Cavalaria como corpo importante do edifício social a partir do século XIII
– construção do Estado Moderno, exército como um dos pilares; Apropriação dos moldes e da cultura do que antes era nobreza; Miles: palavra latina que indica que um indivíduo pertencia a esse grupo de cavalaria, substituindo, a partir de 971, o uso de palavras que indicavam as relações vassálicas; Fim do séc. XI: cavalaria sendo tratada como um grupo coerente, compacto, unido em torno de uma unidade familiar e hereditária; incorporada aos escalões da nobreza e que se identifica com a aristocracia laica. p. 26: clara oposição entre cavaleiros e camponeses, distinguindo esses dois da mesma classe social, além de referências de nobres à filhos cavaleiros; Essa evolução se desenvolve nos níveis superiores da sociedade laica, a partir do ano X/XI União através do uso comum de um título, miles, e da “participação comum nos valores morais e na superioridade hereditária que esse título exprimia”. Começa a acontecer uma diferenciação, uma separação de uma nobreza “livre” para uma nobreza subordinada, os cavaleiros. “Superiores aos rústicos, mas inferiores aos nobres” – analogia com o Império Romano de Júlio César. A partir do fim do séc. X, a palavra miles é usada com um significado militar. Três fatos complementares: a superioridade do cavaleiro no combate, a ligação entre o nobre e o cavalo e a limitação do uso de armas a uma elite restrita. A transformação das relações vassálicas, de servir em vassalagem, para a construção de uma classe independente, que surgiu do seio da nobreza, tendo em vista que esta executada serviços “militares” de forma vassálica. A palavra “Miles” ao longo dos sécs. X-XIII foi transformada em uma nova noção de “classe social”, a mais baixa na pirâmide dos nobres, mas que fazia questão de se diferenciar dos rústicos. O interesse da Igreja Católica na formação dessa classe militar coerente, sólida e independente das outras classes sociais: a atribuição de um significado religioso ao militar, o que foi essencial para criar a mentalidade das Cruzadas e incentivá-las. “[...] ação pela paz de Deus exalta desta vez a função militar, associa-a à construção do reino de Deus. Pelas prescrições da trégua, por essa inflexão do espírito de paz que desemboca no espírito de cruzada, a cavalaria apareceu cada vez mais claramente, na França, entre 1030 e 1095, como um dos caminhos da militia Dei, paralela ao sacerdócio e à profissão monástica; ela se cobriu de tantos valores espirituais que logo os membros da mais alta nobreza já não repugnavam adornar-se também com o título cavalheiresco” (p. 35) Ou seja, foi incentivada a criação de uma classe militar, que foi atribuída de valores religiosos, um “exército de Deus”, que começou a ser exaltada, começou a ser um título desejado até mesmo pela mais alta nobreza laica. Essa atribuição foi essencial para que a Igreja Católica encontrasse a sua “mão de obra” para seus interesses nas Cruzadas.