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Resenha crítica do documentário “Vidas Tragadas”

Sandra Teodoro Alves¹

A pesquisa do documentário foi conduzida pela Papel Social, organização


especializada em investigar cadeias produtivas o apoio é do ministério Público do
Trabalho do Paraná (MPT-PR, da associação Paranaense de Vítimas Expostas ao
Amianto e aos agrotóxicos. (Apreas) da ACT da promoção da saúde. O contexto do
documentário busca mostrar a realidade das famílias que trabalham nas lavouras,
principalmente a da produção de fumo, em que centenas de pessoas tem acesso e
contato diretamente com agrotóxicos, desencadeando doenças e até mesmo sequelas
devido a nicotina acumulativa com o passar dos anos, iremos analisar na resenha, como
era a vida dessas famílias e como as empresas negociavam os meios de produção.
O documentário retrata o modo de vida de pessoas que trabalhavam na produção de
fumo, na região sul do Brasil, referente as cadeias produtivas, agricultura e trabalho
familiar, e subordinação de trabalho. A relação não capitalista no documentário visava
os meios de produção dos agricultores e através destes pontos os donos das empresas
dominavam as classes camponesas, mesmo o agricultor sendo autônomo e dependente,
as empresas os contratavam, apesar de se serem bastantes exigentes, faziam acordo com
esses camponeses por meio de um contrato. Os contratos tinham regras e termos, o dono
de uma pequena propriedade por exemplo, que fosse suficiente de produzir para gerar
lucros, já os interessava, então eles acabavam que assinando os contratos com a ilusão
de melhorias de vida para suas famílias e através das plantações futuramente eles
estariam bem financeiramente. Embora tudo ilusório, essas pessoas acabavam se
tornando dependentes vitais dessas empresas, e aquela terra que era da família passava a
ser dos empresários, com a falsa promessa de ofertas de emprego, os camponeses
produtores de tabaco acabavam aceitando sem ao menos ler as permissões cedidas no
contrato.
Os produtores de tabaco contratado pelas empresas, trabalhavam em condições de
perigo total, não recebiam assistência técnica e muito menos acessórios de seguranças e
ficavam exposto ao contato com agrotóxicos e pela nicotina das folhas, eles ficavam
vulnerável os produtos químicos, e muitos ficavam doentes e todos tinham os mesmos
sintomas (desmaios, vômitos, tonturas, febre e depressão). Em 1980, as exposições de
produtos químicos levaram muitos ao suicídio e os hospitais pelo contato acumulativo
com os agrotóxicos.
A renda familiar e a subordinação era existente na vida das famílias camponesas,
os salários eram ilusórios porque as empresas tinham como mão de obra toda a família,
as crianças também trabalhavam das sete as sete horas nas lavouras, eles colhiam as
folhas até a estufa para os donos das empresas levarem, embora eles recebiam
orientações para as crianças e adolescentes não trabalhar, mas as condições eram outras,
as demandas eram grandes, as dívidas das famílias com as empresas só cresciam e o
quanto mais produziam mas deviam, então essa condição era um forma de ampliar a
colheita, antes da outra demanda.
Se torna interessante que o que foi visto no documentário, e no livro de Jose
Grazziano da Silva mostra que as relações não capitalistas estavam voltadas somente
para a própria subsistência e consumo agrícola, como era as famílias que vivam antes da
chega das empresas, uma comunidade por exemplo, que trabalhava apenas na
agricultura, ou seja, relação do homem em meio ao feudalismo. O modo capitalista veio
para desconfigurar como um todo, e o meio de vida dessas pessoas do campo, um desses
modos foi a separação dos trabalhadores e dos meios de produção, como por exemplo?
A subordinação, exploração, denominação de força de trabalho, ou seja, contradições.
Os donos das empresas ou de grandes latifúndios tinham em suas propriedades pessoas
assalariadas, mas isso não significava muito, eles não tinham os devidos direitos
compridos, horas de trabalho extensas, demandas de produção inacabáveis e sem contar
das dívidas dessas pessoas. As dividas internas desse familiar eram grandes e por isso
tinham que ampliar a produção, e a subordinação de trabalho acontecia quando o
complexo agroindustrial entra em ação, isso ocasiona a capital de apropriação, posse das
terras dos camponeses, onde desestrutura toda renda do tralho familiar os chamados
fumicultores, um exemplo do que foi visto no documentário, nas produções de tabacos.
Então com todos esses aspectos históricos vem a modernização que é a saída da
agricultura natural para a agricultura industrial que foi o momento da chegada das
primeiras maquinas e a internacionalização do D1, ou seja, (agricultura, agricultura
industrias, insumos e maquinas). A industrialização da agricultura em 1960 tem o papel
do estado que chega para a renovação das estruturas de denominação, que são as cadeias
intersectais, onde haver o trabalho do estado que vai servir para integrar a no circuito do
produto que é a indústria de insumos e processamento- complexo Agro. O estado entra
no quesito de políticas públicas e o governo incentiva estas integrações, o que antes era
complexo rural passa a ser complexos agroindustriais, o estado entra com o capital
financeiro (bancos) o chamado SNCR que é a base do crescimento da agricultura e o
credito rural, com essas integrações capitais, vem a modernização, tecnologia e rupturas.
Por fim entende-se que o documentário, o livro de José Grazziano, e as aulas do
docente Lucas Gabriel mostram um panorama, quando se fala de condições de trabalho
nos setores agrícolas, nota-se também os impactos sobre os relatos de exploração e
dependência econômica das famílias, e como os contatos de integração com as empresas
os afetavam, o trabalho infantil, os impactos ambientais e na saúde dos fumicultores e as
propostas das empresas para controlar as decisões e influenciar a vida das famílias
rurais e outros setores.

Referências:
Livro e documentário “Vidas Tragadas” são lançados durante audiência coletiva sobre cadeias
produtivas de tabaco – Curitiba – 21.out.2019

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