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SÃO PAULO
2023
FLAVIA FEITOSA REZENDE
SÃO PAULO
2023
FLAVIA FEITOSA REZENDE
Banca Examinadora
RESUMO
O seguinte estudo nos traz alguns importantes conceitos que vem ao encontro da
compreensão de elementos importantes que vão determinar a ação jurídica em relação ao
doente mental. Nesse sentido, trata-se do conceito de crime, das formas de reconhecer a
presença da doença e/ou insanidade mental do acusado e em seguida traz a interpretação
jurídica para as sanções penais: imputabilidade, semiimputabilidade e inimputabilidade no
Direito brasileiro. Devemos inicialmente, compreender a concepção de crime, para então
prosseguirmos na aplicação da lei, em relação ao acusado que sofre de doença mental.
Para haver um crime é necessário que haja um agente que o cometa. Porém, esse agente
pode ser uma pessoa que tenha plena consciência da ação do ilícito ou pode ser uma
pessoa que não entenda que o ato ilícito que praticou, assim é entendido. Em relação aos
casos de imputabilidade, inimputabilidade e semi-imputabilidade pauta as suas decisões
nos laudos perícia Reza o art. 100 da Lei de Execução Penal (LEP) (1984) que “o exame
psiquiátrico e os demais exames necessários ao tratamento são obrigatórios para todos os
internados.” E, o art. 101 determina que o tratamento ambulatorial, previsto no art. 97,
segunda parte, do Código Penal, será realizado no Hospital de Custódia e Tratamento
Psiquiátrico ou em outro local com dependência médica adequada. 6 Ao psiquiatra cabe
analisar caso a caso, auxiliando o juiz na averiguação da insanidade ou não insanidade de
um determinado réu. E de acordo com o art. 22, a doença mental motiva a ausência da
culpa do réu.
Sumário
INTRODUÇÃO ............................................................................................................01
CONCLUSÃO ............................................................................................................ 26
REFERÊNCIAS........................................................................................................... 28
INTRODUÇÃO
O relevante tema, nos traz a visão sobre a Inimputabilidade penal e seus aspectos legais
aos acusados com insanidade mental.
Nesse trabalho que traz com o título “A Inimputabilidade e a Insanidade Mental, sob a luz
do Direito penal Brasileiro” podemos verificar quais as leis no direito penal trazem o
entendimento da Inimputabilidade ao acusado com insanidade mental, de acordo com o art.
26 parágrafo único do Código Penal. O acusado considerado doente mental não é aplicado
a mesma pena do indivíduo considerado normal psiquicamente. Sendo então, o acusado
levado pelo poder judiciário, a tratamento psiquiátrico em hospitais de custódia do Estado.
A lei prevê, que anualmente o acusado em tratamento seja avaliado por psiquiatras,
podendo nessa avaliação ser determinada a sua alta ou a continuação da reclusão.
ABSTRACT
The relevant theme brings us the vision about the criminal unimputability and its legais
aspects to the accused with mental insanity.
In this work, which has the title “Uninputability and Mental Insanity, under the light of Brazilian
criminal law”, we can verify which laws in criminal law bring the understanding of
unimputability to the accused with mental insanity, in accordance with art. 26 sole paragraph
of the Penal Code. The accused considered mentally ill is not applied the same penalty as
the individual considered psychically normal. The accused was then taken by the judiciary
to psychiatric treatment in state custody hospitals. The law stipulates that the accused in
treatment be evaluated annually by psychiatrists, which may determine his discharge or
continuation of imprisonment.
CAPÍTULO I – O HISTÓRICO E O CONCEITO LEGAL DE DOENÇA
MENTAL
Inicialmente, o que se sabe sobre a saúde mental dos antepassados era que tinham
hipóteses que as questões mentais estariam caracterizadas como o resultado de crenças
que causavam efeitos sobrenaturais como possessões demoníacas, maldições, feitiçaria e
até mesmo deuses querendo vingança, estariam por trás dos incomuns sintomas.
A antropologia descobriu que nas datas de 5000 a.C. mostraram evidências de que os
humanos do período neolítico acreditavam que se abrissem um buraco no crânio permitiria
que o espírito maligno que ali habitava, a cabeça dos enfermos mentais iriam ser libertadas,
curando-os assim de suas aflições.
https://amapadigital.net/novo/noticia_view.php?id_noticia=130
Notasse que o processo não era de maneira fatal. Como algumas pessoas monstrão sinais
que teriam se recuperado, os pesquisadores acreditariam que esses seres humanos
poderiam ter sobrevivido aos processos de “cura.”
Apesar de ser uma técnica sombria, a abertura duraria séculos, e era usada como
tratamento para vários tratamentos diferentes: fraturas de crânio, enxaquecas e
enfermidades mentais.
Quando a violência não era usada, os médicos que eram sacerdotes usavam rituais
religiosos, pois acreditavam também que havia uma possessão demoníaca nessas pessoas
com problemas mentais, e essa possessão era a causa de tal problema. Tais rituais
incluiriam orações, expiação, exorcismos, encantamentos e etc...
1.2 A REFORMA DA PSIQUIATRIA
Tinha como objetivo principal dar fim ao modelo manicomial substituindo-o por outro que
tivesse como princípio o cuidado para com a experiência do usuário ao colocá-lo como
protagonista em todo o tratamento, trazendo um marco para a população mundial.
Tal reforma, de uma forma contundente abriu margem para se pesquisar novas formas de
tratamentos de maneira mais ética e humana de forma mundial.
Seja por meio da retomada de práticas antigas como a meditação e a yoga, até pelo uso
de novas formas de terapia focadas no indivíduo, da música e da arte, cada vez mais nos
aproximamos de abordagens melhores, mais saudáveis e que buscam, genuinamente, a
autonomia e o bem-estar dos indivíduos.
A evolução e os avanços nessa área são que as melhorias de hoje são sem sombras de
dúvidas de maneira infinita melhores que as melhorias de ontem e que, sendo assim,
devemos nos orgulhar disso.
1.3 O MENTECPTO DE TODOS OS GÊNEROS
De acordo com a escola clássica de Direito Penal, o projeto do Código Criminal do Império
do Brazil foi aprovado em 22 de outubro de 1830 e sancionado em 16 de dezembro do
mesmo ano pelo imperador d. Pedro I (Chaloub, 1981, p. 17). As bases da doutrina clássica
do direito penal foram estabelecidas em 1767 por Cesare Beccaria e se declarava em três
pressupostos: igualdade dos homens perante a lei; pena como função da gravidade do
delito; e condicionamento do crime à sua definição legal. A caracterização de um ato como
delituoso independia dos atributos pessoais de quem o praticava, como nos mostra o artigo
1: "Não haverá crime ou delito sem uma lei anterior que o qualifique" (Brazil, 1876). Para
ter compreensão do lugar do doente mental qual se posiciona no Código Criminal, é
importante considerar que, além da hipótese da igualdade e do caráter retributivo da pena,
a escola clássica se fundamentava na doutrina do livre-arbítrio e na noção de sensatez.
A possibilidade de uma insanidade lúcida, que logo a frente viria a ser formulada por Pinel
e Esquirol (Carrara, 1998), ainda não existia naquele momento; de modo oposto, a lucidez
marcava o retorno ao estado de razão, e conferia ao insano o estatuto de criminoso.
Compreendida ainda entre nós dentro de uma concepção intelectualista, a loucura era
desrazão (Machado et alii, 1978) Paixões e vontades ainda não estavam presentes na
teoria sobre a insanidade mental, e os loucos de todo gênero não precisavam de psiquiatras
ou médicos para serem reconhecidos. "O juiz de direito (era) obrigado a formular quesito
sobre o estado de loucura do réu, quando lhe era requerido" e o "exame" deveria ser feito
na frente do júri, "que é quem tomava a decisão A circunstância da loucura, ainda que
de notoriedade pública, só podia ser tomada em consideração pelo júri" (Filgueiras-Jr.,
1876, p. 12).
A qual seria o destino que esses insanos que vieram a cometer um, crime iriam? mas não
são criminosos? É importante lembrar que o asilo ainda não existia, não havia um lugar
específico para a loucura, apenas as prisões e os hospitais da Santa Casa (Machado et alii,
1978; Amarante, 1994). No entanto, o Código Criminal dizia, no artigo 12: "Os loucos que
tiverem cometido crimes serão recolhidos às casas para eles destinadas, ou entregues às
suas famílias, como ao juiz parecer mais conveniente." Embora as insanidades não
tivessem nenhum tratamento específico, os loucos eram tratados de maneira diferente,
segundo sua situação social. Eram os insanos que andavam pelas ruas oferecendo perigo
às pessoas, como nos disse Sigaud (1835, apud Machado et alii, 1978) que a polícia médica
deveria controlar e encaminhar às cadeias e à Santa Casa. O Código Criminal do Império
mantinha em lei essa tradição.
Em 1852, o asilo foi fundado Rio de Janeiro (Amarante, 1994). No entanto, a estratégia
psiquiátrica permaneceu durante muito tempo sem uma lei que a legitimasse e os médicos
queriam aumentar seu poder de intervenção, através da regularização dos termos da
admissão dos enfermos aos asilos. Em 1886, Teixeira Brandão fez críticas ao Código
Criminal do Império, por considerar suas disposições parciais, imperfeitas e inobservadas
(Machado et alii, 1978, pp. 481, 482). Argumentava o alienista que o nosso código era falho,
por só contemplar o ato criminoso do alienado, "(deixando) de lado uma população louca
que não cometeu crime"; por não dar lugar para o perito- psiquiatra, para avaliação do
estado mental do criminoso, dava ao juiz um poder excessivo; e por também não existirem
locais específicos para os insano-criminosos. Teixeira Brandão já lutava pela construção do
manicômio criminal e pela regulamentação da psiquiatria como especialidade médica.
Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará, de ofício ou
O incidente de insanidade mental é apontado no Código de Processo Penal nos artigos 149
ao 154. E como a lei diz, é incidente, ou seja, para ser levantado faz necessário já existir
um inquérito policial em andamento ou fase processual instaurada, seja essa qual for.
Geralmente, o incidente de problemas mentais se dá na fase do processo penal, pois, a lei
não obriga o delegado de polícia assim agir, sendo menos habitual tal incidente ser
instaurado em fase policial. Dá-se a importância do acompanhamento do advogado, se faz
relevante a apuração do incidente de transtornos mentais, uma vez que, trata-se de matéria
essencial para o julgamento do processo, no esclarecimento dos fatos e motivação da
infração. A presença do advogado é fundamental para a elaboração da defesa, garantindo
os direitos do acusado na confirmação de sua inimputabilidade. Segundo Guilherme Nucci
o exercício do exame na fase do inquérito policial ocorre do seguinte modo: O exame pode
ser determinado pelo juiz, ainda na fase investigativa, desde que haja representação da
autoridade policial. A polícia não pode determinar esse tipo de exame, o que constitui uma
nítida exceção. Lembrando que a instauração do incidente não serve para cessar a
prescrição, nem na fase do inquérito, nem durante a instrução. Ou seja, incidente surge
quando há dúvida quanto à capacidade mental do réu, mas, este pedido nem sempre será
concedido, dado que, geralmente é um recurso utilizado pela defesa. Os casos de
insanidade devem ser levantados na fase investigativa ou processual, para o sendo
necessário suspeita do estado mental do réu por parte do juiz. O agente que não possuir a
percepção e capacidade de compreender a ilegalidade dos fatos, será tido como
inimputável. Após o incidente ser instaurado, a ocorrência é arquivada em autos apartados,
que somente será anexada ao processo principal, depois da apresentação do laudo,
conforme especificado no art. Artigo 153 do CPP.
Na sua fase inquisitorial, quer na sua fase processual, bem como na sua fase executória.
que praticou o delito, e também, para que se possa averiguar se a doença, pré existia ou
(três) anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º (Redação dada pela
Pela investigação e pela constatação dos fatos será demonstrado, quem pode de ocasionar
a questão do incidente de problemas mentais e quais serão os requisitos para sua
instauração, bem como, qual será o momento para a alegação de doença mental durante
o processo penal. O valor probatório da perícia e como pode influenciar o convencimento
do magistrado, os atos que constituíram a evolução do processo, e os efeitos da aplicação
do princípio do contraditório, são essenciais na elucidação da causa. Mas destacando que
em relação ao tema transtorno mental do réu a conclusão da perícia é a prova mais
irrefutável do processo.
2.1 DA VERIFICAÇÃO DA INIMPUTABILIDADE ATRAVÉS DE LAUDO MÉDICO
PSQUIATRICO
quadro bem definido (TJSP, RT, 695:313). No sentido de que deve ser
Art. 149 - Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará de
(BRASIL, 1941).
O exame será realizado somente se o juiz solicitar o mesmo. A dúvida pode ser originada
de qualquer circunstância relacionada à conduta supostamente praticada pelo réu ou a
seu próprio caráter, estando elas minimamente retratadas nos autos (SCANDELARI,
2017). Regularmente indícios de inimputabilidade são apresentados na forma de prova
testemunhal ou documental, pois, não pode haver apenas a análise pessoal do juiz.
Desse modo Scandelari (2017, online) designa:
Conforme a doutrina, a doença mental pode ser notificada por qualquer pessoa, mas,
como dito, somente o Magistrado, com base nas provas apresentadas, pode determinar a
sua realização desde que seja realizado por uma perícia médica psiquiátra. De acordo
com Santos e Rangel (2018, online), uma vez deflagrado o Incidente de transtorno
mental, segue-se o seguinte:
Ainda nessa base, o laudo deverá conter a identificação do acusado, a situação do seu
quadro clínico, e, por fim, deverá o médico-perito atestar a ausência ou presença de doença
mental ou desenvolvimento mental retardado ou incompleto que acomete ou acometeu o
acusado ao tempo da ação ou da omissão e no momento da perícia. Sendo a mesma
positiva, há que se determinar se a capacidade volitiva e/ou cognosciva do agente estava
comprometida ou não e, havendo comprometimento, se este era ou é parcial ou total
(SANTOS; RANGEL, 2018).
atribuídos aos objetos e ações pela sociedade, assim como à noção de que
categoria de inimputabilidade.
Assim que o magistrado determinar a instauração do incidente de transtorno mental, os
peritos responsáveis terão o prazo de 45 (quarenta e cinco) dias para realizar os exames,
e somente se tiver alguma necessidade deverá ser prorrogado, para maior eficácia o
magistrado ainda poderá entregar as peças do processo aos peritos. O acusado pode ser
classificado de três maneiras, sendo elas as seguintes: imputável (quando se pode atribuir
algo); inimputável (quando não se pode atribuir algo); e por fim, semi-inimputável (podendo-
se atribuir parcialmente algo) (DAMACENO, 2010). Durante o prazo estipulado de
realização dos exames médicos, a lei determina de maneira específica em seu art. 150 do
Código de Processo Penal, que estando o réu preso, seja internado em hospital de custódia
e tratamento, e estando o mesmo solto, seja recolhido em estabelecimento adequado
determinado pelo magistrado, caso diligencie os peritos (PINHEIRO, 2014). Duas serão as
possíveis medidas a se adotar, após o laudo médico-pericial conclusivo que comprove a
insanidade mental plena do acusado, Pinheiro (2014, p. 07):
do processo.
delinquir. E por fim, nos termos do art. 387, parágrafo único, III, do Código
O Código de Processo Penal trás em seus respectivos artigos 149 a 154 o incidente de
insanidade mental e de acordo com Azevedo (2018, online) a lei diz que para ser levantado
é necessário:
“Já haver no mínimo um inquérito policial em andamento ou qualquer fase
penal uma vez que é muito difícil vermos o mesmo 18 instaurado em fase policial
eis que a lei não obriga ao Delegado de Polícia em assim agir, por isso é muito
“Pode o exame ser determinado pelo juiz, ainda na fase investigativa, desde
O cabimento deste incidente se dá sempre que houver dúvida quanto à capacidade mental
do investigado/réu, mas nem sempre o pedido é deferido, uma vez que, na prática, é um
recurso muito usado pela defesa do acusado (AZEVEDO, 2018).
Nucci (2011, p. 349) explica que pode haver a denúncia com pedido de absolvição:
pois, em absolvição.”
Essa situação ocorre, pois o doente mental tem direito ao devido processo legal,
observando que a medida de segurança é uma forma de sanção penal, que tem por objetivo
restringir direitos. Sua aplicação se dá após a produção das provas, com o auxílio do
advogado. O incidente de transtorno mental deverá ser suscitado na fase investigativa ou
na processual, por tanto é necessário a dúvida fundada do juiz quanto às condições mentais
do réu. Será considerado inimputável o agente que não tiver capacidade para apreciar o
caráter lícito do fato ou determinar-se de acordo com a apreciação da causa (COELHO,
2018). Instaurado o incidente em autos apartados, que só serão apensos ao processo
principal após a apresentação do laudo, conforme cita no art. 153 do Código de Processo
Penal. O magistrado então nomeará curador ao acusado, quando determinar o exame,
ficando suspenso o processo se já iniciada a ação penal, salvo quando houver diligências
que possam ser prejudicadas pelo adiamento (COLEHO, 2018).
O exame psiquiátrico pode ser solicitado em qualquer fase do processo criminal, de acordo
com Velloso (2004, online) são elas:
“Na sua fase inquisitorial, quer na sua fase processual, bem como na sua fase
praticou o delito, e também, para que se possa averiguar se a doença, pré existia ou se veio
É possível observar que em alguns certos casos, o agente não é portador da doença
mental propriamente dita, mas sim de uma perturbação do seu estado mental, criando uma
diferença entre a higidez mental e a insanidade, para tais casos, o art. 26, parágrafo único,
do Código Penal prevê uma redução da pena de um a dois terços (VELLOSO, 2004).
Acerca do que já foi exposto é possível estabelecer de acordo com Velloso (2004, online)
que:
“Da mesma forma que nas penas, a medida de segurança preenche os critérios da
processo penal, acerca da lesão sofrida e na segunda, quando garante ao autor do ato
delitivo, tratamento médico para que não volte a praticar condutas antissociais.”
O Magistrado não fica obrigado a deferir exame de transtorno mental, tendo o STJ
(SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA) já se pronunciado no sentido de que não caracteriza
cerceamento de defesa o indeferimento de exame de transtorno mental se não tem dúvida
sobre a integridade da saúde do acusado, não bastando simples requerimento da parte
para que o procedimento seja instaurado.
A Lei de Execução Penal n° 7.210/1984 alega que devem ser feitos exames em réus que
apresentem algum distúrbio no decorrer do processo penal ou quando o Magistrado estiver
em dúvida sobre a capacidade mental do réu, consideram-se três os exames mais
importantes de acordo com a Lei, são eles: o exame criminológico; o exame de
personalidade; e o exame de parecer das comissões técnicas (CASTRO, 2016).
O exame criminológico conforme dispõe Fatich (2016), tem por objetivo classificar o preso
de forma individual, por um estudo em relação a sua vida pessoal e as possíveis motivações
para a prática do delito, este exame é realizado na fase de execução.
Por fim, entre os exames mais relevantes, tem-se o parecer das Comissões Técnicas de
Classificação, que busca o estudo do agente durante a execução da medida de segurança,
levando em consideração o tempo cumprido por lei, regressões, progressões e conversões
do regime (FATICH, 2016).
Os peritos responderão aos quesitos formulados pelo Magistrado e se por acaso algum
aludir sobre a inimputabilidade do réu deverá ser informado no ato. Contudo, é importante
salientar que não serão os peritos responsáveis por definir no processo se o acusado é
inimputável ou não, aos peritos cabe referir se o agente no momento do ato criminatório
estaria provido plenamente das suas capacidades mentais podendo no momento dos fatos
se autodeterminar, demonstrando a culpabilidade em conformidade com a doença (SILVA;
ASSIS, 2013).
CAPÍTULO III AS CONSEQUÊNCIAS DO RECONHECIMENTO DAS DOENÇAS
MENTAIS DURANTE O PROCESSO
O Magistrado é quem decide quanto à capacidade mental do acusado, com base nos
exames realizados pela perícia e entre outras provas que influenciaram o livre
convencimento do Juiz na decisão quanto a qual pena será aplicada e se ela será convertida
em medida de segurança.
Se o acusado for considerado culpado, deverá cumprir a medida de segurança, este será
recolhido ao um Hospital de Custódia por tempo suficiente a sua recuperação, e quando a
saúde mental estiver completamente comprometida não sendo possível a recuperação e
avistando que o mesmo representa um perigo a sociedade, ficará permanentemente
cumprindo tal medida.
3. MEDIDA DE SEGURANÇA E O SEU PRAZO
A medida de segurança é nada mais que uma sanção penal cujo possuí caráter preventivo
e curativa imposta ao autor de um crime, sendo ele inimputável ou semi-inimputável,
constatada que causa perigo a sociedade, recebendo assim a punição cabível ao seu
estado mental (VILLAR, 2015).
Sobre a execução da medida de segurança após trânsito em julgado, vale dizer conforme
Villar (2015, online):
prática).”
Sendo assim, após os trâmites legais e cumprida todas as fases processuais, se declarada
na sentença que condena o acusado como inimputável ou semi-inimputável, ficará ele
obrigado a responder na forma da lei a medida de segurança correspondente ao estágio de
sua doença mental. Existem duas medidas de segurança indicadas nos incisos do artigo 96
do Código Penal:
A Lei não estipula um prazo máximo, a 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, Oliveira
Junior (2012, online), se posicionou no seguinte entendimento:
não pode ser superior a 30 anos. Dessa forma, concedeu Habeas Corpus
Em relação no que foi colocado acima é importante ressaltar, que existe uma grande
divergência doutrinária e jurisprudencial quanto ao tempo máximo de duração da medida
de segurança, pois, a lei, especificamente o Código Penal não prevê um prazo expresso,
deixando indeterminado seu termo final (OLIVEIRA JUNIOR, 2012).
Art. 97. Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art.
26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção,
Dessa maneira a internação irá continuar enquanto não tiver perícia-médica, para cessação
da periculosidade, de modo que o tratamento ambulatorial será por tempo indeterminado
(OLIVEIRA, 2012).
Analisando tal situação, é importante dizer que, as medidas de segurança foram criadas
com o objetivo de evitar que o mesmo volte a cometer crimes, tendo o respaldo de um
tratamento médico adequado para que assim o condenado seja capaz de se controlar para
não cometer atos ilícitos causados pela doença mental (GONÇALVES, 2018).
A Lei citada acima, conforme Carvalho (2018, online), além de trazer uma reforma podendo
também se falar até mesmo em revogação das diretrizes das medidas de segurança citadas
no Código Penal e na Lei de Execuções Penais, tais como:
artigo 1º.”
Seguindo o disposto acima, o Poder Judiciário proferiu decisão que assegura os direitos
garantidos pela reforma psiquiátrica, de modo que o portador de doença mental receberá o
tratamento que melhor se adeque a suas necessidades e em razão ao seu tipo e estágio
de deficiência mental.
Existem alguns casos em que no curso da pena privativa de liberdade advém a doença ou
a perturbação mental do condenado, casos estes em que a Lei de Execução Penal autoriza
que o Magistrado, de ofício, por requerimento do Ministério Público ou de autoridade
administrativa a conversão da pena privativa de liberdade em medida de segurança
(MACHADO, 2015).
condicional, por um ano, mas, se antes de um ano a pessoa prática fato indicativo
Então a lei designa que verificado o fim da periculosidade, o indivíduo tem capacidade para
retornar a sociedade, desde que antes seja verificada nos termos impostos pelos artigos do
Código Penal, que regulamentam como dever ser o processo de internação, e também o
inverso da mesma.
Mirabete e Fabbrini (2011, p. 353), quando cita sobre a execução da sentença que
determina a desinternação ou a liberação do indivíduo evidencia:
pelo juiz da execução (art. 197). Ao contrário das demais, porém, o recurso
contra a sentença que concedeu a revogação tem efeito suspensivo diante
Quando o insano, antes do decurso de um ano, prática fato indicativo da persistência que
existe um nível de periculosidade, deve ser recolocada a situação anterior (art. 97, § 3º).
Quanto a lei de fato e não a crime, dar-se-á o restabelecimento da medida de segurança
nas hipóteses e descumprimento de condições, da ausência ou recusa de tratamento
curativo, entre outras. Compete ao Ministério Público pedir a internação, a desinternação,
bem como, a retomada da situação anterior (art. 68, II, f, da LEP) (MIRABETE; FABBRINI,
2011).
Então Mirabete e Fabbrini (2011, p. 358) ditam que, ‘extinta a punibilidade pela prescrição
ou outra causa, como a abolitio criminis, cessa a medida de segurança que tenha sido
imposta, e deixa de existir condição para que venha a ser imposta’.
Através do tema apresentado, é evidente que a doença mental nem sempre foi tratada
como algo errado no cérebro que ocasionava na pessoa portadora atitudes, como práticas
de ações criminosas, cometidas por alguns insanos, que na antiguidade era tido como
ações demoníacas e espirituais, não tendo a insanidade naquela época considerada uma
doença.
Para chegar ao campo da medicina, foi preciso que estudiosos da área passassem a
observar o comportamento diferente dos indivíduos para que assim fosse constada a falta
de capacidade de discernimento em suas ações, e que estas eram provocadas por
disfunções psicológicas.
Para que a medida seja extinta, seria necessário, cumprir leis que referem ao tema, im
tratamento de qualidade e específico para cada tipo de doença mental, e fazer também,
novas perícias, para que a pessoa possa retornar ao convívio social, pois o mesmo tem
direito a liberdade como qualquer outra pessoa, não devendo ter sua liberdade restringida
quando não oferecer mais perigo a sociedade.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 10ª ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2011. NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. 11ª ed.
Rio de Janeiro: FORENSE, 2015.
OLIVEIRA JUNIOR, Eudes Quintino de. STJ: duração da medida de segurança não pode
ultrapassar o máximo da pena cominada em abstrato e o limite de 30 anos. Acesso em: 19
de abr. 2023.
OLIVEIRA, Alex Moises de. O psicopata e o direito penal. Acesso em: 12 de Mar. 2023.