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Unidade II
5 AS TEORIAS DA ADMINISTRAÇÂO
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EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
A abordagem clássica, pioneira na ciência administrativa, nasce no século XX, com os estudos
pioneiros de dois engenheiros, que, embora em países separados e com propostas diferentes, convergiam
para uma visão que se complementava.
Essa abordagem é decorrência direta da Revolução Industrial, causada pelo crescente aumento do
número de indústrias bem como pelo acirramento da concorrência.
• Escola da administração científica, que ocorreu nos EUA e teve como principal personalidade
Frederick Winslow Taylor, dando ênfase para as tarefas organizacionais.
• Escola dos anatomistas e fisiologistas da administração, que ficou conhecida como teoria clássica
da administração. Seu maior nome foi Henri Fayol. Aconteceu na França, dando ênfase para a
estrutura organizacional. Essa abordagem é decorrência direta da Revolução Industrial.
Essas duas correntes, embora em locais diferentes, aconteceram na mesma época (início do século XX)
e tiveram muitos pontos em comum, de forma que são consideradas juntamente numa proposta que
leva o nome de abordagem clássica.
Perceberemos ao longo dos estudos que as teorias clássica e científica têm vários pontos em comum,
mas há algumas questões em que os teóricos divergiam. E é justamente nessas divergências que as
teorias vão ganhando novos estudos, novos conceitos e novas aplicações.
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Unidade II
• preocupação com a organização formal; “é o nome dado à organização oficialmente adotada pela
empresa e retratada pelo organograma” (CHIAVENATO, 2003b, p. 94);
Os estudos da administração científica surgiram em 1903, nos EUA, liderados por Frederick W.
Taylor. Considerada como a primeira teoria no campo da administração, o desenvolvimento dessa teoria
pode ser representado pela própria trajetória de vida de seu principal autor, Taylor, que começou como
operário e supervisor em uma grande indústria e, por ter estudado engenharia, atingiu altos cargos de
direção em sua vida.
Essa teoria pode ser usada em organizações que aprendem devido à sua capacidade de ser
matematicamente experientes para produzir os melhores resultados para uma instituição. A teoria pode
ser dura, pois os funcionários são considerados mais fatores produtivos do que humanos.
Luís da Silva é o gestor de uma linha de produções da indústria Frio Quentinho Ltda. Silva é responsável
por duzentos funcionários, que produzem 20 mil cobertores por ano. A Frio Quentinho tem percebido
em suas contas que está perdendo mercado, pois o seu principal concorrente consegue produzir, com
esse mesmo número de funcionários, 30 mil cobertores por ano. Luis da Silva foi cobrado pela diretoria e
deverá melhorar a produtividade, alcançando ou até mesmo superando esse concorrente. Nessa situação
o que deveria ser feito?
Uma das ações de Luís da Silva foi aplicar os princípios da teoria de Taylor, adotando o que Taylor
afirmava ser o principal objetivo da administração: assegurar o máximo de prosperidade à organização
e, ao mesmo tempo, o máximo de prosperidade ao funcionário. Para isso, Taylor focou seus estudos em
tentar eliminar desperdícios e especializar as tarefas dos funcionários. Para ele, a eficiência do trabalho
está ligada a se produzir o máximo com a maior economia possível de esforço. Para alcançar seus objetivos,
Taylor dividiu as atividades de execução (operários), planejamento e supervisão (administração).
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EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
Assim, caberia aos operários produzir e executar os processos da linha de produção, enquanto ficaria a
cargo da administração planejar e supervisionar o trabalho dos operários.
Nessa teoria, a empresa era vista como um sistema fechado, isto é, os indivíduos não recebiam
influências externas. O sistema fechado é mecânico, previsível e determinístico. Os estudos da teoria
administrativa foram divididos em dois momentos: a organização racional do trabalho (ORT) e, num
segundo período, denominado administração científica.
• supervisão funcional;
• princípio da execução;
• Foram implantados a seleção e o treinamento científico dos trabalhadores, de modo a garantir que
cada tarefa fosse executada por quem tivesse condições físicas para isso e, consequentemente,
houvesse maior produtividade dos operários em suas tarefas.
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Unidade II
• Foram pesquisadas as condições de trabalho, envolvendo o próprio ambiente físico, tal como
ventilação, iluminação, limpeza e as ferramentas utilizadas, considerando sua proximidade,
condições de uso etc.
• Houve a preocupação em reduzir condições que elevassem a fadiga do operário, para que sua
produção não fosse prejudicada.
• Um operário poderia ter mais de um supervisor, e este poderia ter mais de um operário supervisionado.
Observação
O segundo momento dos estudos de Taylor foi marcado pela publicação, em 1911, de seu livro
The principles of scientific management. Foi por esse motivo que o período ficou conhecido como
administração científica. Nessa obra Taylor estabelece quatro princípios da administração geral e
como adequá-los aos níveis gerenciais das organizações:
• princípio do planejamento;
• princípio do preparo;
• princípio do controle;
• princípio da execução.
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EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
A teoria científica, com ênfase nas tarefas, foi estruturada por Taylor em 1903, como mostrou
Maximiano (2000b). Por enfatizar as tarefas, a administração científica baseou-se na busca pela eficácia
organizacional através da racionalização do trabalho no nível operacional. Para tal, Taylor acreditava
que a organização deveria ser estudada tendo como ponto de partida os operários, ou seja, de baixo para
cima. Ele foi o primeiro a defender a administração como uma ciência carente de estudos e descobertas.
Para Taylor a eficiência do trabalho estava ligada a se produzir o máximo com a maior economia possível
de esforço. Para isso, era necessário contratar pessoas dispostas e especializá-las na função específica.
Para evitar a fadiga e o ócio, Taylor propunha melhores salários, pois acreditava que o funcionário era
motivado pelo aspecto financeiro. A empresa era vista como um sistema fechado, isto é, os indivíduos
não recebiam influências externas. O sistema fechado é mecânico, previsível e determinístico. A teoria
científica pode, portanto, ser considerada uma abordagem “de baixo para cima” e “das partes para o todo”.
Lembrete
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• os funcionários passaram a se sentir mais valorizados e isso fez com que exercessem seus ofícios
com mais prazer; sentiam-se mais acolhidos pela empresa;
• ambiente de trabalho agradável tanto para o chão de fábrica quanto para a diretoria, evitando
distúrbios e conflitos que podem gerar situações negativas dentro da empresa (por exemplo,
greves e desestímulo);
Saiba mais
Vamos retomar o gestor Luís da Silva, citado no exemplo inicial na teoria científica. Ele continua
seu desafio em melhorar a produtividade da organização. Mas agora Silva assumiu a direção geral da
empresa Frio Quentinho e precisa organizá-la e torná-la produtiva, já que está perdendo eficiência e
clientes. A empresa está em desordem, com empregados fazendo trabalhos em duplicidade e seguindo
várias orientações ao mesmo tempo. O que Luís da Silva deve focar, então, nesse momento? A variável
estrutura organizacional, e é com base nessa estrutura que Fayol desenvolveu seus estudos.
A teoria clássica da administração foi idealizada a partir de 1916 pelo engenheiro francês Henri
Fayol. Ele apresentou essa teoria em seu livro Administration industrielle et générale e se pautou na
variável estrutura organizacional.
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Essa teoria caracterizou-se pela ênfase na estrutura organizacional e por constantes buscas pela
eficiência. Fayol acreditava que a organização deveria ser vista de cima para baixo, tendo os gerentes
e diretores como os primeiros a mudar seu modo de pensar e agir. Fayol desenvolveu os conceitos
clássicos da administração, conhecidos como planejar, organizar, comandar, coordenar e avaliar.
Em sua teoria, ele enfatizou a organização formal, os princípios gerais da administração (divisão
do trabalho; autoridade e responsabilidade; disciplina; unidade de comando; unidade de direção;
subordinação dos interesses individuais aos gerais; remuneração do pessoal; centralização; linha
de comando; ordem; equidade; estabilidade dos funcionários; iniciativa; espírito de equipe) e a
função do administrador (MAXIMIANO, 2000b).
Prever
Controlar Organizar
Teoria
clássica
Coordenar Comandar
Hoje tais componentes da função administrativa são conhecidos como planejamento, organização,
direção e controle (P-O-D-C).
Henri Fayol desenvolveu as seis funções de gerenciamento. Isso trouxe uma abordagem mais
humanística para a compreensão da gestão científica, permitindo que os seres humanos sejam humanos
e focando mais em gerenciar situações e usar pessoas para ajudar no processo. Fayol definiu que a
organização era um conjunto de seis funções, a saber:
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Unidade II
Fayol definia os elementos fundamentais da estrutura organizacional e de sua gestão assim: a divisão
da empresa em partes (departamentos) mostrava claramente que atividades similares e sobre o mesmo
assunto deveriam ser agrupadas numa mesma função, especializando sua atuação. Do mesmo modo,
independentemente de qual das cinco funções estivesse sendo tratada, a sua gestão (administração)
seria executada pela sexta função, a função administrativa.
O estudioso ainda apontou em seus estudos que existia uma proporcionalidade no uso da função
administrativa. O que isso quer dizer? Que a função administrativa não acontece apenas no topo da
empresa (gerência e diretoria), mas está distribuída ao longo de todos os níveis hierárquicos. Para Fayol,
porém, quanto mais elevado fosse o nível hierárquico da organização, maior seria a proporção da
função administrativa em relação às outras cinco funções. E o inverso também era verdadeiro: quanto
mais baixo o nível hierárquico, menor seria a participação da função administrativa em relação às
demais funções. Essa proporcionalidade está ilustrada na imagem a seguir:
Prever
Organizar
Comandar Níveis hierárquicos mais altos
Coordenar
Controlar
Então, Fayol apresentou 14 princípios gerais que deveriam nortear a aplicação da administração
como ciência:
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• divisão do trabalho;
• autoridade e responsabilidade;
• disciplina;
• unidade de comando;
• unidade de direção;
• remuneração do pessoal;
• centralização;
• cadeia escalar;
• ordem;
• equidade;
• estabilidade do pessoal;
• iniciativa;
• espírito de equipe.
Lembrete
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• referência;
• setorização;
• equipe;
• equidade;
• estabilidade.
• controle;
• menor desperdício;
• setorização;
• unidade de comando.
• preocupação com a organização formal: “é o nome dado à organização oficialmente adotada pela
empresa e retratada pelo organograma” (CHIAVENATO, 2003b, p. 94);
• obediência de operários.
Já as divergências são:
• A base do estudo. Enquanto Fayol defendia que a organização deveria ser analisada de cima para
baixo, mostrando uma visão mais gerencial, Taylor estudou as organizações de baixo para cima,
tendo como base a produção e o operário para resultados na produtividade.
A teoria clássica é usada até hoje em diferentes empresas de diferentes portes e segmentos.
As divisões de trabalho (estruturas) organizacional e o desenvolvimento técnico de cada setor da
empresa têm bases nessa estrutura; por outro lado, a teoria clássica deixou como legado para os dias
de hoje a obsessão pelo comando e o excesso de controle da equipe.
Citemos mais uma vez Luís da Silva, a personagem do nosso exemplo. Ele ainda é diretor da Frio
Quentinho, e no processo de reordenação dos processos da organização ele detectou que não existia um
padrão produtivo dos cobertores e que nem todos os colaboradores estavam preparados para atuar nas
funções que estavam exercendo. Então, Silva passou a estudar a teoria burocrática.
Hoje a burocracia nos remete muito a excesso de formalidade, atrasos, muitos níveis hierárquicos e
excesso de papel.
Figura 15 – Burocracia
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Entretanto, na década de 1940, quando essa teoria foi desenvolvida, seu significado era bem diferente
do que temos hoje. A teoria burocrática está relacionada à estrutura e ao processo administrativo da
organização e foi idealizada por Max Weber, considerado o pai da burocracia. O que é burocracia? O termo
burocracia significa regras e regulamentos, processos, procedimentos e padrões que são formulados
para reduzir a complexidade do funcionamento da organização.
Segundo Max Weber, a organização burocrática é o meio mais racional de exercer um controle vital
sobre os trabalhadores individuais. Uma organização burocrática é aquela que possui uma hierarquia
de autoridade, força de trabalho especializada, princípios, regras e regulamentos padronizados, pessoal
administrativo treinado etc.
A teoria burocrática de Weber difere da organização gerencial tradicional nesse sentido; é impessoal e
o desempenho de um indivíduo é julgado por meio de atividades baseadas em regras e as promoções são
decididas com base em seus méritos e desempenho. Além disso, existe uma hierarquia na organização,
que representa as linhas claras de autoridade, permitindo a um indivíduo conhecer seu supervisor
imediato, a quem ele é diretamente responsável. Isso mostra que a burocracia tem muitas implicações
em vários campos da teoria organizacional.
• profissionalismo: significa que a burocracia é formada por funcionários, com uma carreira
profissional e meios de subsistência.
• Caráter legal das normas e dos regulamentos. É baseada em legislação própria e previamente
estabelecida e possui caráter legal porque confere às pessoas nomeadas em cargos o poder de
coação sobre os subordinados.
• Caráter formal das comunicações. Na burocracia, comunicações, regras e decisões são escritas, criando
a formalidade com o preenchimento de formulários e a rotina que advém desse procedimento.
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EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
• Hierarquia da autoridade. Segundo o princípio da hierarquia, cada cargo inferior deve estar sob o
controle e supervisão de um posto superior.
• Competência técnica e por mérito. A escolha do profissional é feita por meio de méritos adquiridos e
na competência técnica. São usados critérios de avaliação e classificação para toda a organização.
Patriarcal e patrimonialista
Clã
Conservadorismo Forma:
Tribo Tradição, hábitos,
Tradicional Não é racional – patrimonial
Família usos e costumes
Poder herdado ou delegado – feudal
Sociedade medieval
Baseada no “senhor”
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• Por fim, e não menos importante, vem a autoridade legal. Nesse modelo de autoridade, Weber
aponta que as principais características são a racionalidade dos meios e dos objetivos. Para ele,
a designação dessa autoridade é legal, racional, impessoal, formal e meritocrática. Ele cita como
exemplo os cargos de liderança em grandes organizações.
Observação
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EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
De acordo com essa teoria, as vantagens da burocracia são: racionalidade dos objetivos; precisão
na definição do cargo e na operação; rapidez nas decisões; única interpretação de informações
recebidas; uniformidade de rotina e procedimentos; continuidade da organização; redução dos conflitos
interpessoais; decisões tomadas nas mesmas circunstâncias; confiabilidade; e benefícios para as pessoas
da organização.
Por outro lado, as desvantagens consistem em: internalização das regras e apego aos regulamentos;
excesso de formalismo e de papelada; resistência às mudanças; despersonalização do relacionamento;
categorização como base do processo decisório; apego às rotinas e aos procedimentos; exibição de
sinais de autoridade; dificuldade no atendimento a clientes; e conflitos com o público.
Lembrete
De forma geral, a teoria burocrática é uma corrente baseada no trabalho de Max Weber, que
descreve as características do modelo burocrático da organização. Weber acreditava na racionalidade
organizacional acima de qualquer outro fator administrativo. Dizia, ainda, que a autoridade burocrática
é a base da eficiência de uma organização. Essa teoria afirmava que as organizações necessitam ter
cargos formalmente bem definidos, ordem hierárquica com linhas de autoridade e responsabilidades bem
apresentadas. A burocracia, para Weber, detalha, padroniza e rotiniza as atividades de uma organização
(MAXIMIANO, 2007). O grande objetivo da burocracia é a busca da previsibilidade de funcionamento da
organização.
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Unidade II
Observação
Para Weber, a burocracia não era algo que criasse obstáculos nos
processos. Para ele, a burocracia era um modelo técnico-administrativo,
composto por profissionais especializados que executavam as atividades
pautadas em um padrão.
Exemplo de aplicação
Vamos listar as práticas burocráticas da organização em que você atua? Liste os processos, padrões,
normas e regulamentos. Depois, classifique-os em benefícios ou obstáculos e analise se a burocracia
de Weber contribuiu ou atrapalhou o andamento das atividades em sua empresa.
A teoria burocrática é utilizada pelas organizações nos dias de hoje quando são fixadas regras,
rotinas e hierarquias, definindo-se que o desenvolvimento do funcionário será por meritocracia.
Contudo, quando o excesso de burocracia prevalece, impedindo o bom desenvolvimento da empresa,
dizemos que o lado negativo da burocracia está sendo a base da organização, ou seja, empresas que
têm resistência a mudanças tornam o relacionamento entre seus funcionários despersonalizado,
engessam procedimentos; de fato, estão sendo influenciadas pelo negativismo burocrático.
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EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
Essa abordagem surgiu para contrapor a teoria da administração científica e a teoria clássica. Com a
abordagem humanística, o foco sai da tarefa ou da organização e passa para as pessoas, como o próprio
nome sugere. A abordagem humanística da administração surgiu por volta da década de 1930, nos EUA,
com o nascimento da teoria das relações humanas.
A teoria das relações humanas ganhou força em 1932, quando o mundo se recuperava da crise de 1929.
Tendo como foco as pessoas, essa teoria investigava a motivação, a liderança, a comunicação e a dinâmica
de grupos, sempre tendo como referência o indivíduo (MAXIMIANO, 2000b). A teoria das relações
humanas tenta mostrar que o homem não pode ser visto tão mecânico como nas teorias clássicas e
científica, ele sofre influências do meio em que vive e está motivado a atender suas necessidades. Esse
meio, que gera influência no homem, e suas necessidades interferem na produtividade do funcionário.
Os estudos de Elton Mayo, criador dessa teoria, mudaram o foco do homo economicus e o trabalhador
passou a ser visto como homo social.
Essa teoria pode ser considerada como “uma reação aos conceitos pregados pela teoria clássica”,
conforme frisa Chiavenato (2003b, p. 101).
Trata-se de uma corrente teórica que se fixa, a partir de 1932, com um enfoque totalmente contrário
ao que propunha a abordagem clássica da administração.
A abordagem clássica tinha uma visão completamente formal da organização, voltava-se para as
suas tarefas e para a sua estrutura, preocupando-se muito pouco ou quase nada com as pessoas no
trabalho, além dos aspectos de técnicas, disciplina, métodos, padronização, uso de ferramentas, tempos
e movimentos, ou seja, relações com a tarefa. Foi uma abordagem moldada por engenheiros e, por esse
motivo, contaminada por uma visão tecnicista do trabalho, de acordo com a concepção imperante
em sua época.
A teoria das relações humanas, ao contrário, foi uma escola criada sob uma ótica psicossocial, uma
vez que seus principais pesquisadores eram psicólogos e cientistas sociais. Seu enfoque concentrou-se
nas relações informais das pessoas na organização.
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Unidade II
Segundo Chiavenato (2003b, p. 101), alguns aspectos condicionam o aparecimento dessa teoria:
Antes de essa teoria ser aceita, já se anunciavam, ainda no segundo período de Taylor, movimentos
humanísticos nos estudos de pesquisadores que podem ser chamados de teorias transitivas. Não constituíam
ainda a teoria das relações humanas, mas prepararam o terreno para que ela aparecesse.
Os principais nomes desse período são: Hugo Munstenberg, Ordway Tead, Mary Parker Follett e
Chester Barnard.
A experiência de Hawthorne
• Na primeira fase, estudou-se o efeito da iluminação sobre o rendimento dos operários. Ficou
comprovada a preponderância do fator psicológico sobre o fator fisiológico, ou seja, os operários
reagiam às experiências muito mais de acordo com as suas suposições pessoais do que às
condições reais de iluminação.
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EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
• A terceira fase voltou-se para a pesquisa das relações humanas no trabalho em toda a organização,
criando-se um grande programa de entrevistas com o objetivo de conhecer o que os operários
pensavam e sentiam quanto ao trabalho.
• Na quarta fase, um grupo experimental foi observado em relação aos outros grupos do
departamento para analisar a organização informal dos operários. O observador constatou que
esse grupo desenvolveu métodos para assegurar suas atitudes e criou regras para estabilizar
a produção nos níveis interessantes para o grupo, punindo todos os colegas que quebrassem
essas regras e prejudicassem o grupo. Essa fase permitiu estabelecer relações entre a organização
informal dos empregados e a organização formal da fábrica.
• as recompensas e sanções sociais produzidas pelo grupo para os seus componentes eram mais
poderosas que as recompensas financeiras da organização;
• os grupos informais existiam e às vezes tinham força maior que os grupos formais da organização;
Com essas conclusões, a teoria das relações humanas deslocou o foco de estudos dos aspectos
formais das tarefas e da estrutura da organização para a preocupação com as pessoas e com a
organização informal.
De acordo com o que apresenta Chiavenato (2003a), a teoria das relações humanas influenciou
diretamente estudos da administração, que se voltou para temas como:
comportamental, teoria que aparece décadas mais adiante. Também se iniciam os estudos sobre
as necessidades fisiológicas, psicológicas e de autorrealização sobre ciclo motivacional e moral
e clima organizacional. Caso a necessidade não tiver sido plenamente satisfeita por qualquer
barreira ou obstáculo que ocorreu, isso poderá levar ao sentimento de frustração, o que provocará
desequilíbrios e reações diversas no indivíduo.
• Preocupação com a liderança e sua influência sobre o comportamento das pessoas. Conceitua-se
liderança e são estabelecidas teorias a seu respeito, como mostra a figura a seguir:
Características
Teorias de traços de marcantes de
personalidade personalidade possuídas
pelo líder
Maneiras e estilos
Teorias sobre estilos de comportamento
de liderança adotados pelo líder
Adequação do
Teorias situacionais de comportamento do líder
liderança às circunstâncias da
situação e dos liderados
Figura 16 – Liderança
Entre essas teorias de liderança, destaca-se o estudo dos estilos, realizado por White e Lippitt, os
quais podem ser resumidos no quadro seguinte:
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EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
A teoria das relações humanas é utilizada nos dias de hoje quando se trabalha com a interação
entre a organização e o funcionário, respeitando seus objetivos pessoais e tentando conciliá-los
aos empresariais. Além disso, empresas em que o RH se importa com o bem-estar, a motivação
de sua equipe e o ambiente de trabalho está usando os preceitos da teoria das relações humanas.
Negativamente, podemos dizer que a teoria das relações humanas deixou como legado o foco
excessivo nos grupos informais, e o fato, de muitas vezes, as organizações perceberem o indivíduo
de forma isolada, e não no grupo que deve interagir.
Conforme Chiavenato (2003b), essa abordagem teve Peter Drucker como seu principal representante.
Surgiu em 1954, nos EUA, estudando as variáveis tarefas, a estrutura organizacional e as pessoas. Outros
nomes importantes dessa teoria: Dale, Koontz, O´Donnell, Jucius, Newman, Davis, Terry, Hurley e Allen.
Chiavenato (2003b) informa que no início da década de 1950 houve uma grande remodelação nas
teorias da administração em razão de todo o quadro econômico, político e social do mundo.
• ênfase na prática da administração: valorização dos resultados concretos e palpáveis por meio
do pragmatismo;
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Unidade II
• reafirmação dos postulados clássicos: de certa forma, é uma reação à teoria humanista, pois
retoma os conceitos da teoria clássica, relegados por esta;
• ênfase nos princípios gerais da administração: procuram estabelecer princípios gerais que
sirvam a todo tipo de organização, tais como planejar, organizar, dirigir e controlar;
A administração é vista como uma técnica social, pois consiste em orientar, dirigir e controlar os
esforços de um grupo de indivíduos para um objetivo comum.
Saiba mais
Eficiência Eficácia
Ênfase nos meios Ênfase nos resultados
Fazer corretamente as coisas Fazer as coisas certas
Resolver problemas Atingir objetivos
Salvaguardar recursos Otimizar o uso de recursos
Cumprir tarefas e obrigações Obter resultados
Treinar os subordinados Dar eficácia aos subordinados
Manter máquinas Máquinas em funcionamento
Frequentar a igreja Praticar valores religiosos
Rezar Ganhar o céu
Jogar futebol com arte Ganhar o jogo
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EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
Quadro 12
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Unidade II
• O planejamento tático, que é a apropriação, por meio de cada departamento, da parte que lhe
corresponde no planejamento estratégico. Nesse planejamento, cada órgão detalha suas ações
que devem convergir para o que o planejamento estratégico definiu. São fixadas estratégicas
específicas para cada departamento, que, por serem componentes das estratégias organizacionais,
recebem o nome de táticas.
Estratégia Tática
Envolve a organização como uma totalidade Refere-se a cada departamento ou unidade
É um meio para alcançar objetivos organizadores É um meio para alcançar objetivos departamentais
É orientada para o longo prazo É orientada para o médio ou curto prazo
É decidida no nível institucional da organização É definida no nível intermediário pelo gerente
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EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
6. Operacionalização da estratégia.
A teoria estruturalista surgiu em 1947. A teoria estruturalista, tal qual a teoria da burocracia, faz
parte da abordagem estruturalista. O foco dessa teoria está na estrutura e no ambiente, e ela mostra
a organização como sendo um sistema aberto, capaz de se relacionar com o ambiente e com outras
organizações. Para os estudiosos dessa teoria, o todo (organização) é composto por partes que se
inter‑relacionam (CHIAVENATO, 2003b).
De acordo com Chiavenato (2003b), essa abordagem surgiu nos EUA e estudou as variáveis tarefa
e ambiente. Seus representantes foram: James D. Thompson, Victor A. Thompson, Peter M. Blau, David
Sills, Burton Clark, Jean Viet, sendo o mais conhecido deles Amitai Etzioni.
• foi uma síntese, inspirada nas teorias de Weber, das abordagens clássicas e das relações humanas,
na tentativa de oferecer respostas que essas duas teorias não conseguiram dar;
• havia a influência do estruturalismo nas ciências sociais que repercutia no estudo das organizações;
Nesse instante, é preciso fazer algumas considerações essenciais sobre a abordagem estruturalista.
Com base em Chievenato (2003b) são as seguintes: as organizações constituíam a forma dominante de
instituições na sociedade moderna: o homem passa a depender delas para nascer, viver e morrer.
Os estudiosos dessa abordagem, com uma ótica fortemente marcada pela sociologia quanto às
organizações, abriram o enfoque que era voltado para dentro delas e tentaram relacionar a organização
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Unidade II
com o ambiente externo, que é entendido, de forma ampla, como sociedade. Essa postura altera a visão das
pessoas, que passam a ser vistas como executoras de vários papéis diferentes, em organizações diversas.
As relações entre as partes e o todo devem ser compreendidas. Assim, as organizações formal
e informal (internamente), todos os tipos diferentes de organização (externamente), bem como as
sanções e recompensas relacionadas com comportamento das pessoas devem ser objeto da análise
organizacional. Também são estudados objetivos organizacionais que representem as intenções
das organizações na busca por compreender sua eficiência e eficácia.
Talcott Parsons (apud CHIAVENATO, 2003b, p. 296) indica uma nova nomenclatura para os níveis
organizacionais já conhecidos:
Institucional
Gerencial
Técnico
São propostas tipologias que facilitam essa análise e comparação organizacionais. São acentuados
o conceito de conflitos e de dilemas pela primeira vez na teoria administrativa.
A teoria estruturalista, então, desvenda as organizações, concorrendo para sua visão de sistemas
abertos. Constitui-se numa escola de transição, rumo à teoria de sistemas.
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EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
A tipologia de Blau e Scott trata dos tipos de organizações a partir de seus beneficiários
principais, a saber:
• As coercitivas usam como tipo de poder o coercitivo, controlado por prêmios e punições.
Os participantes são controlados por coação e imposição, força, ameaça e medo, provocando
alienação com base no temor. Como exemplo, Etzioni cita as penitenciárias.
• As normativas (poder normativo) têm controle moral e ético sobre os participantes, por meio
da convicção, fé, crença e ideologia. Têm cunho moral e motivacional como autoexpressão. São
representadas por igrejas, hospitais e universidades.
A partir dessas classificações, ficou mais fácil compreender, estudar e relacionar as organizações
num contexto mais amplo, o ambiente, constituído por organizações interdependentes que compõem
a sociedade.
A teoria estruturalista apresenta, pela primeira vez, na teoria administrativa, os conceitos de conflito
e de dilema: o conflito representa um choque de interesses que são gerados pelas mudanças e que,
por sua vez, geram mudanças. Ele pode ser atenuado, resolvido e, às vezes, não resolvido. O dilema
expressa uma situação diante de dois interesses irreconciliáveis entre si: o alcance de um impede o
alcance do outro.
O principal dilema das organizações é expresso pelos pontos antagônicos: a ordem e a liberdade.
As organizações oscilam entre eles. A ordem é representada pela coordenação, pela disciplina burocrática
e pelo planejamento centralizado, enquanto a liberdade é caracterizada pela comunicação livre, pela
especialização profissional e pela iniciativa individual. As organizações têm que escolher dentro desse
dilema como se comportar, optando para qual dos lados deve definir-se.
73
Unidade II
Outra contribuição nessa abordagem é dada por autores extremamente críticos, que, por meio de
publicações de obras irreverentes (sátiras), mostraram incoerências da administração. São eles: Northcote
Parkinson, Peter e Hull, Thompson e Anthony Jay.
• essa teoria desloca o foco, que estava no indivíduo e no grupo, para a organização como um todo
e, mais recentemente, para a relação da organização com o ambiente;
• dupla tendência teórica: foco na análise da organização como um todo e nos seus conflitos;
• análise organizacional mais ampla: abre-se o foco para qualquer tipo de organização, não
apenas indústrias;
• inadequação das tipologias organizacionais: são tipologias simples e unidimensionais, que reduzem
a classificação das organizações a uma única variável para ser possível a sua comparação;
• teoria da crise: o foco da análise das organizações complexas recai mais sobre os seus problemas
do que sobre sua normalidade;
• teoria de transição e de mudança: estabelece clima para outras teorias, tais como a teoria
de sistemas.
As influências da teoria estruturalista hoje são vistas nas organizações quando seus
administradores praticam a gestão com visão ampla e flexível. Essas organizações objetivam a
integração entre estrutura/funcionário/motivação/objetivos/méritos, buscando a origem dos
problemas para uma solução definitiva. Contudo, o estruturalismo também deixa sua marca
negativa, quando simplifica demais as organizações e os processos para poder compará-la a outras
organizações e sistemas.
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EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
Tal qual a teoria das relações humanas, a teoria comportamentalista tem seu foco nas pessoas e insere
a psicologia como uma ciência interferente na administração. A teoria comportamentalista redimensiona
e atualiza os conceitos das relações humanas. No comportamentalismo existe uma integração entre
os objetivos individuais e organizacionais. Por isso, os estudiosos defendiam a cooperação entre os
membros. Para os teóricos dessa corrente, os administradores devem organizar essa cooperação, pois
os operários passam a cooperar quando aceitam os objetivos da organização (CHIAVENATO, 2003b).
De acordo com Chiavenato (2003a), essa abordagem surgiu nos EUA em 1957. Estudou as variáveis
pessoas e ambiente e teve como principais representantes: Argyris, Barnard, Bennis, Herzberg, Likert,
Maslow, McClelland, McGregor e Simon.
Por se tratar de uma extensão da teoria das relações humanas, enriquecida por novos estudos de
psicologia organizacional, essa teoria é a mais profunda influência das ciências do comportamento
na administração.
Neste livro-texto são abordados os seguintes aspectos trabalhados pela teoria comportamental:
• motivação humana;
• estilos de administração;
• sistemas de administração;
• processo decisório.
Motivação humana
Novos estudos foram desenvolvidos, contemplando a motivação humana, por nomes como McGregor,
Maslow e Herzberg. Estava definitivamente aceita a proposição de que o administrador deveria conhecer
os mecanismos motivacionais humanos para poder dirigir adequadamente as organizações por meio
das pessoas.
O modelo de Abraham Maslow acentua uma explicação para os motivos que levam as pessoas a
fazerem as coisas. A compreensão disso certamente auxiliaria os gerentes a trabalhar com esses vetores
para conseguir melhores resultados nas relações organizacionais.
O modelo que consta de cinco tipos de necessidades, devidamente hierarquizadas, e que teriam o
poder de mover as pessoas nas suas ações, é o seguinte:
75
Unidade II
Necessidades de
autorrealização
Necessidades de estima
Necessidades sociais
Necessidades de segurança
Necessidades fisiológicas
Maslow afirmava que a capacidade de motivar uma pessoa (poder motivacional) estaria numa
dessas cinco necessidades, conforme fosse o estágio em que essa pessoa se encontrasse. Para ele, as
necessidades primárias seriam inatas, ou seja, a pessoa já nasceria com elas, enquanto as secundárias
seriam adquiridas ao longo da vida.
Outro teórico, Frederick Herzberg, buscou entender como a motivação se relacionava com o trabalho
humano nas organizações e desenvolveu um modelo baseado em dois fatores: os higiênicos e os motivadores.
Quadro 15
76
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
Estilos de administração
Os comportamentalistas (behavioristas) também deram muito valor aos estudos dos estilos
de administração.
São desenvolvidos os estilos de Douglas McGregor, por meio das teorias X e Y, e de Rensis Likert,
sobre os quatro sistemas organizacionais.
McGregor propõe um modelo motivacional, composto por dois estilos extremos, que denominou
teoria X e teoria Y. Nessa proposta, McGregor apresenta como os gerentes se comportam a partir de
pressupostos sobre o comportamento das pessoas. Os gerentes X e Y manifestam uma visão totalmente
antagônica a respeito da natureza humana. Essas diferentes percepções desencadeiam diferentes estilos
de liderança.
Acredita-se que exista uma projeção de expectativas dos gerentes sobre seus subordinados que
condiciona o comportamento destes (motivação). Então, de acordo com o que os gerentes pensam de
seus funcionários, certos comportamentos de resposta seriam manifestados por eles.
77
Unidade II
Sistemas de administração
Outra abordagem para os estilos de administração organizacionais foi desenvolvida por Rensis Likert.
De acordo com Chiavenato (2003a), Likert classificou os estilos administrativos em quatro sistemas,
assim denominados:
• Sistema 3 (consultivo): sistema que tende mais para o lado participativo do que para o lado
autocrático e impositivo. Representa um gradativo abrandamento da arbitrariedade organizacional.
Considerando o conceito de continuum (um intervalo, marcado por dois pontos extremos
contraditórios ou antagônicos), uma empresa qualquer pode ocupar qualquer um dos dois extremos ou
qualquer outra posição entre eles.
No caso do continuum dos sistemas administrativos de Likert, as empresas não precisam estar
necessariamente no extremo 1 ou no 4, ou então nas outras posições 2 ou 3. Podem estar em qualquer
ponto entre 1 e 4, por exemplo, 2, 5 ou 3, 5 etc. Cada um desses quatro sistemas é avaliado por meio
de variáveis, como processo decisório, sistema de comunicações, relações interpessoais e sistemas de
recompensas e punições.
Ferreira, Reis e Pereira (1997) apresentam, no quadro a seguir, como cada uma dessas variáveis é
tratada em cada um desses sistemas:
78
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
a) Fluxo de comunicação Para baixo Predominância Para baixo e para Para todos os lados
para baixo cima
c) Precisão da comunicação para cima Frequentemente Censurada pelo Precisão limitada Exata
errada chefe
d) Conhecimento dos superiores dos Pouco Algum Bastante Muito
problemas dos subordinados
Interação
a) Nível de tomada de decisões Predominância na Cúpula, alguma Maior delegação Geral e integrada
cúpula delegação
b) Origem do conhecimento para a decisão Cúpula Níveis altos e Em toda parte Toda a empresa
médios
c) Envolvimento dos subordinados Nenhum Ocasional Normal Completo
d) Contribuição para a motivação Nenhuma Pouca Alguma Considerável
Objetivos
Processo decisório
Para essa escola, toda decisão envolve seis elementos, a saber: o tomador de decisões; os objetivos
desejados; as preferências (critérios de escolha); a estratégia; a situação (aspectos do ambiente em que
a decisão está sendo tomada); e os resultados.
Simon, o principal teórico da decisão, adverte que nessa escola há uma grande dose de subjetividade
em toda decisão tomada e lembra alguns aspectos que estão envolvidos nela:
79
Unidade II
• Racionalidade limitada: não existe acesso a todos os dados necessários, muitas vezes é preciso
escolher subjetivamente.
• Imperfeição nas decisões: não existem decisões perfeitas, mas apenas algumas melhores ou
piores que outras. Assim, deve-se buscar o máximo resultado possível em uma decisão.
• Relatividade das decisões: uma escolha qualquer representa a renúncia sobre as demais. Nunca
uma decisão é ótima, mas sim satisfatória.
• Hierarquização das decisões: é preciso distinguir o que é apenas um meio ou um fim.
• Racionalidade administrativa: os processos administrativos são, basicamente, processos decisórios.
• Influência organizacional: as organizações já possuem processos decisórios previamente
desenvolvidos, ou seja, as pessoas decidem muito pouco.
Ainda hoje os estudos da teoria comportamentalista são utilizados pelas organizações. Isso é
visto em uma organização que valoriza os seus grupos, reconhece as necessidades dos funcionários
80
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
e se esforça para atendê-los, dá autonomia e desafios às pessoas. Porém, empresas que trabalham
apenas com foco em satisfação, esquecendo-se da otimização dos processos produtivos e resultados,
acabam utilizando o lado negativo do comportamentalismo.
Essa teoria apareceu no início dos anos 1960, com base em considerações sobre o homem, a
organização e o ambiente. Trata-se de um desdobramento da teoria comportamental em direção à abordagem
sistêmica e deve-se aos seguintes aspectos:
O DO envolve, então, uma integração de tudo isso, por meio da abordagem sistêmica.
Vários modelos são apresentados, tais como o de Blake e Mouton, de Lawrence e Lorsch e de Reddin.
O modelo de Blake e Mouton, como trata de liderança, está apresentado no processo administrativo, no
tópico sobre liderança.
O iceberg organizacional
um iceberg, que tem como parte visível a parcela que está emersa, acima da linha da água, e como parte
invisível a que está imersa, abaixo da linha da água. Embora seja a parte aparente a que nos mostra a
organização, a parte submersa é que lhe dá sustentação.
Conforme mostram vários autores, como Moscovici (1988) e Oliveira (2006), a porção visível
recebe várias denominações: é o lado luz da empresa, são os seus aspectos formais e abertos, seus
aspectos racionais.
Da mesma forma, o pedaço invisível seria então o lado sombra da organização, os seus aspectos
informais e ocultos, seus aspectos afetivos.
82
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
• desenvolvimento de equipes;
• desenvolvimento intergrupal;
• avaliação e acompanhamento.
Uma simplificação dessas fases é apresentada por Lawrence e Lorsch, de acordo com Chiavenato (2003a):
Diagnóstico
Planejamento da ação
Implementação da ação
Avaliação
Conforme Chiavenato (2003a), embora pareça uma moda passageira na teoria administrativa, o DO
é uma alternativa democrática e participativa muito interessante para a renovação e revitalização
das organizações.
• Aspecto mágico do DO: existem vários mitos que cercam o DO e que lhe conferem poderes que
essa teoria não tem.
• Imprecisão do campo do DO: há muita confusão, pois o DO aceita várias tendências, e muitas
atividades diferentes se aproveitam disso.
83
Unidade II
• Aplicações distorcidas do DO: tem sido usado para manutenção de status e de promoção
de dirigentes.
De acordo com Chiavenato (2003a), essa abordagem surgiu em 1951, nos EUA, e estudou a variável
ambiente e teve vários representantes, como: Neumann e O. Morgenstern, Wiener, Shannon e Weaver,
Bertalanffy, Ashby, Katz, Kahn, Kast, Rosenzweig, Churchman, Trist e Rice.
Até a abordagem sistêmica, a teoria geral da administração sofreu a influência de três princípios intelectuais:
• O reducionismo: baseado na crença de que todas as coisas podem ser decompostas e reduzidas
em seus elementos fundamentais simples, que constituem unidades indivisíveis.
• O pensamento analítico: pautado na decomposição do todo nas suas partes simples, que são
solucionadas ou explicadas, para depois agregar essas respostas num todo.
• O mecanicismo: baseado em uma relação de causa e efeito. Nesse princípio, os efeitos são
totalmente determinados pelas causas em uma visão determinística do mundo.
Com a teoria geral dos sistemas, esses princípios passaram a ser substituídos pelos seus opostos:
• o expansionismo é a transferência da visão focada nas partes para a visão centrada no todo; é
baseado na visão sistêmica;
• o pensamento sintético está mais interessado em ter uma visão unificada das coisas do que
em separá-las;
• a teleologia é um princípio segundo o qual a causa é uma condição necessária, mas nem sempre
suficiente para que surja um efeito.
84
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
Esses três princípios foram propostos pela teoria geral dos sistemas (TGS), elaborada pelo biólogo
alemão Ludwig von Bertalanffy, e permitiram o surgimento da cibernética.
A teoria administrativa, absorvendo esses novos conceitos, adotou uma postura sistêmica. A abordagem
sistêmica, para Chiavenato (2003a), apresenta as seguintes teorias:
• teoria de sistemas.
A cibernética teve como foco principal a sinergia (ver definição adiante) e surgiu como uma ciência
interdisciplinar para relacionar as ciências, preencher os espaços vazios não pesquisados por nenhuma
delas e permitir que cada ciência utilizasse os conhecimentos das outras.
O campo de estudo da cibernética são os sistemas, que são conjuntos de elementos dinamicamente
relacionados para atingir um objetivo.
• Entradas (inputs): são o que alimenta o sistema para que ele possa operar. Constitui tudo o que
o sistema recebe de seu mundo exterior (ambiente) e, genericamente, pode envolver materiais,
informação e energia.
• Saídas (output): tudo o que o sistema produz, tratando ou transformando as entradas que recebe.
• Caixa negra (black box): é um conceito que exprime todo o trabalho (processo) que o sistema
executa internamente para produzir suas saídas, a partir das entradas que recebe, mas que não
pode ser desvendado, pois os elementos internos são desconhecidos. Ele (o interno ao sistema) se
revela apenas mostrando como as manipulações e as entradas levam a tais resultados.
• Homeostasia: equilíbrio dinâmico ou estado firme que o sistema persegue para continuar
sobrevivendo, sendo obtido pela autorregulação ou pelo autocontrole.
• Fonte ou emissor: quem ou o que emite e fornece informação por meio de um sistema.
• Transmissor ou codificador: codifica a mensagem que veio na linguagem do emissor para uma
linguagem possível de ser transmitida pelo canal.
• Canal: meio físico pelo qual a informação, já codificada, é enviada. Faz o intermédio entre o transmissor
e o receptor.
• Ruído: toda e qualquer perturbação indesejável que tende a alterar, de modo imprevisível, as
mensagens transmitidas.
• entropia: é o grau de perda de energia de um sistema, ou seja, a tendência que todos os sistemas
têm para a desorganização, desordem, desaparecimento (morte);
• sinergia: efeito multiplicador das partes de um sistema que leva a um resultado final para o sistema
maior do que seria a soma dos resultados parciais dessas partes se elas acontecessem isoladamente;
86
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
A teoria matemática é uma abordagem recente dentro da TGA. Há pouco tempo, era conhecida apenas
pela pesquisa operacional, mas evoluiu para se tornar um importante campo da teoria administrativa:
a administração operacional.
Sua principal área de atuação na administração é o processo decisorial, principalmente com relação
às decisões programáveis e quantitativas.
Os temas mais tratados por essa especialidade são: operações, serviços, qualidade, estratégia e
tecnologia. Abrange os seguintes elementos:
• o processo decisório;
• qualidade total;
• limitações da teoria matemática: mais voltada para a parte operacional das organizações, não
foca a organização como um todo;
• administração de operações.
Conforme Chiavenato (2003b), a teoria geral de sistemas (TGS), desenvolvida por L. von Bertalanffy,
influenciou o pensamento de todas as ciências e foi incorporada, sem exceção, por todas elas. A teoria
de sistemas é uma decorrência da TGS.
Por sua visão de relacionamento – obrigatório – entre as partes, essa abordagem contrapõe-se à
abordagem de sistema fechado.
Por sistema fechado entende-se o sistema que não se relaciona com o ambiente e que, portanto,
não produz nenhuma troca com ele: não recebe nem dá nada. Ao contrário, um sistema aberto é aquele
que recebe entradas do seu ambiente e devolve como resultado algum produto ou saída. Essa troca
caracteriza o sistema aberto.
O ambiente é o sistema maior em que o sistema está colocado ou do qual o sistema faz parte
como subsistema.
88
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
Quando se fala em troca com o ambiente, entenda-se trocas com os demais sistemas que compõem
o ambiente (sistema maior).
• Propósito: todo sistema tem um ou mais objetivos para os quais todas as suas partes devem
concorrer integradamente.
• Globalismo ou totalidade: qualquer alteração numa das partes de um sistema influencia todas
as demais e reciprocamente. Essas alterações produzem mudanças nos sistemas, exigindo ajustes
contínuos. Isso provoca dois fenômenos no sistema:
• Entrada (input): tudo o que o sistema importa ou recebe do seu ambiente para poder funcionar:
materiais, energia ou informação.
• Processo: conjunto de atividades internas ao sistema que trata ou transforma as entradas em saídas.
• Saída (output): resultado final da operação de um sistema. É o que sai do sistema para o ambiente.
• é um conjunto de partes reunidas que se relacionam entre si, formando uma totalidade;
• é um conjunto de elementos interdependentes, cujo resultado final é maior que a soma dos
resultados que eles teriam caso operassem de maneira isolada (sinergia);
• é um grupo de unidades combinadas que formam um todo organizado, cujas características são
diferentes das características das unidades;
Processo
Informação Informação
Ambiente
Ambiente
Energia Transformação ou Energia
Recursos processamento Recursos
Materiais Materiais
Entrada Saída
Retroação
As organizações são abordadas como sistemas abertos, pois fazem parte de um sistema maior, que
é a sociedade, que, por sua vez, é também composta de outras partes menores. As organizações podem
promover trocas com todos esses subsistemas da sociedade. Têm objetivos, possuem fronteiras ou
limites definidos, buscam um estado de equilíbrio dinâmico (homeostase) e apresentam morfogênese
(capacidade de promover alterações em si próprias, coisa que um animal ou uma máquina não
podem fazer).
Esse conceito foi explorado pelos teóricos Katz e Kahn. Uma aplicação desses conceitos na teoria da
administração é feita pelo modelo sociotécnico de Tavistock, de Trist e Rice, que entende a organização
como um conjunto de dois subsistemas: o técnico e o social.
Sistema técnico
Máquinas, equipamentos,
tecnologia, instalações,
processos e tarefas
90
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
• confronto entre as teorias de sistema aberto e as de sistema fechado: trouxe uma nova e
moderna concepção à teoria da administração;
• homem funcional;
• ordem e desordem.
De acordo com Chiavenato (2003b), a teoria da contingência surgiu em 1972, nos EUA, e estudou
as variáveis ambiente e tecnologia, sem desprezar as demais (tarefas, pessoas e estrutura) e teve como
principais representantes Chandler, Burns e Stalker, Woodward Thompson, Perrow, Lawrence e Lorsch.
É a teoria mais recente dentro da TGA e vai além da teoria de sistemas. A teoria da contingência
enfatiza a importância da personalidade do líder e da situação em que ele opera.
A sua mensagem central é que nada é definitivo ou absoluto em administração, pois tudo
depende de contingências. A partir das pesquisas dos seus autores a respeito das organizações e de
seus ambientes, concluiu-se que a teoria administrativa disponível era insuficiente para explicar
os mecanismos de ajustamento das organizações aos seus ambientes de maneira proativa e dinâmica.
No início, as organizações até escolhem os ambientes em que querem se instalar, mas, com o tempo,
passam a ser condicionadas por eles, tendo que se adaptar a eles para não morrer.
91
Unidade II
A tecnologia utilizada pela organização condiciona o modo como a organização monta sua estrutura.
Assim, para fazer frente ao ambiente e às suas demandas, as organizações procuram tecnologias que
acabam condicionando o seu funcionamento.
Dessa maneira, essa abordagem baseou-se nas variáveis ambiente e tecnologia, relacionando-as
com as demais: tarefas, pessoas e estrutura.
Assim, a teoria contingencial propõe novos modelos organizacionais, mais flexíveis e orgânicos, tais
como a estrutura matricial, a estrutura em redes e a estrutura em equipes.
As pesquisas de Burns e Stalker, relacionando as empresas com seu ambiente externo, levantam
novas características para as organizações. Essa nova proposta entende a empresa como um sistema
orgânico (vivo) e valoriza a abordagem contingencial sobre a motivação e liderança. Considera que
as organizações, em outras abordagens da administração, funcionam como sistemas mecânicos e
contrapõe a elas sua visão orgânica.
Segundo Chiavenato (2003a), esses sistemas mostram notáveis diferenças. Os sistemas mecânicos
apresentam coordenação centralizada, padrões rígidos de interação em cargos bem definidos, limitada
capacidade de processamento da informação, boa adequação para tarefas simples e repetitivas e
adequação para eficiência da produção. Por outro lado, os sistemas orgânicos são caracterizados por
elevada interdependência, intensa interação em cargos autodefinidos e mutáveis, capacidade expandida
de processamento da informação, adequação para tarefas únicas e complexas e adequação para
criatividade e inovação.
De acordo com a tecnologia em uso, uma organização teria maior ou menor escala de níveis
hierárquicos na sua estrutura.
92
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
Lembrete
• A tendência de produção unitária ou oficina apresenta baixa previsibilidade dos resultados, poucos
níveis hierárquicos, pouca padronização, predominando a engenharia (pesquisa e desenvolvimento).
• A tendência de produção em massa tem média previsibilidade dos resultados, médio número de
níveis hierárquicos, média padronização e automação, preponderando a produção (operações).
• A tendência contínua é caracterizada por elevada previsibilidade dos resultados, muitos níveis
hierárquicos, muita padronização e automação, com destaque para o marketing (vendas).
Na TGA, as várias teorias registradas apresentaram enfoques diferentes quando tratavam com suas
variáveis internas e com o ambiente. A figura a seguir ilustra essa relação:
93
Unidade II
Ênfase Ênfase no
intraorganizacional ambiente
Estruturalista
Contingência
DO
Comportamental
Burocrática
RH
Clássica
Sistemas
Figura 22 – Evolução do pensamento administrativo
O ambiente pode ser caracterizado, com relação às organizações, de duas maneiras: ambiente geral
e ambiente de tarefa. Este último é aquele diretamente ligado à organização e envolve fornecedores,
clientes, concorrentes e entidades reguladoras. Todos esses componentes dizem respeito diretamente
ao que a organização faz. Assim, há um ambiente de tarefa para cada tipo de organização. Já o
ambiente geral é o mesmo para todas as organizações, independentemente de que tipo seja e do
que faz. É composto por condições tecnológicas, culturais, ecológicas, demográficas, econômicas,
públicas e legais.
O ambiente é classificado como homogêneo (pouca segmentação de mercado, mais simples etc.) ou
heterogêneo. Também é caracterizado como estável (pouca mudança, previsíveis, presença de certeza
etc.) ou instável.
Dependendo do tipo de ambiente dessa classificação em que a organização se encontra, vão variar
a sua estrutura, suas regras, o tratamento dado aos problemas, entre outros aspectos.
Motivação
A motivação também é referência nos estudos contingenciais, por meio dos modelos de Victor
Vroom, que propôs o modelo da expectância, desenvolvido por Lawler III.
Liderança
Esses dois enfoques (para motivação e para liderança) serão estudados mais adiante.
94
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
Exemplo de aplicação
Você sabe em qual teoria (ou quais) a sua organização se encaixa ou mais se aproxima? Crie um
quadro com duas colunas: de um lado, coloque as principais características de sua empresa, e do outro,
escreva em qual teoria aquela característica se encaixa. A teoria que mais aparecer é a que prevalece
em sua empresa.
Resumo
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Unidade II
96
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
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EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
Exercícios
Questão 1. Uma agência bancária passou por uma reestruturação em seu sistema de gestão e decidiu
adotar um sistema agressivo de bonificação financeira para os colaboradores que atingissem a meta
de vendas, pois o novo gestor acreditava que quanto mais fossem remunerados, mais se esforçariam
para vender.
Considerando essa visão do gestor, pode-se afirmar que ele adotou em sua prática de gestão qual
modelo de teoria da administração?
A) Comportamentalista.
B) Clássica.
C) Científica.
D) Toyotista.
E) Relações humanas.
Análise da questão
O enunciado diz que o gestor acreditava que quanto mais fossem remunerados, mais os funcionários
se esforçariam para vender. Essa é uma prática da teoria científica, que segue o conceito do homo
economicus, ou seja, quanto mais bem remunerado for o trabalhador, mais motivado ele será.
Questão 2. A teoria das relações humanas tem suas origens nos EUA, como resultado das experiências
de Elton Mayo, denominadas experiências de Hawthorne. Originaram-se quando Mayo percebeu a
necessidade de tornar a administração mais humana e democrática e quando as ciências humanas
influenciaram as organizações. Sobre a teoria das relações humanas, analise as afirmativas a seguir:
I – Os estudos de Elton Mayo, criador dessa teoria, mudaram o foco do homo economicus e o
trabalhador passou a ser visto como homo social.
Porque
II – A teoria das relações humanas tenta mostrar que o homem não pode ser visto tão mecânico
como nas teorias clássicas e científica.
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Unidade II
Análise da questão
Enquanto a administração científica possuía a base de sua teoria firmada no conceito de homo
economicus, para a teoria das relações humanas a motivação econômica é secundária para determinar
a eficiência do trabalhador; ou seja, por essa última teoria, as pessoas são motivadas pela necessidade de
reconhecimento, de aprovação social e participação nas atividades. Assim, vigora na teoria das relações
humanas o conceito de homem social.
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