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Pesquisa em Administração como Ciência do Design: Articulando a Pesquisa

Produtos do Modo 2 de Produção de Conhecimento

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1 autor:

Joan Ernst van Aachen

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Jornal britânico de administração, vol. 16, 19–36 (2005)

DOI: 10.1111/j.1467-8551.2005.00437.x

Pesquisa em Administração como um Projeto

Ciência: Articulando o
Produtos de Pesquisa do Conhecimento do Modo 2
Produção em Gestão1

Joan Ernst van Aken Centro

de Estudos de Inovação de Eindhoven, Universidade de Tecnologia de
Eindhoven, PO Box 513, 5600 MB Eindhoven,
Holanda E-mail: jevaken@tm.tue.nl

O problema da relevância da pesquisa acadêmica em administração em organização e

administração é antigo e espinhoso. Discussões recentes sobre esse assunto resultaram em
propostas para usar mais a produção de conhecimento do Modo 2 em nosso campo. Essas
discussões se concentraram principalmente no processo de pesquisa em si e menos nos
produtos produzidos por esse processo. Aqui o foco está na chamada regra tecnológica
testada em campo e fundamentada como um possível produto da pesquisa do Modo 2 com
potencial para melhorar a relevância da pesquisa acadêmica em administração. As regras
tecnológicas podem ser vistas como conhecimento orientado para a solução. Tal conhecimento
pode ser chamado de Teoria da Administração, enquanto o conhecimento mais descritivo
pode ser chamado de Teoria da Organização. Neste artigo é discutida a natureza das regras
tecnológicas em gestão, bem como seu desenvolvimento, sua utilização na prática atual de
gestão e o potencial de fertilização cruzada entre a Teoria da Administração e a Teoria da Organização.

Introdução (para usar a metáfora dos obstáculos duplos de

Pettigrew, 2001). Deve ser relevante para o mundo
Um objetivo respeitável para a pesquisa acadêmica da administração e dos negócios, pois a maioria de
é o desenvolvimento do conhecimento pelo seus alunos pode esperar que possam usar seus
conhecimento (Huff, 2000). O critério de qualidade conhecimentos da escola de negócios em suas
fundamental para tal conhecimento é a validade, ou carreiras fora da academia.
seja, é considerado válido por um público informado Ainda assim, essa relevância dos produtos de
– a comunidade científica relevante – com base nos pesquisa acadêmica no campo da organização e
argumentos e provas empíricas apresentados gestão é vista por muitos como problemática. E,
(Peirce, 1960). No entanto, para pesquisas em conforme discutido em mais detalhes abaixo, é um
escolas profissionais como escolas de negócios, problema bastante antigo. Recentemente, um novo
pode-se querer adicionar um segundo critério, debate sobre esta questão foi desencadeado. Entre
relevância. Uma parte significativa do conhecimento outros, a British Academy of Management e esta
produzido pela pesquisa nas escolas de negócios revista prestaram muita atenção à lacuna de
relevância.
não deve passar apenas pelo rigor acadêmico, mas também pela relevância Tudo começou com Tranfield e Starkey
(1998), seguido pelo Relatório Starkey-Madan (uma
1 versão resumida deste relatório é fornecida em
Gostaria de agradecer ao editor e a três revisores anônimos
por seus comentários de apoio e perspicazes sobre a primeira
Starkey e Madan, 2001), uma edição especial desta
versão deste artigo, que foram muito úteis na preparação da revista (Hodgkinson, 2001) e contribuições
revisão. subsequentes, como MacLean, Macintosh e Grant (2002). No Reino

r 2005 Academia Britânica de Administração

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20
O debate foi fortemente inspirado pelo trabalho
seminal de Gibbons et al. (1994), posteriormente
expandido por Nowotny, Scott e Gibbons (2001),
sobre a distinção entre o Modo 1 e o Modo 2 de
produção de conhecimento. O Modo 1 de produção
de conhecimento é puramente acadêmico e
monodisciplinar, enquanto o Modo 2 é multidisciplinar
e visa a resolução de problemas complexos e
relevantes do campo. A produção de conhecimento
do Modo 2 é apresentada como o exemplo a seguir
na pesquisa acadêmica de gestão para preencher a
lacuna de relevância (Starkey e Madan, 2001; Tranfield e Starkey, 1998).
No entanto, essas discussões sobre a produção
de conhecimento do Modo 2 tendem a se concentrar
no processo de pesquisa e menos no conhecimento
produzido por esse processo, ver, por exemplo,
MacLean, MacIn tosh e Grant (2002). Pode-se
esperar que as intensas interações entre
pesquisadores e profissionais na pesquisa do Modo
2 aumentem a relevância dos produtos de pesquisa resultantes.
No entanto, também parece valer a pena dar uma
olhada nos produtos de tais processos de pesquisa.
Eles realmente produzem 'conhecimento para a
ação' (Argyris, 1993) e, principalmente, produzem
conhecimento para a ação para ser usado em outros
contextos que não aquele em que foi produzido?
O presente artigo pretende contribuir para a discussão
do Modo 2, articulando um possível produto de
pesquisa do Modo 2, viz. a 'regra tecnológica testada
em campo e fundamentada', cujo núcleo é um
'conceito de solução'. Essa discussão se inspira no
que se pode chamar de 'ciências do design', como a
medicina e a engenharia.
A missão de uma ciência do design é desenvolver
conhecimento que os profissionais da disciplina em
questão possam usar para projetar soluções para
seus problemas de campo. Essa missão pode ser
comparada àquela das 'ciências explicativas', como
as ciências naturais e a sociologia, que é desenvolver
conhecimento para descrever, explicar e prever.
Grande parte da pesquisa acadêmica em organização
e gestão é baseada na abordagem das ciências
explicativas. Pode-se chamar o conhecimento
descritivo resultante de Teoria da Organização, e o
conhecimento orientado para a solução, resultante
de pesquisas baseadas na abordagem das ciências
do design, Teoria da Administração.
Neste artigo, discuto a natureza das regras
tecnológicas testadas e fundamentadas em campo
na gestão como produtos da produção de
conhecimento do Modo 2, o desenvolvimento dessas regras e
JE van Aachen
seu uso na prática de gerenciamento real e o
potencial de fertilização cruzada entre a Teoria da
Administração e a Teoria da Organização. O objetivo
básico do artigo é apoiar a necessidade de mais
pesquisas do Modo 2 em administração, articulando
a natureza da Teoria de Administração resultante e
seu uso na prática de gestão real.
Melhorando a relevância dos produtos da
pesquisa acadêmica em administração
Há um longo debate sobre a relevância dos produtos
de pesquisa acadêmica no campo da organização e
gestão. Já em 1978, Susman e Evered observaram:
'Há uma crise no campo da ciência organizacional.
O principal sintoma dessa crise é que, à medida que
nossos métodos e técnicas de pesquisa se tornaram
mais sofisticados, eles também se tornaram menos
úteis para resolver os problemas práticos enfrentados
pelos membros das organizações' (Susman e Evered,
1978, p.582). Em 1982, o Administrative Science
Quarterly dedicou uma edição especial a este
problema (Beyer, 1982). Nesta edição, Beyer e Trice
comentaram: 'Recentemente. . . estudiosos
expressaram preocupação sobre por que a pesquisa
organizacional não é mais amplamente utilizada' (Beyer
e Trice, 1982, p. 591). Thomas e Tymon (1982) citam
uma lista impressionante de críticas a respeito da
relevância da pesquisa organizacional acadêmica,
enquanto, de acordo com uma pesquisa da época,
os acadêmicos consideravam apenas cerca de 20%
das teorias organizacionais acadêmicas bem
estabelecidas como tendo um melhor desempenho.
utilidade questionável (Miner, 1984). No lançamento
de seu jornal acadêmico, Organization Science, Daft
e Lewin também expressaram preocupação com a
relevância das teorias organizacionais acadêmicas
recebidas (Daft e Lewin, 1990). Mow day (1993)
expressou preocupações semelhantes com relação
às publicações no Academy of Management Journal.
A questão da relevância está presente não apenas
no campo da administração em geral, mas também
em diversas disciplinas funcionais, como marketing e
contabilidade (Aldag, 1997, p. 8). Vários presidentes
da American Academy of Management abordaram a
questão, incluindo Hambrick (1994), Mowday (1997)
e Huff (2000). Em 2001, o Academy of Management
Journal publicou uma edição especial sobre a
interação entre acadêmicos e profissionais, que
também foi
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Pesquisa em Administração como Ciência do Design
motivada pelo problema da relevância externa (Rynes,
Bartunek e Daft, 2001). No mesmo ano, o British Journal of
Management publicou uma edição especial sobre a lacuna
de relevância na pesquisa acadêmica em administração e
sobre as formas de colmatar essa lacuna (Hodgkinson,
2001).
Três abordagens para melhorar a relevância da
pesquisa acadêmica em administração
Entre as possíveis abordagens para melhorar o uso dos
produtos da pesquisa acadêmica em administração, três
podem ser mencionadas. A primeira trata de melhorar a
comunicação com os profissionais sobre esses produtos,
assumindo que eles são válidos e relevantes, mas não são
adequadamente apresentados ao mundo dos negócios e da
gestão. A melhoria da comunicação é a solução que
Hambrick (1994) propõe e que ainda recebe muita atenção,
e com razão; ver, por exemplo, Wilmott (1994) e Kelemen e
Bansal (2002).
Uma segunda abordagem que recebe muita atenção
hoje em dia é olhar para o processo que produz esses
produtos de pesquisa. Mais particularmente, intensificar a
interação pesquisador-profissional durante esse processo
para que o pesquisador obtenha uma melhor compreensão
dos problemas de campo, suas possíveis soluções, as
necessidades dos profissionais e as complexidades de uma
comunicação efetiva com os profissionais. Como já
mencionado, este é o caso da pesquisa colaborativa e da
pesquisa do Modo 2. Claro, em nosso campo isso não é
totalmente novo, já que intensa colaboração pesquisador-
praticante tem sido praticada de várias formas sob o rótulo
de 'pesquisa-ação' (ver, por exemplo, Argyris, Putnam e
McLain Smith, 1985; Clark, 1972; Eden e Huxham, 1996;
Reason e Bradbury, 2001).
Tanto a melhor comunicação quanto a colaboração entre
pesquisador e praticante podem muito bem contribuir para
melhorar o uso de produtos de pesquisa acadêmica em
administração. Uma terceira abordagem pode ser dar uma
boa olhada na natureza desses próprios produtos. Conforme
discutido abaixo, Gibbons et al. (1994) são céticos quanto
ao potencial da pesquisa do Modo 2 para produzir
conhecimento geral. A ênfase que colocam na natureza
contextual do conhecimento produzido sugere que sua
principal ambição é a produção de conhecimento no contexto
de sua aplicação imediata, ao invés da produção de
conhecimento que pode ser transferido
21
a outros contextos. O mesmo se aplica a um segmento
significativo das abordagens de pesquisa-ação (ver, por
exemplo, Reason e Bradbury, 2001).
No entanto, nessa questão sigo Eden e Huxham (1996), que
afirmam que, para rotular uma determinada atividade
colaborativa de solução de problemas como pesquisa, ela
deve produzir conhecimento que possa ser transferido para
contextos diferentes daquele em que foi produzido.
No presente artigo, esta terceira abordagem para melhorar
a relevância da pesquisa acadêmica em administração é
perseguida.
Conhecimento descritivo versus conhecimento
prescritivo O conhecimento produzido pela pesquisa
acadêmica em administração pode ser de natureza descritiva
ou prescritiva. No primeiro caso, um determinado fenômeno
organizacional é descrito e possivelmente explicado em
termos de algumas variáveis independentes. Geralmente, o
desenvolvimento do conhecimento descritivo é orientado
pela teoria, com foco em situações existentes. O
desenvolvimento do conhecimento prescritivo, por outro
lado, é bastante orientado para o problema de campo e
orientado para a solução, descrevendo e analisando cursos
alternativos de ação para lidar com certos problemas
organizacionais.
Os autores clássicos de nosso campo, como Taylor,
Fayol e Barnard, não se esquivaram da prescrição, mas a
subsequente cientificação de nosso campo diminuiu muito a
respeitabilidade acadêmica do conhecimento prescritivo.
Isso se deve, até certo ponto, à justificativa às vezes limitada
dada para as prescrições. Uma razão mais importante pode
estar ligada a ideias fundamentais sobre a missão da
pesquisa acadêmica. Muitos investigadores sentem que a
missão de toda a investigação académica se limita a produzir
uma compreensão partilhada, ou seja, a sua missão é
descrever, explicar e possivelmente prever (ver, por
exemplo, Emory, 1985; Nagel, 1979). O desenvolvimento do
conhecimento prescritivo é considerado pouco acadêmico.
A literatura prescritiva ainda é abundante, mas agora
principalmente na forma de 'literatura de gerenciamento',
apelidada de 'literatura de Hea throw' por Burrell (1989) ou
'literatura sobre princípios' (de gerenciamento) por Whitley
(1988). De um modo geral, esse tipo de literatura é fraco em
justificação e tende a exagerar sua contribuição para a
solução de problemas. É amplamente vendido, mas –
compreensivelmente – não é apreciado pela maioria dos
acadêmicos.
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22
A tese defendida aqui é que a relevância
dos produtos da pesquisa acadêmica em administração
podem ser melhorados se incluírem também conhecimento
prescritivo ou orientado para a solução. No que segue, o
termo 'prescritivo' é evitado por causa de suas conotações
com os médicos que prescrevem certos medicamentos a
seus pacientes leigos, que, em princípio, não têm outra
escolha a não ser obedecer à prescrição. Por razões
semelhantes, o termo 'normativo' também será evitado.
Em vez disso, são usados os termos 'orientado para a
solução' ou 'orientado para o design', o que está mais de
acordo com a natureza da relação pesquisador-profissional
no campo da administração.
A fim de obter mais informações sobre a natureza desses
produtos de pesquisa, nos voltamos para disciplinas como
medicina e engenharia, para as quais a produção de
conhecimento orientado a soluções é um objetivo natural e
respeitável da pesquisa acadêmica.
A seguir, explico por que tais disciplinas podem ser chamadas
de 'ciências do design'.
A aproximação das ciências do design à
pesquisa acadêmica.
Em seu livro seminal, The Sciences of the Artificial, Herbert
Simon analisou as diferenças fundamentais entre o estudo
de sistemas naturais e a criação de sistemas artificiais
(Simon, 1969, 1996). Seguindo essa linha de pensamento,
pode-se fazer uma distinção entre 'ciências explicativas',
como física, biologia, economia e sociologia, e 'ciências do
design', como medicina e engenharia (Van Aken, 1994,
2004). A missão central de uma ciência explicativa é
desenvolver conhecimento válido para entender o mundo
natural ou social, ou – mais especificamente – para descrever,
explicar e possivelmente prever. A missão central de uma
ciência do design, por outro lado, é desenvolver conhecimento
que possa ser usado por profissionais da área em questão
para projetar soluções para seus problemas de campo.
Compreender a natureza e as causas dos problemas pode
ser uma grande ajuda na concepção de soluções. No entanto,
uma ciência do design não se limita ao entendimento, mas
também desenvolve o conhecimento sobre as vantagens e
desvantagens de soluções alternativas.
Essa distinção entre ciências explicativas e ciências do
design é, obviamente, semelhante àquela entre as chamadas
ciências “básicas” e “aplicadas”. No entanto, prefiro evitar
esses termos, pois eles sugerem
JE van Aachen
que ciências como a medicina e a engenharia apenas aplicam
os resultados das verdadeiras ciências “básicas”, negando
assim o extenso e significativo conhecimento científico que
essas ciências geram. O termo 'ciência do design' é escolhido
para enfatizar a orientação no conhecimento para o design
(de soluções para problemas do mundo real), e não na ação
em si e nas habilidades necessárias para a ação adequada,
que é o domínio dos profissionais.
Pesquisa em ciências explicativas
Nas ciências explicativas, a pesquisa acadêmica pode ser
vista como uma busca pela verdade. É orientado para a
descrição e visa o entendimento compartilhado. O produto
típico da pesquisa é o modelo causal, com as leis naturais da
física como exemplo a seguir. Se tais leis estão fora de
alcance, como nas ciências sociais, o objetivo pelo menos é
alcançar uma compreensão compartilhada de padrões
causais, compartilhada entre o pesquisador e um público
informado (Peirce, 1960). Os alunos dessas disciplinas são
treinados para se tornarem pesquisadores, o que os capacita
a contribuir para a compreensão coletiva de seu campo.
Pesquisa em ciências do design
Nas ciências do design, os objetivos da pesquisa acadêmica
são de natureza mais pragmática. A pesquisa nessas
disciplinas pode ser vista como uma busca pela compreensão
e melhoria do desempenho humano. É orientado para a
solução, usando os resultados da pesquisa orientada para a
descrição de disciplinas de apoio (explicativas), bem como
de seus próprios esforços, mas o objetivo final da pesquisa
acadêmica nessas disciplinas é produzir conhecimento que
possa ser usado no projeto de soluções. para problemas de
campo. Seus alunos são treinados em escolas profissionais
para serem profissionais capazes de usar o conhecimento
geral de sua disciplina para projetar soluções específicas
para problemas específicos. O treinamento de pesquisadores
é visto em grande parte como um subproduto e os profissionais
devem contribuir com suas disciplinas, refletindo sobre seus
casos e publicando seus insights para que possam ser
usados no tratamento de casos semelhantes. Muitos
pesquisadores acadêmicos nessas áreas iniciaram suas
carreiras como profissionais.
O produto de pesquisa típico em uma design science é a
regra tecnológica (Bunge, 1967) e não o modelo causal.
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Pesquisa em Administração como Ciência do Design
Regras tecnológicas testadas em campo e
fundamentadas
Em sua filosofia da tecnologia, uma regra tecnológica é
definida por Bunge (1967, p. 132) como 'uma instrução para
executar um número finito de atos em uma determinada
ordem e com um determinado objetivo'. Eu uso esse conceito
poderoso de uma forma um pouco mais geral. Para mim,
uma regra tecnológica é "um pedaço de conhecimento geral
que liga uma intervenção ou artefato a um resultado ou
desempenho esperado em um determinado campo de
aplicação". 'Geral' nesta definição significa que não é uma
solução específica para uma situação específica, mas uma
solução geral para um tipo de problema. (Por outro lado,
uma regra tecnológica é uma teoria de médio alcance, cuja
validade é limitada a um determinado domínio de aplicação).
Se uma regra for 'testada em campo', isso significa que ela
foi testada em seu campo de aplicação pretendido.
Se for 'fundado', isso significa que se sabe por que a
intervenção ou artefato oferece o desempenho desejado.
Uma regra tecnológica segue a lógica de 'se você deseja
alcançar Y na situação Z, então execute a ação X'. O núcleo
da regra é este X, um conceito de solução geral para um
tipo de problema de campo. O restante da regra é uma
espécie de instrução do usuário conectando o conceito de
solução com o problema de campo, incluindo indicações e
contra-indicações, ou seja, conhecimento de quando usar
o conceito de solução e quando não. O conceito de solução
pode ser um ato, uma sequência de atos, mas também
algum processo ou sistema.
Existem regras algorítmicas que podem ser usadas pelo
praticante mais ou menos como uma instrução.
Normalmente, essas regras têm um formato quantitativo e
seus efeitos podem ser comprovados com base em
observações por meio de generalização determinística ou
estatística. Mas existem outras regras com uma natureza
mais heurística, que podem ser descritas como 'se você
deseja alcançar Y na situação Z, execute algo como a ação
X'. Uma regra heurística é mais abstrata e deve ser usada
pelo praticante como um exemplo de projeto. O conceito de
solução embutido na regra é uma solução geral bem testada,
bem compreendida e bem documentada, que deve ser
usada como base para o projeto de uma variante específica
da mesma para um caso específico. Normalmente tem um
formato qualitativo. Sua natureza mais indeterminada torna
mais difícil provar seus efeitos, mas os testes de campo
podem produzir evidências de apoio suficientes.
23
A aplicação de uma regra tecnológica heurística significa
que os profissionais não precisam projetar uma solução para
seu problema a partir do zero, como seria o caso de uma
situação totalmente nova, mas que a tarefa de design
consiste em escolher o conceito de solução correto e, em
seguida, projetar um variante específica do conceito de
solução para atender a situação específica. (O projeto
variante é uma abordagem de rotina para atribuições de
projeto não radicais em engenharia: ver, por exemplo,
Fowler, 1996, para o uso de projeto variante em engenharia
mecânica.) Escolher o conceito de solução correto e usá-lo
como um exemplo de projeto para projetar uma variante
específica dele pressupõe considerável competência por
parte dos praticantes. Eles precisam de uma compreensão
completa tanto da regra quanto das particularidades do caso
específico e precisam das habilidades para traduzir o geral
no específico. Grande parte do treinamento dos alunos nas
ciências do design é dedicado ao aprendizado de regras
tecnológicas e ao desenvolvimento de habilidades em sua
aplicação. Na medicina e na engenharia, as regras
tecnológicas não são desenvolvidas para leigos, mas para
profissionais competentes.
Um exemplo de regra tecnológica algorítmica é: para
tratar o distúrbio Y em homens adultos, você administra 0,3
miligrama do medicamento X durante 14 dias. Um exemplo
de regra heurística é: para tratar a doença Y em idosos, usar
uma combinação de radioterapia e quimioterapia e adaptar
as dosagens às condições do paciente. O uso dessa regra
heurística implica que você ainda tem muito a fazer para
projetar seu curso de ação específico.
As regras tecnológicas não precisam ser formuladas no
formato dado acima; este formato é dado apenas para
descrever a lógica intervenção-resultado de uma regra
tecnológica. A descrição real de uma regra pode preencher
um artigo, um relatório ou mesmo um livro inteiro. Por
exemplo, na engenharia mecânica, um conjunto de
desenhos de um determinado sistema de transmissão com
a descrição de seu domínio de aplicação e suas vantagens
e desvantagens pode ser visto como uma regra tecnológica:
use este conceito de solução se quiser obter essas
vantagens neste aplicativo. Eu uso os termos 'regra
tecnológica' e 'conceito de solução' aqui para designar o
conhecimento geral que se pode usar para projetar uma
intervenção específica (ou série de intervenções ou sistema
ou processo) para produzir um certo resultado ou
desempenho desejado em um determinado cenário .
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24
Avanço por testes e aterramento
A humanidade tem uma longa tradição de desenvolvimento
de regras tecnológicas. O homem primitivo desenvolveu
regras para produzir artefatos como arcos e flechas, e
sociedades mais avançadas desenvolveram regras para a
construção de complexos sistemas de irrigação ao longo do
Tigre e do Eufrates, as percepções médicas de Hipócrates e
as percepções de construção de Vitru vius, para citar apenas
algumas.
Ao longo dos séculos, a engenharia e a medicina fizeram
progressos significativos, mas o verdadeiro avanço veio com
a cientificação após o Iluminismo. A cientificação transformou
esses campos de ofícios baseados na prática em disciplinas
baseadas em pesquisa. Eles usaram os métodos de
pesquisa e produtos das ciências naturais para desenvolver
regras tecnológicas testadas em campo e fundamentadas.
Suas regras foram testadas, usando os métodos das ciências
naturais e fundamentadas nas leis da natureza e outras
percepções produzidas por essas ciências. É possível, por
exemplo, projetar um avião bem-sucedido por tentativa e
erro, como fizeram os irmãos Wright, mas o projeto de outras
melhorias é muito mais eficaz e rápido se elas puderem ser
fundamentadas nos resultados de pesquisas de áreas como
aerodinâmica e materiais. Ciência. A princípio, o
desenvolvimento real de regras tecnológicas nessas ciências
do design foi feito predominantemente por profissionais, mas
mais tarde e cada vez mais por pesquisadores acadêmicos
(aos quais pode ser acrescentado que o reconhecimento
acadêmico das ciências do design envolveu uma luta bastante
longa, ver, por exemplo, Noble, 1977, para o exemplo da
engenharia nos EUA).
A medicina lida predominantemente com problemas de
melhoria, ou seja, com a concepção de tratamentos para
melhorar o bem-estar dos pacientes. Tais tratamentos são
intervenções em um dado “sistema natural”; as intervenções
são desenhadas e aplicadas para alterar alguns dos
processos operacionais existentes deste sistema natural de
forma a melhorar o seu bem-estar. Na engenharia também
encontramos problemas de melhoria, como otimizar a
produção de uma planta química, mas o problema típico de
engenharia é um problema de construção, ou seja, projetar
um novo artefato – processo ou estrutura – para certas
especificações, como desempenho e custo. Para problemas
de melhoria, a realização de um projeto significa alterar uma
entidade existente; em problemas de construção a realização
de
JE van Aachen
o design significa construir um novo artefato a partir de
materiais previamente não relacionados.
Passo agora à administração, que lida com
ambos os tipos de problemas.
Regras tecnológicas testadas em campo e
fundamentadas na gestão
O núcleo de uma regra tecnológica consiste em uma solução
geral para um tipo de problema de campo. Como já
mencionado, a solução ,geral pode ser na forma de uma
intervenção particular, uma série de intervenções ou um
sistema ou estrutura de gerenciamento, a ser usado se
alguém quiser alcançar os resultados desejados em um
determinado ambiente. Por exemplo, se sua empresa enfrenta
um ou mais concorrentes muito poderosos, use uma
estratégia de nicho. Ou, se sua empresa se depara com
laços incertos significativos com relação a futuras tecnologias
dominantes em seu setor, use o mapeamento de estradas
de tecnologia.
Ou invista em ganhar a confiança de um potencial parceiro
antes de entrar em negociações contratuais.
É claro que as regras tecnológicas atuais fornecem muito
mais informações do que as mostradas aqui. Na
administração, as regras tecnológicas e os conceitos de
solução devem ser fornecidos com 'descrições densas' (Geertz,
1973) para auxiliar seu entendimento e facilitar sua tradução
do contexto geral para o específico. Essas 'descrições
densas' devem ser baseadas no teste de campo e na
fundamentação da regra.
As regras tecnológicas na gestão podem estar relacionadas
a problemas de melhoria, como um desejado aumento de
vendas ou uma desejada redução de custos, bem como a
problemas de construção, como o desenho e implementação
de uma nova estrutura organizacional ou sistema de gestão.
Normalmente, essas regras são desenvolvidas por meio
de estudos de casos múltiplos com indução, com base em
análises de casos cruzados, impulsionando a geração de
conhecimento (ver Eisenhardt, 1989, 1991; Parkhe, 1993;
Numagami, 1998, sobre o poder do estudo de casos
múltiplos; e Brown e Eisenhardt, 1997, para um bom exemplo
de estudo de caso múltiplo). Existem dois tipos de estudos
de casos múltiplos. No estudo de caso múltiplo em
desenvolvimento, uma série de problemas de um tipo
particular é resolvida em colaboração entre o(s)
pesquisador(es) e a população local (em um tipo de pesquisa-
ação, ver, por exemplo,
Eden e Huxham, 1996). No estudo de caso múltiplo de
extração, são analisadas as melhores práticas na resolução
de problemas de um determinado tipo. Depois
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Pesquisa em Administração como Ciência do Design
Na série inicial de casos, as regras tecnológicas são
desenvolvidas por reflexão e indução e posteriormente
testadas e refinadas pela adição de mais casos (Van Aken,
2004). O estudo de caso múltiplo opera como uma espécie de
sistema de aprendizado: passo a passo, aprende-se como
produzir os resultados desejados em vários contextos.
Regras tecnológicas também podem ser desenvolvidas
com base em estudos quantitativos de larga escala, como a
regra de que se deve usar diversificação relacionada ao invés
de não relacionada ao projetar e implementar estratégias de
crescimento (Rumelt, 1972). Nesse caso, também seria muito
interessante fazer estudos de caso e análises cruzadas e
chegar a uma compreensão real do que está errado e por que
se alguém tenta estabelecer uma diversificação não relacionada
e, além disso, chegar a um entendimento mais compreensão
geral das indicações e contra-indicações para diversificação
(ver, por exemplo,
Bettis, 1981).
Além de projetos ou programas de pesquisa individuais,
as regras tecnológicas também podem ser desenvolvidas por
meio da meta-análise de conjuntos de estudos anteriores. A
revisão sistemática, brevemente discutida abaixo, pode ser
uma abordagem poderosa para fazer isso.
Justificativa por meio de testes de campo
Um elemento-chave de uma regra tecnológica resultante da
pesquisa acadêmica é a justificação. É obtido testando a regra
em seu contexto pretendido. A princípio, durante o
desenvolvimento da norma pelos próprios pesquisadores
através de uma série de casos, e posteriormente por terceiros
para obtenção de provas mais objetivas. Testes de terceiros
neutralizam as 'defesas não reconhecidas' dos pesquisadores
(Argyris, 1996), que podem cegá-los a falhas ou limitações de
suas regras. Essa ideia é emprestada do desenvolvimento de
software, onde o teste de terceiros é chamado de teste beta –
veja, por exemplo, Dolan e Matthews (1993) – e teste alfa
pelos próprios desenvolvedores de software.
O teste beta pode ser visto como um tipo de pesquisa de
replicação (ver, por exemplo, Hubbard, Vetter e Little, 1998;
Tsang e Kwan, 1999), mas sua orientação de design faz com
que tenha mais em comum com a pesquisa de avaliação de
programas sociais (ver, por exemplo, Guba e Lincoln, 1989; e
especialmente Pawson e Tilley, 1997).
O teste alfa e beta das regras tecnológicas pode oferecer
mais informações sobre as consequências intencionais e não
intencionais de suas consequências.
25
aplicação, nas suas indicações e contra-indicações, e no
âmbito da sua eventual aplicação, no seu domínio de aplicação.
Para regras algorítmicas, o teste pode levar a uma prova
conclusiva ou, pelo menos, a uma validade interna conclusiva.
A natureza mais indeterminada das regras heurísticas – e na
gestão as regras tecnológicas frequentemente serão heurísticas
– torna tal prova impossível, mas os testes alfa e beta podem
levar a evidências de apoio 'saturadas teoricamente' (Eisenhardt,
1989).
Aterramento em mecanismos generativos
Sem fundamento, o uso de regras tecnológicas degenera para
mero 'instrumentalismo', ou seja, para um trabalho com regras
de ouro teoricamente não fundamentadas (Archer, 1995, p.
153). Na engenharia e na medicina, a fundamentação das
regras tecnológicas pode ser feita com as leis da natureza e
outras percepções das ciências naturais e da vida (bem como
das percepções desenvolvidas por essas próprias ciências do
design). Na administração, o embasamento pode ser feito com
insights das ciências sociais.
Estas não são dadas na forma de leis gerais.
Aqui pode ser usado o conceito de mecanismos generativos,
um conceito retirado de Pawson e Tilley (1997). Eles
desenvolveram esse conceito em suas pesquisas de avaliação
de programas sociais, como programas educacionais e
programas de reabilitação.
O ponto de partida de Pawson e Tilley é o que eles chamam
de fórmula realista básica mecanismo 1 contexto 5 resultado.
Qualquer programa social pode ser visto como um conjunto
coerente de intervenções, aplicado em algum contexto por
algum corpo de atores para produzir determinados resultados
desejados. O mecanismo generativo é a resposta à pergunta
'por que esta intervenção (neste contexto) produz este
resultado?'. Pawson e Tilley discutem o exemplo de um
programa para melhorar a segurança de um estacionamento.
As medidas propostas incluem o encerramento do parque de
estacionamento ao público não estacionado e a introdução de
câmaras de circuito fechado de televisão (CCTV). O
mecanismo generativo para a primeira medida é que se tornará
mais difícil para potenciais infratores entrar no estacionamento.
Para a segunda medida, os possíveis mecanismos generativos
incluem que ela irá dissuadir potenciais infratores porque eles
acreditam que esta medida aumentará a chance de serem
presos. Insight sobre o
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26
mecanismos generativos podem ajudar a projetar intervenções
melhoradas. No caso das câmeras de CFTV, é importante que
as câmeras estejam bem visíveis e que existam avisos visíveis
no estacionamento chamando a atenção para sua presença.
Se o conhecimento atual for insuficiente para validar certos
mecanismos generativos putativos, outras pesquisas de
avaliação e análises de casos cruzados podem ser usadas
para fazê-lo.
Em princípio, existem dois tipos de mecanismos generativos.
A primeira é um mecanismo simples de resposta a estímulos,
sendo o efeito da intervenção (ou sistema de intervenções) a
resposta direta dos sujeitos em questão a essa intervenção.
Usando o modelo clássico de estímulo-organismo-resposta
(SOR) de Woodworth (Woodworth, 1921), pode-se chamar o
segundo tipo de mecanismo SOR, o efeito da intervenção
depende dos processos cognitivos que os sujeitos usam para
escolher sua resposta à intervenção .
O mecanismo generativo que produz o resultado da primeira
medida (o encerramento do parque de estacionamento) é de
natureza SR, enquanto o mecanismo generativo da segunda
(introdução do CCTV) é de natureza SOR; o comportamento
esperado do grupo-alvo depende de seus processos cognitivos.
Fundamentando as regras tecnológicas na gestão
Da mesma forma, na gestão pode-se fundamentar as regras
tecnológicas nos mecanismos generativos que produzirão os
resultados desejados. Mais uma vez, esses mecanismos são
a resposta à pergunta: 'Por que essa intervenção neste
contexto produzirá esse resultado?'. É claro que essa “pergunta
por que” se assemelha fortemente à questão-chave na
pesquisa orientada para a descrição, levando a algum tipo de
modelo causal. A maior diferença é que a pergunta é feita
sobre uma solução em vez de um problema. Outra diferença é
a natureza da variável independente. Na pesquisa orientada
para a descrição, esta é frequentemente uma característica
que já está presente na organização, enquanto na pesquisa
orientada para a solução é uma intervenção cuidadosamente
projetada. Além disso, pode ser redesenhado com base nas
lições aprendidas com os testes e aterramento (e testes
subsequentes). Na pesquisa orientada para a descrição, a
variável dependente é muitas vezes alguma operacionalização
da eficácia organizacional geral (que é notoriamente difícil de
explicar em termos de um número limitado de
JE van Aachen
variáveis independentes, ver, por exemplo, Lewin e Milton,
1986; March e Sutton, 1997). Na pesquisa orientada para a
solução, a variável dependente geralmente está relacionada a
alguns objetivos mais operacionais, como aumento do
reconhecimento da marca ou redução do estoque geral.
Como nas pesquisas de avaliação de programas sociais
discutidas acima, no campo da gestão as respostas para a
“pergunta por que” podem ser dadas em termos de mecanismos
estímulo-resposta ou estímulo-organismo-resposta.
Normalmente, o estabelecimento de um mecanismo SOR
envolve uma análise interpretativa (ver, por exemplo, Aram e
Salipante, 2003). Um exemplo de mecanismo gerador de SR
pode ser encontrado no controle de estoque. Se os processos
de demanda e reabastecimento não puderem ou não forem
influenciados pelo controlador de estoque, o desempenho do
sistema de controle de estoque - desempenho de entrega e
custo de manutenção de estoque - é determinado por processos
físicos "automáticos", ou seja, pela aplicação do controle de
estoque regra e a distribuição da demanda e dos tempos de
reabastecimento. Um exemplo de mecanismo gerador de
SOR pode ser encontrado na tomada de decisões estratégicas.
Segundo Wooldridge e Floyd (1990), envolver a média gerência
contribui para um desempenho superior. Esse resultado pode
ser fundamentado em dois mecanismos sociais.
Em primeiro lugar, a gerência intermediária pode fornecer
informações sólidas ao processo de tomada de decisão por
meio de seu conhecimento mais imediato das oportunidades e
ameaças enfrentadas pela empresa. Em segundo lugar,
aumenta o nível de consenso e compreensão da nova
estratégia, o que facilita a implementação. Pode-se dizer
também que a participação facilita o segundo redesenho, que
será discutido a seguir.
O teste de campo de uma regra pode fornecer insights tanto
na condução quanto no bloqueio de mecanismos generativos.
Os casos em que a regra funciona menos bem podem ser tão
interessantes quanto os bem-sucedidos, pois fornecem uma
visão dos mecanismos de bloqueio ou das limitações do
domínio de aplicação da regra.
O uso de regras tecnológicas na
prática de gestão.
"Administrar é a arte de fazer as coisas por meio das
pessoas" (como disse Mary Parker Follett). A maioria dos
gerentes é capaz de fazer as coisas sem muito planejamento,
confiando em suas redes sociais.
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Pesquisa em Administração como Ciência do Design
habilidades e na improvisação guiada pela intuição e
experiência. No entanto, a boa concepção das intervenções
e das estruturas e sistemas de gestão (doravante
denominados 'acção de gestão') pode ser uma grande ajuda
para conseguir que as coisas certas sejam feitas no momento
certo, ao custo certo. O desenvolvimento de regras
tecnológicas é baseado nessa ideia de gerenciamento como
design ou, pelo menos, como reflexão na ação (Schön,
1983).
No entanto, no desenho da ação gerencial, as regras
tecnológicas não devem ser usadas como instruções, mas
sim como exemplos de desenho. Como em outras ciências
do design, os praticantes devem escolher uma regra
tecnológica (ou conceito de solução) para seu problema
organizacional e, então, devem traduzir essa regra geral
para seu problema específico, projetando uma variante
específica dele. E, como em outras ciências do design, o
uso efetivo de uma regra tecnológica requer considerável
expertise: uma compreensão completa da regra com suas
indicações e contra-indicações, uma compreensão completa
da situação local, habilidades cognitivas em traduzir o geral
para o específico e habilidades sociais para mobilizar os
atores organizacionais para agir de acordo com o projeto.
(Dúvidas acadêmicas sobre a aplicabilidade do conhecimento
prescritivo em gestão são muitas vezes baseadas na ideia
– geralmente implícita – de que tal conhecimento deve ser
aplicado como uma instrução a ser seguida
inquestionavelmente, ao invés de uma base geral para o
desenho de uma ação gerencial específica por gerentes
competentes, ver, por exemplo, Beer, 2001.)
Em cenários organizacionais, o redesenho do geral para
o específico por um ou uma equipe de praticantes (os
agentes de mudança) deve ser seguido por um segundo
redesenho, ou seja, o desenho de seu comportamento pelos
próprios atores organizacionais e também sua construção
coletiva de novas realidades organizacionais como novos
limites departamentais (ver também a discussão sobre
conhecimento prescritivo para informar o autodesenho por
atores organizacionais em Mohrmann, Gibson e Mohrmann,
2001). No campo da organização e gestão, os projetos não
são feitos para materiais inatos ou para robôs, mas para
indivíduos e grupos que possuem auto-organização e
autocontrole. Se tudo correr bem, o design dos agentes de
mudança – geralmente confinado ao redesenho da
organização formal – condiciona o subsequente design de
comportamento e criação de realidades organizacionais
através do auto-design dos membros da organização.
27
A maior consequência desse segundo redesenho é que,
na organização e no gerenciamento, os agentes de mudança
ou designers têm muito menos controle sobre a realização
de seu projeto do que em outras ciências do design. Isso
tem vantagens, bem como algumas desvantagens. As
desvantagens incluem as incertezas que o segundo
redesenho introduz e os riscos de realização abaixo do ideal.
A vantagem é que os agentes de mudança não precisam
projetar tudo em detalhes (como eles devem fazer caso o
design diga respeito ao comportamento de robôs), mas isso
pode e deve ser deixado para o autodesenho. As ações dos
agentes de mudança podem até desencadear projetos e
estratégias emergentes eficazes (como no conhecido
esquema de Mintzberg – ver Mintzberg, 1987 – uma
estratégia realizada é geralmente uma combinação de uma
parte da estratégia projetada e de estratégias emergentes) .
Este segundo redesenho, é claro, não é gerenciado.
Normalmente, ele é monitorado e ações podem ser tomadas
se o processo de redesenho não for satisfatório.
As organizações têm uma natureza híbrida, são ao
mesmo tempo artefactos, criados pelos desígnios conscientes
dos seus fundadores e dos subsequentes agentes de
mudança, e sistemas naturais, desenvolvendo-se
naturalmente através das interações sociais entre os vários
stakeholders internos e externos e através dos seus
processos de aprendizagem. Como afirmado anteriormente,
na engenharia existem problemas de construção a serem
resolvidos pelo projeto e posterior construção ou montagem
de um artefato. Em organização e administração, pode-se
ter problemas de construção, como o projeto de um sistema
de controle de estoque ou o redesenho de uma estrutura
organizacional. No entanto, em essência, os problemas de
organização e gestão têm mais em comum com os problemas
de melhoria da medicina, que devem ser resolvidos pela
intervenção em um sistema natural, após o que os processos
desse sistema natural devem realizar a melhoria desejada.
Além disso, no caso dos problemas de construção
mencionados acima, muito ainda precisa ser desenvolvido
pelo autoprojeto subseqüente.
Esse redesenho duplo implica que existe apenas uma
relação de longa data entre a regra tecnológica formal e o
desempenho final. O redesenho do geral para o específico
é uma característica de toda ciência do design, mas os
caprichos do segundo redesenho e o fato de que na maioria
dos ambientes os fatores externos têm muito mais impacto
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28
sobre o desempenho final do que é usual em engenharia
e medicina, exige que alguém seja modesto com relação à
contribuição da regra tecnológica formal ou conceito de
solução para o desempenho final. Pode-se comparar essa
contribuição com a de uma rota bem desenhada, desenhada
em um bom mapa para uma expedição ao Pólo Sul. É um
recurso valioso para alcançar o sucesso final (chegar ao
Pólo Sul e voltar para casa com segurança), mas o sucesso
não é garantido. A qualidade das pessoas envolvidas,
liderança e recursos, perseverança e sorte também
desempenham um papel. No entanto, uma boa rota em
um bom mapa ainda é muito valorizada pelos membros da
expedição. Da mesma forma, o conhecimento de gestão
válido produzido pela pesquisa acadêmica pode ser muito
valioso, mas também não é garantia de sucesso.
Três exemplos de pesquisas voltadas para regras
tecnológicas
Alguns exemplos podem ajudar a esclarecer esta
apresentação do desenvolvimento de regras tecnológicas
em gestão. A primeira diz respeito ao desenvolvimento de
um sistema para identificar e gerenciar os riscos de
projetos de desenvolvimento de novos produtos (NPD)
por Halman e Keizer (Halman, 1994; também relatado em
Halman e Keizer, 1994). Primeiro, eles desenvolveram
uma versão do sistema por meio de uma série de estudos
de caso em desenvolvimento e, em seguida, fizeram um
teste beta e o controlaram sob a supervisão de alunos em
vários ambientes. O sistema envolve a identificação e
avaliação dos riscos tecnológicos, comerciais, financeiros
e operacionais de um projeto de desenvolvimento, a ser
realizada no final da fase de viabilidade – antes de grandes
recursos de desenvolvimento serem comprometidos – por
uma variedade de órgãos internos e possivelmente
externos especialistas, tanto em ambientes individuais
quanto em grupo. Posteriormente, um plano de ação é
desenvolvido para lidar com os riscos. Mais trabalhos
sobre este método foram publicados em Keizer, Halman e
Song (2002). Tratava-se da implementação do método
em toda a empresa por uma grande empresa multinacional.
Um segundo exemplo é o desenvolvimento por Verweij
(1997) de um método de design participativo para
redesenhar a organização do chão de fábrica de PMEs
industriais que usam operações de montagem de pequenos
lotes. As PMEs tendem a ter acesso limitado à extensa
literatura sobre produção
JE van Aachen
organização e controle e tendem a ter apenas fundos
limitados para contratar consultores para fazer o trabalho
de redesenho. O método de Verweij pretendia tornar esta
literatura disponível para as PMEs com o uso mínimo de
facilitadores externos. Com base na literatura e em um
projeto recente da UE do qual participou, Verweij
desenvolveu a chamada linguagem de descrição da
produção (PDL), na qual a configuração atual e possível
futura do chão de fábrica pode ser representada e
analisada. O PDL incluía descrições de seis diferentes
conceitos de soluções de última geração para a
organização de operações de montagem de pequenos
lotes, juntamente com suas indicações e contra-indicações.
O PDL foi testado por especialistas e por vários minicasos
de campo. Em seguida, ele desenvolveu o PDLM (método
PDL), uma forma participativa na qual o PDL pode ser
usado em projetos reais de redesenho. O PDLM foi
posteriormente testado e refinado em três projetos de
redesenho em três PMEs diferentes e provou ser bem-
sucedido. A fundamentação pode ser feita da mesma
forma que a participação na tomada de decisões
estratégicas, discutida acima: por um lado, o processo
participativo e o uso coletivo do PDL eliciaram o
conhecimento – em grande parte tácito – das pessoas no
chão de fábrica sobre as operações atuais e seus
problemas e, por outro lado, o entendimento comum e o
sentimento de propriedade da nova configuração abriram
o caminho para a implementação.
O terceiro exemplo pode ser visto como uma espécie de
teste beta da abordagem de desenvolvimento de regras
tecnológicas testadas e fundamentadas em campo, uma
vez que o presente autor não esteve envolvido neste
projeto de pesquisa. Trata-se do desenvolvimento de um
método de avaliação dos ativos intangíveis de uma
empresa por Andriessen (2003). Seu objetivo de pesquisa
– descritivo – era “desenvolver conhecimento sobre a
avaliação de recursos intangíveis, especialmente sobre as
características e finalidades da avaliação e o uso de
métodos de avaliação”, e seu objetivo de design – orientado
para a solução – era “desenvolver e testar um método para
a avaliação dos recursos intangíveis de uma organização,
bem como um plano para sua implementação' (Andries
sen, 2003, p. 12–13). O projeto começou com uma revisão
e análise de 25 métodos de avaliação existentes.
Posteriormente, com base nessas análises, um novo
método de avaliação foi desenvolvido por uma equipe de
design da qual ele participou. Isso foi feito em quatro
iterações consecutivas, cada versão sendo 'testada de
escritório' pela equipe e por
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Pesquisa em Administração como Ciência do Design
forasteiros. Em seguida, seu método foi testado em campo
em seis estudos de caso. Curiosamente, nem todos os
testes foram totalmente bem-sucedidos, o que levou a um
maior refinamento de seu método e a uma maior
compreensão das indicações e contra-indicações para seu
uso. Ele também fez um esforço de fundamentação
respondendo à pergunta 'por que o método funciona e – se
não – por que não'. Como Andriessen não esteve diretamente
envolvido em alguns dos estudos de caso, seus testes de
campo também incluíram testes beta. Em suma, o trabalho
de Andriessen pode ser considerado um bom exemplo de
desenvolvimento de regras tecnológicas testadas em campo
e fundamentadas.
As relações entre a teoria da
administração e a teoria da organização
Um número significativo de pesquisadores em nosso campo
de organização e administração sente que a pesquisa
acadêmica tem uma missão predominantemente explicativa,
uma missão de desenvolver teoria para descrever, explicar
e possivelmente prever fenômenos organizacionais. Há
muitos anos, isso induziu Miner a “sugerir uma mudança no
título da principal organização profissional para a Academy
of Organizational Science e em suas publicações para o
Academy of Organizational Science Journal e Academy of
Organizational Science Review” (Miner, 1984 , p. 304). Esta
sugestão bastante revolucionária não foi posta em prática.
No entanto, na presente discussão sobre a distinção entre
uma orientação explanatória e uma orientação de design
para pesquisa acadêmica, a sugestão de Miner pode ser
bem aproveitada ao chamar a teoria descritiva em nosso
campo de Teoria da Organização e teoria orientada para a
solução de Teoria da Administração. Como explico abaixo,
há muito potencial para fertilização cruzada entre os dois.
Uma regra tecnológica pode ser vista como uma
proposição de design (Romme, 2003), vinculando uma
determinada intervenção (ou sistema de intervenções) a um
determinado resultado, enquanto uma regra tecnológica não
testada pode ser vista como uma proposição preliminar de
design. Tal proposição compartilha importantes semelhanças
com uma proposição causal, resultante de pesquisa
descritiva, explicando o comportamento de uma ou mais
variáveis dependentes em termos do comportamento de
uma variável independente. No entanto, para ser uma
proposta de design, uma proposta deve satisfazer três
condições:
29
1. a variável dependente deve descrever algo de valor para
a organização, como desempenho financeiro ou algum
indicador de desempenho operacional, como no NPD o
tempo de processamento do desenvolvimento e nas
operações o nível de estoque;
2. as variáveis independentes devem descrever algo que
pode ser alterado ou implementado pelos projetistas,
não algo como a idade da organização; 3. a proposição
deve ter sido
testada no contexto de aplicação pretendido.
Geralmente, os resultados da pesquisa descritiva – Teoria
da Organização – podem ser traduzidos em regras
tecnológicas – Teoria da Administração – desde que
satisfaçam as condições 1 e 2.
Exemplos são:
se você deseja realizar uma mudança estratégica
complexa e de larga escala, use um processo de
incrementalismo lógico (Quinn, 1980);
na tomada de decisão estratégica, o conflito substantivo/
cognitivo pode melhorar a eficácia do processo, enquanto
o conflito interpessoal/afetivo diminui essa eficácia.
Portanto, tente neutralizar o último conflito e criar espaço
para o primeiro (Amason, 1996; Eisenhardt, Kah wajy e
Bourgeois, 1997); se você deseja descentralizar a
tomada de decisões para o nível
das unidades de negócios, não coordene suas atividades
por meio de supervisão direta, mas sim por meio da
'padronização da produção' (Mintzberg, 1979).
No entanto, os resultados ainda são proposições de
projeto preliminares, desde que não tenham sido testados
em campo como tal, cumprindo assim a terceira condição.
Quase invariavelmente, a pesquisa descritiva é uma
pesquisa retrospectiva, ao passo que o teste de regras
tecnológicas (seja teste alfa ou beta) é uma pesquisa
prospectiva. A pesquisa descritiva tende a ser analítica,
dividindo fenômenos complexos em suas partes
componentes. Pode ser parcial, concentrando-se em algum
aspecto ou componente de um todo. Por outro lado, uma
proposição de design deve ser testada de forma holística,
cada parte e aspecto dela e de seu contexto de aplicação
podem afetar seu desempenho. Além disso, sua aplicação
muitas vezes terá consequências intencionais e não
intencionais. O teste de campo holístico, implícito na
terceira condição dada acima, é essencial, pois mesmo as
regras tecnológicas solidamente fundamentadas retêm uma
Machine Translated by Google
30
personagem de caixa preta até certo ponto, com
fatores conhecidos e desconhecidos contribuindo para
seu desempenho. Esta relação holística entre uma
intervenção ou sistema de intervenções e seu resultado
foi chamada de 'causalidade de projeto' por Argyris,
em oposição à 'causalidade de componente' (Argyris,
1993, Apêndice).
Um resultado adicional importante do teste de
campo é que ele permite desenvolver regras
tecnológicas mais sofisticadas e elaboradas.
Nas palavras de Argyris (1993, Apêndice), pode apoiar para serem incluídos, tanto para projetar ações quanto
a conversão de conhecimento descritivo aplicável em
conhecimento de design acionável. Por exemplo, uma
coisa é sugerir que dar espaço ao conflito substantivo termos de compreensão do problema em questão e
e neutralizar o conflito interpessoal pode aumentar a em termos de regras tecnológicas alternativas para
eficácia da tomada de decisões estratégicas, mas
outra é colocar essas regras em prática. A
fundamentação e as evidências dos testes de campo
podem fornecer o suporte necessário no processo de
tradução da regra para intervenções específicas em
uma situação específica.
A pesquisa da Teoria da Organização pode fornecer
informações importantes para a pesquisa da Teoria
da Administração, fornecendo uma compreensão
profunda dos fenômenos organizacionais que podem
ser usados para formular regras tecnológicas
experimentais e estabelecer os mecanismos
generativos que produzem seus resultados. Por outro
lado, o teste de regras tecnológicas pode levar a
novas questões de pesquisa que podem ser
respondidas por meio de pesquisa explicativa. Tal
colaboração entre a Teoria da Organização e a Teoria
da Administração pode ser comparada à colaboração
entre as ciências da vida e a medicina e entre as
ciências naturais e a engenharia. A Teoria da
Organização resultará predominantemente da pesquisa
do Modo 1 e a Teoria da Administração do Modo 2 de pesquisa.
A chamada para mais pesquisa do Modo 2 em nosso
campo não implica que se deva acabar com a pesquisa
do Modo 1 (Hodgkinson, 2001). Pelo contrário, ambos
são necessários e é a combinação dos dois que fará
nosso campo avançar.
Uma maneira eficaz de explorar a colaboração entre
a Teoria da Organização e a Teoria da Administração
pode ser o uso da revisão sistemática: veja, por
exemplo, Pawson (2002) e Pettigrew (2001) sobre a
ideia geral de revisão sistemática, e Tranfield, Denyer
e Smart (2003). , para sua aplicação no campo da
organização e gestão. Estes últimos fornecem um
relato detalhado
JE van Aachen
de revisão sistemática como método para questionar
a literatura, relevante para uma questão de pesquisa
específica, de forma sistemática e com base em
critérios formais, previamente estabelecidos. Em tal
revisão sistemática, uma ampla variedade de literatura
pode ser incluída e usada para sintetizar todas as
conclusões válidas e provisórias sobre o assunto em
questão. Uma 'hierarquia' de evidências pode ser
usada, já que os resultados com evidências baixas na
hierarquia ainda podem ser importantes o suficiente
para pesquisas futuras. O resultado de uma revisão
sistemática pode consistir nessas conclusões, em
fazer algo a respeito. Outra saída importante consiste
em questões de pesquisa, para maior compreensão e
para mais testes e desenvolvimento de regras
tecnológicas. Desta forma, uma revisão sistemática
sólida pode fornecer uma plataforma eficaz para
sintetizar os resultados da Teoria da Organização e
da Teoria da Administração e gerar questões de pesquisa para amba
Uma palavra de cautela, no entanto. A revisão
sistemática foi originalmente desenvolvida como base
para a medicina baseada em evidências, onde a
evidência é buscada sobre a eficácia de vários
tratamentos médicos (Hunt, 1997). De acordo com
Pawson, na medicina, o resultado pretendido consiste
principalmente em 'melhores compras', ou seja, quais
tratamentos funcionam melhor. No campo da gestão
sensível ao contexto, onde, além disso, os efeitos das
intervenções são dependentes dos processos
cognitivos dos sujeitos (os mecanismos SOR), tal
abordagem limitada de intervenção-resultado pode ser muito estéril.
Portanto, nas ciências sociais, Pawson pede uma
revisão sistemática destinada a desenvolver teorias
sobre por que certas intervenções funcionam (Pawson,
2002, pp. 212, 214). Ou seja, visa o desenvolvimento
do conhecimento sobre os mecanismos geradores
(tanto RS como SOR), ligados às intervenções.
Discussão
O desenvolvimento de regras tecnológicas testadas
em campo e fundamentadas na organização e gestão
pode levantar uma série de questões, três das quais
são discutidas neste artigo.
Em primeiro lugar, o termo “regra tecnológica” pode
sugerir a alguns uma abordagem técnica e mecanicista
da administração, enquanto a ideia de
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Pesquisa em Administração como Ciência do Design
administrar como projetar pode evocar associações com a
chamada escola de design em gestão estratégica (Mintzberg,
1990), na qual o planejamento racional é a essência da
gestão (estratégica). Esperançosamente, tais preocupações
foram dissipadas pela discussão sobre o uso de regras
tecnológicas na prática gerencial atual, incluindo o redesenho
do geral para o específico, as oportunidades e problemas
do segundo redesenho pelos atores organizacionais e as
análises interpretativas necessários para estabelecer
mecanismos geradores de SOR.
A questão da generalização entre situações A seguir,
há a questão frequentemente citada do problema da
generalização. Ou melhor, 'a questão real não é a
generalização, mas a transferência', como MacLean,
MacIntosh e Grant (2002, p. 202) colocaram. Em nosso
campo, o desenvolvimento de regras tecnológicas implica
a transferência de conhecimento sensível ao contexto do
contexto em que foi produzido para outros contextos. Nesse
sentido, sigo a posição de Eden e Huxham (1996) sobre a
pesquisa-ação, que afirmam que uma atividade só pode ser
chamada de 'pesquisa', se produzir conhecimento com
validade fora do contexto em que foi produzida. No entanto,
alguns autores veem as possibilidades de tal transferência
como problemáticas: o conhecimento não é uma 'coisa' que
pode ser transferida. Eles rejeitam uma visão linear sobre
a transferência de conhecimento. Em vez disso, eles
preferem uma visão construcionista da transferência de
conhecimento (ver, por exemplo, Gergen, 1982; Gibson,
1999). Gibbons et ai. (1994), que iniciou a discussão sobre
o Modo 2 de produção de conhecimento, parecem assumir
uma posição epistemológica semelhante. Segundo MacLean,
MacIntosh e Grant (2002, p. 193), Gibbons et al. sustentam
uma 'visão da teoria como específica do contexto e transitória
no modo 2'. Aram e Salipante (2003, p. 202) consideram
que Gibbons et al. são "indiferentes ou, na melhor das
hipóteses, céticos quanto à generalização através de
situações para criar teoria" e que "fazem questão explícita
de sugerir que o conhecimento criado a partir dos processos
do Modo 2 é altamente personalizado e não codificado".
Uma indiferença semelhante à generalização entre
situações é frequentemente encontrada na pesquisa-ação
(ver, por exemplo, Reason e Bradbury, 2001). Aram e
Salipante (2003) dão um bom exemplo desse debate
epistemológico entre o potencial do geral versus o contextual.
Eles descrevem uma discussão entre
31
Ansoff e Mintzberg sobre a natureza do conhecimento
estratégico, em que Ansoff defende uma posição de
princípios gerais e Mintzberg defende uma posição
contextualista. Os princípios gerais são considerados
transferíveis, o que o conhecimento sensível ao contexto
não é. Além desse debate epistemológico, pode-se também
colocar a questão ontológica mais fundamental se existem
fenômenos gerais no mundo social sobre os quais alguém
pode desenvolver conhecimento geral.
A relutância do Modo 2 e dos pesquisadores-ação em
visar o geral é natural, pois a natureza de suas pesquisas
os torna muito mais sensíveis à natureza contextual do uso
real do conhecimento do que, digamos, o construtor de um
modelo quantitativo. com base em uma pesquisa. No
entanto, a perspectiva do design sobre o uso do conhecimento
pretende transcender essa antítese epistemológica entre o
geral e o contextual ao dizer que uma afirmação geral é
acionável na medida em que pode ser traduzida para o
contextual.
No mundo físico, temos mecanismos universais que operam
em todas as situações e que podem ser descritos por leis
gerais, como a lei de Ohm, e que são válidos em todas as
situações. Com relação ao mundo social, sigo Numagami
(1998). Neste mundo social não existem mecanismos
universais, a consciência humana e a reflexividade tornam
as leis gerais impossíveis. Mas existem padrões estáveis
observáveis nos fenômenos sociais, que são reproduzidos
pela conduta humana, consciente ou inconscientemente, e
apoiados por conhecimentos e crenças compartilhados
estáveis. Esses padrões estáveis podem ser usados como
base para declarações gerais.
Regras tecnológicas e conceitos de solução são declarações
gerais baseadas em padrões de comportamento observáveis,
que podem ser transferidos e contextualizados por meio do
processo de redesenho do geral para o específico, conforme
discutido em detalhes neste artigo.
'O conhecimento se torna ''relevante'' quando é específico
do contexto', escrevem Aram e Salipante (2003, p. 190).
Esta afirmação pode ser estendida para 'o conhecimento
geral é ''relevante'' na medida em que se sabe como pode
ser traduzido para contextos específicos'. Isso implica que
um determinado pedaço de conhecimento geral pode ser
relevante para determinados contextos e não, ou menos,
para outros.
Essa relevância não é uma dicotomia, mas sim um continuum
de muito relevante a pouco relevante.
Pelz (1978, p. 349) distingue entre conhecimento conceitual
(conhecimento-para-entender
Machine Translated by Google
32
conhecimento) e conhecimento instrumental (conhecimento-
para-ação). Em geral, o conhecimento instrumental será mais
relevante ou acionável do que o conhecimento conceitual, mas
o conhecimento conceitual também pode servir como entrada
para o desenho da ação gerencial.
Escrevendo sobre a pesquisa de avaliação de programas
sociais, Pawson (2002, p. 214) observa que 'programas não
são portáteis, ideias são'. Os programas são específicos do
contexto e, portanto, não são portáveis como tal, ao passo que
as ideias sobre tipos de intervenções e mecanismos generativos
por trás dessas intervenções são. Da mesma forma,
intervenções de gestão específicas que funcionaram no
contexto A não funcionam necessariamente no contexto B.
Mas ideias sobre tipos de intervenções (ou conceitos de
solução) e especialmente insights sobre os mecanismos
generativos relacionados a essas intervenções ou conceitos
de solução, desenvolvidos com base em análises em vários
contextos, podem de fato ser transportáveis.
'Se a administração pode ser conduzida como uma ciência do
design, por que ainda não o é?'
Por fim, há uma questão intrigante, levantada por um revisor
anônimo de uma versão anterior deste artigo: 'se a administração
pode ser conduzida como uma ciência do design, por que
ainda não o é? será que somos muito jovens e ninguém
pensou nisso ainda, ou será que não é uma ciência do design
porque não pode ser?'. Esta questão é ainda mais intrigante
quando colocada no contexto histórico. A cientificação de
nosso campo foi desencadeada pelos relatórios da Fundação
Ford e Carnegie sobre as Escolas de Administração Americanas
(Gordon e Howell, 1959; Pierson e outros, 1959), que
concluíram que o campo naquela época era pouco mais do
que um ofício baseado na experiência. No início do processo
de cientificação, que – e isso não é coincidência – ocorreu nos
anos inebriantes dos sucessos das abordagens racionais da
ciência e da sociedade (teoria dos sistemas, cibernética, o
Planning Programming and Budgeting System (PPBS), o
primeiros passos na lua), muitos achavam que a nova ciência
da administração deveria ser uma ciência do design. Por
exemplo, em seu ensaio para a primeira edição da
Administrative Science, o editor James Thompson descreveu
suas ambições com relação à nova ciência administrativa
como uma ciência de design (sem realmente usar este termo),
e acrescentou 'Uma ciência administrativa será uma
JE van Aachen
ciência aplicada, estando aproximadamente em relação às
ciências sociais básicas como a engenharia está em relação
às ciências físicas, ou como a medicina em relação às
biológicas' (Thompson, 1956, p. 103). Portanto, não é como se
ninguém tivesse pensado nisso antes. No decorrer das décadas
que se seguiram, entretanto, a orientação para o design não
se tornou a corrente principal da pesquisa acadêmica; em vez
disso, a pesquisa explicativa tornou-se a corrente principal,
seguindo os passos da maioria das outras ciências sociais.
Um exemplo tardio dessa mudança do design para a explicação
é a mudança de uma das principais revistas acadêmicas da
área, a Academy of Management Review. Ainda em 1999,
esta revista abandonou sua referência a alguma forma de
prescrição, mudando seu objetivo de publicar artigos que
'avançam a ciência e a prática da administração' (ênfase
adicionada) para um de compreensão, publicando artigos 'que
desafiam a sabedoria convencional sobre todos os aspectos
das organizações e seu papel na sociedade' (veja suas
instruções aos colaboradores, antes e depois de 1999).
Essa tendência da pesquisa acadêmica ao básico, ao
explicativo, não se restringe ao nosso campo. Herbert Simon
escreve
'O movimento em direção à ciência natural e para
longe das ciências do artificial prosseguiu mais e
mais rápido na engenharia, negócios e medicina
do que em outros campos profissionais que
mencionei. . . Tal fenômeno universal deve ter tido
uma causa básica. Tinha um muito óbvio. Como
escolas profissionais. . . estavam cada vez mais
absorvidos pela cultura da universidade geral,
ansiavam pela respeitabilidade acadêmica.' (Simon,
1996, p. 112)
Isso novamente causou uma tendência de tentar se tornar
como as disciplinas acadêmicas dominantes, para se tornar
também uma ciência explicativa. No entanto, de acordo com
Simon, há esperança. "A tese deste capítulo é que tal ciência
do design não só é possível como também vem surgindo
desde meados da década de 1970" (Simon, 1996, p. 113).
Nesta última citação, Simon está se referindo particularmente
à engenharia. No entanto, o presente artigo também foi escrito
com base na ideia de que é possível conduzir a pesquisa
acadêmica em administração como uma ciência do design. A
resposta para a pergunta por que isso já não é o caso, parece-
me ser tríplice. Para começar, hoje em dia, muitos
pesquisadores em nosso campo sentem que a missão de
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Pesquisa em Administração como Ciência do Design
toda pesquisa acadêmica deve ser explicativa, destinada a
descrever, explicar e prever.
Ao fazer isso, eles talvez ignorem o potencial da abordagem
das ciências do design para produzir produtos de pesquisa
acadêmica respeitáveis. Em segundo lugar, as recompensas
esperadas podem desempenhar um papel.
Em nosso campo, seguir as abordagens explicativas das
disciplinas acadêmicas dominantes ainda é o caminho para
a reputação acadêmica com suas recompensas em
pesquisa e outros fundos. Até agora, adotar a abordagem
um tanto menos ortodoxa das ciências do design é um
caminho mais incerto para publicações nos principais
periódicos.
A terceira razão pode ter a ver com a formação de
pesquisadores. Em medicina e engenharia, os pesquisadores
são normalmente treinados como profissionais antes de se
tornarem pesquisadores. Pesquisadores e profissionais
compartilham normas e valores no que diz respeito à
resolução de problemas de campo, bem como familiaridade
com tais problemas. Este não é automaticamente o caso em
nosso campo. No entanto, existem várias medidas que
podem ser tomadas para aliviar esse problema. Isso inclui
fazer pesquisa de caso, que expõe os pesquisadores ao
calor dos problemas de gerenciamento; fazendo pesquisa
colaborativa ou ação, o que aumenta essa exposição; e,
claro, fazer trabalhos de consultoria, o que muitas vezes é
um bom teste da relevância de suas ideias sobre gestão. Os
programas de doutorado executivo, como o programa FENIX
de Estocolmo relatado por Starkey e Madan (2001), também
podem ser um meio poderoso de infundir a comunidade de
pesquisa com conhecimentos e pontos de vista práticos.
A meu ver, nosso campo ainda não é uma ciência do
design porque somos jovens e porque ninguém pensou
nisso; não que isso não possa ser feito.
Pelo contrário, é porque em nosso campo a orientação
explicativa tornou-se a estrada para a reputação acadêmica,
por causa – veja a citação de Simon – tendências acadêmicas
comuns. Ainda assim, o caminho da abordagem do design
pode ser atraente se alguém estiver genuinamente
preocupado com a questão da relevância.
E também pode ser profundamente recompensador,
intelectualmente ou não, produzir contribuições relevantes
para a solução de problemas organizacionais relevantes.
Conclusão
Antigamente, os escritores clássicos de nosso campo não
evitavam a prescrição e, no início da
33
Após a cientificação de nosso campo, Thompson (1956)
descreveu suas ambições com relação à 'nova ciência
administrativa' em termos de uma ciência do design.
Nesse ínterim, no entanto, o interesse acadêmico pela
prescrição praticamente desapareceu, o que, a meu ver, é
uma das principais causas do problema de relevância da
pesquisa acadêmica em administração.
Usei exemplos das ciências do design, medicina e
engenharia para mostrar que a pesquisa prescritiva ou
orientada para a solução pode merecer reconhecimento
acadêmico e usei a filosofia de tecnologia de Bunge (1967)
e o trabalho de Pawson e Tilley (1997) sobre mecanismos
generativos para desenvolver a ideia da regra tecnológica
testada em campo e fundamentada como produto de
pesquisa acadêmica em administração com potencial para
enfrentar o problema da relevância.
O objetivo deste artigo é convocar mais pesquisas
voltadas para esses produtos de pesquisa orientados para
a solução – Teoria da Administração – para complementar a
Teoria da Organização mais descritiva. Este apelo está em
sintonia com os apelos para uma pesquisa de Modo 2 mais
colaborativa e voltada para problemas em nosso campo
(Starkey e Madan, 2001; Tranfield e Star key, 1998).
Complementa esta chamada com uma articulação de um
possível produto de pesquisa, a regra tecnológica testada
em campo e fundamentada, e uma análise do uso desse
conhecimento prescritivo geral na prática, em um esforço
para estimular o interesse acadêmico no desenvolvimento
de produtos de pesquisa orientados para soluções gerais
resultantes de generalizações entre situações.
A cientificação da medicina e da engenharia transformou
essas disciplinas de ofícios baseados na prática para
ciências de design baseadas em pesquisa. A cientificação
do nosso campo ainda não seguiu o exemplo, não porque
isso não possa ser feito, mas porque esse caminho é mais
difícil de percorrer. Um ditado bem conhecido sobre
mudança planejada é que as pessoas mudarão se se
depararem com a combinação de um presente problemático
e um futuro promissor.
Como discutido acima, há muito tempo a velha e espinhosa
questão da relevância constitui para muitos um presente
problemático. Espero que minha apresentação do potencial
da pesquisa do Modo 2 voltada para o desenvolvimento de
regras tecnológicas testadas em campo e fundamentadas
forneça um futuro suficientemente promissor para induzir
mudanças. A combinação da Teoria da Organização
descritiva com a Teoria da Administração orientada para a
solução, resultante da pesquisa do Modo 2, pode ser um
meio poderoso para remediar o problema de relevância de
nosso campo.
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36 JE van Aachen

Joan Ernst van Aken é professora de Ciência Organizacional na Eindhoven University of Technology.
Possui mestrado em Física Aplicada (Delft) e doutorado em Administração de Empresas (Eindhoven).
Antes de ingressar na academia, trabalhou por muitos anos como consultor, primeiro nas áreas de pesquisa
operacional e logística e depois em estratégia e estrutura. Seus interesses de pesquisa incluem gestão da inovação
e estratégias de pesquisa em ciência do design em gestão.

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