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SUMÁRIO

ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO....................................................................11


CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL DO PODER EXECUTIVO
FEDERAL............................................................................................................................... 11

DECRETO Nº 1.171, DE 1994.................................................................................................................. 11

DECRETO Nº 6.029, DE 2007.................................................................................................................. 15

REGIME JURÍDICO ÚNICO..........................................................................19


LEI 8.112, DE 11 DE NOVEMBRO DE 1990 E ALTERAÇÕES.....................................................19

AGENTES PÚBLICOS............................................................................................................................. 19

Espécies e Classificação.......................................................................................................................................19
Poderes, Prerrogativas, Direitos e Vantagens................................................................................................20
Cargo, Emprego e Função Públicos................................................................................................................24

REGIME JURÍDICO ÚNICO...................................................................................................................... 24

Provimento........................................................................................................................................................24
Vacância...........................................................................................................................................................26
Remoção...........................................................................................................................................................26
Redistribuição e Substituição..........................................................................................................................26

REGIME DISCIPLINAR............................................................................................................................ 26

Deveres.............................................................................................................................................................26
Responsabilidade Civil, Criminal e Administrativa.........................................................................................27

O SERVIDOR PÚBLICO COMO AGENTE DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL...............................32

SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NO SERVIÇO PÚBLICO...........................................................32

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL................................................39


DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS.............................................................................39

DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS..................................................................................39

Direito à Vida, à Liberdade, à Igualdade, à Segurança e à Propriedade........................................................39

DIREITOS SOCIAIS................................................................................................................................. 52

NACIONALIDADE................................................................................................................................... 58
CIDADANIA E DIREITOS POLÍTICOS.......................................................................................................59
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...................................................................................................62

DISPOSIÇÕES GERAIS........................................................................................................................... 62

DOS SERVIDORES PÚBLICOS................................................................................................................. 71

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO................................................77


ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.................................................................77

CONCEITOS E ELEMENTOS.................................................................................................................... 77

PODERES............................................................................................................................................... 77

ORGANIZAÇÃO...................................................................................................................................... 77

NATUREZA E FINS................................................................................................................................. 78

DIREITO ADMINISTRATIVO...................................................................................................78

CONCEITO............................................................................................................................................. 78

FONTES................................................................................................................................................. 81

PRINCÍPIOS........................................................................................................................................... 81

ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA UNIÃO........................................................................84

ADMINISTRAÇÃO DIRETA...................................................................................................................... 84

ADMINISTRAÇÃO INDIRETA.................................................................................................................. 84

AGENTES PÚBLICOS............................................................................................................. 89

PODERES ADMINISTRATIVOS...............................................................................................89

PODER HIERÁRQUICO............................................................................................................................ 90

PODER DISCIPLINAR.............................................................................................................................. 91

PODER REGULAMENTAR....................................................................................................................... 91

PODER DE POLÍCIA................................................................................................................................ 92

USO E ABUSO DO PODER....................................................................................................................... 93

ATO ADMINISTRATIVO.........................................................................................................93

VALIDADE.............................................................................................................................................. 95

EFICÁCIA............................................................................................................................................... 95

ATRIBUTOS........................................................................................................................................... 95

EXTINÇÃO............................................................................................................................................. 96
DESFAZIMENTO.................................................................................................................................... 96
SANATÓRIA.......................................................................................................................................... 97

CLASSIFICAÇÃO.................................................................................................................................... 97

Vinculação e Discricionariedade.....................................................................................................................97

ESPÉCIES.............................................................................................................................................. 98

EXTERIORIZAÇÃO.................................................................................................................................. 99

SERVIÇOS PÚBLICOS............................................................................................................ 99

CONCEITO............................................................................................................................................. 99

CLASSIFICAÇÃO.................................................................................................................................. 101

REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE.......................................................................................................102

FORMA DE PRESTAÇÃO E MEIOS DE EXECUÇÃO..................................................................................102

REQUISITOS........................................................................................................................................ 103

DELEGAÇÃO: CONCESSÃO, PERMISSÃO, AUTORIZAÇÃO.....................................................................103

CONTROLE E RESPONSABILIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO.................................................108

CONTROLE ADMINISTRATIVO............................................................................................................. 109

CONTROLE JUDICIAL........................................................................................................................... 109

CONTROLE LEGISLATIVO..................................................................................................................... 109

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO...............................................................................................111

LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992 E AS ALTERAÇÕES ACRESCENTADAS PELA


LEI 14.230, DE 26 DE OUTUBRO DE 2021.............................................................................113

LEI N°9.784, DE 29 DE JANEIRO DE 1999 (LEI DO PROCESSO ADMINISTRATIVO)................127

LÍNGUA PORTUGUESA.............................................................................. 137


COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS.................................................................137

TIPOLOGIA TEXTUAL........................................................................................................................... 139

GÊNEROS TEXTUAIS............................................................................................................................ 143

ORTOGRAFIA OFICIAL......................................................................................................... 152

ACENTUAÇÃO GRÁFICA...................................................................................................... 154

EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS.............................................................................155

EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE.......................................................................175


SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO..................................................................................176
PONTUAÇÃO....................................................................................................................... 185

CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL................................................................................188

REGÊNCIAS NOMINAL E VERBAL........................................................................................193

SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS..........................................................................................195

REDAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIAS OFICIAIS (CONFORME MANUAL DE REDAÇÃO DA


PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA)............................................................................................197

RACIOCÍNIO LÓGICO................................................................................ 229


CONCEITOS BÁSICOS DE RACIOCÍNIO LÓGICO...................................................................229

PROPOSIÇÕES, VALORES LÓGICOS DAS PROPOSIÇÕES, SENTENÇAS ABERTAS,


NÚMERO DE LINHAS DA TABELA VERDADE, CONECTIVOS, PROPOSIÇÕES SIMPLES E
PROPOSIÇÕES COMPOSTAS............................................................................................................... 229

TAUTOLOGIA....................................................................................................................................... 233

OPERAÇÃO COM CONJUNTOS............................................................................................234

CÁLCULOS COM PORCENTAGENS......................................................................................239

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS............................................................245
SEGURIDADE SOCIAL.......................................................................................................... 245

ORIGEM E EVOLUÇÃO LEGISLATIVA NO BRASIL.................................................................................245

CONCEITUAÇÃO.................................................................................................................................. 251

ORGANIZAÇÃO.................................................................................................................................... 251

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS..........................................................................................................251

LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA...........................................................................................255

CONTEÚDO, FONTES E AUTONOMIA................................................................................................... 255

APLICAÇÃO DAS NORMAS PREVIDENCIÁRIAS...................................................................................256

VIGÊNCIA, HIERARQUIA, INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO................................................................256

REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL...........................................................................258

SEGURADOS OBRIGATÓRIOS.............................................................................................................. 259

FILIAÇÃO E INSCRIÇÃO....................................................................................................................... 259

CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E ABRANGÊNCIA...............................................................................262


Empregado, Empregado Doméstico, Contribuinte Individual, Trabalhador Avulso e
Segurado Especial..........................................................................................................................................262
SEGURADO FACULTATIVO................................................................................................................... 269

Conceito, Características, Filiação e Inscrição............................................................................................269

TRABALHADORES EXCLUÍDOS DO REGIME GERAL...............................................................................269

EMPRESA E EMPREGADOR DOMÉSTICO.............................................................................269

CONCEITO PREVIDENCIÁRIO............................................................................................................... 269

FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL.........................................................................270

RECEITAS DA UNIÃO............................................................................................................................ 270

RECEITAS DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS............................................................................................270

Dos Segurados, das Empresas, do Empregador Doméstico, do Produtor Rural, do Clube de Futebol
Profissional, Sobre a Receita de Concursos de Prognósticos.......................................................................270
Receitas de Outras Fontes............................................................................................................................278

SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO.............................................................................................................. 278

Conceito..........................................................................................................................................................278

PARCELAS INTEGRANTES E PARCELAS NÃO-INTEGRANTES...............................................................279

LIMITES MÍNIMO E MÁXIMO................................................................................................................ 281

Proporcionalidade e Reajustamento.............................................................................................................281

ARRECADAÇÃO E RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES DESTINADAS À SEGURIDADE SOCIAL........282

COMPETÊNCIA DO INSS E DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL....................................283

OBRIGAÇÕES DA EMPRESA E DEMAIS CONTRIBUINTES......................................................................283

Prazo de Recolhimento..................................................................................................................................283

RECOLHIMENTO FORA DO PRAZO.......................................................................................................285

Juros, Multa e Atualização Monetária..........................................................................................................285

DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO..............................................................................................286

CRIMES CONTRA A SEGURIDADE SOCIAL...........................................................................287

RECURSO DAS DECISÕES ADMINISTRATIVAS.....................................................................290

PLANO DE BENEFÍCIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL...............................................................291

BENEFICIÁRIOS................................................................................................................................... 291

ESPÉCIES DE PRESTAÇÕES................................................................................................................. 292

BENEFÍCIOS......................................................................................................................................... 293
DISPOSIÇÕES GERAIS E ESPECÍFICAS.................................................................................................311

PERÍODOS DE CARÊNCIA.....................................................................................................................313
SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO E RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO.................................................................314

REAJUSTAMENTO DO VALOR DOS BENEFÍCIOS...................................................................................316

MANUTENÇÃO, PERDA E RESTABELECIMENTO DA QUALIDADE DE SEGURADO..................316

LEI Nº 8.212, DE 1991, E LEI Nº 8.213, DE 1991, E ALTERAÇÕES.........................................318

DECRETO Nº 3.048, DE 1999, E ALTERAÇÕES.....................................................................318

LEI DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (LOAS)...................................................................................340

CONTEÚDO, FONTES E AUTONOMIA (LEI Nº 8.742/1993 E DECRETO Nº 6.214/2007


E ALTERAÇÕES)................................................................................................................................... 340
O Código inicia suas disposições, estabelecendo as
regras deontológicas. As regras deontológicas são nor-
mas de conduta de uma determinada profissão. No
caso do Decreto 1.171, de 1994, as regras de conduta
aplicam-se aos servidores do poder executivo federal

ÉTICA NO na administração direta e indireta.

SERVIÇO
PÚBLICO CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO CIVIL DO PODER EXECUTIVO FEDERAL

Órgãos e entidades da Administração Pública Federal


Administração Pública Federal direta e indireta

DECRETO Nº 1.171, DE 1994

O Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994, foi


san- cionado pelo Presidente da República, tendo por Destinatários da Medida

base o disposto no art. 37, da Constituição, e em leis


Das Regras Deontológicas
espar- sas (8.112, de 1990, e 8.429, de 1992).

CF
Terminado o texto da lei, vamos nos deter nas
Art. 37 regras deontológicas que fazem parte do anexo.
8.112/90 e
Assim, todos os incisos presentes no Capítulo I,
8.429/92 1.171/94 Seção I, são de leitura obrigatória e alguns merecem
o devi- do comentário. São eles:

Art. 3º [...]
Com a aprovação do Código de Ética
I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a
Profissional do Servidor Público Civil do Poder consciência dos princípios morais são primados
Executivo Federal, ficam definidos os órgãos e maiores que devem nortear o servidor público,
entidades da Administra- ção Pública Federal direta seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele,
e indireta como destinatá- rios da medida. O prazo já que refietirá o exercício da vocação do próprio
para implementação foi de 60 (sessenta) dias, poder estatal. Seus atos, comportamentos e
inclusive mediante a Constituição da respectiva atitudes serão direcionados para a preservação
Comissão de Ética que será integrada por três da honra e da tradição dos serviços públicos.
servidores ou empregados titulares de cargo efe- tivo
ou emprego permanente.

Comissões formadas por 3 servidores ou empregados de cargo efetivo ou emprego permanente Dignidade
Servidores Públicos Federais da Adm. Pública Federal direta e indireta

CÓDIGO DE ÉTICA

O decreto é bem curto, sendo assim precisa ser entra


Consciência em vigor na data de sua publicação.
Decoro
lido várias vezes. Vamos lá! PRIMADOS MAIORES

Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994

Art. 1º Fica aprovado o Código de Ética Profissio-


nal do Servidor Público Civil do Poder Executivo
Federal, que com este baixa.
Art. 2º Os órgãos e entidades da Administração Eficácia Zelo
Pública Federal direta e indireta implementarão,
em sessenta dias, as providências necessárias à ple-
na vigência do Código de Ética, inclusive
mediante a Constituição da respectiva Comissão
de Ética, integrada por três servidores ou
empregados titu- lares de cargo efetivo ou
emprego permanente.
Parágrafo único. A constituição da Comissão de Éti-
ca será comunicada à Secretaria da
Administração Federal da Presidência da
República, com a indica- ção dos respectivos
membros titulares e suplentes. Art. 3º Este decreto
ÉTICA NO SERVIÇO
As palavras destacadas são de suma
importância para esta primeira parte e precisam
ser sempre lem- bradas. É interessante que você
as decore!

II - O servidor público não poderá jamais


desprezar o elemento ético de sua conduta.
Assim, não terá que decidir somente entre o
legal e o ilegal, o justo e o injusto, o
conveniente e o inconveniente, o oportuno e o
inoportuno, mas principalmente entre o
honesto e o desonesto, consoante as regras
contidas no art.
37, caput, e § 4º, da Constituição Federal.
O servidor público deverá decidir sobretudo entre 12 quem a negar.
o honesto e o desonesto. Seu eixo principal de orienta-
ção é o bem comum. Veja só: o servidor deverá decidir
com base em diversos valores, todavia, seu eixo
prin- cipal de orientação é o bem comum.

III - A moralidade da Administração Pública não


se limita à distinção entre o bem e o mal, devendo
ser acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem
comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalida-
de, na conduta do servidor público, é que poderá
consolidar a moralidade do ato administrativo.

Sempre que falamos de moralidade ou de moral


estamos nos referindo a normas de conduta ou
conjunto de normas. Esse conjunto de valores,
necessariamente, depende do equilíbrio entre a
legalidade e a finalidade.

Legalidade

Finalidade

IV - A remuneração do servidor público é


custea- da pelos tributos pagos direta ou
indiretamente por todos, até por ele próprio, e
por isso se exige, como contrapartida, que a
moralidade admi- nistrativa se integre no
Direito, como elemento indissociável de sua
aplicação e de sua finalidade, eri- gindo-se, como
consequência, em fator de legalidade.

Essa informação é recorrentemente cobrada em


provas de concurso. Fique atento!

V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público


perante a comunidade deve ser entendido como
acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, como
cidadão, integrante da sociedade, o êxito desse
trabalho pode ser considerado como seu maior
patrimônio.
VI- A função pública deve ser tida como exercí-
cio profissional e, portanto, se integra na vida
particular de cada servidor público. Assim, os
fatos e atos verificados na conduta do dia-a-
-dia em sua vida privada poderão acrescer ou
diminuir o seu bom conceito na vida funcional.

Importante!
A vida privada do servidor importa na qualidade
do seu exercício profissional.

Nesse ponto, o Código de Ética afirma que a vida


privada do servidor é relevante para o desempenho
de sua profissão. Note que os atos do profissional
em sua vida privada podem afetar diretamente sua
car- reira no serviço público.

VII - Salvo os casos de segurança nacional, inves-


tigações policiais ou interesse superior do Estado
e da Administração Pública, a serem preservados
em processo previamente declarado sigiloso, nos
termos da lei, a publicidade de qualquer ato
administrativo constitui requisito de eficácia
e moralidade, ensejando sua omissão compro-
metimento ético contra o bem comum, imputável
a
Segundo Hely Lopes Meirelles,
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com
Ato administrativo é toda manifestação a estrutura organizacional, respeitando seus cole-
unila- teral de vontade da Administração gas e cada concidadão, colabora e de todos pode
Pública que, agindo nessa qualidade, tenha
por fim imediato adquirir, resguardar,
transferir, modificar, extin- guir e declarar
direitos, ou impor obrigações aos
administrados ou a si própria.

Art. 3º [...]
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O
servi- dor não pode omiti-la ou falseá-la, ainda
que contrária aos interesses da própria pessoa
interes- sada ou da Administração Pública.
Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se
sobre o poder cor- ruptivo do hábito do erro, da
opressão ou da men- tira, que sempre aniquilam
até mesmo a dignidade humana quanto mais a
de uma Nação.

O servidor tem o dever de dar voz à verdade,


ainda que em prejuízo da administração ou do
interessado.

IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o


tem- po dedicados ao serviço público caracterizam
o esforço pela disciplina. Tratar mal uma
pessoa que paga seus tributos direta ou
indiretamen- te significa causar-lhe dano moral.
Da mesma forma, causar dano a qualquer bem
pertencente ao patrimônio público, deteriorando-
o, por descuido ou má vontade, não constitui
apenas uma ofensa ao equipamento e às
instalações ou ao Estado, mas a todos os homens
de boa vontade que dedicaram sua inteligência,
seu tempo, suas esperanças e seus esforços para
construí-los.
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à
espera de solução que compete ao setor em que
exerça suas funções, permitindo a formação de
longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso
na prestação do serviço, não caracteriza apenas
ati- tude contra a ética ou ato de desumanidade,
mas principalmente grave dano moral aos
usuários dos serviços públicos.

Atente-se ao fato de que filas longas, lentas ou


sem motivo configuram dano moral.
Mais uma vez, o Código de Ética demonstra seu
interesse pelo desempenho do serviço público,
porém, dessa vez, apresenta condutas que
demonstram falta de comprometimento.

XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção


às ordens legais de seus superiores, velando
atenta- mente por seu cumprimento, e, assim,
evitando a conduta negligente. Os repetidos
erros, o descaso e o acúmulo de desvios tornam-
se, às vezes, difíceis de corrigir e caracterizam
até mesmo imprudência no desempenho da
função pública.
XII - Toda ausência injustificada do servidor de
seu local de trabalho é fator de
desmoralização do serviço público, o que quase
sempre conduz à desordem nas relações
humanas.

Geralmente, quando somos questionados sobre


esse ponto da matéria, a expressão “injustificada” é
retirada da pergunta. Por isso, atente-se ao fato de
que as faltas devem ser injustificadas para
configurarem desmoralização do serviço público.
receber colaboração, pois sua atividade pública
é a grande oportunidade para o crescimento e o A conduta de greve é mencionada e defendida
engrandecimento da Nação. pelo Código de Ética. Isso não poderia ser diferente,
pois o direito constitucional da greve deve ser
exercido, porém deve existir equilíbrio entre a busca
Dos Principais Deveres do Servidor Público
de direi- tos e a manutenção de serviços de saúde e
segurança.
Nesse ponto, o Código de Ética volta-se aos
deve- res do servidor. Novamente, vamos separar l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de
algumas expressões que são essenciais para o estudo que sua ausência provoca danos ao trabalho orde-
desse assunto. nado, refietindo negativamente em todo o sistema;

XIV - São deveres fundamentais do servidor público: Novamente, o servidor é impelido a demonstrar
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, rendimento e presença no local de trabalho. O
função ou emprego público de que seja titular; exercí- cio desses valores termina por beneficiar o
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfei-
rendimen- to e o ambiente de trabalho e sua ordem.
ção e rendimento, pondo fim ou procurando prio-
ritariamente resolver situações procrastinatórias,
principalmente diante de filas ou de qualquer outra m) comunicar imediatamente a seus superiores
espécie de atraso na prestação dos serviços pelo todo e qualquer ato ou fato contrário ao interesse
setor em que exerça suas atribuições, com o fim de público, exigindo as providências cabíveis;
evitar dano moral ao usuário; n) manter limpo e em perfeita ordem o local de
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando tra- balho, seguindo os métodos mais adequados à
toda a integridade do seu caráter, escolhendo sua organização e distribuição;
sempre, quando estiver diante de duas opções, a o) participar dos movimentos e estudos que se
melhor e a mais vantajosa para o bem comum; rela- cionem com a melhoria do exercício de suas
fun- ções, tendo por escopo a realização do bem
comum;
SERVIDOR p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas ade-
quadas ao exercício da função;
q) manter-se atualizado com as instruções, as
nor- mas de serviço e a legislação pertinentes ao
Probo Justo Reto Leal órgão onde exerce suas funções;
r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e
as instruções superiores, as tarefas de seu cargo
d) jamais retardar qualquer prestação de con- ou função, tanto quanto possível, com critério,
tas, condição essencial da gestão dos bens, seguran- ça e rapidez, mantendo tudo sempre em
direitos e serviços da coletividade a seu cargo; boa ordem.
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços
aperfeiçoando o processo de comunicação e por quem de direito;
conta- to com o público; t) exercer com estrita moderação as
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por prerrogativas funcionais que lhe sejam atribuídas,
princípios éticos que se materializam na abstendo-se de fazê-lo contrariamente aos
adequada prestação dos serviços públicos; legítimos interesses dos usuários do serviço
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e público e dos jurisdicionados administrativos;
atenção, respeitando a capacidade e as limitações u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua
individuais de todos os usuários do serviço fun- ção, poder ou autoridade com finalidade
público, sem qualquer espécie de preconceito ou estranha ao interesse público, mesmo que
distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, observando as for- malidades legais e não
religião, cunho político e posição social, abstendo- cometendo qualquer viola- ção expressa à lei;
se, dessa forma, de causar-lhes dano moral; v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua
h) ter respeito à hierarquia, porém sem classe sobre a existência deste Código de Ética, esti-
nenhum temor de representar contra qual- mulando o seu integral cumprimento.
quer comprometimento indevido da
estrutura em que se funda o Poder Estatal;
i) resistir a todas as pressões de superiores
Dica
hierár- quicos, de contratantes, interessados e Os deveres do servidor são sempre verbos e,
outros que visem obter quaisquer favores,
obviamente, indicam ações positivas, tendentes
benesses ou vanta- gens indevidas em decorrência
de ações imorais, ilegais ou aéticas e denunciá- a realizar o trabalho com rendimento e qualidade.
las;
Das Vedações ao Servidor Público
Podemos separar algumas expressões-chave do
que vimos até agora, as quais, se você memorizar, XV - E vedado ao servidor público;
serão um grande diferencial para seu estudo. São
ÉTICA NO SERVIÇO

a) o uso do cargo ou função, facilidades,


elas: “a tempo”, “rapidez, perfeição e rendimento”, amizades, tempo, posição e infiuências, para
“ser probo, reto, leal e justo” e “ser cortês, ter obter qualquer favorecimento, para si ou para
urbanidade”. outrem;
b) prejudicar deliberadamente a reputação de
j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exi- outros servidores ou de cidadãos que deles
gências específicas da defesa da vida e da seguran- dependam;
ça coletiva;
Atenção! Para que ocorra a vedação apresentada,
é preciso que exista dolo (vontade e consciência) do
servidor em prejudicar a reputação dos demais.

13
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, 14
conivente com erro ou infração a este Código de Éti-
ca ou ao Código de Ética de sua profissão;

O servidor não poderá ser indulgente com as con-


dutas transgressoras.

d) usar de artifícios para procrastinar ou


dificultar o exercício regular de direito por
qualquer pessoa, causando-lhe dano moral ou
material;
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e
cien- tíficos ao seu alcance ou do seu
conhecimento para atendimento do seu
mister;

Nesse caso, o servidor tem a missão de manter-se


atualizado.

f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias,


caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal
interfiram no trato com o público, com os jurisdi-
cionados administrativos ou com colegas hierar-
quicamente superiores ou inferiores;
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber
qualquer tipo de ajuda financeira, gratificação, prê-
mio, comissão, doação ou vantagem de qualquer
espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa,
para o cumprimento da sua missão ou para infiuen-
ciar outro servidor para o mesmo fim;

Em resumo, o servidor, familiar ou indicado não


poderá receber qualquer vantagem de qualquer espé-
cie para o cumprimento de suas atividades ou para
influenciar outro servidor a cumpri-las.

h) alterar ou deturpar o teor de documentos que


deva encaminhar para providências;
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que
neces- site do atendimento em serviços públicos;
j) desviar servidor público para atendimento a inte-
resse particular;
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmen-
te autorizado, qualquer documento, livro ou bem
pertencente ao patrimônio público;
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas
no âmbito interno de seu serviço, em benefício pró-
prio, de parentes, de amigos ou de terceiros;
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora
dele habitualmente;
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que
atente contra a moral, a honestidade ou a
dignida- de da pessoa humana;
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o
seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso.

Das Comissões de Ética

XVI - Em todos os órgãos e entidades da Adminis-


tração Pública Federal direta, indireta autárquica
e fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade
que exerça atribuições delegadas pelo poder
públi- co, deverá ser criada uma Comissão de
Ética, encarregada de orientar e aconselhar
sobre a ética profissional do servidor, no
tratamento com as pessoas e com o
patrimônio público, competindo-lhe conhecer
concretamente de imputação ou de
procedimento susceptível de censura.
XVII - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)
situação hipotética, julgue o item a seguir à luz do
Comissões formadas por 3 servidores ou empregados com cargo efetivo ou empre
disposto nos Decretos nº 1.171/1994 e nº
COMISSÕES DE ÉTICA 6.029/2007.
Se, para a infração praticada por Bruno, estiverem pre-
vistas as penalidades de advertência ou suspensão, a
comissão de ética será competente para, após o
XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, regu- lar procedimento, aplicar diretamente a
aos organismos encarregados da execução do penalidade.
quadro de carreira dos servidores, os registros
sobre sua conduta ética, para o efeito de instruir e
fundamen- tar promoções e para todos os ( ) CERTO ( ) ERRADO
demais procedimen- tos próprios da carreira do
servidor público.
XIX - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de
2007) XX - (Revogado pelo Decreto nº 6.029,
de 2007) XXI - (Revogado pelo Decreto nº
6.029, de 2007)
XXII - A pena aplicável ao servidor público pela
Comissão de Ética é a de censura e sua
fundamen- tação constará do respectivo parecer,
assinado por todos os seus integrantes, com
ciência do faltoso. XXIII - (Revogado pelo Decreto
nº 6.029, de 2007)

Censura é a única penalidade imposta pelo


Códi- go de Ética. Trata-se de penalidade
reservada para as infrações de menor potencial
ofensivo cometidas pelo servidor público,
caracterizada pela reiterada negligência ao
cumprimento dos deveres inerentes ao cargo, ou
realizando incorretamente algum procedi- mento
que exija formalidade na sua execução.

XXIV - Para fins de apuração do


comprometimento ético, entende-se por servidor
público todo aquele que, por força de lei,
contrato ou de qualquer ato jurídico, preste
serviços de natureza permanente, temporária ou
excepcional, ainda que sem retribui- ção
financeira, desde que ligado direta ou indire-
tamente a qualquer órgão do poder estatal,
como as autarquias, as fundações públicas, as
entidades paraestatais, as empresas públicas e
as sociedades de economia mista, ou em
qualquer setor onde pre- valeça o interesse do
Estado.
XXV - (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007)

A definição de servidor público feita no


Decreto 1.171, de 1994, só se aplica aos servidores
do Poder Exe- cutivo Federal da Administração
Direta e Indireta. Isso se deve ao fato de que o
decreto é do Presidente da Repú- blica. Caso fosse
uma lei aprovada no Congresso Nacio- nal, teríamos
uma abrangência muito maior.Atente-se ao fato de
que o decreto não abrange os servidores do
Judiciário ou do Legislativo, nem mesmo os
servidores dos estados, municípios ou do Distrito
Federal.

EXERCÍCIOS
COMENTADOS
1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Bruno, servidor
contrata- do temporariamente para prestar serviços a
determina- do órgão público federal, praticou
conduta vedada aos servidores públicos pelo
Código de Ética Profissional do Servidor Público
Civil do Poder Executivo Federal. A partir dessa
A Comissão de Ética não ostenta competência pelo Decreto de 26 de maio de 1999;
para a aplicação das penalidades de advertência e  As Comissões de Ética de que trata o Decreto nº
sus- pensão e, sim, tão somente detém atribuição 1.171, de 22 de junho de 1994;
legal para impor a pena de censura, conforme
consta da regra de nº XXII, do Decreto 1.171, de
1994: “A pena aplicável ao servidor público pela
Comissão de Éti- ca é a de censura e sua
fundamentação constará do respectivo parecer,
assinado por todos os seus inte- grantes, com
ciência do faltoso”. Resposta: Errado.

2. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Acerca do disposto nos


Decretos nº 1.171/1994 e nº 6.029/2007, julgue o item
subsequente.
Embora deva respeitar a hierarquia, o servidor público
está obrigado a representar contra ações manifesta-
mente ilegais de seus superiores hierárquicos.

( ) CERTO ( ) ERRADO

O assunto tratado nesta questão encontra


previsão expressa tanto no Decreto 1.171, de 1994,
quanto na própria Lei nº 8.112, de 1990, como
será demons- trado. De acordo com a regra nº
XIV, do Decreto 1.171, de 1994: “São deveres
fundamentais do servi- dor público: [...] h) ter
respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor
de representar contra qualquer comprometimento
indevido da estrutura em que se funda o Poder
Estatal”. Por sua vez, no corpo da Lei nº 8.112, de
1990, a norma do inciso XII, art. 116, diz que “São
deveres do servidor: [...] XII - represen- tar contra
ilegalidade, omissão ou abuso de poder”. Portanto,
resta claro o acerto da afirmativa aqui analisada.
Resposta: Certo.

DECRETO Nº 6.029, DE 2007

O decreto nº 6.029, de 1º de fevereiro de 2007,


institui o sistema de gestão da ética do Poder Execu-
tivo Federal.
Como forma de organizar e padronizar os con-
selhos de Ética, foi instituído o Sistema de Gestão da
Ética do Poder Executivo Federal, com a finalidade de
promover atividades que dispõem sobre a conduta
ética no âmbito do Executivo Federal. As competên-
cias do sistema são as seguintes:

 Integrar os órgãos, programas e ações relaciona-


das com a ética pública;
 Contribuir para a implementação de políticas
públicas tendo a transparência e o acesso à infor-
mação como instrumentos fundamentais para o
exercício de gestão da ética pública;
 Promover, com apoio dos segmentos pertinentes,
a compatibilização e interação de normas,
procedi- mentos técnicos e de gestão relativos à
ética pública;
 Articular ações com vistas a estabelecer e efeti-
var procedimentos de incentivo e incremento ao
desempenho institucional na gestão da ética
públi- ca do Estado brasileiro.

O sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo


Federal é composto por três grandes grupos:

 A Comissão de Ética Pública (CEP), instituída


 As demais Comissões de Ética e
equivalentes nas entidades e órgãos do Poder
Executivo Federal.

Vamos dar especial destaque para a


composição das comissões, uma vez que tal
assunto é muito cobra- do em concursos e deve
ser, se possível, decorado:

 CEP: 7 integrantes brasileiros com


idoneidade moral, reputação ilibada e
notória experiência designados pelo
Presidente. O mandato será de três anos, não
coincidentes e com aceitação de uma
recondução.

Importante ressaltar que as atividades


desenvol- vidas no âmbito da Comissão de
Ética Pública não ensejam qualquer
remuneração para seus membros, tendo em
vista que os trabalhos nela desenvolvidos são
considerados como prestações de relevante inte-
resse público.
A CEP apresenta diversas competências,
todas lis- tadas no art. 4º, do Decreto 6.029, de
2007. Dentre elas, a mais importante é a
seguinte: atuar como instância consultiva do
Presidente da República e Ministros de Estado
em matéria de ética pública. Ou seja, a CEP
deverá ser capaz de dirimir dúvidas na área da
ges- tão da Ética no Executivo Federal, por isso
a Comis- são possui um departamento Jurídico
para prestar assessoria. Além disso, deverá
apurar informações recebidas por meio de
denúncias ou de ofício, quan- do presentes
condutas que fiquem em desacordo com suas
normas. Por fim, coordenará, avaliará e supervi-
sionará o Sistema de Gestão da Ética Pública do
Poder Executivo Federal.
As instâncias superiores dos órgãos e entidades do
Poder Executivo Federal, abrangendo a
administração direta e indireta deverão observar
as normas éticas e de disciplina, constituir as
próprias comissões de ética e atender com
prioridade as solicitações da CEP.
Considerando o alto impacto que as ações
desen- volvidas pela CEP podem causar nos
servidores que forem investigados, algumas
medidas rígidas foram adotadas para preservar
os investigados.
Deverá ser protegida a honra e a imagem das
pes- soas investigadas, assim como a imagem
do denun- ciante deverá ser mantida em sigilo,
se este for o seu desejo, e os membros da CEP
deverão ter independên- cia e imparcialidade
para apurar os fatos, com todas as garantidas
presentes no Decreto 6.029, de 2007.
Possui legitimidade para provocar a atuação da
CEP qualquer cidadão (servidor ou não), pessoa
jurídica de direito privado, associação ou
entidade de classe, visando à apuração de
infração ética imputada a agen- te público, órgão
ou setor específico do ente estatal.

15 Importante!
A NO SERVIÇO

Definição de agente público estabelecida no Decreto 6.029, de 2007:


Da Apuração dos Atos ridades competentes para apuração de tais fatos, sem
prejuízo das medidas de sua competência.
O Decreto organiza procedimento de apuração
dos atos praticados em seu desacordo. Desta forma, 16
privi- legia o contraditório e a ampla defesa. As
apurações poderão ser praticadas de ofício (sem
provocação) ou por meio de denúncia.
É importante frisar que o processo inicia com um
prazo de defesa prévia, posto que acusações com
pouca fundamentação poderão ser combatidas desde
logo.
Nos termos do art. 12, do Decreto 6.029, de 2007,

Art. 12 O processo de apuração de prática de


ato em desrespeito ao preceituado no Código de
Con- duta da Alta Administração Federal e no
Código de Ética Profissional do Servidor
Público Civil do Poder Executivo Federal será
instaurado, de ofí- cio ou em razão de
denúncia fundamentada, respeitando-se,
sempre, as garantias do contradi- tório e da
ampla defesa [...].

As apurações serão feitas pela Comissão de Ética


Pública ou pelas demais Comissões de Ética. Em todos
os casos, o investigado será notificado para mani-
festar-se, por escrito, no prazo de dez dias. Além
disso, o investigado poderá produzir prova
documen- tal necessária a sua defesa e as Comissões
de Ética terão o poder de requisitar os documentos
que enten- derem necessários à instrução probatória
e, também, promover diligências e solicitar parecer
de especialis- ta. Após a conclusão do processo,
poderão ser adota- das as seguintes medidas:

 Encaminhamento de sugestão de exoneração de


cargo ou função de confiança à autoridade hie-
rarquicamente superior ou devolução ao órgão de
origem, conforme o caso;
 Encaminhamento, conforme o caso, para a Con-
troladoria-Geral da União ou unidade específica
do Sistema de Correição do Poder Executivo Fede-
ral de que trata o Decreto nº 5.480, de 30 de
junho de 2005, para exame de eventuais
transgressões disciplinares;
 Recomendação de abertura de procedimento
admi-
nistrativo, se a gravidade da conduta assim o
exigir.

Ficam assegurados a todos os investigados, em


respeito ao contraditório e à ampla defesa, o conhe-
cimento do teor das acusações e o acesso aos autos
(ainda que no recinto das Comissões de Ética). Por
fim, fica garantido o acesso a cópias integrais dos
proces- sos e de certidão do seu teor.
As comissões de ética têm por dever proferir
decisão sobre os temas de sua competência,
independentemente de omissão do Código de Conduta
da Alta Administração Pública. Eventuais omissões
poderão ser supridas por uso da analogia ou dos
princípios da legalidade, impes- soalidade, moralidade,
publicidade e eficiência.

Art. 17 As Comissões de Ética, sempre que consta-


tarem a possível ocorrência de ilícitos penais, civis,
de improbidade administrativa ou de infração dis-
ciplinar, encaminharão cópia dos autos às auto-
O texto do art. 17, do Decreto, é tremendamente situação hipotética, julgue o item a seguir à luz do
importante, justamente pelo fato de lembrar às disposto nos Decretos nº 1.171/1994 e nº
Comis- sões de Ética que, além de realizarem seu 6.029/2007.
dever, deve- rão estar atentas aos possíveis
Durante o procedimento de apuração da conduta de
desdobramentos que poderão ocorrer em função
Bruno, a comissão de ética deverá garantir-lhe prote-
das condutas praticadas.
Os trabalhos nas Comissões de Ética que são ção à sua honra e à sua imagem.
dis- postas nos incisos II e III, do art. 2º, do
Decreto 6.029, de 2007, são considerados ( ) CERTO ( ) ERRADO
relevantes e têm priorida- de sobre as atribuições
próprias dos cargos dos seus membros, quando
estes não atuarem com exclusivi- dade na
Comissão.
Chegamos ao final de mais um assunto com
grande chance de ser objeto de questões. Lembre-
se: o Códi- go de Conduta da Alta Administração
Federal, o Códi- go de Ética Profissional do
Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal e
o Código de Ética do órgão ou entidade serão
aplicados ao servidor, ainda que essas autoridades
e esses agentes públicos estejam em gozo de
licença.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Bruno, servidor
contrata- do temporariamente para prestar serviços a
determina- do órgão público federal, praticou
conduta vedada aos servidores públicos pelo
Código de Ética Profissional do Servidor Público
Civil do Poder Executivo Federal. A partir dessa
situação hipotética, julgue o item a seguir à luz
do disposto nos Decretos nº 1.171/1994 e nº
6.029/2007.
Mesmo prestando serviço de natureza temporária,
Bruno está sujeito às disposições contidas no
Decreto nº 1.171/1994.

( ) CERTO ( ) ERRADO

O Código de Ética abrange servidores estatutários,


efe- tivos e comissionados, empregados públicos,
agentes temporários e agentes em colaboração com
o Estado. Portanto, Bruno, mesmo sendo servidor
contratado temporariamente, está, sim, sujeito ao
Código de Éti- ca, conforme regra de nº XXIV:
“Para fins de apuração do comprometimento ético,
entende-se por servidor público todo aquele que,
por força de lei, contrato ou de qualquer ato
jurídico, preste serviços de natureza permanente,
temporária ou excepcional, ainda que sem
retribuição financeira, desde que ligado direta ou
indiretamente a qualquer órgão do poder estatal,
como as autarquias, as fundações públicas, as
entidades paraestatais, as empresas públicas e as
sociedades de economia mista, ou em qualquer
setor onde prevaleça o interesse do Estado.”
Resposta: Certo.

2. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Bruno, servidor


contrata- do temporariamente para prestar serviços a
determina- do órgão público federal, praticou
conduta vedada aos servidores públicos pelo
Código de Ética Profissional do Servidor Público
Civil do Poder Executivo Federal. A partir dessa
O tema objeto da presente questão encontra sua dis- ( ) CERTO ( ) ERRADO
ciplina no âmbito do Decreto 6.029 de 2007, mais
precisamente no inciso I, do art. 10: “Os trabalhos 6. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito de ética no
da CEP e das demais Comissões de Ética devem serviço público, julgue o item a seguir.
ser desenvolvidos com celeridade e observância
dos seguintes princípios: I - proteção à honra e à
imagem da pessoa investigada”. Resposta: Certo.

HORA DE PRATICAR!
1. (CESPE-CEBRASPE – 2021) A respeito da ética no
serviço público, da administração pública federal bem
como dos servidores públicos federais e seus direitos
e deveres, julgue o item que se seguem.
De acordo com o Código de Ética Profissional do Servi-
dor Público Civil do Poder Executivo Federal,
ausência de servidor do seu local de trabalho é fator
de desmo- ralização do serviço público, já que pode
acarretar desordem nas relações humanas.

( ) CERTO ( ) ERRADO

2. (CESPE-CEBRASPE – 2020) A respeito de ética na


administração pública, julgue o item a seguir.
O agente público não pode desprezar o elemento
ético de sua conduta, o que significa que ele deverá
decidir somente entre o ilegal e o legal, uma vez que
a função pública impede que ele deixe de cumprir os
deveres impostos por lei.

( ) CERTO ( ) ERRADO

3. (CESPE-CEBRASPE – 2020) O item a seguir apresenta


uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser
julgada à luz do disposto no Decreto n.º 1.171/1994.
Servidor público federal em férias publicou mensagem
em suas redes sociais sobre o comportamento de
outro colega de trabalho, de forma ofensiva e antipá-
tica. Nessa situação hipotética, embora a mensagem
não tenha partido do local de trabalho e tenha sido
feita fora do horário de serviço, a conduta do servidor
fere o código de ética profissional.

( ) CERTO ( ) ERRADO

4. (CESPE-CEBRASPE – 2020) O item a seguir apresenta


uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser
julgada à luz do disposto no Decreto n.º 1.171/1994.
Raul é visto habitualmente embriagado fora de seu
horário de expediente, sendo, inclusive, conheci- do
pelas pessoas mais próximas como pé inchado;
porém, cumpre suas atividades com zelo durante o
horário de trabalho, não se atrasa e tampouco falta
ao serviço. Nesse caso, a conduta de Raul não fere a
ética do serviço público.

( ) CERTO ( ) ERRADO

5. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito de ética no


serviço público, julgue o item a seguir.
Na administração pública, moralidade restringe-se à
distinção entre o bem e o mal: o servidor público nun-
ca poderá desprezar o elemento ético de sua
conduta.
No estrito exercício de sua função, o servidor
público deve nortear-se por primados maiores — 13. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com base no Código de
como a cons- ciência dos princípios morais, o zelo Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder
e a eficácia —; fora dessa função, porém, por estar Executivo Federal, julgue o item a seguir.
diante de situação parti- cular, não está obrigado a O servidor deve respeitar a hierarquia e não contrariar
agir conforme tais primados. ordens de seu superior, ainda que estas estejam em
desconformidade com os princípios norteadores da
( ) CERTO ( ) ERRADO administração pública.

7. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito de ética ( ) CERTO ( ) ERRADO 17


no serviço público, julgue o item a seguir.
Servidor público que se apresenta
habitualmente embriagado no serviço ou até
mesmo fora dele pode- rá ser submetido à
Comissão de Ética, a qual poderá aplicar-lhe a
pena de censura.

( ) CERTO ( ) ERRADO

8. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito de ética


no serviço público, julgue o item a seguir.
Servidor público que, no exercício da função
pública, desviar outro servidor para atender a
seu interesse particular, ou, movido pelo espírito
de solidariedade, for conivente com prática
como esta, poderá ser sub- metido à Comissão
de Ética.

( ) CERTO ( ) ERRADO

9. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o seguinte


item, a respeito da ética no serviço público.
A ausência injustificada de um servidor público ao
seu local de trabalho constitui fator de
desmoralização do serviço público

( ) CERTO ( ) ERRADO

10. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com base no disposto


na legislação administrativa, julgue o item a seguir.
A punição prevista para servidor por desvio de
conduta ética reconhecido por comissão de ética é
a censura ética.

( ) CERTO ( ) ERRADO

11. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com base no Código


de Ética Profissional do Servidor Público Civil do
Poder Executivo Federal, julgue o item a seguir.
A criação de comissão de ética com a finalidade
de orientar o servidor é facultativa às entidades
que exer- çam atribuições delegadas pelo poder
público.

( ) CERTO ( ) ERRADO

12. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com base no Código


de Ética Profissional do Servidor Público Civil do
Poder Executivo Federal, julgue o item a seguir.
É vedado ao servidor público exercer atividade
incom- patível com o interesse público, ainda que
NO SERVIÇO

tal atividade seja lícita.

( ) CERTO ( ) ERRADO
ÉTI
14. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com base no Código de O investigado poderá ter vista dos autos, com direito
Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder a cópia se assim o desejar, mesmo antes da notifica-
Executivo Federal, julgue o item a seguir. ção da existência de procedimento investigatório em
É proibido ao servidor público utilizar de notícia comissão de ética.
obtida em razão do exercício de suas funções em
proveito próprio ou de terceiros. ( ) CERTO ( ) ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO
 GABARITO
15. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com relação aos princí- pios
e aos valores éticos e morais no serviço público, 1 ERRADO
julgue o seguinte item. 2 ERRADO
O servidor público poderá abrir mão do elemento ético
de sua conduta quando, no exercício de sua função, 3 CERTO
determinada situação exigir rapidez e celeridade.
4 ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
5 ERRADO

16. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item seguinte, que 6 ERRADO


versam sobre o disposto no Código de Ética Pro-
fissional do Servidor Público e sobre gestão de pes- 7 CERTO
soas e de processos no serviço público. 8 CERTO
Conforme o Decreto n.º 1.171/1994, é vedado ao servidor
público civil do Poder Executivo federal atrapalhar ou 9 CERTO
impe- dir o exercício regular de direito por qualquer
pessoa. 10 ERRADO

11 ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
12 CERTO
17. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No que se refere à ética no
serviço público, julgue o item seguinte, à luz do dis- 13 ERRADO
posto no Decreto n.º 1.171/1994 (Código de Ética Pro- 14 CERTO
fissional do Serviço Público).
Não descumpre o dever de respeito à hierarquia o ser-
vidor que denunciar pressões de superiores hierárqui- 15 ERRADO
cos que visem obter vantagens indevidas.
16 CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO
17 CERTO

18. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No que se refere à ética no 18 ERRADO


serviço público, julgue o item seguinte, à luz do
19 CERTO
disposto no Decreto n.º 1.171/1994 (Código de Ética
Profissional do Serviço Público). 20 CERTO
Uma das regras deontológicas que regem a conduta
dos servidores públicos federais é o espírito de soli-
dariedade, conforme o qual se espera que o servidor
seja complacente em caso de erro ou infração, pois
a superação de falhas representa uma oportunidade
para o engrandecimento profissional dos servidores 20. (CESPE-CEBRASPE – 2021) A respeito da ética no serviço
públicos. público, da administração pública federal bem como
dos servidores públicos federais e seus direitos e
( ) CERTO ( ) ERRADO deveres, julgue o item que se seguem.
18
19. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No que se refere a ética no
serviço público, julgue o próximo item, com base no
Decreto n.º 1.171/1994 — Código de Ética Profissional
do Serviço Público.
Constitui dever fundamental do servidor público abs-
ter-se de exercer sua função com finalidade estranha
ao interesse público, mesmo que observadas as for-
malidades legais.

( ) CERTO ( ) ERRADO
ANOTAÇÕES
regimes para os agentes estatais: o regime estatutário ou
de cargos públicos, e o regime celetista ou de empregos
públicos.

REGIME JURÍDICO
ÚNICO

AGENTES PÚBLICOS

Nas lições de Celso Antônio Bandeira de Mello,


são agentes públicos as pessoas que exercem uma
função pública, ainda que em caráter temporário ou
sem remuneração. Trata-se de uma expressão ampla
e genérica, uma vez que engloba todos aqueles que,
dentro da organização da Administração Pública,
exercem determinada função pública.
Assim, podemos dizer que agente público é gênero,
o qual comporta diversas espécies, como os agentes
políticos, os agentes militares, os servidores públi-
cos estatutários, os empregados públicos, os agentes
honoríficos, entre outros. Por isso, vamos especificar
cada um deles com maiores detalhes.

Espécies e Classificação

Os agentes políticos possuem como característica


principal o fato de exercerem uma função pública de
alta direção do Estado. Seu ingresso é feito mediante
eleições, para atuarem em mandatos fixos, os quais
têm o condão de extinguir a relação destes com o
Estado de modo automático pelo simples decurso do
tempo. Percebe-se, dessa forma, que a sua
vinculação com o Estado não é profissional, mas
estatutária ou institucional. São agentes políticos os
parlamentares, o Presidente da República, os
prefeitos, os governa- dores, bem como seus
respectivos vices, ministros de Estado e secretários.

Agentes Militares

Os agentes militares constituem uma categoria à


parte dos demais agentes políticos, uma vez que as
instituições militares possuem fortes bases funda-
mentadas na hierarquia e na disciplina. Apesar de
também apresentarem vinculação estatutária, seu
regime jurídico é disciplinado por legislação
especial, e não aquela aplicável aos servidores civis.
São agen- tes militares os membros das Polícias
Militares e dos Corpos de Bombeiros militares dos
Estados, Distrito Federal e Territórios, bem como os
demais militares ligados ao Exército, Marinha e
Aeronáutica. Algumas características que merecem
destaque são: a proibi- ção de sindicalização dos
militares, a proibição do direito de greve e a
proibição à filiação partidária.

Servidores Públicos

De modo geral, podemos dizer que a


Constituição Federal de 1988 apresenta dois tipos de
experiên- cia de 90 dias. Todavia, mesmo após esse
Os servidores públicos são contratados pelo período, os empregados públicos podem ser
regi- me estatutário, enquanto os empregados dispensados.
públicos são contratados pelo regime celetista, A diferença dos empregados públicos para com
que muito se asse- melha às regras contidas na os demais consiste no fato de que a sua demissão
CLT. será sempre motivada, após regular processo
Atente-se a este conceito: servidor público é o administra- tivo, mediante contraditório e ampla
agente contratado pela Administração Pública, defesa. Impor- tante lembrar que, para a
direta ou indireta, sob o regime estatutário, Administração Pública,
sendo selecio- nado mediante concurso público, a motivação de seus atos, bem como o tratamento 19
para ocupar cargos públicos, possuindo
vinculação com o Estado de natu- reza estatutária
e não-contratual.
O regime dos cargos públicos é disciplinado
pela Lei Federal nº 8.112, de 1990, também
conhecida como Estatuto do Servidor Público.
Frente a isso, um ponto relevante a ser
ressaltado desse regime é o alcance da
estabilidade mediante o fim do período de
estágio pro- batório. Tal alcance permite que o
servidor não seja desligado de suas funções,
salvo pelas hipóteses pre- vistas em lei, como a
sentença judicial transitada em julgado,
processo administrativo disciplinar, ou a não
aprovação em avaliação periódica de
desempenho (§ 1º, art. 41, da CF, de 1988).
Dentre os cargos públicos, ainda, há aqueles
que são vitalícios, que se apresentam de forma
mais van- tajosa, uma vez que o estágio
probatório possui um tempo menor (2 anos,
sendo de 3 anos para os car- gos não vitalícios),
bem como possui a característica de o
desligamento ocorrer apenas mediante sentença
condenatória transitada em julgado. São
vitalícios os cargos de: Magistratura, do
Tribunal de Contas, e os cargos dos membros
do Ministério Público.
Além da estabilidade, são também
assegurados aos servidores estatutários alguns
direitos trabalhis- tas. Vejamos, a seguir, os
mais importantes, de acordo com o § 3º, art. 39,
da CF, de 1988:

 Salário-mínimo;
 Remuneração de trabalho noturno
superior ao diurno;
 Repouso semanal remunerado;
 Férias trabalhadas;
 Licença à gestante.

Empregado Público

De modo diferente da contratação dos


servidores, os empregados públicos são
contratados mediante regime celetista, isto é, com
aplicação das regras pre- vistas na Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT). Trata-se de uma
vinculação contratual.
A contratação de empregados públicos dá-
se, em regra, pelas pessoas jurídicas de direito
privado inte- grantes da Administração Indireta
(empresas públi- cas, sociedades de economia
mista, consórcios etc.). Além disso, o ingresso
de tais pessoas também depen- de da sua
aprovação em concurso público.
O regime dos empregados públicos é menos
REGIME JURÍDICO

prote- tivo do que o regime estatutário. Isso se


deve ao fato de que os empregados públicos não
gozam da estabilida- de que os servidores
possuem. Ao serem empossados, os
empregados passam por um período de
impessoal e a finalidade pública, são princípios nor- de desempenho, na forma de lei complementar,
teadores de sua atuação. Uma demissão imotivada assegurada ampla defesa: quem não for aprova- do
de um empregado público seria absolutamente na avaliação periódica de desempenho pode ser
inadmis- sível nessas condições. exonerado de seu cargo público, independen-
temente de ter completado o período de efetivo
Poderes, Prerrogativas, Direitos e Vantagens exercício;
20
A prerrogativa é qualquer situação de vantagem
obtida pela natureza de um cargo ou de uma função.
No caso dos agentes públicos, existem algumas
prerrogati- vas que são comuns para todo e qualquer
cargo público e existem algumas prerrogativas que
são mais restritas, exclusivas apenas para alguns
cargos. Geralmente, essas prerrogativas mais
exclusivas são aplicáveis para os car- gos militares e
para os cargos de natureza política.
No momento, é importante focar nas
prerrogativas que se aplicam para todos os
servidores públicos, que ocupam cargos públicos em
geral. A primeira grande prerrogativa diz respeito à
estabilidade.
A estabilidade é a condição que o servidor
público
atinge após completar alguns requisitos. O seu
princi- pal efeito é que, uma vez estável no cargo, o
servidor público não pode ser demitido por razões de
conve- niência ou oportunidade pela Administração.
Ela não pode demitir o servidor estável “porque não
quer mais” trabalhar com ele.
Segundo o art. 21, do Estatuto dos Servidores
Públi- cos Civis da União, uma vez que o servidor
seja “habi- litado em concurso público e empossado
em cargo de provimento efetivo adquirirá
estabilidade no serviço público ao completar 2 (dois)
anos de efetivo exercício”.
Interessante observar que a Constituição Federal
de 1988 também prevê a prerrogativa de estabilida-
de em seu art. 41. Todavia, os requisitos são
distintos. Para o Texto Constitucional, o servidor
público só adquire estabilidade após completar 3
(três) anos de
efetivo exercício.
Isso não significa que, uma vez o servidor
estando estável no seu cargo, ele pode fazer o que
quiser e não sofrerá nenhuma punição. A
estabilidade não lhe dá “carta branca” para agir como
bem entender. Por isso, o conteúdo do art. 22, da Lei
nº 8.112, de 1990:

Art. 22 O servidor estável só perderá o cargo


em virtude de sentença judicial transitada em
julgado ou de processo administrativo
disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla
defesa.

Vale destacar que o Texto Constitucional vai um


pouco além, prevendo, ao todo, quatro modalidades
de demissão de servidor estável. São elas:

 Por sentença judicial transitada em julgado: é


a forma mais demorada para se demitir um servi-
dor, considerando todo o aspecto burocrático
exis- tente no processo judicial. O trânsito em
julgado da sentença somente ocorre quando
esgotados todos os recursos cabíveis;
 Mediante processo administrativo em que lhe
seja assegurada ampla defesa. As regras
referentes ao Processo Administrativo Disciplinar
(ou PAD) serão vistas mais adiante;
 Mediante procedimento de avaliação periódica
As hipóteses elencadas estão previstas nos § 5° Nenhum servidor receberá remuneração infe-
incisos do art. 41. rior ao salário mínimo.

 Por excesso de gasto com pessoal: Essa


última hipótese se encontra disposta no inciso
II, § 3º, art. 169, da CF, de 1988. Sob o aspecto
orçamentário e financeiro, não pode a
Administração Pública rea- lizar gastos
superiores àqueles previstos em seu orçamento
anual. Com isso, havendo a necessida- de, é
possível, sim, que um servidor estável seja
exonerado de seu cargo apenas por motivos de
“balancear” as contas públicas.

Outra prerrogativa que merece maior destaque


é a vitaliciedade. É um instituto bastante parecido
com a estabilidade, mas não pode ser confundido
com a mesma. A vitaliciedade não é adquirida por
qualquer servidor: ela é somente concedida para
alguns cargos públicos especiais.
São considerados cargos vitalícios, segundo a
pró- pria Constituição Federal: os cargos de
Magistratura (inciso I, do art. 95), os membros do
Ministério Público (alínea “a”, § 5º, do art. 128) e os
cargos ocupados pelos membros do Tribunal de
Contas da União ou TCU (§ 3º, do art. 73).
A vitaliciedade é um instituto ainda mais forte
do que a estabilidade. Uma vez que a pessoa ocupe
um desses cargos vitalícios, ela somente pode ser
exone- rada mediante sentença judicial transitada
em julga- do. Essa é a única hipótese de exoneração,
motivo pelo qual ela garante uma prerrogativa
maior do que ape- nas a estabilidade.
Das hipóteses de exoneração, apesar de ser um
aspecto relativo ao Regime de Previdência, é
também considerada como uma forma de
exoneração a apo- sentadoria compulsória, isto é, a
concessão do referido benefício previdenciário
quando o servidor estável ou vitalício completar 75
(setenta e cinco) anos de idade. A diferença é que,
no caso da aposentadoria compul- sória, o servidor
para de trabalhar, mas continua rece- bendo uma
“remuneração”, chamada de provento.
A Lei nº 8.112, de 1990, em seus arts. 40 e 41,
elen- ca diversos direitos e gratificações aos
servidores públicos, os quais são de grande
importância conhe- cer. É importante fazer a leitura
da literalidade conti- da nos referidos artigos,
acompanhemos:

Art. 40 Vencimento é a retribuição pecuniária


pelo exercício de cargo público, com valor fixado
em lei. Art. 41 Remuneração é o vencimento do
cargo efe- tivo, acrescido das vantagens
pecuniárias perma- nentes estabelecidas em lei.
§ 1° A remuneração do servidor investido em
fun- ção ou cargo em comissão será paga na
forma pre- vista no art. 62.
§ 2° O servidor investido em cargo em comissão
de órgão ou entidade diversa da de sua lotação
rece- berá a remuneração de acordo com o
estabelecido no § 1o do art. 93.
§ 3° O vencimento do cargo efetivo, acrescido
das vantagens de caráter permanente, é
irredutível.
§ 4° É assegurada a isonomia de vencimentos
para cargos de atribuições iguais ou
assemelhadas do mesmo Poder, ou entre
servidores dos três Poderes, ressalvadas as
vantagens de caráter individual e as relativas à
natureza ou ao local de trabalho.
Vejamos os principais direitos: receber diárias e não se afastar da sede, por
qualquer motivo,
 Vencimentos: vencimentos está para o servidor
assim como o salário está para o empregado.
Con- siste na retribuição pecuniária pelo
exercício do cargo público, cujo valor é
previamente fixado em lei. Os vencimentos de
cargos efetivos são, em regra, irredutíveis;
 Remuneração: é mais abrangente. É o vencimen-
to do cargo, somado a todas as outras vantagens
pecuniárias estabelecidas em lei. O menor valor
pago ao servidor público, independentemente de
sua vinculação, é o valor do salário-mínimo
vigen- te (§ 3º, art. 39, da CF, de 1988).

O art. 39, da Constituição Federal, apresenta


algu- mas regras gerais sobre o regime dos
servidores públicos. Dentre as regras
constitucionais, o § 1º do referido dispositivo prevê
que a fixação dos padrões de vencimento e dos
demais componentes do sistema remuneratório
observará três aspectos: a natureza, o grau de
responsabilidade e a complexidade dos car- gos
componentes de cada carreira; os requisitos para a
investidura; e também as peculiaridades dos cargos.
Regime de subsídios: trata-se de uma forma espe-
cial de remuneração, feita em uma única parcela. O
regime de subsídios, previsto no § 4º, art. 39, da CF,
de 1988, foi introduzido com a finalidade de coibir
os “supersalários” comumente existentes no regime
de servidores públicos brasileiros. Importante res-
saltar que recebem por subsídios somente os Chefes
do Poder Executivo, parlamentares, magistrados,
ministros de Estado, secretários estaduais, membros
do Ministério Público e da Advocacia Pública, entre
outros.

Das Vantagens

À luz do disposto no art. 49, do Estatuto, além


dos vencimentos, aos funcionários públicos serão
pagas as seguintes vantagens: as indenizações, as
gratifica- ções e os adicionais.

 Indenizações

As indenizações são valores pagos aos servi-


dores, mas que não integram seus vencimentos. O
Estatuto prevê algumas hipóteses de recebimento de
indenizações:

 Ajuda de custo por mudança (art. 53) devida


como forma de compensar as despesas de ins-
talação de servidor que tiver exercício em
nova sede, ocorrendo mudança de seu
domicílio;
 Ajuda de custo por falecimento (§ 2º, art.
53): devido à família do servidor que vier a
falecer na nova sede, sendo devido para custear
o transporte para a localidade de origem;
 Diárias por deslocamento (art. 58): devida ao
servidor que se afastar, por motivos de
serviço, da sede em caráter transitório, para
outro local dentro ou fora do país, receberá tal
indenização como forma de ajuda no custeio
de passagens e diárias destinadas a indenizar
as parcelas de despesas extraordinárias com
pousada, ali- mentação e locomoção urbana.
O § 3º, do art. 59, prevê que o servidor que
fica obrigado a restituí-las integralmente, O servidor, em relação às férias, fará jus a trin-
no prazo de 5 (cinco) dias; ta dias de licença para cada 12 meses de serviço, que
 Transporte (art.60): será concedida inde- podem ser acumuladas, até o máximo de dois
nização ao funcionário público que períodos, no caso de necessidade do serviço (art. 77,
realizar despesas com a utilização de Lei nº 8.112, de 1990). Poderão ser parceladas em até
meio próprio de locomoção para a três períodos, desde que assim requeridas pelo
execução de serviços exter- nos, por servidor, e no inte- resse da administração pública, na
força das atribuições próprias do car- go, forma do § 3º, do
conforme disposto em regulamento; mesmo dispositivo legal. 21
 Auxílio-moradia (art.60-A): trata-se de ressar-
cimento das despesas comprovadamente
rea- lizadas pelo servidor com aluguel de
moradia ou com hospedagem realizado
por algum hotel, dependendo do
preenchimento de alguns requisitos,
como não ter um imóvel funcional
disponível para uso, seu cônjuge não ser
ocu- pante de imóvel funcional, ou que
nenhuma outra pessoa que resida com o
servidor receba a mesma indenização etc.

 Gratificações e Adicionais

O art. 61, do Estatuto dos Servidores Públicos,


tam-
bém prevê o pagamento das seguintes gratificações:

Art. 61 [...]
I - retribuição pelo exercício de função de direção,
chefia e
assessoramento; II
- gratificação
natalina; III –
revogado;
IV - adicional pelo exercício de atividades
insalu- bres, perigosas ou penosas;
V- adicional pela prestação de serviço
extraordinário; VI - adicional noturno;
VII - adicional de férias;
VIII - outros, relativos ao local ou à natureza
do trabalho;
IX - gratificação por encargo de curso ou concurso.

Conforme o art. 76-A, a gratificação por


encargo
por curso ou concurso é devida ao servidor que

Art. 76-A [...]


I - atuar como instrutor em curso de
formação, de desenvolvimento ou de
treinamento regularmen- te instituído no
âmbito da administração pública federal;
II - participar de banca examinadora ou de
comis- são para exames orais, para análise
curricular, para correção de provas
discursivas, para elabora- ção de questões de
provas ou para julgamento de recursos
intentados por candidatos;
III - participar da logística de preparação e de
reali- zação de concurso público envolvendo
atividades de planejamento, coordenação,
supervisão, execução e avaliação de resultado,
quando tais atividade não tiverem incluídas
em suas funções permanentes;
REGIME JURÍDICO

IV - participar da aplicação, fiscalizar ou


avaliar provas de exames de vestibular ou de
concurso público ou supervisionar essas
atividades.
Das Licenças

As licenças são uma espécie de afastamento com algumas características próprias. Ou seja, os casos de licença
ocorrem, via de regra, por interesse e a pedido do particular. Estão dispostas nos arts. 81 e seguintes, da Lei dos
Servidores Públicos Federais. De acordo com o art. 81, conceder-se-á licença ao servidor:

Art. 81 [...]
I - por motivo de doença em pessoa da família;

Essa licença somente poderá ser concedida se for indispensável assistência direta do servidor, de forma que
não possa ser prestada simultaneamente com o exercício das funções públicas, pelo que dispõe o § 1º, do art.
83, da Lei nº 8.112, de 1990.

II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;

Trata-se de licença que poderá ser deferida ao servidor para acompanhar cônjuge que foi deslocado para
outro ponto do território nacional, para o exterior ou para exercer mandato eletivo dos poderes executivo e
legis- lativo. Nesse caso, a licença será por prazo indeterminado e sem remuneração, nos temos do caput e §
1º, do art. 84, da nº Lei 8.112, de 1990.

III - para o serviço militar (art. 85 da Lei 8.112/1990);


IV - para atividade política;

Segundo o art. 86, da Lei 8.112, de 1990, o servidor terá direito à licença, sem remuneração, durante o
período que mediar entre a sua escolha em convenção partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera
do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, e a partir do registro da candidatura e até o décimo
dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os vencimentos do cargo efetivo, somente
pelo período de três meses (§ 2º, do mesmo artigo).
Vejamos a seguinte tabela:

LICENÇA SEM REMUNERAÇÃO (ART. 86) LICENÇA COM REMUNERAÇÃO (ART. 86)
Durante o período entre a escolha de sua conven- A partir do registro da candidatura até o décimo dia seguinte ao
ção partidária da eleição: recebimento por até 3 meses de remuneração
Se o servidor for candidato a cargo eletivo na localidade em que
exerça cargo de direção, chefia, assessoramento, arrecadação ou
À véspera do registro de sua candidatura fiscalização, o servidor será obrigatoriamente afastado a partir
perante a Justiça Eleitoral do dia imediato ao do registro de sua candidatura, até o décimo
dia seguinte ao do pleito, o servidor tem direito à remuneração
desde a sua indicação em convenção partidária

V - para capacitação;

Após cada quinquênio do efetivo exercício público, sendo do interesse da Administração, o servidor poderá
se afastar do cargo com a efetiva remuneração, por até três meses, para fazer curso de capacitação profissional
(art. 87, da Lei nº 8.112, de 1990).

VI - para tratar de interesses particulares;

A critério da Administração Pública, poderá ser concedida somente ao servidor público que ocupe cargo
efe- tivo (desde que não esteja em estágio probatório), licença para cuidar de interesse particulares por até três
anos consecutivos, sem o recebimento de remuneração (art. 91, da Lei nº 8.112, de 1990).

VII - para desempenho de mandato classista.

Nessa situação será concedida licença sem remuneração ao servidor que for desempenhar mandato em con-
federação, federação, associação de classe de âmbito nacional, sindicato representativo de categoria ou
entidade fiscalizadora de profissão (art.92, da Lei nº 8.112, de 1990).
Apesar de haver previsão para concessão de licença por prêmio em virtude de assiduidade, tal hipótese aca-
bou sendo revogada pela Lei nº 9.527, de 1997.
As licenças, como se depreende, são hipóteses de desligamento temporário do servidor com o seu
respectivo cargo, havendo uma expectativa para o seu retorno. As licenças poderão ser concedidas com ou sem
remunera- ção, a depender de cada situação.

22
A licença que for concedida no prazo de 60 finda a missão ou estudo, somente decorrido igual
(sessen- ta) dias do término de outra licença da período, será permitida nova ausência.
mesma espécie será considerada como prorrogação.
Vejamos o art. 82:

Art. 82 A licença concedida dentro de 60 (sessen-


ta) dias do término de outra da mesma espécie
será considerada como prorrogação

Dos Afastamentos

Os afastamentos propriamente ditos não se con-


fundem com as licenças já estudadas. Trata-se de
hipóteses em que ocorre o afastamento do servidor
de suas funções por determinação da administração
pública, e, em regra, o servidor receberá sua remu-
neração integral. A previsão legal está elencada nos
arts. 93 e seguintes, da Lei nº 8.112, de 1990. São
qua- tro hipóteses:

 Para servir a outro órgão ou entidade;


 Para exercício de mandato eletivo;
 Para estudos ou missões no exterior;
 Para participação em programa de pós-graduação
stricto sensu dentro do País.

A hipótese arrolada no inciso I tem sua


regulamen- tação no art. 93 e será cedida ao servidor
nas seguintes condições: para exercício de cargo em
comissão ou fun- ção de confiança e em casos
previstos em leis específicas. O art. 94, da Lei nº
8.112, de 1990, traz as especifi- cações necessárias
para o afastamento para exercício
de mandato eletivo:

Art. 94 Ao servidor investido em mandato eletivo


aplicam-se as seguintes disposições:
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou dis-
trital, ficará afastado do cargo;
II - investido no mandato de Prefeito, será afasta-
do do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua
remuneração;
III - investido no mandato de vereador:
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá
as vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remu-
neração do cargo eletivo;
b) não havendo compatibilidade de horário, será
afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela
sua remuneração.
§ 1º No caso de afastamento do cargo, o servidor
contribuirá para a seguridade social como se em
exercício estivesse.
§ 2º O servidor investido em mandato eletivo ou
classista não poderá ser removido ou redistribuí-
do de ofício para localidade diversa daquela onde
exerce o mandato.

Para que o servidor público possa se afastar de


suas funções para o estudo ou missão no exterior, a
Lei nº 8.112, de 1990, também apresenta algumas
regras a serem observadas com disposição nos arts. 95
e 96:

Art. 95 O servidor não poderá ausentar-se do País


para estudo ou missão oficial, sem autorização do
Presidente da República, Presidente dos Órgãos
do Poder Legislativo e Presidente do Supremo
Tribu- nal Federal.
§ 1º A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e
§ 2º Ao servidor beneficiado pelo disposto Isso é assim porque, mui- tas vezes, a remuneração
neste artigo não será concedida exoneração dos Prefeitos e Vereadores de pequenos Municípios
ou licença para tratar de interesse particular costuma ser menor do que a remuneração do cargo
antes de decor- rido período igual ao do público anterior, e ele pode facilmente se locomover
afastamento, ressalvada a hipótese de de um ambiente de trabalho
ressarcimento da despesa havida com seu para outro nesse município de porte menor. 23
afastamento.
§ 3º O disposto neste artigo não se aplica aos
servi- dores da carreira diplomática.
[...]
Art. 96 O afastamento de servidor para
servir em organismo internacional de que o
Brasil participe ou com o qual coopere dar-
se-á com perda total da remuneração.

O afastamento do servidor com a finalidade


de participação em programa de pós-graduação
stricto sensu no país, no interesse da
Administração Pública, acontecerá desde que a
participação não possa ocor- rer
simultaneamente com o exercício do cargo ou
mediante compensação de horário, art. 96-A, da
Lei nº 8.112, de 1990. O servidor continuará a
receber sua remuneração no período em que
estiver cursando sua especialização.
Para compreender melhor a diferença entre
licen- ças e afastamentos, segue uma tabela
explicativa:

LICENÇA AFASTAMENTO
Finalidade é de interesse Finalidade é de interesse
exclusivo do agente público do agente e da Adminis-
tração Pública
Ex.: doença do cônjuge/ Ex.: realização de espe-
membro da família; para cialização; realização de
exercer atividade política; missão no exterior; para
para tratar de interesses servir a outro órgão/
particulares entidade
Possui prazos mais curtos Possui prazos mais lon-
(dias, semanas) gos (meses, anos)

Uma questão que costuma cair com bastante


fre- quência nas provas de concurso público é
sobre a remuneração de servidor afastado para
exercício de mandato eletivo (art. 94, Lei nº
8.112, de 1990). A regra geral é que, para
exercer um mandato eletivo, o ser- vidor deve
se afastar do cargo e deixar de receber a
remuneração do mesmo. Porém, tratando-se de
exer- cício de mandato de Prefeito, o
servidor afastado poderá optar, dentre as
duas remunerações, por aquela que lhe for
mais vantajosa (valores maiores, mais
benefícios etc.).
REGIME JURÍDICO

Outro aspecto importante: no caso de mandato de


Vereador, o servidor poderá exercer os
dois car- gos e receber ambas as
remunerações, desde que comprovada a
compatibilidade de horários (atua como
Vereador de dia e como agente público de noite, e
vice-versa). Sendo incompatível o horário dos
dois cargos, o Vereador pode optar pela
remuneração mais vantajosa, igual ao Prefeito.
Das Concessões a acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicio-
24 nada à comprovação da compatibilidade de horários.
Diz respeito às ocasiões em que o servidor
poderá se ausentar do serviço e não deixará de
receber remu- neração, de acordo com o art. 97, da
Lei nº 8.112, de 1990.

Art. 97 Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor


ausentar-se do serviço:
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
II - pelo período comprovadamente necessário para
alistamento ou recadastramento eleitoral, limita-
do, em qualquer caso, a 2 (dois) dias;
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de:
a) casamento;
b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais,
madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor
sob guarda ou tutela e irmãos.

Cargo, Emprego e Função Públicos

Sobre a acumulação de cargos, emprego e


funções públicas, deve-se salientar que o
ordenamento jurí- dico brasileiro, em regra, proíbe
a acumulação de cargos e empregos públicos.
Tal proibição se esten- de, inclusive, para as
entidades da Administração Indireta.
O caput do art. 118, da Lei nº 8.112, de 1990,
dis- põe no mesmo sentido, afirmando que
“ressalvados os casos previstos na Constituição, é
vedada a acumu- lação remunerada de cargos
públicos”. Apesar de o referido texto legal dispor
sobre agentes públicos no âmbito federal,
entendemos que também possa ser aplicado aos
agentes públicos dos Estados, Municípios e Distrito
Federal.
A proibição de acumular cargos estende-se tam-
bém a empregos e funções em autarquias, fundações
públicas, empresas públicas, sociedades de
economia mista da União, do Distrito Federal, dos
Estados, dos Territórios e dos Município (§ 1º, do
art. 118).
Pela leitura do dispositivo, percebe-se que a
pró- pria Constituição Federal dispõe de um rol de
casos excepcionais em que é permitida a
acumulação des- sas funções. Há entendimento
praticamente unânime de que se trata de um rol
taxativo, ou seja, são válidas apenas aquelas
hipóteses de acumulação de cargos.

HIPÓTESES DE ACUMULAÇÃO DE CARGOS CONS-


TITUCIONALMENTE AUTORIZADAS
Dois cargos de professor (alínea “a”, inciso XVI, do art. 37)
Um cargo de professor com outro técnico ou científico
(alínea “b”, inciso XVI, do art. 37)
Dois cargos ou empregos privativos de profissionais
na área da saúde (alínea “c”, inciso XVI, do art. 37)
Um cargo de vereador com outro cargo, emprego ou
função pública (inciso III, do art. 38)
Um cargo de magistrado e outro de magistério (inciso
I, parágrafo único, do art. 95)
Um cargo de membro do Ministério Público e outro de
magistério (alínea “d”, inciso II, § 5º, do art. 128)

Segundo o § 2º, do art. 118, da Lei nº 8.112, de 1990,


Considera-se também como acumulação vincu- lação jurídica anterior com o Estado
proibida a percepção de vencimento de cargo ou (nomeação); ou derivado, se o referido servidor já
emprego públi- co efetivo com proventos da possuía algum vínculo com o Estado (promoção,
inatividade, salvo quando os cargos de que remoção, readaptação).
decorram essas remunerações forem acumuláveis
na atividade (§ 3º, do art. 118).
Cargos em comissão são os cargos ocupados de
forma transitória por servidores públicos nomeados
por autoridade competente. Nos termos do art. 119,
ao servidor também não será permitida a
ocupação de mais de um cargo comissionado.
O servidor vinculado ao regime desta Lei que
acu- mular licitamente dois cargos efetivos, quando
inves- tido em cargo de provimento em comissão,
ficará afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na
hipótese em que houver compatibilidade de horário
e local com o exercício de um deles, declarada
pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades
envolvidos (art. 120).

REGIME JURÍDICO ÚNICO

Provimento

 Investidura na Função

Para ocupar um cargo público, é necessário


haver o seu devido provimento, ou seja, deve haver
um ato administrativo constitutivo e hábil para a
investidu- ra do servidor no respectivo cargo. Com
relação aos requisitos para a investidura em
cargo público, dis- põe o art. 5º, da Lei n° 8.112,
de 1990:

Art. 5º São requisitos básicos para investidura


em cargo público:
I - a nacionalidade brasileira;
II - o gozo dos direitos políticos;
III - a quitação com as obrigações militares e
eleitorais;
IV - o nível de escolaridade exigido para o
exercício do cargo;
V - a idade mínima de dezoito
anos; VI - aptidão física e mental.

O rol apresentado no art. 5° é meramente exem-


plificativo, pois a depender das atribuições do
cargo almejado, podem existir outros requisitos
exigidos para ocupação e posse. Observe, ainda,
que tais requi- sitos que forem exigidos devem ser
comprovados somente no momento da posse.
Conforme aludido no art. 7º, da Lei n° 8.112, de
1990, a investidura em cargo público ocorrerá com
a posse.

 Provimento

Há diversas formas de provimento dos cargos


públicos, podendo ser classificado em dois grupos:

 Quanto à durabilidade: O provimento pode ser


de caráter efetivo, capaz de garantir
estabilidade e até mesmo vitaliciedade para o
ocupante; ou em comis- são, quando o referido
cargo não goza de estabilida- de, podendo o
servidor ser destituído ad nutum, isto é, de
forma unilateral, sem a anuência do servidor;
 Quanto à preexistência de vínculo: temos o
pro- vimento originário, que não depende de
O art. 8º, da Lei n° 8.112, de 1990, dispõe sobre aproveitamento e cassa- da a disponibilidade se o
as formas de provimento em cargos públicos: servidor não entrar em exercício no prazo legal,
salvo comprovada doença por junta médica oficial
 Nomeação: trata-se da única forma de provi- (art. 32, idem);
mento originário, uma vez que não exige uma
relação jurídica prévia do servidor para com
o Estado. A nomeação depende sempre de pré-
via habilitação em concurso público de provas,
ou de provas e títulos. Além disso, a
nomeação poderá ser promovida não somente
em caráter efetivo, como também para os cargos
de con- fiança ou em comissão (incisos I e II,
dos arts. 9º e 10, da Lei nº 8.112, de 1990);
 Promoção: é uma forma de provimento derivado,
haja vista que ela beneficia somente os servidores
que já ingressaram em cargos públicos em cará-
ter efetivo. Os demais requisitos para o ingresso e
o desenvolvimento do servidor na carreira,
mediante promoção, serão estabelecidos pela lei
que fixar as diretrizes do sistema de carreira na
Administração Pública Federal e seus
regulamentos (parágrafo único, art. 10, da Lei nº
8.112, de 1990);
 Readaptação: é, também, uma forma de pro-
vimento derivado, pois trata-se de hipótese
de atribuição ao servidor para um cargo com
funções e responsabilidades distintas e com-
patíveis com a limitação que tenha sofrido em
sua capacidade física ou mental, verificada
em inspeção médica. Assim, por exemplo, um
motorista de ônibus que sofre acidente e acaba
perdendo algum membro essencial para diri-
gir poderá ser readaptado para executar uma
função similar, mas não idêntica à anterior.
Na hipótese do servidor readaptando se
mostrar completamente inválido para exercer
qualquer cargo, ele será compulsoriamente
aposentado;
 Reversão (retorno do aposentado): outra
for-
ma de provimento derivado, em que temos o
retorno à atividade de um servidor aposentado
por invalidez, ou por puro e simples interesse
da Administração, desde que (art. 25, do
Estatuto dos Servidores Públicos):

Art. 25 [...]
II - [...]
a) tenha solicitado a reversão;
b) a aposentadoria tenha sido voluntária;
c) estável quando na atividade;
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos
anteriores à solicitação;
e) haja cargo vago

A reversão far-se-á para o mesmo cargo ou para o


cargo resultante de sua transformação. Em termos de
remuneração, o servidor que retornar à atividade
por interesse da Administração perceberá a
remuneração do cargo que voltar a exercer, em
substituição da apo- sentadoria que recebia (§ 4º, art.
25, idem);
 Aproveitamento: mais uma forma de pro-
vimento derivado, consistente no retorno de
servidor em disponibilidade, sendo seu
regresso obrigatório para cargo de atribuições
e venci- mentos compatíveis com os do
anteriormente ocupados (art. 30, da Lei nº
8.112, de 1990). Será tornado sem efeito o
 Reintegração: é a forma de provimento recondução tem prioridade em relação a pôr o
deri- vado que ocorre pela reinvestidura servidor em dis- ponibilidade. Colocar o servidor
do servidor estável no cargo em disponibilidade é considerada uma última
anteriormente ocupado, ou no cargo medida, pois o correto é a Administração fazer com
resultante de sua transformação, na hipó- que todos os servidores que contratou estejam
tese de sua demissão ser invalidada por efetivamente no exercício de suas atividades, de
decisão judicial ou administrativa, tendo modo a evitar a oneração dos cofres públicos com
direito também ao ressarcimento de todas servidores inativos que continuam a
as vantagens (caput, art. 28, da Lei nº receber remuneração e outros benefícios. 25
8.112, de 1990).
Suponha que, em uma situação anterior, o
servidor Carlos foi demitido por um motivo
injusto. Esse motivo injusto pode advir de
qualquer evento, como ter sido erroneamente
acusado de ter praticado uma transgres- são
(falaremos das transgressões em momento
poste- rior). Carlos, então, resolveu ingressar com
ação em juízo e por meio de decisão judicial (ou
administrativa) conse- guiu comprovar que a sua
demissão foi injusta, ficando determinada a sua
invalidação. Com isso, ele pode ser reintegrado
ao seu cargo a fim de voltar a desempenhar suas
funções na repartição pública.
É proibida a criação de cargos excessivos
pela Administração Pública, tendo em vista que
em toda repartição existe um número exato de
cargos a serem ocupados pelos servidores.
Logo, no exemplo apresentado, o cargo
perten- ce originalmente a Carlos. Assim, o
servidor Márcio, que estava ocupando o lugar
de Carlos durante sua ausência, deverá ser
reconduzido para o seu cargo de origem ou, não
sendo possível, devido à extinção do cargo
nesse período, poderá ser aproveitado em outro
cargo similar.
Não havendo outro cargo similar, Márcio será
pos- to em disponibilidade.
Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual
ocu- pante será reconduzido ao cargo de origem,
sem direito à indenização ou aproveitado em outro
cargo, ou, ain- da, posto em disponibilidade (§ 2º,
art. 28, idem).
A disponibilidade é uma garantia de caráter pro-
tecionista atribuída pela Constituição Federal ao
ser- vidor público estável, cuja finalidade é
resguardar o vínculo do servidor com a
Administração Pública, de maneira a não ser
excluído dos quadros de pessoal quando seu
cargo for declarado desnecessário ou extinto.
Durante o período em que o servidor perma-
necer disponível, sua remuneração é mantida.

 Recondução: por fim, a recondução é a


forma de provimento derivado consistente
no retorno do servidor público estável ao
cargo anterior- mente ocupado, e
decorrerá de inabilitação em estágio
probatório relativo a outro cargo, ou ain-
da pela reintegração do anterior ocupante
(I e II, art. 29, da Lei nº 8.112, de 1990).
Uma situação excepcional é a da extinção
do cargo durante o período de estágio
probatório. Nessas condições, segundo a
REGIME JURÍDICO

Súmula n° 22, do STF, inexiste direito à


recondução, e o servidor será exonerado.

É o caso do servidor Márcio, já mencionado


duran- te a reintegração do servidor Carlos. A
Vacância supe- rior ao número de vagas, de acordo com
normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade
em que
A Lei nº 8.112, de 1990, também faz menção das
26 aqueles estejam lotados.
hipóteses de vacância, isto é, são hipóteses em que
o servidor deixa o cargo ocupado anteriormente.
Essas situações podem ser de caráter definitivo,
como, por exemplo, a extinção do cargo público, ou
quando ocorre a troca do cargo ocupado pelo
servidor.

Art. 33 São formas de vacância dos cargos públicos:


I - exoneração;
II - demissão;
III - promoção;
IV (REVOGADO);
V (REVOGADO);
VI - readaptação;
VII - aposentadoria;
VIII - posse em outro cargo inacumulável;
IX - falecimento.

Observe que algumas das hipóteses de vacância


são as mesmas das hipóteses de provimento. Isso
ocorre porque, como mencionamos, o provimento
derivado dos cargos públicos pressupõe uma relação
jurídica anterior entre o servidor e a Administração
Pública. Nessas hipóteses (readaptação, promoção),
o Poder Público necessita extinguir um cargo
público (uma relação jurídica anterior) para criar um
cargo novo.
Dessas hipóteses, a que merece maiores esclareci-
mentos é a exoneração. Nas linhas do art. 35, a exo-
neração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do
servidor, ou de ofício. Quando de ofício, a exoneração
será rea- lizada quando não satisfeitas as condições do
estágio probatório; ou ainda quando, tendo tomado
posse, o servidor não entrar em exercício no prazo
estabelecido.

Remoção

A remoção é elencada no art. 36, da Lei nº 8.112, de


1990. Pelo disposto no caput do referido artigo, remo-
ção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de
ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem
mudança de sede. A remoção não é uma forma de
provimento em cargo público.
O artigo ainda apresenta algumas modalidades de
remoção, que podem ser:

Art. 36 [...]
Parágrafo único. [...]
I - de ofício, no interesse da Administração;
II - a pedido, a critério da Administração;
III - a pedido, para outra localidade, independente-
mente do interesse da Administração:
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, tam-
bém servidor público civil ou militar, de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, que foi deslocado no inte-
resse da Administração;
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, com-
panheiro ou dependente que viva às suas
expensas e conste do seu assentamento funcional,
condicio- nada à comprovação por junta médica
oficial;
c) em virtude de processo seletivo promovido, na
hipótese em que o número de interessados for
Redistribuição e Substituição

A redistribuição é o deslocamento de cargo para


provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do
quadro geral de pessoal, para outro órgão ou
entida- de do mesmo Poder, com prévia apreciação
do órgão central do SIPEC, segundo o que dispõe o
art. 37, do referido Estatuto, desde que sejam
observados os seguintes preceitos:

Art. 37 [...]
I - interesse da administração;
II - equivalência de vencimentos;
III - manutenção da essência das atribuições
do cargo;
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade
e complexidade das atividades;
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou
habilitação profissional;
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e
as finalidades institucionais do órgão ou entidade.

A substituição encontra-se disposta no art. 38,


do Estatuto. Vejamos:

Art. 38 os servidores investidos em cargo ou


fun- ção de direção ou chefia e os ocupantes de
cargo de Natureza Especial terão substitutos
indicados no regimento interno ou, no caso de
omissão, previamente designados pelo
dirigente máximo do órgão ou entidade.

A substituição é uma troca de um servidor por


outro, aplicável somente para os cargos de
comis- são ou função de direção e chefia, bem
como cargos de Natureza Especial. O servidor
substituto indica- do assume, automaticamente, o
exercício do cargo, nos casos de afastamentos,
impedimentos legais ou regulamentares do titular,
bem como na hipótese de vacância do cargo.
Um direito muito importante do servidor
substitu- to é que ele pode optar, entre o cargo que
ocupava antes e o cargo que passa a ocupar pela
substituição, pela remuneração mais vantajosa (§
2º, do art. 38). Seria injusto o substituto ganhar
menos do que rece- bia antes da substituição.

REGIME DISCIPLINAR

Deveres

Apesar da grande quantidade de direitos e van-


tagens, o Estatuto dos Servidores Públicos também
atribui, aos mesmos, diversos deveres, com base no
regime disciplinar o qual, se não for atendido,
enseja a instauração de processo disciplinar para a
apuração de infrações funcionais.
Os deveres disciplinados pelo Estatuto Federal
podem ser divididos de duas formas, quais sejam:
deveres que são relacionados ao comportamento fun-
cional (obrigações que devem ser cumpridas pelos
servidores; trata-se do inciso I; das alíneas “a”, “b” e
“c”, do inciso V, e dos incisos VI, VIII e XII, do art.
116) e deveres relativos ao comportamento
profissional (são aqueles comportamentos inerentes
às atividades profissionais desempenhadas pelos
particulares; são os incisos II, III, IV, VII, IX, X e XI,
do art. 116).
Nos termos do art. 116, da Lei nº 8.112, de 1990: Atribuir serviço à pessoa de repartição, responsa-
bilidade diversa fora de sua competência de atuação.
Art. 116 São deveres do servidor:
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do
cargo
II - ser leal às instituições a que servir;
III - observar as normas legais e regulamentares;
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando
manifestamente ilegais;
V - atender com presteza;
a) ao público em geral, prestando as informações
requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
b) à expedição de certidões requeridas para
defesa de direito ou esclarecimento de situações
de inte- resse pessoal;
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública;
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência
em razão do cargo ao conhecimento da autoridade
superior ou, quando houver suspeita de envolvi-
mento desta, ao conhecimento de outra autoridade
competente para apuração;
VII - zelar pela economia do material e a
conserva- ção do patrimônio público;
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
IX - manter conduta compatível com a moralidade
administrativa;
X - ser assíduo e pontual ao serviço;
XI - tratar com urbanidade as pessoas;
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou
abuso de poder.

Das Proibições

O art. 117, da mesma Lei, impõe aos servidores


públicos diversas proibições. Trata-se de uma
maté- ria que exige grande capacidade de
memorização, ainda que não necessite de um
alongamento muito detalhado.

Art. 117 Ao servidor é proibido:


I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem
prévia autorização do chefe imediato;
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade
competente, qualquer documento ou objeto da
repartição;
III - recusar fé a documentos públicos;

Recusar fé a documentos públicos significa dizer


que o servidor não pode se recusar a receber
qualquer tipo de documento oficial (documento
proveniente de órgãos públicos), com a exceção dos
casos em que exis- tir suspeita de fraude ou qualquer
outra irregularidade.

IV - opor resistência injustificada ao andamento de


documento e processo ou execução de serviço;
V - promover manifestação de apreço ou
desapreço no recinto da repartição;

O serviço nas repartições públicas deve ser


execu- tado com imparcialidade dos servidores,
sendo regra que seja evitado a exposição de
convicções particula- res (ideologias políticas,
religiosas etc.) que possam intervir negativamente
no ambiente de trabalho.

VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos


casos previstos em lei, o desempenho de atribuição
que seja de sua responsabilidade ou de seu
subordinado;
VII - coagir ou aliciar subordinados no 8.112, de 1990, é bastante claro ao dispor que “o
sentido de filiarem-se a associação servidor respon- de civil, penal e
profissional ou sindical, ou a partido político; administrativamente pelo exercício irregular de suas
atribuições”. Vemos, então, que uma única conduta
A liberdade de associação sindical é um praticada pelo referido servidor pode ensejar em
direi- to fundamental previsto pela Constituição responsabilização em três esferas
Federal. Sendo assim, é vedado ao servidor distintas. 27
utilizar-se de sua hierarquia funcional como
meio de coagir outros ser- vidores a se filiarem
a algum sindicato ou associação.

VIII - manter sob sua chefia imediata, em


cargo ou função de confiança, cônjuge,
companheiro ou parente até o segundo grau
civil;

Essa proibição tem o fito de evitar a prática


do nepotismo e garantir a aplicação da garantia
constitu- cional da impessoalidade
administrativa.

IX - valer-se do cargo para lograr proveito


pessoal ou de outrem, em detrimento da
dignidade da fun- ção pública;
X - participar de gerência ou administração
de sociedade privada, personificada ou não
personifi- cada, exercer o comércio, exceto na
qualidade de acionista, cotista ou
comanditário;
XI - atuar, como procurador ou
intermediário, junto a repartições públicas,
salvo quando se tra- tar de benefícios
previdenciários ou assistenciais de parentes
até o segundo grau, e de cônjuge ou
companheiro;

É proibido ao servidor exercer a chamada


advo- cacia administrativa. Essa é uma situação
em que o agente público, aproveitando de sua
influência, faz uso de sua condição de servidor
público para benefi- ciar as pessoas que estiver
representando.

XII - receber propina, comissão, presente ou


vantagem de qualquer espécie, em razão de suas
atribuições; XIII - aceitar comissão, emprego
ou pensão de esta- do estrangeiro;
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;

Fica proibido ao servidor público realizar


emprés- timos com taxas de juros excessivos.

XV - proceder de forma desidiosa;


XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais
da repartição em serviços ou atividades
particulares; XVII - cometer a outro servidor
atribuições estra- nhas ao cargo que ocupa,
exceto em situações de emergência e
transitórias;
XVIII - exercer quaisquer atividades que
sejam incompatíveis com o exercício do
cargo ou função e com o horário de
trabalho;
XIX - recusar-se a atualizar seus dados
REGIME JURÍDICO

cadastrais quando solicitado.

Responsabilidade Civil, Criminal e Administrativa

Por fim, em relação à responsabilidade


dos ser- vidores públicos, o art. 121, da Lei nº
A responsabilidade civil do servidor público IX - revelação de segredo do qual se apropriou em
decor- re da prática de atos comissivos ou omissivos, razão do cargo;
dolosos ou culposos, que sejam capazes de causar X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patri-
danos mate- riais ao erário (patrimônio público), ou a mônio nacional;
terceiros, pelo que dispõe o art. 122, da Lei nº 8.112, 28 XI - corrupção;
de 1990.
A responsabilidade penal do servidor tem seu
fundamento na apuração de uma conduta criminal,
isso é, a hipótese em que o servidor público possa
pra- ticar um ilícito penal, ou crime. A
responsabilidade penal é, definitivamente, a mais
grave e perigosa, uma vez que ela pode repercutir
nas demais esferas, tanto pela condenação do
servidor condenado, quanto pela sua absolvição
devido à falta de provas materiais ou pela negação
de sua autoria, sendo essas últimas hipó- teses
apenas exceções, segundo aludido pelo art. 123.
A responsabilidade administrativa resulta de
ato omissivo ou comissivo praticado pelo servidor
no desempenho de cargo ou função, à luz do art.
124. Consiste na instauração de processo
disciplinar, motivo pelo qual haverá a verificação
da conduta deli- tuosa do agente, bem como a
aplicação da pena mais adequada. Imprescindível
reforçar que a aplicação de qualquer pena ao
servidor público pressupõe um pro- cesso
administrativo, sendo assegurado ao acusado direito
ao contraditório e à ampla defesa, sendo obri-
gatória, inclusive, a presença do advogado em todas
as fases do referido processo (Súmula nº 343, do
STJ). Todavia, tal entendimento vem sofrendo
alterações, pois o STF já reconheceu na Súmula
Vinculante nº 5 que a falta de defesa técnica no
processo administrati- vo disciplinar não é
inconstitucional.
Em relação às penalidades administrativas
apli- cáveis aos servidores públicos, a Lei nº 8.112, de
1990, (art. 127) prevê aplicação das seguintes sanções:

 Advertência: é a sanção mais branda, aplicável


por escrito para o servidor que cometer atos
como: ausentar-se do serviço injustificadamente;
recusar fé a documento público; retirar qualquer
docu- mento da repartição sem a devida
autorização; manter sob sua chefia cônjuge,
companheiro ou parente até o segundo grau;
entre outros;
 Suspensão: aplicável somente quando o servidor
é reincidente nas faltas puníveis por advertên-
cia, desde que não tipifiquem infrações sujeitas
a demissão do cargo. A suspensão não poderá
ser aplicada por prazo maior a noventa dias;
 Demissão: trata-se da penalidade mais grave
atri-
buída ao servidor público, uma vez que tem o
con- dão de exonerá-lo de seu cargo. A demissão
será aplicada nos seguintes casos:

Art. 132 [...]


I - crime contra a administração pública;
II - abandono de cargo;
III - inassiduidade habitual;
IV - improbidade administrativa;
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na
repartição;
VI - insubordinação grave em serviço;
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a par-
ticular, salvo em legítima defesa própria ou de
outrem;
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou Art. 140 [...]
fun- ções públicas; I - a indicação da materialidade dar-se-á:
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. a) na hipótese de abandono de cargo, pela indica-
ção precisa do período de ausência intencional do
Muitas dessas hipóteses impedem que o infrator servidor ao serviço superior a trinta dias;
retorne ao serviço público federal, por isso trata-se
de uma das penalidades mais gravosas;

 Cassação de Aposentadoria ou da
Disponibi- lidade: o servidor inativo que
houver praticado falta punível com a demissão
terá a sua aposenta- doria, ou sua
disponibilidade cassada;
 Destituição de Cargo em Comissão ou
Função Comissionada: caso o servidor
ocupante de car- go não efetivo cometa uma das
faltas passíveis da pena de suspensão e
demissão, poderá perder o seu cargo de
confiança ou função comissionada.

Segundo o art. 136, a demissão ou a destituição


de cargo em comissão em decorrência da prática de
atos contra o erário público, nos casos dos incisos
IV, VIII, X e XI, do art. 132, implica a
indisponibilidade dos bens (bens adquiridos pelo
servidor em decorrência de atos cometidos contra
os cofres públicos utilizando-se da condição de
servidor) e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo
da ação penal cabível.
A demissão ou a destituição de cargo em comis-
são, por infringência dos incisos IX e XI, do art.
117, incompatibiliza o ex-servidor para nova
investidura em cargo público federal, pelo prazo de 5
(cinco) anos. Ou seja, dentro desse prazo
estabelecido, ainda que o ex-servidor público
demitido ou destituído preste novo concurso e se
classifique, não poderá ser investi- do e tomar
posse de novo cargo.
Não poderá retornar ao serviço público federal o
servidor que for demitido ou destituído do cargo em
comissão por infringência dos incisos I, IV, VIII, X e
XI, art. 132, (parágrafo único, do art. 137).
Configura abandono de cargo a ausência inten-
cional do servidor ao serviço por mais de trinta
dias consecutivos (art. 138). Nesse caso, o servidor
deixa de comparecer ao serviço por mera
liberalidade por mais de trinta dias seguidos.
Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao
ser- viço, sem causa justificada, por sessenta dias,
interpola- damente, durante o período de doze meses
(art. 139).

Art. 140 Na apuração de abandono de cargo ou


inassiduidade habitual, também será adotado o
procedimento sumário a que se refere o art. 133
[...].

O procedimento administrativo sumário é


aplicá- vel somente em situações de verificação de
acúmulo ilegal de cargos, inassiduidade habitual e
abandono de cargo e em todos esses casos é
cabível e penalidade de demissão.
E ainda para que se aplique o procedimento
sumá- rio é importante que se siga os requisitos
apresenta- dos a seguir, indicando a materialidade
da infração administrativa, ou seja, apresentando
provas de que o fato ocorreu e deve ser julgado.
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação atribuições ou relacionada ao cargo que ocupa. O processo
dos dias de falta ao serviço sem causa justificada, pode ocor- rer em procedimento ordinário ou em
por período igual ou superior a sessenta dias sindicância.
inter- poladamente, durante o período de doze A sindicância é definida como uma averiguação
meses; sumária promovida no intuito de obter informações
II - após a apresentação da defesa a comissão ela-
borará relatório conclusivo quanto à inocência ou
à responsabilidade do servidor, em que resumirá as
peças principais dos autos, indicará o respectivo
dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono
de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao
serviço superior a trinta dias e remeterá o
processo à autoridade instauradora para
julgamento.

Os responsáveis pela aplicação das penalidades


disciplinares serão, conforme o art. 141:

Art. 141 [...]


I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes
das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais
Federais e pelo Procurador-Geral da República,
quando se tratar de demissão e cassação de apo-
sentadoria ou disponibilidade de servidor vincula-
do ao respectivo Poder, órgão, ou entidade;
II - pelas autoridades administrativas de hierar-
quia imediatamente inferior àquelas mencionadas
no inciso anterior quando se tratar de suspensão
superior a 30 (trinta) dias;
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades
na forma dos respectivos regimentos ou regula-
mentos, nos casos de advertência ou de suspensão
de até 30 (trinta) dias;
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação,
quando se tratar de destituição de cargo em
comissão.

Mesmo que a administração pública tenha o


dever de responsabilizar os seus servidores públicos
pelas infrações praticadas de que tiver
conhecimento, é importante observar que essas
penalidades devem ser aplicadas a contar da data
em que o fato se tornou conhecido. A prescrição da
ação disciplinar é regula- mentada pelo art. 142.

Art. 142 A ação disciplinar prescreverá:


I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis
com demissão, cassação de aposentadoria ou dis-
ponibilidade e destituição de cargo em comissão;
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à
advertência.
§ 1º O prazo de prescrição começa a correr da
data em que o fato se tornou conhecido.
§ 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal
aplicam-se às infrações disciplinares capituladas
também como crime.
§ 3º A abertura de sindicância ou a instauração
de processo disciplinar interrompe a prescrição,
até a decisão final proferida por autoridade
competente.
§ 4º Interrompido o curso da prescrição, o prazo
começará a correr a partir do dia em que cessar
a interrupção.

Do Processo Administrativo Disciplinar: Conceito,


Princípios, Fases e Modalidades

O processo administrativo é o instrumento


des- tinado a apurar as responsabilidades do servidor
por infração praticada no exercício de suas
ou esclarecimentos necessários à determinação cons- tituir a comissão;
do verdadeiro significado dos fatos denunciados. II - inquérito administrativo, que compreende ins-
Compa- rando com o processo penal, pode-se trução, defesa e relatório;
afirmar que a sindicância é como se fosse a “fase III - julgamento.
investigativa”, pois o fim dela não resulta em Art. 152 O prazo para a conclusão do proces-
uma sentença ou decisão: ela serve so disciplinar não excederá 60 (sessenta) dias,
primordialmente para apurar o que ocorreu, e se contados da data de publicação do ato que consti-
tuir a comissão, admitida a sua prorrogação por
é necessário instaurar o processo
igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem. 29
posteriormente.
Vejamos o que dispõe o art. 145:

Art. 145 Da sindicância poderá


resultar: I - arquivamento do
processo;
II - aplicação de penalidade de advertência
ou sus- pensão de até 30 (trinta) dias;
III - instauração de processo disciplinar.

Como forma de impedir que o servidor venha


interferir de forma negativa durante a
investigação da apuração de sua conduta, estabelece
o art. 147 o afastamento preventivo do mesmo:
Como medida cautelar e a fim de que o
servidor público não venha a infiuir na
apuração da irregularidade ao mesmo
atribuída, a autoridade instauradora do
processo administrativo-disciplinar, verificando
a existência de veementes indícios de
responsabilidades, poderá orde- nar o seu
afastamento do exercício do cargo.

 Do Processo Disciplinar

Uma vez encerrada a sindicância e,


constatada uma conduta irregular, temos o
início do processo administrativo disciplinar
(PAD), ou ordinário. Segun- do os arts. 148 e
149,

Art. 148 O processo administrativo


ordinário é o instrumento destinado a
apurar responsabilida- de do servidor
público pela infração praticada no exercício
de suas atribuições ou que tenha relação com
as atribuições do cargo em que se encontre
investido.
Art. 149 o processo será conduzido por Comissão
composta de três servidores estáveis
designados pela autoridade competente,
observado o disposto no § 3º, do art. 143, que
indicará, dentre eles, o seu presidente, que
deverá ser ocupante de cargo efeti- vo
superior ou de mesmo nível, ou ter nível de
esco- laridade igual ou superior ao do
indiciado.

Não temos a figura de um Juiz de Direito no


proces- so administrativo, e sim uma
“autoridade julgadora”. A Comissão não faz
parte da autoridade julgadora, ela fica
encarregada de realizar um relatório contendo
todas as provas colhidas e todos os fatos
devidamente investigados.
Ao todo, são três as fases do processo
adminis- trativo disciplinar. Vejamos:
IME JURÍDICO

Art. 151 [...]


I - instauração, com a publicação do ato que
 Do Inquérito Administrativo cificação dos fatos a ele imputados e das respectivas
30 provas”.
O inquérito administrativo é a fase em que
temos a apuração da responsabilidade disciplinar do
servi- dor público. Ela compreende a fase instrutória
(colhei- ta de provas), a citação e apresentação da
defesa do servidor que está sendo acusado, além da
produção de um documento chamado relatório.

Art. 155 Na fase do inquérito, a comissão promove-


rá a tomada de depoimentos, acareações, investiga-
ções e diligências cabíveis, objetivando a coleta de
prova, recorrendo, quando necessário, a técnicos
e peritos, de modo a permitir a completa
elucidação dos fatos.

Importante o conteúdo do art. 156, ao dispor que:

Art. 156 É assegurado ao servidor o direito de


acompanhar o processo pessoalmente ou por inter-
médio de procurador, arrolar e reinquirir
testemu- nhas, produzir provas e contraprovas e
formular quesitos, quando se tratar de prova
pericial.

O art. 156 trata de um conteúdo muito


importante, ou seja, cuida do direito de defesa do
servidor público. Não é porque não estamos em um
processo judicial (com a figura de um membro do
Poder Judiciário) que não devem ser aplicados os
princípios mais básicos e fundamentais do mesmo.
É cabível no processo administrativo a
aplicação dos princípios do contraditório e ampla
defesa, a dis- paridade de armas, o direito de ter
ciência e conheci- mento do processo, o direito de
ser representado por autoridade competente etc.
A seguir temos alguns meios de prova que são
admitidos no processo administrativo, sendo,
pratica- mente os mesmos meios de prova admitidos
em pro- cesso judicial.

Art. 157 As testemunhas serão intimadas a depor


mediante mandado expedido pelo presidente da
comissão, devendo a segunda via, com o ciente do
interessado, ser anexado aos autos.

Quem convoca as testemunhas para colher seus


respectivos depoimentos e quem faz toda a colheita
de todos os meios de prova é a Comissão e não a
autoridade julgadora que, por sua vez, somente vai
atuar no PAD quando todo o trabalho da Comissão
tiver encerrado.
Se a testemunha for servidor público, a expedição
do mandado tem que ser imediatamente
comunicada ao chefe da repartição onde serve, com
a indicação do dia e hora marcados para inquirição.
(parágrafo único, art. 157). O servidor não pode se
ausentar de seu servi- ço sem apresentar uma
justificativa válida para tanto. Concluída a inquirição
das testemunhas, a comis- são promoverá o
interrogatório do acusado, observa- dos os
procedimentos previstos nos arts. 158 e 159. No
caso de mais de um acusado, cada um deles será
ouvido separadamente e, sempre que divergirem em
suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, será
promovida a acareação entre eles.
A citação do indiciado está disposta no art. 161,
que estabelece que “tipificada a infração disciplinar,
será formulada a indiciação do servidor, com a espe-
O indiciado será citado por mandado expedido A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a
pelo presidente da comissão para apresentar defesa conclusão dos trabalhos de revisão (art. 179). O
escrita, no prazo de 10 (dez) dias, sendo prazo para julgamento será de 20 (vinte) dias,
assegurado dar vista do processo na repartição, isso contados do recebimento do processo, no curso do
é, olhar pági- na por página, parágrafo por qual a autorida- de julgadora poderá determinar
parágrafo, tudo o que já foi produzido no PAD (§ 1º, diligências (parágra- fo único, do art. 181).
do art. 161).
Considerar-se-á revel o indiciado que, regular-
mente citado, não apresentar defesa no prazo
legal. A revelia será declarada, por termo, nos
autos do pro- cesso e devolverá o prazo para a defesa
(caput e § 1º, do art. 164).
Uma vez apuradas todas as provas, a Comissão
ela- borará um relatório de tudo que foi constado
no pro- cesso. Não é, ainda, uma decisão, pois o
relatório será encaminhado para a autoridade
julgadora.

 Do Julgamento

A fase do julgamento tem início com o


recebimen- to do relatório da Comissão, e terá prazo
máximo de 20 dias para decidir se acata o relatório
ou não (art. 167).
O caput e parágrafo único, do art. 168, dispõe,
de modo geral, que a autoridade julgadora não está
subordinada ao que foi dito no relatório da
Comissão.

Art. 168 O julgamento acatará o relatório da


comis- são, salvo quando contrário às provas
dos autos. Parágrafo único. Quando o relatório
da comissão contrariar as provas dos autos, a
autoridade jul- gadora poderá, motivadamente,
agravar a penali- dade proposta, abrandá-la ou
isentar o servidor de responsabilidade.

À luz do disposto no art. 172, o servidor que


res- ponder a processo disciplinar só poderá ser
exone- rado a pedido, ou aposentado
voluntariamente, após a conclusão do processo e o
cumprimento da penali- dade, acaso aplicada.
Ocorrida a exoneração de que trata o inciso I,
parágrafo único, do art. 34, o ato será convertido
em demissão, se for o caso.

 Da Revisão do Processo Administrativo

Disciplinar A qualquer tempo, poderá ser

requerida a revisão
do procedimento administrativo, a pedido ou de ofí-
cio, quando se aduzirem fatos novos ou circunstân-
cias suscetíveis de justificar a inocência do punido
ou a inadequação da penalidade aplicada (art. 174).
A revisão é uma defesa utilizada pelo acusado
ou seu representante, para que a autoridade possa
reali- zar um novo julgamento do PAD, porque
apareceu um fato ou circunstância nova que
comprovem a inocên- cia do requerente.
A revisão de que trata este artigo poderá ser
requeri- da em caso de falecimento, ausência ou
desaparecimen- to do servidor público, por qualquer
pessoa da família, ou ainda em caso de
incapacidade mental do servidor público, pelo
respectivo curador (§§ 1º e 2º, art. 174).
No processo revisional, o ônus da prova recai
sem- pre ao requerente, correndo em apenso ao
processo original (arts. 175 e 178).
Lembrando que, se da revisão do processo resultar a inocência do servidor, ele tem direito de ser reintegrado ao
cargo que antigamente ocupava, exceto em relação ao cargo em comissão, que será convertido em exoneração.
A revisão do processo não admite a reformatio in pejus, o que significa que não poderá resultar agravamento
da penalidade já aplicada (parágrafo único, do art. 182).

Vejamos o esquema de prazos abaixo:

Prazo de 30 dias Prorrogáveis por + 30 dias


Sindicância

Afastamento Preventivo 60 dias prorrogáveis por igual período

Regra: 10 dias

Prazo para conclusão 60 dias prorrogáveis por igual período


Havendo dois ou mais indiciados: prazo comum de 20 dias

PRAZOS Inquérito (prazo para defesa)


No caso de diligências indispensáveis: prazo em dobro

Julgamento: 20 dias para


Processo disciplinarjulgamento (MS 23.299/ SP - STF)
Se o indiciado não for localizado (local incerto e não sabido): 15 di
a contar da última públicação do edital

Comissão Revisora: 60 dias

Revisão do processo disciplinar

Julgamento: 20 dias

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CESPE-CEBRASPE – 2010) Julgue o item, a respeito dos agentes públicos.
Na remoção de ofício, é o próprio interesse público que exige a movimentação do servidor, dentro do mesmo quadro
a que pertence, para outra localidade ou não.

( ) CERTO ( ) ERRADO

A remoção pode ocorrer de ofício (no interesse da administração) ou a pedido do servidor.


REGIME JURÍDICO

Na remoção de ofício, caso seja necessária a mudança de sede do servidor, este fará jus à ajuda de cus-
to (com um máximo de até três remunerações, conforme regulamento), para compensar despesas ocorridas.
Na remoção de ofício, fica garantido o direito do servidor e de seu cônjuge, filhos, enteados ou menor sob sua
guarda, de se matricular em instituições de ensino congênere, em qualquer época, independente de vaga ou de
época. Resposta: Certo.

2. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Julgue o item conforme o disposto na Lei nº 8.112/1990.


Como medida que contribui para a melhoria da qualidade de vida do servidor público, é-lhe facultado optar pela acu-
mulação de períodos de licença-capacitação, caso não seja possível usufruí-los após cada período aquisitivo.

( ) CERTO ( ) ERRADO 31
Conforme o art. 87, após cada quinquênio de efetivo
RELAÇÕES INDIVÍDUO/ORGANIZAÇÃO
exercício, o servidor poderá, no interesse da Admi-
nistração, afastar-se do exercício do cargo efetivo,
com a respectiva remuneração, por até três meses, As pessoas passam a maior parte de suas vidas no
para participar de curso de capacitação profissio- trabalho. Por essa razão, é importante que as
nal. Resposta: Errado. relações entre indivíduo e organização não sejam
fonte de estresse, tensão ou doença.
Pensando em uma união “perfeita”, indivíduos e
organizações teriam os mesmos objetivos e valores.
Por exemplo, a empresa Magazine Luiza possui a
missão de “ser uma empresa competitiva, inovado-
ra e ousada que visa sempre o bem-estar comum”.
A Constituição Federal prevê que é dever do Seus valores incluem: respeito, desenvolvimento e
Esta- do “assegurar os direito sociais e individuais, a reconhecimento; ética; simplicidade e liberdade de
liber- dade, a segurança, o bem-estar, a igualdade e a expressão; inovação e ousadia. Provavelmente, nos
justiça como valores supremos de uma sociedade processos de recrutamento e seleção, a empresa bus-
fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na ca por profissionais que tenham, ainda que não
harmonia social e comprometida, na ordem
todas, algumas dessas características. Isso porque a
internacional, com a solução pacífica das
gestão dos recursos humanos pode se tornar uma
controvérsias.
Para dar cumprimento ao mandamento consti- tarefa menos árdua quando as pessoas caminham em
tucional, o Estado atua por meio da administração dire- ção aos mesmos objetivos da organização.
pública, cujos serviços são executados pelos servi- Uma teoria administrativa que abrange esse
dores públicos que tem por missão servir o interes- aspec- to da relação entre indivíduo e organização é
se coletivo e, consequentemente, ser um agente de a Teoria Estruturalista. De acordo com Chiavenato
desenvolvimento social. (2004), essa teoria ganha destaque a partir da década
Veja que todos os projetos idealizados, visando de 1950 e surge da necessidade de perceber que a
ao bem-estar coletivo, têm seus serviços executados e organiza- ção é um sistema complexo com interação
fis- calizados pelos servidores que representam a
de grupos sociais. Esses grupos podem possuir
atuação do Estado propriamente. Desta maneira, é
indispensá- vel que a administração pública esteja objetivos simila- res ou distintos dos objetivos da
sempre apoia- da por servidores competentes e que organização.
eles também sejam respeitados pela sociedade. Nessa teoria, o indivíduo não é considerado
Algumas ferramentas para a melhoria do serviços homem econômico (abordagem clássica), nem homem
públicos são1: social (teo- ria das relações humanas), mas sim um
homem organi- zacional, que desempenha diferentes
 Gestão estratégica de pessoas (servidores) no papéis em várias organizações (na empresa, na
âmbito público; família, nos grupos sociais, na instituição religiosa que
 Definição de critérios para recrutamento de pes-
participa, entre outros).
soal, tendo como base as competências
necessárias ao cargo; Chiavenato (2004) discorre que para obter suces-
 Avaliação do desempenho, que permita, além da so, isto é, para ter um bom desempenho nas organi-
vinculação à progressão do funcionário, a zações, o homem organizacional deve ter algumas
identifi- cação de necessidades de capacitação; características de personalidade: flexibilidade, tole-
 Estabelecimento de estratégia de rância às frustrações, capacidade de adiar recompen-
desenvolvimento profissional, a fim de aprimorar sas e permanente desejo de realização.
o quadro de pes- soal das repartições públicas. As características de personalidade do homem
organizacional indicadas por Chiavenato (2004) são
assim definidas:

 Flexibilidade: o indivíduo deve ser flexível


visto que desempenha diferentes papéis em um
De acordo com Robbins, ambien- te dinâmico e instável;
 Tolerância às frustrações: é necessário ser tole-
O comportamento organizacional é um campo de rante já que os seus diversos papéis podem ser
estudos que investiga o impacto que indivíduos,
conflituosos em algum momento. Por exemplo, um
grupos e a estrutura têm sobre o comportamento
dentro das organizações com o propósito de utili- indivíduo que é pai e empregado pode ter um
zar este conhecimento para melhorar a eficácia des- gaste emocional porque estava no trabalho e
organizacional. (2005, p. 6) não conseguiu assistir à peça de teatro da filha;
 Capacidade de adiar recompensas: a recompen-
Resumidamente, os estudos sobre sa pode surgir a longo prazo. Portanto, é
comportamento organizacional preocupam-se com o importan- te que o indivíduo seja capaz de adiar
comportamen- to das pessoas no ambiente de recompensas e até mesmo trabalhar de forma
trabalho e em como esse comportamento impacta no
rotineira, em alguns casos;
desempenho das empresas.
 Permanente desejo de realização: é o que
32 1 Conforme os ensinamentos de Rafael Ravazolo (2016). asse- gura o acesso a posições mais elevadas na
carreira.
LIDERANÇA, MOTIVAÇÃO E DESEMPENHO resultados
Enxerga seu trabalho como uma car-
Liderança reira e profissão

A liderança, conforme apresentada por Robbins


(2005), indica traçar metas, comunicar e engajar os
trabalhadores de forma que os objetivos sejam alcan-
çados. Os líderes inspiram os empregados e
auxiliam-
-nos na superação dos obstáculos e dificuldades. Posto
de uma forma bastante direta, a liderança é a capaci-
dade de um indivíduo influenciar um grupo no
alcan- ce de objetivos preestabelecidos.
A liderança pode ser formal ou informal (ROB-
BINS, 2005). Na liderança formal, a influência
sobre um grupo é exercida por alguém que tem um
cargo mais alto na hierarquia da organização. Visto
que car- gos mais elevados indicam certo grau de
autoridade, o líder consegue a adesão dos
subordinados devido ao cargo que ocupa. Alguns
exemplos de liderança formal incluem: gestor de
projetos, administrador de recursos humanos,
gerente de compras etc.
Por outro lado, a liderança informal surge na
orga-
nização informal. Robbins afirma que a liderança
não sancionada, isto é, que surge fora da organização
formal, é tão ou até mais importante que a liderança
formal.
Independentemente do tipo de liderança (formal
ou informal), é importante destacar que os indiví-
duos não devem exercer seus papéis de líderes sem
considerar os aspectos éticos. Enquanto líderes
éticos incentivam os trabalhadores e cobram
resultados, líderes antiéticos podem praticar
agressões verbais/ morais com os subordinados.
William Hitt (1990 apud MATTAR, 2010)
identifica quatro estilos de liderança, que
corresponderiam a sistemas éticos distintos,
conforme apresentado no quadro a seguir:

TIPO DE LÍDER CARACTERÍSTICAS


Os meios justificam os fins
Preocupa-se meramente com os
resultados
Manipulador
A autoridade está baseada no poder
Seus subordinados devem ser passi-
vos, dependentes e submissos
Principal função: comunicar e fazer
cumprir regras
Preocupação com a eficiência
Administrador Racionalização das funções de liderança e
Burocrático da administração (Max Weber)
As regras são a autoridade, e não os
líderes (estabilidade para a organização
independentemente do líder)
Procura conseguir que as coisas se-
jam feitas com o propósito de atingir
os objetivos organizacionais
Administrador Seu papel é: planejar, organizar,
Profissional comunicar, motivar e mensurar os
TIPO DE LÍDER CARACTERÍSTICAS
Por meio da motivação, procura reti-
rar o melhor de cada pessoa
A liderança é menos um atributo/fun-
ção e mais uma relação entre líderes
Transformador e colaboradores
Enxerga o potencial das pessoas e
tem prazer no seu crescimento
É um bom treinador e ajuda os outros
a se tornarem líderes

Fonte: Hitt (1990 apud MATTAR, 2010).

Motivação e Desempenho

A motivação é o “[...] processo responsável


pela intensidade, direção e persistência dos
esforços de uma pessoa para o alcance de uma
determinada meta” (ROBBINS, 2005, p. 132). A
intensidade diz respeito ao esforço empregado
por uma pessoa na realização de um objetivo. A
direção indica “para onde vamos”. Não adianta o
trabalhador empregar esforço se não sou- ber
em que direção deve caminhar.
Por último, a persistência indica quanto
tempo um indivíduo consegue manter seu
esforço, isto é, por quanto tempo consegue ficar
motivado. A motivação e o desempenho estão
intimamente relacionados, pois um profissional
motivado tende a ter melhores resul- tados e
bom desempenho em suas tarefas.
Apesar de muitos líderes buscarem formas
de motivar os trabalhadores por meio de
palestras e trei- namentos, por exemplo, a
motivação é intrínseca, ou seja, está no interior
dos indivíduos. É impossível, por- tanto, que um
gestor ou líder seja capaz de motivar os
colaboradores.
A teoria mais conhecida sobre motivação é
Teoria da Hierarquia das Necessidades de
Abraham Maslow. De acordo com o autor, as
necessidades dos indivíduos estão dispostas
como que em uma pirâmide, de forma que, em
um primeiro momento, busca-se atender aos
objetivos da base da pirâmide e, em seguida, as
neces- sidades vão aumentando. A figura a
seguir demonstra as necessidades propostas por

REGIME JURÍDICO
Maslow.

Autorrealização
De acordo com Maslow, o ser humano tem a Crescimento, autocontrole
carac- terística de sempre desejar algo. Por isso,
à medida que satisfaz uma necessidade, outra
passa a ser priorida- de. Uma observação
Autoestima
importante é que uma necessida- de de nível Respeito dos autores, confiança,
Social
mais alto só surge quando as necessidades dos conquista
Família, amizade, amor
níveis inferiores são atingidas. Portanto, um
indi- víduo não possui necessidade de Segurança
autorrealização se Emprego, saúde, propriedade

não se tem o que comer, por exemplo. 33


Fisiológica
Respirar, comer, dormir
Dica No intuito de oferecer maior bem-estar e satisfa-
ção aos trabalhadores, as organizações podem ado- tar
Outras teorias de motivação também receberam alguns programas de QVT. Esses programas têm
destaque ao longo dos anos e ainda hoje são estu- o objetivo de tornar a organização um local mais
34
dadas, tais como: teoria dos dois fatores, de Frede-
rick Herzberg, teoria da determinação de metas, de
Edwin Locke, teoria da equidade, de Stacy
Adams, e teoria X e teoria Y, de Douglas
McGregor.

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

De acordo com Limongi-França (2004), a


qualidade de vida no trabalho (QVT) surge a partir
das mudan- ças ocorridas nas relações de trabalho. O
termo surgiu por volta de 1970 e indica um cuidado
com o bem-es- tar dos trabalhadores, o que não
havia, por exemplo, na época do surgimento das
teorias de Taylor e Fayol. O desenvolvimento da
QVT pode ser apresentado por duas perspectivas.
De um lado, temos uma maior reivindicação dos
trabalhadores em busca de boas con- dições e saúde
no trabalho. Do outro lado, há interesses por parte da
organização que os trabalhadores tenham maior
qualidade de vida e, assim, aumentem a produti-
vidade e qualidade das tarefas desempenhadas.
Albuquerque e Limongi-França definem a qualida-
de de vida no trabalho como o

[...] conjunto de ações de uma empresa que


envolve diagnóstico e implantação de melhorias e
inova- ções gerenciais, tecnológicas e estruturais
dentro e fora do ambiente de trabalho, visando
propiciar condições plenas de desenvolvimento
humano para e durante a realização do trabalho.
(1998, p. 42)

Chiavenato (2014) destaca que falar em QVT signi-


fica falar em respeito com os trabalhadores. Para que
as organizações obtenham produtividade e qualidade
em suas atividades, é preciso que os trabalhadores
estejam satisfeitos e motivados em seus cargos. Por
isso, a competitividade das organizações necessaria-
mente depende da QVT.
A QVT é um conceito complexo e compreende
diver- sos fatores, conforme destacado por Chiavenato
(2014):

 Satisfação com as atividades realizadas no cargo;


 Possibilidade de crescer e se desenvolver na
organização;
 Ser reconhecido pelo trabalho realizado e as
metas atingidas;
 Receber remuneração (incluindo salário, benefí-
cios e incentivos) adequada às atividades do
cargo e ao desempenho obtido;
 Ter bons relacionamentos com as chefias e os cole-
gas de trabalho;
 Trabalhar em ambientes agradáveis fisicamente e
psicologicamente;
 Ter liberdade na execução das atividades do
trabalho;
 Poder engajar-se nas atividades do trabalho e par-
ticipar ativamente nas decisões.

PROGRAMAS DE QUALIDADE DE VIDA NO


TRABALHO
humanizado. No entanto, antes de definir as empregados garantem que os
melho- res práticas de QVT, é preciso considerar os
processos de Gestão de Pessoas (GP), a cultura da
organização, seus objetivos, entre outros aspectos
organizacionais. Esses programas podem estar
associados, por exemplo, à redução da
rotatividade (a rotatividade dentro das empresas
é utilizada para acompanhar o fluxo de
admissões e demissões de funcionários) e do
absenteísmo (absenteísmo no trabalho é definido
como a ausência do trabalhador no serviço, seja
em razão de faltas ou atrasos reiterados), ou
melhoria na
saúde e segurança dos trabalhadores.
Dentre os programas/modelos de QVT, destacam-
se os propostos por Walton (1973), Hackman e
Oldham (1975) e Nadler e Lawler (1983). Neste
material, é des- crito o modelo de Walton,
composto por oito fatores, mas os demais modelos
podem ser visualizados no livro de Chiavenato
(2014).

FATORES DE QVT DIMENSÕES


Remuneração adequada
Compensação justa e ao salário
adequada
Equidade interna e externa
Jornada de trabalho
Condições de trabalho
seguras e saudáveis Ambiente físico seguro e
saudável
Autonomia
Oportunidades imediatas
para desenvolver e usar Significado da tarefa
as capacidades humanas Variedade de habilidades
Possibilidade de carreira
Oportunidades futuras para
o crescimento contínuo e a Crescimento profissional
garantia de emprego Segurança no emprego
Relacionamentos interpes-
Integração social na soais e intergrupais
organização
Senso comunitário
Respeito às leis e direitos
trabalhistas
Privacidade pessoal
Constitucionalismo na
organização Liberdade de expressão
Normas e rotinas claras na
organização
Trabalho e espaço total na Equilíbrio entre trabalho e
vida do indivíduo vida pessoal
Imagem da empresa
Relevância social do
trabalho Responsabilidade social
da instituição

Fonte: adaptado de Chiavenato (2014, p. 421-422).

PROMOÇÃO DE SAÚDE AO SERVIDOR

As organizações devem se preocupar, além da


QVT, com a saúde dos trabalhadores. Um trabalha-
dor saudável é aquele que não possui doenças,
sejam elas físicas ou psicológicas. Ações
preventivas para promover a saúde dos
trabalhadores tenham um bom estado físico, mental As causas ambientais de estresse estão fora do
e social. De acordo com Chiavenato (2014), a saúde do controle do indivíduo. Por exemplo, se um indivíduo
trabalhador pode ser prejudicada por doenças, aci- trabalha em uma empresa que realiza atividades de
dentes ou estresse emocional. demolição de materiais resistentes com britadeiras,
As doenças que podem ser desenvolvidas em
função do trabalho incluem, entre outras: câncer
por radiação, lesão por esforço repetitivo, distúrbios
osteomusculares, dermatite, reumatismo,
intoxicação, surdez, síndrome de burnout e síndrome
do pânico.
As organizações podem prevenir essas doenças
quando implementam o Programa de Controle Médi-
co e Saúde Ocupacional (PCMSO) que, segundo a
Portaria nº 24, de 1994, é um programa obrigatório.
Assim, as organizações podem agir preventivamente
ao realizar exame médico pré-admissional, exames
médicos periódicos, palestras etc.
São responsabilidades das organizações, de
acordo com a Portaria:

 Garantir a elaboração e efetiva implementação do


PCMSO, bem como zelar pela sua eficácia;
 Custear, sem ônus para o empregado, todos os pro-
cedimentos relacionados ao PCMSO;
 Indicar, dentre os médicos dos Serviços
Especiali- zados em Engenharia de Segurança e
Medicina do Trabalho (SESMT), da empresa, um
coordenador responsável pela execução do
PCMSO;
 No caso de a empresa estar desobrigada de
manter médico do trabalho, de acordo com a NR-
4, deverá o empregador indicar médico do
trabalho, empre- gado ou não da empresa, para
coordenar o PCMSO;
 Inexistindo médico do trabalho na localidade, o
empregador poderá contratar médico de outra
especialidade para coordenar o PCMSO.

Conforme o art. 2º, da Lei nº 6.367, de 1976,

Art. 2º Acidente no trabalho é aquele que ocorrer


pelo exercício do trabalho a serviço da empresa,
provocando lesão corporal ou perturbação fun-
cional que cause a morte, ou perda, ou redução,
permanente ou temporária, da capacidade para o
trabalho.

Os acidentes podem ocorrer em consequência de


agressão física, sabotagem ou terrorismo; ofensa
físi- ca intencional; ato de imprudência, negligência
ou imperícia; desabamento, inundação e incêndio;
no trajeto da residência para o trabalho e vice-versa.
Os acidentes de trabalho podem ocorrer, de acor-
do com Chiavenato (2014), em função de condições
inseguras ou atos inseguros. Condições inseguras
incluem, por exemplo, equipamentos defeituosos,
ventilação imprópria e temperatura elevada no
ambiente de trabalho.
Atos inseguros envolvem, por exemplo, subir
as
escadas sem apoiar-se no corrimão, carregar caixas
pesadas de forma inadequada e não usar
procedimen- tos seguros.
Por último, o estresse “é um conjunto de reações
físicas, químicas e mentais de uma pessoa
decorrente de estímulos ou estressores que existem
no ambiente” (CHIAVENATO, 2014, p. 405). São duas
as fontes princi- pais de estresse: ambientais e
pessoais.
o ruído dessas máquinas podem gerar estresse. trabalho.
Um outro exemplo de causa ambiental de
estresse é o cliente. ( ) CERTO ( ) ERRADO
O vendedor não tem controle sobre um
cliente que acordou em um mau dia porque Segundo própria justificativa da banca, os esque-
teve uma discussão com a esposa e não mas de reforço não possuem o objetivo de
conseguiu descansar durante a noite e, ao melhorar o desempenho, mas apenas de manter o
acordar, foi fazer compras. esforço de persistência em níveis adequados no
As causas pessoais, por outro lado, são trabalho. Res-
característi- cas individuais do trabalhador, posta: Errado 35
como pessoas viciadas em trabalho, falta de
paciência e condições precárias de saúde.
Considerando o exemplo do cliente mal-hu-
morado, ainda que o vendedor não tenha
controle sobre o estado de espírito do cliente, se
o vendedor não tem paciência, o estresse tende
a piorar. No caso do trabalhador da empresa
com ruídos de britadeiras, se ele for viciado em
trabalho, isto é, se tiver o hábito de trabalhar
por longas jornadas, o estresse também pode
aumentar, pois terá que ouvir o barulho das
máquinas por mais tempo.

POLÍTICAS DE INCLUSÃO

Muito se fala sobre diversidade nas


organizações: diversidade de gênero, de raça,
de idade, de origem, deficiência física etc. No
entanto, ainda que esses gru- pos minoritários
tenham alcançado, nos últimos anos, maior
representatividade nos ambientes de trabalho, a
exclusão deles nos grupos de maior influência
ainda pode ser considerado um obstáculo a
vencer.
A inclusão, de acordo com Mor Barak (2015)
reme- te ao sentimento de pertença do indivíduo
no sistema organizacional tanto nos processos
formais (acesso à informação, por exemplo)
quanto nos processos infor- mais (como um
happy hour após o trabalho).
Para que um indivíduo se sinta incluído em
um grupo de trabalho, duas necessidades devem
ser aten- didas: pertencimento e singularidade.
Isso significa que o trabalhador deve não
apenas sentir-se parte do grupo, mas também
perceber que suas características e
particularidades são valorizadas. Sendo assim,
tra- tar de políticas de inclusão indica criar
ações para que os grupos minoritários sejam
incluídos nas organiza- ções formais e
informais.

EXERCÍCIO COMENTADO
1. (CESPE-CEBRASPE — 2019) Com relação a
compor- tamento humano no âmbito
profissional, julgue o item seguinte.
Nas organizações, para controlar o
IME JURÍDICO

comportamento de gestores e empregados são


utilizados os esquemas de reforço, que também
contribuem para a melhoria de desempenho no
minado servidor público federal tenha sido removido
HORA DE PRATICAR! para outra sede, situada em outro município, para
acompanhar sua esposa, que também é servidora
1. (CESPE-CEBRASPE — 2018) Acerca das regras apli- pública federal e foi removida no interesse da adminis-
cáveis aos servidores públicos do Poder Judiciário, e tração, julgue o item seguinte à luz do disposto na Lei
considerando o que dispõe a Lei n.º 8.112/1990 e a Lei 36 n.º 8.112/1990.
n.º 11.416/2006, julgue o item a seguir.
A legislação que dispõe sobre o regime estatutário prevê
a possibilidade de o servidor público, em
determinadas hipóteses, pedir remoção para outra
localidade, indepen- dentemente do interesse da
administração pública.

( ) CERTO ( ) ERRADO

2. (CESPE-CEBRASPE — 2018) José, servidor público


federal estável, praticou, no ano de 2017, ato de impro-
bidade administrativa no exercício das atribuições de
seu cargo, tendo causado prejuízo ao erário. Por isso,
ele respondeu a processo administrativo disciplinar,
no qual teve assegurado o direito à ampla defesa e
ao contraditório. Ao final do processo, José foi demitido
e condenado ao ressarcimento integral do dano
causa- do, nos termos da lei.
Nessa situação hipotética, de acordo com os dispo-
sitivos do Regime Jurídico dos Servidores Públicos
Civis da União, da Lei n.º 8.429/1992 e os princípios e
normas de ética do servidor público, com a demissão
de José, ocorreu a vacância do cargo público que ele
ocupava, sendo possível, por interesse da administra-
ção, a redistribuição do cargo vago para outro órgão
do mesmo poder.

( ) CERTO ( ) ERRADO

3. (CESPE-CEBRASPE — 2016) Considerando que deter-


minado servidor público federal tenha sido removi- do
para outra sede, situada em outro município, para
acompanhar sua esposa, que também é servidora
pública federal e foi removida no interesse da
adminis- tração, julgue o item seguinte à luz do
disposto na Lei n.º 8.112/1990.
Ainda que o servidor e sua esposa sejam integrantes
de órgãos pertencentes a poderes distintos da União,
a remoção do servidor poderia ser concedida.

( ) CERTO ( ) ERRADO

4. (CESPE-CEBRASPE — 2016) Considerando que deter-


minado servidor público federal tenha sido removi- do
para outra sede, situada em outro município, para
acompanhar sua esposa, que também é servidora
pública federal e foi removida no interesse da
adminis- tração, julgue o item seguinte à luz do
disposto na Lei n.º 8.112/1990.
É correto inferir que houve interesse da
administração na remoção do servidor, pois esse é
um dos requisitos para sua concessão.

( ) CERTO ( ) ERRADO

5. (CESPE-CEBRASPE — 2016) Considerando que deter-


A referida remoção pressupõe o deslocamento do anteriormente ocupado.
car- go ocupado pelo servidor para outro órgão ou
entida- de do mesmo poder. ( ) CERTO ( ) ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO
8. (CESPE-CEBRASPE — 2015) Acerca de ato administrati-
6. (CESPE-CEBRASPE — 2016) Cláudio, servidor vo e agentes públicos, julgue o item subsecutivo.
público federal lotado na capital federal, pediu Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido, no
remoção para o estado de São Paulo. O pedido foi âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de
deferido pelo órgão ao qual ele pertence. sede.
Imediatamente, Cíntia, sua espo- sa, também
servidora pública federal lotada em Bra- sília, ( ) CERTO ( ) ERRADO
solicitou remoção para acompanhar o cônjuge. O
pedido de Cíntia foi negado. Quinze dias depois da
data de ciência da decisão, Cíntia apresentou
recurso, que não foi conhecido, por ter sido
apresentado fora do prazo. Diante disso, Cíntia, sem
prévia autorização do chefe imediato, se ausentou
do serviço durante o expediente para auxiliar na
mudança de Cláudio. Considerando essa situação
hipotética, julgue o item que se seguem com
fundamento na Lei n.º 8.112/1990
— Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da
União — e na Lei n.º 9.784/1999, que dispõe
sobre o processo administrativo na administração
pública federal.
A administração pública agiu corretamente ao indeferir
o pedido de remoção para acompanhar o cônjuge
for- mulado por Cíntia, uma vez que Cláudio foi
removido no seu interesse, e não no interesse da
administração.

( ) CERTO ( ) ERRADO

7. (CESPE-CEBRASPE — 2016) Rafael, médico de um


tri- bunal de justiça, foi submetido a processo
administra- tivo disciplinar devido a denúncias de
que ele estaria acumulando mais de dois cargos
públicos. Na oca- sião, foi-lhe dada a oportunidade
de optar por duas de três ocupações médicas e,
como não se manifestou, o servidor foi demitido.
Rafael recorreu do processo administrativo que
resultou em sua demissão e solici- tou o seu retorno
ao serviço público, com base no argu- mento de que
não era razoável a aplicação da referida penalidade.
Em sua defesa, alegou, ainda, que atuava como
médico nas três instituições e havia compatibili- dade
de horários, pois a carga horária combinada não
ultrapassava sessenta horas semanais; que
ocupava apenas dois cargos públicos, no tribunal e
em hospital municipal; e que o exercício da sua
terceira atividade, em uma fundação pública de
saúde, era legítimo, uma vez que o vínculo com a
fundação de saúde era cele- tista e a vedação legal
estaria restrita à acumulação de cargos públicos
estatutários.

Considerando essa situação hipotética e as regras


relativas ao processo administrativo e aos agentes
públicos, julgue o item que se segue.
Caso a demissão seja invalidada por decisão
adminis- trativa ou judicial, o retorno ao serviço
público solicita- do por Rafael corresponderá à
recondução do servidor efetivo ao cargo
9. (CESPE-CEBRASPE — 2015) Com referência às dis- o disposto na Lei n.º 8.112/1990.
posições do regime jurídico dos servidores públicos Em conformidade com a Lei n.º 8.112/1990, o servidor
civis da União (Lei n.º 8.112/1990), julgue o item que público poderá ser afastado do Brasil para missão ofi- cial
se segue. por tempo indeterminado.
A remoção de servidor público pode ocorrer com ou
sem mudança de sede e, algumas vezes, pode se dar ( ) CERTO ( ) ERRADO
independentemente do interesse da administração.

( ) CERTO ( ) ERRADO

10. (CESPE-CEBRASPE — 2015) Com relação aos institu-


tos da promoção e da substituição e à responsabiliza-
ção do servidor, julgue o item que se segue.
O servidor efetivo que for investido em função de
che- fia deverá ter como substituto o servidor
indicado no regimento interno do órgão ou entidade,
ou, no caso de omissão, aquele que for previamente
designado por seu dirigente máximo.

( ) CERTO ( ) ERRADO

11. (CESPE-CEBRASPE — 2018) Com base no disposto


na Lei n.º 8.112/1990, julgue o item seguinte.
O servidor em estágio probatório não poderá afastar-
-se para servir em organismo internacional de que o
Brasil participe ou com o qual coopere, ainda que
com a perda total da remuneração.

( ) CERTO ( ) ERRADO

12. (CESPE-CEBRASPE — 2018) Julgue o item seguinte,


relativo ao regime dos servidores públicos federais e
à ética no serviço público.
Em caso de licença por motivo de doença de enteado
de servidor público em estágio probatório, este ficará
suspenso, sendo retomado ao término do período da
licença.

( ) CERTO ( ) ERRADO

13. (CESPE-CEBRASPE — 2018) Com base no disposto


na legislação administrativa, julgue o item a seguir.
Segundo a Lei n.º 8.112/1990, o servidor público que
dese- je candidatar-se a um cargo eletivo terá direito a
licença, com remuneração, durante o período entre a sua
escolha em convenção partidária como candidato e a
véspera do registro de sua candidatura perante a justiça
eleitoral.

( ) CERTO ( ) ERRADO

14. (CESPE-CEBRASPE — 2016) Julgue o item conforme


o disposto na Lei n.º 8.112/1990.
Como medida que contribui para a melhoria da quali-
dade de vida do servidor público, é-lhe facultado optar
pela acumulação de períodos de licença-capacitação,
caso não seja possível usufruí-los após cada período
aquisitivo.

( ) CERTO ( ) ERRADO

15. (CESPE-CEBRASPE — 2016) Julgue o item conforme


16. (CESPE-CEBRASPE — 2016) Em conformidade
com a Lei n.º 8.112/1990 e suas alterações, julgue
o item que se segue.
É lícito ao servidor público requerer licença por
motivo de doença do seu enteado, desde que
este conste de seu assentamento funcional,
mediante comprovação por perícia médica
oficial.
37
( ) CERTO ( ) ERRADO

17. (CESPE-CEBRASPE — 2016) Ainda de acordo


com a Lei n.º 8.112/1990 e suas alterações,
julgue o item subsequente.
Sem qualquer prejuízo, o servidor público poderá
se afastar do serviço por oito dias consecutivos
em razão de licença gala e licença nojo.

( ) CERTO ( ) ERRADO

18. (CESPE-CEBRASPE — 2018) No que diz respeito


a agentes públicos, licitações e contratos
administrati- vos, improbidade administrativa e
desapropriação, jul- gue o item a seguir.
O tempo de serviço prestado por empregados
de empresas públicas e de sociedades de
economia mis- ta estaduais que mudarem para
o regime estatutário deverá ser considerado
como tempo de efetivo no ser- viço público para
fins de aposentadoria, disponibilida- de,
promoção e estabilidade.

( ) CERTO ( ) ERRADO

19. (CESPE-CEBRASPE — 2016) Com base nas


disposi- ções da Lei n.º 8.112/1990, que trata do
regime jurí- dico dos servidores públicos
federais, julgue o item a seguir.
O tempo de serviço público prestado a estado, a
muni- cípio ou ao Distrito Federal será contado,
para todos os efeitos, no âmbito federal.

( ) CERTO ( ) ERRADO

20. (CESPE-CEBRASPE — 2016) Considerando que


deter- minado servidor público federal tenha
sido removido para outra sede, situada em outro
município, para acompanhar sua esposa, que
também é servidora pública federal e foi removida
no interesse da adminis- tração, julgue o item
seguinte à luz do disposto na Lei n.º
8.112/1990.
O período de afastamento do servidor para o
deslo- camento e para a retomada do exercício
do cargo no novo município, observados os
limites legais, é consi- derado como de efetivo
exercício.

( ) CERTO ( ) ERRADO
E JURÍDICO

 GABARITO

1 CERTO
RE
6 CERTO
7 ERRADO

8 ERRADO
9 CERTO

10 CERTO
11 ERRADO

12 CERTO
13 ERRADO

14 ERRADO

15 ERRADO
16 CERTO

17 CERTO
18 ERRADO

19 ERRADO
20 CERTO

ANOTAÇÕES

38
obrigações, nos termos desta Constituição;

NOÇÕES DE DIREITO
CONSTITUCIONAL

DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Direito à Vida, à Liberdade, à Igualdade, à Segurança


e à Propriedade

Os direitos individuais e coletivos estão disciplina-


dos no art. 5º, da CF, de 1988. Muito cobrado em
provas de concursos públicos, esse dispositivo é o mais
exten- so dessa norma, sendo composto pelo caput
(capítulo), 78 (setenta e oito) incisos e 4 (quatro)
parágrafos. Veja- mos cada uma de suas partes,
começando pelo caput:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distin-


ção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-
sileiros e aos estrangeiros residentes no País
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:

O caput do art. 5º traz os cinco pilares dos


direitos individuais e coletivos: vida, liberdade,
igualdade, segurança e propriedade. Deles
decorrem todos os demais direitos estruturados nos
seus incisos, como, por exemplo, do direito à vida,
decorre o direito à integridade física e moral, a
proibição da pena de morte e a proibição de venda
de órgãos.
Quando a Constituição explicita “brasileiros e
estrangeiros residentes no país”, não significa que os
estrangeiros não residentes e os em trânsito pelo Bra-
sil não possuam direitos.
Além disso, o caput traz o princípio da isonomia
ou da igualdade: “todos são iguais perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza”. Tal princípio
tem
como fundamento o fato de que todos nascem e
vivem com os mesmos direitos e obrigações perante o
Estado brasileiro.

 Igualdade na lei: direcionado ao legislador, de


modo a vedar a elaboração de dispositivos que
estabele- çam desigualdades ou privilégio entre as
pessoas;
 Igualdade perante a lei: direcionado aos
aplica- dores da lei, uma vez que não é possível
utilizar critérios discriminatórios na aplicação da
norma, salvo nos casos em que a própria norma
constitu- cional estabelece a aplicação desigual.
Como exem- plo, pode-se citar o caso da exclusão
de mulheres e eclesiásticos do serviço militar
obrigatório em tempos de paz.

Art. 5º [...]
I - homens e mulheres são iguais em direitos e
submetidas ao império da lei, de modo que somente
O inciso I decorre do direito à igualdade. a lei pode obrigar alguém a fazer ou deixar de
Trata-se da igualdade entre homens e fazer algo. Assim sendo, somente a lei pode limitar a
mulheres. Inicialmen- te, há de se esclarecer vontade do indivíduo e obrigá-lo a fazer ou não fazer
algo, como, por exemplo, o uso obrigatório de
que os direitos das mulheres são relativamente
máscaras faciais de proteção.
recentes, de modo que grande parte da
legislação anterior à CF, de 1988, estabelecia III - ninguém será submetido a tortura nem a
situações diferenciadas entre homens e tra- tamento desumano ou degradante;
mulheres, como, por exemplo, a necessidade
de autorização marital para que a esposa O inciso III decorre do direito à vida, por
ocupasse cargo público ou exercesse a decorrer da violação à integridade humana, tanto
profissão fora do lar e o fato de o marido ser física como psicológica. Torturar1 é causar ao
tido como o chefe da sociedade conjugal, indivíduo sofrimen- to físico ou mental como forma
competindo a ele, entre outros deveres, a de intimidação ou cas- tigo. É, também, utilizar-se de
administração dos bens do casal. métodos como forma de anular a personalidade ou
Assim sendo, esse inciso foi direcionado diminuir a capacidade física ou mental, mesmo que
tanto ao legislador, para que corrigisse tais sem dor. Assim, a CF/88 veda tanto a tortura como
desigualdades legais, como aos operadores do qualquer tipo de tratamen- to desumano ou
direito, para que não fossem mais estabelecidos degradante.
critérios discriminatórios.
Atenção! Existem dois tipos de igualdade: a IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo
for- mal e a material. A igualdade formal vedado o anonimato;
consiste em tra- tar a todos de maneira igual,
independentemente de qualquer condição. Já a Todas as pessoas possuem direitos atinentes à
igualdade material busca a igualdade de fato, liberdade de foro íntimo, ou seja, de ter convicções
para que todos tenham os mesmos direitos e religiosas, filosóficas, políticas, entre outras,

NOÇÕES DE DIREITO
obrigações. Trata-se, portanto, da igualdade possuin- do, portanto, o direito de pensar. Além
efetiva, real, concreta ou situada. Assim, a disso, possuem direito de expressar livremente
igualdade material nada mais é que tratar esses pensamentos. Assim, o direito à expressão do
igualmente os iguais, com os mesmos direitos pensamento, que decor- re do direito à liberdade, está
e obrigações, e desigualmen- te os desiguais, disciplinado no inciso IV. O pensamento em si é
na medida de sua desigualdade. absolutamente livre, por ser uma questão de foro
íntimo. O indivíduo pode pen- sar em que quiser,
II - ninguém será obrigado a fazer ou sem que o Estado possa interferir. No entanto,
deixar de fazer alguma coisa senão em quando este pensamento é exteriorizado,
virtude de lei;
passa a ser possível a tutela e proteção do Estado.
Cumpre mencionar que é da liberdade de
O inciso II decorre do direito à segurança.
Trata-se, portanto, da segurança em matéria expressão que decorrem a proibição de censura e a
pessoal ampara- da pelo princípio da vedação do anonimato, por exemplo. Portanto, ao
mesmo tempo
legalidade. Em síntese, todas as pessoas estão
1 Conceito em conformidade com o art. 2º da Convenção Interamericana, que visa prevenir e punir a tortura. 39
que a Constituição assegura a liberdade de manifes-
seu alistamento militar. No entanto, a CF/88 estabelece
tação de pensamento, ela obriga que as pessoas assu-
que, mesmo que dispensada da prática dessa
mam a responsabilidade do que exteriorizam.
atividade, ela terá que cumprir serviço alternativo.
V - é assegurado o direito de resposta, proporcio-
IX - é livre a expressão da atividade intelectual,
nal ao agravo, além da indenização por dano mate-
artística, científica e de comunicação, indepen-
rial, moral ou à imagem;
dentemente de censura ou licença;

A expressão do pensamento é livre, porém


O inciso IX trata da liberdade de expressão
não é absoluta. Assim, a pessoa é livre para expor
das atividades intelectual, artística, científica e de
sua opinião, porém, atingindo-se a honra de comu- nicação. Assim, a CF, de 1988, veda,
alguém, por exemplo, ela poderá ser expressamente, qualquer atividade de censura ou
responsabilizada civil e penalmente. Além disso, a
licença. Cumpre esclarecer que censura é a
CF, de 1988, estabelece o direito de resposta, ou
verificação da compatibi- lidade ou não entre um
seja, o exercício do direito de defesa da pessoa que
pensamento que se pretende expressar com as
foi ofendida em razão da mani- festação do
normas legais vigentes; licença é a exigência de
pensamento de outra, como, por exemplo, no caso de
autorização para que o pensamento pos- sa ser
notícia inverídica ou errônea. exteriorizado.

Importante!
O inciso V prevê a indenização por dano material, moral ou à imagem. De acordo com a Súmula nº 37, do Superior Tribunal de Ju

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de X - são invioláveis a intimidade, a vida privada,


crença, sendo assegurado o livre exercício dos a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a direito a indenização pelo dano material ou moral
proteção aos locais de culto e a suas liturgias; decorrente de sua violação;

A liberdade de consciência abrange a liberdade O inciso X decorre do direito à vida e traz a


de consciência em sentido estrito, ou seja, a liber- prote- ção dos direitos de personalidade, ou seja, o
dade de pensamento de foro íntimo em questões não direito à privacidade. Tratam-se dos atributos
religiosas, tais como convicções de ordem morais que devem ser preservados e respeitados por
ideológica ou filosófica. Abrange, ainda, a liberdade todos, uma vez que a vida não deve ser protegida
de crença, isto é, a liberdade de pensamento de foro apenas em seus aspectos materiais.
íntimo em questões de natureza religiosa. Com relação Aqui, torna-se necessário explicar alguns termos:
à religião, o inciso VI assegura tanto a liberdade de intimidade é o direito de estar só, ou seja, de não
crença (foro íntimo), ou seja, de ter uma religião, ser perturbado em sua vida particular; vida privada
como a liberdade de expressão, isto é, de culto. refe- re-se ao relacionamento de um indivíduo com
Além disso, estabelece a liberdade religiosa, isto é, a seus familiares e amigos, quer em seu lar quer em
opção de mudar de crença ou religião e de locais fechados; honra é o atributo pessoal que
manifestação dela quando desejar. compreende tanto a autoestima (honra subjetiva)
quanto a reputa- ção de que goza a pessoa no meio
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação social (honra objeti- va); imagem é a expressão
de assistência religiosa nas entidades civis e exterior da pessoa, ou seja, seus aspectos físicos
militares de internação coletiva; (imagem-retrato), bem como a exteriorização de sua
personalidade no meio social (imagem-atributo).
O inciso VII é decorrência do direito à liberdade
de crença e culto, de modo a garantir aos XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
internados em estabelecimentos prisionais e de nela podendo penetrar sem consentimento do
saúde o acesso à assistência espiritual e religiosa. morador, salvo em caso de fiagrante delito ou
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante
VIII - ninguém será privado de direitos por moti- o dia, por determinação judicial;
vo de crença religiosa ou de convicção filosófi-
ca ou política, salvo se as invocar para eximir-se A inviolabilidade do domicílio está prevista no
de obrigação legal a todos imposta e recusar-se
a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; inciso XI do art. 5º e decorre do direito à segurança.
O dispositivo traz a regra de que a casa é inviolável
e o ingresso nela deve ser feito com o consentimento
O inciso VIII traz a chamada escusa de
do morador. Considera-se casa o lugar não aberto ao
consciência ou objeção de consciência. Trata-se
público em que uma pessoa vive ou trabalha. Trata-
do direito de não cumprir um serviço obrigatório por
-se, portanto, de um conceito amplo, o qual se refere
razões relaciona- das a sua consciência ou crença, de
ao lugar reservado à intimidade e à vida privada do
modo a assegurar que não ocorrerá a perda dos
direitos civis ou políticos em decorrência de tal indivíduo.
recusa. Por exemplo: a pessoa que, por questão O conceito jurídico de casa está previsto nos §§ 4º e
religiosa, seja contrária ao serviço militar poderá 5º, do art. 150, do Código Penal. Vejamos:
alegar tal imperativo de consciência em
Art. 150 (Código Penal) [...] II - aposento ocupado de habitação coletiva;
§ 4º A expressão «casa» III - compartimento não aberto ao público, onde
compreende: I - qualquer alguém exerce profissão ou atividade.
compartimento habitado; § 5º Não se compreendem na expressão «casa»:

40 2 Súmula nº 37 (STJ) São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habita- XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofí- cio
ção coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do ou profissão, atendidas as qualificações profis- sionais
n.º II do parágrafo anterior; que a lei estabelecer;
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.

O dispositivo traz três exceções à regra. A


primei- ra exceção é a possibilidade de ingresso no
caso de fla- grante delito ou desastre, ou seja, é
possível ingressar no local se um crime estiver
ocorrendo ou tiver aca- bado de ocorrer, por exemplo.
A segunda exceção per- mite a entrada no local para
prestar socorro, como, por exemplo, no caso de o
imóvel estar pegando fogo e ter alguém no interior
dele. Por fim, é possível ingres- sar na casa mediante
autorização judicial, como, por exemplo, quando o
juiz expede um mandado judicial para busca de
algum(a) objeto/pessoa no local.
É importante consignar que, mesmo com
autoriza- ção judicial, o ingresso deve ocorrer apenas
durante o dia, ou seja, durante o período noturno,
dependerá do consentimento do morador. Assim
sendo, durante o dia, exibindo-se o mandado
judicial, a busca pode ser realizada mesmo sem a
concordância do morador,
sendo possível, inclusive, o arrombamento de porta
se houver necessidade.
Atenção! O inciso III, do art. 22, da Lei nº 13.869,
de 2019, estabelece como dia o período compreendido
entre as 5h e 21h.

Art. 5º [...]
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e
das comunicações telegráficas, de dados e das
comunicações telefônicas, salvo, no último
caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na
forma que a lei estabelecer para fins de investigação
criminal ou instrução processual penal;

A inviolabilidade das comunicações pessoais


está disciplinada no inciso XII e também decorre do
direito à segurança. O dispositivo considera comuni-
cações pessoais:

 As correspondências: comunicações recebidas


em casa, como, por exemplo, as cartas, as contas,
os comunicados e avisos comerciais;
 A comunicação telegráfica: comunicados mais
rápidos, que podem ser enviados tanto na forma
escrita como pela internet, tais como o telegrama;
 A comunicação de dados: comunicação feita por
meio de rede de computadores, como, por exem-
plo, a compra de produtos online ou homebank;
 As comunicações telefônicas: ligações feitas e
recebidas por meio de telefone fixo ou móvel.

Embora não conste do inciso, o sigilo foi


estendido aos dados telemáticos por meio da Lei nº
9.296, de 1996. Assim, estão protegidas as mensagens
trocadas por meio de Skype, e-mail, WhatsApp,
Messenger, entre outros.
É importante mencionar que as violações de cor-
respondência e de comunicação telegráfica são cri-
mes previstos no art. 151, do Código Penal, e na Lei nº
6.538, de 1978, a qual dispõe sobre os serviços postais.
As comunicações telefônicas são invioláveis, toda-
via, de maneira excepcional e para fins de investiga-
ção criminal ou instrução processual penal, é
possível a quebra do sigilo delas, desde que
precedidas de
autorização judicial.
O direito de exercício de qualquer
atividade profissional decorre do direito à
liberdade. Trata-se da faculdade de escolher o
trabalho que se pretende exercer. No entanto, é
necessário atender às qualifica- ções
profissionais exigidas pela lei, como, por exem-
plo, para ser médico, um dos requisitos é ter
feito faculdade de medicina em território
nacional ou ter sido aprovado em exame de
revalidação no caso de faculdade estrangeira.
Essa é uma norma constitucional de eficácia
con- tida, ou seja, uma norma que produz todos
os efeitos. No entanto, cabe destacar que uma
norma infracons- titucional (lei) pode conter o
seu alcance ao fixar condições ou requisitos
para o pleno exercício da pro- fissão, como, por
exemplo, a regra de que, para advo- gar, é
necessária a aprovação no exame da Ordem dos
Advogados do Brasil.

XIV - é assegurado a todos o acesso à


informação e resguardado o sigilo da fonte,
quando necessá- rio ao exercício profissional;

O inciso XIV disciplina o direito de


informação, que é um dos desdobramentos do
direito à liberdade. O direito à informação
possui tríplice alcance, por englobar o direito de
informar, de se informar e de ser informado.

Ressalta-se, ainda, que o dispositivo Importante!


resguarda o sigilo da fonte quando necessário A liberdade de informação jornalística está previs- ta no § 1º, art. 220
ao exercício profis- sional. Deste modo, por
exemplo, nenhum jornalista poderá ser obrigado
a revelar o nome de seu infor- mante ou a fonte
de suas informações. Além disso, seu silêncio
não poderá sofrer qualquer sanção.

XV - é livre a locomoção no território


nacional em tempo de paz, podendo
qualquer pessoa, nos termos da lei, nele
entrar, permanecer ou dele sair com seus
bens;

A liberdade de ir e vir encontra-se disciplinada


no inciso XV, do art. 5º, da CF, de 1988. Trata-se,
portan- to, do direito de locomoção, que é um
dos desdobra- mentos do direito à liberdade.

NOÇÕES DE DIREITO
Observa-se, no entanto, que a liberdade de
locomoção é restrita a tempo de paz, ou seja,
no caso de decretação de guerra, passa a viger a
lei marcial, de modo que o ir e vir dos indiví-
duos pode sofrer limitações.
A garantia constitucional que objetiva
assegurar o direito de locomoção é o habeas
corpus, que será tra- tado adiante.

XVI - todos podem reunir-se pacificamente,


sem armas, em locais abertos ao público,
indepen- dentemente de autorização,
desde que não frustrem outra reunião
anteriormente convoca- da para o mesmo
local, sendo apenas exigido pré-
vio aviso à autoridade competente;
O inciso XVI traz outro desdobramento do associação, estabelece que não é possível obrigar
direito à liberdade: o direito de reunião. Por qualquer pessoa a se associar, ou seja, o indivíduo tem
reunião, enten- de-se o agrupamento organizado de liberdade de escolha, podendo optar por fazer parte do
pessoas de cará- ter transitório e voltado para grupo ou não. Além disso, uma vez associa-
determinada finalidade. Portanto, é preciso que o 42 do, ele será livre para decidir se permanece ou não
evento seja organizado e preencha os seguintes
requisitos: reunião pacífica e sem armas; fins lícitos;
aviso prévio à autoridade com- petente e local aberto
ao público.
Atenção! Aviso prévio não se confunde com auto-
rização. Para se reunir, é preciso, apenas, comunicar
à autoridade local, a fim de evitar, por exemplo, que,
no mesmo local, dia e hora, coincidam
agrupamentos de pessoas com posicionamentos
distintos (Exemplo: manifestações pró-aborto e
contrária ao aborto).

XVII - é plena a liberdade de associação para


fins
lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

A liberdade de associação encontra-se disciplina-


da no inciso XVII. Diferentemente da reunião, a
asso- ciação não possui caráter transitório. Portanto,
se o caráter do agrupamento for permanente, tem-se
uma associação. É importante mencionar que tanto a
reu- nião como a associação devem possuir fins
pacíficos.
No Brasil, é proibida a associação para fins ilícitos,
como, por exemplo, a associação para fins contrários
à lei penal.
Como visto, a CF veda expressamente a associação
de caráter paramilitar: aquela que apresenta estrutu-
ra similar às instituições militares e não possui
vínculo com o Estado. Os membros dessa associação
reúnem-
-se armados, a fim de alcançarem seus objetivos.

XVIII - a criação de associações e, na forma da lei,


a de cooperativas independem de autorização,
sendo vedada a interferência estatal em seu
funcionamento;

O inciso XVIII disciplina o direito de


associação. Trata-se da possibilidade de criação de
mais ou menos sindicatos sem a interferência do
Estado.

XIX - as associações só poderão ser compulso-


riamente dissolvidas ou ter suas atividades
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no
primeiro caso, o trânsito em julgado;

O inciso XIX, que também disciplina o direito


de associação, estabelece que as associações
somente poderão ter suas atividades suspensas ou
encerra- das compulsoriamente (a força) por decisão
do Poder Judiciário. Salienta-se, por necessário, que,
no caso de dissolução da associação, esta somente
poderá ocor- rer após o trânsito em julgado, ou seja,
quando não couber mais recursos.

 Dissolução das associações: decisão judicial + trân-


sito em julgado;
 Suspensão das associações: decisão judicial.

XX- ninguém poderá ser compelido a associar-


-se ou a permanecer associado;

O inciso XX, que também disciplina o direito de


associado. Portanto, compreende o direito de asso- de par- ticulares por meio do pagamento de justa e
ciar-se a outras pessoas para formação de uma enti- prévia indenização. Portanto, trata-se de uma das
dade, como também de deixar de participar quando hipóteses de aquisição originária da propriedade. É
for de seu interesse. cabível a desapropriação nas seguintes hipóteses:

XXI- as entidades associativas, quando


expressa- mente autorizadas, têm legitimidade
para repre- sentar seus filiados judicial ou
extrajudicialmente;

O inciso XXI é o último dispositivo que trata do


direito de associação. Ele se refere à
representação do filiado pela associação, quer em
âmbito judicial quer em âmbito extrajudicial, isto
é, ele se refere à legitimação da associação para
atuar em nome dos associados.
Cabe esclarecer que representante é aquele que
age em nome alheio, defendendo direito alheio.
No caso das associações, para que estas atuem na
condi- ção de representantes, é preciso autorização
expressa dos filiados, não bastando que exista
autorização em estatuto. Assim sendo, só poderão
atuar se devida- mente autorizadas pelos
associados.
Além disso, ao contrário da representação, a
subs- tituição judicial ou extrajudicial da
associação inde- pende de autorização, uma vez
que na substituição a associação atua em nome
próprio, defendendo direito alheio (dos
associados).

XXII - é garantido o direito de propriedade;

O direito de propriedade encontra-se


disciplina- do no inciso XXII, do art. 5º. Trata-se de
direito pessoal de natureza econômica.
De acordo com o art. 1.228, do Código Civil, o
direito de propriedade consiste na faculdade de usar,
gozar e dis- por da coisa, assim como o direito de
reavê-la do poder de quem quer que, injustamente, a
possua ou a detenha.
Observa-se, no entanto, que, em termos
constitu- cionais, o direito de propriedade é mais
amplo que no direito civil, por abranger qualquer
direito de conteú- do patrimonial ou econômico, ou
seja, tudo aquilo que possa ser convertido em
dinheiro, alcançando crédi- tos e direitos pessoais.

XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

O inciso XXIII traz um limite ao direito de


pro- priedade. Assim, a utilização de um bem deve
ser fei- ta de acordo com a conveniência social da
utilização da coisa, ou seja, atendendo a sua função
social. Por- tanto, o direito do dono deve ajustar-se
aos interesses da sociedade.

XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para


desapropriação por necessidade ou
utilidade pública, ou por interesse social,
mediante justa e prévia indenização em
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta
Constituição;

A desapropriação é o ato pelo qual o Estado


toma para si ou para outrem (terceira pessoa) bens
 Por necessidade pública: hipótese na qual o bem proprieda- de intelectual, ou seja, a proteção legal e o
a ser desapropriado é imprescindível para a reali- reconheci- mento de autoria em produções. Existem três
zação de uma atividade essencial do Estado; tipos de propriedade intelectual, quais sejam:
 Por utilidade pública: hipótese na qual o bem
não é imprescindível, mas é conveniente para a
reali- zação de uma atividade estatal;
 Por interesse social: hipótese na qual a
desapro- priação é conveniente para o
desenvolvimento da sociedade.

Atenção! Não confundir com desapropriação


sancionatória, hipótese em que o bem não respeita a
função social da propriedade. Nela, a indenização
não é prévia, sendo o prazo de resgate (Títulos da
Dívida Pública) de 10 (dez) anos para bens urbanos
e de 20 (vinte) anos para bens rurais. Ainda, não
confunda desapropriação com expropriação, que
consiste na perda da propriedade, por exemplo, no
caso de culti- vo de substâncias entorpecentes ou de
trabalho escra- vo. Nela, não há pagamento de
indenização.

XXV - no caso de iminente perigo público, a


auto- ridade competente poderá usar de
propriedade particular, assegurada ao
proprietário indeniza- ção ulterior, se houver
dano;

A requisição temporária da propriedade está


disciplinada no inciso XXV. Trata-se da
possibilidade de o Poder Público, em momentos de
calamidade (já ocorrida ou prestes a ocorrer),
ingressar na posse de bem particular para assegurar a
preservação de direi- tos mais importantes que a
propriedade, tais como a vida e a integridade das
pessoas. Por exemplo, no caso de uma enchente em
um determinado local, o Poder Público fazer de um
imóvel privado, próximo ao local, um hospital de
atendimento às vítimas.
A requisição temporária é uma exceção ao princí-
pio da indenização prévia, uma vez que o pagamento
está condicionado à existência de danos.

XXVI - a pequena propriedade rural, assim


defi- nida em lei, desde que trabalhada pela
família, não será objeto de penhora para
pagamento de débitos decorrentes de sua atividade
produtiva, dispondo a lei sobre os meios de
financiar o seu desenvolvimento;

O inciso XXVI disciplina a impenhorabilidade da


pequena propriedade rural, por ser esta considera-
da bem de família e, portanto, insuscetível de penho-
ra, de modo a ficar a salvo de execuções por dívidas
decorrentes da atividade produtiva. Além disso, a
CF/88 estabelece que esta poderá receber os recursos
previstos em lei que financiem o seu
desenvolvimento. Embora o dispositivo não
conceitue pequena pro- priedade rural, o
entendimento mais amplo é de que esta possui área
entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fis- cais, na qual a
família trabalha, consistindo, pois, na
sua única fonte de sobrevivência.

XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo


de utilização, publicação ou reprodução de suas
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo
que a lei fixar;

O inciso XXVII disciplina o direito de


 Propriedade industrial: criações que rogam nas relações jurídicas do falecido, tanto no
movimen- tam o mercado e são empregadas ativo como no passivo, até os limites da herança.
para manter a competitividade. Seu foco é
voltado para a área empresarial. São
exemplos: as patentes, marcas, desenhos,
entre outros;
 Direitos autorais: criações artísticas, culturais e
científicas, como, por exemplo, as obras 43
intelec- tuais, literárias e artísticas;
 Proteção sui generis: são as criações
híbridas, isto é, aquelas que se encontram em
um estado intermediário entre a
propriedade industrial e os direitos
autorais. Exemplos: a topografia dos
circuitos integrados (mask works), a
proteção de cultivares (obtenções vegetais
ou variedades vege- tais) e conhecimentos
tradicionais associados aos recursos
genéticos.

Neste sentido, a CF, de 1988, garante aos


autores o direito exclusivo de utilização,
publicação ou repro- dução de suas obras, sendo
esse direito transmitido aos herdeiros do autor
(direitos sucessórios) pelo tem- po que a lei
fixar.

XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:


a) a proteção às participações individuais
em obras coletivas e à reprodução da
imagem e voz humanas, inclusive nas
atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento
econômico das obras que criarem ou de que
parti- ciparem aos criadores, aos intérpretes e
às respecti- vas representações sindicais e
associativas;

O inciso XXVIII também protege a


propriedade intelectual. Deste modo, o
dispositivo assegura a proteção de tais direitos
ao indivíduo que participou de obra coletiva,
além de proteger a reprodução da imagem e voz
humanas. Ainda, assegura o direito de
fiscalização do aproveitamento econômico tanto
nas obras individuais como nas coletivas.

XXIX - a lei assegurará aos autores de


inventos industriais privilégio temporário
para sua utili- zação, bem como proteção às
criações industriais, à propriedade das
marcas, aos nomes de empresas e a outros
signos distintivos, tendo em vista o inte-
resse social e o desenvolvimento tecnológico
e eco- nômico do País;

O último dispositivo que trata da


propriedade inte- lectual é o inciso XXIX,
garantindo aos autores de inven- tos industriais os
privilégios para sua utilização, ainda que de forma
temporária. Além disso, assegura a pro- teção às
criações industriais, à propriedade das marcas, aos
nomes de empresas e a outros signos distintivos.

XXX - é garantido o direito de herança;


NOÇÕES DE DIREITO

O direito de herança, que decorre do direito


à pro- priedade, está disciplinado no inciso
XXX. Trata-se da modificação da titularidade do
bem em decorrência do falecimento (sucessão
hereditária). Assim, o patrimônio do de cujus
transmite-se aos seus herdeiros, os quais se sub-
Importante!
O direito de sucessão está regulado no Código Civil.

XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros


situa- dos no País será regulada pela lei O exercício de tais direitos é gratuito, ou seja,
brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos inde- pende de qualquer pagamento. Importante
brasileiros, sem- pre que não lhes seja mais mencionar que, embora o dispositivo empregue o
favorável a lei pes- soal do de cujus;
termo “taxas”, este foi utilizado em sentido amplo,
visto que proíbe a cobrança de qualquer importância
(taxa, tarifa ou pre- ço público). A função da
Ainda com relação ao direito de herança, o
gratuidade é não obstar ou difi- cultar o exercício do
inciso XXXI estabelece a lei que deverá ser aplicada
direito, uma vez que pessoas sem recursos
caso a sucessão envolva bens de estrangeiros situados
financeiros teriam dificuldades de exercer seu direito
no Bra- sil. Assim, a regra é que se aplica a lei
se este fosse condicionado ao pagamento.
brasileira sempre que esta beneficiar cônjuge ou filho
brasileiro. No entan- to, caso a lei estrangeira (lei do XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder
país do de cujus) seja mais benéfica a estas pessoas, Judiciário lesão ou ameaça a direito;
ela é que será aplicada.
O princípio da inafastabilidade de jurisdição
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a ou do controle do Poder Judiciário está disciplina-
defesa do consumidor; do no inciso XXXV. Tal princípio é um
desdobramento do direito à segurança (garantias
O inciso XXXII traz a proteção ao consumidor jurisdicionais). Esse princípio garante que todas as
como um dos direitos e deveres individuais e coleti- pessoas tenham acesso ao Poder Judiciário.
vos. Como consequência, a defesa do consumidor será
promovida por meio do Estado. Vale lembrar que é XXXVI- a lei não prejudicará o direito
a Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, conheci- adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
da como Código de Defesa do Consumidor (CDC), julgada;
que estabelece as regras de proteção ao consumidor. O inciso XXXVI é, também, um desdobramento do
direito à segurança. Trata-se da garantia constitu-
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos cional de que a novas leis não retirem das pessoas os
públi- cos informações de seu interesse
direitos que elas adquiriram por meio de lei antiga, de
particular, ou de interesse coletivo ou geral,
que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de modo que as situações disciplinadas por uma norma
responsabilidade, ressal- vadas aquelas cujo sigilo devem continuar protegidas por esta mesmo depois
de sua revogação ou substituição por outra3:
seja imprescindível à segurança da sociedade e
do Estado;
 Direito Adquirido: é o direito assegurado à
O inciso XXXIII decorre do direito de pes- soa quando esta cumpriu todos os requisitos
informação. Trata-se de assegurar aos indivíduos o para a sua concessão pela norma anterior antes de
conhecimento de informações relativas à sua pessoa, ocorrer a alteração legal. Exemplo: uma pessoa
quando cons- tantes de banco de dados de entidades completou o tempo de contribuição previsto pela
governamen- tais ou abertas ao público, bem como lei para se aposentar, mas optou por permanecer
de informação de interesse da coletividade. Aqui, trabalhando. Se nova lei alterar os requisitos para
vale mencionar que é a Lei nº 12.527, de 2011, que aposentadoria, de modo a aumentar o tempo de
regula o acesso à informação previsto nesse inciso. contribuição, essa pessoa não será prejudicada,
pois adquiriu o direito pela lei anterior;
XXXIV - são a todos assegurados, independente-
mente do pagamento de taxas: Atenção! Direito adquirido não se confunde com
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em expectativa de direito. Se a pessoa não completou
defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso todos os requisitos para a concessão do direito, ela
de poder; não tem direito adquirido e, sim, expectativa de
b) a obtenção de certidões em repartições públi- direi- to. Exemplo: falta para o indivíduo um mês
cas, para defesa de direitos e esclarecimento de para com- pletar o tempo de contribuição previsto
situações de interesse pessoal; pela lei para se aposentar. Antes de preencher tal
requisito, a lei é alterada e o tempo majorado. Esta
O inciso XXXIV disciplina o direito de petição e o pessoa não poderá se aposentar, pois tinha apenas
direito de certidão. O dispositivo assegura aos indi- expectativa de direito, uma vez que todos os
víduos o direito de formular pedidos para a Adminis- requisitos não foram preenchi- dos para a sua
tração Pública em defesa de seus direitos e, quando concessão.
cabível, de terceiros, bem como de formular reclama-
ções contra atos ilegais e abusivos cometidos pelos  Ato Jurídico Perfeito: trata-se do ato realizado
agentes do Estado. O Estado, por possuir fé pública, é validamente sob a vigência de uma lei, mesmo
utilizado para comprovar a existência de um fato. Este que esta tenha sido posteriormente revogada ou
inciso assegura o direito de formular pedido e obter modi- ficada. Exemplo: adolescente que se casou
certidões do Estado que possuam a potencialidade antes de ter completado a idade núbil nas
de atestar isto. Deste modo, assegura ao indivíduo hipóteses per- mitidas pelo Código Civil terá seu
a obtenção de certidão para a defesa de direitos ou casamento como válido mesmo após a alteração
esclarecimento de situações de interesse pessoal. da lei civil, pela Lei nº 13.811, de 2019, que
proibiu, expressamente, o casamento de menor de
16 (dezesseis) anos, pois seus efeitos são
protegidos pela lei anterior;

3 Em conformidade com o art. 6º, do Decreto-Lei nº 4.657, de 1942 (Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro). Veja: “A Lei em vigor terá
efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consu- mado
segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ale, possa
exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. § 3º
44 Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso”.
 Coisa Julgada: é a autoridade dada às decisões Os princípios da anterioridade e da reserva da lei
do Poder Judiciário quando a estas não couber penal (nullum crimen, nulla poena, sine lege) encontram-
mais recursos, de modo a impedir a modificação se disciplinados no inciso XXXIX. Em
ou dis- cussão da decisão de mérito. Exemplo: uma
ação de paternidade foi julgada procedente após o
supos- to pai ter se recusado a realizar o exame
de DNA. Assim, não é possível que, tempos
depois, o suposto pai resolva fazer o exame para
se eximir da paterni- dade, pois a decisão não
pode ser mais modificada.

Vejamos a cocnetituação de coisa julgada


apresen- tada pelos §§ 1° e 4°, do art. 337, do Código
de Processo Civil:

Art. 337 [...]


§ 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada
quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.
[...]
§ 4º Há coisa julgada quando se repete ação que já
foi decidida por decisão transitada em julgado.

Importante!
A coisa julgada divide-se em coisa julgada mate- rial – quando impede a discussão em qualquer processo – e coisa julgada form

Art. 5º [...]
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de
exceção;

A proibição dos tribunais de exceção, que decor-


re do direito à segurança, encontra-se prevista no inci-
so XXXVII. Busca-se proibir que os tribunais ou
juízos sejam criados especialmente para julgar
determina- dos crimes ou pessoas (nos casos
concretos).
Atenção! Tribunal de exceção não se confunde
com Justiças especializadas e foro privilegiado.

XXXVIII- é reconhecida a instituição do júri, com a


organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes
dolosos contra a vida;

Outro desdobramento do direito à segurança é a


garantia do julgamento pelo Tribunal do Júri em cri-
mes dolosos contra a vida, ou seja, homicídio (art. 121
do CP), induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
ou à automutilação (art. 122 do CP), infanticídio
(art. 123 do CP) e aborto (arts. 124 a 128 do CP).
Trata-se do direito de o indivíduo ser julgado por
seus pares e, não, por um juízo de critério
eminentemente técnico.

Súmula Vinculante nº 45 A competência consti-


tucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o
foro por prerrogativa de função estabelecido
exclusiva- mente pela Constituição Estadual.

Art. 5º [...]
XXXIX- não há crime sem lei anterior que o defi-
na, nem pena sem prévia cominação legal;
síntese, pelo princípio da reserva legal, não há Tortura
crime sem lei que o defina, nem pena sem Tráfico
cominação legal. Já pelo princípio da Terrorismo
anterioridade, a lei que estabelece o crime e a Hediondos
pena deve ser anterior a sua prática.
A graça e o indulto são modalidades de perdão
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para bene- concedidos pelo Presidente da República, de modo a
ficiar o réu; extinguir a punibilidade do agente. Enquanto, na
gra- ça, o perdão é concedido de forma individual
O princípio da irretroatividade da lei penal por meio
mais gravosa está disciplinado no inciso XL. Em
de decreto e mediante provocação do interessado, no 45
termos de direito penal, a regra é a lei do tempo
do crime, ou seja, será aplicada a lei do tempo da
ação ou omissão. É pos- sível, no entanto, aplicar
lei posterior caso esta seja mais benéfica ao réu.
Exemplo: nova lei deixa de consi- derar o fato
como crime ou diminui a sua pena.
A retroatividade da lei penal mais benéfica é
abso- luta, isto é, ela desconstituirá, inclusive,
condenações já transitadas em julgado.
Exemplo: sujeito que cum- pre pena por um
crime que lei posterior deixou de considerar
respectivo ato como crime (caso de abolitio
criminis) será colocado em liberdade.

XLI - a lei punirá qualquer discriminação


atenta- tória dos direitos e liberdades
fundamentais;

O inciso XLI decorre do direito à


igualdade. Trata-se da necessidade de
reconhecer que todos os indivíduos possuem os
mesmos direitos e as mesmas proteções. Além
disso, a lei não só não poderá ser apli- cada de
modo discriminatório, como também deverá
punir tais discriminações com base em qualquer
con- dição pessoal, como sexo, cor, origem,
entre outras.

XLII - a prática do racismo constitui


crime inafiançável e imprescritível, sujeito à
pena de reclusão, nos termos da lei;

O inciso XLII trata da prática de racismo.


Embora a Constituição não tipifique o crime, ela
manda criminali- zar a conduta de racismo. Além
disso, estabelece a não concessão de fiança ao
racismo (inafiançável) e, ainda, que o ato pode
ser julgado a qualquer tempo, indepen-
dentemente da data em que foi cometido, pois
não se sujeita ao decurso do tempo
(imprescritível). Vale lem- brar, aqui, que a Lei
nº 7.716, de 1989, é a Lei do Racismo e a Lei nº
12.288, de 2010, é o Estatuto da Igualdade Racial.
XLIII - a lei considerará crimes
inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou
anistia a prática da tor- tura, o tráfico ilícito
de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes
hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo
evitá-los, se omitirem;

O inciso XLIII estabelece os crimes em que


não cabe fiança nem perdão, ou seja, graça,
OÇÕES DE DIREITO

indulto e anistia. Embora o dispositivo não


mencione o indulto, ele também não é cabível
nos crimes elencados.
Para lembrar dos crimes, memorize: T T T H
indulto, o perdão é coletivo e concedido por decre-
O inciso XLVI disciplina o princípio da
to, o qual não possui destinatário certo e independe
individua- lização da pena, uma vez que as penas
de provocação. O indulto pode ser total ou parcial
devem ser previstas, impostas e executadas em
(comutação).
conformidade com as condições pessoais de cada
Já a anistia é o perdão concedido pelo
réu. Para tanto, a individualização deve operar-se em
Congresso
três fases distin- tas: legislativa (no momento em que
Nacional, por meio de lei, aos crimes e atos adminis-
elabora a nor- ma), judicial (no momento da
trativos. Na anistia, exclui-se o crime, rescinde-se a dosimetria da pena) e executiva (na execução penal).
condenação e extingue-se totalmente a punibilidade.
Cabe destacar que a anistia pode ser concedida pelas XLVII - não haverá penas:
Assembleias Legislativas, porém se restringe aos a) de morte, salvo em caso de guerra declarada,
atos administrativos, como, por exemplo, às nos termos do art. 84, XIX;
transgres- sões disciplinares de servidores estaduais. b) de caráter perpétuo;
É importante mencionar que esses crimes são c) de trabalhos forçados;
pres- critíveis, além de ser cabível a liberdade d) de banimento;
provisória. e) cruéis;
Ainda, a Lei nº 9.455, de 1997, trata dos crimes de
tortu- ra; a Lei nº 11.343, de 2006, dos crimes de O inciso XLVII, que decorre tanto do direito à vida
relacionados às drogas; a Lei nº 13.260, de 2016, do como do direito à segurança, estabelece a proibição
terrorismo; e a Lei nº 8.072, de 1990, cuida dos crimes de determinadas penas.
hediondos. Assim, é vedada a pena de morte em tempos de
paz. Isso porque, quando declarada a guerra pelo
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescri- Presiden- te da República após a autorização do
tível a ação de grupos armados, civis ou milita- Congresso Nacio- nal, vigora a parte atinente aos
res, contra a ordem constitucional e o Estado tempos de guerra4 do Código Penal Militar (CPM) e
Democrático; Código de Processo Penal Militar (CPPM), que
estabelece, em determinados casos, a pena de morte.
O inciso XLIV também traz hipóteses de não Exemplo: traição (art. 355, do CPM)5.
con- cessão de fiança, cuja ação ou omissão pode ser
julga- da a qualquer tempo, independentemente da XLVIII - a pena será cumprida em
data em que foi cometido. Tratam-se dos crimes estabelecimen- tos distintos, de acordo com a
desenvolvidos pelas organizações criminosas contra natureza do deli- to, a idade e o sexo do
a ordem consti- tucional e democrática, como, por apenado;
exemplo, no golpe de Estado. Cabe lembrar que a
Lei nº 12.850, de 2013, é que trata das organizações O inciso XLVIII traz um dos princípios relativos
criminosas. à execução da pena privativa de liberdade. Trata-
-se da exigência de que o cumprimento da pena seja
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do feito de acordo com a natureza do crime, a idade e
condenado, podendo a obrigação de reparar o sexo do apenado. É por essa razão que os adoles-
o dano e a decretação do perdimento de bens centes ficam em estabelecimentos distintos dos adul-
ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores tos, assim como as mulheres permanecem em local
e contra eles executadas, até o limite do valor do diverso dos homens. Esse dispositivo decorre tanto
patrimônio transferido;
do direito à segurança como do direito à vida.
O princípio da intranscendência ou
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à inte-
personali- zação da pena está disciplinado no inciso gridade física e moral;
XLV. Tra- ta-se da impossibilidade da pena ser
aplicada a outra pessoa que não o delinquente, uma O inciso XLIX estabelece outro princípio relativo à
vez que somente o autor da infração penal pode execução da pena privativa de liberdade: a proteção
ser responsabiliza- do. Com a morte do condenado, à integridade física e moral do preso. Busca-se, portan-
declara-se extinta a punibilidade do crime. Assim, a to, proteger os indivíduos da força do Estado. Trata-
pena não poderá ser cumprida, por exemplo, pelos se, também, de um dos desdobramentos do direito à
familiares ou herdeiros do autor do crime se este segu- rança, por envolver garantias processuais, e do
houver falecido. No entanto, refere-se apenas à direito à vida, por envolver a integridade do
esfera penal, ou seja, a obrigação civil de reparar os indivíduo.
danos pode ser estendida aos seus sucessores até o
Art. 5º [...]
limite do valor do patrimônio trans- ferido (herança).
L - às presidiárias serão asseguradas condições
Atenção! Multa é uma espécie de pena (art. 32, do
para que possam permanecer com seus filhos
CP) e, portanto, não pode ser imposta aos herdeiros. durante o período de amamentação;

XLVI - a lei regulará a individualização da pena O inciso L traz um princípio relativo à


e adotará, entre outras, as seguintes: execução da pena privativa de liberdade. Trata-se
a) privação ou restrição da liberdade; do direito dos filhos de permanecerem com suas
b) perda de bens; mães e serem amamentados por elas durante a
c) multa; execução da pena. Vale destacar que o art. 89 da Lei
d) prestação social alternativa; nº 7.210, de 1984 (Lei de Execução Penal) estabelece
e) suspensão ou interdição de direitos; que a penitenciária de
4 Art. 15 (CPM) O tempo de guerra, para os efeitos da aplicação da lei penal militar, começa com a declaração ou o reconhecimento do estado de
guerra, ou com o decreto de mobilização se nele estiver compreendido aquele reconhecimento; e termina quando ordenada a cessação das
hostilidades.
5 Art. 355 (CPM) Tomar o nacional armas contra o Brasil ou Estado aliado, ou prestar serviço nas forças armadas de nação em guerra contra o
46 Brasil: Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.
mulheres terá uma seção para gestantes e parturien- discipli- nado no inciso LIV. Trata-se do desdobramento do
tes e uma creche para abrigar crianças entre 6 (seis) direi- to à segurança, de modo a garantir que os
meses e 7 (sete) anos. indivíduos não sejam presos nem percam seus bens por
atuação
LI - nenhum brasileiro será extraditado, sal-
vo o naturalizado, em caso de crime comum,
praticado antes da naturalização, ou de com-
provado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;

A proibição de extradição de brasileiro


encontra-
-se disciplinada no inciso LI. Extradição é uma
medida de cooperação internacional em que um
Estado entre- ga a outro Estado, a pedido deste,
indivíduo que deva responder a processo penal ou
cumprir pena. De acor- do com a Norma
Constitucional, o Brasil não entrega brasileiro nato
para responder processo penal ou cum- prir pena em
outro país.
É possível, no entanto, a entrega de brasileiro
naturalizado, isto é, que tenha adquirido a naciona-
lidade brasileira por outro motivo que não vinculado
ao nascimento (filiação ou local do nascimento), desde
que seja por crime comum e que este tenha sido
pra- ticado antes de sua naturalização. Portanto,
quando o agente tinha outra nacionalidade.
Também é possível a extradição de brasileiro
natu- ralizado por comprovado envolvimento em
tráfico ilí- cito de entorpecentes e drogas afins, na
forma da lei. Nesta hipótese, a extradição pode
ocorrer tanto antes quanto depois da naturalização.

LII - não será concedida extradição de


estrangei- ro por crime político ou de
opinião;

No que se refere à extradição de estrangeiro, o


inciso LII veda a entrega por crime político ou de
opinião. Considera-se um crime como político se ele
envolver ações ou omissões que prejudicam os inte-
resses do país, do governo ou do sistema político.
O crime político pode ser de dois tipos: próprio e
impróprio. Crime político próprio é aquele capaz de
ameaçar a ordem institucional ou o sistema vigente.
Já o crime político impróprio é aquele crime comum
quando conexo ao crime político, de modo a ter natu-
reza comum, mas conotação político-ideológica, como,
por exemplo, a extorsão mediante sequestro para obter
fundos para determinado grupo político. Por fim, cri-
me de opinião é aquele que se configura com o abuso
da liberdade de expressão ou de pensamento, como,
por exemplo, nos casos dos crimes contra a honra.

LIII - ninguém será processado nem sentencia-


do senão pela autoridade competente;

O princípio do juiz natural ou do juiz


competen- te encontra-se disciplinado no inciso
LIII. Trata-se da garantia de que nenhuma pessoa
será processada ou julgada por uma autoridade
especialmente designada para o caso. Deste modo,
as regras de competência devem estar
reestabelecidas no ordenamento jurídi- co, de forma
a assegurar que o julgamento seja reali- zado por um
juiz independente e imparcial.

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de


seus bens sem o devido processo legal;

O princípio do devido processo legal está


arbitrária do poder do Estado. Assim sendo, culpa é o Ministério Público, como órgão titular da
deverá exis- tir um processo com todas as etapas ação penal pública e da vítima, no caso de ação penal
previstas em lei e com todas as garantias privada. Des- te modo, não compete ao acusado
constitucionais. Se tais regras não forem provar sua inocência, mas ao Ministério Público ou à
observadas, o processo é passível de nulidade. vítima comprovar a res- ponsabilidade do réu até a
última instância.
LV - aos litigantes, em processo judicial ou
admi- nistrativo, e aos acusados em geral LVIII - o civilmente identificado não será subme-
são assegu- rados o contraditório e ampla tido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
defesa, com os meios e recursos a ela previstas em lei; 47
inerentes;

O inciso LV traz o princípio do


contraditório e da ampla defesa. Tal princípio
objetiva garantir a igual- dade das partes de uma
relação processual, bem como a segurança
processual. Assim sendo, a parte contrá- ria
necessita ser ouvida (audiatur et altera pars),
pois não pode ser atribuída a uma parte
vantagens de que a outra não disponha.
Como consequência, as partes têm acesso a
tudo que consta dos autos, como, por exemplo,
todas as provas produzidas pela outra parte,
podendo mani- festar-se ou não. Além disso, a
defesa pode ser exerci- da de forma ampla,
como, por exemplo, é possível ao indivíduo
optar pela autodefesa (quando permitido) ou
pela defesa técnica. Assim, a ampla defesa
garan- te ao agente a possibilidade de se
defender sem qual- quer impedimento aos seus
direitos constitucionais.

LVI - são inadmissíveis, no processo, as


provas obtidas por meios ilícitos;

A proibição de prova ilícita encontra-se


estabele- cida no inciso LVI. As provas obtidas de
forma ilícita são absolutamente nulas, não
podendo gerar qual- quer efeito no
convencimento do juiz.

 Prova ilícita é aquela que viola direito


material. Exemplos: confissão mediante
tortura e intercep- tação telefônica sem
autorização judicial;
 Prova ilegítima é aquela que viola direito proces-
sual. Exemplo: confissão do acusado em juízo sem
a presença do advogado.

O Supremo Tribunal Federal,


adequadamente, ado- tou, por maioria de votos,
a denominada teoria fruits of poisonous tree
(frutos da árvore envenenada). São nulas tanto
as provas produzidas de forma ilícita como
também as derivadas (surgidas em decorrência
da pro- va ilícita). De acordo com essa teoria,
todos os frutos dela são também venenosos por
contaminação. Assim, tudo que deriva de prova
ilícita é também ilícito.

LVII - ninguém será considerado culpado até o trân-


sito em julgado de sentença penal condenatória;
NOÇÕES DE DIREITO

O inciso LVII traz o princípio da presunção


de ino- cência ou da presunção de
culpabilidade. Assim, antes da condenação
definitiva em um processo criminal, as pessoas
ainda não são consideradas culpadas. Isso
ocorre, porque quem possui o ônus de provar a
A proibição da identificação criminal da pes- LXI - ninguém será preso senão em fiagrante
soa já civilmente identificada encontra-se no inciso delito ou por ordem escrita e fundamentada
LVIII. Entende-se por identificação o processo utili- de autoridade judiciária competente, salvo nos
zado para se estabelecer a identidade de pessoas ou casos de transgressão militar ou crime
coisas. Assim, se o indivíduo apresenta documento propriamen- te militar, definidos em lei;
de identidade civil válido e sem qualquer suspeita
funda- da de falsidade, ele não poderá ser Pelo inciso LXI, depreende-se que a liberdade é a
identificado crimi- nalmente, ou seja, por meio do regra e a prisão é a exceção. Por essa razão, o
processo datiloscópico. O objetivo do dispositivo é dispo- sitivo fixa as hipóteses em que o indivíduo
evitar o constrangimento pessoal de pessoas já será preso. Assim, a CF, de 1988, protege os
identificadas civilmente. indivíduos da força do Estado, uma vez que veda a
Cumpre esclarecer que a Lei nº 12.037, de 2009, prisão arbitrária ou abu- siva e estabelece que a
disciplina o inciso e estabelece quais documentos restrição da liberdade só será legítima quando
ser- vem para a identificação civil. Ainda, a regra da respeitados os parâmetros legais. Trata-se de um dos
não identificação criminal não é absoluta e abarca desdobramentos do direito à segu- rança, por
exce- ções. No entanto, tais exceções devem estar envolver garantias processuais.
discipli- nadas em lei6. Em termos de processo penal, existem dois
tipos de prisão. A prisão-pena, que é aquela
LIX - será admitida ação privada nos crimes de decorrente de sentença penal condenatória
ação pública, se esta não for intentada no prazo transitada em julgado, ou seja, o processo foi
legal; finalizado, a pessoa condena- da e não cabe mais
recurso, ingressando na fase de execução penal.
O inciso LIX traz a possibilidade de ação penal Além disso, há a prisão processual, que tem
privada subsidiária à ação penal pública. Assim, função acautelatória e é aquela que ocorre durante
nos casos em que o representante do Ministério a fase de investigação, instrução e antes do
Públi- co não ofereceu a denúncia, não requereu julgamento definitivo, como a prisão em flagrante, a
diligências ou não ordenou o arquivamento do prisão temporária e a prisão preventiva.
Inquérito Policial no prazo legal, admite-se o Portanto, durante o curso do processo, o indivíduo
oferecimento da queixa crime. somente será preso se estiver em flagrante delito, ou seja:
A CF, de 1988, não estabeleceu hipótese de
restri- ção quanto à aplicação da ação penal privada  Se o indivíduo estiver cometendo o delito ou se
subsi- diária da pública nos processos relativos aos acabou de cometê-lo;
delitos previstos na legislação especial, como, por  Se foi encontrado logo após, com algo que faça pre-
exemplo, nas ações em que se apuram crimes sumir ser ele o autor da infração7;
eleitorais.  Se for determinado pelo juiz nos demais casos
das prisões cautelares.
Art. 5º [...]
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos Observa-se, ainda, que o inciso traz exceções:
atos processuais quando a defesa da intimida- transgressão militar ou crime propriamente mili-
de ou o interesse social o exigirem; tar, definido em lei. Quanto às transgressões, estas
estão previstas nos regulamentos disciplinares, tanto
Como regra, todo processo é público, ou seja,
das Forças Armadas como das Forças Auxiliares. A
é permitido o acesso aos atos. No entanto, em alguns elas é aplicado procedimento de apuração específico,
casos, tais como ações de divórcio, guarda, entre também garantindo o contraditório e a ampla defesa.
outros, essa publicidade é restrita às partes e a seus Já os crimes militares encontram-se previstos no Códi-
procuradores, com o objetivo de resguardar a intimi- go Penal Militar.
dade dos envolvidos. Também é possível restringir a
publicidade quando o interesse da sociedade exigir a LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se
restrição dela, como, por exemplo, em determinados encontre serão comunicados imediatamente ao
crimes ou atos envolvendo crianças e adolescentes. juiz competente e à família do preso ou à pessoa
É importante mencionar, no entanto, que a restrição por ele indicada;
da publicidade dos atos processuais não poderá
prejudi- car o interesse público à informação. Como a prisão em flagrante é a única
modalida- de de prisão acautelatória que não conta
com ordem judicial prévia, visto que é imposta no
momento em que a infração penal é praticada ou
Importante! em momentos após, faz-se necessário sua
A restrição da publicidade é popularmente conhecida como comunicação
segredo de Justiça.
imediata ao juiz, para que este possa
efetuar o controle de legali- dade da prisão.

6 Art. 3º (Lei nº 12.037,de 2009) Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal quando: I – o docu- mento
apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; II – o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado; III – o
indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si; IV – a identificação criminal for essencial às
investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade
policial, do Ministério Público ou da defesa; V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações; VI – o estado de
conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a completa identificação dos
caracteres essenciais. Parágrafo único. As cópias dos documentos apresentados deverão ser juntadas aos autos do inquérito, ou outra forma de
investigação, ainda que consideradas insuficientes para identificar o indiciado.
7 Art. 302 (CPP) Considera-se em flagrante delito quem: I -está cometendo a infração penal; II - acaba de cometê-la; III - é perseguido, logo após,
pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; IV - é encontrado, logo depois, com
48 instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
A CF, de 1988, não fixa o prazo da comunicação, LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a
porém o art. 306, do Código de Processo Penal, estabe- do responsável pelo inadimplemento voluntário e
lece que a comunicação será imediata e os autos reme- inescusável de obrigação alimentícia e a do
tidos em até 24 (vinte e quatro) horas após a depositário infiel;
prisão.
Além da comunicação ao juiz, a CF, de 1988, prevê
a comunicação à família do preso ou pessoa por ele
indicada, com o escopo não só de dar notícia de seu
paradeiro, como também de prestar-lhe a assistência
devida.

LXIII - o preso será informado de seus direitos,


entre os quais o de permanecer calado, sendo-
-lhe assegurada a assistência da família e de
advogado;

Considerando que a liberdade é a regra e a sua


res- trição só é legítima quando efetuada nos estritos
limites legais, o inciso LXIII estabelece que o preso
em flagran- te deve ser comunicado dos seus
direitos. Entre esses direitos, encontra-se o de
permanecer em silêncio.
O silêncio do preso não poderá ser utilizado de
for- ma contrária. O acusado não é obrigado a
produzir provas contra si mesmo. Ao se calar, esse
silêncio não pode ser considerado como prova.
Além disso, o dispositivo também estabelece a
assis- tência da família e do advogado, garantindo
tanto o apoio pessoal como a assistência técnica que
lhe é devida.

LXIV - o preso tem direito à identificação dos


responsáveis por sua prisão ou por seu interro-
gatório policial;

O inciso LXIV também decorre do direito à segu-


rança, uma vez que busca prevenir a prisão
arbitrária. Assim, é assegurado ao indivíduo a
identificação dos responsáveis por sua prisão e
interrogatório, uma vez que lhe é garantido
questionar a competência ou atribuição dessas
autoridades em conformidade com a norma vigente e
os princípios constitucionais e de direitos humanos.

LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxa-


da pela autoridade judiciária;

O inciso LXV traz mais um dos desdobramentos


do direito à segurança ao prever o relaxamento da
prisão ilegal. Assim, se o magistrado constatar que
a prisão foi ilegal, ele deverá colocar o preso em
liber- dade de forma imediata e sem condições.
Exemplo: o indivíduo foi preso em flagrante, porém
não se enqua- drava nas hipóteses de flagrância do
art. 302, do CPP.
Relaxa-se prisão ilegal e revoga-se as demais pri-
sões cautelares, uma vez que estas necessitam de
requisitos para serem decretadas e não estão estes
presentes. O magistrado deve revogar a prisão ou
substituí-la por medidas cautelares diversas.

LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela


mantido, quando a lei admitir a liberdade provi-
sória, com ou sem fiança;

O inciso LXVI reforça que a regra é a liberdade


e sua supressão é apenas medida excepcional e
somente deve ser decretada nos casos em que a
norma autorizar.
O inciso LXVII trata da prisão civil por STF diz que não cabe);
dívida. Considera-se prisão civil a medida  Pena extinta.
privativa da liber- dade que não possui caráter de
pena e que tem como finalidade compelir o De acordo com o § 2º, art. 142, da CF, de 1988, não
devedor a satisfazer uma obri- gação. Atualmente, caberá habeas corpus em relação a punições disciplina-
a única hipótese de prisão por dívidas é a de res militares. Além dos militares das Forças Armadas,
caráter alimentar, ou seja, o indivíduo deixou de essa disposição é estendida aos membros das Polícias
pagar a pensão alimentícia devida. Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares (art. 42,
Por se tratar de uma norma constitucional de da CF/88). 49
efi- cácia contida, a prisão do depositário infiel
prevista na CF, de 1988, embora constitucional,
tornou-se ilíci- ta em razão das seguintes
Súmulas:

Súmula Vinculante nº 25 (STF) É ilícita a


prisão civil de depositário infiel, qualquer que
seja a moda- lidade do depósito.
Súmula nº 419 (STJ) Descabe a prisão civil do
depositário judicial infiel.

Art. 5º [...]
LXVIII - conceder-se-á habeas-corpus
sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação
em sua liberdade de loco- moção, por
ilegalidade ou abuso de poder;

O inciso LXVIII traz um dos remédios


constitucio- nais: o habeas corpus (HC).
Remédios constitucio- nais são as ações
constitucionais previstas na própria
Constituição com a finalidade de reclamar o
restabele- cimento de direitos fundamentais
violados.
O HC é uma dessas ações constitucionais,
sendo utilizado para a tutela da liberdade de
locomoção sempre que alguém estiver
sofrendo ou na iminência de sofrer
constrangimento ilegal em seu direito de ir e
vir. Tal ação pode ser utilizada tanto em
questões penais quanto em questões civis, desde
que haja cons- trangimento ilegal efetivo ou
potencial ao direito de ir e vir. Exemplo: prisão
por débitos alimentares.
Existem três modalidades de HC:

 Habeas Corpus liberatório ou repressivo,


em que a ordem é concedida para fazer cessar
o constrangi- mento à liberdade de
locomoção quando já existente;
 Habeas Corpus preventivo, também conhecido
por salvo-conduto, em que a ordem é
concedida quando houver ameaça ao direito
de ir e vir, de modo a impedir que uma
pessoa venha a ter res- tringido seu direito;
 Habeas Corpus de ofício, em que a ordem é con-
cedida pela autoridade judicial sem pedido,
quando esta verificar, no curso de um
processo, que alguém está sofrendo ou na
iminência de sofrer constrangi- mento ilegal
em sua liberdade de locomoção.

Não cabe HC nos seguintes casos:


OÇÕES DE DIREITO

 Perda de patente;
 Perda de cargo;
 Pena de multa;
 Bens apreendidos (Obs.: no caso do
passaporte, o STJ diz que caberá o HC. Já o
No entanto, é cabível o HC se a sanção militar tiver
Trata-se de inovação da CF, de 1988, para a tutela
sido aplicada de forma ilegal por autoridade
de direitos coletivos líquidos e certos, também não
incompe- tente ou em desacordo com as
ampara- dos por HC ou habeas data, quando o
formalidades legais ou além dos limites fixados em
lei. responsável pela ilegalidade for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições
Art. 5º [...] do Poder Público.
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para O MS coletivo segue as mesmas regras do
proteger direito líquido e certo, não amparado individual. Para partidos políticos, exige-se
por habeas-corpus ou habeas-data, quando o representação no Congresso Nacional (pelo menos,
responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for um deputado ou senador do partido). Para
autoridade pública ou agente de pessoa associação, exige-se que ela
jurídi- ca no exercício de atribuições do Poder tenha sido constituída há, pelo menos, um ano.
Público;
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sem-
pre que a falta de norma regulamentadora tor-
O inciso LXIX traz outro remédio constitucional: o
ne inviável o exercício dos direitos e liberdades
mandado de segurança (MS). Se o HC tutela a
constitucionais e das prerrogativas inerentes à
liber- dade de locomoção e o habeas data, o acesso e
nacionalidade, à soberania e à cidadania;
a retifi- cação de dados, o MS é cabível para os demais
direitos, sendo que seu objetivo e alcance é feito por O inciso LXXI traz o mandado de injunção
exclusão. Cabe destacar que a lei que disciplina o
(MI), ação constitucional para a tutela dos direitos
MS é a Lei nº 12.016, de 2009.
previs- tos na CF, de 1988, inerentes à
O MS é cabível quando houver direito líquido e
nacionalidade, à sobe- rania e à cidadania, os quais
certo, ou seja, direito que pode ser comprovado de
plano e que se apresenta de forma manifesta. Deste não podem ser exercidos em razão da falta de norma
modo, a prova deve ser toda pré-constituída, sendo regulamentadora. Portan- to, são pressupostos para o
que os documentos comprobatórios do direito devem MI:
acompanhar a própria petição inicial, salvo se estes
 Existência de um direito constitucionalmente pre-
estiverem em repartição ou em poder de autoridade
visto com relação à nacionalidade, soberania e
que se recuse a fornecê-los por certidão. Consequen-
temente, no MS, não há fase instrutória. cidadania;
O MS pode ser de duas espécies:  A não autoaplicabilidade desse direito;
 Falta de norma infraconstitucional regulamenta-
 Mandado de segurança repressivo, cuja ordem dora que inviabilize o exercício do direito
de segurança objetiva cessar constrangimento ile- previsto na CF/88.

Cabe lembrar que a lei que disciplina o MI é a


Lei nº 13.300, de 2016.
gal já existente;
 Mandado de segurança preventivo, cuja ordem A omissão normativa decorrente da não elabora-
de segurança busca pôr fim à iminência de cons- ção de ato legislativo ou administrativo permite ao
trangimento ilegal a direito líquido e certo. indivíduo, ao Ministério Público e à Defensoria
públi- ca ingressarem com o MI.
Não cabe MS contra: Atualmente, adota-se a Teoria Concretista, ou
seja, o magistrado resolve o caso concreto (sentença
 Ato do qual caiba recurso com efeito suspensivo, normativa) e não mais comunica o Poder Legislativo
independentemente de caução; para suprir a omissão.
 Decisão judicial da qual caiba recurso com efeito LXXII - conceder-se-á habeas-data:
suspensivo;
 Decisão judicial transitada em julgado. a) para assegurar o conhecimento de informações
relativas à pessoa do impetrante, constantes de
Por
e fim, seu prazo de impetração é de 120 (cento registros ou bancos de dados de entidades governa-

vinte) dias, contados da ciência do interessado do ato rentes de origem comum e de atividade ou situação
impugnado. específica da totalidade ou de parte dos associados ou
50 membros do impetrante.
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser
impetrado por:
a) partido político com representação no Con-
gresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou
associação legalmente constituída e em funciona-
mento há pelo menos um ano, em defesa dos inte-
resses de seus membros ou associados;

Do mesmo modo que o MS individual, é possível


ingressar com mandado de segurança coletivo nos
casos de direitos coletivos, assim entendidos como
os transindividuais, cuja natureza for indivisível, ou
seja, de que sejam titulares grupos ou categorias de
pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por
uma relação jurídica básica, e direitos individuais
homogêneos, assim entendidos como aqueles decor-
mentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se
prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo;

O habeas data (HD) é o remédio


constitucional para a tutela do direito de
informação e de intimida- de do indivíduo, de
modo a garantir ao impetrante o conhecimento de
informações pessoais constantes de banco de dados
de entidades governamentais ou abertas ao público,
bem como o direito de retificação dessas
informações quando errôneas.
Cumpre salientar que a lei que disciplina o HD
é a Lei nº 9.507, de 1997. Por essa lei, o HD
também é cabível para anotação nos assentamentos
do interessa- do, de contestação ou explicação sobre
dado verdadeiro mas justificável e que esteja sob
pendência judicial ou amigável, em conformidade
com o inciso III, do art. 7º. Ademais, a informação, a
retificação ou a anotação foram negadas pela
Administração Pública (entidades governamentais
da Administração direta ou indireta) ou particular
(pessoas jurídicas de direito privado)
que mantenham banco de dados aberto ao público.
O HD pode ser impetrado por qualquer pessoa, b) a certidão de óbito;
física ou jurídica, brasileira ou estrangeira, desde
que as informações solicitadas digam respeito ao
próprio indivíduo. Além disso, o HD não é
instrumento jurídi- co adequado para se ter acesso
aos autos do processo administrativo disciplinar
(PAD).

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para


propor ação popular que vise a anular ato lesi-
vo ao patrimônio público ou de entidade de que o
Estado participe, à moralidade administrativa,
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico
e cultural, ficando o autor, salvo comprovada
má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência;

O inciso LXXIII traz outro remédio constitucional:


a ação popular. Trata-se da ação constitucional colo-
cada à disposição de qualquer cidadão para fiscalizar
o Poder Público. Cabe esclarecer que cidadão é aque-
le que possui capacidade eleitoral ativa, ou seja, que
pode votar. Portanto, a ação popular é cabível para
os maiores de 16 (dezesseis) anos, se eleitores.
Atenção! Não há necessidade de os menores de 18
(dezoito) anos serem assistidos, pois consiste em um
direito político. Ademais, quanto aos estrangeiros, é
possível o ajuizamento da ação popular pelo portu-
guês em situação de equiparação com brasileiro.
Em regra, a ação popular é gratuita. O motivo da
gratuidade é permitir o acesso ao Poder Judiciário de
todos os cidadãos para a defesa dos atos lesivos do
Poder Público. No entanto, o inciso LXXIII
estabele- ce uma exceção: haverá custas e
sucumbência caso o autor ingresse com a ação com
má-fé e esta seja comprovada.

Importante!
A má-fé deve ser sempre provada, enquanto a boa-fé é sempre presumida.

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica


integral e gratuita aos que comprovarem insufi-
ciência de recursos;

O inciso LXXIV garante o acesso à Justiça a todas


as pessoas. Assim sendo, o Estado brasileiro deve-
rá prestar a assistência jurídica de forma integral e
gratuita àqueles que comprovarem insuficiência de
recursos financeiros. Esse direito instrumentaliza-se
por meio da Defensoria Pública ou por meio do convê-
nio com a Defensoria Pública/Ordem dos
Advogados do Brasil através da nomeação de
advogado dativo.

LXXV - o Estado indenizará o condenado por


erro judiciário, assim como o que ficar preso além
do tempo fixado na sentença;

O inciso LXXV visa evitar abusos por parte do


Poder Público ao prever a responsabilidade civil do
Estado nos casos de erro do Poder Judiciário e prisão
por tempo além do fixado em sentença.
A responsabilidade civil do Estado será estudada
posteriormente.
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente
pobres, na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento;
Ao garantir a gratuidade das certidões de por referendo parlamentar para sua incorporação.
nasci- mento e óbito, a CF, de 1988, assegura que Assim, o Poder Legislativo o aprova, por meio de um
as pessoas possam ser registradas e possam Decreto Legislativo, e o remete ao Pre- sidente da
usufruir dos direitos personalíssimos República para sua ratificação, por meio de Decreto.
decorrentes, como, por exemplo, os direitos de O Decreto do Executivo é, por sua vez, pro- mulgado
possuir um nome, de poder ser matricula- do em e publicado em Diário Oficial da União e pas-
uma escola, entre outros. Assim, a CF/88 garante sa a ter força de lei. 51
que a falta de recursos financeiros não seja
considera- da um obstáculo para o exercício de
tais direitos.

LXXVII - são gratuitas as ações de habeas-


cor- pus e habeas-data, e, na forma da lei, os
atos necessários ao exercício da cidadania.

O inciso LXXVII trata da gratuidade dos


remédios constitucionais de habeas corpus e
habeas data. A finalidade do dispositivo é
garantir o acesso de todas as pessoas a esses
remédios constitucionais.

LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e


administrati- vo, são assegurados a razoável
duração do pro- cesso e os meios que
garantam a celeridade de sua tramitação.

O inciso LXXVIII, do art. 5º, trata do


princípio da celeridade processual. Desta
forma, a CF, de 1988, assegura a todos, quer no
âmbito judicial, quer no âmbito administrativo,
a duração razoável do proces- so, bem como
dos meios que garantam a celeridade de sua
tramitação.

§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias


fundamentais têm aplicação imediata.

De acordo com o § 1º, os direitos e garantias


indi- viduais e coletivos previstos no art. 5º
estão prontos para ser aplicados e exigidos, uma
vez que não depen- dem da existência de
qualquer outra norma para pro- duzir efeitos.
Atenção! Não confundir aplicação imediata
com a aplicabilidade da norma constitucional
(norma cons- titucional de eficácia plena,
contida e limitada).

§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta


Consti- tuição não excluem outros
decorrentes do regi- me e dos princípios
por ela adotados, ou dos tratados
internacionais em que a República Federa-
tiva do Brasil seja parte.

O § 2º estabelece que o rol de direitos e


deveres disposto no art. 5º é exemplificativo e
não taxativo. Portanto, podem existir outros
direitos em outros dis- positivos da CF, de
1988, em outros diplomas legais, em tratados
internacionais, entre outros.

§ 3º Os tratados e convenções
internacionais sobre direitos humanos que
forem aprovados, em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, por três quintos
NOÇÕES DE DIREITO

dos votos dos respec- tivos membros, serão


equivalentes às emendas constitucionais.

O § 3º estabelece as regras para a


incorporação do tratado internacional que
verse sobre direi- tos humanos. Via de regra,
o tratado internacional, após a sua celebração e
assinatura pelo Presidente da República, passa
A exemplo, podemos citar a Convenção termo “dimen- são” mais adequado, uma vez que
Interameri- cana contra o Racismo, a Discriminação “geração” exprime a ideia de que uma substitui a
Racial e Formas Correlatas de Intolerância, que veio a outra, ao passo que o termo “dimensão” transmite a
receber o status de EC. - Decreto nº 10.932, de 10 de ideia de ampliação, a
janeiro de 2022. 52 qual uma complementa a outra.
No caso de tratado sobre direitos humanos, a
CF/88 disciplinou a possibilidade de sua incorporação,
seguindo os mesmos procedimentos cabíveis para
as Emendas Constitucionais, ou seja, dois turnos em
cada Casa do Congresso Nacional e aprovação por
3
/5 dos votos. Deste modo, o tratado passa a ser
incorpo- rado, no ordenamento jurídico, com força
de norma constitucional.
O § 3º, do art. 5º, da CF, de 1988, foi incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004.
Portanto, ape- nas os tratados incorporados após
essa Emenda e seguindo os parâmetros do
dispositivo possuem força de norma constitucional.
Para os incorporados ante- riormente, caso se
refiram aos direitos humanos, são considerados
supralegais (acima de lei federal e infe- rior às
normas constitucionais). Para todos os demais
tratados, força legal.

Art. 5º [...]
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal
Penal Internacional a cuja criação tenha mani-
festado adesão.

Esse parágrafo também foi incluído pela Emenda


Constitucional nº 45, de 2004. O Tribunal Penal Inter-
nacional (TPI) encontra-se disciplinado no Estatuto
de Roma e tem como finalidade julgar os crimes de
genocídio, crimes de guerra, crimes contra a
humani- dade e crimes de agressão.
Atenção! Não confundir o TPI com a Corte
Inter- nacional de Justiça, também conhecida como
Tribu- nal de Haia, que é o órgão jurídico da
Organização das
Nações Unidas.

DIREITOS SOCIAIS

Os direitos sociais estão disciplinados nos arts. 6º a


11 da CF, de 1988. Esses direitos se dividem em
direitos sociais propriamente ditos (art. 6º), direitos
trabalhis- tas (art. 7º) e direitos sindicais (arts. 8º a
11). Vejamos:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saú-


de, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
transporte, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e
à infância, a assistência aos desamparados,
na forma desta Constituição.

Os direitos sociais encontram-se estabelecidos no


art. 6º, da CF. Tratam-se de direitos ligados à
concep- ção de que é dever do Estado a garantia,
através das políticas públicas, da igualdade de
oportunidades a todos.
O dispositivo assegura alguns dos direitos
denomina- dos de segunda geração/dimensão, tais
como o direito à educação, trazendo a ideia de que a
instrução é o meio adequado para que o indivíduo
possa exercer outros direitos, tais como a liberdade
de expressão, a liberdade de associação, os direitos
políticos, entre outros.
Usa-se tanto o termo “geração” como
“dimensão”. Alguns doutrinadores consideram o
Trata-se de uma classificação elaborada por
Karel Vasak para classificar os direitos em
categorias con- forme o contexto histórico que
surgiram. Didatica- mente, o jurista atrelou as três
categorias dos direitos humanos aos princípios da
Revolução Francesa: liber- dade, igualdade e
fraternidade. Assim, os direitos de primeira
geração/dimensão são os direitos de liberda- de; os
de segunda, de igualdade; e os de terceira, de
fraternidade.
Garante, também, o acesso dos indivíduos a um
siste- ma de saúde, além da assistência e proteção
econômica em determinados momentos, tais como
na incapacidade temporária ou definitiva, velhice,
entre outros. Trata-se, pois, de um programa de
proteção social para amparar as pessoas em
determinados eventos.
Do art. 6º é que advém a ideia de reserva do
pos- sível, pois o Estado deve garantir os direitos
em con- formidade com seus recursos. Esse
dispositivo traz a ideia de mínimo existencial, ou
seja, de um padrão mínimo de condições materiais
aceitáveis para uma vida com dignidade.
Neste sentido, o Estado deve assegurar que a
quan- tidade de alimento seja suficiente para o
indivíduo e sua família, que ele possa se vestir, ter
moradia, acesso aos serviços médicos, sociais e de
segurança em casos de imprevistos. Além disso,
devem-se assegurar os cui- dados e assistência
devidos à maternidade e à infância. O referido
artigo assegura, ainda, o direito ao tra- balho. Para
tanto, o art. 7º estipula as condições neces- sárias
para a realização do trabalho e adota medidas
de proteção ao trabalhador nos seguintes termos:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores


urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:

Esse dispositivo trata tanto dos trabalhadores


urba- nos como dos rurais e funda-se no princípio
da igualda- de. Por essa razão, a CF, de 1988, veda,
por exemplo, a diferenciação de salários, o exercício
de funções e crité- rios de admissão que tenham
como base a idade, o sexo ou o estado civil etc.
Vejamos as proteções trazidas nele:

I - relação de emprego protegida contra


despedida arbitrária ou sem justa causa, nos
termos de lei complementar, que preverá
indenização compen- satória, dentre outros
direitos;

A CF, de 1988, do mesmo modo que estipula as


condições necessárias para a realização do
trabalho, adota medidas de proteção ao trabalhador
contra a despedida arbitrária ou sem justa causa,
com o obje- tivo de resguardar o trabalhador
contra as incerte- zas do mercado de trabalho.
Assim, o inciso I prevê que uma lei complementar
estabelecerá indenização compensatória,
dentre outros direitos.

Importante!
Ainda não foi elaborada lei complementar disci- plinando o assunto.
II - seguro-desemprego, em caso de trabalhadores pertencentes à mesma categoria pro-
desemprego fissional, como, por exemplo, professores, metalúrgi- cos,
involuntário; farmacêuticos, entre outros. O piso deve levar em
consideração a extensão e a complexidade do trabalho e
O inciso II trata do seguro-desemprego, que
não pode ser fixado em múltiplos do salário mínimo.
tem como finalidade assegurar assistência
financeira, de modo temporário, ao trabalhador que
foi dispensado involuntariamente, ou seja, sem justa
causa.

III - fundo de garantia do tempo de serviço;

O FGTS encontra-se estabelecido no inciso III.


Seu objetivo é resguardar o trabalhador nos casos
de desemprego involuntário, aposentadoria, entre
outras situações, de modo que o trabalhador possa
sacar esses valores.
De acordo com a atual orientação do STF, o
prazo prescricional para o trabalhador reclamar
valores do FGTS é de cinco anos (prescrição
quinquenal), tendo, como base, o princípio da
segurança jurídica (ARE nº 709.212, STF).

IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmen-


te unificado, capaz de atender a suas necessidades
vitais básicas e às de sua família com moradia, ali-
mentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higie-
ne, transporte e previdência social, com reajustes
periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;

O inciso IV estabelece a existência de uma


remu- neração mínima, justa e suficiente para
assegurar ao trabalhador e a sua família uma vida
digna. Assim, o salário mínimo deve ter a
capacidade de atender às necessidades tanto do
trabalhador como de sua famí- lia. Cumpre
mencionar que o valor deve ser fixado em lei, ou
seja, faz-se necessário a edição de lei para a fixação
do valor do salário mínimo.
Vale destacar que o STF entende não ser necessá-
rio que o percentual de reajuste seja fixado em lei
(em sentido estrito), podendo a definição de tais
valores ser feita por meio de decreto presidencial.
Sobre o tema, existem quatro Súmulas Vinculantes
importantes:

Súmula Vinculante nº 4 Salvo nos casos previs-


tos na Constituição, o salário mínimo não pode
ser usado como indexador de base de cálculo de
vanta- gem de servidor público ou de empregado,
nem ser substituído por decisão judicial.
Súmula Vinculante nº 6 Não há violação à CF
no
estabelecimento de remuneração inferior ao míni-
mo em relação ao soldo dos recrutas, prestadores
do serviço militar inicial.
Súmula Vinculante nº 15 O cálculo de gratifica-
ções e outras vantagens do servidor público não
incide sobre o abono utilizado para se atingir o
salário mínimo.
Súmula Vinculante nº 16 Os artigos 7º, IV, e
39,
§ 3º (redação da EC n. 19/1998), da Constituição
referem-se ao total da remuneração percebida
pelo servidor público.

Art. 7º [...]
V - piso salarial proporcional à extensão e à com-
plexidade do trabalho;

O inciso V assegura contraprestação mínima aos


Diferentemente do salário mínimo, que é adicional é de, pelo menos, 20% sobre a hora diur- na.
nacio- nalmente unificado, é possível que os Além disso, o cômputo da hora também é realizado
Estados e o Dis- trito Federal instituam piso de forma diferente, uma vez que cada hora noturna
salarial estadual diferente do nacional, em possui cinquenta e dois minutos e trinta segundos.
conformidade com o parágrafo único, do art. 22, Com relação ao trabalho rural, na lavoura, consi-
da CF, de 1988, e Lei Complementar nº 103, de dera-se noturno o trabalho executado entre 21h de
2000. um dia e 5h do dia seguinte. Já na pecuária, inicia-se
às 20h de um dia e encerra-se às 4h do dia posterior.
VI - irredutibilidade do salário, salvo o Acresce que o adicional é de 25% e que não há
disposto em convenção ou acordo previ-
coletivo; são de cômputo diferenciado para a hora noturna. 53
O inciso VI traz a regra de que o salário do
traba- lhador não pode ser reduzido. A
redução somente é admitida por meio de
negociação coletiva com a par- ticipação
obrigatória do sindicato.
A Medida Provisória (MP) nº 936, de 2020,
que foi editada em razão da pandemia da covid-
19, passou a permitir a redução salarial por
meio de acordo indi- vidual firmado entre o
empregador e o empregado, ou seja, sem a
participação do sindicato. Consideran- do que o
texto constitucional estabelece que o acordo
seja coletivo, a MP foi submetida ao STF, que
mante- ve a eficácia da regra (acordo
individual) de redução temporária do salário
por, no máximo, 90 (noventa) dias, sob o
fundamento de que se trata de momento
excepcional e que o acordo individual seria
razoável por preservar o vínculo de emprego
durante o perío- do, bem como a atuação do
sindicato demandaria demora, gerando
insegurança jurídica e aumentando o risco de
desemprego.

VII - garantia de salário, nunca inferior ao


míni- mo, para os que percebem
remuneração variável;

O inciso VII é um desdobramento do inciso


IV ao estabelecer que todo trabalhador tem o
direito a rece- ber uma remuneração justa e
satisfatória que lhe asse- gure existência
compatível com a dignidade humana.

VIII - décimo terceiro salário com base na


remu- neração integral ou no valor da
aposentadoria;

O inciso VIII estabelece o décimo terceiro


salá- rio ou gratificação de Natal aos
trabalhadores. Para os servidores públicos, a
gratificação recebe o nome de adicional
natalino. Tal gratificação foi introduzida pela
Lei nº 4.090, de 1962, garantindo ao
trabalhador formal e com carteira assinada o
correspondente a 1/12 de sua remuneração ou
aposentadoria.

IX - remuneração do trabalho noturno


superior à do diurno;

O inciso IX trata do trabalho noturno. De


acordo com o dispositivo, a remuneração deve
ÇÕES DE DIREITO

ser superior ao trabalho no período diurno.


A Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT), ao regular a matéria, estabelece, no art.
73, como período noturno, o trabalho
desenvolvido entre as 22h de um dia e as 5h do
dia seguinte. Assim, durante esse perío- do, o
X - proteção do salário na forma da lei, consti- 54 salvo negociação coletiva;
tuindo crime sua retenção dolosa;

O inciso X estabelece a criminalização da


conduta de retenção do salário como uma das formas
de prote- ção ao trabalhador. Salienta-se que a
conduta somente será considerada como crime se
houver dolo, ou seja, quando o empregador não
paga porque não quer. Cumpre esclarecer que esse
inciso possui eficácia cons- titucional limitada e
carece de lei regulamentadora.

XI - participação nos lucros, ou resultados,


des- vinculada da remuneração, e,
excepcionalmente, participação na gestão da
empresa, conforme definido em lei;

A participação nos lucros ou resultados, em


caráter excepcional, na gestão da empresa encon-
tra-se prevista no inciso XI. Trata-se de um valor
des- vinculado da remuneração e definido em lei.
Esse inciso também possui eficácia limitada, porém
é regu- lamentado pela Lei nº 10.101, de 2000.

XII - salário-família pago em razão do depen-


dente do trabalhador de baixa renda nos termos
da lei;

O inciso XII estabelece o salário-família. Trata-


se de um benefício regulamentado pelos arts. 65 a
70, da Lei nº 8.213, de 1991, concedido aos
trabalhadores que possuem filhos ou equiparados de
até 14 anos, ou com algum tipo de deficiência. Para
ter direito ao valor, o trabalhador deve enquadrar-se
no limite máximo de renda estipulado pela
Administração Pública.
Até a Emenda Constitucional nº 20, de 1998, o
benefício era pago a todos os trabalhadores. Após
sua edição, o salário-família ficou restrito ao
trabalhador de baixa renda. Para o ano de 2021, a
tabela do Gover- no Federal fixou o valor do salário-
família em R$ 51,27 e limitou o benefício aos
trabalhadores que recebem até R$ 1.503,25.

XIII - duração do trabalho normal não superior


a oito horas diárias e quarenta e quatro
sema- nais, facultada a compensação de
horários e a redução da jornada, mediante
acordo ou conven- ção coletiva de trabalho;

O inciso XIII fixa a jornada de trabalho diária


em até 8 horas e a semanal em 44 horas, permitida,
porém, a compensação de horários e a redução da
jor- nada, por meio de acordo ou convenção coletiva
de trabalho. Trata-se dos denominados bancos de
horas e as escalas de revezamento.
No Brasil, são admitidas as jornadas inglesa e
espanhola. Na jornada inglesa, existe uma diluição
de 4 horas no intervalo entre segunda e sexta-feira,
de modo a possibilitar que o trabalhador cumpra jor-
nada de 9 ou 8 horas durante esses dias, de modo a
totalizar 44 horas. Na jornada espanhola, há uma
alternância na prestação de 48 horas em uma semana
e 40 horas em outra, como, por exemplo,
trabalhando sábados alternados. Assim, haveria uma
média de 44 horas semanais, o que evitaria o
pagamento de hora extra.

XIV - jornada de seis horas para o trabalho reali-


zado em turnos ininterruptos de revezamento,
Assim como o inciso anterior, o inciso XIV O inciso XIX trata da licença-paternidade, que, ao
tam- bém prevê limite para a jornada de contrário do que ocorre com a licença à gestante, não
trabalho. Esse dispositivo se aplica aos casos de possui prazo fixado pela CF, de 1988. Refere-se, tam-
jornada de trabalho com turnos ininterruptos e de bém, ao direito do filho de ter o genitor ao seu lado no
revezamento, ou seja, aqueles locais que funcionam momento inicial de sua vida.
24 horas por dia. Nesses casos, o empregado não
poderá trabalhar mais de 6 horas. Ressalta-se, por
fim, a possibilidade de negocia- ção coletiva para
aumentar a jornada.

XV - repouso semanal remunerado,


preferencial- mente aos domingos;

O inciso XV garante o descanso do trabalhador.


Trata-se do repouso semanal remunerado,
também denominado descanso semanal
remunerado (DSR), que é a possibilidade de o
trabalhador ausentar-se de seu trabalho por 24 (vinte
e quatro) horas, manten- do-se a remuneração
respectiva. Para o descanso e recomposição do
empregado, a CF, de 1988, estabele- ce, como
preferência, os domingos.

XVI - remuneração do serviço extraordinário


superior, no mínimo, em cinquenta por cento à
do normal;

O pagamento de horas extras encontra-se


previs- to no inciso XVI. A CF, de 1988, além de
fixar a duração da jornada de trabalho, com o
objetivo de evitar abu- sos por parte do
empregador, garante ao trabalhador que os serviços
prestados que excedam a jornada nor- mal de
trabalho sejam considerados extraordinários e
pagos com o valor de, no mínimo, 50% a mais que
o valor normal.

XVII - gozo de férias anuais remuneradas


com, pelo menos, um terço a mais do que o
salário normal;

O inciso XVII estabelece o direito às férias.


Tra- ta-se do descanso anual do trabalhador, que
deve ser remunerado e acrescido de, pelo menos,
1/3 a mais do que o salário normal.

XVIII- licença à gestante, sem prejuízo do


emprego e do salário, com a duração de cento e
vinte dias;

A licença à gestante encontra-se prevista no


inci- so XVIII. Trata-se do direito dos filhos recém-
nascidos ou adotados de permanecerem com suas
genitoras no momento inicial de sua vida ou na
casa da adotante, da nova vida, com o objetivo de
desenvolver víncu- los de afeto e cuidados
necessários para o desenvol- vimento saudável da
criança. Constitucionalmente, o prazo de duração é
de 120 dias, porém a Lei nº 11.770, de 2008,
estendeu, para determinados casos, esse período de
licença para 180 dias.
A Lei nº 12.010, de 2009 (Lei da Adoção),
estendeu às adotantes o mesmo prazo de licença
das gestantes, passando a ser de, no mínimo, 120
dias. Antes, a dura- ção da licença variava
conforme a idade do filho.

XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em


lei;
XX - proteção do mercado de trabalho da atividade perigosa é aquela que pode ameaçar a vida do
mulher, mediante incentivos específicos, nos ter- traba- lhador, como, por exemplo, a exercida em
mos da lei; instalações elétricas de grandes voltagens.

O inciso XX estabelece a criação, por meio de lei,


de normas de proteção do mercado de trabalho
da mulher. O dispositivo tem por objetivo
proporcionar a efetiva igualdade entre homens e
mulheres. Tais regras foram introduzidas pela CLT e
tratam de temas como duração e condições de trabalho,
a discrimina- ção, o trabalho noturno, a proteção à
maternidade, entre outros.

XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de


serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos ter-
mos da lei;

O aviso prévio está estabelecido no inciso XXI.


Trata-se do direito que tem o trabalhador de não ser
surpreendido com o seu desligamento e poder pro-
gramar-se para voltar a enfrentar à concorrência do
mercado de trabalho. Por esse motivo, o aviso prévio
é proporcional, ou seja, quanto maior o tempo de
ser- viço prestado à empresa, maior a sua
permanência antes do desligamento. O prazo
mínimo previsto na CF, de 1988, é de 30 (trinta) dias.
De acordo com o STF, o inciso XXI é uma
norma constitucional híbrida, uma vez que possui
uma parte de eficácia plena (mínimo de 30 dias) e
outra limitada (nos termos da lei). Nos termos da Lei
nº 12.506, de 2011, a esses 30 dias serão acrescidos
três dias por ano de serviço prestado na mesma
empresa até o total de 60 dias. Portanto, a duração
máxima do aviso prévio é de 90 dias (30 dias
assegurados pela CF, de 1988, e outros 60 previstos
na lei).

XXII- redução dos riscos inerentes ao trabalho,


por meio de normas de saúde, higiene e
segurança;

O inciso XXII traz a obrigação do empregador de


pre- servar a saúde do trabalhador por meio da
adoção de medidas, quer individuais quer coletivas,
que o previ- nam e o protejam dos riscos ambientais do
trabalho.

XXIII- adicional de remuneração para as


ativida- des penosas, insalubres ou
perigosas, na forma da lei;

O inciso XXIII estabelece os adicionais de ativida-


des penosas, insalubres e perigosas. Atividade peno-
sa é aquela exercida em zonas de fronteira ou aquela
que exige, para a sua realização, esforços físicos
repe- tivos e intensos, de modo a causar esgotamento
ou desgaste excessivo. Nessa atividade, não há um
dano efetivo à saúde do trabalhador, mas exige um
maior grau de atenção ou sacrifício físico ou mental,
como, por exemplo, serviços industriais em que o
trabalha- dor é submetido a uma altura superior a
três metros.
Por outro lado, na atividade insalubre, há um
com- prometimento à saúde do trabalhador devido a
seu ambiente de trabalho, como, por exemplo, o
traba- lhador que é submetido a calor ou a frio
intenso ou a ruído contínuo e intermitente. Por fim,
Importante! 45/2004.
De acordo com o Tribunal Superior do Trabalho (TST), não é possível aXXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das
percepção cumulativa dos adicionais de insalubridade e pe
relações de trabalho, com prazo prescricional
de cinco anos para os trabalhadores urbanos e
rurais, até o limite de dois anos após a extinção
do contrato de trabalho;
a) (Revogada).
XXIV - aposentadoria; b) (Revogada). 55

A aposentadoria está estabelecida no inciso


XXIV, de modo a assegurar ao trabalhador o
afastamento de suas atividades após o
cumprimento dos requisitos previstos em lei,
tais como idade e tempo de contri- buição, bem
como por motivo de incapacidade.

XXV - assistência gratuita aos filhos e


dependen- tes desde o nascimento até 5
(cinco) anos de ida- de em creches e pré-
escolas;

O inciso XXV trata da assistência em creche e pré-


-escola devida aos filhos e dependentes dos
trabalha- dores desde o nascimento até os 5
anos.
Com a Emenda Constitucional nº 53, de 2006,
o pri- meiro ano do ensino fundamental passou
a ser cursa- do a partir dos 6 anos de idade. É
por essa razão que o auxílio creche ou auxílio
pré-escola é devido até os 5 anos (cessa ao
completar 6 anos quando pode fre- quentar a
escola).

XXVI - reconhecimento das convenções e


acordos coletivos de trabalho;

O inciso XXVI ressalta a importância das


entida- des sindicais nas negociações coletivas,
de modo a permitir que se incrementem as
condições sociais dos trabalhadores.

XXVII - proteção em face da automação, na


for- ma da lei;

A proteção em face da automação é


assegurada no inciso XXVII. Trata-se de um
mecanismo de proteção do trabalhador que
perdeu seu posto de trabalho para a automação,
ou seja, pela máquina, de modo que a lei possa
criar meios, tais como cursos e treinamentos,
que possibilitem sua recolocação no mercado de
trabalho.

XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho,


a cargo do empregador, sem excluir a
indenização a que este está obrigado,
quando incorrer em dolo ou culpa;

O seguro contra acidentes de trabalho encontra-


-se previsto no inciso XXVIII. O seguro é de
competência do empregador e não exclui a
indenização a que este está obrigado no caso de
incorrer em dolo ou culpa.

Súmula Vinculante nº 22 A Justiça do


NOÇÕES DE DIREITO

Trabalho é competente para processar e


julgar as ações de indenização por danos
morais e patrimoniais decorrentes de
acidente de trabalho propostas por
empregado contra empregador, inclusive
aquelas que ainda não possuíam sentença de
mérito em primeiro grau quando da
promulgação da Emenda Constitucional
O inciso XXIX trata da prescrição das verbas tra- ou seja, a
balhistas. O prazo para que o trabalhador ingresse 56 formação profissional é desenvolvida no ofício. Por
com ação trabalhista é de 2 (dois) anos contados da
extinção do contrato de trabalho. Já com relação aos
créditos, a prescrição é de 5 (cinco) anos. Exemplo:
trabalhador que exerceu atividade na empresa entre
os períodos de 2010 a 2020. Ele terá até 2022 (dois
anos da extinção do contrato de trabalho) para
promover a açao e poderá cobrar os créditos dos
últimos 5 anos, ou seja, se ingressou em 2020, poderá
pleitear os cré- ditos de 2015 em diante.
Quanto às nomenclaturas “prescrição relativa” e
“prescrição total”, é importante distinguir que pres-
crição relativa é a interna, ou seja, aquela que
ocor- re dentro do contrato de trabalho, tendo como
prazo 5 anos. Já a prescrição total é aquela que
ocorre após o fim do contrato de trabalho, ou seja, de
2 anos. Caso o empregado não ingresse com a ação
em até dos 2 anos após a extinção do contrato, ele
não terá direito de receber nenhuma verba, pois
houve a prescrição total.

XXX - proibição de diferença de salários, de


exercício de funções e de critério de admissão por
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

O inciso XXX decorre do princípio da igualdade


e foi tratado anteriormente quando explanado acerca
do salário.

XXXI - proibição de qualquer discriminação


no tocante a salário e critérios de admissão do
traba- lhador portador de deficiência;

Também em decorrência do princípio da igual-


dade, a CF, de 1988, veda qualquer tipo de
discrimi- nação do trabalhador com deficiência.
A proibição estende-se desde a sua admissão. Assim
sendo, o fato de o trabalhador possuir uma limitação,
quer física, psíquica ou intelectual, não tem o
condão de permitir que o empregador pague uma
contraprestação diver- sa dos demais funcionários
por exemplo.

XXXII - proibição de distinção entre trabalho


manual, técnico e intelectual ou entre os profis-
sionais respectivos;

Mais um dispositivo que decorre do princípio


da igualdade e veda a distinção entre as atividades
desempenhadas, ou seja, a atividade manual não
poderá ser tida como mais ou menos importante que
a intelectual por exemplo.

XXXIII- proibição de trabalho noturno, perigo-


so ou insalubre a menores de dezoito e de
qual- quer trabalho a menores de dezesseis
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir
de qua- torze anos;

O inciso XXX estabelece os limites etários para o


desempenho do trabalho. Aos menores de 16 anos
não é possível o desempenho da atividade laboral,
exceto no caso de aprendiz, que poderá desenvolver
a ativi- dade entre 14 e 24 anos.
Atenção! Aprendiz não se confunde com
estagiá- rio. Aprendiz é o jovem contratado por entes
de coo- peração governamental, como, por exemplo, o
SENAC e o SENAI, para aprender uma profissão,
outro lado, estagiário é o estudante que
complemen- ta, por meio do trabalho, o ensino do
curso que está desenvolvendo. Estagiário não é
empregado nem está submetido a limite de idade.
Além disso, o dispositivo veda o trabalho
noturno, perigoso ou insalubre aos maiores de 16 e
menores de 18 anos, por se tratarem de pessoas em
formação.
Acerca do trabalho insalubre, a Consolidação
das Leis do Trabalho assim dispõe:

Art. 405 (Dec-Lei nº 5.452/43) Ao menor não será


permitido o trabalho:
I - nos locais e serviços perigosos ou insalubres,
constantes de quadro para êsse fim aprovado pelo
Diretor Geral do Departamento de Segurança e
Higiene do Trabalho;
II - em locais ou serviços prejudiciais à sua moralidade.

Art. 7º [...] Importante!


XXXIV - igualdade de direitos entre o Não há previsão expressa do trabalho penoso aos menores de 18
trabalha- dor com vínculo empregatício
permanente e o trabalhador avulso

O inciso XXXIV também decorre do princípio da


igualdade. Por ele, depreende-se a igualdade de
direitos entre os trabalhadores com vínculo
empregatício e os trabalhadores avulsos. Entende-se
por trabalhador avul- so aquele que, de forma
sindicalizada ou não, presta serviços tanto de
natureza urbana como rural, sem pos- suir vínculo
empregatício e a diversas empresas, com
intermediação obrigatória do sindicato da categoria
ou, quando se tratar de atividade portuária, com
interme- diação do Órgão Gestor de Mão-de-Obra
(OGMO).

Parágrafo único. São assegurados à categoria dos


trabalhadores domésticos os direitos previstos
nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII,
XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e
XXXIII
e, atendidas as condições estabelecidas em lei e
observada a simplificação do cumprimento das
obri- gações tributárias, principais e acessórias,
decor- rentes da relação de trabalho e suas
peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX,
XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à
previdência social.

Por fim, o parágrafo único trata dos direitos


dos trabalhadores domésticos. Considera-se
doméstico o trabalhador que presta serviços de
natureza contí- nua e de finalidade não lucrativa à
pessoa ou à famí- lia no âmbito residencial destas,
como, por exemplo, cozinheiro residencial,
jardineiro, babá, entre outros. O dispositivo remete
a determinados incisos, que já foram trabalhados
anteriormente, cuja leitura na íntegra é
imprescindível para a sua aprovação.
Os direitos sindicais encontram-se disciplinados
nos art. 8º a 11. Vejamos cada um deles:

Art. 8º É livre a associação profissional ou sin-


dical, observado o seguinte:
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado
para a fundação de sindicato, ressalvado o
regis- tro no órgão competente, vedadas ao
Poder Públi- co a interferência e a intervenção
na organização sindical;
O inciso I traz o princípio da liberdade V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a man- ter-se
sindical. Pelo dispositivo, é possível observar duas filiado a sindicato;
situações distintas. A primeira refere-se à relação
entre o Esta- do e o sindicato. Já a segunda, entre o
sindicato e o sindicalizado. Portanto, essa liberdade
de associação sindical possui dupla dimensão, de
modo a assegurar o direito dos trabalhadores em
geral de criarem enti- dades sindicais, como também
a liberdade de aderi- rem ou não ao sindicato, assim
como se desfiliarem conforme sua vontade.
De acordo com o STF, para que um sindicato possa
defender a categoria, não é preciso estar registrado
no órgão competente (Ministério do Trabalho),
bastando o registro no Cartório de Registro das
Pessoas Jurídicas.

II - é vedada a criação de mais de uma organi-


zação sindical, em qualquer grau, representativa
de categoria profissional ou econômica, na mesma
base territorial, que será definida pelos trabalha-
dores ou empregadores interessados, não
podendo ser inferior à área de um Município;

O inciso II traz o princípio da unicidade


sindical, ou seja, a regra pela qual é vedada a
criação de mais de uma organização sindical na
mesma base territorial. Por essa razão, a CF, de
1988, definiu a base territorial mínima, ou seja, o
Município. No entanto, não especifi- cou a base
máxima, de modo que pode haver um sindi- cato
para a defesa da categoria no âmbito estadual ou
nacional.

III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e inte-


resses coletivos ou individuais da categoria,
inclusive em questões judiciais ou administrativas;

A representação e substituição do sindicato na


defesa dos direitos e interesses de seus membros está
disciplinada no inciso III.

IV - a assembleia geral fixará a contribuição que,


em se tratando de categoria profissional, será des-
contada em folha, para custeio do sistema con-
federativo da representação sindical respectiva,
independentemente da contribuição prevista em lei;

O inciso IV trata da contribuição confederativa


sindical. Cumpre esclarecer, no entanto, que nenhu-
ma das contribuições relativas à atividade sindical
é obrigatória, de modo a depender de autorização
expressa e prévia do destinatário. Portanto, somente
quem é filiado ao respectivo sindicato deve pagar a
contribuição confederativa prevista nesse
dispositivo.

Art. 579 (CLT) O desconto da contribuição


sindical está condicionado à autorização prévia e
expressa dos que participem de uma determinada
categoria econômica ou profissional, ou de uma
profissão liberal, em favor do sindicato
representativo da mesma categoria.

Súmula Vinculante nº 40 A contribuição con-


federativa de que trata o art. 8º, IV, da Constitui-
ção Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato
respectivo.

Art. 8º [...]
O inciso V é um desdobramento do direito à liber- desenvolvidas e tem como causa o interesse dos
dade de associação, previsto no art. 5º, da CF, de 1988. trabalhadores.

VI - é obrigatória a participação dos § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essen-


sindicatos nas negociações coletivas de ciais e disporá sobre o atendimento das necessida-
trabalho; des inadiáveis da comunidade.
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis
As entidades sindicais possuem a às penas da lei. 57
denominada função negocial. Assim, com o
objetivo de assegurar melhores condições e
direitos aos trabalhadores, o inciso IV
estabelece como obrigatória a participação dos
sindicatos nas negociações coletivas.

VII - o aposentado filiado tem direito a


votar e ser votado nas organizações
sindicais;

O inciso VII cuida do direito de votar e ser


votado
do aposentado filiado à entidade sindical.

VIII - é vedada a dispensa do empregado


sin- dicalizado a partir do registro da
candidatura a cargo de direção ou
representação sindical e, se eleito, ainda
que suplente, até um ano após o final do
mandato, salvo se cometer falta grave
nos termos da lei.

A estabilidade do dirigente sindical


encontra-se prevista no inciso VIII. Seu objetivo é
permitir que seus dirigentes atuem sem medo de
represálias, ou seja, de serem desligados do
emprego devido à atuação. Trata-
-se, portanto, da regra que proíbe a dispensa do
empre- gado sindicalizado a partir do registro da
candidatura a cargo de direção ou representação
sindical. No caso dos eleitos, mesmo que na
condição de suplentes, a estabili- dade perdura
até um ano após o final do mandato.
Observa-se, no entanto, que a estabilidade
não é absoluta, uma vez que é possível a
demissão em caso de cometimento de falta
grave. Ainda, cabe destacar que, de acordo com
a alínea “a”, do inciso II, do art. 10, do ADCT,
os membros da Comissão Interna para
Prevenção de Acidentes (CIPA) eleitos pelos
trabalha- dores também possuem estabilidade; já
os indicados pelo empregador não a possuem.

Parágrafo único. As disposições deste artigo


apli- cam-se à organização de sindicatos
rurais e de colônias de pescadores,
atendidas as condições que a lei estabelecer.

Por fim, o parágrafo único estabelece que


essas regras também são aplicadas aos
sindicatos rurais e de pescadores.

Art. 9º É assegurado o direito de greve,


competin- do aos trabalhadores decidir sobre
a oportunidade de exercê-lo e sobre os
interesses que devam por meio dele defender.
NOÇÕES DE DIREITO

O direito de greve dos trabalhadores


encontra-se assegurado no art. 9º, da CF, de
1988. Inicialmente, há de se esclarecer que a
expressão “trabalhadores” refe- re-se aos
empregados da iniciativa privada, geralmen- te
regidos pela CLT. Em síntese, greve é a
suspensão temporária das atividades laborais
No que se refere aos serviços essenciais, tais Os direitos de nacionalidade estão disciplinados nos
como transporte público, serviços de fornecimento arts. 12 e 13, da CF, de 1988. Vejamos cada um
de luz, água, entre outros, o direito de greve é 58 deles:
assegurado, mas sofre restrições. A lei que disciplina
a greve dos traba- lhadores dos serviços essenciais é a
Lei nº 7.783, de 1989.

Art. 10 É assegurada a participação dos


traba- lhadores e empregadores nos colegiados
dos órgãos públicos em que seus interesses
profissio- nais ou previdenciários sejam objeto de
discussão e deliberação.

O art. 10 decorre do direito a uma gestão


democrática, ou seja, de participação junto aos
colegiados dos órgãos públicos que gerenciam os inte-
resses profissionais ou os valores aplicados nos fun-
dos previdenciários.

Art. 11 Nas empresas de mais de duzentos


empre- gados, é assegurada a eleição de um
representan- te destes com a finalidade exclusiva
de promover-lhes o entendimento direto com os
empregadores.

Por fim, o art. 11 estabelece, como mecanismo de


promover o entendimento e facilitar o diálogo entre
empregados e empregador em empresas maiores
(com mais de 200 funcionários), a formação de uma
comissão de representação.
Atenção! Os representantes não se confundem
com os dirigentes sindicais.

NACIONALIDADE

O direito à nacionalidade é a garantia de ter um


vínculo político-jurídico com um país, uma vez que
todas as pessoas têm direito de vincular-se a um
Esta- do Soberano para que este possa assegurar a
proteção dos seus direitos fundamentais.
A ausência de vínculo enseja a condição de
apátrida e impede que o indivíduo pleiteie proteção
jurídica bási- ca por não estar vinculado a nenhum
estatuto pessoal. Deste modo, ter uma nacionalidade
significa ter direito à proteção jurídica e política por
parte de um Estado.
A nacionalidade pode ser originária ou derivada.
Vejamos:

 Nacionalidade originária é aquela que decor-


re do nascimento e, a depender do Estado, pode
seguir o critério de vínculo biológico (jus sangui-
nis), ou o critério do local do nascimento (jus
solis), ou os dois. Nesse tipo de nacionalidade, é
possível a coexistência de mais de uma
nacionalidade (ex.: filho de italiano nascido no
Brasil é italiano por sangue e brasileiro por solo);
 Nacionalidade derivada é aquela que decorre de
qualquer outro fator que não o nascimento, como,
por exemplo, passar a residir em um país ou
casar-
-se com um estrangeiro e adquirir a
nacionalidade deste (essa hipótese não existe no
direito brasi- leiro, pois o casamento com
brasileiro, por si só, não dá o direito à
nacionalidade brasileira). Para adquirir a
nacionalidade derivada, é necessário um
procedimento chamado de naturalização e, em
regra, ao se adquirir uma nova nacionalidade, por
ser esta voluntária, perde-se a nacionalidade ante-
rior (direito de opção).
Art. 12 São brasileiros: O inciso II estabelece, como critério para que se
I - natos: adqui- ra a naturalização, o lapso temporal. No caso
a) os nascidos na República Federativa do dos estran- geiros originários de países de língua
Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que portuguesa, tais como Portugal, Cabo Verde,
estes não estejam a serviço de seu país; Moçambique, entre outros, a Norma Constitucional
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro prevê residência de apenas um
ou mãe brasileira, desde que qualquer deles
esteja a serviço da República Federativa do
Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro
ou de mãe brasileira, desde que sejam
registrados em repartição brasileira competente
ou venham a resi- dir na República Federativa
do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de
atingida a maioridade, pela nacionalidade
brasileira;

No que se refere à nacionalidade originária,


a CF/88 adota, no inciso I, do art. 12, um sistema
misto de definição da nacionalidade, uma vez que
os dois critérios estão inseridos em seu dispositivo
para defi- nir brasileiro nato.
A alínea “a” adota o critério territorial ao con-
siderar brasileiro o nascido em solo brasileiro,
tanto de pais brasileiros como estrangeiros, desde
que estes não estejam a serviço de seus países.
A alínea “b” adota o critério sanguíneo
aliado ao trabalho, ao considerar brasileiro
aquele que nas- ceu fora do solo brasileiro, porém
possuindo pai ou
mãe brasileiros e um destes esteja a serviço do Bra-
sil, como, por exemplo, filho de diplomata
brasileiro a serviço no Japão.
Por fim, a alínea “c” adota o critério sanguíneo
aliado à opção ou registro do nascimento em
repar- tição competente, considerando como
brasileiro
aquele que nasceu fora do território brasileiro,
sendo filho de pai ou mãe brasileiros sem que
qualquer um deles estivesse a serviço do Brasil, e
foi registrado na repartição brasileira competente
no exterior (Consu- lado). Também é considerado
brasileiro nato por essa alínea aquele que nasceu
fora do território brasileiro, sendo filho de pai ou
mãe brasileiros sem que qualquer um deles
estivesse a serviço do Brasil, e veio a residir no
Brasil, tendo optado pela nacionalidade brasileira
após atingida a maioridade. Exemplo: filha de
alemã com brasileiro nascida na Alemanha, mas se
mudou para o Brasil e, tendo completado 18
(dezoito) anos, tenha optado pela nacionalidade
brasileira.

II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionali-
dade brasileira, exigidas aos originários de
países de língua portuguesa apenas residência
por um ano ininterrupto e idoneidade
moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade,
residentes na República Federativa do Brasil há
mais de quinze anos ininterruptos e sem
con- denação penal, desde que requeiram a
nacionali- dade brasileira.

Conforme vimos, a naturalização é o meio


pelo qual se adquire a nacionalidade por outro
motivo que não o nascimento. Trata-se do ato pelo
qual um país concede a um estrangeiro a qualidade
de nacional desse Estado. A naturalização
pressupõe pedido da parte interessada.
ano ininterrupta e idoneidade moral. Já para os a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela
demais estrangeiros, faz-se necessário residir por lei estrangeira;
mais de 15 (quinze) anos e não possuir condenação b) de imposição de naturalização, pela norma
penal. estrangeira, ao brasileiro residente em estado
estrangeiro, como condição para permanência em seu
Note que, além do prazo de residência, enquan-
território ou para o exercício de direitos civis;
to, para um, basta a idoneidade, para os demais, não
deve existir condenação penal.

§ 1º Aos portugueses com residência permanente


no País, se houver reciprocidade em favor de
brasi- leiros, serão atribuídos os direitos inerentes
ao bra- sileiro, salvo os casos previstos nesta
Constituição.

O § 1º estabelece a possibilidade de reciprocidade


para os portugueses residentes de forma permanente
no Brasil. Trata-se de benefícios decorrentes do
Esta- tuto da Igualdade no que se refere aos direitos
e obri- gações civis e políticos sem a perda da
nacionalidade originária. Esse Estatuto encontra
respaldo no Decreto nº 3.927, de 2001, que
promulgou o Tratado de Amiza- de, Cooperação e
Consulta entre Brasil e Portugal.

§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre


brasileiros natos e naturalizados, salvo nos
casos previstos nesta Constituição.

De acordo com o § 2º, independentemente de a


nacionalidade ter sido adquirida de modo originário
ou derivado, todos os brasileiros são iguais em direi-
tos e obrigações. Trata-se, portanto, de um desdobra-
mento do direito à igualdade.
Como nenhum direito é absoluto, a CF, de 1988,
pode estabelecer tratamento diferente aos natos e
naturalizados. A única distinção constitucional exis-
tente encontra-se no parágrafo seguinte:

§ 3º São privativos de brasileiro nato os


cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da
República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa.

Observa-se que os brasileiros naturalizados pos-


suem todos os direitos dos brasileiros natos, salvo o
acesso a determinadas funções públicas. Os cargos
elencados no § 3º não podem ser preenchidos por
bra- sileiros naturalizados, nem por estrangeiros.
Observa-
-se que os quatro primeiros incisos se referem ao
Chefe de Estado e àqueles que estão em sua ordem
sucessó- ria. O inciso V refere-se àqueles que irão
representar o Estado brasileiro no exterior, enquanto
os incisos VI e VII têm relação com a segurança
nacional.
Vale destacar que o brasileiro naturalizado
poderá ser senador ou deputado, só não poderá ser
presiden- te das casas.

§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade


do brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por senten-
ça judicial, em virtude de atividade nociva ao
interesse nacional;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos
casos:
Por fim, o § 4º traz as hipóteses de são de armas e o hino. Não constam o selo e as
perda da nacionalidade. A primeira armas, estando, portanto, de forma diversa da CF, de
possibilidade é a perda da nacionalidade 1988.
derivada (aquela adquirida pela naturalização),
que ocorrerá quando houver sentença judicial CIDADANIA E DIREITOS POLÍTICOS
determinando seu cancelamento, em decor-
rência do envolvimento do naturalizado em
Os direitos políticos encontram-se disciplinados
atividade nociva ao interesse do Estado.
nos arts. 14 a 16 da Constituição Federal. São
A segunda possibilidade decorre do
direitos
denominado princípio da vassalagem, isto é, a
relacionados com a participação popular, fundados 59
aquisição de nacio- nalidade derivada implica a
perda da nacionalidade de origem.
A perda da nacionalidade originária aplica-
se ape- nas aos naturalizados. Aqueles que
possuem mais de uma nacionalidade originária
podem manter todas as nacionalidades de forma
concomitante. Exemplo: filho de japonês que
nasce em solo brasileiro é brasileiro pelo critério
territorial e japonês pelo critério sanguíneo.
Observa-se que a perda da nacionalidade
pelo naturalizado também comporta uma
exceção: imposi- ção de naturalização como
condição para permanên- cia em território
estrangeiro ou para o exercício de direitos civis,
como, por exemplo, um brasileiro que vai
trabalhar em outro país.
O brasileiro que perdeu sua nacionalidade
por ter se naturalizado poderá readquirir a
nacionalidade brasileira ou ter revogado o ato
que declarou a sua perda, retornando à condição
de brasileiro nato por expressa previsão da Lei
nº 13.445, de 2017 (Lei de Migração).
Exemplo: brasileira que se casa com ale- mão e
naturaliza-se alemã, porém se divorcia de seu
marido e volta ao Brasil.

Art. 13 A língua portuguesa é o idioma oficial


da República Federativa do Brasil.
§ 1º São símbolos da República Federativa
do Bra- sil a bandeira, o hino, as armas e
selo nacionais.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios poderão ter símbolos próprios.

O art. 13 não é um direito de nacionalidade,


mas estabelece regras com relação ao Estado
brasileiro. A primeira regra diz respeito ao
idioma oficial, que é a língua portuguesa.
Trata-se, portanto, da língua que toda a
população brasileira deve utilizar em suas ações
oficiais, ou seja, nas suas relações com as insti-
tuições do Estado. A outra regra diz respeito
aos sím- bolos do Brasil.
Para memorizar os símbolos, utilize o mnemônico
BAHIAS:

BAn
deira
HIn
o
Arm
as
Selo nacional
NOÇÕES DE DIREITO

A última regra diz respeito ao fato de os Estados-


-membros, Distrito Federal e Municípios
possuírem símbolos próprios. Alguns Estados-
membros possuem símbolos diferentes, como,
por exemplo, o Estado de São Paulo, que, de
acordo com o art. 7º, de sua Consti- tuição
Estadual, tem, como símbolos, a bandeira, o bra-
na ideia de que os cidadãos possuem o direito de
 Este 1% (um por cento) deve ser composto de elei-
influenciar as decisões do Estado, bem como de influir
tores de, pelos menos, 05 (cinco) Estados-membros.
na formação da vontade deste.  Cada um dos Estados-membros referidos acima
Os direitos políticos conferidos à população deve possuir no mínimo 0,3% (três décimos) do seu
brasi- leira são exercidos através do sufrágio próprio eleitorado estadual.
universal, que é compreendido pela:
Direitos Políticos Ativos
 Capacidade eleitoral ativa: direito de votar;
 Capacidade eleitoral passiva: direito de ser É o que confere ao cidadão a capacidade de
votado. votar, participar de plebiscitos ou referendos,
subscrever projeto de iniciativa popular, bem
De acordo com o art. 14 da CF, a soberania popular como de propor ação popular para anular ato
será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que
dire- to e secreto, mediante: o Estado participe ou, ainda, acautelar a moralidade
administrativa, o meio ambiente e patrimônio
 Plebiscito; histórico e cultural brasileiro.
 Referendo; Essa capacidade é conferida ao cidadão por meio
 Iniciativa popular. do alistamento eleitoral. São inalistáveis os estran-
geiros e os conscritos (durante serviço militar
obriga- tório, ou seja, aqueles que se alistaram no
Antes de prosseguir no estudo dos direitos
exército e foram convocados a prestar serviço
políticos, faz-se importante conceituar e diferenciar militar).
os meca- nismos de democracia direta elencados
acima, quais sejam: o plebiscito, o referendo e a Alistamento Eleitoral e o Voto
iniciativa popular. Tanto o plebiscito quanto o
referendo são instru- mentos que se destinam à Nos termos do § 1º, do art. 14, da Constituição
consulta popular sobre determinado assunto (ato Federal, o alistamento eleitoral e do voto são:
administrativo ou lei).
A principal diferença entre eles está atrelada ao  Obrigatórios
momento da consulta.
 Para os maiores de dezoito anos;
No plebiscito, a consulta é prévia, ou seja, antes
da criação do ato administrativo ou da lei,  Facultativos
convocam-se os cidadãos para responderem à
consulta. Ao passo que, no referendo, primeiro cria-  Os analfabetos;
se o ato administra- tivo ou a lei, e depois se  Os maiores de setenta anos;
autoriza a consulta ao povo.  Os maiores de dezesseis e menores de dezoito
anos.
Dica
Condições de Elegibilidade
Para ajudar na memorização da diferença entre
o plebiscito e o referendo, associe: Conforme § 3°, do art. 14, da CF, são condições de
Plebiscito com PREbiscito: o termo pre remete elegibilidade, isto é, condições para se eleger a
deter- minado cargo político:
para algo que ocorre previamente/antes/ante-
rior, tal como o plebiscito que a consulta
Nacionalidade brasileira;
popular é prévia.
O pleno exercício de direitos políticos;
Referendo com REFERIR: o termo referir remete
para algo que “diz respeito” ou “que tem Alistamento eleitoral;
Elegibilidade
relação”, ou seja, que já Domicílio eleitoral na circunscrição
aconteceu/falou/fez/existe, tal como no correspondente;
referendo que a consulta é posterior à criação Filiação partidária.
do ato administrativo ou da lei.

A Iniciativa Popular é um instrumento de demo- tes pontos:


cracia direta que permite aos cidadãos a
apresentação de proposta de lei, desde que  Deve ser proposto na Câmara de Deputados;
preenchidos os seguintes requisitos previstos no § 2º,  É necessário a assinatura de, no mínimo, 1% (um
do art. 61, da CF: 60 por cento) do eleitores brasileiros;

Art. 61 [...]
§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela
apresentação à Câmara dos Deputados de projeto
de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do
eleitorado nacional, distribuído pelo menos por
cinco Estados, com não menos de três décimos por
cento dos eleitores de cada um deles.

Da leitura do dispositivo acima, extrai-se os seguin-


A constituição também define a idade mínima
que cada candidato deve ter, a depender do cargo
que deseja se eleger:

 Presidente e Vice-Presidente da República e


Sena- dor: 35 anos;
 Governador e Vice-Governador dos Estados-
mem- bros e do Distrito Federal: 30 anos;
 Deputado Federal, Deputador Estadual ou
Distri- tal, Prefeito e Vice-Prefeito e Juiz de Paz:
21 anos;
 Vereador: 18 anos.

A condição de nacional é um pressuposto para a


de cidadão. A cidadania em sentido estrito é o
status de nacional acrescido dos direitos políticos,
isto é, o poder participar do processo
governamental, sobre- tudo pelo voto. Assim, a
nacionalidade é condição necessária, mas não
suficiente para o exercício da cidadania.
Dica pode ser votado.

Nacional é diferente de cidadão, logo cidadania é


diferente de nacionalidade!

Inelegibilidades

A Constituição não menciona exaustivamente


todas as hipóteses de inelegibilidade, apenas fixa
algumas, deixando reservado que lei complementar
poderá estabelecer outros casos de inelegibilidade.

Art. 14 [...]
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim
de proteger a probidade administrativa, a morali-
dade para exercício de mandato considerada vida
pregressa do candidato, e a normalidade e legitimi-
dade das eleições contra a infiuência do poder eco-
nômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou
emprego na administração direta ou indireta.

Em regra:

Art. 14 [...]
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os
analfabetos.

Há também a inelegibilidade derivada do casa-


mento ou do parentesco com o Presidente da Repú-
blica, com os Governadores de Estado e do Distrito
Federal e com os Prefeitos, ou com quem os haja subs-
tituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito.

Art. 14 [...]
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do
titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou
afins, até o segundo grau ou por adoção, do Pre-
sidente da República, de Governador de Estado ou
Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de
quem os haja substituído dentro dos seis meses
anteriores ao pleito, salvo se já titular de
mandato eletivo e candidato à reeleição.

Acerca do assunto, é importante conhecer o texto


da Súmula nº 6, do TSE:

Súmula 6 (TSE) São inelegíveis para o cargo de


chefe do Executivo o cônjuge e os parentes, indica-
dos no § 7º do art. 14 da Constituição Federal, do
titular do mandato, salvo se este, reelegível, tenha
falecido, renunciado ou se afastado definitivamente
do cargo até seis meses antes do pleito.:

Na mesma temática, veja a redação da Súmula Vin-


culante nº 18 do STF (de observância obrigatória):

Súmula vinculante 18 (STF) A dissolução da


sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do man-
dato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º
do artigo 14 da ConstituiçãoFederal

Todo inalistável é inelegível, mas nem todo


inele- gível é inalistável. Assim, quem não pode
votar, como os estrangeiros e os conscritos durante
serviço mili- tar obrigatório, não pode ser votado,
assim como os analfabetos. No entanto, isso não
significa que os que não podem ser votados,
necessariamente, não possam votar. Ex.: o analfabeto
é inelegível, mas não é inalistá- vel, logo, pode votar,
embora seu voto não seja obriga- tório, mas não
Quanto à reeleição e desincompatibilização, Art. 15 É vedada a cassação de direitos políticos,
a Emenda Constitucional nº 16 trouxe a cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
possibilidade de reeleição para o chefe dos I - cancelamento da naturalização por sentença
Poderes Executivos fede- ral, estadual, distrital e transitada em julgado;
municipal. Ao contrário do sis- tema americano II - incapacidade civil absoluta; 61
de reeleição, que permite apenas a recondução
por um período somente, no Brasil, após o
período de um mandato, o governante pode
voltar a se candidatar para o posto.

Art. 14 [...]
§ 5º O Presidente da República, os
Governadores de Estado e do Distrito
Federal, os Prefeitos e quem os houver
sucedido, ou substituído no curso dos man-
datos poderão ser reeleitos para um único
período subsequente.
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente
da República, os Governadores de Estado e do
Distri- to Federal e os Prefeitos devem
renunciar aos respec- tivos mandatos até seis
meses antes do pleito.

Por sua vez, o militar é elegível, se


cumpridos alguns requisitos:

Art. 14 [...]
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as
seguintes condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço,
deverá afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será
agre- gado pela autoridade superior e, se
eleito, passará automaticamente, no ato da
diplomação, para a inatividade.

O Mandato eletivo pode ser impugnado:

Art. 14 [...]
§ 10 O mandato eletivo poderá ser
impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo
de quinze dias conta- dos da diplomação,
instruída a ação com provas de abuso do
poder econômico, corrupção ou fraude;
§ 11 A ação de impugnação de mandato
tramitará em segredo de justiça,
respondendo o autor, na for- ma da lei, se
temerária ou de manifesta má-fé.

Perda e Suspensão dos Direitos Políticos

A perda e a suspensão dos direitos


políticos podem se dar, respectivamente, de
forma definitiva ou temporária.
Ocorrerá a perda quando houver
cancelamento da naturalização por sentença
transitada em julga- do e no caso de recusa de
cumprir obrigação a todos imposta ou prestação
alternativa (é o caso do serviço militar
obrigatório).
Já a suspensão ocorre enquanto persistirem
NOÇÕES DE DIREITO

os motivos desta, ou seja, enquanto o indivíduo


não o retomar a capacidade civil ele terá seus
direitos políti- cos suspensos. Readquirindo-a,
alcançará, novamente o status de cidadão.
Também são passíveis de suspen- são os
condenados criminalmente (com sentença tran-
sitado em julgado). Cumprida a pena,
readquirem os direitos políticos; no caso de
improbidade administra- tiva, a suspensão será,
da mesma forma, temporária.
III - condenação criminal transitada em julgado, para introduzir o transporte como direito social.
enquanto durarem seus efeitos; Artigo único. O art. 6º da Constituição Federal de
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta 62 1988 passa a vigorar com a seguinte redação: Art.
ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º,
VIII; V - improbidade administrativa, nos termos do
art. 37, § 4º.

Acerca da suspensão de direitos políticos importa


destacar o seguinte:

Súmula 9 (TSE) A suspensão de direitos políticos


decorrente de condenação criminal transitada em
julgado cessa com o cumprimento ou a extinção
da pena, independendo de reabilitação ou de
prova de reparação dos danos.

Ainda, acerca da suspensão de direitos políticos,


o Supremo Tribunal Federal manifesta:

A suspensão de direitos políticos prevista no art.


15, III, da Constituição Federal, aplica-se no caso
de substituição da pena privativa de liberdade
pela restritiva de direitos. STF. Plenário. RE
601182/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac.
Min. Alexan- dre de Moraes, julgado em 8/5/2019
(repercussão geral) (Info 939).

Por fim, concluindo o assunto de direitos


políticos,
veja o que dispõe o art. 16, da CF:

Art. 16 A lei que alterar o processo eleitoral entra-


rá em vigor na data de sua publicação, não se
apli- cando à eleição que ocorra até um ano da
data de sua vigência.

EXERCÍCIOS
COMENTADOS
1. (CESPE-CEBRASPE — 2016) A respeito dos direitos
fundamentais, julgue o item a seguir.
O direito à vida desdobra-se na obrigação do Estado
de garantir à pessoa o direito de continuar viva e de
proporcionar-lhe condições de vida digna.

( ) CERTO ( ) ERRADO

O direito à vida, previsto especialmente no caput


do art. 5º, da CF de 1988, é um direito de primeira
dimensão e desdobra-se em dois vieses — o direito
de não ser morto e o direito de ter uma vida digna
em padrões condizentes com a dignidade humana
e de onde se extrai a noção de “mínimo
existencial”. Resposta: Certo.

2. (CESPE-CEBRASPE — 2016) Julgue o item a seguir,


que se refere aos direitos e garantias fundamentais
previstos na CF e à administração pública.
Recentemente, o transporte foi incluído no rol de direi-
tos sociais previstos na CF, que já contemplavam,
entre outros, o direito à saúde, ao trabalho, à moradia
e à previdência social, bem como a assistência aos
desamparados.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Vejamos a afirmativa do enunciado:


EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 90, DE 15 DE
SETEMBRO DE 2015.
Da nova redação ao art. 6º da Constituição Federal,
6º São direitos sociais a educação, a saúde, a exemplo, o excesso de poder ou desvio de
alimen- tação, o trabalho, a moradia, o transporte, finalidade.
o lazer, a segurança, a previdência social, a O Princípio da Publicidade exige a divulgação dos
proteção à mater- nidade e à infância, a atos da Administração Pública com o objetivo de
assistência aos desampara- dos, na forma desta per- mitir o conhecimento e o controle por toda a
Constituição. Resposta: Certo. sociedade, pois ao administrador compete agir com
transparência.

DISPOSIÇÕES GERAIS

A Administração Pública tem suas regras


discipli- nadas nos arts. 37 a 41, da CF, de 1988.

Art. 37 A administração pública direta e


indi- reta de qualquer dos Poderes da União,
dos Esta- dos, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:

Conforme se observa do caput, do art. 37, a


Admi- nistração Pública divide-se em
Administração Pública Direta, que é composta
pelos quatro entes federativos (União, Estados,
Municípios e Distrito Federal), e Administração
Pública Indireta, compos- ta pelas autarquias,
fundações públicas, sociedades de economia mista e
empresas públicas.
Via de regra, a Administração Pública submete-
se a um regime jurídico de direito público, ou seja,
a sua atuação independe da concordância dos
administra- dos, pois se funda na própria soberania
estatal.
O regime jurídico de direito público faz com
que a Administração se sujeite a limites, que, por
vezes, são mais estritos do que aqueles a que estão
submetidos os particulares. Como exemplo, pode-
se citar o dever de observância da finalidade
pública.
Esse regime de prerrogativas e sujeições para a
Administração Pública se encontra expresso em
for- ma de princípios. De acordo com o
dispositivo, são princípios que regem a
Administração Pública direta e indireta: legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência.
O Princípio da Legalidade estabelece a sujeição
da Administração Pública aos mandamentos da
lei. A legalidade traduz o sentido de que a
Administra- ção Pública somente pode fazer o que
a lei manda ou permite.
O Princípio da Impessoalidade traz a neutrali-
dade necessária para o exercício da atividade admi-
nistrativa. Destinado tanto ao administrador como
ao administrado, esse princípio impõe a
objetividade e a isonomia da conduta
administrativa, além de vedar a autopromoção de
nome de servidor. Ex. Servidor, para se
autopromover, diz que foi ele quem criou
determinada ponte. De acordo com este princípio
esta conduta é vedada, pois quem, em verdade,
criou a ponte foi o Estado.
O Princípio da Moralidade diz respeito à moral
administrativa. Segundo ele, os atos da administra-
ção pública devem ser balizados nas matrizes
éticas dominantes. A finalidade do princípio é fixar
limites à atuação da Administração, evitando, por
Por fim, o Princípio da Eficiência impõe à ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as
Admi- nistração a obrigação de realizar suas nomeações para cargo em comissão declarado em lei
atribuições com rapidez, perfeição e rendimento. de livre nomeação e exoneração;
Como o administra- dor público está fazendo a
gestão de algo que pertence à sociedade, cabe a ele
zelar pelos interesses públicos com plena satisfação
do administrado e com o menor custo para a
sociedade.
Para memorizar os princípios, utilize o mnemôni-
co LIMPE:

Legalidade;
Impessoalidade;
Moralidade;
Publicidade;
Eficiência.

Art. 37 [...]
I - os cargos, empregos e funções públicas são
acessíveis aos brasileiros que preencham os
requisitos estabelecidos em lei, assim como aos
estrangeiros, na forma da lei;

O inciso I estabelece os requisitos e a forma de


preenchimento dos cargos, empregos e funções,
tanto por brasileiros como por estrangeiros:

 Previsão obrigatória em lei;


 Observância do princípio da isonomia e
razoabilidade;
 Compatibilidade com a natureza das atribuições
do cargo a ser preenchido.

No que se refere à forma de acesso, há de se


escla- recer, inicialmente, que se tratam dos cargos
não pri- vativos de brasileiros natos, uma vez que,
conforme já explanado anteriormente, os cargos
privativos de brasileiro nato constam expressamente
do § 3º, art. 12, da CF, de 1988.
Observa-se que os cargos não privativos de
brasilei- ros natos podem ser preenchidos por
brasileiros (natos ou naturalizados) de forma ampla.
Vale frisar que pode a lei estabelecer requisitos
limitadores, tais como for- mação escolar, idade,
entre outros. Em contrapartida, para que o
estrangeiro possa ter acesso a tais cargos, a lei deve
especificar as hipóteses de admissibilidade.
Há que se fazer, aqui, duas observações quanto à
aplicabilidade da norma.
Com relação aos brasileiros, a norma constitucio-
nal é de eficácia contida (que pode ter sua aplicabi-
lidade restringida), ou seja, todos os brasileiros têm
acesso aos cargos, empregos e funções públicas.
Con- tudo, a norma infraconstitucional pode
conter tais efeitos, estabelecendo critérios
diferenciados. Portan- to, estão disponíveis aos
brasileiros todos os cargos, empregos e funções
desde que a norma não restrinja.
Já para os estrangeiros, a norma constitucional é
de eficácia limitada, ou seja, para que o estrangeiro
tenha acesso, faz-se necessária norma infraconstitu-
cional regulando a hipótese. Deste modo, estão
dispo- níveis aos estrangeiros somente os cargos,
empregos e funções públicos que a lei autorizar.

Art. 37 [...]
II - a investidura em cargo ou emprego públi-
co depende de aprovação prévia em concurso
público de provas ou de provas e títulos, de
acordo com a natureza e a complexidade do cargo
O inciso II estabelece a necessidade de prazo de validade não expirado ainda não foram
procedi- mento administrativo destinado à convocados. Assim, estabe- lece a prioridade de
seleção das pessoas que irão ocupar empregos convocação destes em face dos novos aprovados.
públicos ou cargos públicos de provimento Segundo entendimento do STF, para gozar da prio-
efetivo ou vitalício. Trata-se, portanto, de uma ridade na nomeação, não basta ao candidato a
forma de escolha para atender aos princípios da mera aprovação, sendo necessário que ele tenha sido
igualdade e da moralidade administrativa, classi-
evitan- do-se, com isso, que o ingresso no serviço ficado dentro do número de vagas disponibilizadas no 63
público se dê por critérios de favorecimento
pessoal ou nepotismo.
Os concursos públicos devem ser abertos a
todos os interessados. Portanto, não se admite
que a seleção ocorra de forma interna
(concursos internos).
Cabe consignar que os concursos públicos
podem ser de provas ou de provas e títulos.
Deste modo, não se admite concurso apenas de
títulos nem admis- são sem concurso público.
Observa-se, no entanto, que existem exceções à
regra relativa aos concur- sos públicos para
os seguintes casos:

 Cargos de mandato eletivo;


 Cargo comissionado;
 Contratação temporária por excepcional
interesse público;
 Ex-combatente que tenha efetivamente
participa- do de operações bélicas durante a
Segunda Guerra Mundial (Inciso I, art. 53,
ADCT);
 Outras hipóteses: Ministros ou Conselheiros
dos Tribunais de Contas; Ministros do STF, do
STJ, TSE, TST e STM; integrantes do quinto
Constitucional dos Tribunais Judiciários.

III - o prazo de validade do concurso


público será de até dois anos, prorrogável
uma vez, por igual período;

O inciso III traz o prazo de validade do


concurso público, que é de até 2 (dois) anos.
Assim sendo, cabe ao edital definir qual o prazo
do concurso, não poden- do, no entanto, ser
superior a 2 (dois) anos.
Além disso, é possível a prorrogação do
prazo de validade por uma única vez e por igual
período, ou seja, se o prazo de validade do
edital é de 1 (um) ano, ele somente poderá ser
prorrogado por mais 1 (um) ano. Aqui, cabe
uma observação importante: a prorrogação só é
possível enquanto não expirado o prazo inicial.
O candidato que for aprovado em concurso
públi- co dentro do número de vagas previstas
no edital, estando tal concurso dentro do prazo
de validade, possui o direito subjetivo de ser
nomeado, assim como a prioridade na nomeação.
Em contrapartida, o candi- dato aprovado fora
do número de vagas possui mera expectativa de
direito à nomeação, devendo subme- ter-se ao
juízo de conveniência e oportunidade da
Administração.

IV - durante o prazo improrrogável previsto


no edi- tal de convocação, aquele aprovado
NOÇÕES DE DIREITO

em concurso público de provas ou de


provas e títulos será con- vocado com
prioridade sobre novos concursa- dos
para assumir cargo ou emprego, na carreira;

O inciso IV regula a hipótese de novo


concurso para o mesmo cargo enquanto os
candidatos aprova- dos em certame anterior e com
concurso, ou seja, se o edital previu uma vaga e to, para as atribuições de execução e, não, para as
foram aprovados dois candidatos, somente o atribuições técnicas e operacionais. Exemplo: cabe a
primeiro tem prioridade de nomeação. nomeação para cargo em comissão de Secretário de
64 Transportes, por demandar conhecimento específico
V - as funções de confiança, exercidas exclusiva-
mente por servidores ocupantes de cargo efeti-
vo, e os cargos em comissão, a serem
preenchidos por servidores de carreira nos
casos, condições e percentuais mínimos previstos
em lei, destinam-
-se apenas às atribuições de direção, chefia e
assessoramento;

O inciso V trata de duas situações distintas: a


fun- ção de confiança e o cargo de confiança (em
comis- são). Cargo público é a unidade estrutural e
funcional em que o servidor exerce suas atribuições e
responsa- bilidades, ou seja, é o local dentro da
estrutura orga- nizacional que deve ser atribuído a
um servidor. Já função é a própria atribuição e
responsabilidade.
Em regra, os cargos públicos somente podem ser
criados, transformados ou extintos por lei. Assim,
cabe ao Poder Legislativo, com a sanção do chefe do
Poder Executivo, dispor sobre a criação, transforma-
ção e extinção de cargos, empregos e funções públicas.
A iniciativa da lei que cria, extingue ou transforma
cargos varia conforme o caso. Por exemplo, no caso
dos cargos do Poder Judiciário, dos Tribunais de
Con- tas e do Ministério Público, a lei será de
iniciativa dos
respectivos Tribunais ou Procuradores-Gerais.
Excepciona a regra quando os cargos ou funções
se encontrarem vagos, uma vez que a Emenda Cons-
titucional nº 32, de 2001, possibilitou a extinção por
meio de decreto do Presidente da República. Com rela-
ção aos Governadores e Prefeitos, a extinção do
cargo vago é possível se houver semelhante previsão
nas respectivas Constituições Estaduais ou Leis
Orgânicas (princípio da simetria).
No que se refere às garantias e características
especiais, os cargos podem ser classificados em vitalí-
cios, efetivos e comissionados. Cargo vitalício é
aque- le com a maior garantia em relação à
permanência. Trata-se daquele destinado a receber o
ocupante em caráter permanente, como no caso dos
magistrados (inciso I, do art. 95, da CF), os de
membros do Ministé- rio Público (alínea “a”, do inciso
I, do § 5º, do art. 128, da CF) e os de ministros do
Tribunal de Contas (§ 3º, do art. 73, da CF). A
vitaliciedade é adquirida após 2 (dois) anos de
efetivo exercício no cargo e tais servi- dores só
poderão ser demitidos por sentença judicial
transitada em julgado.
Já cargo efetivo é aquele provido por concurso
público, cujos integrantes possuem a estabilidade; ou
seja, após 3 (três) anos de efetivo exercício, só poderão
ser demitidos por decisão judicial transitada em jul-
gado, processo administrativo disciplinar ou
processo de avaliação periódica de desempenho.
Por fim, cargo em comissão é aquele
preenchido
de acordo com a confiança. Como regra, ele deve ser
preenchido preferencialmente por servidores de car-
reira. Portanto, para os demais casos (pessoal de fora
da Administração), a nomeação deve ser exceção.
Além disso, é importante frisar que a nomeação
aos cargos em comissão somente é possível para os
cargos de chefia, direção ou assessoramento. Portan-
e confiança. Já para o motorista, isto não é cabível,
pois, diferentemente do Secretário, sua atribuição é
meramente operacional e não demanda a relação de
confiança.
Como regra, os cargos em comissão são de livre
nomeação e exoneração (ad nutum). A exceção a
essa regra é o que se intitula de nepotismo
(favorecimento de parentes em detrimento de
pessoas mais qualifi- cadas). Importante salientar
que essa prática também pode ocorrer de forma
cruzada. Por exemplo: quando autoridades, a fim
de omitir o nepotismo, nomeiam para determinado
cargo parentes um do outro de maneira recíproca.
Vejamos, a seguir, o texto da Súmula Vinculante
nº 13, do STF, relativa ao tema:

Súmula Vinculante nº 13 A nomeação de cônju-


ge, companheiro, ou parente, em linha reta,
cola- teral ou por afinidade, até o 3º grau,
inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor
da mesma pes- soa jurídica, investido em cargo
de direção, chefia ou assessoramento, para o
exercício de cargo em comissão ou de confiança,
ou, ainda, de função gra- tificada na
administração pública direta e indireta, em
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, compreendido
o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
CF.

A Súmula Vinculante nº 13 aplica-se apenas


aos cargos de natureza administrativa, estando
de fora do seu âmbito as nomeações para cargos
políti- cos. Exemplo: o STF considerou válida a
nomeação para o cargo de Secretário Estadual de
Transportes de irmão de Governador de Estado sob
a alegação de que o cargo em questão possuía
natureza política (Rcl 6.650-MC-AgR).
Por fim, para o exercício da função de
confiança, o pressuposto é que o nomeado já
exerça cargo efeti- vo na Administração. Exemplo:
um escrevente técnico é nomeado para a função de
assessor do juiz.

VI- é garantido ao servidor público civil o direito à Importante!


livre associação sindical; Função de confiança: deve ser agente público;
Cargo em confiança: pode ou não ser agente público.
O inciso VI decorre do direito à liberdade,
previsto no art. 5º, da CF. Lembrem-se: ninguém é
obrigado a se associar ou a se manter associado.

VII - o direito de greve será exercido nos


termos e nos limites definidos em lei específica;

O direito de greve dos servidores públicos é


dife- rente dos demais trabalhadores da iniciativa
priva- da. Enquanto os trabalhadores da iniciativa
privada podem interromper completamente suas
atividades, o servidor público precisa garantir que
pelo menos os serviços essenciais sejam
mantidos. Trata-se da apli- cação do princípio da
continuidade, uma vez que não é possível a
interrupção total destas atividades por serem
essenciais e necessárias à coletividade. Para tanto,
a Norma Constitucional prevê que os termos e
limites devem ser estabelecidos em lei.
Ainda não foi elaborada lei para dar pecuniária paga aos empregados públicos, regidos pela
aplicabilidade ao inciso VII. Por essa razão, o STF CLT. Vencimentos são a modalidade remunera- tória da
proferiu a seguinte decisão nos autos do Mandado de maioria dos servidores submetidos a regime
Injunção 670-ES:

STF, MI 670-ES: Mandado de injunção. Garantia


fundamental (CF, Art. 5º, inciso LXXI). Direito de
greve dos servidores públicos civis (CF, Art. 37,
inciso VII). Evolução do tema na jurisprudência
do Supremo Tribunal Federal (STF). Definição dos
parâmetros de competência constitucional para
apreciação no âmbito da justiça federal e da jus-
tiça estadual até a edição da legislação específica
pertinente, nos termos do art. 37, VII, da CF. Em
observância aos ditames da segurança jurídica e
à evolução jurisprudencial na interpretação da
omis- são legislativa sobre o direito de greve dos
servido- res públicos civis, fixação do prazo de 60
(sessenta) dias para que o Congresso Nacional
legisle sobre a matéria. Mandado de injunção
deferido para deter- minar a aplicação das Leis
7.701/1988 e 7.783/1989.

Art. 37 [...]
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e
empregos públicos para as pessoas portado-
ras de deficiência e definirá os critérios de sua
admissão;

O inciso VIII estabelece a reserva de vagas


para pessoas com deficiência. Trata-se de uma
norma constitucional de eficácia limitada, ou seja, que
depen- de da edição de lei infraconstitucional para
poder gerar os efeitos.
Com relação à reserva, cumpre salientar que as
atribuições do cargo devem ser compatíveis com a
deficiência. Ainda, a reserva é de até 20% (vinte por
cento) das vagas oferecidas no concurso, conforme o
§ 2º, do art. 5º da Lei 8.112, de 1990.

IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por


tempo determinado para atender a
necessidade temporária de excepcional interesse
público;

A contratação de servidor temporário encontra-


-se disciplinada no inciso IX. Trata-se de uma
catego- ria à parte, uma vez que não titulariza cargo
público nem possui qualquer vínculo trabalhista
regido pela CLT, sendo regida por regime especial
veiculado por meio de lei específica de cada ente da
federação.
O servidor público exerce funções públicas sem
ocupar cargos ou empregos públicos e sua contra-
tação é por tempo determinado e para atender
necessidade temporária de excepcional interesse
público. Por exemplo: agente sanitário em caso de
surto de dengue.

X - a remuneração dos servidores públicos e


o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente
poderão ser fixados ou alterados por lei especí-
fica, observada a iniciativa privativa em cada caso,
assegurada revisão geral anual, sempre na
mesma data e sem distinção de índices;

O inciso X trata da remuneração dos servidores


públicos. Cumpre esclarecer, no entanto, que remu-
neração é o gênero, do qual salário, vencimentos e
subsídios são espécies. Salário é a contraprestação
jurídico estatutário, englobando o vencimento- público, a CF estabeleceu duas regras. A primeira é a
base e as vantagens pecuniárias. Já subsídio é do teto geral, ou seja, o limite máximo de
uma parcela única, sem qualquer acréscimo, remuneração que é o valor dos subsídios dos
obrigatória para as seguintes categorias: Ministros do Supre- mo Tribunal Federal, qual
seja, R$ 39.200 (trinta e nove mil e duzentos
 Membros de Poder (chefes dos Poderes reais). Já a segunda regra trata do denominado
Executivos, senadores, deputados, subteto, ou seja, o teto para os Esta-
vereadores, magistrados), detentores de
dos, Municípios e Distrito Federal. 65
mandato eletivo, Ministros de Esta- do e
Secretários Estaduais e Municipais;
 Ministros ou Conselheiros dos Tribunais de Contas;
 Membros do Ministério Público;
 Integrantes das carreiras pertencentes à
Advocacia Geral da União, à Procuradoria-
Geral da Fazenda Nacional, às Procuradorias
dos Estados e do Dis- trito Federal e às
Defensorias Públicas da União, DF e
Territórios e Defensorias Públicas Estaduais
(Art. 135, CF);
 Servidores policiais integrantes da Polícia
Fede- ral, Polícia Rodoviária Federal, Polícia
Ferroviária Federal, Polícias Civis, Polícias
Militares e Corpos de Bombeiros Militares.

Vejamos, a seguir, o texto da Súmula nº 679,


do STF:

Súmula 679 (STF) A fixação de vencimentos


dos servidores públicos não pode ser objeto
de conven- ção coletiva.

No que se refere à revisão, o dispositivo


trata ape- nas da revisão geral, ou seja, ao
reajuste anual genéri- co, que tem por objetivo
repor as perdas inflacionárias do período, sendo
aplicável a todos os servidores. Por- tanto, não a
confunda com reajuste específico, que é aquele
aplicado apenas a alguns cargos ou carreiras
funcionais, com a finalidade de evitar a
defasagem remuneratória.

XI - a remuneração e o subsídio dos


ocupantes de cargos, funções e empregos
públicos da administra- ção direta, autárquica
e fundacional, dos membros de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, dos detentores de
mandato eletivo e dos demais agentes
políticos e os proventos, pensões ou outra
espécie remu- neratória, percebidos
cumulativamente ou não, incluídas as
vantagens pessoais ou de qualquer outra
natureza, não poderão exceder o subsídio
mensal, em espécie, dos Ministros do
Supremo Tribunal Federal, aplicando-se
como limite, nos Municípios, o subsídio do
Prefeito, e nos Esta- dos e no Distrito
Federal, o subsídio mensal do Governador
no âmbito do Poder Executivo, o
subsídio dos Deputados Estaduais e
Distritais no âmbito do Poder
Legislativo e o subsídio dos
NOÇÕES DE DIREITO

Desembargadores do Tribunal de
Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e
cinco centési- mos por cento do subsídio
mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal, no âmbito do Poder
Judiciário, aplicável este limite aos membros
do Ministério Público, aos Procura-
dores e aos Defensores Públicos;

Com relação ao teto do funcionalismo


Vale destacar que o dispositivo previu duas hipóte- ou efeito cascata, ou seja, veda-se que a mesma van-
ses de subtetos: o teto único e o teto por Poder. O tagem seja repetidamente computada para o cálculo
teto único tem, como base, a fixação de um valor 66 das demais vantagens. A finalidade do dispositivo é
máximo estabelecido para fins remuneratórios.
Já o teto por Poderes faz com que cada ente político
adote um subteto próprio para a fixação dos subsídios.

 O Executivo tem, como subteto, os subsídios do


Governador.
 O Legislativo tem, como subteto, os subsídios dos
deputados estaduais, que, por sua vez, não poderão
exceder 75% dos subsídios dos deputados federais.
 O Judiciário tem como subteto os subsídios dos
Desembargadores do Tribunal de Justiça ( limitado a o
valor de 90,25% dos subsídios do Supremo
Tribu- nal Federal). Ressalva-se que esse subteto se
aplica tão somente aos seus servidores e, não, aos
mem- bros da Magistratura, pois a estes é
aplicado o teto do Supremo Tribunal Federal.
 Aos membros do Ministério Público, Procuradores
e Defensores o subsídio dos servidores do
Judiciário.

XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legis-


lativo e do Poder Judiciário não poderão ser
superiores aos pagos pelo Poder Executivo;

A isonomia dos vencimentos dos servidores dos


três Poderes está disciplinada no inciso XII. É impor-
tante o texto da Súmula Vinculante nº 37, do STF:

Súmula Vinculante nº 37 Não cabe ao Poder Judi-


ciário, que não tem função legislativa, aumentar
vencimentos de servidores públicos sob
fundamen- to de isonomia.

Art. 37 [...]
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação
de quaisquer espécies remuneratórias para o
efeito de remuneração de pessoal do serviço
público;

A vedação à vinculação e à equiparação de


remunerações encontra-se prevista no inciso XIII.
Sobre isso, vejamos o texto da Súmula nº 681:

Súmula nº 681 (STF) É inconstitucional a vincula-


ção do reajuste de vencimentos de servidores esta-
duais ou municipais a índices federais de correção
monetária.

Atenção! Há duas exceções à regra de não


vincu- lação, quais sejam:

 A equiparação de vencimentos e vantagens entre


os Ministros do TCU e do STJ (§ 3º, do art. 73, da
CF);
 A vinculação entre o subsídio dos Ministros dos
Tri- bunais Superiores e o subsídio mensal fixado
para os Ministros do STF (Inciso V, do art. 93, da
CF).

Art. 37 [...]
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por
servidor público não serão computados nem
acumulados para fins de concessão de acréscimos
ulteriores;

O inciso XIV trata da vedação ao efeito-repicão


evitar que, na base de cálculo de uma vantagem
remu- neratória, seja acrescida outra vantagem. Por
exem- plo: se o servidor faz jus e recebe um
adicional por tempo de serviço, não é possível
inseri-lo na base de cálculo para a concessão de
outra gratificação, como, por exemplo, uma
gratificação de produtividade.

XV - o subsídio e os vencimentos dos


ocupantes de cargos e empregos públicos são
irredutíveis, res- salvado o disposto nos incisos
XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II,
153, III, e 153, § 2º, I;

A irredutibilidade dos subsídios e dos


venci- mentos dos ocupantes de cargos, funções e
empregos públicos encontra-se estabelecida no inciso
XV. Trata-
-se da impossibilidade de redução do valor
nominal, ou seja, se a remuneração é de R$
5.000,00, não pode- rá reduzi-lo para valor inferior.
No entanto, é possível que ocorra a redução real,
ou seja, que o poder aquisi- tivo desse valor seja
atingido pela inflação.

XVI - é vedada a acumulação remunerada de


cargos públicos, exceto, quando houver
compa- tibilidade de horários, observado em
qualquer caso o disposto no inciso XI:
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técni-
co ou científico;
c)a de dois cargos ou empregos privativos de pro-
fissionais de saúde, com profissões regulamentadas;

O inciso XVI trata da vedação de acumulação


de cargos. Como regra, é vedada a acumulação
remu- nerada de cargos públicos. No entanto, é
possível a acumulação se houver compatibilidade
de horários entre os cargos e somente em três
hipóteses.
A primeira refere-se ao magistério e traz a pos-
sibilidade de acumular dois cargos de
professor (ex.: cargo de professor da rede
municipal no perío- do matutino e cargo de
professor da rede estadual no período noturno).
A segunda hipótese é a acumulação de um cargo
de professor com outro técnico ou científico
(ex.: cargo técnico em enfermagem em hospital
estadual com carga horária compatível com cargo de
professor de ensino médio estadual).
Por fim, é possível a acumulação de dois
cargos privativos de profissionais da saúde, com
profissões regulamentadas (ex.: cargo de dentista,
em um muni- cípio, durante o período matutino
com outro cargo de dentista, em outro município,
no período vespertino).

Em síntese: Importante!
Cargos burocráticos não são considerados como técnicos. Para ser
 Regra: Não acumulação de cargos públicos
remunerados;
 Exceção: Acumulação de cargos públicos remune- condições a todos os concorrentes, com cláusulas
rados, quando há compatibilidade de horários e que esta- beleçam obrigações de pagamento, mantidas
nas seguintes hipóteses: as

 Dois cargos de professor;


 Um cargo de professor com outro técnico ou
científico;
 Dois cargos privativos de profissionais de
saú- de, com profissões regulamentadas.

XVII- a proibição de acumular estende-se a


empre- gos e funções e abrange autarquias,
fundações, empresas públicas, sociedades de
economia mis- ta, suas subsidiárias, e sociedades
controladas, direta ou indiretamente, pelo poder
público;

O inciso XVII estende a regra da não acumulação


para a Administração Indireta. Portanto, a proibição
aplica-se às autarquias, fundações, empresas
públicas e sociedades de economia mista, bem como
às suas subsidiárias, além das sociedades controladas
direta ou indiretamente pelo poder público.

XVIII - a administração fazendária e seus servi-


dores fiscais terão, dentro de suas áreas de com-
petência e jurisdição, precedência sobre os demais
setores administrativos, na forma da lei;

O inciso XVIII trata da precedência da Administra-


ção Fazendária e seus servidores fiscais aos demais
setores administrativos. Isso significa dizer que, den-
tro da estrutura da Administração Pública, esta
deverá dar prioridade para os serviços atinentes à
arrecada- ção dos tributos, por se tratarem dos
recursos essen- ciais ao seu funcionamento.

XIX - somente por lei específica poderá ser


criada autarquia e autorizada a instituição de
empre- sa pública, de sociedade de economia
mista e de fundação, cabendo à lei
complementar, neste último caso, definir as áreas
de sua atuação;

Para que uma autarquia seja criada, faz-se neces-


sária a autorização legislativa (lei específica), de modo
a adquirir a personalidade jurídica com a própria lei.
Em contrapartida, é preciso lei que autorize a criação
das empresas públicas, sociedades de economia
mista e fundações, devendo, posteriormente, serem
regis- tradas, a fim de adquirirem a personalidade
jurídica. Ressalta-se, por fim, que para as fundações,
uma lei complementar deve definir as áreas de sua
atuação.

XX - depende de autorização legislativa, em


cada caso, a criação de subsidiárias das enti-
dades mencionadas no inciso anterior, assim
como a participação de qualquer delas em
empresa privada;

Assim como no inciso anterior, também depende


de autorização legislativa a criação de subsidiárias
da Administração indireta, assim como a
participação de qualquer delas em empresa privada.

XXI - ressalvados os casos especificados na legisla-


ção, as obras, serviços, compras e alienações
serão contratados mediante processo de
licitação pública que assegure igualdade de
condições efetivas da proposta, nos termos a autoridade sofrer as punições em conformi- dade
da lei, o qual somente permitirá as com a norma infraconstitucional. Além disso, o
exigências de qualifica- ção técnica e prazo de validade do concurso também implica em
econômica indispensáveis à garantia do nuli- dade da nomeação e responsabilidade do agente.
cumprimento das obrigações.
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação
Outra regra contida na Constituição Federal é do usuário na administração pública direta e
a exi- gência de licitação pública para indireta, regulando especialmente:
contratação de obras, serviços, compras e I - as reclamações relativas à prestação dos
alienações, ressalvados os casos de dispensa e serviços públicos em geral, asseguradas a
inexigibilidade previstos em lei. Vale frisar, manutenção de servi- ços de atendimento ao usuário
aqui, que é assegurada a todos a igualdade de e a avaliação periódica,
condições, com cláusulas que estabeleçam externa e interna, da qualidade dos serviços; 67
obrigações de pagamento, mantidas as
condições efetivas da pro- posta, nos termos da
lei, a qual somente permitirá as exigências de
qualificação técnica e econômica indis-
pensáveis à garantia do cumprimento das
obrigações.

XXII - as administrações tributárias da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, atividades essenciais ao
funcionamento do Estado, exercidas por
servidores de carreiras específicas, terão
recursos prioritários para a realização de
suas atividades e atuarão de forma
integrada, inclusive com o
compartilhamento de cadastros e de
informações fiscais, na forma da lei ou
convênio.

O inciso XXII traz mais uma regra de


prioridade da parte fiscal e de arrecadação.
Assim, a Administração tributária de qualquer
dos entes da federação possui recurso prioritário
para a realização de suas atividades.

§ 1º A publicidade dos atos, programas,


obras, serviços e campanhas dos órgãos
públicos deverá ter caráter educativo,
informativo ou de orien- tação social, dela
não podendo constar nomes, símbolos ou
imagens que caracterizem promoção pessoal
de autoridades ou servidores públicos.

O § 1º trata das regras de publicidade dos


atos, programas, obras, serviços e campanhas
dos órgãos públicos. Esse dispositivo é
consequência direta do princípio da
impessoalidade, pois tal publicidade deve ser de
caráter informativo, educativo ou de orienta-
ção social, ou seja, a propaganda pública não
pode ser meio para promoção pessoal. É por
esse motivo que não é permitido ao Governador
ou ao Prefeito, por exemplo, continuar a utilizar
o slogan de campanha após ser eleito, uma vez
que vincularia aquela ativi- dade pública a sua
pessoa.

§ 2º A não observância do disposto nos


incisos II e III implicará a nulidade do ato e
a punição da autoridade responsável, nos
termos da lei.

O § 2º traz a responsabilidade do agente


público pela não observância da regra de que,
para contratação de pessoal, o concurso público
DE DIREITO

é indispensável. Conse- quentemente, se houver


ingresso de pessoal sem o devi- do processo de
seleção, haverá nulidade da nomeação, devendo
NO
II - o acesso dos usuários a registros administrati- nexo causal da atividade do agente e o dano de
vos e a informações sobre atos de governo, obser- terceiro.
vado o disposto no art. 5º, X e XXXIII; Cumpre mencionar, por necessário, que é pos-
III - a disciplina da representação contra o exercí- sível ao Estado ingressar com ação regressiva para
cio negligente ou abusivo de cargo, emprego ou fun- 68 cobrar do agente o valor que pagou a esse terceiro. No
ção na administração pública.

O § 3º remete à preocupação do legislador para


que haja um controle social, de modo a estabelecer
meios para que qualquer pessoa comunique as
irregularida- des ou ilegalidades praticadas pelos
agentes públicos. Trata-se, portanto, da possibilidade
de controle para evitar os atos de improbidade
administrativa, ou seja, de condutas ilegais,
desonestas, abusivas e incorretas.

§ 4º Os atos de improbidade administrativa


importarão a suspensão dos direitos políticos,
a perda da função pública, a indisponibilidade
dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma
e gradação previstas em lei, sem prejuízo da
ação penal cabível.

De acordo com o § 4º, as penalidades para os


atos de improbidade são as seguintes: suspensão
dos direitos políticos; perda de função pública;
indispo- nibilidade dos bens e ressarcimento ao
erário, sem prejuízo da ação penal cabível, ou seja,
aplica-se a penalidade administrativa
cumulativamente com a sanção penal (se o fato
constituir crime).
Para memorizar os atos de improbidade adminis-
trativa, memorize o mnemônico PARIS:

Perda de função pública;


Ação penal cabível (sem prejuízo);
Ressarcimento ao erário;
Indisponibilidade de bens;
Suspensão dos direitos políticos.

§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição


para ilícitos praticados por qualquer agente,
servidor ou não, que causem prejuízos ao erário,
ressalvadas as respectivas ações de
ressarcimento.
Nos termos do § 5º, os prazos prescricionais e as
ações de ressarcimento serão disciplinadas em lei.
Vale lembrar que a lei que disciplina as regras apli-
cáveis aos agentes públicos nos casos de
improbidade administrativa é a Lei nº 8.429, de
1992.
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e
as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o respon-
sável nos casos de dolo ou culpa.

O § 6º trata da responsabilidade civil objetiva


do Estado, o que significa que o Estado é responsável
civilmente pelos atos praticados por seus agentes ou
pelos prestadores de serviço público de forma obje-
tiva, isto é, independentemente de culpa. Trata-se da
chamada Teoria do Risco Administrativo.
Portanto, o Estado é responsável quando um de
seus
agentes, no desempenho da função, gera dano a um ter-
ceiro, independentemente da comprovação de dolo
ou culpa, sendo necessário, apenas, demonstrar o
entanto, ao contrário do que ocorre com o Estado, a § 10 É vedada a percepção simultânea de pro-
responsabilidade do agente é subjetiva, ou seja, ventos de aposentadoria decorrentes do art.
para que ele seja responsabilizado civilmente, é 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de
preciso demonstrar que houve dolo ou culpa.
Entende-se por pessoa jurídica de direito
privado prestadora de serviços públicos as
empresas públicas, sociedades de economia mista e
as concessionárias e permissionárias, isto é,
aquelas empresas seleciona- das por procedimento
licitatório para desempenhar serviço público. Por
exemplo: serviço de transporte público urbano.

§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as


restri- ções ao ocupante de cargo ou emprego da
adminis- tração direta e indireta que possibilite o
acesso a informações privilegiadas.

O § 7º pressupõe a existência de regras éticas de


conduta das autoridades da Administração Pública,
de modo a tentar minimizar a possibilidade de con-
flito entre o interesse privado e o dever funcional.
Ainda, objetiva-se a criação de mecanismos, a fim
de regulamentar o acesso às informações.

§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e


financeira dos órgãos e entidades da admi-
nistração direta e indireta poderá ser
amplia- da mediante contrato, a ser
firmado entre seus administradores e o poder
público, que tenha por objeto a fixação de metas
de desempenho para o órgão ou entidade,
cabendo à lei dispor sobre:
I - o prazo de duração do contrato;
II- os controles e critérios de avaliação de
desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade
dos dirigentes; III - a remuneração do pessoal.

O § 8º busca alcançar melhores resultados na


Administração Pública por meio da criação de
novos instrumentos no âmbito do Direito Público,
de modo a conferir maior autonomia ou estabelecer
parcerias com entidades privadas sem fins
lucrativos. Dessas medidas, atente-se para o
contrato de gestão.
Entende-se por contrato de gestão o contrato
admi- nistrativo firmado pelo Poder Público na
condição de contratante e entidade privada ou da
Administração Indireta, no qual é
instrumentalizada parceria.

§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empre-


sas públicas e às sociedades de economia mis-
ta, e suas subsidiárias, que receberem recursos
da União, dos Estados, do Distrito Federal ou
dos Municípios para pagamento de despesas
de pes- soal ou de custeio em geral.

As regras com relação ao teto e subteto da


remu- neração são estendidas aos empregados das
empresas públicas e sociedades de economia mista,
bem como às suas subsidiárias. No entanto,
conforme o dispos- to no § 9º, incidirá sobre as
remunerações de direto- res de empresas estatais
que receberem recursos dos entes da federação
para pagamento de despesas de pessoal ou de
custeio em geral, como, por exemplo, nos casos da
EMBRAPA e da Radiobras.
O modo pelo qual a Lei Complementar nº 101, de
2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), denomina as
empresas públicas e sociedades de economia mista
encaixa-se como “empresa estatal dependente”,
expressão disposta no § 9º.
cargo, emprego ou função pública, ressalvados desembargadores do Tribunal de Justiça, ficando de fora
os cargos acumuláveis na forma desta Constitui- desse subteto apenas o subsídio dos deputados estaduais e
ção, os cargos eletivos e os cargos em distritais e os vereadores.
comissão declarados em lei de livre nomeação e
exoneração.

O § 10 veda a percepção simultânea de proventos


de aposentadoria com remuneração de cargo, empre-
go ou função pública, ressalvada a hipótese de
cargos acumuláveis, na forma da Constituição,
cargos eleti- vos e cargos em comissão. Esse
dispositivo foi acres- centado pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998, que também
resguardou o direito daqueles servidores
aposentados que, até a data da promulgação da
Emen- da, retornaram à atividade antes da proibição.

Importante!
A proibição aplica-se aos servidores públicos efetivos e aos militares, tanto das Forças Arma- das como das Polícias Militares e

Vejamos a repercussão geral reconhecida com


mérito julgado pelo STF:

Há remansosa jurisprudência desta Corte nesse sen-


tido, afirmando a impossibilidade da acumulação
tríplice de cargos públicos, ainda que os
provimen- tos nestes tenham ocorrido antes da
vigência da EC 20/1998. [...] o art. 11 da EC
20/1998 possibilita a acu- mulação, apenas, de um
provento de aposentadoria com a remuneração de
um cargo na ativa, no qual se tenha ingressado
por concurso público antes da edição da referida
emenda, ainda que inacumuláveis os cargos. Em
qualquer hipótese, é vedada a acumu- lação tríplice
de remunerações, sejam proventos, sejam
vencimentos. (ARE 848.993 RG)

Art. 37 [...]
§ 11 Não serão computadas, para efeito dos
limi- tes remuneratórios de que trata o inciso XI
do caput deste artigo, as parcelas de caráter
inde- nizatório previstas em lei.

O § 11 traz uma regra com relação ao teto e


subte- to do funcionalismo público. Trata-se do não
cômputo no limite remuneratório das verbas
indenizatórias, tais como diárias, ajuda de custo,
entre outras.

Art. 37 [...]
§ 12 Para os fins do disposto no inciso XI do caput
deste artigo, fica facultado aos Estados e ao
Distri- to Federal fixar, em seu âmbito, mediante
emenda às respectivas Constituições e Lei
Orgânica, como limite único, o subsídio mensal
dos Desembarga- dores do respectivo Tribunal
de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e
cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos
Ministros do Supre- mo Tribunal Federal, não se
aplicando o disposto neste parágrafo aos
subsídios dos Deputados Estaduais e
Distritais e dos Vereadores.

O dispositivo regulamenta a possibilidade de


fixa- ção do subteto de forma única. Nesse caso, o
valor máximo da remuneração para todo e qualquer
servi- dor corresponderá ao subsídio dos
Art. 37 [...] públi- ca, individual ou conjuntamente, devem
§ 13 O servidor público titular de cargo realizar avaliação das políticas públicas,
efetivo poderá ser readaptado para inclusive com divulgação do objeto a ser avaliado
exercício de cargo cujas atribuições e e dos resulta- dos alcançados, na forma da lei.
responsabilidades sejam com- patíveis com a
limitação que tenha sofrido em sua O § 16 foi acrescido pela Emenda Constitucional nº
capacidade física ou mental, enquanto 109, de 2021, e tem como objetivo aprimorar o
permanecer nesta condição, desde que meca- nismo de participação da sociedade na
possua a habilitação e o nível de Administração
escolaridade exigidos para o cargo de Pública. 69
destino, mantida a remuneração do cargo de
origem.

O § 13 trata da possibilidade de readaptação


do servidor público. A readaptação é o
provimento deri- vado que consiste na investidura
do servidor em cargo de atribuições e
responsabilidades compatíveis com a
limitação que tenha sofrido em sua
capacidade física ou mental verificada em
inspeção médica.
Deste modo, o servidor será efetivado em
cargo com atribuições semelhantes,
respeitando-se a habili- tação exigida, assim
como o nível de escolaridade e a equivalência
de vencimentos.
No caso de inexistir cargo vago, o servidor
exer- cerá suas atribuições como excedente,
permanecen- do nessa situação até a ocorrência
de vaga no cargo compatível.

Art. 37 [...]
§ 14 A aposentadoria concedida com a
utiliza- ção de tempo de contribuição
decorrente de cargo, emprego ou função
pública, inclusive do Regime Geral de
Previdência Social, acarretará o
rompimento do vínculo que gerou o
referido tempo de contribuição.

O § 14 disciplina o rompimento do vínculo


quan- do o agente público solicita aposentadoria
e utiliza-se do tempo de contribuição decorrente
daquele cargo, emprego ou função pública.
Assim, o servidor será desligado da
Administração Pública.
Neste sentido, o agente público que pretende
se apo- sentar não poderá mais continuar a
trabalhar no local em que utilizou o tempo para
comprovação de contribuição.

Art. 37 [...]
§ 15 É vedada a complementação de
aposenta- dorias de servidores públicos
e de pensões por morte a seus dependentes
que não seja decorrente do disposto nos §§ 14
a 16 do art. 40 ou que não seja prevista em
lei que extinga regime próprio de previdência
social.

O § 15 proíbe toda espécie de


complementação que não seja aquela decorrente
de Regime de Previdência Complementar, como,
por exemplo, as complementa- ções com base na
Lei Estadual (São Paulo) nº 200, de 1974, pagas a
ÕES DE DIREITO

ex-empregados e a seus dependentes da Nossa


Caixa, BANESPA, SABESP, VASP e FEPASA.

Art. 37 [...]
§ 16 Os órgãos e entidades da administração
Art. 38 Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua
remuneração;
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo,
emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a
norma do inciso anterior;
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será conta-
do para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previdência social, permanecerá filiado a esse regime, no ente
federativo de origem.

O art. 38 estabelece regras relativas ao servidor público da Administração direta, autárquica e fundacional
que passar a desempenhar cargo eletivo, ou seja, for eleito para o Poder Executivo ou Legislativo.

SERVIDOR PÚBLICO
Eleito para cargo federal, estadual ou distrital Eleito para os Cargos
Prefeito Vereador
 Com compatibilidade de horário:
Afastamento do cargo público e remuneração Afastamento do cargo e opção não se afasta do cargo, podendo
do cargo eletivo. entre a remuneração eletiva ou receber as duas remunerações;
do cargo.  Sem compatibilidade de horário: apli-
ca-se a mesma regra do prefeito

Para que a Administração Pública possa desempenhar suas atividades, ela necessita de pessoas que exerçam
as atribuições dos órgãos públicos, ou seja, de agentes públicos. A expressão agente público é utilizada como
gênero, designando toda e qualquer pessoa que exerça uma função pública, quer de forma remunerada
ou gratuita, quer de natureza política ou administrativa, quer com investidura definitiva ou transitória.
Os agentes públicos dividem-se em quatro categorias, quais sejam:

Agente políticos

Servidores públicos

AGENTES PÚBLICOS

Particulares em colaboração

Militares

Os agentes políticos são aqueles que exercem as típicas atividades de governo, ou seja, são responsáveis por
fixar as metas e diretrizes políticas do Estado, tais como os chefes do Poder Executivo (Presidente, Governador
e Prefeito e seus vices) e seus auxiliares diretos (Ministros e Secretários) e os membros do Poder Legislativo
(Sena- dores, Deputados Federais, Deputados Estaduais e Vereadores).
Os particulares em colaboração com o Poder Público são aqueles que prestam serviços ao Estado, porém
sem vínculo estatutário ou celetista de trabalho, podendo ou não ter remuneração. Exemplo: jurados, mesários,
notários e registradores (serviços notariais).
Os servidores públicos civis dividem-se em:

 Servidores públicos estatutários: exercem cargo público (vitalício, efetivo ou comissionado) e estão vincu-
lados a um estatuto;
 Empregados públicos: possuem emprego público e vinculam-se às regras da Consolidação das Leis do Traba-
lho (CLT);
 Servidores temporários: categoria à parte, porque não titularizam cargo público nem possuem qualquer
vínculo trabalhista regido pela CLT, como os empregados públicos. São contratados por tempo determinado
para atender à necessidade temporária de excepcional interesse público por meio de um processo de seleção
simplificado. Exercem funções públicas sem ocupar cargos ou empregos públicos e são regidos por regime
especial, veiculado por meio de lei específica.

70
gratifica- ção, adicional, abono, prêmio, verba de
EXERCÍCIO COMENTADO representa- ção ou outra espécie remuneratória,
obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e
1. (CESPE-CEBRASPE — 2010) A respeito da administra- XI.
ção pública, julgue o item subsequente.
É possível a acumulação remunerada de dois cargos
ou empregos privativos de profissionais de saúde,
com profissões regulamentadas.

( ) CERTO ( ) ERRADO

A assertiva está de acordo com que dispõe a alínea


“c”, inciso XVI, art. 37, da CF de 1988.
XVI – é vedada a acumulação remunerada de car-
gos públicos, exceto, quando houver compatibili-
dade de horários, observado em qualquer caso o
disposto no inciso XI:
c) a de dois cargos ou empregos privativos de pro-
fissionais de saúde, com profissões regulamentadas;
Resposta: Certo.

DOS SERVIDORES PÚBLICOS

Os servidores da Administração Pública direta,


das autarquias e das fundações públicas estão sujei-
tos ao regime jurídico de direito público
adminis- trativo, instituído em lei, a qual também
instituirá planos de carreira. O regime adotado é o
estatutário. Não obstante, lei assegurará aos
servidores isonomia de vencimentos para cargos de
atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder
ou entre servidores dos Poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário, exce- tuadas as vantagens
de caráter individual e as relati- vas à natureza ou ao
local de trabalho.
Vale destacar que as regras sobre os servidores
públicos estão estabelecidas nos arts. 39 a 41, da CF,
de 1988. Vejamos os dispositivos:

Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios instituirão conselho de política de admi-
nistração e remuneração de pessoal, integrado
por servidores designados pelos respectivos
Poderes.
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e
dos
demais componentes do sistema remuneratório
observará:
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a com-
plexidade dos cargos componentes de cada carreira;
II - os requisitos para a investidura;
III - as peculiaridades dos cargos.
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal man-
terão escolas de governo para a formação e
o aperfeiçoamento dos servidores públicos,
constituindo-se a participação nos cursos um
dos requisitos para a promoção na carreira,
facultada, para isso, a celebração de convênios ou
contratos entre os entes federados.
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de car-
go público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX,
XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX,
podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados
de admissão quando a natureza do cargo o exigir.
§ 4º O membro de Poder, o detentor de manda-
to eletivo, os Ministros de Estado e os Secretá-
rios Estaduais e Municipais serão remunerados
exclusivamente por subsídio fixado em
parcela única, vedado o acréscimo de qualquer
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito assegura ao servidor público civil da Administração
Federal e dos Municípios poderá estabelecer a Pública direta, autárquica e fundacional os direi-
relação entre a maior e a menor tos previstos nos incisos IV, VII, VIII, IX, XII, XIII,
remuneração dos servido- res públicos, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, art. 7º,
obedecido, em qualquer caso, o dis- posto no da CF, de 1988, e aos direitos que, nos termos da lei,
art. 37, XI.
visem à melhoria de sua condição social e da
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e
pro- dutividade e da eficiência no serviço
Judiciário publicarão anualmente os
valores do subsídio e da remuneração público, em especial o prêmio por produtividade e o
dos cargos e empregos públicos. adicional de
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito desempenho. 71
Fede- ral e dos Municípios disciplinará a
aplicação de recursos orçamentários
provenientes da economia com despesas
correntes em cada órgão, autarquia e
fundação, para aplicação no desenvol-
vimento de programas de qualidade e
produtivida- de, treinamento e
desenvolvimento, modernização,
reaparelhamento e racionalização do serviço
públi- co, inclusive sob a forma de adicional
ou prêmio de produtividade.
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organiza-
dos em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
§ 9º É vedada a incorporação de
vantagens de caráter temporário ou
vinculadas ao exercício de função de
confiança ou de cargo em comis- são à
remuneração do cargo efetivo.

No que tange ao art. 39, a primeira


observação a ser feita é que o caput foi alterado
pela Emenda Cons- titucional nº 19, de 1998. No
entanto, como sua eficá- cia se encontra
suspensa devido à decisão do STF na ADI nº
2.135-4, é a redação original que se encontra
em vigor. Vejamos:

Art. 39 A União, os Estados, o Distrito


Federal e os Municípios instituirão, no âmbito
de sua competên- cia, regime jurídico único e
planos de carreira para os servidores da
administração pública direta, das
autarquias e das fundações públicas.

A CF, de 1988, estabelece regras para a


fixação dos padrões de vencimento e dos
demais componentes do sistema remuneratório,
que deverá observar: a natureza, o grau de
responsabilidade e a comple- xidade dos
cargos que compõem cada carreira; os
requisitos para a investidura nos cargos e as
demais peculiaridades dos cargos. Tais
requisitos poderão influenciar na fixação dos
vencimentos e dependem de aprovação de lei
específica, assim como para o seu aumento,
alteração ou criação de nova vantagem
pecuniária. Por lei, também serão estabe- lecidos
os reajustes diferenciados para corrigir equí-
vocos, como no caso de servidores que
desempenham atividades semelhantes, mas
percebem valores muito diferentes. Salienta-se
que a revisão geral da remune- ração dos
servidores públicos, sem distinção de índi- ces
NOÇÕES DE DIREITO

entre civis e militares, será feita.


Com objetivo de garantir o aperfeiçoamento
do profissional, o dispositivo estabelece a
realização de cursos oficiais como requisito
obrigatório para promo- ção na carreira, sendo
facultada, para tanto, a celebra- ção de
convênios com os demais entes da federação.
Outra regra de extrema importância é a que
Atente-se aos limites de remuneração de aposentadoria de servidores cujas atividades
servidores: sejam exercidas com efetiva exposição a
agentes químicos, físicos e bio- lógicos
 Mínimo: salário-mínimo; prejudiciais à saúde, ou associação desses
 Máximo: vide XI, art. 37, da CF (EC 41/2003). agentes, vedada a caracterização por
categoria
É importante conhecer o texto da Súmula Vincu- 72 profissional ou ocupação.
lante nº 6, do STF:

Súmula Vinculante nº 6 Não viola a Constituição


o estabelecimento de remuneração inferior ao salá-
rio mínimo para as praças prestadoras de serviço
militar inicial.

Art. 40 O regime próprio de previdência social


dos servidores titulares de cargos efetivos terá cará-
ter contributivo e solidário, mediante contribuição
do respectivo ente federativo, de servidores ativos,
de aposentados e de pensionistas, observados
crité- rios que preservem o equilíbrio financeiro e
atuarial.
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de
previdência social será aposentado:
I - por incapacidade permanente para o tra-
balho, no cargo em que estiver investido, quando
insuscetível de readaptação, hipótese em que será
obrigatória a realização de avaliações periódicas
para verificação da continuidade das condições que
ensejaram a concessão da aposentadoria, na forma
de lei do respectivo ente federativo;
II - compulsoriamente, com proventos propor-
cionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta)
anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de
idade, na forma de lei complementar;
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e
dois) anos de idade, se mulher, e aos 65
(sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e, no
âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios,
na idade mínima estabelecida mediante emenda
às respectivas Constituições e Leis Orgânicas,
obser- vados o tempo de contribuição e os
demais requisitos estabelecidos em lei
complementar do respectivo ente federativo.
§ 2º Os proventos de aposentadoria não
poderão ser inferiores ao valor mínimo a que se
refere o § 2º do art. 201 ou superiores ao limite
máximo esta- belecido para o Regime Geral de
Previdência Social, observado o disposto nos §§ 14 a
16.
§ 3º As regras para cálculo de proventos de
aposentadoria serão disciplinadas em lei do res-
pectivo ente federativo.
§ 4º É vedada a adoção de requisitos ou crité-
rios diferenciados para concessão de benefícios
em regime próprio de previdência social, ressalva-
do o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º.
§ 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei comple-
mentar do respectivo ente federativo idade e
tempo de contribuição diferenciados para
aposentadoria de servidores com deficiência,
previamente sub- metidos a avaliação
biopsicossocial realizada por equipe
multiprofissional e interdisciplinar.
§ 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei
complemen- tar do respectivo ente federativo
idade e tempo de contribuição diferenciados para
aposentadoria de ocupantes do cargo de agente
penitenciário, de agen- te socioeducativo ou de
policial dos órgãos de que tra- tam o inciso IV do
caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art. 52 e
os incisos I a IV do caput do art. 144.
§ 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei comple-
mentar do respectivo ente federativo idade e
tempo de contribuição diferenciados para
§ 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade
mínima reduzida em 5 (cinco) anos em relação às
idades decorrentes da aplicação do disposto no inci- so III
do § 1º, desde que comprovem tempo de efeti- vo
exercício das funções de magistério na educação
infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei
complementar do respectivo ente federativo.
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é
vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à
conta de regime próprio de previdência social, apli-
cando-se outras vedações, regras e condições para a
acumulação de benefícios previdenciários estabele-
cidas no Regime Geral de Previdência Social.
§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quan- do se
tratar da única fonte de renda formal auferida pelo
dependente, o benefício de pensão por morte será
concedido nos termos de lei do respectivo ente federativo,
a qual tratará de forma diferenciada a hipótese de morte
dos servidores de que trata o § 4º-B decorrente de
agressão sofrida no exercício ou em razão da função.
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefí- cios
para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real,
conforme critérios estabelecidos em lei.
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual,
distrital ou municipal será contado para fins de
aposentadoria, observado o disposto nos §§ 9º e 9º A
do art. 201, e o tempo de serviço correspon- dente será
contado para fins de disponibilidade.
§ 10 A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
contagem de tempo de contribuição fictício.
§ 11 Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total
dos proventos de inatividade, inclusive quando
decorrentes da acumulação de cargos ou empregos
públicos, bem como de outras atividades sujeitas a
contribuição para o regime geral de previdência social,
e ao montante resultante da adição de pro- ventos de
inatividade com remuneração de cargo acumulável na
forma desta Constituição, cargo em comissão declarado
em lei de livre nomeação e exo- neração, e de cargo
eletivo.
§ 12 Além do disposto neste artigo, serão observa- dos,
em regime próprio de previdência social, no que
couber, os requisitos e critérios fixados para o Regime
Geral de Previdência Social.
§ 13 Aplica-se ao agente público ocupante, exclusi-
vamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração, de outro cargo tem- porário,
inclusive mandato eletivo, ou de emprego público, o
Regime Geral de Previdência Social.
§ 14 A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios instituirão, por lei de iniciativa do res-
pectivo Poder Executivo, regime de previdência
complementar para servidores públicos ocupantes de
cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios
do Regime Geral de Previdência Social para o valor das
aposentadorias e das pensões em regime próprio de
previdência social, ressalvado o disposto no § 16.
§ 15 O regime de previdência complementar de que
trata o § 14 oferecerá plano de benefícios somente na
modalidade contribuição definida, observará o disposto
no art. 202 e será efetivado por intermédio de entidade
fechada de previdência complementar ou de entidade
aberta de previdência complementar.
§ 16 Somente mediante sua prévia e expressa opção, o
disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor
que tiver ingressado no serviço público até a data da
publicação do ato de instituição do cor- respondente
regime de previdência complementar.
§ 17 Todos os valores de remuneração considera-  Maior aproximação do RGPS e RPPS;
dos para o cálculo do benefício previsto no § 3º  Modificações no abono de permanência;
serão devidamente atualizados, na forma da lei.
§ 18 Incidirá contribuição sobre os proventos de
aposentadorias e pensões concedidas pelo regime
de que trata este artigo que superem o limite
máxi- mo estabelecido para os benefícios do
regime geral de previdência social de que trata o
art. 201, com percentual igual ao estabelecido
para os servidores titulares de cargos efetivos.
§ 19 Observados critérios a serem estabelecidos em
lei do respectivo ente federativo, o servidor titular
de cargo efetivo que tenha completado as exigên-
cias para a aposentadoria voluntária e que opte
por permanecer em atividade poderá fazer jus a um
abono de permanência equivalente, no máximo, ao
valor da sua contribuição previdenciária, até com-
pletar a idade para aposentadoria compulsória.
§ 20 É vedada a existência de mais de um regime
próprio de previdência social e de mais de um órgão
ou entidade gestora desse regime em cada ente
federativo, abrangidos todos os poderes, órgãos e
entidades autárquicas e fundacionais, que serão
responsáveis pelo seu financiamento, observados
os critérios, os parâmetros e a natureza jurídica
definidos na lei complementar de que trata o § 22.
§ 21 (Revogado).
§ 22 Vedada a instituição de novos regimes pró-
prios de previdência social, lei complementar
federal estabelecerá, para os que já existam, nor-
mas gerais de organização, de funcionamento e
de responsabilidade em sua gestão, dispondo,
entre outros aspectos, sobre:
I - requisitos para sua extinção e consequente
migra- ção para o Regime Geral de Previdência
Social;
II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utili-
zação dos recursos;
III - fiscalização pela União e controle externo e
social;
IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial;
V - condições para instituição do fundo com finalidade
previdenciária de que trata o art. 249 e para
vincula- ção a ele dos recursos provenientes de
contribuições e dos bens, direitos e ativos de qualquer
natureza;
VI - mecanismos de equacionamento do deficit
atuarial;
VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do
regime, observados os princípios relacionados com
governança, controle interno e transparência;
VIII - condições e hipóteses para responsabilização
daqueles que desempenhem atribuições
relacionadas, direta ou indiretamente, com a gestão
do regime;
IX - condições para adesão a consórcio público;
X - parâmetros para apuração da base de cálculo
e definição de alíquota de contribuições
ordinárias e extraordinárias.

O art. 40, da CF, de 1988, regulamenta o Regime


Previdenciário Próprio de Previdência Social. Em
síntese, o sistema previdenciário do servidor públi-
co foi alterado com a EC nº 103, de 2019, da seguinte
forma:

 Desconstitucionalização das regras de


previdência, de modo que vários regramentos
sobre aposenta- doria e pensão passaram a ser de
competência de lei infraconstitucional;
 Nova mudança no cálculo da pensão;
 Previsão de readaptação antes de (Segurança Públi- ca) e policiais da Câmara e do
aposentadoria por incapacidade Senado Federal;
permanente;  Atividades que prejudiquem à saúde (aquelas
 Inclusão dos agentes políticos ocupantes de exercidas com efetiva exposição a agentes
man- dato eletivo nas regras do RGPS; quí- micos, físicos e biológicos prejudiciais à
 Exclusão da aposentadoria apenas por saúde,
tempo de contribuição; ou associação desses agentes). 73
 Regras especiais para carreiras policiais
previstas na CF.
No que tange à aposentadoria, suas modalidades são:

 Voluntária: quando se dá por livre e


espontânea vontade desde que cumpridos os
requisitos dispos- tos a seguir:

HOMEM MULHER
IDADE 65 anos 62 anos
TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO 25 anos 25 anos
TEMPO NO SERVIÇO
10 anos 10 anos
PÚBLICO
TEMPO NA CARREIRA 5 anos 5 anos

No caso dos professores dos ensinos infantil,


fun- damental e médio, conta-se com a redução
de 5 anos do requisito etário, ou seja, 60 anos
para os homens e 57 anos para as mulheres.
Atenção! Essa regra não se aplica aos
professores do ensino superior.
Vejamos o texto da Súmula nº 726, do STF:

Súmula nº 726 Para efeito de aposentadoria


espe- cial de professores, não se computa o
tempo de ser- viço prestado fora da sala de
aula.

 Involuntária: quando se dá
independentemente da vontade do servidor,
em virtude de:

 Incapacidade permanente, sendo


necessário que se proceda a readaptação
do servidor antes do procedimento para a
aposentadoria;
 Adimplemento de idade limite
(aposentadoria compulsória aos 70 ou
aos 75 anos de idade, na forma da Lei
Complementar nº 152/2015).

A CF estabelece, ainda, o direito de utilizar,


para fins de aposentadoria, o tempo de serviço
desempe- nhado em outro ente da Federação ou
na iniciativa privada. Por exemplo: uma pessoa
que trabalhou 8 (oito) anos em uma empresa
antes de ser aprovada em concurso público
estadual pode considerar esse tempo no cálculo
final do tempo de serviço.
NOÇÕES DE DIREITO

 Regra: Veda-se a aposentadoria especial;


 Exceção: vide §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º, art. 40. Em
síntese:

 Servidores com deficiência;


 Agente penitenciário;
 Agente socioeducativo;
 Policial das carreiras do art. 144
Art. 41 São estáveis após três anos de efetivo extinto, ele será reintegrado ao serviço público, porém
exercício os servidores nomeados para cargo de ficará em dis- ponibilidade remunerada até seu
provimento efetivo em virtude de concurso adequado aprovei- tamento em outro cargo. Já no caso
público. de o cargo provido
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: 74 ter sido ocupado por outro servidor, o ocupante será
I - em virtude de sentença judicial transitada
em julgado;
II - mediante processo administrativo em que
lhe seja assegurada ampla defesa;
III - mediante procedimento de avaliação perió-
dica de desempenho, na forma de lei
complemen-
tar, assegurada ampla defesa.
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demis-
são do servidor estável, será ele reintegrado, e
o eventual ocupante da vaga, se estável,
reconduzi- do ao cargo de origem, sem direito a
indenização, aproveitado em outro cargo ou posto
em disponi- bilidade com remuneração
proporcional ao tempo de serviço.
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desne-
cessidade, o servidor estável ficará em disponi-
bilidade, com remuneração proporcional ao
tempo de serviço, até seu adequado aproveita-
mento em outro cargo.
§ 4º Como condição para a aquisição da esta-
bilidade, é obrigatória a avaliação especial de
desempenho por comissão instituída para essa
finalidade.

Por fim, o art. 41, da CF, de 1988, trata da


estabi- lidade, que prevê a regra de que a
estabilidade é adquirida após três anos de
efetivo exercício. Tra- ta-se de uma garantia
constitucional de permanência no serviço público
outorgada ao servidor aprovado em concurso público
e nomeado a cargo de provimen- to efetivo, que
tenha transposto o período de está- gio probatório
e aprovado na avaliação especial de desempenho.
Uma vez efetivo, o servidor só perderá o cargo em
três hipóteses: sentença judicial transi- tada em
julgado; processo administrativo e procedi- mento
de avaliação periódica de desempenho.
Explicando melhor, para a contratação de pessoal
na Administração Pública, é realizado concurso públi-
co para preenchimento de cargos públicos. Com
isso, a pessoa que foi aprovada dentro do número de
vagas previstas no certame tem o direito de ser
nomeada para o cargo público. Com a nomeação,
essa pessoa assina o termo de posse e pode, a partir
de então, exer- cer efetivamente o cargo público.
Nos primeiros três anos de exercício, esse servidor
passa por um período de avaliação. Trata-se do
estágio probatório, ou seja, um período em que será
analisado seu desempenho funcional. Completados
três anos de serviço público e aprovado no estágio
probatório, o servidor adquire a denominada
estabilidade.
O dispositivo estabelece, ainda, a possibilidade de
reintegração, ou seja, o retorno, por meio de decisão
judicial, do servidor público ilegalmente desligado
ao cargo de origem ou ao cargo resultante de sua
transformação. Salienta-se que ele fará jus ao
rece- bimento de todas as vantagens que teria
auferido no período em que ficou desligado,
inclusive das promo- ções por antiguidade que teria
conquistado.
É possível, também, que decisão administrativa
invalide a demissão. No caso de o cargo
anteriormen- te ocupado pelo servidor ter sido
reconduzido ao cargo de origem, sem direito à viduais e coletivos, direitos sociais, Poder Executi-
inde- nização, ou aproveitado em outro cargo, ou, vo, segurança pública e ordem social, julgue o item
ainda, posto em disponibilidade enquanto o subsequente.
servidor reinte- grado voltará a exercer o seu cargo.
Considere que o sindicato XYZ pretenda ingressar judi-
cialmente em defesa de determinado interesse indivi-
dual da categoria profissional que representa. Nessa
situação, o sindicato está autorizado a ingressar com
EXERCÍCIO COMENTADO
1. (CESPE-CEBRASPE – 2010) A respeito da
administra- ção pública, julgue o item subsequente.
Ao servidor que ocupe exclusivamente cargo em
comissão será aplicado o regime geral de
previdência social.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Vejamos a afirmativa do enunciado: conforme o


art. 40, da CF, ao servidor ocupante,
exclusivamente, de cargo em comissão declarado
em lei de livre nomea- ção e exoneração bem
como de outro cargo tem- porário ou de emprego
público, aplica-se o regime geral de previdência
social. Resposta: Certo.

HORA DE PRATICAR!
1. (CESPE-CEBRASPE – 2021) A respeito dos direitos e
deveres individuais e coletivos previstos na
Constitui- ção Federal de 1988 (CF), julgue o item a
seguir.
A CF, ao garantir a liberdade de expressão, vedou o
anonimato, prestigiando o direito de resposta e
even- tual pleito judicial por indenização em relação
a dano material, moral ou à imagem.

( ) CERTO ( ) ERRADO

2. (CESPE-CEBRASPE – 2021) No que diz respeito aos


direitos e às garantias fundamentais, bem como
aos direitos do servidor público, assegurados na
Constitui- ção Federal de 1988, julgue o item a
seguir.
Os direitos sociais assegurados aos trabalhadores
incluem a participação nos lucros, ou resultados,
des- vinculada da remuneração, e,
excepcionalmente, a participação na gestão da
empresa, conforme defini- do em lei.

( ) CERTO ( ) ERRADO

3. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Acerca dos direitos


sociais, da nacionalidade e dos direitos políticos,
jul- gue o item seguinte.
A segurança é um direito social assegurado
expressa- mente na CF.

( ) CERTO ( ) ERRADO

4. (CESPE-CEBRASPE – 2021) À luz das disposições


constitucionais relativas aos direitos e deveres indi-
a referida ação, uma vez que a ele cabe tanto a defe- à escusa de consciência sobre o dever de votar para os
sa dos interesses individuais quanto a dos interesses maiores de 18 anos de idade e para os menores de 70
coletivos de sua categoria. anos de idade.

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO

5. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Com base na Constitui-


ção Federal de 1988 (CF), julgue o item a seguir.
Os nascidos no estrangeiro que sejam filhos de pai e
mãe brasileiros somente serão considerados brasilei-
ros natos se tanto seu pai quanto sua mãe estiverem,
ambos, a serviço da República Federativa do Brasil.

( ) CERTO ( ) ERRADO

6. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Com relação ao rol de


direitos fundamentais previsto na CF e a aspectos
relativos à sua correspondente efetivação, julgue o
seguinte item.
Pessoa filha de pai brasileiro nascida em pais estran-
geiro detém o direito à aquisição de nacionalidade
brasileira originária a partir do registro em consulado
ou embaixada brasileira, desde que venha a residir no
Brasil.

( ) CERTO ( ) ERRADO

7. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Acerca de direitos e


garantias fundamentais, julgue o item a seguir.
Brasileiro naturalizado pode ocupar o cargo de presi-
dente da Câmara dos Deputados.

( ) CERTO ( ) ERRADO

8. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Acerca de direitos funda-


mentais, garantias e remédios constitucionais, julgue
o item a seguir.
As hipóteses de perda da nacionalidade brasileira pre-
vistas na Constituição Federal de 1988 têm natureza
taxativa, de modo que nem mesmo convenções ou
tratados internacionais podem ampliá-las.

( ) CERTO ( ) ERRADO

9. (CESPE-CEBRASPE – 2021) A respeito dos princípios


fundamentais, de emenda constitucional, do direito ao
sigilo e da organização político-administrativa do Esta-
do, julgue o item subsequente.
Consoante dispositivo constitucional, compete ao STF
o processamento de julgamento de descumprimento
de tratado de extradição, por ser matéria que ofende
a soberania externa.

( ) CERTO ( ) ERRADO

10. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Acerca de direitos funda-


mentais, garantias e remédios constitucionais, julgue
o item a seguir.
A Constituição Federal de 1988 não garante o direito
11. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca dos direitos item a seguir.
e das garantias fundamentais previstos na A insuficiência de desempenho de servidor público
Constituição Federal de 1988, julgue o item a aprovado em concurso público atestada por avalia-
seguir. ção periódica não é suficiente para ensejar a perda da
estabilidade.
Situação hipotética: Carlos requereu o registro
de sua candidatura para concorrer ao cargo de ( ) CERTO ( ) ERRADO
prefeito de município criado por
desmembramento territorial de município cujo 17. (CESPE-CEBRASPE – 2021) A respeito da aplicabilida- de
Poder Executivo é chefiado pelo seu irmão. das normas constitucionais, da interpretação das
Assertiva: Nesse caso, Carlos, por ser irmão do normas constitucionais e do poder constituinte, julgue
prefei- to do município-mãe, é inelegível. o seguinte item. 75

( ) CERTO ( ) ERRADO

12. (CESPE-CEBRASPE – 2019) À luz da Constituição


Federal de 1988, julgue o item a seguir.
Autor de ato de improbidade administrativa
estará sujeito à cassação dos seus direitos
políticos.

( ) CERTO ( ) ERRADO

13. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Acerca do


tratamen- to conferido pela Constituição
Federal de 1988 (CF) à administração pública
direta e indireta e aos seus agentes, julgue o
item a seguir.
A publicidade dos atos praticados pelo agente
público, no exercício de suas atribuições, para fins
de promoção individual é vedada pela CF, em razão
da natureza insti- tucional da atuação
administrativa do agente público.

( ) CERTO ( ) ERRADO

14. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Acerca do


tratamen- to conferido pela Constituição
Federal de 1988 (CF) à administração pública
direta e indireta e aos seus agentes, julgue o
item a seguir.
A CF exige lei especifica para a criação de subsidiária
de sociedade de economia mista.

( ) CERTO ( ) ERRADO

15. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Acerca do


tratamen- to conferido pela Constituição
Federal de 1988 (CF) à administração pública
direta e indireta e aos seus agentes, julgue o
item a seguir.
Conforme entendimento do Supremo Tribunal
Federal, a omissão de pessoa jurídica de direito
privado pres- tadora de serviços públicos enseja a
incidência da res- ponsabilidade civil objetiva.

( ) CERTO ( ) ERRADO

16. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Acerca do


tratamen- to conferido pela Constituição
DE DIREITO

Federal de 1988 (CF) à administração pública


direta e indireta e aos seus agentes, julgue o
NOÇ
Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Fede-
17 CERTO
ral, a norma constitucional que reconhece o direito de
greve do servidor público é dotada de eficácia limitada. 18 CERTO

( ) CERTO ( ) ERRADO 19 ERRADO

20 CERTO
18. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Acerca de controle exter- no
e legislação institucional, julgue o item seguinte. A
despeito de a Emenda Constitucional n.º 88/2015
ter estendido em cinco anos o limite para aposentado-
ria compulsória, o limite de idade para a investidura ANOTAÇÕES
no cargo de ministro do Tribunal de Contas da União
e no cargo de conselheiro dos demais tribunais de
contas permanece o mesmo.

( ) CERTO ( ) ERRADO

19. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Com relação a déficit


público, reforma administrativa, reforma previdenciá-
ria, responsabilidade fiscal, regra de ouro e
ordenação de despesa, julgue o item a seguir.
Com a reforma administrativa ocorrida em 1998, os
servidores públicos passaram a adquirir a estabilidade
a partir da posse no cargo público.

( ) CERTO ( ) ERRADO

20. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Considerando a juris-


prudência dos tribunais superiores e a legislação
de regência, julgue os itens seguintes, referentes ao
Conselho de República, ao princípio da separação
dos poderes e ao Poder Judiciário.
A justiça comum estadual é competente para julgar
abusividade de greve de servidores públicos celetistas
da Procuradoria-Geral do Estado de Pernambuco.

( ) CERTO ( ) ERRADO

 GABARITO

1 CERTO
2 CERTO

3 CERTO
4 CERTO

5 ERRADO
6 ERRADO
7 ERRADO

8 CERTO
9 ERRADO

10 ERRADO
11 CERTO

12 ERRADO
13 CERTO

14 ERRADO
15 CERTO
16 ERRADO
76
O poder legislativo tem o poder de fazer emendas,
alterar e revogar leis; já o poder executivo, função de
administrar o Estado; por fim, o poder judiciário é que

1 SILVA, op. cit, p. 665.

NOÇÕES DE
DIREITO
ADMINISTRATIVO

CONCEITOS E ELEMENTOS

A origem de um Estado pode se dar de forma


natural, religiosa (Estado criado por Deus), pela for-
ça e domínio dos mais fortes sobre os mais fracos,
pelo agrupamento de famílias, de forma contratual,
de forma derivada: por união, quando dois estados
soberanos se unem formando um só novo estado ou
fracionamento, quando um estado se divide em dois
novos estados independentes, ou de forma atípica, a
exemplo do Vaticano e de Israel.
Estado é definido como o ente que exerce seu
poder soberano e originário sobre os seus membros,
situados dentro de um espaço limitado e específico.
Trata-se de pessoa jurídica de direito público, o que
significa dizer que apresenta prerrogativas e
deveres (múnus públi- co) inerentes à sua
natureza. Inegável que o Estado é um ente com
uma natureza política, e surge ante a necessidade
de haver um governo capaz de exercer sua
soberania em grandes territórios e sobre um gran- de
grupo de pessoas (Contrato Social).
São elementos constitutivos do Estado: a soberania,
a finalidade, o povo e o território. Assim, Dalmo de
Abreu Dallari (apud Lenza, 2019, p. 719) define Estado
como “a ordem jurídica soberana, que tem por fim o
bem comum de um povo situado em determinado
território”.
Soberania é o poder político supremo e indepen-
dente que o Estado detém consistente na capacidade
para editar e reger suas próprias normas e seu orde-
namento jurídico.
A finalidade consiste no objetivo maior do
Estado que é o bem comum, conjunto de condições
para o desenvolvimento integral da pessoa humana.
Povo é o conjunto de indivíduos, em regra, com um
objetivo comum, ligados a um determinado território
pelo vínculo da nacionalidade.
Território é o espaço físico dentro do qual o Estado
exerce seu poder e sua soberania. É onde o povo se
estabelece e se organiza com ânimo de permanência.
A Constituição Federal de 1988 trata da organiza-
ção do Estado brasileiro a partir do seu art. 18, onde
dispõe que “a organização político-administrativa da
República Federativa do Brasil compreende a União,
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
autônomos, nos termos desta Constituição.”
A teoria criada por Montesquieu determina a
com- posição e divisão do Estado. Ela objetiva que
cada poder seja independente e harmônico entre si,
como forma de dividir as funções do Estado, entre
poder executivo, poder legislativo e poder judiciário;
a esse entendimen- to chamamos de Teoria da
Separação dos Poderes.
b) Empresas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista.
tem a função jurisdicional, por exemplo, a
d) fundações públicas.
aplicação do Direito em um caso concreto, por
Parágrafo único. As entidades compreendidas na
meio de um pro- cesso judicial. Administração Indireta vinculam-se ao Ministério
Governo pode ser definido como a condução em cuja área de competência estiver enquadrada
polí- tica dos negócios públicos. Desta forma, sua principal atividade.
pode ser conceituado como o conjunto de
órgãos e de Poderes que se orientam, 77
organizam-se para fins políticos, de comando e
direcionamento dos atos de concretização dos
objetivos do Estado. É expressão da soberania
interna do país, sendo conduta independente,
mas política e discricionária.
Governo difere do conceito de Administração,
que, em sentido formal, é o conjunto de órgãos
instituídos para consecução dos objetivos de
Governo e, em sen- tido material, é o conjunto
de funções necessárias aos serviços públicos.
Trata-se, pois, de todo o aparelha- mento do
Estado, a fim de efetivar as políticas públi- cas,
constituindo-se em conduta hierarquizada.
Mais ainda, é importante ressaltar que a
Admi- nistração não pratica atos de Governo,
mas sim, atos de execução (atos
administrativos), e, por isso, não se
confunde com o Governo.
Segundo José Afonso da Silva (2017),
adminis- tração pública é o conjunto de meios
institucionais, financeiros e humanos destinados
à execução das decisões políticas1.
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu regras
gerais e preceitos específicos no Capítulo VII, do
Título
III. São normas que tratam da organização,
diretrizes, remuneração e atuação dos
servidores, acesso aos car- gos públicos etc.
Assim, a seguir passaremos a estudar as regras e
preceitos específicos da Administração Pública.

PODERES

Os poderes que a Administração Pública


possui são exercidos quando o Estado assume a
sua função admi- nistrativa. A função
administrativa é exercida pelos três poderes da
República, de forma típica pelo exe- cutivo e
de forma atípica pelo legislativo e judiciário.
Ainda, a Administração Pública não pode
renun-
ciar aos poderes, sendo exercício obrigatório.

ORGANIZAÇÃO

Conforme o art. 4º, do Decreto-Lei 200, de


1967, a Administração Pública no Brasil
compreende admi- nistração direta e
administração indireta.

Art. 4º A Administração Federal compreende:


I - A Administração Direta, que se constitui
dos serviços integrados na estrutura
administrativa da Presidência da República e
dos Ministérios.
Exemplo: São os também os chamados entes
NOÇÕES DE DIREITO

políti- cos com autonomia para se organizar


e editar suas normas.
II - A Administração Indireta, que
compreende as seguintes categorias de
entidades, dotadas de personalidade jurídica
própria:
a) Autarquias;
A organização no Estado Federal é complexa, Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo
por- que a função administrativa é aplica-se à delegação de competência dos órgãos
institucionalmente imputada a diversas entidades colegiados aos respectivos presidentes.
governamentais autô- nomas, que, no caso brasileiro,
estão expressamente referidas no próprio art. 37, de O resultado do ato administrativo é o objeto, ou
onde decorre a exis- tência de várias Administrações seja, é aquilo que o ato decide; por exemplo, a
Públicas: a federal (da União), a de cada Estado punição decorrente de uma multa de trânsito.
(Administração estadual), a do Distrito Federal e a de O elemento motivo são as razões de fato e de
cada Município (Adminis- tração municipal ou direi- to que levaram a Administração Pública a
local), cada qual submetida a um Poder político praticar determinado ato; por exemplo, é a infração
próprio, expresso por uma organização de trânsi- to que deu origem a multa.
governamental autônoma (SILVA, 2017, p. 665).
A finalidade deve objetivar alcançar sempre o
interesse público (definido em lei), é o resultado que
NATUREZA E FINS a Administração Pública pretende alcançar com
deter- minado ato; por exemplo, a desapropriação
Neste tópico, falaremos sobre natureza e fins. O por uti- lidade pública. Por fim, a forma é
tema “Princípios” será abordado em tópico próprio manifestação do ato; por exemplo, publicar no
no capítulo seguinte. Diário Oficial da União a nomeação do Servidor
O Título III, da Constituição Federal, refere-se às Público.
normas das orientações de atuação dos agentes
admi- nistrativos, empregos públicos,
responsabilidade civil etc., ou seja, trata-se da COMPETÊNCIA Atribuição legal para praticar o ato
administração de bens e interesse público; assim, OBJETO Resultado do ato, o que o ato decide
conclui-se que a adminis- tração pública tem
natureza de “múnus público”. Por exemplo, os MOTIVO Razões fáticas e jurídicas
agentes públicos são obrigados a velar pela estrita
Resultado que o ato deseja (interesse
observância dos princípios de legalida- de, FINALIDADE
impessoalidade, moralidade e publicidade no tra- to público)
dos assuntos que lhe são afetos, caso contrário, o FORMA Manifestação do ato
agente estará cometendo ato de improbidade admi-
nistrativa sujeito às sanções e penalidades previstas
na Lei nº 8.429, de 1992.

Dica
A palavra múnus tem origem no latim e signifi- CONCEITO
ca dever, obrigação etc. O múnus público é uma Administração vem do latim administrare, que
obrigação imposta por lei, em atendimento ao significa direcionar ou gerenciar negócios, pessoas e
poder público, que beneficia a coletividade e recursos, tendo sempre como objetivo alcançar
não pode ser recusado, exceto nos casos metas específicas. A noção de gestão de negócios está
previstos em lei. Por exemplo: dever de votar, intima- mente ligada com o ramo de Direito
Administrativo.
depor como testemunha, atuar como mesário
Primeiramente, ressalta-se que na legislação
eleitoral, servi- ço militar, entre outros.2 brasi- leira inexiste uma codificação específica para o
Direi- to Administrativo. Este, por sua vez, é
Toda vez que a administração pública pratica regulamentado por leis infraconstitucionais e
uma ação que produz um efeito jurídico, chamamos esparsas, sendo que cada uma delas dispõe sobre
de ato administrativo que produz efeitos que podem matérias específicas; por exemplo, a Lei nº 8.429,
criar, modificar ou extinguir direitos. de 2 de junho de 1992, trata da improbidade
Os elementos dos atos administrativos são administrativa; a Lei nº 8.666, de 21 de junho de
com- petência, objeto, motivo, finalidade e 1993, institui normas sobre licita- ções e contratos
forma. Toda vez que um ato é praticado, deve-se da Administração Pública; a Lei nº 10.520, de 17 de
observar qual é a competência da pessoa que o julho de 2002, institui o pregão como modalidade de
praticou, ou seja, a com- petência é a função licitação para a aquisição de bens e serviços comuns
atribuída a cada órgão ou autori- dade por lei, tem etc. Essas leis são apenas algumas do vasto aparato
como característica ser irrenunciável, imprescritível, legislativo que normatiza o Direito Administrativo.
inderrogável e improrrogável. Isso se deve à própria lógica do sistema federalis-
O art. 12, da Lei nº 9.784, de 1999 (Lei que regula ta, uma vez que os Estados possuem autonomia para
o processo administrativo no âmbito da administração criar as próprias leis. Assim, as normas de Direito
pública), permite a delegação de competência. Administrativo podem apresentar-se em vários
Vejamos: âmbi- tos da Federação.
O ramo de Direito Administrativo, no Brasil,
Art. 12 Um órgão administrativo e seu titular pode- conta com um ponto positivo: a doutrina e a
rão, se não houver impedimento legal, delegar par- jurisprudência, que são bastante amplas e muito bem
te da sua competência a outros órgãos ou detalhadas.
titulares, ainda que estes não lhe sejam A doutrina possui divergências quanto ao concei-
hierarquicamente subordinados, quando for to de Direito Administrativo. Enquanto uma corrente
conveniente, em razão de circunstâncias de índole doutrinária define Direito Administrativo tendo
técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
como
2 Disponível em https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/edicao-semanal/munus-publico. Acesso
78 em: 17 jan. 2022.
base a ideia de função administrativa, outros prefe- Admi- nistrativo é ramo de Direito Público. Isso
rem destacar o objeto desse ramo jurídico, isto é, o porque o Direito Administrativo regula as atividades
Estado, a figura pública composta por seus órgãos e estatais
agentes. Há também uma terceira corrente de dou-
trinadores que, ao conceituar Direito Administrativo,
destacam as relações jurídicas estabelecidas entre as
pessoas e os órgãos do Estado.
Embora haja essa diferença de posições na
doutri- na, não há exatamente uma corrente
predominante. Todos os elementos apontados fazem
parte do Direito Administrativo. Por isso, vamos
conceituá-lo utilizan- do todos esses aspectos em
comum.
Podemos definir Direito Administrativo como o
conjunto de princípios e regras que regulam o
exercí- cio da função administrativa exercida pelos
órgãos e agentes estatais, bem como as relações
jurídicas entre eles e os demais cidadãos.
Não devemos confundir Direito Administrativo
com a Ciência da Administração. Apesar de a
nomen- clatura ser parecida, são dois campos
bastante distin- tos. A administração, como ciência
propriamente dita, não é ramo jurídico. Consiste no
estudo de técnicas e estratégias de controle da gestão
governamental. Suas regras não são independentes,
estão subordinadas às normas de Direito
Administrativo. Os concursos públicos não
costumam exigir que o candidato tenha
conhecimentos de técnicas administrativas para
responder questões de direito administrativo, mas
requerem que conheça a Administração como
entida- de governamental, com suas prerrogativas e
prestan- do serviços para a sociedade.
No momento, estamos nos referindo ao Direi-
to Administrativo, que é o ramo jurídico que regula
as relações entre a Administração Pública e os seus
cidadãos ou “administrados”. Administração Pública
é uma noção totalmente distinta, podendo ter uma
acepção subjetiva e orgânica, ou objetiva e material.
Na sua acepção subjetiva, orgânica e formal,
a Administração Pública confunde-se com a própria
pessoa de seus agentes, órgãos e entidades públicas
que exercem a função administrativa, o que signifi-
ca que somente algumas pessoas e entes podem ser
considerados como Administração Pública. É, por isso,
uma acepção que tende a restringir sua definição.
Já na sua acepção objetiva e material da pala-
vra, podemos definir a administração pública
(alguns doutrinadores preferem colocar a palavra em
letras minúsculas para distinguir melhor suas
concepções)
como a atividade estatal de promover concretamente
o interesse público. O caráter subjetivo da
administra- ção é irrelevante, pois o que realmente
importa não é a pessoa, e sim a atividade que tal
pessoa executa. É, por isso, uma acepção mais
abrangente, pois qual- quer pessoa que venha a
exercer uma função típica da Administração será
considerada uma pessoa que integra a mesma.

NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO


ADMINISTRATIVO

Determinar a natureza jurídica de um ramo do


Direito significa, de modo geral, estabelecer a qual
grupo ele pertence. Podemos classificar os ramos de
Direito brasileiro em dois grandes grupos: os ramos
de Direito Público e os de Direito Privado. Quanto à
natu- reza jurídica, não há dúvida de que o Direito
na gestão de seus negócios, recursos e pessoas. A Direitos Indi- viduais do Homem e do Cidadão.
sim- ples presença do Poder Público faz com Trata-se de um documento de origem francesa
que ele não se enquadre no grupo do Direito muito importante, pois ele confere a todos os
Privado, que são os ramos jurídicos cujas regras indivíduos (e não só ao povo francês) uma maior
disciplinam as atividades dos particulares. proteção contra os atos abusivos do Estado. Pelo
princípio da legalidade, o Estado só pode agir nos
ORIGEM HISTÓRICA DO DIREITO ADMINISTRATIVO termos da Lei, porque é
esta que lhe dá forma e lhe confere seus Poderes. 79
A origem histórica do Direito Administrativo
dá-se durante o fim do período conhecido como
Absolutis- mo. Essa era uma época marcada
pela concentração de todo o poder político nas
mãos de uma única pes- soa, o rei ou o
monarca.
O rei, enquanto supostamente o
“representante de Deus na Terra”, tomava todas
as decisões de ordem política e não podia ser
questionado. Ele era intocável. A Lei era fruto
de sua vontade.
Dessa forma, o Direito Administrativo não
poderia surgir se não com o fim do Absolutismo
e a introdu- ção de um Estado de Direito. A
noção de Estado de Direito é bastante simples:
significa que o governo, o qual cria as suas
próprias Leis, deve a elas estar sub- metido. A
ideia do Estado de Direito é a de atribuir
limitações ao Poder de Império do Estado. Para
tanto, todo Estado de Direito deve conter
algumas caracte- rísticas essenciais:

 Ter uma Constituição: a Constituição é a


base de todo o ordenamento jurídico do
Estado de Direi- to e sua principal função é a
de atribuir direitos, liberdades e garantias
para os cidadãos, de modo que o Estado se
absteria de agir de modo a pre- judicar esses
direitos. Houve um crescimento das
constituições escritas. Outro aspecto
importante das Constituições é que elas
devem ser rígidas, o que significa que a sua
possibilidade de alteração deve advir de um
processo bastante longo e com- plexo.
Óbvio, se a Constituição é a base de todas as
outras Leis, então o seu processo de
alteração deve ser mais difícil do que o
processo de alteração de uma lei comum;
 Separação dos Poderes: Outro ponto que
está presente em todo Estado de Direito é
que o Poder do Estado não se encontra
concentrado em uma pessoa/órgão, mas ele
está dividido em Funções ou Poderes distintos.
O modelo mais aceito da Separa- ção dos
Poderes, e que é o mais utilizado, é a teoria
de Montesquieu, que busca separar o Poder
Estatal em três vertentes, ou Funções. Uma
função é encar- regada de criar as leis que
vigoram no país (Poder Legislativo), outra
função tem o dever de promo- ver a fiel
execução das leis, bem como de gerir os
NOÇÕES DE DIREITO

negócios em que o Estado faz parte (Poder


Execu- tivo). Por último, há uma terceira
função, encar- regada de dirimir os conflitos
e as controvérsias presentes dentro da
sociedade (Poder Judiciário);
 A legalidade como princípio fundamental: a
ideia de que todos devem respeitar a vontade
da Lei está contida na Declaração de
Importante! pelo Poder Judiciário, não podem prejudicar o ato
Dissemos que o modelo mais aceito da Separa- ção dos Poderes é operfeito,
jurí- dico modelo disposto
o direitona Teoria de bem
adquirido, Montesquieu.
como a Todavia, ele
matéria que já foi objeto de discussão em outro
processo (coisa julgada).

OBJETO DO DIREITO ADMINISTRATIVO

A determinação de um objeto de estudo do


Direito Administrativo possui grande importância
para a sua conceituação, bem como para estabelecê-
lo como um ramo jurídico autônomo. Em sua obra3,
o jurista e pro- fessor Alexandre Mazza aponta que
várias correntes surgiram na tentativa de criar um
É esse contexto, considerando os princípios e as
conceito próprio de Direito Administrativo, bem
normas promulgadas nessa época, que serve de base
como a definição de seu objeto. Essas correntes são:
do Direito Administrativo. Assim, esse ramo
jurídico vem como um conjunto de normas que
 Corrente legalista: o Direito Administrativo seria
regulam as relações entre os indivíduos e o Estado.
E, por mais que o Estado ainda possua diversas o conjunto de normas administrativas existente
prerrogativas quando do exercício de suas funções, é dentro do país. Tal critério é bastante reducionis-
ta, porque ele desconsidera a atuação da doutrina,
importante fri- sar que o seu poder não é mais
que é muito importante para identificar princípios
absoluto: ele encontra limites dentro da esfera de
desse ramo jurídico;
liberdade de cada indiví- duo e também dentro da
 Corrente do Poder Executivo: é o critério que
lei, concordando respeitá-la e em submeter-se a ela.
identifica o Direito Administrativo como o
Logo, o fato de o Estado ter prerrogativas não
conjunto de normas que disciplinam a atuação do
descaracteriza a sua noção de um Estado de Direito.
Poder Exe- cutivo. Também não é aceito, uma
Essa é a origem, de modo geral, do Direito
vez que ignora o fato de que os órgãos dos
Admi- nistrativo. Porém, é evidente que alguns
Poderes Legislativos e Judiciários também
Estados acabaram desenvolvendo o seu ramo de
exercem funções administrati- vas (funções
Direito Admi- nistrativo de uma forma diferente
atípicas), bem como alguns particula- res por
dos demais, para melhor se ajustarem às
meio da delegação de competências, como é o
necessidades de seus cidadãos. Na França, por
caso dos concessionários e permissionários;
exemplo, o povo francês tinha uma grande
 Corrente das relações jurídicas: é a corrente
desconfiança de seus Juízes. Isso ocorria por- que
que destaca o Direito Administrativo como a
muitos dos cargos públicos, naquela época, eram
disciplina das relações jurídicas estabelecidas
herdados de pai para filho. Assim, como uma forma
entre a Admi- nistração Pública e o particular.
de tentar “burlar” esse nepotismo do Judiciário, o
Todavia, essa não é uma característica única e
direito francês acabou criando um contencioso
singular do Direito Administrativo: outros ramos
administrati- vo. Isso significa que, dentro do direito
de Direito Público possuem relações
francês, havia órgãos especializados em julgar os
semelhantes;
casos e controvér- sias envolvendo a Administração
 Corrente do serviço público: para esses
Pública. Assim, a função jurisdicional (que “diz o
doutrina- dores, o que evidencia o Direito
direito no caso con- creto”), na França, era dividida
Administrativo é o fato de ele ter como objeto a
em duas: a jurisdição
comum e a jurisdição administrativa. disciplina dos serviços públicos. Atualmente esse
No caso do Brasil, nós não adotamos o modelo critério também é insa- tisfatório, uma vez que o
fran- cês de Administração, mas isso não significa papel da Administração Pública evoluiu de forma
que um modelo é melhor ou pior do que outro. A que passou a desempe- nhar atividades que não
justiça brasi- leira apenas não apresenta um podem ser consideradas como prestação de
contencioso adminis- trativo. Não existem órgãos serviço público;
brasileiros especializados em dirimir os conflitos em  Corrente teleológica: o Direito Administrativo
que a nossa Administração Pública é parte. deve ser conceituado a partir da ideia de que
O direito administrativo brasileiro possui como certas atividades desempenhadas devem alcançar
uma maior fonte de inspiração o direito alemão, pois um fim administrativo. É muito pouco utilizada,
em ambos os países a jurisdição é una, é uma coisa pelo fato de que muitas vezes há grande
só, e apesar de o processo administrativo coexistir dificuldade em esta- belecer qual é, exatamente, a
com o processo judicial, somente o último é capaz finalidade do Estado;
de pro- ferir decisões que transitam em julgado. Isso  Corrente negativista: pelo fato de ser uma árdua
signifi- ca que todas as questões administrativas tarefa, muitos autores decidem utilizar o critério
podem ser apreciadas na esfera judicial sempre que negativo ao conceituar Direito Administrativo, defi-
o processo administrativo não se mostrar suficiente nindo que pertencem a esse ramo do Direito
para atender às demandas da sociedade. todas as questões que não pertencem a nenhum
Utiliza-se bastante a noção de segurança jurídica outro ramo jurídico. Esse critério por exclusão é
para impedir que os atos da Administração possam bastante frágil e pobre e, por isso, não é muito
intervir com os direitos e garantias dos cidadãos. A utilizado;
segurança jurídica, no Brasil, é um princípio de  Corrente funcional: é o critério predominante
Direi- to Administrativo, pois as decisões emitidas entre os demais doutrinadores administrativos no
na esfera administrativa, ou até mesmo as decisões Brasil. Ele define o Direito Administrativo como
proferidas o ramo jurídico que estuda o aspecto legal da
função administrativa, independentemente (Administração Públi- ca, Poder Legislativo,
de quem este- ja encarregado de exercê-la concessionário etc).
80 3 MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 8ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2018.
Com base no critério funcional, convém fazer situações.
uma divisão do objeto do Direito Administrativo. Os princípios possuem alto nível de abstração, outra
Assim, o objeto imediato do Direito característica que irá permitir a sua aplicabili- dade a um
Administrativo são os princípios e regras que grande número de situações.
regulam a função adminis- trativa. Por outro lado,
temos como objeto mediato do Direito
Administrativo a disciplina das atividades, agentes,
pessoas e órgãos que compõem a Administra- ção
Pública, o principal ente que exerce tal função.

FONTES

As fontes do Direito são os elementos que dão


ori- gem ao próprio direito. O Direito
Administrativo tem algumas peculiaridades em
relação a suas fontes que são importantes para
nossos estudos.
Relembrando que o Direito Administrativo não é
ramo jurídico codificado. A matéria encontra-se de
um modo muito mais amplo. É possível verificar
nor- mas administrativas presentes, como exemplos,
na Constituição Federal de 1988, em seu art. 37, que
esta- belece os membros da Administração Pública e
seus princípios; na Lei nº 8.666, de 1993, que dispõe
sobre normas de licitações e contratos
administrativos; na Lei nº 8.987, de 1995, que
regulamenta as concessões e permissões de serviços
públicos para entidades pri- vadas; entre outros.
É costume dividir as fontes de Direito Administrati-
vo em fontes primárias e fontes secundárias. As
fontes primárias são aquelas de caráter principal,
capazes de originar normas jurídicas por si só. Já as
fontes secun- dárias são derivadas das primeiras, por
isso, possuem caráter acessório. Elas ajudam na
compreensão, inter- pretação e aplicação das fontes
de direito primárias.

São fontes de Direito Administrativo:

 Legislação em sentido amplo, seja na


Constituição, seja nas Leis esparsas, nos Princípios,
em qualquer veículo normativo;
 Doutrina, todo o trabalho científico realizado
por
um renomado autor, seja uma obra ou um parecer
jurídico, com o objetivo de divulgar conhecimento;
 Jurisprudência, o conjunto de diversos julgados
em um mesmo sentido;
 Costumes jurídicos, tudo que for considerado
uma conduta que se repete no tempo.

Importante frisar que, das fontes mencionadas,


apenas a Lei é fonte primária do Direito Administra-
tivo, sendo o único veículo habilitado para criar dire-
tamente obrigações de fazer e não fazer. A doutrina,
a jurisprudência e os costumes jurídicos são
considera- dos fontes secundárias.

PRINCÍPIOS

Noção Geral de Princípio

Os princípios são a base de um ordenamento jurí-


dico, anteriores até mesmo à existência das normas,
pois influenciam no próprio processo legislativo.
Podem constar expressamente ou não, tendo
como característica terem enunciados genéricos,
para apli- cação em um máximo possível de
Também poderão ser utilizados para
análise da validade de normas constantes do O princípio da legalidade tem sua origem no
ordenamento jurí- dico, assim como a sua próprio estado de Direito. Vejamos o art. 1º, da
correta interpretação. Constituição:
Não há hierarquia na aplicação dos
princípios. Eles devem ser interpretados de Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada
forma harmônica. No entanto, isso não impede pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
que um ou outro esteja mais presente quando da do Distrito Federal, constitui-se em Estado Demo-
análise de uma situação concre- ta. Nesse ponto, crático de Direito e tem como fundamentos: 81
não falaremos de hierarquia, mas da mera
aplicabilidade do princípio à situação concreta
trazida à análise.
Vamos enumerar as características dos
princípios colocadas até então:

 Generalidade;
 Abstração;
 Ausência de hierarquia entre si;
 Interpretação e validação de regras.

Vejamos agora sobre as regras. Elas serão


menos genéricas e abstratas. Ainda que
aplicáveis eventual- mente a várias situações
correlatas, elas já procuram se aproximar da
realidade dos fatos, apresentando comandos
mais claros e concretos.
No Brasil temos alguns critérios que podem ser uti-
lizados para a solução do conflito entre regras:

 Hierárquico: prevalece a de maior


hierarquia. Ex.: CF/88 sobre qualquer norma
interna;
 Cronológico: prevalecerá a lei mais nova
sobre o tema;
 Especialidade: prevalecerá a lei mais específica
sobre o tema.

Vamos começar a conhecer cada um dos


princí- pios. Conheceremos os princípios
expressos da Cons- tituição Federal. É
importante que você saiba que há princípios
expressos em várias outras normas que não são
a CF, de 1988. Conheceremos aqui apenas os
cons- tantes do caput do art. 37. Vejamos a sua
literalidade:

Art. 37 A administração pública direta e


indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte:

Veja que a aplicabilidade do caput é


bastante am- pla: todos os poderes, todas as
esferas, administração direta e indireta.
NOÇÕES DE DIREITO

Você deve decorar esses princípios, fazendo


uso do famoso mnemônico LIMPE, que traz a
inicial de cada um dos princípios constantes do
caput.

Legalidade
Em um Estado de Direito, a vida das pessoas, assim de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- ros
como também do Estado, será pautada no que e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
cons- tar da lei. No entanto, a interpretação do bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
princípio da legalidade terá abordagens diferentes segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
quando olhar- mos para o particular ou para o 82 [...]
agente público.
Vejamos a legalidade aplicável ao particular, cons-
tante do art. 5º, da Carta Magna.

Art. 5º [...]
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

Veja que o mandamento para o particular é


permis- sivo. Ele poderá fazer tudo que não estiver
proibido em lei. Será obrigado a algo apenas quando
da lei constar. Essa não é a interpretação do princípio
da legalidade para o agente público. Aqui já cabe
falar em legalidade administrativa. Ao agente público
será permitido tudo que a lei autorizar ou mandar.
Ou seja, a relação é opos-
ta. Não é um mandamento permissivo, mas restritivo.

Impessoalidade

O princípio da impessoalidade, também


conhecido como princípio da finalidade, tem como
objetivo maxi- mizar os resultados da Administração
Pública para a sociedade como um todo. Ele irá
impedir, por meio de cada uma de suas facetas, o
direcionamento da atuação do Estado tanto para o
interesse de um particular ou um grupo específico de
particulares, como para o pró- prio interesse do
agente público tomador de decisão.
A partir disso, temos algumas leituras possíveis
para o princípio. Uma delas é a aplicação do
princípio da impessoalidade por meio da ausência de
qualquer tipo de promoção pessoal do agente
público cometen- te, buscando apenas o interesse
público.
Outra leitura possível passará pelo tratamento
iso- nômico dos administrados. A isonomia permite
o tra- tamento diferenciado de acordo com
diferenças entre os administrados. É o que se vê na
reserva de vagas para idosos, por exemplo.
Portanto, temos dois tipos de isonomia, a saber:

 Isonomia horizontal: pessoas em situações


seme- lhantes devem ser tratadas da mesma
forma;
 Isonomia vertical: pessoas em situações diferen-
tes podem ter tratamentos distintos.

Moralidade

A moralidade administrativa estará


intimamente ligada ao conceito de certo e errado,
honesto e deso- nesto, extrapolando a letra fria da
lei. No entanto, não para desobedecê-la, mas para
complementar com um conteúdo moral que muitas
vezes não consta expres- sa e claramente do texto
legal, mas deve ser aplicado pelo agente público
quando da sua atuação.
Importante citar que a moralidade se aplica tanto
ao agente público quanto ao particular que defende
seu interesse diante da Administração Pública.
Há na Constituição outro mandamento que expõe
a importância do princípio da moralidade, constante
do art. 5º. Vejamos:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção


LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para de admi- nistração gerencial, deverá buscar a
propor ação popular que vise a anular ato lesi- maximização das receitas do Estado, a
vo ao patrimônio público ou de entidade de que o economicidade do gasto público, o corte de gastos
Estado participe, à moralidade administrativa, ao desnecessários etc.
meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-
fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência;

Publicidade

A importância do princípio da publicidade


está na própria existência e no exercício da
democracia. Como poderiam os cidadãos fiscalizar
a atuação do Estado e seus governantes sem saber
o o que ocorre nas repartições públicas? A
publicidade traz a trans- parência necessária para
que os administrados pos- sam exercer a
democracia.
No entanto, tal princípio não tem aplicação
abso- luta. Há situações em que o sigilo, a título de
exceção, deverá prevalecer.
É o caso, por exemplo, de operações sigilosas
de investigações de ilícitos ou mesmo inquéritos
cuja publicidade possa ofender a privacidade de
uma eventual vítima.
Há, por outro lado, atos que devem ser
publicados para que gerem efeitos, pois como
poderiam ser os particulares cobrados a respeito
de determinado ato ou norma do qual não tiveram
a devida ciência?
Nesse raciocínio, temos três tipos de atos
conforme a necessidade ou não da sua publicidade:

 Atos sigilosos: não podem ser publicados;


 Atos internos: não precisam ser publicados,
pois não causam impacto nos administrados;
 Atos externos: precisam ser publicados para
ciên- cia dos interessados.

Há ainda a possibilidade de obtenção de


informa- ções por parte dos administrados, trazida
no art. 5º, da CF, de 1988.

Art. 5º [...]
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos
públicos informações de seu interesse particular,
ou de interesse coletivo ou geral, que serão
presta- das no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo
sigilo seja imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado;
XXXIV - são a todos assegurados, independente-
mente do pagamento de taxas:
b) a obtenção de certidões em repartições
públicas, para defesa de direitos e
esclarecimento de situa- ções de interesse
pessoal;

Eficiência

O princípio da eficiência foi introduzido no caput


do art. 37, da CF, de 1988, por meio da Emenda
Cons- titucional de 1998, tendo como objetivo,
juntamente com a mudança de outros dispositivos,
aumentar a eficiência do Estado brasileiro.
A atuação da Administração Pública dentro
desse contexto, tentando se aproximar do conceito
PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS DA ADMINISTRAÇÃO seguinte cenário: imagine uma multidão de manifes-
PÚBLICA tantes que possuem alguns objetos que podem causar
danos ou ferimentos, mas se sabe que não possuem
O princípio implícito no ordenamento jurídico é
aquele que não está escrito em norma alguma, mas
que se pode depreender do conjunto das normas
deste ordenamento. Em Direito Administrativo, a
doutrina nos trará inúmeros princípios. Uns são,
naturalmente, mais citados e importantes.
Acompanhe-os a seguir.

Princípio da Autotutela

Segundo o princípio da autotutela, a Administra-


ção Pública poderá rever seus atos, podendo revogá-
-los ou anulá-los conforme o caso.
Esse direito não é irrestrito, encontrando limite
no art. 54, da Lei nº 9.784, de 1999, Processo
Administra- tivo Federal.

Art. 54 O direito da Administração de anular os


atos administrativos de que decorram efeitos
favo- ráveis para os destinatários decai em cinco
anos, contados da data em que foram praticados,
salvo comprovada má-fé.

Os efeitos causados por essa revisão podem


variar. Caso seja uma anulação, em caso de vício do
ato admi- nistrativo, os efeitos serão, em regra,
retroativos.
No caso de se tratar de revogação, que é quando
o ato não é viciado, mas se tornou inconveniente, os
efeitos não serão retroativos.
Por fim, a revisão pode resultar em manutenção
do ato anteriormente praticado, sendo mero
exercício da autotutela e poder hierárquico da
estrutura admi- nistrativa em questão.

Princípios da Veracidade e da Legitimidade

Visto também em atos administrativos, o


princípio da veracidade e da legitimidade informam
que a atua- ção da Administração Pública estará
conforme a lei e conforme a verdade dos fatos.
Tratam-se de presunções relativas, ou seja, o par-
ticular que se julgar prejudicado poderá se insurgir
contra os atos da Administração Pública. No entanto,
tais presunções têm como consequência a inversão
do ônus da prova, devendo o particular provar que a
Administração Pública está errada, seja em processo
administrativo ou judicial.

Princípios da Proporcionalidade e Razoabilidade

Não há unanimidade na doutrina na forma como


se correlacionam esses dois princípios. No entanto,
passaremos aqui a leitura que nos parece mais fre-
quente em provas.
Entenderemos a proporcionalidade como um sub-
princípio da razoabilidade. A razoabilidade é enten-
dida quando falamos da duração de um processo
judicial ou administrativo. Aliás, direito constante
do art. 5º, da CF, de 1988:

Art. 5º [...]
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e
administrativo, são assegurados a razoável duração
do processo e os meios que garantam a celeridade
de sua tramitação.

Já para entender a proporcionalidade, imagine o


arma de fogo. Caso haja necessidade de conter Federal, em que há vedação expressa à aplicação
os manifestantes, seria razoável por parte do retroativa de nova interpretação de norma, privilegia
policia- mento o uso de armamentos não letais. a estabi- lidade das relações e situações jurídicas
No entanto, dentro dessa escolha correta, o previamente estabelecidas.
agente público deverá medir o correto uso desse 83
meio. Não poderá usar indiscriminadamente o
material, uma vez que ele é adequado. O uso
desproporcional de um material adequado
àquela situação poderá trazer problemas aos
administrados.

Princípio da Continuidade do Serviço Público

Os serviços públicos garantem serviços


essenciais à população, por isso, não podem,
como regra, ser interrompidos; devem
fornecidos permanentemente.
Tal importância traz impacto inclusive no
direito de greve de servidores públicos.

Art. 37 [...]
VII - o direito de greve será exercido nos termos e
nos limites definidos em lei específica;

A Lei nº 8.987, de 1995, que trata de


concessão de serviços públicos, traz a mitigação
da exceção do contrato não cumprido (exceptio
non adimpleti con- tractus). Um
concessionário que tenha perante si uma
Administração Pública inadimplente só poderá
rom- per o contrato depois da apreciação da
Justiça, dife- rentemente do que permite a lei
entre particulares.

Dica
Exceptio non adimpleti contractus: princípio
decor- rente do estudo de contratos em
Direito Civil que permite a uma parte
contratante não cumprir seu con- trato diante
da inadimplência do outro contratante.

Segundo o mesmo diploma normativo,


teremos duas situações em que não restará
caracterizada a descontinuidade dos serviços:

 Interrupções ocasionadas por situações de emergência;


 Interrupções após aviso prévio por razões
técnicas ou segurança das instalações;
 Interrupção após aviso prévio por
inadimplemen- to do usuário.

Princípio da Segurança Jurídica

O princípio da segurança jurídica tem como


obje- tivo conferir estabilidade às relações
NOÇÕES DE DIREITO

jurídicas. Por meio dele busca-se proteger o(a):

 Direito adquirido;
 Coisa julgada;
 Ato jurídico perfeito.

Tal princípio do Processo Administrativo


Conquanto a função administrativa seja exercida
EXERCÍCIOS com predominância pelo Poder Executivo, devemos
saber que existem órgãos da Administração Direta em
COMENTADOS todos os Poderes e em todas as esferas da federação. É
possível
1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Julgue o item que se 84 extrair este entendimento diretamente do caput do art.
segue, acerca da administração pública.
Na análise da moralidade administrativa, pressuposto
de validade de todo ato da administração pública, é
imprescindível avaliar a intenção do agente.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Para a configuração da imoralidade administrativa,


não se faz necessário analisarmos a existência da
intenção, pelo menos, tratando-se de boa-fé objetiva.
Para Celso Antônio Bandeira de Mello, o motivo do
ato não se confunde com a motivação, os quais, por
sua vez, não se confundem com o móvel. O móvel é a
parte psicológica, é o porquê da prática do ato, que
está na cabeça do agente público, foi o que o levou
à prática do ato. E, para o Direito Administrativo,
pouco importa o que o motivou. Resposta: Errado.

Utilize o fluxograma a seguir para a resolução da


pró- xima atividade:
Diz respeito à formação da Adm. Púb Órgãos/agentes/entidade
Formal
Orgânico
Subjetivo
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Funcional
Material Diz respeito à funcionalidade
Objetivo Própria atividade exercida
pela administração publica

2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Com relação à origem


e às fontes do direito administrativo, aos sistemas
administrativos e à administração pública em geral,
julgue o item que se segue.
Em sentido objetivo, administração pública designa os
entes que exercem a atividade administrativa de for-
ma a balizar a execução da função administrativa.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Para que o item apresentado seja correto, a afir-


mativa deveria ser: “Em sentido subjetivo”, pois
os entes designados se caracterizam como critério
subjetivo. Resposta: Errado.

ADMINISTRAÇÃO DIRETA

A Administração Direta é o conjunto de órgãos que


integram as pessoas políticas ou federativas (União,
Estados, Distrito Federal e Municípios), aos quais
foi atribuída a competência para o exercício das
ativida- des administrativas do Estado de forma
centralizada. Trata-se, portanto, dos serviços
prestados direta- mente pelas entidades políticas,
utilizando-se, para tanto, de seus órgãos internos
que são centros de com-
petências despersonalizados.
37, da Constituição Federal, que dispõe: “A administrativas de forma descentralizada. São elas:
administra- ção pública direta e indireta de qualquer as autarquias, as fundações públicas e as empresas
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito estatais (empresas públicas e sociedades de
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de economia mista).
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência [...]”.
Assim, é possível afirmar que existem órgãos da
Administração Direta atuando na administração
fede- ral, estadual, distrital e municipal, nos Poderes
Execu- tivo, Legislativo e Judiciário.
No entanto, o que nos interessa é estudar o Poder
Exe- cutivo, uma vez que quase todos os órgãos da
Administra- ção Direta encontram-se subordinados a
este Poder.
O art. 4º, do Decreto-Lei nº 200, de 1967, definiu a
admi- nistração direta e indireta em âmbito federal.
Vejamos:

Art. 4° A Administração Federal compreende:


I - A Administração Direta, que se constitui dos
serviços integrados na estrutura administrativa da
Presidência da República e dos Ministérios.
II - A Administração Indireta, que compreende
as seguintes categorias de entidades, dotadas de
personalidade jurídica própria:
a) Autarquias;
b) Empresas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista.
d) fundações públicas.
Parágrafo único. As entidades compreendidas
na Administração Indireta vinculam-se ao
Ministério em cuja área de competência estiver
enquadrada sua principal atividade.

Por fim, é importante ressaltarmos uma pequena


desatualização do dispositivo acima, que não traz o
consórcio público de direito público (também
conhe- cidas por associações públicas), também
entidade integrante da administração indireta,
conforme cons- ta no Código Civil:

Art. 41 (CC) São pessoas jurídicas de direito


públi- co interno:
I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os
Territórios; III - os Municípios;
IV - as autarquias, inclusive as associações
públicas; V - as demais entidades de caráter
público criadas por lei.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário,
as pessoas jurídicas de direito público, a que se
tenha dado estrutura de direito privado, regem-se,
no que couber, quanto ao seu funcionamento,
pelas nor- mas deste Código.

Nestes moldes, o Estado é pessoa jurídica de direi-


to público interno. Mas há características
peculariares distintivas que fazem com que o
afirmar apenas como pessoa jurídica de direito
público interno seja correto, mas não suficiente.
Pela peculiaridade da função que desempenha, o
Estado é verdadeira pessoa adminis- trativa, eis que
concentra para si o exercício das ativi- dades da
administração pública.

ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

A Administração Pública Indireta é composta


pelas entidades administrativas. Estas, por sua vez,
pos- suem personalidade jurídica própria e são
responsá- veis por executar atividades
As entidades da Administração Indireta não pos- são proibidas de exercer qualquer atividade econômica,
suem autonomia política e estão vinculadas à Admi-
nistração Direta. A vinculação não é subordinação,
mas apenas uma forma de controle finalístico para
fins de enquadramento da instituição no programa
geral do Governo e para garantir que sejam atingidas
as finalidades da entidade controlada.

DOS ENTES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


INDIRETA: AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES, EMPRESAS
PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA

As entidades da Administração Indireta podem


ter personalidade jurídica de Direito Público ou de
Direi- to Privado. Tal diferença é bastante relevante
no que diz respeito ao procedimento de criação
dessas enti- dades autônomas.
As pessoas jurídicas de direito público são cria-
das por lei (inciso XIX, art. 37, da CF, de 1988) e a sua
personalidade jurídica advém no momento em que
tal legislação entra em vigor no âmbito jurídico, não
havendo necessidade de registro em cartório. As pes-
soas jurídicas de direito privado, todavia, são autori-
zadas pela lei (inciso XX, art. 37, da CF, de 1988), ou
seja, a legislação deve permitir que ela exista, para
que o Poder Executivo regulamente suas funções
mediante a expedição de decretos. Sua personalidade
jurídica, dessa forma, está condicionada ao seu regis-
tro em cartório.
São pessoas jurídicas de Direito Público,
membros da Administração Indireta: as autarquias,
as funda- ções públicas, agências reguladoras e
associações públicas. São pessoas jurídicas de
Direito Privado: as empresas públicas, as sociedades
de economia mista, as fundações governamentais
com estrutura de pes- soa jurídica de Direito
Privado, as subsidiárias e os consórcios públicos de
Direito Privado.

Autarquias

As autarquias são pessoas jurídicas de Direito


Público interno, criadas por legislação própria, que
têm por escopo exercer as funções típicas da Adminis-
tração Pública. As autarquias possuem um conceito
definido em lei, mais especificamente no inciso I,
art. 5º, do Decreto-Lei nº 200, de 1967:

Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:


I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei,
com personalidade jurídica, patrimônio e receita
próprios, para executar atividades típicas da Admi-
nistração Pública, que requeiram, para seu
melhor funcionamento, gestão administrativa e
financeira descentralizada.

Podemos fazer alguns comentários sobre o concei-


to apresentado. Ao dizer que as autarquias são cria-
das “para executar atividades típicas da Administração
Pública”, o texto legal faz referência àquelas ativida-
des características do Poder Público, e que só podem
ser executadas pelo mesmo, em regra. São atividades
em que deve haver a prevalência do interesse públi-
co sobre o privado e, por isso mesmo, as autarquias
gozam de diversas prerrogativas para executar tais
tarefas. É por isso que as autarquias são pessoas jurí-
dicas de direito público. Com isso, tais entidades
o que lhes proporciona uma grande vantagem: federais (art. 33, da CF, de 1988). A atual
não pode ser decretada sua falência e também Constituição aboliu os territórios federais
gozam de imunidade tributária. remanescentes;
A sua criação depende de lei específica. Isso  Associativas: são as autarquias criadas pelo
signi- fica que a sua existência é condicionada resultado de uma celebração de consórcio públi-
apenas pelo trabalho realizado pelo legislador; co, também denominadas associações públicas.
não há outros atos subsequentes que Se o contrato de consórcio público envolver múl-
condicionam sua existência, como acontece tiplos entes da Federação, tais autarquias podem
com as pessoas jurídicas de direito privado. ser transfederativas. Exemplo: associação criada
O regime de pessoal das autarquias é o entre União, Estados e Municípios para a
estatu- tário. Significa que a autarquia não
constru-
pode contratar quem ela quiser, como se fosse
ção de um teatro. 85
um empregador: seus funcionários devem ser
servidores públicos, pre- viamente aprovados
em prova de concurso público. Assim, todas as
questões referentes ao regime laboral desses
servidores devem ser resolvidas tendo como
base a Lei nº 8.112, de 1990, conhecida também
como Estatuto dos Servidores Públicos Civis da
União.
O patrimônio das autarquias consiste em
bens públicos, que gozam da garantia de
serem inalie- náveis e impenhoráveis. Se o
patrimônio é público, significa que ele é
utilizado de forma a atender uma finalidade
pública. Logo, não pode a autarquia abrir mão
desses bens, e nem dá-los em garantia.
As autarquias somente podem celebrar
contratos públicos, isto é, são contratos
típicos da Administra- ção Pública, que a
colocam em posição mais vantajosa em relação
ao particular interessado.
Pode-se afirmar que vigora o princípio da
espe- cialidade no regime das autarquias. Isso
significa que cada entidade é criada para atender
a uma finalidade individual e específica.
Exemplificando: para tratar de questões do
regime de previdência social, temos o INSS,
que é a única autarquia responsável pela con-
cessão de benefícios previdenciários. É o próprio
INSS que responde em juízo, havendo uma ação
previden- ciária pleiteada por particular, e não a
União/Estado.
Devido à multiplicidade de assuntos, temos,
conse- quentemente, uma multiplicidade de
autarquias. A doutri- na tende a classificar as
autarquias nos seguintes grupos:

 Administrativas: são as autarquias comuns,


apre- sentam regime jurídico ordinário.
Exemplo: Insti- tuto Nacional de Seguridade
Social (INSS);
 Especiais: possuem maior autonomia em relação
as autarquias administrativas devido a
presença de certas características, como a
presença de diri- gentes com mandato fixo.
Podem se subdividir em:

 Especiais stricto sensu (Banco Central);


 Agências reguladoras (Anatel, Anvisa).

 Corporativas: são as corporações


profissionais, que promovem o controle e a
fiscalização de cate- gorias profissionais.
Exemplos: CREA, CRO, CRM;
 Fundacionais: são as fundações públicas,
entidades que arrecadam patrimônio para o
ÕES DE DIREITO

cumprimento de um objetivo específico.


Exemplos: Funai, Procon, Funasa;
 Territoriais: são as autarquias de controle da
União, também denominadas territórios
Importante! 86 compra e venda, locação de imóvel etc.
Curioso é o caso da Ordem dos Advogados do Bra- sil. A OAB sempre foi considerada uma autarquia de regime comum. Todav

Fundações Públicas

As fundações públicas são consideradas espécies


de autarquias, possuindo diversas características
similares. Fundação pública é, nos termos do inciso
IV, do art. 5º, do Decreto-Lei nº 200, de 1967, a
entidade dotada de personalidade jurídica de direito
privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de
autorização legislati- va, para o desenvolvimento de
atividades que não exijam execução por órgãos ou
entidades de direito público, com autonomia
administrativa, patrimônio próprio gerido pelos
respectivos órgãos de direção, e funcionamento cus-
teado por recursos da União e de outras fontes.
A Funai (Fundação Nacional do Índio), a Funasa
(Fundação Nacional de Saúde) e o IBGE (Instituto
Bra- sileiro de Geografia e Estatística) são alguns
exemplos de fundações públicas.
Pelo conceito disposto na legislação, percebe-se
que o referido Decreto-Lei dispõe serem as funda-
ções entidades com personalidade jurídica de Direito
Privado. Tal conceituação não foi recepcionada pela
Constituição de 1988, que, no inciso XIX, art. 37, deci-
diu não fazer tal distinção:

Art. 37 (CF, de 1988) [...]


XIX - somente por lei específica poderá ser criada
autarquia e autorizada a instituição de empresa
pública, de sociedade de economia mista e de fun-
dação, cabendo à lei complementar, neste último
caso, definir as áreas de sua atuação;

Dessa forma, concluímos que as fundações


podem ser tanto de Direito Público como de Direito
Priva- do, dependendo do que a lei instituidora da
funda- ção delimitar quanto às suas competências.
Todavia, importante frisar que mesmo as fundações
de regime jurídico privado devem obediência às
normas públi- cas, e não à legislação civil.
As fundações de direito privado, para sua
criação, precisam de autorização por lei. É diferente
de uma autarquia, que é criada por lei. Aqui, a
fundação já existe, mas para atuar no mercado
privado deve, além de possuir autorização
legislativa, obter registro em cartório para adquirir
sua personalidade jurídica, como se fosse uma
empresa.
Por conseguinte, seu patrimônio consiste em
bens privados, que não gozam das garantias de
inalienabili- dade e impenhorabilidade presente nos
bens públicos. Importante, também, destacar que as
fundações privadas podem celebrar contratos
privados, os ins- trumentos contratuais típicos da
esfera privada como
Como o patrimônio se destaca do seu
instituidor, o controle desse referido patrimônio é
feito por órgão especial, denominado curadoria das
fundações. No caso das fundações de direito público,
o controle fiscal é exercido pelo Ministério Público.

 Agências reguladoras: características e


classificação

O surgimento das agências reguladoras possui


for- tes relações com a época das privatizações na
segun- da metade dos anos 1990. Neste contexto,
as agências reguladoras foram introduzidas,
sobretudo pelas ECs no 8 e 9, ambas de 1995, para
atuar como órgãos regu- ladores, fiscalizadores e
controladores da iniciativa privada, que passaram a
desenvolver as tarefas ori- ginalmente atribuídas
ao Estado. Alguns exemplos de agências
reguladoras: Aneel, Anatel, Ancine, ANP, entre
outros.
As agências reguladoras também são autarquias
sob um regime especial, diferenciando-se das
autar- quias comuns em dois aspectos:

 Estabilidade: os dirigentes das agências


regu- ladoras não podem ser exonerados por
qual- quer motivo, ao contrário das
autarquias, em que seus dirigentes atuam em
cargos de comis- são. Assim, os dirigentes
das agências têm maior proteção contra o
desligamento forçado, promovendo maior
estabilidade no exercício de seu cargo;
 Mandato fixo: os dirigentes não possuem
car- go vitalício, mas a existência de
mandato fixo garante também maior
estabilidade no seu car- go, visto que ele tem
prazo determinado para se encerrar. A
duração dos mandatos pode variar
dependendo de cada agência, podendo ser de
3 anos, como na Anvisa, 4 anos, como na
Aneel, ou até 5 anos, como na Anatel.

As agências reguladoras podem ser classificadas:

Quanto à sua origem:

 agências federais;
 estaduais;
 municipais;
 distritais.

Quanto à atividade preponderante:

 agências de serviço, que exercem as


funções típicas;
 agências de polícia, que exercem fiscalização
das atividades econômicas;
 agências de fomento, que ajudam a
desenvol- ver o setor privado;
 agências de uso de bens públicos.

Quanto à previsão constitucional:

 agências com referência constitucional (a


Anatel
tem previsão no inciso XI, art. 21, da CF, de 1988);
 agências sem referência constitucional, são
a grande maioria.
Quanto ao momento de sua criação: zado a fim de promover uma competição jus- ta
com as empresas privadas do mesmo setor.
 agências de primeira geração (1996 a 1999)
na época das privatizações;
 de segunda geração, de 2000 a 2004;
 de terceira geração, que adveio com as agên-
cias pluripotenciárias (2005 em diante), exer-
cendo múltiplas funções simultaneamente.

 Associações públicas: a criação de consórcio

A União, os Estados, o Distrito Federal e os


Municí- pios são os entes responsáveis pela
regulamentação dos consórcios públicos e dos
convênios de cooperação, autorizando a gestão
associada de serviços públicos, bem como a
transferência total ou parcial de encargos, serviços,
pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços
transferidos (art. 241, CF, de 1988).
Essas pessoas jurídicas autônomas, criadas pelos
entes federados, e que têm por objeto medidas de
mútua cooperação, denominam-se consórcio públi-
cos. Os consórcios públicos são disciplinados pela Lei
nº 11.107, de 2005. Uma das características mais
dis-
tintas dos consórcios é a possibilidade de eles possuí-
rem natureza de Direito Público ou de Direito Privado.
Consórcios de Direito Privado obedecem às
normas da legislação civil. Possuem regime celetista,
embora não possam ter fins lucrativos. Por isso, não
integram a Administração Pública. Já os consórcios de
direito público são as associações públicas propria-
mente ditas, podendo ser inclusive transfederativas se
integrarem todas as esferas das pessoas consorciadas
(federal, estadual, municipal).

 Empresas do Estado: as Empresas Públicas e


Sociedades de Economia Mista

Passemos a analisar o grupo de pessoas jurídicas


denominado de Empresas do Estado (ou empresas
estatais). São as pessoas jurídicas de Direito Privado
pertencentes à Administração Indireta e comportam
duas espécies: as empresas públicas e as sociedades
de economia mista.
Muitas das características apresentadas pelas fun-
dações privadas aplicam-se às empresas estatais, isto
é, sua criação depende de autorização legislativa
além do registro em cartório; seu patrimônio
constitui em bens privados; sua atividade principal
consiste em exercer uma atividade econômica; e a
aptidão para celebrar contratos privados.
As empresas públicas e as sociedades de
economia mista apresentam características em
comum:

 Atuação na prestação de serviços públicos


ou no desenvolvimento de atividade eco-
nômica: as empresas exploradoras de ativi-
dade econômica geralmente recebem menor
controle pela Administração, embora também
apresentem certas desvantagens, como não
ter imunidade a impostos, e seus bens não têm
natureza pública, podendo ser penhorados;
 Sofrem controle pelo Tribunal de Contas da
União: também podendo sofrer controle pelo
Poder Judiciário, no que couber;
 Contratação de bens e serviços mediante
prévia licitação: a licitação é processo utili-
Tal imposição não é exigida para as empresas públicas, por sua vez, não sofrem essa
empresas públicas e sociedades de imposição, podendo adotar a estrutura que
economia mista explo- radoras de desejarem.
atividade econômica;
 Obrigatoriedade de realização de DAS ENTIDADES DE COLABORAÇÃO E SEU REGIME
concur- so público: trata-se de uma forma JURÍDICO
de avaliar
os melhores funcionários dentro de um
grupo seleto de candidatos; Por fim, convém explanar sobre algumas pessoas
 Contratação de pessoal pelo regime jurídicas que, apesar de não integrarem a
celetis- ta: seus membros são Administra- ção Pública, seja Direta ou Indireta,
denominados emprega- dos públicos, salvo ainda sim são a elas aplicáveis as normas gerais de
as hipóteses de contratação Direito Adminis-
para cargo comissionado. Todas as trativo. Essas são as entidades paraestatais. 87
controvér- sias envolvendo o regime
laboral dos emprega- dos públicos devem
ser resolvidas com base na CLT. Apesar
disso, a vedação de acumular dois cargos
públicos também se estende aos empre-
gos públicos.

 Impossibilidade de decretar sua falência:


no caso das estatais prestadoras de serviços
públicos, nos termos do inciso I, art. 2º, da Lei
nº 11.101, de 2005.

As empresas públicas são pessoas


jurídicas de Direito Privado, cuja criação
depende de autorização legal. Sua
personalidade é concedida pelo registro de seus
atos constitutivos em cartório, com a totalidade
de seu capital público e regime organizacional
livre (II, art. 5º, do Decreto-Lei nº 200, de 1967),
podendo ser organizadas como sociedade
anônima, ou de respon- sabilidade limitada, ou
ainda sociedade por comandi- ta de ações. São
empresas públicas: o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
a Caixa Econômica Federal (CEF) e a Empresa
Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária
(Infraero).
As sociedades de economia mista têm seu concei-
to legal previsto no inciso III, do art. 5º, do
Decreto-Lei nº 200, de 1967. São pessoas
jurídicas de direito priva- do, cuja criação
também depende de autorização legal e registro
em cartório; possuem a maioria de seu capi- tal
público e devem ser obrigatoriamente
organizadas como sociedades anônimas. São
sociedades de econo- mia mista: Petrobrás,
Banco do Brasil, Eletrobrás.
Percebemos algumas diferenças entre as
empresas públicas e as sociedades de economia
mista. A primei- ra diz respeito ao capital
constitutivo: enquanto nas empresas públicas
todo o seu capital deve ser público (o Decreto-
Lei nº 200, de 1967, dispõe que seu capi- tal
deve advir totalmente “da União”, mas admite-
se também o capital de origem estadual e
municipal), as sociedades de economia mista
admitem a presença do capital de origem
privada, mas pelo menos 50% mais uma de suas
ações com direito a voto devem perten- cer ao
Estado.
Além disso, outra diferença relevante é em
relação à forma de sua organização: as
ÕES DE DIREITO

sociedades de econo- mia mista devem


obrigatoriamente ter a estrutura de sociedade
anônima; trata-se de disposição legal do
próprio Decreto-Lei nº 200, de 1967. As
As entidades paraestatais são entidades privadas que realizam atividades de interesse coletivo, sem fins
lucra- tivos, e que recebem incentivos de entidades públicas. Tais empresas privadas, cujos objetivos são a
execução de serviços de relevante interesse público, são denominadas entidades do Terceiro Setor.
Tradicionalmente conside- ra-se “entidade paraestatal” sinônimo de entidades da Administração Indireta.
As entidades paraestatais, por serem regidas pelo direito privado, não têm os privilégios concedidos
constitu- cionalmente às entidades de direito público. Essas entidades paraestatais podem se apresentar sob as
seguintes formas:

Organização Social

A organização social (OS) não é uma pessoa jurídica especial, mas uma qualificação especial outorgada pelo
governo federal a entidades da iniciativa privada, sem fins lucrativos. Sua outorga autoriza a fruição de van-
tagens peculiares, como isenções fiscais, destinação de recursos orçamentários, repasse de bens públicos, bem
como empréstimo temporário de servidores governamentais.
A Lei nº 9.637, de 1998, é a lei que regulamenta essa qualificação das OS, e seu art. 1º é bastante claro ao
deli- mitar a área de atuação de tais entidades privadas. De modo geral, a OS será concedida a empresas que
tiverem suas principais atividades dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento
tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde. Desempenham, portanto,
atividades de inte- resse público, mas que não se caracterizam como serviços públicos stricto sensu, razão pela
qual é incorreto afir- mar que as organizações sociais são concessionárias ou permissionárias.
O art. 2º, da referida Lei, dispõe sobre os requisitos para a outorga da qualificação como OS. São requisitos espe-
cíficos para que as entidades privadas referidas no artigo anterior habilitem-se à qualificação como organização social:

 comprovar o registro de seu ato constitutivo, incluindo a sua natureza social, seus objetivos, suas finalidades
devem ser não lucrativas, a composição dos membros de sua diretoria etc.;
 haver aprovação, quanto à conveniência e oportunidade de sua qualificação como organização social, do
Minis- tro ou titular de órgão supervisor ou regulador da área de atividade correspondente ao seu objeto
social e do Ministro de Estado da Administração Federal e Reforma do Estado. Importante ressaltar que a
concessão de tal qualificação é ato discricionário, ficando a cargo do agente responsável (Ministro de Estado),
considerando critérios de conveniência e oportunidade, conceder ou não tal qualificação.

O instrumento de formalização da parceria entre a Administração e a organização social é o contrato de


gestão, cuja aprovação deve ser submetida ao Ministro de Estado ou outra autoridade supervisora da área de
atuação da entidade.
As organizações sociais representam uma espécie de parceria entre a Administração e a iniciativa privada,
exercendo atividades que, antes da Emenda Costitucional 19, de 1998, eram desempenhadas por entidades
públi- cas. Por isso, seu surgimento no Direito Brasileiro está relacionado com um processo de privatização
lato sensu realizado por meio da abertura de atividades públicas à iniciativa privada.

Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

As Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs) são também pessoas jurídicas de direito pri-
vado, sem fins lucrativos, instituídas por iniciativa dos particulares e qualificadas pelo Estado, para
desempenhar serviços não exclusivos do Estado, com fiscalização pelo Poder Público, formalizando a parceria
com a Adminis- tração Pública por meio de termo de parceria.
A lei que disciplina as OSCIPs é a Lei nº 9.790, de 1999, sendo regulamentada pelo Decreto nº 3.100, de 1999. Seu
art. 3º dá uma noção mais ampla e geral sobre as entidades que podem ser qualificadas como OSCIPs, in verbis:

Art. 3º A qualificação instituída por esta Lei, observado em qualquer caso, o princípio da universalização dos ser-
viços, no respectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será conferida às pessoas jurídicas de direito
privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:
I - promoção da assistência social;
II - promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
III - promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que
trata esta Lei;
IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que
trata esta Lei;
V - promoção da segurança alimentar e nutricional;
VI - defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável;
VII - promoção do voluntariado;
VIII - promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;
IX - experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos e de sistemas alternativos de produção,
comércio, emprego e crédito;
X - promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse
suplementar;
XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores
universais; XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e divulgação de
informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas neste artigo.
88
XIII - estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibilização e a implementação de tecnologias voltadas à
mobilidade de pessoas, por qualquer meio de transporte.

O instrumento que regula essa relação do Poder Público com a OSCIP é o termo de parceria, que discriminará
direitos, responsabilidades e obrigações das partes signatárias, prevendo especialmente metas a serem alcança-
das, prazo de duração, direitos e obrigações das partes e formas de fiscalização. Além disso, outra diferença
mar- cante entre a OSCIP da OS é que sua concessão é ato vinculado (§ 2º, do art. 1º, da Lei nº 9.790, de 1999),
podendo-se falar em um “direito adquirido” da empresa privada em obter a qualificação de OSCIP. O
requerimento deve ser encaminhado ao Ministro da Justiça, na forma do art. 5º, da referida Lei.
Esquematicamente, podemos estabelecer as principais diferenças entre a OS e a OSCIP:

PRINCIPAIS DISTINÇÕES OS OSCIP


Lei nº 9.790, de 1999 + Decreto nº
Quanto à legislação Lei nº 9.637, de 1998
3.100, de 1999
Atividades de interesse público ante- Atividades não exclusivas do Estado,
Quanto ao exercício de funções riormente desempenhadas pelo Esta- mas de relevante interesse público
do (mais restrito) (mais abrangente)
Quanto ao instrumento que
Contrato de Gestão Termo de Parceria
for- maliza a relação
Quanto à vinculação da Ato discricionário; conveniência e
Ato vinculado; disposição legal
qualificação oportunidade
Quanto ao ente público
Ministro de Estado Ministro da Justiça
outorgante
Quanto à possibilidade de direito
Não há tal possibilidade Há direito adquirido sobre a outorga
adquirido

EXERCÍCIO COMENTADO
1. (CESPE-CEBRASPE – 2010) Acerca da organização administrativa da União, julgue o item que se segue.
Às autarquias não deve ser outorgado serviço público típico.

( ) CERTO ( ) ERRADO

As autarquias foram criadas, exclusivamente, para prestação de serviços típicos do Estado. Hoje, na esfera fede-
ral, não existem mais autarquias econômicas; a última existente foi a Caixa Econômica Federal, a qual, por
realizar atividade não típica de Estado, foi convertida em empresa pública, pessoa jurídica de direito privado,
interventora no domínio econômico. Resposta: Errado.

AGENTES PÚBLICOS
A fim de ofertar um material de estudos o mais didático e organizado possível, optou-se por não repetir o
conteú- do referente aos agentes públicos, disposto na Lei nº 8.112, de 1990, nesta seção, embora o edital o
tenha repetido, tendo em vista que essa legislação foi abordada em sua totalidade no capítulo intitulado Regime
Jurídico Único.
NOÇÕES DE DIREITO

PODERES ADMINISTRATIVOS
A Administração Pública deve cumprir suas atribuições constitucionais por imposição legal. Para tanto, o exer-
cício de suas funções depende de certas prerrogativas, ou poderes, conferidos pela legislação. Esses poderes
são considerados instrumentos de trabalho. Significa dizer que esses poderes-deveres são instrumentais,
utilizados pela Administração com o objetivo maior de promover a supremacia do interesse público.
O fundamento jurídico para que a Administração possua tantos poderes e prerrogativas está contido no prin-
cípio basilar da supremacia do interesse público sobre o privado. Para que o interesse público possa prevalecer,
sempre, sobre os interesses individuais de cada cidadão, é imprescindível que a Administração permaneça em
uma posição de superioridade em relação aos demais.
89
PODER HIERÁRQUICO um agente ou órgão subordinado. Trata-se de medida
excepcional e temporária e somente pode ser realiza-
Poder hierárquico é o poder que dispõe o da dentro da mesma linha hierárquica, o que significa
Executivo para organizar e distribuir as funções de que a avocação só pode ser vertical, não se admite a
seus órgãos, bem como ordenar e rever a atuação de 90 avocação horizontal. Esquematicamente, temos:
seus agentes, estabelecendo uma relação de
subordinação entre os servidores do seu quadro de
pessoas. As relações de hie- rarquia são
características únicas, existem somente no âmbito do
Poder Executivo, isto é, não existe hierarquia entre
órgãos do Poder Legislativo e do Judiciário. Além
disso, importante frisar que não existe poder
hierárqui- co entre membros da Administração
Indireta, pois estes são entidades autônomas, que não
se subordinam aos entes que o criaram. Pela
hierarquia, há a imposição ao subalterno da estrita
obediência às ordens e instruções legais superiores,
além de definir a responsabilidade de cada um de
seus agentes e órgãos públicos.
Quanto às suas características, diz-se que o poder
hierárquico é interno e permanente. Interno é o
poder que atinge apenas os próprios membros da
Adminis- tração e não tem o condão de atingir as
relações dos particulares. É também um poder
permanente porque não é exercido de modo
esporádico e episódico, como acontece no poder
disciplinar.
Do poder hierárquico são decorrentes certas
facul- dades implícitas ao superior, tais como dar
ordens e fiscalizar o seu cumprimento, delegar e
avocar atri- buições, bem como rever atos de seus
inferiores.
A delegação é a transferência temporária de
com- petência administrativa de seu titular a outro
órgão ou agente público. A delegação poderá ser
vertical, quan- do a matéria for outorgada a um
outro órgão ou agente público subordinado à
autoridade outorgante, perma- necendo na mesma
linha hierárquica. Entretanto, a delegação também
poderá ser feita para outro órgão ou agente que
esteja fora da sua linha hierárquica, hipótese que
denominamos delegação horizontal.
O art. 12, da Lei n° 9.784, de 1999, dispõe do
mesmo modo:
Art. 12 Um órgão administrativo e seu titular pode-
rão, se não houver impedimento legal, delegar par-
te da sua competência a outros órgãos ou
titulares, ainda que estes não lhe sejam
hierarquicamente subordinados, quando for
conveniente, em razão de circunstâncias de índole
técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.

Essa transferência de competência é sempre pro-


visória, o que significa que pode ser revogada a
qual- quer tempo.
A regra geral é sempre a delegabilidade das
compe- tências. Todavia, a própria legislação (art. 13,
da Lei n° 9.784, de 1999) assevera três matérias que
não podem ser delegadas. Assim, são indelegáveis: a
edição de ato de caráter normativo, pois constituem-
se em regras gerais aplicáveis a todos os órgãos,
incompatível com a delegação; a decisão em
recursos administrativos, para evitar que a mesma
autoridade possa julgar o mesmo processo mais de
uma vez pela delegação; e as matérias que forem
consideradas de competência exclusiva do órgão ou
autoridade.
A avocação encontra-se disposta no art. 15, da Lei
n° 9.784, de 1999. Consiste na possibilidade da autori-
dade competente de chamar para si a competência de
DELEGAÇÃO AVOCAÇÃO
Distribuição de Absorção de
competências competências
Admite horizontal e
Admite apenas vertical
vertical

Por fim, a revisão é a capacidade de rever os


atos dos inferiores hierárquicos, apreciando todos
os seus aspectos para a análise de sua
manutenção ou inva- lidação. É somente possível
a revisão de atos prati- cados pelos órgãos
públicos e agentes subordinados
hierarquicamente.
Para as entidades da Administração Indireta,
real- mente, não há como aplicar o poder
hierárquico, uma vez que, por definição, elas não
integram a mesma linha de hierarquia. São entes
diferentes do seu cria- dor, com personalidade
jurídica própria, com patri- mônio exclusivo e
podendo se responsabilizar em juízo sem o auxílio
da Administração Direta.
O que existe para as entidades da
Administração Indireta é uma forma de controle
fiscalizatório e fina- lístico de seus atos, o qual
denomina-se supervisão ministerial. A supervisão é
feita pelo ente controla- dor, geralmente são os
entes da Administração Direta (União, Estados,
Municípios, Distrito Federal e os seus órgãos,
ministérios e secretarias). A supervisão não se
confunde com subordinação, pois entende-se que,
na supervisão, o ente controlado possui uma maior
mar- gem de liberdade do que os órgãos
hierarquicamente subordinados. A supervisão
ministerial não admite, por exemplo, a
possibilidade de revisão dos atos pra- ticados pela
entidade controlada, pois a revisão é uma forma de
controle de mérito dos atos administrativos. Isso
infere na autonomia garantida constitucional-
mente a essas entidades.

Lembrando que são considerados entes da Importante!


Admi- nistração Indireta: as autarquias, as Cuidado para não confundir alguns conceitos. Quando um ato admin
fundações, as empresas públicas e as sociedades de
economia mista. Do mesmo modo, não há que se
falar em Poder Hie- rárquico quando estamos
diante de pessoas e órgãos independentes. Por
exemplo: não há uma relação de hierarquia entre
as pessoas que ocupam cargos polí- ticos. Não há
hierarquia, também, entre os membros dos Três
Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário): eles
atuam de forma independente e harmônica entre
si, um não se subordina ao outro.
PODER DISCIPLINAR O poder regulamentar consiste na possibilidade de o
Chefe do Poder Executivo de cada entidade da Fede- ração
O poder disciplinar consiste na faculdade da Admi- editar atos administrativos gerais, abstratos ou concretos,
nistração de punir seus agentes, nas hipóteses em expedidos para dar fiel cumprimento à lei. Seu
que estes tenham cometido alguma infração de fundamento legal se encontra disposto no inciso IV, art.
ordem funcional. Por exemplo: quando o servidor 84, da CF, de 1988:
público se apresenta no serviço embriagado, não
apenas uma vez, mas constantemente, isso é uma
transgressão disciplinar, uma conduta incompatível
com a atuação dos servidores públicos. Por isso, ele
deve ser punido, mas essa punição não advém de um
processo penal (não enseja a prisão), é uma punição
aplicável por pessoas de dentro da própria
Administração, e geralmente envolve ou a suspensão
ou a demissão do cargo público.
O poder disciplinar é correlato com o poder hierár-
quico, mas não se confunde com o mesmo. No poder
hierárquico, a Administração Pública distribui e
esca- lona as suas funções executivas. Já no uso do
poder disciplinar, a Administração simplesmente
controla o desempenho de funções e a conduta de
seus servidores, responsabilizando-os pelas faltas
porventura cometidas. Em relação às suas
características, o poder disci- plinar é interno, não-
permanente ou temporário e discricionário.
Assim como o poder hierárquico, a imposição de
sanções pela Administração não se apli- ca aos
particulares, somente a seus próprios servido- res,
salvo as hipóteses de estes serem contratados pela
Administração Pública. Todavia, distingue-se do
poder hierárquico na medida em que é não-
permanente, isto é, só será aplicado se e quando o
servidor cometer infra- ção funcional. Percebe-se,
então, que o poder disciplinar apresenta caráter
punitivo e sancionador, enquanto o poder
hierárquico advém da simples obediência dos
subalternos para com a entidade detentora deste
poder. A discricionariedade do poder disciplinar
traduz-
-se na possibilidade da Administração em poder
esco- lher qual a punição mais apropriada para cada
caso, isto é, ela possui certa margem de liberdade
para o seu exercício. Claro que, dentre essas
escolhas, o administrador não pode escolher “não
punir” o agen- te público. Por isso, costuma-se dizer
que, quanto ao dever de punir, este tem natureza
vinculada. A discri- cionariedade atinge, somente,
quanto à modalidade de punição que deve ser
aplicada.
Os servidores públicos que cometerem qualquer
infração no exercício de suas funções estão sujeitos
às seguintes penalidades, dispostas no art. 127, da
Lei nº 8.112, de 1990: advertência; suspensão;
demissão; cassação de aposentadoria ou
disponibilidade; desti- tuição de cargo em comissão
e destituição de função comissionada. A aplicação
de qualquer uma dessas penalidades depende de
prévio processo administra- tivo, respeitada a
garantia de contraditório e ampla defesa, sob pena de
nulidade da sanção. Sobre qual sanção será
aplicada, isso vai depender de cada caso,
considerando os danos que sua conduta causarem, se
houve aspectos agravantes ou atenuantes, se o
agente público é primário ou reincidente, e os seus
antece- dentes funcionais (art. 128, Lei nº 8.112, de
1990).
O processo disciplinar será visto, em maiores deta-
lhes, quando tratarmos sobre os agentes públicos.

PODER REGULAMENTAR
Art. 84 Compete privativamente ao Presidente administrativos:
da República:
[...]  Regulamentos administrativos ou de organiza-
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar ção: são aqueles que disciplinam questões
as leis, bem como expedir decretos e internas de estruturação e funcionamento da
regulamentos para sua fiel execução.
Administra- ção Pública, bem como as relações
jurídicas de sujeição especial do Poder Público
O artigo afirma que tal ato é de competência perante par- ticulares. Exemplo: regulamento que
exclu- siva do Presidente, o que significa que disciplina organização e funcionamento da
seria inde- legável a qualquer subordinado. administração
Porém, isso não é totalmente correto: o parágrafo federal (“a”, VI, art. 84, da CF, de 1988); 91
único, do mesmo dis- positivo constitucional,
diz que há a possibilidade de o Presidente
delegar algumas de suas atribuições para os
Ministros de Estado, o Procurador-Geral da
Repú- blica ou ainda para o Advogado-Geral da
União. Além disso, este poder pode ser
exercido, por simetria, pelos Governadores e
Prefeitos. Assim, para fins didá- ticos, costuma-se
dizer que o poder regulamentar só pode ser
delegado excepcionalmente, com algumas
restrições. Vale notar quais competências do
Presidente da República podem ser delegadas? O
art. 84 pode ser um tanto confuso nesse sentido,
mas a interpretação corre- ta é a de que, em
regra, as competências do Presiden- te são
exclusivas e indelegáveis. Excepcionalmente, a
matéria disposta nos incisos VI (dispor
mediante decreto sobre a organização e
funcionamento da admi- nistração federal
quando não implicar aumento de des- pesa nem
criação ou extinção de órgãos públicos; e a
extinção de funções ou cargos públicos, quando
vagos), XII (conceder indulto e comutar penas,
com audiência, se necessário, dos órgãos
instituídos em lei), e a primei- ra parte do inciso
XXV (prover os cargos públicos fede- rais, na
forma da lei) são competências que podem ser
transferidas para as pessoas públicas
previstas no parágrafo único, do referido art.
84. Observe que a competência para extinguir o
cargo público enquan-
to ainda ocupado não pode ser delegada.
Uma das palavras-chave do poder
regulamentar é regulamento. Trata-se de ato
administrativo que tem por escopo estabelecer
detalhes e diretrizes quanto ao modo de
aplicação dos dispositivos legais, dando maior
concretude aos comandos gerais e abstratos
presentes na legislação. Não se confunde com o
decreto, que é outro ato administrativo que
introduz o regulamento em si. Decreto
representa a forma do ato administrati- vo,
enquanto o regulamento representa seu
conteúdo.
Ambos os decretos e regulamentos são atos
em posi- ção de inferioridade em relação as leis
e, por isso, não são capazes de criar direitos e
obrigações aos particu- lares sem fundamento
legal. Suas funções primordiais, no entanto, são
a redução da margem de interpretação das
normas, pois se um decreto dispõe qual é a
forma mais correta de aplicação da lei, esta
perde um pouco de seu caráter geral e abstrato,
seu campo de discri- cionariedade é reduzido a
ÇÕES DE DIREITO

uma única forma válida de


aplicação no âmbito jurídico. Por isso, o poder
regula- mentar apresenta natureza
vinculada.
Existem diversas espécies de regulamentos
 Regulamentos habilitados ou delegados: em supremacia geral, que consiste na imposição de limites
alguns países, há a possibilidade de o Poder à liberdade e à propriedade dos particulares, regulando
Legis- lativo delegar ao Executivo a disciplina de a prática des- ses atos, ou a abstenção dos mesmos,
maté- rias reservadas privativamente à lei, manifestando-se por meio de atos normativos ou
havendo uma transferência de competência concretos, tudo isso em
legislativa. Tais regulamentos não são admitidos 92 benefício do interesse público.
no direito administrativo brasileiro;
 Regulamentos executivos: são os regulamentos
comuns, expedidos sobre matéria disciplinada
pela legislação, permitindo a fiel execução da
norma legal. É a hipótese do inciso IV, art. 84, da
CF, de 1988;
 Regulamentos autônomos: são os que dispõem
sobre tema não disciplinado pela legislação. Há
um conjunto de temas que a norma constitucional
retirou da competência do Poder Legislativo e
atri- buiu sua disciplina ao Poder Executivo. A EC
n° 32, de 2001, elenca dois temas que só podem
ser disci- plinados por decreto expedido pelo
Presidente da República: a organização da
administração federal e a extinção de funções e
cargos vagos e não ocupados.

PODER DE POLÍCIA

Devemos nos aprofundar mais no Poder de


Polícia, uma vez que é a espécie de poder da
Administração que tem mais chances de cair em uma
questão de prova.
A expressão “poder de polícia” pode ser interpre-
tada de duas maneiras: em um sentido amplo, cor-
responde a qualquer limitação estatal à liberdade e
propriedade privada, de origem administrativa ou
legislativa. Há também o poder de polícia em senti-
do restrito, mais utilizado pela doutrina, que
engloba apenas as restrições impostas pelas
limitações admi- nistrativas, excluindo as limitações
de ordem legal. Em sentido restrito, envolve
atividades administrati- vas de fiscalização e
condicionamento da esfera priva- da de interesses,
em prol da coletividade.
O poder de polícia tem grande destaque no
exercí- cio das funções da Administração moderna,
junto com a prestação de serviços públicos e o
fomento à inicia- tiva privada. Porém, essas duas
funções representam uma atuação estatal ampliativa,
enquanto o poder de polícia representa uma atuação
restritiva do Estado, limitando a liberdade e a
propriedade individual em favor do interesse
público.
O art. 78, do Código Tributário Nacional (CTN),
tem seu conceito legal de poder de polícia:

Art. 78 (CTN) Considera-se poder de polícia ativi-


dade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interesse ou liberdade,
regula a prática de ato ou abstenção de fato, em
razão de interesse público concernente à
segurança, à higie- ne, à ordem, aos costumes, à
disciplina da produção e do mercado, ao exercício
de atividades econômicas dependentes de
concessão ou autorização do Poder Público, à
tranquilidade pública ou ao respeito à
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

Diante do que foi exposto, podemos conceituar


“poder de polícia” como a atividade da
Administração Pública, com fundamento na lei e na
Ao dizer que se trata de atividade da previsão legal para a sua obtenção, tratando-se, por
Administra- ção Pública, procuramos enfatizar a isso, de ato vinculado. Com isso, podemos afirmar
concepção stric- to sensu do poder de polícia, que que a manifestação do poder de polícia pode ocorrer
não se confunde com as limitações à liberdade e ao mediante a expedição de atos no exercício da
direito de propriedade impostas pelo legislador. competência discricionária da Administração, ou por
Por ser atividade da Admi- nistração, deve ser meio de atos vinculados, com a devida previsão
exercido respeitando os princípios da razoabilidade legal.
e proporcionalidade.
A fundamentação legal é outro aspecto importan-
te do poder de polícia, uma vez que a lei
condiciona o exercício de determinadas atividades
à obtenção de licenças ou concessões pelo Poder
Público. O legisla- dor deve, então, elaborar os
requisitos necessários para o exercício do poder de
polícia pelo Estado.
O poder de polícia tem por objeto a imposição
de limitações à liberdade e propriedade dos
particu- lares, instituindo condições capazes de
compatibili- zar seu exercício às necessidades de
interesse público. Tais imposições também podem
ser aplicadas ao Esta- do. Isso significa que até
mesmo o Poder Público pode
ter suas liberdades e propriedades sofrendo limita-
ções em face das necessidades do interesse
público.
Para o seu exercício, a Administração Pública
deve regular a prática dos atos ou a abstenção
de fatos. Em regra, o poder de polícia manifesta-
se em obrigações negativas, ou de não fazer,
impostas aos particulares, limitando a esfera de
atuação dos seus direitos. Excepcionalmente, pode
também manifestar-se mediante obrigações positivas
ou de fazer, como é o caso da imposição da função
social da propriedade ao dono do imóvel, disposta no
inciso XXII, art. 5º, da CF, de 1988.
O poder de polícia manifesta-se pela
expedição de atos normativos, como é o caso
das regras sobre o direito de construir, ou por meio
de atos concretos, como a obtenção de licença para
a reforma de um imóvel, cujo interesse é exclusivo
do particular (pro- prietário do imóvel, no caso).
Ele se difere do Poder Disciplinar quanto ao
destinatário da sanção: o Poder de Polícia somente
atinge os particulares, isto é, aque- las pessoas da
esfera privada que não integram a Admi- nistração
Pública. O Poder Disciplinar, por sua vez, é um
poder interno que não atinge particulares, e sim os
pró- prios agentes públicos dentro da Administração.
Por fim, convém ressaltar a finalidade do poder
de polícia: agir em prol do interesse público. Por
isso, o Esta- do deve conciliar os direitos individuais
com o interesse da coletividade. Tal finalidade é típica
da Administração Pública, pois tem como
fundamento o princípio sistêmico da primazia do
interesse público sobre o privado.

Natureza Jurídica do Poder de Polícia

Quanto à sua natureza jurídica, é entendimento


majoritário que o poder de polícia é
discricionário. Na doutrina, muitos autores
costumam definir poder de polícia utilizando-se da
expressão “faculdade que o Estado possui de impor
limites”. Isso quer dizer que não apresenta
características de obrigação legal, mas de uma
permissão. A escolha sobre qual método utili- zar
para o exercício do referido poder, e quando, com-
pete somente à própria Administração Pública.
Porém, vale ressaltar as hipóteses de obtenção
de licença. A licença é ato administrativo
relacionado ao poder de polícia, que apresenta
O poder de polícia também é, em regra, responsabilidade pela autoridade competente que causou
indelegá- vel, uma vez que pressupõe a posição danos com seu uso irregular. Abuso de poder pode se
de superiori- dade de quem o exerce, não podendo manifestar no exercício das funções administrativas sob
ser transferido a particulares (III, art. 4º, da Lei nº duas for- mas: pelo excesso de poder e pelo desvio de
11.079, de 2004). Obviamente, o poder de império é finalidade.
único e exclusivo do Estado; se ele pudesse ser
transferido a particula- res, tal medida seria um
atentado contra a paz social. Todavia, isso não
impede que o Poder Público pos-
sa delegar as atividades consideradas preparatórias
ou sucessivas do poder de polícia. Essa delegação é
possível, desde que esses entes que recebem essa dele-
gação (entes da administração indireta, pessoas jurí-
dicas de direito privado, particulares etc.) tenham
um vínculo com a própria Administração.

Polícia Administrativa e Polícia Judiciária

A concepção do poder de polícia abrange muito


mais do que a simples promoção de segurança públi-
ca. Todavia, é imprescindível destacar as atividades
estatais de prevenção e repressão da criminalidade
sob a ótica do poder de polícia. Assim, costuma-se
dividir a atuação do Estado para promoção da segu-
rança pública em duas categorias de “polícias”
distin- tas: a polícia administrativa e a polícia
judiciária.
A polícia administrativa tem um caráter pre-
ventivo. Isso significa que a sua atuação deve
ocorrer antes da prática do delito, tendo por
finalidade evitar a sua ocorrência. Submete-se às
regras de Direito Admi- nistrativo. No Brasil, a
polícia administrativa é exer- cida por diversos
órgãos de fiscalização de diversas áreas, como
saúde, educação, trabalho, previdência e assistência
social. A polícia administrativa protege os interesses
primordiais da sociedade ao impedir com-
portamentos individuais que possam causar
prejuízos maiores à coletividade.
A polícia judiciária, por sua vez, apresenta
cará-
ter repressivo. Sua atuação ocorre após a constatação
de um crime. Após sua ocorrência, deve a polícia judi-
ciária abrir um processo de investigação em busca
da autoria e da materialidade do crime. Sua razão de
ser é a punição dos infratores. Rege-se pelas regras
de Direito Processual Penal. Ela incide sobre
pessoas, ao contrário da polícia administrativa, que
age sobre a atividade das pessoas. A função de
polícia judiciária é exercida pelas corporações
especializadas, denomina- das Polícia Civil e Polícia
Federal.

USO E ABUSO DO PODER

Quando o agente público exerce adequadamente


suas competências, atuando em conformidade com a
legislação, sem excessos ou desvios, diz-se que ele faz
uso regular do poder. Entretanto, hipóteses de exer-
cício de competências fora dos limites legais,
visando apenas interesses alheios, tratam-se de clara
hipótese de uso irregular do poder, também
denominado abu- so de poder.
O abuso de poder, além de causar a invalidade do
ato, constitui em ilícito ensejador de
Excesso de poder é a hipótese de uso
irregular dos poderes administrativos pelo qual
a autoridade prati- ca algum ato desrespeitando
os limites impostos, exor- bitando o uso de suas
faculdades administrativas. Ao exceder sua
competência legal, o agente responsável age
com exageros e desproporcionalidade, o que
torna o ato praticado por ele absolutamente 93
inválido. Entretan- to, o excesso de poder admite
convalidação, ou seja, há hipóteses em que se
pode corrigir vício cometido no ato preservando
sua eficácia, dependendo do caso concreto.
Desvio de finalidade, por sua vez, é vício do
ato administrativo, praticado sempre por
autoridade com- petente, que tem por fim
diverso daquele previsto, explícita ou
implicitamente, nas regras de competên- cia da
legislação (“e”, § único, art. 2º, da Lei n° 4.717,
de 1965). A finalidade diversa não macula os
requisi- tos essenciais dos atos administrativos
(competência, objeto, forma, motivo), mas
tende a macular o ato, tor- nando-o nulo. O
único caminho possível para esse ato é a
anulação, ou seja, não há possibilidade de
convali- dação. O desvio de finalidade pode
ocorrer tanto nas condutas comissivas, em seu
campo de atuação, quanto nas condutas
omissivas, isto é, quando o agente público
se abstém de realizar tarefa legalmente imposta.
Exemplos de desvio de finalidade são
bastan- te comuns na Administração Pública
brasileira: a construção de estrada cujo trajeto
foi elaborado com objetivo de valorizar a
propriedade rural de um governador, a
nomeação de réu em ação penal a cargo público
para obter foro privilegiado e transferir seu
processo para o STF etc. Percebe-se que, em
todos os casos, há a sobreposição de um
interesse particular sobre o interesse da
coletividade: os agentes estatais, dessa forma,
praticam atos visando obter alguma van- tagem
pessoal, para eles mesmos ou para outrem, con-
cretizando, assim, o desvio de finalidade.

Para o Direito, os atos são aqueles capazes de


moti- var efeitos jurídicos. Logo, assim como as
pessoas na vida privada, a Administração
Pública também prati- ca atos, os quais
possuem potencial de produzir efei- tos
jurídicos diversos.
Para Hely Lopes Meirelles, atos administrativos
são as manifestações de vontade da
Administração Pública que objetivam adquirir,
resguardar, transfe- rir, modificar, extinguir e
declarar direitos ou impor obrigações aos
particulares ou a si própria. Isso signi- fica que
a Administração, antes mesmo de iniciar sua
atuação, deve expedir uma declaração que
exprime a sua vontade de realizar o referido ato.
OÇÕES DE DIREITO

Importante frisar o caráter infralegal dos


atos administrativos, pois é imprescindível a
submissão da Administração Pública, seus
agentes e órgãos à sobe- rania popular.

Importante!
REQUISITOS III - as matérias de competência exclusiva do órgão
ou autoridade.
Os requisitos ou elementos dos atos administrati-
vos são assuntos com imensa divergência Alguns atos, então, não podem ser delegados a
doutrinária. A maioria dos concursos públicos ainda outras autoridades, principalmente se tais atos são de
adota a con- cepção mais clássica dos requisitos dos 94 competência exclusiva do agente público.
atos adminis- trativos e, por isso, daremos maior
destaque a ela.
De modo geral, a corrente clássica, defendida por
autores, como Hely Lopes Meirelles, tende a dispor
cinco requisitos dos atos administrativos para a sua
formação, utilizando, como inspiração, o preceito legal
disposto no art. 2º, da Lei nº 4.717, de 1965. São eles:

 Competência;
 Objeto;
 Forma;
 Motivo;
 Finalidade.

Competência

Competência diz respeito à capacidade do agente


público para o exercício dos atos administrativos. É
requisito de validade, haja vista que, no Direito
Admi- nistrativo, a lei é quem estabelece as
competências atribuídas a seus agentes para o
desempenho de suas funções. Quando o agente atua
fora dos limites da lei, diz-se que cometeu ato nulo
por excesso de poder. É, por isso, sempre um ato
vinculado.
A competência possui certas características
próprias, a saber: obrigatória, intransferível,
irrenunciável, imodificável, imprescritível e
improrrogável. Vere- mos de modo mais específico
cada uma delas a seguir:

 Obrigatória, porque representa um dever do


agen- te público;
 Intransferível significa que, de modo geral, a
com- petência é um quesito personalíssimo, não
pode ser transferida para terceiros;
 Irrenunciável, porque o agente público não pode
abrir mão de sua competência;
 Imodificável significa que a competência, uma
vez
estabelecida, não pode sofrer alterações
posteriores;
 Imprescritível, porque a competência perdura ao
longo do tempo, ela não caduca;
 Improrrogável significa dizer que se é
competente hoje, continuará sendo sempre,
exceto por previ- são legal expressa em sentido
contrário.

No entanto, essas características não vedam a


pos- sibilidade de delegação, quando prevista em lei.
Por isso, pode-se dizer também que a
delegabilidade é outra característica da
competência. Porém, atente-se ao disposto no art.
13, da Lei nº 9.784, de 1999:

Art. 13 Não podem ser objeto de delegação:


I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos;
Objeto Finalidade
Objeto é o conteúdo do ato ou o resultado
que pretende ser almejado pela prática do ato Finalidade é o objetivo a ser almejado pela
adminis- trativo. Todo ato administrativo tem por prática daquele ato administrativo. Em muitos casos,
objeto a criação, modificação ou comprovação o obje- tivo almejado é a proteção do interesse
de situações jurídicas concernentes a pessoas, bens público. Sem- pre que o ato for praticado tendo em
ou atividades sujeitas ao exercício do Poder Público. vista o interesse alheio, será nulo por desvio de
É por meio dele que a Administração exerce seu finalidade.
poder, concede um benefício, aplica uma sanção,
declara sua vontade, estabelece um direito do
administrado etc.
O objeto pode não estar previsto expressamente
na legislação, cabendo ao agente competente a
opção que seja mais oportuna e conveniente ao
interesse público. A definição de objeto do ato
administrativo trata-se, por isso, de ato
discricionário.

Forma

A forma é o modo por meio do qual se


exterioriza o ato administrativo, é seu revestimento.
O desrespei- to à forma do ato acarreta na sua
nulidade. Trata-se de ato vinculado, quando exigida
por Lei, e discricionário, quando a sua escolha
couber ao próprio agente público. Em regra, os atos
administrativos são sempre exte- riorizados por
escrito, mas podem também ser orais, gestuais ou
até mesmo expedidos por máquinas. O art. 22, da
Lei nº 9.784, de 1999, determina que “os atos do
processo administrativo não dependem de forma
deter-
minada senão quando a lei expressamente a exigir”.

Motivo

O motivo é a circunstância de fato ou de direito


que determina ou autoriza a prática do ato, isto é, a
situa- ção fática que justifica a realização do ato.
Situação de fato é o conjunto de circunstâncias
que motivam a realização do ato; questões de
direito é a previsão legal que leva à realização do
ato.
O motivo pode ser tanto requisito vinculado
como discricionário, dependendo do comando
legal impos- to aos agentes. Assim, o motivo será
vinculado quando a lei expressamente obrigar o
agente a agir de um cer- to modo, como na
hipótese de lançamento tributário (o fiscal da
Receita não tem direito de escolha quanto a se deve
ou não fazer o lançamento).
Situação diversa é a do pedido de demissão de
ser- vidor público no caso de incontinência pública
(inciso V, art. 132, da Lei nº 8.112, de 1990),
hipótese em que a autoridade competente tem maior
liberdade para avaliar se a demissão é realmente
ato necessário ou não, dependendo do caso
concreto.
Não se confunde motivo com motivação; a
motiva- ção é a justificativa para a realização de
determinado ato. O motivo ocorre em momento
anterior à prática do ato, enquanto a motivação, por
ser uma série de explicações que justificam a
expedição do ato, ocorre sempre em momento
posterior. Assim, todo o ato tem seu motivo
(Teoria dos Motivos Determinantes), mas nem
sempre é expedido adjunto com a motivação, que
nada mais é do que a exteriorização dos motivos.
Por exemplo: o trancamento de um  Exigibilidade;
estabelecimen- to, após constatação de falta de  Autoexecutoriedade;
cuidados higiênicos com os alimentos, visa à  Tipicidade.
proteção da vida e da saúde dos cidadãos que
frequentam aquele local. Pode-se afirmar, de modo
geral, que a finalidade de um ato administrativo
sempre será a proteção dos direitos e garantias
fundamentais da pessoa humana.
Além dessa concepção clássica, há também uma
classificação mais moderna dos requisitos dos atos
administrativos, elaborada por autores como Celso
Antônio Bandeira de Mello. Por ser pouco utilizada
em concursos públicos, observaremos apenas os
pon- tos essenciais e didáticos da referida
classificação.
Para essa concepção moderna, são requisitos dos
atos administrativos:

a) sujeito;
b) motivo;
c) requisitos procedimentais;
d) finalidade;
e) causa
f) formalização.

Sujeito, requisitos procedimentais e causa são os


requisitos vinculados, enquanto o motivo, a
finalida- de e a formalização são requisitos
discricionários.

VALIDADE

A validade não é sinônimo de perfeição, uma


vez que possui relação com o ordenamento jurídico,
e não com os elementos constitutivos. Todo ato
administra- tivo válido deve ter uma norma jurídica
como funda- mento, caso contrário, é considerado
um ato ilícito (inválido), podendo ser anulado.

EFICÁCIA

Falaremos aqui sobre a eficácia dos atos


adminis- trativos. Ato eficaz é aquele que já está
produzindo efeitos concretos. São considerados
eficazes porque sobre eles não recai nenhum prazo
ou condição sus- pensiva. Já os atos ineficazes são
aqueles que não podem produzir seus efeitos, seja
por motivos de per- feição, seja pela ausência de um
outro ato adminis- trativo que o homologue. É o
caso, por exemplo, da investidura de candidato em
um cargo público. Tal ato por si só é ineficaz se o
candidato não tiver, além de sido aprovado em
concurso público, realizado outro ato, que é a
assinatura do termo de posse.

ATRIBUTOS

Atributos são as características dos atos adminis-


trativos que os distinguem dos demais atos jurídicos,
pois estão submetidos ao regime jurídico administra-
tivo. Essas características se traduzem em prerrogati-
vas concedidas à Administração Pública para que ela
possa atender de maneira adequada as necessidades
da população.
A doutrina moderna faz referência a cinco atribu-
tos distintos:
 Presunção de Legitimidade e Veracidade;
 Imperatividade;
Veremos cada um desses atributos de modo mais A autoexecutoriedade permite que a Administra-
específico a seguir: ção Pública possa realizar a execução material de
seus atos. A expressão “auto” advém do fato de que
Presunção de Legitimidade e Veracidade o Poder Público não necessita de autorização judicial
para desconstituir a situação irregular e violadora da 95
Também pode ser denominada presunção
de legalidade. Significa que todo ato
administrativo é considerado válido no âmbito
jurídico até surgir prova em contrário. Se, pelo
princípio da legalidade, ao Administrador só
cabe fazer o que a lei permite, então, presume-
se que o fez respeitando a lei.
Nosso Direito admite duas formas de presunção:

 Presunção juris et de jure, que significa “de


direito e por direito”, é presunção absoluta,
que não admi- te prova em contrário;
 Presunção juris tantum, resultante do
próprio direito e, embora por ele
estabelecida como verda- deira, admite
prova em contrário.

A presunção dos atos administrativos é juris


tan- tum. Trata-se, então, de presunção
relativa. Cabe ao particular que alegou a
ilegalidade do ato administra- tivo provar a
carência de legitimidade do mesmo.
A presunção atinge todos os atos, inclusive
aque- les praticados pela Administração com
base no direi- to privado. Qualquer que seja o
ato, se praticado pela Administração Pública,
será presumidamente legíti- mo e verdadeiro.

Imperatividade

Compreendida também como


coercibilidade, dis- põe que os atos
administrativos se impõem aos des- tinatários,
independentemente de sua concordância,
outorgando-lhes deveres e obrigações. A
imperativi- dade garante ao Poder Público a
capacidade de produ- zir atos que geram
consequências perante terceiros. O Estado
somente consegue alcançar seus objetivos de
forma eficiente se ele se encontrar em posição
supe- rior aos seus governados.
A justificativa da criação unilateral — ainda
que contra a vontade dos administrados — dos
atos admi- nistrativos é o Poder coercitivo do
Estado, também denominado Poder Extroverso
ou Poder de Império. Esse não é um atributo
comum a todos os atos, mas tão somente aos
que impõem obrigações aos adminis- trados.
Assim, não têm essa característica os atos que
outorgam direitos (autorização, permissão,
licença), bem como aqueles meramente
administrativos (cer- tidão, parecer).

Exigibilidade

Consiste no atributo que permite à


Administração Pública aplicar sanções aos
NOÇÕES DE DIREITO

particulares por violação da ordem jurídica, sem


a necessidade de recorrer ao processo judicial,
que é demasiado longo e repleto de
solenidades. A exigibilidade permite ao
Adminis- trador aplicar as sanções
administrativas, como mul- tas, advertências e
interdição de estabelecimentos comerciais.

Autoexecutoriedade
ordem jurídica, o que a difere da exigibilidade, que tema, a doutrina utiliza-se de uma sistematização das
não tem o condão de, por si só, desconstituir a irre- formas de extin- ção dos atos administrativos. A
gularidade do ato, apenas pune o infrator. Para tanto, principal divisão que deve ser feita é em relação à
necessita da presença de dois requisitos: a previsão produção de efeitos: exis- tem atos administrativos
legal, como nos casos de Poder de Polícia; e o eficazes e atos ineficazes.
caráter de urgência, a fim de preservar o interesse 96 Quando ineficaz, o ato pode ser extinto pela retirada,
coletivo.
Assim, não há necessidade de intervenção
judicial nas hipóteses de: apreensão de mercadorias
contra- bandeadas, na demolição de construção
irregular, na interdição de estabelecimento comercial
irregu- lar, entre outros. Todavia, afirmar que a
execução independe de manifestação do Judiciário
não signifi- ca dizer que escapa do controle judicial.
Poderá ser levado ao crivo, mas somente a
posteriori, depois de seu cumprimento, se houver
provocação da par- te interessada. As medidas
judiciais mais adequadas para contestar a força
coercitiva administrativa são o mandado de segurança
e o habeas data (incisos LXIX e LXVIII, do art. 5º, da
CF, de 1988).
Importante ressaltar ainda que os princípios da
razoabilidade e proporcionalidade impõem limites
na atuação coercitiva dos agentes públicos. A autoe-
xecutoriedade (leia-se o uso de força física) deve ser
utilizada com bom senso e moderação.

Tipicidade

A tipicidade diz respeito à necessidade de respei-


tar as finalidades específicas delimitadas pela lei,
para cada espécie de ato administrativo. Dependendo
da finalidade que o Poder Público almeja, existe um
ato definido em lei. A lei deve sempre estabelecer os
tipos de atos e suas consequências, promovendo ao
particu- lar a garantia de que a Administração
Pública não fará uso de atos inominados, sem
tipificação, que impõe obrigações cuja previsão legal
não existe. É um atri- buto que deriva do próprio
princípio da legalidade.

Dica
A tipicidade é uma característica marcante da
expropriação de bens particulares pelo Poder
Público. É o caso de desapropriação administrati-
va, hipótese em que o Poder Público tem a prerro-
gativa de tirar da esfera de alguma pessoa
física a titularidade sobre bem imóvel,
transformando-o em bem público. Para tanto, deve
realizar um pro- cedimento envolvendo aspectos
mais complexos, como a declaração de utilidade
ou necessidade pública (XXIV, art. 5º, da CF, de
1998), bem como a necessidade de prévia
indenização ao particular que teve seu bem
expropriado, em pecúnia (§ 3º, art. 182, da CF, de
1988).

EXTINÇÃO

Os atos administrativos possuem um ciclo de


vida. Eles são criados, começam a produzir efeitos e,
depois de um tempo, desaparecem. Vamos analisar
com mais detalhes justamente o desaparecimento dos
atos admi- nistrativos, embora seja preferível
utilizar o termo “extinção” (ou “invalidação”) dos
atos administrativos. Para melhor compreensão do
ou pela sua recusa pelo beneficiário. Tratando-se
de atos eficazes, há quatro formas de extinção dos Art. 53 A Administração deve anular seus
atos administrativos: próprios atos, quando eivados de vício de
legalidade, e pode revogá-los por motivo de
 Extinção ipsu iure pelo cumprimento dos conveniência ou oportuni- dade, respeitados os
efei- tos: é a extinção que ocorre pelo direitos adquiridos.
cumprimento integral dos efeitos do ato
administrativo. É a extinção natural esperada
por todo ato adminis- trativo. Pode ocorrer
mediante:

 esgotamento do conteúdo, como a


vacina- ção de enfermos após expedição de
ordem de entrega das vacinas;
 execução da ordem, como o guinchamento
de veículo;
 implemento de condição resolutiva ou
termo final, como o prazo final para
renovação da CNH;

 Extinção ipsu iure pelo desaparecimento da


pessoa ou objeto: os atos administrativos
podem tratar das pessoas ou coisas.
Desaparecendo um desses elementos, o ato
extingue-se automatica- mente, pois perdeu a
sua utilidade. As pessoas “desaparecem” com
seu falecimento, como a mor- te de servidor
público que receberia promoção; e as coisas
com a sua ruína ou destruição, como o
desabamento de prédio que recebeu licença
para a sua reforma.

 Extinção por renúncia: ocorre quando o


próprio beneficiário abre mão da situação
proporcionada pelo ato administrativo. É o caso
da exoneração de cargo público a pedido do seu
ocupante;

 Retirada do ato: é a forma mais importante de


extinção dos atos administrativos, para os
concursos públicos. É a extinção que se dá pela
expedição de um segundo ato, elaborado para
extinguir ato adminis- trativo anterior a ele.
Comporta cinco modalidades, que serão vistas
com maiores detalhes: revogação, anulação,
cassação, caducidade e contraposição.

DESFAZIMENTO

Revogação

Revogação é a extinção de ato administrativo


que se encontra perfeito e apto a produzir seus
efeitos, praticado pela própria Administração
Pública. Essa remoção é fundada em razões de
conveniência e opor- tunidade, sempre almejando a
proteção do interesse público. Nessa hipótese,
ocorre uma causa superve- niente, que altera o
juízo de conveniência e oportu- nidade sobre a
permanência de ato discricionário, obrigando a
Administração a expedir um segundo ato capaz de
revogar esse ato anterior.
O conceito de revogação tem previsão no art. 53,
da Lei nº 9.784, de 1999:
Sobre o mesmo assunto, tem-se a Súmula nº 473, particular direito à inde- nização pela anulação de ato
do STF: ilegal, salvo se compro- var ter sofrido dano anormal para
ocorrência, do qual não tenha participado.
Súmula 473 (STF) A administração pode anular
seus próprios atos, quando eivados de vícios que
os tornam ilegais, porque deles não se originam
direi- tos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial.

Por tratar-se de questão de mérito, a revogação


somente pode ser decretada pela própria Administra-
ção Pública. É, também, decorrência do princípio da
autotutela: a Administração Pública tem
competência para anular e revogar seus atos, sendo
descabida a manifestação do Poder Judiciário nos
atos adminis- trativos discricionários. A revogação é
elaborada pela mesma autoridade que praticou o ato
principal.
O ato revocatório é sempre secundário, consti-
tutivo e discricionário. Seu objeto será sempre o ato
administrativo ou a relação jurídica anterior perfei-
ta e eficaz, destituído de qualquer vício. A
revogação atinge somente os atos discricionários:
para os atos vinculados, a medida cabível é a
anulação.
Por fim, em relação a seus efeitos, a revogação
não pode atingir as situações jurídicas do passado.
Isso significa que a revogação produz efeitos
futuros, não retroativos, ou ex nunc. Há a
possibilidade do particu- lar, que se sentiu
prejudicado com a referida medida, ingressar em
juízo com pedido de indenização contra a
Administração.

Anulação

É a extinção de ato administrativo defeituoso,


pois carece de legalidade, podendo ser expedido pela
Administração Pública ou até mesmo pelo Poder Judi-
ciário. A anulação deriva do próprio princípio da
lega- lidade e autotutela. Também possui
fundamento no art. 53, da Lei nº 9.784, de 1999, bem
como na Súmula nº 473, do STF.
A anulação realizada pela própria Administração
ocorre mediante a expedição de ato anulatório. Suas
características principais são: é ato secundário, cons-
titutivo e vinculado. Tanto a Administração como o
Poder Judiciário podem decretar a anulação de ato
administrativo. Outra característica importante é o
prazo definido pelo caput do art. 54, da Lei nº
9.784, de 1999:

Art. 54 O direito da Administração de anular os


atos administrativos de que decorram efeitos
favo- ráveis para os destinatários decai em cinco
anos, contados da data em que foram praticados,
salvo comprovada má-fé.

O prazo decadencial de cinco anos é atributo exclu-


sivo da anulação.
Por fim, em relação a seus efeitos, é importante
fri- sar que o ato nulo (aquele que carece de
legalidade) tem o seu defeito constatado desde a sua
concepção. Por isso, a anulação deve desconstituir
os efeitos des- de a data da prática daquele ato.
Podemos afirmar, então, que a anulação possui
efeito retroativo, ou ex tunc. Em regra, não gera ao
Cassação  Atos vinculados: são aqueles praticados pela
Administração Pública sem nenhuma liberdade
São hipóteses em que o administrado deixa de atuação. A lei define todas as margens de sua
de preencher condição necessária para a conduta. Havendo vício no ato vinculado, pode-
permanência da referida vantagem. Exemplo: se pleitear a sua anulação, pois trata-se de vício
habilitação da CNH cassada por ser pessoa de legalidade. É o caso, por exemplo, da concessão
enferma. de
aposentadoria para o contribuinte beneficiário; 97
Caducidade

Também denominada decaimento, consiste


na modalidade de extinção de ato
administrativo em con- sequência de norma
jurídica superveniente, a qual impede a
permanência da situação anteriormente
consentida. Como não pode produzir efeitos
automati- camente, é necessária a prática de um
ato secundário, determinando a extinção do
ato decaído. Exemplo: perda do direito de
comercializar em área que passa a ser
considerada exclusivamente residencial.

Contraposição

É o modo de extinção que ocorre com a


expedição de um segundo ato, fundado em
competência diversa, cujos efeitos são
contrapostos aos do ato inicial. É uma espécie
de revogação praticada por autoridade distinta
da que expediu o ato inicial. Exemplo:
nomeação de um funcionário anteriormente
exonerado de seu cargo.

SANATÓRIA

Apesar de termos visto diversas formas de


extin- ção dos atos administrativos, isso não
significa que qualquer vício é capaz de retirar
tal ato do seu campo de atuação. Existe a
possibilidade desses atos serem corrigidos,
terem seus vícios sanados, para que vol- tem a
surtir seus efeitos benéficos em toda a socieda-
de. Essa é a hipótese da convalidação
(ratificação) dos atos administrativos.
A sanatória ou convalidação está prevista no art.
55, da Lei nº 9.784, de 1999, que assim expõe:

Art. 55 Em decisão que esteja evidente que


não acarretare lesão ao interesse público
nem prejuí- zo a terceiros, os atos que
apresentarem defeitos sanáveis poderão ser
convalidados pela própria Administração.

Assim, todo ato que contém algum vício,


estando apto a produzir efeitos, e desde que
esse vício não seja insanável, pode ser
convalidado. Somente os elementos da forma e
da competência podem sofrer convalidação.

CLASSIFICAÇÃO

Atos administrativos existem dos mais


variados tipos. Para efeitos didáticos, costuma-
se dividir e agrupá-los, formando-se uma
NOÇÕES DE DIREITO

verdadeira classificação desses atos. Portanto,


passemos a analisar as diversas modalidades de
atos administrativos, observando os seguintes
critérios:

Vinculação e Discricionariedade
 Atos discricionários: a lei também estabelece da publicidade depende somente da comunicação
uma série de regras para a prática de um ato, mas do interessado, não há necessidade de publicação
deixa certo grau de liberdade ao agente público, 98 pelo Diário Oficial.
que poderá optar por um entre vários caminhos
igualmente válidos. Há uma avaliação subjetiva
prévia à edição do ato. É o caso das permissões
para o uso de bem público. No caso de o ato dis-
cricionário não ser mais conveniente e oportuno
para a Administração Pública, a solução mais
cor- reta para sua extinção é a revogação;

Quanto à Formação de Vontade

 Atos simples: são aqueles que nascem da


manifes- tação de vontade de apenas um órgão,
seja ele uni- pessoal (formado só por uma pessoa)
ou colegiado (composto por várias pessoas). O
ato que altera o horário de atendimento da
repartição pública, emitido por uma única
pessoa, bem como a deci- são administrativa do
Conselho de Contribuintes do Ministério da
Fazenda, que expressa vontade única apesar de
ser órgão colegiado, são exemplos de atos
simples;
 Atos complexos: são aqueles que se formam
pela união de várias vontades, isto é, que
necessitam da manifestação de vontade de dois
ou mais órgãos diferentes para a sua formação.
Enquanto todos os órgãos competentes não se
manifestarem da for- ma devida, o ato não estará
perfeito;
 Atos compostos: é aquele que advém de manifes-
tação de apenas um órgão. Porém, para que
produ- za efeitos, depende de aprovação, visto ou
anuência de outro ato, que o homologa, como
condição para a executoriedade daquele ato.
Costuma-se afirmar que o ato posterior é
acessório do anterior, pois a manifestação do
segundo ato não possui a mesma matéria do
primeiro: ele apenas complementa a aplicação
deste. Exemplo: a nomeação de servidor público,
que deve sempre anteceder a sua aprova- ção em
concurso público.

Quanto aos Destinatários

 Atos gerais: são o conjunto de regras de caráter


abstrato e impessoal. Seus destinatários são mui-
tos, mas unidos por características em comum,
que os fazem destinatários do mesmo ato. Para
pro- duzirem seus efeitos, já que externos, devem
ser publicados na imprensa oficial. Exemplos: os
edi- tais de concurso público, as instruções
normativas;
 Atos coletivos: são aqueles expedidos a um grupo
definido de destinatários. É o caso, por exemplo,
de alteração de horário de funcionamento de uma
repartição pública. Tal ato, evidentemente,
somen- te é do interesse daqueles funcionários. A
publici- dade é atendida apenas com a
comunicação dos interessados, visto que é um ato
interno da Admi- nistração Pública;
 Atos individuais: são aqueles destinados a ape-
nas um único destinatário. Exemplo: a promoção
de um determinado servidor público. A exigência
Quanto aos Efeitos concessão, a apro- vação, a homologação, a
renúncia etc. Os atos negociais podem ser
 Atos constitutivos: são aqueles que geram vinculados (licença) ou discri- cionários
uma nova situação jurídica aos destinatários. (autorização), definitivos ou precários,
Pode ser pela outorga de um novo direito, como
permissão de uso de bem público, ou a
imposição de uma obri- gação, como estabelecer
um período de suspensão;
 Atos declaratórios: aqueles que afirmam uma
situação já existente, seja de fato ou de direito.
Não criam, transferem ou extinguem situação
jurídica, apenas a reconhecem. É o caso da
expedição de uma certidão de tempo de serviço;
 Atos modificativos: são os que têm capacidade
de alterar a situação já existente, sem que seja
extin- ta. Todavia, não têm o condão de criar
direitos e obrigações. Exemplo: a alteração do
horário de atendimento da repartição;
 Atos extintivos: também denominados atos
des- constitutivos, são aqueles que põem termo
a um direito ou dever pré-existentes. Exemplo:
a demis- são de servidor público.

Quanto ao Objeto

 Atos de império: são aqueles praticados pela


Admi- nistração em posição de superioridade
perante os particulares, como na imposição de
multa por infra- ção administrativa;
 Atos de gestão: são expedidos pela Administra-
ção, em posição de igualdade em relação aos
admi- nistrados. É o caso da alienação de bem
público;
 Atos de expediente: são atos internos, elaborados
por autoridade subalterna, que não têm
capacida- de decisória. Exemplo: numeração
dos autos no processo judicial.

ESPÉCIES

Os atos administrativos tipificados pela


legislação brasileira são diversos. Por isso, também
é utilizada, para fins didáticos, uma sistematização
dos atos admi- nistrativos. A doutrina divide os
atos administrativos previstos da legislação em
cinco espécies distintas:

 Atos normativos: são aqueles que apresentam


comandos gerais e abstratos para o
cumprimento da lei. Alguns autores, inclusive,
chegam a consi- derar tais atos “leis em sentido
material”. São atos normativos: os decretos e
regulamentos, as instru- ções normativas, os
regimentos, as resoluções e as deliberações;
 Atos ordinatórios: correspondem a manifesta-
ções internas da Administração Pública
decorren- tes do poder hierárquico,
estabelecendo regras de funcionamento de seus
órgãos internos e regras de conduta de seus
agentes. Tais atos não podem disciplinar as
condutas dos particulares. São atos ordinatórios:
as instruções, as circulares, os avi- sos, as
portarias, os ofícios, as ordens de serviço, os
despachos, entre outros;
 Atos negociais: aqueles que manifestam a von-
tade da Administração em consonância com o
interesse dos particulares. Exemplos: a
licença, a autorização, a permissão, a
sendo passíveis de revogação pelo Poder Público ser desenvolvida pelo particular;
a qualquer tempo. A característica especial  Ofícios: atos formais utilizados na rotina da admi-
desses atos é que eles não disciplinam direitos, e nistração, por meios dos quais as autoridades admi-
sim inte- resses dos particulares; nistrativas se comunicam entre si ou com terceiros;
 Atos enunciativos: também denominados “atos
de pronúncia”, são aqueles que certificam ou
ates- tam a existência de uma situação jurídica
peculiar. Tais atos possuem caráter
predominantemente declaratório. São atos
enunciativos: as certidões, os atestados, os
pareceres etc.;
 Atos punitivos: como o próprio nome supõe,
são os atos que aplicam sanções aos particulares
ou aos servidores que pratiquem condutas
irregula- res, nos termos da lei. São atos
punitivos: as mul- tas, as interdições e a
destruição de coisas.

EXTERIORIZAÇÃO

São meiosdeexteriorizaçãodosatosadministrativos:

 Decretos: os decretos são atos provenientes da


menifestação de vontade privativa dos chefes do
Poder Executivo, o que os torna resultantes de
competência administrativa específica;
 Regulamentos: Quanto aos regulamentos, é lícito
afirmar que, considerando o seu aspecto formal e
orgânico, devem ser qualificados como atos
admi- nistrativos. O inciso IV, do art. 84, da CF,
diz que o Presidente da República tem
competência priva- tiva para expedir decretos e
regulamentos para a fiel execução da lei;
 Resoluções: são atos, normativos ou
individuais, emanados de autoridade de elevado
escalão admi- nistrativo, como, por exemplo,
Ministros ou secre- tários de Estado ou
Municípios;
 Deliberações: são atos oriundos, em regra, de
órgãos colegiados, como conselhos, comissões, tri-
bunais administrativos etc.;
 Regimentos: são atos cuja função consiste em
demonstrar a organização e funcionamento dos
órgãos colegiados. São atos subordinados a um
ato de aprovação, normalmente emanado do
agente que preside o órgão;
 Instruções: atos mediante os quais superiores
expedem normas gerais, de caráter interno, que
prescrevem o modo de atuação de seus
subordina- dos em relação a certo serviço;
 Circulares: atos administrativos que têm como
obje-
tivo transmitir ordens iguais para seus
subordinados;
 Portarias: atos expedidos por agentes públicos de
cargo de chefia que podem conter instruções
acer- ca da aplicação de leis, regulamentos ou
recomen- dações gerais;
 Ordens de serviço: tratam-se de atos para
iniciar uma obra ou um serviço;
 Provimentos: atos administrativos de preenchi-
mento de cargo público;
 Avisos: são atos usados por ministros ou
militares para orientar seus subordinados;
 Alvarás: tratam-se de atos formalizados pela
administração pública, que outorga consenti-
mento para que determinada atividade possa
 Pareceres: os pareceres são atos que no domínio econômico.
consubstan- ciam opiniões, pontos de vista
de alguns agentes administrativos sobre Conceito de Serviço Público, Elementos Constitutivos
matéria submetida à sua apreciação;
 Certidões: atos que representam a A matéria dos serviços públicos está contida, de
reprodução do que já está formalizado nos modo geral, na Constituição Federal e na Lei nº 8.987,
registros públicos; de 1995, que disciplina o regime de concessão e per-
 Atestados e declarações: os atestados e as missão dos serviços públicos. 99
decla- rações são atos em que os agente
administrativos dão fé, por sua própria
condição, da existência de determinado fato;
 Despachos: atos preticados em curso de processo
administrativo. No direito administrativo,
abran- gem as intervenções rotineiras dos
agentes públi- cos e algumas manifestações
de caráter decisório.

EXERCÍCIO COMENTADO
1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Julgue o próximo
item, a respeito dos atos administrativos.
Em decorrência do princípio da autotutela, não há
limites para o poder da administração de revogar
seus próprios atos segundo critérios de
conveniência e oportunidade.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Há vários tipos de atos que não podem ser


revoga- dos, como os consumados, os
vinculados, os atos meramente
administrativos, entre outros.
Resposta: Errado.

CONCEITO

A atuação do Estado pode ser dividida em


dois setores: o setor do domínio econômico e o
setor dos serviços públicos. O domínio
econômico tem natu- reza eminentemente
privada, é o campo de atuação primordial dos
particulares e possui regulamentação nos arts.
170 e seguintes da Constituição Federal. Não é
o ponto de enfoque, mas é importante ressaltar
que o Estado pode atuar no domínio econômico,
seja como agente normativo e regulador, seja na
exploração direta de atividades econômicas.
O setor dos serviços públicos, por outro
lado, é o campo de atuação predominante do
Estado. Este é encarregado, dentre outras
funções, pelo exercício da função
administrativa, que é a atividade concreta e
imediata desenvolvida sob regime de direito
NOÇÕES DE DIREITO

público, para a consecução dos interesses


coletivos. Dentre as funções administrativas,
temos a prestação de servi- ços públicos em
sentido estrito.
Considerando o que foi exposto, cumpre
esclare- cer o que vem a ser serviço público e o
que o diferen- cia das atividades de fomento, do
exercício do poder de polícia e da intervenção
deradas serviços públicos. Se antes a execução dessas
O serviço público em sentido amplo (lato sensu)
tem sua origem com a denominada Escola do
Serviço Público, uma corrente doutrinária do século
XX. Na época, a doutrina começava a analisar com
detalhes aquilo que ficou decidido no caso Agnes
Blanco, na França. Esse foi o caso primordial para
decretar, de modo geral, que ao Estado era vedada a
utilização do Código Civil para a apuração de sua
responsabilidade, quando causava danos na
execução de serviços com fundamento de direito
público. Para Roger Bennard, serviço público seria
“a atividade ou organização que abrange todas as
funções de Estado”. A noção de servi- ço público
muito se confunde com a de Direito Público. A Escola
do Serviço Público também influencia os autores
brasileiros. Para José Cretella Junior, serviço
público é “toda atividade que o Estado exerce, direta
ou indiretamente, para satisfação das necessidades
públicas, mediante procedimento típico de direito
público”. Podemos observar o caráter amplo e
abran- gente do instituto, ao considerar também
como ser- viço público as atividades legislativa e
judiciária, que possuem um rol difuso de destinatários
(uti universe). Com o passar do tempo, surge uma
nova corrente doutrinária, que busca delimitar um
pouco essa abran- gência da noção de serviço
público. Essa corrente é defendida pela grande
maioria dos autores da atuali- dade, como Hely
Lopes Meirelles e Celso Antônio Ban- deira de Mello.
Serviço público stricto sensu, então, seria todo
aquele prestado pela Administração ou por seus
delegados, sob regime de direito público, e fruível
individualmente por cada um dos destinatários, para
satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da
coletividade, ou simples conveniências do Estado.
A grande diferença dessa nova noção de servi-
ço público diz respeito à sua abrangência. Somen-
te abrange as atividades da Administração Pública,
não se incluindo as funções legislativa e judiciária.
Também não deve ser considerada serviço público
a exploração de atividade econômica, porque nesses
casos o Estado age em regime privado; bem como as
atividades de fomento, porque trata-se de um
subsídio que se dá ao particular para que exerça
certas ativida- des com interesse coletivo.
Outro traço característico dessa nova corrente
sobre serviço público é a restrição da matéria para
apenas os serviços que possam ser fruídos singular-
mente por cada particular (uti singuli). Tais
serviços são custeados pelos próprios usuários,
mediante o pagamento de taxas.
Assim, para o serviço público stricto sensu, pode-
mos elencar, dentre todos os conceitos, alguns ele-
mentos identificadores que estão presentes em todas
as definições. São eles:

 Elemento Subjetivo: A titularidade do serviço


público é exclusiva do Estado;
 Elemento Objetivo: A atividade caracterizada
como serviço público (geralmente, atendem a um
interesse público);
 Elemento Formal: Qual o regime em que o
serviço é prestado. Na maioria dos casos, trata-se
do regi- me de Direito Público.
100
O fenômeno conhecido como a “crise do serviço
público” se deu com o advento do Estado Regulador,
na primeira metade do século XX. Ele traz a ideia de
um Estado que procura regular as atividades consi-
t serviços pode ser feita sob regime privado. dever (obrigatorie- dade) de prestar tal atividade.
a O Estado carece de recursos para cuidar de O serviço deve ser ininterrupto, porém, o § 3º,
r tantos setores, simultaneamente. art. 6º, da Lei nº 8.987, de 1995, admite que, nos
e Por isso, houve a necessidade de delegar casos de serviços conces- sionados a entidades
f tais servi- ços, mediante concessão ou privadas, não se caracteriza descontinuidade do
a permissão, como também a criação de serviço a paralização quando motivada por razões
pessoas jurídicas próprias para controlar de ordem técnica ou de segu- rança das
e tais atividades. Há, assim, uma mitigação instalações; e por inadimplemento do usuário,
r dos elemen- tos identificadores do serviço considerado o interesse da coletividade. A
a público. Atualmente, admite-se que a jurisprudência apresenta diversos julgados que
execução dos serviços públicos seja acabam contestando o referido legal, sobretudo
e realizada por particulares (elemento no que diz respeito aos serviços de fornecimento
x subjetivo). Há uma delegação da execução de água e de energia elétrica;
c do serviço, a qual poderá ocorrer mediante
l concessão ou permissão do serviço público,
u nos termos da Lei nº 8.987, de 1995.
s Também temos certas atividades em
i que, embo- ra sejam consideradas de
v serviço público, há servi- ços que
a satisfazem interesses particulares
(elemento objetivo), como no caso do
d serviço de distribuição de alimentos em
o prisões.
Por fim, o regime do serviço público
r pode ser de Direito Privado (elemento
e formal), seguindo as nor- mas da CLT para
g o regime de contratação de funcio- nários,
i e os bens podem ser alienados ou
m penhorados, pois não estão afetados a uma
e utilidade pública.
Assim, pode-se concluir que a noção de
p serviço público está intrinsecamente ligada
ú à forma de atua- ção do Estado. Uma das
b principais dificuldades de buscar um
l conceito de serviço público reside justa-
i mente neste fato: a depender do modelo de
c Estado, sua forma de atuação poderá ser
o mais liberal ou mais intervencionista.
, Dessa forma, o conceito de serviço público
também poderá ser mais ou menos
a abrangen- te para cada país.
t José dos Santos Carvalho Filho é o autor
u jurista que apresenta muito bem essa
a dificuldade, ao definir ser- viço público
l como “toda atividade prestada pelo Esta- do
m ou por seus delegados, basicamente sob
e regime de direito público, com vistas à
n satisfação de necessida- des essenciais e
t secundárias da coletividade”.
e
PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AOS
a SERVIDORES PÚBLICOS

e Por estarem submetidos a um regime


x especial, que pode ser total ou parcialmente
e de direito público, os princípios de direito
c administrativo, previstos no caput do art.
u 37, da CF, de 1988, são aplicáveis à pres-
ç tação dos serviços públicos. Porém, há
ã ainda alguns princípios específicos aos
o serviços públicos, que devem ser melhor
analisados. São eles:
d
e  Princípio da continuidade do serviço
s público: é o princípio que diz respeito à
s obrigação do Estado de prestar o
e serviço público, que não pode parar,
s dada a sua relevante finalidade pública.
É dizer que o Estado tem um poder-
 Princípio da mutabilidade do regime rio, que é único do Estado. O Estado exerce tais
jurídico: o interesse público não é estanque, mas
variável ao longo do tempo. A instauração de
serviço públi- co mediante certo regime jurídico
não gera um “direito adquirido” ao mesmo, o que
significa que o Poder Público pode alterar um
estatuto ou con- trato administrativo para
promover maior ade- quação na prestação do
referido serviço;
 Princípio da isonomia dos usuários: trata-se
de uma decorrência direta do princípio constitu-
cional da impessoalidade. O serviço público deve
atender a todos, geralmente de forma individuali-
zada, sem discriminações e privilégios;
 Princípio da modicidade das tarifas: as tarifas
não devem ser exorbitantes, pois o serviço deve
ser aproveitado pelo maior número de usuários
possível, independentemente de sua classe eco-
nômica. O valor a ser exigido dos usuários deve
ser o menor possível para, também, remunerar o
prestador do serviço, com uma pequena margem
de lucro. Com o objetivo de reduzir ao máximo o
valor da tarifa cobrada, a legislação brasileira
pre- vê alguns mecanismos especiais, que se
apresen- tam como fontes alternativas de
remuneração do prestador do serviço público. É o
caso, por exem- plo, de espaços publicitários
utilizados nos arre- dores de uma rodovia. A
menor tarifa é também critério essencial para
avaliação de proposta em uma licitação do tipo
concorrência pública.

CLASSIFICAÇÃO

Os serviços públicos podem ser dos mais variados


tipos. É tarefa difícil estabelecer uma classificação
dos serviços públicos. O professor Hely Lopes Meirel-
les4 apresenta uma boa classificação para os serviços
públicos, que podem ser agrupados com base nos
seguintes critérios:

Quanto à Essencialidade

 Serviços públicos propriamente ditos: também


denominados serviços essenciais, são aqueles
imprescindíveis à sobrevivência da sociedade.
Por isso, tais serviços não admitem delegação ou
outor- ga. É o caso, por exemplo, do poder de
polícia, da saúde, da defesa nacional etc. Observe
que não são somente as funções ligadas ao Poder
de Império que caracterizam um serviço público
essencial propriamente dito. O uso do poder de
império é relevante para o critério da adequação;
 Serviços de utilidade pública: são serviços
úteis, mas não são considerados essenciais. Por
isso, eles podem ser prestados pelo Estado ou por
terceiros, mediante remuneração paga pelos
usuários e sob constante fiscalização. É o caso
dos serviços de transporte coletivo, de telefonia
etc.

Quanto à Adequação

 Serviços próprios do Estado: são os serviços


característicos do Estado brasileiro. Constituem
aqueles serviços que se relacionam intimamente
com as atribuições do Poder Público, isto é, que
possuem alguma relação com o poder de impé-
serviços em relação de supremacia, tarifa ou preço público e será fixada pelo Poder
sobrepondo a sua vontade a dos particulares. Público, quer quando o serviço é prestado por
É o caso dos servi- ços de segurança, saúde, seus órgãos ou entidades, quer quan- do por
do poder de polícia etc.; concessionários, permissionários ou auto-
 Serviços impróprios do Estado: são, como o rizatários. Os serviços de energia elétrica, água,
nome sugere, aqueles serviços que o Estado, telefonia, são serviços dessa modalidade.
ao exercer, não necessita do seu poder de
império para se sobrepor. São os que não Quanto aos Destinatários
afetam substancialmente as necessidades da
comunidade, mas satisfazem interesses  Serviços gerais ou uti universi: já mencionamos
comuns de seus membros, e, por isso, a um pouco sobre essa classificação. São os serviços
Administração os presta remuneradamente públicos que não possuem usuários ou destinatá-
por seus órgãos ou entidades rios específicos e são remunerados por tributos. Os
descentralizadas, ou até mesmo para serviços de iluminação pública e calçamento são
particulares mediante regime de con- cessão remunerados por essa maneira;
e permissão.  Serviços individuais ou uti singuli: são os que
possuem de antemão usuários conhecidos e pre-
Quanto à Finalidade determinados, e o Estado já sabe, antes, quais são
os beneficiados pela prestação do referido
 Serviços administrativos: são os serviços serviço. Por isso, esses serviços são remunerados
que a Administração executa para atender às por tari- fa. É o caso do serviço de água e esgoto,
suas neces- sidades internas ou preparar de ilumina- ção domiciliar, de telefonia etc.
outros serviços que serão prestados ao
público. São, assim, os servi- ços DA COMPETÊNCIA PARA PRESTAR SERVIÇOS

NOÇÕES DE DIREITO
característicos da Administração Pública. PÚBLICOS
Um exemplo diferente e que não
mencionamos até agora é o caso do serviço A atual Constituição Federal de 1988 atribuiu
da imprensa oficial, que tem como função diversos serviços públicos aos entes da Federação.
divulgar todos os atos prestados pelo Poder Em relação à União, os serviços públicos federais
Público, promovendo maior transpa- rência estão inclusos nos incisos X a XII, do art. 21 da CF, de
e fiscalização de seus atos; 1988. São, de modo geral:
 Serviços industriais: serviços que produzem
ren- da para quem os presta, mediante a  O serviço postal e o correio aéreo nacional;
remuneração da utilidade usada ou  Os serviços de telecomunicações;
consumida. Essa remune- ração se denomina
4 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 44. ed. São Paulo: Editora Malheiros, 2020. 101
 Os serviços de radiodifusão sonora e de sons e do ente público, o que diminui o valor a ser cobrado
imagens; como taxa para os usuários do serviço.
 Os serviços e instalações de energia elétrica e o
aproveitamento energético dos cursos de água,
em articulação com os Estados onde se situam os
potenciais hidroenergéticos;
 Serviços de navegação aérea, aeroespacial e a
infraestrutura aeroportuária;
 Serviços de transporte ferroviário e aquaviário
entre portos brasileiros e fronteiras nacionais etc.

Quanto aos Estados, por outro lado, a


Constituição menciona que compete a eles explorar
diretamente, ou mediante concessão, os serviços
locais de gás cana- lizado (§ 2º, art. 25, CF, de 1988).
Isso não significa que os Estados somente podem
explorar serviços locais de gás canalizado, uma vez
que existem as competências comuns a todos os
entes da Federação, atribuídas de forma
remanescente. Alguns exemplos de competências
comuns estão dispostos no art. 23, da CF, de 1988,
como:

Art. 23 [...]
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e
das instituições democráticas e conservar o
patrimônio público;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da
proteção e garantia das pessoas portadoras de
deficiência;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens
de valor histórico, artístico e cultural, os monu-
mentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
arqueológicos;
[...]

Compete aos Municípios, na forma do art. 30,


da CF, de 1988, a prestação de serviços públicos de
inte- resse local, incluindo o serviço de transporte
coletivo; bem como prestar serviços de
atendimento à saúde da população, em cooperação
com os demais entes federativos. É evidente que aos
Municípios também se aplicam as competências
comuns previstas no art. 23. Ao Distrito Federal
compete, além das competên- cias comuns, a
prestação de todos os serviços estaduais e
municipais, uma vez que tal ente possui as mesmas
competências legislativas dos Estados e Municípios.
Por fim, em relação aos particulares, os
mesmos poderão prestar os serviços notariais e de
registro, na forma do art. 236, da CF, de 1988. Tais
serviços envol- vem a organização técnica e
administrativa destinada a garantir a publicidade,
autenticidade, segurança e eficácia dos atos
jurídicos, segundo o art. 1º, da Lei nº 8.985, de 1994.
Os serviços de notas e registros são regulamentados
pela referida lei.

Dica
As parcerias público-privadas (PPPs) são con-
tratos administrativos de concessão, podendo
apresentar-se na modalidade de concessão
patrocinada ou concessão administrativa, na for-
ma do caput do art. 2º, da Lei nº 11.079, de
2004. É uma hipótese que apresenta-se muito
mais viável e atraente para o particular, uma vez
que ele recebe uma contraprestação pecuniária
REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE serviço confere ainda o poder de controlar sua
execução.
Regulamentação O controle é inerente à titularidade do serviço. Se
à determinada pessoa federativa foi dada
competência para instituir o serviço, isso não é só
Os serviços públicos só podem ser
uma faculdade, mas um dever, aferir as condições
executados se houver uma disciplina normativa
em que esse ser- viço é prestado, sobretudo porque
que os regulamen- te, vale dizer, que trace as
essa aferição traz repercussão na esfera dos
regras por meio das quais se possa verificar
indivíduos beneficiários do serviço.
como vão ser prestados. Essa discipli- na
O controle pode ser interno, quando a aferição se
regulamentadora, que pode se formalizar a
voltar para os órgãos da Administração incumbidos
partir de leis, decretos e outros atos
de exercer a atividade. A hierarquia e a disciplina
regulamentares, garan- te não só o Poder
são fatores intrínsecos a essa forma de controle.
Público como também o prestador do serviço e,
Pode ainda o controle ser externo, quando a
ainda, em diversas ocasiões, os próprios
Admi- nistração procede à fiscalização de
indivíduos a quem se destina.
particulares cola- boradores (concessionárias e
A regulamentação do serviço público cabe à
permissionárias), ou também quando se verificam os
entida que tem competência para prestá-lo. O
aspectos administra- tivo, financeiro e institucional
poder de regu- lamentar encerra um conjunto de
de pessoas da adminis- tração descentralizada. Em
faculdades legais para a pessoa titular do
todos essas casos, deve a entidade federativa aferir a
serviço. Pode ela, de início, estabalecer regras
forma de prestação, os resultados que têm
básicas das quais será executado o serviço.
produzido, os benefícios sociais, a necessidade de
Depois, poderá optar por executá-lo direta ou
ampliação, redução ou substituição em todos os
indiretamente e, nesse caso, celebrar contratos
aspectos que constituem real avaliação do que está
de concessão ou firmar termos de permissão
sendo executado.5
com parti- culares, instituindo e alterando os
meios de execução e, quando se fizer
necessário, retomá-lo para si. FORMA DE PRESTAÇÃO E MEIOS DE EXECUÇÃO
Como o objetivo é atender à coletividade,
“Forma de prestação” dos serviços públicos diz
podem os órgãos públicos remover quaisquer
respeito ao titular do referido serviço público. Como
obstáculos que possam dificultar ou impedir a
foi visto em “Competências”, são várias as entidades
execução do serviço.
que podem prestar serviços públicos. Essas formas de
prestação variam para cada tipo de serviço:
Controle
 Serviços centralizados: são os serviços presta-
Além do poder de regulamentação, a dos diretamente pelo Poder Público, em seu pró-
competência constitucional para a instituição do prio nome e sob sua exclusiva responsabilidade.
A

102 5 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 34. ed. São Paulo: Atlas, 2020, p. 625-626.
União, os Estados, os Municípios e o Distrito Fede-
serviço, recorrendo, quando necessário, às
ral são os titulares desses serviços; moder- nas tecnologias, adequadas à adaptação
 Serviços desconcentrados: serviços públicos pres- da ativida- de às novas exigências sociais;
tados pelo Estado, mas não por ele próprio, e sim  Efetividade: os resultados obtidos com os serviços
por seus órgãos, mantendo para si apenas a públicos;
respon- sabilidade pela execução. Exemplos: o  Segurança: o serviço público deve ser prestado de
Ministério da Saúde, o Ministério da Economia, maneira a não gerar riscos aos seus usuários;
as Secretarias de Justiça, as Ouvidorias, as  Atualidade: os serviços públicos devem acompa-
Auditorias, todas essas pessoas que não são o nhar as evoluções técnicas e as que incorporem
Estado, mas que “fazem par- te” dele e não na sua prestação, a fim de ampliar ou melhorar o
possuem personalidade jurídica pró- pria, acesso da população a esses serviços;
realizam serviços desconcentrados;  Generalidade: tem implícito o princípio da
 Serviços descentralizados: serviços públicos impes- soalidade, já que não pode haver
que não são prestados pelo Estado, e sim por distinções ao acesso da população aos serviços
tercei- ros, com personalidade jurídica própria, públicos, ou seja, o serviço deve ser prestado
podendo igualmente a todos que
arcar com os riscos do negócio por conta própria.
Exemplos: Procon, Cadin, INSS, Detran etc. Aqui lhe tenham acesso;
a titularidade do serviço não é mais do Estado, e  Transparência: trata dos procedimentos a serem
sim dessa entidade terceira. Com isso, a respon- observados pelo Estado para garantir o acesso a
sabilidade pela execução do serviço público recai informações na prestação do serviço público pre-
primeiramente sobre o terceiro; é possível que o visto na Constituição Federal de 1988;
Estado se responsabilize também, mas somente  Cortesia: os usuários são os destinatários dos
de forma subsidiária (se o ente demonstrar não ser- viços públicos; desta maneira, existe um
haver patrimônio suficiente para fins de dever legal, além de um dever, obviamente,
indenização). moral, de tratá-los de modo urbano e educado,
dando-lhes um atendimento adequado.
As formas/meios de execução, que não se con-
DELEGAÇÃO: CONCESSÃO, PERMISSÃO E
fundem com as formas de prestação, são apenas
AUTORIZAÇÃO
duas: execução direta e execução indireta.
A execução direta ocorre sempre que o Poder Os serviços públicos podem ser executados dire-
Público emprega meios próprios para a sua  Continuidade: os serviços públicos não
prestação. Engloba tanto a Administração Direta devem sofrer interrupção, ou seja, sua tam
como a Admi- nistração Indireta, isto é, a execução prestação deve ser contínua para evitar que ente
por intermédio de pessoas jurídicas de direito a paralisação provoque, como às vezes pelo
público ou de direito privado que foram instituídas ocorre, colapso nas múltiplas ativi- dades Pod
para tal fim. Relem- brando que são pessoas particulares. A continuidade deve estimu- er
jurídicas de direito público integrantes da lar o Estado ao aperfeiçoamento e à Públ
extensão do ico,
Administração Indireta: as autarquias e as
ou
fundações públicas. E são pessoas de direito
indir
privado integrantes da Administração Indireta: as
eta
empresas públicas e as sociedades de economia
men
mista. A execução indireta, por sua vez, ocorre
te,
sempre que o Poder Público concede a pessoas
por
jurídicas ou pessoas físicas estranhas à entidade
terc
estatal a possi- bilidade de virem a executar os eiro
serviços, mediante o regime de concessão e s,
permissão. A execução indireta caracteriza-se pelo que
fato de que tais serviços são presta- dos pela esfera pod
privada, isto é, são empresas que não possuem em
qualquer tipo de vínculo com a Administração ser
Pública (Direta ou Indireta), não fazem parte da pess
mesma. oas
juríd
REQUISITOS
icas
de
O art. 4º, da Lei nº 13.460, de 26 de junho de direi
2017, diz que os serviços públicos devem atender to
aos seguintes requisitos. Vejamos: públ
NOÇÕES DE DIREITO

ico
Art. 4º Os serviços públicos e o atendimento do ou
usuário serão realizados de forma adequada, de
observados os princípios da regularidade, continui- direi
dade, efetividade, segurança, atualidade, generali- to
dade, transparência e cortesia. priv
 Regularidade: os serviços públicos devem ser ado.
prestados com a maior amplitude possível, Aqu
devem beneficiar o maior número possível de i há
indivíduos; uma
delegação da competência administrativa. Resta saber
quais são as principais formas de delegação dos serviços
públi- cos. São três: concessão, permissão e autorização.
O termo “concessão” é empregado para designar a
atividade da Administração Pública de delegar ao par-
ticular a prestação de um serviço, ou a execução de obra
pública, ou, ainda, o uso de bem público.
Concessão de serviço público é o contrato pelo qual
a Administração promove a prestação indireta de um
serviço, delegando-o a particulares. Exemplos: a
construção de linha ferroviária ou de metrô para
transporte de passageiros, a transmissão áudio sono- ra
(rádio) ou por imagens e sons (televisão) etc. Possui
previsão legal na Lei nº 8.987, de 1995 (Lei de Conces- sões
dos Serviços Públicos), bem como previsão cons- titucional
no art. 175, da CF, de 1988:

Lei nº 8.987, de 1995


Art. 2º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
[...]
II - concessão de serviço público: a delegação de sua
prestação, feita pelo poder concedente, mediante
licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa
jurídica ou consórcio de empresas que demonstre
capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco
e por prazo determinado;

Constituição Federal de 1988


Art. 175 Incumbe ao poder público, na forma da lei,
diretamente ou sob regime de concessão ou per- missão,
sempre através de licitação, a prestação de serviços
públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permis-
sionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu
contrato e de sua prorrogação, bem como as condições
de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou
permissão;

103
Se restar comprovado que a tarifa de um serviço público se
Dessa forma, podemos concluir que a prestação
tornou demasiadamente alta, é possível
do serviço público pode ocorrer diretamente pela
Admi- nistração Pública, ou indiretamente, mediante
dele- gação do serviço a concessionários e
permissionários que, por expressa determinação
legal, necessita de prévio procedimento de licitação.
A concessão de serviço público é contrato admi-
nistrativo bilateral, o que significa que depende,
para a sua formação, além dos requisitos essenciais
a todo negócio jurídico dispostos no art. 104, do
Códi- go Civil (agente capaz, objeto lícito, forma
prescrita ou não defesa em lei), da convergência de
vontades distintas. Temos, de um lado, o poder
concedente, que tem por objetivo a execução do
serviço público em prol da coletividade; e, do outro, a
entidade concessio- nária que deve executar o serviço
com o objetivo de lucrar mediante a arrecadação de
tarifas dos usuários beneficiados com aquele serviço.
O contrato deve ser obrigatoriamente por escrito e
rege-se pelas regras de Direito Administrativo.
Ao mencionar a transferência para pessoa jurí-
dica privada, quis o legislador que a delegação do
serviço não pudesse, em regra, ser feita a pessoas
físicas, mas somente à empresa ou a um consórcio
de empresas. É o caso, por exemplo, da Sabesp, que
é sociedade de economia mista, na prestação do
serviço de abastecimento de água no Estado de São
Paulo.
Essa modalidade de contrato tem por objeto a pres-
tação de serviço público. A delegação ocorre
apenas sobre a execução do serviço, nunca sobre sua
titulari- dade, que continua sendo do poder
concedente.
Apesar da execução do serviço público não ser
fei- ta pelo poder concedente, a legislação (art. 29,
da Lei nº 8.987, de 1995) prevê outras obrigações para
o Esta- do. São alguns deveres do poder
concedente:

 Regulamentar e fiscalizar a execução do serviço


concedido. A fiscalização é uma forma de exercício
de controle da execução do serviço público, pois
por mais que o Estado não esteja realizando a
exe- cução do serviço per si, nada impede que ele
possa fiscalizar se a execução está ocorrendo de
forma correta. Ele pode mandar um agente
vinculado à Administração ou um terceiro
contratado justa- mente para esse fim;
 Aplicar as penalidades previstas na lei e/ou no
contrato. As penalidades pela inexecução do ser-
viço público estão previstas no art. 87, da Lei nº
8.666, de 1993, podendo variar de uma simples
advertência, multa, ou até mesmo uma declaração
de inidoneidade para licitar ou contratar com a
Administração Pública enquanto perdurarem os
motivos determinantes da punição ou até que seja
promovida a reabilitação;
 Intervir na execução do serviço, nos casos previs-
tos em lei. A intervenção advém do próprio ato
de fiscalização: se a execução do serviço não se
mostrar adequada ou estiver conforme o que foi
explícito no contrato, o poder concedente pode
requisitar a paralisação da execução, por exemplo;
 Extinguir a concessão, nos casos previstos nesta
Lei e na forma prevista no contrato;
104  Possibilitar reajustes e a revisão das tarifas cobra-
das. A revisão é uma ferramenta que pode ser
utilizada tanto na fase de estipulação do contra-
to, como na fase de execução do serviço público.
r pequenos, e geralmente costumam ser como a seus registros contábeis;
e para elevar o preço da tarifa, e não para  Promover desapropriações e construir servidões
a diminuí-la; administrativas, mediante autorização do poder
l  Atender as reclamações e outras queixas concedente. Essas são formas de intervenção do
i advindas dos usuários, zelando pela boa Estado na propriedade privada. Pode ocorrer que
z qualidade do ser- viço. Não faria muito o concessionário, para a melhor execução de um
a sentido os usuários manda- rem suas serviço, precise ocupar um espaço de propriedade
r reclamações pela má qualidade do de um particular, seja para fins de
serviço prestado para justamente a desapropriação, ou uma outra forma de
a concessionária que está executando o intervenção mais branda, como construir uma
l referido serviço. Tais reclamações são servidão. Todas essas hipó- teses são possíveis,
g recebidas pelo superior na linha desde que mediante prévia autorização, e também
u hierárquica, para que ele possa tomar as desde que haja uma inde- nização do particular,
n medidas cabíveis; que teve sua propriedade privada obstruída;
s  Declarar os bens necessários à execução
do serviço de necessidade ou utilidade
a pública. Pode ocorrer que a
j concessionária, para equilibrar o seu
u patri- mônio, pretenda promover a
s alienação de um ou mais bens. Porém, o
t poder concedente pode atri- buir alguns
e limites, declarando esses bens como de
s necessidade, ou de utilidade pública.
. Dessa for- ma, esses bens tornam-se
inalienáveis, e também impenhoráveis,
C o que significa que a concessioná- ria
o não pode se dispor deles livremente.
n
t Por outro lado, incumbe à
u concessionária do servi- ço público as
d seguintes tarefas, dentre outras (art. 31, da
o Lei nº 8.987, de 1995):
,
 Prestar o serviço de maneira adequada,
e utilizan- do-se de técnicas específicas de
s seu conhecimento, nos casos previstos
s na lei ou no contrato. Essa é a tarefa
e primordial, óbvio, pois a concessionária
s é a responsável pela execução do
serviço público;
a  Manter em dia o inventário e o registro
j dos bens vinculados à concessão;
u  Prestar contas da gestão do serviço ao
s poder con- cedente e aos usuários. É
t formada uma relação de hierarquia entre
e o poder concedente e o conces-
s sionário. Por isso, este deve prestar
contas de seus atos ao seu superior,
g devendo informar se a gestão do serviço
e público está ocorrendo corretamente, se
r não há nenhum defeito ou falha etc.;
a  Cumprir e fazer cumprir as normas do
l serviço e as cláusulas contratuais,
m havendo possibilidade de pedir
e indenização pela inexecução do
n contrato. É tarefa do concessionário
t exigir que tudo aquilo avençado no
e contrato se torne realidade. Assim, se o
poder concedente se recusar a lhe
s outorgar algo estabelecido em contrato,
ã ou se o valor da remu- neração não for
o igual àquele avençado, o conces-
sionário poderá pedir a rescisão do
m contrato, com pagamento de
u indenização pelo Poder Público;
i  Permitir aos encarregados da
t fiscalização livre acesso, em qualquer
o época, às obras, aos equipa- mentos e às
instalações integrantes do serviço, bem
 Zelar pela integridade dos bens vinculados à presta-
Questão controvertida é a natureza jurídica da per-
ção do serviço, bem como segurá-los
missão. Após a Constituição de 1988, o direito
adequadamente;
brasileiro passou a tratar a permissão como se fosse
 Captar, aplicar e gerir os recursos financeiros
um contra- to de adesão, como se depreende da leitura
necessários à prestação do serviço. Todos os encar-
do inciso I, parágrafo único, do art. 175, da Carta
gos do serviço público ficam a cargo do
Magna: “I - o regi- me das empresas concessionárias e
concessio- nário. Logo, faz parte dessa lógica que
permissionárias de serviços públicos, o caráter
ele deve ter poder de decisão sobre os recursos
especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem
econômicos e financeiros relacionados com a
como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão
prestação do ser- viço público.
da concessão ou permissão”.
Por fim, o art. 35, da Lei nº 8.987, de 1995, Todavia, contrato de adesão é remetente aos
dispõe sobre as modalidades de extinção da contra- tos de Direito Privado, principalmente nas
concessão do serviço público. São seis ao todo: relações de consumo. Tal modalidade de contrato é
elaborada uni- lateralmente pelo fornecedor,
 Advento do termo contratual: trata-se da obrigando a parte ade- rente apenas a manifestar o
extin- ção do contrato pelo encerramento de seu seu aceite. Trata-se de uma característica presente
prazo de vigência. É a extinção natural do também nos contratos adminis- trativos: as regras
contrato, haja vista que nosso direito não admite enclausuradas no contrato admi- nistrativo são
contrato de con- cessão por prazo indeterminado; unilateralmente elaboradas pelo poder concedente,
 Encampação ou resgate: nos termos do art. 37, antes mesmo do processo de licitação.
da Lei nº 8.987, de 1995, é “a retomada do serviço
A confusão estende-se ainda mais no âmbito legis-
pelo poder concedente durante o prazo da
lativo, como ocorre no art. 40, da Lei nº 8.987, de
concessão, por motivo de interesse público,
1995, ao dispor que a permissão “será formalizada
mediante lei autorizativa específica e após prévio
pagamento da indenização [...]”. Aqui, não mediante contrato de adesão, que observará os
ocorreu nenhum tipo de infração de algum termo termos desta Lei, das demais normas pertinentes e do
do contrato, o concessionário simples- mente edital de licitação, inclusive quanto à precariedade e à
abandonou a execução do contrato (é muito comum revogabilidade uni- lateral do contrato pelo poder
algumas dessas empresas “desaparecerem” no meio concedente”. Esse dispo- sitivo não faz o menor
da prestação do serviço). Por isso, não é possível sentido, uma vez que dispõe que a permissão é uma
aplicar sanções ao contratado; espécie de “contrato precário”. Não parece correto
 Caducidade: é a modalidade em que a execução admitir que a permissão seja uma espécie de
do serviço não é realizada, no todo ou em parte, contrato regulado por normas de Direito Privado,
ou pelo descumprimento de encargos atribuídos à com princípios completamente distin- tos dos
concessionária. A caducidade deve ser declarada, princípios administrativos. Todavia, há diver- sos
havendo a ocorrência de um dos eventos descri- autores que admitem tal possibilidade, inclusive o
tos no § 1º, do art. 38, da Lei nº 8.987, de 1995, próprio Supremo Tribunal Federal, no julgamento da
tais como: a concessionária paralisar o serviço, ADI nº 1.491, de 1998. A ação de inconstitucionalida-
des- cumprir cláusula contratual, não cumprir de foi ajuizada pelo Partido Democrático Trabalhista
com as (PDT) e pelodaPartido dos de
Trabalhadores (PT) contra
dispositivos Lei 9.295, 1996, que dispõe sobre
penalidades impostas etc.;
 Rescisão por culpa do poder concedente: caso os serviços de telecomunicações e sua organização.
o poder concedente descumpra alguma regra O relator à época, ministro Carlos Velloso, votou
esta- belecida no instrumento contratual, a pelo deferimento da liminar para suspender os
concessio- nária tem direito a ingressar em juízo, efeitos do
objetivando à indenização dos danos decorrentes § 2º, do art. 8º. Esse dispositivo determina que “as
da extinção contratual. A indenização, neste caso, entidades que, na data de vigência desta Lei, estejam
abrange somente os danos emergentes (o que explorando o Serviço de Transporte de Sinais de Tele-
efetivamente perdeu), e não os lucros cessantes comunicações por Satélite, mediante o uso de satélites
(o que ele pode- ria ter ganhado). que ocupem posições orbitais notificadas pelo Brasil,
têm assegurado o direito à concessão desta explora-
 Anulação: é a modalidade de extinção em que permis- são é unilateral, discricionária, ção
cons- ta vício de legalidade no contrato. O precária e intuitu personae ”. O
contrato perde sua eficácia desde a sua concepção (personalíssima); promove a delegação do fund
(ex tunc), o que significa que a concessionária serviço público mediante prévia licitação para ame
não faz jus à indeniza- ção, exceto quanto à parte um particular denominado permissionário. nto
já executada do contrato; da
 Decretação de falência: como a concessão é con- ADI
trato personalíssimo, ou seja, as partes contra-
é
NOÇÕES DE DIREITO

tantes têm grande relevância para a execução do


que,
serviço, havendo o desaparecimento da empresa
no
concessionária mediante falência, ou o
falecimen- to de empresário individual, o vínculo ente
contratual também desaparece. ndi
men
A permissão é outra forma da Administração to
Pública de delegar a execução de serviço público dos
para os particulares; também possui previsão no art. refe
175, da CF, de 1988, e na Lei nº 8.987, de 1995. A rido
s partidos políticos, tal dispositivo viola a exigência
constitucional de licitação prévia à realiza- ção da
concessão ou permissão de serviços públicos e ao
princípio da livre concorrência e defesa do consu- midor.
É um tanto surpreendente afirmar que a per- missão de
serviço público deve seguir normas e regras de Direito do
Consumidor (ramo de Direito Privado).
Por isso, para todos os efeitos, vamos nos alinhar com
a posição que a maioria das bancas costuma seguir e
definir a permissão como um contrato de adesão.
Importante destacar as diferenças entre permis- são e a
concessão de serviço público, que podem ser
determinadas com base nos seguintes requisitos:

 Quanto à natureza jurídica: a permissão é uni-


lateral, enquanto a concessão é contrato bilateral;
 Quanto aos beneficiários: qualquer pessoa pode ser
permissionária, mas somente as pessoas jurídi- cas
(empresas) podem ser concessionárias;
105
à população, exercida por órgão ou entidade da administração
 Quanto ao aporte de capital: a concessão exige
pública;
maior aporte de capital, a permissão admite
inves- timentos de pequeno ou médio porte;
 Quanto à licitação: a concessão deve ser prece-
dida de licitação na modalidade de concorrência.
Não há essa exigência para a permissão;
 Quanto à forma da outorga: a concessão dá-se
mediante promulgação de lei específica. A permis-
são necessita apenas de autorização legislativa.

A autorização, por sua vez, é um ato administrati-


vo por meio do qual a administração pública possibi-
lita ao particular a realização de alguma atividade de
predominante interesse deste, ou a utilização de um
bem público.
Assim como a permissão, a autorização é um ato
unilateral, discricionário, precário e independente
de licitação. Todavia, difere-se da permissão ante o
fato de que o interesse da autorização é predominan-
temente privado. Um exemplo disso é a autorização
para o porte de arma: apenas o particular tem
interes- se de ter em sua posse arma de fogo.
Parte da doutrina entende que é incabível a uti-
lização de autorização para a prestação de serviços
públicos, por força do art. 175, da CF, de 1988: “Incum-
be ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou
sob regime de concessão ou permissão, sempre
através de licitação, a prestação de serviços
públicos”.

PROTEÇÃO E DEFESA DOS DIREITOS DO USUÁRIO


DOS SERVIÇOS PÚBLICOS (LEI Nº 13.460/2017)

A prestação de serviços públicos não pode alcan-


çar sua finalidade se ela não servir para o seu
público alvo, que são os seus próprios usuários.
Assim, como uma forma de promover maior
excelência e qualida- de na prestação dos serviços
públicos, deve ser asse- gurada aos usuários a defesa
de seus direitos, bem como se deve permitir que eles
tenham sua participa- ção garantida.
Nesse sentido, a Lei Federal nº 13.460, de 26 de
junho de 2017, é a lei que dispõe sobre a
participação, a proteção e defesa dos direitos do
usuário dos ser- viços públicos da administração
pública. É importan- te analisar os principais
dispositivos dessa Lei, bem como as alterações mais
recentes, introduzidas pela Lei nº 14.015, de 2020.
Preliminarmente, cumpre ressaltar que os dis-
positivos apresentados pela referida Lei se aplicam
à administração pública direta e indireta da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos
termos do inciso I, § 3º, art. 37, da Constituição
Fede- ral. Porém, não são somente as pessoas
jurídicas de direito público: o § 3º, do art. 1º, dispõe
também que o regime dessa lei é aplicável,
subsidiariamente, nos serviços públicos prestados
por particulares.
O art. 2º, da Lei Federal nº 13.460, traz alguns con-
ceitos iniciais que são importantes para o
entendimen-
to da matéria. Para os efeitos dessa Lei, considera-se:

106 I - usuário - pessoa física ou jurídica que se benefi-


cia ou utiliza, efetiva ou potencialmente, de
serviço público;
II - serviço público - atividade administrativa ou
de prestação direta ou indireta de bens ou serviços
III Advocacia Pública e a Defensoria seguras, sinalizadas, acessíveis e adequadas ao
- Pública; serviço e ao atendimento;
ad IV - agente público - quem exerce XI - eliminação de formalidades e de exigências cujo
m cargo, empre- go ou função pública, de custo econômico ou social seja superior ao risco
in natureza civil ou militar, ainda que envolvido;
ist transitoriamente ou sem remuneração; e XII - observância dos códigos de ética ou de conduta
ra V - manifestações - reclamações, aplicáveis às várias categorias de agentes públicos;
çã denúncias, suges- tões, elogios e demais XIII - aplicação de soluções tecnológicas que
o pronunciamentos de usuários que visem a simplificar processos e procedimentos de
pú tenham como objeto a prestação de atendi- mento ao usuário e a propiciar melhores
bl serviços públicos e a conduta de agentes condições para o compartilhamento das
ic públicos na presta- ção e fiscalização de informações;
a tais serviços.
ór
gã Observe o que dispõe o art. 3º, da Lei
o Federal nº 13.460, de 2017:
ou
en Art. 3º Com periodicidade mínima
tid anual, cada Poder e esfera de Governo
ad publicará quadro geral dos serviços
e públicos prestados, que especificará os
int órgãos ou entidades responsáveis por
eg sua reali- zação e a autoridade
ra administrativa a quem estão
nt subordinados ou vinculados.
e
da Dos Direitos Básicos e Deveres dos Usuários
ad
mi
nis O art. 5º da citada lei dispõe que o
tr usuário de servi- ço público tem direito à
aç adequada prestação dos servi- ços. Para
ão que isso ocorra, é imputada aos prestadores
pú do serviço público uma série de deveres e
bli diretrizes que devem ser seguidas para
ca garantir essa prestação do serviço público
de com excelência. Essas diretrizes são, in
qu verbis:
al
qu I - urbanidade, respeito, acessibilidade e
er cortesia no atendimento aos usuários;
do II - presunção de boa-fé do usuário;
s III - atendimento por ordem de
Po chegada, ressal- vados casos de
de urgência e aqueles em que hou- ver
res possibilidade de agendamento,
da asseguradas as prioridades legais às
Un pessoas com deficiência, aos idosos, às
iã gestantes, às lactantes e às pessoas
o, acompanhadas por crianças de colo;
do IV - adequação entre meios e fins, vedada
s a imposi- ção de exigências, obrigações,
Es restrições e sanções não previstas na
ta legislação;
do V - igualdade no tratamento aos
s, usuários, vedado qualquer tipo de
do discriminação;
Di VI - cumprimento de prazos e normas
str procedimentais; VII - definição,
ito publicidade e observância de horá- rios e
Fe normas compatíveis com o bom
de atendimento ao usuário;
ral VIII - adoção de medidas visando a
e proteção à saú- de e a segurança dos
do usuários;
s IX - autenticação de documentos pelo
M próprio agen- te público, à vista dos
un originais apresentados pelo usuário,
icí vedada a exigência de reconhecimento
pi de firma, salvo em caso de dúvida de
os, autenticidade;
a X - manutenção de instalações salubres,
XIV - utilização de linguagem simples e compreensível, Art. 7º [...] I-
evitando o uso de siglas, jargões e estrangeirismos; e § 2º [...] s
XV - vedação da exigência de nova prova sobre fato e
já comprovado em documentação válida r
apresentada. XVI - comunicação prévia ao v
consumidor de que o serviço será desligado em i
virtude de inadimple- mento, bem como do dia a ç
partir do qual será rea- lizado o desligamento, o
necessariamente durante horário comercial. s
o
É o art. 6º, todavia, que apresenta os direitos f
dos usuários do serviço público. São uma série de e
prer- rogativas que devem ser respeitadas pelo r
Estado ou daquele cujo serviço público foi outorgado. e
Assim, são direitos básicos dos usuários: c
i
I - participação no acompanhamento da d
prestação e na avaliação dos serviços; o
II - obtenção e utilização dos serviços com liber- s
;
dade de escolha entre os meios oferecidos e sem
discriminação; II
III - acesso e obtenção de informações relativas à -
sua pessoa constantes de registros ou bancos de re
dados, observado o disposto no inciso X do caput do q
art. 5º da Constituição Federal e na Lei nº 12.527, de ui
18 de novembro de 2011 ; sit
IV - proteção de suas informações pessoais, nos ter- os
mos da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011; ,
V - atuação integrada e sistêmica na expedição de d
atestados, certidões e documentos oc
comprobatórios de regularidade; e
u
VI - obtenção de informações precisas e de fácil
m
aces- so nos locais de prestação do serviço, assim
en
como sua disponibilização na internet,
especialmente sobre: to
a) horário de funcionamento das unidades s,
administrativas; fo
b) serviços prestados pelo órgão ou entidade, sua r
localização exata e a indicação do setor responsá- m
vel pelo atendimento ao público; as
c) acesso ao agente público ou ao órgão e
encarrega- do de receber manifestações; in
d) situação da tramitação dos processos adminis- fo
trativos em que figure como interessado; e r
e) valor das taxas e tarifas cobradas pela prestação m
dos serviços, contendo informações para a com-

preensão exata da extensão do serviço prestado.
õe
VII - comunicação prévia da suspensão da presta-
ção de serviço. s
ne
Pela leitura dos direitos básicos do usuário, ce
perce- be-se que o serviço público pode ser suspenso ss
quando o usuário deixa de pagar a respectiva tarifa. ár
O que a lei protege é a comunicação prévia dessa ia
suspen- são. Todavia, é vedada a suspensão da s
prestação de serviço em virtude de inadimplemento p
por parte do usuário que se inicie na sexta-feira, no ar
sábado ou no domingo, bem como em feriado ou no a
dia anterior a feriado. Esse é uma exceção ac
introduzida recentemen- te pela Lei nº 14.015, de es
2020. sa
O art. 7º trata da Carta de Serviços ao Usuário, r
que tem por objetivo informar o usuário sobre os o
serviços prestados pelo órgão ou entidade, as formas se
de aces- so a esses serviços e seus compromissos e rv
padrões de qualidade de atendimento ao público (§ iç
1º, art. 7º). o;
A Carta de Serviços ao Usuário deverá trazer infor- III
mações claras e precisas em relação a cada um dos -
serviços prestados, apresentando, no mínimo, infor- pr
mações relacionadas a: in
ci
pais etapas para processamento do serviço;
IV - previsão do prazo máximo para a prestação do
serviço;
V - forma de prestação do serviço; e
VI - locais e formas para o usuário apresentar even- tual
manifestação sobre a prestação do serviço.

Por fim, o art. 8º apresenta os deveres dos usuá-


rios, quando usufruem do serviço público. Assim, são
obrigações dos usuários:

I - utilizar adequadamente os serviços, procedendo com


urbanidade e boa-fé;
II - prestar as informações pertinentes ao serviço
prestado quando solicitadas;
III - colaborar para a adequada prestação do serviço; e IV -
preservar as condições dos bens públicos por meio dos
quais lhe são prestados os serviços de que trata esta Lei.

Manifestação dos Usuários

A Lei nº 13.460, de 2017, permite que, para garan- tir


seus direitos, o usuário possa apresentar mani-
festações perante a administração pública acerca da
prestação de serviços públicos. A manifestação será
dirigida à ouvidoria do órgão ou entidade responsável e
conterá a identificação do requerente (arts. 9º e 10). A
manifestação poderá ser feita por meio eletrô- nico, ou
correspondência convencional, ou verbal- mente,
hipótese em que deverá ser reduzida a termo. Nesse caso,
poderá a administração pública ou sua ouvidoria
requerer meio de certificação da identidade
do usuário (art. 10, parágrafos).
Os procedimentos administrativos relativos à aná- lise
das manifestações observarão os princípios da eficiência e
da celeridade, visando à sua efetiva reso- lução, que
compreende:

Art. 12 [...]
Parágrafo único. [...]
I - recepção da manifestação no canal de atendi-
mento adequado;
II - emissão de comprovante de recebimento da
manifestação;
III - análise e obtenção de informações, quando
necessário;
IV - decisão administrativa final; e
V - ciência ao usuário.

Por fim, o art. 23 dispõe sobre a avaliação dos servi- ços


públicos, que deverá ser feita com base nos seguin- tes
aspectos:

I - satisfação do usuário com o serviço prestado;


NOÇÕES DE DIREITO

II - qualidade do atendimento prestado ao usuário; III -


cumprimento dos compromissos e prazos defi- nidos
para a prestação dos serviços;
IV - quantidade de manifestações de usuários; e
V - medidas adotadas pela administração pública para
melhoria e aperfeiçoamento da prestação do serviço.

107
Todavia, boa parte dos autores costumam dividir os diversos
A avaliação será realizada por pesquisa de
tipos de instrumentos de controle dos atos administrativos
satisfa- ção feita, no mínimo, a cada um ano, ou por
com base nos seguintes critérios:
qualquer outro meio que garanta significância
estatística aos resultados. O resultado da avaliação
deverá ser inte- gralmente publicado no sítio do
órgão ou entidade, incluindo o ranking das entidades
com maior incidên- cia de reclamação dos usuários.

EXERCÍCIO COMENTADO
1. (CESPE-CEBRASPE – 2010) Com relação aos servi-
ços públicos, julgue o item a seguir.
Os serviços públicos propriamente ditos são aqueles em
que a administração pública, reconhecendo sua conve-
niência para os membros da coletividade, presta-os dire-
tamente ou permite que sejam prestados por
terceiros, nas condições regulamentadas e sob seu
controle.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Os serviços de utilidade pública ou impróprios são


os serviços que a Administração, reconhecendo
sua conveniência, mas não a sua necessidade e
essencia- lidade, presta diretamente à sociedade
ou delega a sua prestação a terceiros. Resposta:
Errado.

“Controle” é um conceito atrelado à ideia de fis-


calização. Logo, quem exerce controle sobre algo ou
alguém é geralmente alguém que tem o poder de fis-
calizar os seus atos. Tais noções podem ser aplicadas
ao Poder Público, pois o legislador, ao determinar a
sua esfera de competência, acabou também impondo
limites para a sua área de atuação. Assim, é de gran-
de importância estudar os instrumentos jurídicos
de fiscalização sobre a atuação dos agentes, órgãos
e entidades componentes da Administração Pública.
O enfoque, por isso, será sobre o controle dos atos
administrativos.
Tais mecanismos de fiscalização possuem nature-
za jurídica de princípio fundamental, conforme dis-
põe o inciso V, art. 6º, do Decreto-Lei nº 200, de 1967:

Art. 6º As atividades da Administração Federal


obedecerão aos seguintes princípios fundamentais:
I - Planejamento;
II - Coordenação;
III - Descentralização;
IV - Delegação de Competência e;
V - Controle.

CLASSIFICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE


108
CONTROLE

A doutrina não é unânime em relação ao tema.


Q realizado pelo Poder Legislativo, mais atos da Administração.
u especificamente pelo par- lamento, com
o auxílio do Tribunal de Contas. Quanto ao Vínculo
a
Exemplo: as Comissões Parlamentares
n  Controle hierárquico: é o controle feito por auto-
de Inquéri- to (CPIs);
t ridade superior em relação a seus subordinados;
 Controle administrativo: controle dos atos
o administrativos feito pelos órgãos e  Controle finalístico: é aquele que se materializa
entidades da própria Administração no poder de tutela que a Administração Direta
a Pública. É, por isso, uma modalidade de tem em relação aos entes da Administração
o controle interno, podendo ser fei- to de Indireta.
ofício, ou mediante provocação.
Ó Exemplo: recurso hierárquico;
r  Controle judicial: controle feito pelos magistrados
g integrantes do Poder Judiciário. Devido
ao princí- pio da inércia da jurisdição,
ã
jamais poderá atuar de ofício, apenas
o
mediante provocação. Exemplos: o
mandado de injunção e as ações sobre
C controle de constitucionalidade.
o
n Quanto à Extensão
t
 Controle interno: controle realizado por
r
um Poder sobre os seus próprios órgãos e
o
agentes. É o caso do controle de chefia
l sobre os seus subordinados;
a  Controle externo: é o tipo de controle
d exercido por autoridade que se situa
o fora do âmbito do órgão a ser
r controlado. É o caso da anulação do ato
administrativo por decisão judicial.

C Quanto à Natureza
o  Controle de legalidade: é o tipo de
n controle em que o ato a ser analisado
t deve estar de acordo com o
r ordenamento jurídico. Pode ser exercido
o tanto pela Administração Pública como
pelo Judiciário;
l
 Controle de mérito: é o controle em que há a aná-
e lise do ato administrativo, baseado em
critérios da conveniência e da
l oportunidade. É o caso da revo- gação
e dos atos administrativos.
g
i Quanto à Iniciativa
s  Controle de ofício: é o controle feito
l sem a neces- sidade de provocação de
a alguém. Exemplo: ins- tauração de falta
t do servidor público mediante processo
i disciplinar;
 Controle mediante provocação: é o
v
controle em que só pode ser feito
o
mediante requerimento da parte. É o
: caso do controle judicial.

é Quanto ao Momento

o  Controle prévio: é o controle feito


antes do ato produzir seus efeitos no
c mundo concreto. Exem- plo: mandado
o de segurança;
n  Controle concomitante: é aquele
t promovido con- comitantemente à
r execução do referido ato;
o  Controle posterior: é o controle
l realizado após o ato produzir seus
e efeitos no mundo concreto. Exemplo:
ações constitucionais para controle de
Atente-se para não confundir alguns conceitos. A injunção e das ações de controle de
D
autotutela é o que fundamenta o controle interno que constitucionalidade.
a Administração Pública faz sobre os seus próprios i
atos. A tutela, por sua vez, é característica da Adminis- c
tração Direta, que o exerce em face da a
Administração Indireta. A grande maioria da
doutrina entende que a tutela é uma espécie de
P
controle externo, pois embo- ra estejamos falando de a
entes pertencentes à Admi- nistração Pública, os r
entes da Administração Indireta possuem t
personalidade jurídica própria e distinta do ente e
federativo que os criou.
Convém fazer breves considerações sobre os con- d
troles administrativo, legislativo e judicial, haja vista
a
que o critério da extensão acaba abrangendo todos
os demais.
d
CONTROLE ADMINISTRATIVO o
u
Denomina-se controle administrativo aquele que
o Poder Executivo e os órgãos da Administração dos t
demais Poderes exercem sobre as suas atividades, r
com a finalidade de mantê-las dentro da lei, segundo i
as necessidades do serviço e as exigências técnicas e n
econômicas de sua realização, uma vez que envolve a
o controle de legalidade e o controle de mérito dos
atos administrativos. Com isso, pode-se afirmar que
a
o controle administrativo não é restrito apenas à
Admi- nistração Pública, haja vista que os órgãos d
adminis- trativos dos Poderes Legislativo e m
Judiciário também podem exercer controle i
administrativo sobre seus próprios atos. t
O fundamento do controle administrativo está no e
poder de autotutela que a Administração possui para
rever, anular ou revogar os atos que seus órgãos e
a
agentes praticam, independentemente de autorização
judicial. Nos termos da Súmula nº 473, do STF:
h
Súmula nº 473 (STF) A administração pode i
anular seus próprios atos, quando eivados de p
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se
originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
ó
conveniência ou oportunidade, respeitados os t
direitos adquiri- dos, e ressalvada, em todos os e
casos, a apreciação judicial. s
e
O controle administrativo instrumentaliza-se
por meio de recursos administrativos, destinados a
proporcionar o reexame dos atos da Administração d
Pública. São eles: a representação, a reclamação admi- e
nistrativa, o pedido de reconsideração e os recursos
hierárquicos próprio e impróprio. c
o
CONTROLE JUDICIAL
n
O Poder Judiciário também possui competência t
para exercer controle de atos do Executivo, o que r
não deve ser de grande surpresa, uma vez que, o
devido ao sistema de jurisdição una e o princípio da l
inafasta- bilidade da jurisdição, todos os atos e
administrativos podem ser apreciados pelo
Judiciário. É um tipo de controle exercido sempre
mediante provocação e que abrange apenas o d
aspecto da legalidade do ato admi- nistrativo e
(anulação judicial do ato). Os instrumentos de
controle judicial dos atos do Executivo são todas as m
ações admissíveis que tratem sobre ilegalidade. é
É o caso, por exemplo, do mandado de r
segurança, do habeas data, do mandado de
i
to dos atos administrativos pelo Poder Judiciário,
apreciando critérios de conveniência e oportunidade,
isso é, as razões que justifica- ram a prática daquele
ato. É o caso, por exemplo, da implementação de
políticas públicas pleitea- das pelos cidadãos que
passam necessidade, mas que não são cumpridas
dada a inércia do Executivo em implementá-las.
Apesar de ser uma posição crescente, ela é
minoritária, pois a atuação do Judiciário é voltada
para anular os atos administrativos, e não os revogar.

CONTROLE LEGISLATIVO

Embora nos dias atuais não vejamos tal atuação com


tamanha frequência, o Poder Legislativo tem como
uma de suas funções típicas o exercício do con- trole, isto
é, a fiscalização dos atos do Executivo. As hipóteses de
controle legislativo estão todas previstas na Constituição
Federal e dividem-se em dois grandes grupos. O controle
político tem por finalidade a prote- ção dos interesses
superiores do Estado e da socieda- de, abrangendo a
fiscalização dos atos do Executivo quanto à legalidade e
quanto ao mérito. É o caso das autorizações dentro das
competências das Casas par- lamentares, dispostas nos
arts. 49 a 52, da CF, de 1988. A atuação do Congresso no
controle político é bas- tante ampla e geral, seja na
apuração de condutas irregulares, com o auxílio das
Comissões Parlamenta- res de Inquérito (CPIs), seja para
manejar o processo
de impeachment do Presidente da República etc.
Não vemos o Congresso exercer seu controle polí- tico
com muita frequência, sob o argumento de que o
controle em demasia poderia demonstrar uma rup- tura
com o sistema de Separação dos Três Poderes. Todavia,
ele tem previsão constitucional e deve ser utilizado
sempre que possível, independentemente dos interesses
políticos por trás do mesmo.
O controle financeiro, por sua vez, ocorre com muito
mais frequência. Tem relação com a fiscaliza- ção contábil e
financeira, prevista no art. 70, da CF, de 1988. Dispõe o art.
70 que:

Art. 70 A fiscalização contábil, financeira, orçamen-


tária, operacional e patrimonial da União e das enti-
dades da administração direta e indireta, quanto à
legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo
Congresso Nacional, mediante controle exter- no, e pelo
sistema de controle interno de cada Poder.

Da leitura do dispositivo constitucional, podemos


destacar quais são as modalidades de controle exerci- do
pelo Congresso Nacional:
NOÇÕES DE DIREITO

 Controle contábil: é aquele que parte da ideia de


contabilidade. Contabilidade é a técnica que possi-
bilita o controle das receitas e despesas públicas, por
meio do registro numérico. O art. 77, do Decre- to-Lei
nº 200, indica que

Art. 77 Todo ato de gestão financeira deve ser rea-


lizado por força do documento que comprove a
operação e registrado na contabilidade, mediante
classificação em conta adequada.

109
Con- gresso Nacional. O regime jurídico desses Ministros se
 Controle operacional e financeiro: é o respeito
assemelha ao regime dos ministros do STJ, sobretudo no que
aos procedimentos legais de entrada e saída de
diz respeito a vitaliciedade no cargo, regras de aposentadoria,
verbas. Pode-se afirmar que todas as verbas
vantagens pecuniárias etc.
públi- cas têm procedimento específico para que
entrem e saiam dos cofres públicos;
 Controle patrimonial: o patrimônio público não
envolve apenas valores financeiros (dinheiro),
mas também bens móveis, imóveis, direitos reais
de garantia etc. As alterações patrimoniais do
Estado também estão sujeitas ao controle do
Legislativo;
 Controle orçamentário: trata-se, pura e sim-
plesmente, do cumprimento das regras previstas
nas leis orçamentárias. As leis orçamentárias são
aquelas que, de modo geral, dispõem sobre o que
será gasto pela Administração Pública, bem
como o quanto será gasto em cada setor.

Mas o art. 70 também apresenta outro aspecto


impor- tante: além de expor as espécies de controle,
dispõe, tam- bém, sobre os parâmetros de fiscalização.
São dois:

 Legalidade: os gastos públicos devem estar compatí-


veis, primeiramente, com a lei orçamentária, e,
sobre- tudo, com a própria Constituição Federal.
Temos, aqui, a vinculação do dinheiro público com
a legislação;
 Legitimidade e Economicidade: são parâmetros
que atuam de forma conjunta. A legalidade pro-
cura verificar se o gasto alcançou a finalidade
almejada, analisando a Lei Orçamentária. Já a eco-
nomicidade verifica a relação de custo-benefício
daqueles gastos, isto é, se foi o menor possível e,
com isso, o mais eficiente possível.

A parte final do referido art. 70 preceitua a possibi-


lidade de um controle interno, isto é, órgãos dentro dos
Três Poderes com funções que seriam para exercer a
fiscalização de seus próprios atos, com a finalidade de:

Art. 74 [...]
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no
plano plurianual, a execução dos programas de
governo e dos orçamentos da União;
II - comprovar a legalidade e avaliar os
resultados, quanto à eficácia e eficiência, da
gestão orçamentá- ria, financeira e patrimonial
nos órgãos e entidades da administração federal,
bem como da aplicação de recursos públicos por
entidades de direito privado; III - exercer o controle
das operações de crédito, avais e garantias, bem
como dos direitos e haveres da União; IV - apoiar o
controle externo no exercício de sua missão
institucional.

Por fim, é importante ressaltar o papel do Tribu-


nal de Contas da União (TCU) no exercício do contro-
le legislativo.
O TCU é um órgão colegiado responsável por auxi-
liar o exercício do controle externo, sendo
disciplinado tanto pela Constituição (arts. 71 e
seguintes), como por legislação específica (Lei nº
8.443, de 1992). É composto por nove Ministros,
sendo três deles convocados pelo Presidente da
República, sendo dois alternadamente dentre
110 auditores e membros do Ministério Público jun- to ao
Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal,
segundo os critérios de antiguidade e merecimento.
Os seis remanescentes são nomeados pelo próprio
Q . 71, in verbis: do ato impugnado, comunicando a decisão à
u Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;
a Art. 71 O controle externo, a cargo do XI - representar ao Poder competente sobre
n Congresso Nacional, será exercido com irregu- laridades ou abusos apurados.
t o auxílio do Tribunal de Contas da § 1º No caso de contrato, o ato de sustação será
o União, ao qual compete: adotado diretamente pelo Congresso Nacional,
I - apreciar as contas prestadas que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as
a anualmente pelo Presidente da República, medi- das cabíveis.
mediante parecer prévio que deverá ser § 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder
s elaborado em sessenta dias a contar de Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar
u seu recebimento; as medidas previstas no parágrafo anterior, o
a II - julgar as contas dos Tribunal decidi- rá a respeito.
administradores e demais responsáveis § 3º As decisões do Tribunal de que resulte impu-
por dinheiros, bens e valores públi- cos tação de débito ou multa terão eficácia de título
c executivo.
da administração direta e indireta,
o incluídas as fundações e sociedades § 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso
m instituídas e mantidas pelo Poder Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas
p Público federal, e as contas daqueles que atividades.
e derem causa a perda, extravio ou outra
t irregularida- de de que resulte prejuízo
ao erário público;
ê
III - apreciar, para fins de registro, a
n legalidade dos atos de admissão de
c pessoal, a qualquer título, na
i administração direta e indireta,
a incluídas as fun- dações instituídas e
, mantidas pelo Poder Público,
excetuadas as nomeações para cargo de
provimen- to em comissão, bem como a
c
das concessões de aposentadorias,
a
reformas e pensões, ressalvadas as
b
melhorias posteriores que não alterem
e
o funda- mento legal do ato
concessório;
a IV - realizar, por iniciativa própria, da
o Câmara dos Deputados, do Senado
Federal, de Comissão técnica ou de
T inquérito, inspeções e auditorias de
r natureza contábil, financeira,
i orçamentária, opera- cional e
b patrimonial, nas unidades
u administrativas dos Poderes Legislativo,
n Executivo e Judiciário, e demais
a entidades referidas no inciso II;
l V - fiscalizar as contas nacionais das
empresas supranacionais de cujo
d capital social a União par- ticipe, de
e forma direta ou indireta, nos termos do
tratado constitutivo;
C VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer
o recursos repassados pela União
n mediante convênio, acordo, ajuste ou
t outros instrumentos congêneres, a
a Esta- do, ao Distrito Federal ou a
s Município;
, VII - prestar as informações solicitadas
pelo Con- gresso Nacional, por qualquer
n de suas Casas, ou por qualquer das
o respectivas Comissões, sobre a
s fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial
t e sobre resultados de auditorias e
e inspeções realizadas;
r VIII - aplicar aos responsáveis, em caso
m de ilegalida- de de despesa ou
o irregularidade de contas, as sanções
s previstas em lei, que estabelecerá, entre
outras comina- ções, multa proporcional
ao dano causado ao erário; IX - assinar
d
prazo para que o órgão ou entidade
o
adote as providências necessárias ao
exato cumpri- mento da lei, se verificada
a ilegalidade;
r X - sustar, se não atendido, a execução
t
Do dispositivo apresentado, deve-se fazer duas danos causados por um vagão da Companhia
A
ponderações: Nacio- nal de Manufatura do Fumo, que havia
Observe que o TCU possui uma função Te
atropelado uma menina enquanto ela brincava na
consultiva, ao emitir parecer prévio a prestação de rua. oria
contas do Pre- sidente da República. Isso porque o da
TCU não julga as contas do Presidente, essa é uma Res
tarefa exclusiva da Câmara dos Deputados. Mas o pon
TCU também apresenta função judicante, isto é, de sabi
julgar as contas dos admi- nistradores e demais
lida
responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos
de
da administração direta e indireta. Lembre-se de que,
para os servidores públicos, qual- quer ato que Sub
enseje em prejuízos financeiros ao erário é jeti
caracterizado como ato de improbidade administra- va
tiva, nos termos da Lei nº 8.429, de 1992. foi a
A decisão do Tribunal de Contas poderá julgar as prim
contas dos administradores como: eira
tent
 Regulares: se apresentarem com exatidão aquilo ativ
expresso nos demonstrativos contábeis; a de
 Regulares com ressalvas: significa que há uma expl
impropriedade formal, mas que não é suficiente icar
para causar prejuízo ao erário (questões de proce- a
dimento, mera solenidade); imp
 Irregulares: quando as contas apresentam algum utaç
erro material capaz de ensejar prejuízos ao erário. ão
Se houve prejuízo de fato, o Tribunal condena ao ao
pagamento do débito, acrescido de juros, Esta
correção monetária, podendo inclusive aplicar do
multa san- cionatória de 100% do valor do
atualizado do dano. deve
r de
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO repa
rar
os
Nos dias atuais, temos a total compreensão da
dan
ideia de responsabilidade civil e extracontratual do
os
Estado. Significa dizer que ao Estado é imputado o patri
dever de ressarcir particulares pelos prejuízos mon
praticados na conduta de seus agentes, iais
independentemente de qual- quer acordo ou pacto e
estabelecido. dem
Todavia, essa concepção que temos atualmente ais
não “brotou da terra”: ela foi o resultado de uma prej
longa evo- lução histórica sobre a forma de atuação uízo
do Poder Públi- co na esfera privada. Por isso, é s
importante analisar a evolução histórica da caus
responsabilidade estatal, tendo como foco os países ados
ocidentais, sobretudo o Brasil. pela
con
Evolução Histórica das Teorias de Responsabilidade duta
de
De modo geral, pode-se afirmar que a respon- seus
sabilidade civil da Administração passou por três agen
grandes fases. A primeira fase, denominada Teoria tes.
da Irresponsabilidade, adveio na época dos Estados Por
Absolutistas, onde havia uma concentração do poder essa
corr
político nas mãos de uma única pessoa. O Monarca,
ente
assim, praticava atos que jamais poderiam ensejar
teóri
a reparação pelos danos, uma vez que o Monarca
ca, o
fazia a sua vontade ter força de lei. A fundamentação
Esta
dessa soberania dos reis absolutistas era baseada na
do
teoria político-teológica de que eles eram represen- pass
tantes de Deus na terra, investidos desse Poder por aria
obra divina. Tal teoria seria superada com o advento a
do Estado de Direito francês, sobretudo do julgamen- adq
to pelo Tribunal de Conflitos da França, denominado uirir
Aresto Blanco, no ano de 1873. O julgamento con- uma
sistia na imputação ao Estado do dever de reparar segu
nda personalidade denominada “fisco”, sen- do esta uma
personalidade patrimonial, capaz de res- sarcir os
particulares pela prática de atos de gestão.
No caso apresentado, o Estado acabou se tornando o
ente responsável por reparar a família pela mor- te da
menina. Ocorre que a grande inovação se deu quando a
corte julgadora decidiu que a responsabi- lidade do
Estado não poderia ter o seu fundamento retirado do
Direito Civil. Assim, a responsabilidade estatal tem seu
fundamento ligado às noções de res- ponsabilidade mais
amplas do que o âmbito de Direito Civil, o que significa
que, para o Estado ser conside- rado responsável, deve
haver a comprovação de que este agiu com culpa lato
sensu, abrangendo as hipóte- ses de dolo (intenção de
lesar), bem como as de negli- gência, imprudência e
imperícia (culpa stricto sensu). Essa era a grande
dificuldade dessa teoria: pelo fato da relação entre a
Administração Pública e o particular ser desigual, a
vítima muitas vezes não possuía meios suficientes para
comprovar a conduta dolosa ou cul- posa do Estado. No
Brasil, adotamos a teoria subjeti-
va no Direito Público, excepcionalmente, nos casos
de omissão da Administração, ou na possibilidade de
ação regressiva desta perante seus agentes.
A terceira teoria, denominada Teoria da Res-
ponsabilidade Objetiva, surge nos meados de 1946.
Consiste no afastamento da necessidade de compro-
vação de dolo ou culpa do agente público, tendo por
fundamento do dever de indenizar a concepção de risco
administrativo. Quem presta um serviço públi- co,
assume o risco dos prejuízos que eventualmente causar a
outrem. Não cabe, dessa forma, a discussão sobre
aspectos subjetivos da responsabilidade estatal, exceto
nas hipóteses de ação regressiva.

Responsabilidade Civil do Estado no Direito Brasileiro:


Responsabilidade por Ação e por Omissão

A Constituição Federal de 1988 adotou a teoria da


responsabilidade objetiva, na variação de risco admi-
nistrativo, que admite algumas excludentes ao dever de
indenizar, conforme se depreende da leitura do § 6º, art.
37, da CF, de 1988:

Art. 37 [...]
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de
direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nes- sa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
culpa.

Observe que o texto constitucional imputa às pes- soas


jurídicas de direito privado, como sociedades de economia
mista e empresas públicas, o dever de repa- rar na mesma
modalidade que as pessoas da Adminis- tração Direta. A Lei
NOÇÕES DE DIREITO

nº 8.112, de 1990, que dispõe sobre o regime dos servidores


públicos, apresenta uma seção sobre responsabilidades dos
agentes públicos, colocan- do em destaque a
responsabilidade objetiva. Temos no art. 112 da referida Lei:
“A responsabilidade civil decor- re de ato omissivo ou
comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao
erário ou a terceiros”.

111
caracteriza-se em um dever de indenizar, configurando-se na
O dever estatal de indenizar os particulares
possui dois fundamentos distintos: a legalidade e a respon- sabilização do ente estatal. Somente quando o Estado
igualda- de. Na hipótese de o Poder Público praticar se omitir diante do dever legal de impedir a ocor-
um ato ilícito, causador de danos patrimoniais para a rência do dano é que será civilmente responsável.
coleti- vidade, o dever de indenizar advém do
princípio da legalidade, uma vez que a atuação do
agente público deve ser feita sempre de acordo com
a lei (secundum legem). Há, também, casos em
que a Administração pratique atos lícitos, mas que
também podem causar prejuízos especiais ao
particular. Nessas hipóteses, o dever de indenizar
advém do princípio da isonomia, que pressupõe a
igual repartição dos encargos sociais.

Requisitos para Demonstração de Responsabilidade


Estatal

Para que haja a configuração da responsabilida-


de civil do Estado, é importante a presença de três
elementos:

 um ato do agente público;


 dano ao particular;
 nexo de casualidade entre o dano e o ato
praticado.

Em relação ao segundo elemento, a doutrina cos-


tuma apontar quais são os danos que ensejam o
dever de indenizar, isto é, quais são os denominados
danos indenizáveis. Assim, considera-se dano
indenizável:

 Dano anormal: é o dano que ultrapassa os


incon- venientes naturais e esperados da vida em
socie- dade. A vida em sociedade é caracterizada
pelo advento de certos incômodos normais e
toleráveis a todos os cidadãos. Tais desconfortos
só enseja- ram o dever de indenizar se forem
considerados intoleráveis. Assim, por exemplo, a
feira colocada em rua residencial não enseja
dever de indenizar;
 Dano específico: é aquele que atinge uma certa
pessoa, ou uma certa categoria de pessoas. Dessa
forma, se o ato da Administração é capaz de
causar danos de modo geral, para toda a
coletividade, não se caracteriza dano indenizável.
Por exemplo: não é considerado dano indenizável
o aumento da tari- fa do transporte público, haja
vista que todos as pessoas daquela cidade
sofrerão com tal medida.

Responsabilidade por Ação e Responsabilidade por


Omissão

A responsabilidade por ação é aquela que se


carac- teriza pelo ato comissivo. O Estado pode
causar danos aos particulares tanto por ação ou por
omissão. Quan- do o ato é comissivo, não há
questionamento acerca da culpa do Estado em sua
conduta. Nesse caso, a res- ponsabilidade objetiva
do Estado dar-se-á pela pre- sença dos seus
pressupostos: o fato administrativo, o dano e o nexo
causal existente entre os dois.
112
Todavia, quando a conduta estatal for omissiva,
será preciso distinguir se a omissão constitui ou não
fato gerador da responsabilidade civil do Estado.
Isso significa que nem toda conduta omissiva
A esponsabilidade omissiva ser objetiva ou reparação;
i subjetiva. A primeira corrente, defendida  Força maior: é o evento imprevisível e involuntá-
n por juristas como Hely Lopes Meirelles, rio que rompe o nexo de casualidade entre o ato
d defende que se a Constitui- ção Federal não da Administração e o prejuízo sofrido pela
a distinguiu a responsabilidade por ação e vítima. Geralmente é causado pela força da
omissão, então não deve o intérprete fazê-lo natureza. É o caso, por exemplo, do desabamento
s também. de terras que arruínam as casas de um bairro,
o Porém, a corrente majoritária defendida por devido às fortes chuvas. Não se confunde com o
b juristas como Celso Antônio Bandeira de caso fortuito, em que o dano decorre de ato
r Mello diz que a responsabilidade civil por humano, ou da pró- pria Administração, como o
e omissão é sempre subjetiva. Nesses casos, desabamento de uma estrada. O caso fortuito
o Estado raramente é o autor do ato danoso. enseja o dever de respon- sabilidade somente se
a Por isso, só responderá se restar com- tal evento for causado pelo agente público;
provado que ele tinha o dever legal de agir
o para impe- dir o resultado, e não o fez. Há
m uma análise subjetiva
i da conduta do Poder Público. Assim, o
s entendimento mais correto é de que a
s responsabilidade civil do Esta- do, no caso
ã de conduta omissiva, só ocorrerá quando
o presentes os elementos que caracterizam a
, culpa em sentido amplo, logo,
responsabilidade subjetiva.
h
á Das Causas Excludentes e Atenuantes da
Responsabilidade
u
m Dentro do âmbito da teoria objetiva da
a responsa- bilidade estatal, existem duas
vertentes distintas. A primeira, denominada
d
risco integral, dispõe que o Estado possui
i
o dever de indenizar todo e qualquer dano
s
causado pela prática de seus atos, não
c
admitin- do nenhuma excludente. Trata-se
u
de uma variação radical, em que a
s Administração se transforma em um
s indenizador universal. Não é adotada em
ã
nenhum país, sendo adotada no Brasil
o
somente como exce- ção em alguns casos
d específicos, como nos acidentes de trabalho,
o na indenização coberta pelo seguro obri-
u gatório para automóveis (DPVAT) etc.
t A segunda vertente, denominada teoria
r do ris- co administrativo, é a adotada
i como regra geral no
direito brasileiro. Tal teoria reconhece
n
algumas exclu- dentes da responsabilidade
á
do Estado. Excludentes são circunstâncias
-
que, como o próprio nome diz, afastam o
dever de indenizar durante a sua ocorrên-
r
cia. São, ao todo, três modalidades:
i
a
 Culpa exclusiva da vítima: são
a hipóteses em que o prejuízo é
consequência da intenção delibera- da
r da própria vítima. O prejudicado, ao
e utilizar o referido serviço público, acaba
s sofrendo danos por uma ação tomada
p por ela mesma, não havendo qualquer
e relação com as condutas do Poder
i Públi- co. É o caso, por exemplo, de
t pessoa que se joga na frente de viatura
o policial para ser atropelada. Não se
confunde com a culpa concorrente, que
d se traduz no dano causado pela conduta
a recíproca do Estado e da própria vítima.
Neste caso, há uma aná- lise pericial
r para determinar os diferentes graus de
culpa de cada agente, ensejando
 Culpa de terceiro: é a hipótese em que o prejuízo significativas para a Lei de Improbidade
A
é atribuído a pessoa estranha aos quadros da Administrativa — Lei nº 8.429, de 1992.
imp
Adminis- tração Pública. Dessa forma, não há Faremos a análise da Lei de Improbi- dade
robi
como o Estado ser imputado responsável por atos apontando tais alterações.
dade
praticados por pessoas que não fazem parte de sua
adm
composição.
inist
rativ
Curioso é o caso dos danos causados pelas enchen-
a
tes, sobretudo em cidades onde o escoamento das
águas é precário, como ocorre em algumas regiões tem
da cidade de São Paulo. Como regra geral, o Estado fund
não se responsabiliza por prejuízos causados pelas ame
enchen- tes. A 3º Câmara de Direito Público do nto
TJ/SP negou provimento à AC nº no
0170440220058260602 interposta por três prin
proprietários de imóveis afetados pelas for- tes cípi
chuvas do início do ano de 2012, que pleiteavam o da
pedido de indenização pelos danos causados pelas mor
chuvas, pois as galerias pluviais de seu bairro não alida
eram suficientes para escoar toda a água, caracteri- de.
zando-se em falta no serviço público. Segundo voto do Veja
relator, porém, não havia qualquer prova que defina o
a ocorrência de qualquer falta de serviço que possa que
ser atribuída ao Município e que tenha sido causa cons
concorrente para o evento. ta
Todo aquele que se sentir prejudicado por con- no §
duta comissiva ou omissiva de agente público pode 4º,
pleitear, pela via administrativa ou judicial, a devi- art.
da reparação pelos danos causados. Na via adminis-
37,
trativa, basta que o prejudicado formule o pedido
da
à autoridade competente, que instaurará processo
CF:
administrativo para apurar a responsabilidade e o
pagamento de indenização.
A
Porém, é preferível que a vítima utilize a via judi-
cial, hipótese mais comum haja vista o direito de rt.
peti- ção, que se caracteriza no dever do Poder 37
Judiciário de atender todas as demandas feitas pelos [..
cidadãos. O direito à indenização da vítima .]
§
instrumentaliza-se pela ação indenizatória. A ação

indenizatória, dessa forma, é aquela proposta pela Os
vítima contra a pessoa jurídica à qual o agente at
público causador do dano pertence. Conforme dispõe os
o inciso V, § 3º, art. 206, do Código Civil, o prazo de
prescricional para a propositura de ação im
indenizatória é de três anos, contados da ocor- rência pr
do evento danoso. ob
É importante lembrar também que sempre há a id
possibilidade de direito de regresso, por parte do ad
ente público, contra o agente que, de fato, praticou a e
con- duta danosa. Óbvio, quando a culpa recair ad
totalmen- te sobre um agente ou um pequeno grupo mi
ni
de agentes públicos, o Estado não pode ser o único a
st
arcar com os prejuízos da reparação, ele possui
ra
direito de regresso. Ainda que os agentes não
tiv
indenizem a vítima, sobre eles podem recair a ação a
regressiva com essa finalida- de específica. Significa im
dizer que os agentes públicos só podem responder de po
forma subjetiva, devendo indeni- zar o Poder r-
Público pela prática de seus atos. ta

o
a
su
sp
en

o
d
No dia 26 de outubro de 2021, foi publicada a os
Lei nº 14.230, de 2021, que traz alterações di
NOÇÕE
reitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da
ação penal cabível.

Nesse sentido, percebe-se que a Administração 113


Pública, além da legalidade formal, precisa observar,
também, os princípios éticos de lealdade, da boa-fé e de
regras que assegurem a boa administração.
O art. 1º dispõe que o sistema de responsabiliza- ção
por atos de improbidade administrativa tutelará a
probidade na organização do Estado. E qual seria a
diferença entre probidade e moralidade? Existe dife-
rença ou são sinônimos?
Ambas têm fundamento na ideia de honestidade, mas
a moralidade é um conceito jurídico indetermi- nado
trazido como princípio constitucional no caput do art. 37,
da CF. Segundo Di Pietro, “a moralidade exi- ge
basicamente honestidade, observância das regras de boa
administração, atendimento ao interesse público, boa-fé,
lealdade.”
Já a probidade é prevista em lei. A improbidade é
gênero que alcança atos de ilegalidade, imoralida- de e
qualquer violação a princípios da Administração Pública.
Ainda nos ensinamentos de Di Pietro:

Comparando moralidade e probidade, pode-se afir- mar


que como princípios, significam praticamente a mesma
coisa, embora algumas leis façam referência às duas
separadamente, do mesmo modo que há refe- rência aos
princípios da razoabilidade e da propor- cionalidade
como princípios diversos, quando este último é apenas um
aspecto do primeiro. No entanto, quando se fala em
improbidade como ato ilícito, como infração sancionada
pelo ordenamento jurídico, dei- xa de haver sinonímia
entre as expressões improbi- dade e imoralidade, porque
aquela tem um sentido muito mais amplo e muito mais
preciso que abran- ge não só atos desonestos ou imorais,
mas também e principalmente atos ilegais. Na lei de
improbidade administrativa (lei nº 8.429/92), a lesão à
moralidade administrativa é apenas uma das inúmeras
hipóteses de atos de improbidade previstas na lei.

Em provas, é comum que o examinador traga pro-


bidade e moralidade como sinônimos e essa vem sen- do
a regra nas provas; entretanto, é importante que você
saiba essa sutil diferença caso a banca queira se
aprofundar nesse assunto.
Observe um exemplo de questão que abordou esse
tema em concurso:

(CESPE-CEBRASPE – 2018) De acordo com os conceitos,


valores e princípios éticos e morais, bem como com as
disposições da Lei nº 8.429/1992, julgue o item a seguir. A
ideia de probidade administrativa equivale à de
moralidade, na medida em que ambas se relacionam à
honestidade na administração pública, sendo, por isso,
exigidas do agente público a observância dos princípios
éticos e a consciência dos valores morais.

( ) CERTO ( ) ERRADO
Nessa questão, a banca trouxe os conceitos de dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como
da administração direta e indireta, no âmbito da
moralidade e probidade como equivalentes e
União, dos Estados, dos Municí- pios e do Distrito
conside- rou como correta a afirmativa. Portanto, se Federal.
a questão não citar a diferença explicada
anteriormente, consi- dere os conceitos como
equivalentes.

Art. 1º O sistema de responsabilização por atos de


improbidade administrativa tutelará a probidade
na organização do Estado e no exercício de suas
funções, como forma de assegurar a integrida-
de do patrimônio público e social, nos termos
desta Lei.

O texto da nova lei cita um ponto que antes não


era trazido de forma expressa na Lei nº 8.429, de 1992,
que é a integridade. A integridade está ligada à
polí- tica de governança da administração pública
federal e também se relaciona à moralidade e à
honestidade.
Outra mudança importante da lei é que os atos
de improbidade passam a depender de uma condu-
ta dolosa, ou seja, não é mais admitida a
modalidade culposa nos atos de improbidade.
O § 2º traz o conceito de dolo; além disso, é
impor- tante que você saiba que o dolo aqui descrito
é o dolo específico, ou seja, com a intenção de
alcançar o resul- tado. Exemplo: um servidor frauda a
licitação para beneficiar um amigo.

§ 1º Consideram-se atos de improbidade adminis-


trativa as condutas dolosas tipificadas nos arts. 9º,
10 e 11 desta Lei, ressalvados tipos previstos em
leis especiais.
§ 2º Considera-se dolo a vontade livre e consciente
de alcançar o resultado ilícito tipificado nos arts. 9º,
10 e 11 desta Lei, não bastando a voluntariedade do
agente.
§ 3º O mero exercício da função ou desempenho
de competências públicas, sem comprovação de
ato doloso com fim ilícito, afasta a
responsabilidade por ato de improbidade
administrativa.
§ 4º Aplicam-se ao sistema da improbidade disci-
plinado nesta Lei os princípios constitucionais do
direito administrativo sancionador.

Quando o legislador diz, no § 4º, que se aplicam


ao sistema de improbidade os princípios
constitucionais do direito administrativo
sancionador, quer dizer que serão aplicadas as
normas constitucionais relativas ao direito penal que
protejam e beneficiem o réu, como, por exemplo, a
retroatividade da lei mais benéfica.
Observe este julgado do STJ sobre o tema “direito
administrativo sancionador”:

[...] o tema insere-se no âmbito do Direito Adminis-


trativo sancionador e, segundo doutrina e jurispru-
dência, em razão de sua proximidade com o Direito
Penal, a ele se estende a norma do inciso XVIII,
art. 5º, da Constituição da República, qual seja, a
retroatividade da lei mais benéfica (REsp 1.353.267;
e, em idêntico sentido, o RMS 37.031).

SUJEITOS PASSIVOS DO ATO DE IMPROBIDADE


114
§ 5º Os atos de improbidade violam a probidade na
organização do Estado e no exercício de suas fun-
ções e a integridade do patrimônio público e social
§ editício, de entes públicos ou situação, não há que se falar em impro- bidade,
6º governamentais, previstos no § 5º deste mesmo que, posteriormente, a interpretação
Es artigo. prevalente seja contrária ao ato praticado pelo
tã § 7º Independentemente de integrar a agente. Esse dispositivo garante mais segurança
o administra- ção indireta, estão jurídica.
suj sujeitos às sanções desta Lei os atos
eit de improbidade praticados contra
o patrimônio de entidade privada para SUJEITOS ATIVOS DO ATO DE IMPROBIDADE
os
cuja criação ou custeio o erário haja
às concorrido ou concorra no seu O sujeito ativo é aquele que pratica o ato descrito
sa patrimônio ou receita atual, limitado o na Lei de Improbidade. Segundo dispõe a norma:
nç ressar- cimento de prejuízos, nesse caso,
õe à repercussão do ilícito sobre a Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-
s contribuição dos cofres públicos. -se agente público o agente político, o servi-
de dor público e todo aquele que exerce, ainda que
Os parágrafos 5º, 6º e 7º descrevem os
st
sujeitos passivos do ato de improbidade,
a que são aqueles que sofrem o ato:
Le
i  Patrimônio público e social dos Poderes
os Executi- vo, Legislativo e Judiciário,
at bem como da admi- nistração direta e
os indireta, no âmbito da União, dos
de Estados, dos Municípios e do Distrito
im Federal;
pr  Entidade privada que receba subvenção, bene-
ob fício ou incentivo, fiscal ou
id creditício, de entes públicos ou
ad governamentais citados acima;
e  Entidade privada para cuja criação
pr
ou custeio o erário haja concorrido
at
ic ou concorra no seu patrimônio ou
ad receita atual, limitado o ressarci- mento
os de prejuízos, nesse caso, à repercussão do
co ilícito sobre a contribuição dos cofres
nt públicos.
ra
o Com relação às entidades privadas que,
pa mesmo não integrando a administração
tri indireta, recebem dinheiro público (“criação
m
ou custeio o erário haja concorrido ou
ôn
io concorra no seu patrimônio ou receita” — §
de 7º), o ressar- cimento dos prejuízos será
en limitado à repercussão do ilícito sobre a
tid contribuição dos cofres públicos.
ad Assim, uma entidade privada que
e recebe R$ 55.000,00 provenientes dos
pri cofres públicos poderá (somente por meio
va do Ministério Público) pleitear em ação de
da improbidade administrativa o
qu
ressarcimento dos prejuízos até o limite de
e
55 mil reais.
re
ce
ba § 8º Não configura improbidade a
su ação ou omis- são decorrente de
bv divergência interpretativa da lei, baseada
en em jurisprudência, ainda que não pacifi-
çã cada, mesmo que não venha a ser
o, posteriormente prevalecente nas decisões
be dos órgãos de controle ou dos tribunais
ne do Poder Judiciário
fíc
io No § 8º, a lei deixa claro que as
ou divergências inter- pretativas das leis,
inc baseadas em jurisprudências, não
en configuram ato de improbidade. Se um
tiv agente públi- co, por exemplo, efetua a
o,
dispensa de licitação em uma hipótese na
fis
cal qual há divergência jurisprudencial a
ou respeito da possibilidade ou
cr impossibilidade de dis- pensa em tal
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
consolidando o que a jurisprudência já decidia a res-
nomeação, designação, contratação ou qualquer
outra forma de investidura ou vínculo, mandato, peito da aplicação da Lei de Improbidade aos
cargo, emprego ou função nas entidades referidas agentes políticos.
no art. 1º desta Lei. Com relação aos Chefes do Executivo, é importante
Parágrafo único. No que se refere a recursos de ficar atento para a exceção quanto ao Presidente da
origem pública, sujeita-se às sanções previstas nes- República.
ta Lei o particular, pessoa física ou jurídica, que Ou seja, para os Prefeitos e Governadores, temos
celebra com a administração pública convênio, a possibilidade de aplicação da Lei de Improbida-
contrato de repasse, contrato de gestão, termo de de, inclusive com a possiblidade de duplo regime san-
parceria, termo de cooperação ou ajuste adminis- cionatório (pela Lei de Improbidade Administrativa
trativo equivalente. — LIA — e mediante impeachment), e não há foro por
prerrogativa de função.
O art. 2º descreve o conceito de agente público. Já com relação ao Presidente da República, não
Podemos dizer que o conceito trazido na lei trata de há a possibilidade de aplicação da Lei de Improbi-
agentes públicos em sentido amplo e seriam: dade, uma vez que o Presidente da República já tem
um sistema próprio de punição dentro da Constitui-
 Agentes políticos; ção Federal com uma previsão específica para
 Servidores públicos; crimes de responsabilidade.
 Todo aquele que exerce, ainda que transitoria-
mente ou sem remuneração, por eleição, nomea- Art. 7º Se houver indícios de ato de
ção, designação, contratação ou qualquer outra improbida- de, a autoridade que conhecer dos
forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, fatos repre- sentará ao Ministério Público
emprego ou função; competente, para as providências necessárias.
 O particular, pessoa física ou jurídica, que Art. 8º O sucessor ou o herdeiro daquele que
celebra com a administração pública convênio, causar dano ao erário ou que se enriquecer
contrato de repasse, contrato de gestão, termo de ilicitamente estão sujeitos apenas à obrigação de
repará-lo até o limite do valor da herança ou do
parceria, termo de cooperação ou ajuste
patrimônio transferido.
administrativo equi- valente (particular Art. 8º-A A responsabilidade sucessória de que
equiparado a agente público). trata o art. 8º desta Lei aplica-se também na
hipó-
Além deles, temos como sujeitos ativos também tese de alteração contratual, de transformação,
aqueles que, mesmo não sendo agentes públicos, de incorporação, de fusão ou de cisão societária.
induzam ou concorram dolosamente para a prática Parágrafo único. Nas hipóteses de fusão e de
do ato de improbidade. incor- poração, a responsabilidade da sucessora
será restrita à obrigação de reparação
Art. 3º As disposições desta Lei são aplicáveis, no integral do dano causado, até o limite do
que couber, àquele que, mesmo não sendo agente patrimônio transferido, não lhe sendo
público, induza ou concorra dolosamente para a aplicáveis as demais sanções previstas nesta Lei
prática do ato de improbidade. decorrentes de atos e de fatos ocorridos antes
§ 1º Os sócios, os cotistas, os diretores e os colabo- da data da fusão ou da incorporação, exceto
radores de pessoa jurídica de direito privado não no caso de simulação
respondem pelo ato de improbidade que venha a ou de evidente intuito de fraude,
ser imputado à pessoa jurídica, salvo se, compro- devidamente comprovados.
vadamente, houver participação e benefícios dire-
tos, caso em que responderão nos limites da sua A responsabilidade sucessória teve alguns acrés-
participação. cimos. Nas hipóteses de dano ao erário e enriqueci-
§ 2º As sanções desta Lei não se aplicarão à mento ilícito, se houver o falecimento do causador
pes- soa jurídica, caso o ato de improbidade do dano, o sucessor ou o herdeiro ficam obrigados
adminis- trativa seja também sancionado como à reparação até o limite do valor da herança ou do
ato lesivo à administração pública de que trata a
patrimônio transferido. Essa regra já estava prevista
Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013.
no texto anterior da Lei de Improbidade.
A novidade agora é com relação às fusões e
O art. 3º traz algumas novidades importantes,
incor- porações de empresas às quais também se
pois dispõe que:
aplica a responsabilidade sucessória do art. 8º.

DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Salvo se, comprovadamente,Não


houver participação
respondem e benefícios
pelo ato diretos,que
de improbidade caso em que
venha As hipóteses
responderão
a ser imputado à nos de
limites
pessoa da improbidade
administrativa estão
sua participação
jurídica
divididas em três espécies: art. 9º — atos que impor-
NOÇÕES DE DIREITO

Sócios, Cotistas Diretores e Colaboradores de pessoa jurídica de direito privado


tam enriquecimento ilícito; art. 10 — atos que
causam prejuízo ao erário e art. 11 — atos que
atentam contra os princípios da administração
pública.
O art. 10-A, incluído em 2016, que tratava dos
atos de improbidade administrativa decorrentes de
con-
Além disso, as sanções trazidas nessa lei não se também sancionado como ato lesivo à A
aplicarão à pessoa jurídica caso o ato praticado seja administração pública de que trata a Lei n
ticorrupção. cessão ou aplicação indevida de benefício financeiro
A Lei nº 14.230, de 2021 (diferentemente do tex- ou tributário, deixou de existir como espécie de ato
to original da Lei nº 8.429, de 1992) incluiu expres- e foi incorporado em uma das hipóteses de atos que
samente “agente político” como agente público, causam lesão ao erário.
Além disso, o rol de hipótese, que antes era
exem- plificativo, agora se tornou rol taxativo. O rol
exem- plificativo é aquele que pode ser acrescido 115
por outras
hipóteses; já o rol taxativo traz uma relação de situa- VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercí-
ções restritas às quais não haverá acréscimo. A cio de mandato, de cargo, de emprego ou de fun-
seguir, destacaremos as mudanças trazidas pela Lei ção pública, e em razão deles, bens de qualquer
natureza, decorrentes dos atos descritos no
nº 14.230, de 2021.
caput deste artigo, cujo valor seja despropor-
Antes de adentrarmos propriamente nas espécies
cional à evolução do patrimônio ou à renda
de atos de improbidade, vale ressaltar uma técnica
do agente público, assegurada a demonstra-
utilizada pelos concurseiros que serve para distinguir ção pelo agente da licitude da origem dessa
cada conduta ou exemplo prático que o examinador evolução;
possa trazer. VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer ativi-
Em caso de o agente público se beneficiar do ato dade de consultoria ou assessoramento para pes-
de improbidade, o ato será classificado como ato de soa física ou jurídica que tenha interesse
improbidade que causa enriquecimento ilícito. suscetível de ser atingido ou amparado por ação
Caso um ato de improbidade administrativa tenha ou omis- são decorrente das atribuições do agente
público, durante a atividade;
ocorrido, mas o agente público envolvido não se bene-
IX - perceber vantagem econômica para interme-
ficiou, resta observar se algum terceiro foi beneficia-
diar a liberação ou aplicação de verba pública de
do; se a resposta for positiva, o ato de improbidade
qualquer natureza;
importou em lesão ao erário. Caso ninguém tenha X - receber vantagem econômica de qualquer natu-
se beneficiado, o ato (desde que ímprobo) importou reza, direta ou indiretamente, para omitir ato
em violação dos princípios administrativos. de ofício, providência ou declaração a que esteja
obrigado;
Dos Atos de Improbidade Administrativa que XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patri-
Importam Enriquecimento Ilícito mônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes
do acervo patrimonial das entidades mencionadas
no art. 1° desta lei;
Art. 9º Constitui ato de improbidade administra- XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas
tiva importando em enriquecimento ilícito aufe- ou valores integrantes do acervo patrimonial das
rir, mediante a prática de ato doloso, qualquer entidades mencionadas no art. 1° desta lei.
tipo de vantagem patrimonial indevida em razão
do exercício de cargo, de mandato, de função, de Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam
emprego ou de atividade nas entidades referidas no Prejuízo ao Erário
art. 1º desta Lei, e notadamente:
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem Art. 10 Constitui ato de improbidade administra-
móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem eco- tiva que causa lesão ao erário qualquer ação ou
nômica, direta ou indireta, a título de comissão, omissão dolosa, que enseje, efetiva e comprova-
percentagem, gratificação ou presente de quem damente, perda patrimonial, desvio, apropriação,
tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser malbaratamento ou dilapidação dos bens ou
have- res das entidades referidas no art. 1º desta
atingido ou amparado por ação ou omissão decor-
Lei, e notadamente:
rente das atribuições do agente público;
I - facilitar ou concorrer, por qualquer forma,
II - perceber vantagem econômica, direta ou indire-
para a indevida incorporação ao patrimônio
ta, para facilitar a aquisição, permuta ou locação particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, de
de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de ser- rendas, de verbas ou de valores integrantes do
viços pelas entidades referidas no art. 1° por acervo patri- monial das entidades referidas no
preço superior ao valor de mercado; art. 1º desta Lei; II - permitir ou concorrer para
III - perceber vantagem econômica, direta ou que pessoa física ou jurídica privada utilize bens,
indi- reta, para facilitar a alienação, permuta ou rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
locação de bem público ou o fornecimento de patrimonial das enti- dades mencionadas no art. 1º
serviço por ente estatal por preço inferior ao valor desta lei, sem a obser- vância das formalidades
de mercado; IV - utilizar, em obra ou serviço legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
particular, qualquer bem móvel, de propriedade ou III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao
à disposição de qual- quer das entidades referidas ente despersonalizado, ainda que de fins educativos
no art. 1º desta Lei, bem como o trabalho de ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do
servidores, de empregados ou de terceiros patrimônio de qualquer das entidades mencionadas
contratados por essas entidades; no art. 1º desta lei, sem observância das formalida-
V - receber vantagem econômica de qualquer natu- des legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
reza, direta ou indireta, para tolerar a exploração IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou
ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de nar- locação de bem integrante do patrimônio de qual-
cotráfico, de contrabando, de usura ou de quer das entidades referidas no art. 1º desta lei,
ou ainda a prestação de serviço por parte delas,
qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar
por preço inferior ao de mercado;
promessa de tal vantagem;
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou
VI - receber vantagem econômica de qualquer
locação de bem ou serviço por preço superior ao
natureza, direta ou indireta, para fazer declaração
de mercado;
falsa sobre qualquer dado técnico que envolva
VI - realizar operação financeira sem observância
obras públicas ou qualquer outro serviço ou das normas legais e regulamentares ou aceitar
sobre quantidade, peso, medida, qualidade garantia insuficiente ou inidônea;
116
ou característica de mercadorias ou bens VII - conceder benefício administrativo ou fiscal
forne- cidos a qualquer das entidades referidas no sem a observância das formalidades legais ou regu-
art. 1º desta Lei; lamentares aplicáveis à espécie;
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou doloso praticado com essa finalidade.
D
de processo seletivo para celebração de parcerias
com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los o
indevidamente, acarretando perda patrimonial s
efetiva;
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas A
não autorizadas em lei ou regulamento; t
X - agir ilicitamente na arrecadação de tributo ou o
de renda, bem como no que diz respeito à
s
conserva- ção do patrimônio público;
XI - liberar verba pública sem a estrita observância
das normas pertinentes ou infiuir de qualquer for- d
ma para a sua aplicação irregular; e
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que tercei-
ro se enriqueça ilicitamente; I
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço m
particular, veículos, máquinas, equipamentos ou
p
material de qualquer natureza, de propriedade ou à
disposição de qualquer das entidades r
mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o o
trabalho de servi- dor público, empregados ou b
terceiros contratados por essas entidades. i
XIV - celebrar contrato ou outro instrumento que d
tenha por objeto a prestação de serviços públicos a
por meio da gestão associada sem observar as
d
for- malidades previstas na lei;
XV - celebrar contrato de rateio de consórcio e
públi- co sem suficiente e prévia dotação
orçamentária, ou sem observar as formalidades A
previstas na lei. XVI - facilitar ou concorrer, por d
qualquer forma, para a incorporação, ao m
patrimônio particular de pessoa física ou jurídica, i
de bens, rendas, verbas ou valores públicos
n
transferidos pela administração pública a
entidades privadas mediante celebração de i
parcerias, sem a observância das formalidades s
legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; t
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa r
física ou jurídica privada utilize bens, rendas, a
verbas ou valores públicos transferidos pela t
administração pública a entidade privada
i
mediante celebração de parcerias, sem a
observância das formalidades legais ou v
regulamentares aplicáveis à espécie; XVIII - a
celebrar parcerias da administração públi- ca com
entidades privadas sem a observância das q
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à u
espécie; e
XIX - agir para a configuração de ilícito na celebra-
ção, na fiscalização e na análise das prestações de
contas de parcerias firmadas pela administração A
pública com entidades privadas; t
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela e
administração pública com entidades privadas n
sem a estrita observância das normas pertinentes t
ou infiuir de qualquer forma para a sua aplicação a
irregular.
m
XXI - (Revogado)
XXII - conceder, aplicar ou manter benefício finan-
ceiro ou tributário contrário ao que dispõem o C
caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº o
116, de 31 de julho de 2003. n
§ 1º Nos casos em que a inobservância de forma- t
lidades legais ou regulamentares não implicar r
perda patrimonial efetiva, não ocorrerá impo- a
sição de ressarcimento, vedado o enriqueci-
mento sem causa das entidades referidas no
art. 1º desta Lei. o
§ 2º A mera perda patrimonial decorrente da s
atividade econômica não acarretará improbi-
dade administrativa, salvo se comprovado ato P
rincípios da Administração Pública
Art. 11 Constitui ato de improbidade administra- tiva
que atenta contra os princípios da adminis- tração
pública a ação ou omissão dolosa que viole os deveres
de honestidade, de imparcialidade e de legalidade,
caracterizada por uma das seguintes condutas:
I - (Revogado) II -
(Revogado)
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em
razão das atribuições e que deva permanecer em
segredo, propiciando beneficiamento por infor- mação
privilegiada ou colocando em risco a segu- rança da
sociedade e do Estado;
IV - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em razão
de sua imprescindibilidade para a seguran- ça da
sociedade e do Estado ou de outras hipóteses instituídas
em lei;
V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter
concorrencial de concurso público, de chamamento ou de
procedimento licitatório, com vistas à obten- ção de
benefício próprio, direto ou indireto, ou de terceiros;
VI - deixar de prestar contas quando esteja obriga- do a
fazê-lo, desde que disponha das condições para isso, com
vistas a ocultar irregularidades;
VII - revelar ou permitir que chegue ao conheci- mento de
terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de
medida política ou econômica capaz de afetar o preço de
mercadoria, bem ou serviço.
VIII - descumprir as normas relativas à celebração,
fiscalização e aprovação de contas de parcerias fir-
madas pela administração pública com entidades
privadas.
IX - (Revogado) X -
(Revogado)
XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha
reta, colateral ou por afinidade, até o tercei- ro grau,
inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da
mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção,
chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em
comissão ou de confiança ou, ainda, de função
gratificada na administração pública direta e indireta
em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste
mediante desig- nações recíprocas;
XII - praticar, no âmbito da administração pública e com
recursos do erário, ato de publicidade que con- trarie o
disposto no § 1º do art. 37 da Constituição Federal, de
forma a promover inequívoco enalteci- mento do
agente público e personalização de atos, de programas,
de obras, de serviços ou de campa- nhas dos órgãos
públicos.
§ 1º Nos termos da Convenção das Nações Unidas
contra a Corrupção, promulgada pelo Decreto nº
5.687, de 31 de janeiro de 2006, somente have- rá
improbidade administrativa, na aplica- ção deste
artigo, quando for comprovado na conduta
funcional do agente público o fim de obter proveito ou
benefício indevido para si ou para outra pessoa ou
entidade.
§ 2º Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo a quaisquer
NOÇÕES DE DIREITO

atos de improbidade administrativa tipi- ficados nesta Lei


e em leis especiais e a quaisquer outros tipos especiais de
improbidade administrati- va instituídos por lei.
§ 3º O enquadramento de conduta funcional na
categoria de que trata este artigo pressu- põe a
demonstração objetiva da prática de

117
ilegalidade no exercício da função pública, § 1º A sanção de perda da função pública, nas
com a indicação das normas constitucionais, hipóteses dos incisos I e II do caput deste artigo,
legais ou infralegais violadas. atinge apenas o vínculo de mesma qualida-
§ 4º Os atos de improbidade de que trata este de e natureza que o agente público ou políti-
artigo exigem lesividade relevante ao bem co detinha com o poder público na época do
jurídico tutelado para serem passíveis de sancio- cometimento da infração, podendo o magistra-
namento e independem do reconhecimento da do, na hipótese do inciso I do caput deste artigo, e
produção de danos ao erário e de enriqueci- em caráter excepcional, estendê-la aos demais
mento ilícito dos agentes públicos. vínculos, consideradas as circunstâncias do caso e
§ 5º Não se configurará improbidade a mera a gravidade da infração.
nomeação ou indicação política por parte
dos detentores de mandatos eletivos, sendo
neces- sária a aferição de dolo com finalidade
O § 1º dispõe que a perda da função pública só
vai alcançar o vínculo que o agente público detinha
ilícita por parte do agente.
ao tempo do cometimento da infração.
Importante!
Frustrar a licitude de licitação:
Se houver perda patrimonial efetiva = Prejuízo ao erário;
Se não houver perda patrimonial efetiva = Atenta contra os princípios.

Vamos dar um exemplo. Um servidor público efeti-


DAS PENAS vo que ocupa o cargo de Analista no Tribunal Regional
do Trabalho da 3ª Região na Comarca de Belo Hori-
Com relação às sanções, a suspensão dos direitos
zonte foi licenciado para exercer o mandato eletivo
políticos terá prazo máximo de 14 anos e o valor das
multas diminuiu. Veja: de Prefeito no Município. No curso do mandato
eletivo, ele comete ato de improbidade; nessa
Art. 12 Independentemente do ressarcimento circunstância, a perda da função pública será
integral do dano patrimonial, se efetivo, e das san- aplicada apenas ao mandato eletivo, não atingindo
ções penais comuns e de responsabilidade, civis e seu cargo efetivo de Analista.
administrativas previstas na legislação específica, Nas hipóteses previstas no inciso I, do caput
está o responsável pelo ato de improbidade sujeito des- se artigo (os casos que importam
às seguintes cominações, que podem ser aplicadas
enriquecimento ilí- cito), o Magistrado poderá, em
isolada ou cumulativamente, de acordo com a
gravidade do fato: caráter excepcional, estender a perda da função aos
I - na hipótese do art. 9º desta Lei, perda dos bens demais vínculos, con- sideradas as circunstâncias do
ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, caso e a gravidade da infração.
perda da função pública, suspensão dos direitos
§ 2º A multa pode ser aumentada até o dobro,
políticos até 14 (catorze) anos, pagamento de mul-
ta civil equivalente ao valor do acréscimo se o juiz considerar que, em virtude da situação
patrimo- nial e proibição de contratar com o econômica do réu, o valor calculado na forma dos
poder público ou de receber benefícios ou incisos I, II e III do caput deste artigo é ineficaz para
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou reprovação e prevenção do ato de improbidade.
indiretamente, ainda que por intermédio de § 3º Na responsabilização da pessoa jurídica,
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, deverão ser considerados os efeitos econômicos e
pelo prazo não superior a 14 (catorze) anos; sociais das sanções, de modo a viabilizar a manu-
II - na hipótese do art. 10 desta Lei, perda dos bens tenção de suas atividades.
ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio,
se concorrer esta circunstância, perda da função O § 3º respeita o princípio da razoabilidade. Na
pública, suspensão dos direitos políticos até 12 aplicação das sanções às pessoas jurídicas, deve-se
(doze) anos, pagamento de multa civil equivalente levar em consideração os efeitos econômicos e
ao valor do dano e proibição de contratar com o sociais para não tornar inviável a continuidade das
poder público ou de receber benefícios ou incenti- ativida- des prestadas pela pessoa jurídica.
vos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente,
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da § 4º Em caráter excepcional e por motivos rele-
qual seja sócio majoritário, pelo prazo não supe- vantes devidamente justificados, a sanção de
rior a 12 (doze) anos; proibição de contratação com o poder
III - na hipótese do art. 11 desta Lei, pagamento de público pode extrapolar o ente público lesado
multa civil de até 24 (vinte e quatro) vezes o valor pelo ato de improbidade, observados os
da remuneração percebida pelo agente e impactos econô- micos e sociais das sanções, de
proibição de contratar com o poder público ou de forma a preservar a função social da pessoa
receber benefícios ou incentivos fiscais ou jurídica, conforme disposto no § 3º deste artigo.
creditícios, dire- ta ou indiretamente, ainda que
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja A proibição de contratar, em regra, será aplicada
118 sócio majoritário, pelo prazo não superior a 4 só no âmbito do ente lesado; por exemplo, um servi-
(quatro) anos; dor municipal cometeu um ato de improbidade que
IV - (revogado) gerou lesão ao erário no respectivo Município.
Sendo assim, a proibição de contratar com o poder
p entanto, excepcionalmente e por motivos
ú rele- vantes devidamente justificados, a
b sanção de proi- bição de contratar poderá
l extrapolar o ente público lesado.
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Além disso, outro ponto importante acrescido pela Lei nº 14.230, de 2021, é a necessidade da sanção de proibi-
ção de contratação com o poder público constar do Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS),
observadas as limitações territoriais contidas na decisão judicial.

§ 5º No caso de atos de menor ofensa aos bens jurídicos tutelados por esta Lei, a sanção limitar-se-á à apli-
cação de multa, sem prejuízo do ressarcimento do dano e da perda dos valores obtidos, quando for o
caso, nos termos do caput deste artigo.
§ 6º Se ocorrer lesão ao patrimônio público, a reparação do dano a que se refere esta Lei deverá deduzir o
ressarcimento ocorrido nas instâncias criminal, civil e administrativa que tiver por objeto os mesmos
fatos.
§ 7º As sanções aplicadas a pessoas jurídicas com base nesta Lei e na Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013,
deverão observar o princípio constitucional do non bis in idem.
§ 8º A sanção de proibição de contratação com o poder público deverá constar do Cadastro Nacional de
Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS) de que trata a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, observadas
as
limitações territoriais contidas em decisão judicial, conforme disposto no § 4º deste artigo.
§ 9º As sanções previstas neste artigo somente poderão ser executadas após o trânsito em julgado da sen-
tença condenatória.
§ 10 Para efeitos de contagem do prazo da sanção de suspensão dos direitos políticos, computar-se-á
retroa- tivamente o intervalo de tempo entre a decisão colegiada e o trânsito em julgado da sentença condenatória.

A decisão colegiada prevista no § 10 significa decisão em 2ª instância; sendo assim, a contagem do prazo da
sanção de suspensão dos direitos políticos será a partir da condenação em 2ª instância.
Observe o quadro a seguir, que sistematiza as sanções para cada tipo de ato de improbidade administrativa
visto:

ENRIQUECIMENTO ILÍCITO PREJUÍZO AO ERÁRIO ATENTAM CONTRA OS


SANÇÃO
(ART. 9º) (ART.10) PRINCÍPIOS (ART. 11)
Perda da função pública Sim Sim ---
Suspensão dos direitos
Até 14 anos Até 12 anos ---
políticos
Perda dos bens acrescidos
Sim Sim, se houver ---
ilicitamente
Até 24X o valor da
Multa civil Valor do acréscimo patrimonial Valor do dano
remuneração
Proibição de contratar ou
receber benefícios fiscais Até 14 anos Até 12 anos Até 4 anos

 Ressarcimento integral do dano: aplicável sempre que houver dano efetivo;


 Suspensão de direitos políticos, proibição de contratar ou de receber incentivos fiscais: limite máximo de 20
(vinte) anos.

DA DECLARAÇÃO DE BENS

Na redação anterior, era facultado ao agente público entregar a cópia da declaração anual de bens apresen-
tada à Delegacia da Receita Federal na conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda e proventos de
qualquer natureza.
Na atual redação, a declaração de bens será a própria declaração de imposto de renda. Tal declaração deve
ser atualizada anualmente e na data em que o agente público deixar o cargo. Se o agente deixar de prestar a
declara- ção ou prestá-la falsa, sofrerá a pena de demissão.

Art. 13 A posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apresentação de declaração de impos-
to de renda e proventos de qualquer natureza, que tenha sido apresentada à Secretaria Especial da Receita Federal
do Brasil, a fim de ser arquivada no serviço de pessoal competente.
NOÇÕES DE DIREITO

§ 1º (Revogado).
§ 2º A declaração de bens a que se refere o caput deste artigo será atualizada anualmente e na data em que o
agente público deixar o exercício do mandato, do cargo, do emprego ou da função.
§ 3º Será apenado com a pena de demissão, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público que se recu-
sar a prestar a declaração dos bens a que se refere o caput deste artigo dentro do prazo determinado ou que
prestar declaração falsa.
§ 4º (Revogado).

119
DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E DO PROCESSO JUDICIAL

Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa para que instaure uma investigação para
a apuração da prática de atos de improbidade. Essa representação deve observar os requisitos previstos no §
1º, art. 14. Observados os requisitos, a autoridade determinará a apuração dos fatos por meio de um processo
administrativo.

Art. 14 Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa competente para que seja instau-
rada investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade.
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assinada, conterá a qualificação do
repre- sentante, as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha
conhecimento.
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em despacho fundamentado, se esta não contiver
as formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a representação ao Ministério
Público, nos termos do art. 22 desta lei.
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determinará a imediata apuração dos fatos,
observada a legislação que regula o processo administrativo disciplinar aplicável ao agente.
Art. 15 A comissão processante dará conhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da
existência de procedimento administrativo para apurar a prática de ato de improbidade.
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho de Contas poderá, a requerimento, designar
repre- sentante para acompanhar o procedimento administrativo.

INDISPONIBILIDADE DE BENS

Art. 16 Na ação por improbidade administrativa poderá ser formulado, em caráter antecedente ou incidente,
pedido de indisponibilidade de bens dos réus, a fim de garantir a integral recomposição do erário ou do acréscimo
patrimonial resultante de enriquecimento ilícito.
§ 1º (Revogado).
§ 1º-A O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere o caput deste artigo poderá ser formulado indepen-
dentemente da representação de que trata o art. 7º desta Lei.
§ 2º Quando for o caso, o pedido de indisponibilidade de bens a que se refere o caput deste artigo incluirá a inves-
tigação, o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado
no exterior, nos termos da lei e dos tratados internacionais.
§ 3º O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere o caput deste artigo apenas será deferido mediante a
demonstração no caso concreto de perigo de dano irreparável ou de risco ao resultado útil do processo,
desde que o juiz se convença da probabilidade da ocorrência dos atos descritos na petição inicial com fundamento
nos respectivos elementos de instrução, após a oitiva do réu em 5 (cinco) dias.
§ 4º A indisponibilidade de bens poderá ser decretada sem a oitiva prévia do réu, sempre que o contraditório
prévio puder comprovadamente frustrar a efetividade da medida ou houver outras circunstâncias que
recomendem a proteção liminar, não podendo a urgência ser presumida.
§ 5º Se houver mais de um réu na ação, a somatória dos valores declarados indisponíveis não poderá superar o
montante indicado na petição inicial como dano ao erário ou como enriquecimento ilícito.
§ 6º O valor da indisponibilidade considerará a estimativa de dano indicada na petição inicial,
permitida a sua substituição por caução idônea, por fiança bancária ou por seguro-garantia judicial, a
requerimento do réu, bem como a sua readequação durante a instrução do processo.
§ 7º A indisponibilidade de bens de terceiro dependerá da demonstração da sua efetiva concorrência para
os atos ilícitos apurados ou, quando se tratar de pessoa jurídica, da instauração de incidente de
descon- sideração da personalidade jurídica, a ser processado na forma da lei processual.
§ 8º Aplica-se à indisponibilidade de bens regida por esta Lei, no que for cabível, o regime da tutela provisória de
urgência da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
§ 9º Da decisão que deferir ou indeferir a medida relativa à indisponibilidade de bens caberá agravo de instru-
mento, nos termos da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
§ 10 A indisponibilidade recairá sobre bens que assegurem exclusivamente o integral ressarcimento do
dano ao erário, sem incidir sobre os valores a serem eventualmente aplicados a título de multa civil ou
sobre acréscimo patrimonial decorrente de atividade lícita.
§ 11 A ordem de indisponibilidade de bens deverá priorizar veículos de via terrestre, bens imóveis, bens
móveis em geral, semoventes, navios e aeronaves, ações e quotas de sociedades simples e empresárias, pedras e
metais preciosos e, apenas na inexistência desses, o bloqueio de contas bancárias, de forma a garantir a
subsistência do acusado e a manutenção da atividade empresária ao longo do processo.
§ 12 O juiz, ao apreciar o pedido de indisponibilidade de bens do réu a que se refere o caput deste artigo, observará os
efeitos práticos da decisão, vedada a adoção de medida capaz de acarretar prejuízo à prestação de serviços públicos.
§ 13 É vedada a decretação de indisponibilidade da quantia de até 40 (quarenta) salários mínimos depositados
em caderneta de poupança, em outras aplicações financeiras ou em conta-corrente.
§ 14 É vedada a decretação de indisponibilidade do bem de família do réu, salvo se comprovado que o imóvel
seja fruto de vantagem patrimonial indevida, conforme descrito no art. 9º desta Lei.

120
Em caráter antecedente
ou incidente – antes ou no
curso da ação principal

Pedido formulado pelo


Ministério Público
Garantir a integral
recomposição do
erário ou do acréscimo
patrimonial resultante de
enriquecimento ilícito

INDISPONIBILIDADE DE
BENS
Desde que o juiz se
convença da probabilidade
após a oitiva do réu em 5
dias
Demonstrar: perigo de
dano irreparável ou de
risco ao resultado útil
do processo Não incide sobre:
 Multa civil
 Acréscimo patrimonial
decorrente de atividade
lícita

Poderá ser decretada sem a oitiva prévia do réu, sempre que o contraditório prévio puder
comprovada- mente frustrar a efetividade da medida ou houver outras circunstâncias que recomendem a
proteção liminar, não podendo a urgência ser presumida.

Ordem da Indisponibilidade

 Veículos de via terrestre;


 Bens imóveis;
 Bens móveis em geral;
 Semoventes;
 Navios e aeronaves;
 Ações e quotas de sociedades simples e empresárias;
 Pedras e metais preciosos;
 Apenas na inexistência desses, o bloqueio de contas bancárias, de forma a garantir a subsistência do
acusado e a manutenção da atividade empresária ao longo do processo.

Vedações à Indisponibilidade

 Quantia de até 40 (quarenta) salários mínimos depositados em caderneta de poupança, em outras aplicações
financeiras ou em conta corrente;
 Bem de família do réu, salvo se comprovado que o imóvel seja fruto de vantagem patrimonial indevida.

PROCESSO JUDICIAL

No texto anterior da Lei nº 8.429, de 1992, tanto o Ministério Público quanto a pessoa jurídica lesada
tinham legitimidade para dar início à ação judicial de improbidade. Com as alterações trazidas pela Lei nº 14.230,
NOÇÕES DE DIREITO

de 2021, o Ministério Público passa a ser o único legitimado para propor a ação.

Art. 17 A ação para a aplicação das sanções de que trata esta Lei será proposta pelo Ministério Público e
seguirá o procedimento comum previsto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil),
salvo o disposto nesta Lei.
§ 1º (Revogado).
§ 2º (Revogado).
§ 3º (Revogado).
§ 4º (Revogado).
§ 4º-A A ação a que se refere o caput deste artigo deverá ser proposta perante o foro do local onde ocorrer o
dano ou da pessoa jurídica prejudicada.

121
II - condenar o requerido sem a produção das pro-
§ 5º A propositura da ação a que se refere o caput
vas por ele tempestivamente especificadas.
deste artigo prevenirá a competência do juízo
para todas as ações posteriormente intentadas
que pos- suam a mesma causa de pedir ou o
mesmo objeto.
§ 6º A petição inicial observará o seguinte:
I - deverá individualizar a conduta do réu e apon-
tar os elementos probatórios mínimos que demons-
trem a ocorrência das hipóteses dos arts. 9º, 10 e
11 desta Lei e de sua autoria, salvo
impossibilidade devidamente fundamentada;
II - será instruída com documentos ou justificação
que contenham indícios suficientes da veracidade
dos fatos e do dolo imputado ou com razões fun-
damentadas da impossibilidade de apresentação
de qualquer dessas provas, observada a legislação
vigente, inclusive as disposições constantes dos
arts. 77 e 80 da Lei nº 13.105, de 16 de março de
2015 (Código de Processo Civil).
§ 6º-A O Ministério Público poderá requerer
as tutelas provisórias adequadas e
necessárias,
nos termos dos arts. 294 a 310 da Lei nº 13.105, de
16 de março de 2015 (Código de Processo Civil).
§ 6º-B A petição inicial será rejeitada nos casos
do art. 330 da Lei nº 13.105, de 16 de março de
2015 (Código de Processo Civil), bem como
quando não preenchidos os requisitos a que se
referem os incisos I e II do § 6º deste artigo, ou
ainda quando manifes- tamente inexistente o ato de
improbidade imputado.
§ 7º Se a petição inicial estiver em devida for-
ma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a
citação dos requeridos para que a contestem
no prazo comum de 30 (trinta) dias, iniciado o
prazo na forma do art. 231 da Lei nº 13.105, de 16
de março de 2015 (Código de Processo Civil).
§ 8º (Revogado).
§ 9º (Revogado).
§ 9º-A Da decisão que rejeitar questões preli-
minares suscitadas pelo réu em sua contestação
caberá agravo de instrumento.
§ 10 (Revogado).
§ 10-A Havendo a possibilidade de solução con-
sensual, poderão as partes requerer ao juiz a
interrupção do prazo para a contestação,
por prazo não superior a 90 (noventa) dias.
§ 10-B Oferecida a contestação e, se for o caso, ouvi-
do o autor, o juiz:
I - procederá ao julgamento conforme o estado do
processo, observada a eventual inexistência mani-
festa do ato de improbidade;
II - poderá desmembrar o litisconsórcio, com
vistas a otimizar a instrução processual.
§ 10-C Após a réplica do Ministério Público, o juiz
pro- ferirá decisão na qual indicará com precisão a
tipifica- ção do ato de improbidade administrativa
imputável ao réu, sendo-lhe vedado modificar o fato
principal e a capitulação legal apresentada pelo
autor.
§ 10-D Para cada ato de improbidade administra-
tiva, deverá necessariamente ser indicado apenas
um tipo dentre aqueles previstos nos arts. 9º, 10 e
11 desta Lei.
§ 10-E Proferida a decisão referida no § 10-C deste
artigo, as partes serão intimadas a especificar as
provas que pretendem produzir.
122 § 10-F Será nula a decisão de mérito total ou
parcial da ação de improbidade
administrati- va que:
I - condenar o requerido por tipo diverso daquele
definido na petição inicial;
§ m prejuízo da citação dos réus, a admi- nistrativos praticados pelo
11 pessoa jurí- dica interessada será administrador públi- co ficará obrigada a defendê-
E intimada para, caso queira, lo judicialmente, caso este venha a responder
m intervir no processo. ação por improbi- dade administrativa, até
qu § 15 Se a imputação envolver a que a decisão transite em julgado.
al desconsideração de pessoa § 21 Das decisões interlocutórias caberá agra-
qu jurídica, serão observadas as vo de instrumento, inclusive da decisão que rejei-
er regras previs- tas nos arts. 133, tar questões preliminares suscitadas pelo réu em
m 134, 135, 136 e 137 da Lei nº sua contestação.
o 13.105, de 16 de março de 2015
m (Código de Processo Civil). A Lei nº 14.230, de 2021, trouxe de forma mais
en § 16 A qualquer momento, se detalhada os requisitos para que se possa realizar um
to o magistrado identificar a acordo de não persecução civil no âmbito da
do existência de ilegalidades improbi- dade administrativa. Trata-se de um acordo
pr ou de irregularidades celebrado entre o Ministério Público e pessoas
oc administrativas a serem físicas ou jurídi- cas investigadas pela prática de
es sanadas sem que estejam improbidade admi- nistrativa com o intuito de não
so, presentes todos os requisitos prosseguir com a ação. Entretanto, para a aplicação
ve para a imposição das sanções desse acordo, devem ser observados alguns
rif aos agentes incluídos no polo requisitos, veja:
ic passivo da deman- da, poderá,
ad em decisão motivada, converter
a
a ação de improbidade
a
administrativa em ação civil
in
pública, regulada pela Lei nº
exi
7.347, de 24 de julho de 1985.
stê
nc
A possibilidade de conversão de
ia
do ação de improbi- dade
at administrativa em ação civil pública
o é uma for- ma de viabilizar a
de economia processual. Da decisão de
im conversão caberá recurso de agravo
pr de instrumento.
ob
id § 17 Da decisão que converter
ad a ação de impro- bidade em
e, ação civil pública caberá
o agravo de instrumento.
jui § 18 Ao réu será assegurado o
z direito de ser interrogado
jul sobre os fatos de que trata a
ga ação, e a sua recusa ou o seu
rá silêncio não implicarão
a confissão.
de § 19 Não se aplicam na ação
m de improbidade
an administrativa:
da I - a presunção de veracidade
im dos fatos alega- dos pelo
pr autor em caso de revelia;
oc II - a imposição de ônus da
ed prova ao réu, na for- ma dos §§
en 1º e 2º do art. 373 da Lei nº
te. 13.105, de 16 de março de 2015
§ (Código de Processo Civil);
12 III - o ajuizamento de mais de
(R uma ação de improbidade
ev administrativa pelo mesmo
og
fato, competindo ao Conselho
ad
o). Nacional do Ministério Público
dirimir confiitos de atribuições
§
13 entre mem- bros de Ministérios
(R Públicos distintos;
ev IV- o reexame obrigatório da sentença de
og impro-
ad cedência ou de extinção sem resolução de
o). mérito.
§ § 20 A assessoria jurídica que
14 emitiu o parecer atestando a
Se legalidade prévia dos atos
Art. 17-B O Ministério Público poderá, conforme as circunstâncias do caso concreto, celebrar acordo de não caso
persecução civil, desde que dele advenham, ao menos, os seguintes resultados: em
I - o integral ressarcimento do dano; favo
da
II - a reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida obtida, ainda que oriunda de agentes
pess
privados.
jurí
§ 1º A celebração do acordo a que se refere o caput deste artigo dependerá, cumulativamente: a
I - da oitiva do ente federativo lesado, em momento anterior ou posterior à propositura da ação; prej
II - de aprovação, no prazo de até 60 (sessenta) dias, pelo órgão do Ministério Público competente para icad
apreciar as promoções de arquivamento de inquéritos civis, se anterior ao ajuizamento da ação; pelo
III- de homologação judicial, independentemente de o acordo ocorrer antes ou depois do ajuizamento da ilíci
ação de improbidade administrativa.
§ 2º Em qualquer caso, a celebração do acordo a que se refere o caput deste artigo considerará a personalidade do
agente, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do ato de improbidade, bem como
as vantagens, para o interesse público, da rápida solução do caso.
§ 3º Para fins de apuração do valor do dano a ser ressarcido, deverá ser realizada a oitiva do Tribunal de
Contas competente, que se manifestará, com indicação dos parâmetros utilizados, no prazo de 90 (noven-
ta) dias.

O acordo poderá ser realizado em 3 momentos:

 No curso da investigação de apuração do ilícito;


 No curso da ação de improbidade;
 No momento da execução da sentença condenatória.

§ 4º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá ser celebrado no curso da investigação de
apuração
do ilícito, no curso da ação de improbidade ou no momento da execução da sentença condenatória.
§ 5º As negociações para a celebração do acordo a que se refere o caput deste artigo ocorrerão entre o
Ministério Público, de um lado, e, de outro, o investigado ou demandado e o seu defensor.
§ 6º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá contemplar a adoção de mecanismos e
procedi- mentos internos de integridade, de auditoria e de incentivo à denúncia de irregularidades e a
aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica, se for o caso, bem como
de outras medidas em favor do interesse público e de boas práticas administrativas.
§ 7º Em caso de descumprimento do acordo a que se refere o caput deste artigo, o investigado ou o demanda-
do ficará impedido de celebrar novo acordo pelo prazo de 5 (cinco) anos, contado do conhecimento pelo
Ministério Público do efetivo descumprimento.
Art. 17-C A sentença proferida nos processos a que se refere esta Lei deverá, além de observar o disposto no art. 489
da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil):
I - indicar de modo preciso os fundamentos que demonstram os elementos a que se referem os arts. 9º, 10 e 11
desta Lei, que não podem ser presumidos;
II - considerar as consequências práticas da decisão, sempre que decidir com base em valores jurídicos abstratos;
III - considerar os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo,
sem prejuízo dos direitos dos administrados e das circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado ou
condiciona- do a ação do agente;
IV - considerar, para a aplicação das sanções, de forma isolada ou cumulativa:
a) os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade;
b) a natureza, a gravidade e o impacto da infração cometida;
c) a extensão do dano causado;
d) o proveito patrimonial obtido pelo agente;
e) as circunstâncias agravantes ou atenuantes;
f) a atuação do agente em minorar os prejuízos e as consequências advindas de sua conduta omissiva ou comissiva;
g) os antecedentes do agente;
V - considerar na aplicação das sanções a dosimetria das sanções relativas ao mesmo fato já aplicadas ao
agente; VI - considerar, na fixação das penas relativamente ao terceiro, quando for o caso, a sua atuação
específica, não admitida a sua responsabilização por ações ou omissões para as quais não tiver concorrido ou
das quais não tiver obtido vantagens patrimoniais indevidas;
VII - indicar, na apuração da ofensa a princípios, critérios objetivos que justifiquem a imposição da sanção.
§ 1º A ilegalidade sem a presença de dolo que a qualifique não configura ato de improbidade.
§ 2º Na hipótese de litisconsórcio passivo, a condenação ocorrerá no limite da participação e dos benefícios
diretos, vedada qualquer solidariedade.
NOÇÕES DE DIREITO

§ 3º Não haverá remessa necessária nas sentenças de que trata esta Lei.
Art. 17-D A ação por improbidade administrativa é repressiva, de caráter sancionatório, destinada à
aplicação de sanções de caráter pessoal previstas nesta Lei, e não constitui ação civil, vedado seu ajuiza-
mento para o controle de legalidade de políticas públicas e para a proteção do patrimônio público e social, do
meio ambiente e de outros interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos.
Parágrafo único. Ressalvado o disposto nesta Lei, o controle de legalidade de políticas públicas e a
responsabilidade de agentes públicos, inclusive políticos, entes públicos e governamentais, por danos ao meio
ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, a qualquer
outro interesse difuso ou coletivo, à ordem econômica, à ordem urbanística, à honra e à dignidade de grupos
raciais, étnicos ou religiosos e ao patrimônio público e social submetem-se aos termos da Lei nº 7.347, de 24 de
julho de 1985.
Art. 18 A sentença que julgar procedente a ação fundada nos arts. 9º e 10 desta Lei condenará ao
ressar- cimento dos danos e à perda ou à reversão dos bens e valores ilicitamente adquiridos, conforme o
123
§ 1º Se houver necessidade de liquidação do dano, a pessoa jurídica prejudicada procederá a essa determi-
nação e ao ulterior procedimento para cumprimento da sentença referente ao ressarcimento do patrimônio
público ou à perda ou à reversão dos bens.
§ 2º Caso a pessoa jurídica prejudicada não adote as providências a que se refere o § 1º deste artigo no prazo
de 6 (seis) meses, contado do trânsito em julgado da sentença de procedência da ação, caberá ao Ministé-
rio Público proceder à respectiva liquidação do dano e ao cumprimento da sentença referente ao ressar -
cimento do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos bens, sem prejuízo de eventual
responsabilização
pela omissão verificada.
§ 3º Para fins de apuração do valor do ressarcimento, deverão ser descontados os serviços efetivamente prestados.

O § 4º estabelece a possibilidade de parcelamento em até 48 parcelas.

§ 4º O juiz poderá autorizar o parcelamento, em até 48 (quarenta e oito) parcelas mensais corrigidas moneta-
riamente, do débito resultante de condenação pela prática de improbidade administrativa se o réu
demonstrar incapacidade financeira de saldá-lo de imediato.
Art. 18-A A requerimento do réu, na fase de cumprimento da sentença, o juiz unificará eventuais sanções
aplicadas com outras já impostas em outros processos, tendo em vista a eventual continuidade de ilícito ou a
prática de diversas ilicitudes, observado o seguinte:
I - no caso de continuidade de ilícito, o juiz promoverá a maior sanção aplicada, aumentada de 1/3 (um
ter- ço), ou a soma das penas, o que for mais benéfico ao réu;
II - no caso de prática de novos atos ilícitos pelo mesmo sujeito, o juiz somará as sanções.
Parágrafo único. As sanções de suspensão de direitos políticos e de proibição de contratar ou de receber
incentivos fiscais ou creditícios do poder público observarão o limite máximo de 20 (vinte) anos.

Esquematizando alguns pontos importantes:

Proposta Pelo MP, único legitimado

Natureza repressiva Caráter sancionatório

Se não se identificam o Juiz pode converter a ação de improbidade em a


AÇÃO JUDICIAL todos os requisitos para a caracterização do ato de
improbidade

A assessoria jurídica que emitiu o parecer atestando a legalidade prévia dos atos
administrativos praticados pelo administrador público ficará obrigada a defendê-lo judicialmente, caso este venha a responder ação por improbidade a

Não existe mais a defesa preliminar. O acordo será oferecido pelo MP e depende de homologação do judiciário
Mantido o acordo de não persecução cível, que agora está de forma mais detalhada
O requerido já será citado para apresentar a contestação

DAS DISPOSIÇÕES PENAIS

Art. 19 Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário, quan-
do o autor da denúncia o sabe inocente.
Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais,
morais ou à imagem que houver provocado.
Art. 20 A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da
124 sentença condenatória.
§ 1º A autoridade judicial competente poderá determinar o afastamento do agente público do exercício do
car- go, do emprego ou da função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida for necessária à instrução
processual ou para evitar a iminente prática de novos ilícitos.
§ 2º O afastamento previsto no § 1º deste artigo será de até 90 (noventa) dias, prorrogáveis uma única vez por
igual prazo, mediante decisão motivada.
Art. 21 A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de ressarcimento e às condutas
previstas no art. 10 desta Lei;
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
§ 1º Os atos do órgão de controle interno ou externo serão considerados pelo juiz quando tiverem servido de
funda- mento para a conduta do agente público.
§ 2º As provas produzidas perante os órgãos de controle e as correspondentes decisões deverão ser consideradas
na formação da convicção do juiz, sem prejuízo da análise acerca do dolo na conduta do agente.
§ 3º As sentenças civis e penais produzirão efeitos em relação à ação de improbidade quando concluírem
pela inexistência da conduta ou pela negativa da autoria.
§ 4º A absolvição criminal em ação que discuta os mesmos fatos, confirmada por decisão colegiada, impede
o trâmite da ação da qual trata esta Lei, havendo comunicação com todos os fundamentos de absolvição previs-
tos no art. 386 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal).
§ 5º Sanções eventualmente aplicadas em outras esferas deverão ser compensadas com as sanções
apli- cadas nos termos desta Lei.
Art. 22 Para apurar qualquer ilícito previsto nesta Lei, o Ministério Público, de ofício, a requerimento de
autoridade administrativa ou mediante representação formulada de acordo com o disposto no art. 14
desta Lei, poderá instaurar inquérito civil ou procedimento investigativo assemelhado e requisitar a
instauração de inquérito policial.
Parágrafo único. Na apuração dos ilícitos previstos nesta Lei, será garantido ao investigado a oportunidade
de manifestação por escrito e de juntada de documentos que comprovem suas alegações e auxiliem na
elucidação dos fatos.

Sentenças civis e penais produzirão efeitos em relação à ação de improbidade quando concluírem:

 Pela inexistência da conduta;


 Pela negativa da autoria.

A absolvição criminal em ação que discuta os mesmos fatos → confirmada por decisão colegiada → impede
o trâmite da ação de improbidade, havendo comunicação com todos os fundamentos de absolvição previstos
no CPP.

DA PRESCRIÇÃO a
qua
O prazo prescricional passou a ser de 8 anos em todas as hipóteses e a contagem ocorre a partir da r de
ocorrência do fato. este
m-se
aos
Art. 23 A ação para a aplicação das sanções previstas nesta Lei prescreve em 8 (oito) anos, contados a partir
dem
da
ocorrência do fato ou, no caso de infrações permanentes, do dia em que cessou a
permanência. I - (revogado);
II - (revogado);
III - (revogado).
§ 1º A instauração de inquérito civil ou de processo administrativo para apuração dos ilícitos referi-
dos nesta Lei suspende o curso do prazo prescricional por, no máximo, 180 (cento e oitenta) dias corri-
dos, recomeçando a correr após a sua conclusão ou, caso não concluído o processo, esgotado o prazo de
suspensão.
§ 2º O inquérito civil para apuração do ato de improbidade será concluído no prazo de 365 (trezentos e ses-
senta e cinco) dias corridos, prorrogável uma única vez por igual período, mediante ato fundamentado
submetido à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica.
§ 3º Encerrado o prazo previsto no § 2º deste artigo, a ação deverá ser proposta no prazo de 30 (trinta)
dias, se não for caso de arquivamento do inquérito civil.
§ 4º O prazo da prescrição referido no caput deste artigo interrompe-se:
I - pelo ajuizamento da ação de improbidade
NOÇÕES DE DIREITO

administrativa; II - pela publicação da sentença condenatória;


III - pela publicação de decisão ou acórdão de Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal que confirma
sentença condenatória ou que reforma sentença de improcedência;
IV - pela publicação de decisão ou acórdão do Superior Tribunal de Justiça que confirma acórdão condenatório
ou que reforma acórdão de improcedência;
V - pela publicação de decisão ou acórdão do Supremo Tribunal Federal que confirma acórdão condenatório ou
que
reforma acórdão de improcedência.
§ 5º Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr do dia da interrupção, pela metade do
prazo previsto no caput deste artigo.
§ 6º A suspensão e a interrupção da prescrição produzem efeitos relativamente a todos os que concorreram para
a prática do ato de improbidade.
§ 7º Nos atos de improbidade conexos que sejam objeto do mesmo processo, a suspensão e a interrupção relativas
125
§ 8º O juiz ou o tribunal, depois de ouvido o Ministério Público, deverá, de ofício ou a requerimento da parte inte-
ressada, reconhecer a prescrição intercorrente da pretensão sancionadora e decretá-la de imediato, caso, entre
os marcos interruptivos referidos no § 4º, transcorra o prazo previsto no § 5º deste artigo.
Art. 23-A É dever do poder público oferecer contínua capacitação aos agentes públicos e políticos que atuem com
prevenção ou repressão de atos de improbidade administrativa.
Art. 23-B Nas ações e nos acordos regidos por esta Lei, não haverá adiantamento de custas, de preparo, de
emolu- mentos, de honorários periciais e de quaisquer outras despesas.
§ 1º No caso de procedência da ação, as custas e as demais despesas processuais serão pagas ao final.
§ 2º Haverá condenação em honorários sucumbenciais em caso de improcedência da ação de improbidade se
com- provada má-fé.
Art. 23-C Atos que ensejem enriquecimento ilícito, perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou
dilapidação de recursos públicos dos partidos políticos, ou de suas fundações, serão responsabilizados nos termos
da Lei nº 9.096, de 19 de setembro de 1995.
Das Disposições Finais
Art. 24 Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 25 Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais
disposições em contrário.

A lei traz hipóteses de suspensão e de interrupção. Na suspensão, após a instauração de inquérito civil ou
de processo administrativo, o prazo prescricional suspende-se por até 180 dias corridos e volta a contar de
onde parou.
Já na interrupção, após a ocorrência das hipóteses previstas, volta-se a contar o prazo do zero.
O § 5º traz uma inovação, que é a prescrição intercorrente. Essa modalidade de prescrição só ocorre depois
da apresentação da ação de improbidade, ou seja, ocorre dentro do processo e será contada pela metade.
Exemplo: um agente praticou um ato de improbidade há 6 anos; o MP apresenta a ação e, no dia da
apresen- tação, o prazo será interrompido. Na interrupção, o prazo volta a contar do zero, ou seja, com a
apresentação da ação de improbidade administrativa pelo MP, voltaríamos a contar os 8 anos. Entretanto, na
prescrição intercor- rente do § 5º, o prazo volta a ser contado pela metade, ou seja, 4 anos. Podemos dizer, então,
que o prazo da prescrição intercorrente será de 4 anos.

Prorrogável uma
única vez por igual
período, mediante ato
fundamentado

Será concluído no prazo


de 365 dias corridos Encerrado o prazo, a
ação deverá ser
proposta no prazo de
30 dias, se não for caso
de arquivamento do
INQUÉRITO CIVIL inquérito civil

Em 8 anos, contados a
partir da ocorrência do
A ação para a aplicação
fato ou, no caso de
das sanções previstas
infrações permanentes,
nesta Lei prescreve
do dia em que cessou a
permanência

REFERÊNCIAS

CÂMARA DOS DEPUTADOS. Câmara dos Deputados, 2022. Disponível em: https://www.camara.leg.br/. Acesso
em: 17 jan. 2022.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 33ª Ed. São Paulo: Atlas, 2019.
CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. 9ª Ed. São Paulo: Juspodivm, 2021.
CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Guia da política de governança pública. Brasília: Casa Civil
da Presidência da República, 2018.
CASTRO JÚNIOR, Renério de. Manual de Direito Administrativo. 1ª Ed. São Paulo: Juspodivm, 2021.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 33ª Ed. São Paulo: Atlas, 2020.
GUIA da política de governança pública / Casa Civil da Presidência da República. Brasília: Casa Civil da
Pre- sidência da República, 2018.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 44ª Ed. Salvador: Juspodivm, 2020.
MELLO, Celso Antônio Bandeira. Curso de Direito Administrativo. 34ª Ed. São Paulo: Juspodivm,
2019.
PLANALTO. Portal da Legislação, 2022. Página inicial. Disponível em:
http://www4.planalto.gov.br/legislacao/. Acesso em: 17 jan. 2022.
SENADO FEDERAL. Senado Federal, 2022. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/hpsenado. Acesso em:
126 17 jan. 2022.
indireta. Enti- dade é a unidade de atuação P
dotada de personalidade jurídica. Temos reli
também autoridade, que é o servidor ou agente min
público dotado de poder de decisão. arm
ente
, o
A necessidade de se instaurar um processo, isto é,
art.
uma sequência de atos para o exercício da jurisdição, 1º
tem seu fundamento no princípio constitucional do atrib
devido processo legal. O devido processo legal pode ui a
ser compreendido como o “escudo da humanidade” prin
contra a prática de atos abusivos por parte do cipa
Estado. Seu fundamento legal está previsto no inciso l
LIV, art. 5º, da Constituição Federal, o qual assegura fina-
que nin- guém será privado da liberdade ou de seus lida
bens sem o devido processo legal. de
A obrigatoriedade do devido processo legal não da
se aplica somente à seara judicial, mas também refer
vincula a Administração Pública e o Poder ida
Legislativo, pois no moderno Estado de Direito, a Lei.
validade das decisões praticadas por órgãos e
agentes governamentais está condicionada ao A
cumprimento de um rito procedi- mental rt.
previamente estabelecido. Por isso, é de gran- de 1º
importância o estudo do processo administrativo, Es
que visa dar maior transparência e garantia do exer- ta
cício de uma boa Administração para os particulares. Le
i
es
Dica ta
be
Processo ou procedimento administrativo? Apesar
le
de não serem a mesma coisa, ambos possuem ce
uma forte relação intrínseca. “Processo” é o termo no
utilizado para designar a relação jurídica estabele- r
m
cida entre as partes e, por isso, denomina-se pro- as
cesso administrativo o vínculo estabelecido entre bá
o Poder Público e o particular para a tomada de si
ca
uma decisão. “Procedimento”, por sua vez, refere-
s
se a uma sequência ordenada de atos que so
culminam na tomada da decisão. Procedimento br
é o meio pelo qual se atende aos fins do e
o
processo. pr
oc
A LEI FEDERAL Nº 9.784/1999 es
so
Com o objetivo de regulamentar a disciplina ad
cons- titucional do processo administrativo, a Lei nº m
9.784, de 1999, denominada “Lei do Processo in
Administra- tivo”, dispõe sobre normas básicas ist
sobre o referido processo no âmbito da ra
Administração Federal direta e indireta, visando à ti
proteção dos direitos dos admi- nistrados e ao vo
melhor cumprimento dos fins da Admi- nistração no
â
Pública. Trata-se de lei federal, aplicável somente no
m
âmbito da União, com incidência no Poder Executivo e bi
também nos Poderes Legislativo e Judiciá- rio, no to
exercício de suas funções atípicas. Entretanto, o STJ da
pacificou entendimento de que a referida Lei de A
Processo Administrativo pode ser aplicável, d
subsidia- riamente, às demais entidades federais que m
não pos- suam lei própria versando sobre o tema. in
Com base nessas considerações, passemos a desta- is-
car alguns pontos importantes da referida legislação. tr
De início, o § 2º, art. 1º, da Lei nº 9.784, de 1999, aç
ão
procura delimitar três importantes conceitos. Órgão é a
Fe
unida- de de atuação integrante da estrutura da
de
Administração direta e da estrutura da Administração
ral direta e indireta, visando, em espe- cial, à proteção
dos direitos dos administrados e ao melhor
cumprimento dos fins da Administração

Pela leitura do caput do art. 1º, percebe-se que a


referida Lei Federal estabelece normas básicas sobre o
processo administrativo, com a finalidade de proteger
os direitos dos administrados, promo- ver melhor
atendimento do interesse público e o melhor
cumprimento dos fins da Administração.
De acordo com o § 1º, art. 1º: Os preceitos desta Lei
também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo e
Judiciário da União, quando no desempenho de fun- ção
administrativa.

Dos Princípios do Processo Administrativo e os Atos do


Processo Administrativo

O caput do art. 2º, da Lei nº 9.784, de 1999, elenca os


princípios pelos quais a Administração Pública tem o
dever de obedecer e que regem o processo adminis-
trativo. São eles:

 Legalidade: é o dever de atuação conforme a lei e o


direito positivado, fruto da própria noção de Estado de
Direito;
 Finalidade: a autoridade deve praticar atos admi-
nistrativos tendo por objetivo realizar a finalidade da
lei;
 Motivação: as decisões tomadas pelas autoridades
devem conter pressupostos de fato e de direito que
justifiquem as mesmas;
 Razoabilidade e proporcionalidade: exige uma
linha lógica e adequação entre o fim almejado e o
meio utilizado para tal fim, abstendo-se de praticar
exageros;
 Moralidade: a atuação dos agentes públicos deve
seguir os padrões de lealdade, decoro e boa-fé;
 Ampla defesa e contraditório: para cada ato e
cada alegação feita no processo em questão, é
assegurado o direito de manifestação da parte con-
trária, principalmente nos processos em que resul- tem
em sanções e nas situações de litígio;
 Segurança jurídica: exige que a interpretação das
normas administrativas seja sempre a que melhor
atenda aos interesses dos administrados, sendo veda- da
sua aplicação retroativa, pois isso feriria o ato jurí- dico
perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada;
 Interesse público: O interesse público deve, sem-
pre, se sobrepor aos interesses particulares, o que
garante à Administração Pública uma série de NOÇÕES DE DIREITO
prerrogativas para perseguir esse fim.
 Eficiência: envolve as ideias de profissionalismo e boa
gestão, gerando resultados positivos e cortan- do ao
máximo os custos;

Além da obediência desses princípios, o processo


administrativo também deve observar alguns critérios
previstos nos incisos do parágrafo único do art. 2º:

Art. 2º [...]
Parágrafo único. [...]
I - atuação conforme a lei e o Direito;

127
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada Por outro lado, o art. 4º aponta os deveres do
a renúncia total ou parcial de poderes ou administrado perante o processo administrativo.
competên- cias, salvo autorização em lei; Sem prejuízo de outros deveres previstos em ato nor-
III - objetividade no atendimento do interesse mativo, o artigo apresenta cinco deveres:
público, vedada a promoção pessoal de agentes ou
autoridades; Art. 4º [...]
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, I - expor os fatos conforme a verdade;
decoro e boa-fé; II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
V - divulgação oficial dos atos administrativos, III - não agir de modo temerário;
ressal- vadas as hipóteses de sigilo previstas na IV - prestar as informações que lhe forem solicita-
Constituição; VI - adequação entre meios e fins, das e colaborar para o esclarecimento dos fatos.
vedada a imposi- ção de obrigações, restrições e
sanções em medida superior àquelas estritamente Do Início do Processo: Instauração, Legitimidade,
necessárias ao aten- dimento do interesse público;
Impedimento e Suspeição
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito
que determinarem a decisão;
VIII - observância das formalidades essenciais à A Administração Pública apresenta uma
garantia dos direitos dos administrados; dinamici- dade muito maior do que o Judiciário, uma
IX - adoção de formas simples, suficientes para pro- vez que pode agir de ofício, isto é, sem a provocação
piciar adequado grau de certeza, segurança e res- do inte- ressado (art. 5º).
peito aos direitos dos administrados; É possível, evidentemente, que o processo admi-
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresen- nistrativo possa ser instaurado a requerimento, hipó-
tação de alegações finais, à produção de provas e tese em que deve ser formulado por escrito e conter
à interposição de recursos, nos processos de que os seguintes dados, conforme o art. 6°:
possam resultar sanções e nas situações de litígio;
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, Art. 6º [...]
ressalvadas as previstas em lei; I - órgão ou autoridade administrativa a que se
XII - impulsão, de ofício, do processo administrati- dirige; II - identificação do interessado ou de quem o
vo, sem prejuízo da atuação dos interessados; represente;
XIII - interpretação da norma administrativa da III - domicílio do requerente ou local para recebi-
forma que melhor garanta o atendimento do fim mento de comunicações;
público a que se dirige, vedada aplicação retroativa IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos
de nova interpretação. e de seus fundamentos;
V - data e assinatura do requerente ou de seu
Dos Direitos e Deveres dos Administrados representante.

Apesar de não haver uma expressa menção, para Quando os pedidos de uma pluralidade de inte-
os efeitos da Lei, considera-se como “administrado” ressados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos,
poderão ser formulados em um único requerimento
todo aquele que não possui vínculo com a Administra-
ou reunidos por decisão motivada da autoridade
ção Pública, é o cidadão particular, sujeito de
com- petente, salvo preceito legal em contrário (art.
direitos e deveres exercidos pela Administração.
8º).
Mesmo não estabelecendo uma definição de admi-
Quanto à legitimidade para a instauração do pro-
nistrado, a Lei Federal busca proteger alguns direitos
cesso, o art. 9º elenca um rol taxativo de
do administrado. Os seus direitos estão dispostos no
interessados:
art. 3º, in verbis:
Art. 9º [...]
Art. 3º O administrado tem os seguintes direitos I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como
perante a Administração, sem prejuízo de outros titulares de direitos ou interesses individuais ou no
que lhe sejam assegurados: exercício do direito de representação;
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e ser- II - aqueles que, sem terem iniciado o processo,
vidores, que deverão facilitar o exercício de seus têm direitos ou interesses que possam ser afetados
direitos e o cumprimento de suas obrigações; pela decisão a ser adotada;
II - ter ciência da tramitação dos processos admi- III - as organizações e associações
nistrativos em que tenha a condição de interessa- representativas, no tocante a direitos e interesses
do, ter vista dos autos, obter cópias de documentos coletivos;
neles contidos e conhecer as decisões proferidas; IV - as pessoas ou as associações legalmente
III - formular alegações e apresentar documentos consti- tuídas quanto a direitos ou interesses
antes da decisão, os quais serão objeto de conside- difusos.
ração pelo órgão competente;
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advoga- Ainda sobre as pessoas dentro do processo admi-
do, salvo quando obrigatória a representação, por nistrativo, a referida Lei estabelece algumas
força de lei. hipóteses de suspeição e de impedimento.
Impedimento é uma qualidade que uma pessoa
Como se depreende da leitura do dispositivo, esse tem que, como o próprio nome diz, a impede de
não é um rol taxativo de direitos. A lei de processo parti- cipar do processo administrativo. As causas de
128 administrativo não precisa prever todos os direitos impedi- mento estão dispostas no art. 18, in vebis:
do administrado para garantir sua proteção.
Art. 18 É impedido de atuar em processo adminis-
trativo o servidor ou autoridade que:
I- esentante, ou se tais
t
e
n
h
a
i
n
t
e
r
e
s
s
e
d
i
r
e
t
o
o
u
i
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d
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m
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t
é
r
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;
II
-
te
nh
a
pa
rti
ci
pa
do
ou
ve
nh
a
a
pa
rti
ci
pa
r
co
m
o
pe
rit
o,
tes
te
m
un
ha
ou
re
pr
situações ocorrem quanto ao cônjuge, companhei- excepcio- nal e temporária no processo E
ro ou parente e afins até o terceiro grau; administrativo, confor- me dispõe o art. 15. m
III - esteja litigando judicial ou administrativa-
relaç
mente com o interessado ou respectivo cônjuge ou
ão à
companheiro.
for
A autoridade ou servidor que incorrer em ma,
impedimen- to deve comunicar o fato à autoridade a
competente, abs- tendo-se de atuar (art. 19). A Lei
citad
omissão em comunicar tal impedimento é considerada
a
uma falta grave (art. 20).
não
A Lei do Processo Administrativo também prevê
atrib
algumas hipóteses de suspeição.
ui
São hipóteses em que a pessoa não está obrigada, nenh
mas é recomendável que ela não participe do proces- um
so administrativo. As causas de suspeição estão pre- requ
vistas no art. 20, in verbis: isito
sole
Art. 20 Pode ser arguida a suspeição de ne
autoridade ou servidor que tenha amizade íntima para
ou inimizade notória com algum dos interessados o
ou com os res- pectivos cônjuges, companheiros, proc
parentes e afins até o terceiro grau. esso
adm
Interessante observar que o próprio servidor ou a inist
autoridade julgadora do processo podem se autode- rativ
clarar suspeitos. o,
Qual seria a diferença de julgamento de impedi- apen
mento e uma suspeição? A resposta é bem simples: o as
impedimento são ordens legais, o que significa que o exige
seu julgamento está vinculado à palavra da lei. Já no que
julgamento da suspeição, como não há um manda- os
mento para se declarar a suspeição (é recomendado atos
que tais pessoas não participem do processo), há proc
uma certa margem de liberdade no julgamento da essu
suspei- ção, o que evidencia uma maior ais
discricionariedade. deve
rão
ser
Da Competência, da Forma, do Tempo e do Lugar prod
uzid
Nos termos do art. 11: os
por
Art. 11 A competência é irrenunciável e se exer- escri
ce pelos órgãos administrativos a que foi to,
atribuída como própria, salvo os casos de em
delegação e avoca- ção legalmente admitidos. vern
ácul
A delegação é o fenômeno pelo qual uma autori- o,
dade distribui suas competências para uma entidade com
ou órgãos distintos, podendo estar na mesma linha data
hierárquica ou não. Salvo impedimento legal, a com- e
petência poderá ser parcialmente delegada a outros local
órgãos ou titulares, mesmo sem subordinação hierár- de
quica, em razão de fatores técnicos, sociais, sua
reali
econômi- cos, jurídicos ou territoriais.
zaçã
O art. 13 apresenta, contudo, algumas matérias
o e
que não podem ser objeto de delegação, sendo
assi
indelegáveis:
natu
ra
I - a edição de atos de caráter normativo;
da
II - a decisão de recursos administrativos;
auto
III - as matérias de competência exclusiva do órgão,
rida
entidade ou autoridade.
de
resp
A avocação, por sua vez, traduz-se na absorção onsá
de competências, hipótese em que o órgão ou o vel
titular chama para si atribuições de competência de (§ 1º,
órgão hierarquicamente inferior. É uma hipótese art.
22). Os atos são realizados em dias úteis, no horário de
funcionamen- to da repartição na qual tramita o processo.
Sobre o tempo, dispõe o art. 24:

Art. 24 Inexistindo disposição legal específica, os


atos do órgão ou autoridade responsável pelo processo
e dos administrados que dele participem devem ser
praticados no prazo de cinco dias úteis, salvo motivo de
força maior.

Sobre o lugar, os atos do processo devem reali- zar-se


por meio eletrônico ou físico, neste último caso
preferencialmente na sede do órgão (art. 25). Os atos
praticados em processos eletrônicos não dispensam o
comparecimento do interessado quando necessário,
devendo observar as regras procedimentais do órgão ou
entidade aos quais se destina.
Sobre a comunicação dos atos, é importante des- tacar
o conteúdo do art. 27, in verbis:

Art. 27 O desatendimento da intimação não impor- ta o


reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a
direito pelo administrado.
Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será
garantido direito de ampla defesa ao interessado.

O parágrafo único desse dispositivo trata de um


assunto bem simples: é assegurado no processo admi-
nistrativo o contraditório e a ampla defesa, igual ao que
acontece no processo judicial.
Porém, o caput do referido artigo traz uma novi-
dade: a falta de defesa técnica, pelo desatendimento da
intimação, não torna o réu revel. Isso porque a revelia
não existe no processo administrativo. Os efeitos da
revelia (no processo judicial) importam no
reconhecimento da verdade de todos os fatos alegados e
que não foram contestados pela outra parte.

Da Instrução: Produção de Provas, Testemunhas,


Depoimento, Citação

A fase de instrução é a etapa do processo admi-


nistrativo em que temos a produção de provas. As
atividades de instrução destinadas a averiguar e com-
provar os dados necessários à tomada de decisão se
realizam de ofício, sem prejuízo do direito dos interes-
sados de propor atuações probatórias (art. 29). A atua-
ção do interessado, quando exigida ou necessária na fase
de instrução, deve ser realizada de modo menos oneroso
para ele (§ 2º, art. 29).
Os atos de instrução podem ocorrer de forma física ou
por meio eletrônico. Nessa última hipótese, tais atos serão
documentados nos autos do respectivo processo. De
acordo com o art. 30, é absolutamente vedada a obtenção
de provas por meios ilícitos. Exemplo: a con- fissão de um
servidor policial sobre apuração de uma
transgressão disciplinar, mediante tortura.
NOÇÕES DE DIREITO

Art. 31 Quando a matéria do processo envolver assunto


de interesse geral, o órgão competente poderá,
mediante despacho motivado, abrir perío- do de
consulta pública para manifestação de tercei- ros, antes
da decisão final, se não houver prejuízo para a parte
interessada.

129
Também não deve haver prejuízo ao eficaz anda- V - decidam recursos administrativos;
mento do processo. VI - decorram de reexame de ofício;
A consulta pública é um instrumento de comu- VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada
nicação entre a administração e a sociedade, pois sobre a questão ou discrepem de pareceres,
os cidadãos podem apresentar sugestões, críticas laudos, propostas e relatórios oficiais;
e comentários acerca do objeto do processo, ainda VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou
que não sejam a parte diretamente interessada. Não convalidação de ato administrativo.
é obrigatória (discricionariedade), ou seja, somen- § 1º A motivação deve ser explícita, clara e con-
te será utilizada quando for conveniente e oportuno gruente, podendo consistir em declaração de
para a Administração e para o processo em questão. concordância com fundamentos de anteriores pare-
ceres, informações, decisões ou propostas, que, nes-
Art. 39 Quando for necessária a prestação de te caso, serão parte integrante do ato.
infor- mações ou a apresentação de provas pelos § 2º Na solução de vários assuntos da mesma
interes- sados ou terceiros, serão expedidas natu- reza, pode ser utilizado meio mecânico que
intimações para esse fim, mencionando-se data, repro- duza os fundamentos das decisões, desde
prazo, forma e condições de atendimento. que não prejudique direito ou garantia dos
interessados.
Essas intimações são indispensáveis para que os
interessados e terceiros tenham conhecimento do O art. 51 apresenta a desistência, que é uma das
processo que está correndo. formas de extinção do processo administrativo. O inte-
O art. 42 dispõe sobre os pareceres, que podem ressado poderá, mediante manifestação escrita, desistir
ser obrigatórios ou facultativos, conforme sejam ou total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda,
não exigidos por lei. Os pareceres obrigatórios são
renunciar a direitos disponíveis. Quando múltiplos os
vinculantes ou não vinculantes, quando suas conclu-
interessados, a desistência de um não afeta o prosse-
sões devam ou não ser necessariamente observadas
guimento do processo para os demais (§ 1º do art. 51).
nas decisões proferidas por autoridade competente.
Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um A desistência ou renúncia do interessado, conforme
órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no o caso, não prejudica o prosseguimento do processo,
pra- zo máximo de quinze dias úteis, salvo norma se a Administração considerar que o interesse público
especial ou comprovada necessidade de maior prazo. assim o exige.
Veja o que dispõem os §§ 1º e 2º, do art. 42: O art. 52, por sua vez, dispõe sobre outra hipótese
de extinção do processo administrativo: quando exau-
Art. 42 [...] rida a sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar
§ 1º Se um parecer obrigatório e vinculante deixar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente.
de ser emitido no prazo fixado, o processo não
terá seguimento até a respectiva apresentação, Da Anulação, Revogação e Convalidação
respon- sabilizando-se quem der causa ao atraso.
§ 2º Se um parecer obrigatório e não vinculante
deixar de ser emitido no prazo fixado, o proces- O art. 53 prevê o que a doutrina denomina de auto-
so poderá ter prosseguimento e ser decidido com tutela administrativa. A Administração deve anular
sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade de seus próprios atos, quando eivados de vício de legali-
quem se omitiu no atendimento. dade, e pode revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, em qualquer caso respeitados os direi-
Encerrada a instrução, o interessado terá o direito tos adquiridos, sem precisar de auxílio ou intervenção
de manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se do processo judiciário.
outro prazo for legalmente fixado (art. 44). Quando um ato é considerado ilegal, significa
que houve um julgamento quanto à legalidade do
Do Dever de Decidir: Motivação e Desistência ato. A palavra da lei é o que importa: se o ato foi
praticado fora dos limites legais, deve ser anulado. É
Segundo o caput do art. 48, a Administração tem esse o ins- tituto da vinculação. Porém, quando um
o dever de expressamente se pronunciar e emitir ato é consi- derado inconveniente e inoportuno (mas
decisão sobre todos os assuntos da sua competência ainda assim legal e legítimo), aqui o administrador
que lhes sejam apresentados, nos processos adminis- tem a escolha de manter o ato ou de extingui-lo
trativos e sobre solicitações, petições, representações mediante a revogação. Há um julgamento com base
ou reclamações. Lembre-se de que o dever de na discricionariedade.
decidir da Administração tem por fundamento
justamente o direito de petição do administrado.
Art. 54 O direito da Administração de anular os
O art. 50, por sua vez, dispõe sobre a motivação das atos administrativos de que decorram efeitos
decisões do processo administrativo. Os atos adminis- favo- ráveis para os destinatários decai em cinco
trativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos, anos, contados da data em que foram praticados,
dos fundamentos jurídicos e atos probatórios, quando: salvo comprovada má-fé.
§ 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
prazo de decadência contar-se-á da percepção do
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou
primeiro pagamento.
sanções;
[...]
130 III - decidam processos administrativos de
concur- so ou seleção pública; Art. 55 Em decisão na qual se evidencie não acar-
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de retarem lesão ao interesse público nem prejuízo
processo licitatório; a terceiros, os atos que apresentarem defeitos
sanáveis poderão ser convalidados pela própria
Ad
mi
ni
str

ão
.
Para saber quais atos podem ser sanáveis, é Parágrafo único. Se da aplicação do
disposto neste artigo puder decorrer gravame U
impor- tante relembrar quais são os elementos dos
à situação do recor- rente, este deverá ser ma
atos admi- nistrativos: competência, objeto, forma,
cientificado para que formule suas alegações vez
motivo e finalidade. Os atos podem ser
antes da decisão. vist
convalidados, se o seu vício recair sobre a
os
competência ou a forma do ato administrativo.
os
Contudo, se o vício recair no motivo, objeto e a aspe
finalidade, por serem vícios insanáveis, não podem ctos
ser convalidados. gera
is
Dos Recursos Administrativos
dos
recu
Todas as decisões adotadas em processo adminis- rsos
trativo são passíveis de recurso, caso em que haverá adm
um reexame quanto às questões de legalidade inist
(vincu- lação) e de mérito (discricionariedade) dos rativ
atos admi- nistrativos objeto do litígio. os, é
O recurso será dirigido à autoridade superior por imp
intermédio da autoridade que proferiu o ato recorri- orta
do, e esta poderá reconsiderar sua decisão no prazo nte,
de cinco dias úteis, ou, nesse mesmo prazo, fazê-lo tam
subir, informando devidamente o recorrente (§ 1º, bém
art. 56). Salvo exigência legal, a interposição de recurso ,
indepen- de de caução (§ 2º, art. 56). con
Existem três instâncias administrativas pelas hece
quais r
os recursos podem tramitar (art. 57). cada
Os legitimados para interpor recurso estão um
previs- dele
tos no art. 58. São eles: s em
esp
I - os titulares de direitos e interesses que forem
parte no processo; écie
II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indire- :
tamente afetados pela decisão recorrida;
III - as organizações e associações  R
representativas, no tocante a direitos e interesses e
coletivos; p
IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos r
ou interesses difusos.
e
O recurso é interposto por meio de requerimento s
no qual o recorrente deverá expor os fundamentos e
do pedido de reexame, podendo juntar os n
documentos que julgar convenientes. t
Em regra, o recurso não tem efeito suspensivo, a
sal- vo havendo relevante fundamento e justo ç
receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação ã
decorrente da execução. Nesses casos, a autoridade o
recorrida poderá decretar a suspensão do prazo :
recursal (§ único, art. 61). Interposto o recurso, o é
órgão competente para dele conhecer deverá intimar u
os demais interessados para que, no prazo de dez m
dias úteis, apresentem alegações. a
O recurso não será conhecido quando interposto d
(art. 63): e
n
I - fora do prazo;
ú
II - perante órgão incompetente;
n
III - por quem não seja legitimado;
IV - após exaurida a esfera administrativa. c
i
Os prazos contam-se em dias úteis e começam a a
correr a partir da data da cientificação oficial, f
excluin- do-se da contagem o dia do começo e o
incluindo-se o do vencimento. r
m
Art. 64 O órgão competente para decidir o recur- a
so poderá confirmar, modificar, anular ou l
revogar, total ou parcialmente, a decisão d
recorrida, se a matéria for de sua competência. e
irregu- laridade, feita por qualquer indivíduo, com
previ- são no inciso III, § 3º , art. 37, da CF, de 1988, e
que gera à Administração o dever-poder de apurar a
irregularidade, se houver. Trata-se, por isso, de ato
vinculado;
 Reclamação administrativa: É o ato pelo qual o
administrado, particular ou servidor público, deduz
uma pretensão perante a administração pública,
visando obter o reconhecimento de um direito ou a
correção de um ato que lhe cause ou na iminência de
causar lesão. A interposição da reclamação não
impede a apreciação do pleito pelo Judiciário, mas a
reclamação interposta den- tro do prazo de 1 ano,
contado da ocorrência do ato, suspende a prescrição
quinquenal deste;
 Pedido de reconsideração: é uma solicitação feita à
autoridade que expediu o ato, para que o modifique ou
o invalide, nos moldes do requerente. A reconsi-
deração não suspende a prescrição do Judiciário;
 Recurso hierárquico próprio: é aquele endere- çado
à autoridade superior à que praticou o ato recorrido.
Pode ser interposto sem a necessidade de previsão
legal, uma vez que a revisão dos atos pela autoridade
hierarquicamente superior àquela que praticou o ato é
uma de suas tarefas inerentes. Vale ressaltar que o
recurso hierárquico independe de caução ou
qualquer tipo de garantia em dinheiro, conforme
dispõe a Súmula Vinculante nº 21, do STF;
 Recurso hierárquico impróprio: é aquele dirigido à
autoridade que não ocupa posição de hierarquia em
relação ao ente que praticou o ato. É o caso, por
exemplo, de recurso interposto para o ente federati- vo
membro da Administração Direta, sobre alguma
entidade da Administração Indireta. Esse tipo de
recurso deve possuir previsão legal, uma vez que os
poderes inerentes à tutela não se presumem.

Atenção para o conteúdo do art. 64:

Art. 64 O órgão competente para decidir o recur- so


poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total
ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for
de sua competência.
Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste
artigo puder decorrer gravame à situação do recor- rente,
este deverá ser cientificado para que, no pra- zo de dez
dias úteis, formule suas alegações antes da decisão.

O referido dispositivo trata do que a doutrina denomina


“proibição da reformatio in pejus”. De modo geral, a
decisão proferida no recurso administrativo não pode
resultar em gravame ou em prejuízo para o administrado.
Exemplo: se o servidor foi punido com pena de suspensão
por 10 dias e decide recorrer da decisão, a autoridade
julgadora do recurso não pode simplesmente decidir que a
NOÇÕES DE DIREITO

pena foi muito branda e aumentá-la para 20 dias. Caso essa


possibilidade ocor- ra (o que não deveria), o recorrente
precisa de um prazo para fazer suas alegações e se
defender dessa reforma prejudicial da decisão.

131
É interessante estudar o esquema de prazos abaixo:

Os atos do órgão ou autoridade responsável pelo processo e dos administrados que dele participem: prazo de cinco dias, Intimações
podendo serrealizadas
dilatado até
como dobro.
antecedência mínima de 3 dias

Intimação de prova ou diligência com antecedência de 3 dias úteis

Da comunicação dos atos processuais

Todos os pareceres de órgãos consultivos devem ser elaborados no

Encerrada a instrução do processo administrativo, o interessado terá 10 dias para se manifest

PRAZOS

Dever de decidir Prazo de 30 dias para a administração pública

Prazo de 5 dias para reconsideração da decisão ou encaminhar os autos ao seu superior

Do recurso administrativo e da revisão


Prazo de 10 dias para interposição de recurso administrativo prorrogável por igual período

A autoridade competente possui prazo de 30 dias para decidir o recurso. Em caso de necessidade esse prazo poderá se

EXERCÍCIO COMENTADO
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito de improbidade administrativa, processo administrativo e organização admi-
nistrativa, julgue o item seguinte.
Caso o administrado não atenda a intimação em processo administrativo, incidirá o ônus de reconhecimento da ver-
dade dos fatos alegados.

( ) CERTO ( ) ERRADO

A questão faz referência ao instituto da revelia. Porém, por expressão previsão do art. 27, da Lei nº 9.784, de 1999,
“o desatendimento da intimação não importa o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a
direito pelo administrado.” Assim, esses efeitos da revelia, comuns na esfera do processo civil, não se aplicam
no proces- so administrativo. Resposta: Errado.

HORA DE PRATICAR!
1. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Com base nos princípios do regime jurídico administrativo e nas regras relativas à contra-
tação direta pela administração pública, julgue o item que se seguem.
O princípio da indisponibilidade do interesse público é intrinsecamente ligado ao princípio da supremacia do
interesse público, isto é, à incapacidade da administração de livremente dispor de bens e do interesse público sob
sua tutela.
132 ( ) CERTO ( ) ERRADO
2. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Com relação a aspectos d
da administração pública, julgue o item a seguir. 8. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Jorge, chefe de e
A publicidade dos atos administrativos favorece o repar- tição vinculada a órgão público federal, s
controle social, razão pela qual a moderna adminis- determinou, de forma expressa, que todos os e
tração pública brasileira, em obediência ao princípio servidores deveriam tratar os administrados u
constitucional da publicidade, não mais admite que com respeito e urbanidade e que não toleraria s
atos praticados em seu âmbito possam ser protegidos ofensa verbal. No entanto, Bruno, um s
por qualquer tipo de sigilo.
u
b
( ) CERTO ( ) ERRADO o
r
3. (CESPE-CEBRASPE – 2021) No que se refere aos pre- d
ceitos relacionados ao direito administrativo, julgue o i
item a seguir. n
O princípio da hierarquia verifica-se na subordinação a
existente entre entes da administração indireta e os d
órgãos da administração direta aos quais aqueles o
estão vinculados. s
q
( ) CERTO ( ) ERRADO u
e
4. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Com relação a conceitos e
e disposições inerentes ao direito administrativo, jul- x
gue o item subsequente. e
Não há na doutrina majoritária quaisquer distinções r
entre os conceitos de atos administrativos, fatos c
administrativos e atos da administração, uma vez que e
todos eles produzem efeitos administrativos. c
a
( ) CERTO ( ) ERRADO r
g
5. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Considerando que, hipo- o
teticamente, a diretoria de um órgão da e
administração distrital tenha editado portaria que m
aprovou seu regi- mento interno, julgue o próximo
item, com base na teoria dos atos administrativos. c
Os elementos ou requisitos comumente citados o
como pressupostos do ato administrativo, tais como m
forma, objeto, competência, motivo e finalidade, são i
expres- samente elencados na Lei n.º 9.784/1999. s
-
( ) CERTO ( ) ERRADO s
ã
6. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Com relação a conceitos o
e disposições inerentes ao direito administrativo, jul- e
gue o item subsequente. n
A licença, a permissão e a autorização são atos admi- ã
nistrativos que decorrem da anuência do poder públi- o
co para que o interessado desempenhe determinada p
atividade. o
s
( ) CERTO ( ) ERRADO s
u
7. (CESPE-CEBRASPE – 2021) No que diz respeito aos i
princípios fundamentais, concessão, autorização, per- c
missão e atos da administração pública, julgue o item a
a seguir. r
A administração pública pode revogar seus pró- g
prios atos eivados de vícios, ou ainda pelo judiciário, o
mediante provocação. e
f
( ) CERTO ( ) ERRADO e
tivo, cometeu grave insu- bordinação em serviço ao 12. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Julgue o item a seguir,
insultar Fernanda, uma administrada que havia solicitado acerca de direito administrativo.
informações sobre o andamento de processo que
tramitava no referido órgão. Jorge, na figura de autoridade
pública compe- tente, abriu processo administrativo
disciplinar contra Bruno, que culminou na aplicação de
pena de suspen- são por 90 dias ao insubordinado.
Considerando essa situação hipotética e os disposi- tivos
da Lei n.º 8.112/1990 e da Lei n.º 9.784/1999, bem como
as disposições a respeito dos poderes administrativos e
da responsabilidade civil do Estado no direito brasileiro,
julgue o item subsequente.
No âmbito administrativo, a prática de insubordinação no
serviço público configura ofensa ao poder hierárquico. ( )

CERTO ( ) ERRADO

8. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Os agentes de polícia do estado


de Alagoas, no exercício de sua função, devem comedir a
aplicação do uso de força em suas aborda- gens e ações,
buscando agir de maneira adequada, sem extrapolar os
limites legais impostos ao exercício do poder que lhes é
conferido. Acerca do uso e do abu- so de poder, julgue o
item que se seguem.
O poder disciplinar não abrange as sanções impostas a
particulares que não estejam sujeitos à disciplina interna
da administração; nesse caso, as medidas punitivas
encontram fundamento no poder de polícia.

( ) CERTO ( ) ERRADO

10. (CESPE-CEBRASPE – 2021) João, servidor público estável da


SEFAZ, por negligência deixou de realizar cobrança de
ICMS de determinada empresa.

Messias, chefe de João, tendo tomado conhecimento do


fato, resolveu instaurar processo administrativo, ao final do
qual foi aplicada pena de suspensão a João. Inconformado
com a punição, João interpôs recurso administrativo,
visando reverter a decisão.
Após análise do recurso, a instância superior decidiu
revogar a punição, por motivo de ilegalidade.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o próximo item.
Messias, ao punir João, valeu-se do poder de polícia
administrativo; João, por sua vez, valeu-se do poder
hierárquico ao recorrer da decisão que lhe aplicou a
sanção.

( ) CERTO ( ) ERRADO

11. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Os agentes de polícia do estado


de Alagoas, no exercício de sua função, devem comedir a
aplicação do uso de força em suas aborda- gens e ações,
buscando agir de maneira adequada, sem extrapolar os
limites legais impostos ao exercício do poder que lhes é
conferido. Acerca do uso e do abu- so de poder, julgue o
item que se seguem.
Ato praticado com abuso de poder somente pode ser
invalidado mediante revisão judicial.

( ) CERTO ( ) ERRADO
133

NOÇÕE
Órgãos públicos, por não terem personalidade jurídica civis titulares de cargos de provimento efetivo são
própria, não possuem capacidade processual, razão considerados agentes públicos, porém, embora pos- suam
por que devem, necessariamente, ser representados vínculos estatutários, eles estão sujeitos a regi- me jurídico
em juízo pela pessoa jurídica a qual é vinculado. próprio.

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO

13. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Acerca da organização


administrativa do Estado, julgue o item subsequente.
As autarquias possuem personalidade jurídica distinta
daquela do ente político que as criou e são dotadas
de autoadministração.

( ) CERTO ( ) ERRADO

14. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Acerca de serviços públi-


cos, de atos administrativos, de contratos administra-
tivos e de licitações, julgue o item subsequente.
O usufruto de serviço público de natureza coletiva por
determinado grupo gera direito subjetivo individual para
todos os demais que se encontrarem na mesma
situação.

( ) CERTO ( ) ERRADO

15. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito de concessão e


permissão da prestação de serviços públicos, julgue
o item subsequente, de acordo com disposições da
Lei n.º 8.987/1995.
Edital de licitação poderá prever a inversão na ordem
das fases de habilitação e julgamento, hipótese em
que, verificado o atendimento das exigências do edital,
o licitante será declarado vencedor.

( ) CERTO ( ) ERRADO

16. (CESPE-CEBRASPE – 2021) No que se refere ao direi- to


administrativo, julgue o item a seguir.
É possível a prestação de serviços públicos por particu-
lares, ou seja, o regime exclusivamente público não é
o único regime jurídico de prestação desses serviços.

( ) CERTO ( ) ERRADO

17. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Acerca da concessão de


serviços públicos, julgue o item que se segue.
Concessão de serviço público é um contrato admi-
nistrativo pelo qual a administração pública delega a
terceiro a execução de um serviço público, para que
este o realize em seu próprio nome e por sua conta
e risco, sendo assegurada ao terceiro a remuneração
mediante tarifa paga pelo usuário, que é fixada pelo
preço da proposta vencedora da licitação e não pode
ser alterada unilateralmente pelo poder público ou
pela concessionária.

( ) CERTO ( ) ERRADO

134 18. (CESPE-CEBRASPE – 2021) A respeito dos atos admi-


nistrativos e dos agentes públicos, julgue o item a seguir.
Os militares dos corpos de bombeiros militares dos
estados e do Distrito Federal e os servidores públicos
19. ( o da Saúde, firmou convênio com um motivados com indicação dos fatos e dos
C município catarinense para a construção fundamentos jurídicos.
E de um hospital materno-infantil. Por meio
S desse convênio, a União repassou ao ( ) CERTO ( ) ERRADO
P município sessenta milhões de reais,
E enquanto o município deveria, a título de 22. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Com relação à organi- zação
- contrapartida, investir seis milhões de reais administrativa, ao processo administrativo, ao
C na obra. Considerando a grande relevância estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade
E do hospital para a comunidade local, o de economia mista e de suas subsidiárias e à Lei de
B prefeito decidiu contratar direta- mente a Acesso a Informação, julgue o item a seguir.
R empresa responsável pela construção. Um órgão administrativo pode delegar parte de sua
A competência a outro, com exceção das matérias que
S A partir dessa situação hipotética, julgue o sejam de sua competência exclusiva.
P item a seguir.
E Eventual condenação do prefeito por crime ( ) CERTO ( ) ERRADO
de respon- sabilidade perante a câmara
– municipal não impedirá que ele venha a ser
condenado, também, na esfera penal por
2 ato de improbidade administrativa, dado
0
que essas duas condenações, consoante
2
1 entendimento do STF, não podem ser
) consideradas como bis in idem.

A ( ) CERTO ( ) ERRADO

U 20. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Com relação


n aos poderes da administração pública e ao
i processo administrati- vo disciplinar, julgue
ã o próximo item.
o Segundo entendimento do STF, a falta de
, defesa técni- ca por advogado no processo
administrativo discipli- nar não ofende a
p Constituição.
o
r ( ) CERTO ( ) ERRADO

i 21. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Na pretensão de


n celebrar contrato administrativo com
t empresa fornecedora de serviço de mão de
e obra, João, servidor público com- petente
r de determinado órgão público, elaborou
m edi- tal de licitação prevendo em uma de
é suas cláusulas que a empresa contratada
- reserve percentual mínimo de sua mão de
obra a pessoas oriundas do sistema
d prisional. Tomando conhecimento do fato,
o chefe de João, autoridade máxima do
i
o órgão, sem apresentar justificativa,
suspendeu o edital e determinou a con-
tratação direta da empresa por dispensa
d
de licitação. Contrariado com a atitude do
o
seu superior hierárqui- co, João foi embora
para casa no meio do expediente sem
M
autorização do seu chefe, coisa que nunca
i
antes fizera.
n
i
Considerando essa situação hipotética,
s
julgue o item que se segue.
t
A atitude do chefe de João foi equivocada,
é
uma vez que os atos administrativos que
r
dispensem processo licitatório deverão ser
i
23. (CESPE-CEBRASPE – 2019) À luz das normas perti-
nentes à administração pública e com relação a atos
e contratos administrativos, serviços públicos, impro-
bidade administrativa e intervenção do Estado na pro-
priedade, julgue o item seguinte.
A ocorrência da decadência gera a extinção de direi-
to, o que, contudo, não impede a administração públi-
ca de se manifestar a tempo e modo em processo
administrativo.

( ) CERTO ( ) ERRADO

 GABARITO

1 CERTO

2 ERRADO
3 ERRADO

4 ERRADO
5 ERRADO

6 CERTO
7 ERRADO

8 CERTO
9 CERTO

10 ERRADO
11 ERRADO

12 ERRADO
13 CERTO

14 ERRADO
15 CERTO

16 CERTO

17 ERRADO
18 CERTO

19 ERRADO
20 CERTO

21 CERTO
22 CERTO

23 ERRADO
NOÇÕES DE DIREITO

ANOTAÇÕES
135
ANOTAÇÕES

136
DEDUÇÃO  CERTEZA 
repre- senta como ocorre a relação desses INFE
RÊNC
processos:
IA

LÍNGUA PORTUGUESA INDUÇÃO  INTERPRETAR 

A
part
ir
dess
e
INFERÊNCIA — ESTRATÉGIAS DE INTERPRETAÇÃO esqu
ema
A inferência é uma relação de sentido ,
conhecida desde a Grécia Antiga e que embasa as cons
teorias sobre interpretação de texto. egui
mos
visu
Dica aliza
Interpretar é buscar ideias, pistas do autor do r
texto, nas linhas apresentadas. mel
hor
com
Porém, apesar de, aparentemente, parecer algo
o o
subjetivo, existem “regras” para se buscar essas
proc
pistas. A primeira e mais importante delas é
esso
identificar a orientação do pensamento do autor do
de
texto, que fica perceptível quando identificamos inter
como o raciocínio dele foi exposto, se de maneira pret
mais racional, a partir da análise de dados, ação
informações com fontes confiáveis, ou se de maneira ocor
mais empirista, partindo dos efeitos, das re.
consequências, a fim de se identificar as causas. Ago
Por isso, é preciso compreender como podemos ra,
interpretar um texto mediante estratégias de leitura. irem
Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o os
tema, que é intrigante e de grande profundidade deta
acadêmica; neste material, selecionamos as lhar
estratégias mais efica- zes que podem contribuir para esse
sua aprovação em sele- ções que avaliam a proc
competência leitora dos candidatos. A partir disso, esso
apresentamos estratégias de leitura que focam nas ,
formas de inferência sobre um texto. Dessa forma, é reco
fundamental identificar como ocorre nhec
o processo de inferência, que se dá por dedução ou end
por indução. Para entender melhor, veja este exemplo: o as
estra
O marido da minha chefe parou de beber. tégi
as
Observe que é possível inferir várias informa- que
ções a partir dessa frase. A primeira é que a chefe do com
enunciador é casada (informação comprovada pela põe
expressão “marido”), a segunda é que o enuncia- m
dor está trabalhando (informação comprovada pela cada
expressão “minha chefe”) e a terceira é que o marido man
da chefe do enunciador bebia (expressão eira
comprovada pela expressão “parou de beber”). Note de
que há pistas contextuais do próprio texto que infer
induzem o leitor a interpretar essas informações. ir
Tratando-se de interpretação textual, os processos info
de inferência, sejam por dedução ou por indução, rma
par- tem de uma certeza prévia para a concepção ções
de uma interpretação, construída pelas pistas de
oferecidas no texto junto da articulação com as um
informações acessa- das pelo leitor do texto. text
A seguir, apresentamos um fluxograma que o.
Por isso, vamos apresentar nos tópicos seguintes como
usar estratégias de cunho dedutivo, indutivo e, ainda,
como articular a isso o nos- so conhecimento de mundo na
interpretação de textos.

A INDUÇÃO

As estratégias de interpretação que observam métodos


indutivos analisam as “pistas” que o texto oferece e,
posteriormente, reconhecem alguma certe- za na
interpretação. Dessa forma, é fundamental bus- car uma
ordem de eventos ou processos ocorridos no texto e que
variam conforme o tipo textual.
Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos
identificar uma organização cronológica e espacial no
desenvolvimento das ações marcadas, por exemplo, pelo
uso do pretérito imperfeito; na descrição, pode- mos
organizar as ideias do texto a partir da marcação de
adjetivos e demais sintagmas nominais; na argu-
mentação, esse encadeamento de ideias fica marcado pelo
uso de conjunções e elementos que expõem uma
ideia/ponto de vista.
No processo interpretativo indutivo, as ideias são
organizadas a partir de uma especificação para uma
generalização. Vejamos um exemplo:

Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa


espécie de animal. O que observei neles, no tempo em
que estive na redação do O Globo, foi o bastan- te para
não os amar, nem os imitar. São em geral de uma
lastimável limitação de ideias, cheios de fórmulas, de
receitas, só capazes de colher fatos detalhados e
impotentes para generalizar, cur- vados aos fortes e às
ideias vencedoras, e antigas, adstritos a um infantil
fetichismo do estilo e guia- dos por conceitos obsoletos e
um pueril e errôneo critério de beleza. (BARRETO, 2010,
p. 21)

O trecho em destaque na citação do escritor Lima


Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento
indutivo compõe a interpretação e decodificação de um
texto. Para deixar ainda mais evidentes as estraté- gias
usadas para identificar essa forma de interpretar,
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza- ção
cronológica de um texto.

A propriedade vocabular
PROCURE SINÔNIMOS leva o cérebro a aproximar

LÍNGUA
as pa- lavras que têm maior
asso- ciação com o tema
do texto
Os conectivos (conjunções,
ATENÇÃO preposições, pronomes)
AOS são marcadores claros de
CONECTIVOS opiniões, espaços físicos
e localizadores textuais

137
A DEDUÇÃO preju- dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a
seguir:
A leitura de um texto envolve a análise de
diversos aspectos que o autor pode colocar
explicitamente ou de maneira implícita no
enunciado.
Em questões de concurso, as bancas costumam
procurar nos enunciados implícitos do texto aspectos
para abordar em suas provas.
No momento de ler um texto, o leitor articula
seus conhecimentos prévios a partir de uma
informação que julga certa, buscando uma
interpretação; assim, ocorre o processo de
interpretação por dedução. Con- forme Kleiman
(2016, p. 47):

Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo


temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o
tema; ele estará também postulando uma possí-
vel estrutura textual; na predição ele estará ati-
vando seu conhecimento prévio, e na testagem
ele estará enriquecendo, refinando, checando esse
conhecimento.

Fique atento a essa informação, pois é uma das


primeiras estratégias de leitura para uma boa inter-
pretação textual: formular hipóteses, a partir da
macroestrutura textual; ou seja, antes da leitura
ini- cial, o leitor deve buscar identificar o gênero
textual ao qual o texto pertence, a fonte da leitura,
o ano, entre outras informações que podem vir como
“aces- sórios” do texto e, então, formular hipóteses
sobre a leitura que deverá se seguir. Uma outra
dica impor- tante é ler as questões da prova antes
de ler o texto, pois, assim, suas hipóteses já estarão
agindo conforme um objetivo mais definido.
O processo de interpretação por estratégias de
dedu- ção envolve a articulação de três tipos de
conhecimento:

 Conhecimento Linguístico;
 Conhecimento Textual;
 Conhecimento de Mundo.

O conhecimento de mundo, por tratar-se de um


assunto mais abrangente, será abordado mais
adiante. Os demais, iremos abordar detalhadamente a
seguir.

Conhecimento Linguístico

Esse é o conhecimento basilar para compreensão


e decodificação do texto; envolve o reconhecimento
das formas linguísticas estabelecidas socialmente
por uma comunidade linguística, ou seja, envolve o
reco- nhecimento das regras de uma língua.
É importante salientar que as regras de reconhe-
cimento sobre o funcionamento da língua não são,
necessariamente, as regras gramaticais, mas as
regras que estabelecem, por exemplo, no caso da
língua por- tuguesa, que o feminino é marcado pela
desinência -a, que a ordem de escrita respeita o
sistema sujeito-ver- bo-objeto (SVO) etc.
Ângela Kleiman (2016) afirma que o
conhecimento linguístico é aquele que “abrange desde
o conhecimento sobre como pronunciar português,
passando pelo conhe- cimento de vocabulário e regras
da língua, chegando até o conhecimento sobre o uso da
língua” (2016, p. 15).
Um exemplo em que a interpretação textual é
Conhecimento Textual

Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conheci-


mento linguístico e se desenvolve pela experiência
leitora. Quanto maior exposição a diferentes tipos de
textos, melhor se dá a sua compreensão. Nesse
conhe- cimento, o leitor desenvolve sua habilidade
porque prepara sua leitura de acordo com o tipo de
texto que está lendo. Não se lê uma bula de remédio
como se lê uma receita de bolo ou um romance. Não
se lê uma reportagem como se lê um poema.
Em outras palavras, esse conhecimento relaciona-
-se com a habilidade de reconhecer diferentes tipos
de discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais.

Conhecimento de Mundo

O uso dos conhecimentos prévios é fundamental


para a boa interpretação textual, por isso, é sempre
importante que o candidato reserve um tempo para
ampliar sua biblioteca e buscar fontes de
informações fidedignas, para, dessa forma, aumentar
seu conheci- mento de mundo.
Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso
Disponível: https://url.gratis/DmcLyT. Acesso em: 17 jan. 2022.
conhecimento de mundo que é relevante para a com-
preensão textual é ativado; por isso, é natural ao
Como é possível notar, o texto é uma peça nosso cérebro associar informações, a fim de
publici- tária escrita em inglês; portanto, compreender o novo texto que está em processo de
somente os leitores proficientes nessa língua interpretação.
serão capazes de decodificar e entender o que A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer-
está escrito. Assim, o conhecimento linguístico cício para atestarmos a importância da ativação do
torna-se crucial para a interpretação. Essas são conhecimento de mundo em um processo de
algumas estratégias de interpretação em que interpre- tação. Leia o texto a seguir e faça o que se
podemos usar métodos dedutivos. pede:

138
Como gemas para financiá-lo, nosso herói desa-
fiou valentemente todos os risos desdenhosos que TIPO TEXTUAL
tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos
Classifica-se conforme as marcas linguísticas apresen-
enga- nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa
tipificam corretamente esse planeta inexplorado.” tadas no texto. Também é chamado de sequência textual
Então as três irmãs fortes e resolutas saíram à GÊNERO TEXTUAL
procura de provas, abrindo caminho, às vezes
através de imen- sidões tranquilas, mas amiúde Classifica-se conforme a função do texto, atribuída
através de picos e vales turbulentos (KLEIMAN, socialmente
2016, p. 24).
Uma última informação muito importante sobre
Agora tente responder as seguintes perguntas tipos textuais que devemos considerar é que nenhum
sobre o texto: texto é composto apenas por um tipo textual; o que
Quem é o herói de que trata o texto? ocorre é a existência de predominância de algumas
Quem são as três irmãs? sequências em detrimento de outras, de acordo com
Qual é o planeta inexplorado? o texto.
A seguir, aprenderemos a diferenciar cada classe
Certamente, você não conseguiu responder de tipos textuais, reconhecendo suas principais
nenhu- ma dessas questões; porém, ao descobrir o carac- terísticas e marcas linguísticas.
título des- se texto, sua compreensão sobre essas
perguntas será afetada. O texto se chama “A
CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS TEXTUAIS E SUAS
descoberta da América por Colombo”. Agora, volte
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
ao texto, releia-o e busque responder às questões;
certamente você não terá mais as mesmas
dificuldades. Narrativo
Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao
voltar seus olhos por uma segunda vez a ele, já Os textos compostos predominantemente por
sabendo do que se trata, seu cérebro ativou um sequências narrativas cumprem o objetivo de
conhecimento pré- vio que é essencial para a contar uma história, narrar um fato. Por isso,
interpretação de questões. precisam man- ter a atenção do leitor/ouvinte e, para
tal, lançam mão de algumas estratégias, como a
TIPOLOGIA TEXTUAL organização dos fatos a partir de marcadores
temporais e espaciais, a inclusão de um momento de
Tipos ou sequências textuais são unidades que tensão (chamado de clímax) e um desfecho que
estruturam o texto. Para Bronckart 1, “são unidades poderá ou não apresentar uma moral.
estruturais, relativamente autônomas, organizadas Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrati-
em frases”. vo pode ser caracterizado por sete aspectos. São
Os tipos textuais marcam uma forma de eles:
organiza- ção da estrutura do texto, que se molda a
depender do gênero discursivo e da necessidade  Situação inicial: Envolve a “quebra” de um
comunicativa. Por exemplo, há gêneros que equilí- brio, o que demanda uma situação
apresentam a predomi- nância de narrações (contos, conflituosa;
fábulas, romances, his- tória em quadrinhos etc.). Já  Complicação: Desenvolvimento da tensão apre-
em outros, predomina a argumentação (redação do sentada inicialmente;
Enem, teses, dissertações, artigos de opinião etc.).  Ações (para o clímax): Acontecimentos que
No intuito de conceituar melhor os tipos textuais, ampliam a tensão;
inspiramo-nos em Cavalcante (2013) e apresentamos a  Resolução: Momento de solução da tensão;
seguinte figura, que demonstra como podemos  Situação final: Retorno da situação equilibrada;
identi- ficar os tipos textuais e suas principais  Avaliação: Apresentação de uma “opinião” sobre
características, tendo em vista que cada sequência a resolução;
textual apresenta características próprias que pouco  Moral: Apresentação de valores morais que a
ou nada sofrem em alterações, mantendo uma his- tória possa ter apresentado.
estrutura linguística quase rígida que nos permite
classificar os tipos textuais em cinco categorias Esses sete passos podem ser encontrados no
(Narrativo, Descritivo, Expositivo, Instrucional seguinte exemplo, a canção “Era um garoto que
e Argumentativo). como eu...” Vamos lê-la e identificar essas
características, bem como aprender a identificar
GÊNERO TEXTUAL outros pontos do tipo textual narrativo.

Era um garoto que como eu Amava os Beatles e os Rolling Stones


Girava o mundo sempre a cantar As coisas lindas da América Não era b
FRASES TIPO TEXTUAL TEXTO Cantava Help and Ticket to Ride Oh Lady Jane e Yesterday Cantava viva
Situação inicial: predomínio de equilíb

A partir dessa imagem, podemos identificar que a


orientação gramatical mantida pelas frases apresenta
LÍNGUA

marcas linguísticas, assinalando o tipo textual predo-


minante que o texto deve manter, organizado pelas
marcas do gênero textual ao qual o texto pertence.
1 BRONCKART, 1999 apud CAVALCANTE, 139
2013.
Narrador personagem: Verbos flexionados em 1ª pes-
soa. O narrador participa dos fatos
Mas uma carta sem esperar
Narrador observador: Verbos flexionados em 3ª
Da sua guitarra, o separou Complicação: início pessoa. O narrador tem propriedade dos fatos
Fora chamado na América da tensão contados, porém, não participa das ações
Stop! Com Rolling Stones
Stop! Com Beatles songs Narrador onisciente: Os fatos podem ser contados na
3ª ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece os fatos e
Mandado foi ao Vietnã
Clímax não participa das ações, porém, o fluxo de consciência do
Lutar com vietcongs
nar- rador pode ser exposto, levando o texto para a 1ª
Era um garoto que como eu pessoa
Amava os Beatles e os Rolling
Stones Resolução
Girava o mundo, mas acabou Alguns gêneros conhecidos por suas marcas pre-
Fazendo a guerra no Vietnã dominantemente narrativas são notícia, diário, conto,
fábula, entre outros. É importante reafirmar que o
Cabelos longos não usa mais fato de esses gêneros serem essencialmente narrati-
Não toca a sua guitarra e sim vos não significa que não possam apresentar outras
Um instrumento que sempre dá sequências em sua composição.
A mesma nota, Para diferenciar os tipos textuais e proceder na
ra-tá-tá-tá Situação final / classificação correta, é sempre essencial atentar-se às
Avaliação marcas que predominam no texto.
Não tem amigos, não vê garotas
Após demarcarmos as principais características do
Só gente morta caindo ao chão tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as mar-
Ao seu país não voltará cas mais importantes da sequência textual classifica-
Pois está morto no Vietnã da como descritiva.
[...]
No peito, um coração não há Descritivo
Moral
Disponível em: https://www.letras.mus.br/engenheiros-do-
hawaii/12886/. Acesso em: 17 jan. 2022. O tipo textual descritivo é marcado pelas formas
nominais que dominam o texto. Os gêneros que utili-
Essas sete marcas que definem o tipo textual nar- zam esse tipo textual geralmente utilizam a
rativo podem ser resumidas em marcas de organiza- sequência descritiva como suporte para um propósito
ção linguística que são caracterizadas por: maior. São exemplos de textos cujo tipo textual
predominante é a descrição: relato de viagem,
 Presença de marcadores temporais e espaciais; currículo, anúncio, classifi- cados, lista de compras.
 Verbos predominantemente utilizados no passado; Veja um trecho da Carta de Pero Vaz de
 Presença de narrador e personagens. Caminha, que relata, no ano de 1500, suas
impressões a respeito de alguns aspectos do

Importante!
Os gêneros textuais que são predominantemen- te narrativos apresentam outras tipologias tex- tuais em sua composição, tendo

território que viria a ser chama- do de Brasil.


Para sua compreensão, também é necessário
saber o que são marcadores temporais e Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho,
espaciais. São formas linguísticas como advérbios, e quartejados, assim pelos corpos como pelas
pronomes, locu- ções etc. utilizadas para demarcar pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também
um espaço físico ou temporal em textos. Nos tipos andavam entre eles quatro ou cinco mulheres,
novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre
textuais narrativos, esses elementos são essenciais
elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o
para marcar o equilí- brio e a tensão da história, quadril e a náde- ga, toda tingida daquela tintura
além de garantirem a coe- são do texto. Exemplos de preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra
marcadores temporais e espaciais: Atualmente, trazia ambos os joelhos com as curvas assim
naquele dia, nesse momento, aqui, ali, então... tintas, e também os colos dos pés; e suas
Outro indicador do texto narrativo é a presença vergonhas tão nuas, e com tanta inocên- cia assim
do narrador da história. Por isso, é importante descobertas, que não havia nisso desver- gonha
apren- dermos a identificar os principais tipos de nenhuma.
narrador de um texto:
Disponível em: https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz-
de-caminha/. Acesso em: 17 jan. 2021.
Narrador: Também conhecido como foco narrativo, é
140 o responsável por contar os fatos que compõem o Note que apesar da presença pontual da
sequência narrativa, há predominância da descrição
d galantes, preto, vermelho, nuas, tingida,
o desco- bertas etc.). A carta de Pero Vaz
constitui uma espécie de relato descritivo
c utilizado para manter a comuni- cação
e entre a Corte Portuguesa e os navegadores.
n Considerando as emergências
á comunicativas do mundo moderno, a carta
r tornou-se um gênero menos usual e, aos
i poucos, substituído por outros gêneros,
o como, por exemplo, o e-mail.
A sequência descritiva também pode se
e apresentar de forma esquemática em alguns
gêneros, como pode- mos ver no cardápio a
d seguir:
o
s

p
e
r
s
o
n
a
g
e
n
s
,

e
v
i
d
e
n
c
i
a
d
a

p
e
l
a

p
r
e
s
e
n
ç
a

d
e

a
d
j
e
-

t
i
v
o
s

(
Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2020/07/12/filha-de-dono-de-cantina-faz-desenhos-para-divulgar-cardapio-e-
ajudar-o-pai-a-vender-na-web.ghtml. Acesso em: 17 jan. 2022.

Note que há a presença de muitos adjetivos, locuções, substantivos, que buscam levar o leitor a imaginar o
objeto descrito. O gênero mostrado apresenta a descrição das refeições (pão, croissant, feijão, carne etc.) com
uso de adjetivos ou locuções adjetivas (de queijo, doce, salgado, com calabresa, moída etc.). Ele está
organizado de forma esquematizada em seções (salgados, lanches, caldos e panquecas) de maneira a facilitar a
leitura (o pedido, no caso) do cliente.

Expositivo
LÍNGUA

O texto expositivo visa a apresentar fatos e ideias a fim de deixar explícito o tema principal do texto. Nesse tipo
textual, é muito comum a presença de dados, informações científicas e citações diretas e indiretas que servem
para embasar o assunto tratado pelo texto. Para ilustrar essa explicação, veja o exemplo a seguir:

141
Disponível em: https://www.boavontade.com/pt/ecologia/infografico-dados-mostram-panorama-mundial-da-situacao-da-agua. Acesso em: 17
jan. 2022. Adaptado.

O infográfico mostrado apresenta informações pertinentes sobre o panorama mundial da situação da água
no ano de 2016. O gênero foi construído com o objetivo de deixar o leitor informado a respeito do tema
abordado. Para isso, o autor dispõe, além de linguagem compreensível e objetiva, de recursos visuais para
atingir o objetivo. É importante destacar que os textos expositivos podem, muitas vezes, ser confundidos com
textos argumenta- tivos, uma vez que existem textos argumentativos que são classificados como expositivos, pois
utilizam exemplos
e fatos para fundamentar uma argumentação.

Dica
Atente-se a esta importante diferença entre as sequências expositiva e argumentativa: a argumentativa apre-
senta uma opinião pessoal, enquanto a expositiva não abre margem para a argumentação, já que o fato
exposto é apresentado como dado, ou seja, o conhecimento sobre uma questão não é posto em debate —
apresenta-se um conceito e expõem-se as características desse conceito sem espaço para opiniões.

Marcas linguísticas do texto expositivo:

 Apresenta informações sobre algo ou alguém — presença de verbos de estado;


 Presença de adjetivos, locuções e substantivos que organizam a informação;
 Desenvolve-se mediante uso de recursos enumerativos;
 Presença de figuras de linguagem como metáfora e comparação;
 Pode apresentar um pensamento contrastivo ao final do texto.

Os textos expositivos são comuns em gêneros científicos ou que desencadeiam algum aspecto de curiosidade
nos leitores, como no exemplo a seguir:
142
VEJA 10 MULHERES INVENTORAS QUE REVOLUCIONARAM O
de uma tese e a apresentação de argumentos que
MUNDO visam sustentar essa tese. Alguns exemplos de tex-
08/03/2015 07h43 - Atualizado em 08/03/2015 07h43 tos argumentativos são artigos, monografias, ensaios
Hedy Lamarr - conexão wireless científicos e filosóficos, dentre outros.
Outro aspecto importante dos textos argumentati-
Além de atriz de Hollywood, famosa pelo longa “Ecstasy” vos é que eles são compostos por estruturas linguís-
(1933), a austríaca naturalizada norte-americana Hedy Lamarr ticas conhecidas como operadores argumentativos,
foi a inventora de uma tecnologia que permitia controlar torpe- que organizam as orações subordinadas, estruturas
dos à distância, durante a Segunda Guerra Mundial, alterando mais comuns nesse tipo textual.
rapidamente os canais de frequência de rádio para que não A seguir, apresentamos um quadro sintético com
fossem interceptados pelo inimigo. Esse conceito de trans- algumas estruturas linguísticas que funcionam como
missão acabou, mais tarde, permitindo o desenvolvimento de operadores argumentativos e que facilitam a escrita e
tecnologias como o Wi-Fi e o Bluetooth. a leitura de textos argumentativos:
Disponível em: https://glo.bo/2Jgh4Cj Acesso em: 17 jan. 2022.
Adaptado. OPERADORES ARGUMENTATIVOS
É incontestável que...
Instrucional ou Injuntivo análise.
Tal atitude é louvável
O texto / repudiável tem
argumentativo / por objetivo a
notável...
defesa É mister
de um / é fundamental
ponto de/ é vista, portanto,
O tipo textual instrucional ou injuntivo é carac-
envolve a defesa
terizado por estabelecer um “propósito
autônomo”2 que busca convencer o leitor a realizar 2 CAVALCANTE, 2013, p. 73.
alguma tarefa. Esse tipo textual é predominante em O
gêneros como bula de remédio, tutoriais na b
internet, horóscopos e manuais de instrução. s
A principal marca linguística dessa tipologia é a e
presença de verbos conjugados no modo imperati- r
vo e também em sua forma infinitiva. Isso se deve v
ao fato de essa tipologia buscar persuadir o leitor e e
levá-lo a realizar as ações mencionadas pelo gênero. o
Para que possamos identificar corretamente essa e
tipologia textual, faz-se necessário observar um x
gêne- ro textual que apresente esse tipo de texto, e
como o exemplo a seguir: m
p
Como faço para criar uma conta do
l
o
Instagram? Aplicativo do Instagram para
a
Android e iPhone:
s
1. Baixe o aplicativo do Instagram na App Store (iPhone) ou
e
Google Play Store (Android).
g
2. Depois de instalar o aplicativo, toque em para abri-lo. u
3. Toque em Cadastrar-se com e-mail ou número de telefone i
(Android) ou Criar nova conta (iPhone) e insira seu endereço r
de e-mail ou número de telefone (que exigirá um código de :
confirmação), toque em Avançar. Também é possível tocar
em Entrar com o Facebook para se cadastrar com sua conta O
do Facebook. go
4. Se você se cadastrar com o e-mail ou número de telefone, ve
crie um nome de usuário e uma senha, preencha as informa- rn
ções do perfil e toque em Avançar. Se você se cadastrar com o
o Facebook, será necessário entrar na conta do Facebook, ga
caso tenha saído dela. st
a,
Disponível em: https://www.facebook.com/help/instagram/. Acesso to
em: 17 ago. 2022. Adaptado. do
s
No exemplo dado, podemos destacar a presença os
de verbos conjugados no modo imperativo, como a
baixe, toque, crie, além de muitos verbos no no
infinitivo, como instalar, cadastrar, avançar. Outra s,
bil
característica dos textos injuntivos é a enumeração

de passos a serem cumpridos para a realização
es
correta da tarefa ensina- da e também a fim de tornar de
a leitura mais didática. re
ai
Argumentativo s
no
O tipo textual argumentativo é sem dúvidas o tr
mais complexo e, por vezes, pode apresentar maior at
dificul- dade na identificação, bem como em sua a
mento das mais diversas doenças relaciona- das ao
tabagismo; os ganhos com os impostos nem de longe
compensam o dinheiro gasto com essas doenças. Além
disso, as empresas têm grandes pre- juízos por causa de
afastamentos de trabalhadores devido aos males
causados pelo fumo. Portanto, é mister que sejam
proibidas quaisquer propagan- das de cigarros em todos
os meios de comunicação.

Disponível em: http://educacao.globo.com/portugues/assunto/ texto-


argumentativo/argumentacao.html. Acesso em: 17 jan. 2022.
Adaptado.

Essas estruturas, quando utilizadas adequadamen- te


no texto argumentativo, expõem a opinião do autor,
ajudando na defesa de seu ponto de vista e construin- do a
estrutura argumentativa desse tipo textual.

GÊNEROS TEXTUAIS

Quando pensamos em uma definição para gêneros


textuais, somos levados a inúmeros autores que bus-
caram definir e classificar esses elementos, e, inicial-
mente, é interessante nos lembrarmos dos gêneros
literários que estudamos na escola.
Podemos lembrar dos conceitos de tragédia e comédia,
que se referem aos clássicos da literatura grega. Afinal,
quem nunca ouviu falar das histórias de “Ilíada” ou de
“Odisseia”, ambas de Homero? Mas o que esses textos
têm em comum? Inicialmente, pode-se ser levado a
pensar que nada, além do fato de terem sido escritos
pelo mesmo autor. Entretan- to, a estrutura dessas
histórias respeita a um padrão textual estabelecido e
reconhecido na época em que foram escritas.
De maneira análoga, quando pensamos em gêneros
textuais, devemos identificar os elementos que caracte-
rizam textos, aparentemente, tão diferentes. Logo, da
mesma forma que comparamos as estruturas de “Ilía- da”
e “Odisseia”, é preciso buscar as semelhanças entre uma
notícia e um artigo de opinião, por exemplo.
Também é fundamental identificar as razões que nos
levam a classificar cada um desses gêneros com termos
diferentes. Esse ponto de interseção é o que

LÍNGUA

143
podemos estabelecer como os principais aspectos de
Além disso, um gênero textual, para ser
classificação de um gênero textual.
identifica- do como tal, é amparado por um protótipo
Conforme Maingueneau, o ponto de interseção que
textual, o qual também pode ser reconhecido como
estabelece sobre qual gênero estamos tratando é
estereótipo textual, que resguarda características
indi- cado por “rotinas de comportamentos
básicas do gêne- ro. Por exemplo, ao olharmos para
estereotipados e anônimos que se estabilizaram
o anúncio mencio- nado anteriormente,
pouco a pouco, mas que continuam sujeitos a uma
identificamos traços do gênero contos de fadas tanto
variação contínua”3.
na porção textual do anúncio que começa com a
Logo, o primeiro elemento que precisamos iden-
frase: “era uma vez...” quanto pela imagem, que
tificar para classificar um gênero é o papel social, remete ao conto “Branca de Neve”.
marcado pelos comportamentos e pelas “rotinas” Tais marcas, sobretudo as linguísticas, auxi-
humanas típicas de quem vive em sociedade e, por- liam os falantes de uma comunidade a reconhecer
tanto, precisa se fazer compreender tão bem quanto o gênero e também a escrever nesse gênero quando
ser compreendido. necessitarem. Isso é o que torna a característica da
Esse é, sem dúvidas, o elemento que melhor dife-
prototipicidade tão importante no reconhecimento e
rencia tipos e gêneros textuais, uma vez que os
na classificação de um gênero.
tipos textuais não têm apelo ao ambiente social e
Ademais, os traços estereotipados de um gênero
são mui- to mais identificáveis por suas marcas devem ser reconhecidos por uma comunidade,
linguísticas. O fator social dos gêneros textuais
reafir- mando o teor social desses elementos e
também direcionará outros aspectos importantes na
estabelecen- do a importância de um indivíduo
classificação desses elementos; justamente devido à
adquirir o hábito da leitura, pois quanto mais se lê,
dinâmica social em que estão inseridos, os gêneros
a mais gêneros se é exposto.
são passíveis de alte- rações em sua estrutura. Portanto, a partir de todas essas informações
Tais alterações podem ocorrer ao longo do sobre os gêneros textuais, podemos afirmar que, de
tempo, tornando o gênero completamente maneira resumida, os gêneros textuais são ações
modificado, como se deu com as cartas pessoais e os linguísticas situadas socialmente que servem a
e-mails, por exem- plo; ou podem ser alterações
propósitos especí- ficos e são reconhecidos pelos
pontuais que se prestam a uma finalidade específica
seus traços em comum. A seguir, apresentamos uma
e momentânea, como aconteceu com o anúncio tabela com as caracte- rísticas básicas para a correta
apresentado a seguir, da loja O Boticário: identificação dos gêne-
ros textuais:

GÊNEROS TEXTUAIS SÃO:


Ações sociais
Ações com configuração prototípica
Reconhecidos pelos membros de uma comunidade
O propósito de uma ação social
Divididos em classes

Outra importante característica que devemos


reforçar é que os gêneros textuais não são
quantifi- cáveis, pois existem inúmeros.
Justamente pelo fato de os gêneros sofrerem com as
Fonte: https://bit.ly/34yptsR. Acesso em: 17 jan. 2022. relações sociais, que são instáveis, não há um
número exato de gêneros textuais que possamos
estudar, diferentemente dos tipos textuais.
O gênero anúncio apresenta uma clara referên-
cia ao gênero contos de fadas; porém, a estrutura
desse gênero, que é, predominantemente, GÊNEROS TEXTUAIS TIPOS TEXTUAIS
narrativo, foi modificada para que o propósito do
Relação com aspectos Associação a aspectos
anúncio fos- se alcançado — ou seja, persuadir o
leitor e levá-lo a adquirir os produtos da marca. sociais linguísticos
No caso do gênero anúncio publicitário, usar Não podem sofrer altera-
outros gêneros e modifi- car sua estrutura básica é Podem ser alterados ção, sob pena de serem
uma estratégia que é esta- belecida a fim de que a reclassificados
principal função do anúncio se cumpra, qual seja:
vender um produto. Estabelecem uma função Organizam os gêneros
A partir desses exemplos, já podemos enumerar social textuais
mais uma característica comum a todos os tipos de
gêneros textuais: a presença de aspectos sociais e o Apesar de não existir um número quantificável
propósito de um gênero, para alguns autores, como de gêneros textuais, podemos estudar a estrutura dos
Swales (1990), chamado de propósito gêneros mais comuns nas provas de concursos, com
comunicativo. Segundo esse autor, os gêneros têm o fito de nos prepararmos melhor e ganharmos
a função de reali- zar um objetivo ou objetivos; por tempo na resolução de questões que envolvam esse
isso, ele sustenta a posição de que o propósito assun- to. Por isso, a seguir, iremos nos deter aos
comunicativo é o critério de maior importância, pois principais gêneros textuais abordados por
é o que motiva uma ação e é vinculado ao poder do importantes bancas de concursos no país.
autor.
144 3 MAINGUENEAU, 2018, p. 71.
NOTÍCIA

A notícia é um gênero textual de caráter jornalístico e, como tal, deve apresentar os fatos narrados de
maneira objetiva e imparcial. A notícia pode apresentar sequências textuais narrativas e descritivas na sua
composição linguística; por isso, é fundamental sempre termos em mente as características basilares de todos
os principais tipos textuais.
Como vimos, os gêneros textuais possuem características que os distinguem dos tipos textuais, dentre elas o
fato de terem um apelo a questões sociais, um propósito comunicativo e apresentarem uma configuração mais
ou menos padrão que varia em poucos ou nenhum aspecto entre os gêneros.
Por ser um gênero, a notícia também apresenta essas características. Seu propósito comunicativo é informar
uma comunidade sobre assuntos de interesse comum; por isso, a notícia deve ser comunicada com imparciali-
dade, ou seja, sem que o meio que a transmite apresente sua opinião sobre os fatos. Outra importante caracte-
rística da notícia é a sua configuração prototípica, ou seja, seu padrão textual reconhecido por leitores de uma
comunidade.
Essa configuração própria da notícia é reconhecida pelos termos manchete, lead e corpo da notícia.
Vejamos na prática como reconhecer o esquema prototípico desse gênero:

Casal suspeito de assaltos é preso após colidir carro na contramão enquanto fugia da polícia, em
Manchete
Fortaleza
Foram apreendidos três aparelhos celulares roubados e uma arma de fogo com seis munições. Lead
Um casal suspeito de realizar assaltos foi preso após capotar um carro ao dirigir na contramão en-
quanto fugia da polícia na tarde desde domingo (13), no Bairro Henrique Jorge, em Fortaleza. Corpo da
Uma das vítimas, que preferiu não se identificar, disse que os assaltantes dirigiam em alta veloci- Notícia
dade pelas ruas após abordar de forma fria os pertences. “A mulher estava conduzindo o carro e o
comparsa dela abordava as pessoas colocando a arma na cabeça”, afirmou.
Disponível em: https://glo.bo/35KM591. Acesso em: 17 jan. 2022.

Na formulação de uma notícia, para que ela atinja seu propósito de informar, é fundamental que o autor do
texto seja guiado por essas perguntas a fim de tornar seu texto imparcial e objetivo:

É importante ressaltar que, com o advento das redes sociais, tornou-se cada vez mais comum que o
gênero notícia seja divulgado por meio de plataformas diferentes, como as redes sociais.
Isso democratiza a informação, porém também abre margem para a criação de notícias falsas que se
baseiam nesse esquema de organização das notícias para buscar alguma credibilidade do público. Por isso,
atualmente, é muito importante atentar-se à fonte de publicação das notícias.
O próximo gênero sobre o qual trataremos é a reportagem, que guarda sutis diferenças em comparação com
a notícia, e que também é muito abordada em provas de concursos.

REPORTAGEM

A reportagem é um gênero textual que, diferentemente da notícia, além de oferecer informações acerca de
um assunto, também apresenta os pontos de vista sobre um tema, tendo, portanto, um caráter argumentativo;
essa é a principal diferença entre os gêneros notícia e reportagem.
Como visto, a notícia deve ser (ou buscar ser) imparcial, ou seja, não devemos encontrar nesse gênero a opi-
nião do meio que a divulga. Por isso, nesses textos, as sequências textuais mais encontradas são a narração e a
descrição, justamente com a finalidade de evitar apresentar um ponto de vista.
LÍNGUA

De maneira diferente, a reportagem apresenta as opiniões sobre um mesmo fato, pois essas opiniões são o
prin-
cipal “ingrediente” dos textos desse gênero, representado, predominantemente, pela sequência argumentativa.
É importante relembrarmos que o tipo textual argumentativo é organizado em três macropartes: tese,
desen- volvimento e conclusão. Por manter esse padrão, a reportagem aprofunda-se em temas sociais de
ampla reper- cussão e interesse do público, algo que não é o foco da notícia, tendo em vista que a notícia busca
apenas a divulgação da informação. 145
Diante disso, o suporte de veiculação das reportagens é, quase sempre, aquele que faz uso do vídeo, como
tele- visão, computador, tablet, celular etc. As reportagens têm um caráter de “matérias especiais” em jornais de
ampla repercussão, mas também podem ser veiculadas em suportes escritos, como revistas e jornais. Com o
avanço do uso das redes sociais, entretanto, elas têm sido os principais meios de divulgação desse gênero
atualmente.
Conforme a Academia Jornalística (2019), a reportagem apresenta informações mais detalhadas sobre um
fato e/ou fenômeno de grande relevância social. Isso significa que o repórter deve demonstrar os lados que
compõem a matéria, a fim de que o leitor construa sua própria opinião sobre o tema.
A despeito dessas diferenças na construção dos gêneros mencionados, a reportagem e a notícia guardam
semelhanças, como a busca pelas respostas às perguntas:

O quê? Como? Por quê? Onde? Quando? Quem?

Essas perguntas norteiam a escrita tanto da reportagem quanto da notícia, que se diferencia da primeira por
seu caráter essencialmente informativo.

NOTÍCIA REPORTAGEM
Apresenta um fato de forma simples e objetiva
Questiona fatos e efeitos de um fato
Objetivo é informar
determinado Apresenta argumentos sobre um
Apuração objetiva dos fatos
mesmo fato Apuração extensa
Conteúdo de curto prazo
Conteúdo sem ordem determinada, pode apresentar entre-
Conteúdo segue o modelo da pirâmide invertida (visto
vistas, dados, imagens etc.
anteriormente)
Disponível em: https://bit.ly/3kD9tvk. Acesso em: 17 jan. 2022. Adaptado.

É importante ressaltar que nenhum gênero é composto apenas por uma única sequência textual. Portanto, a
reportagem também apresentará esse paradigma, pois esse gênero é essencialmente argumentativo, porém pode
apresentar outras sequências textuais a fim de alcançar seu objetivo final.
A seguir, daremos continuidade aos nossos estudos sobre os principais gêneros textuais que são objeto de
pro- vas de concurso com um dos gêneros mais comuns em provas: o artigo de opinião.

ARTIGO DE OPINIÃO

O artigo de opinião faz parte da ordem de textos que buscam argumentar. Esse gênero usa a argumentação
para analisar, avaliar e responder a uma questão controversa. Esse instrumento textual situa-se no âmbito do
discurso jornalístico, pois é um gênero que circula, principalmente, em jornais e revistas impressos ou virtuais.
No artigo de opinião, temos a discussão de um problema de âmbito social. Por meio dessa discussão,
podemos defender nossa opinião, como também refutar opiniões contrárias às nossas, ou ainda, propor
soluções para a questão controversa.
A intenção do escritor ao escolher o artigo de opinião é a de convencer seu interlocutor. Para isso, ele terá
que usar de informações, fatos e opiniões que serão seus argumentos.
Bräkling apud Ohuschi e Barbosa aponta que:

O artigo de opinião é um gênero de discurso em que se busca convencer o outro de uma determinada ideia,
infiuen- ciá-lo, transformar os seus valores por meio de um processo de argumentação a favor de uma
determinada posição assumida pelo produtor e de refutação de possíveis opiniões divergentes. É um processo que
prevê uma operação constante de sustentação das afirmações realizadas, por meio da apresentação de dados
consistentes que possam convencer o interlocutor (2011, p. 305).

Dessa forma, para alcançar o objetivo do gênero, o escritor deverá usar diversos saberes, como
conhecimentos enciclopédicos, interacionais, textuais e linguísticos.
É por meio da escolha de determinados recursos linguísticos que percebemos que nada é por acaso, pois a
cada escolha há uma intenção: “... toda atividade de interpretação presente no cotidiano da linguagem
fundamen- ta-se na suposição de quem fala tem certas intenções ao comunicar-se”4.
Para darmos uma opinião sobre determinado tema, é necessário que tenhamos conhecimento sobre ele. Por
isso, normalmente, os autores de artigos de opinião são especialistas no assunto por eles abordado. Ao
escolherem um assunto, os autores devem considerar as diversas “vozes” já existentes sobre mesmo assunto e,
dependendo de sua intenção, apoiar ou negar determinadas vozes.
Por isso, a linguagem utilizada pelo articulista de um texto de opinião deve ser simples, direta e
convincente. Utiliza-se a terceira pessoa, apesar de a primeira ser adequada para um artigo de opinião pessoal;
porém, ao esco- lher a terceira pessoa do singular, o articulista consegue dar um tom impessoal ao seu texto,
fazendo com que sua produção textual não fique centrada só em suas próprias opiniões.
Quanto à composição estrutural, Kaufman e Rodriguez (1995) apud Pereira (2008) propõem a seguinte estruturação:

 Identificação do tema, acompanhada de seus antecedentes e alcance para situar a questão polêmica;
 Tomada de posição — exposição de argumentos de modo a justificar a tese;
146 4 KOCH, 2011, p. 22.
 Reafirmação da posição adotada no início da produção, ao mesmo tempo em que as ideias são articuladas
e o texto é concluído.

ORGANIZAÇÃO TEXTUAL DO ARTIGO DE


OPINIÃO
Introdução Identificação da questão polêmica alvo de debate no texto
Tese do autor (posicionamento defendido)
Desenvolvimento Tese contrária (posicionamentos de terceiros) — aceitação ou
refutação Argumentos a favor da tese do autor do texto
Conclusão Fechamento do texto e reforço do posicionamento adotado

No processo de escrita de qualquer texto é preciso estar atento aos elementos de coesão que ligam as ideias
do autor aos seus argumentos. Porém, nos textos argumentativos, é fundamental prestar ainda mais atenção a
esse processo; por isso, atente-se à coesão na escrita e na leitura de textos opinativos.
A fim continuarmos nos estudos de textos argumentativos, seguimos nossa abordagem, apresentando outro
gênero frequentemente presente nas provas de língua portuguesa em concursos públicos: o editorial.

EDITORIAL

Até aqui, estudamos dois gêneros com predominância de sequência argumentativa. O terceiro será o
editorial, gênero muito marcante no âmbito jornalístico e que expressa a opinião de um veículo de
comunicação. Neste tópico, nosso foco serão as principais características do gênero editorial e as suas
diferenças em relação ao artigo de opinião.

EDITORIAL — CARACTERÍSTICAS

Expressa a opinião de um jornal ou revista a respeito de um tema atual


Objetivos: esclarecer ou alertar os leitores sobre alguma temática importante e/ou persuadir os leitores, mobilizando-
-os a favor de uma causa de interesse coletivo
Estrutura: também baseada em introdução, desenvolvimento e conclusão

O início de um editorial é bem semelhante ao de um artigo de opinião: apresenta-se a ideia central ou o pro-
blema social a ser debatido no texto; posteriormente, segue-se a apresentação do ponto de vista defendido e
con- clui-se com a retomada da opinião apresentada incialmente.
A principal diferença entre editorial e artigo de opinião é que o editorial representa a opinião de uma corpo-
ração, empresa ou instituição.
Marcas linguísticas:

 Verbos na 3ª pessoa do singular ou plural;


 Uso do modo indicativo nas formas verbais predominante;
 Linguagem clara, objetiva e impessoal.

O editorial, além de ser um gênero muito comum nas provas de interpretação textual em concursos
públicos, também é, recorrentemente, cobrado por muitas bancas em provas de redação. Por isso, a seguir,
apresentamos um breve esquema para facilitar a escrita desse gênero.

EDITORIAL — ESTRUTURA TEXTUAL POR


PARÁGRAFOS
Parágrafo 1 Apresentação do tema (situando o leitor) e já com um posicionamento definido. Ser
didático ao apresentar o assunto ao leitor
Parágrafo 2 Contextualização do tema, comparando-o com a realidade e trazendo causas e indicati-
vos concretos do problema. Mais uma vez, posicionamento sobre o assunto
Parágrafo 3 Análise e possíveis motivações que tornam o tema polêmico (ou justificativas de es-
pecialista da área). É preciso trazer dados factuais, exemplos concretos que ilustram
a argumentação
Parágrafo 4 Concluir com o posicionamento crítico final, retomando o posicionamento inicial sem
se repetir

A seguir, apresentamos o último gênero textual abordado neste material. Lembramos que o universo de
LÍNGUA

gêne- ros textuais é imenso, por isso, é impossível apresentar uma compilação de estudos com todos os
gêneros. Apesar disso, trouxemos aqui os principais gêneros cobrados em avaliações de língua portuguesa.
Seguindo esse critério, o próximo gênero estudado é a crônica.
147
CRÔNICA

O gênero “crônica” é muito conhecido no meio literário no Brasil. Podemos citar ilustres autores que se
torna- ram famosos pelo uso do gênero, como Luís Fernando Veríssimo e Marina Colasanti.
Também por ser um gênero curto de cunho social voltado para temas atuais, é muito usado em provas de
con- curso para ilustrar questões de interpretação textual e para contextualizar questões que avaliam a
competência gramatical dos candidatos.
As crônicas apresentam uma abordagem cotidiana sobre um assunto atual e podem ser narrativas ou
argumentativas.

CRÔNICA NARRATIVA CRÔNICA ARGUMENTATIVA


Limita-se a contar fatos do cotidiano Defesa de um ponto de vista, relacionado ao assunto em
Pode apresentar um tom debate
humorístico Foco narrativo em 1ª ou Uso de argumentos e fatos
3ª pessoa Também pode ser escrita em 1ª ou 3ª pessoa
Uso de argumentos de modo pessoal e
subjetivo

Apesar de as formas de texto verbais serem o formato mais comum na construção de uma crônica,
atualmente podemos encontrar crônicas veiculadas em outros formatos, como em vídeo, formato muito
divulgado nas redes sociais.
No tocante ao estilo da crônica argumentativa, trata-se de um texto com estrutura argumentativa padrão
(introdução, desenvolvimento, conclusão), muito veiculado em jornais e revistas, e, por isso, é um gênero que
passeia pelos ambientes literários e jornalísticos.
Apresenta um teor opinativo forte, com observação dos fatos sociais mais atuais. Outra característica
presente nesse gênero é o uso de figuras de linguagem, como a ironia e a metáfora, que auxiliam na presença
do tom sar- cástico que a crônica pode ter.
A seguir, apresentamos um trecho da crônica “O que é um livro?”, da escritora Marina Colasanti, em que pode-
mos identificar as principais características desse gênero:

O que éDisponível
um livro? em: https://bit.ly/2HIecxi. Acesso em: 17 jan. 2022. Adaptado.

OEssa
que écrônica
um livro? A pergunta se impõebem nesteatual:
momento em que que a isenção de impostos sobre o objeto
trata de um assunto o aumento da carga tributária que incide sobre o primeiro
preço dos
da cultura e do conhecimento está em risco. Uma contribuição tributária de 12% afastaria
livros. A autora apresenta sua opinião e segue argumentando sobre a importância dos livros na sociedade ainda mais a leitura de
com
umquem
pontotanto precisa
de vista dela. pela literatura, o que fortalece sua argumentação.
ladeado
Um livro
Para é:
finalizar nossos estudos sobre gêneros textuais, é importante fazermos uma observação relevante sobre
o assunto.
— A casa Para muitos autores,
das palavras. Acabei deosgravar
gêneros não apenas
um vídeo moldam
para jovens formas
estudantes de texto,
e disse a elesmas
que formas
o ofício de dizer
de um
marcadas
escritor épelo discurso.
cuidar Por isso,
dessa casa, em algumas
varre-la, fazer ametodologias, os gêneros
cama das palavras, serão tratados
providenciar sua como “dovesti-las
comida, discurso”. com
Gêneros do discurso marcam o processo de interação verbal. Como todo discurso materializa-se por
harmonia.
meio
— Ade textos,
nave a nomenclatura
espacial gêneros
que nos permite textuais
viajar no tempo torna-se maise adequada
para a frente para trás. para essa
Habitar perspectiva
o passado de estudos.
ao tempo em
Podemos distinguir as duas variantes vocabulares de acordo com as demandas sociais e culturais de estudo dos
que foi escrito. Ou revisitá-lo de outro ponto de vista, inalcançável quando o passado aconteceu: o do presente,
gêneros.
com todos os conhecimentos adquiridos e as novas maneiras de viver. […]
—CARTA
Ao mesmo tempo, espelho da realidade e ponte que nos liga aos sonhos. Crítica e fantasia. Palavra e música,
ARGUMENTATIVA
prosa e poesia. Luz e sombra. Metáfora da vida e dos sentimentos. Lugar de preservação do alheio e ponto de
encontro
As cartascom nosso núcleosão
argumentativas mais profundo.
textos Onde muitas
que pretendem portaspelo
advogar estão disponíveis,
ponto de vista depara que cada
quem umepossa
escreve abrir
convencer
a sua.
quem está lendo. São formadas pelas seguintes partes: data, vocativo, corpo do texto, despedida e assinatura.
—OAcorpo
selva do textoentre
na qual, possui três elementos:
rugidos e labaredas,adragões
ideia principal
enfrentamdocentauros.
escritor, oOdesenvolvimento dos argumentos
pântano onde as hidras agitam suase a
conclusão da ideia.
148
A linguagem utilizada deve ser objetiva, com clareza e formalidade. Usualmente, aparecem verbos no
presen- te do indicativo (as vezes, no imperativo), predominantemente na 1ª ou 3ª pessoa.
Confira o modelo a seguir:

Brasília, 30 de julho de 2009.

Excelentíssimo Senhor Presidente José Sarney,

Com as minhas considerações, venho tratar de um assunto bastante recorrente na mídia nos últimos
meses, o qual envolve diretamente V. Exa., como Presidente do Senado Federal, Casa pela qual tenho o
maior respeito. Trata-se de denúncias de favorecimento a vários senadores, por via de Atos Secretos,
inclusive o Se- nhor, fato que envergonha a todos nós, brasileiros.

A minha visão é de que o Senhor Presidente deveria pedir afastamento do cargo.

Sem querer fazer um julgamento precipitado, mesmo porque todos são inocentes até que se prove o
contrário, o fato é que as denúncias existem e não são simples. São muitos os indícios de beneficiamento ilícito,
como casos de nepotismo e aumento de verba indenizatória, sem publicação nos devidos órgãos de imprensa
oficiais. Vossa Excelência aparece ligado a diversos desses Atos e, por isso, acho que sair, pelo menos tempora-
riamente, seria uma prova de que pretende colaborar com as investigações.

Tais investigações constituem um elemento decisivo para a transparência pública, uma vez que a
socie- dade precisa ter conhecimento de como o dinheiro de seus impostos e tributos estão sendo aplicados.
Num país em que a educação e saúde, só para citarmos duas áreas, costumeiramente vão de mal a pior, é
inadmissível aceitarmos que ocorrências dessa natureza sejam consideradas normais. Por esse motivo,
entendo que o Exce- lentíssimo Senador deve pedir licença, visando sempre ao interesse público.

Como cidadão brasileiro, consciente de minhas obrigações e direitos, é este o meu posicionamento. Se
quem não deve não teme, dê-se a chance de esclarecer o que o Senhor mesmo chama de denúncias
infundadas, e isso só pode ser feito a partir do momento em que não mais ocupar a Presidência dessa Egrégia
Casa, pois a sua imagem estará desvinculada de toda e qualquer “manobra” que porventura exista para não
prolongar o caso.

Com os meus respeitos,

Povo Consciente.

Disponível em: http://centraldasletras.blogspot.com/2009/08/modelo-de-carta-argumentativa.html. Acesso em 17 jan. 2022.

INTERTEXTUALIDADE

Existem diversos mecanismos que são meios importantes e, muitas vezes, imprescindíveis à construção de
sentido dos gêneros textuais, dentre eles, a intertextualidade. Como vimos neste material, ao nos referirmos à
ideia de construção dos sentidos mediante o uso de gêneros textuais destacamos a estrutura, o propósito
comuni- cativo e a função dos gêneros. Um outro elemento importante para a compreensão textual é a
intertextualidade, que diz respeito à propriedade de um texto se relacionar com outros.
Para se entender melhor a estrutura e a função do termo intertextualidade, pode-se separar a palavra em par-
tes: “inter” é de origem latina e refere-se à noção de dentro, ou seja, o que está dentro do texto, e
“textualidade” tem a noção de conteúdo, palavras. Unindo as duas, forma-se a intertextualidade, a partir da
qual podemos dar origem a um outro texto.
A intertextualidade está presente em nosso dia a dia, sendo muito comum em gêneros oriundos da internet
e também da publicidade. A seguir, apresentamos esse exemplo que resume a ideia de intertextualidade que
ire- mos trabalhar neste material:
LÍNGUA

Fonte: COLARES, 2020, informação verbal.


149
Compreendida a ideia de intertextualidade e apre-
 Monte Castelo — Legião Urbana
sentada sua importância para a análise textual em
provas, questões e textos, faz-se necessário conhecer
Ainda que eu falasse a língua dos homens
algumas das principais formas de realização da inter-
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada
textualidade em textos e em gêneros utilizados por seria. É só o amor, é só o amor
bancas de concurso. Que conhece o que é verdade
Antes, porém, é necessário apontar que, confor- O amor é bom, não quer o mal
me Koch e Elias (2015), todos os textos são, em Não sente inveja ou se envaidece [...]
algu- ma medida, recuperadores de outros. Quando o
leitor acessa as ideias e reconhece essa  I Carta de São Paulo aos Coríntios
intertextualidade, estamos diante de um processo
de intertextualidade stricto sensu. Quando não é 1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos
possível acessar esse teor intertextual, trata-se de anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que
uma intertextualidade lato sensu. Desenvolvemos o soa ou como o sino que tine. 2 E ainda que
esquema a seguir para tornar essa divisão mais tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os
didática: mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse
toda a fé, de maneira tal que transportasse os
montes, e não tivesse amor, nada seria [...]
INTERTEXTUALIDADE

 11 Soneto — Luis Vaz de Camões


STRICTO SENSU
Amor é um fogo que arde sem se
LATO SENSU ver, é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
TEMÁTICA
Paródia
ESTILÍSTIC É um não querer mais que bem querer;
A
AEXPLÍCITA
paródia é um tipo de intertextualidade é um andar solitário entre a gente;
estilística em que o autor recupera o estilo de outro é nunca contentar se de contente;
texto, seja verbal ou não-verbal. É muito comum é um cuidar que ganha em se perder.
tanto em tex- tos musicais, nos quais são
recuperados a melodia e o estilo do intérprete É querer estar preso por vontade;
original, quanto em textos visuais, como no é servir a quem vence, o
exemplo a seguir: vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade [...]

Referência

A referência é um tipo de intertextualidade explí-


cita, muito comum e necessária em trabalhos
acadê- micos, pois, ao mencionar uma obra ou
autor e suas ideias, o pesquisador deverá realizar as
devidas refe- rências, indicando os nomes dos títulos
mencionados ao final do trabalho.
Para realizar esse tipo de intertextualidade, deve-
mos seguir as regras da Associação Brasileira de
Nor- mas Técnicas (ABNT). A seguir,
disponibilizamos um exemplo de referência com a
indicação de uma das obras citadas neste material:

150 Fonte: https://bit.https://www.pinterest.fr/pin/398920479485306676


//3mx0k7X. Acesso em: 17 jan. 2022.

Uma das caraterísticas da paródia é o tom irônico e


humorístico que pode variar, dependendo da sua fina- lidade
textual.

Paráfrase

A paráfrase é uma estratégia intertextual que con- siste em


recuperar aspectos do tema do texto-fonte, o qual baseia a
paráfrase. Dessa forma, é considerada um tipo de
intertextualidade temática.
Um bom exemplo desse tipo de intertextualidade é a
música “Monte Castelo”, do grupo Legião Urbana, que versa
sobre o mesmo tema que a passagem bíbli- ca “I carta de São
Paulo aos Coríntios” e também dos versos de Luís Vaz de
Camões.
mbém são muito comuns em textos KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça; ELIAS, Vanda
jurídicos, nos quais é praxe citar leis, Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. 3.
decretos e demais documentos que sirvam ed. São Paulo: Contexto, 2015.
de embasamento teórico.
A
s Citação
r
e A citação também é um tipo de
f intertextualidade explícita e diz respeito
e às formas de citação de uma obra. Em um
r trabalho acadêmico, por exemplo, quan- do
ê utilizamos as palavras de outros autores,
n devemos mencioná-los direta ou
c indiretamente. A transcrição fiel das
i palavras do autor do texto-fonte é
a chamada de citação direta. Quando nos
s baseamos na ideia do autor e escrevemos
de outra forma suas palavras, a citação
t passa a ser indireta.
a
Independentemente da maneira como citamos em inse- riu um trecho da obra “O primo Basílio”,
Ti
um texto, é imprescindível dar os créditos aos de Eça de Queiroz, para compor a letra da
nh
autores das obras citadas; por isso, devemos música. a
mencioná-los nas citações, que também seguem o su
padrão estabelecido pela ABNT. sp
ir
 Citação direta: ad
o,
“A confiabilidade das fontes citadas confere rele- ti
vância ao trabalho acadêmico, cabendo, portan- nh
to, ao produtor do texto, selecioná-las com rigor” a
(BOAVENTURA, 2004, p. 81). be
ija
 Citação indireta: do
o
Segundo Boaventura (2004, p. 81), o respeito ao pa
trabalho acadêmico é diretamente proporcional à pe
credibilidade das fontes utilizadas, por isso é neces- l
sário atentar-se para os diversos tipos de citação de
aqui mencionados. vo
ta
Dica m
en
A citação indireta é um tipo de paráfrase. -
te!
Er
ALUSÃO
a
a
A alusão é um intertexto que faz referência a uma pr
obra de arte, a um fato histórico, a textos de conheci- i
mento comum. A alusão pode ocorrer de forma m
explí- cita ou implícita. ei
Ex.: Ganhei um jogo de aniversário que foi um ver- ra
dadeiro presente de grego. ve
A expressão “presente de grego” faz alusão aos z
fatos da Guerra de Tróia, na qual os gregos fingiram qu
presentear os troianos com um cavalo de madeira e
que fazia parte da estratégia grega para conseguir lh
invadir a cidade de Tróia e destruí-la por dentro. e
es
cr
Epígrafe ev
ia
A epígrafe é uma pequena citação colocada no m
iní- cio de capítulos de livros, seções de trabalhos aq
acadê- micos ou de outros gêneros para manter uma ue
relação dessa citação com o assunto abordado na la
obra. s
Ex.: No início deste capítulo, poderíamos ter se
colo- cado a epígrafe: “Sei que às vezes uso palavras nt
repe- tidas, mas quais são as palavras que nunca são i
m
ditas” (trecho da música “Quase sem querer” da
en
banda Legião Urbana), para iniciar nosso debate
ta
sobre inter- textualidade e as possibilidades de lid
escrevermos algo completamente inédito em nosso ad
contexto atual. es
, e
OUTROS POSSÍVEIS PROCESSOS INTERTEXTUAIS o
MENOS COMUNS EM CONCURSOS se
u
or
Bricolagem gu
lh
A bricolagem é um tipo de intertextualidade que o
atua explicitamente no texto, pois se refere à mes- dil
cla de vários elementos advindos de vários textos ou at
de várias obras de arte, em geral. Assim, a principal av
característica da bricolagem é o uso de outros frag- a-
mentos textuais para a formação de uma nova com- se
posição textual. ao
Esse recurso foi utilizado na letra da canção “Amor ca
I love you”, de Marisa Monte, na qual a cantora lo
r
LÍNGUA
amoroso que saía delas, como um corpo res- sequido
que se estira num banho lépido; Sentia um acréscimo
de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava
enfim uma existência superiormente interessante, onde
cada hora tinha o seu intuito diferente, cada passo
conduzia um êxtase, e a alma se cobria de um luxo 151
radioso de sensações.
Eça de Queirós — O Primo Basílio

 Amor I Love You — Marisa Monte

Deixa eu dizer que te amo


Deixa eu pensar em você
Isso me acalma, me acolhe a alma Isso
me ajuda a viver
[...]
Meu peito agora dispara Vivo
em constante alegria É o amor
que está aqui Amor, I love you
(x8)

Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente!


Era a primeira vez que lhe escreviam
Aquelas sentimentalidades E o
seu orgulho dilatava-se
Ao calor amoroso que saía delas
Como um corpo ressequido
Que se estira num banho tépido
Sentia um acréscimo de estima por si mesma
Disponível em: https://www.letras.mus.br/marisa-monte/47268/.
Acesso em: 17 jan. 2022.

Tradução

A tradução é uma espécie de paráfrase para mui- tos


autores, pois, como sabemos, há palavras e expres- sões
que só existem na língua de origem do escritor original.
Dessa forma, a tradução de textos em línguas diferentes é
uma aproximação de sentidos, construída a partir das
leituras e do ponto de vista do tradutor. Muitos escritores
brasileiros são considerados como “literatura complexa”
por manterem em seus textos expressões tão brasileiras
que se tornam difíceis de expressar em outras línguas. É o
caso do mineiro de Cordisburgo, Guimarães Rosa, que
apresenta uma linguagem peculiar repleta de
neologismos, como os destacados a seguir:

Enxadachim: Designa um trabalhador do campo,


que luta pela sobrevivência. A palavra reúne
“enxa- da” e “espadachim”.
Taurophtongo: Significa mugido, sendo a
palavra uma junção de dois termos gregos,
relativos a touro (táuros) e ao som da sala
(phtoggos).
Embriagatinhar: A mistura de “embriagado” e
“(en)gatinhar” serve para designar uma pessoa
que, de tão bêbada, chega a engatinhar.
Velvo: Adaptação do inglês velvet, que significa
“veludo”. Na linguagem de Guimarães Rosa, é o
nome dado para uma planta de folhas aveludadas.
Circuntristeza: Como a própria palavra sugere,
refere-se à “tristeza circundante”.
Disponível em: https://bit.ly/34DFj5D. Acesso em: 17 jan. 2022.
Diante desse complexo léxico, como traduzir
Essa valoração não era de acordo com a
expressões que até para um brasileiro podem ser
qualidade das bibliotecas dos países, mas sim os
difí- ceis de compreender? Por isso, a tradução é um
livros eram utilizados como objeto de barganha,
texto intertextual, pois cabe ao tradutor adaptar e
como afirma o trecho: “Afinal, dotes de princesas
parafra- sear trechos cuja complexidade só poderia
foram negocia- dos tendo livros como objetos de
ser alcan- çada por falantes nativos.
barganha; trata- dos diplomáticos versaram
sobre essas coleções.” Em nenhum momento, o
Pastiche texto cita a qualidade das bibliotecas dos países
como forma de medir o valor de princesas e
É um tipo de intertextualidade que ocorre quando diplomatas. Resposta: Errado.
um modelo estrutural serve para inspirar um novo
quadro, texto ou programa de TV. Um exemplo bem
típico deste último era o programa de TV “Os trapa-
lhões”; o modelo humorístico criado pelo trio “Os
três patetas”, na década de 1960, inspirou programas
no mundo todo.
O pastiche também é comum em textos imagéticos, FONEMA
como o exemplo a seguir:
Refere-se ao som produzido pelo falante; é a uni-
dade sonora que compõe as palavras de uma língua.
Não é o mesmo que letra, porém, é sua
representação sonora.
Ex.: Hebreu
Letras (6): H, E, B, R, E, U
Fonemas: (5) /e/, /b/, /r/, /e/, /u/
O número de letras e fonemas são diferentes pois,
nesse caso, a letra H não representa nenhum fonema.
Ex.: Sexo
Letras (4): S, E, X, O
Fonemas: (5): /s/, /e/, /k/, /s/, /o/
Nesse caso, o número de fonemas é maior que o de
letras, pois a letra X tem som de /ks/.

152

Fonte: https://bit.ly/3e8lV3V. Acessado em: 12/10/2020.

EXERCÍCIO COMENTADO
Bibliotecas sempre deram muito o que falar. Grandes
monarquias jamais deixaram de possuir as suas, e cui- davam
delas estrategicamente. Afinal, dotes de prin- cesas foram
negociados tendo livros como objetos de barganha; tratados
diplomáticos versaram sobre essas coleções. Os monarcas
portugueses, após o terremoto que dizimou Lisboa, se
orgulhavam de, a despeito dos destroços, terem erguido uma
grande biblioteca: a Real Livraria. D. José chamava-a de joia
maior do tesouro real. D. João VI, mesmo na correria da partida
para o Brasil, não se esqueceu dos livros. Em três diferentes
levas, a Real Biblioteca aportou nos trópicos, e foi até mesmo
tema de disputa.

Internet: <http://observatoriodaimprensa.com.br> (com adaptações).

1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Princesas e diplomatas eram


valorados conforme a qualidade das bibliotecas que seus
países possuíam e a parcela dos livros que estavam dispostos
a ceder em negociações diversas.
(
VOGAIS, SEMIVOGAIS E CONSOANTES
CERTO
(  Vogais: fonemas sonoros produzidos pela
ERRADOcorrente de ar que sai pela boca, e na
língua portuguesa é o núcleo das
sílabas. Ao serem reproduzidas, a boca
fica aberta ou entreaberta. As vogais
podem ser:
 Orais: o ar sai apenas
pela boca. Ex.: /a/, /e/,
/i/, /o/, /u/;
 Nasais: o ar sai pela boca e pelas
cavidades nasais.
Ex.: /ã/ - rã, fã, avelã;
/ẽ/: dente, empero, mensagem;
/ĩ/: lindo, mim, inteligente;
/õ/: bonde, congo, ombo;
/ũ/ nunca, algum;
 Átonas: pronunciadas com menor
intensidade. Ex.: até, bola;
 Tônicas: pronunciadas com maior
intensidade. Ex.: até, bola.

Ao que diz respeito ao timbre, elas ainda podem


ser classificadas como:

 Abertas: pé, pó, casa, lata;


 Fechadas: amor, avô, luta;
 Reduzidas: aparecem quase sempre ao final da
palavra: dedo, gente.
Ao que diz respeito à zona de
articulação, podem ser, ainda:

 Anteriores/palatais: a língua se
eleva em dire- ção ao céu da boca
(palato duro).
Ex.: é, ê, i;
 Posteriores/velares: a língua se eleva em dire-  Chácara (propriedade rural);
ção ao véu palatino (palato mole).  Xácara (narrativa popular em versos);
 Cheque (ordem de pagamento);
Ex.: ó, ô, u  Xeque (jogada do xadrez).

 Médias: língua baixa, quase que “parada”. EMPREGO DO C, Ç, S E SS


Ex.: a.
Por possuírem o mesmo som, o uso de C, Ç, S e
 Semivogais: são as vogais que, em algumas SS costuma causar bastante confusão. Porém,
pala- vras, aparecem apoiadas em outras vogais, existem algumas regrinhas que nos ajudam a saber
e por isso não são o núcleo da sílaba. quando usar cada uma das letras. Veja:
Ex.: Papai: Pa-pai
 O C só é usado com valor de “s” com as vogais “e” e
A letra “i” se apoia na letra “a”, que representa o “i”:
núcleo silábico; por isso, nesse caso, a letra “i” é  Ex.: acém, ácido, aceso, macio.
uma semivogal e a letra “A” uma vogal.
 Com as vogais “o” e “u”, usa-se Ç:
 Consoantes: Ao serem produzidas, a corrente de
 Ex.: Açougue, açúcar, caçula.
ar que é expirada pelos pulmões encontra “difi-
culdade” para sair pela boca, fazendo com que se  Em início de palavras, o Ç e o SS não são usados.
tornem quase que um “barulhinho”, e por isso O “S” inicia palavras quando seguido de qualquer
não podem ser o núcleo silábico. uma das vogais:
Ex.: /b/, /t/, /d/, /g/, /q/ etc.
 Ex.: Sapato, segurança, solteiro, sucesso.

EMPREGO DO X E DO CH  O “C” inicia palavras (possuindo o mesmo som de


“S”) apenas com as vogais “e” e “i”:
O “X” é utilizado:  Ex.: Cenoura, cela, cigarro, cinema.
 O “S” tem sempre som de /z/ quando está entre
 Após os ditongos (encontro de duas vogais). vogais. Sendo assim, palavras compostas deriva-
Ex.: peixe, faixa, caixa, ameixa, queixo, baixo, das de uma palavra com “S” no início passam a
encaixe, paixão, rouxa, frouxo ser escritas com “SS”, mantendo o som de /s/:
Exceção: recauchutar (e seus derivados) e caucho;
 Ex.: Sala — Antessala / Sol — Girassol / Seguir
— Prosseguir.
 Após as sílabas “en” e “me”.
Ex.: enxada, enxame, enxaqueca, enxergar,
 O “SS” é utilizado somente entre vogais:
enxugar, mexerica, mexilhão, mexer, mexicano,
enxovalho.  Ex.: Passagem, pessoa, posse, possível.

Algumas palavras formadas por prefixação (pre- EMPREGO DO C E QU


fixo “en” + radical) são escritas com “ch” (enchente,
encharcar etc.). É comum encontrarmos algumas palavras que nos
Exceção: mecha (de cabelo); colocam na dúvida: usar C ou QU?
Existem palavras que podem ser escritas tanto de
 Em palavras de origem indígena e africana e uma forma, como de outra. Veja:
pala- vras inglesas aportuguesadas. Catorze/ quatorze; cociente / quociente; cotidiano /
Ex.: xampu, xerife, xará, xingar, xavante; quotidiano; cotizar / quotizar.
 Outras palavras escritas com “X”: bexiga, laxativo, As seguintes palavras só podem ser escritas de
caxumba, xenofobia, xícara, xarope, lixo, capixa- uma forma:
ba, xereta, faxina, maxixe, bruxa, relaxar, roxo, Cinquenta, cinquentenário, cinquentão,
cinquentona.
graxa, puxar, rixa.

Algumas palavras com “CH”: EMPREGO DO K, W E Y

 Chicória, ficha, chimarrão, churrasco, chinelo,  Símbolos e siglas


chicote, cachimbo, fantoche, penacho, broche,
salsicha, apetrecho, bochecha, brecha, pechincha,  Kg — quilograma;
inchar, flecha, chute, deboche, mochila, pichar,  Km — quilômetro;
lincha, fechar, fachada, comichão, chuchu, char-  k — potássio;
que, cochicho.
 Há, ainda, algumas palavras homófonas, que  Nomes próprios e seus derivados originados de
podem ser escritas das duas formas, porém têm língua estrangeira;
LÍNGUA

significados diferentes. Veja algumas:


 Brocha (pequeno prego);  Kelly, Darwin, Wilson, darwinismo;
 Broxa (pincel para caiação de paredes);
 Chá (planta para preparo de bebida);  Palavras estrangeiras não adaptadas para o
 Xá (título do antigo soberano do Irã); português;
 Chalé (casa campestre de estilo suíço);
 Xale (cobertura para os ombros);  Feedback, hardware, hobby. 153
Vá-cuo/ vá-cu-o
EMPREGO DO G E DO J

O “G” é utilizado em:

 Palavras terminadas em “–gio”;


 Estágio, relógio, refúgio, presságio;
 Substantivos terminados em “-em”;
 ferrugem, carruagem, passagem, viagem.

O “J” é utilizado:

 Em palavras de origem indígena:

 Pajé, canjica, jerimum.

 Em palavras de origem africana:

 Jiló, jagunço, jabá.

É importante saber:

 A conjugação do verbo “viajar”, no Presente do


Subjuntivo, escreve-se com j: Que eles(as) viajem.
 Verbos no infinitivo escritos com “G” antes de “e”
ou “i” têm o “G” substituído por “J” em algumas
fle- xões, para manter o mesmo som:
 Afligir: aflija, aflijo;
 Agir: ajam, ajo;
 Eleger: elejam, elejo.

ACENTUAÇÃO GRÁFICA

 Palavras monossílabas: Acentuam-se os monossí-


labos tônicos terminados em: A, E, O. Ex.: pá, vá,
chá; pé, fé, mês; nó, pó, só;
 Palavras oxítonas: acentuam-se as palavras oxíto-
nas terminadas em: A, E, O, EM/ENS. Ex.: cajá, gua-
raná; Pelé, você; cipó, mocotó; também, parabéns;
 Palavras paroxítonas: acentuam-se as paroxíto-
nas que não terminam em: A, E, O, EM/ENS. Ex.:
bíceps, fórceps; júri, táxis, lápis; vírus, úteis, lótus;
abdômen, hímen.

Importante!
Acentuam-se as paroxítonas terminadas em
ditongo.
Ex.: imóveis, bromélia, história, cenário, Brasília, rádio etc.

 Palavras proparoxítonas: A regra mais simples e


fácil de lembrar: todas as proparoxítonas
devem ser acentuadas!

Porém, esse grupo de palavras divide uma polê-


mica com as palavras paroxítonas, pois, em alguns
vocábulos, o Vocabulário Ortográfico da Língua
Por- tuguesa (VOLP) aceita a classificação em
paroxítona ou proparoxítona.
São as chamadas proparoxítonas aparentes.
Essas
palavras apresentam um ditongo crescente no final
154 de suas sílabas; esse ditongo pode ser aceito ou pode
ser considerado hiato. É o que ocorre com as
palavras:

His-tó-ria/ his-tó-ri-a
P formas verbais ter e vir: d) difícil.
á e) vôo.
- Ele tem /
t Eles têm Recebem acento as paroxítonas terminadas em -L,
i Ele vem / I (S), N, -U (S), -R, -X, -Ã (S), - ÃO (S), -UM, -UNS, -PS,
o Eles vêm
/ e ditongo.
p Em “a”: Errado — A palavra “águia” é acentuada
Perceba que, no plural, essas formas por ser paroxítona terminada em ditongo.
á
admitem o uso de um acento (^); portanto, Em “b”: Errado — A palavra “espécie” é acentuada
-
atente-se à concordân- cia verbal quando por ser paroxítona terminada em ditongo.
t usar esses verbos.
i
-
o

A EXERCÍCIO COMENTADO
n
t 1. (FUNRIO – 2009)
e
s
O VÔO DA ÁGUIA
d
e A Águia pode viver por 70 anos. Sabe por quê?
A Águia é a ave que possui a maior
c
longevidade da espécie. Chega a viver 70
o
n anos, mas, para chegar a essa idade, aos 40
c ela tem de tomar uma séria decisão. É nessa
l fase da vida que ela está com as unhas
u com- pridas e flexíveis, não consegue mais
i
agarrar suas presas das quais se alimenta.
r
, O bico alongado e pon- tiagudo se curva.
Apontadas contra o peito estão suas asas,
é envelhecidas e pesadas em função da
grossura das penas e voar já é tão difícil...
i
m A águia então tem duas alternativas: morrer
p ou enfren- tar um dolorido processo de
o renovação que vai durar 150 dias. Esse
r processo de renovação consiste em voar
t para o alto de uma montanha e recolher-se
a
n em ninho próximo a um paredão onde não
t necessite voar. Após encontrar esse lugar,
e a Águia começa a arran- car suas unhas.
Quando começam a nascer as novas
m unhas, ela passa a arrancar as velhas
e
n penas. E, só cin- co meses depois, sai para
c o famoso vôo de renovação e para viver
i então mais 30 anos.
o Em nossa vida, muitas vezes, temos de nos
n
resguardar por algum tempo e começar um
a
r processo de renovação. Para que
continuemos a voar um vôo de vitória,
o deve- mos nos desprender de lembranças,
costumes e velhos hábitos que nos
u
causam dor.
s
o Somente livres do peso do passado,
podemos aproveitar o resultado valioso que a
d renovação sempre nos traz.
o
FONTE: Jornal carta, 09.05.2003 www.Tonoticias.jor.br
a
c
e Acentua-se pela mesma regra que determina a escrita
n da palavra “flexíveis” o termo
t
o
a) águia.
n b) espécie.
a c) próximo.
s
Em “c”: Errado — A palavra “próximo” é acentua-  D
Podemos encontrar ainda os numerais coletivos,
da por ser proparoxítona e todas as e
isto é, designam um conjunto, porém expressam uma
proparoxítonas são acentuadas. r
quantidade exata de seres/conceitos. Veja:
Em “d”: Certo — A palavra do enunciado, “fiexíveis”, i
Dúzia: conjunto de doze unidades;
é paroxítona terminada em S e “difícil” é paroxítona
Novena: período de nove dias; v
terminada em L.
Década: período de dez anos; a
Em “e”: Errado — De acordo com o Novo Acordo
Século: período de cem anos; d
Ortográfico, a palavra “voo” não recebe mais acen-
Bimestre: período de dois meses. o
to, pela regra de que letras iguais não são acentua-
das. Resposta: Letra D. :
Um: Numeral ou Artigo? F
o
A forma um pode assumir na língua a função de r
m
artigo indefinido ou de numeral cardinal; então,
a
como podemos reconhecer cada função? É preciso d
observar o contexto em uso. Observe: o
s
ARTIGOS  Durante a votação, houve um deputado que se a
posicionou contra o projeto. p
Os artigos devem concordar em gênero e número  Durante a votação, apenas um deputado se posi- a
com os substantivos. São, por isso, considerados deter- cionou contra o projeto. r
minantes dos substantivos. ti
Na primeira frase, podemos substituir o termo um r
Essa classe está dividida em artigos definidos e
por uma, realizando as devidas alterações sintáticas, d
artigos indefinidos. Os definidos funcionam como o
determinantes objetivos, individualizando a palavra, e o sentido será mantido, pois o que se pretende
s
já os indefinidos funcionam como determinantes defen- der é que a espécie do indivíduo que se
d
imprecisos. posicionou contra o projeto é um deputado e não
e
O artigo definido — o — e o artigo indefinido — uma deputada, por exemplo. r
um —variam em gênero e número, tornando-se “os, Já na segunda oração, a alteração do gênero i
a, as”, para os definidos, e “uns, uma, umas”, para os não implicaria em mudanças no sentido, pois o v
indefinidos. Assim, temos: que se pretende indicar é que o projeto foi rejeitado a
por UM deputado, marcando a quantidade. d
 Artigos definidos: o, os; a, as; Outra forma de notarmos a diferença é ficarmos o
 Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas. atentos com a aparição das expressões adverbiais, o s
que sempre fará com que a palavra “um” seja .
numeral. E
Os artigos podem ser combinados às preposições. x
São as chamadas contrações. Algumas contrações Ainda sobre os numerais, atente-se às dicas a
seguir: .:
comuns na língua são: p
e
 em + a = na;  Sobre o numeral milhão/milhares, é importante d
 a + o = ao; destacar que sua forma é masculina. Logo, a con- r
 a + a = à; cordância com palavras femininas é inaceitável e
pela gramática. i
 de + a = da.
r
Errado: As milhares de vacinas chegaram hoje. o
Dica Correto: Os milhares de vacina chegaram hoje. ,
d
Toda palavra determinada por um artigo torna-se
 A forma 14 por extenso apresenta duas formas e
um substantivo. Ex.: o não, o porquê, o cuidar n
aceitas pela norma gramatical: catorze e
etc. quatorze. ti
s
t
NUMERAIS SUBSTANTIVOS a
;
São palavras que se relacionam diretamente ao Os substantivos classificam os seres em geral. Uma
substantivo, inferindo ideia de quantidade ou posi- característica básica dessa classe é admitir um deter-
ção. Os numerais podem ser: minante — artigo, pronome etc. Os substantivos fle-
xionam-se em gênero, número e grau.
 Cardinais: Indicam quantidade em si. Ex.: Dois
potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os Tipos de Substantivos
meninos eram bons em português;
 Ordinais: Indicam a ordem de sucessão de uma
A classificação dos substantivos admite nove tipos
série. Ex.: Foi o segundo colocado do concurso; che-
diferentes. São eles:
gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar;
 Multiplicativos: Indicam o número de vezes pelo
qual determinada quantidade é multiplicada. Ex.:  Simples: Formados a partir de um único radical.
Ex.: vento, escola;
Ele ganha o triplo no novo emprego;
 Fracionários: Indicam frações, divisões ou dimi-  Composto: Formados pelo processo de justaposi-
nuições proporcionais em quantidade. Ex.: Tomou ção. Ex.: couve-flor, aguardente;
um terço de vinho; o copo estava meio cheio; ele  Primitivo: Possibilitam a formação de um novo
substantivo. Ex.: pedra, dente;
recebeu metade do pagamento.
155
LÍNGUA
modificação no sentido. Veja, por exemplo:
 Concreto: Designam seres com independência
ontológica, ou seja, um ser que existe por si,
 A testemunha: Pessoa que presenciou um crime;
inde- pendentemente de sua conotação espiritual
ou real. Ex.: Maria, gato, Deus, fada, carro;
 Abstrato: Indicam estado, sentimento, ação, qua-
lidade. Os substantivos abstratos existem apenas
em função de outros seres. A feiura, por
exemplo, depende de uma pessoa, um substantivo
concreto a quem esteja associada. Ex.: chute,
amor, cora- gem, liberalismo, feiura;
 Comum: Designam todos os seres de uma espécie.
Ex.: homem, cidade;
 Próprio: Designam uma determinada espécie. Ex.:
Pedro, Fortaleza;
 Coletivo: Usados no singular, designam um
conjun-
to de uma mesma espécie. Ex: pinacoteca,
manada.

É importante destacar que a classificação de um


substantivo depende do contexto em que ele está inse-
rido. Vejamos:
Judas foi um apóstolo. (Judas como nome de
uma
pessoa = Próprio);
O amigo mostrou-se um judas (judas significando
traidor = comum).

Flexão de Gênero

Os gêneros do substantivo são masculino e


feminino.
Porém, alguns deles admitem apenas uma forma
para os dois gêneros. São, por isso, chamados de
uni- formes. Os substantivos uniformes podem ser:

 Comuns-de-dois-gêneros: Designam seres huma-


nos e sua diferença é marcada pelo artigo. Ex.: O
pianista / a pianista; O gerente / a gerente; O clien-
te / a cliente; O líder / a líder;
 Epicenos: Designam geralmente animais que
apresentam distinção entre masculino e feminino,
mas a diferença é marcada pelo uso do adjetivo
macho ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea;
onça macho / onça fêmea; gambá macho / gambá
fêmea; girafa macho / girafa fêmea;
 Sobrecomuns: Designam seres de forma geral e
não são distinguidos por artigo ou adjetivo; o gêne-
ro pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.:
A criança; O monstro; A testemunha; O indivíduo.

Já os substantivos biformes designam os


substan- tivos que apresentam duas formas para os
gêneros masculino ou feminino. Ex.:
professor/professora.
Destacamos que alguns substantivos apresentam
formas diferentes nas terminações para designar for-
mas diferentes no masculino e no feminino:
Ex.: Ator/atriz; Ateu/ ateia; Réu/ré.
Outros substantivos modificam o radical para
designar formas diferentes no masculino e no
femini- no. Estes são chamados de substantivos
heteroformes:
Ex.: Pai/mãe; Boi/vaca; Genro/nora.

156 Gênero e Significação

Alguns substantivos uniformes podem aparecer


com marcação de gênero diferente, ocasionando uma
 s substantivas mantêm o radical e a Adjetivo + substantivo. Ex.: boas-vindas;
O pequena alteração no gênero do artigo Numeral + substantivo. Ex.: terça-feira / terças-feiras.
interfere no significado:
t
e  O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo;
s  O moral: ânimo / a moral: costumes sociais;
t
 O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão.
e
m
u Além disso, algumas palavras na língua
n causam dificuldade na identificação do
h gênero, pois são usa- das em contextos
informais com gêneros diferentes. Alguns
o
exemplos são: a alface; a cal; a derme; a
:
libido; a gênese; a omoplata / o guaraná; o
R formicida; o tele- fonema; o trema.
e Algumas formas que não apresentam,
l necessaria- mente, relação com o gênero, são
a admitidas tanto no masculino quanto no
t feminino: O personagem / a per- sonagem;
o O laringe / a laringe; O xerox / a xerox.

d Flexão de Número
e

e Os substantivos flexionam-se em número,


x de maneira geral, pelo acréscimo do
p morfema -s. Ex.: Casa / casas.
e Porém, podem apresentar outras
r terminações: males, reais, animais,
i projéteis etc.
ê Geralmente, devemos acrescentar -es ao
n singular das formas terminadas em R ou Z,
c como: flor / flores; paz / pazes. Porém, há
i exceções, como a palavra mal, terminada
a em L e que tem como plural “males”.
, Já os substantivos terminados em AL, EL,
OL, UL fazem plural trocando-se o L final
a por -is. Ex.: coral / corais; papel / papéis;
s anzol / anzóis.
s Entretanto, também há exceções. Ex.: a
o forma mel apresenta duas formas de plural
c aceitas: meles e méis.
i Geralmente, as palavras terminadas em
a -ão fazem plural com o acréscimo do -s ou
d
pelo acréscimo de -es. Ex.: capelães,
o
capitães, escrivães.
a Contudo, há substantivos que admitem
até três formas de plural, como os
r seguintes:
e
l  Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães;
i  Ancião: anciãos, anciões, anciães;
g  Vilão: vilãos, vilões, vilães.
i
õ Podemos, ainda, associar às palavras
e paroxítonas que terminam em -ão o
s
acréscimo do -s. Ex.: órgão / órgãos; órfão /
.
órfãos.
A
l Plural dos Substantivos Compostos
g
u Os substantivos compostos são aqueles
m formados por justaposição. O plural dessas
a formas obedece às seguintes regras:
s
 Variam os dois elementos:
f
o Substantivo + substantivo. Ex.: mestre-
r sala / mes- tres -salas;
m Substantivo + adjetivo. Ex.: guarda-
a noturno / guar- das -noturnos;
 Varia apenas um elemento: também deverá ser escrito com inicial
 N
maiúscula;
o
Substantivo + preposição + substantivo. Ex.: m
canas-de-açúcar; e
Substantivo + substantivo com função adjetiva.
n
Ex.: navios-escola. c
Palavra invariável + palavra invariável. Ex.:
l
abaixo-assinados. a
Verbo + substantivo. Ex.: guarda-roupas. t
Redução + substantivo. Ex.: bel-prazeres.
u
Destacamos, ainda, que os substantivos compostos
r
formados por
a
verbo + advérbio
l
verbo + substantivo plural
e
ficam invariáveis. Ex.: Os bota-fora; os saca-
g
rolha. i
s
Variação de Grau l
a
A flexão de grau dos substantivos exprime a t
varia- ção de tamanho dos seres, indicando um i
aumento ou uma diminuição. v
a
 Grau aumentativo: Quando o acréscimo de sufi- e
xos aos substantivos indicar um aumento de s
tamanho. p
e
Ex.: bocarra, homenzarrão, gatarrão, c
cabeçorra, fogaréu, boqueirão, poetastro; i
f
 Grau diminutivo: Exprime, ao contrário do i
aumentativo, a diminuição do tamanho/proporção c
do ser. a
d
Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta, a
pequenina, papelucho. .
E
Dica x
.:
O emprego do grau aumentativo ou diminutivo L
dos substantivos pode alterar o sentido das pala- e
vras, assumindo um valor: i
Afetivo: filhinha / mãezona; d
e
Pejorativo: mulherzinha / porcalhão. D
ir
O Novo Acordo Ortográfico e o Uso de Maiúsculas e
tr
O novo acordo ortográfico estabelece novas i
regras para o uso de substantivos próprios, exigindo z
o uso da inicial maiúscula. e
Dessa forma, devemos usar com letra maiúscula s
as inicias das palavras que designam: e
B
 Nomes, sobrenomes e apelidos de pessoas a
reais ou imaginárias. Ex.: Gabriela, Silva, Xuxa, s
Cinderela; e
 Nomes de cidades, países, estados, continentes s
etc., reais ou imaginários. Ex.: Belo Horizonte, d
Ceará, Nárnia, Londres; a
 Nomes de festividades. Ex.: Carnaval, Natal, Dia E
das Crianças; d
 Nomes de instituições e entidades. Ex.: Embai- u
xada do Brasil, Ministério das Relações Exteriores, c
Gabinete da Vice-presidência, Organização das a
Nações Unidas; ç
 Títulos de obras. Ex.: “Memórias póstumas de ã
Brás Cubas”. Caso a obra apresente em seu título o
um nome próprio, como no exemplo dado, este (
LDB);
 Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da
Vacina, Guerra Fria, Segunda Guerra Mundial;
 Nome dos pontos cardeais e equivalentes. Ex.:
Norte, Sul, Leste, Oeste, Nordeste, Sudeste, Oriente,
Ocidente. Importante: os pontos cardeais são gra-
fados com maiúsculas apenas quando utilizados
indicando uma região. Ex.: Este ano vou conhecer o
Sul (O Sul do Brasil); quando utilizados indican- do
uma direção, devem ser escritos com minúscu- las.
Ex.: Correu a América de norte a sul;
 Siglas, símbolos ou abreviaturas. Ex.: ONU, INSS,
Unesco, Sr., S (Sul), K (Potássio).

Atente-se ao seguinte: Em palavras com hífen, pode-


se optar pelo uso de maiúsculas ou minúsculas. Portanto,
são aceitas as formas Vice-Presidente, Vice-
-presidente e vice-presidente; porém, é preciso man- ter a
mesma forma em todo o texto. Já nomes próprios
compostos por hífen devem ser escritos com as iniciais
maiúsculas, como em Grã-Bretanha e Timor-Leste.

ADJETIVOS

Os adjetivos associam-se aos substantivos, garan-


tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos
podem indicar:

 Qualidade: professor chato;


 Estado: aluno triste;
 Aspecto, aparência: estrada esburacada.

Locuções Adjetivas

As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor dos


adjetivos, indicando as mesmas características deles.
Elas são formadas por preposição + substantivo,
referindo-se a outro substantivo ou expressão subs-
tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo.
A seguir, colocamos diferentes locuções adjeti- vas ao
lado da forma adjetiva, importantes para seu estudo:

 Voo de águia / aquilino;


 Poder de aluno / discente;
 Conselho de professores / docente;
 Cor de chumbo / plúmbea;
 Luz da lua / lunar;
 Sangue de baço / esplênico;
 Nervo do intestino / celíaco ou entérico;
 Noite de inverno / hibernal ou invernal.

É importante destacar que, mais do que “decorar”


formas adjetivas e suas respectivas locuções, é fun-
damental reconhecer as principais características de uma
locução adjetiva: caracterizar o substantivo e apresentar
valor de posse.
Ex.: Viu o crime pela abertura da porta;
A abertura de conta pode ser realizada on-line.
Quando a locução adjetiva é composta pela prepo-
sição “de”, pode ser confundida com a locução adver-
bial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importante
perceber que a locução adjetiva apresenta valor de posse,
LÍNGUA

pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para ver “o


crime”, indicado na frase, foi pela abertura da porta.
Além disso, a locução destacada está caracteri- zando o
substantivo “abertura”.

157
Já na segunda frase, a locução destacada é adver-  Grau superlativo: Em relação ao grau
bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con- superlati- vo, é importante considerar que o valor
ta”, o que indica o valor de passividade da locução, semântico desse grau apresenta variações,
demonstrando seu caráter adverbial. podendo indicar:
As locuções adjetivas também desempenham
fun- ção de adjetivo e modificam substantivos,  Característica de um ser elevada ao último
pronomes, numerais e orações substantivas. grau: Superlativo absoluto, que pode ser analí-
Ex.: Amor de mãe; Café com açúcar. tico (associado ao advérbio) ou sintético (asso-
Subst. — loc. adj. / subst. — loc. adj. ciação de prefixo ou sufixo ao adjetivo).
Já as locuções adverbiais desempenham função
de advérbio. Modificam advérbios, verbos, adjetivos Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo
e orações adjetivas com esses valores. absoluto analítico).
Ex.: Morreu de fome; Agiu com rapidez. O candidato é humílimo (Superlativo absoluto
Verbo — loc. adv. / verbo — loc. adv. sintético);

Adjetivo de Relação  Característica de um ser relacionada com


outros indivíduos da mesma classe: Superla-
No estudo dos adjetivos, é fundamental conhecer tivo relativo, que pode ser de superioridade (o
o aspecto morfológico designado como “adjetivo de mais) ou de inferioridade (o menos).
relação”, muito cobrado por bancas de concursos.
Para identificar um adjetivo de relação, observe Ex.: O candidato é o mais humilde dos
as concorren- tes? (Superlativo relativo de
seguintes características: superioridade).
O candidato é o menos preparado entre os con-
 Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apre- correntes à prefeitura (Superlativo relativo de
sentar meios de subjetividade. Ex.: Em “Menino inferioridade).
bonito”, o adjetivo não é de relação, já que é Importante! Ao compararmos duas qualidades de
sub- jetivo, pois a beleza do menino depende dos um mesmo ser, devemos empregar a forma
olhos de quem o descreve; analítica (mais alta, mais magra, mais bonito etc.).
 Posição posterior ao substantivo: Os adjetivos de Ex.: A modelo é mais alta que magra.
relação sempre são posicionados após o substanti- Porém, se uma mesma característica referir-se
vo. Ex.: Casa paterna, mapa mundial. a seres diferentes, empregamos a forma sintética
 Derivado do substantivo: Derivam-se do substan- (melhor, pior, menor etc.).
tivo por derivação prefixal ou sufixal. Ex.: paternal Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria.
— pai; mundial — mundo;
 Não admitem variação de grau: os graus com- Formação dos Adjetivos
parativo e superlativo não são admitidos. Ex.:
Não pode ser mapa “mundialíssimo” ou “pouco
mundial”. Os adjetivos podem ser primitivos, derivados,
simples ou compostos.
Alguns exemplos de adjetivos relativos:
Presiden- te americano (não é subjetivo;  Primitivos: Adjetivos que não derivam de outras
posicionado após o substantivo; derivado de palavras. A partir deles, é possível formar novos
substantivo; não existe a forma variada em grau termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc.;
“americaníssimo”); platafor- ma petrolífera;  Derivados: São palavras que derivam de verbos
economia mundial; vinho francês; roteiro ou substantivos. Ex.: bondade, lealdade, mulhe-
carnavalesco. rengo etc.;
 Simples: Apresentam um único radical. Ex.: por-
Variação de Grau tuguês, escuro, honesto etc.;
 Compostos: Formados a partir da união de dois ou
mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-brasileiro,
O adjetivo pode variar em dois graus: compara-
amarelo-ouro etc.
tivo ou superlativo. Cada um deles apresenta suas
respectivas categorias.
Dica
 Grau comparativo: Exprime a característica de
O plural dos adjetivos simples é realizado da
um ser, comparando-o com outro da mesma
classe nos seguintes sentidos: mesma forma que o plural dos substantivos.

 Igualdade: Compara elementos colocando-os Plural dos Adjetivos Compostos


em um mesmo patamar. Igual a, como, tanto
quanto, tão quanto. Ex.: Somos tão complexos O plural dos adjetivos compostos segue as
quanto simplórios; seguin- tes regras:
 Superioridade: Compara, evidenciando um
elemento como superior ao outro. Mais do que,  Invariável:
melhor do que. Ex.: O amor é mais suficiente
158 do que o dinheiro;  Os seguintes adjetivos compostos: azul-mari-
 Inferioridade: Compara, evidenciando um ele- nho, azul-celeste, azul-ferrete;
mento como inferior ao outro. Menos do que,  Locuções formadas de cor + de + substantivo,
pior do que. Ex.: Homens são menos engajados como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui;
do que mulheres.  Adjetivo + substantivo, como tapetes azul-tur-
q
u
e
s
a
,

c
a
m
i
s
a
s

a
m
a
r
e
l
o
-
o
u
r
o
.
 Varia o último elemento:

 Primeiro elemento é palavra invariável, como em mal-educados, recém-formados;


 Adjetivo + adjetivo, como em lençóis verde-claros, cabelos castanho-escuros.

Adjetivos Pátrios

Os adjetivos pátrios, também conhecidos como gentílicos, designam a naturalidade ou nacionalidade de


seres e objetos.
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: amazonense,
fluminense, cearense.
Curiosidade: O adjetivo pátrio “brasileiro” é formado com o sufixo -eiro, que é costumeiramente usado
para designar profissões. O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que
comercializa- vam o pau-brasil; esse ofício lhes dava a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os
nascidos em nosso país.
Veja a seguir alguns dos adjetivos pátrios de nosso país:

LÍNGUA

159
ADVÉRBIOS

Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, adjetivo ou outro advérbio. Em alguns casos,
os advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando circunstância.
As gramáticas da língua portuguesa apresentam listas extensas com as funções dos advérbios; porém,
decorar as funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na resolução de
questões de concurso.
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas aos advérbios para, a partir
delas, conseguir interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras.
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio:

 Dúvida: Talvez, caso, porventura, quiçá etc.;


 Intensidade: Bastante, bem, mais, pouco etc.;
 Lugar: Ali, aqui, atrás, lá etc.;
 Tempo: Jamais, nunca, agora etc.;
 Modo: Assim, depressa, devagar etc.

Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos,
essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio; por isso, para identificar com mais
pro- priedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Por quê?
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adverbiais ou
orações adverbiais.
Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:

 O homem morreu... de fome (causa) com sua família (companhia) em casa (lugar) envergonhado (modo).
 A criança comeu... demais (intensidade) ontem (tempo) com garfo e faca (instrumento) às claras (modo).

Locuções Adverbiais

Conjunto de duas ou mais palavras que pode desempenhar a função de advérbio, alterando o sentido de um
verbo, adjetivo ou advérbio.
A maioria das locuções adverbiais é formada por uma preposição e um substantivo. Há também as que são
formadas por preposição + adjetivos ou advérbios. Veja alguns exemplos:

 Preposição + substantivo: de novo. Ex.: Você poderia me explicar de novo? (de novo = novamente);
 Preposição + adjetivo: em breve. Ex.: Em breve, o filme estará em cartaz (em breve = brevemente);
 Preposição + advérbio: por ali. Ex.: Acho que ele foi por ali.

As locuções adverbiais são bem semelhantes às locuções adjetivas. É importante saber que as locuções
adver- biais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso. Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passi-
vidade, ou seja, se invertemos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Veja:
Colapso foi ameaçado. Essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destaca-
da anteriormente é adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*. Essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
passiva em termos com função de posse (caso das locuções adjetivas). Isso torna tal estrutura agramatical; por
isso, inserimos um asterisco para indicar essa característica.

Dica
Locuções adverbiais apresentam valor passivo.
Locuções adjetivas apresentam valor de posse.

Com essas dicas, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões. Buscamos
desen- volver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu tempo decorando listas de locuções
adverbiais. Lembre-se: o sentido está no texto.

Advérbios Interrogativos

Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de
tempo, modo ou causa.
Ex.: Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
160 Por que a prova não foi realizada?
De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não
substi- tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.

Grau do Advérbio

Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e
superlativo. Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em
grau:

NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE


Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem

GRAU COMPARATIVO Mal Pior (mais mal*) - Tão mal


Muito Mais - -
Pouco Menos - -

Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.

ABSOLUTO ABSOLUTO
NORMAL RELATIVO
SINTÉTICO ANALÍTICO
Inferioridade
Bem Otimamente Muito bem
GRAU -
SUPERLATIVO Superioridade
Mal Pessimamente Muito mal
-
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Pouco Pouquíssimo - Superioridade: o menos

Advérbios e Adjetivos

O adjetivo é uma classe de palavras variável. Porém, quando se refere a um verbo, ele fica invariável,
confun- dindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é a classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural;
caso a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: O homem respondeu feliz à esposa.
Os homens responderam felizes às esposas.
Como “feliz” aceitou a flexão para o plural, trata-se de um adjetivo.
Agora, acompanhe o seguinte exemplo:
Ex.: A cerveja que desce redondo.
As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, como a palavra continua invariável, trata-se de um advérbio.

Palavras Denotativas

São termos que apresentam semelhança com os advérbios; em alguns casos, são até classificados como tal, mas
não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.
Sobre as palavras denotativas, é fundamental saber identificar o sentido a elas atribuído, pois, geralmente, é
isso que as bancas de concurso cobram.
 Eis: Sentido de designação;
 Isto é, por exemplo, ou seja: Sentido de explicação;
 Ou melhor, aliás, ou antes: Sentido de ratificação;
 Somente, só, salvo, exceto: Sentido de exclusão;
 Além disso, inclusive: Sentido de inclusão.

Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma
ser + que (é que). A principal característica dessas palavras é que elas podem ser retiradas sem causar prejuízo
sintático ou semântico à frase.
Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.
LÍNGUA

Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc.

Algumas Observações Interessantes

 O adjunto adverbial sempre deve vir posicionado após o verbo ou complemento verbal. Caso venha
deslocado, em geral, separamos por vírgulas. Ex.: Na reunião de ontem, o pedido foi aprovado (O
pedido foi aprovado na reunião de ontem);
161
 Em uma sequência de advérbios terminados com o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a
termi- nação destacada. Ex.: A questão precisa ser pensada política e socialmente.

PRONOMES

Pronomes são palavras que representam ou acompanham um termo substantivo. Dessa forma, a função dos
pronomes é substituir ou determinar uma palavra. Eles indicam pessoas, relações de posse, indefinição, quanti-
dade, localização no tempo, no espaço e no meio textual, entre outras funções.
Os pronomes exercem papel importante na análise sintática e também na interpretação textual, pois colabo-
ram para a complementação de sentido de termos essenciais da oração, além de estruturar a organização
textual, contribuindo para a coesão e também para a coerência de um texto.

Pronomes Pessoais

Os pronomes pessoais designam as pessoas do discurso. Acompanhe a tabela a seguir, com mais
informações sobre eles:

PESSOAS PRONOMES DO CASO RETO PRONOMES DO CASO OBLÍQUO


1 ª pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2 ª pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
Se, si, consigo
3 ª pessoa do singular Ele/Ela
o, a, lhe
1ª pessoa do plural Nós Nos, conosco
2 ª pessoa do plural Vós Vos, convosco
Se, si, consigo
3 ª pessoa do plural Eles/Elas
os, as, lhes

Os pronomes pessoais do caso reto costumam substituir o


sujeito. Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito.
Já os pronomes pessoais oblíquos costumam funcionar como complemento verbal ou
adjunto. Ex.: Eu a vi com o namorado; Maura saiu comigo.
 Os pronomes que estarão relacionados ao objeto direto são: O, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Informei-o
sobre todas as questões;
 Já os que se relacionam com o objeto indireto são: Lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos — complementados por pre-
posição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo a ele).

Lembre-se de que todos os pronomes pessoais são pronomes substantivos.


Além disso, é importante saber que “eu” e “tu” não podem ser regidos por preposição e que os pronomes
“ele(s)”, “ela(s)”, “nós” e “vós” podem ser retos ou oblíquos, dependendo da função que exercem.
Os pronomes oblíquos tônicos são precedidos de preposição e costumam ter função de complemento:

 1ª pessoa: Mim, comigo (singular); nós, conosco (plural);


 2ª pessoa: Ti, contigo (singular); vós, convosco (plural);
 3ª pessoa: Si, consigo (singular ou plural); ele(s), ela(s).

Não devemos usar pronomes do caso reto como objeto ou complemento verbal, como em “mate ele”. Contudo,
o gramático Celso Cunha destaca que é possível usar os pronomes do caso reto como complemento verbal,
desde que antecedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou “numeral”.
Ex.: Encontrei todos eles na festa. Encontrei apenas ela na festa.
Após a preposição “entre”, em estrutura de reciprocidade, devemos usar os pronomes oblíquos tônicos.
Ex.: Entre mim e ele não há segredos.
Pronomes Indefinidos

Os pronomes indefinidos indicam quantidade de maneira vaga e sempre devem ser utilizados na 3ª pessoa
do discurso. Os pronomes indefinidos podem variar e podem ser invariáveis. Observe a seguinte tabela:

PRONOMES INDEFINIDOS5
Variáveis Invariáveis
Algum, alguma, alguns, algumas Alguém
Nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas Ninguém

162 5 Disponível em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/pronomes-indefinidos-e-interrogativos-nenhum-outro-qualquer-quem-


quant
o-
qual.
htm.
Aces
so
em:
17
jan.
2022.
PRONOMES INDEFINIDOS5
Variáveis Invariáveis
Todo, toda, todos, todas Quem
Outro, outra, outros, outras Outrem
Muito, muita, muitos, muitas Algo
Pouco, pouca, poucos, poucas Tudo
Certo, certa, certos, certas Nada
Vários, várias Cada
Quanto, quanta, quantos, quantas Que
Tanto, tanta, tantos, tantas
Qualquer, quaisquer
Qual, quais
Um, uma, uns, umas

As palavras certo e bastante serão pronomes indefinidos quando vierem antes do substantivo, e serão
adje- tivos quando vierem depois.
Ex.: Busco certo modelo de carro (pronome indefinido).
Busco o modelo de carro certo (adjetivo).
A palavra bastante frequentemente gera dúvida quanto a ser advérbio, adjetivo ou pronome indefinido. Por
isso, atente-se ao seguinte:

 Bastante (advérbio): Será invariável e equivalente ao termo “muito”.

Ex.: Elas são bastante famosas.

 Bastante (adjetivo): Será variável e equivalente ao termo “suficiente”.

Ex.: A comida e a bebida não foram bastantes para a festa.

 Bastante (pronome indefinido): Concorda com o substantivo, indicando grande, porém incerta, quantidade
de algo.

Ex.: Bastantes bancos aumentaram os juros.

Pronomes Demonstrativos

Os pronomes demonstrativos indicam a posição e apontam elementos a que se referem as pessoas do


discurso (1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designada por eles no tempo, no espaço físico ou no espaço textual.

 1ª pessoa: Este, estes / Esta, estas;


 2ª pessoa: Esse, esses / Essa, essas;
 3ª pessoa: Aquele, aqueles / Aquela, aquelas;
 Invariáveis: Isto, isso, aquilo.

Usamos este, esta, isto para indicar:

 Referência ao espaço físico, indicando a proximidade de algo ao falante.

Ex.: Esta caneta aqui é minha. Entreguei-lhe isto como prova.

 Referência ao tempo presente.

Ex.: Esta semana começarei a dieta. Neste mês, pagarei a última prestação da casa.

 Referência ao espaço textual.


LÍNGUA

Ex.: Encontrei Joana e Carla no shopping; esta procurava um presente para o marido (o pronome refere-se ao
último termo mencionado).
Este artigo científico pretende analisar... (o pronome “este” refere-se ao próprio texto).

163
Usamos esse, essa, isso para indicar: intenção interrogativa, indicada por verbos como
perguntar, indagar etc. Ex.: Indaguei quem era ela.
 Referência ao espaço físico, indicando o
afasta- mento de algo de quem fala.
Ex.: Essa sua gravata combinou muito com você.

 Indicar distância que se deseja manter.

Ex.: Não me fale mais nisso. A população não


con-
fia nesses políticos.

 Referência ao tempo passado.

Ex.: Nessa semana, eu estava doente. Esses dias


estive em São Paulo.

 Referência a algo já mencionado no texto/ na


fala.

Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter


falado sobre isso. Sinto uma energia negativa nessa
expressão utilizada.
Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar:

 Referência ao espaço físico, indicando afastamen-


to de quem fala e de quem ouve.

Ex.: Margarete, quem é aquele ali perto da


porta?

 Referência a um tempo muito remoto, um passa-


do muito distante.

Ex.: Naquele tempo, podíamos dormir com as


por- tas abertas. Bons tempos aqueles!

 Referência a um afastamento afetivo.

Ex.: Não conheço mais aquela mulher.

 Referência ao espaço textual, indicando o pri-


meiro termo de uma relação expositiva.

Ex.: Saí para lanchar com Ana e Beatriz. Esta


prefe- riu beber chá; aquela, refrigerante.

Dica
O pronome “mesmo” não pode ser usado em
função demonstrativa referencial. Veja:
Errado: O candidato fez a prova, porém o mesmo
esqueceu de preencher o gabarito.
Correto: O candidato fez a prova, porém esque-
ceu de preencher o gabarito.

Pronomes Interrogativos

São utilizados para introduzir uma pergunta ao


texto.
Apresentam-se de formas variáveis (Que? Quais?
Quanto? Quantos?) e invariáveis (Que? Quem?).
Ex.: O que é aquilo? Quem é ela? Qual sua
idade?
Quantos anos tem seu pai?
O ponto de interrogação só é usado nas interroga-
tivas diretas. Nas indiretas, aparece apenas a
Atenção: Os pronomes interrogativos que e  O pronome possessivo que acompanha o substan-
quem são pronomes substantivos, pois tivo exerce função sintática de adjunto
substituem os subs- tantivos, dando fluidez à adnominal.
leitura.
Ex.: O tempo, que estava instável, não Colocação Pronominal
permitiu a realização da atividade (O tempo não
permitiu a reali- zação da atividade. O tempo Estudo da posição dos pronomes na oração.
estava instável).6
 Próclise: Pronome posicionado antes do verbo.
Pronomes Possessivos Casos que atraem o pronome para próclise:

Os pronomes possessivos referem-se às  Palavras negativas: Nunca, jamais, não. Ex.:


pessoas do discurso e indicam posse. Observe a Não me submeto a essas condições.
tabela a seguir:  Pronomes indefinidos, demonstrativos, rela-
tivos. Ex: Foi ela que me colocou nesse papel.
1ª pessoa Meu, minha / meus, minhas  Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se
SINGULAR 2ª pessoa Teu, tua / teus, tuas apresente como um rico investidor, ele nada
tem.
3ª pessoa Seu, sua / seus, suas
 Gerúndio, precedido da preposição em. Ex:
1ª pessoa Nosso, nossa / nossos, nossas Em se tratando de futebol, Maradona foi um
PLURAL 2ª pessoa Vosso, vossa / vossos, vossas ídolo.
3ª pessoa Seu, sua / seus, suas  Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.: Na
esperança de sermos ouvidos, muito lhe
agradecemos.
Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se,
 Orações interrogativas, exclamativas, opta-
lhe, o, a, nos, vos) também podem atribuir valor tivas (exprimem desejo). Ex.: Como te iludes!
possessivo a uma coisa.
Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ainda
 Mesóclise: Pronome posicionado no meio do
que o pronome esteja ligado ao verbo pelo
ver- bo. Casos que atraem o pronome para
hífen, a relação do pronome é com o objeto da
mesóclise:
posse.
Outras funções dos pronomes possessivos:
 Os pronomes devem ficar no meio dos verbos
que estejam conjugados no futuro, caso não
 Delimitam o substantivo a que se referem; haja nenhum motivo para uso da próclise. Ex.:
 Concordam com o substantivo que vem depois dele;
Dar-te-ei meus beijos agora... / Orgulhar-me-ei
 Não concordam com o referente;
dos nossos estudantes.

164 6 Exemplo disponível em: https://www.todamateria.com.br/pronomes-substantivos/. Acesso em: 17. jan. 2022.
 Ênclise: Pronome posicionado após o verbo. Casos que atraem o pronome para ênclise:

 Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me muito honrada com esse título.
 Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por favor.
 Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o quanto sou importante.

Casos proibidos:

 Início de frase: Me dá esse caderno! (errado) / Dá-me esse caderno! (certo).


 Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lembrou de nada (errado) / Falou pouco; lembrou-se de nada
(correto).
 Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato (errado) / Tinha se lembrado do fato (correto).

VERBOS

Certamente, a classe de palavras mais complexa e importante dentre as palavras da língua portuguesa é o
verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações e os agentes desses atos, além de ser uma importante
classe sempre abordada nos editais de concursos; por isso, atente-se às nossas dicas.
Os verbos são palavras variáveis que se flexionam em número, pessoa, modo e tempo, além da designação da
voz que exprime uma ação, um estado ou um fato.
As flexões verbais são marcadas por desinências, que podem ser:

 Número-pessoal: Indicando se o verbo está no singular ou plural, bem como em qual pessoa verbal foi flexio-
nado (1ª, 2ª ou 3ª);
 Modo-temporal: Indica em qual modo e tempo verbais a ação foi realizada.

Formas Nominais do Verbo e Locuções Verbais

As formas nominais do verbo são as formas no infinitivo, particípio e gerúndio que eles assumem em
determi- nados contextos. São chamadas nominais pois funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios.

 Gerúndio: Marcado pela terminação -ndo. Seu valor indica duração de uma ação e, por vezes, pode funcionar
como um advérbio ou um adjetivo.

Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se compadeceu.

 Particípio: Marcado pelas terminações mais comuns -ado, -ido, podendo terminar também em -do, -to, -go,
-so, -gue. Corresponde nominalmente ao adjetivo; pode flexionar-se, em alguns casos, em número e gênero.

Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses.


Quando cheguei, ela já tinha partido.
Ele tinha aberto a
janela.
Ela tinha pago a conta.

 Infinitivo: Forma verbal que indica a própria ação do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno designado.
Pode ser pessoal ou impessoal:

 Pessoal: O infinitivo pessoal é passível de conjugação, pois está ligado às pessoas do discurso. É usado na
formação de orações reduzidas. Ex.: Comer eu. Comermos nós. É para aprenderem que ele ensina.
 Impessoal: Não é passível de flexão. É o nome do verbo, servindo para indicar apenas a conjugação. Ex.:
Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª conjugação; Partir - 3ª conjugação.

O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou orações reduzidas.


Locuções verbais: sequência de dois ou mais verbos que funcionam como um verbo.
Ex.: Ter de + verbo principal no infinitivo: Ter de trabalhar para pagar as contas.
Haver de + verbo principal no infinitivo: Havemos de encontrar uma solução.

Dica
Não confunda locuções verbais com tempos compostos. O particípio formador de tempo composto na voz
ativa não se flexiona. Ex.: O homem teria realizado sua missão.
LÍNGUA

Classificação dos Verbos

Os verbos são classificados quanto a sua forma de conjugação e podem ser divididos em: regulares,
irregula- res, anômalos, abundantes, defectivos, pronominais, reflexivos, impessoais e auxiliares, além das
formas nomi- nais. Vamos conhecer as particularidades de cada um a seguir:
165
 Regulares: Os verbos regulares são os mais fáceis de compreender, pois apresentam regularidade no uso
das desinências, ou seja, das terminações verbais. Da mesma forma, os verbos regulares mantêm o
paradigma morfológico com o radical, que permanece inalterado. Ex.: Verbo cantar:

PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO


Eu canto Cantei
Tu cantas Cantaste
Ele/ você canta Cantou
Nós cantamos Cantamos
Vós cantais Cantastes
Eles/ vocês cantam Cantaram

 Irregulares: Os verbos irregulares apresentam alteração no radical e nas desinências verbais. Por isso,
rece- bem esse nome, pois sua conjugação ocorre irregularmente, seguindo um paradigma próprio para cada
grupo verbal.

Perceba a seguir como ocorre uma sutil diferença na conjugação do verbo estar, que utilizamos como
exem- plo. Isso é importante para não confundir os verbos irregulares com os verbos anômalos. Ex.: Verbo
estar:

PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO


Eu estou Estive
Tu estás Estiveste
Ele/ você está Esteve
Nós estamos Estivemos
Vós estais Estivestes
Eles/ vocês estão Estiveram

 Anômalos: Esses verbos apresentam profundas alterações no radical e nas desinências verbais, consideradas
anomalias morfológicas; por isso, recebem essa classificação. Um exemplo bem usual de verbo dessa categoria
é o verbo “ser”. Na língua portuguesa, apenas dois verbos são classificados dessa forma: os verbos ser e ir.

Vejamos a conjugação o verbo “ser”:

PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO


Eu sou Fui
Tu és Foste
Ele / você é Foi
Nós somos Fomos
Vós sois Fostes
Eles / vocês são Foram

Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresentam uma forma específica de irregularidade que ocasiona
uma anomalia em sua conjugação. Por isso, são classificados como anômalos.

 Abundantes: São formas verbais abundantes os verbos que apresentam mais de uma forma de particípio acei-
tas pela norma culta gramatical. Geralmente, apresentam uma forma de particípio regular e outra irregular.
Vejamos alguns verbos abundantes:

166
INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR
Absolver Absolvido Absolto
Abstrair Abstraído Abstrato
Aceitar Aceitado Aceito
Benzer Benzido Bento
Cobrir Cobrido Coberto
Completar Completado Completo
Confundir Confundido Confuso
Demitir Demitido Demisso
INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR
Despertar Despertado Desperto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Encher Enchido Cheio
Entregar Entregado Entregue
Morrer Morrido Morto
Expelir Expelido Expulso
Enxugar Enxugado Enxuto
Findar Findado Findo
Fritar Fritado Frito
Ganhar Ganhado Ganho
Gastar Gastado Gasto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Isentar Isentado Isento
Juntar Juntado Junto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Omitir Omitido Omisso
Pagar Pagado Pago
Prender Prendido Preso
Romper Rompido Roto
Salvar Salvado Salvo
Secar Secado Seco
Submergir Submergido Submerso
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Torcer Torcido Torto

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Aceitar Eu já tinha aceitado o convite. O convite foi aceito.
Entregar Aviso quando tiver entregado a encomenda. Está entregue!
Morrer Havia morrido há dias. Quando chegou, encontrou o animal morto.
Expelir A bala foi expelida por aquela arma. Esta é a bala expulsa.
Tinha enxugado a louça quando o programa
Enxugar A roupa está enxuta.
começou.
Findar Depois de ter findado o trabalho, descansou. Trabalho findo!
Imprimir Se tivesse imprimido tínhamos como provar. Onde está o documento impresso?
Limpar Eu tinha limpado a casa. Que casa tão limpa!

Omitir Dados importantes tinham sido omitidos por ela. Informações estavam omissas.

Após ter submergido os legumes, reparou no Deixe os legumes submersos por alguns
Submergir
amigo. minutos.
Suspender Nunca tinha suspendido ninguém. Você está suspenso!
LÍNGUA

 Defectivos: São verbos que não apresentam algumas pessoas conjugadas em suas formas, gerando um “defei-
to” na conjugação (por isso, o nome). Alguns exemplos de defectivos são os verbos colorir, precaver, reaver etc.

Esses verbos não são conjugados na primeira pessoa do singular do presente do indicativo, bem como:
aturdir, exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder, fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir, computar, colorir,
carpir, banir, brandir, bramir, soer.
167
Verbos que expressam onomatopeias ou fenômenos temporais também apresentam essa característica,
como latir, bramir, chover.

 Pronominais: Esses verbos apresentam um pronome oblíquo átono integrando sua forma verbal. É
importan- te lembrar que esses pronomes não apresentam função sintática. Predominantemente, os verbos
pronominas apresentam transitividade indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se.

PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO


Eu me sento Sentei-me
Tu te sentas Sentaste-te
Ele/ você se senta Sentou-se
Nós nos sentamos Sentamo-nos
Vós vos sentais Sentastes-vos
Eles/ vocês se sentam Sentaram-se

 Reflexivos: Verbos que apresentam pronome oblíquo átono reflexivo, funcionando sintaticamente como obje-
to direto ou indireto. Nesses verbos, o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao mesmo tempo. Ex.: Ela se
veste mal. Nós nos cumprimentamos friamente.
 Impessoais: Verbos que designam fenômenos da natureza, como chover, trovejar, nevar etc.

O verbo haver, com sentido de existir ou marcando tempo decorrido, também será impessoal. Ex.: Havia mui-
tos candidatos e poucas vagas. Há dois anos, fui aprovado em concurso público.
Os verbos ser e estar também são verbos impessoais quando designam fenômeno climático ou tempo. Ex.:
Está muito quente! / Era tarde quando chegamos.
O verbo ser para indicar hora, distância ou data concorda com esses elementos.
O verbo fazer também poderá ser impessoal, quando indicar tempo decorrido ou tempo climático. Ex.: Faz
anos que estudo pintura. Aqui faz muito calor.
Os verbos impessoais não apresentam sujeito; sintaticamente, classifica-se como sujeito inexistente.
O verbo ser será impessoal quando o espaço sintático ocupado pelo sujeito não estiver preenchido: “Já é
natal”. Segue o mesmo paradigma do verbo fazer, podendo ser impessoal, também, o verbo ir: “Vai uns bons anos
que não vejo Mariana”.

 Auxiliares: Os verbos auxiliares são empregados nas formas compostas dos verbos e também nas locuções
verbais. Os principais verbos auxiliares dos tempos compostos são ter e haver.

Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a concordância verbal; porém, o verbo principal determina a
regência estabelecida na oração.
Apresentam forte carga semântica que indica modo e aspecto da oração. São importantes na formação da
voz passiva analítica.
 Formas Nominais: Na língua portuguesa, usamos três formas nominais dos verbos:

 Gerúndio: Terminação -ndo. Apresenta valor durativo da ação e equivale a um advérbio ou adjetivo. Ex.:
Minha mãe está rezando.
 Particípio: Terminações -ado, -ido, -do, -to, -go, -so. Apresenta valor adjetivo e pode ser classificado em
particípio regular e irregular, sendo as formas regulares finalizadas em -ado e -ido.

A norma culta gramatical recomenda o uso do particípio regular com os verbos “ter” e “haver”. Já com os
verbos “ser” e “estar”, recomenda-se o uso do particípio irregular.
Ex.: Os policiais haviam expulsado os bandidos / Os traficantes foram expulsos pelos policiais.

 Infinitivo: Marca as conjugações verbais.

AR: Verbos que compõem a 1ª conjugação (Amar, passear);


ER: Verbos que compõem a 2ª conjugação (Comer, pôr);
IR: Verbos que compõem a 3ª conjugação (Partir, sair).

Dica
O verbo “pôr” corresponde à segunda conjugação, pois origina-se do verbo “poer”. O mesmo acontece com
verbos que deste derivam.

Outras Funções do “se”

Como vimos, o “se” pode funcionar como item essencial na voz passiva. Além dessa função, esse elemento
168 também acumula outras atribuições:
 Partícula apassivadora: A voz passiva sintética
Ex.: Se ele estudar, será aprovado. (Caso ele
é feita com verbos transitivos direto (TD) ou tran- estu- dar, será aprovado).
sitivos direto indireto (TDI). Nessa voz, incluímos
o “se” junto ao verbo, por isso, o elemento “se” é Conjugação de Verbos Derivados
designado partícula apassivadora, nesse contexto.
Verbo derivado é aquele que deriva de um ver-
Ex.: Busca-se a felicidade (voz passiva sintética) bo primitivo; para trabalhar a conjugação desses
— “Se” (partícula apassivadora). verbos, é importante ter clara a conjugação de seus
O “se” exercerá essa função apenas: “originários”.
Atente-se à lista de verbos irregulares e de algu-
 Com verbos cuja transitividade seja TD ou TDI; mas de suas derivações a seguir, pois são assuntos
 Com verbos que concordam com o sujeito; relevantes em provas diversas:
 Com a voz passiva sintética.
 Pôr: Repor, propor, supor, depor, compor, expor;
Atenção: Na voz passiva nunca haverá objeto dire-  Ter: Manter, conter, reter, deter, obter, abster-se;
to (OD), pois ele se transforma em sujeito paciente.  Ver: Antever, rever, prever;
 Vir: Intervir, provir, convir, advir, sobrevir.
 Índice de indeterminação do sujeito: O “se” fun-
cionará nessa condição quando não for possível Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga-
identificar o sujeito explícito ou subentendido. ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a
Além disso, não podemos confundir essa função com- preensão dessas conjugações verbais.
do “se” com a de apassivador, já que, para ser índi-
O verbo criar é conjugado da mesma forma que
ce de indeterminação do sujeito, a oração precisa
os
estar na voz ativa.
verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais
que terminam em -iar. Os verbos com essa termina-
Outra importante característica do “se” como
ção são, predominantemente, regulares.
índi- ce de indeterminação do sujeito é que isso
ocorre em verbos transitivos indiretos, verbos
intransitivos ou verbos de ligação. Além disso, o PRESENTE — INDICATIVO
verbo sempre deverá estar na 3ª pessoa do singular. Eu Crio
Ex.: Acredita-se em Deus. Tu Crias
 Pronome reflexivo: Na função de pronome refle- Ele/Você Cria
xivo, a partícula “se” indicará reflexão ou reci- Nós Criamos
procidade, auxiliando a construção dessas vozes
Vós Criais
verbais, respectivamente. Nessa função, suas
prin- cipais características são: Eles/Vocês Criam

 Sujeito recebe e pratica a ação; Os verbos terminados em -ear, por sua vez,
 Funcionará, sintaticamente, como objeto geral- mente são irregulares e apresentam alguma
direto ou indireto; modifi- cação no radical ou nas desinências.
 O sujeito da frase poderá estar explícito ou Acompanhe a conjugação do verbo “passear”:
implícito.
PRESENTE — INDICATIVO
Ex.: Ele se via no espelho (explícito). Deu-se um
presente de aniversário (implícito). Eu Passeio
Tu Passeias
 Parte integrante do verbo: Nesses casos, o “se”
Ele/Você Passeia
será parte integrante dos verbos pronominais,
acompanhando-o em todas as suas flexões. Quan- Nós Passeamos
do o “se” exerce essa função, jamais terá uma Vós Passeais
fun- ção sintática. Além disso, o sujeito da frase
Eles/Vocês Passeiam
poderá estar explícito ou implícito.
Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da mãe, quando olhou a
Conjugação de Alguns Verbos
filha.

 Partícula de realce: Será partícula de realce o Vamos agora conhecer algumas conjugações de
verbos irregulares importantes, que sempre são obje-
“se” que puder ser retirado do contexto sem pre-
to de questões em concursos.
juízo no sentido e na compreensão global do
Observe o verbo “aderir” no presente do
texto. A partícula de realce não exerce função
indicativo:
sintática, pois é desnecessária.
Ex.: Vão-se os anéis, ficam-se os dedos.
PRESENTE — INDICATIVO
 Conjunção: O “se” será conjunção condicional Eu Adiro
quando sugerir a ideia de condição. A conjunção Tu Aderes
“se” exerce função de conjunção integrante, ape-
Ele/Você Adere
nas ligando as orações, e poderá ser substituído
pela conjunção “caso”. Nós Aderimos
Vós Aderis
169
LÍNGUA
A seguir, acompanhe a conjugação do verbo “por”.
 Concessão: Com mais de 80 anos, ainda tem pla-
São conjugados da mesma forma os verbos dispor,
nos para o futuro;
interpor, sobrepor, compor, opor, repor, transpor,
 Instrumento: Abrir a porta com a chave;
entrepor, supor.
 Matéria: Vinho se faz com uva;
 Modo: Andar com elegância;
PRESENTE — INDICATIVO
 Referência: Com sua irmã aconteceu diferente;
Eu Ponho comigo sempre é assim.
Tu Pões
“Contra”
Ele/Você Põe
Nós Pomos  Oposição: Jogar contra a seleção brasileira;
Vós Pondes  Direção: Olhar contra o sol;
 Proximidade ou contiguidade: Apertou o filho
Eles/Vocês Põem contra o peito.

PREPOSIÇÕES “De”

São palavras invariáveis que ligam orações ou  Causa: Chorar de saudade;


outras palavras. As preposições apresentam funções  Assunto: Falar de religião;
importantes tanto no aspecto semântico quanto no  Matéria: Material feito de plástico;
aspecto sintático, pois complementam o sentido de  Conteúdo: Maço de cigarro;
verbos e/ou palavras cujo sentido pode ser alterado  Origem: Você descende de família humilde;
sem a presença da preposição, modificando a  Posse: Este é o carro de João;
transiti- vidade verbal e colaborando para o  Autoria: Esta música é de Chopin;
preenchimento de sentido de palavras deverbais7.  Tempo: Ela dorme de dia;
As preposições essenciais são: a, ante, até, após,  Lugar: Veio de São Paulo;
com, contra, de, desde, em, entre, para, per, peran-  Definição: Pessoa de coragem;
te, por, sem, sob, trás.  Dimensão: Sala de vinte metros quadrados;
Existem, ainda, as preposições acidentais, assim  Fim ou finalidade: Carro de passeio;
chamadas pois pertencem a outras classes grama-  Instrumento: Comer de garfo e faca;
ticais, mas funcionam, ocasionalmente, como pre-  Meio: Viver de ilusões;
posições. Eis algumas: afora, conforme (quando  Medida ou extensão: Régua de 30 cm;
equivaler a “de acordo com”), consoante, durante,  Modo: Olhar alguém de frente;
exceto, salvo, segundo, senão, mediante, que, visto  Preço: Caderno de 10 reais;
(quando equivaler a “por causa de”).  Qualidade: Vender artigo de primeira;
Acompanhe a seguir algumas preposições e  Semelhança ou comparação: Atitudes de pessoa
exem- plos de uso em diferentes situações: corajosa.

“A” “Desde”

 Causa ou motivo: Acordar aos gritos das  Distância: Dormiu desde o acampamento até aqui;
crianças;  Tempo: Desde ontem ele não aparece.
 Conformidade: Escrever ao modo clássico;
 Destino (em correlação com a preposição de): “Em”
De Santos à Bahia;
 Meio: Voltarei a andar a cavalo;  Preço: Avaliou a propriedade em milhares de
 Preço: Vendemos o armário a R$ 300,00; dólares;
 Direção: Levantar as mãos aos céus;  Meio: Pagou a dívida em cheque;
 Distância: Cair a poucos metros da namorada;  Limitação: Aquele aluno em Química nunca foi
 Exposição: Ficar ao sol por um longo tempo; bom;
 Lugar: Ir a Santa Catarina;  Forma ou semelhança: As crianças juntaram as
 Modo: Falar aos gritos; mãos em concha;
 Sucessão: Dia a dia;  Transformação ou alteração: Transformou
 Tempo: Nasci a três de maio; dóla- res em reais;
 Proximidade: Estar à janela.  Estado ou qualidade: Foto em preto e branco;
 Fim: Pedir em casamento;
“Após”  Lugar: Ficou muito tempo em Sorocaba;
 Modo: Escrever em francês;
 Lugar: Permaneça na fila após o décimo lugar;  Sucessão: De grão em grão;
 Tempo: Logo após o almoço descansamos.  Tempo: O fogo destruiu o edifício em minutos;
 Especialidade: João formou-se em Engenharia.
“Com”

 Causa: Ficar pobre com a inflação;


 Companhia: Ir ao cinema com os amigos;

7 Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação.
Exemplo: a filmagem, o pagamento, a falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o
170
t minal.
e
r
m
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q
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p
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t
o

n
o
“Entre” prepositivas sempre terminam em uma preposição
(há apenas uma exceção: a locução prepositiva com
 Lugar: Ele ficou entre os aprovados; sentido concessivo “não obstante”).
 Meio social: Entre as elites, este é o Veja alguns exemplos:
comportamento;
 Reciprocidade: Entre mim e ele sempre houve  Apesar de. Ex.: Apesar de terem sumido, volta-
discórdia. ram logo.
 A respeito de. Ex.: Nossa reunião foi a respeito
“Para” de finanças.
 Graças a. Ex.: Graças ao bom Deus, não
 Consequência: Você deve ser muito esperto aconteceu nada grave.
para não cair em armadilhas;  De acordo com. Ex.: De acordo com W. Hamboldt,
 Fim ou finalidade: Chegou cedo para a a língua é indispensável para que possamos pen-
conferência; sar, mesmo que estivéssemos sempre sozinhos.
 Lugar: Em 2011, ele foi para Portugal;  Por causa de. Ex.: Por causa de poucos pontos,
 Proporção: As baleias estão para os peixes não passei no exame.
assim como nós estamos para as galinhas;  Para com. Ex.: Minha mãe me ensinou ter respeito
 Referência: Para mim, ela está mentindo; para com os mais velhos.
 Tempo: Para o ano irei à praia;  Por baixo de. Ex.: Por baixo do vestido, ela usa
 Destino ou direção: Olhe para frente! um short.

“Perante” Outros exemplos de locuções prepositivas:


Abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito
 Lugar: Ele negou o crime perante o júri. de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente
de; junto de; perto de; por entre; por trás de; quanto
“Por” a; a fim de; por meio de; em virtude de.

 Modo ou conformidade: Vamos escolher por Importante!


sorteio;
Algumas locuções prepositivas apresentam seme- lhanças morfológ
 Causa: Encontrar alguém por coincidência;
A opinião dos diretores vai ao encontro do plane- jamento inicial = C
 Conformidade: Copiar por original;
 Favor: Lutar por seus ideais; As decisões do público foram de encontro à pro- posta do programa
 Medida: Vendia banana por quilo; Em vez de comer lanches gordurosos, coma fru- tas = Substituição.
 Meio: Ir por terra; Ao invés de chegar molhado, chegou cedo = Oposição.
 Modo: Saber por alto o que ocorreu;
 Preço: Comprar um livro por vinte reais;
 Quantidade: Chocar por três vezes;
 Substituição: Comprar gato por lebre;
 Tempo: Viver por muitos anos.

“Sem”

 Ausência ou desacompanhamento: Estava sem Combinações e Contrações


dinheiro.
As preposições podem se ligar a outras palavras
“Sob” de outras classes gramaticais por meio de dois
processos: combinação e contração.
 Tempo: Houve muito progresso no Brasil sob D. Combinação: Quando se ligam sem sofrer nenhu-
Pedro II; ma redução.
 Lugar: Ficar sob o viaduto; a + o = ao
 Modo: Saiu da reunião sob pretexto não a + os = aos
convincente. Contração: Quando, ao se ligarem, sofrem
redução.
“Sobre” Veja a lista a seguir9, que apresenta as
preposições que se contraem e suas devidas formas:
 Assunto: Não gosto de falar sobre política;
 Direção: Ir sobre o adversário;  Preposição “a”:
 Lugar: Cair sobre o inimigo.
 Com o artigo definido ou pronome
Locuções Prepositivas demonstra- tivo feminino:
LÍNGUA

São grupos de palavras que equivalem a uma a+a=à


preposição. a + as = às
Ex.: Falei sobre o tema da prova. (preposição) /
Falei acerca do tema da prova. (locução prepositiva)
A locução prepositiva na segunda frase substi-
tui perfeitamente a preposição “sobre”. As locuções

8 Disponível em: instagram.com/academiadotexto. Acesso em: 20 nov. 2020. 9 Dis


ponível em: https://www.preparaenem.com/portugues/combinacao-contracao-das-preposicoes.htm. Acesso em: 17 jan. 2022.
171
em + aquilo = naquilo
 Com o pronome demonstrativo:

a + aquele = àquele
a + aqueles = àqueles
a + aquela = àquela
a + aquelas = àquelas
a + aquilo = àquilo

 Preposição “de”:

 Com artigo definido masculino e feminino:

de + o/os =
do/dos de + a/as
= da/das

 Com artigo indefinido:

de + um= dum
de + uns = duns
de + uma = duma
de + umas = dumas

 Com pronome demonstrativo:


de + este(s)= deste, destes
de + esta(s)= desta, destas
de + isto= disto
de + esse(s) = desse,
desses de + essa(s)= dessa,
dessas de + isso = disso
de + aquele(s) = daquele, daqueles
de + aquela(s) = daquela, daquelas
de + aquilo= daquilo

 Com o pronome pessoal:

de + ele(s) = dele, deles


de + ela(s) = dela, delas

 Com o pronome indefinido:

de + outro(s)= doutro, doutros


de + outra(s) = doutra, doutras

 Com advérbio:

de + aqui= daqui
de + aí= daí
de + ali= dali

 Preposição “em”:

 Com artigo definido:

em + a(s)= na, nas


em + o(s)= no,
nos

 Com pronome demonstrativo:

em + esse(s)= nesse, nesses


em + essa(s)= nessa, nessas
em + isso = nisso
em + este(s) = neste, nestes
172 em + esta(s) = nesta, nestas
em + isto = nisto
em + aquele(s) = naquele, naqueles
em + aquela(s) = naquelas
 C  Preposição “per”:
o
m  Com as formas antigas do artigo definido
(lo,
p la):
r per +
o lo(s) =
n pelo,
o pelos per
m + la(s) =
e pela,
p pelas
e
s
 Preposição “para” (pra):
s
o  Com artigo definido:
a
l
para (pra) + o(s)
:
= pro, pros para
e (pra) + a(s)= pra,
m pras

+ Algumas Relações Semânticas


Estabelecidas por Preposições
e
l
Antes de entrarmos neste assunto,
e
vale relembrar o que significa
(
Semântica. Semântica é a área do
s
conhecimento que relaciona o
)
significado da palavra ao seu contexto.
É importante ressaltar que as
= preposições podem apresentar valor
relacional ou podem atribuir um valor
n nocional.
e As preposições que apresentam um
l valor rela- cional cumprem uma
e relação sintática com verbos
, ou substantivos, que, em alguns casos,
são chamados deverbais, conforme já
n mencionamos. Essa mesma relação
e sintática pode ocorrer com adjetivos e
l advér- bios, os quais também
e apresentarão função deverbal.
s Ex.: Concordo com o advogado
(preposição exigida
e pela regência do verbo concordar).
m Tenho medo da queda (preposição
exigida pelo complemento nominal).
+ Estou desconfiado do funcionário
(preposição exi- gida pelo adjetivo).
e Fui favorável à eleição (preposição
l exigida pelo advérbio).
a Em todos esses casos, a preposição
( mantém uma relação sintática com a
s classe de palavras a qual se liga, sendo,
) portanto, obrigatória a sua presença na
sentença.
= De modo oposto, as preposições
cujo valor nocio- nal é
n preponderante apresentam uma
e modificação no sentido da palavra à
l qual se liga. Elas não são componentes
a obrigatórios na construção da senten-
, ça, divergindo das preposições de
valor relacional.
n As preposições de valor nocional
e estabelecem uma noção de posse,
l causa, instrumento, matéria, modo etc.
a Vejamos algumas na tabela a seguir:
s
VALOR NOCIONAL DAS
SENTIDO
PREPOSIÇÕES
Posse Carro de Marcelo
Lugar O cachorro está sob a mesa
Votar em branco / Chegar aos
Modo
gritos
Causa Preso por agressão
Assunto Falar sobre política
Origem Descende de família simples
Olhe para frente! / Iremos a
Destino
Paris
CONJUNÇÕES
Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui
aprovado.
Assim como as preposições, as conjunções também Está na hora da decolagem; deve, então, apressar-
são invariáveis e também auxiliam na organização se.
das orações, ligando termos e, em alguns casos, ora-
ções. Por manterem relação direta com a
organização das orações nas sentenças, as Dica
conjunções podem ser coordenativas ou As conjunções “e”, “nem” não devem ser empre-
subordinativas. gadas juntas (“e nem”). Tendo em vista que
ambas indicam a mesma relação aditiva, o uso
Conjunções Coordenativas
concomitante acarreta em redundância.
As conjunções coordenativas são aquelas que
Conjunções Subordinativas
ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não
fazem parte de uma outra; em alguns casos, ainda,
essas conjunções ligam núcleos de um mesmo termo Tais quais as conjunções coordenativas, as subor-
da oração. As conjunções coordenadas podem ser: dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias
apresentadas em um texto. Porém, diferentemente
 Aditivas: Somam informações. E, nem, bem daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações
como, não só, mas também, não apenas, como subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra
ainda, senão (após não só). para terem o sentido apreendido.

Ex.: Não fiz os exercícios nem revisei.  Causais: Iniciam a oração dando ideia de causa.
Haja vista, que, porque, pois, porquanto, visto
O gato era o preferido, não só da filha, senão de que, uma vez que, como (equivale a porque) etc.
toda família.
Ex.: Como não choveu, a represa secou.
 Adversativa: Colocam informações em oposição,
contradição. Mas, porém, contudo, todavia, entre-  Consecutivas: Iniciam a oração expressando ideia
tanto, não obstante, senão (equivalente a mas). de consequência. Que (depois de tal, tanto, tão),
de modo que, de forma que, de sorte que etc.
Ex.: Não tenho um filho, mas dois.
A culpa não foi a população, senão dos vereadores Ex.: Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça.
(equivale a “mas sim”).
Importante: A conjunção “e” pode apresentar  Comparativas: Iniciam orações comparando
valor adversativo, principalmente quando é antecedi- ações e, em geral, o verbo fica subtendido.
da por vírgula: Estava querendo dormir, e o barulho Como, que nem, que (depois de mais, menos,
não deixava. melhor, pior, maior), tanto... quanto etc.

 Alternativas: Ligam orações com ideias que Ex.: Corria como um touro.
não acontecem simultaneamente, que se excluem. Ela dança tanto quanto Carlos.
Ou, ou...ou, quer...quer, seja...seja, ora...ora, já...já.
 Conformativas: Expressam a conformidade de
Ex.: Estude ou vá para a festa. uma ideia com a da oração principal. Conforme,
Seja por bem, seja por mal, vou convencê-la. como, segundo, de acordo com, consoante etc.
Importante: A palavra “senão” pode funcionar
como conjunção alternativa: Saia agora, senão cha- Ex.: Tudo ocorreu conforme o planejado.
marei os guardas! (pode-se trocá-la por “ou”). Amanhã chove, segundo informa a previsão do
tempo.
 Explicativas: Ligam orações, de forma que em
uma delas explica-se o que a outra afirma. Que,  Concessivas: Iniciam uma oração com uma
por- que, pois, (se vier no início da oração), ideia contrária à da oração principal. Embora,
porquanto. conquan- to, ainda que, mesmo que, em que pese,
posto que etc.
Ex.: Estude, porque a caneta é mais leve que a
enxada! Ex.: Teve que aceitar a crítica, conquanto não
Viva bem, pois isso é o mais importante. tives- se gostado.
Importante: “Pois” com sentido explicativo ini- Trabalhava, por mais que a perna doesse.
cia uma oração e justifica outra. Ex.: Volte, pois
sinto saudades.  Condicional: Iniciam uma oração com ideia de
“Pois” conclusivo fica após o verbo, deslocado hipótese, condição. Se, caso, desde que, contanto
LÍNGUA

entre vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará, que, a menos que, somente se etc.
pois, a subir.
Ex.: Se eu quisesse falar com você, teria
 Conclusiva: Ligam duas ideias, de forma que a respondido sua mensagem.
segunda conclui o que foi dito na primeira. Logo, Posso lhe ajudar, caso necessite.
portanto, então, por isso, assim, por conseguinte,
destarte, pois (deslocado na frase).
173
 Proporcionais: Ideia de proporcionalidade. À conjunções. Sua função é expressar estado de espíri-
proporção que, à medida que, quanto mais...mais, to e emoções; por isso, apresentam forte conotação
quanto menos...menos etc. semântica. Uma interjeição sozinha pode equivaler a
uma frase. Ex.: Tchau!
Ex.: Quanto mais estudo, mais chances tenho As interjeições indicam relações de sentido diver-
de ser aprovado. sas. A seguir, apresentamos um quadro com os sen-
Ia aprendendo, à medida que convivia com ela. timentos e sensações mais expressos pelo uso de
interjeições:
 Final: Expressam ideia de finalidade. Final, para
que, a fim de que etc. VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO
Advertência Cuidado! Devagar! Calma!
Ex.: A professora dá exemplos para que você
aprenda! Alívio Arre! Ufa! Ah!
Comprou um computador a fim de que pudesse Alegria/Satisfação Eba! Oba! Viva!
trabalhar tranquilamente. Desejo Oh! Tomara! Oxalá!
 Temporais: Iniciam a oração expressando ideia de Repulsa Irra! Fora! Abaixo!
tempo. Quando, enquanto, assim que, até que, Dor/Tristeza Ai! Ui! Que pena!
mal, logo que, desde que etc.
Espanto Oh! Ah! Opa! Putz!
Ex.: Quando viajei para Fortaleza, estive na Saudação Salve! Viva! Adeus! Tchau!
Praia do Futuro. Medo Credo! Cruzes! Uh! Oh!
Mal cheguei à cidade, fui assaltado.

Importante!
Os valores semânticos das conjunções não se prendem às formas morfológicas desses elemen- tos. O valor das conjunções é c
Ex.: Se Mariana gosta de você, por que você não a procura? (Se = causal = já que)
Por que ficar preso na cidade, quando existe tanto ar puro no campo? (Quando = causal = já que).

É salutar lembrar que o sentido exato de cada


Conjunções Integrantes interjeição só poderá ser apreendido diante do con-
texto. Por isso, em questões que abordem essa classe
As conjunções integrantes fazem parte das de palavras, o candidato deve reler o trecho em que a
orações subordinadas; na realidade, elas apenas interjeição aparece, a fim de se certificar do sentido
integram uma oração principal à outra, expresso no texto.
subordinada. Existem apenas dois tipos de Isso acontece pois qualquer expressão exclamati-
conjunções integrantes: “que” e “se”. va que expresse sentimento ou emoção pode funcio-
nar como uma interjeição. Lembre-se dos palavrões,
 Quando é possível substituir o “que” pelo pronome por exemplo, que são interjeições por excelência,
“isso”, estamos diante de uma conjunção integrante. mas que, dependendo do contexto, podem ter seu
sentido alterado.
Ex.: Quero que a prova esteja fácil. (Quero. O quê? Antes de concluirmos, é importante ressaltar o
Isso). papel das locuções interjetivas, conjunto de
 Sempre haverá conjunção integrante em orações palavras que funciona como uma interjeição, como:
substantivas e, consequentemente, em períodos Meu Deus! Ora bolas! Valha-me Deus!
compostos.
Ex.: Perguntei se ele estava em casa. (Perguntei. O
quê? Isso).
EXERCÍCIO COMENTADO
 Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver-
Naquele novo apartamento da rua Visconde de Pirajá
bo e uma conjunção integrante.
pela primeira vez teria um escritório para trabalhar. Não
Ex.: Sabe-se, que o Brasil é um país desigual era um cômodo muito grande, mas dava para armar ali
(errado). a minha tenda de reflexões e leitura: uma escrivaninha,
Sabe-se que o Brasil é um país desigual (certo). um sofá e os livros. Na parede da esquerda ficaria a
grande e sonhada estante onde caberiam todos os
174 INTERJEIÇÕES meus livros. Tratei de encomendá-la a seu Joaquim,
um marceneiro que tinha oficina na rua Garcia D’Ávila
As interjeições também fazem parte do grupo de com Barão da Torre.
palavras invariáveis, tal como as preposições e as O apartamento não ficava tão perto da oficina. Era
q rme de Amoedo e a antiga Montenegro,
u hoje Vinicius de Moraes. Estava ali havia
a uma semana e nem decorara ainda o
s número do prédio. Tanto que, quando seu
e Joaquim, ao preencher a nota de enco-
menda, perguntou-me onde seria entregue
e a estan- te, tive um momento de hesitação.
m Mas foi só um momento. Pensei rápido:
“Se o prédio do Mário é 228, o meu, que
f fica quase em frente, deve ser 227”. Mas
r lembrei-me de que, ao ir ali pela primeira
e vez, obser- vara que, apesar de ficar em
n frente ao do Mário, havia uma diferença na
t numeração.
e

a
o

p
r
é
d
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o

o
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m
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e
n
t
r
e

F
a
— Visconde de Pirajá, 127 ― respondi, e seu Joaquim Estou à beira-mar desde cedo.
desenhou o endereço na nota.
— Tudo bem, seu Ferreira. Dentro de um mês estará

sua estante.
— Um mês, seu Joaquim! Tudo isso? Veja se reduz
esse prazo.
— A estante é grande, dá muito trabalho... Digamos,
três semanas.

Ferreira Gullar. A estante. In: A estranha vida banal. Rio de Janeiro:


José Olympio, 1989 (com adaptações).

1. (CEBRASPE-CESPE – 2016) Julgue o seguinte item, a


respeito de aspectos linguísticos do texto.
Seria mantida a correção do texto caso o trecho
“onde
caberiam” fosse substituído por que caberia.

( ) CERTO ( ) ERRADO

O trecho analisado é: “Na parede da esquerda


fica- ria a grande e sonhada estante onde caberiam
todos os meus livros.” A mudança para “que caberia”
esta- ria incorreta, porque o verbo “caberiam”
concorda com o sujeito “meus livros”; assim,
precisa estar no plural. Além disso, o pronome
“onde” é usado para indicar lugar, e só pode ser
substituído por “em que” ou “no qual/na qual”.
Resposta: Errado.

Outro assunto que causa grande dúvida é o uso


da crase, fenômeno gramatical que corresponde à
junção da preposição a + artigo feminino definido a,
ou da junção da preposição a + os pronomes relativos
aque- le, aquela ou aquilo. Representa-se
graficamente pela marcação (`) + (a) = (à).

Ex.: Entregue o relatório à diretoria.


Refiro-me àquele vestido que está na vitrine.

Regra geral: haverá crase sempre que o termo


antecedente exija a preposição a e o termo conse-
quente aceite o artigo a.
Ex.: Fui à cidade (a + a = preposição + artigo)
Conheço a cidade (verbo transitivo direto: não exi-
ge preposição).
Vou a Brasília (verbo que exige preposição a +
palavra que não aceita artigo).
Essas dicas são facilitadoras quanto à orientação
no uso da crase, mas existem especificidades que
aju- dam no momento de identificação:

CASOS CONVENCIONADOS

 Locuções adverbiais formadas por palavras


femininas:
Ex.: Ela foi às pressas para o camarim.
Entregou o dinheiro às ocultas para o
ministro. Espero vocês à noite na estação de
metrô.
 Locuções prepositivas formadas por palavras
femininas: CASOS PROIBITIVOS
Ex.: Ficaram à frente do projeto.
 Locuções conjuntivas formadas por palavras Em resumo, seguem-se as dicas abaixo para
femininas: melhor orientação de quando não usar a crase.
Ex.: À medida que o prédio é erguido, os gastos vão
aumentando.  Antes de nomes masculinos
Ex.: “O mundo intelectual deleita a poucos, o mate-
 Quando indicar marcação de horário, no plural rial agrada a todos.” (MM)
Ex.: Pegaremos o ônibus às oito horas. O carro é movido a álcool.
Fique atento ao seguinte: entre números Venda a prazo.
teremos que de = a / da = à, portanto:
Ex.: De 7 as 16 h. De quinta a sexta. (sem  Antes de palavras femininas que não aceitam
crase) Das 7 às 16 h. Da quinta à sexta. artigos Ex.: Iremos a Portugal.
(com crase)
Macete de crase:
 Com os pronomes relativos aquele, aquela ou
Se vou a; Volto da = Crase há!
aquilo: Se vou a; Volto de = Crase pra quê?
Ex.: A lembrança de boas-vindas foi
Ex.: Vou à escola / Volto da escola.
reservada àquele outono.
Vou a Fortaleza / Volto de Fortaleza.
Por favor, entregue as flores àquela moça que está
sentada.
 Antes de forma verbal infinitiva
Dedique-se àquilo que lhe faz bem.
Ex.: Os produtos começaram a chegar.
 Com o pronome demonstrativo a antes de que ou “Os homens, dizendo em certos casos que vão falar
de: com franqueza, parecem dar a entender que o
Ex.: Referimo-nos à que está de fazem por exceção de regra.” (MM)
preto. Referimo-nos à de preto.
 Antes de expressão de tratamento
 Com o pronome relativo a qual, as quais: Ex.: O requerimento foi direcionado a Vossa
Ex.: A secretária à qual entreguei o ofício Excelência.
acabou de sair.

LÍNGUA
 No a (singular) antes de palavra no plural,
As alunas às quais atribuí tais atividades
quando a regência do verbo exigir preposição
estão de férias.
Ex.: Durante o filme assistimos a cenas chocantes.

175
 Antes dos pronomes relativos quem e cuja Fechar a chave. (Quando “chave” for objeto direto)
Fechar à chave. (Quando “chave” for advérbio de
Ex.: Por favor, chame a pessoa a quem
instrumento)
entregamos o pacote.
Falo de alguém a cuja filha foi entregue o prêmio.

 Antes de pronomes indefinidos alguma, nenhu-


ma, tanta, certa, qualquer, toda, tamanha
Ex.: Direcione o assunto a alguma cláusula do
contrato.
Não disponibilizaremos verbas a nenhuma ação
suspeita de fraude.
Eles estavam conservando a certa altura.
Faremos a obra a qualquer custo.
A campanha será disponibilizada a toda a
comunidade.
 Antes de demonstrativos
Ex.: Não te dirijas a essa pessoa
 Antes de nomes próprios, mesmo femininos, de
personalidades históricas
Ex.: O documentário referia-se a Janis Joplin.
 Antes dos pronomes pessoais retos e
oblíquos Ex.: Por favor, entregue as frutas a
ela.
O pacote foi entregue a ti ontem.
 Nas expressões tautológicas (face a face, lado a
lado)
Ex.: Pai e filho ficaram frente a frente no tribunal
de justiça.
 Antes das palavras casa, Terra ou terra, distância
sem determinante
Ex.: Precisa chegar a casa antes das 22h.
Astronauta volta a Terra em dois
meses.
Os pesquisadores chegaram a terra depois da
expedição marinha.
Vocês o observaram a distância.

CRASE FACULTATIVA

Nestes casos, podemos escrever as palavras das


duas formas: utilizando ou não a crase. Para
entender detalhadamente, observe as seguintes dicas:

 Antes de nomes de mulheres comuns ou com


quem se tem proximidade
Ex.: Ele fez homenagem a/à Bárbara.
 Antes de pronomes possessivos no singular
Ex.: Iremos a/à sua residência.
 Após preposição até, com ideia de
limite Ex.: Dirija-se até a/à portaria.
“Ouvindo isto, o desembargador comoveu-se até
às (ou “as”) lágrimas, e disse com mui estranho
afeto.” (CBr. 1, 67)

CASOS ESPECIAIS

Veremos a seguir alguns casos que fogem à regra.


Quando se relacionar a instrumentos cujos nomes
forem femininos, normalmente a crase não será utili-
zada. Porém, em alguns casos, utiliza-se a crase para
evitar ambiguidades.
176 Ex.: Matar a fome. (Quando “fome” for objeto
direto)
Matar à fome. (Quando “fome” for advérbio de
instrumento)
Q idos por preposições de, em, por: não se lêncio!
U usa crase Ex.: Fui a Copacabana. “A igreja, com este calor, é fornalha...” (Graciliano
A (Venho de Copacabana, moro em Ramos)
Copacabana, passo por Copacabana)
N
D  Regidos por preposições da, na, pela: Oração
O usa-se crase Ex.: Fui à Bahia. (Venho da
Bahia, moro na Bahia, passo pela Enunciado que se estrutura em torno de um verbo
Bahia) (explícito, implícito ou subentendido) ou de uma locu-
U
ção verbal. Quanto ao sentido, a oração pode
S apresen- tá-lo completo ou incompleto.
MACETES
A Ex.: Você é um dos que se preocupam com a poluição.
R “A roda de samba acabou” (Chico Buarque)
 Haverá crase quando o “à” puder ser
substituído por ao, da na, pela, para a,
O sob a, sobre a, contra a, com a, à
U moda de, durante a;
 Quando o de ocorre paralelo ao a, não
N
há crase. Quando o da ocorre paralelo
à ao à, há crase;
O
 Na indicação de horas, quando o “à
uma” puder ser substituído por às duas,
A
há crase. Quando o a uma equivaler a a
duas, não ocorre crase;
C
R  Usa-se a crase no “a” de àquele(s),
àquela(s) e àqui- lo quando tais
A
pronomes puderem ser substituídos por
S
a este, a esta e a isto;
E
 Usa-se crase antes de casa, distância,
E terra e nomes de cidades quando esses
M termos estiverem acompanhados de
determinantes. Ex.: Estou à dis- tância
de 200 metros do pico da montanha.
S
E A compreensão da crase vai muito além
N da estética gramatical, pois serve também
T para evitar ambigui- dades comuns, como o
E caso seguinte: Lavando a mão. Nessa
N ocasião, usa-se a forma “Lavando a mão”,
Ç pois “a mão” é o objeto direto, e,
A portanto, não exi- ge preposição. Usa-se a
S forma “à mão” em situações como
“Pintura feita à mão”, já que “à mão”
seria o
C advérbio de instrumento da ação de pintar.
O
M

N
O
M FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO
E
S Frase

D Frase é todo enunciado com sentido


E completo. Pode ser formada por apenas
uma palavra ou por um conjunto de
L palavras.
U E
G x
.
A
:
R F
E o
S g
o
R !
e S
g i
Período Núcleo do sujeito: povo
A
 Já no sujeito composto, o núcleo será s
Período é o enunciado constituído de uma ou consti- tuído de dois ou mais termos. l
mais
orações. Classifica-se em: u
z
 Simples: possui apenas uma oração. e
Ex.: O sol surgiu radiante. s
Ninguém viu o acidente. e
 Composto: possui duas ou mais orações. a
Ex.: “Amou daquela vez como se fosse a última.” s
(Chico Buarque) c
Chegou em casa e tomou banho.
o
r
TERMOS DA ORAÇÃO
e
s
TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO
s
ã
São aqueles indispensáveis para a estrutura
básica da oração. Costuma-se associar esses termos o
a situa- ções analógicas, como um almoço b
tradicional brasi- leiro constituído basicamente de e
arroz e feijão, por exemplo. São eles: sujeito e m
predicado. Veremos a seguir cada um deles.
v
Sujeito i
s
É o elemento que faz ou sofre a ação determinada í
pelo verbo. O sujeito pode ser: v
e
 O termo sobre o qual o restante da oração diz i
algo;
s
 O elemento que pratica ou recebe a ação expressa .
pelo verbo; S
 O termo que pode ser substituído por um u
pronome do caso reto; j
 O termo com o qual o verbo concorda. e
i
Ex.: A população implorou pela compra da vacina
t
da COVID-19.
o
:
No exemplo anterior, “a população” é:
A
 O elemento sobre o qual se declarou algo (implo- s
rou pela compra da vacina);
 O elemento que pratica a ação de implorar; l
 O termo com o qual o verbo concorda (o verbo u
implorar está flexionado na 3ª pessoa do z
singular); e
 O termo que pode ser substituído por um s
pronome do caso reto.
e
(Ela implorou pela compra da vacina da COVID-
19). a
 Núcleo do Sujeito s

O núcleo é a palavra base do sujeito. É a c


principal porque é a respeito dela que o predicado o
diz algo. O núcleo indica a palavra que realmente r
está exercen- do determinada função sintática, que e
atua ou sofre a ação. O núcleo do sujeito s
apresentará um substan- tivo, ou uma palavra com
valor de substantivo, ou pronome. N
ú
 O sujeito simples contém apenas um núcleo. c
l
Ex.: O povo pediu providências ao governador. e
Sujeito: O povo o
do sujeito: luzes/cores

Dica
Para determinar o sujeito da oração, colocam-se as
expressões interrogativas quem? ou o quê? antes do
verbo.
Ex.: A população pediu uma providência ao
governador.
Quem pediu uma providência ao governador?
Resposta: A população (sujeito).
Ex.: O pêndulo do relógio iria de um lado para o outro.
O que iria de um lado para o outro? Resposta:
O pêndulo do relógio (sujeito).

 Tipos de Sujeito

Quanto à função na oração, o sujeito classifica-se em:

Simples
DETERMINADO Composto
Elíptico
Com verbos flexionados na 3ª
pessoa do plural
INDETERMINADO Com verbos acompanhados do
se (índice de indeterminação do
sujeito)
Usado para fenômenos
INEXISTENTE da natureza ou com
verbos impessoais

 Determinado: quando se identifica a pessoa, o


lugar ou o objeto na oração. Classifica-se em:

 Simples: quando há apenas um núcleo. Ex.:


O [aluguel] da casa é caro. Núcleo: aluguel
Sujeito simples: O aluguel da casa
 Composto: quando há dois núcleos ou mais. Ex.:
Os [sons] e as [cores] ficaram perfeitos. Núcleos:
sons, cores.
Sujeito composto: Os sons e as cores
 Elíptico, oculto ou desinencial: quando não
aparece na oração, mas é possível de ser identifi-
cado devido à flexão do verbo ao qual se refere.
Ex.: Vi o noticiário hoje de manhã. Sujeito: (Eu)

 Indeterminado: quando não é possível identificar o


sujeito na oração, mas ainda sim está presente.
Encontra-se na 3ª pessoa do plural ou representa- do
por um índice de indeterminação do sujeito, a
partícula “se”.

 Colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural, não


se referindo a nenhuma palavra determi- nada no
contexto.
LÍNGUA

Ex.: Passaram cedo por aqui, hoje.


Entende-se que alguém passou cedo.
 Colocando-se verbos sem complemento direto
(intransitivos, transitivos diretos ou de ligação)

177
 Uma declaração que não se refere a nenhum sujei- to
na 3ª pessoa do singular acompanhados do
(oração sem sujeito):
pro- nome se, que atua como índice de
Ex.: Chove pouco nesta época do ano.
indetermina- ção do sujeito.
Ex.: Não se vê com a neblina.
Entende-se que ninguém consegue ver nessa
condição.

 Sujeito Inexistente ou Oração sem Sujeito

Esse tipo de situação ocorre quando uma


oração não tem sujeito mas tem sentido completo.
Os verbos são impessoais e normalmente
representam fenôme- nos da natureza. Pode ocorrer
também o verbo fazer ou haver no sentido de
existir.
Geia no Paraná.
Fazia um mês que tinha sumido.
Basta de confusão.
Há dois anos esse restaurante abriu.

 Classificação do Sujeito Quanto à Voz

 Voz ativa (sujeito agente)

Ex.: Cláudia corta cabelos de terça a sábado.


Nesse caso, o termo “Cláudia” é a pessoa que exer-
ce a ação na frase.

 Voz passiva sintética (sujeito paciente)

Ex.: Corta-se cabelo.


Pode-se ler “Cabelo é cortado”, ou seja, o sujeito
“cabe- lo” sofre uma ação, diferente do exemplo
do item anterior. O “-se” é a partícula apassivadora
da oração.

Importante notar que não há preposição entre


o verbo e o substantivo. Se houvesse, por
exemplo, “de” no meio da frase, o termo “cabelo” não
seria mais sujeito, seria objeto indireto, um
complemento verbal.
Precisa-se de cabelo.
Assim, “de cabelo” seria um complemento verbal,
e não um sujeito da oração. Nesse caso, o sujeito é
indeter- minado, marcado pelo índice de
indeterminação “-se”.

 Voz passiva analítica (sujeito paciente)

Ex.: A minha saia azul está rasgada.


O sujeito está sofrendo uma ação, e não há
presen- ça da partícula -se.

Predicado

É o termo que contém o verbo e informa algo


sobre o sujeito. Apesar de o sujeito e o predicado
serem ter- mos essenciais na oração, há casos em
que a oração não possui sujeito. Entretanto, se a
oração é estrutu- rada em torno de um verbo e ele
está contido no pre- dicado, é impossível existir uma
oração sem sujeito.

O predicado pode ser:


178
 Aquilo que se declara a respeito do sujeito.
Ex.: “A esposa e o amigo seguem sua marcha.”
(José de Alencar)
Predicado: seguem sua marcha
P a separar o sujeito. Ocorrendo uma oração  Verbo transitivo direto (VTD): é o verbo
r sem sujeito, o predica- do abrangerá toda a que exige um complemento não
e declaração. A presença do verbo é preposicionado, o objeto direto.
d obrigatória, seja de forma explícita ou
i implícita: Ex.: “Fazer sambas lá na vila é um brinquedo.”
c Ex.: “Nossos bosques têm mais vidas.” (Gonçalves Noel Rosa
a Dias) Verbo Transitivo Direto: Fazer.
d Sujeito: Nossos bosques. Predicado: têm Ex.: Ele trouxe os livros ontem.
o mais vida. Ex.: “Nossa vida mais
: amores”. (Gonçalves Dias) Sujeito: Nossa
C vida. Predicado: mais amores.
h
o
 Classificação do Predicado
v
e
p A classificação do predicado depende do
o significa- do e do tipo de verbo que
u apresenta.
c
o  Predicado nominal: ocorre
quando o núcleo significativo se
n concentra em um nome (corres-
e ponde a um predicativo do sujeito).
s
t O verbo deste tipo de oração é sempre
a de ligação. O predicado nominal tem
é por núcleo um nome (substantivo,
p adjetivo ou pronome).
o Ex.: “Nossas flores são mais bonitas.” (Murilo
c Mendes)
a Predicado: são mais bonitas.
d Ex.: “As estrelas estão cheias de calafrios.” (Olavo
o Bilac)
Predicado: estão cheias de
a
n
calafrios. É importante não
o
.
confundir:
P
a  Verbo de ligação: quando não
r exprime uma ação, mas um estado
a momentâneo ou perma- nente que
relaciona o sujeito ao restante do
d predicado, que é o predicativo do
e sujeito.
t  Predicativo do sujeito: função exercida por
e substantivo, adjetivo, pronomes e
r locuções que atribuem uma condição
m ou qualidade ao sujeito.
i
n Ex.: O garoto está
a bastante feliz. Verbo
r de ligação: está.
Predicativo do sujeito:
bastante feliz. Ex.: Seu
o
batom é muito forte.
p Verbo de ligação: é.
Predicativo do sujeito: muito forte.
r
e
d  Predicado Verbal
i
c Ocorre quando há dois núcleos
a significativos: um verbo (transitivo ou
d intransitivo) e um nome (predi- cativo do
o sujeito ou, em caso transitivo, predicativo do
, objeto). Da natureza desse verbo é que
decorrem os demais termos do predicado.
b O verbo do predicado pode ser
a classificado em transitivo direto,
s transitivo indireto, verbo transi- tivo
t direto e indireto ou verbo intransitivo.
Verbo Transitivo Direto: trouxe. raciocínio Predicativo
N
 Verbo transitivo indireto (VTI): o verbo do objeto: exato
o
tran- sitivo indireto tem como necessidade o terc
comple- mento acompanhado de uma eiro
preposição para fazer sentido. exe
mpl
Ex.: Nós acreditamos em você. o, o
Verbo transitivo indireto: term
acreditamos Preposição: em o
Ex.: Frida obedeceu aos seus pais. “exa
Verbo transitivo indireto: to”
obedeceu Preposição: a (a + os) cara
Ex.: Os professores concordaram com isso. cteri
Verbo transitivo indireto: concordaram za
Preposição: com um
julg
 Verbo transitivo direto e indireto (VTDI):
ame
é o verbo de sentido incompleto que exige
nto
dois complementos: objeto direto (sem
rela
preposição) e objeto indireto (com
preposição). cion
ado
ao
Ex.: “Ela contava-lhe anedotas, e pedia-lhe ou-
term
tras.” (Machado de Assis)
o “o
Verbo transitivo direto e indireto 1: contava
raci
Objeto direto 1: anedotas
ocín
Objeto indireto 1: lhe
io”,
Verbo transitivo direto e indireto 2: pedia
que
Objeto direto 2: outras
é o
Objeto indireto 2: lhe.
obje
 Verbo intransitivo (VI): É aquele capaz de to
construir sozinho o predicado, que não preci- diret
sa de complementos verbais, sem prejudicar o o
sentido da oração. dess
a
Ex.: Escrevia tanto que os dedos adormeciam. oraç
Verbo intransitivo: adormeciam. ão.
Com
isso,
 Predicado Verbo-Nominal pode
mos
Ocorre quando há dois núcleos significativos: con
um verbo nocional (intransitivo ou transitivo) e um cluir
nome (predicativo do sujeito ou, em caso de verbo que
transitivo, predicativo do objeto). tem
os
um
Ex.: “O homem parou atento.” (Murilo Mendes)
caso
Verbo intransitivo: parou
de
Predicativo do sujeito:
pred
atento
icati
vo
Repare que no primeiro exemplo o termo do
“atento” está caracterizando o sujeito “O homem” e,
obje
por isso, é considerado predicativo do sujeito. - to,
vist
Ex.: “Fabiano marchou desorientado.” (Olavo o
Bilac) que
Verbo intransitivo: marchou “exa
Predicativo do sujeito: to”
desorientado não
se
No segundo exemplo, o termo “desorientado” indi- liga
ca um estado do termo “Fabiano”, que também é sujei- a
to. Temos mais um caso de predicativo do sujeito. “Pto
lom
Ex.: “Ptolomeu achou o raciocínio exato.” (Macha- eu”,
do de Assis) que
Verbo transitivo direto: é o
achou Objeto direto: o suje
ito.
O que é o predicativo do objeto?
É o termo que confere uma característica, uma
qualidade, ao que se refere.
A formação do predicativo do objeto se dá por um
adjetivo ou por um substantivo.
Ex.: Consideramos o filme proveitoso.
Predicativo do objeto: proveitoso
Ex.: Chamavam-lhe vitoriosa, pelas conquistas.
Predicativo do objeto: vitoriosa
Para facilitar a identificação do predicativo do objeto,
o recomendável é desdobrar a oração, acres- centando-lhe
um verbo de ligação, cuja função especí- fica é relacionar o
predicativo ao nome.
O filme foi proveitoso. Ela
era vitoriosa.
Nessas duas últimas formas, os termos seriam pre-
dicativos do sujeito, pois são precedidos de verbos de
ligação (foi e era, respectivamente).

TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO

São vocábulos que se agregam a determinadas


estruturas para torná-las completas. De acordo com a
gramática da língua portuguesa, esses termos são
divididos em:

Complementos Verbais

São termos que completam o sentido de verbos


transitivos diretos e transitivos indiretos.

 Objeto direto: revela o alvo da ação. Não é acom-


panhado de preposição.
Ex.: Examinei o relógio de pulso.
Gostaria de vê-lo no topo do mundo.
O técnico convocou somente os do Brasil. (os =
aqueles)

Pronomes e sua relação com o objeto direto


Além dos pronomes oblíquos o(s), a(s) e suas
variações lo(s), la(s), no(s), na(s), “que” quase sem- pre
exercem função de objeto direto, os pronomes oblíquos
me, te, se, nos, vos também podem exercer essa função
sintática.
Ex.: Levou-me à sabedoria esta aula. (= “Levaram
quem? A minha pessoa”)
Nunca vos tomeis como grandes personalidades.
(= “Nunca tomeis quem? Vós”)
Convidaram-na para o almoço de despedida. (=
“Convidaram quem? Ela”)
Depois de terem nos recebido, abriram a caixa. (=
“Receberam quem? Nós”)
Os pronomes demonstrativos o, a, os, as podem ser
objetos diretos. Normalmente, aparecem antes do
pronome relativo que.
Ex.: Escuta o que eu tenho a dizer. (Escuta algo:
esse algo é o objeto direto)
Observe bem a que ele mostrar. (a = pronome
feminino definido)
LÍNGUA

179
 Objeto direto preposicionado Objeto indireto e o uso de pronomes pessoais

Mesmo que o verbo transitivo direto não exija Pode ser representado pelos seguintes pronomes
preposição no seu complemento, algumas palavras oblíquos átonos: me, te, se, no, vos, lhe, lhes. Os
requerem o uso da preposição para não perder o sen- pro- nomes o, a, os, as não exercerão essa função.
tido de “alvo” do sujeito. Ex.: Mostre-lhe onde fica o banheiro, por favor.
Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros Todos os pronomes oblíquos tônicos (me, mim,
facultativos. comigo, te, ti, contigo) podem funcionar como
objeto indireto, já que sempre ocorrem com
Exemplos com ocorrência obrigatória de preposição.
preposição: Ex.: Você escreveu esta carta para mim?
Não entendo nem a ele nem a
ti. Respeitava-se aos mais  Objeto indireto pleonástico: Ocorrência
antigos. repetida dessa função sintática com o objetivo de
Ali estava o artista a quem nosso amigo enfatizar uma mensagem.
idolatrava. Amavam-se um ao outro. Ex.: A ele, sem reservas, supliquei-lhe ajuda.
“Olho Gabriela como a uma criança, e não
mulher Complemento Nominal
feita.” (Ciro dos Anjos)
Completa o sentido de substantivos, adjetivos e
Exemplos com ocorrência facultativa de advérbios. É uma função sintática regida de preposi-
preposição:
ção e com objetivo de completar o sentido de nomes. A
Eles amam a Deus, assim diziam as pessoas daque- presença de um complemento nominal nos contextos
le templo. de uso é fundamental para o esclarecimento do senti-
A escultura atrai a todos os visitantes. do do nome.
Não admito que coloquem a Sua Excelência num Ex.: Tenho certeza de que tu serás
pedestal. aprovado. Estou longe de casa e tão perto
Ao povo ninguém engana. do paraíso.
Eu detesto mais a estes filmes do que àqueles. Para melhor identificar um complemento nomi-
No caso “Você bebeu dessa água?”, a forma “des- nal, siga a instrução:
sa” (preposição de + pronome essa) precisa estar Nome + preposição + quem ou quê
pre- sente para indicar parte de um todo, quando Como diferenciar complemento nominal de com-
assim for o contexto de uso. Logo, a pergunta é se a plemento verbal?
pessoa bebeu uma porção da água, e não ela toda. Ex.: Naquela época, só obedecia ao meu coração.
(complemento verbal, pois “ao meu coração” liga-se
 Objeto direto pleonástico: É a dupla ocorrência diretamente ao verbo “obedecia”)
dessa função sintática na mesma oração, a fim de Naquela época, a obediência ao meu coração pre-
enfatizar um único significado. valecia. (complemento nominal, pois “ao meu cora-
ção” liga-se diretamente ao nome “obediência”).
Ex.: “Eu não te engano a ti”. (Carlos Drummond
de Andrade) Agente da Passiva

 Objeto direto interno: Representado por palavra


É o complemento de um verbo na voz passiva
que tem o mesmo radical do verbo ou apresenta ana- lítica. Sempre é precedido da preposição por, e,
mesmo significado.
mais raramente, da preposição de.
Ex.: Riu um riso
Forma-se essencialmente pelos verbos auxiliares
aterrador. Dormiu o sono
ser, estar, viver, andar, ficar.
dos justos.

Como diferenciar objeto direto de sujeito? TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO


Já começaram os jogos da seleção.
(sujeito) Há termos que, apesar de dispensáveis na estrutu-
Ignoraram os jogos da seleção. (objeto direto) ra básica da oração, são importantes para compreen-
O objeto direto pode ser passado para a voz passi- são do enunciado porque trazem informações novas.
va analítica e se transforma em sujeito. Esses termos são chamados acessórios da oração.
Os jogos da seleção foram ignorados.
Adjunto Adnominal
 Objeto indireto: É complemento verbal regido de
preposição obrigatória, que se liga diretamente a São termos que acompanham o substantivo,
verbos transitivos indiretos e diretos. Representa núcleo de outra função, para qualificar, quantificar,
o ser beneficiado ou o alvo de uma ação. especificar o elemento representado pelo
Ex.: Por favor, entregue a carta ao proprietário da substantivo.
casa 260. Categorias morfológicas que podem funcionar
Gosto de ti, meu nobre. como adjunto adnominal:
Não troque o certo pelo duvidoso.
180 Vamos insistir em promover o novo romance de  Artigos;
ficção.  Adjetivos;
 Numerais;
 Pronomes;
 L
o
c
u
ç
õ
e
s
a
d
j
e
t
i
v
a
s
.
Ex.: Aqueles dois antigos soldadinhos de relacio- nado ao adjunto é um verbo ou um
nome, mesmo que o sentido seja parecido. E
chumbo
x
ficaram esquecidos no quarto.
.:
Iam cheios de si.
Estava conquistando o respeito dos seus. D
O novo regulamento originou a revolta dos e
funcionários. s
O doutor possuía mil lembranças de suas c
viagens. e
n
 Pronomes oblíquos átonos e a função de ajunto d
adnominal: os pronomes me, te, lhe, nos, vos, ê
lhes exercem essa função sintática quando
n
assumem valor de pronomes possessivos.
Ex.: Puxaram-me o cabelo (Puxam meu cabelo). c
i
 Como diferenciar adjunto adnominal de com- a
plemento nominal? d
e
Quando o adjunto adnominal for representado n
por uma locução adjetiva, ele pode ser confundido o
com complemento nominal. Para diferenciá-los, siga b
a dica:
r
e
 Será adjunto adnominal: se o substantivo ao
qual se liga for concreto. s
Ex.: A casa da idosa desapareceu. .
Se indicar posse ou o agente daquilo que (
expressa o substantivo abstrato. O
Ex.: A preferência do grupo não foi respeitada.
 Será complemento nominal: se indicar o “
alvo daquilo que expressa o substantivo. d
Ex.: A preferência pelos novos alojamentos não e
foi respeitada. n
Notava-se o amor pelo seu trabalho. o
Se vier ligado a um adjetivo ou a um b
advérbio:
r
Ex.: Manteve-se firme em seus objetivos.
e
s
Adjunto Adverbial

Termo representado por advérbios, locuções a
adverbiais ou adjetivos com valor adverbial. q
Relacio- na-se ao verbo ou a toda oração para u
indicar variadas circunstâncias. i
é
 Tempo: Quero que ele venha logo; um
adju
 Lugar: A dança alegre se espalhou na avenida; nto
 Modo: O dia começou alegremente; adn
 Intensidade: Almoçou pouco; omi
nal)
 Causa: Ela tremia de frio; D
 Companhia: Venha jantar comigo; e
 Instrumento: Com a máquina, conseguiu lavar as s
roupas; c
 Dúvida: Talvez ele chegue mais cedo; e
 Finalidade: Vivia para o trabalho; n
 Meio: Viajou de avião devido à rapidez; d
i
 Assunto: Falávamos sobre o aluguel;
a
 Negação: Não permitirei que permaneça aqui; d
 Afirmação: Sairia sim naquela manhã; e
 Origem: Descendia de nobres. n
o
Não confunda! b
Para conseguir distinguir adjunto adverbial de r
adjunto adnominal, basta saber se o termo e
s. (O “de nobres” aqui é um
adjunto adverbial)

Aposto

Estruturas relacionadas a substantivos, pronomes ou


orações. O aposto tem como propósito explicar,
identificar, esclarecer, especificar, comentar ou apon- tar
algo, alguém ou um fato.
Ex.: Renata, filha de D. Raimunda, comprou uma
bicicleta.
Aposto: filha de D. Raimunda
Ex.: O escritor Machado de Assis escreveu gran- des
obras.
Aposto: Machado de Assis.

Classifica-se nas seguintes categorias:

 Explicativo: usado para explicar o termo anterior.


Separa-se do substantivo a que se refere por uma
pausa, marcada na escrita por vírgulas, travessões ou
dois-pontos.
Ex.: As filhas gêmeas de Ana, que aniversariaram
ontem, acabaram de voltar de férias.
Jéssica, uma ótima pessoa, conseguiu apoio de todos.
 Enumerativo: usado para desenvolver ideias que
foram resumidas ou abreviadas em um termo ante-
rior. Mostra os elementos contidos em um só termo.
Ex.: Víamos somente isto: vales, montanhas e
riachos.
Apenas três coisas me tiravam do sério, a saber,
preconceito, antipatia e arrogância.
 Recapitulativo ou resumidor: É o termo usado
para resumir termos anteriores. É expresso, nor-
malmente, por um pronome indefinido.
Ex.: Os professores, coordenadores, alunos, todos
estavam empolgados com a feira.
Irei a Moçambique, Cabo Verde, Angola e Guiné-
-Bissau, países africanos onde se fala português.
 Comparativo: Estabelece uma comparação implícita.
Ex.: Meu coração, uma nau ao vento, está sem rumo.
 Circunstancial: Exprime uma característica
circunstancial.
Ex.: No inverno, busquemos sair com roupas
apropriadas.
 Especificativo: É o aposto que aparece junto a um
substantivo de sentido genérico, sem pausa, para
especificá-lo ou individualizá-lo. É constituído por
substantivos próprios.
Exs.: O mês de abril.
O rio Amazonas.
Meu primo José.
 Aposto da oração: É um comentário sobre o fato
expresso pela oração, ou uma palavra que condensa. Ex.:
Após a notícia, ficou calado, sinal de sua
preocupação.
O noticiário disse que amanhã fará muito calor —
ideia que não me agrada.
 Distributivo: Dispõe os elementos equitativamente.
LÍNGUA

Ex.: Separe duas folhas: uma para o texto e outra


para as perguntas.
Sua presença era inesperada, o que causou surpresa.

181
As orações são sintaticamente independentes. Isso
Dica significa que uma não possui relação sintática com verbos,
 O aposto pode aparecer antes do termo a que nomes ou pronomes das demais orações no período.
se refere, normalmente antes do sujeito.
Ex.: Maior piloto de todos os tempos, Ayrton Sen-
na marcou uma geração.
 Segundo o gramático Cegalla, quando o apos-
to se refere a um termo preposicionado, pode
ele vir igualmente preposicionado.
Ex.: De cobras, (de) morcegos, (de) bichos, de
tudo ele tinha medo.
 O aposto pode ter núcleo adjetivo ou
adverbial. Ex.: Tuas pestanas eram assim: frias
e curvas. (adjetivos, apostos do predicativo do
sujeito) Falou comigo deste modo: calma e
maliciosa- mente. (advérbios, aposto do
adjunto adverbial de modo).

 Diferença de aposto especificativo e adjunto


adnominal: Normalmente, é possível retirar a
preposição que precede o aposto. Caso seja um
adjunto, se for retirada a preposição, a estrutura
fica prejudicada.
Ex.: A cidade Fortaleza é quente.
(aposto especificativo / Fortaleza é uma cidade)
O clima de Fortaleza é quente.
(adjunto adnominal / Fortaleza é um clima?)
 Diferença de aposto e predicativo do sujeito: O
aposto não pode ser um adjetivo nem ter núcleo
adjetivo.
Ex.: Muito desesperado, João perdeu o controle.
(predicativo do sujeito; núcleo: desesperado — ad-
jetivo)
Homem desesperado, João sempre perde o con-
trole.
(aposto; núcleo: homem — substantivo)

Vocativo

O vocativo é um termo que não mantém relação


sintática com outro termo dentro da oração. Não per-
tence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para
chamar ou interpelar a pessoa que o enunciador dese-
ja se comunicar. É um termo independente, pois
não faz parte da estrutura da oração.
Ex.: Recepcionista, por favor, agende minha
consulta.
Ela te diz isso desde ontem, Fábio.

 Para distinguir vocativo de aposto: o vocati-


vo não se relaciona sintaticamente com nenhum
outro termo da oração.
Ex.: Lufe, faz um almoço gostoso para as crianças.
O aposto se relaciona sintaticamente com outro
termo da oração.
A cozinha de Lufe, cozinheiro da família, é
impecável.
Sujeito: a cozinha de lufe.
Aposto: cozinheiro da família (relaciona-se ao
sujeito).

182 PROCESSOS DE COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO

Período Composto por Coordenação


E uer Oração coordenada 2: o “que” equivale a “pois”)
x homem sonha Oração Vamos almoçar de novo porque ainda estamos
. coordenada 3: a obra nasce. com fome.
: Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da
“ sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M. de
D Assis) Oração coordenada assindética:
e Subi devagarinho Oração coordenada
u assindética: colei o ouvido à
s porta da sala de Damasceno
q Oração coordenada sindética: mas nada
u ouvi Conjunção adversativa: mas nada
e
r
 Orações Coordenadas Sindéticas
,
o
As orações coordenadas podem
h aparecer liga- das às outras através de um
o conectivo (elo), ou seja, através de um
m síndeto, de uma conjunção, por isso, o
e nome sindética. Veremos agora cada uma
m delas:

s  Aditivas: exprimem ideia de


o sucessibilidade ou simultaneidade.
n
h Conjunções constitutivas: e, nem, mas,
a mas tam- bém, mas ainda, bem
, como, como também, se- não
a também, que (= e).
o Ex.: Pedro casou-se e teve quatro filhos.
b Os convidados não compareceram
r nem explica- ram o motivo.
a
n  Adversativas: exprimem ideia de
a oposição, con- traste ou ressalva em
s relação ao fato anterior.
c
e Conjunções constitutivas: mas, porém,
. todavia, contudo, entretanto, no
” entanto, senão, não obs- tante, ao
(Fer passo que, apesar disso, em todo caso.
nan Ex.: Ele é rico, mas não paga as dívidas.
do “A morte é dura, porém longe da pátria é dupla a
Pess morte.” (Laurindo Rabelo)
oa)
O  Alternativas: exprimem fatos que
r se alternam ou se excluem.
a
ç Conjunções constitutivas: (ou), (ou ...
ã ou), (ora ... ora), (que ... quer), (seja ...
o seja), (já ... já), (talvez
... talvez).
c Ex.: Ora responde, ora fica calado.
o Você quer suco de laranja ou refrigerante?
o  Conclusivas: exprimem uma
r conclusão lógica sobre um
d raciocínio.
e
n Conjunções constitutivas: logo, portanto,
a por con- seguinte, pois isso, pois (o
d “pois” sem ser no início de frase).
a Ex.: Estou recuperada, portanto,
viajarei próxima semana.
1 “Era domingo; eu nada tinha, pois, a fazer.” (Paulo
: Mendes Campos)
D  Explicativas: justificam uma opinião
e ou ordem expressa. Conjunções
u constitutivas: que, por- que,
s porquanto, pois.

q Ex.: Vamos dormir, que é tarde. (o


Período Composto por Subordinação  Orações subordinadas substantivas
predica- tivas: funcionam como predicativos
Formado por orações sintaticamente do sujei- to da oração principal. Sempre
dependentes, considerando a função sintática em figuram após o verbo de ligação ser.
relação a um ver- bo, nome ou pronome de outra
oração. Ex.: Meu desejo é a sua felicidade. (predicativo
Tipos de orações subordinadas: do sujeito)
Meu desejo é que você seja feliz. (predicativo do
 Substantivas; sujeito oracional) (or. sub. subst. predic.)
 Adjetivas;
 Adverbiais.  Orações subordinadas substantivas apositi-
vas: funcionam como aposto. Geralmente
vêm depois de dois-pontos ou entre vírgulas.

Ex.: Só quero uma coisa: a sua volta imediata.


 Orações Subordinadas Substantivas
(aposto) Só quero uma coisa: que você volte
imediata- mente. (aposto oracional) (or. sub.
São classificadas nas seguintes categorias: aposi.)

 Orações subordinadas substantivas conecti-  Orações Subordinadas Adjetivas


vas: são introduzidas pelas conjunções subor- Desempenham função de adjetivo (adjunto adno-
dinativas integrantes que e se. minal ou, mais raramente, aposto explicativo). São
introduzidas por pronomes relativos (que, o qual, a
Ex.: Dizem que haverá novos aumentos de qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas etc.)
impostos. Não sei se poderei sair hoje à noite. As orações subordinadas adjetivas classificam-se em:
 Orações subordinadas substantivas justa- explicativas e restritivas.
postas: introduzidas por advérbios ou pro-
nomes interrogativos (onde, como, quando,  Orações subordinadas adjetivas explicati-
quanto, quem etc.) vas: não limitam o termo antecedente, e sim
acrescentam uma explicação sobre o termo
antecedente. São consideradas termo
Ex.: Ignora-se onde eles esconderam as joias
acessório no período, podendo ser suprimidas.
roubadas.
Sempre aparecem isoladas por vírgulas.
Não sei quem lhe disse tamanha mentira.
 Orações subordinadas substantivas reduzi- Ex.: Minha mãe, que é apaixonada por bichos,
das: não são introduzidas por conectivo, e o cria trinta gatos.
verbo fica no infinitivo.
 Orações subordinadas adjetivas restritivas:
especificam ou limitam a significação do
Ex.: Ele afirmou desconhecer estas regras.
termo antecedente, acrescentando-lhe um
 Orações subordinadas substantivas subjeti- elemento indispensável ao sentido. Não são
vas: exercem a função de sujeito. O verbo da isoladas por vírgulas.
oração principal deve vir na voz ativa, passiva
analítica ou sintética. Em 3ª pessoa do Ex.: A doença que surgiu recentemente ainda é
singular, sem se referir a nenhum termo na incurável.
oração.
Dica
Ex.: Foi importante o seu regresso. (sujeito)
Foi importante que você regressasse. (sujeito Como diferenciar as orações subordinadas
ora- cional) (or. sub. subst. subje.) adje- tivas restritivas das orações subordinadas
 Orações subordinadas substantivas objeti- adjeti- vas explicativas?
vas diretas: exercem a função de objeto dire- Ele visitará o irmão que mora em Recife.
to de um verbo transitivo direto ou transitivo (restritiva, pois ele tem mais de um irmão e vai
direto e indireto da oração principal. visitar apenas o que mora em Recife)
Ele visitará o irmão, que mora em Recife.
Ex.: Desejo o seu regresso. (OD)
(explicativa, pois ele tem apenas um irmão que
Desejo que você regresse. (OD oracional) (or.
sub. subst. obj. dir.) mora em Recife)

 Orações subordinadas substantivas comple-  Orações Subordinadas Adverbiais


tivas nominais: exercem a função de comple-
mento nominal de um substantivo, adjetivo Exprimem uma circunstância relativa a um fato
ou advérbio da oração principal. expresso em outra oração. Têm função de adjunto
LÍNGUA

adverbial. São introduzidas por conjunções subor-


Ex.: Tenho necessidade de seu apoio. (comple- dinativas (exceto as integrantes) e se enquadram nos
mento nominal) seguintes grupos:
Tenho necessidade de que você me apoie. (com-
plemento nominal oracional) (or. sub. subst.  Orações subordinadas adverbiais causais:
com- pl. nom.) são introduzidas por: como, já que, uma vez
que, porque, visto que etc. 183
quantas orações ele representa, a partir da quantidade de
Ex.: Caminhamos o restante do caminho a pé
verbos ou locu- ções verbais. Exs.:
por-
que ficamos sem gasolina.
 Orações subordinadas adverbiais compa-
rativas: são introduzidas por: como, assim
como, tal qual, como, mais etc.

Ex.: A cerveja nacional é menos concentrada


(do) que a importada.

 Orações subordinadas adverbiais concessi-


vas: indica certo obstáculo em relação ao fato
expresso na outra oração, sem, contudo, impe-
di-lo. São introduzidas por: embora, ainda que,
mesmo que, por mais que, se bem que etc.

Ex.: Mesmo que chova, iremos à praia amanhã.

 Orações subordinadas adverbiais condicio-


nais: são introduzidas por: se, caso, desde que,
salvo se, contanto que, a menos que etc.

Ex.: Você terá sucesso desde que se esforce para


tal.

 Orações subordinadas adverbiais conforma-


tivas: são introduzidas por: como, conforme,
segundo, consoante.

Ex.: Ele deverá agir conforme combinamos.

 Orações subordinadas adverbiais consecu-


tivas: são introduzidas por: que (precedido na
oração anterior de termos intensivos como
tão, tanto, tamanho etc.) de sorte que, de
modo que, de forma que, sem que.

Ex.: A garota riu tanto, que se engasgou.


“Achei as rosas mais belas do que nunca, e tão per-
fumadas que me estontearam.” (Cecília
Meireles)
 Orações subordinadas adverbiais finais:
indicam um objetivo a ser alcançado. São intro-
duzidas por: para que, a fim de que, porque e
que (= para que).

Ex.: O pai sempre trabalhou para que os filhos


tivessem bom estudo.

 Orações subordinadas adverbiais propor-


cionais: são introduzidas por: à medida que, à
proporção que, quanto mais, quanto menos etc.

Ex.: Quanto mais ouço essa música, mas a


aprecio.
 Orações subordinadas adverbiais temporais:
são introduzidas por: quando, enquanto, logo
que, depois que, assim que, sempre que, cada vez
que, agora que etc.
Ex.: Assim que você sair, feche a porta, por
favor.

Para separar as orações de um período composto,


184 é necessário atentar-se para dois elementos
fundamen- tais: os verbos (ou locuções verbais) e os
conectivos (conjunções ou pronomes relativos).
Após assinalar esses elementos, deve-se contar
[ ação A oração introduzida pela preposição “por” remete a
“ [que os rodeiam] 3ª oração uma ação anterior ao estado descrito na oração “Esta-
A [e se deleitem com a imaginação deles]. 4ª oração mos ansiosos”.
(M. de Assis)
r ( ) CERTO ( ) ERRADO
Nesse período, a 2ª oração subordina-se ao verbo
e
basta, pertencente à 1ª (oração principal).
c A 3ª e a 4ª são orações coordenadas O trecho em destaque é: “Estamos ansiosos por ler
o entre si, porém ambas dependentes do a peça do Sr. Oliveira”. Neste contexto, a preposi-
r ção por poderia ser substituída por para, ou seja, não
pronome outros, da 2ª oração.
retoma o que foi dito anteriormente, mas sim
d
apresen- ta sentido de ação futura. No campo da
a interpretação, é possível compreender que estão
ç ansiosos por algo que ainda virá, que é a leitura da
ã EXERCÍCIO COMENTADO peça. Resposta: Errado.
o
Levantou-se da cama o pobre namorado
d sem ter con- seguido dormir. Vinha
e nascendo o Sol.
u Quis ler os jornais e pediu-os.
n Já os ia pondo de lado, por haver acabado de
s ler, quan- do repentinamente viu seu nome
s impresso no Jornal do Comércio.
i
Era um artigo a pedido com o título de Uma
m
p Obra-Prima. Dizia o artigo:
l Temos o prazer de anunciar ao país o
e próximo apa- recimento de uma excelente
s comédia, estreia de um jovem literato
o fluminense, de nome Antônio Carlos de
l Oliveira.
h Este robusto talento, por muito tempo
o incógnito, vai enfim entrar nos mares da
s publicidade, e para isso procurou logo
b ensaiar-se em uma obra de certo vulto.
a Consta-nos que o autor, solicitado por seus
s numero- sos amigos, leu há dias a comédia
t em casa do Sr. Dr. Estêvão Soares, diante
a de um luzido auditório, que aplaudiu muito
] e profetizou no Sr. Oliveira um futuro
1 Shakespeare.
ª
O Sr. Dr. Estêvão Soares levou a sua
o
amabilidade ao ponto de pedir a comédia
r
para ler segunda vez, e ontem ao encontrar-
a
se na rua com o Sr. Oliveira, de tal entu-
ç
siasmo vinha possuído que o abraçou
ã
estreitamente, com grande pasmo dos
o
[ numerosos transeuntes.
p Da parte de um juiz tão competente em
a matérias lite- rárias este ato é honroso para
r
o Sr. Oliveira.
a
f
i Estamos ansiosos por ler a peça do Sr.
x Oliveira, e fica- mos certos de que ela fará a
a fortuna de qualquer teatro.
r O amigo das letras.
o
u
Machado de Assis. A mulher de preto. In: Contos fluminenses. São
t Paulo: Globo,
r
1997 (com adaptações).
o
s 1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) No que se
] refere aos sen- tidos e às características
2 tipológicas do texto, julgue o item que se
ª segue.
o
r
passiva:
E
x
.:
USO DE VÍRGULA T
o
d
A vírgula é um sinal de pontuação que exerce
o
três funções básicas: marcar as pausas e as inflexões
s
da voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e
o
orações; e esclarecer o significado da frase,
s
afastando qualquer ambiguidade.
a
Quando se trata de separar termos de uma mesma
l
oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos:
u
n
 Para separar os termos de mesma função
o
Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta.
s
f
 Usa-se a vírgula para separar os elementos de o
enumeração. r
Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo a
foi arrastado pelo tsunami. m

 Para indicar a elipse (omissão de uma palavra c


que já apareceu na frase) do verbo o
Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate. n
Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado, v
filmes de terror. i
 Para separar palavras ou locuções explicativas, d
retificativas a
Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, d
15 o
anos. s
 Para separar datas e nomes de lugar ,
Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985. p
 Para separar as conjunções coordenativas, exceto o
e, nem, ou. r
Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem. a
A vírgula também é facultativa quando aquando q
o termo que exprime ideia de tempo, modo e lugar u
não for uma locução adverbial, mas um advérbio. e
Exemplos: l
Antes vamos conversar. / Antes, vamos e
conversar. p
Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço r
em casa. o
Ontem choveu o esperado para o mês todo. / f
Ontem, choveu o esperado para o mês todo. e
s
s
Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações
o
r
 Entre o sujeito e o verbo p
Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende- a
ram a explicação. (errado) r
Muitas coisas que quebraram meu coração, con- a
sertaram minha visão. (errado) a
 Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre- f
dicativo do sujeito: e
Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica- i
ção. (errado) r
Os alunos precisam de, que os professores os aju- a
dem. (errado) .
Os alunos entenderam, toda aquela explicação. (
(errado) e
r
 Entre um substantivo e seu complemento r
nominal ou adjunto adnominal. a
Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida d
pelos alunos. (errado) o
)
 Entre locução verbal de voz passiva e agente da
 Entre o objeto e o predicativo do objeto:
Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado)
Considero interessantes, as suas aulas. (errado)

USO DE PONTO E VÍRGULA

É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto e


vírgula (;):

 Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas


Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu,
ficou triste.
 No lugar das conjunções coordenativas deslocadas Ex.:
O maratonista correu bastante; ficou, portan- to, exausto.
 No lugar do e seguido de elipse do verbo (= zeugma)
Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o ouvinte.
Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai,
sorvete.
 Em enumerações, portarias, sequências
Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal: o
Procurador-Geral da República;
o Colégio de Procuradores da República;
o Conselho Superior do Ministério Público Federal.

DOIS-PONTOS

Marcam uma supressão de voz em frase que ainda não


foi concluída. Servem para:

 Introduzir uma citação (discurso direto):


Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um
homem mais pelas suas perguntas que pelas suas
respostas”.
 Introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
distributivo ou uma oração subordinada substan- tiva
apositiva
Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes-
sores, jornalistas, médicos.
 Introduzir uma explicação ou enumeração após
expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a saber,
como.
Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens,
Filosofia, Ciências...
 Marcar uma pausa entre orações coordenadas (relação
semântica de oposição, explicação/causa ou
consequência)
Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um homem
culto.
Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com
cautela.
 Marcar invocação em correspondências Ex.:
Prezados senhores:
Comunico, por meio deste, que...
LÍNGUA

TRAVESSÃO

 Usado em discursos diretos, indica a mudança de


discurso de interlocutor: Ex.:
— Bom dia, Maria!
— Bom dia, Pedro!

185
 Serve também para colocar em relevo certas  Aparece após uma
expressões, orações ou termos. Pode ser subs- interjeição: Ex.: Nossa! Isso é
tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou fantástico.
colchetes:
Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario-  Usado para substituir vírgulas em vocativos
ca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo) enfáticos:
Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que Ex.: “Fernando José! onde estava até esta hora?”
vamos jantar. (oração intercalada)
 É repetido duas ou mais vezes quando se quer
marcar uma ênfase:
Como disse o poeta: “Só não se inventou a máquina
Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50
de fazer versos ― já havia o poeta
metros em 20 segundos!!!
parnasiano”.

RETICÊNCIAS
PARÊNTESES

São usadas para:


Têm função semelhante à dos travessões e das
vírgulas no sentido que colocam em relevo certos
ter- mos, expressões ou orações.  Assinalar interrupção do pensamento:
Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca) Ex.: ― Estou ciente de que...
vão fazer videoaulas. (aposto explicativo) — Pode dizer...
Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos  Indicar partes suprimidas de um texto:
jantar. (oração intercalada) Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois
desceu as escadas apressadamente. (Também
PONTO-FINAL pode ser usado: Na hora em que entrou no quarto
[...] e depois desceu as escadas apressadamente.)
É o sinal que denota maior pausa. Usa-se:  Para sugerir prolongamento da fala:
Ex.: ―O que vocês vão fazer nas férias?
 Para indicar o fim de oração absoluta ou de — Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar...
período.
Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.”  Para indicar hesitação:
Carlos Drummond de Andrade Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha
vergonha.
 Nas abreviaturas
Ex.: apart. ou apto. = apartamento  Para realçar uma palavra ou expressão, normal-
sec. = secretário mente com outras intenções:
a.C. = antes de Cristo Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...!

Dica USO DAS ASPAS

Símbolos do sistema métrico decimal e elemen- São usadas em citações ou em algum termo que
tos químicos não vêm com ponto final: precisa ser destacado no texto. Podem ser substituí-
Exemplos: km, m, cm, He, K, C das por itálico ou negrito, que têm a mesma função
de destaque. Usam-se nos seguintes casos:
PONTO DE INTERROGAÇÃO
 Antes e depois de citações:
Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”,
Marca uma entonação ascendente (elevação da
afirma Dad Squarisi, 64.
voz) em tom questionador. Usa-se:
 Para marcar estrangeirismos, neologismos,
 Em frase interrogativa direta: arcaís- mos, gírias e expressões populares ou
Ex.: O que você faria se só lhe restasse um dia? vulgares, conotativas:
Ex.: O homem, “ledo” de paixão, não teve a fortuna
 Entre parênteses para indicar incerteza:
que desejava.
Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho
Não gosto de “pavonismos”.
que havia palavra melhor no contexto.
Dê um “up” no seu visual.
 Junto com o ponto de exclamação, para denotar
 Para realçar uma palavra ou expressão imprópria,
surpresa:
às vezes com ironia ou malícia
Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou
Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão.
!?)
Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não”
 E interrogações retóricas: sonoro.
Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro
 Para citar nomes de mídias, livros etc.
que não jogaremos comida fora à toa”).
Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”.

PONTO DE EXCLAMAÇÃO
COLCHETES
186
 É empregado para marcar o fim de uma frase com Representam uma variante dos parênteses, porém
entonação exclamativa: têm uso mais restrito. Usam-se nos seguintes casos:
Ex.: Que linda mulher!
Coitada dessa criança!  Para incluir num texto uma observação de nature-
z
a

e
l
u
c
i
d
a
t
i
v
a
:
Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de utilizadas duas barras para indicar a
E
Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”. separação das estrofes.
x
 Para isolar o termo latino sic (que significa .:
“assim”), a fim de indicar que, por mais estranho “
ou errado que pareça, o texto original é assim [
mesmo: …
Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga- ]
do.” (Machado de Assis) D
e
 Para indicar os sons da fala, quando se estuda t
Fonologia: a
Ex.: mel: [mɛw]; bem: [bẽy] n
 Para suprimir parte de um texto (assim como t
parênteses) o
Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e o
depois desceu as escadas apressadamente. ou l
Na hora em que entrou no quarto (...) e depois h
des- ceu as escadas apressadamente. (caso não a
preferí- vel segundo as normas da ABNT) r
p
ASTERISCO a
r
a
 É colocado à direita e no canto superior de uma
l
palavra do trecho para se fazer uma citação ou
o
comentário qualquer sobre o termo em uma nota
n
de rodapé:
g
Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo
e
triste acrescido do sufixo -eza*.
,/
*-eza é um sufixo nominal justaposto a um n
adjeti- vo, o que origina um novo substantivo. ã
 Quando repetido três vezes, indica uma omissão o
ou lacuna em um texto, principalmente em v
substi- tuição a um substantivo próprio: e
Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami- j
nhado aos responsáveis. o
o
 Quando colocado antes e no alto da palavra, q
repre- senta o vocábulo como uma forma u
hipotética, isto é, cuja existência é provável, mas e
não comprovada: Ex.: Parecer, do latim p
*parescere. a
 Antes de uma frase para indicar que ela é s
agrama- tical, ou seja, uma frase que não respeita s
as regras da gramática. a
* Edifício elaborou projeto o engenheiro. p
e
USO DA BARRA r
t
o
A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado: ,/
m
 Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser e
substituída pela conjunção “ou”: u
Ex.: Poderemos optar por: p
carne/peixe/dieta. Poderemos optar por: e
carne, peixe ou dieta. it
 Para indicar inclusão, quando utilizada na separa- o
ção das conjunções e/ou. é
Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais p
e/ou escritos. u
r
 Para indicar itens que possuem algum tipo de o
rela- ção entre si. d
Ex.: A palavra será classificada quanto ao número e
(plural/singular). s
O carro atingiu os 220 km/h. e
 Para separar os versos de poesias, quando r
escritos seguidamente na mesma linha. São t
o
./Subo mon- te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo
da noi- te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles
 Na escrita abreviada, para indicar que a palavra não
foi escrita na sua totalidade:
Ex.: a/c = aos cuidados de; s/ =
sem
 Para separar o numerador do denominador nos
números fracionários, substituindo a barra da fração:
Ex.: 1/3 = um terço
 Nas datas:
Ex.: 31/03/1983
 Nos números de telefone:
Ex.: 225 03 50/51/52
 Nos endereços:
Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232
 Na indicação de dois anos consecutivos: Ex.: O
evento de 2012/2013 foi um sucesso.
 Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua:
Ex.: /s/

Embora não existam regras muito definidas sobre a


existência de espaços antes e depois da barra oblí- qua,
privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu- lar,
masculino/feminino, sinônimo/antônimo.

EXERCÍCIO COMENTADO
Bibliotecas sempre deram muito o que falar. Grandes
monarquias jamais deixaram de possuir as suas, e cui- davam
delas estrategicamente. Afinal, dotes de prin- cesas foram
negociados tendo livros como objetos de barganha;
tratados diplomáticos versaram sobre essas coleções. Os
monarcas portugueses, após o terremoto que dizimou
Lisboa, se orgulhavam de, a despeito dos destroços, terem
erguido uma grande biblioteca: a Real Livraria. D. José
chamava-a de joia maior do tesouro real. D. João VI,
mesmo na correria da partida para o Brasil, não se
esqueceu dos livros. Em três diferentes levas, a Real
Biblioteca aportou nos trópicos, e foi até mesmo tema de
disputa.

Internet: http://observatoriodaimprensa.com.br (com adaptações).

1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Acerca de aspectos lin-


guísticos e dos sentidos do texto acima, julgue o item que
se segue.
O sinal de dois-pontos empregado imediatamente após
“biblioteca” introduz um termo de natureza explicativa. ( )

CERTO ( ) ERRADO

O sinal de dois-pontos foi usado para introduzir um


aposto explicativo. O aposto explicativo, como o
próprio nome diz, explica ou esclarece um termo
LÍNGUA

anterior e aparece isolado na frase por vír- gulas,


travessões, dois pontos ou parênteses. “A real
livraria” explica o termo anterior “uma grande
biblioteca”. Resposta: Certo.

187
Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados.
Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e
seus subordinados.
CONCORDÂNCIA NOMINAL
Algumas Convenções
Define-se como a adaptação em gênero e número
que ocorre entre o substantivo (ou equivalente, como  Obrigado / próprio / mesmo
o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes, Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”.
adjetivos, numerais). A própria enfermeira virá para o debate.
O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em Elas mesmas conversaram conosco.
gênero e número com o nome a que se referem.
Ex.: Parede alta. / Paredes altas. Dica
Muro alto. / Muros altos.
O termo mesmo no sentido de “realmente” será
Casos com Adjetivos invariável.
Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação.
 Com função de adjunto adnominal: quando o
adjetivo funcionar como adjunto adnominal e  Só / sós
esti- ver após os substantivos, poderá concordar Variáveis quando significarem “sozinho” /
com as somas desses ou com o elemento mais “sozinhos”. Invariáveis quando significarem
próximo. Ex.: Encontrei colégios e faculdades “apenas, somente”. Ex.: As garotas só queriam
ótimas. / Encontrei colégios e faculdades ótimos. ficar sós. (As garotas apenas queriam ficar
sozinhas.)
Há casos em que o adjetivo concordará apenas A locução “a sós” é invariável.
com o nome mais próximo, quando a qualidade per- Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de
tencer somente a este. ficar a sós.
Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira.
Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho.  Quite / anexo / incluso
Concordam com os elementos a que se referem.
Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno- Ex.: Estamos quites com o banco.
minal e estiver antes dos substantivos, poderá con- Seguem anexas as certidões negativas.
cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.: Inclusos, enviamos os documentos solicitados.
Existem complicadas regras e conceitos.  Meio
Quando houver apenas um substantivo qualifica- Quando significar “metade”: concordará com o
do por dois ou mais adjetivos pode-se: elemento referente.
Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad- Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa.
jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa, Quando significar “um pouco”: será invariável.
francesa e alemã. Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora).
Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar
os adjetivos (também no singular), antepor um artigo  Grama
a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda Quando significar “vegetação”, é feminino; quan-
a língua inglesa, a francesa e a alemã. do significar unidade de medida, é masculino.
Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha.
 Com função de predicativo do sujeito “A grama do vizinho sempre é mais verde.”
 É proibido entrada / É proibida a entrada
Com o verbo após o sujeito, o adjetivo Se o sujeito vier determinado, a concordância do
concordará com a soma dos elementos. verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou
Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados. seja, tanto o verbo quanto o predicativo
Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su- concorda- rão com o determinante.
jeito acompanhará a concordância do verbo, que por Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta
sua vez concordará tanto com a soma dos elementos cami- nhada está boa.
quanto com o nome mais próximo. É proibido entrada de crianças. / É proibida a
Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta- entrada de crianças.
vam abandonados a casa e o quintal. Pimenta é bom? / A pimenta é boa?
Como saber quando o adjetivo tem valor de
adjun- to adnominal ou predicativo do sujeito?  Menos / pseudo
Substitua os substantivos por um pronome: São invariáveis.
Ex.: Existem conceitos e regras complicados. Ex.: Havia menos violência antigamente.
(substitui-se por “eles”) Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen-
Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles to é pseudo-objetivo.
existem complicados”.  Muito / bastante
Como o adjetivo desapareceu com a substituição, Quando modificam o substantivo: concordam com ele.
então é um adjunto adnominal. Quando modificam o verbo: invariáveis.
 Com função de predicativo do objeto Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito
188 irritados.
Recomenda-se concordar com a soma dos substan- Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas-
tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor- tante irritados.
dância com o termo mais próximo.
Se ambos os termos puderem ser substituídos por mentos flexionados no plural (peles-vermelhas).
“vários”, ficarão no plural. Se puderem ser L
substi- tuídos por “bem”, ficarão invariáveis. i
s
 Tal qual
t
Tal concorda com o substantivo anterior; qual,
a
com o substantivo posterior.
Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais d
os e
pais. F
Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais l
quais os pais. e
x
 Silepse (também chamada concordância figurada) ã
É a que se opera não com o termo expresso, mas o
o que está subentendido.
d
Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é
linda!) o
Estaremos aberto no final de semana. s
(Estaremos com o estabelecimento aberto no D
final de semana.) Os brasileiros estamos o
esperançosos. (Nós, brasi- leiros, estamos i
esperançosos.) s
 Possível E
Concordará com o artigo, em gênero e número, l
em frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o e
“pior”. Ex.: Conheci crianças o mais belas m
possíveis. / Conheci crianças as mais belas e
possíveis. n
t
Plura de Substantivos Compostos
o
s
O adjetivo concorda com o substantivo referente
em gênero e número. Se o termo que funciona como
adje- tivo for originalmente um substantivo, fica  N
o
invariável.
s
Ex.: Rosas vermelhas e jasmins pérola (pérola
também é um substantivo; mantém-se no singular). s
u
Ternos cinza e camisas amarelas (cinza também é
b
um substantivo; mantém-se no singular).
s
t
Plural de Adjetivos Compostos a
n
Quando houver adjetivo composto, apenas o últi- t
mo elemento concordará com o substantivo i
referente. v
Os demais ficarão na forma masculina singular. o
Se um dos elementos for originalmente um subs- s
tantivo, todo o adjetivo composto ficará invariável. c
Ex.: Violetas azul-claras com folhas verde- o
musgo. m
No termo “azul-claras”, apenas “claras” segue o p
plural, pois ambos são adjetivos. o
No termo “verde-musgo”, “musgo” permanece no s
singular, assim como “verde”, por ser substantivo. t
Nesse caso, o termo composto não concorda com o o
plural do substantivo referente, “folhas”. s
Ex.: Calças rosa-claro e camisas verde-mar. f
O termo “claro” fica invariável porque “rosa” o
tam- bém pode ser um substantivo. r
O termo “mar” fica invariável por seguir a m
mesma lógica de “musgo” do exemplo anterior. a
d
Dica o
s
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual- p
quer adjetivo composto iniciado por “cor-de” são o
sempre invariáveis. r
O adjetivo composto pele-vermelha tem os dois ele- p
ala- vras variáveis, especialmente substantivos e
adjetivos:
segunda-feira — segundas-feiras;
matéria-prima — matérias-primas;
couve-flor — couves-flores;
guarda-noturno — guardas-noturnos;
primeira-dama — primeiras-damas.
 Nos substantivos compostos formados por temas
verbais repetidos:
corre-corre — corres-corres;
pisca-pisca — piscas-piscas; pula-
pula — pulas-pulas.
Nestes substantivos também é possível a flexão
apenas do segundo elemento: corre-corres, pisca-
-piscas, pula-pulas.

Flexão Apenas do Primeiro Elemento

 Nos substantivos compostos formados por subs-


tantivo + substantivo em que o segundo termo
limita o sentido do primeiro termo:
decreto-lei — decretos-lei;
cidade-satélite — cidades-satélite;
público-alvo — públicos-alvo; elemento-
chave — elementos-chave.
Nestes substantivos também é possível a flexão dos
dois elementos: decretos-leis, cidades-satélites,
públicos-alvos, elementos-chaves.
 Nos substantivos compostos preposicionados:
cana-de-açúcar — canas-de-açúcar; pôr do
sol — pores do sol;
fim de semana — fins de semana; pé
de moleque — pés de moleque.

Flexão Apenas do Segundo Elemento

 Nos substantivos compostos formados por tema


verbal ou palavra invariável + substantivo ou
adjetivo:
bate-papo — bate-papos;
quebra-cabeça — quebra-cabeças;
arranha-céu — arranha-céus;
ex-namorado — ex-namorados; vice-
presidente — vice-presidentes.
 Nos substantivos compostos em que há repeti-
ção do primeiro elemento:
zum-zum — zum-zuns; tico-
tico – tico-ticos; lufa-lufa –
lufa-lufas; reco-reco – reco-
recos.
 Nos substantivos compostos grafados ligada- mente,
sem hífen:
girassol – girassóis; pontapé
– pontapés;
mandachuva – mandachuvas;
fidalgo – fidalgos.
 Nos substantivos compostos formados com grão, grã
e bel:
grão-duque – grão-duques;
LÍNGUA

grã-fino – grã-finos;
bel-prazer – bel-prazeres.
Não flexão dos elementos

189
 Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elemen-  Quando o sujeito é formado por palavras plurali-
tos formadores, que se mantêm invariáveis. Isso zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias,
ocorre em frases substantivadas e em subs- Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou-
tantivos compostos por um tema verbal e ver artigo definido antes de uma palavra plura-
uma palavra invariável ou outro tema verbal lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse
oposto: o disse me disse – os disse me disse; artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados
o leva e traz – os leva e traz; Unidos continuam uma potência.
o cola-tudo – os cola-tudo. Estados Unidos continua uma potência.
Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida-
CONCORDÂNCIA VERBAL de de Santos fica em São Paulo.”)

É a adaptação em número — singular ou plural Importante!


— e pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o
sujeito. verbo fica no singular ou no plural.
“De todos os povos mais plurais culturalmente,
“Os Lusíadas” imortalizou / imortalizaram Camões.
o Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as
quais insistem em desmentir que nosso país é cheio
de ‘brasis’ — digamos assim —, ganha disparando
dos outros, pois houve influências de todos os povos  Quando o sujeito é formado pelas expressões mais
aqui: europeus, asiáticos e africanos.” de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de,
Esse período, apesar de extenso, constitui-se de obra de etc., o verbo concorda com o numeral.
um sujeito simples “o Brasil”, portanto o verbo cor- Ex.: Mais de um aluno compareceu à aula.
respondente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar Mais de cinco alunos compareceram à aula.
no singular.
Destrinchando o período, temos que os termos A expressão mais de um tem particularidades:
essenciais da oração (sujeito e predicado) são apenas se a frase indica reciprocidade (pronome reflexivo
“[...] o Brasil [...]” — sujeito — e “[...] ganha [...]” — recíproco se), se houver coletivo especificado ou se
pre- dicado verbal. a expressão vier repetida, o verbo fica no plural. Ex.:
Veja um caso de uso de verbo bitransitivo: Mais de um irmão se abraçaram.
Ex.: Prefiro natação a futebol.
Verbo bitransitivo: Prefiro Mais de um grupo de crianças veio/vieram à
Objeto direto: natação festa. Mais de um aluno, mais de um
Objeto indireto: a futebol professor esta- vam presentes.

Concordância Verbal com o Sujeito Simples  Quando o sujeito é formado por um número per-
centual ou fracionário, o verbo concorda com o
Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo numerado ou com o número inteiro, mas pode
do sujeito. concordar com o especificador dele. Se o
numeral vier precedido de um determinante, o
Ex.: Os jogadores de futebol ganham um
verbo con- cordará apenas com o numeral. Ex.:
salário
exorbitante. Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabe o que é
viver bem.
Diferentes situações:
Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que
é viver bem.
 Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de
sentido coletivo, o verbo fica no singular. Ex.: A Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem.
Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem.
multidão gritou entusiasmada.
Os 30% da população não sabem o que é viver
 Quando o sujeito é o pronome relativo que, o mal.
ver- bo posterior ao pronome relativo concorda  Os verbos bater, dar e soar concordam com o
com o antecedente do relativo. Ex.: Quais os número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for
limites do Brasil que se situam mais próximos a palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela
do Meridiano? não chegou. (Duas horas deram...)
Bateu o sino duas vezes. (O sino bateu)
 Quando o sujeito é o pronome indefinido quem,
o verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos Soaram dez badaladas no relógio da sala. (Dez
nós quem resolveu a questão. badaladas soaram)
Soou dez badaladas o relógio da escola. (O
Por questão de ênfase, o verbo pode também con- relógio da escola soou dez badaladas)
cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos  Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o
nós quem resolvemos a questão. verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven-
dem-se casas de veraneio aqui.
 Quando o sujeito é um pronome interrogativo, Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão
demonstrativo ou indefinido no plural + de nós / interessada.
de vós, o verbo pode concordar com o pronome no
plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós  Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
190 verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que
resol- viam essa questão. / Alguns de nós
Vossa Majestade está preocupada?
resolvíamos essa questão.
Suas Excelências precisam de algo?
 Sujeito do verbo viver em orações optativas ou isto, isso, aquilo ou “coisas”, o verbo ser E
exclamativas. Ex.: Vivam os campeões! concor- dará com o predicativo x
(preferencialmente) ou com o sujeito .:
Concordância Verbal com o Sujeito Composto N
o
 Núcleos do sujeito constituídos de pessoas i
grama- ticais diferentes n
Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos. í
c
 Núcleos do sujeito ligados pela preposição com i
Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che- o
garam ontem. ,
 Núcleos do sujeito acompanhados da palavra t
u
cada
d
ou nenhum o
Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve é
man- ter o espírito esportivo. /
 Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no s
singular ã
Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju- o
davam. (preferencialmente no singular) f
 Gradação entre os núcleos do sujeito l
o
Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram
r
para me acalmar. (preferencialmente no singular)
e
 Núcleos do sujeito no infinitivo s
Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde. .
 Núcleos do sujeito resumidos por um aposto  C
resu- mitivo (nada, tudo, ninguém) o
Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o n
c
comoveu.
o
 Sujeito constituído pelas expressões um e outro, r
nem um nem outro d
Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui. a
c
 Núcleos do sujeito ligados por nem... nem o
Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão meu m
foco nos estudos.
 Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras o
como, menos, inclusive, exceto ou as p
r
expressões bem como, assim como, tanto
e
quanto d
Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na i
final. c
 Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas a
aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim ti
v
como; não só... mas também etc.)
o
Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua q
popularidade em alta. u
 Quando dois ou mais adjuntos modificam um a
úni- co núcleo, o verbo fica no singular n
concordando com o núcleo único. Mas, se houver d
determinante após a conjunção, o verbo fica no o
o
plural, pois aí o sujeito passa a ser composto.
s
Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis
u
aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos j
combustíveis aumentaram. e
it
Concordância Verbal do Verbo Ser o
f
 Concorda com o sujeito o
Ex.: Nós somos unha e carne. r
 Concorda com o sujeito (pessoa) q
Ex.: Os meninos foram ao supermercado. u
 Em predicados nominais, quando o sujeito for e
representado por um dos pronomes tudo, nada, o
u quem
Ex.: Quem foram os classificados?
 Em indicações de horas, datas, tempo, distância
(predicativo), o verbo concorda com o predicativo Ex.:
São nove horas.
É frio aqui.
Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas?
 O verbo fica no singular quando precede termos como
muito, pouco, nada, tudo, bastante, mais, menos
etc. junto a especificações de preço, peso, quantidade,
distância, e também quando seguido do pronome o
Ex.: Cem metros é muito para uma criança.
Divertimentos é o que não lhe falta.
Dez reais é nada diante do que foi gasto.
 Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora- ção
não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser ficará
invariável. Se o ser vier separado do que, o verbo
concordará com o termo não preposiciona- do entre
eles.
Ex.: Eles é que sempre chegam cedo.
São eles que sempre chegam cedo.
É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (cons-
trução adequada)
São nessas horas que a gente precisa de ajuda.
(construção inadequada)

Concordância do Infinitivo

 Exemplos com verbos no infinitivo pessoal: Nós


lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei- to
esclarecido)
Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito
implícito “nós”)
Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site. (dois
pronomes implícitos: eu, nós)
Até me encontrarem, vocês terão de procurar muito.
(preposição no início da oração)
Para nós nos precavermos, precisaremos de luz.
(verbos pronominais)
Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser
indicando tempo)
Estudo para me considerarem capaz de aprova- ção.
(pretensão de indeterminar o sujeito)
Para vocês terem adquirido esse conhecimento, foi
muito tempo de estudo. (infinitivo pessoal com- posto:
locução verbal de verbo auxiliar + verbo no particípio)
 Exemplos com verbos no infinitivo impessoal: Devo
continuar trabalhando nesse projeto. (locu- ção verbal)
Deixei-os brincar aqui. (pronome oblíquo átono
sendo sujeito do infinitivo)

Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo no


plural, usa-se tanto o infinitivo pessoal quanto o
impessoal. “Mandei os garotos sair/saírem”.

Navegar é preciso, viver não é preciso. (infinitivo


com valor genérico)
São casos difíceis de solucionar. (infinitivo prece- dido
de preposição de ou para)
Soldados, recuar! (infinitivo com valor de imperativo)
LÍNGUA

191
 Concordância do verbo parecer  Quais de vós me ajudarão/ajudareis?
Flexiona-se ou não o infinitivo.
 “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura brasileira.
Pareceu-me estarem os candidatos confiantes. (o
equivalente a “Pareceu-me que os candidatos  Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a
esta- vam confiantes”, portanto o infinitivo é ciência. (1,5% corresponde ao singular)
flexionado de acordo com o sujeito, no plural)
Eles parecem estudar bastante. (locução verbal,  Chegaram/Chegou João e Maria.
logo o infinitivo será impessoal)  Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram
 Concordância dos verbos impessoais aqui.
São os casos de oração sem sujeito. O verbo fica  Eu, assim como você, odeio/odiamos a política
sempre na 3ª pessoa do singular. brasileira.
Ex.: Havia sérios problemas na cidade.
Fazia quinze anos que ele havia se formado.  O problema do sistema é/são os impostos.
Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo  Hoje é/são 22 de agosto.
auxiliar fica no singular)
Trata-se de problemas psicológicos.  Devemos estudar muito para atingir/atingirmos
Geou muitas horas no sul. a aprovação.

 Concordância com sujeito oracional  Deixei os rapazes falar/falarem tudo.


Quando o sujeito é uma oração subordinada, o
verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do Silepse de Número e de Pessoa
singular.
Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos. Conhecida também como “concordância irregular,
Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados. ideológica ou figurada”. Vejamos os casos:
Ficou combinado que sairíamos à tarde.
Urge que você estude.  Silepse de número: usa-se um termo discordando
Era preciso encontrar a verdade do número da palavra referente, para concordar
com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem
Casos mais Frequentes em Provas vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali-
dade: todas as flores)
Veja agora uma lista com os casos mais  Silepse de pessoa: o autor da frase participa do
abordados em concursos: processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa do plu-
ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de
 Sujeito posposto distanciado diversas etnias, somos multiculturais.
Ex.: Viviam no meio de uma grande floresta tropi-
cal brasileira seres estranhos.
 Verbos impessoais (haver e fazer)
Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte. EXERCÍCIO COMENTADO
Havia problemas no setor.
Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir Em busca do tempo (livre) perdido
vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável)
 Verbo na voz passiva sintética Tempo é sinônimo de dinheiro desde que a
Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta. Revolução Industrial mudou para sempre os meios de
 Verbo concordando com o antecedente produção. O resultado acabou sendo, de certa forma,
correto do pronome relativo ao qual se liga nefasto para o trabalhador. Hoje se passam horas
Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que demais no ambiente de trabalho e horas de menos
tinham experiência. com a famí- lia. Até as férias foram minguando. “O
excesso de trabalho é um fenômeno global. O
 Sujeito coletivo com especificador plural
Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram. mercado global e a tecnologia de comunicação
instantânea fizeram do trabalhador um escravo do
 Sujeito oracional relógio. E nós nos torna- mos escravos dessa
Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no tecnologia. É importante colocar limites, caso
singular)
contrário, o trabalho dominará nossas vidas”, diz Joe
 Núcleo do sujeito no singular seguido de Robinson, autor do livro Trabalhar para Viver. Em todo
adjun- to ou complemento no plural o mundo, uma série de organizações tem buscado
Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar colocar a redução e a flexibilização do horário de
atrito. (verbo no singular)
trabalho e o aumento do período de férias na pauta
política de seus países. “Nos Estados Unidos, temos as
Casos Facultativos
menores férias do mundo industrializado: 8,1 dias
depois de um ano de trabalho e 10 dias depois de três
 A multidão de pessoas invadiu/invadiram o
estádio. anos”, acrescenta Robinson.

192  Aquele comediante foi um dos que mais me fez/ Galileu, out./2005 (com adaptações).
fizeram rir.
 Fui eu quem faltou/faltei à aula.
1. (CESPE-CEBRASPE – 2008) Considerando o desen-
v ma, julgue o item a seguir.
o
l
v
i
m
e
n
t
o

d
a
s

i
d
e
i
a
s

a
s

e
s
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r
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u
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s

l
i
n
g
u
í
s
t
i
c
a
s

d
o

t
e
x
t
o

a
c
i
Dada a organização das estruturas linguísticas do tex-
R
to, o verbo ter, em “tem buscado”, pode ser REGÊNCIA VERBAL elaç
empregado também no plural (têm), sem que a ão
coerência nem a correção gramatical do texto fiquem de
prejudicadas. depe
ndê
( ) CERTO ( ) ERRADO ncia
entr
e
O contexto é: Em todo o mundo, uma série de
um
orga- nizações tem buscado colocar a redução e
verb
a fiexi- bilização do horário de trabalho e o
o e
aumento do período de férias na pauta política de
seu
seus países. O verbo “tem” pode concordar com
com
a expressão “uma série” ou com “organizações”.
ple
Sendo assim, a mudança para a forma no plural men
“têm” faria a concordância com o substantivo no to.
plural “organi- zações”, mantendo assim a As
correção gramatical e o sentido original do texto. rela
Resposta: Certo. ções
pod
em
ser
diret
as
REGÊNCIA NOMINAL ou
indi-
retas
Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advér-
,
bios) exigem complementos preposicionados, exceto
isto
quando vêm em forma de pronome oblíquo átono.
é,
com
Advérbios Terminados em “mente” ou
sem
Os advérbios derivados de adjetivos seguem a prep
regência dos adjetivos: osiç
ão.
análoga / analogicamente a
contrária / contrariamente a H
compatível / compativelmente com á
diferente / diferentemente de verb
favorável / favoravelmente a os
paralela / paralelamente a que
próxima / proximamente a/de adm
relativa / relativamente a item
mai
Preposições Semelhantes a Primeira Sílaba s de
dos Nomes a que se Referem uma
regê
Alguns nomes regem preposições semelhantes a ncia
sua primeira sílaba. Vejamos: sem
que
dependente, dependência de o
inclusão, inserção em sent
inerente em/a ido
descrente de/em seja
desiludido de/com alter
desesperançado de ado.
desapego de/a
convívio com E
convivência com x
demissão, demitido de .:
encerrado em A
enfiado em q
imersão, imergido, imerso em u
instalação, instalado em
e
interessado, interesse em
intercalação, intercalado entre l
supremacia sobre a
moça não esquecia os favores recebidos.
V. T. D: esquecia
Objeto direto: os favores recebidos.
Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos.
V. T. I.: se esquecia
Objeto indireto: dos favores recebidos.

No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos que,


mudando-se a regência, mudam de sentido, alterando
seu significado.

Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos.


(aspiramos = sorvemos)
V. T. D.: aspiramos
Objeto direto: ar poluídos.
Os funcionários aspiram a um mês de férias.
(aspiram = almejam)
V. T. I.: aspiram
Objeto indireto: a um mês de férias

A seguir, uma lista dos principais verbos que geram


dúvidas quanto à regência:

 Abraçar: transitivo direto


Ex.: Abraçou a namorada com ternura.
O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço
 Agradar: transitivo direto; transitivo indireto
Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire-
to com sentido de “acariciar”)
A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto
no sentido de “ser agradável a”)
 Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto;
transitivo direto e indireto
Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não
personificado)
Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto
personificado)
Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi- reto:
refere-se a coisas e pessoas)
 Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto
Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da
preposição a, rege indiferentemente objeto direto e
objeto indireto.
Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto)
Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo
indireto)
Se o infinitivo preposicionado for intransitivo,
rege apenas objeto direto:
Ajudaram o ladrão a fugir.
Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto
direto:
Ajudei-o muito à noite.

 Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto


Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (tran-
sitivo direto com sentido de “angustiar”) Ansiamos
por sua volta. (transitivo indireto com sentido de
“desejar muito” — não admite “lhe” como
complemento)
LÍNGUA

193
 Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto Ex.: Ela interessou-se por minha companhia.
Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas.
(transiti-
vo direto com sentido de “respirar”)
Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo
indireto no sentido de “desejar”)
 Assistir: transitivo direto; transitivo indireto
Ex.: Transitivo direto ou indireto no sentido de
“prestar assistência”
O médico assistia os acidentados.
O médico assistia aos acidentados.
Transitivo direto no sentido de “ver, presenciar”
Não assisti ao final da série.

O verbo assistir não pode ser empregado no


particípio. É incorreta a forma “O jogo foi assistido
por milha-
res de pessoas.”

 Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo


direto e indireto
Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo)
A jovem não queria casar com ninguém. (transiti-
vo indireto)
O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo
dire- to e indireto)
 Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de
predicativo do objeto
Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo
dire- to com sentido de “convocar”)
Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de pre-
dicativo do objeto com sentido de “denominar,
qualificar”)
 Custar: transitivo indireto; transitivo direto e
indi- reto; intransitivo
Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade.
(transitivo
indireto com sentido de “ser difícil”)
A imprudência custou lágrimas ao rapaz.
(transiti-
vo direto e indireto: sentido de “acarretar”)
Este vinho custou trinta reais. (intransitivo)
 Esquecer: admite três possibilidades
Ex.: Esqueci os acontecimentos.
Esqueci-me dos acontecimentos.
Esqueceram-me os acontecimentos.
 Implicar: transitivo direto; transitivo indireto;
transitivo direto e indireto
Ex.: A resolução do exercício implica nova
teoria. (transitivo direto com sentido de
“acarretar”) Mamãe sempre implicou com
meus hábitos. (transitivo indireto com sentido
de “mostrar má disposição”)
Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo
direto e indireto com sentido de envolver-se”)
 Informar: transitivo direto e indireto
Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à
coisa: objeto indireto, com as preposições de ou
sobre
Informaram o réu de sua condenação.
Informaram o réu sobre sua condenação.
Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi-
194 sa: objeto indireto, com a preposição a
Informaram a condenação ao réu.
 Interessar-se: verbo pronominal transitivo indi-
reto, com as preposições em e por
N o numeração.
a Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. — Visconde de Pirajá, 127 ― respondi, e seu Joaquim
m (intran- desenhou o endereço na nota.
sitivo com sentido de “cortejar”)
o — Tudo bem, seu Ferreira. Dentro de um mês estará lá
Ele vivia namorando a vitrine de doces.
r sua estante.
(transitivo indireto com sentido de
a — Um mês, seu Joaquim! Tudo isso? Veja se reduz
“desejar muito”) “Namorou-se dela
r esse prazo.
extremamente.” (A. Gar- ret)
: (transitivo direto e indireto com — A estante é grande, dá muito trabalho... Digamos,
sentido de “encantar-se”) três semanas.
i
n  Obedecer/desobedecer: Ferreira Gullar. A estante. In: A estranha vida banal.
t transitivos indiretos Ex.: Obedeçam Rio de Janeiro: José Olympio, 1989 (com adaptações).
r à sinalização de trânsito.
a Não desobedeçam à sinalização de trânsito.
n
 Pagar: transitivo direto; transitivo
s
i indireto; transi- tivo direto e indireto
t Ex.: Você já pagou a conta de luz?
i (transitivo direto) Você pagou ao dono do
v armazém? (transitivo indireto) Vou pagar
o o aluguel ao dono da pensão. (transitivo
; direto e indireto)
 Perdoar: transitivo direto; transitivo
t indireto; transitivo direto e indireto
r Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto)
a
A mãe perdoou à filha. (transitivo indireto)
n
s Ela perdoou os erros ao filho. (transitivo direto e
i indireto)
t  Suceder: intransitivo; transitivo direto
i Ex.: O caso sucedeu rapidamente. (intransitivo no
v
sentido de “ocorrer”)
o
A noite sucede ao dia. (transitivo direto no
i sentido
n de “vir depois”).
d
i
r
e
t
EXERCÍCIO COMENTADO
o
; Naquele novo apartamento da rua
Visconde de Pirajá pela primeira vez teria um
t escritório para trabalhar. Não era um cômodo
r muito grande, mas dava para armar ali a
a minha tenda de reflexões e leitura: uma
n escrivaninha, um sofá e os livros. Na parede
s
da esquerda ficaria a grande e sonhada
i
- estante onde caberiam todos os meus
livros. Tratei de encomendá-la a seu
t Joaquim, um marceneiro que tinha oficina
i na rua Garcia D’Ávila com Barão da Torre.
v O apartamento não ficava tão perto da
o
oficina. Era quase em frente ao prédio onde
morava Mário Pedro- sa, entre a Farme de
d
i Amoedo e a antiga Montenegro, hoje
r Vinicius de Moraes. Estava ali havia uma
e semana e nem decorara ainda o número do
t prédio. Tanto que, quando seu Joaquim, ao
o
preencher a nota de enco- menda,
perguntou-me onde seria entregue a estan-
e
te, tive um momento de hesitação. Mas foi
i só um momento. Pensei rápido: “Se o
n prédio do Mário é 228, o meu, que fica
d quase em frente, deve ser 227”. Mas
i lembrei-me de que, ao ir ali pela primeira
r vez, obser- vara que, apesar de ficar em
e
t frente ao do Mário, havia uma diferença na
1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Julgue o seguinte item, a
Léxico: Conjunto de todas as palavras e expres-
respeito de aspectos linguísticos do texto. sões de um idioma.
A correção gramatical e o sentido do texto seriam Vocabulário: Conjunto de palavras e expres-
pre- servados, caso se substituísse o trecho “lembrei- sões que cada falante seleciona do léxico para se
me de que” por lembrei que. comunicar.

( ) CERTO ( ) ERRADO Sinonímia

O trecho analisado é: “Mas lembrei-me de que, ao São palavras ou expressões que, empregadas em
ir ali pela primeira vez, observara que, apesar de um determinado contexto, têm significados seme-
ficar em frente ao do Mário, havia uma diferença na lhantes. É importante entender que a identidade dos
numeração.” sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos
O verbo lembrar, quando acompanhado de pronome, uma palavra pode ser empregada no lugar de outra,
é transitivo indireto e exige preposição “de”: “não me o que pode não acontecer em outras situações. O
lembrei de...”. Já quando não está acompanhado uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por
de pronome, não exige preposição. Portanto, na exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti-
rees- crita: “Mas lembrei que, ao ir ali pela lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade
primeira vez, observara que, apesar de ficar em de suas significações é diferente.
frente ao do Mário, havia uma diferença na O emprego dos sinônimos é um importante
numeração.” A correção gra- matical é mantida, recurso para a coesão textual, uma vez que essa
bem como o sentido do enunciado original. estratégia reve- la, além do domínio do vocabulário
Resposta: Certo. do falante, a capa- cidade que ele tem de realizar
retomadas coesivas, o que contribuiu para melhor
fluidez na leitura do texto.

Antonímia

DENOTAÇÃO São palavras ou expressões que, empregadas em


um determinado contexto, têm significados opostos.
As relações de antonímia podem ser estabelecidas
O sentido denotativo da linguagem compreende
em gradações (grande/pequeno; velho/jovem);
o significado literal da palavra independente do seu
reciproci- dade (comprar/vender) ou
contexto de uso. Preocupa-se com o significado mais
complementaridade (ele é casado/ele é solteiro).
objetivo e literal associado ao significado que
Vejamos o exemplo a seguir:
aparece nos dicionários. A denotação tem como
finalidade dar ênfase à informação que se quer
passar para o recep- tor de forma mais objetiva,
imparcial e prática. Por isso, é muito utilizada em
textos informativos, como notícias, reportagens,
jornais, artigos, manuais didá- ticos, entre outros.
Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo:
chamas)
O coração é um músculo que bombeia sangue
para o corpo. (coração: parte do corpo)

CONOTAÇÃO mia, polissemia, hiponímia e hiperonímia.

O sentido conotativo compreende o significado


figurado e depende do contexto em que está
inserido. A conotação põe em evidência os recursos
estilísticos dos quais a língua dispõe para expressar
diferen- tes sentidos ao texto de maneira subjetiva, D
afetiva e poética. A conotação tem como finalidade ispon
dar ênfase à expressividade da mensagem de ível
maneira que ela possa provocar sentimentos ou em:
diferentes sensações no leitor. Por esse motivo, é http:/
muito utilizada em poe- sias, conversas cotidianas, /bibli
letras de músicas, anúncios publicitários e outros. oteca
Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”. madr
e.blo
Você mora no meu coração.
gspot
O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS .com
/201
Quando escolhemos determinadas palavras ou 7/08/
expressões dentro de um conjunto de possibilidades sema
de uso, estamos levando em conta o contexto que ntica-
aula-
influencia e permite o estabelecimento de diferentes
2-
relações de sentido. Essas relações podem se dar por
sinoni
meio de: sinonímia, antonímia, homonímia, paroní- mia-
e-antonimia.html. Acesso em: 17 jan. 2022.

A relação de sentido estabelecida na tirinha é


construída a partir dos sentidos opostos das palavras
“prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nes- se
contexto.

Homonímia

Homônimos são palavras que têm a mesma pro-


núncia ou grafia, porém apresentam significados dife-
rentes. É importante estar atento a essas palavras e a seus
dois significados. A seguir, listamos alguns homô- nimos
importantes:

LÍNGUA
195
tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo)
acender (colocar fogo) ascender (subir)
tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa)
assento (local onde se
acento (sinal gráfico)
senta) Disponível em: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/
seman6.php. Acesso em: 17 jan. 2022.
acerto (ato de acertar) asserto (afirmação)
Parônimos
apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido)

bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto) Parônimos são palavras que apresentam sentido
diferente e forma semelhante, conforme demonstra-
bucho (estômago) buxo (arbusto)
mos nos exemplos a seguir10:
caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito)
 Absorver/absolver
cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar)

sela (forma do verbo selar;  Tentaremos absorver toda esta água com
cela (pequeno quarto) esponjas. (sorver)
arreio)
 Após confissão, o padre absolveu todos os fiéis
censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo) de seus pecados. (inocentar)
séptico (que causa
céptico (descrente)  Aferir/auferir
infecção)

cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar)  Realizaremos uma prova para aferir seus
cerrar (fechar) serrar (cortar) conhecimentos. (avaliar, cotejar)
 O empresário consegue sempre auferir lucros
cervo (veado) servo (criado) em seus investimentos. (obter)
chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã)
 Cavaleiro/cavalheiro
cheque (ordem de xeque (lance no jogo de
pagamento) xadrez)  Todos os cavaleiros que integravam a cava-
laria do rei participaram na batalha. (homem
círio (vela) sírio (natural da Síria)
que anda de cavalo)
cito (forma do verbo citar) sito (situado)  Meu marido é um verdadeiro cavalheiro,
abre sempre as portas para eu passar. (homem
concertar (ajustar, edu- cado e cortês)
consertar (reparar, corrigir)
combinar)

concerto (sessão musical) conserto (reparo)  Cumprimento/comprimento

coser (costurar) cozer (cozinhar)  O comprimento do tecido que eu comprei é de


3,50 metros. (tamanho, grandeza)
exotérico (que se expõe em
esotérico (secreto)  Dê meus cumprimentos a seu avô. (saudação)
público)

espectador (aquele que expectador (aquele que tem  Delatar/dilatar


assiste) esperança, que espera)

esperto (perspicaz) experto (experiente, perito)  Um dos alunos da turma delatou o colega
que chutou a porta e partiu o vidro.
espiar (observar) expiar (pagar pena) (denunciar)
 Comendo tanto assim, você vai acabar dilatan-
espirar (soprar, exalar) expirar (terminar) do seu estômago. (alargar, estender)
estático (imóvel) extático (admirado)
 Dirigente/diligente
esterno (osso do peito) externo (exterior)

extrato (o que se extrai de  O dirigente da empresa não quis prestar decla-


estrato (camada) rações sobre o funcionamento da mesma.
algo)
(pes- soa que dirige, gere)
estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar)  Minha funcionária é diligente na realização de
incerto (não certo, inserto (inserido,
suas funções. (expedito, aplicado)
impreciso) introduzido)
 Discriminar/descriminar
incipiente (principiante) insipiente (ignorante)

laço (nó) lasso (frouxo)  Ela se sentiu discriminada por não poder
entrar naquele clube. (diferenciar, segregar)
ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia)  Em muitos países se discute sobre descrimi-
nar o uso de algumas drogas.
(descriminalizar, inocentar)

196 10 Disponível em: https://www.normaculta.com.br/palavras-paronimas/. Acesso em: 17 jan. 2022.


Polissemia (Plurissignificação) No texto, a palavra “fortuna” pode ser interpretada tan-
to como sucesso quanto como riqueza.
Multiplicidade de sentidos encontrada em algu-
mas palavras, dependendo do contexto. As palavras
( ) CERTO ( ) ERRADO
polissêmicas guardam uma relação de sentido entre
si, diferenciando-as das palavras homônimas. A polis-
semia é encontrada no exemplo a seguir: No trecho: “Estamos ansiosos por ler a peça do
Sr. Oliveira, e ficamos certos de que ela fará a for-
tuna de qualquer teatro”, é possível interpretar
que “fortuna” tem sentido de sucesso, pela grande
expectativa que estava causando e, ainda, apresen-
ta sentido de riqueza, pela grande bilheteria (dinhei-
ro) que poderia gerar. Resposta: Certo.

Disponível em: https://linguadinamica.wordpress.com/2017/08/03/


polissemia-homonimia-e-paronomasia-em-tirinhas-e-musicas/.
Acesso em: 17 jan. 2022;

Hipônimo e Hiperônimo Globo, 1997 (com adaptações).

Relação estabelecida entre termos que guardam 1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) No que se refere
relação de sentido entre si e mantém uma ordem gra- aos sen- tidos e às características tipológicas A
dativa. Exemplo: Hiperônimo — veículo; do texto, julgue o item que se segue. S
Hipônimos P
— carro, automóvel, moto, bicicleta, ônibus... E
C
T
O
EXERCÍCIO COMENTADO S
G
Levantou-se da cama o pobre namorado sem ter con- E
seguido dormir. Vinha nascendo o Sol. R
Quis ler os jornais e pediu-os. A
Já os ia pondo de lado, por haver acabado de ler, quan- I
do repentinamente viu seu nome impresso no Jornal S
do Comércio. D
Era um artigo a pedido com o título de Uma Obra-Prima. A
R
Dizia o artigo:
E
Temos o prazer de anunciar ao país o próximo apa- D
recimento de uma excelente comédia, estreia de um A
jovem literato fluminense, de nome Antônio Carlos de Ç
Oliveira. Ã
Este robusto talento, por muito tempo incógnito, vai O
enfim entrar nos mares da publicidade, e para isso
procurou logo ensaiar-se em uma obra de certo vulto. O
Consta-nos que o autor, solicitado por seus numero- F
sos amigos, leu há dias a comédia em casa do Sr. Dr. I
Estêvão Soares, diante de um luzido auditório, que C
aplaudiu muito e profetizou no Sr. Oliveira um futuro I
Shakespeare. A
O Sr. Dr. Estêvão Soares levou a sua amabilidade ao L
ponto de pedir a comédia para ler segunda vez, e ontem
ao encontrar-se na rua com o Sr. Oliveira, de tal entu- V
ere
siasmo vinha possuído que o abraçou estreitamente,
mos
com grande pasmo dos numerosos transeuntes. o
Da parte de um juiz tão competente em matérias lite- “Ma
rárias este ato é honroso para o Sr. Oliveira. nual
de
Red
Estamos ansiosos por ler a peça do Sr. Oliveira, e
ação
fica- mos certos de que ela fará a fortuna de qualquer
da
teatro. Pres
O amigo das letras. idên
Machado de Assis. A mulher de preto. In: Contos fluminenses. São Paulo:
cia
da República” da 3ª edição, de 29 de dezembro de 2018,
revista, atualizada e ampliada. Sabe-se da importân- cia
de se trabalhar o conteúdo de redação oficial, já que o
tema está presente em muitos dos editais de concursos
federais.

Retrospectiva Histórica

Em 11 de janeiro de 1991, o Presidente da Repú- blica


autorizou a criação de uma comissão, presidida pelo
Ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Ferreira
Mendes, para rever, atualizar, uniformizar e simplificar
as normas de redação de atos e comu- nicações oficiais.
Depois de 9 meses, foi apresentada a primeira edição do
“Manual de Redação Oficial da Presidência da
República”.
Esse Manual foi dividido em duas partes: a pri- meira,
elaborada pelo diplomata Nestor Forster Jr., tratava das
comunicações oficiais, sistematizava seus aspectos
essenciais, padronizava a diagramação dos expedientes,
exibia modelos, simplificava os fechos que vinham sendo
utilizados desde 1937, suprimia arcaísmos e apresentava
uma súmula gramatical apli- cada à redação oficial; a
segunda parte, a cargo do Ministro Gilmar Mendes,
ocupava-se da elaboração e redação dos atos normativos
no âmbito do Executivo, da conceituação e exemplificação
desses atos e do pro- cedimento legislativo.
Depois de 10 anos do lançamento da 1ª edição, foi
necessário fazer uma adequação das formas de comu-
nicação usadas na administração aos avanços da infor-
mática. Outras alterações decorreram da necessidade de
adaptação do texto à evolução legislativa na matéria e às
alterações constitucionais ocorridas no período.
Segundo o apresentador dessa nova edição, Pedro
Parente, Chefe da Casa Civil da Presidência da Repú-
blica do Governo de Fernando Henrique Cardoso,
esperava-se que essa nova edição do Manual contri-
buísse, tal qual a primeira, para a consolidação de uma
cultura administrativa de profissionalização dos
servidores públicos e de respeito aos princípios
constitucionais da legalidade, impessoalidade, mora-
lidade, publicidade e eficiência, com a consequente
melhoria dos serviços prestados à sociedade.

LÍNGUA
197
são necessários:
Na 3ª edição, você perceberá muitas mudanças
significativas, tanto na formatação dos documentos
 Alguém que comunique;
oficiais, quanto na formulação dos aspectos da
lingua- gem e das normas estruturais.
E o que é redação oficial na concepção dos
organi- zadores desse trabalho? Veja a resposta que
foi dada por eles a essa pergunta:
“Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial
é a maneira pela qual o Poder Público redige atos
normativos e comunicações. Interessa-nos tratá-la do
ponto de vista do Poder Executivo.”
Agora, para nós que lidamos com o conteúdo
para concursos públicos, quais são as principais
características normativas cobradas nas provas de
concursos públicos?
Perceba que os três motivos principais da preocu-
pação da elaboração do Manual e de suas revisões
são a modernização, a atualização e a eficiência. A
passa- gem do tempo por si só já pediria essas
revisões, haja vista a consequente evolução da
linguagem e da socie- dade por que passamos.
É justamente esse o ponto que originou a partici-
pação desse assunto nos concursos públicos. Afinal,
para quem vai trabalhar no setor público, é
realmente importante saber comunicar-se com
habilidade e usar os meios adequados para isso, se o
que se propõe é um serviço eficiente para a
sociedade.
Por isso, ao estudar redação oficial, lembre-se de
que você tem de saber as características da lingua-
gem da redação oficial, a formatação e a estrutura
das redações, especialmente a do padrão ofício,
quem envia determinadas correspondências, quem as
rece- be e qual é a finalidade de cada uma delas.
Nosso objetivo é tornar esse assunto em um
ponto bem simples e objetivo a ser estudado.
Notas do Prefácio de Gilmar Mendes

Prefácio
É com grande entusiasmo que recebo a
incumbência de prefaciar a terceira edição do Manual
de Redação da Presidência da República, vinte e sete
anos após presidir a Comissão encarregada da
primeira edição desta obra.
[...]
A primeira revisão ocorreu em 2002, motivada
pelas alterações tecnológicas e legislativas da época.
[...]
A partir de 2003, foram publicadas sessenta
emen- das constitucionais, sobre os mais diversos
assuntos.
[...]
Nessa conjuntura, a partir de modificações fáticas
e legislativas, bem como de maior fiscalização
estatal, instaurou-se um novo método de se fazer
administra- ção pública no Brasil. Pretende-se, pois,
que a terceira edição do Manual de Redação da
Presidência Repúbli- ca possa refletir as evoluções
ocorridas nas últimas duas décadas, repetindo o
legado de êxito deixado pelas edições anteriores na
construção de uma cultu- ra administrativa
profissional e obediente às normas da Constituição
da República.
Gilmar Ferreira Mendes.
198
Panorama da Comunicação Oficial

A finalidade da língua é comunicar, quer pela


fala, quer pela escrita. Para que haja comunicação,
 serviço público (este/esta ou aquele/aquela de forma obscura, que dificulte ou impossibilite sua
Alg Ministério, Secretaria, Departamento, compreen- são. A transparência é requisito do
oa Divisão, Servi- ço, Seção); o que se próprio Estado de Direito: é inaceitável que um
ser comunica é sempre algum assun- to texto oficial ou um ato normativo não seja entendido
com relativo às atribuições do órgão que pelos cidadãos. O princípio constitucional da
unic comunica; e o destinatário dessa publicidade não se esgota na mera publicação do
ado; comunicação é o público, uma instituição texto, estendendo-se, ainda, à necessidade de que o
 privada ou outro órgão ou entidade públi- texto seja claro.
Alg ca, do Poder Executivo ou dos outros
uém Poderes. Além disso, deve-se considerar a
que
intenção do emissor e a finalidade do
rece
documento, para que o texto esteja
ba
adequado à situação comunicativa.
essa
com A necessidade de empregar determinado
nível de linguagem nos atos e nos
unic
ação expedientes oficiais decor- re, de um lado,
. do próprio caráter público desses atos
e comunicações; de outro, de sua
finalidade. Os atos oficiais, aqui
N entendidos como atos de cará- ter normativo,
o ou estabelecem regras para a condu- ta
dos cidadãos, ou regulam o
c
funcionamento dos órgãos e entidades
a
públicos, o que só é alcançado se, em sua
s
elaboração, for empregada a linguagem
o adequada. O mesmo se dá com os
expedientes oficiais, cuja finalidade precípua
d é a de informar com clareza e
a objetividade;

r
O que é Redação Oficial?
e
d
a Em uma frase, pode-se dizer que
ç redação oficial é a maneira pela qual o
ã Poder Público redige comunica- ções
o oficiais e atos normativos. Neste Manual,
interes- sa-nos tratá-la do ponto de vista do
o Serviço Público.
f A redação oficial não é necessariamente
i árida e contrária à evolução da língua. É
c que sua finalidade básica — comunicar
com objetividade e máxima cla- reza —
i
impõe certos parâmetros ao uso que se faz
a
da língua, de maneira diversa daquele da
l
literatura, do texto jornalístico, da
,
correspondência particular etc.
Apresentadas essas características
q
fundamentais da redação oficial, passemos
u
à análise pormenorizada de cada um de
e
seus atributos.
m
A redação oficial deve caracterizar-se por:
c
 Clareza e precisão;
o
 Objetividade;
m
 Concisão;
u
 Coesão e coerência;
n
 Impessoalidade;
i
 Formalidade e padronização;
c
 Uso da norma padrão da língua portuguesa.
a

é Clareza e Precisão

s  Clareza
e
m A clareza deve ser a qualidade básica de
p todo tex- to oficial. Pode-se definir como
r claro aquele texto que possibilita imediata
e compreensão pelo leitor. Não se concebe
que um documento oficial ou um ato nor-
o mativo de qualquer natureza seja redigido
Para a obtenção de clareza, sugere-se: conseguir isso, é fundamental que o redator
P
saiba de antemão qual é a ideia principal e
rocu
 Utilizar palavras e expressões simples, em seu quais são as secundárias.
re
sentido comum, salvo quando o texto versar
perc
sobre assunto técnico, hipótese em que se
eber
utili- zará nomenclatura própria da área;
cert
 Usar frases curtas, bem estruturadas; apresen-
a
tar as orações na ordem direta e evitar inter-
hier
calações excessivas. Em certas ocasiões, para
arqu
evitar ambiguidade, sugere-se a adoção da
ia
ordem inversa da oração;
de
 Buscar a uniformidade do tempo verbal em idei
todo o texto; as
 Não utilizar regionalismos e neologismos; que
 Pontuar adequadamente o texto; exist
 Explicitar o significado da sigla na primeira e
referência a ela; em
 Utilizar palavras e expressões em outro todo
idioma apenas quando indispensáveis, em text
razão de serem designações ou expressões de o de
uso já con- sagrado ou de não terem exata algu
tradução. Nesse caso, grafe-as em itálico, ma
conforme orientações do subitem 10.2 do com
Manual; plex
idad
 Precisão e: as
fund
O atributo da precisão complementa a clareza e ame
caracteriza-se por: ntais
e as
 Articulação da linguagem comum ou técnica secu
para a perfeita compreensão da ideia ndár
veiculada no texto; ias.
 Manifestação do pensamento ou da ideia com Essa
as mesmas palavras, evitando o emprego de s
sinonímia com propósito meramente últi
estilístico; mas
 Escolha de expressão ou palavra que não confi- pod
ra duplo sentido ao texto. em
escl
É indispensável, também, a releitura de todo o arec
tex- to redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de er o
trechos obscuros provém principalmente da falta da senti
releitu- ra, o que tornaria possível sua correção. Na do
revisão de um expediente, deve-se avaliar se ele será daq
de fácil compreensão por seu destinatário. O que nos uela
parece óbvio pode ser desconhecido por terceiros. O s,
domínio que adquirimos sobre certos assuntos, em deta
decorrên- cia de nossa experiência profissional, lhá-
muitas vezes, faz com que os tomemos como de las,
conhecimento geral, o que nem sempre é verdade. exe
Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos mpli
técnicos, o significado das siglas e das abreviações e fi-
os conceitos específicos que não possam ser cá-
dispensados. las;
A revisão atenta exige tempo. A pressa com que mas
são elaboradas certas comunicações quase sempre exist
compro- mete sua clareza. “Não há assuntos em
urgentes, há assun- tos atrasados”, diz a máxima. tam
Evite, pois, o atraso, com sua indesejável repercussão bém
no texto redigido. idei
A clareza e a precisão não são atributos que se as
atinjam por si sós: elas dependem estritamente das secu
demais características da redação oficial, apresen- ndár
tadas a seguir. ias
que
Objetividade não
acre
Ser objetivo é ir diretamente ao assunto que se
scen
deseja abordar, sem voltas e sem redundâncias. Para
tam
informação alguma ao texto, nem têm maior relação com
as fundamentais, podendo, por isso, ser dispensadas, o
que também proporciona- rá mais objetividade ao texto.
A objetividade conduz o leitor ao contato mais direto
com o assunto e com as informações, sem sub- terfúgios,
sem excessos de palavras e de ideias. É erra- do supor que a
objetividade suprime a delicadeza de expressão ou torna o
texto rude e grosseiro.

Concisão

A concisão é antes uma qualidade do que uma


característica do texto oficial. Conciso é o texto que
consegue transmitir o máximo de informações com o
mínimo de palavras. Não se deve de forma alguma
entendê-la como economia de pensamento, isto é, não se
deve eliminar passagens substanciais do texto com o
único objetivo de reduzi-lo em tamanho. Trata-se,
exclusivamente, de excluir palavras inúteis, redun-
dâncias e passagens que nada acrescentem ao que já foi
dito.
Detalhes irrelevantes são dispensáveis: o texto deve
evitar caracterizações e comentários supérfluos, adjetivos
e advérbios inúteis, além de uma subordina- ção
excessiva. A seguir, um exemplo de período mal
construído, prolixo:
“Apurado, com impressionante agilidade e preci- são,
naquela tarde de 2009, o resultado da consulta à
população acriana, verificou-se que a esmagadora e
ampla maioria da população daquele distante esta- do
manifestou-se pela efusiva e indubitável rejeição da
alteração realizada pela Lei nº 11.662/2008. Não
satisfeita, inconformada e indignada, com a nova hora
legal vinculada ao terceiro fuso, a maioria da população
do Acre demonstrou que a ela seria melhor regressar ao
quarto fuso, estando cinco horas a menos que em
Greenwich.”
Nesse texto, há vários detalhamentos desnecessá- rios,
abusou-se no emprego de adjetivos (impressio- nante,
esmagadora, ampla, inconformada, indignada), o que lhe
confere carga afetiva injustificável, sobre- tudo em texto
oficial, que deve primar pela impes- soalidade.
Eliminados os excessos, o período ganha concisão,
harmonia e unidade:
“Apurado o resultado da consulta à população acreana,
verificou-se que a maioria da população se manifestou
pela rejeição da alteração realizada pela Lei nº
11.662/2008. Não satisfeita com a nova hora legal
vinculada ao terceiro fuso, a maioria da popu- lação do
Acre demonstrou que a ela seria melhor regressar ao
quarto fuso, estando cinco horas menos que em
Greenwich.”

Coesão e Coerência

É indispensável que o texto tenha coesão e coe-


rência. Tais atributos favorecem a conexão, a ligação, a
harmonia entre os elementos de um texto. Percebe-
-se que o texto tem coesão e coerência quando se lê um
texto e se verifica que as palavras, as frases e os
parágrafos estão entrelaçados, dando continuidade uns
aos outros.
LÍNGUA

199
quem comunica: embora se trate, por exemplo, de um
Alguns mecanismos que estabelecem a coesão e
expediente assinado por Chefe de determinada
a coerência de um texto são: referência, substituição,
elipse e uso de conjunção.

 Referência

Diz respeito aos termos que se relacionam a


outros necessários a sua interpretação. Esse
mecanismo pode dar-se por retomada de um
termo, relação com o que é precedente no texto, ou
por antecipação de um termo cuja interpretação
dependa do que se segue. Exemplos:
O Deputado evitou a instalação da CPI da corrup-
ção. Ele aguardou a decisão do Plenário.
O TCU apontou estas irregularidades: falta de assi-
natura e de identificação no documento.

 Substituição

É a colocação de um item lexical no lugar de


outro(s) ou no lugar de uma oração. Exemplos:
O Presidente assinou o acordo. O Chefe do Poder
Executivo federal propôs reduzir as alíquotas.
O ofício está pronto. O documento trata da
exone- ração do servidor.
Os governadores decidiram acatar a decisão. Em
seguida, os prefeitos fizeram o mesmo.

 Elipse

Consiste na omissão de um termo recuperável


pelo contexto. Exemplo:
O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria,
os particulares. (Na segunda oração, houve a
omissão do verbo “regulamenta”).

Dica
Outra estratégia para proporcionar coesão e
coerência ao texto é utilizar conjunção para
estabelecer ligação entre orações, períodos ou
parágrafos. Exemplo:
O Embaixador compareceu à reunião, pois iden-
tificou o interesse de seu Governo pelo assunto.

Impessoalidade

A impessoalidade decorre de princípio


constitucio- nal (art. 37, Constituição), e seu
significado remete a dois aspectos: o primeiro é a
obrigatoriedade de que a administração pública
proceda de modo a não privi- legiar ou prejudicar
ninguém, de que o seu norte seja, sempre, o interesse
público; o segundo, a abstração da pessoalidade dos
atos administrativos, pois, apesar de a ação
administrativa ser exercida por intermédio de seus
servidores, é resultado tão-somente da vontade estatal.
A redação oficial é elaborada sempre em nome
do serviço público e sempre em atendimento ao
interes- se geral dos cidadãos. Sendo assim, os
assuntos obje- tos dos expedientes oficiais não
devem ser tratados de outra forma que não a
estritamente impessoal.
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal
200 que deve ser dado aos assuntos que constam das
comunicações oficiais decorre:

 Da ausência de impressões individuais de


S e, assim, uma desejável padronização, respeito de normas específicas para cada tipo de
e que permite que as comunicações expediente.
ç elaboradas em diferentes setores da Em razão de seu caráter público e de sua
ã administra- ção pública guardem entre finalidade, os atos normativos e os expedientes
o si certa uniformidade; oficiais requerem o uso do padrão culto do idioma,
,  Da impessoalidade de quem recebe a comuni- que acata os precei- tos da gramática formal e
cação: ela pode ser dirigida a um emprega um léxico compar- tilhado pelo conjunto
a cidadão, sempre concebido como dos usuários da língua. O uso do padrão culto é,
público, ou a uma instituição pri- vada, portanto, imprescindível na redação oficial por
c a outro órgão ou a outra entidade estar definido como padrão para tal ativi- dade,
o pública. Em todos os casos, temos um sendo importante evitar as diferenças lexicais,
m destinatário concebi- do de forma morfológicas ou sintáticas, regionais, os modismos
u homogênea e impessoal; vocabulares e as particularidades linguísticas.
n  Do caráter impessoal do próprio
i assunto tra- tado: se o universo
c temático das comunicações oficiais se
a restringe a questões que dizem respeito
ç ao interesse público, é natural não caber
ã qualquer
o tom particular ou pessoal.

Não há lugar na redação oficial para


é
impressões pessoais, como as que, por
s exemplo, constam de uma carta a um amigo,
e ou de um artigo assinado de jor- nal, ou
m mesmo de um texto literário. A redação
p oficial deve ser isenta da interferência da
r individualidade de quem a elabora. A
e concisão, a clareza, a objetividade e a
formalidade de que nos valemos para
f elaborar os expedientes oficiais
e contribuem, ainda, para que seja alcançada
i a necessária impessoalidade.
t
a Formalidade e Padronização

e As comunicações administrativas
m devem ser sempre formais, isto é, obedecer
a certas regras de forma (BRASIL, 2015a).
n Isso é válido tanto para as comunicações
o feitas em meio eletrônico (por exem- plo, o
m e-mail, o documento gerado no SEI! — o
e Siste- ma Eletrônico de Informações é uma
ferramenta de gestão de documentos —, o
d documento em html etc.), quanto para os
o eventuais documentos impressos.
É imperativa, ainda, certa formalidade
s de trata- mento. Não se trata somente do
e correto emprego deste ou daquele pronome
r de tratamento para uma autori- dade de
v certo nível, mais do que isso: a formalidade
i diz respeito à civilidade no próprio enfoque
ç dado ao assunto do qual cuida a
o comunicação.
A formalidade de tratamento vincula-se,
p também, à necessária uniformidade das
ú comunicações. Ora, se a administração
b pública federal é una, é natural que as
l comunicações que expeça sigam o mesmo
i padrão. O estabelecimento desse padrão,
c uma das metas deste Manual, exige que se
o atente para todas as caracterís- ticas da
. redação oficial e que se cuide, ainda, da
apre- sentação dos textos.
O A digitação sem erros, o uso de papéis
b uniformes para o texto definitivo, nas
t exceções em que se fizer necessá- ria a
é impressão, e a correta diagramação do
m texto são indispensáveis para a
- padronização. Consulte o Capítulo II do
s Manual, “As comunicações oficiais”, a
Recomendações:
Presidente do Congresso
AUTORIDADE
 A língua culta é contra a pobreza de expressão e Nacional
não contra a sua simplicidade;
 O uso do padrão culto não significa empregar a ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
língua de modo rebuscado ou utilizar figuras de Excelentíssimo Senhor Presi-
linguagem próprias do estilo literário; VOCATIVO
dente do Congresso Nacional,
 A consulta ao dicionário e à gramática é
imperati- va na redação de um bom texto. TRATAMENTO NO Vossa Excelência
CORPO DO TEXTO
Pode-se concluir que não existe propriamente
ABREVIATURA Não se usa
um padrão oficial de linguagem, o que há é o uso da
norma padrão nos atos e nas comunicações oficiais.
É claro que haverá preferência pelo uso de determi-
Presidente do Supremo Tribu-
nadas expressões, ou será obedecida certa tradição AUTORIDADE
no emprego das formas sintáticas, mas isso não nal Federal
implica, necessariamente, que se consagre a ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
utilização de uma forma de linguagem burocrática.
O jargão burocráti- co, como todo jargão, deve ser Excelentíssimo Senhor Pre-
evitado, pois terá sem- pre sua compreensão VOCATIVO sidente do Supremo Tribunal
limitada. Federal,
A redação das comunicações oficiais deve, antes
TRATAMENTO NO Vossa Excelência
de tudo, seguir os preceitos explicitados no Capítu-
lo I do Manual, “Aspectos gerais da redação oficial”. CORPO DO TEXTO
Além disso, há características específicas de cada ABREVIATURA Não se usa
tipo de expediente, que serão tratadas em detalhe
neste capítulo. Antes de passarmos a sua análise,
vejamos outros aspectos comuns a quase todas as
modalidades de comunicação oficial. AUTORIDADE Vice-Presidente da República
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
Pronomes de Tratamento
Senhor Vice-Presidente da
VOCATIVO
De acordo com a forma como queremos ou deve- República,
mos tratar as pessoas, ou seja, de maneira formal ou
TRATAMENTO NO Vossa Excelência
informal, empregamos determinados pronomes cha-
mados de tratamento. Modernamente, então, temos: CORPO DO TEXTO
ABREVIATURA V. Exa.
 Você(s): para tratamento informal;
 Senhor (e flexões): para tratamento cerimonioso
formal. AUTORIDADE Ministro de Estado
Tradicionalmente, o emprego dos pronomes de ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
tratamento adota a segunda pessoa do plural, de
VOCATIVO Senhor Ministro,
maneira indireta, para referenciar atributos da pes-
soa à qual se dirige. Na redação oficial, é necessário TRATAMENTO NO Vossa Excelência
atenção para o uso dos pronomes de tratamento em CORPO DO TEXTO
três momentos distintos: no endereçamento, no
voca- tivo e no corpo do texto. No vocativo, o autor ABREVIATURA V. Exa.
dirige-se ao destinatário no início do documento. No
corpo do texto, pode-se empregar os pronomes de
tratamento em sua forma abreviada ou por extenso. Secretário-Executivo de Minis-
O endereça- mento é o texto utilizado no envelope AUTORIDADE tério e demais ocupantes
que contém a correspondência oficial.
de cargos de natureza especial
A seguir, alguns exemplos de utilização de prono-
mes de tratamento no texto oficial. ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
VOCATIVO Senhor Secretário-Executivo, 201
AUTORIDADE Presidente da República TRATAMENTO NO Vossa Excelência
ENDEREÇAMEN- CORPO DO TEXTO
A Sua Excelência o Senhor
TO ABREVIATURA V. Exa.
Excelentíssimo Senhor Presi-
VOCATIVO
LÍNGUA

dente da República, AUTORIDADE Embaixador


TRATAMENTO
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor
NO CORPO DO Vossa Excelência
TEXTO VOCATIVO Senhor Embaixador,

ABREVIATURA Não se usa


TRATAMENTO NO Vossa Excelência TRATAMENTO NO Vossa Excelência
CORPO DO TEXTO CORPO DO TEXTO
ABREVIATURA V. Exa. ABREVIATURA V. Exa.

A profusão de normas estabelecendo hipóteses de tratamento por meio do pronome “Vossa Excelência” para
categorias específicas tornou inviável arrolar todas
Oficial-General as hipóteses, por isso, trouxemos apenas alguns exemplos mais
das Forças
recorrentes. AUTORIDADE
Armadas
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor  Concordância com os Pronomes de Tratamento
VOCATIVO Senhor + Posto,
Os pronomes de tratamento apresentam certas
TRATAMENTO NO Vossa Excelência peculiaridades quanto às concordâncias verbal,
CORPO DO TEXTO nomi- nal e pronominal. Embora se refiram à
segunda pes- soa gramatical (à pessoa com quem se
ABREVIATURA V. Exa.
fala), levam a concordância para a terceira
AUTORIDADE Outros postos militares
pessoa.
ENDEREÇAMENTO Ao Senhor Os pronomes Vossa Excelência ou Vossa Senhoria
são utilizados para se comunicar diretamente com o
VOCATIVO Senhor + Posto, receptor. Ex.: Vossa Senhoria designará o assessor.
TRATAMENTO NO Vossa Excelência Da mesma forma, os pronomes possessivos
referidos a pronomes de tratamento são sempre os da
CORPO DO TEXTO
terceira pessoa. Ex.: Vossa Senhoria designará seu
ABREVIATURA V. Exa. substituto. (E não “Vossa Senhoria designará vosso
substituto.”)
Já quanto aos adjetivos referidos a esses prono-
mes, o gênero gramatical deve coincidir com o sexo
da pessoa a que se refere, e não com o substantivo
AUTORIDADE Senador da República que compõe a locução. Ex.: Se o interlocutor for
homem, o correto é: Vossa Excelência está atarefado.
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor O pronome Sua Excelência é utilizado para se fazer
VOCATIVO Senhor Senador, referência a alguma autoridade (indiretamente). Ex.:
A Sua Excelência o Ministro de Estado Chefe da
TRATAMENTO NO Vossa Excelência Casa Civil (por exemplo, no endereçamento do
CORPO DO TEXTO expediente).

ABREVIATURA V. Exa. Signatário

 Cargos interino e substituto: na


identificação do signatário, depois do nome do
AUTORIDADE Deputado Federal cargo, é pos- sível utilizar os termos interino
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor e substituto, conforme situações a seguir:
interino é aquele nomeado para ocupar
VOCATIVO Senhor Deputado, transitoriamente cargo público durante a
TRATAMENTO NO Vossa Excelência vacância; substituto é aque- le designado
para exercer as atribuições de cargo público
CORPO DO TEXTO
vago ou no caso de afastamen- to e
ABREVIATURA V. Exa. impedimentos legais ou regulamentares do
titular. Esses termos devem ser utilizados
depois do nome do cargo, sem hífen, sem vírgu-
Ministro do Tribunal de Contas la e em minúsculo.
AUTORIDADE
da União
Exemplos: Diretor-Geral interino;
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor Secretário-Executivo substituto;
Senhor Ministro do Tribunal de
VOCATIVO  Signatárias do sexo feminino
Contas da União,
TRATAMENTO NO Vossa Excelência Na identificação do signatário, o cargo ocupado
CORPO DO TEXTO por pessoa do sexo feminino deve ser flexionado no
ABREVIATURA V. Exa. gênero feminino.
Exemplos: Ministra de Estado;
Secretária-Executiva interina;
Técnica Administrativa;
Coordenadora Administrativa;
Ministro dos Tribunais
AUTORIDADE
Superiores
 Grafia de cargos compostos: escrevem-se com
ENDEREÇAMENTO A Sua Excelência o Senhor hífen.

VOCATIVO Senhor Ministro,


202
Exemplos:
 Senhora Ministra.
Cargos formados pelo adjetivo “geral”: diretor-
ge- ral, relator-geral, ouvidor-geral.
Ainda, quando o destinatário for um particu-
Postos e gradações da diplomacia: primeiro-
lar, no vocativo, pode-se utilizar Senhor ou Senhora
secre- tário, segundo-secretário.
seguido do nome do particular ou pode-se utilizar
Postos da hierarquia militar: tenente-coronel, ca-
o vocativo “Prezado Senhor” ou “Prezada Senhora”.
pitão-tenente.
Exemplos:

 Senhora [Nome];
Importante!  Prezado Senhor.
Nomes compostos com elemento de ligação preposicionado ficam sem hífen: general de exér- cito, general de brigada, tenente-b
Em comunicações oficiais, está abolido o uso de
Digníssimo (DD) e de Ilustríssimo (Ilmo.).

Importante!
Cargos que denotam hierarquia dentro de uma
Evite-se o uso de “doutor” indiscriminadamente. O tratamento por m
empresa: diretor-presidente, diretor-adjunto, editor- Senhora [Nome];
-chefe, sócio-gerente, diretor-executivo. Prezado Senhor.
Cargos formados por numerais: primeiro-minis-
tro, primeira-dama.
Cargos formados com os prefixos “ex” ou “vice”:
ex-diretor, vice-coordenador.
O novo Acordo Ortográfico tornou opcional o
uso de iniciais maiúsculas em palavras usadas reveren- AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS
cialmente, por exemplo para cargos e títulos (exem-
plo: o Presidente francês ou o presidente francês). O Padrão Ofício
Porém, em palavras com hífen, após se optar pelo uso
da maiúscula ou da minúscula, deve-se manter a esco- Até a segunda edição do Manual, havia três tipos
lha para a grafia de todos os elementos hifenizados: de expedientes que se diferenciavam antes pela
pode-se escrever “Vice-Presidente” ou “vice-presiden- finali- dade do que pela forma: o ofício, o aviso e o
te”, mas não “Vice-presidente”. memoran- do. Com o objetivo de uniformizá-los,
deve-se adotar nomenclatura e diagramação únicas,
Vocativo que sigam o que chamamos de padrão ofício.
O vocativo é uma invocação ao destinatário. Nas A distinção básica anterior entre os três era:
comunicações oficiais, o vocativo será sempre seguido
de vírgula.  Aviso: era expedido exclusivamente por Ministros
Em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder, de Estado, para autoridades de mesma hierarquia;
utiliza-se a expressão Excelentíssimo Senhor ou  Ofício: era expedido para e pelas demais autori-
Excelentíssima Senhora e o cargo respectivo, segui- dades; e
dos de vírgula. Exemplos:  Memorando: era expedido entre unidades admi-
nistrativas de um mesmo órgão.
 Excelentíssimo Senhor Presidente da República;
 Excelentíssimo Senhor Presidente do Congres- Nesta nova edição, ficou abolida aquela distinção e
so Nacional; passou-se a utilizar o termo ofício nas três hipóteses.
 Excelentíssimo Senhor Presidente do A seguir, será apresentada a estrutura do padrão
Supremo Tribunal Federal. ofício, de acordo com a ordem com que cada
elemento aparece no documento oficial.
As demais autoridades, mesmo aquelas tratadas
por Vossa Excelência, receberão o vocativo Senhor Partes do Documento no Padrão Ofício
ou Senhora seguido do cargo respectivo. Exemplos:

 Senhora Beneficiária;  Cabeçalho: o cabeçalho é utilizado apenas na


pri- meira página do documento, centralizado na
 Senhor Contribuinte.
área determinada pela formatação (ver subitem
“5.2 Formatação e apresentação” do Manual).
Na hipótese de comunicação com particular,
pode-se utilizar o vocativo Senhor ou Senhora e a
forma utilizada pela instituição para referir-se ao No cabeçalho, deverão constar os seguintes
interlocutor: beneficiário, usuário, contribuinte, elementos:
eleitor etc. Exemplos:
 Brasão de Armas da República11: no topo da
 Senhora Senadora; página. Não há necessidade de ser aplicado
em cores. O uso de marca da instituição deve
LÍNGUA

 Senhor Juiz;
ser evitado na correspondência oficial para
não se sobrepor ao Brasão de Armas da
República.

11 O desenho oficial atualizado do Brasão de Armas da República pode ser localizado no sítio eletrônico da Presidência da República, na seção c
Símbolos Nacionais. Disponível em: https://www.gov.br/planalto/pt-br/conheca-a-presidencia/acervo/simbolos-nacionais/brasao-da-republica. No a
so de documento a ser impresso, exclusivamente quando o signatário for o Presidente da República, Ministro de Estado ou a autoridade
máxima de autarquia, será utilizado timbre em relevo branco, nos termos do disposto no Decreto nº 80.739, de 14 de novembro de 1977.

203
 Local e data do documento

Na grafia de datas em um documento, o conteúdo


deve constar da seguinte forma:

 Composição: local e data do documento;


 Informação de local: nome da cidade onde foi
expedido o documento, seguido de vírgula. Não
se deve utilizar a sigla da unidade da
federação depois do nome da cidade;
 Dia do mês: em numeração ordinal se for o
primeiro dia do mês e em numeração cardinal
para os demais dias do mês. Não se deve uti-
lizar zero à esquerda do número que indica o
dia do mês;
 Nome do mês: deve ser escrito com inicial
minúscula;
 Pontuação: coloca-se ponto-final depois da
 Nome do órgão principal; data;
 Nomes dos órgãos secundários, quando  Alinhamento: o texto da data deve ser
neces- sários, da maior para a menor hierarquia; alinha- do à margem direita da página.
e
 Espaçamento: entrelinhas simples (1,0). Exemplo:
Brasília, 2 de fevereiro de 2018.
Exemplo:
 Endereçamento

O endereçamento é a parte do documento que


informa quem receberá o expediente.
Nele deverão constar os seguintes elementos:

 Vocativo: na forma de tratamento adequada


para quem receberá o expediente (ver subitem
“4.1 Pronomes de tratamento”);
 Nome: nome do destinatário do expediente;
 Cargo: cargo do destinatário do expediente;
 Endereço: endereço postal de quem receberá o
expediente, dividido em duas linhas:

Primeira linha: informação de localidade/logra-


douro do destinatário ou, no caso de ofício ao
mesmo órgão, informação do setor;
Segunda linha: CEP e cidade/unidade da fede-
ração, separados por espaço simples. Na separação
[Nome do órgão] entre cidade e unidade da federação pode ser
[Secretaria/Diretoria] substi- tuída a barra pelo ponto ou pelo travessão.
[Departamento/Setor/Entidade] No caso de ofício ao mesmo órgão, não é obrigatória
Os dados do órgão, tais como endereço, telefone, a infor- mação do CEP, podendo ficar apenas a
endereço de correspondência eletrônica, site eletrô- informação da cidade/unidade da federação;
nico oficial da instituição, podem ser informados no
rodapé do documento, centralizados;  Alinhamento: à margem esquerda da página.

 Identificação do expediente O pronome de tratamento no endereçamento das


comunicações dirigidas às autoridades tratadas por
Os documentos oficiais devem ser identificados Vossa Excelência terá a seguinte forma: “A Sua Exce-
da lência o Senhor” ou “A Sua Excelência a Senhora”.
seguinte maneira: Quando o tratamento destinado ao receptor for
Vossa Senhoria, o endereçamento a ser empregado é
 Nome do documento: tipo de expediente por “Ao Senhor” ou “À Senhora”. Ressalte-se que não
extenso, com todas as letras maiúsculas; se utiliza a expressão “A Sua Senhoria o Senhor” ou
 Indicação de numeração: abreviatura da “A Sua Senhoria a Senhora”.
palavra “número”, padronizada como Nº; Exemplos:
 Informações do documento: número, ano A Sua Excelência o Senhor
(com quatro dígitos) e siglas usuais do setor que [Nome]
expede o documento, da menor para a maior Ministro de Estado da Justiça
204 hierarquia, separados por barra (/); Esplanada dos Ministérios Bloco T
 Alinhamento: à margem esquerda da página. 70064-900 Brasília/DF

Exemplo: OFÍCIO Nº 652/2018/SAA/SE/MT;


À Senhora
[Nome]
Diretora de Gestão de Pessoas
SAUS Q. 3 Lote 5/6 Ed Sede I
70070-030 Brasília. DF.

 Assunto

O assunto deve dar uma ideia geral do que trata o documento, de forma sucinta.
Ele deve ser grafado da seguinte maneira:
 Título: a palavra “Assunto” deve anteceder a frase que define o conteúdo do documento, seguida de dois-pontos;
 Descrição do assunto: a frase que descreve o conteúdo do documento deve ser escrita com inicial maiús-
cula, não se deve utilizar verbos e sugere-se utilizar de quatro a cinco palavras;
 Destaque: todo o texto referente ao assunto, inclusive o título, deve ser destacado em negrito;
 Pontuação: coloca-se ponto-final depois do assunto;
 Alinhamento: à margem esquerda da página.

Exemplos:
Assunto: Encaminhamento do Relatório de Gestão julho/2018.
Assunto: Aquisição de computadores.

 Texto do documento

O texto do documento oficial deve seguir a seguinte padronização de estrutura:

 Nos casos em que não seja usado para encaminhamento de documentos, o expediente deve conter a
seguinte estrutura:

Introdução: em que é apresentado o objetivo da comunicação. Evite o uso das formas: Tenho a honra de, Tenho o
prazer
de, Cumpre-me informar que. Prefira empregar a forma direta: Informo, Solicito, Comunico
Desenvolvimento: em que o assunto é detalhado; se o texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem
ser tratadas em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição
Conclusão: em que é afirmada a posição sobre o assunto

 Quando forem usados para encaminhamento de documentos, a estrutura é modificada:

Introdução: deve iniciar com referência ao expediente que solicitou o encaminhamento. Se a remessa do
documento não tiver sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo da comunicação, que é encami-
nhar, indicando a seguir os dados completos do documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário e
assunto de que se trata) e a razão pela qual está sendo encaminhado;
Exemplos:

Em resposta ao Ofício nº 12, de 1º de fevereiro de 2018, encaminho cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 2018, da Coordenação-Ger

Encaminho, para exame e pronunciamento, cópia do Ofício nº 12, de 1º de fevereiro de 2018, do Presidente da Confede- ração Nacional
Desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer algum comentário a respeito do documento
que encaminha, poderá acrescentar parágrafos de desenvolvimento. Caso contrário, não há parágrafos de
desenvol- vimento em expediente usado para encaminhamento de documentos.
LÍNGUA

 Tanto na estrutura I quanto na estrutura II, o texto do documento deve ser formatado da seguinte maneira:

Alinhamento: justificado;
Espaçamento entre linhas: simples;
Parágrafos:
Espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após cada parágrafo;
Recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da margem esquerda;
Numeração dos parágrafos: apenas quando o documento tiver três ou mais parágrafos, desde o primeiro
pará- grafo. Não se numeram o vocativo e o fecho.

205
Dica  Numeração das páginas
A numeração das páginas é obrigatória apenas a
Houve alteração das fontes e símbolos de partir da segunda página da comunicação. Ela
Times New Roman para Calibri ou Carlito. deve ser centralizada na página e obedecer à seguinte
formatação:
 Fechos para comunicações
 Posição: no rodapé do documento, ou acima da
O fecho das comunicações oficiais objetiva, área de 2 cm da margem inferior;
além da finalidade óbvia de arrematar o texto, saudar  Fonte: Calibri ou Carlito.
o des- tinatário. Os modelos para fecho
anteriormente utili- zados foram regulados pela  Formatação e apresentação
Portaria nº 1, de 1937, do Ministério da Justiça, que Os documentos do padrão ofício devem obedecer à
estabelecia quinze padrões. Com o objetivo de seguinte formatação:
simplificá-los e uniformizá-los, este Manual
estabelece o emprego de somente dois fechos  Tamanho do papel: A4 (29,7 cm x 21 cm);
diferentes para todas as modalidades de comu-  Margem lateral esquerda: no mínimo, 3
nicação oficial: cm de largura;
Para autoridades de hierarquia superior à do  Margem lateral direita: 1,5 cm;
remetente, inclusive o Presidente da República:  Margens superior e inferior: 2 cm;
Respeitosamente,  Área de cabeçalho: na primeira página, 5 cm a
Para autoridades de mesma hierarquia, de hierar- partir da margem superior do papel;
quia inferior ou demais casos: Atenciosamente,  Área de rodapé: nos 2 cm da margem
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações inferior do documento;
dirigidas a autoridades estrangeiras, que atendem  Impressão: na correspondência oficial, a
a rito e tradição próprios. impressão pode ocorrer em ambas as faces do
O fecho da comunicação deve ser formatado da papel. Nesse caso, as margens esquerda e
seguinte maneira: direita terão as distâncias invertidas nas
páginas pares (margem espelho);
 Alinhamento: alinhado à margem esquerda da  Cores: os textos devem ser impressos na cor
página; preta em papel branco, reservando-se, se
 Recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da necessário, a impressão colorida para gráficos
margem esquerda; e ilustrações;
 Espaçamento entre linhas: simples;  Destaques: para destaques, deve-se utilizar,
 Espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos sem abuso, o negrito. Deve-se evitar
após cada parágrafo e não deve ser numerado. destaques com uso de itálico, sublinhado,
letras maiús- culas, sombreado, sombra,
 Identificação do signatário relevo, bordas ou qualquer outra forma de
formatação que afete a sobriedade e a
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presi- padronização do documento;
dente da República, todas as demais comunicações ofi-  Palavras estrangeiras: palavras estrangeiras
ciais devem informar o signatário segundo o padrão: devem ser grafadas em itálico;
 Arquivamento: dentro do possível, todos os
 Nome: nome da autoridade que as expede, gra- documentos elaborados devem ter o arquivo
fado em letras maiúsculas, sem negrito. Não de texto preservado para consulta posterior ou
se usa linha acima do nome do signatário; aproveitamento de trechos para casos
 Cargo: cargo da autoridade que expede o docu- análogos. Deve ser utilizado,
mento, redigido apenas com as iniciais maiús- preferencialmente, forma- to de arquivo que
culas. As preposições que liguem as palavras do possa ser lido e editado pela maioria dos
cargo devem ser grafadas em minúsculas; editores de texto utilizados no ser- viço
 Alinhamento: a identificação do signatário público, tais como docx, odt ou rtf;
deve ser centralizada na página.  Nome do arquivo: para facilitar a localização,
os nomes dos arquivos devem ser formados da
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a seguinte maneira:
assinatura em página isolada do expediente. Trans-
fira para essa página ao menos a última frase Tipo do documento + número do documento +
anterior ao fecho. Exemplo: ano do documento (com 4 dígitos) + palavras-
chaves do conteúdo

Exemplo: Ofício 123_2018_relatório produtividade


(espaço para assinatura)
anual
NOME Veja a seguir alguns exemplos de Ofício:
Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da
Presidência da República
(espaço para assinatura)
NOME
206 Coordenador-Geral de Gestão de Pessoas
LÍNGUA PORTUGUESA
2
(29,7 cm x 21 cm)
208
LÍNGUA PORTUGUESA
2
ADEQUAÇÃO DA LINGUAGEM AO FORMATO

Variações dos Documentos Oficiais

Os documentos oficiais podem ser identificados de acordo com algumas possíveis variações:

 [NOME DO EXPEDIENTE] + CIRCULAR: Quando um órgão envia o mesmo expediente para mais de um órgão
receptor. A sigla na epígrafe será apenas do órgão remetente;
 [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo
expe- diente para um único órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe;
 [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO CIRCULAR: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o mes-
mo expediente para mais de um órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe.

Exemplos:
OFÍCIO CIRCULAR Nº 652/2018/MEC
OFÍCIO CONJUNTO Nº 368/2018/SECEX/SAJ
OFÍCIO CONJUNTO CIRCULAR Nº 795/2018/CC/MJ/MRE
Nos expedientes circulares, por haver mais de um receptor, o órgão remetente poderá inserir no rodapé as
siglas ou nomes dos órgãos que receberão o expediente.

Exposição de Motivos

Exposição de motivos (EM) é o expediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vice-Presidente para:


propor alguma medida; submeter projeto de ato normativo à sua consideração; ou informá-lo de determinado
assunto.
A exposição de motivos é dirigida ao Presidente da República por um Ministro de Estado. Nos casos em
que o assunto tratado envolva mais de um ministério, a exposição de motivos será assinada por todos os
ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de interministerial.
Independentemente de ser uma EM com apenas um autor ou uma EM interministerial, a sequência
numérica das exposições de motivos é única. A numeração começa e termina dentro de um mesmo ano civil;

 Forma e estrutura

As exposições de motivos devem, obrigatoriamente:

 Apontar, na introdução: o problema que demanda a adoção da medida ou do ato normativo proposto; ou
informar ao Presidente da República algum assunto;
 Indicar, no desenvolvimento: a razão de aquela medida ou de aquele ato normativo ser o ideal para se
solucionar o problema e as eventuais alternativas existentes para equacioná-lo; ou fornecer mais detalhes
sobre o assunto informado, quando for esse o caso;
 Na conclusão: novamente, propor a medida a ser tomada ou o ato normativo a ser editado para solucionar o
problema; ou apresentar as considerações finais no caso de EMs apenas informativas.

As exposições de motivos que encaminham proposições normativas devem seguir o prescrito no Decreto nº
9.191, de 1º de novembro de 2017. Em síntese, elas devem ser instruídas com parecer jurídico e parecer de
mérito que permi- tam a adequada avaliação da proposta.
O atendimento dos requisitos do Decreto nº 9.191, de 2017, nas exposições de motivos que proponham a edição
de ato normativo, tem como propósito:

 Permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca resolver;


 Ensejar avaliação das diversas causas do problema e dos efeitos que podem ter a adoção da medida ou a
edição do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas na elaboração de proposições
normativas no âmbito do Poder Executivo;
 Conferir transparência aos atos propostos;
 Resumir os principais aspectos da proposta;
 Evitar a devolução a proposta de ato normativo para complementação ou reformulação da proposta.

A exposição de motivos é a principal modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da República pelos


ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário.

 Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais (Sidof)

O Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais (Sidof) é a ferramenta eletrônica utilizada para
a elaboração, a redação, a alteração, o controle, a tramitação, a administração e a gerência das exposições de
motivos com as propostas de atos a serem encaminhadas pelos Ministérios à Presidência da República.

210
Ao se utilizar o Sidof, a assinatura, o nome e o cargo do signatário, apresentados no exemplo do assunto
Forma e Estrutura, são substituídos pela assinatura eletrônica que informa o nome do ministro que assinou a
exposição de motivos e do consultor jurídico que assinou o parecer jurídico da Pasta.
Exemplo de exposição de motivos:

LÍNGUA

211
Mensagem

A Mensagem é o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente,
as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato da
adminis- tração pública; para expor o plano de governo por ocasião da abertura de sessão legislativa; para
submeter ao Congresso Nacional matérias que dependem de deliberação de suas Casas; para apresentar veto;
enfim, fazer comunicações do que seja de interesse dos Poderes Públicos e da Nação.
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos ministérios à Presidência da República, a cujas assessorias
caberá a redação final.
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacional têm as seguintes finalidades:

 Encaminhamento de proposta de emenda constitucional, de projeto de lei ordinária, de projeto de


lei complementar e os que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos
anuais e créditos adicionais: os projetos de lei ordinária ou complementar são enviados em regime normal
(Consti- tuição, art. 61) ou de urgência (Constituição, art. 64, §§ 1° a 4°). O projeto pode ser encaminhado sob o
212
regime normal e, mais tarde, ser objeto de nova mensagem, com solicitação de urgência.
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos membros do Congresso Nacional, mas é encaminhada com
ofí- cio do Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República ao Primeiro-Secretário da Câmara
dos Deputados, para que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64, caput).
Quanto aos projetos de lei que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais
e créditos adicionais, as mensagens de encaminhamento dirigem-se aos membros do Congresso Nacional, e os
res- pectivos ofícios são endereçados ao Primeiro-Secretário do Senado Federal. A razão é que o art. 166 da
Constitui- ção impõe a deliberação congressual em sessão conjunta, mais precisamente, “na forma do
regimento comum”. E, à frente da Mesa do Congresso Nacional, está o Presidente do Senado Federal
(Constituição, art. 57, § 5°), que comanda as sessões conjuntas.

 Encaminhamento de medida provisória: para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituição,


o Presidente da República encaminha Mensagem ao Congresso, dirigida a seus Membros, com ofício para o
Pri- meiro-Secretário do Senado Federal, juntando cópia da medida provisória;
 Indicação de autoridades: nas mensagens que submetem ao Senado Federal a indicação de pessoas para
ocuparem determinados cargos (magistrados dos tribunais superiores, ministros do Tribunal de Contas da
União, presidentes e diretores do Banco Central, Procurador-Geral da República, chefes de missão diplomática,
diretores e conselheiros de agências etc.) têm em vista que a Constituição, incisos III e IV do caput do art.
52, atribui àquela Casa do Congresso Nacional competência privativa para aprovar a indicação;

O curriculum vitae do indicado, assinado, com a informação do número de Cadastro de Pessoa Física,
acompanha a mensagem.

 Pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presidente da República se ausentarem do país por


mais de 15 dias: trata-se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, caput, inciso III e art. 83), e a
auto- rização é da competência privativa do Congresso Nacional. O Presidente da República, tradicionalmente,
por cortesia, quando a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comunicação a cada Casa do Congresso,
enviando-lhes mensagens idênticas;
 Encaminhamento de atos de concessão e de renovação de concessão de emissoras de rádio e TV: a obri-
gação de submeter tais atos à apreciação do Congresso Nacional consta no inciso XII do caput do art. 49 da
Constituição. Somente produzirão efeitos legais a outorga ou a renovação da concessão após deliberação do
Congresso Nacional (Constituição, art. 223, § 3º). Descabe pedir na mensagem a urgência prevista na Constitui-
ção, art. 64, uma vez que o § 1° do art. 223 já define o prazo da tramitação. Além do ato de outorga ou renova-
ção, acompanha a mensagem o correspondente processo administrativo;
 Encaminhamento das contas referentes ao exercício anterior: o Presidente da República tem o prazo de 60
dias após a abertura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Nacional as contas referentes ao exercício
anterior (Constituição, art. 84, caput, inciso XXIV), para exame e parecer da Comissão Mista permanente
(Cons- tituição, art. 166, § 1°), sob pena de a Câmara dos Deputados realizar a tomada de contas (Constituição,
art. 51, caput, inciso II) em procedimento disciplinado no art. 215 do seu Regimento Interno;
 Mensagem de abertura da sessão legislativa: deve conter o plano de governo, exposição sobre a
situação do país e a solicitação de providências que julgar necessárias (Constituição, art. 84, inciso XI). O
portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da Presidência da República. Esta mensagem difere das
demais, porque vai encadernada e é distribuída a todos os congressistas em forma de livro;
 Comunicação de sanção (com restituição de autógrafos): esta mensagem é dirigida aos Membros do
Con- gresso Nacional, encaminhada por ofício ao Primeiro-Secretário da Casa onde se originaram os
autógrafos. Nela, se informa o número que tomou a lei e se restituem dois exemplares dos três autógrafos
recebidos, nos quais o Presidente da República terá aposto o despacho de sanção;
 Comunicação de veto: dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 66, § 1º), a mensagem
informa sobre a decisão de vetar, se o veto é parcial, quais as disposições vetadas, e as razões do veto. Seu
texto é publicado na íntegra no Diário Oficial da União, ao contrário das demais mensagens, cuja publicação
se restringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo;
 Outras mensagens remetidas ao Legislativo:

 Apreciação de intervenção federal (Constituição, art. 36, § 2º).


 Encaminhamento de atos internacionais que acarretam encargos ou compromissos gravosos
(Constituição, art. 49, caput, inciso I);
 Pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às operações e prestações interestaduais e de exportação
(Constituição, art. 155, § 2°, inciso IV);
 Proposta de fixação de limites globais para o montante da dívida consolidada (Constituição, art. 52, caput,
inciso VI);
 Pedido de autorização para operações financeiras externas (Constituição, art. 52, caput, inciso V);
 Convocação extraordinária do Congresso Nacional (Constituição, art. 57, § 6°);
 Pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da República (Constituição, art. 52, inciso XI, e
LÍNGUA

art. 128, § 2°);


 Pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobilização nacional (Constituição, art. 84, inciso XIX);
 Pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz (Constituição, art. 84, inciso XX);
 Justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua prorrogação (Constituição, art. 136, § 4°);
 Pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Constituição, art. 137);
 Relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único);
213
 Proposta de modificação de projetos de leis que compreendem plano plurianual, diretrizes
orçamentárias, orçamentos anuais e créditos adicionais (Constituição, art. 166, § 5°);
 Pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem despesas correspondentes, em decorrência
de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166, § 8°);
 Pedido de autorização para alienar ou conceder terras públicas com área superior a 2.500 ha (Constituição,
art. 188, § 1°).

 Forma e estrutura

As mensagens contêm:

 Brasão: timbre em relevo branco;


 Identificação do expediente: MENSAGEM Nº, alinhada à margem esquerda, no início do texto;
 Vocativo: alinhado à margem esquerda, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo do
destinatário, com o recuo de parágrafo dado ao texto;
 Texto: iniciado a 2 cm do vocativo;
 Local e data: posicionados a 2 cm do final do texto, alinhados à margem direita.

A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da República, não traz identificação de seu
sig- natário. Exemplo de mensagem:

214
Correio Eletrônico (e-mail)
 Saudação inicial/vocativo

A utilização do e-mail para a comunicação tornou- O texto dos correios eletrônicos deve ser iniciado
-se prática comum, não só em âmbito privado, mas por uma saudação. Quando endereçado para outras
também na administração pública. O termo e-mail instituições, para receptores desconhecidos ou para
pode ser empregado com três sentidos. Dependendo particulares, deve-se utilizar o vocativo conforme
do contexto, pode significar gênero textual, endereço os demais documentos oficiais, ou seja, “Senhor”
eletrônico ou sistema de transmissão de mensagem ou “Senhora”, seguido do cargo respectivo, ou
eletrônica. “Prezado Senhor”, “Prezada Senhora”. Exemplos:
Como gênero textual, o e-mail pode ser conside- Senhor Coordenador,
rado um documento oficial, assim como o ofício. Prezada Senhora,
Por- tanto, deve-se evitar o uso de linguagem
incompatível com uma comunicação oficial.  Fecho
Como endereço eletrônico utilizado pelos
servido- res públicos, o e-mail deve ser oficial,
Atenciosamente é o fecho padrão em
utilizando-se a extensão “.gov.br”, por exemplo.
comunica- ções oficiais. Com o uso do e-mail,
Como sistema de transmissão de mensagens ele-
popularizou-se o uso de abreviações como “Att.”, e
trônicas, por seu baixo custo e celeridade, transfor-
de outros fechos, como “Abraços”, “Saudações”,
mou-se na principal forma de envio e recebimento
que, apesar de ampla- mente usados, não são fechos
de documentos na administração pública.
oficiais e, portanto, não devem ser utilizados em e-
mails profissionais.
 Valor documental O correio eletrônico, em algumas situações, acei-
ta uma saudação inicial e um fecho menos formal.
Nos termos da Medida Provisória nº 2.200-2, de No entanto, a linguagem do texto dos correios
24 de agosto de 2001, para que o e-mail tenha valor eletrônicos deve ser formal, como a que se usaria em
documental, isto é, para que possa ser aceito como qualquer outro documento oficial.
documento original, é necessário existir certificação
digital que ateste a identidade do remetente, segundo  Bloco de texto da assinatura
os parâmetros de integridade, autenticidade e valida-
de jurídica da Infraestrutura de Chaves Públicas Bra- Sugere-se que todas as instituições da administra-
sileira — ICP-Brasil. ção pública adotem um padrão de texto de
O destinatário poderá reconhecer como válido assinatura. A assinatura do e-mail deve conter o
o e-mail sem certificação digital ou com nome completo, o cargo, a unidade, o órgão e o
certificação digital fora ICP-Brasil; contudo, caso telefone do remetente. Exemplo:
haja questiona- mento, será obrigatório a repetição Maria da Silva
do ato por meio documento físico assinado ou por Assessora
meio eletrônico reconhecido pela ICP-Brasil. Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil
Salvo lei específica, não é dado ao ente público (61)XXXX-XXXX.
impor a aceitação de documento eletrônico que não
atenda os parâmetros da ICP-Brasil.
 Anexos
 Forma e estrutura
A possibilidade de anexar documentos, planilhas
e imagens de diversos formatos é uma das vantagens
Um dos atrativos de comunicação por correio do e-mail. A mensagem que encaminha algum
eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não interes- arqui- vo deve trazer informações mínimas sobre o
sa definir padronização da mensagem comunicada. conteú- do do anexo.
No entanto, devem-se observar algumas orientações Antes de enviar um anexo, é preciso avaliar se
quanto à sua estrutura. ele é realmente indispensável e se seria possível
colocá-lo no corpo do correio eletrônico.
 Campo “Assunto” Deve-se evitar o tamanho excessivo e o
reencami- nhamento de anexos nas mensagens de
O assunto deve ser o mais claro e específico pos- resposta.
sível, relacionado ao conteúdo global da mensagem. Os arquivos anexados devem estar em formatos
Assim, quem irá receber a mensagem identificará usuais e que apresentem poucos riscos de segurança.
rapidamente do que se trata; quem a envia poderá, Quando se tratar de documento ainda em discussão,
posteriormente, localizar a mensagem na caixa do os arquivos devem, necessariamente, ser enviados
correio eletrônico. em formato que possa ser editado.
Deve-se assegurar que o assunto reflita claramen-
te o conteúdo completo da mensagem para que não  Recomendações
pareça, ao receptor, que se trata de mensagem não
solicitada/lixo eletrônico. Em vez de “Reunião”, um  Sempre que necessário, deve-se utilizar recur-
assunto mais preciso seria “Agendamento de reunião so de confirmação de leitura. Caso não esteja
LÍNGUA

sobre a Reforma da Previdência”. disponível, deve constar da mensagem pedido


de confirmação de recebimento;
 Local e data  Apesar da imensa lista de fontes disponíveis
nos computadores, mantêm-se a recomenda-
São desnecessários no corpo da mensagem, uma ção de tipo de fonte, tamanho e cor dos docu-
vez que o próprio sistema apresenta essa informação. mentos oficiais: Calibri ou Carlito, tamanho 12,
cor preta; 215
 Fundo ou papéis de parede eletrônicos não devem ser utilizados, pois não são apropriados para mensagens
profissionais, além de sobrecarregar o tamanho da mensagem eletrônica;
 A mensagem do correio eletrônico deve ser revisada com o mesmo cuidado com que se revisam outros
documentos oficiais;
 O texto profissional dispensa manifestações emocionais. Por isso, ícones e emoticons não devem ser
utilizados;
 Os textos das mensagens eletrônicas não podem ser redigidos com abreviações como “vc”, “pq”, usuais das
conversas na internet, ou neologismos, como “naum”, “eh”, “aki”;
 Não se deve utilizar texto em caixa alta para destaques de palavras ou trechos da mensagem pois denota
agressividade de parte do emissor da comunicação.
 Evite-se o uso de imagens no corpo do e-mail, inclusive das Armas da República Federativa do Brasil e
de logotipos do ente público junto ao texto da assinatura.
 Não devem ser remetidas mensagem com tamanho total que possa exceder a capacidade do servidor do
destinatário.

ADEQUAÇÃO DO FORMATO DO TEXTO AO GÊNERO

Ata12

Ata é o resumo escrito dos fatos e decisões de uma assembleia, sessão ou reunião para um determinado fim.

 Normas

Geralmente, as atas são transcritas à mão pelo secretário, em livro próprio, que deve conter um termo de
aber- tura e um termo de encerramento, assinados pela autoridade máxima da entidade ou por quem receber
daquela autoridade delegação de poderes para tanto; esta também deverá numerar e rubricar todas as folhas do
livro.
Como a ata é um documento de valor jurídico, deve ser lavrada de tal forma, que nada lhe poderá ser
acrescen- tado ou modificado. Se houver engano, o secretário escreverá a expressão “digo”, retificando o
pensamento. Se o engano for notado no final da ata, escrever-se-á a expressão — “Em tempo: Onde se lê...,
leia-se...”.
Nas atas, os números devem ser escritos por extenso, evitando-se também as abreviações. As atas são redigi-
das sem se deixarem espaços ou parágrafos. a fim de se evitarem acréscimos.
O tempo verbal preferencialmente utilizado na ata é o pretérito perfeito do indicativo.
Quanto à assinatura, deverão fazê-lo todas as pessoas presentes ou, quando deliberado, apenas o presidente
e o secretário.
Permite-se também a transcrição da ata em folhas digitadas, desde que as mesmas sejam convenientemente
arquivadas, impossibilitando fraude.
Em casos muito especiais, usam-se formulários já impressos, como os das seções eleitorais.

Atestado Comércio de Peças 24 horas Ltda.

Atestado é o documento firmado por uma pessoa favor de outra, atestando a verdade a respeito de
DATA/HORA
determina- do fato.E LOCAL - Aos vinte
As repartições de abril
públicas, emde 2.002,
razão de às
suadez horas, na
natureza, sede da sociedade,
fornecem atestados, na rua declarações.
e não Esmeralda nº
280, Bairro Pedralina, em Pedra Azul, em (nome do Estado), CEP 30.220.060;
O atestado difere da certidão, porque, enquanto esta prova fatos permanentes, aquele se refere PRESENÇA – asócios
fatos
representando mais de ¾ do capital social; COMPOSIÇÃO DA MESA – FULANO DE TAL, presidente e
transitórios.
BELTRANO DE TAL, secretário; PUBLICAÇÕES – anúncio de convocação, no (órgão oficial do Estado) e no
(jornal de grande circulação), nas edições de 10, 11 e 12 do corrente mês, às fls ... e.., respectivamente;
 Como fazer:
ORDEM DO DIA - tomar as contas dos administradores e deliberar sobre o balanço patrimonial e o de
resultado econômico;
O Atestado, DELIBERAÇÕES
geralmente, é fornecido por– alguémapós a leitura dos documentos
que exerce posição de cargomencionados
superior na
ou ordem doda
igual ao dia, que
pessoa
foram
que estácolocados
pedindo oàatestado;
disposição de todos os sócios, trinta dias antes, conforme recibo, postos em discussão e
votação, foram aprovados sem reservas e restrições; ENCERRAMENTO E APROVAÇÃO DA ATA.
216 Terminados
12 Disponível em:os trabalhos, inexistindo qualquer outra manifestação,
https://www.uepa.br/sites/default/files/1_manual_do_pae.pdf. lavrou-se
Acesso em: a presente ata que, lida, foi
17 jan. 2022.
aprovada e assinada por todos os sócios.

BeltranodeTal,SicranodeTal,FulanodeTal,Filmandodetal,OrlandodeTal,CapistranodeTa
l.
O papel do atestado deve conter carimbo ou timbre da entidade que o expede;
O atestado costuma ser escrito em atendimento à solicitação do interessado;

 A redação de um atestado apresenta a seguinte ordem:

Título, ou seja, a palavra ATESTADO em maiúsculas;


Nome e identificação da pessoa que emite (que pode ser escrito no final, após a assinatura) e o nome e identi-
ficação da pessoa que solicitou;
Texto, sempre resumido, claro e preciso, contendo o que se está confirmando ou negando;
Assinatura, nome e cargo ou função de quem atesta.

Circular
Secretaria de Segurança Pública
Circular é o meio de correspondência pelo qual alguém se dirige, ao mesmo tempo, a várias repartições ou
ATESTADO NaDE BONS

LÍNGUA
pessoas. É, portanto, correspondência multidirecional. circular, não consta destinatário, pois ela não é
ANTECEDENTES
unidi- recional, e o endereçamento vai no envelope.

Atestamos para os devidos fins que o Sr. Adelmiro Floresta, residente nesta cidade na Rua
Fagundes Sobrinho, 123, CIRCULAR GERAL Nºé58,
Bairro Sobradinho, Portode
pessoa Alegre,
bons 17 de dezembronada
antecedentes, de constando em nossos
1998. 217
ar- quivos, até a presente data, que venha a desabonar sua conduta.

São Paulo, 9 de setembro de 2009.


ASSUNTO: Obras no Estacionamento

Roberto
Entre os dias X e Y o setor de estacionamento da Acme Com. Ltda. passará por obras de
Dagoberto
reforma estrutural, de modo a melhorar o serviço prestado aos funcionários. Durante este
período, o local estará interditado sendo liberado o uso do pátio dos fundos para guarda dos
veículos.
Roberto Dagoberto
Atenciosamente,
Escrivão DE Polícia da 17ª

Fulano de Tal
Fulano de Tal
Diretor-Geral de
Declaração

Declaração é um documento que se assemelha ao atestado, mas que não deve ser expedido por órgãos
públicos. É um documento em que se manifesta uma opinião, conceito, resolução ou observação.
Compõe-se de:

 Título: DECLARAÇÃO;
 Texto: nome do declarante — identificação pessoal ou profissional (ou ambas, residência, domicílio, finalidade
e exposição de assunto;
 Local e data;
 Assinatura (e identificação do signatário).

Requerimentos
DECLARAÇÃO
Requerimentos são instrumentos utilizados para os mais diferentes tipos de solicitações às autoridades ou
órgãos públicos. A seguir, apresentamos um modelo, que pode ser adaptado para os diferentes casos.
Declaro,observar
Nele, podemos para os devidos fins,
as seguintes que Mulher Maravilha, brasileira, solteira, amazonense,
partes:
natural do município de Itacoatiara, nascida em 28 de fevereiro de 1986, filha de Batman e de Super
Girl, etrabalhou
 Nome na do
qualificação Liga da Justiça no período de 1999 a 2006, exercendo com correção,
requerente;
responsabilidade e competência a função de heroína para a qual está devidamente qualificada,
 Exposição e solicitação;
conforme currículo anexo.
 Pedido de deferimento;
 Local e data;
 Assinatura.

Manaus,
EXCELENTÍSSIMO SENHOR 20 de abril
PRESIDENTE de
DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO
218 2007.
BRASIL.

9 - 40/1
A Com FOCO Virtual, representada pelo Sr. João Paulo Silva, Gerente Comer-
ClarkKent
cial, vem, mui respeitosamente, requerer a Vossa Excelência que se digne declará-la de uti-
lidade pública federal, na conformidade da Lei n° 91, de 28 de agosto de 1935 e Decreto n°
50.517, de 02 de maio de 1961, para o que, anexa ao presente, os documentos exigidos pela lei.
Super Homem

Termos em que
pede deferimento.
Brasília, 25 de setembro de 2006.

João Paulo Silva


Gerente Comercial
Importante!
Não é obrigatória a assinatura do presidente nos requerimentos apresentados como modelo, podendo fazê-lo os seus prepost

Relatório

É modalidade de comunicação pela qual se faz a narração ou descrição, ordenada e mais ou menos minuciosa,
daquilo que se viu, ouviu ou observou.
Compõe-se de:

 Título: relatório, seguido do objeto do trabalho (letras maiúsculas);


 Vocativo: relatório, seguido do objeto do trabalho (letras maiúsculas);
 Introdução: apresentação do observador e do fato observado;
 Texto: exposição cronológica do fato observado;
 Fecho;
 Local e data;
 Assinatura (e identificação do signatário).

RELATÓRIO DO CURSO DE INTELIGÊNCIA POLICIAL NO COMBATE AO NARCOTRÁFICO

Senhor Superintendente Regional do Departamento de Polícia Federal do Distrito Federal – SR/


DPF/DF,

No período de 6 a 10 de novembro de 2006 foi realizado o Curso de Inteligência Policial no Combate


ao Narcotráfico para policiais do MERCOSUL e países Associados, oferecido pela Academia Nacional de
Polícia (ANP), sob supervisão do Centro de Coordenação de Capacitação Policial do MERCOSUL (CCCP).
O evento ocorreu na Academia Nacional de Polícia em Brasília/Brasil, e contou com a participação de
22 alunos do MERCOSUL, sendo: (6) da Argentina; (1) do Chile; (1) do Uruguai; (2) da Venezuela e (12) do
Brasil. Na cerimônia de abertura estiveram presentes autoridades da Polícia Federal,
como:
o diretor de Inteligência Policial, DPF RENATO HALFEN DA PORCIÚNCULA; o diretor da
Academia Nacional de Polícia, DPF VALDINHO JACINTO CAETANO; o coordenador de Polícia
Criminal Internacional, DPF ALBERTO LASSERRE KRATZ FILHO; além desta signatária;
Também estiveram presentes: o diretor do Centro de Coordenação de Capacitação Policial do Mercosul,
Coronel Hugo Greca, da Argentina; o Sr. Hector Daniel Pujol, da Polícia Federal Argentina; Carlos Gabriel
Heredia, da Polícia de Segurança Aeroportuária da Argentina; o representante da Venezuela, Nino Gonzalez
Suarez, do Ministério do Interior. E ainda, o Sr. Maikel Trento, da Assessoria Internacional do Ministério da
Justiça do Brasil. Discursaram na cerimônia a oficial de ligação do Brasil junto ao CCCP, DPF Mirânjela
M. B. Leite, que destacou as atividades a serem instituídas pelo centro; também o Diretor do
Centro, Cel. Hugo Greca; o diretor da ANP; e o diretor de Inteligência Policial. Todos destacaram a
importância da integração entre as forças de segurança pública do MERCOSUL e países associados,
como fundamental para buscar a eficácia no combate a criminalidade em todos os países.
Logo após a cerimônia de abertura do curso, o diretor da Diretoria de Combate
ao Crime Organizado, Delegado de Polícia Federal, Getúlio Bezerra dos Santos,
proferiu palestra, de uma hora, abordando o tema: Crime Organizado no Mercosul.
Na cerimônia de encerramento estiveram presentes, o diretor da Academia Nacional de Polícia, DPF
Valdinho Jacinto Caetano; o representante da Argentina Omar Aníbal Tabares; o oficial de ligação do
Chile Armando Muñoz Moreno; o representante da Venezuela, Nino Gonzalez Suarez; além desta
signatária.
Nos discursos de encerramento, foi destacada a importância de se fortalecer o Centro de
Coordenação e Capacitação Policial do MERCOSUL, para que se realizem os eventos de
capacitação continuada das forças de segurança e/ou policiais, enviando participantes, o que criará uma
rede integrada de pessoas, o que certamente reforçará o efetivo para o combate ao crime organizado
nos nossos países. Ao final foram entregues certificados a
todos os participantes.
Brasília, 3 de janeiro de 2007.

Mariângela Margarida da Nata Leite


LÍNGUA

Mariângela Margarida da Nata Leite


Delegada da 89ª Delegacia de Chapecó -
AC
219
Parecer

A forma de comunicação pela qual um especialista emite uma opinião fundamentada sobre determinado
assunto.

 Vocativo;
 Identificação do especialista;
 Introdução — apresentação do assunto;
 Texto — exposição de opinião e seu fundamento;
 Local e data;
 Assinatura (e identificação do signatário).

Ref. Ação 001/1.01.0000000-0

Sr. Juiz,

Nomeado Perito na ação número 001/1.01.0000000-0, em que são partes Engênio Da Silva Civil, como Autor,
e Réunaldo Culpaldo , como Réu, venho trazer aos autos o Laudo Pericial produzido.
Introdução
A Perícia buscou identificar as características físicas e o valor de locação para o imóvel em questão,
situado a Rua Xavante Xexeu, 999, no bairro Xaxambu, em Cidade Caxumba Paulista .
Vistoria
A vistoria ao imóvel objeto desta ação foi realizada no dia 31 de março, às 9h, na presença do Réu e dos
procuradores das partes, Dr. Causídico Leal e Dr. Jurisprudêncio Legal.
Na ocasião foram examinadas as construções, avaliando-se o estado de conservação, e foram
tomadas medidas para identificar as áreas construídas com registro fotográfico e croqui do imóvel.
O terreno tem dimensões de 12m x 32m e área de 384m2. Verificou-se que existem duas construções
(identificadasnesse Laudocomo Casa Ae Casa B). Pode-sedizerquesãoduasconstruções, poissãoindependentes,
embora compartilhem parte de área coberta (área de serviço). A construção principal (Casa A) tem 106,40
m2 no total, sendo 63,00m2 referentes ao projeto original (fls. 28 dos autos em apenso – referentes à ação
número 1000000000-1), com acréscimos posteriores. A outra construção (Casa B) tem 31,20m2. A área total
construída é de 137,60m2, aproximando-se da área apontada pela Prefeitura Municipal a fls. 25 dos mesmos
autos em apenso.
Concluindo esse laudo pericial, ressalto as principais questões abordadas: (a) no terreno
da matrícula MA 8875H (Anexo I) existe uma área construída de 137,60m2 composta por
duas casas, uma em madeira e outra em alvenaria (Fotografias 1 e 2, Tabela 1); e (b) o valor
de locativo mensal adequado para essas construções é de R$ 400,00 (quatrocentos reais).

Para apreciação de V. Exa.,


Respeitosamente,
Cidade, 7 de abril de 2008.

Eugênio Da Silva Civil


Profissional
Engenheiro Civil

É muito importante deixar claro que o Decreto nº 9.758, de 11 de abril de 2019, não alterou o Manual
de Redação da Presidência da República. “O Decreto dispõe sobre a forma de tratamento empregada na comu-
nicação, oral ou escrita, com agentes públicos da administração pública federal direta e indireta, e sobre a
forma de endereçamento de comunicações escritas a eles dirigidas.” Isso significa que serão novas regras
aplicadas às redações oficiais realizadas a partir dessa data apenas entre os agentes do Poder Executivo
Federal.
Comunicações destinadas aos outros poderes permanecem segundo o MRPR. Logo, só implicará alteração
em provas de concurso caso o edital traga orientações que orientem sobre as mudanças pertinentes a esse
decreto, indicando claramente que serão cobradas as legislações correlatas ou especificando o Decreto nº
9.758, de 11 de abril de 2019. Do contrário, valem unicamente as determinações que estão no Manual.
Tendo esclarecido isso, vamos à mudança em si.
Observa-se que as alterações se aplicam claramente às formas de emprego dos pronomes de tratamento.

DECRETO Nº 9.758, DE 11 DE ABRIL DE 2019

Dispõe sobre a forma de tratamento e de endereçamento nas comunicações com agentes públicos da
administração pública federal.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso VI, alínea “a”, da
Constituição, DECRETA:

220
Objeto e Âmbito de Aplicação

Art. 1º Este Decreto dispõe sobre a forma de tratamento empregada na comunicação, oral ou escrita, com
agentes públicos da administração pública federal direta e indireta (nota: os agentes do Poder Executivo
Federal), e sobre a forma de endereçamento de comunicações escritas a eles dirigidas.
§ 1º O disposto neste Decreto aplica-se às cerimônias das quais o agente público federal participe.
§ 2º Aplica-se o disposto neste Decreto:
1. aos servidores públicos ocupantes de cargo efetivo;
2. aos militares das Forças Armadas ou das forças auxiliares;
3. aos empregados públicos;
4. ao pessoal temporário;
5. aos empregados, aos conselheiros, aos diretores e aos presidentes de empresas públicas e sociedades de
economia mista;
6. aos empregados terceirizados que exercem atividades diretamente para os entes da administração pública federal;
7. aos ocupantes de cargos em comissão e de funções de confiança;
8. às autoridades públicas de qualquer nível hierárquico, incluídos os Ministros de Estado; e
9. ao Vice-Presidente e ao Presidente da República.
§ 3º Este Decreto não se aplica:
1. às comunicações entre agentes públicos federais e autoridades estrangeiras ou de organismos internacionais; e
2. às comunicações entre agentes públicos da administração pública federal e agentes públicos do Poder
Judiciário, do Poder Legislativo, do Tribunal de Contas, da Defensoria Pública, do Ministério Público ou de
outros entes fede- rativos, na hipótese de exigência de tratamento especial pela outra parte, com base em norma
aplicável ao órgão, à entidade ou aos ocupantes dos cargos.

Pronome de Tratamento Adequado

Art. 2º O único pronome de tratamento utilizado na comunicação com agentes públicos federais é “senhor”,
independentemente do nível hierárquico, da natureza do cargo ou da função ou da ocasião.
Parágrafo único. O pronome de tratamento é flexionado para o feminino e para o plural.

Formas de Tratamento Vedadas

Art. 3º É vedado na comunicação com agentes públicos federais o uso das formas de tratamento, ainda que
abreviadas:
1. Vossa Excelência ou Excelentíssimo;
2. Vossa Senhoria;
3. Vossa Magnificência;
4. doutor;
5. ilustre ou ilustríssimo;
6. digno ou digníssimo; e
7. respeitável.
§ 1º O agente público federal que exigir o uso dos pronomes de tratamento de que trata o caput, mediante invocação
de normas especiais referentes ao cargo ou carreira, deverá tratar o interlocutor do mesmo modo.
§ 2º É vedado negar a realização de ato administrativo ou admoestar o interlocutor nos autos do expediente caso haja
erro na forma de tratamento empregada.

Endereçamento de Comunicações

Art. 4º O endereçamento das comunicações dirigidas a agentes públicos federais não conterá pronome de tratamen-
to ou o nome do agente público.
Parágrafo único. Poderão constar o pronome de tratamento, na forma deste Decreto, e o nome do destinatário nas
hipóteses de:
1. a mera indicação do cargo ou da função e do setor da administração ser insuficiente para a identificação do desti-
natário; ou
2. a correspondência ser dirigida à pessoa de agente público específico.

Vigência

Art. 5º Este Decreto entra em vigor em 1º de maio de 2019.


Brasília, 11 de abril de 2019; 198º da Independência e 131º da República.
JAIR MESSIAS BOLSONARO
LÍNGUA

EXERCÍCIO COMENTADO
1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Com base no disposto no Manual de Redação da Presidência da República, julgue o item
seguinte.
Os trechos a seguir apresentados estão adequados para compor um ofício a ser enviado pelo INSS a um particular.
221
Brasília, 2 de fevereiro de
2016.
Ao Digníssimo Senhor
Pedro Albuquerque
SQS 1016, bloco Z, ap.
001 70.000-900 – Brasília
– DF

Assunto: Concessão de aposentadoria


(…)

( ) CERTO ( ) ERRADO

Em primeiro lugar, não há indicação de tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que o expede; isso
é essencial em documentos oficiais. Além disso, o tratamento “Digníssimo” foi abolido da comunicação oficial,
não devendo ser usado. O modo de fechamento do documento também está inadequado: “respeitosamente”
deve ser usado apenas para destinatário hierarquicamente superior ao emissor da comunicação, o que não
acontece nesse caso. Nas correspondências oficiais da Administração Pública para particulares, o fecho
correto é “aten- ciosamente”. Resposta: Errado.

HORA DE PRATICAR!
1. (CESPE-CEBRASPE — 2021)

Texto CB1A1-I

Tradicionalmente, as conquistas democráticas nas sociedades modernas estiveram associadas à organização de


movimentos sociais que buscavam a expansão da cidadania. Foi assim durante as revoluções burguesas clássicas
nos séculos XVII e XVIII. Também a organização dos trabalhadores industriais nos séculos XIX e XX foi responsável
pela ampliação dos direitos civis e sociais nas democracias liberais do Ocidente. De igual maneira, as demandas dos
chamados novos movimentos sociais, nos anos 70 e 80 do século XX, foram responsáveis pelo reconhecimento dos
direitos das minorias sociais (grupos étnicos minoritários, mulheres, homossexuais) nas sociedades contemporâneas.
Em todos esses casos, os espaços privilegiados das ações dos grupos organizados eram os Estados nacionais,
espa- ços privilegiados de exercício da cidadania. Contudo, a expansão do conjunto de transformações
socioculturais, tec- nológicas e econômicas, conhecido como globalização, nas últimas décadas, tem limitado de
forma significativa os poderes e a autonomia dos Estados (pelo menos os dos países periféricos), os quais se
tornam reféns da lógica do mercado em uma época de extraordinária volatilidade dos capitais.

Manoel Carlos Mendonça Filho et al. Polícia, direitos humanos e educação para a cidadania. Internet: <corteidh.or.cr> (com adaptações).

Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, julgue o seguinte item.
No final do segundo parágrafo, a substituição do termo “os quais” por onde manteria a correção gramatical e o sentido
do texto.

( ) CERTO ( ) ERRADO

2. (CESPE-CEBRASPE — 2021)

Fernando arrancou o paletó no auge da impaciência e perguntou com voz esganiçada se eu pretendia ficar a noite
inteira ali de estátua enquanto ele teria que encher o tanque naquela escuridão de merda porque ninguém lhe
passava o raio da lanterna.
— Onde está a lanterna?
— Mas onde poderia estar a lanterna senão no porta-luvas, a princesa esqueceu?
Através do vidro, a estrela maior (Vênus) pulsava reflexos azuis. Gostaria de estar numa nave, mas com o motor
desli- gado, sem ruído, sem nada. Quieta. Ou neste carro silencioso mas sem ele. Já fazia algum tempo que eu
queria estar sem ele, mesmo com o problema de ter acabado a gasolina.
— As coisas ficariam mais fáceis se você fosse menos grosso — eu disse, entreabrindo a mão e experimentando a
lanterna no pedregulho que achei na estrada.
— Está bem, minha princesa, se não for muito incômodo, será que poderia me passar a lanterninha?
222
Quando me lembro dessa noite (e estou sempre lem- os fatores históricos que produziram a f
brando) me vejo repartida em dois momentos: antes supremacia científica norte-americana se a
e depois. Antes, as pequenas palavras, os pequenos tivessem verificado, por exemplo, na Holanda, o ç
gestos, os pequenos amores culminados nesse Fer- holandês nos estaria servin- do exatamente tão a
nando, aventura medíocre de gozo breve e convivên- bem quanto o inglês o faz agora. Não há no m
cia comprida. Se ao menos ele não fizesse aquela inglês traços estruturais intrínsecos que o
voz para perguntar se por acaso alguém tinha levado a s
sua caneta. Se por acaso alguém tinha pensado em u
com- prar um novo fio dental, este estava no fim. Não p
está, respondi, é que ele se enredou lá dentro, se a e
gente tirar esta plaqueta (tentei levantar a plaqueta) a ri
gente vê que o rolo está inteiro mas enredado e o
quando o fio se enreda desse jeito, nunca mais!, r
melhor jogar fora e começar outro rolo. Não joguei. a
Anos e anos ten- tando desenredar o fio impossível, o
medo da solidão? Medo de me encontrar quando tão h
ardentemente me buscava? o
l
Lygia Fagundes Telles. Noturno Amarelo. In: Mistérios. Rio de
a
Janeiro: Nova Fronteira, 1981 (com
n
adaptações).
d
ê
s
Julgue o item seguinte, relativos aos sentidos e a c
aspectos linguísticos do texto precedente. o
Os sentidos originais e a correção gramatical do m
texto seriam preservados se o vocábulo “esganiçada” o
fosse substituído por estridente. lí
n
g
( ) CERTO ( ) ERRADO
u
a
Texto 14A1-I, para as questões 3, 4, 5, 6 e 7
a
d
As línguas são, de certo ponto de vista, totalmen-
e
te equivalentes quanto ao que podem expressar, e o
q
fazem com igual facilidade (embora lançando mão
u
de recursos bem diferentes). Entretanto, dois fatores
a
dificultam a aplicação de algumas línguas a certos
d
assuntos: um, objetivo, a deficiência de vocabulário;
a
outro, subjetivo, a existência de preconceitos.
à
É preciso saber distinguir claramente os méritos e
de uma língua dos méritos (culturais, científicos ou x
literários) daquilo que ela serve para expressar. Por p
exemplo, se a literatura francesa é particularmente r
importante, isso não quer dizer que a língua francesa e
seja superior às outras línguas para a expressão lite- s
rária. O desenvolvimento de uma literatura é decorrên- s
cia de fatores históricos independentes da estrutura ã
da língua; a qualidade da literatura francesa diz algo o
dos méritos da cultura dos povos de língua francesa, d
não de uma imaginária vantagem literária de se utili- e
zar o francês como veículo de expressão. Victor c
Hugo poderia ter sido tão importante quanto foi o
mesmo se falasse outra língua — desde que n
pertencesse a uma cultura equivalente, em grau de c
adiantamento, riqueza de tradição intelectual etc., à e
cultura francesa de seu tempo. it
o
Igualmente, sabe-se que a maior fonte de trabalhos
s
científicos da contemporaneidade são as institui-
c
ções e os pesquisadores norte-americanos; isso fez
i
do inglês a íngua científica internacional. Todavia, se
e
ntíficos. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Não se conhece caso em que o desenvolvimento da
superioridade literária ou científica de um povo possa ser
claramente atribuído à qualidade da língua desse povo. Ao
contrário, as grandes literaturas e os grandes movimentos
científicos surgem nas grandes nações (as mais ricas, as
mais livres de restrições ao pensa- mento e também — ai
de nós! — as mais poderosas política e militarmente). O
desenvolvimento dos diver- sos aspectos materiais e
culturais de uma nação se dá mais ou menos
harmoniosamente; a ciência e a arte são também produtos
da riqueza e da estabilidade de uma sociedade.
O maior perigo que correm as línguas, hoje em dia, é o de
não desenvolverem vocabulário técnico e cien- tífico
suficiente para acompanhar a corrida tecnoló- gica. Se a
defasagem chegar a ser muito grande, os próprios falantes
acabarão optando por utilizar uma língua estrangeira ao
tratarem de assuntos científicos e técnicos.

Mário A. Perini. O rock português (a melhor língua para fazer


ciência). In: Ciência Hoje, 1994 (com adaptações).

3. (CESPE-CEBRASPE — 2021) Considerando os sentidos e os


aspectos linguísticos do texto 14A1-I, julgue o item a
seguir.
O vocábulo “suficiente” é sinônimo de bastante.

( ) CERTO ( ) ERRADO

4. (CESPE-CEBRASPE — 2021) Considerando os senti- dos e


os aspectos linguísticos do texto 14A1-I, julgue o item a
seguir.
No último parágrafo, o verbo correr está empregado com
sentido denotativo.

( ) CERTO ( ) ERRADO

5. (CESPE-CEBRASPE — 2021) A respeito dos aspectos


gramaticais do texto 14A1-I, julgue o item a seguir.
No parágrafo, o trecho “em grau de adiantamento, riqueza
de tradição intelectual etc.” está entre vírgulas porque se
encontra intercalado entre o termo “equiva- lente” e seu
complemento nominal.

( ) CERTO ( ) ERRADO

6. (CESPE-CEBRASPE — 2021) A respeito dos aspectos


gramaticais do texto 14A1-I, julgue o item a seguir.
No parágrafo, o vocábulo “produtos” está flexionado no
plural porque concorda com o sujeito composto “a ciência
e a arte”.

( ) CERTO ( ) ERRADO

7. (CESPE-CEBRASPE — 2021) No parágrafo, o pronome


“isso” retoma a ideia veiculada pelo trecho “Igualmen- te,
sabe-se que a maior fonte de trabalhos científicos da
contemporaneidade são as instituições e os pes-
quisadores norte-americanos”.
223

LÍNGUA
8. (CESPE-CEBRASPE — 2021) Glossário

Quem sou eu?

Se negro sou, ou sou bode, Pouco


importa. O que isto pode?
224 Bodes há de toda a casta, Pois que a
espécie é muita vasta...
Há cinzentos, há rajados, Baios,
pampas e malhados, Bodes negros,
bodes brancos, E, sejamos todos
francos,
Uns plebeus, e outros nobres, Bodes
ricos, bodes pobres, Bodes sábios,
importantes, E também alguns
tratantes...
Aqui, nesta boa terra, Marram todos,
tudo berra; Nobres Condes e
Duquesas, Ricas Damas e Marquesas,
Deputados, senadores, Gentis-homens,
vereadores; Belas Damas emproadas,
De nobreza empantufadas;
Repimpados principotes, Orgulhosos
fidalgotes,
Frades, Bispos, Cardeais, Fanfarrões imperiais.
Gentes pobres, nobres gentes, Em todos
há meus parentes.
Entre a brava militança Fulge e brilha
alta bodança; Guardas, Cabos,
Furriéis, Brigadeiros, Coronéis,
Destemidos Marechais, Rutilantes
Generais, Capitães de mar e guerra,
— Tudo marra, tudo berra — Na
suprema eternidade, Onde habita a
Divindade, Bodes há santificados,
Que por nós são adorados. Entre o
coro dos Anjinhos
Também há muitos bodinhos.
O amante de Siringa Tinha pelo e
má catinga;
O deus Midas, pelas contas, Na
cabeça tinha pontas; Jove quando foi
menino, Chupitou leite caprino;
E, segundo o antigo mito, Também
Fauno foi cabrito. Nos domínios de
Plutão, Guarda um bode o Alcorão; Nos
lundus e nas modinhas São cantadas as
bodinhas: Pois se todos têm rabicho,
Para que tanto capricho?
Haja paz, haja alegria, Folgue e
brinque a bodaria; Cesse, pois, a
matinada, Porque tudo é bodarrada.

Luís Gama. Quem sou eu? In: Sílvio Romero. História da literatura
brasileira.

Rio de Janeiro: Garnier, 1888. Internet: <www.brasiliana.usp.br> (com


adaptações).
S ersonagem da mitologia grega, rei da menores que fazeres fora de hora meu avô me queria
i Frígia. Jove: ou Júpiter, ou Zeus, deus dos com a cara metida nas coisas que as suas mãos
r deuses e dos homens. Fauno: deus romano manejavam. Era o seu jeito mais congruente de me
i protetor dos pastores e rebanhos. Plutão: ou passar o afeto cala- do de sua companhia, e ao
n Hades, deus que possuía as chaves do rei- mesmo tempo me adestrar na sabedoria que
g no dos mortos. apanhara dos antepassados rurais: pequenos
a Com relação a aspectos linguísticos do conhecimentos cristalizados em hábitos recorrentes
: poema Quem sou eu?, anteriormente que eram exercidos todos os dias no ama- nho da terra
apresentado, julgue os próxi- mos itens. e no cultivo dos animais, com a entranha- da
b Do 5.º ao 7.º verso e do 9.º ao 11.º verso, o naturalidade de quem já nasceu posseiro de seus
e poeta constrói, em cada verso, uma segredos e de sua magia. Além de lavrar no Engenho
l descrição baseada em adjetivos antônimos Murituba os bens de consumo que abasteciam a sua
í entre si. gente, meu avô ainda tinha o domínio razoável de
s todos os pequenos ofícios necessários ao bom anda-
s ( ) CERTO ( ) ERRADO mento de sua produção.
i
Francisco J. C. Dantas. Coivara da memória. São Paulo: Esta-
m 9. (CESPE-CEBRASPE — 2019) ção Liberdade, 1991, p. 174.
a
Catar feijão
n
i
Catar feijão se limita com
n
escrever: joga-se os grãos
f
na água do alguidar e as
a
palavras na folha de
papel;
d
e depois, joga-se fora o que
a
boiar. Certo, toda palavra
á boiará no papel, água
g congelada, por chumbo seu
u verbo: pois para catar esse
a feijão, soprar nele, e jogar
fora o leve e oco, palha e
n eco.
a Ora, nesse catar feijão
entra um risco: o de que
m entre os grãos pesados
i entre um grão qualquer,
t pedra ou indigesto, um grão
o imastigável, de quebrar
l dente. Certo não, quando ao
o catar palavras:
g a pedra dá à frase seu grão
i mais vivo: obstrui a leitura
a fluviante, flutual, açula a
atenção, isca-a como o
c risco.
l
á João Cabral de Melo Neto. A educação pela pedra. Rio de
s Janeiro:
Nova Fronteira, 1997.
s
i
c Considerando as propriedades linguísticas
a e os senti- dos do poema precedente,
. julgue o item.
Haja vista as situações apresentadas no
M poema, a expressão “catar feijão” tem
i tanto sentido denotativo quanto
d conotativo.
a
s ( ) CERTO ( ) ERRADO
:

p Texto para as questões 10 e 11


De tanto pegadio com o neto, até nos
10. (CESPE-CEBRASPE — 2019) Com relação às proprie- A
dades linguísticas do texto apresentado, julgue o item 12. (CESPE-CEBRASPE — 2021) Com relação às v
que se segue. ideias e aos aspectos linguísticos do texto ír
precedente, julgue o item a seguir. g
A palavra “magia” está empregada no texto com senti-
do denotativo. u
l
( ) CERTO ( ) ERRADO a
e
11. (CESPE-CEBRASPE — 2021) Com relação às proprie- m
dades linguísticas do texto apresentado, julgue o item p
que se segue. r
e
No trecho “pequenos ofícios necessários ao bom g
andamento de sua produção”, o emprego de “ao” indi- a
ca a presença de preposição a, exigida pela regência d
de “necessários”, e artigo definido masculino singular a
o, que antecede “bom andamento”. l
o
( ) CERTO ( ) ERRADO g
o
Texto para as questões 12, 13, 14, 15 e 16 a
p
Oh, Deus, meu Deus, que misérias e enganos não ó
expe- rimentei, quando simples criança me s
propunham vida reta e obediência aos mestres, a fim “
de mais tarde bri- lhar no mundo e me ilustrar nas E
artes da língua, servil instrumento da ambição e da n
cobiça dos homens. c
Fui mandado à escola para aprender as primeiras letras, o
cuja utilidade eu, infeliz, ignorava. Todavia, batiam-me se n
no estudo me deixava levar pela preguiça. As tr
pessoas grandes louvavam esta severidade. Muitos e
dos nos- sos predecessores na vida tinham traçado i”
estas vias dolorosas, por onde éramos obrigados a é
caminhar, mul- tiplicando os trabalhos e as dores aos d
filhos de Adão. Encontrei, porém, Senhor, homens que e
Vos imploravam, e deles aprendi, na medida em que u
me foi possível, que éreis alguma coisa de grande e s
que podíeis, apesar de invisível aos sentidos, ouvir- o
nos e socorrer-nos. f
Ainda menino, comecei a rezar-Vos como a “meu auxí- a
lio e refúgio”, desembaraçando-me das peias da língua c
para Vos invocar. Embora criança, mas com ardente u
fervor, pedia-Vos que na escola não fosse açoitado. lt
a
Quando me não atendíeis — “o que era para meu pro-
ti
veito” —, as pessoas mais velhas e até os meus pró-
v
prios pais, que, afinal, me não desejavam mal, riam-se
o
dos açoites — o meu maior e mais penoso suplício.
,
Contudo, pecava por negligência, escrevendo, lendo p
e aprendendo as lições com menos cuidado do que o
de nós exigiam. Senhor, não era a memória ou a rt
inteligên- cia que me faltavam, pois me dotastes com o a
suficien- te para aquela idade. n
Mas gostava de jogar, e aqueles que me castigavam t
procediam de modo idêntico! As ninharias, porém, o
dos homens chamam-se negócios; e as dos meninos, a
sen- do da mesma natureza, são punidas pelos s
grandes, sem que ninguém se compadeça da criança, u
nem do homem, nem de ambos. a
s
Santo Agostinho. Confissões. Montecristo Editora. Edição do Kindle, u
p. 23-24 (com adaptações). p
ressão seria gramatical- mente correta no texto. levantes acima da obs- curidade comum. (...)

( ) CERTO ( ) ERRADO

13. (CESPE-CEBRASPE — 2021) Com relação às ideias e aos


aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item a
seguir.
No parágrafo, o trecho “a fim de mais tarde brilhar no
mundo e me ilustrar nas artes da língua” indica um objetivo
a ser alcançado a partir de uma vida reta e da obediência
aos mestres.

( ) CERTO ( ) ERRADO

14. (CESPE-CEBRASPE — 2021) Com relação às ideias e aos


aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item a
seguir.
Infere-se do trecho “Embora criança, mas com ardente fervor”
a ideia de que não é uma característica comum às crianças
rezar fervorosamente.

( ) CERTO ( ) ERRADO

15. (CESPE-CEBRASPE — 2021) Com relação às ideias e aos


aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item a
seguir.
Depreende-se do quarto parágrafo que o narrador se
ressentia de Deus quando não era atendido em suas
orações, sendo tal ressentimento descrito no texto como o
maior e mais penoso suplício do narrador.

( ) CERTO ( ) ERRADO

16. (CESPE-CEBRASPE — 2021) Com relação às ideias e aos


aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item a
seguir.
No parágrafo, o narrador afirma que quem lhe aplicava os
castigos físicos na escola “pecava por negligência”.

( ) CERTO ( ) ERRADO

17. (CESPE-CEBRASPE — 2021)

Teoria do medalhão (diálogo)

— Saiu o último conviva do nosso modesto jantar. Com que,


meu peralta, chegaste aos teus vinte e um anos. Há vinte e
um anos, no dia 5 de agosto de 1854, vinhas tu à luz, um
pirralho de nada, e estás homem, longos bigodes, alguns
namoros...
— Papai...
— Não te ponhas com denguices, e falemos como dois
amigos sérios. Fecha aquela porta; vou dizer-te coisas
importantes. Senta-te e conversemos. Vinte e um anos,
algumas apólices, um diploma, podes entrar no parlamento,
na magistratura, na imprensa, na lavou- ra, na indústria, no
comércio, nas letras ou nas artes. Há infinitas carreiras
diante de ti. Vinte e um anos, meu rapaz, formam apenas a
primeira sílaba do nosso destino. (...) Mas qualquer que
seja a profissão da tua escolha, o meu desejo é que te
faças grande e ilustre, ou pelo menos notável, que te
225

LÍNGUA
— Sim, senhor. ( ) CERTO ( ) ERRADO

— Entretanto, assim como é de boa economia


19. (CESPE-CEBRASPE — 2021) Considerando os aspec- tos
guardar um pão para a velhice, assim também é de
linguísticos do texto Teoria do medalhão, apresen- tado
boa práti- ca social acautelar um ofício para a
anteriormente, julgue o item a seguir.
hipótese de que os outros falhem, ou não indenizem
suficientemente o esforço da nossa ambição. É isto o
que te aconselho hoje, dia da tua maioridade.
— Creia que lhe agradeço; mas que ofício, não me dirá?
— Nenhum me parece mais útil e cabido que o de
medalhão. Ser medalhão foi o sonho da minha moci-
dade; faltaram-me, porém, as instruções de um pai, e
acabo como vês, sem outra consolação e relevo moral,
além das esperanças que deposito em ti. Ouve-me
bem, meu querido filho, ouve-me e entende. (...)
— Entendo.
— Venhamos ao principal. Uma vez entrado na carrei-
ra, deves pôr todo o cuidado nas ideias que houveres
de nutrir para uso alheio e próprio. O melhor será não
as ter absolutamente (...).
— Mas quem lhe diz que eu...
— Tu, meu filho, se me não engano, pareces dotado da
perfeita inópia mental, conveniente ao uso deste nobre
ofício.
Não me refiro tanto à fidelidade com que repetes
numa sala as opiniões ouvidas numa esquina, e vice-
-versa, porque esse fato, posto indique certa carência
de ideias, ainda assim pode não passar de uma trai-
ção da memória. Não; refiro-me ao gesto correto e
perfilado com que usas expender francamente as
tuas simpatias ou antipatias acerca do corte de um
colete, das dimensões de um chapéu, do ranger ou
calar das botas novas. Eis aí um sintoma eloquente,
eis aí uma esperança. No entanto, podendo acontecer
que, com a idade, venhas a ser afligido de algumas
ideias pró- prias, urge aparelhar fortemente o espírito.
As ideias são de sua natureza espontâneas e súbitas;
por mais que as soframos, elas irrompem e
precipitam-se. Daí a certeza com que o vulgo, cujo
faro é extremamente delicado, distingue o medalhão
completo do meda- lhão incompleto.

Machado de Assis. Teoria do medalhão. In: 50 contos escolhidos


de Machado de Assis. Seleção, introdução e notas de John
Gledson. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 82-83 (com
adaptações).

Considerando os aspectos linguísticos do texto Teo-


ria do medalhão, apresentado anteriormente, julgue o
item a seguir.
No texto, os travessões indicam a mudança dos
interlocutores.

( ) CERTO ( ) ERRADO

18. (CESPE-CEBRASPE — 2021) Considerando os aspec-


tos linguísticos do texto Teoria do medalhão, apresen-
tado anteriormente, julgue o item a seguir.
226
Infere-se do texto que a palavra ofício está elíptica no
trecho “que o de medalhão”.
N ilho, tais como “meu peralta” e “um pirralho 1 ERRADO
a de nada”,.
2 CERTO
n ( ) CERTO ( ) ERRADO 3 CERTO
a
r 20. (CESPE-CEBRASPE — 2021) 4 ERRADO
r
a 5 CERTO
Estabelecer fronteiras é o fenômeno
t originário da vio- lência instauradora do 6 CERTO
i direito em geral, segundo Walter Benjamin,
v autor do ensaio Para uma crítica da violên- 7 CERTO
a cia, de 1921. O ato jurídico-político 8 ERRADO
, originário é o esta- belecimento de
fronteiras que delimitam dentro e fora,
o
incluídos e excluídos, amigos e inimigos da
pátria. Em seus primórdios, “todo direito foi
p
um direito de prerroga- tiva (ou privilégio)
a
dos reis ou dos grandes; em suma: dos
i
poderosos”. O privilégio primordial de
u apropriar a terra, nomeá-la e ordená-la
s indica o nexo território-Es- tado-nascimento
a que caracteriza o antigo e ainda atual nómos
da terra, do qual o fechamento de fronteiras
d em tempos de pandemia é mero sintoma.
i Se a figura do refugiado nos é tão
f inquietante, é porque coloca em questão
e uma vida humana em terra de ninguém.
r Em O nómos da terra, o controverso jurista
e alemão Carl Schmitt, com quem Benjamin
n trocou correspon- dências, descreve a
t origem do termo nómos, palavra grega para
e “lei”. Nómos indica a ordenação espacial
s original necessária para o estabelecimento
de toda e qualquer ordem jurídica. Nómos
v
indica que o direito está objetivamente
o
enraizado na apropriação da ter- ra. A
c
constituição jurídica de um nómos, ou seja,
a
a apropriação jurídica do espaço, tem por
t
pressuposto a capacidade de nomear. No
i
termo alemão landnahme, apropriação ou
v
tomada da terra, encontramos o termo
o
nahme, antiga grafia de name, que significa
s
“nome”. Nomear e constituir uma ordem
jurídica são atos similares, na medida em
p
que implicam apropriação. Exemplos
a
históricos — incrivelmente ainda frequentes
r
— são a imposição do nome do marido à
a
mulher, que é “tomada em casamento”, ou
s o patronímico imposto à criança no
e momento do nascimento.
Julgue o item que se segue, relativos aos
r aspectos lin- guísticos do texto anterior.
e
f No trecho “com quem Benjamin trocou
e correspondên- cias” (segundo parágrafo), o
r termo “com quem” com- plementa a forma
i verbal “trocou”.
r
( ) CERTO ( ) ERRADO
a
o
 GABARITO
f
9 CERTO
10 ERRADO

11 CERTO
12 ERRADO

13 CERTO
14 CERTO

15 ERRADO
16 ERRADO

17 CERTO
18 CERTO

19 ERRADO
20 CERTO

ANOTAÇÕES
227
ANOTAÇÕES

228
Toda proposição pode ser representada
simbolica- mente pelas letras do alfabeto, veja no
exemplo:

RACIOCÍNIO LÓGICO  p: Sabino é um pintor esperto;


 r: Kate é uma mulher alta.

Na situação temos duas proposições sendo repre-


sentadas pelas letras p e r.
Bom! Agora que já sabemos o que são proposições
lógicas, fica tranquilo distinguir o que não são pro-
posições. Isto é fundamental, pois várias questões
PROPOSIÇÕES, VALORES LÓGICOS DAS de prova perguntam exatamente isso – são
PROPOSIÇÕES, SENTENÇAS ABERTAS, NÚMERO apresentadas algumas frases e você precisa
DE LINHAS DA TABELA VERDADE, CONECTIVOS, identificar qual delas não é uma proposição.
PROPOSIÇÕES SIMPLES E PROPOSIÇÕES Vejamos os casos em que mais aparecem:
COMPOSTAS
 Perguntas: são as orações interrogativas.
Na lógica temos apenas dois valores lógicos – ver- Exemplo: Que horas vamos ao cinema?
dadeiro ou falso. Quando temos uma declaração ver- Essa pergunta não pode ser classificada como
dadeira, o seu valor lógico é Verdade (V) e quando é ver- dadeira ou falsa;
falsa, dizemos que seu valor lógico é Falso (F).  Exclamações: são frases exclamativas.
Exemplo: Que lindo cabelo!
Essa exclamação não pode ser valorada, pois
Proposições Lógicas Simples
apre- sentam percepções subjetivas;
 Ordens: são orações com verbo no imperativo.
Vamos começar nosso estudo falando sobre o Exemplo: Pegue o livro e vá estudar.
que é uma proposição lógica. Observe a frase a
seguir: Uma ordem não pode ser classificada como
Ex.: Paula vai à praia. verda- deira ou falsa. Muito cuidado com esse tipo
Para saber se temos ou não uma proposição, de oração, pois pode ser facilmente confundida com
preci- samos de três requisitos fundamentais: uma propo- sição lógica.
Não são proposições – perguntas, exclamações e
 Ser uma oração: ou seja, são frases com verbos; ordens.
 Oração declarativa: a frase precisa estar apresen- Temos um outro caso menos cobrado em provas,
tando uma situação, um fato; mas que também não é proposição lógica, sendo o
 Pode ser classificada como Verdadeira ou Falsa paradoxo. Para ficar mais claro, veja o exemplo a
: ou seja, podemos atribuir o valor lógico seguir:
verdadeiro ou o valor lógico falso para a
declaração. Ex.: Esta frase é uma mentira.
Tendo isso em vista, podemos afirmar claramen-
Quando atribuímos um valor de verdade para a
te que a frase “Paula vai à praia” é uma proposição
frase, então na verdade, ele mentiu, uma vez que a
lógica, pois temos a presença de um verbo (ir), uma
própria frase já diz isso, e se atribuirmos o valor
informação completa (temos o sujeito claro na falso, então a frase é verdade, pois ela diz ser uma
oração) e podemos afirmar se é verdade ou falsa.
mentira e já sabemos que isso é falso.

Importante!
Proposição Lógica é uma oração declarativa que admite apenas um valor lógico: V ou F.

Perceba que sempre que valoramos a frase ela


Ou então podemos também esquematizar o que é nos resulta um valor contrário, ou seja, estamos
uma proposição lógica assim: diante de uma frase que é contraditória em si
Chama-se proposição toda sentença declarativa mesma. Isso é a definição de um paradoxo.
que pode ser valorada ou só como verdadeira ou só
como falsa. A presença do verbo é obrigatória
Sentença Aberta
junta- mente com o sentido completo (caráter
informativo).
Dizemos que uma sentença é aberta quando não
conseguimos ter a informação completa que a oração
nos mostra. Veja o exemplo a seguir:

Ex.: Ele é o melhor cantor de rock.


Verdadeira
Perceba que há presença do verbo e que
RACIOCÍNIO

Sentença Declarativa consegui- mos parcialmente entender o que a frase


Sentido completo quer dizer. Todavia, logo surge a pergunta: Ele
Ou
quem? Aqui nossa informação não consegue ser
Falsa
completa e por isso temos mais um caso que não é proposição lógica. Observe ou- tros exemplos:
X + 5 = 10
Obrigatório
Aquele carro é
amarelo.
Verbo 5+5 229
X – Y = 20
Todos os exemplos acima são sentenças abertas, se e somente se Bicondicional ⟷
então podemos resumir da seguinte forma:
As variáveis: Ele, aquele ou variáveis matemáti-
cas (X ou Y) tornam a sentença aberta.
Sempre será uma proposição lógica na escrita
matemática e podemos notar que há verbos nos
casos a seguir:

 = (é igual);
  (é diferente);
 > (é maior);
 < (é menor);
  (é maior ou igual);
  (é menor ou igual);

Esquematizando o que não são proposições lógicas:

Sentenças Interrogativas(?)

Sentenças sem Verbo


Não São
Proposições Sentenças com Verbo no Imperativo

Sentenças Abertas

Paradoxo

Princípios da Lógica Proposicional

É fundamental que você conheça três princípios


para deixarmos tudo alinhado com as proposições
lógicas. Veja:

 Princípio do terceiro excluído: Uma proposição


deve ser Verdadeira ou Falsa, não havendo outra
possibilidade. Não é possível que uma
proposição seja “quase verdadeira” ou “quase
falsa”;
 Princípio da não-contradição: Dizemos que
uma mesma proposição não pode ser, ao mesmo
tempo, verdadeira e falsa;
 Princípio da Identidade: Cada ser é único, ou
seja, uma proposição não assume o significado de
outra proposição lógica.

Proposições Compostas

Temos proposições compostas quando há duas ou


mais proposições simples ligadas por meio dos
conec- tivos lógicos. Veja os exemplos:

 Sabino corre e Marcos compra leite;


 O gato é azul ou o pato é preto;
 Se Carlinhos pegar a bola, então o jogo vai
acabar.

Cada conectivo tem sua representação simbólica


e sua nomenclatura. Veja a relação de conectivos:

CONECTIVOS NOMENCLATURA SIMBOLOGIA


e Conjunção ^
ou Disjunção v
230
Disjunção v
ou...ou
Exclusiva
se...então Condicional →
E a; envolvidas no enunciado.
x  Maria é bailarina ou Juliano é atleta; Exemplo: P v Q (temos duas proposições).
e  Ou o elefante corre rápido ou a raposa é 2º passo: Calcular a quantidade de linhas da
m
lenta; tabela usando a fórmula 2n = 2proposições (onde n é o
p
 Se estudar, então vai passar; número de proposições).
l
o  Bino vai ao cinema se e somente se Exemplo: P v Q = 22 = 4 linhas.
s ele receber dinheiro.
:
 Na linguagem simbólica:
 N
a  p ^ q;
l  p v q;
i  p v q;
n
 p → q;
g
u  p ⟷ q.
a
g Agora que conhecemos os conectivos
e lógicos, vamos ver algumas camuflagens
m dos operadores lógi- cos que podem
aparecer na prova. Veja:
n
a  Conectivos “e” usando “mas”:
t Exemplo: Jurema é atriz, mas Pedro é cantor;
u
 Conectivo “ou...ou” usando “...ou...,
r
a mas não ambos”:
l Exemplo: Baiano é corredor ou ele é nadador, mas
: não ambos;
 Conectivo “Se então” usando “Desde
 O que, Caso, Basta, Quem, Todos,
Qualquer, Toda vez que”: Exemplos:
m Desde que faça sol, Pedrinho vai à
a praia; Caso você estude, irá passar no
c concurso;
Basta Ana comer massas, e engordará;
a
Quem joga bola é rápido;
c
Todos os médicos sabem
o
operar; Qualquer criança
anda de bicicleta; Toda vez
b
que chove, não vou à praia.
e
b É importante saber que na condicional a
e primeira proposição é o termo
l antecedente e a segunda é o termo
e consequente.
i
t P→Q
e P=
e antece
dente
o Q=
conseq
g uente
a
t Tabela Verdade
o
Trata-se de uma tabela na qual
c conseguimos apresentar todos os valores
o lógicos possíveis de uma proposição.
m
e Números de Linhas de Tabela Verdade
b
a Neste momento, vamos aprender a
n construir tabe- las-verdade para
a proposições compostas.
n 1º passo: Contar a quantidade de proposições
Conectivo Conjunção “e” (^)
P Q PVQ
Só teremos uma resposta verdadeira quando
todos os valores lógicos envolvidos forem
verdadeiros.

P Q P^Q
V V V
3º passo: Dispor os valores “V” e “F” na FV VF FF
primeira coluna fazendo o agrupamento pela metade
do núme- ro de linhas da tabela. F V F
Exemplo: P v Q = 2 2 = 4 linhas = (agrupamento da F F F
primeira coluna de 2 em 2 – V V / F F).
C
o
P Q PVQ
n
V e
V c
F ti
F v
o
D
4º passo: Preencher as demais colunas com agru- i
pamento de valores lógicos (V ou F) sempre pela s
meta- de do agrupamento anterior.
j
Exemplo: primeira coluna de 2 em 2 (a próxima
u
será de 1 em 1).
n
ç
P Q PVQ
ã
V V o
V F “
F V o
u
F F

(
Pronto! A nossa tabela já está montada, agora v
precisa- mos aprender qual o resultado que teremos )
quando com- binamos os valores lógicos usando os
conectivos lógico.
T
Número de linhas da tabela verdade:
ere
2n = 2proposições (onde n é o número de proposições).
Bom! Vamos caminhar mais um pouco e apren- mos
der todas as combinações lógicas possíveis para cada resp
conectivo lógico. osta
verd
Negação (~P) adei
ra
Uma proposição, quando negada, recebe valores qua
lógicos opostos ao da proposição original. O ndo,
símbolo que iremos utilizar é ¬ p ou ~p. pelo
men
os,
P ~P
um
V F dos
F V valo
res
Dupla Negação ~(~P) lógi
cos
A dupla negação nada mais é do que a própria pro- env
posição. Isto é, ~(~P) = P olvi
dos
P ~P ~(~P) for
verd
V F V
adei
ro.

P Q PVQ
V V V
V F V
F V V
F F F

Conectivo Disjunção Exclusiva “ou...ou” ( v )

Teremos resposta verdadeira quando os valores


lógicos envolvidos forem diferentes.

P Q PVQ
V V F
V F V
F V V
F F F

Conectivo Bicondicional “se e somente se” ()

Teremos resposta verdadeira quando os valores


lógicos envolvidos forem iguais.

P Q PQ
V V V
V F F
F V F
F F V

Conectivo Condicional “se...,então” (→)

Especialmente nesse caso, vamos aprender quan- do


teremos o resultado falso, pois o conectivo con- dicional
só tem uma possibilidade de tal ocorrência Somente
teremos resposta falsa quando o valor lógico do
antecedente for verdadeiro e o consequente falso.

P Q P→Q
V V V
V F F
F V V
F F V RACIOCÍNIO

231
Condicional falsa: Vai Ficar Falsa Exemplo:

VF=F  Na linguagem natural: Bino vai ao cinema se


e somente se ele receber dinheiro;
Conectivos Lógicos  Na linguagem simbólica: p⟷q.

Os conectivos lógicos ou operadores lógicos, como  Negação: Uma proposição quando negada, recebe
também podem ser chamados, servem para ligar valores lógicos opostos dos valores lógicos da
duas ou mais proposições simples e formar, assim,
pro- posição original. O símbolo que iremos
propo- sições compostas.
Temos 05 (cinco) operadores lógicos no total e utilizar é
cada um tem sua nomenclatura e representação ¬p ou ~p.
simbólica. Veja a tabela abaixo:
Exemplos:
Tabela de Conectivos
 p: O gato é amarelo;
 ~p: O gato não é amarelo;
CONECTIVO NOMENCLATURA SÍMBOLO LEITURA
 q: Raciocínio Lógico é difícil;
e Conjunção ^ peq
 ~q: É falso que raciocínio lógico é difícil;
ou Disjunção v p ou q
 r: Maria chegou tarde em casa ontem;
Disjunção  ~r: Não é verdade que Maria chegou tarde em
ou...ou v Ou p ou q
exclusiva casa ontem.
Condicional
se...,então → Se p, então q
(implicação) Dica
p se e
se e Bicondicional A negação além da forma convencional, pode
somente
somente se (bi-implicação) ser escrita com as expressões a seguir:
se q
É falso que ...
 Conjunção (conectivo “e”): Sua representação Não é verdade que...
simbólica é ^.
Agora que já fomos apresentados aos conectivos
Exemplo: lógicos, vamos ver algumas “camuflagens” dos opera-
dores lógicos que podem aparecer na prova. Veja:
 Na linguagem natural: O macaco bebe leite e
o gato come banana;
 Na linguagem simbólica: p ^ q.  Conectivo “e” usando “mas”

 Disjunção Inclusiva (conectivo “ou”): Sua repre-  Exemplo: Jurema é atriz, mas Pedro é cantor;
sentação simbólica é v.
 Conectivo “ou...ou” usando “...ou..., mas não
Exemplo: ambos”

 Na linguagem natural: Maria é bailarina ou  Exemplo: Baiano é corredor ou ele é nadador,


Juliano é atleta; mas não ambos;
 Na linguagem simbólica: p v q.
 Conectivo “Se então” usando “Desde que,
 Disjunção Exclusiva (conectivo “ou...ou”): Sua
Caso, Basta, Quem, Todos, Qualquer, Toda vez
representação simbólica é: v.
que”
Exemplo:
 Exemplos:
 Na linguagem natural: Ou o elefante corre rápi-
do ou a raposa é lenta; Desde que faça sol, Pedrinho vai à praia;
 Na linguagem simbólica: p v q. Caso você estude, irá passar no concurso;
Basta Ana comer massas, e engordará;
 Condicional (conectivos “se, então”): Sua Quem joga bola é rápido;
repre- sentação simbólica é →. Todos os médicos sabem operar;
Qualquer criança anda de bicicleta;
Exemplo:
Toda vez que chove, não vou à praia.
 Na linguagem natural: Se estudar, então vai
passar; Dica
232  Na linguagem simbólica: p → q.
Na condicional a 1° proposição é o termo ante-
 Bicondicional (conectivo “se e somente se”): cedente e a 2° é o termo consequente.
Sua representação simbólica é ⟷. PQ
P

a
n
t
e
c
e
d
e
n
t
e

c
o
n
s
e
q
u
e
n
t
e
TAUTOLOGIA
EXERCÍCIOS COMENTADOS
É uma proposição cujo valor lógico é sempre
verdadeiro. 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca da lógica senten-
Exemplo 1: A proposição P ∨ (~P) é uma tautolo- cial, julgue o item que segue.
gia, pois o seu valor lógico é sempre V, conforme a Se uma proposição na estrutura condicional — isto é, na
forma P→Q, em que P e Q são proposições simples —
tabela-verdade.
for falsa, então o precedente será, necessariamente,
falso.
P ~P P V ~P
( ) CERTO ( ) ERRADO
V F V
F V V Veja que P→Q foi considerado falso pelo enunciado
da questão. Assim na condicional para ser falso a
Exemplo 2: A proposição (P Λ Q) → (PQ) é uma
regra é que o Precedente (antecedente) seja verda-
tautologia, pois a última coluna da tabela verdade só deiro o seguinte (consequente) falso. Lembre-se da
possui V. dica: Vai Ficar Falso = V  F. Resposta: Errado.

P Q (P^Q) (PQ) (P^Q)→(PQ) 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o seguinte


item, relativo à lógica proposicional e à lógica de
V V V V V argumentação.
V F F F V Se P e Q são proposições simples, então a
F V F F V proposição [P→Q]𝖠P é uma tautologia, isto é,
independentemente dos valores lógicos V ou F
F F F V V
atribuídos a P e Q, o valor lógico de [P→Q]𝖠P será
sempre V.
Contradição

( ) CERTO ( ) ERRADO
É uma proposição cujo valor lógico é sempre falso.
Exemplo: A proposição P ^ (~P) é uma contradi- Basta perceber que o conectivo em questão é o “E”
ção, pois o seu valor lógico é sempre F, conforme a (Conjunção), que só é verdadeiro quando as duas
tabela-verdade. são verdadeiras, sendo assim se P for falso, já irá
invalidar o argumento. Resposta: Errado.

P ~P P ^ (~P) 3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) As proposições P, Q e R a


seguir referem-se a um ilícito penal envolvendo João,
V F F
Carlos, Paulo e Maria:
F V F P: “João e Carlos não são culpados”. Q: “Paulo não é
mentiroso”. R: “Maria é inocente”.
Contingência
Considerando que ~X representa a negação da propo-
Sempre que uma proposição composta recebe sição X, julgue o item a seguir.
valores lógicos falsos e verdadeiros, independente- A proposição “Se Paulo é mentiroso então Maria é
mente dos valores lógicos das proposições simples culpada.” pode ser representada simbolicamente por
componentes, dizemos que a proposição em questão (~Q)➀(~R).
é uma contingência. Ou seja, é quando a tabela-
verda- de apresenta, ao mesmo tempo, alguns ( ) CERTO ( ) ERRADO
valores verda- deiros e alguns falsos.
Veja que temos uma proposição condicional (se
Exemplo: A proposição [P ^ (~Q)] v (P→~Q)] é então) e a representação simbólica apresentada é de
uma contingência, conforme a tabela-verdade. uma bicondional. Representação da condicional ().
Resposta: Errado.

4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o seguinte


item, relativo à lógica proposicional e à lógica de
argumentação.
A proposição “A construção de portos deveria ser
uma prioridade de governo, dado que o transporte
de cargas por vias marítimas é uma forma bastante
econômica de escoamento de mercadorias.” Pode
ser representada simbolicamente por P𝖠Q, em que P
RACIOCÍNIO

e Q são proposições simples adequadamente


escolhidas.
V V F F F
V F V V V
F V F V V
( ) CERTO ( ) ERRADO
F F F V V
A representação simbólica apresentada para julgar-
 Tautologia: uma proposição que é sempre
mos é de uma conjunção. E na questão foi
verdadeira;
apresen- tada uma proposição composta pela
 Contradição: uma proposição que é sempre condicional na forma “camufiada” dentro de uma
falsa; relação de causa e consequência “ Dado que...”. 233
 Contingência: uma proposição que pode assumir Resposta: Errado.
valores lógicos V e F, conforme o caso.
5. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Considere as seguintes Interpretando Regiões e Conhecendo a Interseção e
proposições: P: O paciente receberá alta; Q: O paciente União de Conjuntos
receberá medicação; R: O paciente receberá visitas.
Tendo como referência essas proposições, julgue o Uma outra situação é quando temos dois conjuntos
item a seguir, considerando que a notação ~S significa (X e Y), podemos representar da seguinte forma, no
a negação da proposição S. geral:
A proposição ~P→[Q∨R] pode assim ser traduzida: Se X Y
o paciente receber alta, então ele não receberá medi-
cação ou não receberá visitas.

( ) CERTO ( ) ERRADO

P: O paciente receberá alta;


~P: O paciente não receberá alta; a b c
Q: O paciente receberá medicação;
R: O paciente receberá visitas.
A proposição ~P→[Q∨R] pode assim ser traduzida: d
Se o paciente não receber alta, então ele receberá
medicação ou receberá visitas. Resposta: Errado.
Interpretando os conjuntos anterior temos:

 O elemento “a” pertence apenas ao conjunto X,


pois ele está numa região que não tem contato com
o conjunto Y;
 O elemento “c” faz parte somente ao conjunto Y;
INTRODUÇÃO À TEORIA DE CONJUNTOS  O elemento “b” pertence aos dois conjuntos, ou
seja, faz parte da interseção entre os conjuntos
Conjunto é uma reunião de elementos ou pessoas X e Y. A representação simbólica é feita por X ∩ Y.
que possuem a mesma característica, por exemplo, Como o elemento “b” faz parte dessa região, temos:
numa festa pode haver o conjunto de pessoas que só  b Є (X ∩ Y) – o elemento “b” pertence à interseção
bebem cerveja ou o conjunto daquelas que só dos conjuntos X e Y;
gostam de músicas eletrônicas.  O elemento “d” não faz parte de nenhum dos dois
Representamos um conjunto da seguinte forma: conjuntos. Logo, podemos dizer que “d” não per-
tence à União entre os conjuntos X e Y. A união é
Conjunto X a junção das regiões dos dois conjuntos e é repre-
sentada simbolicamente por X 𝖴 Y. Assim, d ∉ (X
y 𝖴 Y) – o elemento “d” não pertence à união entre
os conjuntos X e Y.
x
Vamos analisar uma outra situação:

X Y
234
Podemos afirmar que no interior do círculo há todos os
elementos que pertencem (compõem) ao con- junto X, já na
parte externa do círculo estão todos os elementos que não fazem
parte de X, ouXseja,
– Y“y” não
X ∩pertence
YY – Xao conjunto X.
No gráfico acima podemos dizer que o elemen- to “x”
pertence ao conjunto X e o elemento “y” não pertence.
Matematicamente, usamos o símbolo Є para indi- car essa
relação de pertinência. Isto é: x Є X, já o ele- mento “y” não
pertence ao conjunto X, onde usamos o símbolo ∉ para essa
relação de não pertinência. Matematicamente:

y ∉ X.

Complemento de um Conjunto

O complemento de X é o conjunto formado por todos os


elementos do Universo e o elemento “y” faz parte dele, claro que
com exceção daqueles que estão presentes em X. Representamos
o complemento ou complementar pelo símbolo XC. Podemos
afirmar que “y” não pertence à X, mas pertence ao conjunto
com- plementar de X: matematicamente: y Є XC.
ença de conjuntos) como sendo a região
formada pelos elementos de X que não fazem
parte do conjunto Y. Veja o exemplo:

X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
Y = {5, 6, 7, 9, 10}

X – Y = basta tirar de X os elementos que


estão nele e também em Y, ou seja, X – Y =
{2, 3, 4, 8}
N
e Já no caso da região Y – X, temos:
s
t
X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
a
Y = {5, 6, 7, 9, 10}
r Y – X = {9, 10}
e
p
r
e
s
e
n
t
a
ç
ã
o
,

p
o
d
e
m
o
s

i
n
t
e
r
p
r
e
t
a
r

r
e
g
i
ã
o

(
d
i
f
e
r
Podemos falar, também, da região de interseção
dos conjuntos X ∩ Y. Uma interpretação para o conjunto é: no conjunto
B existe x pertencente ao conjunto dos números
X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8} intei- ros, tal que x é maior do que 5.
Y = {5, 6, 7, 9, 10} Agora vamos esquematizar todas as simbologias
X ∩ Y = {5, 6, 7} para que você possa gravar mais facilmente e aplicar
na hora de resolver as questões. Observe a tabela a
E por fim, vamos identificar a união entre os seguir:
conjuntos X e Y. Observe que vamos juntar todos os
elementos dos dois conjuntos, mas sem repetir os ele- SÍMBOLO NOME EXPLICAÇÃO
mentos presentes na interseção. Veja: chaves Ex: X = {a,b,c} representa
{,} o conjunto X composto
X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8} por a, b e c
Y = {5, 6, 7, 9, 10}
X 𝖴 Y = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10} conjunto Significa que o conjunto
{ } ou ∅ vazio não tem elementos, é um
Relação de “Contém”/“Não Contém” e “Está conjunto vazio
Contido”/“Não Está Contido” entre Conjuntos para todo Significa “Para todo” ou

“Para qualquer que seja”
Em algumas situações, a intersecção entre os con-
pertence Indica relação de pertinên-
juntos X e Y pode ser todo o conjunto Y, por exemplo. Є
Isso acontece quando todos os elementos de B são cia de elementos
também elementos de A. Veja isso no gráfico a seguir: não pertence Indica relação de não per-

tinência de elementos
X ∃ existe Indica relação de existência.
não existe Indica que não há relação

de existência
está contido Indica que um conjunto
Y ⊂ está contido em outro
conjunto
não está Indica que um conjunto
⊄ contido não está contido em ou-
Perceba que realmente X ∩ Y = Y. Quando temos tro conjunto
a situação acima, podemos dizer que o conjunto Y contém Indica que determinado
está contido no conjunto X, representado matemati- ⊃ conjunto contém outro
camente por Y ⊂ X. Ou podemos dizer, ainda, que o
conjunto
conjunto X contém o conjunto Y, representado mate-
maticamente por X ⊃ Y. não contém Indica que determinado
⊅ conjunto não contém ou-
Importante! tro conjunto
Entenda a diferença: tal que Serve para fazer a
Falamos que um elemento pertence ou não pertence a um conjunto;
| ligação entre a
Falamos que um conjunto está contido ou não está contido em outro conjunto. composição de um
conjunto na “repre-
sentação em chaves”
união de Lê-se como “X união Y”.
A𝖴B
conjuntos
Representação de Conjunto usando Chaves interseção de Lê-se como “X intersec-
A∩B
conjuntos ção Y”
Geralmente usamos letras maiúsculas para repre- diferença de Lê-se como “diferença de
sentar os nomes de conjuntos e minúsculas para repre- A-B
conjuntos A com B”
sentar elementos. Ex.: A = {4, 6, 7, 9}; B = {a, b, c, d}
Diagrama de VENN
etc. Ainda podemos utilizar notações matemáticas para
representar os conjuntos. Veja o exemplo a seguir:
Vamos entender como se resolve questões que
RACIOCÍNIO

A = {∀ x Є Z | x  0} envolvem Operações com Conjuntos se relacionan-


do. Acompanhe os exemplos a seguir e a maneira
Podemos entender e fazer a leitura do conjunto como desenvolvemos suas resoluções:
anterior da seguinte maneira: o conjunto A é
compos- to por todo x pertencente ao conjunto dos
 Em uma sala de aula, 20 alunos gostam de Mate-
números inteiros, tal que x é maior ou igual a zero.
mática, 30 gostam de Português, e 10 gostam das
Agora, veja um outro exemplo:
duas matérias. Sabendo que 5 alunos não gostam
B = {∃ x Є Z | x > 5} de nenhuma dessas duas matérias, quantos alunos
há nessa sala de aula? 235
Siga os passos abaixo: 5. Some todas as regiões e iguale ao total de
elemen- tos envolvidos;
1. Identifique os conjuntos;
2. Represente em forma de diagramas; Matemática (20) Português (30)
3. Preencha as informações de dentro para fora (da
interseção para as demais informações);
4. Preencha as demais informações no diagrama;
5. Some todas as regiões e iguale ao total de
elemen- tos envolvidos.
20 – 10 = 10 10 30 – 10 = 20

Vamos à resolução:

1. Identifique os conjuntos; 5
2. Represente em forma de diagramas;
10+10+20+5 = X
Matemática Português X = 45 alunos é o total dessa sala.

Também seria possível resolver esse tipo de


ques- tão usando a seguinte fórmula:

n(X 𝖴 Y) = n(X) + n(Y) – n(X ∩ Y)

Esta fórmula nos diz que o número de elementos


da União entre os conjuntos X e Y (X 𝖴 Y) é dado pelo
número de elementos de X, somado ao número de ele-
mentos de Y, subtraído do número de elementos da
interseção (X ∩ Y). Aplicando no exemplo, temos:
3. Preencha as informações de dentro para fora (da Matemática (M)
interseção para as demais informações); Português (p)

Matemática Português n(M 𝖴 P) = n(M) + n(P) – n(M ∩ P)


n(M 𝖴 P) = 20 + 30 – 10
n(M 𝖴 P) = 40

Temos 40 alunos que gostam de Matemática ou


Português (aqui já está incluso quem gostam das
duas matérias). Para finalizar a resolução, devemos
10 apenas somar os 5 alunos que não gostam das duas
matérias. Assim, 40 + 5 = 45 alunos no total dessa
sala.
Assim como nos problemas com 2 conjuntos, quan-
do nós tivermos 3 conjuntos será possível resolver
4. Preencha as demais informações no diagrama; o problema por meio de Diagramas de Venn ou por
meio de fórmula. Acompanhe a resolução do exemplo:
Matemática (20) Português (30) André, Bernardo e Carol ouviram certa
quantidade de músicas. Nenhum deles gostaram de
seis músicas e os três gostaram de dez músicas.
Além disso, hou- ve doze músicas que só André e
Bernardo gostaram, nove músicas que só André e
Carol gostaram e quatro músicas que só Bernardo e
Carol gostaram. Não houve música alguma que
20 – 10 = 10 10 30 – 10 = 20 somente um deles tenha gostado. O número de
músicas que eles ouviram foi?
Siga os passos a seguir:

5 1. Identifique os conjuntos;
2. Represente em forma de diagramas;
Total = X 3. Preencha as informações de dentro para fora (da
20 gostam de Matemática; interseção para as demais informações);
4. Preencha as demais informações no diagrama;
30 gostam de Português;
5. Some todas as regiões e iguale ao total de
10 gostam dos dois;
elemen- tos envolvidos.
236 10 gostam apenas de
Matemática; 20 gostam apenas Vamos à resolução:
de Português;
5 não gostam de nenhuma. 1. Identifique os conjuntos;
2. R
e
p
r
e
s
e
n
t
e
e
m

f
o
r
m
a
d
e
d
i
a
g
r
a
m
a
s
;
André
Bernardo Logo, vem a última etapa:

5. Some todas as regiões e iguale ao total de elemen-


tos envolvidos;

Total = X
6+0+12+10+9+0+4+0=X
X = 41 músicas

Questões com três conjuntos podem ser


resolvidos usando a seguinte fórmula:

n(X 𝖴 Y 𝖴 Z) = n(X) + n(Y) + n(Z) – n(X ∩ Y) – n(X


Carol ∩ Z) – n(Y ∩ Z) + n(X ∩ Y ∩ Z)

Traduzindo a fórmula:
Total de elementos da união = soma dos conjuntos
3. Preencha as informações de dentro para fora (da – interseções dois a dois + interseção dos três
interseção para as demais informações);

André
Bernardo
EXERCÍCIOS
COMENTADOS
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Determinado porto rece-
beu um grande carregamento de frango congelado,
carne suína congelada e carne bovina congelada, para
exportação. Esses produtos foram distribuídos em
10
800 contêineres, da seguinte forma: nenhum contêiner
foi carregado com os três produtos; 300 contêineres
foram carregados com carne bovina; 450, com carne
suína; 100, com frango e carne bovina; 150, com
Carol carne suína e carne bovina; 100, com frango e carne
suína. Nessa situação hipotética,
250 contêineres foram carregados somente com car-
ne suína.

4. Preencha as demais informações no diagrama;


( ) CERTO ( ) ERRADO

André
Bernardo Vamos extrair as informações e colocar dentro dos
diagramas:
800 contêineres distribuição;
0 contêineres com os 3
produtos; 300 contêineres
carne bovina; 450 contêineres
0 12 0 carne suína;
100 contêineres com frango e carne bovina;
10 150 contêineres com carne suína e carne
bovina; 100 contêineres com frango e carne
9 4 suína.

0 Carol Bovina
Frango

6 50
100 X

ram (na interseção entre os 2 apenas);

Colocamos o número 10 bem no centro, pois


sabe- mos que os três gostaram de dez músicas,
depois preenchemos com as demais informações:

 12 músicas que somente André e Bernardo gosta-


0
200 Suína
150 100
 9 que somente André e Carol gostaram;
 4 que somente Bernardo e Carol gostaram; Veja que apenas 200 contêineres foram

RACIOCÍNIO
 6 músicas que ninguém gostou (de fora dos três carregados somente com carne suína. Resposta:
conjuntos). Errado.
 Os “zeros” representam o fato de que não houve
música que somente um deles tenha gostado.
237
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Determinado porto rece- 4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Em um aeroporto, 30
beu um grande carregamento de frango congelado,
passageiros que desembarcaram de determinado
carne suína congelada e carne bovina congelada, para
exportação. Esses produtos foram distribuídos em voo e que estiveram nos países A, B ou C, nos quais
800 contêineres, da seguinte forma: nenhum contêiner ocorre uma epidemia infecciosa, foram selecionados
foi carregado com os três produtos; 300 contêineres para ser examinados. Constatou-se que exatamente
foram carregados com carne bovina; 450, com carne 25 dos passageiros selecionados estiveram em A ou
suína; 100, com frango e carne bovina; 150, com em B, nenhum desses 25 passageiros esteve em C e
carne suína e carne bovina; 100, com frango e carne
6 desses 25 passageiros estiveram em A e em B.
suína. Nessa situação hipotética,
50 contêineres foram carregados somente com carne Com referência a essa situação hipotética, julgue os
bovina. itens que se seguem
Se 11 passageiros estiveram em B, então mais de 15
( ) CERTO ( ) ERRADO estiveram em A.

Vamos extrair as informações e colocar dentro dos ( ) CERTO ( ) ERRADO


diagramas:
800 contêineres distribuição;
0 contêineres com os 3 Dos 30 passageiros, são 25 que estiveram apenas
produtos; 300 contêineres em A ou B, de modo que os outros 5 passageiros esti-
carne bovina; 450 contêineres veram apenas em C. Veja ainda que 6 passageiros
carne suína; estiveram A e B, de modo que os outros 19
100 contêineres com frango e carne bovina;
estiveram somente em um desses dois países.
150 contêineres com carne suína e carne
bovina; 100 contêineres com frango e carne Logo,
suína.

Bovina A B
Frango
50
100 X

X 6 25 – 6 – x =

0 19 – x

150 100

200 Suína

C 5
Veja que exatamente 50 contêineres foram
carrega- dos somente com carne bovina.
Resposta: Certo.

3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Determinado porto rece- beu um


grande carregamento de frango congelado, carne suína
congelada e carne bovina congelada, para exportação. Esses
238 produtos foram distribuídos em 800 contêineres, da seguinte
forma: nenhum contêiner foi carregado com os três produtos;
300 contêineres foram carregados com carne bovina; 450, com
carne suína; 100, com frango e carne bovina; 150, com carne
suína e carne bovina; 100, com frango e carne suína. Nessa
situação hipotética,
400 contêineres continham frango congelado.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Com as informações colocadas nos diagramas na questão


anterior, podemos somar todas as informa- ções que não
possuem contato com o conjunto de frango e subtrair do
total. Veja:
50 (só bovinos);
150 (bovinos e suínos); 200 (só
suínos).
Somando tudo isso, teremos 400 contêineres com outras
c 00 contêineres contêm franco. (Lembre-se, a banca não
a perguntou somente frango). Logo, 400 con- têineres
r continham frango congelado. Resposta: Certo.
n Sabemos que o número de pessoas que estiveram em
e
B é dado pela soma 6 + (19 – X). Ou seja,
s
, 11 = 6 + (19 – X)
o 11 = 25 – X
X = 25 – 11
q X = 14
u
Logo, as pessoas que estiveram em A são X + 6 = 14
e
+ 6 = 20. Resposta: Certo.
s
o 5. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Situação hipotética: A
b ANVISA realizará inspeções em estabelecimentos
r
comerciais que são classificados como Bar ou Res-
o
u taurante e naqueles que são considerados ao mesmo
tempo Bar e Restaurante. Sabe-se que, ao todo, são 96
d
estabelecimentos a serem visitados, dos quais 49
o
são classificados como Bar e 60 são classificados
t como Restaurante. Assertiva: Nessa situação, há
o mais de 15 estabelecimentos que são classificados
t
a como Bar e como Restaurante ao mesmo tempo.
l
s ( ) CERTO ( ) ERRADO
e
r
á

r
e
s
p
o
s
t
a

p
a
r
a

q
u
e
s
t
ã
o
.
8
0
0
-
4
0
0
=

4
Extraindo os dados:
Veja um exemplo:
total: 96;
Roberto assistiu 2 aulas de Matemática Financeira.
bar: 49; Sabendo que o curso que ele comprou possui um
restaurante: 60. total de 8 aulas, qual é o percentual de aulas já
Somando tudo, temos 49 + 60 = 109. Passou o total assistidas por Roberto?
de 96, porque estamos contando 2 vezes os O todo de aulas é 8. Para descobrir o percentual,
estabeleci- mentos que estão na interseção. Logo, devemos dividir a parte pelo todo e obter uma
descontamos o que passou do total. 109 - 96 = 13 fração.
estabelecimentos
2 1
=
que são classificados como Bar e como Restaurante 8 4
ao mesmo tempo. Resposta: Errado.
Precisamos transformar em porcentagem, ou seja,
vamos multiplicar a fração por 100:

1 · 100 = 25%
4
A porcentagem é uma medida de razão com base
Soma e Subtração de Porcentagem
100. Ou seja, corresponde a uma fração cujo
denomi- nador é 100. Vamos observar alguns
As operações de soma e subtração de
exemplos e notar como podemos representar um porcentagem são as mais comuns. É o que acontece
número porcentual. quando se diz que um número excede, reduziu, é
inferior ou é supe- rior ao outro em tantos por cento.
30 A grandeza inicial corresponderá sempre a 100%.
30% = (forma de fração)
1 Então, basta somar ou subtrair o percentual
fornecido dos 100% e multipli- car pelo valor da
30
30% = = 0,3 (forma decimal) grandeza.
100 Exemplo 1:
Paulinho comprou um curso de 200 horas-aula.
30 3 Porém, com a publicação do edital, a escola precisou
30% = = 1 (forma de fração simplificada) aumentar a carga horária em 15%. Qual o total de
100
horas-aula do curso ao final?
Sendo assim, a razão 30% pode ser escrita de Inicialmente, o curso de Paulinho tinha um total
várias maneiras: de 200 horas-aula que correspondiam a 100%. Com
o aumento porcentual, o novo curso passou a ter 100%
30 3 + 15% das aulas inicialmente previstas. Portanto, o
30% = = 0,3 = total de horas-aula do curso será:
1 1
(1 + 0,15) · 200 = 1,15 · 200 = 230 horas-aula
Também é possível fazer a conversão inversa,
isto é, transformar um número qualquer em Dica
porcentual. Para isso, basta multiplicar por 100. A avaliação do crescimento ou da redução per-
Veja: centual deve ser feita sempre em relação ao
valor inicial da grandeza. -
25 · 100 = 2500%
0,35 · 100 = 35% Variação percentual = Final Inicial
0,586 · 100 = 58,6% Inicial
Veja mais um exemplo para podermos fixar melhor.
Número Relativo Exemplo 2:
Juliano percebeu que ainda não assistiu a 200
A porcentagem traz uma relação entre uma parte e aulas do seu curso. Ele deseja reduzir o número de
aulas não assistidas a 180. É correto afirmar que, se
um todo. Quando dizemos 10% de 1000, o 1000
Juliano chegar às 180 aulas almejadas, o número terá
corres- ponde ao todo. Já o 10% corresponde à fração
caído 20%?
do todo que estamos especificando. Para descobrir a A variação percentual de uma grandeza corres-
quanto isso corresponde, basta multiplicar 10% por ponde ao índice:
1000.
10 -
10% de 1000 = · 1000 = 100 Final - Inicial = 180 200 =
RACIOCÍNIO

1 Variação percentual
Inicial 200
=

Dessa maneira, 1000 é todo, enquanto que 100 é Dica tam


a parte que corresponde a 10% de 1000. bé
Quando o todo varia, a porcentagem
m varia!
20
– = - 0,10
2

Como o resultado foi negativo, podemos afirmar


que houve uma redução percentual de 10% nas aulas
ainda não assistidas por Juliano. O enunciado está
errado ao afirmar que essa redução foi de 20%. 239
3. (CESPE-CEBRASPE — 2016) Art. 21. A alíquota de
EXERCÍCIOS contribuição dos segurados contribuinte individual e
COMENTADOS facultativo será de vinte por cento sobre o respectivo
salário-de-contribuição.
1. (CESPE-CEBRASPE — 2020) Em determinada loja, Considerando o art. 21 da Lei nº 8.212/1991, acima
uma bicicleta é vendida por R$ 1.720 à vista ou em reproduzido, julgue o item seguinte.
duas vezes, com uma entrada de R$ 920 e uma par- - Se o valor da contribuição de um segurado contri-
cela de R$ 920 com vencimento para o mês seguinte. buinte individual for superior a R$ 700,00, então o salá-
Caso queira antecipar o crédito correspondente ao rio-de-contribuição desse indivíduo é superior a R$
3.500,00.
valor da parcela, a lojista paga para a financeira uma
taxa de antecipação correspondente a 5% do valor da
( ) CERTO ( ) ERRADO
parcela.
Com base nessas informações, julgue o item a O art. 21 diz que a contribuição dos segurados é de
seguir. Na compra a prazo, o custo efetivo da operação 20% do seu respectivo salário de contribuição. O
de finan- ciamento pago pelo cliente será inferior a 14% enunciado apresenta um contribuinte com um
salá- rio de R$ 3500,00 e diz que sua contribuição
ao mês.
é de R$ 700,00. Para confirmar se o valor está
correto, precisamos verificar quanto vale 20% de
( ) CERTO ( ) ERRADO R$3500,00 e para isso, podemos aplicar a regra de
três:
Valor da bicicleta =1720,00 100%-3500
Parcelado = 920,00 (entrada) + 920,00 (parcela) 20% -x
Na compra a prazo, o agente vai pagar 920,00 Multiplicando cruzado e isolando x temos,
(entrada), logo vai sobrar (1720-920 = 800,00)
No próximo mês é preciso pagar 920,00 ou seja
800,00 + 120,00 de juros. Agora é pegar 120,00 De fato, a contribuição para quem ganha um salá-
(juros) e dividir por 800,00 resultado: rio-de-contribuição de R$ 3500,00 deve ser de R$
120,00/800,00 = 0,15% ao mês. 700,00. Resposta: Certo.
A questão diz que seria inferior a 0,14%, ou seja,
4. (CESPE-CEBRASPE – 2008) A tabela abaixo mostra,
está errada.
em porcentagens, a distribuição relativa da população
Resposta: Errado.
brasileira por grupos etários, de acordo com dados
dos censos demográficos de 1940 a 2000.
2. (CESPE-CEBRASPE — 2019) Na assembleia legislati-
va de um estado da Federação, há 50 parlamentares,
entre homens e mulheres. Em determinada sessão
plenária estavam presentes somente 20% das deputa-
das e 10% dos deputados, perfazendo-se um total de 7
parlamentares presentes à sessão.
Infere-se da situação apresentada que, nessa assem-
bleia legislativa, havia

a) 10 deputadas.
b) 14 deputadas.
c) 15 deputadas.
d) 20 deputadas.
240 e) 25 deputadas.

50 parlamentares
Deputadas = X
Deputados = 50-X
Compareceram 20% x e 10% (50-x), totalizando 7
parlamentares. Não sabemos a quantidade exata de cada
sexo. Vamos montar uma equação e achar o valor de X.
20% x + 10% (50-x) = 7
20/100 . x + 10/100 . (50-x) = 7
2/10 . x + 1/10 . (50-x) = 7
2x/10 + 50 - x/10 = 7 (faz o MMC)
2x + 50 - x = 70
2 a.
x Resposta: Letra D.
-
x
=

7 Com base nos dados acerca da evolução da popula-


0 ção brasileira apresentados na tabela acima, julgue o
- item subsequente.
5 O envelhecimento da população, representado pela
0 relação entre a proporção de idosos (65 anos ou
x mais) e a proporção de crianças (até 14 anos),
= passou de 10,5%, em 1980, para 18,2%, em 2000.
Essa relação indica que, em 2000, havia cerca de 18
2 idosos para cada 100 crianças.
0
( ) CERTO ( ) ERRADO
d
e Podemos estabelecer uma relação da porcentagem
p de idosos com a porcentagem de crianças até 14
anos, isso é, 29,6% corresponde a totalidade das
u
crianças. Logo, por regra de três, podemos estabele-
t
cer quanto vale 5,8% com relação a esse valor:
a 29,6%-100%
d
a
s
f
a
z
e
m

p
a
r
t
e
d
a

A
s
s
e
m
b
l
e
i
a

L
e
g
i
s
l
a
t
i
v
5,8% -x
Multiplicando cruzado e isolando x temos, 3. (CESPE-CEBRASPE — 2019) No item seguinte apre-
senta uma situação hipotética, seguida de uma asser-
tiva a ser julgada, a respeito de proporcionalidade,
Os 5,6% da população idosa corresponde à 19,59% porcentagens e descontos.
da população infantil, isso implica que para cada Pedro aplicou 25% de suas reservas em um investi-
100 crianças em 2000 havia 19,59 idosos e não 18. mento financeiro e ainda sobraram R$ 3.240. Nessa
Resposta: Errado. situação, antes da aplicação, as reservas de Pedro
somavam R$ 4.320.
5. (CESPE-CEBRASPE – 2008) Segundo dados do IBGE,
6,4% dos brasileiros têm, hoje, 65 anos de idade ou ( ) CERTO ( ) ERRADO
mais. Em 2050, serão 18,8%, ou quase três vezes mais.
Com referência a essa informação, julgue o item a 4. (CESPE-CEBRASPE — 2019) Julgue o item seguinte,
seguir. relativo a juros, taxas de juros e rendas uniformes e
Considere-se que a população brasileira seja, hoje, de variáveis.
180 milhões de habitantes. Se o preço inicial de um produto for corrigido anual-
Nessa situação, é correto afirmar que, hoje, há mais mente em 30% de seu valor vigente, então, após dois
de 11 milhões de brasileiros com 65 anos de idade ou anos, o preço do produto terá correção de 69% sobre
mais. o seu valor inicial.

( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO relação à do mês anterior. Com base nessa
situação hipotética, julgue o item a seguir. 5. (
Para responder essa questão, devemos calcular Supondo-se que o contribuinte opte por efetuar C
quantos brasileiros possuem 65 anos de idade ou o pagamento em 3 parcelas, então a soma E
mais e devemos calcular quanto vale 6,4% da tota- algébrica dos valores por ele pagos será inferior S
lidade dos 180 milhões de brasileiros. Faremos a R$ 2.350. P
isso usando regra de três:
E
180-100%
x -6,4% ( ) CERTO ( ) ERRADO -
Multiplicando cruzado e isolando x temos, C
E
B
Isto é, os 6,4% de pessoas com mais de 65 anos R
cor- respondem a uma população de mais de 11 A
milhões de brasileiros. Resposta: Certo. S
P
E
HORA DE PRATICAR! —

1. (CESPE-CEBRASPE — 2017) Em uma reunião de cole- 2


giado, após a aprovação de uma matéria polêmica pelo 0
placar de 6 votos a favor e 5 contra, um dos 11 presen- 1
tes fez a seguinte afirmação: “Basta um de nós 9
mudar de ideia e a decisão será totalmente )
modificada.” Considerando a situação apresentada e A
a proposição correspondente à afirmação feita, c
julgue o item. e
Se A for o conjunto dos presentes que votaram a favor e r
B for o conjunto dos presentes que votaram contra, c
então o conjunto diferença A\B terá exatamente um a
elemento. d
a
( ) CERTO ( ) ERRADO l
ó
2. (CESPE-CEBRASPE — 2021) Determinado contribuinte, g
em débito com a receita estadual, constatou que i
deve pagar R$ 2.100 para quitar todos os débitos, c
após des- conto concedido por aquele órgão. Após tal a
desconto, o pagamento pode ser parcelado em até 10 s
parcelas mensais, sendo a primeira calculada pela e
razão entre o valor da dívida pós- desconto e o n
número escolhido de parcelas, paga no momento do t
acordo. As demais têm seu valor corrigido em 10% em e
n- cial, julgue o item que se segue.
A lógica bivalente não obedece ao princípio da não
contradição, segundo o qual uma proposição não assume
simultaneamente valores lógicos distintos.

( ) CERTO ( ) ERRADO

6. (CESPE-CEBRASPE — 2018) Julgue o seguinte item,


relativo à lógica proposicional e à lógica de argumentação.
A proposição “A construção de portos deveria ser uma
prioridade de governo, dado que o transporte de cargas
por vias marítimas é uma forma bastante econômica de
escoamento de mercadorias.” pode ser representada
simbolicamente por PΛQ, em que P e Q são proposições
simples adequadamente escolhidas.

( ) CERTO ( ) ERRADO
7. (CESPE-CEBRASPE — 2017)

Texto CB2A6BBB

A maior prova de honestidade que realmente posso dar


neste momento é dizer que continuarei sendo o cidadão
desonesto que sempre fui. Considerando o texto
CB2A6BBB, julgue o item seguinte, concernentes à
argumentação e aos tipos de argumentos.
A partir da frase apresentada, conclui-se que, não sendo
possível provar que o que é enunciado é falso, então o
enunciador é, de fato, honesto.

( ) CERTO ( ) ERRADO

8. (CESPE-CEBRASPE — 2021) Com relação a estruturas


lógicas, julgue o item a seguir, nos quais são utilizados os
símbolos usuais dos conectivos lógicos e as letras P, Q, R e
S representam proposições lógicas.
A frase “A capacidade hoteleira e o número de empregos
cresceram 10% no ano de 2003 no Nordeste brasileiro, e
isso foi consequência do total de 90 milhões de reais
investidos na área de turismo pelo governo federal e pelos

RACIOCÍNIO
governos estaduais dessa região no ano de 2002” pode ser
expressa corretamente pela proposição lógica (P  Q)  (R 
S).

( ) CERTO ( ) ERRADO

241
9. (CESPE-CEBRASPE — 2018) Julgue o item a seguir, a lógicos usuais e assuma que as letras maiúsculas representam
respeito de lógica proposicional. proposições lógicas e que o símbolo ⁓ representa a negação.
A proposição “A vigilância dos cidadãos exercida Considere também que as três primeiras colunas de uma
pelo Estado é consequência da radicalização da tabela-verdade que envolve as proposições lógicas P, Q e R
socieda- de civil em suas posições políticas.” pode sejam as seguintes.
ser corre- tamente representada pela expressão
lógica P→Q, em que P e Q são proposições simples
escolhidas adequadamente.

( ) CERTO ( ) ERRADO

10. (CESPE-CEBRASPE — 2018) Considere as seguintes


proposições: P: O paciente receberá alta; Q: O paciente
receberá medicação; R: O paciente receberá visitas.
Tendo como referência essas proposições, julgue o
item a seguir, considerando que a notação ~S significa
a negação da proposição S.
A proposição  P  [Q  R] pode assim ser traduzi-
da: Se o paciente receber alta, então ele não receberá
medicação ou não receberá visitas.

( ) CERTO ( ) ERRADO

11. (CESPE-CEBRASPE — 2018) Julgue o item que se


segue, a respeito de lógica proposicional.
A sentença “No Livro dos Heróis da Pátria consta o
nome de Francisco José do Nascimento, o Dragão do
Mar, por sua atuação como líder abolicionista no esta-
do do Ceará.” é uma proposição simples.

( ) CERTO ( ) ERRADO

12. (CESPE-CEBRASPE — 2021) Com relação a


estruturas lógicas, lógica de argumentação e lógica
proposicio- nal, julgue o item subsequente.
A proposição [p  q]  [p  ( q)], em que ( q) deno-
ta a negação da proposição q, só apresenta resultado
verdadeiro quando a proposição p for verdadeira e a
proposição q for falsa.

( ) CERTO ( ) ERRADO

13.(CESPE-CEBRASPE — 2021) Julgue o item seguinte,


considerando a estrutura lógica das situações apre-
sentadas em cada caso.
Suponha que a afirmação “Carlos pagará o imposto ou
Ana não comprará a casa.” seja falsa. Nesse caso, é
correto concluir que Ana comprará a casa.

( ) CERTO ( ) ERRADO

14. (CESPE-CEBRASPE — 2021) Considere a seguinte


proposição.
P: “Se a vegetação está seca e sobre ela cai uma faís-
ca, ocorre um incêndio.”
Com relação à proposição apresentada, julgue o item
seguinte.
A tabela-verdade da proposição P possui 8 linhas.
242
( ) CERTO ( ) ERRADO

15. (CESPE-CEBRASPE — 2021) Considere os conectivos


em seguinte.
A última coluna da tabela-verdade
relacionada à expressão (PQ)R
apresenta valores V ou F na seguinte
sequência, de cima para baixo: V F F F V V
V V.

( ) CERTO ( ) ERRADO

16. (CESPE-CEBRASPE — 2021) Considere os


conectivos lógicos usuais e assuma que as
letras maiúsculas representam
proposições lógicas e que o símbolo ⁓
representa a negação. Considere também
C que as três primeiras colunas de uma
o tabela-verdade que envolve as proposições
m lógicas P, Q e R sejam as seguintes.

b
P Q R
a
s V V V
e V V F

n V F V
a V F F
s
F V V
i F V F
n
f F F V
o F F F
r
Com base nas informações apresentadas,
m
julgue o item seguinte.
a
A última coluna da tabela-verdade
ç
relacionada à expressão (PQ)(⁓R)
õ
apresenta valores V ou F na seguinte
e
sequência, de cima para baixo: F V V F V F V
s
F.
a
( ) CERTO ( ) ERRADO
p
r
e 17. (CESPE-CEBRASPE — 2021) Com relação a
s lógica pro- posicional, julgue o item a
e seguir.
n Uma tautologia é uma proposição
t composta em que seu valor lógico será
sempre verdadeiro, independen- temente
a
do valor lógico das proposições que a
d
estru- turam. Nesse sentido, considerando-
a
se p e q como proposições, a proposição
s
composta p  q   (p   q) é uma
,
tautologia.
j
u ( ) CERTO ( ) ERRADO
l
g
u
e

i
t
18. (CESPE-CEBRASPE — 2021) Considerando os conecti-
vos lógicos usuais, assumindo que as letras maiúscu- ANOTAÇÕES
las representam proposições lógicas e considerando
que o símbolo ⁓ representa a negação, julgue o item a
seguir, relacionados à lógica proposicional.
A expressão ⁓(P˄(⁓Q))(Q˅(⁓P)) é uma tautologia.

( ) CERTO ( ) ERRADO

19. (CESPE-CEBRASPE — 2020) Considere que as seguin-


tes proposições sejam verdadeiras.
P: “Se o processo foi relatado e foi assinado, então ele
foi discutido em reunião”.
Q: “Se o processo não foi relatado, então ele não foi
assinado”.

 Com base nessas informações, julgue o item a seguir.


 O valor lógico da proposição Q→(PQ) é sempre
verdadeiro.

( ) CERTO ( ) ERRADO

20. (CESPE-CEBRASPE — 2018) Julgue o item que se


segue, a respeito de lógica proposicional.
Se P e Q forem proposições simples, então a proposi-
ção ¬[P  (¬Q)]  [(¬P)  Q] é uma tautologia.

( ) CERTO ( ) ERRADO

 GABARITO

1 ERRADO
2 CERTO

3 CERTO
4 CERTO

5 ERRADO
6 ERRADO

7 ERRADO
8 ERRADO

9 ERRADO
10 ERRADO

11 CERTO

12 ERRADO
13 CERTO
14 CERTO
15 ERRADO
16 CERTO
RACIOCÍNIO

17 CERTO

18 CERTO

19 CERTO
20 CERTO
243
ANOTAÇÕES

244
enfermidade ou invalidez — solicitava ajuda à
C
comu- nidade, esta que poderia ou não lhe
om
ajudar, a depen- der da existência e
o
disponibilidade de recursos.
avan

CONHECIMENTOS çar
dos

ESPECÍFICOS tem
pos,
surg
e,
em
160
1,
ORIGEM E EVOLUÇÃO LEGISLATIVA NO BRASIL na
Ingl
Estudar a evolução histórica da seguridade social aterr
nos leva a compreender a importância da proteção a, a
social e que esta compreende um direito de luta. prim
Garantir a proteção social é garantir igualdade eira
social. man
No que tange a questão previdenciária, eventos ifest
da vida, como a doença, a idade avançada, a prisão, ação
a maternidade, o desemprego, a invalidez, entre estat
outros, refletem, diretamente, na capacidade al
laborativa do indivíduo. Eles alteram, acer
principalmente, a sua vida financeira, devendo o ca
Estado intervir e impor regras para a garantia da da
subsistência destas pessoas. tem
Na nossa legislação, percebemos um Estado que ática
visa a proteção da população, ofertando serviços de ,
saúde gratuitamente (por meio, por exemplo, do SUS), com
benefícios assistenciais para a população necessitada a
(como o Bolsa-Família, os Auxílios Emergenciais ediç
em momentos de crise, entre outros), assegurando a ão
dig- nidade humana e as garantias fundamentais pela
previstas em nossa carta magna. Rain
Porém, nem sempre essa foi a realidade em nos- ha
so país ou, ainda, no mundo. Estamos em processo Eliz
de evolução, pois, por muito tempo, não se falava abet
em Estado de direitos, muito menos em garantia de h I
proteção social. Um sistema de Seguridade Social, (Isa
englobando as políticas de Saúde, Assistência Social e bel
Previdência Social, de forma articulada, como o que I)
temos hoje, é algo recente na história brasileira, do
tendo surgido com a Constituição Federal de 1988. Act
Para se chegar a isso, um longo caminho foi of
percorri- do. Estudaremos, adiante, a origem da Reli
Seguridade Social no mundo, sempre que possível em ef of
ordem cronológica. the
Poo
A Origem dos Mecanismos de Seguridade Social r ou,
no Mundo com
o
O atual modelo de Seguridade Social, como já com
intro- duzido, é formado pelo tripé da Assistência u-
Social, Saúde e Previdência. Tal modelo é resultado men
de uma longa construção histórica, marcada por te é
lutas em prol da atenuação das desigualdades con
sociais, as quais remontam à origem da Seguridade heci
Social no mundo, sendo, portanto, imprescindíveis o da, a
seu conhecimento para melhor compreender o Lei
processo de evolução e o de desenvolvimento da dos
temática no Brasil. Pob
Remotamente, o embrião da Seguridade Social res,
relaciona-se mais à Assistência e possui fundamento que
na caridade, sendo, na maioria das vezes, praticada esta
e envidada pela Igreja, e, posteriormente, pelas ins- bele
tituições públicas. Nesta época, o necessitado que ceu
precisava de auxílio — em razão de desemprego, um
encargo obrigatório que era recolhido pelo Esta- do com a
finalidade social de prestar assistência aos necessitados,
surgindo, assim, o primeiro modelo assistencial público
ou de assistência social.
Em suma, a Lei dos Pobres era um fundo monetá- rio
que se destinava a todos os necessitados desem- pregados
ou que não possuíam condições de sustentar os filhos,
mas que possuíam força laborativa para tra- balhar para a
Igreja ou para o Estado.
É importante mencionar os fatores que influen- ciam a
Lei dos Pobres, que são:

 A influência da Igreja, que pregava como dever do


Estado a prestação assistência aos desamparados;
 O crescimento populacional desencadeado pela
migração de trabalhadores rurais para os cen- tros
urbanos, estes que nem sempre encontravam trabalho,
o que aumentava o número de necessi- tados em
condição de miserabilidade nas ruas e, por
conseguinte, gerava o aumento dos problemas sociais
na Inglaterra;
 A manutenção do controle estatal predominante sobre
a população.

Posteriormente, na Alemanha, especificamente em


1883, surgem as primeiras manifestações sobre o sistema
da seguridade social por meio do Chanceler de Ferro,
Otto von Bismarck, que estabeleceu leis que constituem o
embrião da Previdência Social no mun- do. Leis estas que
asseguravam aos trabalhadores o direito à percepção de
seguro-doença (1883), seguro de proteção em face de
acidentes de trabalho (1884), seguro-invalidez e o seguro-
velhice (1889).
A promulgação das leis Bismarckianas de Seguri-
dade Social, ao contrário de muitos outros Estados, não
foram promulgadas em contrapartida às lutas sociais,
mas, de forma premeditada, sobretudo porque visava
combater eventuais revolucionários. Assim, o objeti- vo
central delas era o de transformar os trabalhadores
alemães em indivíduos mais dependentes da proteção
estatal, convertendo, por conseguinte, os atores políti- cos
em cidadãos comuns.
O modelo Bismarckiano é considerado um mode- lo
de seguridade mais restrito, uma vez que possuía como
destinatários somente aqueles que contribuíam para o
sistema.
Vale salientar que, após as legislações promovidas
pelas medidas de Bismarck, a Inglaterra desenvolveu-
-se fortemente na legislação previdenciária, tornan- do-se
o país mais avançado neste sentido, por meio da
promulgação das leis:

CONHECIMENTOS
 “Old Age Pensions Act”, que, em 1908, conferiu aos
maiores de 70 anos o direito de perceber pensões,
independentemente de qualquer contribuição;
 “National Insurance Act”, que, em 1911, estabeleceu a
obrigatoriedade de contribuições sociais por parte do
empregador e do empregado, bem como do Estado;
 “Workmen’s Compensation Act”, que, em 1923, previu
a reparação por acidentes de trabalho, atri- buindo ao
empregador uma responsabilidade de ordem objetiva,
isto é, independente de comprova- ção de culpa.

245
Em 1917 foi a vez do México, que, pela primeira vez, incluiu o tema da previdência social, de maneira mini-
mamente significativa, no texto de sua Constituição. Seguida pela Constituição da República de Weimar, em 1919.
A título de curiosidade, Weimar foi a nomenclatura de uma República instituída na Alemanha após a Primeira
Guerra Mundial até meados de 1933.

Dica
As primeiras manifestações sobre o tema seguridade relacionam-se à assistência e têm origem na Inglaterra, em
1601, com a edição da Lei dos Pobres. Já as primeiras manifestações relacionadas à Previdência Social
têm origem nas Leis Birmarckianas, em 1883. Por sua vez, a primeira manifestação da previdência como
norma constitucional têm origem no México, em 1917.

Após a 1ª Grande Guerra Mundial (1914 - 1918), o mundo entraria no período da Grande Depressão ou,
como também é conhecida, a Crise Mundial de 1929, surgida em decorrência da euforia econômica, da
superprodução agrícola e, sobretudo, da “quebra” da bolsa de Nova Iorque.
Em contrapartida à crise, o Estados Unidos, inspirado na política do bem-estar social, objetivando a recupe-
ração da economia norte-americana, adotou um plano mais intervencionista da economia, conhecido como
New Deal, ou Novo Acordo, que, entre outras coisas, estabeleceu uma espécie de responsabilidade na
organização dos setores sociais, com investimentos na saúde, assistência e previdência, razão pela qual, em
1935, o país editou o Social Security Act, que estabeleceu a previdência social como uma garantia social.
Mais adiante, especificamente em 1942, idealizado por William Beveridge, surge na Inglaterra o Plano
Beve- ridge, que consiste no divisor de águas da seguridade social moderna, sobretudo porque institui uma
proteção social que engloba a Assistência, Saúde e a Previdência social, que acoberta eventualidades da vida
desde o nas- cimento até o falecimento.
O plano Beveridge é considerado como divisor de águas da evolução da seguridade social, justamente por
— diferente do modelo bismarckiano de seguridade social — não estar adstrito aos empregados, mas por
englobar todos os cidadãos, por meio da instituição de um seguro obrigatório de arrecadação.

Para facilitar a compreensão:

ORIGEM DA SEGURIDADE SOCIAL NO MUNDO


Evolução Legislativa
Act of Relief of the Poor 1601
Old Age Pensions Act 1908
Inglaterra
National Insurance Act 1911
Workmen’s Compensation Act 1923
Plano Beveridge 1942
Evolução Legislativa — Leis de Bismarck
Seguro-doença 1883
Alemanha
Seguro de Proteção em Face de Acidentes de 1884
Trabalho
Seguro- invalidez e o seguro-velhice 1889
Evolução Legislativa
México
Constituição do México 1917

República de Evolução Legislativa


Weimar Constituição de Weimar 1919
Evolução Legislativa
Estados Unidos
Social Security Act 1935

É importante mencionar que a Seguridade Social no mundo também pode ser dividiva em três etapas:

 Período da Assistência Pública: inicia-se na proteção social com fundamento na caridade, estendendo-se até
a criação de uma assistência pública, razão pela qual este período tem como grande marco o Act of Relief
of the Poor - Lei dos Pobres, em 1601.
 Periodo do Seguro Social: com o passar dos tempos, uma assistência aos necessitados, conferida em razão
de desemprego involutário, doenças, mutilações etc., tornou-se insuficiente e, por esta razão, surgiram os
seguros sociais de vida, invalidez, doenças, acidentes profissionais. Este período tem como marco a
primeira lei bis-
246 marckiana, que deu origem ao seguro-doença.
 Período da Seguridade Social: a terceira etapa
O
ocorre durante a 2ª Guerra Mundial e tem como Como visto, a Constituição do México (1919) é corr
marco o plano Beveridge, que, em crítica ao consi- derada a primeira a tratar do assunto e
siste- ma bismarckiano, regulamentou a proteção seguridade social, mas a Constituição Brasileira que,
social em caráter universal, isto é, se destinava a de 1824 já trazia uma dis- posição relacionada segu
todos os cidadãos, desde o nascimento até o principalmente à assistência. ndo
falecimento.
a
Evolução da Seguridade Social no Brasil dout
rina
Com o surgimento de um novo Estado, surgem maj
novas demandas sociais. O Brasil é um país que oritá
sofre grande desigualdade social, e isso é reflexo ria,
de toda uma construção histórica, na qual quem a
possuía rique- zas detinha direitos e, aos demais, Con
restavam os deveres. Remotamente, inexiste uma stitu
preocupação com os Direitos do Trabalhador, ição
porque, como o país utiliza- va mão de obra escrava de
até o ano de 1888, não havia 182
necessidade. 4
Com o fim da escravidão, não ocorreu, todavia, o não
fim da exploração da mão de obra. Uma vez que, regu
pos- teriormente, os imigrantes é que foram lava
explorados. sobr
Vamos estudar, agora, as principais datas aborda- e a
das em concursos públicos: segu
O Brasil é “descoberto”, oficialmente, em 1500 e, rida
nos anos seguintes, povoado e estruturado. Em mea- de
dos de 1539 a 1540, surgem as primeiras soci
manifestações da Seguridade Social, com a criação al,
da primeira Santa Casa de Olinda, no Pernambuco. mas,
Que, em suma, era uma entidade hospitalar com tão
funções assistenciais. som
ente
Importante!
Note que mesmo antes do marco inicial da Segu- ridade Social do mundo pela Criação da Lei dos pobres (1601), já existia no Bra

trazi
No ano 1808, criou-se o Montepio para a guarda a
pes- soal de Dom João VI e a Mongeral. Em 1835, em
que era o Montepio Geral da Economia dos Servidores seu
do Estado. Os montepios eram formas de seguro e bojo
estavam organi- zados em um sistema de previdência a
privada mutualis- ta, ou seja, os indivíduos prev
associavam-se e contribuíam para um fundo comum, isão
o qual realizava a cobertura de algumas situações, de
como morte e invalidez; um
ato
 Constituição do Império — 1824
de
A Constituição do Império previu a garantia dos segu
socor- ros públicos, veja o que dizia a previsão rida
constitucional: de,
razã
Art. 179 A inviolabilidade dos Direitos Civis, e o
Políticos dos Cidadãos Brazileiros (sic.), que tem pela
por base a liberdade, a segurança nacional, a qual
segu- rança individual, e a propriedade, é não
garantida pela Constituição do Império, pela se
maneira seguinte: [...] pod
XXXI. A garantia dos soccorros(sic.) públicos; e
afirmar que a Constituição do Império foi a primeira a
trazer disposições securitárias constitucionais, uma vez
que esta previa apenas um ato securitário.
Além disso, o dispositivo da Constituição do Impé- rio
carecia de efeitos práticos, uma vez que — apesar da
previsão constitucional — os cidadãos não deti- nham de
meios para exigir a tutela do direito, ou seja, não passava
de letra morta.
Assim, a Constituição do México é que é conside-
rada a primeira a regular com status constitucional, pelo
menos de maneira mínimamente satisfatória, a temática
da seguridade social.

 Constituição Brasil República — 1891

Nesta Constituição havia duas previsões legais


relacionadas à seguridade: uma que previa a obri- gação
da União de prestar socorro aos Estados, caso
solicitassem, como em casos de calamidade pública, e
outra que foi a primeira vez que uma Constituição
brasileira trouxe em seu bojo o termo “aposentado- ria” .
Contudo, conforme se verifica, tal direito era res- trito aos
funcionários públicos:

Art 75 A aposentadoria só poderá ser dada aos fun-


cionários públicos em caso de invalidez no serviço da
Nação.

Neste entretempo, após o final da primeira guer- ra


mundial, que se deu pela assinatura do Tratado de
Versalhes, foi criada, em 1919, pela Conferência da Paz
de Paris, a Organização Internacional do Traba- lho
(OIT) como sendo uma agência da Liga das Nações. Entre
as inúmeras disposições da constituição da Organização da
Constituição da OIT, merece desta- que as exigências de
que os Estados-Membros crias- sem meios de fiscalizar e
inspecionar o trabalho, bem
como estabelecessem diretrizes básicas para tanto.
A criação da Organização Internacional do Traba- lho
reflete no Brasil até os dias atuais, tendo sido espe- lho para
o início da legislação acidentária e a criação do Seguro
Acidente de Trabalho.
Com a industrialização a todo vapor no Brasil, espe-
cialmente nos grandes centros industriais, aumenta- ram-
se os números de acidentes trabalhistas, os quais deram
ensejo à aprovação do Decreto Legislativo nº 3.724, de 15
de janeiro de 1919, que instituiu proteção aos cidadãos
acometidos por acidentes de trabalho.
A partir do ano de 1919, houve o fortalecimento e a
construção efetiva de uma proteção previdenciária e
trabalhista no Brasil.

Marco Inicial da Previdência Social

Em 1923, foi publicado o Decreto Legislativo n°


4.682, de 24 de janeiro 1923, mais conhecido como Lei
Eloy Chaves. Esse decreto determinou a criação das
CONHECIMENTOS

Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP) nas empre- sas


do ramo ferroviário, mediante contribuições dos
trabalhadores e das empresas (sistema mutualista). Este
decreto garantiu aos ferroviários a proteção em caso de
invalidez e morte, bem como proteção a título de
assistência médica.

247
o tríplice custeio da previdência, determinando a
Essa Lei é considerada o marco da
obrigatoriedade do custeio por parte do Estado, do
Previdência Social no Brasil, pois dela derivaram empregador e dos trabalhadores. Além disso, esta
outras leis que ampliaram a proteção previdenciária
para emprega- dos de outros setores e não só o
ferroviário.
O sistema previa uma CAP para cada empresa.
Eram as empresas que organizavam e geriam suas
CAPs com a participação dos seus empregados, em
um sistema mutualista, sem gerência ou contribuição
do Poder Público. Dois institutos jurídicos da Lei Eloy
Chaves que merecem destaque são: o caráter contri-
butivo e o limite de idade, apesar deste ser vinculado
ao tempo de contribuição.
O dia 24 de janeiro é considerado o dia da previ-
dência social e dia do aposentado.

Dica
A Lei Eloy Chaves é o marco inicial da previdên-
cia social no país, mas, não significa dizer que
antes da Lei Eloy Chaves não existiu nenhuma
legislação que tratasse de seguridade social.

Após a Ley Eloy Chaves, o sistema de Caixas de


Aposentadoria e Pensão (CAPs), foram criadas
CAPs para empresas de diversos outros ramos de
atividade econômica, como, por exemplo:

 Houve a extensão aos portuários e marítimos pelo


Decreto nº 5.109, de 20 de dezembro de 1926;
 Posteriormente, foi extendido aos trabalhadores
telegráficos e radiográficos, por meio do Decreto
nº 5.485; de 30 de junho de 1928;

Outro acontecimento que merece destaque foi


a criação do Instituto de Previdência dos Funcioná-
rios da União, por meio do Decreto nº 5.128, de 31
de dezembro de 1926. Bem como, a criação pelo
Decre- to nº 19.433 do Ministério do Trabalho,
Indústria e Comércio, com a função do orientar e
supervisionar a Previdência Social.

Os Institutos de Classe

A partir de 1930, devido à crise do sistema previ-


denciário, as CAPs foram transformadas nos
Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), mais
abrangen- tes, pois se referiam à categorias inteiras e
não apenas a empregados de determinadas empresas,
e estavam sujeitos ao controle e administração
estatal. É a evolu- ção do sistema de CAPs.

Após os ferroviários surgiram:

 Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Marítimos


— IAPM, em 1933;
 Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Comerciá-
rios, — IAPC, em 1934;
 Instituto de Aposentadoria e Pensão dos
Bancários
— IAPB, em 1934;
 Instituto de Aposentadoria e Pensão dos
Industriá-
rios — IAPI, em 1936.
248
Segunda República — Constituição de 1934

A Segunda Constituição Republicana estabeleceu


C omo, por exemplo, a doença, velhice, [...]
o morte e a invalidez. XVI - previdência, mediante contribuição da União,
n do empregador e do empregado, em favor da
s Estado Novo — Constituição de 1937 maternidade e contra as consequências da
t doença, da velhice, da invalidez e da morte;
i Conforme preleciona a Agência do Senado (2022):
t Neste período, por meio da Lei nº 3.807, de 26 de
u agosto de 1960, foi instituída a Lei Orgânica da
Em 10 de novembro de 1937, Getúlio
i Previ- dência Social, que unificou os dispositivos
Vargas revo- gou a Constituição de
ç legais rela- tivos à Previdência Social, bem como
1934, dissolveu o Congresso e outorgou
ã ao país, sem qualquer consulta prévia, a incluiu outros direitos:
o Carta Constitucional do Estado Novo, de
inspiração fascista, com a supressão dos
i partidos políticos e concentração de
n poder nas mãos do chefe supremo do
s Executivo. Essa Carta é datada de 10 de
t novem- bro de 1937.
i
t Com efeito, no texto da referida
u Constituição, espe- cificamente na alínea
i “m” do art. 137, foram instituí- dos os
u seguros em face de acidente de trabalhado,
de vida, de invalidez, bem como de
a velhice.

i Além disso, neste entretempo, foram insituídos:


d
e  Instituto de Previdência e Assistência dos
i Servido-
a res do Estado — IPASE, em 1938;
 Instituto de Aposentadoria e Pensão dos
d Emprega- dos em Transportes e Cargas
o — IAPTEC, em 1938. Seguido pela
instituição da obrigatoriedade de
q filiação dos de seus condutores, em
u 1939; e
e  Por fim, em 1939, é instituído o Serviço
Central de Alimentação do Instituto de
s Aposentadoria e Pen- sões dos
e Industriários.

e REFERÊNCIAS
n
t BRASIL, Agência do Senado.
e Constituições Brasi- leiras, [s.d.].
n Disponível em: https://www12.senado.
d leg.br/noticias/glossario-legislativo/constituic
e oes-bra- sileiras. Acesso em: 21 jan. 2022.

p Constituição de 1946
o
r
Responsável pela redemocratização do
Brasil, esta foi a quarta constituição
r
brasileira. Promulgada após um governo
i
autoritário que restringiu muitos direitos
s
fundamentais e uma grande guerra
c
mundial, ela sur- ge em um contexto de
o
ampliação de direitos, trazendo a expressão
s
Previdência Social, que cobriria eventos,
como morte, invalidez, velhice, doença e
s
maternida- de. Neste sentido, veja o que
o
previa o inciso XVI, do art. 157, da
c
Constituição de 1946:
i
a
Art 157 A legislação do trabalho e a da
i
previdên- cia social obedecerão nos
s
seguintes preceitos, além de outros que
, visem a melhoria da condição dos
trabalhadores:
c
 Auxílio-reclusão; habeas corpus para os chamados crimes
políti- cos; decretação do estado de sítio pelo V
 Auxílio-funeral;
presidente da República em qualquer dos eja,
 Auxílio-natalidade.
casos previstos na Constituição; e agor
autorização para intervenção em estados e a,
Dica! municípios. em
A Constituição de 1946 foi a responsável por orde
modificar, pela primeira vez, o termo “Seguro m
Social” por “Previdência Social”. cron
ológ
Na sequência, em 1965, foi publicada a Emenda ia,
Constitucional nº 11, a qual previu o princípio da as
preexistência do custeio. inov
Em 1963 iniciou-se a proteção do trabalhador açõe
rural (de uma forma muito mais assistencial) com s
a criação do FUNRURAL — Fundo de Assistência ao trazi
Trabalhador Rural, por meio da Lei nº 4.214, de 02 de das
março de 1963. Além disso, houve, também, a criação nest
do Salário-Família. e
Em seguida, com a publicação do Decreto-Lei nº perí
72, de 21 de novembro de 1966, ocorre a unificação odo:
admi- nistrativa daqueles diversos Institutos (IAPs),
dando origem ao Instituto Nacional de Previdência  I
Social (INPS). Veja o que dispõe o art. 1 do citado n
Decreto-lei: c
l
Art. 1º Os atuais Institutos de Aposentadoria e u
Pen- sões são unificados sob a denominação de s
Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). ã
Art. 2º O INPS constitui órgão de administração o
indi- reta da União, tem personalidade jurídica de d
nature- za autárquica e goza, em toda sua plenitude, o
inclusive no que se refere a seus bens, serviços e s
ações, das regalias, privilégios e imunidades da A
União. c
i
Regime Militar (Constituição de 1967 e Emenda nº 1, d
de 1969) e
n
Antes de adentrarmos no estudo da Constituição, t
deve-se reforçar, que, apesar de divergências, o e
enten- dimento do Supremo Tribunal Federal é de s
que antes da Constituição Cidadã, de 1988, não houve d
e
uma Cons- tituição de 1969, sobretudo porque existe
T
vício de for- malidade, isto é, no tocante a forma de
r
criação. a
b
Para melhor compreensão deste período, veja o a
que dispõe a Agência do Senado: l
h
Essa Constituição foi emendada por sucessiva expe- o
dição de Atos Institucionais (AIs), que serviram de n
mecanismos de legitimação e legalização das o
ações políticas dos militares, dando a eles poderes r
extra- o
-constitucionais. De 1964 a 1969, foram l
decretados d
17 atos institucionais, regulamentados por 104 a
atos complementares.
P
Um deles, o AI-5, de 13 de dezembro de 1968, foi
r
um instrumento que deu ao regime poderes
e
absolutos e cuja primeira consequência foi o
-
fechamento do Congresso Nacional por quase um
ano e o recesso dos mandatos de senadores, v
deputados e vereado- res, que passaram a receber i
somente a parte fixa de seus subsídios. d
Entre outras medidas do AI-5, destacam-se: sus- ê
pensão de qualquer reunião de cunho político; n
censura aos meios de comunicação, estendendo- c
-se à música, ao teatro e ao cinema; suspensão do i
a Social — 1967;
 Inclusão do trabalhador rural no rol dos segurados
da Previdência Social — 1969;
 Criação do Prograna de Integração Social (PIS)
— 1970;
 Criação do Programa de Formação do Patrimônio
do Servidor Público (PASEP) — 1970;
 Criação do Programa de Assistência ao Trabalha- dor
Rural (Pró-rural), mantido pelo FUNRURAL), que,
entre outras coisas, incluiu os trabalhado- res rurais
no rol dos segurados previdenciários
— 1971.
 Inclusão do empregado doméstico no rol de segu-
rado obrigatório da Previdência Social — 1972;
 Desmembramento-criação do Ministério do Traba- lho e
Previdência Social, gerando o o Ministério da
Previdência e Assistência Social — 1974;
 Criação da Empresa de Tecnologia e Informações
da Previdência Social (DATAPREV) — 1974;
 Consolidação da Leis da Previdência Social — 1976;
 Criação da lei que regulamentou aa previdência
privada complementar, organizando e estabele- cendo
distinção entre as entidades abertas e as entidades
fechadas de previdência privada. Como, por exemplo, o
PREVI (Banco do Brasil) e a PETROS (PETROBRÁS) —
1977.
 Criação do Sistema Nacional de Previdência e
Assistência Social — 1977.

Acerca da composição do SINPAS é importante


salientar que este possui seis órgãos em sua composição:

 INAMPS — Instituto Nacional de Assistência


Médica da Previdência (responsável pela pres-
tação de assistência médica);
 IAPAS — Instituto de Apoio Operacional e
Assistencial (responsável pela administração
previdenciária, tendo como encargo fiscalizar e
cobrar contribuições previdenciárias);
 INPS — Instituto Nacional de Previdên- cia
Social (era responsável pelos benefícios
previdenciários);
 LBA — Legião Brasileira de Assistência (res-
ponsável pela assistência social);
 FUNABEM — Fundação Estadual para o Bem Estar
do Menor (responsável pela assistência ao menor);
 DATAPREV — Empresa de Tecnologia e Infor-
mações da Previdência Social (cuida do proces-
samento de dados).
 CEME — Central de Medicamentos (tem o obje- tivo
de promover e organizar o fornecimento, por
preços acessíveis, de medicamentos de uso
humano a quantos não puderem, por suas
condições econômicas, adquiri-los a preços
comuns no mercado).
CONHECIMENTOS

Importante salientar que a Central de Medicamen- tos


- CEME, integra o simpas na condição de Órgão
Autônomo da Previdência e Assistência Social.

249
 Determinação de que o Salário-família e o Auxílio-
Dica -reclusão são para beneficiários de baixa renda;
Para não se esquecer dos órgãos, lembre-se da
mnemônica DIFICIL:
DATAPREV
IAPAS
FUNABEM
INPS
CEME
INAMPS
LBA

Por fim, em 1984, foi unificada novamente a nova


Consolidação das Leis da Previdência Social.

Constituição Cidadã — Constituição da República


Federativa do Brasil de 1988

Promulgada a atual Constituição Federal, na qual


surge a Seguridade Social, com previsão nos arts.
194 a 204, compreendendo um conjunto integrado
de prestação de serviços de Saúde, de Previdência
Social e de Assistência Social. Na CF foram
estabelecidas as regras e princípios que regulam o
tema. Nasce, então, o SUS (Sistema Único de Saúde) e
o SUAS (Sistema Úni- co de Assistência Social).
Em seguida, em 1990, foi publicada a Lei nº 8.029,
de 12 de abril, que determinou a criação do Institu-
to Nacional do Seguro Social (INSS), que é
resultado da fusão do Instituto Nacional de
Previdência Social (INPS) e do Instituto de
Administração Financeira da Previdência Social
(IAPAS).
O INSS tinha possuía as atribuições administrativas
relacionadas a arrecadação das contribuições sociais
previdenciárias, bem como da análise e concessão
dos benefícios devidos aos beneficiários do sistema.
Na sequência, foi publicada a Lei nº 8.080, de 19
de setembro de 1990, que regula as ações e serviços
de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em
caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais
ou jurídicas de direito público ou privado sobre a
saú- de (art. 1º da Lei n° 8080, de 1990).
No ano de 1991 foram publicadas as Leis que tra-
tam do plano de custeio e do plano de benefícios da
Previdência Social (Leis nº 8.212 e nº 8.213);
Em seguida, é publicada a Lei nº 8.742, de 07 de
dezembro de 1993, que regulamenta a Assistência
Social. Em 1998, é publicada a Emenda
Constitucional nº 20, de 15 de dezembro, a qual
produziu grandes mudan- ças no Regime Geral de
Previdência Social (RGPS) e nos Regimes Próprios de
Previdência Social (RPPS). Quanto
ao RGPS, tem-se como principais alterações:

 Término da aposentadoria por tempo de serviço,


criando, no seu lugar, a aposentadoria por tempo
de contribuição, que foi regulamentada no
Decreto nº 3.048, de 1999;
 Suspensão da aposentadoria com tempo de con-
tribuição reduzido para professores de ensino
250 superior, a qual, a partir desse momento, continua
vigente somente para Educação Infantil, Funda-
mental e Ensino Médio;
 Inclusão dos aposentados na gestão da Seguridade
Social, passando a ser a gestão quadripartite;
 al, de critérios que preser- vem o 1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) A respeito do surgimento
D equilíbrio financeiro e atuarial. e da evolução da seguridade social, julgue o item a
e seguir. No Brasil, iniciou-se o regime próprio de
t No ano de 1999, foi publicado o
previdência dos servidores públicos com o advento
e Decreto nº 3.048, em 6 de maio, o atual
Regulamento da Previdência Social, que da Lei Eloy Chaves, em 1923, que determinou a
r
m reúne as normas sobre o custeio da Segu- criação das cai- xas de aposentadorias e pensões
i ridade Social e benefícios previdenciários para os ferroviários.
n do Regime Geral de Previdência Social.
a Esse é um dispositivo ain- da vigente e ( ) CERTO ( )ERRADO
ç muito importante para o seu estudo;
Em 2005, foi criada a Secretaria da Os que mais se aproximam hoje do que era a Lei
ã
Receita Pre- videnciária, vinculada ao Eloy Chaves são os regimes de previdência
o
Ministério da Previdência Social pela Lei comple- mentar, pois as caixas não eram geridas
nº 11.098, de 13 de janeiro, a qual pas- sou pelo poder público e, sim, pelas empresas.
d
a exercer as funções de arrecadação, Resposta: Errado.
e
fiscalização, lançamento e normatização
o das contribuições previ- denciárias,
b competência até então do INSS;
r Em 2007, a função arrecadatória, antes pertencen-
i te à Secretaria da Receita Previdenciária,
g do Minis- tério da Previdência Social,
a passa, definitivamente, para a competência
t da Secretaria da Receita Federal do Brasil,
o do Ministério de Estado da Fazenda por
r meio da Lei nº 11.457, de 2007. Agora,
i todas as con- tribuições sociais destinadas à
e Seguridade Social, em âmbito federal (art.
d 11, da Lei nº 8.212, de 1991), são
a arrecadadas, fiscalizadas, lançadas e
d normatizadas pela SRFB;
e Em 2015, tivemos uma pequena reforma
na Previ- dência Social que modificou,
d principalmente, os bene- fícios devidos aos
e dependentes (pensão por morte e, por
consequência, o auxílio-reclusão) com a
o publica- ção da Lei nº 13.135 de 17 de
b junho de 2015;
s Em 2019, é publicada a EC nº 103, de 2019,
e trazen-
r do uma Reforma Previdenciária que foi
v amplamente
â discutida. Seus principais reflexos no RGPS foram:
n
c  A extinção das aposentadorias por tempo
i de con- tribuição e por idade e a
a substituição de ambas pela
, aposentadoria programada;
 A previsão da redução de valores na
p acumulação de aposentadoria com
e pensão;
l  A alteração nas regras para concessão de
a aposen- tadoria dos trabalhadores
urbanos, mantendo regras para os
P rurais;
r  A alteração de alíquotas para contribuição
e dos segurados do RGPS.
v Em 22 de junho de 2021 foi publicada a
i Lei n° 14.176, que prevê que o
d regulamento do BPC poderá ampliar o
ê limite de renda mensal familiar per capita
n para até 1/2 (meio) salário-mínimo,
c observado o dis- posto em lei. Não se
i preocupe, pois esta atualização será
a estudada de maneira aprofundada no
estudo da Lei Orgânica da Assistência
S Social.
o A seguir, vejamos como este assunto já
c foi cobrado em provas de concurso:
i
CONCEITUAÇÃO
equilíbrio atuarial e financeiro e que é regido pelas
Leis n° 8.213, de 1991 (plano de benefícios), 8.212,
A seguridade social pode ser compreendida como de 1991 (plano de custeio) e Decreto 3.048, de 1999
sendo uma rede protetiva para as pessoas em (Regulamento).
momen- tos de maior vulnerabilidade e,
consequentemente, desamparadas financeiramente.
As políticas de segu- ridade social destinam-se à
Dica
prestação de serviços ou benefícios para as pessoas O Brasil adota o sistema de repartição simples,
que delas necessitarem. pautado pelo pacto intergeracional. Isso signifi-
A Seguridade Social surge com a promulgação
ca que há uma única conta para a qual são des-
da nossa atual Constituição e integra as ações de a
Previ- dência, Assistência e Saúde, e está prevista no tinados os recursos arrecadados (custeio) e da
capítulo relativo a Ordem Social. Neste sentido: qual os recursos são retirados para pagamento
Conforme Fábio Zambitte Ibrahim, dos benefícios em manutenção. Os recursos
arrecadados em razão da contribuição da popu-
[...] a seguridade social pode ser conceituada lação ativa são utilizados para pagamento dos
como a rede protetiva formada pelo Estado e por
particu- lares, com contribuições de todos, benefícios da população inativa.
incluindo parte dos beneficiários dos direitos, no
sentido de esta- belecer ações para o sustento de Finalidade
pessoas carentes, trabalhadores em geral e seus
dependentes, provi- denciando a manutenção de A Previdência Social, sistema contributivo e de
um padrão mínimo de vida digna. filiação obrigatória, tem a finalidade específica de
assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis
A conceituação da Seguridade Social está estampa- de manutenção, por motivo de incapacidade, desem-
da no art. 1º da Lei nº 8.212, de 1991, e sua leitura é de prego involuntário, idade avançada, tempo de servi-
extrema relevância para uma melhor compreensão ço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de
da temática. Veja o que dispõe o aludido artigo: quem dependiam economicamente (art. 1º da Lei 8.213,
de 1991).
Art. 1º A Seguridade Social compreende um A relação previdenciária tem, portanto, duas
conjun- to integrado de ações de iniciativa dos
vertentes: o custeio, de natureza tributária, que
poderes públi- cos e da sociedade, destinado a
assegurar o direito relativo à saúde, à previdência diz respeito às contribuições que devem ser
e à assistência social. vertidas ao sistema e, de outro lado, os benefícios e
serviços, que são prestações pagas ou realizadas
ORGANIZAÇÃO pelo sistema aos segurados e dependentes vitimados
pelas contingên- cias sociais que preencham os
requisitos legais.
O sistema de Seguridade Social compreende um O custeio da previdência é realizado pelas empre-
conjunto de princípios e de regras com o objetivo de sas, empregadores e equiparados e pelos trabalhado-
promover proteção social àqueles atingidos pelas res e demais segurados do sistema.
con- tingências sociais, como morte, incapacidade Os segurados da Previdência Social têm direito
para o trabalho, idade avançada e maternidade.
aos seguintes benefícios: aposentadoria programada
A Previdência Social é parte integrante do sistema
(idade mínima e tempo mínimo de contribuição),
de Seguridade Social que, por sua vez, e na forma como
apo- sentadoria especial, aposentadoria por
dispõe o art. 194 da Constituição Federal, compreende
incapacidade permanente, auxílio por incapacidade
um conjunto integrado de ações de iniciativa dos
temporária, auxílio-acidente, auxílio-reclusão,
Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a
assegurar os direi- tos relativos à saúde, à previdência e salário-família, salário-maternidade e pensão por
à assistência social. É possível afirmar que a morte, além dos serviços social e de reabilitação
Previdência Social se profissional.
diferencia da assistência e da saúde, principalmen-
te pelo seu caráter contributivo, o que significa PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
dizer que os benefícios previdenciários apenas serão
devi- Princípios da Seguridade Social
dos àqueles que contribuírem para o sistema.
Os princípios são a base de sustentação de um
SEGURIDADE SOCIAL sis- tema, o seu objetivo primordial. Os
(ART. 194, DA objetivos/princí- pios da Seguridade Social estão
CONSTITUIÇÃO previstos no parágrafo único do art. 194 da
FEDERAL) Constituição Federal e se aplicam ao sistema de
Previdência Social, à Saúde e à Assistên- cia Social.
CONHECIMENTOS

São eles:
Assistência Social Saúde
Previdência
Social  Universalidade da cobertura e do atendimento;
sistema não sistema não  Uniformidade e equivalência dos benefícios e
contributivo contributiv
sistema ser- viços às populações urbanas e rurais;
o
 Seletividade e distributividade na prestação dos
A Previdência Social, a rigor, engloba todos os públi- cos, privados, básicos ou E
regi- mes previdenciários existentes no Brasil, sejam complementares. s
ta obra abordará o Regime Geral de Previdên- cia benefícios e serviços;
Social (INSS), sistema contributivo, de filiação  Irredutibilidade do valor dos benefícios;
obrigatória, que deve observar regras que garantam  Equidade na forma de participação no custeio
(participação de cada um na medida da sua
capaci- dade contributiva/econômica — quem
pode mais, paga mais, quem pode menos, paga 251
menos);
 Diversidade da base de financiamento, identi- Art. 2º A Previdência Social rege-se pelos
ficando-se, em rubricas contábeis e específicas seguintes princípios e objetivos:
para cada área, as receitas e as despesas vincu- I - universalidade de participação nos planos
ladas a ações de saúde, previdência e assistên- previdenciários;
cia social, preservado o caráter contributivo da II - uniformidade e equivalência dos benefícios e
previdência social; e caráter democrático (vários serviços às populações urbanas e rurais;
sujeitos e vários fatos geradores de contribuição III - seletividade e distributividade na
previdenciária); prestação dos benefícios;
IV - cálculo dos benefícios considerando-
 Descentralização da administração, mediante
-se os salários-de-contribuição corrigidos
ges- tão quadripartite, com participação dos
monetariamente;
trabalha- dores, dos empregadores, dos
V - irredutibilidade do valor dos benefícios de for-
aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.
ma a preservar-lhes o poder aquisitivo;
VI - valor da renda mensal dos benefícios subs-
Assim dispõe a Constituição Federal, em seu art. titutos do salário-de-contribuição ou do rendi-
194: mento do trabalho do segurado não inferior
ao do salário mínimo;
Art. 194 A seguridade social compreende um con- VII - previdência complementar facultativa,
junto integrado de ações de iniciativa dos Poderes custeada por contribuição adicional;
Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar VIII - caráter democrático e descentralizado da
os direitos relativos à saúde, à previdência e à gestão administrativa, com a participação
assis- tência social. do governo e da comunidade, em especial de
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos trabalhadores em atividade, empregadores e
termos da lei, organizar a seguridade social, com aposentados.
base nos seguintes objetivos: Parágrafo único. A participação referida no inciso
I - universalidade da cobertura e do atendimento; VIII deste artigo será efetivada a nível federal, esta-
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e dual e municipal.
serviços às populações urbanas e rurais;
III - seletividade e distributividade na prestação dos
benefícios e serviços;
Dica
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; Atente-se aos grifos nossos, bem como ao
V - eqüidade na forma de participação no custeio;
enunciado da questão, uma vez que, apesar da
VI - diversidade da base de financiamento, iden-
tificando-se, em rubricas contábeis específi- maioria dos princípios nas três normas aparenta-
cas para cada área, as receitas e as despesas rem ser idênticos, eles distinguem-se em certas
vinculadas a ações de saúde, previdência e peculiaridades. O examinador gosta de pergun-
assistência social, preservado o caráter con- tar de acordo com uma lei, mas usar o texto de
tributivo da previdência social;(Redação dada
outra, induzindo, por conseguinte, o candidato ao
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
VII - caráter democrático e descentralizado da erro. Note, ainda, que os princípios do art. 194
administração, mediante gestão quadriparti- da CF e do parágrafo único da Lei nº 8.212, de
te, com participação dos trabalhadores, dos 1991, são da Seguridade Social, ao passo que
empregadores, dos aposentados e do os do art. 2º da Lei nº 8.213 são da Previdência
Governo nos órgãos colegiados.
Social. Portanto, redobre sua atenção!
Além dos aludidos princípios, os princípios
constitu- cionais que se aplicam à Previdência Social Agora, vamos nos aprofundar um pouco mais nos
estão expres- samente previstos no art. 1º da Lei n° princípios da Previdência Social estampados no
8.212, de 1991: art. 2º da Lei n° 8.213, de 1991:

Art. 1º [...]  Universalidade de participação nos planos pre-


Parágrafo único. A Seguridade Social obedecerá videnciários: implica reconhecer que o Regime
aos seguintes princípios e diretrizes: Geral de Previdência deve implementar
a) universalidade da cobertura e do atendimento; condições para que cada vez mais segurados
b) uniformidade e equivalência dos benefícios e ser- possam partici- par do sistema. Um exemplo da
viços às populações urbanas e rurais; universalidade de participação é a figura do
c) seletividade e distributividade na prestação dos segurado facultativo, que pode contribuir para o
benefícios e serviços; sistema se assim o desejar.
d) irredutibilidade do valor dos benefícios;
e) eqüidade na forma de participação no custeio; É importante ressaltar que a Seguridade Social,
f) diversidade da base de financiamento;
em razão do quanto determina o princípio da
g) caráter democrático e descentralizado da
universalidade da cobertura e do atendimento, deve
gestão administrativa com a participação da
atender a todas as necessidades, especialmente a saúde
comunida- de, em especial de trabalhadores,
e a assistência, que são sistemas não contribuitivos (art.
empresários e aposentados.
194 da CF e parágra- fo único do art. 1º da n° Lei 8.212,
252 de 1991).
Princípios da Previdência Social
Já a Previdência Social é um sistema essencial-
mente contributivo, por isso, não obstante esteja sub-
A Lei nº 8.213, de 1991, também traz em seu bojo metida ao princípio da universalidade da cobertura e
os princípios que regem a Previdência Social. do atendimento, o mesmo será limitado em razão da
n
e
c
e
s
s
i
d
a
d
e

d
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c
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b
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2
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e

1
9
9
1
)
.
 Uniformidade e equivalência dos benefícios e da data de ingresso no sis- tema, se posterior.
 I
serviços às populações urbanas e rurais: a Para fins de elaboração de cálculo desta média,
r
uni- formidade diz respeito aos aspectos serão utilizados os salários de contribui- ção
r
objetivos, às contingências que serão cobertas. Já devidamente corrigidos;
e
a equivalência toma por base o aspecto d
pecuniário ou do atendi- mento dos serviços, que u
não serão necessariamen- te iguais, mas t
equivalentes, na medida do possível, dependendo i
do tempo de contribuição, coeficiente de cálculo, b
idade, sexo etc. Faz-se oportuno ressaltar que, após i
a Constituição Federal de 1988, os traba- l
lhadores rurais passaram a integrar o mesmo i
siste- ma de previdência dos trabalhadores d
urbanos; a
 Seletividade e distributividade na prestação
d
dos benefícios: o legislador escolhe e seleciona as e
pessoas e os riscos que serão protegidos por meio
d
da legislação ordinária, de acordo com a
o
capacida- de econômica do Estado e observando
v
os limites impostos pelo art. 201 da Constituição
a
Federal.
l
o
A seletividade e a distributividade devem ser
r
pau- tadas sempre que possível pelo princípio da
d
univer- salidade (caráter programático — o Estado
o
diz que o sistema é universal, mas essa
s
universalidade é dada por ele, que seleciona o que
b
proteger).
e
De alguma maneira, a seletividade acaba limitan-
n
do a universalidade da cobertura e do atendimento,
e
já que é preciso adequar as necessidades sociais às
f
pos- sibilidades financeiras do sistema.
í
A seletividade consiste na eleição dos riscos e
c
contingências sociais a serem cobertos. Já a distribu-
i
tividade implica na criação dos critérios/requisitos
o
para acesso aos riscos objeto de proteção, de forma a
s
atingir o maior número de pessoas, proporcionando,
d
assim, uma cobertura mais ampla.
e
Um exemplo de seletividade está na restrição
f
imposta pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998,
o
que estabeleceu, como requisito para a concessão de
r
salário-família e auxílio-reclusão, a baixa renda do
-
segurado.
m
Do mesmo modo, o Benefício de Prestação Conti-
a
nuada (BPC), previsto no inciso V, do art. 203, da
a
Cons- tituição Federal e regulamentado pela Lei n°
p
8.742, de 1993 (Lei Orgânica da Assistência Social —
r
LOAS) apenas será devido ao idoso ou deficiente que
e
não tenha condições de se sustentar, nem ser
s
sustentado pela sua família, ou seja, que preencham o
e
requisito miserabilidade;
r
v
 Cálculo dos benefícios considerando-se os a
salários-de-contribuição corrigidos moneta- r
riamente: regra extraída do § 3º, do art. 201, da -
Constituição Federal, que trata da Previdência l
Social. h
e
Art. 201 [...] s
§ 3º Todos os salários de contribuição considerados
o
para o cálculo de benefício serão devidamente atua-
p
lizados, na forma da lei.
o
d
O salário de benefício é a base utilizada para
e
cálcu- lo de quase todos os benefícios
r
previdenciários. Para obtenção do valor do salário de
a
benefício, é realizada média aritmética simples dos
q
salários de contribuição (base sobre a qual incidiu a
u
contribuição previdenciá- ria) desde julho, de 1994 ou
isitivo: os bene- fícios previdenciários não podem ter
seu valor nominal reduzido e devem ser corrigidos
mone- tariamente, anualmente, de modo a preservar
seu poder aquisitivo.

A correção anual dos benefícios previdenciários se dá


na mesma data base da correção do salário míni- mo, mas
sem vinculação com os valores. Os benefí- cios, portanto,
não são vinculados a um número de salários mínimos
nem são reajustados pelos mesmos índices que atualizam
o salário mínimo.
Atualmente, e à luz do que dispõe o art. 41-A da Lei
n° 8.213, de 1991, os benefícios são reajustados
anualmente com base na variação do Índice Nacional de
Preços ao Consumidor (INPC), da Fundação IBGE.

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA


DO BRASIL
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 194 A seguridade social compreende um con- junto
integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e
da sociedade, destinadas a assegurar os direitos
relativos à saúde, à previdência e à assis- tência social.
[...]
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;

Perceba que a Constituição Federal estabeleceu a


irredutibilidade do valor dos benefícios, regra esta que
se aplica tanto a Assistência Social quanto a Pre-
vidência Social, sobretudo porque está inserida na
Seção que trata das Disposições Gerais, do do capítulo II,
do título da Ordem Social .
Veja que com relação à Previdência Social, especi-
ficamente, tanto a Constituição Federal quanto à Lei n°
8.212, de 1991, frisam a irredutibilidade do valor real e
nominal.

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA


DO BRASIL
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
Art. 201 A previdência social será organizada sob a
forma do Regime Geral de Previdência Social, de
caráter contributivo e de filiação obrigatória,
observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a: [...]
§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real,
conforme critérios definidos em lei.

LEI Nº 8.212, DE 24 DE JULHO DE 1991 DA


PREVIDÊNCIA SOCIAL
Art. 3º A Previdência Social tem por fim assegu-
rar aos seus beneficiários meios indispensáveis de
manutenção, por motivo de incapacidade, ida- de
avançada, tempo de serviço, desemprego invo-
luntário, encargos de família e reclusão ou morte
daqueles de quem dependiam economicamente.
Parágrafo único. A organização da Previdên- cia
Social obedecerá aos seguintes princípios e diretrizes:
CONHECIMENTOS

[...]
d) irredutibilidade do valor dos benefícios;

Conclui-se que a irredutibilidade constante do art. 194


da CF é nominal, uma vez que aplica-se de manei- ra
geral. Diz-se nominal quando o valor estampado no

253
“papel” não pode ser diminuído, por exemplo, determinado aposentado recebe a quantia de R$ 1.300,00 (mil e
tre- zentos reais), este valor nunca poderá ser diminuído para R$ 1.299,00, mas não quer dizer que deve
aumentar em razão da elevação dos indíces da inflação.
Por outro lado, com relação à Previdência Social, a Constituição e a Lei de Custeio (Lei nº 8.212, de 1991) pre-
veem que o valor deve ser atualizado para preservar o valor real, isto é, o valor aquisitivo da moeda.

Em suma:

ASSISTÊNCIA SOCIAL E SAÚDE Irredutibilidade pelo valor nominal.


Irredutibilidade pelo valor nominal e real (não pode ser reduzido o valor nominal
PREVIDÊNCIA SOCIAL
do benefício e deve haver, ainda, reajuste periódico, na forma da legislação).

 Valor da renda mensal dos benefícios substitutos do salário de contribuição ou do rendimento do


traba- lho do segurado não inferior ao do salário mínimo, que, no ano de 2022, perfaz o montante de R$
1.212,00 (mil e duzentos e doze reais): a regra está inserida no § 2º do art. 201 da Constituição Federal, que
determina que os benefícios que substituam rendimento do trabalho não podem ter valor inferior a um
salário mínimo.

Art. 201 [...]


§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá
valor mensal inferior ao salário mínimo.

Considerando os benefícios devidos pelo sistema de Previdência, as exceções a esta regra são: auxílio-aciden-
te e salário-família. O primeiro, dada sua natureza indenizatória e possibilidade de acumulação com salário,
o segundo, por ser uma ajuda para sustento dos filhos, sempre acompanhado do salário ou de uma
aposentadoria.

 Previdência complementar facultativa, custeada por contribuição adicional: além dos planos
obrigató- rios de previdência — Regime Geral de Previdência Social (RGPS), Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS), Regime Próprio de Previdência (RPPS) (servidores públicos efetivos) e militares — a legislação
admite a parti- cipação facultativa em planos complementares de previdência, sejam elas públicas
(Previdência Complemen- tar do Servidor Público) ou privadas (Previdências Privadas abertas ou
fechadas).
 Caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com a participação do governo e da
comunidade, em especial de trabalhadores em atividade, empregadores e aposentados: a gestão do
siste- ma, assim como ocorre com a Seguridade Social, é uma gestão quadripartite, com participação do Estado
(Gover- no), trabalhadores, empregadores e aposentados e pensionistas.

Dica
A gestão do sistema de Previdência é quadripartite, porém, o custeio do Regime Geral de Previdência Social
(RGPS) é tripartite, já que as aposentadorias e pensões concedidas pelo regime geral não sofrem incidência
de contribuição para o sistema (Inciso II do art.195 da CF).

O Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) é formado por 15 membros (6 representantes do governo,
3 representantes dos aposentados, 3 dos empresários e 3 dos trabalhadores).
Esquematizando:

CONSELHO NACIONAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL - CNPS


Representantes
dos Representantes
Aposentados do
Governo

Representantes
dos
Trabalhadores

Representantes
dos
Empresários
Com relação às atribuições, ao CNPS incumbe o dever de apreciar e aprovar políticas públicas, bem como a
gestão da previdência e a aprovação do orçamento da previdência social, antes de sua inclusão no orçamento da
254 seguridade social
O conselho possui estabilidade, pois os mem- Previdência Social, é impos- sível não
ao
bros que sejam empregados terão estabilidade desde relacionar o termo com as situações de um
trab
a nomeação até um ano após o término do mandato idoso que se aposenta, ou de uma pessoa
alha
(mandato de 2 anos, sendo possível uma doente que precisa de auxílio para a sua
dor
recondução). O Conselho de Recursos da subsistência. Des- ta forma, a Previdência
e
Previdência Social possui 29 Juntas de Recursos Social representa o amparo
seus
(primeira instância) e qua- tro Câmaras de depe
Julgamento (segunda instância), que julgam nde
benefícios, e o Conselho Pleno (uniformização
ntes
de jurisprudência mediante emissão de Enunciados).
inse
Além destes explícitos na legislação, a doutrina
rido
tem considerado, também como princípios da Previ-
s em
dência Social:
um
 Caráter contributivo: O sistema apenas paga cont
benefícios àqueles que previamente são vincula- exto
dos e recolhem contribuições previdenciárias, fátic
ain- da que estas sejam presumidas; o
 Filiação Obrigatória: Todos que exercem sem
atividade remunerada obrigatoriamente estão poss
vinculados a um sistema de previdência, ou seja, ibili
há compulsoriedade; dade
 Equilíbrio atuarial e financeiro: Deve existir s de
equilíbrio entre as receitas recolhidas e os valores busc
pagos a título de benefícios previdenciários. ar
sust
Atente-se ao seguinte: os únicos dois benefícios ento
que podem ter valor inferior ao salário mínimo são por
o salário-família e o auxílio-acidente. mei
o do
trab
alho
EXERCÍCIOS ,
COMENTADOS seja
por
1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) A seguridade social é idad
organizada mediante gestão quadripartite, com par- e
ticipação dos trabalhadores, dos empregadores, dos avan
aposentados e do governo nos órgãos colegiados. çada
,
( ) CERTO ( ) ERRADO doe
n-
A gestão do sistema é democrática, com participa- ça,
ção do governo e da sociedade. Não confundir com mort
o custeio do RGPS, que é tripartite. Resposta: Certo. e
etc.
2. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Com relação ao RGPS, Q
julgue os itens que se seguem: uan
O RGPS constitui um gênero do qual são espécies a do
previdência dos servidores públicos, a dos trabalhado- fala
res, empregados da iniciativa privada e a dos trabalha- mos
dores autônomos. sobr
e a
( ) CERTO ( ) ERRADO legis
laçã
Na verdade, o RGPS é uma das espécies do gênero o
Previdência, que engloba, também, os RPPS (Regi- prev
mes Próprios de Previdência Social) e os militares. iden
Resposta: Errado. ciári
a,
fala
mos
do
conj
Antes de avançarmos no estudo do Direito unto
Previden- ciário, é importante conceituar e, de
também, entender algumas regras gerais sobre nor
legislação, com fundamen- to na Lei de Introdução às mas
Normas de Direito Brasileiro. Quando se pensa em que
disciplinam as regras de proteção a essas pessoas. O estudo
do Regime Geral de Previdência Social tem, como principais
normas:

 A Constituição Federal;
 A Lei nº 8.212, de 1991 — Plano de Custeio da Segu-
ridade Social;
 A Lei nº 8.213, de 1991 — Plano de Benefícios da
Previdência Social;
 O Decreto n° 3.048, de 1999 — Regulamento da Pre-
vidência Social.

A partir deste breve conceito, abordaremos o Con-


teúdo, as Fontes, a Autonomia, a Hierarquia, a Aplicação
das Normas Previdenciárias, a Vigência, a Hierarquia, a
Interpretação e a Integração, que se tratam de regras
gerais aplicáveis à Legislação Previdenciária.

CONTEÚDO, FONTES E AUTONOMIA

Conteúdo

Para uma melhor compreensão das fontes do direito


previdenciário, isto é, de onde e de quem ema- nam as
normas previdenciárias, faz-se necessário entender o seu
conteúdo. De maneira geral, dentro do direito, o conteúdo
refere-se aos fatores reais ou ele- mentos materiais, isto é,
os elementos do mundo de fato que inspiram a criação da
norma previdenciária. Neste sentido, a resposta encontra-
se no caput artigo 193 da CF, cuja transcrição literal segue:

Art. 193 A ordem social tem como base o primado do


trabalho, e como objetivo o bem-estar e a jus- tiça
sociais.

Inspirações estas, que vão ao encontro a um dos


fundamentos da República Federativa do Brasil:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela


união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Demo- crático
de Direito e tem como fundamentos:
[...]
IV - os valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa;

Fontes

Como bem explica Kertzman (2020), fonte do direi- to é


“todo fato social gerador de normas jurídicas pre-
videnciárias. Dividem-se em materiais e formais.”

 Fontes Materiais

São fatos sociais que implicam em produção de leis


para regulamentação ou atualização do direito. A
CONHECIMENTOS

exemplo, pode-se citar: a população vivendo cada vez


mais (ou seja, com expectativa de vida aumentando),
razão pela qual torna-se necessário pensar em Refor- ma
Previdenciária, com o fim de manter a previdên- cia
autossustentável.

255
aposentadoria na Previdência, cabe ao INSS analisar se ele
Em uma época remota, era impensável a legaliza-
preenche os requisitos que a lei prevê. Em caso positivo e
ção de casamento de casais do mesmo sexo, porém,
existindo previsão para tal solicitação, conceder-se-á o
hoje, isso é uma realidade e a legislação previdenciá-
benefício.
ria deve acompanhar essas evoluções, prevendo, nas
normas, a possibilidade de pensão e, até mesmo, de
concessão de salário-maternidade para estes casais.
Isto porque a sociedade está em constante
movimento e a legislação deve acompanhá-la.

 Fontes Formais

São as leis, as normas já regulamentadas, escritas


e que regem o Direito Previdenciário.
Doutrinariamen- te, dividem-se as fontes formais
em:

 Fontes Estatais e Não Estatais: as primeiras


derivam da lei em sentido amplo e as
segundas correspondem à Doutrina (produção
científica de estudioso do Direito) e aos
costumes (ações reiteradas que parecem ser
parte do ordena- mento jurídico);
 Fontes Primárias e Secundárias: as primá-
rias (como, por exemplo: Lei em sentido amplo,
Medida Provisória etc.) são as normas que
ori- ginam o Direito, e as secundárias são as
regula- mentam o Ordenamento Jurídico, ou
seja, que auxiliam na interpretação das
normas primá- rias (como, por exemplo: os
decretos, pareceres as instruções normativas
etc.)

Os benefícios são concedidos apenas mediante


contribuição. A previdência social compreende tanto
o Regime Geral da Previdência Social (RGPS), como
os regimes próprios de previdência social dos
servidores públicos. A cobertura abrange tanto os
benefíciospre- videnciários ditos comuns, como
também os acidentá- rios (que decorrem de acidente
ou doença do trabalho).

Autonomia

O Direito Previdenciário é um ramo do Direito


Público, o que significa que predominam regras de
direito público sobre o particular.
Exemplificando: em um contrato de compra e
ven- da de um imóvel entre duas pessoas físicas,
existe a liberdade de negociar (dentro dos limites
que a lei impõe), podendo-se ajustar valores,
entrega, entre outros detalhes. Já quando se trata da
aposentadoria, no RGPS, não existe a possibilidade
de negociação: a pessoa deverá enquadrar-se nas
regras impostas para todos pela lei e o servidor
deverá conceder benefícios, caso a pessoa preencha
os requisitos.
O Direito Previdenciário é um ramo dotado de
autonomia, o que significa, de forma didática, que
possui um conjunto de regras e definições que
permi- tem sua plena aplicação sem necessidade de
recorrer a outros ramos do Direito.

APLICAÇÃO DAS NORMAS PREVIDENCIÁRIAS


256
Aplicar a norma nada mais é que a técnica de
apli- car a lei prevista para o fato concreto. Por
exemplo, se determinado sujeito tem 65 anos de
idade e 25 anos de contribuição e solicita
A r não conseguiu prever todas as situa- ções  Código Civil, previsão do art. 2.044:
que poderiam surgir na sociedade que está
p em constante modificação, não restando Art. 2.044 Este Código entrará em vigor 1 (um)
r clareza para a aplicação ao caso concreto: ano após a sua publicação.
o caso que o intérprete deverá se valer da
b técnicas de Integração da Norma, que serão  Lei do Macarrão (sim, existe o dia oficial do macar-
l estudadas posteriormente, rão, estipulado em lei): Conforme a Lei nº 13.050,
e de 8 de dezembro de 2014, em seu art. 2º, “Esta
m VIGÊNCIA, HIERARQUIA, Lei entra em vigor na data de sua publicação”.
á INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO
t
i Vigência
c
a Para uma lei ser aplicada, ela precisa ser
válida no momento em que se concretiza o
o ato. Em geral, as nor- mas são vigentes por
c tempo indeterminado, até que outra norma
o venha revogá-la. As normas também
r poderão sofrer alterações (algo muito
r constante no Direito Previdenciário).
e Antes de adentrarmos ao tema,
veremos, a seguir, o embasamento legal da
q LINDB:
u
a Art. 1° Salvo disposição contrária, a lei
n começa a vigorar em todo o país
d quarenta e cinco dias depois de
o oficialmente publicada.
§ 1º Nos Estados, estrangeiros, a
obrigatoriedade da lei brasileira,
a
quando admitida, se inicia três meses
depois de oficialmente publicada.
l
§ 3º Se, antes de entrar a lei em vigor,
e ocorrer nova publicação de seu texto,
i destinada a correção, o prazo deste
artigo e dos parágrafos anteriores
é começará a correr da nova publicação.
§ 4º As correções a texto de lei já em
o vigor conside- ram-se lei nova.
m Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a
i lei terá vigor até que outra a modifique ou
s revogue.
s § 1º A lei posterior revoga a anterior
quando expres- samente o declare,
a
quando seja com ela incompatí- vel ou
,
quando regule inteiramente a matéria de
que tratava a lei anterior.
o § 2º A lei nova, que estabeleça disposições
u gerais ou especiais a par das já
existentes, não revoga nem modifica a
s lei anterior.
e § 3º Salvo disposição em contrário, a lei
j revogada não se restaura por ter a lei
a revogadora perdido a vigência.
, Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei,
alegan-
o do que não a conhece.

l Quando uma lei é publicada, ela passa


a ter vigência, sendo aplicada em um
e
determinado terri- tório (espaço) e, em
g
regra, por tempo indeterminado (tempo).
i
O início da vigência poderá ser de
s
imediato ou após um prazo definido na
l
própria lei no final de seu texto. Vejamos
a
alguns exemplos:
d
o
Perceba que, quanto maior o impacto da lei no do que alterar a Constituição.
S
dia a dia das pessoas, maior será o tempo da Em face dessa desconstitucionalização é que
emp
denominada vacatio legis. E o que seria isso? a estrutura da Emenda Constitucional contém
re
No exemplo dado, vimos que o Código Civil entra- regras de transição e regras transitórias.
que
ria em vigor depois de um ano da sua publicação.
se
Esse um ano é denominado vacatio legis. No
pro
período que aguardamos a lei entrar em vigência, as
mov
regras previs- tas não podem ser aplicadas, sendo
e
aplicada lei ante- rior, se houver.
uma
A Lei de Introdução às normas do direito
tran
brasilei- ro (Decreto — Lei nº4.657, de 1.942) prevê
sfor
que se uma lei for publicada sem a informação da
maç
data que entra em vigor, essa lei entrará em vigência
ão
após 45 dias da data da publicação (art. 1º da
em
LINDB).
uma
estr
Dica utur
Quando a lei instituir ou modificar contribuição a
com
social, a vacatio legis mínima é de 90 dias. plex
a
Sobre a vigência da lei, é importante frisar que com
a Lei Nova respeita: o o
siste
 Ato Jurídico perfeito: aquele consumado, segun- ma
do a lei vigente, ao tempo em que se efetuou; prev
 Direito Adquirido: é aquele que se incorpora, iden
definitivamente, ao patrimônio, à personalidade -
da pessoa, muito falado no direito previdenciário, ciári
pois, se a pessoa preenche os requisitos legais o de
para a aposentadoria, este direito não será um
prejudicado com lei nova; país,
 Coisa Julgada: é a decisão judicial contra a qual em
não cabem mais recursos, tornando-se definitiva. resp
eito
Vigência da Legislação Previdenciária ao
direi
Especificamente, no direito previdenciário, é to
necessário observar o princípio denominado: Tem- adq
pus Regit Actum, segundo o qual deve ser aplicada a uiri
legislação vigente ao tempo da aquisição do direito ao do,
benefício previdenciário. Assim, o direito adquirido ao
deve ser preservado. ato
Se forem alteradas as regras de aposentação, o jurí
segu- rado tem o direito adquirido de aposentar-se de dico
acordo com as regras vigentes ao tempo da perf
implementação de todos os requisitos eito
(irretroatividade das novas regras aos que e à
adquiriram o direito de se aposentar). cois
De outro lado, se ao tempo da modificação da a
nor- ma o indivíduo não tinha ainda possibilidade de julg
obter a prestação, a mudança legislativa pode alterar ada,
sua expectativa de direito, já que não existe direito bem
adqui- rido a regime jurídico previdenciário. com
Com o advento da Emenda Constitucional nº. o
103, de 2019, tivemos a mais profunda por
transformação que o sistema previdenciário já cont
sofreu, com a finalidade de alcançar três grandes a do
objetivos: acabar com o défi- cit do sistema prin
previdenciário, uniformizar as regras da cípi
aposentadoria dos trabalhadores privados e públi- o da
cos e o fortalecimento da previdência complementar. segu
Uma das principais bandeiras foi justamente a des- ranç
constitucionalização de elementos básicos previstos a
na CF, sob argumento de que as adaptações necessá- jurí
rias, quando as condições básicas são alteradas, seria dica
possível por lei ordinária: processo muito mais ,
rápido torn
a-
-se necessário prever também, para os trabalhadores
antigos, um conjunto de regras de transição, que não
serão tão boas como as regras antigas nem tão severas
como as regras novas.
Sobre as regras transitórias, quando se retira determi-
nado instituto da CF, para que tenhamos uma aplicabili-
dade imediata das novas mudanças, se torna necessário
estabelecer regras que vão viger para os novos trabalha-
dores e também para aqueles que ainda não cumpriram as
regras do regime antigo, um conjunto de disposições
relevantes sobre as prestações previdenciárias.
As “regras de transição” são aplicadas para quem já
era vinculado aos RPPS e ao RGPS, trabalhadores que
poderão acessar regras intermediárias entre as
anteriormente vigentes e aquelas que passaram a vigorar
depois de publicada a EC nº 103, de 2019 (não tão boas
como as regras antigas e nem tão severas como as regras
novas).
As “regras transitórias”, em face da desconstitucio-
nalização, disciplinam imediatamente a situação dos
antigos e novos trabalhadores, até que venham a ser edi-
tadas as leis ordinárias ou complementares, permitindo
assim que a reforma possa produzir efeitos imediatos.
Além disso, temos regras permanentes e a garantia de
preservação do direito adquirido, que está expres-
samente prevista no art. 3º da EC nº 103, de 2019.
A EC 103, apesar de promulgada em 12 de novem- bro
de 2019, foi publicada em 13 de novembro de 2019.
Como estão assegurados os direitos adquiridos até a
data de entrada em vigor, que é a data da publica- ção da
Emenda, é possível que o direito adquirido seja
completado até 13 de novembro de 2019.
A referida Emenda altera questões tributárias,
inclusive contribuições sociais, e também previden-
ciárias. Via de regra, a Lei entra em vigor na data da sua
publicação. Porém, há casos em que se faz neces- sário
um lapso de vacatio legis, como é nas alterações de ordem
tributária.

Hierarquia

A hierarquia nada mais é que a superioridade de


uma norma sobre a outra. Aqui, temos a famosa Pirâ-
mide de Kelsen:

CONHECIMENTOS

257
caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios
1. NormasConstitucionais(CFeEmendasConstitucionais); gerais de direito.
2 Normas Supralegais (tratados sobre direitos huma-
nos aprovados com status de Emenda
Constitucional);
3. Leis: Complementares, Ordinárias, Delegadas;
Medidas Provisórias, Decretos Legislativos e Reso-
luções do Senado;
4. Decretos Regulamentares, Instruções Normativas
ministeriais, circulares, orientações, portarias;
5. Normas Infralegais.

Desta forma, se uma norma inferior for


conflitante com a superior, aplica-se a norma
superior. Já quando existe conflito de normas de
mesma hierarquia, apli- cam-se as seguintes regras:

 Norma específica sobre a geral;


 In dubio pro misero: se existem dúvidas, aplica-se
a lei que beneficia a parte mais fraca da relação.
Na relação previdenciária, o beneficiário é a parte
mais fraca com relação a Previdência.

Quanto à competência para legislar, a CF


determi- na que esta é ação privativa da União, nos
termos de seu inciso XXIII do art. 22, bem como,
sobre o Regime Geral de Previdência Social (RGPS).
Porém, a União poderá, por meio de Lei
Complementar, autorizar os Estados a legislarem
sobre a Seguridade.
No entanto, é competência comum dos entes
federativos (União, Estados, Distrito Federal e Muni-
cípios) legislar sobre matérias relativas à saúde e à
assistência social (inciso II, do art. 23, da CF).
Será de competência concorrente, cabendo à
União estabelecer normas gerais e, aos Estados Mem-
bros, Distrito Federal e Municípios, caberá estabele-
cer normas suplementares com relação à Previdência
Social (inciso XII, § 2°, do art. 24, da CF).

Interpretação

Interpretar significa compreender o alcance da


lei, atribuindo-lhe um significado, um sentido. A
doutrina prevê as seguintes formas de interpretação:

 Gramatical ou literal: leva-se em conta o sentido


literal expresso na norma;
 Histórico ou evolutivo: leva-se em conta o con-
texto cultural, social e político da época na qual a
lei foi criada;
 Lógico: o intérprete busca encontrar a melhor
maneira de aplicar a norma no caso concreto;
 Teleológico: busca aplicar as normas de direito,
levando-se em conta sua finalidade, a qual, no
Direi- to Previdenciário, compreende a questão
social;
 Sistemático: é a utilização de todos os meios de
interpretação.

Integração da Norma

Quando a lei é omissa quanto ao fato concreto,


258 utiliza-se a integração da norma, que está prevista no
art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito
Bra- sileiro (LINDB):

Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o


V creto, a norma já existente para caso é obrigado, por lei, a estar filiado ao sistema e,
a distinto, mas semelhante. Ela se divide consequentemente, contribuir. Já o segundo tem a
m em: opção de filiar-se ou não ao sistema, para fazer jus
o aos benefícios previdenciários. Essa é uma forma de
s
 Legal: consiste na aplicação de uma atingir a universalidade de atendi- mento,
e
n norma existente, que é destinada a dando a oportunidade para todos contribuí- rem e
t reger caso seme- lhante ao previsto; gozarem de benefícios quando for necessário.
e  Jurídica: aplicação de um conjunto
n de normas jurídicas semelhantes.
d
e
r Por exemplo: imagine um divórcio entre
m um casal que possui um cachorro. Ambos
e querem o cachorro, pois o animal é como
l um filho para eles. Como não é possível
h
vender o cão e dividir o dinheiro, frente a
o
r todo apego emocional, o juiz pode aplicar
e as regras sobre a guarda de filhos,
s determinando com quem fica, dias e
s horários de visitas etc.;
e
s
i  Costumes: é a prática constante de um
n comporta- mento pelo indivíduo e a
s convicção de sua obriga- toriedade
t (elemento psicológico). Essa convicção
i que representa a obrigatoriedade do
t
costume, deve ser praticada
u
t reiteradamente pela sociedade. Por
o exemplo, o cheque pré-datado, que não
s é previsto legalmente, mas seu uso é
: respeitado e, inclusive, tal prática é
amparada pela Jurisprudência (que

compreende o entendimento dos nossos
A Tribunais sobre determinada matéria
n frente à legislação);
a  Princípios gerais de direito: estão na norma de
l forma implícita, orientando o Direito,
o como, por exemplo, a boa-fé.
g
A equidade é um ideal de justiça,
i
tratada com um meio de auxiliar a
a integração/aplicação da norma. Não tem
: previsão expressa na Lei de Introdução às
Normas de Direito Brasileiro (LINDB).
a
p
l
i
c
a
r
, CONCEITOS INICIAIS

n Denominamos beneficiários do RGPS —


o Regime Geral de Previdência Social — os
segurados e seus dependentes. Os segurados
c são aqueles que contribuem para o
a Sistema e, em geral, são os trabalhadores.
s
Os depen- dentes são aqueles que
o
dependem, economicamente,
do segurado e recebem benefícios na falta daquele.
c
A lei classifica os segurados em
o
obrigatórios e facultativos. O primeiro
n
Desta forma, podemos esquematizar:
A inscrição é procedimento pelo qual o trabalha-
dor é cadastrado no RGPS, passando, a partir de
então a possuir um número de identificação, que é
conheci- do por NIT.
SEGURADOS
Vale ressaltar que, caso o indivíduo seja inscrito
no Programa de Integração Social — PIS, ou Progra-
ma de Formação do Patrimônio do Servidor Público
— PASEP, ou, ainda, já possua Número de Identifica-
ção Social — NIS, não é necessário solicitar uma nova
Obrigatórios Facultativos inscrição (NIT).

Quem não se enqua- dra como segurado obrigatório e não participe de RPPs
INSCRIÇÃO
Contribuintes

ATO FORMAL

Fliliação Compulsória
SIMPLESMENTE CADASTRAL

Importante!
Os contribuintes pertencentes ao Regime Pró- prio de Previdência Social não podem ser contribuintes facultivos do Regime Gera
NIT

meio de identificação específica (§ 2º, art. 20).


T
odos
os
segu
SEGURADOS OBRIGATÓRIOS rado
s,
Na categoria de segurados obrigatórios, temos a em
seguinte classificação: qual
quer
 Contribuinte individual; cate
 Trabalhador Avulso; gori
 Empregado Doméstico; a, a
 Empregado; par-
 Segurado Especial. tir
de
16
Dica
ano
A fim de memorizar tal classificação facilmente, s de
atente-se à mnemônica “CADEE”. ida
de,
pod
FILIAÇÃO E INSCRIÇÃO em
filia
Em resumo, a filiação é o vínculo que surge r-se
entre segurado e Previdência Social e a inscrição é o à
ato de formalização (apresentando dados) perante a Prev
Previ- dência (art. 20). idên
A filiação à Previdência Social decorre, - cia
automati- camente, do exercício de atividade Soci
remunerada para os segurados obrigatórios e da al e
inscrição formalizada com o pagamento da primeira pag
contribuição para o segurado facultativo (§ 1º, art. ar,
20). Já a filiação do tra- balhador rural contratado men
por produtor rural, pessoa física, por prazo de até sal
dois meses no período de um ano, para o exercício men
de atividades de natureza tem- porária, decorre, te, a
automaticamente, de sua inclusão em declaração cont
prevista em ato do Secretário Especial da Receita ribu
Federal do Brasil do Ministério da Econo- mia por
ição para assegurar os seus direitos e a proteção à sua
família, salvo na condição de aprendiz, na qual a filiação
poderá ocorrer aos 14 anos de idade.

Dica
Já foi questão de prova, na qual se mencionada que
o segurado poderia se filiar como segura- do
facultativo a partir de 14 anos. Tanto a ban- ca
CESPE como a FUNRIO já abordaram desta forma,
pedindo o que estava expresso na Lei nº 8.213, de
1991. A mudança de idade para a filia- ção ocorreu
em 1998 com alterações na legisla- ção. Logo, o
texto da lei tornou-se incompatível com o da CF.
Portanto, tenha atenção se a banca solicitar o que está
expresso na Lei.

Todos que exercem mais de uma atividade remu- nerada,


que se enquadre no Regime Geral de Previ- dência Social
serão, obrigatoriamente, inscritos em ambas as
atividades.
Ex. Ana é professora é professora em uma univer-
sidade e agrônoma em uma empresa de sua cidade, em
ambos, ela é celetista, sendo assim, em cada salá- rio que

CONHECIMENTOS
esta percebe, virá descontado uma alíquota referente à
contribuição previdenciária.
A situação acima, não impede, ainda, que Ana pos- sa
ser contribuinte individual.
Acerca da inscrição, a Lei nº 8.213, de 1991, assim
prescreve:

Art. 17 O Regulamento disciplinará a forma de ins-


crição do segurado e dos dependentes.
§ 1o Incumbe ao dependente promover a sua ins-
crição quando do requerimento do benefício a

259
que estiver habilitado. (Redação dada pela Lei nº apresentação de documento que comprove o exercí-
10.403, de 8.1.2002) cio da atividade declarada, observado o disposto no
§ 2º (Revogado pela Lei nº 13.135, de 2015) art. 19-D; e (Redação dada pelo Decreto nº
§ 3º (Revogado pela Lei nº 11.718, de 2008) 10.410, de 2020).
§ 4º A inscrição do segurado especial será feita de VI - segurado facultativo - por ato próprio, por meio
forma a vinculá-lo ao respectivo grupo familiar e do cadastramento de informações pessoais que per-
conterá, além das informações pessoais, a mitam a sua identificação, desde que não exerça
identifi- cação da propriedade em que desenvolve a atividade que o enquadre na categoria de
ativida- de e a que título, se nela reside ou o segurado obrigatório. (Redação dada pelo Decreto
Município onde reside e, quando for o caso, a nº 10.410, de 2020).
identificação e ins- crição da pessoa responsável
pelo grupo familiar. (Redação dada pela Lei nº Fato que merece destaque é a inscrição post
12.873, de 2013) mor- tem, isto é, após a morte do segurado. Até o
§ 5o O segurado especial integrante de grupo ano de 2019 a prática não era vedada, contudo, a
fami- liar que não seja proprietário ou dono do
partir deste ano, a Lei de Benefícios (Lei nº 8.213,
imóvel rural em que desenvolve sua atividade
de 1991) pas- sou a vedar expressamente a inscrição
deverá informar, no ato da inscrição, conforme o
caso, o nome do parceiro ou meeiro outorgante, após a morte dos segurados contribuintes individuais
arrenda- dor, comodante ou assemelhado. e segurados facultativos. Vejamos o que dispõe o §
(Incluído Lei nº 11.718, de 2008) 7º do art. 17 da referida lei.
§ 6o (Revogado pela Lei nº 12.873, de 2013) (Pro-
dução de efeito) Art. 17 [...]
§ 7º Não será admitida a inscrição post mortem
O regulamento a que se refere o aludido artigo é o de segurado contribuinte individual e de segurado
Decreto nº. 3.048, de 1999, que determina o seguinte: facultativo. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019))

Art. 18 Considera-se inscrição de segurado para Vale ressaltar que a regra estampada acima com-
os efeitos da previdência social o ato pelo qual o porta exceção, uma vez que, no caso do segurado
segurado é cadastrado no RGPS, por meio da com- especial, é possível a inscrição post mortem
provação dos dados pessoais, da seguinte forma: quando este preencher todos os requisitos de filiação
(Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020). com o RGPS (pressupostos de filiação).
I - empregado - pelo empregador, por meio da for-
malização do contrato de trabalho e, a partir da Art. 19-B Na hipótese de não constarem do CNIS
obrigatoriedade do uso do Sistema de Escrituração as informações sobre atividade, vínculo, remunera-
Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e ções ou contribuições, ou de haver dúvida sobre a
Trabalhistas - eSocial, instituído pelo Decreto nº regularidade das informações existentes, o
8.373, de 11 de dezembro de 2014, ou do sistema período somente será confirmado por meio da
que venha a substituí-lo, por meio do registro con- apresenta- ção de documentos contemporâneos
tratual eletrônico realizado nesse Sistema; (Reda- dos fatos a serem comprovados, com menção às
ção dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020). datas de iní- cio e de término e, quando se tratar
II - trabalhador avulso - pelo cadastramento e de trabalhador avulso, à duração do trabalho e à
pelo registro no órgão gestor de mão de obra, no condição em que tiver sido prestada a atividade.
caso de trabalhador portuário, ou no sindicato, no
caso de trabalhador não portuário, e a partir da Em tais casos, os dependentes do segurado faleci-
obri- gatoriedade do uso do eSocial, ou do sistema
do deverão apresentar ao Instituto Nacional do Segu-
que venha a substituí-lo, por meio do
ro Social os documentos que atestam o exercício da
cadastramento e do registro eletrônico realizado
nesse Sistema;(Re- dação dada pelo Decreto nº
atividade de pesca artesanal, seringueiro/extrativista
10.410, de 2020). vegetal e/ou produtor rural.
III - empregado doméstico - pelo empregador, por A legislação vem sendo alterada para melhor ana-
meio do registro contratual eletrônico realizado no lisar a inscrição do segurado especial e evitar
eSocial;(Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de fraudes. A ideia principal é não realizar análise de
2020). documen- tos somente quando da solicitação do
IV - contribuinte individual: (Redação dada pelo benefício e, sim, alimentar o cadastro do INSS com
Decreto nº 10.410, de 2020). informações sobre estes segurados, assim como
a) por ato próprio, por meio do cadastramento de ocorre com os demais.
informações para identificação e reconhecimento Vale a leitura de alguns dispositivos referentes a
da atividade, hipótese em que o Instituto Nacional esta análise, pois pode vir, em sua prova, o texto da
do Seguro Social - INSS poderá solicitar a apre- Lei. Vejamos o que está previsto no Decreto nº
sentação de documento que comprove o exercício
3.048, de 1999:
da atividade declarada;(Incluído pelo Decreto nº
10.410, de 2020)
Art. 19-D O Ministério da Economia manterá sis-
b) pela cooperativa de trabalho ou pela pessoa
jurí- dica a quem preste serviço, no caso de tema de cadastro dos segurados especiais no
cooperados ou contratados, respectivamente, se CNIS, observado o disposto nos § 7º e § 8º do art.
ainda não ins- critos no RGPS; e (Incluído pelo 18, e poderá firmar acordo de cooperação com o
Decreto nº 10.410, de 2020) Minis- tério da Agricultura, Pecuária e
c) pelo MEI, por meio do sítio eletrônico do Portal Abastecimento e com outros órgãos da
do Empreendedor;(Incluído pelo Decreto nº 10.410, administração pública fede- ral, estadual, distrital
260 de 2020) e municipal para a manu- tenção e a gestão do
V - segurado especial - preferencialmente, pelo sistema de cadastro. (Incluído pelo Decreto nº
titular do grupo familiar que se enquadre em uma 10.410, de 2020)
das condições previstas no inciso VII do caput do § 1º O sistema de que trata o caput preverá a
art. 9º, hipótese em que o INSS poderá solicitar a manu- tenção e a atualização anual do cadastro e
co
nt
er
á
as
inf
or
m

õe
s
ne
ce
ss
ár
ias
à
ca
ra
cte
riz

ão
da
condição de segurado especial. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
II
Decreto nº 10.410, de 2020) § 11 Complementarmente à autodeclaração de
-
§ 2º A manutenção e a atualização de que trata o § que tra- ta o § 10 e ao cadastro de que trata o
D
1º ocorrerão por meio da apresentação, pelo caput, a compro- vação do exercício de
ec
segurado especial, de declaração anual ou de atividade do segurado especial será feita por
la
documento equiva- lente, conforme definido em ato meio dos seguintes documentos, dentre outros:
ra
do Secretário Especial de Previdência e Trabalho do (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
çã
Ministério da Economia. (Incluído pelo Decreto nº I - contrato de arrendamento, de parceria ou de
o
10.410, de 2020) como- dato rural; (Incluído pelo Decreto nº
de
§ 3º A aplicação do disposto neste artigo não poderá 10.410, de 2020)
A
acarretar ônus para o segurado, sem prejuízo do
pt
dis- posto no § 4º. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de
id
2020)
ão
§ 4º O INSS, no ato de habilitação ou de concessão
ao
de benefício, verificará a condição de segurado
Pr
especial e, se for o caso, o pagamento da contribuição
og
previden- ciária, nos termos do disposto na Lei nº
ra
8.212, de 24 de julho de 1991, de modo a considerar,
m
dentre outras informações, aquelas constantes do
a
CNIS. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
N
§ 5º A atualização anual de que trata o § 1º será feita
ac
pelo segurado especial até 30 de junho do ano subse-
io
quente. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
na
§ 6º É vedada a atualização anual de que trata o §
l
1º decorrido o prazo de cinco anos, contado da
de
data a que se refere o § 5º. (Incluído pelo Decreto nº
Fo
10.410, de 2020)
rt
§ 7º Decorrido o prazo de cinco anos de que trata
al
o
eci
§ 6º, o segurado especial somente poderá computar o
m
período de trabalho rural se efetuados na época
en
apro- priada a comercialização da produção e o
to
recolhimen- to da contribuição prevista no art. 25 da
da
Lei nº 8.212, de 1991. (Incluído pelo Decreto nº
A
10.410, de 2020)
gr
§ 8º O INSS utilizará as informações constantes do
ic
cadastro de que trata o caput para fins de
ult
comprova- ção da condição e do exercício da
ur
atividade rural do segurado especial e do seu grupo
a
familiar. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
Fa
§ 9º A partir de 1º de janeiro de 2023, a
mi
comprovação da condição e do exercício da
lia
atividade rural do segu- rado especial ocorrerá,
r
exclusivamente, por meio das informações
de
constantes do cadastro a que se refere o caput,
qu
observado o disposto no § 18. (Incluído pelo
e
Decreto nº 10.410, de 2020)
tr
§ 10 Para o período anterior a 1º de janeiro de 2023,
at
o segurado especial comprovará o exercício da
a
atividade rural por meio de autodeclaração
o
ratificada por enti- dades públicas credenciadas, nos
in
termos do disposto no art. 13 da Lei nº 12.188, de
cis
11 de janeiro de 2010, e por outros órgãos públicos,
o
observado o seguinte: (Incluído pelo Decreto nº
II
10.410, de 2020)
do
I - a autodeclaração será feita por meio do
ca
preenchi- mento de formulários que serão
p
disponibilizados pelo INSS; (Incluído pelo Decreto nº
ut
10.410, de 2020)
do
II - a ratificação da autodeclaração será realizada
ar
por meio de informações obtidas das bases de
t.
dados da Secretaria de Agricultura Familiar e

Cooperativismo do Ministério da Agricultura,
da
Pecuária e Abastecimen- to e de outras bases de
Le
dados a que o INSS tiver acesso; e (Incluído pelo
i
Decreto nº 10.410, de 2020)

III - as informações obtidas por meio de consultas às
12
bases de dados governamentais que forem
.1
considera- das insuficientes para o reconhecimento
88
do exercício da atividade rural alegada poderão ser
,
complementa- das por prova documental
de
contemporânea ao período informado. (Incluído pelo
20
10, ou pelo documento que venha a substituí-la; (Incluído
pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
III - bloco de notas do produtor rural; (Incluído pelo
Decreto nº 10.410, de 2020)
IV - documentos fiscais de entrada de mercadorias de que
trata o § 7º do art. 30 da Lei nº 8.212, de 1991, emi- tidos
pela empresa adquirente da produção, com indi- cação do
nome do segurado como vendedor;(Incluído pelo Decreto
nº 10.410, de 2020)
V - documentos fiscais relativos a entrega de produção rural
a cooperativa agrícola, entreposto de pescado ou outros,
com indicação do segurado como vendedor ou
consignante; (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020) VI -
comprovantes de recolhimento de contribuição à
previdência social decorrentes da comercialização de
produção rural; (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de
2020)
VII - cópia da declaração de imposto sobre a renda, com
indicação de renda proveniente da comercializa- ção de
produção rural; ou (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de
2020)
VIII- licença de ocupação ou permissão outorgada pelo
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária -
Incra. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
§ 12 Sempre que o tipo de outorga informado na auto-
declaração de que trata § 10 for de parceiro, meeiro,
arrendatário, comodatário ou de outra modalidade de
outorgado, o documento deverá identificar e qualificar o
outorgante. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
§ 13 A condição de segurado especial dos índios será
comprovada por meio de certidão fornecida pela Fun-
dação Nacional do Índio - Funai que: (Incluído pelo
Decreto nº 10.410, de 2020)
I - conterá a identificação da entidade e de seu emiten- te,
com a indicação do mandato, se for o caso; (Incluído pelo
Decreto nº 10.410, de 2020)
II - será fornecida em duas vias, em papel timbrado, com
numeração sequencial controlada e ininterrupta; (Incluído
pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
III - conterá a identificação, a qualificação pessoal do
beneficiário e a categoria de produtor a que pertença;
(Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
IV - consignará os documentos e as informações que
tenham servido de base para a sua emissão e, se for o
caso, a origem dos dados extraídos de registros exis-
tentes na própria entidade declarante ou em outro
órgão, entidade ou empresa, desde que idôneos e aces-
síveis à previdência social; (Incluído pelo Decreto nº
10.410, de 2020)
V - não conterá informação referente a período ante- rior
ao início da atividade da entidade declarante, exceto se
baseada em documento que constitua prova material do
exercício dessa atividade; e (Incluído pelo Decreto nº
10.410, de 2020)
VI - consignará os dados relativos ao período e à forma de
exercício da atividade rural nos termos estabeleci- dos
pelo INSS. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
§ 14 A homologação a que se refere o § 13 se res-
tringirá às informações relativas à atividade rural e
deverá atender aos seguintes critérios: (Incluído pelo
CONHECIMENTOS

Decreto nº 10.410, de 2020)


I - conterá a identificação do órgão e do emitente da
declaração; (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
II - conterá a identificação, a qualificação pessoal do
beneficiário e a categoria de produtor a que per- tença;
(Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)

261
III - consignará os documentos e as informações
O segurado especial está enquadrado entre os segu- rados
que tenham servido de base para a sua emissão obrigatórios da Previdência, ou seja, tem o dever de
e, se for o caso, a origem dos dados extraídos de contribuir para a Previdência Social. Por- tanto, é incorreto
registros existentes na própria entidade afirmar que ele poderá contribuir de forma facultativa.
declarante ou em outro órgão, entidade ou Resposta: Errado.
empresa, desde que idôneos e acessíveis à
previdência social; e (Incluí- do pelo Decreto nº
10.410, de 2020)
IV - consignará dados relativos ao período e à
forma de exercício da atividade rural nos termos
estabelecidos pelo INSS. (Incluído pelo Decreto nº
10.410, de 2020)
§ 15 Até 1º de janeiro de 2025, o cadastro de que
trata o caput poderá ser efetuado, atualizado e
corrigido sem prejuízo do prazo de que trata o §
9º e das regras permanentes estabelecidas nos § 5º e
§ 6º. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
§ 16 Na hipótese de haver divergência de informa-
ções entre o cadastro de que trata o caput e as
demais bases de dados, para fins de
reconhecimen- to do direito ao benefício, o INSS
poderá exigir a apresentação dos documentos
referidos no § 11. (Incluído pelo Decreto nº 10.410,
de 2020)
§ 17 As informações obtidas e acolhidas pelo INSS
diretamente de bancos de dados disponibilizados
por órgãos do Poder Público serão utilizadas para
validar ou invalidar informação para o cadastra-
mento do segurado especial e, quando for o caso,
para deixar de reconhecer o segurado nessa
condi- ção. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de
2020)
§ 18. O prazo a que se refere o § 9º será
prorrogado até que cinquenta por cento dos
segurados espe- ciais, apurados conforme
quantitativo da Pesqui- sa Nacional por Amostra
de Domicílios Contínua, estejam inseridos no
sistema de cadastro dos segu- rados especiais de
que trata o caput. (Incluído pelo Decreto nº
10.410, de 2020)
§ 19. O fim da prorrogação a que se refere o § 18
será definido em ato do Secretário Especial de
Pre- vidência e Trabalho do Ministério da
Economia. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de
2020)

Por fim, a inscrição do dependente do segurado


será promovida quando do requerimento do
benefí- cio a que tiver direito.

EXERCÍCIO COMENTADO
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) De acordo com a legis-
lação tributária básica e suas atualizações, julgue o
próximo item.
O pescador artesanal que fizer da pesca profissão
habitual e que residir em imóvel rural poderá contribuir
para a previdência social de forma facultativa, na qua-
262 lidade de segurado especial.

( ) CERTO ( ) ERRADO
C méstico, Contribuinte Individual, no País ou de entidade de direito público interno;
O Trabalhador Avulso e Segurado Especial
N Esse texto da Lei, expostos nas alíneas “c” e “d”,
C  Empregado que acabamos de ver, causa muita confusão na hora
E de resolver questões de prova. Tenha atenção aos
Conforme o Decreto nº 3.048, de 1999, em seu art. pon- tos comuns:
I
T 9º:
 São brasileiros ou estrangeiros;
O
Art. 9º [...]  Domiciliados e contratados no Brasil;
,  Vão trabalhar no exterior.
I - [...]
C
a) aquele que presta serviço de natureza
A urbana ou rural a empresa, em caráter
R não eventual, sob sua subordinação e
A mediante remuneração, inclusive como
C diretor empregado;
T
E Encontramos esse conceito, também, na
R CLT — Consolidação das Leis do
Í Trabalho, a qual trata do empregado como
aquele que trabalha com carteira assinada e
S
vínculo empregatício.
T
Por serviço não eventual, entende-se
I
aquele que está direcionado, direta ou
C indiretamente, com a ati- vidade fim
A (normal) da empresa e a subordinação
S liga-se ao poder diretivo do empregador.
Ou seja, o empregado recebe ordens de seu
E empregador, carac- terística que o
diferencia, por exemplo, do sujeito que
A trabalhada de forma autônoma. A
B remuneração é a contraprestação pelo
R trabalho executado.
A
N Art. 9º [...]
I - [...]
G
b) aquele que, contratado por empresa
Ê de trabalho temporário, na forma
N prevista em legislação espe- cífica, por
C prazo não superior a cento e oitenta dias,
I consecutivos ou não, prorrogável por
A até noventa dias, presta serviço para
atender a necessidade transitória de
substituição de pessoal regular e per-
E manente ou a acréscimo extraordinário
m de serviço de outras empresas;
p
r São aqueles que substituem o pessoal
e permanente, trabalham por curto espaço
g de tempo.
a
d Art. 9º [...]
I - [...]
o
c) o brasileiro ou o estrangeiro
, domiciliado e con- tratado no Brasil
para trabalhar como empregado no
E exterior, em sucursal ou agência de
m empresa constituída sob as leis
brasileiras e que tenha sede e
p
administração no País;
r d) o brasileiro ou o estrangeiro
e domiciliado e con- tratado no Brasil
g para trabalhar como empregado em
a empresa domiciliada no exterior com
d maioria do capital votante pertencente a
empresa constituí- da sob as leis
o
brasileiras, que tenha sede e admi-
nistração no País e cujo controle efetivo
D esteja em caráter permanente sob a
o titularidade direta ou indireta de
pessoas físicas domiciliadas e residentes
No primeiro caso, trabalham em sucursal ou
Art. 9º [...]
agên- cia de empresa constituída sob as leis
I - [...]
brasileiras e que tenha sede e administração no País. g) o brasileiro civil que presta serviços à União no
No segundo, trabalham em empresa domiciliada no exterior, em repartições governamentais brasilei-
exterior, com a maioria do capital votante ras, lá domiciliado e contratado, inclusive o auxi-
pertencente à empresa constituída sob as leis liar local de que tratam os arts. 56 e 57 da Lei nº
brasileiras. Ou seja, os segu- rados trabalham no 11.440, de 29 de dezembro de 2006, este desde
exterior, mas mantêm a filiação com a previdência que, em razão de proibição legal, não possa filiar-
brasileira. se ao sistema previdenciário local;
h) o bolsista e o estagiário que prestam serviços a
Art. 9º [...] empresa, em desacordo com a Lei nº 11.788, de 25
I - [...] de setembro de 2008;
e) aquele que presta serviço no Brasil a missão
diplomática ou a repartição consular de carreira
estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a
Dica
membros dessas missões e repartições, excluídos o Se o bolsista/estagiário presta serviços de acor-
não-brasileiro sem residência permanente no Brasil
do com a lei, será segurado facultativo.
e o brasileiro amparado pela legislação previden-
ciária do país da respectiva missão diplomática
Art. 9º [...]
ou repartição consular;
I - [...]
É a pessoa que trabalha, por exemplo, para o i) o servidor da União, Estado, Distrito Federal ou
consula- do de um país no território brasileiro, Município, incluídas suas autarquias e fundações,
excluídos o não-bra- sileiro sem residência ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão
declarado em lei de livre nomeação e exoneração;
permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela
legislação previdenciária do país da res- pectiva
missão diplomática ou repartição consular. Se o segurado ocupa, exclusivamente, cargo em
comissão, ou seja, sem vínculos como servidor na
Art. 9º [...] Administração Pública, será empregado no RGPS.
I - [...] Exemplo: um particular, não ocupante de cargo ou
f) o brasileiro civil que trabalha para a União no função pública, é nomeado para ser chefe de
exterior, em organismos oficiais internacionais gabinete de um Ministro de Estado.
dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que Por outro lado, se for servidor vinculado ao
lá domiciliado e contratado, salvo se amparado por RPPS, ocupando cargo em comissão, não será
regime próprio de previdência social; segurado obri- gatório ao RGPS.
[...]
q) o empregado de organismo oficial internacional Art. 9º [...]
ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo I - [...]
quan- do coberto por regime próprio de previdência j) o servidor do Estado, Distrito Federal ou
social; Municí- pio, bem como o das respectivas
autarquias e fun- dações, ocupante de cargo
Esse segurado pode te levar a confundir com o efetivo, desde que, nessa qualidade, não esteja
que está previsto na alínea “a”, inciso V, art. 9º, do amparado por regime próprio de previdência
Decreto nº 3.048, de 1999, o qual apresenta o social;
segurado como contribuinte individual. Leia-o com
atenção: O ocupante de cargo efetivo somente estará no
RGPS se já não for amparado pelo RPPS. Um exemplo
Art. 9º [...] disso é um servidor efetivo de um pequeno
V - [...] município que não conte com Regime Próprio
d) o brasileiro civil que trabalha no exterior para
Previdenciário.
organismo oficial internacional do qual o Brasil é
membro efetivo, ainda que lá domiciliado e
Art. 9º [...]
contra- tado, salvo quando coberto por regime
I - [...]
próprio de previdência social;
l) o servidor contratado pela União, Estado, Distrito
Federal ou Município, bem como pelas respectivas
A diferença é a palavra União. Se o sujeito
autarquias e fundações, por tempo determinado,
traba- lha para a União é empregado.
para atender a necessidade temporária de excep-
Vamos esquematizar? Siga as etapas ao analisar a
cional interesse público, nos termos do inciso IX do
questão, para não confundir o tipo de segurado:
art. 37 da Constituição Federal;
m) o servidor da União, Estado, Distrito Federal ou
CONHECIMENTOS

Para União: Município, incluídas suas autarquias e fundações,


empregado
Sem amparo
previdenciário Somente ocupante de emprego público;
trabalha o) o escrevente e o auxiliar contratados por titular
No (sem ser para de serviços notariais e de registro a partir de 21
exterior União) e é
Tem amparo de novembro de 1994, bem como aquele que optou
Brasileiro civil contribuinte
previdenciário:
pelo Regime Geral de Previdência Social, em con-
que trabalha para q BR é membro ex
Organismos Oficiais clu
u ído
Internacionais de o do
e
individual
RG for próprio de previdência social;
mi
da
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co 263
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Lei

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re
gi
me
Atente-se às questões que abordam o servidor b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora
efe- tivo que exerce mandato eletivo, como, por atividade de extração mineral - garimpo -, em cará-
exemplo, um técnico do INSS eleito deputado ou um ter permanente ou temporário, diretamente ou por
delegado da PF eleito senador. O nosso ordenamento intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de
jurídico permite que ele mantenha a filiação com o empregados, utilizados a qualquer título, ainda que
regime próprio quando licenciado para mandato de forma não contínua;
c) o ministro de confissão religiosa e o membro de
eletivo. São estas as situações que o excluem,
instituto de vida consagrada, de congregação ou de
conforme redação da Lei citada:
ordem religiosa;
Art. 9º [...]
São os padres, pastores, freis, entre outros, que
I - [...]
r) o trabalhador rural contratado por produtor dedicam sua vida à religião.
rural pessoa física, na forma do art. 14-A da Lei
nº 5.889, de 8 de junho de 1973, para o exercício d) o brasileiro civil que trabalha no exterior para
de atividades de natureza temporária por prazo organismo oficial internacional do qual o Brasil é
não superior a dois meses dentro do período de um membro efetivo, ainda que lá domiciliado e
ano; (Incluído pelo Decreto nº 6.722, de 2008). contra- tado, salvo quando coberto por regime
próprio de previdência social;
 Empregado Doméstico
Tratamos deste segurado quando falamos daque-
São trabalhadores em âmbito doméstico aqueles les que trabalham para organismos oficiais interna-
contratados por família ou pessoa física para exerce- cionais, nos segurados empregados, recorda?
rem atividades sem fins lucrativos. Veja a redação
do Decreto nº 3.048, de 1999: e) desde que receba remuneração decorrente de tra-
balho na empresa:
1. o empresário individual e o titular de empresa
Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência
individual de responsabilidade limitada, urbana ou
social as seguintes pessoas físicas:
rural;
[...]
2. o diretor não empregado e o membro de conselho
II - como empregado doméstico - aquele que presta
de administração de sociedade anônima;
serviço de forma contínua, subordinada, onerosa e
3. o sócio de sociedade em nome coletivo; e
pessoal a pessoa ou família, no âmbito residencial
4. o sócio solidário, o sócio gerente, o sócio cotista
desta, em atividade sem fins lucrativos, por mais de
e o administrador, quanto a este último, quando
dois dias por semana;
não for empregado em sociedade limitada,
urbana ou rural;
São as faxineiras, os caseiros de sitio de lazer, a i) o associado eleito para cargo de direção em
babá, a cozinheira, o motorista particular, o cuidador cooperativa, associação ou entidade de qualquer
de idoso, entre outros, os quais trabalham três vezes natureza ou finalidade, bem como o síndico ou
na semana, ou seja, mais de dois dias por semana, o administrador eleito para exercer atividade de dire-
que traz a ideia de um trabalho contínuo. ção condominial, desde que recebam remuneração;

 Contribuinte Individual Importante!


Atente-se ao “dirigente sindical”: a Lei prevê que o dirigente sindical
O contribuinte é o popular autônomo, profissional
libe- ral, aquele que trabalha por conta própria e sem
patrão.
Aqui, não se deve ater somente ao conceito
popular. É importante que você conheça quem são os
denomina- dos segurados. Essa categoria foi criada em
1999, unindo três categorias já existentes: autônomos,
empresários e equiparados a autônomos.
Vamos trabalhar o que o texto do art. 9º, V, do j) quem presta serviço de natureza urbana ou rural,
Decreto: em caráter eventual, a uma ou mais empresas,
sem relação de emprego;
Art. 9º [...] l) a pessoa física que exerce, por conta própria,
V - como contribuinte individual: atividade econômica de natureza urbana, com
a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora fins lucrativos ou não;
atividade agropecuária, a qualquer título, em cará- m) o aposentado de qualquer regime previdenciário
ter permanente ou temporário, em área, contínua nomeado magistrado classista temporário da Justi-
ou descontínua, superior a quatro módulos fiscais; ça do Trabalho, na forma dos incisos II do § 1º do
ou, quando em área igual ou inferior a quatro art. 111 ou III do art. 115 ou do parágrafo único
módulos fiscais ou atividade pesqueira ou extrati- do art. 116 da Constituição Federal, ou nomeado
vista, com auxílio de empregados ou por intermé- magistrado da Justiça Eleitoral, na forma dos
dio de prepostos; ou ainda nas hipóteses dos §§ 8º inci- sos II do art. 119 ou III do § 1º do art. 120 da
e 23 deste artigo; Cons- tituição Federal;
n) o cooperado de cooperativa de produção que,
São os grandes produtores rurais ou, até mesmo, nesta condição, presta serviço à sociedade coope-
264 um pequeno produtor, mas que possui empregados rativa mediante remuneração ajustada ao trabalho
de forma permanente (empregador rural). Cuidado executado; e
para não confundir com segurado especial, que estu- p) o Micro Empreendedor Individual - MEI
daremos adiante.
q) o médico participante do Projeto Mais Médicos
XVI - o interventor, o liquidante, o administrador
para o Brasil, instituído pela Lei nº 12.871, de 22
especial e o diretor fiscal de instituição financeira,
de outubro de 2013, exceto na hipótese de
empresa ou entidade referida no § 6º do art. 201;
cobertura securitária específica estabelecida por (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
organismo internacional ou filiação a regime de XVII - o transportador autônomo de cargas e o
seguridade social em seu país de origem, com o transportador autônomo de cargas auxiliar, nos
qual a Repúbli- ca Federativa do Brasil mantenha termos do disposto na Lei nº 11.442, de 5 de
acordo de segu- ridade social; janeiro de 2007; (Incluído pelo Decreto nº 10.410,
r) ro médico em curso de formação no âmbito do de 2020) XVIII - o repentista de que trata a Lei nº
Programa Médicos pelo Brasil que foi instituido 12.198, de 14 de janeiro de 2010, desde que não se
pela Lei 13.958/2019. enquadre na condição de empregado, prevista no
inciso I do caput, em relação à referida atividade;
Equiparam-se, ainda, aos contribuintes indivi- e (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
duais, de acordo com o Decreto 3.048, de 1999: XIX - o artesão de que trata a Lei nº 13.180, de 22
de outubro de 2015, desde que não se enquadre em
§ 15 Enquadram-se nas situações previstas nas alí- outras categorias de segurado obrigatório do RGPS
neas “j” e “l” do inciso V do caput, entre outros: em relação à referida atividade. (Incluído pelo
I - aquele que trabalha como condutor autônomo de Decreto nº 10.410, de 2020)
veículo rodoviário, inclusive como taxista ou moto-
rista de transporte remunerado privado individual  Trabalhador Avulso
de passageiros, ou como operador de trator, máqui-
na de terraplenagem, colheitadeira e assemelha- O trabalhador avulso tem por características:
dos, sem vínculo empregatício; (Redação dada pelo
Decreto nº 10.410, de 2020).  Presta serviços de natureza urbana ou rural;
II - aquele que exerce atividade de auxiliar de con-  Sindicalizado ou não;
dutor autônomo de veículo rodoviário, em automó-  Sem vínculo empregatício;
vel cedido em regime de colaboração, nos termos  Intermediação obrigatória de OGMO (Órgão
da Lei nº 6.094, de 30 de agosto de 1974; Gestor de Mão de Obra) ou Sindicato.
III - aquele que, pessoalmente, por conta própria e
a seu risco, exerce pequena atividade comercial
em via pública ou de porta em porta, como Dica
comercian- te ambulante, nos termos da Lei nº Geralmente, as questões trazem a figura do
6.586, de 6 de novembro de 1978;
IV - o trabalhador associado a cooperativa que,
Órgão Gestor, indicando que se trata do trabalha-
nessa qualidade, presta serviços a terceiros; dor avulso.
V - o membro de conselho fiscal de sociedade por
ações; Dando sequência no assunto, é fundamental que
VI - aquele que presta serviço de natureza não você conheça o texto da Lei:
contínua, por conta própria, a pessoa ou família,
no âmbito residencial desta, em atividade sem Art. 9º [...]
fins lucrativos, até dois dias por semana; VI - como trabalhador avulso - aquele que: (Reda-
(Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020). ção dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
VII - o notário ou tabelião e o oficial de registros a) sindicalizado ou não, preste serviço de
ou registrador, titular de cartório, que detêm a natureza urbana ou rural a diversas empresas, ou
delega- ção do exercício da atividade notarial e de equipara- dos, sem vínculo empregatício, com
registro, não remunerados pelos cofres públicos, intermediação obrigatória do órgão gestor de
admitidos a partir de 21 de novembro de 1994; mão de obra, nos termos do disposto na Lei nº
VIII - aquele que, na condição de pequeno 12.815, de 5 de junho de 2013, ou do sindicato da
feirante, compra para revenda produtos categoria, assim con- siderados: (Redação dada
hortifrutigranjeiros ou assemelhados; pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
IX - a pessoa física que edifica obra de construção 1. o trabalhador que exerça atividade portuária
civil; X - o médico residente de que trata a Lei nº de capatazia, estiva, conferência e conserto de
6.932, de 7 de julho de 1981. (Redação dada pelo carga e vigilância de embarcação e bloco;
Decreto nº 4.729, de 2003) (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
XI - o pescador que trabalha em regime de parceria, 2. o trabalhador de estiva de mercadorias de
meação ou arrendamento, em embarcação de médio qual- quer natureza, inclusive carvão e minério;
ou grande porte, nos termos da Lei nº 11.959, de (Incluí- do pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
2009; (Redação dada pelo Decreto nº 8.424, de 3. o trabalhador em alvarenga (embarcação para
2015) XII - o incorporador de que trata o art. 29 da carga e descarga de navios); (Incluído pelo Decreto
Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964. nº 10.410, de 2020).
CONHECIMENTOS

XIII - o bolsista da Fundação Habitacional do Exér- 4. o amarrador de embarcação; (Incluído pelo


cito contratado em conformidade com a Lei nº Decreto nº 10.410, de 2020).
5. o ensacador de café, cacau, sal e similares;
6.855, de 18 de novembro de 1980; e (Incluído pelo
(Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
Decreto nº 3.265, de 1999)
6. o trabalhador na indústria de extração de sal;
XIV - o árbitro e seus auxiliares que atuam em con-
(Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
formidade com a Lei nº 9.615, de 24 de março de
7. o carregador de bagagem em porto; (Incluído
1998. (Incluído pelo Decreto nº 3.265, de 1999)
pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
XV - o membro de conselho tutelar de que trata 8. o prático de barra em porto; (Incluído pelo Decre-
o art. 132 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, to nº 10.410, de 2020).
quando remunerado; (Incluído pelo Decreto nº 9. o guindasteiro; e (Incluído pelo Decreto nº 10.410,
4.032, de 2001) de 2020). 265
ção diferenciada a qual, para ter acesso aos benefícios
10. o classificador, o movimentador e o empaco-
tador de mercadorias em portos; e (Incluído pelo
Decreto nº 10.410, de 2020).
b) exerça atividade de movimentação de merca-
dorias em geral, nos termos do disposto na Lei nº
12.023, de 27 de agosto de 2009, em áreas
urbanas ou rurais, sem vínculo empregatício, com
interme- diação obrigatória do sindicato da
categoria, por meio de acordo ou convenção
coletiva de trabalho, nas atividades de: (Redação
dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
1. cargas e descargas de mercadorias a granel e
ensacados, costura, pesagem, embalagem, enlo-
namento, ensaque, arrasto, posicionamento, aco-
modação, reordenamento, reparação de carga,
amostragem, arrumação, remoção, classificação,
empilhamento, transporte com empilhadeiras,
paletização, ova e desova de vagões, carga e des-
carga em feiras livres e abastecimento de lenha
em secadores e caldeiras; (Incluído pelo Decreto
nº 10.410, de 2020).
2. operação de equipamentos de carga e descarga; e
(Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
3. pré-limpeza e limpeza em locais necessários às
operações ou à sua continuidade; (Incluído pelo
Decreto nº 10.410, de 2020).
§ 7º Para efeito do disposto na alínea “a” do inciso
VI do caput, entende-se por:
I - capatazia - a atividade de movimentação de mer-
cadorias nas instalações dentro do porto, compreen-
didos o recebimento, a conferência, o transporte
interno, a abertura de volumes para a conferência
aduaneira, a manipulação, a arrumação e a
entre- ga e o carregamento e a descarga de
embarcações, quando efetuados por
aparelhamento portuário; (Redação dada pelo
Decreto nº 10.410, de 2020).
II - estiva - a atividade de movimentação de mer-
cadorias nos conveses ou nos porões das
embarca- ções principais ou auxiliares, incluindo
transbordo, arrumação, peação e despeação, bem
como o carre- gamento e a descarga das mesmas,
quando realiza- dos com equipamentos de bordo;
III - conferência de carga - a contagem de
volumes, anotação de suas características,
procedência ou destino, verificação do estado das
mercadorias, assistência à pesagem, conferência
do manifesto e demais serviços correlatos, nas
operações de carre- gamento e descarga de
embarcações;
IV - conserto de carga - o reparo e a restauração
das embalagens de mercadoria, nas operações de
carregamento e descarga de embarcações, reem-
balagem, marcação, remarcação, carimbagem,
etiquetagem, abertura de volumes para vistoria e
posterior recomposição;
V - vigilância de embarcações - a atividade de fis-
calização da entrada e saída de pessoas a bordo
das embarcações atracadas ou fundeadas ao largo,
bem como da movimentação de mercadorias nos
portalós, rampas, porões, conveses, plataformas e
em outros locais da embarcação; e
VI - bloco - a atividade de limpeza e conservação
de embarcações mercantes e de seus tanques,
incluindo batimento de ferrugem, pintura, reparo
de pequena monta e serviços correlatos.

Segurado Especial
266
A legislação trouxe um regramento diferenciado
para o denominado segurado especial.
Esse tipo de segurado possui forma de contribui-
p vo exercício de atividade rural. (alí- nea “c”, VII, do art. 9º).
r Para que você compreenda melhor essa O § 1º, art. 11, da Lei nº 8.213, de 1991, conceitua
e diferen- ciação, vamos ao exemplo: José como regime de economia familiar
v planta batata em seu pequeno sítio. Tem,
i na propriedade, alguns animais e uma [...] a atividade em que o trabalho dos membros
d horta, local onde colhe hortaliças para sua da família é indispensável à própria subsistência e
e sub- sistência. O José depende da batata ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo
n “crescer”, para que possa vendê-la e obter fami- liar e é exercido em condições de mútua
c uma renda. Seria inviável, então, exigir que dependên- cia e colaboração, sem a utilização de
i ele contribua todo mês. Neste senti- do, a empregados permanentes.
á Lei prevê que ele deve contribuir quando
r ven- der suas batatas, contando os meses
i trabalhados para fazer jus aos benefícios
o previdenciários, pois, enquan- to esperava
s suas batatas crescerem, trabalhou no seu
, cultivo e posterior colheita.
O segurado especial, de acordo com o
b inc. VII do art. 9º, é a pessoa física que
a reside em imóvel rural, ou em aglomerado
s urbano ou rural próximo ao imó- vel rural
t que, individualmente ou em regime de eco-
a nomia familiar, ainda que com o auxílio
eventual de terceiros, na condição de:
c
o  Produtor;
m  Pescador artesanal ou assemelhado;
p  Em atividade agropecuária em área
r contínua ou não, de até quatro
o Módulos Fiscais ou seringuei- ro ou
v extrativista vegetal, na coleta e
a extração, de modo sustentável, de
r recursos naturais renová- veis, fazendo
dessas atividades o principal meio de
a vida;
 Não utilize embarcação ou utilize embarcação de
c pequeno porte, nos termos da Lei nº 11.959, de
a 2009.
r
ê Como produtor, poderá exercer atividades, sendo:
n
c  Proprietário: aquele que é dono e detém
i os pode- res de usar, gozar, dispor e
a reaver, conforme pre- visto na legislação
cível;
e  Possuidor: nessa atividade, o produtor não detém
x os poderes que o proprietário possui;
i  Assentado: aquele que é beneficiário da reforma
g agrária;
i  Parceiro outorgado: possui contrato
d com o pro- prietário, para partilhar
a lucros e prejuízos;
 Meeiro: possui contrato com o
e proprietário, parti- lhando rendimentos
m e custos;
 Usufrutuário: é aquele que não possui
m a proprie- dade, mas tem direito de usar,
e gozar e perceber os frutos como se dono
s fosse;
e  Comodatário e Arrendatário: um explora a terra
s por empréstimo gratuito (comodatário)
e o outro explora, pagando um aluguel
d (arrendatário).
e
Ainda, o cônjuge ou companheiro,
e bem como filho maior de 16 (dezesseis)
f anos de idade ou a este equiparado, do
e segurado produtor e pescador artesanal que,
t comprovadamente, tenham participa- ção
i ativa nas atividades rurais do grupo familiar
Portanto, para ser segurado especial:
 Atividade artesanal desenvolvida com matéria-
-prima produzida pelo respectivo grupo familiar,
 Produtor: para fins de seguridade especial, o
pro- dutor deverá explorar atividade agropecuária podendo ser utilizada matéria-prima de outra ori-
em área de até 4 módulos fiscais (a extensão é gem, desde que, nesse caso, a renda mensal
variável conforme a região do país, você só obtida na atividade não exceda ao menor
precisa saber dos 4 módulos), não possuir benefício de prestação continuada da Previdência
empregados perma- nentes, realizar as atividades Social;
só ou em regime de economia familiar;  Atividade artística, desde que em valor mensal
 Pescador ou assemelhado: pesca sem embarca- inferior ao menor benefício de prestação conti-
ção ou embarcação pequeno porte nuada da Previdência Social;
 Participação do segurado especial em sociedade
Mesmo não podendo contar com empregados
empresária ou em sociedade simples, ou a sua
per- manentes, o grupo familiar pode se utilizar de
empre- gados temporários ou de trabalhadores atua- ção como empresário individual ou como
eventuais, em épocas de safra ou defeso por titular de empresa individual de responsabilidade
limita- da de objeto ou âmbito agrícola,
Art. 11 (Lei nº 8.213, de 1991) [...] agroindustrial ou agroturístico, considerada
§ 7º [...] no máximo 120 (cento e vinte) pessoas microempresa nos ter- mos do disposto na Lei
por dia no ano civil, em períodos corridos ou Complementar nº 123, de 2006, desde que,
interca- lados ou, ainda, por tempo equivalente
mantido o exercício da sua ativi- dade rural na
em horas de trabalho, não sendo computado nesse
prazo o período de afastamento em decorrência forma prevista no inciso VII do caput e no § 5º, a
da percep- ção de auxílio-doença. pessoa jurídica seja composta apenas por
segurados especiais e sediada no mesmo Muni-
O segurado especial sobrevive da pesca ou ativida- cípio ou em Município limítrofe àquele em que,
de agropecuária. A regra é: se este possuir outra ao menos, um deles desenvolva as suas
fonte de renda ou outra atividade, estará excluído da atividades.
condi- ção de segurado especial.
Porém, o legislador determinou um rol taxativo
Nos casos em que o segurado especial exercer
de atividades e fontes de renda que são permitidas ao
outra atividade ou ter outra fonte de renda, salvo
segu- rado especial, de acordo com o § 8º, do art. 11.
Vejamos: situações previstas na legislação, e, portanto, ficar
excluído da categoria, devem ser observados os
 Outorga de imóvel rural: por meio de contrato seguintes prazos, de acordo com o § 23, do art. 9º,
escri- to de parceria, meação ou comodato de até do Decreto nº 3.048, de 1999:
50% do imóvel de até 4 módulos fiscais, que
outorgante e outorgado continuem a exercer a
atividade rural; Deixa de satisfazer as condições de segura- do especia
 Turismo, podendo, inclusive, ser de hospedagem,
na propriedade rural, por um período não supe-
rior a 120 dias ao ano;
 Participação em plano de previdência complemen-
tar que seja instituído por entidade classista que Exceder percentual de outorga imóvel
seja associado e em regime familiar;
 Participar de programa assistencial oficial do
Primeiro dia do
Governo como beneficiário ou fazer parte de
mês
grupo familiar em que algum membro seja Se enquadrar em outra categoria de segurado obrigatório RGPS o
beneficiário;
 Beneficiamento ou industrialização artesanal uti-
lizado pelo grupo familiar na exploração da EXCLUSÃO
ativi- DA CATEGORIA DE SEGURADO ESPECIAL
dade (aquele realizado diretamente pelo produtor
rural, como pessoa física que não esteja sujeito
ao IPI — Imposto sobre Produtos
Sociedade empresária, salvo na forma d
Industrializados);
 Associar-se em cooperativa agropecuária ou de
crédito rural;
 Benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou Exceder limite de contratação, ativi- dade remunerada e hospe
auxílio-reclusão, cujo valor não supere o do menor Primeiro dia do mês subsequente
benefício da Previdência Social;
 Benefício concedido ao segurado qualificado como
CONHECIMENTOS

segurado especial, independentemente do valor;


 Exercício de atividade remunerada em período
não superior a cento e vinte dias, corridos ou onde desenvolve a atividade rural, ou de F
inter- calados, no ano civil, dirigente de cooperativa rural constituída
inal
 Exercício de mandato eletivo de dirigente sindi- exclusivamente por segurados especiais;
cal de organização da categoria de trabalhadores men
rurais; te, a
 Exercício de mandato de vereador do município insc
rição do segurado especial será realizada de forma a
vinculá-lo ao respectivo grupo familiar e conterá, além
das informações pessoais, a identificação da propriedade
em que desenvolve a ati- vidade e a que título, se nela
reside ou o Município no qual reside e, quando for o caso,
a identificação e ins- crição da pessoa responsável pelo
grupo familiar, con- forme determina o § 4º, art. 17, da Lei
nº 8.213 de 1991.
267
estes concorrem em igualdade de condições, dividin- do o
DEPENDENTES NO RGPS benefício que tenham direito na forma da Lei.

Os dependentes farão jus aos benefícios pre-


videnciários, por estarem ligados aos segurados
economicamente.
Na falta do segurado, em razão de morte ou
reclu- são, seus dependentes terão direito à pensão
por morte ou auxílio-reclusão, conforme fato
gerador e cumpridos os requisitos legais.
A Lei traz um rol taxativo, no art. 16, de quem são
os dependentes, dividindo-os em classes:

 Primeira Classe:

 Cônjuge;
 Companheira (o);
 Filho não emancipado, de qualquer condição,
menor de vinte e um anos de idade ou
inválido ou que tenha deficiência intelectual,
mental ou grave;
 aos filhos: tutelado ou enteado, comprovando
dependência econômica.

 Segunda Classe:

 Os pais.

 Terceira Classe

 Os irmãos não emancipados, de qualquer con-


dição, menor de vinte e um anos de idade ou
inválido ou que tenha deficiência intelectual,
mental ou grave.

Como visto, existe dependência econômica entre


os dependentes e o segurado, sendo esta:

 Presumida: para os dependentes de primeira clas-


se, salvo os equiparados a filhos, que devem
com- provar a dependência econômica com o
segurado;
 Comprovada: pelos dependentes da segunda e
terceira classe.

Aqueles que vivem uma união estável — os com-


panheiros (as), devem comprovar essa união, para
terem direito aos benefícios. Importante ressaltar,
aqui, que não existe um tempo mínimo, na Lei, para
caracterizar a união estável.
Atenção para não confundir com períodos conta-
bilizados para duração de benefício, que são
trabalha- dos durante o estudo sobre pensão e
auxílio-reclusão. As provas de união estável e de
dependência econômica exigem início de prova
material contem- porânea dos fatos (devem existir
documentos, como imposto de renda, certidão de
união estável, entre outros) produzido em período
não superior aos vinte e quatro meses anteriores à
data do óbito ou do reco- lhimento à prisão do
segurado, não admitida a prova exclusivamente
testemunhal, exceto na ocorrência de
motivo de força maior ou caso fortuito.
Outro ponto importante é que a existência de uma
classe sempre excluirá as subsequentes. Se existir a
268 esposa, mesmo que a questão aborde uma mãe
depen- dente, economicamente, do segurado, somente
a espo- sa terá direito aos benefícios como
dependente.
Se existir dependentes em uma mesma classe,
Q previstos como tal, a legislação prevê: Art. 22 [...]
u § 3º Para comprovação do vínculo e da dependên-
a Art. 17 A perda da qualidade de cia econômica, conforme o caso, deverão ser apre-
n dependente ocorre: I - para o cônjuge, sentados, no mínimo, dois documentos, observado
t pelo divórcio ou pela separação judicial o disposto nos § 6º-A e § 8º do art. 16, e poderão
o ou de fato, enquanto não lhe for ser aceitos, dentre outros:
assegurada a prestação de alimentos, I - certidão de nascimento de filho havido em comum;
à pela anulação do casa- mento, pelo II - certidão de casamento religioso;
óbito ou por sentença judicial transita- III - declaração do imposto de renda do segurado,
da em julgado; em que conste o interessado como seu dependente;
p
II- para a companheira ou companheiro, IV - disposições testamentárias;
e
pela cessação da união estável com o
r segurado ou segurada, enquan- to não lhe
d for garantida a prestação de alimentos;
a III - ao completar vinte e um anos de
idade, para o filho, o irmão, o enteado
d ou o menor tutelado, ou nas seguintes
a hipóteses, se ocorridas anteriormen- te a
essa idade:
q a) casamento;
u b) início do exercício de emprego público efetivo;
a c) constituição de estabelecimento civil
l ou comer- cial ou pela existência de
i relação de emprego, desde que, em
d função deles, o menor com dezesseis
a anos completos tenha economia
própria; ou
d
d) concessão de emancipação, pelos pais,
e
ou por um deles na falta do outro, por
meio de instrumento público,
d independentemente de homologação
e judi- cial, ou por sentença judicial,
ouvido o tutor, se o menor tiver
d dezesseis anos completos; e
e IV - para os dependentes em geral:
p a) pela cessação da invalidez ou da
e deficiência inte- lectual, mental ou
n grave; ou
d b) pelo falecimento.
e
n Atenção: de acordo com o § 1º, do art. 17,
t o filho, o irmão, o enteado e o menor
e tutelado, desde que com- provada a
, dependência econômica dos três últimos, se
inválidos ou se tiverem deficiência
s intelectual, mental ou grave, não perderão a
e qualidade de dependentes, desde que a
m invalidez ou a deficiência intelectual,
mental ou grave tenha ocorrido antes do
d casamento, exercício de emprego público,
i constituição de esta- belecimento civil ou
r comercial ou pela existência de relação de
e emprego ou concessão de emancipação.
i Exemplo: Maria casou-se com José
t quando tinha 17 anos. Aos 18 fica inválida
o e, ao completar 19, seu pai falece. Maria
não terá direito à pensão por mor- te do
a seu pai, pois, com o casamento, deixou de
o ser dependente deste.
s Ficará excluído, definitivamente, da
condição de dependente aquele que tiver
b sido condenado crimi- nalmente, por
e sentença transitada em julgado, como
n autor, coautor ou partícipe de homicídio
e doloso, ou de tentativa desse crime,
f cometido contra a pessoa do segurado,
í ressalvados os absolutamente incapazes e
c os inimputáveis.
i A título de conhecimento, são provas
o elencadas na Lei (Decreto nº 3.048, de
s 1999) como aceitas (rol não taxativo) para
comprovar dependência e vínculo:
VI - declaração especial feita perante tabelião; serviço no exterior;
qu
VII - prova de mesmo domicílio; V - aquele que deixou de ser segurado
an
VIII - prova de encargos domésticos evidentes e obrigatório da previdência social;
do
existência de sociedade ou comunhão nos atos da VI - o membro de conselho tutelar de que

vida civil; trata o art. 132 da Lei nº 8.069, de 13 de
o
IX - procuração ou fiança reciprocamente julho de 1990,
es
outorgada;
tej
X - conta bancária conjunta;
a
XI - registro em associação de qualquer natureza,
vi
onde conste o interessado como dependente do
nc
segurado;
ul
XII - anotação constante de ficha ou livro de regis-
ad
tro de empregados;
o
XIII - apólice de seguro da qual conste o segurado
a
como instituidor do seguro e a pessoa interessada
qu
como sua beneficiária;
al
XIV - ficha de tratamento em instituição de assis-
qu
tência médica, da qual conste o segurado como
er
responsável;
re
XV - escritura de compra e venda de imóvel pelo
gi
segurado em nome de dependente;
m
XVI - declaração de não emancipação do dependen-
e
te menor de vinte e um anos; ou
de
XVII - quaisquer outros que possam levar à convic-
pr
ção do fato a comprovar.
ev
§ 4º O fato superveniente que importe em exclusão
id
ou inclusão de dependente deve ser comunicado ao
ên
Insti- tuto Nacional do Seguro Social, com as provas
ci
cabíveis.
a
so
Dica ci
al
Uma pessoa poderá, ao mesmo tempo, ser
;
segu- rada e dependente. Quer um exemplo? Eu VII
sou empregada em uma empresa, contribuo -o
para o sistema como empregada e, também, bo
sou casa- da. Meu marido é contribuinte individual lsi
st
do RGPS. Portanto, somos segurados do RGPS e a
dependen- tes um do outro perante a Previdência e
Social. o
es
ta
SEGURADO FACULTATIVO
gi
ár
Conceito, Características, Filiação e Inscrição io
qu
O segurado facultativo é aquele que não se e
enqua- dra em nenhuma categoria de segurado pr
obrigatório do RGPS e não está vinculado es
obrigatoriamente ao RPPS. ta
Ele contribui, se desejar, com o Sistema m
se
Previden- ciário, diferentemente dos segurados
rv
obrigatórios, os quais devem contribuir.

O Decreto nº 3.048, de 1999, traz um rol exemplifi-
os
cativo daqueles que podem ser considerados segura- a
dos facultativos. Vejamos: e
m
Art. 11 É segurado facultativo o maior de pr
dezesseis anos de idade que se filiar ao Regime es
Geral de Previ- dência Social, mediante a
contribuição, na forma do art. 199, desde que não de
esteja exercendo atividade remunerada que o ac
enquadre como segurado obri- gatório da or
previdência social. do
§ 1º Podem filiar-se facultativamente, entre outros: co
I - aquele que se dedique exclusivamente ao traba- m
lho doméstico no âmbito de sua residência a
II - o síndico de condomínio, quando não Le
remunerado; III - o estudante; i
IV - o brasileiro que acompanha cônjuge que presta 11.
788 de 2008;
VIII - o bolsista que se dedique em tempo integral a
pesquisa, curso de especialização, pós-graduação,
mestrado ou doutorado, no Brasil ou no exterior, desde
que não esteja vinculado a qualquer regime de
previdência social;
IX - o presidiário que não exerce atividade remu- nerada
nem esteja vinculado a qualquer regime de previdência
social;
X - o brasileiro residente ou domiciliado no exterior, salvo
se filiado a regime previdenciário de país com o qual o
Brasil mantenha acordo internacional; e XI - o segurado
recolhido à prisão sob regime fecha- do ou semiaberto,
que, nesta condição, preste servi- ço, dentro ou fora da
unidade penal, a uma ou mais empresas, com ou sem
intermediação da organiza- ção carcerária ou entidade
afim, ou que exerce ati- vidade artesanal por conta
própria.
XII - o atleta beneficiário da Bolsa-Atleta não filiado a
regime próprio de previdência social ou não enqua- drado
em uma das hipóteses previstas no art. 9º.

Aquele que participa de regime próprio ficará proibido


de se filiar ao Regime Geral de Previdência Social, na
qualidade de segurado facultativo, salvo na hipótese de
afastamento sem vencimento e desde que não permitida,
nesta condição, contribuição ao res- pectivo regime
próprio (§ 2º, art. 11).
A filiação, na qualidade de segurado facultativo,
representa ato volitivo, gerando efeito somente a partir da
inscrição e do primeiro recolhimento, não podendo
retroagir e não permitindo o pagamento de contribuições
relativas a competências anteriores à data da inscrição,
ressalvada a possibilidade de con- tribuição trimestral (§
3º, art. 11).
Significa que, com a falta de obrigatoriedade, não é
possível, por exemplo, recolher competências (meses) antes
da inscrição, a fim de obter benefícios.

TRABALHADORES EXCLUÍDOS DO REGIME GERAL

Estão excluídos do RGPS, ou seja, não podem se


filiar ao sistema.
Facilmente, identifica-se quem está excluído pelas
seguintes características:

 vinculação a um regime próprio de previdência social,


seja a pública brasileira ou até de entidades/
organismos internacionais;
 ser estrangeiro, sem residência permanente no Brasil,
que presta serviços em nosso país, repre- sentando
país estrangeiro.
CONHECIMENTOS

CONCEITO PREVIDENCIÁRIO

As empresas são pessoas jurídicas que exercem


atividade econômica e assumem, como principal dife-
rença em relação ao empregador doméstico, o risco dessa
atividade.

269
to residencial, sem fins lucrativos. Resposta: Certo.
 Empresa: é considerada empresa a firma indivi-
dual ou sociedade que assume o risco de
atividade econômica urbana ou rural, com fins
lucrativos ou não, bem como os órgãos e
entidades da admi- nistração pública direta,
indireta e fundacional. Exemplos: bancos,
empresas de transporte urba- no, lojas etc.;
 Empregador doméstico: é a pessoa ou família
que admite a seu serviço, sem finalidade lucrati-
va, empregado doméstico. Exemplo: João admi-
te Maria para trabalhar em sua residência como
babá de seu filho Miguel. Neste caso, João é
empre- gador doméstico.

São equiparados à empresa, para fins de contri-


buição ao Regime Geral de Previdência Social, na for-
ma de como dispõe o parágrafo único, do art. 15, da
Lei n° 8.212, de 1991. Vejamos:

Art. 15 [...]
Parágrafo único. Equiparam-se a empresa, para os
efeitos desta Lei, o contribuinte individual e a pes-
soa física na condição de proprietário ou dono de
obra de construção civil, em relação a segurado
que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a
associação ou a entidade de qualquer natureza ou
finalidade, a missão diplomática e a repartição con-
sular de carreira estrangeiras.

 Contribuinte individual: é a pessoa física na


con- dição de proprietário ou dono de obra de
constru- ção civil em relação aos segurados que
lhe prestam serviços. Exemplo: dentista que
contrata uma secretária é equiparado à empresa,
com relação a esta contratação, ou seja, precisa
recolher contri- buição previdenciária como
empresa;
 Cooperativa: podem ser, por exemplo, coope-
rativas de produção, obrigadas as recolhimento
de contribuição previdenciária patronal de 20%
sobre a folha salarial;
 Associação ou entidade de qualquer natureza ou
finalidade: as entidades beneficentes de assistên-
cia social que atendam aos requisitos legais têm a
chamada imunidade tributária, ficando desobriga-
das do recolhimento da contribuição previdenciá-
ria patronal;
 Missão diplomática: trata-se das embaixadas;
 Repartição consular de carreiras estrangeiras: são
os consulados.

EXERCÍCIO COMENTADO
1. (CEBRASPE-CESPE — 2010) Para fins previdenciários,
a principal diferença entre empresa e empregador
doméstico é que a primeira se caracteriza por exer-
cer atividade exclusivamente com fins lucrativos, e o
segundo, não.

270 ( ) CERTO ( ) ERRADO

O trabalho doméstico, na forma da legislação, é


caracterizado essencialmente por atividade no âmbi-
ao princípio da diversidade na base de
financiamento, a Seguridade Social será
financiada, de forma direta (contribuições
destinadas à previdên- cia social por
exemplo) e indireta (contribuições ao
C sistema como um todo), com a participação
o da socie- dade e do estado.
n O orçamento da Seguridade Social está assim
f dividido:
o
r ORÇAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL
m A contribuição para custeio do sistema
e tem natu- reza jurídica de tributo; o sujeito
ativo é o credor, no caso, a União (ou
d melhor: a Receita Federal do Brasil) e o
Receitas das Contribuições Sociais
i sujeito passivo é o devedor. Receitas da União Receitas de outras fontes
s De acordo com o § 2º, do art. 43, da Lei
p n° 8.212, de 1991, inserido pela Lei
õ 11.941, de 2009, artigo que trata das
e contribuições previdenciárias a serem arre-
cadadas na Justiça do Trabalho, considera-
o se ocorrido o fato gerador das
contribuições sociais na data da prestação
a do serviço.
r
t RECEITAS DA UNIÃO
.
A contribuição da União, na forma de
1 como dispõe o art. 16, da Lei nº 8.212, de
9 1991, será constituída de recursos
5 adicionais do Orçamento Fiscal, fixados
, obri- gatoriamente na lei orçamentária
anual.
d A União é responsável pela cobertura
a de eventuais insuficiências financeiras da
Seguridade Social, quan- do decorrentes do
C pagamento de benefícios de presta- ção
o
continuada da Previdência Social, na forma
n
da Lei Orçamentária Anual.
s
t
i RECEITAS DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS
t
u Dos Segurados, das Empresas, do
i Empregador Doméstico e do Produtor
ç Rural, do Clube de Futebol Profissional,
ã sobre a Receita de Concursos de
o Prognósticos

F
 Contribuições dos Segurados
e
d
As contribuições dos segurados, via de
e
regra, devem observar dois limites: piso
-
máximo e piso mínimo.
r O piso máximo é definido pelo chamado teto pre-
videnciário, que limita não só a
a
contribuição para o sistema, por parte dos
l
segurados, como também os valores que
,
lhe serão pagos a título de benefício previ-
denciário, escapando dessa regra apenas o
a
acréscimo de 25% na aposentadoria por
t
incapacidade perma- nente e o salário-
e
maternidade.
n
d Já o piso mínimo será, em regra, de 1 salário
e míni-
n mo, a não ser nas categorias específicas de
d empre- gados domésticos e avulsos, para
o os quais deve ser
observado o piso normativo e para o menor e)
É obrigação do empregador descontar do traba- o
aprendiz, que também tem remuneração mínima
lhador e depois fazer o pagamento, juntamente br
fixada por legislação específica.
com sua cota previdenciária patronal, de modo que as
O empregado, empregado doméstico e
mili- ta a favor do segurado a presunção de ile
trabalhador avulso contribuem mediante a aplicação
recolhimento. Ou seja, para prova de tempo de ir
de uma alí- quota sobre seu salário de contribuição.
contribuição, basta o registro em CTPS, já que a o
Conforme dispõe o art. 28 da Emenda Constitucio-
obrigação é do empregador quanto ao pagamento da ci
nal nº 103, de 2019:
contribuição. vil
Assim, o empregado, por exemplo, que tiver qu
Art. 28 Até que lei altere as alíquotas da contribui-
com- provação de que trabalhou com vínculo e
ção de que trata a Lei nº 8.212, de 24 de julho de
empregatício registrado em sua Carteira tr
1991, devidas pelo segurado empregado, inclusive o
Profissional, não pode ser prejudicado em relação ao ab
doméstico, e pelo trabalhador avulso, estas serão
de: I - até 1 (um) salário-mínimo, 7,5% (sete inteiros sistema de previdência, nas situações em que o al
e cinco décimos por cento); empregador não fizer o reco- lhimento da ha
II - acima de 1 (um) salário-mínimo até R$ 2.000,00 contribuição. no
(dois mil reais), 9% (nove por cento); É o que determina o § 5º, do art. 33, da Lei nº ex
III - de R$ 2.000,01 (dois mil reais e um centavo) até 8.212, te
R$ 3.000,00 (três mil reais), 12% (doze por cento); e ri
de 1991, no sentido de que:
IV - de R$ 3.000,01 (três mil reais e um centavo) até or
o limite do salário de contribuição, 14% (quatorze Art. 33 [...] pa
por cento). § 5º O desconto de contribuição e de consignação ra
§ 1º As alíquotas previstas no caput serão aplica- legalmente autorizadas sempre se presume feito or
das de forma progressiva sobre o salário de oportuna e regularmente pela empresa a isso ga
contri- buição do segurado, incidindo cada obri- gada, não lhe sendo lícito alegar omissão ni
alíquota sobre a faixa de valores compreendida para se eximir do recolhimento, ficando s
nos respectivos limites. diretamente res- ponsável pela importância que m
§ 2º Os valores previstos no caput serão reajus- deixou de receber ou arrecadou em desacordo com o
tados, a partir da data de entrada em vigor desta o disposto nesta Lei. of
Emenda Constitucional, na mesma data e com o ici
mesmo índice em que se der o reajuste dos benefí- Esse é, inclusive, o entendimento consolidado pela al
cios do Regime Geral de Previdência Social, Súmula 75 da Turma Nacional de Uniformização de in
ressal- vados aqueles vinculados ao salário- Jurisprudência (TNU), que entende que a Carteira de te
mínimo, aos quais se aplica a legislação Trabalho, quando não contenha vício que rn
específica. comprome- ta sua fidedignidade tem presunção ac
io
relativa de veraci- dade em relação ao vínculo de
Para o ano de 2022, a tabela progressiva de n
trabalho anotado.
contri- buições a ser utilizada para essas categorias al
de segu- rados (Portaria MTP-ME 12, de 2022): do
Da Contribuição dos Segurados Contribuinte qu
Individual e Facultativo al
SALÁRIO DE o
ALÍQUOTA
CONTRIBUIÇÃO Br
Para melhor compreensão, faz-se necessário
Até R$1.212,00 7,5% refor- çar alguns conceitos já estudados: as
il
De R$1.212,01 a  Contribuinte Individual é
9%
R$2.2427,35 m
Nos termos do inciso V, do art. 11, da Lei nº. e
De R$2.427,36 a 8.213, de 1991, são contribuintes individuais: m
12%
R$3.641,03 br
Art. 11 são segurados obrigatórios da Previdên- o
cia Social as seguintes pessoas físicas: ef
De R$ 3.641,04 até
14% [...] eti
R$7.087,22 V - como contribuinte individual: vo
a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora ,
atividade agropecuária, a qualquer título, em cará- ai
Essa tabela é progressiva, de modo que serão ter permanente ou temporário, em área superior n
utili- zadas as faixas contributivas, observando-se, a 4 (quatro) módulos fiscais; ou, quando em área da
sempre, a diferença sobre o que já foi pago. igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou qu
Exemplo: Para um salário de contribuição de R$ atividade pesqueira, com auxílio de empregados ou e
1.500,00 (um mil e quinhentos reais): por intermédio de prepostos; ou ainda nas hipóte- lá
ses dos §§ 9º e 10 deste artigo; do
b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora m
FAIXA 1 — ATÉ
7,5% (aplica integral) R$90,90 atividade de extração mineral - garimpo, em cará- ici
R$1.212,00 ter permanente ou temporário, diretamente ou por li
9% (aplicando parcial), intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de ad
FAIXA 2 — DE empregados, utilizados a qualquer título, ainda que o
sobre a diferença de R$25,92
R$1.100,01 A de forma não contínua; e
R$1.500 - R$1.212,00
R$2.203,48 c) o ministro de confissão religiosa e o membro de co
= R$288,00) instituto de vida consagrada, de congregação ou de nt
CONTRIBUIÇÃO R$116,82 ordem religiosa; ra
d) (Revogado) -
tado, salvo quando coberto por regime próprio de
previdência social;

CONHECIMENTOS

271
f) o titular de firma individual urbana ou rural, o Art. 7º [...]
diretor não empregado e o membro de conselho XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
de administração de sociedade anônima, o sócio insalubre aos menores de dezoito e de qualquer
soli- dário, o sócio de indústria, o sócio gerente e o trabalho a menores de quatorze anos, salvo na
sócio cotista que recebam remuneração condição de aprendiz;
decorrente de seu trabalho em empresa urbana ou
rural, e o asso- ciado eleito para cargo de direção Dica
em cooperativa, associação ou entidade de
qualquer natureza ou finalidade, bem como o O Menor aprendiz é segurado obrigatório.
síndico ou administrador eleito para exercer
atividade de direção condomi- nial, desde que Contudo, sobreveio a Emenda Constitucional nº.
recebam remuneração; 20, de 1998, que editou a redação do inciso XXXIII,
g) quem presta serviço de natureza urbana ou do art. 7º, da CF, a qual passou a vedar o trabalho
rural, em caráter eventual, a uma ou mais empre- exerci- do por menores de 16 anos:
sas, sem relação de emprego;
h) a pessoa física que exerce, por conta própria,
Art. 7º [...]
atividade econômica de natureza urbana, com
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
fins lucrativos ou não;
insalubre a menores de de-zoito e de qualquer tra-
balho a menores de dezesseis anos, salvo na con-
 Segurado Facultativo dição de aprendiz, a partir de quatorze anos;

Diferentemente do contribuinte individual, o Como a edição do Decreto nº. 3.048, de 1999, ocor-
segurado facultativo não é um segurado obrigatório reu após a edição da Emenda Constitucional nº. 20,
da previdência social. O segurado facultativo vincu- que é de 15 de dezembro de 1998, o referido decre-
la-se ao sistema por ato de vontade própria, sendo to já veio adequado à redação constitucional vigente.
certo que não é obrigado a iniciar suas contribuições Assim, atente-se ao enunciado da questão e
nem mesmo a permanecer contribuindo. Mas, caso responda-
opte por filiar-se à previdência social, este terá que -o de acordo com a legislação.
recolher. A regra do contribuinte individual e do segurado
Antes de adentrar à forma de contribuição dos facultativo é a mesma e está disciplinada no art. 25
alu- didos segurados, é necessário esclarecer qual o da Lei nº. 8.212, de 1991. Ambos recolhem, via de
fato gerador da contribuição, isto é, o evento de regra, pela alíquota de 20% aplicada sobre o salário
natureza tributária que origina a cobrança de um de con- tribuição, que, neste caso, será o valor por
imposto por parte do fisco. ele esco- lhido, observados os limites mínimos (salário
mínimo, que no ano de 2022 perfaz o montante de R$
CONTRIBUINTE SEGURADO 1.212,00) e máximo (teto previdenciário, que no ano
INDIVIDUAL de 2022 perfaz o montante de R$ 7.087,22).
FACULTATIVO
Pelo recebimento de re- Ocorre com a filiação ao Ex.: João, profissional autônomo, contribui para a
muneração em uma ou Regime Geral de Previ- previdência social sob o valor de R$ 4.000,00. Neste
mais empresas ou pelo dência Social, mediante caso, João contribuíra com 20% deste valor, ou seja,
exercício de atividade por contribuição, desde que com R$ 800,00.
conta própria, maior de 14 anos, ou
seja, 15 anos, e que não Contudo, o contribuinte individual e o facultativo
esteja incluso no rol de poderão optar pelo Plano Simplificado de
segurados obrigatórios, Previdência Social, que traz alíquotas reduzidas,
tampouco seja pessoa
recolhidas sobre o salário mínimo.
participante de regime
próprio de previdência
PLANO SIMPLIFICADO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL
social.

Especial atenção à idade para filiação como segu- O Plano Simplificado de Previdência foi
instituído pela Lei Complementar 123/2006 e pela Lei
rado facultativo, uma vez que o Decreto nº. 3.048,
12.470/2011, regulamentando o § 12 da Constituição
de 1999, dispõe de maneira diversa.
Federal, com a redação dada pela Emenda Constitucional
103/19, que prevê que a lei instituirá sistema especial
Art. 11 É segurado facultativo o maior de dezes-
de inclusão previdenciária, com alíquotas
seis anos de idade que se filiar ao Regime Geral
de Previdência Social, mediante contribuição, na
diferenciadas, para aten- der aos trabalhadores de
forma do art. 199, desde que não esteja exercendo baixa renda, inclusive os que se encontram em
atividade remunerada que o enquadre como segu- situação de informalidade, e àqueles sem renda
rado obrigatório da previdência social. própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho
doméstico no âmbito de sua residência, desde que
Isso ocorre porque a redação original da pertencentes a famílias de baixa renda.
Constitui- ção Federal de 1988 vedada O propósito é permitir e incentivar a vinculação
272 expressamente o trabalho ao menor de 14 anos. ao sistema de Previdência Social dos trabalhadores
Como as Leis nº. 8.212 e 8.213 são de 1991, à informais de baixa renda e daqueles que se dedicam
época, elas foram redigidas em confor- midade com ao trabalho doméstico e que não têm renda própria,
a redação que estava vigente na CF de 1988. Veja: por meio da adoção de alíquotas diferenciadas.
A
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uota
s
cont
ribu
tiva
s:
 11% no caso de contribuinte individual que trabalhe por conta própria sem relação de trabalho com empresa
ou equiparado e segurado facultativo;
 5%: microempreendedor individual (faturamento até 81 mil por ano);
 segurado facultativo sem renda própria que se dedique exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito da
sua residência, desde que pertencente à família de baixa renda – inscrita no Cadastro Único para Programas
Sociais do Governo Federal (CadÚnico) e renda mensal familiar de até 2 salários mínimos.

Essas alíquotas incidem sempre sobre 1 salário mínimo e geram benefícios também no valor de 1 salário
mínimo.
O segurado que opta pelo plano simplificado de Previdência não faz jus à aposentadoria por tempo de
contri- buição, bem como à contagem recíproca de tempo de contribuição, a não ser que complemente as
contribuições com incidência de juros moratórios.
A complementação pode ser feita a qualquer momento e se dá na alíquota calculada pela diferença entre o
pago e o que falta para chegar a 20%. Exemplos:

 Quando paga 5%, deve complementar com 15% (5+15=20);


 Quando paga 11%, deve complementar com 9% (11+9=20).

Em resumo:

20% do salário de contribuição, quando trabalha por conta própria

CONTRIBUINTE 11% por retenção, quando presta serviços a empresas (obrigação da empresa recolher)
INDIVIDUAL Desconto de 45%, quando há contribuição patronal sem retenção dos 11%
Opção pelo plano simplificado de previdência

EXERCÍCIO COMENTADO
1. (FCC – 2012) No caso de opção pela exclusão do direito ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição,
o segurado facultativo pertencente à família de baixa renda que não possuir renda própria e que se dedique exclusi-
vamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência terá alíquota de contribuição incidente sobre o limite
mínimo mensal do salário de contribuição de:

a) 11%
b) 5%
c) 8%
d) 20%

A contribuição daquele facultativo sem renda própria, pertencente à família de baixa renda, que se dedica exclusi-
vamente ao trabalho doméstico, é de 5% do salário mínimo, desde que ele esteja inscrito no CadÚnico.
Resposta: Letra B.

Segurado Especial

É o segurado que possui tratamento diferenciado de acordo com a regra constitucional, recolhendo um per-
centual sobre a comercialização da sua produção. A Lei n°. 13.606, de 2018, reduziu o percentual
anteriormente estabelecido (contribuição básica 2% + 0,1% para custeio dos benefícios por acidente do
trabalho) para 1,2 % sobre a comercialização da produção, acrescidos de 0,1 % para custeio das prestações
decorrentes de acidente do trabalho, totalizando uma contribuição de 1,3% sobre a produção.
O sujeito passivo será o adquirente, pessoa jurídica, que deve descontar do segurado e recolher até o dia 20
do mês seguinte, assim como a pessoa física não produtor rural, que adquire a produção para vender no varejo a
consumidor pessoa física (são casos de sub-rogação).
O próprio segurado especial é o sujeito passivo da obrigação tributária quando comercializa direto no varejo
a consumidor pessoa física, a outro segurado especial ou a produtor rural pessoa física.
CONHECIMENTOS

O exercício de atividade remunerada em período de entressafra ou do defeso (não superior a 120 dias no
ano civil) de mandato de vereador do município onde desenvolve a atividade rural ou de dirigente de
cooperativa rural constituída exclusivamente por segurados especiais não provoca a perda da qualidade de
segurado especial (incisos III e V, § 1º, do art. 12, da Lei nº 8.212, de 1991). Nesse caso, embora mantendo a
qualidade de segurado especial, fica obrigado a recolher as contribuições como empregado.
O segurado especial pode, ainda, optar por recolher facultativamente, situação que não o desobriga de sua
contribuição sobre a comercialização da sua produção. Isso com a finalidade de aposentar por tempo de contri-
buição, levar tempo para outro regime (contagem recíproca) e ter benefícios calculados pela média (a regra é 1
salário mínimo quando não complementa facultativamente).
Acerca do segurado, a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência (TNU) firmou, por meio da Súmula
nº 5, um entendimento importante:
273
Súmula 05
A prestação de serviço rural por menor de 12 a 14 anos, até o advento da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, devida-
mente comprovada, pode ser reconhecida para fins previdenciários.

CONTRIBUIÇÕES DAS EMPRESAS

Antes de discutir acerca das contribuições, faz-se necessário esclarecer o que se entende por empresa.

EMPRESA
 Firma Individual ou Sociedade  Órgãos ou Entidades da Administração POR EQUIPARAÇÃO
Direta, Indireta e Fundacional
 Contribuinte Individual — em relação
ao segurado que presta serviço a
ele);
 Pessoa Física na Condição de Pro-
prietário ou Dono de Obra de Constru-
ção Civil — em relação ao segurado
que presta serviço a ele;

Cooperativa;

 Associação — de qualquer natureza


ou Finalidade;
 Missão Diplomática;
 Repartição Consular de Carreiras
Estrangeiras.

O inciso I, do art. 195, da Constituição Federal, dispõe que as empresas contribuem sobre a folha salarial, inclu-
sive de quem lhe presta serviços sem vínculo empregatício, receita ou faturamento e lucro.
As contribuições sobre a folha salarial são aquelas destinadas especificamente ao custeio dos benefícios
previ- denciários. Veja, agora, as contribuições a cargo das empresas.

Contribuição das Empresas sobre a Remuneração dos Empregados e dos Trabalhadores Avulsos

Para auxiliar na compreensão:

FATO GERADOR SUJEITO ATIVO SUJEITO PASSIVO


Decorre da obrigação de pagar É a União, que possui por lei o direito de É o empregador, empresa ou entidade
ou creditar a remuneração aos cobrar a contribuição. equiparada que realizou o fato
empregados e trabalhadores gerador do tributo.
avulsos, que laboraram durante
determinado período.
274
A ial, também chamada de contribuição previdenciária patronal (CPP), está prevista no inciso I, do art. 22, da Lei n°
8.212, de 1991, que define sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante
r o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestarem serviços, destinadas a retribuir o
e trabalho, qualquer que seja a sua for- ma, (inclusive as gorjetas), os ganhos habituais sob a forma de utilidades
f e os adiantamentos a título de reajuste salarial, quer pelos serviços prestados, quer pelo tempo à disposição do
e trabalhador.
r A cota previdenciária patronal (contribuição previdenciária) não está sujeita ao limite do teto
i previdenciário, que é aplicado tão somente em relação à cota de contribuição a cargo do segurado.
d
a Art. 22 [...]
I - vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos
c segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer
o que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decor-
n rentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador
t ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho
r ou sentença normativa.
i
b Acerca do vencimento da contribuição, isto é, a data em que o pagamento deve ser realizado:
u
i LEI Nº. 8.212, DE 24 DE JULHO DE 1991
ç
ã Art. 30 A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social
o obedecem às seguintes normas:

i
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I - a empresa é obrigada a: 2,5%. ART. 22, §1º, DA LEI 8.212/91.
1.
a) arrecadar as contribuições dos segurados CONSTITUCIONALIDADE.
A
empregados e trabalhadores avulsos a seu
ju
serviço, descontando-as da respectiva
ris
remuneração;
pr
ud
DECRETO Nº. 3.048, DE 06 DE MAIO DE 1999
ên
ci
Art. 216 A arrecadação e o recolhimento das a
contribuições e de outras importâncias devidas à do
seguridade social, observado o que a respeito dis- ST
puserem o Instituto Nacional do Seguro Social e a
F
Secretaria da Receita Federal, obedecem às seguin-
é
tes normas gerais:
fir
I - a empresa é obrigada a:
m
a) arrecadar a contribuição do segurado empre-
e
gado, do trabalhador avulso e do contribuinte
no
individual a seu serviço, descontando-a da respec-
se
tiva remuneração;
nt
b) recolher o produto arrecadado na forma da alí-
nea “a” e as contribuições a seu cargo incidentes id
sobre as remunerações pagas, devidas ou credi- o
tadas, a qualquer título, inclusive adiantamentos de
decorrentes de reajuste salarial, acordo ou qu
conven- ção coletiva, aos segurados empregado, e
contribuin- te individual e trabalhador avulso a a
seu serviço, e sobre o valor bruto da nota fiscal ou lei
fatura de servi- ço, relativo a serviços que lhe co
tenham sido prestados por cooperados, por m
intermédio de cooperativas de trabalho, até o dia pl
vinte do mês seguinte àquele a que se referirem e
as remunerações, bem como as importâncias m
retidas na forma do art. 219, até o dia vinte do en
mês seguinte àquele da emissão da nota fiscal ou ta
fatura, antecipando-se o venci- mento para o r
dia útil imediatamente anterior quando não pa
houver expediente bancário no dia vinte; ra
in
sti
 Contribuição Adicional de 2,5 % das Instituições
tu
Financeiras

ão
Além da contribuição em estudo, o § 1º, do art. de
22, da Lei nº. 8.212, de 1991, prevê uma co
contribuição adicional: nt
ri
Art. 201 [...] bu
§ 1º No caso de bancos comerciais, bancos de iç
investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas ão
econômicas, sociedades de crédito, financiamento so
e investimento, sociedades de crédito imobiliário, ci
sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e al
valores mobiliários, empresas de arrendamento é
mercantil, cooperativas de crédito, empresas de ex
seguros privados e de capitalização, agentes autô-
ig
nomos de seguros privados e de crédito e
id
entidades de previdência privada abertas e
a
fechadas, além das contribuições referidas neste
pa
artigo e no art. 23, é devida a contribuição
ra
adicional de dois
aq
vírgula cinco por cento sobre a base de cálculo
ue
definida nos incisos I e III deste artigo.
le
s
O aludido artigo teve sua constitucionalidade tri
questionada no Supremo Tribunal Federal, que deci- bu
diu da seguinte forma: to
s
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO n
GERAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO PREVI- ão
DENCIÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. de
FOLHA DE SALÁRIO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS sc
E ASSEMELHADAS. DIFERENCIAÇÃO DE rit
ALÍQUO- TAS. CONTRIBUIÇÃO ADICIONAL DE
os
no altiplano constitucional, conforme disposto no
§ 4º do artigo 195 da Constituição da República. A
contribuição incidente sobre a folha de salários esteve
expressamente prevista no texto constitucio- nal no art.
195, I, desde a redação original. O artigo 22, § 1º, da Lei
8.212/91 não prevê nova contribui- ção ou fonte de
custeio, mas mera diferenciação de alíquotas, sendo,
portanto, formalmente constitu- cional. 2. Quanto à
constitucionalidade material, a redação do art. 22, § 1º,
da Lei 8.212 antecipa a densificação constitucional do
princípio da igual- dade que, no Direito Tributário, é
consubstanciado nos subprincípios da capacidade
contributiva, apli- cável a todos os tributos, e da
equidade no custeio da seguridade social. Esses
princípios destinam-se preponderantemente ao
legislador, pois nos termos do art. 5º, caput, da CRFB,
apenas a lei pode criar distinções entre os cidadãos.
Assim, a escolha legis- lativa em onerar as instituições
financeiras e enti- dades equiparáveis com a alíquota
diferenciada, para fins de custeio da seguridade social,
revela-se compatível com a Constituição. 3. Fixação da
tese jurídica ao Tema 204 da sistemática da repercus-
são geral: “É constitucional a previsão legal de
diferenciação de alíquotas em relação às con- tribuições
previdenciárias incidentes sobre a folha de salários de
instituições financeiras ou de entidades a elas
legalmente equiparáveis, após a edição da EC 20/98.” 4.
Recurso extraordi- nário a que se nega provimento.
(RE 598572, Rela- tor(a): EDSON FACHIN, Tribunal
Pleno, julgado em 30/03/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
REPERCUS- SÃO GERAL - MÉRITO DJe-166 DIVULG 08-
08-2016 PUBLIC 09-08-2016 RTJ VOL-00238-01 PP-
00258, GRIFO NOSSO)

Dica
O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE
576.967 considerou inconstitucional a inci- dência de
cota previdenciária patronal sobre o salário-
maternidade,

 Contribuição Adicional SAT

 Contribuição Adicional ao Seguro Acidentes do


Trabalho (SAT) em Razão do Risco da Atividade
Preponderante

Antes de adentrar no assunto, faz-se necessário


esclarecer que, apesar da nomenclatura a qual esta
contribuição adicional é conhecida, ela não se aplica
somente aos acidentes de trabalho, mas também aos
segurados especiais.
Outro ponto que merece ser esclarecido melhor é o que
se entende por atividade preponderante. Nos ter- mos do §
3º, do art. 201 do Decreto nº. 3.048, de 1999 “§ 3º
Considera-se preponderante a atividade que ocupa, em
cada estabelecimento da empresa, o maior número de
segurados empregados e de trabalhadores avulsos”. A
CONHECIMENTOS

alíquota incide sobre a contribuição das empre- sas sobre


a remuneração dos empregados e dos traba- lhadores
avulsos, nos percentuais de 1%, 2% ou 3%, de acordo
com o risco de acidentes do trabalho da ati- vidade
preponderante da empresa, respectivamente,
risco leve, médio e grave.

275
Esse seguro (SAT) será reduzido ou majorado pelo Fator Acidentário de Prevenção (FAP), calculado todos
os anos com base no desempenho da empresa em relação à respectiva atividade econômica (multiplicador
variável). O Fator Previdenciário de Prevenção possui previsão no artigo 10 da Lei nº. 10.666, de 2003, e
consiste em um multiplicador que varia de 0,5000 a 2,000, ou seja, que pode bonificar ou aumentar o seguro de
acidentes do trabalho, com base na acidentalidade real da empresa, levando em conta índices de custo,
frequência e gravidade
dos eventos.
O vencimento da contribuição segue a regra da alínea “b”, do inciso I, do art. 30 da Lei nº. 8.212, de 1991, e “b”,
do inciso I, do art. 216, do Decreto nº. 3.048, de 1999, já estudado anteriormente.

 Contribuição Adicional ao Seguro Acidentes do Trabalho (SAT) Sobre a Remuneração de


Trabalhadores Expostos a Condições Especiais

Este adicional é aplicado sobre o total da remuneração paga ou creditada exclusivamente aos segurados
sujei- tos a condições especiais que prejudiquem a saúde ou integridade do segurado e destina-se ao custeio da
aposen- tadoria dos segurados que não satisfaçam os requisitos necessários à aposentadoria por idade do
trabalhador rural (§ 6º, do art. 56, do Decreto nº. 3.048, de 1999). Porém, atendam aos requisitos da aposentadoria
programada (art. 51 do Decreto nº. 3.048, de 1999):

Art. 51 A aposentadoria programada, uma vez cumprido o período de carência exigido, será devida ao segurado que
cumprir, cumulativamente, os seguintes requisitos:
I - sessenta e dois anos de idade, se mulher, e sessenta e cinco anos de idade, se homem; e
II - quinze anos de tempo de contribuição, se mulher, e vinte anos de tempo de contribuição, se homem.

As alíquotas do SAT sobre a remuneração de trabalhadores expostos a condições especiais variam de em


6%, 9% ou 12%, desde que a atividade exercida pelo segurado permita a concessão de aposentadoria especial,
respec- tivamente, após 25, 20 ou 15 anos de exposição a agente químico, físico ou biológico prejudicial à
saúde.
O vencimento da contribuição segue a regra da alínea “b”, do inciso I, do art. 30 da Lei nº. 8.212, de 1991, e “b”,
do inciso I, do art. 216, do Decreto nº. 3.048, de 1999, já estudado anteriormente.

Contribuição das Empresas sobre a Remuneração dos Contribuintes Individuais

Anteriormente foi abordado acerca da contribuição do contribuinte individual que labora por conta própria.
Há, ainda, a contribuição a cargo do empregador, empresa ou entidade equiparada, incidente sob a
remuneração paga, a qualquer título, como forma de contraprestação, a contribuinte individual que lhe prestou
serviços.
Para auxiliar na compreensão:

FATO GERADOR SUJEITO ATIVO SUJEITO PASSIVO

Decorre da obrigação de pagar ou cre- É a União, que possui por lei o direito É o empregador, empresa ou
ditar a remuneração aos contribuintes de cobrar a contribuição. entidade equiparada que realizou o
individuais, que prestaram serviços à fato gera- dor do tributo.
empresa.

276
A 1. Veja:

a Art. 22 [...]
l III - vinte por cento sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos
u segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços;
d
i Merece destaque o § 2º, do art. 201, do Decreto nº. 3.048, de 1999:
d
a Art. 201 A contribuição a cargo da empresa, destinada à seguridade social, é de:
c [...]
o II - vinte por cento sobre o total das remunerações ou retribuições pagas ou creditadas no decorrer do mês ao
n segurado contribuinte individual;
t [...]
r § 2º Para fins do disposto no inciso II do caput, integra a remuneração a bolsa de estudos paga ou creditada
i ao médico-residente participante do programa de residência médica de que trata o art. 4º da Lei nº 6.932,
b de 1981.
u
i O vencimento segue a mesma regra da Contribuição das Empresas sobre a Remuneração dos Empregados e
ç dos Trabalhadores Avulsos, estudada no tópico anterior.
ã
o
Dica
e A cooperativa de trabalho não está sujeita a esta contribuição, em relação às importâncias por ela pagas,
s
distribuídas ou creditadas aos respectivos cooperados, como forma de contraprestação pelos serviços pres-
t
á tados por estes a ela, direta ou indiretamente, conforme o § 19, art. 201, do Decreto nº. 3.048, de 1999.
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A contribuição adicional prevista no § 1º, art. 22, da Lei nº. 8.212, de 1991, de 2,5%, já estudada anteriormente,
também se aplica no caso da Contribuição das Empresas sobre a Remuneração dos Contribuintes Individuais

Contribuição da Associação Desportiva que Mantém Equipe de Futebol Profissional

Há, ainda, a previsão legal da chamada contribuição substitutiva, para as associações desportivas que
mantêm equipe de futebol profissional. A Contribuição Previdenciária Patronal (CPP) é substituída por
contribuição cor- respondente a 5% da receita bruta, decorrente dos espetáculos desportivos de que participem
em todo território nacional em qualquer modalidade desportiva, inclusive jogos internacionais, e de qualquer
forma de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e de transmissão de
espetáculos esportivos, conforme o art. 249 da Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009.
Para auxiliar na compreensão:

FATO GERADOR SUJEITO ATIVO SUJEITO PASSIVO


Auferir recursos de empresas ou enti- É a União, que possui por lei o direito É a associação desportiva de futebol
dades, a título de patrocínio, licencia- de cobrar a contribuição. profissional organizada na forma da
mento de uso de marcas e símbolos, Lei Pelé (Lei nº. 9.615, de 1998), que
publicidade, propaganda, bem como institui normas gerais sobre desporto.
realizar ou transmitir de espetáculos
desportivos.

Realizado o fato gerador, que ocorre quando a associação desportiva recebe recursos de empresas ou entida-
des, a título de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e transmissão
de espetáculos, esta ficará obrigada a recolher 5% da receita bruta do evento.
A responsabilidade de efetuar o desconto de 5% da receita bruta e o respectivo recolhimento ao INSS, quando
se tratar da entidade promotora do evento, deverá ocorrer no prazo de até 2 dias úteis da realização do evento.
Nos demais casos, o recolhimento ocorrerá até dia 20 do mês seguinte, conforme dispõe o § 3º, art. 205, do
Decreto nº. 3.048, de 1999.

 Contribuições do Empregador Doméstico

As contribuições do empregador doméstico estão regulamentadas pela LC 150, de 2015, que instituiu o simples
doméstico, englobando também verbas de natureza trabalhista.
Para fins previdenciários, conforme dispõe a Lei n° 13.202, de 2015, a cota patronal do empregador doméstico
é de 8%, acrescida de 0,8%, para financiamento do seguro de acidentes do trabalho.
Presentes os elementos da relação de emprego doméstico, o empregador doméstico não poderá contratar
microempreendedor individual (MEI).

 Do Clube de Futebol Profissional, da Agroindustria e do Produtor Rural

Os clubes de futebol, a agroindústria e os produtores rurais pessoa jurídica e física contribuem de forma
diferenciada, em substituição à contribuição patronal previdenciária (sobre folhas de salário), tendo as
seguintes alíquotas diferenciadas.
Estudamos a contribuição do Produtor Rural Pessoa Física junto com o Segurado Especial por entender ser
mais fácil a memorização e compreensão.
Abordaremos a base de cálculo e alíquota aplicada.

CLUBES DE FUTEBOL (ATIVIDADES LIGADAS À MANUTENÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DA EQUIPE PROFISSIONAL DE FUTEBOL)

Contribuição destinada à Previdência GILRAT (SAT) Dia para recolhimento

5% da receita bruta decorrente dos espetáculos des- Incluído na contribuição destinada Até 2 dias úteis após evento esportivo
portivos de que participe e de qualquer forma de pa- a previdência Dia 20 do mês seguinte à competência
trocínio, publicidade e propaganda

PRODUTOR RURAL PESSOA JURÍDICA

1,7% sobre a receita bruta proveniente da 0,1% sobre o valor da Dia 20 do mês seguinte à competência, operação
CONHECIMENTOS

comercialização da produção rural, desti- contribuição ou consignação da produção rural


nados à Seguridade Social

AGROINDÚSTRIA

2,5% sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção rural,


0,1% sobre valor da contribuição
destinados à Seguridade Social 277
17,32% para a seguridade social.
Atenção à Agroindústria: entendemos estar o
artigo 22-A revogado tacitamente pela alteração com
a Lei n° 13.606, de 2018, aplicando-se o percentual de
1,8% sobre o valor bruto da comercialização rural.
Porém, para a sua prova, a tendência é cobrar o
expresso na Lei nº 8.212, de 1991, no percentual
previsto na tabela acima.
Não integra a base de cálculo da contribuição de
que trata o caput deste artigo: a produção rural
desti- nada ao plantio ou reflorestamento; o produto
animal destinado à reprodução ou criação pecuária
ou gran- jeira e à utilização como cobaia para fins de
pesquisas científicas (quando vendido pelo próprio
produtor e por quem a utilize diretamente com essas
finalidades e, no caso de produto vegetal, por pessoa
ou entida- de registrada no Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento que se
dedique ao comércio de semen- tes e mudas no país).
O produtor rural pessoa física poderá optar por
contribuir na regra geral (forma prevista no caput
deste artigo ou na forma dos incisos I e II, do caput,
do art. 22, da Lei n° 8.212, de 1991), manifestando sua
opção mediante o pagamento da contribuição inci-
dente sobre a folha de salários relativa a janeiro de
cada ano, ou à primeira competência subsequente ao
início da atividade rural, e será irretratável para todo
o ano-calendário.

 Sobre a Receita de Concursos de Prognósticos

Considera-se concurso de prognóstico os jogos,


loterias, hípicas, fazendo parte das contribuições
des- tinadas a seguridade social.
Tais contribuições têm previsão no art. 26, da Lei
n° 8.212, de 1991:

Art. 26 Constitui receita da Seguridade Social a


contribuição social sobre a receita de concursos de
prognósticos a que se refere o inciso III do caput
do art. 195 da Constituição Federal.
§ 1° (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.756,
de 2018)
§ 2° (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.756,
de 2018)
§ 3° (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.756,
de 2018)
§ 4° O produto da arrecadação da contribuição será
destinado ao financiamento da Seguridade Social.
(Incluído pela Lei nº 13.756, de 2018)
§ 5° A base de cálculo da contribuição equivale
à receita auferida nos concursos de prognósti-
cos, sorteios e loterias. (Incluído dada pela Lei nº
13.756, de 2018)
§ 6° A alíquota da contribuição corresponde ao
percentual vinculado à Seguridade Social em
cada modalidade lotérica, conforme previsto em
lei. (Incluído pela Lei nº 13.756, de 2018)

A Lei n° 13.756, de 12 de dezembro de 2018, prevê


sobre o Fundo Nacional de Segurança Pública e
sobre a destinação de arrecadação com loterias para
garan- tir recursos para a segurança pública,
trazendo altera- ções no produto destinado à
seguridade social.
Assim, a lei prevê que será destinado para a segu-
ridade o produto da arrecadação da loteria federal, a
278
partir de 1º de janeiro de 2019, o percentual de 17,04%
para a seguridade social. O produto da arrecadação
da loteria de prognósticos numéricos será destinado,
a partir de 1º de janeiro de 2019, no percentual de
O rá destinado à Seguridade Social, a partir cálculo da contri- buição previdenciária dos
de 1º de janeiro de 2019, no percentual de segurados, inclusive o domés- tico, com exceção do
p 7,61%. Já o produto da arrecadação de cada segurado especial (esse recolhe sobre o resultado da
r emissão da Lotex será destinado em 0,4% comercialização da produção).
o para a seguridade social. Isso significa dizer que é sobre o salário de
d contri- buição que será aplicada a alíquota de
u Receitas de Outras Fontes contribuição previdenciária, fixada, como já visto,
t de acordo com a categoria de segurado.
o O art. 27, da Lei n° 8.212, de 1991, prevê
as denomi- nadas receitas de outras fontes,
d ou seja, receitas ines- peradas, que não são
a contribuições sociais, mas fazem parte das
verbas destinadas à seguridade:
a
r Art. 27 Constituem outras receitas da
r Seguridade Social:
e I - as multas, a atualização monetária e
c os juros moratórios;
a II - a remuneração recebida por
d serviços de arre- cadação, fiscalização e
cobrança prestados a terceiros;
a
III - as receitas provenientes de prestação
ç
de outros serviços e de fornecimento ou
ã
arrendamento de bens;
o IV - as demais receitas patrimoniais, industriais e
financeiras;
d V - as doações, legados, subvenções e
a outras recei- tas eventuais;
VI - 50% (cinquenta por cento) dos
l valores obtidos e aplicados na forma do
o parágrafo único do art. 243 da
t Constituição Federal;
e VII - 40% (quarenta por cento) do
r resultado dos lei- lões dos bens
i apreendidos pelo Departamento da
Receita Federal;
a
VIII - outras receitas previstas em legislação
específica.
d
Parágrafo único. As companhias
e seguradoras que mantêm o seguro
obrigatório de danos pessoais causados
p por veículos automotores de vias terres-
r tres, de que trata a Lei nº 6.194, de
o dezembro de 1974, deverão repassar à
g Seguridade Social 50% (cinquenta por
n cento) do valor total do prêmio reco-
ó lhido e destinado ao Sistema Único de
s Saúde-SUS, para custeio da assistência
- médico-hospitalar dos segurados
vitimados em acidentes de trânsito.
t
i Cabe aqui a citação do parágrafo único,
c do art. 243, da CF:
o
Art. 243 [...]
s
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de
valor eco- nômico apreendido em
e decorrência do tráfico ilíci- to de
s entorpecentes e drogas afins e da
p exploração de trabalho escravo será
o confiscado e reverterá a fundo especial
r com destinação específica, na forma da
t lei.
i
v SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO
o
s Conceito

s Salário de contribuição é a base de


e
Quando a admissão, dispensa, afastamento ou patronal sobre o salário-maternidade, já que ele
O
falta ocorrer no curso do mês, o salário de não tem natureza remuneratória. Atente-se ao
mot
contribuição será proporcional ao número de dias de enunciado, uma vez que o julgado está adstrito
à cota patronal, isto é, a contri- buição ivo
trabalho efetivo.
previdenciária a cargo do empregador. da
Se no Período Básico de Cálculo (PBC) o segurado
inco
tiver recebido benefício por incapacidade, sua dura-
nstit
ção será contada, considerando-se como salário de
ucio
contribuição, no período, o salário de benefício que
nali
serviu de base para o cálculo da renda mensal, regis-
trado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em dade
geral, não podendo ser inferior a 1 salário mínimo (§ é
5º, do art. 29, da Lei nº 8.213, de 1991). sim
A definição de salário de contribuição, portanto, ples.
varia de acordo com a espécie de segurado: No
ente
 Segurado empregado e trabalhador avulso: A nder
remuneração auferida em uma ou mais empre- do
sas, assim entendida a totalidade dos rendimen- STF
tos pagos, devidos ou creditados a qualquer , o
título, durante o mês, destinados a retribuir o salár
trabalho, qualquer que seja a sua forma io-
(inclusive as gorje- tas), os ganhos habituais sob mat
a forma de utilidades e os adiantamentos erni
decorrentes de reajuste sala- rial, quer pelos dade
serviços efetivamente prestados, quer pelo não
tempo à disposição do empregador ou tomador pod
de serviços, nos termos da lei ou do con- trato e ser
ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de cons
trabalho ou sentença normativa; ider
 Segurado empregado doméstico: Remuneração ado
registrada na Carteira de Trabalho e Previdência com
Social; o
 Contribuinte individual: Remuneração auferida cont
em uma ou mais empresas ou pelo exercício de rapr
sua atividade por conta própria durante o mês. esta
Exemplo: para médico com mais de um trabalho, ção
é a somatória das rendas; pelo
 Segurado facultativo: Valor por ele declarado; trab
 Segurado especial: Resultado da comercialização a-
de sua produção. lho
pres
PARCELAS INTEGRANTES E PARCELAS NÃO tado
INTEGRANTES ou,
aind
Esse é um tema de extrema importância, pois a,
reve- la quais parcelas da remuneração serão sequ
consideradas base de incidência da contribuição er
previdenciária. A regra geral pode ser assim com
definida: o
retri
 Integrantes: Retribuição pelos serviços buiç
prestados ão
(art. 457, da CLT); em
 Não integrantes: Natureza de indenização razã
(repa- ração de danos causados a uma pessoa) ou o da
res- sarcimento (reembolso de despesas pagas natu
pelo trabalhador em decorrência da execução de reza
algu- ma atividade de interesse da empresa). do
cont
De qualquer forma, o § 9º, do art. 28, da Lei nº
rato,
8.212, de 1991, trata de definir quais as parcelas que
de
não integram o salário de contribuição. São elas:
mod
a) os benefícios da previdência social, nos termos o
e limites legais, salvo o salário-maternidade; que,
o
É importante destacar que o Supremo Tribunal salár
Federal (STF), no julgamento do RE nº. 576.967, io
com repercussão geral, considerou mat
inconstitucional a incidência de cota previdenciária erni
dade não integra o disposto na alínea “a”, do inciso I, do
art. 195 da CF:

Art. 195 A seguridade social será financiada por toda a


sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei,
mediante recursos provenientes dos orçamentos da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, e das seguintes contribui- ções sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela
equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do
trabalho pagos ou creditados, a qualquer título,
à pessoa física que lhe preste serviço,
mesmo sem vínculo empregatício;

Em razão do salário-maternidade não se amoldar ao


disposto, tem-se que ele não pode compor a base de
cálculo da contribuição previdenciária a cargo do
empregador. Por outro lado, cumpre reforçar, que, apesar
do aludido julgado estar restrito à cota patro- nal, já
existem demandas tramitando no STF que dis- cutem a
inconstitucionalidade da cota previdenciária a cargo do
segurado.

b)as ajudas de custo e o adicional mensal recebidos pelo


aeronauta nos termos da Lei nº 5.929, de 30 de outubro
de 1973;

Adicional mensal nunca inferior a 25% do salário em


caso de transferência provisória e ajuda de custo nunca
inferior a 4 meses de trabalho em caso de trans- ferência
permanente.

c) a parcela “in natura” recebida de acordo com os


programas de alimentação aprovados pelo Ministé- rio do
Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº
6.321, de 14 de abril de 1976;

A cada ano trabalhado, o empregado adquire direi- to


a 30 de férias remuneradas, acrescidas de 1/3 da sua
remuneração. Nas situações em que o contrato é
rescindido antes do gozo das férias ou quando é ultra-
passado o prazo legal de concessão — sendo pagas em
dobro — a verba é considerada indenizatória e, portanto,
não sofre incidência de contribuição previ- denciária.
Oportuno salientar que o Supremo Tribu- nal Federal, no
julgamento do tema 985, entendeu que incide
contribuição sobre o terço constitucional das férias
gozadas.

e) as importâncias:
1. previstas no inciso I do art. 10 do Ato das Dispo-
sições Constitucionais Transitórias

Multa rescisória do FGTS, no percentual de 40%,


devida nos casos de rescisão por iniciativa do
empregador.
CONHECIMENTOS

2. relativas à indenização por tempo de serviço,


anterior a 5 de outubro de 1988, do empregado não
optante pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço-
FGTS;

279
diárias que
Sistemática adotada anteriormente à Constituição
Federal de 1988, quando o FGTS era optativo.

3. recebidas a título da indenização de que trata o


art. 479 da CLT

Indenização de 50% da remuneração devida até o


final do contrato por prazo determinado, quando há
rescisão antecipada pelo empregador;

4. recebidas a título da indenização de que trata o


art. 14 da Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973;

Contrato de trabalho/safra.

5. recebidas a título de incentivo à demissão;

Programas de demissão voluntária instituído


pelas empresas com vistas à apresentação do
trabalhador para rescisão contratual, mediante
indenização);

6. recebidas a título de abono de férias na forma


dos arts. 143 e 144 da CLT;

Quando o empregador converte 1/3 das férias em


dinheiro.

7. recebidas a título de ganhos eventuais e os abo-


nos expressamente desvinculados do salário;
8. recebidas a título de licença-prêmio indenizada;
9. recebidas a título da indenização de que trata o
art. 9º da Lei nº 7.238, de 29 de outubro de 1984.

Indenização do trabalhador dispensado 30 dias


antes da data que antecede a sua correção salarial).

f) a parcela recebida a título de vale-transporte, na


forma da legislação própria;

Para o STF, por meio do RE 478.410, mesmo que


pago em dinheiro, não integra.

g) a ajuda de custo, em parcela única, recebida


exclusivamente em decorrência de mudança de
local de trabalho do empregado, na forma do art.
470 da CLT;

Caso seja paga em mais de uma parcela, incidirá


contribuição previdenciária sobre todos os valores
pagos;

Importante!
Nova redação do art. 457, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), pela reforma trabalhista (Lei n° 13.467, de 2017): As imp

h) as diárias para viagens;

280 Assim como o reembolso de despesas de viagens.


Antes da alteração introduzida na lei previdenciária
pela reforma trabalhista (Lei n° 13.467, de 2017),
inci- dia contribuição previdenciária sobre as
u ncidirá, independentemente do valor. arts. 9º e 468 da CLT;
l
t i) a importância recebida a título de Contribuições da empresa para planos de pre-
r bolsa de com- plementação educacional vidência privada, desde que extensível a todos os
a de estagiário, quando paga nos termos funcionários.
p da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de
a 1977; q) o valor relativo à assistência prestada por ser-
s viço médico ou odontológico, próprio da empresa
s Faz-se oportuno ressaltar que o ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de
a estagiário que, como se vê, não é segurado
v obrigatório da previdência social, poderá
a filiar-se facultativamente ao sistema.
m
j) a participação nos lucros ou
5 resultados da empresa, quando paga ou
0 creditada de acordo com lei específica;
%
Segundo a Lei n° 10.101, de 2000, a
d distribuição não pode ocorrer em mais de
a duas vezes no ano civil e em periodicidade
inferior a 1 trimestre civil.
r
e l) o abono do Programa de Integração
m Social – PIS e do Programa de
Assistência ao Servidor Público
u
– PASEP;
n
e
É um abono pago ao trabalhador de
r
baixa renda que preencha os requisitos
a
legais, como pelo menos 30 dias de
ç
trabalho no ano anterior, limite de até 2
ã
salários mínimos de renda do trabalho e
o
inscrição no programa há pelo menos 5
anos.
d
o
m) os valores correspondentes a
transporte, ali- mentação e habitação
t fornecidos pela empresa ao empregado
r contratado para trabalhar em locali-
a dade distante da de sua residência, em
b canteiro de obras ou local que, por força
a da atividade, exija des- locamento e
l estada, observadas as normas de pro-
h teção estabelecidas pelo Ministério do
a Trabalho;
d
o Essas verbas não têm natureza remuneratória.
r
. n) a importância paga ao empregado a
título de complementação ao valor do
A auxílio-doença, des- de que este direito
p seja extensivo à totalidade dos
ó empregados da empresa;
s
Atenção para a necessidade de a parcela
a ser exten- sível a todos os empregados —
se for restrita a alguns, incide contribuição.
m
u o) as parcelas destinadas à assistência ao
d trabalha- dor da agroindústria
a canavieira, de que trata o art. 36 da Lei
n nº 4.870, de 1º de dezembro de 1965;
ç
a Parcela extinta.
,
p) o valor das contribuições efetivamente
n pago pela pessoa jurídica relativo a
programa de previdência complementar,
ã
aberto ou fechado, desde que dispo- nível
o
à totalidade de seus empregados e
dirigentes, observados, no que couber, os
i
despesas com medicamentos, óculos, aparelhos do Programa Cultura do Trabalhador.
A
ortopédicos, próteses, órteses, despesas médico-
-hospitalares e outras similares
refo
z) os prêmios e os abonos
rma
trab
Até a reforma trabalhista, Lei n° 13.467, de 2017,
alhis
era necessário que o benefício fosse concedido a
ta,
todos os empregados e dirigentes da empresa. A
Lei
reforma trabalhista retirou a necessidade de que a

cobertura abranja a totalidade dos empregados;
13.4
67,
r) o valor correspondente a vestuários, equipamen-
tos e outros acessórios fornecidos ao empregado e de
utilizados no local do trabalho para prestação dos 201
respectivos serviços; 7,
pre-
Verba que não tem natureza remuneratória. vê
que
s) o ressarcimento de despesas pelo uso de veículo os
do empregado e o reembolso creche pago em con- abo
formidade com a legislação trabalhista, nos,
observado o limite máximo de seis anos de idade, mes
quando devi- damente comprovadas as despesas mo
realizadas; habi
tuais
Súmula 310 do Superior Tribunal de Justiça (STJ): ,
O auxílio-creche não integra o salário de não
contribuição. sofr
erão
t) o valor relativo a plano educacional, ou bolsa inci-
de estudo, que vise à educação básica de dênc
empregados e seus dependentes e, desde que ia
vinculada às ativida- des desenvolvidas pela de
empresa, à educação profis- sional e tecnológica de cont
empregados, nos termos da Lei nº 9.394, de 20 de ribui
dezembro de 1996, e: ção
1. não seja utilizado em substituição de parcela prev
salarial; e iden
2. o valor mensal do plano educacional ou bolsa ciári
de estudo, considerado individualmente, não a.
ultrapas- se 5% (cinco por cento) da remuneração
do segu- rado a que se destina ou o valor
aa
correspondente a uma vez e meia o valor do limite
)
mínimo mensal do salário-de-contribuição, o que
os
for maior; va
u) a importância recebida a título de bolsa de lo
aprendizagem garantida ao adolescente até qua- re
torze anos de idade, de acordo com o disposto no s
art. 64 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990; re
ce
Norma em confronto com a Constituição, já que bi
a idade mínima para o aprendiz passou a ser de 14 do
anos com a EC 20, de 1998. s
a
v) os valores recebidos em decorrência da cessão tít
de direitos autorais; ul
o
Verba de natureza indenizatória. de
bo
x) o valor da multa prevista no § 8º do art. 477 da ls
CLT; a-
atl
et
Inobservância do prazo para pagamento das ver-
a,
bas indenizatórias.
e
m
y) o valor correspondente ao vale-cultura; co
nf
Benefício oferecido pelas empresas participantes or
midade com a Lei n° 10.891, de 9 de julho de 2004.

Essas verbas são consideradas indenizatórias.

Exemplos de situações em que há incidência de


contribuição previdenciária:

 Gorjetas (pagas por terceiros/clientes — espontâ- neas


ou compulsórias);
 Adicionais de periculosidade, insalubridade e noturno;
 Utilidades habituais (o salário não pode ser pago
apenas em utilidades, 30% devem ser pagos em
dinheiro);
 Décimo terceiro salário (Súmula 688 do STF consi- derou
a cobrança legítima). Observação: não inte- gra o cálculo
do salário de benefício. Pago quando do crédito da
última parcela ou quando da resci- são contratual;
 Comissões (regra do art. 457 da CLT) — Súmula 458 do
STJ: A contribuição previdenciária incide sobre a
comissão paga ao corretor de seguros;
 Terço constitucional das férias (novo entendimen-
to STF — Tema 985);
 Horas extras;
 Salário do aposentado.

Dica
Pelo entendimento do Superior Tribunal de Jus- tiça,
não incide contribuição nas férias indeni- zadas,
inclusive o valor correspondente a dobra das férias e
aviso prévio indenizado (RESP 1.230.957/RS).

LIMITES MÍNIMO E MÁXIMO

Proporcionalidade e Reajustamento

O salário de contribuição deve obedecer a limites


mínimo e máximo. O limite mínimo corresponde ao
piso salarial, legal ou normativo, da categoria ou, ine-
xistindo este, ao salário mínimo, tomado no seu valor
mensal, diário ou por hora, de acordo com o contra- to e o
tempo de trabalho efetivo durante o mês. Para o menor
aprendiz, o limite mínimo corresponde à remuneração
mínima fixada em lei.
O limite máximo é o teto previdenciário, fixado por
portaria, atualizado todos os anos pelos mesmos índices
que reajustam os benefícios previdenciários em
manutenção.
A Reforma da Previdência (EC 103, de 2019) estabe-
lece, no § 14, do art. 195, da Constituição Federal, que o
segurado somente terá reconhecida como tempo de
contribuição ao RGPS a competência cuja contribuição seja
igual ou superior à contribuição mínima mensal exigida
para sua categoria, assegurada a complemen- tação das
CONHECIMENTOS

contribuições, o agrupamento ou a utilização do excedente


de uma contribuição em outra.

281
Em casos de sonegação Calcular o montante das
EXERCÍCIOS ou recusa de documenta- contribuições

COMENTADOS ção/informação, a SRFB Emitir a Certidão relativa


poderá lançar de ofício ao Tempo de Contribuição
1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Julgue o próximo item,
relativo ao custeio da seguridade social. A contri-
buição do segurado empregado e a do trabalhador
doméstico recaem sobre o valor dos seus salários de
contribuição, até um teto máximo fixado por lei.

( ) CERTO ( ) ERRADO

A base de incidência da contribuição dos emprega-


dos e empregados domésticos, cuja alíquota é pro-
gressiva, de acordo com o valor da remuneração,
é o salário de contribuição. Resposta: Certo.

2. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Segundo a legislação


vigente, deve haver incidência de contribuição previ-
denciária sobre importância recebida a título de incen-
tivo a demissão voluntária e abono de férias.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Não incide contribuição previdenciária sobre as


importâncias pagas a título de incentivo a demissão
voluntária. Resposta: Errado.

ARRECADAÇÃO E RECOLHIMENTO DAS


CONTRIBUIÇÕES DESTINADAS À SEGURIDADE
SOCIAL

Hoje, questões referentes à arrecadação e ao


reco- lhimento das contribuições sociais destinadas à
Segu- ridade Social estão a cargo da Secretaria da
Receita Federal do Brasil (SRFB), criada pela Lei nº
11.457, de 2007. Por muito tempo, a União delegou
tal tarefa ao INSS.
Assim, é competência da SRFB planejar, execu-
tar, normatizar, acompanhar e avaliar as atividades
relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à
cobrança e ao recolhimento de todas as
contribuições sociais e destinadas ao orçamento
federal da Seguri- dade Social.
Ao INSS fica o encargo de concessão e
manutenção de benefícios, gestão dos recursos do
Fundo do Regi- me Geral de Previdência Social,
cálculo do montante das contribuições sociais,
emissão do correspondente documento de
arrecadação (apenas quando do aten- dimento
conclusivo para concessão ou revisão de benefício
previdenciário requerido) e emissão da Cer- tidão
relativa ao Tempo de Contribuição.

COMPETÊNCIA SRFB COMPETÊNCIA INSS

Planejar, executar, norma-


tizar, acompanhar e avaliar Concessão e manutenção
as atividades relativas à de benefícios
fiscalização, arrecadação,
cobrança
282
Exame da compatibilida- Gestão dos recursos do
de das empresas Fundo do RGPS
Cab pete planejar, executar, acompanhar e § 7° O crédito da seguridade social é constituído
ea avaliar as atividades relativas à por meio de notificação de lançamento, de auto de
cita tributação, à fiscalização, à arrecadação, à infração e de confissão de valores devidos e não
ção cobrança e ao recolhimento das recolhidos pelo contribuinte. (Redação dada pela
do contribuições sociais previstas no Lei nº 11.941, de 2009).
art. parágrafo único do art. 11 desta Lei, das § 8° Aplicam-se às contribuições sociais
33, contribuições incidentes a título de menciona- das neste artigo as presunções legais
da substituição e das devidas a outras enti- de omissão de receita previstas nos §§ 2º e 3º do
Lei dades e fundos. (Redação dada pela Lei nº art. 12 do Decre- to-Lei nº 1.598, de 26 de
n° 11.941, de 2009). dezembro de 1977, e nos arts. 40, 41 e 42 da Lei nº
8.21 § 1° É prerrogativa da Secretaria da Receita 9.430, de 27 de dezembro
2, Federal do Brasil, por intermédio dos de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009).
de Auditores-Fiscais da Receita Federal do
199 Brasil, o exame da contabilidade das
1: empresas, ficando obrigados a prestar
todos os esclarecimentos e informações
A solicitados o segu- rado e os terceiros
r responsáveis pelo recolhimento das
t contribuições previdenciárias e das
contribui- ções devidas a outras entidades e
.
fundos. (Redação dada pela Lei nº 11.941,
de 2009).
3 § 2° A empresa, o segurado da Previdência
3 Social, o serventuário da Justiça, o síndico
ou seu represen- tante, o comissário e o
liquidante de empresa em liquidação
À
judicial ou extrajudicial são obrigados a
exibir todos os documentos e livros
S relacionados com as contribuições
e previstas nesta Lei. (Redação dada pela Lei
c nº 11.941, de 2009).
r § 3° Ocorrendo recusa ou sonegação de
e qualquer documento ou informação, ou sua
t
apresentação deficiente, a Secretaria da
a
Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo
r
da penalidade cabível, lançar de ofício a
i
importância devida. (Redação dada pela Lei
a
nº 11.941, de 2009).
§ 4° Na falta de prova regular e
d formalizada pelo sujeito passivo, o
a montante dos salários pagos pela execução
de obra de construção civil pode ser obtido
R mediante cálculo da mão de obra emprega-
e da, proporcional à área construída, de
c acordo com critérios estabelecidos pela
e Secretaria da Receita Federal do Brasil,
i cabendo ao proprietário, dono da obra,
t condômino da unidade imobiliária ou empre-
a sa corresponsável o ônus da prova em
contrário. (Redação dada pela Lei nº
F 11.941, de 2009).
e § 5° O desconto de contribuição e de
d consignação legalmente autorizadas
e sempre se presume feito oportuna e
r regularmente pela empresa a isso obri-
a gada, não lhe sendo lícito alegar omissão
l para se eximir do recolhimento, ficando
diretamente res- ponsável pela
d importância que deixou de receber ou
o arrecadou em desacordo com o disposto
nesta Lei.
§ 6º Se, no exame da escrituração contábil
B
e de qualquer outro documento da
r
empresa, a fiscali- zação constatar que a
a
contabilidade não registra o movimento
s
real de remuneração dos segurados a seu
i
l serviço, do faturamento e do lucro, serão
apu- radas, por aferição indireta, as
contribuições efe- tivamente devidas,
c cabendo à empresa o ônus da prova em
o contrário.
m
COMPETÊNCIA DO INSS E DA SECRETARIA DA necessários à fiscalização;
IV
RECEITA FEDERAL DO BRASIL -
i
Na forma como dispõe o art. 2º, da Lei n° 11.457, n
de 2007: f
o
r
Art. 2° Além das competências atribuídas pela m
legislação vigente à Secretaria da Receita a
Federal, cabe à Secretaria da Receita Federal do r
Brasil pla- nejar, executar, acompanhar e avaliar
as atividades relativas à tributação, fiscalização, m
arrecadação, cobrança e recolhimento das e
contribuições sociais. n
s
Desse modo, a competência tributária, ou seja, a
relativa às contribuições previdenciárias, é da l
Receita Federal, cabendo ao INSS, autarquia pública m
e
federal, a gerência e gestão dos benefícios e serviços
n
devidos pelo sistema. t
e
OBRIGAÇÕES DA EMPRESA E DEMAIS
CONTRIBUINTES a
o
Prazo de Recolhimento I
n
Quando você pensa em obrigação, pensa em algo s
que deve ser feito, sem opção, correto? t
Na legislação previdenciária, existem obrigações i
que devem ser observadas pelos contribuintes: a de t
u
pagar e a de fazer ou não fazer algo, denominadas
t
obrigações principais e acessórias: o

N
Pagar a
c
i
Principais o
Arrecadação e Recolhimento de contribuição de vida
n
a
l
OBRIGAÇÕES d
o

Fazer/não fazer previsto na lei S


Para a seguridade e
Social g
u
r
o
Os arts. 225 e seguintes do Decreto n° 3.048, de
1999, constituem obrigações das empresas e das S
enti- dades que lhe são equiparadas. Vale a leitura, o
pois as questões cobram a literalidade da lei: c
i
Art. 225 A empresa é também obrigada a: a
I - preparar folha de pagamento da remu- l
neração paga, devida ou creditada a todos os ,
segurados a seu serviço, devendo manter, em p
cada estabelecimento, uma via da respectiva folha e o
reci- bos de pagamentos; r
II - lançar mensalmente em títulos próprios de
sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos i
geradores de todas as contribuições, o n
montan- te das quantias descontadas, as t
e
contribuições da empresa e os totais recolhidos;
r
III - prestar ao Instituto Nacional do Seguro Social
m
e à Secretaria da Receita Federal todas as
é
infor- mações cadastrais, financeiras e d
contábeis de interesse dos mesmos, na forma por i
eles estabele- cida, bem como os esclarecimentos o
da Guia de Reco- lhimento do Fundo de Garantia do
Tempo de Ser- viço e Informações à Previdência Social,
na forma por ele estabelecida, dados cadastrais, todos
os fatos geradores de contribuição previdenciá- ria e
outras informações de interesse daquele Instituto;
VI - afixar cópia da Guia da Previdência Social,
relativamente à competência anterior, durante o período
de um mês, no quadro de horário de que tra- ta o art. 74 da
Consolidação das Leis do Trabalho. VII - informar,
anualmente, à Secretaria da Recei- ta Federal do Brasil,
na forma por ela estabeleci- da, o nome, o número de
inscrição na previdência social e o endereço completo dos
segurados de que trata o inciso III do § 15 do art. 9°, por
ela utiliza- dos no período, a qualquer título, para
distribuição ou comercialização de seus produtos, sejam
eles de fabricação própria ou de terceiros, sempre que se
tratar de empresa que realize vendas diretas. (Incluído
pelo Decreto nº 6.722, de 2008).
VIII - comunicar, mensalmente, os empregados a
respeito dos valores descontados de sua con- tribuição
previdenciária e, quando for o caso, dos valores da
contribuição do empregador inci- dentes sobre a
remuneração do mês de competên- cia por meio de
contracheque, recibo de pagamento ou documento
equivalente. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
§ 1° As informações prestadas na Guia de Recolhi- mento
do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e
Informações à Previdência Social servirão como base de
cálculo das contribuições arrecadadas pelo Instituto
Nacional do Seguro Social, comporão a base de dados
para fins de cálculo e concessão dos benefícios
previdenciários, bem como constituir-se-
-ão em termo de confissão de dívida, na hipótese do
não-recolhimento.
§ 2° A entrega da Guia de Recolhimento do Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço e Informações à
Previdência Social deverá ser efetuada na rede bancária,
conforme estabelecido pelo Ministério da Previdência e
Assistência Social, até o dia sete do mês seguinte àquele a
que se referirem as informa- ções. (Redação dada pelo
Decreto nº 3.265, de 1999)
§ 3º A Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social é
exigida relativamente a fatos geradores ocorridos a
partir de janeiro de 1999.
§ 4º O preenchimento, as informações prestadas e a
entrega da Guia de Recolhimento do Fundo de Garan- tia do
Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social são de
inteira responsabilidade da empresa.
§ 5º A empresa manterá arquivados os documentos
comprobatórios do cumprimento das obrigações de que
trata este artigo e os documentos comproba- tórios do
pagamento de benefícios previdenciários reembolsados
até que ocorra a prescrição relativa aos créditos
decorrentes das operações a que os documentos se
refiram, observados o disposto no
§ 22 e nas normas estabelecidas pela Secretaria Especial
da Receita Federal do Brasil do Ministério da Economia e
pelo Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço. (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
§ 6º O Instituto Nacional do Seguro Social e a Cai- xa
CONHECIMENTOS

Econômica Federal estabelecerão normas para


disciplinar a entrega da Guia de Recolhimento do Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço e Infor- mações à
Previdência Social, nos casos de rescisão contratual.

283
§ 8º O disposto neste artigo aplica-se, no que cou- § 15 A exigência prevista no inciso II do caput
ber, aos demais contribuintes e ao adquirente, con- não desobriga a empresa do cumprimento das
signatário ou cooperativa, sub-rogados na forma demais normas legais e regulamentares
deste Regulamento. referentes à escri- turação contábil.
§ 9º A folha de pagamento de que trata o inciso I § 16 São desobrigadas de apresentação de
do caput, elaborada mensalmente, de forma cole- escrituração contábil:
tiva por estabelecimento da empresa, por obra de I - o pequeno comerciante, nas condições esta-
construção civil e por tomador de serviços, com a belecidas pelo Decreto-lei nº 486, de 3 de março de
correspondente totalização, deverá: 1969, e seu Regulamento;
I - discriminar o nome dos segurados, indicando II - a pessoa jurídica tributada com base no
cargo, função ou serviço prestado; lucro presumido, de acordo com a legislação tri-
II - agrupar os segurados por categoria, assim butária federal, desde que mantenha a escrituração
entendido: segurado empregado, trabalhador avul- do Livro Caixa e Livro de Registro de Inventário; e
so, contribuinte individual; III - a pessoa jurídica que optar pela inscrição
III - destacar o nome das seguradas em gozo de no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e
salário-maternidade; Contribuições das Microempresas e Empresas de
IV - destacar as parcelas integrantes e não inte- Pequeno Porte, desde que mantenha escrituração
grantes da remuneração e os descontos legais; e do Livro Caixa e Livro de Registro de Inventário.
V - indicar o número de quotas de salário-família § 17 A empresa, agência ou sucursal estabeleci-
atribuídas a cada segurado empregado ou traba- da no exterior deverá apresentar os documentos
lhador avulso. comprobatórios do cumprimento das obrigações
§ 10 No que se refere ao trabalhador portuário referidas neste artigo à sua congênere no Brasil,
avulso, o órgão gestor de mão-de-obra elaborará a observada a solidariedade de que trata o art. 222.
folha de pagamento por navio, mantendo-a dispo- § 18 Para o cumprimento do disposto no inciso V
nível para uso da fiscalização do Instituto Nacional
do caput serão observadas as seguintes situações:
do Seguro Social, indicando o operador portuário
I - caso a empresa possua mais de um estabeleci-
e os trabalhadores que participaram da operação,
mento localizado em base geográfica diversa, a
detalhando, com relação aos últimos:
cópia da Guia da Previdência Social será encami-
I - os correspondentes números de registro ou
nhada ao sindicato representativo da categoria
cadastro no órgão gestor de mão-de-obra;
profissional mais numerosa entre os empregados
II - o cargo, função ou serviço prestado;
de cada estabelecimento;
III - os turnos em que trabalharam; e
II - a empresa que recolher suas contribuições em
IV - as remunerações pagas, devidas ou
mais de uma Guia da Previdência Social encami-
creditadas a cada um dos trabalhadores e a
nhará cópia de todas as guias;
correspondente totalização.
§ 11 No que se refere ao parágrafo anterior, o órgão III - a remessa poderá ser efetuada por qualquer
gestor de mão-de-obra consolidará as folhas de meio que garanta a reprodução integral do docu-
pagamento relativas às operações concluídas no mento, cabendo à empresa manter, em seus
mês anterior por operador portuário e por tra- arqui- vos, prova do recebimento pelo sindicato; e
balhador portuário avulso, indicando, com rela- IV - cabe à empresa a comprovação, perante a fisca-
ção a estes, os respectivos números de registro lização do Instituto Nacional do Seguro Social, do
ou cadastro, as datas dos turnos trabalhados, as cumprimento de sua obrigação frente ao
importâncias pagas e os valores das contribuições sindicato.
previdenciárias retidas. § 19 O órgão gestor de mão-de-obra deverá, quando
§ 12 Para efeito de observância do limite máximo exigido pela fiscalização do Instituto Nacional do
da contribuição do segurado trabalhador avulso, Seguro Social, exibir as listas de escalação diária
de que trata o art. 198, o órgão gestor de mão-de-o- dos trabalhadores portuários avulsos, por opera-
bra manterá resumo mensal e acumulado, por dor portuário e por navio.
tra- balhador portuário avulso, dos valores totais § 20 Caberá exclusivamente ao órgão gestor de
das férias, do décimo terceiro salário e das mão-de-obra a responsabilidade pela exatidão
contribui- ções previdenciárias retidas. dos dados lançados nas listas diárias referidas no
§ 13 Os lançamentos de que trata o inciso II do pará- grafo anterior.
caput, devidamente escriturados nos livros Diário e § 21 Fica dispensado do cumprimento do disposto
Razão, serão exigidos pela fiscalização após noventa nos incisos V e VI do caput o contribuinte indivi-
dias contados da ocorrência dos fatos geradores das dual, em relação a segurado que lhe presta
contribuições, devendo, obrigatoriamente: serviço. (Redação dada pelo Decreto nº 3.265, de
I - atender ao princípio contábil do regime de com- 1999)
petência; e § 22 A empresa que utiliza sistema de processamen-
II - registrar, em contas individualizadas, todos to eletrônico de dados para o registro de negócios
os fatos geradores de contribuições previdenciárias e atividades econômicas, escrituração de livros ou
de forma a identificar, clara e precisamente, as produção de documentos de natureza contábil, fis-
rubri- cas integrantes e não integrantes do salário- cal, trabalhista e previdenciária fica obrigada a
de-con- tribuição, bem como as contribuições arquivar e conservar, devidamente certificados, os
descontadas do segurado, as da empresa e os sistemas e os arquivos, em meio eletrônico ou asse-
totais recolhidos, por estabelecimento da melhado, durante o prazo decadencial de que trata
empresa, por obra de cons- trução civil e por o art. 348, os quais ficarão à disposição da fiscaliza-
tomador de serviços. ção. (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de
284 § 14 A empresa deverá manter à disposição da 2020)
fiscalização os códigos ou abreviaturas que iden- § 23 A cooperativa de trabalho e a pessoa jurí-
tifiquem as respectivas rubricas utilizadas na dica são obrigadas a efetuar a inscrição no
elaboração da folha de pagamento, bem como os Instituto Nacional do Seguro Social dos seus
utilizados na escrituração contábil. cooperados e contratados, respectivamente,
c o Decreto nº 4.729, de 2003)
o
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c
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§ 24 A empresa ou cooperativa adquirente, consu- 2. trinta por cento, após o décimo quinto
3.
midora ou consignatária da produção fica obrigada dia do
qu
a fornecer ao segurado especial cópia do documen- recebimento da notificação;
ar
to fiscal de entrada da mercadoria, onde conste, en
além do registro da operação realizada, o valor da ta
respectiva contribuição previdenciária. (Incluído po
pelo Decreto nº 6.722, de 2008). r
§ 25 A contribuição do empregador de que trata o ce
inciso VIII do caput compreende aquela destinada nt
ao seguro de acidentes do trabalho e ao o,
financiamento da aposentadoria especial, sem ap
prejuízo de outras contribuições incidentes sobre a ós
remuneração do empregado. (Incluído pelo Decreto ap
nº 10.410, de 2020) Art. 226 O Município, por re
intermédio do órgão com- petente, fornecerá ao se
Instituto Nacional do Seguro Social, para fins de nt
fiscalização, mensalmente, rela- ção de todos os aç
alvarás para construção civil e docu- mentos de ão
“habite-se” concedidos, de acordo com critérios de
estabelecidos pelo referido Instituto. re
§ 1º A relação a que se refere o caput será cu
encami- nhada ao INSS até o dia dez do mês r-
seguinte àquele a que se referirem os documentos. so
(Redação dada pelo Decreto nº 4.032, de 2001) de
§ 2º O encaminhamento da relação fora do prazo sd
ou a sua falta e a apresentação com incorreções e
ou omissões sujeitará o dirigente do órgão qu
municipal à penalidade prevista na alínea «f» do e
inciso I do art. 283. a
nt
ec
RECOLHIMENTO FORA DO PRAZO ed
id
Juros, Multa e Atualização Monetária o
de
de
O descumprimento das obrigações principais, no
fe
prazo fixado pela lei, gera encargos como em qual-
sa
quer outro tributo. Assim, deve-se observar o art. ,
239, do Decreto n° 3.049, de 1999: se
n
Art. 239 As contribuições sociais e outras impor- do
tâncias arrecadadas pela Secretaria Especial da a
Receita Federal do Brasil do Ministério da Eco- m
nomia, incluídas ou não em notificação fiscal de bo
lançamento, pagas com atraso, objeto ou não de s
parcelamento, ficam sujeitas a: (Redação dada pelo te
Decreto nº 10.410, de 2020) m
I - atualização monetária, quando exigida pela pe
legislação de regência; sti
II - juros de mora, de caráter irrelevável, inciden- vo
tes sobre o valor atualizado, equivalentes a: s,
a) um por cento no mês do vencimento; at
b) taxa referencial do Sistema Especial de é
Liquida- ção e de Custódia nos meses qu
intermediários; e in
c) um por cento no mês do pagamento; e ze
III - multa variável, de caráter irrelevável, nos di
seguintes percentuais, para fatos geradores ocorri- as
dos a partir de 28 de novembro de 1999: da
(Redação dada pelo Decreto nº 3.265, de 1999) ci
a) para pagamento após o vencimento de obrigação ên
ci
não incluída em notificação fiscal de lançamento:
a
1. oito por cento, dentro do mês de vencimento da
da
obrigação;
de
2. quatorze por cento, no mês seguinte;
ci
3. vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte

ao do vencimento da obrigação; o
b) para pagamento de obrigação incluída em notifi- do
cação fiscal de lançamento: C
1. vinte e quatro por cento, até quinze dias do on
rece- se
bimento da notificação; lh
o de Recursos da Previdência Social; ou
4. cinquenta por cento, após o décimo quinto dia da
ciência da decisão do Conselho de Recursos da
Previdência Social, enquanto não inscrita em Dívi- da
Ativa; e
c) para pagamento do crédito inscrito em Dívida Ativa:
1. sessenta por cento, quando não tenha sido objeto de
parcelamento;
2. setenta por cento, se houve parcelamento;
3. oitenta por cento, após o ajuizamento da execu- ção
fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido
citado, se o crédito não foi objeto de parcela- mento; ou
4. cem por cento, após o ajuizamento da execução
fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido
citado, se o crédito foi objeto de parcelamento.
§ 2º Nas hipóteses de parcelamento ou de reparce-
lamento, incidirá um acréscimo de vinte por cento
sobre a multa de mora a que se refere o inciso III.
§ 3º Se houver pagamento antecipado à vista, no todo
ou em parte, do saldo devedor, o acréscimo previsto no
parágrafo anterior não incidirá sobre a multa
correspondente à parte do pagamento que se efetuar.
§ 4º O valor do pagamento parcial, antecipado, do
saldo devedor de parcelamento ou do reparcela- mento
somente poderá ser utilizado para quitação de parcelas
na ordem inversa do vencimento, sem prejuízo da que
for devida no mês de competência em curso e sobre a
qual incidirá sempre o acrésci- mo a que se refere o §
2º.
§ 5º É facultada a realização de depósito à disposi- ção
da seguridade social, sujeito ao mesmo percen- tual do
item 1 da alínea «b» do inciso III, desde que dentro do
prazo legal para apresentação de defesa.
§ 6º À correção monetária e aos acréscimos legais de
que trata este artigo aplicar-se-á a legislação vigente
em cada competência a que se referirem.
§ 7º Às contribuições de que trata o art. 204, devi- das e
não recolhidas até as datas dos respectivos
vencimentos, aplicam-se multas e juros moratórios na
forma da legislação pertinente.
§ 8º Sobre as contribuições devidas e apuradas com
fundamento no inciso IV do caput do art. 127 e no
§ 1º do art. 348 incidirão juros moratórios de cinco
décimos por cento ao mês, capitalizados anualmen- te,
limitados ao percentual máximo de cinquenta por
cento, e multa de dez por cento. (Redação dada pelo
Decreto nº 10.410, de 2020)

O parcelamento é um acordo celebrado entre o


contribuinte e a SRFB para pagamento de contribui- ções
devidas. Para empresas em geral e empregadores
domésticos, poderão ser parceladas as seguintes con-
tribuições previdenciárias:

 Das empresas (patronal), incidentes sobre a remu-


neração paga ou creditada aos segurados a seu serviço;
 Dos empregadores domésticos (patronal);
 Contribuições patronais decorrentes de caracteri-
zação de vínculo empregatício;
 Contribuições patronais decorrentes de decisões
judiciais proferidas em processos trabalhistas;
CONHECIMENTOS

 Comercialização da produção rural de pessoa jurí-


dica que tenha como fim apenas atividade de pro-
dução rural de que trata o inciso IV, do art. 201 e

285
§ 8º, do art. 202 do Regulamento da Previdência Esse prazo diz respeito ao fisco, que poderá cons-
Social (RPS), aprovado pelo Decreto 3.048, de 6 de tituir seus créditos, podendo, a partir desse
maio de 1999, a partir da competência 11, de 1996. momen- to, exigir daquele que está em débito. O
contribuinte tem o direito de pleitear a restituição ou
Para o contribuinte individual, veja o que consta compensação no prazo de 5 anos contados da data
no art. 45-A, da Lei nº 8.212, de 1991: do pagamento ou recolhimento indevido, quando
tornar-se definiti- va decisão administrativa ou
Art. 45-A O contribuinte individual que pretenda trânsito em julgado de sentença.
contar como tempo de contribuição, para fins de
obtenção de benefício no Regime Geral de Previ-  Benefício Previdenciário — Prazo: 10 anos
dência Social ou de contagem recíproca do tempo
de contribuição, período de atividade remunera- Art. 103 (Lei nº 8.213, de 1991) O prazo de deca-
da alcançada pela decadência deverá indenizar o dência do direito ou da ação do segurado ou
INSS. (Incluído pela Lei Complementar nº 128, de beneficiário para a revisão do ato de concessão,
2008) indeferimento, cancelamento ou cessação de bene-
fício e do ato de deferimento, indeferimento ou
O pedido importa confissão de dívida irretratável. não concessão de revisão de benefício é de 10 (dez)
O parcelamento pode ser feito em no máximo 60 anos, contado:
par- celas e o deferimento constitui dívida ativa. Não I - do dia primeiro do mês subsequente ao do rece-
será concedido parcelamento relativo a: bimento da primeira prestação ou da data em que a
prestação deveria ter sido paga com o valor revis-
 Tributos passíveis de retenção na fonte, de descon- to; ou
to de terceiros ou de sub-rogação; II - do dia em que o segurado tomar conhecimento
 Crédito tributário ou outra exação de objeto de da decisão de indeferimento, cancelamento ou ces-
ação judicial proposta pelo sujeito passivo com sação do seu pedido de benefício ou da decisão de
depósito do montante discutido; deferimento ou indeferimento de revisão de benefí-
 Tributo ou outra exação qualquer, enquanto não cio, no âmbito administrativo. (Incluído pela Lei nº
integralmente pago parcelamento anterior relati- 13.846, de 2019)
vo ao mesmo tributo ou exação, salvo na hipótese Art. 103-A O direito da Previdência Social de anu-
de reparcelamento; lar os atos administrativos de que decorram efei-
 Tributos devidos por pessoa jurídica com falência tos favoráveis para os seus beneficiários decai em
ou pessoa física com insolvência civil decretadas dez anos, contados da data em que foram pratica-
dos, salvo comprovada má-fé. (Incluído pela Lei
nº 10.839, de 2004)
§ 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o
prazo decadencial contar-se-á da percepção do pri-
meiro pagamento.

Juridicamente, existem prazos para que as O prazo decadencial dos benefícios previdenciá-
pessoas (no direito previdenciário, denominadas rios é de 10 anos. A contagem desse prazo poderá
contribuin- te e fisco) possam exercer seus direitos ser iniciada em dois momentos:
que, se não forem observados, extinguem o direito
de exigir algo ou o direito em si.  Em caso de revisão do ato, o prazo começa a ser
Primeiramente, faz-se necessário diferenciar os contado a partir do primeiro dia do mês
institutos prescrição e decadência. A prescrição seguin- te ao do recebimento da primeira
reflete a perda de uma pretensão, ou seja, aquele que prestação;
possuía um direito não poderá mais reivindicá-lo por  Caso o benefício tenha sido indeferido, cance-
meio do poder judiciário. Já a decadência diz lado ou cessado, ou ainda, em casos em que o
respei- to à extinção do direito em si, que se beneficiado queira a revisão do benefício
extingue pelo decurso do tempo. Trata-se da pelos motivos de indeferimento,
extinção do direito do ente arrecadador de apurar e cancelamento, ces- sação, o prazo começará a
constituir, por lança- mento, o seu crédito contar a partir do dia em que o mesmo tomar
previdenciário, em decorrência de não o ter exercido
conhecimento.
no lapso de tempo que a lei lhe assegurou.
Vejamos alguns exemplos de prazos decadenciais
 Prescrição — prazos:
na legislação previdenciária:

 Cobrança de contribuição — Prazo: 5 anos

Art. 348 (Decreto n° 3.048, de 1999) O direito da


seguridade social de apurar e constituir seus cré-
ditos extingue-se no prazo de cinco anos, contado:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em
que o crédito poderia ter sido constituído; ou
286 II - da data em que se tornar definitiva a decisão
que houver anulado, por vício formal, a constitui-
ção de crédito anteriormente efetuado.
QUEM PRAZO
SRFB (União): Créditos constituídos 5 anos

INSS: Prescreve em cinco anos a contar da 5 anos


data em que deveriam ter sido pagas toda e
qualquer ação para haver prestações venci-
das ou quaisquer restituições ou diferenças
devidas pela Previdência Social (parágrafo
único, do art. 103)
Ações relativas a acidente de trabalho (art. 5 anos
104, Lei n° 8.213, de 1991)
Declarar as contribuições

mente quanto à extinção da punibilidade em


REQUISITOS PARA EXTINÇÃO
relação Confessar
DA PUNIBILIDADE
ao cri- me de as contribuições
apropriação indébita
A legislação penal tipifica condutas que são
consi- deradas crimes contra a previdência social, previdenciária:
impondo sanção, bem como atenuantes e agravantes.
Pagar as contribuições
As condutas mais abordadas são a apropriação
indébita previdenciária (quando, por exemplo, o
patrão não recolhe valor descontado do seu empre- Ocorrer antes do início da ação fiscal
gado) e a sonegação previdenciária (por exemplo,
o contribuinte declara valor menor que
efetivamente recebeu para “pagar menos” I
contribuição). mp
É importante conhecer a literalidade da lei. ort
Acom- panhe a seguir: ant
e!
Tom
APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA — ART.
e
168-A (CÓDIGO PENAL) cuid
ado
Art. 168-A Deixar de repassar à previdência qua
social as contribuições recolhidas dos nto
contribuintes, no prazo e na forma legal ou ao
convencional. enu
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e ncia
multa. do
da
ques
O crime de apropriação tem como conduta típica, tão,
portanto, o ato de deixar de recolher a contribuição pois
devida aos cofres públicos, isso em relação ao há
caput, pois, como veremos a seguir, os incisos do § mais
1º trazem condutas típicas próprias. Vejamos: 2
ente
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de: ndi
men
I - recolher, no prazo legal, contribuição ou outra
tos
importância destinada à previdência social que
acer
tenha sido descontada de pagamento efetuado a ca
segurados, a terceiros ou arrecadada do público; do
II - recolher contribuições devidas à previdência mo
social que tenham integrado despesas contábeis men
ou custos relativos à venda de produtos ou à to.
prestação de serviços; Ape
III - pagar benefício devido a segurado, quando as sar
respectivas cotas ou valores já tiverem sido reem- de o
bolsados à empresa pela previdência social. art.
168-
A,
Após visitadas as condutas típicas do delito, cum- do
pre destacar que aquelas prescindem de dolo espe- CP,
cífico, ou seja, o agente não necessita ter a vontade disp
específica de obter alguma vantagem com a prática or
da conduta. Assim, classifica-se o crime de que
apropriação indébita previdenciária como sendo um som
ente
crime omis- sivo próprio, já que ocorre com a
pod
simples omissão do recolhimento da contribuição. eria
ocor
§ 2° É extinta a punibilidade se o agente, esponta- rer a
neamente, declara, confessa e efetua o paga- exti
mento das contribuições, importâncias ou nção
valores e presta as informações devidas à previdên- da
cia social, na forma definida em lei ou regulamento, puni
antes do início da ação fiscal. bilid
ade
em
Atente-se ao fato de os requisitos serem cumula- caso
tivos. Assim, tenha o seguinte fluxograma em de
declaração, confissão e pagamento antes do início da
ação fiscal, a Lei n° 9.249, em seu art. 34, prevê prazo
diverso, qual seja: após o início da ação fiscal, mas
antes do recebimento da denúncia.
Além do disposto anteriormente, ainda há o enten-
dimento do STF, o qual considera válido o trâmite ocorrido
antes do trânsito em julgado da ação fiscal. Assim,
responda conforme o enunciado: caso venha algo do
tipo “Conforme disposição do Código Penal...”, responda
que somente é válido se realizado antes do início. Caso
venha algo do tipo “Consoante Lei n° 9.249...”, responda
que é válido mesmo ocorren- do após o início da ação
fiscal, entretanto não poden- do ter havido o recebimento
da denúncia. E, por fim, caso venha algo do tipo
“Segundo entendimento do STF...”, responda que será
válido desde que a ação não
tenha sido transitada em julgado.

§ 3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou


aplicar somente a multa, se o agente for primário e de
bons antecedentes, desde que:
I - tenha promovido, após o início da ação fiscal e
antes de oferecida a denúncia, o pagamento da
contribuição social previdenciária, inclusive aces- sórios;
ou
II - o valor das contribuições devidas, inclusive
acessórios, seja igual ou inferior àquele estabele- cido pela
previdência social, administrativamente, como sendo o
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.

O § 3º, do art. 168-A, dispõe sobre a faculdade de o


juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de
multa ao agente que, além de ser primário, possua bons
antecedentes:

 Tenha efetuado o pagamento da contribuição,


inclusive acessórios, após o início da ação fiscal, mas
antes de oferecida a denúncia;
 Tenha o débito apurado abaixo ou igual ao limi- te
mínimo para a propositura de ação fiscal. Este limite
mínimo, atualmente, está apurado no mon-
tante de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

Observe que, ao contrário do § 2º, que dispõe sobre a


extinção da punibilidade, o § 3º impõe requisitos
alternativos, bastando que seja atendido um ou outro.
Vejamos, por fim, os sujeitos ativos (os que podem
praticar) e passivos (os que são atingidos pela prática) do
crime, bem como o bem jurídico tutelado (objeto
protegido):
CONHECIMENTOS

287
 Sujeito ativo: somente pode ser praticado por
SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
pessoa física que possui dever legal de repassar
— ART. 337-A (CÓDIGO PENAL)
as contribuições arrecadas à Previdência. Devido
ao fato de somente poder ser praticado por
determi- nado agente, classifica-se o delito como Art. 337-A Suprimir ou reduzir contribuição social
sendo um crime próprio; previdenciária e qualquer acessório, mediante as
seguintes condutas:
 Sujeito passivo: a pessoa atingida pela prática
da
A conduta típica é suprimir ou reduzir
conduta descrita é o Estado, mais
especificamente contribui- ção social e qualquer acessório mediante
a Previdência Social; as seguintes modalidades:
 Bem jurídico tutelado: é o próprio patrimônio do
I - omitir de folha de pagamento da empresa ou de
Estado (da Previdência Social).
documento de informações previsto pela legislação
previdenciária segurados empregado, empresário,
INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a
INFORMAÇÕES — ART. 313-A (CÓDIGO PENAL) este equiparado que lhe prestem serviços;
II - deixar de lançar mensalmente nos títulos pró-
Art. 313-A Inserir ou facilitar, o funcionário prios da contabilidade da empresa as quantias
autorizado, a inserção de dados falsos, alterar descontadas dos segurados ou as devidas pelo
ou excluir indevidamente dados corretos nos empregador ou pelo tomador de serviços;
sistemas informatizados ou bancos de dados da III - omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros
Administra- ção Pública com o fim de obter auferidos, remunerações pagas ou creditadas e
vantagem indevida para si ou para outrem ou demais fatos geradores de contribuições sociais
para causar dano. previdenciárias:
Pena - reclusão de 2 a 12 anos, e multa. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1º É extinta a punibilidade se o agente, espon-
O crime previsto no art. 313-A possui como con- taneamente, declara e confessa as contribuições,
duta típica o ato de inserir ou facilitar a inserção de importâncias ou valores e presta as informações
devidas à previdência social, na forma definida
dados falsos, bem como o ato de alterar ou excluir
em lei ou regulamento, antes do início da ação
indevidamente dados corretos nos sistemas infor- fiscal.
matizados ou nos bancos de dados da Administra-
ção, obtendo o intuito de se beneficiar ou beneficiar
Assim como o crime de apropriação indébita de
outrem, ou, ainda, de causar dano. contribuição previdenciária, o delito de sonegar con-
O sujeito ativo somente pode ser o funcionário tribuição previdenciária também prevê a possibilida-
autorizado, portanto, novamente, estamos diante de de de extinção da punibilidade do agente. Vejamos
um crime próprio. os requisitos:
Já o sujeito passivo é o próprio Estado e,
eventual-
mente, particular que também tenha sido prejudicado Declarar e confessar as contribuições,
pela conduta descrita. importâncias ou valores, espontaneamente
O bem jurídico tutelado é o sistema informatiza-
do da Administração com todas as informações que
possui.
REQUISITOS PARA Prestar
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
as informações devidas à Previdência Social
MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE
SISTEMA DE INFORMAÇÕES — ART. 313-B (CÓDIGO
288 PENAL)

Art. 313-B Modificar ouOcorrer


alterar, o funcionário,
antes sis- fiscal
do início da ação tema
de informações ou programa de informática sem
autorização ou solicitação de autoridade competente.
Pena - detenção de 3 meses a 2 anos, e multa. Parágrafo
único. As penas são aumentadas de um terço até a
metade se da modificação ou alteração resulta dano para
a Administração Pública ou para o administrado.

A conduta típica do art. 313-B se parece com a do art.


313-A, contudo, atente-se principalmente quan- to à
distinção que será realizada ao tratar do sujeito ativo do
delito. Como conduta típica tem-se o ato de modificar ou
alterar sistema de informações ou pro- grama de
informática, sem respaldo.
O sujeito ativo se diferencia do art. 313-A, pois, nes-
se caso, o agente não é autorizado a realizar modifica- ções
no sistema, é apenas um funcionário qualquer.
O sujeito passivo é o mesmo do art. 313-A, ou seja,
o Estado e, eventualmente, o particular que tenha sido
prejudicado pela conduta descrita.
O
bem
jurí
dico
tutel
ado
são
os
siste
mas
de
infor
- Dica
maç
ões e Você se lembra das disposições quanto
prog ao momento no crime de apropriação
rama indébita de contribuição? Pois, então, as
s de mesmas disposi- ções se aplicam aqui.
infor
máti
Portanto, sempre leve em consideração o
ca da enunciado.
Adm Relembrando:
inistr Código Penal: antes do início da ação fiscal;
ação.
Lei n° 9.249: após o início da ação e
antes do recebimento da denúncia;
Supremo Tribunal Federal: até o trânsito em julgado.

§ 2° É facultado ao juiz deixar de aplicar a


pena ou aplicar somente a de multa se o
agente for primário e de bons antecedentes,
desde que:
I - (VETADO)
III - em documento contábil ou em qualquer outro
II - o valor das contribuições devidas, inclusive
documento relacionado com as obrigações da
acessórios, seja igual ou inferior àquele estabele-
empresa perante a previdência social, declaração
cido pela previdência social, administrativamente, falsa ou diversa da que deveria ter constado.
como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas § 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos
execuções fiscais. documentos mencionados no § 3º, nome do segu-
rado e seus dados pessoais, a remuneração, a
Aqui temos presente a mesma previsão do crime vigência do contrato de trabalho ou de prestação
de apropriação indébita, contudo, somente quanto de serviços.
à disposição do valor mínimo para a propositura de
ação fiscal, o qual já vimos que se perfaz no A sua conduta típica é: falsificar, no todo ou em
montante de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Não se parte, documento público, ou alterar documento
esqueça de que sempre deve se incluir os acessórios. público verdadeiro.
O crime pode ser praticado das seguintes formas:
§ 3° Se o empregador não é pessoa jurídica e sua
folha de pagamento mensal não ultrapassa R$
1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz
poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou
aplicar apenas a de multa.

No § 3º é prevista uma causa de diminuição de


pena; para tanto, tenha em mente os seguintes requi-
sitos cumulativos:

 Ser pessoa física;


 Folha de pagamento mensal não deve ultrapas-
sar R$ 1.510,00 (reajustável conforme parágrafo
a seguir).

§ 4º O valor a que se refere o parágrafo anterior


será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos
índices do reajuste dos benefícios da previdência
social.

Por fim, vejamos os sujeitos ativo e passivo, bem


como o bem jurídico tutelado:

 Sujeito ativo: somente pode ser praticado pelo


responsável pelo lançamento das informações
nos documentos mencionados no art. 337-A;
 Sujeito passivo: O Estado (representado pela
Seguridade Social);
 Bem jurídico tutelado: o delito tutela o
patrimô- nio e o bom funcionamento da
Seguridade Social.

FALSIDADE DE DOCUMENTO PÚBLICO — ART. 297


(CÓDIGO PENAL)

Art. 297 Falsificar, no todo ou em parte, documento


público, ou alterar documento público verdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 1º Se o agente é funcionário público, e comete o
crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena
de sexta parte.
§ 2º Para os efeitos penais, equiparam-se a docu-
mento público o emanado de entidade
paraestatal, o título ao portador ou transmissível
por endosso, as ações de sociedade comercial, os
livros mercan- tis e o testamento particular.
§ 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou
faz inserir:
I - na folha de pagamento ou em documento de
informações que seja destinado a fazer prova
perante a previdência social, pessoa que não pos-
sua a qualidade de segurado obrigatório;
II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do
empregado ou em documento que deva produzir
efeito perante a previdência social, declaração falsa
ou diversa da que deveria ter sido escrita;
Falsificar, total ou parcialmente, documento público
Alterar documento público verdadeiro

Aqui, o agente cria um documento


Aqui,
público
o agente
que modifica
não existia
o documento público que já existia

Trata-se de falsidade material, na qual o agente cria


um documento público falso ou modifica o documento
público verdadeiro, tornando-se falsos em seu aspecto
material, podendo o conteúdo ser verdadeiro ou não.
As condutas equiparadas ao crime de falsificação de
documento público, incorrendo nas mesmas penas o
agente que insere ou faz inserir, estão descritas nos
incisos do § 3º, do art. 297, do CP.
Importante: Cleber Masson (2018) destaca que se
a falsidade lançada na Carteira de Trabalho e Previ-
dência Social relacionar-se com os direitos trabalhis- tas
do empregado, incidirá o crime definido no art. 49, do
Decreto-lei n° 5.452, de 1943. Por seu turno, se a fal- sidade
atingir a Previdência Social, estará caracteriza- do o crime
tipificado no inciso II, §3º, art. 297, do CP.
É de suma importância você saber que não se pode
confundir a falsidade material com a falsidade
ideológica.

Falsidade Material Falsidade Ideológica

O agente
O agente
falsifica
cria
a declaração
um documento
que deveria
falso ouconstar
modifica
noum
documento
documentopúblico
verdadeiro
ou privado,
O documento é materialmente verdadeiro, com o conteúdo falso O
Altera-se
documento
o conteúdo
é materialmente
do documento,
falso Altera-se
mas o aspecto
o aspecto
formal
formal
continua
do documento,
intacto Crime:
podend
fal
o conteúdo ser verdadeiro ou não
Crimes: falsificação de documento público ou particular
Por exemplo, criar uma certidão de nascimento

CONHECIMENTOS
Sobre o crime de falsificação de documento públi- co,
é importante que você leve em consideração as seguintes
informações:

 O crime é comum, que pode ser praticado por


qualquer pessoa;

289
va a quem o pedido do segurado é submetido. Após a
 Na hipótese de o agente ser funcionário público
necessária instrução probatória e os recursos pró- prios, será
e, ainda, se prevaleça do cargo para praticar o
proferida a decisão definitiva.
delito, a pena será aumentada em um sexto;
 O delito é doloso, não exige fim especial;
 Não admite a modalidade culposa;
 Admite a tentativa;
 O objeto material do crime é o documento
público.

É muito importante que você saiba o que é docu-


mento público, para fins de configuração deste
crime, já que existe, também, o crime de falsificação
de docu- mento particular, já que eles são apenados
de formas diferentes, sendo aquele mais grave do
que este.
Para fins de concurso público, pode-se conceituar
documento público como aquele emitido por funcio-
nário público, no exercício de suas funções, a
serviço da União, estados-membros, Distrito Federal
ou muni- cípios (emitido por órgãos ou entidades
públicas).
Porém, o Código Penal equipara alguns outros
documentos, embora emitidos por particulares, a
documento público.

 Falsificação total: criação de todo o material


escrito que representa o documento;
 Falsificação parcial: há uma criação de uma
par- te falsa do documento público verdadeiro, a
qual pode dele ser individualizada;
 Alteração de documento público: inserir ou supri-
mir falsamente informações escritas no próprio
corpo do documento verdadeiro, após a sua
criação.

ALTERAÇÃO FALSIFICAÇÃO PARCIAL


A falsidade diz respeito às Parte do documento, que
informações falsamente dele pode ser individuali-
inseridas ou retiradas do zada, é criada falsamente
papel, o que ocorre pos-
teriormente à criação do
documento

VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL — ART. 325 (CP)

Art. 325 Incorre quem: permite ou facilita, median-


te atribuição, fornecimento e empréstimo de
senha ou qualquer outra forma, ou acesso de
pessoas não autorizadas a sistemas de informações
ou banco de dados da Administração Pública; se
utiliza, indevi- damente, do acesso restrito.
Pena - detenção de 6 meses a 2 anos, ou multa, se
o fato não constituir crime mais grave.

O art. 283 do Decreto n° 3.048, de 1999, prevê que,


quando ocorrerem infrações a quaisquer dispositivos
das Leis n° 8.212, de 1991, ou n° 8.213, de 1991, ou n°
10.666, de 2003, que não tenham penalidade
prevista expressamente, incorrerá em uma multa,
conforme a gravidade do ato.

290

O processo administrativo é composto por um con-


junto de atos emanados pela autarquia administrati-
O ela fase de instrução, com a apresentação dirigido às Câmaras de Julgamento do CRPS
de documentação, exigências, perícia também no prazo de 30 (trinta) dias. Esse prazo é
p médica, perícia social, justificação computado da seguinte forma (§ 1º, art. 305, do
r administrativa etc., chegando à fase Decreto 3.048, de 1999):
o decisória.
c Das decisões administrativas proferidas Art. 305 [...]
e pela autarquia previdenciária (INSS), que § 1º O prazo para interposição de contestações e
s devem ser fun- damentadas, sob pena de recursos ou para oferecimento de contrarrazões
s nulidade, cabem recursos a serem será de trinta dias, contado:
o interpostos perante o Conselho de Recursos
, da Previdência Social (CRPS) (art. 305, do
Decreto n° 3.048, de 1999).
p
o
r FASE INICIAL E
1ª instância INSS
t PROBATÓRIA
a RECURSO Juntas de
n 2ª instância
ORDINÁRIO Recurso
t
o RECURSO Câmaras de
3ª instância
, ESPECIAL Julgamento

é O Conselho de Recursos da Previdência


Social compreende 29 Juntas de Recursos
i (1ª instância) e 4 Câmaras de Julgamento
n (2ª instância), as quais são responsáveis por
i julgar recursos, e o Conselho Pleno
c — responsável pela uniformização de jurisprudência,
i mediante emissão de Enunciados.
a A alteração, introduzida pelos Decretos
d nº 10.410, de 2020, e nº 10.491, de 2020, no
o Regulamento da Pre- vidência Social
(Decreto nº 3.048, de 1999), estabelece que a
c quantidade de Juntas e Câmaras de
o Julgamento será estabelecida no decreto
m que aprovar a estrutura do Ministério da
Economia, o que gerará alteração na atual
o previsão do Conselho de Recursos.
Conforme prevê o art. 126, da Lei nº
p 8.213, de 1991, compete ao Conselho de
e Recursos da Previdên- cia Social julgar,
d entre outras demandas, na forma do
i regulamento:
d
o Art. 126 [...]
I - recursos das decisões do INSS nos processos de
d interesse dos beneficiários;
e II - contestações e recursos relativos à
atribuição, pelo Ministério da
b Economia, do Fator Acidentário de
e Prevenção aos estabelecimentos das
empresas; III - recursos das decisões do
n
INSS relacionados à comprovação de
e
atividade rural de segurado espe- cial
f de que tratam os arts. 38-A e 38-B, ou
í demais informações relacionadas ao
c CNIS de que trata o art. 29-A desta Lei.
i IV - recursos de processos relacionados
o à compen- sação financeira de que trata
, a Lei nº 9.796, de 5 de maio de 1999, e à
supervisão e à fiscalização dos regimes
p próprios de previdência social de que
a trata a Lei nº 9.717, de 27 de novembro
s de 1998.
s
a Os recursos das decisões proferidas pelo
n INSS devem ser interpostos no prazo de 30
d (trinta) dias e dirigidos às Juntas de
o Recursos do CRPS (recurso ordi- nário). Das
decisões proferidas pelas juntas, caberá, em
p determinadas hipóteses, recurso especial,
I - no caso das contestações, da publicação no
Diá- rio Oficial da União das informações sobre a
As contestações do Fator Acidentário de Prevenção
forma de consulta ao FAP; (FAP) apenas podem abranger divergências relativas
II - no caso dos recursos, da ciência da decisão; e aos elementos de composição do cálculo (índices de
III - no caso das contrarrazões, da interposição custo, frequência, gravidade, massa salarial etc.) (§ 6º,
do recurso. art. 305, do Decreto n° 3.048, de 1999).

Art. 305 [...]


Os prazos de contrarrazões são de 30 (trinta) § 6º As contestações e os recursos a que se refere o
dias, sendo certo que as razões de indeferimento e inciso II do caput deverão dispor, exclusivamente,
demais elementos que compõem o processo sobre razões relativas a divergências quanto aos
administrativo previdenciário substituirão as elementos que compõem o cálculo do FAP.
contrarrazões apresen- tadas pelo INSS, hipótese em
que o processo previden- ciário poderá ser remetido
ao CRPS imediatamente após a interposição de
recurso pelo interessado. EXERCÍCIO COMENTADO
O INSS poderá deixar de encaminhar o recurso
nas hipóteses em que reconhecer o direito do 1. (CESPE-CEBRASPE — 2016) Mateus requereu ao
segurado e reformar a sua decisão, inclusive na fase órgão regional do INSS a conversão de auxílio-doen-
de instrução do recurso interposto pelo segurado (§ ça em aposentadoria por invalidez. O INSS indeferiu o
3º, art. 305, do Decreto n° 3.048, de 1999). pedido de Mateus por considerar que a doença que o
acometera era curável, e que, por isso, ele era suscetí-
Art. 305 [...] vel de reabilitação.
3º O INSS, a Secretaria Especial de Previdência e Acerca dessa situação hipotética e dos recursos nos
Trabalho do Ministério da Economia e, quando processos administrativos de competência do INSS,
for o caso, na hipótese prevista no inciso IV do julgue o item que se segue.
caput, os entes federativos poderão reformar suas
Caso seja interposto recurso contra a decisão que
deci- sões e deixar de encaminhar, no caso de
reforma favorável ao interessado, a contestação indeferiu o pedido de Mateus, o órgão regional do INSS
ou o recur- so à instância competente ou de rever que proferiu a decisão não poderá reformá-la, devendo
o ato para o não prosseguimento da contestação encaminhar o recurso à instância competente.
ou do recurso.
( ) CERTO ( ) ERRADO
A competência do Conselho Pleno é de unifor-
O INSS poderá reformar sua decisão, favoravelmen-
mizar a jurisprudência administrativa, por meio de
te ao segurado, e deixar de encaminhar o recurso.
enunciados com efeito vinculante dentro do
Resposta: Errado.
Conselho de Recursos da Previdência Social.

Importante!
A propositura de ação que tenha, por objeto idên- tico, pedido sobre o qual versa o processo admi- nistrativo importa renúncia ao

daquele colegiado, reduzir ou ampliar o seu


alcance ou exe- cutá-las de modo que B
contrarie ou prejudique seu evidente sentido. E
N
E
Os recursos interpostos, tempestivamente, contra F
decisões das Juntas de Recursos e das Câmaras de I
Jul- gamento serão recebidos nos efeitos devolutivo C
e sus- pensivo (art. 308, do Decreto n° 3.048, de I
1999).
Á
Art. 308 Os recursos interpostos tempestivamente R
contra decisões proferidas pelas Juntas de Recursos I
e pelas Câmaras de Julgamento do CRPS têm O
efeito suspensivo e devolutivo.
S
O INSS deverá cumprir todas as diligências S
deter- minadas pelo Conselho de Recursos da ão
Previdência Social, bem como fica submetido a ben
cumprir integral- mente todas as decisões pelo efici
Conselho proferidas (§ 2º, art. 308, do Decreto ária
3.048, de 1999). s do
regi
Art. 308 [...] me
§ 2º É vedado ao INSS escusar-se de cumprir as dili- gera
gências solicitadas pelo CRPS, bem como deixar l de
de dar cumprimento às decisões definitivas prev
idência social as pessoas que mantém vínculo direto com
o mesmo, na condição de segurados, ou vínculo indire-
to, na condição de dependentes.
Os segurados são as pessoas cujo vínculo direto com a
Previdência Social acarreta direitos e deveres. Os direitos
são representados pelos benefícios e ser- viços prestados,
desde que preenchidos os requisitos legais. Os deveres
correspondem à obrigação de reco- lher as contribuições
previdenciárias.
Os segurados são classificados em duas categorias:
obrigatórios e facultativos. Para o segurado obriga-
tório, a vinculação decorre do exercício de atividade
laborativa. Para o facultativo, a vinculação decorre de
manifestação de vontade (ato volitivo).
Os dependentes são aqueles que mantêm vínculo

CONHECIMENTOS
indireto com a Previdência, já que sua relação com o
sistema depende da ocorrência de contingência que atinja
o segurado da previdência social.

Dependentes

Para o direito previdenciário é relevante a depen-


dência jurídica e econômica, sendo dependente eco-
nômico alguém que viva às expensas do segurado. A
legislação previdenciária trata de dependentes presu-
midos e comprovados.

291
Dependentes presumidos são aqueles que não Súmula 336 (STJ) A mulher que renunciou ali-
precisam demonstrar a dependência econômica, ape- mentos na separação tem direito à pensão previ-
nas o liame jurídico entre eles e o segurado. denciária por morte do ex-marido, comprovada a
Dependentes comprovados devem provar a necessidade econômica superveniente.
dependência econômica. Súmula 37 (TNU) A pensão por morte devida ao
filho até 21 anos de idade, não se prorroga pela pen-

Importante!
Os dependentes têm direito aos benefícios de auxílio-reclusão e pensão por morte.

dência de curso universitário.


O art. 16, da Lei n° 8.213, de 1991, estabelece
três classes de dependentes: O enteado e o menor tutelado equiparam-se a
filho mediante declaração do segurado e desde que
Art. 16 São beneficiários do Regime Geral de Pre- comprovada a dependência econômica na forma do
vidência Social, na condição de dependentes do regulamento.
segurado: A Lei n° 13.846, de 2019, alterou a disposição do §
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e 5º, do art. 16, da Lei nº 8.213, de 1991, dispondo:
o filho não emancipado, de qualquer condição,
menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que § 5º As provas de união estável e de dependência
tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiên- econômica exigem início de prova material con-
cia grave; temporânea dos fatos, produzido em período não
II - os pais; superior a 24 (vinte e quatro) meses anterior à data
III - o irmão não emancipado, de qualquer condi- do óbito ou do recolhimento à prisão do segurado,
ção, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou não admitida a prova exclusivamente testemunhal,
que tenha deficiência intelectual ou mental ou defi- exceto na ocorrência de motivo de força maior ou
ciência grave; caso fortuito, conforme disposto no regulamento.

 1ª classe (classe preferencial): o cônjuge, a com- O menor sob guarda foi excluído pela Emenda
panheira, o companheiro e o filho não emanci- Constitucional 103, de 2019, do rol de dependentes
pado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte previdenciários (§ 6º, art. 23, da Emenda Constitucio-
e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência nal 103, de 2019).
intelectual ou mental ou deficiência grave;
 2ª classe: pais;
 3ª classe: o irmão não emancipado, de qualquer Obrigatórios
condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou
Segurados
inváli- do ou que tenha deficiência intelectual ou
mental ou deficiência grave. BENEFICIÁRIOS Facultativos
Dependentes
A ordem de vocação é aplicada apenas uma vez,
na data da ocorrência do evento gerador da prestação
previdenciária. Neste momento verifica-se quais são
ESPÉCIES DE PRESTAÇÕES
os dependentes, aplicando-se a regra legal que deter-
mina que os da classe superior excluem os da classe
inferior. Conforme previsão expressa do art. 18, da Lei n°
Os dependentes da mesma classe concorrem em 8.213, de 1991, o Regime Geral de Previdência
igualdade de condições, de modo que o valor da Social compreende as seguintes prestações:
pensão será dividido igualmente pelo número de
Art. 18 O Regime Geral de Previdência Social
dependentes.
com- preende as seguintes prestações, devidas
A dependência econômica da primeira classe é
inclusive em razão de eventos decorrentes de
presumida e a das demais deve ser comprovada. acidente do tra- balho, expressas em benefícios e
O companheiro(a) é aquele(a) que mantém união serviços:
estável com o segurado, definida esta como a I - quanto ao segurado:
convi- vência pública, contínua e duradoura a) aposentadoria por invalidez;
estabelecida com o objetivo de constituir família b) aposentadoria por idade;
(art. 1.723, do Código Civil). c) aposentadoria por tempo de contribuição;
O cônjuge divorciado ou separado judicialmente d) aposentadoria especial;
ou de fato, que recebia pensão de alimentos, e) auxílio-doença;
receberá a pensão em igualdade de condições com os f) salário-família;
demais dependentes de primeira classe. g) salário-maternidade;
Na hipótese de o segurado estar, na data do seu h) auxílio-acidente;
i) abono de permanência em serviço; (Revogada
óbito, obrigado por determinação judicial a pagar
pela Lei nº 8.870, de 1994)
alimentos temporários a ex-cônjuge ou a ex-compa-
II - quanto ao dependente:
292 nheiro ou ex-companheira, a pensão por morte será a) pensão por morte;
devida pelo prazo remanescente na data do óbito, b) auxílio-reclusão;
caso não incida outra hipótese de cancelamento ante- III - quanto ao segurado e dependente:
rior do benefício. a) pecúlios; (Revogada pela Lei nº 9.032, de 1995)
b) Reforma da Pre- vidência Social, trazida
pela Emenda Constitucional nº 103, de
2019, a nomenclatura de alguns benefícios

c)

i
m
p
o
r
t
a
n
t
e

r
e
f
e
r
i
r

q
u
e
,

a
p
ó
s

a
foi alterada, assim como a aposentadoria por idade compensação
fi
e a aposentadoria por tempo de contribuição foram
n
extintas, passando a existir um único benefício, a
deno- minado aposentadoria programada, com nc
previsão de idade mínima e tempo mínimo de ei
contribuição. ra
se
 Aposentadoria por idade: atual aposentadoria rá
programada (idade mínima e tempo mínimo de de
contribuição); vi
 Aposentadoria por tempo: atual aposentadoria da
programada (idade mínima e tempo mínimo de en
contribuição); tr
e
 Aposentadoria por invalidez: atual aposentado-
as
ria por incapacidade permanente;
re
 Auxílio-doença: atual auxílio por incapacidade ce
temporária. it
as
Importante!
O aposentado pelo Regime Geral de Previdên- cia Social (RGPS) que permanecer em atividade sujeita a este Regime, ou a ele ret

de
BENEFÍCIOS co
nt
ri-
São prestações pecuniárias, ou seja, há pagamen-
bu
to de valores pela Previdência Social, quando preen- iç
chidos os requisitos legais pelo segurado ou pelos ão
dependentes. re
fe
Aposentadorias Programadas re
nt
Art. 201 (CF, de 1988) [...] es
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime ao
geral de previdência social, nos termos da s
lei, obedecidas as seguintes condições — m
nova redação pela EC 103/19 ili
ta
I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,
e 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, re
se
observado tempo mínimo de contribuição;
II- 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cin- as
quenta e cinco) anos de idade, se mulher, para os re
trabalhadores rurais e para os que exerçam suas ce
atividades em regime de economia familiar, it
nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e as
o pesca- dor artesanal. de
§ 8º O requisito de idade a que se refere o inciso co
I do § 7º será reduzido em 5 (cinco) anos, para o n-
professor que comprove tempo de efetivo exercí- tri
cio das funções de magistério na educação infan- bu
til e no ensino fundamental e médio fixado em lei iç
complementar. ão
ao
§ 9º Para fins de aposentadoria, será assegurada
s
a contagem recíproca do tempo de contribuição
de
entre o Regime Geral de Previdência Social e os
m
regimes próprios de previdência social, e destes
ai
entre si, observada a compensação financeira, de
s
acordo com os critérios estabelecidos em lei.
re
§ 9º-A O tempo de serviço militar exercido nas
gi
atividades de que tratam os arts. 42, 142 e 143 e
m
o tempo de contribuição ao Regime Geral de Pre-
es
vidência Social ou a regime próprio de
.
previdência social terão contagem recíproca para
§
fins de inati- vação militar ou aposentadoria, e a
10
Lei complementar poderá disciplinar a cober- tura de
benefícios não programados, inclusive os decorrentes
de acidente do trabalho, a ser atendida
concorrentemente pelo Regime Geral de Previdên- cia
Social e pelo setor privado.
§ 12 Lei instituirá sistema especial de inclusão
previdenciária, com alíquotas diferenciadas, para
atender aos trabalhadores de baixa renda, inclusi- ve
os que se encontram em situação de informali- dade, e
àqueles sem renda própria que se dediquem
exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua
residência, desde que pertencentes a famílias de baixa
renda.
§ 13 A aposentadoria concedida ao segurado de que trata
o § 12 terá valor de 1 (um) salário-mínimo.
§ 14 É vedada a contagem de tempo de contribuição
fictício para efeito de concessão dos benefícios pre-
videnciários e de contagem recíproca.
§ 15 Lei complementar estabelecerá vedações, regras e
condições para a acumulação de benefícios
previdenciários.
§ 16 Os empregados dos consórcios públicos, das
empresas públicas, das sociedades de economia mista e
das suas subsidiárias serão aposentados
compulsoriamente, observado o cumprimento do tempo
mínimo de contribuição, ao atingir a idade máxima de
que trata o inciso II do § 1º do art. 40, na forma
estabelecida em lei.

Nos termos supracitados do inciso I, § 7º, art. 201, da


CF, importante se faz a leitura no que dispõe o art. 19 da
Emenda Constitucional nº. 103, de 2019:

Art. 19 Até que lei disponha sobre o tempo de con-


tribuição a que se refere o inciso I do § 7º do art. 201 da
Constituição Federal, o segurado filiado ao Regime
Geral de Previdência Social após a data de entrada
em vigor desta Emenda Constitucional será aposentado
aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, 65
(sessenta e cinco) anos de ida- de, se homem, com 15
(quinze) anos de tempo de contribuição, se mulher, e
20(vinte) anos de tempo de contribuição, se homem.

Dica
Idade mínima: 65 anos para homens e 62 anos para
mulheres.
Tempo de contribuição mínimo: 15 anos para as
mulheres e 20 para os homens.

A Reforma da Previdência (EC 103, de 2019) pro-


moveu significativas alterações nas regras de acesso às
aposentadorias programadas.
Não apenas unificou as aposentadorias por tem- po de
contribuição e por idade, que antes eram dois benefícios
distintos, como também trouxe mais rigor nos requisitos
que devem ser implementados para obtenção dos
benefícios.
Quando há uma alteração no sistema de acesso aos
benefícios, via de regra, são estabelecidas regras
transitórias que vão atingir os segurados que já esta- vam
CONHECIMENTOS

vinculados ao sistema, porém não preencheram os


requisitos necessários, pelas regras anteriores, ou seja,
não possuem direito adquirido.
No Brasil, adota-se a regra no sentido de que antes de
implementadas todas as condições para a obtenção de um
benefício, o segurado ou dependente só possui
expectativa de direito e não direito adquirido.

293
Não há, portanto, direito adquirido a regime de previdência, apenas direito adquirido a benefício, o que ape-
nas se concretiza com o preenchimento dos requisitos estabelecidos pela lei antes da mudança.
Assim, para quem preencheu os requisitos fixados para obtenção de aposentadoria por tempo de
contribuição (35 anos de contribuição para o homem, 30 anos para a mulher e carência de 180 meses) ou de
aposentadoria por idade (65 anos para homens e 60 para mulheres com carência de 180 meses) até a data de
entrada em vigor da EC 103, de 2019, há direito adquirido ao benefício pelas regras anteriores.

COMO ERA ANTES DA


REFORMA
Aposentadoria por idade: Aposentadoria por Tempo de Contribuição (TC):
 65 anos homens  35 anos homens
 62 anos mulheres  30 anos mulheres
 180 meses carência  180 meses carência

Para os segurados que já estavam no sistema antes da reforma, mas não têm direito adquirido, são aplicadas
as regras de transição.

REGRAS DE APOSENTADORIA
Direito Adquirido: Regras de Transição: Regra Nova:
 Preenche os requisitos até a refor-  Já estava no sistema em 13/11/2019,  Aplicada integralmente para quem
ma do dia 13/11/2019 mas não tinha preenchido os requisitos ingressou no sistema a partir de
13/11/2019

Para as aposentadorias por tempo de contribição e por idade, de acordo com a EC 103, de 2019, temos as
seguintes regras transitórias:

Resumo das Regras Transitórias na Aposentadoria por Tempo de Contribuição

 Regra 1: Pontos

Art. 15 Ao segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social até a data de entrada em vigor desta Emenda
Constitucional, fica assegurado o direito à aposentadoria quando forem preenchidos, cumulativamente, os seguintes
requisitos:
I - 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher, e 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se homem; e
II - somatório da idade e do tempo de contribuição, incluídas as frações, equivalente a 86 (oitenta e seis) pontos,
se mulher, e 96 (noventa e seis) pontos, se homem, observado o disposto nos §§ 1º e 2º.
§ 1º A partir de 1º de janeiro de 2020, a pontuação a que se refere o inciso II do caput será acrescida a cada ano
de 1 (um) ponto, até atingir o limite de 100 (cem) pontos, se mulher, e de 105 (cento e cinco) pontos, se homem.
§ 2º A idade e o tempo de contribuição serão apurados em dias para o cálculo do somatório de pontos a que se
refe- rem o inciso II do caput e o § 1º.
§ 3º Para o professor que comprovar exclusivamente 25 (vinte e cinco) anos de contribuição, se mulher, e 30 (trinta)
anos de contribuição, se homem, em efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino
fundamental e médio, o somatório da idade e do tempo de contribuição, incluídas as frações, será equivalente a
81 (oitenta e um) pontos, se mulher, e 91 (noventa e um) pontos, se homem, aos quais serão acrescidos, a partir de 1º
de janeiro de 2020, 1 (um) ponto a cada ano para o homem e para a mulher, até atingir o limite de 92 (noventa e
dois) pontos, se mulher, e 100 (cem) pontos, se homem.
§ 4º O valor da aposentadoria concedida nos termos do disposto neste artigo será apurado na forma da lei.

PONTOS

30 TC (Mulher)/ 35 (Homem);
86 pontos (M)/ 96 pontos (H) — Idade + TC;
Janeiro de 2020 sobe 1 ponto por ano até chegar 100 (M)/105 (H);
Professor (30TC (H)/25TC (M)/81 pontos (M)/ 91 pontos (H)/ aumenta até 92 (M)/ 100(H).

 Regra 2: Tempo + Idade mínima

Art. 16 Ao segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social até a data de entrada em vigor desta Emenda Cons-
titucional fica assegurado o direito à aposentadoria quando preencher, cumulativamente, os seguintes requisitos:
I - 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher, e 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se
homem; e II - idade de 56 (cinquenta e seis) anos, se mulher, e 61 (sessenta e um) anos, se homem.
§ 1º A partir de 1º de janeiro de 2020, a idade a que se refere o inciso II do caput será acrescida de 6 (seis) meses
a cada ano, até atingir 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se
homem.
§ 2º Para o professor que comprovar exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
edu- cação infantil e no ensino fundamental e médio, o tempo de contribuição e a idade de que tratam os incisos I
e II do caput deste artigo serão reduzidos em 5 (cinco) anos, sendo, a partir de 1º de janeiro de 2020, acrescidos
6 (seis)
294
meses, a cada ano, às idades previstas no inciso II R
§ 1º Para o professor que comprovar exclusivamen-
do caput, até atingirem 57 (cinquenta e sete) anos, eg
te tempo de efetivo exercício das funções de
se mulher, e 60 (sessenta) anos, se homem. i
magis- tério na educação infantil e no ensino
§ 3º O valor da aposentadoria concedida nos ter- m
fundamental e médio serão reduzidos, para
mos do disposto neste artigo será apurado na for- e
ambos os sexos, os requisitos de idade e de tempo
ma da lei. G
de contribuição em 5 (cinco) anos.
er
§ 2º O valor das aposentadorias concedidas nos ter-
al
TEMPO MÍNIMO + IDADE MÍNIMA mos do disposto neste artigo corresponderá:
de
I - em relação ao servidor público que tenha ingres-
 30TC (M)/ 35TC (H); Pr
sado no serviço público em cargo efetivo até 31 de
 56 anos de idade (M)/ 61 (H); ev
dezembro de 2003 e que não tenha feito a opção
id
 Idade sobre 6 meses a partir de jan/20 - até 62 (M)/ de que trata o § 16 do art. 40 da Constituição
ên
65(H); Federal, à totalidade da remuneração no cargo
ci
 Professor (tempo e idade reduzidos em 5 anos. efetivo em que se der a aposentadoria, observado
a
o disposto no § 8º do art. 4º; e
So
II - em relação aos demais servidores públicos e aos
ci
 Regra 3: Pedágio 50% para segurado que este- segurados do Regime Geral de Previdência Social,
al
ja há 2 anos ou menos da aposentadoria pela ao valor apurado na forma da lei.
at
regra anterior § 3º O valor das aposentadorias concedidas nos ter-
é
mos do disposto neste artigo não será inferior ao
a
Art. 17 Ao segurado filiado ao Regime Geral de valor a que se refere o § 2º do art. 201 da
da
Previdência Social até a data de entrada em vigor Constitui- ção Federal e será reajustado:
ta
desta Emenda Constitucional e que na referida I - de acordo com o disposto no art. 7º da Emenda
de
data contar com mais de 28 (vinte e oito) anos de Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003, se
en
contribuição, se mulher, e 33 (trinta e três) anos cumpridos os requisitos previstos no inciso I do § 2º;
tr
de contribuição, se homem, fica assegurado o direito II - nos termos estabelecidos para o Regime Geral
ad
à aposentadoria quando preencher, de Previdência Social, na hipótese prevista no inci-
a
cumulativamen- te, os seguintes requisitos: so II do § 2º.
I - 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher, e § 4º Aplicam-se às aposentadorias dos servidores
35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios as
homem; e II - cumprimento de período adicional normas constitucionais e infraconstitucionais ante-
correspon- dente a 50% (cinquenta por cento) do riores à data de entrada em vigor desta Emenda
tempo que, na data de entrada em vigor desta Constitucional, enquanto não promovidas altera-
Emenda Cons- titucional, faltaria para atingir 30 ções na legislação interna relacionada ao
(trinta) anos de contribuição, se mulher, e 35 respecti- vo regime próprio de previdência social.
(trinta e cinco) anos de contribuição, se homem.
Parágrafo único. O benefício concedido nos termos PEDÁGIO 100%
deste artigo terá seu valor apurado de acordo com
a média aritmética simples dos salários de contri-  57 anos de idade (M)/ 60 (H);
buição e das remunerações calculada na forma da  30 TC (M)/ 35 TC(H);
lei, multiplicada pelo fator previdenciário, calcula-  Pedágio 100% do tempo que faltava para atingir 30
do na forma do disposto nos §§ 7º a 9º do art. 29 da TC (M)/35 TC(H) na data da reforma;
Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991.
 Requisitos reduzidos em 5 anos para professores.

PEDÁGIO 50%
Para os professores, como se viu, “o requisito de
 28 TC (M)/33 TC(H) na data da reforma; idade a que se refere o inciso I do § 7º será reduzido
 Pedágio de 50% que faltava para atingir 30 TC (M)/ em 5 (cinco) anos, para o professor que comprove tempo
35 TC(H) na data da reforma; de efetivo exercício das funções de magistério na
 Benefício com aplicação do fator previdenciário. educação infantil e no ensino fundamental e médio
fixado em lei complementar” (§ 8º, art. 201, da CF, de
1988).
 Regra 4: Pedágio 100% São exigidos, portanto, 25 (vinte e cinco) anos de
efetivo exercício do magistério na educação infantil,
Art. 20 O segurado ou o servidor público federal ensino médio ou fundamental e idade mínima de 57
que se tenha filiado ao Regime Geral de Previdência (cinquenta e sete) anos de idade, se mulher, e 60
Social ou ingressado no serviço público em cargo (ses- senta) anos de idade, se homem.
efetivo até a data de entrada em vigor desta
Anteriormente à reforma, o professor se aposen-
Emen- da Constitucional poderá aposentar-se
tava comprovando 25 (vinte e cinco) anos de magis-
volunta- riamente quando preencher,
cumulativamente, os seguintes requisitos: tério, se mulher e 30 (trinta) anos, se homem, na
I - 57 (cinquenta e sete) anos de idade, se mulher, e educação infantil, ensino médio e fundamental, sem
60 (sessenta) anos de idade, se homem; necessidade de cumprimento de requisito etário (ida-
II - 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher, e de mínima).
35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se homem;
III - para os servidores públicos, 20 (vinte) anos de Resumo das Regras Transitórias na
efetivo exercício no serviço público e 5 (cinco) anos Aposentadoria por Idade
no cargo efetivo em que se der a aposentadoria;
IV - período adicional de contribuição
corresponden- te ao tempo que, na data de
 Regra 5: Idade progressiva
entrada em vigor desta Emenda Constitucional,
faltaria para atingir o tem- po mínimo de Art. 18 O segurado de que trata o inciso I do § 7º
contribuição referido no inciso II. do art. 201 da Constituição Federal filiado ao
295
CONHECIMENTOS
em vigor desta Emenda Constitucional poderá apo- Há, todavia, a regra de transição, por pontos:
sentar-se quando preencher, cumulativamente, os
seguintes requisitos: Art. 21 O segurado ou o servidor público federal
I - 60 (sessenta) anos de idade, se mulher, e 65 (ses- que se tenha filiado ao Regime Geral de Previdên-
senta e cinco) anos de idade, se homem; e cia Social ou ingressado no serviço público em
II - 15 (quinze) anos de contribuição, para cargo efetivo até a data de entrada em vigor desta
ambos os sexos. Emenda Constitucional cujas atividades tenham
§ 1º A partir de 1º de janeiro de 2020, a idade de 60 sido exercidas com efetiva exposição a agentes
(sessenta) anos da mulher, prevista no inciso I do quí- micos, físicos e biológicos prejudiciais à
caput, será acrescida em 6 (seis) meses a cada ano, saúde, ou associação desses agentes, vedada a
até atingir 62 (sessenta e dois) anos de idade. caracteriza- ção por categoria profissional ou
§ 2º O valor da aposentadoria de que trata este arti- ocupação, desde que cumpridos, no caso do
go será apurado na forma da lei. servidor, o tempo míni- mo de 20 (vinte) anos de
efetivo exercício no serviço público e de 5 (cinco)
IDADE PROGRESSIVA anos no cargo efetivo em que for concedida a
aposentadoria, na forma dos arts. 57 e 58 da Lei
 60 anos (M)/ 65 anos (H); nº 8.213, de 24 de julho de 1991, pode- rão
 15 TC; aposentar-se quando o total da soma resultante da
 Idade da mulher aumenta 6 meses a partir de sua idade e do tempo de contribuição e o tempo de
01.01.20 até chegar a 62. efetiva exposição forem, respectivamente, de:
I - 66 (sessenta e seis) pontos e 15 (quinze) anos de
Na aposentadoria especial, há, também, substan- efetiva exposição;
II - 76 (setenta e seis) pontos e 20 (vinte) anos de
cial alteração.
efetiva exposição; e
O benefício, anteriormente à Reforma, não exigia
III - 86 (oitenta e seis) pontos e 25 (vinte e cinco)
idade mínima, e era devido após a comprovação da
anos de efetiva exposição.
exposição a agentes que prejudicavam a saúde ou a § 1º A idade e o tempo de contribuição serão apura-
integridade física, por 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 dos em dias para o cálculo do somatório de pontos
(vinte e cinco) anos, dependendo da gravidade do a que se refere o caput.
agente, conforme disposto no regulamento. § 2º O valor da aposentadoria de que trata este arti-
Após a reforma, além da exposição pelo tempo go será apurado na forma da lei.
fixado no regulamento, de acordo com a gravidade § 3º Aplicam-se às aposentadorias dos servidores
do agente, ainda será preciso cumprir a idade dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
mínima de: cujas atividades sejam exercidas com efetiva
expo- sição a agentes químicos, físicos e biológicos
Art. 19 (EC nº. 103, de pre- judiciais à saúde, ou associação desses
2019) [...] agentes, vedada a caracterização por categoria
§ 1º Até que lei complementar disponha sobre a profissio- nal ou ocupação, na forma do § 4º-C do
redução de idade mínima ou tempo de contribuição art. 40 da Constituição Federal, as normas
prevista nos §§ 1º e 8º do art. 201 da Constituição constitucionais e infraconstitucionais anteriores à
Federal, será concedida aposentadoria: data de entrada em vigor desta Emenda
I - aos segurados que comprovem o exercício de Constitucional, enquanto não promovidas
ati- vidades com efetiva exposição a agentes alterações na legislação interna relacionada ao
químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, respectivo regime próprio de previ- dência social.
ou asso- ciação desses agentes, vedada a
caracterização por categoria profissional ou O artigo em questão estabelece que todo aquele
ocupação, durante, no mínimo, 15 (quinze), 20 segurado, já filiado à previdência social até a entra-
(vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, nos termos do da em vigor do art. 21 da Emenda Constitucional nº.
disposto nos arts. 57 e 58 da Lei nº 8.213, de 24 de 103, de 2019 (EC nº. 103/2019), isto é, antes do dia
julho de 1991, quando cumpridos: 13 de novembro de 2019, que efetivamente exerceu
a) 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, quan-
ati- vidade especial, está isento do cumprimento da
do se tratar de atividade especial de 15 (quin-
regra estampada no art. 19, também da EC nº.
ze) anos de contribuição;
103/2019, que fixa a idade + tempo de exposição a
b) 58 (cinquenta e oito) anos de idade, quan-
agentes nocivos.
do se tratar de atividade especial de 20 (vinte)
anos de contribuição; ou Para melhor compreensão da regra de pontos da
c) 60 (sessenta) anos de idade, quando se tra- aposentadoria especial (art. 21 EC nº 103/2019), faz-se
tar de atividade especial de 25 (vinte e cinco) necessário complementar as disposições dos arts. 17
anos de contribuição; a 19 da Portaria nº. 450, de 2020, do INSS:

Art. 17 Fará jus à aposentadoria especial o segura-


PROGRAMADA ESPECIAL
do filiado ao RGPS até 13 de novembro de 2019 que,
 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, quando se na soma resultante da idade e do tempo de contri-
tratar de atividade especial de 15 (quinze) anos de buição, cotejada com o tempo de efetiva exposição
a agente nocivo durante, no mínimo, 15 (quinze), 20
contribuição;
(vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, nos termos dos
 58 (cinquenta e oito) anos de idade, quando se arts. 57 e 58 da Lei nº 8.213, de 1991, atingirem,
tratar de atividade especial de 20 (vinte) anos de respectivamente:
296
contribuição; I - 66 (sessenta e seis) pontos e 15 (quinze) anos de
 60 (sessenta) anos de idade, quando se tratar de efetiva exposição;
atividade especial de 25 (vinte e cinco) anos de II - 76 (setenta e seis) pontos e 20 (vinte) anos de
efetiva exposição; ou III - 86 (oitenta e seis) pontos
contribuição.
e
25
(vi
nt
e
cin
co
)
an
os
de
efe
tiv
a
ex
po
siç
ão
.
Art. 18 Para obtenção da pontuação será consi- e 55 de idade para mulheres, conforme estabelece
derado todo o tempo de contribuição, inclusive
 E
o inciso II, do § 7º, do art. 201, da Constituição
m
aquele não exercido em efetiva exposição a Federal. p
agentes nocivos. Beneficiam-se da redução de 5 (cinco) anos: r
Art. 19 A conversão do tempo especial em comum
e
é
g
permitida apenas para períodos trabalhados até 13
a
de novembro de 2019, vedada a conversão de perío-
d
dos laborados após esta data, conforme § 3º do art.
o
10 e § 2º do art. 25, ambos da EC nº 103, de 2019.
r
u
Importa destacar, que, conforme se nota pela r
reda- ção dos aludidos dispositivos, diferentemente a
do art. 19 da EC nº. 103, de 2019, o art. 21 não l;
estabelece dis- tinção entre homens e mulheres,  T
impondo observa- ção tão somente à pontuação, r
tempo de contribuição e período de exposição ao a
agente nocivo. Além disso, considera todo o b
período de contribuição, inclusive o não especial, a
permitindo, ainda, a conversão dos períodos l
especiais trabalhados em comum, assunto este que h
será abordado posteriormente. a
Em resumo: d
o
ESPECIAL — REGRA TRANSITÓRIA — PONTOS r
e
66 pontos + 15 anos de v
exposição 76 pontos + 20 anos de e
exposição 86 pontos + 25 anos de n
exposição t
u
Vejamos a redação do § 3º, do art. 55, da Lei n° a
8.213, de 1991, alterada pela Lei n° 13.846, de 2019: l
e
Art. 55 […]
m
§ 3º A comprovação do tempo de serviço para fins
do disposto nesta Lei, inclusive mediante justifica- s
tiva administrativa ou judicial, observado o dis- e
posto no art. 108, só produzirá efeito quando for r
baseada em início de prova material contemporâ- v
nea dos fatos, não admitida a prova exclusivamen- i
te testemunhal, exceto na ocorrência de motivo de ç
força maior ou caso fortuito, na forma prevista no o
Regulamento. d
e
Importante!
Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF - RE 631.240), há necessidade de prévio requerimento administrati

n
Algumas regras anteriores à Reforma da a
Previdên- cia Social, relativas às aposentadorias t
programadas, continuam em plena vigência, mesmo u
para aque- las situações em que os requisitos são r
preenchidos posteriormente. e
É o caso, por exemplo, da aposentadoria por z
idade do trabalhador rural, que tem direito à a
redução de 5 r
(cinco) anos na idade fixada na Constituição e não foi u
impactado pela reforma: 60 anos de idade para homens r
al;
 Trabalhador avulso rural;
 Segurado especial;
 Garimpeiro que trabalhe em regime de economia
familiar.

Os trabalhadores rurais devem comprovar o efe- tivo


exercício de atividade rural, ainda que de forma
descontínua, no período imediatamente anterior ao
requerimento do benefício, por tempo igual ao núme- ro
de meses de contribuição correspondente à carên- cia do
benefício.
Se não contar com o tempo mínimo de carência, o
trabalhador rural pode aposentar-se com a idade prevista
para o trabalhador urbano: 65 anos para os homens e
62 para as mulheres, somando o tempo rural com o tempo
de contribuição em outras catego- rias (aposentadoria
híbrida). A carência, neste caso, fica mantida em 180
meses.
Importante citar o Tema 1007 do STJ sobre a apo-
sentadoria por idade híbrida, com a utilização de tem- po
rural remoto:

O tempo de serviço rural, ainda que remoto e des-


contínuo, anterior ao advento da Lei 8.213/1991, pode ser
computado para fins da carência necessá- ria à obtenção
da aposentadoria híbrida por idade, ainda que não tenha
sido efetivado o recolhimento das contribuições, nos
termos do art. 48, § 3º. da Lei 8.213/1991, seja qual for a
predominância do labor misto exercido no período de
carência ou o tipo de trabalho exercido no momento do
implemento do requisito etário ou do requerimento
administrativo.

O Tema 1007 do STJ também repercutiu no âmbi- to


do Supremo Tribunal Federal (Tema 1104 do STF), que
foi demandado por meio do Recurso Extraordi- nário nº
1.287.510, com pedido de reconhecimento de repercussão
geral, em que se discutia, à luz dos art. 2º, art. 97, § 5º do
art. 195 e art. 201, todos da Cons- tituição Federal, a
possibilidade de reconhecimento, para fins de carência,
de período rural remoto e des- contínuo, exercido antes da
Lei de Benefícios (Lei nº 8.213, de 1991), sem
necessidade de reconhecimento de contribuição
previdenciária, ainda que não exista a comprovação de
atividade rural no período imedia- tamente anterior ao
requerimento administrativo.
Contudo, o STF reconheceu a inexistência de reper-
cussão geral da questão, uma vez que, no entender da
maioria, o assunto não possui matéria constitucional, mas,
tão somente infraconstitucional.
Ainda, conforme entendimento jurisprudencial, “o
segurado especial tem que estar laborando no campo,
quando completar a idade mínima para se aposentar por
idade rural, momento em que poderá requerer o seu
benefício. Ressalvada a hipótese do direito adquirido, em
que o segurado especial, embora não tenha reque- rido sua
aposentadoria por idade rural, preenchera de forma
concomitante, no passado, ambos os requisitos carência e
idade” (STJ — Resp nº 1354908/SP).
CONHECIMENTOS

Outra aposentadoria não impactada pela Reforma da


Previdência foi a aposentadoria do deficiente, prevista
na Lei Complementar nº 142, de 2013.
Deficiente é pessoa com impedimento de longo prazo
de natureza física, mental, intelectual ou sen- sorial, os
quais, em interação com diversas barreiras, podem
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em
igualdade de condições com as demais pessoas.

297
I - 100% (cem por cento), no caso da aposentadoria de que
O deficiente, na forma da lei, terá o tempo de tratam os incisos I, II e III do art. 3º; ou
con- tribuição exigido para a aposentadoria
reduzido, de acordo com o grau de deficiência.
Critérios diferenciados:

Homem: 25 TC
DEFICIÊNCIA GRAVE
Mulher: 20 TC
Homem: 29 TC
DEFICIÊNCIA
MODERADA Mulher: 24 TC

Homem: 33 TC
DEFICIÊNCIA LEVE
Mulher: 28 TC

Poderá, ainda, independentemente do grau de


deficiência, aposentar-se por idade, com idade
reduzi- da para 60 anos, se homem e 55 anos, se
mulher, com carência de 180 contribuições.
A própria Emenda nº 103, de 2019, em seu art. 22,
preservou as regras anteriores, até que a lei discipli-
ne de modo diverso, sendo clara no sentido de que a
mesma “será concedida na forma da Lei
Complementar nº 142, de 8 de maio de 2013, inclusive
quanto aos crité- rios de cálculo dos benefícios”.
Para identificação da deficiência, deve ser
realiza- da perícia biopsicossocial, que avaliará o grau
de defi- ciência, a data de início e possíveis
alterações no grau. Nas situações em que a
deficiência se verificar após a filiação ou quando
houver modificação de seu grau, os parâmetros serão
ajustados proporcional- mente e os períodos serão
somados, após conversão,
conforme tabela prevista no Regulamento.
O grau preponderante é aquele em que o segura-
do cumpriu a maior parte do tempo de contribuição,
antes da conversão.
Nas situações em que o segurado não cumprir
todo o tempo necessário na condição de deficiente, é
admi- tida a conversão, para fins de aposentadoria
por tem- po de contribuição comum.
A redução do tempo de contribuição da pessoa
com deficiência não poderá ser acumulada, no mes-
mo período contributivo, com a redução aplicada aos
períodos de contribuição relativos às atividades exer-
cidas sob condições especiais que prejudiquem a
saú- de ou a integridade física.
A renda mensal inicial deste benefício não foi
alte- rada pela reforma, de modo que prevalece a
regra anterior, ou seja, 100% (cem por cento) do
salário de benefício, nos casos de aposentadoria por
tempo de contribuição e 70% (setenta por cento),
acrescidos de 1% (um por cento) por cada grupo de 12
(doze) contri- buições, limitado o acréscimo a 30%
(trinta por cento),
com aplicação facultativa do fator previdenciário.
A Lei Complementar nº. 142, de 2013, disciplina o
cálculo da renda mensal inicial da aposentadoria do
deficiente. Neste sentido:

Art. 8º A renda mensal da aposentadoria devida


ao
298
segurado com deficiência será calculada aplicando-
-se sobre o salário de benefício, apurado em confor-
midade com o disposto no art. 29 da Lei nº 8.213, de
24 de julho de 1991, os seguintes percentuais:
II entadoria por idade. para caracterização da atividade especial são
- previstos nos arts. 57 e 58, da Lei 8.213, de 1991, e
70 Para melhor compreensão do aludido artigo, faz- arts. 64 a 70 e Anexo IV (agen- tes nocivos), do
% -se necessário trazer as disposições do art. Decreto 3.048, de 1999.
(se 29, da Lei nº. 8.213, de 1991: A aposentadoria especial, uma vez cumprida a
te
nt
carência exigida, será devida ao segurado empre-
Art. 29 O salário-de-benefício consiste: gado, trabalhador avulso e contribuinte individual,
a
I - para os benefícios de que tratam as este somente quando cooperado filiado à cooperativa
po alíneas b e c do inciso I do art. 18, na
r de trabalho ou de produção, que tenha trabalhado
média aritmética simples dos
ce
nt maiores salários-de-contribuição
o) correspondentes a oitenta por
m cento de todo o período
ais contributivo, multiplicada pelo fator
1% previdenciário;
(u II - para os benefícios de que tratam as
alíneas a, d, e e h do inciso I do art. 18,
m
po na média aritmética simples dos
r maiores salários-de-contribuição
ce correspondentes a oitenta por cento
nt de todo o período contributivo.
o)
do Conforme visto, o art. 8º da LC nº. 142,
sal de 2013, dispõe de dois meios de calcular a
ár aposentadoria do deficiente. Em todo caso,
io o procedimento de ambas as formas
de consiste na apuração da média simples de
be 80% dos maiores salários de contribuição,
ne a fim de encon- trar o salário de benefício.
fíc Feito isto. Há duas possibilidades:
io Aposentadoria por Tempo de
po
Contribuição, que se destina aos segurados
r
que comprovem deficiência em graus
gr
up graves, moderados e leves. Nesta hipótese,
o a renda mensal inicial do benefício
de corresponderá a 100% do valor da média
12 dos 80 % maiores salários de contribuição.
(d
oz Ex. A média de 80% dos maiores
e) salários de con- tribuição de Maria
co resultou em R$ 2.500,00. Neste caso, o
n- valor da sua aposentadoria
tri corresponde aos exatos R$ 2.500,00, ou
bu seja, 100% da média de 80% dos
içõ maiores salários de contribuição.
es
me Aposentadoria por Idade + Tempo de
ns Contribui- ção, que independe da
ais
comprovação do grau de defi- ciência. Nesta
at
hipótese, após encontrados os 80% dos
éo
m
maiores salários de contribuição, soma-se
áx 70% + 1% por cada ano de contribuição.
im Ressalta-se que para ter direito a este
o benefício é necessário que o segurado possua
de a idade e no mínimo 15 anos de
30 contribuição.
%
(tr Ex. A média de 80% dos maiores
int salários de con- tribuição de Maria
a resultou em R$ 3.500,00 e ela possui 20
po anos de tempo de contribuição. Nes-
r te caso, soma-se 70% + 20%, o que
ce totaliza 90%. Assim, Maria terá direito
nt à percepção de 90% dos R$ 3.500,00,
o), ou seja, R$ 3.150,00.
no
ca Aposentadoria Especial
so
de
Para fins da aposentadoria especial, a
ap
par de todas as modificações, os critérios
os
durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos, di
Quando o segurado exerce uma atividade sti
conforme o caso, sujeito a condições especiais que
especial, porém não atinge o tempo de contribuição nt
prejudiquem a saúde ou a integridade física.
suficiente à aposentadoria nesta modalidade, é o
A nova regra trazida pela Reforma da
possível conver- ter esse tempo especial em comum. e,
Previdência mantém o tempo de exposição, mas
Não é admitida, todavia, a conversão de tempo in
traz a exigência de idade mínima, que não existia
comum em especial. ex
anteriormente.
Esta regra, que admite a possibilidade de conver- ist
são de tempo especial em comum, foi limitada pela in
IDADE TEMPO DE EXPOSIÇÃO Emenda Constitucional nº 103, de 2019, de modo do
que só é possível converter tempo trabalhado até in
55 15 co
13/11/2019.
O tempo especial posterior à reforma não pode m
58 20 pa
ser convertido em comum.
O segurado que recebe aposentadoria especial tib
60 25 ili
não pode continuar ou retornar ao exercício de
da
atividades ou operações que o sujeitassem aos
de
agentes nocivos químicos, físicos, biológicos. Esta
ab
Há, como vimos, a regra de transição dos pontos, vedação foi validada pelo Supremo Tribunal Federal so
que se aplica aos segurados que já estavam no (Tema 709). lu
sistema quando da Reforma da Previdência. Agentes nocivos podem ser definidos como os -
Para fazer jus à aposentadoria especial, os segu- que podem trazer ou ocasionar danos à saúde ou à ta
rados devem comprovar o exercício de atividades integri- dade física do trabalhador nos ambientes de en
com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e trabalho, em função de sua concentração, tr
biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses intensidade ou expo- sição aos agentes. e
agentes, vedada a caracterização por categoria Agentes físicos são as diversas formas de energia es
profis- sional ou ocupação, durante, no mínimo, 15 a que possam estar expostos os trabalhadores, tais se
(quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, como: ruído, vibração, frio, calor, pressões di
conforme dispõe o regulamento. anormais, radiações ionizantes, umidade etc. sp
O tempo de trabalho em atividade especial Agentes químicos são as substâncias, os compos- os
deve ser permanente, não ocasional nem tos ou produtos que possam penetrar no organismo iti
intermitente, exercido em condições que pela via respiratória ou que, pela natureza da ativi- vo
prejudiquem a saúde ou a integridade física. dade da exposição, possam ter contato ou ser e
aq
Não existe diferença de tempo entre homens e absorvi- das pelo organismo por meio da pele ou por
ue
mulheres. ingestão. São exemplos: névoas, neblinas, poeiras,
les
Trata-se de exceção à regra do art. 201, que pre- fumos, gases, vapores de substâncias nocivas etc. an
leciona não ser possível diferenciar critérios e requi- Agentes biológicos são microrganismos como baci- te
sitos para concessão de aposentadoria, a não ser nos los, bactérias, fungos, parasitas etc. ri
casos de atividades sob condições especiais. Acerca da temática, faz-se importante citar o Tema or
Até a edição da Lei 9.032, de 1995, o 709 do STF, que, em sede de repercussão geral, dis- m
enquadramen- to se dava em função da categoria pôs acerca da continuidade do exercício de atividade en
profissional. Ex.: engenheiro. especial após a aposentadoria especial. Veja: te
Após a Lei 9.032, de 1995, há necessidade de com-
provação da efetiva exposição do trabalhador aos EMENTA DIREITO PREVIDENCIÁRIO E CONSTITU-
agentes prejudiciais à saúde, de forma efetiva, habi- CIONAL. CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 57, §
tual e permanente. 8º, DA LEI Nº 8.213/91. PERCEPÇÃO DO BENEFÍCIO
Atualmente, comprovação é feita pelo PPP (Per- DE APOSENTADORIA ESPECIAL INDEPENDENTE-
fil Profissiográfico Previdenciário), preenchido pela MENTE DO AFASTAMENTO DO BENEFICIÁRIO
empresa, pela cooperativa ou pelo órgão gestor de DAS ATIVIDADES LABORAIS NOCIVAS A SUA
mão de obra ou sindicato (trabalhador avulso), para SAÚ- DE. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO
todos os agentes agressivos. Anteriormente, só se EXTRAORDINÁ- RIO PARCIALMENTE PROVIDO.
1. O art. 57,§ 8º, da Lei nº 8.213/91 é constitucio-
exi- gia laudo para ruído e calor.
nal, inexistindo qualquer tipo de confiito entre ele
Esse documento é elaborado com base em Laudo
e os arts. 5º, inciso XIII; 7º, inciso XXXIII; e 201,§
Técnico de Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT) 1º, da Lei Fundamental. A norma se presta, de
e subscrito por médico ou engenheiro de segurança e forma razoável e proporcional, para homenagear
saúde no trabalho, devendo constar dele, ainda, o prin- cípio da dignidade da pessoa humana,
ques- tões como o uso de equipamentos de proteção bem como os direitos à saúde, à vida, ao ambiente
indivi- dual e coletiva, de acordo com a legislação de traba- lho equilibrado e à redução dos riscos
trabalhista. Deve ser observado o princípio tempus inerentes ao trabalho.
regit actum, 2. É vedada a simultaneidade entre a percepção
ou seja, verificar qual a legislação estava em vigor da aposentadoria especial e o exercício de
no atividade especial, seja essa última aquela que
tempo do exercício da atividade. deu causa à aposentação precoce ou não. A
concomitância entre a aposentadoria e o labor
especial acarreta a sus- pensão do pagamento do
Importante! benefício previdenciário.
Para ter direito à aposentadoria especial, é necessário que o segurado
3. O trabalhe durante
tema da data todo da
de início o tempo em atividade
aposentadoria espe- especial, não
cial é regulado pelo art. 57, § 2º, da Lei nº 8.213/91,
que, por sua vez, remete ao art. 49 do mesmo diplo-
ma normativo. O art. 57,§ 8º, da Lei de Planos e
Benefícios da Previdência Social cuida de assunto
299
CONHECIMENTOS
citados, os quais também não são inconstitucio- Exemplo: Joaquim trabalhou 15 anos em ativida-
nais, não há que se falar em fixação da DIB na de especial, que lhe garantia a aposentadoria após 25
data de afastamento da atividade, sob pena de anos. Depois disso, passou a exercer atividade comum.
violência à vontade e à prerrogativa do legislador, Para converter o tempo especial em tempo comum,
bem como de afronta à separação de Poderes. multiplicamos o tempo trabalhado, 15 anos, por
4. Foi fixada a seguinte tese de repercussão 1,40. Atingimos, então, o tempo de 21 anos. Nesse
geral: “(i) [é] constitucional a vedação de caso, Joa- quim terá que trabalhar mais 14 anos em
continuidade da percepção de aposentadoria
atividade comum para se aposentar com 35 anos de
especial se o beneficiário permanece laboran-
contribui- ção (sem a conversão, deveria trabalhar
do em atividade especial ou a ela retorna,
seja essa atividade especial aquela que mais 20 anos). Somente é admitida a conversão de
ensejou a aposentação precoce ou não; (ii) nas tempo especial em comum para períodos de
hipóteses em que o segurado solicitar a trabalho até a entrada
aposentadoria e continuar a exercer o labor em vigor da Emenda 103, de 2019 (13/11/2019).
especial, a data de início do benefício será a
data de entrada do requerimento, Importante!
remontando a esse mar- co, inclusive, os Na forma de como dispõe a Lei n° 10.666, de 2003, não há necessida
efeitos financeiros; efetiva- da, contudo, seja
na via administrativa, seja na judicial, a
implantação do benefício, uma vez verificada
a continuidade ou o retorno ao labor nocivo,
cessará o benefício previdenciá- rio em questão”.
5. Recurso extraordinário a que se dá parcial
provimento.
(RE 791961, Relator(a): DIAS TOFFOLI, Tribunal Aposentadoria por Invalidez (Aposentadoria
Ple- no, julgado em 08/06/2020, PROCESSO por Incapacidade Permanente — Nova Nomencla-
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO tura pela EC 103, de 2019)
DJe-206 DIVULG 18-08-2020 PUBLIC 19-08-2020, A aposentadoria por incapacidade permanente,
GRIFO NOSSO). que antes da reforma era denominada aposentado-
ria por invalidez, é um benefício destinado à incapa-
Tabelas de Conversão cidade total para o trabalho, ou seja, o segurado
não consegue exercer nenhuma profissão em razão
 Tabela 1 — Exercício de Mais de Uma do quadro de saúde.
Atividade Especial Imagine um segurado que sofre um acidente
de moto e fica paraplégico, sem qualquer condi-
ção de voltar a trabalhar. Neste caso, será devida a
TEMPO A PARA 15 PARA 20 PARA 25 aposentadoria.
CONVERTER ANOS ANOS ANOS Este benefício por incapacidade, devido,
De 15 anos - 1,33 1,67 portanto, nas situações em que o segurado não pode
exercer nenhuma atividade remunerada que garanta
De 20 anos 0,75 - 1,25 sua sub- sistência, tem previsão legal nos arts. 42 a
47, da Lei n° 8.213, de 1991.
De 25 anos 0,60 0,80 -
Esta aposentadoria é devida a todos os tipos de
segurados, quando de espécie previdenciária, em
Exemplo prático: José trabalhou 10 anos em uma
razão de incapacidade total e permanente para o tra-
atividade que lhe garantia aposentadoria especial
balho e dura enquanto permanecer esta condição. Os
com 20 anos. Depois, trabalhou em atividade que lhe
benefícios decorrentes de acidentes do trabalho são
garantia aposentadoria especial com 25 anos.
devidos apenas para empregado, empregado
Então, converte-se o tempo de 16 anos na faixa
domésti- co, trabalhador avulso e segurado especial.
de 20 para a faixa de 25, multiplicando-se por 1,25:
Não é, portanto, vitalícia, já que pode ser
resul- tado 20, ou seja, precisa trabalhar mais 5 anos
obje- to de reavaliação pericial, a não ser nas
para se aposentar especialmente na atividade que
hipóteses expressamente previstas na lei, em que o
desempe- nha atualmente.
segurado estará dispensado do exame.
Não necessariamente deve ser precedida de um
 Tabela 2 — Conversão de Tempo Especial em auxílio-doença.
Tempo Comum
O risco protegido é a incapacidade laboral. É bene-
fício substitutivo dos salários, já que o aposentado
Atenção: neste caso, a aposentadoria que será por incapacidade permanente tem vedação legal de
con- cedida é a por tempo de contribuição e não a vol- tar às atividades, sob pena de suspensão do
especial e só é admitida a conversão para tempo benefício previdenciário.
trabalhado até 13/11/2019. Há necessidade de comprovação da invalidez,
por meio de exame médico a ser realizado por perito
médico federal, podendo o segurado ser acompanha-
TEMPO A MULHER (PARA HOMEM do, na perícia, por médico de sua confiança, as suas
CONVERTER 30 ANOS) (PARA 35 ANOS) expensas.
Trata-se de incapacidade laborativa, e não de
De 15 anos 2,00 2,33
300 incapa- cidade absoluta, total e completa para atos da
De 20 anos 1,50 1,75 vida civil. Para cálculo do benefício, após a Reforma
da Pre- vidência Social, é aplicado um coeficiente
De 25 anos 1,20 1,40 de 60% (sessenta por cento), acrescido de 2% (dois
por cento),
por cada ano que ultrapasse 15 (quinze) de a prótese seja possível;
6 - Perda de um membro superior e outro 7
contribui- ção para a mulher e 20 (vinte) para o
inferior, quando a prótese for impossível; -
homem. Este coeficiente é aplicado no salário de Al
benefício (média aritmética simples de todos os te
salários de contribui- ção a partir da competência ra
julho/1994 ou da data de ingresso no sistema, se çã
posterior a esta data). o
Em caso de aposentadoria por incapacidade per- da
manente decorrente de acidente do trabalho, o coefi- s
ciente será sempre de 100% (cem por cento). fa
Por exemplo: INSS concede a João aposentado- cu
ria por incapacidade permanente não decorrente de ld
acidente de trabalho. João tem 25 anos de tempo de ad
contribuição. es
m
en
 Cálculo: 60% + 2% (cada ano que supera 20 — no
ta
caso de João, tem 5 anos que superam os 20) —
is
60% + 2% x 5 = 70%. A renda inicial da co
aposentado- ria de João será de 70% do seu salário m
de benefício (média). gr
av
A cobertura previdenciária é vedada ao e
segurado que ingressa no sistema já incapacitado pe
para o tra- balho. Há cobertura, entretanto, se a rt
incapacidade decorrer de progressão ou ur
agravamento dessa doen- ça ou lesão. ba
Segundo a norma inscrita no § 2º, do art. 42, da Lei çã
n° 8.213, de 1991, “A doença ou lesão de que o o
da
segurado já era portador ao filiar-se ao Regime Geral
vi
de Previ- dência Social não lhe conferirá direito à
da
aposentadoria por invalidez, salvo quando a
or
incapacidade sobre- vier por motivo de gâ
progressão ou agravamento dessa doença ou ni
lesão”. ca
A carência é de 12 contribuições mensais para a e
aposentadoria por incapacidade permanente comum so
e não há carência para acidente do trabalho ou de ci
qualquer natureza, doenças profissionais ou doenças al
do trabalho e doenças catalogadas no art. 151, da Lei ;
n° 8.213, de 1991, enquanto a lista não é elaborada. 8
Diferentemente das aposentadorias por tempo, -
idade e especial, é exigida a qualidade de D
segurado. Em caso de grande invalidez (art. 45, oe

da Lei n° 8.213, de 1991), acrescenta-se 25% (vinte
a
e cinco por cento) sobre o valor do salário de
qu
benefício, ainda que ultrapasse o limite superior do
e
salário de benefício
ex
(teto).
ija
A grande invalidez é a incapacidade total e per-
pe
manente de tal proporção que acarreta a necessidade r
permanente do auxílio de terceiros para o m
desenvolvi- mento das atividades cotidianas, em an
virtude da ampli- tude da perda da autonomia física, ên
motora ou mental, que impede a pessoa de realizar ci
os atos diários mais simples, tal como as a
necessidades fisiológicas. co
A grande invalidez é personalíssima, de modo nt
que o acréscimo de 25% (vinte e cinco por cento) in
não se transmite à pensão por morte. A relação das ua
situações de grande invalidez está no Anexo I, do no
Decreto n° 3.048, de 1999. São as seguintes: lei
to
1 - Cegueira total; ;9
2 - Perda de nove dedos das mãos ou superior a -
esta; In
3 - Paralisia dos dois membros superiores ou ca
inferiores; pa
4 - Perda dos membros inferiores, acima dos pés, ci
ainda que a prótese seja possível; da
5 - Perda de uma das mãos e de dois pés, ainda que de
permanente para as atividades da vida diária;

O rol, todavia, é exemplificativo, de modo que, na


prática, podem ser avaliadas as condições do segura- do e
a efetiva necessidade do terceiro.
Portanto, o benefício é devido:

 Se o segurado estivava recebendo auxílio-doença, sa


partir do dia imediatamente seguinte à alta deste;
 Se o segurado não estava recebendo auxílio-doença:

 Empregado: a contar do 16º dia de afastamen- to


ou a partir da entrada do requerimento se entre esse
e o afastamento decorrerem mais de 30 dias (alínea
“a”, § 1º, art. 43, da Lei n° 8.213, de 1991);
 Empregado doméstico, avulso, contribuinte
individual, especial e facultativo: a contar do
início da incapacidade ou da data do requeri-
mento se entre essas duas transcorrerem mais de 30
dias (alínea “b”, § 1º, art. 43, da Lei n° 8.213, de
1991).

Da mesma forma, temos a disposição de como o


benefício pode cessar. Acompanhe os arts. 45 a 47, da Lei
n° 8.213, de 1991:

Art. 45 O valor da aposentadoria por invalidez do


segurado que necessitar da assistência permanente de
outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e cin- co por
cento).
Parágrafo único. O acréscimo de que trata este artigo:
a) será devido ainda que o valor da aposentadoria
atinja o limite máximo legal;
b) será recalculado quando o benefício que lhe deu
origem for reajustado;
c) cessará com a morte do aposentado, não sendo
incorporável ao valor da pensão.
Art. 46 O aposentado por invalidez que retornar
voluntariamente à atividade terá sua aposentado- ria
automaticamente cancelada, a partir da data do
retorno.
Art. 47 Verificada a recuperação da capacidade de
trabalho do aposentado por invalidez, será obser- vado
o seguinte procedimento:
I - quando a recuperação ocorrer dentro de 5 (cinco) anos,
contados da data do início da aposentadoria por
invalidez ou do auxílio-doença que a antecedeu sem
interrupção, o benefício cessará:
a) de imediato, para o segurado empregado que tiver
direito a retornar à função que desempenha- va na
empresa quando se aposentou, na forma da legislação
trabalhista, valendo como documento, para tal fim, o
certificado de capacidade fornecido pela Previdência
Social; ou
b) após tantos meses quantos forem os anos de
duração do auxílio-doença ou da aposentadoria por
invalidez, para os demais segurados;
II - quando a recuperação for parcial, ou ocor- rer
após o período do inciso I, ou ainda quando o segurado
for declarado apto para o exercício de trabalho diverso
CONHECIMENTOS

do qual habitualmente exercia, a aposentadoria será


mantida, sem prejuízo da volta à atividade:

301
a) no seu valor integral, durante 6 (seis) meses con- de 25% (vinte e cinco por cento) sobre o valor do
tados da data em que for verificada a recuperação benefício, conforme dispõe o art. 45;
da capacidade; II - verificar a recuperação da capacidade de traba-
b) com redução de 50% (cinqüenta por cento), no lho, mediante solicitação do aposentado ou
período seguinte de 6 (seis) meses; pensio- nista que se julgar apto;
c) com redução de 75% (setenta e cinco por cento), III - subsidiar autoridade judiciária na concessão
também por igual período de 6 (seis) meses, ao tér- de curatela, conforme dispõe o art. 110.
mino do qual cessará definitivamente.
Nos casos em que o aposentado por incapacidade
Os valores recebidos pelo segurado, quando a permanente entender que tem condições de retornar
ces- sação da aposentadoria por incapacidade ao trabalho, deve solicitar à Previdência a realização
permanen- te não é imediata, são chamados de de perícia médica. Se retornar voluntariamente, o
mensalidade de recuperação. benefício será cessado.
Dispõe o art. 475, da Consolidação das Leis do Tra- Atente-se à Súmula 576, do STJ:
balho que: Súmula 576 (STJ): Ausente requerimento adminis-
trativo no INSS, o termo inicial para a implantação
Art. 475 O empregado que for aposentado por da aposentadoria por invalidez concedida
invalidez terá suspenso o seu contrato de trabalho judicial- mente será a data da citação válida.
durante o prazo fixado pelas leis de previdência
social para a efetivação do benefício. A concessão de aposentadoria por incapacidade
permanente, inclusive quando precedida de auxílio
Resta claro, assim, que a aposentadoria por inca- por incapacidade temporária concedido na forma
pacidade permanente não constitui causa de extin- prevista no art. 73, fica condicionada ao afastamento
ção do contrato de trabalho, mas sim de suspensão, o do segurado de todas as suas atividades.
que implica necessária conclusão no sentido de que
o empregado deve reassumir seu posto de trabalho Auxílio por Incapacidade Temporária
no caso de recuperação da capacidade laborativa (Antigo Auxílio-doença)
com consequente cancelamento da aposentadoria
(art. 47, Lei 8.213, de 1991). O auxílio por incapacidade temporária, como
Dispõe o § 4º, do art. 43, da Lei n° 8.213, de 1991: o próprio nome identifica, é o benefício devido no
período em que o segurado ficar incapacitado de for-
§ 4º O segurado aposentado por invalidez poderá ma total, porém temporária, para o seu trabalho.
ser convocado a qualquer momento para avaliação Isso significa que será devido enquanto o
das condições que ensejaram o afastamento ou a prognós- tico médico identificar a possibilidade de
aposentadoria, concedida judicial ou administra- tratamento médico e enquanto perdurar esta
tivamente, observado o disposto no art. 101 desta condição, ou seja, até o segurado recuperar sua
Lei. capacidade laborativa ou até que a incapacidade se
torne permanente, quan- do ele passará a receber o
Já o § 5º estabelece que “a pessoa com HIV/aids benefício correspondente.
é dispensada da avaliação referida no § 4º deste É devido a todos os tipos de segurados, quando
artigo”. Os demais casos de dispensa da perícia de de espécie previdenciária. Os benefícios decorrentes
reava- liação estão previstos no art. 101, da Lei n° de acidentes do trabalho são devidos apenas para
8.213, de empre- gado, empregado doméstico, trabalhador
1991: avulso e segurado especial.
Exige carência de 12 contribuições mensais no
Art. 101 [...] caso de benefício comum e sem carência para
§ 1º O aposentado por invalidez e o pensionista aciden- tes do trabalho ou de qualquer natureza,
inválido que não tenham retornado à atividade doenças pro- fissionais ou do trabalho e doenças
estarão isentos do exame de que trata o caput catalogadas pelo Ministério da Saúde.
deste artigo: É necessária a incapacidade para o trabalho ou
I - após completarem cinquenta e cinco anos ou para a sua atividade habitual por mais de 15 dias. Os
mais de idade e quando decorridos quinze anos da primeiros quinze dias, de responsabilidade do
data da concessão da aposentadoria por invalidez empre- gador, são chamados período de espera,
ou do auxílio-doença que a precedeu; ou ficando o contrato de trabalho interrompido.
II - após completarem sessenta anos de Após o 16º (décimo sexto) dia de afastamento, o
idade. […] INSS passa a pagar o auxílio por incapacidade
§ 4° A perícia de que trata este artigo terá acesso tempo- rária e o contrato de trabalho fica suspenso.
aos prontuários médicos do periciado no Siste- Conforme dispõe o inciso II, do art. 72, do
ma Único de Saúde (SUS), desde que haja a prévia Decreto 3.048, de 1999, para os demais segurados, o
anuência do periciado e seja garantido o sigilo termo ini- cial do benefício dá-se na data do início da
sobre os dados dele
incapacidade, desde que o afastamento seja superior a
quinze dias.
A referida isenção não se aplica em algumas
situações:
Importante!
Art. 101 […] Auxílio por incapacidade temporária = incapaci- dade total e temporá
302
§ 2º A isenção de que trata o § 1º não se aplica O auxílio por incapacidade temporária não tem prazo máximo para
quando o exame tem as seguintes finalidades:
I - verificar a necessidade de assistência permanen-
te de outra pessoa para a concessão do acréscimo
Não é devido em caso de doença ou lesão pré- benefício será suspenso, nos termos do § 2º, do
art. 59. A
-adquirida, salvo nos casos de agravamento, confor-
sus
me previsto para a aposentadoria por incapacidade
pens
permanente.
A concessão do benefício gera direito subjetivo à ão
percepção dos seguintes serviços: processo de reabi- dá-
litação profissional e tratamento médico às expensas se
da Previdência Social. no
O segurado deve ser submetido aos tratamentos praz
indicados pela Previdência, sendo certo que não é o
obrigado a submeter-se a procedimento cirúrgico ou máx
transfusão de sangue. imo
O início para o segurado empregado e a data de de
início é o 16º dia do afastamento. Para os demais, é 60
a própria data de início da incapacidade, valendo a (sess
regra dos 30 dias entre essas datas e o requerimento en-
administrativo. ta)
O pagamento de novo benefício decorrente da dias,
mesma doença em até 60 dias da cessação do send
anterior desobriga a empresa do pagamento do o
período de espera (15 dias). cess
Há cessação do benefício com a morte e com o ada
restabelecimento do segurado, com a conversão após
da aposentadoria por invalidez ou a habilitação para o
outra atividade que lhe garanta a subsistência, após fim
processo de reabilitação. dest
Pode ser concedido de ofício pela Previdência e
quando tiver ciência da incapacidade, mesmo perí
quando o segurado não tenha requerido o benefício. odo.
O exame médico, a cargo do INSS, fixará a data Cas
do início da doença (DID) e a data do início da o
incapaci- dade (DII). seja
Sempre que possível, o ato de concessão ou de colo
reativação de auxílio-doença, judicial ou administra- cado
tivo, deverá fixar o prazo estimado para a duração
em
do benefício.
liber
Quando não fixado prazo de recuperação estima-
dade
da, será aplicado o limite de 120 (cento e vinte) dias,
ante
preservado o direito do segurado de promover o
s de
pedi- do de prorrogação.
find
Independentemente de a concessão do benefício
ser judicial ou administrativa, a autarquia previden- o o
ciária pode, a qualquer momento, convocar o segura- praz
do para avaliação das condições que ensejaram sua o, o
concessão ou manutenção, observado o disposto no bene
art. 101 já estudado (hipóteses de dispensa da avalia- fício
ção). Da decisão de cessação cabe recurso será
administra- tivo, no prazo de 30 (trinta) dias. resta
bele
Art. 62 O segurado em gozo de auxílio-doença, cido
insuscetível de recuperação para sua atividade habi- desd
tual, deverá submeter-se a processo de e a
reabilitação profissional para o exercício de outra data
atividade. da
§ 1º O benefício a que se refere o caput deste solt
artigo será mantido até que o segurado seja
ura.
considerado reabilitado para o desempenho de
atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando
Se a
considerado não recuperável, seja aposentado por pris
invalidez. ão
§ 2º A alteração das atribuições e responsabilida- for
des do segurado compatíveis com a limitação que decl
tenha sofrido em sua capacidade física ou mental arad
não configura desvio de cargo ou função do segura- a
do reabilitado ou que estiver em processo de reabi- ileg
litação profissional a cargo do INSS. al, o
segu
A partir da Lei 13.846, de 2019, o auxílio-doença rado
não é devido a segurado recluso em regime fechado. terá
Se for recolhido à prisão em gozo de auxílio-doença, o direi
to à percepção do benefício por todo o período devido.

Auxílio-acidente Importante!
Súmula 72 (TNU) “É possível o recebimento de benefício por incapaci
O benefício é devido ao segurado após a consoli-
dação das lesões decorrentes de acidente de qualquer
natureza que resultem em redução da capacidade para o
trabalho que habitualmente exercia ou impos- sibilidade
de exercício da mesma atividade da época do acidente,
mas com possibilidade de desempenho de outra, após
processo de reabilitação profissional.
Não há exigência de carência, mas há a necessida- de

CONHECIMENTOS
de ostentar qualidade de segurado, ou, ao menos, estar no
chamado período de graça.
Apenas têm direito os empregados, empregados
domésticos, trabalhadores avulsos e segurados especiais. Há
direito ao auxílio-acidente nas seguintes hipóteses:

 Acidente de qualquer natureza;


 Acidente do trabalho;
 Doenças profissionais;
 Doenças do trabalho;
 Concausas e equiparações. 303

O auxílio-acidente está previsto apenas para inca-


pacidade parcial e permanente.
O benefício de auxílio-acidente tem caráter indeni-
zatório, ou seja, não substitui salário ou remuneração,
podendo ter valor inferior a um salário mínimo.
O segurado pode trabalhar e receber o benefício
ao mesmo tempo.
O benefício, não obstante indenizatório, é pago
mensalmente ao segurado, até a véspera de qualquer
aposentadoria.
Para o INSS, a perda da audição, em qualquer grau,
somente proporcionará a concessão do auxílio-
-acidente quando, além do reconhecimento do nexo de
causal entre o trabalho e a doença, resultar com-
provadamente redução ou perda da capacidade para o
trabalho.

Salário-Maternidade

O salário-maternidade é o benefício previdenciá- rio


(prestação pecuniária) pago durante o período de licença
maternidade.
São fatos geradores do benefício: o parto, a adoção,
a guarda para fins de adoção e o aborto não criminoso.
equivalen- tes ao número de meses em que o parto foi
É devido à segurada da Previdência Social,
antecipado.
durante 120 (cento e vinte) dias, com início no período
entre 28 (vinte e oito) dias antes do parto e a data de
ocorrên- cia deste, podendo, todavia, ser iniciado
após o parto ou ocorrência do fato gerador.
Na adoção ou guarda para fins de adoção, o bene-
fício é devido pelo prazo de 120 (cento e vinte) dias,
independentemente da idade da criança adotada, que
será pago, nesta situação, diretamente pela Previdên-
cia Social.
O benefício não poder ser concedido a mais de
um segurado, em decorrência do mesmo fato
gerador, regra que tem duas exceções:

 Concessão à mãe biológica e à mãe adotante;


 Concessão no caso de óbito do titular, quando
será pago, por todo o período ou pelo tempo
restante a que teria direito, ao cônjuge ou
companheiro sobrevivente que tenha a qualidade
de segurado, exceto no caso do falecimento do
filho ou de seu abandono, observadas as normas
aplicáveis ao salário-maternidade.

Este último deve ser requerido até o último dia


do prazo para o término do salário-maternidade
originá- rio e será pago diretamente pela Previdência
Social. Vejamos:

Art. 71-B No caso de falecimento da segurada ou


segurado que fizer jus ao recebimento do salário-
-maternidade, o benefício será pago, por todo o
período ou pelo tempo restante a que teria direito,
ao cônjuge ou companheiro sobrevivente que
tenha a qualidade de segurado, exceto no caso do
faleci- mento do filho ou de seu abandono,
observadas as normas aplicáveis ao salário-
maternidade.
§ 1º O pagamento do benefício de que trata o
caput deverá ser requerido até o último dia do
prazo previsto para o término do salário-
maternidade originário.
§ 2º O benefício de que trata o caput será pago dire-
tamente pela Previdência Social durante o período
entre a data do óbito e o último dia do término do
salário-maternidade originário e será calculado
sobre:
I - a remuneração integral, para o empregado e tra-
balhador avulso;
II - o último salário-de-contribuição, para o empre-
gado doméstico;
III- 1/12 (um doze avos) da soma dos 12 (doze)
últimos salários de contribuição, apurados em um
período não superior a 15 (quinze) meses, para o
contribuinte individual, facultativo e
desempregado; e
IV - o valor do salário mínimo, para o segurado
especial.

É condição para a percepção do benefício o afas-


tamento do trabalho ou da atividade desempenhada,
sob pena de suspensão do benefício.
No caso de segurada desempregada, que mantém
a qualidade de segurada por conta do período de gra-
ça, o cálculo se dá em um doze avos da soma dos
doze últimos salários de contribuição, apurados em
304 um período não superior a quinze meses.
Para contribuintes individuais, especiais e
faculta- tivas, é exigida carência de 10 contribuições
mensais. No caso de parto antecipado, o período de
carência será reduzido em número de contribuições
A ral nos 10 meses que antece- deram o parto relativo ao mês.
ou requerimento, podendo esse prazo ser Art. 69 O salário-família devido ao trabalhador
s reduzido se o parto for antecipado. avulso poderá ser recebido pelo sindicato de
e As seguradas empregadas (inclusive classe respectivo, que se incumbirá de elaborar as
g domésticas) e as avulsas estão dispensadas folhas correspondentes e de distribuí-lo.
u de carência. Art. 70 A cota do salário-família não será incor-
r No caso de aborto não criminoso, a porada, para qualquer efeito, ao salário ou ao
benefício.
a segurada tem direito ao benefício por 2
d (duas) semanas. Em caso de natimorto, por
Benefício devido ao segurado empregado, empre-
a 120 (cento e vinte) dias.
gado doméstico e ao trabalhador avulso, que tenham
No caso de adoção, o início será a
salário de contribuição inferior ou igual a R$
e apresentação do termo de guarda ou da
1.425,26 (valor válido para o ano de 2020), na
s sentença de adoção.
proporção do respectivo número de filhos de até 14
p Em casos excepcionais, em função da
anos ou inváli- dos, além dos equiparados (tutelados
e necessidade de maior tempo para a
e enteados).
c recuperação da gestação, os períodos de
i descanso antes e depois do parto poderão
a ser aumentados em duas semanas cada um,
l mediante atestado médico (§ 2º, art. 392,
da CLT).
d É importante lembrar que segurada
e aposentada que volta a trabalhar tem
v direito ao salário-maternidade.
e
Salário-Família
c
o Art. 65 O salário-família será devido,
m mensalmen- te, ao segurado empregado,
p inclusive o doméstico, e ao segurado
r trabalhador avulso, na proporção do
o respectivo número de filhos ou
v equiparados nos termos do § 2º do art. 16
a desta Lei, observado o dis- posto no art.
r 66.
Parágrafo único. O aposentado por
o invalidez ou por idade e os demais
aposentados com 65 (sessenta e cinco)
anos ou mais de idade, se do sexo
e
masculino, ou 60 (sessenta) anos ou mais,
f se do feminino, terão direito ao salário-
e família, pago juntamente com a
t aposentadoria.
i […]
v Art. 67 O pagamento do salário-família é
o condicio- nado à apresentação da
certidão de nascimento do filho ou da
e documentação relativa ao equiparado
x ou ao inválido, e à apresentação anual de
e atestado de vacinação obrigatória e de
r comprovação de fre- qüência à escola do
c filho ou equiparado, nos termos do
í regulamento.
c Parágrafo único. O empregado
doméstico deve apresentar apenas a
i
certidão de nascimento refe- rida no
o
caput.
Art. 68 As cotas do salário-família serão
d pagas pela empresa ou pelo empregador
e doméstico, mensal- mente, junto com o
salário, efetivando-se a compen- sação
a quando do recolhimento das
t contribuições, conforme dispuser o
i Regulamento.
v § 1º A empresa ou o empregador
i doméstico conser- varão durante 10
d (dez) anos os comprovantes de
a pagamento e as cópias das certidões
d corresponden- tes, para fiscalização da
e Previdência Social.
§ 2º Quando o pagamento do salário não
for men- sal, o salário-família será pago
r
juntamente com o último pagamento
u
O benefício é devido ao segurado, e não aos §
ficar responsável pelo sustento do menor. A inva- 8º
dependentes.
lidez do filho será comprovada por perícia médica E
Art. 82 (Decreto 3.048, de 1999) O salário-família administrativa. m
será pago mensalmente: ca
I - ao empregado, inclusive o doméstico, pela empre- Auxílio-Reclusão so
sa ou pelo empregador doméstico, juntamente com de
o salário, e ao trabalhador avulso, pelo sindicato ou Art. 80 O auxílio-reclusão, cumprida a carência m
órgão gestor de mão de obra, por meio de convênio; prevista no inciso IV do caput do art. 25 desta Lei, or
II - ao empregado, inclusive o doméstico, e ao traba- será devido, nas condições da pensão por morte, te
lhador avulso aposentados por incapacidade per- aos dependentes do segurado de baixa renda de
manente ou em gozo de auxílio por incapacidade reco- lhido à prisão em regime fechado que não se
receber remuneração da empresa nem estiver em gu
temporária, pelo INSS, juntamente com o benefício;
gozo de auxílio-doença, de pensão por morte, de ra
III - ao trabalhador rural aposentado por idade aos
salário- do
sessenta anos, se do sexo masculino, ou cinqüenta
-maternidade, de aposentadoria ou de abono de re
e cinco anos, se do sexo feminino, pelo Instituto
permanência em serviço. cl
Nacional do Seguro Social, juntamente com a apo-
§ 1º O requerimento do auxílio-reclusão será us
sentadoria; e
instruído com certidão judicial que ateste o o
IV - aos demais empregados, inclusive os domésti-
recolhimento efetivo à prisão, e será obrigató- qu
cos, e aos trabalhadores avulsos aposentados aos
ria a apresentação de prova de permanência e
sessenta e cinco anos de idade, se homem, ou aos
na condição de presidiário para a manuten- te
sessenta anos, se mulher, pelo INSS, juntamente
com a aposentadoria. ção do benefício. nh
§ 2º O INSS celebrará convênios com os órgãos a
Importante!
O valor da cota do salário-família por filho ou equiparado de qualquer condição, até 14 (quator- ze) anos de idade, ou inválido de q

públicos responsáveis pelo cadastro dos presos para co


O valor da cota do salário-família é atualizado obter informações sobre o recolhimento à prisão. nt
todos os anos por Portaria administrativa. As cotas § 3º Para fins do disposto nesta Lei, considera-se ri
do salário-família não serão incorporadas, para qual- segurado de baixa renda aquele que, no mês de bu
quer efeito, ao salário ou ao benefício. competência de recolhimento à prisão, tenha ren- íd
Na forma de como dispõe o art. 84, do Decreto da, apurada nos termos do disposto no § 4º deste o
3.048, de 1999, o pagamento do benefício ocorrerá artigo, de valor igual ou inferior àquela prevista no pa
art. 13 da Emenda Constitucional nº 20, de 15 de ra
a partir da data de apresentação da certidão de nas-
dezembro de 1998, corrigido pelos índices de rea- a
cimento do filho ou da documentação relativa ao
juste aplicados aos benefícios do RGPS. pr
enteado e ao menor tutelado, desde que comprova- § 4º A aferição da renda mensal bruta para ev
da a dependência econômica dos dois últimos, e fica enqua- dramento do segurado como de baixa id
condicionado à apresentação anual de atestado de renda ocorrerá pela média dos salários de ên
vacinação obrigatória dos referidos dependentes, de contribuição apurados no período de 12 (doze) ci
até seis anos de idade, e de comprovação semestral meses anteriores ao mês do recolhimento à a
de frequência à escola dos referidos dependentes, a prisão. so
partir de quatro anos de idade, e, para o empregado § 5º A certidão judicial e a prova de permanência na ci
doméstico, apenas certidão de nascimento do filho condição de presidiário poderão ser substituídas al
ou a documentação relativa ao enteado e ao menor pelo acesso à base de dados, por meio eletrônico, a du
tute- lado, desde que comprovada a dependência ser dis- ponibilizada pelo Conselho Nacional de ra
econômi- ca dos dois últimos. Justiça, com dados cadastrais que assegurem a n-
A extinção do benefício ocorre com: identificação plena do segurado e da sua condição te
de presidiário. o
 Término da relação de emprego ou contrato com § 6º Se o segurado tiver recebido benefícios por pe
sindicato; incapacidade no período previsto no § 4º deste rí
 Morte do segurado/filho ou equiparado, a partir artigo, sua duração será contada considerando-se od
como salário de contribuição no período o salário o
do
de benefício que serviu de base para o cálculo da de
mês seguinte ao óbito;
renda mensal, reajustado na mesma época e com re
 Atingimento da idade legal máxima (14 anos); cl
a mesma base dos benefícios em geral, não
 Cessação da invalidez do filho ou equiparado, a podendo ser inferior ao valor de 1 (um) salário us
contar do mês seguinte. mínimo. ão
§ 7º O exercício de atividade remunerada do segu- ,o
É devido ao pai e à mãe se ambos forem rado recluso, em cumprimento de pena em regime va
segura- dos e preencherem os requisitos, sendo que, fechado, não acarreta a perda do direito ao lo
em caso de divórcio ou separação, passará a ser recebi- mento do auxílio-reclusão para seus r
pago a quem dependentes. da
pensão por morte será calculado levando-se em
consideração o tempo de contribuição adicional e os
corresponden- tes salários de contribuição, facultada a
opção pelo valor do auxílio-reclusão.

O auxílio-reclusão, cumprida a carência de 24 (vin- te e


quatro) contribuições, será devido, nas condições da
pensão por morte, aos dependentes do segurado de baixa
renda (mesmo valor aplicado ao salário-família) recolhido
à prisão em regime fechado que não rece- ber
remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-
doença, de pensão por morte, de salário-ma- ternidade, de
aposentadoria ou de abono de perma- nência em serviço.

CONHECIMENTOS

305
O requerimento deverá ser instruído com certidão Súmula 336, do STJ: “A mulher que renunciou aos alimentos na se
judicial que ateste o recolhimento efetivo à prisão,
sendo obrigatória, para a manutenção do benefício, a
apresentação de prova de permanência na condição
de presidiário.
A verificação da renda mensal bruta para enqua-
dramento do segurado como de baixa renda ocorrerá
pela média dos salários de contribuição apurados no A pensão é definitiva em caso de morte real e
período de doze meses anteriores ao mês do recolhi- pro- visória quando decorrente de morte presumida
mento à prisão. Anteriormente à Lei 13.846, de (art. 78, da Lei 8.213, de 1991).
2019, era utilizado o valor do último salário de
contribuição O exercício de atividade remunerada do Art. 78 Por morte presumida do segurado,
segurado recluso, em cumprimento de pena em declara- da pela autoridade judicial competente,
regime fecha- do, não acarreta a perda do direito ao depois de 6 (seis) meses de ausência, será
recebimento do concedida pensão provisória, na forma desta
auxílio-reclusão para seus dependentes. Subseção.
Segundo entendimento do STF, a renda a ser § 1º Mediante prova do desaparecimento do segu-
con- siderada é a do segurado e não a dos rado em conseqüência de acidente, desastre ou
dependentes (Súmula nº 89). catástrofe, seus dependentes farão jus à pensão
provisória independentemente da declaração e do
Visa proteger os dependentes do segurado que
prazo deste artigo.
ficam privados dos recursos para a subsistência em
§ 2º Verificado o reaparecimento do segurado, o
decorrência da prisão do segurado que proporciona- pagamento da pensão cessará imediatamente,
va o apoio econômico. desobrigados os dependentes da reposição dos
O segurado deve ser recolhido em Regime Fecha- valores recebidos, salvo má-fé.
do apenas (Alteração da Lei 13.846, de 2019).
O benefício tem termo inicial fixado do mesmo Para melhor compreensão do benefício da pensão
critério da pensão por morte, ou seja, é devido des- por morte, importante se faz a leitura tenta e minu-
de o efetivo recolhimento do segurado à prisão, se ciosa das disposições contantes no art. 74 da Lei de
o benefício for requerido no prazo de cento e Benefícios (Lei nº. 8.213, de 1991):
oiten- ta dias, para os filhos menores de dezesseis
anos, ou de noventa dias, para os demais Art. 74. A pensão por morte será devida ao
dependentes; ou do requerimento, se o benefício for conjun- to dos dependentes do segurado que
requerido após estes prazos. falecer, apo- sentado ou não, a contar da data:
A EC nº 103, de 2019, em seu art. 27, estabelece I - do óbito, quando requerida em até 180 (cento e
oitenta) dias após o óbito, para os filhos menores
que o auxílio-reclusão será calculado na forma da
de 16 (dezesseis) anos, ou em até 90 (noventa) dias
pensão por morte, não podendo exceder o valor de 1
após o óbito, para os demais dependentes;
(um) salário-mínimo nem ser inferior a este limite, II - do requerimento, quando requerida após o
obser- vando-se que as cotas dos dependentes podem pra- zo previsto no inciso anterior;
ficar abaixo do salário, desde que a somatória, valor III - da decisão judicial, no caso de morte presumida.
total do benefício, seja de um salário. § 1º Perde o direito à pensão por morte o con-
denado criminalmente por sentença com
Art. 27 […] trânsito em julgado, como autor, coautor ou
§ 1º Até que lei discipline o valor do auxílio-reclu- partícipe de homicídio doloso, ou de tentati-
são, de que trata o inciso IV do art. 201 da Consti- va desse crime, cometido contra a pessoa do
tuição Federal, seu cálculo será realizado na forma segurado, ressalvados os absolutamente
daquele aplicável à pensão por morte, não podendo inca- pazes e os inimputáveis.
exceder o valor de 1 (um) salário-mínimo. § 2º Perde o direito à pensão por morte o côn-
juge, o companheiro ou a companheira se
Em sequência, adentrar-se-á nas disposições rela- comprovada, a qualquer tempo, simulação
tivas ao benefício de pensão por morte, momento em ou fraude no casamento ou na união estável,
será abordado o cálculo aplicável ao auxílio- ou a formalização desses com o fim exclusivo
reclusão. de constituir benefício previdenciário,
apuradas em processo judicial no qual será
Pensão por Morte assegurado o direito ao contraditório e à
ampla defesa.
§ 3º Ajuizada a ação judicial para reconhecimento
Benefício de prestação continuada devido aos da condição de dependente, este poderá requerer
dependentes do segurado que falecer nesta condição. a sua habilitação provisória ao benefício de
Exigida, portanto, a qualidade de segurado.. pensão por morte, exclusivamente para fins de
Cabe o benefício nos casos de perda da qualidade rateio dos valores com outros dependentes,
de segurado do falecido quando o instituidor do vedado o paga- mento da respectiva cota até o
bene- fício tenha implementado todos os requisitos trânsito em julgado da respectiva ação,
para obtenção de uma aposentadoria até a data do ressalvada a existência de deci- são judicial em
óbito (Súmula 416, STJ). contrário.
§ 4º Nas ações em que o INSS for parte, este pode-
Importante! rá proceder de ofício à habilitação excepcional da
referida pensão, apenas para efeitos de rateio,
306 Súmula 340, do STJ: “A lei aplicável à conces- são de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do óbito do se
des- contando-se os valores referentes a esta
habilitação das demais cotas, vedado o pagamento
da respec- tiva cota até o trânsito em julgado da
respectiva ação, ressalvada a existência de decisão
ju
dic
ial
em
co
nt

rio
.
§ 5º Julgada improcedente a ação prevista no § 3º ou § 4º deste artigo, o valor retido será corrigido pelos índices
legais de reajustamento e será pago de forma proporcional aos demais dependentes, de acordo com as suas cotas
e o tempo de duração de seus benefícios.
§ 6º Em qualquer caso, fica assegurada ao INSS a cobrança dos valores indevidamente pagos em função de nova
habilitação.

Em resumo, a data de início do pagamento benefício ocorrerá:

 Data do óbito, quando requerida em até cento e oitenta dias após o óbito, para filhos menores de dezesseis anos ou
em até 90 dias após o óbito, para os demais dependentes
 Data do requerimento, quando requerida após o prazo de 90 dias contados do óbito;
 Da decisão judicial, em caso de morte presumida.

A Lei 13.846, de 2019, trouxe alterações importantes à Lei 8.213, de 1991. Uma delas diz respeito à perda
da pensão no caso de condenação criminal por sentença com trânsito em julgado, como autor, coautor ou
partícipe de homicídio doloso, ou de tentativa desse crime, cometido contra a pessoa do segurado, ressalvados
os absoluta- mente incapazes e os inimputáveis.
Outra é relativa à possibilidade de habilitação provisória na pensão por morte nos casos de propositura de
ação judicial para reconhecimento da condição de dependente, situação em que a cota cabente ao pretenso
depen- dente ficará reservada e será paga apenas após o trânsito em julgado da decisão.
Esta habilitação provisória poderá ser processada de ofício nos casos em que o INSS for parte na ação judicial.
Na hipótese de o segurado falecido estar, na data de seu falecimento, obrigado por determinação judicial a
pagar alimentos temporários a ex-cônjuge, ex-companheiro ou ex-companheira, a pensão por morte será devida
pelo prazo remanescente na data do óbito, caso não incida outra hipótese de cancelamento anterior do
benefício. Para melhor compreensão do benefício de pensão por morte, faz-se necessário relembrar alguns
conceitos já estudados, acerca de quem são os dependentes do segurado, que, no caso desse benefício, serão os
beneficiários.
Nos termos do art. 16 da Lei nº 8.213, de 1991, são dependentes:

CLASSIFICAÇÃO DEPENDENTES
Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado:
 Cônjuge;
 Companheira (o);
 Filho não emancipado, de qualquer condição, menor de vinte e um anos de idade ou inválido
1ª CLASSE
ou que tenha deficiência intelectual, mental ou grave;
Atenção! Com relação aos filhos tutelados, bem como aos enteados, é necessária a comprova-
ção da dependência econômica.

2ª CLASSE  Os pais.

 Os irmãos não emancipados, de qualquer condição, menor de vinte e um anos de idade ou


3ª CLASSE
inválido ou que tenha deficiência intelectual, mental ou grave.

Observa-se que os dependentes estão elencados segundo a classe, isto porque para fins de percepção de
bene- fícios a existência de uma classe elimina os beneficiários das demais subsequentes.

Ex. uma segurada possuía como dependentes a sua mãe e o seu companheiro. A segurada foi a óbito, neste caso,
o companheiro é um dependente de 1ª classe e a sogra deste, mãe da segurada, de 2º classe. Razão pela qual,
ambos requereram ao INSS o benefício de pensão por morte. Nesta situação, somente o ex-companheiro da
falecida terá
direito a percepção do benefício, uma vez que a classe mais próxima exclui a mais remota.

Importante salientar, ainda, que, havendo mais de um pensionista da mesma classe, o valor da pensão será
rateado entre todos em parte iguais, situação pela qual a cota daquele dependente cujo o direito cessar primeiro
será revertida em favor dos demais, nos termos do § 1º e caput do art. 77, da Lei nº 8.213, de 1991):
O § 2º, do artigo 77, da Lei nº. 8.213, de 1991, estabelece regras de cessação do benefício de pensão por
morte de acordo com os dependentes:
CONHECIMENTOS

Art. 77 [...]
§ 2º O direito à percepção da cota individual cessará:
I - pela morte do pensionista;
II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, ao completar vinte e um anos de idade,
salvo se for inválido ou tiver deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave;
III - para filho ou irmão inválido, pela cessação da invalidez;
IV - para filho ou irmão que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave, pelo afastamento da defi-
ciência, nos termos do regulamento;
307
Veja, agora, as regras aplicáveis aos cônjuges e companheiros, para facilitar a compreensão tais regras serão
divididas em três blocos:

Bloco 01

Art. 77 [...]
§ 2º [...]
V - para cônjuge ou companheiro:
a) se inválido ou com deficiência, pela cessação da invalidez ou pelo afastamento da deficiência, respeitados os perío-
dos mínimos decorrentes da aplicação das alíneas “b” e “c”;
b) em 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que o segurado tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou
se o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do segurado;

Bloco 02

Art. 77 [...]
§ 2º [...]
c) transcorridos os seguintes períodos, estabelecidos de acordo com a idade do beneficiário na data de óbito do
segurado, se o óbito ocorrer depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois) anos após
o início do casamento ou da união estável:
1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade;
2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos de idade:
3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos de idade;
4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de idade;
5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e três) anos de idade;
6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade.
[...]
§ 2º-A. Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida na alínea “a” ou os prazos previstos na alínea
“c”, ambas do inciso V do § 2o, se o óbito do segurado decorrer de acidente de qualquer natureza ou de
doença profissional ou do trabalho, independentemente do recolhimento de 18 (dezoito) contribuições
mensais ou da comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou de união estável.
§ 2°-B. Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e desde que nesse período se verifique o incremento
mínimo de um ano inteiro na média nacional única, para ambos os sexos, correspondente à expectativa
de sobrevida da população brasileira ao nascer, poderão ser fixadas, em números inteiros, novas
ida- des para os fins previstos na alínea “c” do inciso V do § 2o, em ato do Ministro de Estado da
Previdência Social, limitado o acréscimo na comparação com as idades anteriores ao referido
incremento.

Merece especial atenção o texto do § 2º-B, art. 77, da Lei 8.213, de 1991, incluído pela Lei nº. 13.135, de 2015,
a qual prevê que a idade do cônjuge será revista e alterada por ato do Ministro de Estado da Previdência Social.
Tal dispositivo coaduna com a previsão constante no § 7º, do art. 23 da Emenda Constitucional nº. 103, de 2019.

Art. 23[...]
§ 7º As regras sobre pensão previstas neste artigo e na legislação vigente na data de entrada em vigor desta Emenda
Constitucional poderão ser alteradas na forma da lei para o Regime Geral de Previdência Social e para o regime
próprio de previdência social da União.

Importante esclarecer que em 2020 houve a edição do referido ato, por meio da Portaria ME nº. 424, de 29
de dezembro de 2020, passando a vigorar da seguinte forma a partir de 1º de janeiro de 2021:

Art. 1º O direito à percepção de cada cota individual da pensão por morte, nas hipóteses de que tratam a alínea
“b” do inciso VII do art. 222 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e a alínea “c” do inciso V do § 2º do art. 77
da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, cessará, para o cônjuge ou companheiro, com o transcurso dos seguintes
períodos, estabelecidos de acordo com a idade do beneficiário na data de óbito do segurado, se o óbito ocorrer depois
de vertidas dezoito contribuições mensais e pelo menos dois anos após o início do casamento ou da união estável:
I - três anos, com menos de vinte e dois anos de idade;
II - seis anos, entre vinte e dois e vinte e sete anos de
idade; III - dez anos, entre vinte e oito e trinta anos de
idade;
IV - quinze anos, entre trinta e um e quarenta e um anos de idade;
V - vinte anos, entre quarenta e dois e quarenta e quatro anos de idade;
VI - vitalícia, com quarenta e cinco ou mais anos de idade.

Em razão disso, apesar do texto das alíneas “b”, do inciso VII, do art. 222, da Lei nº 8.112, de 1990 e da alínea
“c”, do inciso V, do § 2º, do art. 77, da Lei nº. 8.213, de 1991, não terem sido alterados, na prática vale a regra
contida na Portaria ME nº. 424, de 2020. Atente-se, portanto, ao enunciado da questão, e caso a pergunta considere
as Leis nº.8.112, de 1990 ou 8.213, de 1991, responda de acordo com elas. Contudo, se a pergunta for segundo
a portaria, responda-a de acordo com ela. Atente-se, ainda, à data do óbito do segurado, uma vez que também
poderá indicar qual é a norma aplicável ao caso.

Ex. José, segurado da previdência social há 5 anos, faleceu aos 25 anos de idade, no em 04 de janeiro de 2021, dei-
xando como dependente a sua esposa, Natália, a qual era caso por mais de 3 anos. Neste caso, Natália receberia o
benefício da pensão por morte por 10 anos, uma vez que José faleceu após a data em que entrou em vigor o regra-
mento da Portaria 424, de 2020.
308
Em resumo:

LEI Nº. 8.213, DE 1991 PORTARIA ME Nº. 424, DE 2020

ANTES DE 1º DE JANEIRO DE 2021 APÓS 1º DE JANEIRO DE 2021


IDADE DO SEGURADO PERÍODO DE GOZO IDADE DO SEGURADO PERÍODO DE GOZO
menos de 21 anos 3 anos menos de 22 anos 3 anos
entre 21 e 26 anos 6 anos entre 22 e 27 anos 6 anos
entre 27 e 29 anos 10 anos entre 28 e 30 anos 10 anos
entre 30 e 40 anos 15 anos entre 31 e 41 anos 15 anos
entre 41 e 43 anos 20 anos entre 42 e 44 anos 20 anos
44 ou mais anos de idade. Vitalícia 45 ou mais anos de idade Vitalícia

Bloco 03

Art. 77 [...]
§ 2º [...]
VI - pela perda do direito, na forma do § 1º do art. 74 desta Lei.
[...]
§ 3º Com a extinção da parte do último pensionista a pensão extinguir-se-á.
§ 4o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 5o O tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) será considerado na contagem das
18 (dezoito) contribuições mensais de que tratam as alíneas “b” e “c” do inciso V do § 2º.
6º O exercício de atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor individual, não impede a con-
cessão ou manutenção da parte individual da pensão do dependente com deficiência intelectual ou mental ou com
deficiência grave.
§ 7º Se houver fundados indícios de autoria, coautoria ou participação de dependente, ressalvados os absolutamente
incapazes e os inimputáveis, em homicídio, ou em tentativa desse crime, cometido contra a pessoa do segurado, será
possível a suspensão provisória de sua parte no benefício de pensão por morte, mediante processo administrativo
próprio, respeitados a ampla defesa e o contraditório, e serão devidas, em caso de absolvição, todas as parcelas
corrigidas desde a data da suspensão, bem como a reativação imediata do benefício.

EC 103, de 2019 — Alteração no Cálculo da Renda Inicial da Pensão

Art. 23 A pensão por morte concedida a dependente de segurado do Regime Geral de Previdência Social ou de
ser- vidor público federal será equivalente a uma cota familiar de 50% (cinquenta por cento) do valor da
aposentadoria recebida pelo segurado ou servidor ou daquela a que teria direito se fosse aposentado por
incapacidade permanente na data do óbito, acrescida de cotas de 10 (dez) pontos percentuais por dependente, até
o máximo de 100% (cem por cento).
§ 1º As cotas por dependente cessarão com a perda dessa qualidade e não serão reversíveis aos demais dependentes,
preservado o valor de 100% (cem por cento) da pensão por morte quando o número de dependentes
remanescente for igual ou superior a 5 (cinco).
§ 2º Na hipótese de existir dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave, o valor da pensão
por morte de que trata o caput será equivalente a:
I - 100% (cem por cento) da aposentadoria recebida pelo segurado ou servidor ou daquela a que teria direito se fosse
aposentado por incapacidade permanente na data do óbito, até o limite máximo de benefícios do Regime Geral
de Previdência Social; e
II - uma cota familiar de 50% (cinquenta por cento) acrescida de cotas de 10 (dez) pontos percentuais por dependen-
te, até o máximo de 100% (cem por cento), para o valor que supere o limite máximo de benefícios do Regime Geral
de Previdência Social.
§ 3º Quando não houver mais dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave, o valor da pensão
será recalculado na forma do disposto no caput e no § 1º.
§ 4º O tempo de duração da pensão por morte e das cotas individuais por dependente até a perda dessa
CONHECIMENTOS

qualidade, o rol de dependentes e sua qualificação e as condições necessárias para enquadramento serão aqueles
estabelecidos na Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991.
§ 5º Para o dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave, sua condição pode ser
reconhecida previamente ao óbito do segurado, por meio de avaliação biopsicossocial realizada por equipe
multiprofissional e interdisciplinar, observada revisão periódica na forma da legislação.
§ 6º Equiparam-se a filho, para fins de recebimento da pensão por morte, exclusivamente o enteado e o menor
tute- lado, desde que comprovada a dependência econômica.
[...]
§ 8º Aplicam-se às pensões concedidas aos dependentes de servidores dos Estados, do Distrito Federal e dos
Muni- cípios as normas constitucionais e infraconstitucionais anteriores à data de entrada em vigor desta
Emenda Cons- titucional, enquanto não promovidas alterações na legislação interna relacionada ao respectivo
regime próprio de previdência social. 309
A nova regra de cálculo da renda mensal inicial Serviço Social
da pensão por morte reduz substancialmente o valor
Tem por finalidade esclarecer aos beneficiários da
do benefício, na medida em que há a possibilidade
de aplicação de dois redutores: a cota e a incidência Previdência Social seus direitos sociais e os meios de exercê-
sobre a aposentadoria por incapacidade permanente. los e com eles estabelecer o processo de solu- ção dos
Isso porque primeiro é estabelecido o coeficiente, problemas decorrentes de sua relação com a Previdência
obtido com a aplicação de cota familiar de 50% Social.
(cin- quenta por cento), acrescida de 10% (dez por
cento) por cada dependente, limitado a 100% (cem
por cen- to). Lembrando que a cota será sempre
100% (cem por
cento) em caso de dependente inválido ou deficiente.
Exemplo: Segurado falece deixando a esposa e um
filho menor de 21 anos, nenhum inválido ou deficien-
te. Temos aqui cota de 50% + 10% x 2 = 70%.
Esta cota é aplicada na aposentadoria que o segu-
rado falecido recebia se aposentado fosse ou, nos
casos em que não era aposentado, é calculada uma
aposenta- doria por incapacidade permanente na data
do óbito.
Ocorre que a aposentadoria por incapacidade per-
manente, pós-reforma, é calculada em 60% (sessenta
por cento), acrescidos de 2% (dois por cento) por
cada ano que supere 20 (vinte) anos de contribuição
para o homem e 15 (quinze) anos para a mulher.
Ex.: João faleceu em 14/02/2020, sem ser
aposen- tado, já que tinha 18 (dezoito) anos de
contribuição e mantinha qualidade de segurado em
razão de estar trabalhando como empregado. Deixa
como dependen- tes a viúva (cônjuge) e uma filha de
15 (quinze anos).
Primeiro fixamos a cota: 50% (familiar) + 20%
(dois
dependentes = 2 x 10%) = 70%.
Segundo passo: verificar se o instituidor era apo-
sentado. Nesse caso, digamos que João não era apo-
sentado; então, devemos calcular uma aposentadoria
por incapacidade permanente na data do óbito.
Aposentadoria por incapacidade permanente:
60% (sessenta por cento) + 2% (dois por cento) para
cada ano que supere 20 para o homem e 15 para a
mulher. João tem apenas 18 anos de contribuição, ou
seja, nenhum a mais do que os 20 (vinte) anos
mínimos.
O seu coeficiente, portanto, será de 60%
(sessenta por cento). Imagine que a média (salário de
benefício) de João seja de R$ 3.000,00 (três mil reais),
portanto, 60% de R$ 3.000,00 = R$1.800,00 (um mil e
oitocentos reais), valor da aposentadoria por
incapacidade permanente.
Cálculo da pensão por morte: 70% (cota) x R$
1.800,00 (aposentadoria por incapacidade permanen-
te). Valor da pensão por morte = R$ 1.260,00 (um mil
duzentos e sessenta reais).

ANTES DA REFORMA DEPOIS DA REFORMA


100% das aposentadorias 50% + 10% por
que o segurando recebia dependente (exceto se
ou de uma aposentado- dependente invá- lido ou
ria por invalidez (que era deficiente) aplicado sobre
100%) a aposentadoria que
recebia ou aposentadoria
por incapacidade perma-
nente 60% + 2% por cada
ano que supere 15 (M) e
310 20
(H) / acidentária 100%

DOS SERVIÇOS
N om prioridade aos segurados em benefício
ã por incapacidade temporária e atenção
o especial aos aposentados e pensionistas.

e Habilitação e Reabilitação Profissional


x
i Tem por objetivo proporcionar ao
g segurado e dependentes, incapacitados total
e ou parcialmente e aos portadores de
deficiência, meios de retornarem ao
c mercado de trabalho e ao convívio social.
a Há emissão de certificado com indicação
r das atividades possíveis de serem
ê executadas, após fim do processo. Ocorre
n de forma prioritária aos segurados e na
c medida das pos- siblidades ao dependente.
i
a
A reabilitação profissional será Importante!
e realizada por equi- pe multiprofissional, Art. 89 A habilitação e a reabilitação profissio- nal e social deverão p
preferencialmente no domicílio do
é beneficiário. Cabe à perícia médica federal
ana- lisar as condições de elegibilidade, a
p reavaliação da incapacidade de segurados
r em programa de reabili- tação profissional
e e a prescrição de órteses, próteses e meios
s auxiliares de locomoção e acessórios.
t É importante atentar-se ao que está
a disposto no § 2º, do art. 137, do Decreto
d 3.048, de 1999, quanto a isso:
o
Art. 137 [...]
§ 2º Quando indispensáveis ao
a
desenvolvimento do processo de
reabilitação profissional, o Instituto
t Nacional do Seguro Social fornecerá
o aos segura- dos, inclusive aposentados,
d em caráter obrigatório, prótese e órtese,
o seu reparo ou substituição, instru-
s mentos de auxílio para locomoção, bem
como equi- pamentos necessários à
o habilitação e à reabilitação profissional,
s transporte urbano e alimentação e, na
medida das possibilidades do Instituto,
s aos seus dependentes.
e
Concluído o processo, será emitido
g
Certificado individual pela Previdência,
u
com indicação da ativi- dade que o
-
segurado pode exercer.
A empresa deve preencher vagas com deficientes
r
na seguinte proporção:
a
d  De 100 a 200 empregados: 2%;
o  De 201 a 500 empregados: 3%;
s  De 501 a 1000 empregados: 4%;
 De 1001 em diante: 5%.
e
Esses empregados só podem ser
d dispensados quan- do forem contratados
e outros em condição semelhante.
p
e JUSTIFICAÇÃO ADMINISTRATIVA
n
d A justificação administrativa é um
e procedimento utilizado para suprir a falta
n ou insuficiência de docu- mento ou
t produzir prova de fato ou circunstância
e
s

c
de interesse dos beneficiários, perante a previdência inde- ferimento ou não concessão de revisão
A
social, com exceção dos casos em que o fato exigir de benefício é de 10 (dez) anos […].
lei
registro público ou forma especial. pres
Não pode ser instaurada como um procedimento crev
autônomo, devendo ser parte de processo de e,
atualiza- ção de CNIS ou reconhecimento de par
direitos. a o
A prova material somente terá validade para a
seg
pes- soa referida no documento, vedada a sua
utilização por outras pessoas. ura
Para fins de comprovação de tempo de contribui- do,
ção, dependência econômica, identidade e relação de no
parentesco, a justificação deve ser baseada em início praz
de prova material contemporânea dos fatos e não o de
serão admitidas as provas exclusivamente testemu- 10
anos
nhais, a não ser nos casos de força maior ou caso
de
for- tuito (incêndio, inundação ou desmoronamento,
deca
que tenha atingido a empresa na qual o segurado
dênc
alegue ter trabalhado, devendo ser comprovada ia
mediante registro da ocorrência policial feito em de
época própria ou apresentação de documentos todo
contemporâneos dos fatos, e verificada a correlação e
entre a atividade da empresa e a profissão do qual
segurado). quer
Nos casos de homologação de justificação judi- direi
cial, baseada em prova testemunhal, fica dispensada to
a justificação administrativa desde que apresentadas ou
provas materiais complementares, o mesmo valendo ação
para homologação de decisão trabalhista transitada para
em julgado. a
O Superior Tribunal de Justiça, por meio da Súmu- revi
la 149, cristalizou entendimento no sentido de que “A são
prova exclusivamente testemunhal não basta a com- do
provação da atividade rurícola, para efeito de obtenção ato
de
de benefício previdenciário”.
conc
As testemunhas devem ser idôneas, em núme-
essã
ro entre 2 (dois) e 6 (seis), sendo que não podem o do
testemunhar: bene
fício
 Os menores de dezesseis anos; .
 O cônjuge, o companheiro ou a companheira, os A
ascendentes, os descendentes e os colaterais, até Lei
o terceiro grau, por consanguinidade ou 13.8
afinidade. 46,
de
Importante! A pessoa com deficiência pode ser 2019
testemunha e devem ser assegurados todos os meios ,
assistivos para sua participação. alter
Da decisão que valida ou invalida a justificação ando
não cabe recurso. este
disp
DISPOSIÇÕES GERAIS E ESPECÍFICAS ositi
vo,
Do capítulo da Lei 8.213, de 1991, destinado às intro
dis- posições gerais e específicas, vamos destacar duzi
alguns dos dispositivos, em razão da relevância dos u
temas abordados. outra
Iniciamos tratando das regras dos arts. 103, 103- s
A e 104, que tratam de prescrição e decadência. hipót
A decadência é um prazo que atinge o próprio eses
direito, de modo que quando se verifica, não há a de
incid
pos- sibilidade de propor demanda. Já a prescrição
ênci
atinge parcelas e não o direito em si.
a da
deca
Art. 103 O prazo de decadência do direito ou da
dên-
ação do segurado ou beneficiário para a revisão
do ato de concessão, indeferimento, cancelamento cia,
ou cessação de benefício e do ato de deferimento, “a
revisão do ato de concessão, indeferimento, cance- lamento
ou cessação de benefício, do ato de deferimento,
indeferimento ou não concessão de revisão de benefício”.
Todavia, o STF, no julgamento da ADI 6.096, reco-
nheceu a inconstitucionalidade do art. 24, da Lei
13.846, de 2019, de modo que volta a valer a redação
anterior do art. 103: “É de dez anos o prazo de deca- dência
de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou
beneficiário para a revisão do ato de concessão de
benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do
recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso,
do dia em que tomar conhecimento da decisão
indeferitória definitiva no âmbito administrativo”.
O prazo tem início:

Art. 103 […]


I - do dia primeiro do mês subsequente ao do rece-
bimento da primeira prestação ou da data em que a
prestação deveria ter sido paga com o valor revis- to;
ou
II - do dia em que o segurado tomar conhecimento da
decisão de indeferimento, cancelamento ou ces- sação do
seu pedido de benefício ou da decisão de deferimento ou
indeferimento de revisão de benefí- cio, no âmbito
administrativo.

Para a Previdência, é de 10 anos o prazo de deca-


dência para revisar ou anular atos administrativos, salvo
nos casos de má-fé do segurado.

Art. 103 [...]


Parágrafo único. Prescreve em cinco anos, a con- tar
da data em que deveriam ter sido pagas, toda e
qualquer ação para haver prestações vencidas ou
quaisquer restituições ou diferenças devidas pela
Previdência Social, salvo o direito dos menores,
incapazes e ausentes, na forma do Código Civil (§
único, art. 103).

Na sequência, tratamos do art. 106, da Lei 8.213, de


1991, que faz referência à documentação complemen- tar
à autodeclaração rural (atual meio de prova), para o fim
de comprovar o exercício de atividade rural:

Art. 106 A comprovação do exercício de atividade rural


será feita, complementarmente à autodecla- ração de
que trata o § 2º e ao cadastro de que trata o § 1º, ambos
do art. 38-B desta Lei, por meio de, entre outros:
I - contrato individual de trabalho ou Carteira de
Trabalho e Previdência Social;
II - contrato de arrendamento, parceria ou como- dato
rural;
III - Revogado;
IV - Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar, de que trata o
inciso II do caput do art. 2º da Lei nº 12.188, de 11 de
janeiro de 2010, ou por documento que a substitua;
V - bloco de notas do produtor rural;
VI - notas fiscais de entrada de mercadorias, de que trata
o § 7º do art. 30 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991,
CONHECIMENTOS

emitidas pela empresa adquirente da pro- dução, com


indicação do nome do segurado como vendedor;

311
de cessação por revogação de decisão judicial, podem ser
VII - documentos fiscais relativos a entrega de pro-
inscritos em dívida ativa. Pode ser inscrito, em conjunto com
dução rural à cooperativa agrícola, entreposto de
pescado ou outros, com indicação do segurado o segurado, ou separadamente, o terceiro beneficiado
como vendedor ou consignante;
VIII - comprovantes de recolhimento de contribui-
ção à Previdência Social decorrentes da comerciali-
zação da produção;
IX - cópia da declaração de imposto de renda,
com indicação de renda proveniente da
comercialização de produção rural; ou
X - licença de ocupação ou permissão outorgada
pelo Incra.

Até a edição da Lei 13.846, de 2019, a prova da


ativi- dade rural era feita por meio de declaração do
Sindicato. O art. 112, por sua vez, trata de
disciplinar o pro- cedimento para recebimento de
valores não recebi- dos em vida pelo segurado, que
serão pagos aos seus dependentes habilitados à
pensão por morte ou, na falta deles, aos seus
sucessores na forma da lei civil,
independentemente de inventário ou arrolamento.
A regra é aplicável tanto para créditos
administra- tivos como para créditos oriundos de
ações judiciais.
Os benefícios previdenciários não podem ser
obje- to de penhora, arresto ou alienação de qualquer
for- ma, em virtude de sua natureza alimentar.
Todavia, pode haver desconto (art. 115, da Lei
8.213, de 1991). Vejamos:

Art. 115 Podem ser descontados dos benefícios:


I - contribuições devidas pelo segurado à Previdên-
cia Social;
II - pagamento administrativo ou judicial de
bene- fício previdenciário ou assistencial
indevido, ou além do devido, inclusive na hipótese
de cessação do benefício pela revogação de
decisão judicial, em valor que não exceda 30%
(trinta por cento) da sua importância, nos termos
do regulamento;
III - Imposto de Renda retido na fonte;
IV - pensão de alimentos decretada em sentença
judicial;
V - mensalidades de associações e demais entidades
de aposentados legalmente reconhecidas, desde que
autorizadas por seus filiados.
VI - pagamento de empréstimos, financiamentos,
cartões de crédito e operações de arrendamento
mercantil concedidos por instituições financeiras
e sociedades de arrendamento mercantil, ou por
entidades fechadas ou abertas de previdência com-
plementar, públicas e privadas, quando expressa-
mente autorizado pelo beneficiário, até o limite de
35% (trinta e cinco por cento) do valor do benefício,
sendo 5% (cinco por cento) destinados exclusiva-
mente para: (Redação dada pela Lei nº 13.183, de
2015) (Vide Medida Provisória nº 1.006, de 2020)
(Vide Lei nº 14.131, de 2021)
a) amortização de despesas contraídas por meio
de cartão de crédito; ou
b) utilização com a finalidade de saque por meio
do
cartão de crédito.
§ 1º Na hipótese do inciso II, o desconto será feito
em parcelas, conforme dispuser o regulamento, sal-
vo má-fé.
§ 2º Na hipótese dos incisos II e VI, haverá preva-
312 lência do desconto do inciso II.

Os valores recebidos indevidamente pelo


segurado, ou além do devido, inclusive na hipótese
q m razão de fraude, dolo ou coa- ção, desde todas elas:
u que devidamente identificado em procedi-
e mento administrativo de responsabilização.  Aposentadoria e auxílio-doença;
No art. 118, da Lei 8.213, de 1991, está  Mais de uma aposentadoria no RGPS;
s prevista a estabilidade acidentária, ou seja,  Aposentadoria e abono de permanência em servi-
a a garantia de empre- go, por pelo menos 12 ço (extinto pela Lei 8.807, de 1994);
b (doze meses), para o segurado após a alta  Salário-maternidade e auxílio-doença;
i de auxílio por incapacidade temporária de  Mais de um auxílio-acidente (acrescentado pela
a natureza acidentária, independentemente da Lei 9.032, de 1995);
percep- ção de auxílio-acidente.  Auxílio-acidente e auxílio-doença quando se
o tratar da mesma moléstia;
u Art. 118 O segurado que sofreu acidente
do tra- balho tem garantida, pelo prazo
d mínimo de doze meses, a manutenção
e do seu contrato de trabalho na
v empresa, após a cessação do auxílio-
e doença acidentário, independentemente
r de percepção de auxílio-acidente.
i
a No art. 120, há previsão de propositura,
pela Pre- vidência Social, de ação
s regressiva contra os respon- sáveis nos
a casos de negligência quanto às normas
b padrão de segurança e higiene do
e trabalho indica- das para a proteção
r individual e coletiva e violência doméstica
e familiar contra a mulher.
d A ação regressiva tem por objeto o
a ressarcimento aos cofres da Previdência
dos gastos com benefícios previdenciários
o nas situações acima elencadas.
r
i Art. 120 A Previdência Social ajuizará
ação regres- siva contra os
g
responsáveis nos casos de:
e
I - negligência quanto às normas padrão
m de segu- rança e higiene do trabalho
indicadas para a prote- ção individual e
d coletiva;
o II - violência doméstica e familiar
contra a mulher, nos termos da Lei nº
b 11.340, de 7 de agosto de 2006.
e
n Outra importante previsão está no art.
e 124, que trata das hipóteses de
f impossibilidade de acumulação de
í benefícios, ressalvado o direito adquirido:
c
i Art. 124 Salvo no caso de direito
o adquirido, não é permitido o
recebimento conjunto dos seguintes
p benefícios da Previdência Social:
a I - aposentadoria e
g auxílio-doença; II - mais
o de uma aposentadoria;
III - aposentadoria e abono de
permanência em serviço; IV - salário-
i
maternidade e auxílio-doença;
n
V - mais de um auxílio-acidente;
d
VI - mais de uma pensão deixada por
e cônjuge ou com- panheiro, ressalvado o
v direito de opção pela mais vantajosa.
i Parágrafo único. É vedado o recebimento
d conjunto do seguro-desemprego com
a qualquer benefício de prestação
m continuada da Previdência Social, exceto
e pensão por morte ou auxílio-acidente.
n
t Além das impossibilidades do art. 124,
e podemos destacar outras impossibilidades
previstas em outros dispositivos. Vejamos
e
 Benefícios assistenciais com benefícios
I - auxílio doença e aposentadoria por invalidez:
previdenciários;
12 (doze) contribuições mensais;
 Auxílio-acidente e aposentadoria;
II - aposentadoria por idade, aposentadoria por
 Mais de uma pensão deixada por cônjuge ou
tempo de contribuição e aposentadoria especial:
com- panheiro, ressalvada a opção pela mais
180 contribuições.
vantajosa;
 Auxílio-reclusão com aposentadoria, abono de
Sobre o inciso II, do art. 25, é importante ressaltar
permanência em serviço ou auxílio-doença;
que o tempo de trabalho rural pode ser descontínuo.
 Seguro Desemprego com Benefício Previdenciário
(Exceção: Auxílio-Acidente e Pensão por Morte). Observar regra de transição prevista no art. 142,
da Lei 8.213, de 1991 (essa lei aumentou o prazo de 60
Por fim, o art. 128, dispõe sobre o pagamento de para 180 contribuições).
créditos de segurados, obtidos em ações judiciais,
que será feito por meio de RPV (Requisição de Peque-
no Valor), no prazo de 60 (sessenta) dias, quando os
valores não excederem 60 (sessenta) salários míni-
MESES DE
mos, podendo a parte renunciar o excedente, ou por ANO DE IMPLEMENTAÇÃO
CONTRIBUIÇÃO
meio de ofício precatório, quando o valor da DAS CONDIÇÕES
execução superar o limite da lei. EXIGIDOS
1991 60
RPV
Até 60 salários (Requisição de 1992 60
mínimos Pequeno Valor)
EXECUÇÃO CONTRA O INSS 1993 66
Acima de 60 1994 72
Precatório
salá- rios
mínimos 1995 78
1996 90
As ações envolvendo acidentes do trabalho são Art. 25 A concessão das prestações
de competência da Justiça Estadual; as ações pecuniárias
1997 do Regime Geral de96
Previdência
propria- mente previdenciárias, de competência da Social depende dos seguintes períodos de
Justiça Federal (inciso I, art. 109, da Constituição 1998 ressalvado o dis- posto
carência, 102
no art. 26:
Federal). 1999 108

PERÍODOS DE CARÊNCIA 2000 114


2001 120
O art. 24, da Lei 8.213, de 1991, estabelece o perío-
do de carência: 2002 126
2003 132
Art. 24 Período de carência é o número mínimo de
contribuições mensais indispensáveis para que o 2004 138
beneficiário faça jus ao benefício, consideradas a
2005 144
partir do transcurso do primeiro dia dos meses de
suas competências. 2006 150

Inicia-se a contagem para o segurado empregado 2007 156


e trabalhador avulso a partir da data da filiação ao 2008 162
RGPS. Para os contribuintes individuais,
empregados domésticos, segurados especiais (se 2009 168
contribuintes facultativos) e segurados facultativos,
2010 174
inicia-se a par- tir da data do pagamento efetivo da
primeira contri- buição sem atraso, não sendo 2011 180
consideradas para este fim as contribuições
recolhidas em atraso referente a competências
anteriores à primeira em dia, nem as
abaixo do mínimo. III
Diferenciar: -
sa
 Período de graça: mantém a qualidade de segura- lá
do depois que deixa de contribuir); ri
 Período de carência: está contribuindo, mas o-
não m
tem direito a todos benefícios; at
 Tempo de contribuição: período que contribuiu er
efetivamente para o sistema. ni
da
O art. 25 prescreve os períodos de carência das de
prestações previdenciárias: pa
ra
as
seguradas de que tratam os incisos V e VII do caput
do art. 11 e o art. 13 desta Lei: 10 (dez) contribuições
mensais, respeitado o disposto no parágrafo único do art.
39 desta Lei; e

Observação: se o parto for antecipado, a carência é


diminuída na medida da antecipação. Ex.: se o parto
adiantar 1 mês, a carência diminui 1 mês.

IV - auxílio reclusão: 24 (vinte e quatro) contribui- ções


mensais.

Atenção: antes da Lei 13.846, de 2019, o auxílio-re-


clusão não exigia carência.

CONHECIMENTOS
313
O art. 26, da Lei 8.213, de 1991, prevê as situações que independem de carência:

Art. 26 Independe de carência a concessão das seguintes prestações:


I - pensão por morte, salário família e auxílio-acidente;
II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença
profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma
das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social, atuali-
zada a cada 3 (três) anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência ou outro fator
que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado;
III - os benefícios concedidos na forma do inciso I do art. 39, aos segurados especiais referidos no inciso VII do
art. 11 desta Lei.

Para facilitar seu estudo, é importante destacar que o inciso I, do art. 39, trata da aposentadoria por idade ou
por invalidez, auxílio-doença, auxílio-reclusão ou pensão, no valor de 1 salário-mínimo, desde que comprovado o
tempo de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento
do benefício, igual ao número de meses da carência do benefício requerido.

Art. 26 [...]
IV -serviço social;
V - reabilitação profissional;
VI - salário maternidade para as seguradas empregada, trabalhadora avulsa e segurada doméstica;

SALÁRIO DE BENEFÍCIO E RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO

Acompanhe a seguir alguns conceitos essenciais para compreendermos os cálculos de benefícios


previdenciá- rios:
 Salário de contribuição: base de incidência da contribuição previdenciária;
 Salário de benefício: é a base de cálculo da renda mensal inicial da maioria dos benefícios;
 RMI: Renda mensal inicial;
 SB: salário de benefício.

Pela nova regra introduzida pela EC 103, de 2019, em seu art. 26, o salário de benefício consistirá na média
aritmética simples dos salários de contribuição e das remunerações adotados como base para contribuições ao
Regime Geral de Previdência Social, atualizados monetariamente, correspondentes a 100% (cem por cento) do
período contributivo desde a competência julho de 1994 ou desde o início da contribuição, se posterior àquela
competência.
Etapas do cálculo:

básico de cálculo) — de julho/94 até a data do requerimento do benefício ou da data de ingresso no sistema (se posterior a julho/94) até a data do req

Atualização monetária de todos os salários de contribuição Elaboração da média aritmética de todos os salários de contribuição
Aplicação do coeficiente específico do benefício a ser concedido

Importante!
Antes da Reforma, o salário de benefício era a média aritmética simples dos 80% (oitenta por cento) maiores salários de contribu

O valor do salário de benefício não será inferior ao de um salário mínimo, nem superior ao do limite
máximo do salário de contribuição na data de início do benefício.
Se no período básico de cálculo o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será
con- tada, considerando-se como salário de contribuição, no período, o salário de benefício que serviu de base
para o cálculo da renda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo
ser inferior a um salário mínimo.
Ao segurado empregado e ao trabalhador avulso que tenham cumprido todas as condições para a concessão
do benefício pleiteado, mas não possam comprovar o valor dos seus salários de contribuição no período básico de
cálculo, será concedido o benefício de valor mínimo, devendo esta renda ser recalculada, quando da
apresentação de prova dos salários de contribuição.
O auxílio-acidente cessa com a concessão de qualquer aposentadoria; todavia, os seus valores são incorpora-
dos ao salário de contribuição do segurado, para fins de cálculo do salário de benefício, na forma do art. 31, da
314 Lei 8.213, de 1991.
A renda mensal inicial dos benefícios é
50% do salário de
calculada, via de regra, pela aplicação de coeficiente Auxílio-acidente B
específico fixada em lei, sobre o salário de benefício
PRE
benefício.
A EC 103, de 2019, para as aposentadorias,
alterou substancialmente o coeficiente que
corresponderá a 60% (sessenta por cento) da média Au
aritmética definida na forma prevista no caput e no §
1º, com acréscimo de 2 (dois) pontos percentuais para
cada ano de contribui- ção que exceder o tempo de
20 (vinte) anos de contri- buição para homens e 15
(quinze) anos para mulheres. No caso de Salá
aposentadoria por incapacidade per- manente
decorrente de acidente do trabalho, o coefi-
ciente será de 100% (cem por cento). Sa
Outra novidade é que poderão ser excluídas da
média as contribuições que resultem em redução do
valor do benefício, desde que mantido o tempo míni-
mo de contribuição exigido, vedada a utilização do
tempo excluído para qualquer finalidade. É o chama- Pen
do descarte de contribuições.
Assim, temos que a RMI (Renda Mensal Inicial)
dos benefícios será assim calculada:

BENEFÍCIOS
RMI
PREVIDENCIÁRIOS A
60% + 2% para cada ano L
que superar 20 para o ho- e
Aposentadoria por idade, mem e 15 para a mulher i
com tempo mínimo de aplicado sobre o salário n
contribuição — EC 103, de benefício, sendo possí- º
de 2019 vel ultrapassar 100% des- 1
3
te, a depender do tempo .
de contribuição 1
3
Cálculo próprio para cada 5
Regras de Transição ,
regra
d
e
60% + 2% para cada ano 2
que superar 20 para o ho- 0
mem e 15 para a mulher 1
(exceto para atividades 5
que geram direito com 15 ,
Aposentadoria especial i
anos de exposição) apli-
n
cado sobre o salário de
t
benefício, sendo possível r
ultrapassar100% deste, o
a depender do tempo de d
contribuição u
z
60% + 2% para cada ano i
que supere 20 para o ho- u
mem e 15 para a mulher o
Aposentadoria aplicado sobre o salário §
de benefício ou 100% se 1
por incapacidade
0
permanente for acidente de trabalho,
n
sendo possível ultrapas- o
sar 100% do salário de a
benefício, a depender do r
tempo de contribuição t.
29,
91% do SB (limite média da
Auxílio-doença dos últimos 12 meses — Lei
regra superada pela EC nº
103, de 2019) 8.21
3, de
1991, regra que diz que:

Art. 29 [...]
§ 10 O auxílio-doença não poderá exceder a média
aritmética simples dos últimos 12 (doze) salários-
-de-contribuição, inclusive no caso de remunera- ção
variável, ou, se não alcançado o número de 12 (doze), a
média aritmética simples dos salários-de-
-contribuição existentes.

No caso de atividades concomitantes em que a


contribuição nas diversas atividades é obrigatória, o
salário de benefício será calculado com base na soma dos
salários de contribuição das atividades exercidas na data
do requerimento ou do óbito, ou no período básico de
cálculo.
Antes da Reforma da Previdência, havia a aplica- ção
do fator previdenciário no cálculo das aposentado- rias
por tempo de contribuição de forma obrigatória e na
aposentadoria por idade de forma facultativa. Este fator
foi mantido apenas da regra transitória do pedá- gio de 50
% (cinquenta por cento).

Fórmula para o cálculo do Fator Previdenciário:


Tc · a Id + Tc·a
f= Es · [1 · b 100 l ]
f = fator previdenciário
Es = expectativa de sobrevida no momento
da aposentadoria
Tc = tempo de contribuição até o momento da
aposentadoria
Id = idade no momento da aposentadoria

CONHECIMENTOS
a = alíquota de contribuição correspondente a 0,31.

O segurado, pela sistemática anterior, poderia optar


pela não aplicação do fator, caso atingisse o tem- po mínimo
de contribuição — 30 TC (M) e 35 TC (H) —, e, a somatória
da idade atingisse 85 pontos se mulher e 95 se homem.
Esta pontuação era acrescida de 1 ponto por ano, a
partir de 31 de dezembro de 2018, até atingir 90/100 em
31 de dezembro de 2026 (art. 29-C, da Lei 8.213, de 1991).

315
REAJUSTAMENTO DO VALOR DOS BENEFÍCIOS
Para entender no que a mudança implica, pense
O valor dos benefícios em manutenção será no seguinte exemplo hipotético:
reajus- tado, anualmente, na mesma data do reajuste Maria trabalhava em uma indústria privada de
do salá- rio mínimo, pro rata, de acordo com suas tecelagem, sendo, portanto, segurada da previ-
respectivas datas de início ou do último dência social. Em determinado episódio, Maria
reajustamento, com base no Índice Nacional de sofreu um acidente em uma das máquinas, que lhe
Preços ao Consumidor (INPC), apurado pela causou sequelas permanentes, razão pela qual,
Fundação Instituto Brasileiro de Geogra- fia e passou a receber o benefício de auxílio-acidente.
Estatística (IBGE). A partir desse dia, Maria se demitiu do emprego
e continuou recebendo apenas o auxílio-acidente.
Passados mais de 5 anos, Maria que continuou
desempregada durante todo o período, foi a óbito.
EXERCÍCIO COMENTADO Nessa situação, de acordo com a redação anterior e
a posterior, poderia ocorrer o seguinte:
1. (CESPE-CEBRASPE — 2018) Julgue o item a seguir:
O segurado especial terá direito a aposentadoria por
REDAÇÃO DA LEI Nº.
idade com requisito diferenciado, desde que comprove
REDAÇÃO ANTERIOR 8.213, DE 1991, COM
o exercício da atividade rural por tempo igual ao núme-
DA LEI Nº. 8.213, DE ALTERAÇÃO DA LEI
ro de meses exigidos para a carência do benefício.
1991 Nº. 13.846, DE 18 DE
( ) CERTO ( ) ERRADO JU-
NHO DE 2019
O segurado especial comprova a carência exigida
Art. 15 Mantém a qua- Art. 15 Mantém a qua-
para o benefício por meio do exercício de atividade
como segurado especial pelo prazo exigido. lidade de segurado, in- lidade de segurado, in-
Resposta: Certo. dependentemente de dependentemente de
contribuições: contribuições:
I - sem limite de prazo, I - sem limite de prazo,
quem está em gozo quem está em gozo
de benefício; de benefício, exceto
Maria, mesmo desempre- do auxílio-acidente;
gada e sem contribuir para Maria, apesar de estar em
a previdência social, man- gozo de auxílio-acidente,
316 A qualidade
tinha a condiçãode de
segurado
se- não é omantinha
requisitoapara con- cessão de
condição
quase
gurada. Razão pela qual, de segurada. Razão Pela
todos os benefícios da previdência social. pela regra, os
segurados
os seus eventuais depen- qual, os seus eventuais estiverem
preservam essa condi- ção enquanto
vertendo contribuições para a Previdência Social ou enquanto
dentes possuem direito á depen- dentes não
estiverem exercen- do atividade remunerada.
O art. 15, da Lei nº 8.213, de 1991, prevê o denomi- nado
período de graça, no qual o segurado mantém essa
qualidade independentemente de contribuição, fazendo jus aos
benefícios e serviços que são prestados pela Previdência. O
período de graça é uma criação que permite a extensão da
proteção previdenciária em casos taxativamente determinados
pela legislação.

Art. 15 Mantém a qualidade de segurado, indepen-


dentemente de contribuições:
I - sem limite de prazo, quem está em gozo de bene- fício,
exceto do auxílio-acidente;

Atente-se ao inciso I, pois ele foi uma novidade trazida


pela “minirreforma previdenciária”, a qual foi promovida
pela Lei nº. 13.846, de 2019; assim, sua incidência em prova é
bastante provável.
A Lei nº. 13.846 entrou em vigor no país no dia 18 de
junho de 2019, antes da aludida lei, o inciso I, do art. 15, não
excetuava o segurado que estava em gozo de auxílio acidente,
de modo que, este, mesmo sem trabalhar e contribuir, pelo
simples fato de estar em gozo do auxílio-acidente, continuava
a conservar a qualidade de segurando, estando, portanto, em
um “eterno período de graça”.
Importante reforçar que o segurado que estiver em gozo
de auxílio-acidente pode laborar, uma vez que o auxílio
acidente consiste em um valor a mais (um plus), pago pela
Previdência Social, como forma de indenizar o segurado pelas
sequelas decorrentes do acidente de trabalho.
a Social ou estiver suspenso ou licenciado
sem remuneração;

Tem-se como exemplo o empregado


que possui a condição de segurado mesmo
tendo sido dispensado e,
consequentemente, para de contribuir.
Contudo, res- salta-se que este empregado
Ar ficará temporariamente sob esta condição,
t. mais especificamente por 12 meses.
15
[... Importante!
] Caso este indivíduo esteja sob o período de 12 meses após o contra
II
- Assim, caso venha algum enunciado em sua pro- va trazendo algum
at
é
12
(d
oz
e)
me
ses
ap
ós
a
ces
sa
çã
o
da
s
co
nt
ri-
bu
içõ
es,
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se
gu
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ce
r
ati
vi
da
de
re
m
un
er
ad
a
ab
ra
ng
id
a
pel
a
Pr
evi

nci
Outro ponto a ser destacado é referente ao benefício por incapacidade. Veja que aquele trabalhador que
venha a receber tal benefício será considerado contribuinte enquanto perdurar a concessão, e essa condição se
estenderá até 12 meses após o fim do benefício.
Contudo, esse prazo previsto no inciso II poderá ser prorrogado conforme as disposições dos §§ 1º e 2º, do art.
15. Vejamos:

§ 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de
120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado.
§ 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que
comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social.

Assim, afim de esclarecer a situação evidenciada pelos referidos parágrafos, tomemos o exemplo do Donatello,
mas da seguinte forma: Donatello trabalhava registrado como segurança há mais de 10 anos, contudo veio a ser
dispensado sem justa causa, parando, por conseguinte, de contribuir. Neste caso, veja que Donatello terá a con-
dição de segurado prorrogada por 12 meses após o fim do contrato de trabalho, mesmo não contribuindo, pois
assim prevê o inciso II.
Entretanto, a condição de segurado não se findará após 12 meses do término do contrato de trabalho, sendo
prorrogada por mais 24 meses. Essa prorrogação se dará em virtude da concessão de 12 meses referente ao fato
de ter contribuído por mais de 120 vezes sem interrupção (§ 1º, do art. 15), e pela concessão de 12 meses por
se encontrar na condição de segurado desempregado (§ 2º, do art. 15) (sendo necessária, neste último caso, a
compro- vação da situação de desempregado pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da
Previdência).
Por fim, ressalta-se que a concessão das prorrogações previstas nos parágrafos §§ 1º e 2º são independentes.
Assim, um contribuinte poderá ter assegurada essa condição, após o fim do contrato de trabalho (ou seja, sem
estar contribuindo), por 12 meses (caso em que não haverá prorrogação alguma), 24 ou 36 meses.
Ademais, interpretando a norma, a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência (TNU), por meio da
Súmula 27, firmou o seguinte entendimento: A ausência de registro no Ministério do Trabalho não impede a
com- provação da condição de desemprego por outros meios admitidos em Direito.
Seguindo com os incisos do art. 15, da Lei nº. 8. 213, de 1991:

III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de segregação compulsória;
IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso;
V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar;
VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo.
[...]
§ 3º Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previdência Social.
§ 4º A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de
Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do
final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos.

PERÍODO DE GRAÇA

Segurados obrigatórios: 12 meses


Segurado recluso (preso): 12 meses, após o livramento
GERAL
12 meses + 12 meses: desempregados
12 meses + 12 meses: segurado com mais de 120 contribuições
Após licença de incorporação às Forças Armadas: 3 meses

CASOS EXCEPCIONAIS Segurados Facultativos: 6 meses

Após finalização da segregação (suspensão) compulsória por doença: 12 meses

A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia 16 do mês de vencimento da contribuição relativa ao mês
seguinte ao término dos prazos fixados no art. 15. Exemplo: Se o período de graça terminar em maio, o
segurado terá até 15 de julho para efetuar o pagamento da contribuição de junho; com isso, ganha mais 45 dias.
Conforme disposto no art. 27-A, da Lei 8.213, de 1991:
CONHECIMENTOS

Art. 27-A Na hipótese de perda da qualidade de segurado, para fins da concessão dos benefícios de auxílio-doença, de
aposentadoria por invalidez, de salário-maternidade e de auxílio-reclusão, o segurado deverá contar, a partir da data
da nova filiação à Previdência Social, com metade dos períodos previstos nos incisos I, III e IV do caput do art. 25.

Isso significa dizer que, para fins de carência, o segurado deve recolher metade da carência prevista para o
bene- fício que pretende receber, caso deseje contar o tempo anterior à perda da qualidade de segurado para
esse fim.

317
públicos e da sociedade, destinado a assegurar o direito
Dica relativo à saúde, à previdência e à assistên- cia social.
A Lei 10.666, de 2003, revoga parcialmente o
parágrafo único, do art. 24, da Lei 8.213, de
1991, ao estabelecer, em seu art. 3º, que a
perda da qualidade de segurado não será
considerada para a concessão das
aposentadorias por tem- po de contribuição e,
em especial, na hipótese de aposentadoria por
idade, desde que o segu- rado conte com, no
mínimo, o tempo de contri- buição
correspondente ao exigido para efeito de
carência na data de entrada do requerimento do
benefício. Ou seja, fica dispensada a qualidade
de segurado nessas situações.

Outra hipótese em que a perda da qualidade de


segurado não gera efeitos se dá quando o segurado já
havia direito adquirido ao benefício, de acordo com
o parágrafo 1º, art. 102, da Lei 8.213, de 1991:

Art. 102 [...]


§ 1º A perda da qualidade de segurado não preju-
dica o direito à aposentadoria para cuja
concessão tenham sido preenchidos os requisitos
segundo legislação em vigor à época em que esses
requisitos foram atendidos.

A fim de ofertar um material de estudos o mais


didático e organizado possível, optou-se por não
inse- rir capítulos específicos, dedicados ao
tratamento das Leis nº 8.212 e nº 8.213, ambas de
1991, tendo em vista que seu conteúdo foi
amplamente abordado no decor- rer da seção
intitulada Seguridade Social.

O Decreto nº 3048, de 1999, é o Regulamento da


Previdência Social, que traz toda a regra regulamentar
das Leis nº 8.212, de 1991 e nº 8.213, de 1991.
Recente- mente, sofreu alterações pelos Decretos nº
10.410, de 2020, e nº 10.491, de 2020, de modo que
pudesse ser adaptado a algumas alterações legislativas,
especial- mente àquelas advindas da Reforma da
Previdência (EC 103, de 2019).
A leitura desse diploma legal é de suma
importân- cia para o estudante, já que, em várias
oportunidades, as Leis 8.212, de 1991, e 8.213, de
1991, estarão em desacordo com a Reforma (EC 103,
de 2019), o que não ocorre, via de regra, com o
Decreto, pois foi adaptado às mudanças.

DA FINALIDADE E DOS PRINCÍPIOS BÁSICOS

318 O art. 1º, do Decreto nº 3.048, dispõe sobre a


seguri- dade social e seus princípios básicos. Vejamos:

Art. 1º A seguridade social compreende um con-


junto integrado de ações de iniciativa dos poderes
T or principal caraterística prezar pela
r garantia da prestação universal de VI - diversidade da base de financiamento; e
a benefícios de pro- teção social pelo Estado a
t fim de certificar ao segurado e seus A Seguridade Social brasileira encontra-se no
a dependentes amparo financeiro para subsis- cha- mado ponto de hibridismo entre sistema
- tência em caso de morte, acidentes, contributivo e não contributivo. Desta maneira, quis
s doenças etc. o constituinte estabelecer a possibilidade de que a
e Os princípios são fundamentos de um receita da segu- ridade possa ser arrecadada de
sistema de conhecimento e, desta maneira, várias fontes pagado- ras, não ficando adstrita
d os princípios nortea- dores da seguridade somente aos trabalhadores, empregadores e poder
e social orientam que as regras devem público.
observar o primado do trabalho, bem como
u proteção à saúde e à vida humana.
m Vejamos melhor cada um dos incisos
do § único, do art. 1º:
c
o Parágrafo único. A seguridade social
n obedecerá aos seguintes princípios e
c diretrizes:
e I - universalidade da cobertura e do atendimento;
i
t Universalidade da cobertura quer dizer
o que a pro- teção social deve alcançar todos
os eventos sociais da vida daqueles que
e dela necessitarem. Universalidade de
s atendimento representa as prestações de
t servi- ços da seguridade social também a
r todos os que dela necessitarem tanto em
u previdência social, saúde e assistência
t social.
u
r II - uniformidade e equivalência dos
benefícios e serviços às populações
a
urbanas e rurais;
n
t
Esse princípio visa conferir
e
uniformidade nos tra- tamentos entre
trabalhadores urbanos e rurais no que se
d
refere à concessão de benefícios e serviços.
a
Isso não significa dizer que os benefícios
s
terão o mesmo valor para todos os
segurados.
p
o
III - seletividade e distributividade na
l
prestação dos benefícios e serviços;
í
t
A seletividade e distributividade da
i
previdência social refere-se ao fato de que
c
os benefícios serão concedidos somente a
a
quem deles de fato necessite. Essa
s
seletividade é feita por meio da
implementação dos requisitos pelos
s
segurados que são exigidos pela legislação.
o
c IV - irredutibilidade do valor dos
i benefícios, de for- ma a preservar-lhe o
a poder aquisitivo;
i
s O benefício legalmente concedido não
pode sofrer descontos, ou seja, ter seu valor
q reduzido, salvo nos casos determinados por
u lei ou em decisão judicial.
e
V - equidade na forma de participação no custeio;
t
e Tal princípio busca garantir a
m participação dos tra- balhadores,
empregadores e Poder Público no custeio
p da seguridade social.
VII - caráter democrático e descentralizado da tenha sede e administração no País;
e
administração, mediante gestão quadripartite, d) o brasileiro ou o estrangeiro
m
com participação dos trabalhadores, dos empre- domiciliado e con- tratado no Brasil para
gadores, dos aposentados e do governo nos trabalhar como empregado
órgãos colegiados. e
m
Por fim, o caráter democrático e descentralizado p
r
da administração afirma que na gestão dos recursos
e
de previdência, programas, planos e serviços deve
s
ser feita em discussão com a sociedade. Para que a
isso aconteça, foram criados órgãos colegiados de
delibe- ração, como, por exemplo, o CNPS (Conselho
d
Nacional de Previdência Social), pela Lei n° 8.213, de
o
1991.
m
i
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL c
i
Trata-se de um seguro pago pelos trabalhadores l
filiados à Previdência Social, que tem o objetivo de i
assegurar a subsistência ao trabalhador e seus depen- a
dentes em caso de morte, incapacidade e d
aposentado- ria. Vejamos o que diz o art. 5º, do a
referido Decreto:
n
Art. 5º A previdência social será organizada sob a o
forma de regime geral, de caráter contributivo e de
filiação obrigatória, observados critérios que pre- e
servem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atende- x
rá a: t
I - cobertura de eventos de incapacidade temporá- e
ria ou permanente para trabalho e idade avançada; r
II - proteção à maternidade, especialmente à i
gestante; III - proteção ao trabalhador em situação o
de desem- prego involuntário; r
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os
dependentes dos segurados de baixa renda; e c
V - pensão por morte do segurado, homem ou o
mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes. m

DOS BENEFICIÁRIOS DO REGIME GERAL DE m


PREVIDÊNCIA SOCIAL a
i
Do Segurado Empregado o
r
i
Segurados obrigatórios são aqueles que devem
a
obrigatoriamente contribuir com a previdência
social, com direito aos benefícios previdenciários d
pertinentes à sua categoria. Vejamos quais os o
segurados se enqua- dram nesta categoria:
c
Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência
a
social as seguintes pessoas físicas:
p
I - como empregado: i
a) aquele que presta serviço de natureza urbana t
ou rural a empresa, em caráter não eventual, sob a
sua subordinação e mediante remuneração, l
inclusive como diretor empregado; v
b) aquele que, contratado por empresa de o
trabalho temporário, na forma prevista em t
legislação espe- cífica, por prazo não superior a a
cento e oitenta dias, consecutivos ou não, n
prorrogável por até noventa dias, presta serviço t
para atender a necessidade transitória de e
substituição de pessoal regular e per- manente ou a
acréscimo extraordinário de serviço de outras
empresas; p
c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e con- e
tratado no Brasil para trabalhar como r
empregado no exterior, em sucursal ou agência de t
empresa constituída sob as leis brasileiras e que e
n
cente a empresa constituí- da sob as leis brasileiras, que
tenha sede e admi- nistração no País e cujo controle
efetivo esteja em caráter permanente sob a titularidade
direta ou indireta de pessoas físicas domiciliadas e
residentes no País ou de entidade de direito público
interno;
e) aquele que presta serviço no Brasil a missão
diplomática ou a repartição consular de carreira
estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a
membros dessas missões e repartições, excluídos o não-
brasileiro sem residência permanente no Brasil e o
brasileiro amparado pela legislação previden- ciária do
país da respectiva missão diplomática ou repartição
consular;
f) o brasileiro civil que trabalha para a União no exterior,
em organismos oficiais internacionais dos quais o Brasil
seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e
contratado, salvo se amparado por regime próprio de
previdência social;
g) o brasileiro civil que presta serviços à União no
exterior, em repartições governamentais brasilei- ras, lá
domiciliado e contratado, inclusive o auxi- liar local de
que tratam os arts. 56 e 57 da Lei n o 11.440, de 29 de
dezembro de 2006, este desde que, em razão de proibição
legal, não possa filiar-se ao sistema previdenciário local;
h) o bolsista e o estagiário que prestam serviços a
empresa, em desacordo com a Lei n o 11.788, de 25 de
setembro de 2008;
i) o servidor da União, Estado, Distrito Federal ou
Município, incluídas suas autarquias e fundações,
ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão
declarado em lei de livre nomeação e exoneração;
j) o servidor do Estado, Distrito Federal ou Municí- pio,
bem como o das respectivas autarquias e fun- dações,
ocupante de cargo efetivo, desde que, nessa qualidade, não
esteja amparado por regime próprio de previdência social;
l) o servidor contratado pela União, Estado, Distrito Federal
ou Município, bem como pelas respectivas autarquias e
fundações, por tempo determinado, para atender a
necessidade temporária de excep- cional interesse público,
nos termos do inciso IX do art. 37 da Constituição Federal;
m) o servidor da União, Estado, Distrito Federal ou
Município, incluídas suas autarquias e fundações,
ocupante de emprego público;
o) o escrevente e o auxiliar contratados por titular de
serviços notariais e de registro a partir de 21 de
novembro de 1994, bem como aquele que optou pelo
Regime Geral de Previdência Social, em con- formidade
com a Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994; e
p) aquele em exercício de mandato eletivo federal,
estadual, distrital ou municipal, desde que não seja
vinculado a regime próprio de previdência social;
q) o empregado de organismo oficial internacional ou
estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quan- do
coberto por regime próprio de previdência social;
r) o trabalhador rural contratado por produtor rural
pessoa física, na forma do art. 14-A da Lei nº 5.889, de 8
de junho de 1973, para o exercício de atividades de
natureza temporária por prazo não superior a dois meses
dentro do período de um ano;
s) aquele contratado como trabalhador intermiten- te para
CONHECIMENTOS

a prestação de serviços, com subordinação, de forma não


contínua, com alternância de perío- dos de prestação de
serviços e de inatividade, em conformidade com o
disposto no § 3º do art. 443 da Consolidação das Leis do
Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de
maio de 1943;

319
tratam os arts. 18-A e 18-C da Lei Complementar no 123,
Do Empregado Doméstico de 14 de dezembro de 2006, que opte pelo

II - como empregado doméstico - aquele que presta


serviço de forma contínua, subordinada, onerosa e
pessoal a pessoa ou família, no âmbito residencial
desta, em atividade sem fins lucrativos, por mais de
dois dias por semana;
III - REVOGADO
IV -
REVOGADO

Do Contribuinte Individual

V - como contribuinte individual:


a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora
atividade agropecuária, a qualquer título, em cará-
ter permanente ou temporário, em área, contínua
ou descontínua, superior a quatro módulos fiscais;
ou, quando em área igual ou inferior a quatro
módulos fiscais ou atividade pesqueira ou extrati-
vista, com auxílio de empregados ou por intermé-
dio de prepostos; ou ainda nas hipóteses dos §§ 8º
e 23 deste artigo;
b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora
atividade de extração mineral - garimpo -, em cará-
ter permanente ou temporário, diretamente ou por
intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de
empregados, utilizados a qualquer título, ainda que
de forma não contínua;
c) o ministro de confissão religiosa e o membro de
instituto de vida consagrada, de congregação ou de
ordem religiosa;
d) o brasileiro civil que trabalha no exterior para
organismo oficial internacional do qual o Brasil é
membro efetivo, ainda que lá domiciliado e
contra- tado, salvo quando coberto por regime
próprio de previdência social;
e) desde que receba remuneração decorrente de tra-
balho na empresa:
1. o empresário individual e o titular de empresa
indi- vidual de responsabilidade limitada, urbana ou
rural;
2. o diretor não empregado e o membro de conselho
de administração de sociedade anônima;
3. o sócio de sociedade em nome coletivo; e
4. o sócio solidário, o sócio gerente, o sócio cotista e
o administrador, quanto a este último, quando não
for empregado em sociedade limitada, urbana ou
rural;
i) o associado eleito para cargo de direção em
cooperativa, associação ou entidade de qualquer
natureza ou finalidade, bem como o síndico ou
administrador eleito para exercer atividade de dire-
ção condominial, desde que recebam remuneração;
j) quem presta serviço de natureza urbana ou rural,
em caráter eventual, a uma ou mais empresas,
sem relação de emprego;
l) a pessoa física que exerce, por conta própria,
atividade econômica de natureza urbana, com
fins lucrativos ou não;
m) o aposentado de qualquer regime previdenciário
nomeado magistrado classista temporário da Justi-
ça do Trabalho, na forma dos incisos II do § 1º do
art. 111 ou III do art. 115 ou do parágrafo único
do art. 116 da Constituição Federal, ou nomeado
magistrado da Justiça Eleitoral, na forma dos
inci- sos II do art. 119 ou III do § 1º do art. 120 da
Cons- tituição Federal;
n) o cooperado de cooperativa de produção que,
320 nesta condição, presta serviço à sociedade coope-
rativa mediante remuneração ajustada ao trabalho
executado; e
p) o Micro Empreendedor Individual - MEI de que
r ional em valores fixos mensais; comodatário ou arrendatário rurais, que explore
e q) o médico participante do Projeto Mais atividade:
c Médicos para o Brasil, instituído pela Lei 1. agropecuária em área contínua ou não de até
o nº 12.871, de 22 de outubro de 2013, exceto quatro módulos fiscais; ou
l na hipótese de cobertura securitária 2. de seringueiro ou extrativista vegetal na coleta
h específica estabelecida por organismo e extração, de modo sustentável, de recursos natu-
i internacional ou filiação a regime de rais renováveis, e faça dessas atividades o principal
m seguridade social em seu país de origem, meio de vida;
e com o qual a Repúbli- ca Federativa do b) pescador artesanal ou a este assemelhado, que
n Brasil mantenha acordo de segu- ridade faça da pesca profissão habitual ou principal meio
t social; de vida; e
o r) o médico em curso de formação no
âmbito do Programa Médicos pelo Brasil,
d instituído pela Lei nº 13.958, de 18 de
o dezembro de 2019;
s VI - como trabalhador avulso - aquele que:
a) sindicalizado ou não, preste serviço de
natureza urbana ou rural a diversas
i empresas, ou equiparados, sem vínculo
m empregatício, com intermediação obri-
p gatória do órgão gestor de mão de obra,
o nos termos do disposto na Lei nº 12.815, de 5
s de junho de 2013, ou do sindicato da
t categoria, assim considerados:
o 1. o trabalhador que exerça atividade
s portuária de capatazia, estiva, conferência
e conserto de carga e vigilância de
e embarcação e bloco;
2. o trabalhador de estiva de mercadorias
c de qual- quer natureza, inclusive carvão e
o minério;
n 3. o trabalhador em alvarenga (embarcação
t para carga e descarga de navios);
r 4. o amarrador de embarcação;
i 5. o ensacador de café, cacau, sal e similares;
b 6. o trabalhador na indústria de extração de sal;
u 7. o carregador de bagagem em porto;
i 8. o prático de barra em porto;
ç 9. o guindasteiro; e
õ 10. o classificador, o movimentador e o
e empacota- dor de mercadorias em portos;
s e
b) exerça atividade de movimentação de
merca- dorias em geral, nos termos do
a
disposto na Lei nº 12.023, de 27 de agosto de
b
2009, em áreas urbanas ou rurais, sem
r
vínculo empregatício, com interme- diação
a
obrigatória do sindicato da categoria, por
n
meio de acordo ou convenção coletiva de
-
trabalho, nas atividades de:
1. cargas e descargas de mercadorias a
g granel e ensa- cados, costura, pesagem,
i embalagem, enlonamento, ensaque, arrasto,
d posicionamento, acomodação,
o reordenamento, reparação de carga,
s amostragem, arrumação, remoção,
classificação, empilhamento, transporte
p com empilhadeiras, paletização, ova e
e desova de vagões, carga e descarga em
l feiras livres e abastecimento de lenha em
o secadores e caldeiras;
2. operação de equipamentos de carga e descarga; e
3. pré-limpeza e limpeza em locais
S
necessários às operações ou à sua
i
continuidade;
m
VII - como segurado especial: a pessoa física
p
resi- dente no imóvel rural ou em
l
aglomerado urbano ou rural próximo que,
e
individualmente ou em regime de economia
s
familiar, ainda que com o auxílio even- tual
de terceiros, na condição de:
N a) produtor, seja ele proprietário,
a usufrutuário, possuidor, assentado,
c parceiro ou meeiro outor- gados,
c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior VI - bloco - a atividade de limpeza e
in
de dezesseis anos de idade ou a este equiparado, conservação de embarcações mercantes e
cl
do segurado de que tratam as alíneas “a” e “b” de seus tanques,
ui
deste inciso, que, comprovadamente, tenham
n
participa- ção ativa nas atividades rurais ou
do
pesqueiras arte- sanais, respectivamente, do
ba
grupo familiar.
§ 1º O aposentado pelo Regime Geral de Previdên- ti
cia Social que voltar a exercer atividade m
abrangida por este regime é segurado obrigatório en
em relação a essa atividade, ficando sujeito às to
contribuições de que trata este Regulamento. de
§ 2º Considera-se diretor empregado aquele que, fe
par- ticipando ou não do risco econômico do rr
empreendi- mento, seja contratado ou promovido ug
para cargo de direção das sociedades anônimas, e
mantendo as características inerentes à relação de m,
emprego. pi
§ 3º Considera-se diretor não empregado aquele nt
que, participando ou não do risco econômico do ur
empreendimento, seja eleito, por assembléia geral a,
dos acionistas, para cargo de direção das socie- re
dades anônimas, não mantendo as características pa
inerentes à relação de emprego. ro
§ 4º Entende-se por serviço prestado em caráter de
não eventual aquele relacionado direta ou indireta- pe
mente com as atividades normais da empresa. qu
§ 5º Entende-se como regime de economia en
familiar a atividade em que o trabalho dos a
membros da família é indispensável à própria m
subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico on
do núcleo fami- liar e é exercido em condições de ta
mútua dependên- cia e colaboração, sem a e
utilização de empregados permanentes. se
§ 6º Entende-se como auxílio eventual de terceiros rv
o que é exercido ocasionalmente, em condições de iç
mútua colaboração, não existindo subordinação os
nem remuneração. co
§ 7º Para efeito do disposto na alínea “a” do inciso rr
VI do caput, entende-se por: el
I - capatazia - a atividade de movimentação de at
mercadorias nas instalações dentro do porto, os
compreendidos o recebimento, a conferência, o .
transporte interno, a abertura de volumes para a §
conferência aduaneira, a manipulação, a arruma- 8º
ção e a entrega e o carregamento e a descarga de N
embarcações, quando efetuados por ão
aparelhamen- to portuário; é
II - estiva - a atividade de movimentação de mer- se
cadorias nos conveses ou nos porões das
gu
embarca- ções principais ou auxiliares, incluindo
ra
transbordo, arrumação, peação e despeação, bem
do
como o carre- gamento e a descarga das mesmas,
es
quando realiza- dos com equipamentos de bordo;
pe
III - conferência de carga - a contagem de
ci
volumes, anotação de suas características,
al
procedência ou destino, verificação do estado das
o
mercadorias, assistência à pesagem, conferência
do manifesto e demais serviços correlatos, nas m
operações de carre- gamento e descarga de e
embarcações; m
IV - conserto de carga - o reparo e a restauração br
das embalagens de mercadoria, nas operações de o
carregamento e descarga de embarcações, reem- de
balagem, marcação, remarcação, carimbagem, gr
etiquetagem, abertura de volumes para vistoria e up
posterior recomposição; o
V - vigilância de embarcações - a atividade de fis- fa
calização da entrada e saída de pessoas a bordo mi
das embarcações atracadas ou fundeadas ao largo, lia
bem como da movimentação de mercadorias nos r
portalós, rampas, porões, conveses, plataformas e qu
em outros locais da embarcação; e e
po
ssuir outra fonte de rendimento, exceto se decorrente de:
I - benefício de pensão por morte, auxílio-aciden- te ou
auxílio-reclusão, cujo valor não supere o do menor
benefício da previdência social;
I-A - benefício concedido ao segurado qualificado como
segurado especial, independentemente do valor;
II - benefício previdenciário pela participação em
plano de previdência complementar instituído nos
termos do inciso III do § 18 deste artigo;
III - exercício de atividade remunerada em período não
superior a cento e vinte dias, corridos ou inter- calados,
no ano civil, observado o disposto no § 22; IV - exercício
de mandato eletivo de dirigente sindical de organização
da categoria de trabalhadores rurais; V - exercício de
mandato de vereador do município onde desenvolve a
atividade rural, ou de dirigente de cooperativa rural
constituída exclusivamente por segurados especiais,
observado o disposto no
§ 22 deste artigo;
VI - parceria ou meação outorgada na forma e con- dições
estabelecidas no inciso I do § 18 deste artigo; VII -
atividade artesanal desenvolvida com maté- ria-prima
produzida pelo respectivo grupo fami- liar, podendo ser
utilizada matéria-prima de outra origem, desde que, nesse
caso, a renda mensal obti- da na atividade não exceda ao
menor benefício de prestação continuada da previdência
social; e
VIII - atividade artística, desde que em valor men- sal
inferior ao menor benefício de prestação conti- nuada da
previdência social.
§ 9º Para os fins previstos nas alíneas “a” e “b” do inciso V
do caput, entende-se que a pessoa física, proprietária ou
não, explora atividade através de prepostos quando, na
condição de parceiro outor- gante, desenvolve atividade
agropecuária, pesquei- ra ou de extração de minerais por
intermédio de parceiros ou meeiros.
§ 10 O dirigente sindical mantém, durante o exer- cício
do mandato, o mesmo enquadramento no Regime
Geral de Previdência Social de antes da investidura no
cargo.
§ 11 O magistrado da Justiça Eleitoral, nomeado na
forma do inciso II do art. 119 ou III do § 1º do art. 120
da Constituição Federal, mantém o mesmo
enquadramento no Regime Geral de Previdência Social
de antes da investidura no cargo.
§ 12 O exercício de atividade remunerada sujeita a filia- ção
obrigatória ao Regime Geral de Previdência Social.
§ 13 Aquele que exerce concomitantemente mais de uma
atividade remunerada sujeita ao RGPS é obri-
gatoriamente filiado no referido Regime em relação a
cada uma dessas atividades, observado o dispos- to no
inciso III do caput do art. 214.
§ 14 Considera-se pescador artesanal aquele que,
individualmente ou em regime de economia fami- liar,
faz da pesca sua profissão habitual ou meio principal
de vida, desde que:
I - não utilize embarcação; ou
II - utilize embarcação de pequeno porte, nos ter- mos
da Lei nº 11.959, de 29 de junho de 2009.
§ 14-A Considera-se assemelhado ao pescador arte- sanal
CONHECIMENTOS

aquele que realiza atividade de apoio à pesca artesanal,


exercendo trabalhos de confecção e de reparos de artes
e petrechos de pesca e de reparos em embarcações de
pequeno porte ou atuando no processamento do
produto da pesca artesanal.

321
§ 15 Enquadram-se nas situações previstas nas alí- § 18 Não descaracteriza a condição de segurado
neas “j” e “l” do inciso V do caput, entre outros: especial:
I - aquele que trabalha como condutor autônomo I - a outorga, por meio de contrato escrito de par-
de veículo rodoviário, inclusive como taxista ou ceria, meação ou comodato, de até cinqüenta por
motorista de transporte remunerado privado indi- cento de imóvel rural cuja área total, contínua ou
vidual de passageiros, ou como operador de trator, descontínua, não seja superior a quatro módulos
máquina de terraplenagem, colheitadeira e asseme- fiscais, desde que outorgante e outorgado conti-
lhados, sem vínculo empregatício; nuem a exercer a respectiva atividade, individual-
II - aquele que exerce atividade de auxiliar de con- mente ou em regime de economia familiar;
dutor autônomo de veículo rodoviário, em automó- II - a exploração da atividade turística da proprie-
vel cedido em regime de colaboração, nos termos dade rural, inclusive com hospedagem, por não
da Lei nº 6.094, de 30 de agosto de 1974; mais de cento e vinte dias ao ano;
III - aquele que, pessoalmente, por conta própria e III - a participação em plano de previdência comple-
a seu risco, exerce pequena atividade comercial mentar instituído por entidade classista a que seja
em via pública ou de porta em porta, como associado, em razão da condição de trabalhador
comercian- te ambulante, nos termos da rural ou de produtor rural em regime de
IV - o trabalhador associado a cooperativa que, economia familiar;
nessa qualidade, presta serviços a terceiros; IV - a participação como beneficiário ou
V - o membro de conselho fiscal de sociedade por integrante de grupo familiar que tem algum
ações; componente que seja beneficiário de programa
VI - aquele que presta serviço de natureza não assistencial oficial de governo;
contínua, por conta própria, a pessoa ou família, V - a utilização pelo próprio grupo familiar de
no âmbito residencial desta, em atividade sem fins pro- cesso de beneficiamento ou industrialização
lucrativos, até dois dias por semana; artesa- nal, na exploração da atividade, de acordo
VII - o notário ou tabelião e o oficial de registros com o disposto no § 25; e
ou registrador, titular de cartório, que detêm a VI - a associação a cooperativa agropecuária ou de
delega- ção do exercício da atividade notarial e de crédito rural;
registro, não remunerados pelos cofres públicos, VII - a incidência do Imposto sobre Produtos Indus-
admitidos a partir de 21 de novembro de 1994; trializados - IPI sobre o produto das atividades
VIII - aquele que, na condição de pequeno desenvolvidas nos termos do disposto no inciso
feirante, compra para revenda produtos VIII; e
hortifrutigranjeiros ou assemelhados; VIII - a participação do segurado especial em socie-
IX - a pessoa física que edifica obra de construção dade empresária ou em sociedade simples ou a
civil; sua atuação como empresário individual ou como
X - o médico residente de que trata a Lei nº titu- lar de empresa individual de responsabilidade
6.932, de 7 de julho de 1981. limi- tada de objeto ou âmbito agrícola,
XI - o pescador que trabalha em regime de parce- agroindustrial ou agroturístico, considerada
ria, meação ou arrendamento, em embarcação de microempresa nos termos do disposto na Lei
médio ou grande porte, nos termos da Lei nº 11.959, Complementar nº 123, de 2006, desde que, mantido
de 2009; o exercício da sua ativida- de rural na forma
XII - o incorporador de que trata o prevista no inciso VII do caput e no § 5º, a pessoa
XIII - o bolsista da Fundação Habitacional do Exér- jurídica seja composta apenas por segurados
cito contratado em conformidade com a Lei nº especiais e sediada no mesmo Município ou em
6.855, de 18 de novembro de 1980; e Município limítrofe àquele em que ao menos um
XIV - o árbitro e seus auxiliares que atuam em con- deles desenvolva as suas atividades.
formidade com a Lei nº 9.615, de 24 de março de § 19 Os segurados de que trata o art. 199-A terão
1998. identificação específica nos registros da Previdên-
XV - o membro de conselho tutelar de que trata cia Social.
o art. 132 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, § 20 Para os fins deste artigo, considera-se que o
quando remunerado; segurado especial reside em aglomerado urbano
XVI - o interventor, o liquidante, o administrador ou rural próximo ao imóvel rural onde desenvol-
especial e o diretor fiscal de instituição financeira, ve a atividade quando resida no mesmo município
empresa ou entidade referida no § 6º do art. 201; de situação do imóvel onde desenvolve a atividade
XVII - o transportador autônomo de cargas e o rural, ou em município contíguo ao em que desen-
transportador autônomo de cargas auxiliar, nos volve a atividade rural.
termos do disposto na Lei nº 11.442, de 5 de janeiro § 21 O grupo familiar poderá utilizar-se de empre-
de 2007; gado contratado por prazo determinado, inclusive
XVIII - o repentista de que trata a Lei nº 12.198, de daquele referido na alínea “r” do inciso I do
14 de janeiro de 2010, desde que não se enquadre caput, ou de trabalhador de que trata a alínea “j”
na condição de empregado, prevista no inciso I do do inciso V do caput, à razão de, no máximo,
caput, em relação à referida atividade; e cento e vin- te pessoas por dia no mesmo ano
XIX - o artesão de que trata a Lei nº 13.180, de 22 civil, em perío- dos corridos ou intercalados, ou,
de outubro de 2015, desde que não se enquadre em ainda, por tempo equivalente em horas de
outras categorias de segurado obrigatório do RGPS trabalho, à razão de oito horas por dia e quarenta
em relação à referida atividade. e quatro horas por sema- na, hipóteses em que
§ 16 Aplica-se o disposto na alínea “i” do inciso I períodos de afastamento em decorrência de
do caput ao ocupante de cargo de Ministro de percepção de auxílio por incapaci- dade
Esta- do, de Secretário Estadual, Distrital ou temporária não serão computados.
Municipal, sem vínculo efetivo com a União, § 22 O disposto nos incisos III e V do § 8º e no
322 Estados, Distrito Federal e Municípios, suas inciso VIII do § 18 não dispensará o recolhimento
autarquias, ainda que em regime especial, e da con- tribuição devida em relação ao exercício
fundações. das ativi- dades de que tratam os referidos
§ 17 (Revogado pelo Decreto nº 8.424, de 2015). incisos.
§ 23
O
segu
rad
o
espe
cial
fica
excl
uído
dess
a
cate
gori
a:
I - a contar do primeiro dia do mês em que: dezesseis anos de idade que se filiar ao Regime
ar
a) deixar de satisfazer as condições estabelecidas Geral de Previ- dência Social, mediante
t.
no inciso VII do caput deste artigo, sem prejuízo do contribuição, na forma do
19
disposto no art. 13, ou exceder qualquer dos
9,
limites estabelecidos no inciso I do § 18 deste
de
artigo;
sd
b) se enquadrar em qualquer outra categoria de
e
segurado obrigatório do Regulamento da Previdên-
qu
cia Social, exceto nas hipóteses previstas nos inci-
e
sos III, V, VII e VIII do § 8º e no inciso VIII do § 18,
n
sem prejuízo do disposto no art. 13;
ão
c) se tornar segurado obrigatório de outro regime
es
previdenciário; ou
tej
d) na hipótese de descumprimento do disposto no
a
inciso VIII do § 18:
ex
1. participar de sociedade empresária ou de socie-
er
dade simples; ou
ce
2. atuar como empresário individual ou como
n
titu- lar de empresa individual de responsabilidade
do
limi- tada; ou
at
II - a contar do primeiro dia do mês subseqüente
ivi
ao da ocorrência, quando o grupo familiar a que
da
pertence exceder o limite de:
de
a) utilização de trabalhadores nos termos do § 21
re
deste artigo;
m
b) dias em atividade remunerada estabelecidos no
u
inciso III do § 8º deste artigo; e
ne
c) dias de hospedagem a que se refere o inciso II
ra
do
da
§ 18 deste artigo.
qu
§ 24 Aplica-se o disposto na alínea “a” do inciso V
e
do caput deste artigo ao cônjuge ou companheiro
o
do produtor que participe da atividade rural por
en
este explorada.
qu
§ 25 Considera-se processo de beneficiamento ou
ad
industrialização artesanal aquele realizado dire-
re
tamente pelo próprio produtor rural pessoa física,
co
observado o disposto no § 5º do art. 200, desde
m
que não esteja sujeito à incidência do Imposto
o
Sobre Produtos Industrializados - IPI.
se
§ 26 É considerado MEI o empresário individual a
gu
que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de
ra
janeiro de 2002 - Código Civil, que tenha auferido
do
receita bruta, no ano-calendário anterior, de até R$
ob
36.000,00 (trinta e seis mil reais), optante pelo Sim-
ri-
ples Nacional e que não esteja impedido de optar
ga
pela sistemática de recolhimento mencionada na

alínea “p” do inciso V do caput.
ri
§ 26 É considerado microempreendedor individual
o
- MEI o empresário individual a que se refere o
da
art. 966 da Lei nº 10.406, de 2002 - Código Civil,
pr
ou o empreendedor que exerça as atividades de
ev
indus- trialização, comercialização e prestação de
id
ser- viços no âmbito rural, que tenha auferido
ên
receita bruta no ano-calendário imediatamente
ci
anterior até o limite estabelecido no art. 18-A da
a
Lei Com- plementar nº 123, de 2006, que tenha
so
optado pelo Simples Nacional e não esteja
ci
impedido de optar pela sistemática de
al.
recolhimento a que se refere a alínea “p” do inciso
§
V do caput.

§ 27 O vínculo empregatício mantido entre cônju-
Po
ges ou companheiros não impede o reconhecimento
de
da qualidade de segurado do empregado, excluído o
m
doméstico, observado o disposto no art. 19-B.
fil
ia
Segundo o art. 11, do Decreto 3.048, de 1999, o r-
maior de 16 anos pode se filiar e se tornar se
contribuin- te facultativo da Previdência Social, sob a fa
condição de que não esteja vinculado à atividades cu
que obrigatoria- mente o enquadrem como segurado lta
obrigatório. tiv
a
Art. 11 É segurado facultativo o maior de m
ente, entre outros: I - aquele que se dedique
exclusivamente ao traba- lho doméstico no âmbito de sua
residência;
II - o síndico de condomínio, quando não remunerado;
III - o estudante;
IV - o brasileiro que acompanha cônjuge que presta
serviço no exterior;
V - aquele que deixou de ser segurado obrigatório da
previdência social;
VI - o membro de conselho tutelar de que trata o art.
132 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, quando não
esteja vinculado a qualquer regime de previdência social;
VII - o estagiário que preste serviços a empresa nos
termos do disposto na Lei nº 11.788, de 2008;
VIII - o bolsista que se dedique em tempo integral a
pesquisa, curso de especialização, pós-graduação,
mestrado ou doutorado, no Brasil ou no exterior, desde
que não esteja vinculado a qualquer regime de
previdência social;
IX - o presidiário que não exerce atividade remu- nerada
nem esteja vinculado a qualquer regime de previdência
social;
X - o brasileiro residente ou domiciliado no exterior; XI -
o segurado recolhido à prisão sob regime fechado ou
semi-aberto, que, nesta condição, pres- te serviço,
dentro ou fora da unidade penal, a uma ou mais
empresas, com ou sem intermediação da organização
carcerária ou entidade afim, ou que exerce atividade
artesanal por conta própria.
XII - o atleta beneficiário da Bolsa-Atleta não filia- do a
regime próprio de previdência social ou não enquadrado
em uma das hipóteses previstas no art. 9º.

O segurado vinculado ao Regime Próprio de Previ-


dência Social não poderá ser contribuinte facultativo do
Regime Geral de Previdência Social, contudo, há ressalvas.
Vejamos:

§ 2º É vedada a filiação ao Regime Geral de Pre- vidência


Social, na qualidade de segurado facul- tativo, de pessoa
participante de regime próprio de previdência social,
salvo na hipótese de afasta- mento sem vencimento e
desde que não permitida, nesta condição, contribuição ao
respectivo regime próprio.
§ 3º A filiação na qualidade de segurado facultativo
representa ato volitivo, gerando efeito somente a partir
da inscrição e do primeiro recolhimento, não podendo
retroagir e não permitindo o pagamento de
contribuições relativas a competências anterio- res à
data da inscrição, ressalvado o § 3º do art. 28.

A filiação representa um ato de vontade livre da


pessoa que está desejando se vincular ao RGPS. Desta
maneira, os efeitos da filiação na qualidade de segu- rado
só ocorrerão quando do primeiro recolhimento.

§ 4º Após a inscrição, o segurado facultativo somen- te


poderá recolher contribuições em atraso quando não
tiver ocorrido perda da qualidade de segurado, conforme
o disposto no inciso VI do art. 13.
CONHECIMENTOS

A pessoa perde a qualidade de segurado do RGPS


quando deixar de verter suas contribuições em um
período de até 12 meses.

323
do de doze meses para o segurado desempregado, desde que
§ 5º O segurado poderá contribuir facultativamen-
comprovada essa situação por regis- tro no órgão próprio do
te durante os períodos de afastamento ou de inati-
Ministério do Trabalho e Emprego.
vidade, desde que não receba remuneração nesses
períodos e não exerça outra atividade que o vincule
ao RGPS ou a regime próprio de previdência social.

Apesar de termos abordado o tema relativo aos


segurados obrigatórios e facultativos no Regime Geral
de Previdência Social, a leitura e releitura desses dis-
positivos é ferramenta valiosa na preparação para a
prova. A temática foi e será objeto de muitas
questões em concurso e sua relevância é sentida pelo
fato de que as disposições sobre os segurados se
repetem nas Leis nº 8.212, de 1991, nº 8213, de
1991, e Decreto nº
3048, de 1999.
No Decreto nº 3048, destaca-se a figura do traba-
lhador avulso, tratado de forma genérica nas legisla-
ções, mas com toda regulamentação no Decreto. As
definições das atividades desempenhadas são sempre
ligadas ao labor rural quando a intermediação se dá
pelo Sindicato ou ao trabalho portuário,
intermediado pelo Órgão Gestor de Mão de Obra.
Há referência expressa à figura do trabalhador
intermitente, que presta serviços alternados, com
remuneração e subordinação, modalidade trazida
pela Reforma Trabalhista e que caracteriza a filiação
obrigatória na condição de empregado.
Ressaltada está a impossibilidade de o segurado
obri- gatório, seja em regime geral ou regime próprio,
vincu- lar-se ao RGPS na condição de segurado
facultativo.
A vinculação ao RGPS é obrigatória ao RGPS
àque- le que é servidor público, nas situações em
que o ente federativo não disponha de Regime
Próprio de Previdência.

DA MANUTENÇÃO E DA PERDA DA QUALIDADE DE


SEGURADO

Existe a possibilidade de manter a qualidade de


segurado da previdência social,
independentemente do pagamento as contribuições.
O art. 13, do Decreto estudado, elenca as
possibilidades. Vejamos:

I - sem limite de prazo, o segurado que esti-


ver em gozo de benefício, exceto na hipótese de
auxílio-acidente;
II - até doze meses após a cessação de benefício
por incapacidade ou das contribuições, observado
o disposto nos § 7º e § 8º e no art. 19-E;
III- até doze meses após cessar a segregação, o
segura- do acometido de doença de segregação
compulsória; IV - até doze meses após o
livramento, o segurado detido ou recluso;
V - até três meses após o licenciamento, o
segurado incorporado às Forças Armadas para
prestar ser- viço militar; e
VI - até seis meses após a cessação das contribui-
ções, o segurado facultativo.

Ainda, como veremos adiante, os prazos menciona-


dos nos incisos acima serão passíveis de
prorrogação.

§ 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até


324 vin- te e quatro meses, se o segurado já tiver pago
mais de cento e vinte contribuições mensais sem
interrupção que acarrete a perda da qualidade de
segurado.
§ 2º O prazo do inciso II ou do § 1º será acresci-
Importante!uição com valor
salário-mínimo.
igual ou superior ao para fins previdenciários, ou seja, quan- do
completam 21 (vinte e um) anos de idade, quando
Durante os prazos
§ 8ºdeste
O artigo, o segurado
segurado que con- serva todos os seus
receber direitos perante a previdên- cia social.
casam, quando ingressam no serviço público,
remuneração inferior ao limite mínimo quando constituem empresa e quando se emancipam.
mensal do salário de contribui- ção
somente manterá a qualidade de
segurado se efetuar os ajustes de
complementação, utilização e
[... agrupamento a que se referem o § 1º do
]
art. 19-E e o § 27-A do art. 216.
§
7º Os ajustes de contribuição faltantes
Pa serão recolhi- dos de acordo com o
ra
percentual correspondente ao salário
o
mínimo do segurado.
co
nt Art. 17 A perda da qualidade de
rib dependente ocorre: I - para o cônjuge,
ui pelo divórcio ou pela separação judicial
nt ou de fato, enquanto não lhe for
e assegurada a prestação de alimentos,
in pela anulação do casa- mento, pelo
di óbito ou por sentença judicial transita-
vi da em julgado;
du II - para a companheira ou
al, companheiro, pela ces- sação da união
o estável com o segurado ou segura- da,
pe enquanto não lhe for garantida a
río prestação de alimentos;
do III - ao completar vinte e um anos de
de idade, para o filho, o irmão, o enteado
m ou o menor tutelado, ou nas seguintes
an hipóteses, se ocorridas anteriormen- te a
ut essa idade:
en a) casamento;
çã b) início do exercício de emprego público efetivo;
o c) constituição de estabelecimento civil
da ou comer- cial ou pela existência de
qu relação de emprego, desde que, em
ali função deles, o menor com dezesseis
da anos completos tenha economia
de própria; ou
de d) concessão de emancipação, pelos pais,
se ou por um deles na falta do outro, por
gu meio de instrumento público,
ra independentemente de homologação
do judi- cial, ou por sentença judicial,
ini ouvido o tutor, se o menor tiver
cia dezesseis anos completos; e
-se IV - para os dependentes em geral:
no a) pela cessação da invalidez ou da
pri deficiência inte- lectual, mental ou
me grave; ou
iro b) pelo falecimento.
di § 1º O filho, o irmão, o enteado e o
a menor tutelado, desde que comprovada
do a dependência econômica dos três
mê últimos, se inválidos ou se tiverem defi-
s ciência intelectual, mental ou grave,
su não perderão a qualidade de
bs dependentes desde que a invalidez ou a
eq deficiência intelectual, mental ou grave
ue tenha ocorrido antes de uma das
nt hipóteses previstas no inciso III do
e caput.
ao § 2º Para fins do disposto no § 1º, a
da data de início da invalidez ou da
últ deficiência intelectual, mental ou grave
i- será estabelecida pela Perícia Médica
m Federal.
a
co Destaque, nesse dispositivo, para as
nt situações em que filho, equiparados e
rib irmãos perdem a condição de dependentes
DAS INSCRIÇÕES be
§ 5º-A Na hipótese prevista no § 5º, caso não seja
ne
comprovada a condição de segurado especial, pode-
Do Segurado fíc
rá ser atribuído Número de Inscrição do
io,
Trabalha- dor - NIT especificamente para fins de
O art. 18, por sua vez, traz as hipóteses em que a ex
requerimento do benefício previdenciário.
inscrição dos segurados no regime de previdência ce
social se efetivará. § 5º-B Não será admitida a inscrição post mortem
to
de segurado contribuinte individual e nem de
n
Art. 18 Considera-se inscrição de segurado para os segu- rado facultativo.
a
efeitos da previdência social o ato pelo qual o segu- § 6º A comprovação dos dados pessoais e de
hi
rado é cadastrado no RGPS, por meio da comprova- outros elementos necessários e úteis à

ção dos dados pessoais, da seguinte forma: caracterização do segurado poderá ser exigida
te
I - empregado - pelo empregador, por meio da for- pelo INSS, a qualquer tempo, para fins de
malização do contrato de trabalho e, a partir da se
atualização cadastral, inclusive para a concessão
obrigatoriedade do uso do Sistema de Escrituração pr
de benefício.
Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e ev
Trabalhistas – eSocial, instituído pelo Decreto nº ist
No caso de filiação vinculada ao grupo familiar, a
8.373, de 11 de dezembro de 2014, ou do sistema
será necessária a inserção de mais algumas informa- no
que venha a substituí-lo, por meio do registro con-
tratual eletrônico realizado nesse Sistema; ções, além das informações pessoais do segurado. ar
II - trabalhador avulso - pelo cadastramento e t.
pelo registro no órgão gestor de mão de obra, no § 7º A inscrição do segurado especial será feita de 14
caso de trabalhador portuário, ou no sindicato, no forma a vinculá-lo ao seu grupo familiar e 2,
caso de trabalhador não portuário, e a partir da conterá, além das informações pessoais: ob
obrigatoriedade do uso do eSocial, ou do sistema I - a identificação da propriedade em que é desen- se
que venha a substituí-lo, por meio do cadastramen- volvida a atividade e a informação de a que título rv
to e do registro eletrônico realizado nesse Sistema; ela é ocupada; ad
III - empregado doméstico - pelo empregador, por II - a informação sobre a residência ou não do segu- o
meio do registro contratual eletrônico realizado no rado na propriedade em que é desenvolvida a ativi- o
eSocial; dade, e, em caso negativo, sobre o Município onde di
IV- contribuinte individual: reside; e sp
a) por ato próprio, por meio do cadastramento de III - quando for o caso, a identificação e a inscrição os
informações para identificação e reconhecimento da pessoa responsável pelo grupo familiar. to
da atividade, hipótese em que o Instituto Nacional § 8º O segurado especial integrante de grupo no
do Seguro Social - INSS poderá solicitar a fami- liar que não seja proprietário do imóvel rural
apresen- tação de documento que comprove o s
ou da embarcação em que desenvolve sua ar
exercício da atividade declarada;
atividade deve informar, no ato da inscrição, t.
b) pela cooperativa de trabalho ou pela pessoa
conforme o caso, o nome e o CPF do parceiro ou 19
jurí- dica a quem preste serviço, no caso de
meeiro outorgante, arrendador, comodante ou -B
cooperados ou contratados, respectivamente, se
ainda não ins- critos no RGPS; e assemelhado. e
c) pelo MEI, por meio do sítio eletrônico do Portal § 9º A identificação do trabalhador no Cadastro ar
do Empreendedor; Nacional de Informações Sociais - CNIS poderá ser t.
V - segurado especial - preferencialmente, pelo feita: 19
titu- lar do grupo familiar que se enquadre em uma I - pelo NIT, único, pessoal e intransferível, indepen- -
das condições previstas no inciso VII do caput do dentemente de alterações de categoria profissional; C.
art. 9º, hipótese em que o INSS poderá solicitar a ou
apresenta- ção de documento que comprove o II - pelo Cadastro de Pessoas Físicas - CPF.
exercício da ativi- dade declarada, observado o § 10 Ao segurado cadastrado no Programa de
disposto no art. 19-D; e VI - segurado facultativo Inte- gração Social - PIS, no Programa de
- por ato próprio, por meio do cadastramento de Formação do Patrimônio do Servidor Público -
informações pessoais que permitam a sua Pasep ou no Número de Identificação Social - NIS
identificação, desde que não exerça atividade que o não caberá novo cadastramento.
enquadre na categoria de segurado obrigatório.
§ 2º A inscrição do segurado em qualquer categoria
A inscrição, como vimos anteriormente, é a
mencionada neste artigo exige a idade mínima de
mate- rialização da filiação. Ato formal pelo qual a
dezesseis anos.
§ 3º Todo aquele que exercer, concomitantemente, vincu- lação ao sistema de previdência se concretiza.
mais de uma atividade remunerada sujeita ao Regi- Essa materialização se dá de acordo com as
me Geral de Previdência Social será obrigatoria- características do vínculo estabelecido por cada uma
mente inscrito em relação a cada uma delas. das categorias de segurados.

Importante! Art. 19 Os dados constantes do Cadastro Nacional


§ 5º Presentes os pressupostos da filiação, admite- de Informações Sociais – CNIS relativos a vínculos,
remunerações e contribuições valem como prova
-se a inscrição post mortem do segurado especial. Se restar comprovado o exercício de atividade remu- nerada de segurado especial
de filiação à previdência social, tempo de contribui-
ção e salários-de-contribuição.
§ 1º O segurado poderá solicitar, a qualquer tempo,
a inclusão, a exclusão, a ratificação ou a retifica-
ção de suas informações constantes do CNIS, com
a apresentação de documentos comprobatórios
dos dados divergentes, conforme critérios definidos
pelo INSS, independentemente de requerimento de
325
CONHECIMENTOS
RGPS.
O segurado, ao verificar no seu CNIS que existe
alguma inexatidão em suas informações, poderá soli-
citar a correção nos canais de atendimento do
Institu- to Nacional da Seguridade Social.

§ 2º Informações inseridas extemporaneamente


no CNIS, independentemente de serem inéditas ou
retificadoras de dados anteriormente informados,
somente serão aceitas se corroboradas por docu-
mentos que comprovem a sua regularidade, na for-
ma prevista no art. 19-B.

Como exemplo de informações inseridas extem-


poraneamente no CNIS, podemos citar o vínculo tra-
balhista que teve seu reconhecimento por via judicial
dois após o término da relação de emprego. Vejamos
que essa informação será inserida no Cadastro
Nacio- nal de Informação Social após a data em que
real- mente ocorreu o vínculo empregatício de fato.
Desta maneira, será necessário que o segurado junte
provas suficientes a fim validar perante a autarquia a
exis- tência de vínculo empregatício para que seja
devida- mente computado o tempo de contribuição.

§ 3º Respeitadas as definições vigentes sobre a pro-


cedência e origem das informações, considera-se
extemporânea a inserção de dados:
I - relativos à data de início de vínculo empregatí-
cio, após o último dia do quinto mês subsequente ao
mês da data da admissão do segurado;
II - relativos à remuneração de trabalhador avul-
so ou contribuinte individual que preste serviços a
empresa ou equiparado, após o último dia do
quin- to mês subsequente ao mês da data da
prestação de serviço pelo segurado; ou
III - relativos à contribuição, sempre que o recolhimen-
to tiver sido feito sem observância ao disposto em lei.
§ 4º A extemporaneidade de que trata o § 3º poderá
ser desconsiderada depois de decorrido o prazo de
um ano, contado da data de inserção das
informa- ções relativas a vínculos e remunerações,
conforme critérios definidos pelo INSS.
§ 5º Ato do Secretário Especial de Previdência e
Trabalho do Ministério da Economia poderá redu-
zir ou ampliar os prazos previstos nos § 3º e § 4º.
§ 6º O INSS poderá definir critérios para a
apuração das informações constantes da Guia de
Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço e Infor- mações à Previdência Social – GFIP,
ou do instrumen- to que venha a substituí-la, que
ainda não tiver sido processada e para o
recebimento de informações rela- tivas a situações
cuja regularidade dependa do cum- primento de
critério estabelecido em lei.
§ 7º Para os fins de que trata os §§ 2º a 6º, o INSS e
a DATAPREV adotarão as providências necessárias
para que as informações constantes do CNIS sujei-
tas à comprovação sejam identificadas e destaca-
das dos demais registros.
§ 8º Para o exercício de suas competências, o
INSS terá acesso às informações do segurado
relativas aos períodos em que tenha sido
registrada defi- ciência leve, moderada ou grave,
identificada em decorrência de avaliação
biopsicossocial realizada por equipe
multiprofissional e interdisciplinar, para fins de
reconhecimento e manutenção de direitos.
§ 9º Constarão do CNIS as informações dos segura-
326 dos e beneficiários dos regimes próprios de previ-
dência social para fins de verificação das
situações previstas neste Regulamento que
impactem no reconhecimento de direitos e na
concessão e no pagamento de benefícios pelo
§ a identificação dos períodos de observados a contribuição míni- ma mensal e o
10 prestação serviços e dos períodos de disposto no art. 19-E, dispensada a comprovação
O inatividade. do exercício da atividade.
e
m O e-social é um sistema de registro Para o servidor estatutário, deve ser emitida a
pr criado pelo Governo Federal que busca CTC (Certidão de Tempo de Contribuição) para que
eg facilitar a administração de informações o período em referência produza efeitos junto ao
ad relativas aos trabalhadores de forma Regi- me Geral de Previdência Social — INSS.
o padronizada e simplificada. Nesse sistema
co constarão todas as informações de vínculos Art. 19-A Para fins de benefícios de que trata este
m trabalhistas da pes- soa, para apurar Regulamento, os períodos de vínculos que
co correspon- derem a serviços prestados na condição
contribuições previdenciárias. O § 11 fala
nt de servidor estatutário somente serão
da obrigatoriedade do uso desse sistema ou
ra considerados mediante
to de outro que venha a substituí-lo.
de
§ 11 A partir da obrigatoriedade do uso
tr
do eSocial, ou do sistema que venha a
ab
substituí-lo, será obser- vado, para o
al
segurado:
ho
I - empregado e empregado doméstico –
int
os registros eletrônicos gerados pelo
er
eSocial equivalerão às ano- tações
-
relativas ao contrato de trabalho,
mi
definidas pela Consolidação das Leis do
te
Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº
nt
5.452, de 1943, que serão incor- porados
e
ao CNIS e à Carteira de Trabalho Digital;
ter
á O CNIS é o documento que compreende
ide
o histórico da ligação do segurado com o
nti
sistema de Previdência. Dele constam todas
fic
aç as informações relativas aos vín- culos,
ão salários de contribuição, períodos de
es contribui- ção, categoria na qual a
pe contribuição foi realizada e datas das
cíf contribuições. É a partir desse documento
ica — que pode ser retificado pelo segurado —
em que o sistema identificará o direito aos
ins benefícios previdenciários.
tr
u II - trabalhador avulso – os registros
me eletrônicos gerados pelo eSocial
n- substituirão as informações relativas
to ao registro e às remunerações do
de tra- balhador avulso portuário
pr previstas no inciso II do caput do art.
est 32 e no § 2º do art. 33 da Lei nº 12.815,
aç de 2013, e aquelas relativas ao
ão trabalhador avulso não portuário
de previstas no art. 4º da Lei nº 12.023, de
inf 2009, que serão incorporados ao CNIS;
or III - contribuinte individual que preste
m serviços con- forme o disposto no § 20
aç do art. 216 – os registros eletrônicos
õe gerados pelo eSocial substituirão as
sà informações prestadas sobre os valores
pr da remu- neração na forma prevista no
evi § 21 do art. 216, que serão incorporados
dê ao CNIS; e
nci IV - contribuinte individual que preste
a serviços a empresa ou equiparado a
so partir de abril de 2003, conforme o
cia disposto no art. 4º da Lei nº 10.666, de 8
l, de maio de 2003 – os registros
de eletrônicos gerados pelo eSocial
fo substituirão as informações prestadas
r sobre os valores da remuneração e do
m desconto fei- to a título de contribuição
a previdenciária, confor- me previsto no
a inciso XII do caput do art. 216, que serão
pe incorporados ao CNIS.
r § 12 Os recolhimentos efetuados na
mi época apro- priada constantes do CNIS
tir serão reconhecidos automaticamente,
apresentação de Certidão de Tempo de Contribuição
§ 3º Caso os documentos apresentados não sejam
fornecida pelo órgão público competente, salvo se
suficientes para a comprovação de atividade, vín-
o órgão de vinculação do servidor não tiver
culo ou remunerações, estes poderão ser corrobo-
instituído regime próprio de previdência social.
rados por pesquisa, na forma prevista no § 5º, ou
Vale ressaltar, como visto anteriormente, que é justificação administrativa, conforme o caso.
sempre admitida a contagem recíproca entre regimes § 4º Na falta de documento contemporâneo, podem
diversos de Previdência, com a necessária ser aceitos declaração do empregador ou de seu
compensa- ção financeira. preposto, atestado de empresa ainda existente ou
certificado ou certidão de entidade oficial dos quais
Art. 19-B Na hipótese de não constarem do CNIS constem os dados previstos no caput, desde que
as informações sobre atividade, vínculo, remunera- extraídos de registros existentes, que serão confir-
ções ou contribuições, ou de haver dúvida sobre a mados pelo INSS na forma prevista no § 5º,
regularidade das informações existentes, o exceto se fornecidas por órgão público.
período somente será confirmado por meio da § 5º A empresa disponibilizará a servidor desig-
apresenta- ção de documentos contemporâneos nado por dirigente do INSS as informações e os
dos fatos a serem comprovados, com menção às registros de que dispuser, relativamente a segurado
datas de iní- cio e de término e, quando se tratar a seu serviço e previamente identificado, para fins
de trabalhador avulso, à duração do trabalho e à de instrução ou revisão de processo de reconheci-
condição em que tiver sido prestada a atividade. mento de direitos e outorga de benefícios do RGPS
e para inclusão, exclusão, ratificação ou retificação
Documentos contemporâneos, nesse caso, são os das informações constantes do CNIS, conforme cri-
documentos existentes ao tempo de exercício da ati- térios definidos pelo INSS, independentemente de
vidade laboral a fim de comprovar o tempo de requerimento de benefício.
contri- buição do trabalhador. § 6º Somente serão exigidos certidões ou
documen- tos expedidos por órgãos públicos
§ 1º Além dos dados constantes do CNIS a que se
quando não for possível a sua obtenção
refere o art. 19, observada a forma de filiação do
diretamente do órgão ou da entidade responsável
tra- balhador a o RGPS, os seguintes documentos
serão considerados para fins de comprovação do pela base de dados oficial.
tempo de contribuição de que trata o caput, § 7º Serão realizados exclusivamente pela
desde que contemporâneos aos fatos a serem Secreta- ria Especial da Receita Federal do Brasil
comprovados: do Minis- tério da Economia os acertos de:
I - carteira profissional ou Carteira de Trabalho e I - inclusão de recolhimento, alterações de valor
Previdência Social; autenticado ou data de pagamento da Guia da
II - contrato individual de trabalho; Previdência Social ou do documento que venha a
III - contrato de trabalho por pequeno prazo, na substituí-la;
forma prevista no § 3º do art. 14-A da Lei nº II - transferência de contribuição com identificador
5.889, de 1973; de pessoa jurídica ou equiparada para o CNIS; e
IV - carteira de férias; III - inclusão da contribuição liquidada por meio de
V - carteira sanitária; parcelamento
VI - caderneta de matrícula;
VII - caderneta de contribuição dos extintos institu- Esse dispositivo traz a relação da documentação
tos de aposentadoria e pensões; que deve ser apresentada pelo segurado, na hipóte-
VIII - caderneta de inscrição pessoal visada: se de necessitar retificar o CNIS, seja para inclusão/
a) pela Capitania dos Portos;
exclusão de vínculo, alteração de categoria, correção
b) pela Superintendência do Desenvolvimento da
em datas etc.
Pesca; ou
c) pelo Departamento Nacional de Obras Contra as
Secas; Art. 19-C Considera-se tempo de contribuição o
IX - declaração da Secretaria Especial da Receita tempo correspondente aos períodos para os quais
Federal do Brasil do Ministério da Economia; tenha havido contribuição obrigatória ou facultati-
X - certidão de inscrição em órgão de fiscalização va ao RGPS, dentre outros, o período:
profissional, acompanhada de documento que
pro- ve o exercício da atividade; Tempo de Contribuição é o período em que o segu-
XI - contrato social, acompanhado de seu distra- rado verteu contribuições à previdência social. Tra-
to, e, quando for o caso, ata de assembleia geral e ta-se de requisito a ser implementado pelo segurado
registro de empresário; para que haja a concessão de benefício requerido.
XII - certificado de sindicato ou órgão gestor de
mão de obra que agrupe trabalhadores avulsos; I - de contribuição efetuada por segurado que tenha
XIII - extrato de recolhimento do FGTS; e deixado de exercer atividade remunerada que o
XIV - recibos de pagamento. enquadrasse como segurado obrigatório da previ-
CONHECIMENTOS

§ 2º Os documentos necessários à atualização do


dência social;
CNIS e à análise de requerimentos de benefícios e
II - em que a segurada tenha recebido salário-
serviços poderão ser apresentados em cópias sim-
maternidade;
ples, em meio físico ou eletrônico, dispensada a sua
III - de licença remunerada, desde que tenha havido
autenticação, exceto nas hipóteses em que haja
previsão legal expressa e de dúvida fundada quan- desconto de contribuições;
to à autenticidade ou à integridade do documento, IV - em que o segurado tenha sido colocado em
ressalvada a possibilidade de o INSS exigir, a qual- dis- ponibilidade remunerada pela empresa,
quer tempo, os documentos originais para fins do desde que tenha havido desconto de contribuições;
disposto no art. 179, situação em que o responsável V - de atividade patronal ou autônoma, exercida
pela apresentação das cópias ficará sujeito às san- anteriormente à vigência da Lei nº 3.807, de 26
ções administrativas, civis e penais aplicáveis. de agosto de 1960, desde que tenha sido 327
indenizado conforme o disposto no art. 122;
VI - de atividade na condição de empregador rural,
forma que ocorre com os trabalhadores urbanos.
desde que tenha havido contribuição na forma
pre- vista na Lei nº 6.260, de 6 de novembro de
1975, e indenização do período anterior, conforme
o dis- posto no art. 122;
VII - de exercício de mandato eletivo federal, esta-
dual, distrital ou municipal, desde que tenha havido
contribuição na época apropriada e este não
tenha sido contado para fins de aposentadoria
por outro regime de previdência social;
VIII - de licença, afastamento ou inatividade sem
remuneração do segurado empregado, inclusive o
doméstico e o intermitente, desde que tenha
havido contribuição na forma prevista no § 5º do
art. 11; e IX - em que o segurado contribuinte
individual e o segu- rado facultativo tenham
contribuído na forma prevista no art. 199-A,
observado o disposto em seu § 2º.
§ 1º Será computado o tempo intercalado de recebi-
mento de benefício por incapacidade, na forma do
disposto no inciso II do caput do art. 55 da Lei nº
8.213, de 24 de julho de 1991, exceto para efeito de
carência.

O § 1º, do art. 19-C, do Decreto 3048, de 1999, tra-


ta do período em que o segurado estava recebendo
auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, entre
períodos de atividade, que contará como tempo de
contribuição, mas não como carência, entendimen-
to que contraria a jurisprudência sobre o tema (STJ
REsp. nº 1.414.439/RS).

§ 2º As competências em que o salário de contri-


buição mensal tenha sido igual ou superior ao
limi- te mínimo serão computadas integralmente
como tempo de contribuição, independentemente
da quantidade de dias trabalhados.

Outra importante alteração diz respeito à conta-


gem do tempo de contribuição depois da reforma da
Previdência. Até a Reforma, o tempo de contribui-
ção era contado de data a data, em dias. Por exem-
plo: de 21/03/2020 a 31/03/2020 = 10 dias de tempo de
contribuição.
Pela nova sistemática, o tempo será computado
por mês, desde que a contribuição supere o mínimo
legal. No mesmo exemplo, se a contribuição relativa
a esse período de 10 dias superar o limite mínimo,
ele terá 1 mês de tempo de contribuição. Se não
superar, nenhum dia de contribuição será
computado.

§ 3º Na hipótese de o débito ser objeto de parcela-


mento, o período correspondente ao parcelamento
somente será computado para fins de concessão
de benefício no RGPS e de emissão de certidão de
tempo de contribuição para fins de contagem recí-
proca após a comprovação da quitação dos
valores devidos.
Art. 19-D O Ministério da Economia manterá sis-
tema de cadastro dos segurados especiais no
CNIS, observado o disposto nos § 7º e § 8º do art.
18, e poderá firmar acordo de cooperação com o
Minis- tério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento e com outros órgãos da
administração pública fede- ral, estadual, distrital
e municipal para a manuten- ção e a gestão do
328 sistema de cadastro.

Trata-se de alterações no regime cadastral do


segu- rado especial, de forma a permitir a
concessão auto- mática dos benefícios, da mesma
§ rado especial. Coo- perativismo do Ministério da Agricultura,
1º § 2º A manutenção e a atualização de Pecuária e Abastecimento e de outras bases de
O que trata o § 1º ocorrerão por meio da dados a que o INSS tiver acesso; e
sis apresentação, pelo segurado especial, III - as informações obtidas por meio de consultas
te de declaração anual ou de docu- mento às bases de dados governamentais que forem con-
m equivalente, conforme definido em ato sideradas insuficientes para o reconhecimento do
a do Secretário Especial de Previdência e exercício da atividade rural alegada poderão ser
de Trabalho do Ministério da Economia. complementadas por prova documental contempo-
qu § 3º A aplicação do disposto neste rânea ao período informado.
e artigo não pode- rá acarretar ônus para
tr o segurado, sem prejuízo do disposto no §
at 4º.
a § 4º O INSS, no ato de habilitação ou de
o concessão de benefício, verificará a
ca condição de segurado especial e, se for o
p caso, o pagamento da contribui- ção
ut previdenciária, nos termos do disposto
pr na Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, de
ev modo a conside- rar, dentre outras
er informações, aquelas constantes do CNIS.
á § 5º A atualização anual de que trata o
a § 1º será feita pelo segurado especial
m até 30 de junho do ano subsequente.
an § 6º É vedada a atualização anual de que
ut trata o § 1º decorrido o prazo de cinco
en anos, contado da data a que se refere o
çã § 5º.
oe § 7º Decorrido o prazo de cinco anos de que trata o
a § 6º, o segurado especial somente poderá
at computar o período de trabalho rural
ua se efetuados na épo- ca apropriada a
liz comercialização da produção e o
aç recolhimento da contribuição prevista no
ão art. 25 da Lei nº 8.212, de 1991.
an § 8º O INSS utilizará as informações
ua constantes do cadastro de que trata o
l caput para fins de compro- vação da
do condição e do exercício da atividade rural
ca do segurado especial e do seu grupo
da familiar.
str § 9º A partir de 1º de janeiro de 2023, a
oe comprova- ção da condição e do
co exercício da atividade rural do segurado
nt especial ocorrerá, exclusivamente, por
er meio das informações constantes do
á cadastro a que se refere o caput,
as observado o disposto no § 18.
inf
or Pelo disposto no § 9º, será obrigatório, a
m partir do ano estabelecido (2023), que o

trabalhador faça pro- vas de sua condição
õe
de segurado especial por meio de suas
s
informações pessoais e de seu grupo
ne
ce familiar devidamente cadastradas no
ss sistema mantido pelo Ministério da
ár Economia.
ias
à § 10 Para o período anterior a 1º de
ca janeiro de 2023, o segurado especial
ra comprovará o exercício da ati- vidade
cte rural por meio de autodeclaração
riz ratificada por entidades públicas
a- credenciadas, nos termos do disposto no
çã art. 13 da Lei nº 12.188, de 11 de janeiro
o de 2010, e por outros órgãos públicos,
da observado o seguinte:
co I - a autodeclaração será feita por meio
nd do preen- chimento de formulários que
iç serão disponibiliza- dos pelo INSS;
ão II - a ratificação da autodeclaração
de será realiza- da por meio de
se informações obtidas das bases de dados
gu da Secretaria de Agricultura Familiar e
§ 11 Complementarmente à autodeclaração de que II
I - conterá a identificação, a qualificação pessoal
trata o § 10 e ao cadastro de que trata o caput, a -
do beneficiário e a categoria de produtor a que
comprovação do exercício de atividade do segura- ut
pertença;
do especial será feita por meio dos seguintes docu- ili
III - consignará os documentos e as informações
mentos, dentre outros: za
que tenham servido de base para a sua emissão
I - contrato de arrendamento, de parceria ou de r
e, se for o caso, a origem dos dados extraídos de
comodato rural; o
registros existentes na própria entidade
II - Declaração de Aptidão ao Programa Nacio- ex
declarante ou em outro órgão, entidade ou
nal de Fortalecimento da Agricultura Familiar de ce
empresa, desde que idôneos e acessíveis à
que trata o inciso II do caput do art. 2º da Lei nº de
previdência social; e
12.188, de 2010, ou pelo documento que venha a nt
IV - consignará dados relativos ao período e à for-
substituí-la; e
ma de exercício da atividade rural nos termos esta-
III - bloco de notas do produtor rural; do
belecidos pelo INSS.
IV - documentos fiscais de entrada de sa
§ 15 Até 1º de janeiro de 2025, o cadastro de que
mercadorias de que trata o § 7º do art. 30 da Lei lá
trata o caput poderá ser efetuado, atualizado e
nº 8.212, de 1991, emitidos pela empresa ri
corrigido sem prejuízo do prazo de que trata o §
adquirente da pro- dução, com indicação do nome o
9º e das regras permanentes estabelecidas nos §
do segurado como vendedor; de
5º e § 6º.
V - documentos fiscais relativos a entrega de produ- co
§ 16 Na hipótese de haver divergência de informa-
ção rural a cooperativa agrícola, entreposto de pes- nt
ções entre o cadastro de que trata o caput e as
cado ou outros, com indicação do segurado como ri
demais bases de dados, para fins de
vendedor ou consignante; bu
reconhecimen- to do direito ao benefício, o INSS
VI - comprovantes de recolhimento de iç
poderá exigir a apresentação dos documentos
contribuição à previdência social decorrentes da ão
referidos no § 11.
comercializa- ção de produção rural; su
§ 17 As informações obtidas e acolhidas pelo INSS
VII - cópia da declaração de imposto sobre a pe
diretamente de bancos de dados disponibilizados
renda, com indicação de renda proveniente da ri
por órgãos do Poder Público serão utilizadas para
comerciali- zação de produção rural; ou or
validar ou invalidar informação para o cadas-
VIII - licença de ocupação ou permissão outorgada ao
tramento do segurado especial e, quando for o
pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma li
caso, para deixar de reconhecer o segurado nessa
Agrária – Incra. m
condição.
§ 12 Sempre que o tipo de outorga informado na ite
§ 18 O prazo a que se refere o § 9º será
autodeclaração de que trata § 10 for de parceiro, m
prorrogado até que cinquenta por cento dos
meeiro, arrendatário, comodatário ou de outra ín
segurados espe- ciais, apurados conforme
modalidade de outorgado, o documento deverá i
quantitativo da Pesqui- sa Nacional por Amostra
identificar e qualificar o outorgante. m
de Domicílios Contínua, estejam inseridos no
o
sistema de cadastro dos segu- rados especiais de
Se o segurado especial for indígena, a comprova- de
que trata o caput.
ção de suas atividades deverá ser feita por certidão u
§ 19 O fim da prorrogação a que se refere o § 18
m
emitida pela FUNAI com forma e informações especí- será definido em ato do Secretário Especial de
a
ficas. Vejamos: Pre- vidência e Trabalho do Ministério da
co
Economia.
m
§ 13 A condição de segurado especial dos índios pe
será comprovada por meio de certidão fornecida O INSS utilizará as informações constantes no tê
pela Fundação Nacional do Índio - Funai que: Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) nc
I - conterá a identificação da entidade e de seu emi- sobre os vínculos e as remunerações dos segurados, ia
tente, com a indicação do mandato, se for o caso; para fins de cálculo do salário de benefício, comprova- pa
II - será fornecida em duas vias, em papel tim- ção de filiação ao Regime Geral de Previdência Social, ra
brado, com numeração sequencial controlada e tempo de contribuição e relação de emprego também co
ininterrupta; para o segurado especial. Esse banco de dados, toda- m
III - conterá a identificação, a qualificação pessoal via, será implementado aos poucos, tendo em vista a pl
do beneficiário e a categoria de produtor a que et
dificuldade que é própria da categoria dos segurados
pertença; ar
especiais.
IV - consignará os documentos e as informações o
que tenham servido de base para a sua emissão sa
Art. 19-E A partir de 13 de novembro de 2019,
e, se for o caso, a origem dos dados extraídos de lá
registros existentes na própria entidade para fins de aquisição e manutenção da qualidade
de segurado, de carência, de tempo de ri
declarante ou em outro órgão, entidade ou o
empresa, desde que idôneos e acessíveis à contribuição e de cálculo do salário de benefício
exigidos para o reconhecimento do direito aos de
previdência social; co
benefícios do RGPS e para fins de contagem
V - não conterá informação referente a período nt
recíproca, somente serão consideradas as
anterior ao início da atividade da entidade decla- ri
competências cujo salário de con- tribuição seja
rante, exceto se baseada em documento que cons- bu
igual ou superior ao limite mínimo mensal do
titua prova material do exercício dessa atividade; e iç
salário de contribuição.
VI - consignará os dados relativos ao período e à ão
§ 1º Para fins do disposto no caput, ao segurado
forma de exercício da atividade rural nos termos de
que, no somatório de remunerações auferidas no
estabelecidos pelo INSS. ou
período de um mês, receber remuneração inferior
§ 14 A homologação a que se refere o § 13 se res- tr
ao limite mínimo mensal do salário de contribuição
tringirá às informações relativas à atividade a
será assegurado:
rural e deverá atender aos seguintes critérios: co
I- complementar a contribuição das
I - conterá a identificação do órgão e do emitente m
competências, de forma a alcançar o limite
da declaração; pe
mínimo do salário de contribuição exigido;
tência até atingir o limite mínimo; ou

CONHECIMENTOS

329
III - agrupar os salários de contribuição inferiores O Decreto nº 10.410, de 2020, que altera o Regu-
ao limite mínimo de diferentes competências para lamento da Previdência Social (Decreto nº 3.048, de
aproveitamento em uma ou mais competências 1999), em seu art. 19-E, visto anteriormente, esta-
até que estas atinjam o limite mínimo. belece, por sua vez, que as contribuições abaixo do
§ 2º Os ajustes de complementação, utilização e mínimo não serão computadas paras fins de tempo
agrupamento previstos no § 1º poderão ser de contribuição, carência e qualidade de segurado.
efetiva- dos, a qualquer tempo, por iniciativa do A qualidade de segurado é condição garantida
segurado, hipótese em que se tornarão irreversíveis quando se está vertendo contribuições para o sistema
e irrenun- ciáveis após processados. ou, ainda, quando preenchidos os requisitos do
§ 3º A complementação de que trata o inciso I do
“perío- do de graça”, previstos no art. 15, da Lei nº
§ 1º poderá ser recolhida até o dia quinze do mês
8.213, de 1991 e, também no art. 13, do Decreto nº
subsequente ao da prestação do serviço e, a partir
3.048, de 1999. Além disso, conforme § 8º do
dessa data, com os acréscimos previstos no art. 35
referido Decreto, o segurado que receber
da Lei nº 8.212, de 1991.
§ 4º Os ajustes de que tratam os incisos II e III do remuneração inferior ao limi- te mensal deverá
§ 1º serão efetuados na forma indicada ou autori- complementar a diferença a fim de manter a
zada pelo segurado, desde que utilizadas as compe- qualidade de segurado.
tências do mesmo ano civil definido no art. 181-E, Afastar a qualidade de segurado quando as con-
em conformidade com o disposto nos § 27-A ao § tribuições estão abaixo do mínimo legal afeta, dire-
27-D do art. 216. tamente, o direito à percepção de benefícios por
§ 5º A efetivação do ajuste previsto no inciso III incapacidade e pensão por morte, especialmente em
do § 1º não impede o recolhimento da contribui- tempos de suspensão do contrato de trabalho e redu-
ção referente à competência que tenha o salário ção da jornada (Lei nº 14.020, de 2020) ou, ainda, no
de contribuição transferido, em todo ou em parte, caso do trabalho intermitente.
para agrupamento com outra competência a fim Do mesmo modo, o art. 26, do Decreto 3.048, de
de atingir o limite mínimo mensal do salário de 1999, estabelece, no que diz respeito à carência:
contribuição.
§ 6º Para complementação ou recolhimento da Art. 26 Período de carência é o tempo correspon-
competência que tenha o salário de contribuição dente ao número mínimo de contribuições
transferido, em todo ou em parte, na forma prevista mensais indispensáveis para que o beneficiário
no § 5º, será observado o disposto no § 3º. faça jus ao benefício, consideradas as
§ 7º Na hipótese de falecimento do segurado, os competências cujo salá- rio de contribuição seja
ajustes previstos no § 1º poderão ser solicitados igual ou superior ao seu limite mínimo mensal.
por seus dependentes para fins de reconhecimen-
to de direito para benefício a eles devidos até o dia Extrai-se, da referida norma, que as contribuições
quinze do mês de janeiro subsequente ao do ano abaixo do mínimo não serão computadas, também,
civil correspondente, observado o disposto no § para fins de carência, requisito que, por exemplo, foi
4º. Art. 19-F A obrigação do INSS de promover a mantido na aposentadoria programada pós reforma
ins- trução de requerimentos e a comprovação de da Previdência Social.
requi- sitos legais para o reconhecimento de O referido dispositivo, em seu § 2º, permite que
direitos não afasta a obrigação de o interessado esses ajustes de complementação, utilização do exce-
ou o seu repre- sentante juntar ao requerimento dente e agrupamento sejam efetivados a qualquer
toda a documenta- ção útil à comprovação do
tempo por iniciativa do segurado, hipótese em que se
direito, principalmente em relação aos fatos que
tornarão irreversíveis e irrenunciáveis após processa-
não constem da base de dados da previdência
dos pelo sistema.
social.
A complementação poderá ser recolhida até o dia
quinze do mês subsequente ao da prestação do servi-
A Reforma da Previdência Social, Emenda Consti-
ço e, a partir dessa data, com os acréscimos de multa
tucional nº 103, de 2019, atribuiu nova redação ao §
de mora e juros de mora, previstos no art. 35, da Lei
14, do art. 195, da Constituição Federal, que passou a
nº 8.212, de 1991.
vigorar com a seguinte redação:
Já a utilização do excedente e os agrupamentos
serão efetuados na forma indicada ou autorizada pelo
Art. 195 (CF, de 1988) [...]
segurado, desde que utilizadas as competências do
§ 14 O segurado somente terá reconhecida como
tempo de contribuição ao Regime Geral de Previ- mesmo ano civil, definido no art. 181-E, em conformi-
dência Social a competência cuja contribuição dade com o disposto nos § 27-A ao § 27-D, do art. 216,
seja igual ou superior à contribuição mínima ambos do Decreto nº 10.410, de 2020.
mensal exigida para sua categoria, assegurado o O agrupamento não impede o recolhimento da
agrupa- mento de contribuições. contribuição referente à competência que tenha o
salário de contribuição transferido, em todo ou em
A consequência extraída da norma, para os segu- parte, para agrupamento com outra competência, a
rados do Regime Geral (INSS), é no sentido de que a fim de atingir o limite mínimo mensal do salário de
vedação ao cômputo das contribuições, cujo salário contribuição.
de contribuição não atinge o mínimo legal, que antes É oportuno referir que, independentemente da
afetava apenas o contribuinte individual e o segura- categoria contributiva do segurado, a norma o indica
do facultativo, passou a atingir todas as categorias como sujeito passivo da obrigação tributária
de segurados. Isso significa dizer que, para qualquer principal de pagamento.
330 Admite-se, na hipótese de falecimento do segurado,
categoria contributiva, as competências, cuja contri-
buição não atingir o mínimo legal, não serão compu- que a complementação, a utilização do excedente ou
tadas, à luz da regra constitucional, como tempo de o agrupamento sejam solicitadas por seus
contribuição. dependentes, para fins de reconhecimento de direito
p
a
r
a

b
e
n
e
f
í
c
i
o
a eles devidos, desde que até o dia quinze do mês de n
§ 4º Para efeito de contagem recíproca, o perío-
janeiro subsequente ao do ano civil correspondente. o
do em que os segurados contribuinte individual e
A regularização das contribuições post mortem facultativo tiverem contribuído na forma prevista
não se confunde com a inscrição post mortem, no art. 199-A só será computado se forem comple- §
que segue vedada pelo nosso ordenamento jurídico mentadas as contribuições na forma prevista no §
para segurado contribuinte individual e facultativo, à 2º do referido artigo. 4
luz do que dispõe o Decreto nº 3.048, de 1999, com § 4º-A Para efeito de contagem recíproca, a partir º
reda- ção pelo Decreto nº 10.410, de 2020 — § 5º B, de 14 de novembro de 2019, somente serão consi-
art. 18. deradas as competências cujos salários de contri- d
Avançaremos na norma, em razão de já termos buição tenham valor igual ou superior ao limite o
tratado dos dispositivos ao longo do material. mínimo mensal do salário de contribuição para o
RGPS, observado o disposto no art. 19-E.
a
§ 5º A certidão referente ao tempo de contribuição
CONTAGEM RECÍPROCA DE TEMPO DE r
com deficiência deverá identificar os períodos
CONTRIBUIÇÃO t
com deficiência e seus graus.
.
Art. 126 O segurado terá direito de computar,
Passemos à contagem recíproca, que é, como 4
para
0
vimos, a possibilidade de levar tempo de um regime fins de concessão dos benefícios do Regime Geral
de previdência a outro, com compensação financeira de Previdência Social, o tempo de contribuição na
entre os sistemas. administração pública federal direta, autárquica e
e fundacional.
Art. 125 Para efeito de contagem recíproca, hipó- Parágrafo único. Poderá ser contado o tempo de n
tese em que os diferentes sistemas de previdência contribuição na administração pública direta, o
social ou proteção social se compensarão autárquica e fundacional dos Estados, do Distri-
financei- ramente, fica assegurado: to Federal e dos Municípios, desde que estes asse- §
gurem aos seus servidores, mediante legislação
própria, a contagem de tempo de contribuição em
É assegurada a contagem recíproca de tempo de 1
atividade vinculada ao Regime Geral de Previdên-
contribuição na administração pública e na atividade º
cia Social.
privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos Art. 127 O tempo de contribuição de que trata este
regimes de Previdência Social se compensarão Capítulo será contado de acordo com a legislação d
finan- ceiramente, conforme dispõe o § 9º, art. 201, pertinente, observadas as seguintes normas: o
da Cons- tituição Federal. Seguindo com os incisos I - não será admitida a contagem em dobro ou em
do art. 125, do Decreto estudado: outras condições especiais; a
II - é vedada a contagem de tempo de r
I - o cômputo do tempo de contribuição na adminis- contribuição no serviço público com o de t
tração pública e de serviço militar exercido nas ati- contribuição na ativi- dade privada, quando .
vidades de que tratam os art. 42, art. 142 e art. 143 concomitantes; 2
da Constituição, para fins de concessão de benefí- III - não será contado por um regime o tempo de 0
cios previstos no RGPS, inclusive de aposentadoria contribuição utilizado para concessão de aposenta- 1
em decorrência de tratado, convenção ou acordo doria por outro regime; d
internacional; e IV - o tempo de contribuição anterior ou posterior a
II - para fins de emissão de certidão de tempo de à obrigatoriedade de filiação à previdência social
contribuição, pelo INSS, para utilização no só será contado por meio de indenização da contri- C
serviço público ou para inativação militar, o buição correspondente ao período respectivo, com o
cômputo do tempo de contribuição na atividade acréscimo de juros moratórios de cinco décimos n
privada, rural e urbana, observado o disposto nos § por cento ao mês, capitalizados anualmente, e mul- s
4º e § 4º-A deste artigo, no art. 123, no § 13 do art. ta de dez por cento, observado o disposto nos § 8º e t
216 e nos § 8º e § 8º-A do art. 239. § 8º-A do art. 239; i
§ 1º Para os fins deste artigo, é vedada: V - é vedada a emissão de certidão de tempo de t
I - conversão do tempo de contribuição exercido em contribuição com o registro exclusivo de tempo de u
serviço sem a comprovação de contribuição efeti- i
atividade sujeita à condições especiais, nos termos
va, exceto para segurado empregado, empregado ç
do disposto no art. 66;
doméstico, trabalhador avulso e, a partir de 1º de ã
II - conversão do tempo cumprido pelo segurado
abril de 2003, para o contribuinte individual que o
com deficiência, reconhecida na forma do art. 70-D,
preste serviço a empresa obrigada a arrecadar a ,
em tempo de contribuição comum; e
contribuição a seu cargo, observado o disposto no o
III - a contagem de qualquer tempo de serviço
art. 5º da Lei nº 10.666, de 2003; s
fictício.
VI - para ex-servidor público, a certidão de tempo p
de contribuição somente poderá ser emitida por e
Tempo de serviço fictício quer dizer o tempo que regime próprio de previdência social; r
é contado para fins de requerimento de VII - é vedada a contagem recíproca de tempo de í
aposentadoria, sem haver de fato recolhimento de contribuição do RGPS por regime próprio de o
contribuição para a previdência social. previ- dência social sem a emissão da certidão de d
tempo de contribuição correspondente, ainda que o
§ 2º Admite-se a aplicação da contagem recíproca o tempo de contribuição referente ao RGPS tenha s
de tempo de contribuição no âmbito dos tratados, sido prestado pelo servidor público ao próprio ente r
convenções ou acordos internacionais de instituidor; VIII - é vedada a desaverbação de e
previdên- cia social. tempo em regi- me próprio de previdência social c
§ 3º É permitida a emissão de certidão de tempo quando o tempo averbado tiver gerado a o
de contribuição para períodos de contribuição concessão de vantagens remuneratórias ao n
poste- riores à data da aposentadoria no RGPS, servidor público em atividade; e IX - para fins de h
observado o disposto no art. 19-E. elegibilidade às aposentadorias especiais referidas e
cidos pelo

CONHECIMENTOS

331
regime previdenciário de origem como de tempo VI - soma do tempo líquido;
especial sem conversão em tempo comum deverão VII - declaração expressa do servidor responsável
estar incluídos nos períodos de contribuição com- pela certidão, indicando o tempo líquido de efetiva
preendidos na certidão de tempo de contribuição e contribuição em dias, ou anos, meses e dias;
discriminados de data a data. VIII - assinatura do responsável pela certidão e do
Parágrafo único. O disposto no inciso V do caput dirigente do órgão expedidor e, no caso de ser
não se aplica ao tempo de serviço anterior à emi- tida por outro órgão da administração do ente
edição da Emenda Constitucional nº 20, de 15 de fede- rativo, homologação da unidade gestora do
dezembro de 1998, que tenha sido equiparado por regime próprio de previdência social;
lei a tempo de contribuição. IX - indicação da lei que assegure, aos servidores
Art. 128 A certidão de tempo de contribuição do Estado, do Distrito Federal ou do Município,
anterior ou posterior à filiação obrigatória à pre- aposentadorias por invalidez, idade, tempo de
vidência social somente será expedida mediante a con- tribuição e compulsória, e pensão por morte,
observância do disposto nos arts. 122 e 124. com aproveitamento de tempo de contribuição
§ 1° A certidão de tempo de contribuição, para prestado em atividade vinculada ao Regime Geral
fins de averbação do tempo em outros regimes de de Previ- dência Social.
previdência, somente será expedida pelo Instituto § 4 A certidão de tempo de contribuição deverá
Nacional do Seguro Social após a comprovação ser expedida em duas vias, das quais a primeira
da quitação de todos os valores devidos, inclusive será fornecida ao interessado, mediante recibo
de eventuais parcelamentos de débito. passa- do na segunda via, implicando sua
§ 3º A certidão de tempo de contribuição referente a concordância quanto ao tempo certificado.
período de atividade rural anterior à competência § 5º Revogado
novembro de 1991 somente será emitida por meio § 6º Revogado
da comprovação do recolhimento das contribui- § 7º Quando solicitado pelo segurado que exerce
ções correspondentes ou da indenização, na cargos constitucionalmente acumuláveis, é permi-
forma prevista nos § 13 e § 14 do art. 216, tida a emissão de certidão única com destinação
observado o disposto nos § 8º e § 8º-A do art. 239. do tempo de contribuição para, no máximo, dois
Art. 129 O segurado em gozo de auxílio-acidente, órgãos distintos.
auxílio-suplementar ou abono de permanência em § 8º Na situação do parágrafo anterior, a
serviço terá o benefício encerrado na data da certidão de tempo de contribuição deverá ser
emis- são da certidão de tempo de contribuição. expedida em três vias, das quais a primeira e a
Art. 130 O tempo de contribuição para regime pró- segunda serão fornecidas ao interessado, mediante
prio de previdência social ou para Regime Geral recibo passado na terceira via, implicando sua
de Previdência Social deve ser provado com concordância quan- to ao tempo certificado.
certidão fornecida: § 9º A certidão só poderá ser fornecida para os
I - pela unidade gestora do regime próprio de pre- períodos de efetiva contribuição para o Regime
vidência social ou pelo setor competente da admi- Geral de Previdência Social, devendo ser excluídos
nistração federal, estadual, do Distrito Federal e aqueles para os quais não tenha havido contribui-
municipal, suas autarquias e fundações, desde que ção, salvo se recolhida na forma dos §§ 7º a 14 do
devidamente homologada pela unidade gestora art. 216.
do regime próprio, relativamente ao tempo de § 10 Poderá ser emitida, por solicitação do
contri- buição para o respectivo regime próprio segura- do, certidão de tempo de contribuição para
de previ- dência social; ou período fracionado.
II - pelo setor competente do Instituto Nacional do § 11 Na hipótese do parágrafo anterior, a certidão
Seguro Social, relativamente ao tempo de contribui- conterá informação de todo o tempo de contribui-
ção para o Regime Geral de Previdência Social. ção ao Regime Geral de Previdência Social e a
§ 1º O setor competente do INSS promoverá o indi- cação dos períodos a serem aproveitados no
levantamento do tempo de contribuição ao RGPS, regime próprio de previdência social.
com base na documentação apresentada, § 12 É vedada a contagem de tempo de contribuição
observa- do o disposto no art. 19. de atividade privada com a do serviço público ou de
§ 2º O setor competente do órgão federal, mais de uma atividade no serviço público, quando
estadual, do Distrito Federal ou municipal deverá concomitantes, ressalvados os casos de acumula-
promover o levantamento do tempo de ção de cargos ou empregos públicos admitidos
contribuição para o respectivo regime próprio de pela Constituição.
previdência social à vista dos assentamentos
funcionais.
Não será permitida a contagem de prazo de ativi-
§ 3º Após as providências de que tratam os §§ 1º e
dade no serviço pública e atividade privada, ou mais
2º, e observado, quando for o caso, o disposto no §
9º, os setores competentes deverão emitir certidão de uma atividade no serviço público que sejam reali-
de tempo de contribuição, sem rasuras, constando, zadas ao mesmo tempo.
obrigatoriamente:
I - órgão expedidor; § 13 Em hipótese alguma será expedida certidão
II - nome do servidor, seu número de matrícula, RG, de tempo de contribuição para período que já
CPF, sexo, data de nascimento, filiação, número do PIS tiver sido utilizado para a concessão de
ou PASEP, e, quando for o caso, cargo efetivo, aposentadoria, em qualquer regime de
lotação, data de admissão e data de exoneração ou previdência social.
demissão; III - período de contribuição, de data a § 14 A certidão de que trata o § 3o deverá vir
data, com- preendido na certidão; acom- panhada de relação dos valores das
IV - fonte de informação; remunerações, por competência, que serão
332 V - discriminação da frequência durante o utilizados para fins de cálculo dos proventos da
período abrangido pela certidão, indicadas as aposentadoria.
várias altera- ções, tais como faltas, licenças, § 15 O tempo de serviço considerado para efeito de
suspensões e outras ocorrências; aposentadoria e cumprido até 15 de dezembro de
1998 será contado como tempo de contribuição.
§ 16 Caberá revisão da certidão de tempo de contri- compõem a sociedade devem colaborar para a Ar
buição, inclusive de ofício, quando constatado erro cobertura dos ris- cos provenientes da perda ou t.
material, vedada à destinação da certidão a órgão redução da capacidade de trabalho ou meio de 1
diverso daquele a que se destinava originariamente. subsistência. Desta forma, o art. 152, do 5
referido Decreto, traz expressamente que os 3-
Concessão do Benefício na Contagem Recíproca de benefícios da previdência social não poderão A
Tempo de Contribuição sofrer alterações sem ter fonte de custeio para A
tal. co
Art. 131 Concedido o benefício, caberá: nc
I - ao Instituto Nacional do Seguro Social comunicar es
o fato ao órgão público emitente da certidão, para sã
as anotações nos registros funcionais e/ou na o
segunda via da certidão de tempo de contribuição; e de
II - ao órgão público comunicar o fato ao Instituto a
Nacional do Seguro Social, para efetuar os regis- po
tros cabíveis. se
Art. 132 O tempo de contribuição na nt
administração a
pública federal, estadual, distrital ou municipal de do
que trata este Capítulo será considerado para efeito ri
do percentual de acréscimo previsto no inciso I do a
caput do art. 44, no art. 53, no § 1º do art. 54, no re
art. 67, no inciso II do caput do art. 70-J, no § 3º do qu
er
art. 188-H, no § 4º do art. 188-I, no § 3º do art. 188-
i-
J, no § 4º do art. 188-M, no § 3º do art. 188-N e no
da
§ 3º do art. 188-P.
a
Art. 133 O tempo de contribuição certificado na
p
forma deste Capítulo produz, no Instituto
ar
Nacional do Seguro Social e nos órgãos ou
tir
autarquias fede- rais, estaduais, do Distrito
de
Federal ou municipais, todos os efeitos previstos
14
na respectiva legislação pertinente. de
Art. 134 As aposentadorias e demais benefícios no
resultantes da contagem de tempo de contribuição ve
na forma deste Capítulo serão concedidos e pagos m
pelo regime a que o interessado pertencer ao reque- br
rê-los e o seu valor será calculado na forma da o
legislação pertinente. de
2
Isso significa que, a qualquer tempo, é possível 01
levar tempo de contribuição de um regime para 9
outro, desde que os sistemas se compensem co
financeiramen- te. É o caso, por exemplo, de quem m
ingressa na carrei- ra pública como servidor efetivo, ut
vinculado a regime próprio de previdência e já ili
possuía tempo recolhido ao INSS, que pode ser za
-
levado.
çã
A contagem recíproca dá-se mediante a
o
expedição de certidão (CTC — Certidão de Tempo de
de Contribui- ção), que não pode trazer qualquer te
tempo fictício, tempo convertido (especial ou m
deficiente) ou tempo em que não houve po
recolhimento previdenciário. de
O servidor público precisa desvincular-se do órgão co
para o qual irá requerer a emissão de Certidão de nt
Tem- po de Contribuição, que só é concedida a ex- ri
servidor. bu

Das Disposições Diversas Relativas às Prestações ão
de
do
co
Regime Geral de Previdência Social rr
en
Art. 152 Nenhum benefício ou serviço da te
previdên- cia social poderá ser criado, majorado de
ou estendi- do, sem a correspondente fonte de ca
custeio total. rg
o,
Nas relações de custeio da previdência social, e
apli- ca-se o princípio de que todas as pessoas que m
pr
ego ou função pública acarretará o rompi- mento do
vínculo que gerou o referido tempo de contribuição.
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, após
a consolidação da aposentadoria, nos termos do
disposto no art. 181-B, o INSS notificará a empre- sa
responsável sobre a aposentadoria do segurado e
constarão da notificação as datas de concessão e de
início do benefício.

Essa é uma relevante e impactante alteração tra-


zida pela Reforma da Previdência e já inserida no
Regulamento, que diz respeito ao efeito de cessação do
vínculo do empregado ou servidor público, quando da
concessão de aposentadoria no RGPS que tenha uti- lizado
tempo de contribuição decorrente do vínculo. Por
exemplo, se um empregado público de uma Pre- feitura
utilizasse tempo do vínculo para fins de apo-
sentadoria, teria seu contrato encerrado.

Art. 167-A Será admitida a acumulação dos seguin- tes


benefícios:
I - de pensão por morte deixada por cônjuge ou
companheiro do RGPS com pensão por morte con-
cedida por outro regime de previdência social ou com
pensões decorrentes das atividades militares de que
tratam o art. 42 e o art. 142 da Constituição; II - de
pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro
do RGPS com aposentadoria do mesmo regime e de
regime próprio de previdência social ou com proventos
de inatividade decorrentes das atividades militares de
que tratam o art. 42 e o art. 142 da Constituição; ou
III - de aposentadoria concedida no âmbito do RGPS
com pensão deixada por cônjuge ou compa- nheiro de
regime próprio de previdência social ou com proventos
de inatividade decorrentes das ativi- dades militares de
que tratam o art. 42 e o art. 142 da Constituição.
§ 1º Nas hipóteses de acumulação previstas no caput,
fica assegurada a percepção do valor inte- gral do
benefício mais vantajoso e de uma parte de cada um
dos demais benefícios, apurada cumulati- vamente de
acordo com as seguintes faixas:
I - sessenta por cento do valor que exceder um salá- rio-
mínimo, até o limite de dois salários-mínimos; II -
quarenta por cento do valor que exceder dois salá- rios-
mínimos, até o limite de três salários-mínimos; III - vinte
por cento do valor que exceder três salários-
-mínimos, até o limite de quatro salários-mínimos; e IV -
dez por cento do valor que exceder quatro salários-
mínimos.
§ 2º A aplicação do disposto no § 1º poderá ser revista
a qualquer tempo, a pedido do interessado, em razão de
alteração de algum dos benefícios.
§ 3º Na hipótese de recebimento de pensão desdo-
brada, para fins de aplicação do disposto no § 1º, em
relação a esse benefício, será considerado o valor
correspondente ao somatório da cota individual e da
parcela da cota familiar, devido ao pensionista, que
será revisto em razão do fim do desdobramento ou da
alteração do número de dependentes.
§ 4º As restrições previstas neste artigo não se apli-
cam caso o direito aos benefícios tenha sido adqui- rido
CONHECIMENTOS

até 13 de novembro de 2019.


§ 5º Para fins do disposto neste artigo, no ato de
habilitação ou concessão de benefício sujeito a acu-
mulação, o INSS deverá:

333
por meio de canais de atendimento eletrônico, observa- dos
I - verificar a filiação do segurado ao RGPS ou a
os procedimentos previstos em ato do INSS.
regime próprio de previdência social;
II - solicitar ao segurado que manifeste expressa-
mente a sua opção pelo benefício que lhe seja mais
vantajoso; e
III - quando for o caso, verificar a condição do segu-
rado ou pensionista, de modo a considerar, dentre
outras, as informações constantes do CNIS.
§ 6º O Ministério da Economia manterá sistema
de cadastro dos segurados do RGPS e dos
servidores vinculados a regimes próprios de
previdência social, e poderá, para tanto, firmar
acordo de cooperação com outros órgãos da
administração pública fede- ral, estadual, distrital
ou municipal para a manuten- ção e a gestão do
referido sistema de cadastro.
§ 7º Até que o sistema de que trata o § 6º seja imple-
mentado, a comprovação de que o aposentado ou
o pensionista cônjuge ou companheira ou compa-
nheiro do RGPS não recebe aposentadoria ou pen-
são de outro regime próprio de previdência social
será feita por meio de autodeclaração, a qual o
sujeitará às sanções administrativas, civis e penais
aplicáveis caso seja constatada a emissão de decla-
ração falsa.
§ 8º Caberá ao aposentado ou pensionista do RGPS
informar ao INSS a obtenção de aposentadoria
ou pensão de cônjuge ou companheira ou compa-
nheiro de outro regime, sob pena de suspensão do
benefício.

Além das hipóteses de impossibilidade de acu-


mulação de benefícios previdenciários, a Reforma
da Previdência traz outras restrições, envolvendo
pensão, concedida em razão do óbito de cônjuge ou
companheiro:

 Pensão por morte RGPS + pensão por morte RPPS


ou Militar;
 Pensão por morte RGPS + aposentadoria RGPS ou
RPPS;
 Aposentadoria RGPS + pensão por morte RPPS ou
proventos de inatividade.

Nesses casos, não há impossibilidade de


acumula- ção, porém há restrição com relação aos
valores. O côn- juge ou companheiro recebe
integralmente o melhor benefício e um percentual do
segundo, de acordo com as faixas, aplicadas pelo
valor do benefício.

Art. 173 O segurado em gozo de aposentadoria


que voltar a exercer atividade abrangida pelo
RGPS, observados o disposto no art. 168 e, nos
casos de aposentadoria especial, o disposto no
parágrafo único do art. 69, fará jus:
I - ao salário-família e à reabilitação profissional,
quando empregado, inclusive o doméstico, ou tra-
balhador avulso; e
II - ao salário-maternidade.

As contribuições do aposentado para o sistema


são obrigatórias; todavia, tem direito apenas ao
salário-
-família e reabilitação profissional se é empregado,
empregado doméstico ou trabalhador avulso e, ao
salário-maternidade, este último, sem restrição da
334
categoria de segurado.

Art. 176-A O requerimento de benefícios e de ser-


viços administrados pelo INSS será formulado
§ querente. INSS”, mediante cadastro de senha pessoal do
1º § 2º Excepcionalmente, caso o segurado.
O requerente não dis- ponha de meios O INSS é obrigado a conceder ao segurado o
re adequados para apresentação da melhor benefício, ainda que seja diverso do que
qu solicitação pelos canais de atendimento requerido, com notificação prévia do segurado para
eri eletrônico, o requerimento e o aceite.
m agendamento de serviços pode- rão ser
en feitos presencialmente nas Agências da Art. 181-B As aposentadorias concedidas pela
to Pre- vidência Social. pre- vidência social são irreversíveis e
fo Art. 176-B O INSS poderá firmar acordo de coopera- irrenunciáveis.
r ção técnica com entes públicos e demais § 1º O disposto neste artigo não se aplica à
m entidades para fins de geração e conces- são de aposentadoria por incapacidade
ul recebimento de requerimen- tos de permanente.
ad benefícios. § 2º O segurado poderá desistir do seu pedido de
o Art. 176-C O requerente poderá, enquanto não aposentadoria desde que manifeste essa intenção
se pro- e
rá ferida a decisão do INSS e por meio de
pr manifesta- ção escrita, desistir do
oc requerimento formulado, nos termos do
es disposto no art. 51 da Lei nº 9.784, de
sa 1999.
do § 1º Havendo vários interessados, a
e desistência a que se refere o caput
m atinge somente quem a tenha
m formulado.
ei § 2º A desistência do requerimento não
o impede o INSS de analisar a matéria
ele objeto do requerimen- to para fins de
tr uniformização de entendimento, de forma
ôn geral e abstrata, ou para efeito de
ico apuração de irregularidade.
e Art. 176-D Se, na data de entrada do requerimento
m do benefício, o segurado não satisfizer
to os requisitos para o reconhecimento do
da direito, mas implemen- tá-los em
s momento posterior, antes da decisão do
as INSS, o requerimento poderá ser
fa reafirmado para a data em que satisfizer
se os requisitos, que será fixada como
s início do benefício, exigindo-se, para
do tanto, a concordância formal do
pr interessado, admitida a sua
oc manifestação de vontade por meio
es eletrônico.
so
ad Sabe-se que, para haver a concessão de
mi benefício previdenciário, é necessário que
ni o segurado tenha preenchido todos os
str requisitos na data de entrada do
ati requerimento (DER). O art. 176-D prevê
vo que se os requisitos forem satisfeitos após a
, solicitação do bene- fício, a data de entrada
re
do requerimento será reafir- mada para a
ss
data da implementação destes.
al
va
Art. 176-E Caberá ao INSS conceder o
do
s benefício mais vantajoso ao requerente
ou benefício diverso do requerido, desde
os
que os elementos constantes do
at
processo administrativo assegurem o
os
reconheci- mento desse direito.
qu
Parágrafo único. Na hipótese de direito
e
à conces- são de benefício diverso do
exi
requerido, caberá ao INSS notificar o
ja
segurado para que este manifeste
m
expressamente a sua opção pelo benefício,
a
observa- do o disposto no art. 176-D.
pr
es
en Todo sistema operacional de
ça requerimento de benefícios, recursos,
do acesso a dados e cadastro faz-se de forma
re eletrônica, por meio do portal “Meu
requeira o arquivamento definitivo do pedido antes si
§ 1º O FAP consiste em multiplicador variável em
da ocorrência de um dos seguintes atos: st
um intervalo contínuo de cinco décimos a dois intei-
I - recebimento do primeiro pagamento do e
ros aplicado à respectiva alíquota, considerado o
benefício; ou m
critério de truncamento na quarta casa decimal.
II - efetivação do saque do FGTS ou do PIS. as
§ 3º O disposto no caput não impede a cessação O FAP é um multiplicador, num intervalo de qua- ge
dos benefícios não acumuláveis por força de re
tro casas decimais, entre 0,5000 (meio) e 2,0000 (dois
dispo- sição legal ou constitucional. nc
inteiros), aplicado sobre o Seguro de Acidentes de Tra-
ia
balho — SAT.
As aposentadorias concedidas pelo INSS, à exceção is
da por incapacidade permanente, são irreversíveis § 2º Para fins da redução ou da majoração a que de
e irrenunciáveis após o recebimento, pelo se refere o caput, o desempenho da empresa, ri
segurado, da primeira parcela, ou da utilização indivi- dualizada pelo seu CNPJ será discriminado sc
para fins de saque de FGTS ou PIS. Ou seja, a partir em rela- ção à sua atividade econômica, a partir o.
da realização do primeiro saque do benefício, há a da criação de índice composto pelos índices de
concordância do segurado com a forma de concessão gravidade, de frequência e de custo que pondera
do benefício, não podendo alterá-la ou renunciá-la os respectivos percentis.
(dizer que não quer se aposentar). § 4° Os índices de freqüência, gravidade e custo
serão calculados segundo metodologia aprova-
da pelo Conselho Nacional de Previdência Social,
Das Contribuições da Empresa e do Empregador
levando-se em conta:
Doméstico
Índice de frequência indica a incidência de
Art. 202 A contribuição da empresa, destinada ao aciden- te de trabalho em cada empresa.
financiamento da aposentadoria especial, nos ter-
mos dos arts. 64 a 70, e dos benefícios concedidos I - para o índice de frequência, os registros de aci-
em razão do grau de incidência de incapacidade dentes ou benefícios de natureza acidentária;
laborativa decorrente dos riscos ambientais do II - para o índice de gravidade, as hipóteses de auxí-
trabalho corresponde à aplicação dos seguintes lio por incapacidade temporária, auxílio-acidente,
percentuais, incidentes sobre o total da remunera- aposentadoria por incapacidade permanente, pen-
ção paga, devida ou creditada a qualquer título, são por morte e morte de natureza acidentária, aos
no decorrer do mês, ao segurado empregado e quais são atribuídos pesos diferentes em razão da
traba- lhador avulso: gravidade da ocorrência, da seguinte forma:
I - um por cento para a empresa em cuja atividade a) pensão por morte e morte de natureza
preponderante o risco de acidente do trabalho seja acidentá- ria - peso de cinquenta por cento;
considerado leve; b) aposentadoria por incapacidade permanente -
II - dois por cento para a empresa em cuja atividade peso de trinta por cento; e
preponderante o risco de acidente do trabalho seja c) auxílio por incapacidade temporária e auxílio-a-
considerado médio; ou cidente - peso de dez por cento para cada;
III - três por cento para a empresa em cuja ativida- III - para o índice de custo, os valores dos benefícios
de preponderante o risco de acidente do trabalho de natureza acidentária pagos ou devidos pela pre-
seja considerado grave. vidência social.
§ 5º O Ministério da Economia publicará, anual-
Aposentadoria especial é o benefício concedido mente, no Diário Oficial da União, portaria para
pelo INSS ao trabalhador que, devido às condições dis- ponibilizar consulta ao FAP e aos róis dos
de exercício de sua profissão, tenha sido exposto à percentis de frequência, gravidade e custo por
agente insalubre (físico, químico ou biológico) ou subclasse da Classificação Nacional de Atividades
que tenha exercido atividade periculosa. Por Econômicas.
atividade insalu- bre, entende-se aquela que coloca § 6º O FAP produzirá efeitos tributários a partir do
primeiro dia do quarto mês subseqüente ao de sua
em risco a saúde do trabalhador, e atividade
divulgação.
periculosa é aquela que expõe o trabalhador ao risco
§ 7º Para o cálculo anual do FAP, serão utilizados
de morte. os dados de janeiro a dezembro de cada ano, até
Como é possível verificar, o art. 202, do referido completar o período de dois anos, a partir do qual
Decreto, elenca algumas alíquotas que devem ser os dados do ano inicial serão substituídos pelos
pagas pelas empresas cujas atividades sejam insalu- novos dados anuais incorporados.
bres ou periculosas a fim de contribuir na § 8º O FAP será calculado a partir de 1º de janei-
manutenção do custeio da aposentadoria especial ro do ano seguinte àquele ano em que o estabele-
dos segurados que desenvolvam tais atividades. cimento completar dois anos de sua constituição.
§ 9º Revogado
Art. 202-A As alíquotas a que se refere o caput do § 10 A metodologia aprovada pelo Conselho
art. 202 serão reduzidas em até cinquenta por cento Nacio- nal de Previdência indicará a sistemática de
ou aumentadas em até cem por cento em razão do cálculo e a forma de aplicação de índices e
desempenho da empresa, individualizada pelo seu critérios acessó- rios à composição do índice
CNPJ em relação à sua atividade econômica, aferi- composto do FAP.
do pelo Fator Acidentário de Prevenção – FAP. Art. 202-B (Revogado)
Art. 203 A fim de estimular investimentos destina-
O Fator Acidentário de Prevenção (FAP) tem por dos a diminuir os riscos ambientais no trabalho,
objetivo incentivar a melhoria nas condições de tra- o Ministério da Previdência e Assistência Social
balho e saúde do trabalhador, buscando estimular as poderá alterar o enquadramento de empresa que
empresas no desenvolvimento de políticas internas demonstre a melhoria das condições do trabalho,
de prevenção, visando diminuir os índices de aciden- com redução dos agravos à saúde do trabalhador,
tes de trabalho. obtida através de investimentos em prevenção e em
335
CONHECIMENTOS
proprietário, o incorporador, o dono da obra ou condômino da
§ 1º A alteração do enquadramento estará condi-
uni- dade imobiliária poderão ser responsabilizados na
cionada à inexistência de débitos em relação às
contribuições devidas ao Instituto Nacional do
Seguro Social e aos demais requisitos
estabelecidos pelo Ministério da Previdência e
Assistência Social.
§ 2º O Instituto Nacional do Seguro Social, com
base principalmente na comunicação prevista no
art. 336, implementará sistema de controle e acom-
panhamento de acidentes do trabalho.
§ 3º Verificado o descumprimento por parte da
empresa dos requisitos fixados pelo Ministério da
Previdência e Assistência Social, para fins de enqua-
dramento de que trata o artigo anterior, o
Instituto Nacional do Seguro Social procederá à
notificação dos valores devidos.

O art. 202-A regulamenta o critério de cálculo


dos índices de custo, frequência e gravidade, bem
como a disponibilização anual dos dados pelo
Ministério da Economia.

Da Retenção e da Responsabilidade Solidária

Art. 220 O proprietário, o incorporador definido


na Lei nº 4.591, de 1964, o dono da obra ou
condômino da unidade imobiliária cuja
contratação da cons- trução, reforma ou
acréscimo não envolva cessão de mão-de-obra,
são solidários com o construtor, e este e aqueles
com a subempreiteira, pelo cum- primento das
obrigações para com a seguridade social,
ressalvado o seu direito regressivo contra o
executor ou contratante da obra e admitida a reten-
ção de importância a este devida para garantia
do cumprimento dessas obrigações, não se
aplicando, em qualquer hipótese, o benefício de
ordem.

Para melhor compreensão do conteúdo, é impor-


tante diferenciar os termos elencados no caput do
art. 220:

 Proprietário do imóvel: é pessoa física ou


jurídi- ca cujo nome conste na matrícula do imóvel;
 Incorporador: também pode ser pessoa física ou
jurídica, a qual, embora não esteja executando a
obra, é responsável pela venda de frações de
lotes/ terrenos, objetivando a vinculação dessas
frações em unidades autônomas. Por exemplo,
negocian- do-se a construção de um prédio em
terreno de terceiro, o qual receberá como
pagamento uni- dades autônomas (apartamentos)
desse prédio, o incorporador é quem intermediará
a venda dessas unidades a esse terceiro;
 Dono da obra: não é o proprietário do imóvel,
mas sim aquele que tem a posse e está realizan-
do a construção de alguma obra. Por exemplo, o
locatário que está construindo um quarto em um
imóvel do qual não tem a propriedade;
 Condômino da unidade imobiliária: é dono
dos apartamentos de um edifício, por exemplo, e
não tem que necessariamente residir no local.

Os tomadores de serviços descritos no caput do


art. 220 terão responsabilidade solidária no custeio
336 das obrigações de caráter previdenciário dos
trabalha- dores. Implica dizer que, na hipótese de
não haver o devido cumprimento do recolhimento
das obrigações contributivas da previdência social, o
t essariamente, a obrigação direta de pagar parcial, efetuará a retenção prevista no art. 219.
o for responsabilizado, poderá pleitear o Art. 222 As empresas que integram grupo econômi-
t reem- bolso do valor cobrado. Ainda, não co de qualquer natureza, bem como os produtores
a haverá a aplica- ção de benefício de ordem, rurais integrantes do consórcio simplificado de que
l ou seja, não existirá uma sequência a ser trata o art. 200-A, respondem entre si, solidaria-
i seguida na cobrança dos encargos mente, pelas obrigações decorrentes do disposto
neste Regulamento.
d previdenciários.
a
d §1º Não se considera cessão de mão-de- Grupo econômico é formado por duas ou mais
e obra, para os fins deste artigo, a empresas que atuam juntas e de forma coordenada.
contratação de construção civil em que
a empresa construtora assuma a res- Art. 222-A As empresas integrantes de consórcio
d
ponsabilidade direta e total pela obra constituído nos termos do disposto nos art. 278 e
o
ou repasse o contrato integralmente. art. 279 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976,
s
§ 2º O executor da obra deverá elaborar,
distintamen- te para cada
v
estabelecimento ou obra de construção
a
civil da empresa contratante, folha de
l pagamento, Guia de Recolhimento do
o Fundo de Garantia do Tem- po de
r Serviço e Informações à Previdência
e Social e Guia da Previdência Social, cujas
s cópias deverão ser exigidas pela empresa
contratante quando da quita- ção da
d nota fiscal ou fatura, juntamente com o
e com- provante de entrega daquela
v Guia.
i § 3º A responsabilidade solidária de
d que trata o caput será elidida:
o I - pela comprovação, na forma do
s parágrafo ante- rior, do recolhimento
das contribuições incidentes sobre a
.
remuneração dos segurados, incluída
em nota fiscal ou fatura correspondente
N aos serviços executados, quando
e corroborada por escrituração contábil;
s e
s II - pela comprovação do recolhimento
e das contri- buições incidentes sobre a
remuneração dos segu- rados, aferidas
c indiretamente nos termos, forma e
a percentuais previstos pelo Instituto
s Nacional do Seguro Social.
o III - pela comprovação do recolhimento
, da retenção permitida no caput deste
artigo, efetivada nos ter- mos do art.
s 219.
e § 4º Considera-se construtor, para os
efeitos deste Regulamento, a pessoa
física ou jurídica que executa obra sob
a sua responsabilidade, no todo ou em
q
parte. Art. 221 Exclui-se da
u
responsabilidade solidária perante a
e seguridade social o adquirente de
l prédio ou unidade imobiliária que
e realize a operação com empresa de
comercialização ou com incorporador
q de imóveis definido na Lei nº 4.591, de
u 1964, ficando estes solidariamente
e responsáveis com o constru- tor, na
forma prevista no art. 220.
n Art. 221-A O instituto da responsabilidade soli-
ã dária não se aplica à administração
o pública dire- ta, autárquica e
fundacional, quando contratante de
serviços, inclusive de obra de
t
construção civil, reforma ou acréscimo,
e
independentemente da for- ma de
m
contratação.
, Parágrafo único. A administração pública
contratan- te de serviços, inclusive de
n construção civil executa- dos por meio de
e cessão de mão de obra ou empreitada
c
respondem pelas contribuições devidas, em relação o nome, o número de inscrição na
o
às operações praticadas pelo consórcio, na previdência social e o endereço completo
propor- ção de sua participação no dos segurados de que trata
empreendimento. i
§ 1º O consórcio que realizar a contratação, em n
nome próprio, de pessoas jurídicas e físicas, com ou c
sem vínculo empregatício, poderá efetuar a reten- i
ção das contribuições e cumprir as respectivas obri- s
gações acessórias, hipótese em que as empresas o
consorciadas serão solidariamente responsáveis.
§ 2º Na hipótese de a retenção das contribuições I
ou o cumprimento das obrigações acessórias I
relativas ao consórcio ser realizado por sua I
empresa líder, as empresas consorciadas também d
serão solidaria- mente responsáveis. o
§ 3º O disposto neste artigo abrange as contribui-
ções destinadas a outras entidades e fundos, além §
da multa por atraso no cumprimento das obriga-
ções acessórias.
Art. 223 O operador portuário e o órgão gestor 1
de mão-de-obra são solidariamente responsáveis 5
pelo pagamento das contribuições previdenciárias
e demais obrigações, inclusive acessórias, devidas d
à seguridade social, arrecadadas pelo Instituto o
Nacional do Seguro Social, relativamente à requisi-
ção de mão-de-obra de trabalhador avulso, a
vedada a invocação do benefício de ordem. r
t
Aqui, estão tratados os casos de solidariedade, no .
que diz respeito às contribuições previdenciárias. A 9
responsabilidade solidária dá-se nas situações em º
que mais de uma figura serão sujeitos passivo da ,
obriga- ção tributária de pagamento em razão da p
natureza do vínculo. o
r
Das Obrigações Acessórias
e
l
Trata-se de deveres que também deverão ser
a
cumpridos em decorrência dos trabalhos prestados.
Vejamos:
u
t
Art. 225 A empresa é também obrigada a:
i
I - preparar folha de pagamento da remuneração
l
paga, devida ou creditada a todos os segurados
i
a seu serviço, devendo manter, em cada estabele-
z
cimento, uma via da respectiva folha e recibos de
a
pagamentos;
d
II - lançar mensalmente em títulos próprios de
o
sua contabilidade, de forma discriminada, os
s
fatos geradores de todas as contribuições, o
n
montan- te das quantias descontadas, as
o
contribuições da empresa e os totais recolhidos;
III - prestar ao Instituto Nacional do Seguro
p
Social e à Secretaria da Receita Federal todas as
e
informa- ções cadastrais, financeiras e contábeis de
r
interesse dos mesmos, na forma por eles
í
estabelecida, bem como os esclarecimentos
o
necessários à fiscalização; IV - informar
d
mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro
o
Social, por intermédio da Guia de Recolhi- mento
,
do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e
a
Informações à Previdência Social, na forma por
ele estabelecida, dados cadastrais, todos os fatos
geradores de contribuição previdenciária e outras q
informações de interesse daquele Instituto; u
VI - afixar cópia da Guia da Previdência Social, a
rela- tivamente à competência anterior, durante o l
perío- do de um mês, no quadro de horário de que q
trata o art. 74 da Consolidação das Leis do u
Trabalho. e
VII - informar, anualmente, à Secretaria da Receita r
Federal do Brasil, na forma por ela estabelecida,
título, para distribuição ou comercialização de seus
produtos, sejam eles de fabricação própria ou de
terceiros, sempre que se tratar de empresa que realize
vendas diretas.
VIII - comunicar, mensalmente, os empregados a respeito
dos valores descontados de sua contribui- ção
previdenciária e, quando for o caso, dos valores da
contribuição do empregador incidentes sobre a
remuneração do mês de competência por meio de
contracheque, recibo de pagamento ou documento
equivalente.
§ 1º As informações prestadas na Guia de Recolhi- mento
do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e
Informações à Previdência Social servirão como base de
cálculo das contribuições arrecadadas pelo Instituto
Nacional do Seguro Social, comporão a base de dados
para fins de cálculo e concessão dos benefícios
previdenciários, bem como constituir-se-
-ão em termo de confissão de dívida, na hipótese do
não-recolhimento.
§ 2º A entrega da Guia de Recolhimento do Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço e Informações à
Previdência Social deverá ser efetuada na rede ban- cária,
conforme estabelecido pelo Ministério da Pre- vidência e
Assistência Social, até o dia sete do mês seguinte àquele a
que se referirem as informações.
§ 3º A Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social é
exigida relativamente a fatos geradores ocorridos a
partir de janeiro de 1999.
§ 4º O preenchimento, as informações prestadas e a
entrega da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço e Informações à Pre- vidência Social
são de inteira responsabilidade da empresa.
§ 5º A empresa manterá arquivados os documentos
comprobatórios do cumprimento das obrigações de que
trata este artigo e os documentos comproba- tórios do
pagamento de benefícios previdenciários reembolsados
até que ocorra a prescrição relativa aos créditos
decorrentes das operações a que os documentos se
refiram, observados o disposto no
§ 22 e nas normas estabelecidas pela Secretaria Especial
da Receita Federal do Brasil do Ministério da Economia e
pelo Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo
de Serviço.
§ 6º O Instituto Nacional do Seguro Social e a Cai- xa
Econômica Federal estabelecerão normas para
disciplinar a entrega da Guia de Recolhimento do Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço e Infor- mações à
Previdência Social, nos casos de rescisão contratual.
§ 7º Revogado
§ 8º O disposto neste artigo aplica-se, no que cou- ber, aos
demais contribuintes e ao adquirente, con- signatário ou
cooperativa, sub-rogados na forma deste Regulamento.
§ 9º A folha de pagamento de que trata o inciso I do
caput, elaborada mensalmente, de forma cole- tiva por
estabelecimento da empresa, por obra de construção civil
e por tomador de serviços, com a correspondente
totalização, deverá:
I - discriminar o nome dos segurados, indicando cargo,
função ou serviço prestado;
II - agrupar os segurados por categoria, assim
CONHECIMENTOS

entendido: segurado empregado, trabalhador avul- so,


contribuinte individual;
III - destacar o nome das seguradas em gozo de salário-
maternidade;
IV - destacar as parcelas integrantes e não inte- grantes
da remuneração e os descontos legais; e

337
V - indicar o número de quotas de salário-família § 17 A empresa, agência ou sucursal estabeleci-
atribuídas a cada segurado empregado ou traba- da no exterior deverá apresentar os documentos
lhador avulso. comprobatórios do cumprimento das obrigações
§ 10 No que se refere ao trabalhador portuário referidas neste artigo à sua congênere no Brasil,
avulso, o órgão gestor de mão-de-obra elaborará observada a solidariedade de que trata o art. 222.
a folha de pagamento por navio, mantendo-a § 18 Para o cumprimento do disposto no inciso V
dispo- nível para uso da fiscalização do Instituto do caput serão observadas as seguintes situações:
Nacional do Seguro Social, indicando o operador I - caso a empresa possua mais de um estabeleci-
portuário e os trabalhadores que participaram da mento localizado em base geográfica diversa, a
operação, detalhando, com relação aos últimos: cópia da Guia da Previdência Social será encami-
I - os correspondentes números de registro ou nhada ao sindicato representativo da categoria
cadastro no órgão gestor de mão-de-obra; profissional mais numerosa entre os empregados
II - o cargo, função ou serviço prestado; de cada estabelecimento;
III - os turnos em que trabalharam; e II - a empresa que recolher suas contribuições em
IV - as remunerações pagas, devidas ou mais de uma Guia da Previdência Social encami-
creditadas a cada um dos trabalhadores e a nhará cópia de todas as guias;
correspondente totalização. III - a remessa poderá ser efetuada por qualquer
§ 11 No que se refere ao parágrafo anterior, o órgão meio que garanta a reprodução integral do docu-
gestor de mão-de-obra consolidará as folhas de mento, cabendo à empresa manter, em seus
pagamento relativas às operações concluídas no arqui- vos, prova do recebimento pelo sindicato; e
mês anterior por operador portuário e por tra- IV - cabe à empresa a comprovação, perante a fisca-
lização do Instituto Nacional do Seguro Social, do
balhador portuário avulso, indicando, com rela-
cumprimento de sua obrigação frente ao
ção a estes, os respectivos números de registro
sindicato.
ou cadastro, as datas dos turnos trabalhados, as
§ 19 O órgão gestor de mão-de-obra deverá, quando
importâncias pagas e os valores das contribuições
exigido pela fiscalização do Instituto Nacional do
previdenciárias retidas.
Seguro Social, exibir as listas de escalação diária
§ 12 Para efeito de observância do limite máximo
dos trabalhadores portuários avulsos, por opera-
da contribuição do segurado trabalhador avulso,
dor portuário e por navio.
de que trata o art. 198, o órgão gestor de mão-de-o-
§ 20 Caberá exclusivamente ao órgão gestor de
bra manterá resumo mensal e acumulado, por mão-de-obra a responsabilidade pela exatidão
tra- balhador portuário avulso, dos valores totais dos dados lançados nas listas diárias referidas no
das férias, do décimo terceiro salário e das pará- grafo anterior.
contribui- ções previdenciárias retidas. § 21 Fica dispensado do cumprimento do disposto
§ 13 Os lançamentos de que trata o inciso II do nos incisos V e VI do caput o contribuinte indivi-
caput, devidamente escriturados nos livros Diário e dual, em relação a segurado que lhe presta
Razão, serão exigidos pela fiscalização após noven- serviço.
ta dias contados da ocorrência dos fatos geradores § 22 A empresa que utiliza sistema de processamen-
das contribuições, devendo, obrigatoriamente: to eletrônico de dados para o registro de negócios
I - atender ao princípio contábil do regime de com- e atividades econômicas, escrituração de livros
petência; e ou produção de documentos de natureza contábil,
II - registrar, em contas individualizadas, todos fiscal, trabalhista e previdenciária fica obrigada
os fatos geradores de contribuições previdenciárias a arquivar e conservar, devidamente certificados,
de forma a identificar, clara e precisamente, as os sistemas e os arquivos, em meio eletrônico ou
rubri- cas integrantes e não integrantes do salário- assemelhado, durante o prazo decadencial de que
de-con- tribuição, bem como as contribuições trata o art. 348, os quais ficarão à disposição da
descontadas do segurado, as da empresa e os fiscalização.
totais recolhidos, por estabelecimento da § 23 A cooperativa de trabalho e a pessoa jurídi-
empresa, por obra de cons- trução civil e por ca são obrigadas a efetuar a inscrição no Instituto
tomador de serviços. Nacional do Seguro Social dos seus cooperados e
§ 14 A empresa deverá manter à disposição da contratados, respectivamente, como contribuintes
fiscalização os códigos ou abreviaturas que iden- individuais, se ainda não inscritos.
tifiquem as respectivas rubricas utilizadas na § 24 A empresa ou cooperativa adquirente, consu-
elaboração da folha de pagamento, bem como os midora ou consignatária da produção fica obrigada
utilizados na escrituração contábil. a fornecer ao segurado especial cópia do documen-
§ 15 A exigência prevista no inciso II do caput to fiscal de entrada da mercadoria, onde conste,
não desobriga a empresa do cumprimento das além do registro da operação realizada, o valor da
demais normas legais e regulamentares respectiva contribuição previdenciária.
referentes à escri- turação contábil. § 25 A contribuição do empregador de que trata o
§ 16 São desobrigadas de apresentação de escritu- inciso VIII do caput compreende aquela destinada
ração contábil: ao seguro de acidentes do trabalho e ao financia-
I - o pequeno comerciante, nas condições estabeleci- mento da aposentadoria especial, sem prejuízo de
das pelo Decreto-lei nº 486, de 3 de março de 1969, outras contribuições incidentes sobre a remunera-
e seu Regulamento; ção do empregado.
II - a pessoa jurídica tributada com base no lucro Art. 226 O Município, por intermédio do órgão
presumido, de acordo com a legislação tributária competente, fornecerá ao Instituto Nacional do
federal, desde que mantenha a escrituração do Seguro Social, para fins de fiscalização, mensal-
mente, relação de todos os alvarás para constru-
Livro Caixa e Livro de Registro de Inventário; e
III - a pessoa jurídica que optar pela inscrição no ção civil e documentos de “habite-se” concedidos,
338 de acordo com critérios estabelecidos pelo referido
Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e
Contribuições das Microempresas e Empresas de Instituto.
§ 1º A relação a que se refere o caput será encami-
Pequeno Porte, desde que mantenha escrituração
nhada ao INSS até o dia dez do mês seguinte
do Livro Caixa e Livro de Registro de Inventário.
à
q
u
e
l
e

q
u
e

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e

r
e
f
e
r
i
r
e
m

o
s

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o
c
u
m
e
n
t
o
s
.
§ 2º O encaminhamento da relação fora do prazo s
segurado, podendo ser produzidas no âmbito de
ou a sua falta e a apresentação com incorreções o
pro- gramas de gestão de risco, a cargo da
ou omissões sujeitará o dirigente do órgão c
empresa, que possuam responsável técnico
municipal à penalidade prevista na alínea “f” do i
legalmente habilitado.
inciso I do art. 283. a
§ 12 O INSS informará ao segurado sobre a
l
contes- tação da empresa para que este,
A obrigação tributária principal da empresa é a e
querendo, possa impugná-la, obedecendo, quanto
de pagamento das contribuições. A Lei estabelece, m
à produção de provas, ao disposto no § 10, sempre
ain- da, as obrigações acessórias, atreladas à que a instrução do pedido evidenciar a
documenta- ção e às informações a serem prestadas possibilidade de reconheci- mento de inexistência d
para fins de fiscalização. do nexo entre o trabalho e o agravo. e
§ 13 Da decisão do requerimento de que trata o § c
Disposições Gerais 7º cabe recurso, com efeito suspensivo, por parte o
da empresa ou, conforme o caso, do segurado ao r
Conselho de Recursos da Previdência Social, nos r
Art. 337 O acidente do trabalho será caracteriza- ê
termos dos arts. 305 a 310.
do tecnicamente pela Perícia Médica Federal, por n
Art. 338 A empresa é responsável pela adoção e
meio da identificação do nexo entre o trabalho e o c
uso de medidas coletivas e individuais de proteção
agravo. i
à segurança e saúde do trabalhador sujeito aos
§ 1º O setor de benefícios do Instituto Nacional do a
ris- cos ocupacionais por ela gerados.
Seguro Social reconhecerá o direito do segurado à
§ 1º É dever da empresa prestar informações por-
habilitação do benefício acidentário.
menorizadas sobre os riscos da operação a execu- d
§ 2º Será considerado agravamento do acidente
tar e do produto a manipular. a
aquele sofrido pelo acidentado quanto estiver sob
§ 2º A Perícia Médica Federal terá acesso aos s
a responsabilidade da reabilitação profissional.
ambientes de trabalho e a outros locais onde se h
§ 3º Considera-se estabelecido o nexo entre o tra-
encontrem os documentos referentes ao controle i
balho e o agravo quando se verificar nexo técnico
médico de saúde ocupacional e aqueles que digam p
epidemiológico entre a atividade da empresa e a
respeito ao programa de prevenção de riscos ocu- ó
entidade mórbida motivadora da incapacidade,
pacionais para verificar a eficácia das medidas t
elencada na Classificação Internacional de Doen-
adotadas pela empresa para a prevenção e o con- e
ças - CID em conformidade com o disposto na
trole das doenças ocupacionais. s
Lista C do Anexo II deste Regulamento.
§ 3º O INSS auditará a regularidade e a e
§ 4º Para os fins deste artigo, considera-se agravo
conformi- dade das demonstrações ambientais, s
a lesão, doença, transtorno de saúde, distúrbio,
incluindo-se as de monitoramento biológico, e dos p
disfunção ou síndrome de evolução aguda, suba-
controles internos da empresa relativos ao r
guda ou crônica, de natureza clínica ou
gerenciamento dos riscos ocupacionais, de modo e
subclínica, inclusive morte, independentemente do
a assegurar a veracidade das informações v
tempo de latência.
prestadas pela empre- sa e constantes do CNIS, i
§ 5º Reconhecidos pela Perícia Médica Federal a
bem como o cumprimento das obrigações s
incapacidade para o trabalho e o nexo entre o tra-
relativas ao acidente de trabalho. t
balho e o agravo, na forma prevista no § 3º, serão
§ 4º Sempre que a Perícia Médica Federal constatar a
devidas as prestações acidentárias a que o benefi-
o descumprimento do disposto neste artigo, esta s
ciário tiver direito.
comunicará formalmente aos demais órgãos inte- n
§ 6º A Perícia Médica Federal deixará de aplicar o
ressados, inclusive para fins de aplicação e o
disposto no § 3º quando demonstrada a inexistên-
cobran- ça da multa devida. s
cia de nexo entre o trabalho e o agravo, sem
Art. 339 O Ministério do Trabalho e Emprego fis- i
prejuí- zo do disposto no § 7º e no § 12.
calizará e os sindicatos e entidades n
§ 7º A empresa poderá requerer ao INSS a não apli-
representativas de classe acompanharão o fiel c
cação do nexo técnico epidemiológico ao caso con-
cumprimento do dis- posto nos arts. 338 e 343. i
creto mediante a demonstração de inexistência de
Art. 340 Por intermédio dos estabelecimentos de s
correspondente nexo entre o trabalho e o agravo.
ensino, sindicatos, associações de classe, Fundação o
§ 8º O requerimento de que trata o § 7º poderá ser
Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina s
apresentado no prazo de quinze dias da data para a
do Trabalho, órgãos públicos e outros meios, serão I
entrega, na forma do inciso IV do art. 225, da GFIP
promovidas regularmente instrução e formação e
que registre a movimentação do trabalhador, sob
com vistas a incrementar costumes e atitudes pre-
pena de não conhecimento da alegação em instân-
vencionistas em matéria de acidentes, especialmen- I
cia administrativa.
te daquele referido no art. 336. I
§ 9º Caracterizada a impossibilidade de atendimen-
Art. 341 O INSS ajuizará ação regressiva contra d
to ao disposto no § 8º, motivada pelo não conhe-
os o
cimento tempestivo do diagnóstico do agravo, o responsáveis nas hipóteses de:
requerimento de que trata o § 7º poderá ser apre- I - negligência quanto às normas-padrão de segu- c
sentado no prazo de quinze dias, contado da data rança e higiene do trabalho indicadas para prote- a
em que a empresa tomar ciência da decisão a que ção individual e coletiva; e p
se refere o § 5º. II - violência doméstica e familiar contra a u
§ 10 Juntamente com o requerimento de que tratam mulher, nos termos do disposto na Lei nº 11.340, t
os §§ 8º e 9º, a empresa formulará as alegações que de 7 de agosto de 2006. n
entender necessárias e apresentará as provas que § 1º Os órgãos de fiscalização das relações de tra- ã
possuir demonstrando a inexistência de nexo balho encaminharão à Procuradoria-Geral Federal o
entre o trabalho e o agravo. os relatórios de análise de acidentes do trabalho
§ 11 A documentação probatória poderá trazer, com indícios de negligência quanto às normas-pa- e
entre outros meios de prova, evidências técnicas drão de segurança e higiene do trabalho x
circunstanciadas e tempestivas à exposição do indicadas para proteção individual e coletiva. c
§ 2º O pagamento de prestações pela previdência l
ui a responsabilidade

CONHECIMENTOS

339
independentemente de qualquer contribuição.
civil da empresa, na hipótese de que trata o inciso
I do caput, ou do responsável pela violência
domés- tica e familiar, na hipótese de que trata o
inciso II do caput.
Art. 342 O pagamento pela previdência social das
prestações decorrentes do acidente a que se refere
o art. 336 não exclui a responsabilidade civil da
empresa, do empregador doméstico ou de terceiros.
Art. 343 Constitui contravenção penal, punível
com multa, deixar a empresa de cumprir as
normas de segurança e saúde do trabalho.

O Nexo Técnico Epidemiológico (NTPE) será


carac- terizado pela perícia médica federal, com base
na relação entre o CID da doença e o CNAE da
empresa. Da decisão, cabe contestação no prazo de 15
(quinze) dias, contados da data para entrega da GFIP.
A contestação não tem efeito suspensivo, que
ape- nas é aplicado ao recurso interposto da decisão
que julga a contestação.
A empresa tem a obrigação de manter saudável
o ambiente de trabalho, adotando todas as medidas
protetivas, sendo certo que a perícia médica federal
terá acesso à documentação e ao local de trabalho.

EXERCÍCIO COMENTADO
1. (CESPE-CEBRASPE — 2017) Assinale a opção cor-
respondente a ocorrência que implica a perda, pelo
contribuinte, da condição de segurado especial da pre-
vidência social.

a) participar de plano de previdência complementar.


b) explorar atividade turística na propriedade rural em
caráter permanente.
c) ser beneficiário de programa assistencial oficial de
governo.
d) outorgar a outrem até um terço da área do imóvel
rural de sua propriedade.

A exploração turística é possível, apenas, por 120


(cento e vinte) dias no ano civil. Resposta: Letra B.

CONTEÚDO, FONTES E AUTONOMIA (LEI Nº


8.742/1993 E DECRETO Nº 6.214/2007 E
ALTERAÇÕES)

Conceito

Antes de adentrar ao conteúdo das normas que


versam acerca da assistência social, faz-se necessá-
rio compreender no que consiste a Lei Orgânica da
Assistência Social ou, como é comumente
conhecida, a LOAS.
Em suma, a LOAS consiste na norma jurídica
que define a Assistência Social, um dos tripés da
340
Seguri- dade Social no país, esta, que, por sua vez,
pode ser entendida como um direito e dever do
Estado, de natureza não contributiva, isto é, que se
destina a todos que dela precisarem,
A is, que é externado no mundo fáti- co universalização dos direitos sociais.
através de um conjunto integrado de ações
A de ini- ciativa pública e da sociedade, com Avançando o estudo da Lei nº 8.742, de 1993,
s vistas a garantir àqueles que dela agora, serão trabalhadas as fontes, isto é, a origem
s precisarem o atendimento às neces- sidades (procedên- cia) das normas que versam sobre a
i mais básicas. Assistência Social.
s
t Conteúdo Fontes
ê
n Agora que já foi trabalhado, pelo menos
de maneira breve, o que se entende pela Lei Conforme já introduzido, as fontes estão
c atreladas à origem (nascimento) da normas de
i Orgânica da Assistên- cia Social — LOAS,
bem como por Assistência Social, é determinado assunto, isto é, à forma pela qual elas
a surgem no mun- do real e desdobram-se.
importante compreender o conteúdo destas
S normas.
o De maneira sintética, dentro da
c introdução às nor- mas do direito
i brasileiro, quando se pensa em conteú- do,
a quer-se entender os fatores do mundo de
l fato que inspiraram a criação da norma
jurídica. Neste segui- mento, a resposta
é para o presente dilema está estam- pada na
Constituição Federal de 1988, que, no seu
o art. 193, observa a ordem social como sendo
o primado do trabalho e que objetiva a
ó efetivação do bem-estar e da justiça
r sociais. Veja:
g Art. 193 (CF, de 1988) A ordem social
ã tem como base o primado do
o trabalho, e como objetivo o bem-estar
, e a justiça sociais.

v A Lei Orgânica da Assistência Social


i também tra- tou de elencar alguns dos
n objetivos específicos da Assistência Social,
c os quais se faz de extrema impor- tância
u conhecer:
l
Art. 2º A assistência social tem por objetivos:
a
I - a proteção social, que visa à garantia
d
da vida, à redução de danos e à
o prevenção da incidência de riscos,
especialmente:
à a) a proteção à família, à maternidade, à
infância, à adolescência e à velhice;
g b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes;
a c) a promoção da integração ao mercado de
r trabalho;
a d) a habilitação e reabilitação das
n pessoas com deficiência e a promoção
t de sua integração à vida comunitária; e
i e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo
de benefí- cio mensal à pessoa com
a
deficiência e ao idoso que comprovem não
possuir meios de prover a própria
d manutenção ou de tê-la provida por sua
o família;
s II - a vigilância socioassistencial, que
visa a ana- lisar territorialmente a
m capacidade protetiva das famílias e nela
í a ocorrência de vulnerabilidades, de
n ameaças, de vitimizações e danos;
i III - a defesa de direitos, que visa a
m garantir o ple- no acesso aos direitos no
o conjunto das provisões
s socioassistenciais.
Parágrafo único. Para o enfrentamento
da pobreza, a assistência social realiza-
s
se de forma integrada às políticas
o
setoriais, garantindo mínimos sociais e
c provimento de condições para atender
i contingên- cias sociais e promovendo a
a
Em resumo, as fontes podem ser classificadas em
Vemos, na história, diversas ações assistenciais,
materiais e formais:
mas, nos contornos atuais, a assistência social
surgiu, de fato, após a CF de 1988. Após a publicação
 Fontes Materiais
da nossa atual Constituição, no ano de 1993, tivemos
a publi- cação da Lei Orgânica da Assistência Social
As fontes materiais, como já explana o próprio (LOAS)
nome, relacionam-se à matéria que origina algo, que, — Lei nº 8.742, estabelecendo normas e critérios para
no presente caso, são os fatos sociais, uma vez que são organizar a assistência em nosso país.
estes que dão ensejo à criação e à regulamentação de Primeiro, cabe estudar a assistência a partir da
normas, que visam alcançar e efetivar determinados Constituição Federal de 1988. Vejamos:
objetivos.
Art. 203 (CF, de 1988) A assistência social será
 Fontes Formais prestada a quem dela necessitar, independente-
mente de contribuição à seguridade social, e
Conforme vimos, são as leis, as normas já regula- tem por objetivos:
mentadas, escritas e que regem a Assistência Social. I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à
Doutrinariamente, dividem-se as fontes formais em: adolescência e à velhice;
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
 Fontes Estatais e Não Estatais: as III - a promoção da integração ao mercado de
primeiras derivam da lei em sentido amplo e trabalho;
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas porta-
as segundas correspondem à Doutrina
doras de deficiência e a promoção de sua integra-
(produção científica de estudioso do Direito) e
ção à vida comunitária;
aos costumes (ações reiteradas que parecem
V - a garantia de um salário mínimo de benefí-
ser parte do ordena- mento jurídico);
cio mensal à pessoa portadora de deficiência e
 Fontes Primárias e Secundárias: as primá- ao idoso que comprovem não possuir meios
rias (como, por exemplo: Lei em sentido amplo, de prover à própria manutenção ou de tê-la pro-
Medida Provisória etc.) são as normas que vida por sua família, conforme dispuser a lei.
ori- ginam o Direito, e as secundárias são as
regula- mentam o Ordenamento Jurídico, ou Do art. 203, podemos extrair as seguintes
seja, que auxiliam na interpretação das informações:
normas primá- rias (como, por exemplo, os
decretos etc.)  Trata-se da aplicação limitada do princípio da
uni- versalidade (universalidade limitada), ou
Como exemplo de normas assistenciais, pode-se seja, de acordo com o art. 203, abrange somente
citar: aquelas pessoas necessitadas;
 Caráter não contributivo;
 Lei nº. 8.742, de 07 de dezembro de 1993, que  A Constituição de 1988 dispõe, no inciso V, do art.
insti- tuiu o benefício de prestação continuada ao 203, sobre a garantia do benefício de prestação
idoso e ao deficiente; continuada, porém, é importante salientar que
 Lei nº. 12.815, de 05 de junho de 2013, que este benefício não é autoaplicável a partir de
estabe- leceu a concessão de benefício 1988. Em razão da redação final “conforme
assistencial ao tra- balhador portuário avulso; dispuser a lei”, enquanto não fosse editada norma
 Lei 13.146, de 06 de julho de 2015 (Estatuto da infracons- titucional para disciplinar o direito ao
Pes- soa com Deficiência), que, além de instituir BPC/LOAS, este não poderia ser garantido aos
outros direitos, regula o pagamento de auxílio- beneficiários. Neste interím, o entendimento do
inclusão a pessoa com deficiência moderada ou STF é de que esse dispositivo teve eficácia após a
grave, dentre otras. edição da Lei nº 8.742, de 19931.

Autonomia Art. 204 (CF, de 1988) As ações governamentais


na área da assistência social serão realizadas com
recursos do orçamento da seguridade social, pre-
A Assistência Social é um seguimento autônomo
vistos no art. 195, além de outras fontes, e organi-
da Seguridade Social que possui regras e definições zadas com base nas seguintes diretrizes:
jurídicas específicas que asseguram a aplicação aos I - descentralização político-administrativa, caben-
destinatários que dela necessitarem, independente- do a coordenação e as normas gerais à esfera
mente de contribuição. federal e a coordenação e a execução dos respectivos
Feitos esses apontamentos, veja agora alguns pro- gramas às esferas estadual e municipal, bem
aspec- tos constitucionais relacionados à Assistência como a entidades beneficentes e de assistência
Social. social;
CONHECIMENTOS

II - participação da população, por meio de orga-


INTRODUÇÃO nizações representativas, na formulação das políti-
cas e no controle das ações em todos os níveis.
Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Dis-
A construção do direito de Assistência Social é trito Federal vincular a programa de apoio à inclu-
algo extremamente recente em nosso país. A são e promoção social até cinco décimos por cento
assistência social constitui uma política pública, de sua receita tributária líquida, vedada a aplica-
consagrada pela Constituição Federal de 1998, ção desses recursos no pagamento de:
formando, junto com a saúde e a previdência social, I - despesas com pessoal e encargos sociais;
a Seguridade Social. II - serviço da dívida;
1 Nos termos: “Previdenciário. Renda mensal vitalícia. Art. 203, V, da CF. Dispositivo não autoaplicável, eficácia após edição da Lei 8.742, de
7-12- 1993. [RE 401.127 ED, rel. min. Gilmar Mendes, j. 30-11-2004, 2ª T, DJ de 17-12-2004.]”
341
Parágrafo único. Para o enfrentamento da pobreza, a
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada
assistência social realiza-se de forma integrada às políticas
diretamente aos investimentos ou ações apoiados.
setoriais, garantindo mínimos sociais
Perceba que a CF, de 1988, enumera a cobertura
da assistência social e estabelece as diretrizes no art.
204. Resumindo, a Assistência Social:

 Não exige contribuição prévia (não contributiva);


 Direciona ações de iniciativa social e pública;
 Atende aos necessitados, provendo o mínimo
social e suas necessidades básicas.

DEFINIÇÕES E OBJETIVOS

A Lei Orgânica da Assistência Social dispõe sobre


a organização da assistência social e traz relevante
tex- to no art. 1º. Vejamos:

Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e


dever do Estado, é Política de Seguridade Social
não contributiva, que provê os mínimos sociais,
realizada através de um conjunto integrado de
ações de iniciativa pública e da sociedade,
para garantir o atendimento às necessidades
básicas.

Aqueles que necessitam, que se encontram em


situação de vulnerabilidade e risco social, devem ser
acolhidos pelo Estado, através das medidas previstas
nas ações da assistência social.
A assistência social é um direito do cidadão e dever
do Estado, tendo em vista que a Constituição Federal
resguarda a prestação de serviços assistenciais a toda
e qualquer pessoa que dela necessitar.
O termo “não contributiva” reflete que a con-
cessão dos benefícios previstos na assistência social,
diferentemente da previdência social, independe
de recolhimento de contribuições.
Entende-se por “mínimos sociais” as
necessidades mínimas que o indivíduo tem para
manter sua subsis- tência com o mínimo de
dignidade.
O art. 2º, da LOAS, estabelece os objetivos que
devem ser alcançados pela assistência social. Vejamos:

Art. 2º A assistência social tem por objetivos:


I - a proteção social, que visa à garantia da
vida, à redução de danos e à prevenção da
incidência de riscos, especialmente:
a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à
adolescência e à velhice;
b) o amparo às crianças e aos adolescentes
carentes;
c) a promoção da integração ao mercado de
trabalho;
d) a habilitação e reabilitação das pessoas com
deficiência e a promoção de sua integração à vida
comunitária; e
e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de
benefí- cio mensal à pessoa com deficiência e ao
idoso que comprovem não possuir meios de
prover a própria manutenção ou de tê-la provida
por sua família; II - a vigilância
socioassistencial, que visa a ana- lisar
territorialmente a capacidade protetiva das
famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades,
342 de ameaças, de vitimizações e danos;
III - a defesa de direitos, que visa a garantir o ple-
no acesso aos direitos no conjunto das provisões
socioassistenciais.
e al concede diversos benefícios e coordena isoladas ou cumulativamente, prestam atendimento
pr programas de inclusão social. Podemos res- e assessoramento aos beneficiários da assistência e
ov saltar, também, as seguintes espécies de atuam na defesa e garantia de direitos.
im prestações:
en PRINCÍPIO E DIRETRIZES DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
to  Benefícios em dinheiro (BPC/LOAS,
de
Bolsa-Famí- lia, Auxílio Brasil etc.); O art. 4º, da LOAS, determina quais são os princí-
co
 Serviços (Habilitação e reabilitação de pessoas pios da Assistência Social. Vejamos:
nd
com deficiência — PCDs etc.).
içõ
es Art. 4º A assistência social rege-se pelos seguintes
pa Na integração de políticas setoriais, princípios:
ra cabe ressaltar que o Governo utiliza o
at Cadastro Único (CadÚnico) — para
en Programas Sociais do Governo Federal —
de como instrumento para a integração de
r todos os programas sociais promovidos por
co ele.
nti
ng Art. 3º Consideram-se entidades e
ên organizações de assistência social
- aquelas sem fins lucrativos que, isolada
ci ou cumulativamente, prestam
as atendimento e assessoramento aos
so beneficiários abrangidos por esta Lei,
ci bem como as que atuam na defesa e
ais garan- tia de direitos.
e § 1º São de atendimento aquelas
pr entidades que, de forma continuada,
o permanente e planejada, pres- tam
m serviços, executam programas ou
ov projetos e concedem benefícios de
en prestação social básica ou especial,
do dirigidos às famílias e indivíduos em
a situações de vulnerabilidade ou risco
un social e pes- soal, nos termos desta Lei,
iv e respeitadas as delibe- rações do
er Conselho Nacional de Assistência Social
sal (CNAS), de que tratam os incisos I e II
iz do art. 18.
aç § 2º São de assessoramento aquelas
ão que, de forma continuada, permanente
do e planejada, prestam ser- viços e
s executam programas ou projetos
di voltados prioritariamente para o
rei fortalecimento dos movi- mentos sociais
to e das organizações de usuários,
s formação e capacitação de lideranças,
so dirigidos ao público da política de
ci assistência social, nos termos desta Lei,
ais e respeitadas as deliberações do CNAS, de
. que tratam os incisos I e II do art. 18.
§ 3º São de defesa e garantia de direitos
A aquelas que, de forma continuada,
permanente e planejada, prestam
A serviços e executam programas e
s projetos voltados prioritariamente para
s a defesa e efetiva- ção dos direitos
i socioassistenciais, construção de novos
s direitos, promoção da cidadania,
enfrenta- mento das desigualdades
t
sociais, articulação com órgãos
ê
públicos de defesa de direitos, dirigidos
n ao público da política de assistência
c social, nos termos desta Lei, e
i respeitadas as deliberações do CNAS, de
a que tratam os incisos I e II do art. 18.

S De acordo com o art. 3º, para a


o promoção da assis- tência social em nosso
c país, temos entidades e orga- nizações de
i assistência social sem fins lucrativos que,
I - supremacia do atendimento às necessidades III - estabelecer as responsabilidades dos
IV
sociais sobre as exigências de rentabilidade entes federativos na organização, regulação,
-
econômica; II - universalização dos direitos manuten- ção e expansão das ações de
de
sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistência social;
assistencial alcançá- vel pelas demais políticas fi
públicas; ni
III - respeito à dignidade do cidadão, à sua auto- r
nomia e ao seu direito a benefícios e serviços de os
qualidade, bem como à convivência familiar e ní
comunitária, vedando-se qualquer comprovação ve
vexatória de necessidade; is
IV - igualdade de direitos no acesso ao de
atendimento, sem discriminação de qualquer ge
natureza, garantin- do-se equivalência às st
populações urbanas e rurais; V - divulgação ão
ampla dos benefícios, serviços, programas e ,
projetos assistenciais, bem como dos recursos re
oferecidos pelo Poder Público e dos crité- rios sp
para sua concessão. eit
ad
Outro ponto muito importante tange as diretrizes as
da organização da assistência. Vejamos: as
di
Art. 5º A organização da assistência social tem ve
como base as seguintes diretrizes: r-
I - descentralização político-administrativa para si
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e da
comando único das ações em cada esfera de de
governo; II - participação da população, por meio s
de orga- nizações representativas, na formulação re
das políti- cas e no controle das ações em todos os gi
níveis; on
III - primazia da responsabilidade do Estado na ai
condução da política de assistência social em cada
se
esfera de governo.
m
un
Dica ici
pa
Para a prova, atente-se em diferenciar os princí-
is;
pios das diretrizes. Tal diferenciação pode ser V
alvo de pegadinha do examinador. Vejamos: -
Princípios: genéricos (respeito, igualdade, uni- im
versalização, supremacia) + 1 concreto (divulga- pl
ção das prestações). e
m
Diretrizes: concretos (descentralização, respon- en
sabilidade do Estado, participação da população). ta
r
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO a
ge
Quanto à organização e gestão, primeiramente, st
cabe ressaltar que todas as ações na área da assistên- ão
cia social estão subordinadas ao e são coordenadas do
pelo Ministério do Desenvolvimento Social e tr
ab
Comba- te a Fome, sendo a assistência social
al
organizada sob forma descentralizada e participativa
ho
denominada Sistema Único de Assistência Social
e
(SUAS). Vejamos seus objetivos:
a
ed
Art. 6º A gestão das ações na área de assistência
uc
social fica organizada sob a forma de sistema des-

centralizado e participativo, denominado Sistema
ão
Único de Assistência Social (SUAS), com os seguin-
pe
tes objetivos:
I - consolidar a gestão compartilhada, o cofinancia- r
mento e a cooperação técnica entre os entes m
federa- tivos que, de modo articulado, operam a an
proteção social não contributiva; en
II - integrar a rede pública e privada de serviços, te
programas, projetos e benefícios de assistência na
social, na forma do art. 6°-C; as
sistência social;
VI - estabelecer a gestão integrada de serviços e
benefícios;
VII - afiançar a vigilância socioassistencial e a
garantia de direitos.
§ 1º As ações ofertadas no âmbito do Suas têm por
objetivo a proteção à família, à maternidade, à
infância, à adolescência e à velhice e, como base de
organização, o território.
§ 2º O Suas é integrado pelos entes federativos, pelos
respectivos conselhos de assistência social e pelas
entidades e organizações de assistência social abrangidas
por esta Lei.
§ 3º A instância coordenadora da Política Nacional de
Assistência Social é o Ministério do Desenvolvi- mento
Social e Combate à Fome.
§ 4º Cabe à instância coordenadora da Política Nacio- nal
de Assistência Social normatizar e padronizar o
emprego e a divulgação da identidade visual do Suas.
§ 5º A identidade visual do Suas deverá prevale- cer na
identificação de unidades públicas estatais, entidades e
organizações de assistência social, ser- viços,
programas, projetos e benefícios vinculados ao Suas.

Importante: Atente-se ao exposto no § 3º, art. 6º, da


Lei nº 8.742, de 1993 — a instância coordenadora da
Política Nacional de Assistência Social é o Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Além disso, organiza-se em dois grupos de proteção:

 Proteção Social Básica;


 Proteção Social Especial.

Art. 6°-A A assistência social organiza-se pelos


seguintes tipos de proteção:
I - proteção social básica: conjunto de serviços,
programas, projetos e benefícios da assistência social
que visa a prevenir situações de vulnerabili- dade e
risco social por meio do desenvolvimento de
potencialidades e aquisições e do fortalecimento de
vínculos familiares e comunitários;
II - proteção social especial: conjunto de serviços,
programas e projetos que tem por objetivo contri- buir
para a reconstrução de vínculos familiares e
comunitários, a defesa de direito, o fortalecimento das
potencialidades e aquisições e a proteção de famílias e
indivíduos para o enfrentamento das situações de
violação de direitos.

Atente-se às palavras-chave:

Prevenção
Proteção social básica

PROTEÇÃO
Proteção social especial
Reconstrução
CONHECIMENTOS

Art. 6º-A [...]


Parágrafo único. A vigilância socioassistencial é um
dos instrumentos de proteção da assistência social que
identifica e previne as situações de risco e
vulnerabilidade social e seus agravos no territó- rio,
vinculada ao SUAS.

343
Art. 6º-F Fica instituído o Cadastro Único para
A vigilância socioassistencial é destinada a
Programas Sociais do Governo Federal (CadÚ- nico),
apoiar as atividades de planejamento, supervisão e registro público eletrônico com a finalidade
execução dos serviços socioassistenciais.

Art. 6º-B As proteções sociais básica e especial


serão ofertadas pela rede socioassistencial, de for-
ma integrada, diretamente pelos entes públicos e/
ou pelas entidades e organizações de assistência
social vinculadas ao Suas, respeitadas as especifi-
cidades de cada ação.
[…]
Art. 6º-C As proteções sociais, básica e especial,
serão ofertadas precipuamente no Centro de Refe-
rência de Assistência Social (Cras) e no Centro de
Referência Especializado de Assistência Social
(Creas), respectivamente, e pelas entidades sem fins
lucrativos de assistência social de que trata o art.
3° desta Lei.

A legislação estrutura o Centro de Referência de


Assistência Social (CRAS) e o Centro de Referência
Especializado de Assistência Social (CREAS) nos
pará- grafos do art. 6º-C. Vejamos:

§ 1º O Cras é a unidade pública municipal, de


base territorial, localizada em áreas com maiores
índices de vulnerabilidade e risco social,
destinada à articulação dos serviços
socioassistenciais no seu território de abrangência
e à prestação de serviços, programas e projetos
socioassistenciais de prote- ção social básica às
famílias.
§ 2º O Creas é a unidade pública de abrangên-
cia e gestão municipal, estadual ou regional,
destinada à prestação de serviços a indivíduos e
famílias que se encontram em situação de risco pes-
soal ou social, por violação de direitos ou contin-
gência, que demandam intervenções especializadas
da proteção social especial.

Veja o que dispõe a legislação:

Art. 6°-D As instalações dos Cras e dos Creas devem


ser compatíveis com os serviços neles ofertados,
com espaços para trabalhos em grupo e
ambientes específicos para recepção e
atendimento reservado das famílias e indivíduos,
assegurada a acessibili- dade às pessoas idosas e
com deficiência.
Art. 6°-E Os recursos do cofinanciamento do Suas,
destinados à execução das ações continuadas de
assistência social, poderão ser aplicados no paga-
mento dos profissionais que integrarem as
equipes de referência, responsáveis pela
organização e ofer- ta daquelas ações, conforme
percentual apresen- tado pelo Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome e
aprovado pelo CNAS.
Parágrafo único. A formação das equipes de refe-
rência deverá considerar o número de famílias e
indivíduos referenciados, os tipos e modalidades de
atendimento e as aquisições que devem ser garanti-
das aos usuários, conforme deliberações do CNAS.

Recentemente, a Lei nº 14.284, de 2021, instituiu


o Cadastro Único para Programas Sociais do
Governo Federal (CadÚnico), que possui finalidade
de coletar, processar, sistematizar e disseminar
informações para identificação e caracterização
344 socioeconomi- ca das famílias de baixa renda. Trata-
se de um tema importante e recente para sua prova.
Vejamos:
d s para a iden- tificação e a dos benefícios de prestação continuada definidos
e caracterização socioeconômica das no art. 203 da Constituição Federal;
famílias de baixa renda. II - cofinanciar, por meio de transferência
c § 1º As famílias de baixa renda poderão automá- tica, o aprimoramento da gestão, os
o inscre- ver-se no CadÚnico nas unidades serviços, os programas e os projetos de assistência
l social em âmbito nacional;
públicas de que tratam os §§ 1º e 2º do art.
e III - atender, em conjunto com os Estados, o Distrito
t 6º-C desta Lei ou, nos termos do
regulamento, por meio eletrônico. Federal e os Municípios, às ações assistenciais de
a
§ 2º A inscrição no CadÚnico é obrigatória para caráter de emergência.
r
, acesso a programas sociais do Governo Federal.

p Importante!
r
o A inscrição no CadÚnico é obrigatória
c
para o acesso a programas sociais do
e
s Governo Federal.
s
a Art. 7º As ações de assistência social, no
r âmbito das entidades e organizações de
,
assistência social, observarão as normas
expedidas pelo Conselho Nacional de
s Assistência Social (CNAS), de que trata o
i
art. 17 desta lei.
s
t Art. 8º A União, os Estados, o Distrito
e Federal e os Municípios, observados os
m princípios e diretrizes estabelecidos nesta
a lei, fixarão suas respectivas Políticas de
t Assistência Social.
i Art. 9º O funcionamento das entidades e orga-
z nizações de assistência social depende de
a prévia inscrição no respectivo Conselho
r Municipal de Assistência Social, ou no
Conselho de Assistência Social do Distrito
e Federal, conforme o caso.
§ 1º A regulamentação desta lei definirá os
d critérios de inscrição e funcionamento das
i entidades com atuação em mais de um
s município no mesmo Esta- do, ou em mais
s de um Estado ou Distrito Federal.
e
§ 2º Cabe ao Conselho Municipal de
m
i Assistência Social e ao Conselho de
- Assistência Social do Dis- trito Federal a
fiscalização das entidades referidas no
n caput na forma prevista em lei ou
a regulamento.
r § 3º (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009)
§ 4º As entidades e organizações de
i assistência social podem, para defesa de
n seus direitos referen- tes à inscrição e ao
f funcionamento, recorrer aos Conselhos
o Nacional, Estaduais, Municipais e do
r Distrito Federal.
m Art. 10 A União, os Estados, os Municípios e
a o Distrito Federal podem celebrar
ç convênios com entidades e
õ organizações de assistência social, em
e conformidade com os Planos apro-
s
vados pelos respectivos Conselhos.
Art. 11 As ações das três esferas de governo na área
g
e de assistência social realizam-se de forma
o articula- da, cabendo a coordenação e as
r normas gerais à esfera federal e a
r coordenação e execução dos pro- gramas,
e em suas respectivas esferas, aos Estados,
f ao Distrito Federal e aos Municípios.
e
r Analisaremos, a seguir, o que compete a cada ente.
e
n
c Compete à União:
i
a Art. 12 [...]
d
I - responder pela concessão e manutenção
a
IV - realizar o monitoramento e a avaliação da política de assistência social em seu âmbito.
polí- tica de assistência social e assessorar C
Estados, Dis- trito Federal e Municípios para seu o
desenvolvimento. m
p
Ainda e
t
Art. 12-A A União apoiará financeiramente o apri- e
moramento à gestão descentralizada dos serviços, a
programas, projetos e benefícios de assistência
social, por meio do Índice de Gestão Descentrali- o
zada (IGD) do Sistema Único de Assistência Social s
(SUAS), para a utilização no âmbito dos Estados, M
dos Municípios e do Distrito Federal, destinado, u
sem prejuízo de outras ações, a serem definidas em n
regulamento [...].
i
[...]
§ 4º Para fins de fortalecimento dos Conselhos de c
Assistência Social dos Estados, Municípios e Dis- í
trito Federal, percentual dos recursos transferidos p
deverá ser gasto com atividades de apoio técnico i
e operacional àqueles colegiados, na forma fixa- o
da pelo Ministério do Desenvolvimento Social e
s
Combate à Fome, sendo vedada a utilização dos
recursos para pagamento de pessoal efetivo e de :
gratificações de qualquer natureza a servidor
público estadual, municipal ou do Distrito Ar
Federal. t.
15
[...
Compete aos Estados:
]
I
Art. 13 [...] -
I - destinar recursos financeiros aos Municípios, a de
título de participação no custeio do pagamento sti
dos benefícios eventuais, mediante critérios n
estabeleci- dos pelos Conselhos Estaduais de ar
Assistência Social; II - cofinanciar, por meio de re
transferência automá- tica, o aprimoramento da cu
gestão, os serviços, os programas e os projetos de rs
assistência social em âmbito regional ou local; os
III - atender, em conjunto com os Municípios, às fi
ações assistenciais de caráter de emergência; n
IV - estimular e apoiar técnica e financeiramente as a
associações e consórcios municipais na prestação nc
de serviços de assistência social; ei
V - prestar os serviços assistenciais cujos custos ro
ou ausência de demanda municipal justifiquem s
uma rede regional de serviços, desconcentrada, no pa
âmbi- to do respectivo Estado. ra
VI - realizar o monitoramento e a avaliação da cu
política de assistência social e assessorar os Muni- st
cípios para seu desenvolvimento. ei
o
Compete ao Distrito Federal: do
pa
ga
Art. 14 [...]
m
I - destinar recursos financeiros para custeio do
en
paga- mento dos benefícios eventuais, mediante
to
critérios estabelecidos pelos Conselhos de do
Assistência Social do Distrito Federal; s
II - efetuar o pagamento dos auxílios natalidade e be
funeral; ne
III - executar os projetos de enfrentamento da fíc
pobreza, incluindo a parceria com organizações io
da sociedade civil; s
IV - atender às ações assistenciais de caráter de ev
emergência; en
V - prestar os serviços socieassistenciais. tu
VI - cofinanciar o aprimoramento da gestão, os ai
serviços, os programas e os projetos de s,
assistência social em âmbito local; m
VII - realizar o monitoramento e a avaliação da ed
iante cri- térios estabelecidos pelos Conselhos
Municipais de Assistência Social;
II - efetuar o pagamento dos auxílios natalidade e
funeral;
III - executar os projetos de enfrentamento da pobreza,
incluindo a parceria com organizações da sociedade
civil;
IV - atender às ações assistenciais de caráter de
emergência;
V - prestar os serviços socioassistenciais
VI - cofinanciar o aprimoramento da gestão, os
serviços, os programas e os projetos de assistência
social em âmbito local;
VII - realizar o monitoramento e a avaliação da
política de assistência social em seu âmbito

INSTÂNCIAS DELIBERATIVAS DO SISTEMA ÚNICO DE


ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS)

O SUAS possui instâncias deliberativas, ela é com-


posta de membros do Governo e da sociedade civil, de
caráter permanente, atendendo ao princípio cons-
titucional da gestão administrativa através de órgãos
colegiados (art. 194, da CF).
Seguindo no estudo dos artigos da LOAS, veja o que
dispõe o art. 16:

Art. 16 As instâncias deliberativas do Suas, de caráter


permanente e composição paritária entre governo e
sociedade civil, são:
I - o Conselho Nacional de Assistência Social;
II - os Conselhos Estaduais de Assistência Social; III - o
Conselho de Assistência Social do Distrito Federal;
IV - os Conselhos Municipais de Assistência Social.
Parágrafo único: Os Conselhos de Assistência Social estão
vinculados ao órgão gestor de assistência social, que
deve prover a infraestrutura necessária ao seu
funcionamento, garantindo recursos mate- riais,
humanos e financeiros, inclusive com despe- sas
referentes a passagens e diárias de conselheiros
representantes do governo ou da sociedade civil,
quando estiverem no exercício de suas atribuições.

De acordo com o art. 17, o Conselho Nacional de


Assistência Social (CNAS) é o órgão superior de delibe-
ração, vinculado à estrutura do órgão da Administra- ção
Pública Federal responsável pela coordenação da Política
Nacional de Assistência Social. Vejamos:

Art. 17 Fica instituído o Conselho Nacional de


Assistência Social (CNAS), órgão superior de deli-
beração colegiada, vinculado à estrutura do órgão da
Administração Pública Federal responsável pela
coordenação da Política Nacional de Assistência Social,
cujos membros, nomeados pelo Presi- dente da
República, têm mandato de 2 (dois) anos, permitida
uma única recondução por igual período.
§ 1º O Conselho Nacional de Assistência Social
(CNAS) é composto por 18 (dezoito) membros e
respectivos suplentes, cujos nomes são indica- dos
CONHECIMENTOS

ao órgão da Administração Pública Federal


responsável pela coordenação da Política Nacional de
Assistência Social, de acordo com os critérios seguintes:

345
I - 9 (nove) representantes governamentais, incluin- X - acompanhar e avaliar a gestão dos recursos,
do 1 (um) representante dos Estados e 1 (um) dos bem como os ganhos sociais e o desempenho dos
Municípios; programas e projetos aprovados;
II - 9 (nove) representantes da sociedade civil, XI - estabelecer diretrizes, apreciar e aprovar os
den- tre representantes dos usuários ou de programas anuais e plurianuais do Fundo Nacional
organizações de usuários, das entidades e de Assistência Social (FNAS);
organizações de assis- tência social e dos XII - indicar o representante do Conselho
trabalhadores do setor, escolhi- dos em foro Nacional de Assistência Social (CNAS) junto ao
próprio sob fiscalização do Ministério Público Conselho Nacional da Seguridade Social;
Federal. XIII - elaborar e aprovar seu regimento interno;
§ 2º O Conselho Nacional de Assistência Social XIV - divulgar, no Diário Oficial da União, todas
(CNAS) é presidido por um de seus integrantes, elei- as suas decisões, bem como as contas do Fundo
to dentre seus membros, para mandato de 1 (um) Nacio- nal de Assistência Social (FNAS) e os
ano, permitida uma única recondução por igual respectivos pareceres emitidos.
período.
§ 3º O Conselho Nacional de Assistência Social Veja a seguir o que dispõe o art. 19, da LOAS:
(CNAS) contará com uma Secretaria Executiva,
a qual terá sua estrutura disciplinada em ato do Art. 19 Compete ao órgão da Administração
Poder Executivo. Públi- ca Federal responsável pela coordenação
§ 4º Os Conselhos de que tratam os incisos II, III e da Políti- ca Nacional de Assistência Social:
IV do art. 16, com competência para acompanhar a I - coordenar e articular as ações no campo da
execução da política de assistência social, assistência social;
apreciar e aprovar a proposta orçamentária, em II - propor ao Conselho Nacional de Assistência
consonân- cia com as diretrizes das conferências Social (CNAS) a Política Nacional de Assistência
nacionais, estaduais, distrital e municipais, de Social, suas normas gerais, bem como os critérios
de prioridade e de elegibilidade, além de padrões de
acordo com seu âmbito de atuação, deverão ser
qualidade na prestação de benefícios, serviços, pro-
instituídos, respec- tivamente, pelos Estados, pelo
gramas e projetos;
Distrito Federal e pelos Municípios, mediante lei
III - prover recursos para o pagamento dos bene-
específica.
fícios de prestação continuada definidos nesta lei;
IV - elaborar e encaminhar a proposta orçamen-
Compete ao CNAS: tária da assistência social, em conjunto com as
demais da Seguridade Social;
Art. 18 Compete ao Conselho Nacional de V - propor os critérios de transferência dos recur-
Assistên- cia Social: sos de que trata esta lei;
I - aprovar a Política Nacional de Assistência Social; VI - proceder à transferência dos recursos
II - normatizar as ações e regular a prestação de destina- dos à assistência social, na forma prevista
serviços de natureza pública e privada no campo nesta lei; VII - encaminhar à apreciação do
da assistência social; Conselho Nacio- nal de Assistência Social (CNAS)
III - acompanhar e fiscalizar o processo de certifi- relatórios tri- mestrais e anuais de atividades e de
cação das entidades e organizações de assistência realização financeira dos recursos;
social no Ministério do Desenvolvimento Social e VIII - prestar assessoramento técnico aos Estados,
Combate à Fome; ao Distrito Federal, aos Municípios e às entidades
IV - apreciar relatório anual que conterá a relação e organizações de assistência social;
de entidades e organizações de assistência social IX - formular política para a qualificação sistemáti-
certificadas como beneficentes e encaminhá-lo para ca e continuada de recursos humanos no campo da
conhecimento dos Conselhos de Assistência Social assistência social;
dos Estados, Municípios e do Distrito Federal; X - desenvolver estudos e pesquisas para funda-
V - zelar pela efetivação do sistema descentralizado mentar as análises de necessidades e formulação
e participativo de assistência social; de proposições para a área;
XI - coordenar e manter atualizado o sistema de
VI - a partir da realização da II Conferência
cadastro de entidades e organizações de assistên-
Nacio- nal de Assistência Social em 1997,
cia social, em articulação com os Estados, os
convocar ordi- nariamente a cada quatro anos a
Muni- cípios e o Distrito Federal;
Conferência Nacional de Assistência Social, que
XII - articular-se com os órgãos responsáveis
terá a atri- buição de avaliar a situação da
pelas políticas de saúde e previdência social, bem
assistência social e propor diretrizes para o
como com os demais responsáveis pelas políticas
aperfeiçoamento do sistema; sócio-econômicas setoriais, visando à elevação do
VII - (Vetado) patamar mínimo de atendimento às necessidades
VIII - apreciar e aprovar a proposta básicas;
orçamentária da Assistência Social a ser XIII - expedir os atos normativos necessários à
encaminhada pelo órgão da Administração Pública ges- tão do Fundo Nacional de Assistência Social
Federal responsável pela coordenação da Política (FNAS), de acordo com as diretrizes estabelecidas
Nacional de Assistência Social; pelo Con- selho Nacional de Assistência Social
IX - aprovar critérios de transferência de recur- (CNAS);
sos para os Estados, Municípios e Distrito Fede- XIV - elaborar e submeter ao Conselho Nacional
ral, considerando, para tanto, indicadores que de Assistência Social (CNAS) os programas anuais
informem sua regionalização mais eqüitativa, tais e plurianuais de aplicação dos recursos do Fundo
como: população, renda per capita, mortalidade Nacional de Assistência Social (FNAS).
346 infantil e concentração de renda, além de discipli- Parágrafo único. A atenção integral à saúde, inclu-
nar os procedimentos de repasse de recursos para sive a dispensação de medicamentos e produtos de
as entidades e organizações de assistência social, interesse para a saúde, às famílias e indivíduos em
sem prejuízo das disposições da Lei de Diretrizes situações de vulnerabilidade ou risco social e
Orçamentárias; pessoal,
nos termos desta Lei, dar-se-á independentemente
da apresentação de documentos que comprovem A
 Ser idoso (com 65 anos ou mais);
domi- cílio ou inscrição no cadastro no Sistema quel
 Pessoa com deficiência (PCD):
Único de Saúde (SUS), em consonância com a a
diretriz de arti- culação das ações de assistência que
social e de saúde a que se refere o inciso XII deste poss
artigo. ui
um
DOS BENEFÍCIOS, DOS SERVIÇOS, DOS imp
PROGRAMAS E DOS PROJETOS DE ASSISTÊNCIA edi
SOCIAL men
to
A Assistência Social prevê benefícios, os quais de
com- preendem prestações pecuniárias relativas aos long
servi- ços, programas e projetos na área da o
assistência social. Abordaremos, a seguir, o que pra-
está previsto na zo
LOAS sobre cada área. (2
anos
Do Benefício de Prestação Continuada ) de
natu
O BPC/LOAS — Benefício de Prestação Continuada, reza
também conhecido por “aposentadoria que não pre- físic
cisa contribuir”, é, talvez, o mais importante dentre a,
os quais iremos estudar, pois ele é operacionalizado men
pelo INSS. tal,
É costumeiro confundir esse benefício com o intel
benefício previdenciário, mas, como você bem sabe, ectu
nenhum benefício previdenciário é concedido sem al
contribuição prévia. Atente-se a isso! ou
Analisaremos o benefício juntamente com o que sens
prevê o Decreto nº 6.214, de 2007, que regulamenta orial
o Benefício de Prestação Continuada, previsto no .
art. 20, da LOAS. A
O Benefício de Prestação Continuada integra a quel
proteção social básica no âmbito do Sistema Único de a
Assistência Social — SUAS, instituído pelo Ministério que,
do Desenvolvimento Social e Agrário em consonância em
com o estabelecido pela Política Nacional de Assistên- inter
cia Social — PNAS. ação
O Benefício de Prestação Continuada da com
Assistên- cia Social (BPC/LOAS) é devido aos idosos uma
com 65 anos ou mais e às pessoas com deficiência ou
para que tenham condições mínimas de uma vida mais
digna. bar-
Art. 20 O benefício de prestação continuada é a
reira
garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa s,
com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e pod
cinco) anos ou mais que comprovem não possuir e ter
meios de prover a própria manutenção nem de tê- obst
la provida por sua família. ruíd
§ 1º Para os efeitos do disposto no caput, a famí- a a
lia é composta pelo requerente, o cônjuge ou com- sua
panheiro, os pais e, na ausência de um deles, a parti
madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os cipa
filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, ção
desde que vivam sob o mesmo teto. plen
§ 2º Para efeito de concessão do benefício de presta- a e
ção continuada, considera-se pessoa com deficiên- efeti
cia aquela que tem impedimento de longo prazo
va
de natureza física, mental, intelectual ou
na
sensorial, o qual, em interação com uma ou mais
barreiras, pode obstruir sua participação plena
soci
e efetiva na sociedade em igualdade de condições edad
com as demais pessoas e
em
Requisitos para fazer jus ao benefício de presta- igua
ção continuada: ldad
e de
con
 Subjetivo:
diçõ
es com as demais pessoas.
Pessoa com deficiência é diferente de incapaz.

 Objetivo:

 Integrar núcleo familiar dentro da zona de


miserabilidade social.

Família: requerente, cônjuge ou companheiro, os


pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto,
os irmãos solteiros, os filhos e enteados sol- teiros e os
menores tutelados.
Desde que vivam sob o mesmo teto (requisito da
coabitação).
Renda familiar mensal per capita igual ou inferior a ¼
do salário-mínimo.
Não ser titular de outro benefício na Segurida- de
Social ou de outro regime, salvo os da assistência médica
e da pensão especial de natureza indenizató- ria (§ 4º, art.
20).
Inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e no
Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal
(CadÚnico).
De acordo com o § 14, do art. 20, o BPC ou benefí-
cio previdenciário de 1 salário-mínimo recebido por
membro da família não será computado para fins de
concessão e prestação continuada no cálculo da renda.

Dica
Para o Estatuto do Idoso, a idade a partir da qual um
indivíduo é considerado idoso é 60 anos; para a
LOAS, é 65 anos. Não confunda!

§ 3º Observados os demais critérios de elegibilidade


definidos nesta Lei, terão direito ao benefício finan- ceiro
de que trata o caput deste artigo a pessoa com deficiência
ou a pessoa idosa com renda familiar mensal per capita
igual ou inferior a 1/4 (um quar- to) do salário-mínimo.

De acordo com o § 3º, do art. 20, da LOAS, para que o


idoso ou deficiênte faça jus ao benefício, deverá
comprovar renda mensal familiar per capita igual ou
inferior a ¼ do salário mínimo vigente, demonstrando não
possuir meios de manter-se.
A renda mensal bruta familiar é a soma dos rendi-
mentos brutos auferidos mensalmente pelos membros da
família composta por salários, proventos, pen- sões,
pensões alimentícias, benefícios de previdência pública
ou privada, seguro-desemprego, comissões, pro-labore,
outros rendimentos do trabalho não assa- lariado,
rendimentos do mercado informal ou autô- nomo,
rendimentos auferidos do patrimônio, Renda Mensal
Vitalícia e Benefício de Prestação Continuada, salvo as
seguintes verbas:

 Benefícios e auxílios assistenciais de natureza


eventual e temporária;
CONHECIMENTOS

 Valores oriundos de programas sociais de transfe-


rência de renda;
 Bolsas de estágio supervisionado;

347
de Pessoas Físicas (CPF) e no Cadastro Único para Programas
 Pensão especial de natureza indenizatória e bene- Sociais do Governo Federal - Cadastro Único, conforme
fícios de assistência médica; previsto em regulamento.
 Rendas de natureza eventual ou sazonal, a serem
regulamentadas em ato conjunto do Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome e do
INSS;
 Rendimentos decorrentes de contrato de
aprendizagem.

Para cálculo da renda familiar, é considerado o


número de pessoas que vivem na mesma casa, con-
forme dispõe o § 1º, do art. 20:

Art. 20 [...]
§ 1º Para os efeitos do disposto no caput, a famí-
lia é composta pelo requerente, o cônjuge ou com-
panheiro, os pais e, na ausência de um deles, a
madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os
filhos e enteados solteiros e os menores tutelados,
desde que vivam sob o mesmo teto.

É importante ressaltar que não será levado em


consideração o benefício previdenciário de 1 salário-
-mínimo recebido por membro da família.

Art. 20 [...]
§ 14 O benefício de prestação continuada ou o
bene- fício previdenciário no valor de até 1 (um)
salário-
-mínimo concedido a idoso acima de 65 (sessenta
e cinco) anos de idade ou pessoa com deficiência
não será computado, para fins de concessão do
benefí- cio de prestação continuada a outro idoso
ou pes- soa com deficiência da mesma família, no
cálculo da renda a que se refere o § 3º deste
artigo.
§ 15 O benefício de prestação continuada será
devi- do a mais de um membro da mesma família
enquan- to atendidos os requisitos exigidos nesta
Lei.

Ainda, não se poderá receber o benefício conjuta-


mente com qualquer outro no âmbito da seguridade
social ou de outro regime (aposentadoria, pensão por
morte), com exceções. Vejamos:

Art. 20 [...]
§ 4º O benefício de que trata este artigo não pode
ser acumulado pelo beneficiário com qualquer
outro no âmbito da seguridade social ou de outro
regime, salvo os da assistência médica e da
pensão especial de natureza indenizatória.

Caso o beneficiário seja acolhido em instituições


de longa permanências, como, por exemplo, em
casas de repouso, o benefício continuará sendo pago.

Art. 20 [...]
§ 5º A condição de acolhimento em instituições de
longa permanência não prejudica o direito do idoso
ou da pessoa com deficiência ao benefício de pres-
tação continuada.

Dentre os requisitos, podemos destacar:


348
Art. 20 [...]
§ 12 São requisitos para a concessão, a manutenção
e a revisão do benefício as inscrições no Cadastro
A ra pensão aos dependentes. Também não requerida a continuidade do paga- mento do
d gera abono anual ao beneficiário. benefício suspenso, sem necessidade de realização
e A avaliação da deficiência e do grau de de perícia médica ou reavaliação da deficiência e
m impedi- mento no casos dos deficientes do grau de incapacidade para esse fim, respeitado o
a será feita pela perícia do INSS. período de revisão previsto no caput do art. 21.
i Além disso, a renda da pessoa com
s deficiência que trabalhar na condição de
, aprendiz não será conside- rada para fins
do cálculo da renda per capita familiar. O
o BPC/LOAS será revisto a cada dois anos,
cessan-
b do no momento que forem superadas as
e condições de miserabilidade, quando não
n existir mais a neces- sidade de manter este
e benefício ou em caso de morte do
f beneficiário, sendo, também, cancelado se
í constar qualquer irregularidade na
c concessão ou utilização do benefício.
i Vejamos:
o
Art. 21 O benefício de prestação
a continuada deve ser revisto a cada 2
s (dois) anos para avaliação da
s continuidade das condições que lhe
i deram origem.
s § 1º O pagamento do benefício cessa no
t momento em que forem superadas as
e condições referidas no caput, ou em
caso de morte do beneficiário.
n
§ 2º O benefício será cancelado quando se
c
constatar irregularidade na sua
i concessão ou utilização.
a § 3º O desenvolvimento das
l capacidades cogni- tivas, motoras ou
educacionais e a realização de
é atividades não remuneradas de
habilitação e reabilitação, entre
i outras, não constituem motivo de
n suspensão ou cessação do benefício
t da pessoa com deficiência.
r § 4º A cessação do benefício de
a prestação continua- da concedido à
n pessoa com deficiência não impede
s nova concessão do benefício, desde
f que aten- didos os requisitos definidos
e em regulamento.
r § 5º O beneficiário em gozo de benefício
í de presta- ção continuada concedido
v judicial ou administrati- vamente
e poderá ser convocado para avaliação
das condições que ensejaram sua
l
concessão ou manu- tenção, sendo-lhe
exigida a presença dos requisitos
e previstos nesta Lei e no regulamento.
,

p O art. 21-A dispõe sobre a suspensão da Importante!


o prestação continuada. Vejamos: Para as pessoas com deficiência, a cessação do benefício não impe
r
t Art. 21-A O benefício de prestação
a continuada será suspenso pelo
n órgão concedente quando a pessoa
t com deficiência exercer atividade
o remunerada, inclusive na condição de
, microem- preendedor individual.
§ 1º Extinta a relação trabalhista ou a
atividade empreendedora de que trata
n
o caput deste artigo e, quando for o
ã
caso, encerrado o prazo de pagamen- to
o do seguro-desemprego e não tendo o
beneficiário adquirido direito a qualquer
g benefício previdenciá- rio, poderá ser
e
§ 2º A contratação de pessoa com deficiência Aurélio.
como aprendiz não acarreta a suspensão do
benefício de prestação continuada, limitado
a 2 (dois) anos o recebimento concomitante da
remuneração e do benefício.

Para facilitar seu estudo, reunimos as


informações mais importantes deste tópico.
Vejamos:

 Peculiaridades do BPC/LOAS:

 O desenvolvimento das capacidades cognitivas,


motoras ou educacionais e a realização de ati-
vidades não remuneradas de habilitação e rea-
bilitação, entre outras, não constituem motivo
de suspensão ou cessação do benefício da
pessoa com deficiência (§ 3º, art. 21);
 A contratação da pessoa PCD como aprendiz
(atividade remunerada), por até 2 anos, não
suspende o benefício (§ 2º, art. 21-A);
 Caso a pessoa com deficiência venha a
exercer atividade remunerada, inclusive
Microem- preendedor Individual (MEI), o
benefício será suspenso (caput, art. 21-A);
 Extinta a relação trabalhista, o benefício será
restabelecido sem a necessidade de perícia (§
1º, art. 21);
 Não se pode acumular com outros benefí-
cios previdenciários, exceto os da assistên-
cia médica e da pensão especial de natureza
indenizatória;
 O fato de a pessoa estar acolhida em institui-
ções de longa permanência não impede a con-
cessão do benefício (§ 5º, art. 20);
 Não gera 13º salário (gratificação natalina);
 Não é extensível aos herdeiros (se o beneficiá-
rio falece, este não passará o benefício aos
seus herdeiros);
 Revisão a cada 2 anos.

Os estrangeiros podem ser beneficiários do BPC/


LOAS. Vejamos o entendimento do STF:

A assistência social prevista no artigo 203, inciso V,


da Constituição Federal beneficia brasileiros natos,
naturalizados e estrangeiros residentes no País,
atendidos os requisitos constitucionais e legais.
[…] Considere-se que somente o estrangeiro em
situa- ção regular no País, residente, idoso,
portador de necessidades especiais, hipossuficiente
em si mesmo e presente a família, pode se dizer
beneficiário da assistência em exame. (RE
587.970)2

Dos Benefícios Eventuais

Art. 22 Entendem-se por benefícios eventuais as


provisões suplementares e provisórias que inte-
gram organicamente as garantias do Suas e são
prestadas aos cidadãos e às famílias em virtude
de nascimento, morte, situações de
vulnerabilidade temporária e de calamidade
pública.

São benefícios eventuais as provisões suplemen-


tares e provisórias que integram organicamente as
garantias do SUAS e são prestadas aos cidadãos e às
famílias em virtude de3:

2 RECURSO EXTRAORDINÁRIO 587.970. STF. Min. Relator Marco


Nascimento: para atender às necessidades do bebê cinco por cento) do salário-mínimo para cada
que vai nascer; apoiar a mãe nos casos em que o criança de até 6 (seis) anos de idade.
bebê nasce morto ou morre logo após o nascimento e
apoiar a família em caso de morte da mãe; Morte: Por fim, de acordo com o § 3º, os benefícios
para atender às necessidades urgentes da família even- tuais subsidiários não poderão ser cumulados
após a morte de um de seus provedores ou membros; com aqueles instituídos pelas Leis nº 10.954, de 29
atender às despesas de urna funerária, velório e de setembro de 2004 (Auxílio Emergencial
sepultamento, desde que não haja, no município, Financeiro, destinado a socorrer e a assistir famílias
outro benefício que garanta o atendi- mento a essas com renda mensal média de até dois salários
despesas;
mínimos, atingidas por desastres, no Distrito Federal
Vulnerabilidade Temporária: para o enfren-
e nos Municípios em estado de calamidade pública
tamento de situações de riscos, perdas e danos à
ou em situação de emergência reconhecidos pelo
integridade da pessoa e/ou de sua família e outras
situações sociais que comprometam a sobrevivência; Governo Federal) e nº 10.458, de 14 de maio de 2002
Calamidade Pública: para garantir os meios (Programa Bolsa-Renda para atendimento dos
necessários à sobrevivência da família e do indiví- agricultores e familiares atingi- dos pelos efeitos da
duo, com o objetivo de assegurar a dignidade e a estiagem).
reconstrução da autonomia das pessoas e famílias
atingidas. Dos Serviços

A concessão e o valor dos benefícios, de acordo Art. 23 Entendem-se por serviços socioassistenciais
com o § 1º, do art. 22, serão definidos pelos Estados, as atividades continuadas que visem à melhoria
Distrito Federal e Municípios e previstos nas respecti- de vida da população e cujas ações, voltadas para
vas leis orçamentárias anuais, com base em critérios e as necessidades básicas, observem os objetivos,
prazos definidos pelos respectivos Conselhos de Assis- prin- cípios e diretrizes estabelecidos nesta lei.
tência Social.

CONHECIMENTOS
De acordo com o § 2º, desse artigo, na
Art. 22 [...] organização dos serviços da assistência social serão
§ 2º O CNAS, ouvidas as respectivas representações de criados pro- gramas de amparo, entre outros:
Estados e Municípios dele participantes, poderá
propor, na medida das disponibilidades orçamentá-  Às crianças e aos adolescentes em situação de risco
rias das 3 (três) esferas de governo, a instituição de pessoal e social, cumprindo com a CF e o ECA;
benefícios subsidiários no valor de até 25% (vin- te e  Às pessoas que vivem em situação de rua.
3 Conceitos disponíveis em: https://www.gov.br/cidadania/pt-br/acoes-e-programas/assistencia-social/beneficios-assistenciais-1/beneficios-
eventuais. Acesso em: 17 jan. 2022. 349
Dos Programas de Assistência Social § 2º As crianças e os adolescentes em situação de
trabalho deverão ser identificados e ter os seus
dados inseridos no Cadastro Único para Programas
De acordo com o art. 24, os programas de
Sociais do Governo Federal (CadÚnico), com a devi-
assistên- cia social incluem ações integradas e
da identificação das situações de trabalho infantil.
complementa- res com o fim de qualificar,
incentivar e melhorar os benefícios e os serviços
Dos Projetos de Enfrentamento da Pobreza
assistenciais. Esses programas terão como prioridade
a insersão profissional e social dos beneficiários.
Conforme dispõem os arts. 25 e 26, os projetos
Art. 24 Os programas de assistência social com- de enfrentamento da pobreza buscam, dentre outros
preendem ações integradas e complementares pontos, melhorias nas condições de subsistência e a
com objetivos, tempo e área de abrangência elevação do padrão de qualidade de vida.
definidos para qualificar, incentivar e melhorar os
benefícios e os serviços assistenciais. Art. 25 Os projetos de enfrentamento da pobreza
§ 1º Os programas de que trata este artigo serão compreendem a instituição de investimento econô-
definidos pelos respectivos Conselhos de Assistên- mico-social nos grupos populares, buscando subsi-
cia Social, obedecidos os objetivos e princípios que diar, financeira e tecnicamente, iniciativas que lhes
regem esta lei, com prioridade para a inserção pro- garantam meios, capacidade produtiva e de gestão
fissional e social. para melhoria das condições gerais de subsistência,
§ 2º Os programas voltados para o idoso e a inte- elevação do padrão da qualidade de vida, a preser-
gração da pessoa com deficiência serão devida- vação do meio-ambiente e sua organização social.
mente articulados com o benefício de prestação Art. 26 O incentivo a projetos de enfrentamen-
continuada estabelecido no art. 20 desta Lei. to da pobreza assentar-se-á em mecanismos de
articulação e de participação de diferentes áreas
Nos arts. 24-A e 24-B, da LOAS, ficam instituídos governamentais e em sistema de cooperação entre
programas visando à proteção da família. Vejamos: organismos governamentais, não governamentais
e da sociedade civil.
Art. 24-A Fica instituído o Serviço de Proteção e
Atendimento Integral à Família (Paif ), que inte- Do Auxílio-Inclusão
gra a proteção social básica e consiste na oferta
de ações e serviços socioassistenciais de prestação O auxílio-inclusão foi incluído pela Lei nº
continuada, nos Cras, por meio do trabalho social 14.176, de 2021. Trata-se de uma importante e recente
com famílias em situação de vulnerabilidade social, modifi- cação, tema interessante para ser cobrado em
com o objetivo de prevenir o rompimento dos víncu- provas. Esse auxílio é um benefício criado pelo
los familiares e a violência no âmbito de suas Gover-
rela- ções, garantindo o direito à convivência no Federal e é destinado às pessoas com deficiência
familiar e comunitária.
moderada ou grave que recebem ou já receberam o
Parágrafo único. Regulamento definirá as diretri-
BPC/LOAS. O auxílio-inclusão tem como principal
zes e os procedimentos do Paif.
objetivo incentivar o reingresso dessas pessoas no
Art. 24-B Fica instituído o Serviço de Proteção e
Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos mercado de trabalho, evitando que percam a renda
(Paefi), que integra a proteção social especial e con- que era recebida anteriormente.
siste no apoio, orientação e acompanhamento a O art. 26-A trata dos requisitos para que seja conce-
famílias e indivíduos em situação de ameaça ou vio- dito tal auxílio. Atente-se para o fato de que os requisi-
lação de direitos, articulando os serviços socioas- tos são cumulativos, ou seja, o atendimento a apenas
sistenciais com as diversas políticas públicas e alguns dos requisitos não gera a possibilidade de
com órgãos do sistema de garantia de direitos. con- cessão do auxílio-inclusão. Vejamos:
Parágrafo único. Regulamento definirá as diretri-
zes e os procedimentos do Paefi. Art. 26-A Terá direito à concessão do auxílio-in-
clusão de que trata o art. 94 da Lei nº 13.146, de
Também é previsto, no art. 24-C, o Peti 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Defi-
(Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), ciência), a pessoa com deficiência moderada ou
visando, como o próprio nome diz, à eliminação do grave que, cumulativamente: (Incluído pela Lei
nº 14.176, de 2021) (Vigência)
trabalho infantil. Vejamos:
I - receba o benefício de prestação
continuada, de que trata o art. 20 desta Lei, e
Art. 24-C Fica instituído o Programa de Erradica- passe a exercer atividade:
ção do Trabalho Infantil (Peti), de caráter interseto- a) que tenha remuneração limitada a 2 (dois)
rial, integrante da Política Nacional de salários-mínimos; e
Assistência Social, que, no âmbito do Suas, b) que enquadre o beneficiário como segurado obri-
compreende trans- ferências de renda, trabalho gatório do Regime Geral de Previdência Social ou
social com famílias e oferta de serviços como filiado a regime próprio de previdência
socioeducativos para crianças e adolescentes que social da União, dos Estados, do Distrito Federal
se encontrem em situação de trabalho. ou dos Municípios;
§ 1º O Peti tem abrangência nacional e será II - tenha inscrição atualizada no CadÚnico no
desen- volvido de forma articulada pelos entes momento do requerimento do auxílio-inclusão;
federados, com a participação da sociedade civil, III - tenha inscrição regular no CPF; e
350 e tem como objetivo contribuir para a retirada de IV - atenda aos critérios de manutenção do benefí-
crianças e adolescentes com idade inferior a 16 cio de prestação continuada, incluídos os critérios
(dezesseis) anos em situação de trabalho, relativos à renda familiar mensal per capita
ressalvada a condi- ção de aprendiz, a partir de exigida para o acesso ao benefício, observado
14 (quatorze) anos. o disposto no § 4º deste artigo.
§ 1º O auxílio-inclusão poderá ainda ser con-
Qual será o valor do auxílio-inclusão? Se o b
cedido, nos termos do inciso I do caput deste
O valor corresponderá a 50% do valor do BPC. be pr
artigo, mediante requerimento e sem
Ten- do em vista que o BPC concede um benefício por q
retroati- vidade no pagamento, ao beneficiário:
no valor de 1 salário mínimo e que, no atual de pre
I - que tenha recebido o benefício de prestação
con- tinuada nos 5 (cinco) anos imediatamente
momento (2022), o valor do salário mínimo é de R$ como
anterio- res ao exercício da atividade 1.210,00, o auxí- lio-inclusão, então, será de
remunerada; e R$605,00. As questões de concurso não cobrarão os
II - que tenha tido o benefício suspenso nos termos valores do salário-mínimo; sendo assim, tenha em Se o be
do art. 21-A desta Lei. mente que o valor do auxílio será de 50% do valor segu
§ 2º O valor do auxílio-inclusão percebido por do BPC.
um membro da família não será considerado Vejamos a disposição da lei: V
no cálculo da renda familiar mensal per capi- e
ta de que trata o inciso IV do caput deste artigo, Art. 26-B O auxílio-inclusão será devido a partir j
para fins de concessão e de manutenção de da data do requerimento, e o seu valor a
outro auxílio-inclusão no âmbito do mesmo corres- ponderá a 50% (cinquenta por cento) do m
grupo familiar. valor do benefício de prestação continuada em o
vigor. Parágrafo único. Ao requerer o auxílio- s

Importante!
Perceba que o § 2º, do art. 26-A, indica a mesma peculiaridade da concessão do BPC/LOAS, qual seja: caso algum membro da fa

inclusão, o beneficiário autorizará a suspensão do a


§ 3º O valor do auxílio-inclusão e o da remu- benefício de prestação continuada, nos termos do s
neração do beneficiário do auxílio-inclusão art. 21-A desta Lei. d
de que trata a alínea “a” do inciso I do caput e
deste artigo percebidos por um membro da Os arts. 26-C e 26-D tratam das hipóteses de m
família não serão considerados no cálculo da impos- sibilidade de acumulação e do cessamento do a
renda familiar mensal per capita de que tra- auxílio- i
tam os §§ 3º e 11-A do art. 20 desta Lei para -inclusão. Vejamos: s
fins de manutenção de benefício de prestação d
continuada concedido anteriormente a outra Art. 26-C O pagamento do auxílio-inclusão não i
pessoa do mesmo grupo familiar. será acumulado com o pagamento de: (Incluído s
§ 4º Para fins de cálculo da renda familiar per pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência) p
capita de que trata o inciso IV do caput deste I - benefício de prestação continuada de que tra- o
artigo, serão desconsideradas: ta o art. 20 desta Lei; s
I - as remunerações obtidas pelo requerente em II - prestações a título de aposentadoria, de pen- i
decorrência de exercício de atividade laboral, desde sões ou de benefícios por incapacidade pagos ç
que o total recebido no mês seja igual ou por qualquer regime de previdência social; ou õ
inferior a 2 (dois) salários-mínimos; e III - seguro-desemprego. e
II - as rendas oriundas dos rendimentos Art. 26-D O pagamento do auxílio-inclusão s
decorren- ces- d
tes de estágio supervisionado e de sará na hipótese de o beneficiário: (Incluído pela e
Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência) s
aprendizagem.
I - deixar de atender aos critérios de t
manuten- ção do benefício de prestação e
Para facilitar seu estudo, reunimos uma breve continuada; ou t
sín- tese dos requisitos na tabela a seguir: II - deixar de atender aos critérios de conces- ó
são do auxílio-inclusão. p
Parágrafo único. Ato do Poder Executivo federal dis- i
REQUISITOS porá sobre o procedimento de verificação dos c
Estar recebendo BPC/LOAS ou ter recebido nos crité- rios de manutenção e de revisão do auxílio- o
inclusão. :
5 anos anteriores
Para facilitar seu entendimento, vejamos a tabela A
CONHECIMENTOS

Ter iniciado uma atividade remunerada cujo salário não


a seguir: rt.
seja superior a dois salários mínimos vigentes à época
26
Possuir CadÚnico atualizado IMPOSSIBILIDADE DE CESSAÇÃO DO -E
ACUMULAÇÃO AUXÍLIO-INCLUSÃO O
Inscrição regular de CPF au
Se o beneficiário deixar xí
Se o beneficiário recebe
Possuir renda familiar per capita igual ou inferior a ¼ de atender aos critérios
BPC/LOAS li
do salário mínimo de manutenção do BPC o-
inclusão não está sujeito a desconto de qualquer
contribuição e não gera direito a pagamento de
abono anual. (Incluído pela Lei nº 14.176, de 2021)
(Vigência)

351
art. 20, poderão ser repassados pelo Ministério
Seguindo o mesmo entendimento do BPC/LOAS, o
auxílio-inclusão não sofrerá nenhum desconto e não
gera 13º salário sobre o benefício previdenciário.

Art. 26-F Compete ao Ministério da Cidadania a


gestão do auxílio-inclusão, e ao INSS a sua ope-
racionalização e pagamento. (Incluído pela Lei nº
14.176, de 2021) (Vigência)
Art. 26-G As despesas decorrentes do paga-
mento do auxílio-inclusão correrão à conta do
orçamento do Ministério da Cidadania. (Incluí-
do pela Lei nº 14.176, de 2021) (Vigência)
§ 1º O Poder Executivo federal compatibiliza-
rá o quantitativo de benefícios financeiros do
auxílio-inclusão de que trata o art. 26-A desta
Lei com as dotações orçamentárias existentes.
§ 2º O regulamento indicará o órgão do Poder
Executivo responsável por avaliar os impactos
da concessão do auxílio-inclusão na partici-
pação no mercado de trabalho, na redução de
desigualdades e no exercício dos direitos e
liber- dades fundamentais das pessoas com
deficiên- cia, nos termos do § 16 do art. 37 da
Constituição Federal.
Art. 26-H No prazo de 10 (dez) anos, contado da
data de publicação desta Seção, será promovida a
revisão do auxílio-inclusão, observado o dispos-
to no § 2º do art. 26-G desta Lei, com vistas a seu
aprimoramento e ampliação.

DO FINANCIAMENTO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

Art. 28 O financiamento dos benefícios, serviços,


programas e projetos estabelecidos nesta lei far-
-se-á com os recursos da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, das demais
con- tribuições sociais previstas no art. 195 da
Constitui- ção Federal, além daqueles que
compõem o Fundo Nacional de Assistência Social
(FNAS).

A LOAS prevê, no art. 27, a criação do Fundo


Nacio- nal de Assistência Social (FNAS), ficando a
cargo do órgão da Administração Pública,
responsável pela coordenação da Política de
Assistência Social nas três esferas de Governo, gerir
o Fundo de Assistência Social, sob orientação e
controle dos respectivos Con- selhos de Assistência
Social.
Esse fundo é regulamentado pelo Decreto nº 7.788,
de 15 de agosto de 2012, sendo um fundo público de
gestão orçamentária, financeira e contábil que tem
como objetivo proporcionar recursos para cofinan-
ciar gestão, serviços, programas, projetos e
benefícios de assistência social.
O financiamento da assistência social, no Suas,
deve ser efetuado mediante cofinanciamento dos três
entes federados, devendo os recursos alocados nos
fundos de assistência social ser voltados à
operaciona- lização, prestação, ao aprimoramento e
à viabilização dos serviços, programas, projetos e
benefícios desta política (art. 28).

Art. 29 Os recursos de responsabilidade da União


destinados à assistência social serão automatica-
mente repassados ao Fundo Nacional de Assistên-
352 cia Social (FNAS), à medida que se forem realizando
as receitas.
Parágrafo único. Os recursos de responsabili-
dade da União destinados ao financiamento dos
benefícios de prestação continuada, previstos no
da etermina regras para repasses de recursos aos
Pr Estados, Municípios e Distrito Federal: HORA DE PRATICAR!
ev
id Art. 30 É condição para os repasses, aos 1. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Acerca da seguridade
ên Municí- pios, aos Estados e ao Distrito social e seus princípios, julgue o item a seguir.
ci Federal, dos recursos de que trata esta
a A seguridade social constitui um conjunto integrado de
lei, a efetiva instituição e funcio-
As namento de: ações que visam proteger exclusivamente os trabalha-
sis I - Conselho de Assistência Social, de dores que contribuem para o sistema previdenciário.
tê composição paritária entre governo e
nc sociedade civil; ( ) CERTO ( ) ERRADO
ia II - Fundo de Assistência Social, com
So orientação e controle dos respectivos
ci Conselhos de Assistência Social;
al III - Plano de Assistência Social.
di Parágrafo único. É, ainda, condição
ret para transfe- rência de recursos do
a FNAS aos Estados, ao Distrito Federal e
m aos Municípios a comprovação
en orçamen- tária dos recursos próprios
te destinados à Assistên- cia Social,
ao alocados em seus respectivos Fundos de
IN Assistência Social, a partir do exercício
SS de 1999.
, Art. 30-A O cofinanciamento dos serviços, progra-
ór mas, projetos e benefícios eventuais, no
gã que couber, e o aprimoramento da
o gestão da política de assis- tência social
re no Suas se efetuam por meio de trans-
sp ferências automáticas entre os fundos de
on assistência social e mediante alocação de
sá recursos próprios nes- ses fundos nas 3
vel (três) esferas de governo.
pe Parágrafo único. As transferências
la automáticas de recursos entre os fundos
su de assistência social efe- tuadas à conta
a do orçamento da seguridade social,
ex conforme o art. 204 da Constituição
ec Federal, carac- terizam-se como despesa
uç pública com a seguridade social, na
ão forma do art. 24 da Lei Complementar nº
e 101, de 4 de maio de 2000.
m Art. 30-B Caberá ao ente federado responsável
an pela
ut utilização dos recursos do respectivo
en Fundo de Assistência Social o controle e
çã o acompanhamen- to dos serviços,
o. programas, projetos e benefícios, por
meio dos respectivos órgãos de
O controle, inde- pendentemente de ações
do órgão repassador dos recursos.
a Art. 30-C A utilização dos recursos federais
r descen-
t tralizados para os fundos de assistência
social dos Estados, dos Municípios e do
.
Distrito Federal será declarada pelos
entes recebedores ao ente trans-
3
feridor, anualmente, mediante relatório
0
de gestão submetido à apreciação do
, respectivo Conselho de Assistência
Social, que comprove a execução das
d ações na forma de regulamento.
a Parágrafo único. Os entes
transferidores pode- rão requisitar
L informações referentes à aplicação dos
O recursos oriundos do seu fundo de
A assistência social, para fins de análise e
S acompanhamento de sua boa e regular
, utilização.

d
2. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Acerca da seguridade de oitenta anos de idade, e com os dois filhos  C
social e seus princípios, julgue o item a seguir. do casal, Miguel, de dezenove anos de idade e l
O princípio da universalidade de cobertura e do atendi- estudan- te, e Manoel, de vinte e três anos de e
mento é próprio da previdência social, de maneira idade, que está desempregado. b
que não se aplica à saúde e à assistência social.
e
( ) CERTO ( ) ERRADO r,
q
3. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Acerca do Estatuto da u
Terra, do Programa Nacional de Reforma Agrária, do a
imposto territorial rural (ITR), da discriminação judicial r
de terras devolutas e da previdência rural, julgue o e
item que se segue. n
Ainda que comprovada a atividade rural de trabalhador t
menor de 14 anos de idade, em regime de economia a
familiar, é vedado o cômputo desse tempo para fins e
previdenciários. o
it
( ) CERTO ( ) ERRADO
o
4. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca da história da a
seguridade social, da política social e das políticas n
setoriais, considerando suas respectivas legislações, o
julgue o item subsecutivo. s
Os direitos da seguridade social, seja no modelo bis- d
marckiano, seja no modelo beveridgiano, têm como e
parâmetro histórico central os direitos do trabalho. i
d
( ) CERTO ( ) ERRADO
a
5. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Tendo como referência a d
doutrina e a jurisprudência a respeito da organização e
e dos princípios do sistema de seguridade social bra- ,
sileiro, julgue o item a seguir. c
O princípio do direito adquirido não se aplica à sea- ra a
previdenciária, pois, conforme o entendimento do s
Supremo Tribunal Federal, inexiste direito adquirido a a
regime jurídico. d
o
( ) CERTO ( ) ERRADO ,
t
6. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Acerca da contagem
e
recíproca de tempo de serviço, custeio previdenciário
m
e regime geral de previdência social (RGPS), julgue o
próximo item. t
Indivíduo sem vínculo efetivo com qualquer dos entes r
federativos que tenha sido nomeado para exercer ê
car- go em comissão junto a órgão público federal é s
consi- derado segurado obrigatório do RGPS, devido ao fi
cargo que passou a ocupar. l
h
( ) CERTO ( ) ERRADO o
s
7. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Uma instituição do tercei- ro
e
setor realizou, em determinada comunidade carente de
é
um município de médio porte, serviços essenciais
e
gratuitos na área de cidadania, saúde e educação.
m
A seguir são apresentadas informações de alguns
p
contribuintes da previdência social que participaram
r
da ação em busca de orientações previdenciárias.
e
g
 Josefa, cinquenta e um anos de idade, presta serviço
a
em caráter não eventual, em propriedade rural e rece-
be por mês R$ 1.200. Reside com o esposo Henrique, d
de cinquenta e quatro anos de idade e trabalhador o
d
NTOS

informal na construção civil, com seu genitor José,


CONHE
e uma sociedade anônima, na qual ocupa o cargo de
diretor.
 Maura, quarenta e cinco anos de idade, solteira, desen- volve
atividade remunerada como síndica do prédio onde reside.
 Amélia, trinta e nove anos de idade, casada, sem filhos, 353
presta serviço de natureza contínua, em ativida- des sem fins
lucrativos, à família de Cleber.
 Samuel, cinquenta e cinco anos de idade, solteiro, sem
filhos, ministro de congregação religiosa.

Considerando essa situação hipotética, julgue o item que


se segue, com base nas Leis n.º 8.212/1991 e n.º
8.213/1991. A família de Cleber pode ser considerada
como empregador doméstico de Amélia.

( ) CERTO ( ) ERRADO

8. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Acerca do enquadramen- to


legal como segurados e dependentes, julgue o item que se
segue.
O ministro de confissão religiosa e o membro de instituto
de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa
são enquadrados como contribuinte individual.

( ) CERTO ( ) ERRADO

9. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Acerca dos segurados do


regime geral de previdência social, julgue o item a seguir.
É considerada segurada especial a pessoa física que
exerce atividade em exposição a agentes químicos, físicos
ou biológicos prejudiciais à saúde.

( ) CERTO ( ) ERRADO

10. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Acerca dos segurados do


regime geral de previdência social, julgue o item a seguir.
Está apto à filiação como segurado facultativo o estu-
dante com mais de quatorze anos de idade que não exerça
atividade remunerada e que contribua para a previdência
social.

( ) CERTO ( ) ERRADO

11. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Jorge, na qualidade de


contribuinte individual, vinha contribuindo até o início do
cumprimento de pena de reclusão pela prática do crime de
homicídio qualificado, não tendo feito mais contribuições.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o
seguinte item.
Jorge manterá a qualidade de segurado, independen-
temente de contribuições, até doze meses após o
livramento.

( ) CERTO ( ) ERRADO

12. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Considerando a legisla- ção


aplicável e a jurisprudência dos tribunais superio- res
acerca do RGPS, julgue o item que se segue.
Os benefícios de aposentadoria por invalidez e auxílio-
-doença independem de carência quando originários de
causa acidentária de qualquer natureza.

( ) CERTO ( ) ERRADO
13. (CESPE-CEBRASPE – 2019) No item a seguir apresen- ta 19. (CESPE-CEBRASPE – 2019) À luz da Constituição
uma situação hipotética seguida de uma assertiva a Federal de 1988 e das leis da seguridade social,
ser julgada, a respeito de benefícios previdenciários. julgue o item a seguir.
Arnaldo, solteiro, maior de idade e capaz, é gerente de O Conselho Nacional de Assistência Social, de compo-
uma loja há mais de sete anos e recebe salário sição paritária, tem caráter permanente e deliberativo,
mensal equivalente a cinco salários mínimos. Por ter e suas decisões devem ser divulgadas no Diário Oficial
cometi- do crime e ter sido condenado a pena de da União.
cinco anos de reclusão, ele iniciou, na presente
semana, o cum- primento dessa pena. Nessa ( ) CERTO ( ) ERRADO
situação, Arnaldo terá direito de receber o benefício
previdenciário denomi- nado auxílio-reclusão durante 20. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Julgue o próximo item, com
todo o período de cum- primento da pena. relação à Lei n.º 8.742/1993, que dispõe sobre a
organização da assistência social.
( ) CERTO ( ) ERRADO O Conselho Nacional de Serviço Social é o órgão de
deliberação máxima da política de assistência social
14. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca dos planos de nas três esferas de governo.
benefícios da Previdência Social, com fundamento na
Lei n.º 8.213/1991 e em suas alterações, julgue o ( ) CERTO ( ) ERRADO
item seguinte.
Configura acidente de trabalho aquele sofrido pelo tra-
balhador doméstico a serviço de seu empregador e que  GABARITO
tenha motivado afastamento em decorrência de lesão
corporal causada por queimaduras com água fervente. 1 ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO 2 ERRADO

3 ERRADO
15. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Acerca das contribuições
previdenciárias a cargo do empregador, julgue o item a 4 CERTO
seguir. 5 ERRADO
Conforme entendimento do Supremo Tribunal Fede-
ral, não é legítima a incidência de contribuição social, 6 CERTO
a cargo do empregador, sobre os valores pagos ao
empregado a título de terço constitucional de férias 7 CERTO
gozadas.
8 CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO 9 ERRADO

16. (CESPE-CEBRASPE – 2021) Acerca da contagem 10 CERTO


recíproca de tempo de serviço, custeio previdenciário 11 CERTO
e regime geral de previdência social (RGPS), julgue o
próximo item. 12 CERTO
Para efeito de custeio do RGPS, as alíquotas aplicadas
aos salários de contribuições dos segurados empre- 13 ERRADO
gados são as mesmas alíquotas aplicadas aos salá- 14 CERTO
rios de contribuições dos segurados contribuintes
individuais. 15 ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO 16 ERRADO

17 ERRADO
17. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca da Lei n.º
8.212/1991, que dispõe sobre a seguridade social, jul- 18 CERTO
gue o item a seguir.
Os estados, o Distrito Federal e os municípios tornam- 19 CERTO
-se responsáveis pela cobertura de eventuais insu- 20 ERRADO
ficiências financeiras da seguridade social, quando
decorrentes do pagamento de benefícios de
prestação continuada da previdência social.

( ) CERTO ( ) ERRADO

18. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Julgue o próximo item, com


relação à Lei n.º 8.742/1993, que dispõe sobre a
organização da assistência social.
Um instrumento da assistência social usado para
identificar e prevenir situações de risco e vulnerabilida-
de social no território é a vigilância socioassistencial.

354 ( ) CERTO ( ) ERRADO

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