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DIRECÇÃO DE NEGÓCIOS, ESTUDOS E ESTATÍSTICA

DESCRIÇÃO DOS PRODUTOS TRANSACIONÁVEIS NA BOLSA DE


MERCADORIAS DE MOÇAMBIQUE

Elaborado Pelo:
Departamento de Estudos e Estatística

Maputo, Janeiro de 2016

i
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1

2. CEREAIS ............................................................................................................................... 2

2.1 MILHO ........................................................................................................................... 2

2.1.1 PRODUÇÃO DO MILHO EM ÁFRICA E NO MUNDO. ............................ 2

2.1.2 PRODUÇÃO DE MILHO EM MOÇAMBIQUE ............................................. 3

2.1.3 PRINCIPAIS VARIEDADES DE MILHO PRODUZIDAS EM


MOÇAMBIQUE ................................................................................................................... 4

2.1.4 COMERCIALIZAÇÃO DE MILHO EM MOÇAMBIQUE ........................... 5

2.1.5 COMPORTAMENTO DOS PREÇOS DO MILHO EM MOÇAMBIQUE ............ 5

2.2 ARROZ ........................................................................................................................... 7

2.2.1 PRODUÇÃO DE ARROZ EM ÁFRICA E NO MUNDO ....................................... 7

2.2.2 PRODUÇÃO DE ARROZ EM MOÇAMBIQUE ..................................................... 8

2.2.4 COMERCIALIZAÇÃO DE ARROZ EM MOÇAMBIQUE .................................. 10

2.2.5 COMPORTAMENTO DOS PREÇOS DE ARROZ EM MOÇAMBIQUE .......... 11

3 LEGUMINOSAS ................................................................................................................ 13

3.1 FEIJÃO NHEMBA ...................................................................................................... 13

3.1.1 PRODUÇÃO DO FEIJÃO NHEMBA EM ÁFRICA E NO MUNDO ........ 13

3.1.2 PRODUÇÃO DE FEIJÃO NHEMBA EM MOÇAMBIQUE ....................... 14

3.1.3 VARIEDADES DO FEIJÃO NHEMBA................................................................... 15

3.1.4 COMERCIALIZAÇÃO DO FEIJÃO NHEMBA EM MOÇAMBIQUE ..... 16

3.1.5 COMPORTAMENTO DOS PREÇOS DE FEIJÃO NHEMBA EM


MOÇAMBIQUE ................................................................................................................. 16

3.2 FEIJÃO VULGAR/MANTEIGA .............................................................................. 17

ii
3.2.1 PRODUÇÃO DE FEIJÃO VULGAR NA ÁFRICA E NO MUNDO ................... 18

3.2.2 PRODUÇÃO DE FEIJÃO VULGAR EM MOÇAMBIQUE ........................ 18

3.2.3 PRINCIPAIS VARIEDADES DE FEIJÃO VULGAR PRODUZIDAS EM


MOÇAMBIQUE ................................................................................................................. 20

3.2.4 COMERCIALIZAÇÃO DO FEIJÃO VULGAR MOÇAMBIQUE. ...................... 20

3.2.5 COMPORTAMENTO DOS PREÇOS DE FEIJÃO VULGAR EM


MOÇAMBIQUE ................................................................................................................. 21

3.3 FEIJÃO BOER.................................................................................................................... 21

3.3.1 PRODUÇÃO DE FEIJÃO BÓER EM ÁFRICA E NO MUNDO .......................... 22

3.3.2 PRODUÇÃO DO FEIJÃO BÓER EM MOÇAMBIQUE ........................................ 23

3.3.3 PRINCIPAIS VARIEDADES DE FEIJÃO BÓER ................................................... 24

3.3.4 COMERCIALIZAÇÃO DE FEIJÃO BOÉR EM MOCAMBIQUE ....................... 25

4 CULTURAS DE RENDIMENTO ................................................................................... 27

4.1 SOJA ................................................................................................................................... 27

4.1.1 PRODUÇÃO DA SOJA EM ÁFRICA E NO MUNDO ................................ 27

4.1.2 PRODUÇÃO DA SOJA EM MOÇAMBIQUE .............................................. 28

4.1.3 PRINCIPAIS VARIEDADES DE SOJA PRODUZIDAS EM


MOÇAMBIQUE ................................................................................................................. 30

4.1.4 COMERCIALIZACAO DA SOJA EM MOCAMBIQUE............................. 30

4.2 GERGELIM ................................................................................................................. 31

4.2.1 PRODUÇÃO DE GERGELIM EM ÁFRICA E NO MUNDO .................... 31

4.2.2 PRODUÇÃO DE GERGELIM EM MOÇAMBIQUE ................................... 33

4.2.3 VARIEDADES DE GERGELIM PRODUZIDAS EM MOÇAMBIQUE .. 34

4.2.4 COMERCIALIZAÇÃO DE GERGELIM EM MOÇAMBIQUE ................. 34

iii
4.2.5 COMPORTAMENTO DOS PREÇOS DE GERGELIM EM
MOÇAMBIQUE ................................................................................................................. 35

4.3 CASTANHA DE CAJÚ.................................................................................................... 35

4.3.1 PRODUÇÃO DA CASTANHA DE CAJU NA ÁFRICA E NO MUNDO ......... 36

4.3.2 PRODUÇÃO COMERCIALIZADA DA CASTANHA DE CAJÚ EM


MOÇAMBIQUE .................................................................................................................. 37

4.3.3 PRINCIPAIS CLASSES DE CASTANHA DE CAJU PRODUZIDAS EM


MOÇAMBIQUE .................................................................................................................. 41

4.3.5 COMPORTAMENTO DOS PREÇOS DA CASTANHA DE CAJU EM


MOÇAMBIQUE .................................................................................................................. 41

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ 43

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 45

iv
LISTA DE TABELAS

TABELA-1. QUANTIDADES PRODUZIDAS DE MILHO (2003-2012) ................................................ 3


TABELA-2. QUANTIDADE DE ARROZ PRODUZIDO EM MOÇAMBIQUE (2003-2012) .................... 10
TABELA-3. QUANTIDADES COMERCIALIZADAS DE ARROZ EM MOÇAMBIQUE, TIA 2003-2012 11
TABELA-4. VOLUMES DE PRODUÇÃO ALCANÇADOS (TIAS 2003-2012) .................................... 15
TABELA-5. NÍVEIS DE PRODUÇÃO DO FEIJÃO MANTEIGA (TIAS 2003-2012) ............................ 19
TABELA-6. PRODUÇÃO GLOBAL DE FEIJÃO BÓER EM TONELADA MÉTRICA POR PAÍS 2012 ..... 23
TABELA-7. VOLUME DA PRODUÇÃO DE FEIJÃO BÓER (TON) POR PROVÍNCIA 2001/02
A2011/12 .............................................................................................................................. 24

TABELA- 8. VOLUME DE COMERCIALIZAÇÃO DE FEIJÃO BÓER, NOS ÚLTIMOS ANOS EM


MOÇAMBIQUE (POR TONELADAS) ........................................................................................ 25
TABELA-9. VOLUMES DE PRODUÇÃO DE SOJA EM TONELADAS POR PROVÍNCIA NOS ÚLTIMOS
ANOS ..................................................................................................................................... 29
TABELA-10. PRODUÇÃO GLOBAL DE GERGELIM EM TONELADAS POR PAÍS 2012...................... 32
TABELA-11. VOLUME DA PRODUÇÃO DE GERGELIM (TONELADAS) POR PROVÍNCIA ................. 33
TABELA-12. VOLUMES DE COMERCIALIZAÇÃO DE GERGELIM EM MOÇAMBIQUE, NOS
ÚLTIMOS ANOS (EM TONELADAS) ...................................................................................... 34

TABELA-13. COMPORTAMENTO DO PREÇO DE GERGELIM (2003-2015)...................................... 35


TABELA-14. EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO MUNDIAL DA CASTANHA DE CAJÚ ......................... 36
TABELA-15. COMERCIALIZAÇÃO DA CASTANHA DE CAJÚ, EM TONELADAS ............................... 39
TABELA-16. EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DA CASTANHA DE CAJÚ ............................................... 42

v
LISTA DE FIGURAS

FIGURA- 1. VOLUMES DE VENDA DO MILHO (TIAS, 2003 A 2012) ................................................ 5


FIGURA- 2. COMPORTAMENTO ANUAL DOS PREÇOS DE MILHO (2003-2012) ............................... 6
FIGURA- 3. COMPORTAMENTO DOS PREÇOS NOMINAIS DE MILHO AO LONGO DO PERÍODO 2003-
2015 ......................................................................................................................................... 6
FIGURA- 4. EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DE ARROZ NO MERCADO NACIONAL (SIMA-2003-2012)
............................................................................................................................................... 12
FIGURA- 5. NÍVEL DAS VENDAS DE FEIJÃO NHEMBA- TIA (2003-2012) ..................................... 16
FIGURA- 6. EVOLUÇÃO ANUAL DOS PREÇOS NOMINAIS DO FEIJÃO NHEMBA (2003-2012) ....... 17
FIGURA- 7. VOLUMES DE VENDAS ANUAIS DO FEIJÃO MANTEIGA (TIA, 2003-2012)............... 20
FIGURA- 8. EVOLUÇÃO ANUAL DOS PREÇOS DE FEIJÃO MANTEIGA (2003-2012) ..................... 21
FIGURA- 9. PRODUÇÃO COMERCIALIZADA DE CASTANHA DE CAJÚ EM MOÇAMBIQUE (EM
TON) ...................................................................................................................................... 38
FIGURA- 10. EVOLUÇÃO DA EXPORTAÇÃO DA CASTANHA DE CAJÚ BRUTA ............................. 40

vi
1. INTRODUÇÃO

Um dos pontos que norteia a criação da BMM é intervenção na comercialização de


produtos agrícolas. É neste contexto que, a BMM elegeu algumas culturas (quer seja
alimentares básicas quer de rendimento), para constituírem produtos transacionáveis em
Bolsa. Constam destes produtos, o milho, o arroz, os feijões (nhemba, manteiga e bóer), a
soja, o gergelim e a castanha de caju.

Desta forma, o presente estudo tem como objectivo, descrever os principais produtos a
serem transacionados na BMM, com a finalidade de providenciar informação a constar
da página Web da BMM.

Para o efeito, neste estudo é realizada a descrição dos produtos a serem transacionados
na BMM, onde são considerados os seguintes aspectos: produção em África e no mundo,
produção em Moçambique, comercialização e evolução dos preços dos produtos no
mercado nacional, bem como as principais variedades (rendimento potencial e real e
adaptabilidade) para alguns produtos.

1
2. CEREAIS

2.1 MILHO

O milho (Zea mays) é um cereal bastante cultivado no mundo e em Moçambique em


particular, com um ciclo da cultura1 que varia de 80 a 150 dias. Esta cultura adapta-se a
temperaturas que variam de 18 a 30ºc, uma precipitação média que varia de 450 a 600
mm bem distribuída durante o ciclo e é pouco sensível às variações da luz embora prefira
dias longos na fase de floração (Cambaza, 2007). Os solos aluviais, assim como os solos
argilo-arenosos férteis, são considerados os melhores para esta cultura, contudo pode ser
cultivada em diferentes solos, até pouco férteis, desde que se faça uma boa adubação,
solos profundos e com boa drenagem. O mesmo autor refere que o milho desenvolve bem
em pH2 desde 5,0 até 7,5, sendo o óptimo de 6,0 a 7,0.

2.1.1 PRODUÇÃO DO MILHO EM ÁFRICA E NO MUNDO.

O milho é a commodity mais produzida no mundo, cuja produção cifrou-se em cerca de


985,4 milhões de toneladas, seguido das culturas de trigo (716,1 milhões de toneladas) e
arroz (477,3 milhões de toneladas). Os maiores produtores de milho no mundo, na
campanha 2014/2015, são os Estados Unidos (356,4 milhões de toneladas), a China (222,0
milhões de toneladas) e o Brasil com 74,0 milhões de toneladas. Por coincidência, estes
países são os maiores consumidores deste cereal ao nível do mundo, a par da União
Europeia, México e Índia3. Em áfrica, a África do Sul é o maior produtor desta commodity,
representando 17,27% da produção do continente. Dados da FAO,20134 indicam que este
país, foi o 11º no ranking mundial na produção deste cereal. Completam a lista dos

1
Ciclo da Cultura-Perído que vai desde a semenetira até a maturação
2
PH (Potencial Hidrogeniónico) é uma escala logarítmica (varia de 0 a 14) que mede o grau de acidez (de 0≤PH<7),
neutralidade (PH =7) ou alcalinidade (7 < 𝑃𝐻 ≤ 14). Quando o PH é igual a zero (0) refere-se que a acidez é máxima
e quando o PH é igual a 14, diz se que o a alcalinidade é máxima.
3
SEAB – Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento- DERAL - Departamento de Economia Rural, Outubro
de 2012 Milho-Analise da Conjuntura Agropecuaria.
4
https://geobancodedados.wordpress.com/category/economia/agricultura/ acedido em 15-10-2015.

2
maiores produtores de milho em áfrica, a Nigéria, Etiópia, Egipto e Tanzânia, com
parcelas de 14,52%, 9,32%, 9,08%, e 7,48% respectivamente.

2.1.2 PRODUÇÃO DE MILHO EM MOÇAMBIQUE

Dados do TIA indicam que as regiões centro e norte do país são aquelas que apresentam
maiores níveis de produção devido as boas condições agro-ecológicas para a produção
deste cereal comparativamente a região sul. No país, o milho é geralmente produzido em
condições de sequeiro e com maior incidência na época quente (Outubro à Março).
Estudo feito pela USAID (2011)5 aponta que o milho é a cultura mais produzida em
Moçambique, olhando para o número de pequenas explorações, área cultivada e
produção de energia para o trabalho. Dados do INE6 (2010) indicam que do total das
pequenas explorações agrícolas, 68% praticam a cultura de milho e do total da área das
culturas alimentares básicas, na mesma categoria de explorações agrícolas, o milho ocupa
cerca de 44,09% (1.360.937 hectares).

Tabela-1. Quantidades Produzidas de Milho (2003-2012)


Quantidade Produzida/Província/ANO (Toneladas)
Província
2003 2005 2006 2007 2008 2012
Niassa 159.659,56 121.748,15 222.589,56 103.820.17 170.402,41 143.760,87
C.Delgado 93.070,93 80.363,19 104.986,49 85,655.14 76.120,43 68.410,09
Nampula 89.111,55 102.543,54 124.000,25 93.911,44 99.623,46 112.494,25
Zambézia 298.927,96 178.810,60 213.240,79 229.044,91 209.090,31 178.848,42
Tete 183.433,39 173.989,19 260.330,92 211.826,33 238.901,32 226.912,09
Manica 172.190,23 162.179,91 204.025,55 211.934,94 187.079,45 227.747,64
Sofala 104.118,56 52.650,50 102.488,90 96.837,31 105.093,44 118.346,44
Inhambane 16.691,10 18.013,25 32.455,88 29.049,43 36.890,21 20.624,86
Gaza 56.453,26 40.818,49 102.090,46 60.940,81 63.815,01 48.675,27
Maputo 7.621,74 10.400,07 29.264,91 10.890,60 26.556,43 24.831,63
Total (ton) 1.181.278,27 941.516,89 1.395.473,70 1.133.911,08 1.213.572,48 1.170.651,55
Fonte: Compilação dos autores, a partir dos dados do TIA (2003-2012)

5
USAID, Fevereiro de 2011: Milho, uma Cultura de Boa nutrição e de Muita Energia.
6
Instituto Nacional de Estatística (dados do Censo Agro-pecuário)

3
2.1.3 PRINCIPAIS VARIEDADES DE MILHO PRODUZIDAS EM MOÇAMBIQUE

VARIEDADES CICLO OBSERVAÇÃO


MATUBA Muito curto Variedades de Polinização Aberta (OPV7), com épocas de
(90 – 100 dias) sementeiras óptimas de Abril à Maio (rendimento médio 2,5 t/ha) e
Outubro à Dezembro (rendimento médio 2 t/ha)
SC501 Curto Híbrido, com épocas de sementeiras óptimas de Abril à Maio
(100 – 110 dias) (rendimento médio 4,5 t/ha) e Outubro à Dezembro (rendimento
médio 3,5 t/ha)
CHANGALAN Curto Recomendada à regiões mais intermediárias com solos pesados
E (100 – 110 dias) (entre o litoral e zonas de mais altitude no interior, esta é a variedade
mais sugerida para produção, pois contém mais proteínas,
SC521 Médio Híbrido, com épocas de sementeiras óptimas de Abril à Maio
(110 – 120 dias) (rendimento médio 5 t/ha) e Outubro à Dezembro (rendimento
médio 3,8 t/ha)
CHINACA Médio à longo Variedade de Polinização Aberta. Recomendada para zonas de
(110 – 150 dias) altitude média e elevada de Moçambique.
TSANGANO Médio à longo Variedade de Polinização Aberta (OPV). Maturação intermédia-
(110 – 150 dias) tardia e com alto potencial de rendimento quando comparado com
outras OPV’s tolerantes a seca.
SUSSUMA Médio à longo Milho com Qualidade Proteica (MQP) e de polinização aberta.
(110 – 150 dias) Recomendada para regiões de altitude média e elevadas. O
rendimento potencial varia de 3 a 6t/ha.
ZM523 Ciclo curto Variedade de polinização aberta. Recomendada para zonas de baixa
(110-120 dias) à média altitudes. O rendimento médio varia de 3 t/ha a 7t/ha.
GOGOMA Muito curto Variedade de polinização aberta. Recomendada para as zonas de
(ZM309) (90- 120 dias) baixa e média altitudes de Moçambique. O rendimento potencial
varia de 2 a 5 t/ha.
MOLÓCUE Curto à médio Variedade híbrida. Recomendada para zonas de média a alta
(120 a 135 dias) altitude. O rendimento potencial varia de 5 a 9t/ha.
SP-1 Médio à tardio Variedade híbrida. Recomendada para zonas de altitude média a
(126 a 150 dias) alta. O rendimento potencial varia de 5 à 10 t/ha.
GEMA Muito curto Variedade de polinização aberta. Recomendada para zonas baixas e
(100 a 110 dias) médias. O rendimento potencial varia de 2 a 3 t/ha.
DIMBA Muito curto Variedade de polinização aberta. Recomendada para zonas de baixa
(90 a 100 dias) altitude e de precipitação irregular. O rendimento potencial varia de
2 a 5 t/ha.
Variedade de polinização aberta. Recomendada para zonas de baixa
a média altitude. O rendimento potencial é de cerca de 2 à 6 t/ha em
DJANDZA Precoce
baixa altitude e de 3 à 8 t/ha em zonas de altitude média, gerando
uma média de 2,5 à 7 t/ha.
CHINACA Ciclo Variedade de polinização aberta. Recomenda para regiões de
intermédio altitudes média e elevadas.
Fonte: Adaptado pelos autores, apartir dos dados do IIAM-Instituto de Investigação Agrária de
Moçambique e Cambaza, CM (2007)8.

7
OPV- Sigla em inglês, que significa, Variedade de Polizização Aberta
8
Tese de licenciatura do Cesário Manuel Cambaza (FAEF-UEM)

4
2.1.4 COMERCIALIZAÇÃO DE MILHO EM MOÇAMBIQUE

Apesar da produção provir do sector familiar (pequenos produtores/pequenas


explorações), uma parte desta produção é comercializada nos diferentes mercados do
país. Dados sobre a venda são constantes no gráfico 1 abaixo. Em relação às vendas, a
zona centro do país é que apresenta maiores níveis de comercialização desta commodity,
onde o destaque vai para as províncias da Zambézia, Manica e Tete cujo volume de venda
se situa entre 16 mil toneladas e 68 mil toneladas ano por província. Depois da zona
centro, encontra-se a zona norte com volumes de vendas que se situam entre 6 mil e 24
mil toneladas ano por província. A zona sul é a que comercializa menos excedente desta
commodity.

Figura- 1. Volumes de Venda do milho (TIAs, 2003 a 2012)

70 000.00
Quantidades vendidas (toneladas)

60 000.00

50 000.00

40 000.00 2003
30 000.00 2005

20 000.00 2006
2007
10 000.00
2008
0.00
2012

2.1.5 COMPORTAMENTO DOS PREÇOS DO MILHO EM MOÇAMBIQUE


Províncias

A partir dos preços do SIMA (Sistema de Informação de Preços Agrícolas), no gráfico-2


abaixo, constata-se que a evolução dos preços é sazonal, observando-se baixos preços
entre Abril e Julho (período de colheitas, que conferem maior disponibilidade do

5
produto) e preços altos entre Outubro e Fevereiro de cada ano agrícola (período de
escassez deste produto).

Figura- 2. Comportamento anual dos preços de milho (2003-2012)

14.00

12.00

10.00
2003
8.00
2005
6.00 2006
2007
4.00
2008
2.00
2012
0.00

Fonte: Compilação dos autores a partir dos dados do SIMA

Em relação ao comportamento dos preços nominais do milho de 2003 à 2012, verifica-se


que este tem uma tendência crescente ao longo do tempo, conforme ilustra o gráfico-3
abaixo. Esta é uma evolução esperada quando se trata de preços nominais uma vez que
estão sujeitos à inflação e outros factores determinantes do preço no mercado.

Figura- 3. Comportamento dos preços nominais de milho ao longo do período 2003-2015


12.00
Nível de Preços Nominais (Mts)

10.00

8.00

6.00

4.00 Preço
2.00

0.00

6
ANO
2.2 ARROZ

O arroz (Oryza sativa) é uma gramínea bastante produzida e alimenta mais de metade
da população mundial. Em Moçambique, é uma cultura produzida há cerca de 500 anos.
A temperatura ótima para o desenvolvimento do arroz situa-se entre 20 e 35ºC. O arroz
não é tolerante a temperaturas muito baixas, nem muito altas9. A zona sul do país
apresenta solos pobres em termos de nutrientes e capacidade de retenção da água e
baixos níveis de precipitação, o que torna a região menos adequada para a prática de
arroz em regime de sequeiro (FAO, 2014). O mesmo autor refere que as zonas centro e
norte, apresentam condições agro-ecológicas mais apropriadas para a produção deste
cereal (precipitação média anual que varia entre 1 000 mm e 1 900 mm) o que justifica a
tendência de um incremento considerável dos níveis de produção deste cereal no Centro
e Norte e redução na zona sul.

2.2.1 PRODUÇÃO DE ARROZ EM ÁFRICA E NO MUNDO

De acordo com Gazzola, Wander e Souza (s.a), o arroz é uma das culturas mais
consumidas pela população do mundo. Os mesmos autores reportam que os cinco
maiores produtores de arroz a nível mundial são a China (34,36%), Índia (20,72%),
Indonésia (8,04%), Bangladesh (5,44%) e Tailândia (4,21%). Em termos de exportação, a
Ásia é o principal continente exportador com um peso de 60.42%, seguido das Américas
(22,84 %) e da Europa (12,28%). No que diz respeito as importações, a Ásia é o principal
continente importador (47,12%), seguida da Europa (20,12 %) e da África (18,48%).

9
http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Arroz/ArrozIrrigadoBrasil/cap02.htm#fatores

7
Ainda sobre a produção mundial de arroz, Freitas (2010) afirma no seu trabalho sobre a
produção e área colhida de arroz no nordeste do Brasil, que a produtividade mundial do
arroz passou de 1,87 ton/ha na década de 1960 para 4,15 ton/ha em 2007. Também
enfatiza que o arroz é um dos principais alimentos mais consumidos no mundo e,
principalmente no leste e sul asiáticos, onde também se concentram os maiores
produtores (China, Índia, Indonésia e Bangladesh, nessa ordem de importância).

A produção de arroz em África tem registado uma tendência crescente. WARDA10 (2007),
analisou a série de dados referentes a produção de arroz de 1970 à 2006 tendo constatado
que a produção cresceu de 5.49 em 1970 para 14.20 milhões de toneladas em 2006. O Sul
de África, apresenta níveis mais baixo de produção contribuindo com cerca de 1.41% da
produção do continente e o Oeste da África é que contribui com 65,53% e a áfrica oriental
com 32,39%.

No que diz respeito ao consumo, a África tornou-se num grande importador de arroz no
mercado internacional. Segundo dados de “OVERVIEW: RICE IN AFRICA”11, em 2006 o
nível de importações deste cereal atingiu cerca de 32% das importações mundiais de
arroz, o equivalente a cerca de 9 milhões de toneladas. São apontados como factores
determinantes para este aumento significativo, o crescimento populacional aliado ao
aumento da renda e mudança de preferência dos consumidores, em particular nas zonas
urbanas.

2.2.2 PRODUÇÃO DE ARROZ EM MOÇAMBIQUE

A área de produção potencial de arroz no País é estimada em cerca de 900.000 hectares,


dos quais apenas cerca de 200.000 hectares (22%) são cultivados e cerca de 90% da área

10
Africa Rice Center, disponível em http://www.africarice.org/publications/Rice%20Trend%2023-10-07.pdf

11
Disponível em http://www.africarice.org/publications/nerica-comp/module%201_Low.pdf

8
cultivada localiza-se nas Províncias da Zambézia e Sofala, onde esta cultura é praticada
nas zonas baixas. As Províncias de Nampula e Cabo Delgado ocupam uma área total de
7% e os restantes 3% pertencem à zona Sul do País, com destaque para a Província de
Gaza (Distrito Chókwè). MINAG (2012) refere que a produção de arroz a nível nacional
tem estado a crescer nos últimos anos. Este crescimento segundo o mesmo autor tem
como factores o aumento das áreas de produção, distribuição de sementes e utensílios de
trabalho e condições climáticas. O Arroz é produzido por cerca de 20% de explorações12
com maior destaque para as províncias de Zambézia, Sofala, Cabo Delgado e Nampula.
Ele representa 11% da produção total dos cereais.

O arroz constitui a terceira preferência no consumo dos agregados familiares depois do


milho e mandioca. Dados da FAOSTAT (2013) indicam que o rendimento médio do arroz
no país é de 0,9 ton/ha. Este rendimento é três vezes inferior ao rendimento obtido na
África do Sul e cerca de duas vezes inferior em relação ao Zimbabwe e Zâmbia.
Moçambique é o terceiro maior consumidor de arroz na SADC, importando em torno de
60% do arroz consumido na região.

Dados do TIA (2003-2012) mostram que, a Província da Zambézia é a maior produtora


de arroz no país, seguida de Cabo Delgado e Sofala. Na zona sul a província de destaque
é a de Gaza, analisando o período de 2003 à 2012.

12
Exploração trata-se de uma unidade agrícola e é uma terminologia usada nas estatísticas oficiais como é o caso do
CAP (Censo Agropecuário) e TIA (trabalho de Inquérito Agrícola).

9
Tabela-2. Quantidade de arroz produzido em Moçambique (2003-2012)
Quantidade Produzida/Província/ANO (Toneladas)
Província
2003 2005 2006 2007 2008 2012
Niassa 3.810,69 1.547,32 2.692,28 3.018,35 4.355,90 4.458,72
Cabo Delgado 22.327,31 10.765,17 14.148,36 11.545,45 6.676,89 6.836,24
Nampula 12.972,84 6.271,00 9.508,36 9.984,55 12.188,39 13.733,3
Zambézia 59.017,64 29.528,05 54.339,84 61.832,04 41.623,66 59.370,55
Tete 581,03 234,90 1.123,14 292,83 427,86 15,88
Manica 532,91 741,73 1.869,89 1.505,57 837,50 136,61
Sofala 12.206,37 3.509,15 9.781,46 10.727,36 18.690,91 12.162,53
Inhambane 1.211,69 1.560,24 2.371,71 1.906,69 926,60 606,51
Gaza 4.713,98 9.843,99 1.304,12 2.098,70 2.406,63 4.173,51
Maputo 116,20 633,48 471,75 95,19 42,48 54,61
TOTAL-ANO
117.490,66 64.635,03 97.610,92 103.006,73 88.176,80 101.548,29
(Toneladas)
Fonte: Compilação dos autores (dados do TIA, 2003-2012)

2.2.4 COMERCIALIZAÇÃO DE ARROZ EM MOÇAMBIQUE

Apesar de o arroz ser uma cultura com níveis de produção baixos, parte da produção é
colocada no mercado. Dados do TIA apontam que a Província da Zambézia é a que coloca
maiores quantidades deste cereal no mercado, com um peso relativo de 47,92%, seguido
das províncias de Nampula e Cabo Delgado com 16,16% e 13,89% respectivamente. Na
Zona sul, Gaza é que apresentou os maiores níveis de quantidades de arroz
comercializado. A tabela abaixo, apresenta de forma sumária as quantidades vendidas
por ano e por província no período de 2003 a 2012.

10
Tabela-3. Quantidades comercializadas de Arroz em Moçambique, TIA 2003-2012
Quantidade Vendida/ Província /ANO (Toneladas)
Província
2003 2005 2006 2007 2008 2012
Niassa 585,79 319,92 192,99 591,19 420,95 1.591,19
Cabo Delgado 2.843,14 1.335,11 2.293,74 1.221,54 465,54 635,54
Nampula 1.151,13 842.86 2.069,44 1.025,75 2.307,95 2.834,55
Zambézia 7.514,28 2.340,47 5.879,77 5.126,03 4.778,84 4.694,17
Tete 90,34 4,32 110,06 20,53 128,07 SI
Manica 6,46 52,97 191,97 SI 154,24 1,34
Sofala 664,50 713,70 272,15 171,18 150,10 89,37
Inhambane SI 6,15 57,64 36,62 SI 23,74
Gaza 2.128,60 4.225,39 16,73 25,44 26,96 620,01
Maputo 23,24 192,99 SI SI 37,08 SI
TOTAL-ANO
15.007,50 10.033,88 11.084,50 8.218,27 8.469,74 10.489,92
(Toneladas)
Fonte: Compilação dos autores (dados do TIA, 2003-2012). SI= Sem Informação

2.2.5 COMPORTAMENTO DOS PREÇOS DE ARROZ EM MOÇAMBIQUE

Contrariamente ao milho, o preço de arroz no mercado nacional, apresenta menor


sensibilidade aos períodos de colheita (maior disponibilidade do produto). Este
comportamento dos preços de arroz pode ser explicado pelo facto de cerca de 60% do
arroz consumido resultar das importações. MINAG (2008) indica que Moçambique
depende de duas fontes de oferta de arroz, a produção nacional e as importações, com
variação de fontes dependendo da zona. Por exemplo, em 2008, os preços deste cereal
conheceram um aumento significativo a partir de Maio, devido à choques internacionais.
Este cenário sugere que o comportamento do preço de arroz em Moçambique, é
fracamente influenciado pela disponibilidade do arroz de produção nacional e
fortemente influenciado pelos choques externos.

11
Figura- 4. Evolução dos Preços de Arroz no Mercado Nacional (SIMA-2003-2012)

35.00

30.00
Preços Nominais (Mts/kg)

25.00

20.00 2003
2005
15.00
2006
10.00
2007
5.00
2008
0.00
2012

Meses

12
3 LEGUMINOSAS

3.1 FEIJÃO NHEMBA

Victorino e Sintra (2014) referem que o feijão nhemba de nome científico, Vigna
unguiculata (L.Walp) é uma leguminosa que constitui a base da alimentação em muitos
países subdesenvolvidos e particularmente Moçambique. Dumet D., Adeleke R., e Faloye
B. (sd), afirmam que é cultivado em todo o mundo, principalmente como legume de grão
seco mas também como vegetal (ambas folhas e grãos verdes), cultura de cobertura e
forragem. Tem vários nomes locais, incluindo feijão-frade (Portugal), feijão macassa
(Brasil) e feijão macundi (Angola).

É uma cultura que se desenvolve bem em zonas de baixa altitude, com uma precipitação
média anual que varie de 1 000 à 1 200 mm e temperaturas que variem entre 22 graus
centígrados a 30 graus centígrados. Não suporta condições excessivas de humidade, frio
ou geadas. Geralmente é produzida na época chuvosa (quente) para o caso concreto de
Moçambique, mas também pode ser praticada na época fresca (seca) devendo se garantir
a rega.

3.1.1 PRODUÇÃO DO FEIJÃO NHEMBA EM ÁFRICA E NO MUNDO

Souza, C.L.C (2005), refere que no mundo, o feijão nhemba ocupa uma área de 12,5
milhões de hectares, produzindo cerca de 3 milhões de toneladas/ano.
Aproximadamente 64% da área ocupada mundial (8 milhões de hectares) está localizada
na parte oeste e central da África. O restante é representado pela América do Sul, América
Central e Ásia, com pequenas áreas espalhadas pelo sudoeste da Europa, sudoeste dos
Estados Unidos e Oceânia. Os principais produtores mundiais são: Nigéria, Níger, Brasil,
Mali e Tanzânia. Esta leguminosa movimenta um valor global de negócios estimado em
US$ 249.142.582,00/ano (Francisco, R.F.F,2009).

13
Existe uma grande variedade dentro do continente africano, e há subespécies selvagens
desta espécie. A África Subsariana (SSA), produz 95% do consumo mundial de feijão
nhemba em 90% do total da área global de plantação.

3.1.2 PRODUÇÃO DE FEIJÃO NHEMBA EM MOÇAMBIQUE

Em Moçambique, esta cultura constitui uma das leguminosas de grão muito importantes,
sendo cultivadas principalmente pelo sector familiar em todo país.

Dados do INE13 (2010) indicam que a cultura de feijão nhemba é a segunda maior
praticada pelo sector familiar, com um peso de 43,49% do total das pequenas explorações.
Em termos da área cultivada, nas pequenas explorações é a terceira cultura ocupando
cerca de 11,10% da área total cultivada neste nível de explorações, mantendo esta
tendência para médias e grandes explorações (10,57% e 14,71% respectivamente). Estes
dados revelam o nível de importância que esta leguminosa tem no sector agrário
nacional. Carvalho, J.L (2012) indica que apesar de ser uma cultura de grande relevância,
ainda é considerado pouco produtivo tendo seu potencial genético pouco explorado, com
rendimentos médios de produtividade de grãos secos na faixa de 300 à 400 kg/ha, onde
com melhoria de tecnologias de produção pode-se alcançar níveis de rendimento
aproximado a 2.5 toneladas por hectare.

A partir dos dados dos TIA’s (Tabela-1, abaixo), observa-se que, a zona norte é a maior
produtora do Feijão Nhemba, com maior destaque para as províncias de Nampula e Cabo
Delgado com uma produção acumulada de cerca de 104.386,96 e 61.488,48 toneladas
respectivamente. A seguir vem a zona centro, onde no período em análise destacam-se
as províncias da Zambézia e Tete cuja produção acumulada nos seis anos é de 55.779,82

13
Censo Agro-Pecuário, realizado pelo Instituto Nacional de Estatística em coordenação com o Ministério da
Agricultura.

14
e 37.469,16 toneladas respectivamente. A província de Inhambane na Zona Sul é
referência na produção desta leguminosa, tendo alcançado neste período cerca de
41.974,73 toneladas.

Tabela-4. Volumes de Produção Alcançados (TIAs 2003-2012)


Quantidade Vendida/ Província /ANO (Toneladas)
Província
2003 2005 2006 2007 2008 2012
Niassa 3.204,83 3.040,91 3.726,47 1.187,31 6.416,27 4.412,81
C. Delgado 8.768,46 8.433,04 10.234,40 12.050,55 9.626,65 12.375,38
Nampula 13.212,33 11.961,65 16.516,87 20.138,82 12.817,54 29.739,75
Zambézia 13.772,65 8.093,81 8.507,47 6.005,15 10.008,66 9.392,08
Tete 5.441,20 6433,50 5.323,95 4.769,42 8.730,75 6.770,34
Manica 6.523,77 1.487,81 2.666,50 2.813,99 2.902,04 4.875,89
Sofala 4.890,25 1.322,12 2.419,60 2.330,18 1.943,64 2.569,32
Inhambane 3.711,11 5.182,35 12.813,61 8.948,62 4.375,50 6.943,55
Gaza 3.772,69 2.163,42 6.750,69 3.263,61 4.404,67 6.190,23
Maputo 442,03 687,09 2.210,05 680,31 1.122,70 2.215,02
TOTAL-ANO
63.739,33 48.805,70 71.169,61 62.187,95 62.348,43 85.484,37
(Toneladas)
Fonte: Elaboração do autor (dados do TIA 2003-2012)

3.1.3 VARIEDADES DO FEIJÃO NHEMBA

Seguno dados do IIAM, as principais variedades de feijão nhemba mais demandadas em


Moçambique são: IT98K-128-3; IT97K-390-2; IT97K-1069-6; IT98K-131-2; IT-16; IT00K-
1263 e IT-18.

15
3.1.4 COMERCIALIZAÇÃO DO FEIJÃO NHEMBA EM MOÇAMBIQUE

O Gráfico abaixo mostra que a zona norte colocou maiores quantidades do excedente no
mercado. Durante os seis anos em análise, a zona norte vendeu cerca de 32.738,18
toneladas o correspondente a 56,75% do total vendido no país. A zona centro do total das
vendas, contribuiu com cerca de 34,16 % (19.708,17 toneladas) e a zona sul contribuiu com
cerca de 9,08% (5.240,79 toneladas).

Figura- 5. Nível das vendas de feijão Nhemba- TIA (2003-2012)

4500.00
4000.00
3500.00
Níveis de vendas (ton)

3000.00
2500.00 2003

2000.00 2005
2006
1500.00
2007
1000.00
2008
500.00
2012
0.00

Províncias

3.1.5 COMPORTAMENTO DOS PREÇOS DE FEIJÃO NHEMBA EM


MOÇAMBIQUE

O comportamento dos preços nominais de feijão nhemba observa uma tendência idêntica
a dos outros produtos. A partir dos dados do Grafico-2 abaixo, pode se constatar que os
preços mais baixos são observados no período de Abril à Agosto. Isto pode estar ligado

16
à disponibilidade deste produto e os preços mais altos entre Novembro e Fevereiro do
ano agrícola.

Figura- 6. Evolução anual dos preços nominais do Feijão Nhemba (2003-2012)

40.00

35.00

30.00

25.00 2003
Axis Title

2005
20.00
2006
15.00 2007

10.00 2008
2012
5.00

0.00

4. FEIJÃO BÓER

3.2 FEIJÃO VULGAR/MANTEIGA

O feijão manteiga (Phaseolus vulgaris L.) representa uma importante fonte proteica na
dieta humana dos países em desenvolvimento, das regiões tropicais e subtropicais,
particularmente nas Américas (47% da produção mundial) e no leste e sul da África (10%
da produção mundial). O feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.) é a espécie mais
cultivada entre as demais do gênero Phaseolus. Dentre os elementos climáticos que mais
influenciam na produção de feijão salientam-se a temperatura, a precipitação pluvial e a
radiação solar. Em relação ao fotoperíodo, a planta de feijão pode ser considerada foto
neutra. Esta leguminosa apresenta vantagens nutricionais que incluem o conteúdo
protéico, o teor elevado de lisina, a fibra alimentar, alto conteúdo de carbo-hidratos

17
complexos e a presença de vitaminas do complexo B. (fonte:
http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Feijao/CultivodoFeijoeir
o/cultivares.htm.)

3.2.1 PRODUÇÃO DE FEIJÃO VULGAR NA ÁFRICA E NO MUNDO

Afonso, S.M.E (2010) refere na sua tese que a produção mundial de feijão aumentou 59,1%
no período compreendido entre 1961 e 2005. Os cinco principais países de maior
produção de feijão são o Brasil, a China, a Índia, a Birmânia e o México, representando
mais de 65% da produção mundial. O Burundi e o Ruanda são os países com maior
densidade de produção (7,91 e 7,58 t/km², respectivamente). Os principais países
exportadores são a China, os EUA, a Birmânia, o Canadá e a Argentina, sendo
responsáveis por 73,5% do total exportado e, a Índia, os EUA, Cuba, Japão e o Reino
Unido são os principais países importadores de feijão (Wander et al, 2007 citado por
Afonso). Mais de metade (54,4%) da produção mundial origina-se de apenas quatro
países. Brasil e Índia são os principais produtores mundiais de feijão. Em 2010 a Índia
ocupou a primeira posição, sendo que nesse país existe a maior área plantada com esta
leguminosa. Outros importantes produtores de feijão são: Myanmar, China, Estados
Unidos e México.

3.2.2 PRODUÇÃO DE FEIJÃO VULGAR EM MOÇAMBIQUE

O feijão manteiga, tal como as outras culturas alimentares básicas é produzida


maioritariamente pelo sector familiar (pequenas explorações). Da área total cultivada
com esta cultura, 86,28% corresponde a pequenas explorações (INE, 2010), seguido das
grandes explorações com 11,02%. Do total da área cultivada com culturas alimentares
básicas, apenas 3,05% é que se destina ao feijão manteiga.

18
Em termos de níveis de produção do feijão manteiga, a Província do Niassa é uma
referência a nível nacional, tendo alcançado uma produção acumulada de cerca de
132.003,59 toneladas, correspondentes a 40,72% da produção nacional acumulada (TIA,
2003-2012). Para além da Província de Niassa, Tete e Zambézia são outras províncias de
destaque na produção desta leguminosa, com produções médias anuais superiores a 5
mil toneladas. Duma maneira geral, a produção nacional tem uma tendência crescente.
O Gráfico-1 abaixo, elucida o comportamento produtivo desta leguminosa no período em
análise.

Tabela-5. Níveis de Produção do Feijão Manteiga (TIAs 2003-2012)


Quantidades Produzidas/Província/ANO (Toneladas)
Província
2003 2005 2006 2007 2008 2012
Niassa 17.848,58 16.255,25 19.857,08 16.339,08 22.644,52 31.024,32
C. Delgado 90,15 49,83 0,42 131,66 42,32 152,74
Nampula 79,58 756,45 1.302,60 3.748,64 820,94 859,43
Zambázia 9.956,73 7.237,04 9.508,92 14.528,86 6.668,53 6.057,71
Tete 9.320,07 9.765,34 11.508,06 12.440,62 15.867,84 10.842,25
Manica 2.274,95 4.503,20 3.802,85 3.443,67 3.977,42 3.457,38
Sofala 304,44 1.291,72 638,71 717,04 602,96 1.304,39
Inhambane 17,63 57,82 29,66 191,22 10,42 40,58
Gaza 924,04 10.121,50 2.644,06 2.841,47 1.604,55 1.295,94
Maputo 172,36 276,74 334,78 132,75 420,64 1.336,52
TOTAL-ANO
40.988,52 50.314,90 49.627,14 54.515,00 52.660,16 56.371,27
(TONELADAS)

19
3.2.3 PRINCIPAIS VARIEDADES DE FEIJÃO VULGAR PRODUZIDAS EM
MOÇAMBIQUE

Dados do IIAM apontam que o país dispõe de diferentes tipos de variedades de feijão
vulgar, nomeadamente: A222 (feijão preto), Sugar 131 (feijão catarina), AFR 703 (feijão
encarnado), NUA 45 (feijão calima).

3.2.4 COMERCIALIZAÇÃO DO FEIJÃO VULGAR MOÇAMBIQUE.

Tal como a produção, a Província do Niassa mantém o domínio na componente da


comercialização do feijão manteiga, tendo contribuído em cerca de 42,93% do feijão
comercializado durante o período em análise (TIA, 2003-2012). As províncias de Tete e
Zambézia contribuem em cerca de 38,03% do feijão comercializado neste período.
Observando o gráfico abaixo, no geral tem havido uma tendência crescente nos volumes
comercializados ao longo do tempo.

Figura- 7. Volumes de Vendas Anuais do Feijão Manteiga (TIA, 2003-2012)

18000
16000
Nível de vendas (ton)

14000
12000
2003
10000
8000 2005
6000 2006
4000
2007
2000
0 2008
2012

Província

Fonte: Elaboração dos autores (dados do TIA 2003-2012)

20
3.2.5 COMPORTAMENTO DOS PREÇOS DE FEIJÃO VULGAR EM
MOÇAMBIQUE

A partir do Gráfico-3 abaixo, pode-se afirmar que os preços mais baixos são observados
entre os meses de Maio e Julho (Período de maior disponibilidade do produto, pois
coincide com a época da colheita) e os mais altos verificam-se entre Novembro e Fevereiro
de cada ano agrícola.

Figura- 8. Evolução anual dos preços de Feijão Manteiga (2003-2012)

60.00

50.00

40.00 2003
2005
30.00
2006
20.00 2007
2008
10.00
2012
0.00

Fonte: Adaptação dos Autores a partir dos dados do SIMA14


- Dados de 2015 actualizados até Outubro.

3.3 FEIJÃO BOER

Feijão Bóer cientificamente designado por Cajanus Cajan (l) Millsp, conhecido por “Pigeon
Pea” e “Cajan Pea”, entre países de língua inglesa, por “ambavade” e “pois de´Angole” entre
os de língua francesa. Também designado de “Feijão-congo” em Cabo Verde, Ervilha-de-
Congo de Angola e o mundru de São Tome e Príncipe.

14
Sistema de Informação de Mercados Agrícolas

21
Esta leguminosa cultiva-se nos países tropicais e subtropicais nas regiões semi-áridas.
Segundo a FAO (1996) indica existência de cerca de 2.9 mil hectares de Feijão Bóer no
mundo com a produção média de 700kg/ha.

3.3.1 PRODUÇÃO DE FEIJÃO BÓER EM ÁFRICA E NO MUNDO

A produção mundial de feijão bóer tem registado crescimento de forma robusta


equivalente a 8000 toneladas métricas adicionados a cada ano e das leguminosas, em
termos de quantidades de produção esta cultura que se encontrava em quinto escalão nos
anos 2001-02, desde 2001-12 até a actualidade se destaca na primeira posição. O aumento
desta produção foi acompanhado pelo aumento de vendas no mercado.

A nível mundial a Índia e Myanmar, são os maiores produtores do feijão bóer e é uma
das culturas dinâmicas na África Subsaariana15. Dos países da África subsaariana
analisados o Malawi e Tanzânia se encontravam no topo de ranking mundial do ano 2012,
com uma produção total de 237.210 e 206.057 respectivamente, infelizmente Moçambique
passou despercebido na análise desta cultura neste ano, mas se o tivesse incluído
Moçambique estaria no quinto lugar neste ranking (Walker, T. at all, 2015, pág.24).

15
Pode constatar na tabela 7 de Volume da produção de Feijão Bóer (Toneladas) por província nos últimos Anos
em Moçambique, apresentada no presente relatório.

22
Tabela-6. Produção Global de Feijão Bóer em Tonelada Métrica por País 2012
Ano Rank País Produção
2012 1 India 2,650,000
2012 2 Myanmar 900,000
2012 3 Malawi 237,210
2012 4 Tanzânia 206,057
2012 5 Kenya 89,390
2012 6 Uganda 84,200
2012 7 República Dominicana 27,997
2012 8 Nepal 14,082
2012 9 Burundi 8,135
2012 10 DRC 6,800
Fonte: FAOSTAT 2012 (http://faostat.fao.org/site/339/default.aspx).

3.3.2 PRODUÇÃO DO FEIJÃO BÓER EM MOÇAMBIQUE

Segundo a PROMER (2011) milhares de agricultores moçambicanos cultivam o feijão bóer


com fundos próprios e sem garantias de compra concreta e mesmo assim conseguem
colocação para o seu produto. A produção de Feijão Bóer é altamente perceptível nas
províncias de Nampula, Niassa e Zambézia.

Segundo Rosário Marapusse economista do projecto da USAID para o Desenvolvimento


Económico Empresarial, a cultura de feijão bóer tem registado considerável crescimento
de 8 por cento ao ano, o que a torna tão importante como o milho e a mandioca, e esta
ocupa cerca de 250 mil hectares equiparando-se ao amendoim e arroz. Devido ao preço
atractivo (a tonelada chegou a custar 1000 dólares ao produtor na última safra), há cada
vez mais famílias envolvidas, facto que contribui para o incremento das áreas de cultivo
por família (Relatorio sobre Transações de Produtos Agrícolas pela BMM, 2015).

23
A região de maior produção é o Norte, sendo a província líder Zambézia que é a maior
produtora a nível nacional, cobrindo mais de 50 % da produção nacional, de acordo com
o site www.noticias.co.mz, acessado em (29/08/2014) e Tabela abaixo. Depois da
Província da Zambézia, seguem as províncias de Nampula e Niassa (Relatório sobre
Transações de Produtos Agrícolas pela BMM, 2015).

Tabela-7. Volume da Produção de Feijão Bóer (Ton) por Província 2001/02 a2011/1216
Província 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07 2007/08 2011/12
Cabo Delgado 8.500 1.100 9.000 5.114 4.230 4.300 4.300 5.100
Niassa 2.500 2.700 900 1.698 1.580 1.800 7.500 5.836
Nampula 9.200 1.800 2.900 8.909 11.550 22.130 27.000 27.045
Zambézia 17.000 37.000 27.000 26.424 52.000 58.970 46.500 73.090
Tete SI SI SI 458 620 500 2.800 9.972
Manica SI SI SI 782 990 1.200 1.550 6.248
Sofala SI SI SI 1.309 1.300 1.230 1.110 3.600
Inhambane SI SI SI 191 1.132 1.302 577 351
Gaza SI SI SI 460 845 420 1.445 SI
TOTAL 37.200 42.600 39.800 45.345 45.411 73.881 92.782 131.242
Fonte: TIA – Trabalho de Inquérito Agrícola
SI=Sem Informação (MIC, 2014)

3.3.3 PRINCIPAIS VARIEDADES DE FEIJÃO BÓER

A variedade do feijão bóer desenvolvida actualmente é a 004, que foi introduzida pelo
IIAM, que pode ser cultivada na época seca e contribui para a melhoria da qualidade dos
solos e tem maiores rendimentos: cinco a seis toneladas por hectare, contra uma a duas
toneladas conseguidas com a variedade local que já estava degenerada.

16
Dados retirados no Estudo sobre Pigeonpea in Mozambique: An Emerging Success Story of Crop Expansion in
Smallholder Agriculture. Junho de 2015 elaborado por Tom

24
Segundo a Mapusse (FENAGRE) a introdução desta variedade no âmbito de um projecto
financiado pela Aliança para uma Revolução Verde em África (AGRA) em pouco mais
de um milhão de dólares norte-americanos, acabou sendo o principal incentivador do
crescimento dos rendimentos que se verifica actualmente. E comparativamente a
variedade antiga que não tinha um mercado amplo devido a problemas de qualidade
relacionados com o aspecto físico, a actual (0040) tem mais sabor, tem mercado na Ásia e
pode também ser comercializada localmente

3.3.4 COMERCIALIZAÇÃO DE FEIJÃO BOÉR EM MOCAMBIQUE

A maior parte da produção do feijão bóer nos últimos anos tem sido para Exportação.

No que tange a comercialização do feijão bóer, de 2001/02 para 2011/12, registou-se em


Moçambique uma subida de 33.480 para 119.423 Toneladas (veja a tabela8). A nível
mundial em 2014, Moçambique foi o quinto maior produtor de feijão bóer e o terceiro
maior exportador desta cultura (Walker, MASA 2015).

Tabela- 8. Volume de comercialização de Feijão Bóer, nos últimos anos em Moçambique


(por Toneladas)
Província 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07 2007/08 2011/12
Cabo Delgado 7.650 990 8.100 4.603 3.807 3.870 3.870 4.590
Niassa 2.250 2.430 810 1.528 1.422 1.620 6.750 5.252
Nampula 8.280 1.620 2.610 8.018 10.395 19.917 24.300 24.341
Zambézia 15.300 33.300 24.300 23.782 46.800 53.073 41.850 65.781
Tete SI SI SI 412 558 450 2.520 8.975
Manica SI SI SI 704 891 1.080 1.395 5.623
Sofala SI SI SI 1.178 1.170 1.107 999 3.240
Inhambane SI SI SI 172 1.019 1.172 519 316
Gaza SI SI SI 414 761 378 1.234 1.305
TOTAL 33.480 38.340 35.820 40.811 45.411 73.881 83.437 119.423
Fonte: Walker. Tom (2015) citando IAI 2012.

25
Segundo a Zauba (disponível no sítio https://www.zauba.com), o valor acumulado das
exportações de feijão bóer para a Índia no período 2012-2014 foi estimado em cerca de
146 mil toneladas o que corresponde a cerca de 86 milhões de dólares americanos. Pouco
mais de 1 milhão de famílias camponesas estão envolvidas na produção desta cultura,
que nos últimos anos tem sido considerada cultura de rendimento em franca expansão
no centro e norte do país, com um número de produtores, situado em 695.286 em 2002.
Estes dados revelam que o numero de praticantes quase que duplicou, o mesmo
acontecendo com a área cultivada, que de 68.814 hectares passou para 248.929 (Relatório
sobre transação de produtos Agrícolas pela BMM, 2015).

26
4 CULTURAS DE RENDIMENTO

4.1 SOJA

A soja (Glycine max), também conhecida como feijão-soja e feijão-chinês é a oleaginosa


mais importante e mais negociada no mundo, com o ciclo da cultura de 90 a 160 dias.
Originariamente, a soja é uma planta subtropical, mas, com o melhoramento genético,
pode ser cultivada hoje até a latitude de 52º N. Na década de 20 do século passado,
agricultores americanos iniciaram o cultivo da soja em larga escala, que era usada
principalmente como um insumo para ração animal (HIRAKURI e LAZZAROTTO,
2014). A produção da soja é vista como uma história de sucesso – uma cultura lucrativa
para pequenos proprietários de terra que está a crescer rapidamente17.

4.1.1 PRODUÇÃO DA SOJA EM ÁFRICA E NO MUNDO

A soja faz parte do conjunto de produtos agrícolas com maior destaque no mercado
mundial. Observa-se que a soja tem sido o quarto grão mais consumido e produzido
globalmente, atrás de milho, trigo e arroz, além de ser a principal oleaginosa cultivada
anualmente no mundo. Adicionalmente, no período entre os anos agrícolas 2000/01 e
2013/14, a soja e o milho são as culturas que apresentaram os crescimentos absolutos
mais expressivos, tanto em consumo quanto produção (HIRAKURI e LAZZAROTTO,
2014).

Os maiores produtores de soja do mundo, segundo dados de 201018, são os Estados


Unidos (35%), seguido do Brasil (27%), Argentina (19%), República Popular da
China (6%) e Índia (4%). A produção mundial de soja em 2010 foi de 258,4 milhões de
toneladas.

17
Relatório Sobre Transacção de Produtos Agrícolas pela Bolsa de Mercadorias de Moçambique (BMM). Maputo,
Julho de 2015.
18
http://faostat3.fao.org/

27
Ao nível da região Austral de África, a África do Sul, Malawi e Moçambique constituem
os maiores produtores com uma produção de 708.750 toneladas em 418.000 hectares,
79.600 toneladas em 82.000 hectares e 24.000 toneladas em 24.000 hectares
respectivamente.

4.1.2 PRODUÇÃO DA SOJA EM MOÇAMBIQUE

Historicamente a soja foi introduzida em Moçambique, na localidade de Lioma – Gurué


- no início da década de 80 como cultura mecanizada intensiva em sequeiro com
assistência brasileira (500 a 600 hectares/ano) e, parou em 1984/1985 devido a Guerra
Civil. Em 2003/4 foi reintroduzida em Lioma junto aos pequenos produtores, estimando-
se uma produção nacional de 400 toneladas e com uma demanda enorme da indústria
avícola (PERREIRA, 2012).

Em 2007/11 iniciou a expansão da produção da soja para mais províncias (Niassa,


Nampula, Tete, Manica e Maputo) atingindo-se durante a campanha agrícola 2009/11
aproximadamente 7.5 toneladas produzidas. Actualmente a produção da soja é
significativa em várias regiões das províncias acima mencionadas, estando as áreas de
produção directamente ligadas a indústria avícola, de ração e óleo, num rácio total de
24.000 toneladas em 24.000 hectares (Technoserve, 2012).

Na tabela 9 abaixo, apresenta-se os volumes de produção de soja ao longo dos últimos


cinco anos. As províncias que mais se destacam na produção desta cultura são Tete e
Zambézia.

28
Tabela-9. Volumes de Produção de Soja em Toneladas por Província nos últimos Anos
Província 2004/05 2005/06 2006/07 2007/08 2011/12
Cabo Delgado SI SI SI SI 8.895
Niassa 21 2.780 SI SI 217
Nampula SI SI SI SI 125
Zambézia 101 5.900 4.200 942 1.212
Tete 3.099 3.465 5.416 6.196 2.954
Manica SI SI SI SI 504
Sofala SI SI SI SI
TOTAL 3.221 12.145 9.616 7.138 13.907
Fonte: FAOSTAT, 2012; MIC, 2014; Direcção Nacional de Economia do Ministério de Agricultura (TIA) 19.

Segundo Pereira (2012), actualmente a produção da soja é significativa em várias regiões


das províncias mencionadas acima, estando as áreas de produção directamente ligadas a
indústria avícola, de ração e óleo, num rácio total de 24.000 toneladas, em 24.000 hectares.
Com efeito, nas três últimas campanhas aumentou o número de produtores de soja
(produtor familiar, pequeno agricultor comercial, produtor comercial médio/grande) de
11.204 para 16.555 e de 16.555 para 22.090, o mesmo ocorrendo com a quantidade
produzida de 7.350 toneladas para 11.865 e, de 11.865 para 21.300 toneladas (Relatório
Sobre Transacção de Produtos Agrícolas pela BMM,2015).

19
Relatório Sobre Transacção de Produtos Agrícolas pela Bolsa de Mercadorias de Moçambique (BMM). Maputo,
Julho de 2015.

29
4.1.3 PRINCIPAIS VARIEDADES DE SOJA PRODUZIDAS EM MOÇAMBIQUE

VARIEDADE CARACTERÍSTICAS OBSERVAÇÕES


H7 Recomendada para zonas centro e
norte do país. Zonas muito aptas:
Angónia, Tsangano e Gurué.
OCEPARA-4 Recomendada para zonas centro e
norte do país. Zonas moderadamente
aptas: Bárue, Manica, Gorongosa,
Altamente produtivas ( 3 Sussundenga e Planalto de Niassa.
427/5/7 vezes mais nas mesmas Recomendada para zonas centro e
condições que as norte. Zonas muito aptas: Angónia,
variedades locais não
Tsangano e Gurué.
melhoradas). Tem um
H10 Recomendada para zonas centro e
rendimento potencial que
pode atingir 3 t/ha sem norte do país. Zonas moderadamente
adubação em zonas aptas e aptas: Bárue, Manica, Gorongosa,
1 t/ha em zonas Sussundenga e Planalto de Niassa.
H19 moderdamente aptas Recomendada para zonas centro e
norte. Zonas muito aptas: Angónia,
Tsangano e Gurué.
H17 Recomendada para zonas centro e
norte do país. Zonas moderadamente
aptas: Bárue, Manica, Gorongosa,
Sussundenga e Planalto de Niassa.
TGX 1740-2F Recomendada para zonas centro e
norte. Zonas muito aptas: Angónia,
Tsangano e Gurué.
Fonte: Adaptado pelos autores a partir dos dados do IIAM.

4.1.4 COMERCIALIZACAO DA SOJA EM MOCAMBIQUE

A soja produzida em Moçambique é destinada ao consumo interno e a comércio externo


(exportação). Em relação ao consumo interno é maioritariamente processada pelos
produtores de ração na indústria avícola e começam a surgir alguns casos de produção
de óleo.

30
A comercialização da soja em Moçambique é feita tanto por contrato como por venda
directa ao intermediário isto é, a provisão de insumos para a produção é
maioritariamente garantida por ONG´s e grandes comerciantes que financiam a
produção directamente aos pequenos produtores sobre contrato (informal), com a
promessa de que a produção resultante será a estes vendida para exportação (Relatorio
sobre Transações de Produtos Agrícolas pela BMM, 2015).

De 2000 à 2006 foi reintroduzida a exportação da soja produzida em Moçambique para o


mercado norueguês, estimando-se uma produção de 50.000 toneladas por ano (Pereira,
2012), actualmente a soja é exportada para China e Índia.

4.2 GERGELIM

O gergelim é uma planta oleaginosa de ampla adaptabilidade, também conhecido


como sésamo, originária do Oriente, pertencente à família das pedaliáceas (Sesamum
indicum). O cultivo desta oleaginosa prospera em regiões de alta temperatura, baixa
altitude e iluminação solar abundante. Em geral, é resistente à seca e apto para o cultivo
em zonas áridas e semi-áridas e em épocas de escassa precipitação. 20

4.2.1 PRODUÇÃO DE GERGELIM EM ÁFRICA E NO MUNDO

O gergelim é a nona oleaginosa mais cultivada no mundo, este é cultivado em 65 países,


dos quais 24 localizam-se na Ásia, 21 na África, 15 na América Central e do Sul e 5 na
Europa (Arriel N. et all, s/d).

A produção mundial actual está estimada em 2.378.000 toneladas, obtidas em 6 milhões


de hectares, com uma produtividade de 390 kg/ha. A Ásia e a África detêm cerca de 90%
da área plantada. Os principais países produtores são Índia e China, com 50% da

20
ARRIEL Nair H. C., VIEIRA Dirceu J. e FIRMINO Paulo de Tarso. Situação atual e perspectivas da cultura do gergelim
no Brasil. Recursos Genéticos e Melhoramento de Plantas para o Nordeste Brasileiro. S/D.

31
produção mundial, seguidos de Myanmar, Sudão, Uganda, Blangadesh, Venezuela e
Etiopia (Arriel, N. et all, s/d).

Nos últimos anos os países africanos se têm destacado na produção e exportação do


gergelim. A Etiópia e Sudão são uns dos países mais citados no ranking mundial dos
maiores produtores com percentagem de 25% e 12%, e Moçambique com 4%21.

A produção mundial do Gergelim em 2010 foi estimada em 4,31 milhões de toneladas,


obtidas em 7,86 milhões de hectares, com produtividade de 804 kg/ha.

Segundo a Faostat 2012, o Gergelim é uma cultura de rendimento muito procurada a nível
mundial, os países da Africa Sub Saariana têm-se destacado na produção desta cultura,
no ranking da produção global de 2012 Moçambique foi o 8º país produtor de gergelim
com uma quantidade de 117,000 toneladas métricas (vide tabela abaixo).

Tabela-10. Produção Global de Gergelim em Toneladas por País 2012


Ano Rank País Produção
2012 1 Myanmar 870,000
2012 2 India 685,000
2012 3 China, mainland 623,000
2012 4 United Republic of Tanzania 456,000
2012 5 Uganda 188,740
2012 6 Ethiopia 181,376
2012 7 Nigeria 158,000
2012 8 Mozambique 117,000
2012 9 Burkina Faso 100,488
2012 10 Somalia 70,000
Fonte: Faostat, 2012

21
Relatório Sobre Transacção de Produtos Agrícolas pela Bolsa de Mercadorias de Moçambique (BMM). Maputo,
Julho de 2015.

32
4.2.2 PRODUÇÃO DE GERGELIM EM MOÇAMBIQUE

Índia e Myanmar foram os responsáveis por 41% da produção mundial. Moçambique


neste período encontrou-se em 15º lugar com 46 mil toneladas produzidas em 70 mil
hectares e rendimento em torno de 660 kg/ha, rendimento este superior aos 539Kg/ha e
485Kg/ha do Myanmar e Índia respectivamente (PROMER, 2011). E no ranking da
produção global de 2012 Moçambique foi o 8º país produtor de gergelim com uma
quantidade de 117,000 toneladas métricas (faostat,2012).

O gergelim produzido em Moçambique é maioritariamente exportado isto é, a fase de


acumulação nas cadeias de Gergelim não é muito expressiva uma vez que a produção é
maioritariamente feita por contrato, logo é directamente vendida aos fomentadores que
por sua vez fazem o pré-processamento e depois exportam (Relatório Sobre Transacção
de Produtos Agrícolas pela BMM, 2015).

Segundos os dados dos TIA (2012), no que diz respeito ao volume de produção de
gergelim, Moçambique produziu cerca de 34.000 toneladas em 2012 (Tabela abaixo).

Tabela-11. Volume da produção de Gergelim (Toneladas) por província


Província 2004/05 2005/06 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10 2011/12
Cabo Delgado 6.314 4.610 3.763 5.494 SIP SIP 3.926
Niassa 363 261 294 1.135 SIP SIP 534
Nampula 7.836 8.727 5.748 14.100 SIP SIP 7.744
Zambézia 992 1.335 930 983 SIP SIP 6.478
Tete 610 1.390 1.580 3.465 SIP SIP 4.692
Manica 1.260 1.673 2.161 3.011 SIP SIP 1.965
Sofala 2.692 2.535 4.298 12.500 SIP SIP 8.549

TOTAL 20.066 20.529 18.773 40.688 40.698 29.736 33.888


Fonte: TIA – Trabalho de Inquérito Agrícola
SIP=Sem Informação por Província (MIC, 2014)

33
4.2.3 VARIEDADES DE GERGELIM PRODUZIDAS EM MOÇAMBIQUE

As variedades de sementes de cor branca e ou creme do gergelim são as de maior valor


comercial, enquanto as de cor preta têm procura mais limitada. As principais variedades
de sementes de referência do gergelim produzido em Moçambique são: I ICTA-R-198,
Nicarágua, Linde-02, Naliendele-92 e Ziada-94 (PERENE, 2013).

4.2.4 COMERCIALIZAÇÃO DE GERGELIM EM MOÇAMBIQUE

Assim como a Soja, a produção do Gergelim é maioritariamente garantida por ONG´s e


grandes comerciantes que financiam a produção directamente aos pequenos produtores
sobre contrato (informal). Por este motivo a produção destas culturas têm registado
volumes cada vez mais crescentes e é comercializado aos fomentadores que exportam
para países como a Índia, China entre outros países.

No que diz respeito a comercialização do gergelim, de 2004/05 à 2011/12, Moçambique


registou uma subida de 16.053 para 27.110 toneladas por ano, conforme apresentado na
tabela abaixo.

Tabela-12. Volumes de comercialização de Gergelim em Moçambique, nos últimos


Anos (em Toneladas)
Província 2004/05 2005/06 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10 2011/12
Cabo Delgado 5.052 3.688 3.010 4.395 SIP SIP 3.140
Niassa 290 209 235 908 SIP SIP 427
Nampula 6.269 6.981 4.599 11.280 SIP SIP 6.195
Zambézia 793 1.068 744 786 SIP SIP 5.182
Tete 488 1.112 1.264 2.772 SIP SIP 3.754
Manica 1.008 1.338 1.729 2.409 SIP SIP 1.572
Sofala 2.154 2.028 3.439 10.000 SIP SIP 6.839
TOTAL 16.053 16.424 15.019 32.550 40.698 29.736 27.110
Fonte: TIA – Trabalho de Inquérito Agrícola
SIP=Sem Informação por Província (MIC, 2014)

34
4.2.5 COMPORTAMENTO DOS PREÇOS DE GERGELIM EM MOÇAMBIQUE

Tabela-13. Comportamento do preço de Gergelim (2003-2015)

Anos Valor USD Quantidade tonelada Preço USD Preço Metical

2003 3268 5281 0,62 18,99


2004 9005 12582 0,72 21,96
2005 8303 11755 0,71 21,68
2006 5788 8166 0,71 21,75
2007 15793 19653 0,80 24,66
2008 38233 25793 1,48 45,49
2009 45151 39436 1,14 35,14
2010 26929 22676 1,19 36,45
2014 - - - -
2015 - - 1.30 40,00
Taxa de câmbio médio = 30,69*

A tabela-13 acima, mostra que os preços nominais de gergelim ao longo do tempo tem
uma tendência crescente, tendo atingido um pico de 45,49 meticais em 2008.

4.3 CASTANHA DE CAJÚ

O cajueiro (nome científico Anacardium occidentale) é uma planta tropical da família


Anacardiaceae originária da região nordeste do Brasil, com arquitetura de copa tortuosa
e de diferentes portes. Na natureza existem dois tipos: o comum (ou gigante) e o anão. O
tipo comum pode atingir entre 5 e 12 metros de altura, mas em condições muito propícias
pode chegar a 20 metros. O tipo anão possui altura média de 4 metros. (Fonte: Wikipédia,
a enciclopédia livre).

A castanha de cajú é muito cultivada em todas as regiões com um clima suficientemente


quente e húmido, repartindo-se por mais de 31 países, para uma produção anual, em
2006, de mais de três milhões de toneladas, segundo números da FAO 2010 (Organização
das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação). A área total de cultivo é de 33.900

35
km², para um rendimento médio de 916 kg/hectare. ( FAO, Direcção de Estatística -
Produção mundial de caju FAO - Produção mundial de cajú). A amêndoa contida no
interior da castanha, quando seca e torrada, é popularmente conhecida como castanha de
cajú. Tem, ainda, os nomes científicos de Anacardium microcarpum e Cassuvium
pomiverum.

4.3.1 PRODUÇÃO DA CASTANHA DE CAJU NA ÁFRICA E NO MUNDO

Nos últimos anos, a produção mundial de castanha de cajú em bruto (ou seja, na casca)
cresceu de cerca de 3.951 mil toneladas em 2010 para 4.150 mil toneladas (em 2012). Em
2012, de acordo com a informação estatística da FAO (visitado em 2015), o maior produtor
de castanha de cajú a nível mundial é o Vietnam com uma produção de 1.190.900
toneladas (cerca de 29% da produção mundial), seguido da Nigéria e Índia com 837.500
e 680.000 toneladas (cerca de 20% e 16% da produção mundial), respectivamente. Os
maiores produtores de cajú, de acordo com a FAO , constam do quadro abaixo.

Tabela-14. Evolução da Produção Mundial da Castanha de Cajú


Produção/Ano (Toneladas)
Países 2010 2011 2012
Vietname 1242000 1237300 1190900
Nigéria 830000 835000 836500
India 613000 674600 680000
Costa de Marfim 380000 393000 450000
Benin 102137 162986 170000
Brasil 104342 230785 80630
Fiilpinas 134681 133388 132541
Indonésia 115000 114600 117400
Tazânia 74170 122274 122274
Guiné Bissau 108029 128684 130000
Moçambique 96558 112700 64731
Total 3799917 4145317 3974976
PRODUÇÃO MUNDIAL
3951312 4308077 4150315
(TONELADAS)
Fonte: FAOSTAT, 2015 e INCAJU 2015

36
4.3.2 PRODUÇÃO COMERCIALIZADA DA CASTANHA DE CAJÚ EM
MOÇAMBIQUE

O sector de cajú tem uma importância estratégica para o desenvolvimento económico do


país, particularmente nas áreas rurais da região do norte. Mais de 40% dos agricultores
moçambicanos (mais de um milhão de famílias) cultivam e vendem cajú e o sector de
processamento dá emprego formal para mais de 8.000 indivíduos (INCAJÚ- 2013).

A produção de cajú é a principal fonte de renda para cerca de 1,4 milhões de produtores
rurais em Moçambique. Os pequenos produtores de cajú gerem tipicamente pequenas
propriedades com 10 a 20 cajueiros misturados com outras culturas. Durante a colheita,
que ocorre de Outubro a Fevereiro, o agricultor médio de cajú produz cerca de 100 kg de
castanhas vendendo às processadoras mais próximas das comunidades.

Até inícios dos anos 1970, o país comercializava cerca de 200 mil toneladas anuais,
ocupando cerca de 40% da quota de mercado. A capacidade instalada de processamento
atingia as 75 mil toneladas anuais, com a qual exportava 20 mil tons/ano de amêndoa.
(fonte: flash - Resultados das investigações do Projecto de Segurança Alimentar em
Moçambique MAP-Direcção de Economía: O Debate sobre o Cajú em Moçambique: Que
vias Alternativas?).

Após a independência, a produção comercializada diminuiu, tendo atingido apenas 30


mil toneladas ano, o nível mais baixo registado nos anos 80. Actualmente, o país
comercializa cerca de 100 mil tons/ano, e tem uma capacidade instalada de
processamento de cerca de 38 mil tons/ano, exportando 50-60 milhões de dólares (em
castanha e amêndoa de cajú).

Importa referir que este capítulo referente a cultura da castanha de cajú irá considerar
apenas as estatísticas respeitantes a comercialização, sem abordar a produção, pois as

37
estatísticas oficiais privilegiam a castanha comercializada dado que parte da produção é
retida pelas famílias produtoras para o autoconsumo (substituto do amendoim),
comercialização informal, processamento artesanal (venda em forma de amêndoa).
Neste contexto, de acordo com os dados retirados da FAOSTAT e INCAJU (visitados em
2015), a produção média comercializada da castanha de cajú nos últimos cinco anos (2008-
2012) totalizou cerca de 91,3 mil toneladas, com destaque para o período de 2011, onde o
país atingiu 112.700 toneladas.

Figura- 9. Produção Comercializada de Castanha de Cajú em Moçambique (em Ton)

120 000 112 700


104 337
96 500.0 96 558
100 000

74 397.0
80 000
62 821 64 150.0 64 731

60 000
42 988
40 000

20 000

-
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Fonte: FAOSTAT, 2015 e INCAJU, 2015

Em termos regionais, a região do norte do país afigura-se com maiores níveis de


comercialização representando na campanha de 2013/14 cerca de 72% da produção
nacional, a região central representa cerca de 15% e a região sul contribui com cerca de
17%.

Conforme os dados obtidos pelo INCAJU, a Província de Nampula concentra em média


57% da produção comercializada de castanha em bruto, do volume total, seguida pelas

38
províncias de Inhambane, Cabo Delgado e Zambézia que contribuem com quotas médias
de 13%, 9% e 8% respectivamente.

Importa destacar a Provínica de Nampula onde, a parte comercializada é maior que nas
outras províncias, o que pode ser devido à proximidade do porto de Nacala, o mais
importante ponto de exportação de castanha de caju em bruto e processada, enquanto
que as outras províncias estão mais afastadas dos mercados de consumo. Pode ser que o
mercado informal jogue um papel importante nas províncias do Sul, e não está aqui
reprsentada. Na Província de Gaza, por exemplo, os produtores e/ou pequenos
comerciantes vendem uma parte significante da produção directamente à Maputo.

Tabela-15. Comercialização da castanha de cajú, em toneladas


2005/2006 2006/2007 2007/2008 2008/2009 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14
Nampula 29.433 43.615 46.123 28.877 49.752 54.915 37.016 56.482 37.079
Cabo Delgado 4.188 8.001 9.005 8.093 9.66 10.847 11.153 10.981 8.537
Zambézia 11 12.138 12.138 3.212 10.843 11.686 2.523 7.707 6.435
Manica - - 6.72 6.038 3.753 4.693 1.8 1.031 2.045
Sofala 6.53 1.904 5.372 1.607 2.985 5.402 1.009 1.272 1.038
Inhambane 5.397 3.595 8.56 8.432 10.51 11.664 5.489 3.589 4.037
Gaza 6.173 5.085 6.324 7.778 8.85 13.507 6.055 2.025 3.911
Maputo 196 59 71 113 204 39 48 54 -
TOTAL 62.917 74.397 94.314 64.15 96.558 112.753 65.093 83.141 63.081
Região Norte 53,4% 69,4% 58,5% 57,6% 61,5% 58,3% 74,0% 81,1% 72,3%
Nampula 46,8% 58,6% 48,9% 45,0% 51,5% 48,7% 56,9% 67,9% 58,8%
Cabo Delgado 6,7% 10,8% 9,5% 12,6% 10,0% 9,6% 17,1% 13,2% 13,5%
Região Centro 27,9% 18,9% 25,7% 16,9% 18,2% 19,3% 8,2% 12,0% 15,1%
Zambézia 17,5% 16,3% 12,9% 5,0% 11,2% 10,4% 3,9% 9,3% 10,2%
Manica 0.0% 0.0% 7,1% 9,4% 3,9% 4,2% 2,8% 1,2% 3,2%
Sofala 10,4% 2,6% 5,7% 2,5% 3,1% 4,8% 1,5% 1,5% 1,6%
Região Sul 18,7% 11,7% 15,9% 25,4% 20,3% 22,4% 17,8% 6,8% 12,6%
Inhambane 8,6% 4,8% 9,1% 13,1% 10,9% 10,3% 8,4% 4,3% 6,4%
Gaza 9,8% 6,8% 6,7% 12,1% 9,2% 12,0% 9,3% 2,4% 6,2%
Maputo 0,3% 0,1% 0,1% 0,2% 0,2% 0.0% 0,1% 0,1% 0.0%
Fonte: MICTUR/DNCI/INCAJU- 2015

A quantidade da castanha de cajú produzida em Moçambique é destinada ao consumo


interno e externo (exportação). A castanha de caju é exportada tanto em forma bruta como
em forma de amêndoa. As empresas processadoras da castanha de cajú destinam cerca
de 95% à exportação em forma de amêndoa de caju.

39
O estudo sobre Transacção de Produtos Agrícolas pela Bolsa de Mercadorias de
Moçambique (BMM) sobre Castanha de Cajú, Gergelim, Feijão Boer e Soja, realizado pela
Direcção de Estudos de Mercado e Estatística (DEME), Direcção de Desenvolvimento de
Negócios (DDNM) e Marketing e Direcção de Operações (DO) revela que os principais
destinos da castanha e amêndoa processada são: a Holanda, África do Sul, EUA, resto da
Europa e Médio Oriente, entre outros, sendo utilizados dois tipos de canais de venda: a
venda directa das indústrias de processamento a cadeias alimentares e de retalho, e a
venda por meio de brokers internacionais com relação especial com as cadeias de retalho
e os brand creators”.

O nível de receita bruta resultante da comercialização da castanha de cajú nacional tem


estado a reduzir nas últimas campanhas, tendo em conta o decréscimo da produção
registada no período. Nessa campanha, as quantidades de produção comercializadas
atingiram 63.080.53 toneladas, das quais 7.187.50 toneladas ddestinadas à exportação,
representando uma receita bruta de $8.265.63.

Figura- 10. Evolução da Exportação da Castanha de Cajú Bruta


60 000.0 54 600.0

50 000.0
42 000.0
40 000.0

30 000.0 27 922.9
24 739.7
20 000.0
11 720.0 11 700.0
8 592.9 9 945.0 8 265.6
10 000.0 5 594.7 7 187.5
4 888.5
-
2008/2009 2009/2010 2010/2011 2011/2012 2012/2013 2013/2014*
Qtd comercializada Receita Bruta (Valor em USD 1,000)

Fonte: INCAJU 2015

40
4.3.3 PRINCIPAIS CLASSES DE CASTANHA DE CAJU PRODUZIDAS EM
MOÇAMBIQUE

De Moçambique são exportadas as seguintes classes (grades) de amêndoa de castanha do


caju: (i) amêndoas inteiras: W180 (maior), W210, W240, W320, W450 (menor), SW-210,
SW-240, SW-320, SW-450, SSW, DW, DWB e MP; (ii) amêndoas partidas: FB, FS, LWP,
SWP, CH, BB, SB, SS, SP, SSP, DS, DP, DB e DSP. No entanto, a classe mais exportada é a
W320 e em pequenas quantidades a W180 (Fonte: INCAJU – Delegação de Nampula 2015,
citado no Estudo sobre Transação de Produtos Agrícolas pela Bolsa de Mercadorias de
Moçambique sobre Castanha de Cajú, Gergelim, Feijão Boer e Soja).

4.3.5 COMPORTAMENTO DOS PREÇOS DA CASTANHA DE CAJU EM


MOÇAMBIQUE

Os preços praticados na comercialização da castanha de cajú constam da tabela que se


segue. A partir da mesma, verifica-se uma tendência variável. O Preço da castanha que
era praticado era de cerca de 4 MT na campanha de 2000/2001, estando a 18,1 MT na
presente campanha agrícola. O preço mais alto foi observado na campanha de 2010/2011,
em que a castanha foi comercializada a 19 MT.

41
Tabela-16. Evolução dos Preços da Castanha de Cajú

Comercialização Exportação
Quantidade Preco Real Quantidade Preço Médio Valor
Campanha Em tons Em Mt/Ton Em Tons Em USD/Ton Em 1000 USD
2000/01 52.088.4 MZM 3.950,0 27.845,96 $411,3 $11.452,9
2001/02 50.176,7 MZM 5.100,0 25.592,2 $373,9 $9.569,6
2002/03 63.818,0 MZM 5.300,0 36.288,5 $392,6 $14.248,0
2003/04 42.284,0 MZM 6.500,0 20.216,8 $456,5 $9.229,6
2004/05 104.337,0 MZM 8.000,0 63.346,3 $683,1 $43.272,2
2005/06 62.821,0 MZM 7.919 26.348,8 $555,6 $14.639,8
2006/07 74.397,0 MZM 6.380,0 24.175,8 $505,7 $12.225,9
2007/08 96.500,0 MZM 8,7 31.606,7 $734,9 $23.226,4
2008/09 64.150,0 MZM 8,7 11.720.0 $733,2 $8.592,9
2009/10 96.557,4 MZM 14,5 27.922,9 $886,0 $24.739,7
2010/11 112.700,0 MZM 19,0 42.000,0 $1.300,0 $54.600,0
2011/12 64.731,0 MZM 13,7 5.594,7 $873,8 $4.888,5
2012/13 83.140,9 MZM 12,5 11.700,0 $850,0 $9.945,0
2013/14 63.080,5 MZM 16,1 7.187,5 $1.150,0 $8.265,6
2014/15 81.239,95 MZM 18,5 6.493,0 $1.200,0 $7.791,6

Fonte: INCAJU 2015

42
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Depois da descrição feita, pode-se tecer as seguintes considerações:

 Todas as culturas a serem transacionadas em Bolsa de Mercadorias, a sua


produção concentra-se mais nas zonas centro e norte do país, o que sugere que
estas zonas são as produtoras e a zona sul consumidora;

 O milho é o cereal mais produzido em Moçambique, com maior destaque para as


províncias do centro e norte do país, que cumulativamente (2003-2012), perfazem
90,82% (sendo 60,72% para zona centro e 28,11% para zona norte) da produção
nacional, cabendo a zona sul 9,18%. Uma análise do comportamento temporal dos
preços nominais de milho, mostra que estes têm uma tendência crescente ao longo
do tempo.

 Em termos absolutos, no milho o país alcançou 1.170.651,55 toneladas em 2012 e


no arroz (uma das culturas mais consumidas pela população do mundo e terceira
preferência no consumo dos agregados familiares em Moçambique depois do
milho e mandioca) o nível de produção atingiu 101.154,29 toneladas em 2012. Nas
leguminosas, o feijão nhemba e o feijão vulgar (menteiga), alcançaram em 2012
85.484,37 toneladas e 131.242,0 toneladas em 2012 respectivamente enquanto que
o feijão bóer atingia 131.242,0 toneladas no mesmo ano. No que tange às culturas
de rendimento, a soja alcançou 13.907 toneladas, o gergelim atingiu 33.888,0
toneladas e a castanha de cajú 64.731,0 toneladas (produção média
comercializada).

 O comportamento anual dos preços das culturas alimentares básicas (cereais e


leguminosas) mostra que há uma forte influência da sazonalidade de produção,
isto é, ao longo do ano os preços mais baixos são verificados na época da colheita
(entre abril e Julho) e os mais altos na época de escassez (entre Outubro e Fevereiro

43
de cada ano agrícola). O arroz é o único produto que sofre pequena influência da
sazonalidade (cerca de 60% das necessidades são cobertas por importações),
apesar de ser um dos cereais mais consumidos no país.

 Para os produtos analisados, os preços mais altos são verificados nos anos mais
recentes (2012) e os mais baixos nos anos iniciais (2003) no período analisado. Isto
pode estar realicionado com o facto de se tratar de preços nominais. Para o milho
e arroz, o preço médio em 2003 foi de 3,6 Meticais e 8,52 Meticais por quilograma
respectivamente e em 2012 o milho registou 9,2 Meticais/kg e o arroz 27,9 Meticais
o que corresponde uma evolução de cerca de 156% para o milho e 227% para o
arroz. Em relação ao feijão nhemba, a evolução foi de 196% , resultantes da subida
de preço de 9,6 Meticais/kg em 2003 para 28,4 Meticais/kg em 2012.O feijão
manteiga registou uma subida global de cerca de 153%, correspondentes a
variação de preço de 17,2 Meticais/kg em 2003 para 43,5 Meticais/kg em 2012.

 As culturas de rendimento, como é o caso de gergelim e soja, tem como destino


preferencial, o mercado internacional (exportação). Em relação a castanha de cajú,
embora também seja um produto de exportação, uma fracção considerável é
vendida no mercado interno, quando comparado com o gergelim e a soja.

 Do estudo foi observável que para a castanha de cajú temos as respectivas


classificações (classes da castanha) em observância do que é exigido no mercado
internacional. Para as outras commodities estes dados não estão incluidos neste
trabalho, dai que o estudo recomenda que se faça um estudo sobre as principais
classes das outras commodities transaccionáveis em bolsa.

44
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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47

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