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REGULAÇÃO DA RESPIRAÇÃO
MECÂNICA RESPIRATÓRIA INTRODUÇÃO
RELAÇÃO VENTILAÇÃO-PERFUSÃO VENTILAÇÃO COM PRESSÃO POSITIVA: UM NOVO VELHO
DIFUSÃO E TRANSPORTE DE GASES CONCEITO
QUADRO DE RESUMO
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Para perder este medo (e má vontade) com o estudo da Fisiologia E por que tudo isso é importante?
Respiratória, vamos começar a nossa conversa lembrando um termo
muito
comum do nosso dia-a-dia. Com certeza, você já ouviu falar
O volume de ar que entra e sai do pulmão, em um adulto médio, do sexo
"árvore
respiratória", não é? Esta não foi uma comparação ecológica,
masculino, saudável, em respiração espontânea não forçada é de 500
mas sim
baseada no fato de que nosso sistema respiratório tem
ml.
Com uma frequência respiratória de 15/minuto, temos que o
múltiplas
ramificações que fazem com que ele assuma um aspecto
volume-minuto
é:
arborizado.
Primeiramente, o ar passa por toda a via aérea superior
(composta por
nariz, boca, nasofaringe, orofaringe, laringofaringe e
laringe) e chega à
traqueia. Esta, por sua vez, bifurca-se em brônquios VM = VC x FR = 500 x 15 = 7.500 ml/min
fonte esquerdo e
direito, sendo que esses ainda se dividem em
brônquios de primeira ordem.
Na sequência, teremos as bifurcações
em brônquios de segunda, terceira,
quarta, quinta ordem... até No entanto, atenção para detalhe muito importante: toda aquele espaço
chegarmos nos alvéolos! representado na área de condução, por não efetuar trocas gasosas,
representa também o
ESPAÇO MORTO ANATÔMICO,
correspondendo
a, aproximadamente, 150 ml. O volume alveolar, por sua
vez, é o
volume que entra efetivamente nos alvéolos. Se entram 500 ml
nos
pulmões e 150 ml não participam da troca (ficam no espaço morto
anatômico), então o volume alveolar a cada ciclo fica em torno de 350
ml. Vamos calcular o volume–minuto mais uma vez, mas agora
levaremos em
conta apenas esse volume que efetivamente participa da
troca
gasosa:
Figura 3.
Esquema representativo do sistema respiratório. Existe
uma parte do
ar que preenche a via aérea, numa região onde não
há troca gasosa e,
por isso, a gente chama esse local de espaço
morto anatômico.
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Os pulmões são ainda revestidos pela pleura visceral e a parede
torácica,
pela pleura parietal. Entre as pleuras visceral e parietal, há um
espaço
virtual — elas estão quase encostadas uma na outra, apenas
com 20–30 ml de
um fluido similar ao plasma sanguíneo entre elas, o
que permite o
deslizamento de uma sobre a outra, com uma fricção Figura 5. Anatomia da musculatura respiratória, sendo realizada
apenas mínima.
a divisão em
dois grupos: 1. músculos principais e 2. músculos
acessórios (secundários).
VENTILAÇÃO
INSPIRAÇÃO E EXPIRAÇÃO
Para entender o processo de inspiração e de expiração, precisamos
conhecer as variações de pressão no sistema respiratório. Isto é, para
que
o ar se desloque do ambiente para nossos alvéolos, é necessária
uma
diferença de pressão entre os alvéolos e o meio externo — se não
houver um
gradiente de pressão, não há fluxo de ar!
E por que essa pressão é negativa em relação à pressão atmosférica? O pulmão e os alvéolos tendem ao colapso, com uma força que
“puxa” a
pleura visceral para dentro.
Inicialmente, precisamos entender que, apesar de conhecido como
"estado
de repouso", na verdade, esse repouso não ocorre em nenhum
momento. Nosso
sistema respiratório, para estar em equilíbrio, conta Uma questão importante: se eliminássemos a pressão intrapleural, não
com forças
contrárias que estão sempre em atuação, uma puxando o haveria nenhum outro mecanismo para proteger o pulmão do colapso?
pulmão para dentro
(no sentido do colabamento) e outra puxando a
caixa torácica para fora (no
sentido de expansão). E por que isso Existe sim! Os alvéolos são polígonos mecanicamente
acontece? Basicamente pela presença
de elasticidade pulmonar e da interdependentes, com
paredes planas compartilhadas por alvéolos
caixa torácica. Veja só: adjacentes. Se um alvéolo
tendesse ao colapso, aumentaria a pressão
exercida sobre as paredes dos
alvéolos adjacentes, os quais tenderiam a
1. Propriedades elásticas do pulmão: mantê-lo aberto. É o que
chamamos de
interdependência alveolar. Esse
mecanismo é imprescindível para manter as vias respiratórias abertas
➤ Quase ¼ do pulmão é composto por tecido conectivo, que possui uma e
diminuir a resistência. Colocando de forma simples, é como se
força de retração elástica que tende a trazê-lo para o seu volume nenhum
alveólo "soltasse a mão do outro".
mínimo (ou seja, tende ao colabamento). Isso pode ser explicado pela
elasticidade das estruturas pulmonares e das fibras colágenas e
elásticas da matriz extracelular que promovem a estabilização dos
alvéolos;
Figura 7.
Ilustração do mecanismo de tensão superficial.
Figura 9A.
Movimento do diafragma durante a inspiração.
Figura 11.
A expiração é geralmente um processo passivo, onde o
relaxamento da
musculatura, somado à presença de uma pressão
positiva nos alvéolos
(que estão cheios de ar), empurra todo o ar
para fora dos pulmões, em
direção ao ambiente.
Embora se coloque a expiração como um processo passivo, nem Mas existe comando da respiração com base na PO2
também?
sempre é
assim… Na expiração forçada, o processo, assim como na
inspiração, também
é ativo! Os músculos abdominais “jogam” o
Existe, mas apenas quando cai abaixo de 60 mmHg. Ele ocorre nos
diafragma para cima, aumentando
a pressão intra-abdominal e
quimiorreceptores periféricos — junto aos corpos carotídeos e aórticos
reduzindo o tamanho da caixa torácica, o que
dá um “empurrãozinho”
— e
é mais importante em portadores de pneumopatias crônicas e
no processo de expiração. Os músculos intercostais
internos também
regiões de
grande altitude. Estes receptores também respondem a
ajudam, deslocando as costelas e reduzindo ainda mais o
tamanho do
alterações do pH e
PCO2, porém de forma bem menos
significativa que
tórax.
os centrais.
Já parou para pensar como esses conceitos são fundamentais até para o
diagnóstico de uma condição central na unidade de pacientes
críticos?
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MECÂNICA RESPIRATÓRIA
Agora que já vimos como o ar se desloca do meio externo para os
alvéolos
e as forças que estão envolvidas, a ideia é entender o impacto
de todo
esse processo.
CONCEITO 1: Pressão
transpulmonar = Pressão alveolar - Pressão
intrapleural.
Figura 15. Fases do ciclo respiratório. 1 - Momento máximo de
distensão
alveolar; 2 e 3 - Desinsuflação alveolar (expiração); 4 e 5
CONCEITO 2: Complacência =
Variação do volume/Variação da -
Insuflação alveolar (inspiração).
pressão.
No ponto 1, momento máximo da inspiração, o alvéolo está distendido e
CONCEITO 3: Elastância = 1 /
Complacência. o
surfactante está bem distribuído na sua superfície. Porém, conforme
há
progressão para as fases 2 e 3, já na expiração, há uma
desorganização do
surfactante, provavelmente influenciado pelo
Agora repare que estamos falando e representando o tempo todo a próprio fluxo de ar, fazendo
com que ele não fique mais distribuído de
inspiração... Mas e a expiração? Ora, ela tem que fazer o caminho forma tão homogênea assim na
superfície alveolar. Conforme os
contrário, isso é fato. Só que o mais interessante é que ela não faz alvéolos voltam a se encher, nas fases 4
e 5, o surfactante volta a se
exatamente o mesmo "caminho" que a inspiração fez! Durante a espalhar. Este fenômeno pode ser comparado
com o de encher uma
desinsuflação, o volume pulmonar é maior do que durante a insuflação, bexiga de ar. No começo, é bem mais difícil, mas,
depois que
para
qualquer valor de pressão. Veja o gráfico: conseguimos vencer a resistência inicial, fica bem mais fácil.
No caso
Figura 14. Histerese pulmonar: diferença entre as trajetórias de Figura 16. O enchimento de uma bexiga de ar pode ser
enchimento e
esvaziamento dos pulmões. comparado ao fenômeno de
histerese pulmonar.
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RELAÇÃO VENTILAÇÃO-PERFUSÃO
Além de garantirmos uma boa ventilação pulmonar, para garantir uma
troca
gasosa adequada, é fundamental conseguirmos que haja um
Figura 17. Representação esquemática da relação ventilação x
equilíbrio entre
ela e o fluxo sanguíneo nas várias regiões pulmonares. perfusão nas
diferentes regiões do pulmão.
O ar precisa
preencher o alvéolo (ventilação); e o oxigênio precisa ser
transportado
para o vaso (perfusão). Além disso, o CO₂ precisa sair dos
vasos, cair nos alvéolos por difusão e ser “expulso”
para o ar ambiente.
E é aqui que entra a famosa relação
ventilação/perfusão (V/Q). Vamos
entender cada um de seus componentes. PERFUSÃO
Existem dois tipos de circulação: brônquica e pulmonar. A circulação
brônquica serve para nutrir as estruturas pulmonares e não será de
tanto
interesse para o nosso estudo dentro da VM. A circulação
pulmonar, por
outro lado, tem a nobre função de arterialização do
sangue, o que é feito
através das trocas gasosas na região alvéolo-
capilar. É esse sangue que
passa nos alvéolos, extraindo oxigênio e
“jogando fora” gás
carbônico.
Ou seja...
TROCA GASOSA REGIONAL arterial é suficiente para levar sangue ao ápice pulmonar e a pressão
alveolar também não é tão elevada assim. Porém, isso pode acontecer
em
pacientes ventilados com pressão positiva, uma vez que teremos
Acabamos de ver que tanto a ventilação quanto a perfusão são maiores
aumento
considerável na P alveolar (tornando-a maior do que a P
na
base. No entanto, quando analisamos graficamente a porporção
arterial e gerando
um colabamento dos vasos). Perceba que, aqui, não
com que
variam entre uma região e outra, percebemos que a inclinação
há troca gasosa porque
os alvéolos são ventilados, mas não são
da reta que
representa a perfusão é maior — ou seja, ela se reduz de
perfundidos: é o que chamamos de
espaço morto.
forma mais
importante no ápice pulmonar.
➤ Zona 2:
representada pelo terço médio do pulmão. Nesta região, a 3. Na situação C, a perfusão está reduzida e a ventilação está
pressão
arterial é maior que a pressão alveolar que, por sua vez, é normal,
isto é, o ar chega até o alvéolo, mas não ocorre a troca
maior que
a pressão venosa. Normalmente, é o local onde ocorre a gasosa.
Estamos falando do efeito espaço morto alveolar. Essa
troca gasosa
mais efetiva. Ao longo desta zona, há recrutamento dos situação pode
acontecer em caso de embolia pulmonar. A
vasos
sanguíneos em virtude do aumento da pressão arterial em relação V/Q tende ao
infinito, uma vez que não há perfusão.
direção à
base.
➤ Zona 3: a base pulmonar representa a zona 3, onde a pressão arterial Agora, preste atenção nessa imagem aqui:
é maior
que a pressão venosa que, por sua vez, é maior do que a P
alveolar.
Portanto, nesta zona, os capilares encontram-se distendidos.
Aqui,
predomina o
efeito shunt: pressão arterial maior que a pressão
venosa, que é maior que a
alveolar. Muita perfusão, só que maior que
a pressão alveolar, então
tem pouca ventilação.
1. Hipoventilação:
a ventilação alveolar é fundamental para
renovar o oxigênio e
eliminar o CO2. Se o
paciente não tiver um
movimento respiratório adequado, vai haver uma
queda da
oxigenação e a pressão parcial de CO2
começa a subir. E quem é
o paciente que faz isso? Obeso, trauma
raquimedular, doenças
neuromusculares…
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Figura 24.
DIFUSÃO E TRANSPORTE DE GASES A pressão parcial de oxigênio é muito parecida entre o ambiente e a
traqueia, mas ela cai no alvéolo porque o ar “novo” se mistura com o ar
Pare e pense no quanto já foi discutido até aqui! Primeiro, entendemos
“velho”. Não só isso, mas também pela própria extração que ocorre
que um gradiente de pressão se faz necessário para que haja fluxo de
conforme
o sangue passa pelo alvéolo. Vamos entender agora como o
ar.
Aprendemos ainda sobre ventilação, fluxo sanguíneo pulmonar e a
sangue venoso se
torna sangue arterial quando passa pelo pulmão.
delicada
relação entre ambos em diferentes regiões do pulmão. Faltou
Focando agora no sangue
venoso, o sangue “sujo” advindo do
falar das
grandes “estrelas”: oxigênio e gás carbônico! Afinal, todo esse
ventrículo direito, temos pouco
oxigênio (40 mmHg) e relativamente
delicado
processo que estamos estudando tem a finalidade de garantir
mais CO2
(46 mmHg). Existe, assim, uma diferença de pressão parcial
aporte
adequado de oxigênio aos tecidos e para “jogar fora” o gás
de O₂
entre alvéolo e capilar que facilita a difusão do oxigênio para os
carbônico, que
é o “resto” do metabolismo energético.
capilares. Conforme o sangue vai se tornando rico em O₂ e pobre em
CO₂, as pressões parciais no sangue vão se aproximando das pressões
alveolares. Pronto, nosso problema está resolvido: o sangue “sujo”
OXIGÊNIO vindo
do sistema venoso foi oxigenado de modo que podemos nutrir os
diferentes
tecidos.
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GÁS CARBÔNICO
Figura 25.
O CO₂, oriundo do metabolismo
celular, é carreado pelo sangue até os
capilares pulmonares, de onde irá
se difundir para os alvéolos
O gráfico não é difícil de entender! No eixo X, temos a pressão parcial
pulmonares e, finalmente, ser “expulso” para
o ar ambiente. Como
de O₂; e no eixo Y, a saturação
de hemoglobina. Com uma PO₂ de
100
acabamos de ver, embora a diferença entre a pressão
parcial do gás
mmHg, bem elevada, temos que a saturação de hemoglobina também é carbônico entre os capilares pulmonares e os alvéolos seja
menor, as
alta!
Se temos muito oxigênio disponível, então todos os sítios de suas propriedades químicas facilitam a passagem dos capilares
para os
ligação
estarão ocupados. Esse é o cenário que temos no pulmão. alvéolos. Além disso, cabe destacar que a curva de dissociação é
bem
Razoável, não é?
Lá é onde precisamos captar oxigênio, logo, mais vertical e linear que a do CO2.
precisamos de alta
afinidade.
para chegar na
CAPACIDADE INSPIRATÓRIA (CI)!
Obesidade:
os indivíduos obesos também apresentam um padrão
restritivo na
espirometria, com redução dos volumes e capacidades
pulmonares quando
comparados a indivíduos eutróficos. Os
estudos mostram que os dados mais
característicos são as
reduções da CPT e da CVF, acompanhada de redução
proporcional
Figura 28. Gráfico representativo das capacidades pulmonares. do VEF1.
dissocia
em H⁺ e OH⁻. Como a concentração de H⁺ é muito baixa,
preferiu-se utilizar
uma escala logarítmica para representar essa
2. O PRINCIPAL SISTEMA-TAMPÃO NO PLASMA É O concentração. Portanto, o pH
nada mais é do que - log [H⁺].
SISTEMA
BICARBONATO.
Cruzes! Vai começar a matemática avançada para médicos, não é?
Os valores normais na gasometria são:
= 35–45 mmHg.
pH = 7,35–7,45;
HCO₃ = 22-26 mEq/l;
pCO₂ Fique tranquilo, essa fórmula não é importante! A ideia é entender que
pH
nada mais é do que uma forma de representar a quantidade de H⁺
3. O PRIMEIRO PASSO É SEMPRE IDENTIFICAR no sangue,
determinada pela relação bicarbonato/pCO₂.
QUEM JUSTIFICA A ALTERAÇÃO
DO PH.
Qual é o valor normal de pH?
➤ Acidose metabólica:
pH baixo, HCO₃ baixo;
➤ Acidose respiratória:
pH baixo, pCO₂ alto; Para fins biológicos, o pH deve ser mantido entre 7,35 e 7,45.
➤ Alcalose metabólica:
pH alto, HCO₃ alto;
➤ Alcalose respiratória:
pH alto, pCO₂
baixo. Um pH > 7,45 deve ser encarado como
alcalemia,
enquanto um pH
< 7,35 traduz uma
acidemia.
no
entanto, é através do nomograma. na sua
atividade biológica.
metabólica;
se a culpa for do pCO₂,
então temos uma acidose
respiratória. Como avaliar o equilíbrio acidobásico do organismo?
➤ Alcalose:
aumento do HCO₃⁻ ou redução
da pCO₂. Mesmo Através da gasometria! Você nem se deu conta, mas já pontuamos os
raciocínio:
se a culpa for do bicarbonato, então estamos diante de valores
de referência que serão reforçados abaixo para você não
uma alcalose
metabólica; se a culpa for do pCO₂, então temos esquecer!
Ainda temos muita estrada pela frente até dominarmos por completo a
gasometria, mas neste momento inicial, queremos que você se faça Vejam que a paciente apresenta uma disfunção renal importante,
apenas 2
perguntas ao se deparar com uma gasometria qualquer: associada
à hipercalemia — provavelmente secundária à insuficiência
renal aguda. Os
achados de hipertensão e a clínica compatível com
1. O pH está ácido ou alcalino?
edema de pulmão falam a
favor de hipervolemia, o que corrobora com
2. Quem explica essa alteração? É a pCO₂
ou o bicarbonato? esse diagnóstico. Certo, mas e
a gasometria?
onde ficará
sob seus cuidados. Os exames realizados na importantíssimo! Já entendemos que, para cada distúrbio ácido-base,
emergência acabaram de
chegar: espera-se uma resposta compensatória. Entretanto, se essa reação não
for
obtida, isto é, se ela não for como se esperava, é porque na verdade
existe mais de um distúrbio de base (distúrbio misto).
Acidose respiratória
➤ Aguda:
HCO₃ aumenta 1 mEq/L quando
a pCO₂ aumenta 10
mmHg;
➤ Crônica:
HCO₃ aumenta 4 mEq/L quando
a pCO₂ aumenta 10
mmHg.
➤ Aguda:
HCO₃ diminui 2 mEq/L quando
a pCO₂ diminui 10
mmHg;
➤ Crônica:
HCO₃ diminui 4 mEq/L quando
a pCO₂ diminui 10 Qual é a CAUSA do distúrbio metabólico?
mmHg.
Para responder esta nova pergunta, precisamos lembrar que as causas
de
acidose metabólica podem ser classificadas em dois grupos de
Portanto, a partir de agora, adicionaremos uma terceira pergunta no
acordo com o
cálculo do ânion-gap:
nosso
fluxograma, que fica assim:
1. Acidose metabólica com ânion-gap
elevado (nomoclorêmica);
Repare que houve uma discreta retenção de CO₂, configurando um AG = Na - (HCO₃ + Cl)
quadro de acidose MISTA (metabólica +
respiratória).
O ideal mesmo não seria empregarmos fórmulas — que estão
Para
facilitar o raciocínio, uma dica: sempre que houver acúmulo de um
sujeitas a
erros de aproximação — para avaliar a resposta
ânion
novo (ex.: cetoacidose, síndrome urêmica, acidose lática etc.),
compensatória. A melhor
forma para fazermos essa avaliação é
teremos AG
aumentado. Os demais casos serão hiperclorêmicos (com
através de um
nomograma acidobásico. Nele, as áreas pintadas
AG normal).
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AG = Na - (Cl + HCO₃) = 145 - (109 + 16) = 20
Leito 2
Interpretação
➤ Delta-AG/delta-HCO ₃
1-2: indica que toda a variação do AG é
justificada para a variação do
HCO3. Portanto, a acidose
metabólica
é "pura", com AG aumentado.
➤ Delta-AG/delta-HCO ₃
> 2: o aumento do AG foi desproporcional à
variação do bicarbonato; ou
ainda, a redução do HCO₃
foi menor
que a esperada. Neste caso, existe algum outro distúrbio
que está
levando à alteração no HCO₃. Ou seja, temos uma acidose
Figura 5. metabólica com AG aumentado +
alcalose metabólica.
➤ Delta-AG/delta-HCO ₃
< 1:
a redução do HCO₃ foi
superior à
esperada. Temos uma acidose metabólica com AG normal
associada a uma acidose metabólica com AG aumentado.
Muito cuidado com esse caso!
E agora? Por onde começar? Ou seja, o valor é praticamente igual a 1. Dessa forma, podemos
➤ Pelo que está mais alterado! Como a queda do HCO₃ foi mais concluir que se trata realmente de um distúrbio SIMPLES
expressiva, iremos começar o raciocínio a partir do diagnóstico de caracterizado
como acidose metabólica com AG aumentado, pois
acidose metabólica. para cada 1 mEq/L de
queda no HCO₃ houve um
aumento
➤ Para responder, precisamos recorrer à fórmula que acabamos de Vamos para mais um caso!
aprender:
Leito 3
pCO₂ = (1,5 x HCO₃) + 8
Seu Francisco, 68 anos, tabagista pesado com diagnóstico de
DPOC, deu
entrada na emergência com quadro de pneumonia.
Logo, a pCO2 esperada para o seu
João Carlos é de 32 mmHg, Estava francamente
dispneico e com estado confusional agudo. A
justamente o valor da pCO2
apresentada! Temos aqui uma acidose gasometria de admissão era a
seguinte: pH = 7,20; HCO₃ = 35
Opa! Calma aí… De onde surgiu esse BE? O que é isso? Para entendermos esse conceito, abra o prontuário de seu José no dia
da
sua última consulta no ambulatório de pneumologia. Neste dia, seu
Para responder essa pergunta, precisamos, primeiro, lembrar o que é o José
estava no seu “basal”, isto é, uma tosse “chata” e uma dispneia que
Buffer Base (BB). O BB é a
concentração total de bases no sangue, que surgia
aos moderados esforços e que não mais o incomodava. Observe
normalmente corresponde ao
dobro do bicarbonato plasmático, a gasometria
deste mesmo dia:
oscilando entre
45 e 51 mEq/L (afinal, o
bicarbonato normal gira em
torno de 24 mEq/L).
Figura 6.
Da mesma forma, na presença de uma alteração do bicarbonato,
sabemos que
houve compensação renal, logo, o distúrbio é crônico.
Primeira pergunta: pH ácido ou básico? O pH está normal! Agora,
Bacana, mas não é melhor então olhar direto para o bicarbonato? vejam que
curioso: tanto o bicarbonato quanto pCO₂
estão ELEVADOS!
Pacientes com diagnóstico de DPOC são retentores crônicos
de CO₂ e,
O problema é que o bicarbonato, embora seja a principal, não é a única por isso, desenvolvem
ao longo do tempo uma
acidose respiratória
base do organismo. Isto é, existem outros sistemas-tampão menos crônica com a
qual "se acostumam". Isso explica a pCO₂
lá no alto!
apenas o
bicarbonato. Por isso, preferimos usar a concentração total de Ora, o organismo responde de forma compensatória
a essa acidose
bases
(buffer base). retendo bicarbonato e aumentando a excreção de hidrogênio,
trazendo
o pH para valores mais próximos da normalidade. Esse fenômeno
Agora já dá para analisar a gasometria do seu José. Lembre-se, faça as adaptativo permite que esses indivíduos vivam perfeitamente bem com
perguntas apropriadas: altos
valores de pCO₂, o que justifica
a gasometria encontrada no
prontuário: uma acidose respiratória crônica
com o pH normal.
Desculpa, mas não entendi o que vocês querem dizer com “crônico
agudizado”. Como assim?
2. Quem explica o distúrbio? O bicarbonato ou a pCO₂?
VIDEO_VMAIS_04_VMED_08
Figura 7.
INTRODUÇÃO
Já imaginou chegar no seu plantão de terapia intensiva e não saber
mexer no ventilador disponível na unidade? Inviável, não é?! Ao mesmo
tempo, existem diversos modelos diferentes, cada um com a sua
particularidade, o que dificulta o completo domínio sobre cada um
deles.
A ideia deste capítulo é exatamente esta: trazer os detalhes e
funcionalidades dos principais modelos de ventiladores mecânicos
presentes na atualidade. Até porque não adianta nada termos
equipamentos
super modernos e inovadores se não soubermos como
utilizá-los. Figura 1.
QUADRO DE RESUMO 2. Bird Mark 7: apesar de ter ficado muito famoso, o Bird
Mark 7 possui uma
característica pouco lembrada nos dias
EVOLUÇÃO DOS VENTILADORES MECÂNICOS atuais: ele ciclava à
pressão!
PRIMEIRA GERAÇÃO
Figura 2.
Figura 4.
3. Bennett PR2: diferentemente do Bird Mark 7, o Bennett PR2
era limitado à
pressão e a ciclagem, geralmente, era por
tempo.
5. Bourns Bear: nesta linha, foram lançados Bear 1 (1975),
Bear 2 (1981) e Bear
3 (1988) — este último passou a
oferecer a possibilidade de
utilizar pressão de suporte.
Figura 5.
TERCEIRA GERAÇÃO
SEGUNDA GERAÇÃO
8. Servo I
Figura 6.
Figura 8.
Figura 9.
Figura 7.
QUARTA GERAÇÃO
➤ Bird Mark 7;
➤ Bennet PR 2;
➤ Morch;
➤ Engström;
SEGUNDA GERAÇÃO
VENTILAÇÃO COM PRESSÃO POSITIVA: UM ➤ Puritan Bennet MA1 (1967), MA2 (1978);
➤ Servo I (Maquet):
Sim.
Nebulização?
6 ms.
Resposta da válvula
inspiratória
3h.
Capacidade da bateria
Sim.
Monitorização básica
Figura 11.
➤ Servo S (Maquet):
básicos
Sim.
Oferece VNI?
Pressão e fluxo.
Método de disparo
➤ Crianças:
2-350 ml;
Volume corrente
FUNCIONALIDADES DO SERVO S
(MAQUET).
➤ Pressão x tempo;
Curvas disponíveis
Sim.
Oferece VNI?
Pressão e fluxo.
Método de disparo
100-2.000 ml.
Volume corrente
50 cmH2O.
PEEP máxima
➤ Pressão x tempo;
Curvas disponíveis
➤ Fluxo x tempo;
TABELA 4: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E
➤ Volume x tempo; FUNCIONALIDADES DO SAVINA 300
(DRAGER).
➤ Loops:
volume/pressão e PCV (A/C), VCV (A/C), PSV.
Modos ventilatórios
fluxo/volume.
básicos
Sim.
Nebulização?
SIMV (VCV) + PSV, SIMV (VCV)
Modos ventilatórios
+ PSV.
6 ms. avançados
Resposta da válvula
inspiratória
Sim.
Oferece VNI?
2h.
Capacidade da bateria
Fluxo.
Método de disparo
Sim.
Monitorização básica
50-2.000 ml.
Volume corrente
Volume total expirado,
Monitorização adicional
volume-minuto expirado, 50 cmH2O.
PEEP máxima
tempo inspiratório,
relação
I:E, constante de tempo,
Até 25 L/min.
concentração de O2
medida, Capacidade de
medida de fuga aérea, compensar perdas
tempo de bateria
remanescente. ➤ Pressão x tempo;
Curvas disponíveis
➤ Volume x tempo;
➤ Loops:
volume/pressão e
fluxo/volume.
Sim.
Nebulização?
≤ 5 ms. PCV (A/C), VCV (A/C), PSV.
Resposta da válvula Modos ventilatórios
inspiratória básicos
➤ Vávula de emergência:
ativa 25-2.500 ml.
Outros Volume corrente
automaticamente a
respiração espontânea com
45 cmH2O.
ar ambiente
filtrado em PEEP máxima
caso de falha do
suprimento de ar e O2.
Até 20 L/min.
Capacidade de
compensar perdas
➤ AutoFlow:
adaptação
automática do fluxo ➤ Pressão x tempo;
inspiratório em modos de Curvas disponíveis
ventilação controlados a
➤ Fluxo x tempo;
volume.
➤ Volume x tempo;
➤ Bennett 840:
➤ Loops: pressão/volume.
Sim.
Nebulização?
80 ms.
Resposta da válvula
inspiratória
Garante um mínimo de 60
Capacidade da bateria
min (30 min para os
ventiladores fabricados
até
jun/2007).
Sim.
Monitorização básica
➤ Fluxo x tempo;
➤ Volume x tempo;
➤ Pressão x volume;
➤ Loops: pressão/volume,
fluxo/volume.
Sim
Nebulização?
2h30
Capacidade da bateria
Figura 15.
Sim
Monitorização básica
Sim.
Oferece VNI?
Pressão e fluxo.
Método de disparo
50-2.500 ml.
Volume corrente
50 cmH2O.
PEEP máxima
Figura 16.
10 L/min.
Capacidade de
compensar perdas
➤ Fluxo x tempo;
20-2.000 ml.
Volume corrente
➤ Volume x tempo;
30 cmH2O.
PEEP máxima
➤ Loops: pressão/volume,
fluxo/volume. Até 40 L/min.
Capacidade de
compensar perdas
Sim.
Nebulização?
Não disponível.
Curvas disponíveis
4 ms.
Resposta da válvula
Sim.
inspiratória Nebulização?
2h30. 15 ms.
Capacidade da bateria Resposta da válvula
inspiratória
Sim.
Monitorização básica
2h.
Capacidade da bateria
Tempo inspiratório, relação
Monitorização adicional
I:E, concentração de O2 Sim.
Monitorização básica
medida e pressão
inspiratória negativa.
Tempo inspiratório, relação
Monitorização adicional
I:E.
➤ Inter 5:
➤ LTV 1200:
Figura 17.
Volume corrente exalado,
Monitorização adicional
volume-minuto exalado,
relação I:E,
auto-PEEP e
complacência estática.
➤ Newport e360:
Figura 18.
Modos ventilatórios
SIMV. TABELA 10: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E
FUNCIONALIDADES DO NEWPORT
e360.
avançados
PCV (A/C), VCV (A/C), PSV.
Sim. Modos ventilatórios
Oferece VNI?
básicos
50-2.000 ml.
Volume corrente SIMV, PRVC, BIPAP/APRV, VS.
Modos ventilatórios
20 cmH2O. avançados
PEEP máxima
Sim.
6 L/min. Oferece VNI?
Capacidade de
compensar perdas Pressão e fluxo.
Método de disparo
Não disponível.
Curvas disponíveis 100-3.000 ml.
Volume corrente
Sim.
Nebulização? 45 cmH2O.
PEEP máxima
15 ms.
Resposta da válvula Até 15 L/min.
Capacidade de
inspiratória
compensar perdas
Até 1h.
Capacidade da bateria
Sim.
Monitorização básica
➤ Pressão x tempo;
Curvas disponíveis
TABELA 11: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E
➤ Fluxo x tempo; FUNCIONALIDADES DO ENGSTRÖM
CARESTATION.
➤ Volume x tempo;
PCV (A/C), VCV (A/C), PSV.
Modos ventilatórios
➤ Loops: pressão/volume e básicos
fluxo/volume.
➤ Adultos:
20-2.000 ml.
Volume total expirado,
Monitorização adicional
volume-minuto expirado, 50 cmH2O.
PEEP máxima
tempo inspiratório,
relação
I:E.
25% do volume corrente
Capacidade de
definido para os pacientes
➤ Engström Carestation: compensar perdas adultos e 100% ou
100 ml, o
que for inferior, para os
pacientes pediátricos e
neonatais.
➤ Pressão x tempo;
Curvas disponíveis
➤ Fluxo x tempo;
➤ Volume x tempo.
Sim.
Nebulização?
2h.
Capacidade da bateria
Sim.
Monitorização básica
Figura 20.