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-- Notas de Aula --

EMC5419 Mecânica dos Fluidos II


Prof. Christian Hermes

Outono de 2019

2. Escoamentos Compressíveis

 / significativo em uma linha de corrente


 Geralmente envolve gases  Gasdynamics
 Aplicações: propulsão, aerodinâmica, compressores e expansores

Onda Sonora

Da eq. da continuidade, cA     d  c  du  A  cA  duA  cdA  dduA

Eliminando o termo de 2ª ordem, cd  du  d  du (*)


 c

Da eq. do movimento, para onda fraca (0) e fina (0) atrito desprezível  s=cteds=0

pA   p  dp A  cA  c  du   c   dp  cdu (**)

Assim, isolando c em (*) e (**), c2  dp


d

Do postulado de estado, p  p  ,s   dp  p d  p ds 


ds0 dp p p
 c
 s s  d  s  s

Note que a velocidade do som é uma propriedade termodinâmica!

Critério de Incompressibilidade


m
Da eq. da continuidade, para A=cte   G  u  cte dG  0  du  ud  0
A

Se d ~ du  compressível
 u
Se d  du  incompressível
 u

-1-

Considere um escoamento invíscido, tal que mdu  dpA  0  udu ~ dp  c2d

d u2 du M uc d du
 ~ 2  ~ M2
 c u  u

du du
Se M2  incompressível M  1  critério incompressibilidade
2

u u

Exemplo: M=0,2M2=0,04 (erro<5%); M=0,3M2=0,09 (erro<10%); M=0,4M2=0,16 (erro>10%)

 incompressível, M<0,3cte continuidade, movimento


 compressível, M>0,3=(p,T) continuidade, movimento, 1ª e 2ª leis, eq. estado

M  0,3  incompressivel
u
M   M  1  sonico
c M  1  supersonico

Gases Ideais

 Sem ocupar volume; sem forças intermoleculares  p  v  F ~ 1 d2  0


R   g mol é a massa molar
 R  , R  8,314J mol  K é a constante universal dos gases, M
M

  RT
  pv  RT  pdv  vdp  RdT  TdR 
 pv pdv vdp RdT dv dp dT
 pVM      
pv pv pv   RT  v p T

Da termodinâmica, di  q  w com i  energia interna específica


1
Para processos reversíveis, q  Tds e w  pdv com v  1 Tds  di  pdv  Tds  di  pd  

Mas, h  i  pv  dh  di  pdv  vdp  Tds  vdp Tds  dh  vdp  Tds  dh  dp (2a rel. Gibbs)

h dh
Assim, para gás ideal, i  i  T   c v  i  di e h  i  pv  i  T   RT  h  T   cp  
T v dT T p dT
dh di dT
Como   R  cp  cv  R
dT dT dT

pdv  vdp c
Da 2ª rel. de Gibbs, Tds  dh  vdp  cpdT  vdp , mas dT  Tds  p  pdv  vdp  vdp
R R
c dv dp
 
Para o processo isentrópico, ds  0  cp  pdv   cp  R  vdp  0 
c v pv
 p
cv v

p
0

cp dv dp p
 k
v  p
Reconhecendo o expoente isentrópico k    k lnv  lnp  lnv k p  cte k  cte
cv 
p  k p p

 s
 cte  

  cte  kk 1  k kk 1  k  kRT 
 
ideal
c  kRT em [K]

Com p  RT  RT  cte  1k T  cte e


p
 cte  p1k Tk  cte
  p RT 
k k

-2-
Condição de EstagnaçãoEscoamento é desacelerado adiabaticamente até o repouso

h  12 u2  h0  12 02  h0  h  12 u2  entalpia de estagnação, h0
T0 u2
h0  h  cp  T0  T   12 u2  1  temperatura de estagnação, T0
T 2cpT
kRT c2 T  k 1  u
2
 k 1  2
Note que, cpT    0 1  c2  1   2  M
k 1 k 1 T  2   
1 1

c  T 2   k  1  2  2
 0   0   1   M  vel. do som na estagnação, c0
c  T    2  
k
1k k
p  T  p   k  1  2  k1 pressão de estagnação, p (*)
 0    0   0  1   M 
p   2  
0
 p T

Note que, para escoamentos incompressíveis,

p0 02 p u2 u2 p0  u2
    p0  p    1
 2  2 2 p p 2
 c2 p u2 p k
Mas,  RT   0  1  k 2  0  1  M2
p k p c p 2

Note que a condição de estagnação isentrópica é usada como


estado de referência na solução de esc. Compressíveis, seja o
escoamento isentrópico ou não!

-3-
Propriedades Sônicas (M=1)


T0  k 1  T 2 k 1,4 ar  T

1       0,833  temp. sônica, T*
T  2  T0 k  1 T0
1
c  2  2 k 1,4ar  c
    0,913  vel. do som em M=1, c*=u*
c0  k  1  c0
k
p  2  k1 k 1,4 ar  p
    0,528  pressão sônica, p*
p0  k  1  p0

Bocais e Difusores: Efeito da Área

 bocalacelera escoamento as custas da pressão


 difusor eleva a pressão as custas da energia cinética

    x  u  x  A  x  . Mas, em regime permanente, dm


A vazão mássica é m  0,

udA Adu uAd


d  uA   udA  Adu  uAd  0 
m
    0
uA uA uA
dA du d
   0 continuidade
A u 

 
A entalpia de estagnação é h0  h  x   12 u  x   cte  dh0  d h  12 u2  dh  2 12 udu  dh  udu  0
2

Da rel. de Gibbs, Tds  dh  dp  scte dp d u2 du du


 dh   dp  c2d  udu   2  M2
   c u u
dp  u2 du dp
Note ainda que,  udu    2
 u u
dA du du du 1 dA dp
Voltando na cotinuidade,   M2 0  2   2 (#)
A u u u M 1 A u

-4-
Operação de Bocais

Note que, para M=1  du deve ser finito para dA=0  max ou min!

O escoamento a esquerda (bocal convergente divergente) pode ocorre, enquanto o da direita é


impossível já que M≠1 no extremo!

A  u onde
  uA  u A   
Da continuidade, m
A  u
1

  0  2   k  1  2  
k 1

  1  M 
 0   k  1   2   
Mas,
1

u  kRT  2  T   T0  2 1  2   k  1  2  
1 1 1
2 2

 
1
  
u  c  kRT    1  M
2
   
u u  T0   T  M  k  1   2   
k 1

A 1  1  12  k  1  M   T 
2 2 k 1
k
    e 
m    
u A  A p0
2  k  1
A M  1
 0 T0 RT 0

Escoamento Blocado

Considere um bocal convergente, onde a vazão mássica varia com a diferença de pressão.

  

Se Me  1 e  pb  pe  p  p0  pe   m 
Se Me  1 e  p  p
b e  p   p

0    cte
 p  cte  m

i.e., informação de que pb baixou não é propagada a


montante, tal que o escoamento só enxerga p*!

 escoamento blocado!

A vazão máxima é obtida quando Me=1,


  2  k 1    2  2 
1 1 k 1 k 1

 2  2 k 1  2  2 k1 k
m max   u A  0 
  
  c 0    Ae     max  
0c0 A e  m  A ep0
  k  1     k  1    k 1   k 1  RT0
-5-
Escoamento de Fanno: Efeito do Atrito

 Regime permanente
 Seção transversal constante
 Adiabático
 Gás ideal
 Com atrito


m dG d du
Continuidade,  G  u  cte    0
A G  u

Energia (1ª lei), h0  h  12 u2  cte  dh  udu  cpdT  udu  0  dT   udu   u du   u R du


2 2

T c pT cpT u p cp u
dT  du dM 
Derivando u2  M2  kRT   2udu   kRT 2MdM  M2kRdT 
2
u
  2 
T  u M 
 
Igualando, 2 du  dM    u k  1 du  dM  1  u  k  1   du  1   k  1  M2  du
2 2

 u M  p k u M  pk  2   u   2   u

Da eq. de estado, p  RT  dp  d  dT  dp  dT  du  du  2 dM  dp   1   k  1 M2  du


p  T p T u u M p   u

Movimento (balanço de forças), pA   p  dp A  wPdx  m   u  du   u   m du  dp  w P dx  0 (*)
A A
4A 
Note que, para escoamentos internos, Dh   diâmetro hidráulico e f  1 w 2  fator de atrito
P 8 u
Cuidado: fDarcy (ou Moody)esc. internos; CfFanning (=4f)esc. Externos

du dp fdx du dp fdx
Dividindo (*) por 12 u2 ,  2 0   
u u 2Dh u u2 2Dh

du dp 1 fdx
Note que dp2  dp RT 
dp kRT dp 1
   
u p u2 p ku2 p kM2 u p kM2 2Dh

  kM2 
dp fdx dp 1 fdx dp 1  k  1 M2 fdx
Igualando,   
u 2Dh p kM 2Dh 21  M2  Dh
2 2
p

Similarmente, dT   
k k  1 M fdx 2

T 
2 1  M2 Dh 
d kM2 fdx du
 
 
2 1  M Dh
2
 u

2 1  2  k  1  M fdx
2
dM2 1
(**)
 kM
M2 1  M2 Dh
dT dp  dp d  dp dp d ds dp d
Note ainda que, ds  cp  R  cp     R  c v  cp   k
T p  p   p p  cv p 
ds d M  1  d  0  ds  0
Mas, dp  d 1   k  1 M2      k  1 1  M2
 

p    cv  M  1  d  0  ds  0
Em ambos os casos, a entropia aumenta até M=1 onde smax na saídaescoamento blocado!

-6-
Integrando (**) de M qualquer até M=1,

L 1
fdx 1  M2
0 Dh M kM4 1  12  k  1 M2  dM
2

 

  max )
L*  comprimento necessário para a blocagem ( M  1 m

Resolvendo, fL  1  M2  k  1 ln  
 2  k  1  M2 
2
 tabelado
Dh kM 2k  2   k  1  M 
Assim, o comprimento para o escoamento se desenvolver de 1 até 2:
D  fL   fL  
L  h      
f  Dh 1  Dh 2 
 max  )
Note que, L=L*blocado; L<L*subsônico; L>L*impossívelesc. Se acomoda ( Min m
No escoamento de Fanno, T0=cte, mas p0 e 0 sempre diminuem independentemente de Mach!

 propriedades críticas são usadas como referência!

Logo, eliminando fdx/Dh das equações, obtém-se:


1

p 1 k 1 2
tal que
p2 p2 p
com p2  f  M2  e p1  f  M1 
   
p M  2   k  1  M2  p1 p p1 p p
1

 u 1  2   k  1  M 
2 2
   
 u M  k 1 
T c2 k 1
 
T c2 2   k  1 M2
k 1

p0 0 1  2   k  1  M 
2 2 k 1
   
p0 0 M  k 1 

Nota sobre Entropia e Pressão de Estagnação

To e po definidas segundo deseceleração isentalpica até repouso, tal que:

k
po  To  k1

p  T 

-7-
Da Termodinâmica, Tds  dh  dp  eq. estado, independe de processo

dp   dT dp 
B B B
 dT T p
s  sB  s A   ds    cp  R     cp o  R o   cp ln o,B  R ln o,B
A A
T p  A  To po  To,A po,A
T p
s  cp ln o,B  Rln o,B
To,A po,A

To,B p
Processo adiabático  To,B  To,B  ln  0 s  R ln o,B
To,A po,A

 p  po   p 
Para po  po,A  po,B  0  s  Rln  o,A   R ln  1  o 
 p po,A 
 o,A  

 
Admitindo po  po,A com ln 1  x   x    s     po   po
R  
 po,A  po,A

Como po  0  s  0  entropia aumenta se


pressão de estagnação diminui e vice-versa

Escoamento de Rayleigh: Efeito do Calor

 Regime permanente
 Seção transversal constante
 Sem atrito
 Gás ideal
 Não adiabático

Q q
 
 h1  12 u12  Q  m
Da 1ª lei, m  
 h2  12 u22  q 
m
 
 cp  T2  T1   12 u22  u12  T02  T01 
cp
Note que T0 varia no escoamento de Rayleigh devido ao aporte ou à retirada de calor!

Q q S
 1   S g  ms
Da 2ª lei, ms  2  s  s2  s1   g  taxa de geração de entropia por unidade
Tb Tb m
q s  0  q  0  aquecimento
Para processo reversível, S g  0 , tal que s   
Tb s  0  q  0  resfriamento

Da eq. do movimento, dp  udu  dp  Gdu  0  dI  0  I  p  Gu  cte  impulse

Com u  M kRT  Gu  u2  M2  kRT   kM2p  p  Gu  p  kM2p  1  kM2  p

Assim, I  p1  Gu1  1  kM12  p1  1  kM22  p2  p2  Gu2  p1  1  kM22


2

p2 1  kM1
1

 2
Da eq. da continuidade, G  1u1  2u2  cte  fluxo de massa  1  u2  M2  T2 
2 u1 M1  T1 

-8-
1 2
 2 2
  2 

Da eq. de estado, p1  p2  T1 1  p1  T1 M2  T2   1  kM22  T1   M1  1  kM22  
1T1 2T2 T2 2 p2 T2 M1  T1  1  kM1 T2  M2  1  kM1  
2
   1  kM22 
Voltando na continuidade, 2  u1   M1   2 
1 u2  M2   1  kM1 

Tomando as propriedades sônicas como referência –

p 1 k


p 1  kM2
T  M 1  k  
2

 
T  1  kM2 
u M 1  k  
2
 
u 1  kM2 

Pode-se mostrar ainda que –


 k 1 2 
2  k  1  M2  1  M 
T0 T0 T T  2 
 
T0 T T T0 1  kM 
2
2

p0 p0 p p 1  k  2  k  1 2   k 1
    1  M 
p0 p p p0 1  kM2  k  1  2 

Note que, entre 1 k  M  1  q  T aquecimento com redução de temperatura


 alta taxa de conversão de entalpia em energia cinética

Choque Normal

Variação abrupta, descontínua das propriedades do escoamento  irreversível (s aumenta)

 Continuidade, G  x ux  y uy  cte
 Movimento, I  px  Gu x  py  Gu y  cte
 1ª lei, h0  h x  12 u2x  h y  12 u2y  cte

(G,h0)local dos pontos da linha de Fanno


(G,I)local dos pontos da linha de Rayleigh
-9-
Como Gx=Gy, h0x=h0y e Ix=Iychoque ocorre na intersecção das linhas de Fanno e Rayleigh!

Contudo, da 2ª lei, s y  sx  0

choque ocorre da esq. (M>1) para a dir. (M<1)


convertendo energia cinética (x) em energia interna (y)

Equações do choque -

py 1  kM2x
Ix  I y  
px 1  kM2y
Ty 1  12  k  1 M2x
T0x  T0y  
Tx 1  12  k  1 M2y
1

M T
y 2
G x  Gy   x x 
x My  Ty 

p
Eq. estado, px  y  px  x Tx 
resolvendo
 M2y 
 k  1 M2x  2  pode-se resolver Ty, py, y…
x Tx y Ty py y Ty 2kM2x   k  1 
Ty x T p
Lembre que, s y  s x  c v ln  R ln  c p ln y  R ln y  0
Tx y Tx px
 T  k
  uA 
Vimos que, m A p0
0 T0 RT0

p p p
 e T0 são constantes, o produto Ap0  cte  A x  0y  0y y px
 como m 
A y p0x py px p0x

Pitot Supersônico

Mede px, poy e Toy  u x  M x kRTx

 
k

M2x
k 1
k 1
p0y
p p 2
Com  0y 0x   Mx
 
1
px p0x px 2k
M2x  kk11
k 1
k 1

Como T0x  T0y  Tx  f  M x   Tx  T0y f  Mx 


T0x

Com M x ,Tx  u x

- 10 -
Bocal de Laval

Ae Me  0.47
Exemplo p0=80 psia, T0=960 R, pe=60 psia, Ae=0.70 ft2, A*=0.505 ft2  
 1.386  
A Me  1.75
 sol. s=cte supersônica: Me  1.75  pe p0  0.1875 pe  15  60 psia
 sol. s=cte subsônica: Me  0.47  pe p0  0.856 pe  68.5  60 psia  choque  caso (c)
precisa achar Mx tal que o aumento da pressão no choque e no difusor leve a 60 psia!
 py px
 p  2.46; p  0.27  py  2.46  0.27  80  53.1 psia
chute: M  1.5  M  0.7   x 0x
x y
 p0y  0.93  A x  A   0.505  0.543 ft 2 ;p  0.93  80  74.4 psia

 p0x Ay
y
0.93
0y

Me  0.53
Ay  Ae  Ae 0.7 
    1.29   pe
p0y  p0e  Ae 0.543  p  0.83pe  0.83 74.4  61.7 psia
 0e
 pe deveria ser 60, não 61.5 psia corrigir Mx e rafazer econtas resposta: 1.54
Mx  Me  1.75 py
 supondo choque na saída, caso (f):   3.41  pe  py  3.41 15  51 psia
pe  px  15  px
 limites: (ab) subsônico 8068.5; (bd) choque secção divergente 68.551; (df) choque
oblíquo saída 5115; (fg) ondas de expansão 15abaixo

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Tabelas
Escoamento isentrópico de gás ideal com k=1.4

Linha de Fanno (gás ideal com k=1.4)

Linha de Rayleigh (gás ideal com k=1.4)

Choque normal de gás ideal com k=1.4 (montante x=1, jusante y=2)

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