Fitoterapia

nas Desordens
Orgânicas
1. Fitoterapia 6

2. Fitoterápicos que Atuam no Sistema Digestivo 10

Arctium Lappa L. 10
Baccharis Trimera 11
Cynara Scolymus 12
Maytenus Ilicifolia 13
Mentha Piperita 13
Pneumos Boldus Molina 14
Psidium Guayava 15
Senna Alexandrina Miller 15
Taraxacum Officinale 16
Zingiber Officinales 17

3. Principais Fitoterápicos para o Tratamento

da Hipertensão Arterial 20
Principais Plantas no Tratamento da HAS 20
Alho (Alliumsativum) 20
Colônia Alpinia Zerumbet (Pers.) B. L. 21
Cavalinha (Equisetum Arvense) 22
Pitangueira (Eugenia Uniflora L.) 23
Chapéu-de-Couro (Echinodorusmacrophyllus) 23

4. Fitoterapia e Obesidade 25
Plantas Medicinais com Ação Diurética 26
Chá-de-Java 26
Cavalinha 27
Plantas com Ação Laxante 27
Tamarindo-do-Malabar 27
Konjak 28
Plantas Estimulantes da Tireoide 29
Bodelha 29
Laminária 29
Plantas Moderadoras do Apetite 30

02
 Guar 30
Plantas com Ação Sedativa 30
Passiflora 30
Clorela 31
Valeriana 32

5. Fitoterapia e Oncologia 34
Principais Fitoterápicos para o Tratamento do Câncer 35
Ginkgo (Ginkgo biloba) 35
Ginseng (Panax ginseng) 35
Ipê-roxo (Tabebuia avellanedae) 36

6. Fitoterapia e Doenças do Sistema Cardiovascular 39

Principais Fitoterápicos para Doenças Vasculares 40
Curcuma longa (Açafrão) 40
Allium Sativum (Alho) 41
Zingiber Officinalle (Gengibre) 41
Achillea Millefolium (Mil-Folhas) 42

7. Fitoterapia e o Sistema Respiratório 44

Principais Fitoterápicos para Tratamento
de Doenças Respiratórias 45
Amoreira (Morus Nigra) 45
Guaco (Mikania Glomerata) 46
Sabugueiro (Sambucus Nigra) 46
Eucalipto (Eucalyptus globulus Labil) 46

8. Fitoterápicos Utilizados no Processo Inflamatório 48

Principais Fitoterápicos com Ação Anti-inflamatória 48
Algodão (Malvaceae Gossypium barbadense L.) 48
Andiroba (Meliaceae Carapaguianensis Aubl.) 49
Amor-crescido (Portulacac eae Portulaca Pilosa L.) 49

3
 Barbatimão (Connarace ae Connarus perrottetii
(DC.) Planch) 49
Boldo (Asteraceae Vernonia Condensata Baker) 49

9. eferências Bibliográficas 51

4
05
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
1. Fitoterapia
A fitoterapia ou terapia através
das plantas é um dos métodos
de tratamento mais antigos da hu-
manidade. Sua história pode ser ras-
treada até cerca de 8500 a. C. e se
origina tanto do conhecimento po-
pular (etnobotânica), quanto da ex-
periência científica (etnofarmacolo-
gia), e através do reconhecimento
dessas propriedades terapêuticas
que surgem os modernos medica-
mentos homeopáticos. O termo fito-
terapia é derivado da palavra grega
therapeia, e diz respeito a um mé-
todo de tratamento através do estu-
do das plantas medicinais e sua apli-
cação no tratamento de doenças
(CALÁBRIA e REZENDE, 2019).
1 Retirado em https://www.vix.com/pt/
Fonte: Vix1
De acordo com Chevallier
(2018), a definição de medicamento
fitoterápico é diferente de fitotera-
pia. Os medicamentos fitoterápicos
são preparados elaborados por meio
da tecnologia farmacêutica, que uti-
liza extratos vegetais, e são produtos
industrializados. A fitoterapia é uma
ciência que, além dos preparados fi-
tiofarmacológicos e dos medicamen-
tos fitoterápicos, inclui também o
uso popular das próprias plantas.
Segundo Wen-Mei, Fang-Yao
e Vieira (2017), em todo o mundo,
existem muitas plantas medicinais
que tratam doenças por meio de mi-
lhares de mecanismos desconheci-
dos. O estudo desses mecanismos e
6
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
a separação dos princípios ativos ve-
getais (substâncias responsáveis pe-
los efeitos terapêuticos) são um dos
focos da farmacologia. Enquanto ne-
nhum princípio ativo for isolado, as
plantas medicinais são utilizadas de
forma caseira, principalmente por
meio de chás, formas ultra diluídas
ou industrializadas e por meio de ex-
tratos homogêneos de plantas. Ao
contrário do que se pensa, o uso de
plantas medicinais apresenta riscos.
Além do princípio ativo terapêutico,
as plantas também podem conter
substâncias tóxicas, substâncias
alérgicas, pesticidas ou poluição por
metais pesados e podem interagir
com outras medicações, prejudi-
cando a saúde. Além disso, qualquer
ingrediente terapeuticamente ativo
é benéfico quando usado em sua do-
se terapêutica e é tóxico quando usa-
do em excesso.
Em consonância com os auto-
res Cechinel Zanchett e Cechinel Fi-
lho (2020), é correto afirmar que a
concentração de ingredientes ativos
no chá pode variar muito, e é prati-
camente impossível alcançar uma
faixa de tratamento segura em cer-
tas plantas. Na forma industrializa-
da, o risco de contaminação pode ser
reduzido por meio do controle de
qualidade das matérias-primas,
mesmo assim a concentração dos
princípios ativos pode variar em
100%. Na solução ultra diluída, as-
sim como na homeopatia, não há
risco de intoxicação por quantidades
excessivas de determinados princí-
pios ativos.
Para Hoffman (2017), depois
que os princípios ativos são desco-
bertos, eles são separados e refina-
dos para eliminar substâncias tóxi-
cas e contaminações, e as doses tera-
pêuticas e tóxicas são determinadas
com segurança. No entanto, a sepa-
ração e purificação de princípios ati-
vos não é isenta de riscos, porque
pretende substituir o conhecimento
popular tradicional com os resulta-
dos de algumas pesquisas científicas
analíticas frequentemente conflituo-
sas. Além disso, ao extrair princípios
ativos, vários elementos existentes
nas plantas são ignorados, e esses
elementos mantêm naturalmente as
proporções adequadas. Devido à fal-
ta de sinergia ou antagonismo par-
cial entre os vários princípios ativos
nas plantas, o uso de fitoterápicos
laboratoriais também pode trazer
novos efeitos colaterais ou adversos.
Conforme Kinupp (2014), a fi-
toterapia tem se tornado cada vez
mais popular entre os povos de todo
o mundo. Existem inúmeros medi-
camentos no mercado que utilizam o
termo "produtos naturais" em seus
rótulos, prometendo além de maior
eficácia terapêutica, ausência de
7
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
efeitos colaterais. A maioria desses
medicamentos usa plantas da flora
estrangeira ou brasileira como ma-
téria-prima, e tem múltiplas finali-
dades: acalmar, curar, expectorar,
ganhar peso, reduzir peso e muitas
outras. Hoje, os métodos usados pe-
las plantas para tratar doenças cons-
tituem um ramo da medicina deno-
minado fitoterapia.
Ao concordar com Januário
(2014), pode-se afirmar que a utili-
zação de plantas como remédios
pode ser tão antigo quanto a própria
humanidade. No entanto, é preciso
ter cuidado ao usar plantas como
medicamentos. Em geral, acredita-
se que as plantas não são prejudici-
ais, e sob estímulo de fortes apelos
de marketing, acabam distorcendo o
uso e os benefícios reais das plantas.
Todos os medicamentos, incluindo
fitoterápicos, devem ser usados de
acordo com orientação médica. Pois,
ainda existem muitas plantas cujas
funções ainda são desconhecidas e o
abuso delas pode fazer mal à saúde.
Por outro lado, alguns estudos cien-
tíficos comprovam que a fitoterapia
pode fornecer soluções eficazes e ba-
ratas para várias doenças.
O preconceito quanto ao uso
de fitoterápicos está diminuindo.
Até recentemente, os cientistas não
aceitavam o uso de medicamentos
fitoterápicos como receita. As pes-
soas a viam como uma medicina al-
ternativa inferior, principalmente
por causa dos benefícios propagados
por aproveitadores e charlatões. Era
considerada uma medicina popular,
que foi desenvolvido a partir de
plantas encontradas em quitandas,
lojas de umbanda, casas de chá e
praças. Como os médicos vêm utili-
zando produtos com base científica
confiável, o conceito de uso de fito-
terápicos vem sendo modificado. O
aumento do uso de fitoterápicos é
atribuído à pesquisa científica, à ca-
pacidade científica de testar e reco-
mendar certas plantas para fins es-
pecíficos (PEREIRA, 2020).
De acordo com Calábria e Re-
zende (2019), quaisquer prepara-
ções farmacêuticas, como extratos,
tinturas, pomadas e cápsulas, que
usam partes de plantas (folhas, cau-
les, raízes, flores e sementes) com
efeitos farmacológicos conhecidos
são consideradas medicamentos fi-
toterápicos. O uso correto dessas
preparações traz uma série de bene-
fícios à saúde humana e ajuda no
combate a doenças infecciosas, dis-
túrbios metabólicos, doenças alérgi-
cas e traumas diversos. Relacionado
à sua atividade terapêutica está o seu
baixo custo, o grande número de
matérias-primas (plantas) princi-
palmente em países tropicais, e a
cultura relacionada ao seu uso.
8
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
2. Fitoterápicos que Atuam no Sistema Digestivo
S egundo Chevallier (2018), o
sistema digestivo é composto
por vários órgãos e anexos, e pode
ser composto por quatro processos
que envolvem a alimentação. Pri-
meiro, tem o processamento oral pa-
ra reduzir o tamanho dos alimentos.
Em seguida, o processamento gás-
trico começa a quebrar os alimentos
química e enzimaticamente. Após
esse processo, os nutrientes serão
absorvidos no intestino delgado e a
água será absorvida no cólon.
Em consonância com os auto-
res Wen-Mei, Fang-Yao e Vieira
(2017), é correto afirmar que exis-
tem várias condições que podem
afetar o sistema digestivo. Portanto,
2 Retirado em https://fredsonpaivareporter.blogspot.com/2015/08/saude-produtos-da-belem-jar-
dim.html
Fonte: Fredson Paiva2
a fitoterapia usando terapias com-
plexas e práticas antigas pode ajudar
os tratamentos farmacológicos tra-
dicionais. Porém, apesar do conhe-
cimento da fitoterapia para fins tera-
pêuticos, formas de uso, interações,
toxicidade, indicações e contraindi-
cações, muitos mecanismos de ação
ainda não estão totalmente elucida-
dos.
Arctium Lappa L.
Para autores como Cechinel
Zanchett e Cechinel Filho (2020), os
nomes populares da Arctium lappa
L. é bardana, labaça, pega-pega, car-
10
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
rapicho-de-carneiro, orelha-de-gi-
gante, carrapicho-grande.
Conforme Hoffman (2017), a
bardana é oriunda da Sibéria e da
Europa e chegou ao Brasil através
dos imigrantes japoneses devido ao
seu valor terapêutico e alimentar.
Seu efeito gastroprotetor foi de-
monstrado quando foi utilizado o
extrato clorofórmico de sua raiz em
ratas Wistar fêmeas e em camun-
dongos Swiss fêmeas. Esse efeito foi
atribuído à ação antioxidante e à ini-
bição da ação da bomba de H+ /K+
-ATPase estomacal. O extrato etanó-
lico da raiz de Arctium lappa L. tem
efeito cicatrizante na mucosa gás-
trica de ratos. Esse resultado é atri-
buído às propriedades antioxidantes
dos compostos fenólicos (principal-
mente isômeros do ácido hidroxici-
nâmico e ácido quínico) com propri-
edades de óxido-redução capazes de
absorver e neutralizar os radicais li-
vres.
Ao concordar com Kinupp
(2014), pode-se afirmar que o uso da
raiz de Arctium Lappa reduz as le-
sões inflamatórias associadas a co-
lite ulcerativa induzida por dextrana
sódica, diminuindo as citocinas pró-
inflamatórias interleucina- 6 (IL-6),
fator de necrose tumoral alfa (TNF-
alfa) atividade dos neutrófilos e
baixa regulação de ciclooxigenase
(COX)-2 na mucosa intestinal,
sendo que a lactona sesquiterpênica
onopordopicrina (ONP) é a respon-
sável pela redução das lesões infla-
matórias intestinais. Os ácidos fenó-
licos da raiz, também mostram ativi-
dade colerética, e as lactonas cau-
sam efeitos aperitivos e digestivos. A
inulina é um carboidrato natural
presente na raiz, que atua nos recep-
tores da membrana celular e man-
tém um nível de açúcar no sangue
constante, melhorando assim a alta
tolerância à glicose. Portanto, é pre-
ciso ter muito cuidado ao usá-la em
combinação com hipoglicemiantes e
insulina pois podem interferir na ab-
sorção de ferro.
Baccharis Trimera
Nome popular: carqueja, car-
queja amarga, carqueja-do-mato
(GONÇALVES, 2019).
De acordo com Pereira (2020),
a carqueja tem atividade antiulce-
rosa, reduzindo a concentração de
cálcio intracelular e causando dimi-
nuição da atividade gastrointestinal
e secreção ácida. Os flavonoides e di-
terpenos estimulam a via histami-
nérgica e colinérgica inibindo H+/
K+ -ATPase. Os flavonoides (princi-
palmente hispidulina) exercem ati-
vidade hepatoprotetora através da
inibição de atividades de enzimas da
cadeia respiratória mitocondrial e
da inibição do consumo de oxigênio,
o que aumenta as espécies reativas
11
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
de oxigênio intracelularmente. Além
disso, exercem atividade colagoga e
diurética, através da vasodilatação
podendo causar hipotensão arterial
e interação com medicamentos anti-
hipertensivos.
Segundo Calábria e Rezende
(2019), os diterpenos exercem ação
antiespasmódica através do blo-
queio das contrações induzidas por
cálcio. As saponinas possuem ação
sobre o metabolismo do colesterol e
sobre a absorção intestinal de gor-
dura, via inibição da atividade da en-
zima lípase pancreática, responsável
por quebrar lipídios em substâncias
simples (glicerol e ácidos graxos li-
vres), sendo um potencial adjuvante
no tratamento de obesidade e disli-
pidemias.
Cynara Scolymus
Em consonância com o autor
Chevallier (2018), é correto afirmar
que os nomes populares da Cynara
Scolymus é alcachofra, alcachofra-
rosa, alcachofra-de-comer, alcacho-
fra-comum, alcachofra-hortense.
Para autores como Wen-Mei,
Fang-Yao e Vieira (2017), a cinarina
(principal ácido fenólico amargo)
encontrada nas folhas, talos e raiz
exerce ação colerética, colagoga, he-
patoprotetora e hipocolesteremian-
te, sendo que a maior eliminação da
secreção biliar se deve ao aumento
da produção de bile. No caso da ati-
vidade hepatoprotetora, extratos de
folhas de Cynara scolymus inibem a
atividade das enzimas citocromo
oxidase e succinato oxidase vincula-
das à cadeia respiratória mitocon-
drial. Em relação ao metabolismo li-
pídico, bloqueia a síntese endógena
de colesterol através da redução in-
direta da atividade da enzima HMG-
CoAredutase, via inibição dos meca-
nismos reguladores de ativação e es-
timulação dos mecanismos regula-
dores de inativação, ao mesmo tem-
po que aumentam a excreção vesicu-
lar de colesterol por transformação
em ácidos biliares. Além disso, a ci-
naropicrina (lactona sesquiterpêni-
ca amarga) exerce atividade aperiti-
va, eupéptica, antiespasmódica, pro-
tetora e anti-inflamatória da mucosa
gástrica.
Conforme Cechinel Zanchett e
Cechinel Filho (2020), a ação eu-
péptica ocorre, devido ao aumento
da secreção de ácidos biliares que
aceleram o trânsito gastrointestinal
aliviando o inchaço e a plenitude
gástrica. A ação antiespasmódica
provavelmente acontece por altera-
ções da concentração intracelular de
cálcio que é impedido de entrar no
meio extracelular e/ou sair do retí-
culo sarcoplasmático o que gera um
relaxamento da musculatura lisa. Já
o efeito protetor e anti-inflamatório
da mucosa gástrica é atribuído à ini-
bição da produção do fator de necro-
12
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
se tumoral (TNF-α). No entanto, a
cinaropicrina pode causar dermatite
alérgica, efeitos citotóxicos e inibi-
ção da produção de plaquetas, assim
deve-se evitar o uso com medica-
mentos que interferem na coagula-
ção sanguínea. As saponinas presen-
tes na Cynara scolymus inibem a
ação da enzima lípase pancreática,
responsável por quebrar lipídios em
substâncias simples (glicerol e áci-
dos graxos livres). O uso é contrain-
dicado em casos de alergia, hiper-
sensibilidade, obstrução do ducto
biliar, gravidez e lactação.
Ao concordar com Hoffman
(2017), pode-se afirmar que pacien-
tes com hipertensão arterial ou car-
diopatia, é preciso considerar o uso
em conjunto com diuréticos sob es-
trita supervisão médica, pois se uma
grande quantidade de potássio for
eliminada, pode desequilibrar a
compensação da pressão arterial ou
potencializar os medicamentos car-
diotônicos.
Maytenus Ilicifolia
Nome popular: espinheira-
santa, cancerosa, salva-vidas (GI-
MENES, 2019).
De acordo com Gonçalves
(2019), a ação gastroprotetora do
extrato de Maytenus ilicifolia deve-
se a redução na liberação de NO2 e a
inativação da bomba H+K+ ATPase,
o que gera uma diminuição da hiper-
secreção gástrica. Os taninos pre-
sentes no extrato inibem a ação dos
receptores histamínicos H2, além da
possibilidade de causar boca seca
devido apresentar compostos ads-
tringentes. Os triterpenos ativos es-
timulam a produção de fatores de
proteção, como o muco, ou mantém
o nível ótimo de prostaglandinas
gástricas na mucosa, tri e tetraglico-
sídeos flavonônicos mauritianina e o
derivado tetraglicosilado do ka-
empferol (flavonol) também podem
estar relacionados a esse efeito pro-
tetor. Esse efeito é atribuído princi-
palmente a epigalocatequina (tanino
gálico) que inibe competitivamente
a ATPase da membrana potássio-de-
pendente das células da mucosa gás-
trica responsáveis pela secreção de
ácido clorídrico no estômago. Entre-
tanto, existe um efeito sinérgico en-
tre esses compostos que é o principal
fator que proporciona a ação gastro-
protetora. Estudos in vivo e in vitro
demostram que os flavonoides,
quercetina e catequinas apresentam
efeito antiulcerogênico e/ou inibi-
dor da secreção ácido-gástrica devi-
do a hidrólise de ATP pela ATPase
gástrica.
Mentha Piperita
Segundo Pereira (2020), os
nomes populares da Mentha pipe-
13
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS

rita é hortelã-pimenta, sândalo, fossas nasais), durante a lactação

hortelã-inglesa. (reduz o fluxo de leite) ou na gravi-
Em consonância com os auto- dez. Os compostos fenólicos, princi-
res Calábria e Rezende (2019), é cor- palmente os flavonoides são respon-
reto afirmar que o mentol (com- sáveis pela atividade hepatoprote-
posto do óleo essencial) e o óleo es- tora, devido a inibição da cadeia de
sencial de Mentha piperita possuem reações de peroxidação lipídica que
ação bloqueadora dos canais de cál- acontece pela ação antioxidante da
cio, influenciando no transporte e combinação de suas propriedades
atividade secretora dos enterócitos quelantes do ferro e sequestradoras
do lúmen intestinal. Em lâminas in- de radicais livres.
testinais de ratos Wistar, o óleo es-
sencial de hortelã-pimenta (1 e 5 Pneumos Boldus Molina
mg/mL) aplicado no lado mucoso
Conforme Wen-Mei, Fang-Yao
inibiu significativamente a absorção
e Vieira (2017), os nomes populares
ativa de glicose dependente de sódio
do Pneumos Boldus Molina é boldo
e o transporte ativo do aminoácido
ou boldo do chile.
glicina, enquanto a aplicação serosa
Ao concordar com Cechinel
(1 mg /mL) inibiu a secreção indu-
Zanchett e Cechinel Filho (2020),
zida pela acetilcolina. A administra-
pode-se afirmar que os alcalóides
ção de mentol e óleo essencial de
são responsáveis pela atividade cole-
hortelã-pimenta em ratos Wistar
rética, sendo que aumentam a secre-
adultos demonstrou estimulação da
ção biliar e fluidificam a bile sem al-
atividade colerética. Esse efeito foi
terar a sua composição. A boldina
atribuído à capacidade do mentol
(alcalóide) tem ação hepatoprote-
inibir a ligação do β-D-glucuroní-
tora através da estimulação sobre a
deo, um composto colestático, do
enzima alaninaaminotransferase e
plasma hepático da membrana de
diminuindo os níveis de lactato-de-
ratos.
sidrogenase e malonaldeído. A capa-
Para Chevallier (2018), o uso
cidade antioxidante da boldina, pa-
do óleo essencial é contraindicado
rece estar relacionada à capacidade
em casos de obstrução biliar, cole-
de sequestrar radicais hidroxila e
cistite, dano hepático grave, em me-
peroxila, sendo capaz de atenuar a
nores de idade e em casos de asma
inativação do citocromo P450, res-
(perigo de dispneia ou asfixia reflexa
ponsável pela oxidação de diversas
produzida pelo mentol, principal-
substâncias; além de agir na peroxi-
mente quando aplicado no tórax ou
dação de lipídeos em microssomos

14
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
hepáticos, através da inibição da pe-
roxidação dependente de NADPH e
NADH.
O uso de boldo deve ser evi-
tado por tempo prolongado (uso
máximo por 4 semanas), e no pri-
meiro trimestre de gravidez e na lac-
tância, devido a altos índices de te-
ratogenia e hepatotoxicidade. É con-
traindicado para menores de 6 anos,
hipersensibilidade e alergia. Tam-
bém é contraindicado em casos de
obstrução das vias biliares, cálculos
biliares, infecções ou câncer de
ducto biliar e câncer de pâncreas,
afecções severas no fígado, devido
aos efeitos colerético e colagogo.
Não foram encontradas interações
com outras substâncias, mas o uso
de doses elevadas causa irritação das
vias urinárias, vômitos e diarreia
(CALÁBRIA, 2019).
Psidium Guayava
De acordo com Gimenes
(2020), o nome popular da Psidium
Guayava é goiabeira.
Segundo Gonçalves (2019), o
uso de extrato aquoso bruto de fo-
lhas de Psidium guajava demons-
trou redução dos movimentos intes-
tinais em camundongos. Já em por-
quinho-da-índia, o extrato metanó-
lico demonstrou ação antidiarreica
através da inibição das contrações
do íleo. Já em intestino delgado de
ratos Wistar demonstrou o mesmo
efeito através da inibição das contra-
ções peristálticas e redução da per-
meabilidade dos capilares abdomi-
nais.
Em consonância com o autor
Pereira (2020), é correto afirmar
que a quercetina (flavonóide), pre-
sente nas folhas de Psidium gua-
java, é responsável pelo efeito anti-
diarreico devido a inibição da secre-
ção de acetilcolina no intestino, o
que causa relaxamento da muscula-
tura lisa intestinal e reduz a perme-
abilidade capilar da cavidade abdo-
minal. Além disso, apresenta ação
espasmolítica intestinal devido an-
tagonizar a ação do cálcio local-
mente.
Senna Alexandrina Miller
Para autores como Calábria e
Rezende (2019), o nome popular da
Senna Alexandrina Miller é sene,
sena.
Conforme Chevallier (2018),
em geral, após 10 à 12 horas da ad-
ministração oral em baixas doses, a
Senna alexandrina provoca libera-
ção de glicosídeos antracênicos e de
antraquinonas no intestino grosso
que os absorve. Em seguida, a ação
enzimática da microbiota local cau-
sa hidrólise desses compostos com
liberação das agliconas que atuam
15
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
sobre a mucosa intestinal proporci-
onando a estimulação da peristalse,
sugerindo a indicação dessa planta
em pacientes acometidos por prisão
de ventre ocasional.
Ao concordar com Wen-Mei,
Fang-Yao e Vieira (2017), pode-se
afirmar que o uso é contraindicado
na gravidez devido os heterosídeos
antraquinônicos que apresentam
potencial genotóxico e mutagênico
para crianças menores de 12 anos.
Além disso, é contraindicado em ca-
sos de obstrução intestinal, prisão
de ventre habitual, abdome agudo,
enterite, hipopotassemia, colite ul-
cerosa, doença de Crohn, hemorroi-
da, náuseas, vômito ou quando al-
gum sintoma agudo ou crônico esti-
ver presente. O uso máximo contí-
nuo do extrato de sene deve ser de 7
a 14 dias, pois seu uso crônico pode
causar nefrite, colites ou constipa-
ção intestinal paradoxal, cólon ca-
tártico (intestino atônico), escureci-
mento das mucosas, mudanças mor-
fológicas no cólon e no reto, perda
de eletrólitos, processos inflamató-
rios e degenerativos, distúrbios re-
nais e sintomas neuromusculares.
Além disso, o uso excessivo pode po-
tencializar a ação de glicosídeos car-
diotônicos ou fármacos antiarrítmi-
cos, causando deficiência de potás-
sio que pode se exarcebar com o uso
de diuréticos triazídicos, além disso
os heterosídios antracênicos dimi-
nuem absorção de várias substân-
cias quando usados concomitante-
mente.
Taraxacum Officinale
Nome popular: dente-de-leão,
taraxaco (MIYAMOTO, 2016).
De acordo com Calábria
(2019), os terpenos em sinergismo
com as lactonas são responsáveis pe-
la ação colagoga, favorecendo a eli-
minação pela via biliar de numero-
sos catabólitos. As lactonas serqui-
terpênicas, taraxesterol (triterpe-
nóide pentacíclico), taraxerol (tri-
terpenóide pentacíclico), ácido clo-
rogênico (CGA) e ácido chicórico
(CRA) possuem ações anti-inflama-
tórias, anti-oxidantes, anti-reumáti-
cas e propriedades coleréticas.
Segundo Gimenes (2020), o
extrato da folha de Taraxacum offi-
cinale demonstrou reduzir a glicose
sérica, colesterol e níveis de triglicé-
rides, possivelmente devido à eleva-
ção de AMPK no fígado, com uma
queda significativa do acúmulo de li-
pídeos e melhora da sensibilidade à
insulina sendo que o CGA é alta-
mente antioxidante colaborando na
proteção do fígado e no tratamento
de esteatose hepática, reduzindo a
peroxidação lipídica através da ini-
bição do estresse oxidativo do fígado
16
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
e aumento da produção de enzimas
de eliminação de EROs, maloindial-
deído e glutationa. Além disso, o ex-
trato mostrou propriedades antidia-
béticas, por neutralizar os efeitos da
hiperglicemia, devido a estimulação
da liberação de insulina nas células
β pancreáticas, através dos compos-
tos polifenólicos que estimulam o
cAMP, aumentando a exocitose ce-
lular causando inibição do processo
degradativo da insulina, prevenção
do estresse oxidativo, regeneração
das células β, reparação e hipertrofia
celular e proliferação celular nas
ilhotas de Langerhans o que por
consequência diminui a concentra-
ção de glicose plasmática.
Em consonância com o autor
Gonçalves (2019), é correto afirmar
que além da ação dos flavonóides,
quercetina e luteolina que inibem a
ação da enzima lípase pancreática
diminuindo assim a glicose e os lipí-
deos no sangue, o alto teor de zinco
lhe confere ação antiradicais livres
protegendo o fígado de danos indi-
retos, também evita a formação de
cálculos biliares. As raízes contem
inulina (fruto-oligossacarídeo) que
elimina os patógenos do sistema di-
gestório através da sua ação prébio-
tica e estimulante da motilidade in-
testinal; detém obesidade, devido à
inibição da lipogênese hepática re-
duzindo os níveis séricos de triglice-
rídeos; além de possuir efeitos inibi-
tórios contra o câncer via inibição
dos focos de criptas aberrantes e ou-
tros marcadores substitutos, e oste-
oporose através de alterações fisio-
lógicas nos ossos melhorando a den-
sidade e a massa óssea.
Para Pereira (2020), a fração
do N-butanol do extrato alcoólico de
Taraxacum officilale provoca efei-
tos pró-cinéticos, a partir do au-
mento das contrações do fundo e an-
tro estomacal contribuindo para au-
mentar a pressão intragástrica, além
disso, diminuiu a motilidade do es-
fíncter pilórico facilitando a passa-
gem da comida do estômago para o
intestino delgado. Pode causar hipo-
tensão devido ao efeito diurético
causado provavelmente pelo alto
teor de potássio e dermatites de con-
tato em pessoas hipersensíveis as
lactonas sesquiterpênicas. É contra-
indicado em casos de íleo paralítico,
crianças menores de 2 anos e oclu-
são do ducto biliar e o consumo em
excesso pode irritar o sistema diges-
tório.
Zingiber Officinales
Conforme Calábria e Rezende
(2019), o nome popular do Zingiber
Officinales é gengibre ou cerveja-do-
campo.
17
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
Ao concordar com Chevallier
(2018), pode-se afirmar que a admi-
nistração oral do pó do rizoma de
gengibre (940 mg) foi mais efetivo
na prevenção dos sintomas gastroi-
ntestinais da cinetose do que dimen-
idrinato (100 mg), devido a ação das
suas propriedades aromáticas, car-
minativas e absorventes diretamen-
te no sistema digestório provocando
aumento da motilidade gástrica e
absorção de toxinas e ácidos. Tam-
bém a administração oral do pó de
rizoma de gengibre (250 mg, 4 vezes
ao dia) mostrou eficácia no trata-
mento de vômito pernicioso na gra-
videz, diminuindo significantemen-
te o grau de náuseas e a quantidade
de vômitos. Sendo que a ação com-
binada dos constituintes pungentes,
zingeronas e shogaóis (composto fe-
nólico) é responsável pela ação anti-
emética do gengibre.
Em um estudo in vitro o ginge-
rol (composto pungente, fenólico),
principal responsável pelo sabor pi-
cante do Zingiber officinales mos-
trou ação bactericida contra a He-
lecobacter pylori, o principal agente
etiológico associado à dispepsia, úl-
cera péptica, doença e desenvolvi-
mento de câncer gástrico e de cólon,
além do efeito termogênico que pro-
voca vasoconstrição e, consequente-
mente um maior gasto de oxigênio,
ATP e maior perda de peso corporal,
além de poder elevar a pressão, as-
sim é nos casos de hipertensão. Os
fenólicos livres e frações fenólicas
hidrolisadas do gengibre são res-
ponsáveis pela prevenção da úlcera,
através da potente inibição da ativi-
dade de ATPase de próton de potás-
sio de célula gástrica e do cresci-
mento de H. pylori, além da ativi-
dade antioxidante neutralizadora do
estresse oxidativo, sendo que dentre
os compostos fenólicos, os ácidos ci-
nâmico, sirárico e p-cumárico pos-
suem ação sobre a bomba e a bacté-
ria, e o ácido gálico ação antioxi-
dante. O extrato aquoso de gengibre
protege a mucosa gástrica de lesão
induzida por estresse e inibe a secre-
ção ácida gástrica provavelmente
por bloquear a ação de H+/K+ -
ATPase, inibindo o crescimento de
Helycobacter pylori e oferecendo
proteção antioxidante contra indu-
ção de dano gástrico por estresse
oxidativo (LORENZI, 2008).
De acordo com Miyamoto
(2016), é contraindicado em casos
de cálculos biliares e irritação gástri-
ca. O gengibre pode afetar o tempo
de sangramento e parâmetros imu-
nológicos. Há contraindicação em
pacientes que fazem uso de anticoa-
gulantes e antiplaquetários, pois po-
tencializa o efeito aumentando o ris-
co de hemorragias, principalmente
cerebral em idosos.
18
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS

3. Principais Fitoterápicos para o Tratamento da Hi-

pertensão Arterial

Fonte: Linkedin3

S egundo Calábria (2019), as

plantas são uma fonte rele-
vante de matéria-prima na obtenção
de compostos que podem fornecer
matéria-prima para ingredientes
farmacêuticos. A medicina fitoterá-
pica é um tratamento mais econô-
mico. No entanto, pesquisas adicio-
nais são essenciais, especialmente
para plantas nativas. Existem plan-
tas que são usadas para a prevenção
e tratamento de doenças cardiovas-
culares, especialmente hipertensão
arterial sistêmica. Pode-se concluir
que a fitoterapia é muito usada, po-
rém muito sem bases científicas,
desta forma mais estudos são neces-
sários para comprovação da eficiên-
cia dos mesmos.
Principais Plantas no Trata-
mento da HAS
Alho (Alliumsativum)
Em consonância com o autor
Gimenes (2020), é correto afirmar
que o alho é utilizado desde a anti-

3 Retirado em https://www.linkedin.com/

20
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
guidade devido aos seus benefícios
para a saúde, prevenindo doenças
cardíacas e infecções. O uso medici-
nal do alho surge desde o Egito An-
tigo até a Segunda Guerra Mundial.
Durante a Segunda Guerra Mundial,
o suco extraído dessa planta foi am-
plamente utilizado no processo de
cicatrização de feridas devido ao seu
efeito antibiótico, por isso foi cha-
mado de “penicilina russa”. No que
diz respeito à saúde cardiovascular,
o alho tem o efeito de diminuir a
pressão arterial, inibir a associação
de plaquetas e diminuir o colesterol.
Para Gonçalves (2019), o alho
possui na sua composição compos-
tos organossulfúricos, que possuem
efeito cardioprotetor, os demais
compostos são: aliina, alicina, S-alil-
cisteína e S-metilcisteína. Essa com-
posição também pode ser achada na
cebolinha, alho-poró e cebola, no
entanto, o alho detém grande quan-
tidade dessas substâncias. Tais ele-
mentos podem diminuir os graus de
colesterol sanguíneo, preservar as
células endoteliais vasculares contra
danos, por conta da diminuição do
estresse oxidativo e a coibição da
oxidação do LDL-c. Além disso, pos-
suem a ação antitrombótica por cau-
sa da elevação da atividade fibrinolí-
tica e do restringimento da associa-
ção plaquetária estimulando a dimi-
nuição da pressão arterial corres-
pondente ao efeito de relaxamento
das células lisas, ocasionando vaso-
dilatação. Aconselha-se que o alho
seja consumido cru, pois no proces-
so de trituração e cozimento ele per-
de boa parte das propriedades bené-
ficas a saúde.
Conforme Pereira (2020), no
que se refere a recomendação diária
de alho, ainda não chegou a um
acordo, no entanto um estudo da
American Dietetic Association
aconselha o consumo de 600-900
mg/dia, isto é, o proporcional a 1
dente de alho cru/dia para alcançar
os seus benefícios. Sobre as reações
adversas, são bastante escassas, que
podem ser associadas ao consumo
de alho, no entanto, há relatos de al-
terações gastrointestinais leves, co-
mo pirose e náuseas. Em certos ca-
sos, o consumo elevado de alho pode
potencializar o efeito do ácidoacetil-
salicílico, da vitamina E que o óleo
de peixe.
Colônia Alpinia Zerumbet
(Pers.) B. L.
Ao concordar com Calábria e
Rezende (2019), pode-se afirmar
que a Alpinia Zerumbet é uma plan-
ta originária da Ásia, pertencente à
família Zingiberaceae, pela beleza
de suas flores, principal fator de seu
cultivo, abundante no nordeste bra-
sileiro, que é chamada popularmen-
te como colônia, paco-seroca, cuité-
21
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
açu, pacová, gengibre-concha, car-
damomo-do-mato, cana-do-brejo e
paco-seroso. Planta herbácea que
chega medir 2,5 metros de altura, se
apresenta com folhas curtas e lance-
oladas, com caules aéreos e em tou-
ceiras.
O efeito hipotensor e de natu-
reza diurética é uma das principais
características farmacológicas da A.
zerumbet, efeito alcançado por meio
do chá e do óleo das folhas. No uso
do extrato aquoso da planta é encon-
trado a rutina, campferol-3-O-ruti-
nosideo, campferol-3-Oglucoruni-
do, catequina e epicatequina, fla-
vonoides com que auxiliam na sua
ação hipotensora e diurética da A.
zerumbet. Alguns estudos demons-
tram que o uso de folhas secas en-
capsuladas de A. zerumbet, é seguro
e eficaz no equilíbrio da hipertensão
dos pacientes, confirmando a sua ca-
pacidade dos flavonoides encontra-
dos na planta (MCINTYRE, 2012).
De acordo com Lorenzi
(2008), o resultado do extrato hidro
alcoólico da A. zerumbet, possui
efeito hipotensivo do extrato hidro-
alcoólico da A. zerumbet que ocorre
pelo efeito vasodilatador que age no
vascular mesentérico resultando na
redução da resistência vascular peri-
férica. O tratamento intravenoso
com óleos essenciais da A. zerumbe-
tem em ratos anestesiados por pen-
tobarbitona, causava a hipotensão
instantânea, sendo de responsabili-
dade do terpineno-4-ol substância
existente na planta. Quando a sua
contraindicação, a Alpinia zerumbet
não deve ser usada por gestantes,
lactantes, crianças abaixo de dois
anos e diabéticos.
Cavalinha (Equisetum Arven-
se)
Segundo Miyamoto (2016), a
Equisetum arvense, popularmente
chamada de Cavalinha (ou rabo-de
cavalo, lixa-vegetal, ervacarnuda) da
família das Equisetaceas, oriunda
da Europa. Consiste em uma herbá-
cea perene, de rizoma horizontal,
onde se desenvolvem dois tipos de
caules aéreos, floram no final do in-
verno e terminam em espigas de 10
a 20 cm de altura, e possuem caules
finos, ocos, em formato de cana.
Em consonância com o autor
Calábria (2019), é correto afirmar
que a cavalinha possui ação adstrin-
gente, anti-inflamatória, cicatrizan-
te, diurética, anti-hipertensiva, anti-
hemorrágica, remineralizante, an-
tirreumática, antioxidante, diges-
tiva, antimicrobiano e antidiarreica,
podendo ser utilizado com diversos
objetivos, como por exemplo:
 Auxiliar no tratamento de pro-
blemas renais e urinários, co-
mo nefrite, cistite e infecções
urinárias;
22
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
 Diminuir o fluxo menstrual
abundante;
 Prevenir e tratar hemorragias
nasais e no estômago;
 Diminuir a queda de cabelo;
 Auxiliar no tratamento de reu-
matismo, artrite e gota;
 Diminuir a pressão arterial;
 Prevenir e ajudar no tratamen-
to de frieiras.
Pitangueira (Eugenia Uniflora
L.)
Para Gimenes (2020), a Euge-
nia uniflora L. chamada popular-
mente de pitangueira, pertence à fa-
mília das Myrtaceae, e seus frutos
são bastante conhecidos e consumi-
dos, considerando que é uma planta
nativa brasileira e de alto potencial
econômico e de fácil comercializa-
ção. Encontrada sob forma de arbus-
to e de árvores, podendo alcançar 3
a 12 metros e tem frutos de inúmeras
cores desde amarelo, alaranjado,
vermelho até o preto.
Conforme Gonçalves (2019), a
pitangueira é composta de fenólicos
de ações antioxidante, hipoglicemi-
ante, antirreumáticas também usa-
da em problemas gástricos e como
agente hipotensivo. Os extratos da
folha possuem inúmeras ações, e
principalmente antibacterianas, an-
tifúngicas e antioxidante e anti-hi-
pertensiva. O extrato de folhas de
Eugenia uniflora, teve uma ação hi-
potensora, vasodilatadora e diuré-
tica ao serem submetidas em ratos,
concluindo que a ação pode estar as-
sociada com uma elevação do fluxo
sanguíneo renal.
Chapéu-de-Couro (Echinodo-
rusmacrophyllus)
Ao concordar com Pereira
(2020), pode-se afirmar que o cha-
péu-de-couro é uma planta natural
do sul brasileiro, e propagou-se por
quase todo Brasil. Pertence à família
Alismataceae e ao gênero Echinodo-
rus. Possuem folhas longamente pe-
cioladas e adapta-se em áreas úmi-
das, como várzeas, margens de rios e
lagos. Seu uso fitoterápico abrange
propriedades relevantes como ação
anti-inflamatória, antimicrobiana,
depurativa, diurética e anti-hiper-
tensiva.
Tendo como composição quí-
micos os alcalóides, flavonoides, ta-
ninos, triterpenos, glicosídeos, equi-
nodorosídeos e sais minerais, com
princípio ativo diperpeno conhecido
de “echinodol” ou ácido echinóico,
que é um metabólito secundário, al-
cançado por meio de extração meta-
nólica de folhas secas da planta
(VENTURA, 2018).
23
24
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
4. Fitoterapia e Obesidade
D e acordo com MCintyre (2012),
a obesidade é um problema de
saúde pública global e sua preva-
lência aumentou significativamente
nas últimas décadas. Embora exis-
tam diferentes definições de obesi-
dade, de acordo com a definição da
Organização Mundial da Saúde
(OMS), a obesidade é considerada
uma doença em que o excesso de
gordura corporal se acumula a ponto
de poder causar outras doenças, e
4 Retirado em https://saude.abril.com.br
Fonte: Veja Saúde4
essas doenças geralmente são igno-
radas porque elas não estão aparen-
temente associados à obesidade. O
método mais comumente utilizado
para diagnosticar a obesidade é o
cálculo do índice de massa corporal
(IMC).
Segundo Lorenzi (2008), exis-
tem várias terapias para o combate a
obesidade e sobrepeso, uma das
quais é a fitoterapia, para os pacien-
tes que pretendem restaurar o seu
25
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
estado patológico, ela tem se torna-
do a primeira escolha, principal-
mente porque é fácil de obter este
tipo de compostos. A fitoterapia é
uma forma de tratamento baseada
nas propriedades curativas naturais
das plantas medicinais, de acordo
com os compostos de que dispõem,
que tem sido considerada benéfica e
eficaz em vários tipos de patologias,
como a obesidade e o sobrepeso.
Em consonância com o autor
Miyamoto (2016), é correto afirmar
que várias plantas medicinais têm
ingredientes comprovadamente efi-
cazes na perda de peso, alguns dos
quais têm mais de um efeito farma-
cológico. Os fitoterápicos utilizadas
no tratamento da obesidade têm di-
ferentes especificidades e indica-
ções, sendo diversas opções de acor-
do com o diagnóstico da causa da
doença. A obesidade pode ser causa-
da por muitos fatores, como aumen-
to do apetite, metabolismo lento,
disfunção hormonal, trânsito intes-
tinal lento, acúmulo de fluidos cor-
porais, e outras causas.
Plantas Medicinais com
Ação Diurética
Chá-de-Java
Para Calábria (2019), o chá-
de-java, cujo nome científico é Or-
thosiphon spicatus Bak. sin O. sta-
mineus Bak, O. aristatus Miq. É um
arbusto que tem também como no-
me comum Ortossifão, sendo as par-
tes utilizadas para tratamento as fo-
lhas e as extremidades dos caules se-
cos.
Conforme Gimenes (2020), o
chá-de-java tem como principais
constituintes ativos no tratamento
da obesidade, matérias minerais
muito ricas em sais de potássio, fla-
vonóides, entre os quais se destacam
as flavonas lipofílicas (salvigenina,
escutelareína, euparorina, sinenseti-
na) e ainda saponinas triterpénicas.
Estes atuam aumentando a diurese,
o que contribui para a eliminação de
catabolitos azotados e de cloretos, e
ainda promove uma ação hipocoles-
terolemiante. Os efeitos secundários
da planta são atribuídos aos taninos
e constituintes amargos que podem
desencadear perturbações gástricas
(náuseas), pelo que se recomenda
utilizar proteção gástrica. Em rela-
ção à sua infusão, esta possui um as-
bor distintivamente amargo que po-
de induzir vómitos ou náuseas, ra-
zão pela qual deve ser utilizado um
aromatizante. Hoje já existem no
mercado alternativas disponíveis
como comprimidos e cápsulas o que
permite contornar um pouco este
problema.
Ao concordar com Gonçalves
(2019), pode-se afirmar que o Chá-
de-Java é contraindicado nos casos
26
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
de insuficiência cardíaca e/ou renal,
e em casos clínicos onde se suspeite
da existência de obstrução das vias
biliares. Apenas deve ser usado sob
controle médico, e uma vez que não
existem dados clínicos, não deve ser
utilizado na gravidez e lactação.
Cavalinha
A cavalinha, cujo nome cien-
tífico é Equisetum arvense L. É uma
planta herbácea vivaz e a parte da
planta com ação farmacológica são
as suas partes aéreas estéreis (COS-
TA, 2014).
De acordo com Ventura
(2018), a composição da Cavalinha
com ação na obesidade deve-se à
presença de sais minerais (silícicos,
potássicos e, em menor percenta-
gem, magnésicos) e heterósidos de
flavonóides (isoquercitrósido, glu-
cósidos de campferol), os quais de-
sempenham uma importante ação
diurética. Os efeitos secundários
desta planta medicinal não são co-
nhecidos.
Segundo MCintyre (2012), a
Cavalinha é contraindicada como
diurético em situações de edemas
originados por insuficiência cardía-
ca ou renal, estando igualmente
contraindicada quando o doente
está em tratamentos com fármacos
cardiotónicos ou hipotensores, e nos
casos de gastrites e úlcera gastro-
duodenal, devido à presença dos
taninos e sais silícicos que podem
irritar a mucosa gástrica.
Em consonância com o autor
Lorenzi (2008), é correto afirmar
que além do Chá-de-Java e da Ca-
valinha, existem ainda outras plan-
tas usadas em obesidade, todos elas
com ação diurética:
 Buchú (Barosma betulina);
 Galega (Galega officinalis);
 Milho (Zea mays);
 Salsaparrilha (Smilax officina-
lis);
 Chá-Verde (Camellia sinen-
sis);
 Feijoeiro (Phaseolus vulgaris);
 Guaraneiro (Paullinia cupa-
na);
 Limoeiro (Citrus limon);
 Mate (Ilex paraguariensis);
 Urtiga-Branca (Lamium
album);
 Uva-Ursina (Arctostaphylos
uvaursi);
 Bétula (Betula pendura);
 Boldo (Peumus boldus.
Plantas com Ação Laxante
Tamarindo-do-Malabar
Para Miyamoto (2016), o
tamarindo-do-malabar, cujo nome
científico é Garcinia gummi-gutta
(L.) N. Robson sin. Garcinia cambo-
gia L. Trata-se de um arbusto ou pe-
quena árvore, cujas partes utilizadas
27
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
terapeuticamente são a polpa e a
casca seca do fruto.
Conforme Calábria (2019), os
constituintes com ação na obesidade
são lactonas hidroxicítricas, ácido
hidroxicítrico e glúcidos (pectinas,
predominantes na polpa do fruto.
Relativamente à farmacologia, a sua
ação laxante é devida à presença das
pectinas (ação emoliente). O ácido
hidroxicítrico inibe a ação da ATP
citrato-liase, fazendo um bloqueio
parcial da síntese dos ácidos gordos.
Igualmente diminui a conversão dos
açúcares em ácidos gordos, estimu-
lando a neoglicogénese e reduzindo
o apetite. Em relação aos efeitos
secundários da Garcínia, pode haver
hepatotoxicidade se empregue com
suplementos alimentares contento
extrato de polpa do fruto (Tamarin-
do).
Ao concordar com Gimenes
(2020), pode-se afirmar que No caso
do Tamarindo não são conhecidas
contraindicações, quando adminis-
trado de forma correta. No entanto,
a sua administração em grávidas,
mães que estão amamentando e em
lactentes deve ser acompanhada por
um médico.
Konjak
O Konjak, cujo nome científico
é Amorphophallus konjak K. Koch.
Ele é usualmente conhecido por
Glucomanano e é uma planta vivaz,
sendo as partes utilizadas os rizomas
tuberculizados, dos quais se extrai a
goma, chamada Gomade-Konjak
(SAAD, LÉDA, OLIVEIRA, SÁ e
SEIXLACK, 2016).
De acordo com Costa (2014),
os constituintes com ação na obesi-
dade que prevalecem são glucoma-
nanos e outras mucilagens, hemice-
luloses e amido. Farmacologicamen-
te o glucomanano possui uma gran-
de capacidade de absorção de água,
formando um gel muito espesso que
origina no estômago um aumento de
volume, originando desta forma
uma sensação de saciedade e conse-
quentemente, uma diminuição de
apetite. As mucilagens juntamente
com os glucomananos exercem um
efeito laxante ligeiro. O Konjak é
usado no tratamento da obesidade
para melhorar a função intestinal,
também para controlar o apetite em
regimes de emagrecimento e na
redução da absorção das gorduras.
Como efeitos secundários pode cau-
sar dor abdominal e flatulência.
Segundo Ventura (2018), o
Konjak encontra-se contraindicado
em casos de estenose pilórica ou
esofágica e oclusão intestinal.
Em consonância com o autor
MCintyre (2012), é correto afirmar
que além do Tamarino-do-Malabar
e do Konjak, são conhecidas outras
plantas com efeito laxante:
28
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
 Macieira (Malus domestica),
Oliveira (Olea europaea);
 AmieiroNegro (Rhamnus
frangula);
 Ananaseiro (Ananas como-
sus);
 Boldo (Peumus boldus);
 Cáscara-Sagrada (Rhamnus
purshiana);
 Bodelha (Fucus vesiculosus).
Plantas Estimulantes da Ti-
reoide
Bodelha
Para Lorenzi (2008), a bode-
lha, cujo nome científico é Focus
vesiculosus L., F. serratus L. ou
Ascophylumnodusom jolis. Trata-se
de uma alga, conhecida também por
alga-vesiculosa. A parte usada são os
talos fragmentados secos.
Conforme Miyamoto (2016),
na sua composição constam o iodo,
bromo na forma de sais, oligo-ele-
mentos e sais minerais (magnésio,
cálcio, ferro, silício, potássio e clo-
ro); oligo-holósidos (manitol e sor-
bitol), ácido algínico que representa
a parte amarga da planta, vitaminas
e provitaminas A e D; lípidos (glu-
cosildiasilglicéridos) e por fim o
fucosterol. A atividade farmacológi-
ca é representada pelo iodo que é
responsável pela ação estimulante
da tireoide, razão pela qual é usado
no tratamento da obesidade. As pro-
priedades remineralizantes da alga
são derivadas da alta concentração
de sais minerais. A grande capaci-
dade de entumescimento do ácido
algínico provoca uma sensação de
repleção gástrica e tem uma ação
protetora das mucosas digestivas,
regularizando a função intestinal e
combatendo a diarreia devido ao seu
efeito adsorvente. Os sais de potás-
sio contêm uma ação diurética. Os
efeitos secundários conhecidos são
reações idiossincráticas ao iodo ou
tireotoxicoses, para valores de iodo
superiores a 100 mg.
Ao concordar com Calábria
(2019), pode-se afirmar que a bode-
lha está contraindicada para indiví-
duos que fazem tratamento com
agentes anti-tiroideios ou com hor-
monas tiroideias. Na insónia, ansie-
dade, excitação, taquiarritmias, car-
diopatias e emagrecimento acentua-
do também está contraindicado.
Laminária
A laminária, cujo nome cientí-
fico é Laminaria cloustonii L. sin L.
hyperborea (Gunner) Foslie. É uma
alga, tendo uma cor castanha, e co-
nhecida por chicote. As partes da al-
ga utilizadas são o pseudocaule e as
folhas (VIEIRA, 2017).
De acordo com SAAD, LÉDA,
OLIVEIRA, SÁ e SEIXLACK (2016),
os constituintes da Laminária que
29
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
possuem uma ação reconhecida so-
bre a obesidade são essencialmente
os poli-holósidos (manitol, lamina-
rina e fucoidina) e o poliurónido de-
signado por algina ou ácido algínico,
o constituinte principal. Possui ain-
da sais de iodo. A sua ação farmaco-
lógica deve-se ao ácido algínico, que
por aumento de volume no estôma-
go, produz uma redução do apetite.
O manitol é laxante e diurético. O
iodo aumenta o metabolismo basal
ao atuar sobre a tireoide.
Segundo Costa (2014), os efei-
tos secundários da alga são reações
idiossincráticas ao iodo ou tireotoxi-
coses, para valores de iodo acima de
150 mg por dia. A Laminária é con-
traindicada nos casos de hipertiroi-
dismo, em terapias com cardiotóni-
cos, na hipertensão arterial e ainda
na desidratação.
Em consonância com o autor
Ventura (2018), é correto afirmar
que a Clorela (Chorella ellipsoides) e
a Espirulina (Spirulina maxima)
são outros exemplos de planta úteis
em obesidade que atuam por esti-
mulação da tiróide.
Plantas Moderadoras do
Apetite
Guar
Para MCintyre (2012), o Guar,
cujo nome científico é Cyamopsis
tetragonolobus L. Taubert. A Go-
ma-de-Guar também é conhecida
como Galatomanana de Guar, sendo
considerada uma planta herbácea.
As partes utilizadas são o albúmen
das sementes em pó (Goma-de-
Guar).
Conforme Lorenzi (2008), os
seus constituintes com atividade de
interesse na obesidade são essen-
cialmente os polissacáridos, em que
prevalece uma D-galacto-D-manana
e hemiceluloses. Farmacologica-
mente, os polissacáridos causam no
estômago, por aumento de volume,
uma sensação de repleção. O Guar,
no entanto, é emoliente e possui por
isso uma ação laxante suave. Possui
efeito hipolidémico e retarda igual-
mente a absorção dos glúcidos. Os
efeitos secundários relativos à utili-
zação do Guar que podem surgir in-
cluem o aumento de volume do ab-
dómen, desconforto e dor abdomi-
nal. É contraindicado na estenose
esofágica e pilórica, e ainda na oclu-
são intestinal.
Plantas com Ação Sedativa
Passiflora
Ao concordar com Miyamoto
(2016), pode-se afirmar que a pas-
siflora, cujo nome científico é Pas-
siflora incarnata L. É vulgarmente
conhecida como a Flor-da-Paixão e
30
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
cresce como trepadeira arbustiva. As
partes da planta usadas são as partes
aéreas secas, cortadas ou fragmenta-
das, flores e/ou frutos.
Os constituintes da passiflora
são os flavonóides, dos quais se real-
çam os C-heterósidos de flavonas,
vestígios de fitosteróis derivados de
cumarina, reduzida quantidade de
óleo essencial, diversos glúcidos,
glicoproteínas e aminoácidos livres,
vestígios de alcaloides indólicos e
ainda glicósidos de cianogenéticos.
A Passiflora possui efeitos ansiolíti-
cos e/ou sedativos e uma ação
antiespasmódica relacionados com
constituintes. É usada em tratamen-
tos de excesso de peso ou obesidade,
uma vez que estas situações desen-
cadeiam inúmeras vezes quadros
relevantes de ansiedade. Os efeitos
secundários da Passiflora consistem
no fato de poder induzir sonolência
em algumas pessoas, e em doses
elevadas poder potenciar fármacos
inibidores da monoaminoxidase
(antidepressivo). Está contraindica-
do em caso de hipersensibilidade à
planta (JANUÁRIO, 2014).
Clorela
De acordo com Vieira (2017), a
clorela, cujo nome científico é Chlo-
rella elipsoides Gerneck e C. pyre-
noidosa Chick. É uma alga verde
microscópica e toda a alga possui
atividade terapêutica.
Segundo SAAD, LÉDA, OLI-
VEIRA, SÁ e SEIXLACK (2016), re-
lativamente aos seus constituintes, a
alga seca possui clorofilas, β-carote-
no, vitamina C e vitaminas do com-
plexo B, inositol, fósforo, magnésio,
ferro, cálcio, cobre, zinco, vestígios
de cobalto, enxofre, potássio e mag-
nésio, proteínas, glúcidos, óleo gor-
do e mucilagens. A ação farmacoló-
gica da Clorela está relacionada com
o elevado conteúdo em proteínas e
mucilagens ocorrendo sensação de
repleção gástrica, reduzindo o apeti-
te. As mucilagens também possuem
um efeito emoliente e laxante suave.
Os sais minerais, vitaminas, ami-
noácidos e lipídios, fazem da Clorela
um bom complemento dietético.
Não são conhecidos efeitos secundá-
rios relativos à Clorela. A alga é
contraindicada em doentes com hi-
peruricemia.
Em consonância com os auto-
res Costa (2014), é correto afirmar
que outros exemplos de plantas
medicinais moderadoras do apetite,
são:
 Alfarrobeira (Ceratonia sili-
qua);
 Ananaseiro (Ananas como-
sus);
 Bodelha (Fucus vesiculosus);
 Funcho (Foeniculum vulgare);
 Guaraneiro (Paullinia cupa-
na);
 Mate (Ilex paraguariensis);
31
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS

 Tamarindo-do-Malabar Outras plantas também utili-

(Garcinia); zadas para este fim são a Melissa
 Tanchagens (Plantago). (Melissa officinalis) ou Erva-Cidrei-
ra e a Tília (Tilia platyphyllos) (KI-
Valeriana NUPP, 2014).

Para Ventura (2018), a valeria-

na, cujo nome científico é Valeriana
officinalis L. Trata-se de uma planta
vivaz e as partes usadas com ativi-
dade farmacológica são os rizomas e
raízes.
Conforme MCintyre (2012), os
constituintes com interesse na ação
pretendida são os sesquiterpenos,
iridóides, óleo essencial e flavonoi-
des. A ação farmacológica da Vale-
riana atribui-se ao fato de haver
sinergismo entre o óleo essencial, os
sesquiterpenos, os iridóides e os
flavonóides na obtenção da ação
hipnótica, tranquilizante, espasmo-
lítica, relaxante muscular e anticon-
vulsivante. Quando usado por lon-
gos períodos, podem ocorrer cefa-
leias, midríase e alterações cardía-
cas, sendo estes os seus efeitos se-
cundários.
Ao concordar com Lorenzi
(2008), pode-se afirmar que a
Valeriana é contraindicada quando
administrada com outros sedativos
do sistema nervoso central. É igual-
mente contraindicada na gravidez,
no aleitamento e em crianças com
idade inferior a 3 anos.

32
33
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
5. Fitoterapia e Oncologia
D e acordo com Januário (2014),
atualmente, na maioria dos ca-
sos, o tratamento do câncer é consi-
derado um dos problemas mais de-
safiadores da medicina. A partir do
momento em que ocorre metástase
do tumor primário no corpo do hos-
pedeiro, o prognóstico piora, sendo
a quimioterapia antitumoral a prin-
cipal forma de tratamento nesta fa-
se. Uma vantagem desse tratamento
é que também pode atingir metásta-
ses por todo o corpo. No entanto,
5 Retirado em https://grassrootsnaturalmedicine.com/
Fonte: Natural Medicine5
existem lacunas importantes a se-
rem consideradas, principalmente
aquelas relacionadas aos seus efeitos
colaterais, pois a maioria desses me-
dicamentos apresenta baixo índice
terapêutico, ou seja, uma dose tera-
pêutica muito próxima a uma dose
tóxica.
Segundo Vieira (2017), exis-
tem medicamentos antitumorais
que podem ser usados para tratar e
prevenir o câncer. Esta categoria in-
clui os fitoterápicos, que são obtidos
34
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
de plantas e utilizam apenas deriva-
dos de substâncias botânicas, suple-
mentos dietéticos herbáceos e plan-
tas medicinais, no todo ou em parte,
sem registro na ANVISA (RDC nº
48/04). Algumas dessas plantas têm
demonstrado efeitos quimiopreven-
tivos e antitumorais satisfatórios,
mas quando são consumidas ao
mesmo tempo que medicamentos
convencionais, surge um grande
problema, pois geralmente ocorrem
interações medicamentosas perigo-
sas.
Principais Fitoterápicos
para o Tratamento do Cân-
cer
Ginkgo (Ginkgo biloba)
Em consonância com os auto-
res SAAD, LÉDA, OLIVEIRA, SÁ e
SEIXLACK (2016), é correto afirmar
que o Ginkgo biloba é originário do
Japão e é conhecido por seus benefí-
cios para a saúde. O extrato das suas
folhas ajuda a reduzir a tontura, a
restaurar a memória e a aliviar as
dores nas pernas e braços. Além dis-
so, ainda tem a capacidade de elimi-
nar tumores malignos. Seu extrato
faz com que essas células se autodes-
truam e impede seu desenvolvimen-
to. Uma explicação para seus benefí-
cios é que o Ginkgo deve inibir o
aparecimento de vasos sanguíneos
que irrigam o câncer, evitando da-
nos ao DNA celular. As folhas são ri-
cas em terpenos e bioflavonóides,
que podem atuar como antioxidan-
tes, combater os radicais livres e
prevenir o envelhecimento celular.
Ginseng (Panax ginseng)
Para Costa (2014), o ginseng é
uma planta originada do oriente, e
sua raiz é a parte que é mais consu-
mida. Existem vários subtipos desta
planta, sendo que o principal é o Pa-
nax ginseng. É benéfico para a saú-
de do coração e do cérebro, tem efei-
tos anti-inflamatórios, reduz o es-
tresse e alivia a fadiga. O ginseng
conta com vitaminas B1, B2 e B3,
que agem no metabolismo da gli-
cose, dos ácidos graxos e aminoáci-
dos, ou seja, ajuda o organismo a
utilizar essas substâncias com efici-
ência. A vitamina B12, importante
para a formação das células verme-
lhas do sangue e desenvolvimento e
manutenção das funções do sistema
nervoso, também está presente no
ginseng.
Conforme Ventura (2018), o
ginseng, seja raiz ou caule, contém
ferro, que pode prevenir a anemia,
cobalto e magnésio que são necessá-
rios para a composição e bom funci-
onamento dos neurotransmissores,
35
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
manganês, que tem efeito antioxi-
dante, e o cobre ajuda na absorção
de ferro. Apesar de ter todos esses
nutrientes, o ginseng se destaca pela
presença da saponina, que tem forte
efeito anti-inflamatório, pois pode
reduzir as chamadas citocinas pró-
inflamatórias, bloqueando assim
parte de seu papel na inflamação.
Ao concordar com MCintyre
(2012), pode-se afirmar que nos pa-
cientes com câncer, o ginseng age di-
minuindo o estresse e a fadiga. Al-
guns estudos preliminares com ani-
mais descobriram que, em pacientes
com câncer, o consumo de ginseng
pode melhorar a qualidade do sono
e o apetite do paciente. Embora o
caule também contenham saponi-
nas, a parte do ginseng que geral-
mente é ingerida é a raiz. Pode ser
consumido em pó, extrato, cápsula e
tintura. O pó pode ser adicionado a
sucos, sopas e outros alimentos.
Como o ginseng interage com
medicamentos antidepressivos, an-
ticoagulantes e para ansiedade, pes-
soas que ingerem qualquer um des-
ses remédios deve evitar o consumo
da planta. Pessoas com hemofilia,
crianças, mulheres grávidas e mães
que amamentam também devem
evitar o ginseng. Pacientes cirúrgi-
cos devem parar de usar ginseng
uma semana antes e três dias após a
cirurgia (HOFFMAN, 2017).
De acordo com Kinupp (2014),
se consumido por mais de oito se-
manas, o ginseng altera a pressão ar-
terial e interfere na coagulação do
sangue. A quantidade recomendada
de pó de ginseng é de cinco a dez gra-
mas, pessoas que consomem a pró-
pria raiz devem ficar entre um e dois
gramas. O ginseng não deve ser con-
sumido por mais de oito semanas. A
ingestão excessiva de ginseng pode
causar uma série de complicações,
como nervosismo, hipertensão,
erupção cutânea, insônia, diarreia,
prejudicar o sistema imunológico e
interferir na coagulação do sangue.
Ipê-roxo (Tabebuia avellane-
dae)
Segundo Januário (2014), foi
estudado o potencial medicinal de
certos tipos de ipê no tratamento do
câncer. São eles: ipê-rosa, branco,
roxo, e outros da Tabebuia sp. Mas,
esse uso já é consagrado há séculos
pela medicina popular com o chá da
casca do ipê-roxo, Tabebuia avella-
nedae, da família Bignoniaceae. A
substância “β-lapachone” encontra-
da em vários tipos de ipês tem pro-
priedades anticancerígenas convin-
centes, e estudos têm demonstrado
que pode ser usada para tratar cân-
cer de pulmão, próstata e pancreá-
tico. Basicamente, foi descoberto o
36
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS

mecanismo de ação da β-lapachone

e o método de utilização da droga no
tratamento individualizado
Em consonância com o autor
Vieira (2017), é correto afirmar que
O chá da casca de ipê-roxa tornou-se
um dos medicamentos usados na
medicina popular brasileira por sua
capacidade de eliminar tumores só-
lidos. Acredita-se que seu efeito es-
teja relacionado à alteração da capa-
cidade de reparo do DNA das células
cancerosas, levando à apoptose
(morte programada). Outros usos
medicinais empíricos da casca roxa
vêm de seus efeitos antifúngicos,
anti-inflamatórios, antibacterianos,
analgésicos e relaxantes. Com base
nesse conhecimento, o chá de casca
de ipê-roxo também é utilizado no
alívio de dores musculares, proble-
mas menstruais e ginecológicos, do-
ença de Parkinson, controle do dia-
betes e combate à anemia.

37
38
 FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS

6. Fitoterapia e Doenças do Sistema Cardiovascular

Fonte: Revista medicina Integrativa6

P ara autores como SAAD, LÉ-

DA, OLIVEIRA, SÁ e SEI-
XLACK (2016), as doenças cardio-
miocárdio está relacionado a pacien-
tes com diagnóstico de doença cardí-
aca coronária.
vasculares são as principais causas Conforme Costa (2014), inú-
de morbimortalidade, e sua preven- meros são os fatores de risco associ-
ção é um grande desafio para a sa- ados com o desenvolvimento de do-
úde pública. Abrangem uma gama enças cardiovasculares, incluindo:
de doenças, incluindo doença cardí-  Histórico familiar;
aca coronária e outras doenças vas-  Altos níveis de colesterol Low
culares, problemas de ritmo cardí- Density Lipoproteins (LDL);
aco (arritmia) e doença cardíaca  Tabagismo;
congênita. A doença arterial corona-  Hipertensão;
riana é a doença cardiovascular mais  Diabetes;
comum e é causada por uma doença  Obesidade abdominal;
 Consumo insuficiente de fru-
chamada aterosclerose. O infarto do
tas e hortaliças;

6 Retirado em https://revistamedicinaintegrativa.com

39
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS

 Consumo excessivo de álcool; como as cardiovasculares (CECHI-

 Falta de atividade física regu- NEL ZANCHETT e CECHINEL FI-
lar. LHO, 2020).

Ao concordar com Ventura

Principais Fitoterápicos
(2018), pode-se afirmar que nas úl-
timas décadas, o desenvolvimento
para Doenças Vasculares
de novos medicamentos para o tra-
Curcuma longa (Açafrão)
tamento de doenças cardiovascula-
res aumentou significativamente.
De acordo com Hoffman
Em contraste, alguns medicamentos
(2017), a curcumina, principal com-
precursores usados para tratar a in-
posto ativo de C. longa, impede o de-
suficiência cardíaca (como a digoxi-
senvolvimento da disfunção vascu-
na) são menos eficazes. Isso não se
lar induzida por L-NAME, através
deve apenas à ocorrência de efeitos
do seu efeito anti-hipertensivo. A
colaterais graves, mas também a
curcumina exerce efeito hepatopro-
uma melhor compreensão do meca-
tetor contra lesões isquêmicas atra-
nismo das doenças cardiovascula-
vés de mecanismos antiapoptóticos
res. Portanto, a ênfase na prevenção,
identificados. Já o óleo essencial de
detecção precoce e tratamento redu-
C. Longa demonstrou ser um agente
ziu muito a morbimortalidade.
anti-plaquetário eficaz, e com ativi-
Nesse caso, vale ressaltar que
dade protetora contra a trombose
as plantas medicinais estão se popu-
intravascular. Também há evidên-
larizando e sendo aceitas como co-
cias de efeito benéfico da curcumina
adjuvantes dos tratamentos conven-
na degeneração de aneurismas da
cionais. Nesse sentido, estudos têm
aorta, o que presume-se estar relaci-
mostrado que moléculas extraídas
onado com a inibição de apoptose e
de plantas medicinais podem ter po-
c-Jun N-terminal kinases - chave re-
tencial para reduzir o risco de doen-
guladora de eventos celulares (JNK)
ças crônicas. Os compostos naturais
nas paredes da aorta torácica com
podem proteger as células do estres-
aneurismas.
se oxidativo, melhorando assim a sa-
Segundo Kinupp (2014), a cur-
úde das pessoas afetadas por doen-
cumina pode ser útil como uma tera-
ças cardiovasculares e outras doen-
pia adjuvante na prevenção da car-
ças. Compostos naturais podem pro-
diomiopatia diabética, através da
teger as células do estresse oxida-
inibição da via proteína kinase c -
tivo, melhorando assim a saúde de
motógeno proteína kinase (PKC-
pessoas acometidas por doenças

4
40
0
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
MAPK). Através da inibição seletiva
da proteína Toll-like receptor 2
(TLR2), a curcumina desempenha
papel preventivo e terapêutico no in-
farto do miocárdio. O análogo tetra-
hidrocurcumin, reduz lesões isquê-
micas neuronais, em função da di-
minuição de danos oxidativos e me-
lhora da absorção de homocisteína
do citocromo-c. A curcumina poten-
cializa a ação inibitória de candesar-
tan em lesões isquêmicas cerebrais
por meio da supressão das altera-
ções do fluxo sanguíneo e atenuação
do estresse oxidativo. A curcumina
minimiza o efeito do bloqueio atrio-
ventricular transiente um ser huma-
no, e em virtude da diminuição do
estresse oxidativo e da apoptose in-
duzida na proliferação celular, o tra-
tamento com curcumina apresenta
efeito protetor contra a lesão isquê-
mica intestinal. A ingestão diária de
curcumina pode aumentar a dilata-
ção fluxo-mediada em mulheres na
pós-menopausa, sugerindo que o
composto possa minimizar o declí-
nio da função endotelial. Por fim, em
relação aos estudos com C. longa, al-
gumas pesquisas identificaram efei-
tos anti-inflamatórios para curcu-
mina, por meio da regulação de pro-
teínas do grupo (HMGB1), regulado-
ras de citocinas pró-inflamatórias,
endossando a utilidade como terapia
em doenças inflamatórias vascula-
res.
Allium Sativum (Alho)
Em consonância com o autor
Januário (2014), é correto afirmar
que a alicina, composto ativo de A.
sativum, é eficaz no tratamento de
diabéticos e hipertensos, através de
um mecanismo que pode envolver
abertura seletiva de sulfoniluréias. A
alicina exerce neuroproteção contra
lesão isquêmicas na região espinhal
em coelhos, o qual pode ser associ-
ado com a melhora da função mito-
condrial, pela inibição da produção
de Reactive Oxygen Species (ROS) e
da libertação de citocromo-c na me-
dula espinal. Outro composto ativo
de A. sativum, allitridi, é uma pro-
missora droga antiarrítmicos, com
ação protetora contra infarto do mi-
ocárdio, que pode ser o resultado da
utilização de vários canais bloquea-
dores, tais como bloqueadores dos
canais de cálcio, apresentando efei-
tos similares ao fármaco amioda-
rona.
Zingiber Officinalle (Gengibre)
Para Vieira (2017), o extrato
proteico de sulfato de amônia dos ri-
zomas de Z. officinale apresentam
atividade de conversão de angioten-
sina I, inibidora da enzima Angio-
tensin Converting Enzyme Inhibi-
tor (ACEI). O gengibre potencializa
os efeitos da acupuntura e melhora a
41
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS

função cognitiva, atenuando o es-

tresse oxidativo após isquemia cere-
bral. O extrato bruto etanólico dos
rizomas do gengibre revelam pro-
missores efeitos anti-hipertensivos.

Achillea Millefolium (Mil-Fo-

lhas)

Conforme SAAD, LÉDA, OLI-

VEIRA, SÁ e SEIXLACK (2016), os
efeitos hipotensores induzidos pelo
extrato hidroetanólico partir de A.
millefollium podem estar associado
com altos níveis de artemetina e da
sua capacidade para diminuir a pro-
dução de angiotensina II, através da
inibição da enzima conversora de
angiotensina (ECA). O efeito vaso-
protetor para o extrato de A. mille-
follium possui efeitos sobre a infla-
mação vascular.

42
43
 FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
7. Fitoterapia e o Sistema Respiratório
A o concordar com Costa (2014),
pode-se afirmar que As doen-
ças respiratórias são caracterizadas
por afetar o sistema respiratório
(nariz, boca, faringe, laringe, tra-
queia, brônquios e pulmões) e po-
dem ser causadas por vírus, bacté-
rias, fungos ou substâncias alérgi-
cas. Essas doenças que afetam o apa-
relho respiratório são a terceira cau-
sa de morte no mundo. Geralmente,
em climas mais frios, principal-
mente no inverno, as doenças respi-
ratórias se instalam nos indivíduos,
pois o ar fica mais seco, fazendo com
que o vírus se espalhe em grandes
7 Retirado em https://empower-up.pt/cursos/fitoterapia-plantas-medicinais/
Fonte: Empower-up7
quantidades, aumentando assim a
frequência de infecção no trato res-
piratório.
O tratamento de doenças res-
piratórias dependerá de vários fato-
res, como o estágio da doença, a ida-
de do paciente e o fornecimento de
suporte ventilatório adequado para
o paciente. Se a patologia não puder
ser interrompida rapidamente, a ci-
rurgia pode ser considerada. Essas
doenças colocam uma enorme pres-
são nos serviços de saúde e causam
absenteísmo escolar frequente. De
acordo com dados divulgados pela
Organização Mundial de Saúde, cer-
44
 FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
ca de 13 milhões de crianças meno-
res de cinco anos morrem a cada ano
de doenças respiratórias, 95% das
quais ocorrem em países em desen-
volvimento (WEN-MEI, FANG-YAO
e VIEIRA, 2017).
De acordo com Cechinel Zan-
chett e Cechinel Filho (2020), os fi-
toterápicos são comumente utiliza-
dos em problemas respiratórios.
Muitas infecções do trato respirató-
rio são acompanhadas por tosse, ir-
ritação da garganta, congestão nasal
e presença intensa de muco. O res-
friado comum é causado por uma in-
fecção do trato respiratório superior
causada por um vírus, podendo se
manifestar como rinite, faringite, si-
nusite e laringite. O uso de plantas
medicinais ajuda significativamente
a melhorar os sintomas do resfriado
sem danificar o mecanismo mucoci-
liar do trato respiratório superior,
evitando assim um maior risco de
infecções bacterianas e virais. Os
medicamentos fitoterápicos podem
ser utilizados em apoio a uma tera-
pia com antibióticos.
Segundo Hoffman (2017), é
importante entender alguns dos fa-
tores que podem afetar a composi-
ção química dos fitoterápicos e em
quais partes da planta são encontra-
das, além de encontrar níveis mais
elevados de metabólitos para tornar
o produto final mais viável economi-
camente em termos de melhoria de
qualidade. Diversas plantas medici-
nais apresentam grandes benefícios
para o tratamento de doenças respi-
ratórias, que possuem uma varieda-
de de componentes químicos, como:
cianósido, muco, tanino e cumarina.
Eles têm diferentes efeitos farmaco-
lógicos: anti-inflamatórios, bronco-
dilatador, expectorante, analgésico,
antipirético.
Principais Fitoterápicos
para Tratamento de Doen-
ças Respiratórias
Amoreira (Morus Nigra)
Em consonância com o autor
Kinupp (2014), é correto afirmar
que a amoreira (Morus nigra) ofe-
rece inúmeros benefícios para o tra-
tamento de doenças respiratórias,
como em quadros de infecções e in-
flamações crônicas dos brônquios
pulmonares até em simples resfria-
dos, alergias e bronquite asmática.
Apresentando também efeito posi-
tivo na diminuição das tosses notur-
nas e na excreção de catarros. Esses
efeitos estão associados aos princí-
pios ativos do metabolismo da plan-
ta, como adenina, glicose, aspara-
gina, carbonato de cálcio, proteína e
taninos, substâncias essas que
atuam no tratamento para inibição
45
 FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS
da ação antibacteriana, na expecto-
ração de secreções pulmonares.
Guaco (Mikania Glomerata)
Para Januário (2014), da famí-
lia Asteraceae, a Mikania glome-
rata, conhecida popularmente como
Guaco é utilizado na cultura popular
há séculos devido a fito constituintes
contidos em suas folhas, que indi-
cam ação tônica, depurativa e anti-
pirética, além de 41 estimulantes do
apetite e antigripal. Também sendo
utilizado no tratamento da bronqui-
te e adjuvante no combate à tosse.
As substâncias que confere a identi-
dade do guaco são a cumarina e o
ácido caurenoico presentes em gran-
des quantidades na sua folha, que
possuem importante efeito antialér-
gico, pois reduzem o influxo de leu-
cócitos totais e de eosinófilos para o
espaço broncoalveolar.
Conforme Vieira (2017), além
de apresentar ação anti-inflamató-
ria, expectorante e antialérgica o
guaco age diretamente nos pulmões
causando a broncodilatação e rela-
xamento da musculatura lisa respi-
ratória, o que pode estar relacionado
ao bloqueio dos canais de cálcio, que
são extremamente benéficas ao tra-
tamento da asma, a qual caracteriza-
se por obstrução e inflamação das
vias aéreas e, resposta broncodilata-
dora exagerada.
Sabugueiro (Sambucus Nigra)
Ao concordar com SAAD,
LÉDA, OLIVEIRA, SÁ e SEIXLACK
(2016), pode-se afirmar que o Sam-
bucus nigra, conhecida popular-
mente como sabugueiro, da família
Adoxaceae é bastante encontrada no
Norte da África, mas também pode
ser vegetada em ambientes de zonas
temperais e subtropicais. Possuem
propriedades antipiréticas, anti-in-
flamatórias, e laxativo leve, suas uti-
lizações pela medicina popular vêm
sendo associada ao fato de prevenir
e curar tosse e asma.
Eucalipto (Eucalyptus globu-
lus Labil)
O Eucalyptus globulus Labil
conhecido popularmente por euca-
lipto é da família Myrtaceae, seu
composto mais ativo é o eucaliptol o
qual tem como principal atividade
agir no aparelho respiratório no
combate a gripes e resfriados, em
função de possuir grandes quantida-
des de taninos e óleo essencial que
são obtidos pelas folhas e cascas da
espécie, o qual tem demonstrado,
tanto por via oral como inalatória,
atividade expectorante, fluidificante
e antisséptica da secreção brônqui-
ca. Qualquer que seja a via de admi-
nistração, a eliminação predomi-
nante é por via pulmonar, agindo di-
retamente nas afecções respiratórias
(CHEVALLIER, 2018).
46
47
 FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS

8. Fitoterápicos Utilizados no Processo Inflamatório

Fonte: Revista Nutri Online8

D e acordo com Wen-Mei, Fang-

Yao e Vieira (2017), as plantas
medicinais são amplamente utiliza-
Principais Fitoterápicos
com Ação Anti-inflamató-
ria
das na medicina popular para cuidar
da saúde e prevenir afecções. Diver- Algodão (Malvaceae Gossy-
sas plantas já foram testadas empí- pium barbadense L.)
rica ou laboratorialmente para do-
enças parasitárias, transtornos do Segundo Cechinel Zanchett e
sistema gastrointestinal, para alivio Cechinel Filho (2020), o Algodão,
de dores, controle da hipertensão ar- cujo nome científico é Malvaceae
terial, hipoglicemiantes e com ação Gossypium barbadense L., é usado
anti-inflamatória. para processos inflamatórios relaci-
onados a:

8 Retirado em https://www.revistanutrionline.com

48
 FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS

 Tosse;  Inflamação do colo do útero.

 Gastrite;
 Fortalecer o pulmão. Boldo (Asteraceae Vernonia
Condensata Baker)
Andiroba (Meliaceae Carapa-
guianensis Aubl.) Ao concordar com Vieira
(2017), pode-se afirmar que o Boldo,
Em consonância com o autor
cujo nome científico é Asteraceae
Hoffman (2017), é correto afirmar
Vernonia condensata Baker, é usa-
que a Andiroba, cujo nome científico
do para processos inflamatórios re-
é Meliaceae Carapaguianensis
lacionados a:
Aubl, é usado para processos infla-
 Dor de estômago;
matórios relacionados a:
 Inflamação no fígado.
 Inflamação da garganta.
 Inchaço no corpo.
 Ferimentos na pele.

Amor-crescido (Portulacac
eae Portulaca Pilosa L.)

Para Kinupp (2014), o Amor-

crescido, cujo nome científico é Por-
tulacac eae Portulaca pilosa L., é
usado para processos inflamatórios
relacionados a:
 Inflamação do fígado;
 Feridas na pele;
 Dor no estômago;
 Infecção no útero.

Barbatimão (Connarace ae
Connarus perrottetii (DC.)
Planch)

Conforme Januário (2014),

oBarbatimão, cujo nome científico é
Connarace ae Connarus perrottetii
(DC.) Planch, é usado para proces-
sos inflamatórios relacionados a:

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50
FITOTERAPIA NAS DESORDENS ORGÂNICAS

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