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Dedicatória

Este trabalho é dedicado:

A toda comunidade filosófica;

As futuras gerações que, tendo a necessidade de saber mais sobre a temática em abordagem,
embasar-se-ão neste trabalho;

Aos colegas, companheiros académicos e a todo aquele que, de uma forma explícita ou
implícita, servir-lhe-á de fonte.

Agradecimentos
A elaboração deste trabalho deveu-se a tão infinita e bendita graça de Deus, à orientação
concebida pelo professor _________________, que, desde sempre, com esmero e amor à
profissão, tem nos mostrado o caminho para se chegar ao conhecimento.

A Eles, meus eternos agradecimentos!!!

Introdução

É comum o uso, em sala de aula, de diversas estratégias com o intuito de facilitar a


aprendizagem. Muitas delas, como analogias, metáforas, imagens, modelos entre outras
presentes nos materiais didácticos e amplamente utilizadas por docentes, deveriam ser fonte
de reflexão sobre suas implicações.

Ainda que empregadas com a intenção de facilitar a compreensão de um determinado assunto,


na realidade não auxiliam verdadeiramente, salvo em casos específicos muito bem trabalhados.
Ao contrário, esses subterfúgios pedagógicos fazem com que sejam substituídas linhas de
raciocínio por resultados e esquemas, o que se por um lado suscita atrativos e interesse, por
outro se cristaliza intuições. Assim, práticas como essas podem ser perniciosas à aprendizagem.

A assimilação de noções inadequadas, sejam elas advindas dos conhecimentos empíricos que o
educando vivencia em seu cotidiano ou adquiridas na escola, poderá resultar na constituição de
obstáculos epistemológicos (Bachelard, 1996).

Neste trabalho, desenvolvido por José Correia Tchicuacuala, sob orientação do professor
____________, cuja temática é formada pelas palavras " Obstáculos Epistemológicos segundo
Gaston Bachelard", são enumeradas os entraves que que fazem com que a construção do
espírito científico não se efective.

Conceito de obstáculos epistemológicos

Gaston Bachelard cunhou em sua obra "A formação do espírito científico (1938)" a ideia do
obstáculo epistemológico, que deve ser visto como uma derivação limitante de um sistema de
conceitos sobre o desenvolvimento do pensamento, o que impede um modo de pensamento
pré-científico de conceber a abordagem científica. Em palavras mais simples, a ideia de
obstáculo epistemológico, identifica e expressa elementos psicológicos que dificultam a
aprendizagem de novos conceitos para a ciência, e está presente em pessoas sujeitas a
enfrentar novas realidades, uma vez que não têm referências diretas por experiências
anteriores sobre o que se está a tentar descobrir.

Em outras palavras, pode-se dizer que o obstáculo epistemológico é um conjunto de


dificuldades psicológicas que não permitem acesso correcto ao conhecimento objectivo.
Bachelard encontra elementos que dificultam o conhecimento adequado e real, que não
permitem a própria evolução do espírito, para que ele possa passar de um estado pré-científico,
influenciado pelos sentidos e feedback imediato, a um método científico com base no status
científico.

As pessoas que desejam atingir um grau de enriquecimento epistemológico, o chamado:


espírito científico, devem pôr de lado experiência e hábitos de pensamento que sempre foram
utilizados, típicos de todo o espírito pré-científico. Bachelard identifica esses obstáculos
epistemológicos como barreiras para a formação de um espírito científico.

Obstáculos epistemológicos não estão se referindo a elementos ou fatores externos que podem
estar envolvidos no processo de desenvolvimento do conhecimento científico de pessoas.
Obstáculos epistemológicos encontram-se na dificuldade de captar o acontecimento ou
fenômeno devido às condições psicológicas que impedem o desenvolvimento do espírito
científico.obstáculos

Gaston Bachelard em seu trabalho identifica os seguintes obstáculos epistemológicos

Obstáculo da experiência primeira

Este obstáculo se dá da “experiência colocada antes e acima da crítica” (BACHELARD, 1996, p.


29). A ciência deve suplantar a opinião e a observação básica e serem modificados pelo
exercício da razão experimental. A experiência primeira, ou seja, observação primeira é definida
como algo colorido, pitoresco, cheio de imagens que chamam atenção. Em decorrência disso,
cada vez mais, professores vem se preocupando em divertir e encantar os alunos a fim de
facilitar o entendimento dos conteúdos que são ensinados. Porém, tais actitudes acabam
gerando um distanciamento, uma ruptura entre a observação e a experiência. Há nesse aspecto
uma não continuidade, desprendendo o pensamento e afastando do conhecimento
(BACHELARD, 1996).

Uma ciência que se fundamenta apenas em imagens acaba se transformando numa vítima de
metáforas. Experiências metafóricas são, na realidade, sem grande valor se não for deduzido o
abstrato do concreto, isto é, o experimento deve ser utilizado como uma ferramenta auxiliar
ilustrativa e não se resumir a uma sucessão de resultados visualmente interessantes
(BACHELARD, 1996).

Bachelard (1996) reforça que os educadores devam procurar estratégias que façam com que
certas afetividades dos alunos não se sobressaiam sobre o objecto de ensino, sem haver uma
generalização do conhecimento. As explicações dos professores devem ser abertas, dando
oportunidades para que os estudantes possam questionar, gerando discussões de ideias,
elaboração de hipóteses e assim, desenvolver o olhar crítico-científico.

Generalização

Acontece no instante seguinte às primeiras observações, quando já não há mais nada a


observar. Os olhos deslumbrados fecham-se, então, num sistema que, por ser oprimeiro, é
sempre falso. Para Bachelard, a generalização apressada e fácil proporciona um perigoso prazer
intelectual que leva o pensamento à imobilidade. O pensamento científico se engana quando
segue duas tendências contrárias: a atração pelo particular e a atração pelo universal, que se
caracterizam um, pelo conhecimento em compreensão e outro, pelo conhecimento em
extensão. A saída desse impasse será encontrada com a criação de uma nova palavra que
designe essa atividade do pensamento empírico inventivo. Para Bachelard, a fecundidade de
um conceito científico é proporcional ao seu poder de deformação , que implica a necessidade
de incorporar as condições de aplicação à própria essência da teoria.

Obstáculo Verbal
Localizado em hábitos orais de pessoas usados em uma base diária, tornando este obstáculo
um dos mais difíceis e com maior poder explicativo. Trata-se de uma falsa justificação obtida
com a ajuda de uma palavra explicativa; extensão abusiva das imagens visuais; estranha
inversão que pretende desenvolver o pensamento ao analisar um conceito, no lugar de inserir
um conceito particular numa síntese racional.

Conhecimento Unitário e Pragmático

Trata-se da crença numa unidade harmônica do mundo; assim, diversas atividades naturais se
tornam manifestações de uma só natureza.

Sobre o que é o conhecimento pragmático para Bachelard, Andrade et al(2002) diz: “traduz-se
na procura do carácter utilitário de um fenômeno como princípio de explicação. Bachelard
afirma que muitas generalizações exageradas provêm de uma indução pragmática ou utilitária.
Em pedagogia, constata-se que quando os alunos se referem a aspectos utilitários dos
conceitos, como por exemplo: “a fotossíntese é a função que purifica o ar que nós respiramos”,
parece que isto é suficiente para definir os conceitos” (ANDRADE et al, 2002, p. 5).

Substancialismo

Esse obstáculo “pode ser em parte oriundo do materialismo promovido pelo uso de imagens ou
da atribuição de qualidades” (OLIVEIRA e GOMES, 2007, P. 98). Por exemplo, na Lei de Boyle,
atribuíam-se à eletricidade algumas qualidades como viscosidade, tenacidade e untuosidade;
como se ela fosse uma cola, um espírito material.

Realismo

Para o realista, a substância de um objecto é aceita como um bem pessoal. Segundo Bachelard,
todo realista é um avarento e todo avarento é um realista.

Animismo
O uso de atributos humanos no ensino de ciências pode ser considerado um entrave para a
aprendizagem. Isso significa animar, atribuir vida e características humanas às substâncias para
explicar fenômenos.

O mito da digestão

A digestão é a origem do mais forte realismo, da mais abrupta avareza. Bachelard destaca aqui
a função de posse como objecto de todo um sistema de valorização. O alimento sólido e
consistente torna-se mais prezado. O beber não significa nada diante do comer. A fome é,
portanto, a necessidade natural de possuir o alimento sólido, durável, integrável, assimilável,
verdadeira reserva de força e poder.

Conclusão

De acordo com o conteúdo apresentado, chega-se a conclusão de que é primordial que os


professores possam identificar a presença de tais obstáculos para aprimorar o seu processo de
ensino. A educação científica precisa ser auxiliada pelos professores de forma que seus
conceitos façam parte do cotidiano dos estudantes.
Referências bibliográficas

Bachelard, Gaston (1928). Ensaio sobre o conhecimento aproximado. RJ:Contraponto, 2004,


316p

(1940). A filosofia do não - filosofia do novo espírito científico. Lisboa:Ed. Presença, 1987, 140p.

Obstáculos epistemológicos.brasilescol.uol.com.br.

BACHELARD, Gaston. A formação do espírito científico. Tradução de Estela dos

Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto Editora, 1996.7

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