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ILUSTRÍSSIMO SENHOR, DIRETOR DA CASA DE PRISÃO PROVISÓRIA DO

COMPLEXO PRISIONAL DE APARECIDA DE GOIÂNIA - GOIÁS

Trata-se de fato corrido no dia xxxxx do mês xxx, quando a interna xxxxxx, filha de
xxxx, ora presa provisoriamente nesta Casa Correcional, foi retirada da cela xxx, onde
convivia com as demais presas e alojada em cela de isolamento.

A presente defesa da retromencionada, somente tomou conhecimento do fato na data de


xxxxx, momento em que procurou saber junto a esta douta administração penitenciária,
quais foram os motivos que originou a aplicação de isolamento na referida interna,
quando atendido pelo servidor kkkkk a defesa foi informada que o isolamento havia
ocorrido pelo faro do esposo da interna se encontrar na condição de foragido da justiça,
sendo somente este argumento.

Ocorre que as regras para isolamento de presos, estabelecidas pela Lei 7.210/84, não
abarca o fato narrado como fundamento para tal procedimento, tendo em vista que a o
episódio do esposo da interna estar na condição de foragido, não se amolda no rol
taxativo de faltas disciplinares graves previstas no artigo artigo 50 lei mencionada;

Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de


liberdade que:

I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou


a disciplina;

II - fugir;

III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a


integridade física de outrem;

IV - provocar acidente de trabalho;

V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas;

VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo


39, desta Lei.

VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho


telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com
outros presos ou com o ambiente externo.  

VIII - recusar submeter-se ao procedimento de identificação do


perfil genético.         

Parágrafo único. O disposto neste


artigo aplica-se, no que couber, ao preso provisório.
Desta forma, verifica-se a impossibilidade de aplicação das modalidades de isolamento
de presos, conforme os artigos 53 e 60 da Lei 7.210/84;

Art. 53. Constituem sanções disciplinares:

I - advertência verbal;

II - repreensão;

III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, parágrafo


único);

IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos


estabelecimentos que possuam alojamento coletivo,
observado o disposto no artigo 88 desta Lei.

V - inclusão no regime disciplinar diferenciado.  

Art. 60. A autoridade administrativa poderá decretar o


isolamento preventivo do faltoso pelo prazo de até dez dias. A
inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado, no
interesse da disciplina e da averiguação do fato, dependerá
de despacho do juiz competente. 

A Lei de Execução Penal, no seu artigo 45, traz a obrigação da obediência ao “Princípio
da Legalidade” nos casos em que for necessário adotar medidas provisórias ou de
caráter punitivo;

Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa
e anterior previsão legal ou regulamentar.

Além do mais, observa-se que houve ainda omissão quando fala da desobediência do
parágrafo único do artigo 58 da LEP, bem como se fosse o caso de isolamento
preventivo para apuração de falta de disciplinar, obediência a súmula 533 do STJ,
sobretudo pelo fato de possuir advogado constituído;

Art. 58. O isolamento, a suspensão e a restrição de direitos


não poderão exceder a trinta dias, ressalvada a hipótese do
regime disciplinar diferenciado.                                  

Parágrafo único. O isolamento será sempre comunicado ao


Juiz da execução.

SÚMULA n. 533 Para o reconhecimento da prática de falta


disciplinar no âmbito da execução penal, é imprescindível a
instauração de procedimento administrativo pelo diretor do
estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a
ser realizado por advogado constituído ou defensor público
nomeado.
Assim sendo, sirvo-me do presente para solicitar que a interna XXXXXXXX, seja
transferida para a cela de convívio, onde se encontrava recolhida anteriormente, que seja
apurada as irregularidades dentro das esferas administrativas e criminal com base na Lei
13.869/2019, visando zelar da legalidade no bom andamento dos trabalhos desta
Unidade Prisional.

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Diante do caso em tela, notório que o procedimento adotado possuí características e


aparência de ato de ilegalidade, pois contraria os dispositivos legais de regramento

Sirvo-me do presente para solicitar a transferência da interna xxxxxx, filha de , ora


presa provisoriamente nesta Casa Correcional, da cela

a qual se foi removida do concivinterna XVenho por meio desta, requerer a motivação
do ato administrativo que levou a Sr.ª, a ser removida da cela a qual ocupava, para cela
de isolamento, em observação ao artigo 50 da lei 9784/99.

Afim de que possa ser assegurado o direito a ampla defesa, promovida pelo advogado
constituído, conforme estabelece o artigo 5º inciso LV da CF/88 e art. 59 da LEP.

Inobstante a coordenação carcerária possuir amparo institucional para realocar os


internos, a mesma não possui, legitimidade para aplicar sanções disciplinares de forma
indiscriminada, conforme artigo 2º parágrafo único, inciso I da Lei 9784/99.

Portanto, deve-se observar que o rol do artigo 50 da Lei de Execução Penal, e taxativo,
ao prever as condutas que justificam a aplicação de sanção disciplinar, não comportando
interpretação extensiva para ampliar seu alcance e subsidiar a remoção indiscriminada
de qualquer interno a cela de isolamento, o que ensejaria o possível enquadramento do
art.13 inciso II, da lei 13.869/19.

Assim sendo, requer; em observação aos Princípios da Legalidade, Razoabilidade e


Proporcionalidade, previstos no art. 2º da lei 9784/99, e art. 5º inciso XLIX da CF/88, o
deferimento do retorno da Sr.ª a cela de origem a qual ocupava, antes da remoção para
cumprimento de sanção disciplinar, visto que a mesma já se encontra a mais de 12 dias
em isolamento preventivo, em flagrante desconformidade como o artigo 60 da LEP.

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