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SERVIÇO INTERDISCIPLINAR DE ACOLHIMENTO

E APOIO AOS ENLUTADOS DO HOSPITAL DE APOIO DE BRASÍLIA

1. IDENTIFICAÇÃO: Serviço Interdisciplinar de Acolhimento e Apoio aos


Enlutados do Hospital de Apoio de Brasília.

2. UNIDADE SOLICITANTE: Unidade de Cuidados Paliativos do Hospital de


Apoio de Brasília – UCPA/HAB

3. APRESENTAÇÃO:

É impossível conhecer o homem sem lhe estudar a morte, porque,


talvez mais do que na vida, é na morte que o homem se revela. É
nas suas atitudes e crenças perante a morte que o homem exprime
o que a vida tem de mais fundamental (Edgar Morin, 1988).

A morte enquanto evento universal é vivenciado de maneira peculiar por cada


pessoa. Esta experiência é perpassada por fatores sócio-culturais, personalidade,
vínculos afetivos dentre outros.

Além disso, a morte é um evento mobilizador de diversos sentimentos e


processos cognitivos na pessoa que se depara com a própria terminalidade e, também,
sua rede social – familiares, amigos e profissionais de saúde – que estão envolvidos no
processo do morrer.

Segundo Breen (2007), o acompanhamento da morte de um ente familiar é


vivenciado enquanto um evento estressor que impacta o indivíduo na sua vida como um
todo: aspectos emocionais, físicos, comportamentais, cognitivos, sociais e financeiros.

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De acordo com Silva (2015), o luto é compreendido “[...] como uma reação à
perda de um ser, com o qual se possui vínculo afetivo, devido à morte”. Outros autores
compreendem o luto como uma reação à diferentes perdas, tais como divórcio,
demissão, mudanças geográficas (Franco, 2010; Parkes, 1998; Santos, 2015).

As reações comuns ao processo de luto são descritas na Tabela I:

TABELA I - REAÇÕES AO ENLUTAMENTO

Afetivas

Depressão, desespero, desistência, estresse


Ansiedade, medos
Culpa, autorrepressão, autoacusação
Raiva, hostilidade, irritabilidade
Anedonia - perda de prazer
Solidão
Lamento
Choque, turvação

Cognitivas

Preocupação com pensamentos do falecido, intrusivos


Ruminação
Senso de presença do falecido
Supressão, negação
Baixa autoestima
Autorreprovação
Desesperança
Ideação suicida
Senso de não realidade
Dificuldade de concentração e com a memória

Comportamental

Agitação, tensão, inquietação


Fadiga
Hiperatividade
Busca
Choro, lamentação
Retirada social

Somática-fisiológicas

Perda de apetite
Distúrbio do sono
Perda de energia, exaustão
Queixas somáticas
Queixas físicas similares ao falecido

Mudanças endócrinas e imunológicas

Suscetibilidade ao adoecimento, às doenças e mortalidade

Fonte: Physiological and Psychological Symptoms of Grief in Widows (Kowalski e Bondmass, 2008)

Santos (2015) afirma que o luto tem como papel primordial reduzir a intensidade
e frequência da tristeza, anseio pelo reencontro e pensamentos intrusivos. Contudo, a

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e frequência da tristeza, anseio pelo reencontro e pensamentos intrusivos. Contudo, a
resistência no processo de diminuição desses sintomas pode desencadear o luto
patológico, também denominado complicado ou transtorno do luto prolongado. O
mesmo autor pondera que:

A falta de diminuição de sintomas dentro de 18 meses leva a possibilidade de se


fazer o diagnóstico de luto complicado, que se desenvolve em 7% a 22% de todos
os enlutados e afeta cerca de 200 milhões de pessoas por ano no mundo (Santos,
2015, p. 91).

3.1. Luto, sintomatologia e sofrimento

Apesar do luto ser vivenciado singularmente e ser um conjunto de reações


biopsicossociais e espirituais normais frente às perdas, há um crescente
reconhecimento de que o luto prolongado e não elaborado pode desencadear em
sofrimento psíquico moderado a grave.

Quadros disfuncionais relacionados ao luto podem causar prejuízos


significativos à vida das pessoas, com repercussões na saúde somática, mental e nas
relações sociais e ocupacionais. Nesse sentido, Solano (2015) pontua que quadros
complicados de luto podem evoluir para graves síndromes psiquiátricas, justificando-se,
portanto, assistência especializada. Estima-se que 10 a 20% de indivíduos enlutados
demonstram dificuldades psiquiátricas persistentes (Lobb et al, 2010).

Há pessoas que apresentam quadros disfuncionais, com potencial de causar


significativo prejuízo à vida relacional e/ou ocupacional quando experienciam o luto.
Muitos autores e terapeutas argumentam que: “[...] um processo de luto pode não ter
bom êxito e constituir-se em quadros complicados merecedores de tratamentos em
saúde mental ou até mesmo em síndromes psiquiátricas merecedoras de assistência
especializada” (Solano, 2015, p. 113).

O Transtorno de Luto Prolongado, estudado e defendido há mais de uma década,


é apresentado na última versão do Diagnostic and Statistical Manual Mental Disorders
(DSM - V) de acordo com os seguintes critérios:

TABELA II - TRANSTORNO DO LUTO PROLONGADO - DSM V

Critério A - Perda de um ser amado por morte


Critério B - Angústia de separação: saudades sentidas diariamente (ou em

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Critério B - Angústia de separação: saudades sentidas diariamente (ou em
medida incapacitante), com sofrimento físico e/ou emocional pelo anelo, ânsia
do reencontro, comportamento de busca ou intensa sensação de vazio/solidão
Critério C - Sintomas cognitivos, emocionais ou comportamentais sentidos
diariamente (ou em medida incapacitante) - pelo menos cinco dos seguintes:
- vivência de confusão sobre o valor de si mesmo no mundo (“uma parte
de mim também se foi”)
- dificuldade em aceitar a perda como fato irreversível
- condutas ou rituais que evitam qualquer lembrança da perda
- dificuldade de acreditar (confiar) nas pessoas
- amargura ou raiva relacionada ao evento da perda
- dificuldade de “levar a vida adiante” (por ex., fazendo novos amigos,
lutando por um sonho/interesse)
- vivência subjetiva de anestesia, desligamento do mundo ou
entorpecimento emocional
- sentimento de que a vida não é compensadora, é vazia ou sem sentido
- sentimento de estar paralisado, chocado ou confuso

Critério D - Tempo: pelo menos 6 meses desde a perda


Critério E - Os sintomas causam significativo prejuízo no funcionamento social,
ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo
Critério F - Os sintomas não são melhor explicados por transtorno depressivo
maior, nem de ansiedade generalizada, nem de estresse pós-traumático

Fonte: Prigerson, Horowirtz et. al, 2009

Sobre a relação luto e mortalidade, Santos (2015) afirma que “o processo de


enlutamento está associado com um aumento do risco de mortalidade, especialmente
nas primeiras semanas e nos primeiros meses, diminuindo a medida que se distancia da
morte da pessoas amada. As causas são as mais variadas, incluindo o suicídio” (p. 90).

Em estudos realizados com viúvos, foi observada uma alta prevalência de mortes
por causas acidentais, violentas e relacionadas ao álcool. Doenças cardíacas crônica
isquêmica e câncer de pulmão apresentaram taxa moderada neste grupo de enlutados,
e uma pequena taxa refere-se à mortalidade relacionada ao estresse psicológico
decorrente da perda, solidão, mudanças de hábito alimentar e estilo de vida
(Martikainen e Valkonen, 1996).

Vários autores discutem a relação entre luto e doença coronariana (Parkes, 1998;
Mellstrom, 1982; Cottington, 1980; Jurkiewicz e Bellkis, 2009). A pesquisa realizada por
Jurkiewicz e Bellkis (2009) avaliou a relação entre diagnóstico de infarto do miocárdio ou
angina pectoris com pacientes em processo de enlutamento. Nesse contexto Santos
(2015) destaca que não se conhece os mecanismos fisiopatológicos que desencadeiam

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problemas cardíacos entre enlutados, sendo necessárias novas pesquisas neste campo.

4. EXPERIÊNCIAS EXITOSAS DE APOIO E ACOLHIMENTO A ENLUTADOS NO


BRASIL

No Distrito Federal não há até o presente momento um serviço especializado de


apoio e aconselhamento para enlutados. Entretanto, destacam-se quatro serviços com
resultados positivos neste âmbito no Brasil.

4.1. Hospital Belo Horizonte - Em funcionamento desde agosto de 2016, o Hospital


Belo Horizonte integra a Rede de Apoio a Perdas Irreparáveis (Rede API) com o
objetivo de humanizar as perdas dentro da instituição, facilitar a elaboração do luto,
acolher e dar suporte às pessoas enlutadas. As reuniões são gratuitas e realizadas uma
vez por mês abertas para toda a comunidade e não somente para os clientes do HBH.
(Fonte: https://www.hospitalbelohorizonte.com.br/espaco-saude/91-terapia-do-luto/544-
terapia-do-luto.html)

4.2. Hospital Getúlio Vargas - Em funcionamento desde 2015, o Hospital Getúlio


Vargas oferece o Grupo de Apoio ao Luto com a intenção de acolher e prestar
solidariedade aos familiares de usuários que faleceram no Hospital Municipal Getúlio
Vargas (HMGV). A iniciativa está vinculada ao trabalho humanizado desenvolvido pela
equipe de cuidados paliativos, que presta assistência aos usuários e seus
acompanhantes desde o diagnóstico da doença até o final da vida e no período de luto,
aliviando o sofrimento. O Grupo conta com o apoio de uma psicóloga, um médico e
uma enfermeira. (Fonte: http://www.fhgv.com.br/home/2015/08/10279/)

4.3 Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP - Os


profissionais de Serviço Social, Psicologia e Nutrição, realizam visitas domiciliares às
famílias que estão vivenciando o luto de seus entes com o objetivo de oferecer suporte
e apoio, neste momento tão difícil da perda. Além disso, essa iniciativa visa ampliar o
apoio e a assistência às famílias enlutadas, oferecendo acompanhamento social e
psicológico aos pais, irmãos e parentes próximos, nas modalidades: individual, grupal e
domiciliar. (Fonte:https://site.hcrp.usp.br/humanizacao/).

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4.4. Instituto Nacional do Câncer - Rio de Janeiro. O Hospital do Câncer IV - A
unidade especializada do INCA para cuidados paliativos oncológicos oferece a
familiares e amigos de pacientes atendimento pós-óbito desde o segundo semestre de
2017. Trata-se de uma atividade multidisciplinar que pode ser feita por qualquer membro
da equipe, para oferecer acolhimento breve e pontual. Para o atendimento de pessoas
que passam pelo chamado luto complicado, foi inaugurado, em 2018 um ambulatório
específico da psicologia, que pode receber crianças, adolescentes e adultos (Fonte:
https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//rrc-41-
assistencia.pdf).

5. JUSTIFICATIVA:

No âmbito dos serviços públicos de saúde do Distrito Federal não existem


serviços especializados de acolhimento e apoio a enlutados. A proposta ora
apresentada é, portanto, de uma experiência inovadora na SESDF, pautada em critérios
nacionais e internacionais de prevenção e intervenção biopsicossocial, além de ter
como base a premissa da humanização, característica essencial do Hospital de Apoio
de Brasília.

Conforme preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é


competência dos Cuidados Paliativos:

[...] offers a support system to help the family cope during the patients illness and in
their own bereavement; uses a team approach to address the needs of patients and
their families, including bereavement counselling, if indicated (WHO, 2019).

Em consonância à OMS, a Resolução nº 41 da Comissão Intergestores


Tripartide (CIT), que dispõe sobre as Diretrizes para Organização dos Cuidados
Paliativos, declara:
Art. 4º Serão princípios norteadores para a organização dos cuidados paliativos:
I – início dos cuidados paliativos o mais precocemente possível, juntamente com o
tratamento modificador da doença, e início das investigações necessárias para
melhor compreender e controlar situações clínicas estressantes;
II – promoção do alívio da dor e de outros sintomas físicos, do sofrimento
psicossocial, espiritual e existencial, incluindo o cuidado apropriado para familiares
e cuidadores;
III – afirmação da vida e aceitação da morte como um processo natural;
IV – aceitação da evolução natural da doença, não acelerando nem retardando a

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IV – aceitação da evolução natural da doença, não acelerando nem retardando a
morte e repudiando as futilidades diagnósticas e terapêuticas;
V – promoção da qualidade de vida por meio da melhoria do curso da doença;
VI – integração dos aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente;
VII – oferecimento de um sistema de suporte que permita ao paciente viver o mais
autônomo e ativo possível até o momento de sua morte;
VIII – oferecimento de um sistema de apoio para auxiliar a família a lidar com a
doença do paciente e o luto;
IX – trabalho em equipe multiprofissional e interdisciplinar para abordar as
necessidades do paciente e de seus familiares, incluindo aconselhamento de
luto, se indicado;

(Fonte:https://www.conass.org.br/conass-informa-n-226-publicada-resolucao-cit-n-
41-que-dispoe-sobre-as-diretrizes-para-organizacao-dos-cuidados-paliativos-luz-
dos-cuidados-continuados-integrados-no-ambito-sistema/)

Nesse sentido, o Serviço de Apoio e Aconselhamento aos Enlutados vem


agregar aos serviços de Cuidados Paliativos (Unidades de Cuidados Paliativos
Oncológico e Geriátrico, Ambulatório de Cuidados Paliativos) existentes no HAB, em
atendimento às prerrogativas internacionais e nacionais vigentes.

6. OBJETIVOS:

6.1. Objetivo Geral: Prestar acolhimento e apoio às famílias enlutadas cujos pacientes
faleceram nos serviços de Cuidados Paliativos do HAB, conforme preconizado pela
Organização Mundial da Saúde.

6.2. Objetivos Específicos:

- Avaliar o processo de enlutamento dos familiares;

- Identificar precocemente quadros disfuncionais de reações ao luto;

- Encaminhar familiares enlutados com quadros de sofrimento mental agudo para


ambulatório de psicologia do HAB;

-Encaminhar familiares enlutados com quadros de transtornos mentais agudo


para o ambulatório de psiquiatria do HAB;

-Encaminhar familiares enlutados com quadros de somatização aguda para a


Unidade Básica de Saúde de referência;

- Encaminhar familiares enlutados para serviços de práticas integrativas próximos

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- Encaminhar familiares enlutados para serviços de práticas integrativas próximos
de suas residências;

- Tornar-se um serviço público de excelência técnica e humanizadora na


assistência às famílias enlutadas.

7. EQUIPE

Os profissionais que constituirão a equipe de serviço de apoio e acolhimento para


enlutados devem ser das seguintes especialidades: enfermagem, farmácia, medicina,
nutrição, psicologia, serviço social. A psiquiatria será acionada mediante demanda
específica e prévia avaliação da equipe responsável.

Observação: Residentes destas áreas poderão participar dessa atividade conforme


deliberação posterior da equipe.

8. METODOLOGIA

Inicialmente o apoio e aconselhamento ao luto deveria abarcar todas as famílias


enlutadas dos serviços de CP do HAB. Considerando a equipe reduzida, escassez de
espaço físico e, também, o processo de estruturação do Serviço de Acolhimento e Apoio
aos Enlutados, sugere-se o seguinte funcionamento:

8.1. Do encaminhamento ao serviço[1]

As equipes de cuidados paliativos do HAB (enfermarias e ambulatórios),


encaminharão as famílias que apresentem 1 ou mais critérios listados a seguir:

8.1.1. Antecedente de transtornos mentais;

8.1.2. Antecedente de luto complicado;

8.1.3. Ausência ou fragilidade da rede social de apoio (familiares, vizinhos, colegas de


trabalho, amigos);

8.1.4. Estressores econômicos, financeiros e/ou grave vulnerabilidade social;

8.1.5. Perdas múltiplas e/ou recentes;

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8.1.6. Perdas traumáticas e/ou violentas, incluindo suicídio;

8.1.7. Morte após longo e estressante período de doença;

8.1.8. Enlutados que apresentam alta dependência emocional com o paciente falecido;

8.1.9. Enlutados que apresentam ambivalência afetiva com o paciente falecido;

8.1.10. Enlutados distantes, sem poder ver o corpo e/ou participar do ritual fúnebre;

8.1.11. Enlutados que ignoram completamente a causa da morte do paciente;

8.1.12. Famílias “vazias afetivamente” (comunicação de desejos e necessidades entre


seus membros é superficial ou inexistente);

Observação: casos omissos deverão ser compartilhados e avaliados com a equipe do


Serviço de Apoio e Acolhimento aos Enlutados.

8.2. Dos critérios para encaminhamento das famílias enlutadas

Serão agendadas até 02 (duas) famílias por período de atendimento, a depender


da quantidade de pessoas confirmadas. A equipe interdisciplinar realizará o acolhimento
e apoio aos presentes. Conforme a especificidade da formação de cada membro da
equipe, serão avaliadas as seguintes demandas:

8.2.1. Principais vivências após o falecimento do paciente (aspectos psicossociais);

8.2.2. Pensamentos, emoções, sonhos e pesadelos (aspectos cognitivos e afetivos);

8.2.3. Hábitos alimentares, tabagismo e etilismo (aspectos nutricionais, psicológicos e


psiquiátricos)

8.2.4. Sintomatologia orgânica (aspectos médicos)

8.2.5. Uso de drogas lícitas e ilícitas (aspectos farmacológicos, psicológicos,


psiquiátricos e médicos)

8.2.6. Retomada da rotina e sentido da vida, apesar da ausência do ente querido


(aspectos sociais, psicológicos e espirituais)

8.2.7. Rede de apoio e suporte (aspectos sociais, psicológicos e espirituais)

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8.2.7. Rede de apoio e suporte (aspectos sociais, psicológicos e espirituais)

8.3. Da assistência

- Mediante acolhimento da família, escuta ativa sobre suas vivências e reações


frente ao luto, a equipe interdisciplinar fará intervenções breves durante a
consulta.

- Será aplicado o Questionário de Qualidade de Vida da OMS (anexo1),


oralmente ou por escrito, conforme as condições cognitivas e intelectuais da
família.

-A partir da avaliação técnica, poderão ser realizados encaminhamentos para


ambulatórios de especialidades do HAB ou da SES, e orientações que promovam
qualidade de vida aos enlutados.

- Após a adesão aos tratamentos prescritos pela equipe, será agendado o retorno
da família ao serviço para reavaliação da qualidade de vida de seus membros e a
necessidade de outros encaminhamentos ou alta.

8.4. Do registro em prontuário conforme Classificação Estatística Internacional de


Doenças e Problemas Relacionados à Saúde - CID 10

-F 43 - Reações ao estresse grave e transtornos de adaptação

-R 45 - Sintomas e sinais relativos ao estado emocional

-Z 51.5 - Cuidado paliativo

-Z 63.4 - Desaparecimento ou falecimento de um membro da família

- Outros CIDs poderão ser incluídos conforme a singularidade dos membros da


família.

9. LOCAL/PERÍODO/HORÁRIO:

- Local: Auditório

- Dia: Quintas-feiras

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- Dia: Quintas-feiras

-Horário: 13h - 16h (assistência interdisciplinar às famílias); 16h - 18h (evolução


em prontuário, estudo e discussão de caso, encaminhamentos, contato telefônico
com as famílias, agendamentos, envio das cartas de condolências).

10. RECURSOS

- Sala para consulta interdisciplinar para grupos familiares;

- Computadores;

- Apoio do Núcleo de Registro, Documentação e Movimentação do Usuário


(NRDMU) para a realização do agendamento das famílias enlutadas para o
Serviço de Acolhimento e Apoio aos Enlutados.

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Aoun SM, Breen LJ, Howting DA, Rumbold B, McNamara B, Hegney D (2015)
Who Needs Bereavement Support? A Population Based Survey of Bereavement
Risk and Support Need. PLoS ONE 10(3): e0121101.
doi:10.1371/journal.pone.0121101

2. Breen LJ, O'Connor M. The fundamental paradox in the grief literature: a critical
reflection. Omega (Westport). 2007; 55: 199–218. PMID: 18214068

3. Franco, MHP. Por que estudar o luto na atualidade? In: Franco, M.H. (Org)
Formação e rompimento de vínculos: o dilema das perdas na atualidade. São
Paulo: Summus, 2010. Cap. 1, p. 17-42.

4. Genezini D. Assistência ao luto. In: Manual de Cuidados Paliativos ANCP


Ampliado e atualizado. 2ª edição. 2012. p. 569-582.

5. Lobb EA, Kristjanson LJ, Aoun SM, Monterosso L, Halkett GK, et al. Predictors

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5. Lobb EA, Kristjanson LJ, Aoun SM, Monterosso L, Halkett GK, et al. Predictors
of complicated grief: a systematic review of empirical studies. Death Stud. 2010;
34: 673–698. PMID: 24482845

6. Kowalsy, SD; Bondmass MD. Psysiological ands Psycological Symptoms of


Grief in Widows. Research in Nursing & Health, 31: 23 - 30. 2008.

7. Matsumoto DY. Cuidados Paliativos: conceito, fundamentos e princípios. In:


Manual de Cuidados Paliativos ANCP Ampliado e atualizado. 2ª edição. 2012. p.
23-30.

8. Prigerson, HG; Horowitz, MJ; Jacobs, SC, Parkes, CM; Aslan, M; Goodkin, K,
et. al. Prolonged grief disorder: psycometric validation of criteria proposed for
DSM - V and ICD - 11. PLoS Med. 2009, 6 (8): e10001221.

9. WHO. 10 facts on palliative care. Aug. 2017. Disponível

em: http://www.who.int/features/factfiles/palliative-care/en/. Acesso em:


03/04/2018.

10. Solano, JPC. Luto complicado (ou Traumático, ou Patológico). In: Tratado
Brasileiro sobre Perdas e Luto. São Paulo: Atheneu Editora; 2014. P.113-116.

11. Mellstrom, D et. al. Mortality among the widowed in Sweden. Scandinavian

12. Morin, E.
13. Parkes, C.

14. Prigerson, HG; Horowitz, MJ; Jacobs, SC, Parkes, CM; Aslan, M; Goodkin, K,
et. al. Prolonged grief disorder: psycometric validation of criteria proposed for

DSM - V and ICD - 11. PLoS Med. 2009, 6 (8): e10001221.


15. Santos

16. Silva 2015

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16. Silva 2015
17. Solano 2015a

18. Solano 2015b

19. WHO. 10 facts on palliative care. Aug. 2017. Disponível em:


http://www.who.int/features/factfiles/palliative-care/en/. Acesso em: 03/04/2018.

20. Solano, JPC. Luto complicado (ou Traumático, ou Patológico). In: Tratado
Brasileiro sobre Perdas e Luto. São Paulo: Atheneu Editora; 2014. P.113-116.

Brasília, 08 de maio de 2019.

ANEXO

Instrumento de Avaliação de Qualidade de Vida

The World Health Organization Quality of Life – WHOQOL-bref

Instruções

Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de vida,
saúde e outras áreas de sua vida. Por favor responda a todas as questões. Se você não
tem certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha entre as
alternativas a que lhe parece mais apropriada.

Esta, muitas vezes, poderá ser sua primeira escolha. Por favor, tenha em mente seus
valores, aspirações, prazeres e preocupações. Nós estamos perguntando o que você
acha de sua vida, tomando como como referência as duas últimas semanas. Você deve
circular o número que melhor corresponde à sua experiência. Por favor, leia cada
questão, e responda as questões abaixo:

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Muito ruim Ruim Nem ruim nem Boa Muito boa
boa

Como você
1 avaliaria sua 1 2 3 4 5
qualidade de
vida?

Muito Insatisfeito Nem satisfeito Satisfeito Muito


insatisfeito nem satisfeito
insatisfeito

Quão
2 satisfeito(a) você 1 2 3 4 5
está com a sua
saúde?

As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas
últimas duas semanas.
Mais ou
Nada Muito menos Bastante Extremamente
pouco

Em que medida você acha


3 que sua dor (física) impede 1 2 3 4 5
você de fazer o que você
precisa?

O quanto você precisa de


4 algum tratamento médico 1 2 3 4 5
para levar sua vida diária?

5 O quanto você aproveita a 1 2 3 4 5


vida?

6 Em que medida você acha 1 2 3 4 5


que a sua vida tem sentido?

7 O quanto você consegue se 1 2 3 4 5


concentrar?

8 Quão seguro(a) você se 1 2 3 4 5


sente em sua vida diária?

9 Quão saudável é o seu 1 2 3 4 5


ambiente físico (clima,
barulho, poluição, atrativos)?

As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem sentido ou é


capaz de fazer certas coisas nestas últimas duas semanas.
Nada Muito Médio Muito Completamente
pouco

10 Você tem energia suficiente 1 2 3 4 5


para seu dia-a- dia?

11 Você é capaz de aceitar sua 1 2 3 4 5


aparência física?

12 Você tem dinheiro suficiente 1 2 3 4 5

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12 Você tem dinheiro suficiente 1 2 3 4 5
para satisfazer suas
necessidades?

13 Quão disponíveis para você 1 2 3 4 5


estão as informações que
precisa no seu dia-a-dia?

14 Em que medida você tem 1 2 3 4 5


oportunidades de atividade de
lazer?

As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito você se sentiu a


respeito de vários aspectos de sua vida nas últimas duas semanas.

muito ruim ruim nem ruim bom muito bom

nem bom

15 Quão bem você 1 2 3 4 5


é capaz de se
locomover?

muito Insatisfeito nem satisfeito satisfeito Muito


insatisfeito nem satisfeito
insatisfeito

16 Quão 1 2 3 4 5
satisfeito(a) você
está com o seu
sono?

17 Quão 1 2 3 4 5
satisfeito(a) você
está com sua
capacidade de
desempenhar as
atividades do
seu dia-a-dia?

18 Quão 1 2 3 4 5
satisfeito(a) você
está com sua
capacidade para
o trabalho?

https://docs.google.com/document/u/0/d/1lyENEOyHpO1ZpMGUvYygHOomIjFDqPSRs-2oUTMcpA8/mobilebasic 15/08/2019 21Q38


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19 Quão 1 2 3 4 5
satisfeito(a) você
está consigo
mesmo?

20 Quão 1 2 3 4 5
satisfeito(a) você
está com suas
relações
pessoais
(amigos,
parentes,
conhecidos,
colegas)?

21 Quão 1 2 3 4 5
satisfeito(a) você
está com sua
vida sexual?

22 Quão 1 2 3 4 5
satisfeito(a) você
está com

o apoio que você


recebe de seus
amigos?

23 Quão 1 2 3 4 5
satisfeito(a) você
está com

as condições do
local onde mora?

24 Quão 1 2 3 4 5
satisfeito(a) você
está com o

seu acesso aos


serviços de
saúde?

https://docs.google.com/document/u/0/d/1lyENEOyHpO1ZpMGUvYygHOomIjFDqPSRs-2oUTMcpA8/mobilebasic 15/08/2019 21Q38


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25 Quão 1 2 3 4 5
satisfeito(a) você
está com

o seu meio de
transporte?

Serviço Interdisciplinar de A…
As questões seguintes referem-se a com que freqüência você sentiu ou experimentou
certas coisas nas últimas duas semanas.

nunca Algumas freqüentemente muito sempre


vezes freqüentemente

26 Com que 1 2 3 4 5
freqüência
você tem
sentimentos
negativos tais
como mau
humor,
desespero,
ansiedade,
depressão?

Alguém lhe ajudou a preencher este questionário?


..................................................................

Quanto tempo você levou para preencher este questionário?


..................................................

Você tem algum comentário sobre o questionário?

OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO

[1] Baseado nas investigações transcritas por Solano (2015b): Luto Complicado (ou Traumático ou Patológico).

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