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DIREITOS HUMANOS E O PRINCÍPIOS DA DIGNIDADE HUMANA NO BRASIL E

A SUA EFETIVIDADE
GT 2 - Democracia, Justiça e Direitos Humanos1
Vanderson Ramos Borges de Melo2
Clóvis Bezerra da Silva Junior3
Marco Aurélio Freire4

Resumo: o presente trabalho Tem a finalidade de discutir o princípio da dignidade humana no


Brasil e sua efetividade ao longo da história, mais precisamente após a redemocratização do
país com o advento da Constituição Federal de 1988, após experiencias de governos
autoritários e com o avançar das sociedade para governos que após a segunda guerra mundial
se submeteram a declaração Universal dos direitos humanos onde países inclusive o Brasil
adotaram mudanças significativas nas suas constituições e códigos. Também será abordado a
trajetória necessária para se alcançar tal feito. A dignidade da pessoa humana, como principio
elencado desde Kant e sua relação com a democracia no Brasil. O trabalho foi desenvolvido a
partir de um estudo teórico por meio de uma revisão na literatura sobre o tema abordado, em
artigos científicos e dissertações onde foram encontrado os dados sobre as evoluções dos
direitos humanos e o que ocorreu de importante sobre o tema nos últimos séculos para que
fosse possível alcançar os atuais modelos de democracia, em especial no Brasil.
Palavras-chaves: Direitos humanos. Democracias atuais. Dignidade humana. efetividade.

Abstract: the present work aims to discuss the principle of human dignity is not Brazil and
your effectiveness throughout history, more precisely after democratization makes country
with the Federal Constitution of 1988 was, besuntados experiences of authoritarian
governments and with the advance of society stop Governments after World War II have
undergone a Universal Declaration of human rights where report including Brazil have
adopted significant changes in their constitutions and codes. Will also be approached a
trajectory required to achieve such a feat. A importance of Immanuel Kant and the principle
of human dignity will be explained UM bit about how their contributions to what as current
democracies on the human rights and improvements can still be implemented if Governments
and the population to put in practice a together of human rights. The work was developed
from a theoretical study through a review of literature on the subject, in scientific articles and
dissertations where was found the data on how human rights developments and the important
place on the subject paragraphs last centuries stop was possible to achieve the current models
of democracy, in particular without Brazil.
Keywords: Human Rights. Current democracies. Principle of human dignity. Justice.

1-INTRODUÇÃO

1
GT 2 - Democracia, Justiça e Direitos Humanos
2
Bacharelando em Direito, ASCES-UNITA, djvandersonramos55@hotmail.com
3
Bacharelando em Direito, ASCES-UNITA, 2016201172@app.asces.edu.
4
Mestre em Direitos Humanos PPGDH/UFPE. Professor da ASCES-UNITA
Os direitos humanos passaram a ser consagrados de forma mais efetiva após a segunda
guerra mundial. E com o advento da declaração universal dos direitos humanos, mas o
presente trabalho visa mostrar como foi a trajetória, para se chegar a atuais democracias, em
especial o brasil que é o foco do trabalho. Onde os direitos humanos tiveram grandes altos e
baixos, passando por regimes totalitário e por golpes militares. O que mobilizou a população
na busca por uma modificação do contexto que o país se encontrava e impulsionou a
introdução dos direitos humanos com a constituição de 1988.
Este artigo tem por finalidade apresentar como surgiu o conceito de dignidade da
pessoa humana e as primeiras normativas sobre o direito humanos, a contribuição de alguns
teóricos como Kant, Bobbio para que os direitos humanos ganhassem força, e mostrar como
essas teorias podem fortalecer esses ditames humanos nas atuais democracia e como podem
contribuir para um mundo melhor.
Esse trabalho foi desenvolvido a partir de um estudo teórico por meio de uma revisão
na literatura sobre o tema abordado, em artigos científicos e dissertações onde foram
encontrado os dados sobre as evoluções dos direitos humanos e o que ocorreu de importante
sobre o tema nos últimos séculos para que fosse possível alcançar os atuais modelos de
democracia, em especial no Brasil.

2- O SURGIMENTO DOS DIREITOS HUMANOS


As revoluções Americanas e a francesa no final dos anos 1700, foram de grande
influência para a limitação do poder absolutista que eram representados pelos reis. Estas
revoluções ajudaram na positivação dos primeiros direitos individuais. Que posteriormente
ficaram conhecidos como direitos de primeira dimensão. Vale ressaltar que tais revoluções
sofreram forte influência dos movimentos iluministas (HOBSBAWN, 1981).
Noberto Bobbio em seu livro “a era dos direitos” (BOBBIO, 2004) abordou três
gerações de direitos, onde os classificou da seguinte forma a segunda geração consistia em
direitos sociais, onde estaria a luta por condições melhores de trabalho saúde, entre outros. Na
terceira geração de direitos estava a proteção ao meio ambiente, cidadania, democracia e os
direitos de fraternidade. A quarta geração seria os direitos em relação a responsabilidade com
o futuro da humanidade e a proteção do genoma, entre outros deveres.
As ideias apresentadas por Bobbio sobre a divisão de direitos em gerações, no que
tange aos direitos das pessoas foi um grande passo e que trazia conceitos que tratavam sobre a
necessidade de uma garantia da dignidade humana.
Um nome de bastante relevância quando o assunto é a dignidade da pessoa humana é o
alemão, Immanuel Kant, que no século XVIII trouxe em seu livro “fundamentação da
metafísica dos costumes” (KANT, 2004, p-58). Com a ideia que os objetos podem ter valor e
podem ser negociados, enquanto os seres humanos possuem dignidade e em nenhuma
hipótese podem ser tratados como mercadoria, nem ser humilhado e devendo ser tratados
como um fim em si mesmo e não como um meio que um terceiro utiliza para conseguir algo
que objetiva.
Durante todo o início do século XX houve muitas violações de direitos humanos,
durante a Primeira Guerra Mundial, onde, após o seu término, foi criada uma Organização
Internacional do Trabalho (1919), além da Liga das Nações, que seria a responsável por
manter uma paz entre as nações nos anos que se seguissem.
Nesta época surgiram, ainda as primeiras Constituições Sociais, com o surgimento do
chamado welfareestate, primeiramente no México (1917) e posteriormente na Alemanha
(1919), o ente estatal passou a assumir algumas obrigações sociais, como a efetivação de
ações capazes de melhorar a qualidade de vida, que tinha como objetivo trazer melhorias para
a população.
A Liga das Nações (HOBSBAWN, 2012) não durou muito tempo, pelo fato de que
muitos países se negavam a reconhecer sua jurisdição como órgão de influência internacional
e, entre os anos de 1939 a 1945 explode a II Grande Guerra que deixou esquecidos os ditames
de respeito e dignidade humana.
Nesta guerra milhares de pessoas acabaram mortas, principalmente judeus,
homossexuais, deficientes físicos, sem contar que centenas foram submetidas a experiências
científicas horrendas, outros tantos que foram encaminhados para realização de trabalhos
forçados, sendo torturados e sofrendo todo tipo de injustiça que se imaginar.
3- EXPLOSÃO DO GOVERNOS TOTALITARIOS
É necessário antes saber como estes governos totalitários e ditatoriais surgiram e como
acenderam ao poder e inúmeros países.
Após o fim da primeira guerra mundial, o mundo em especial a Europa estava
enfrentando uma das piores crises econômicas. A Europa se tornou um grande palco de
destruição, o que acarretou na redução de seus setores produtivos, o que levou a população a
um período delicado de pobreza e miséria. Fora estes efeitos a guerra também influenciou nos
movimentos políticos e ideológicos daquela época. Sem contar que a queda da bolsa em 1929,
desencadeou em uma frustação com as esperanças de renovação que o modelo capitalista
norte-americano sustentava. (HOBSBAWN, 2012).
Com este contexto, a sociedade europeia se mostrava completamente desamparada e
com um futuro incerto. As doutrinas liberais e capitalistas entraram em total descrédito
mediante sucessivo episódio de fracasso e indefinição.
A crise que estava instalada, junto com as possibilidades do surgimento de novas
revoluções populares, semelhante com a que ocorreu na Rússia com a tomada de poder pelos
bolcheviques. Com uma nova onda de instabilidade Novos partidos distantes das ideias
liberais passaram a ganhar força política no cenário. Estes partidos queriam solucionar a crise
com a implantação de um governo forte, centralizado e apoiado por um sentimento
nacionalista exacerbado.
Alguns governos passaram a presenciar a ascensão de regimes totalitários que, através
de golpe ou do apoio de setores influente, passaram a controlar o estado. Onde as ideologias
liberais foram enfraquecidas por governos com caráter autoritário (HOBSBAWN, 2012).
Em países como Alemanha e Itália que sofreram com a crise. O nazismo e o fascismo
ascenderam ao poder sob o comando de Adolf Hitler e Benito Mussolini. O primeiro na
Alemanha e o outro na Itália. Na Espanha ocorram golpes políticos influenciados e apoiados
por militares e pela burguesia. O que acarretou no surgimento do franquismo, e no país
vizinho no caso Portugal surgiu o salazarismo. Outros países acabaram seguindo um rumo
semelhante a estes. Entre eles podemos citar o Brasil na era Vargas e posteriormente o golpe
militar de 1964(JUDT,2008)
Durante a segunda guerra mundial o mal acabou se banalizando onde os regimes como
os nazistas e os fascistas e até os soviéticos utilizaram inúmeras táticas de torturas e métodos
tecnológicos de massacre em grandes escalas. Como ocorreu principalmente com prisioneiros
de guerras e os judeus nos campos de extermínios nazistas e nas suas câmaras de gás.
4- PRIMEIRAS MEDIDAS PARA A CONSOLIDAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
Após o advento do fim da segunda guerra mundial. O mundo se encontrava
aterrorizado com as práticas monstruosas que foram praticadas durante o seu percurso.
Principalmente após a destruição de Nagasaki e Hiroshima. Com estas situações as maiores
autoridades do mundo se reuniram e decidiram criar a ONU (organização das nações unidas)
no ano de 1945. Sendo a principal instituição internacional. Atuando principalmente quando
se tratar de intervenção, mediação e todas a s medidas no âmbito global que envolva conflito
ou assuntos polêmicos.
No ano de 1948, através de uma assembleia geral, foi lançado a declaração universal
dos direitos humanos, que é composto por 30 artigos (DUDH, 1948). A declaração tinha
como objetivo sintetizar todos os anseios pós-guerra, um mundo onde independentemente de
raça, etnia, sexo ou religião, que todos pudessem coexistir de forma pacifica e mutua para
uma evolução espiritual e material de todos os seres humanos.
Estas foi a primeira vez que o mundo se rende a normas internacionais, que passam a
inseri normativas dos direitos humanos e a dignidade da pessoa humana em suas constituições
internas e códigos. No Brasil os primeiros direitos sociais e fundamentais foram introduzidos
nos textos de forma mais clara a partir dos anos de 1930 por incrível que pareça durante um
governo ditatorial. (CARVALHO,2002).
E que bem posteriormente se tornaram cláusulas pétreas com o advento da
constituição federal de 1988 que veio após um longo período de ditadura militar no País e de
inúmeras atrocidades e violações aos direitos humanos como o ato normativo de nº 5 o que
motivou a população a destituir o poder dos militares e depois promulgar uma nova
constituição com ditames mais democráticos e humanos.(PIOVESAN, 2014)
Sobre os direitos sociais, especialmente os direitos trabalhistas, podemos visualizar
uma evolução no país desde 1934, onde alguns direitos acabaram sendo legalizados, como o
direito a greve, entre outros. Certo que as Consolidações das Leis do Trabalho vieram apenas
durante a década de 40.
Certo que o direito de trabalhar e um fator importante para a manutenção da dignidade
humana, mas nem sempre tal direito foi garantido, sendo necessário atitudes governamentais
para ajudar e facilitar, através de uma regulamentação de uma série de direitos inerentes aos
trabalhadores e também com políticas públicas como o programa de qualificação profissional
que o capacite para trabalhar.
Com o advento da Constituição Federal de 1988 vários direitos foram resguardados
para categoria dos operários e para outras também, garantias como férias, 13º salário, licença-
gestante, entre outros, consagrados no artigo 7º, parágrafo único da Constituição federal de
1988 (BRASIL, 1988).
Mesmo com todos esses direitos consagrados, vários destes direitos acabam não sendo
reconhecidos pelos empregadores e outros direitos como o recolhimento obrigatório do FGTS
pelo empregador, seguro-desemprego, adicional noturno, entre outros direitos, que já estão
consagrados na CLT para outras categorias.
5-DIGNIDADE HUMANA: CONCEITOS E SIGNIFICADOS
Através da evolução que a religião teve para as crenças monoteístas, houve a
necessidade de se explicar os primeiros passos para uma doutrina universal sobre direitos
inerentes do ser humano.na época do império romano a dignidade da pessoa humana não era
para todos, uma vez que nessa época o conceito de dignidade estava ligado com o status social
que o indivíduo ocupava, o que mudou depois de Cícero, na Roma (SARLET, 2007).
Com a constante manutenção de escravos ao longo da história humana, certo que a
dignidade humana já tivesse sido pensada desde épocas remotas, só na atualidade que esta foi
positivada em alguns textos constitucionais, hoje o princípio universal é abranger todos os
indivíduos.
Com o cristianismo, em especial com o Paulo de Tarso, que tinha o entendimento que
todos os homens são filhos de Deus e iguais e que deveriam ter sua dignidade respeitada por
seus semelhantes, acabou contribuindo para a universalização da dignidade. Vale ressaltar que
a mulher nessa época não possuía seus direitos consagrados de forma igualitária com os
homens, sendo submissa ao homem. Outro estudioso importante foi São Tomás de Aquino
que no seu pensamento o significado de pessoa, era aquele que tinha espírito e corpo, sem
levar em contar a classe social do indivíduo. (BITTAR,2004)
No precursor do Renascimento aparecem os ideais do humanismo e o direito natural, o
último foi desenvolvido por Hugo Grótius (GRÓTIUS, 2004) no século XVII. Para ele a
natureza, vem de Deus, mesmo assim, existe também uma natureza humana, presente a todos
os indivíduos que tinham direitos pelo fato de serem humanos.
Immanuel Kant trouxe sua contribuição quanto ao conceito de dignidade humana
afirmando que o ser humano tem dignidade e não deve ser tratado como objeto. Todo ser
humano é único, assim não devem ser explorados pela escravidão, trabalhos forçados entre
outros.
Os seres cuja existência não assenta em nossa vontade, mas na natureza, têm,
contudo, se são seres irracionais, um valor meramente relativo, como meios, e por
isso denominam-se coisas, ao passo que os seres racionais denominam-se pessoas,
porque a sua natureza os distingue já como fins em si mesmos, ou seja, como algo
que não pode ser empregado como simples meio e que, portanto, nessa medida,
limita todo o arbítrio e é um objeto de respeito. (KANT, 2004, p. 68).

Dessa forma, a dignidade humana é algo inerente a todo e a cada ser humano, não
podendo ser alienada ou restringida, cabendo a obrigação de cada ente público e a cada
cidadão respeitá-la e efetivá-la.
É notório que ainda existem inúmeras discussões sobre à efetividade da dignidade
humana quando esta entra em conflito com algumas culturas e crenças, entretanto nessas
ocorrências, os direitos de personalidade humana em sua maioria prevalecer em desatenção às
crendices.
Ressalte-se que a dignidade humana sempre está passando por uma constante
mudança, tendo em vista que seu caráter de ser inerente a todo ser humano que evolui todos
os dias, assim, e necessário concorda que seu conceito modifica e se aprimora a todo o
momento.
6- DIGNIDADE HUMANA NO SÉCULO XX E XXI

O princípio da dignidade da pessoa humana está entrelaçado sobre um valor moral e


espiritual presente à todos , onde todo ser humano o possui e deve ter ele garantido,
constituindo o princípio máximo em um estado democrático de direito. Estando garantido no
rol de direitos fundamentais na Constituição Brasileira de 1988. (BRASIL,1988).
Ganhou a sua formulação clássica e mais bem definida por Immanuel Kant, no seu
livro "Fundamentação da Metafísica dos Costumes", que aborda que as pessoas devem ser
tratadas como um fim em si mesmas, e não devem ser tratada como um meio, e que assim
formulou tal princípio:
No reino dos fins, tudo tem ou um preço ou uma dignidade. Quando uma coisa tem
preço, pode ser substituída por algo equivalente; por outro lado, a coisa que se acha
acima de todo preço, e por isso não admite qualquer equivalência, compreende uma
dignidade.( KANT, P-65 )
Vale ressaltar que dignidade da pessoa humana abrange uma gama de valores
presentes na sociedade. Tratando-se de um conceito ajustavel a realidade e a modernização da
sociedade, necessitando estar em conformidade com as evoluções e as tendências modernas
das necessidades que possuem os seres humano. Ingo Wolfgang Sarlet conceituar a dignidade
humana do seguinte modo:
[...] temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva de
cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte
do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e
deveres fundamentais que asseguram a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de
cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais
mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação
ativa e co-responsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão
com os demais seres humanos.(SARLET, 2007, P- 62)

É importante mostrar que o reconhecimento da dignidade se faz necessaria a todos os


os individuos, sendo seus direitos iguais e inalienáveis, é o fundamento, da justiça, da
liberdade, do desenvolvimento social e da paz. No decorrer do século XX ocorreram as 1º e a
2º Guerras mundial, sendo que com a 2º Guerra Mundial, os princípios estabelecidos por Kant
acabaram sendo aniquilados, principalmente no que diz respeito à dignidade humana, dessa
forma, as pessoas acabaram sendo transformadas em coisas e passaram a ser usadas como um
meio de tomada e manutenção do poder. (HOBSBAWM,2012)
Durante esse tempo, o que ocorreu acarretou em terríveis marcas na história humana,
sendo que a dignidade humana acabou esquecida em nome do poder. O que pode ser
evidenciada nas palavras de Kolm (2000, p. 592) “paz sem justiça é opressão, espoliação e
violação da dignidade. A dignidade sem justiça promove guerras pelo que é devido por direito
e pela liberdade. Somente a justiça permite o reino da paz e da dignidade”.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), datada de 1948, que ocorreu
após o final da II Grande Guerra e com a criação da Organização das Nações Unidas, em
1945, aconteceu o retorno da proteção da dignidade humana em um cenário mundial.
Porém se fez necessário um tempo longo para que as ordenações da Declaração
passassem a ser introduzidos nos textos nacionais e para começarem a ser aplicados em um
mundo que ainda estava sofrendo por tudo que tinha ocorrido, e devastados pela violência dos
conflitos. (PIOVESAN,2012)
Quando se trata da dignidade humana esta se vincula aos direitos fundamentais, uma
vez que a efetivação de tais direitos impedirá a degradação do ser humano, dessa forma, a
dignidade humana, como já exposto, é inerente a todo e a cada ser humano, devendo ser
reconhecida, sendo que, o direito à vida é a primeira e a mais imediata exigência da dignidade
humana, o que reconhecer que o direito à vida é entendido como um princípio fundamental.
Pode-se hoje dizer que a dignidade da pessoa humana, ideia-força do mundo
contemporâneo, é uma qualidade inata de cada ser humano, cuja obrigação de
respeito se pode qualificar como uma das mais relevantes conquistas históricas,
independentemente de instituição formal pelo Direito, que reconhece pelo
equivalente princípio fundamental. A dignidade humana advém da evolução humana
e continua evoluindo, e com sua positivação no texto constitucional se completa e se
altera a cada nova interpretação e aplicação. (BITENCOURT,2010,P-66)

Após a DUDH, acabou sendo aprovada no continente, no ano de 1965 a Convenção


Americana de Direitos Humanos, também camada de Pacto de San José da Costa Rica, que
visa à efetivação dos direitos humanos por meio de normas internas de cada membro.
A constitucionalização dos direitos humanos não significa mera enunciação formal
de princípios, mas a plena positivação de direitos, a partir dos quais qualquer
indivíduo poderá exigir sua tutela perante o Poder Judiciário para a concretização da
democracia (MORAES, 2006, p. 03). 

Vale lembrar que a dignidade da pessoa humana começou como um valor na época de
Sócrates(BITTAR, 2004), com a reformulação feita por Kant passou a ser um princípio e com
sua introdução nas normas constitucionais passou a ser consagrada com direitos.
É notório que o direito fundamental tem várias definições, tais direitos visam
assegurar ao ser humano um mínimo de dignidade. A luta para o reconhecimento desses
direitos e sua positivação não é recente, compreendendo a verdadeiros desejos das sociedades
já que, pelos acontecimentos, buscam seu poder diante o Estado.
Os direitos humanos, assim são o reconhecimento dentro dos ordenamentos
internacionais de direitos básicos em relação a sobrevivência de cada ser humano e os direitos
fundamentais seriam a constitucionalização e a inserção dos direitos humanos em cada um
dos textos normativos internos dos países.
os direitos humanos fundamentais, portanto, colocam-se como uma das previsões
absolutamente necessárias a todas as Constituições, no sentido de consagrar o
respeito à dignidade humana, garantir a limitação de poder e visar ao pleno
desenvolvimento da personalidade humana (MORAES, 2006, p. 02).

A fundamentação objetiva que consagra uma norma de direito fundamental leva em


consideração mostrar que os direitos fundamentais são um conjunto de normas, princípios e
outros deveres que são inerentes à soberania popular sendo responsáveis por garantir uma
convivência, digna, igualitária, pacífica e livre. (PIOVESAN,2014).
Compete ao indivíduo que interpretar e busca harmonizar os direitos fundamentais que
estão se conflitando, levar em consideração que não há hierarquia entre eles, visar, acima de
tudo evitar o sacrifício total de um direito fundamental em relação a outro.
Uma maior efetivação das normas constitucionais, em especial relativas aos direitos
fundamentais e sociais contribui para que os direitos fundamentais possuam uma eficácia e
aplicabilidade de fato dentro das normas constitucionais. 
(...) uma criança brasileira nascida em 2006 provavelmente passará a maior parte da
vida morando na cidade, e não no campo. Se nada se alterar nas tendências atuais,
ela deverá se alfabetizar e completar o ensino fundamental na idade adequada. Terá
um filho e relutará em ter o segundo. Morrerá com cerca de 72 anos, mas o filho
viverá bem mais. Isso não é um jogo de previsão do futuro. É uma projeção da vida
de um brasileiro médio, construída pelos últimos dados levantados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (VENTUROLI 2008, p. 122),

A desigualdade social acaba sendo um fator que influencia nos níveis de


desenvolvimento do país e afeta diretamente no acesso ao trabalho e a outros direitos sociais.
Sendo o trabalho uma das formas que dignifica a pessoa e possibilita que este tenha acesso a
direitos mínimos e consequentemente a dignidade.
Desta forma os direitos humanos conhecidos como fundamentais são de extrema
importância para a manutenção da dignidade humana e necessários para um Estado
Democrático de Direito que seja justo e eficaz.

8- OS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL APÓS A CONSTITUIÇÃO DE 1988


A posição do Brasil em relação ao sistema internacional de proteção dos direitos
humanos, so começou a se modificar a partir do processo de democratização do país, que teve
seu inicio no ano de 1985, onde o estado brasileiro passou a ratificar importantes tratados
internacionais de direitos humanos.
A partir da constituição de 1988, se intensificou a conjugação e a interação do direito
internacional com o direito interno do brasil, o que fortaleceu a sistemática de proteção dos
direitos fundamentais, com uma principiologia e logica próprias, baseadas no princípio da
primazia dos direitos humanos. (PIOVESAN, 2012)
Iniciou-se o processo de incorporação de tratados internacionais de direitos humanos
no direito brasileiro com a ratificação, em 1989, da convenção contra a tortura e outros
tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. Logo após a ratificação desse tratado, outros
importantes instrumentos internacionais de proteção dos direitos humanos foram também
incorporados no ordenamento jurídico brasileiro, sob a égida da constituição federal de 1988.
A carta de 1988 e os tratados de direitos humanos lançam um projeto
democratizante e humanista, cabendo aos operados do direito introjeta e incorporar
os seus valores inovadores. Os agentes jurídicos hão de se converter em agentes
propagadores de uma ordem renovada, democrática e respeitadora dos direitos
humanos, impedindo que se perpetuem os antigos valores do regime autoritário,
juridicamente repudiado e abolido. (PIOVESAN, 2012, 71)

O Brasil optou por um sistema misto. Que combinou regimes jurídicos diferenciados.
Onde os tratados internacionais sobre proteção dos direitos humanos, Através do artigo 5º nos
parágrafos 1º e 2º Apresentam hierarquia de norma constitucional e com aplicação imediata, e
os demais tratados internacionais constituem hierarquia infraconstitucional de direitos
humanos e passam a ter efeitos após o ato de ratificação pelo país. (PIOVESAN, 2012)
Vale ressaltar que após o advento do 3º parágrafo surgem dois tipos de categoria de
tratados internacionais de proteção de direitos humanos. Os materialmente constitucionais e
os material e formalmente constitucionais. Onde os tratados internacionais de direitos
humanos são materialmente constitucionais de acordo com o 2º paragrafa do artigo 5º. Para
além de serem materialmente constitucionais, poderão, a partir do 3º parágrafo acrescer a
qualidade de formalmente constitucionais, se equipando às emendas constitucionais.
Inobstante não necessariamente ligada à funda mentalidade formal, è por intermédio
do direito constitucional positivo que a noção de funda mentalidade material permite
a abertura da constituição a outros direitos fundamentais não constantes de seu texto,
e, portanto, apenas materialmente fundamentais, assim como há direitos
fundamentais situados fora do catálogo, mas integrantes da constituição formal.
(SARLET, 2006, P-81)
Desde o processo de democratização do país e em particular a partir da constituição
federal de 1988, o Brasil tem adotado importantes medidas em prol da incorporação de
instrumentos internacionais voltados à proteção dos direitos humanos, o pós-1988 apresenta a
mais vasta produção normativa de direitos humanos, consagrados como o exercício de direitos
civis, sociais, político, econômicos e culturais, sendo elaborado após a constituição de 1988,
em sua decorrência e sob a sua inspiração.
Vale ressaltar que apesar do Brasil ser signatário de inúmeros tratados internacionais
de direitos humanos, como a DUDH e convenção interamericana direitos humanos (CIDH)
entre outras, o país já foi julgado pela corte como culpado nos casos de Maria da Penha e no
caso Escher no caso de Damiao Ximenes entre outros que o País já foi condenado e alguns
caso como o dos índios xucurus contra o Brasil que ainda está em andamento. Não são poucas
as ocorrências de desrespeitos a os direitos humanos no Brasil.
9- CONSIDERAÇÕES FINAIS
A dignidade da pessoa humana passou a ser mais discutidas após as revoluções em
especial na francesa infuenciada pelas ideias iluministas, o principal idealizador da ideia de
dignidade foi Kant suas ideias trouxeram grandes avanços nesse quesito. No inicio do século
XX o mundo passou por duas grandes guerras mundiais, apos esses eventos o mundo cansado
de inumeras Guerras se uniram e criaram a ONU, através desse orgão foi criado a Declaração
universal dos direitos humanos. O qual o Brasil e signatario. Durante as decadas 60, 70 e o
inicio da 80 o pais se encontrava mergulhado em uma ditadura militar. Foi necessario a
criação de uma constituição que garantisse uma condição dignina e humana a os brasileiros.
No anos de 1988 o pais formulou uma nova constituição na qual essa consagrava diversos
direitos fundamentais que já estavam presentes na DUDH, aparti desse momento o Brasil
passou a ser signatario de diversos tratados de direito humanos entre eles a Convenção
Americana de Direitos Humanos, também camada de Pacto de San José da Costa Rica, e a
convenção contra a tortura e outros tratamentos cruéis.
No Brasil após a introdução da constituição federal de 1988 o pais passou a consagrar
em suas normas os tratados de direitos humanos e depois ratificou inumeros tratados que
visam proteger os individuos e de garantir os seus direitos e suas dignidades. Tal inovação foi
um enorme avanço no que se trata dos direitos sociais e individuais dos brasileiros, que
vinham de uma experiencia de um regime militar onde tais direitos não eram garantidos. Mas
apessar dos grandes avanços nessa area, a aplicabilidade dessas normas ainda não é feita de
forma eficaz que abranga toda a população, sendo em alguns caso a população e o governos
omissos. como ocorreu com maria da penha a qual recorreu a corte internamerica para ter seu
direito garantido. O qual o Brasil acabou sendo condenado a criar uma lei que protegesse a
mulher de sofrer qualquer tipo de violencia. Seja mental ou fisica.
Em especial o Brasil podemos através dos estudos de alguns sociologos, obter uma
solução para a maioria dos problemas dessa âmbito. A ideia de dignidade humana
estabelecida por Kant já se encontra elencada em nossa constituição , mas essa poderia e
deveria ser mais vivencia pela população e pelo governo e também pelo judiciario, sendo
investido mais na garantia desses direitos que são fundamentais. Atraves de programas que
facilitem a aplicação dessas normas e que seja criada normas que garanta a efetividade dos
direitos já conquistados pela população brasileira. Evitando que o governo seja negligente e
que casos como o de maria da Penha, Damião Ximnenes entre outros volte a se repetir.
E atravéz das ideias de kant e de outros estudos como o de Flavia Piovesan , podemos
trazer uma melhor aplicabilidade dos direitos humanos e do principio da dignidade humana
para todas as pessoas, o que em consequencia acarretaria e uma melhoria do país em todos os
setores sociais e econômicos.
10- REFERÊNCIA
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