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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

GABRIELLE NUNES DOS SANTOS


KÉSIA SUELEN DE OLIVEIRA GUEIROS
MATHEUS HENRIQUE GONÇALVES ROCHA
THIFANY LUIZA BARBOSA RODRIGUES

Século XXI: as novas organizações da sociedade e a


construção do sujeito a partir do olhar psicanalítico

BELO HORIZONTE
2022
GABRIELLE NUNES DOS SANTOS
KÉSIA SUELEN DE OLIVEIRA GUEIROS
MATHEUS HENRIQUE GONÇALVES ROCHA
THIFANY LUIZA BARBOSA RODRIGUES

Século XXI: as novas organizações da sociedade e a


construção do sujeito a partir do olhar psicanalítico

Monografia apresentada ao Centro


Universitário UNA como parte dos
requisitos para conclusão do curso de
graduação em Psicologia.

Orientador: Túlio Louchard Picinini

BELO HORIZONTE
2022
RESUMO

O presente estudo buscou discorrer sobre as novas organizações da sociedade


e a construção do sujeito no século XXI, a partir do olhar psicanalítico. A pesquisa tem
como objetivo geral entender como as mudanças culturais, políticas e sociais do último
século impactaram a visão psicanalítica da formação do sujeito, além disso,
compreender a construção do sujeito e das massas a partir do olhar psicanalítico
freudiano e contemporâneo. Para o embasamento teórico, foi utilizado o método da
revisão de literatura de caráter exploratório, sendo estudados diversos autores
relevantes para o tema e dando ênfase nos principais autores da Psicanálise. A
sociedade contemporânea se diferencia das épocas anteriores por seus grandes
avanços da tecnologia e da comunicação virtual, sendo uma sociedade influenciada
pelos preceitos capitalistas e voltada para o consumo, onde se vivencia um processo
de mudança na construção das famílias e dos princípios éticos e morais. A psicanálise
passa constantemente pelo processo de renovação e atualização de teorias e
técnicas, buscando estar preparada para o sujeito contemporâneo, que se constrói
em um ambiente de enfraquecimento da função paterna, pois o lugar do Nome-Do-
Pai foi tomado pela ciência, tornando a introjeção das regras e a simbolização do luto
processos incertos.
Palavras-chave: Psicanálise; Freud; contemporaneidade; massas.
ABSTRACT

The present study sought to discuss the new organizations of society and the
construction of the subject in the 21st century, from the psychoanalytic point of view.
The research's general objective is to understand how the cultural, political and social
changes of the last century impacted the psychoanalytic view of the formation of the
subject, in addition, to understand the construction of the subject and the masses from
the Freudian and contemporary psychoanalytic point of view. For the theoretical basis,
the method of exploratory literature review was used, being studied several authors
relevant to the topic and emphasizing the main authors of Psychoanalysis.
Contemporary society differs from previous times due to its great advances in
technology and virtual communication, being a society influenced by capitalist precepts
and focused on consumption, experiencing a process of change in the construction of
families and ethical and moral principles. Psychoanalysis constantly goes through the
process of renewal and updating of theories and techniques, seeking to be prepared
for the contemporary subject, which is built in an environment of weakening of the
paternal function and the place of the Name-Of-the-Father was taken by science,
making the introjection of rules and the symbolization of mourning uncertain
processes.
Keywords: Psychoanalysis; Freud; contemporaneity; masses.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 5

2 DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS ENTRE A SOCIEDADE FREUDIANA E A


SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA ............................................................................. 8

2.1 Sociedade Vitoriana...................................................................................... 8

2.2 Sociedade contemporânea ......................................................................... 10

3 A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO E DAS MASSAS A PARTIR DO OLHAR


PSICANALÍTICO FREUDIANO ................................................................................ 13

3.1 Freud e o estudo das massas..................................................................... 15

3.2 Técnica da Psicanálise freudiana ............................................................... 17

4 A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO E DAS MASSAS A PARTIR DO OLHAR


PSICANALÍTICO PÓS FREUDIANO E CONTEMPORÂNEO .................................. 19

4.1 A construção do sujeito a partir do olhar psicanalítico pós freudiano ......... 19

4.2 A construção do sujeito a partir do olhar psicanalítico contemporâneo ...... 20

4.3 A Psicanálise Contemporânea e as massas............................................... 22

4.4 Técnicas e clínica da Psicanálise Contemporânea ..................................... 23

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 25

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 27
5

1 INTRODUÇÃO

No último século, foram diversas as mudanças sociais, culturais e políticas que


tiveram impacto sobre a formação da sociedade e da subjetividade, desde a
transformação dos meios de produção para meios mais modernizados, até as
modificações na organização da sociedade e em suas crenças e hábitos. As
mudanças socioculturais são processos longos e multifacetados, com vários
fenômenos como agentes importantes, tais como os avanços tecnológicos e dos
meios de comunicação, conflitos políticos, guerras, descobertas científicas, fatores
ambientais, discussões filosóficas etc. Assim é fundamental entender tais mudanças
e como elas impactam a estrutura do sujeito. Também se torna mister compreender
como se deu a formação e funcionamento das massas para traçar um paralelo entre
a sociedade contemporânea e a sociedade vitoriana do século XIX. Sem tais reflexões
é impossível analisar como a teoria psicanalítica e a prática clínica desta se
atualizaram ao decorrer do tempo.
O presente trabalho busca compreender como as mudanças culturais, políticas
e sociais do último século impactam a visão psicanalítica na formação do sujeito. A
importância de discutir a construção da subjetividade e da estrutura psíquica do sujeito
em relação às mudanças histórico-culturais parte do entendimento da necessidade da
adaptação da teoria e técnica psicanalítica com o objetivo de tornar a prática mais
coerente com a análise do sujeito.
De acordo com Magdaleno Junior (2010), o setting clássico da análise já não
faz sentido, considerando que o sujeito contemporâneo vive em um mundo sem
fronteiras e de rápidas mudanças. Desta forma, é importante não somente ter em vista
as inovações das técnicas psicanalíticas de avaliação, observação e tratamento, mas
sim manter vivo o processo psicanalítico, cuidando para que o mesmo seja adequado
para o paciente da atualidade, assim como também garantir que os estudos feitos por
Sigmund Freud e outros autores importantes sejam ainda reconhecidos e relevantes
para o entendimento da Psicanálise.
Além da notória importância da discussão sobre a relação entre a formação do
sujeito e as mudanças histórico-culturais, se faz pertinente salientar o
desenvolvimento da psicanálise no contexto contemporâneo. A importância de
estudar o tema a partir da Psicanálise deve-se à importância desta teoria, sendo uma
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das principais metodologias de compreensão das noções de sujeito e de subjetividade


no mundo atual. (TOREZAN; AGUIAR, 2011)
Freud apresenta em suas teses diversos mecanismos que podem ser usados
para compreender e explicar a construção do sujeito e a formação e funcionamento
das massas, mecanismos estes que consideram que todo o processo de construção
do sujeito ocorre por meio da sua inserção em um grupo.
Para Freud a formação do “sujeito de desejo” envolve os mecanismos do
desejo, inconsciente, falta, Complexo de Édipo, estruturas clínicas (Neurose, Psicose
e Perversão). Deve-se considerar que esse sujeito é formado por sua inserção em
uma ordem simbólica que antecede o seu nascimento e em função disso é regido pelo
desejo de um Outro, ou seja, mediado por um outro sujeito (FREUD, 1924/1976). A
partir desses mecanismos de formação é possível entender o sujeito como alguém
inserido em um grupo e/ou círculo familiar.
Freud considera relevante as interações dos sujeitos em seus grupos desde
seus estudos iniciais: este sempre foi o objeto de pesquisa psicanalítico. Tal
percepção possibilita observar características que surgem somente nesse contexto:
as “manifestações da massa”. Nos estudos das teorias psicanalíticas freudianas,
pode-se perceber um enfoque em uma sociedade europeia e/ou norte-americana do
final do século XIX e início do século XX. Cabe aqui ressaltar que essas sociedades
se diferenciam em muitos aspectos da sociedade existente no momento histórico
atual. (FREUD, 1921/1996)
Diante das amplas mudanças do último século, fica evidente a necessidade de
estudos sobre a psicanálise contemporânea, buscando entender e adaptar, se
necessário, sua teoria e técnica, promovendo assim a manutenção de um processo
psicanalítico adequado e qualificado para o paciente. Para Backes (2007), o papel do
psicanalista é operar, estudar e reconstruir conceitos quando há uma pergunta sobre
eles, se baseando não apenas em teorias, mas também em sua experiência clínica.
Trata-se então de perceber a prática clínica como um processo não predefinido, mas
fluído. Por isso, considera-se que é preciso buscar uma atualização destes termos
diante da realidade contemporânea, investigando em que situações elas ainda são
válidas e em quais delas é necessário uma revisão e atualização.
Para alcançar então as reflexões aqui apresentadas, este estudo utilizou o
método da revisão bibliográfica, permitindo assim uma leitura e análise acerca do
tema. Foram usados como fundamentação teórica, livros, artigos e revistas científicas,
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publicados entre 1990 e 2022, além dos autores de referência para a temática, como
Freud principalmente. Trata-se de um estudo de caráter exploratório, que permite uma
compreensão e elaboração inicial acerca do tema, proporcionando oportunidades
para aprofundamentos posteriores aos interessados.
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2 DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS ENTRE A SOCIEDADE FREUDIANA E A


SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

2.1 Sociedade Vitoriana

A Era Vitoriana, considerada uma época antagônica, se passou durante o


período de 1819 a 1901, quando a rainha Alexandrina Victoria tomou posse do trono
do Reino Unido da Grã-Bretanha. Marcada por aspectos opostos e divergentes, a era
vitoriana foi cenário da consolidação e reafirmação do Império Britânico e do ápice da
Revolução Industrial, ocasionando extrema pobreza dada a existência de mão de obra
barata em massa, que era exposta aos mais variados perigos. (HOBSBAWN, 1962,
p.44 apud CARREIRA, 2018)
Segundo Pochmann (2016), a Segunda Revolução Industrial, que ocorreu em
meados do século XIX, foi marcada por grandes investimentos na produção em massa
e modernização dos meios de produção. Buscava-se a padronização e diminuição de
tempo e de custos para a fabricação de mercadorias, além do processo de
globalização, monopolização dos meios de produção, precarização e exploração da
mão de obra e, fundamentalmente uma crescente valorização e acúmulo de capital.
Tais fatos levaram ao fortalecimento do processo de êxodo rural e desenvolvimento
de grandes centros urbanos, onde o sujeito vivenciou o aumento do número de
doenças, violência e morte. Carreira (2018) afirma que, mesmo com a diferença entre
as classes, toda a sociedade vivia um paradoxo e, que mesmo enraizada pela moral
regida pela religião, levava o sujeito a viver em um ambiente marcado pela luxúria,
segredos e espiritualidade.
Segundo Schmitt (2008), um dos marcos do Período Vitoriano foi a obsessão
pela morte, sendo percebida na arte - que era voltada para aspectos realistas e
pessimistas - e na aparência das pessoas, que usavam preto e buscavam sempre
demonstrar sua melancolia e saudade. O comportamento das pessoas que
vivenciavam o luto era de grande dedicação a esse sentimento, passando grandes
períodos de sua vida usando apenas roupas pretas e realizando visitas frequentes ao
túmulo dos falecidos. A representação da morte nesse período foi fortemente marcada
pelos preceitos iluministas que valorizavam o conhecimento e a ciência. Assim,
mesmo sendo uma sociedade marcada pela religião cristã, houve um afastamento da
ideia soberana das épocas anteriores de que a religiosidade seria a causa de todas
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enfermidades e mortes. Também houve uma grande tentativa de negar ou evitar a


morte, dando início a um período de maior preocupação e de estudos sobre a higiene
e saúde.
De acordo com Carreira (2018), a Era Vitoriana era organizada pelo
patriarcado, onde as mulheres eram tuteladas pelos pais e, após o casamento, por
seu marido. As mulheres eram educadas a partir de um movimento de manutenção
da cultura e da família: precisavam estar disponíveis para seus maridos e filhos, além
de participar dos eventos da comunidade e cuidar da casa. A sexualidade feminina
era ignorada ou malvista, sendo percebida como impura ou imoral.

A mulher com o perfil assim delineado tinha todo o apoio da rainha Vitória,
que atribuía o sucesso do seu reinado à moralidade da corte e à harmonia da
vida doméstica. Consequentemente, olhava o movimento em defesa dos
Direitos da Mulher como ameaça à virtude do sexo ‘frágil’. Tal situação,
obviamente, viria a repercutir, ainda que de forma silenciosa, na vida privada,
onde a repressão, principalmente a sexual, se agrava e se intensifica.
(MONTEIRO, 1998, p. 61)

Segundo Foucault (2010) apud Carreira (2018), a Era Vitoriana foi marcada
pela disciplina e controle dos corpos. Em função do controle em ascensão, é neste
cenário que surgiu os primeiros discursos acerca do controle sexual. Mesmo assim, o
controle existente não inibiu qualquer comportamento fora dessa imposição,
contrariamente, estimulavam os homens em suas buscas por prazeres em
prostíbulos, onde se encontravam mulheres “caídas”, miseráveis e abandonadas,
como uma liberação daquilo que era tido como “ruim”. Tal conduta era vista como uma
“limpeza” necessária para proteger suas esposas virtuosas, pois só assim
conseguiriam cumprir seus papéis de marido e pai. Mesmo havendo a exploração da
sexualidade por parte dos homens, havia grande repressão e perseguição com os
sujeitos que desviavam do padrão de sexualidade da época, como homossexuais, que
eram vistos como imorais, indecentes ou doentes mentais e eram punidos
severamente de maneira a desonrá-los. (CARREIRA 2018)
Sendo assim, fica evidente a dualidade paradoxal da época: o sexo era referido
como algo perigoso, que estava relacionado às mudanças conjugais em ascensão e
à notória diminuição nas taxas de natalidade. As relações sexuais não eram mais
somente uma forma de procriação, mas sim também um meio para satisfação e
fortalecimento da intimidade conjugal. Esse cenário gerou perturbação aos vitorianos
e implicou diretamente na normativa patriarcal da época e, por isso, passou a ser
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banalizada na mesma proporção do sexo prostíbulo ou fora das normas


heterossexuais, negando o desejo da sexualidade feminina, validando somente a
relação sexual como meio de realização sexual entre um homem e uma reprodutora.
(BARBOSA, 2011)
De acordo com Oliveira (2009), a estrutura familiar “normal” dos séculos XIX e
XX, seria: uma família branca, constituída por mulher, homem e crianças. Adotava-se
um modelo padrão iniciado pelo casamento e em seguida pelo ato de conceber os
filhos dessa união, sendo responsabilidade do homem trabalhar para sustentar a
família e, da mulher, os afazeres domésticos e criação dos filhos.
Segundo Birman (2006), durante esse período, pode-se dizer que o sujeito
sofria com a falta de liberdade em uma sociedade marcada pelo totalitarismo e pelos
preceitos da ‘’moral sexual civilizada’’. Nesse contexto, a Psicanálise se constituiu
como um projeto libertário, buscando tornar o sujeito consciente do inconsciente. De
acordo com Vinãr (2006), a sociedade moderna do século XX era uma sociedade com
regras mais definidas, rigorosas e bem aceitas e que muitas vezes tinham raízes na
religiosidade. Os laços sociais eram delimitados pela distância e, por isso, havia um
maior sentimento de pertencimento à comunidade local. Os papéis sociais eram
rigidamente demarcados, principalmente o da figura feminina e da figura paterna. A
sexualidade era menos explorada e muitas vezes malvista.

2.2 Sociedade contemporânea

Para Nunes (2008), o processo de desenvolvimento da sociedade


contemporânea proporciona uma civilização voltada para a ciência e afastada da
religiosidade. O referido autor elucida algumas concepções de Sigmund Freud a
respeito do assunto e indica que, mesmo a religião sendo uma fase natural e
importante para a construção do indivíduo, ela tem como efeito um distanciamento da
razão. Mas, na medida em que os avanços científicos acontecem de maneira sólida,
o processo de desenvolvimento e crescimento da sociedade contemporânea se
expande e produz um declínio religioso, o que levou o indivíduo a deixar o vínculo
ancestral sagrado para aproximar-se da ciência como meio mais tangível de lidar com
o seu destino incerto.
De acordo com Silva (2018), a compreensão do sujeito em relação à ética
passou por mudanças consideráveis e influenciou o entendimento do indivíduo a
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respeito da existência de uma verdade absoluta sobre os princípios e valores


conservadores. O autor evidencia algumas considerações de Bauman (1997), que
afirma que os parâmetros éticos do pensamento moderno não estão de acordo com a
realidade da sociedade contemporânea devido ao pressuposto acrônimo e universal
da ética.
Segundo Oliveira (2009), a composição familiar da sociedade contemporânea
teve uma radical mudança nas representações de cada componente da família,
impactando a identidade, o papel de cada um e o objetivo da construção familiar. Na
contemporaneidade percebe-se que, antes da decisão da união, é levado em
consideração não somente o amor, mas os interesses financeiros, a busca pela
realização de um sonho e as metas em comum, pois agora o desafio é o equilíbrio da
individualidade com a reciprocidade familiar. Nesse sentido, pode-se perceber uma
nova configuração familiar relacionada à um contexto marcado pela busca constante
pelo novo.
Bauman (1998) afirma que a sociedade contemporânea vive uma espécie de
modernidade líquida, desapegada de princípios ideológicos, compromissos sociais,
éticos e políticos e que tem como característica central o consumo exacerbado com
objetivo de proporcionar ao indivíduo poder e prazer imediato. De acordo com o autor,
o consumismo é estimulado pelo mundo moderno e leva o sujeito a uma
individualidade e isolamento afetivo como formas de proteção.
Colombo (2012) também afirma que a promoção do consumo impacta
diretamente a formação psicossocial do sujeito. Com objetivo de se sentir e pertencer
ao mundo, o indivíduo tem sempre novas necessidades e desejos. A busca
desenfreada por satisfação imediata propaga a ideia de que ser feliz é indispensável.
A atualização constante do que é aceitável no momento, gera no indivíduo um
distanciamento da felicidade, uma vez que, alcançada, a felicidade precisa ser
atualizada e buscada novamente e para isso é sempre necessário consumir mais e
investir na imagem perfeita e feliz.

Estamos entregues a essa grande compulsão que se instala de


maneira globalizante, estamos cegos para olhar a nós mesmos e
ao outro, substituindo relações por vícios, trabalho desenfreado
e cacarecos pós-modernos, aumentando a sensação de
impaciência em relação ao outro. (CAMPOS, 2010, p. 4)

De acordo com Fontes (2017), a sociedade capitalista contemporânea tem


como base a criação de demandas incessantes de produtos e produção. O sujeito
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vende seu tempo e mão de obra para as indústrias na tentativa de obter poder
aquisitivo e consumir produtos não necessários e suprir assim sua fantasia de
consumo que é imposta pelo capitalismo, criando uma necessidade subjetiva
centralizada na “valorização do valor’’ e no consumo.
Ramirez (2020) afirma que a tecnologia é uma via de mão dupla: de um lado
expande os recursos cognitivos, a capacidade de agir e a relação do sujeito com o
tempo e espaço, e por outro lado, impacta a relação com o corpo e o ambiente cultural,
a biologia e a concepção do que é realidade. O indivíduo inventa e se reinventa a
partir da influência da comunicação digital. Para Vinãr (2006), a sociedade
contemporânea é mais acelerada e com relações fragmentadas. Tal autor também
cita o crescimento das cidades e do estilo de vida urbano como um agente que tornou
as relações interpessoais mais instáveis, fugazes e com laços anômicos.
Segundo Vicente (2009), com a chegada da Era Contemporânea, as
estratégias e produtos imediatos da comunicação deixaram de ser vistos como
mecanismos que poderiam ser usados para a preservação da identidade nacional.
Considera-se que, caso fosse aceita e utilizada a evolução da comunicação através
da tecnologia que aos poucos tomava forma, poder-se-ia promover uma nova
colonização econômica. Com uma nova cultura seria possível contribuir para a criação
de indivíduos destinados à uma perda de identidade cultural, considerando-se que
mensagens midiáticas são interpretadas pelos receptores de maneira distinta, de
acordo com a sua região, geração, país e época.
Para Kallas (2016), o principal agente que proporciona o individualismo e
egoísmo do sujeito contemporâneo é a internet, instrumento pelo qual é possível
facilmente se conectar com diversas pessoas para compartilhar o que se julga o
melhor de si, desejando aprovação e autoconfirmação de um talento ou habilidade. O
autor também afirma que, no mundo virtual é possível compartilhar momentos tristes
e de perdas e, em troca, receber curtidas de pessoas desconhecidas, que muitas
vezes, não compartilham do seu sofrimento e não se solidarizam com o sofrimento do
sujeito.
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3 A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO E DAS MASSAS A PARTIR DO OLHAR


PSICANALÍTICO FREUDIANO

Sbardelotto et al (2016), ao fazer uma análise da construção do sujeito a partir


das teorias de Freud, afirma que, no nascimento, o sujeito é apenas um corpo e não
um sujeito, pois a formação do sujeito é um processo de alienação e posteriormente
separação. No processo de alienação o bebê é inserido no campo do Outro, ou seja,
depende de outra pessoa para delimitar sua existência, seu nome e até mesmo suas
vontades. Após o processo de alienação ocorre o processo de separação, momento
em que o inconsciente se funda a partir da quebra da relação alienada. No processo
de separação, a falta que estava revestida pela alienação se concentra na via do
desejo, o que faz com que o sujeito se movimente em busca de algo que poderia
completá-lo novamente.
Sbardelotto e colaboradores (2016) afirmam que o processo de separação
pode ser explicado nos três tempos do complexo de Édipo, sendo o primeiro tempo
uma sensação de plenitude e completude na relação do bebê com a mãe; o segundo
tempo é definido como o momento em que a criança percebe que não é tudo para a
mãe, porque a mãe não está o tempo todo com ele; e o terceiro momento é marcado
pela introjeção da função paterna enquanto Lei, barrando a relação da mãe com o
bebê e sendo o momento do surgimento do desejo. O estabelecimento da função
paterna como Lei faz com que os registros do aparelho psíquico (Inconsciente,
Consciente e Pré-consciente) sejam organizados a partir do sintoma, que é uma saída
para a realização do desejo recalcado.
O complexo de Édipo é definido por Freud (1924/1976, p.184) como “fenômeno
central do período sexual da primeira infância”, e em seguida vem o período de
latência. Esse processo é adjunto à Castração e à estruturação do supereu, que
ocorrem de formas distintas em meninos e meninas.
Para o menino, o processo de castração acontece quando a criança descobre
seu genital e o manipula, sendo tal conduta ameaçada muitas vezes por mulheres que
afirmam cortar seu pênis se o comportamento permanecer. A castração é reafirmada
pela figura de pai, pois o mesmo ocorre quando o menino molha a cama durante a
noite, porém, as ameaças não são consideradas até o momento em que ele percebe
que a menina, mesmo sendo semelhante a ele, não possui o falo, assim a
possibilidade de perda do falo se torna real.
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No complexo de Édipo, o menino se coloca no lugar do pai e se relaciona com


a mãe até o momento em que a figura pai se torna um obstáculo. Há o desejo de
substituir a mãe como objeto de amor do pai, sendo o pênis o que constitui o prazer.
Quando a criança percebe e aceita a não existência de um pênis na mãe, encerra
suas duas possibilidades de satisfação dentro do complexo de Édipo, na suposição
de que teria por consequência a perda do falo. O Eu se afasta do Complexo de Édipo,
onde, é substituído pela identificação da autoridade do pai em função da conservação
do falo, dando início ao período de latência. (FREUD, 1924/1976)
Para a menina, o complexo de Édipo e a castração ocorrem de maneira
diferente, por não possuir o pênis ela se sente inferior e em desvantagem, mas
mantém a esperança de vir a tê-lo futuramente. Seu clítoris irá crescer e se igualar ao
pênis do menino, quando isso não ocorre, ela entende que já o teve e o perdeu pelo
processo de castração, ou seja, a menina aceita a castração como sendo inevitável e
o menino teme essa possibilidade. A menina assume a ideia de que o pai lhe dará um
filho como forma de compensação, porém, quando percebe que seu desejo não se
concretiza, vai abandonando o complexo de Édipo. (FREUD, 1924/1976)
Freud (1924/1976) define que o sujeito tem três possíveis desfechos no
complexo de Édipo, sendo eles, as três estruturas psíquicas: neurose, psicose e
perversão, que são organizadas por meio da relação entre o Id, Ego e Superego.
A neurose é caracterizada por Freud (1924/1976) como resultado de um conflito
entre o Eu e seu Id, pois o Eu utiliza o mecanismo de repressão para se esquivar do
impulso instintual do Id. Não tendo sucesso, gera um sintoma do qual o Eu busca se
defender, resultando na estrutura neurótica e todo esse processo ocorre em função
do supereu e das influências do mundo externo, sendo o principal objetivo do Eu se
manter na realidade.
Freud (1924/1976, p.159) define a psicose como “desfecho de uma tal
perturbação nos laços entre o Eu e o mundo exterior”. A psicose é oposta à neurose,
pois ocorre quando há um processo de tentativa de fuga da realidade, onde o mundo
exterior não é percebido. Se essa percepção ocorrer não terá nenhuma significância,
pois é criado um mundo interior e exterior regido pelos impulsos do Id, em função da
frustração do desejo. A psicose se dá pela frustração do Id e não realização de seus
desejos primordiais. A estrutura pode se apresentar, por exemplo, por meio da
esquizofrenia, definida como a perda de interesse no mundo exterior e a dificuldade
de expressão de suas emoções e sentimentos.
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Após a definição de ambas as estruturas, segundo Freud (1924/1976, p.196),


a neurose e a psicose são resultantes da insatisfação e desprazer do Id com o mundo
exterior e se formam em função do conflito do Eu pelo não cumprimento de seu papel.
Dadas as constantes batalhas, pode haver um adoecimento psíquico, permitindo a
aparição de “incoerências, excentricidades e loucuras do homem”, semelhantes ao
que ele nomeia de perversões sexuais.
Segundo Freud (1919/1996), a perversão é estruturada pela relação do objeto
sexual incestuoso da criança nos processos do Complexo de Édipo e castração, no
desvio do objeto da pulsão sexual e relação ao alvo sexual. O autor utiliza do estudo
de seis casos, sendo eles de meninas e meninos, para compreender como o
desenvolvimento da perversão sexual “masoquismo”, que transcorre através do
sentimento de culpa presente no processo de recalcamento. Este seria um movimento
secundário, onde o sadismo, através de três processos, reverte contra si mesmo.
Freud (1919/1996, p.109) afirma que “ele torna inconscientes os resultados da
organização genital, força-a à regressão até a fase anterior sádico-anal e transforma
o sadismo dessa fase no masoquismo passivo, em certo sentido novamente
narcísico”, ou seja, a relação da criança com seu objeto sexual, seus pais, através do
complexo de Édipo e da castração sucede a regressão do objeto para o Eu.
Portanto, o ideal do Eu é construído a partir do complexo de Édipo e seu
desfecho envolve diretamente a representação dos pais para a criança como sua
matriz dos impulsos libidinais localizados no inconsciente e impulsionados a se
apresentar na consciência pelo Id. Quanto mais forte é essa relação, mais
rapidamente o Supereu toma sua forma e se sobressai como representante do
complexo interno, que em eterno conflito com o Id, articula a defesa para tentar evitar
que elementos inconscientes se tornarem conscientes, concedendo ao Eu o preposto
da realidade do mundo exterior e moldando as relações libidinais do sujeito. (FREUD,
1923/1996)

3.1 Freud e o estudo das massas

Freud (1921/1996), ao analisar a obra “Psicologia das massas” escrita por Le


Bon (1895), entende que no estudo da psicologia das massas o sujeito é visto como
membro de um grupo, conduzido pelo instinto denominado de instinto de rebanho, que
surge somente nesse contexto. O sujeito da massa tende a se livrar das repressões e
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impulsos regidos pela consciência moral que se traduz pelo autor em “medo social”.
A massa psicológica compõe todas as formações sociais. Inserido nesse contexto, o
sujeito é modificado por seus integrantes em um processo de “contágio” e como um
todo, pelas “manifestações da massa”. Sendo assim, tudo que se diz respeito aos
interesses individuais se torna irrelevante diante dos interesses provisórios da massa,
que pode sobrepor os limites éticos subjetivos. Assim, há uma notável diferença entre
o indivíduo em massa e o indivíduo isolado.
Essa formação da massa psicológica se dá dados os fundamentos comuns
entre os indivíduos do grupo, onde suas estruturas psíquicas, desenvolvidas de
maneiras distintas, são desconstruídas e o inconsciente comum se manifesta como
um instinto irredutível ao destoante, não podendo ser considerado primário e
indivisível já que se constitui como uma característica da massa.
Para julgar corretamente a moralidade das massas, deve-se levar em
consideração que, ao se reunirem os indivíduos numa massa, todas as
inibições individuais caem por terra e todos os instintos* cruéis, brutais,
destrutivos, que dormitam no ser humano, como vestígios dos primórdios do
tempo, são despertados para a livre satisfação instintiva. Mas as massas são
também capazes, sob influência da sugestão, de elevadas provas de
renúncia, desinteresse, devoção a um ideal. Enquanto a vantagem pessoal,
no indivíduo isolado, é quase que o único móvel de ação, nas massas ela
raramente predomina. (FREUD, 1921/1996, p .27-28)

Todo o processo de formação do sujeito ocorre por meio da interação com o


outro, portanto, o estudo do sujeito é inerente ao estudo das massas. Durante todo o
seu desenvolvimento e vida, o sujeito se depara com os processos de massa,
constituindo todas as suas formações sociais. No que diz respeito a essa formação
primordial, o sujeito interage não somente com os pais, mas também com irmãos,
médicos, professores, colegas de classe. Todas essas relações influenciam sua
formação, sendo esses grupos sociais uma organização diferente das organizações
de massa, embora sejam processos correlacionados. (FREUD, 1921/1996)
Garrit (2021), ao analisar as teorias de Freud sobre as massas, afirma que o
sujeito tem grandes limitações para se impor, o que pode ser observado nas relações
do sujeito com os integrantes das massas ou com seus líderes. Essa limitação será
sempre crescente porque os processos de sugestão das massas não se estruturam
apenas de forma vertical, mas também horizontal, levando o sujeito a ficar cada vez
mais engajado e sugestionado pelos valores e crenças da massa.
17

Segundo Freud (1914) apud Garrit (2021), o contexto em que o sujeito e a


sociedade se construíram são marcados pela governança irrestrita de um ser, que
pode ser denominado pai da horda. Tal contexto marcou fortemente o
desenvolvimento humano e como o sujeito se relaciona com as massas, o totemismo
(crença na existência de relação mística e direta entre uma pessoa ou grupo e um
totem) estabeleceu diversos fenômenos referentes a como uma sociedade ou massa
é organizada por meio de leis, religião, moral ou ética. O autor também afirma que a
nostalgia pelo pai protetor leva o sujeito a uma posição de submissão, buscando ser
controlado e liderado por uma pessoa.

3.2 Técnica da Psicanálise freudiana

A partir do estudo dos casos analíticos realizados por Sigmund Freud, é


possível compreender a construção não somente de algumas técnicas importantes
para o processo terapêutico, mas também do abandono de outras que não se
mostraram eficientes a todos os pacientes. O primeiro caso clínico realizado por
Freud, foi da paciente Emmy Von N., no qual, a princípio, foi utilizado o método de
“Hipnose” para análise da paciente. Essa técnica tinha como objetivo persuadir o
paciente a trazer o material inconsciente para a consciência (FREUD, 1893/1977). No
entanto, Freud encontrou alguns desafios para se adaptar ao uso da hipnose. No caso
de Emmy, ele recebeu, da paciente, a sugestão de tentar algo diferente do método
aplicado, no qual ela falaria livremente. Freud adere à sugestão feita e orienta que a
paciente fale tudo que vier a mente a respeito das lembranças e eventos ocorridos.
Para isso acontecer se torna necessário uma pressão com a mão na testa da paciente
com o objetivo de proporcionar um estado de “concentração". A partir desse ponto, o
autor vai abandonando o método convencional da Hipnose e se aproximando do
método base da psicanálise, a "Associação Livre”.
Segundo Laplanche (1991), a associação livre não tem uma data exata da sua
descoberta, pois foi realizada de modo progressivo entre 1892 e 1898 por diversos
caminhos. Mas de acordo com Freud (1893/1977), em sua obra sobre histeria, a
técnica tem como objetivo a descoberta do material inconsciente por meio da fala do
paciente. Através dessa fala é possível perceber alguns insumos que levam ao
caminho para a descoberta do funcionamento do aparelho psíquico e a representação
do mundo externo.
18

Outra técnica que se torna a base da doutrina Freudiana é a interpretação, seja


ela realizada a partir da análise dos relatos do dia a dia do paciente ou pela
interpretação dos sonhos. A respeito da interpretação dos sonhos, Freud (1900/1996),
traz a importância de o analista compreender o material manifesto, considerando que
o conteúdo se apresentou no momento em que as resistências do indivíduo não
estavam em seu modo “ativo”. Desta forma, todo conteúdo exposto teria como objetivo
o desejo inconsciente da fantasia de se tornar corpo. Segundo Laplanche (1991, p.
245), “a interpretação traz à luz as modalidades do conflito defensivo e, em última
análise, tem em vista o desejo que se formula em qualquer produção do inconsciente.”
A partir da Interpretação dos Sonhos (1900/1996a, Sigmund Freud também
atribui significado ao que é chamado de ato falho. De acordo com a obra de
Roudinesco e Plon (1998), Freud descreve o ato falho como equivalente a um sintoma,
considerando a existência do compromisso entre a intenção consciente do sujeito e
seu desejo inconsciente. Os referidos autores, baseados nas considerações de Freud,
descrevem o ato falho como, “ato pelo qual o sujeito, a despeito de si mesmo, substitui
um projeto ao qual visa deliberadamente por uma ação ou uma conduta imprevista”
(ROUDINESCO; PLON, 1998, p.40).
19

4 A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO E DAS MASSAS A PARTIR DO OLHAR


PSICANALÍTICO PÓS FREUDIANO E CONTEMPORÂNEO

4.1 A construção do sujeito a partir do olhar psicanalítico pós freudiano

A compreensão do sujeito a partir da teoria psicanalítica na


contemporaneidade, mesmo sob diferentes interpretações, reconhece a existência de
importantes mudanças que afetam o indivíduo, indicando uma fase de transição
temporal e teórica. Tais mudanças abrangem toda a existência humana, tornando-se
cada vez mais evidente na atualidade e sendo necessário o estudo da teoria
psicanalítica como uma teoria que está sendo atualizada ao longo do tempo e com
contribuições de diversos autores. Portanto, para compreensão da psicanálise
contemporânea é necessário o estudo do caminho teórico e histórico percorrido até
então. (TOREZAN; AGUIAR, 2011)
Para Roudinesco e Plon (1998), a Psicanálise pode ser dividida em gerações,
sendo Freud o criador e principal teórico da primeira geração, momento em que se
elucidou a sexualidade como a chave das neuroses. Melanie Klein é o principal
expoente da segunda geração, propondo novas formas de exercer a prática
psicanalítica, principalmente com crianças, fazendo críticas e revisitando as teorias de
Freud. Para os psicanalistas kleinianos, o ódio e a destruição estão no centro de toda
relação objetal e o sujeito sofre como um herdeiro dos problemas da sociedade
americana (puritanismo, individualismo e liberalismo). Figueiredo (2006), ao fazer uma
leitura do modelo clínico psicanalítico de Melanie Klein, cita como um de seus
principais conceitos as phantasias inconscientes que podem ser definidas como as
representações psíquicas das necessidades e seus estímulos internos, sentimentos,
falas, processos mentais, intenções e processos fisiológicos. Phantasias
inconscientes são representações individuais das pulsões, relacionadas com qualquer
sintoma que o sujeito possa apresentar.
Oliveira (2008) menciona que as teorias das fantasias, ou phantasias, além de
serem estudadas por Klein, também foram estudadas por Lacan, um dos principais
teóricos da Psicanálise, que muitas vezes se remetia à Klein, já que era um leitor de
suas obras. Para Klein, as phantasias estão ligadas às percepções sensórias como
um mecanismo de introjeção do objeto concreto ao mundo psíquico do sujeito, já
Lacan considera as fantasias como processos da ordem do abstrato, processos do
20

mundo Simbólico e Imaginário, ligados à percepção e subjetivação, sendo


independente de objetos concretos.
Forbes et al (2014) citam Lacan como precursor do terceiro tempo da
Psicanálise. Segundo eles, Lacan fez um movimento de retorno à Freud, buscando
entender e analisar os fenômenos em uma perspectiva mais próxima da freudiana.
Em seus últimos anos de ensino, Lacan propôs uma clínica voltada para o Real, uma
clínica que se importa com os fenômenos sem sentido aparente e/ou previamente
definido.
Lacan traz em seus estudos a ideia do Simbólico, Imaginário e Real. O
Simbólico é um registro mental que organiza a subjetividade do sujeito, abarcando a
linguagem e seus significantes sociais como principal característica humana. O
Imaginário assume o papel das fantasias, mecanismo em que o sujeito estabelece
uma relação de dualidade com a imagem do Eu, a forma que o sujeito se vê diante de
seu mundo simbólico. E o Real representa o impossível, já que a psique humana não
conseguiria comportar uma ideia de real concreto, sem ser interpretada ou subjetivada
pelos registros simbólicos ou imaginários. (STERNICK, 2010)

4.2 A construção do sujeito a partir do olhar psicanalítico contemporâneo

Para Costa e Bottoli (2014), o complexo de Édipo na contemporaneidade ainda


é o processo de constituição do sujeito, mesmo com as peculiaridades da
contemporaneidade e as diferentes organizações familiares, o sujeito passa pelo
complexo de Édipo. Porém, o sujeito agora vivencia esse processo em uma sociedade
marcada pelo enfraquecimento da função paterna, o que faz com que a criança
imagine que pode exercer sobre a família seu gozo pleno. Como consequências das
novas organizações da família e do enfraquecimento das representações paternas, o
mal-estar do sujeito contemporâneo está se modificando e novas formas de
sofrimento estão surgindo.
Para Oliveira e Winter (2019), os sofrimentos psíquicos observados no século
XX ainda estão presentes na sociedade contemporânea, porém, são subjetivados de
formas diferentes. Como exemplo, pode-se citar a histeria, que está presente na era
contemporânea, porém seus fenômenos sintomáticos têm novas direções voltadas
para o real, sendo seus sintomas alheios aos significantes inconscientes, mas ligados
21

ao gozo do corpo, ou seja, um papel de resposta à ascensão significante do objeto e


da exigência do gozo imposto culturalmente.
De acordo com Forbes et al (2014), a Psicanálise atualmente se encontra no
quarto tempo, ou quarta geração, um momento de desenvolvimento de uma clínica
que suporta o silêncio na escuta, se depara com a incompreensão radical e precisa
lidar com as consequências do Real.
Pena (2017) afirma que um dos principais fenômenos que impactam a
construção do sujeito contemporâneo é o gozo assexuado, um processo subjetivo em
que o sujeito busca preencher seu vazio e se tornar mais feliz pela aquisição de
mercadorias impostas pelo capitalismo, que vende a ideia de que o vazio do sujeito
será preenchido pela compra de objetos forjados. A maior preocupação do sujeito na
era contemporânea é buscar cada vez mais um suplemento de gozo, pois estes
sujeitos acreditam cegamente que têm direito e dever de usufruir. Este dever de
usufruir é apropriado como imperativo de gozo do Supereu e passa a revelar um modo
de funcionamento dessa instância própria do contemporâneo: o gozo como direito do
sujeito para que seja feliz.

O problema dessa modificação no processo de socialização, que comporta


um imperativo de gozo no lugar da renúncia, é que essa ordem (“Goza!”) é
impossível de ser satisfeita. O supereu não diminuiu sua pressão nem sua
insensatez, ele apenas trocou sua exigência. Se, antes, sua exigência era
“não se satisfaça”, o que era igualmente impossível, pois o sujeito se
satisfazia no sintoma, agora ele ordena o gozo, mas nada diz sobre como
gozar. Ou melhor, diz de tantas formas que é o mesmo que não dissesse.
(OLIVEIRA; HANKE, 2017, p. 306)

Rocha (2012) entende que o sujeito contemporâneo está voltado para como o
seu próprio Eu aparenta ser, pois se afasta de sua real subjetividade. Ele herda
culturalmente o sentimento de competição e individualismo, o que gera prejuízo em
diversos âmbitos de sua vida, como na sua relação familiar, econômica, profissional e
acadêmica. O sujeito, com a grande exposição ao exibicionismo de exterioridade,
perde seus valores, ideais e sentido de solidariedade e dá espaço a um sentimento
de egoísmo cômodo que o afasta das responsabilidades afetivas e sociais. Assim, os
sintomas depressivos são os mais característicos do sujeito contemporâneo, dada sua
incapacidade de simbolizar o luto que impossibilita a elaboração de novas relações
psíquicas que poderiam ser construídas.
Jacob e Cohen (2010), ao fazerem uma análise do sujeito contemporâneo, se
baseiam nas teorias de Freud e Lacan e afirmam que o sujeito contemporâneo ainda
22

pode ser estudado a partir das teorias dos autores clássicos, porém, o analista precisa
compreender que, o contexto em que o sujeito está inserido e as formas como os
laços sociais, afetos e sintomas se organizam e se originam, não são da mesma forma
que o sujeito freudiano era observado. O sujeito contemporâneo busca respostas
imediatas para seu sofrimento, acredita que supostamente seu objeto perdido pode
ser encontrado e muitas vezes tem dificuldades para elaborar o luto.

Eles estão construindo um novo mundo, da política do vizinho. A janela


quebrada de sua rua incomoda mais do que uma guerra distante. Isso
não significa que os valores estejam distorcidos. Janelas quebradas
se comunicam em epidemia. A política se dá em qualquer lugar. Hoje,
ela estará onde houver alguém que consiga emitir algo que toque o
outro sem que, necessariamente, o outro a compreenda. A política é
viral. (FORBES et al, 2014, p. 47)

Segundo Oliveira e Hanke (2017), o sujeito contemporâneo experiencia e se


constrói em um momento em que a razão tomou lugar da onipotência do pai. A
imagem do pai se tornou falha e passível de erros, as figuras de autoridade cada vez
mais se demonstram fracas e questionáveis e deram lugar aos equipamentos
tecnológicos ou saberes científicos. A ciência representa o lugar do pai e é subjetivada
como um deus para o sujeito contemporâneo: um deus passível de erros, se
diferenciando do deus da religião, que é apresentado como um deus onipresente e
onisciente. Com a mudança no significante paterno, o sujeito se constrói de forma
diferente, a apresenta dificuldades para criar significados inconscientes para a Lei e
carrega uma angústia significada à sua castração, ou pela falta de um significante de
Lei onipotente.

4.3 A Psicanálise Contemporânea e as massas

Maya (2016), utilizando as obras de Lacan para fazer uma análise das massas,
afirma que o estudo das massas deve dar enfoque para a relação do sujeito com o
significante das massas. Assim é possível buscar qual é o significado inconsciente
que a massa tem para o sujeito e como ele poderia modificar e ser modificado por ela.
Tendo em vista que os processos que ocorrem na massa são os principais meios de
criação de sentidos e introjeção de objetos no campo psíquico, os laços da linguagem
se tornam o ponto chave para a construção e manutenção da dinâmica das massas.
Segundo Bedran (2014), uma das principais características da massa
contemporânea é a utilização de propagandas e meios massivos de comunicação
23

para influenciar e engajar o sujeito, que recebe a mensagem sem fazer o


questionamento de sua veracidade. Com o avanço tecnológico e a globalização que
ocorreram na primeira metade do século XX, os meios de comunicação foram
potencializados e a cultura da mídia se torna cada vez mais relevante. Tal processo
cria um movimento de massificação não presente em outros períodos históricos, pois
usa os novos meios de comunicação para espalhar ideias e ideais e sobrepor culturas
e valores preestabelecidos.
Para Rinaldi (2021), os processos das massas na contemporaneidade são
alimentados e organizados a partir das redes sociais atreladas ao discurso capitalista,
“que busca tocar cada um em seu gozo, alimentando a expectativa de gozo com a
promessa de gozo garantido” (LACAN, 1972 apud RINALDI, 2021, p.60). Trata-se de
um processo de fragmentação da massa, que usa de propagandas e manipulação da
informação para desconstruir a massa e em seguida formar uma nova massa que se
reúne por significantes diferentes.
O discurso de ódio é constantemente usado nos processos de massificação na
contemporaneidade. Daí surgem líderes que não tem o significante de liderar, mas de
liberar o gozo da destruição do outro pelas diferenças. Tais líderes usam o contexto
social da insegurança, violência e corrupção para provocar medo e fragmentação das
massas para, em seguida, se apresentarem como uma solução ou um novo caminho.
Tal processo usa das forças derivadas da pulsão de morte e do enfraquecimento do
Nome-Do-Pai na sociedade contemporânea para ganhar um espaço de ideal e
engajar o sujeito. (RINALDI, 2021)
.
4.4 Técnicas e clínica da Psicanálise Contemporânea

Para Forbes (2014), a clínica psicanalítica clássica seguia um ritmo


progressivo, sendo uma maneira gradativa do sujeito ter conhecimento de si, porém,
a análise feita atualmente não é linear, cada sessão possui uma dinâmica própria, que
parte do pressuposto de que o analisado irá se deparar com o fato de não saber de
si. O autor também cita ainda que as ligações do sujeito contemporâneo com o Outro
são diferentes, sendo necessário o analista se atentar para as formas como o
indivíduo se relaciona com a falta dessas ligações.
Na visão de Dunker (2016), o sujeito contemporâneo tem uma tendência e uma
facilidade para o uso de medicamentos, o que pode ser visto como um modo
24

compensatório. Esta atitude pode ainda alterar o comportamento do indivíduo, fazer o


que o seu corpo não consegue fazer por si só. Tal processo pode comprometer
possíveis tratamentos futuros. Para o referido autor esse processo pode ser visto
como um sequestro da noção de neurose. É necessário acreditar que a Psicanálise
deve entender o sujeito com suas particularidades e processos que envolvem um
possível tratamento medicamentoso, se atentando para observar como a medicação
pode alterar os mecanismos psíquicos do sujeito. Se possível, cabe ao psicanalista
sobrevalorizar outras ferramentas e técnicas antes do tratamento imediato com
medicações.
Para Rocha (2012), o desafio psicanalítico clínico na sociedade contemporânea
está em aprimorar a escuta para acolher o sujeito da melhor forma, levando em
consideração sua história, angústias, medos e dores que o indivíduo ainda não
consegue expor em palavras. Também é muito importante que o analista se atente
para o contexto social em que o analisado está inserido e para como o sujeito lida com
seus desafios.
Portanto, o grande desafio clínico que nos aguarda é levar o sujeito que
nos procura, dominado pelo excesso da dor, a inventar uma nova
maneira de ser, a partir das experiências vividas nas situações, que
marcam a trajetória de seu existir no mundo. Ou, dizendo de outro modo,
o grande desafio clínico é dar sentido à dor do não sentido. (ROCHA,
2012, p.63)

Magdaleno Junior (2010) entende que o sujeito da contemporaneidade vive em


um mundo sem fronteiras e de rápidas mudanças, o que faz com que o sujeito não
possa ser apresentado ao setting clássico de análise. O papel do psicanalista é entrar
em sintonia com o ritmo do paciente e criar um ambiente que seja harmonioso para
as partes, não criando uma nova linguagem para o sujeito e nem mesmo impondo
uma velha linguagem psicanalítica.
25

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Psicanálise busca entender a formação do sujeito, considerando todos os


aspectos de sua vida psíquica, assim como os fatores sociais, culturais e econômicos.
A Psicanálise foi fundada por Freud na era vitoriana, uma sociedade organizada de
maneira diferente da sociedade contemporânea. Assim, se faz necessário
compreender como as mudanças sociais, econômicas e culturais que ocorreram
desde a criação da psicanálise impactaram as técnicas e teorias psicanalíticas sobre
a formação do sujeito. Para compreender o percurso de tais mudanças, é necessário
analisar os fatos e considerações contidas na literatura científica da área.
A era Vitoriana foi marcada por repressões, principalmente as repressões
sexuais ligadas à imagem e papel da mulher na sociedade. Além disso, as formas de
expressão de sexualidade que se destoavam da heterossexualidade normativa,
também eram reprimidas. Foi uma época regida pela moral religiosa conservadora
que buscava controlar os corpos e discipliná-los, o que levou à constituição da
Psicanálise como um projeto libertário. A psicanálise buscou tornar o sujeito
consciente de seu inconsciente e de todos os processos que se passam nele.
Durante a era Vitoriana, Freud fundou a Psicanálise e elaborou suas teorias e
conceitos, como o complexo de Édipo, aparelho psíquico, estruturas psíquicas,
neuroses e sexualidade, desmistificando a sexualidade para além de um prazer sexual
e abarcando toda a pulsão sexual que rege sua formação e existência. Porém, com o
decorrer dos séculos, há uma continuidade dentro dessa linha de pesquisa, que se
divide em quatro gerações. A primeira delas foi desenvolvida por Freud e a segunda
geração teve Melanie Klein como precursora. Klein direcionou e aprofundou seus
estudos para a sexualidade infantil, definindo sua estruturação e funcionamento.
Como exemplo pode-se citar a teoria das Phantasias inconscientes, que são
representações das pulsões individuais do sujeito. Na terceira geração, Lacan, retorna
à teoria Freudiana e direciona seus estudos para a clínica do Real, focada em
fenômenos que aparentemente são inexplicáveis. A quarta geração pode ser vista
como uma continuidade da clínica do Real de Lacan, uma vez que foca suas teorias
na subjetividade e sofrimento do sujeito contemporâneo.
Na contemporaneidade, o sujeito é formado em um cenário de afastamento dos
conceitos religiosos normativos, pois trata-se de uma sociedade organizada pela
ciência como um meio de introjeção e enfrentamento da realidade. Tal processo
26

modificou os conceitos éticos e morais, flexibilizando e aceitando novas configurações


da família e da sexualidade. Além disso, é uma era marcada pelo consumo imediatista,
não somente objetais, mas também o consumo de informações, gerando uma
compulsão desenfreada na busca pela satisfação imediata, o que impacta diretamente
na construção da subjetividade. O sujeito contemporâneo vive em uma sociedade que
potencializa o gozo como um processo de busca pela satisfação momentânea e
passageira, ou seja, um ciclo sem fim de busca pelo gozo, regido pela pulsão sexual
que dá ao sujeito a ideia de merecedor de uma felicidade inalcançável. Essa
instabilidade permanece durante toda a formação do sujeito, não somente no que se
refere ao consumo, mas em todas as suas relações pulsionais, que se direcionam
para si, fazendo com que o sujeito desenvolva relações imediatistas e fluidas.
Enfim, pode-se considerar que as leituras feitas permitem constatar que o
sujeito contemporâneo se constitui em um ambiente social e cultural que foi
transformado durante os anos, se diferenciando do sujeito vitoriano. A Psicanálise,
mesmo tendo as teorias de Freud como uma das principais bases, se atualiza e
modifica constantemente para entender a formação do sujeito, levando em
consideração seu sofrimento e o cenário em que está inserido. Tais considerações
devem ser observadas não somente na teoria, mas também na atuação clínica.
27

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