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Relatório 03: Experimento Sobre Constante de Tempo em Circuitos RC

Gabriela Silva Conceição Varela e Larissa Cardoso Rodrigues.

1. INTRODUÇÃO

Os capacitores são dispositivos capazes de armazenar carga elétrica (energia


elétrica. São formados por placas metálicas e material dielétrico e possuem uma
importante propriedade, a capacitância, que medirá justamente a capacidade de
armazenar energia. A capacitância é medida em Farads (F) e pode ser calculada
por meio da expressão a seguir:

𝑞(𝑡)
𝐶= 𝑉

Sendo q(t) a carga armazenada em função do tempo, em Coulombs (C) e V a


tensão entre as placas, em volts (V).

Quando temos um circuito formado por um resistor e um capacitor, sejam ligados


em série ou em paralelo, o chamamos de circuito RC. Nesse tipo de circuito pode
ser utilizada uma chave que permitirá carregar ou descarregar o capacitor e ele
pode ser aplicado para diferentes fins, como por exemplo otimizar a potência ou
multiplicar a tensão.

A constante de tempo RC nos indica o tempo que será necessário para que um
capacitor que está associado a um resistor seja carregado. Eal pode ser
calculada utilizando a resistência do resistor e a capacitância do capacitor
envolvidos no circuito.

Entendendo a teoria sobre resistores, capacitores e circuitos RC, foi realizado o


experimento a seguir.
2. OBJETIVO

O experimento em questão visa entender na prática o comportamento dos


tempos de carga e de descarga de um capacitor em um circuito RC, observando
as variações nesse comportamento e medindo a constante de tempo. Para isso,
foram realizadas medidas com dois capacitores de diferentes capacitâncias e
ainda com tais capacitores em série, tendo o auxílio do arduino e de equações,
gráficos e linearizações para chegar às conclusões presentes neste relatório
acerca do tempo em circuitos RC.

3. MATERIAIS UTILIZADOS

Para a execução do experimento foram utilizados 1 placa Arduino Mega, 1 fonte


de alimentação para placa Arduino, 1 protoboard de 400 pontos, 1 display LCD
16X2, 4 cabinhos de ligação macho-fêmea, 6 cabinhos de ligação macho-macho,
1 resistor de 10 Ω, 1 capacitor de 1000 µ𝐹, 1 capacitor 2200 µ𝐹 e 1 multímetro.

4. DESENVOLVIMENTO E RESULTADOS

4.1. PRIMEIRA PARTE

Na primeira parte do experimento foi montado um circuito utilizando a protoboard.


Inicialmente foi medido o tempo que o capacitor de 1000 µ𝐹 leva para carregar e
descarregar, sendo realizadas 3 medidas, registradas na tabela 1.

Tabela 1: Medidas de carga e descarga do capacitor de 1000 µ𝐹.


Medida Tempo de carga [s] Tempo de descarga [s]

1 9,6 10,2
2 9,8 9,9
3 10,1 9,7

Como próximo passo, o capacitor de 1000 µ𝐹 foi substituido por um de 2200 µ𝐹


e novamente foram realizadas 3 medidas dos tempos de carga e descarga,
como mostra a tabela 2.
Tabela 2: Medidas de carga e descarga do capacitor de 2200 µ𝐹.
Medida Tempo de carga [s] Tempo de descarga [s]

1 23,6 22,7
2 22,4 22,8
3 22,5 22,9

4.3. SEGUNDA PARTE


Para a segunda parte do experimento, os dois capacitores foram colocados em
série e em seguida mede-se o tempo como na parte 1. Os dados foram
registrados como mostra a tabela 3.

Tabela 3: Medidas de carga e descarga dos capacitores em série.


Medida Tempo de carga [s] Tempo de descarga [s]

1 6,9 6,8
2 6,6 6,7
3 6,1 6,9

4.4. DISCUSSÃO DA 1ª PARTE


Para essa discussão, primeiramente, devemos tirar a média dos tempos de carga
e descarga capacitor de 1000 μF e o desvio padrão de cada medida.

Dp = √(∑(Xi-X)²).1/n onde

Xi é o valor individual, X a média dos valores e n a quantidade de valores

Carga:

Dp1=√((9,6-9,83)²+(9,8-9,83)²)+(10,1-9,83)².1/3 Dp1= 0,25 s

Descarga:

Dp2=√((10,2-9,93)²+(9,9-9,93)²)+(9,7-9,93)².1/3 Dp2= 0,25 s

Assim, conseguimos montar a tabela a seguir:

Tabela 4: Média das medidas de carga e descarga do capacitor


de 1000 μF e e seus desvios padrão.
Medida Tempo de carga [s] Tempo de descarga [s]

1 9,6 10,2
2 9,8 9,9
3 10,1 9,7
Média 9,83 9,93
Variância 0,06 0,06
Dp 0,25 0,25

Com isso, podemos afirmar que os tempos de carga e descarga desse capacitor
são iguais, pois observamos o mesmo valor de desvio padrão para as medidas
realizadas, além da mesma variância.

A partir daqui, será calculado a capacitância do capacitor com o auxílio da


expressão da constante de tempo num circuito RC. Como o a média do conjunto
de medidas do desvio padrão foi de 0,25, adotaremos este valor como incerteza.
Para o cálculo da a carga temos o valor da resistência do resistor (10kΩ) e o
tempo médio para carga/descarga.

𝑡
𝐶 = 𝑅
onde 𝑡 = 𝑅𝑥𝐶

Calculando a capacitância para a carga e descarga:

Carga

9,83
𝐶 = 4
10

−4
𝐶 = 9, 83 𝑥 10 𝐹 𝑜𝑢 983 µ𝐹

Descarga

9,93
𝐶 = 4
10

−4
𝐶 = 9, 93 𝑥 10 𝐹 𝑜𝑢 993 µ𝐹
Tendo calculado as capacitâncias de carga e descarga, conseguimos comparar os
valores de 983 µ𝐹 e 993 µ𝐹 com o valor nominal indicado no capacitor.
Assim, pode-se concluir que os valores são próximos do esperado pois se
aproximam de 1000 µ𝐹, ficando apenas um pouco abaixo.

Já para calcular a incerteza da capacitância da carga e descarga usamos para o


∆R 5% do valor da resistência e ∆t 0,25s, como calculado acima. Com a fórmula
abaixo temos:

∆F = |∂𝑅/∂X|. ∆X + |∂𝑅/∂Y|. ∆Y

∆C = |∂𝑅/∂t |. ∆t + |-∂𝑅/∂R |. ∆R

∆C𝑐= |1/R |. ∆t + |-t/(R)² |. ∆R


∆C𝑐= |1/10000 |. 0,25 + |-9,83/(10000)² |. 500
∆C𝑐= 7,42x10^-5 µ𝐹

∆Cd= |1/R |. ∆t + |-t/(R)² |. ∆R


∆Cd= |1/10000 |. 0,25 + |-9,93/(10000)² |. 500
∆Cd= 7,47x10^-5 µ𝐹

Com base na análise acima do cálculo das capacitâncias de carga e descarga,


percebemos que possuem o mesmo comportamento, ficando dentro do esperado.

No próximo passo, o mesmo procedimento deve ser feito para o capacitor de


2200 μF.

Dp = √(∑(Xi-X)²).1/n onde

Xi é o valor individual, X a média dos valores e n a quantidade de valores

Carga:

Dp1=√((23,6-22,83)²+(22,4-22,83)²)+(22,5-22,83)².1/3 Dp1= 0,67 s

Descarga:

Dp2=√((22,7-22,80)²+(22,8-22,80)²)+(22,9-22,80)².1/3 Dp2= 0,10 s

Assim, conseguimos montar a tabela a seguir:

Tabela 5: Média das medidas de carga e descarga do capacitor


de 2200 μF e seus desvios padrão.

Medida Tempo de carga [s] Tempo de descarga [s]

1 23,6 22,7
2 22,4 22,8
3 22,5 22,9
Média 22,83 22,80
Variância 0,44 0,01
Dp 0,67 0,10

Nesse passo percebemos um desvio padrão maior em relação ao tempo de carga


que para o tempo de descarga, o que pode ser considerado próximo do esperado.

Calculando a capacitância para a carga e descarga:

Carga

22,83
𝐶 = 4
10

−4
𝐶 = 22, 83𝑥 10 𝐹 𝑜𝑢 2283 µ𝐹

Descarga

22,80
𝐶 = 4
10

−4
𝐶 = 22, 80 𝑥 10 𝐹 𝑜𝑢 2280 µ𝐹
Tendo calculado as capacitâncias de carga e descarga, conseguimos comparar os
valores de 2283 µ𝐹 e 2280 µ𝐹 com o valor nominal indicado no capacitor.
Assim, pode-se concluir que os valores são próximos do esperado pois se
aproximam de 2200 µ𝐹, ficando apenas um pouco acima.

Já para calcular a incerteza da capacitância da carga e descarga usamos para o


∆R 5% do valor da resistência e ∆t 0,67s e 0,10 s, como calculado . Com a
fórmula abaixo, se baseando também na definição de capacitância, temos:

𝑡
𝐶= 𝑅

∆F = |∂𝑅/∂X|. ∆X + |∂𝑅/∂Y|. ∆Y

∆C = |∂𝑅/∂t |. ∆t + |-∂𝑅/∂R |. ∆R

∆C𝑐= |1/R |. ∆t + |-t/(R)² |. ∆R


∆C𝑐= |1/10000 |. 0,67 + |-22,83/(10000)² |. 500
∆C𝑐= 1,81x10^-4 µ𝐹

∆Cd= |1/R |. ∆t + |-t/(R)² |. ∆R


∆Cd= |1/10000 |. 0,10 + |-22,80/(10000)² |. 500
∆Cd=1,24x10^-4 µ𝐹

4.5 DISCUSSÃO DA 2ª PARTE

Na segunda parte do experimento analisamos o circuito com os capacitores de


1000 µ𝐹 e 2200 µ𝐹 em série, tomando também os valores médios e os desvios
padrões dos tempos de carga e descarga, como pode ser visto na tabela a seguir.

Fazendo a média das medidas de tempo, calculando seus desvios individuais e


sua variância (média dos quadrados dos desvios), podemos calcular o desvio
padrão:

Dp = √(∑(Xi-X)²).1/n onde

Xi é o valor individual, X a média dos valores e n a quantidade de valores

Carga:
Dp1=√((6,9-6,8)²+(6,6-6,8)²)+(6,1-6,8)².1/3 Dp1= 0,40 s

Descarga:

Dp2=√((6,8-6,53)²+(6,7-6,53)²)+(6,9-6,53)².1/3 Dp2= 0,10 s

Assim, conseguimos montar a tabela a seguir:

Tabela 6: Média das medidas de carga e descarga dos capacitores


em série e seus desvios padrão.

Medida Tempo de carga [s] Tempo de descarga [s]

1 6,9 6,8
2 6,6 6,7
3 6,1 6,9
Média 6,53 6,80
Variância 0,16 0,01
Dp 0,40 0,10

Nesse tipo de associação de capacitores, onde a placa positiva de um dos


dispositivos se conecta à placa negativa do outro, a capacitância equivalente é
dada pelo quociente entre o produto e a soma das capacitâncias. Para o cálculo
da capacitância equivalente à associação utilizaremos a expressão:

𝐶1 . 𝐶2
𝐶𝑒𝑞 = 𝐶1+𝐶2

Espera-se que a capacitância equivalente (𝐶 ) seja menor que a menor


𝑒𝑞

capacitância entre os capacitores utilizados na associação.

Utilizaremos C1 como capacitância do capacitor de 1000 μF e C2 como


capacitância do capacitor de 2200 μF.

Calculando 𝐶 a partir das capacitâncias calculadas nos passos anteriores:


𝑒𝑞

Carga:

983 . 2283
𝐶𝑒𝑞 = 983+2283
𝐶𝑒𝑞 = 687, 13 μ𝐹

Descarga:

993 . 2280
𝐶𝑒𝑞 = 993+2280

𝐶𝑒𝑞 = 691, 73 μ𝐹

Os valores encontrados são condizentes com o esperado, pois obtivemos como


resultado valores menores que os anteriores e temos que com os capacitores
associados em série, a capacitância equivalente tente a diminuir.

Já para calcular a incerteza da capacitância da carga e descarga usamos para o


∆R 5% do valor da resistência e ∆t 0,1s. Com a fórmula abaixo, se baseando
também na definição de capacitância, temos:

𝑡
𝐶= 𝑅

∆F = |∂𝑅/∂X|. ∆X + |∂𝑅/∂Y|. ∆Y

∆C = |∂𝑅/∂t |. ∆t + |-∂𝑅/∂R |. ∆R

∆C𝑐= |1/R |. ∆t + |-t/(R)² |. ∆R

∆Cd= |1/R |. ∆t + |-t/(R)² |. ∆R

CONCLUSÃO

Por meio do experimento foi possível calcular as medidas de dispersão dos


tempos de carga e descarga dos capacitores e fazer comparações entre elas. O
experimento também permitiu realizar o cálculo da capacitância e comparar o
resultado ao valor nominal e ainda observar o comportamento do tempo de carga
e descarga quando capacitores são associados em série, fazendo com que a
capacitância diminua.
REFERÊNCIAS

[1] Teoria dos Erros


Disponível em:
<file:///C:/Users/55719/Downloads/Teoria%20dos%20erros.pdf>. Acessado em: 21
de Abril de 2022
[2] Notas de Aula
ANEXO I

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