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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTMENTO ACADÊMICO DE FÍSICA

CURSO TÉCNICO INTEGRADO EM ELETRÔNICA

YURI AGUIAR TESLUK

ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA: NÚMERO II

O Paradoxo dos Gêmeos

CURITIBA

2017
YURI AGUIAR TESLUK

ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA: NÚMERO II

O Paradoxo dos Gêmeos

Trabalho referente à APS de número II da


disciplina Física VII, no Curso Técnico
Integrado em Eletrônica, na Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, apresentado
como requisito parcial para obtenção de
aprovação na disciplina.

Orientador: Prof. Cristóvão Renato Morais


Rincoski

CURITIBA

2017

01
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 03

2. DESENVOLVIMENTO 04

3. CONCLUSÃO 08

4. REFERÊNCIAS 09
1. INTRODUÇÃO:

O Paradoxo dos Gêmeos, ou Paradoxo de Langevin, foi um experimento


de pensamento sobre a Relatividade Geral de Einstein proposto pelo físico
francês Paul Langevin em 1911. Porém experimento é apenas um paradoxo
aparente, não um real paradoxo.

Um paradoxo, do latim para – contrário e doxa – ideia, é quando uma


ideia lógica transmite uma mensagem que contradiz a própria estrutura, por
exemplo, “esta frase é falsa”. Se a frase for mesmo falsa, passará a ser
verdadeira, e se for verdadeira, irá se tornar falsa.

Imagem 1.1

Porém um paradoxo aparente é quando algo parece paradoxal, parece


contrariar a própria lógica que pressupôs, mas na realidade tem uma
explicação menos óbvia que faz com que a lógica se sustente, não sendo um
real paradoxo.

Tentarei nesse trabalho comprovar como o experimento de pensamento


proposto por Langevin não subverte de forma alguma a Teoria da Relatividade
Geral de Einstein, e como a aparente situação paradoxal na verdade tem uma
explicação que a torna ainda mais interessante.

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2. IDESENVOLVIMENTO:

Primeiramente é importante conhecer o que é o Paradoxo dos Gêmeos


e qual é a história hipotética que ele propõe.

Dois irmãos gêmeos A e B, que para facilitar a explicação chamaremos


de Alexandre e Bruno, decidem testar a Teoria da Relatividade Específica de
Einstein experimentalmente. Para isso, Bruno entra em uma nave que partirá
em direção a Vega (a quinta estrela mais brilhante no céu noturno).

Enquanto Alexandre permanecerá no planeta Terra, Bruno estará


viajando pelo espaço a 99% da velocidade da luz (296.794.533,42m/s). Ao
chegar à estrela Vega, Bruno usará o efeito estilingue para dar meia volta por
ela e retornar para Terra. A pergunta é: qual será a diferença de idade entre os
gêmeos quando Bruno tiver retornado?

Fazendo os cálculos, Alexandre chega à conclusão de que o tempo


passará mais devagar na nave e mais rápido na Terra, já que a nave de Bruno
estará se movendo a 99% da velocidade da luz. Assim, como Vega está à
aproximadamente 25 anos luz da Terra, ou seja, 50 anos luz de ida e volta.
Portanto, Alexandre estará aproximadamente 50 anos mais velho que Bruno.

Porém, cabe lembrar que o movimento é relativo, ou seja, depende do


ponto de vista de qual referencial está sendo medido. Assim, do ponto de vista
de Bruno, foi Alexandre quem viajou na direção oposta a 99% da velocidade da
luz. Portanto, do ponto de vista de Bruno, ele quem estará aproximadamente
50 anos mais velho.

Imagem 1.2

Filme “Interestelar”, que a Relatividade Específica.

Como é possível ambos chegarem a conclusões tão diferentes? E quem


estaria certo, já que a relatividade estabelece que não existam referenciais
privilegiados? Aparentemente, isso demonstra um problema na Teoria Da
Relatividade Restrita. Mas só aparentemente.

A relatividade afirma que as leis da física são válidas para qualquer


referencial inercial, ou seja, referenciais onde a aceleração é irrelevante. Porém
no caso, a nave de Bruno teve que acelerar diversas vezes.

E a aceleração é uma invariante; dois referenciais podem discordar


sobre quem está em movimento, mas todos concordarão sobre qual está
acelerado. Inclusive o próprio referencial observa o fenômeno acontecendo. Se
for pendurado um pêndulo na Terra, ambos o observarão inerte, porém,
pendurando o pêndulo na nave, ambos observarão o pêndulo se
movimentando.

A primeira aceleração que a nave de Bruno sofrerá, será para atingir a


velocidade exorbitante de 296.794.533,42m/s, que seria impossível de ser
atingida instantaneamente, sem aceleração. E por último para retornar a Terra,
onde terá que desacelerar a partir dessa mesma alta velocidade.

Porém, a principal aceleração a ser considerada é quando a nave dá a


volta em Vega para poder retornar a Terra, sofrendo forte influência de atração
da gravidade da estrela (tendo o efeito de aceleração gravitacional). Para
realizar o cálculo, portanto, seria necessário usar conceitos de Relatividade
Geral, e segundo ela, um corpo na presença de um campo gravitacional
perceberia o tempo passar de forma mais lenta.

Imagem 1.3

Filme: “Passageiros”, nave usando efeito estilingue.

Assim, ainda que a decolagem e a aterrisagem da nave fossem


instantâneos, praticamente sem aceleração, durante a volta ao redor de Vega,
a nave iria experimentar essa aceleração por efeito do campo gravitacional. E
Bruno perceberá que Alexandre não sentiu os efeitos desse campo que ele
sentiu.

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Portanto, o que seriam vários anos na Terra se passaria de forma muito
mais lenta para Bruno na nave, como apenas alguns dias ou algumas horas.
Ou seja, durante a ida da nave, os dois gêmeos discordarão sobre quem está
se movendo a 99% da velocidade da luz e, portanto sobre para quem o tempo
passou de forma mais lenta. Mas ambos irão concordar que durante o tempo
de fazer a volta, passará de forma mais lenta para Bruno.

E só esse tempo já é o suficiente para fazer com que Alexandre, que


ficou na Terra, fique muito mais velho que Bruno, considerando a velocidade na
qual a nave estava; que ela precisa desacelerar; e que sofre atração
gravitacional de Vega.

Para Alexandre porque Bruno estava viajando numa velocidade muito


alta, precisou dar meia volta, e continuou viajando numa velocidade muito alta.
Já para Bruno, era Alexandre quem estava a uma velocidade muito alta, mas
só o tempo de volta já foi o suficiente para gerar a diferença de idade entre
eles.

Assim, ambos concordam com o resultado, mas discordam sobre o


movimento, estando os dois certos dentro de seus respectivos referenciais.

Suponhamos agora que Bruno conseguisse com a sua nave decolar e


aterrissar instantaneamente (praticamente sem aceleração) e também realizar
o retorno ao redor da estrela em um intervalo de tempo muito curto, acelerando
de forma quase instantânea.

Ainda assim, todos os referenciais observariam uma mudança de


movimento durante a volta ao redor da estrela, ocorrendo toda
dessincronizarão durante esse pequeno intervalo de tempo. Ou seja, todos os
anos que se passaram na Terra se passariam em uma fração de segundo para
Bruno, algo semelhante a uma viagem para o futuro.

O fato é que para saber qual dos gêmeos está mais velho, os dois
precisam ser colocados no mesmo referencial para a comparação ser feita, já
que a passagem dos eventos é relativa. Para tanto, um dos referenciais terá
que deixar de ser inercial, mesmo que seja por apenas um momento, fazendo
com que o tempo se dilate (e o espaço se contraia) muito.

Sem trazer os dois irmãos para o mesmo referencial, cada um terá uma
percepção de tempo próprio, sendo impossível afirmar quem está mais velho e
quem está mais novo. Dois observadores em movimento em relação ao outro
nunca concordam se dois eventos são simultâneos ou não, e o tempo não é
uma grandeza universal ou absoluta.

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3. CONCLUSÃO:

O Paradoxo dos Gêmeos serve como uma reflexão interessantíssima


sobre como o tempo, que parece algo tão bem estabelecido e constante, pode
ser tão flexível e diferente no universo. E mais do que isso, ele é uma forma
didática de entender a Teoria da Relatividade Restrita e a Teoria da
Relatividade Específica, propostas por Einstein.

Esse problema aborda conceitos como referenciais inerciais, movimento


relativo a referenciais diferentes, aceleração (independente de referencial),
efeitos de campos gravitacionais, dilatação do tempo e contração do espaço
(deformação no espaço tempo), passagem de tempo relativa etc.

Imagem 1.4

O experimento de pensamento não serviu para contradizer a Teoria da


Relatividade, mas sim para reafirmá-la, comprovando-a mais uma vez, ainda
que de forma teórica. E pela sua grande repercussão, ajudou a popularizar o
quão fascinante são as descobertas da relatividade. Foi tema de outros
paradoxos e histórias criadas depois, como o filme “Interestelar” (imagem 1.2)
mais recentemente.

E é isso o que torna a relatividade tão incrível: o sentimento de descobrir


mais uma vez como o mundo funciona, com o brilho no olhar e o espanto de
uma criança.

Imagem 1.5

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4. REFERÊNCIAS:

 https://en.wikipedia.org/wiki/Twin_paradox;
 http://webpages.fc.ul.pt/~ommartins/traducoes/langevin.htm;
 https://www.significados.com.br/paradoxo/;
 http://www.matematica.br/itangram/exemplos/mac118_2016/exercicios/
falso_paradoxo.html;
 https://www.youtube.com/watch?v=A2lCvOUxL9E;
 HTTPS://www.youtube.com/watch?v=v7akGc8JKIw;
 https://www.infoescola.com/fisica/velocidade-da-luz/;
 http://joke-battles.wikia.com/wiki/File:Paradox_pic.jpg (Imagem 1.1);
 https://www.empireonline.com/movies/features/interstellar-explained/
(Imagem 1.2);
 http://www.artofvfx.com/passengers-pete-dionne-vfx-supervisor-mpc/
(Imagem 1.3);
 http://www.youstupidrelativist.com/MPSR.html (Imagem 1.4);
 HTTPS://www.cheatsheet.com/money-career/jobs-criminal-record.html/?
A=viewall (Imagem 1.5);
 Último acesso em 14 de Dezembro de 2017.

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