Você está na página 1de 3

Mais de 21 milhões de brasileiros não

têm garantia de ter um prato de comida


todos os dias, diz ONU
Levantamento das Nações Unidas também mostra um
aumento das crianças de até 5 anos com sobrepeso.
Por Jornal Nacional

12/07/2023 20h18 Atualizado há 13 horas

Reproduzir vídeo
Reproduzir
--:--/--:--
Silenciar som
Minimizar vídeoTela cheia

Mais de 21 milhões de brasileiros não têm garantia de ter um prato de comida todos os
dias, diz ONU

Mais de 21 milhões de pessoas no Brasil não têm garantia de ter um prato de comida
todos os dias. O último levantamento da ONU mostra que houve um aumento dessa
situação no país nos últimos três anos.
Nesta quarta-feira (12), a artesã Cristiane Santos tem o que
cozinhar nas panelas. Mas, nos últimos anos, foi obrigada a
encarar uma escolha: perder a casa ou passar fome.
“Eu estava desempregada, pandemia, não tinha renda, só da
minha companheira. A gente mora de aluguel e o que ela
ganhava não dava para a gente pagar o aluguel e se
alimentar”, conta.
Os números das Nações Unidas mostram que gente no mundo
inteiro enfrenta a realidade de não ter comida todos os dias
na mesa. A pesquisa faz uma média do que aconteceu
durante três anos - e o problema aumentou. São quase 900
milhões de habitantes do planeta - 11,3% da população
mundial - que enfrentaram a insegurança alimentar grave. Um
nome técnico para explicar que em algum momento do ano,
as pessoas ficam sem comida, passam fome. E isso pode
acontecer por um dia ou mais.
No Brasil, a ONU diz que 70,3 milhões de brasileiros tiveram
alguma dificuldade para se alimentar. 21 milhões enfrentaram
a insegurança alimentar grave, passaram fome - quase 6
milhões a mais do que na última pesquisa. Entre 2014 e 2016
eram menos de 4 milhões nessa situação.
“O mundo continua a produzir alimentos suficientes para
alimentar toda a população mundial, mas as pessoas não têm
acesso a esses alimentos porque elas não têm recursos
financeiros, não têm dinheiro para comprar esses alimentos”,
explica Daniel Balaban, diretor do Programa Mundial de
Alimentos da ONU no Brasil.
Cristiane e muitas outras mulheres encontraram na
delicadeza do trabalho manual a chance de superar essa
desigualdade cruel. Em uma ONG, elas aprendem a
transformar fitas em renda para o básico.
“Se você vender R$ 15, já são R$ 15 para você comprar um
pão e leite. Então já é uma ajuda bem legal”, diz a professora
de artesanato Carol Santos.
Tudo que é feito nas aulas é vendido na ONG, em um bazar
que é aberto ao público. Parte da renda fica com as alunas,
parte é usada para financiar novos cursos, em um ciclo.
Quem chegou precisando de ajuda, agora também participa
do esforço para estender a mão a outras mulheres.
“É muito importante porque ajuda na nossa alimentação, do
nosso filho. Tem muitas pessoas que ajudam com cesta
básica, mas a nossa alimentação não é só cesta básica”, diz a
artesã Josineia da Costa Batista.
A ONU diz que a capacidade das pessoas de acessar dietas
saudáveis piorou e aumentou o consumo de ultraprocessados.
Isso explica, segundo a ONU, pessoas que enfrentam a fome
e também a obesidade.
Para as crianças, um risco maior de sobrepeso, obesidade e
doenças crônicas - como diabetes - na vida adulta. No Brasil,
o percentual de crianças de até 5 anos com sobrepeso
cresceu. Muitas mães já entenderam que amamentar pode
ser a melhor prevenção. Subiu o percentual de bebês que se
alimentam só do leite materno até os 6 meses.
A dona de casa Keyla Ferreira buscou a ajuda de um instituto
da Fiocruz, que é referência no apoio à amamentação,
pensando no futuro da Olivia.
“Previne várias doenças. Aqui eu aprendi até sobre a questão
da obesidade também, que foi uma novidade para mim, que a
gente pode prevenir, inclusive, sobre obesidade infantil”,
conta Keyla.
O diretor do Programa Mundial de Alimentos da ONU no Brasil
diz que é preciso um conjunto de políticas públicas para
enfrentar a fome.
“Políticas de combate às desigualdades sociais, políticas de
diminuição da concentração da renda é a única forma que os
países têm para fazer com que todas as pessoas tenham
acesso a alimentos. Não é possível que nós aceitemos
pessoas que não tenham comida, que estejam agora sem ter
condições de comprar um prato de comida para si e para sua
família”, afirma Daniel Balaban.
O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, disse
que o governo tem como missão tirar o Brasil do mapa da
fome, reduzindo a pobreza e a extrema pobreza. Ele lembrou
ainda a criação de uma comissão voltada à segurança
alimentar e nutricional, com 24 ministérios trabalhando em
conjunto com os estados, municípios e a sociedade civil.
LEIA TAMBÉM
 Brasil de volta ao Mapa da Fome da ONU: veja a realidade de mais de
60 milhões de brasileiros com o Profissão Repórter
 Brasil desperdiça quase oito vezes mais comida do que o necessário
para acabar com a fome; campanha faz alerta para essa realidade

Você também pode gostar