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BELO HORIZONTE
2022
GABRIELLE NUNES DOS SANTOS
KÉSIA SUELEN DE OLIVEIRA GUEIROS
MATHEUS HENRIQUE GONÇALVES ROCHA
THIFANY LUIZA BARBOSA RODRIGUES
BELO HORIZONTE
2022
RESUMO
The present study sought to discuss the new organizations of society and the
construction of the subject in the 21st century, from the psychoanalytic point of view.
The research's general objective is to understand how the cultural, political and social
changes of the last century impacted the psychoanalytic view of the formation of the
subject, in addition, to understand the construction of the subject and the masses from
the Freudian and contemporary psychoanalytic point of view. For the theoretical basis,
the method of exploratory literature review was used, being studied several authors
relevant to the topic and emphasizing the main authors of Psychoanalysis.
Contemporary society differs from previous times due to its great advances in
technology and virtual communication, being a society influenced by capitalist precepts
and focused on consumption, experiencing a process of change in the construction of
families and ethical and moral principles. Psychoanalysis constantly goes through the
process of renewal and updating of theories and techniques, seeking to be prepared
for the contemporary subject, which is built in an environment of weakening of the
paternal function and the place of the Name-Of-the-Father was taken by science,
making the introjection of rules and the symbolization of mourning uncertain
processes.
Keywords: Psychoanalysis; Freud; contemporaneity; masses.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 5
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 27
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1 INTRODUÇÃO
publicados entre 1990 e 2022, além dos autores de referência para a temática, como
Freud principalmente. Trata-se de um estudo de caráter exploratório, que permite uma
compreensão e elaboração inicial acerca do tema, proporcionando oportunidades
para aprofundamentos posteriores aos interessados.
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A mulher com o perfil assim delineado tinha todo o apoio da rainha Vitória,
que atribuía o sucesso do seu reinado à moralidade da corte e à harmonia da
vida doméstica. Consequentemente, olhava o movimento em defesa dos
Direitos da Mulher como ameaça à virtude do sexo ‘frágil’. Tal situação,
obviamente, viria a repercutir, ainda que de forma silenciosa, na vida privada,
onde a repressão, principalmente a sexual, se agrava e se intensifica.
(MONTEIRO, 1998, p. 61)
Segundo Foucault (2010) apud Carreira (2018), a Era Vitoriana foi marcada
pela disciplina e controle dos corpos. Em função do controle em ascensão, é neste
cenário que surgiu os primeiros discursos acerca do controle sexual. Mesmo assim, o
controle existente não inibiu qualquer comportamento fora dessa imposição,
contrariamente, estimulavam os homens em suas buscas por prazeres em
prostíbulos, onde se encontravam mulheres “caídas”, miseráveis e abandonadas,
como uma liberação daquilo que era tido como “ruim”. Tal conduta era vista como uma
“limpeza” necessária para proteger suas esposas virtuosas, pois só assim
conseguiriam cumprir seus papéis de marido e pai. Mesmo havendo a exploração da
sexualidade por parte dos homens, havia grande repressão e perseguição com os
sujeitos que desviavam do padrão de sexualidade da época, como homossexuais, que
eram vistos como imorais, indecentes ou doentes mentais e eram punidos
severamente de maneira a desonrá-los. (CARREIRA 2018)
Sendo assim, fica evidente a dualidade paradoxal da época: o sexo era referido
como algo perigoso, que estava relacionado às mudanças conjugais em ascensão e
à notória diminuição nas taxas de natalidade. As relações sexuais não eram mais
somente uma forma de procriação, mas sim também um meio para satisfação e
fortalecimento da intimidade conjugal. Esse cenário gerou perturbação aos vitorianos
e implicou diretamente na normativa patriarcal da época e, por isso, passou a ser
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vende seu tempo e mão de obra para as indústrias na tentativa de obter poder
aquisitivo e consumir produtos não necessários e suprir assim sua fantasia de
consumo que é imposta pelo capitalismo, criando uma necessidade subjetiva
centralizada na “valorização do valor’’ e no consumo.
Ramirez (2020) afirma que a tecnologia é uma via de mão dupla: de um lado
expande os recursos cognitivos, a capacidade de agir e a relação do sujeito com o
tempo e espaço, e por outro lado, impacta a relação com o corpo e o ambiente cultural,
a biologia e a concepção do que é realidade. O indivíduo inventa e se reinventa a
partir da influência da comunicação digital. Para Vinãr (2006), a sociedade
contemporânea é mais acelerada e com relações fragmentadas. Tal autor também
cita o crescimento das cidades e do estilo de vida urbano como um agente que tornou
as relações interpessoais mais instáveis, fugazes e com laços anômicos.
Segundo Vicente (2009), com a chegada da Era Contemporânea, as
estratégias e produtos imediatos da comunicação deixaram de ser vistos como
mecanismos que poderiam ser usados para a preservação da identidade nacional.
Considera-se que, caso fosse aceita e utilizada a evolução da comunicação através
da tecnologia que aos poucos tomava forma, poder-se-ia promover uma nova
colonização econômica. Com uma nova cultura seria possível contribuir para a criação
de indivíduos destinados à uma perda de identidade cultural, considerando-se que
mensagens midiáticas são interpretadas pelos receptores de maneira distinta, de
acordo com a sua região, geração, país e época.
Para Kallas (2016), o principal agente que proporciona o individualismo e
egoísmo do sujeito contemporâneo é a internet, instrumento pelo qual é possível
facilmente se conectar com diversas pessoas para compartilhar o que se julga o
melhor de si, desejando aprovação e autoconfirmação de um talento ou habilidade. O
autor também afirma que, no mundo virtual é possível compartilhar momentos tristes
e de perdas e, em troca, receber curtidas de pessoas desconhecidas, que muitas
vezes, não compartilham do seu sofrimento e não se solidarizam com o sofrimento do
sujeito.
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impulsos regidos pela consciência moral que se traduz pelo autor em “medo social”.
A massa psicológica compõe todas as formações sociais. Inserido nesse contexto, o
sujeito é modificado por seus integrantes em um processo de “contágio” e como um
todo, pelas “manifestações da massa”. Sendo assim, tudo que se diz respeito aos
interesses individuais se torna irrelevante diante dos interesses provisórios da massa,
que pode sobrepor os limites éticos subjetivos. Assim, há uma notável diferença entre
o indivíduo em massa e o indivíduo isolado.
Essa formação da massa psicológica se dá dados os fundamentos comuns
entre os indivíduos do grupo, onde suas estruturas psíquicas, desenvolvidas de
maneiras distintas, são desconstruídas e o inconsciente comum se manifesta como
um instinto irredutível ao destoante, não podendo ser considerado primário e
indivisível já que se constitui como uma característica da massa.
Para julgar corretamente a moralidade das massas, deve-se levar em
consideração que, ao se reunirem os indivíduos numa massa, todas as
inibições individuais caem por terra e todos os instintos* cruéis, brutais,
destrutivos, que dormitam no ser humano, como vestígios dos primórdios do
tempo, são despertados para a livre satisfação instintiva. Mas as massas são
também capazes, sob influência da sugestão, de elevadas provas de
renúncia, desinteresse, devoção a um ideal. Enquanto a vantagem pessoal,
no indivíduo isolado, é quase que o único móvel de ação, nas massas ela
raramente predomina. (FREUD, 1921/1996, p .27-28)
Rocha (2012) entende que o sujeito contemporâneo está voltado para como o
seu próprio Eu aparenta ser, pois se afasta de sua real subjetividade. Ele herda
culturalmente o sentimento de competição e individualismo, o que gera prejuízo em
diversos âmbitos de sua vida, como na sua relação familiar, econômica, profissional e
acadêmica. O sujeito, com a grande exposição ao exibicionismo de exterioridade,
perde seus valores, ideais e sentido de solidariedade e dá espaço a um sentimento
de egoísmo cômodo que o afasta das responsabilidades afetivas e sociais. Assim, os
sintomas depressivos são os mais característicos do sujeito contemporâneo, dada sua
incapacidade de simbolizar o luto que impossibilita a elaboração de novas relações
psíquicas que poderiam ser construídas.
Jacob e Cohen (2010), ao fazerem uma análise do sujeito contemporâneo, se
baseiam nas teorias de Freud e Lacan e afirmam que o sujeito contemporâneo ainda
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pode ser estudado a partir das teorias dos autores clássicos, porém, o analista precisa
compreender que, o contexto em que o sujeito está inserido e as formas como os
laços sociais, afetos e sintomas se organizam e se originam, não são da mesma forma
que o sujeito freudiano era observado. O sujeito contemporâneo busca respostas
imediatas para seu sofrimento, acredita que supostamente seu objeto perdido pode
ser encontrado e muitas vezes tem dificuldades para elaborar o luto.
Maya (2016), utilizando as obras de Lacan para fazer uma análise das massas,
afirma que o estudo das massas deve dar enfoque para a relação do sujeito com o
significante das massas. Assim é possível buscar qual é o significado inconsciente
que a massa tem para o sujeito e como ele poderia modificar e ser modificado por ela.
Tendo em vista que os processos que ocorrem na massa são os principais meios de
criação de sentidos e introjeção de objetos no campo psíquico, os laços da linguagem
se tornam o ponto chave para a construção e manutenção da dinâmica das massas.
Segundo Bedran (2014), uma das principais características da massa
contemporânea é a utilização de propagandas e meios massivos de comunicação
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
FORBES, Jorge et al. Psicanálise a clínica do real. São Paulo: Editora Manole
Ltda, 2014. 385 p. Disponível em:
https://lotuspsicanalise.com.br/biblioteca/Psicanalise_%20a_clinica_do_Real.pdf.
Acesso em: 01 set. 2022.
MAYA, Beatriz Elena. Psicologia das massas: método analógico? Stylus (Rio
J.), Rio de Janeiro, n. 32, p. 181-190, jun. 2016. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-
157X2016000100017&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 20 set. 2022.
OLIVEIRA, Maeli dos Santos Varela de; WINTER, Célia Ferreira Carta.
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Psicanalítica, Rio de Janeiro, v. 22, n.3, p. 353-361, set.-dez. 2019. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/agora/a/RJC74RzhbmnkNKRTrnBBJXN/abstract/?lang=pt.
Acesso em: 02 set. 2022.
RAMIREZ, Ainissa. The alchemy of us: how humans and matter transformed one
another. Cambridge: MIT Press, 2020.
SCHMITT, Juliana. Mortes vitorianas: corpos e luto no século XIX. São Paulo:
Centro Universitário Senac, 2008. Disponível em:
https://www.yumpu.com/pt/document/view/12743948/mortes-vitorianascorpos-e-luto-
no-seculo-xix-senac. Acesso em: 30 ago. 2022.