1) Resuma em poucas palavras o conteúdo apresentado pelo autor no capítulo 4.

O que
Harvey quis dizer, neste caso, com "desenvolvimento geográfico desigual"?

O autor inicia o capítulo 4, referindo-se ao fato de como é difícil apontar e elaborar

movimentos mediante os quais ocorreu o progresso da neoliberalização no cenário
mundial a partir de 1970, uma vez que o processo de neoliberalização da economia
capitalista vai se dar de maneira muito diferente em cada país, ocorrendo sempre numa
tensão muito grande entre a teoria neoliberal e as práticas reais de neoliberalização,
posto que essas práticas precisam levar em consideração o contexto histórico, social e
cultural de cada país. Desse modo: "(...) todo mapa desses movimentos apresentaria
correntes turbulentas de desenvolvimentos geográficos desiguais que precisam ser
rastreados para compreender de que maneiras transformações locais se vinculam a
tendências mais amplas." (HARVEY, 2008). Em outras palavras, em cada lugar existe
uma série de nuances e especificidades, desse modo, o processo de neoliberalização
ocorre de forma distinta em cada pais, ocasionando um desenvolvimento geográfico
desigual, isto é, não há um único percurso possível para alcançar o desenvolvimento.
Nascem, desse modo, diversos ramos que se unem num todo no globo, acarretando
uma: "(... homogeneização diferenciadora dos lugares terrestres, que os torna mais
iguais e mais diversos ao mesmo tempo” (MORAES, 2011, p. 22).

Ainda nessa perspectiva, ao analisarmos o mapa, podemos dividi-lo em Sul

(subdesenvolvido) e Norte (desenvolvido), referindo-se aos aspectos econômicos que
estão intimamente ligados a industrialização e a urbanização mediadas pelo processo
capitalista. Ao realizar essa divisão, é possível perceber um desenvolvimento geográfico
desigual, o que não implica dizer que não existe desenvolvimento no Sul, apenas que
esse desenvolvimento ocorreu de maneira tardia e extremamente dependente do Norte,
devido a essas vias pela qual ocorreu o processo, resultando em um desenvolvimento
desigual, concentrando em apenas determinadas cidades. Não obstante, essas regiões
não alcançadas pelo desenvolvimento capitalista, nunca poderão se desenvolver
plenamente, pois o que o capitalismo oferece para essas regiões subdesenvolvidas é o
extrativismo e uma economia baseada no setor primário.

Nesse sentido, portanto, David Harvey propõe nesse capítulo que o processo de
neoliberalização jamais ocorreu da forma que a teoria pressupõe, isto é, ele sempre
ocorreu de forma diferente em cada local, tendo que se adaptar ao contexto social,
político, cultural etc.
2) Depois de ter sido inicialmente realizada nos EUA e Reino Unido, e de ter percorrido
diferencialmente o mundo, que feito econômico a agenda neoliberal pode realmente
reivindicar?

Muito embora, esses países tenham enfrentado aumento na desigualdade e no

desemprego na implementação da agenda neoliberal, eles foram os responsáveis pela
promoção e difusão da agenda neoliberal no mundo, apontando-a como o caminho para
superar as crises. A agenda pressupunha que era dever do Estado abrir caminhos para
tornar seus respectivos países abertos para o desenvolvimento dos negócios. Nesse
sentido, venceria quem conseguisse oferecer o melhor clima para os negócios. Além
disso, havia uma busca constante pelo investimento estrangeiro, obrigando países,
estados, e até mesmo cidades a competirem entre si por esses investimentos.

Entretanto, a agenda neoliberal não teve muito sucesso, mesmo para os EUA e Reino
Unido que haviam saído na frente no processo, ambos ganharam pouquíssimo com a
neoliberalização. E ainda pior foi para a América Latina que vivenciou, durante os anos
de 1980, o que ficou conhecido como a "década perdida", aumento da desigualdade
social, aumento do desemprego, ausência de crescimento econômico real e falta de
controle das taxas inflacionárias. Apenas conseguiram crescer economicamente o Japão,
os “Tigres Asiáticos” e a Alemanha Ocidental, no entanto, esses países não aplicaram
plenamente as medidas neoliberalizantes, havendo, na realidade, um "neoliberalismo
insidioso".

Na década de 1990, ocorre uma restauração do poder de classes no EUA e no Reino

Unido, dentre outros países. Essa restauração realizada mediante o neoliberalismo,
ocorre por quatro razões citadas pelo David Harvey no capítulo 4, são estas:

1) Financeirização aberta a partir dos anos 1980, que aumentou os investimentos

externos;

2) Crescente mobilidade geográfica do Capital;

3) Atuação do complexo Wall Street/FMI/Tesouro do EUA, que possibilitou o fluxo de

renda para os EUA em razão das operações financeiras em todo mundo;

4) Reafirmação da ortodoxia neoliberal mediante o “Consenso de Washington".

No capítulo 6, o autor expõe um gráfico bastante explicativo a respeito de que feito a
agenda econômica neoliberal pode reivindicar. No gráfico, é visto as taxas globais de
crescimento anual e por década, de 1960 a 2003. Nele, é possível ver que a média
aritmética foi declinando em relação ao PIB global desde 1961, embora em alguns anos
se note um aumento no PIB global, este aumento não é constante e nem mais vivenciado
desde o pós-guerra e a década de 1970. Portanto, desde a adesão do neoliberalismo no
mundo, a única coisa que ele foi capaz de reivindicar foi a redução e o controle da
inflação, não obtendo crescimento econômico e tendo aumento nas desigualdades
sociais e desemprego. Por conseguinte, a neoliberalização redistribuiu renda, em vez de
criar, nesse sentido, tornando mais ricas as classes mais poderosas e tornando mais
pobres as classes mais pobres.