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Texto de Apoio – Direito Processual Penal

O SUJEITO MINISTÉRIO PÚBLICO (MP)

1. Natureza jurídica
O MP é um orgão autónomo de administração da justiça. Trata-se de uma autoridade
judiciária, nos mesmos termos em que o são o juíz e o SERNIC, cf. artigos 17 e nº3
do artigo 54 CPP.

O MP goza de autonomia em relação aos outros orgãos do Estado incluindo os


tribunais; isto é assim porque, à semelhança dos tribunais, o MP constitui uma
magistratura (Artigo 1/2 Lei 4/2017). É uma magistratura paralela ao da magistratura
judicial, por isso, as relações entre ambas são de igualdade e independência

2. Critérios de actuação do MP
a) Objectividade: para investigar e buscar a realização da verdade material interessa
ao MP factos que possam ou incriminar ou não ao arguido. Artigos 233/2 CRM,
2/2 Lei 4/2017 e 53 CPP;
b) Imparcialidade e isenção: visa assegurar a objectividade, o que se alcança pelos
regimes de impedimentos e suspeições, artigos 43 a 50, por força do artigo 60,
ambos do CPP;
c) Obediênica à lei: no exercicio das suas funções os magistrados do MP estão
sujeitos a critérios de legalidade, isenção e exclusiva sujeição às directivas e ordens
previstas na lei”. Artigos 233/2 CRM, 2/2 Lei 4/2017 e 53 CPP.

3. Representação do MP no processo penal


O MP é representado nas instâncias jurisdicionais penais pelos seguintes órgãos:
a) O PGR represnta o MP junto do Plenário do Tribunal Supremo;
b) O Vice-PGR substitui o PGR nas suas faltas e impedimentos;
c) Os Procuradores-Gerais-djuntos representam o MP junto das secções do
Tribunal Supremo;
d) Os Sub- Procuradores-Gerais-Adjuntos, representam o MP junto dos Tribunais
Superiores de Recurso;

Justino Felizberto Justino/UniZambeze, 2021 1


Texto de Apoio – Direito Processual Penal

e) Os Procuradores provinciais representam o MP junto dos T judiciais de


província;
f) Os Procuradores distritais (de 2ª e 3ª) represntam o MP junto dos tribunais
judiciais de distrito. Cf. artigo 10 da Lei 4/2017

4. Funções do MP
São funções do MP no processo penal: dirigir a instrução, deduzir a acusação e
abster-se de acusar.

4.1.Instrução
Âmbiro da instrução: o MP busca/investiga elementos conducentes à prova da
culpabilidade do arguido, quanto à inocência/irresponsabilidade deste. artigo 307
CPP.
A instrução é dirigida pelo MP (artigos 59/2, b, 308 e 309 do CPP, 1/1 da Lei 4/2017
e 235 CRM)
O MP é coadjuvado/assistido pelo SERNIC na instrução, artigo 61/1, 64 e 308/2
CPP.

4.2.Dedução da acusação: uma vez recolhidos indícios suficientes, o MP acusa, se


tiver legitimidade. Artigos 59/2,e, e 330 do CPP

4.3.Abstenção de acusar:artigo 324 CPP


Quando o MP não reunir indícios bastantes da culpabilidade do arguido, abstem-se
de acusar em duas vias:
a) Ordena o Arquivamento dos autos (59/2 d) e 324/1 CPP), quando:
(i) não exista crime;
(ii) ou esteja extinta a acção penal;
(iii) ou seja inadmissível o procedimento criminal;
(iv) ou esteja comprovada irresponsabilidade do arquido.

b) Arquiva o processo através do despacho que ordena que o processo aguarde


produção de melhor prova (Artigo 324/2 CPP). Neste caso, o processo é reaberto
logo que supervierem novos elementos de prova, artigo 326 CPP

Justino Felizberto Justino/UniZambeze, 2021 2


Texto de Apoio – Direito Processual Penal

Quanto ao controlo dos despachos de abstenção do MP, ocorre o seguinte:


a) O despacho de arquivamento (incluindo o que determina que se aguarde
produção de melhor prova) é comunicado ao arguido, assistente, a parte civil,
ofendido e ao denunciante com faculdade de se constituir assistente e aos
defensores (artigo 324/3 CPP);
b) Volvidos 30 dias após essa comunicação, o superior hierárquico do agente do
MP que determinou o arquivamento, pode, fundadamente, determinar que se
deduza a acusação ou que se realizem certas investigações, artigo 325/1 CPP.
No mesmo prazo, o assistente ou denunciante com faculdade de se constituir
assistente, podem requerer ao superior hierárquico que requeira a abertura da
audiencia preliminar, 325/2 CPP;
c) Nos 8 dias subsequentes à comunicação, o assistente pode requerer a abertura
da audiência preliminar, quando o procedimento não depender da acusação
particular (portanto, nos crimes publicos e semi-publicos), artigo 333/1/b
CPP.

Justino Felizberto Justino/UniZambeze, 2021 3

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