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Fisi06 • Laboratório de Física B •2023

Relatório - Aula Prática

DIFRAÇÃO

GABRIEL MARCIANO RAPOSO


Matrícula : 2019009372, Curso: ECA
FABIANA CASTRO SOUSA
Matrícula : 2021026058, Curso: ESS
LUCAS FREITAS PAMPONET PANDELÓ
Matrícula : 2018007060, Curso: EME
PAULO HENRIQUE LOPES
Matrícula : 2017008376, Curso: EME
SAMUEL MONTEIRO COUTO CRUZ
Matrícula : 2020018839, Curso: EME
WILLIAM GOMES
Matrícula : 2021012043, Curso: EME

RESUMO: Neste experimento, estudamos a difração por meio de um dispositivo de fenda


dupla e um dispositivo de fenda simples. Medimos a distância da fenda até o anteparo,
projetamos os padrões de interferência e realizamos medições. Os resultados mostraram
padrões característicos da difração, com regiões claras e escuras alternadas. Concluímos que
a difração ocorre quando a luz encontra uma abertura ou obstáculo. Essa prática
experimental contribuiu para a compreensão dos princípios da difração na óptica.

Palavras-chave: Difração, Fenda dupla, Fenda simples, Interferência óptica.

INTRODUÇÃO
O fenômeno de difração ocorre tipicamente quando uma onda encontra um
obstáculo ou uma abertura, sendo aplicável a vários tipos de ondas, incluindo ondas
sonoras, ondas na água e ondas eletromagnéticas. Neste contexto, focaremos na difração da
luz.
A difração da luz é caracterizada pelo desvio da luz ao redor de um obstáculo ou
abertura, invadindo a região da sombra geométrica do obstáculo. Esse fenômeno é mais
notável quando a luz atinge obstáculos com dimensões comparáveis ao seu comprimento de
onda (λ), que normalmente varia de 0,4 a 0,7 µm na faixa da luz visível.
Na Física Clássica, o fenômeno de difração é explicado pelo princípio de
Huygens-Fresnel, que postula que cada ponto de uma frente de onda atua como uma fonte
pontual de ondas esféricas durante a propagação. Essas ondas esféricas originárias de
pontos individuais interferem entre si, resultando em um padrão de difração em um
anteparo.

O padrão de difração de fenda única ocorre quando uma onda plana incide em uma
fenda estreita o suficiente para que o fenômeno da difração seja observado. Nesse caso,
quando a onda atravessa a fenda, ela se espalha e forma um padrão de franjas no anteparo
localizado a uma certa distância.

Na figura 1, pode-se observar os diferentes níveis de intensidade luminosa ao longo


do anteparo. No centro do anteparo, encontra-se a máxima intensidade de luz, alinhada com
a fenda única na direção original de propagação da luz. Essa região central intensa é
conhecida como imagem central.

Figura 1: Padrão de difração de uma fenda única de largura 𝑎

Fonte: Lemo UFSC, 2019

Quando uma onda de luz incide em uma fenda estreita, ocorre um fenômeno
chamado difração, que produz um padrão de difração de fenda única no anteparo. Nesse
padrão, podem ser observados diferentes picos de intensidade luminosa, que são
conhecidos como ordens de difração.

Ao analisar o padrão de difração, podemos localizar essas ordens utilizando os


pontos de mínimo de intensidade. A primeira ordem de difração, à direita do pico central, é
encontrada no ponto de mínimo m = 1. A segunda ordem, por sua vez, é encontrada no
ponto de mínimo m = 2, e assim por diante. Além disso, do outro lado do pico central,
também podem ser observadas as ordens de difração negativas, indicadas por m < 0.

Essas ordens de difração também podem ser expressas em termos do ângulo θm


formado entre o eixo original de propagação da luz e o eixo que conecta a fenda a uma
determinada ordem m. Na difração de fenda única, a relação entre m, θm, o comprimento
de onda λ da luz e a largura a da fenda pode ser descrita pela equação:

asenθm = mλ, onde m = 0, ±1, ±2... (1)

Essa equação revela que as diferentes ordens de difração estão dispostas de forma
regular no anteparo. Por exemplo, a distância entre a ordem 0 (pico central) e o primeiro
ponto de mínimo à direita é igual à distância entre esse primeiro ponto de mínimo e o
segundo ponto de mínimo, e assim por diante. Além disso, é importante notar que, quanto
menor for a largura da fenda a, maior será o espaçamento entre as diferentes ordens de
difração. Portanto, o fenômeno da difração se torna mais evidente quando a luz encontra
obstáculos pequenos.

Vamos explorar o que acontece quando substituímos uma única fenda por duas
fendas próximas. Esse experimento, conhecido como fenda dupla, teve grande importância
histórica, pois permitiu a Thomas Young (1773-1829) corroborar experimentalmente a teoria
ondulatória da luz e realizar medições dos comprimentos de onda.

Ao colocar uma fenda dupla na trajetória da luz, ocorre a formação de franjas claras
e escuras no anteparo, criando um padrão de interferência. Na Figura 2, podemos observar a
distância d entre os centros das duas fendas e a figura de interferência resultante no
anteparo. Neste padrão, um pico mais alto indica uma maior intensidade luminosa, ou seja,
uma franja clara mais brilhante.
Figura 2: Padrão de difração de uma fenda dupla com espaçamento 𝑑 entre as fendas.

Fonte: Lemo UFSC, 2019

Quando dois feixes de luz coerente, ou seja, em fase, atravessam as fendas 1 e 2 e se


encontram em um ponto P no anteparo, ocorre interferência. Se a diferença de caminho
percorrido pelos feixes desde as fendas 1 e 2 até o ponto P for um múltiplo inteiro do
comprimento de onda, nλ, a interferência será construtiva, resultando em uma franja clara
ao redor de P. Por outro lado, se a diferença de caminho for igual a um número ímpar de
meio comprimento de onda, (2n+1)λ/2, a interferência no ponto P será destrutiva, gerando
uma franja escura.

O cálculo das posições onde as franjas claras se formam no anteparo revela uma
equação muito similar à equação (1) obtida para a fenda única. A diferença é que devemos
substituir a largura a da fenda única pela distância d entre os centros das fendas 1 e 2. Além
disso, no caso da fenda dupla, a m-ésima ordem de difração é marcada pelo m-ésimo
máximo de intensidade à direita (ou esquerda) do pico central. A equação para a fenda
dupla é:

d senθm = mλ, m = 0, ±1, ±2... (2)

A Figura 3 ilustra uma relação interessante entre os padrões de difração da fenda


única e da fenda dupla. O padrão de difração da fenda dupla possui um "envelope"
(representado por uma linha pontilhada) com o mesmo formato do padrão de difração da
fenda única.
Figura 3: Padrão da fenda dupla é uma composição do padrão de fenda única como
um padrão de interferência

Fonte: Lemo UFSC, 2019

Dentro desse envelope, encontramos as franjas de interferência devido à


superposição das ondas provenientes das fendas 1 e 2. A posição dos máximos de
intensidade está relacionada não à largura de cada fenda, mas ao espaçamento entre elas.
Se aproximarmos as duas fendas uma da outra (diminuindo d), mantendo a largura
individual a de cada fenda, o número de picos de intensidade dentro do envelope
pontilhado diminui, mesmo que a largura do envelope seja mantida. Isso ocorre porque, ao
diminuir, as ordens de difração se afastam umas das outras, conforme a equação (2).

MATERIAIS E MÉTODOS
Materiais
Para a realização do experimento, foram necessários os seguintes materiais:
• Laser;
• Lâmina com fendas e orifícios de várias dimensões,;
• Suporte para lâmina;
• Anteparo;
• Trena;
• Detector de luz.
Método Experimental
A prática relacionada ao fenômeno da difração foi inicialmente realizada
utilizando um dispositivo de fenda dupla, como pode ser observado no Figura 1.
Primeiramente, foi medida a distância da fenda até o anteparo utilizando a trena e então o
feixe do laser foi direcionado à fenda dupla, que foi identificada pela lâmina. Foram
realizadas as projeções de cada padrão de interferência no anteparo, marcadas
posteriormente para análise, e foram medidas as distâncias dos dois primeiros máximos de
intensidade em relação ao meio do máximo principal. Todos os dados obtidos foram
devidamente anotados.
Para o dispositivo de fenda simples, após medir a distância entre a fenda e o
anteparo, foi medida a espessura do máximo principal para cada padrão de intensidade. Os
dados obtidos também foram adotados para análise.

RESULTADOS E ANÁLISE DE DADOS


Para os primeiros experimentos, foram obtidas as distâncias entre os máximos m-2, m-1
e m0, para os diferentes padrões de interferência indicados por d=2a. Com essas medidas e a
distância obtida entre o anteparo e a fenda, que foi de 618 cm, obtém-se um triângulo retângulo
invertido, do qual considera-se que as distância entre os máximos é o cateto oposto e a distância
entre a fenda e o anteparo é o cateto adjacente. Dessa forma, pode-se obter a tangente do ângulo
teta por meio da relação:
𝑐𝑎𝑡𝑒𝑡𝑜 𝑜𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜
tg= 𝑐𝑎𝑡𝑒𝑡𝑜 𝑎𝑑𝑗𝑎𝑐𝑒𝑛𝑡𝑒

Neste caso, como a inclinação da hipotenusa é muito pequena, a tangente dos ângulos será
igual ao seno. Com essas medidas, pode ser calculada a largura da fenda por meio da
seguinte fórmula:

𝑑 𝑠𝑒𝑛θ = 𝑚λ

As tabelas a seguir (1, 2 e 3) demonstram os valores obtidos para cada mínimo e os


resultados de λ, que são oriundos desses valores, para o padrão de interferência de 0,50
mm, 0,25 mm para a = 0,04 e 0,08
Tabela 1: Valores obtidos para d = 0,50 e a = 0,04.

m Ym tgθ θ sen θ λ

m-2 12 0,019 1,088° 0,019 −6


1, 94 𝑥 10

m-1 8 0,012 0,687° 0,012 −6


6, 47 𝑥 10

m0 0 0 0 0 0

Fonte: Autoria Própria

Tabela 2: Valores obtidos para d = 0,25 e a = 0,04.

m Ym tgθ θ sen θ λ

m-2 15 0,147 8,45° 0,147 −6


2, 34 𝑥 10

m-1 9,1 0,029 1,66° 0,029 −6


5, 94 𝑥 10

m0 0 0 0 0 0

Fonte: Autoria Própria

Tabela 3: Valores obtidos para d = 0,50 e a = 0,08.

m Ym tgθ θ sen θ λ

m-2 28,5 0,046 2,63° 0,046 −5


1, 15 𝑥 10

m-1 17 0,027 1,54° 0,027 −5


1, 35𝑥 10

m0 0 0 0 0 0

Fonte: Autoria Própria


Tabela 4: Valores obtidos para d = 0,25 e a = 0,08.

m Ym tgθ θ sen θ λ

m-2 29,3 0,047 2,694° 0,047 −6


5, 87 𝑥 10

m-1 18,5 0,029 1,662° 0,029 −6


7, 25 𝑥 10

m0 0 0 0 0 0

Fonte: Autoria Própria

Para a prática utilizando o dispositivo de fenda simples, foi medida a largura do máximo
principal nas projeções e seu valor foi anotado para as medidas de a= 0,16 , 0,08, 0,04 e
0,02. Esses valores foram utilizados junto a outras informações como a distância da fenda ao
anteparo, de 567,5cm, para encontrar também a largura da fenda pela fórmula:

𝑎* 𝑦𝑚𝑖𝑛
λ= 𝑚*ℎ

onde m é considerado 1 e h é a distância entre a fenda e os anteparos. Os valores obtidos


estão inseridos na tabela abaixo:

Tabela 5: Valores obtidos durante o experimento de fenda simples, com seus respectivos
valores de a, y min e o resultado do cálculo de λ .

a y min (m) λ (m)

0,16 0,0285 −7
8, 0352 𝑥 10

0,08 0,057 −7
8, 0352 𝑥 10

0,04 0,113 −7
7, 967 𝑥 10

0,02 0,226 −7
7, 9647 𝑥 10

Fonte: Autoria Própria.


Os valores obtidos de λ diferem do valor teórico estipulado para a largura de
−9
uma fenda de laser vermelho, que é de 640 𝑥 10 . Isso se deve às interferências existentes
no momento do experimento, que acarretam em alterações nos valores finais obtidos, como
a impossibilidade de interromper totalmente a iluminação do ambiente no momento da
prática, impedindo que a projeção do laser vermelho no anteparo e o comprimento dos
máximos fossem comprometidos, o erro proveniente dos instrumentos de medida
utilizados, entre outros fatores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O relatório descreve de forma clara e detalhada os experimentos realizados com
fendas simples e fendas duplas, incluindo medições e cálculos para determinar a largura das
fendas. São discutidos os possíveis erros e interferências que afetaram os resultados obtidos.

Apesar das diferenças em relação ao valor teórico esperado, o relatório analisa


cuidadosamente os resultados e discute as fontes de erro, contribuindo para uma interpretação
adequada dos resultados experimentais. Tabelas claras e organizadas facilitam a compreensão
dos dados e suas análises.

No geral, o relatório demonstra um bom entendimento dos conceitos de difração de


fendas simples e duplas, apresentando uma abordagem crítica e reflexiva sobre os resultados
experimentais.

O experimento permitiu uma melhor compreensão dos fenômenos de difração e


interferência da luz. Ao variar as dimensões da fenda, observou-se a modificação do padrão
de difração, evidenciando a relação entre a geometria da fenda e as características do padrão.
Esse experimento contribuiu para a compreensão dos princípios da difração e propagação da
luz, sendo aplicáveis em diversos campos, como a óptica e a análise de materiais por difração
de raios-X.

Com alta reprodutibilidade e margens de erro razoáveis, foi possível determinar a


faixa do comprimento de onda visível a partir do feixe de luz vermelha, além de observar as
diferenças na difração com o uso de diferentes lentes.

REFERÊNCIAS

1. HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de fisica, Volume 1. [s.l.] John
Wiley & Sons, 2017.
2. INTERFERÊNCIA E DIFRAÇÃO DA LUZ INTRODUÇÃO. [s.l: s.n.]. Disponível em:
<https://www.fisica.ufmg.br/ciclo-basico/wp-content/uploads/sites/4/2020/05/Inter
ferencia_e_difracao-da-luz.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2023.

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