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EDUCAÇÃO
RESUMO: O paradigma tecnológico e científico é predominante, mas ainda permanecem formas de organização da vida
social e pessoal que não estão baseadas nos princípios considerados racionais pela filosofia e pela ciência. Isso se faz
perceptível de forma marcante nos comportamentos dos adolescentes e jovens em suas práticas cotidianas, principal-
mente, na vida escolar. Não raro, eles se deixam levar por falácias e argumentos inválidos, revelando desconhecimento
dos princípios lógicos. Esse artigo apresenta uma pesquisa que teve como objetivo detectar a existência de raciocínios
incorretos/falácias na organização das falas, das pesquisas, das provas dos estudantes do Ensino Médio Integrado. Utiliza
a lógica aristotélica de pesquisar/sugerir instrumentos para praticar os mecanismos de raciocínio correto com a utilização
da lógica formal como instrumento para uma análise crítica da realidade e para a aquisição de habilidades na resolução
de problemas. Foram realizadas pesquisas no intuito de identificar, no estudo da lógica, as principais falácias. A partir do
material coletado, foram selecionadas as principais falácias com o objetivo de identificar nas falas e textos dos estudantes
as impropriedades discursivas no que diz respeito à utilização da lógica aristotélica. Constatou-se grande quantidade
de falácias, raciocínios incorretos e impropriedades no que se refere à utilização da lógica em debates, argumentações,
diálogos formais e informais.
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Instituto Federal do Triângulo Mineiro, (IFTM). Paracatu - MG, Brasil. E-mail: samuelduarte@iftm.edu.br.
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Instituto Federal do Triângulo Mineiro, (IFTM). Paracatu - MG, Brasil. E-mail: sterphanycrosfox1@hotmail.com.
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Samuel de Jesus Duarte, Sterphany Alves Teixeira
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A lógica formal/aristotélica na prática dos estudantes do ensino médio integrado
Esta pesquisa, no entanto, quis ir além da pes- textualizar conhecimentos filosóficos, tanto no plano
quisa descritiva, pois almejou constatar os fatores de sua origem específica quanto em outros planos: o
determinantes, as causas e os porquês do fenômeno pessoal-biográfico; o entorno sociopolítico, histórico
estudado. Para se proceder à pesquisa explicativa, e cultural; o horizonte da sociedade científico-tecno-
foi utilizada a pesquisa bibliográfica das obras intro- lógica; debater, tomando uma posição, defendendo-
dutórias à lógica. -a argumentativamente e mudando de posição dian-
A pesquisa sobre a existência de falácias e so- te de argumentos mais consistentes; elaborar, por
fismas nos discursos dos estudantes foi realizada, escrito, o que foi apropriado de modo reflexivo. Cada
utilizando-se a pesquisa de campo pelo método da uma dessas seis competências só pode ser alcançada
observação participante. O fato de os pesquisadores a partir do exercício da lógica.
estarem inseridos no objeto pesquisado viabilizou a Para se alcançar o objetivo proposto na pes-
observação de situações em que a lógica foi ou não quisa, utilizou-se algumas obras de introdução à
utilizada. A coleta dos dados foi realizada com a obser- lógica. São muitos os materiais relativos à lógica
vação das falas em sala de aula e de materiais escritos matemática e à lógica de programação, sendo mais
como trabalhos, provas, relatórios, redações das aulas escassos os textos ligados à lógica aristotélica, for-
de filosofia. Essa pesquisa se caracterizou pela inte- mal, clássica. No entanto, utilizou-se um referencial
ração entre pesquisadores e membros das situações teórico suficiente para um aprofundamento do tema
investigadas. Os pesquisadores estão engajados nas e para a posterior análise dos discursos e textos a
atividades rotineiras do grupo pesquisado. partir dos pressupostos da lógica.
O estudo ficou restrito às obras de caráter in-
trodutório. No entanto, não é possível trabalhar a
DESENVOLVIMENTO lógica sem fazer referência ao autor que vem sendo
reconhecido como pai da lógica por mais de dois mil
A lógica procura as normas do pensamento ra- anos – Aristóteles. Os princípios estabelecidos por ele
cional. De acordo com a filosofia aristotélica, a lógica na obra Organum são considerados válidos até o pre-
trata das regras e leis que controlam o pensamen- sente momento. Para Aristóteles, o objetivo da lógica
to para que este seja correto. Os princípios por ela era levantar os argumentos, ou seja, encadeamentos
utilizados ajudam a separar o raciocínio correto do de conceitos e juízos que levariam a novas verdades.
incorreto. Pensamento e raciocínio são entendidos Essa lógica aristotélica trabalha a partir de elementos
não pelos aspectos complexos da psique humana linguísticos e a aplicação em outras línguas é, por ve-
estudada pela psicologia, mas a partir da relação en- zes, problemática. Diante disso, a partir do trabalho
tre as premissas e pressupostos e a conclusão apre- de George Boole (1854), no século XIX, a lógica ma-
sentada. O lógico se preocupa, dessa maneira, com a temática vem ganhando cada vez mais espaço, pois
correção dos argumentos e não com o seu conteúdo. evita os dilemas linguísticos pela utilização da lingua-
“Os lógicos não se ocupam da veracidade ou falsida- gem universal da matemática. Apesar da facilidade
de da proposição. Interessam-se apenas pela valida- da lógica simbólica relacionada aos materiais e à lin-
de ou invalidade do argumento. Estudam, em outros guagem universal da matemática, aliada à exigência
termos, as condições segundo as quais se podem em concursos públicos, a lógica formal/aristotélica se
considerar lógica uma inferência” (COELHO, 1996, p. faz muito útil no contexto da organização das ideias,
21). No fim, o objetivo da lógica são os conhecimen- dos discursos e da ação.
tos verdadeiros sustentados por evidências. Aristóteles divide a lógica em formal e mate-
Ainda, de acordo com Aristóteles, os principais rial. A lógica formal observa o aspecto estrutural do
elementos da lógica são o conceito, o juízo e o ra- pensamento, ou seja, se o raciocínio é válido ou invá-
ciocínio. O conceito é a representação da realidade, lido a partir da verificação das regras adequadas. A
a identificação de cada elemento na mente e na lin- lógica material verifica o conteúdo das proposições.
guagem humana. O juízo é o conjunto de conexões A lógica formal não se preocupa com o conteúdo das
ou separações que se realiza entre os conceitos. A afirmações e segue três princípios, a saber: da identi-
relação entre os conceitos na fabricação dos juízos dade, do terceiro excluído e da não-contradição.
leva à concretização de inferências. Do ponto de vista A obra Aprendendo Lógica de Vicente Keller e
lógico, a preocupação é com a relação entre as pro- Cleverson L. Bastos (2002) faz uma rápida apresen-
posições e não com o seu conteúdo. tação da lógica formal apresentando as regras rela-
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, tivas ao silogismo e uma grande lista de sofismas.
2006), relativos ao Ensino Médio, afirmam como ob- Nesse mesmo viés, Irving Copi (1978), com o texto
jetivo da filosofia a preparação dos estudantes para Introdução à lógica, continua sendo um grande clássi-
o mercado de trabalho num contexto de flexibilidade co. Esta obra faz uma introdução à lógica na perspec-
desenvolvendo as seguintes habilidades: ler textos fi- tiva da linguagem com a vantagem de elencar vários
losóficos de modo significativo; ler, de modo filosófi- exercícios para aprofundamento do conteúdo. Ele
co, textos de diferentes estruturas e registros; articu- divide o livro em três partes: linguagem, dedução e
lar conhecimentos filosóficos e diferentes conteúdos indução. O livro Introdução à Lógica, de César Mortari
e modos discursivos nas ciências naturais e huma- (2001), também faz apresentação bem organizada da
nas, nas artes e em outras produções culturais; con- lógica formal.
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As obras citadas acima foram utilizadas com o errônea”. (KELLER; BASTOS, 2002, p. 31). Quando se
intuito de relacionar as principais falácias que ocor- acentua o estado emocional de quem fala chega-se
rem entre os estudantes do Ensino Médio Integrado e à ênfase. “Nas falácias de ambiguidade, os conceitos
propor atividades que possam auxiliar na elaboração ou enunciados não são suficientemente esclarecidos
de argumentos a partir da lógica formal. ou os termos são empregados com sentidos diferen-
Falácias “são raciocínios logicamente inválidos tes nas diversas etapas da argumentação” (ARANHA;
e que são utilizados ardilosamente” (MATTAR, 2010, p. MARTINS, 2013, p. 103).
77). De acordo com Vicente Keller e Cleverson L. Bastos A principal forma para vencer as falácias é
(2002, p. 24), as falácias podem ser divididas em dois aprofundar o processo de criação de inferências. “A
grupos: linguístico e psicológico. No grupo psicológico inferência é um processo pelo qual se chega a uma
se destacam os sofismas a seguir. A conclusão irrele- proposição, afirmada na base de uma ou outras mais
vante (ignoratio elenchi) ocorre quando a argumenta- proposições aceitas como ponto de partida do proces-
ção é conduzida intencionalmente a uma conclusão so” (COPI, 1978, p. 21). De acordo com a lógica aristo-
que não “tem nada a ver” com o contexto da questão. télica, os raciocínios devem ser elaborados levando-
Quando um advogado enfatiza o horror de um crime -se em consideração três princípios fundamentais: “o
e não as provas que ligam tal delito a um réu, incorre princípio da identidade (A:A), da não-contradição (A ≠
nesse tipo de falácia. Quando se pressupõe como certo não – A; se A é verdadeiro, não – A é falso, e vice-versa)
o que deve ser demonstrado tem-se a petição de prin- e do terceiro excluído (é preciso ser A ou não-A, não
cípio (petitio principii). O círculo vicioso acontece quan- existe uma terceira possibilidade)” (MATTAR, 2010).
do as premissas e a conclusão necessitam de demons- As inferências acontecem a partir da conexão en-
tração. “falsa causa ocorre quando se toma como causa tre as proposições, ou seja, das sentenças declarativas
de determinado efeito algo que, na realidade, não é a a respeito de algo. Assim, os argumentos são sempre o
sua causa, ou quando, pela sequência temporal de dois resultado da associação entre premissas e conclusões.
acontecimentos, assume-se que o primeiro é causa do As premissas são os fundamentos ou pressupostos
segundo” (MATTAR, 2010, p. 81). de um determinado raciocínio. A conclusão é o que se
Ainda, no grupo psicológico encontra-se causa quer afirmar. O trabalho do lógico ao raciocinar consis-
comum quando se acredita que dois elementos têm te em identificar os elementos do argumento, ou seja,
uma mesma causa quando na verdade existe uma ter- suas premissas e conclusão para, a partir daí, observar
ceira. A generalização apressada acontece “quando se sua correção ou incorreção. “Para que um argumento
atribui ao todo o que é próprio de uma parte” (KELLER; esteja presente, uma dessas proposições afirmativas
BASTOS, 2002, p. 26). Um argumento falacioso mui- deve decorrer de outras proposições declaradas como
to comum é o sofisma contra o homem (ad hominem) verdadeiras, as quais se apresentam como base para a
que pode ser ofensivo quando se ataca a pessoa e não conclusão” (COPI, 1978, p. 31).
o seu raciocínio, ou, circunstancial quando quem fala O silogismo, uma forma de raciocínio a partir
tem o seu raciocínio ignorado pela ênfase dada às cir- da ligação entre três termos, se tornou, segundo a
cunstâncias. Também é muito encontrado o recurso à filosofia aristotélica, o exemplo clássico de utilização
força (ad baculum), que é a utilização de ameaça para das regras lógicas para a elaboração dos argumen-
alcançar o convencimento. O apelo à ignorância (ad tos. “Em grego, silogismo significa ligação: a ligação
ignoratiam) “consiste em justificar que se aceite de- de dois termos por meio de um terceiro” (ARANHA;
terminada proposição sem nunca ter sido provada a MARTINS, 2013, p. 106). Para Aristóteles, o silogismo
sua falsidade, ou fundamentá-la porquanto a verdade deve ser averiguado a partir da qualidade, quantidade
nunca tenha sido provada” (MATTAR, 2010, p. 79). O e extensão dos termos. No que se refere à qualidade
apelo à piedade consiste na chantagem emocional. e à quantidade das proposições, elas podem ser afir-
Quando o argumento é fundamentado pela ligação mativas ou negativas em relação à qualidade, e, uni-
entre o que está sendo defendido e a pessoa que fala, versais, particulares e singulares em relação à quanti-
tem-se o apelo à autoridade (ad verecundiam). “A falá- dade. “A extensão é a amplitude de um termo, isto é,
cia de acidente aplica uma regra geral em circunstân- a coleção de todos os seres que o termo designa no
cias particulares e acidentais em que seria inaplicável, contexto da proposição” (ARANHA; MARTINS, 2013, p.
como pessoas excessivamente legalistas que julgam 106). Da análise dos termos e proposições do silogis-
a partir da letra fria das normas e leis, independen- mo são realizadas as diversas combinações que se vi-
temente da análise dos acontecimentos” (ARANHA; sualizam no quadrado das oposições. As proposições
MARTINS, 2013, p. 103). podem ser contrárias, subcontrárias, contraditórias e
As falácias do grupo linguístico consistem na subalternas. Desse quadrado resultam as regras do
passagem do plano lógico para o plano das funções da silogismo. Quatro são relativas às premissas: “de duas
linguagem. São exemplos desse tipo as falácias: equí- premissas particulares nada se conclui, a conclusão
voco, anfibologia e ênfase. O equívoco é a utilização segue sempre a premissa mais fraca, de duas premis-
da mesma palavra quando na verdade ela tem senti- sas afirmativas não pode haver conclusão negativa, de
dos diferentes. Em relação à anfibologia, “trata-se não duas premissas negativas nada se conclui” (KELLER;
mais de termos aplicáveis a contextos diferentes, mas BASTOS, 2002, p. 55-62). Além disso, quatro regras são
de frases ou proposições, que, por terem construção relativas aos termos: “todo silogismo contém apenas
gramatical ambígua, induzem a uma interpretação três termos (maior, menor e médio), nunca, na conclu-
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são, os termos podem ter extensão maior que as pre- boa aqui! Eu não quero estudar! Tem muita gente com
missas, o termo médio não pode entrar na conclusão, faculdade por aí que está desempregada e passando
o termo médio deve ser universal ao menos uma vez” por dificuldade! Eu não vou perder meu tempo com
(KELLER; BASTOS, 2002, p. 74-78). isso não!” Constatam-se, nessa fala, as falácias ênfase
Essa pesquisa se concentrou nas contribuições e apelo à piedade. Numa situação em que o professor
da lógica formal aristotélica; no entanto, são muitos os falava da importância de se esforçar para obter bons
procedimentos que podem ser utilizados para desen- resultados, um estudante reagiu da seguinte maneira:
volver nos estudantes as técnicas de utilização da lógi- “minha mãe me falou que a gente tem que estudar
ca para despertar-lhes o espírito crítico. Exemplo disso sim, mas sem ‘endoidar’, o importante é ser feliz e vi-
são os jogos, os desafios lógico-matemáticos, as situ- ver a vida!” Percebem-se as falácias conclusão irrele-
ações-problema, os enigmas e as questões de prova. vante e petição de princípio.
Esses argumentos são fáceis de identificar e
sem ter estudado alguma noção de lógica percebe-se
RESULTADOS E DISCUSSÃO que são problemáticos. No entanto, são comuns ar-
gumentos inválidos no contexto da aprendizagem. O
Os resultados obtidos estão relacionados à mais comum é apelo à autoridade. Quando se segue
classificação das falácias e das regras da lógica. Foi uma teoria por causa do professor, colega ou fonte da
feito um levantamento das principais falácias e de informação e não pela coerência da mesma. Na ado-
exemplos para a sua visualização nos discursos e nos lescência, é comum o apego às tradições, argumento
textos. São comuns entre os estudantes falácias como ad populum, não aprendendo o que é ensinado por-
raciocínio circular, simplificação, falsa causa, apelo à que no conflito tradição X ciência (religião X ciência), a
emoção, ad hominem, ambiguidade, ad populum, tradição fala mais alto.
apelo à autoridade, conclusão irrelevante. Os argumentos inválidos utilizados demons-
A falácia ad hominem é comum nas relações dos tram a não preocupação com a “racionalidade” dos
alunos com os professores. A valorização do professor argumentos apresentados. A não preocupação com
não se dá, inicialmente, pelo conteúdo por ele trans- a lógica dos argumentos traz como consequência a
mitido, mas pelo grau de empatia com os estudantes. recorrência em preconceitos, atitudes racistas e et-
O gosto pelas disciplinas é, na verdade, o gosto pelo nocêntricas. Esse resultado traz como sugestão a pre-
professor. Nos relacionamentos entre os próprios es- ocupação com o despertar de uma atitude filosófica
tudantes, percebe-se a utilização desse tipo de falácia nos estudantes.
nas categorizações feitas com base em estereótipos Essas constatações levaram a uma parceria en-
dos cursos (Eletrônica, Informática e Administração), tre as disciplinas filosofia e matemática na realização
de preferência sexual, do lugar onde moram, entre de um projeto de extensão denominado “Clube da
outros. É comum também o apelo à emoção em es- Lógica”. Os estudantes envolvidos nesse projeto vi-
tudantes que se referem às dificuldades familiares e venciam diversas experiências que envolvem desafios
afetivas ou a situações como doença, morte de paren- lógico-matemáticos, situações-problema, enigmas,
tes para justificar a não realização de atividades ava- jogos, questões de prova para desenvolver as seguin-
liativas ou resultados negativos. Em tempos de fim de tes habilidades: concentração, paciência, memória,
trimestre e, principalmente, fim de ano esse argumen- raciocínio lógico-matemático, criticidade, criatividade,
to aparece em vários momentos: “professor, o senhor capacidade de planejamento, trabalho em equipe,
precisa me ajudar”; “minha mãe vai me matar se eu for convivência e tomada de decisão. No que se refere
reprovado”; “puxa professor, são só dois pontos”; “eu à lógica formal aristotélica, são resolvidos testes de
nem estou dormindo direito com medo de reprovar”. identificação das premissas e dos argumentos, iden-
O raciocínio circular também é muito comum como no tificação de falácias e argumentos incorretos e averi-
exemplo a seguir. Em uma disputa, em sala de aula, a guação dos silogismos a partir das oito regras quanto
respeito de um determinado tema, aparece a seguinte à validade ou invalidade.
fala: “nossa equipe tem os melhores alunos. É óbvio
que vamos ganhar o debate. E ganharemos o debate
porque nós merecemos.” No exemplo dado, conside- CONSIDERAÇÕES FINAIS
ra-se como argumento o que precisa ser demonstra-
do. Em outro momento, foi apresentado o seguinte ar-
gumento: “professor, por favor não coloque falta para A racionalidade é construída com a utilização da
mim na aula de ontem. Com essa falta vai completar lógica. Isso pode ser percebido em todo desenvolvimen-
o número máximo de faltas que vou ter e vou perder to científico já alcançado pela humanidade. As descober-
a assistência estudantil. Se eu perder a assistência tas tecnológicas e o crescimento humano no que se re-
estudantil, minha família vai ficar em dificuldades. fere ao convívio social embasados na moral e no direito
Tenho até um irmão que está doente!” Isso é falácia são a comprovação da utilização dos princípios lógicos.
de conclusão irrelevante ou ignorância da questão, a Dessa maneira, o crescimento da humanidade
situação da família em questão é exterior ao pedido depende desses procedimentos considerados racionais.
em questão não expressando a relação causa e efeito. O que já foi alcançado em termos de raciocínio e tec-
Em outra ocasião, foi ouvido: “Ah professor! Estou de nologia pelas gerações passadas não garante às novas
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REFERÊNCIAS
ANDRADE, M. M. de. Introdução à metodologia do tra-
balho científico. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
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