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TERAPIAS PÓS-MODERNAS -

PERSPECTIVA MULTIDISCIPLINAR
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SUMÁRIO

TERAPIAS PÓS-MODERNAS - PERSPECTIVA MULTIDISCIPLINAR .. 0

FACUMINAS ............................................................................................ 2

Introdução ................................................................................................ 3

Desafios da teoria e da prática psicoterápica frente às novas


sociabilidades e subjetividades .......................................................................... 4

A influência do construcionismo social nas terapias pós-modernas .. 10


O pensamento pós-moderno ................................................................. 15

Terapias pós-modernas ......................................................................... 18

Abordagens terapêuticas pós-modernas............................................ 20


Abordagens narrativas .................................................................... 20

Abordagens colaborativas .............................................................. 22

Abordagens pós-modernas críticas ................................................ 23

Abordagens Estrutural e Estratégica Pós-modernas ...................... 23

Uma aproximação entre diferentes abordagens ............................. 24

REFERÊNCIAS ..................................................................................... 25

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FACUMINAS

A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um


grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos
de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Introdução

Aquilo que denominamos de "psicologia pós-moderna" não deve ser


entendido como uma nova teoria psicológica, mas como a aplicação de um novo
discurso (um discurso de segunda ordem, uma epistemologia) a esse campo do
conhecimento: um pensamento pós-moderno, que se articula com as mudanças
nos paradigmas culturais da segunda metade deste século, sobretudo no campo
das ciências humanas e sociais.

A terapia, enquanto uma prática social transformadora, deve ser


compreendida a partir dos contextos locais e das histórias culturais das suas
distintas comunidades linguísticas. A história tem ilustrado que, como parte dos
sistemas de saúde mental as práticas da terapia têm veiculado os discursos
dominantes com seus respectivos padrões morais a serviço da manutenção do
status quo, sendo trabalhado, muitas vezes, mais a serviço do controle e da
normatização dos sistemas e instituições do que da mudança social.

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O respeito pela diversidade cultural e pela multiplicidade de contextos com


seus saberes locais implica numa terapia construída a partir da aceitação da
responsabilidade social do terapeuta, legitimando os direitos humanos de bem
estar e de exercício da livre escolha.

Considerar as idiossincrasias dos contextos locais, conduz a nós


terapeutas para além das noções tradicionais de cultura, raça, gênero, classe
social, com ênfase na complexidade, para além dos modelos e com espaço para
inclusão de questões de espiritualidade.

Os imensos desafios que se apresentam para o terapeuta, vindos do


campo da saúde mental, das instituições voltadas para o cuidado e tratamento
da pessoa, dentro de uma perspectiva pós-moderna, convidam para a humildade
na construção do conhecimento e conduzem, cada vez mais para a
transdisciplinaridade numa instância de trocas colaborativas entre os distintos
domínios de saber e a construção de um terapeuta engajado no seu tempo e
história e comprometido com os macro contextos políticos e sociais que afetam
a vida das pessoas e as conduzem para terapia. Como este também é o contexto
no qual o terapeuta vive, o caráter auto-referencial da reflexividade das terapias
pós-modernas, desafiam o terapeuta a tornar explícitos os seus pré-juízos, os
seus valores, suas opções ideológicas, ou seja os limites da sua subjetividade
que estabelece os parâmetros para a clínica que pratica.

Desafios da teoria e da prática psicoterápica frente


às novas sociabilidades e subjetividades

A reflexão sobre a psicoterapia vem acompanhando as rápidas


transformações nas formas de sociabilidade e subjetividade em desenvolvimento

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contemporaneamente. O cenário “pós-moderno” de profundas transformações


econômicas, sociais e políticas, incrementadas especialmente a partir do último
quarto do século XX, é ladeado por intenso debate paradigmático, levando ao
ceticismo quanto a princípios e “meta-narrativas” da modernidade (Lyotard,
2004). O campo da clínica psicológica vem se debruçando sobre as implicações
dessas transformações no cotidiano e nas formas de subjetivação, e
participando do debate paradigmático em resposta às questões ontológicas,
epistemológicas e metodológicas implicadas em sua prática. No guarda-chuva
paradigmático das terapias que se afirmam pós-modernas, destaca-se a
influência do construcionismo social como metateoria em duas abordagens:
terapia narrativa (White & Epston) e terapia colaborativa (Anderson &
Goolishian). Este artigo discute essa influência e seu significado em termos da
prática clínica proposta por cada abordagem.

Nas décadas de 1980 e 1990, a discussão sobre os efeitos da sociedade


globalizada e crescentemente informatizada dissemina-se entre cientistas

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sociais que refletem sobre o significado histórico desse conjunto de mudanças


em termos de ruptura com o (ou radicalização do) projeto civilizatório moderno.
Com efeito, nas disciplinas psicológicas, uma problematização é entender como
os novos modos de vida ocidental, urbana, tecnológica e mediada por
computadores e celulares produzem novas formas de subjetivação que se
diferenciam daquelas forjadas pela tradição e modernidade clássica.

A pluralidade de contatos interpessoais e a redução das distâncias entre


regiões do planeta, derivadas da revolução nas comunicações, produziriam, por
exemplo, para Gergen (1992), uma “saturação social” do eu, condição em que a
pessoa se vê mergulhada numa rede complexa de interações, multiplicando-se
entre atividades, interesses e estilos de viver que afetam a própria experiência
do self. Nas circunstâncias atuais de conexões intensificadas e díspares, a
experiência de centralidade e estabilidade do self parece reduzir-se. O que
ressalta é a experiência de que o eu distribui-se de modo fragmentado entre as
múltiplas relações sociais que se oferecem na vida contemporânea, perdendo o
sentido de essência e permanência tradicionalmente atrelado à noção de “quem
se é”.

É assim que Gergen (1992), numa tentativa de diferenciação das


subjetividades contemporâneas em relação ao passado, argumenta que a
condição “pós-moderna” já não sustenta mais nem o “eu” romântico, de matiz
essencialista, nem o “eu” moderno, previsível e racional. A saturação social
colocaria em xeque ambas as visões, fomentando, em seu lugar, uma
compreensão plural do eu: haveria uma multiplicidade de selves que emergem
de forma contingente nas interações sociais. De forma resumida, a teorização
pós-moderna nas humanidades e ciências sociais, incluindo certas vertentes da
Psicologia, passam a partilhar certos pressupostos e teses que afetam
significativamente o modo de entender a produção subjetiva: a linguagem como
processo interativo e constitutivo de realidades, o abandono do dualismo mente-

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natureza, a descrença em verdades universais, a ênfase na multiplicidade de


significados construídos em diferentes contextos e relações (Gergen, 1989a,
apud Grandesso, 2000).

Nesse contexto de transformação dos modos de viver e compreender as


novas formas de subjetivação, surgiram diversas terapias nomeadas de pós-
modernas que, apesar de apresentarem diferenças substanciais, partilham
algumas noções resultantes do intenso debate paradigmático das últimas
décadas do século XX. Enfatizando a contingência do eu e do mundo, tais
terapias partilham a rejeição de uma noção essencialista do self, defendendo o
entendimento de que os significados são dialogicamente construídos na
linguagem. Outros pontos em comum abrangem: a ideia do terapeuta como um
co-construtor e do cliente como autoridade máxima de sua vida, a crença de que
o diálogo é uma prática social transformadora, o uso de questionamentos para
gerar transformação e mudança e a escolha de uma postura hermenêutica
(Grandesso, 2001). Entre os tipos de terapias pós-modernas, podemos citar as
abordagens pós-modernas críticas, como a Just therapy que privilegia a luta pela
justiça social; as abordagens estruturais e estratégicas pós-modernas, como a
Terapia centrada nas soluções, de Shazer; a abordagem colaborativa, de
Anderson e Goolishian e, por fim, as abordagens narrativas. A última categoria
inclui, a título de ilustração, a terapia narrativa, formulada por White e Epston,
com foco na desconstrução das narrativas culturais dominantes que tendem a
subjugar o eu e as relações sociais e restringir as possibilidades existenciais
(Grandesso, 2001).

Em pesquisas empíricas sobre o processo terapêutico, observam-se duas


grandes tendências na conceptualização da narrativa em psicoterapia, que
divergem epistemologicamente quanto ao seu entendimento da linguagem, da
subjetividade e dos processos psicológicos: a tendência construtivista e a
construcionista social (Avdi & Georgaca, 2007). O viés consrutivista-cognitivo

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ou experiencial-processual de grande parte das pesquisas foca prioritariamente


as micro narrativas de clientes, assumindo que a realidade é construída na
linguagem, e que o indivíduo ativamente constrói seu mundo, atribuindo-lhe
significado por meio de narrativas. A realidade seria uma construção da mente e
o indivíduo, o criador do significado (Anderson, 2011), visto que toda ação
humana está “vinculada aos processos intrínsecos do indivíduo” (Grandesso,
2000, p. 109). Além disso, é dada grande importância às características do relato
(coerência, organização, interação entre vozes etc.) e sua capacidade de
representar a experiência de vida do cliente. No que concerne à finalidade da
terapia, tende-se a buscar maior coerência narrativa e meios de reparar relatos
“problemáticos”, supondo que haja uma conexão entre o tipo de estruturação
narrativa e os padrões cognitivos do narrador, levando-o a significar parcial ou
inadequadamente sua situação. Uma narrativa desorganizada, como indicador
de patologia, seria, portanto, alvo privilegiado de revisão terapêutica.

Por sua vez, as análises sócio-construcionistas privilegiam as


macronarrativas e redes de sentido mais amplas em que estão imersas as
histórias pessoais. Em vez de supor que as histórias dos clientes refletem um
mundo interior, assumem que elas são produzidas e negociadas, de forma
contingente, nas interações sociais. Ao contrário do viés cognitivo-construtivista
de matiz individualizante, o segundo grupo de pesquisas sobre a psicoterapia,
fundamentado no construcionismo social, está mais interessado “no modo como
a linguagem é usada para criar e manter versões particulares de realidade, como
também em questões de poder, autoria e contexto” (Avdi & Georgaca, 2007, p.
409). Nessa perspectiva, o mundo social e psicológico é produzido e reproduzido
através de interações e práticas que ocorrem em contextos socioculturais
específicos. Contrário ao foco construtivista nos processos mentais (na cognição
e suas operações) e na autonomia do indivíduo, o construcionismo social
“desafia a noção de indivíduo autônomo. (...) enfatiza o contexto comunal e de

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interação como criador do significado – a mente é relacional e o desenvolvimento


do significado é discursivo” (Anderson, 2011, p. 37).

As perspectivas construcionistas sociais opõem-se à noção individualista


de que certos tipos de narrativa (por exemplo, “pobres”, “desorganizadas”,
“incoerentes”) expressam uma psicopatologia interna e devem ser “reparados”
na direção de maior coerência. Esses estudos acreditam na diversidade, fluidez
e complexidade das narrativas, uma vez que os contextos de interação divergem
continuamente. Nesse tipo de análise, também se pressupõem múltiplas vozes
em diálogo nos relatos, ao invés de uma noção de personalidade ou self
unificado e autocentrado. Uma vez que as narrativas não são vistas como
expressão de uma mente individual, mas como uma construção relacional e
dependente de estruturas sociais mais amplas, não faz sentido falar de uma
patologia individual. Sobre a finalidade da terapia, em oposição ao
construtivismo, as terapias influenciadas pelo construcionismo social não
buscam coerência e reparo das narrativas, mas oferecem um contexto

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conversacional onde novos sentidos podem emergir a partir da relação com o


terapeuta, tendo, portanto, “uma preocupação mais ampla com a geração de
sentido pela via do diálogo” (Gergen & Kaye, 1998, p. 218).

De fato, essas divergências estão no cerne das tensões que envolvem a


psicologia e a psicoterapia pós-moderna, com efeitos importantes sobre a
teorização da mudança pessoal e do papel da psicoterapia hoje.

A influência do construcionismo social nas terapias pós-


modernas

Como reconhece Gergen (2010), o construcionismo social transformou a


compreensão contemporânea da psicoterapia, ao focalizar a produção relacional
e historicamente condicionada das narrativas no contexto clínico e os modos
como mudanças pessoais e coletivas são alcançadas mediante conversação. O
paradigma construcionista social envolve as seguintes premissas básicas,
segundo Gergen (2009):

• o que falamos sobre o mundo não é um reflexo dele, mas um


“artefato social”, ou seja, uma construção humana resultante de intercâmbios e
práticas sociais contingentes. Da mesma forma, não se postula um mundo
interno que pode ser acessado através da linguagem. Emoções e memória, por
exemplo, não são vistas como entidades dentro da mente, mas são construídas
discursivamente. Os sentidos e a forma como damos conta do mundo e de nós
mesmos são negociadas socialmente;

• o conhecimento é construído histórica e culturalmente. As versões


de mundo não se modificam porque a natureza do objeto estudado se modificou,
mas por conta de transformações nas práticas e processos sociais, que geram

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novos relatos, formas de nomeação e ação. Por exemplo, há múltiplas formas


de construir os fenômenos “guerra”, “feminino”, “normalidade”, “patologia” e
“terapia”, cujos sentidos estão associados a sistemas de crença e poder
localizados. Essas versões, muitas vezes em disputa, orientam as ações
individuais e coletivas. Uma “guerra” pode ser entendida como “missão
patriótica”, “dominação imperialista”, “luta contra as potências do mal” e assim
por diante. A história da psicologia mostra como variaram os entendimentos
acerca do normal e do patológico, do gênero e das funções da terapia, desde a
sua emergência como saber científico;

• a prevalência de uma versão de mundo não provém de sua verdade


empírica, pois não há nada que seja uma verdade universal, válida para todas
as culturas e tempos históricos. Alguns entendimentos prevalecem mais
fortemente que outros pela “capacidade retórica e de negociação” de seus
defensores, e pela utilidade social que têm em determinado contexto (Gergen,
2009);

• A vida social está permeada de “formas de compreensão


negociadas”. As explicações sobre o mundo e as normas implícitas de cada
cultura servem para sustentar e legitimar certos padrões e valores. Existem
padrões de comportamento socialmente mais aceitos e formas de agir mais
apropriadas para cada situação, que diferem em cada cultura (Gergen, 2009);

• Dessa forma, o construcionismo social nos convida a pensar e a


desnaturalizar certas verdades socialmente partilhadas em nossa cultura. Esse
olhar traz importantes implicações para se pensar a psicoterapia, que pode ser
vista como um espaço de questionamento de “verdades” rígidas que causam
sofrimento ao indivíduo. De fato, o princípio de que as pessoas constroem
significado sobre o mundo nas relações sociais é amplamente aceito em diversas
abordagens pós-modernas. Através da conversação com o terapeuta, espera-se

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que o cliente revise os significados que construiu sobre o mundo e sobre si


mesmo, podendo (des)construir narrativas em coautoria com o terapeuta e
reorientar suas ações. A psicoterapia é concebida então como um conjunto de
relações sociais que permitem a produção compartilhada de sentidos mediante
a construção (e desconstrução) de narrativas. A perspectiva construcionista
trouxe relevo à potencialidade terapêutica das narrativas e às muitas práticas
discursivas e não discursivas que operam como formas de opressão e
sofrimento.

A perspectiva construcionista no âmbito da clínica psicológica questiona


também muitos pressupostos essencialistas, a-históricos e universalistas de
tradições humanísticas de psicoterapia. É particularmente colocada sob suspeita
a noção do “eu interiorizado e autocontido” que se consolidou na história da
psicologia. O eu, na concepção socioconstrucionista, é visto sob o ângulo de um
artefato situado sócio-historicamente. Como afirmam Gergen e Gergen (2010),
as convenções sociais estabelecidas para a construção de uma história
(incluindo a “minha história”) podem ser legitimadas, porém não há nenhuma
convenção definitiva ou mais verdadeira que outras. A dominância de algumas
convenções se dá por processos de negociação e relações de poder. Segundo
o autor, muitas abordagens psicoterápicas modernas defendem uma convenção
narrativa específica, implícita em cada teoria psicológica, que implica certa
inflexibilidade. Muitas abordagens psicológicas costumam trazer em seus
pressupostos os objetivos e resultados esperados, silenciosamente guiando os
clientes por um caminho predeterminado, como a “individuação” da proposta de
Jung ou a “atualização” de Rogers. Esta é uma das maiores críticas de Gergen
às abordagens humanistas.

Segundo Rasera e Japur (2004), as terapias baseadas nos pressupostos


do construcionismo social apresentam algumas semelhanças. Entre os
elementos comuns às terapias influenciadas pelo construcionismo estão: o “foco

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no significado” que as pessoas constroem sobre sua vida; o entendimento da


terapia como processo de co-construção entre terapeuta e cliente; a atenção aos
relacionamentos do cliente, muitas vezes trazendo sua rede de relacionamentos
para dentro do setting terapêutico; a sensibilidade aos valores do terapeuta e do
cliente; a “ênfase polivocal”, entendida como a crença na existência de múltiplas
formas de descrever um problema e compreender o self; a preocupação com as
consequências da prática clínica; e o “foco nas potencialidades”, já que o
processo de significação é aberto e constante. Essas características dão a base
necessária para o surgimento de terapias mais socialmente contextualizadas,
desnaturalizando problemas e diagnósticos estanques, já que o construcionismo
social nos convida a pensar sobre como a realidade é construída através do uso
da linguagem.

A psicoterapia orientada pelo construcionismo social, portanto, foge da


lógica de mostrar resultados positivos ou perseguir a cura de sintomas. Não
busca alcançar um fim específico, seu processo é construído em colaboração
com o cliente. A metáfora da construção e exploração de metanarrativas
alternativas aparece como central nessa perspectiva, refutando a noção de uma
identidade isolada que está adoecida e precisa ser curada. Nesse ponto de vista,
não faz sentido entender a pessoa como um núcleo fechado fora de um contexto
histórico e cultural. Segundo McLeod (2004), o conceito de narrativa é trazido à
terapia para fugir da perspectiva individualista e psicologizante da terapia
moderna. Além disso, para o autor, a imagem de pessoa na perspectiva
construcionista é de um ser continuamente engajado na construção de
identidade e produção de sentido, conhecendo e se fazendo conhecer, em
interação e conversação com os outros, num contexto social complexo e
fragmentado.

Monk e Gehart (2003) entendem a terapia narrativa e a terapia


colaborativa como duas abordagens contemporâneas de terapia familiar

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fortemente influenciadas pelas ideias do construcionismo social,


especificamente no que concerne à ênfase na natureza constitutiva da
linguagem, ao foco sobre o contexto sócio-relacional e à crítica às verdades
objetivas. Ambas as abordagens partilham a ideia de que a realidade não está
dada, mas construída nas relações através da linguagem. Essas abordagens
também reconhecem que a linguagem constrói os significados e esses são
histórica e culturalmente situados.

As psicoterapias pós-modernas, influenciadas pelo construcionismo


social, agem contra os modos hegemônicos instituídos pela psicoterapia
“tradicional”. Passam a compreender a narrativa não mais como produção
individual, mas como artefato histórico. Entender os fundamentos
epistemológicos das terapias pós-modernas é necessário para dar visibilidade
às consequências que essas práticas produzem. A influência construcionista
social nessas abordagens gera novas visões de homem e diretrizes no processo
terapêutico, que se diferenciam de outras abordagens modernas.

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O pensamento pós-moderno

Temos encontrado uma pluralidade de entendimentos para o que pode


ser chamado de pós-modernismo, desde a sua apresentação à Psicologia na
conferência de Aarhus na Dinamarca, em 1989 (Holzman y Morss, 2000).
Embora nem todos esses entendimento sejam coerentes entre si, o pós-

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modernismo pode ser compreendido como uma mudança paradigmática que


surge da crise do modelo epistemológico da modernidade, colocando em xeque,
dentre outras coisas:

• A separação entre um mundo real e um mundo da experiência;

• A segurança das representações claras e distintas como


fundamento de um conhecimento válido, ou seja, a existência de verdades
imutáveis como base para a construção do conhecimento;

• A possibilidade de separação entre um sujeito epistêmico, apto


para empreender um conhecimento confiável de origem insuspeita, e o objeto de
seu conhecimento, ou seja, a possibilidade de um conhecimento objetivo.

A influência dos neokantianos e da nova física de Heisenberg, no início


do Século XX, colocou em descrédito os parâmetros para o pensamento que,
desde o século XVII, sustentavam a busca do conhecimento válido. A rejeição
do sonho Iluminista de avanço seguro através da razão e da ciência (Kvale,
1992), resultou na rejeição dos discursos hegemônicos e monovocálicos que
marginalizam vozes minoritárias, dissidentes e desviantes, apontando para as
implicações políticas dessa marginalização. É neste lugar que podemos situar
trabalhos como os de Foucault, Derrida, Baudrillard e Lyotard.

O conhecimento como um processo ativo, construído e não descoberto,


apoia-se na ideia de que a compreensão humana é uma construção negociada
entre redes conceituais das pessoas em transações no mundo. Assim, o
pensamento pós-moderno questiona as metanarrativas, o discurso privilegiado
de sujeitos epistêmicos com acesso também privilegiado a uma realidade
independente e a busca de verdades universais. Dentro desta nova perspectiva,
ao invés de uma espécie de “tribunal dos fatos”, fora da esfera do “simplesmente
humano”, conforme Ibañez (1992) refere-se à tradição da modernidade, o

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modelo de pensamento da pós-modernidade, deixando de lado critérios de


validade do conhecimento transportados por uma linguagem configurada como
uma representação icônica do mundo real, propõe a coerência e a viabilidade
como valores epistêmicos. Não tem sentido, portanto, dentro desta nova
perspectiva a busca de parâmetros para interpretação acurada da realidade na
pretensa produção de um conhecimento independente do sujeito cognoscente,
da cultura e da história.

Enquanto no discurso da modernidade o conhecimento pode ser


concebido como um processo sem sujeito, no discurso pós-moderno a existência
do objeto do conhecimento implica necessariamente a presença do sujeito
cognoscente (Ibañez, 1992), criando uma crise ontológica que resulta no
nascimento de uma consciência histórica de uma era em que todos somos
protagonistas (Miró, 1994). Assim, o pós-moderno pode ser considerado como
um posicionamento crítico, uma postura filosófica que propõe uma nova visão da
pessoa humana e do mundo. O conhecimento passa a ser compreendido como
uma prática discursiva socialmente construída, cujo caráter local e contextual
legitima múltiplas narrativas, resultando no multiperspectivismo de diferentes
abordagens, dirigidas para a construção de significados úteis para os propósitos
humanos. Se sujeito e objeto se interconstituem podemos falar na singularidade
e na multiplicidade dos contextos e das culturas, na generatividade da linguagem
para a definição do self e do mundo, e da aceitação do pressuposto de que
conhecer implica em conviver com a incerteza, a imprevisibilidade e o
desconhecido.

Muitas são as questões que o pensamento pós-moderno evoca, muitas


delas de natureza ideológica e política organizadas em torno de possibilidades
de poder que o conhecimento pode assumir e, outras tantas, em torno de
questões epistemológicas e hermenêuticas, as quais pretendo abordar na
consideração das terapias que podem ser ditas pós-modernas.

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Terapias pós-modernas

Dentro de uma concepção pós-moderna, as abordagens terapêuticas e


suas metáforas teóricas estabelecem tipificações do mundo da experiência,
sendo, também, histórica e culturalmente contingentes (Grandesso, 1997).

Nesse sentido, os conceitos teóricos pelos quais nós terapeutas


construímos nossas compreensões das pessoas que nos procuram e dos
dilemas que elas vivem, são construções sociais úteis, não devendo ser
reificadas como se correspondessem a uma realidade pré-existente,
independente do terapeuta em questão.

O terapeuta pode ser considerado como um agente de transformação


social para a qual contribui sua experiência pessoal, profissional e
posicionamento político, implicando necessariamente uma ética das relações,
cujos traços mais significativos são a consciência e a auto reflexividade, nos
dizeres de Gergen (1989, 1994, 1991 e 1998), e a consciência de que as práticas
e métodos terapêuticos não são ideologicamente neutros. Quando atuamos
como terapeutas estamos construindo uma certa forma de mundo, legitimando
um determinado conjunto de relações sociais e de forma de tratamento e
valorização das pessoas.

O pensamento da pós-modernidade, configurado como um guarda- chuva


paradigmático para a prática da terapia, manifesta-se em um conjunto de
princípios e derivações práticas organizadas pelos enfoques construtivistas e
construcionista social. Embora haja uma pluralidade de enfoques ditos
construtivistas e construcionistas social (construtivismo radical, construtivismo
crítico ou psicológico, construtivismo moderado, construtivismo dialético,
construtivismo cultural, construtivismo epistemológico, construtivismo

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hermenêutico, construtivismo terapêutico, construtivismo social,


construcionismo social, construcionismo social responsivo retórico, dentre
outros,), cujo detalhamento foge aos propósitos deste trabalho, todos eles se
definem pós-modernos, manifestando sua oposição a uma epistemologia
objetivista e suas implicações tecnológicas baseadas no poder (Grandesso,
1998; 2000).

O pensamento pós-moderno na prática clínica reflete-se na mudança das


metáforas teóricas que os terapeutas usam, mudando das metáforas
organizadas em torno do conceito de homeostase da Cibernética de Primeira
Ordem, das metáforas bélicas do grupo de Milão, tão bem descritas num artigo
de Cecchin (1992) para as ecológicas em torno do conceito de co-evolução, co-
criação e co-participação (Freedman y Combs, 1996). A história deste mais de
meio século de terapia familiar pode ser descrita a partir dos desdobramentos
que passaram a configurar o discurso terapêutico pós- moderno em torno de
outras metáforas teóricas que, passando pela pessoa do terapeuta e seu
engajamento num processo auto reflexivo, abandonando a noção de descoberta,
organizaram as narrativas teóricas e as práticas terapêuticas em torno do
conceito de co-construção, tanto dos problemas como de suas soluções.

O pensamento pós-moderno trouxe para a terapia familiar uma mudança


dos modelos informados pela Cibernética de Primeira Ordem, com sua ênfase
nos padrões de interação e nas organizações familiares baseadas nas noções
Parsonianas de estrutura e papel, para os modelos condizentes com uma
Cibernética de Segunda Ordem, com ênfase na construção de significados, nos
modelos dialógicos e nas metáforas narrativas e hermenêuticas. Dentre as
palavras-chave, comumente empregadas pelos muitos modelos terapêuticos
pós-modernos, destacam-se: sistemas linguísticos, narrativa, conversação,
diálogo, histórias, significado, cultura. As teorias que os terapeutas adotam são,
neste referencial pós-moderno, lentes provisórias (conforme o dizem Anderson

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y Goolishian , 1988), não derivando seu valor de qualquer pretenso valor


verdade, mas sim de sua utilidade como marco gerador e organizador de
significados úteis para a compreensão dos dilemas humanos e favorecimento de
uma prática terapêutica geradora de mudança. As técnicas, dentro desta
concepção, somente podem ser compreendidas como criadoras de contextos
propícios para a mudança terapêutica, derivando seu valor de sua
generatividade para favorecer transformações criativas. Dessa maneira, uma
teoria passa a ser considerada útil, conforme ofereça subsídios para a
construção de significados que façam sentido para organizar a experiência vivida
pela família e a evolução do sistema terapêutico.

Abordagens terapêuticas pós-modernas

O espectro de possibilidades de terapias que podem ser consideradas


pós-modernas é bastante amplo. Podemos enumerar uma farta variedade de
abordagens, organizadas de forma razoavelmente consistente, tanto do ponto
de vista teórico, como das práticas clínicas derivadas, que podem ser ditas pós-
modernas. Este trabalho propõe-se a oferecer um panorama atual do campo
das terapias pós-modernas, tendo como referência principal a terapia familiar,
embora não seja a intenção inventariar e classificar exaustivamente tal espectro:

Abordagens narrativas

É um pressuposto dessas abordagens que as pessoas vivem suas vidas


através de histórias; que as histórias organizam e dão sentido à experiência e
que os problemas existem na linguagem, sendo capturados nas histórias

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dominantes, co-autoriadas nas comunidades linguísticas das pessoas, tendo


uma dimensão canônica. Dentre suas variações, gostaria de destacar:

• A terapia narrativa com ênfase nas micro-práticas transformativas


e na organização de histórias qualitativamente ‘melhores’ para o sistema, em
torno dos “estranhos atratores”, fazendo referência à teoria do caos. Estes
atratores caracterizam-se como opções potenciais que surgem nos pontos de
bifurcação das histórias desestabilizadas pela conversação terapêutica,
conforme o trabalho de Sluzki (1992;1998);

• A terapia narrativa com ênfase nos processos reflexivos e na


abertura das palavras para os significados por elas construídos, bem como no
processo de questionamento como contexto generativo em relação à mudança.
Destaca-se neste enfoque o trabalho de Tom Andersen ( Andersen, 1987; 1991;
1992; 1995; 1997) e o de Peggy Penn, o qual enfatiza a importância das
diferentes vozes, a que vem da escrita, a que vem dos diálogos internos, além
da que decorre das distintas conversações (Penn, 1985; 1998; 2001);

• A terapia narrativa com ênfase na desconstrução das histórias


dominantes e das práticas subjugadoras do self. A proposta de externalização,
situando a pessoa e o problema como entidades distintas, contribui para
desessencializar o self, ao tornar conhecidos os contextos organizadores das
narrativas opressoras das quais as pessoas constroem empobrecidas visões de
si mesmas e restritas possiblidades existenciais. A reconstrução narrativa,
decorrente do trabalho terapêutico, caracteriza este modelo de terapia como
sendo de re-autoria da autobiografia. Considere-se, neste sentido, o trabalho de
Michael White, David Epston, Jill Freedman e Gene Combs (White, 1988; 1991;
1993; White y Epston, 1990; Freedman y Combs, 1996);

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2
2

Abordagens colaborativas

Estas abordagens terapêuticas são organizadas em torno da definição


dos sistemas humanos como sistemas linguísticos, geradores de linguagem e
significado, organizadores e dissolvedores de problemas. Este é o caso da
terapia de base dialógica, portanto, uma conversação de duas mãos de trocas
colaborativas, de Harlene Anderson e do saudoso Goolishian (Anderson, 1994
1997; Anderson y Goolishian, 1992; 1988; Goolishian y Anderson, 1994;
Goolishian y Winderman, 1988), em que o expert é o cliente. O processo de
terapia é a conversação terapêutica na qual o terapeuta é um participante ativo
e “arquiteto do diálogo”, forma de conversação na qual o terapeuta e o cliente
participam do co-desenvolvimento de novos significados, novas realidades e
novas narrativas, a partir de uma postura terapêutica de genuíno não-saber;

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2
3

Abordagens pós-modernas críticas

Podemos incluir aqui as propostas como a Just Therapy do grupo do


Family Centre da Nova Zelândia (Waldegrave (1990; 2000)). Charles
Waldegrave, Kiwi Tamasese E Wally Campbell, organizam sua abordagem
terapêutica em torno de conceitos de equidade e justiça social, considerando
que muitos dos problemas e saúde mental e de relacionamentos, decorrem das
consequências das diferenças de poder e de injustiças sociais. O grupo propõe
que se considere as influências do macro-contexto sócio-econômico, político,
cultural, étnico, de gênero e espiritual no micro contexto familiar. Para estes
terapeutas há significados preferidos para as narrativas emergentes, edificados
em torno de valores promovendo a igualdade de gênero, a autodeterminação
cultural, pertencimento e espiritualidade. Tal proposta coloca o terapeuta no
lugar de um profissional engajado com a transformação das políticas sociais
mais amplas, comprometido com uma ética da igualdade e legitimação da
pessoa, encorajando uma metodologia de ação/reflexão que considere não
apenas indivíduos, casais e famílias, mas comunidades, sociedades e países..

Abordagens Estrutural e Estratégica Pós-modernas

Redefinidas de acordo com uma epistemologia construtivista, tais


abordagens acompanharam a evolução da Cibernética de Primeira para a de
Segunda Ordem e podem ser consideradas pós-modernas. Considere-se, neste
sentido, a terapia centrada nas soluções de Shazer (Miller y de Shazer, 2000)
que, partindo das exceções em relação à manifestação de um problema, inicia
um jogo de linguagem para a construção de lugares aptos para o encontro de
soluções, baseadas na conduta do terapeuta e no seu uso de técnicas. Acima

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2
4

de tudo, tais releituras são feitas dentro de uma nova concepção epistemológica
que redefine a abordagem quanto à noção do conhecimento, a prática clínica no
que se refere ao uso das técnicas e papel do terapeuta.

Uma aproximação entre diferentes abordagens

É evidente que esta separação é meramente didática. Seria um contra-


senso, de acordo para uma postura pós-moderna, estabelecermos fronteiras
rígidas entre modelos e seus recortes. Coerência epistemológica na concepção
pós-moderna, não significa purismo no uso de modelos. Falamos mais em
transversalidade de modelos (Fried Schnitman, 1992; Fried Schnitman y Fuks,
11994) e transdisciplinaridade. Contudo, todas estas abordagens, ao lado de
suas particularidades e das práticas idiossincráticas de cada terapeuta no seu
particular setting terapêutico, têm alguns aspectos em comum:

• A consciência de que o terapeuta co-constrói o sistema terapêutico,


a definição do que vem a ser considerado problema e das tentativas de
mudança;

• A crença de que toda mudança só pode se dar a partir da própria


pessoa e da sua organização sistêmica autopoiética, estando o terapeuta
responsável pela organização da conversação terapêutica;

• A mobilização dos recursos da família, da comunidade, das redes


de pertencimento, legitimando o saber local de pessoas e contextos;

• A importância da autorreflexão e auto-mudança, tendo como


pressuposto uma concepção não essencialista de self, compreendido, ao invés
disto, como linguisticamente construído na práxis discursiva e sujeito a
transformações ao longo da existência. Protagonista de sua própria história,

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2
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autor da existência, este self é compreendido como competente para a ação,


para o agenciamento de escolhas a partir de um posicionamento moral e ético,
podendo criar e expandir suas possibilidades existenciais;

• A ênfase sobre os significados socialmente construídos na


linguagem e nos espaços dialógicos, sendo, ao mesmo tempo, gerados nos
discursos emergentes e responsáveis por suas transformações;

• A crença de que o diálogo, definido como um cruzamento de


perspectivas, é uma prática social transformadora para todos nele envolvidos,
independente de seu lugar como terapeuta e cliente;

• A ênfase nas práticas de conversação e nos processos de


questionamento como recurso para gerar reflexão e mudança, conforme
expande os horizontes de terapeutas e clientes;

• A adoção de postura hermenêutica em que a compreensão é co-


construída intersubjetivamente pelos participantes da conversação;

• Ênfase muito mais no processo do que no conteúdo das histórias,


compreendendo os conteúdos das narrativas como locais e, portanto,
idiossincráticos;

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