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1 Representação Do Espaço Geográfico
1 Representação Do Espaço Geográfico
1
ENSINO
MÉDIO
GEOGRAFIA
José William Vesentini
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CAPÍTULO
1 A construção do espaço
geográfico
Objetivos: Espaço geográfico é todo local onde a humanidade reside e produz modificações, ou seja, a
superfície da Terra. Isso quer dizer que o espaço geográfico não é o espaço astronômico ou sideral.
c Compreender o
conceito de espaço
geográfico. O ESPAÇO GEOGRÁFICO: SEUS TRAÇOS E SUAS
c Identificar os fatores
MODIFICAÇÕES CONSTANTES
que interferem no
DELFIM MARTINS/TYBA
espaço geográfico.
c Definir as principais
escalas geográficas.
O espaço geográfico consiste, em primeiro lugar, numa interação entre as sociedades humanas
e seu meio ambiente. Esse meio ambiente é formado por áreas nas quais predominam a natureza
original e por áreas – que se expandem a cada dia – em que existe um meio alterado pela ação hu-
mana, por suas obras ou construções.
GLOSSÁRIO
de água e minerais diversos) ou o material empregado na construção de um edifício (madeira, ferro, Matéria-prima:
cimento, cal, etc.). Esses materiais, porém, já não são elementos da natureza em sua forma pura: eles substância bruta extraída da natu-
passaram por um processo de transformação. A madeira veio das árvores e foi muito trabalhada reza, que é transformada pela ação
antes de ser utilizada como porta ou assoalho. O ferro dos pregos e das vigas foi extraído do subsolo do ser humano e depois utilizada
e precisou também ser modificado. Em outras palavras, o trabalho ou a atividade dos seres humanos na fabricação de produtos. Como
exemplos temos o couro, que, retira-
transforma as matérias-primas em material empregado nas diversas atividades humanas. do de animais, se presta à fabricação
Ao ocuparem o espaço geográfico, os seres humanos produzem modificações expressivas na de calçados, bolsas e malas, e certas
natureza original: desmatamentos, represamento de rios, construção de estradas e túneis, aplai- rochas, empregadas na produção da
namento de certas áreas acidentadas, entre outras. O mapa- cal e do cimento.
-múndi da charge ao lado, feito com vegetação,
sugere que os agrupamentos humanos, diver-
sos entre si, também produzem divisões no
espaço, que se refletem em fronteiras e
territórios nacionais.
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onde moramos (nossa
tros – geralmente ocorrem ou são mais bem casa e vizinhança,
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compreendidos na escala local; todavia, um município).
acontecimento ou mudança local pode
repercutir sobre as demais escalas, como a
criação, em determinada área, de um polo
tecnológico inovador.
Planos para desenvolver certas regiões são
ações pensadas em escala mais ampla que a local,
geralmente envolvendo decisões de cunho nacio-
nal para corrigir desequilíbrios regionais, mas exercem
forte impacto nos locais ou municípios que serão bene-
ficiados com verbas, com a instalação de indústrias ou de
rodovias, etc.
Uma ocorrência na escala global – por exemplo, o aquecimento global
da atmosfera ou uma guerra que envolva países de vários continentes –, em
geral, influencia as demais escalas, podendo chegar até mesmo a provocar transformações em
alguns locais.
Assim, uma ação ou um fenômeno em determinada escala quase sempre repercute nas
demais.
Não devemos confundir escala geográfica ou espacial com escala cartográfica: elas
são distintas, apesar de terem algo em comum. A escala cartográfica refere-se à proporção
matemática entre um mapa e a área que ele representa; é uma medida ou relação quantitati-
va. A escala geográfica vai além: ela é uma propriedade do espaço, uma dimensão deste, não
apenas quantitativa – relativa a distâncias ou área –, mas principalmente qualitativa – ou seja,
diz respeito também às relações e interações entre os elementos físicos e humanos daquele
espaço e, de forma especial, aos laços ou traços de união entre os moradores e entre estes e
o resto do mundo.
Desde o Ensino Fundamental I estuda-se a escala cartográfica. Um exemplo de escala é:
1 : 100 000, que significa um por cem mil, ou seja, um centimetro no mapa equivale a 100 mil GEOGRAFIA
centimetros ou 1 kilometro no espaço que foi mapeado. É lógico que a escala cartográfica
serve de base para a geográfica, mas elas não são exatamente a mesma coisa. Não é possível
determinar com exatidão absoluta o que significa um local ou a escala local – isto é, exata-
mente quantos km2 ela deveria ter –, pois isso varia muito de acordo com cada município,
comunidade ou agrupamento humano. O mesmo vale para os territórios nacionais ou as
regiões dentro de um país.
1 A imagem a seguir é de uma das grandes manifestações que a população tunisiana realizou em janeiro de 2011. Em quatro se-
manas, a mobilização levou à queda do presidente Ben Ali, que estava no poder há 24 anos. Os protestos na Tunísia podem ser
classificados em quais escalas geográficas? Justifique.
2 De que forma o trabalho humano transforma a natureza? O que utilizamos no nosso cotidiano que é fruto dessa transformação?
O trabalho humano transforma os elementos puros da natureza (matérias-primas) em outros materiais. São vários os exemplos que podem
ser citados sobre transformação da natureza pelo trabalho humano. Entre eles, pode-se falar do processo de obtenção de plástico por meio do
petróleo, da produção de papel a partir da madeira, da fabricação de vidro, da produção de aço, etc., dos quais derivam materiais que utilizamos
no nosso cotidiano.
GEOGRAFIA
3 4
FOTOGRAFIAS: JIJI PRESS/AFP PHOTO/GLOW IMAGES
3 O espaço geográfico reflete a relação entre a humanidade e praticamente destruiu a capital Porto Príncipe no dia
a natureza na superfície do nosso planeta. Os seres humanos 12 de janeiro de 2010, de magnitude 7,0, foi a pior das
produzem modificações nessa natureza que podem resultar tragédias de sua história. Estimativas apontam entre 150 e
em aspectos positivos e negativos no ambiente. Mencione 200 mil mortos. Setenta e cinco mil já foram enterrados
exemplos dos dois tipos de aspectos. em valas comuns, segundo o governo haitiano. [...] Três
milhões de pessoas, quase um terço da população, foram
Resposta a critério do aluno. Existem muitos exemplos de modi-
afetadas pelo terremoto.
ficações positivas e negativas. Avalie se o aluno entendeu bem a Disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/
atualidades/tragedia-no-haiti-terremoto-arrasa-pais-mais-pobre-
questão e se mencionou exemplos pertinentes.
das-americas.htm>. Acesso em: 4 ago. 2014. Adaptado.
ANOTAÇÕES
Objetivos: Você já deve ter visto e analisado muitos mapas. De fundamental importância no estudo da
Geografia, os mapas estão muito presentes na vida escolar. Ainda assim, nem sempre paramos para
c Compreender a função
questionar sua origem ou explorar as várias demandas a que eles podem atender.
e os elementos de um
mapa.
FONTE: Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento (Pnud). Atlas do desenvolvimento humano no Brasil 2013.
Francesa (FR)
histórico da elaboração SURINAME OCEANO
COLÔMBIA
de mapas. ATLÂNTICO
Equador
c Identificar os tipos
mais relevantes de
mapas.
BOLÍVIA
OCEANO
PACÍFICO
CHILE
PARAGUAI
Título e símbolos
O título é o nome do mapa e geralmente informa aquilo que ele retrata. Podemos encontrar
mapas, por exemplo, com os títulos “Climas do Brasil” ou “Densidades demográficas no mundo”.
Os símbolos são as “convenções cartográficas”, isto é, desenhos especiais, como uma bola
preta, uma bola menor, um triângulo verde ou um pequeno avião, que representam determinados
fenômenos que foram mapeados, como uma cidade grande, uma cidade média, um parque ou um
aeroporto.
Geralmente o significado de cada símbolo ou convenção cartográfica utilizado no mapa se
encontra ao lado (ou abaixo) dele, na legenda, que é a explicação do significado dos símbolos
do mapa.
Escala
Escala é a proporção ou relação numérica entre o mapa e a realidade que ele representa.
É evidente que o mapa é sempre uma representação que diminui bastante o tamanho da área ma-
peada, fato que nos permite visualizá-la melhor, isto é, ter uma ideia de conjunto e perceber melhor
as relações entre os inúmeros lugares.
Existem a escala numérica e a gráfica; boa parte dos mapas apresenta as duas.
Escala numérica (ou fracionária) é aquela que mostra a relação entre dois números: o nu-
merador (sempre o número 1) e o denominador (que varia bastante, podendo ser 500, 300 000,
15 000 000, etc.).
Vejamos, por exemplo, a escala 1 : 1 000 000 (lê-se: um por um milhão). O que signifi-
ca essa escala? Significa que a área representada no mapa é 1 milhão de vezes maior do que
ele, ou seja, cada unidade de medida (milimetro, centimetro, decimetro, etc.) no mapa cor-
responde a 1 milhão dessa mesma unidade no terreno mapeado, no mundo real. Por exem-
plo, 1 centimetro no mapa significa 1 milhão de centimetros na realidade. Qual seria a distância
real, em linha reta, de duas cidades que estivessem nesse mapa a 12,5 cm de distância? Seria de
12 500 000 cm (12,5 × 1 000 000) ou 125 km, pois 1 km é igual a 100 mil centimetros.
A escala gráfica tem o mesmo significado da numérica, mas é representada de outra maneira:
por meio de um desenho ou um gráfico que mostra mais diretamente as distâncias no mapa. Ex-
pressa na forma gráfica, a escala de 1 : 1 000 000 ficaria assim:
1 cm – 10 km
0 10 20 30 km
Tamanho da escala
O numerador da escala, o número 1, é invariável. O denominador, que vem depois do sinal e à
direita do numerador, varia bastante, dependendo do tamanho da escala. Dizemos que uma escala é
grande quando o seu denominador é um número considerado pequeno na cartografia (por exemplo,
1 : 2 000) e que uma escala é pequena quando o seu denominador é um número considerado grande
(por exemplo, 1 : 10 000 000).
Por que o tamanho da escala é inversamente proporcional ao tamanho do denominador?
Porque, quanto maior for o denominador, menores serão os detalhes da área mapeada. E, quanto
menor for o denominador, maiores serão os detalhes da área mapeada.
Mapa-múndi
90º
30º
Trópico de Câncer
Meridiano de Greenwich
OCEANO
ÍNDICO
Trópico de Capricórnio
-30º
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-60º
Círculo Polar Antártico
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180º –150º –120º –90º –60º –30º 0º 30º 60º 90º 120º 150º 180º km
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FONTE: O guia Mapograf: São Paulo e municípios, 2004. São Paulo: Mapograf, 2004.
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PARA CONSTRUIR
Indicador de direção
O indicador de direção, que existe em quase todos os mapas, aponta para o norte. Dessa forma,
ele permite que se encontrem os demais pontos cardeais (sul, oeste e leste) e os outros pontos de
orientação (nordeste, noroeste, sudeste, sudoeste, etc.).
É muito comum esse indicador de direção apontar para o alto do papel no qual se encontra o
mapa. Mas não é necessário que o norte esteja nessa parte do mapa; ele pode estar na parte de baixo,
à esquerda ou em outro lugar. Por sinal, é um equívoco muito frequente imaginar que o norte deve
sempre estar na parte “de cima” do mapa. Isso não tem o menor fundamento, pois o mapa é a repre-
sentação de uma área como se ela estivesse sendo vista de cima para baixo, a partir de um avião, por
exemplo. Isso significa que podemos virar o mapa para a direita, de cabeça para baixo, como quisermos,
sem o menor problema. Assim como um avião pode voar em qualquer direção, também podemos
virar o mapa sobre uma mesa para examiná-lo melhor, para encontrarmos um caminho ou um objeto.
Desse modo, a melhor posição para examinar um mapa é na horizontal, sobre uma mesa. Mui-
tas vezes, entretanto, os mapas estão dependurados ou colados nas paredes, na posição vertical, e
isso leva algumas pessoas a acharem que o “correto” seria colocar o norte em cima e o sul embaixo.
Devemos lembrar que a superfície terrestre é esférica: é a parte superficial do nosso planeta (como
se fosse a película mais fina e superficial da casca de uma laranja) e, portanto, não existe nela uma
parte central nem uma superior, tampouco uma inferior.
Linhas
As linhas que, em geral, os mapas apresentam são os paralelos e os meridianos, linhas ima-
ginárias que permitem localizar com precisão qualquer ponto na superfície terrestre a partir da sua
latitude e da sua longitude. Veja o mapa-múndi da página anterior para visualizar os principais para-
lelos e meridianos na superfície terrestre.
Os paralelos são linhas imaginárias (na verdade, círculos) que cortam o globo terrestre para-
lelamente ao equador. Assim, o equador nada mais é que um paralelo, mas é o paralelo principal,
aquele que serve de referência para os demais. Ele dá a volta no globo terrestre exatamente entre os
dois polos e divide a Terra em dois hemisférios (hemisfério: metade de uma esfera): o norte e o sul.
Os meridianos são linhas imaginárias menores (semicírculos) que cortam a Terra nos paralelos.
Eles vão do polo norte ao polo sul. Cada meridiano possui o seu oposto no outro lado do planeta,
e os dois formam uma circunferência.
PARA CONSTRUIR
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FONTE: Disponível em: <www.nationalgeographic.com>. Acesso em: 18 set. 2014. Adaptado.
O romance A ilha do dia anterior, de Umberto Eco, conta a história de um nobre europeu e de um padre, chamado Caspar, que partici-
param de duas expedições marítimas em meados do século XVII. O objetivo das expedições era tornar preciso o cálculo das longitudes.
Tendo como referência o meridiano de Greenwich, a longitude do navio do padre Caspar corresponde a: c
a) 158° Leste. b) 158° Oeste. c) 162° Leste. d) 162° Oeste.
Mapa de Ga-Sur
Arqueológico:
referente a Arqueologia, ciência que
estuda o passado humano por meio
de vestígios deixados por povos que
habitaram a Terra. Os vestígios ou
objetos – artefatos, documentos, mo- À esquerda, placa de argila com mapa (que aparece ilustrado à direita) da cidade de Ga-Sur, perto de onde hoje é
numentos, etc. – geralmente são en- a cidade de Nuzi, no Iraque. Datado de 2500 a.C., esse é o mapa mais antigo que se conhece, o que não significa
contrados em sítios arqueológicos, que tenha sido o primeiro a ser elaborado; ele é apenas o que foi conservado por mais tempo e descoberto em
ou seja, locais onde se realizam esca- pesquisas arqueológicas. Note que não há título (o nome Ga-Sur é uma referência às ruínas dessa antiga cidade,
vações em busca desse material. que existiu na região onde o mapa foi encontrado) nem nomes precisos da área mapeada, tampouco escala.
As palavras foram traduzidas para facilitar a compreensão.
ESTADOS UNIDOS
Perceba também que o mapa não mostra a forma detalhada dos continentes, com suas curvas e
reentrâncias. Mas há elementos que foram representados mais ou menos corretamente. Por exemplo,
o Mar Mediterrâneo fica de fato entre a Europa e a África; a Europa situa-se realmente ao norte da
África; e a Ásia, a leste da Europa.
Vejamos agora um mapa do século XVI (abaixo), época em que os navegadores europeus já Este mapa do século VII, elaborado pelo
bispo Isidoro de Sevilha, ficou conhecido
haviam descoberto o continente americano. De fato, os mapas mais realistas da superfície terrestre
como mapa T-O. Nele já aparecem os três
foram elaborados por cartógrafos europeus a partir do século XVI. Esses mapas foram resultado das continentes do Velho Mundo (Europa,
inúmeras viagens de circum-navegação que os exploradores europeus fizeram em busca de novas Ásia e África).
terras, em que chegaram à América e à Oceania.
Portanto, esses exploradores foram os primeiros a ter uma ideia mais aproximada de como é a
superfície terrestre e de como se distribuem as grandes massas continentais e oceânicas no planeta.
No entanto, por serem europeus, ao elaborar esses mapas, colocaram a Europa em uma posição
privilegiada. É por isso que até hoje a maioria dos mapas-múndi situam a Europa no centro, e o
hemisfério norte, onde a Europa se localiza, fica “acima” do hemisfério sul.
Para elaborar um mapa, em primeiro lugar é necessário obter informações sobre a área a ser
mapeada e os fenômenos a representar: fronteiras entre os países, distribuição da população, das
indústrias, tipos de relevo, etc.
Essas informações podem ser obtidas por levantamentos, ou pesquisas de campo, e pela
consulta a dados estatísticos (recenseamentos ou contagens a respeito de população, indústrias,
comércio, índices de chuvas ou de neve, habitações, etc.).
Sensoriamento remoto: especial por fornecer fotos aéreas (tiradas em aviões com equipamentos especiais) e imagens de
é um sistema fotográfico ou óptico- satélites artificiais.
-eletrônico capaz de detectar e re-
gistrar, na forma de imagens ou não,
o fluxo de energia radiante refletido QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS TIPOS DE MAPAS?
ou emitido por objetos distantes. Os Existem vários tipos de mapa. Veja abaixo alguns exemplos.
produtos mais comuns do sensoria-
mento remoto são as fotos aéreas e
Plantas: são mapas com uma escala muito grande (de 1 : 10 até 1 : 20 000), que representam uma
as imagens obtidas por satélites. área pequena: uma vila, um quarteirão ou bairro, uma fazenda, um terreno ou um condomínio,
etc. (alguns autores consideram que há diferenças entre as plantas e os mapas).
Cartas: são mapas com elevado grau de precisão nas distâncias, nas rotas, nos detalhes para via-
gens, etc., que possuem grande utilidade prática na navegação e em viagens (alguns cartógrafos
distinguem as cartas dos mapas).
Planisfério: é o mesmo que mapa-múndi, ou seja, um mapa que retrata toda a superfície terrestre.
Mapas de base: são mapas que não aprofundam um tema específico e possuem os rios, as cidades,
as altitudes, etc., da região mapeada.
Mapas políticos: são mapas que trazem os países (ou as divisões político-administrativas internas
de um país: províncias, estados, etc.).
Portal
Mapas temáticos: são aqueles voltados para representar um tema específico: clima, relevo, cidades
SESI e/ou urbanização, agricultura, etc.
Educação www.sesieducacao.com.br Mapas físicos ou hipsométricos: representam as altitudes de uma área.
Mapas históricos: são aqueles que procuram mostrar como era uma região no passado.
Acesse o portal e veja um mapa
hipsométrico no objeto América Cartogramas: são mapas ou esboços de mapas que apresentam algum fenômeno (migrações,
do Sul: hipsometria. geopolítica, refugiados, etc.), mas sem nenhuma preocupação com a escala ou as coordenadas
geográficas.
PAÍSES
Hamburgo
BAIXOS
52º
N
Berlim
POLÔNIA Roraima: altitude
Colônia
Leipzig Dresden
BÉLGICA SE
AR AIMA
Frankfurt SERRA P
A PARIMA
Rio
LUXEMBURGO Urariquera
Nuremberg REPÚBLICA TCHECA
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O mapa de altitude de Picos
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Roraima é um mapa físico.
Os mapas digitais são muito comuns nos Sistemas de Informações Geográficas (SIG ou GIS), que GEOGRAFIA
vamos detalhar a seguir. Porém, esses sistemas não consistem apenas numa série de mapas, mesmo
que interativos, e sim em um sistema completo de coleta e utilização prática dessas informações,
com determinado objetivo: monitorar alterações ambientais, controlar o tráfego, a poluição ou a
incidência de uma epidemia em uma região, verificar potenciais de mercado para uma empresa, etc.
Esses sistemas permitem que se utilize um número grande de dados ou informações e que eles
sejam cruzados, isto é, colocados em mapas e/ou gráficos, cada um de uma vez ou vários ao mesmo
tempo, o que permite melhor visão de conjunto e facilita a comparação entre as áreas de maior
abrangência de cada fenômeno e as suas possíveis inter-relações.
O que é o GIS?
Um método para visualizar, manipular e mostrar (no
monitor, em mapas e/ou gráficos) as informações es-
paciais.
Mapas “inteligentes”, que unem dados ou informa-
ções de várias fontes.
FONTE: <www.gis.com>.
ARQUIVO DA EDITORA
4 (Fuvest-SP – Adaptada) Observe a representação cartográfica abaixo. Qual é a técnica utilizada? O que podemos inferir sobre os
Estados Unidos a partir dos dados apresentados?
GLOSSÁRIO
Inferir:
concluir ou deduzir a partir de
indícios, ou seja, pensar a res-
peito de um assunto e afirmar
algo sobre ele com base em
conhecimentos prévios.
Produção de energia
FUVEST
Consumo de energia
Trata-se da técnica cartográfica denominada “anamorfose”, em que as áreas expressas graficamente não são proporcionais às áreas cartografadas,
mas a um valor qualquer que se queira representar. O mapa indica que os Estados Unidos consomem mais energia do que produzem.
5 (Fuvest-SP)
São
Vicente
Santos
Morro e
Praia Ponte
Grande Guarujá
FUVEST
Considere os exemplos das figuras e analise as frases a seguir, relativas às imagens de satélite e às fotografias aéreas.
I. Um dos usos das imagens de satélites refere-se à confecção de mapas temáticos de escala pequena, enquanto as fotografias
aéreas servem de base à confecção de cartas topográficas de escala grande.
II. Embora os produtos de sensoriamento remoto estejam, hoje, disseminados pelo mundo, nem todos eles são disponibilizados
para uso civil.
III. Pelo fato de poderem ser obtidas com intervalos regulares de tempo, dentre
outras características, as imagens de satélite constituem-se em ferramentas de
monitoramento ambiental e instrumental geopolítico valioso. Projeto de Desenvolvimento
Está correto o que se afirma em: e
Acesse o Material Complementar dispo-
a) I, apenas. c) II e III, apenas. e) I, II e III.
nível no Portal e aprofunde-se no assunto.
b) II, apenas. d) I e III, apenas.
PARA
PARA PRATICAR
PRATICAR
2 Observe o mapa abaixo, do estado do Rio de Janeiro, pegue uma régua e depois responda às questões.
Cidades Altitude
capital do Estado ES
acima de 100 000 habitantes 1800 m
25 000 a 100 000 habitantes 1200 m Varre-Sai
8 000 a 25 000 habitantes 800 m Porciúncula
500 m MG
Rodovias Natividade Bom Jesus
0m do Itabapoana
pavimentadas em pista dupla
Laje do Rio Ita
Itaperuna bapo
pavimentadas em pista simples Muriaé ana
FONTE: IBGE. Atlas geográfico escolar. 5. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. Adaptado.
sem pavimentação São José de Ubá
Miracema
ferrovias Italva
São Francisco
Santo Antônio Cardoso Moreira de Itabapoana
de Pádua R
portos rios permanentes Cambuci
Aperibé
io
aeroportos nacionais picos araíba
Rio P
M
Itaocara
uri
e
nd
do
aeroportos internacionais limite interestadual Su
aé
São Fidélis
a
l
Gr
ul São João
do S
o
Ri
íba da Barra
Para
Rio Carmo São Sebastião Campos dos
Com. Sapucaia Cantagalo do Alto Goytacazes
to
Pre Levy Gasparian Duas Barras
Santa Maria
Rio Três Rios
Macuco
Madalena
Sumidouro Cordeiro aca
Rio das Flores
Sul o M bu
o Paraíba do Sul São José do Trajano Ri 22° S
Pico das Agulhas Valença íb ad Bom Jardim Conceição de Macabu
Negras (2 787 m) P ara Areal
Vale do Rio Preto de Morais
Rio Quissamã
Nova Friburgo
Porto Real Quatis Carapebus
Vassouras ar
Resende oM
Volta Barra do Piraí Paty do Alferes Teresópolis e r ra d
S
Redonda ãos c aé
Itatiaia Mendes Miguel Pereira Org Ma
Pinheiral Eng. Paulo de Frontim dos Rio Macaé
Barra Mansa
S erra Cachoeiras
Piraí Petrópolis Guapimirim de Macacu
Paracambi Casimiro
Gu a ndu Japeri Rio das Ostras
Rio Queimados Magé de Abreu
SP Rio Claro Seropédica
Nova Iguaçu
Belford Roxo
Duque de Caxias Itaboraí Rio Bonito Silva Jardim
Itaguaí Mesquita Tanguá
Nilópolis São Gonçalo Iguaba Armação dos Búzios
São João Grande
Mangaratiba
Angra dos Reis de Meriti Niterói Araruama São Pedro da Aldeia
Rio de Janeiro Maricá Cabo Frio
Saquarema
Arraial do Cabo
Parati N
OCEANO ATLÂNTICO 0 28
km
44° O 42° O
a) Levando-se em conta a escala de 1 cm : 28 km, qual é a ex- 6 Por que foi somente a partir dos séculos XV e XVI que surgi-
tensão aproximada do estado do Rio de Janeiro desde o ram os mapas-múndi modernos, aqueles que retratam com
limite com o Espírito Santo, ao norte, até o limite com São maior precisão as diversas partes da superfície terrestre?
Paulo, ao sul? E qual é a distância em linha reta de Macaé
até Volta Redonda? PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR
b) Qual é o principal rio que banha o Rio de Janeiro? De
onde ele vem e onde deságua? 1 (UFMG) Leia este texto e analise o mapa a seguir:
c) Explique quais foram os símbolos usados na legenda para
Veja, a costa do Maranhão é o desenho, a linha frontal
representar as diversas cidades e outros objetos do mapa.
duma gaivota em voo, desdobrar-se d’asas: ela encentra
d) Onde ficam as menores altitudes do território estadual? E
um V, um golfo aberto em ângulo. O lado esquerdo desse
as maiores?
gólfão é a baía de São Marcos, baía do Tubarão, há quem
3 Explique o que são mapas e quais são os tipos de mapa que
GEOGRAFIA
o diga. Na verdade, por ali dá muito esqualo, às vezes
existem. enxameiam, e o tempo, à noite, cheira a melancia. No foco,
a ilha, onde se situa a capital, numa esplanada sobre outro
4 Você acha que os mapas mentais são de fato mapas? Justifi- golfete – este braço da baía, em que saem os estuários de
que sua resposta. dois rios. São Luís tem água por três lados. […] Para resu-
mir, chame tudo isso de “a baía”.
5 O que é o Sistema de Informações Geográficas e quais são as GUIMARÃES ROSA, João. Estas estórias. 3. ed. Rio de Janeiro:
suas aplicações? Nova Fronteira, 1985. p. 30.
í ba
Rio P
rna
em uma cidade do porte de Campinas-SP. Num primeiro
Pa
Ri
o
Rio
Ita
pe momento, você terá que examinar a situação do município
MARANHÃO cu
ru como um todo. Num segundo momento, você escolherá de-
N
terminadas áreas piloto para a implantação do novo projeto.
Esses dois momentos envolvem níveis de análise diferentes.
0 94
km
A partir desta constatação e considerando que você terá os
6°00'00'' 6°00'00'' mapas e as plantas cadastrais à sua disposição nas escalas:
46°00'00'' 42°00'00'' 1 : 1 000 000, 1 : 50 000, 1 : 25 000, 1 : 10 000 e 1 : 5 000:
a) escolha a escala apropriada para analisar cada um destes
dois momentos.
A partir da leitura e da análise feitas, é INCORRETO afirmar que: b) justifique sua escolha para cada um dos casos.
a) a realidade geográfica pode ser representada por, entre
outras, duas expressões de linguagem – a literária e a car- 4 (UFG-GO – Adaptada) Leia a tira abaixo.
tográfica.
b) a abrangência espacial da área descrita no texto é maior
UFG
que a abrangência espacial da área reproduzida cartogra-
ficamente.
c) o texto revela a capacidade de um autor não geógrafo
em descrever, sinteticamente, uma determinada região
geográfica.
d) o mapa, mesmo com a escala utilizada, mostra, com mais
detalhe que o texto, as características físicas do litoral ma-
ranhense.
E
C
B
D
Sem escala
QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1993. p. 385.
I. O ponto E é o que apresenta o menor valor de latitude.
II. Os pontos A e B estão situados praticamente à mesma
distância longitudinal de Greenwich. Na tira, a personagem critica o uso ideológico que pode ser
III. O ponto C localiza-se numa faixa de latitudes médias e de feito de uma representação cartográfica.
baixas altitudes. Considerando o conteúdo da tira e os conhecimentos sobre
IV. O ponto D está situado numa faixa climática bastante di- o assunto, explique a visão de mundo que predomina nessa
ferente daquela onde se localiza o ponto E. forma de representação dos hemisférios nos mapas criticada
V. O maior valor de latitude é encontrado no ponto D. por Liberdade.
3 Projeções cartográficas
Objetivos:
c Entender a importância
.
das projeções ta
do
ap
cartográficas.
Ad
09.
20
c Saber diferenciar as
E,
BG
principais técnicas de
iro: I
projeção cartográfica.
colar. 5
de acordo com a
utilização que se fará
o es
do mapa.
áfic
ogr
ge
las
At
E.
BG
I
E:
NT
FO
FONTE: IBGE. Atlas geográfico escolar. 5. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. Adaptado.
GEOGRAFIA
Os mapas acima representam a superfície terrestre, mas com perspectivas e projeções diferentes.
Quais as diferenças entre esses mapas? Podemos afirmar com segurança que um deles é melhor que o
outro ou, então, que um deles representa mais fielmente a superfície terrestre? Neste capítulo, vamos
estudar o conceito de projeção cartográfica e os diversos tipos de projeção.
PLANTAS E MAPAS:
IMPORTÂNCIA DAS
PROJEÇÕES
A projeção cartográfica não é tão
importante quando retratamos uma área
pequena, como uma cidadezinha, um bair-
ro de alguma cidade grande, um sítio ou um
ES
terreno. Aliás, uma das principais diferenças
AG
IM
entre mapas e plantas é que, por sempre re-
W
LO
Y/G
tratarem áreas de extensão reduzida, as plantas
AM
não precisam se preocupar com as projeções car-
AL
E/
IC
RV
tográficas; já os mapas não podem ignorá-las porque
SE
TO
O
representam regiões maiores. Um mapa do Brasil ou um W
PH
NE
mapa do estado de Santa Catarina, por exemplo, necessita
de uma projeção, pois as áreas retratadas são enormes e apre-
sentam uma curvatura que acompanha a esfericidade da Terra.
PARA CONSTRUIR
1 (UFJF-MG – Adaptada) Por que podemos dizer que sempre haverá distorções nos mapas? d
a) Porque os sistemas de coordenadas foram criados para a localização de um ponto na superfície terrestre e não no globo. GEOGRAFIA
b) Porque seria necessária uma escala muito grande para que a realidade fosse fielmente reproduzida.
c) Porque as projeções cartográficas foram elaboradas quando todas as áreas da superfície terrestre eram consideradas
planas.
d) Porque é impossível fazer um mapa em duas dimensões que seja uma representação exata de uma estrutura de três
dimensões.
Projeção cilíndrica
Uma projeção cilíndrica consiste na projeção da Terra sobre um cilindro, que será desenrolado
e colocado em cima de uma superfície plana (o papel).
FONTE: IBGE. Atlas geográfico escolar. 5. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. Adaptado.
Projeção cilíndrica.
Projeção cônica
A projeção cônica repete esse processo, mas, em vez de um cilindro, existe um cone envolvendo
o planeta.
Projeção cônica.
GEOGRAFIA
Projeção polar.
Gr
ee dentes com o raio e o eixo relacionados ao equador.
Trópico de Câncer nw
Equador
ich Polo
Norte
Nesse tipo de projeção, as áreas próximas ao equador
Tró
er
180°
pico
de Cânc 0° possuem suas formas mostradas com precisão, mas as
Trópico de Capricórnio
porções mais próximas dos polos são distorcidas inevi-
Equador
tavelmente.
Numere corretamente as projeções com as afirmações a seguir. d) Resumidamente, a projeção azimutal consiste na proje-
( ) Na projeção cilíndrica, a representação é feita como ção do globo sobre um plano imaginário cujo centro é
trespassado pelo eixo da Terra em relação ao equador.
se um cilindro envolvesse a Terra e fosse então plani-
Esse tipo de projeção mostra as áreas em suas reais pro-
ficado.
porções, mas essa técnica acarreta a deformação das ver-
( ) Na projeção azimutal, o mapa é construído sobre um pla- dadeiras formas dos continentes e países.
no que tangencia algum ponto da superfície terrestre.
( ) Na projeção cônica, a representação á feita como se o 4 (UFRN – Adaptada) As figuras a seguir foram construídas uti-
cone envolvesse o planeta e depois fosse planificado. lizando a projeção do tipo azimutal equidistante.
( ) Esse tipo de projeção representa, com menos distor- ÁFRICA
a) 1 – 3 – 2 – 3 – 1. d) 1 – 2 – 1 – 1 – 3. OCEANIA
b) 3 – 2 – 1 – 1 – 3. e) 3 – 1 – 2 – 3 – 1.
c) 1 – 3 – 2 – 1 – 3.
1-Pearl Harbor
3 (UFU-MG) A seguir estão colocadas três formas de represen- 2-Délhi
tação cartográfica em relação à superfície de projeção. FONTE: SENE, E. de; MOREIRA, J. C. Geografia geral e do Brasil: espaço
geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 2003. p. 446.
Projeção de Mercator
A primeira projeção cartográfica considerada moderna foi a cilíndrica de Mercator, feita no
século XVI pelo matemático, geógrafo e cartógrafo flamengo Gerardus Mercator (1512-1594).
Como todas as outras, essa projeção tem pontos positivos e negativos. Foi criada quando os
europeus empreendiam viagens por todo o mundo, à época das Grandes Navegações. Durante
séculos, serviu muito bem à navegação e até hoje é a preferida da maioria dos navegadores e é
recomendada por vários institutos ou órgãos que se dedicam à navegação. Ela também é bastante
utilizada em livros escolares e atlas.
É uma projeção conformal, que se preocupa mais com as formas e menos com o tamanho rela-
tivo de cada área. Reproduz mais ou menos corretamente o tamanho e o formato das áreas situadas
na zona intertropical, mas exagera na projeção das áreas temperadas e polares.
Veja o tamanho da Europa no mapa-múndi representado a seguir. Parece que o continente
europeu é maior que o Brasil, quando na realidade é bem menor. Observe ainda as dimensões
da ilha da Groenlândia, que parece ser maior que o Brasil ou a Austrália, quando é cerca de qua-
tro vezes menor: o Brasil tem 8 514 877 km² e a Austrália 7 741 220 km²; a Groenlândia apenas
2175 600 km².
Projeção de Mercator
FONTE: IBGE. Atlas geográfico escolar. 5. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. Adaptado.
GEOGRAFIA
Projeção de Gall-Peters
O aspecto positivo da projeção de Gall-Peters é que ela permite comparar o tamanho de países
ou continentes. Nessa projeção o Brasil fica maior que a Europa e a Groenlândia fica menor que a
Austrália. O aspecto negativo é que o formato das áreas é completamente distorcido. Por exemplo, o
Brasil fica bastante alongado no sentido norte-sul, embora possua quase a mesma distância nos dois
sentidos, o norte-sul e o leste-oeste. O mesmo ocorre com a África. O Canadá alonga-se no sentido
leste-oeste, como se fosse bem maior que no sentido norte-sul, o que também não é verdade.
Projeção de Robinson
Esta projeção, criada em 1963 pelo geógrafo e cartógrafo norte-americano Arthur Robinson
(1915-2004), é do tipo intermediário – nem equivalente nem conformal – e procura chegar a um
meio-termo, mantendo mais ou menos as formas e as proporções entre as áreas mapeadas.
Muito usada na representação de planisférios, é a mais comum para uso didático, tendo sido
recomendada aos professores pela Associação dos Geógrafos Norte-Americanos.
Entretanto, como acontece em todas as outras, também existem distorções nessa projeção. Não
é possível manter, ao mesmo tempo e com perfeição, as formas, o tamanho e as distâncias entre as
áreas. Assim, essa projeção deforma algumas áreas – por exemplo, as regiões de altas latitudes como
a Antártida –, além de diminuir ou aumentar certas distâncias entre elas.
Projeção de Robinson
FONTE: IBGE. Atlas geográfico escolar. 5. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2009. Adaptado.
Projeção descontínua
Desenhar um mapa na projeção descontínua corresponde mais ou menos a colocar uma casca
de laranja em pedaços sobre um papel: as partes ficam afastadas umas das outras, sendo impossível
juntá-las perfeitamente. Nessa projeção, algumas áreas ficam cortadas, o que mostra como é difícil
GEOGRAFIA
representar uma realidade esférica em uma folha plana.
Os mapas na projeção descontínua apresentam, em geral, exatidão e riqueza de detalhes, mas
torna-se difícil calcular as distâncias por causa dos “cortes” ou interrupções. Assim, ela tem as suas
vantagens: para mostrar, por exemplo, a distribuição das indústrias no mundo, as concentrações de
população ou cidades, esse tipo de projeção é muito bom. Possui, entretanto, as suas desvantagens:
para calcular distâncias e, principalmente, para mostrar toda a superfície da Terra em conjunto, com
seus continentes e oceanos, essa projeção é falha.
O L
d)
Mercator. O L
e)
Peters. L
PARA
PARA PRATICAR
PRATICAR PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR
1 Explique o que são projeções cartográficas e por que não 1 Observe a bandeira da Organização das Nações Unidas
existe nenhuma projeção perfeita ou exata. (ONU).
ONU
capítulo e identifique a projeção de cada um. Faça uma com-
paração entre eles.
–12 h
+12 h
Círculo Polar Ártico
Domingo Meio-dia
Equador
Trópico de Capricórnio
Meridiano de Greenwich
l de Data
Horas pares
Meia-noite
N
Horas ímpares
na
Linha Internacio
Horas fracionadas 0 2 707
km
Círculo Polar Antártico
1 p.m. 2 p.m. 3 p.m. 4 p.m. 5 p.m. 6 p.m. 7 p.m. 8 p.m. 9 p.m. 10 p.m. 11 p.m. 12 a.m. 1 a.m. 2 a.m. 3 a.m. 4 a.m. 5 a.m. 6 a.m. 7 a.m. 8 a.m. 9 a.m. 10 a.m. 11 a.m. 12 p.m.
165 150 135 120 105 90 75 60 45 30 15 0 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180
3 (Uerj – Adaptada)
UERJ
GEOGRAFIA
WATTERSON, Bill. Calvin e Haroldo: Yukon ho! São Paulo: Conrad, 2008.
Na tirinha, Calvin e o tigre Haroldo usam um globo terrestre para orientar sua viagem da Califórnia, nos Estados Unidos, para o
território do Yukon, no extremo norte do Canadá. Considerando as áreas de origem e de destino da viagem pretendida, nota-se
que o tigre comete um erro de interpretação no último quadrinho.
Esse erro mostra que Haroldo não sabe que o globo terrestre é elaborado com base no seguinte elemento da linguagem cartográfica:
a) escala pequena. c) técnica de anamorfose. e) projeção cônica.
b) projeção azimutal. d) convenção equidistante.
ANOTAÇÕES
4 Interpretação de mapas
Objetivos:
Principais idiomas no mundo
c Entender o que
significa interpretar um OCEANO GLACIAL ÁRTICO
mapa.
c Compreender
estratégias de análise
de mapas temáticos. OCEANO
FONTE: BONIFACE, P.; VÉDRINE, H. Atlas du monde global. Paris: Armand Colin, 2008. Adaptado.
PACÍFICO
ideológico ou comercial
que se faz deles.
0 2 637
km
Ainda que o mapa acima estivesse sem título, ao observá-lo perceberíamos que ele traz infor-
mações sobre os principais idiomas do mundo e sua distribuição geográfica. Temos essa percepção
por conta da legenda, das cores, do gráfico e do fato de todos os continentes estarem representados.
A partir da observação do mapa podemos inferir, por exemplo, quais são os idiomas mais falados no
mundo e onde eles predominam.
GEOGRAFIA
O QUE SIGNIFICA INTERPRETAR UM MAPA?
O mapa é um instrumento de comunicação e de conhecimento. Ele sempre possui uma série
de informações sobre a área mapeada. Assim, interpretar um mapa é saber “ler” ou encontrar as in-
formações que ele encerra e, por vezes, adquirir informações que nos provoquem questionamentos.
Ao interpretar um mapa, estabelecemos uma ligação entre os fatos mapeados. Em alguns casos, os
mapas são acompanhados por tabelas, gráficos ou pequenos textos descritivos que contribuem para
nossa compreensão.
OCEANO OCEANO
ATLÂNTICO PACÍFICO
OCEANO OCEANO
PACÍFICO ÍNDICO
pdf>. Acesso em: 21 ago. 2014. Adaptado.
N
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
0 2 637
km
Nota: Os dados não abrangem o Sudão do Sul, pois a pesquisa é anterior à independência desse país (2011).
Trata-se, no entanto, mais de um cartograma que de um mapa completo, pois faltam as linhas
O símbolo ‰, que apare- imaginárias (latitude e longitude) e, principalmente, a escala. Por sinal, a escala não é importante nesse
ce na legenda, significa “por mil”, tipo de mapa, o cartograma, cuja função não é calcular distâncias ou proporções, e sim mostrar a
ou seja, quantas crianças de até distribuição geográfica de um fenômeno que, no caso, é a mortalidade infantil.
1 ano de idade morrem por ano A taxa ou índice de mortalidade infantil significa o número de crianças que morrem a cada ano em
para cada grupo de mil crianças. um determinado país (ou região), para cada grupo de mil crianças, antes de completar 1 ano de idade.
Cinquenta por mil (50‰), por Em que continentes ou regiões do globo essas taxas são maiores? Sem dúvida elas são maiores
exemplo, significa o mesmo que na África e no sul e sudeste da Ásia, onde vão de cinquenta por mil até mais de cem por mil.
cinco por cento (5%). Observamos que as taxas de mortalidade infantil são menores nos países desenvolvidos: Estados
Unidos, Canadá, países da Europa (principalmente a ocidental), Japão, Austrália e Nova Zelândia.
Nesses países – o chamado Primeiro Mundo –, as taxas são menores que 10‰. O inverso também
é verdadeiro, isto é, as taxas de mortalidade infantil são maiores nos países mais pobres, os denomi-
nados países subdesenvolvidos.
Poderíamos ainda ler várias outras informações nesse mapa, por exemplo: onde essas taxas
são intermediárias, onde não há dados ou informações sobre esse assunto, etc. Podemos também
deduzir desse mapa uma série de fatos usando nosso raciocínio e o conhecimento que já temos,
como concluir que existe uma relação entre desenvolvimento econômico e social e taxas de morta-
lidade infantil, ou seja, que os países mais desenvolvidos possuem menores taxas e os países menos
desenvolvidos possuem maiores taxas.
FONTE: SIMIELLI, M. E. Geoatlas. 33. ed. São Paulo: Ática, 2012. Adaptado.
um relevo montanhoso, com cadeias de montanhas que atraves-
sam o país no sentido nordeste-sudoeste. A maior altitude é a 40°N
do pico Fuji, com 3 778 m. Podemos notar ainda que o território 130°L
Fossa do J
– Kiushu, Shikoku, Honshu (a maior) e Hokkaido – e por muitas Japão
apã
I. Honshu
doeste, e a ilha de Hokkaido, que fica no nordeste, devemos medir
o
Fuji
com uma régua diretamente no mapa: a distância entre as duas ilhas ore
ia 3 778 m OCEANO
aC PACÍFICO
od
é de aproximadamente 5,8 cm, o que significa 1 125 km na realidade. Es
tre
it
povoamento
Vamos analisar agora um mapa de metrópoles e população do
Japão para podermos cruzar as informações dele com as do mapa
anterior.
Este mapa da população do Japão nos mostra que o país é den- Japão: população
FONTE: Atlante geografico metodico De Agostini 2006-2007. Novara: Istituto Geografico De Agostini, 2006. Adaptado.
samente povoado, com elevadas densidades demográficas e algumas 140° L
vai de Tóquio, no centro da ilha de Honshu, até Fukuoka e Kuma- De 500 mil a 1 milhão de habitantes
Sapporo
Comparando ou cruzando as informações desse mapa com as Menos de 100 hab. por km2
Aomori
De 100 a 500 hab. por km2
do físico, o que podemos concluir? Existe alguma correlação entre Mais de 500 hab. por km2
40° N
Mar
povoamento. Assim como entre latitude (e clima) e povoamento. do TOHOKU
Japão Niigata Sendai
As áreas mais densamente povoadas encontram-se nas planícies OSAKA HOKURIKU
Fukushima
15
litorâneas, nas menores altitudes das ilhas de Honshu (principal- Kanazawa Nagano
KANTO
mente) e Kiushu. TOSAN Mito
TÓQUIO
Gifu
Como você já deve ter visto no Ensino Fundamental, as áreas CHUGOKU
Okayama Kobe
Kioto Nagoia Kawasaki
Yokohama
TÓQUIO
35
Hiroshima Osaka Shizuoka
próximas ao equador (com baixas latitudes) são mais quentes que Kitakyushu KINKI
GEOGRAFIA
TOKAI
Fukuoka Sakai
Kochi
aquelas situadas próximas aos polos (com maiores latitudes). Obser- Oita SHIKOKU NAGOIA OCEANO
vando os mapas, notamos que as áreas mais densamente povoadas Nagasaki Kumamoto 7 PACÍFICO
KIUSHU
do Japão estão no sudoeste, abaixo dos 36° ou 37° N. Essa região mais Kagoshima
funcionam/mapas-mostram-nivel-de-racismo-e-de-diversidade-etnica-em-
FONTE: Disponível em: <http://super.abril.com.br/blogs/como-pessoas-
Círculo Polar Ártico
OCEANO
PACÍFICO
Trópico de Câncer
OCEANO
OCEANO
PACÍFICO
Trópico de Câncer
OCEANO
diferentes-paises/>. Acesso em: 4 ago. 2014.
PACÍFICO
Equador
OCEANO
OCEANO
ÍNDICO
ATLÂNTICO
Maior Trópico de
diversidade Capricórnio
étnica
PARA CONSTRUIR
1 A migração em um país pode ser explicada por diversos fatores, como condições climáticas, conflitos sociais ou oferta de empre-
go, entre outros. Observando os dois mapas abaixo, qual fluxo migratório se justifica pela intensidade de atividade empresarial?
FONTE: Revista Nova Escola. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/ FONTE: Revista Nova Escola. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/
fundamental-2/mapas-tematicos-avancar-interpretacao-643116.shtml?pages=1>. plano-de-aula-geografia-industrializacao-brasileira-742540.shtml>.
Acesso em: 18 set. 2014. Acesso em: 18 set. 2014.
Os mapas sugerem uma relação entre o fluxo migratório que sai da região Nordeste em direção à região Sudeste e a quantidade de empresas
GEOGRAFIA
sediadas na região.
Mapa-múndi
Meridiano de Greenwich
km
FONTE: IBGE. Atlas geográfico escolar. 5. ed. Rio de Janeiro: IBGE. 2009. Adaptado.
Trópico de Capricórnio
OCEANO
OCEANIA
ÍNDICO AMÉRICA
Equador
ÁFRICA OCEANO
PACÍFICO
Trópico de Câncer
OCEANO
ATLÂNTICO
AMÉRICA
EUROPA
ÁSIA ÁSIA
Um mapa-múndi genérico com o sul na parte superior da folha – algo comum em livros e atlas de alguns países do hemisfério sul, que preferem
fazer mapas com essa orientação. Na realidade, a colocação do norte “acima” do sul é apenas uma tradição iniciada com os europeus. Mas também
é correto colocar o sul – ou qualquer outro ponto de orientação – na parte “superior” do mapa, como fizemos neste mapa.
A tradição de colocar a Europa na parte central da maioria dos mapas da superfície terrestre
também se deve aos europeus. Eles foram pioneiros na elaboração desse tipo de mapa com todos
os continentes e oceanos e, logicamente, colocaram o seu continente no centro.
AMÉRICA
EUROPA
OCEANO
PACÍFICO ÁFRICA
Equador
Meridiano de Greenwich
OCEANO
AMÉRICA ÍNDICO
OCEANIA
Trópico de Capricórnio
0 2 232
Círculo Polar Ártico FONTE: World Reference Atlas. London: Dorling Kindersley, 2007.
to
ÁSIA
rei
st
EUROPA
OCEANO
ÁFRICA PACÍFICO
Equador
0º
OCEANO
AMÉRICA
Meridiano de Greenwich
ÍNDICO OCEANIA
Trópico de Capricórnio
N
Adaptado.
0 2 232
Será que estes mapas com outros centros que não a Europa são melhores? Na verdade, eles não
são nem melhores nem piores que os mais comuns, com a Europa (e o meridiano de Greenwich) como
centro. Eles são importantíssimos porque devemos ver a superfície terrestre de todos os ângulos pos-
síveis, pois assim teremos uma visualização mais clara sobre a disposição das inúmeras áreas ou regiões
que existem no planeta. Por exemplo: esses mapas alternativos mostram que, ao contrário do que
imaginamos ao ver os mapas tradicionais, a América está muito mais próxima da Ásia (na realidade, a
menos de 80 km pelo estreito de Bering, que separa a Sibéria do Alasca) do que da Europa.
co ÁSIA
pecífico no centro. Devemos estar abertos para todas
pi
de EUROPA
C ân c
er
AMÉRICA OCEANO as possibilidades, para todas as visões, pois cada uma
ATLÂNTICO
mostrará um aspecto da realidade.
OCEANO ÁFRICA
PACÍFICO
AMÉRICA
BRASIL
Uma visão que favorece os países
Eq
ua
do
r
subdesenvolvidos, mas não muito
io
rn
Outra polêmica foi iniciada por Arno Peters em
ó
ric
OCEANO
ap
ÍNDICO
1952. Como já mencionamos, ele utilizou uma projeção
eC
Trópico d
Polo Sul que havia sido deixada de lado pela maioria dos cartó-
ANTÁRTIDA
grafos – a de James Gall – e, com ela, pretendeu “revolu-
cionar” a elaboração dos mapas do mundo. Ele afirmou,
IA
ÉS
D O
N com alguma razão, que os mapas então predominan-
OCEANIA IN
tes – especialmente aqueles baseados na projeção de
AUSTRÁLIA
Mercator, que prevaleceram durante séculos – eram
eurocêntricos e exageravam o tamanho do hemisfério
norte em detrimento do hemisfério sul. Nesses mapas,
o hemisfério norte em geral ficava com dois terços da
área total, apesar de ter metade da superfície terrestre.
Na projeção de Peters, a África fica no centro do mapa-múndi, embora ela admita outras perspec-
tivas, e a proporção ou o tamanho relativo de cada continente é mais importante do que as suas formas.
Devemos lembrar que, na época em que Peters divulgou suas ideias, havia uma acalorada
discussão internacional sobre o subdesenvolvimento ou o “Terceiro Mundo” (expressão criada
naquele ano de 1952) e logo em seguida, em 1955, surgiu o chamado movimento dos “não
alinhados”. Esse movimento, que no início reunia 29 Estados (Índia, Indonésia, Paquistão e a
antiga Iugoslávia, além de outros), pretendeu uma terceira posição para os países subdesenvol-
vidos, isto é, uma posição que não contemplasse alinhamento com nenhum dos dois “blocos”
geopolíticos da época: o capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e o socialista, liderado pela
então União Soviética.
Por esse motivo, a projeção de Gall-Peters foi bem-aceita naquela época por alguns intelectuais
do Terceiro Mundo. Todavia, com o decorrer do tempo – e com o fracasso do movimento dos “não
alinhados” e o posterior fim do bloco socialista –, ela perdeu sua razão de ser (que sempre foi mais
política que técnica) e, nos dias de hoje, é muito pouco utilizada.
Quase ninguém mais acredita que essa projeção valoriza de fato os países subdesenvolvidos.
Afinal, boa parte deles localiza-se no hemisfério norte: Bangladesh, Paquistão, Índia, Turquia, Afega-
nistão, México, Mongólia, Sudão, Argélia, Egito, entre outros. Além disso, também existem países
desenvolvidos – a Austrália e a Nova Zelândia – no hemisfério sul.
GLOSSÁRIO
Eurocêntrico: Por sinal, a imensa maioria da população mundial – e também dos países – localiza-se no
(euro: “Europa”; cêntrico: “que tem hemisfério norte, onde existe uma quantidade de terras emersas (ilhas e continentes) maior que
como centro”) que diz respeito às per- no hemisfério sul. Esse fato justificaria o procedimento que existia e ainda existe em alguns mapas –
cepções que veem a Europa como o
“centro” do mundo e as ideias oriun-
que mostram o mundo político ou as densidades demográficas, as indústrias, as principais cidades,
das desse continente como a verdade. etc. – e enfatiza muito mais o hemisfério norte ao “cortar” uma parte do hemisfério sul, a Antártida,
cujos dados são considerados irrelevantes.
Praga
TC
HE
CO
SL
OV
ÁQ
UI
A Este mapa de geopolítica alemã dos anos 1930 sugere
que a Tchecoslováquia seria agressora. O limite no mapa,
que parece um leque, é o suposto raio de ação dos aviões
bombardeiros tchecos da época.
Esse mapa, em preto e branco, foi inicialmente publicado em uma revista de geopolítica que
servia de porta-voz do regime nazista. Depois, foi constantemente reproduzido em jornais e nas
salas de aula das escolas alemãs daquele período, criando na população uma predisposição contra a
Tchecoslováquia que, na representação, é vista como agressora, tanto pelo formato do seu território,
“entrando” no território alemão (algo distorcido no mapa, pois a realidade não é assim), como pelo
limite de alcance dos aviões tchecos que, como sugere o mapa, poderiam bombardear todo o territó-
rio alemão daquele tempo. O mais interessante é que foi a Alemanha que agrediu a Tchecoslováquia
ao invadi-la em 1938 e anexá-la ao seu território.
GEOGRAFIA
Em síntese, os mapas – como qualquer texto, livro, meio de comunicação, etc. – são instru-
mentos úteis, mas, eventualmente, podem conter informações falsas ou tendenciosas. Em contra-
partida, também podem omitir muitas informações importantíssimas sobre uma área em questão.
Para mencionar outro exemplo extremo, podemos lembrar que, em vários países, muitos locais
considerados estratégicos – certas bases militares, fábricas ou estoques de armas químicas, abrigos
subterrâneos onde se armazenam mísseis e bombas atômicas, etc. – não são mostrados nos mapas
comuns, aqueles a que o público em geral tem acesso.
2 Em Portugal, o Estado Novo compreende o período de dita- 3 A partir da observação do mapa abaixo, o que podemos in-
dura militar no país, que se estendeu do início da década de ferir sobre o desenvolvimento da indústria no país na década
1930 ao começo da década de 1970. À época do regime, Mo- de 1990?
çambique, Angola, Cabo Verde, Guiné, São Tomé e Príncipe,
Timor e Macau ainda pertenciam a Portugal como colônias.
Brasil: indústrias fundadas após 1995
Observe o mapa a seguir, utilizado como propaganda do Es-
tado português nesse período. OCEANO
ATLÂNTICO
Equador
8 789 0 561
100
km
PARA
PARA PRATICAR
PRATICAR 2 (Fuvest-SP – Adaptada) Observe os mapas do Brasil.
FUVEST
0 561
Mais de 15 000
km
Bolsões de pobreza
REPRODUÇÃO/ARQUIVO DA EDITORA
OCEANO
ATLÂNTICO
Equador
Capricórnio
esse? Trópico de
posta. 0 561
km
GEOGRAFIA
PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR Considere as afirmativas relacionadas aos mapas.
I. Alta concentração fundiária e pouca diversificação da ati-
1 “Os países pobres e subdesenvolvidos, incluindo o Brasil, vidade econômica são características de um bolsão de
deveriam adotar em suas escolas mapas que os privilegias- pobreza existente no extremo sul do Brasil.
sem em detrimento das produções cartográficas dos paí- II. A despeito de seus excelentes indicadores econômicos,
ses ricos.” Você concorda com essa afirmação? Justifique bem como de seu elevado grau de industrialização, a re-
sua resposta. gião Sudeste abriga bolsões de pobreza.
RR AP
Equador
PR
órnio
apric
ic o de C SC
Tróp
RS N
Regiões com taxas médias de 29,7 até 165,3
homicídios em cada 100 mil habitantes entre 0 382
os anos de 2002 e 2004.
km
5 Localização absoluta e
localização relativa
Objetivos: Vimos que localizar um lugar significa apontar com precisão sua posição na superfície terrestre, indi-
cando suas coordenadas geográficas (latitude e longitude), principalmente, e sua altitude (ou profundida-
c Diferenciar os conceitos de, no caso de recursos no subsolo ou no fundo do mar). Entretanto, isso não esgota o tema “localização”.
de localização absoluta Esses dados fornecem apenas a localização absoluta, também chamada localização fixa ou posi-
e localização relativa. ção, que é a área ou o ponto preciso do espaço terrestre no qual um lugar ou um objeto se encontra.
c Entender as variáveis Existe ainda a localização relativa, ou situação, que é mais complicada e pode variar bastante
que determinam
com o decorrer do tempo ou das modificações históricas. Ela diz respeito às relações (reais ou po-
as vantagens ou
tenciais) que um lugar mantém com os demais, ou seja, que vantagens ou desvantagens esse lugar
desvantagens da
tem para as atividades humanas.
localização relativa.
Vamos ver, a seguir, alguns exemplos para esclarecer melhor esse assunto.
c Compreender a
GEOGRAFIA
Altitudes (metros) Washington, D.C. outras, de boas estradas para escoar a produção; outras,
m
c
a
1 200
600 N
ainda, precisam estar próximas a um importante mercado
OCEANO
300
ATLÂNTICO
consumidor; e a maioria das empresas hoje em dia precisa
150
0
0 20
estar localizada num lugar em que haja boa infraestrutura
km
em comunicações (principalmente telefonia), etc.
PARA CONSTRUIR
1 Em 1960, a capital do Brasil deixou de ser Rio de Janeiro e passou a ser a recém-inaugurada Brasília. Com a intenção de valorizar o
interior do país, promover a integração regional e proteger o governo central contra pretensos ataques externos, a mudança também
visou dificultar que as multidões numa cidade grande como o Rio de Janeiro pressionassem o governo federal em suas decisões.
Por que podemos dizer que, embora a localização absoluta da cidade do Rio de Janeiro não tenha sido alterada, sua localização
relativa sofreu mudanças importantes com a adoção da nova capital do país?
O Rio de Janeiro deixou de centralizar as tomadas de decisão políticas e de receber o volumoso montante de investimentos do governo federal que
costumava receber. Com isso, a relação do Rio de Janeiro com o restante do país mudou bastante e, portanto, sua localização relativa também.
ALAMY
1 2 3
Fig. 1 – Veículo equipado com um GPS automotivo e software com mapas que indicam as vias nas cidades ou as estradas; o software indica também a posição do
veículo (latitude, longitude, altitude) e o caminho a percorrer até um determinado local.
Fig. 2 – Na ilustração, vemos uma ambulância equipada com GPS, aparelho que capta os sinais de quatro satélites artificiais (os mais próximos) e ao mesmo
tempo envia sua localização (e também seu movimento, à medida que essa posição vai mudando enquanto o veículo se movimenta) para o hospital ou para
outras ambulâncias, o que facilita a escolha da melhor rota ou a previsão de chegada do doente ao hospital.
Fig. 3 – Receptor de GPS manual ou portátil.
Cingapura: localização
OCEANO
ATLÂNTICO
Trópico de Câncer
OCEANO
OCEANO PACÍFICO
Equador PACÍFICO
OCEANO Cingapura é um país que fica ao sul da
ÍNDICO Península Malaia e é constituído por
Trópico de Capricórnio 63 ilhas. Seu desenvolvimento teve como
MALÁSIA
facilitadores o fato de ser um país insular,
N
CINGAPURA com relevo bastante adequado para o
estabelecimento de um porto, altamente
0 2 457
INDONÉSIA
urbanizado e próximo à Ásia Oriental, à
km Oceania e à Índia.
Inúmeros estudos, até mesmo patrocinados pela ONU, mostraram a importância da localização
relativa de uma nação para o seu desenvolvimento. É evidente, contudo, que não é apenas a loca-
lização que explica mudanças em um país. Toda mudança social e econômica resulta de múltiplos
fatores interligados, nunca de apenas um. Poderíamos, mesmo sem esgotar o assunto, lembrar vários
elementos que também contribuem para o desenvolvimento econômico e social de uma nação, por
exemplo: volumosos investimentos em educação e pesquisas científicas e tecnológicas; combate à
corrupção, que sempre desvia ou desperdiça preciosos recursos; governo eficiente, que tenha projetos
de desenvolvimento e que aplique seus recursos com eficiência; entre outros.
Enfim, a localização tem grande influência na dinâmica do país e varia com o tempo. Ela de-
pende do contexto, isto é, de cada momento histórico, da situação específica – econômica, política,
social, etc. – que vivem o país, sua população e suas relações com o resto do mundo.
GEOGRAFIA
O Oriente Médio, por exemplo, era uma região importante nos séculos XIV e XV, quando as
caravanas movidas a cavalos ou camelos, que iam da Ásia para a Europa, carregadas de especiarias,
seda, etc., tinham de passar por ela. Com a descoberta do caminho marítimo para as Índias, o Oriente
Médio foi perdendo sua importância e as riquezas que conseguia. A região – ou pelo menos boa
parte dela – conquistou novamente sua importância estratégica no século XX, quando o petróleo,
que existe em abundância no seu subsolo, se tornou a principal fonte de energia do mundo todo,
em especial dos países desenvolvidos.
PARA
PARA PRATICAR
PRATICAR 5 (UFRJ) A percepção de que a localização de um ponto qual-
quer à superfície poderia ser indicada a partir de um siste-
ma de coordenadas geográficas representou grande avanço
1 Explique a diferença entre localização absoluta e localização para a humanidade. Desde então, o Sol e outras estrelas fo-
relativa e comente a respeito desses dois tipos de localização ram usados como pontos de referência para a determina-
do seu município. ção das coordenadas de um lugar. Atualmente, o aparelho
conhecido como Sistema de Posicionamento Global (GPS)
2 Ao longo dos anos, observa-se na região metropolitana de fornece de imediato as coordenadas que buscamos. O GPS
São Paulo um deslocamento de setores da atividade indus- também tem sido usado, cada vez com maior frequência,
trial para o interior do estado e para outros estados e cidades para diversas outras finalidades.
no Brasil. Pesquise e escreva os argumentos utilizados pelas a) Quais são os pontos de referência usados pelo GPS em
empresas para justificar esses deslocamentos. substituição ao Sol e às estrelas?
b) Apresente um exemplo de uso do GPS no mundo atual.
3 Num mesmo prédio e com apartamentos e suas partes (dor-
mitórios, banheiros, cozinha, etc.) exatamente do mesmo PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR
tamanho, algumas unidades são mais valorizadas do que
outras: aquelas de andares superiores e também as voltadas 1 A seguinte figura mostra a constelação de satélites do Sistema
para a face norte, por exemplo. Com base no conceito de de Posicionamento Global (GPS) que orbitam em volta da Terra.
localização relativa, explique por que há diferenças na valori- BORIS RABTSEVICH/SHUTTERSTOCK
ANOTAÇÕES
GEOGRAFIA
Sites
<http://education.nationalgeographic.com/education/mapping/interactive-map/?ar_a=1>
Site MapMaker da National Geographic que permite aos alunos que construam mapas pela internet. Acesso
em: 4 jul. 2014.
<www.gis.com>
Site em inglês sobre os SIG (Sistemas de Informações Geográficas), com informações gerais, suas implementa-
ções e aplicações em diversas áreas. Acesso em: 7 jul. 2014.
<www.ibge.gov.br/ibgeteen/atlasescolar/index.shtm>
Site do IBGE que traz um atlas eletrônico com explicações sobre mapas e projeções cartográficas, além de
inúmeros mapas temáticos. Acesso em: 3 jul. 2014.
<http://maps.google.com>
Página do Google que possibilita ao usuário traçar rotas e encontrar localidades específicas em diversas partes
do mundo. Acesso em: 22 jul. 2014.
ANOTAÇÕES
63
QUADRO DE IDEIAS
Direção editorial: Renata Mascarenhas
Coordenação editorial: Tatiany Renó
Edição: Camila De Pieri Fernandes (coord.), Tatiane
Godoy; Colaboração: Eliete Bevilacqua
Coordenação de produção: Fabiana Manna, Daniela
Espaço geográfico Carvalho
Gerência de produção editorial: Ricardo de Gan Braga
Revisão: Hélia de Jesus Gonsaga (ger.), Letícia Pieroni
(coord.), Danielle Modesto, Marília Lima, Marina Saraiva,
Escalas geográficas
Representação Desigualdades Tayra Alfonso, Vanessa Lucena
(micro < macro) Edição de Arte: Kleber de Messas
Iconografia: Sílvio Kligin (supervisão), Ellen Colombo
Finta; Colaboração: Fábio Matsuura, Fernanda Siwiec,
Fernando Vivaldini
Licenças e autorizações: Patrícia Eiras
Ilustrações: Paulo Manzi
Cartografia: Eric Fuzii
Projeto gráfico de miolo: Daniela Amaral, Talita Guedes
Colaboraram para esta Edição do Material:
Projeto Sistema SESI de Ensino
Gestão do Projeto: Thiago Brentano
Coordenação do Projeto: Cristiane Queiroz
Coordenação Editorial: Simone Savarego, Rosiane
Botelho e Valdete Reis
Revisão: Juliana Souza
Diagramação: lab 212
Capa: lab 212
Ilustração de capa: Macrovector/ Sentavio/ Golden
Escalas Cartografia Coordenadas Sikorka/ Shutterstock
(numérica e gráfica) (mapas) geográficas Consultores:
Coordenação: Dr. João Filocre
Geografia: Msc. Rita Elizabeth Durso Pereira da Silva
SESI DN
Superintendente: Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor de Operações: Marcos Tadeu de Siqueira
Histórico Polêmicas (ideológicas Gerente Executivo de Educação: Sergio Gotti
Gerente de Educação Básica: Renata Maria Braga
dos mapas e comerciais) dos Santos
Impressão e acabamento
Uma publicação
GEOGRAFIA
MÓDULO
O espaço geográfico e suas representações (18 aulas)
AULA 2 Páginas: 9 a 11
1. A
CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO
GEOGRÁFICO O espaço geográfico: diferenças causadas
pelo grau de desenvolvimento técnico;
Objeto do conhecimento o espaço geográfico: diferenças causadas
Espaço geográfico e produção do espaço geográfico.
pelas desigualdades sociais
Objeto específico
Objetivos
Características do espaço geográfico, interferências naturais e
sociais na produção desigual do espaço. Analisar a produção do espaço geográfico segundo a diferença de
desenvolvimento técnico das sociedades que o produzem.
Analisar a produção do espaço geográfico segundo as diferenças
AULA 1 Páginas: 4 a 8 de desenvolvimento social.
Distinguir os conceitos de técnica e tecnologia.
O espaço geográfico: seus traços e suas
modificações constantes Estratégias
Chame a atenção dos alunos para as consequências que o avanço
Objetivos tecnológico trouxe para o desenvolvimento do espaço geográfico nas
Conceituar espaço geográfico. mais distintas sociedades ao longo da história.
Compreender o processo de produção do espaço. Proponha um debate com a turma questionando quais as princi-
Identificar e relacionar as formas visíveis (fixas) e as invisíveis (fluxos, pais diferenças na produção do espaço antes e depois da Revolução
ações, relações) do espaço geográfico. Industrial no século XVIII.
2 GUIA DO PROFESSOR
Foi com o advento da Revolução Industrial, inicialmente no Reino Tarefa para casa
Unido, depois na Europa, nos Estados e Unidos, no Japão e, hoje em Solicite à turma que faça em casa as atividades 1 e 3 do “Para praticar”
dia, na grande maioria das nações do mundo, que se deu a forma mais (página 14) e 2 e 3 do “Para aprimorar” (página 14).
precisa e eficaz de interferência humana no espaço geográfico. Com o Se achar oportuno, no início da próxima aula, corrija as questões
aperfeiçoamento das técnicas, ou seja, com o desenvolvimento tecno- com toda a classe.
lógico resultante da aplicação do conhecimento científico, o ser huma-
no tomou posse da natureza, transformando-a em uma segunda natu-
reza, ou “natureza humanizada”, como diz o texto do material do aluno. 2. REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO
GEOGRÁFICO: CARTOGRAFIA E MAPAS
Para maior aprofundamento no assunto, leia o Texto 1 da se-
ção de textos complementares deste Guia. Objeto do conhecimento
Cartografia e mapas.
Solicite à sala que analise a imagem da página 10. Proponha um Objeto específico
debate sobre os motivos que levam uma cidade rica como São Paulo Elementos de mapas, histórico da elaboração de mapas, técnicas
a apresentar situações tão contraditórias como a da foto. para produção de mapas.
Essa imagem ilustra bem a desigualdade social presente em quase
todo o território brasileiro, ainda que nas grandes metrópoles isso
seja bem mais visível; riqueza e pobreza, em muitas situações, estão AULA 4 Páginas: 15 a 20
lado a lado.
Para aquecer ainda mais o debate, proponha à turma alguns ques- O que são mapas?; elementos de um mapa
tionamentos:
Por que depois de tantos avanços no campo científico grande par- Objetivos
cela da população (brasileira e mundial) ainda não se beneficia de Definir o que é mapa.
seus frutos? Aprofundar o conhecimento dos elementos de um mapa.
Na opinião de vocês, quais seriam os motivos que fizeram com que as Apresentar os diferentes tipos de representação cartográfica.
sociedades modernas agravassem cada vez mais a desigualdade social?
Por que essa desigualdade social está tão presente nos países sub- Estratégias
desenvolvidos ou em desenvolvimento? Para iniciar um debate em sala de aula, proponha, por exemplo,
questionamentos sobre a importância de se fazer mapas; quais são
suas finalidades; o que os alunos sabem sobre os diferentes tipos de
AULA 3 Páginas: 11 a 13
mapas; quais são os mais conhecidos e utilizados; o que são os ele-
mentos e símbolos de um mapa e como eles ajudam na compreen-
O espaço geográfico: diferenças causadas são das informações apresentadas.
pelo tempo e pela ação da natureza Uma atividade importante para ser feita em sala de aula é o desen-
volvimento do chamado “mapa mental”. Questione se a turma sabe
Objetivos o que isso significa. Se achar necessário, solicite a cada aluno que
Analisar a produção do espaço geográfico segundo as interferên- desenhe no papel o trajeto de casa até a escola; peça que ele enri-
cias do tempo histórico e do tempo geológico (ações da natureza). queça o desenho com informações, indicando pontos de referências,
Analisar documentos fotográficos e compreender as mudanças movimento de automóveis, fluxo de pessoas, entre outros.
que ocorreram no espaço ao longo dos anos ou após um forte Aborde as diferentes escalas das representações cartográficas. Esse
evento na natureza. assunto é bastante importante e, normalmente, de difícil compreen-
são. Se possível, leve à sala alguns exemplos de mapas em diferentes
Estratégias escalas (1:1 000 000; 1:100 000; 1:50 000) e mostre as diferenças na re-
Proponha um debate questionando a classe sobre as grandes trans- presentação de detalhes.
formações no espaço geográfico após o acontecimento de intensos Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos a
fenômenos da natureza, ou mesmo de mudanças da paisagem após atividade 1 do “Para construir” (página 18).
longos períodos de tempo. Aproveite a oportunidade para falar da análise de símbolos e sig-
Se julgar oportuno, organize a turma e mostre imagens de lugares nos de um mapa. Pergunte à classe sobre a utilidade da legenda, da GEOGRAFIA
que passaram por intensas transformações após eventos de terremo- escala, da rosa dos ventos, das linhas, dentre outros elementos. Um
tos, tsunamis, vulcanismos, entre outros, ou imagens que mostram o excelente exercício seria apresentar um mapa sem símbolos. A partir
mesmo lugar em diferentes momentos históricos. disso, é possível propor um debate sobre o que pode ser considerado
Peça que a turma observe os arredores da escola e identifique um bom mapa, quais símbolos podem melhorar a leitura, representar
elementos que dizem respeito ao tempo natural (geológico) e ao melhor objetos, fenômenos, manifestações.
tempo histórico. Por fim, peça à turma que observe as duas representações da pá-
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as gina 17 e questione por que não se pode inserir detalhes de ruas,
atividades 3 e 4 do “Para construir” (página 13). avenidas, praças e rios no primeiro mapa.
4 GUIA DO PROFESSOR
Estratégias AULA 9 Páginas: 35 e 36
Solicite à classe que observe as imagens do planeta Terra em duas
projeções diferentes. Leve um globo à sala de aula e peça aos alunos Projeções equivalentes e conformais
que comparem o globo (uma representação mais fiel da superfície
Objetivos
terrestre) com os mapas. Questione os motivos que levam à escolha
de uma ou outra projeção para representar determinado evento ou Conceituar as duas principais projeções – as equivalentes e as con-
fenômeno. formais.
Questione os alunos sobre a dificuldade de representar formas arre- Compreender as vantagens e desvantagens de cada uma delas.
Estudar dois exemplos dessas duas projeções: Mercator e Gall-
dondadas e tridimensionais (como a Terra) em superfícies planas (como
-Peters.
o papel). Mostre também os benefícios de representar a Terra na su-
perfície plana: por exemplo, visualizar toda a superfície em conjunto, ou Estratégias
medir as distâncias entre diferentes lugares do planeta, o que seria difícil
Seria interessante resgatar as noções que os alunos já possuem sobre
usando um globo. mapas e suas projeções para, a partir delas, problematizar a representação
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos a de toda a superfície terrestre.
atividade 1 do “Para construir” (página 31). A primeira projeção, a de Mercator (conformal), se preocupa com
as formas e distorce os tamanhos. A segunda projeção, de Gall-Peters
Para saber mais sobre os aspectos históricos da demarcação de (equivalente), preocupa-se com a proporção e não com as formas.
linhas referenciais do globo terrestre, leia o Texto 3 da seção Depois de apresentar as duas projeções, verifique se os alunos não
de textos complementares deste Guia. têm dúvidas sobre o assunto. Proponha um debate, questionando-
-os, por exemplo, sobre as principais diferenças entre as projeções e
o tamanho real das porções territoriais ali representadas.
Tarefa para casa Deixe claro para a turma que existem muitas outras projeções, mas
Solicite à classe que faça em casa as atividades 1 do “Para praticar” que essas são as mais usadas nas escolas, nos livros didáticos e nos atlas.
(página 40) e 2 do “Para aprimorar” (página 40).
Se achar oportuno, no início da próxima aula, corrija as questões AULA 10 Páginas: 37 a 39
com toda a classe.
Outras projeções; qual é a melhor projeção?
AULA 8 Páginas: 32 a 34
Objetivos
Principais técnicas de projeção Conhecer a projeção de Robinson e a projeção descontínua.
Analisar as vantagens e desvantagens dessas projeções.
Objetivos Compreender que nenhuma projeção é perfeita e que todas têm
Analisar as principais projeções usadas para representar o globo vantagens e desvantagens.
terrestre.
Estratégias
Entender a especificidade de cada uma delas, quais são suas vanta-
gens e desvantagens. Depois de apresentar os outros tipos de projeção, principalmen-
te a descontínua e a de Robinson, explique à turma que não existe
Estratégias projeção exata ou perfeita. A escolha da projeção se dá segundo
o objetivo do fenômeno ou evento que se quer representar ou da
Deixe claro para a turma que as projeções são usadas de acordo
facilidade que tal projeção proporciona. Por exemplo, por ser mais
com a necessidade daquilo que se quer representar. Por exemplo,
fiel às distâncias, sem ser muito fiel às formas e tamanhos das áreas, a
a projeção polar centrada no polo norte é muito importante para
projeção de Mercator é mais indicada para a navegação. Para estudar
representar o contexto geopolítico da Guerra Fria, no qual os Esta- a Guerra Fria, por exemplo, a projeção polar centrada no polo norte é
dos Unidos e a União Soviética disputavam a hegemonia global. Isso a mais adequada, pois mostra a proximidade entre os EUA e a URSS,
porque, por meio dela, é possível visualizar que os territórios estadu- como vimos na aula 7. Para representar algum fenômeno nos países
nidenses e soviéticos são relativamente próximos, conclusão a que (indústrias, cidades, meios de transporte) a projeção descontínua é
não se consegue chegar facilmente observando uma projeção plana. bem interessante, e assim por diante.
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as
GEOGRAFIA
atividades 2 a 4 do “Para construir” (página 34). atividades 5 e 6 do “Para construir” (página 39).
Tarefa para casa Tarefa para casa
Solicite à classe que faça em casa a atividade 1 do “Para aprimorar” Solicite à classe que faça em casa as atividades 2 a 5 do “Para prati-
(página 40). car” (página 40) e 3 a 5 do “Para aprimorar” (páginas 40 a 42).
Se achar oportuno, no início da próxima aula, corrija as questões Se achar oportuno, no início da próxima aula, corrija as questões
com toda a classe. com toda a classe.
6 GUIA DO PROFESSOR
Estratégias Se achar oportuno, no início da próxima aula, corrija as questões
Esta aula retoma com maior aprofundamento o conteúdo estuda- com toda a classe.
do na aula 9. Peça à turma que abra o Caderno do Aluno na página
36 e observe mais uma vez a representação do planisfério na projeção 5. LOCALIZAÇÃO ABSOLUTA
de Gall-Peters. E LOCALIZAÇÃO RELATIVA
Questione os alunos sobre o que pensam a respeito do tema
apresentado nessa aula. Faz sentido afirmar que, para representar Objeto do conhecimento
os países do hemisfério sul, a projeção de Gall-Peters é a escolha Localização absoluta e relativa.
mais adequada por favorecê-los em relação aos países do hemis-
fério norte? Lembre que a maioria dos países localiza-se no he- Objeto específico
misfério norte, inclusive países subdesenvolvidos como a Índia, o Localização absoluta e relativa, sistemas de localização, influência
Paquistão, a Indonésia, o México e inúmeros outros. Há estudiosos da localização no desenvolvimento de países.
que afirmam não ser essa a projeção mais adequada, pois ela, ao
valorizar apenas os países no sul, deixa grandes áreas do hemisfé-
AULA 16 Páginas: 55 a 57
rio norte também consideradas pobres, subdesenvolvidas ou em
desenvolvimento fora da valorização dessa representação, assim Situação geográfica da cidade de São Paulo;
como favorecem países ricos do hemisfério sul, quando não era
outros exemplos de localização relativa
esse o objetivo principal.
Pergunte aos alunos se alguém já recebeu em casa ou nos semáfo- Objetivos
ros da cidade folhetos de propagandas de vendas de imóveis. Nesses Aprofundar o conceito de localização.
folhetos constam representações que não apresentam qualquer pa- Distinguir localização absoluta e localização relativa.
drão cartográfico ou precisão das informações.
O “mapa” mostra ruas, avenidas, proximidade de ótima infraestru- Estratégias
tura, mas essas indicações, na verdade, são muitas vezes falsas, são Esta aula é um aprofundamento do conteúdo estudado no capítu-
tentativas de ludibriar o possível cliente. Chame a atenção da turma lo 2 (aula 4). Naquele momento, os alunos aprenderam o que são as
para a importância da escala. Nesses “mapas” imprecisos, muitas ve- coordenadas geográficas (latitude e longitude). Agora, vamos apren-
zes o que parece estar próximo está muito longe. der que estudar as coordenadas geográficas de determinado ponto
do globo terrestre é analisá-lo segundo a sua localização absoluta.
AULA 15 Páginas: 51 e 52 O conceito absoluto quer dizer definitivo, imutável, ou seja, que não
varia no tempo.
Outras polêmicas sobre mapas Por outro lado, estudar as características de determinado local,
compreender por que ali se desenvolveu uma grande cidade ou um
Objetivos polo industrial, ou refletir sobre por que a natureza não sofreu grande
Aprender a analisar as representações cartográficas segundo o in- interferência humana são análises feitas segundo o conceito de loca-
teresse de seu executor. lização relativa. Para entender esse conceito, deve-se considerar a
Identificar os motivos e circunstâncias de usar ou não determinada infraestrutura, as condições econômicas que atraem as pessoas para
projeção ou nomenclatura. o lugar, as características físicas, as condições naturais, entre outros
fatores. Falamos de localização relativa porque as características atuais
Estratégias que proporcionaram tal situação podem ser transitórias, podem variar
Esta aula é muito importante, pois sistematiza tudo aquilo que com o tempo.
tem sido estudado desde o início do módulo. Trata-se de analisar Deixe claro para a turma que a cidade como realidade física (loca-
com atenção quem faz o mapa e qual é seu objetivo ao fazê-lo. As lização absoluta) continua no mesmo lugar, não muda; o que nor-
perguntas “quem” e “para quê” devem sempre ser feitas ao examinar malmente ocorre é seu crescimento e sua expansão, mas ela sempre
um mapa. O texto cita vários exemplos: as projeções que distorcem vai estar ali. O que muda e se transforma é a sua localização relativa,
os territórios para mostrar que aquele país é uma possível ameaça à isto é, as vantagens ou desvantagens em relação ao resto do país ou
integridade do outro, as nomenclaturas que evidenciam qual a posi- ao resto do mundo.
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos
GEOGRAFIA
ção do país em relação àquela porção territorial.
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as atividade 1 do “Para construir” (página 57).
atividades 2 e 3 do “Para construir” (página 52).
Tarefa para casa
Tarefa para casa Solicite à classe que faça em casa as atividades 1 a 3 do “Para pra-
Solicite à classe que faça em casa as atividades 2 a 4 do “Para ticar” (página 60).
praticar” (página 53) e as atividades 1 e 3 do “Para aprimorar” (pá- Se achar oportuno, no início da próxima aula, corrija as questões
ginas 53 e 54). com toda a classe.
8 GUIA DO PROFESSOR
O meio técnico Texto 2
O período técnico vê a emergência do espaço mecanizado.
Quanto ao espaço, o componente material é crescentemente for- Aquisições simples Aquisições médias Aquisições complexas
mado do “natural” e do “artificial”. Mas o número e a qualidade
de artefatos varia. As áreas, os espaços, as regiões, os países pas-
Medir uma distância sobre
Conhecer os pontos Estimar uma altitude entre
sam a se distinguir em função da extensão e da densidade da uma carta com uma escala
cardeais. duas curvas hipsométricas.
substituição, neles, dos objetos naturais e dos objetos culturais, numérica.
por objetos técnicos. [...]
O componente internacional da divisão do trabalho tende
Saber se orientar com uma Estimar um ponto da curva
Saber utilizar uma bússola.
a aumentar exponencialmente. Assim, as motivações de uso carta. hipsométrica.
dos sistemas técnicos são crescentemente estranhas às lógicas
Encontrar um ponto
locais e mesmo nacionais, e a importância da troca na sobre-
vivência do grupo também cresce. Como o êxito, nesse pro- sobre uma carta com as Analisar a disposição das Correlacionar duas cartas
cesso de comércio, depende, em grande parte, da presença de coordenadas ou com o formas topográficas. simples.
sistemas técnicos eficazes, estes acabam por ser cada vez mais índice remissivo.
presentes. A razão do comércio, e não a razão da natureza, é Analisar uma carta
que preside à sua instalação. Em outras palavras, sua presen- temática representando
ça torna-se crescentemente indiferente às condições preexis- Encontrar as coordenadas Ler uma carta regional
um só fenômeno
tentes. A poluição e outras ofensas ambientais ainda não ti- de um ponto. simples.
(densidade populacional,
nham esse nome, mas já são largamente notadas – e
causticadas – no século XIX, nas grandes cidades inglesas e relevo, etc.).
continentais. E a própria chegada ao campo das estradas de Reconhecer e situar as Explicar a localização de um
ferro suscita protesto. Saber se conduzir com uma
formas de relevo e de fenômeno por correlação
carta simples.
O meio técnico-científico-informacional utilização do solo. entre duas cartas.
O terceiro período começa praticamente após a Segunda
Extrair de plantas e cartas Elaborar uma carta simples
Guerra Mundial, e sua afirmação, incluindo os países de tercei-
simples um só série de Saber diferenciar declives. a partir de uma carta
ro mundo, vai realmente dar-se nos anos 1970. É a fase que R.
Richta chamou de período técnico-científico e que se distingue fatos. complexa.
dos anteriores pelo fato da profunda interação da ciência e da
Saber reconhecer e situar
técnica, a tal ponto que certos autores preferem falar de tecno-
ciência para realçar a inseparabilidade atual dos dois conceitos
tipos de clima, massas de
Elaborar uma carta
e das duas práticas. Saber calcular altitude e ar, formações vegetais,
regional simples com
Essa união entre técnica e ciência vai dar-se sob a égide do distância. distribuição populacional,
símbolos precisos.
mercado. E o mercado, graças exatamente à ciência e à técnica, centros industriais e
torna-se um mercado global. A ideia de ciência, a ideia de tecno- urbanos e outros.
logia e a ideia de mercado global devem ser encaradas conjunta-
mente e desse modo podem oferecer uma nova interpretação à Saber elaborar um croqui
Saber se conduzir com um
questão ecológica, já que as mudanças que ocorrem na natureza regional simples (com
mapa rodoviário ou com
também se subordinam a essa lógica. legenda fornecida pelo
uma carta topográfica.
Neste período, os objetos técnicos tendem a ser ao mesmo professor).
tempo técnicos e informacionais, já que, graças à extrema inten-
cionalidade de sua produção e de sua localização, eles já surgem Saber levantar hipóteses
como informação; e, na verdade, a energia principal de seu fun- reais sobre a origem de
cionamento é também a informação. Já hoje, quando nos referi- uma paisagem.
mos às manifestações geográficas decorrentes dos novos progres-
sos, não é mais de meio técnico que se trata. Estamos diante da Analisar uma carta
produção de algo novo, a que estamos chamando de meio técnico- temática que apresente
-científico-informacional. vários fenômenos.
GEOGRAFIA
Da mesma forma como participam da criação de novos proces-
sos vitais e da produção de novas espécies (animais e vegetais), a Saber extrair de uma carta
ciência e a tecnologia, junto com a informação, estão na própria complexa os elementos
base da produção, da utilização e do funcionamento do espaço e fundamentais.
tendem a constituir o seu substrato.
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10 GUIA DO PROFESSOR
Paralelos braço maior) está a cerca de 320 anos-luz de distância da Ter-
Depois de definir a linha reta dos polos, não há nenhuma ra. A terceira estrela mais brilhante (Gama Crucis, que fica na
dificuldade em considerar um plano perpendicular a esta linha parte superior do braço maior) está a 88 anos-luz. Embora
e igualmente distante de cada polo. Tal plano passará pelo cen- visualmente pareçam estar próximas, elas estão bem distantes
tro da esfera 0 e a seção será um círculo máximo igual a qual- entre si.
quer meridiano, cortando a Terra em duas partes iguais (em
latim: “equales”): a circunferência desse círculo chama-se equa- No mundo moderno...
dor. Geometricamente falando, podemos construir uma infini- A melhor tecnologia disponível hoje para determinar a posição
dade de planos paralelos ao plano do equador os quais passarão exata de um ponto é o GPS – sigla de Global Positioning System.
todos, mais ou menos, distanciados do centro da Terra, deter- Em português, Sistema de Posicionamento Global.
minando circunferências chamadas paralelos. Quando o plano O sistema utiliza satélite com relógios atômicos perfeitamente
se torna tangente à extremidade do eixo polar, o círculo reduz- sincronizados, com precisão de um nanossegundo (uma fração
-se a um ponto e confunde-se com o polo. O polo pode ser, de um bilhão de um segundo), o que permite a localização de um
assim, considerado como o limite do paralelo, pois o diâmetro objeto com margem de erro de apenas 15 metros.
deste vai se reduzindo, gradativamente a partir do equatorial,
O GPS é amplamente utilizado em embarcações e aviões.
até anular-se.
Com o barateamento dessa tecnologia, ficou acessível também
LIBAULT, André. Geocartografia.
São Paulo: Nacional/Edusp, 1975. p. 59-61. Adaptado. para os motoristas de automóveis. Com o equipamento, é mais
fácil navegar pelas ruas e estradas, pois ele permite traçar as
Texto 4 rotas mais rápidas ou mais curtas, o que é muito útil nas gran-
des cidades.
Das estrelas ao GPS
Atualmente, é muito mais fácil viajar do que era no passado. Além da comodidade, há por trás dessa tecnologia moderna
As viagens foram facilitadas tanto pelo desenvolvimento de novas um dos conceitos mais fantásticos desenvolvidos pela física: a
tecnologias como pelo aumento do próprio número de viagens, relatividade do tempo.
o que levou a seu barateamento e tornou-as mais acessíveis para Albert Einstein (1879-1955) mostrou, no começo do século XX,
grande parte da população. que o tempo não só depende do movimento do observador, mas
Antes do advento dos aviões a jato, as viagens aéreas para é também influenciado pela força gravitacional. Um corpo que está
grandes distâncias eram algo penoso, principalmente por mais próximo da superfície da Terra sofre a ação da gravidade mais
conta da pequena autonomia das aeronaves. Em qualquer intensamente do que um satélite que está a milhares de quilôme-
viagem, mesmo dentro do Brasil, era preciso fazer várias es- tros de distância do planeta.
calas para abastecê-las. Hoje, os aviões de passageiros são De acordo com a Teoria da Relatividade Geral, por conta da
capazes de viajar mais de 10 mil km sem necessidade de abas- força da gravidade, um corpo com massa gera uma curvatura na
tecimento. estrutura do espaço-tempo – pense como ficaria um lençol esti-
Uma das coisas mais importantes em qualquer viagem é co- cado se alguém jogasse no meio uma maçã. Como o espaço e o
nhecer bem a rota e saber se a está seguindo corretamente. Desde tempo estão interligados, essa curvatura altera o ritmo de passa-
a Antiguidade, o homem criou várias formas de se orientar e gem do tempo.
encontrar os caminhos certos em suas viagens, que, antes de É claro que esses efeitos são pouco perceptíveis no nosso coti-
serem simplesmente para as férias de verão, carregavam a missão diano, mas quando é preciso ter uma grande precisão, como é o
de descoberta e exploração. caso do GPS, eles se tornam fundamentais. Por exemplo, se os
relógios atômicos dos satélites utilizados no GPS não fossem ca-
Na direção das estrelas
librados de acordo com os resultados da relatividade geral, have-
Observar as estrelas foi uma das primeiras formas de orienta-
ria um erro acumulativo de cerca de 15 km por dia na marcação
ção usadas pelos viajantes. Ao olharmos para o céu, podemos
das posições.
ver que há uma distribuição regular das estrelas que formam
Ao viajar, seja de avião ou automóvel, contando com as facili-
padrões conhecidos como constelações. Elas inspiraram os po-
dades tecnológicas hoje disponíveis, nem lembramos o quanto já
vos da antiguidade a visualizarem representações de animais,
foi difícil fazer viagens e travessias. Mas fato é que o homem, para
deuses, heróis, guerreiros e figuras mitológicas. Contudo, por
encontrar o caminho correto – ou o mais rápido – já utilizou as
mais belas que sejam, elas são apenas figuras que imaginamos
GEOGRAFIA
mais diversas estratégias e aparatos, desde as mais simples, como
no céu.
a observação das estrelas, às mais sofisticadas, como o GPS.
As estrelas que constituem uma constelação não têm qualquer
E nem sequer podemos imaginar o que ainda poderá ser utili-
ligação física entre si. Elas são identificadas em função do seu
zado no futuro.
brilho, seguindo o alfabeto grego. A mais brilhante é chamada de
OLIVEIRA, Adilson de. Das estrelas ao GPS.
Alfa, a segunda de Beta, a terceira de Gama, etc. Departamento de Física. Universidade Federal de São Carlos.
Por exemplo, a estrela mais brilhante da constelação do Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/fisica-sem-misterio/das-
Cruzeiro do Sul (Alfa Crucis, que fica na parte inferior do estrelas-ao-gps/>. Acesso em: 5 jul. 2014. Adaptado.
12 GUIA DO PROFESSOR
5. O SIG (Sistema de Informações Geográficas) consiste em tecnolo- nho relativo de cada área mapeada. Porém, para preservar o
gias de processamento de informações geográficas, em geral sob tamanho das áreas, ela acaba distorcendo os formatos.
a forma de softwares. Os SIG têm inúmeras utilidades: podem ser c) Sim. Ambas são projeções cilíndricas, ou seja, procuram envol-
usados no planejamento urbano ou regional, no monitoramento ver a Terra num cilindro, como se existisse uma luz na Terra e
e aperfeiçoamento do trânsito, na localização de empresas, no essa iluminação se propagasse para o cilindro, que será desen-
combate à poluição do ar ou à criminalidade, etc. rolado e colocado sobre uma superfície plana (o papel).
6. A partir desses séculos, os mapas foram resultado das inúmeras via- 4. Resposta a critério do aluno, mas ele deve ter compreendido de
gens de circum-navegação que os exploradores europeus fizeram fato que algumas projeções são mais úteis ou se adequam melhor
para descobrir novas terras. Portanto, esses exploradores foram os a algum objetivo específico: por exemplo, a projeção de Gall-Peters
primeiros a ter uma ideia mais aproximada de como é a superfície é utilizada para evidenciar que as áreas tropicais (como o Brasil, a
terrestre. América do Sul e a África) são maiores que as situadas nas regiões
polares (como a Groenlândia); uma projeção polar centrada na re-
PARA APRIMORAR – páginas 27 e 28 gião ártica serve para evidenciar as disputas por terras ou os riscos
de uma guerra nuclear entre a Rússia e os Estados Unidos; e assim
1. b. por diante. O aluno também poderá compreender que algumas
2. c. projeções com um determinado país no centro (China, Estados
3. a) Fase 1 – escala 1 : 25 000 ou 1 : 50 000. Unidos) são adotadas nesses países para enfatizar que se está
Fase 2 – escala 1 : 5 000 ou 1 : 10 000. olhando para o mundo na perspectiva deles, assim como alguns
mapas que colocam o hemisfério sul “acima” do norte estão que-
b) Na fase 1, é necessário um mapa para enxergar a cidade intei- rendo valorizar simbolicamente os países do sul e assim por diante.
ra (média escala) para uma análise mais geral das condições
ambientais da área urbana do município. Na fase 2, é preciso 5. a) Na projeção de Mercator, as menores distorções ocorrem pró-
um mapa mais detalhado para identificar os locais que serão ximas ao equador, e as maiores distorções, nas áreas próximas
arborizados (grande escala). do polo.
4. A representação cartográfica que dispõe os países de acordo com b) Ao desenvolvimento das navegações, quando das descober-
o que foi convencionado como hemisfério norte e sul serve ao tas de novas áreas, ao surgimento de colônias e à crescente
propósito político de atribuir aos países centrais uma suposta circulação de mercadorias que demandavam mapas melhores
superioridade frente aos países em desenvolvimento. A perso- e mais precisos e exigiram novas técnicas de orientação, mais
nagem Liberdade sugere, na tira, que estar “embaixo” no mapa- precisas, por isso os mapas e cartas teriam de ser mais corretos
-múndi convencional possui um sentido metafórico, uma vez que e detalhados.
não há referencial que justifique a determinação dos hemisférios c) Trata-se da rota C. A projeção de Mercator é cilíndrica, e o glo-
como norte e sul em uma superfície esférica. bo projetado no cilindro tende a distorcer as áreas polares e a
esconder o fato de que a Terra foi aberta em “gomos” esticados
CAPÍTULO 3 – PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS no sentido leste-oeste. Na rota C, num globo verdadeiro, com
o “gomo” diminuído (“encolhido”), a distância é a menor.
PARA PRATICAR – página 40
PARA APRIMORAR – páginas 40 a 42
1. Projeções cartográficas são técnicas destinadas a representar um
objeto esférico (a superfície terrestre) numa folha plana. Nenhuma 1. a) É uma projeção plana ou polar, centrada no polo norte.
projeção é exata ou perfeita, pois é impossível representar com b) Resposta a critério do aluno. Seria importante que a resposta
perfeição um objeto esférico numa superfície plana. Logo, todas tivesse como base uma pesquisa (na internet, por exemplo,
as projeções têm algum tipo de distorção. principalmente no site da própria ONU: www.onu.org.br), ou
2. Um dos mapas tem a projeção de Gall-Peters, e o outro, uma pro- então uma especulação criativa, baseada em argumentos ló-
jeção azimutal ou polar centrada no polo norte. A projeção de gicos e aceitáveis.
Gall-Peters procura antes de tudo ser fiel ao tamanho relativo de 2. a) 10 horas.
cada porção das terras emersas, embora distorça seus formatos, b) Três fusos horários.
enquanto a projeção azimutal procura mostrar com mais detalhes c) À uma hora da manhã.
as regiões situadas nas proximidades do centro do mapa (neste 3. a.
caso, o polo norte), distorcendo as regiões mais distantes desse
polo. 4. a.
3. a) A projeção de Mercator é conformal, e a de Gall-Peters é equiva- 5. b.
lente.
CAPÍTULO 4 – INTERPRETAÇÃO DE MAPAS
GEOGRAFIA
b) A projeção de Mercator é conformal, uma vez que se preocupa
basicamente com as formas e nem tanto com o tamanho rela- PARA PRATICAR – página 53
tivo de cada área. Essa projeção reproduz mais ou menos cor-
retamente o tamanho e o formato das áreas situadas na zona 1. Resposta e exemplos a critério do aluno.
intertropical, mas exagera na projeção das áreas temperadas 2. Peters argumentou que as projeções usuais, especialmente a mais
e polares. A projeção de Gall-Peters é do tipo equivalente, ou comum de todas, a de Mercator, eram eurocêntricas e desvalori-
seja, tem preocupação maior com a proporção, com o tama- zavam o hemisfério sul, além de exagerarem o tamanho da Eu-
14 GUIA DO PROFESSOR
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