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- CAPÍTULO III - DOS CRIMES CONTRA A

ASSISTÊNCIA FAMILIAR

ARTIGO 244 CP - ABANDONO MATERIAL

CONCEITO
Comete o crime aquele que deixa, sem justa causa, de prover a
subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 anos, ou que seja
inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60
anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando
ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada
ou majorada. E, ainda, aquele que deixa, sem justa causa, de
socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo.
Também é punida a conduta daquele que, sendo solvente, frustra ou
ilide, de qualquer modo, inclusive por abandono injustificado de
emprego ou função, o pagamento de pensão alimentícia
judicialmente acordada, fixada ou majorada.

PARTICULARIDADE:

Exclui o crime:
-O erro de tipo: Ex.: O agente desconhecia a situação de abandono
da vítima.
Demonstração da justa causa - A excepcional condição de não
poder o réu, eventualmente, arcar com aquele ônus, pois, encontra-
se muito doente, ou não ganha, sequer, para o próprio sustento,
cabendo a ele provar tal fato.

Não excluem o crime:


Eventual desemprego, dificuldades econômicas, desavença entre o
casal, a recusa da mulher em manter com o agente relação sexual
etc.

- crime omissivo – não admite e a tentativa.

Parágrafo único – comissivo – admite a tentativa.

SUJEITO ATIVO
O crime é próprio, e somente pode ser cometido pelas pessoas
expressamente indicadas no tipo penal (cônjuges, ascendentes e
descendentes):
SUJEITO PASSIVO
Sujeito ativo imediato em todas as condutas, é o Estado, principal
interessado na subsistência da comunidade familiar.

E de forma mediata, podem ser sujeitos passivos:


-O cônjuge, homem ou mulher;
-O filho menor de 18 anos ou inapto para o trabalho (inapto para o
trabalho é aquele que não pode prover pelo seu trabalho o próprio
sustento, ou por motivo de invalidez, ou ainda por não conseguir
colocação no mercado de trabalho);
-O ascendente inválido ou maior de 60 anos se dependente de
assistência material;
-O credor de pensão alimentícia, acordada, fixada ou majorada
judicialmente;
-O ascendente ou descendente gravemente enfermo;

OBJETO JURÍDICO:

É a proteção dispensada pelo Estado à família.

OBJETO MATERIAL:

É a renda, pensão ou outro auxílio.

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO:

O tipo penal traz três condutas típicas distintas, a saber:

1ª - A primeira conduta típica tem o núcleo deixar de prover sem


justa causa, a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18
anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior
de 60 anos, não lhes proporcionando os recursos necessários;

-Recursos necessários à subsistência: São aqueles básicos e


absolutamente necessários para a vida, p.ex.: os recursos
indispensáveis à alimentação, aos remédios, ao vestuário e à
habitação, não incluindo gastos secundários, p.ex.: viagens, lazer,
curso de música etc.
-Não se confundem, os recursos necessários, com os alimentos
previstos no Direito Civil, que envolvem, também, lazer, escola,
despesas com psicólogo etc.
2ª - A segunda conduta típica tem o núcleo faltar ao pagamento de
pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada;

Consiste, o crime em estudo, em não honrar uma obrigação.


Há uma decisão judicial homologando um acordo, fixando ou
majorando os alimentos devidos, quaisquer que seja sua natureza
(definitivos, provisórios, gravídicos etc.), e o agente, sem justa
causa, falta com o pagamento.
É necessário que o agente deixe passar o prazo fixado em juízo
para pagamento.

Obs.: Necessário se faz provar o não pagamento da pensão


alimentícia.

O crime de abandono material também é imputado ao convivente


que, sem justa causa, falta ao pagamento da pensão alimentícia
judicialmente fixada em prol do outro convivente.
3ª - A terceira figura típica tem o núcleo deixar de socorrer, sem
justa causa, ascendente ou descendente gravemente enfermo.
-Deixar de socorrer é negar proteção e assistência;
-Enfermidade grave: é a séria alteração ou perturbação da saúde
física ou mental de alguém.

ELEMENTOS SUBJETIVOS DO CRIME:

É o dolo.
Não se admite a modalidade culposa.

Ex.: Não há crime na conduta do pai que negligentemente se


esquece de depositar a pensão alimentícia fixada ao filho menor de
18 anos.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Trata-se de crime omissivo, e se consuma quando o sujeito se
recusa em prestar à vítima os meios de subsistência necessários, ou
em pagar a pensão alimentícia devida.

Não se admite a tentativa.

AÇÃO PENAL
A Ação Penal é pública incondicionada.

CLASSIFICAÇÃO:
Próprio, formal, de forma livre, omissivo, permanente, unissubjetivo,
unissubsistente.

FIGURA TÍPICA EQUIPARADA – Art. 244, § único

Parágrafo único - Nas mesmas penas incide quem,


sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo,
inclusive por abandono injustificado de emprego ou
função, o pagamento de pensão alimentícia
judicialmente acordada, fixada ou majorada.

O § único faz típica a conduta do agente que, sendo solvente,


frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive por abandono
injustificado de emprego ou função, o pagamento de pensão
alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada.
-Frustrar: é iludir, enganar;
-Elidir; é eliminar, afastar, suprimir;

Obs: Ambos os núcleos estão vinculados à pessoa solvente, isto é,


capaz de pagar a pensão alimentícia, mas que deixa de cumprir com
sua obrigação.
E assim, referida pessoa, para livrar-se do pagamento da pensão
alimentícia, que é descontada em folha, abandona
injustificadamente o emprego, e busca por trabalho informal.

Ex.: O sujeito abandona o emprego para não ter descontada em


folha a pensão alimentícia.

Obs.: Necessário que se prove a solvência do agente, e a malícia


deste em furtar-se ao pagamento da pensão alimentícia.

Aqui a tentativa é admitida, p.ex.: quando o empregado solicita ao


empregador que não o registre em carteira para evitar o desconto
de pensão alimentícia, mas tal fato é recusado por aquele.

AÇÃO PENAL
A Ação Penal é pública incondicionada.
Artigo 245 CP - ENTREGA DE FILHO MENOR A PESSOA
INIDÔNEA crime de assistência familiar

CONCEITO

É crime o fato de alguém entregar filho menor de 18 anos a pessoa


em cuja companhia saiba ou deva saber que o menor fica moral ou
materialmente em perigo.
E ainda, se o agente pratica delito para obter lucro, ou se o menor é
enviado para o exterior. 
Ou, se excluído o perigo moral ou material, o agente auxilia a
efetivação de ato destinado ao envio de menor para o exterior, com
o fito de obter lucro. 

- dolo direto ou dolo eventual.

SUJEITO ATIVO
Trata-se de crime próprio, e os Sujeitos Ativos, no caput e no § 1º,
são os pais, legítimos ou não, inclusive os adotivos.

No § 2º, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo.

SUJEITO PASSIVO
É o filho menor de 18 anos de idade, criança ou adolescente, seja
legítimo, natural ou adotivo.

OBJETO JURÍDICO:
É a proteção dispensada aos menores de dezoito anos.

OBJETO MATERIAL:
É o menor.

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO:

O núcleo do tipo penal é “entregar” o filho menor, significando,


deixar sob os cuidados, sob a vigilância, ainda que por pouco
tempo, à pessoa inidônea (traficantes de droga, ébrio contumaz,
pessoa extremamente violenta e agressiva), em cuja companhia
saiba ou deva saber que o menor fica moral ou materialmente em
perigo.
Não se exige a efetiva lesão, basta a exposição ao perigo, que se
presume diante das qualidades negativas daquelas pessoas a quem
foi entregue o menor.
Ex.:
-Entregar o filho menor a pessoa, embora idônea, mas portadora de
doença contagiosa, ou a uma meretriz, a ébrios, a traficantes,
criminosos, viciados em drogas etc., colocando em risco a formação
psicológica, e o normal desenvolvimento físico e psicológico.

ELEMENTO SUBJETIVO ESPECÍFICO DO TIPO:

Não há, exceto no tocante ao ânimo de obtenção de lucro previsto


nas figuras qualificadas. (parágrafos primeiro e segundo).

ELEMENTO SUBJETIVO DO CRIME:

É o dolo, a vontade livre e consciente de entregar filho menor de


dezoito anos aos cuidados de pessoa inidônea.

Não se admite a modalidade culposa.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Consuma-se com a efetiva entrega do filho menor a pessoa
inidônea, na companhia da qual corre perigo, não se exigindo que
resulte efetivo dano. Entretanto, exige-se a comprovação da
situação de perigo material ou moral à vítima. (crime material).

A tentativa é admitida.

Ex.: No momento em que o pai está prestes a entregar o filho menor


a um traficante, é surpreendido pelo Conselho Tutelar.

AÇÃO PENAL
A Ação Penal é pública incondicionada.

CLASSIFICAÇÃO: próprio (comum na figura qualificada, do


parágrafo segundo; formal; (material na figura qualificada referente à
ida do menor para o exterior); de forma livre; comissivo; instantâneo,
inissubjetivo; plurissubsistente.
- FORMAS QUALIFICADAS

§ 1º - A pena é de 1 (um) a 4 (quatro) anos de


reclusão, se o agente pratica delito para obter lucro, ou
se o menor é enviado para o exterior. 
§ 2º - Incorre, também, na pena do parágrafo
anterior quem, embora excluído o perigo moral ou
material, auxilia a efetivação de ato destinado ao envio
de menor para o exterior, com o fito de obter lucro. 

§ 1º - PRIMEIRA PARTE: “se o agente pratica delito para obter


lucro,”
Consiste no fim econômico visado pelo sujeito ativo. O menor é
entregue para que o agente obtenha alguma vantagem econômica.
Ex.: Entrega do filho menor para a prática de crimes, para esmolar
etc.
-O sujeito entrega o filho menor a um morador de rua para que, na
companhia deste, peça esmolas no semáforo.

No parágrafo segundo, trata-se de punir aquele que auxilia na


efetivação do envio de menor para o exterior, com o fito de obter
lucro, mesmo que excluído o perigo moral ou material.

PARTICULARIDADE:

Parágrafo primeiro do artigo 245, cp.

Obs.: Se o agente obtiver a vantagem econômica ou a recompensa,


a conduta será a do artigo 238 do ECA:

Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a


terceiro, mediante paga ou recompensa:
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou
efetiva a paga ou recompensa.
Artigo 246 CP - ABANDONO INTELECTUAL

CONCEITO
É crime o fato de deixar, sem justa causa, de prover à instrução
primária de filho em idade escolar.

É garantia constitucional a educação básica e gratuita dos 4 aos 17


anos de idade. Estabelece, ainda, a Carta Magna, o dever da família
assegurar a educação, à criança e ao adolescente, bem como o
dever dos pais em educar os filhos menores. (ARTIGO 208, I, 227 E
229, CF), (ARTIGO 55, ECA), (ARTIGO 1634, I, CC).

PARTICULARIDADES:

Exclui o delito, a justa causa:


Ex.: A distância entre a residência e a escola, a inexistência de
escola, a ausência de vaga, a penúria e a miserabilidade extrema da
família.

Crime omissivo – não admite a tentativa.

Crime formal – não necessita da efetiva prova do prejuízo.

SUJEITO ATIVO
Referindo-se o tipo penal a “filho”, significa que o sujeito ativo são,
apenas, os pais, tratando-se, pois, de crime próprio.

SUJEITO PASSIVO

Trata-se de crime bipróprio. É próprio quanto ao sujeito ativo, e


também próprio quanto ao sujeito passivo.
Sujeito passivo é o filho, natural ou adotivo, em idade escolar.

OBJETO JURÍDICO:
É a educação e a instrução de menores, que o Estado tem o dever
de preservar

OBJETO MATERIAL:
É a instrução do menor.

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO

Trata-se de crime omissivo, que tem como núcleo “deixar” de


prover, sem justa causa, à instrução primária (de primeiro grau) do
filho, em escolas públicas ou particulares. Pune-se a inobservância
de dever legal imposto aos pais.

ELEMENTO SUBJETIVO DO CRIME:

É o dolo

Não se admite a modalidade culposa.

Ex.: Os pais negligentemente se esquecem de matricular o filho em


idade escolar.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Consuma-se o crime quando o filho já atingiu a idade escolar, e os
pais dolosamente deixam, sem justa causa, de adotar medidas
necessárias para que ele receba instrução, por tempo juridicamente
relevante.

Trata-se de crime formal, e não necessita de comprovação de


efetivo prejuízo à criança ou adolescente.

Não se admite a tentativa.

AÇÃO PENAL
A Ação Penal é pública incondicionada.

- CLASSIFICAÇÃO: próprio, formal; de forma livre; omissivo;


permanente; unissubjetivo; unissubsistente.

ARTIGO 247 CP - ABANDONO MORAL

CONCEITO
É crime o fato de alguém permitir que menor de dezoito anos,
sujeito a seu poder ou confiado à sua guarda ou vigilância,
- freqüente casa de jogo ou mal-afamada;
- conviva com pessoa viciosa ou de má vida;
- freqüente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de ofender-lhe
o pudor,
- participe de representação de igual natureza;
- resida ou trabalhe em casa de prostituição;
- mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comiseração
pública;
Tutela a lei penal, a preservação da moral do menor, no que
concerne à sua formação de caráter, sentimento etc. impedindo
situações que possam corrompê-lo.
- PARTICULARIDADES:

1 - O tipo penal é do tipo “crime de condutas conjugadas”, ou seja,


tem um único núcleo “permitir”, e cometendo o agente mais de uma
conduta, ainda que contra a mesma vítima, responderá pela
pluralidade de crimes em concurso material.(ARTIGO 69,CP).
Ex.: O agente permite que o menor de 18 anos de idade frequente
com habitualidade casas de jogos, e trabalhe em casa de
prostituição.

2 - O menor de 18 anos, civilmente emancipado ou casado, já não


está mais sob poder, ou confiado à guarda ou vigilância. O poder
familiar já está extinto, e, portanto, não é mais sujeito passivo no tipo
penal em estudo.

3 - inciso I, III e IV, do art. 247, CP - Exige-se habitualidade. O


comparecimento do menor nas casas, ou a convivência com tais
pessoas deve ser habitual, reiterada. Ir uma só vez não é frequentar.

2ª parte, do inciso II, do artigo 247, CP: (Revogada pelo art. 240 -
ECA) - participar de representação de igual natureza: A utilização de
criança e adolescente em cenas pornográficas ou de sexo explícito,
em representação teatral, televisiva, cinematográfica, fotográfica
etc., tem a tipificação no artigo 240 do ECA, que revogou a segunda
parte do inciso II. ( art. 240, ECA – reclusão de quatro a oito anos, e
multa).
Obs.: Não se exige habitualidade, basta uma única participação.
ECA.

-A submissão da criança ou do adolescente à prostituição ou à


exploração sexual é crime previsto no artigo 218-B do CP.

SUJEITO ATIVO
Trata-se de crime próprio. Podem ser sujeitos ativos, os pais, os
tutores, ou qualquer pessoa a quem tem sido confiada a guarda ou
vigilância do menor.

Ex.: diretores de escola, diretores de internatos, responsáveis


por excursões etc.

SUJEITO PASSIVO
É o menor de 18 anos que estiver submetido ao poder, guarda ou
vigilância do sujeito ativo.

OBJETO JURÍDICO:

É a educação moral do menor.

OBJETO MATERIAL:

O menor.

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO:

O núcleo do tipo penal é “permitir”, significando admitir, dar


liberdade, consentir, concordar, que o menor de 18 anos, sob o seu
poder, guarda ou vigilância, tenha qualquer dos comportamentos
previstos nos incisos.

OBS:
A permissão do sujeito ativo pode comissiva, omissiva,
expressa ou tácita. Não se exige, nas figuras típicas do artigo
247, que a permissão do sujeito ativo seja expressa, basta a
omissão dolosa, a concordância tácita.

Permitir que o menor pratique quaisquer das condutas


enumeradas nos incisos do artigo.

ELEMENTO SUBJETIVO ESPECÍFICO DO TIPO:

Não há, exceto na figura do inciso IV ( para excitar a comiseração


pública).

ELEMENTO SUBJETIVO DO CRIME:


É o dolo.

Não se admite a modalidade culposa.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

Trata-se de crime formal, pois se consuma independentemente de


haver acarretado, efetivamente, a má formação moral do menor.

Se dá a consumação quando, após a permissão, ocorrer a


frequência ( conduta habitual, a residência, trabalho ou mendicância.

AÇÃO PENAL
A ação Penal é pública incondicionada.

CLASSIFICAÇÃO: próprio, formal; de forma livre; comissivo,


instantâneo; unissubjetivo, unissubsistente ou plurissubsistente,
conforme o caso.

CAPITULO IV - DOS CRIMES CONTRA O


PÁTRIO PODER, TUTELA E CURATELA
ARTIGO 248 CP - INDUZIMENTO A FUGA, ENTREGA
ARBITRÁRIA OU SONEGAÇÃO DE INCAPAZES

CONCEITO
É crime o fato de alguém cometer qualquer das três condutas típicas
distintas previstas, a saber:
1ª – Induzimento a fuga de incapazes - ...Induzir menor de dezoito
anos, ou interdito ...;
2ª – Entrega arbitrária de incapazes - ...confiar a outrem sem ordem
do pai ...;
3ª – Sonegação de incapazes - ...deixar, sem justa causa, de
entregá-lo...;
Tutela a lei penal, a manutenção do poder familiar, a tutela e a
curatela.
Poder familiar: é o conjunto de direitos e deveres atribuídos aos
pais, em relação à pessoa dos filhos e aos bens destes, desde que
não emancipados.
Tutela: instrumento do Direito Civil que substitui o poder familiar,
quanto às pessoas cujos pais faleceram, foram destituídos ou
suspensos.
Curatela: é o encargo público atribuído a alguém por lei, para dirigir
a pessoa e bens de pessoas maiores, que por si só não podem
fazê-lo.
- PARTICULARIDADE:
1 - Para que se configure o delito, não basta apenas o induzimento
para a fuga. Necessário se faz que o menor, em razão do
induzimento, fuja da esfera de vigilância de quem sobre ele exerça
autoridade. (corrente majoritária) – há divergências na doutrina

2 - se o agente induzir o menor a acompanhá-lo, o crime será o


previsto no artigo 249 do CP – subtração de incapazes.

3 - No que se refere a “deixar de entregar” – a posse tem de ser


regular e autorizada.
Se a posse for decorrente de uma subtração, portanto ilícita, o crime
será o tipificado no artigo 249 CP – subtração de incapazes,
aplicando-se o princípio da consunção ou da absorção.
- Deixar de entregar injustamente e quem legitimamente a
reclame.
4 - consentimento dos menores e interditos é irrelevante.

SUJEITO ATIVO

Qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo,

SUJEITO PASSIVO
Primeiro são os pais, os tutores, os curadores, e, em
segundo,também os menores e as pessoas sujeitas às curatela.

OBJETO JURÍDICO
É a proteção ao poder familiar, tutela ou curatela.

OBJETO MATERIAL:
É o menor de dezoito anos ou interdito.

ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO:

-induzimento a fuga de incapazes, o núcleo é “induzir”, significando


incitar, fazendo surgir e despertar na mente da vítima a ideia de
fugir, com seus próprios meios
EX. conduta do sujeito ativo poderá se dar mediante conselhos ou
promessas ao menor ou interdito para que fuja.

-“confiar”, significando entregar a outrem sem ordem dos pais, do


tutor ou do curador.

Ex.: Responsável por instituição de ensino que entrega o menor a


pessoa não autorizada a recebê-lo.

“deixar de entregar” significando recusar-se a entregar o menor a


quem legalmente o reclame. A modalidade é omissiva.
É requisito para a configuração da modalidade, a posse ou detenção
lícita do menor ou do interdito sob seus cuidados, e a recusa em
entregá-lo, sem justa causa, a quem legitimamente o reclame.
A posse deve ter sido regular e autorizada.

ELEMENTO SUBJETIVO DO CRIME:

É o dolo.

Não se admite a modalidade culposa.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

-Na primeira figura, (induzimento à fuga) - “induzir”, consuma-se


com a fuga do menor ou do interdito da esfera de vigilância do
responsável. Não basta o simples induzimento. (Doutrina
majoritária) – há divergências
-É possível a tentativa.

-Na segunda figura, (entrega arbitrária) - “confiar”, consuma-se


com a entrega do menor ou do interdito;
-É possível a tentativa.

-Na terceira figura, (sonegação de incapazes) - “deixar”, consuma-


se no momento da recusa sem justa causa em entregar o menor ou
interdito a quem legitimamente o reclame.

-Impossível é a tentativa, pois, trata-se de crime omissivo. Ou se


consuma com a recusa, ou há a entrega, e a conduta torna-se
atípica.

AÇÃO PENAL
A Ação Penal é pública incondicionada.
CLASSIFICAÇÃO: comum, formal; de forma livre, comissivo
(induzir e confiar) e omissivo (na forma deixar de entregar);
instantâneo (induzir e confiar) e permanente (deixar de
entregar); unissubjetivo; unissubsistente (na forma omissiva)
ou plurissubsistente ( na forma comissiva).

Artigo 249 cp - SUBTRAÇÃO DE INCAPAZES

CONCEITO
Comete o crime aquele que subtrair menor de dezoito anos ou
interdito ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei
ou de ordem judicial.

- PARTICULARIDADE:

1 - Crime subsidiário - Subsidiariedade expressa – “...se o fato não


constitui elemento de outro crime.”

Exemplo - Havendo o fim de obtenção de resgate, o crime será de


extorsão mediante sequestro Art. 159 CP; Se a subtração tiver o fim
de colocá-lo em lar substituto, o crime será o previsto no artigo 237 -
ECA;

- Há de ser analisado, também, o princípio da especialidade entre os


tipos penais,

2 - A subtração pode ocorrer mediante violência física ou moral, ou


mediante fraude.

A ameaça está integrada na subtração do incapaz, e assim, o


agente responderá, apenas por este último crime.

Em caso de haver grave ameaça ou violência, responderá o agente


pelo crime de subtração de incapazes, em concurso formal
impróprio (art. 70 – caput - parte final).

SUJEITO ATIVO
Qualquer pessoa pode figurar na condição de sujeito ativo, inclusive
o pai ou tutor do menor, ou o curador do interdito, se destituídos ou
temporariamente privados do poder familiar, tutela, curatela ou
guarda.
SUJEITO PASSIVO
Em primeiro, os pais, tutores ou curadores, enquanto no exercício
do poder familiar, tutela ou curatela. E ainda aquele que está com a
guarda do menor ou do interdito, em virtude de lei ou decisão
judicial.
E, em segundo, também os menores e os interditos são sujeitos
passivos.

- OBJETO JURÍDICO:

é a proteção ao poder familiar, tutela ou curatela.

- OBJETO MATERIAL:

É o menor de dezoito anos ou interdito.

- ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO:

-“subtrair”, retirar, tirar menor de dezoito anos ou interdito ao poder


de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou de ordem
judicial.
-A guarda pode emanar:
-de lei, p.ex.: poder familiar;
-de decisão judicial, p.ex.: nomeação de tutores ou curadores;

ELEMENTO SUBJETIVO DO CRIME:

É o dolo, a vontade livre e consciente de subtrair menor de dezoito


anos ou interdito da guarda de seu responsável.

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Consuma-se o crime com a efetiva subtração, com a retirada, do
menor ou do interdito da guarda, da esfera de vigilância do seu
responsável legal.

É admitida tentativa quando o agente não consegue retirar o menor


ou o interditado da esfera de vigilância do seu responsável legal por
circunstâncias alheias à própria vontade.

AÇÃO PENAL
A Ação Penal é pública incondicionada.

CLASSIFICAÇÃO:

Comum, Formal; de forma livre; comissivo; instantâneo;


unissubjetivo, plurissubsistente

PERDÃO JUDICIAL – Art. 249, § 2°

§ 2º - No caso de restituição do menor ou do


interdito, se este não sofreu maus-tratos ou privações, o
juiz pode deixar de aplicar pena.

Se após a ocorrência da subtração do menor ou do interditado,


houver por parte do agente a espontânea devolução aos pais, tutor,
curador, ou àquele que possui a guarda em virtude de lei ou decisão
judicial, compete ao juiz deixar de lhe aplicar a pena.

Obs - Perdão Judicial não é uma faculdade do juiz em conceder-lhe


ou não. Se presentes os requisitos legais, o juiz está obrigado a
conceder, deixando de aplicar a pena.

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