE: World Reference Atlas. London: Dorling Kindersley, 2007.
to

ÁSIA
rei
st

EUROPA

AMÉRICA OCEANO AMÉRICA


ATLÂNTICO
CHINA
Trópico de Câncer

OCEANO
ÁFRICA PACÍFICO
Equador

OCEANO
AMÉRICA
Meridiano de Greenwich

ÍNDICO OCEANIA
Trópico de Capricórnio

N
Adaptado.

0 2 232

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO km


GEOGRAFIA

Será que estes mapas com outros centros que não a Europa são melhores? Na verdade, eles não
são nem melhores nem piores que os mais comuns, com a Europa (e o meridiano de Greenwich) como
centro. Eles são importantíssimos porque devemos ver a superfície terrestre de todos os ângulos pos-
síveis, pois assim teremos uma visualização mais clara sobre a disposição das inúmeras áreas ou regiões
que existem no planeta. Por exemplo: esses mapas alternativos mostram que, ao contrário do que
imaginamos ao ver os mapas tradicionais, a América está muito mais próxima da Ásia (na realidade, a
menos de 80 km pelo estreito de Bering, que separa a Sibéria do Alasca) do que da Europa.

O espaço geográfico e suas representações 49


Vejamos agora o mapa ao lado, desta vez com o
O mundo com o Brasil no centro Brasil no centro.
Se observarmos com atenção este mapa azi-
mutal com o Brasil no centro, perceberemos que a
FONTE: SOUKUP, J. “Mapa-Múndi” com centro em São Paulo. Universidade de São Paulo (ed.), 1949. Adaptado.

menor distância da parte sul da América do Sul até a


Austrália é aquela que envolve o caminho pelo polo
Estreito de Bering
Polo Norte Sul e não a que passa pelo Oceano Pacífico, muito
menos ainda pelo Índico. No entanto, não se deve ter
como base apenas um único mapa com um país es-
Tró

co ÁSIA
pecífico no centro. Devemos estar abertos para todas
pi

de EUROPA
C ân c
er
AMÉRICA OCEANO as possibilidades, para todas as visões, pois cada uma
ATLÂNTICO
mostrará um aspecto da realidade.
OCEANO ÁFRICA
PACÍFICO

AMÉRICA
BRASIL
Uma visão que favorece os países
Eq
ua
do
r
subdesenvolvidos, mas não muito
io
rn
Outra polêmica foi iniciada por Arno Peters em
ó
ric

OCEANO
ap

ÍNDICO
1952. Como já mencionamos, ele utilizou uma projeção
eC
Trópico d

Polo Sul que havia sido deixada de lado pela maioria dos cartó-
ANTÁRTIDA
grafos – a de James Gall – e, com ela, pretendeu “revolu-
cionar” a elaboração dos mapas do mundo. Ele afirmou,
IA
ÉS

D O
N com alguma razão, que os mapas então predominan-
OCEANIA IN
tes – especialmente aqueles baseados na projeção de
AUSTRÁLIA
Mercator, que prevaleceram durante séculos – eram
eurocêntricos e exageravam o tamanho do hemisfério
norte em detrimento do hemisfério sul. Nesses mapas,
o hemisfério norte em geral ficava com dois terços da
área total, apesar de ter metade da superfície terrestre.
Na projeção de Peters, a África fica no centro do mapa-múndi, embora ela admita outras perspec-
tivas, e a proporção ou o tamanho relativo de cada continente é mais importante do que as suas formas.
Devemos lembrar que, na época em que Peters divulgou suas ideias, havia uma acalorada
discussão internacional sobre o subdesenvolvimento ou o “Terceiro Mundo” (expressão criada
naquele ano de 1952) e logo em seguida, em 1955, surgiu o chamado movimento dos “não
alinhados”. Esse movimento, que no início reunia 29 Estados (Índia, Indonésia, Paquistão e a
antiga Iugoslávia, além de outros), pretendeu uma terceira posição para os países subdesenvol-
vidos, isto é, uma posição que não contemplasse alinhamento com nenhum dos dois “blocos”
geopolíticos da época: o capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e o socialista, liderado pela
então União Soviética.
Por esse motivo, a projeção de Gall-Peters foi bem-aceita naquela época por alguns intelectuais
do Terceiro Mundo. Todavia, com o decorrer do tempo – e com o fracasso do movimento dos “não
alinhados” e o posterior fim do bloco socialista –, ela perdeu sua razão de ser (que sempre foi mais
política que técnica) e, nos dias de hoje, é muito pouco utilizada.
Quase ninguém mais acredita que essa projeção valoriza de fato os países subdesenvolvidos.
Afinal, boa parte deles localiza-se no hemisfério norte: Bangladesh, Paquistão, Índia, Turquia, Afega-
nistão, México, Mongólia, Sudão, Argélia, Egito, entre outros. Além disso, também existem países
desenvolvidos – a Austrália e a Nova Zelândia – no hemisfério sul.
GLOSSÁRIO

Eurocêntrico: Por sinal, a imensa maioria da população mundial – e também dos países – localiza-se no
(euro: “Europa”; cêntrico: “que tem hemisfério norte, onde existe uma quantidade de terras emersas (ilhas e continentes) maior que
como centro”) que diz respeito às per- no hemisfério sul. Esse fato justificaria o procedimento que existia e ainda existe em alguns mapas –
cepções que veem a Europa como o
“centro” do mundo e as ideias oriun-
que mostram o mundo político ou as densidades demográficas, as indústrias, as principais cidades,
das desse continente como a verdade. etc. – e enfatiza muito mais o hemisfério norte ao “cortar” uma parte do hemisfério sul, a Antártida,
cujos dados são considerados irrelevantes.

50 O espaço geográfico e suas representações


OUTRAS POLÊMICAS SOBRE MAPAS
Um mapa sempre reflete um ponto de vista e, como se sabe, podem existir diferentes pontos
de vista sobre uma questão. Nos mapas ingleses, por exemplo, o canal marítimo que separa o Reino
Unido do continente é chamado de English Channel (Canal Inglês), ao passo que os mapas franceses
denominam essa mesma área marítima de La Mancha (Canal da Mancha).
No extremo sul da América do Sul existem algumas ilhas sob controle britânico (mas pleiteadas
pela Argentina), que recebem denominações diferentes: os argentinos as chamam de Malvinas e os
ingleses de Falklands.
Existem ainda outros exemplos desse tipo, como lugares retratados em um mapa com dife-
rentes nomes (ou, às vezes, até diferentes formatos e tamanhos), dependendo de quem fez o mapa.
Por exemplo, se um árabe fizer um mapa da Palestina, provavelmente incluirá Israel nessa região, ao
passo que um judeu, sem dúvida, reduzirá bastante a área da Palestina ou até mesmo não a nomeará.
Um exemplo extremo de mapa propagandístico é o que veremos a seguir. Ele era muito difundido
na Alemanha dos anos 1930, quando existia um regime nazista chefiado por Adolf Hitler, que era expan-
sionista, ou seja, almejava conquistar mais terras para a sua nação, invadindo outros países. Esse mapa
tem por título “Um pequeno Estado ameaça a Alemanha” e, de forma intencional, distorce o formato da
antiga Tchecoslováquia para sugerir que esse país seria como uma faca entrando no corpo da Alemanha.

Um pequeno Estado ameaça a Alemanha


raio de ação: 5
50 km
FONTE: SCHUMACHER, Ruppert von. Zeitschrift für Geopolitik
[Revista de Geopolítica], 1934. Munique, Alemanha. Adaptado.

Praga
TC
HE
CO
SL
OV
ÁQ
UI
A Este mapa de geopolítica alemã dos anos 1930 sugere
que a Tchecoslováquia seria agressora. O limite no mapa,
que parece um leque, é o suposto raio de ação dos aviões
bombardeiros tchecos da época.

Esse mapa, em preto e branco, foi inicialmente publicado em uma revista de geopolítica que
servia de porta-voz do regime nazista. Depois, foi constantemente reproduzido em jornais e nas
salas de aula das escolas alemãs daquele período, criando na população uma predisposição contra a
Tchecoslováquia que, na representação, é vista como agressora, tanto pelo formato do seu território,
“entrando” no território alemão (algo distorcido no mapa, pois a realidade não é assim), como pelo
limite de alcance dos aviões tchecos que, como sugere o mapa, poderiam bombardear todo o territó-
rio alemão daquele tempo. O mais interessante é que foi a Alemanha que agrediu a Tchecoslováquia
ao invadi-la em 1938 e anexá-la ao seu território.
GEOGRAFIA
Em síntese, os mapas – como qualquer texto, livro, meio de comunicação, etc. – são instru-
mentos úteis, mas, eventualmente, podem conter informações falsas ou tendenciosas. Em contra-
partida, também podem omitir muitas informações importantíssimas sobre uma área em questão.
Para mencionar outro exemplo extremo, podemos lembrar que, em vários países, muitos locais
considerados estratégicos – certas bases militares, fábricas ou estoques de armas químicas, abrigos
subterrâneos onde se armazenam mísseis e bombas atômicas, etc. – não são mostrados nos mapas
comuns, aqueles a que o público em geral tem acesso.

O espaço geográfico e suas representações 51


PARA CONSTRUIR

2 Em Portugal, o Estado Novo compreende o período de dita- 3 A partir da observação do mapa abaixo, o que podemos in-
dura militar no país, que se estendeu do início da década de ferir sobre o desenvolvimento da indústria no país na década
1930 ao começo da década de 1970. À época do regime, Mo- de 1990?
çambique, Angola, Cabo Verde, Guiné, São Tomé e Príncipe,
Timor e Macau ainda pertenciam a Portugal como colônias.
Brasil: indústrias fundadas após 1995
Observe o mapa a seguir, utilizado como propaganda do Es-
tado português nesse período. OCEANO
ATLÂNTICO
Equador

e dinâmicas do território. São Paulo: Imprensa Oficial, 2008. Adaptado.


“Portugal não é um país pequeno”

FONTE: MELLO, N. A.; THÉRY, H. Atlas do Brasil – Disparidades


LITOGRAFIA NACIONAL, PORTO, PORTUGAL

Parte dos estabelecimentos


fundados após 1995 (%)

0 34,2 41,3 52,6 87,3

Número de estabelecimentos Trópico de


fundados após 1995 Capricórnio
145 662
N

8 789 0 561
100
km

É evidente que o mapa não reproduz fielmente a localização


O mapa deixa bastante evidente o boom da indústria na década de
dos países africanos. O que ele representa? Qual foi a finalida-
1990 e mostra que a industrialização se concentrou nas regiões Sul e
de de sua elaboração?
Sudeste, com exceção de algumas áreas do Nordeste (principalmente
O mapa representa o território das colônias portuguesas à época
deslocado para o continente europeu, com o intuito de demonstrar Bahia) e Centro-Oeste (capitais e DF).

que em termos de extensão de terra o domínio português era tão


grande que poderia cobrir a Europa. O mapa procurava comprovar
a suposta superioridade portuguesa propagandeada pela ditadura.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 2 a 4 Para aprimorar: 1 e 3

52 O espaço geográfico e suas representações


Veja, no Guia do Professor, as
respostas da “Tarefa para casa”.
TAREFA PARA CASA
As respostas encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

PARA
PARA PRATICAR
PRATICAR 2 (Fuvest-SP – Adaptada) Observe os mapas do Brasil.

1 O que significa interpretar um mapa? Dê exemplos. Renda per capita

2 Explique qual foi o argumento utilizado em 1952 por Arno OCEANO


ATLÂNTICO
Peters para valorizar a sua projeção e por que ele já não é Equador

considerado importante nos dias de hoje.

3 Diga se você concorda ou não, explicando o porquê, com a


seguinte frase: “Como qualquer outro meio de comunicação,
os mapas são seletivos, ou seja, selecionam as informações
que vão mostrar”.

4 Veja abaixo um mapa de divulgação mostrando a localização


de um edifício para venda de apartamentos. OCEANO
PACÍFICO

PIB per capita em R$ Trópico de


Mapa de um empreendimento imobiliário menos de 5 000 Capricórni
o
(sem escala) 5 000-10 000 N
10 000-15 000

FUVEST
0 561
Mais de 15 000
km

Bolsões de pobreza
REPRODUÇÃO/ARQUIVO DA EDITORA

OCEANO
ATLÂNTICO
Equador

a) Além de indicar a localização do edifício, que outros ele-


mentos a imagem destaca? OCEANO
b) Qual é a intenção da empresa ao divulgar um mapa como PACÍFICO

Capricórnio
esse? Trópico de

c) Você acha que a área apresentada é realmente como


mostra esse mapa de divulgação? Justifique sua res- N
FUVEST

posta. 0 561

km
GEOGRAFIA
PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR Considere as afirmativas relacionadas aos mapas.
I. Alta concentração fundiária e pouca diversificação da ati-
1 “Os países pobres e subdesenvolvidos, incluindo o Brasil, vidade econômica são características de um bolsão de
deveriam adotar em suas escolas mapas que os privilegias- pobreza existente no extremo sul do Brasil.
sem em detrimento das produções cartográficas dos paí- II. A despeito de seus excelentes indicadores econômicos,
ses ricos.” Você concorda com essa afirmação? Justifique bem como de seu elevado grau de industrialização, a re-
sua resposta. gião Sudeste abriga bolsões de pobreza.

O espaço geográfico e suas representações 53


III. A biodiversidade da floresta assegura uma das mais altas as mortes violentas estão se deslocando das capitais para o
rendas per capita do país aos habitantes da Amazônia, en- interior do país. [...]
quanto moradores da caatinga nordestina padecem em Com isso, está comprovado – de novo, pela enésima
bolsões de pobreza. vez – que se trata de uma balela a suposição de que a vio-
IV. Embora Brasília detenha alguns dos melhores indicadores lência tem origem social, motivada pela pobreza, pelo bai-
socioeconômicos do país, o próprio Distrito Federal e ar- xo crescimento econômico ou seja lá que explicação as
redores abrigam um bolsão de pobreza. esquerdas pretendam dar.
Está comprovado também que uma das causas da vio-
Está correto o que se afirma em:
lência é a falta de Estado. Vejam lá. As cidades mais vio-
a) I, II e III, apenas. lentas ou estão em áreas de fronteira – na divisa com ou-
b) I, II e IV, apenas. tros países – ou são fronteiras econômicas. Sabem o que
c) II e III, apenas. isso significa? Que a responsabilidade é federal. A quem
d) III e IV, apenas. cabe vigiar essas regiões? À Polícia Federal [...].
e) I, II, III e IV. AZEVEDO, Reinaldo. O que evidencia o mapa da violência.
Disponível em: <http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/que-evidencia-
mapa-violencia/>. Acesso em: jul. 2014. Adaptado.
3 O que evidencia o mapa da violência
Com base no texto e no mapa, responda:
Segundo Lisandra Paraguassu, as mortes por homicí- a) as informações do autor do texto podem ser explicadas
dio no Brasil concentram-se em 556 municípios brasilei- pelo mapa?
ros, cerca de 10% das cidades do país, de acordo com um b) quais informações você consegue identificar no mapa?
estudo elaborado pela Organização dos Estados Ibero- c) você concorda com a opinião do autor quando ele afirma
-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI: que se trata de uma balela supor que a violência tem uma
<http://www.oeibrpt.org/> e <www.oei.org.br/>), com origem social? Justifique a sua resposta com base em fa-
apoio do Ministério da Saúde. Ainda segundo a pesquisa, tos e notícias que você observa em seu cotidiano.

Brasil: mapa da violência

RR AP
Equador

media/infograficos/2007/02/27/info_violenciabrasil270207.swf/view>. Acesso em: 21 maio 2008.


AM

FONTE: O que evidencia o mapa da violência. Disponível em: <www.agenciabrasil.gov.br/


MA CE RN
PA
PB
PI
PE
AC
AL
RO TO SE
BA
MT
OCEANO
ATLÂNTICO
DF
GO
OCEANO
PACÍFICO MG
MS ES
SP
RJ

PR
órnio
apric
ic o de C SC
Tróp

RS N
Regiões com taxas médias de 29,7 até 165,3
homicídios em cada 100 mil habitantes entre 0 382
os anos de 2002 e 2004.
km

54 O espaço geográfico e suas representações


CAPÍTULO

5 Localização absoluta e
localização relativa

Objetivos: Vimos que localizar um lugar significa apontar com precisão sua posição na superfície terrestre, indi-
cando suas coordenadas geográficas (latitude e longitude), principalmente, e sua altitude (ou profundida-
c Diferenciar os conceitos de, no caso de recursos no subsolo ou no fundo do mar). Entretanto, isso não esgota o tema “localização”.
de localização absoluta Esses dados fornecem apenas a localização absoluta, também chamada localização fixa ou posi-
e localização relativa. ção, que é a área ou o ponto preciso do espaço terrestre no qual um lugar ou um objeto se encontra.
c Entender as variáveis Existe ainda a localização relativa, ou situação, que é mais complicada e pode variar bastante
que determinam
com o decorrer do tempo ou das modificações históricas. Ela diz respeito às relações (reais ou po-
as vantagens ou
tenciais) que um lugar mantém com os demais, ou seja, que vantagens ou desvantagens esse lugar
desvantagens da
tem para as atividades humanas.
localização relativa.
Vamos ver, a seguir, alguns exemplos para esclarecer melhor esse assunto.

c Compreender a

DORIVAL MOREIRA/PULSAR IMAGENS


importância da
localização relativa em
mudanças históricas,
sociais ou políticas.

GEOGRAFIA

Marco zero da cidade de Recife (PE), em 2004.


O marco zero é a determinação do centro da
cidade, que serve como referência-padrão
para a localização dos espaços da cidade.
Assim, além da localização em si de cada lugar,
podemos falar na localização do lugar em
relação ao marco zero, ou seja, sua localização
relativa ao centro da cidade.

O espaço geográfico e suas representações 55


SITUAÇÃO GEOGRÁFICA DA CIDADE DE SÃO PAULO
Afirma-se com frequência que a localização da cidade de São Paulo favoreceu bastante sua
industrialização. Mas o que isso significa?
Não se trata apenas da localização absoluta, isto é, da latitude, da longitude e da altitude da
cidade. Trata-se fundamentalmente da sua localização relativa ou situação geográfica, favorecida pelo
fato de, entre outras coisas: a cidade ser um ponto de passagem obrigatório para Santos, que, na
época em que se iniciou a industrialização (fim do século XIX e começo do XX), era o grande porto
de exportação do principal e quase exclusivo produto brasileiro de então, o café; dispor de boas
condições naturais para a obtenção de energia hidrelétrica; existirem na cidade e nas redondezas boa
oferta de capitais (oriundos das exportações de café), um mercado consumidor ideal para a época
e um razoável número de imigrantes (italianos, espanhóis e outros), que já haviam trabalhado em
indústrias na Europa.
Dessa forma, a localização relativa considera uma série de fatores que favorecem (ou não)
um lugar em relação aos demais. Ela se refere a um determinado momento histórico e é, por-
tanto, algo relativo e dinâmico, ao contrário da localização absoluta, que nunca muda (pelo
menos não para os lugares, as cidades, etc.; ela muda apenas para objetos móveis, como aviões
ou navios).
Explicando melhor: desde que foi fundada, em 1554, a cidade de São Paulo tem a mesma
posição ou localização absoluta: em média 750 m de altitude, 23°34’ de latitude sul e 46°38’ de
longitude oeste. Todavia a sua localização relativa pode se alterar bastante em função das mudan-
ças tecnológicas (desenvolvimento dos meios de transporte e comunicações), econômicas, sociais,
geopolíticas, etc. A proximidade com o porto de Santos, por exemplo, já não garante a afluência de
capitais oriundos do comércio do café, tal como naquela época, mas existem hoje outros elementos
importantes para a localização relativa de São Paulo (redes de telecomunicações e de informática,
por exemplo), que não existiam naquele período.
Assim, como se percebe, a localização relativa é algo que se refere a um conjunto de relações
(reais ou potenciais) entre um lugar e os seus vizinhos ou até mesmo o resto do mundo.

OUTROS EXEMPLOS DE LOCALIZAÇÃO RELATIVA


A localização sempre foi e continua sendo importante para os indivíduos, os negócios, a política
e as mudanças históricas.
Uma das maiores preocupações de uma família, ao alugar ou comprar um imóvel, é a locali-
zação relativa, isto é, a existência de transportes coletivos (ônibus, metrô) para o trabalho ou para
a escola; a qualidade das vias de acesso e do trânsito; a segurança; a presença nas redondezas de
supermercados, lojas, escolas, áreas de lazer, etc.
Veja, por exemplo, a cidade de Washington, capital dos Estados Unidos, que foi construída no
fim do século XVIII no lugar em que se encontra por causa da sua localização: ela está no nordeste
do país, onde se concentrava a maioria da população norte-americana naquela época. Além disso, a
proximidade com a Filadélfia e com Nova York, numa área
banhada pelo rio Potomac e com um relevo ondulado
propício à construção de monumentos, contribuiu para
a decisão de sua construção. Londres foi escolhida capital
do Reino Unido no século IX em virtude de sua posição,
que permitia uma maior capacidade de defesa contra os
FONTE: IBGE. Atlas geográfico escolar.

frequentes ataques inimigos.


Rio de Janeiro: IBGE, 2009. Adaptado.

No que se refere às empresas, a localização é algo de-


Nova York terminante para o seu sucesso ou fracasso. Algumas indús-
Rio P

Filadélfia trias necessitam de água abundante; outras, de minérios;


oto

Altitudes (metros) Washington, D.C. outras, de boas estradas para escoar a produção; outras,
m

c
a

1 200
600 N
ainda, precisam estar próximas a um importante mercado
OCEANO
300
ATLÂNTICO
consumidor; e a maioria das empresas hoje em dia precisa
150
0
0 20
estar localizada num lugar em que haja boa infraestrutura
km
em comunicações (principalmente telefonia), etc.

56 O espaço geográfico e suas representações


Observe a localização dos elementos da paisagem representados na figura abaixo.

Localização dos elementos de uma cidade

PAULO MANZI/ARQUIVO DA EDITORA


Como se vê nesta ilustração, que retrata uma situação comum em inúmeras cidades brasileiras, a localização de cada elemento da paisagem não é aleatória, mas
obedece a certa lógica. A torre de televisão, por exemplo, tem de estar em um local bem elevado. Os bairros ricos geralmente estão nos melhores terrenos, onde
há mais vegetação e no sentido contrário à direção dos ventos que vêm das áreas poluídas onde ficam as fábricas. As favelas ocupam os terrenos baldios ou os
morros, que são áreas em que há riscos de desabamento.

PARA CONSTRUIR

1 Em 1960, a capital do Brasil deixou de ser Rio de Janeiro e passou a ser a recém-inaugurada Brasília. Com a intenção de valorizar o
interior do país, promover a integração regional e proteger o governo central contra pretensos ataques externos, a mudança também
visou dificultar que as multidões numa cidade grande como o Rio de Janeiro pressionassem o governo federal em suas decisões.
Por que podemos dizer que, embora a localização absoluta da cidade do Rio de Janeiro não tenha sido alterada, sua localização
relativa sofreu mudanças importantes com a adoção da nova capital do país?
O Rio de Janeiro deixou de centralizar as tomadas de decisão políticas e de receber o volumoso montante de investimentos do governo federal que
costumava receber. Com isso, a relação do Rio de Janeiro com o restante do país mudou bastante e, portanto, sua localização relativa também.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 a 3

GPS, O MAIS MODERNO SISTEMA DE LOCALIZAÇÃO


Localizar-se no espaço geográfico sempre foi uma necessidade para os seres humanos. Todos – e
até alguns animais – possuímos mapas mentais, que são esquemas de orientação.
Vimos que os primeiros mapas surgiram há milhares de anos. O maior problema de localização,
GEOGRAFIA

entretanto, aparecia quando se viajava, especialmente de navio.


Durante milênios, o Sol e algumas estrelas foram utilizados como meio de localização. No entan-
to, eles não bastavam, pois apenas indicavam de forma aproximada os pontos de orientação – por
exemplo, o norte, o sul e o noroeste – e nunca uma localização exata. Tivemos, então, a invenção da
bússola, que foi de grande importância mas não representou avanço suficiente para que se obtivesse
uma localização precisa. A bússola indica os pontos de orientação (com mais clareza que os astros),
mas não as coordenadas geográficas do lugar onde se está.

O espaço geográfico e suas representações 57


No século XX, foi colocada em prática a localização por sinais de rádio, o que melhorou sobre-
maneira a orientação de qualquer navio ou pessoa que estivesse em um lugar desconhecido.
A última palavra em matéria de localização, porém, para saber com precisão a latitude e a lon-
gitude (e ainda a altitude ou a profundidade) de um lugar, é o Global Positioning System (GPS) ou
Sistema de Posicionamento Global. Concebido pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos
na década de 1960 e considerado totalmente operacional apenas em 1995, consiste de 24 satélites
artificiais colocados em órbita a cerca de 20 200 km da Terra. Os satélites circulam duas vezes por dia
ao redor do planeta, emitindo sinais de rádio codificados. Testes realizados em 1972 mostraram que
a pior precisão (isto é, a margem de erro) do sistema era de 15 m e a melhor era de 1 m.
Para utilizar esse sistema de localização é necessário dispor de um receptor, que possui uma
antena que capta os sinais de alguns desses satélites. Menos de 1 segundo é o tempo necessário para
processar os dados e calcular a posição em que se está.
Receptores de vários tipos são utilizados em navios e aviões, em inúmeros caminhões e demais
veículos e até mesmo por pesquisadores de campo (técnicos ou cientistas que fazem levantamentos
de áreas para estudar impactos ambientais, por exemplo).
O GPS, associado a um bom mapa, é um excelente instrumento de localização, orientação e na-
vegação. Ele tem se tornado cada vez mais popular entre ciclistas, balonistas, pescadores, ecoturistas
e mesmo entre pessoas que apenas querem se orientar melhor durante suas viagens.
Ele produziu, assim, uma nova modernização na agricultura, gerando a chamada agricultura de
precisão. Uma máquina agrícola dotada de receptor GPS armazena dados relativos à produtividade
em um cartão magnético e esses dados são manipulados com a ajuda de um programa de computa-
dor, que origina um mapa de produtividade da lavoura. As informações ainda permitem aprimorar a
aplicação de corretivos e fertilizantes. Lavouras norte-americanas e europeias já utilizam esse processo.
Apesar de ser cada vez mais usado pelas empresas e pelo público em geral, o GPS norte-americano
Portal continua a ser controlado pelos militares dos Estados Unidos. Preocupados com o uso inadequado do
SESI
Educação
sistema, as autoridades norte-americanas implantaram dois diferentes tipos de precisão: os códigos que
www.sesieducacao.com.br
permitem uma localização mais precisa são conhecidos apenas pelos “usuários autorizados” (ou seja, as
Acesse o portal e veja o vídeo so- Forças Armadas dos Estados Unidos); outros códigos, menos precisos, foram liberados para os usuários
bre o GPS. Faça os testes interati- em geral (isto é, para os civis, para uso comercial). Os receptores GPS de uso militar têm precisão de
vos para saber se você entendeu 1 m; os de uso civil de 15 m a 100 m.
para que ele serve e como ele A Rússia é o único outro país que possui um Sistema de Posicionamento Global operacional
funciona. (GLONASS). Em todo caso, tanto a União Europeia como a China já começaram a construir seus
próprios sistemas de GPS para não terem de depender do sistema norte-americano.
KACZOR 58/SHUTTERSTOCK

LUÍS A. MOURA/ARQUIVO DA EDITORA

ALAMY
1 2 3

Fig. 1 – Veículo equipado com um GPS automotivo e software com mapas que indicam as vias nas cidades ou as estradas; o software indica também a posição do
veículo (latitude, longitude, altitude) e o caminho a percorrer até um determinado local.
Fig. 2 – Na ilustração, vemos uma ambulância equipada com GPS, aparelho que capta os sinais de quatro satélites artificiais (os mais próximos) e ao mesmo
tempo envia sua localização (e também seu movimento, à medida que essa posição vai mudando enquanto o veículo se movimenta) para o hospital ou para
outras ambulâncias, o que facilita a escolha da melhor rota ou a previsão de chegada do doente ao hospital.
Fig. 3 – Receptor de GPS manual ou portátil.

58 O espaço geográfico e suas representações


IMPORTÂNCIA DA LOCALIZAÇÃO PARA
O DESENVOLVIMENTO
A localização de um país ou de uma região é de grande importância para o seu futuro. É lógi-
co que esse não é o único fator que conta, mas é um elemento fundamental. Estamos falando da
localização relativa, que muda com o tempo e com as circunstâncias, e não da localização absoluta.
Boa parte do êxito dos chamados Tigres Asiáticos (Coreia do Sul, Cingapura e outros) – países
que eram subdesenvolvidos, inclusive bem mais pobres que o Brasil, e hoje praticamente são parte
do Primeiro Mundo – se deve a sua localização no Sudeste Asiático ou no Extremo Oriente.
A localização de Cingapura, por exemplo, foi essencial para que esse pequeno país se tornasse
um entreposto comercial (e portuário). A localização da Coreia do Sul motivou os Estados Unidos, na
época da Guerra Fria, a investirem e contribuírem para a consolidação de uma economia capitalista
em meio a países socialistas como a Coreia do Norte e a China. O receio da popularidade do ideal
socialista entre a população sul-coreana contribuiu para que fosse feita uma profunda reforma agrária
no país, algo essencial para a modernização capitalista.

Cingapura: localização

Círculo Polar Ártico

OCEANO
ATLÂNTICO
Trópico de Câncer

OCEANO
OCEANO PACÍFICO
Equador PACÍFICO
OCEANO Cingapura é um país que fica ao sul da
ÍNDICO Península Malaia e é constituído por
Trópico de Capricórnio 63 ilhas. Seu desenvolvimento teve como
MALÁSIA
facilitadores o fato de ser um país insular,
N
CINGAPURA com relevo bastante adequado para o
estabelecimento de um porto, altamente
0 2 457
INDONÉSIA
urbanizado e próximo à Ásia Oriental, à
km Oceania e à Índia.

Inúmeros estudos, até mesmo patrocinados pela ONU, mostraram a importância da localização
relativa de uma nação para o seu desenvolvimento. É evidente, contudo, que não é apenas a loca-
lização que explica mudanças em um país. Toda mudança social e econômica resulta de múltiplos
fatores interligados, nunca de apenas um. Poderíamos, mesmo sem esgotar o assunto, lembrar vários
elementos que também contribuem para o desenvolvimento econômico e social de uma nação, por
exemplo: volumosos investimentos em educação e pesquisas científicas e tecnológicas; combate à
corrupção, que sempre desvia ou desperdiça preciosos recursos; governo eficiente, que tenha projetos
de desenvolvimento e que aplique seus recursos com eficiência; entre outros.
Enfim, a localização tem grande influência na dinâmica do país e varia com o tempo. Ela de-
pende do contexto, isto é, de cada momento histórico, da situação específica – econômica, política,
social, etc. – que vivem o país, sua população e suas relações com o resto do mundo.
GEOGRAFIA

O Oriente Médio, por exemplo, era uma região importante nos séculos XIV e XV, quando as
caravanas movidas a cavalos ou camelos, que iam da Ásia para a Europa, carregadas de especiarias,
seda, etc., tinham de passar por ela. Com a descoberta do caminho marítimo para as Índias, o Oriente
Médio foi perdendo sua importância e as riquezas que conseguia. A região – ou pelo menos boa
parte dela – conquistou novamente sua importância estratégica no século XX, quando o petróleo,
que existe em abundância no seu subsolo, se tornou a principal fonte de energia do mundo todo,
em especial dos países desenvolvidos.

O espaço geográfico e suas representações 59


PARA CONSTRUIR

2 (Uerj) O fenômeno natural descrito no texto não afeta os aparelhos


de GPS – em português, Sistema de Posicionamento Global.
Parece improvável, mas é verdade: o polo norte mag-
Isso se explica pelo fato de esses aparelhos funcionarem tec-
nético está se movendo mais depressa do que em qual-
nicamente com base na: a
quer outra época da história da humanidade, ameaçando
mudar de meios de transporte a rotas tradicionais de mi- a) recepção dos sinais de rádio emitidos por satélites.
gração de animais. O ritmo atual de distanciamento do b) gravação prévia de mapas topográficos na memória digital.
norte magnético da Ilha de Ellesmere, no Canadá, em c) programação do sistema com as tabelas da variação do
direção à Rússia, está fazendo as bússolas errarem em polo norte.
cerca de um grau a cada cinco anos. d) emissão de ondas captadas pela rede analógica de tele-
O Globo, 8 mar. 2011. Adaptado. fonia celular.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 4 e 5 Para aprimorar: 1 e 2

Veja, no Guia do Professor, as


respostas da “Tarefa para casa”.
TAREFA PARA CASA
As respostas encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

PARA
PARA PRATICAR
PRATICAR 5 (UFRJ) A percepção de que a localização de um ponto qual-
quer à superfície poderia ser indicada a partir de um siste-
ma de coordenadas geográficas representou grande avanço
1 Explique a diferença entre localização absoluta e localização para a humanidade. Desde então, o Sol e outras estrelas fo-
relativa e comente a respeito desses dois tipos de localização ram usados como pontos de referência para a determina-
do seu município. ção das coordenadas de um lugar. Atualmente, o aparelho
conhecido como Sistema de Posicionamento Global (GPS)
2 Ao longo dos anos, observa-se na região metropolitana de fornece de imediato as coordenadas que buscamos. O GPS
São Paulo um deslocamento de setores da atividade indus- também tem sido usado, cada vez com maior frequência,
trial para o interior do estado e para outros estados e cidades para diversas outras finalidades.
no Brasil. Pesquise e escreva os argumentos utilizados pelas a) Quais são os pontos de referência usados pelo GPS em
empresas para justificar esses deslocamentos. substituição ao Sol e às estrelas?
b) Apresente um exemplo de uso do GPS no mundo atual.
3 Num mesmo prédio e com apartamentos e suas partes (dor-
mitórios, banheiros, cozinha, etc.) exatamente do mesmo PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR
tamanho, algumas unidades são mais valorizadas do que
outras: aquelas de andares superiores e também as voltadas 1 A seguinte figura mostra a constelação de satélites do Sistema
para a face norte, por exemplo. Com base no conceito de de Posicionamento Global (GPS) que orbitam em volta da Terra.
localização relativa, explique por que há diferenças na valori- BORIS RABTSEVICH/SHUTTERSTOCK

zação de cada unidade do mesmo edifício.

4 O GPS, como vimos, é um instrumento importante para


definir localizações. Apesar de ser usado em diversas áreas
e situações, ele foi concebido pelo Departamento de De-
fesa dos Estados Unidos na década de 1960 e só foi consi-
derado operacional em 1995.
a) Qual é a diferença entre o GPS de uso civil e o de uso mili-
tar? Na sua opinião, por que existe essa diferença?
b) Você já ouviu falar em bombas inteligentes? Pesquise e
verifique a relação entre essas bombas e o GPS. Em segui-
da, responda: você considera essas bombas “civilizadas”? VENTURINI, Luis Antonio Bittar et al. Praticando Geografia:
técnicas de campo e laboratório. São Paulo:
Justifique sua resposta. Oficina de Textos, 2005. p. 25. Adaptado.

60 O espaço geográfico e suas representações


Agora responda: ço no rio Pinheiros. A rua toda, segundo ela, era uma hor-
a) Qual a finalidade do GPS? Como esses satélites em órbita ta que ela cuidava, até que as pessoas foram chegando do
transmitem os dados para os aparelhos receptores locali- norte, passando por dificuldades.
zados na superfície terrestre? Os moradores estão divididos sobre a mudança. A
b) Quais são as informações que os receptores de GPS cap- desempregada Leila Aparecida Suzano, de 29 anos, é
tam e que permitem a localização de um local ou de um favorável. “Saio de um barraco de madeira com dinhei-
objeto na superfície terrestre? Defina cada um desses ele- ro na mão para comprar uma casa num bairro longe,
mentos. mas no meu nome. Vou finalmente ter algo para deixar
c) Qual é a localização (latitude e longitude) do município para meus filhos”, diz ela, que irá para o Jardim Guaru-
onde você reside? Se não puder dispor dessa informação já (Zona Sul).
num aparelho de GPS, pesquise-a no site do IBGE. Já a empregada doméstica Marluce Gomes de Lima,
de 44 anos, que trabalha no Itaim, lamenta a remoção.
2 Leia o texto a seguir. “Comprei uma casa em Vargem Grande Paulista e agora,
Uma construtora está distribuindo cheques de 40 mil em vez de levar 20 minutos até meu trabalho, vou levar
reais para retirar cada uma das setenta famílias que moram duas horas e meia para ir e o mesmo tempo para voltar.
em um terreno que será parte do projeto de um shopping- Rico não gosta de pobre mesmo, eles querem nos ver lon-
-condomínio, orçado em 1,5 bilhão de reais, e que terá ge”, reclama.
apartamentos de até 18 milhões de reais. As casas ficam na Álvaro Puntoni, professor da Faculdade de Arquitetu-
favela do Jardim Panorama, na Zona Sul de São Paulo. ra e Urbanismo (FAU), da USP, critica o acordo. “Sei que
Na última quarta-feira, uma fila de caminhões de mu- o terreno é particular e que, se eu fosse favelado, adoraria
dança aportou na favela. Era preciso que a casa começasse ganhar os 40 mil reais, mas a lógica é um pouco perversa.
a ser demolida para o morador receber o cheque. A elite blinda o carro para resolver o problema da seguran-
O empreendimento, batizado de Parque Cidade Jar- ça. Nesse caso da construtora, poderia se pensar em uma
dim, terá shopping, spa e 13 torres, entre residenciais e solução com o poder público para abrigar a população no
comerciais. O morador poderá trabalhar, comprar e ir ao espaço onde ela já vive”.
médico sem ultrapassar os muros do local. Folha de S.Paulo, 17 jun. 2007. Caderno Cotidiano. Adaptado.
Maria Gomes, de 66 anos, conta que chegou lá nos Qual é a importância da localização do terreno para os mora-
anos 1960 e que seu marido pescava lambari para o almo- dores da favela e para a construtora?

ANOTAÇÕES

GEOGRAFIA

O espaço geográfico e suas representações 61


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Livros
CLAVAL, Paul. Terra dos homens: a Geografia. São Paulo: Contexto, 2012.
JOLY, Fernand. A Cartografia. Campinas: Papirus, 1990.
LACOSTE, Y. La enseñanza de la geografía. Salamanca: Ediciones Universidad de Salamanca, 1986.
_______. A Geografia: isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Campinas: Papirus, 1988.
O TESOURO dos mapas: a Cartografia na formação do Brasil. São Paulo: Instituto Cultural do Banco do Brasil
de Santos, 2002.
PASSINI, E. Y.; ALMEIDA, E. O espaço geográfico: ensino e representação. São Paulo: Contexto, 2009.
REIS, P.; GUIRAO, P. O enigma dos mapas. São Paulo: Hemus, 2006.
SEEMANN, Jörn (Org.). A aventura cartográfica: perspectivas, pesquisas e reflexões sobre a cartografia humana.
Fortaleza: Expressão, 2005/2006.

Sites
<http://education.nationalgeographic.com/education/mapping/interactive-map/?ar_a=1>
Site MapMaker da National Geographic que permite aos alunos que construam mapas pela internet. Acesso
em: 4 jul. 2014.
<www.gis.com>
Site em inglês sobre os SIG (Sistemas de Informações Geográficas), com informações gerais, suas implementa-
ções e aplicações em diversas áreas. Acesso em: 7 jul. 2014.
<www.ibge.gov.br/ibgeteen/atlasescolar/index.shtm>
Site do IBGE que traz um atlas eletrônico com explicações sobre mapas e projeções cartográficas, além de
inúmeros mapas temáticos. Acesso em: 3 jul. 2014.
<http://maps.google.com>
Página do Google que possibilita ao usuário traçar rotas e encontrar localidades específicas em diversas partes
do mundo. Acesso em: 22 jul. 2014.

ANOTAÇÕES

62 O espaço geográfico e suas representações


MAIS ENEM
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Matemática e suas Tecnologias

Leia o poema a seguir e responda às questões. Lembre-se de Paisagem, país


que um poema não é um texto técnico ou científico, mas uma ex- feito de pensamento da paisagem,
pressão artística e literária na qual, muitas vezes, a imaginação e a na criativa distância espacitempo,
beleza são mais importantes que a realidade. à margem de gravuras, documentos,
quando as coisas existem com violência
Esta paisagem? Não existe. Existe espaço mais do que existimos: nos povoam
vacante, a semear e nos olham, nos fixam. Contemplados,
de paisagem retrospectiva. submissos, delas somos pasto
A presença das serras, das imbaúbas, somos a paisagem da paisagem.
das fontes, que presença? ANDRADE, Carlos Drummond de. Paisagem: como se faz. In: _______.
Tudo é mais tarde. As impurezas do branco. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973.
Vinte anos depois, como nos dramas.
1 Com o trecho “A paisagem vai ser”, o autor quer dizer que: a
Por enquanto o ver não vê; o ver recolhe a) a paisagem não é algo que existe por si só; ela ganha sen-
fibrilhas de caminho, de horizonte, tido de acordo com a ação e a reflexão dos seres humanos
e nem percebe que as recolhe sobre ela.
para um dia tecer tapeçarias b) a paisagem vai ser algo melhor no futuro, porque os seres hu-
que são fotografias manos terão aprendido a preservá-la.
de impercebida terra visitada. c) a paisagem só existe quando nos cercamos de serras, hori-
zonte e riachos; é preciso fugir da cidade para valorizá-la.
A paisagem vai ser. Agora é um branco
d) a paisagem vai ser uma bela fotografia do passado daqui vin-
a tingir-se de verde, marrom, cinza,
te anos, quando nos lembrarmos das terras intocadas.
mas a cor não se prende a superfícies,
não modela. A pedra só é pedra 2 A que violência Drummond se refere na passagem “quando as
no amadurecer longínquo. coisas existem com violência mais do que existimos”? c
E a água deste riacho a) À violência da ação humana sobre a natureza, que é indife-
não molha o corpo nu: rente ao silêncio dos animais.
molha mais tarde. b) À violência da água que, de tanto molhar a pedra do riacho, a
A água é um projeto de viver. modela.
c) À violência das coisas materiais e institucionais que regem a
Abrir porteira. Range. Indiferente.
vida dos seres humanos.
Uma vaca-silêncio. Nem a olho.
d) À violência da paisagem sobre a sociedade, submissa à ação
Um dia este silêncio vaca, este ranger
da natureza.
baterão em mim, perfeitos,
existentes de frente, 3 Qual é o trecho que mais bem representa a relação entre nós
de costas, de perfil, (seres humanos) e a paisagem? c
tangibilíssimos. Alguém pergunta ao lado: a) “E não há nada”.
O que há com você? b) “A água é um projeto de viver”.
E não há nada c) “Somos a paisagem da paisagem”.
senão o som-porteira, a vaca silenciosa. d) “A paisagem vai ser”.

63
QUADRO DE IDEIAS
Direção editorial: Renata Mascarenhas
Coordenação editorial: Tatiany Renó
Edição: Camila De Pieri Fernandes (coord.), Tatiane
Godoy; Colaboração: Eliete Bevilacqua
Coordenação de produção: Fabiana Manna, Daniela
Espaço geográfico Carvalho
Gerência de produção editorial: Ricardo de Gan Braga
Revisão: Hélia de Jesus Gonsaga (ger.), Letícia Pieroni
(coord.), Danielle Modesto, Marília Lima, Marina Saraiva,
Escalas geográficas
Representação Desigualdades Tayra Alfonso, Vanessa Lucena
(micro < macro) Edição de Arte: Kleber de Messas
Iconografia: Sílvio Kligin (supervisão), Ellen Colombo
Finta; Colaboração: Fábio Matsuura, Fernanda Siwiec,
Fernando Vivaldini
Licenças e autorizações: Patrícia Eiras
Ilustrações: Paulo Manzi
Cartografia: Eric Fuzii
Projeto gráfico de miolo: Daniela Amaral, Talita Guedes
Colaboraram para esta Edição do Material:
Projeto Sistema SESI de Ensino
Gestão do Projeto: Thiago Brentano
Coordenação do Projeto: Cristiane Queiroz
Coordenação Editorial: Simone Savarego, Rosiane
Botelho e Valdete Reis
Revisão: Juliana Souza
Diagramação: lab 212
Capa: lab 212
Ilustração de capa: Macrovector/ Sentavio/ Golden
Escalas Cartografia Coordenadas Sikorka/ Shutterstock
(numérica e gráfica) (mapas) geográficas Consultores:
Coordenação: Dr. João Filocre
Geografia: Msc. Rita Elizabeth Durso Pereira da Silva
SESI DN
Superintendente: Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor de Operações: Marcos Tadeu de Siqueira
Histórico Polêmicas (ideológicas Gerente Executivo de Educação: Sergio Gotti
Gerente de Educação Básica: Renata Maria Braga
dos mapas e comerciais) dos Santos

Todos os direitos reservados por SOMOS Educação S.A.


Avenida das Nações Unidas, 7221
Pinheiros – São Paulo – SP
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© SOMOS Sistema de Ensino S.A.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Vesentini, José William


Sistema de ensino ser : ensino médio, cadernos de
1 a 12 : geografia : professor /José William Vesentini.
-- 3. ed. -- São Paulo : Ática, 2017.

1. Geografia (Ensino médio) I. Título.

Tipos de mapas (temáticos, Projeções Localização (absoluta 16-08164 CDD-910.712


físicos, populacionais) cartográficas e relativa) Índice para catálogo sistemático:
1. Geografia : Ensino médio 910.712
2016
ISBN 978 85 08 18226 8 (AL)
ISBN 978 85 08 18227 5 (PR)
3ª edição
1ª impressão

Impressão e acabamento

Uma publicação

64 O espaço geográfico e suas representações


GEOGRAFIA
GUIA DO PROFESSOR

JOSÉ WILLIAM VESENTINI


Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São
Paulo (USP).
Doutor em Ciências Humanas, área de Geografia Humana, pela
Universidade de São Paulo (USP).
Livre-docente em Geografia Política pela Faculdade de Filosofia, Le-
tras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP).
Professor e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), onde
leciona nos cursos de graduação e pós-graduação. Com doze anos
de experiência docente no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.

GEOGRAFIA

MÓDULO
O espaço geográfico e suas representações (18 aulas)

O espaço geográfico e suas representações


Estratégias
Solicite à turma que observe com muita atenção os detalhes da
MÓDULO imagem da página 4, que mostra a interferência humana no espa-
ço geográfico da serra do Mar, com a construção da rodovia dos
O espaço geográfico Imigrantes.
e suas representações Explique que a serra do Mar é um Parque Estadual criado com o
objetivo de proteger as áreas remanescentes da Mata Atlântica. Até
a chegada do colonizador, esse bioma ocupava praticamente todo o
litoral brasileiro, mas, por conta da ocupação territorial, essa vegeta-
Plano de aulas sugerido ção foi quase totalmente devastada.
Carga semanal de aulas: 2 Iniciativas como a criação do parque foram tomadas para proteger
os apenas 8,5% de área original desse bioma, que era de aproximada-
Número total de aulas do módulo: 18 mente 1,3 milhão de km2. Os dados são do Atlas do remanescentes
florestais da Mata atlântica, publicado desde o ano 2000 pela funda-
ção SOS Mata Atlântica.
Competências Habilidades A profunda inserção das sociedades humanas no território, desmatan-
cc Compreender
do as florestas, apropriando-se dos recursos naturais, construindo cida-
as principais cc Identificar no espaço
transformações no espaço geográfico objetos e ações des, pontes, rodovias, ou seja, transformando o lugar de viver, faz parte do
geográfico construídas pela resultantes da relação do ser processo de construção do espaço geográfico, foco principal desta aula.
dinâmica das sociedades humano com a natureza. Deixe claro que não apenas as transformações na natureza fazem
humanas ao longo da história. cc Analisar a maneira como as parte do processo de construção do espaço geográfico, mas também
cc Compreender as diferentes diversas sociedades humanas, as relações sociais, de pessoas com pessoas, assim como as relações
técnicas (das mais antigas por meio de diferenças de entre os povos e entre as nações.
às mais modernas) de desenvolvimento técnico, Para finalizar a aula, peça uma leitura atenta do boxe sobre as prin-
representação e localização produzem o seu espaço cipais escalas geográficas. É interessante que a turma traga exemplos
espacial. geográfico. de seu cotidiano que contemplem as classificações das escalas.
cc Avaliar a relação do ser Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as
humano e a apropriação dos atividades 1 e 2 do “Para construir” (página 8).
recursos do meio ambiente.
cc Localizar fenômenos em Tarefa para casa
diferentes representações Solicite à turma que faça em casa as atividades 2 e 4 do “Para pra-
cartográficas.
ticar” (página 14) e a atividade 1 do “Para aprimorar” (página 14).
cc Analisar tais fenômenos e
Se achar oportuno, no início da próxima aula, corrija as questões
correlacioná-los com o espaço
geográfico.
com toda a classe.

AULA 2 Páginas: 9 a 11
1. A
 CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO
GEOGRÁFICO O espaço geográfico: diferenças causadas
pelo grau de desenvolvimento técnico;
Objeto do conhecimento o espaço geográfico: diferenças causadas
Espaço geográfico e produção do espaço geográfico.
pelas desigualdades sociais
Objeto específico
Objetivos
Características do espaço geográfico, interferências naturais e
sociais na produção desigual do espaço. Analisar a produção do espaço geográfico segundo a diferença de
desenvolvimento técnico das sociedades que o produzem.
Analisar a produção do espaço geográfico segundo as diferenças
AULA 1 Páginas: 4 a 8 de desenvolvimento social.
Distinguir os conceitos de técnica e tecnologia.
O espaço geográfico: seus traços e suas
modificações constantes Estratégias
Chame a atenção dos alunos para as consequências que o avanço
Objetivos tecnológico trouxe para o desenvolvimento do espaço geográfico nas
Conceituar espaço geográfico. mais distintas sociedades ao longo da história.
Compreender o processo de produção do espaço. Proponha um debate com a turma questionando quais as princi-
Identificar e relacionar as formas visíveis (fixas) e as invisíveis (fluxos, pais diferenças na produção do espaço antes e depois da Revolução
ações, relações) do espaço geográfico. Industrial no século XVIII.

2 GUIA DO PROFESSOR
Foi com o advento da Revolução Industrial, inicialmente no Reino Tarefa para casa
Unido, depois na Europa, nos Estados e Unidos, no Japão e, hoje em Solicite à turma que faça em casa as atividades 1 e 3 do “Para praticar”
dia, na grande maioria das nações do mundo, que se deu a forma mais (página 14) e 2 e 3 do “Para aprimorar” (página 14).
precisa e eficaz de interferência humana no espaço geográfico. Com o Se achar oportuno, no início da próxima aula, corrija as questões
aperfeiçoamento das técnicas, ou seja, com o desenvolvimento tecno- com toda a classe.
lógico resultante da aplicação do conhecimento científico, o ser huma-
no tomou posse da natureza, transformando-a em uma segunda natu-
reza, ou “natureza humanizada”, como diz o texto do material do aluno. 2. REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO
GEOGRÁFICO: CARTOGRAFIA E MAPAS
Para maior aprofundamento no assunto, leia o Texto 1 da se-
ção de textos complementares deste Guia. Objeto do conhecimento
Cartografia e mapas.
Solicite à sala que analise a imagem da página 10. Proponha um Objeto específico
debate sobre os motivos que levam uma cidade rica como São Paulo Elementos de mapas, histórico da elaboração de mapas, técnicas
a apresentar situações tão contraditórias como a da foto. para produção de mapas.
Essa imagem ilustra bem a desigualdade social presente em quase
todo o território brasileiro, ainda que nas grandes metrópoles isso
seja bem mais visível; riqueza e pobreza, em muitas situações, estão AULA 4 Páginas: 15 a 20
lado a lado.
Para aquecer ainda mais o debate, proponha à turma alguns ques- O que são mapas?; elementos de um mapa
tionamentos:
Por que depois de tantos avanços no campo científico grande par- Objetivos
cela da população (brasileira e mundial) ainda não se beneficia de Definir o que é mapa.
seus frutos? Aprofundar o conhecimento dos elementos de um mapa.
Na opinião de vocês, quais seriam os motivos que fizeram com que as Apresentar os diferentes tipos de representação cartográfica.
sociedades modernas agravassem cada vez mais a desigualdade social?
Por que essa desigualdade social está tão presente nos países sub- Estratégias
desenvolvidos ou em desenvolvimento? Para iniciar um debate em sala de aula, proponha, por exemplo,
questionamentos sobre a importância de se fazer mapas; quais são
suas finalidades; o que os alunos sabem sobre os diferentes tipos de
AULA 3 Páginas: 11 a 13
mapas; quais são os mais conhecidos e utilizados; o que são os ele-
mentos e símbolos de um mapa e como eles ajudam na compreen-
O espaço geográfico: diferenças causadas são das informações apresentadas.
pelo tempo e pela ação da natureza Uma atividade importante para ser feita em sala de aula é o desen-
volvimento do chamado “mapa mental”. Questione se a turma sabe
Objetivos o que isso significa. Se achar necessário, solicite a cada aluno que
Analisar a produção do espaço geográfico segundo as interferên- desenhe no papel o trajeto de casa até a escola; peça que ele enri-
cias do tempo histórico e do tempo geológico (ações da natureza). queça o desenho com informações, indicando pontos de referências,
Analisar documentos fotográficos e compreender as mudanças movimento de automóveis, fluxo de pessoas, entre outros.
que ocorreram no espaço ao longo dos anos ou após um forte Aborde as diferentes escalas das representações cartográficas. Esse
evento na natureza. assunto é bastante importante e, normalmente, de difícil compreen-
são. Se possível, leve à sala alguns exemplos de mapas em diferentes
Estratégias escalas (1:1 000 000; 1:100 000; 1:50 000) e mostre as diferenças na re-
Proponha um debate questionando a classe sobre as grandes trans- presentação de detalhes.
formações no espaço geográfico após o acontecimento de intensos Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos a
fenômenos da natureza, ou mesmo de mudanças da paisagem após atividade 1 do “Para construir” (página 18).
longos períodos de tempo. Aproveite a oportunidade para falar da análise de símbolos e sig-
Se julgar oportuno, organize a turma e mostre imagens de lugares nos de um mapa. Pergunte à classe sobre a utilidade da legenda, da GEOGRAFIA
que passaram por intensas transformações após eventos de terremo- escala, da rosa dos ventos, das linhas, dentre outros elementos. Um
tos, tsunamis, vulcanismos, entre outros, ou imagens que mostram o excelente exercício seria apresentar um mapa sem símbolos. A partir
mesmo lugar em diferentes momentos históricos. disso, é possível propor um debate sobre o que pode ser considerado
Peça que a turma observe os arredores da escola e identifique um bom mapa, quais símbolos podem melhorar a leitura, representar
elementos que dizem respeito ao tempo natural (geológico) e ao melhor objetos, fenômenos, manifestações.
tempo histórico. Por fim, peça à turma que observe as duas representações da pá-
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as gina 17 e questione por que não se pode inserir detalhes de ruas,
atividades 3 e 4 do “Para construir” (página 13). avenidas, praças e rios no primeiro mapa.

O espaço geográfico e suas representações 3


AULA 6 Páginas: 21 a 26
Para maiores informações sobre as habilidades cartográficas
adequadas para desenvolver com os alunos ao longo da forma-
ção escolar, leia o Texto 2 da seção de textos complementares
Como se faz um mapa atualmente?;
deste Guia. quais são os principais tipos de mapas?
Objetivos
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as Apresentar as modernas técnicas de representação cartográfica
atividades 2 e 3 do “Para construir” (páginas 19 e 20). da atualidade, que dispõem de tecnologia no processamento de
dados e elaboração de mapas. São os chamados SIGs (Sistemas
Tarefa para casa
de Informações Geográficas) ou GIS (Geographic Information
Solicite à turma que faça em casa as atividades 1 e 2 do “Para pra- System).
ticar” (página 27) e as atividades 1 a 3 do “Para aprimorar” (páginas Analisar os diferentes tipos de mapas e representação cartográfica.
27 e 28). Compreender a utilização de cada um desses tipos.
Se achar oportuno, no início da próxima aula, corrija as questões
com toda a classe. Estratégias
Se possível, leve à sala alguns mapas e mostre à turma a diferença
entre eles. Caso a escola não possua muitos tipos de mapa, pesquise
AULA 5 Páginas: 20 e 21
diferentes representações cartográficas na internet e projete na sala
para que todos vejam. Aproveite a oportunidade e reforce, mais uma
Um breve histórico dos mapas vez, a questão da escala vista na aula 4. Destaque também o que cada
Objetivos mapa tem a intenção de mostrar.
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as
Analisar a elaboração das primeiras representações cartográficas
atividades 4 e 5 do “Para construir” (página 26).
feitas pelo ser humano.
Compreender a evolução dessas representações ao longo da his- Tarefa para casa
tória. Solicite à turma que faça em casa as atividades 3 a 6 do “Para pra-
Estratégias ticar” (página 27) e 4 do “Para aprimorar” (página 28).
Se achar oportuno, no início da próxima aula, corrija as questões
Solicite à turma que observe com atenção as imagens que mos- com toda a classe.
tram os primeiros mapas feitos pelo ser humano. São representações
cartográficas que hoje parecem bastante simples e mostram uma
parcela muito pequena do espaço mundial que conhecemos. 3. PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS
As técnicas usadas eram pouco desenvolvidas; são mapas feitos
em peças de argila, sem nenhum tipo de precisão, usadas para repre- Objeto do conhecimento
sentar, normalmente, pequenos espaços. Após o advento das Gran- Projeções cartográficas.
des Navegações do século XVI, com a expansão para terras antes
desconhecidas e com um maior desenvolvimento técnico, os mapas Objeto específico
ficaram mais precisos e passaram a representar praticamente toda a Necessidade de projeções cartográficas, técnicas e tipos de pro-
superfície terrestre. jeções, fatores de influência na escolha das projeções utilizadas.
As sociedades elaboravam mapas de acordo com suas necessida-
des. Muitos povos os elaboravam para orientar deslocamentos, por
serem viajantes; outros, como os romanos, desenvolveram a cartogra- AULA 7 Páginas: 29 a 31
fia para utilizar em serviços militares e administrativos.
O objetivo central desta aula é mostrar a relação entre descober- O que são projeções cartográficas;
tas e conquistas de novos territórios e o desenvolvimento das téc- fidelidade dos globos 3 praticidade dos
nicas de cartografia. Se achar oportuno, proponha aos alunos uma mapas; plantas e mapas: importância
pesquisa sobre os principais instrumentos de localização da época das projeções
(astrolábio, bússola, entre outros) e a importância de cada um deles
para a navegação e para deslocamentos em geral. Solicite que façam Objetivos
também uma comparação desses instrumentos com as navegações Definir projeção cartográfica.
intercontinentais da atualidade, descrevendo as principais diferenças Entender a dificuldade de representar no papel a forma esférica
entre os equipamentos utilizados. O objetivo da pesquisa deve estar (geoide) da Terra.
claro, assim como o que deve ser pesquisado, onde buscar informa- Compreender a importância das projeções nas representações car-
ções e o que é relevante, confiável. tográficas.

4 GUIA DO PROFESSOR
Estratégias AULA 9 Páginas: 35 e 36
Solicite à classe que observe as imagens do planeta Terra em duas
projeções diferentes. Leve um globo à sala de aula e peça aos alunos Projeções equivalentes e conformais
que comparem o globo (uma representação mais fiel da superfície
Objetivos
terrestre) com os mapas. Questione os motivos que levam à escolha
de uma ou outra projeção para representar determinado evento ou Conceituar as duas principais projeções – as equivalentes e as con-
fenômeno. formais.
Questione os alunos sobre a dificuldade de representar formas arre- Compreender as vantagens e desvantagens de cada uma delas.
Estudar dois exemplos dessas duas projeções: Mercator e Gall-
dondadas e tridimensionais (como a Terra) em superfícies planas (como
-Peters.
o papel). Mostre também os benefícios de representar a Terra na su-
perfície plana: por exemplo, visualizar toda a superfície em conjunto, ou Estratégias
medir as distâncias entre diferentes lugares do planeta, o que seria difícil
Seria interessante resgatar as noções que os alunos já possuem sobre
usando um globo. mapas e suas projeções para, a partir delas, problematizar a representação
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos a de toda a superfície terrestre.
atividade 1 do “Para construir” (página 31). A primeira projeção, a de Mercator (conformal), se preocupa com
as formas e distorce os tamanhos. A segunda projeção, de Gall-Peters
Para saber mais sobre os aspectos históricos da demarcação de (equivalente), preocupa-se com a proporção e não com as formas.
linhas referenciais do globo terrestre, leia o Texto 3 da seção Depois de apresentar as duas projeções, verifique se os alunos não
de textos complementares deste Guia. têm dúvidas sobre o assunto. Proponha um debate, questionando-
-os, por exemplo, sobre as principais diferenças entre as projeções e
o tamanho real das porções territoriais ali representadas.
Tarefa para casa Deixe claro para a turma que existem muitas outras projeções, mas
Solicite à classe que faça em casa as atividades 1 do “Para praticar” que essas são as mais usadas nas escolas, nos livros didáticos e nos atlas.
(página 40) e 2 do “Para aprimorar” (página 40).
Se achar oportuno, no início da próxima aula, corrija as questões AULA 10 Páginas: 37 a 39
com toda a classe.
Outras projeções; qual é a melhor projeção?
AULA 8 Páginas: 32 a 34
Objetivos
Principais técnicas de projeção Conhecer a projeção de Robinson e a projeção descontínua.
Analisar as vantagens e desvantagens dessas projeções.
Objetivos Compreender que nenhuma projeção é perfeita e que todas têm
Analisar as principais projeções usadas para representar o globo vantagens e desvantagens.
terrestre.
Estratégias
Entender a especificidade de cada uma delas, quais são suas vanta-
gens e desvantagens. Depois de apresentar os outros tipos de projeção, principalmen-
te a descontínua e a de Robinson, explique à turma que não existe
Estratégias projeção exata ou perfeita. A escolha da projeção se dá segundo
o objetivo do fenômeno ou evento que se quer representar ou da
Deixe claro para a turma que as projeções são usadas de acordo
facilidade que tal projeção proporciona. Por exemplo, por ser mais
com a necessidade daquilo que se quer representar. Por exemplo,
fiel às distâncias, sem ser muito fiel às formas e tamanhos das áreas, a
a projeção polar centrada no polo norte é muito importante para
projeção de Mercator é mais indicada para a navegação. Para estudar
representar o contexto geopolítico da Guerra Fria, no qual os Esta- a Guerra Fria, por exemplo, a projeção polar centrada no polo norte é
dos Unidos e a União Soviética disputavam a hegemonia global. Isso a mais adequada, pois mostra a proximidade entre os EUA e a URSS,
porque, por meio dela, é possível visualizar que os territórios estadu- como vimos na aula 7. Para representar algum fenômeno nos países
nidenses e soviéticos são relativamente próximos, conclusão a que (indústrias, cidades, meios de transporte) a projeção descontínua é
não se consegue chegar facilmente observando uma projeção plana. bem interessante, e assim por diante.
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as
GEOGRAFIA

atividades 2 a 4 do “Para construir” (página 34). atividades 5 e 6 do “Para construir” (página 39).
Tarefa para casa Tarefa para casa
Solicite à classe que faça em casa a atividade 1 do “Para aprimorar” Solicite à classe que faça em casa as atividades 2 a 5 do “Para prati-
(página 40). car” (página 40) e 3 a 5 do “Para aprimorar” (páginas 40 a 42).
Se achar oportuno, no início da próxima aula, corrija as questões Se achar oportuno, no início da próxima aula, corrija as questões
com toda a classe. com toda a classe.

O espaço geográfico e suas representações 5


gráficas, e os povos que vivem lá são muito bem adaptados a essa
4. INTERPRETAÇÃO DE MAPAS realidade extremamente inóspita ao convívio humano.
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos a
Objeto do conhecimento
atividade 1 do “Para construir” (página 47).
Interpretação de mapas.
Objeto específico Tarefa para casa
Estratégias de análise de mapas, polêmicas suscitadas por mapas, Finalize a aula solicitando à classe que faça em casa a atividade 1 do
utilização de mapas. “Para praticar” (página 53) e a atividade 2 do “Para aprimorar” (páginas
53 e 54).
Se achar oportuno, no início da próxima aula, corrija as questões
AULA 11 Páginas: 43 e 44 com toda a classe.
O que significa interpretar um mapa? AULA 13 Páginas: 48 e 49
Objetivos
Algumas polêmicas sobre mapas
Aprender a interpretar mapas.
Analisar as informações adicionais dos mapas (gráficos, legendas, Objetivos
textos) que auxiliam na sua interpretação. Entender a origem do eurocentrismo nos mapa-múndi.
Compreender que mapas temáticos tratam de fenômenos e/ou Compreender a importância da escolha da projeção para dar des-
temas específicos. taque àquilo que se quer mostrar.
Estratégias Compreender que podemos mostrar qualquer porção da terra
como centro da representação cartográfica; é uma questão de ob-
Solicite à classe que analise com bastante atenção os mapas repre-
jetivo e de escolha.
sentados no conteúdo desta aula.
Os alunos já têm conhecimentos suficientes para conseguir inter- Estratégias
pretar os mapas. Questione, por exemplo, quais são os elementos
O objetivo do mapa-múndi da página 48 é, além de provocar uma
apresentados no mapa que facilitam sua interpretação. Espera-se
inquietação na classe, questionar sobre as convenções adotadas na
que digam que são o título e a legenda (a correspondência das áreas
elaboração de mapas e sobre as imagens que construímos ao longo
marcadas no mapa e as cores na legenda facilitam a identificação do
da nossa formação escolar. Vale a pena dedicar um tempo na obser-
fenômeno mostrado no mapa).
vação do mapa e conversar com os alunos sobre o que entenderam
AULA 12 dele e o que ele tem de diferente em relação a outras representações
Páginas: 45 a 47
cartográficas a que estão acostumados.
O que significa interpretar um mapa? Aproveite a oportunidade para enfatizar a importância da referên-
cia dos pontos cardeais e da representação cartográfica na elaboração
Objetivos de mapas.
Analisar os mapas físicos (hipsométricos). Dando continuidade à aula, diga à turma que as projeções são
Entender a relação entre relevo e ocupação populacional. feitas de acordo com a necessidade e/ou interesse de mostrar deter-
minados aspectos.
Estratégias Mostre à turma os outros mapas do Caderno do Aluno e afirme que
Para iniciar um debate com a turma, questione os alunos sobre a re- qualquer ponto da superfície terrestre pode ser usado como ponto
lação entre altitude e concentração populacional. Nos dois mapas do central para ser representado no mapa. Reforce que a visão eurocên-
Japão apresentados no Caderno do Aluno, essa relação é bastante clara. trica (isto é, com a Europa no centro do mundo) que carregamos ao
Peça que observem o mapa físico do Japão e que, posteriormente, obser- longo da nossa formação escolar não tem mais sentido nos dias de
vem o segundo mapa. A que conclusão é possível chegar? Caso a turma hoje e que países como os Estados Unidos e a China, entre outros,
encontre dificuldades para formular preposições, mostre a relação direta utilizam em suas escolas mapas-múndi com seu país (e não a Europa)
(nesse caso) entre as áreas de tons verde e amarelo (menor altitude) no no centro. É importante, também, frisar que os europeus foram os
primeiro mapa com as áreas mais escuras (maior concentração popu- primeiros a elaborar mapas-múndi com todos os continentes e, logi-
lacional – acima de 1 milhão de habitantes) no mapa de população. camente, colocaram a Europa no centro.
É importante deixar claro para a turma que essa relação não é
sempre direta, ou seja, não é regra a relação relevo baixo 3 concen- AULA 14 Página: 50
tração populacional. É claro que o relevo facilita o deslocamento das
pessoas, a instalação de uma vila que pode se tornar uma cidade, o Algumas polêmicas sobre mapas
cultivo de alimentos, mas essa relação não é automática. Há muitos
casos de povos que vivem em áreas montanhosas, como os sherpas, Objetivos
que habitam as montanhas do Everest (Cordilheira do Himalaia). No Aprofundar polêmicas sobre mapas e projeções cartográficas.
entanto, não existem nessas regiões grandes concentrações demo- Compreender que se pode manipular informações utilizando mapas.

6 GUIA DO PROFESSOR
Estratégias Se achar oportuno, no início da próxima aula, corrija as questões
Esta aula retoma com maior aprofundamento o conteúdo estuda- com toda a classe.
do na aula 9. Peça à turma que abra o Caderno do Aluno na página
36 e observe mais uma vez a representação do planisfério na projeção 5. LOCALIZAÇÃO ABSOLUTA
de Gall-Peters. E LOCALIZAÇÃO RELATIVA
Questione os alunos sobre o que pensam a respeito do tema
apresentado nessa aula. Faz sentido afirmar que, para representar Objeto do conhecimento
os países do hemisfério sul, a projeção de Gall-Peters é a escolha Localização absoluta e relativa.
mais adequada por favorecê-los em relação aos países do hemis-
fério norte? Lembre que a maioria dos países localiza-se no he- Objeto específico
misfério norte, inclusive países subdesenvolvidos como a Índia, o Localização absoluta e relativa, sistemas de localização, influência
Paquistão, a Indonésia, o México e inúmeros outros. Há estudiosos da localização no desenvolvimento de países.
que afirmam não ser essa a projeção mais adequada, pois ela, ao
valorizar apenas os países no sul, deixa grandes áreas do hemisfé-
AULA 16 Páginas: 55 a 57
rio norte também consideradas pobres, subdesenvolvidas ou em
desenvolvimento fora da valorização dessa representação, assim Situação geográfica da cidade de São Paulo;
como favorecem países ricos do hemisfério sul, quando não era
outros exemplos de localização relativa
esse o objetivo principal.
Pergunte aos alunos se alguém já recebeu em casa ou nos semáfo- Objetivos
ros da cidade folhetos de propagandas de vendas de imóveis. Nesses Aprofundar o conceito de localização.
folhetos constam representações que não apresentam qualquer pa- Distinguir localização absoluta e localização relativa.
drão cartográfico ou precisão das informações.
O “mapa” mostra ruas, avenidas, proximidade de ótima infraestru- Estratégias
tura, mas essas indicações, na verdade, são muitas vezes falsas, são Esta aula é um aprofundamento do conteúdo estudado no capítu-
tentativas de ludibriar o possível cliente. Chame a atenção da turma lo 2 (aula 4). Naquele momento, os alunos aprenderam o que são as
para a importância da escala. Nesses “mapas” imprecisos, muitas ve- coordenadas geográficas (latitude e longitude). Agora, vamos apren-
zes o que parece estar próximo está muito longe. der que estudar as coordenadas geográficas de determinado ponto
do globo terrestre é analisá-lo segundo a sua localização absoluta.
AULA 15 Páginas: 51 e 52 O conceito absoluto quer dizer definitivo, imutável, ou seja, que não
varia no tempo.
Outras polêmicas sobre mapas Por outro lado, estudar as características de determinado local,
compreender por que ali se desenvolveu uma grande cidade ou um
Objetivos polo industrial, ou refletir sobre por que a natureza não sofreu grande
Aprender a analisar as representações cartográficas segundo o in- interferência humana são análises feitas segundo o conceito de loca-
teresse de seu executor. lização relativa. Para entender esse conceito, deve-se considerar a
Identificar os motivos e circunstâncias de usar ou não determinada infraestrutura, as condições econômicas que atraem as pessoas para
projeção ou nomenclatura. o lugar, as características físicas, as condições naturais, entre outros
fatores. Falamos de localização relativa porque as características atuais
Estratégias que proporcionaram tal situação podem ser transitórias, podem variar
Esta aula é muito importante, pois sistematiza tudo aquilo que com o tempo.
tem sido estudado desde o início do módulo. Trata-se de analisar Deixe claro para a turma que a cidade como realidade física (loca-
com atenção quem faz o mapa e qual é seu objetivo ao fazê-lo. As lização absoluta) continua no mesmo lugar, não muda; o que nor-
perguntas “quem” e “para quê” devem sempre ser feitas ao examinar malmente ocorre é seu crescimento e sua expansão, mas ela sempre
um mapa. O texto cita vários exemplos: as projeções que distorcem vai estar ali. O que muda e se transforma é a sua localização relativa,
os territórios para mostrar que aquele país é uma possível ameaça à isto é, as vantagens ou desvantagens em relação ao resto do país ou
integridade do outro, as nomenclaturas que evidenciam qual a posi- ao resto do mundo.
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos
GEOGRAFIA
ção do país em relação àquela porção territorial.
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as atividade 1 do “Para construir” (página 57).
atividades 2 e 3 do “Para construir” (página 52).
Tarefa para casa
Tarefa para casa Solicite à classe que faça em casa as atividades 1 a 3 do “Para pra-
Solicite à classe que faça em casa as atividades 2 a 4 do “Para ticar” (página 60).
praticar” (página 53) e as atividades 1 e 3 do “Para aprimorar” (pá- Se achar oportuno, no início da próxima aula, corrija as questões
ginas 53 e 54). com toda a classe.

O espaço geográfico e suas representações 7


AULA 17 Páginas: 57 e 58 Se achar oportuno, no início da próxima aula, corrija as questões
com toda a classe.
GPS, o mais moderno sistema de localização
Objetivos TEXTOS COMPLEMENTARES
Entender a dificuldade das técnicas de orientação e localização Texto 1
antigas. Do meio natural ao meio técnico-científico-informacional
Compreender a invenção e o funcionamento do GPS (Global Introdução
Positioning System ou Sistema de Posicionamento Global). A história das chamadas relações entre sociedade e natureza é,
Analisar os diversos usos do GPS (tanto no dia a dia das pessoas como em todos os lugares habitados, a da substituição de um meio
nas atividades empresariais – no caso desta aula, na agricultura). natural, dado a uma determinada sociedade, por um meio cada
vez mais artificializado, isto é, sucessivamente instrumentalizado
Estratégias por essa mesma sociedade. Em cada fração da superfície da terra,
o caminho que vai de uma situação a outra se dá de maneira
Proponha um debate questionando o que a classe sabe sobre GPS,
particular; e a parte do “natural” e do “artificial” também varia,
se já teve contato com ele, se já manuseou algum aparelho. Em caso
assim como mudam as modalidades do seu arranjo.
positivo, peça que contem alguma experiência em que foi necessária Podemos admitir que a história do meio geográfico pode ser
a utilização do GPS e de que modo ele se mostrou útil. Cabe lembrar grosseiramente dividida em três etapas: o meio natural, o meio
que hoje em dia existem inúmeros aparelhos, inclusive telefones ce- técnico, o meio técnico-científico-informacional.
lulares, que possuem GPS e programas que auxiliam na localização Alguns autores preferirão falar de meio pré-técnico em lugar
ou na descoberta do melhor caminho até algum lugar. de meio natural. Mas a própria ideia de meio geográfico é inse-
parável da noção de técnica. Para S. Moscovici, as condições do
Para saber mais sobre a história da evolução das técnicas de trabalho estão em relação direta com um modo particular de
constituição da natureza e a inexistência de artefatos mais com-
orientação e localização, leia o Texto 4 da seção de textos com-
plexos ou de máquinas não significa que uma sociedade não
plementares deste Guia. disponha de técnicas. Estamos, porém, reservando a apelação de
raleio técnico à fase posterior à invenção e ao uso das máquinas.
Quanto ao meio técnico-científico-informacional é o meio geográ-
AULA 18 Páginas: 59 e 60 fico do período atual, onde os objetos mais proeminentes são
elaborados a partir dos mandamentos da ciência e se servem de
Importância da localização para uma técnica informacional da qual lhes vem o alto coeficiente de
o desenvolvimento intencionalidade com que servem às diversas modalidades e às
diversas etapas da produção.
Objetivo
O meio natural
Compreender a importância da localização relativa no processo Quando tudo era meio natural, o homem escolhia da natureza
de desenvolvimento socioeconômico. aquelas partes ou aspectos considerados fundamentais ao exercí-
cio da vida, valorizando, diferentemente, segundo os lugares e as
Estratégias culturas, essas condições naturais que constituíam a base material
Mostre à classe os vários exemplos citados no texto da aula dos da existência do grupo.
locais que conseguiram se desenvolver em determinado momento Esse meio natural generalizado era utilizado pelo homem sem
histórico em função de estarem localizados numa área ou região que grandes transformações. As técnicas e o trabalho se casavam com
as dádivas da natureza, com a qual se relacionavam sem outra
oferecia alguma vantagem ou oportunidade aos povos.
mediação.
Após o estudo deste primeiro módulo, já conhecemos a funda- O que alguns consideram como período pré-técnico exclui
mental importância das técnicas de orientação e localização no uma definição restritiva. As transformações impostas às coisas
espaço geográfico, as dificuldades dos povos antigos em deslocar-se naturais já eram técnicas, entre as quais a domesticação de plan-
por causa do pouco conhecimento do território e das técnicas de tas e animais aparece como um momento marcante: o homem
orientação e localização, o aperfeiçoamento das técnicas de orien- mudando a Natureza, impondo-lhe leis. A isso também se chama
tação e localização juntamente com o aumento do conhecimento técnica.
de novos territórios, o advento de novas tecnologias que favorecem Nesse período, os sistemas técnicos não tinham existência au-
o desenvolvimento das sociedades, a importância da localização tônoma. Sua simbiose com a natureza resultante era total. As
relativa no processo de desenvolvimento socioeconômico dos lu- motivações de uso eram, sobretudo, locais, ainda que o papel do
gares, entre outras conclusões. intercâmbio nas determinações sociais pudessem ser crescentes.
Assim, a sociedade local era, ao mesmo tempo, criadora das téc-
Para finalizar a aula, proponha à turma que faça individualmente ou
nicas utilizadas, comandante dos tempos sociais e dos limites de
em grupos a atividade 2 do “Para construir” (página 60). sua utilização. A harmonia socioespacial assim estabelecida era,
desse modo, respeitosa da natureza herdada, no processo de cria-
Tarefa para casa
ção de uma nova natureza. Produzindo-a, a sociedade territorial
Solicite à classe que faça em casa as atividades 4 e 5 do “Para prati- produzia, também, uma série de comportamentos, cuja razão é
car” (página 60) e 1 e 2 do “Para aprimorar” (páginas 60 e 61). a preservação e a continuidade do meio de vida.

8 GUIA DO PROFESSOR
O meio técnico Texto 2
O período técnico vê a emergência do espaço mecanizado.
Quanto ao espaço, o componente material é crescentemente for- Aquisições simples Aquisições médias Aquisições complexas
mado do “natural” e do “artificial”. Mas o número e a qualidade
de artefatos varia. As áreas, os espaços, as regiões, os países pas-
Medir uma distância sobre
Conhecer os pontos Estimar uma altitude entre
sam a se distinguir em função da extensão e da densidade da uma carta com uma escala
cardeais. duas curvas hipsométricas.
substituição, neles, dos objetos naturais e dos objetos culturais, numérica.
por objetos técnicos. [...]
O componente internacional da divisão do trabalho tende
Saber se orientar com uma Estimar um ponto da curva
Saber utilizar uma bússola.
a aumentar exponencialmente. Assim, as motivações de uso carta. hipsométrica.
dos sistemas técnicos são crescentemente estranhas às lógicas
Encontrar um ponto
locais e mesmo nacionais, e a importância da troca na sobre-
vivência do grupo também cresce. Como o êxito, nesse pro- sobre uma carta com as Analisar a disposição das Correlacionar duas cartas
cesso de comércio, depende, em grande parte, da presença de coordenadas ou com o formas topográficas. simples.
sistemas técnicos eficazes, estes acabam por ser cada vez mais índice remissivo.
presentes. A razão do comércio, e não a razão da natureza, é Analisar uma carta
que preside à sua instalação. Em outras palavras, sua presen- temática representando
ça torna-se crescentemente indiferente às condições preexis- Encontrar as coordenadas Ler uma carta regional
um só fenômeno
tentes. A poluição e outras ofensas ambientais ainda não ti- de um ponto. simples.
(densidade populacional,
nham esse nome, mas já são largamente notadas – e
causticadas – no século XIX, nas grandes cidades inglesas e relevo, etc.).
continentais. E a própria chegada ao campo das estradas de Reconhecer e situar as Explicar a localização de um
ferro suscita protesto. Saber se conduzir com uma
formas de relevo e de fenômeno por correlação
carta simples.
O meio técnico-científico-informacional utilização do solo. entre duas cartas.
O terceiro período começa praticamente após a Segunda
Extrair de plantas e cartas Elaborar uma carta simples
Guerra Mundial, e sua afirmação, incluindo os países de tercei-
simples um só série de Saber diferenciar declives. a partir de uma carta
ro mundo, vai realmente dar-se nos anos 1970. É a fase que R.
Richta chamou de período técnico-científico e que se distingue fatos. complexa.
dos anteriores pelo fato da profunda interação da ciência e da
Saber reconhecer e situar
técnica, a tal ponto que certos autores preferem falar de tecno-
ciência para realçar a inseparabilidade atual dos dois conceitos
tipos de clima, massas de
Elaborar uma carta
e das duas práticas. Saber calcular altitude e ar, formações vegetais,
regional simples com
Essa união entre técnica e ciência vai dar-se sob a égide do distância. distribuição populacional,
símbolos precisos.
mercado. E o mercado, graças exatamente à ciência e à técnica, centros industriais e
torna-se um mercado global. A ideia de ciência, a ideia de tecno- urbanos e outros.
logia e a ideia de mercado global devem ser encaradas conjunta-
mente e desse modo podem oferecer uma nova interpretação à Saber elaborar um croqui
Saber se conduzir com um
questão ecológica, já que as mudanças que ocorrem na natureza regional simples (com
mapa rodoviário ou com
também se subordinam a essa lógica. legenda fornecida pelo
uma carta topográfica.
Neste período, os objetos técnicos tendem a ser ao mesmo professor).
tempo técnicos e informacionais, já que, graças à extrema inten-
cionalidade de sua produção e de sua localização, eles já surgem Saber levantar hipóteses
como informação; e, na verdade, a energia principal de seu fun- reais sobre a origem de
cionamento é também a informação. Já hoje, quando nos referi- uma paisagem.
mos às manifestações geográficas decorrentes dos novos progres-
sos, não é mais de meio técnico que se trata. Estamos diante da Analisar uma carta
produção de algo novo, a que estamos chamando de meio técnico- temática que apresente
-científico-informacional. vários fenômenos.
GEOGRAFIA
Da mesma forma como participam da criação de novos proces-
sos vitais e da produção de novas espécies (animais e vegetais), a Saber extrair de uma carta
ciência e a tecnologia, junto com a informação, estão na própria complexa os elementos
base da produção, da utilização e do funcionamento do espaço e fundamentais.
tendem a constituir o seu substrato.
SIMIELLI, Maria H. Cartografia no Ensino Fundamental e Médio.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo/razão In: CARLOS, Ana Fani A. (Org.). A geografia na sala de aula.
e emoção. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 1996. p. 186-195. Adaptado. São Paulo: Contexto, 2001.

O espaço geográfico e suas representações 9


Texto 3 A partir da definição do meridiano, o raciocínio deve condu-
Definição das linhas de referência zir à concepção dos polos: com efeito, todos os meridianos de-
Muitos tratados de cartografia referem-se, inicialmente, às vem concorrer em dois pontos da esfera e tais pontos foram
primeiras medições das dimensões da Terra. Esses trabalhos chamados de polos, designação que indica tratar-se de pontos
tiveram origem quando o filósofo e geógrafo grego Eratóstenes, terminais, pontos de chegada, mas não de saída. Quando outros
que viveu no século III, determinou o valor de um arco do círculos privilegiados venham a ser definidos, não devemos
meridiano entre Syenes e Alexandria, no Egito. O sistema utili- achar surpreendente que sejam “paralelos”, mas de paralelismo
zado baseou-se na observação de que um dia de cada ano, ao relacionado ao trópico. Quando teria o princípio da simetria
meio-dia, o Sol aparecia no fundo de um certo poço, localizado revelado a ideia da linha mediana, no caso o equador, não se
em Syenes, muito perto da atual represa de Assuan. O método sabe exatamente. Pode-se constatar, entretanto, que as cartas de
de cálculo empregado será exposto mais tarde, mas podemos já Ptolomeu (100 a.C.) consideram esta linha como um limite in-
assinalar três constatações. Em primeiro lugar, a forma esférica superável, sendo o sul da esfera ocupado totalmente por um
da Terra, embora discutida nessa época pelos “discários1”, era continente maciço, necessário para fazer contrapeso, mas des-
admitida pela maioria dos cientistas. Certamente, a forma da conhecido, e mesmo desconhecível.
sombra da Terra, nos eclipses do Sol ou da Lua, sugeria um Estas considerações bastam para mostrar que muitas caracterís-
contorno circular, mas a concepção esférica derivava mais das ticas da esfera terrestre podem ser deduzidas do movimento apa-
especulações filosóficas do que da astronomia: o ser mais per- rente do Sol; a precisão torna-se maior observando-se também as
feito, o homem, deve habitar o planeta mais perfeito do mundo estrelas, o que será o tema do capítulo sobre a astronomia de
e a forma deste deve ser a mais perfeita da natureza, isto é, a posição. Foi necessário aguardar o transcurso de toda a Idade
esfera. A dificuldade é que, sobre uma esfera, todos os pontos Média, até que fossem conseguidas definições exatas e modernas
têm a mesma importância, nenhum sendo privilegiado. Os fi- das linhas de referência da Terra. Mas, para serem mais exatas,
lósofos gregos entendiam que, sobre a mesma esfera, não havia essas definições não dispensam as dificuldades da abstração geo-
possibilidade de se determinar a posição de um ponto, sem métrica. Sabemos que o globo terrestre gira em redor de um eixo
referência ao meio ambiente. Esta “cercania” seria o conjunto que, em primeira aproximação, não varia em relação à esfera. Os
dos astros do céu e, sobretudo, o principal, o mais presente pontos de intersecção da esfera com o eixo são os polos, pontos
deles, o Sol. As primeiras linhas privilegiadas foram definidas esses que giram sem deslocamento, como o centro de uma roda
em relação ao Sol. Pareceu-lhes certo que o meridiano de um ou de um disco. Todos os planos que contêm esses dois polos
lugar fosse inicialmente definido como o indicado pela posição contêm o centro da esfera e, portanto, nela determinam os círcu-
do Sol no ponto mais alto de sua trajetória diária. los máximos.
A noção do meio-dia acompanha, sem dúvida, o ritmo da
vida dos primeiros homens; daí a observar que qualquer barra Meridianos
vertical (o tronco de uma árvore por exemplo) projeta sua som- É evidente que todos os planos que contêm o centro da esfera
bra naquele instante, sempre na mesma linha, havia apenas um determinam círculos máximos iguais; como nenhum círculo
passo que foi logo vencido; essa linha foi chamada de meridiano, pode ter diâmetro maior que o da esfera, estes círculos são círcu-
palavra derivada do latim “meridiem”: meio-dia. Por outro lado, los máximos. O arco do círculo máximo que vai do polo norte ao
o fenômeno do poço de Syenes vai trazer-nos a definição de polo sul chama-se meridiano. O meridiano é assim a metade de
outra linha notável, o trópico. Não há dúvida de que as noções um círculo máximo. Para concretizar ainda mais as coisas, pode-se
de meridiano e de verticalidade ocasional do Sol foram esten- tentar a experiência seguinte: tomando-se um globo terrestre com
didas a outros pontos convenientes do globo, daí resultando os polos marcados, fixa-se um cordel estendido em torno do
que o trópico tenha aparecido sob a figura de um círculo per- globo passando pelos polos; a trajetória do cordel será um meri-
pendicular a todos os meridianos. Com efeito, no momento diano. Se essa trajetória passar pela cidade de São Paulo, a linha
mesmo da observação, foi explicado que, no fundo do poço, será o meridiano de São Paulo. A semicircunferência do círculo
não havia outro Sol, escondido dentro da Terra, mas sim a ima- máximo, que lhe fica oposta, será o antimeridiano de São Paulo.
gem do Sol, refletida pelo “espelho” da água. Isso exige que o Tal definição, entretanto, é bastante esquemática, porque a cida-
Sol passe exatamente no zênite do lugar, em outras palavras, de de São Paulo é muito extensa, e uma linha, por definição, não
que a linha que une o centro da Terra, à boca do poço e ao tem espessura. Na realidade a cada ponto da Terra corresponde um
centro do Sol, seja uma linha reta. O Sol não pode subir mais, meridiano, e unicamente um meridiano. Os meridianos são distintos
aparecendo, durante vários dias muito perto desta posição me-
de um lugar a outro e, por exemplo, qualquer que seja a posição
ridiana insuperável, dando a impressão de haver parado “como
deste livro, o ponto inicial e o ponto final desta linha têm meri-
que ofegante”.
dianos diferentes. O fato de, em geral, as cartas representarem
Essa época chama-se solstício (“Sol stat”: o Sol para). A desco-
apenas meridianos igualmente distanciados uns dos outros não
berta do trópico aparece assim como sendo anterior à definição
deve induzir a pensar que a sucessão dos meridianos é descontí-
do equador: tal fato é bem natural, pois o primeiro depende de
nua. A quantidade dos meridianos é infinita; cada um acha-se
uma comprovação concreta.
afastado do seguinte por um intervalo infinitamente pequeno.
1
Aqueles que pretendiam que a Terra fosse uma chapa circular, ou seja, Veremos que, na prática, esta infinidade depende da precisão de
um disco. cálculo requerida.

10 GUIA DO PROFESSOR
Paralelos braço maior) está a cerca de 320 anos-luz de distância da Ter-
Depois de definir a linha reta dos polos, não há nenhuma ra. A terceira estrela mais brilhante (Gama Crucis, que fica na
dificuldade em considerar um plano perpendicular a esta linha parte superior do braço maior) está a 88 anos-luz. Embora
e igualmente distante de cada polo. Tal plano passará pelo cen- visualmente pareçam estar próximas, elas estão bem distantes
tro da esfera 0 e a seção será um círculo máximo igual a qual- entre si.
quer meridiano, cortando a Terra em duas partes iguais (em
latim: “equales”): a circunferência desse círculo chama-se equa- No mundo moderno...
dor. Geometricamente falando, podemos construir uma infini- A melhor tecnologia disponível hoje para determinar a posição
dade de planos paralelos ao plano do equador os quais passarão exata de um ponto é o GPS – sigla de Global Positioning System.
todos, mais ou menos, distanciados do centro da Terra, deter- Em português, Sistema de Posicionamento Global.
minando circunferências chamadas paralelos. Quando o plano O sistema utiliza satélite com relógios atômicos perfeitamente
se torna tangente à extremidade do eixo polar, o círculo reduz- sincronizados, com precisão de um nanossegundo (uma fração
-se a um ponto e confunde-se com o polo. O polo pode ser, de um bilhão de um segundo), o que permite a localização de um
assim, considerado como o limite do paralelo, pois o diâmetro objeto com margem de erro de apenas 15 metros.
deste vai se reduzindo, gradativamente a partir do equatorial,
O GPS é amplamente utilizado em embarcações e aviões.
até anular-se.
Com o barateamento dessa tecnologia, ficou acessível também
LIBAULT, André. Geocartografia.
São Paulo: Nacional/Edusp, 1975. p. 59-61. Adaptado. para os motoristas de automóveis. Com o equipamento, é mais
fácil navegar pelas ruas e estradas, pois ele permite traçar as
Texto 4 rotas mais rápidas ou mais curtas, o que é muito útil nas gran-
des cidades.
Das estrelas ao GPS
Atualmente, é muito mais fácil viajar do que era no passado. Além da comodidade, há por trás dessa tecnologia moderna
As viagens foram facilitadas tanto pelo desenvolvimento de novas um dos conceitos mais fantásticos desenvolvidos pela física: a
tecnologias como pelo aumento do próprio número de viagens, relatividade do tempo.
o que levou a seu barateamento e tornou-as mais acessíveis para Albert Einstein (1879-1955) mostrou, no começo do século XX,
grande parte da população. que o tempo não só depende do movimento do observador, mas
Antes do advento dos aviões a jato, as viagens aéreas para é também influenciado pela força gravitacional. Um corpo que está
grandes distâncias eram algo penoso, principalmente por mais próximo da superfície da Terra sofre a ação da gravidade mais
conta da pequena autonomia das aeronaves. Em qualquer intensamente do que um satélite que está a milhares de quilôme-
viagem, mesmo dentro do Brasil, era preciso fazer várias es- tros de distância do planeta.
calas para abastecê-las. Hoje, os aviões de passageiros são De acordo com a Teoria da Relatividade Geral, por conta da
capazes de viajar mais de 10 mil km sem necessidade de abas- força da gravidade, um corpo com massa gera uma curvatura na
tecimento. estrutura do espaço-tempo – pense como ficaria um lençol esti-
Uma das coisas mais importantes em qualquer viagem é co- cado se alguém jogasse no meio uma maçã. Como o espaço e o
nhecer bem a rota e saber se a está seguindo corretamente. Desde tempo estão interligados, essa curvatura altera o ritmo de passa-
a Antiguidade, o homem criou várias formas de se orientar e gem do tempo.
encontrar os caminhos certos em suas viagens, que, antes de É claro que esses efeitos são pouco perceptíveis no nosso coti-
serem simplesmente para as férias de verão, carregavam a missão diano, mas quando é preciso ter uma grande precisão, como é o
de descoberta e exploração. caso do GPS, eles se tornam fundamentais. Por exemplo, se os
relógios atômicos dos satélites utilizados no GPS não fossem ca-
Na direção das estrelas
librados de acordo com os resultados da relatividade geral, have-
Observar as estrelas foi uma das primeiras formas de orienta-
ria um erro acumulativo de cerca de 15 km por dia na marcação
ção usadas pelos viajantes. Ao olharmos para o céu, podemos
das posições.
ver que há uma distribuição regular das estrelas que formam
Ao viajar, seja de avião ou automóvel, contando com as facili-
padrões conhecidos como constelações. Elas inspiraram os po-
dades tecnológicas hoje disponíveis, nem lembramos o quanto já
vos da antiguidade a visualizarem representações de animais,
foi difícil fazer viagens e travessias. Mas fato é que o homem, para
deuses, heróis, guerreiros e figuras mitológicas. Contudo, por
encontrar o caminho correto – ou o mais rápido – já utilizou as
mais belas que sejam, elas são apenas figuras que imaginamos
GEOGRAFIA
mais diversas estratégias e aparatos, desde as mais simples, como
no céu.
a observação das estrelas, às mais sofisticadas, como o GPS.
As estrelas que constituem uma constelação não têm qualquer
E nem sequer podemos imaginar o que ainda poderá ser utili-
ligação física entre si. Elas são identificadas em função do seu
zado no futuro.
brilho, seguindo o alfabeto grego. A mais brilhante é chamada de
OLIVEIRA, Adilson de. Das estrelas ao GPS.
Alfa, a segunda de Beta, a terceira de Gama, etc. Departamento de Física. Universidade Federal de São Carlos.
Por exemplo, a estrela mais brilhante da constelação do Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/fisica-sem-misterio/das-
Cruzeiro do Sul (Alfa Crucis, que fica na parte inferior do estrelas-ao-gps/>. Acesso em: 5 jul. 2014. Adaptado.

O espaço geográfico e suas representações 11


RESPOSTAS DAS TAREFAS PARA CASA

3. A alta dos preços do aluguel força a população de mais baixa ren-


CAPÍTULO 1 – A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO da a procurar por moradia nos bairros periféricos. Assim, as pes-
GEOGRÁFICO soas são distribuídas pela cidade de acordo com sua classe social.
Como é o centro que comporta as maiores ofertas de transporte,
PARA PRATICAR – página 14 de educação, de lazer e de hospitais, desde que ele não tenha
1. O aluno deverá perceber que o ecúmeno se expandiu porque hoje se deteriorado (esquecido pelo poder público, com o aumento
a humanidade conhece todas as partes da superfície terrestre, e da criminalidade, da poluição, dos moradores de rua, etc.), esses
existem, ao contrário do passado (da época dos gregos da Anti- itens ficam disponíveis apenas para a população de mais alta
guidade, por exemplo), interligações e interações entre todas as renda. Também certos bairros, centrais ou periféricos, tidos como
regiões do globo. “nobres” (com maior preço da terra, maior policiamento, presença
2. O aluno deve notar que a escala cartográfica é essencialmente de lojas mais luxuosas, shopping centers, melhor oferta de telefo-
nia, de eletricidade, de asfalto e iluminação, etc.) são ocupados
quantitativa, enquanto a geográfica é mais qualitativa. Um exem-
basicamente pela população de maior renda, sendo que os bair-
plo de escala cartográfica é 1 : 100 000 (um por cem mil), e um
ros populares normalmente são carentes em infra-estrutura.
exemplo de escala geográfica é a local (uma comunidade que ha-
bita um lugar – município, cidade –, independentemente da sua CAPÍTULO 2 – REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO
dimensão).
GEOGRÁFICO: CARTOGRAFIA
3. Existem inúmeros exemplos, mas toda tecnologia é uma técnica,
embora o contrário não seja verdadeiro. O machado, o arado, o
E MAPAS
arco e a flecha são técnicas; o computador, o avião são exemplos
PARA PRATICAR – página 27
de tecnologia.
4. a) Resposta a critério do aluno. Existem inúmeros exemplos: o 1. Escala é a proporção ou relação numérica entre o mapa e a reali-
dade que ele representa.
trânsito, o asfaltamento de ruas e avenidas, o abastecimento
de água, as regras para o uso do solo na cidade e no municí- 2. a) A extensão aproximada do estado do Rio de Janeiro, do
pio, entre outros. sul para o norte, é de 390 kilometros. A distância em linha
b) Também depende da criatividade dos alunos. Mas podería- reta de Macaé até Volta Redonda é de aproximadamente
mos mencionar, sem esgotar os exemplos, o combate aos 220 kilometros.
gases do efeito estufa, a regulamentação internacional sobre b) O principal rio do estado é o Paraíba do Sul, que vem do estado
os mares e oceanos ou sobre os rios e os aquíferos transfron- de São Paulo, banha o estado de Minas Gerais e deságua no
teiriços, o combate ao terrorismo global e a regulamentação Oceano Atlântico perto da cidade de São João da Barra, no es-
do sistema financeiro internacional. tado do Rio de Janeiro.
c) Os principais símbolos utilizados foram um círculo amare-
PARA APRIMORAR – página 14 lo com uma bola preta no centro representando a capital
1. a) As transformações recentes no espaço geográfico a que o tex- do estado; outro semelhante, mas sem a cor amarela, re-
to do jornal se refere dizem respeito às modernas tecnologias presentando as cidades com mais de 100 mil habitantes;
de fiscalização, que implicam perda de privacidade, controle um pequeno círculo nas cidades de 25 mil a 100 mil habi-
social e mudanças no comportamento das pessoas, além de tantes; um círculo bem menor nas demais cidades (menos
mudanças na sua relação com a organização e produção do de 25 mil habitantes); linhas vermelhas representando as
espaço. rodovias pavimentadas; linhas azuis representando os rios;
b) O espaço geográfico, por meio de sua produção e organiza- cores diferentes (do verde até o vermelho) representando
ção, interfere no relacionamento das pessoas com o próprio as altitudes do relevo, etc.
espaço e entre elas ao aprimorar as técnicas de controle e de d) As menores altitudes são as áreas litorâneas, e as maiores es-
exercício de poder. À medida que a tecnologia se desenvolve, tão na Serra do Mar, que corta praticamente todo o estado
também são desenvolvidas as formas de controle dos indiví- do sul até o norte.
duos – as câmeras, por exemplo, estão por toda a parte, con- 3. Um mapa ou carta é a representação gráfica de uma área especí-
trolando e vigiando as pessoas. Todos podem ser observados fica ou de toda a superfície terrestre. Os principais tipos de ma-
e identificados o tempo todo. pas são as plantas, os mapas temáticos, os mapas políticos, os
2. Nos versos se fala de transformações ocorridas no âmbito do tem- físicos, os históricos e outros.
po histórico, uma vez que elas são perpetradas por seres humanos 4. Quanto aos mapas mentais, apesar do nome, a rigor eles não
e envolvem modificações na natureza. Essas transformações, dife- são de fato mapas, e sim esquemas de orientação ou de siste-
rentemente das que se dão no tempo geológico, acontecem em matização de informações. Pode-se lembrar aqui dos famosos
curto prazo: a canalização da represa, a destruição das matas e as “mapas do site” na internet, que de fato não são mapas (instru-
secas causadas pela ação humana podem levar poucos anos para mentos da cartografia), e sim esquemas de orientação ou de
ocorrer, enquanto mudanças naturais levam centenas, milhares organização para localizarmos cada parte ou seção daquele
ou até milhões de anos para se consolidar. endereço eletrônico.

12 GUIA DO PROFESSOR
5. O SIG (Sistema de Informações Geográficas) consiste em tecnolo- nho relativo de cada área mapeada. Porém, para preservar o
gias de processamento de informações geográficas, em geral sob tamanho das áreas, ela acaba distorcendo os formatos.
a forma de softwares. Os SIG têm inúmeras utilidades: podem ser c) Sim. Ambas são projeções cilíndricas, ou seja, procuram envol-
usados no planejamento urbano ou regional, no monitoramento ver a Terra num cilindro, como se existisse uma luz na Terra e
e aperfeiçoamento do trânsito, na localização de empresas, no essa iluminação se propagasse para o cilindro, que será desen-
combate à poluição do ar ou à criminalidade, etc. rolado e colocado sobre uma superfície plana (o papel).
6. A partir desses séculos, os mapas foram resultado das inúmeras via- 4. Resposta a critério do aluno, mas ele deve ter compreendido de
gens de circum-navegação que os exploradores europeus fizeram fato que algumas projeções são mais úteis ou se adequam melhor
para descobrir novas terras. Portanto, esses exploradores foram os a algum objetivo específico: por exemplo, a projeção de Gall-Peters
primeiros a ter uma ideia mais aproximada de como é a superfície é utilizada para evidenciar que as áreas tropicais (como o Brasil, a
terrestre. América do Sul e a África) são maiores que as situadas nas regiões
polares (como a Groenlândia); uma projeção polar centrada na re-
PARA APRIMORAR – páginas 27 e 28 gião ártica serve para evidenciar as disputas por terras ou os riscos
de uma guerra nuclear entre a Rússia e os Estados Unidos; e assim
1. b. por diante. O aluno também poderá compreender que algumas
2. c. projeções com um determinado país no centro (China, Estados
3. a) Fase 1 – escala 1 : 25 000 ou 1 : 50 000. Unidos) são adotadas nesses países para enfatizar que se está
Fase 2 – escala 1 : 5 000 ou 1 : 10 000. olhando para o mundo na perspectiva deles, assim como alguns
mapas que colocam o hemisfério sul “acima” do norte estão que-
b) Na fase 1, é necessário um mapa para enxergar a cidade intei- rendo valorizar simbolicamente os países do sul e assim por diante.
ra (média escala) para uma análise mais geral das condições
ambientais da área urbana do município. Na fase 2, é preciso 5. a) Na projeção de Mercator, as menores distorções ocorrem pró-
um mapa mais detalhado para identificar os locais que serão ximas ao equador, e as maiores distorções, nas áreas próximas
arborizados (grande escala). do polo.
4. A representação cartográfica que dispõe os países de acordo com b) Ao desenvolvimento das navegações, quando das descober-
o que foi convencionado como hemisfério norte e sul serve ao tas de novas áreas, ao surgimento de colônias e à crescente
propósito político de atribuir aos países centrais uma suposta circulação de mercadorias que demandavam mapas melhores
superioridade frente aos países em desenvolvimento. A perso- e mais precisos e exigiram novas técnicas de orientação, mais
nagem Liberdade sugere, na tira, que estar “embaixo” no mapa- precisas, por isso os mapas e cartas teriam de ser mais corretos
-múndi convencional possui um sentido metafórico, uma vez que e detalhados.
não há referencial que justifique a determinação dos hemisférios c) Trata-se da rota C. A projeção de Mercator é cilíndrica, e o glo-
como norte e sul em uma superfície esférica. bo projetado no cilindro tende a distorcer as áreas polares e a
esconder o fato de que a Terra foi aberta em “gomos” esticados
CAPÍTULO 3 – PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS no sentido leste-oeste. Na rota C, num globo verdadeiro, com
o “gomo” diminuído (“encolhido”), a distância é a menor.
PARA PRATICAR – página 40
PARA APRIMORAR – páginas 40 a 42
1. Projeções cartográficas são técnicas destinadas a representar um
objeto esférico (a superfície terrestre) numa folha plana. Nenhuma 1. a) É uma projeção plana ou polar, centrada no polo norte.
projeção é exata ou perfeita, pois é impossível representar com b) Resposta a critério do aluno. Seria importante que a resposta
perfeição um objeto esférico numa superfície plana. Logo, todas tivesse como base uma pesquisa (na internet, por exemplo,
as projeções têm algum tipo de distorção. principalmente no site da própria ONU: www.onu.org.br), ou
2. Um dos mapas tem a projeção de Gall-Peters, e o outro, uma pro- então uma especulação criativa, baseada em argumentos ló-
jeção azimutal ou polar centrada no polo norte. A projeção de gicos e aceitáveis.
Gall-Peters procura antes de tudo ser fiel ao tamanho relativo de 2. a) 10 horas.
cada porção das terras emersas, embora distorça seus formatos, b) Três fusos horários.
enquanto a projeção azimutal procura mostrar com mais detalhes c) À uma hora da manhã.
as regiões situadas nas proximidades do centro do mapa (neste 3. a.
caso, o polo norte), distorcendo as regiões mais distantes desse
polo. 4. a.
3. a) A projeção de Mercator é conformal, e a de Gall-Peters é equiva- 5. b.
lente.
CAPÍTULO 4 – INTERPRETAÇÃO DE MAPAS
GEOGRAFIA
b) A projeção de Mercator é conformal, uma vez que se preocupa
basicamente com as formas e nem tanto com o tamanho rela- PARA PRATICAR – página 53
tivo de cada área. Essa projeção reproduz mais ou menos cor-
retamente o tamanho e o formato das áreas situadas na zona 1. Resposta e exemplos a critério do aluno.
intertropical, mas exagera na projeção das áreas temperadas 2. Peters argumentou que as projeções usuais, especialmente a mais
e polares. A projeção de Gall-Peters é do tipo equivalente, ou comum de todas, a de Mercator, eram eurocêntricas e desvalori-
seja, tem preocupação maior com a proporção, com o tama- zavam o hemisfério sul, além de exagerarem o tamanho da Eu-

O espaço geográfico e suas representações 13


ropa e o da Groenlândia em relação ao da América do Sul ou ao relativa, que é mais complicada e reflete as relações desse municí-
da África. Esse argumento, que no fundo se destinava a valorizar pio com os vizinhos, com o estado e com o país como um todo.
os países subdesenvolvidos, não é mais considerado importante 2. Resposta a critério do aluno. O professor pode apenas averiguar se
porque boa parte dos países pobres se situa no hemisfério norte o aluno pesquisou e/ou se lançou mão de argumentos que são
e, na verdade, é nesse hemisfério que existe a maior quantidade reproduzidos pelas empresas.
de terras emersas e, portanto, de países ou nações.
3. Os apartamentos dos andares mais baixos (primeiro e segundo,
3. Resposta a critério do aluno. É importante lembrar a classe de que por exemplo) são mais expostos à rua e têm uma vista em geral
todo mapa filtra ou seleciona as informações que vai retratar e menos atrativa que os dos andares mais altos. E os apartamentos
alguns podem até ser tendenciosos. com face norte, aqui no hemisfério sul, recebem mais sol durante
4. a) O mapa destaca a localização das principais vias de acesso e o dia, sendo, portanto, mais valorizados que os menos expostos à
também pontos de interesse, como parques, shopping centers luz solar. Tudo isso (o andar, a face) também faz parte da localiza-
e escolas. ção relativa de um apartamento.
b) Atrair o comprador para a localização do imóvel. 4. a) Por questões de segurança, os GPS de uso civil têm precisão
c) Resposta a critério do aluno. O professor deve avaliar se o menor que os de uso militar. Complemento da resposta a cri-
aluno compreendeu de fato a intenção do mapa, que, na ver- tério do aluno.
dade, é apenas propagandístico e não procura mapear com b) Resposta a critério do aluno. Cabe apenas lembrar que o uso
precisão a área em evidência. do adjetivo inteligente para se referir a armamentos, comum
nos meios militares e na mídia, decorre do fato de eles serem
PARA APRIMORAR – páginas 53 e 54
direcionados por chips de computador e softwares que, em
1. Resposta a critério do aluno. Seria interessante propor uma discus- geral, dispõem das coordenadas e do rumo direcionados pe-
são sobre a conveniência de os alunos – e o público em geral – los GPS, atingindo os alvos com precisão. São modernos sem
terem acesso a mapas centrados no seu próprio território, o que dúvida, mas não se pode dizer que sejam “civilizados”.
dá uma visão diferente (e mais adequada para a compreensão da 5. a) O GPS determina as coordenadas geográficas de um local
localização relativa do país) daquela fornecida pelos mapas mais por meio de uma rede de satélites de órbita polar, que subs-
usuais, centrados na Europa. titui (a rede) o Sol e as estrelas na determinação de coorde-
2. b. nadas geográficas.
3. a) Sim, o mapa consiste em recurso visual que confirma o con- b) O aparelho pode indicar com precisão a localização de pon-
teúdo do texto e o complementa. tos fixos no espaço, além de objetos em movimento, o que
permite acompanhar rotas, direções e velocidades. Esses usos
b) O mapa mostra onde se concentram as áreas com maior nú-
servem tanto para a paz quanto para a guerra.
mero de homicídios no país.
c) Resposta a critério dos alunos. Mas, sem dúvida, a violência PARA APRIMORAR – páginas 60 e 61
também tem uma origem social: desigualdades sociais ex-
1. a) A finalidade do Sistema de Posicionamento Global (GPS) é per-
tremas, pobreza, desemprego. E também é verdade que, nas
mitir a localização de um local ou um objeto (navio, avião, veí-
áreas onde a presença do Estado é menor (algumas áreas de
culo, etc.) na superfície terrestre. Ele tem como base uma rede
fronteiras e algumas favelas e bairros pobres onde não há po-
de satélites dispostos de maneira a favorecer a triangulação
liciamento nem investimentos em iluminação e outras infraes-
(cálculo de posição na superfície) que envia informações por
truturas), também há mais violência.
sistema de rádio transmissor.
b) São a latitude, a longitude e a altitude desse local ou objeto.
CAPÍTULO 5 – LOCALIZAÇÃO ABSOLUTA
Latitude é a distância, medida em graus (de 0 até 90), de um
E LOCALIZAÇÃO RELATIVA ponto ao equador, tanto ao norte quanto ao sul dessa linha
imaginária. Longitude é a distância em graus (de 0 até 180) de
PARA PRATICAR – página 60 um ponto ao meridiano de Greenwich, tanto a leste quanto a
1. Localização absoluta é a latitude e longitude (e altitude) de um lo- oeste desse meridiano inicial. E altitude é a altura de um local
cal, enquanto a localização relativa depende do contexto, das rela- em relação ao nível médio do mar.
ções – reais ou potenciais – desse local com o espaço mais amplo. c) Resposta a critério dos alunos.
A segunda parte da resposta vai depender da localização do mu- 2. Para os moradores da favela, o terreno está localizado em um
nicípio do aluno. O professor deve apenas verificar se o aluno já bairro próximo do local de trabalho; para a construtora, o ter-
sabe ou deduziu (pelo mapa) a longitude e a latitude aproximadas reno representa lucros, pois nele será erguido um grande em-
do seu município e se determinou a sua situação ou localização preendimento.

14 GUIA DO PROFESSOR
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GEOGRAFIA

O espaço geográfico e suas representações 15


ANOTAÇÕES

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PROFESSOR

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