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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM
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PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
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A ANATOMIA DO CONFLITOID
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ORIENTADOR:
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A ANATOMIA DO CONFLITO
2 FOLGER, Joseph. apud PASSANI, A. G., CORRÊA, M. G., BASTOS, S. Resolução de Conflitos
para Representantes de Empresa. 1ª ed. UnB: 2014. p. 43.
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2.4.4. Fragmentação
Após o quebra-gelo, que não funcionou muito bem (Ele tentou reagir
positivamente, mas sem sucesso; e Ela se manteve impassível), começamos
estrategicamente por Ele na sessão conjunta, justamente porque pretendíamos
lançar mão da ferramenta Sessão Privada, rapidamente, começando sua utilização
com Ela.
tem vinte e um anos, a lei não vai obrigá-lo a conviver com o pai. Durante a sua
narrativa, Ela faz círculos, num vai-e-vem constante.
Ela afirma que seu companheiro atual supre as necessidades que Ela tem
quanto ao apoio em relação ao filho e questiona o que Ele e sua família podem
oferecer ao seu filho, depois de tanto tempo de ausência.
suas ações, independência, a capacidade de fazer aquilo que gosta e é apto a fazer,
com satisfação.
Estes conflitos são causados por critérios diferentes para avaliar ideias ou
comportamento. Objetivos exclusivos intrinsecamente valiosos para cada um dos
participantes do conflito. Modos de vida, ideologia ou religião diferentes.
CAPÍTULO II
4 AZEVEDO, A. G.; et al. Manual de Mediação Judicial 2016. 6ª ed. Brasília: CNJ, 2016. p. 202.
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Em terceiro e último lugar, está o papel que este ‘ouvir ativamente’ por
parte do Mediador desempenha na construção de atitudes e procedimentos dos
Mediandos, durante toda a Mediação, já que, como afirma o próprio Manual5:
Sendo que estas últimas têm por objetivo gerar informação nova e
propiciar progresso e movimento ao processo de Mediação, ampliando as
informações trazidas pelas partes, por meio de questionamentos.
2.1.3. Resumo
2.2.3. Recontextualização
Sempre que for retransmitir às partes uma informação que foi trazida
por elas ao processo, o mediador deve se preocupar em apresentar
estes dados em uma perspectiva nova, mais clara e compreensível,
com enfoque prospectivo, voltado às soluções, filtrando os
componentes negativos que eventualmente possam conter, com o
objetivo de encaixar essa informação no processo de modo
construtivo. O mediador pode, com o resumo objetivo, escolher as
informações que deseja apresentar, descartando aquelas que não
tenham uma participação eficiente ou relevante para a boa resolução
da disputa. (AZEVEDO, 2016, p. 209).
2.3.2. Despolarização
2.4.1. Normalização
17 FISHER, R.; URY, W.; PATTON, B. Como Chegar ao SIM: A negociação de acordos sem
concessões. 2ª Ed. Ed. IMAGO: 2005. Tradução: Vera Ribeiro e Ana Luíza Borges. p. 33-57.
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2.4.4. Fragmentação
Empoderar uma parte é fazer com que ela adquira consciência das
suas próprias capacidades e qualidades. Isso é útil em dois
momentos do processo de mediação, dentro do próprio processo e
ao seu final. No próprio processo como forma de tornar as partes
cientes do seu poder de negociação e dos seus reais interesses com
relação à disputa em questão. Ao final porque o empoderamento
consiste em fazer com que a parte descubra, a partir das técnicas de
mediação aplicadas no processo, que tem a capacidade ou poder de
administrar seus próprios conflitos. (AZEVEDO, 2016, p. 211).
CAPÍTULO III
DA PRÁTICA
Durante a Sessão Individual, Ela nos contou que eles não tinham
comunicação alguma há muitos anos, e que desde a separação Ele nunca mais vira
o filho. Mostrou-se magoada pelo afastamento da família dele, e lamentou o fato de,
em todos esses anos, ninguém ter procurado seu filho, nem os avós, e sobretudo a
tia, que inclusive era madrinha do rapaz, sequer através de um telefonema no dia do
aniversário dele, o que o teria deixado contente.
Narrou que enquanto eram casados viviam bem. Até que uma série de
circunstâncias precipitou o fim do casamento: Ele perdera o emprego numa grande
empresa, e, com isto, também as condições de prover o sustento da casa como
antes. O pai dela falecera, e sua mãe foi morar com eles. A presença da sogra, ao
mesmo tempo que era um auxílio nas despesas, causava um incômodo para Ele. Na
opinião dela, Ele não soube como lidar com a situação. As divergências começaram
entre eles, e as críticas dele à mãe dela. As discussões aumentaram, e Ele deixou
de contribuir completamente para o sustento da casa. As brigas se intensificaram e o
clima ficou insustentável. Sentindo-se pressionada e desrespeitada, entendendo que
teria que fazer uma escolha, como o apartamento em que residiam era dela, pediu a
Ele que partisse. Na percepção dela, Ele atribui à sua mãe o fim do casamento.
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Declara seu amor incondicional pelo filho e que, ultrapassada essa fase
inicial, ele se tornara a pessoa mais importante da sua vida, fazendo com que Ela
deixasse de exercer uma atividade laborativa, para dedicar-se exclusivamente a ele,
acompanhando-o nas atividades que desenvolve e que visam seu bem-estar. O
rapaz, além da escola, pratica vôlei e natação. Informa que estas atividades, bem
como o plano de saúde, vestuário e alimentação são custeados por sua mãe, sua
filha, e por ela mesma. Cabendo a Ele e aos avós paternos parte da mensalidade da
escola, que apesar de cara, foi a única que, depois de algumas tentativas frustradas,
apresentou resultados e progresso no desenvolvimento de seu filho.
Durante a Sessão Individual, Ele nos contou que nos primeiros cinco anos
de vida do filho, como ainda estava trabalhando numa grande empresa e dispunha
de recursos, investira tudo que pudera no desenvolvimento da criança. Fora
informado de que a síndrome de down afetava consideravelmente a parte motora,
sendo necessária uma atenção especial a um trabalho muscular, com fisioterapia e
atividades físicas específicas, e dedicou-se intensamente a isto, para garantir um
bom desenvolvimento para o filho, que se hoje estava bem, e inclusive praticando
esportes com desenvoltura, era graças a este tratamento inicial.
Contou também que, quando o filho nasceu, Ela tivera grande dificuldade
para aceitá-lo, chegando a cogitar em doação, e movimentando-se nesse sentido, e
que Ele tivera a paciência necessária para aguardar o tempo que Ela precisou para
absorver e elaborar a situação, estimulando sua aceitação.
Declara ter um bom relacionamento com a filha mais velha. Diz que
sempre foi assim, e que continuou sendo por algum tempo depois da separação.
Afirmando que, em dado momento, em razão da pressão feita pela mãe e pela avó
materna, a filha, na época da adolescência, precisou fazer uma opção. Na análise
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Contou então, que existe outro processo, referente à filha mais velha, e
que, quando a jovem estava na faculdade, prestes a se formar, Ele, não
conseguindo arcar com os alimentos, deixara de fazer o regular depósito, o que
resultou na sua prisão. Ficou preso por uma semana, e afirma enfaticamente que
esta foi, sem dúvida alguma, a pior experiência da sua vida. Declara que o temor de
passar outra vez por aquela humilhação e sofrimento, motivaou-o a ingressar com a
presente ação, uma vez que a determinação judicial é para que Ele se
responsabilize pelo pagamento da mensalidade da escola do filho, importância que
está sujeita a diversas variáveis, e seu Defensor atual lhe informou que o anterior
não solicitou a inclusão de nenhuma cláusula de barreira.
levantamento da questão havia partido dela, e para confirmarmos com Ela seu real
interesse, a fim de darmos início ao tratamento da questão. E foi o que fizemos.
Ao ser indagado sobre a reflexão proposta, assumiu que não tinha ideia
de como seria retomar a convivência com o filho, mas estava preparado para aceitar
o que se apresentasse, e disposto a adaptar-se ao que fosse necessário. E recordou
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a experiência vivida com o filho, nos primeiros anos, quando era totalmente presente
na vida dele.
Reafirmou mais uma vez que nunca pediu que Ele arcasse com o total da
mensalidade, e que se Ele mantivesse os quinhentos reais que pagava,
complementados pelos quase quinhentos que os pais dele depositavam, perfazendo
um pouco menos de mil reais mensais, não era o ideal, mas Ela não iria reclamar,
porque compreendia a dificuldade dele. Porém, embora Ela não confiasse muito
nessa possibilidade, se Ele pudesse contribuir com alguma quantia a mais, para
ajudar a pagar o plano de saúde do filho, que custa duzentos reais, mesmo que não
fosse a integralidade, já seria de grande auxílio.
Ambos entraram extremamente tensos. Ele estava apenas sério, mas Ela,
visivelmente contrariada.
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Após o quebra-gelo, que não funcionou muito bem (Ele tentou reagir
positivamente, mas sem sucesso; e Ela se manteve impassível), começamos
estrategicamente por Ele na sessão conjunta, justamente porque pretendíamos
lançar mão da ferramenta Sessão Privada, rapidamente, começando sua utilização
com Ela.
Para não deixá-la aguardando muito tempo, o que não seria produtivo,
nossa reunião foi abreviada, e aventamos a hipótese da rede de pertinência a estar
influenciando, o que decidimos averiguar.
Ela inicia sua fala revelando-se muito magoada com a família dele, por
não ter procurado seu filho, todos esses anos.
São feitas diversas Perguntas Abertas, mas Ela mostra-se muito fechada
e resistente. Contudo, as perguntas, alternadamente com períodos de Silêncio,
parecem criar uma oposição a esta resistência, que, de repente, se quebra de uma
só vez. Como se desarrolhasse de supetão, e, águas represadas desaguassem sem
parar...
Começou dizendo que nunca o amou. Contou que sempre amou outro
homem, que fora seu noivo antes de conhecer Ele. Disse que não se casaram
porque a família do rapaz, que tinha muito dinheiro, não quis, já que ela não tinha
tanto dinheiro assim. Afirma que sofreu muito, e, quando estava sozinha, Ele
apareceu. Com medo de ficar pra titia, decidiu casar-se com Ele. E como queria ser
mãe, resolveu ter logo seus dois filhos, porque já estava velha.
Ao mesmo tempo que Ela conta esses acontecimentos, afirma que o filho
não quer ver o pai. Que Ela precisa respeitar a vontade do filho. Que, como ele já
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tem vinte e um anos, a lei não vai obrigá-lo a conviver com o pai. Durante a sua
narrativa, Ela faz círculos, num vai-e-vem constante.
Ela afirma que seu companheiro atual supre as necessidades que Ela tem
quanto ao apoio em relação ao filho e questiona o que Ele e sua família podem
oferecer ao seu filho, depois de tanto tempo de ausência.
Desta vez, pedimos que enquanto esperava nossa conversa com Ela,
calculasse a relação entre os valores apresentados e a porcentagem do salário
mínimo, para, no caso de chegarem a um consenso, serem incluídos no acordo.
IV CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, T. Caixa de Ferramentas em Mediação: Aportes práticos e teóricos. 1ª
ed. São Paulo: Ed. Dasheditora, 2014.
AZEVEDO, A. G.; et al. Manual de Mediação Judicial 2016. 6ª ed. Brasília: CNJ,
2016.
URY, W. Como Chegar ao Sim com Você Mesmo. Tradução: Afonso Celso da
Cunha, 1ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Sextante, 2015.