Você está na página 1de 3

Passos para montar um INSTITUTO

Instituto
Benigno Núñez Novo
Publicado em 12/2020. Elaborado em 12/2020.
 1 Curtidas
 
Quando alguém tem essa intenção, busca criar uma associação. Para tanto, é
preciso realizar uma assembleia reunindo as pessoas interessadas e aprovar
um estatuto.
Instituto é uma organização permanente criada com propósitos
definidos. Em geral trata-se de uma organização voltada para pesquisa
científica em tópicos bem determinados ou para fins filantrópicos.

A pessoa jurídica instituída com a denominação de “Instituto” tanto


pode ser uma organização governamental, quanto uma pessoa jurídica de
direito privado (associação, fundação ou uma sociedade, simples ou
empresarial); o Estatuto Social da instituição é que irá ditar sua condição.

Podemos citar como exemplos o Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística – IBGE (organização governamental) e o Instituto Brasileiro de
Pesquisa e Opinião Pública – IBOPE (pessoa jurídica de direito privado).
Temos ainda, instituída sob a forma de Instituto, fundações (ex.: Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE), associações, cooperativas,
organizações não governamentais, clinicas médicas e odontológicas.

Como é o processo para abrir uma instituição não governamental e


sem fins lucrativos? Normalmente, quando alguém tem essa intenção, busca
criar uma associação. Para tanto, é preciso realizar uma assembleia reunindo
as pessoas interessadas e aprovar um estatuto.

Primeiro passo

O primeiro passo é entender que a Organização Não Governamental


(ONG) não é um tipo de natureza jurídica. Trata-se de uma denominação dada
às instituições privadas que atuam buscando atender demandas sociais, por
vezes utilizando recursos públicos, mas que não são integrantes do governo.
Ou seja, são organizações que fazem o que se espera do Estado, sem por isso
integrar a máquina estatal.

Segundo passo

O segundo passo é compreender que Instituto também não configura


em espécie de entidade. Diferente de ONG, não é um apelido ou conceito, mas
um nome que pode compor a razão social ou denominação fantasia de
qualquer organização, seja ela pública ou privada, com ou sem fins lucrativos.
Um bom exemplo é o Instituto Butantan, que é uma instituição pública estadual,
ligada à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Portanto, não é a
palavra instituto que vai definir se a entidade é ou não do terceiro setor.

Terceiro passo

Desta forma, a decisão cairá entre constituir uma associação ou uma


fundação. Porém, tal decisão não será tão difícil! Afinal, quando o objetivo for
transferir (doar) um patrimônio (bens ou direitos mensuráveis) para a
constituição de uma organização sem finalidade de lucros, definindo suas
finalidades sociais de acordo com o que prevê o Código Civil Brasileiro, deverá
ser constituída uma Fundação, após análise e aprovação por parte do
Ministério Público do estado no qual ela será instalada.

Essa doação de patrimônio pode ocorrer por pessoas jurídicas ou


pessoas físicas em vida através de escritura pública, ou post mortem mediante
indicação contida em testamento. Caberá ao Promotor de Fundações do
Ministério Público decidir se tal dotação é suficiente para a constituição e
manutenção da fundação.

Caso a intenção seja a de reunir pessoas para o desenvolvimento de


atividades sem fins lucrativos, desde que não sejam ilícitas, deverá ser
constituída uma Associação, cujo nascimento não exige doação de patrimônio
e nem autorização prévia por parte do Ministério Público Estadual. Por esses
motivos temos em média no país cerca de 94% de associações e apenas 6%
de fundações.

Quarto passo

Em ambos os casos será necessário à elaboração de um Estatuto


Social, indicando informações, regras e procedimentos mínimos exigidos pelo
Código Civil, dentre os quais destacamos: a denominação, os fins e a sede da
entidade; as fontes de recursos para sua manutenção; o modo de constituição
e de funcionamento dos órgãos deliberativos; as condições para a alteração
das disposições estatutárias e para a dissolução; e a forma de gestão
administrativa e de aprovação das respectivas contas.

Em se tratando de uma associação, o Estatuto ainda deve informar


quais os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;
seus direitos e deveres; se os estes possuem direitos iguais, ou se categorias
com vantagens especiais; e definir se a qualidade de associado é transmissível
ou não.

Importante destacar que além das informações exigidas pelo Código


Civil, às entidades que atuarão nas áreas de educação, saúde e assistência
social e almejem obter a Certificação de Entidade Beneficente de Assistência
Social – CEBAS, devem também inserir no estatuto o que for exigido pela Lei
nº 12.101/09. O mesmo vale para aquelas entidades que pretendem celebrar
parcerias com órgãos públicos, que devem também inserir nos seus
documentos de constituição as exigências trazidas pelo Marco Regulatório das
Organizações da Sociedade Civil – MROSC – Lei nº 13.019/14.

Quinto passo

Após o registro do Estatuto e da Ata de Constituição (Reunião nas


fundações e Assembleia nas associações) no Cartório de Registro de Pessoas
Jurídicas, deverá ocorrer o cadastramento da entidade também na Prefeitura
local para obtenção do Alvará de Funcionamento e Inscrição Municipal, e na
Receita Federal do Brasil para a obtenção do CNPJ.

A partir desse momento é recomendável que essa nova instituição


passe a ter acompanhamento contábil permanente, preferencialmente de
profissional especialista no terceiro setor, para o cumprimento das diversas
obrigações fiscais e acessórias que são exigidas pelos órgãos de fiscalização e
controle mesmo enquanto a entidade estiver sem movimento.

A gestão contábil também deverá obedecer aos princípios e normas


brasileiras de contabilidade, especialmente à que diz respeito às entidades sem
finalidade de lucros, que preveem registros e relatórios específicos para as
entidades do terceiro setor.

Referências bibliográficas

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código


Civil.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa


do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.

DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro – Vol I: Teoria


Geral do Direito Civil. 29º Ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

LOURES, José Costa; LOURES, Taís Maria. Novo Código Civil:


Comentado. 2º ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2003.

Você também pode gostar