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Introdução

O nome, Isaías, significa “Javé é salvação”. Foi profeta do Reino do Sul, Judá, e bem respeitado
pelo rei (2Rs 19.1-7). Na época da juventude de Isaías, durante os reinados de Uzias e Joatão
(767—736 a.C.), Judá era mais próspera e as suas fronteiras chegavam até Elat no extremo sul,
uma cidade encostada no extremo norte do Golfo de Ácaba, da ponta norte do Mar Vermelho.
Em seguida o Império Assírio teve ascensão sob o comando de Tiglate-Pileser III (745—727
a.C.). Tertuliano, Justino e a tradição judia antiga afirmam que Manassés matou Isaías serrando-
o ao meio.

Conteúdo. O Livro de Isaías se divide em três partes. O primeiro bloco (caps. 1—39) reflete o
contexto sociopolítico vivido por Isaías (séc. VIII a.C.). O cerne teológico está relacionado com a
ideologia que entende Jerusalém como a cidade da justiça. No passado, essa teologia foi
ancorada na construção do templo e na arca da aliança residindo em seu interior; e no reino de
Davi, com quem Javé fez aliança eterna. Mas Isaías vê, pouco a pouco, Jerusalém se transformar
em outra coisa, e a casa de Davi não corresponder ao projeto para o qual Deus a estabelecera.
Os oráculos divinos dirigidos a Isaías mostram que Deus olha para o seu povo de modo muito
diferente. O contraste é ilustrado pelo uso das expressões “meu povo” e “esse povo”: em Is
3.13-15, “meu povo” é identificado como os que sofrem injustiças por parte dos dominadores;
Is 6.9-10 identifica “esse povo” como os anciãos de Israel, os líderes religiosos da nação.
Isaías desenvolve seu pensamento mostrando que em Jerusalém não se praticava a justiça e o
direito (1.21-23). Estas duas omissões causam sério dano social com duas expressões muito
evidentes: (a) uma elite orgulhosa vivendo de luxo à custa dos pobres (3.16-26) e a
concentração de terras nas mãos de um pequeno grupo, que espoliava os camponeses e
acumulava capital e bens (Is 5.8-10); (b) uma religião hipócrita, que preservava sua tradição
litúrgica, mas não correspondia em integridade de vida para com a Torá de Deus (Is 1.12-15). É
para falar a esse povo que Deus convoca o profeta (cap. 6). Contudo, ele terá que romper com a
ideologia do templo para aceitar a transcendência da manifestação de Deus no meio do seu
povo.

O segundo bloco de Isaías (caps. 40—55) reflete o contexto do cativeiro babilônico (séc. 6º a.C.),
época em que os judeus tiveram seu templo destruído e ficaram sem liderança efetiva, fora da
sua terra. A situação humilhante do cativeiro é evocada diversas vezes (40.27; 42.24-25; 49.14;
51.17-23), mas as promessas de Deus para com o seu povo permanecem firmes. Isto é indicado
quando o autor fala do passado desde a criação, dos antepassados da nação (Abraão, 41.8; Jacó,
43.27; Noé, 54.9; Davi, 55.3) e, principalmente, o êxodo, que é prenúncio de libertação do povo
de Deus, de uma nova atualização da monarquia ou de Davi. Por isso, muitos estudiosos
chamam os caps. 40—55 de Livro da Consolação. Deus anuncia sua palavra consoladora,
prometendo a restauração esperada. No desenrolar sociopolítico, Ciro já começa a despontar
como novo imperador que traz esperança aos povos conquistados pela Babilônia, pois a política
de Ciro advoga a restauração das terras aos seus antigos donos. Por isso, Ciro é descrito como
libertador vindo da parte de Deus (44.28—47.15). Muito importante é o pano de fundo deste
bloco geográfico. A cidade de Jerusalém aparece como lugar restaurado, mas a ação de Deus se
estende ao Egito, a Cuch, a Seva (Etiópia e Arábia), a Sinim (Assuã, Egito) e às ilhas longínquas,
apresentando a ação ilimitada de Deus. Central no Livro da Consolação é a teologia do Servo,
aplicada a várias personagens: Ciro, Israel, um profeta anônimo e o Messias.

O terceiro bloco (cap.s 56—66) apresenta um contexto sociorreligioso bem diferente do bloco
anterior. Os temas da circuncisão e do sábado são norteadores para compreendermos o
contexto de onde o autor fala. Dois grupos distintos de judeus aparecem. Primeiro, uma maioria
corrupta que adotou cultos idólatras, e um outro grupo menor e fiel, um “remanescente”. Por
essa razão, o tema da inclusão no culto é muito enfatizado, a princípio, em relação ao grupo
menor, mas no final há uma promessa de esperança a todos os povos. Essa inclusão vem
exclusivamente pelo Espírito do Senhor sobre o seu Ungido (Is 61).

Estrutura. O profeta Isaías formou uma escola de profetas (Is 8.16-18; 30.8-18). Seus seguidores
deram continuidade à tradição isaianica de profecia. Por essa razão, o livro contem vários estilos
literários, que refletem épocas distintas da história de Israel e, assim, geralmente se pensa no
livro em três blocos: caps. 1—39, caps. 40—55 e caps. 56—66, frequentemente denominados
respectivamente Primeiro Isaías, Segundo ou Deutero-Isaías, e Terceiro Isaías. Os estudiosos
debatem a unidade destas três partes até hoje. São ricas em gêneros literários: oráculos de
condenação e salvação, denúncias proféticas, ais, poesia, salmos, narrativa histórica, literatura
apocalíptica e narrativa de missão profética.

Um esboço destas divisões se segue:

Parte I (capítulos 1—39). Oráculos de acusação e castigo contra o pecado de Judá


1-6. Coleção de diversos oráculos para Judá (caps. 1—12)
7-8. Oráculos contra as nações (caps. 13—21; 23) e contra Judá (cap. 22)
9. Apocalipse de Isaías (caps. 24—27)
10. Coleção de oráculos de diferentes épocas (cap.s 28—33)
11. Apocalipse de Isaías (caps. 34—35)
12. Apêndice histórico (caps. 36—39; veja 2Rs 19—20)

Parte II (capítulos 40—55). A consolação do Senhor: a promessa do Servo-Messias


13. Introdução: mensagem de consolação e esperança (40.1-31)
16. Processo judicial contra o povo e libertação de Javé (41.1—42.17)
O Servo de Javé (42.18—55.13)
17-18 Libertação por meio de Ciro, servo do Senhor (42.18—48.22)
19-20 Israel, o servo chamado pelo Senhor e sua restauração prometida (49.1—52.12)
21. O Messias, servo do Senhor (52.13—55.13)

Parte III (capítulos 56—66). Promessa de restauração para Jerusalém e para as nações
22. Um oráculo contra uma religião excludente e promessa de inclusão (56.1-9)
23. Um oráculo contra os líderes injustos e contra a idolatria (56.10—57.13)
24. Um oráculo de salvação para os fracos (57.14-21)
25. Convite à prática do jejum que agrada a Deus e à observância do sábado (cap. 58)
26. Salmo de confissão e arrependimento (cap. 59)
27. Promessa de restauração para Jerusalém (cap. 60)
28. Vocação do profeta (cap. 61)
29. Promessa de restauração para Jerusalém e julgamento dos povos (62.1—63.6)
30. Salmo de confissão e meditação sobre a história de Israel (63.7—64.12)
31. Promessas de salvação e de juízo (caps. 65—66)

Relação com outros livros da Bíblia. O Livro de Isaías é um dos mais citados no Novo
Testamento. O próprio Jesus o citou para mostrar o cumprimento das promessas salvíficas de
Deus através de seu ministério (Lc 4.17-21). O Novo Testamento aplica o ministério do servo
para diferentes pessoas:
 O ministério do servo que estará sobre profetas e reis para julgar o mundo (Is 42.1-7) é
aplicado ao ministério de Jesus (Mt 3.17) e ao de Paulo (At 26.17-18).
 O ministério do servo como “arma” do Senhor para manifestação do seu esplendor (Is
49.1-9) é aplicado aos apóstolos (At 13.47) e a Cristo (Lc 2.32).
 O servo como instrumento do Senhor que agirá sem violência diante de seus inimigos (Is
50.4-11) é aplicado ao próprio ministério de Jesus (Mt 26.67; Lc 9.51).
 O servo, vítima do desprezo e da infelicidade, mas que produzirá cura e paz para o povo
(Is 52.13—53.12) é aplicado ao sofrimento de Cristo em uma antiga confissão de fé:
Cristo morreu pelos nossos pecados segundo as Escrituras (1Co 15.3).

Significância missional. Isaías é um dos mais importantes livros missionais do Antigo


Testamento, tanto que alguns o chamam de Evangelho do Antigo Testamento. Isto ocorre por
vários motivos. Primeiro, na sua polêmica sobre a corrupção e a idolatria de Israel, Isaías
diversas vezes repete uma avaliação feitas muitas vezes antes. Isto não é uma forma de
depreciação étnica. Ao contrário, como descendência, Israel goza de uma posição privilegiada
diante de Deus por causa da aliança. O problema não era étnico ou cultural, e sim, de natureza
cúltica e espiritual. Deus havia feito um pacto ou acordo bilateral: era necessário que ambas as
partes, Deus e Israel, cumprissem as suas respectivas responsabilidades. Grosso modo e com
poucas exceções, Israel não cumpria a sua parte. Aliás, descaradamente cultuava outros deuses
e rejeitava os padrões de justiça e moralidade que a aliança estabeleceu. Isaías conta esta triste
história de desobediência, como muitos outros profetas e autores do Antigo e Novo Testamento
também o fazem. Isto é fundamental à perspectiva missional, porque o plano redentor de Deus,
desde o início, envolvia a separação de um povo de Deus para viver e refletir, diante das nações,
a bondade e a justiça do próprio Deus. Era o primeiro passo da estratégia missionária de Deus.
Sem um povo transformado, não haveria integridade em uma mensagem de transformação
para os outros povos. Isaías repete esta história com intensidade dramática, e profetiza sobre o
dia em que Deus irá acertar tudo isto.

Então, segundo, Isaías é importante porque anuncia o principal meio pelo qual Deus irá corrigir
o problema em prol do mundo. Se o problema era um povo missional de Deus infiel, ele próprio
irá levantar um Justo de Israel. Um que renovará o povo de Deus e cumprir o propósito de Deus
de incluir representantes de todos os povos. No poder do Espírito de Deus, este será um
testemunho vivo e testemunhará da justiça e bondade do próprio Deus (7.14; 9.6-7; 11.1; 40.5).
Este será o prometido descendente de Davi, o Ungido (Messias) de Deus, mas
surpreendentemente, não meramente como Messias Guerreiro (em Isaías o próprio Deus se
manifesta como guerreiro várias vezes), e sim, como Servo, e mais especificamente, Servo
Sofredor (42.1-9; 49.1-6; 50.4-9; 52.13—53.12). Outros livros do Antigo Testamento também
testemunham a chegada desta figura, especialmente alguns Salmos, 2Samuel e o profeta
Daniel, mas ninguém tão clara e completamente que o Livro de Isaías. Obviamente, sem um
Salvador, a Igreja não teria boas-novas de salvação. É verdade que Deus mesmo se apresenta
como Salvador diversas vezes ao longo do Antigo Testamento, inclusive em Isaías. Entretanto, os
autores do Novo Testamento frequentemente usavam Isaías para falar da salvação de Deus por
meio do seu escolhido.

Finalmente, Isaías nos instrui sobre os objetivos e a natureza missionária das boas novas. A
primeira e óbvia lição que vem à mente é que o objetivo da missão de Deus é alcançar todas as
etnias da terra. Sem dúvida, o livro repete esse objetivo por toda parte, cada vez mais quando
chegamos ao fim de Isaías. Embora esse objetivo abrangente e desafiador guie o povo de Deus
na missão hoje, algo que muitas pessoas na Igreja negligenciam é que haja um objetivo ainda
maior que desafia a Igreja hoje mais do que nunca: Deus promete que, ao lado de uma
Jerusalém renovada através do remanescente fiel e da reunião de pessoas de todas as nações,
ele está prestes a retornar ao seu primeiro ato nas Escrituras, sua ação como Criador (65.17-18;
66.22-23). Haverá novos céus e nova terra. Esse objetivo é tão grande que muitos, mesmo
dentro do movimento missionário, não conseguem assimilar adequadamente seu significado.
Paulo entendeu essa pergunta e escreveu Romanos 8. João, o visionário, nos deu o mesmo
desafio, mesmo em uma linguagem às vezes difícil de interpretar, no livro do Apocalipse. Em
Isaías, como também nos Salmos, essa amplitude dos objetivos missionários permanece: uma
Igreja renovada, pessoas de todo o mundo incluídas e nada menos que uma nova criação.
E a respeito da natureza missional das boas-novas, o que o Livro de Isaías nos ensina? Muito
mais do que podemos dizer nesta curta introdução. Mas ele inclui o autor último da missão:
Deus. Inclui a segurança da missão: o Senhor certamente a realizará. Inclui a chave para a
renovação do seu povo: fidelidade, contrição e humildade por parte do povo (57.15) e a
presença do Espírito por parte de Deus. Inclui a postura e atitude da missão: de servos. Inclui o
“tom” da missão: intensa alegria (52.7; 66.10-14). Inclui o conteúdo da missão: salvação e juízo,
justiça e libertação. E, por fim e acima de tudo, mas tudo mesmo, inclui o fim da missão: a glória
única e abundante de Deus (6.3; 11.9; 45.22-25; 48.11).
Parte 1:

Isaías 1—39
1. O povo ruim
Isaías 1—2

*
1.1-31 O primeiro capítulo de Isaías nos dá uma introdução resumida para o Livro, focalizando
não em Isaías nem em Israel, mas em Deus. Em três mensagens desafiadoras, relata a
esmagadora ira de Deus contra Israel; oferece exemplos da conduta rebelde do seu povo; e, por
outro lado, focaliza o empenho de Deus em trazer o seu povo de volta à obediência. O canto
triste sobre a cidade termina com um olhar escatológico, que apresenta o juízo de Deus como
um meio para depurar e restaurar a cidade fiel. A redenção de Sião não é meramente uma
possibilidade que se concretiza pelo arrependimento; é, mais do que isso, uma transformação
oriunda unicamente de Deus. Deus convida Israel a entrar nessa salvação.
*
1.1 Visão que Isaías… teve a respeito de Judá e Jerusalém, nos dias de Uzias, Jotão e Ezequias,
reis de Judá. O título, que encontramos no início do Livro de Isaías, designa: o seu autor
profético e a natureza de sua mensagem, como sendo revelação divina; os destinatários, como
sendo Judá e Jerusalém; e o período durante o qual a mensagem foi proclamada. Isaías
começou o seu ministério no ano em que morreu o rei Uzias, em torno de 740 a.C., até o final
do reinado de Ezequias, em 687 a.C. O título, portanto, define o contexto histórico do ministério
profético de Isaías como um período bem antes da destruição de Jerusalém, em 587 a.C. Veja as
notas sobre Is 40.1-11.
a
1.1 2Rs 15.1-7; 2Cr 26.1-23
b
1.1 2Rs 15.32-38; 2Cr 27.1-9
c
1.1 2Rs 16.1-20; 2Cr 28.1-27
d
1.1 2Rs 18.1—20.21; 2Cr 29.1—32.33

*
1.2-9 Escutem, ó céus, e ouça, ó terra, porque o Senhor é quem fala A primeira de três
mensagens de Deus a Judá e a Jerusalém tem uma perspectiva mais pessoal, falando da
realidade do povo. Deus apresenta a sua acusação: os filhos estão revoltados e não têm
entendimento. Judá é nação pecadora. Deus mostra as consequências pessoais e coletivas do
seu pecado. Todavia, há um sinal de esperança na misericórdia de Deus (v.9).
e
1.9 Rm 9.29
f
1.9 Gn 19.24
*
1.10-20 Príncipes de Sodoma, escutem a palavra do Senhor! Povo de Gomorra, dê ouvidos à lei
do nosso Deus! A segunda mensagem de Deus apresenta a perspectiva espiritual, revelando
uma religiosidade vazia. Deus chama ao arrependimento e à conversão. À semelhança da
primeira mensagem, há um convite da graça: a promessa de perdão aos que se arrependerem –
mas também o anúncio do juízo aos rebeldes.
g
1.11-14 Am 5.21-22
*
1.21-31 Como se fez prostituta a cidade fiel! A terceira mensagem de Deus apresenta a
perspectiva coletiva, revelando a realidade da cidade de Jerusalém. A cidade perdeu sua pureza,
mas pode obter purificação através do juízo de Deus. De novo, é um anúncio da salvação e do
juízo. Desta vez, porém, há uma inversão importante: a mensagem de Deus conclui com a
palavra de juízo sobre Jerusalém. Não um juízo de destruição, mas um juízo que visa depuração
(vs.25-27). Este também é o tom da palavra conclusiva, com a condenação do culto idólatra
(vs.28-31). Estas três mensagens de Deus ao seu povo não são para incrédulos, mas podem se
aplicar à vida do cristão, que frequenta o culto e faz parte da comunidade de fé. Devemos nos
fazer estas perguntas hoje: tem a Igreja, como Israel, se distanciado sutilmente de Deus e de
Seus propósitos? Onde precisamos nos arrepender e para ser convertido?
*
2.1—4.6 Esses capítulos apresentam duros oráculos de julgamento direcionados contra o
orgulho humano e a idolatria e preveem a desolação de Jerusalém. Dois oráculos escatológicos
sobre a salvação de Sião, uma introdução e uma conclusão, servem para enquadrar os oráculos
do julgamento.
*
2.1 Palavra que, em visão, veio a Isaías. O título sugere que Deus deu esta mensagem e visão
do futuro ao profeta. A mensagem é de Deus! Ser mensageiro de Deus tem um alto preço, como
podemos verificar na biografia de Isaías. Deus continua a dar revelações nos dias atuais; no
entanto, cabe a cada um discernir com temor e responsabilidade a sua origem divina. Toda
palavra divina pronunciada no devido tempo se cumprirá. Não é uma questão de luz, e Jesus
nos adverte da existência de falsos profetas.
*
2.2-5 Nos últimos dias, o monte do templo do Senhor será estabelecido no alto dos montes.
Praticamente o mesmo oráculo aparece em Mq 4.1-5. A Escritura enfatiza que o alvo final da
missão de Deus é atrair todos os povos para si.
*
2.2 Nos últimos dias. Estas palavras estabelecem o contexto escatológico da mensagem. Isto
mostra que não existe uma continuação linear ou conexão literal entre a existência histórica de
Israel e a chegada do Reino de Deus. Dentro do velho irromperá o radicalmente novo. A
transformação de Sião e o seu estabelecimento como o centro do mundo reflete o tema da
nova criação, assim como indica o propósito original de Deus em sua criação. Jerusalém, como o
lugar onde está a Casa de Deus no tempo de Isaias, no tempo do fim atrairá as nações para fazer
uma peregrinação para lá. Como cristãos, que leem a Bíblia depois do evento da cruz, não
podemos deixar de perceber como os povos têm sido Jesus, que inaugurou o reino eterno de
Deus a partir de Jerusalém, atrai todas as nações para si.
*
2.3 Para que nos ensine os seus caminhos, e andemos nas suas veredas. As nações não virão a
Jerusalém para se integrar à religião de Israel, mas para aprender de Deus. A lei e a mensagem
profética são ambas partes de uma única e mesma mensagem de Deus. Foi esta compreensão
da natureza da Escritura, como verdade divina, que conduziu o apóstolo Paulo a identificar todo
o Antigo Testamento como a mensagem tornada conhecida por Deus em Jesus Cristo (Rm 10). É
neste sentido que o Novo Testamento também se refere à Escritura toda como sendo a Lei e os
Profetas.
*
2.4 Ele julgará entre os povos. A papel justo de Deus é julgar entre todas as nações. Seu reino é
universal. Os povos, que são descritos como agora vivendo em paz e harmonia são aqueles que
foram ao monte do Senhor com a intenção de andar em seus caminhos. A descrição do governo
escatológico de Deus não é parte de um programa social humano. Ao contrário, a “cidade
santa” desce do céu, “da parte de Deus, preparada como uma noiva enfeitada para o seu noivo”
(Ap 21.2). O Reino de Deus não é mero produto de esforços humanos mesmo que ele nos
chame para participar no seu avanço. Por isso, somos ensinados por Jesus a orar: “venha o teu
reino”.
a
2.4 Jl 3.10
*
2.5 Venham, ó casa de Jacó, e andemos na luz do Senhor. A exortação é endereçada à casa de
Jacó, lançando um olhar tanto para frente quanto para trás. Por um lado, Israel está entre as
nações que buscam a casa do Deus de Jacó; por outro lado, está posta ao lado do povo rejeitado
e desobediente (v.6). Esta conclusão, diferente de Mq 4, ilustra como a mensagem de Deus
precisa ser contextualizada à realidade dos ouvintes. Temos aqui um duplo princípio
missionário: todo mensageiro precisa se identificar com o povo a quem prega e contextualiza
toda a mensagem à realidade dos ouvintes.
*
2.6-22 Pois tu, Senhor, abandonaste o teu povo. Neste oráculo ouvimos uma série de
julgamentos contra todos os símbolos do poder e da confiança humana, afastados de Deus. O
profeta denuncia com veemência o estilo de vida pecaminoso de Israel. A partir de uma
perspectiva teocêntrica radical, o profeta anuncia a completa soberania de Deus sobre a sua
criação. A manifestação da glória de Deus em julgamento é o lado reverso da manifestação da
sua glória para a salvação. Os paradoxos, surpresas e mistérios de nosso Deus soberano.
b
2.10 Ap 6.15
2. O julgamento de Deus
Isaías 3—4

*
3.1-15 Porque eis que o Senhor, o Senhor dos Exércitos, vai tirar de Jerusalém e de Judá o
sustento e o apoio. Na continuidade do tema do julgamento, o foco agora está na liderança de
Judá e Jerusalém. Outra surpresa: Deus mesmo vai retirar toda a liderança, que dá estabilidade
à sociedade, e colocar em seu lugar pessoas despreparadas.
*
4.2-6 Naquele dia. Após Javé ter executado o julgamento e purificado Jerusalém, o
remanescente que sobreviveu será chamado santo. A tradição cristã atribui a Jesus a expressão
Renovo do Senhor, que aparece em paralelo com o fruto da terra. A base para esta
interpretação vem na referência messiânica que encontramos em Is 11.1; Jr 23.5; 33.15, assim
como em Zc 3.8; 6.12. No Livro de Isaías, a promessa do crescimento de uma maravilhosa
vegetação prevê o retorno à criação antes da Queda (Is 32.15-16; 35.1-2; 55.12-13). Na
literatura profética tardia, o Renovo tornou-se um termo técnico para se referir ao Messias (veja
a referência a Is 11.10 como “raiz” em Rm 15.12). Aqui vemos uma referência messiânica em
termos de salvação e um retorno à criação como era antes da Queda. Encontramos o mais
completo eco deste tema escatológico, que abrange todo o livro de Isaías, em Ap 21.22—22.5.
3. Dias melhores virão
Isaías 5—6

*
5.1-7 Agora cantarei ao meu amado… a respeito da sua vinha. Na Escritura, Deus
continuamente reivindica Israel como sendo a vinha de sua propriedade. A parábola da vinha
má ilustra a relação pecaminosa de Israel com Deus. Israel frustrou Deus, o dono da vinha, pelos
frutos amargos produzidos, que Deus não se pode aproveitar. Em vista disso, uma vez que a
vinha não serve o seu propósito, o dono o abandonará. No Novo Testamento, este cântico é
retomado e ampliado por Jesus na parábola dos trabalhadores maus (Mt 21.33-41, 43). A
ênfase dada por Jesus continua sendo a mesma: o dono da vinha não está recebendo o que lhe
é devido; mas o plano de Deus não será frustrado. O Novo Testamento nos ensina que apenas a
partir da morte de Cristo existe a possibilidade de mudança do coração e das condições para
produzir frutos que honrem a Deus. E em Jo 15.1-8 Jesus nos ensina que ele é a verdadeira
videira de Deus. Apenas os ramos que dependerem organicamente da videira verdadeira
poderão produzir os frutos que agradam e glorificam Deus, o Pai.
a
5.1-2 Mt 21.33; Mc 12.1; Lc 20.9
*
5.8-30 Ai dos que... (vs.8,11,18,20,21,22) A série de “ais” contidos neste oráculo detalham as
razões do veredicto divino do início do capítulo, culminando, na conclusão, com julgamento.
*
6.1-13 Eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono. A decisão divina de destruir
Israel é revelada ao profeta através de uma visão celestial. Isaías é comissionado para ser a
garantia desta destruição.
*
6.1-4 No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor. Na história de Israel, a morte de Uzias
designa o fim de uma era de estabilidade e o início da ameaça da Assíria. Muito mais
significativo ainda, para o livro de Isaías, é a natureza desta mudança. A visão de Isaías revela
uma perspectiva do tempo exato de Deus em que ele entra na vida de Israel, de acordo com o
seu propósito. O que Isaías viu foi a glória de Deus, isto é, sua manifestação. Deus se revela
como um rei no trono. Sua glória é a sua santidade revelada.
a
6.1 2Rs 15.7; 2Cr 26.23
b
6.2-3 Ap 4.8
c
6.4 Ap 15.8
*
6.5-7 Ai de mim! Estou perdido! O profeta, vivendo nos dias de corrupção em Judá, encontra-
se adorando ativamente no templo em Jerusalém, quando é repentinamente introduzido na
presença de Deus. Essa experiência o leva perceber o seu verdadeiro estado e de todo o seu
povo, perdido e corrupto. Apenas quando o seu pecado é removido Isaías pode ouvir a voz de
Deus, convidando: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? A consciência do pecado e o
arrependimento são passos do pecador rumo ao perdão e ao chamado missionário.
*
6.8-10 Vai e dize a este povo: ouvi, ouvi e não entendais; vede, vede, mas não percebais. Todo
o foco se concentra no conteúdo do comissionamento. A tarefa do profeta será endurecer a
mente, fechar os ouvidos e vendar os olhos. Os destinatários da mensagem não devem
conseguir ouvir, ver nem compreender, para que não possam se arrepender e ser salvos. A
palavra divina, que Isaías irá transmitir, resultará unicamente em rejeição.
d
6.9-10 Mt 13.14-15; Mc 4.12; Lc 8.10; Jo 12.40; At 28.26-27
*
6.11-13 Então, disse eu: até quando, Senhor? A punição não é pedagógica, mas final. A história
da salvação foi concluída. O fim chegou. Aniquilação. Não parece haver misericórdia. Todavia,
ainda permanece uma fagulha de esperança: permanecerá uma semente, a santa semente. Não
se trata de um remanescente, um pequeno grupo que escapou do julgamento. Todo Israel
precisará perecer, à semelhança da geração que pereceu no deserto. Esta passagem de Isaías,
acerca do endurecimento do coração, desempenhou um papel importante no ministério de
Jesus. Podemos verificar, por um lado, como Jesus utilizou esta mensagem em seu ministério
(Mt 13.13-14) e, por outro lado, como se refere a ele (Jo 12.40-41; veja At 28.25-28).
4. O SENHOR é nossa esperança
Isaías 7—8

*
Caps. 7.1—12.6 Estes capítulos abordam, de maneira especial, a revelação do Emanuel. Is 7—8
descreve o duro processo de endurecimento do coração de Israel personificado pelo rei Acaz,
quando resiste à oferta de Deus. Ao mesmo tempo, interagindo com este incrédulo, aparece o
testemunho da emergência de um remanescente fiel, que surge das cinzas da destruição: a
nova criação de Deus e seu Messias. Os nomes simbólicos dos filhos de Isaías (7.3; 8.1-3; veja as
notas) resumem as ênfases dos cap.s 7—12.
a
7.1 2Rs 16.5; 2Cr 28.5-6
*
7.9 Se vocês não crerem, certamente não permanecerão. O profeta traz uma promessa da
parte de Deus para que o rei se aquiete (v.4) e não tema, mas confie na proteção de Deus. Acaz
deve responder com fé em Deus à oferta, que irá protegê-lo diante dos seus inimigos. Deus
convida Acaz, como detentor da promessa davídica, a responder por ele e por seu povo à
realidade da fidelidade de Deus. A evangelização é sempre convite para o povo responder ao
convite gracioso de Deus, e um desafio para confiar unicamente em Deus.
7.11 Peça ao SENHOR, seu Deus, um sinal. O “sinal”, dentro da literatura profética, indica um
evento especial, quer seja ordinário ou extraordinário, que serve como garantia para confirmar
a palavra profética (veja 1Sm 2.34; 10.1-9; veja At 2.43).
*
7.13 Querem abusar também da paciência do meu Deus? O profeta revela e denuncia a
hipocrisia e a incredulidade de Acaz. A sabedoria espiritual é precisa para discernir quando a
piedade é genuína (veja At 8.13, 20-23; 16.16-18).
7.14 o Senhor mesmo lhes dará um sinal. O sinal do Emanuel desempenha uma dupla função:
para os incrédulos, Acaz e o seu povo, o sinal aponta para a destruição (v. 17); mas, para aqueles
que creem, é a garantia da presença salvadora de Deus (v. 16). O Novo Testamento entende que
este sinal se refere ao nascimento de Jesus (Mt 1.18; Lc 1.26-35).
b
7.14 Mt 1.23
*
7.18-25 Porque há de acontecer que, naquele dia… O anúncio da devastação, em virtude da
incredulidade do rei, é pintado em diferentes imagens através de quatro oráculos escatológicos
(7.18-19,20,21-22,23-24).
*
8.1-10 A figura do Emanuel recebe mais clareza. Ele aparece como o dono da terra de Israel e a
fonte da força divina, que reduz os planos de conspiração das nações a nada. o sinal dado ao
profeta, o filho que nasce de sua mulher (Is 8.1-4).
*
8.1-4 Disse-me também o Senhor: Toma uma ardósia grande e escreve nela. Deus dá a Isaías
uma tarefa, e ele a cumpre sem questionar, tomando a iniciativa de chamar pessoas de
confiança para que testemunhem o ato simbólico. Apenas mais tarde, quando lhe nasceu o
filho, Deus lhe dá o sentido da primeira ação. Quando Deus fala, a única ação que cabe aos
servos de Deus é a obediência irrestrita. Nem sempre o servo sabe o que o seu Senhor está por
fazer.
*
8.10 Deus é conosco. Em hebraico: Immanuel. Por causa da presença do Emanuel, os projetos e
os propósitos das nações contra Israel não prosperarão. O povo de Deus recebe uma garantia de
salvação, não a partir da teoria da inviolabilidade de Jerusalém, mas por causa da manifestada
presença de Deus no meio do julgamento. A esperança para Judá não consiste nas virtudes de
Judá, mas na graça misericordiosa de Deus.
*
8.11-15 Porque assim o Senhor me disse. Deus instrui Isaías a direcionar sua atenção à real
fonte de poder. Deus é o único que deve ser temido. O futuro está nas mãos de Deus, o santo
de Israel, que é o real poder com o qual se pode contar! O mensageiro de Deus, embora seja
convidado a viver no meio do povo, a se identificar com ele, não deve viver como ele, mas deve
ter o padrão de conduta estabelecido por Deus (veja Jo 15.19).
a
8.12-13 1Pe 3.14-15
b
8.14-15 1Pe 2.8
c
8.17-18 Hb 2.13
*
8.19-22 Quando vos disserem: Consultai os necromantes e os adivinhos… acaso, não
consultará o povo ao seu Deus? Isaías apela para a “lei” e para o “testemunho”, isto é, para
registros já existentes das Escrituras como o único caminho autorizado para discernir a vontade
de Deus.
5. Um príncipe de paz
Isaías 9—10

a
9.2 Lc 1.79
b
9.1-2 Mt 4.15-16
*
9.6-7 O nome do menino, Emanuel, aparece em 7.14-16 (veja também 8.8, 10). Aqui o menino
recebe títulos reais. Cada um deles externa alguma qualidade extraordinária para o governante
divinamente selecionado. A descrição do seu reino torna claro que a sua função é messiânica.
c
9.7 Lc 1.32-33
*
9.8—10.34 Estes terríveis oráculos de julgamento, contra Judá (Is 9.8—10.4) e poderosa Assíria
(Is 10.5-34) se encontram entre duas visões gloriosas do reinado messiânico de Deus (Is 9.1-7;
11.1-9). A promessa da salvação vindoura a um povo vivendo em uma profunda escuridão de
incertezas religiosas e violência política é um lado da realidade. Porém, há um outro lado: as
forças humanas que constantemente se opõem ao governo de Deus e buscam, em arrogância e
orgulho, o seu próprio poder e ambição. Este constante tema, das duas forças opostas,
reaparece através de todo o livro de Isaías: na justaposição de fé e incredulidade (Is 1.21-26;
7.4-9; 26.1-6; 28.12-16), ou na disputa com os ídolos (Is 41.21-24; 44.6-20), ou na batalha de
Deus contra Edom (Is 34.5-10; 63.1-6) até seu clímax na vitória final do novo céu e da nova terra
(Is 65.17-25).
*
10.5-19 Ai da Assíria, cetro da minha ira! O plano de Deus foi destruir os ídolos de Samaria
usando Assíria como seu instrumento. Todavia, tendo completada esta tarefa, o orgulho da
Assíria tem como resultado, a sua destruição. Os caps. 36—37 fazem este registro.
*
10.20-27 Acontecerá, naquele dia. Esta passagem fala do destino de os restantes de Israel,
aqueles que sobreviveram à destruição, apresentando duas perspectivas distintas: a conversão
dos remanescentes (vs. 20-23), e a libertação do jugo pesado (vs. 24-27). A destruição está
decretada. Deus a completará. Os restantes experimentarão o terror do julgamento. Contudo, a
promessa de uma nova vida através da destruição. Vida nova brota das cinzas. Há um limite
para o julgamento. A ira de Deus chegará a um fim e então será direcionada ao destruidor, a
Assíria. Desta forma, a comunidade de fé é pressionada a explorar o pleno sentido do
testemunho profético, como uma extensão da revelação divina, que guia sua fé e prática.
a
10.22-23 Rm 9.27-28
*
10.28-34 A Assíria vem. Este oráculo profético anuncia, de um lado, a aproximação
ameaçadora do inimigo e, de outro, a soberania divina acima de qualquer pretensão humana de
alcançar poder mundial. Com este clímax, o caminho está aberto para a completa descrição do
reino messiânico, que é apresentado no cap. 11.
b
10.5-34 Na 1.1—3.19; Sf 2.13-15
6. Sempre há esperança
Isaías 11—12

*
11.1-16 O cap. 11 fornece uma leitura missional da mensagem do profeta, juntando os vários
temas do reino de Deus, a vinda do reino messiânico prometido, e a vitória do restante fiel. Os
dois oráculos (vs. 1-9 e 11-16) são vinculados por v. 10, que mostra a sua unidade e esclarece
que a função do Messias inclui as nações. A construção dos dois oráculos os ajuda a se
interpretarem mutuamente.
*
11.1 Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das raízes, um renovo. Da dinastia davídica,
somente o rebento permanece (veja Is 6.10), mas dele brotará vida nova. A referência a Jessé
assinala a continuidade evidente com o passado de Israel. Serve também para relembrar o início
humilde de Davi (1Sm 16.1-13) e a promessa fundamentada na eleição divina, apesar do
orgulho humano e da pretensão à realeza.
*
11.6-9 O quadro pintado pelo profeta não é um retorno a um ideal do passado, mas a
restauração da criação por um novo ato de Deus, através de um governante justo. Essa é uma
extensão da promessa encontrada em Is 9.6-7. A visão aqui inclui toda a criação, que se encherá
do conhecimento do Senhor. (veja também Is 65.25 e em Hc 2.14).
a
11.1 Mt 2.23
b
11.1 Ap 5.5; 22.16
c
11.4 2Ts 2.8
d
11.5 Ef 6.14
e
11.9 Hc 2.14
f
11.6-9 Is 65.25
g
11.10 Rm 15.12
*
11.11-16 Naquele dia, o Senhor tornará a estender a mão para resgatar o restante do seu
povo. Este segundo oráculo é uma promessa escatológica relativa à restauração do
remanescente de Israel. Diferentes aspectos da redenção são descritos. O que sobressai é o
retorno do remanescente, disperso nos confins da terra, e a nova harmonia entre Judá e Efraim.
h
11.15-16 Ap 16.12
*
12.1-3 Orarás naquele dia: Graças te dou, ó Senhor, porque, ainda que te iraste contra mim, a
tua ira se retirou, e tu me consolas. O hino de ação de graças inicia focando o tema central da
mensagem do profeta: juízo e salvação. As três referências à salvação não são uma promessa,
mas uma realidade experimentada. O hino utiliza a linguagem do cântico de Moisés, entoado
após o povo de Israel ter atravessado o mar (Êx 15), o qual é relembrado continuamente na
adoração em Israel (Sl 118.14).
*
12.4-6 A mensagem de salvação deve ser proclamada entre os povos... em toda a terra.
a
12.2 Êx 15.2; Sl 118.14
7. As nações, cuidado!
Isaías 13—21, 23

*
Caps. 13—23 Estes capítulos compreendem a segunda seção da primeira parte do Livro de
Isaías, e apresentam sentenças contra as nações. São nove oráculos, cada uma relativa a uma
nação, com a mesma fórmula introdutória: “sentença contra” (Is 13.1; 15.1; 17.1; 19.1; 21.1;
21.11; 21.13; 22.1; 23.1). A seção toda é um testemunho da vitória definitiva do governo de
Deus sobre todas as nações. A visão futura é das nações sob a soberania de Deus. Este tema
permeia todos os oráculos sobre as nações (veja 16.5; 18.7; 19.21). Isaías 13–23 oferece um
fundamento consistente do Antigo Testamento para a missão entre todos os povos. Alcançar
todos os povos sempre foi a vontade suprema de Deus, desde o chamado de Abraão e o
consequente estabelecimento de Israel (Gn 12.1-3). A mensagem do Novo Testamento é a
culminação desse propósito de Deus. O tempo em que isso aconteceria, conforme descrito por
Isaías, começou quando Jesus inaugurou na terra o eterno Reino de Deus. No entanto, ainda
aguardamos a realização plena e final do Reino de Deus, pois vivemos na expectativa da volta
do Senhor Jesus.
*
13.1—14.32 A sentença contra a Babilônia é apresentada em duas unidades principais: Is 13.2-
22 e 14.5-21. Is 13.1 provê a introdução, e Is 14.1-4 faz a vinculação das duas unidades
principais. Os versos finais (vs. 24-32) apresentam a conclusão, na forma de dois oráculos com a
Assíria e a Filístia.
*
13.2-5 Sentença… contra a Babilônia. A sentença começa com uma convocação para a batalha.
O Deus das nações reúne o seu exército.
*
13.6-13 No contexto do julgamento escatológico, o profeta define os resultados com sendo os
do “Dia do Senhor” (v. 6, 9, 13). Essa expressão retrata uma esperança escatológica, já expressa
nos primeiros capítulos (ex., 2.11-17), mas projetada de forma universalizada nos capítulos que
seguem esta seção (24—27). Os profetas Amós, Joel e Sofonias (Am 5.8-20; Jl 1; Sf 1) também
usam este conceito com uma expressão do julgamento de Deus. Os vs. 2-16 preparam o cenário
para o anúncio do agente humano deste julgamento divino.
*
13.17-22 eu despertarei os medos... O foco está no o tempo de Deus e no propósito dele na
história. As reivindicações da Babilônia, com seu esplendor, sua glória e seu orgulho (v. 19), são
falsas. Em plena convicção é revelado que o profeta anuncia o fim iminente do opressor. A
ênfase é que Deus reina acima de qualquer circunstância adversa. No devido tempo
experimentaremos a vitória promovida por ele.
a
13.6 Jl 1.15
b
13.10 Mt 24.29; Mc 13.24-25; Lc 21.25; Ap 6.12-13; 8.12
c
13.19 Gn 19.24
d
13.21 Ap 18.2
*
14.1-24 Por que o Senhor se compadecerá de Jacó e ainda elegerá Israel. A linguagem aqui
está muito próxima dos caps. 40—55, evidenciando a importância decisiva, para Israel, da
soberania de Deus sobre as nações. Os caps. 13—23 são fundamentalmente um testemunho do
governo de Deus, enquanto os caps. 40—55 focam o renascimento de Israel como resultado
desta soberania. A graça e a misericórdia de Deus são ingredientes constantes na relação de
Deus com o seu povo. Não podemos sobrestimar o esforço que Deus realiza para operar a
salvação. Toda a obra de juízo de Deus tem como objetivo gerar consciência do pecado, a fim de
propiciar salvação. Essa perspectiva é de fundamental importância no contexto da missão. É
sempre necessário conseguir discernir onde se encontra Deus e como se manifesta a sua
misericórdia em cada contexto específico. Demonstramos misericórdia para como o pecador
impenitente?
*
14.5-11 você proferirá esta sátira... Este cântico irônico acerca da morte de um tirano toma a
forma de paródia de um lamento fúnebre (veja 2Sm 1.17-27): no lugar da profunda tristeza e do
pesar em virtude da morte de um herói, o cântico ressoa com desprezo e grande alívio a morte
do tirano.
*
14.12-23 Utilizando-se de uma antiga mitologia cananeia, que fala acerca da derrubada da
estrela da manhã para o abismo pelo Deus altíssimo, o profeta anuncia a derrota da Babilônia.
O uso que Isaías faz dessas diferentes formas literárias (canto de sátira e mito) nos dá um bom
exemplo da comunicação criativa da mensagem de Deus.
*
14.4-323 Dois oráculos conclusivos da sentença contra a Babilônia: o primeiro (vs. 24-27)
confirma o plano de Deus de destruir a Assíria, e o outro (vs. 28-32) exorta os filisteus para que
não se alegrem prematuramente, pois um novo inimigo já se levantou. Sob a perspectiva
teológica, mostra que o governar de Deus está em seu processo de destruição, e que, no final, a
sua vitória será plenamente bem-sucedida. A mensagem do Novo Testamento é exatamente a
mesma: quem está com Jesus é mais que vencedor (Rm 8.37; 1Jo 5.4-5).
a
14.12 Ap 8.10
b
14.15 Mt 11.23; Lc 10.15
c
13.1—14.23 Is 47.1-15; Jr 50.1—51.64
d
14.28 2Rs 16.20; 2Cr 28.27
e
14.29-31 Jr 47.1-7; Ez 25.15-17; Jl 3.4-8; Am 1.6-8; Sf 2.4-7; Zc 9.5-7
*
15.1—16.14 Sentença contra Moabe. À semelhança da advertência contra a Filístia (14.28-32),
o profeta alerta Moabe de que um opressor maior, a Babilônia, está no futuro, como agente do
julgamento de Deus. Os fundamentos para a rejeição de Moabe estão na sua arrogância, no seu
orgulho e na sua insolência (16.6). O seu empenho é inútil em virtude de seus ídolos (16.12).
Contudo, a soberania de Deus continua sobre todas as nações (16.13-14) e, no devido tempo, o
reino messiânico de Deus se estabelecerá (16.4-5). À semelhança de Moabe, quem não
abandona os ídolos continuará a viver uma vida de lamento.
a
15.1—16.14 Is 25.10-12; Jr 48.1-47; Ez 25.8-11; Am 2.1-3; Sf 2.8-11
*
17.1—18.7 Sentença contra Damasco, capital da Síria, junto com Efraim, contra Judá (veja Is
7.1-6). Há uma série de oráculos contra as nações sob este título (17.12-14), inclusive Etiópia
(18.1-7). O uso da primeira pessoa do plural, “nos” (17.14), indica que a mensagem na verdade
não está endereçada às nações, mas ao povo de Deus, ao qual a proteção divina é garantida.
Como podemos anunciar a proteção de Deus ao seu povo no mundo de hoje cheio de conflitos
e perseguições? Como podemos ser agentes missionários da proteção de Deus para eles?
*
18.7 Naquele tempo olha para frente para o fim da história. Após o julgamento de Deus, a
Etiópia virá trazer um tributo a Deus no monte Sião. Este presente significa um ato de
submissão à soberania de Deus como o Senhor da história.
a
17.1-3 Jr 49.23-27; Am 1.3-5; Zc 9.1
a
18.1-7 Sf 2.12
*
19.1—20.6 Sentença contra o Egito. O julgamento divino contra o Egito alcançará até o Rio
Nilo, do qual toda a economia do Egito depende, e as pessoas sofrerão as consequências (19.5-
10). Na próxima seção, 19.11-15, o juízo atinge o Faraó e seus conselheiros. Deus tornou a
sabedoria dele inútil.
*
19.16-25 Surpreendentemente, o profeta anuncia um futuro positivo para o Egito e Israel, com
a promessa de judeus morando no Egito e Javé sendo adorado ali. O aspecto missional é que,
agora, no tempo escatológico de Deus, o Deus de Israel responderá ao clamor do Egito por
libertação e enviará o Salvador para resgatar os escravizados, assim como ele fez outrora. Eles
virão para conhecer Javé e responder a ele com uma adoração apropriada.
*
19.23-25 haverá uma estrada... Veja Is 11.16, mas aqui a estrada servirá para auxiliar a Assíria
e o Egito (de fato, o mundo todo) a adorarem juntos ao Deus de Israel. Esta proclamação faz
ressoar o anúncio já feito em 2.2-4. O mais surpreendente é a proclamação de uma bênção
sobre o Egito, a Assíria e Israel em termos iguais. Nunca devemos excluir nenhum povo ou etnia
da possibilidade de receber a bênção de Deus. Estamos dispostos e prontos para ser um canal
ou ferramenta para que essa bênção se concretize?
*
20.1-6 As nações estão totalmente impotentes diante do governo soberano de Deus, que
executa seu julgamento no mundo como quer e utiliza quem quer.
a
19.1-25 Jr 46.2-26; Ez 29.1—32.32
*
21.1-17 Sentença contra o deserto do mar… contra Dumá… contra a Arábia. Em três sentenças,
que juntas formam uma unidade temática, este capítulo apresenta a mensagem profética em
um novo nível de intensidade (vs. 3-4). A mensagem profética revela a vontade de Deus para o
seu povo, apresentando uma tensão dialética entre uma vitória parcial e uma derrota parcial. A
mensagem profética continua identificando o seu povo como aquele que é debulhado e batido
como trigo da minha eira (v. 10). Nossa realidade hoje não é diferente. Os dois polos dialéticos
forçam nossa resposta para a forma do governar de Deus, que continua a iluminar os futuros
eventos do povo fiel a Deus, que vive no tempo da luz e no tempo da escuridão.
a
21.9 Ap 14.8; 18.2

*
23.15-18 Estes versículos funcionam como uma espécie de apêndice ou conclusão de toda a
seção dos caps. 13—23. Anuncia-se a restauração futura de Tiro a ser dedicada ao Senhor. Este
é o tema conclusivo: no futuro, todas as nações levarão tributo a Deus e estarão reconciliadas
com Deus. Veja a nota sobre cap.s 13—23.
a
23.1-18 Ez 26.1—29.19; Jl 3.4-8; Am 1.9-10; Zc 9.3-4; Mt 11.21-22; Lc 10.13-14
8. Judá, cuidado!
Isaías 22

*
22.1-25 o vale da Visão. Não há nenhum lugar conhecido com este nome nos arredores de
Jerusalém. O nome enigmático funciona simbolicamente como uma palavra profética
direcionada para o futuro (visão), em tom de repreensão (vale).
*
22.5 Porque este é um dia de tumulto Aqui o Dia do Senhor não traz a salvação que o povo
esperava, mas o juízo de Deus (veja Am 5.18-20), manifesto no ataque pelo inimigo contra
Jerusalém. O contraste explícito entre os planos de Deus e os preparativos de Jerusalém indica a
essência da mensagem nesta unidade. Judá não aprendeu nada quando Deus a libertou da
ameaça da Assíria. Jerusalém responde com um comportamento que, de modo flagrante,
manifesta sua constante desconsideração da vontade de Deus para a nação.
*
22.14 Certamente essa maldade não será perdoada A ameaça antecipa a futura destruição da
nação. A necessidade de transparência nas ações de Deus é a razão pela inclusão deste oráculo,
à primeira vista inapropriado, entre os oráculos contra as outras nações.
*
22.15-25 O oráculo final deste capítulo é singular dentro desta seção de Isaías, na medida em
que se direciona a um indivíduo. Sua inclusão, sob o mesmo título, nos revela que o chamado
divino para responsabilidades tanto públicas quanto privadas, conduzidas de modo abusivo e
em desacordo com a vontade de Deus, levam ao juízo de Deus. O Senhor anuncia que no futuro
haverá uma nova forma na qual ele concederá a sua autoridade apontando o fim da linhagem
real da dinastia davídica. Esta é uma advertência sobremodo séria para os nossos dias, e requer
de nós uma revisão dos fundamentos bíblicos para o exercício da liderança privada ou pública.
a
22.13 1Co 15.32
b
22.22 Ap 3.7
*
23.1-18 Sentença contra Tiro é apresentada em forma de lamento que foca o contraste entre o
orgulho de uma antiga cidade (cujos mercadores andaram pela terra à espreita de honra e
poder) e a realidade atual de desonra e vergonha.
*
23.9 O Senhor dos Exércitos decretou isso. O tema do propósito soberano de Deus, na história
das nações, transpassa toda a seção de 13—23, e está consoante a mensagem de Isaías.
9. Revelação!
Isaías 24--27

*
Caps. 24—27 Estes capítulos configuram a terceira seção da primeira parte (cap.s 1—39),
dentro do livro de Isaías. É preciso ler estes capítulos em sua relação com o livro inteiro. O
enfoque é escatológico; todavia, não se trata de um tratado atemporal. A seção apresenta
aspectos de uma sequência temporal, o tempo exato e determinado por Deus. A voz do Israel
fiel ressoa nesta seção como resposta de seus momentos específicos da história: ora
experimentando o pleno julgamento de Deus sobre o mundo (cap. 25), ou reunindo os sinais de
esperança de que a libertação está perto (cap. 26). O conteúdo teológico desta seção é
apresentado como divina advertência e encorajamento a uma comunidade de fé, que estava
vivendo sob grande pressão e lutando para discernir os caminhos de Deus para a sua vida. A
seção anterior (caps. 13—23) tratou do propósito de Deus em exercer sua soberania sobre as
nações. Os caps. 24—27 são diferentes, tanto na forma quanto no conteúdo. Possuem uma
qualidade tipológica e didático que os distinguem da seção anterior. O foco escatológico destes
capítulos levantou o olhar para o último propósito de Deus: o julgamento cósmico do mundo e
sua gloriosa restauração final, a inauguração do reino de Deus (24.23). A redenção de Israel é
pintada como emergindo das cinzas de um mundo poluído e decaído. Não apenas um
remanescente será redimido: todos os povos que tomarem parte na celebração da nova ordem
de Deus experimentarão a salvação quando a morte estiver banida para sempre (25.8). Há uma
grande tensão entre a morte da antiga era e a entrada da nova. O profeta instrui a comunidade
sofredora de Israel a viver entre duas eras: o presente e o futuro (e isso não é diferente para nós
hoje). A perspectiva flutua entre a participação no mundo sofredor (24.16) e o ingresso na
celebração do banquete escatológico de Deus (25.6). O desafio crucial em ler nestes capítulos é
como preservar a perspectiva histórica, em um mundo real de governantes opressores e
cidades arrogantes e, ao mesmo tempo, manter a visão de um modelo mais amplo do propósito
escatológico de Deus. A menção da cidade é uma característica paradigmática do quadro
apocalíptico da seção de Is 24—27. Ela é essencialmente um lugar de caos e destruição (24.10;
25.2; 26.5; 27.10). Apenas após o juízo executado e em uma perspectiva escatológica, a cidade
aparece de forma positiva (Is 26.1). A cidade é apresentada como sendo representação da
realidade humana em busca de poder, amarrada no conflito mortal contra o ingresso do justo
governo de Deus.
*
24.1-3 Eis que o Senhor vai devastar e desolar a terra. Estes versos introduzem tanto a
temática desta seção (Is 24—27) quanto o tema do cap. 24: Deus colocará um fim ao atual
estado de coisas na terra! A punição que acontecerá não levará em conta o status ou a função
de quem quer que seja; o alcance será universal, incluindo todos os habitantes da terra. Tudo
acontecerá desta forma porque o Senhor assim decidiu.
*
24.5 A condenação universal vem da violação das leis, dos estatutos e da aliança eterna de
Deus. Veja Gn 9.16; depois da Queda e do Dilúvio, Deus forjou um novo começo na história;
aqui, o Senhor anuncia o seu fim.
*
24.13 Uma ampliação do quadro descrito em Is 17.6. O julgamento, lá focado em Israel, agora
inclui todas os povos.
*
24.14-23 O canto universal de alegria, acerca da majestade de Deus e a glorificação do nome
do Deus de Israel remetem à verdadeira voz de adoração em Israel, a linguagem própria do
“cântico novo”, como resposta ao ingresso da prometida nova ordem de Deus (veja 12.3-6;
42.10-12). A velha ordem está chegando ao fim, de modo que tudo o que pertence a ela precisa
ser destruído, antes da realização do alvo de Deus, o seu governo no monte Sião (v. 23). Este
clímax assinala o início da nova ordem de Deus e seus efeitos sobre o mundo fiel, isto é, entre
Israel e as nações. Esta perspectiva nos desafia acerca dos fundamentos para a adoração a Deus,
quando a igreja se reúne em culto.
*
25.1-5 Um salmo de ação de graças. Os conselhos antigos,
fiéis e verdadeiros de Deus (25.1) incluem a destruição dos lugares fortificados e descrevendo a
ruína da cidade fortificada. Os vs. 6-8 retomam Is 24.23.
*25.6-8 Estes versos seguem 24.23. O Senhor reinará no monte Sião e inaugurará um festival
alegre para comemorar a sua coroação. No entanto, o mais significativo é a menção expressa de
que estão convidados para tomar parte nesta nova ordem todos os povos ... de toda da terra.
Esta ênfase é frequente em Is 24—27 e vai crescendo em vigor no decorrer do livro de Isaías (Is
56.6-7; 60.1-3; 66.18-23). Os capítulos finais do Livro de Isaías desenvolvem mais o tema do
novo céu e nova terra (65.17; 66.22). A esperança de uma radical nova ordem sem o mal é um
tema que tem sido prenunciado constantemente em Isaías.
*
25.9-12 O contraste entre a confissão de Israel e a exclusão de Moabe revela a necessidade da
submissão à vontade de Deus. Deus inclui todos os povos em seu convite, mas a voz que
responde à salvação de Deus usa explicitamente a linguagem do Israel fiel.
*
25.9 o Senhor, a quem aguardávamos. A formulação da adoração obediente, que espera em
Deus, permeia o Saltério, e é também o tema principal em todas as seções do Livro de Isaías.
Isso denota a atitude de uma ansiosa expectativa pela salvação prometida de Deus. A fé envolve
paciência, esperando pela luz, enquanto reina apenas a escuridão, porque Deus escondeu a sua
face.
*
25.10-12 A restauração universal da criação de Deus não remove todas as tensões entre o
bem e o mal. O mistério da salvação de Deus de todos os povos é tal que permanece a
possibilidade da rejeição ao convite de Deus. Deus concede a liberdade humana para escolher,
mas pune severamente o orgulho humanos e a arrogância nacional. Moabe é um símbolo da
arrogância e do orgulho (veja 16.8), daqueles que rejeitam o governo de Deus. O Novo
Testamento fala de msmo skandalon ou ofensa da cruz nos olhos de quem rejeitam o evangelho
(1Co 1.23; Gl 5.11). A moderna ideologia do universalismo religioso, afirmando que no fim
todos serão salvos, é estranha à proclamação bíblica da salvação de Deus.
a
25.8 1Co 15.54
b
25.8 Ap 7.17; 21.4
c
25.10-12 Is 15.1—16.14; Jr 48.1-47; Ez 25.8-11; Am 2.1-3; Sf 2.8-11
*
26.1-6 Um cântico escatológico de vitória e confiança. Os fiéis entoam a Deus, que estabeleceu
uma cidade elevada com muros que garantem a salvação. As suas portas estão abertas para que
entre livremente cada nação justa: aquelas que confessam a sua fé em Deus. A visão inclui
todas as nações. Os que agora são caracterizados como povo de Deus também são identificados
pela sua resposta em termos de retidão.
*
26.10-11 Nem todos experimentarão esta salvação, pois o perverso continua no caminho da
maldade e não vê a majestade do Senhor.
*
26.12-18 Mesmo que o fiel veja a ação de Deus em seu favor e que os sinais do governo justo
de Deus, a comunidade está situada entre dois tempos: o velho está passando e o novo ainda
não chegou à sua plenitude.
*
26.19 O capítulo anterior fala de uma vida na qual a morte não faz mais parte (25.8), e aqui
está o anúncio da ressurreição para a vida eterna, após o sofrimento da morte, em contraste
com 26.14. Quando a Igreja primitiva, respondendo à promessa da volta de Jesus, afirmou:
“Amém. Vem Senhor Jesus!” (Ap 22.20), ela estava tomando a mesma postura dos santos do
Antigo Testamento, que viviam na expectativa entre a promessa e o seu cumprimento.
a
26.11 Hb 10.27
*
27.1-13 Naquele dia, o Senhor castigará com a sua dura espada, grande e forte, o dragão,
serpente veloz. O cap. 27 estabelece a sequência dentro do propósito de Deus. Serve para
interpretar o julgamento passado e a promessa futura, à luz do anúncio de Deus da renovada
garantia de vitória. Isto situa a vida de Israel dentro da promessa de ser a vinha especial de Deus
(5.1-7). Agora, a plena purificação de seu passado aguarda a produção de frutos de justiça, de
acordo com as leis de Deus. É uma mensagem tipicamente apocalíptica, iniciando com o
julgamento final e cobrindo apenas o intervalo da colisão escatológica final entre o velho e o
novo; entre Israel estar sendo salvo, mas ainda não plenamente.
*
27.1-6 A referência à morte do Leviatã mitológico remete ao problema fundamental da
realidade do mal. A morte do Leviatã assinala a promessa apocalíptica de um novo tempo de
governo de Deus (Ap 12.1). Neste contexto, o cântico da vinha é um contraste de Is 5.1-7. O
novo povo de Deus encherá o mundo de frutos.
*
27.10-13 A vitória de Deus traz a oferta de uma nova realidade. Contudo, é decisão pessoal
aceitar ou não esta oferta. Compare vs. 12-13 com 19.23-26. Todos serão colhidos um a um. A
opção da rejeição do reinado de Deus permanece sempre uma terrível possibilidade. É o amor
de Deus que concede a liberdade para responder em amor ou não.
a
27.1 Jó 41.1; Sl 74.14; 104.26
10. Mais avisos...
Isaías 28--33

*
Caps. 28—35 Esta é quarta seção da primeira parte (cap.s 1—39) do Livro de Isaías. Os caps.
28—33 apresentam uma série de seis oráculos que iniciam com “ai” (28.1; 29.1,15; 30.1; 31.1;
33.1). As referências intertextuais oferecem a visão de um governante justo no cap. 32, em
contraste com o governante caótico existente (cap. 33). Os caps. 34 e 35 concluem a seção,
apresentando os destinos finais dos perdidos e dos salvos. O foco essencial desta coleção de
oráculos está em mostrar a insensatez de confiar em alianças estrangeiras, quando apenas a
sabedoria e o propósito de Deus são verdadeira salvação. Da perspectiva soberana de Deus,
tudo é conduzido para a consumação do pleno reinado de Deus, apesar da rebeldia de Israel.
*
28.1-6 Ai da soberba coroa dos bêbados de Efraim. As imagens descrevem a decadência e
destruição da capital do Reino do Norte, Samaria (7.9; 8.7). Todavia, no futuro, o Senhor será a
coroa para o remanescente fiel de Israel.
*
28.11 A palavra de Deus se tornará incompreensível ao povo, pois este se recusou a ouvir a
oferta divina da salvação. A promessa rejeitada se torna uma palavra de julgamento.
a
28.11-12 1Co 14.21
*
28.14-22 O segundo oráculo deste capítulo continua a dialética entre julgamento e a promessa
de glória ao remanescente.
*
28.16 uma pedra, pedra já provada, pedra preciosa,
angular, solidamente assentada. O contexto do livro de Isaías como um todo, fornece o
conteúdo desta imagem: Deus está no processo de estabelecer uma nova pedra angular, que é
inabalável diante do arrasador castigo do julgamento vindouro. A partir da perspectiva do Novo
Testamento, esta pedra angular assentada por Deus é Jesus! O tema da presença de Deus
trazendo julgamento para os infiéis e salvação para os fiéis é descrito constantemente (8.14-15).
A metáfora da pedra serve para unificar temas centrais que foram matizados de diferentes
formas durante o livro. O simbolismo da pedra inclui a realidade de uma nova comunidade: o
remanescente fiel. É uma antecipação do vindouro reino justo de Deus, que é prenunciado pela
promessa do governo messiânico de Sião.
*
28-23-29 Como um agricultor, Deus age de acordo com um propósito. No seu devido tempo o
Senhor colherá os frutos da sua criação. Esta é a esperança continuamente afirmada no livro de
Isaías. No contexto da nova realidade escatológica Isaías registra a esperança por trás de todo o
agir divino. Esses versículos estão dispostos em uma estrutura concêntrica, com ênfase no
versículo central, v. 26: Deus assim o instrui devidamente e o ensina (A = v. 23; B = v. 24; C = v.
25; D = v. 26; C' = v. 27; B' = v. 28; A' = v. 29). Essa estrutura sugere que a habilidade do lavrador
de cultivar a terra e colher o seu fruto vem do próprio Deus. Este texto pode servir de apoio
para as missões empresariais ou para os profissionais em missão: não só os missionários, os
evangelistas ou os pastores são vocacionados, mas todos no Corpo de Cristo, cada um em sua
atividade profissional, são chamados para o serviço do Reino, pois todas as habilidades
profissionais são dádivas de Deus.
b
28.16 Rm 9.33; 1Pe 2.6
c
28.16 Rm 10.11
d
28.21 2Sm 5.20; 1Cr 14.11
e
28.21 Js 10.10-12
*
29.1-8 Este capítulo continua o tema de 28.23-29: a singularidade do plano de Deus com Israel
e a falta de habilidade do povo endurecido de compreender este propósito. A aparente
incompreensibilidade de que Deus primeiro atacará Jerusalém (vs. 2-4) para depois libertá-la
(vs. 5-8) deriva do seu conteúdo teológico: Deus mata e dá vida. A descrição do plano de Deus
(28.23-29) providencia as explicações devidas: o agir de Deus não depende da resposta de
Israel, mas vem unicamente da misteriosa deliberação oculta de Deus.
*
29.9-12 O tema constante da inabilidade de Israel em compreender os planos de Deus (veja
1.2-3) é agora intensificado pela retomada do tópico do endurecimento de Israel (Is 6.9-10). O
oráculo expressa a complexidade da compreensão profética do endurecimento: o
comportamento perverso e estúpido, que foi iniciado pela rejeição da vontade de Deus, deriva
essencialmente de uma decisão anterior do julgamento divino. O efeito do endurecimento é
que Israel não consegue mais compreender a Escritura.
a
29.10 Rm 11.8
b
29.13 Mt 15.8-9; Mc 7.6-7
c
29.14 1Co 1.19
*
29.13-21 A mesma sequência de obra maravilhosa (v.14): julgamento (vs. 13-16) e nova
criação (vs. 17-21). Deus, que é tão incompreendido por aqueles que lutam com suas manobras
políticas e querem diminuem o seu agir, é o único que abruptamente demonstrará seu
verdadeiro poder, pelas palavras do livro (v.18), o Evangelho. Repentinamente, Deus, o Criador,
transformará o mundo da sua criação. Há esperança para um novo tempo. Deus trará luz às
trevas.
*
29.22-24 A referência aos patriarcas Abraão e Jacó, amplia a mensagem de salvação
escatológica para incluir todo o povo de Deus.
*
30.1-5 O fato de Judá buscar segurança no Egito, e não em Deus, consiste no fundamento
teológico para a condenação. “filhos rebeldes”. Veja 1.2-4.
*
30.8-11 Deus recomenda ao profeta que escreva sua profecia de destruição. Este escrito será
um testemunho para as futuras gerações acerca da verdade de sua proclamação. Assim, quando
o endurecimento tiver passado, Israel poderá ouvir a palavra de Deus (29.11-12).
*
30.18-26 Estes versículos estão ligados aos vs. 12-17 através de uma conjunção (laken, que
significa “certamente”), denotando uma consequência lógica: o que segue é uma afirmação
totalmente inesperada que Deus está esperando ter misericórdia e se compadecer. A
justificativa é que ele é um Deus de justiça. A mesma tensão entre juízo e salvação,
constantemente enfatizada nos caps. 1—12, continua aqui. Deus, que afligiu o seu povo, agora
passa do julgamento para o perdão. O endurecimento dá lugar à obediência.
*
30.27-33 Estes versos descrevem a aparecimento de Deus vindo com todo o seu poder, toda a
sua glória e toda a sua majestade (Sl 18.8-15). Esta manifestação de Deus é direcionada contra a
Assíria, que será consumida através do seu fogo, evocando em Israel a alegria de um festival.
Desta forma, neste capítulo, os elementos de julgamento e salvação, que às vezes estão
justapostos, aqui estão fusionados em uma unidade integral, como parte de um único propósito
de Deus: mostrar os caminhos dados por Deus na mudança de vida de Israel.
*
31.1-3 A aliança de Jerusalém com o Egito é uma questão teológica: os líderes confiam em
carros de guerra e em cavaleiros, pensando que os acontecimentos no mundo real não estão
ligados à fé. Eles não olham para Deus ou buscam a sua vontade. Os egípcios, assim como os
assírios, são apenas humanos, não deuses. O contraste é entre o Criador e a sua criação. O
contraste é entre o Criador e a sua criação. Javé é a fonte do espírito, o dinâmico poder divino
que dá vida à sua criação. Toda a criação repousa morta e inerte, até que o hálito de Deus, que
dá vida, seja infundido nela (Gn 2.7; At 17.28). A Bíblia é unânime em afirmar a absoluta
soberania de Deus sobre todas as coisas.
*
31.4-5 Sião é inviolável apenas quando é guardada por Deus! Todavia, é Javé quem ataca
Jerusalém, levantando um cerco e humilhando a cidade, antes de uma inesperada e repentina
reversão (veja Is 29.6). Similarmente, Is 30.13 fala da implacável aniquilação da cidade por causa
da sua iniquidade, mas então conclui que Deus está esperando para ser gracioso (Is 30.18). De
modo semelhante, Is 31.2 fala de Deus trazendo a desgraça. A chave para esta tensão foi dada
primeiramente na parábola de Is 28.23-28, que descortina a singularidade do propósito de Deus
para com Israel. A mensagem de Isaías não consiste em uma tensão entre uma opção otimista
ou pessimista. É uma única questão complexa: a rebeldia de Israel (1.2-3). Os caps. 28—33
focam a insensatez de Israel ao rejeitar a misericordiosa intervenção de Deus. No entanto, a
partir da revelação do propósito de Deus na criação, permanece uma inabalável esperança de
salvação. Esta oferta é completamente incompreensível ao ser humano, propenso ao pecado,
cego como é em sua insensatez e arrogância. O profeta, porém, não oferece um tratado
teológico sistematizado desta questão. Ele apresenta a profunda luta de um contínuo encontro
com Deus, que ressoa como um testemunho consistente através de todo o Livro de Isaías. O
julgamento e a redenção de Israel estão vinculados ao propósito de Deus, mesmo quando isto
parece misterioso e incompreensível à lógica humana.
*
31.6-7 Em vista desta soberania de Deus, o profeta convoca para o arrependimento e para a
conversão. Frequentemente, o termo “voltem-se” no livro de Isaías assinala a inabilidade de
Israel para se arrepender (veja 6.10; 9.13). O endurecimento de Israel fechou as portas para ele.
Qualquer conversão possível somente poderá vir através de uma restauração, da parte de Deus;
em nenhuma parte este renascimento depende da decisão de Israel de retornar. Apesar disso, o
apelo por arrependimento permanece aqui e em outros lugares (ex., 44.22; 55.7). Sua função
particular é crucial para a compreensão apropriada do chamado à conversão, pois
continuamente, após o plano de Deus ter sido descrito e sua vontade para com Israel e as
nações ter sido anunciada, Israel é mudado para responder positivamente ao Senhor. Por isso v.
7, em um contexto escatológico, retoma a esperança de um tempo quando todos os falsos
deuses serão rejeitados, quando Israel emergir como um povo restaurado. É com esta nota de
esperança para Israel que se encerra este oráculo, revelando que a salvação de Israel não é obra
sua, mas fruto da mais pura graça misericordiosa de Deus. A essência desta mensagem está em
plena sintonia com o evangelho da salvação, anunciado pelo Novo Testamento.
*
31.8-9 A destruição da Assíria virá do Senhor, cuja vinda com força aterradora foi anunciada
em 30.27. Javé, não a Assíria, é a rocha de proteção (30.29), e Jerusalém se tornará uma
fornalha para a queima do refugo.
*
Caps. 32—33 Estes capítulos formam o clímax dos capítulos precedentes (28—31),
recapitulando os mesmos elementos do plano divino, antes de seguir em uma direção diferente
nos caps. 34—35, os quais concluem esta seção. De uma forma geral, os dois capítulos seguem
o extenso padrão de recontar a atraso espiritual de Israel, a ameaça dos inimigos e a visão da
salvação vindoura.
*
32.1-8 Eis aí está que reinará um rei com justiça, e em retidão governarão príncipes. A
passagem descreve a bênção de um governo dirigido em retidão, que é contrastada pela
anarquia da insensatez e da incredulidade. Veja a nota sobre vs. 15-20.
*
32.9-14 As complacentes mulheres de Jerusalém são advertidas acerca de um desastre
iminente (veja 3.16—4.1).
*
32.15-20 A forte ruptura apresentada oor estes versículos
traz importantes implicações. Primeiro, indica que a transição será para a era escatológica do
Messias. Isso mostra que os vs. 1-8 devem ser entendidos de forma messiânica. Segundo, este
novo tempo da salvação vindoura é iniciado através do derramar do Espírito de Deus — e
resultará de uma transformação tanto do mundo natural quanto da sociedade. Esta
transformação resulta em justiça e equidade, paz, segurança e liberdade, conceitos que
permeiam o livro de Isaías. É importante ver esta visão escatológica do futuro junto com a
realidade concreta de eventos históricos. A mensagem profética não é simplesmente
concernente a uma miraculosa intervenção do Reino de Deus. O rei messiânico não é concebido
como um salvador celestial e escatológico, que põe fim à história humana. Ele é uma figura
histórica que governa e dirige a nação. O valor de um bom governo e de uma sociedade civil
organizada com justiça e retidão é parte importante na mensagem de Isaías. O reino de Deus e
os reinos deste mundo não são separados em uma polaridade de sectarismo radical, mas são
vistos como dois lados de uma só verdade. No propósito de entender a teologia profética, é
crucial ver que o Reino de Deus decerto transformará o mundo inteiro, e que a sociedade
sagrada e a secular são mantidas juntas em uma unidade integral (Jo 16.33). Este testemunho
profético permanece um importante elemento de verificação contra qualquer ideia que não
gostaria de ver nenhuma vinculação entre a Igreja e o mundo. O testemunho público e as ações
políticas responsáveis fazem parte da missão integral de Deus neste mundo.
*
33.1-24 Ai de ti, destruidor que não foste destruído… Acabando tu de destruir, serás destruído.
Este capítulo apresenta a visão de Isaías acerca do futuro, após a ameaça do grande inimigo,
Assíria, ter sido vencida.
*
33.17-24 Nenhuma força militar impedirá o reino justo do Ungido de Deus; sua paz não será
negociada através de tributos; o seu governo tampouco será ameaçado por nenhum povo de
língua estranha. O texto oferece um comentário interpretativo dos eventos vindouros, buscando
antecipar o rei messiânico. Sua função é ser um representante terreno do verdadeiro rei
celeste. Javé é o juiz, o legislador e, acima de tudo, o Rei de Israel (v.22). Esta referência tem em
mente a visão do profeta acerca da majestade de Javé, governando sobre a criação como rei (Is
6.1-3). A tentativa de separar a esperança de um rei messiânico, mantendo-a restrita como uma
realidade à parte da sociedade e do mundo, fragmenta a unidade teológica do texto bíblico, que
é mantida em diferentes e sutis caminhos através de todo o Livro de Isaías. Mantendo a
realidade histórica do Reino de Deus como proclamado por Isaías, é fundamental para a prática
de uma missão integral, que se ocupa com as necessidades cotidianas. Assim como foi no
ministério de Jesus e na Igreja primitiva, a missão sempre tem em vista a realidade concreta da
vida das pessoas que são alcançadas pelo evangelho.
*
Capítulos 34—35 Esses capítulos formam uma ponte entre a primeira e a segunda parte da
mensagem de Isaías, capítulos 1—33 e 40—66. Eles resumem as duas partes principais do livro
de Isaías: o poder de Deus sobre as nações e a exaltação de Sião para a salvação de Israel. Os
dois temas principais desses capítulos, o julgamento divino das nações e o retorno dos remidos
a Sião, retomam as primeiras profecias de Isaías e avançam para os capítulos seguintes. Os
capítulos 34—35 projetam o plano divino adiante, além dos períodos históricos dos capítulos 36
—39, enfocando a exaltação escatológica final de Sião e a entrada na alegria suprema do Reino
de Deus (Is 35.10).
11. Mais revelação!
Isaías 34—35

*
34.1-17 Deus chama as nações para ouvir a acusação de Deus e testemunhar sua destruição.
A imagem é de um massacre apocalíptico, culminando na execução final e definitiva do dia da
vingança de Javé. O caos descrito está completo. O símbolo mais amplo de desolação é que
apenas criaturas repulsivas habitam a terra. A exortação é verificar esta profecia nas Escrituras
(v. 16). O capítulo 34 tem uma conexão estreita com os capítulos 13-33, especialmente com os
capítulos 13 e 24, e também com o capítulo 63.1-6.
*
34.1 Aproximem-se, ó nações, para ouvir, e vocês, povos, escutem! Que a terra e a sua
plenitude ouçam; que o mundo e tudo
o que ele produz escutem. O capítulo 34 extrai dos capítulos 13—23 o chamado às nações, para
serem testemunhas do poder soberano de Deus e sua iminente retribuição cosmológica. A
punição foi transferida da Assíria para a Babilônia (13.1-5); o orgulho da Assíria, antes de sua
destruição (caps. 36—37), é paralelo ao escárnio contra o rei de Babilônia (Is 14).
a
34.4 Ap 6.13-14
*
34.5-17 A menção da destruição de Edom, uma nação não incluída nos capítulos 13—23, é
uma surpresa. Edom funciona como o representante por excelência dos inimigos hostis de
Israel, um símbolo de todos aqueles que evocam a ira de Deus. A linguagem usada para
descrever sua destruição é a mesma usada para descrever a destruição de Sodoma e Gomorra
(v. 9).
b
34.10 Ap 14.11; 19.3
c
34.1-17 Is 63.1-6; Jr 49.7-22; Ez 25.12-14; 35.1-15; Am 1.11-12; Ob 1-14; Ml 1.2-5
*
35.1-10 O capítulo 35 tem fortes ligações com as duas seções seguintes, capítulos 40—55 e 56
—66, olhando em grande parte para o futuro. As imagens antecipam temas encontrados nos
capítulos 40—55: a glória de Deus, a abertura dos olhos dos cegos, o caminho por onde
passarão os remidos. A tendência de estender a especificidade histórica da profecia em um
movimento escatológico mais radical também é evidente neste capítulo. A estrada não é mais o
caminho para casa – agora, é o Caminho da Santidade, reservado aos puros de coração (vs. 8-
10).
a
35.3 Hb 12.12
b
35.5-6 Mt 11.5; Lc 7.22
12. Um pouco de história!
Isaías 36—39

*
Capítulos 36-39 Estes capítulos servem de ponte entre os períodos assírio e babilônico, ou
entre a primeira (caps. 1—39) e a segunda (caps. 40—55) partes do Livro de Isaías. Sua principal
função para todo o livro é confirmar a mensagem registrada nos capítulos iniciais. Eles não são
apenas um apêndice histórico, transferido de 2Rs, mas antecipam o próximo exílio babilônico,
bem como a morte e o renascimento das nações.
*
36.1—37.13 No décimo quarto ano do rei Ezequias, Senaqueribe, rei da Assíria, subiu contra
todas as cidades fortificadas de Judá e as tomou. Após a conquista de várias cidades fortificadas
de Judá, o rei da Assíria enviou um emissário a Jerusalém com a proposta de que o rei Ezequias
se rendesse, baseado no desamparo de Javé para poder libertar Jerusalém.
b
36.1—37.20 2Cr 32.1-20
*
37.14-20 A oração de Ezequias se concentra na questão-chave: quem realmente governa o
mundo? A libertação terá o propósito de revelar a todos os reinos da terra que os deuses das
nações são falsos e que somente Javé é Deus.
a
37.16 Êx 25.22
*
37.21-29 Isaías traz palavras de esperança e promessa de libertação a Jerusalém: Senaqueribe
voltará para sua terra, onde será morto. Como Senaqueribe não reconhece Javé nem seus
planos, Deus o eliminará por causa de sua arrogância.
*
37.30-38 O remanescente de Judá que sobreviveu (cf. 10.19-22) recebe um sinal e a promessa
de que Senaqueribe não entrará em Jerusalém. Os versículos 36-38 registram o cumprimento
desta palavra profética.
c
37.36-38 2Cr 32.21
*
38.1-22 Como nos capítulos 36—37, o foco está no poder de Deus para ouvir e responder
orações, salvar da morte, libertar e curar.
*
39.1-8 Há uma ligação clara entre o capítulo 39 e o capítulo anterior, e ambos têm uma
conexão com os capítulos 36—37. Esses quatro capítulos juntos servem como uma transição
para a segunda parte do Livro de Isaías, capítulos 40—55. Eles fornecem um link final para as
próximas ações de Deus em seu governo soberano sobre o mundo.
*
39.5-7 A razão para o anúncio do julgamento não é que Ezequias mostrou tudo o que possuía
para a comitiva da Babilônia, mas sim por causa dos propósitos de Deus que o profeta já
anunciou. Isso forma uma conexão entre a mensagem sobre o antigo e o novo, o tema principal
da segunda parte de Isaías. No entanto, o conteúdo exato da promessa e seu cumprimento
devem aguardar a proclamação das boas novas pelo profeta nos capítulos seguintes.
a
39.7-8 Dn 1.1-7; 2Rs 24.10-16; 2Cr 36.10
Parte 1:

Isaías 1—39
13. Consolação e esperança
Isaías 40

*
40.1-11 Esses versículos formam o prólogo da segunda parte do Livro de Isaías, capítulos 40–
55. O cumprimento da mensagem de julgamento de Isaías (capítulos 1–39) veio com a
destruição de Jerusalém em 587 a.C. Agora, de repente, surge o anúncio da decisão divina de
que chegou um novo tempo para o povo de Deus. É o anúncio de boas notícias. É tempo de
salvação! Embora o chamado de um mensageiro seja evidente nesses versículos, não há
menção a um profeta. Em vez disso, o chamado é para que Jerusalém, agora redimida, seja a
mensageira dessas boas novas (v. 9). Mais tarde, em Isaías 41.27, fica claro que haverá alguém
chamado por Deus para anunciar esta boa nova; essa pessoa, no entanto, permanece anônima.
A continuidade entre os capítulos 1–39 e o restante do livro de Isaías não está na pessoa do
profeta, mas na palavra de Deus que dura para sempre. Vemos esse mesmo princípio em toda a
Bíblia: o centro, o elemento decisivo, é sempre a mensagem, não o mensageiro. O objetivo
deste prólogo é afirmar que a palavra profética de Isaías continua agindo, para cumprir o
propósito de Deus, mesmo à parte da pessoa do profeta Isaías. Essa orientação do prólogo e
esse princípio de interpretação desempenham um papel importante no Novo Testamento. De
acordo com os Evangelhos Sinóticos, a profecia de Isaías 40.1-11 é a chave para entender o
ministério e a mensagem de João Batista, proclamando a vinda iminente do Reino de Deus na
pessoa de Jesus Cristo. Esta leitura neotestamentária do livro de Isaías segue o mesmo princípio
encontrado no prólogo: uma reinterpretação da promessa e seu cumprimento à luz de uma
nova compreensão do propósito de Deus. Esta reinterpretação afirma e confirma a verdade da
Palavra de Deus com respeito à promessa da salvação divina. A salvação de Deus, manifestada
em Jesus, está perfeita e completamente alinhada com a essência da mensagem redentora
contida no Antigo Testamento. A salvação trazida por Jesus Cristo deve ser entendida à luz da
profecia do Antigo Testamento; enquanto, inversamente, a promessa do Antigo Testamento
recebe seu verdadeiro significado da revelação de Jesus Cristo na plenitude do tempo de Deus.
*
40.1-2 Consolem, consolem o meu povo”, diz o Deus de vocês. O prólogo começa com Deus
chamando seus servos para confortar o povo de Deus e explicar o motivo desse consolo. O
modo imperativo reforça o senso de urgência para anunciar esta mensagem. A proclamação do
evangelho sempre tem um senso de urgência! Deus confirma seu relacionamento com seu
povo, Israel. Ele é o Deus deles e eles são o seu povo, o que nos lembra a aliança: o anúncio
aqui é o cumprimento da promessa da aliança de Deus ao seu povo.
*
40.3-5 preparem o caminho do Senhor. O anúncio de um novo êxodo. A redenção chegou! O
Senhor virá e manifestará sua glória a todos. O Senhor convida os remidos a trilhar um caminho
de santidade (cf. Is 35.8-10), demonstrando um novo paradigma para o seu modo de vida.
a
40.3 Mt 3.3; Mc 1.3; Lc 3.4; Jo 1.23
b
40.4-5 Lc 3.5-6
*
40.6-8 a palavra do nosso Deus permanece para sempre. Esta é uma referência à proclamação
de Isaías sobre a vinda de um novo tempo de salvação. No livro de Isaías, a primeira (caps. 1–
39) e a segunda (caps. 40–55) apresentam a mesma mensagem profética. Só é possível cumprir
a tarefa missionária com a firme confiança de que quem fala é Deus e que suas palavras
vivificantes fortalecem o que proclamamos como seus mensageiros (Rm 1.16; 1Co 1.18; 1Pe.
1.23-25).
c
40.6-8 Tg 1.10-11; 1Pe 1.24-25
*
40.9-11 Eis aí está o seu Deus!… Como pastor, ele apascentará o seu rebanho. Deus vem como
governante para pastorear seu rebanho. A linguagem é militar. Sião e Jerusalém são
evangelistas, designados para proclamar as boas novas às cidades de Judá. Esta é a primeira vez
que Isaías usa um termo que tem um sentido de “evangelho”. A essência do conteúdo do
evangelho é “Eis aí está o seu Deus!” Eis que o Senhor Deus virá com poder. A boa notícia é que
ele vem com poder para conquistar. Mas a ação de Deus também é como a de um pastor, que
guia e cuida do seu rebanho. A descrição nos aponta para Jesus, como o bom pastor (Jo 10). A
exortação encoraja o mensageiro a não ter medo de fazer este anúncio. Da mesma forma, nossa
coragem e ousadia, como mensageiros, vem do que Deus promete e faz.
d
40.10 Is 62.11; Ap 22.12
*
40.12-26 Quem...? As perguntas são retóricas. O foco é uma exaltação vigorosa da majestade
de Deus. Qualquer criatura racional deve admitir a onipotência de Deus. Com relação às nações,
os versículos 15-17 mostram as implicações da supremacia de Deus: os governantes do mundo
são completamente insignificantes diante de Deus. Precisamos manter nossa perspectiva
firmemente focada em nosso amado Pai celestial para não nos perdermos em jogos de poder
que tentam nos distrair.
e
40.13 Rm 11.34; 1Co 2.16
*
40.27-31 Por que, então, você diz, ó Jacó, e você fala, ó Israel...? Israel continua a refletir a
desesperança dos exilados. Israel não ouviu as boas novas. Deus não é uma questão de debate,
mas de fé e confiança. Deus está completamente disposto a vir e atender às necessidades de
seu povo. É por causa da ação de Deus em suas vidas que eles renovarão suas forças e
continuarão sua jornada. Discussões sobre Deus geram desapego e incredulidade. As conversas
com Deus geram intimidade e fé.
*
41.2-4 Em sua soberania, Deus usa Ciro, o Grande, que reinou na Pérsia entre 550 e 530 a.C. (Is
44.28–45.13).
*
41.4 eu, o SENHOR, o primeiro, e aquele que estará com os últimos; eu mesmo. O tema da
soberania divina é importante para a tarefa missionária, pois estabelece o fundamento para ser
enviado às nações e o fundamento para o julgamento futuro. Deus é o Senhor de todos os
povos e de toda a terra (Sl 24.1).
*
41.5-7 eles se aproximaram e vieram. Os atos poderosos de Deus chamam a atenção do povo
e fazem Deus conhecido. Por isso é tão importante a presença transformadora do povo de Deus
entre os povos da Terra. As nações estão sob o controle de Deus e a rebelião não terá a palavra
final (Sl 2.1-5). Não há possibilidade de uma inversão definitiva da ordem estabelecida por Deus
desde a criação: a criatura está subordinada ao Criador. Depois que Adão e Eva desafiaram essa
ordem em Gn 3, o resto da Bíblia é a história da restauração e nova criação de Deus, da missão
de amor de Deus.
*
41.8-10 Mas você, Israel, meu servo. De todas as nações do mundo, Israel foi escolhido por
Deus (Dt 7.6; 14.2, 1Rs 3.8; 1Cr 16.13). A eleição não foi baseada nos méritos ou atributos de
Israel (Dt 7.7-8; 9.4-6; Ez 16.1-14), mas em um plano divino para uma missão especial. Deus
lembra o povo de sua origem e seu chamado desde os dias de Abraão até o presente (Gn 12.1-
3; 15.1-15; Ex 19.1-6; 2Sm 7.8-17). Deus chamou Israel para ser seu servo e revelar aos povos
sua grandeza divina. Este mesmo propósito é dado à Igreja (1Pe 2.9-10). Deus não apenas
escolheu, mas também fez provisão em todas as circunstâncias para que Israel pudesse
permanecer uma testemunha entre os povos.
a
41.8 2Cr 20.7; Tg 2.23
*
41.21-24 Exponham a sua causa”, diz o SENHOR. Deus se dirige aos ídolos.
*
41.29 Deus repreende a crença falsa e arrogante em ídolos (Sl 40.4; Jr 2.5; 10.14; 16.19; 51.17-
18; Am 2.4).
*
42.1-9 Este é o primeiro dos quatro Cânticos do Servo Sofredor no livro de Isaías (os outros
três são encontrados em 49.1-6; 50.4-9; 52.13–53.12). Veja Mt 12.18-21.
*
42.1 Deus escolhe o mensageiro e o chama de meu servo, em quem sua alma se deleita (ver
Mc 1.11) – linguagem que aponta para o poder soberano de Deus no cumprimento de sua
missão, fornecendo recursos e direção ao seu escolhido. A audiência do mensageiro não se
limita à nação de Israel, mas se estende às nações, ou os gentios (49.6).
a
42.1 Mt 3.17; 17.5; Mc 1.11; Lc 3.22; 9.35
*
42.2-4 O Servo é manso e humilde no desempenho de sua missão. Ele não usará violência,
mas agirá de acordo com a vontade de quem o escolheu. O Espírito de Deus guia sua missão (Zc
4.6).
b
42.1-4 Mt 12.18-21
*
42.5-7 criou os céus… formou a terra. Aquele que escolheu o mensageiro é o Criador soberano
de todo o universo. Portanto, Deus tem o poder de enviar qualquer pessoa para pregar sua
palavra salvadora. aliança com o povo e luz para as gentios. O propósito do chamado do Servo é
definido. As nações são criadas pelo Deus amoroso, que quer formar para si um povo chamado
pelo seu nome de todas as etnias e povos da terra (9.2; 49.6; 51.4; 60.1-3).
c
42.5 At 17.24-25
d
42.6 Is 49.6; Lc 2.32; At 13.47; 26.23
*
42.8 a minha glória… a minha honra. Deus tem zelo pelo seu nome e não compartilha sua
glória com as coisas deste mundo (Ez 1.4-14, 26-28; 11.22). Tudo o que somos e fazemos deve
trazer glória e louvor ao nome de Deus.
*
42.10 Cantem ao SENHOR um cântico novo! Isso é o que Deus espera daqueles salvos por Sua
graça. As coisas antigas relacionadas ao pecado já passaram, e com Deus a esperança se renova
(Sl 149.1; Ap 5.9; 14.3).
*
42.11-12 O convite para o louvor a Deus se estende a todos os povos da terra. A glória do
Senhor será vista em toda a terra (Is 11.9; Hc 2.14; At 2.5, 9-11, 39). Esse é o cerne da
mensagem divina. Não podemos confundir o objetivo último da pregação.
*
42.16 Guiarei os cegos por um caminho. Linguagem que denota o caminho incerto de quem
não conhece a salvação de Deus. Deus, como pastor de seu povo, guia seu rebanho nas veredas
da justiça. Ele é quem transforma as trevas em luz (Gn 1.3).
*
42.17 Os que confiam em deuses e se entregam à idolatria ficarão envergonhados diante da
pobreza espiritual que se tornou sua vida.
*
42.18-20 Muitas vezes Israel desobedeceu a Deus na tarefa missionária de alcançar os povos e
levar sua glória a todas as nações.
*
42.25 A grande tragédia do povo de Deus não é somente desobedecer, mas ignorar os apelos
de Deus ao arrependimento e ao retorno ao caminho da justiça.
*
43.1-7 Esta passagem fala do cuidado íntimo do Criador por sua criação. Israel não deve temer,
pois Deus é seu Salvador. A salvação não é obra nossa, mas é sempre o ato soberano de Deus. O
povo de Deus deve estar atento ao seu chamado, pois em tempos de aflição deve confiar no
fato de que Deus os escolheu e sempre estará presente. Deus os criou e tem planos para suas
vidas (Ef 2.8-10).
*
43.2 O povo de Deus é um povo peregrino pela terra e, como tal, enfrenta as provações que a
caminhada traz. Águas e fogo simbolizam as aflições a que está sujeito o povo de Deus.
*
43.5-7 A ida ao cativeiro (exílio) é uma realidade que se aproxima; porém, existe a promessa
do retorno do povo à Terra Prometida. Deus ajuntará o seu povo de todas as extremidades da
Terra – uma promessa cujo cumprimento final é a igreja mundial (Ap 7.9).
*
43.8-13 Vocês são as minhas testemunhas (vs. 10,12). Israel, mesmo com uma mistura de
fracassos e sucessos no cumprimento da missão que lhe foi confiada, não pode negar os feitos
de Deus em seu favor – Deus cumpriu sua parte da aliança com seu povo, e eles são
testemunhas oculares disso. As pessoas que seguem deuses estranhos, confiantes de que
alcançarão a salvação, cometem um erro terrível, pois não há salvação senão do Senhor. Mesmo
em um mundo cheio de promessas atraentes de redenção, esta mensagem é inegável e
inegociável.
*
43.21 A missão de Israel estava clara desde sua formação, começando com o chamado de
Abraão. As circunstâncias não ditam ou mudam os propósitos de Deus. Seu povo deve honrá-lo,
glorificá-lo e proclamar sua grandeza e excelência a todos os povos da terra (1Pe 2.9-10). Ao
cumprir e obedecer aos mandamentos de Deus, nos tornamos agentes de salvação para todas
as nações.
*
43.22-28 Deus lamenta o descaso de Israel pela ação divina ao longo de sua história. A
consequência do pecado é inevitável. Deus, por causa de seu amor e justiça, deve disciplinar
seu povo. A disciplina visa restaurar o povo de Deus ao seu chamado missionário.
*
44.1-2 meu servo … a quem escolhi. A escolha do povo de Deus não é para conferir privilégios
apenas. O privilégio da escolha está na missão a ser realizada e essa somente será executada se
o povo assumir o seu papel de servo do Senhor (Is 14.1; 20.3; 41.8; 42.1; 43.10; 52.13–53.12).
*
44.3 Derramarei o meu Espírito sobre a sua posteridade. A missão de Deus não é
simplesmente um empreendimento humano. O Espírito de Deus acompanha o povo escolhido
para guiá-lo em cada passo de sua tarefa missionária. No Novo Testamento, a vinda do Espírito
Santo trouxe a autenticação desta missão (At 2).
*
44.4-5 O povo exclusivo de Deus. No Senhor não há acepção de pessoas, pois ele escolhe os
seus servos dentre os povos de todas as nações da terra. Em Deus há um só rebanho e um só
pastor (Sl 23.1; Jo 10.16).
a
44.6 Is 48.12; Ap 1.17; 22.13
*
44.6-8 Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e além de mim não há Deus. Deus dá testemunho
de si mesmo. Esta é uma das declarações mais importantes de Deus sobre si mesmo, e tem
profundas implicações para a missão de seu povo. Este testemunho de Deus deve ser o
testemunho que seu povo dá a todos os povos do mundo. Há apenas um Deus e ele é o Deus de
todos. Portanto, não há salvação fora de Deus. Esta é a mensagem bíblica que continua a
desafiar o povo de Deus a cumprir sua missão. Aqueles que vieram a conhecer a Deus devem
querer torná-lo conhecido a todos os outros.
*
44.9-20 Como Deus é o único Deus, ele confronta os ídolos dos povos do mundo.
*
44.9 imagens de escultura. No tempo de Isaías, os povos esculpiam imagens de seus deuses.
Hoje em dia, os ídolos assumem outras formas, nem sempre esculpidas. Qualquer coisa ou
qualquer pessoa que ocupe o lugar de Deus em nossas vidas é idolatria.
*
44.12-16 Os ídolos são fabricações humanas, feitos segundo os desejos e os interesses de
quem os fabrica (Dt 4.16; Rm 1.22-23).
*
44.17 A insensatez do ser humano atinge o seu ápice quando alguém se curva perante uma
imagem que ele mesmo fabricou e a invoca como Deus. No mesmo perigo incorre o povo de
Deus (Êx 32.1-4).
*
44.18-20 O estado do ser humano sem a presença do verdadeiro Deus é digno de lamento por
parte de Deus. O mandamento de tornar Deus conhecido entre os povos recai sobre o seu povo,
e para realizar essa missão, todos os esforços e recursos devem estar a serviço do Senhor (Sl
67).
*
44.21-28 Deus cuida do seu povo escolhido.
*
44.21 meu servo. Mais uma vez, Deus lembra Israel de seu papel como seu servo. Cumprimos
a missão de Deus especialmente através do nosso serviço aos outros.
*
44.22 volte para mim, porque eu o remi. Israel não pode seguir os passos das nações e buscar
a salvação dos ídolos. Deus é o redentor de seu povo, e não há salvação fora de Deus (vs. 6-11).
*
44.23 A própria criação é convocada a se alegrar e a testemunhar a obra redentora de Deus (Sl
19.1-4), assim como foi convocada para testemunhar a acusação de Deus contra o seu povo (Is
1.2-3).
*
44.24 Deus é o Criador e o sustentador do universo. A redenção da humanidade faz parte da
obra criadora de Deus.
*
44.25 Falsos profetas e adivinhos. Os verdadeiros profetas falaram em obediência a Deus;
portanto, eles profetizaram a verdade. Os falsos profetas falaram de acordo com interesses
puramente humanos; portanto, eles profetizaram mentiras (2 Pe 1:20-21). Deus proibiu seu
povo de praticar adivinhação, uma prática comum entre os povos vizinhos de Israel (Dt 18.9-11).
b
44.25 1Co 1.20
*
44.28–45.13 Ciro, Rei da Pérsia (Is 35.1,13), conquistou a Babilônia, decretou o retorno de
Israel do exílio, sendo usado como instrumento nas mãos de Deus para a reconstrução de
Jerusalém (Ed 1.1-11). A soberania de Deus está presente em todos os eventos na preservação
de seu povo escolhido.
c
44.28 2Cr 36.23; Ed 1.2
*
45.1-4 ungido, ... Ciro. Ciro é o instrumento de Deus para a promoção de seu propósito maior
na história: a salvação da humanidade. A Bíblia usa o termo “ungido” (mashiach ou “messias”)
para os reis de Israel, sumos sacerdotes e patriarcas. Em referência a Ciro adquire maior
significado, pois os reis não receberam unção na Pérsia.
*
45.2 os portões de bronze… as trancas de ferro. Os historiadores nos dizem que havia cem
portas de bronze na Babilônia, vinte e cinco em cada um dos quatro lados da cidade. Portanto,
este versículo fala do poder de Deus sobre os poderes terrenos.
*
45.4 Deus é poderoso; portanto, mesmo aqueles que não conhecem seu nome não escapam
de seu controle soberano, e Deus pode usá-los para o cumprimento de seus decretos.
*
45.5-13 Deus mais uma vez se revela como o Criador de todas as coisas. O seu poder está além
da imaginação humana.
*
45.5 eu o cingirei. Uma expressão usada em referência à preparação do soldado para a
batalha; aqui usado como uma metáfora para se referir à presença protetora de Deus. Denota
estar próximo, ligado a alguém (Sl 18.32, 39). mesmo que você não me conheça. Deus está ao
redor de Ciro, mesmo que ele não o reconheça. Deus se revela a quem quer se dar a conhecer, e
sua revelação não precisa de nenhum filtro humano ou institucional. Ninguém controla o
movimento redentor de Deus.
*
45.7-8 crio os conflitos. Assim como as trevas contrastam com a luz, de maneira antitética, os
conflitos, como infortúnio, guerra e desastres naturais, contrastam com a paz (shalom). Essa
antítese usa uma figura de linguagem que menciona dois extremos opostos para incluir tudo no
meio: Deus controla todas essas coisas (Sl 65.7; Am 3.6). Deus também é o autor da justiça e da
salvação. Visto que Deus é justo e salvador, podemos descansar no fato de que Deus não fará
nada que seja contrário à sua própria natureza divina.
a
45.9 Rm 9.20
*
45.9-12 o SENHOR, o Santo de Israel (veja 6.1-3; 57.15). Os títulos de Deus enfatizam sua
singularidade. Deus é completamente diferente de qualquer coisa que pertence ao mundo
finito. Deus é o oleiro, e nós somos os vasos. O Criador está acima de todas as criaturas e de
toda a criação.
*
45.13 Deus levanta Ciro para realizar o seu propósito. Ele prefigura o verdadeiro Messias que
liberta o povo da escravidão do pecado. A linguagem no tempo passado e no tempo futuro
indica que Deus é o Senhor da história. Assim como ele agiu no passado, ele agirá no futuro,
pois nada escapa ao seu controle soberano.
*
45.14-19 As nações se curvarão com Israel diante do soberano Criador.
*
45.14 Egito… Etiópia, e os sabeus. Representantes das nações que reconhecerão o Deus de
Israel como o verdadeiro Deus. Eles trarão suas ofertas a Deus (18.7; 19.18-25).
*
45.16-17 O contraste é entre aqueles que seguem os preceitos divinos e aqueles que confiam
em seus ídolos. A escolha tem consequências eternas. Crer em Deus para a salvação não é uma
das muitas boas opções para o ser humano – é a única.
*
45.18-19 Eu sou o SENHOR, e não há outro. A referência à obra criativa original de Deus (Gn
1.1-2) mostra que Deus tem um propósito para sua criação e permanece fiel a esse propósito.
Deus não abandonou sua criação ao caos, mas a encheu de plantas, animais e pessoas. Deus
tem um plano perfeito para este mundo e promete levá-lo até o fim.
*
45.20-25 Um convite amoroso e gracioso a todos os povos da terra.
*
45.20 Reúnam-se e venham. O convite feito a todas as nações recorda o propósito de Deus no
chamado a Abraão (Gn 12.3). A oferta é feita por aquele que tem o poder para salvar (55.1; veja
Pv 3.6).
*
45.22 confins da terra. A mensagem de Deus não faz acepção de pessoas. Deus convida todos
os habitantes da terra a colocar suas vidas aos pés do Criador do universo (56.7; veja Mt 28.18-
20). Voltem-se para mim e sejam salvos. Este é o chamado missionário central, resumido nas
palavras de Jesus (Mc 1.15; veja At 2.38-39; 3.19-20).
*
45.23 Deus exorta os povos a abandonarem a tolice da lealdade a deuses que nada fazem. Ele
garante que é o único Deus verdadeiro e, portanto, digno de toda adoração, toda honra e todo
louvor. O juramento de Deus é o penhor que garante suas promessas, o objetivo do propósito
redentor de Deus para todas as nações: Diante de mim se dobrará todo joelho, e jurará toda
língua (1Co 15.25; Fp 2.10-11) .
b
45.23 Rm 14.11; Fp 2.10-11
*
45.24-25 O Deus justo julgará todos os habitantes da terra com justiça. Esta é a grande
diferença entre acreditar no Deus santo e perseguir os deuses deste mundo (Sl 96.5, 13).
*
46.1-13 Deus continua sua zombaria de ídolos inúteis (40.18-24; 41.5-10, 21-24, 29; 42.17;
44.9-20; 45.15-17). Bel e Nebo eram dois dos principais ídolos da Babilônia. Bel significa
“senhor”, e Nebo era o deus da sabedoria que previu o futuro. Deus, ironicamente, afirma que
esses deuses são inúteis, dependem de animais para carregá-los e que ele conhece o destino
final desses ídolos.
*
46.3-4 Deus lembra Israel de seu cuidado amoroso. Ele não precisa que as pessoas o
carreguem, mas as carrega (Sl 71.9, 18).
*
46.12-13 de coração obstinado. Esta é uma das características de Israel no Antigo Testamento:
sua hesitação e relutância em acreditar no terno e amoroso controle de Deus sobre seu destino.
No entanto, apesar de sua dureza de coração, Deus salvará seu povo e cumprirá seu propósito:
sua glória será vista em toda a terra (Hc 2.14,20; 3.2).
*
47.1-8 Mesmo depois que Israel foi humilhado por Deus no exílio, Babilônia contribuiu ainda
mais para a humilhação (Sl 137.1-3). No entanto, haverá uma reversão no futuro de ambas as
nações. A poderosa Babilônia sofrerá destruição, enquanto o pequeno e humilde Israel
experimentará restauração.
*
47.1-4 Deus despojará Babilônia de suas vestes de poder. No entanto, Israel será vestido com
roupas justas (49.18; 52.1-2). O princípio bíblico se aplica perfeitamente (Lc 14.11; T 4.10).
*
47.6-7 Deus está no controle da história, mesmo quando está disciplinando o seu povo por
causa de sua desobediência. O povo escolhido foi entregue nas mãos da Babilônia pelo próprio
Deus. Assim como a Assíria (10.5-11), a Babilônia abusou do seu poder e ultrapassou os limites
da crueldade, não demonstrando misericórdia aos mais fracos dentre o povo.
a
47.8-9 Ap 18.7-8
*
47.8-10 Eu sou a única, e não há outra além de mim. Essa maneira arrogante de pensar em si
mesmo foi uma das causas da ruína de Babilônia. Babilônia estava se colocando no lugar de
Deus (46.9).
*
47.11-12 Babilônia, que foi poderosa em sua conquista de povos e nações, não tem poder para
salvar seu próprio povo. Deus destrói os poderosos e levanta os humildes e contritos de espírito
(veja Lc 1.51-52). Não há salvação a não ser somente em Deus.
*
47.13 Babilônia era famosa por seus astrólogos, que consultavam as estrelas para decidir o
futuro da nação (Dn 2.2). Em contraste, o uso da astrologia era proibido em Israel (Dt 18.9-14; Is
8.19-20).
b
47.1-15 Is 13.1—14.23; Jr 50.1—51.64
*
48.1-8 Enquanto o cap. 47 faz menção ao fracasso da Babilônia, este capítulo é destinado a
mostrar o fracasso de Israel em seu relacionamento com Deus.
*
48.1-2 mas não em verdade nem em justiça. A verdade e a justiça são atributos divinos, e
como tais ele espera que o seu povo exemplifique essas qualidades em seu viver no mundo.
Israel, o povo escolhido de Deus, tem um histórico triste de desobediência aos decretos divinos
e, principalmente, no que diz respeito a declarar o nome de Deus perante os povos da terra (vs.
6, 8; 42.18-20; 46.3, 12; 51.1). As ações de Israel não condizem com o seu posicionamento na
aliança que Deus fez com a nação.
*
48.3-6 A relutância de Israel em responder à ação amorosa de Deus. Deus revelou seu plano
perfeito a Israel, especialmente no chamado de Abraão e no êxodo do Egito. seu pescoço
é um tendão de ferro e que a sua testa era de bronze (Dt 31.27; Sl 78.8, 17, 40, 56; 106.7;
107.11; Is 63.10; Ez 20.8, 13, 21). O relacionamento de Israel com Deus foi marcado por sua
obstinada recusa em seguir os preceitos do Senhor e cumprir suas obrigações com a aliança que
Deus fez. ‘O meu ídolo fez estas coisas’. O propósito da revelação divina era compartilhar com
Israel o plano de salvação, não apenas para o povo escolhido, mas também para todas as
nações idólatras. Israel fez o oposto. Quando eles receberam revelação, eles creditaram isso aos
deuses estranhos da terra que habitavam. A grande tragédia deles foi que eles não puderam
reconhecer a revelação do próprio Deus para eles. Em vez de influenciar as nações, as nações as
influenciaram.
*
48.9 Por amor do meu nome, retardarei a minha ira. Deus tem um plano final para a história da
humanidade, isto é, redimir um povo para si. Israel faz parte desse plano e Deus, portanto, a
restaurará e a trará de volta a Jerusalém. Deus é paciente e longânimo (Ex 34.6-7; Na 1.3; Rm
9.22-24).
*
48.10 O exílio babilônico foi um período de disciplina e aprendizado para Israel. Após o exílio, a
reconstrução do Templo e as reformas de Esdras, Israel se afastou de sua idolatria (1.22, 25-26;
Ez 22.18-22).
*
48.11 O amor a Deus e sua glória é a maior motivação para compartilhar o conhecimento de
Deus para a salvação de todos os povos.
a
48.12 Is 44.6; Ap 1.17; 22.13
*
48.13 Deus mais uma vez apela para o ato da criação (Gn 1.1-2). A criação obedece ao seu
Criador: a questão é se Israel, a quem Deus formou, obedecerá aos seus mandamentos.
*
48.14-15 Ciro foi levantado por Deus para derrotar a Babilônia e libertar Israel para retornar a
Jerusalém, para que os propósitos de Deus na história da salvação da humanidade fossem
cumpridos.
*
48.16 Agora, o SENHOR Deus enviou a mim. Muitos comentaristas identificam essa pessoa
com o Servo do Senhor, que será apropriadamente apresentado em 49.1-6.
*
48.20-21 Assim como Deus redimiu seu povo do cativeiro do Egito para cumprir a missão que
lhe foi confiada (Ex 19.5-6; veja 1Pe. 2.9), ele também libertará o povo da Babilônia para
declarar a vitória do Senhor a todas as nações da terra. Por causa de seu propósito redentor,
Deus continuará a prover para seu povo e a abençoá-lo para que eles, por sua vez, possam
abençoar os povos da terra (41.17-20; 43.19-21; 44.3; veja Gn 12.1-3).
b
48.20 Ap 18.4
*
48.22 Deus é o autor da paz (v. 18; veja a nota de 45.7-8). Para o perverso não há paz, por se
rebelar contra Deus. Essa paz, portanto, é definida não pelas circunstâncias, mas pela
comunhão e pela relacionamento reto com o Senhor.
c
48.22 Is 57.21
*
49.1-7 O SENHOR me chamou desde o meu nascimento. Este é o segundo Cântico do Servo
(veja nota em 42.1-9). desde o ventre de minha mãe. O chamado de Deus não é uma iniciativa
humana ou baseado nos méritos do chamado. O Servo é chamado Israel (v. 3); contudo, sua
missão é restaurar Israel e também cumprir os propósitos de Deus para as nações (v. 6). Assim
como Israel encarna a missão do Servo, a Igreja recebeu do próprio Jesus a ordem de continuar
sua missão de proclamação do Reino (Mt 28.18-20; At 1.6-8).
*
49.2 A mensagem é dada pelo próprio Deus, e não pode ser modificada pelo mensageiro (Dt
18.18). A conquista das nações não se dá pelo poderio militar — em contraste com a Assíria e a
Babilônia —, mas pela palavra de Deus.
*
49.3-4 meu servo. Cumprimos a missão de Deus através do serviço humilde. Somente uma
experiência do chamado divino nos permitirá enfrentar as provações e dificuldades ao longo do
caminho. O povo missionário de Deus glorifica a Deus fazendo seu nome conhecido entre todos
os povos da terra (41.8; 42.1). A glória de Deus é o objetivo final de qualquer proclamação
missionária autêntica. O servo esperava um resultado mais animador em vista da presença de
Deus. No entanto, ele encontra muitas lutas e dificuldades em sua missão, por isso o servo
confia plenamente em Deus (53.11; 1Co 15.58). A recompensa do nosso trabalho nem sempre é
material ou mesmo visível. A recompensa é a salvação do povo e a glória de Deus..
*
49.5 me formou desde o ventre (ver v. 1). O próprio povo do mensageiro, Israel, é sua primeira
preocupação missional, pois eles devem ser reconciliados com Deus. Este campo é muitas vezes
mais difícil de alcançar do que os povos de outras nações (6.5; Ez 3.4-7; Jo 1.11). Veja a
declaração e experiência de Jesus em Lc 4.24.
*
49.6 Farei também com que você seja uma luz para os gentios. A tarefa confiada ao servo não
é simplesmente reconciliar Israel com Deus, mas vencer todas as barreiras para conduzir as
nações ao Senhor. Deus deseja que todos os povos façam parte do seu reino. Este era o seu
plano desde o chamado de Abraão (Gn 12.3), e Deus cuidará para que seus propósitos sejam
cumpridos (2.1-5; 14.1-2; 19.19-25; 45.22-25; veja At 13.47).
a
49.6 Is 42.6; Lc 2.32; At 13.47; 26.23
*
49.7 O servo é rejeitado e desprezado; mas Deus o ouve e o conforta. Este é um elemento
central na proclamação da salvação em Isaías.
*
49.9-10 O retorno do cativeiro é descrito em linguagem pastoral, semelhante à do Salmo 23.
Deus fará com que seu povo chegue ao seu destino final. Ele conhece as rotas mais seguras para
viajar (40.11; 51.18; veja também 2Cr 28.15; 32.22; Sl 31.3).
b
49.8 2Co 6.2
c
49.10 Ap 7.16
*
49.12 Sinim. Uma cidade na fronteira sul do Egito, agora chamada Asswan, provavelmente o
lugar mais distante ao sul conhecido pelo profeta Isaías.
*
49.13 porque o SENHOR consolou o seu povo. As obras de Deus são magníficas, visíveis a todos
os povos para testemunho do seu poder. As boas-novas de que o povo foi libertado da Babilônia
causaram alegria e louvor (Sl 126.2).
*
49.14–50.3 Deus responde à lamentação de Israel, que afirma que o Senhor os abandonou. O
pano de fundo para o diálogo é a relação entre Deus e seu povo escolhido.
*
49.14-15 Em contraste com o elogio das nações pelo resgate de Israel, Israel reage de forma
diferente. Deus é acusado de abandoná-los (Sl 22.1) e esquecê-los (Sl 13.1; 42.9; 44.24; 77.9;
Isa. 40.27; 54.7). Deus começa sua resposta afirmando seu amor paterno por seu povo. Deus
criou Israel para seu louvor e o cumprimento de seu propósito. Portanto, ele não podia
esquecer seu povo. Este amor paterno por Israel é um tema constante nas Escrituras (Sl 103.13;
Is 63.16; Jr 31.9; Os 11.1).
*
49.18-23 Deus lista todos os seus propósitos amorosos para Israel, enfatizando que nada
escapa ao seu olhar compassivo. Ele está reunindo um povo mundial (vs. 18, 22).
*
49.26 Então toda a humanidade saberá que eu sou o SENHOR. As obras redentoras de Deus
sempre têm sua glória como seu objetivo final (45.6). O capítulo termina como começou.
*
50.1 Eis que vocês foram vendidos por causa das suas iniquidades. A queixa de Israel (49.14),
atribuindo o cativeiro ao abandono divino, não se justifica. A verdadeira razão foi a maldade
praticada por Israel durante o curso de sua história desde seu êxodo do Egito (43.22-28; 46.8;
48.8). Se Deus tivesse realmente se divorciado de Israel, ele não poderia chamar seu povo de
volta a Jerusalém (Dt 24.1-4; Jr 3.1, 8).
*
50.2-3 Deus responde quando seu povo o chama (41.17; 49.8). O inverso, porém, nem sempre
é verdadeiro: muitas vezes Deus convoca seu povo à ação e não encontra resposta.
*
50.4-11 Este é o terceiro dos quatro Cânticos do Servo do Senhor (42.1-9; 49.1-7; 50.4-11;
52.13–53.12). Em contraste com o lamento de Israel, o Servo declara sua total confiança em seu
Deus, o Redentor.
*
50.4 O SENHOR Deus me deu uma língua erudita. A mensagem missionária não pertence nem
ao mensageiro nem às instituições que ele representa. A mensagem verdadeira sempre procede
de Deus. A missão é de Deus, a palavra é de Deus (Dt 18.18; Jr 1.9).
*
50.6 O cumprimento da obra missionária implica sempre sacrifícios. A presença de Deus e a
certeza do cumprimento de suas promessas não nos isentam dos sofrimentos. A história do
povo de Deus, aqueles que são fiéis à missão divina, é a história dos que sofreram pela causa do
Senhor (53.5,11-12; Mt 27.26; Jo 19.1).
*
50.7 Porque o SENHOR Deus me ajuda. Os sofrimentos e as humilhações pelas quais passam os
servos do Senhor na obra missionária não são suficientemente fortes para afastá-los da obra
que o Senhor lhes confiou. A certeza da presença de Deus é o conforto e o consolo do Servo (Lc
9.51; At 21.13; Rm 1.16).
*
50.8-9 Perto está o que me justifica. Quem ousará entrar em litígio comigo?? Deus nos justifica
para que possamos ser instrumentos da sua missão na terra (Rm 8.33-34).
*
51.1 Escutem, vocês. Deus repete seu apelo para que o povo preste atenção às suas promessas
(46.3, 12; 48.12; 51.7).
*
51.2 Deus lembra ao seu povo sua origem simples e humilde e sua vocação missionária (Gn
12.1-3). Como Deus sempre proveu, ele continua provendo para seu povo hoje, para cumprir
seu chamado.
*
51.4 Porque de mim sairá a lei, e estabelecerei o meu direito
como luz dos povos. O próprio Deus é a fonte da vida do seu povo e de todos os outros povos
que desejamos alcançar com a mensagem salvífica. Deus estabelece princípios e leis moldados
em sua própria pessoa. A lei (torá) não significa apenas mandamentos, mas também
ensinamentos. O povo de Deus precisa conhecer seus ensinamentos e tornar conhecida sua
justiça.
*
51.5 Perto está a minha justiça. A justiça divina tem propósitos elevados para a humanidade.
As pessoas devem modelar suas vidas no padrão de conduta de Deus, vivendo de acordo com o
plano original da criação. Esta é a grande mensagem de esperança que procuramos transmitir
hoje. a minha salvação. Novamente, Deus se apresenta como o autor da salvação. Quando
recebemos sua salvação, Deus declara nossa justiça e assim nos capacita a viver de acordo com
os padrões do ensino do Criador.
*
51.6 mas a minha salvação durará para sempre. A consequência do pecado original foi o
desgate dos céus da terra e a morte para toda a humanidade. No entanto, a morte foi
derrotada pela salvação oferecida gratuitamente por Deus. A mensagem do Deus eterno é cheia
de graça. Ele quer que aqueles que se aproximam dele vivam eternamente (Mc 13.31). A
criação um dia será redimida e renovada como os novos céus e a nova terra (Rm 8.18-25; Sl
102.25-27; Hb 1.10-12; 2Pe 3.7-13) .
*
51.7 Outra mensagem de conforto para o povo de Deus que tem eco nas palavras de Jesus
Cristo (Mt 5.11-12; 6.19-20; 10.28-31; Jo 16.33).
*
51.12-13 Toda vez que o povo de Deus esquece que Deus criou tudo pelo seu poder, seus
esforços missionários são ineficazes. Criação e redenção são dois lados da mesma moeda.
*
51.16 Confio a você as minhas palavras. Veja notas em 49.2; 50.4.
a
51.17 Ap 14.10; 16.19
*
52.1-2 Se a mensagem do capítulo 51 foi uma palavra de conforto para o povo de Deus, a
ordem agora é que eles despertem de sua letargia. Colocar suas belas roupas significa que o
período de luto acabou e agora é a hora de retornar à obra de Deus. Podemos aprender com as
lições do passado; no entanto, é importante avançar no projeto missionário de Deus. Jerusalém
prefigura a cidade santa de Deus na eternidade, onde somente aqueles que crêem em Deus e
em suas promessas de salvação entrarão (Ap 21.27; 22.14-15) – daí a importância de proclamar
continuamente as virtudes de Deus aos povos da terra (1Pe 2.9-10).
a
52.1 Ap 21.2,27
*
52.5 o meu nome é blasfemado. Quando o povo de Deus não cumpre sua missão segundo a
orientação divina, a consequência é a calúnia do próprio nome de Deus. A razão da redenção
não foi por causa de qualquer obra meritória de Israel, mas por causa da honra do nome de
Deus (Ez 20.9, 14, 22, 44).
b
52.5 Rm 2.24
*
52.7 Mensageiros que traziam as boas-novas vem correndo pelas montanhas até Sião,
anunciando que Deus é soberano, que reina sobre todos os povos. A mesma imagem é usada
no Novo Testamento para anunciar o evangelho de Jesus Cristo (Rm 10.15; Ef 6.15). Para o povo
oprimido e sem esperança, somente as palavras do rei do universo podem trazer consolo e paz.
c
52.7 Na 1.15; Rm 10.15; Ef 6.15
*
52.8-9 A alegria do retorno do cativeiro redunda em honras e louvores a Deus, o redentor do
seu povo (Is 55.12; 60.4-5; 66.10-11). Deus tem prazer em salvar o seu povo.
*
52.10 braço… A mesma palavra ocorre em Isaías 59:16 como uma declaração do pleno poder
de Deus para levar adiante seu projeto missionário (59.16-19) apesar da infidelidade de Israel. e
todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus. Os propósitos de Deus em todos os
seus tratos com Israel não se limitam a essa nação, mas visam demonstrar a todas as nações
que ele é Deus, o Todo-Poderoso.
*
52.12 Instruções para o retorno a Jerusalém. O povo de Deus não precisa dos recursos deste
mundo para realizar a sua missão. Deus é suficiente e provê todos os recursos. Faz menção às
colunas de nuvem e fogo que protegiam Israel na saída do Egito (Êx 13.21-22; 14.19-20). A
presença de Deus é suficiente para guardar o seu povo durante a sua peregrinação, seja qual for
as suas circunstâncias.
d
52.11 2Co 6.17
*
52.13–53.12 O último dos quatro Cânticos do Servo do Senhor (ver 42.1 e nota). O Novo
Testamento cita esta passagem várias vezes referindo-se a Jesus Cristo e à promessa de Deus de
libertar o povo da condenação do pecado.
*
52.13-15 Agir com prudência é a característica que enobrece o Servo do Senhor. Ele espera
pacientemente pela orientação de Deus e agirá de maneira que honre e glorifique o nome do
Senhor diante de nações e reis.
e
52.15 Rm 15.21
*
53.1-3 A origem humilde do Servo do Senhor. Deus escolhe os mais humildes e simples para o
cumprimento de sua missão (ver 1Co 1.23-29).
*
53.1 o braço do SENHOR. (40.10; veja nota em 52.10; compare 59.1) refere-se ao poder
salvador de Deus. Não há barreira, natural ou sobrenatural, que possa impedir Deus de agir
poderosamente para salvar seu povo da escravidão causada pelo pecado. A salvação é uma
intervenção divina na história do pecado e da desobediência de toda a humanidade.
a
53.1 Jo 12.38; Rm 10.16
*
53.3 desprezado… rejeitado. Linguagem forte que denota que o Servo não é um homem
comum, ele é um homem de dores e que sabe o que é padecer. Sua principal marca é o
sofrimento. O Messias sofreu desde o nascimento até o último momento de sua vida na terra. e
dele não fizemos caso. Tanto o mensageiro quanto a mensagem sofreram rejeição. É importante
saber que nem todas as pessoas respondem com alegria ao que dizemos em nome de Deus.
Muitas pessoas não aceitam a mensagem salvadora por causa da simplicidade tanto do
mensageiro quanto da própria mensagem.
*
53.4-6 O sacrifício vicário do Servo do Senhor (ver também v. 8, 12).
*
53.4 Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades. Enquanto aqueles que o viram o
desprezaram, ele continuou em seu papel de redimir a humanidade. Literalmente, ele ficou
doente no lugar dos oprimidos pelo pecado (Mt 8.17). ferido de Deus. Qualquer um que fosse
pendurado em madeira era considerado amaldiçoado ou ferido por Deus (Dt 21.22-23). Esta
seria a posição do Servo do Senhor (Gl 3.13). Deus colocou sobre os ombros do Servo o
julgamento divino contra a humanidade perdida em seus pecados. O Servo não sofreu por
causa de suas próprias faltas ou erros, mas por causa dos erros e faltas daqueles que ele
libertou do cativeiro.
b
53.4 Mt 8.17
*
53.5 nossas transgressões… nossas iniquidades. O profeta deixa claro que o Servo não sofre
por algo que ele mesmo fez. O sofrimento imposto a ele era o que todos os seres humanos
merecem (Rm 4.25; 2Co 5.21; Hb 9.28; 1Pe 2.24; 3.18). estamos curados. A salvação de Deus
em nosso favor nos restaura totalmente e nos traz de volta ao projeto original de Deus (Sl 41.4;
Jr 8.22). A consequência extraordinária da ação redentora de Deus é a cura das nações.
*
53.5 nossas transgressões… nossas iniquidades. O profeta deixa claro que o Servo não sofre
por algo que ele mesmo tenha causado. O sofrimento imposto a ele estava destinado a todos os
seres humanos (Rm 4.25; 2Co 5.21; Hb 9.28; 1Pe 2.24; 3.18). fomos sarados. A salvação operada
por Deus em nosso favor nos restaura totalmente e nos leva de volta aos projetos originais de
Deus (Sl 41.4; Jr 8.22). A extraordinária consequência da ação redentora de Deus é a cura das
nações.
*
53.6 desgarrados como ovelhas. Essa era a condição de Israel antes da restauração de Deus.
Também descreve as nações que não confiam em Deus (Ez 34.5-6; Zc 10.2, 6). O Senhor é o
pastor que quer levar seu rebanho para lugares seguros (Sl 23.1-4). iniquidade ou penalidade de
todos nós. O Servo inocente pagou pela culpa de toda a humanidade.
c
53.5-6 1Pe 2.24-25
*
53.7-9 A mansidão do Servo do Senhor.
*
53.7 mas não abriu a boca. Ele sofreu pacientemente sem refutar e sem sequer defender-se
de falsas acusações (Sl 38.13-14; 39.9; Jr 11.19; Mt 26.63; 27.12, 14; 1Pe 2.23 ).
*
53.8 Porque ele foi cortado da terra dos viventes; foi ferido por causa da transgressão do meu
povo. O profeta deixa claro que o Servo não teve culpa do que sofreu. Seu próprio povo pecou e
ele agora sofreu o castigo devido à sua rebelião.
d
53.7-8 At 8.32-33; Ap 5.6
*
53.9 O Servo do Senhor, tendo sofrido ao lado de criminosos, era o mesmo que um fora-da-lei.
Por isso, ele merecia sepultamento ao lado dos bandidos da sociedade. A respeito de Cristo,
dois homens ricos, José de Arimatéia e Nicodemos, providenciaram seu sepultamento.
e
53.9 1Pe 2.22
*
53.10-12 A exaltação do Servo.
*
53.10 Todavia, ao Senhor agradou esmagá-lo. Ele obedeceu claramente à vontade de Deus (Jo
6.38; Hb 10.7, 9). oferta pelo pecado. Este é o coração da mensagem divina. O pecado tem a
força de um assassino e nenhum esforço humano pode satisfazer sua demanda. Não há
redenção sem punição pelo pecado cometido (Rm 3.25; 1Jo 2.2; 4.10). sua posteridade.
Cumprimento da promessa feita a Abraão (Gn 12.1-2; Gl 3.29).
*
53.11 ficará satisfeito. A redenção realizada pelo Servo do Senhor foi completa, total e
definitiva. Não há mais nada a fazer. O resultado do sofrimento do Servo é a justificação dos
escolhidos de Deus. Aqueles que ouviram e receberam a mensagem libertadora de Deus, o
Redentor de seu povo, não sofrem condenação. O povo de Deus em missão deve ter a mesma
alegria de ver os frutos de seu ministério entre as nações da terra.
*
53.12 A recompensa do missionário do Senhor vem do próprio Deus. Na eternidade, todos os
remidos estarão juntos glorificando e honrando o nome do Senhor por causa da redenção
realizada pelo Servo do Senhor.
f
53.12 Mc 15.28; Lc 22.37
*
54.1 Deus volta sua atenção ao povo escolhido. No cativeiro ele não produziu frutos, era como
uma mulher estéril. Todavia, Deus operou milagrosamente e deu ao povo muitos frutos. É uma
referência a Sara que era estéril, mas ouviu de Deus que seria mãe (Gn 17.15-16; Gl 4.22-27; Is
51.2).
a
54.1 Gl 4.27
*
54.2-3 Alargue o espaço de sua tenda. Um possível eco da bênção de Noé a Sem, o ancestral
dos povos semitas, incluindo Israel. Em suas tendas vivia Jafé, o ancestral de muitas nações
distantes (Gn 9.25-27; 10.2-5). Mais tarde, a promessa é expandida na aliança de Deus com
Abraão, por meio de quem a bênção viria a todas as nações da terra (Gn 12.3; Isa. 26.15; 33.20;
49.19; Atos 18:10). a sua posteridade possuirá as nações. Uma referência clara à promessa de
que o povo de Deus virá de todas as nações da terra e não apenas de Israel (Gn 22.17-18;
28.14). A promessa ainda é válida hoje. O povo de Deus não pode se contentar com o que já
conquistou, mas sim continuar a anunciar a mensagem de que Deus convida outros povos a
entrar em seu reino.
*
54.5-10 ‘O Deus de toda a terra’. Desde o início da revelação bíblica, Deus se manifestou como
o Criador de toda a terra e o Senhor de todos os povos. Ele escolheu Israel para que, por meio
desse povo, Deus alcançasse todas as nações. A escolha é pelo serviço, não para conferir
privilégios ou exclusividade. Deus puniu Israel pelo pecado da idolatria porque eles receberam
uma ordem clara de não buscar outros deuses (Ex 20.2-7). Agora Deus mostra grande
misericórdia e misericórdia eterna para trazer seu povo de volta aos propósitos de sua missão.
Deus é o Redentor. Seu aliança de paz inclui seu propósito missionário que estava por trás de
seu chamado a Israel.
b
54.9 Gn 9.8-17
c
54.11-12 Ap 21.18-21
d
54.13 Jo 6.45
*
54.13 Todos os seus filhos serão ensinados pelo SENHOR. Jesus aplica esta promessa a todos os
que vêm a ele com fé (Jo 6.44-47).
*
55.1-2 venham. Deus anuncia a chegada de sua salvação. A boa notícia é que essa salvação é
cheia de graça. É um ato da vontade soberana de Deus oferecer gratuitamente a todos os povos
o que antes era destinado a Israel (54.1-17). Deus não faz acepção de pessoas. A salvação é
dada gratuitamente, sem dinheiro e sem preço. No entanto, isso não significa sem sacrifício e
compromisso. O Servo pagou com a própria vida o resgate de muitos (Is 53).
a
55.1 Ap 21.6; 22.17
*
55.3 farei uma aliança eterna. A promessa de Deus de uma aliança eterna (Jr 32.40; 2Sm 23.5)
é o cumprimento de suas promessas a Noé (Gn 9.9-11), Abraão (Gn 12.1-3), Moisés (Êx 19.5-6)
e Davi (2Sm 7.12-16).
b
55.3 At 13.34
*
55.4 testemunha aos povos. A abrangência do testemunho missionário alcança os confins da
terra.
*
55.6 Busquem o Senhor. A salvação que Deus oferece aos povos é acessível a todos os povos.
Hoje é o tempo de aceitar as boas-novas do convite amoroso de Deus. Haverá um tempo, como
foi nos dias de Noé (Gn 7.16), quando Deus não mais fechará e abrirá as portas da sua casa. A
misericórdia de Deus está disponível aos que precisam de graça e salvação–isto é, a todos.
*
55.7 ímpio. Uma pessoa ímpia é alguém que comete perversidades e, portanto, rejeita o
desígnio original de Deus para a humanidade. Para aqueles que se arrependem de seus maus
caminhos, Deus promete misericórdia e perdão.
*
55.8-9 mais altos. Um grande resumo do projeto original de Deus para a humanidade. Deus
criou os seres humanos à imagem e semelhança de Deus para andarem nos desígnios divinos.
Com a queda (Gn 3) e o afastamento de Deus, o ser humano se tornou totalmente corrompido.
A única maneira de se conformar à imagem de Deus é através do retorno a ele.
*
55.10-11 Uma mensagem de encorajamento aos portadores das boas-novas de Deus: sempre
haverá frutos. A mensagem pregada encontrará um lugar no coração das pessoas sedentas por
uma nova vida, um novo sonho, um novo projeto. Deus faz novas todas as coisas.
c
55.10 2Co 9.10
*
55.12-13 Deus assegura ao seu povo missional e mensageiros das boas novas de que a
transformação ocorrerá. A mensagem transforma quem a recebe. A motivação para pregar é a
glória de Deus (Jr 13.11; 33.9).
*
Caps. 56—66 Esses capítulos representam uma terceira parte distinta do Livro de Isaías, e
muitos estudiosos pensam que foi escrito entre 535-520 a.C., após o retorno de Israel do exílio.
No entanto, sua conexão com o restante do livro é clara, como será visto em detalhes nas notas
a seguir. O vínculo é especialmente evidente com os capítulos 34–35 e 40–55. O tom varia
constantemente entre uma avaliação sóbria da situação atual da comunidade e uma visão
motivadora de um futuro glorioso de salvação. Portanto, a mensagem desta seção de Isaías
encoraja o povo de Deus em todas as épocas a permanecer fiel à sua aliança com Deus, pois a
fidelidade de Deus às suas promessas, que incluem todos os povos, é certa e segura.
*
56.1-12 A promessa de incluir os excluídos, os gentios, na salvação e na família de Deus (vs. 1-
8) e a severa advertência contra os líderes incompetentes e inconseqüentes do povo de Deus
(vs. 9-12) são dois lados do mesma moeda: por um lado, a promessa de salvação, mesmo para
aqueles que estão “fora” da família de Deus, mas que o servem e amam; e, por outro lado, o
julgamento sobre os líderes do povo de Deus que são cegos aos seus propósitos. É semelhante
ao anúncio da salvação por Jesus nos Evangelhos, intercalado com suas severas advertências
aos líderes religiosos que não viram o momento propício da salvação e endureceram seus
corações.
*
56.1 Mantenham o direito e pratiquem a justiça, porque a minha salvação está prestes a vir.
Isso mostra a resposta humana adequada à salvação prometida por Deus. A ligação entre justiça
e retidão é característica de todo o livro (veja 1.27; 5.7, 16; 28.17; 32.16; 58.2; 59.14). O profeta
resume essa ideia de 55.6 em diante. Guardar a justiça é praticamente sinônimo de ordem para
guardar a Lei (veja 51.4). O paralelo entre minha salvação e minha justiça também é
característico de Isaías (veja 46.13; 51.5-8; 59.16-17; 61.10; 62.1). Dizer “a justiça de Deus virá”
é a proclamação do evangelho no Antigo Testamento: “o reino de Deus está próximo;
arrependam-se e creiam no evangelho” (Mc 1.15) ou “a justiça de Deus se revela no evangelho”
(Rm 1.17).
*
56.2 que se guarda de profanar o sábado. No Antigo Testamento, a observância do sábado era
um reconhecimento de que Deus era de fato o Criador dos céus e da terra (pois em Gênesis o
sábado segue-se imediatamente à criação; veja Êx 20.11). Após a circuncisão, era o sinal
fundamental da aliança (veja Êx 31.16-17; Ne 10.31; 13.15-22; Is 58.13-14; Ez 20.12-24). Assim,
representa a observância de toda a vontade e ordenanças de Deus. No entanto, isso nunca pode
ser mera observância religiosa exterior, como a segunda cláusula enfatiza, e guarda a sua mão
de cometer algum mal. Deus exige obediência completa.
*
56.3-8 Estes dois exemplos — o estrangeiro que tiver se unido ao Senhor e o eunuco —
representam todos aqueles excluídos pela lei (Dt 23.1-8; Lv 21.18-20) que, na era messiânica,
serão incluídos no Reino de Deus. Agora os excluídos são convidados a participar (veja Lc 14.15-
24)! Eles são seres humanos e, mesmo que socialmente excluídos, estão incluídos aqui porque
vêm ao Senhor para servi-lo e amar o seu nome, porque estão pessoal e totalmente
comprometidos com Deus.
*
56.7 porque a minha casa será chamada ‘Casa de Oração’ para todos os povos. Veja 1Rs 8.13,
41-43; Mc 11.17. O propósito final do Templo é reunir pessoas de todos os povos e de todos os
grupos étnicos. O propósito da missão é levar todos a adorar o único Deus sobre todos.
a
56.7 Mt 21.13; Mc 11.17; Lc 19.46
*
56.8 “Ainda congregarei outros aos que já se acham reunidos.” (veja Is 66.18-21; Jo 10.16) A
inclusão dos gentios no Reino de Deus não é uma concessão, e sim, o propósito de Deus. Esta
simples afirmação é tão importante e tão solene que as palavras enfáticas, assim diz o Senhor
Deus, a introduzem, uma frase que nunca aparece no início de uma frase desta forma em outras
partes da Bíblia. O coração missionário de Deus se manifesta aqui por excelência.
*
56.9-12 Esta é a mesma imagem encontrada em Jr 12.9-10 e Ez 34.5, 8. Os atalaias (profetas,
veja Jr 6.13-17; 29.8-9, 19; Ez 3.17- 21; 33.1-9; b 2.1) e pastores (governantes, veja Jr 25.34-35;
Ez 34.1-10; Zc 11.15-17), figuras dos líderes da povo de Deus, não estão cumprindo seu papel.
Eles estão sonhadores e cegos. Nesse contexto, Deus convida os inimigos do povo a festejar e
comer, talvez parte do castigo de Deus para seu povo corrupto, usando os inimigos do povo de
Deus como instrumento (Jr. 12.7-9). É lamentável, à luz da passagem anterior (vs. 1-8), que a
liderança perca de vista os propósitos missionários de Deus de alcançar todos os povos. Ainda
hoje, às vezes parece que o povo de Deus prefere a exclusividade à inclusão.
*
57.1-21 Continuando o contraste anterior entre o justo (fora da aliança) e o perverso (entre a
liderança de Israel), este capítulo começa com um lamento pela apostasia idólatra em Israel
(57.1-13) e termina com a promessa divina de renovação para os humildes e contritos de
coração (57.14-21).
*
57.1-2 Deus poupa os justos e os piedosos da perversidade através da morte (perecem e
desaparecem) que lhes traz paz (descansam no seu leito).
*
57.11-13 Por causa do silêncio de Deus (Sl 50.21), os idólatras e adúlteros de Israel não têm
temor e receio (veja 8.13). No entanto, Deus não ficará em silêncio para sempre. Eu publicarei
essa sua justiça e exporei sua falsidade (veja 58.1-5). De nada adiantará pedir ajuda a tantos
ídolos que não são nada e não respondem a ninguém (cf. 42,14-17).
*
57.13 Mas o que confia em mim... Uma promessa divina para o indivíduo fiel (ver 30.18; 49.8;
56.7-8; 60.21; 65.9; Sl 37.11; 69.35-36; Mt 5.5).
*
57.14-21 Sejam quais forem as dificuldades que os fiéis enfrentem, o seu galardão
eventualmente virá.
*
57.14 Veja 40.3-5.
*
57.15 Deus é tão alto e santo que escapa à nossa imaginação, sendo conhecido na experiência
apenas pela pessoa que é contrito e abatido de espírito (ver 6.1-7; 63.15; 64.1-2; 66.1- 2).
*
57.17-21 O castigo de Deus vem pelo exílio, mas mesmo com isso, muitos persistem em sua
perversidade (42.23-25; 50.1). No entanto, Deus promete reconciliação, mas não aos infiéis
(40.2; 44.22; 48.9-11). Paulo usa o v. 19 em Ef 2.17 para falar da obra de reconciliação universal
de Cristo. A missão da Igreja continua a ser o anúncio da paz para todos aqueles que
abandonam os seus maus caminhos e seguem Jesus.
a
57.19 Ef 2.13
b
57.21 Is 48.22
*
58.1-14 Deus expõe a religiosidade falsa e hipócrita do povo. Eles jejuam e observam o sábado
mais para seu próprio benefício do que para se aproximar genuinamente de Deus. Na
proclamação do evangelho, devemos ter o cuidado de promover um compromisso total com
Deus e sua justiça aos mais fracos, ao invés de meros ritos e costumes religiosos. (Veja a crítica
de Jesus à hipocrisia dos líderes religiosos em Mt 23.13-28; Lc 11.37-44).
*
58.1 Grite a plenos pulmões… como a trombeta. Devemos denunciar o mal alto e
vigorosamente e nunca escondê-lo, especialmente entre o povo de Deus.
*
58.2-7 ainda me procuram dia a dia. A busca de Israel por Deus é egoísta e manipuladora
(“Por que jejuamos, se tu nem notas?”), e, portanto, falsa e ignorada por Deus. As marcas
externas de contrição (v. 5: “se humilhe, incline a sua cabeça como o junco
e estenda debaixo de si pano de saco e cinza”) estão presentes. No entanto, Deus rejeita o jejum
que não é acompanhado pela libertação dos oprimidos e pelo suprimento de comida, roupas e
abrigo para os necessitados (veja 1.11-17; 43.22-24; Am 4.4-5; 5.21-24; 8.4-6; Mq 6.6-8).
*
58.6 desfaçam as ataduras da servidão. Em Lc 4.18-19, para identificar a natureza da sua
própria missão, Jesus leu Is 61.1-2, com a inclusão desta frase. Hoje os discípulos de Jesus,
seguindo o seu exemplo (Jo 20.21), ainda assumem a sua missão de forma integral, juntando a
piedade autêntica e pessoal com a justiça social.
*
58.8-12 Então vocês pedirão ajuda, e o Senhor responderá. Da mesma forma que Deus
simplesmente ignora a religiosidade vazia, também ele atende prontamente à pessoa que o
adora com sinceridade e demonstra o seu próprio caráter justo e misericordioso. A resposta de
Deus transforma a vida do verdadeiro adorador.
*
58.13 Se vigiarem os seus pés, para não profanarem o sábado. Veja a nota sobre 56.2.
*
58.14 cavalgar sobre os altos da terra. Uma metáfora para o triunfo ou o sucesso (Dt 32.13; Sl
18.33).
*
59.1-21 Este capítulo fala tanto da extensão da maldade humana quanto da magnitude da
salvação e justiça de Deus, ingredientes essenciais da mensagem missional. Paulo em Romanos
refere-se repetidamente ao profeta Isaías, citando duas vezes deste capítulo. Todo servo de
Deus deve dar atenção especial a esses dois livros (Isaías e Romanos) na formação de sua
mensagem sobre a salvação, justiça e misericórdia de Deus, juntamente com seu julgamento de
toda maldade e injustiça.
*
59.1 As orações, o jejum e a observância do sábado mencionados no capítulo anterior não
tiveram efeito, mas não porque o poder ou a atenção de Deus são limitados. Pelo contrário, a
mão do Senhor é “longa” o suficiente para alcançar a todos com sua salvação (veja Nm 11.23; Is
50.2; 52.10; 58.9; 63.5-6), e seu ouvido está atento, para ouvir qualquer pedido de ajuda (Sl
18.6; 94.9).
*
59.2-8 Mas as iniquidades de vocês fazem separação entre vocês e o seu Deus. Veja Is 50.1; Sl
14.1-4; Jr 5.1-5; Rm 3.10-18.
a
59.7-8 Rm 3.15-17
*
59.9-15 Uma confissão de pecados. Vários termos são usados para a salvação de Deus, cada
um com sua própria nuance: luz (or), justiça (tsedaqah, veja nota em 56.1), claridade (negohah)
e “salvação” (yeshua, no lugar de tsedaqah – eles são sinônimos), bem como paz (shalom) e
justiça (mishpat) do versículo 8. A riqueza e a natureza multidimensional da salvação de Deus
devem fazer parte da proclamação do evangelho e do engajamento missional.
*
59.16-21 A resposta de Deus nestes versos segue a confissão de pecados nos versos
anteriores, como ocorre com frequência nos salmos de lamentação.
*
59.17 Vestiu-se de justiça… Quem responde ao lamento de v. 15 com a oferta de salvação é o
próprio Deus Guerreiro (veja Hc 3.3-15), uma metáfora usada por Paulo (Ef 6.14-17; 1Ts 5.8).
b
59.17 Ef 6.14
c
59.17 Ef 6.17; 1Ts 5.8
*
59.18-20 desde o poente… desde o nascente do sol. A salvação de Deus alcança não somente
aqueles que se arrependem dentro de Israel, mas também aqueles que procedem de todos os
povos do mundo (2Cr 6.33; Sl 102.15; Ml 1.11). Por isso, se faz necessário o envio missionário e
a pregação do evangelho de Jesus Cristo, O Redentor virá a Sião (ou “de” ou “em prol de” Sião,
veja Is 59.20 LXX; Rm 11.26), no poder do Espírito Santo, até aos confins da terra (At 1.8).
*
59.21 esta é a minha aliança com eles… Para os arrependidos, de dentro e fora de Israel, a
aliança de Deus está permanentemente segura (Gn 12.1-3; Jr 31.31-34; Ez 36.26-27; Rm 11.27)
e inclui a presença poderosa do seu Espírito para capacitá-los e a Palavra de Deus para guiá-los.
d
59.20-21 Rm 11.26-27
*
Caps. 60—62 Cada capítulo é um oráculo, formando uma coletânea de três e focando a vinda
da salvação de Deus centrada em Jerusalém. São o núcleo dos caps. 56—66, a última seção de
Isaías.
*
60.1-22 Levante-se, resplandeça, porque já vem a sua luz, e a glória do Senhor está raiando
sobre você. Uma visão da bênção futura de Jerusalém e, assim, a bênção de todas as nações da
terra (Gn 12.1-3; Is 2.2-5; 4.5; 9.2; 11.10; 42.6-7; 49.6). Paulo entendeu a importância
escatológica de Jerusalém. Mesmo vocacionado como apóstolo entre os gentios, sempre
pregava primeiro para os judeus (Rm 1.16) e, evidentemente, considerava Jerusalém como
ponto de partida e de retorno para as suas viagens missionárias (Rm 15.19; ver a reflexão sobre
“As viagens missionárias de Paulo”).
*
60.4 Os seus filhos chegam de longe… No contexto histórico, os exilados voltam para Jerusalém
das nações vizinhas (11.12; 49.18,22-23). No cumprimento maior, o movimento é o contrário: a
partir de Jerusalém, as boas-novas viajam e alcançam as nações até os confins da terra (At 1.8).
*
60.5-7 as riquezas das nações serão trazidas a você. As nações próximas abençoarão Jerusalém
materialmente. trarão ouro e incenso e publicarão os louvores do Senhor. O cumprimento
futuro se realiza no nascimento de Jesus (Mt 2.11), e o cumprimento final, no seu retorno (Ap
21.22-26). serão aceitos ao serem oferecidos sobre o meu altar. Paulo entendeu a realização do
seu trabalho missionário como um cumprimento destas palavras (Rm 15.16), e nós podemos
fazer o mesmo.
*
60.8-9 As nações mais distantes também abençoarão Jerusalém, tanto materialmente quanto
com o retorno dos exilados. Társis era o porto mais ocidental conhecido na antiguidade,
provavelmente Tartessus, no sul da Espanha (ver Sl 72.10). O evangelho de Jesus alcançará os
lugares mais distantes e seus governantes. porque ele revestiu você de glória (v. 9). O nome de
Deus é glorificado através da adoração de seu povo, que exalta a Deus em sua vida e em sua
adoração, e que participa de sua missão, tornando o nome de Deus conhecido em toda a terra
(Hb 2.14).
*
60.10-14 Estrangeiros edificarão as suas muralhas … Jerusalém, uma vez destruída por
estrangeiros como parte do julgamento de Deus (2Rs 25.8-10), será reconstruída pela graça de
Deus. Ao estudar a história da missão de Deus na Bíblia, um fato é de extrema importância:
embora tenha havido um retorno do exílio e reconstrução dos muros (ver Ne 2.7-8; 4.6; 6.15),
os judeus continuaram a se considerar “exilados” por causa de suas subjugações (à Babilônia,
Pérsia, Grécia e Roma). Essa consciência nacional estava muito viva na época de Jesus, que
afirmou a reconstrução do templo em seu corpo (Jo 2.19-20), e implicitamente de Israel por
meio dos doze discípulos (veja Mt 19.28; At 15.12-16). As promessas desta passagem
começaram a ser cumpridas com a ressurreição de Cristo e Pentecostes, e encontrarão seu
cumprimento final com a volta de Cristo e na descida da Nova Jerusalém do céu (Ap 21.1-5).
Este é o resultado final de nossa missão e uma tremenda motivação para o engajamento
missionário. (Com o v. 11 compare Ap. 21.24-26; com o v. 12, Zc. 14.16-19).
a
60.11 Ap 21.25-26
b
60.14 Ap 3.9
*
60.19-20 o Senhor será a sua luz perpétua. Veja vs. 1-2; Ap 21.23.
c
60.19 Ap 21.23; 22.5
*
60.21-22 para sempre herdarão a terra. Paulo entendeu essa promessa como se referindo não
apenas à Palestina, mas ao mundo inteiro (Rm 4.13). Os versículos 21-22 falam do cumprimento
das promessas missionárias de Deus a Abraão (Gn 12.1-3; 15.5; 17.4-6; 18.18). renovos que eu
plantei, obra das minhas mãos. Nossa justiça não brota de dentro. É fruto da graça e obra
somente de Deus. A oração deve sempre acompanhar a pregação do evangelho, pedindo a Deus
que aja e converta as pessoas a si mesmo.
*
61.1-11 O Messias, pela unção derramada pelo Espírito de Deus e pela sua pregação, renovará
o povo de Deus, capacitando-o a cumprir sua vocação sacerdotal e missionária entre as nações,
*
61.1-3 O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-
novas. Lembrando-se de Is 48.16 e usando a frase me ungiu (Messias significa “ungido”), o
orador é o servo Messiânico (11.2; 42.1-4; 59.21). Claramente, Jesus se identificou como esta
figura, e identificou o seu ministério como o momento da inauguração destas promessas (Lc
4.18-19). Esses versículos descrevem a abrangente missão holística de Deus com o objetivo de
que aqueles que são alcançados sejam solidamente justificados (“serão chamados carvalhos de
justiça”, v. 3; veja Sl 1.3). As sete dimensões da missão do Messias são: (1) pregar boas-novas
aos pobres (11.4; 29.19); (2) curar os quebrantados de coração; (3) proclamar libertação aos
cativos (Lv 25.10); (4) pôr em liberdade os algemados; (5) apregoar o ano aceitável do Senhor e
o dia da vingança do nosso Deus (34.8; 49.8; 63.4; 2Co 6.2); (6) consolar todos os que choram; e
(7) pôr… óleo de alegria… manto de louvor. A evangelização, a cura, a libertação, a reconciliação,
a justiça, a misericórdia e a celebração são ingredientes essenciais da missão de Deus,
exemplificada no seu Servo, o Messias. Aqui encontramos o modelo para a missão integral do
povo de Deus. Em Lc 4.18-19, Jesus omitiu a frase, o dia da vingança do nosso Deus, porque
este dia aguarda a sua segunda vinda (veja Is 5.25-29; 63.1-6; At 17.31; Ap 6.15-17).
a
61.1 Mt 11.5; Lc 7.22
b
61.2 Mt 5.4
c
61.1-2 Lc 4.18-19
*
61.4-9 Reconstruirão as antigas ruínas. A reconstrução será realizada por estranhos e
estrangeiros (ver 60.10-12), isto é, pelos gentios, que se juntam aos pobres, cativos e enlutados
dos versículos 1-3. O povo de Deus cumprirá seu papel missionário como sacerdotes do Senhor
em favor das nações (Êx 19.6; 1Pe 2.9), e assimilando pessoas de todas as nações, sua
recompensa se multiplicará: comerão as riquezas das nações (v. 6; veja Rm 15.27).
*
61.8 O caráter justo de Deus garante o cumprimento das suas promessas (veja 41.13; 42.6-8;
44.24-28; 46.8-11; 51.12-16).
*
61.10-11 Tenho grande alegria no Senhor. O Messias é o orador nesses versículos, como no v.
1. me cobriu de vestes de salvação e me envolveu com o manto de justiça. Veja 59.17; a figura
de uma veste transmite a ideia de um emissário, neste caso, de salvação e justiça, precisamente
o papel do Messias (veja Sl 72.2-4).
d
61.10 Ap 21.2
*
61.11 como o jardim faz brotar o que nele se semeia. A imagem de Deus como um jardineiro
(veja 44.3-4; 60.21; 61.3) está implícita em Gn 1 e 2.
*
62.1-12 Deus transforma a desolação de seu povo em deleite, para a bênção de todo o mundo.
*
62.1-5 As nações verão a sua justiça. O resultado último da transformação do povo de Deus de
Abandonada e Arrasada em Minha delícia será a alegria de Deus e a sua glória. O nome novo
indica um novo status diante de Deus e diante das nações (Gn 17.5,15-16). A alegria de Deus
será tão grande quanto a alegria de um noivo pela sua noiva (veja 49.18; 54.4-8; Os 1–3).
*
62.6-9 Sobre as suas muralhas, ó Jerusalém, pus guardas… Deus protegerá seu povo com
guardas 24 horas por dia, especialmente por meio de suas orações incessantes, lembrando a
Deus de suas promessas (Sl 132.1-5). Nunca mais darei o seu cereal como alimento para os seus
inimigos (v. 8). Esta será a reversão do castigo de Deus que ocorreu quando ele permitiu que os
inimigos de Israel os saqueassem (Lv 26.14-16; Dt 28.30, 33, 49–51; Jz 6.1-6; Am 5.11). ). Isso
nunca vai acontecer de novo. O ministério cristão requer tanto medidas que assegurem
proteção e oração incessante por parte de ministros e missionários.
*
62.10-12 Passem, passem pelas portas. O convite para todos os povos participar dos benefícios
da salvação da cidade (povo) de Deus. povo… povos Uma referência aos judeus e aos outros
povos que venham a participar (veja 56.8; 57.19; Jo 10.16). aterrem a estrada, tirem as pedras.
A obra é de Deus mas o povo de Deus deverá remover os empecilhos. ouvir até os confins da
terra… Eis que vem o seu Salvador (veja Mt 21.5). A proclamação é para todas as nações nos
lugares mais distantes e até mais resistentes (veja 11.9; 19.23-25; 56.3-8; At 1.8). O evangelho
da salvação até cada canto deste mundo é a incumbência incansável da Igreja como a única
resposta à maravilhosa graça de Deus que a transformou em amada e preciosa noiva.
a
62.11 Is 40.10; Ap 22.12
*
62.12 Eles serão chamados de “Povo Santo”. Lembrando novamente (veja 61.6) a promessa de
Êx 19.6 e por causa da justiça que o Messias estabeleceu (61.3,10-11), a justiça do povo de Deus
se torna um testemunho para os povos, e a “cidade” do povo de Deus será procurada.
*
63.1-6 Depois de descrever a exaltação de Jerusalém e do povo de Deus, o profeta volta sua
atenção para o julgamento dos inimigos de Jerusalém. Edom era a nação descendente de Esaú
(Gn 25.29-34; 27.41; 36.8-9). Nos livros proféticos, Edom representa todos os que rejeitam a
Deus e sua oferta de salvação (Is 34; Jr 49.7-22; Ez 35; Ob 1–9; Ml 1.2-4). Quem é este? … Por
que as suas roupas estão vermelhas? A resposta vem: este é o Salvador (ver Sl 24.8-10) e
Vingador de Sião, que sozinho (Is 44.24) submeteu e destruiu os inimigos (59.15-18; Jl 3.13; Ap
14.18-20; 19.11-16).
a
63.3 Ap 14.20; 19.15
b
63.1-6 Is 34.1-17; Jr 49.7-22; Ez 25.12-14; Am 1.11-12; Ob 1-14; Ml 1.2-5
*
63.7—64.12 O profeta ora a Deus com gratidão e confissão de pecados, implorando a
misericórdia de Deus para seu povo. Enquanto o profeta se refere aos eventos históricos do
exílio na Babilônia e do retorno a Jerusalém, a linguagem usada aponta claramente para uma
libertação definitiva, que os escritores do Novo Testamento entenderam como a vinda da
salvação e do reino de Deus em Cristo Jesus. Os próprios judeus, na época de Jesus, certamente
entendiam que o retorno dos judeus a Jerusalém não era o cumprimento dessas profecias de
Isaías; o motivo foi a ausência de toda a glória que as profecias previam. Além disso, durante os
séculos que se seguiram ao retorno do exílio, os judeus permaneceram em um cativeiro após o
outro (primeiro sob os persas, depois os gregos e, finalmente, os romanos).
*
63.7-14 Celebrarei as misericórdias do Senhor e os seus atos gloriosos… O profeta ora pelo
povo redimido, apelando para o amor ou as misericórdias de Deus (khesed), uma palavra que
denota o compromisso da aliança de Deus com seu povo. Assim, o profeta “lembra” a Deus de
sua aliança, suas promessas e suas misericórdias (Êx 34.6). Ele recorda a promessa de ser o
Salvador de seu povo (vs. 8-9; veja também 12.2; Êx 15.2), sua libertação dos egípcios durante o
êxodo (vs. 11-12), sua proteção no o deserto e seu acompanhamento à Terra Prometida (vs. 13-
14). Em tudo isso, Deus acompanhou seu povo por meio do Espírito Santo (vs. 10-11, 14; veja
Nm 11.16-17, 25-29; Ef 4.30) e participou dos sofrimentos de seu povo (v. 9; Êx 2.23-25; Jz
10.15-16). Tudo isso mostra como a obra de Deus é duradoura e segura e é iniciada e
completada por seu Espírito Santo. Isso também mostra que, quando o povo de Deus se rebela,
é necessário que os profetas intercedam vigorosamente em seu favor a Deus que nos trata
segundo suas misericórdias.
c
63.12 Êx 14.21
*
63.15-19 Olha para nós lá do céu… Onde estão o teu zelo e as tuas obras poderosas? O profeta
ensina como orar pela manifestação do poder de Deus para salvar. Ele afirma o amor de Deus
como o Pai de seu povo, embora Israel tenha se afastado de Deus (v. 16). Israel culpa Deus pelo
endurecimento de seus corações (Êx 4.21; 7.3; Is 6.9-10; Jo 12.40; Rm 1.24; 26; 28; 9.18), mas
em ao mesmo tempo reconhece sua culpa (vs. 16-17). A fidelidade de Israel durou pouco, e sua
infidelidade, contínua (v. 19; veja Dt 4.25-26; Jz 2.16-19; Sl 79).
*
64.1-4 nem com os ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti. Uma parte
essencial da mensagem de Isaías é a singularidade de Deus (43.11; 44.6-8; 45.5-6, 14, 18, 21-22;
46.9; ver também 1Co 2.9). ), que atua na história (31.1-9; 37.14-38; Sl 135.5-18). Nossas
orações precisam ser incessantes e reconhecer a majestade de Deus.
*
64.3 Veja Jz 5.5; 2Sm 22.8; Sl 18.7; 68.8; Na 1.5; Hc 3.6,10.
a
64.4 1Co 2.9
*
64.5-7 todos nós somos como o imundo… (v. 6). Com contrição, o profeta se coloca junto com o
povo na confissão dos seus pecados.
*
64.8-12 tu és nosso Pai Nós somos o barro… Novamente o profeta apela a Deus como Pai e
Criador artesão (29.16; 45.9-10; 63.16; veja Jó 10.8, 12; Sl 103.13-14) para concluir sua petição
pela manifestação de As misericórdias de Deus em favor de seu povo.
*
Caps. 65–66 Deus responde às orações dos capítulos 63–64, prometendo (1) a rejeição dos
rebeldes de Israel (65.1-7, 11-16; 66.1-6); (2) a salvação de um remanescente fiel (65.8-10; 66.7-
24); e (3) a criação de novos céus e uma nova terra (65.17-25).
*
65.1-7 Todo o dia estendi as mãos a um povo rebelde… (v. 2). No v. 1, Deus se apresenta aos
gentios que não o conheciam e, portanto, não o adoravam. No v. 2, Deus lamenta a rebelião de
seu próprio povo (veja Jo 1.11). Esta passagem já antecipa At 28.17-28 e a missão a todos os
povos da terra (Rm 10.20-21). Esses dois temas, a salvação dos gentios e um remanescente de
Israel, e o julgamento da maioria rebelde de Israel, deram o tom para os dois últimos capítulos
de Isaías.
a
65.1-2 Rm 10.20-21
*
65.8-10 Os meus eleitos herdarão a terra… (v. 9). Deus salva um remanescente fiel, do Reino
do Norte (Jacó) e do Reino do Sul (Judá; veja 1.9; 10.20-23; Mt 13.24-30; Rm 9.27-29; 11.1-5).
Sarom e Acor incluem todo o Israel de oeste a leste.
b
65.10 Js 7.24-26
*
65.11-16 Deus rejeita os rebeldes de Israel (veja 57.3-13; 65.1-7 e nota), que trocam Deus por
um culto à Fortuna e ao Destino, o qual provavelmente envolvia práticas sexuais. meus servos (v.
13) são gentios e judeus que respondiam fielmente a Deus (veja Mt 3.7-10; 8.10-13)
*
65.17-25 eis que eu crio novos céus e nova terra. Deus estabelecerá novos céus, nova terra e
uma nova Jerusalém (Ap 21.1-2). A inauguração do novo Israel de Deus (Gl 3.29; 6.16) – a
prometida transformação de Israel – e a transformação das pessoas em novas criaturas (2Co
5.17; Gl 6.15) são profecias que começam a se cumprir com a obra de Cristo. Ainda estamos
aguardando sua conclusão (2Pe 3.13). A visão segura da vitória final de Deus é uma motivação
constante para o trabalho missionário.
c
65.17 Is 66.22; 2Pe 3.13; Ap 21.1
d
65.19 Ap 21.4
e
65.25 Is 11.6-9
*
66.1-6 escolherei o castigo… (v. 4). Deus rejeita os rebeldes de Israel (veja 65.1-7,11-16 e
notas). Ninguém consegue manter Deus dentro de quatro paredes, e a reconstrução do templo
pelos judeus rebeldes não será suficiente para agradar a Deus (1Rs 8.27; Is 1.10-17; 65.1-7,11; Jr
7.8-15; Jo 2.19; At 7.44-50). Deus enxerga o coração.
a
66.1 Mt 5.34-35; 23.22; At 7.49-50
*
66.7-24 Deus salva um remanescente fiel (veja 65.8-10,17-25 e notas).
*
66.7-9 Antes de entrar em trabalho de parto, deu à luz. A obra da recriação do povo de Deus,
constituído do remanescente fiel e dos gentios que atendem ao convite, será sem esforço,
repentina e espantosa, uma verdadeira obra unicamente de Deus (veja 49.19-21; 54.1-3).
b
66.7 Ap 12.5
*
66.10-14 Alegrem-se com Jerusalém. A futura bênção de Deus transbordará para as nações e
trará alegria imensurável aos redimidos e serão consolados (veja 40.1).
*
66.15-17 o Senhor virá em fogo. A ira de Deus contra a rebeldia é terrível (veja 10.16-18; 29.5-
6; 30.27,30; 33.14).
*
66.18-24 venho para ajuntar todas as nações e línguas; elas virão e contemplarão a minha
glória. Esta é uma das passagens missionárias mais gloriosas do Antigo Testamento, que fala da
inclusão das nações como parte do povo de Deus (2.2-4; 40.5; 45.23; Ap 7.9-10) e de louvor
mundial ao único Deus. É o cumprimento de uma das maiores profecias: “a terra se encherá do
conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar”— Hc 1.14; veja Nm 14.21; Sl
57.5,11; 72.19; Is 6.3; 11.9; Zc 14.9; Fp 2.10-11).
*
66.19 Társis, Pul e Lude… Tubal e Javã… Irão, como missionários, literalmente a cada canto da
terra. Irão ao oeste (Társis, na Espanha, a noroeste do mar Mediterrâneo; Pul, na Líbia, a
sudoeste do mar Mediterrâneo; e Lude, na Lídia, costa oeste da Ásia Menor), ao leste (Tubal,
costa leste da Ásia Menor) e ao norte (Javã, na Grécia) — isto é, de todas as nações (Mt 28.18-
20).
*
66.21 deles escolherei alguns para sacerdotes e para levitas… Além de sacerdotes entre o
remanescente, Deus apontará sacerdotes entre os gentios, isto é, missionários que intercederão
(veja Êx 19.6) a favor de mais pessoas ainda, apresentando-as como ofertas a Deus (veja Rm
15.16).
*
66.22-23 Estas promessas são tão seguras e constantes quanto a criação de Deus e as suas
estações. O trabalhador missional descansa no conhecimento de que a sua participação na
missão de Deus, de alguma forma e em algum momento, terá efeito. Produzirá fruto.
c
66.22 Is 65.17; 2Pe 3.13; Ap 21.1
*
66.24 Eles sairão e verão os cadáveres daqueles que se rebelaram contra mim. Os versículos
anteriores poderiam facilmente levar a uma visão triunfalista da missão em detrimento do
papel de servo. Assim, eles poderiam provocar arrogância e falsas expectativas, não fosse essa
conclusão sóbria (veja 50.11; Mc 9.43-48; Ap 14.11), que nos lembra que estamos realmente
perdidos se não fosse pelo misericórdia de Deus. O evangelho é uma boa notícia para o contrito,
mas uma má notícia para o rebelde e o arrogante. É importante examinar nossas próprias vidas!
Devemos pregar o evangelho!
d
66.24 Mc 9.44

O evangelho da salvação
Is 1
Em Isaías aprendemos que salvação sempre começa com Deus e termina com Deus. A nossa
participação acontece apenas porque somos incluídos neste propósito salvador. Neste livro do
profeta, vemos o cerne do evangelho sendo exposto: Deus revela o pecado, adverte o
impenitente sobre o juízo e concede o perdão por meio do arrependimento. Isaías nos
apresenta o Deus da justiça e do juízo. É o Deus que requer conduta ética e que executa o juízo
anunciado, em vista da insistência na desobediência e na rebeldia. Acima de tudo, porém, Isaías
apresenta o Deus da graça e da misericórdia, disposto a dar uma nova oportunidade e a fazer
um novo começo.
Um aspecto teológico muito importante a observar em Isaías é que a salvação acontece após o
juízo, não em lugar do juízo. Podemos observar o mesmo princípio em todo o Antigo
Testamento. O mesmo tom da mensagem, verificado no primeiro capítulo de Isaías, alternando
juízo e salvação, poderá ser percebido nos primeiros 39 capítulos do livro. Esta dupla
perspectiva, que perpassa todo o livro de Isaías, é fundamental para quem anuncia o evangelho,
sinalizando que o propósito de Deus sempre está em trazer da condenação para a salvação, por
meio da fé e do arrependimento.
No Antigo Testamento, este propósito de Deus em salvar todos os povos é evidenciado desde o
chamado de Abraão (Gn 12); em Isaías é especialmente enfatizado a partir do capítulo 40. Em
vista do exemplo que nós temos em Isaías, pensando na nossa prática hoje, as interpelações
feitas por Deus ao seu povo de então precisam ser levadas mais a sério pelo seu povo de hoje, a
fim de evitar sofrimentos desnecessários. As mesmas exortações e promessas de Deus
continuam em vigor. Deus as executará! O estilo de vida do povo cristão não pode negligenciar
os aspectos éticos de sua fé. De modo semelhante, a comunidade de fé precisa estar sempre
vigilante, a fim de celebrar culto que honre a Deus, oferecendo um espaço de restauração e
nova vida.
RT
(Final de quadro de estudo)
491 
(Início de quadro de estudo)

Sementes da missão em Isaías


Is 49

Uma visão da supremacia de Deus. Uma visão de Deus e de sua singularidade é a base de uma
missão confiada a Seu povo. Uma visão sobre quem é Deus - em Isaías Deus está presente na
criação, na história, na redenção e na eternidade - apoia e direciona nosso compromisso com a
missão de Deus. Ao longo de vários capítulos, o profeta declara e dá evidências de que Yahweh
é:
- Único
- glorioso
- justo e santo
- misericordioso
- Redentor
- Poderoso

Isaías convida seus leitores a começar com Deus, reconhecer seu senhorio e soberania, e se
entregar a Deus que é supremo e acima de tudo. A visão da missão em Isaías vem da visão de
quem é Deus.

O desafio da idolatria. Nos capítulos centrais, Isaías denuncia a influência perversa da idolatria.
Ele confronta o povo de Deus com seus pecados e, de maneira franca, vívida e às vezes
sarcástica, aponta sua falsa adoração a Deus. Idolatria é revelada como:

- Vão, quando comparada à revelação de quem é Deus


- Impotente, quando comparado aos atos de Deus na história de seu povo
- Opressivo, quando comparado à graça e liberdade no relacionamento com Deus, e
- Inconsistente, quando comparado com a natureza de Deus e a identidade de seu
povo.

A influência da idolatria ainda está presente hoje. Não tem necessariamente a ver com ajoelhar-
se diante de uma imagem de pedra ou madeira. É mais amplo em escopo e mais profundo em
sua influência. Os deuses atuais (poder, riqueza, conhecimento, fama, prazer, sensualidade, etc.)
são tão reais, evasivos e exigentes quanto os da época de Isaías.

A mensagem de Isaías é que, apesar da falha do povo de Deus, é hora de arrependimento e


restauração. Na verdade, apesar de ter falhado, há um apelo à consolação. O povo de Deus
pecou e no tempo devido Deus enviou o julgamento sobre eles. Agora um novo tempo está
aqui. Deus se levantará para fazer coisas novas. Um novo êxodo está chegando! É hora de um
relacionamento renovado. Um novo servo aparecerá, um Servo que cumprirá a vontade de
Deus completa e inesperadamente.

Uma perspectiva dos eventos mundiais. Isaías lança alguma luz sobre as maneiras incomuns de
Deus cumprir seu propósito na história humana. Deus chama um rei pagão de "seu ungido
(messias em hebraico), pastor de seu povo e seu servo". Certamente, o rei não sabia que Deus o
estava usando, mas Deus sim. Além disso, nas Escrituras, vemos como Deus enviou julgamento
às nações que ele inicialmente usou para seus propósitos. Isso pode nos ajudar a refletir sobre
os eventos históricos de hoje.
Um escopo mais amplo para a missão. Isaías se preocupa com seu povo e destaca a fidelidade e
a paciência de Deus com Israel. No entanto, ele vai além e aponta para as nações e pessoas do
mundo. Aqui descobrimos o propósito global e universal de Deus. O cenário são as nações e
essa palavra tem um rico significado teológico nas Escrituras. Alguns dos ensinamentos de Isaías
sobre Deus e as nações são:

- Nações são insignificantes quando comparadas a Deus


- As nações conhecerão a justiça de Deus
- Nações receberão a luz de Deus
- Nações participarão da salvação de Deus
- Nações serão testemunhas do Servo de Deus
- As nações são o cenário dos atos de redenção de Deus.

Isaías mostra que, para nos unir à missão de Deus, precisamos reconhecer sua singularidade e
majestade. Este "temor de Deus" confronta todas as formas de idolatria e pecado, primeiro
entre o próprio povo de Deus e depois entre as nações. Deus é justo para trazer restauração e
executar julgamento. Ele cumprirá sua promessa de redenção, esperança e salvação para Israel
e para as nações - de alcance cósmico e escatológico - por meio do chamado, sofrimento e
triunfo de seu Amado Servo e da obediência de seu povo.
DaB
(Final de quadro de estudo)
561 
(Início de quadro de estudo)

Uma Casa de Oração para Todas as Nações


Is 56

Não deve ser surpreendente que Jesus seja frequentemente encontrado citando passagens do
profeta Isaías do século 8 AEC em seu ministério, visto que este é o profeta hebraico mais citado
no Novo Testamento cristão. Em todos os três evangelhos sinópticos, quando Jesus limpa o
Templo dos mercadores e cambistas, ele cita Isaías: Não está escrito: ‘Minha casa será chamada
de casa de oração para todas as nações’? Mas você o transformou em um covil de ladrões.” (Mc
11.17. Veja também Mt 21.13 e Lc 19.46, ambos omitem a frase “por todas as nações”, embora
não diminuam seu impacto). Ao fazer referência a essa passagem em particular, Jesus deixa
claro que Deus espera e dá as boas-vindas a pessoas de todas as nações para participarem da
adoração na casa de Deus.

Isaías 56 está situado na parte do livro conhecida como Terceiro Isaías (Is 56—66), que se
acredita ter sido dirigido à comunidade judaica após seu retorno do cativeiro babilônico. Foi
uma época em que a identidade judaica estava mudando e aqueles que retornavam à sua terra
natal buscavam lidar com suas perdas em meio a uma esperança renovada de seu futuro. Nesse
contexto, Isaías lança uma nova visão para o povo que ecoa a aliança abraâmica na qual Deus
promete que Abraão será o pai de muitas nações e Deus o abençoará a fim de ser uma bênção
para todos os povos. Nesta visão de um Israel restaurado, estão incluídos aqueles que antes não
eram bem-vindos dentro das paredes do Templo: os eunucos e os estrangeiros.

O profeta Isaías começa esta passagem com as palavras que se esperariam daqueles a quem
Deus concede a salvação: todos aqueles que fazem justiça, mantêm a retidão e aderem à lei
mosaica, particularmente, a prática da guarda do sábado. No entanto, Isaías vai ainda mais
longe. Ele proclama que, mesmo aqueles a quem a comunidade marginalizou, o eunuco e o
estrangeiro, que se uniu ao Senhor (versículos 3 e 8), e se apegam à aliança [de Deus]
(versículos 4 e 6) eles, também, será bem-vindo para se juntar à comunidade fiel na adoração a
Deus e não será cortado do shalom de Deus. Na verdade, esses mesmos receberão uma grande
recepção na casa de Deus, que promete "trazê-los ao meu santo monte e alegrá-los na minha
casa de oração", porque "minha casa será chamada de casa de oração por todos os povos ”(vv.
7-8).

As palavras finais de Isaías ao povo de Israel nesta visão da casa de adoração de Deus são o
lembrete de que o próprio Israel é uma nação de rejeitados a quem Deus resgatou. Eles, de
todas as pessoas que experimentaram a salvação de seu Deus, deveriam dar as boas-vindas a
outras pessoas de fora, além daquelas [que eu] já reuni (versículo 8). Hoje ainda precisamos
ouvir essas palavras. Jesus exorta os porteiros do Templo de seus dias que impediriam o pobre,
o rejeitado e o estrangeiro de entrar na casa de Deus. Da mesma forma, não queremos estar
entre aqueles que impediriam o acesso ao Trono da Graça de qualquer pessoa, porque os
consideramos indignos de receber as mesmas boas-vindas graciosas que recebemos por meio
de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador.
BL

(Final de quadro de estudo)


661 
(Início de quadro de estudo)
Policentrismo na missão
Is 66
Hoje o cristianismo é globalizado. Cem anos atrás as igrejas estavam concentradas no mundo
ocidental. Hoje não é mais o caso. Por onde andamos, seja na Europa, África ou Ásia,
encontramos homens e mulheres que professam a fé cristã.
Os dados estatísticos atuais apontam que dois terços da população mundial dos evangélicos
estão centralizados nos países majoritários. Isto é, o epicentro da gravidade do cristianismo
desceu do Hemisfério Norte para o Hemisfério Sul, com igrejas vibrantes e ativas. E mais, agora,
as regiões que outrora eram conhecidas como campo missionário tornaram-se enviadoras. A
responsabilidade missionária deve ser de todos os lugares para todas as pessoas. Em vista disso,
cada vez mais vemos homens e mulheres sendo enviados de diversas regiões, mudando
expressivamente a direção e o estereótipo do missionário.
O livro de Isaías já relatava esse policentrismo de hoje. Deus havia avisado que iria “ajuntar
todas as nações e línguas” (v. 18) e que desses povos “alguns dos que foram salvos enviarei às
nações” (v. 19) e inclusive, dos próprios gentios Deus tomaria “alguns para sacerdotes e para
levitas” (v. 21). Aqui se encontra o prelúdio do envio missionário global. Não há restrição para o
agir de Deus, podendo vocacionar e enviar de qualquer lugar para qualquer lugar.
A nação brasileira não está fora desse movimento de Deus. Temos vivenciado um crescimento
exponencial da igreja evangélica nas últimas décadas. De acordo com os dados oficiais do
governo saímos em 1991 de 9% da população do país para 22% em 2010. Sendo que em 2021, a
projeção está entorno de 59 milhões de evangélicos de todas as confissões (históricos,
pentecostais e neopentecostais) representando 28% da população, com cerca de 250 mil
igrejas. Se os evangélicos continuarem a crescer com a mesma taxa de crescimento anual, em
2035 representarão 50% da população brasileira, ou se formos mais conservadores, em 2050. E
o envio missionário no meio disso tudo? De acordo com as últimas pesquisas estamos com 15
mil missionários e missionárias brasileiros evangélicos transculturais. Certamente há muito mais
que podemos fazer, mas louvamos a Deus pelo que já alcançamos.
FF

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